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Universidade Estadual da Paraíba

UEPB
Assistente Técnico
Edital Normativo de Concurso Público Nº 01/2017
OT002-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Universidade Estadual da Paraíba - UEPB

Cargo: Assistente Técnico

(Baseado no Edital Normativo de Concurso Público Nº 01/2017)

• Língua Portuguesa
• Bases Legais do Ensino Superior/UEPB
• História e Bases Legais da UEPB
• Direito Constitucional
• Direito Administrativo
• Ética
• Direitos Humanos e Cidadania
• Produção Textual
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Bruno Fernandes

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1) Interpretação de textos. ................................................................................................................................................................................... 01


2) Morfologia: ........................................................................................................................................................................................................... 04
a) Ortografia. ........................................................................................................................................................................................................ 40
b) acentuação gráfica. ...................................................................................................................................................................................... 43
3. Denotação e conotação. .................................................................................................................................................................................. 46
4. Variação linguística; ........................................................................................................................................................................................... 51
5) Tipologias e gêneros textuais. ....................................................................................................................................................................... 55
6) Fatores de textualidade. .................................................................................................................................................................................. 56
7) Elementos morfossintáticos do texto: ........................................................................................................................................................ 61
a) termos essenciais da oração (sujeito e predicado). ......................................................................................................................... 61
b) Regências verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................... 69
8) Funções da linguagem...................................................................................................................................................................................... 76

Bases Legais do Ensino SuperiorUEPB

BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB: ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E NA PARAÍBA- Ensino Superior na Consti-
tuição Federal e na Constituição do Estado da Paraíba. .......................................................................................................................... 01
Autonomia Universitária. ...................................................................................................................................................................................... 04
Lei nº 9.394/1996, de 20 de dezembro de 1996 (LDB). ............................................................................................................................ 07
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 (Plano Nacional de Educação - PNE).................................................................................. 23

História e Bases Legais da UEPB

Histórico da Instituição. ........................................................................................................................................................................................ 01


A UEPB na Constituição Estadual. ..................................................................................................................................................................... 02
Lei nº 10.488, de 23 de junho de 2015 (Plano Estadual de Educação). .............................................................................................. 02
A Lei nº 7.643/2004, de 06 de agosto de 2004 (Lei da Autonomia Financeira). ............................................................................. 03
Estatuto da UEPB. – LEI 4.977/87 – Criação da UEPB................................................................................................................................. 04

Direito Constitucional

1. Constituição........................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Conceito e classificação............................................................................................................................................................................ 01
1.2. Dos Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988............................................................................................... 01
2. Direitos e garantias fundamentais................................................................................................................................................................ 11
2.1 Direitos e deveres individuais e coletivos.......................................................................................................................................... 11
2.2. Direitos fundamentais dos trabalhadores na Constituição Federal de 1988...................................................................... 11
3. Organização político-administrativa............................................................................................................................................................ 46
3.1. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios........................................................................................................... 46
4. Administração pública....................................................................................................................................................................................... 54
4.1 Disposições gerais....................................................................................................................................................................................... 54
5. Da Organização dos Poderes da República............................................................................................................................................... 68
5.1. Poder Legislativo......................................................................................................................................................................................... 68
5.1.1. Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, deputados e senadores.......................................... 68
5.2. Poder Executivo........................................................................................................................................................................................... 81
5.2.2. Atribuições do Presidente da República e dos ministros de Estado................................................................................... 81
6. Poder Judiciário.................................................................................................................................................................................................... 85
6.1. Organização do Poder Judiciário no Brasil....................................................................................................................................... 85
SUMÁRIO

6.2. Competências............................................................................................................................................................................................... 85
7. Da Organização dos Poderes do Estado da Paraíba.............................................................................................................................. 97
7.1. Poder Legislativo......................................................................................................................................................................................... 97
7.1.1. Assembleia Legislativa........................................................................................................................................................................... 97
7.1.2. Dos deputados Estaduais..................................................................................................................................................................... 97
7.2. Poder Executivo........................................................................................................................................................................................... 98
7.2.2. Do Governador e Vice-governador do Estado: Eleição, Posse, Mandato. Atribuições do Governador do Es-
tado.............................................................................................................................................................................................................98
7.3. Poder Judiciário Estadual.......................................................................................................................................................................100
7.3.1. Tribunal de Justiça da Paraíba: Organização, Composição e Competência...................................................................100

Direito Administrativo

1. Servidor Público: conceito, espécies, regimes jurídicos funcionais, atribuições no serviço público................................... 01
2. Servidores Públicos na Constituição Federal de 1988 (artigos 39 a 41)........................................................................................ 05
3. Organização funcional: definições de cargo, função, emprego público, classe, carreira e lotação.................................... 07
4. Criação, Extinção, Transformação e Vacância de cargos públicos.................................................................................................... 14
5. Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Estado da Paraíba (Lei Complementar n. 58, de 30 de Dezembro de 2003
e suas alterações)..................................................................................................................................................................................................... 07
5.1. Provimento e investidura do servidor: nomeação, seleção, posse, exercício, estabilidade e estágio probatório......... 07
5.2. Do regime disciplinar: deveres e proibições do servidor............................................................................................................ 07
5.3. Responsabilidades do Servidor Público: Penal, Civil e Administrativa................................................................................... 07
5.4. Das penas aplicadas ao Servidor Público: Advertência, Suspensão, Demissão, Cassação de Aposentadoria ou
Disponibilidade, Destituição da função e em cargo de comissão................................................................................................... 07
5.5. Processo Administrativo Disciplinar.................................................................................................................................................... 07

Ética
1. Ética e moral. ........................................................................................................................................................................................................ 01
2. Ética, princípios e valores. ............................................................................................................................................................................... 03
3. Ética e democracia: exercício da cidadania. ............................................................................................................................................. 05
4. Ética e função pública........................................................................................................................................................................................ 08

Direitos Humanos e Cidadania

1. Teoria geral dos direitos humanos................................................................................................................................................................ 01


1.1. Conceito, terminologia, fundamentação. ......................................................................................................................................... 01
2. Afirmação histórica dos direitos humanos. .............................................................................................................................................. 04
3. A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos. ............................................................................. 09
4. Direitos políticos na Constituição Federal de 1988: cidadania, elegibilidade e partidos políticos...................................... 09

Produção Textual

Produção de 01 (um) dos gêneros da Redação Oficial, a partir de uma situação-problema hipotética, e com base na
estrutura e finalidade do gênero solicitado, preconizadas pelo Manual de Redação da Presidência da República. ...... 01
1. Redação Oficial: ................................................................................................................................................................................................... 01
a) Conceito. ................................................................................................................................................................................................................ 01
b) Contexto de produção. c) finalidades. ....................................................................................................................................................... 01
2. As comunicações Oficiais: ............................................................................................................................................................................... 01
a) conceito, estrutura, finalidades e especificidades de uso nas mais diferentes circunstâncias sociocomunicativas..... 01
c. Classificação dos Documentos da Redação Oficial a partir do Padrão-Ofício............................................................................. 01
SUMÁRIO

Conhecimentos Específicos

1. Redação Oficial: ................................................................................................................................................................................................... 01


a) Conceito. .......................................................................................................................................................................................................... 01
b) Contexto de produção. .............................................................................................................................................................................. 01
c) finalidades. ....................................................................................................................................................................................................... 01
2. As comunicações Oficiais: ............................................................................................................................................................................... 01
a) conceito, estrutura, finalidades e especificidades de uso nas mais diferentes circunstâncias sociocomunicativas. ............01
c. Classificação a partir do Padrão-Ofício.................................................................................................................................................. 01
LÍNGUA PORTUGUESA

1) Interpretação de textos. ................................................................................................................................................................................... 01


2) Morfologia: ........................................................................................................................................................................................................... 04
a) Ortografia. ....................................................................................................................................................................................................... 40
b) acentuação gráfica. ...................................................................................................................................................................................... 43
3. Denotação e conotação. .................................................................................................................................................................................. 46
4. Variação linguística; ........................................................................................................................................................................................... 51
5) Tipologias e gêneros textuais. ....................................................................................................................................................................... 55
6) Fatores de textualidade. ................................................................................................................................................................................... 56
7) Elementos morfossintáticos do texto: ........................................................................................................................................................ 61
a) termos essenciais da oração (sujeito e predicado). ......................................................................................................................... 61
b) Regências verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................... 69
8) Funções da linguagem...................................................................................................................................................................................... 76
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação – na semântica (significado das palavras)


1) INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, Interpretar X compreender
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
de responder às questões relacionadas a textos. Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - Através do texto, infere-se que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - É possível deduzir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - O autor permite concluir que...
e decodificar ). - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Compreender significa


Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- está escrito.
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. - o texto diz que...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - é sugerido pelo autor que...
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- - o narrador afirma...
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. Erros de interpretação

Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
na prova. entendimento do tema desenvolvido.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrá-
rias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- e, consequentemente, errando a questão.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma épo- Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
ca (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de
quais definem o tempo). concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança autor diz e nada mais.
ou de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
com uma realidade, opinando a respeito. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
dárias em um só parágrafo. pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai
vras. dizer e o que já foi dito.

Condições básicas para interpretar OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
Fazem-se necessários: do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer
literários, estrutura do texto), leitura e prática; também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
texto) e semântico; cedente.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes relativos são muito importantes na inter- No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
pretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coe- reduzido no qual o menino detém sua atenção é
são. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe (A) fresta.
um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: (B) marca.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, (C) alma.
mas depende das condições da frase. (D) solidão.
- qual (neutro) idem ao anterior. (E) penumbra.
- quem (pessoa)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2012)
o objeto possuído. O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a to-
- como (modo) talidade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção
- onde (lugar) de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que se
quando (tempo) estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de alguma
quanto (montante) maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em todos os seus
níveis, uma espécie de segunda revelação do mundo.
Exemplo: Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
Falou tudo QUANTO queria (correto) Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
aparecer o demonstrativo O ). Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O riso”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Dicas para melhorar a interpretação de textos
3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atingiu
assunto; pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge uma ex-
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa plicação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado
a leitura; de energia no final de 2009.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica
menos duas vezes; (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Fur-
- Inferir; nas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; separam Itaipu de São Paulo.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de inves-
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor timentos e também erros operacionais conspiraram para pro-
compreensão; duzir a mais séria falha do sistema de geração e distribuição
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada de energia do país desde o traumático racionamento de 2001.
questão; Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do
texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
Fonte: A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
gues/como-interpretar-textos ( ) CERTO ( ) ERRADO

QUESTÕES 4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)


Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014 — Carta para o 9.326!!!
- ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em
o texto abaixo. branco, e um outro pergunta:
A marca da solidão — Quem te mandou essa carta?
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de — Minha irmã.
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a — Mas por que não está escrito nada?
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de — Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
penumbra na tarde quente. Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas acima decorre
plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz A) da identificação numérica atribuída ao louco.
de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca da B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a
solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. carta no hospício.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janei- C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a carta.
ro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47) D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV 6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – VU-
PROJETOS/2010) NESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a maneira como
se preparam para suas férias, a autora mostra que seus amigos estão
Painel do leitor (Carta do leitor) (A) serenos.
(B) descuidados.
Resgate no Chile (C) apreensivos.
(D) indiferentes.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (E) relaxados.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo
de uma mina de cobre e ouro no Chile. 7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
Um a um os mineiros soterrados foram içados com – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum- que, assim como seus amigos, a autora viaja para
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos, (B) escapar do lugar em que está.
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen- (C) reencontrar familiares queridos.
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E, (D) praticar esportes radicais.
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons- (E) dedicar-se ao trabalho.
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para
ajudar no salvamento. 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai- – VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um
nel do leitor – 17/10/2010) lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- gere que viajará para um lugar
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor (A) repulsivo e populoso.
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem (B) sombrio e desabitado.
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: (C) comercial e movimentado.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” (D) bucólico e sossegado.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma (E) opressivo e agitado.
mina de cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des- o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
ceram na mina...” opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – Prepare-se para o debate que está apenas começando.
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
questões de números 6 a 8.
Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
Férias na Ilha do Nanja urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
dágio urbano.
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as ( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo porte público e estender as ciclovias.
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, ( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida-
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre des, que não resolveu os problemas do trânsito.
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... ( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra- ( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver namento, revisão....e agora mais o pedágio?
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da ( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
própria vida. investido no transporte público.
E eu vou para a Ilha do Nanja. ( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as gue pelo privilégio!
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio ( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou urbano melhorou.
vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça A ordem obtida é:
à janela a namorar um moço na outra janela de outra ilha. a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N)
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S)
Adaptado) c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S)
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N)
*fissuras: fendas, rachaduras e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)

3
LÍNGUA PORTUGUESA

10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – 8-)


ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex- RESPOSTA: “D”.
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se
você está na rua, não pode entrar”. 9-)
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”. (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. porte público e estender as ciclovias.
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”. (N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”. cidades, que não resolveu os problemas do trânsito.
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo
Resolução mundo vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
(N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, esta-
1-) cionamento, revisão....e agora mais o pedágio?
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
do cabe numa fresta. investido no transporte público.
RESPOSTA: “A”. (S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
gue pelo privilégio!
2-) (S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie- urbano melhorou.
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos S - N - S - N - N - S - S
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “CERTO”.
10-)
3-) Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo
ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é:
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por
“Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua,
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora-
não pode entrar”.
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
RESPOSTA: “A”.
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, 2) MORFOLOGIA:
delimita a informação – como no caso do exercício).
RESPOSTA: “CERTO’.

4-) Adjetivo
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah, Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
porque nós brigamos e não estamos nos falando”. característica do ser e se relaciona com o substantivo.
RESPOSTA: “D”. Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
5-) cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
Em todas as alternativas há expressões que represen- ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da moça bondosa, pessoa bondosa.
Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua-
enobrece / demonstrando coragem e desprendimento. lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho-
RESPOSTA: “B”. mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade,
portanto, não é adjetivo, mas substantivo.
6-)
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, Morfossintaxe do Adjetivo
fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos. dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
RESPOSTA: “C”. como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
ou do objeto).
7-)
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
da própria autora!
RESPOSTA: “B”.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio (ou gentílico) Número dos Adjetivos

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Plural dos adjetivos simples


Observe alguns deles:
Estados e cidades brasileiros: Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Alagoas alagoano do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Amapá amapaense substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Aracaju aracajuano ou aracajuense zes, ruim e ruins boa e boas
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Brasília brasiliense função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Cabo Frio cabo-friense que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um
Campinas campineiro ou campinense substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a pa-
lavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se estiver
Adjetivo Pátrio Composto qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará,
então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro Veja outros exemplos:
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru- Motos vinho (mas: motos verdes)
dita. Observe alguns exemplos: Paredes musgo (mas: paredes brancas).
África afro- / Cultura afro-americana Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
-inglesas Adjetivo Composto
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses É aquele formado por dois ou mais elementos. Normal-
mente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o últi-
China sino- / Acordos sino-japoneses
mo elemento concorda com o substantivo a que se refere; os
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos ele-
Europa euro- / Negociações euro-americanas
mentos que formam o adjetivo composto seja um substanti-
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italia-
vo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável. Por
nas
exemplo: a palavra rosa é originalmente um substantivo, po-
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
rém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o ad-
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras jetivo composto inteiro ficará invariável. Por exemplo:
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Camisas rosa-claro.
Flexão dos adjetivos Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Gênero dos Adjetivos
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos invariáveis.
substantivos, classificam-se em: - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- têm os dois elementos flexionados.
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa,
mau e má, judeu e judia. Grau do Adjetivo
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento. Por exemplo: o moço Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
norte-americano, a moça norte-americana. sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. comparativo e o superlativo.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino Comparativo


como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
feliz. Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
político-social. igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe os
exemplos abaixo:

5
LÍNGUA PORTUGUESA

Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um
No comparativo de igualdade, o segundo termo da com- ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa
paração é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão. relação pode ser:
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superio- De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
ridade Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois Note bem:
substantivos comparados, um tem qualidade superior. A for- 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
ma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc.,
“mais...que”. antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de ori-
rioridade Sintético gem vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do
adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de supe- exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é
rioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom constituída do radical do adjetivo português + o sufixo -íssi-
/melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/ mo: pobríssimo, agilíssimo.
maior, baixo/inferior. 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariís-
Observe que: simo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as
a) As formas menor e pior são comparativos de superio- formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desa-
ridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respec- gradável hiato i-í.
tivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas Advérbio
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas
entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar O advérbio, assim como muitas outras palavras existen-
as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais tes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim
pequeno. Por exemplo: sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de
proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz referência
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele- ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, ou seja, indi-
mentos. cando as circunstâncias em que esse processo se desenvolve.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti-
qualidades de um mesmo elemento. do de caracterizar os processos expressos por ele. Contudo,
ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe- também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Seguem
rioridade alguns exemplos:
Sou menos passivo (do) que tolerante. Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
você está até bem informado.
Superlativo Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjeti-
vo alheio, representando uma qualidade, característica.
O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
vado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser abso- O artista canta muito mal.
luto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi-
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre- pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
senta-se nas formas: funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar de-
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala- marcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos de
O secretário é muito inteligente. locução adverbial, representada por algumas expressões, tais
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de modo algum,
de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. entre outras.
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér-
Observe alguns superlativos sintéticos: bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez ex-
benéfico beneficentíssimo pressas por:
bom boníssimo ou ótimo de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas,
comum comuníssimo às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pou-
cruel crudelíssimo cos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a
difícil dificílimo frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos
doce dulcíssimo que terminam em -”mente”: calmamente, tristemente, propo-
fácil facílimo sitadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, es-
fiel fidelíssimo candalosamente, bondosamente, generosamente

6
LÍNGUA PORTUGUESA

de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em Artigo


excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
de todo, de muito, por completo. indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, gênero e o número dos substantivos.
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- Classificação dos Artigos
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em Artigos Definidos: determinam os substantivos de
quando, de quando em quando, a qualquer momento, de maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
tempos em tempos, em breve, hoje em dia Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, um animal.
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter- Combinação dos Artigos
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta É muito presente a combinação dos artigos definidos
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum essas combinações:
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe Preposições Artigos
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe- o, os
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi- a ao, aos
tavelmente (=sem dúvida). de do, dos
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- em no, nos
mente, simplesmente, só, unicamente por (per) pelo, pelos
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- a, as um, uns uma, umas
bém à, às - -
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente da, das dum, duns duma, dumas
de designação: Eis na, nas num, nuns numa, numas
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- pela, pelas - -
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
para quê? (finalidade) - As formas à e às indicam a fusão da preposição a
com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é
Locução adverbial conhecida por crase.

É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad- Constatemos as circunstâncias


vérbio. Exemplo: em que os artigos se manifestam
Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres- das olimpíadas.
pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
apressadamente. - Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
modo são flexionados, sendo que os demais são todos in- A Bahia...
variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
categoria dos advérbios é a de grau: - Quando indicado no singular, o artigo definido pode
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
inconstitucionalissimamente, etc.; - No caso de nomes próprios personativos, denotando
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. do artigo: O Pedro é o xodó da família.

- No caso de os nomes próprios personativos estarem


no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas...

7
LÍNGUA PORTUGUESA

- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. amiguinhas
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- Cada informação está estruturada em torno de um ver-
dos. (qualquer classe) bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
facultativo: A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As
palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Observe: Gosto de natação e de futebol.
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
é uns vinte anos. partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e”
está ligando termos de uma mesma oração.
- O artigo também é usado para substantivar palavras
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de Morfossintaxe da Conjunção
tudo isso.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re- propriamente uma função sintática: são conectivos.
lativo cujo (e flexões). Classificação
Este é o homem cujo amigo desapareceu. - Conjunções Coordenativas
Este é o autor cuja obra conheço. - Conjunções Subordinativas

- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no Conjunções coordenativas
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme),
a menos que venham especificadas. Dividem-se em:
Eles estavam em casa. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto
Eles estavam na casa dos amigos. de cantar e de dançar.
Os marinheiros permaneceram em terra. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam-
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. bém, não só...como também.

- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata- - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo,
todavia, no entanto, entretanto.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
Estado de S. Paulo. Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
Morfossintaxe quer...quer, já...já.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
do substantivo a que se refere. Tal função independe da
função exercida pelo substantivo: - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
A existência é uma poesia. É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá
Uma existência é a poesia. fora.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an-
tes do verbo), porquanto.
Conjunção
Conjunções subordinativas
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por - CAUSAIS
exemplo: Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as uma vez que, como (= porque).
amiguinhas. Ele não fez o trabalho porque não tem livro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- COMPARATIVAS 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra ci-


Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... dade porque não havia cemitério no local.”
como, mais...do que, menos...do que. a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordina-
Ela fala mais que um papagaio. da (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
- CONCESSIVAS colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
mesmo que, apesar de, se bem que. Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, os mortos em outra cidade.
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de dependentes uma da outra.
estar cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema. Interjeição

- CONFORMATIVAS Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,


Principais conjunções conformativas: como, segundo, sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o
conforme, consoante interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem
Cada um colhe conforme semeia. que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas lin-
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- guísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
midade. Droga! Preste atenção quando eu estou falando!

- CONSECUTIVAS No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.


Expressam uma ideia de consequência. Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou simples-
“tanto”, “tão”, “tamanho”). mente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
Falou tanto que ficou rouco. As sentenças da língua costumam se organizar de forma
lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os
- FINAIS distribui em posições adequadas a cada um deles. As inter-
Expressam ideia de finalidade, objetivo. jeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-frase”,
Todos trabalham para que possam sobreviver. ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um con-
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, junto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser colo-
porque (=para que), cada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
Bravo! Bis!
- PROPORCIONAIS bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui-
Principais conjunções proporcionais: à medida que, to bom! Repitam!”
quanto mais, ao passo que, à proporção que. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
- TEMPORAIS não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro,
logo que. um estado da alma decorrente de uma situação particular,
Quando eu sair, vou passar na locadora. um momento ou um contexto específico. Exemplos:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
Diferença entre orações causais e explicativas ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de-
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração cau- O significado das interjeições está vinculado à maneira
sal de uma explicativa. Veja os exemplos: como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
atropelado”: de enunciação. Exemplos:
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati- Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen- mando! Ei, espere!”
dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
orações que vêm marcadas por vírgula. em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. favor, faça silêncio!”
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
(Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, puxa: interjeição; tom da fala: euforia
ela será explicativa. Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo) puxa: interjeição; tom da fala: decepção

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LÍNGUA PORTUGUESA

As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: Locução Interjetiva


1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
tristeza, dor, etc. Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Você faz o que no Brasil? expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora
Eu? Eu negocio com madeiras. bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus!
Ah, deve ser muito interessante. Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus!
Alto lá! Muito bem!
2) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente. Observações:
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
As interjeições podem ser formadas por: Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! =
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô. Peço-lhe que me desculpe.
- palavras: Oba!, Olá!, Claro!
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
Ora bolas! seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
gramaticais podem aparecer como interjeições.
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes Viva! Basta! (Verbos)
da entonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer Fora! Francamente! (Advérbios)
que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade) - A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.:
Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
Classificação das Interjeições
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita-
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bum-
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten-
ba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!,
ção!, Olha!, Alerta!
etc.
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
- Desculpa: Perdão! no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh! Obrigadinho!
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, Ora!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Interjeições, leitura e produção de textos
Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?,
Cruz!, Putz! Usadas com muita frequência na língua falada informal,
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos-
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus! temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
não sofrem variação em gênero, número e grau como os no- conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter-
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz jeições presença constante nos textos publicitários.
como os verbos. No entanto, em uso específico, algumas in-
terjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter claro, neste Fonte:
caso, que não se trata de um processo natural dessa classe http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
de palavra, mas tão só uma variação que a linguagem afetiva php
permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Numeral Os numerais ordinais variam em gênero e número:

Numeral é a palavra que indica os seres em termos primeiro segundo milésimo


numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os primeira segunda milésima
situa em determinada sequência. primeiros segundos milésimos
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. primeiras segundas milésimas
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
Eu quero café duplo, e você? atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] e conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên- plas do medicamento.
cia de “fila”] Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que duas terças partes
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
trata de numerais, mas sim de algarismos. É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- sentido. É o que ocorre em frases como:
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, “Me empresta duzentinho...”
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, É artigo de primeiríssima qualidade!
dúzia, par, ambos(as), novena. O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)
Classificação dos Numerais
Emprego dos Numerais
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
sico: um, dois, cem mil, etc. *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
dada: primeiro, segundo, centésimo, etc. décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a venha depois do substantivo:
divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos Ordinais Cardinais
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
da: dobro, triplo, quíntuplo, etc. D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Leitura dos Numerais Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Separando os números em centenas, de trás para fren-
te, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas *Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela con- Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
junção “e”. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos
e vinte e seis. *Ambos/ambas são considerados numerais. Significam
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são
largamente empregados para retomar pares de seres aos
Flexão dos numerais quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a impor-
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/ tância da solidariedade. Ambos agora participam das ativi-
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- dades comunitárias de seu bairro.
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
são invariáveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor
de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância
em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís- Dicas sobre preposição
tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pes-
palavra pode se dar a partir de dois processos: soal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja
um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá para
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. determiná-lo como um substantivo singular e feminino.
preposição a + artigos definidos o, os A dona da casa não quis nos atender.
a + o = ao Como posso fazer a Joana concordar comigo?
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Preposição + Artigos Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procu-
De + o(s) = do(s) rar um tratamento adequado.
De + a(s) = da(s)
De + um = dum - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + uns = duns lugar e/ou a função de um substantivo.
De + uma = duma Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + umas = dumas parte da família
Em + o(s) = no(s) Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
Em + a(s) = na(s) Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + um = num
Em + uma = numa 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + uns = nuns das preposições:
Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas
Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s)
Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s)
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s)
Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + ele(s) = dele(s)
tamento.
De + ela(s) = dela(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + este(s) = deste(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + esta(s) = desta(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esse(s) = desse(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + essa(s) = dessa(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquele(s) = daquele(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquela(s) = daquela(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isto = disto Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isso = disso Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aquilo = daquilo Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aqui = daqui
De + aí = daí Fonte:
De + ali = dali http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s) Pronome
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
Em + esse(s) = nesse(s) a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + aquele(s) = naquele(s) de alguma forma.
Em + aquela(s) = naquela(s)
Em + isto = nisto A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + isso = nisso [substituição do nome]
Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
A + aquela(s) = àquela(s) [referência ao nome]
A + aquilo = àquilo
Essa moça morava nos meus sonhos!
[qualificação do nome]

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LÍNGUA PORTUGUESA

Grande parte dos pronomes não possuem significados - 1ª pessoa do singular: eu


fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de - 2ª pessoa do singular: tu
um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata - 3ª pessoa do singular: ele, ela
daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no - 1ª pessoa do plural: nós
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interroga- - 2ª pessoa do plural: vós
tivos e indefinidos, os demais pronomes têm por função prin- - 3ª pessoa do plural: eles, elas
cipal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacio-
nar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
virtude dessa característica, os pronomes apresentam uma como complementos verbais na língua-padrão. Frases
forma específica para cada pessoa do discurso. como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala] prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras va- boa viagem. (Nós)
riáveis em gênero (masculino ou feminino) e em número (sin-
gular ou plural). Assim, espera-se que a referência através do Pronome Oblíquo
pronome seja coerente em termos de gênero e número (fe-
nômeno da concordância) com o seu objeto, mesmo quando Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
este se apresenta ausente no enunciado. sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
direto ou indireto) ou complemento nominal.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
adequada] variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
[neste: pronome que determina “ano” = concordância indica a função diversa que eles desempenham na oração:
adequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- marca o complemento da oração.
dância inadequada] Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. tônicos.

Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono

São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve as- são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
sume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, fraca: Ele me deu um presente.
“você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
“eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas figurado:
de quem fala. - 1ª pessoa do singular (eu): me
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções - 2ª pessoa do singular (tu): te
que exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
caso oblíquo. - 1ª pessoa do plural (nós): nos
- 2ª pessoa do plural (vós): vos
Pronome Reto - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, Observações:


exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Nós lhe ofertamos flores. apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en-
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne- acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin- “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado: diretos como objetos indiretos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Atenção: Há construções em que a preposição, apesar


objetos diretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, nome, deverá ser do caso reto.
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Não vá sem eu mandar.
- Trouxeste o pacote?
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
- Não contaram a novidade a vocês? mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
- Não, no-la contaram. conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
No português do Brasil, essas combinações não são
companhia.
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego
Ele carregava o documento consigo.
é muito raro.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal todos, ambos ou algum numeral.
é suprimida. Por exemplo: Você terá de viajar com nós todos.
fiz + o = fi-lo Estávamos com vós outros quando chegaram as más
fazeis + o = fazei-lo notícias.
dizer + a = dizê-la Ele disse que iria com nós três.

Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- Pronome Reflexivo


sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
repõe + os = repõe-nos nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
retém + a: retém-na da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
tem + as = tem-nas expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
Pronome Oblíquo Tônico do:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Eu não me vanglorio disso.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
forte. Assim tu te prejudicas.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con- Conhece a ti mesmo.
figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
Guilherme já se preparou.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
Ela deu a si um presente.
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Antônio conversou consigo mesmo.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Lavamo-nos no rio.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. - 2ª pessoa do plural (vós): vos.
- As preposições essenciais introduzem sempre prono- Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta Eles se conheceram.
forma: Elas deram a si um dia de folga.
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso inter-
locutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pes-
soa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Note que: A forma do possessivo depende da pessoa No tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concor- Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
dam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con- refere ao ano presente.
tribuição naquele momento difícil. Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
refere a um passado próximo.
Observações: Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resul- está se referindo a um passado distante.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado,
seu José. - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
posse. Podem ter outros empregos, como: la(s).
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
anos. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência que te indiquei.)
trouxe sua mensagem?
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- que o procuraram ontem.
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram
o problema.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir- - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Pronomes Demonstrativos
Note que:
Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex-
plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de construções redundantes, com finalidade expressiva, para
espaço, no tempo ou discurso. salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
No espaço: é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
carro está perto da pessoa que fala. - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
pessoa que fala. cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que pressentiam.
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
quem falo. expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- ela o fizesse.
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
pode causar ambiguidade. amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar solteiro, aquele casado]
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer- - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
sidade destinatária). irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Reafirmamos a disposição desta universidade em parti- - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi- com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
dade que envia a mensagem). disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Indefinidos Indefinidos Sistemáticos

São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
quantidade indeterminada. ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
-plantadas. sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- e qualquer, que generaliza.
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Essas oposições de sentido são muito importantes na
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- de que fazem parte:
guém, outrem, quem, tudo. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
Algo o incomoda? prático.
Quem avisa amigo é. Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
pessoas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Pronomes Relativos
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
São aqueles que representam nomes já mencionados
Cada povo tem seus costumes.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
Certas pessoas exercem várias profissões.
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos,
um grupo racial sobre outros.
ora pronomes indefinidos adjetivos:
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
tros = oração subordinada adjetiva).
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
Menos palavras e mais ações. me demonstrativo o, a, os, as.
Alguns se contentam pouco. Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- expresso.
riáveis e invariáveis. Observe: Quem casa, quer casa.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, Observe:
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, quantas.
outras, quantas. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
algo, cada. Note que:
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= antecedente for um substantivo.
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Cada um escolheu o vinho desejado. A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
quais)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem-se
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes in-
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: terrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações).
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
ambiguidade.) preferes.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) passageiros desembarcaram.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e Sobre os pronomes
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural. O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de
sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quan-
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- do desempenha função de complemento. Vamos entender,
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que
dos quais, das quais. função exerce. Observe as orações:
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
(antecedente) (consequente) 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe
ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece-
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Emprestei tantos quantos foram necessários. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
(antecedente)
exercendo função de complemento, e, consequentemente, é
Ele fez tudo quanto havia falado.
do caso oblíquo.
(antecedente)
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o
pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a se-
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
gunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia
precedido de preposição.
ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
É um professor a quem muito devemos.
(preposição) Importante: Em observação à segunda oração, o em-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal
casa onde morava foi assaltada. (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando Eu estou perguntando-lhe algo.
ou em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
no exterior. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, di-
ferentemente dos segundos que são sempre precedidos de
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- preposição.
lavras: - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo estava fazendo.
como você agiu semana passada. - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po- que eu estava fazendo.
díamos jogar videogame.
Colocação Pronominal
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. A colocação pronominal é a posição que os pronomes
O futebol é um esporte. pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao ver-
O povo gosta muito deste esporte. bo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te,
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode oração em relação ao verbo:
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de 1. próclise: pronome antes do verbo
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava. 2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Próclise Mesóclise

A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
- Palavras com sentido negativo: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
Nada me faz querer sair dessa cama. A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
Não se trata de nenhuma novidade. se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Advérbios: proposta a você)
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Questões sobre Pronome

- Pronomes relativos: 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).


A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
- Pronomes indefinidos: seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
Quem me disse isso? o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
e da água faça em si diferença, as companhias não podem
- Pronomes demonstrativos: suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
Isso me deixa muito feliz! tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
- Preposição seguida de gerúndio: mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais de crescimento verde sempre será a segunda opção.
indicado à pesquisa escolar. (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

- Conjunção subordinativa: Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-


Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. ferem- -se, respectivamente, a
(A) dúvidas e preços.
Ênclise (B) dúvidas e insumos básicos.
(C) companhias e insumos básicos.
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta (D) companhias e preços do carbono e da água.
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- (E) políticas de crescimento e preços adequados.
nos. A ênclise vai acontecer quando:
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC –
Amem-se uns aos outros. 2013- adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o tre-
Sigam-me e não terão derrotas. cho grifado está corretamente substituído por um prono-
me em:
- O verbo iniciar a oração: A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
Diga-lhe que está tudo bem. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Chamaram-me para ser sócio. lhes desalentado
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- de conhecê-lo?
posição “a”: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. parecia ser-lhe
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. E) incomodaram o general... − incomodaram-no

- O verbo estiver no gerúndio: 03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-


Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
cupada. correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada
Despediu-se, beijando-me a face. de modo INCORRETO em:
A) mostrando o rio= mostrando-o.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
mesmo instante. D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam =
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. nada lhes acrescentariam.
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). As- 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
sinale a alternativa em que o pronome destacado está po- As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
sicionado de acordo com a norma-padrão da língua. lantes.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. beça...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a pronome, na ordem dada, em:
alternativa cujo emprego do pronome está em conformi- (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
dade com a norma padrão da língua. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
lada. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
(D) Conformado, se rendeu às punições. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). As- mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
sinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. substituem, corretamente, os termos em destaque são:
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se A) os comprovam … ajudá-la.
que eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. B) os comprovam …ajudar-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- C) os comprovam … ajudar-lhe.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui- E) lhes comprovam … ajudá-la.
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe GABARITO
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
nos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013). 1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ não está claro até onde pode realmente chegar uma po-
prazo. lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
A) a que … acaba … à preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
B) com que … acabam … à panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
C) de que … acabam … a gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
D) em que … acaba … a preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
E) dos quais … acaba … à bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
– 2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e sempre será a segunda opção.
respectivamente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo- 2-)
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
sujeito de forma cômica. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
A) Fazem... a ... de que desalentado
B) Faz ...a ... que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
C) Fazem ...à ... com que conhecê-las ?
D) Faz ...à ... que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
E) Faz ...à ... a que parecia sê-lo

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) Substantivo
transpor [...] as matas espessas= transpô-las
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
4-) tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. nos, os substantivos também nomeiam:
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança -sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza...
5-) -qualidades: honestidade, sinceridade...
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. -ações: corrida, pescaria...
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada.
Morfossintaxe do substantivo
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção.
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
6-)
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
que abrisse a bolsa que encontrara. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempe-
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do- nhadas por grupos de palavras.
nos.
Classificação dos Substantivos
7-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro- 1- Substantivos Comuns e Próprios
dutos de que não necessitam e acabam tendo de
pagar tudo a prazo. Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila,
com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas
8-) (no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma uma cidade (em oposição aos bairros).
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro
estava sujeito de forma cômica. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin- e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
gular cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
comum.
9-) Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
homem, mulher, país, cachorro.
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
Estamos voando para Barcelona.
“lhe” é para objeto indireto
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire-
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
to; “lhe” é para objeto indireto
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
10-) de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimen-
tos felizmente comprovam os acontecimentos, e testemu- 2 - Substantivos Concretos e Abstratos
nhas vão ajudar a polícia na investigação.
felizmente os comprovam ... ajudá-la LÂMPADA MALA
(advérbio)
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
existência própria, que são independentes de outros seres.
São substantivos concretos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que Substantivo coletivo Conjunto de:
existe, independentemente de outros seres.
assembleia pessoas reunidas
Obs.: os substantivos concretos designam seres do alcateia lobos
mundo real e do mundo imaginário. acervo livros
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, antologia trechos literários selecionados
Brasília, etc. arquipélago ilhas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- banda músicos
ma, etc. bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
Observe agora: batalhão soldados
Beleza exposta cardume peixes
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cáfila camelos
O substantivo beleza designa uma qualidade.
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
chusma gente, pessoas
dependem de outros para se manifestar ou existir.
concílio bispos
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser congresso parlamentares, cientistas.
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou elenco atores de uma peça ou filme
coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para esquadra navios de guerra
se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo enxoval roupas
abstrato. falange soldados, anjos
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- fauna animais de uma região
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser feixe lenha, capim
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), flora vegetais de uma região
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
3 - Substantivos Coletivos horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra júri jurados
abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- matilha cães de raça
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, molho chaves, verduras
mais outra abelha... multidão pessoas em geral
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. ninhada pintos
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin- nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
gular (enxame) para designar um conjunto de seres da mes- penca bananas, chaves
ma espécie (abelhas). pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
ramalhete flores
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
rebanho ovelhas
mo estando no singular, designa um conjunto de seres da
récua bestas de carga, cavalgadura
mesma espécie.
repertório peças teatrais, obras musicais
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas
revoada pássaros
sínodo párocos
talha lenha
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores
vara porcos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam


uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
Substantivos Simples e Compostos para o feminino. Classificam-se em:

Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a co-
O substantivo chuva é formado por um único elemento bra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
ou radical. É um substantivo simples. - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas:
a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
Substantivo Simples: é aquele formado por um único o indivíduo.
elemento. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente,
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o siste-
ma, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados - Existem certos substantivos que, variando de gênero,
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rá-
Meu limão meu limoeiro, dio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
meu pé de jacarandá...
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
nenhum outro dentro de língua portuguesa. - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno -
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhu- aluna.
ma outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
limoeiro é derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
masculino: freguês - freguesa
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de
palavra.
três formas:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Flexão dos substantivos
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exem-
plo, pode sofrer variações para indicar: Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão -
Plural: meninos Feminino: menina sultana
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
- Substantivos terminados em -or:
Flexão de Gênero - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul
gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero mascu- - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - du-
lino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o, quesa / conde - condessa / profeta - profetisa
os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
O velho e o mar - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Um Natal inesquecível final por -a: elefante - elefanta
Os reis da praia
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po- e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
Uma cidade sem passado pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
As tartarugas ninjas czar – czarina réu - ré

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes


de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relaciona-
do ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para
o masculino e outra para o feminino. Observe: gato – gata,
homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro. Gênero dos Nomes de Cidades
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
Outros substantivos sobrecomuns: à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
criatura. manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
Marcela faleceu a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi-
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
Comuns de Dois Gêneros: cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de
A distinção de gênero pode ser feita através da análise curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
cês - repórter francesa (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
- A palavra personagem é usada indistintamente nos (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
dois gêneros. bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
os personagens dos contos de carochinha. (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não voga (remador), a voga (moda, popularidade).
aceitam a personagem.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo Flexão de Número do Substantivo
fotográfico Ana Belmonte.
Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o do plural é o “s” final.
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando


formados de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hí- palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
fen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones. -falantes
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
“ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural formados de:
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
Atenção: O plural de caráter é caracteres. substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-
vapor e cavalos-vapor
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- substantivo + substantivo que funciona como determi-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara- nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
cônsules. lógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, ho-
mem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras: - Permanecem invariáveis, quando formados de:
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- - Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus
neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
duas maneiras:
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acrés-
Plural das Palavras Substantivadas
cimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariá-
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
veis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de Pese bem os prós e os contras.
três maneiras. O aluno errou na prova dos noves.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
seis e alguns dez.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o Plural dos Diminutivos
látex - os látex.
Plural dos Substantivos Compostos Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
acrescenta-se o sufixo diminutivo.
-A formação do plural dos substantivos compostos de- pãe(s) + zinhos = pãezinhos
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras que animai(s) + zinhos = animaizinhos
formam o composto e da relação que estabelecem entre si. botõe(s) + zinhos = botõezinhos
Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como os chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/gi- farói(s) + zinhos = faroizinhos
rassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres. tren(s) + zinhos = trenzinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos colhere(s) + zinhas = colherezinhas
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e dis- flore(s) + zinhas = florezinhas
cussões. Algumas orientações são dadas a seguir: mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
de: funi(s) + zinhos = funizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos pai(s) + zinhos = paizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens pé(s) + zinhos = pezinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pé(s) + zitos = pezitos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo

Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
que a terminação preste-se à flexão. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados. - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-
As Raquéis e Esteres. do normal. Por exemplo: casa
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural dos Substantivos Estrangeiros do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escri- tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
tos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quan- Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
do terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. cador de aumento. Por exemplo: casarão.
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo do ser. Pode ser:
com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Observe o exemplo: Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
Este jogador faz gols toda vez que joga. cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Verbo
Plural com Mudança de Timbre
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes-
Certos substantivos formam o plural com mudança de tim- soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
bre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
chamado metafonia (plural metafônico). ocorrência (nascer); desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
Singular Plural os seus possíveis significados. Observe que palavras como
corpo (ô) corpos (ó) corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
esforço esforços ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
fogo fogos porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
forno fornos possuem.
fosso fossos
imposto impostos Estrutura das Formas Verbais
olho olhos
osso (ô) ossos (ó) Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
ovo ovos apresentar os seguintes elementos:
poço poços
porto portos - Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-
posto postos do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
tijolo t ijolos (radical fal-)
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indi-
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, ca a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar),
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I -
molho (ó) = feixe (molho de lenha). (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
Particularidades sobre o Número dos Substantivos signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
o leste, o oeste, a fé, etc. - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin-
espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. gular ou plural):
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin- falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
nome) e honras (homenagem, títulos).
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
sentido de plural: (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois
Aqui morreu muito negro. a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im- de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas
provisadas. formas do verbo: põe, pões, põem, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente


de “ser possível”. Por exemplo:
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Não deu para chegar mais cedo.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Dá para me arrumar uns trocados?
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende- plural.
rão, nutriríamos. A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Classificação dos Verbos
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
Classificam-se em: verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências receu bastante.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte-
rações no radical: canto cantei cantarei cantava Entre os unipessoais estão os verbos que significam
cantasse. vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera- lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi-
zesse. Os principais verbos unipessoais são:
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais (preciso, necessário, etc.):
e pessoais: Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- bastante.)
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
principais verbos impessoais são: É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais). 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) dos da conjunção que.
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) fumar.)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo) Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci. * Pessoais: não apresentam algumas flexões por moti-
Estava frio naquele dia. vos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natu- - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente
reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o
amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, que provavelmente causaria problemas de interpretação
“Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “ama- em certos contextos.
nhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, - verbo computar. Este verbo teria como formas do
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal presente do indicativo computo, computas, computa - for-
para ser pessoal. mas de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvi-
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) dos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gra-
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) máticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que,
com o desenvolvimento e a popularização da informática,
** São impessoais, ainda: tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pes-
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando soas.
tempo: Já passa das seis.
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição - Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma
de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas- forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno
fêmias. costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas re-
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está gulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas
bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re- formas curtas (particípio irregular). Observe:
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda,
nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-
se, tais verbos, então, pessoais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

31
LÍNGUA PORTUGUESA

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o obje- 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
to representado por pronome oblíquo da mesma pessoa 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou tran- Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
sitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os colocação.
pronomes mencionados, formando o que se chama voz
reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava. - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ou advérbio. Por exemplo:
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
Maria penteou-me. vérbio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad-
Observações: jetivo)
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
função sintática. curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
- Há verbos que também são acompanhados de pro- Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle-
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa - Particípio: quando não é empregado na formação dos
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul-
plo: tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, nú-
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me mero e grau. Por exemplo:
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular Terminados os exames, os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-


Modos Verbais
nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna es-
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
colhida para representar a escola.
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis-
tem três modos:
Tempos Verbais
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu
sempre estudo. Tomando-se como referência o momento em que se fala,
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tem-
Talvez eu estude amanhã. pos. Veja:
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda
agora, menino. 1. Tempos do Indicativo
Formas Nominais - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-
légio.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
nominais. Observe: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver- momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função Ele estudou as lições ontem à noite.
de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocor-
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) rido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as
lições quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma sim-
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por ples).
exemplo:
É preciso ler este livro. - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocor-
Era preciso ter lido este livro. rer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocor-
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- rer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: tivesse dinheiro, viajaria nas férias.

