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A sucessão dos companheiros – O artigo 1790 do Código de 2002 – Parte I

José Fernando Simão

Quais bens herda o companheiro?

O artigo 1790, em seu caput, delimita a participação do companheiro na sucessão do falecido apenas
aos “bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável”. Assim, como primeira premissa
teremos que efetuar a divisão do patrimônio do companheiro falecido em dois blocos distintos. O
primeiro bloco é composto apenas pelos bens móveis e imóveis que o falecido adquiriu onerosamente
depois de iniciada a união. São os bens comprados pelo falecido ou os que ele recebeu em dação em
pagamento. O segundo bloco será composto de todos os demais bens, sejam eles móveis ou imóveis,
desde que existentes antes do início da união, ou mesmo aqueles adquiridos a título gratuito (doação,
sucessão) após o início da união.

Bens adquiridos a título oneroso: meação e divisão. Quanto ao primeiro bloco, o companheiro, em
regra, já terá a sua meação decorrente do regime de bens imposto à União Estável, ou seja, a
comunhão parcial (cf. artigo 1725 do Código de 2002). Assim, considerando-se a inexistência de
qualquer contrato escrito, o companheiro do falecido, por força da comunhão parcial será dono de
metade dos bens adquiridos a título onerosa na constância da união e, quando do falecimento,
participará também da sucessão em concorrência com descendentes, ascendentes e colaterais do
falecido.

Demais bens do acervo hereditário. Quanto ao segundo bloco, em se tratando de bens que foram
adquiridos gratuitamente pelo falecido, ou mesmo se este os recebeu por herança, o companheiro não
terá direito à meação, em razão do regime da comunhão parcial de bens, bem como não terá direito a
concorrer com os herdeiros do falecido. Estes são os bens particulares do falecido.

Note-se que, quanto aos bens sobre os quais o companheiro tem a meação decorrente da comunhão
parcial, terá também direito à sucessão e com relação aos bens particulares, o companheiro não tem a
meação, em decorrência do regime e não tem direito à sucessão.

Quanto herda o companheiro em concorrência com os descendentes?

A segunda e mais complicada resposta diz respeito à cota que herda o companheiro. Isso porque, de
acordo com o artigo 1790, I, o companheiro, se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota
equivalente à que por lei for atribuída ao filho.

Filhos comuns devem ser compreendidos como aqueles que são filhos tanto do falecido quanto do
companheiro herdeiro. Assim, a companheira é mãe dos herdeiros com quem concorre.

Nesta hipótese, a lei determina que o companheiro herdeiro receba quota equivalente àquela dos filhos.
Exemplificamos. Se o companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que herdou de seu pai
(bem particular) e um apartamento que comprou após o início da união estável (bem comum) e deixou
dois filhos e sua companheira, os bens serão partilhados assim:
- Casa de praia: 50% para cada filho (não há meação, nem concorrência)
- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% divididos em três partes iguais (1 para
cada filho e 1 para a companheira).

É importante notar que a lei não fala em descendentes comuns, mas sim em filhos comuns. Isso quer
dizer que, se o companheiro falece e deixa apenas netos comuns (filhos de filhos comuns dos
companheiros), a regra deixaria de ser aplicada? Em uma interpretação literal a resposta seria
afirmativa e aplicar-se-ia o inciso III do art. 1790 (“se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá
direito a um terço da herança”). Entretanto, a maioria da doutrina e podemos citar dos mestres e amigos
Francisco José Cahali e Euclides de Oliveira, entende que o inciso I deve ser aplicado também aos
netos comuns.

Se o companheiro concorrer apenas com descendentes do falecido (são os chamados filhos


exclusivos), determina o artigo 1790 que tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles.

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Filhos exclusivos são filhos apenas do falecido, mas não da companheira sobrevivente. Portanto o
companheiro dividirá a herança com aquele que não são seus parentes consangüíneos.
Exemplificamos. Se o companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que herdou de seu pai
(bem particular) e um apartamento que comprou após o início da união estável (bem comum) e deixou
dois filhos exclusivos e sua companheira, os bens serão partilhados assim:
- Casa de praia: 50% para cada filho (não há meação, nem concorrência)
- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% divididos em cinco partes iguais (2
para cada filho e 1 para a companheira).

Na hipótese de descendentes comuns, a conta deve ser feita da seguinte maneira. Atribui-se à
companheira a quota de “1x” e a cada filho exclusivo a quota da “2x”. Se forem três filhos (“6x”) e a
companheira (“1x”), teremos “7x” e, portanto, a herança será dividida em 7 partes, duas para cada filho
e uma para a companheira.

Problema ocorre na situação batizada por Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka de filiação híbrida
em que concorrem filhos comuns e exclusivos do falecido.

A concorrência em caso de filiação híbrida.

Uma das mais complicadas problemáticas trazidas pelo novo Código no tocante ao direito sucessório é
aquela referente à filiação híbrida.

Isso porque são diversas as teorias que pretendem solucionar a questão. Se realizarmos apenas uma
interpretação literal do dispositivo, chegamos à conclusão que é defendida por SILVIO DE SALVO
VENOSA pela qual, na hipótese de filiação híbrida, aplicamos o inciso I do art. 1790, e a companheira
terá quota igual a dos filhos. Isso porque, o artigo não afirma que o inciso I se aplica se só concorrer
com filhos comuns. Não exige a lei esta exclusividade que restringiria a aplicação do inciso. Esse é
também o entendimento de Francisco José Cahali e Rolf Madaleno.