32
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Tempos do Subjuntivo

- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o
jogo.

Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por
exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

33
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

34
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

35
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Verbo 05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO


SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O
01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o crescimento econômico, se associado à ampliação do empre-
trecho a seguir. go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se
É comum que objetos ___________ esquecidos em locais passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as indicativo, teremos a forma:
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, A) puder.
conservando-os junto ao corpo. B) poderia.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti- C) pôde.
vamente, as lacunas do texto. D) poderá.
(A) sejam … mantesse E) pudesse.
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém 06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter-
(D) seja … mantivessem nativa em que todos os verbos estão empregados de acordo
(E) seja … mantêm com a norma- -padrão.
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da im-
02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adapta- pressão definitiva.
da) (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, silêncio.
nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a traba-
uma exigência de concordância. Assinale a alternativa cor- lhar no feriado.
reta em relação ao emprego desse mesmo verbo. (D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. (E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. a seu superior.
c) As pessoas tem muitos planos.
d) A mentira tem perna curta. 07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.) As-
sinale a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar
03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a criança
querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um se perder, quem encontrá-la verá na pulseira instruções para
ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante que envie uma mensagem eletrônica ao grupo ou acione o
da pergunta “débito ou crédito?”. código na internet.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de (A) Caso a criança se havia perdido…
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. (B) Caso a criança perdeu…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido (C) Caso a criança se perca…
dela. (D) Caso a criança estivera perdida…
(C) adotar como referência de qualidade. (E) Caso a criança se perda…
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP – 2013-
adap.). Assinale a alternativa em que o verbo destacado está
04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al- no tempo futuro.
ternativa contendo a frase do texto na qual a expressão A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
verbal destacada exprime possibilidade. B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessida-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras des”…
literárias... D) … de onde vem o produto…?
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/2017-a-
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por daptada)
associação, e não mais por sequências fixas previamente A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares, pode
estabelecidas. causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha mãe
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sentido, assi-
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- nale a alternativa em que se indica INCORRETAMENTE a sua
dade... flexão.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- a) queres – Presente do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
d) queira – Presente do Subjuntivo.
e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁ- 6-)


RIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir. (B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- silêncio.
deira no animal. (C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a
II. Existiam muitos ferimentos no boi. trabalhar no feriado.
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida (D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
movimentada. (E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re-
Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este queira a seu superior.
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
A) Existia – Haviam – Existiam 7-)
B) Existiam – Havia – Existiam Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve
C) Existiam – Haviam – Existiam uma grande perda salarial...)
D) Existiam – Havia – Existia
E) Existia – Havia – Existia
8-)
A) Os consumidores são assediados pelo marketing =
GABARITO
presente
01. B 02. D 03. E 04. B 05. B C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi-
06. A 07. C 08. B 09. B 10. D dades”… = pretérito do Subjuntivo
D) … de onde vem o produto…? = presente
RESOLUÇÃO E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… =
pretérito perfeito
1-)
É comum que objetos sejam esquecidos em locais 9-)
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se Vamos aos itens:
as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu que-
pertences, conservando-os junto ao corpo. res - correta.
b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu que-
2-) reria, tu quererias, ele quereria - incorreta.
Analisemos: c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo =
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a so- eu quisera, ele quisera – correta.
ciedade tem (verbo no singular) d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira,
b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o que tu queiras, que ele queira - correta
jovem tem (verbo no singular) e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu
c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm quisesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta.
(verbo no plural) RESPOSTA: B
d) A mentira tem perna curta. = correta
RESPOSTA: D 10-)
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de
3-) madeira no animal.
Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- II. Existiam muitos ferimentos no boi.
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
movimentada.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
classificar segundo ideias preconcebidas.
existir = variável. Portanto, temos:
4-) I – Existiam onze pessoas...
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- II – Havia muitos ferimentos...
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme III – Existia muita gente...
arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito

5-)
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
soa do singular (ele) = poderia.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

Vozes do Verbo Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva


analítica com outros verbos que podem eventualmente fun-
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para cionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada
indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. pela doença.
São três as vozes verbais:
2- Voz Passiva Sintética
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
expressa pelo verbo. Por exemplo: A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
Ele fez o trabalho. o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
sujeito agente ação objeto Por exemplo:
(paciente) Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva
ação expressa pelo verbo. Por exemplo: sintética.
O trabalho foi feito por ele. Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la-
sujeito paciente ação agente da pas- tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
siva nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o
significado de voz passiva como sendo a voz que expressa
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen- a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois ele-
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: mentos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e
O menino feriu-se. AGENTE DA PASSIVA.

Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
outro) Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
tancialmente o sentido da frase.
Formação da Voz Passiva Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
A voz passiva pode ser formada por dois processos: ana-
lítico e sintético. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
1- Voz Passiva Analítica siva)
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio Sujeito da Passiva Agente da Passiva
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva,
O trabalho é feito por ele. o sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ati-
vo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado Observe mais exemplos:
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados. Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não es- mestres.
teja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar - Eu o acompanharei.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação Ele será acompanhado por mim.
das frases seguintes:
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
cativo) Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.

b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Saiba que:


O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
xivos, são chamados neutros.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) O vinho é bom.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Aqui chove muito.

- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume - Há formas passivas com sentido ativo:
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Observe a transformação da frase seguinte: Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

38
LÍNGUA PORTUGUESA

- Inversamente, usamos formas ativas com sentido 05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) A
passivo: frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) (A) Quando Rodolfo surgiu...
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado) (B) ... adquiriu as impressoras...
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa.
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido (D) ... acolheu-o como patrono.
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o (E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
sujeito é paciente.
Chamo-me Luís. 06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
Batizei-me na Igreja do Carmo. O engajamento moral e político não chegou a constituir um
Operou-se de hérnia. deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Vacinaram-se contra a gripe. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante é:
Fonte: a) se constituiu.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. b) chegou a ser constituído.
php c) teria chegado a constituir.
Questões sobre Vozes dos Verbos d) chega a se constituir.
e) chegaria a ser constituído.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS CI-
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é VIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indistinta-
(A) adjunto adnominal. mente as músicas produzidas no interior do país...
(B) sujeito paciente. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
(C) objeto indireto. verbal resultante será:
(D) complemento nominal. (A) vinham indicadas.
(B) era indicado.
(E) agente da passiva.
(C) eram indicadas.
(D) tinha indicado.
02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS-
(E) foi indicada.
TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela
raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva,
08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – PRO-
a forma verbal resultante será:
CON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 - adaptada)
(A) era abatido. Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(B) fora abatido. (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(C) abatera-se. (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro”
(D) foi abatido. (C) “enviar o brinquedo por sedex”
(E) tinha abatido (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defe-
sa do Consumidor”
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) (E) “A empresa fez campanha para recolher”
... valores e princípios que sejam percebidos pela socie-
dade como tais. 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) Trans-
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas- pondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
sará a ser, corretamente, entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
(A) perceba. (A) veio a ser entendida.
(B) foi percebido. (B) teria entendido.
(C) tenham percebido. (C) fora entendida.
(D) devam perceber. (D) terá sido entendida.
(E) estava percebendo. (E) tê-la-ia entendido.

04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTADA)
pela multidão... ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu-
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- lheres.
ma para a voz ativa é: Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
(A) ocupava-se. verbal resultante será:
(B) ocupavam. (A) foi empreendida.
(C) ocupou. (B) são empreendidos.
(D) ocupa. (C) foi empreendido.
(E) ocupava. (D) é empreendida.
(E) são empreendidas.

39
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 9-)
Mais tarde vim a entender a tradução completa...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A A tradução completa veio a ser entendida por mim.
06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
10-)
RESOLUÇÃO ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
Mulheres.
1-) A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira
No enunciado temos uma oração com a voz passiva quase clandestina.
do verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto
Sou da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz”
funciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua
função é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os
dados”. A) ORTOGRAFIA.
2-)
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele
foi abatido...
A ortografia é a parte da língua responsável pela gra-
3-) fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão
... valores e princípios que sejam percebidos pela so- culto da língua.
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
princípios... do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
4-)
do latim, significa música vocal). As palavras homônimas
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos
dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia
na passiva, um verbo na ativa:
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo
A multidão ocupava as ruas.
gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
lácio ou passo, movimento durante o andar).
5-)
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-
B = as impressoras foram adquiridas...
se observar as seguintes regras:
C = família numerosa é sustentada...
D – foi acolhido como patrono...
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... O fonema s:

6-) Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan-


O engajamento moral e político não chegou a consti- tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão /
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
um deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
infinitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) fi- pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
cará no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
de Said não chegou a ser constituído pelo engajamento... - consensual

7-) Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-


’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produ- vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
zidas no interior do país. prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
sertanejo, indistintamente. ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
8-) compromisso / submeter - submissão
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
nheiro” = voz ativa trico / re + surgir - ressurgir
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de plos: ficasse, falasse
Defesa do Consumidor” = voz passiva
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa

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LÍNGUA PORTUGUESA

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos Escreve-se com J e não com G:


de origem árabe: cetim, açucena, açúcar *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
Juçara, caçula, cachaça, cacique manjerona.
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
esperança, carapuça, dentuço O fonema ch:
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção Escreve-se com X e não com CH:
*após ditongos: foice, coice, traição *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): muxoxo, xucro.
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xam-
pu, lagartixa.
O fonema z: *depois de ditongo: frouxo, feixe.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval.
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- Observação: Exceção: quando a palavra de origem não
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me- Escreve-se com CH e não com X:
tamorfose. *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
quiseste.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados As letras e e i:
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
*os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
empresa / difundir - difusão
Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
*os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os ver-
*após ditongos: coisa, pausa, pouso
bos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina
- atenção para as palavras que mudam de sentido quan-
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar
do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície),
ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emer-
Escreve-se com Z e não com S: gir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- anda a pé), pião (brinquedo).
tivo: macio - maciez / rico - riqueza
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de Fonte:
origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con- http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ortografia
cretizar
*como consoante de ligação se o radical não terminar Questões sobre Ortografia
com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
inho - lapisinho 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alterna-
tiva que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do
O fonema j: trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno
Escreve-se com G e não com J: da corrupção e das fraudes.
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, (A) a … concenso … acerca
gesso. (B) há … consenso … acerca
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. (C) a … concenso … a cerca
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com (D) a … consenso … há cerca
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. (E) há … consenço … a cerca

Observação: Exceção: pajem 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alterna-


*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, tiva cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com
litígio, relógio, refúgio. a norma- -padrão.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
gir. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical termi- (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
nado com j: ágil, agente. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!

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LÍNGUA PORTUGUESA

03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). GABARITO


Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar
os usuários sobre o festival Sounderground. 01. B 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C
Prezado Usuário
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me- RESOLUÇÃO
trô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, co-
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia os 1-) O exercício quer a alternativa que apresenta correção
músicos que tocam em estações do metrô. ortográfica. Na primeira lacuna utilizaremos “há”, já que está
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- empregado no sentido de “existir”; na segunda, “consenso”
tarão e divirta-se! com “s”; na terceira, “acerca” significa “a respeito de”, o que
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preen- se encaixa perfeitamente no contexto. “Há cerca” = tem cerca
cher as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões (de arame, cerca viva, enfim...); “a cerca” = a cerca está destruí-
A) A fim ...a partir ... as da (arame, madeira...)
B) A fim ...à partir ... às
C) A fim ...a partir ... às 2-)
D) Afim ...a partir ... às (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabe-
E) Afim ...à partir ... as liães
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de or- = cidadãos
tografia: (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. = certidões
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
C) Os espectadores aplaudiram o ministro.
D) Saiu com descrição da sala. 3-) Prezado Usuário
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me-
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita? trô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa o
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. Sounderground, festival internacional que prestigia os músi-
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. cos que tocam em estações do metrô.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. tarão e divirta-se!
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- de horas: há crase
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda do
programa 5inco Minutos. 4-)
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. = cas-
sado
D) Saiu com descrição da sala. = discrição

5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
= mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa.
= mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupan-
sa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança

6-) A questão envolve colocação pronominal e ortografia.


Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da pro- Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra “por isso”
paganda, adaptada, assume a seguinte redação: é escrita separadamente. Assim, já descartamos duas alter-
(A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não ma- nativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronominal, temos a
tem-na porisso. presença do advérbio “não”, que sabemos ser um “ímã” para
(B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ma- o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a regra da próclise
tem-na por isso. (pronome antes do verbo). Então, a forma correta é “mas não
(C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a ma- A matem” (por que A e não LHE? Porque quem mata, mata
tem por isso. algo ou alguém, objeto direto. O “lhe” é usado para objeto
(D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe indireto. Se não tivéssemos a conjunção “mas” nem o advér-
matem por isso. bio “não”, a forma “matem-na” estaria correta, já que, após
(E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a ma- vírgula, o ideal é que utilizemos ênclise – pronome oblíquo
tem porisso. após o verbo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,


B) ACENTUAÇÃO GRÁFICA. “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.:
tâmara – Atlântico – pêssego – supôs

acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com


A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re- artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles
gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
põe de algumas particularidades, às quais devemos estar trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi total-
atentos, procurando estabelecer uma relação de familia- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.:
linguagem escrita. mülleriano (de Müller)
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
competências, e logo nos adequamos à forma padrão. gais nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã

Regras básicas – Acentuação tônica Regras fundamentais:

A acentuação tônica implica na intensidade com que Palavras oxítonas:


são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. “o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
As demais, como são pronunciadas com menos intensida- pó(s) – armazém(s)
de, são denominadas de átonas. Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
cadas como: guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com-
última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel pô-lo

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai Paroxítonas:


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
– passível - i, is : táxi – lápis – júri
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica - l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax –
está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím- fórceps
pano – médico – ônibus - ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos

Como podemos observar, os vocábulos possuem mais -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para
de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que, das paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua
quando pronunciados, apresentam certa diferenciação UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memo-
quanto à intensidade. rização!
Tal diferenciação só é percebida quando os pronun-
ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
podemos observar no exemplo a seguir: não de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
“Sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor”. Regras especiais:

Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de- Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
mais, como átonos (que, em, de). abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Os acentos palavras paroxítonas.

acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», * Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
«u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
representam as vogais tônicas de palavras como Amapá, acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu.
caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além
da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di-
tongos abertos)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Antes Depois


assembléia assembleia apazigúe (apaziguar) apazigue
idéia ideia averigúe (averiguar) averigue
geléia geleia argúi (arguir) argui
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
paranóico paranoico plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir)

Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom- A regra prevalece também para os verbos conter, ob-
panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca ter, reter, deter, abster.
– baú – país – Luís ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
Observação importante: ele retém – eles retêm
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando ele convém – eles convêm
hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que
Antes Agora antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme-
bocaiúva bocaiuva lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas
feiúra feiura exceções, como:
Sauípe Sauipe A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen-
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa
abolido. Ex.: do singular do presente do indicativo). Ex:
Antes Agora Ela pode fazer isso agora.
crêem creem Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
lêem leem
vôo voo O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da
enjôo enjoo preposição por.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
- Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais “pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex:
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Repare:
1-) O menino crê em você Questões sobre Acentuação Gráfica
Os meninos creem em você.
2-) Elza lê bem! 01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
Todas leem bem! A) Tem a última sílaba como tônica.
3-) Espero que ele dê o recado à sala. B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
Esperamos que os garotos deem o recado! C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica.
4-) Rubens vê tudo! D) Não tem sílaba tônica.
Eles veem tudo!
02. Assinale a alternativa correta.
* Cuidado! Há o verbo vir: A palavra faliu contém um:
Ele vem à tarde! A) hiato
Eles vêm à tarde! B) dígrafo
C) ditongo decrescente
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan- D) ditongo crescente
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru
-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz 03. Em “O resultado da experiência foi, literalmen-
te, aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti- pelo mesmo motivo que:
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. A) túnel
B) voluntário
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem C) até
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba D) insólito
As formas verbais que possuíam o acento tônico na E) rótulos
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.:

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. Assinale a alternativa correta. RESOLUÇÃO


A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem paro-
xítonas terminadas em ditongo. 1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima sílaba
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente, é a tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúltima síla-
encontro consonantal e hiato. ba tônica = paroxítona
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as pa-
lavras grifadas são paroxítonas. 2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sílaba,
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes portanto: ditongo. É decrescente porque apresenta uma vo-
destacadas são dígrafos. gal e uma semivogal. Na classificação, ambas são semivogais,
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si- mas quando juntas, a que “aparecer” mais na pronúncia será
có-lo-ga” e “a-ci-o-na”. considerada “vogal”.

05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO: 3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em di-
A) saúde tongo crescente (semivogal + vogal)
B) cooperar a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L
C) ruim b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em ditongo
D) creem c-) A - té – oxítona
E) pouco d-) in – só – li – to : proparoxítona
e-) ró – tu los – proparoxítona
06. “O episódio aconteceu em plena via pública de Assis.
Dez mulheres começaram a cantar músicas pela paz mundial. 4-)
A partir daquele momento outras pessoas que passavam por a-) correta
ali decidiram integrar ao grupo. Rapidamente, uma multidão b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim
aderiu à ideia. Assim começou a formação do maior coral po- DÍGRAFO
pular de Assis”. O vocábulo sublinhado tem sua acentuação c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona
gráfica justificada pelo mesmo motivo das palavras: d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som do
A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério U, portanto não é caso de dígrafo
B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga
C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio
D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério 5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im / cre
- em / pou - co (ditongo)
07. Assinale a opção CORRETA em que todas as palavras
estão acentuadas na mesma posição silábica. 6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em ditongo
A) Nazaré - além - até - está - também. a-) ok
B) Água - início - além - oásis - religião. b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item
C) Município - início - água - século - oásis c-) chi – nês : oxítona, idem
D) Século - símbolo - água - histórias - missionário d-) sa – bi – á : idem
E) Missionário - símbolo - histórias - século – município
7-)
08. Considerando as palavras: também / revólver / lâm- a-) oxítona – TODAS
pada / lápis. Assinale a única alternativa cuja justificativa de b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona – não
acentuação gráfica não se refere a uma delas: acentuada
A) palavra paroxítona terminada em - is c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paroxítona
B) palavra proparoxítona terminada em - em d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem
C) palavra paroxítona terminada em - r e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparoxí-
D) palavra proparoxítona - todas devem ser acentuadas tona – paroxítona

09. Assinale a alternativa incorreta: 8-) tam – bém: oxítona / re – vól – ver: paroxítona / lâm –
A) Os vocábulos sábio, régua e decência são paroxítonos pa – da: proparoxítona / lá – pis :paroxítona
terminadas em ditongos crescentes. a-) é a regra do LÁPIS
B) O vocábulo armazém é acentuado por ser um oxítono b-) todas as proparoxítonas são acentuadas, independen-
terminado em em. te de sua terminação
C) Os vocábulos baú e cafeína são hiatos. c-) regra para REVÓLVER
D) O vocábulo véu é acentuado por ser um oxítono ter- d-) relativa à palavra lâmpada
minado em u.
9-) As alternativas A, B e C contêm afirmativas corretas.
GABARITO Na D, há erro, pois véu é monossílabo acentuado por ter-
minar em ditongo aberto.
01. B 02. C 03. B 04. A 05. E
06. A 07. A 08. B 09. D

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LÍNGUA PORTUGUESA

Polissemia e ambiguidade
3. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
Consideremos as seguintes frases: uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
Vamos! Coloque logo a mão na massa! caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
As crianças estão com as mãos sujas. soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idên- pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
ticas no que se refere à grafia, mas será que possuem o mes- pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor-
mo significado? tante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
Existe uma parte da gramática normativa denominada Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
que uma mesma palavra apresenta de acordo com o contex- finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
to em que se insere. língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, ana- Sentido Próprio e Figurado das Palavras
lisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu
sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário. Pela própria definição acima destacada podemos per-
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi- ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
significado é de: participação, interação mediante a uma
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo perce-
dem-se assim:
bemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo.
Possibilidades de várias interpretações levando-se em consi-
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
deração as situações de aplicabilidade.
Há uma infinidade de outros exemplos em que pode- do comum que costumamos dar a uma palavra.
mos verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
O rapaz é um tremendo gato. - Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
O gato do vizinho é peralta. do”, que podemos dar a uma palavra.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so- Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
brevivência contextos:
O passarinho foi atingido no bico. 1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra-
Polissemia e homonímia dável, que adota condutas pouco apreciáveis)
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co-
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante nhece muito sobre alguma coisa, “expert”)
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signi- No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co-
ficados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado, mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado
quando duas ou mais palavras com origens e significados em sentido figurado.
distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho- Podemos então concluir que um mesmo significante
monímia. (parte concreta) pode ter vários significados (conceitos).
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é Denotação e Conotação
polissemia porque os diferentes significados para a palavra
manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos - Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que com o seu significado primitivo e original, com o sentido
uma entrada no dicionário. do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou a que não voasse mais.
caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os dife- Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido
rentes significados estão interligados porque remetem para próprio, comum, usual, literal.
o mesmo conceito, o da escrita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio- As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utiliza- são:
do em seu sentido dicionarístico. (A) algo, especialmente e Quando.
(B) Desde, especialmente e algo.
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra (C) especialmente, Quando e depois.
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou (D) Desde, Quando e depois.
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua- (E) Desde, algo e depois.
gem rica e expressiva. Veja este exemplo:
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
que seja tarde demais. A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo-
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma fi- vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois
gurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de grandes nomes...
ações; disciplina, limitação de conduta e comportamento. Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem
prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs-
Fonte: tituído por:
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- (A) contrastada.
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- (B) confrontada.
rado-das-palavras.html (C) ombreada.
(D) rivalizada.
Questões sobre Denotação e Conotação (E) equiparada.

1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões do em sentido figurado.
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
vras ígneo e pétreo. continua sendo empregado em sentido figurado.
(A) De corda; de plástico. (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(B) De fogo; de madeira. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abridor.
(C) De madeira; de pedra. (C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(D) De fogo; de pedra. (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em casa.
(E) De plástico; de cinza. (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.

2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguinte tão, considere o texto abaixo.
passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando:
trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% A marca da solidão
das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
(C) adotar como referência de qualidade. penumbra na tarde quente.
(D) julgar de acordo com normas legais. Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque-
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a
- ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
palavras destacadas nas seguintes passagens do texto: (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
Desde o surgimento da ideia de hipertexto... neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
... informações ligadas especialmente à pesquisa aca- No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido
dêmica, figurado é
... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por (A) menino.
analogia e associação... (B) chão.
Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia (C) testa.
de hipertexto... (D) penumbra.
... 20 anos depois de seu artigo fundador... (E) tenda.

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LÍNGUA PORTUGUESA

7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- RESOLUÇÃO


NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
questão. 1-)
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou asso-
RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a ciação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo,
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci- combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi- RESPOSTA: “D”.
pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per-
2-)
correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas
Classificar conforme regras conhecidas, mas não confir-
onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve,
madas se verdadeiras.
com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em
ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via RESPOSTA: “E”.
pública como a casa da sogra.
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os 3-)
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, desde, quando e depois.
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban- RESPOSTA: “D”.
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo 4-)
com ele. Ao participar de um concurso, não temos acesso a dicio-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão nários para que verifiquemos o significado das palavras, por
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum isso, caso não saibamos o que significam, devemos analisá-las
motivo, parecem querer levar ao colapso. dentro do contexto em que se encontram. No exercício acima,
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis- a que se “encaixa” é “equiparada”.
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade,
RESPOSTA: “E”.
resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua.
5-)
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empregado
Adaptado) em seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir a
mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de RESPOSTA: “C”.
(A) progresso.
(B) descaso. 6-)
(C) vitória. Novamente, responderemos com frase do texto: seu ros-
(D) tédio. to formando uma tenda.
(E) ruína.
RESPOSTA: “E”.
8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho: 7-)
“Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção do
anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se à
sentido é: queda, ao fim, à ruína da cidade.
(A) O menino leva o material adequado para a escola.
RESPOSTA: “E”.
(B) João levou uma surra da mãe.
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. 8-)
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar sentido de “duração/tempo”
a prova. (A) O menino leva o material adequado para a escola. = carrega
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. =
direciona
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a
prova = duração/tempo

RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Sinônimos Questões sobre Significação das Palavras


São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. 01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: A contribuição greco-latina é responsável as lacunas da frase abaixo:
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver- Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he- para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
a) imigraram - emigram - migram
- Antônimos b) migraram - imigram - emigram
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; c) emigraram - migram - imigram.
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem. d) emigraram - imigram - migram.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre- e) imigraram - migram – emigram
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- - Leia o texto para responder às questões de números 02
ticomunista; simétrico e assimétrico. e 03.
O que são Homônimos e Parônimos:
- Homônimos Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
tes na pronúncia: Você comprou um smartphone e acha que aquele seu
rego (subst.) e rego (verbo); celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo
colher (verbo) e colher (subst.); para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID
jogo (subst.) e jogo (verbo); – Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
providência (subst.) e providencia (verbo).
eletrônico.
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
constroem carros com sensores de movimento que respon-
ferentes na escrita:
dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
acender (atear) e ascender (subir);
baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
cela (compartimento) e sela (arreio);
robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
censo (recenseamento) e senso ( juízo);
aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
paço (palácio) e passo (andar). jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
que comprar tudo, não seria viável”, completou.
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São Em uma época em que celebridades do mundo digital
palavras iguais na escrita e na pronúncia: fazem campanha a favor do ensino de programação nas es-
caminho (subst.) e caminho (verbo); colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
cedo (verbo) e cedo (adv.); turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
livre (adj.) e livre (verbo). sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
- Parônimos interessando”, disse.
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede Adaptado)
e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au-
tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir 02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
e diferir; suar e soar. sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... –
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa-
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an- gem, pela seguinte expressão:
tonimos,-homonimos-e-paronimos A) Pelo menos
B) A contar de
C) Em substituição a
D) Com exceção de
E) No que se refere a

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LÍNGUA PORTUGUESA

03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preen-
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu chida com a primeira alternativa da série dada nos parênteses:
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchen-
A) Estimulante. tes. (afim- a fim).
B) Cansativo. B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
C) Irritante. C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflin-
D) Confuso. girem - infringirem).
E) Improdutivo. D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
(concelhos - conselhos).
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. de - acerca de).
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- 08. Assinale a alternativa correta, considerando que à di-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. reita de cada palavra há um sinônimo.
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta- b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
ção. c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. – e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
do”, sem alterar o sentido do texto. GABARITO
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
está correto o que se afirma em 01. A 02. D 03. A 04. A
A) I, II e III. 05. D 06. E 07. E 08. A
B) III, apenas.
C) I e III, apenas. RESOLUÇÃO
D) I, apenas.
E) I e II, apenas. 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigra-
ram para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emi-
05. Leia as frases abaixo: gram para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida me-
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; lhor; internamente, migram para o Sul, pelo mesmo motivo.
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em
Marte. 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas comprar, é tudo reciclagem”...
de humor.
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das
aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando”
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta “No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
de vocábulos para as lacunas existentes: depois fui me interessando”
a) concerto – há – a – cessões – há;
b) conserto – a – há – sessões – há; 4-)
c) concerto – a – há – seções – a; I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
d) concerto – a – há – sessões – há; por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído,
e) conserto – há – a – sessões – a . sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação.
NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res- = correta
ponder à questão. III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente
aqui no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans- substituir a expressão em destaque por “em razão do”, sem
mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não alterar o sentido do texto. = correta
lhes impuseram limites de disciplina.
5-)
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
trecho, é: 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
A) de desprendimento. vida em Marte.
B) de responsabilidade. 3 – As sessões da câmara são verdadeiros progra-
C) de abnegação. mas de humor.
D) de amor. 4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
E) de egoísmo. tempo passado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans- Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz
mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não tempo.
lhes impuseram limites de disciplina. Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse tre- Qualquer falante do português reconhecerá que os dois
cho, é de egoísmo enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo senti-
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos do, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo,
seres humanos e outros seres vivos, em que as ações de um que o segundo é de gente mais “estudada”.
indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filantropia. No Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem sa-
sentido comum do termo, é muitas vezes percebida, tam- ber dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que
bém, como sinônimo de solidariedade. Esse conceito opõe- existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os
se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações específica e teóricos chamam de variações linguísticas.
exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas). As variações que distinguem uma variante de outra se
manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, mor-
7-) fológico, sintático e lexical.
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in- Variações Fônicas
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos) São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são
arreio no cavalo) abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domí-
C) Serão punidos os que infringirem o regulamento. nios em que se percebe com mais nitidez a diferença entre
(inflingirem = aplicarem a pena) uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar:
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve- - a queda do “r” final dos verbos, muito comum na lin-
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa guagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de cur-
de um distrito). tir), compô.
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. - o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem
clássica, hoje frequentes na fala caipira.
8-) - a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na lin-
significados invertidos guagem oral coloquial.
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = significa- - a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis
dos invertidos (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = significa- típicas de pessoas de baixa extração social.
dos invertidos - A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maio-
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = ria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do
significados invertidos Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster,
pastel; faróu, farór, farol.
4. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA; - deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, pre-
guntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extra-
ção social.

“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; Variações Morfológicas


se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da
idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra.
mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)” Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são des-
Todas as pessoas que falam uma determinada língua co- prezíveis. Como exemplos, podemos citar:
nhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento po- - o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para
dem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico
Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez
vezes bastantes evidentes, recebem o nome genérico de va- de humaníssimo), uma prova hiper difícil (em vez de dificíli-
riedades ou variações linguísticas. ma), um carro hiper possante (em vez de possantíssimo).
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos - a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos
os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se
Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. - a conjugação de verbos regulares pelo modelo de
Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).

51
LÍNGUA PORTUGUESA

- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- Designações das Variantes Lexicais:
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha
(o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso
(da cal). e, por isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publi-
adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os citário; na década de 60, o rapaz chamava a namorada de
livro indicado, as noite fria, os caso mais comum. broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um ho-
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero mem bonito era um pão; na linguagem antiga, médico era
que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo
é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.

Variações Sintáticas - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de


palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem es-
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. traram para os dicionários. A moderna linguagem da com-
No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tan- putação tem vários exemplos, como escanear, deletar, prin-
tas as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, tar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são
podemos citar: mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que
não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras
não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu emprestadas de outra língua, que ainda não foram apor-
(em vez de ti) e ele. tuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem ju-
vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. rídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o
- a ausência da preposição adequada antes do pronome corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis lit-
(em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que teris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está
em que) eu mais confio. escrito”), data venia (“com sua permissão”).
- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” (compreensão repentina de algo, uma percepção súbita),
com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing
a família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia). (conjunto de informações básicas), jingle (mensagem pu-
- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quan- blicitária em forma de música).
do se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que
com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de ainda não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-
tua) voz me irrita. concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios),
- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles tête-à-tête (palestra particular entre duas pessoas), esprit
chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou na- de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (car-
quela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios. dápio), à la carte (cardápio “à escolha do freguês”), phy-
sique du rôle (aparência adequada à caracterização de um
Variações Léxicas personagem).

É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes - Jargão: é o lexo típico de um campo profissional
do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jorna-
numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em lismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios
confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos que não devem ser ingeridos), apneia (interrupção da res-
possíveis de citar: piração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cere-
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito bral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou
para formar o grau superlativo dos adjetivos, características caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma
da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma
maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado. notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o
- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é
às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de muito prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia
lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi
que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila uma barriga. Entre os jornalistas é comum o uso do verbo
no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a notícia
Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática
o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta. normativa).

52
LÍNGUA PORTUGUESA

- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamen- Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes
te de marginais) que não deseja ser entendido por outros que tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e
grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com
da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural
grupos jovens e de segmentos sociais de contestação, so- mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo
bretudo quando falam de atividades proibidas. A lista de de utilização da língua.
gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação fei-
sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir pro ta acima está bastante simplificada, uma vez que há diver-
brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremedia- sos outros fatores que interferem na maneira como o fa-
velmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homos- lante escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo,
sexual masculino), levar um lero (conversar). a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal
de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico ex- significa que ele não possa usá-la numa situação informal
cessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em (conversando com alguns amigos, por exemplo).
vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir
(em vez de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); ob- que as condições sociais influem no modo de falar dos in-
nubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em divíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de
vez de casamento); chufa (em vez de caçoada, troça). usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações
socioculturais.
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja,
o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É - Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser
o caso de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguís-
de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou- tico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som
se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco, (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas
secreção do nariz). marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjun-
to das características da pronúncia de uma determinada
Tipos de Variação região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sota-
que nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica,
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida
as variantes linguísticas um sistema de classificação que no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sen-
seja simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de tidos diferentes que algumas palavras podem assumir em
todas as diferenças que caracterizam os múltiplos modos diferentes regiões do país.
de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho
problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se su- abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, re-
perpõem, em vez de atuarem isoladamente. cria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
As variações mais importantes, para o interesse do
concurso público, são os seguintes: “__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
Mangolô!].
- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser per- __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço.
cebido com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a se- Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu
guinte frase: era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui,
de noite, foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje,
(frase 1) não, estou percurando é sossego...”
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutá-
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? veis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso.
Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o
advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um sentido delas. Essas alterações recebem o nome de varia-
médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão? ções históricas.
E quem usaria a frase abaixo? Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de
Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira,
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os la- mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto
drões.” (frase 2) I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das
palavras de hoje.
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes perten-
centes a grupos sociais economicamente mais pobres.
Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola
primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não
adequadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Texto I Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o ser-


vomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurolo-
Antigamente gia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o
Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e Estão reclamando, porque não citei a conotação, o con-
eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; comple- glomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
tavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a gui-
sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, tarra elétrica.
mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra
tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster,
outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo,
quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela carnet da girafa, poluição.
de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao ani- Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos
matógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrra-
de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de nhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super
pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV
calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. Rodoviária. Argh! Pow! Click!
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presun- Não havia nada disso no Jornal do tempo de Vences-
çosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso lau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas
punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na
perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é
sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos
insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e pa-
vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pi- lavras somos, finalmente, mas com que significado?
tar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
cromos, umas teteias. Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam - De Situação: aquelas que são provocadas pelas al-
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, terações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. comunicação. Um modo de falar compatível com determi-
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. nada situação é incompatível com outra:

Texto II Ô mano, ta difícil de te entendê.

Entre Palavras Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em


situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras professor em situação de aula.
– circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de Assim, um único indivíduo não fala de maneira unifor-
há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo mo- me em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes
mento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e da linguagem culta, que servem invariavelmente de uma
combinações de. linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar ne- excessivamente formais ou afetados.
nhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem regis- São muitos os fatores de situação que interferem na
trá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar fala de um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele
com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz. discorre (em princípio ninguém fala da morte ou de suas
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Ve- crenças religiosas como falaria de um jogo de futebol ou
maguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, de uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico
a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em em que se dá um diálogo (num templo não se usa a mesma
1940? linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um
a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o anti- colega de mesmo nível, é outra), o grau de comprometi-
biótico, o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta le- mento que a fala implica para o falante (num depoimento
gal, a apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num rela-
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro to de uma conquista amorosa para um colega fala-se com
Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o menos preocupação).
bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a As variações de acordo com a situação costumam ser
mixagem. chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de
estilo e são classificadas em duas grandes divisões:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de refle-


xão sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e 5) TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS.
vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de
formalidade é mais tenso.
- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala
com despreocupação e espontaneidade, em que o grau de A todo o momento nos deparamos com vários textos,
reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
íntima e familiar que esse estilo melhor se manifesta. do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que
está sendo transmitido entre os interlocutores. Esses inter-
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um locutores são as peças principais em um diálogo ou em
pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica um texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos,
entre duas universitárias paulistanas de classe média, trans- nem mesmo falamos sozinhos.
crito do livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. AS É de fundamental importância sabermos classificar os
reticências indicam as pausas. textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espíri- e gêneros textuais.
to, tem dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
rachada? Fica assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
um artigo, lê?! Um menino lá que faiz pós-graduação na, nião sobre determinado assunto, ou descrevemos algum
na GV, ele me, nóis ficamo até duas hora da manhã ele me lugar que visitamos, ou fazemos um retrato verbal sobre
explicando toda a matéria de economia, das nove da noite. alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
Como se pode notar, não há preocupação com a pro- textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
núncia nem com a continuidade das ideias, nem com a es- e Dissertação.
colha das palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um
trecho da gravação de uma aula de português de uma pro- As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
fessora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de tos de ordem linguística
Dinah Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de
Janeiro. As pausas são marcadas com reticências. - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
demarcados no tempo do universo narrado, como também
...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma frag- de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
mentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... outros:
e fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois
ele não sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... de muita conversa, resolveram...
isto é válido também para a faculdade de letras... ou seja...
né? há uma série... de conceitos teóricos... que têm nomes - Textos descritivos – como o próprio nome indica,
bonitos e sofisticados... mas que... na hora de serem em- descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
pregados... deixam muito a desejar... acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o imperfeito:
grau de formalidade e planejamento típico do texto escrito, “Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...”
mas trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o
da menina ao telefone. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
cer, como em:
O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de de-
zembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de
perder o benefício.

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se-
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até
criar uma massa homogênea.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se Canção do Exílio


pelo predomínio de operadores argumentativos, revelados
por uma carga ideológica constituída de argumentos e con- Minha terra tem macieiras da Califórnia
tra-argumentos que justificam a posição assumida acerca de onde cantam gaturamos de Veneza.
um determinado assunto. Os poetas da minha terra
A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais são pretos que vivem em torres de ametista,
para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que os sargentos do exército são monistas, cubistas,
significa que os gêneros estão em complementação, não em os filósofos são polacos vendendo a prestações.
disputa. gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é Os sururus em família têm por testemunha a
diferente, pois se conceituam como gêneros textuais as di- [Gioconda
versas situações sociocomunicativas que participam da nos- Eu morro sufocado
sa vida em sociedade. Como exemplo, temos: uma receita em terra estrangeira.
culinária, um e-mail, uma reportagem, uma monografia, um Nossas flores são mais bonitas
poema, um editorial, e assim por diante. nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

6) FATORES DE TEXTUALIDADE. Ai quem me dera chupar uma carambola de 


[verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade! 

INTERTEXTUALIDADE (Murilo Mendes)

A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo Nota-se que há correspondência entre os dois textos.
entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como A paródia piadista de Murilo Mendes é um exemplo de in-
Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçal- tertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando
ves Dias (século XIX): como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade
Canção do Exílio   é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou
não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qual-
Minha terra tem palmeiras, quer texto que se refere a assuntos abordados em outros
Onde canta o Sabiá; textos é exemplo de intertextualização.
As aves, que aqui gorjeiam, A intertextualidade está presente também em outras
Não gorjeiam como lá. áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pin-
Nosso céu tem mais estrelas, tura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:
Nossas várzeas têm mais flores, Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Nossos bosques têm mais vida, Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919.
Nossa vida mais amores. Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Mona Lisa, propaganda publicitária.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Pode-se definir então a intertextualidade como sendo a
criação de um texto a partir de um outro texto ja existente.
Não permita Deus que eu morra, Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
Sem que eu volte para lá; diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
Sem que desfrute os primores que ela é inserida.
Que não encontro por cá; Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está
Sem qu’inda aviste as palmeiras, ligado ao “conhecimento do mundo”, que deve ser compar-
Onde canta o Sabiá.” tilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
(Gonçalves Dias) não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor Assim como Bandeira


barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana
Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O qua- O que amo em ti
dro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o não são esses olhos doces
trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido qua- delicados
se quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o nem esse riso de anjo adolescente.
mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura,
reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na O que amo em ti
cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do não é só essa pele acetinada
ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do qua- sempre pronta para a carícia renovada
dro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextuali- nem esse seio róseo e atrevido
dade na pintura. a desenhar-se sob o tecido.
Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anún-
cios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se O que amo em ti
fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era não é essa pressa louca
“Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse de viver cada vão momento
enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa nem a falta de memória para a dor.
a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma ver-
dadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). O que amo em ti
Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume não é apenas essa voz leve
a função de não só persuadir o leitor como também de di- que me envolve e me consome
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com nem o que deseja todo homem
a arte (pintura, escultura, literatura etc). flor definida e definitiva
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracte- a abrir-se como boca ou ferida
rizada por um citar o outro.
nem mesmo essa juventude assim perdida.
Tipos de Intertextualidade
O que amo em ti
enigmática e solidária:
Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
É a Vida!
- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória.
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia,
- Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada
Flâmula, 2004, p. 37)
por aspas.
- Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a
palavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o Madrigal Melancólico
autor deixa claro sua intenção e a fonte.
- Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar O que eu adoro em ti
de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou não é a tua beleza.
abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando a ironia A beleza, é em nós que ela existe.
ou a crítica. A beleza é um conceito.
- Pastiche: uma recorrência a um gênero. E a beleza é triste.
- Tradução: está no campo da intertextualidade porque Não é triste em si,
implica a recriação de um texto. mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
- Referência e alusão.
(...)
Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exem-
plo de intertextualidade na literatura. Às vezes, a superpo- O que eu adoro em tua natureza,
sição de um texto sobre outro pode provocar uma certa não é o profundo instinto maternal
atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se em teu flanco aberto como uma ferida.
isso no livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, que retoma, nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
do Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Camões. Ocorre O que eu adoro em ti, é a vida.
como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns ca- (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira,
sos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poe- José Olympio, 1980, p. 83)
ma “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro
“Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no
assim se refletiu no seguinte poema: texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus
oito anos”, quando este cita o poema , do século XIX, de
Casimiro de Abreu, de mesmo nome.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meus oito anos Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é mui-
to utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui
Oh! Que saudade que tenho o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto pri-
Da aurora da minha vida, mitivo conservando suas ideias, não há mudança do senti-
Da minha infância querida do principal do texto que é a saudade da terra natal.
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
Naquelas tardes fagueiras outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas
À sombra das bananeiras e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da lín-
Debaixo dos laranjais! gua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação,
(Casimiro de Abreu) a voz do texto original é retomada para transformar seu
sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas ver-
“Meus oito anos” dades incontestadas anteriormente, com esse processo
há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma
Oh! Que saudade que tenho busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
Da aurora da minha vida, da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo
Da minha infância querida dessa arte, frequentemente os discursos de políticos são
Que os anos não trazem mais abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
Naquele quintal de terra risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada
Da rua São Antonio pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante-
Debaixo da bananeira riormente, teremos, agora, uma paródia.
Sem nenhum laranjais!
Texto Original
A intertextualidade acontece quando há uma referência Minha terra tem palmeiras
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
Onde canta o sabiá,
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, fil-
As aves que aqui gorjeiam
me, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra
Não gorjeiam como lá.
ocorre a intertextualidade.
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o au-
tor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação
Paródia
é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de
mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando Minha terra tem palmares
há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocor- onde gorjeia o mar
rer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando os passarinhos daqui
-as. Vejamos duas das formas: a Paráfrase e a Paródia. não cantam como os de lá.
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto ci-
tado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-
exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
“Paródia, paráfrase & Cia” : e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
Texto Original Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido
Minha terra tem palmeiras do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi-
Onde canta o sabiá, dão existente no Brasil.
As aves que aqui gorjeiam Na literatura relativa à Linguística Textual, é frequente
Não gorjeiam como lá. apontar-se como um dos fatores de textualidade a refe-
rência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”) estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - ar-
tes plásticas, cinema - , música, propaganda etc.) A esse
Paráfrase “diálogo”entre textos dá-se o nome de intertextualidade.
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “co-
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. nhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
Eu tão esquecido de minha terra… A intertextualidade pressupõe um universo cultural
Ai terra que tem palmeiras muito amplo e complexo, pois implica a identificação / o
Onde canta o sabiá! reconhecimento de remissões a obras ou a textos / trechos
mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e a capacidade de interpretar a função daquela citação ou
Bahia”) alusão em questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Entre os variadíssimos tipos de referências, há provér- - a que se associa ao caráter formal, que pode ou não
bios, ditos populares, frases bíblicas ou obras / trechos de estar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que
obras constantemente citados, literalmente ou modificados, “imitam” a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório
cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos interlo- etc. ou que procuram imitar o estilo de um autor, em que co-
cutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira ado- menta o seriado da TV Globo, baseado no livro de Guimarães
tou o slogan: “Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és”. Voltada Rosa, procurando manter a linguagem e o estilo do escritor);
fundamentalmente para um público de uma determinada - a que remete a tipos textuais (ou “fatores tipológicos”),
classe sociocultural, o produtor do mencionado anúncio es- ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas e superes-
pera que os leitores reconheçam a frase da Bíblia (“Dize-me truturas ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios
com quem andas e dir-te-ei quem és”). Ao adaptar a senten- de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias
ça, a intenção da propaganda é, evidentemente, angariar a ligadas a estilos de época. Por superestrutura entendem-se,
confiança do leitor (e, consequentemente, a credibilidade entre outras, estruturas argumentativas (Tese anterior), pre-
das informações contidas naquele periódico), pois a Bíblia missas - argumentos (contra-argumentos - síntese), conclu-
costuma ser tomada como um livro de pensamentos e en- são (nova tese), estruturas narrativas (situação - complicação
sinamentos considerados como “verdades” universalmente - ação ou avaliação – resolução), moral ou estado final etc.;
assentadas e aceitas por diversas comunidades. Outro tipo Um outro aspecto que é mencionado muito superficial-
comum de intertextualidade é a introdução em textos de mente é o da intertextualidade linguística. Ela está ligada ao
provérbios ou ditos populares, que também inspiram con- que o linguista romeno, Eugenio Coseriu, chama de formas
fiança, pois costumam conter mensagens reconhecidas do “discurso repetido”:
como verdadeiras. São aproveitados não só em propaganda - “textemas” ou “unidades de textos”: provérbios, ditados
mas ainda em variados textos orais ou escritos, literários e populares; citações de vários tipos, consagradas pela tradição
não-literários. Por exemplo, ao iniciar o poema “Tecendo a cultural de uma comunidade etc.;
manhã”, João Cabral de Melo Neto defende uma ideia: “Um - “sintagmas estereotipados”: equivalentes a expressões
galo sozinho não tece uma manhã”. Não é necessário muito idiomáticas;
esforço para reconhecer que por detrás dessas palavras está
- “perífrases léxicas”: unidades multivocabulares, empre-
o ditado “Uma andorinha só não faz verão”. O verso inicial
gadas frequentemente mas ainda não lexicalizadas (ex. “gra-
funciona, pois, como uma espécie de “tese”, que o texto irá
vemente doente”, “dia útil”, “fazer misérias” etc.).
tentar comprovar através de argumentação poética.
A intertextualidade tem funções diferentes, dependendo
Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou
dos textos/contextos em que as referências (linguísticas ou
construídas) e de alusões muito sutis que só são compar-
culturais) estão inseridas. Chamo a isso “graus das funções da
tilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de
referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos intertextualidade”.
(Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em Didaticamente pode-se dizer que a referência cultural
obras literárias, prosa ou poesia, que às vezes remetem a e/ou linguística pode servir apenas de pretexto, é o caso de
uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico(s), per- “epígrafes” longinquamente vinculadas a um trabalho e/ou a
cebido(s) apenas por um leitor/interlocutor muito bem in- um texto. Sem dizer com isso que todas as epígrafes funcio-
formado e/ou altamente letrado. Na literatura, podem-se nem apenas como pretextos. Em geral, o produtor do texto
citar, entre muitos outros, autores estrangeiros, como James elege algo pertinente e condizente com a temática de que
Joyce, T.S. Eliot, Umberto Eco. trata. Existam algumas, todavia, que estão ali apenas para
A remissão a textos e para-textos do circuito cultural mostrar “conhecimento” de frases famosas e/ou para servir
(mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produ- de “decoração” no texto. Neste caso, o “intertexto” não tem
tos etc.) é especialmente recorrente em autores chamados um papel específico nem na construção nem na camada se-
pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre ou- mântica do texto.
tros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa cario- Outras vezes, o autor parte de uma frase ou de um verso
ca, que usa e “abusa” da intertextualidade em seus textos, a que ocorreu a ele repentinamente (texto “A última crônica”,
tal ponto que, sem a identificação das referências, o poema em que o autor confessa estar sem assunto e tem de escre-
se torna, constantemente, ininteligível e chega a ser consi- ver). Afirma então:
derado por algumas pessoas como um “amontoado aleató-
rio de enunciados”, sem coerência e, portanto, desprovido “Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu
de sentido. café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: assim
Os teóricos costumam identificar tipos de intertextuali- eu quereria meu último poema.”
dade, entre os quais se destacam:
- a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias Descreve então uma cena passada em um botequim, em
jornalísticas que se reportam a notícias veiculadas anterior- que um casal comemora modestamente o aniversário da filha,
mente na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou com um pedaço de bolo, uma coca cola e três velinhas bran-
não-literários que se referem a temas ou assuntos contidos cas. O pai parecia satisfeito com o sucesso da celebração, até
em outros textos etc.). Podem ser explícitas (citações entre que fica perturbado por ter sido observado, mas acaba por
aspas, com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (pará- sustentar a satisfação e se abre num sorriso. O autor termina
frases, paródias etc.); a crônica, parafraseando o verso de Manuel Bandeira: “Assim

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LÍNGUA PORTUGUESA

eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse Questão da Objetividade
sorriso”. O verso de Bandeira não pode ser considerado, nessa
crônica, um mero pretexto. A intertextualidade desempenha As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço
o papel de conferir uma certa “literariedade” à crônica, além mental. Até parece que nossa cultura assinou um contrato com
de explicar o título e servir de “fecho de ouro” para um texto tais disciplinas, estipulando que lhes compete resolver tecni-
que se inicia sem um conteúdo previamente escolhido. Não é, camente boa parte dos conflitos gerados pela aceleração das
contudo, imprescindível à compreensão do texto. atuais mudanças sociais. É em nome do conhecimento objetivo
O que parece importante é que não se encare a intertex- que elas se julgam no direito de explicar os fenômenos huma-
tualidade apenas como a “identificação” da fonte e, sim, que nos e de propor soluções de ordem ética, política, ideológica
se procure estudá-la como um enriquecimento da leitura e ou simplesmente humanitária, sem se darem conta de que,
da produção de textos e, sobretudo, que se tente mostrar a fazendo isso, podem facilmente converter-se em “comodidades
função da sua presença na construção e no(s) sentido(s) dos teóricas” para seus autores e em “comodidades práticas” para
textos. sua clientela. Também é em nome do rigor científico que ten-
Como afirmam Koch & Travaglia, “todas as questões liga- tam construir todo o seu campo teórico do fenômeno humano,
das à intertextualidade influenciam tanto o processo de pro- mas através da ideia que gostariam de ter dele, visto terem
dução como o de compreensão de textos”. renunciado aos seus apelos e às suas significações. O equívo-
Considerada por alguns autores como uma das condições co olhar de Narciso, fascinado por sua própria beleza, estaria
para a existência de um texto, a intertextualidade se destaca substituído por um olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e
por relacionar um texto concreto com a memória textual co- calculador: e as disciplinas humanas seriam científicas!
letiva, a memória de um grupo ou de um indivíduo específico. (Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu.
Trata-se da possibilidade de os textos serem criados a São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90)
partir de outros textos. As obras de caráter científico remetem
explicitamente a autores reconhecidos, garantindo, assim, a Comentário: Neste texto, temos um bom exemplo do
veracidade das afirmações. Nossas conversas são entrelaça- que se define como intertextualidade. As relações entre tex-
das de alusões a inúmeras considerações armazenadas em tos, a citação de um texto por outro, enfim, o diálogo entre
textos. Muitas vezes, para entender um texto na sua totalida-
nossas mentes. O jornal está repleto de referências já suposta-
de, é preciso conhecer o(s) texto(s) que nele fora(m) citado(s).
mente conhecidas pelo leitor. A leitura de um romance, de um
No trecho, por exemplo, em que se discute o papel das
conto, novela, enfim, de qualquer obra literária, nos aponta
Ciências Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão
para outras obras, muitas vezes de forma implícita.
ocupando, é trazido à tona o mito de Narciso. É preciso, en-
A nossa compreensão de textos (considerados aqui da
tão, dispor do conhecimento de que Narciso, jovem dota-
forma mais abrangente) muito dependerá da nossa expe-
do de grande beleza, apaixonou-se por sua própria imagem
riência de vida, das nossas vivências, das nossas leituras. De- quando a viu refletida na água de uma fonte onde foi matar
terminadas obras só se revelam através do conhecimento de a sede. Suas tentativas de alcançar a bela imagem acabaram
outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso conheci- em desespero e morte.
mento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos com cer- O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado,
tas obras. demonstra que, dado o modo como as Ciências Humanas
A noção de intertextualidade, da presença contínua de são vistas hoje, até o olhar de Narciso, antes “fascinado por
outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a res- sua própria beleza”, seria substituído por um “olhar frio, obje-
peito da individualidade e da coletividade em termos de cria- tivo, escrupuloso, calculista e calculador”, ou seja, o olhar de
ção. Já vimos anteriormente que a citação de outros textos se Narciso perderia o seu tom de encantamento para se trans-
faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que objetivo? formar em algo material, sem sentimentos. A comparação se
Um texto remete a outro para defender as ideias nele estende às Ciências Humanas, que, de humanas, nada mais
contidas ou para contestar tais ideias. Assim, para se definir teriam, transformando-se em disciplinas científicas.
diante de determinado assunto, o autor do texto leva em con-
sideração as ideias de outros “autores” e com eles dialoga no Em vez das células, as cédulas
seu texto.
Ainda ressaltando a importância da intertextualidade, Nesses tempos de clonagem, recomenda-se assistir ao
remetemos às considerações de Vigner: “Afirma-se aqui a documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen. A
importância do fenômeno da intertextualidade como fator fantástica história de Dolly, a ovelha, parece saída do filme,
essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de que conta a aventura demente do nazismo, com seus sonhos
todos os outros textos. O texto não é mais considerado só nas de beleza e suas fantasias genéticas, seus experimentos de
suas relações com um referente extra-textual, mas primeiro na eugenia e purificação da raça.
relação estabelecida com outros textos”. Os cientistas são engraçados: bons para inventar e pés-
Como exemplo, temos um texto “Questão da Objetivida- simos para prever. Primeiro, descobrem; depois se assustam
de” e uma crônica de Zuenir Ventura, “Em vez das células, as com o risco da descoberta e aí então passam a gritar “cuida-
cédulas” para concretizar um pouco mais o conceito de inter- do, perigo”. Fizeram isso com quase todos os inventos, inclu-
textualidade. sive com a fissão nuclear, espantando-se quando “o átomo
para a paz” tornou-se uma mortífera arma de guerra. E estão
fazendo o mesmo agora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(...) Desde muito tempo se discute o quanto a ciência, - Arte/Beleza - Arte/Destruição: estética, sonhos de be-
ao procurar o bem, pode provocar involuntariamente o mal. leza, crueldade, tirano artista ditador de gênio, nietzschiano,
O que a Arquitetura da destruição mostra é como a arte e a wagneriano, grandiosa ópera, diretor, protagonista, espetácu-
estética são capazes de fazer o mesmo, isto é, como a beleza los de massa e tochas acesas.
pode servir à morte, à crueldade e à destruição. - Corrupção: laranjas, clonagem financeira, cédulas, fan-
Hitler julgava-se “o maior ator da Europa” e acreditava tasmas.
ser alguma coisa como um “tirano-artista” nietzschiano ou
um “ditador de gênio” wagneriano. Para ele, “a vida era arte,” Esses campos semânticos se entrecruzam, porque englo-
e o mundo, uma grandiosa ópera da qual era diretor e pro- bam referências múltiplas dentro do texto.
tagonista.
O documentário mostra como os rituais coletivos, os
grandes espetáculos de massa, as tochas acesas (...) tudo
isso constituía um culto estético - ainda que redundante (...) 7) ELEMENTOS MORFOSSINTÁTICOS DO
E o pior - todo esse aparato era posto a serviço da perver- TEXTO:
sa utopia de Hitler: a manipulação genética, a possibilida- A) TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
de de purificação racial e de eliminação das imperfeições, (SUJEITO E PREDICADO).
principalmente as físicas. Não importava que os mais ilustres
exemplares nazistas, eles próprios, desmoralizassem o que
pregavam em termos de eugenia.
O que importava é que as pessoas queriam acreditar Frase, período e oração:
na insensatez apesar dos insensatos, como ainda há quem
continue acreditando. No Brasil, felizmente, Dolly provoca Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
mais piada do que ameaça. Já se atribui isso ao fato de que estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, esta-
a nossa arquitetura da destruição é a corrupção. Somos cra- do ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza
ques mesmo é em clonagem financeira. O que seriam nos- emoções.
sos laranjas e fantasmas senão clones e replicantes virtuais? Normalmente a frase é composta por dois termos – o
Aqui, em vez de células, estamos interessados é em mani- sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em
pular cédulas. Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo
(Zuenir Ventura, JB, 1997) que não chove.

Comentário: Tendo como ponto de partida a alusão ao Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela
documentário Arquitetura da destruição, o texto mantém entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais
sua unidade de sentido na relação que estabelece com ou- de pontuação.
tros textos, com dados da História. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
Nesta crônica, duas propriedades do texto são facilmen- verbais e nominais, feita a partir de seus elementos consti-
te perceptíveis: a intertextualidade e a inserção histórica. tuintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido
O texto se constrói, à medida que retoma fatos já co- global:
nhecidos. Nesse sentido, quanto mais amplo for o repertório - frases interrogativas: o emissor da mensagem formula
do leitor, o seu acervo de conhecimentos, maior será a sua uma pergunta: Que queres fazer?
competência para perceber como os textos “dialogam uns - frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma or-
com os outros” por meio de referências, alusões e citações. dem ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair!
Para perceber as intenções do autor desta crônica, ou - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado
seja, a sua intencionalidade, é preciso que o leitor tenha co- afetivo: Que dia difícil!
nhecimento de fatos atuais, como as referências ao docu- - frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já
mentário recém lançado no circuito cinematográfico, à ove- chegou.
lha clonada Dolly, aos “laranjas” e “fantasmas”, termos que
dizem respeito aos envolvidos em transações econômicas Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem ver-
duvidosas. É preciso que conheça também o que foi o nazis- bo (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
mo, a figura de Hitler e sua obsessão pela raça pura, e ainda sujeito e predicado. O sujeito é o termo da frase que concor-
tenha conhecimento da existência do filósofo Nietzsche e do da com o verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se
compositor Wagner. declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”. O predicado
O vocabulário utilizado aponta para campos semânticos é a parte da frase que contém “a informação nova para o
relacionados à clonagem, à raça pura, aos binômios arte/ ouvinte”. Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do
beleza, arte/destruição, corrupção. que se atribui ao sujeito.
- Clonagem: experimentos, avanços genéticos, ovelhas, Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o
cientistas, inventos, células, clones replicantes, manipulação predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, tere-
genética, descoberta. mos um predicado nominal:
- Raça Pura: aventura, demente do nazismo, fantasias Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
genéticas, experimentos de eugenia, utopia perversa, mani- opinião.
pulação genética, imperfeições físicas, eugenia.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

A existência é frágil. A função do sujeito é basicamente desempenhada por


A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (sim- substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração.
ples) quando encerra um pensamento completo e vem limi- Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras palavras
tada por ponto-final, ponto de interrogação, ponto de excla- substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer
mação e por reticências. a função de sujeito.
Ele já partiu;
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco. Os dois sumiram;
Um sim é suave e sugestivo.
Acima temos três orações correspondentes a três perío-
dos simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o
“convém que te apresses” apresenta duas orações, mas uma de determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.
só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um Um sujeito é determinado quando é facilmente identi-
pensamento completo. ficável pela concordância verbal. O sujeito determinado pode
Outra definição para oração é a frase ou membro de fra- ser simples ou composto.
se que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui A indeterminação do sujeito ocorre quando não é pos-
sempre um verbo (ou locução verbal), que implica na exis- sível identificar claramente a que se refere a concordância ver-
tência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado bal. Isso ocorre quando não se pode ou não interessa indicar
um sujeito. precisamente o sujeito de uma oração.
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um ver- Estão gritando seu nome lá fora;
bo. Dessa forma: Trabalha-se demais neste lugar.
Rua! = é uma frase, não é uma oração.
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um
a noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas único núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plu-
últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satis- ral; pode também ser um pronome indefinido.
fazem um propósito comunicativo; são, portanto, membros Nós nos respeitamos mutuamente;
de frase. A existência é frágil;
Ninguém se move;
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída O amar faz bem.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- O sujeito composto é o sujeito determinado que possui
tido completo. O período pode ser simples ou composto. mais de um núcleo.
Período simples é aquele constituído por apenas uma Alimentos e roupas andam caríssimos;
oração, que recebe o nome de oração absoluta. Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
Chove. O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma
A existência é frágil. moeda.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de
opinião. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a re-
ferência ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do
Período composto é aquele constituído por duas ou sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela de-
mais orações: sinência verbal ou pelo contexto.
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” Abolimos todas as regras. = (nós)
Cantei, dancei e depois dormi.
O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou
Termos essenciais da oração: não se pode identificar claramente a que o predicado da ora-
ção refere--se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
O sujeito e o predicado são considerados termos es- contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
senciais da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado
indispensáveis para a formação das orações. No entanto, de duas maneiras:
existem orações formadas exclusivamente pelo predicado. O - com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o su-
que define, pois, a oração, é a presença do verbo. jeito não tenha sido identificado anteriormente:
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o Bateram à porta;
verbo. Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”. - com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do
pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Mi- apresentam complemento direto:
nha e primeira referem-se ao conceito básico expresso em Precisa-se de mentes criativas;
lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, Vivia-se bem naqueles tempos;
por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito Trata-se de casos delicados;
relaciona-se com o verbo, estabelecendo a concordância. Sempre se está sujeito a erros.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

O pronome se funciona como índice de indeterminação O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
do sujeito. significativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou
estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do su-
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predica- jeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
do, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensa- oração por meio de um verbo.
gem está centrada no processo verbal. Os principais casos de Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto
orações sem sujeito com: é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predica-
- os verbos que indicam fenômenos da natureza: tivo, indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito:
Amanheceu repentinamente; “Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
Está chuviscando.
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por
- os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenô- estar, andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando
menos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral: como elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
Está tarde. relacionadas.
Ainda é cedo. A função de predicativo é exercida normalmente por um
Já são três horas, preciso ir; adjetivo ou substantivo.
Faz frio nesta época do ano;
Há muitos anos aguardamos mudanças significativas; O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta
Faz anos que esperamos melhores condições de vida; dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predi-
cado verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito
O predicado é o conjunto de enunciados que numa ou ao complemento verbal.
dada oração contém a informação nova para o ouvinte. Nas O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significa-
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um tivo, indicando processos. É também sempre por intermédio
fato qualquer: do verbo que o predicativo se relaciona com o termo a que
se refere.
Chove muito nesta época do ano;
O dia amanheceu ensolarado;
Houve problemas na reunião.
As mulheres julgam os homens inconstantes
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
que se declara a respeito desse sujeito.
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo
Esse predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal
o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
e outro nominal:
Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
O dia amanheceu;
Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo O dia estava ensolarado.
pensamento (predicado).
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu complemento homens como o predicativo inconstantes.
núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar
também se as palavras que formam o predicado referem-se Termos integrantes da oração:
apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mu- Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
lheres de opinião. complemento nominal são chamados termos integrantes da
oração.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se Os complementos verbais integram o sentido dos verbos
refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses
ou indiretamente ao verbo. verbos podem se relacionar com seus complementos direta-
A existência (sujeito) é frágil (predicado). mente, sem a presença de preposição ou indiretamente, por
intermédio de preposição.
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao O objeto direto é o complemento que se liga diretamen-
sujeito da oração. O verbo atua como elemento de ligação te ao verbo.
entre o sujeito e a palavra a ele relacionada. Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo sig- Dou-lhes três.
nificativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano;
Senti seu toque suave; O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
O velho prédio foi demolido. - com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns re-
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem ferentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro- Amar a Deus;
cessos. Adorar a Xangô;
Estimar aos pais.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

- com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de O adjunto adnominal é o termo acessório que deter-
tratamento: mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função
Não excluo a ninguém; adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
Não quero cansar a Vossa Senhoria. exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
- para evitar ambiguidade: e os pronomes adjetivos.
Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
seria outra) amigo de infância.

O objeto indireto é o complemento que se liga indireta- O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substan-
mente ao verbo, ou seja, através de uma preposição. tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres; cativo do objeto liga-se ao objeto por meio de um verbo.
Os homens pedem-lhes amor sincero; O poeta português deixou uma obra originalíssima.
Gosto de música popular brasileira. O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
O termo que integra o sentido de um nome chama-se junto adnominal)
complemento nominal. O complemento nominal liga-se O poeta português deixou uma obra inacabada.
ao nome que completa por intermédio de preposição: O poeta deixou-a inacabada.
Desenvolvemos profundo respeito à arte; (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do
A arte é necessária à vida; objeto)
Tenho-lhe profundo respeito. Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um
substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal rela-
Termos acessórios da oração e vocativo: ciona-se apenas ao substantivo.
Os termos acessórios recebem esse nome por serem aci-
O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
dentais, explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida num termo
adjunto adverbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo.
que exerça qualquer função sintática.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica
uma circunstância do processo verbal, ou intensifica o senti-
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo
do de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adver-
ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalen-
bial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exerce-
rem o papel de adjunto adverbial. te ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça. Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto lor na oração, em:
adverbial são: a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
- afirmação: Sim, realmente irei partir. mundo.
- assunto: Falavam sobre futebol. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… coisas: amor, arte, ação.
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. tudo isso forma o carnaval.
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- dúvida: Talvez nos deixem entrar. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- fim: Estudou para o exame.
- frequência: Sempre aparecia por lá. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- instrumento: Fez o corte com a faca. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.
- intensidade: Corria bastante. A função de vocativo é substantiva, cabendo a subs-
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. tantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
- lugar: Vou à cidade. tantivadas esse papel na linguagem.
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. João, venha comigo!
- meio: Viajarei de trem. Traga-me doces, minha menina!
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbi-
tantes.
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por
privilégios econômicos.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas


principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto,
O período composto caracteriza-se por possuir mais porém, no entanto, ainda, assim, senão.
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
oração) Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à
praia. (Período Composto =locução verbal, verbo, duas Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
orações) principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um seja.
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
ções). Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras
diferentes.
Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
oração. Isso implica que o primeiro exemplo é um perío-
do simples, pois tem apenas uma oração, os dois outros Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
exemplos são períodos compostos, pois têm mais de uma principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conse-
oração. guinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto irei comemorar.
entre as orações de um período composto: uma relação de Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
coordenação ou uma relação de subordinação. Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas A situação é delicada; devemos, pois, agir
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade,
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
pois (anteposto ao verbo).
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
(Período Composto)
Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
Podemos dizer:
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
Separando as duas, vemos que elas são independentes.
É esse tipo de período que veremos agora: o Período
Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
Composto por Coordenação. “Eu sinto que em meu gesto existe o teu
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- gesto.”
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Oração Principal Oração Subordinada
Sindéticas.
Observe que na oração subordinada temos o verbo “exis-
Coordenadas Assindéticas te”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do pre-
São orações coordenadas entre si e que não são liga- sente do indicativo. As orações subordinadas que apresentam
das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos- verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
tas. indicativo, subjuntivo e imperativo), são chamadas de orações
desenvolvidas ou explícitas.
Coordenadas Sindéticas Podemos modificar o período acima. Veja:
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en- Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor- Oração Principal Oração Subordinada
denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração
uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto”
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna- é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordi-
tivas, conclusivas e explicativas. nada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração
subordinada apresenta agora verbo no infinitivo. Além disso,
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin- a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, desa-
cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não pareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das
só... como, assim... como. formas nominais (infinitivo - flexionado ou não -, gerúndio ou
Não só cantei como também dancei. particípio) chamamos orações reduzidas ou implícitas.
Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por
Comprei o protetor solar e fui à praia. conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
mente, introduzidas por preposição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub-


jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes-
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- soa do singular.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte-
grante (que, se). b) Objetiva Direta
Suponho que você foi à biblioteca hoje. A oração subordinada substantiva objetiva direta exer-
Oração Subordinada Substantiva ce função de objeto direto do verbo da oração principal.
Todos querem sua aprovação no concurso.
Você sabe se o presidente já chegou? Objeto Direto
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também querem isso)
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
Objetiva Direta
como). Veja os exemplos:
O garoto perguntou qual seu nome.
As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
Oração Subordinada Substantiva
tas desenvolvidas são iniciadas por:
Não sabemos por que a vizinha se mudou. - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
Oração Subordinada Substantiva “se”: A professora verificou se todos alunos estavam pre-
Classificação das Orações sentes.
Subordinadas Substantivas - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
De acordo com a função que exerce no período, a ora- O pessoal queria saber quem era o dono do carro importa-
ção subordinada substantiva pode ser: do.

a) Subjetiva - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às


É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
do verbo da oração principal. Observe: Eu não sei por que ela fez isso.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito c) Objetiva Indireta
A oração subordinada substantiva objetiva indireta
É fundamental que você compareça à reunião. atua como objeto indireto do verbo da oração principal.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Vem precedida de preposição.
Subjetiva
Meu pai insiste em meu estudo.
Atenção: Objeto Indireto
Observe que a oração subordinada substantiva pode
ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um pe- Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai in-
ríodo simples: siste nisso)
É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elípti-
a função de sujeito
ca na oração.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
principal: Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do Indireta
tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
claro - Está evidente - Está comprovado d) Completiva Nominal
É bom que você compareça à minha festa. A oração subordinada substantiva completiva nomi-
nal completa um nome que pertence à oração principal e
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se também vem marcada por preposição.
- Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado Sentimos orgulho de seu comportamento.
- Ficou provado Complemento Nominal
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - timos orgulho disso.)
importar - ocorrer - acontecer Oração Subordinada Substantiva Completiva No-
Convém que não se atrase na entrevista. minal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Lembre-se: as orações subordinadas substantivas obje- Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
tivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
orações subordinadas substantivas completivas nominais in- pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
tegram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
é necessário levar em conta o termo complementado. Essa função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento seria exercido pelo termo que o antecede.
nominal: o primeiro complementa um verbo, o segundo, um Obs.: para que dois períodos se unam num período
nome. composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reco-
e) Predicativa nhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser subs-
A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel tituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem Refiro-me ao aluno que é estudioso.
sempre depois do verbo ser. Essa oração é equivalente a:
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Predicativo do Sujeito
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
isso)
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de”
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem
(podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
na prova.
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva
particípio).
A oração subordinada substantiva apositiva exerce função
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
de aposto de algum termo da oração principal. Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Aposto jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.) perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor-
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! lativo e seu verbo está no infinitivo.
Oração Subordinada Substantiva Apositiva
reduzida de infinitivo Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : ) Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui va- dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa,
lor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de também orações que realçam um detalhe ou amplificam
adjunto adnominal do antecedente. Observe o exemplo: dados sobre o antecedente, que já se encontra suficien-
temente definido, as quais denominam-se subordinadas
Esta foi uma redação bem-sucedida. adjetivas explicativas.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno- Exemplo 1:
minal) Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
homem que passava naquele momento.
Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo ad-
jetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja:
Nesse período, observe que a oração em destaque res-
Esta foi uma redação que fez sucesso. tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
Oração Principal Oração Subordinada Ad- se de um homem específico, único. A oração limita o uni-
jetiva verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo 2: Circunstâncias Expressas


pelas Orações Subordinadas Adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes age
animalescamente. a) Causa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que
provoca um determinado fato, ao motivo do que se declara
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa acontecimento”.
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar con- Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
tida no conceito de “homem”. Outras conjunções e locuções causais: como (sempre
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é introduzido na oração anteposta à oração principal), pois,
separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é pois que, já que, uma vez que, visto que.
representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontua- As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
ção seja indicada como forma de diferenciar as orações ex- Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al-
plicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre ternativa a não ser cancelá-lo.
isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Já que você não vai, eu também não vou.
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS b) Consequência
As orações subordinadas adverbiais consecutivas ex-
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce primem um fato que é consequência, que é efeito do que
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. se declara na oração principal. São introduzidas pelas con-
Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, junções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, que, etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas que.
(com exclusão das integrantes). Classifica-se de acordo com
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE
a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz.
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
dor.)
Oração Subordinada Adverbial
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
cretizando-os.
Observe que a oração em destaque agrega uma circuns-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi-
tância de tempo. É, portanto, chamada de oração subordi-
nada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos da de Infinitivo)
acessórios que indicam uma circunstância referente, via de
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial de- c) Condição
pende da exata compreensão da circunstância que exprime. Condição é aquilo que se impõe como necessário para
Observe os exemplos abaixo: a realização ou não de um fato. As orações subordinadas
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor-
minha vida. rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres-
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de so na oração principal.
minha vida. Principal conjunção subordinativa condicional: SE
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que,
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
segundo período, esse papel é exercido pela oração “Quan- Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
do vi a estátua”, que é, portanto, uma oração subordinada certamente o melhor time será campeão.
adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, pois é intro- Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
duzida por uma conjunção subordinativa (quando) e apre- contrato.
senta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do pretérito Caso você se case, convide-me para a festa.
perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de mi- d) Concessão
nha vida. As orações subordinadas adverbiais concessivas in-
dicam concessão às ações do verbo da oração principal,
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma quebra de expectativa.
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu-
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos ad- ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos-
verbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração. to que, apesar de que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Só irei se ele for. h) Proporção


A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” As orações subordinadas adverbiais proporcionais expri-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. mem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao ex-
Compare agora com: presso na oração principal.
Irei mesmo que ele não vá. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional:
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: À PROPORÇÃO QUE
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medi-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- da que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
cessiva. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior), quan-
Observe outros exemplos: to menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...(menos),
Embora fizesse calor, levei agasalho. quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
tões.
tade da população continua à margem do mercado de con-
Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
sumo.
Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embo-
ra não estudasse). (reduzida de infinitivo)
i) Tempo
As orações subordinadas adverbiais temporais acrescen-
e) Comparação tam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal,
As orações subordinadas adverbiais comparativas esta- podendo exprimir noções de simultaneidade, anterioridade
belecem uma comparação com a ação indicada pelo verbo ou posterioridade.
da oração principal. Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto,
Ele dorme como um urso. mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo: Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Agem como crianças. (agem) Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
Oração Subordinada Adverbial Comparativa Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
No entanto, quando se comparam ações diferentes, nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz.
(comparação do verbo falar e do verbo fazer).
B) REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL.
f) Conformidade
As orações subordinadas adverbiais conformativas in-
dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re-
gra, um modelo adotado para a execução do que se decla- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
ra na oração principal. que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
Principal conjunção subordinativa conformativa: CON- mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
FORME criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o
sentido desejado, que sejam corretas e claras.
Outras conjunções conformativas: como, consoante e
segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
Regência Verbal
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Termo Regente: VERBO
direitos iguais.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
g) Finalidade os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
principal. capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhe-
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE cermos as diversas significações que um verbo pode assumir
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a com a simples mudança ou retirada de uma preposição. Ob-
locução conjuntiva para que. serve:
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con-
Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada tentar.
entrasse. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado
ou prazer”, satisfazer.
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
“agradar a alguém”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente


O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido do que se está sendo Amam aquele rapaz. / Amam-no.
dito. Veja os exemplos: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- adnominais).
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín- reira)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns mor)
verbos, e a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Verbos Transitivos Indiretos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de Os verbos transitivos indiretos são complementados
diferentes formas em frases distintas. por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
Verbos Intransitivos regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re-
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos
- Chegar, Ir
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
lhe, lhes.
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
indicar destino ou direção são: a, para.
- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
tos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
- Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Eles desobedeceram às leis do trânsito.
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
último jogo. posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.
Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
gar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblí- quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
quos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses prono- siva analítica. Veja:
mes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas O questionário foi respondido corretamente.
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e te.
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando- - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad- tos introduzidos pela preposição “com”.
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, Antipatizo com aquela apresentadora.
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, nam para uma minoria privilegiada.
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanha- (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
dos de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque,
nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que - A construção “dizer para”, também muito usada popu-
apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indire- larmente, é igualmente considerada incorreta.
to relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
Agradeço aos ouvintes a audiência. Preferir
Objeto Indireto Objeto Direto Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indire-
to introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Paguei o débito ao cobrador. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Direto Objeto Indireto Prefiro trem a ônibus.

- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
particular cuidado. Observe: sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo exis-
Agradeci o presente. / Agradeci-o. tente no próprio verbo (pre).
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Mudança de Transitividade X Mudança de Significado
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivida-
Paguei minhas contas. / Paguei-as. de, apresentam mudança de significado. O conhecimento das
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico
muito importante, pois além de permitir a correta interpreta-
Informar ção de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes. AGRADAR
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
preços) acariciar.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
construções: quando o revê.
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláu-
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre dia não perde oportunidade de agradá-lo.
eles)
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido
os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento in- ASPIRAR
direto. - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

Pedir - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter


Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na for- como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
ma de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. (Aspirávamos a elas)
Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
soa, mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam
Objetiva Direta a ela)

Saiba que: ASSISTIR


- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No assistência a, auxiliar. Por exemplo:
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
subentendida. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, PROCEDER


estar presente, caber, pertencer. Exemplos: - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimen-
Assistimos ao documentário. to, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa segunda
Não assisti às últimas sessões. acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
Essa lei assiste ao inquilino. As afirmações da testemunha procediam, não havia como
refutá-las.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran- Você procede muito mal.
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar intro-
duzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade. - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposi-
ção” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
CHAMAR preposição “a”) é transitivo indireto.
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solici- O avião procede de Maceió.
tar a atenção ou a presença de. Procedeu-se aos exames.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. O delegado procederá ao inquérito.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
QUERER
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre- - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter von-
sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo tade de, cobiçar.
preposicionado ou não. Querem melhor atendimento.
A torcida chamou o jogador mercenário. Queremos um país melhor.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, es-
A torcida chamou ao jogador de mercenário. timar, amar.
Quero muito aos meus amigos.
CUSTAR
Ele quer bem à linda menina.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
Despede-se o filho que muito lhe quer.
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e
verduras não deveriam custar muito.
VISAR
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. O homem visou o alvo.
Verbo Oração Subordinada Substantiva O gerente não quis visar o cheque.
Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como ob-
jetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O ensino deve sempre visar ao progresso social.
atitude. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
Objeto Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva ESQUECER – LEMBRAR
Indireto Reduzida de Infinitivo - Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exi-
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado gem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
por pessoa. Observe: No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
Custei para entender o problema. exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
Forma correta: Custou-me entender o problema. transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
IMPLICAR - Eu me esqueci da chave.
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: - Eles se esqueceram da prova.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes im- - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
plicavam um firme propósito. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada
b) Ter como consequência, trazer como consequência, passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadureci- de sentido. É uma construção muito rara na língua contempo-
mento político de um povo. rânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto bra-
sileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, uso dessa construção várias vezes.
envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indire-
não trabalhasse arduamente. to (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

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LÍNGUA PORTUGUESA

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.
Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Regência Nominal e Verbal 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter-
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
01. (Administrador – FCC – 2013-adap.). Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras nominal e à pontuação.
ciências ... (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
o grifado acima está empregado em: seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
A) ...astros que ficam tão distantes ... do que em outros.
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra-
C) ...que nos proporcionou um espírito ... pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
D) ...cuja importância ninguém ignora ... avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... exemplo!, do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
adap.). avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos exemplo, do que em outros.
filhos do sueco. (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de com- mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
plementos que o grifado acima está empregado em: seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
A) ...que existe uma coisa chamada exército... – do que em outros.
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delega- mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
cia... ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro... plo) do que em outros.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atre-
vimento. 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). destaque.
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
partes desiguais... responsabilidade pelo problema.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
o grifado acima está empregado em: se perdido.
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
extremos de sutileza. de um índio na porta do prédio.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha- (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
do nos troncos mais robustos. perdido de sua família.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- (E) A família toda se organizou para realizar a procura
rientam, não raro, quem... à garotinha.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
gentio, mestre e colaborador... lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que
o da frase acima se encontra em: a mídia pode exercer sobre os jovens.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, A) dos … na
do verbo latino dirigere... B) nos … entre a
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das C) aos … para a
sociedades... D) sobre os … pela
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado E) pelos … sob a
pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspi- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
rações da justiça... Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
sentimento de justiça. cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais
de dez mil tomadas.