Por outro lado, como a primeira teoria é menos benéfica aos filhos, parte da doutrina entende que, para
a proteção dos descendentes, em caso de filiação híbrida, o companheiro só teria direito à metade do
quinhão que for atribuído a cada filho (art. 1790, II). Esse é o entendimento de Euclides de Oliveira e
Zeno Veloso.

Ainda, possível seria imaginarmos uma terceira teoria a da sub-heranças. Pela teoria da sub-heranças a
herança se divide em dois blocos, um dos filhos comuns e outro dos não comuns e o companheiro teria
uma quota igual a dos filhos comuns e metade da quota dos não comuns. Exemplificamos. Imaginemos
uma herança no importe de R$ 100.000,00 e o falecido deixa 3 filhos comuns e 2 exclusivos. Cada filho
teria direito a R$ 20.000,00. Assim, a herança dos filhos comuns seria de R$ 60.000,00 e seria dividida
em 4 partes (três dos filhos e uma da companheira). A companheira teria R$ 15.000,00. Já a sub-
herança dos filhos exclusivos seria de R$ 40.000,00 e seria dividida em 5 partes (2 para cada filho
exclusivo e uma para a companheira). A companheira teria R$ 8.000,00.

Em conclusão,a divisão total da herança seria a seguinte: cada filho comum recebe R$ 15.000,00, cada
filho exclusivo recebe R$ 16.000,00 e a companheira receberia R$ 23.000,00. O grande problema da
teoria é que gera uma desigualdade entre os filhos ferindo os ditames constitucionais. Entendemos ser
ela inaplicável e que a teoria melhor seria a da aplicação do inciso I do artigo 1790.

A concorrência com ascendentes e colaterais do companheiro

Se o companheiro falecido não deixou descendentes, serão chamados à sucessão os ascendentes do


falecido em concorrência com o companheiro (art. 1790, III). Nessa hipótese, o companheiro receberá
1/3 da herança. Exemplificamos. Se o companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que
herdou de seu pai (bem particular) e um apartamento que comprou após o início da união estável (bem
comum) e deixou sua mãe viva e sua companheira, os bens serão partilhados assim:
- Casa de praia: 100% para a mãe (não há meação, nem concorrência)
- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% a ser dividido em três partes iguais
(1/3 para a companheira e 2/3 para a mãe).

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Da mesma forma, se o falecido não deixou ascendentes, mas deixou parentes colaterais. Serão
herdeiros o irmão do morto (parente em segundo grau), o sobrinho e o tio do morto (colateral em
terceiro grau), bem como o tio-avô, o sobrinho-neto e os primo-irmão (parentes em quarto grau).
Exemplificamos. Se o companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que herdou de seu pai
(bem particular) e um apartamento que comprou após o início da união estável (bem comum) e deixou
seu tio-avô (irmão de seu avô) e sua companheira, os bens serão partilhados assim:
- Casa de praia: 100% para o tio-avô (não há meação, nem concorrência)
- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% a ser dividido em três partes iguais
(1/3 para a companheira e 2/3 para o tio-avô).

Imaginar que um sobrinho do morto terá mais direitos que a companheira de uma vida causa espécie. A
norma é injusta, sem sombra de dúvidas, razão pela qual merecem aplausos os projetos de reforma.

O companheiro e o Estado: há concorrência?

Determina o inciso IV do artigo 1790, que, não havendo parentes sucessíveis, terá o companheiro
direito à totalidade da herança. Cabe uma indagação: o inciso IV manteria relação com o caput do artigo
1790 e portanto o companheiro teria direito à totalidade da herança composta apenas dos bens
adquiridos a título oneroso na constância da união estável ou de todos os bens deixados pelo falecido,
inclusive os particulares?

Se a resposta for que o inciso IV deve ser interpretado a luz do caput, os bens adquiridos a título
oneroso seriam herdados pelo companheiro, mas pos bens particulares seriam considerados parte de
herança vacante e atribuídos aos Estado (Município ou Distrito Federal). Exemplificamos. Se o
companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que herdou de seu pai (bem particular) e um
apartamento que comprou após o início da união estável (bem comum) e deixou apenas a sua
companheira, e nenhum parente sucessível, seja ele descendente, ascendente ou colateral, os bens
serão partilhados assim:

- Casa de praia: 100% para Município.

- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% a título de sucessão.

Se a resposta for que o inciso IV deve ser interpretado desvinculado do caput, de acordo com o sistema
criado pelo Código de 2002, os bens que comporiam o acervo hereditário seriam todos aqueles do
falecido, independentemente do título de aquisição.

Exemplificamos. Se o companheiro ao falecer tinha dois bens: uma casa de praia que herdou de seu pai
(bem particular) e um apartamento que comprou após o início da união estável (bem comum) e deixou
apenas a sua companheira, e nenhum parente sucessível, seja ele descendente, ascendente ou
colateral, os bens serão herdados pelo companheiro:

- Casa de praia: 100% para o companheiro a título de sucessão.

- Apartamento: 50% para companheira a título de meação e 50% a título de sucessão.

A segunda posição é a mais acertada. Isto porque o artigo 1844 que trata da herança vacante é
expresso ao afirmar que a herança só se devolve ao Município se não houver cônjuge, companheiro ou
nenhum parente sucessível. Contrario sensu, se houver o companheiro, o Município está excluído da
sucessão.

(http://www.professorsimao.com.br/artigos_simao_sucessao_02.htm)

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