74
LÍNGUA PORTUGUESA

B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Lidar = transitivo indireto
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
criar logotipos e negociar. sociedades... =transitivo direto
D) O taxista levou o autor a indagar no número de to- C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
madas do edifício. pela justiça. =ligação
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa- D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira-
rasse a um prédio na marginal. ções da justiça... =transitivo direto e indireto
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As- sentimento de justiça. =transitivo direto
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon-
língua e sem alteração de sentido. tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
direitos dos trabalhadores domésticos. (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
A) da (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
B) na tuação)
C) pela (C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
D) sob a à pontuação)
E) sobre a (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi-
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
GABARITO avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
exemplo) do que em outros.
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
06. A 07. C 08. A 09. C
6-)
RESOLUÇÃO
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por
ter se perdido.
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou-
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
tras ciências ...
um índio na porta do prédio.
Facilitar – verbo transitivo direto
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de dido de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi- pela garotinha.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re-
verbo transitivo indireto portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito mídia.
nos filhos do sueco. A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
Pedir = verbo transitivo direto e indireto que a mídia pode exercer sobre os jovens.
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran-
sitivo direto 8-)
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
=verbo intransitivo C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- criar logotipos e negociar.
mento. =transitivo direto D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
tomadas do edifício.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
em partes desiguais... parasse em um prédio na marginal.
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
nos troncos mais robustos. =ligação direitos dos trabalhadores domésticos.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso-
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de-


8) FUNÇÕES DA LINGUAGEM. terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen-
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode-
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos,
FUNÇÕES DE LINGUAGEM emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende
Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua- a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem,
gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni- num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas os preconceitos contra a mulher.
transmitir informações. É também exprimir emoções, dar Não se interfere no comportamento das pessoas ape-
ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos
a linguagem? influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e
- A linguagem serve para informar: Função Referencial. seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se
“Estados Unidos invadem o Iraque” usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres-
Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so- sas pela linguagem também servem para fazer fazer.
bre um acontecimento do mundo. Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci-
Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo,
memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes- quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem,
soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so- e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem
mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer questionar.
alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe Emprega-se a expressão função conativa da linguagem
de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os. quando esta é usada para interferir no comportamento das
Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma su-
ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria gestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo la-
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren- tino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo).
demos desde as mais banais informações do dia a dia até
as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas - A linguagem serve para expressar a subjetividade:
filosóficos mais avançados. Função Emotiva.
A função informativa da linguagem tem importância
central na vida das pessoas, consideradas individualmente “Eu fico possesso com isso!”
ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação
de conhecimentos e a transferência de experiências. Por com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva-
meio dessa função, a linguagem modela o intelecto. mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções.
É a função informativa que permite a realização do Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero,
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender. desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas vezes,
A função informativa costuma ser chamada também de falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos social-
função referencial, pois seu principal propósito é fazer com mente. Durante o governo do presidente Fernando Henri-
que as palavras revelem da maneira mais clara possível as que Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A intenção
coisas ou os eventos a que fazem referência. do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O Fernando
tem mudado o país”. Essa maneira informal de se referirem
- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: ao presidente era, na verdade, uma maneira de insinuarem
Função Conativa. intimidade com ele e, portanto, de exprimirem a importân-
cia que lhes seria atribuída pela proximidade com o poder.
“Vem pra Caixa você também.” Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos para afir-
marmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa valentia
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou nossa
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica competência na conquista amorosa.
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a nossa, não raro inconscientemente.
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de Emprega-se a expressão função emotiva para designar
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
quando se usa você. dor, isto é, daquele que fala.

76
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para criar e manter laços sociais: - A linguagem serve para criar outros universos.
Função Fática.
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala
__Que calorão, hein? também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos
__Também, tem chovido tão pouco. mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte:
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
outros. universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa
__Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex-
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para
Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi-
num elevador e devem manter uma conversa nos poucos dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras
instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape- vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o
nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare- galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
cer hostil. bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra
Quando estamos num grupo, numa festa, não pode- realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o
mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. amor nunca diminui e assim por diante.
Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se - A linguagem serve como fonte de prazer: Função
histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas. Poética.
A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al- Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido
guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que- e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de
remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
está doente, se está com problemas. para delas extrairmos satisfação.
A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
social. diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha-
Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí-
entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor-
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez
que as pessoas não entendam bem o significado da letra o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco
do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o quebrar por excesso de fundos”.
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel
da comunidade de brasileiros. comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e
função fática para indicar a utilização da linguagem para “capital”, “dinheiro”.
estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
lante e seu interlocutor. Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
- A linguagem serve para falar sobre a própria lingua- Virgílio Guimarães:
gem: Função Metalinguística.
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um continência para os militares, bateu palmas para o Collor e
substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan- quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata
do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan- uma dor de consciência e bata em retirada.”
te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen- (Folha de S. Paulo)
tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a
própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços so-
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos ciais, etc. No segundo, para produzir um efeito prazero-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- so de descoberta de sentidos. Em função estética, o mais
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que importante é como se diz, pois o sentido também é cria-
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a do pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela disposição das
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a palavras, etc.
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Pa- de Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/,
rodiando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássi- /t/, /k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
ca, vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
podem pescar”.

77
LÍNGUA PORTUGUESA

E o bosque estala, move-se, estremece... - Função informativa (ou referencial): função usada
Da cavalgada o estrépito que aumenta quando o emissor informa objetivamente o receptor de
Perde-se após no centro da montanha... uma realidade, ou acontecimento.
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed. dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos. textos publicitários (centra-se no canal de comunicação).
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa-
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
ocorre no segundo verso, quando se afirma que o barulho mos agradáveis, etc.
dos cavalos aumenta.
Quando se usam recursos da própria língua para acres- Também podemos pensar que as primeiras falas cons-
centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos
estamos usando a linguagem em sua função poética. evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana.
Para melhor compreensão das funções de linguagem,
torna-se necessário o estudo dos elementos da comunicação. A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desen- que mais profundamente distingue o homem dos outros
volvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - al- animais.
guém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro
escuta em silêncio, etc). Podemos considerar que o desenvolvimento desta
Exemplo: função cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e
a libertação da mão, que permitiram o aumento do volume
Elementos da comunicação do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores
e da mímica facial
- Emissor - emite, codifica a mensagem;
- Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
Devido a estas capacidades, para além da linguagem
- Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de
- Código - conjunto de signos usado na transmissão e
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur-
recepção da mensagem;
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni-
- Referente - contexto relacionado a emissor e receptor;
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações
- Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa teo- especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
ria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclusão que animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas
quando se trata da parole, entende-se que é um veículo de- que se podem observar entre si.
mocrático (observe a função fática), assim, admite-se um novo
formato de locução, ou, interlocução (diálogo interativo):

- locutor - quem fala (e responde);


- locutário - quem ouve e responde;
- interlocução - diálogo

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, fa-


ciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria.
As atitudes e reações dos comunicantes são também re-
ferentes e exercem influência sobre a comunicação

Lembramo-nos:

- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu”


do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função
está, por norma, a poesia lírica.
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men-
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este
assuma determinado comportamento; há frequente uso do
vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é fre-
quentemente usada por oradores e agentes de publicidade.
- Função metalinguística: função usada quando a lín-
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin-
táticos e/ou semânticos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (A) O acaso ou a intencionalidade foi a causa da desco-


berta do Brasil.
01-) (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO (FORMAÇÃO (B) Haviam (havia) 60% de possibilidades de o Brasil ter
DE ADMINISTRAÇÃO) – CESGRANRIO/2011 - ADAPTA- sido descoberto por acaso.
DA) A transformação da oração “[...] e quando veio a (C) Eu e vocês acreditam (acreditamos) na descoberta ca-
noite [...]” de afirmativa para hipótese faz com que o sual do nosso país.
verbo destacado se escreva como (D) Não gastava a corte tempo com as preocupações
(A) vir que ocupava (ocupavam) os historiadores.
(B) vier (E) Devem (deve) haver mais evidências para a tese de
(C) vem descoberta casual do Brasil.
(D) vêm
(E) vim RESPOSTA: “A”.

Os verbos que representam hipótese pertencem ao 04-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS
Modo Subjuntivo. “e quando vier a noite...”. GERAIS – FUMARC/2014) Em “Talvez seja necessário que
famílias e escolas revejam a parte que lhes cabe nesse
RESPOSTA: “B”. processo.”, os verbos destacados estão flexionados no
(A) imperativo afirmativo – imperativo afirmativo
02-) (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO (FORMAÇÃO (B) presente do indicativo – presente do subjuntivo
DE ADMINISTRAÇÃO) – CESGRANRIO/2011) O sinal (C) presente do subjuntivo – imperativo afirmativo
indicativo da crase está empregado de acordo com a (D) presente do subjuntivo – presente do subjuntivo
norma-padrão em:
(A) Depois de aportar no Brasil, Cabral retomou à Se você começar a conjugar o verbo “ser” no presente do
viagem ao Oriente. Subjuntivo, verificará que se trata da alternativa apresentada:
“que eu seja, que tu sejas...”
(B) O capitão e sua frota obedeceram às ordens do
*Observação: lembre-se de que não existe a forma “seje”.
rei de Portugal.
Agora conjuguemos o verbo “rever” – “que eu reveja,
(C) O ponto de partida da frota ficava no rio Tejo à
que tu revejas...”.
alguns metros do mar.
(D) O capitão planejou sua rota à partir da medição
RESPOSTA: “D”.
de marinheiros experientes.
(E) Navegantes anteriores a Cabral haviam feito 05-) (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
menção à terras a oeste do Atlântico. FUJB/2011 - ADAPTADA) “Se o povo nas ruas derrubou
a ditadura, derrubará também a inflação” (Franco Mon-
(A) Depois de aportar no Brasil, Cabral retomou à via- toro, 1986). Nessa frase de Franco Montoro, o conectivo
gem = a viagem “se”, no início da frase, tem valor semântico de:
(B) O capitão e sua frota obedeceram às ordens do rei A) condição;
de Portugal. B) causa;
(C) O ponto de partida da frota ficava no rio Tejo à al- C) consequência;
guns metros do mar. = a alguns D) comparação;
(D) O capitão planejou sua rota à partir = a partir E) tempo.
(E) Navegantes anteriores a Cabral haviam feito men-
ção à terras = a terras O “se” é uma conjunção condicional, com sentido de
condição para que determinada ação aconteça.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.
03-) (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO (FORMAÇÃO
DE ADMINISTRAÇÃO) – CESGRANRIO/2011) A senten- 06-) (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
ça em que o verbo está corretamente flexionado de FUJB/2011) Assinale a alternativa em que a frase NÃO
acordo com a norma-padrão, sem provocar contradi- contraria a norma culta:
ção de significado, é: A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortú-
(A) O acaso ou a intencionalidade foi a causa da nios, por isso posso me queixar com razão.
descoberta do Brasil. B) Sempre houveram várias formas eficazes para ul-
(B) Haviam 60% de possibilidades de o Brasil ter trapassarmos os infortúnios da vida.
sido descoberto por acaso. C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes que
(C) Eu e vocês acreditam na descoberta casual do vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa vida.
nosso país. D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento,
(D) Não gastava a corte tempo com as preocupa- principalmente daqueles que procuram viver com dig-
ções que ocupava os historiadores. nidade e simplicidade.
(E) Devem haver mais evidências para a tese de des- E) As dificuldades por que passamos certamente nos
coberta casual do Brasil. fazem mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fiz as correções entre parênteses: (C) Enquanto esperávamos = pretérito imperfeito do In-
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infor- dicativo / fomos = pretérito perfeito do Indicativo
túnios, por isso posso me queixar com razão. (D) banhava = pretérito imperfeito do Indicativo / se pu-
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes desse = pretérito do Subjuntivo
para ultrapassarmos os infortúnios da vida. (E) soubemos = pretérito perfeito do Indicativo / que
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes tínhamos – pretérito imperfeito do Indicativo
que vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte
de nossa vida. RESPOSTA: “A”.
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto so-
frimento, principalmente daqueles que procuram viver com 09-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
dignidade e simplicidade. JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) pas- BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) “se você qui-
samos certamente nos fazem mais fortes e preparados ser ir mais longe”; a única forma dessa frase que NÃO
para os infortúnios da vida. apresenta um equivalente semântico corretamente ex-
presso é
RESPOSTA: “E”. (A) caso você queira ir mais longe.
(B) na hipótese de você querer ir mais longe.
07-) (ANS – ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE – DI- (C) no caso de você querer ir mais longe.
REITO – FUNCAB/2013 - ADAPTADA) O segmento em (D) desde que você queira ir mais longe.
destaque no período “Esse neurotransmissor age numa (E) conquanto você queira ir mais longe.
região do cérebro chamada mesolímbica, LIGADA AO
PRAZER, à motivação e à gratificação.” está entre vír- Conquanto = conjunção utilizada para relacionar duas
gulas para marcar: orações, sendo que a oração subordinada contém um fato
A) a mudança de personagem. contrário ao que foi afirmado na oração principal; embora, se
bem que: Continuou trabalhando, conquanto exausto. Apa-
B) uma citação.
renta riqueza, conquanto seja pobre.
C) um desvio do discurso.
(fonte: http://www.dicio.com.br/conquanto/)
D) a voz do protagonista.
E) uma explicação.
RESPOSTA: “E”.
Um aposto, uma explicação sobre o termo anterior-
10-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
mente citado.
JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) Na frase “se
RESPOSTA: “E”. você quiser ir mais longe”, a forma verbal empregada
tem sua forma corretamente conjugada. A frase abaixo
08-) (TER/PE –TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) em que a forma verbal está ERRADA é
Nos meses de verão, saíamos para um arrabalde mais (A) se você se opuser a esse desejo.
afastado do bulício da Cidade, quase sempre Monteiro (B) se você requerer este documento.
ou Caxangá. (C) se você ver esse quadro.
A frase em que ambos os verbos grifados estão fle- (D) se você provier da China.
xionados nos mesmos tempo e modo em que se encon- (E) se você se entretiver com o jogo.
tra o grifado acima é:
(A) Atrás de casa, na funda ribanceira, corria o rio, à (A) se você se opuser a esse desejo.
cuja beira se especava o banheiro de palha. (B) se você requerer este documento.
(B) Talvez tivéssemos que voltar para o Recife, as (C) se você ver esse quadro.= se você vir
águas tinham subido muito durante a noite ... (D) se você provier da China.
(C) Enquanto esperávamos o trem na Estação de (E) se você se entretiver com o jogo.
Caxangá, fomos dar uma espiada ao rio à entrada da
ponte. RESPOSTA: “C”.
(D) ... que o riozinho manso onde eu me banhava
sem medo todos os dias se pudesse converter naquele 11-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
caudal furioso de águas sujas. JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
(E) No dia seguinte, soubemos que tínhamos saído BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014 - ADAPTADA)
a tempo. Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto
faz uso de um tipo de linguagem figurada denominada
Saíamos – pretérito imperfeito do Indicativo (A) metonímia.
(A) corria o rio, à cuja beira se especava = ambos os (B) eufemismo.
verbos: pretérito imperfeito do Indicativo (C) hipérbole.
(B) Talvez tivéssemos – pretérito do Subjuntivo / as (D) metáfora.
águas tinham = pretérito imperfeito do Indicativo (E) catacrese.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu con- 14-) (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
texto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo FUJB/2011)
campo de significação (conotativa), por meio de uma compa-
ração implícita, de uma similaridade existente entre as duas. TEXTO
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/ Samba do Arnesto – Adoniran Barbosa
metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
O Arnesto nos convidou prum samba, ele mora no
RESPOSTA: “D”. Brás
Nós fumo não encontremo ninguém
12-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE Nós voltermo com uma baita de uma reiva
JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI- Da outra vez nós num vai mais
BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014 - ADAPTADA) Nós num semo tatu!
Há, no texto, três ocorrências do acento grave indicativo
No outro dia encontremo com o Arnesto
da crase
Que pediu discurpa mas nós num aceitemo
I. “...dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer”
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
II. “Os xópis são civilizações à parte...”
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
III. “...pode vê-las como ataque (...) à civilização dos
xópis”.
As ocorrências em que o acento grave da crase é re- Embora não haja conector ligando as orações do
sultante da junção de uma preposição solicitada por um trecho “Nós fumo não encontremo ninguém”, podemos
termo anterior + artigo definido são: afirmar que a coesão é estabelecida por uma relação
(A) I-II-III. semântica de:
(B) apenas I-II. A) adversidade;
(C) apenas I-III. B) consequência;
(D) apenas II-III. C) finalidade;
(E) apenas II. D) concessão;
E) alternância.
A questão quer saber se a preposição faz parte da regên-
cia ou não: Nós fumo (mas, porém, entretanto)não encontremo
I. “...dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer” = ninguém = usaríamos conjunções adversativas, que ex-
faz parte (dedicada a quê?) pressam contrariedade, adversidade.
II. “Os xópis são civilizações à parte...” = não faz parte
III. “...pode vê-las como ataque (...) à civilização dos xó- RESPOSTA: “A”.
pis”. = faz parte (ataque a quê? A quem?)
15-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE ALAGOAS –
RESPOSTA: “C”. AGENTE DE POLÍCIA – CESPE/2012) O vocativo a ser
empregado em comunicações dirigidas ao chefe do Po-
13-) (TER/PE –TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Ain- der Executivo da República Federativa do Brasil é Exce-
da que riqueza [...] à custa do trabalho escravo ... A socie- lentíssimo Senhor.
dade colonial no Brasil [...] desenvolveu-se [...] à sombra
das grandes plantações de açúcar ... (...) O vocativo a ser empregado em comunicações diri-
Do mesmo modo que nas frases acima, está correto o
gidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido
emprego da crase em:
do cargo respectivo:
(A) combate à fome.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República (...)
(B) vendas à prazo.
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
(C) escrito à lápis.
(D) avião à jato. manual.htm)
(E) defender à unhas e dentes.
RESPOSTA: “CERTO”.
(A) combate à fome. (regência nominal. Diferente do ver-
bo “combater”, que pede objeto direto: Ele combateu a fome)
(B) vendas à prazo = a prazo (masculina)
(C) escrito à lápis. = a lápis (masculina)
(D) avião à jato. = a jato (palavra masculina)
(E) defender à unhas e dentes.= unhas (palavra no plural)

RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

16-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A) “Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de
– OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013) fazer balancê...” – (astúcia)
Fé - Esperança - Caridade = incorreta – concorda com certas coisas
(Sérgio Milliet) B) “... uns com outros acho que nem se misturam (...)” –
(uns com outros)
É preciso ter fé nesse Brasil C) “Toda saudade é uma espécie de velhice.” – (velhice) =
nesse pau-brasil no caso, concorda com toda saudade
nessas matas despovoadas D) “... não como um filme em que a vida acontece no
nessas praias sem pescadores tempo,...” – (filme) = incorreta – concorda com a vida
É preciso ter fé E) “... em cuja memória se encontram as coisas eternas,
Nesse norte de secas que permanecem...” – (memória)
e de literatura = incorreta – concorda com as coisas eternas
A esperança vem do sul
Vem de mansinho RESPOSTA: “B”.
contagiosa e sutil
vem no café que produzimos 18-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
vem nas indústrias que criamos FGV PROJETOS/2010) No período: “Demorará, mas não
A esperança vem do sul importa o quanto demore para termos um final feliz,”
do coração calmo de São Paulo “mas” e “para” estabelecem relações de sentido que in-
É preciso ter caridade dicam, respectivamente:
e ter carinho A) Conclusão, explicação.
perdoar o ódio que nos cerca B) Explicação, consequência.
que nos veste C) Oposição, finalidade.
e trabalhar para os irmãos pobres... D) Causa, consequência.
E) Causa, explicação.
(Poetas do Modernismo. INL-MEC, Rio de Janeiro, 1972)
Mas = conjunção adversativa (ideia contrária à exposta
É recorrente, no poema, a construção “É preciso”,
anteriormente) / para = conjunção final.
sempre relacionada a uma outra oração. Sobre essa outra
oração, é correto afirmar que se trata de:
RESPOSTA: “C”.
a) uma oração subordinada adverbial.
b) uma oração coordenada assindética.
c) uma oração subordinada substantiva. (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV
d) uma oração coordenada sindética. PROJETOS/2010)
e) uma oração subordinada adjetiva.
Painel do leitor (Carta do leitor)
É preciso ter fé nesse Brasil; É preciso ter fé; É preciso ter
caridade. Se substituirmos as orações grifadas pelo pronome Resgate no Chile
“isso”, veremos que não perderão o sentido, ou seja, esta-
mos trabalhando com subordinadas substantivas. Geralmente Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação
quando a oração principal inicia-se com verbo de ligação é sinal de salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no
de que a subordinada exercerá a função de sujeito da oração fundo de uma mina de cobre e ouro no Chile.
principal: Isso é preciso. Portanto, as orações que completam a Um a um os mineiros soterrados foram içados com
construção “É preciso” funcionam como “sujeito” = subjetivas. sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum-
primentando seus companheiros de trabalho. Não se
RESPOSTA: “C”. pode esquecer a ajuda técnica e material que os Estados
Unidos, Canadá e China ofereceram à equipe chilena de
17-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR salvamento, num gesto humanitário que só enobrece es-
– FGV PROJETOS/2010) Assinale a alternativa em que a ses países. E, também, dos dois médicos e dois “socor-
forma verbal em destaque concorda com a expressão in- ristas” que, demonstrando coragem e desprendimento,
dicada entre parênteses: desceram na mina para ajudar no salvamento.
A) “Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas (Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
de fazer balancê...” – (astúcia) nel do leitor – 17/10/2010)
B) “... uns com outros acho que nem se misturam (...)”
– (uns com outros) 19-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
C) “Toda saudade é uma espécie de velhice.” – (ve- FGV PROJETOS/2010) No 2º§, em “ofereceram à equipe
lhice) chilena de salvamento,...”, o emprego do acento grave:
D) “... não como um filme em que a vida acontece no A) É justificado pela regência de “ofereceram” e pela
tempo,...” – (filme) presença de artigo definido feminino antes de “equipe”.
E) “... em cuja memória se encontram as coisas eter- B) É considerado facultativo por estar diante de subs-
nas, que permanecem...” – (memória) tantivo coletivo.

82
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Tem a mesma função em: “Eu não ia perder tempo 22-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
com quem ganhou muito dinheiro à custa de mentiras”. VUNESP/2014)
D) Antecede uma locução adverbial que expressa uma
circunstância. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
E) Não se manteria caso “ofereceram” fosse substituído balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exuma-
por “deram”. ção dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, se-
pultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
Dentre os itens, o que contém a justificativa para o acento Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
grave – indicativo de crase – no termo “à equipe” é a presença de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
do artigo definido feminino antes de equipe.. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
se sua morte se deve ______ envenenamento.
RESPOSTA: “A”.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,governo-
20-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jango,1094178,0.htm
FGV PROJETOS/2010) 07. 11.2013. Adaptado)
Considerando o tipo textual apresentado, algumas
expressões demonstram o posicionamento pessoal do Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
leitor diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
podem ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: vamente, por
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” (A) a ... à ... a ... a
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma (B) as ... à ... a ... à
mina de cobre e ouro no Chile.” (C) às ... a ... à ... a
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (D) à ... à ... à ... a
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses paí- (E) a ... a ... a ... à
ses.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de trabalho
desceram na mina...” para proceder a medidas (palavra no plural, generalizando) ne-
cessárias à (regência nominal pede preposição) exumação dos
Em todas as alternativas há expressões que representam restos mortais do ex-presidente João Goulart, sepultado em
São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de Jango, o governo
a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não
visa esclarecer se o ex-presidente morreu de causas naturais,
se pode esquecer / gesto humanitário que só enobrece / de-
ou seja, devido a uma (artigo indefinido) parada cardíaca – que
monstrando coragem e desprendimento.
tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou se sua mor-
te se deve a (regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.
21-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
VUNESP/2014) A frase redigida em conformidade com a 23-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
norma-padrão da língua portuguesa é: VUNESP/2014) Segundo a norma-padrão da língua portu-
(A) A velhice, contra a qual muitos lutam, é inevitável. guesa, a pontuação está correta em:
(B) O Leblon, que fica o Baixo Vovô, é um bairro fes- (A) Como há suspeita, por parte da família de que João
tivo do Rio. Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Verdade de-
(C) O rock, que muitos jovens se dedicam, também cidiu reabrir a investigação de sua morte, em maio deste
agrada aos velhos. ano, a pedido da viúva e dos filhos.
(D) Há 60 anos, os idosos, de cujas vidas eram mais (B) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou
pacatas, viviam menos. o pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea-
(E) Jovens e velhos gostam de esportes, os quais os briu a investigação da morte deste, visto que, para a viúva
benefícios são visíveis. e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado.
(C) A investigação da morte de João Goulart, foi rea-
(A) A velhice, contra a qual muitos lutam, é inevitável. berta, em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
(B) O Leblon, que (onde) fica o Baixo Vovô, é um bairro apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez
festivo do Rio. que, para a família, Jango pode ter sido assassinado.
(C) O rock, que (ao qual) muitos jovens se dedicam, tam- (D) A Comissão da Verdade, a pedido da família de
bém agrada aos velhos. João Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
(D) Há 60 anos, os idosos, de (X) (sem a preposição) cujas sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é descar-
vidas eram mais pacatas, viviam menos. tada, pela viúva e filhos.
(E) Jovens e velhos gostam de esportes, os quais os (cujos) (E) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João
benefícios são visíveis. Goulart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado pe-
diram a reabertura da investigação de sua morte, à Comis-
RESPOSTA: “A”. são da Verdade, esta, atendeu o pedido em maio deste ano.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Assinalei com (X) as pontuações inadequadas e/ou fal- refere-se à = regência verbal exige preposição.
tantes: A) O funcionário chegou às sete horas = locução ad-
(A) Como há suspeita, por parte da família (X) de que verbial de tempo
João Goulart tenha sido assassinado ; (X) a Comissão da B) A cliente pagou à vista = locução adverbial de modo
Verdade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em C) Os alunos assistiram integralmente à aula = regência
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos. verbal exige preposição.
(B) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou D) O projeto de trabalho foi concluído à custa = locu-
o pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea- ção adverbial de modo
briu a investigação da morte deste, visto que, para a viúva E) Um dos convidados saiu à francesa da festa. = locu-
e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado. ção adverbial de modo
(C) A investigação da morte de João Goulart, (X) foi
reaberta, em maio deste ano (X) pela Comissão da Verda- RESPOSTA: “C”.
de, para apuração da causa da morte do ex-presidente (X)
uma vez que, para a família, Jango pode ter sido assassi- 26-) (RIOPREVIDÊNCIA/RJ – ESPECIALISTA EM PRE-
nado. VIDÊNCIA SOCIAL – CEPERJ/2014)
(D) A Comissão da Verdade, a pedido da família de A palavra “conteúdo” recebe acentuação pela mes-
João Goulart, reabriu (X) em maio deste ano (X) a investi- ma razão de:
gação de sua morte, porque , (X) a hipótese de assassinato A) juízo
não é descartada, (X) pela viúva e filhos. B) espírito
(E) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João C) jornalístico
Goulart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado (X) D) mínimo
pediram a reabertura da investigação de sua morte ,(X) à E) disponíveis
Comissão da Verdade, esta ,(X) atendeu o pedido (X) em
maio deste ano. Conteúdo = regra do hiato
A) juízo = regra do hiato
B) espírito = proparoxítona
RESPOSTA: “B”.
C) jornalístico = proparoxítona
D) mínimo = proparoxítona
24-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVI-
E) disponíveis = paroxítona terminada em ditongo
DÊNCIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestru-
tura” é formada pelo seguinte processo:
RESPOSTA: “A”.
A) sufixação
B) prefixação
27-) (FUNASA – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA
C) parassíntese ESPECIALIDADES 1 E 2 – CESPE/2013) O emprego do
D) justaposição acento em “Uberlândia” e “água” justifica-se com base
E) aglutinação na mesma regra ortográfica.
( ) Certo
Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um pre- ( ) Errado
fixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou prefi-
xação). Uberlândia = paroxítona terminada em ditongo / água
= paroxítona terminada em ditongo
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “CERTO”.
25-) (RIOPREVIDÊNCIA/RJ – ESPECIALISTA EM PRE-
VIDÊNCIA SOCIAL – CEPERJ/2014) 28-) (TRE/PE –TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
“Um dos pontos básicos do projeto – e o que mais ... as casas de Portugal enviaram ramos para o ul-
está em risco – refere-se à neutralidade de rede”. A mes- tramar ...
ma regra para o emprego do acento grave é observada O verbo que também é empregado com a mesma
em: regência do grifado acima está em:
A) O funcionário chegou às sete horas no trabalho. (A) Observa Oliveira Martins que a população colo-
B) A cliente pagou à vista por todas as encomendas. nial no Brasil ...
C) Os alunos assistiram integralmente à aula inau- (B) ... iniciaram os portugueses a colonização em
gural. larga escala dos trópicos ...
D) O projeto de trabalho foi concluído à custa de (C) ... importou numa nova fase e num novo tipo de
muito esforço. colonização ...
E) Um dos convidados saiu à francesa da festa. (D) ... perversão de instinto econômico que cedo
desviou o português da atividade ...
(E) O colonizador português do Brasil foi o primei-
ro, dentre ...

84
LÍNGUA PORTUGUESA

Enviaram = transitivo direto (pede objeto direto) e in- No primeiro período há um conselho (ou uma ordem),
direto (objeto indireto) portanto, modo Imperativo; no segundo, há uma hipóte-
(A) Observa Oliveira Martins que a população = tran- se = modo Subjuntivo (que eu seja, que tu sejas, que ele
sitivo direto seja...).
(B) ... iniciaram os portugueses a colonização = transi-
tivo direto RESPOSTA: “D”.
(C) ... importou numa nova fase e num novo tipo =
transitivo indireto 32-) (DETRAN/SE – VISTORIADOR DE TRÂNSITO –
(D) ... perversão de instinto econômico que cedo des- FUNCAB/2010) Marque a opção que completa, correta
viou o português da atividade e respectivamente, as lacunas da frase abaixo.
= transitivo direto (pede objeto direto) e indireto (ob- ____ habilidade do motorista ao volante deve estar
jeto indireto) associada ___ obediência ___ leis de trânsito.
(E) O colonizador português do Brasil foi = verbo de ligação A) À- a - às.
B) A- à - às.
RESPOSTA: “D”. C) À- a - as.
D) A- a - as.
29-) (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E) A- à - as.
E TECNOLOGIA/RR – JORNALISTA – FUNCAB/2013 -
ADAPTADA) Grafam-se, respectivamente, com “ss” e A habilidade do motorista ao volante deve estar asso-
com “ç” como os sufixos dos substantivos destacados ciada à obediência às leis de trânsito.
em “[...] gerou diversas DISCUSSÕES éticas sobre as (artigo + substantivo) (regência verbal pede
PERCEPÇÕES biossociais [...]” – os sufixos de: preposição, em ambos os casos)
A) conten__ão (de gastos) – remi __ ão (da pena).
B) conce__ão (de privilégios) – ascen__ão (ao poder). RESPOSTA: “B”.
C) ce__ ão (de direitos) – extin__ão (do cargo).
D) apreen__ão (da carteira) – reten__ão (do veículo).
33-) (STF – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE/2013 -
E) mo__ão (de apoio) – admi__ão (de funcionário).
ADAPTADA) Na oração “guiava-me a promessa do li-
vro”, o pronome “me” exerce a função de complemento
A) contenção (de gastos) – remissão (da pena).
da forma verbal “guiava”.
B) concessão (de privilégios) – ascensão (ao poder).
( ) Certo
C) cessão (de direitos) – extinção (do cargo).
( ) Errado
D) apreensão (da carteira) – retenção (do veículo).
E) moção (de apoio) – admissão (de funcionário).
guiava-me a promessa do livro = a promessa do livro
RESPOSTA: “C”. guiava “eu”, “guiava a mim”, guiava-me

30-) (PODER JUDICIÁRIO – STF – TÉCNICO JUDICIÁ- RESPOSTA: “CERTO”.


RIO - CESPE/2013) O emprego do acento gráfico nos
vocábulos “próprio” e “decorrência” atende à mesma 34-) (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/MG
regra de acentuação gráfica. – TÉCNICO NÍVEL SUPERIOR – INFORMÁTICA – FU-
( ) Certo MARC/2014) Na frase “Pelo menos 4,7 milhões de apo-
( ) Errado sentados e pensionistas têm pouco mais de um mês
para recadastrar a senha bancária”, o acento gráfico
Próprio = paroxítona terminada em ditongo / decor- do verbo “ter” se justifica pela seguinte regra:
rência = paroxítona terminada em ditongo (A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plu-
ral do presente do indicativo do verbo “ter”.
RESPOSTA: “CERTO”. (B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assu-
me a forma “têm” (com acento) na terceira pessoa do
31-) (DETRAN/SE – VISTORIADOR DE TRÂNSITO – FUN- plural.
CAB/2010) Nos trechos abaixo, as duas ocorrências do verbo (C) O acento circunflexo é empregado para marcar
encontram-se flexionadas, respectivamente, nos modos: a oposição entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa
Sejamos sensatos, leitor, tem cabimento ingerir do plural.
uma droga que altera os reflexos motores...” (D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas
“Ainda que você não seja ridículo a ponto de afir- quando empregadas na terceira pessoa do plural.
mar que dirige melhor quando bebe...”
A) indicativo e subjuntivo.
B) subjuntivo e imperativo.
C) indicativo e imperativo.
D) imperativo e subjuntivo.
E) imperativo e indicativo.

85
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural 38-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉC-
do presente do indicativo do verbo “ter”. NICO FORENSE - CESPE/2013) Na parte superior do
(B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assume a ofício, do aviso e do memorando, antes do assunto,
forma “têm” (com acento) na terceira pessoa do plural. (que devem constar o nome e o endereço da autoridade a
eles tenham) quem é direcionada a comunicação.
(C) O acento circunflexo é empregado para marcar a ( ) Certo
oposição entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do ( ) Errado
plural.
3ª pessoa do singular = ele tem / 2ª pessoa do plural O aviso, o ofício e o memorando devem conter as se-
= vós tendes guintes partes:
(D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas quando a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do ór-
empregadas na terceira pessoa do plural. gão que o expede:
“Tem” não é oxítona, mas sim, monossílaba. As palavras b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
oxítonas recebem acento apenas quando terminadas em alinhamento à direita:
“a”, “e” ou “o”, seguidas ou não de “s”. c) assunto: resumo do teor do documento
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é
RESPOSTA: “A”. dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído
também o endereço.
35-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI- e) texto;
CO FORENSE - CESPE/2013) As palavras “patrimônio” f) fecho;
e “convivência” acentuam-se segundo a mesma regra g) assinatura do autor da comunicação; e
ortográfica. h) identificação do signatário
( ) Certo (Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/
( ) Errado search?q=cache:omaLJnt2UtQJ:www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/manual/Manual_Rich_RedPR2aEd.rtf+&cd=1&hl=pt-
-BR&ct=clnk&gl=br)
Patrimônio = paroxítona terminada em ditongo / con-
vivência = paroxítona terminada em ditongo
RESPOSTA: “ERRADO”.
RESPOSTA: “CERTO”.
39-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS-
TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO
36-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI-
ADMINISTRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência
CO FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante
deve estar satisfeita com os resultados das negocia-
igualmente correta do termo “autópsia” é autopsia. ções”, o adjetivo estará corretamente empregado se
( ) Certo dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois
( ) Errado o termo “satisfeita” deve concordar com a locução pro-
nominal de tratamento “Vossa Excelência”.
autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia ( ) Certo
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/ ( ) Errado
sys/start.htm?sid=23)
Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femini-
RESPOSTA: “CERTO”. no (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
37-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNI- pronome de tratamento é apenas a maneira como tratar a
CO FORENSE - CESPE/2013) A concisão, uma das quali- autoridade, não regendo as demais concordâncias.
dades essenciais ao texto oficial, para a qual concorrem
o domínio do assunto tratado e a revisão textual, con- RESPOSTA: “ERRADO”.
siste em se transmitir, no texto escrito, o máximo de
informações empregando-se um mínimo de palavras.
( ) Certo
( ) Errado

É a qualidade esperada de um bom texto, assim ele não


se torna prolixo: “fala, fala, mas não diz nada!”.

RESPOSTA: “CERTO”.

86
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB: ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E NA PARAÍBA- Ensino Superior na Consti-
tuição Federal e na Constituição do Estado da Paraíba. .......................................................................................................................... 01
Autonomia Universitária. ...................................................................................................................................................................................... 04
Lei nº 9.394/1996, de 20 de dezembro de 1996 (LDB). ............................................................................................................................ 07
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 (Plano Nacional de Educação - PNE).................................................................................. 23
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

II - progressiva universalização do ensino médio gra-


ENSINO SUPERIOR NA CONSTITUIÇÃO tuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
FEDERAL E NA CONSTITUIÇÃO 1996)
DO ESTADO DA PARAÍBA. III - atendimento educacional especializado aos porta-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crian-
CAPÍTULO III ças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO Constitucional nº 53, de 2006)
Seção I V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui-
DA EDUCAÇÃO sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e dições do educando;
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu educação básica, por meio de programas suplementares de
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistên-
trabalho. cia à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes 59, de 2009)
princípios: § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
I - igualdade de condições para o acesso e permanência público subjetivo.
na escola; § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Po-
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o der Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade
pensamento, a arte e o saber; da autoridade competente.
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e § 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
oficiais; Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
V - valorização dos profissionais da educação escolar, ga- seguintes condições:
rantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso ex- I - cumprimento das normas gerais da educação na-
clusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das cional;
redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú-
53, de 2006) blico.
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o en-
VII - garantia de padrão de qualidade. sino fundamental, de maneira a assegurar formação básica
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais
da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluí- e regionais.
do pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, consti-
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba- tuirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de
lhadores considerados profissionais da educação básica e so- ensino fundamental.
bre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em
planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional também a utilização de suas línguas maternas e processos
nº 53, de 2006) próprios de aprendizagem.
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático- Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, nicípios organizarão em regime de colaboração seus siste-
e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, mas de ensino.
pesquisa e extensão. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e
§ 1º É facultado às universidades admitir professores, téc- o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públi-
nicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído pela cas federais e exercerá, em matéria educacional, função re-
Emenda Constitucional nº 11, de 1996) distributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade
pesquisa científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda Cons- do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Esta-
titucional nº 11, de 1996) dos, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
mediante a garantia de: § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritaria-
idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº mente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emen-
59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) da Constitucional nº 14, de 1996)

1
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema na-
de colaboração, de modo a assegurar a universalização do en- cional de educação em regime de colaboração e definir diretri-
sino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº zes, objetivos, metas e estratégias de implementação para as-
59, de 2009) segurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações inte-
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, gradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
de 2006) que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de nº 59, de 2009)
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e I - erradicação do analfabetismo;
cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, II - universalização do atendimento escolar;
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção III - melhoria da qualidade do ensino;
e desenvolvimento do ensino. IV - formação para o trabalho;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pe- VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
los Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para públicos em educação como proporção do produto interno
efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
a transferir.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal,
estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. CAPÍTULO II
213. DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará priori- seção I
dade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, Da Educação
no que se refere a universalização, garantia de padrão de qua-
lidade e equidade, nos termos do plano nacional de educa- Art. 207. A educação, direito de todos e dever do Estado e
ção. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assis- sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
tência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com preparo para o exercício da cidadania, sua qualificação para o
recursos provenientes de contribuições sociais e outros recur- trabalho, objetivando a construção de uma sociedade demo-
sos orçamentários. crática, justa e igualitária, com base nos seguintes princípios:
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional I - igualdade de condições para o acesso e permanência
de financiamento a contribuição social do salário-educação, na escola;
recolhida pelas empresas na forma da lei. (Redação dada pela II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) pensamento, a arte e o saber;
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
contribuição social do salário-educação serão distribuídas pro- coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
porcionalmente ao número de alunos matriculados na educa- IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
ção básica nas respectivas redes públicas de ensino.(Incluído oficiais; V - gestão democrática do ensino público, na forma
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) da lei;
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas VI - garantia de padrão unitário de qualidade;
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confes- VII - valorização dos profissionais do ensino, garantindo,
sionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: na forma da lei, planos de carreira, piso salarial profissional e
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus ingresso exclusivamente por concurso público de provas e tí-
excedentes financeiros em educação; tulos.
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra es- § 1º Para atingir estes objetivos, o Estado e Municípios, em
cola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Pú- regime de colaboração com o Governo Federal, organizarão
blico, no caso de encerramento de suas atividades. os seus sistemas de educação, assegurando:
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser des- I - ensino público gratuito nos estabelecimento oficiais;
tinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e mé- II - ensino fundamental obrigatório, inclusive para os que
dio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de não frequentaram a escola na idade escolar;
recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da III - oferta de ensino noturno regular e de programas e
rede pública na localidade da residência do educando, ficando cursos de educação paraescolar;
o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expan- IV - oferta obrigatória de ensino religioso nas escolas, de
são de sua rede na localidade. matrícula facultativa aos alunos;
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo V - atendimento à criança de até seis anos de idade, em
e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por creches e em instituições pré-escolares, que propiciem condi-
instituições de educação profissional e tecnológica poderão re- ções de êxito posterior no processo de alfabetização;
ceber apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela VI - apoio ao educando no que diz respeito à saúde, trans-
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) porte, alimentação e material didático;

2
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

VII - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuida- Art. 210. O Estado e os Municípios aplicarão anualmente,
de do ensino médio; no mínimo, vinte e cinco por cento de sua receita de imposto,
VIII - promoção da educação especial, preferencialmente inclusive a resultante de transferências, na manutenção e de-
na rede regular de ensino; senvolvimento do ensino.
IX - atendimento educacional especializado aos portado- § 1º A parcela de arrecadação de impostos, transferida
res de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. pela União ao Estado e aos Municípios e pelo Estado aos Mu-
§ 2º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito nicípios, não é considerada receita do governo que a transferir,
público subjetivo e o seu não oferecimento pelo Poder Público para efeito do cálculo previsto neste artigo.
ou sua oferta irregular importam em responsabilidade da au- § 2º A distribuição dos recursos públicos assegurará prio-
toridade competente. ridade ao atendimento das necessidades do ensino público
§ 3º Caberá ao Estado e aos Municípios recensearem os obrigatório, buscando a universalização do ensino fundamen-
educandos para o ensino básico e procederem à chamada tal e a expansão do ensino médio.
anual, zelando pela frequência à escola. Art. 211. A lei estabelecerá o plano estadual de educação,
§ 4º O Estado diligenciará para que os estudantes carentes de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvi-
tenham possibilidade de acesso aos graus mais elevados de mento do ensino em seus diversos níveis e à integração das
ensino, inclusive desenvolvendo programas de concessão de ações do Poder Público que conduzam à:
bolsas de estudo em todos os níveis. I - erradicação do analfabetismo;
Art. 208. O Estado poderá criar instituições de ensino su- II - universalização do ensino fundamental e expansão
perior, mantidas as seguintes características: progressiva do ensino médio;
I - unidade de patrimônio e de administração; III - melhoria da qualidade de ensino;
II - desenvolvimento de áreas fundamentais do conheci- IV - formação humanística, científica e tecnológica volta-
mento humano; da para o desenvolvimento da consciência crítica e da aptidão
III - autonomia científica, didático - pedagógica, adminis- para o trabalho;
trativa e de gestão financeira; V - promoção da educação para-escolar sob forma de
IV - plano de cargos e salários para os servidores, assim programas, cursos e estágios de educação e de formação com
como carreira unificada para o corpo docente. objetivos específicos, tendo em vista o caráter permanente da
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as educação.
seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da § 1º Os Municípios alocarão recursos, prioritariamente,
educação nacional; para ensino pré-escolar e fundamental.
II - a autorização e avaliação da qualidade de ensino pelo § 2º O Estado, em articulação com os Municípios, promo-
Poder Público. verá o mapeamento escolar, estabelecendo critérios para a
§ 1º Caberá ao Poder Público a verificação da capacidade ampliação e a interiorização da rede escolar pública.
material, financeira e Art. 212. O Conselho Estadual de Educação é órgão norma-
pedagógica das instituições privadas de ensino, e deverão tivo e deliberativo superior em matéria educacional, no âmbito do
ser asseguradas: sistema estadual de educação, devendo ser composto, paritaria-
I - garantia de padrões salariais que levem em conta pisos mente, por profissionais da educação, obedecendo ao seguinte:
salariais profissionais e I - representantes do Poder Público, indicados pelo Poder
planos de carreira, ressalvada a exigência nas escolas co- Executivo Estadual;
munitárias; II - representantes de instituições educativas em todos os
II - atividades docentes complementares à sala de aula, níveis de ensino, indicados através das suas entidades de re-
obrigatórias e remuneradas, não exigidas para as escolas da presentação;
comunidade. III - representantes de sindicatos e associações de profissio-
§ 2º Os recursos públicos serão destinados às escolas pú- nais de educação, indicados por seus órgãos de representação;
blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confes- IV - representantes de entidades da sociedade civil e co-
sionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: munitária que desenvolvam atividades educativas;
I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus V - representantes do corpo discente, maiores de dezoito
excedentes financeiros em educação; anos, indicados através das suas entidades de representação.
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra § 1º A composição do Conselho Estadual de Educação será
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder regulamentada pela lei de diretrizes e bases da educação estadual.
Público, no caso de encerramento de suas atividades; § 2º Compete ao Conselho Estadual de Educação:
III - os recursos de que trata este artigo poderão ser desti- I - elaborar, em primeira instância, o plano estadual de
nados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, educação a ser aprovado pelo
na forma da lei, para os que demostrarem insuficiência de re- Poder Legislativo, assim como realizar o acompanhamen-
cursos, quando houver falta de vagas e de cursos regulares da to e a avaliação da sua execução; II - fixar normas complemen-
rede pública, na localidade da residência do educando, ficando tares à legislação do ensino estadual;
o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expan- III - elaborar, evitando multiplicidade e pulverização de maté-
são de sua rede na localidade; rias, as diretrizes curriculares adequadas às especificidades regionais;
IV - as atividades universitárias de pesquisa e de ex- IV - estabelecer as diretrizes de participação da comunida-
tensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público. de escolar e da sociedade na elaboração das propostas peda-
gógicas das escolas.

3
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 213. O Poder Legislativo, obedecendo às disposi- a União aplicara anualmente, nunca menos de dezoito por
ções da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, desta cento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nunca
e da Constituição Federal, fixará as diretrizes e bases da edu- menos de vinte e cinco por cento da receita resultante de im-
cação estadual, em lei complementar, que regulamentará: postos, compreendida a receita proveniente de transferências
I - o sistema estadual de educação; tributárias (cf, art., 166, § 3°, II, c: ‘As emendas ao projeto de
II - a administração do sistema de ensino do Estado; lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem so-
III - as bases da política de valorização dos profissionais mente podem ser aprovados caso indiquem os recursos ne-
da educação; cessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
IV - a criação e o funcionamento do Conselho de Educa- despesas, excluídas as que incidam sobre TRANSFERÊNCIAS
ção em âmbito estadual; TRIBUTÁRIAS CONSTITUCIONAIS para Estados, Municípios e
V - as diretrizes do plano estadual de educação. Distrito Federal”) (J, Cretella Júnior, Comentários à Constitui-
ção de 1988, arts. 170 a 232, Editora Forense Universitária, Rio
de Janeiro, 1.993, pág, 425).
O conceito de autonomia tem sido tratado pela doutri-
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA.
na, que na sua maior parte, retira-o dos próprios elementos
definidos na Constituição:  “a autonomia da universidade é
assim o poder que possui esta entidade de estabelecer normas
A Universidade, como Instituição, deita as suas raízes e regulamentos que são o ordenamento vital da própria insti-
ainda no período medieval. Para Marilena Chauí, desde seu tuição, dentro da esfera da competência atribuída pelo Estado,
surgimento, que remota ao século XIII, na Europa, a univer- e que este repute como lícitos e jurídicos. A autonomia pode ser
sidade sempre foi uma instituição social, isto é, uma ação exercida em diversas esferas: no plano político, com o direito
social, uma prática social fundada no reconhecimento públi- de as universidades e faculdades elegerem a sua lista sêxtupla
co de sua legitimidade e de suas atribuições, num princípio de reitores ou diretores; no plano administrativo, dentro dos
de diferenciação, que lhe confere autonomia perante outras limites do seu peculiar interesse; no plano financeiro, com as
instituições sociais, e estruturada por ordenamentos, regras, suas verbas e o seu patrimônio próprio; no plano didático, es-
normas e valores de reconhecimento e legitimidade internos tabelecendo os seus currículos; no plano disciplinar, a fim de
a ela. A legitimidade da universidade moderna fundou-se na manter a estrutura da sua ordem. A autonomia pode ser plena
conquista da ideia de autonomia do saber diante da religião ou limitada, segundo a sua extensão, e será exercida tanto pela
e do Estado, portanto na ideia de um conhecimento guia- universidade como pelas unidades que a integram (faculdades,
do por sua própria lógica, por necessidades imanentes a ele, escolas e institutos)”. A autonomia plena não significa, entre-
tanto do ponto de vista de sua invenção ou descoberta como tanto, que a Universidade, que dela desfruta, posse esmagar e
de sua transmissão. Por isso mesmo, a universidade europeia anular a autonomia limitada de que gozam as unidades in-
tornou-se inseparável das ideias de formação, reflexão, cria- tegrantes da universidade. A autonomia plena será exercida
ção e crítica [1]. pela universidade; a autonomia limitada será exercida pelas
Ainda para essa autora, uma organização difere de uma unidades que a integram. A autonomia plena não significa o
instituição por definir-se por uma outra prática social, qual poder de tudo fazer, mas ela mesma está condicionada pe-
seja, a de sua instrumentalidade: está referida ao conjunto de los limites com que a legislação a enclausurou, estabelecendo
meios particulares para obtenção de um objetivo particular. competências privativas e exclusivas tanto para a universidade
Não está referida a ações articuladas às ideias de reconheci- como para as suas unidades integrantes. Cada uma delas tem
mento externo e interno, de legitimidade interna e externa, autonomia no campo de suas atividades especificas e exclusi-
mas a operações definidas como estratégias balizadas pelas vas, competências que não deverão e não poderão ser anula-
ideias de eficácia e de sucesso no emprego de determinados das pelo poder central da universidade. Tudo se resume, pois,
meios para alcançar o objetivo particular que a define. É regi- em uma questão de competências, de atribuição e exercício
dos pelas ideias de gestão, planejamento, previsão, controle de competência”. (Pinto Ferreira, Comentários à Constituição
e êxito. Não lhe compete discutir ou questionar sua própria Brasileira, 7° volume, Art.s, 193 a 245, ADCT - Art., 1° a 70 -
existência, sua função, seu lugar no interior da luta de classes, EC.1/92, 2/92, 3/93, 4/93, ECR-1/94, 2/94, 3194, 4194, 5/94,
pois isso, que para a instituição social universitária é crucial, é, 6/94, Editora Saraiva, São Paulo, 1995, pág, 207).
para a organização, um dado de fato, sintetiza dizendo: “Ela É preciso que examinemos princípios básicos do ensino,
sabe (ou julga saber) por que, para que e onde existe” [2]. a configuração do ensino público, a diferenciação entre en-
A Constituição atual, em seu art. 207, definiu as carac- sino pago e ensino gratuito. Quando se fala na preferência
terísticas essenciais da autonomia didático-cientifica, admi- constitucional pelo ensino público, devemos ressaltar que
nistrativa, bem como de gestão financeira e patrimonial. A o poder público organiza os sistemas de ensino, mediante
liberdade de gestão financeira e patrimonial é necessária prestações estatais que garantam a progressiva extensão das
para a concepção integral da autonomia universitária. O arti- tarefas educacionais, possibilitando o acesso aos níveis mais
go acima mencionado não pode ser examinado de maneira elevados do ensino: “Não e o caso de reviver aqui as vicissi-
isolada, pois a Constituição tem que ser vista na sua inte- tudes históricas da autonomia universitária. Basta configurar
gralidade e interpretada de maneira sistemática. O art. 212 que a Constituição firmou a autonomia didático-cientifica,
que trata dos recursos públicos destinados ao ensino público administrativa e de gestão financeira das Universidades, que
e privado, no que se refere a sua aplicação, deve ser assim obedecerão a principio de indissociabilidade entre o ensino,
interpretado: “na manutenção e desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão (art. 207). Não poderá ser de outro modo.

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Se consagrou a liberdade de aprender, de ensinar, de pesquisar A autonomia universitária, embora com características
e de divulgar o pensamento, a arte e o saber, como um prin- semelhantes às autonomias acima mencionadas, tem ca-
cípio basilar do ensino (art. 206, II), a coerência exigia uma racterísticas especiais que fazem com que possamos clas-
manifestação normativa expressa em favor da autonomia das sificá-las como autonomias de garantia de democracia ao
Universidades, autonomia que não é “apenas a independência lado do Ministério Público, (Magalhães, José Luiz Quadros,
da instituição universitária mas a do próprio saber humano”, Novos Paradigmas para o Estado Constitucional Brasileiro
pois “as universidades não serão o que devem ser se não culti- (Poder Municipal), Tese de doutorado na FDUFMG).
varem a consciência da independência do saber e se não sou- Desta forma, podemos visualizar a autonomia univer-
berem que a supremacia do saber, graças a essa independên- sitária em uma situação especial no texto de 1988, onde,
cia é levar a um novo saber. E para isto precisam de viver em como o Ministério Público, e mais recentemente através da
uma atmosfera de autonomia e estímulos vigorosos de experi- Emenda Constitucional 045/2004, as Defensorias Públicas,
mentação, ensaio e renovação. Não é por simples acidente que desvincula-se a universidade do governo, permitindo que
as universidades se constituem em comunidades de mestres e esta permaneça produzindo de forma livre o saber plural,
discípulos, casando a experiência de uns com o ardor e a mo- longe de interferências diretas ou indiretas, mais ou menos
cidade dos outros. Elas não são para efeito apenas instituições autoritárias.
de ensino e de pesquisas, mas sociedades devotadas ao livre, Portanto, não se trata apenas de uma autonomia con-
desinteressado e deliberado cultivo da inteligência e do espírito ferida as autarquias, mas sim de uma autonomia que su-
e fundadas na esperança do progresso humano pelo progresso gere a desvinculação do governo, mas não do Estado, seja
da razão” (José Afonso da Silva Curso de Direito Constitucio- para as Universidades Públicas Federais, estaduais, munici-
nal Positivo, 10ª edição revista Malheiros Editores, São Paulo, pais ou privadas.
1995, pág, 766 e 767). A autonomia das universidades tem como titular a co-
munidade universitária na forma que a lei e as universida-
AUTONOMIA DAS UNIVERSIDADES des definirem, desde que mantido o principio constitucio-
nal inarredável da democracia na gestão do ensino, seja
A Constituição Federal estabelece diferentes autonomias público ou privado. Essa autonomia universitária encontra
no seu texto, que variam bastante na sua amplitude, desta
limites, por isso mesmo em nome dessa autonomia, a Uni-
forma, encontramos as autonomias políticas que caracteri-
versidade não pode fazer tudo.
zam um federalismo de três níveis com a capacidade de auto
Compreendemos que na ausência de melhor definição
-organização recebida pelos Municípios e o Distrito Federal,
do alcance da autonomia universitária, esta fica adstrita aos
mantida a autonomia política dos Estados Membros. Os en-
limites legais. E embora, conserve grande poder de deci-
tes federados têm sua autonomia caracterizada pela capaci-
são/ação, não está acima da lei, nem imune a esta, deven-
dade de elaborar suas Constituições, que no nível municipal
e distrital recebem o nome de leis orgânicas. do observar em sua gestão os princípios da administração
Nas Constituições estaduais e nas leis orgânicas dos Mu- pública e entre eles o da legalidade.
nicípios e do Distrito Federal se encontram os seus poderes, E neste aspecto é que se diferencia, notoriamente, do
a organização de seu serviço público e a distribuição de com- restante da Administração Pública que também é obedien-
petência de seus órgãos, sempre se respeitando os limites da te ao Princípio da Legalidade, todavia de uma forma mais
Constituição Federal. rigorosa e menos flexível, só podendo agir naquilo que a
Encontramos ainda na Constituição Federal a previsão de lei autorizar. Enquanto a Universidade, estando autorizada
descentralização meramente administrativas, muito mais res- pelo texto constitucional a agir com autonomia didático-
tritas que as autonomias políticas que caracterizam a federa- científica, administrativa e de gestão financeira e patrimo-
ção, e que podem ocorrer em todas as esferas da federarão. nial, poderá fazer tudo que a lei autoriza, e ainda aquilo
Estas autonomias administrativas são representadas que ela não vedar, desde que obediente aos princípios
pelas administrações indiretas, exercidas pelas autarquias, da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, e
fundações públicas e conforme previsto no titulo referente ainda em conformidade, com o princípio da qualidade de
à ordem econômica e financeira, as empresas públicas e so- ensino, além de outros princípios gerais como o da morali-
ciedade de economia mista, que são entidades de natureza dade e demais insertos no caput do art. 37 da CF.
pública e personalidade de direito privado, com a finalidade Ou seja, a autonomia universitária lhe consagra liber-
de exercer atividades econômicas. dade de ação, muita além daquelas pertinentes a Admi-
Esta descentralização administrativa implica na criação nistração Pública em geral, e isto para que possa formar
de órgãos autônomos na administração federal, estadual ou profissionais e cidadãos, conscientes e eficientes, aptos a
municipal, onde naquela área de atuação permite-se decisão ajudarem a sociedade e a nação na conquista do equilíbrio
sem interferência do poder central. A atual política do gover- entre o saber e o viver.
no federal viola a autonomia destes órgãos com constantes e Nesta ótica, a autonomia universitária encontra verda-
ilegais intervenções no âmbito de decisão autônoma. deiras limitações, inclusive na própria Constituição Federal,
A autonomia de decisão sem intervenção do poder como, por exemplo, o art. 167, inciso VI, que veda, sem pré-
central e o que difere a idéia de autonomia, cada vez mais via autorização legislativa, a transposição, remanejamento
forte na administração pública em todo o mundo, da mera ou transferência de recursos de uma categoria para outra.
desconcentrarão administrativa, que parece ser a política do A doutrina já tratou de traçar limitações à autonomia
atual governo, no que se refere a sua administração indireta. universitária, vejamos o que diz o Professor Pinto Ferreira:

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

“A autonomia da universidade é assim o poder que possui esta III - ADEMAIS, O ENSINO UNIVERSITARIO, ADMINISTRADO
entidade de estabelecer normas e regulamentos que são o ordena- PELA INICIATIVA PRIVADA, HA DE ATENDER AOS REQUISITOS,
mento vital da própria instituição, dentro da esfera da competên- PREVISTOS NO ART. 209 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: CUM-
cia atribuída pelo Estado, e que este repute como lícitos e jurídicos”. PRIMENTO DAS NORMAS DE EDUCAÇÃO NACIONAL E AUTO-
A autonomia pode ser exercida em diversas esferas: no RIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DE QUALIDADE PELO PODER PUBLICO.
plano político, com o direito de as universidades e faculdades IV - MANDADO DE SEGURANÇA DENEGADO”.
elegerem a sua lista sêxtupla de reitores ou diretores; no pla- (MS 3318/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEI-
no administrativo, dentro dos limites do seu peculiar interesse; RO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 31.05.1994, DJ 15.08.1994
no plano financeiro, com as suas verbas e o seu patrimônio p. 20271)
próprio; no plano didático, estabelecendo os seus currículos; Seguindo esta linha de raciocínio, conclui-se que a auto-
no plano disciplinar, a fim de manter a estrutura da sua or- nomia universitária encontra limites.
dem. A autonomia pode ser plena ou limitada, segundo a sua
extensão, e será exercida tanto pela universidade como pelas GESTÃO FINANCEIRA DAS IFES
unidades que a integram (faculdades, escolas e institutos). A
autonomia plena não significa, entretanto, que a Universidade, Atualmente, os recursos financeiros destinados à ma-
que dela desfruta, posse esmagar e anular a autonomia limi- nutenção e ao desenvolvimento das IFES são originários da
tada de que gozam as unidades integrantes da universidade. receita federal e da receita própria da universidade, sendo
A autonomia plena será exercida pela universidade; a esta última consequência do potencial e esforço de cada Ins-
autonomia limitada será exercida pelas unidades que a in- tituição. Registre-se, nesse aspecto, que o aumento da receita
tegram. A autonomia plena não significa o poder de tudo própria da universidade não tem se revertido em ganhos no
fazer, mas ela mesma está condicionada pelos limites com orçamento, ao contrário, os incrementos na receita própria
que a legislação a enclausurou, estabelecendo competências não têm provocado o correspondente aumento no orçamen-
privativas e exclusivas tanto para a universidade como para as to para o ano seguinte.
suas unidades integrantes. Cada uma delas tem autonomia No bojo da proposta de Autonomia Universitária está a
no campo de suas atividades especificas e exclusivas, com-
pretensão do governo de transferir para as IFES parte da res-
petências que não deverão e não poderão ser anuladas pelo
ponsabilidade pelo financiamento do ensino superior.
poder central da universidade.
A LDB, em seu art. 69, estabelece que a União aplique,
Tudo se resume, pois, em uma questão de competências, de
anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Dis-
atribuição e exercício de competência.’ (Pinto Ferreira, Comentá-
trito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou que
rios à Constituição Brasileira, 7° volume, Art.s, 193 a 245, ADCT
consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da
- Art., 1° a 70 - EC.1/92, 2/92, 3/93, 4/93, ECR-1/94, 2/94, 3194,
4194, 5/94, 6/94, Editora Saraiva, São Paulo, 1995, pág, 207”. receita resultantes de impostos, compreendidas as transfe-
O Doutor Elias de Oliveira Motta, em recente obra – Di- rências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento
reito Educacional e Educação no Século XXI - leciona sobre os do ensino público. O art. 211 da CF estabelece que a União
limites da autonomia universitária, verbis: organize e financie o sistema federal de ensino e preste assis-
“A autonomia universitária não se confunde com sobera- tência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
nia ou liberdade para se desrespeitar as leis; é, antes, um poder aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de
jurídico inerente à condição de ser de uma universidade”. ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória.
Por outro lado, os tribunais pátrios já se manifestaram no O financiamento das universidades federais brasileiras
sentido de reconhecer a limitação e alcance da autonomia está contemplado na LDB, em seu Título II - Dos Princípios e
universitária, vejamos: Fins da Educação Nacional, artigo 3º, inciso V - coexistência
“UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS. CURSO DE ODONTOLO- de instituições públicas e privadas de ensino e no inciso VI -
GIA. FECHAMENTO POR INOBSERVANCIA DA LEGISLAÇÃO gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais e,
DE REGENCIA. PORTARIA N. 196, DE 3-2-94, DO MINISTRO no Capítulo IV - Da Educação Superior, artigo 45 - a educação
DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. superior será ministrada em instituições de ensino superior,
I - O ATO MINISTERIAL ATACADO, APOIADO NO ART. N. públicas e privadas, com variados graus de abrangência ou
209, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NO ART. 2. DO DECRE- especialização.
TO N. 359, DE 9-12-91, NO ART. 2. DO DECRETO N. 98.377, A LDB em seu art. 4º, do Título III - Do Direito à Educação
DE 8-11-89, E NO ART. 3. DO DECRETO N. e do Dever de Educar, estabelece, no inciso I, que o dever do
77.797, DE 9-6-76, ESTA AO AMPARO DA LEGISLAÇÃO Estado com a educação escolar pública será efetivada me-
DE REGENCIA E OS DECRETOS QUE LHE SERVEM DE FUN- diante a garantia de ensino fundamental, obrigatório e gra-
DAMENTO NÃO INFRINGEM O PRINCIPIO DA LEGALIDADE, tuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
NÃO VIOLAM O PRINCIPIO DA AUTONOMIA UNIVERSITA- própria.
RIA, NEM EXORBITAM O PODER REGULAMENTAR. As políticas governamentais, após vigorar a nova Cons-
II - A AUTONOMIA UNIVERSITARIA, PREVISTA NO ART. 207 tituição e LDB, não têm correspondido às exigências dessas
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NÃO PODE SER INTERPRETADA leis. No setor da educação superior, a oferta de vagas nos
COMO INDEPENDENCIA E, MUITO MENOS, COMO SOBERA- estabelecimentos oficiais apresenta um enorme déficit. En-
NIA. A SUA CONSTITUCIONALIZAÇÃO NÃO TEVE O CONDÃO quanto a demanda por vagas cresce, as verbas para a univer-
DE ALTERAR O SEU CONCEITO OU AMPLIAR O SEU ALCANCE, sidade pública brasileira diminuem. Esta situação não apenas
NEM DE AFASTAR AS UNIVERSIDADES DO PODER NORMATI- tem limitado a expansão do ensino superior como afetado a
VO E DE CONTROLE DOS ORGÃOS FEDERAIS COMPETENTES. sua qualidade.

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Estudos mostram que cerca de 70% dos universitários


encontram-se no setor privado. Se o encargo de parte do
LEI Nº 9.394/1996, DE 20 DE DEZEMBRO
financiamento das universidades públicas brasileiras passar
para elas, como está cada vez mais evidenciado através da DE 1996 (LDB).
política restritiva de verbas para o setor e esta receita origi-
nar-se de mensalidades dos estudantes, a democratização da
educação superior será ainda mais comprometida. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.
Outra fonte de receita para financiar a universidade, na
parte que lhe cabe, poderia originar-se da prestação de ser- Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
viços pela própria universidade. Assim, parte da energia que
deveria ser empregada para o desenvolvimento do ensino, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
pesquisa e extensão seria canalizada para a obtenção de gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
recursos financeiros, é o que ocorre, por exemplo, na Uni-
versidade Federal de Rondônia, através de sua Fundação de TÍTULO I
apoio (RIOMAR), que celebra convênios junto ao Governo do Da Educação
Estado e Prefeituras, para capacitar professores, ao mesmo
tempo em que contribui com a comunidade, aufere receita Art. 1º A educação abrange os processos formativos
que são revestidas para a própria Universidade. que se desenvolvem na vida familiar, na convivência huma-
A inserção da universidade na comunidade, através da na, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
prestação de serviços, é muito bem vinda, principalmente
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
com a finalidade de transferência do conhecimento e sua
manifestações culturais.
realimentação com vistas à definição de suas políticas.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de-
Agora exigir que as universidades públicas prestem ser-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
viços com a finalidade de auto-sustentação é uma incoerên-
instituições próprias.
cia face ao quadro nacional em que estatais, mesmo rentá-
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo
veis, estão sendo privatizadas. A negação dessa incoerência
do trabalho e à prática social.
remete a universidade pública federal brasileira ao processo
de privatização. Entre os conceitos, princípios e deveres rela-
tivos à educação contidos na LDB podem-se citar: TÍTULO II
• A educação abrange os processos formativos que se Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
desenvolvem nos movimentos sociais, nas organizações da
sociedade e nas manifestações culturais; Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspi-
• A educação vincula-se à prática social; rada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie-
• A educação inspira-se nos princípios de liberdade e dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento
nos ideais de solidariedade humana. do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
No mundo da economia globalizada, a disputa por espa- sua qualificação para o trabalho.
ço no meio empresarial é cada vez mais acirrada. A exigência Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin-
de capacitação, cada vez maior, possui atributos que podem tes princípios:
levar o homem a desviar-se de um dos mais nobres ideais - a I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
solidariedade humana. E a universidade privada, em suas po- cia na escola;
líticas, também são afetadas pela competição e lucratividade. II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
Nas universidades públicas, onde a geração de recursos a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
próprios é uma prática recente, já se constata que a solida- III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
riedade está sendo afetada pelos privilégios materiais ou de IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
oportunidades que nem sempre contemplam as prioridades V - coexistência de instituições públicas e privadas de
da universidade. ensino;
Desta maneira, a autonomia universitária, como já abor- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
damos, é uma autonomia relativa, pois seu parâmetro é a tos oficiais;
própria Constituição, estando em consonância com o orde- VII - valorização do profissional da educação escolar;
namento jurídico pátrio, pode-se afirmar ainda que sua auto- VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
nomia está situada no mesmo patamar do Ministério Públi- desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
co e mais recente, as Defensorias públicas, por quanto, não IX - garantia de padrão de qualidade;
concorda-se com outros setores da sociedade interferindo X - valorização da experiência extra-escolar;
claramente em sua autonomia, quando estabelecem critérios XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
“avaliativos” para permitirem o livre exercício da profissão, as práticas sociais.
que o cidadão é preparado, durante, pelo menos, cinco anos, XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (In-
como é o caso das “provas” da OAB para os Bacharéis em cluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Direito.
Fonte: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2682/
Autonomia-universitaria

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

TÍTULO III § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público


Do Direito à Educação e do Dever de Educar assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,
nos termos deste artigo, contemplando em seguida os de-
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública mais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades
será efetivado mediante a garantia de: constitucionais e legais.
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste ar-
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte for- tigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na
ma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo
a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente.
b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de § 4º Comprovada a negligência da autoridade competen-
2013) te para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá
c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) ela ser imputada por crime de responsabilidade.
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de
anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso
III - atendimento educacional especializado gratuito aos aos diferentes níveis de ensino, independentemente da esco-
educandos com deficiência, transtornos globais do desen- larização anterior.
volvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícu-
a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente la das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos
na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
de 2013) Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e seguintes condições:
médio para todos os que não os concluíram na idade própria; I - cumprimento das normas gerais da educação nacional
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) e do respectivo sistema de ensino;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui- II - autorização de funcionamento e avaliação de qualida-
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; de pelo Poder Público;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às con- III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o pre-
dições do educando; visto no art. 213 da Constituição Federal.
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e
adultos, com características e modalidades adequadas às TÍTULO IV
suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que Da Organização da Educação Nacional
forem trabalhadores as condições de acesso e permanência
na escola; Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da cípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos
educação básica, por meio de programas suplementares de sistemas de ensino.
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistên- § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional
cia à saúde; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em re-
como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insu- lação às demais instâncias educacionais.
mos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de en- § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organiza-
sino-aprendizagem. ção nos termos desta Lei.
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)
ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colabora-
criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de ção com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008). II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui-
Art. 5o O acesso à educação básica obrigatória é direito ções oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios;
público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cida- III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
dãos, associação comunitária, organização sindical, entidade Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de
de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Minis- seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolari-
tério Público, acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva;
dada pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência fe- trito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para
derativa, deverá: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio,
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de
idade escolar, bem como os jovens e adultos que não con- modo a assegurar formação básica comum;
cluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Dis-
de 2013) trito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para
II - fazer-lhes a chamada pública; identificação, cadastramento e atendimento, na educação bá-
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência sica e na educação superior, de alunos com altas habilidades
à escola. ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a V - oferecer a educação infantil em creches e pré-es-
educação; colas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a
 VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendi- atuação em outros níveis de ensino somente quando estive-
mento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em rem atendidas plenamente as necessidades de sua área de
colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a defi- competência e com recursos acima dos percentuais mínimos
nição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desen-
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e volvimento do ensino.
pós-graduação; VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede mu-
 VIII - assegurar processo nacional de avaliação das ins- nicipal. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003)
tituições de educação superior, com a cooperação dos siste- Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por
mas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava- um sistema único de educação básica.
liar, respectivamente, os cursos das instituições de educação Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a in-
(Vide Lei nº 10.870, de 2004) cumbência de:
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Na- I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
cional de Educação, com funções normativas e de supervisão II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
e atividade permanente, criado por lei. financeiros;
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-au-
a União terá acesso a todos os dados e informações neces- la estabelecidas;
sários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser docente;
delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que man- V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor
tenham instituições de educação superior. rendimento;
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- processos de integração da sociedade com a escola;
ções oficiais dos seus sistemas de ensino; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequên-
oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a cia e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da
distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº
com a população a ser atendida e os recursos financeiros dis- 12.013, de 2009)
poníveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, juiz competente da Comarca e ao respectivo representante
em consonância com as diretrizes e planos nacionais de edu- do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem
cação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do per-
Municípios; centual permitido em lei. (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001)
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e ava- Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
liar, respectivamente, os cursos das instituições de educação I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; estabelecimento de ensino;
V - baixar normas complementares para o seu sistema II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a pro-
de ensino; posta pedagógica do estabelecimento de ensino;
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, res- IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alu-
peitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada pela nos de menor rendimento;
Lei nº 12.061, de 2009) V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos,
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede es- além de participar integralmente dos períodos dedicados
tadual. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento pro-
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as fissional;
competências referentes aos Estados e aos Municípios. VI - colaborar com as atividades de articulação da es-
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: cola com as famílias e a comunidade.
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e institui- Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
ções oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às gestão democrática do ensino público na educação básica,
políticas e planos educacionais da União e dos Estados; de acordo com as suas peculiaridades e conforme os se-
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; guintes princípios:
III - baixar normas complementares para o seu sistema I - participação dos profissionais da educação na ela-
de ensino; boração do projeto pedagógico da escola;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabeleci- II - participação das comunidades escolar e local em
mentos do seu sistema de ensino; conselhos escolares ou equivalentes.

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unida- TÍTULO V


des escolares públicas de educação básica que os integram Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
progressivos graus de autonomia pedagógica e adminis- CAPÍTULO I
trativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais Da Composição dos Níveis Escolares
de direito financeiro público.
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: (Re- Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
gulamento) I - educação básica, formada pela educação infantil, ensi-
I - as instituições de ensino mantidas pela União; no fundamental e ensino médio;
II - as instituições de educação superior criadas e man- II - educação superior.
tidas pela iniciativa privada;
III - os órgãos federais de educação. CAPÍTULO II
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Federal compreendem: Seção I
I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, Das Disposições Gerais
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
II - as instituições de educação superior mantidas pelo Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvol-
Poder Público municipal; ver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispen-
III - as instituições de ensino fundamental e médio cria- sável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
das e mantidas pela iniciativa privada; progredir no trabalho e em estudos posteriores.
IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fe- Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
deral, respectivamente. anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de pe-
Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de ríodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
integram seu sistema de ensino. organização, sempre que o interesse do processo de aprendi-
zagem assim o recomendar.
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreen-
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
dem:
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
situados no País e no exterior, tendo como base as normas
educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
curriculares gerais.
II - as instituições de educação infantil criadas e manti-
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculia-
das pela iniciativa privada;
ridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do
III – os órgãos municipais de educação.
respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis de horas letivas previsto nesta Lei.
classificam-se nas seguintes categorias administrativas: Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e mé-
(Regulamento) (Regulamento) dio, será organizada de acordo com as seguintes regras co-
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpora- muns:
das, mantidas e administradas pelo Poder Público; I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas
II - privadas, assim entendidas as mantidas e adminis- para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuí-
tradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. das por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho es-
Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadra- colar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando
rão nas seguintes categorias: (Regulamento) (Regulamen- houver; (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
to) II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as primeira do ensino fundamental, pode ser feita:
que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas a) por promoção, para alunos que cursaram, com apro-
físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem veitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
as características dos incisos abaixo; b) por transferência, para candidatos procedentes de ou-
II - comunitárias, assim entendidas as que são insti- tras escolas;
tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais c) independentemente de escolarização anterior, median-
pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem te avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvol-
fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora vimento e experiência do candidato e permita sua inscrição
representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei nº na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do
12.020, de 2009) respectivo sistema de ensino;
III - confessionais, assim entendidas as que são insti- III - nos estabelecimentos que adotam a progressão re-
tuídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais gular por série, o regimento escolar pode admitir formas de
pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e progressão parcial, desde que preservada a sequência do cur-
ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; rículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino;
IV - filantrópicas, na forma da lei. IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou
outros componentes curriculares;

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

V - a verificação do rendimento escolar observará os se- II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº
guintes critérios: 10.793, de 1º.12.2003)
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os em situação similar, estiver obrigado à prática da educação
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
de eventuais provas finais; IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outu-
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos bro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
com atraso escolar; V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de
diante verificação do aprendizado; 1º.12.2003)
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as con-
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- tribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições e europeia.
de ensino em seus regimentos; § 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, con- ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº
forme o disposto no seu regimento e nas normas do respecti- 13.415, de 2017)
vo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as lin-
e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; guagens que constituirão o componente curricular de que trata
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos es- o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016)
colares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certi- § 7o A integralização curricular poderá incluir, a critério
ficados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela
do caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensi- Lei nº 13.415, de 2017)
no médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas § 8º A exibição de filmes de produção nacional consti-
de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo me- tuirá componente curricular complementar integrado à pro-
nos mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março posta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória
de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº
§ 2o Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de 13.006, de 2014)
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre-
adequado às condições do educando, conforme o inciso VI venção de todas as formas de violência contra a criança e o
do art. 4o. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res- currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
ponsáveis alcançar relação adequada entre o número de alu- como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
nos e o professor, a carga horária e as condições materiais do da Criança e do Adolescente), observada a produção e distri-
estabelecimento. buição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à 13.010, de 2014)
vista das condições disponíveis e das características regionais § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular de-
neste artigo. penderá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fun- de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (In-
damental e do ensino médio devem ter base nacional comum, cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultu- estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Reda-
ra, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº ção dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
12.796, de 2013) § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abran- incluirá diversos aspectos da história e da cultura que carac-
ger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da terizam a formação da população brasileira, a partir desses
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África
realidade social e política, especialmente do Brasil. e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no
§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio
regionais, constituirá componente curricular obrigatório da na formação da sociedade nacional, resgatando as suas con-
educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) tribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à
§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).
da escola, é componente curricular obrigatório da educação § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-bra-
básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada sileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no
pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a educação artística e de literatura e história brasileiras. (Reda-
seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) ção dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica ob- Seção III


servarão, ainda, as seguintes diretrizes: Do Ensino Fundamental
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social,
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem co- Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração
mum e à ordem democrática; de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos
II - consideração das condições de escolaridade dos alu- 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
nos em cada estabelecimento; cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
III - orientação para o trabalho; I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práti- como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e
cas desportivas não-formais. do cálculo;
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população II - a compreensão do ambiente natural e social, do siste-
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações ne- ma político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
cessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de fundamenta a sociedade;
cada região, especialmente: III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; a formação de atitudes e valores;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se as-
climáticas; senta a vida social.
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensi-
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, no fundamental em ciclos.
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que consi- por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
derará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação
sistema de ensino.
da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014)
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
Seção II
utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
Da Educação Infantil
aprendizagem.
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação
a distância utilizado como complementação da aprendizagem
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da ou em situações emergenciais.
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicoló- § 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigato-
gico, intelectual e social, complementando a ação da família riamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos
e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente,
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de observada a produção e distribuição de material didático ade-
até três anos de idade; quado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007).
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).
com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
12.796, de 2013) integrante da formação básica do cidadão e constitui discipli-
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do na dos horários normais das escolas públicas de ensino funda-
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação
Lei nº 12.796, de 2013) dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedi-
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho mentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso
educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) ho- professores. (Incluído pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)
ras diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jorna- § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, consti-
da integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) tuída pelas diferentes denominações religiosas, para a defini-
IV - controle de frequência pela instituição de educação ção dos conteúdos do ensino religioso. (Incluído pela Lei nº
pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por 9.475, de 22.7.1997)
cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá
V - expedição de documentação que permita atestar os pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,
processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. sendo progressivamente ampliado o período de permanência
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) na escola.

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das § 6o A União estabelecerá os padrões de desempenho
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. esperados para o ensino médio, que serão referência nos pro-
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressiva- cessos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Co-
mente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. mum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 7o Os currículos do ensino médio deverão considerar a
Seção IV formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho
Do Ensino Médio voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: § 8o Os conteúdos, as metodologias e as formas de ava-
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimen- liação processual e formativa serão organizados nas redes de
tos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o pros- ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas orais
seguimento de estudos; e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de tal for-
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do ma que ao final do ensino médio o educando demonstre: (In-
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupa- I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
ção ou aperfeiçoamento posteriores; presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
III - o aprimoramento do educando como pessoa huma- de 2017)
na, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da auto- II - conhecimento das formas contemporâneas de lingua-
nomia intelectual e do pensamento crítico; gem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnoló- Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
gicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
prática, no ensino de cada disciplina. que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, con- local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: (Reda-
forme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas se- ção dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
guintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
de 2017) nº 13.415, de 2017)
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação
13.415, de 2017) dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
Lei nº 13.415, de 2017) pela Lei nº 13.415, de 2017)
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 13.415, de 2017) 13.415, de 2017)
§ 1o A parte diversificada dos currículos de que trata § 1o A organização das áreas de que trata o caput e das
o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deve- respectivas competências e habilidades será feita de acordo
rá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (Re-
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, dação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) 
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) 
§ 2o A Base Nacional Comum Curricular referente ao en- II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
sino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de III – (revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.684, de
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei 2008)
nº 13.415, de 2017) § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 3o O ensino da língua portuguesa e da matemática será § 3o A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com-
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às posto itinerário formativo integrado, que se traduz na compo-
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas sição de componentes curriculares da Base Nacional Comum
línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Curricular - BNCC e dos itinerários formativos, considerando
§ 4o Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoria- os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415,
mente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras de 2017)
línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e § 5o Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade
horários definidos pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do en-
nº 13.415, de 2017) sino médio cursar mais um itinerário formativo de que trata
§ 5o A carga horária destinada ao cumprimento da Base o caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e § 6o A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for-
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, mação com ênfase técnica e profissional considerará: (In-
de acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído cluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
pela Lei nº 13.415, de 2017)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor Seção IV-A


produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem profis-
sional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)  Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste
II - a possibilidade de concessão de certificados inter- Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do edu-
mediários de qualificação para o trabalho, quando a forma- cando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões téc-
ção for estruturada e organizada em etapas com terminali- nicas. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
dade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)  Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, fa-
§ 7o A oferta de formações experimentais relacionadas cultativamente, a habilitação profissional poderão ser desen-
ao inciso V do caput, em áreas que não constem do Catá- volvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou
logo Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua em cooperação com instituições especializadas em educação
continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conse- profissional. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
lho Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inser- Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio
ção no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei nº
cinco anos, contados da data de oferta inicial da formação. 11.741, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei nº
§ 8o A oferta de formação técnica e profissional a que 11.741, de 2008)
se refere o inciso V do caput, realizada na própria insti- II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha
tuição ou em parceria com outras instituições, deverá ser concluído o ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.741, de
aprovada previamente pelo Conselho Estadual de Educa- 2008)
ção, homologada pelo Secretário Estadual de Educação e Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível
certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº médio deverá observar: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
13.415, de 2017)  I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur-
§ 9o As instituições de ensino emitirão certificado com riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino Educação; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
médio ao prosseguimento dos estudos em nível superior II - as normas complementares dos respectivos sistemas
ou em outros cursos ou formações para os quais a conclu- de ensino; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
são do ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela III - as exigências de cada instituição de ensino, nos ter-
Lei nº 13.415, de 2017) mos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei nº 11.741,
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. de 2008)
23, o ensino médio poderá ser organizado em módulos e Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
adotar o sistema de créditos com terminalidade específica. articulada, prevista no inciso I do caput  do art. 36-B desta
(Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)  Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei nº 11.741,
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur- de 2008)
riculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluí-
reconhecer competências e firmar convênios com institui- do o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo
ções de educação a distância com notório reconhecimento, a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrí-
pela Lei nº 13.415, de 2017) cula única para cada aluno; (Incluído pela Lei nº 11.741, de
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, 2008)
de 2017) II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas dis-
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído tintas para cada curso, e podendo ocorrer: (Incluído pela Lei
pela Lei nº 13.415, de 2017) nº 11.741, de 2008)
III - atividades de educação técnica oferecidas em ou- a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
tras instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº
nº 13.415, de 2017)  11.741, de 2008)
IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu- b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
pacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)  oportunidades educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº
V - estudos realizados em instituições de ensino nacio- 11.741, de 2008)
nais ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)  c) em instituições de ensino distintas, mediante convê-
VI - cursos realizados por meio de educação a distância nios de intercomplementaridade, visando ao planejamento
ou educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (In-
pela Lei nº 13.415, de 2017)  cluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no proces- Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissio-
so de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação nal técnica de nível médio, quando registrados, terão valida-
profissional previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
de 2017) educação superior. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Parágrafo único. Os cursos de educação profissional téc- § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de
nica de nível médio, nas formas articulada concomitante e graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne
subsequente, quando estruturados e organizados em etapas a objetivos, características e duração, de acordo com as diretri-
com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados zes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacio-
de qualificação para o trabalho após a conclusão, com apro- nal de Educação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
veitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em ar-
para o trabalho. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) ticulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias
de educação continuada, em instituições especializadas ou no
Seção V ambiente de trabalho. (Regulamento)(Regulamento) (Regula-
Da Educação de Jovens e Adultos mento)
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissio-
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada nal e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento
no ensino fundamental e médio na idade própria. ou conclusão de estudos. (Redação dada pela Lei nº 11.741,
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente de 2008)
aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnoló-
na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, gica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos espe-
consideradas as características do alunado, seus interesses, ciais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capa-
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. cidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível de
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a escolaridade. (Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008)
permanência do trabalhador na escola, mediante ações inte-
gradas e complementares entre si. CAPÍTULO IV
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames su-
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do es-
pletivos, que compreenderão a base nacional comum do currícu-
pírito científico e do pensamento reflexivo;
lo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conheci-
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
mento, aptos para a inserção em setores profissionais e para
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
maiores de quinze anos;
colaborar na sua formação contínua;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maio-
res de dezoito anos. III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cien-
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos tífica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e
educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o
mediante exames. entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
CAPÍTULO III científicos e técnicos que constituem patrimônio da humani-
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL dade e comunicar o saber através do ensino, de publicações
Da Educação Profissional e Tecnológica ou de outras formas de comunicação;
(Redação dada pela Lei nº 11.741, de 2008) V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cul-
tural e profissional e possibilitar a correspondente concretiza-
Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cum- ção, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos
primento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento
diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões de cada geração;
do trabalho, da ciência e da tecnologia. (Redação dada pela VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
Lei nº 11.741, de 2008) presente, em particular os nacionais e regionais, prestar servi-
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica po- ços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma
derão ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando relação de reciprocidade;
a construção de diferentes itinerários formativos, observadas VII - promover a extensão, aberta à participação da popu-
as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído lação, visando à difusão das conquistas e benefícios resultan-
pela Lei nº 11.741, de 2008) tes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os geradas na instituição.
seguintes cursos: (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) VIII - atuar em favor da universalização e do aprimora-
I – de formação inicial e continuada ou qualificação pro- mento da educação básica, mediante a formação e a capacita-
fissional; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) ção de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e
II – de educação profissional técnica de nível médio; o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem
(Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015)
III – de educação profissional tecnológica de gradua- Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes
ção e pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) cursos e programas: (Regulamento)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

I - cursos sequenciais por campo de saber, de dife- § 4o É facultado ao Ministério da Educação, mediante
rentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que procedimento específico e com a aquiescência da insti-
atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de tuição de ensino, com vistas a resguardar o interesse dos
ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou estudantes, comutar as penalidades previstas nos § 1o e §
equivalente; (Redação dada pela Lei nº 11.632, de 2007). 3o em outras medidas, desde que adequadas para a su-
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham peração das deficiências e irregularidades constatadas. (In-
concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido cluído pela Medida Provisória nº 785, de 2017)
classificados em processo seletivo; Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, in-
III - de pós-graduação, compreendendo programas de dependente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias
mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfei- de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado
çoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em aos exames finais, quando houver.
cursos de graduação e que atendam às exigências das ins- § 1o As instituições informarão aos interessados, antes
tituições de ensino; de cada período letivo, os programas dos cursos e demais
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualifi-
aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas institui- cação dos professores, recursos disponíveis e critérios de
ções de ensino. avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condi-
§ 1º. Os resultados do processo seletivo referido no ções, e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primei-
inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos ras formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº
pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a 13.168, de 2015)
divulgação da relação nominal dos classificados, a respec- I - em página específica na internet no sítio eletrônico
tiva ordem de classificação, bem como do cronograma das oficial da instituição de ensino superior, obedecido o se-
chamadas para matrícula, de acordo com os critérios para guinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
preenchimento das vagas constantes do respectivo edital. a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter
(Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006) (Renumerado do pa- como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº
rágrafo único para § 1º pela Lei nº 13.184, de 2015)
13.168, de 2015)
§ 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
b) a página principal da instituição de ensino superior,
tituições públicas de ensino superior darão prioridade de
bem como a página da oferta de seus cursos aos ingres-
matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar
santes sob a forma de vestibulares, processo seletivo e ou-
inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda fa-
tras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta
miliar, quando mais de um candidato preencher o critério
com a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela
inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015)
lei nº 13.168, de 2015)
§ 3o O processo seletivo referido no inciso II conside-
rará as competências e as habilidades definidas na Base c) caso a instituição de ensino superior não possua sí-
Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de tio eletrônico, deve criar página específica para divulgação
2017) das informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº
Art. 45. A educação superior será ministrada em insti- 13.168, de 2015)
tuições de ensino superior, públicas ou privadas, com varia- d) a página específica deve conter a data completa de
dos graus de abrangência ou especialização. (Regulamen- sua última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
to) (Regulamento) II - em toda propaganda eletrônica da instituição de
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, ensino superior, por meio de ligação para a página referida
bem como o credenciamento de instituições de educação no inciso I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodi- III - em local visível da instituição de ensino superior e
camente, após processo regular de avaliação. (Regulamen- de fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de
to) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) 2015)
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmen-
eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere te, de acordo com a duração das disciplinas de cada cur-
este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, con- so oferecido, observando o seguinte: (Incluído pela lei nº
forme o caso, em desativação de cursos e habilitações, em 13.168, de 2015)
intervenção na instituição, em suspensão temporária de a) caso o curso mantenha disciplinas com duração di-
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. ferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela
(Regulamento) (Regulamento) (Vide Lei nº 10.870, de 2004) lei nº 13.168, de 2015)
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do
responsável por sua manutenção acompanhará o processo início das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessá- c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo
rios, para a superação das deficiências. docente até o início das aulas, os alunos devem ser comu-
§ 3o No caso de instituição privada, além das sanções nicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de
previstas no § 1o, o processo de reavaliação poderá resultar 2015)
também em redução de vagas autorizadas, suspensão tem- V - deve conter as seguintes informações: (Incluído
porária de novos ingressos e de oferta de cursos. (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
pela Medida Provisória nº 785, de 2017)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares
de ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) de formação dos quadros profissionais de nível superior, de
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricu- pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber huma-
lar de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída no, que se caracterizam por: (Regulamento) (Regulamento)
pela lei nº 13.168, de 2015) I - produção intelectual institucionalizada mediante o
c) a identificação dos docentes que ministrarão as au- estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
las em cada curso, as disciplinas que efetivamente minis- tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional
trará naquele curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a e nacional;
qualificação profissional do docente e o tempo de casa do II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titula-
docente, de forma total, contínua ou intermitente. (Incluída ção acadêmica de mestrado ou doutorado;
pela lei nº 13.168, de 2015) III - um terço do corpo docente em regime de tempo in-
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita- tegral.
mento nos estudos, demonstrado por meio de provas e Parágrafo único. É facultada a criação de universidades
outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados especializadas por campo do saber. (Regulamento) (Regula-
por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a mento)
duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas
sistemas de ensino. às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribui-
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, ções:
salvo nos programas de educação a distância. I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e pro-
§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, gramas de educação superior previstos nesta Lei, obedecen-
no período noturno, cursos de graduação nos mesmos do às normas gerais da União e, quando for o caso, do respec-
padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo tivo sistema de ensino; (Regulamento)
obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, ga- II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, obser-
rantida a necessária previsão orçamentária. vadas as diretrizes gerais pertinentes;
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhe- III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa
cidos, quando registrados, terão validade nacional como científica, produção artística e atividades de extensão;
prova da formação recebida por seu titular. IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão institucional e as exigências do seu meio;
por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por ins- V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
tituições não-universitárias serão registrados em universi- consonância com as normas gerais atinentes;
dades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação. VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer- VII - firmar contratos, acordos e convênios;
sidades estrangeiras serão revalidados por universidades VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de
públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equi- investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
valente, respeitando-se os acordos internacionais de reci- geral, bem como administrar rendimentos conforme dispo-
procidade ou equiparação. sitivos institucionais;
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe- IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma
didos por universidades estrangeiras só poderão ser reco- prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos es-
nhecidos por universidades que possuam cursos de pós- tatutos;
graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de X - receber subvenções, doações, heranças, legados e
conhecimento e em nível equivalente ou superior. cooperação financeira resultante de convênios com entidades
Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão públicas e privadas.
a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-cien-
hipótese de existência de vagas, e mediante processo se- tífica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino
letivo. e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários dispo-
Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão níveis, sobre:
na forma da lei. (Regulamento) I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
Art. 50. As instituições de educação superior, quando II - ampliação e diminuição de vagas;
da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas III - elaboração da programação dos cursos;
de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem IV - programação das pesquisas e das atividades de ex-
capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo tensão;
seletivo prévio. V - contratação e dispensa de professores;
Art. 51. As instituições de educação superior creden- VI - planos de carreira docente.
ciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para
conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do en- atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
sino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus
sistemas de ensino. planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. (Re-
gulamento) (Regulamento)

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribui- § 3º A oferta de educação especial, dever constitucio-
ções asseguradas pelo artigo anterior, as universidades pú- nal do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos,
blicas poderão: durante a educação infantil.
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu-
administrativo, assim como um plano de cargos e salários, candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos dis- mento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada
poníveis; pela Lei nº 12.796, de 2013)
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em confor- I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
midade com as normas gerais concernentes; organização específicos, para atender às suas necessida-
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de des;
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em II - terminalidade específica para aqueles que não pu-
geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo derem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
Poder mantenedor; fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; para concluir em menor tempo o programa escolar para os
V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às superdotados;
suas peculiaridades de organização e funcionamento; III - professores com especialização adequada em nível
VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, médio ou superior, para atendimento especializado, bem
com aprovação do Poder competente, para aquisição de como professores do ensino regular capacitados para a in-
bens imóveis, instalações e equipamentos; tegração desses educandos nas classes comuns;
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
providências de ordem orçamentária, financeira e patrimo- efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condi-
nial necessárias ao seu bom desempenho. ções adequadas para os que não revelarem capacidade
§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
ser estendidas a instituições que comprovem alta qualifica- com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
ção para o ensino ou para a pesquisa, com base em avalia-
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, in-
ção realizada pelo Poder Público.
telectual ou psicomotora;
Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so-
Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
desenvolvimento das instituições de educação superior por
ensino regular.
ela mantidas.
Art. 59-A.  O poder público deverá instituir cadastro
Art. 56. As instituições públicas de educação superior
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação
obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegura-
da a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que matriculados na educação básica e na educação superior, a
participarão os segmentos da comunidade institucional, fim de fomentar a execução de políticas públicas destina-
local e regional. das ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocupa- alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
rão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegia- Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com
do e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração altas habilidades ou superdotação, os critérios e procedi-
e modificações estatutárias e regimentais, bem como da mentos para inclusão no cadastro referido no caput deste
escolha de dirigentes. artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políti-
o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas sema- cas de desenvolvimento das potencialidades do alunado
nais de aulas. (Regulamento) de que trata o caput serão definidos em regulamento.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
CAPÍTULO V estabelecerão critérios de caracterização das instituições
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os e financeiro pelo Poder Público.
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar ofe- Parágrafo único. O poder público adotará, como alter-
recida preferencialmente na rede regular de ensino, para nativa preferencial, a ampliação do atendimento aos edu-
educandos com deficiência, transtornos globais do desen- candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
volvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação mento e altas habilidades ou superdotação na própria rede
dada pela Lei nº 12.796, de 2013) pública regular de ensino, independentemente do apoio às
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es- instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei
pecializado, na escola regular, para atender às peculiarida- nº 12.796, de 2013)
des da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes,
escolas ou serviços especializados, sempre que, em função
das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.

18
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

TÍTULO VI § 3º A formação inicial de profissionais de magistério


Dos Profissionais da Educação dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fa-
zendo uso de recursos e tecnologias de educação a distân-
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação esco- cia. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009).
lar básica os que, nela estando em efetivo exercício e ten- § 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
do sido formados em cursos reconhecidos, são: (Redação nicípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e
dada pela Lei nº 12.014, de 2009) permanência em cursos de formação de docentes em nível
I – professores habilitados em nível médio ou superior superior para atuar na educação básica pública. (Incluído
para a docência na educação infantil e nos ensinos funda- pela Lei nº 12.796, de 2013)
mental e médio; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) § 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municí-
II – trabalhadores em educação portadores de diploma pios incentivarão a formação de profissionais do magistério
de pedagogia, com habilitação em administração, plane- para atuar na educação básica pública mediante programa
jamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas matriculados em cursos de licenciatura, de graduação ple-
mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009) na, nas instituições de educação superior. (Incluído pela Lei
III – trabalhadores em educação, portadores de diplo- nº 12.796, de 2013)
ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou § 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer
afim. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos cursos de graduação para formação de docentes, ouvido
de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, o Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei
atestados por titulação específica ou prática de ensino em nº 12.796, de 2013)
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das § 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
corporações privadas em que tenham atuado, exclusiva- § 8o Os currículos dos cursos de formação de docen-
mente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluí- tes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular.
do pela lei nº 13.415, de 2017) (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei nº 13.415,
V - profissionais graduados que tenham feito comple- de 2017)
mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se re-
Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) fere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de
Parágrafo único. A formação dos profissionais da edu- conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou superior,
cação, de modo a atender às especificidades do exercício incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº
de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes 12.796, de 2013)
etapas e modalidades da educação básica, terá como fun- Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada
damentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) para os profissionais a que se refere o  caput, no local de
I – a presença de sólida formação básica, que propicie trabalho ou em instituições de educação básica e superior,
o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de incluindo cursos de educação profissional, cursos superio-
suas competências de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.014, res de graduação plena ou tecnológicos e de pós-gradua-
de 2009) ção. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
II – a associação entre teorias e práticas, mediante es- Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
tágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído de educação básica a cursos superiores de pedagogia e
pela Lei nº 12.014, de 2009) licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
III – o aproveitamento da formação e experiências an- diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
teriores, em instituições de ensino e em outras atividades. § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009) no  caput  deste artigo os professores das redes públicas
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educa- municipais, estaduais e federal que ingressaram por con-
ção básica far-se-á em nível superior, em curso de licen- curso público, tenham pelo menos três anos de exercício
ciatura plena, admitida, como formação mínima para o da profissão e não sejam portadores de diploma de gra-
exercício do magistério na educação infantil e nos cinco duação. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em ní- § 2o As instituições de ensino responsáveis pela ofer-
vel médio, na modalidade normal. (Redação dada pela lei ta de cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão
nº 13.415, de 2017) critérios adicionais de seleção sempre que acorrerem aos
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu- certames interessados em número superior ao de vagas
nicípios, em regime de colaboração, deverão promover a disponíveis para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº
formação inicial, a continuada e a capacitação dos profis- 13.478, de 2017)
sionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009). § 3o Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem de-
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos pro- finidos em regulamento pelas universidades, terão priori-
fissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecno- dade de ingresso os professores que optarem por cursos
logias de educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de licenciatura em matemática, física, química, biologia e
de 2009). língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)

19
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: TÍTULO VII


(Regulamento) Dos Recursos financeiros
I - cursos formadores de profissionais para a educa-
ção básica, inclusive o curso normal superior, destinado à Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação
formação de docentes para a educação infantil e para as os originários de:
primeiras séries do ensino fundamental; I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
II - programas de formação pedagógica para porta- Distrito Federal e dos Municípios;
dores de diplomas de educação superior que queiram se II - receita de transferências constitucionais e outras
dedicar à educação básica; transferências;
III - programas de educação continuada para os profis- III - receita do salário-educação e de outras contribui-
sionais de educação dos diversos níveis. ções sociais;
Art. 64. A formação de profissionais de educação para IV - receita de incentivos fiscais;
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orien- V - outros recursos previstos em lei.
tação educacional para a educação básica, será feita em Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Consti-
nesta formação, a base comum nacional. tuições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos,
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação compreendidas as transferências constitucionais, na manu-
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas tenção e desenvolvimento do ensino público.
horas. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Es-
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritaria- tados aos respectivos Municípios, não será considerada, para efeito
mente em programas de mestrado e doutorado. do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni- § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impos-
tos mencionadas neste artigo as operações de crédito por an-
versidade com curso de doutorado em área afim, poderá
tecipação de receita orçamentária de impostos.
suprir a exigência de título acadêmico.
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza-
mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes, in-
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
clusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira
caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
do magistério público:
com base no eventual excesso de arrecadação.
I - ingresso exclusivamente por concurso público de
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e
provas e títulos; as efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e cor-
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; rigidas a cada trimestre do exercício financeiro.
III - piso salarial profissional; § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habi- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
litação, e na avaliação do desempenho; ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
V - período reservado a estudos, planejamento e ava- observados os seguintes prazos:
liação, incluído na carga de trabalho; I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de
VI - condições adequadas de trabalho. cada mês, até o vigésimo dia;
§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exer- II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
cício profissional de quaisquer outras funções de magis- dia de cada mês, até o trigésimo dia;
tério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao fi-
(Renumerado pela Lei nº 11.301, de 2006) nal de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
no  § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são conside- monetária e à responsabilização civil e criminal das autorida-
radas funções de magistério as exercidas por professores des competentes.
e especialistas em educação no desempenho de ativida- Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e de-
des educativas, quando exercidas em estabelecimento de senvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, consecução dos objetivos básicos das instituições educacio-
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de nais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pe- I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
dagógico. (Incluído pela Lei nº 11.301, de 2006) demais profissionais da educação;
§ 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de con- instalações e equipamentos necessários ao ensino;
cursos públicos para provimento de cargos dos profissio- III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino;
nais da educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas vi-
sando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
expansão do ensino;

20
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

V - realização de atividades-meio necessárias ao funcio- § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exer-
namento dos sistemas de ensino; cida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsa-
públicas e privadas; bilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art. 11
VII - amortização e custeio de operações de crédito desti- desta Lei, em número inferior à sua capacidade de atendimento.
nadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
VIII - aquisição de material didático-escolar e manuten- anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos Es-
ção de programas de transporte escolar. tados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, sem
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e de- prejuízo de outras prescrições legais.
senvolvimento do ensino aquelas realizadas com: Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de en- públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, con-
sino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que fessionais ou filantrópicas que:
não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam
ou à sua expansão; resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de cará- de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
ter assistencial, desportivo ou cultural; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação;
III - formação de quadros especiais para a administração III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder
IV - programas suplementares de alimentação, assistên- Público, no caso de encerramento de suas atividades;
cia médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.
formas de assistência social; § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser des-
V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para be- tinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma
neficiar direta ou indiretamente a rede escolar; da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educa- quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pú-
ção, quando em desvio de função ou em atividade alheia à blica de domicílio do educando, ficando o Poder Público obri-
manutenção e desenvolvimento do ensino. gado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local.
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desen- § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
volvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos ba- poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
lanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se mediante bolsas de estudo.
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritaria- TÍTULO VIII
mente, na prestação de contas de recursos públicos, o cum- Das Disposições Gerais
primento do disposto no art. 212 da Constituição Federal,
no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitó- Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
rias e na legislação concernente. das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Dis- índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pes-
trito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de quisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, ba- aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
seado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de asse- I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
gurar ensino de qualidade. recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o aces-
para o ano subsequente, considerando variações regionais no so às informações, conhecimentos técnicos e científicos da so-
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. ciedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sis-
será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades temas de ensino no provimento da educação intercultural às
de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. comunidades indígenas, desenvolvendo programas integra-
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fór- dos de ensino e pesquisa.
mula de domínio público que inclua a capacidade de atendi- § 1º Os programas serão planejados com audiência das
mento e a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do comunidades indígenas.
Distrito Federal ou do Município em favor da manutenção e § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
do desenvolvimento do ensino. Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
definida pela razão entre os recursos de uso constitucionalmen- de cada comunidade indígena;
te obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o II - manter programas de formação de pessoal especializa-
custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. do, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas;
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, III - desenvolver currículos e programas específicos, neles
a União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respecti-
estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos vas comunidades;
que efetivamente frequentam a escola.

21
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático Art. 86. As instituições de educação superior constituídas
específico e diferenciado. como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição
§ 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e
outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se Tecnologia, nos termos da legislação específica.
-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de
ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à TÍTULO IX
pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (Incluído Das Disposições Transitórias
pela Lei nº 12.416, de 2011)
Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de  Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
9.1.2003) ano a partir da publicação desta Lei.
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novem- § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
bro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. (Incluído pela desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Na-
Lei nº 10.639, de 9.1.2003) cional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Edu-
a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os cação para Todos.
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 2º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013)
(Regulamento) (Regulamento) § 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, suple-
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e tivamente, a União, devem: (Redação dada pela Lei nº 11.330,
regime especiais, será oferecida por instituições especifica- de 2006)
mente credenciadas pela União. I - (revogado); (Redação dada pela lei nº 12.796, de 2013)
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização a) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
de exames e registro de diploma relativos a cursos de educa- b) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
ção a distância. c) (Revogado) (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e
programas de educação a distância e a autorização para sua
adultos insuficientemente escolarizados;
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,
III - realizar programas de capacitação para todos os pro-
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes
fessores em exercício, utilizando também, para isto, os recur-
sistemas. (Regulamento)
sos da educação a distância;
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferen-
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino funda-
ciado, que incluirá:
mental do seu território ao sistema nacional de avaliação do
I - custos de transmissão reduzidos em canais comer-
ciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros rendimento escolar.
meios de comunicação que sejam explorados mediante auto- § 4º (Revogado). (Redação dada pela lei nº 12.796, de
rização, concessão ou permissão do poder público; (Redação 2013)
dada pela Lei nº 12.603, de 2012) § 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino
educativas; fundamental para o regime de escolas de tempo integral.
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Pú- § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao Dis-
blico, pelos concessionários de canais comerciais. trito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou institui- seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art.
ções de ensino experimentais, desde que obedecidas as dis- 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
posições desta Lei. pelos governos beneficiados.
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela lei nº 12.796, de 2013)
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
sobre a matéria. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008) nicípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às
 Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da
11.788, de 2008) data de sua publicação. (Regulamento) (Regulamento)
Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, ad- § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos
mitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respec-
fixadas pelos sistemas de ensino. tivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser § 2º O prazo para que as universidades cumpram o dis-
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respec- posto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
tivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
com seu rendimento e seu plano de estudos. a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da pu-
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação pró- blicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino.
pria poderá exigir a abertura de concurso público de provas e Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
títulos para cargo de docente de instituição pública de ensi- anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Con-
no que estiver sendo ocupado por professor não concursado, selho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pe- pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
los arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposi- autonomia universitária.
ções Constitucionais Transitórias. Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

22
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de Parágrafo único.  O poder público buscará ampliar o es-
20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de copo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro informação detalhada sobre o perfil das populações de 4
de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência.
nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro Art. 5o  A execução do PNE e o cumprimento de suas me-
de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e tas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
quaisquer outras disposições em contrário. periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência I - Ministério da Educação - MEC;
e 108º da República. II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
Paulo Renato Souza III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.1996 IV - Fórum Nacional de Educação.
§ 1o  Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das avalia-
ções nos respectivos sítios institucionais da internet;
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014 II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a
(PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PNE). implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
III - analisar e propor a revisão do percentual de investi-
mento público em educação.
§ 2o  A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-
cacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para aferir a
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras evolução  no cumprimento das metas estabelecidas no Anexo
providências. desta Lei, com informações organizadas por ente federado e
consolidadas em âmbito nacional, tendo como referência os
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- estudos e as pesquisas de que trata o art. 4o, sem prejuízo de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: outras fontes e informações relevantes.
Art. 1o  É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, § 3o  A meta progressiva do investimento público em
com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e
Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do dis- poderá ser ampliada por meio de lei para atender às necessi-
posto no art. 214 da Constituição Federal. dades financeiras do cumprimento das demais metas.
Art. 2o  São diretrizes do PNE: § 4o  O investimento público em educação a que se refe-
I - erradicação do analfabetismo; rem o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta
II - universalização do atendimento escolar; 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma
III - superação das desigualdades educacionais, com ên- do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das
fase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as Disposições Constitucionais Transitórias, bem como os recur-
formas de discriminação; sos aplicados nos programas de expansão da educação pro-
IV - melhoria da qualidade da educação; fissional e superior, inclusive na forma de incentivo e isenção
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com fiscal, as bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior,
ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a os subsídios concedidos em programas de financiamento es-
sociedade; tudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de edu-
VI - promoção do princípio da gestão democrática da cação especial na forma do art. 213 da Constituição Federal.
educação pública; § 5o  Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnoló- do ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos
gica do País; do art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da
públicos em educação como proporção do Produto Interno compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás
Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de ex- natural, na forma de lei específica, com a finalidade de asse-
pansão, com padrão de qualidade e equidade; gurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. 214
IX - valorização dos (as) profissionais da educação; da Constituição Federal.
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos hu- Art. 6o  A União promoverá a realização de pelo menos
manos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. 2 (duas) conferências nacionais de educação até o final do
Art. 3o  As metas previstas no Anexo desta Lei serão cum- decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e
pridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional
prazo inferior definido para metas e estratégias específicas. de Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério
Art. 4o  As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter da Educação.
como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domi- § 1o  O Fórum Nacional de Educação, além da atribui-
cílios - PNAD, o censo demográfico e os censos  nacionais da ção referida no caput:
educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento
data da publicação desta Lei. de suas metas;

23
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

II - promoverá a articulação das conferências nacionais de § 2o  Os processos de elaboração e adequação dos planos
educação com as conferências regionais, estaduais e munici- de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pais que as precederem. pios, de que trata o caput deste artigo, serão realizados com
§ 2o  As conferências nacionais de educação realizar-se-ão ampla participação de representantes da comunidade educa-
com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o obje- cional e da sociedade civil.
tivo de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a elaboração Art. 9o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de-
do plano nacional de educação para o decênio subsequente. verão aprovar leis específicas para os seus sistemas de ensino,
Art. 7o  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- disciplinando a gestão democrática da educação pública nos
cípios atuarão em regime de colaboração, visando ao alcance respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2 (dois) anos
das metas e à implementação das estratégias objeto deste contado da publicação desta Lei, adequando, quando for o
Plano. caso, a legislação local já adotada com essa finalidade.
§ 1o  Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais Art. 10.  O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
e do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Fede-
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE. ral e dos Municípios serão formulados de maneira a assegurar
§ 2o  As estratégias definidas no Anexo desta Lei não eli- a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as
dem a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de diretrizes, metas e estratégias deste PNE e com os respectivos
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução.
entes federados, podendo ser complementadas por mecanis- Art. 11.  O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
mos nacionais e locais de coordenação e colaboração recí- Básica, coordenado pela União, em colaboração com os Esta-
proca. dos, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte de in-
§ 3o  Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Fede- formação para a avaliação da qualidade da educação básica e
ral e dos Municípios criarão mecanismos para o acompanha- para a orientação das políticas públicas desse nível de ensino.
mento local da consecução das metas deste PNE e dos planos § 1o  O sistema de avaliação a que se refere o caput pro-
previstos no art. 8o. duzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
§ 4o  Haverá regime de colaboração específico para a im- I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao de-
plementação de modalidades de educação escolar que ne- sempenho dos (as) estudantes apurado em exames nacionais
cessitem considerar territórios étnico-educacionais e a utili- de avaliação, com participação de pelo menos 80% (oitenta
zação de estratégias que levem em conta as identidades e por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar periodi-
especificidades socioculturais e linguísticas de cada comuni- camente avaliado em cada escola, e aos dados pertinentes
dade envolvida, assegurada a consulta prévia e informada a apurados pelo censo escolar da educação básica;
essa comunidade. II - indicadores de avaliação institucional, relativos a ca-
§ 5o  Será criada uma instância permanente de negocia- racterísticas como o perfil do alunado e do corpo dos (as)
ção e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal profissionais da educação, as relações entre dimensão do cor-
e os Municípios. po docente, do corpo técnico e do corpo discente, a infraes-
§ 6o  O fortalecimento do regime de colaboração entre os trutura das escolas, os recursos pedagógicos disponíveis e os
Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de ins- processos da gestão, entre outras relevantes.
tâncias permanentes de negociação, cooperação e pactuação § 2o  A elaboração e a divulgação de índices para ava-
em cada Estado. liação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da
§ 7o  O fortalecimento do regime de colaboração entre os Educação Básica - IDEB, que agreguem os indicadores men-
Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos cionados no inciso I do § 1o não elidem a obrigatoriedade de
de desenvolvimento da educação. divulgação, em separado, de cada um deles.
Art. 8o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de- § 3o  Os indicadores mencionados no § 1o serão estimados
verão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade
adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com da Federação e em nível agregado nacional, sendo ampla-
as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo mente divulgados, ressalvada a publicação de resultados in-
de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei. dividuais e indicadores por turma, que fica admitida exclusi-
§ 1o  Os entes federados estabelecerão nos respectivos vamente para a comunidade do respectivo estabelecimento e
planos de educação estratégias que: para o órgão gestor da respectiva rede.
I - assegurem a articulação das políticas educacionais § 4o  Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e
com as demais políticas sociais, particularmente as culturais; dos indicadores referidos no § 1o.
II - considerem as necessidades específicas das popula- § 5o  A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em
ções do campo e das comunidades indígenas e quilombolas, exames, referida no inciso I do § 1o, poderá ser diretamente
asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural; realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pe-
III - garantam o atendimento das necessidades específi- los Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas
cas na educação especial, assegurado o sistema educacional de ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas
inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades; próprios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a
IV - promovam a articulação interfederativa na imple- compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o nacio-
mentação das políticas educacionais. nal, especialmente no que se refere às escalas de proficiência
e ao calendário de aplicação.

24
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Art. 12.  Até o final do primeiro semestre do nono ano de 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao Con- certificadas como entidades beneficentes de assistência so-
gresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste Poder, cial na área de educação com a expansão da oferta na rede
o projeto de lei referente ao Plano Nacional de Educação a escolar pública;
vigorar no período subsequente, que incluirá diagnóstico, di- 1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
retrizes, metas e estratégias para o próximo decênio. profissionais da educação infantil, garantindo, progressiva-
Art. 13.  O poder público deverá instituir, em lei específi- mente, o atendimento por profissionais com formação supe-
ca, contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema rior;
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetiva- de pesquisa e cursos de formação para profissionais da edu-
ção das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de cação, de modo a garantir a elaboração de currículos e pro-
Educação. postas pedagógicas que incorporem os avanços de pesqui-
Art. 14.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. sas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias
Brasília,  25  de  junho de 2014; 193o da Independência e educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5
126o da República. (cinco) anos;
DILMA ROUSSEFF 1.10) fomentar o atendimento das populações do cam-
Guido Mantega po e das comunidades indígenas e quilombolas na educação
José Henrique Paim Fernandes infantil nas respectivas comunidades, por meio do redimen-
Miriam Belchior sionamento da distribuição territorial da oferta, limitando a
Este texto não substitui o publicado no DOU de nucleação de escolas e o deslocamento de crianças, de forma
26.6.2014 - Edição extra  a atender às especificidades dessas comunidades, garantido
consulta prévia e informada;
ANEXO 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar
METAS E ESTRATÉGIAS  a oferta do atendimento educacional especializado comple-
mentar e suplementar aos (às) alunos (as) com deficiência,
Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade
ou superdotação, assegurando a educação bilíngue para
e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma
crianças surdas e a transversalidade da educação especial
a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças
nessa etapa da educação básica;
de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
1.12) implementar, em caráter complementar, programas
de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das
Estratégias:
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expan- desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de
são das respectivas redes públicas de educação infantil se- idade;
gundo padrão nacional de qualidade, considerando as pecu- 1.13) preservar as especificidades da educação infantil na
liaridades locais; organização das redes escolares, garantindo o atendimento
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja in- da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos
ferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de fre- que atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a arti-
quência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos culação com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do
oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo; 1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, do acesso e da permanência das crianças na educação infantil,
levantamento da demanda por creche para a população de em especial dos beneficiários de programas de transferência
até 3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o de renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos
atendimento da demanda manifesta; públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, nor- 1.15) promover a busca ativa de crianças em idade corres-
mas, procedimentos e prazos para definição de mecanismos pondente à educação infantil, em parceria com órgãos públi-
de consulta pública da demanda das famílias por creches; cos de assistência social, saúde e proteção à infância, preser-
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e res- vando o direito de opção da família em relação às crianças de
peitadas as normas de acessibilidade, programa nacional de até 3 (três) anos;
construção e reestruturação de escolas, bem como de aqui- 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colabora-
sição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da ção da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada
rede física de escolas públicas de educação infantil; ano, levantamento da demanda manifesta por educação in-
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE, fantil em creches e pré-escolas, como forma de planejar e ve-
avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) rificar o atendimento;
anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo
de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condi- integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos,
ções de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de aces- conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais
sibilidade, entre outros indicadores relevantes; para a Educação Infantil.

25
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) 2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo
anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive me-
e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) diante certames e concursos nacionais;
dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até 2.13) promover atividades de desenvolvimento e estí-
o último ano de vigência deste PNE. mulo a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um
plano de disseminação do desporto educacional e de desen-
Estratégias: volvimento esportivo nacional.
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e colabo-
ração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, de- Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar
verá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência deste PNE, para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos
elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de Educação, e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa
precedida de consulta pública nacional, proposta de direitos líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e
e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os (as) cinco por cento).
alunos (as) do ensino fundamental;
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu- Estratégias:
nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objeti- ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com
vos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
base nacional comum curricular do ensino fundamental; teoria e prática, por meio de currículos escolares que organi-
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento indivi- zem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios
dualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho,
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento linguagens, tecnologia, cultura e esporte, garantindo-se a aqui-
do acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos sição de equipamentos e laboratórios, a produção de material
beneficiários de programas de transferência de renda, bem didático específico, a formação continuada de professores e a
como das situações de discriminação, preconceitos e vio- articulação com instituições acadêmicas, esportivas e culturais;
lências na escola, visando ao estabelecimento de condições 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e colabora-
adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em ção com os entes federados e ouvida a sociedade mediante
colaboração com as famílias e com órgãos públicos de as- consulta pública nacional, elaborará e encaminhará ao Con-
sistência social, saúde e proteção à infância, adolescência e selho Nacional de Educação - CNE, até o 2o (segundo) ano
juventude; de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assis- ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de or-
tência social, saúde e proteção à infância, adolescência e ju- ganização deste nível de ensino, com vistas a garantir forma-
ventude; ção básica comum;
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combi- 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nem, de maneira articulada, a organização do tempo e das nicípios, no âmbito da instância permanente de que trata o §
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, 5o do art. 7o desta Lei, a implantação dos direitos e objeti-
considerando as especificidades da educação especial, das vos de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilom- base nacional comum curricular do ensino médio;
bolas; 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a or- forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
ganização flexível do trabalho pedagógico, incluindo ade- integrada ao currículo escolar;
quação do calendário escolar de acordo com a realidade lo- 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
cal, a identidade cultural e as condições climáticas da região; fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
2.8) promover a relação das escolas com instituições e individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar de-
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de fasado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) turno complementar, estudos de recuperação e progressão
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que parcial, de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira
as escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; compatível com sua idade;
2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
no acompanhamento das atividades escolares dos filhos por ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
meio do estreitamento das relações entre as escolas e as fa- curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e psico-
mílias; métricas que permitam comparabilidade de resultados, arti-
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em espe- culando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
cial dos anos iniciais, para as populações do campo, indíge- Básica - SAEB, e promover sua utilização como instrumento
nas e quilombolas, nas próprias comunidades; de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas públicas para
2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino a educação básica, de avaliação certificadora, possibilitando
fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e aferição de conhecimentos e habilidades adquiridos dentro e
filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter fora da escola, e de avaliação classificatória, como critério de
itinerante; acesso à educação superior;

26
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de en- 4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a univer-
sino médio integrado à educação profissional, observando-se salização do atendimento escolar à demanda manifesta pelas
as peculiaridades das populações do campo, das comunida- famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com deficiência,
des indígenas e quilombolas e das pessoas com deficiência; transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o mo- ou superdotação, observado o que dispõe a Lei no 9.394, de
nitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases
beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no da educação nacional;
ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos
e à interação com o coletivo, bem como das situações de dis- multifuncionais e fomentar a formação continuada de pro-
criminação, preconceitos e violências, práticas irregulares de fessores e professoras para o atendimento educacional es-
exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez precoce, pecializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de
em colaboração com as famílias e com órgãos públicos de as- comunidades quilombolas;
sistência social, saúde e proteção à adolescência e juventude; 4.4) garantir atendimento educacional especializado em
3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou servi-
a 17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os ços especializados, públicos ou conveniados, nas formas
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescên- complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com
cia e à juventude; deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
3.10) fomentar programas de educação e de cultura para habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública
a população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de de educação básica, conforme necessidade identificada por
15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualifi- meio de avaliação, ouvidos a família e o aluno;
cação social e profissional para aqueles que estejam fora da 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de
escola e com defasagem no fluxo escolar; apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos tur- acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saú-
nos diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das de, assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o
escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a de- trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as)
manda, de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvol-
alunos (as); vimento e altas habilidades ou superdotação;
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensi- 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
no médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
itinerante; deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão moti- de transporte acessível e da disponibilização de material di-
vada por preconceito ou quaisquer formas de discriminação, dático próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegu-
criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão; rando, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cur- e modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as)
sos das áreas tecnológicas e científicas. com altas habilidades ou superdotação;
4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua
Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na moda-
(dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do de- lidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a
à educação básica e ao atendimento educacional especializa- 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues e em esco-
do, preferencialmente na rede regular de ensino, com a ga- las inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto no 5.626, de 22
rantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como a adoção
públicos ou conveniados. do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos;
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a ex-
Estratégias: clusão do ensino regular sob alegação de deficiência e pro-
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Ma- movida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o
nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valori- atendimento educacional especializado;
zação dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as matrículas 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
dos (as) estudantes da educação regular da rede pública que do acesso à escola e ao atendimento educacional especializa-
recebam atendimento educacional especializado comple- do, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar
mentar e suplementar, sem prejuízo do cômputo dessas ma- dos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
trículas na educação básica regular, e as matrículas efetivadas, desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação bene-
conforme o censo escolar mais atualizado, na educação es- ficiários (as) de programas de transferência de renda, junta-
pecial oferecida em instituições comunitárias, confessionais mente com o combate às situações de discriminação, precon-
ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder ceito e violência, com vistas ao estabelecimento de condições
público e com atuação exclusiva na modalidade, nos termos adequadas para o sucesso educacional, em colaboração com
da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saú-
de e proteção à infância, à adolescência e à juventude;

27
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvi- 4.19) promover parcerias com instituições comunitárias,
mento de metodologias, materiais didáticos, equipamentos confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas
e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à promoção do com o poder público, a fim de favorecer a participação das
ensino e da aprendizagem, bem como das condições de aces- famílias e da sociedade na construção do sistema educacional
sibilidade dos (as) estudantes com deficiência, transtornos glo- inclusivo.
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas inter- Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o
disciplinares para subsidiar a formulação de políticas públicas final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental.
intersetoriais que atendam as especificidades educacionais de
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvol- Estratégias:
vimento e altas habilidades ou superdotação que requeiram 5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetiza-
medidas de atendimento especializado; ção, nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os
4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualifi-
políticas públicas de saúde, assistência social e direitos huma- cação e valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e
nos, em parceria com as famílias, com o fim de desenvolver com apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabe-
modelos de atendimento voltados à continuidade do atendi- tização plena de todas as crianças;
mento escolar, na educação de jovens e adultos, das pessoas 5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional periódi-
com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento cos e específicos para aferir a alfabetização das crianças, apli-
com idade superior à faixa etária de escolarização obrigatória, cados a cada ano, bem como estimular os sistemas de ensino
de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida; e as escolas a criarem os respectivos instrumentos de avalia-
4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da ção e monitoramento, implementando medidas pedagógicas
educação para atender à demanda do processo de escolarização para alfabetizar todos os alunos e alunas até o final do terceiro
dos (das) estudantes com deficiência, transtornos globais do de- ano do ensino fundamental;
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias educa-
cionais para a alfabetização de crianças, assegurada a diver-
a oferta de professores (as) do atendimento educacional espe-
sidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o
cializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores (as) e in-
acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
térpretes de Libras, guias-intérpretes para surdos-cegos, profes-
que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferen-
sores de Libras, prioritariamente surdos, e professores bilíngues;
cialmente, como recursos educacionais abertos;
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, indi-
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias educa-
cadores de qualidade e política de avaliação e supervisão para
cionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem
o funcionamento de instituições públicas e privadas que pres- a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a
tam atendimento a alunos com deficiência, transtornos glo- aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; abordagens metodológicas e sua efetividade;
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, indí-
nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, genas, quilombolas e de populações itinerantes, com a pro-
a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas dução de materiais didáticos específicos, e desenvolver ins-
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas trumentos de acompanhamento que considerem o uso da
habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos; língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos cultural das comunidades quilombolas;
demais cursos de formação para profissionais da educação, 5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada
inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o
no caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de en- pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre pro-
sino-aprendizagem relacionados ao atendimento educacional gramas de pós-graduação stricto sensu e ações de formação
de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- continuada de professores (as) para a alfabetização;
mento e altas habilidades ou superdotação; 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência,
4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetiza-
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas ção bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de ter-
com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio minalidade temporal.
ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no
superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de
4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento)
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas dos (as) alunos (as) da educação básica.
com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação
continuada e a produção de material didático acessível, assim Estratégias:
como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno aces- 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educa-
so, participação e aprendizagem dos estudantes com deficiên- ção básica pública em tempo integral, por meio de atividades
cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilida- de acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclu-
des ou superdotação matriculados na rede pública de ensino; sive culturais e esportivas, de forma que o tempo de perma-

28
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

nência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabi- Estratégias:
lidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias 7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação inter-
durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da federativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a
jornada de professores em uma única escola; base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para
construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliá- cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diver-
rio adequado para atendimento em tempo integral, prioritaria- sidade regional, estadual e local;
mente em comunidades pobres ou com crianças em situação 7.2) assegurar que:
de vulnerabilidade social; a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70%
6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamen-
programa nacional de ampliação e reestruturação das esco- tal e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de
las públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas, aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendi-
laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
zagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cin-
culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banhei-
quenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
ros e outros equipamentos, bem como da produção de mate-
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) es-
rial didático e da formação de recursos humanos para a edu-
cação em tempo integral; tudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos di-
espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamen- reitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de seu
tos públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível
parques, museus, teatros, cinemas e planetários; desejável;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação 7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados,
da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de
rede pública de educação básica por parte das entidades pri- indicadores de avaliação institucional com base no perfil do
vadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma alunado e do corpo de profissionais da educação, nas condi-
concomitante e em articulação com a rede pública de ensino; ções de infraestrutura das escolas, nos recursos pedagógicos
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. disponíveis, nas características da gestão e em outras dimen-
13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades sões relevantes, considerando as especificidades das modali-
de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da dades de ensino;
rede pública de educação básica, de forma concomitante e em 7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das es-
articulação com a rede pública de ensino; colas de educação básica, por meio da constituição de ins-
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indí- trumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem
genas e quilombolas na oferta de educação em tempo inte- fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento
gral, com base em consulta prévia e informada, considerando- estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a
se as peculiaridades locais; formação continuada dos (as) profissionais da educação e o
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas aprimoramento da gestão democrática;
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e al- 7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas
tas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas
a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional para a educação básica pública e às estratégias de apoio téc-
especializado complementar e suplementar ofertado em salas nico e financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à
de recursos multifuncionais da própria escola ou em institui-
formação de professores e professoras e profissionais de ser-
ções especializadas;
viços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento de
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanên-
recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da infraestru-
cia dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada
para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades re- tura física da rede escolar;
creativas, esportivas e culturais. 7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira
à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos
Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em to- conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando sis-
das as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e temas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional;
da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias na- 7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de avalia-
cionais para o Ideb: ção da qualidade do ensino fundamental e médio, de forma a
englobar o ensino de ciências nos exames aplicados nos anos
finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame Nacional
IDEB 2015 2017 2019 2021
do Ensino Médio, assegurada a sua universalização, ao sistema
Anos iniciais do 5,2 5,5 5,7 6,0 de avaliação da educação básica, bem como apoiar o uso dos
ensino fundamental resultados das avaliações nacionais pelas escolas e redes de
Anos finais do 4,7 5,0 5,2 5,5 ensino para a melhoria de seus processos e práticas pedagó-
ensino fundamental gicas;
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2 qualidade da educação especial, bem como da qualidade da
educação bilíngue para surdos;

29
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de atendi-
de forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a mento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação bá-
diferença entre as escolas com os menores índices e a média sica, por meio de programas suplementares de material di-
nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzin- dático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
do pela metade, até o último ano de vigência deste PNE, as 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação
diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive básica o acesso a energia elétrica, abastecimento de água
do Distrito Federal, e dos Municípios; tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sóli-
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os re- dos, garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática
sultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional esportiva, a bens culturais e artísticos e a equipamentos e
de avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às es- laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir a
colas, às redes públicas de educação básica e aos sistemas acessibilidade às pessoas com deficiência;
de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 7.19) institucionalizar e manter, em regime de colabo-
Municípios, assegurando a contextualização desses resulta- ração, programa nacional de reestruturação e aquisição de
dos, com relação a indicadores sociais relevantes, como os equipamentos para escolas públicas, visando à equalização
de nível socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a regional das oportunidades educacionais;
transparência e o acesso público às informações técnicas de 7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos di-
concepção e operação do sistema de avaliação; gitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação todas as escolas públicas da educação básica, criando, inclu-
básica nas avaliações da aprendizagem no Programa Inter- sive, mecanismos para implementação das condições neces-
nacional de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como sárias para a universalização das bibliotecas nas instituições
instrumento externo de referência, internacionalmente reco- educacionais, com acesso a redes digitais de computadores,
nhecido, de acordo com as seguintes projeções: inclusive a internet;
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois)
PISA 2015 2018 2021
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros mínimos
Média dos resultados em 438 455 473 de qualidade dos serviços da educação básica, a serem uti-
matemática, leitura e ciências lizados como referência para infraestrutura das escolas, re-
cursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem
7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e como instrumento para adoção de medidas para a melhoria
divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o da qualidade do ensino;
ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pe- 7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas
dagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo esco- públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Dis-
lar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de métodos e trito Federal e dos Municípios, bem como manter programa
propostas pedagógicas, com preferência para softwares livres e nacional de formação inicial e continuada para o pessoal téc-
recursos educacionais abertos, bem como o acompanhamento nico das secretarias de educação;
dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas; 7.23) garantir políticas de combate à violência na escola,
7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as) inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à ca-
estudantes da educação do campo na faixa etária da educa- pacitação de educadores para detecção dos sinais de suas
ção escolar obrigatória, mediante renovação e padronização causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a
integral da frota de veículos, de acordo com especificações adoção das providências adequadas para promover a cons-
definidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e trução da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de
Tecnologia - INMETRO, e financiamento compartilhado, com segurança para a comunidade;
participação da União proporcional às necessidades dos en- 7.24) implementar políticas de inclusão e permanência
tes federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo na escola para adolescentes e jovens que se encontram em
médio de deslocamento a partir de cada situação local; regime de liberdade assistida e em situação de rua, assegu-
7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de rando os princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
atendimento escolar para a população do campo que consi- - Estatuto da Criança e do Adolescente;
derem as especificidades locais e as boas práticas nacionais 7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre
e internacionais; a história e as culturas afro-brasileira e indígenas e imple-
7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste mentar ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639,
PNE, o acesso à rede mundial de computadores em banda de 9 de janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008,
larga de alta velocidade e triplicar, até o final da década, a assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes
relação computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com
educação básica, promovendo a utilização pedagógica das fóruns de educação para a diversidade étnico-racial, conse-
tecnologias da informação e da comunicação; lhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil;
7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar 7.26) consolidar a educação escolar no campo de po-
mediante transferência direta de recursos financeiros à es- pulações tradicionais, de populações itinerantes e de comu-
cola, garantindo a participação da comunidade escolar no nidades indígenas e quilombolas, respeitando a articulação
planejamento e na aplicação dos recursos, visando à am- entre os ambientes escolares e comunitários e garantindo:
pliação da transparência e ao efetivo desenvolvimento da o desenvolvimento sustentável e preservação da identidade
gestão democrática; cultural; a participação da comunidade na definição do mo-

30
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

delo de organização pedagógica e de gestão das instituições, Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18
consideradas as práticas socioculturais e as formas particula- (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no
res de organização do tempo; a oferta bilíngue na educação mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigên-
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, em língua cia deste Plano, para as populações do campo, da região de
materna das comunidades indígenas e em língua portuguesa; menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cen-
a reestruturação e a aquisição de equipamentos; a oferta de to) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros
programa para a formação inicial e continuada de profissio- e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de
nais da educação; e o atendimento em educação especial; Geografia e Estatística - IBGE.
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas es-
pecíficas para educação escolar para as escolas do campo e Estratégias:
para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os 8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comuni- para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico
dades e considerando o fortalecimento das práticas socio-
individualizado e para recuperação e progressão parcial, bem
culturais e da língua materna de cada comunidade indígena,
como priorizar estudantes com rendimento escolar defasado,
produzindo e disponibilizando materiais didáticos específicos,
considerando as especificidades dos segmentos populacio-
inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência;
7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil, nais considerados;
articulando a educação formal com experiências de educa- 8.2) implementar programas de educação de jovens e
ção popular e cidadã, com os propósitos de que a educação adultos para os segmentos populacionais considerados, que
seja assumida como responsabilidade de todos e de ampliar estejam fora da escola e com defasagem idade-série, asso-
o controle social sobre o cumprimento das políticas públicas ciados a outras estratégias que garantam a continuidade da
educacionais; escolarização, após a alfabetização inicial;
7.29) promover a articulação dos programas da área da 8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da
educação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas, conclusão dos ensinos fundamental e médio;
como saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e 8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional
cultura, possibilitando a criação de rede de apoio integral às técnica por parte das entidades privadas de serviço social e de
famílias, como condição para a melhoria da qualidade edu- formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de for-
cacional; ma concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública,
7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos para os segmentos populacionais considerados;
responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o atendi- 8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e as-
mento aos (às) estudantes da rede escolar pública de edu- sistência social, o acompanhamento e o monitoramento do
cação básica por meio de ações de prevenção, promoção e acesso à escola específicos para os segmentos populacionais
atenção à saúde; considerados, identificar motivos de absenteísmo e colabo-
7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas rar com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a
para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a
e à integridade física, mental e emocional dos (das) profissio- estimular a ampliação do atendimento desses (as) estudantes
nais da educação, como condição para a melhoria da quali- na rede pública regular de ensino;
dade educacional; 8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola per-
7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da tencentes aos segmentos populacionais considerados, em
União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção
sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com par-
à juventude.
ticipação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
fornecimento das informações às escolas e à sociedade; Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com
7.33) promover, com especial ênfase, em consonância 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros
com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência
formação de leitores e leitoras e a capacitação de professo- deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em
res e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.
comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas Estratégias:
do desenvolvimento e da aprendizagem; 9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e
7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Municí- adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica
pios e o Distrito Federal, programa nacional de formação de na idade própria;
professores e professoras e de alunos e alunas para promover 9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino
e consolidar política de preservação da memória nacional; fundamental e médio incompletos, para identificar a deman-
7.35) promover a regulação da oferta da educação básica da ativa por vagas na educação de jovens e adultos;
pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o 9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e adul-
cumprimento da função social da educação; tos com garantia de continuidade da escolarização básica;
7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que me- 9.4) criar benefício adicional no programa nacional de
lhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o mé- transferência de renda para jovens e adultos que frequenta-
rito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar. rem cursos de alfabetização;

31
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime adultos com a educação profissional, em cursos planejados,
de colaboração entre entes federados e em parceria com or- de acordo com as características do público da educação
ganizações da sociedade civil; de jovens e adultos e considerando as especificidades das
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, populações itinerantes e do campo e das comunidades indí-
que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos genas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação
com mais de 15 (quinze) anos de idade; a distância;
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens
educação de jovens e adultos por meio de programas suple- e adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por
mentares de transporte, alimentação e saúde, inclusive aten- meio do acesso à educação de jovens e adultos articulada à
dimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, em educação profissional;
articulação com a área da saúde; 10.5) implantar programa nacional de reestruturação e
9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melho-
nas etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas priva- ria da rede física de escolas públicas que atuam na educação
das de liberdade em todos os estabelecimentos penais, asse- de jovens e adultos integrada à educação profissional, ga-
gurando-se formação específica dos professores e das pro- rantindo acessibilidade à pessoa com deficiência;
fessoras e implementação de diretrizes nacionais em regime 10.6) estimular a diversificação curricular da educação
de colaboração; de jovens e adultos, articulando a formação básica e a pre-
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores paração para o mundo do trabalho e estabelecendo inter
na educação de jovens e adultos que visem ao desenvolvi- -relações entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do tra-
mento de modelos adequados às necessidades específicas balho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a
desses (as) alunos (as); organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às
9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem características desses alunos e alunas;
os segmentos empregadores, públicos e privados, e os siste- 10.7) fomentar a produção de material didático, o de-
mas de ensino, para promover a compatibilização da jornada senvolvimento de currículos e metodologias específicas, os
de trabalho dos empregados e das empregadas com a oferta instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e labo-
das ações de alfabetização e de educação de jovens e adultos; ratórios e a formação continuada de docentes das redes pú-
9.11) implementar programas de capacitação tecnológica blicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada
da população jovem e adulta, direcionados para os segmen- à educação profissional;
tos com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) 10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e
alunos (as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à
a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnoló- educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e
gica, as universidades, as cooperativas e as associações, por com apoio de entidades privadas de formação profissional
meio de ações de extensão desenvolvidas em centros voca- vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem fins lucra-
cionais tecnológicos, com tecnologias assistivas que favore- tivos de atendimento à pessoa com deficiência, com atuação
çam a efetiva inclusão social e produtiva dessa população; exclusiva na modalidade;
9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos, 10.9) institucionalizar programa nacional de assistência
as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políti- ao estudante, compreendendo ações de assistência social,
cas de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias financeira e de apoio psicopedagógico que  contribuam
educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas, à para garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a
implementação de programas de valorização e compartilha- conclusão com êxito da educação de jovens e adultos arti-
mento dos conhecimentos e experiência dos idosos e à inclu- culada à educação profissional;
são dos temas do envelhecimento e da velhice nas escolas. 10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jo-
vens e adultos articulada à educação profissional, de modo
Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cen- a atender às pessoas privadas de liberdade nos estabele-
to) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos en- cimentos penais, assegurando-se formação específica dos
sinos fundamental e médio, na forma integrada à educação professores e das professoras e implementação de diretrizes
profissional. nacionais em regime de colaboração;
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de
Estratégias: saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem con-
10.1) manter programa nacional de educação de jovens e siderados na articulação curricular dos cursos de formação
adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à for- inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio.
mação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão da
educação básica;
10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada
de trabalhadores com a educação profissional, objetivando a
elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da traba-
lhadora;

32
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais
técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta no acesso e permanência na educação profissional técnica de
e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas afirma-
segmento público. tivas, na forma da lei;
11.14) estruturar sistema nacional de informação profis-
Estratégias: sional, articulando a oferta de formação das instituições es-
11.1) expandir as matrículas de educação profissional pecializadas em educação profissional aos dados do mercado
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação Pro- de trabalho e a consultas promovidas em entidades empresa-
fissional, Científica e Tecnológica, levando em consideração riais e de trabalhadores 
a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial,
sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação
locais e regionais, bem como a interiorização da educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para
profissional; 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação pro- 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e
fissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das
de ensino; novas matrículas, no segmento público.
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação pro-
fissional técnica de nível médio na modalidade de educação Estratégias:
a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e demo- 12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e
cratizar o acesso à educação profissional pública e gratuita, de recursos humanos das instituições públicas de educação
assegurado padrão de qualidade; superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de for-
11.4) estimular a expansão do estágio na educação pro- ma a ampliar e interiorizar o acesso à graduação;
fissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itine- interiorização da rede federal de educação superior, da Rede
rário formativo do aluno, visando à formação de qualifica- Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e
ções próprias da atividade profissional, à contextualização do sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a
curricular e ao desenvolvimento da juventude; densidade populacional, a oferta de vagas públicas em re-
11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimen- lação à população na idade de referência e observadas as
to de saberes para fins de certificação profissional em nível características regionais das micro e mesorregiões definidas
técnico; pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educa- IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;
ção profissional técnica de nível médio pelas entidades pri- 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
vadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindi- cursos de graduação presenciais nas universidades públicas
cal e entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço
com deficiência, com atuação exclusiva na modalidade; das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudan-
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à tes por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias
educação profissional técnica de nível médio oferecida em de aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que
instituições privadas de educação superior; valorizem a aquisição de competências de nível superior;
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade 12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e
da educação profissional técnica de nível médio das redes gratuita prioritariamente para a formação de professores e
escolares públicas e privadas; professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito ciências e matemática, bem como para atender ao défice de
integrado à formação profissional para as populações do profissionais em áreas específicas;
campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de 12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência es-
acordo com os seus interesses e necessidades; tudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições públicas,
11.10) expandir a oferta de educação profissional téc- bolsistas de instituições privadas de educação superior e be-
nica de nível médio para as pessoas com deficiência, trans- neficiários do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de
tornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação
superdotação; superior, de modo a reduzir as desigualdades étnico-raciais
11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média e ampliar as taxas de acesso e permanência na educação
dos cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Edu- superior de estudantes egressos da escola pública, afro-
cação Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (no- descendentes e indígenas e de estudantes com deficiência,
venta por cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
de alunos (as) por professor para 20 (vinte); ou superdotação, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico;
11.12) elevar gradualmente o investimento em progra- 12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do
mas de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei
acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fun-
permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos do garantidor do financiamento, de forma a dispensar pro-
técnicos de nível médio; gressivamente a exigência de fiador;

33
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total 12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios multi-
de créditos curriculares exigidos para a graduação em progra- funcionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas pela
mas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, política e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e ino-
prioritariamente, para áreas de grande pertinência social; vação.
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação
na educação superior; Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e am-
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos his- pliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente
toricamente desfavorecidos na educação superior, inclusive em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação su-
mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei; perior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total,
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas institui- no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores.
ções de educação superior, na forma da legislação;
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a ne- Estratégias:
cessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e 13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da
mundo do trabalho, considerando as necessidades econômi- Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de
cas, sociais e culturais do País; 14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, re-
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de incenti- gulação e supervisão;
vo à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de Desem-
e pós-graduação, em âmbito nacional e internacional, tendo penho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o quanti-
em vista o enriquecimento da formação de nível superior; tativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz respeito
12.13) expandir atendimento específico a populações do à aprendizagem resultante da graduação;
campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação 13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das ins-
a acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais tituições de educação superior, fortalecendo a participação
para atuação nessas populações; das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de forma- de instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a
ção de pessoal de nível superior, destacadamente a que se re- serem fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedica-
fere à formação nas áreas de ciências e matemática, conside-
ção do corpo docente;
rando as necessidades do desenvolvimento do País, a inova-
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de
ção tecnológica e a melhoria da qualidade da educação básica;
pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de instru-
12.15) institucionalizar programa de composição de acer-
mento próprio de avaliação aprovado pela Comissão Nacio-
vo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para os
nal de Avaliação da Educação Superior - CONAES, integran-
cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas
do-os às demandas e necessidades das redes de educação
com deficiência; 
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regio- básica, de modo a permitir aos graduandos a aquisição das
nais para acesso à educação superior como forma de superar qualificações necessárias a conduzir o processo pedagógico
exames vestibulares isolados; de seus futuros alunos (as), combinando formação geral e
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ocio- específica com a prática didática, além da educação para as
sas em cada período letivo na educação superior pública; relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades das
12.18) estimular a expansão e reestruturação das institui- pessoas com deficiência;
ções de educação superior estaduais e municipais cujo ensi- 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades,
no seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do direcionando sua atividade, de modo que realizem, efetiva-
Governo Federal, mediante termo de adesão a programa de mente, pesquisa institucionalizada, articulada a programas
reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua de pós-graduação stricto sensu;
contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de Es-
as necessidades dos sistemas de ensino dos entes mantene- tudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso
dores na oferta e qualidade da educação básica; de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM,
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e a fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação;
qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os procedi- 13.7) fomentar a formação de consórcios entre insti-
mentos adotados na área de avaliação, regulação e supervisão, tuições públicas de educação superior, com vistas a poten-
em relação aos processos de autorização de cursos e institui- cializar a atuação regional, inclusive por meio de plano de
ções, de reconhecimento ou renovação de reconhecimento de desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior
cursos superiores e de credenciamento ou recredenciamento visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino,
de instituições, no âmbito do sistema federal de ensino; pesquisa e extensão;
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº cursos de graduação presenciais nas universidades públicas,
10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições
para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de ja- privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e fomen-
neiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de finan- tar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de modo
ciamento a estudantes regularmente matriculados em cursos que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por cento)
superiores presenciais ou a distância, com avaliação positiva, dos estudantes apresentem desempenho positivo igual ou
de acordo com regulamentação própria, nos processos con- superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de
duzidos pelo Ministério da Educação; Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último ano de

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BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos es- 14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e
tudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior promover a formação de recursos humanos que valorize a
a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica
de formação profissional; e do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no
13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as) semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de
profissionais técnico-administrativos da educação superior. emprego e renda na região;
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e
na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação registro de patentes.
anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco
mil) doutores. Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no pra-
Estratégias: zo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de
14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto formação dos profissionais da educação de que tratam os
sensu por meio das agências oficiais de fomento; incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de
14.2) estimular a integração e a atuação articulada en- dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e
tre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível as professoras da educação básica possuam formação espe-
Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento à pes- cífica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na
quisa; área de conhecimento em que atuam.
14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do
Fies à pós-graduação stricto sensu; Estratégias:
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stric- 15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estraté-
to sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e tecno- gico que apresente diagnóstico das necessidades de formação
logias de educação a distância; de profissionais da educação e da capacidade de atendimento,
14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades por parte de instituições públicas e comunitárias de educação
étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das po- superior existentes nos Estados, Distrito Federal e Municípios,
pulações do campo e das comunidades indígenas e quilom- e defina obrigações recíprocas entre os partícipes;
bolas a programas de mestrado e doutorado; 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes
14.6) ampliar a oferta de programas de pós-gradua- matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positi-
ção stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos cam- va pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
pi novos abertos em decorrência dos programas de expan- - SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004,
são e interiorização das instituições superiores públicas; inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efe-
14.7) manter e expandir programa de acervo digital de tiva na rede pública de educação básica;
referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação, 15.3) ampliar programa permanente de iniciação à do-
assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência; cência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura,
14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos a fim de aprimorar a formação de profissionais para atuar no
de pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles liga- magistério da educação básica;
dos às áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, In- 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para or-
formática e outros no campo das ciências; ganizar a oferta e as matrículas em cursos de formação inicial
14.9) consolidar programas, projetos e ações que obje- e continuada de profissionais da educação, bem como para
tivem a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos;
brasileiras, incentivando a atuação em rede e o fortalecimen- 15.5) implementar programas específicos para formação de
to de grupos de pesquisa; profissionais da educação para as escolas do campo e de comu-
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico, nidades indígenas e quilombolas e para a educação especial;
nacional e internacional, entre as instituições de ensino, pes- 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de licen-
quisa e extensão; ciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a asse-
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco gurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a car-
em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como incre- ga horária em formação geral, formação na área do saber e
mentar a formação de recursos humanos para a inovação, de didática específica e incorporando as modernas tecnologias
modo a buscar o aumento da competitividade das empresas de informação e comunicação, em articulação com a base
de base tecnológica; nacional comum dos currículos da educação básica, de que
14.12) ampliar o investimento na formação de doutores tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
de modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, regula-
1.000 (mil) habitantes; ção e supervisão da educação superior, a plena implementa-
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o de- ção das respectivas diretrizes curriculares;
sempenho científico e tecnológico do País e a competitivi- 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
dade internacional da pesquisa brasileira, ampliando a coo- cursos de formação de nível médio e superior dos profissio-
peração científica com empresas, Instituições de Educação nais da educação, visando ao trabalho sistemático de articu-
Superior - IES e demais Instituições Científicas e Tecnológicas lação entre a formação acadêmica e as demandas da educa-
- ICTs; ção básica;

35
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

15.9) implementar cursos e programas especiais para as- 16.6) fortalecer a formação dos professores e das profes-
segurar formação específica na educação superior, nas res- soras das escolas públicas de educação básica, por meio da
pectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de implementação das ações do Plano Nacional do Livro e Leitura
nível médio na modalidade normal, não licenciados ou licen- e da instituição de programa nacional de disponibilização de
ciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo recursos para acesso a bens culturais pelo magistério público.
exercício;
15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível mé- Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das re-
dio e tecnológicos de nível superior destinados à formação, des públicas de educação básica de forma a equiparar seu ren-
nas respectivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da dimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolarida-
educação de outros segmentos que não os do magistério; de equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.
15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência
desta Lei, política nacional de formação continuada para os Estratégias:
(as) profissionais da educação de outros segmentos que não 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação,
os do magistério, construída em regime de colaboração en- até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum
tre os entes federados; permanente, com representação da União, dos Estados, do
15.12) instituir programa de concessão de bolsas de es- Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da edu-
tudos para que os professores de idiomas das escolas públi- cação, para acompanhamento da atualização progressiva do
cas de educação básica realizem estudos de imersão e aper- valor do piso salarial nacional para os profissionais do magis-
feiçoamento nos países que tenham como idioma nativo as tério público da educação básica;
línguas que lecionem; 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o
15.13) desenvolver modelos de formação docente para acompanhamento da evolução salarial por meio de indicado-
a educação profissional que valorizem a experiência prática, res da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD,
por meio da oferta, nas redes federal e estaduais de educação periodicamente divulgados pela Fundação Instituto Brasileiro
profissional, de cursos voltados à complementação e certifi- de Geografia e Estatística - IBGE;
cação didático-pedagógica de profissionais experientes. 17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cin- (as) profissionais do magistério das redes públicas de edu-
quenta por cento) dos professores da educação básica, até o cação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei
último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gradual
(as) profissionais da educação básica formação continuada do cumprimento da jornada de trabalho em um único esta-
em sua área de atuação, considerando as necessidades, de- belecimento escolar;
mandas e contextualizações dos sistemas de ensino. 17.4) ampliar a assistência financeira específica da União
aos entes federados para implementação de políticas de va-
Estratégias: lorização dos (as) profissionais do magistério, em particular o
16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento piso salarial nacional profissional.
estratégico para dimensionamento da demanda por forma-
ção continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existên-
instituições públicas de educação superior, de forma orgâ- cia de planos de Carreira para os (as) profissionais da educa-
nica e articulada às políticas de formação dos Estados, do ção básica e superior pública de todos os sistemas de ensino
Distrito Federal e dos Municípios; e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação
16.2) consolidar política nacional de formação de profes- básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional
sores e professoras da educação básica, definindo diretrizes profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII
nacionais, áreas prioritárias, instituições formadoras e pro- do art. 206 da Constituição Federal.
cessos de certificação  das atividades formativas;
16.3) expandir programa de composição de acervo de Estratégias:
obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de
e programa específico de acesso a bens culturais, incluindo modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE,
obras e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem pre- 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos profis-
juízo de outros, a serem disponibilizados para os professores sionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no mínimo,
e as professoras da rede pública de educação básica, favo- dos respectivos profissionais da educação não docentes se-
recendo a construção do conhecimento e a valorização da jam ocupantes de cargos de provimento efetivo e estejam em
cultura da investigação; exercício nas redes escolares a que se encontrem vinculados;
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsi- 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e
diar a atuação dos professores e das professoras da educação superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, super-
básica, disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e visionados por equipe de profissionais experientes, a fim de fun-
pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com formato damentar, com base em avaliação documentada, a decisão pela
acessível; efetivação após o estágio probatório e oferecer, durante esse
16.5) ampliar a oferta de bolsas de  estudo  para pós-gra- período, curso de aprofundamento de estudos na área de atua-
duação dos professores e das professoras e demais profissio- ção do (a) professor (a), com destaque para os conteúdos a se-
nais da educação básica; rem ensinados e as metodologias de ensino de cada disciplina;

36
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de con-
cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste selhos escolares e conselhos municipais de educação, como
PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito Fe- instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e
deral e os Municípios, mediante adesão, na realização de con- educacional, inclusive por meio de programas de formação de
cursos públicos de admissão de profissionais do magistério da conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento au-
educação básica pública; tônomo;
18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais
educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos
licenças remuneradas e incentivos para qualificação profissio- projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de
nal, inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu; gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participa-
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de vi- ção dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares;
gência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação, em 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, admi-
regime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da edu- nistrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino;
cação básica de outros segmentos que não os do magistério; 19.8) desenvolver programas de formação de diretores e ges-
18.6) considerar as especificidades socioculturais das es- tores escolares, bem como aplicar prova nacional específica, a fim
colas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas de subsidiar a definição de critérios objetivos para o provimento
no provimento de cargos efetivos para essas escolas; dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por adesão.
18.7) priorizar o repasse de transferências federais voluntá-
rias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e Meta 20: ampliar o investimento público em educação
os Municípios que tenham aprovado lei específica estabelecen- pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7%
do planos de Carreira para os (as) profissionais da educação; (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no
18.8) estimular a existência de comissões permanentes 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equi-
de profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, valente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio.
em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos
competentes na elaboração, reestruturação e implementação Estratégias:
dos planos de Carreira. 20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e
sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, educação básica, observando-se as políticas de colaboração
para a efetivação da gestão democrática da educação, asso- entre os entes federados, em especial as decorrentes do art.
ciada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do §
pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, 1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. que tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal
de cada ente federado, com vistas a atender suas demandas
Estratégias: educacionais à luz do padrão de qualidade nacional;
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acompa-
União na área da educação para os entes federados que tenham nhamento da arrecadação da contribuição social do salário
aprovado legislação específica que regulamente a matéria na -educação;
área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensi-
que considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e no, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art.
diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, 212 da Constituição Federal, na forma da lei específica, a
bem como a participação da comunidade escolar; parcela da participação no resultado ou da compensação fi-
19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às) nanceira pela exploração de petróleo e gás natural e outros
conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e controle recursos, com a finalidade de cumprimento da meta prevista
social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos con- no inciso VI do caput do art. 214 da Constituição Federal;
selhos regionais e de outros e aos (às) representantes educacionais 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que
em demais conselhos de acompanhamento de políticas públicas, assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
garantindo a esses colegiados recursos financeiros, espaço físico Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência
adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à e o controle social na utilização dos recursos públicos aplica-
rede escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; dos em educação, especialmente a realização de audiências
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Muni- públicas, a criação de portais eletrônicos de transparência e a
cípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com capacitação dos membros de conselhos de acompanhamen-
o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais to e controle social do Fundeb, com a colaboração entre o
e distrital bem como efetuar o acompanhamento da execu- Ministério da Educação, as Secretarias de Educação dos Esta-
ção deste PNE e dos seus planos de educação; dos e dos Municípios e os Tribunais de Contas da União, dos
19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, Estados e dos Municípios;
a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de Es-
associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços tudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, estudos
adequados e condições de funcionamento nas escolas e fo- e acompanhamento regular dos investimentos e custos por
mentando a sua articulação orgânica com os conselhos esco- aluno da educação básica e superior pública, em todas as suas
lares, por meio das respectivas representações; etapas e modalidades;

37
BASES LEGAIS DO ENSINO SUPERIOR/UEPB

20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, EXERCICIOS


será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi,
referenciado no conjunto de padrões mínimos estabeleci- 01) Considerando as bases legais da educação nacional
dos na legislação educacional  e cujo financiamento será  Constituição Federal de 1988 e Lei de Diretrizes e Bases da
calculado com base nos respectivos insumos indispensá- Educação Nacional (LDB) julgue os itens seguintes.
veis ao processo de ensino-aprendizagem e será progres- Compete aos estados autorizar, reconhecer, creden-
sivamente reajustado até a implementação plena do Custo ciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
Aluno Qualidade - CAQ; instituições de educação superior e os criados e mantidos
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ pelos poderes municipais.
como parâmetro para o financiamento da educação de C. Certo
todas etapas e modalidades da educação básica, a partir E. Errado
do cálculo e do acompanhamento regular dos indicadores
Resposta: Certo
de gastos educacionais com investimentos em qualificação
e remuneração do pessoal docente e dos demais profis-
02) Nos termos da Lei de Diretrizes e Bases − LDB, Lei
sionais da educação pública, em aquisição, manutenção,
no 9.394/1996, são atribuições docentes:
construção e conservação de instalações e equipamentos I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do
necessários ao ensino e em aquisição de material didático estabelecimento de ensino.
-escolar, alimentação e transporte escolar; II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e proposta do Conselho Tutelar do Município.
será continuamente ajustado, com base em metodologia III. Zelar pela aprendizagem dos alunos.
formulada pelo Ministério da Educação - MEC, e acompa- IV. Estabelecer estratégias de recuperação para os alu-
nhado pelo Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Con- nos de menor rendimento.
selho Nacional de Educação - CNE e pelas Comissões de Está correto o que se afirma APENAS em
Educação da Câmara dos Deputados e de Educação, Cultu- A. I e II.
ra e Esportes do Senado Federal; B. I, II e III.
20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. C. II e IV.
211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por D. I, III e IV.
lei complementar, de forma a estabelecer as normas de E. III e IV.
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, em matéria educacional, e a articulação do Resposta: D
sistema nacional de educação em regime de colaboração,
com equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos 03) A Educação à Distância − EaD é normatizada pela Lei de
recursos e efetivo cumprimento das funções redistributiva Diretrizes e Bases da Educação Nacional e tem, como características
e supletiva da União no combate às desigualdades educa- básicas, a separação física entre o professor e o aluno e a utilização
cionais regionais, com especial atenção às regiões Norte e de meios técnicos para a comunicação. São tecnologias utilizadas
Nordeste; nas diversas gerações de EaD, usualmente narradas na literatura:
20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementa- A. distributivas, interativas e colaborativas.
ção de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito B. padronizadas, individualizadas e customizadas.
Federal e aos Municípios que não conseguirem atingir o C. fechadas, compartilhadas e abertas.
D. segmentadas, integradas e globais.
valor do CAQi e, posteriormente, do CAQ;
E. de massa, por grupo de interesse e individualizadas.
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Respon-
sabilidade Educacional, assegurando padrão de qualidade
Resposta: A
na educação básica, em cada sistema e rede de ensino,
aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas por 04) Acerca da legislação educacional brasileira, julgue os itens
institutos oficiais de avaliação educacionais; a seguir. No ensino fundamental, o aluno pode optar por cursar
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos ou a língua inglesa ou a língua espanhola a partir do sexto ano.
adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que C. Certo
considerem a equalização das oportunidades educacionais, E. Errado
a vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técni-
co e de gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na Resposta: Errado
instância prevista no § 5o do art. 7o desta Lei.
05) Acerca da legislação educacional brasileira, julgue
os itens a seguir. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, ações educativas oriundas de movi-
mentos como o hip-hop também são processos formativos.
C. Certo
E. Errado

Resposta: Certo

38
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Histórico da Instituição. ........................................................................................................................................................................................ 01


A UEPB na Constituição Estadual. ..................................................................................................................................................................... 02
Lei nº 10.488, de 23 de junho de 2015 (Plano Estadual de Educação). .............................................................................................. 02
A Lei nº 7.643/2004, de 06 de agosto de 2004 (Lei da Autonomia Financeira). ............................................................................. 03
Estatuto da UEPB. – LEI 4.977/87 – Criação da UEPB.................................................................................................................................. 04
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Foi no primeiro reitorado do professor Sebastião Gui-


HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO. marães Vieira, que a Lei nº 4.977, de 11 de outubro de
1987, sancionada pelo então governador Tarcísio Burity,
transformou a deficitária URNe em Universidade Estadual
da Paraíba. A partir de então, novos caminhos se descor-
Investido das funções de prefeito constitucional, o ad- tinaram para a UEPB. A assinatura da lei foi o coroamento
vogado Williams de Souza Arruda, criou a Universidade da mobilização envolvendo as entidades dos professores,
Regional do Nordeste, cuja mantenedora seria a Fundação funcionários e alunos, lideranças políticas e entidades de
Universidade Regional do Nordeste. A primeira reunião do classe.
Conselho Universitário ocorreu em 13 de abril de 1966, Reconhecimento pelo MEC
com o objetivo de eleger o presidente da FURNe. O reconhecimento pelo Conselho Nacional de Educa-
Dessa reunião participaram Williams de Souza Arruda, ção do MEC pode ser encarado como um dos importantes
Francisco Chaves Brasileiro, Edvaldo de Souza do Ó, Ma- fatos da história da Universidade Estadual da Paraíba. O re-
nuel Figueiredo e José Lopes de Andrade, além do pro- conhecimento veio, exatamente, quando a UEPB celebrava
fessor Francisco Maia, na condição de diretor da Faculdade os 30 anos de criação daquela que lhe deu origem, a Uni-
de Filosofia, a mais antiga das faculdades que passaram a versidade Regional do Nordeste.
integrar a URNe. Em 1º de novembro de 1996, nove anos depois da es-
Por unanimidade, foi escolhido o nome do prefeito Wil- tadualização da URNe, a UEPB já era uma cristalina reali-
liams Arruda para presidir a Fundação e, ao mesmo tempo, dade, com mais de 11 mil alunos, 890 professores e 691
exercer o cargo de primeiro reitor. Tratava-se, evidente- servidores técnico-administrativos; atuando em 26 cursos
mente, de um reconhecimento, de uma honra ao mérito, de graduação, vários cursos de especialização, dois cursos
apesar de ser quase impossível ao então prefeito assumir a de mestrado, além de duas escolas agrotécnicas, reunindo
direção superior da Universidade, face à responsabilidade quase 400 alunos.
que pesava sobre os seus ombros. No final do segundo reitorado do professor Itan Pereira
Como vice-reitor foi eleito o economista Edvaldo de da Silva, o ato de reconhecimento foi assinado em Campi-
Souza do Ó, que terminou assumindo a Reitoria em julho na Grande pelo então ministro da Educação, Paulo Renato
de 1966. Edvaldo exerceu o reitorado até 10 de abril de Souza, ex-reitor da Universidade Estadual de Campinas –
1969, quando se abateu sobre a URNe a fúria da interven- Unicamp. Com a assinatura do Decreto de Reconhecimento
ção federal, consequência do golpe militar que já vigorava pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, a UEPB
no país desde 1964. passou à condição de Instituição de Ensino Superior conso-
Em 1969, fruto da ação realizadora de Edvaldo do Ó e lidada e definitiva, cujos méritos foram reconhecidos pela
de um grupo de abnegados colaboradores, a Universidade instância governamental responsável pelo ensino em todo
Regional do Nordeste, hoje UEPB, já era uma realidade irre- o país.
versível. Cabia aos que viriam em seguida, dar continuida- As providências objetivando o reconhecimento da Uni-
de à obra iniciada em 1966. versidade Estadual da Paraíba começaram, de fato, dois
Estadualização: Vitória da Comunidade Acadêmica anos antes, em 1994, quando o então reitor Itan Pereira
Acompanhados pelas lideranças políticas, classistas e encaminhou ao Conselho Federal de Educação, transfor-
comunitárias, os representantes de professores, estudantes mado depois em Conselho Nacional de Educação, toda a
e funcionários da URNe articularam uma vigorosa mobili- documentação da UEPB. Era o início da fase decisiva da
zação que levou o Governo do Estado a promover a esta- tramitação do processo.
dualização da Universidade. Depois da criação e da auto- Do trabalho executado, resultou um relatório que ser-
rização para que a URNe funcionasse, a estadualização foi viu para instruir a análise do processo de reconhecimento
um fato de grande repercussão na história da Instituição. da UEPB pelo Conselho Federal de Educação.
Apesar de todas as dificuldades, num primeiro mo- Autonomia Financeira: um marco na história da UEPB
mento, o que se pretendia, era a federalização da URNe. O Século 21 chegou e com ele o coroamento do pro-
Enquanto os dirigentes da URNe batalhavam pela absor- cesso de consolidação da Universidade Estadual da Paraíba,
ção da área de Saúde pela UFPB ou federalização pura e representado pela expansão e pela conquista da Autono-
simples, não esqueciam que a Estadualização poderia ser mia Financeira da Instituição. Com a Autonomia concedida
mais um caminho. Em 1982, o então reitor Vital do Rêgo, através da Lei n° 7.643, de 6 de agosto de 2004, sancionada
tentaria, sem êxito, a Estadualização da URNe junto ao go- pelo então governador Cássio Cunha Lima, a UEPB inaugu-
vernador Clóvis Bezerra, sucessor, no cargo, do professor rou uma nova fase em sua história. (Ver Diário Oficial)
Tarcísio Burity. Para todas as lideranças envolvidas na luta por esta
Posteriormente, os reitores Luiz Ribeiro, Sérgio Dantas conquista, a Autonomia Financeira representou uma vitória
e Guilherme Cruz buscaram a mesma solução, mas não ob- do ensino público e gratuito. Com a Autonomia, a Univer-
tiveram êxito em suas tentativas junto ao Governo do Esta- sidade Estadual da Paraíba, por direcionar sua ação a quase
do. O reitor Guilherme Cruz chegou a apresentar, em 1985, todos os municípios, passou a poder fazer muito mais pelo
a proposta para que o Governo do Estado colaborasse com Estado.
50% do orçamento da URNe. Mais uma tentativa infrutífera.

1
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Com os devidos recursos financeiros para desenvolver as Art. 2º São diretrizes do PEE:
suas ações nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, a UEPB I – erradicação do analfabetismo;
pode contribuir de forma decisiva para as soluções dos graves II – universalização do atendimento escolar;
problemas que assolam a Paraíba, entre eles, os setores educa- III – superação das desigualdades educacionais, com
cional e saúde. A Instituição empreendeu esforços para a unifi- ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas
cação do pensamento de todos os segmentos da comunidade as formas de discriminação;
universitária para uma maior compreensão da Autonomia Fi- IV – melhoria da qualidade da educação;
nanceira e maior consciência do papel da Universidade Pública. V – formação para o trabalho e para a cidadania, com
Com sua Autonomia, a UEPB passou a ter condições de ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta
expandir-se e melhorar a qualidade do ensino de graduação, a sociedade;
investir na pós-graduação e nas atividades de pesquisa e VI – promoção do princípio da gestão democrática da
extensão. Mas, apesar da Lei concedendo a Autonomia da educação pública;
UEPB só ter sido, de fato, sancionada em 2006, a luta pela VII – promoção humanística, científica, cultural e tecno-
Autonomia não é recente. Nove anos antes, o então gover- lógica do País;
nador Ronaldo Cunha Lima assinava o decreto que concedia VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos
a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão públicos em educação como proporção do Produto Interno
financeira da Universidade Estadual da Paraíba, sonho aca- Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
lentado por muitas universidades públicas do país. expansão, com padrão de qualidade e equidade;
IX – valorização dos profissionais da educação; e
Fonte: http://www.uepb.edu.br/a-uepb/historico/ X – promoção dos princípios do respeito aos direitos
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental
Art. 3º As metas e as estratégias previstas no Anexo
Único desta Lei deverão ser cumpridas no prazo de vigên-
A UEPB NA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. cia do PEE, desde que não haja prazo inferior definido para
metas e estratégias específicas.
Art. 4º As metas e as estratégias previstas no Anexo
Art. 284. O Estado da Paraíba manterá o seu sistema de Único integrante desta Lei deverão ter como referência o
ensino superior através da Universidade Estadual da Paraíba último censo demográfico, a Pesquisa Nacional por Amos-
com sede e foro na cidade da Campina Grande. tra de Domicílios –PNAD e os censos mais atualizados da
Art. 285. A Universidade Estadual da Paraíba é au- educação básica e superior, disponíveis na data da publica-
tarquia especial, multicampi, dotada de autonomia didático- ção desta Lei.
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, Art. 5º A execução e o cumprimento das metas e es-
obedecendo ao princípio de indissociabilidade entre ensino, tratégias do PEE serão objeto de monitoramento contínuo
pesquisa e extensão. e de avaliações periódicas, a cada 2(dois) anos, realizados
Art. 286. A Universidade Estadual da Paraíba, mantida pelas seguintes instâncias:
pelo Governo do Estado, garantirá aos seus alunos ensino I - Secretaria de Estado da Educação;
público e gratuito. II - Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do
Estado da Paraíba;
III – Conselho Estadual de Educação; e,
LEI Nº 10.488, DE 23 DE JUNHO DE 2015 IV - Fórum Estadual de Educação.
§ 1º A execução e o cumprimento das metas e estraté-
(PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO).
gias previstas no PEE que forem de competência dos Muni-
cípios, serão objeto do monitoramento contínuo e da ava-
liação periódica, por meio das instâncias próprias.
LEI Nº 10.488 DE 23 DE JUNHO DE 2015. § 2º Compete, ainda, às instâncias referidas no caput e
AUTORIA: PODER EXECUTIVO no § 1º deste artigo:
Publicado no DOE 24 de junho de 2015 I – divulgar os resultados do monitoramento e das
Aprova o Plano Estadual de Educação - PEE e dá ou- avaliações, com vistas ao acompanhamento da evolução
tras providências. no cumprimento das metas estabelecidas no Anexo Único
O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA: desta Lei, nos respectivos sítios institucionais da internet e
Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu san- mídias locais;
ciono a seguinte Lei: II – analisar e propor políticas públicas para assegurar a
Art. 1º Fica aprovado o Plano Estadual de Educação – implementação das estratégias e o cumprimento das metas;
PEE, com vigência de 10 (dez) anos, a contar da publicação III – analisar e propor a ampliação progressiva do per-
desta Lei, na forma do Anexo Único, com vistas ao cumpri- centual de investimento público em educação.
mento do disposto no art. 214 da Constituição Federal, no § 3º A meta progressiva do investimento público em
art. 211 da Constituição Estadual, no inciso I do art. 11 da educação será avaliada no quarto ano de vigência do PEE
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as e poderá ser ampliada por meio de lei para atender às ne-
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e no artigo 8º da Lei cessidades financeiras do cumprimento das demais metas.
Federal nº 13.005, de 25 de junho de 2014.

2
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

§ 4º Os Sistemas de Ensino deverão prever mecanis-


mos de acompanhamento para a consecução das metas LEI Nº 7.643/2004, DE 06 DE AGOSTO DE 2004
do PEE.
(LEI DA AUTONOMIA FINANCEIRA).
Art. 6º O Estado promoverá, em parceria com a União
e os Municípios, a realização de, pelo menos, 2 (duas) con-
ferências estaduais de educação, precedidas de conferên-
cias municipais e intermunicipais, até o final da década, Lei 7.643 de 06 de Agosto de 2004
com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o ob- Dispõe sobre a autonomia da Universidade Estadual da
jetivo de avaliar e monitorar a execução do PEE e subsidiar Paraíba e dá outras providências.
a elaboração do próximo Plano Estadual de Educação. O Governador do Estado da Paraíba:
Parágrafo único. As conferências de educação e o Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sancio-
processo de elaboração do próximo Plano Estadual de Edu- no a seguinte Lei:
cação serão realizados com ampla participação de repre- Art. 1º - A Universidade Estadual da Paraíba, nos termos
sentantes do poder público, da comunidade educacional e dos artigos 208, III, e 285, ambos da Constituição do estado ,
da sociedade civil. gozará de autonomia didático-cientifica, administrativa e de
Art. 7º Para a consecução das metas do PEE e a im- gestão financeira e patrimonial.
plementação de suas estratégias, fica reforçado o regime Parágrafo único – Ficam assegurados à Universidade
de colaboração entre o Estado, a União e os Municípios Estadual da Paraíba - UEPB os recursos orçamentários e
estabelecido pela Constituição Federal e a LDB. financeiros previstos nesta Lei, cuja aplicação observará as
§ 1º As estratégias definidas no Anexo Único desta Lei normas constantes na legislação em vigor e, especialmente,
não excluem a adoção de medidas adicionais em âmbito as referidas no art. 37 da Constituição Federal.
local ou de instrumentos jurídicos que formalizem a coope- Art. 2º - Caberá ao Poder Executivo transferir, direta-
ração entre os entes federados, podendo ser complemen- mente á Universidade Estadual da Paraíba, os recursos que
tadas por mecanismos nacionais e locais de colaboração lhe forem destinados no orçamento do Estado apara o res-
pectivo exercício financeiro, que serão aplicados consoante
recíproca.
as deliberações do seu Conselho Superior.
§ 2º A Educação Escolar Indígena deverá ser imple-
Parágrafo único – Serão da exclusiva responsabilidade
mentada por meio de regime de colaboração específico,
da Universidade Estadual da Paraíba todas as despesas de
considerando os territórios étnico-educacionais, e de es-
seu custeio pessoal, encargos e investimentos, observado,
tratégias que levem em conta as especificidades sociocul-
quanto ao dispêndio com inativos e pensionistas, o disposto
turais e linguísticas de cada comunidade, promovendo a
na legislação previdenciária estadual.
consulta prévia e devolutiva a essas comunidades.
Art. 3º - Os recursos orçamentários e financeiros desti-
§ 3º Os Sistemas de Ensino deverão considerar as ne- nados à UEPB e que constarão obrigatoriamente de rubrica
cessidades específicas das populações do campo e das co- própria no orçamento do Estado serão calculados, anual-
munidades indígenas, quilombolas e ciganas, asseguradas mente, com base na receita ordinária prevista para o respec-
a equidade educacional e a diversidade cultural. tivo exercício financeiro.
Art. 8º Para garantia da equidade educacional, o Es- §1º - Para o exercício de 2004, fica garantido o repasse,
tado deverá considerar o atendimento às necessidades até o último dia útil de cada mês, dos recurso consignados
específicas da educação especial, assegurando um sistema no orçamento anual do Estado.
inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades da edu- §2º - Nos exercícios subsequentes, é assegurado o percen-
cação. tual mínimo de 3% da receita ordinária arrecadada pelo Estado.
Art. 9º Os planos plurianuais, as diretrizes orçamen- §3º - o índice percentual de cada exercício não poderá
tárias e os orçamentos anuais do Estado e dos municípios, ser inferior ao do exercício anterior.
deverão ser formulados, de modo a assegurar a consigna- Art. 4º - Os recursos previstos nesta Lei serão repassa-
ção de dotações orçamentárias compatíveis com as dire- dos em duodécimos, até o último dia útil de cada um dos
trizes, metas e estratégias do PEE, a fim de viabilizar a sua meses observando-se, sempre:
plena execução. I – no mínimo, o valor resultante da aplicação do per-
Art. 10. Até o final do primeiro semestre do nono ano centual orçamentário assegurado à UEPB sobre o montante
de vigência deste PEE, o Poder Executivo encaminhará à da receita ordinária diretamente arrecadada no mês anterior,
Assembleia Legislativa, sem prejuízo das prerrogativas des- deduzidas as transferências constitucionais e legais inciden-
te Poder, o projeto de lei referente ao Plano Estadual de tes sobre ela:
Educação, a vigorar no período subsequente, que incluirá II – caso o valor mínimo assegurado à UEPB resultan-
o diagnóstico, as diretrizes, as metas e as estratégias para te da aplicação do percentual orçamentário assegurado à
o próximo decênio. Universidade Estadual da Paraíba sobre o montante da re-
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- ceita ordinária diretamente arrecadada no mês anterior, de-
cação. duzidas as transferências constitucionais e legais incidentes
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, sobre ela, for insuficiente para o pagamento das despesas
em João Pessoa, 23 de junho de 2015; 127º da Proclamação com pessoal e encargos, inclusive provisão mensal para pa-
da República. gamento da gratificação natalina, caberá ao Estado repassar
os recursos necessários para prover estas despesas.

3
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Parágrafo Único – Caberá á UEPB proceder mensal- CONSIDERANDO o minucioso trabalho de sistemati-
mente à reserva, em depósito feito em conta própria, com zação das alterações, executado pela Secretaria dos Órgãos
a finalidade de satisfazer a sua despesa com pessoal do- de Deliberação Superior – SODS, objetivando a inserção
cente, técnico e administrativo relativo ao pagamento da das modificações estatutárias, aprovadas pelas Resoluções
gratificação natalina. supracitadas, no texto do atual Estatuto da Universidade,
Art.5º - Não serão consideradas , na apuração do per- publicado em 09 de abril de 2008.
centual e do montante dos recursos indicados nesta Lei, as CONSIDERANDO a relevância da atualização do Esta-
liberações que sejam decorrentes do repasse de financia- tuto, no sentido de evitar equívocos de interpretação e de
mentos concedidos a projetos específicos da Universidade aplicação de suas normas.
nem ás receitas de arrecadação própria da UEPB. RESOLVE
Art. 6º - Compreende-se por PRECEITA ORDINÀRIA, Art. 1º – Publicar o novo texto do Estatuto da Uni-
para fins desta Lei, a receita dos impostos, taxas e contri- versidade Estadual da Paraíba, com as alterações que, ao
buições arrecadados diretamente pelo Estado somada ao longo do tempo lhes foram conferidas por intermédio das
valor das transferências da UNIÃO para o ESTADO definidas Resoluções do Conselho Universitário, tornando-o oficial,
nos artigos 157 e 159 da Constituição Federal, subtraídos sob todas as hipóteses, para consulta e utilização de cará-
os valores devidos aos Municípios – 25% do ICMS e Quota ter normativo.
do IPI, 50% do IPVA – e ao Fundo instituído pela Lei nº Art. 2º - Esta portaria entra em vigor na data de sua
9.424, de 24 de Dezembro de 1996, FUNDEF – 15% da quo- publicação.
ta estadual do ICMS, IPI, FPE e recursos decorrentes da Lei
Complementar Nacional nº 87, de 13 de Setembro de 1996, UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
e suas alterações posteriores.
Art. 7º - O percentual mínimo previsto no art. 3º, §2º, ESTATUTO
deverá ser reexaminados a cada dois anos, a partir da vi- TÍTULO I — DA UNIVERSIDADE, PRINCÍPIOS E OB-
gência desta Lei, respeitando o disposto no §3º do mesmo JETIVOS
dispositivo legal.
Art.8º - Se a aplicação do percentual mínimo previsto Art. 1º - A UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
no art. 3º §2º, resultar em orçamento com valor absoluto - UEPB, entidade autárquica estadual, criada pela Lei nº
inferior ao do exercício imediatamente anterior, o percen- 4.977, de 11 de outubro de 1987, regulamentada pelo De-
tual será revisto, de modo que não aja redução de valor do creto nº 12.404, de 18 de março de 1988, modificado pelo
orçamento. Decreto nº 14.830, de 16 de outubro de 1992, substituta
Art. 9º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- da Universidade Regional do Nordeste, instituída pela Lei
cação. Municipal nº 23, de 15 de março de 1966, é uma instituição
de nível superior de ensino, pesquisa e extensão, vinculada
à Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Paraíba e
tem sede e foro na cidade de Campina Grande - PB, com
ESTATUTO DA UEPB. – LEI 4.977/87
atuação em todo o Estado da Paraíba.
– CRIAÇÃO DA UEPB. Art. 2º - A Universidade Estadual da Paraíba goza de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, nos termos de que dispõem, res-
PORTARIA/UEPB/GR/0441/2017 pectivamente, os artigos 207 da Constituição Federal, e 285
O Reitor da UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA, da Constituição do Estado da Paraíba (nova redação dada
no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 46, pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/021/2013).
incisos VII e XVII, do Estatuto da Instituição, e: Art. 3º - A organização e o funcionamento da Univer-
sidade Estadual da Paraíba são disciplinados pelo seu Esta-
CONSIDERANDO que o Conselho Universi- tuto e Regimento Geral, submetidos à aprovação do Con-
tário – CONSUNI, através das Resoluções UEPB/ selho Estadual de Educação e à homologação do Governo
CONSUNI/020/2008 (DOE15.04.2009), UEPB/CON- do Estado e complementados pelas Resoluções dos seus
SUNI/027/2009 (DOE29.07.2009), UEPB/CON- órgãos de deliberação superior, de acordo com a legislação
SUNI/048/2009 (DOE30.01.2010), UEPB/CONSU- em vigor.
NI/049/2009 (DOE30.01.2010), UEPB/CONSU- Parágrafo Único - A UEPB submeterá à apreciação e
NI/017/2010 (DOE25.08.2010), UEPB/CONSU- aprovação do Conselho Estadual de Educação as matérias
NI/006/2011 (DOE13.05.2011), UEPB/CONSU- referentes ao ensino, pesquisa e extensão, na forma previs-
NI/007/2011 (DOE13.05.2011), UEPB/CONSU- ta na legislação vigente.
NI/008/2011 (DOE13.05.2011), UEPB/CONSU- Art. 4º - É garantida a liberdade de ensino, de pesquisa
NI/001/2012 (DOE08.01.2012), UEPB/CONSU- e extensão, de acordo com os princípios democráticos e
NI/021/2013 (DOE20.07.2013), UEPB/CONSUNI/069/2014 numa visão crítica da sociedade.
(DOE30.05.2014) e UEPB/CONSUNI/0117/2015 Art. 5º - Pela natureza plural da Universidade, será livre
(DOE11.06.2015), promoveu alterações pontuais no Esta- a expressão de idéias, sendo, portanto, vedadas quaisquer
tuto da UEPB. formas de discriminação.

4
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Art. 6º - A Universidade obedecerá ao princípio de Parágrafo Único - A criação de Departamento depen-


indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, nos derá de proposta fundamentada, da amplitude do campo
termos da legislação em vigor. de conhecimento específico e da observância do princípio
Art. 7º - A Universidade, através das atividades de en- da não- duplicação de meios para fins idênticos ou equiva-
sino, pesquisa e extensão, tem por objetivos fundamentais: lentes e dos seguintes
I - A preservação, a difusão e o desenvolvimento das critérios:
ciências, das letras e das artes em todas as suas formas de I - Reunião de disciplinas pertinentes a uma área espe-
expressão, de modo a contribuir para o progresso científico cífica do saber, sem prejuízo da universalidade de conheci-
e cultural da Região e do País. mentos do campo correspondente;
II - A formação profissional. II - Densidade de recursos humanos a serem, efetiva-
III - A prestação de serviços à comunidade sob a for- mente, utilizados e a disponibilidade de instalações e equi-
ma de cursos, consultorias, assistências técnicas e de outras pamentos;
iniciativas, de acordo com a sua natureza. III - Existência de infraestrutura básica que assegure o
Parágrafo Único - Para a consecução dos objetivos desenvolvimento de linhas de pesquisa associadas ao ensi-
delineados neste artigo, a Universidade poderá explorar no e à implementação de atividades extensionistas.
serviços de rádio difusão e tele-difusão educativa e/ou ou- Art. 14 - Os Centros, organizados com estruturas e
tras mídias eletrônicas, de livre utilização ou por concessão métodos de funcionamento que preservem a unidade de
pública, sem fins lucrativos, e com finalidade exclusivamen- suas funções de ensino, pesquisa e extensão e as áreas
te educativa e cultural. fundamentais do conhecimento, compõem-se de Depar-
tamentos, vedada a duplicação de meios para finalidades
TÍTULO II — DA ESTRUTURA DA UNIVERSIDADE idênticas ou equivalentes.
CAPÍTULO I— DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 15 - Sem prejuízo da unidade de patrimônio e ad-
ministração, a UEPB adota a organização multicampi, con-
Art. 8º - A estrutura básica da Universidade compreen- siderando-se Campus da Universidade cada uma das bases
de os Departamentos agrupados em Centros, situados nos
físicas, integradas, onde se desenvolvem as atividades de
Campi Universitários da Instituição.
ensino, de pesquisa e de extensão, ressalvados as unidades
Parágrafo Único - O Conselho Universitário, mediante
criadas nos moldes do parágrafo único do Artigo 8º.
estudos de viabilidade técnica específica, poderá criar fa-
Art. 16 - Cada Campus pode abrigar um ou mais Cen-
culdades, institutos e/ou escolas superiores, vinculadas ou
tros.
não a campus.
Art. 17 - As atividades permanentes de pesquisa, en-
Art. 9º - A Universidade adota a organização multi-
sino e extensão são desenvolvidas pelos Departamentos.
campi com unidades localizadas em várias cidades do Es-
Art. 18 - O Campus I, localizado na cidade de Cam-
tado.
Art. 10 - Compõem a estrutura universitária: pina Grande, compreende os seguintes Centros, com seus
I - Assembleia Universitária; respectivos Departamentos: (nova redação dada pelas
II - Órgãos de Administração Superior; RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/048/2009; RESOLUÇÃO/
III - Órgãos de Administração e Coordenação Setorial; UEPB/CONSUNI/049/2009; RESOLUÇÃO/UEPB/CONSU-
IV - Órgãos de Administração Suplementar; NI/017/2010; RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/008/2011; e
V - Órgãos de Apoio Administrativo; RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/0117/2015).
VI - Comissões. I - Centro de Ciências Sociais Aplicadas:
Art. 11 - Integram a Universidade a “Escola Técnica de a) Departamento de Administração e Economia;
Saúde”, a “Escola Agrícola Assis Chateaubriand” e a “Escola b) Departamento de Ciências Contábeis;
Agro técnica do Cajueiro”, respectivamente nos Municípios c) Departamento de Comunicação Social;
de Campina Grande, Lagoa Seca e Catolé do Rocha, com d) Departamento de Serviço Social.
ensino médio profissionalizante. II - Centro de Educação:
Art. 12 - As unidades referidas no artigo anterior, ad- a) Departamento de Educação;
ministrativamente subordinadas aos centros onde se en- b) Departamento de História;
contram inseridas, cumprem uma função complementar c) Departamento de Geografia;
dentro da estrutura da Universidade através do desenvolvi- d) Departamento de Letras e Artes;
mento de ensino profissionalizante servindo de campo de e) Departamento de Filosofia;
estágio para alunos de cursos superiores, incluídos entre os f) Departamento de Ciências Sociais.
órgãos da Administração Setorial e disciplinados por Regi- III - Centro de Ciências e Tecnologia:
mento próprio. a) Departamento de Física;
Art. 13 - O Departamento, responsável pelo estímulo b) Departamento de Química;
e intercomplementaridade das atividades acadêmicas, é a c) Departamento de Matemática;
menor fração da estrutura universitária para efeito da or- d) Departamento de Estatística;
ganização didático-científica e administrativa, compreen- e) Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
dendo disciplinas afins e compondo-se de pessoal docente f) Departamento de Computação.
nele lotado.

5
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

IV - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde: CAPÍTULO II — DA ASSEMBLÉIA UNIVERSITÁRIA


a) Departamento de Biologia
b) Departamento de Educação Física; Art. 28 - A Assembleia Universitária, presidida pelo
c) Departamento de Enfermagem; Reitor ou por seu substituto, é constituída pela comunida-
d) Departamento de Farmácia; de universitária, formada pelos seus segmentos docente,
e) Departamento de Fisioterapia; discente e técnico-administrativo.
f) Departamento de Odontologia; Parágrafo Único - A Assembleia Universitária, sem ne-
g) Departamento de Psicologia. cessidade de quórum qualificado, reunir-se-á quando con-
V - Centro de Ciências Jurídicas: vocada pelo Reitor, para as solenidades de colação de grau,
a) Departamento de Direito Privado; de concessão de títulos honoríficos ou qualquer outra de
b) Departamento de Direito Público. natureza semelhante.
Art. 19 - O Campus II, localizado na cidade de Lagoa
Seca, compreende o Centro de Ciências Agrárias e Am- CAPÍTULO III — DOS ÓRGÃOS DE DELIBERAÇÃO E
bientais, constituído pelo Departamento de Agroecologia DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR E DOS NÍVEIS DE DI-
e Agropecuária e a Escola Agrícola Assis Chateaubriand. REÇÃO, GERÊNCIA E ASSESSORAMENTO
Art. 20 - O Campus III, localizado na cidade de Gua-
rabira, compreende o Centro de Humanidades, composto Art. 29 - Os órgãos de deliberação, consultivo e admi-
do Departamento de História, Departamento de Geografia, nistração superior, com sua composição e funcionamento
Departamento de Letras, Departamento de Educação e De- definidos neste Estatuto e no Regimento Geral, além dos
partamento de Ciências Jurídicas. (nova redação dada pelas seus próprios regimentos, são constituídos: (nova redação
RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/006/2011 e RESOLUÇÃO/ dada pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/069/2014)
UEPB/CONSUNI/007/2011). I - Pelos Conselhos Deliberativos Superiores:
Art. 21 - O Campus IV, localizado na cidade de Catolé a) Conselho Universitário - CONSUNI;
do Rocha, compreende o Centro de Ciências Humanas e b) Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONSEPE;
c) Conselho Curador.
Agrárias, constituído pelo Departamento de Letras e Hu-
II - Pelo Conselho Social, como órgão consultivo;
manidades, Departamento de Agrárias e Exatas e a Escola
III - Pela Reitoria.
Agrotécnica do Cajueiro.
Parágrafo Único - Os membros dos Conselhos Delibe-
Art. 22 - O Campus V, localizado na cidade de João
rativos Superiores, à exceção dos membros representantes
Pessoa, compreende o Centro de Ciências Biológicas e So-
da comunidade e da Secretaria de Educação e Cultura do
ciais Aplicadas.
Estado, serão, necessária e respectivamente, integrantes do
Art. 23 - O Campus VI, localizado na cidade de Mon-
quadro efetivo da UEPB ou aluno regularmente matricula-
teiro, compreende o Centro de Ciências Humanas e Exatas.
do nos cursos de graduação da Universidade.
Art. 24 - O Campus VII, localizado na cidade de Patos, Art. 30 - Aos Órgãos de Deliberação e Administração
compreende o Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplica- Superior compete funções normativas, de jurisdição, de
das. planejamento, de implementação, de coordenação, de ges-
Art. 25 – O Campus VIII, localizado na cidade de Ara- tão administrativa e financeira no âmbito da política geral
runa, compreende o Centro de Ciências, Tecnologia e Saú- da Universidade, de acordo com a legislação vigente e com
de. (novo artigo inserido pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSU- a natureza de cada um.
NI/027/2009).
Art. 26 - A Universidade poderá implantar outros cam- SEÇÃO I — DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO
pi no Estado, de conformidade com a legislação vigente,
quando assim for necessário para uma atuação mais efetiva Art. 31 - O Conselho Universitário - CONSUNI, órgão
no desenvolvimento da Paraíba e da Região. de deliberação coletiva superior em matéria de política ge-
Art. 27 - A estrutura organizacional da Universidade ral da Universidade, é constituído:
compreende, além da Assembléia Universitária e Comis- I - pelo Reitor, como Presidente;
sões, os Órgãos de Deliberação e Coordenação Setorial e II - pelo Vice-Reitor, como Vice-Presidente;
de Apoio Administrativo, e desenvolve-se mediante a ação III - pelo Pró-Reitor de Gestão Administrativa; (nova re-
desses Órgãos, cujas funções são exercidas nos seguintes dação dada pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/021/2013).
níveis: IV - pelo Pró-Reitor de Planejamento e Orçamento;
I - Nível de Direção Administrativa Superior; (nova redação dada pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSU-
II - Nível de Gerência e Assessoria Superior; NI/021/2013).
III - Nível de Assessoria Especial Superior; V - pelos Diretores de Centro;
IV - Nível de Direção e Coordenação Setorial; VI - pelos Diretores das Escolas Técnico-Profissionali-
V - Nível de Direção Administrativa Suplementar; zantes;
VI - Nível de Apoio Administrativo Superior; VII - por 1 (um) representante do corpo docente de
VII - Nível de Apoio Administrativo. cada Centro;
VIII - por 5 (cinco) representantes do corpo técnico-ad-
ministrativo;

6
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

IX - por 5 (cinco) representantes do corpo discente; SEÇÃO II — DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA


X - por 2 (dois) representantes da comunidade. E EXTENSÃO
§ 1º - Os representantes do corpo docente serão es-
colhidos no âmbito de cada Centro e os do corpo técnico Art. 34 - O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
-administrativo, pelo conjunto da categoria, todos para um - CONSEPE, órgão de deliberação coletiva superior em as-
mandato de 2 (dois) anos. suntos didático-científicos, é composto:
§ 2º - Os representantes do corpo discente serão aque- I - pelo Reitor, como Presidente;
les escolhidos pelos seus pares, na eleição do Diretório II - pelo Vice-Reitor, como Vice-Presidente;
Central dos Estudantes, para um mandato 1 (um) ano. III - pelo Pró-Reitor de Graduação; (nova redação
§ 3º - Os representantes da comunidade serão esco- dada pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/021/2013).
lhidos pelo Conselho Universitário, mediante indicação de IV - pelo Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa; pelo
nomes pelas entidades legalmente constituídas, para um Pró-Reitor de Extensão; (nova redação dada pela RESO-
mandato de 2 (dois) anos. LUÇÃO/UEPB/CONSUNI/021/2013).
§ 4º - Todos os representantes de que tratam os pará- VI - pelo Pró-Reitor de Ensino Médio, Técnico e Edu-
grafos 1º, 2º e 3º deste artigo poderão ser substituídos ou cação à Distância; (nova redação dada pela RESOLUÇÃO/
reconduzidos a 1 (um) mandato consecutivo. UEPB/CONSUNI/021/2013).
§ 5º - Os representantes de que tratam os incisos III a VII - por 1 (um) representante dos Coordenadores de
VI terão como suplentes os seus respectivos adjuntos. Cursos de Graduação, sendo 1 (um) de cada Centro;
§ 6º - Todos os representantes de que tratam os inci- VIII - por 1 (um) representante dos Coordenadores dos
sos VII, VIII, IX e X serão escolhidos ou indicados com seus Cursos de Pós- Graduação Stricto Sensu;
respectivos suplentes. IX - por 1 (um) representante dos Coordenadores das
Art. 32 - Ao CONSUNI compete: Escolas Técnico- Profissionalizantes;
I - formular a política geral da Universidade; X - por 1 (um) representante do corpo docente de cada
II - elaborar, aprovar e emendar o Estatuto e os Regi- Centro; XI- por 5 (cinco) representantes do corpo discente;
mentos; XII - por 3 (três) representantes do corpo técnico-admi-
III - criar, extinguir e transformar Centros, Departamen- nistrativo; XIII - por 2 (dois) representantes da comunidade.
tos, Escolas Técnico- Profissionalizantes, Cursos e Campi; § 1º - Os representantes do corpo docente serão es-
IV - aprovar a proposta orçamentária, a abertura de colhidos no âmbito de cada Centro e os do corpo técnico
crédito e a prestação de contas anual do Reitor; -administrativo, pelo conjunto da categoria, todos para um
V - conferir títulos honoríficos, criar e conceder prê- mandato de 2 (dois) anos.
mios destinados a recompensar e estimular o desempenho § 2º - Os representantes dos coordenadores de
acadêmico; curso de graduação serão indicados por seus pares de
VI - versar sobre matéria de interesse geral da Universi- cada centro para um mandato de 2 (dois) anos.
dade, ressalvada a competência de outro Conselho; § 3º - Os representantes dos coordenadores de curso
VII - prolatar decisões em recursos interpostos, em de pós-graduação stricto sensu serão indicados por seus
matéria de sua competência; VIII - aprovar convênios com pares para um mandato de 2 (dois) anos.
órgãos públicos e privados; § 4º - Os representantes do corpo discente serão aque-
VIII - criar Núcleos e grupos culturais; les escolhidos pelos seus pares, na eleição do Diretório
IX - exercer outras atribuições de sua competência não Central dos Estudantes, para um mandato 1 (um) ano.
especificadas neste Estatuto. § 5º - Os representantes da comunidade serão
Parágrafo Único - O CONSUNI poderá dividir-se em escolhidos pelo CONSEPE, mediante indicação de nomes
Câmaras, com atribuições de caráter consultivo ou delibe- pelas entidades legalmente constituídas, para um mandato
rativo. de 2 (dois) anos.
Art. 33 - O CONSUNI reunir-se-á ordinariamente a § 6º - Todos os representantes de que tratam os pará-
cada mês, por convocação do Presidente, e, extraordinaria- grafos anteriores deste artigo poderão ser substituídos ou
mente, por convocação da mesma autoridade ou a reque- reconduzidos a 1 (um) mandato consecutivo.
rimento de 1/3 de seus membros. § 7º - Os representantes de que tratam os incisos III a
§ 1º - A presença às reuniões do CONSUNI tem priori- VI terão como suplentes os seus respectivos adjuntos.
dade sobre qualquer outra atividade acadêmica e as faltas § 8º - Todos os representantes de que tratam os incisos
não justificadas podem levar ao afastamento do Conselho VII, VIII, IX, X, XI, XII, XII serão escolhidos ou indicados com
e ao impedimento do exercício de função na Administração seus respectivos suplentes. serão escolhidos ou indicados
Central ou Setorial. com seus respectivos suplentes.
§ 2º - Reunir-se-á o CONSUNI com a presença da Art. 35 - Compete ao CONSEPE:
maioria de seus membros e deliberará pelo voto majoritá- I- contribuir com o CONSUNI para a formulação da po-
rio dos presentes. lítica geral da Universidade em matéria de ensino, pesquisa
e extensão;
II - propor ao CONSUNI a criação, extinção e incorpo-
ração de cursos;

7
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

III - opinar junto ao CONSUNI sobre a criação, extinção V - por 1 (um) representante da Secretaria da Educação
e incorporação de cursos e criação, extinção de departa- e Cultura, indicado pelo titular da pasta;
mento; VI - por 1 (um) representante da comunidade.
IV - estabelecer os currículos plenos dos cursos, con- § 1º - O mandato dos membros do Conselho referidos
soante as normas do Conselho de Educação competente; neste artigo será de 2 (dois) anos, exceto o do representan-
V - regulamentar a matrícula e o regime escolar dos te do corpo discente, que será de 1 (um) ano.
alunos; § 2º - Os representantes do corpo discente serão aque-
VI - aprovar os programas gerais de ensino, pesquisa e les escolhidos pelos seus pares, na eleição do Diretório
extensão, vedada a duplicação de meios para fins idênticos Central dos Estudantes, para um mandato 1 (um) ano.
ou equivalentes; § 3º - Todos os membros do Conselho Curador po-
VII - aprovar planos experimentais de aprendizagem; derão ser substituídos ou reconduzidos a 1 (um) mandato
VIII - fixar diretrizes para o Concurso Vestibular, ouvido consecutivo.
o Pró-Reitor de Ensino de Graduação; § 4º - Os representantes da comunidade serão escolhi-
IX - fixar diretrizes e prioridades de pesquisa; dos pelo Conselho Curador, mediante indicação de nomes
X - regulamentar a extensão universitária; pelas entidades legalmente constituídas, para um mandato
XI - reconhecer títulos obtidos em instituições de ensi- de 2 (dois) anos.
no de nível superior do País ou do exterior; Art. 38 - O Presidente do Conselho Curador será elei-
XII - opinar sobre matéria de sua competência quando to por seus pares, dentre os professores representantes do
se tratar de aprovação, reforma e emenda do Regimento CONSUNI e do CONSEPE, para mandato de 2 (dois) anos,
Geral da Universidade e dos demais Regimentos previstos vedada a recondução para mandato consecutivo.
neste Estatuto, pelo CONSUNI; Parágrafo Único - O Reitor ou seu representante legal
XIII - propor ao CONSUNI reformas e emendas neste pode, sem direito a voto, participar de reuniões do Conse-
Estatuto; lho Curador.
XIV - dispor sobre as representações que lhe forem Art. 39 - Ao Conselho Curador compete:
submetidas, no que lhe competir; I - apreciar a proposta orçamentária para aprovação
XV- prolatar decisões em recursos interpostos, em ma- pelo CONSUNI;
téria de sua competência; II - apreciar proposta de abertura de crédito adicional
XVI - exercer outras atribuições de sua competência para aprovação pelo CONSUNI;
não previstas neste Estatuto. III - aprovar acordos e convênios que acarretam des-
Parágrafo Único - O CONSEPE poderá dividir-se em pesas;
Câmaras, com atribuições de caráter consultivo ou delibe- IV - opinar sobre a prestação de contas anual do Reitor
rativo. para aprovação pelo CONSUNI;
Art. 36 - O CONSEPE reunir-se-á ordinariamente a V - acompanhar a execução orçamentária;
cada mês, por convocação do Presidente, e, extraordinaria- VI - fixar anualmente taxas, emolumentos e outras con-
mente, por convocação da mesma autoridade ou a reque- tribuições devidas à Universidade.
rimento de 1/3 de seus membros. Art. 40 - O Conselho Curador reunir-se-á, ordinaria-
§ 1º - A presença às reuniões do CONSEPE tem priori- mente, quando convocado pelo presidente ou a requeri-
dade sobre qualquer outra atividade acadêmica e as faltas mento de 2/3 (dois terços) de seus membros.
não justificadas podem levar ao afastamento do Conselho Parágrafo Único - Reunir-se-á o Conselho Curador
e ao impedimento do exercício de função na Administração com a presença da maioria de seus membros e deliberará
Central ou Setorial. pelo voto majoritário dos presentes.
§ 2º - Reunir-se-á o CONSEPE com a presença da maio-
ria de seus membros e deliberará pelo voto majoritário dos SECÃO IV — DA AUSÊNCIA OU IMPEDIMENTOS
presentes. DO PRESIDENTE E DO VICE- PRESIDENTE

SEÇÃO III — DO CONSELHO CURADOR Art. 41 - Ausentes ou impedidos, conjuntamente, o


Presidente e o Vice-Presidente, exercerá a presidência dos
Art. 37 - O Conselho Curador, órgão de deliberação Órgãos de Deliberação Superior de que tratam as seções I
coletiva superior em matéria orçamentária, fiscal e finan- e II deste Capítulo, quem estiver no exercício da reitoria ou,
ceira, é composto: se ausente, o membro mais antigo do Conselho.
I - por 2 (dois) professores, sendo 1(um) representante
do CONSUNI e 1 (um) representante do CONSEPE, indica- SEÇÃO V — DA REITORIA
dos pelos respectivos Conselhos;
II - por 1 (um) representante do corpo docente, esco- Art. 42 - A Reitoria, órgão executivo e coordenador da
lhido pelos seus pares; Administração superior da Universidade, será exercida pelo
III - por 1 (um) representante do corpo discente, esco- Reitor e, em suas faltas ou impedimentos, pelo Vice-Reitor.
lhido pelo seus pares; Parágrafo Único - No caso de vacância do cargo de
IV - por 1 (um) representante do corpo técnico-admi- Reitor, assumirá o cargo o Vice- Reitor, independentemente
nistrativo, indicado pelos seus pares; do tempo restante de mandato.

8
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Art. 43 - O Reitor e o Vice Reitor serão integrantes do XIII - instituir comissões especiais, de caráter perma-
quadro efetivo de professores da Universidade em pleno nente ou temporário, para estudo de problemas específi-
exercício de suas atividades e exercerão os cargos em regi- cos;
me de tempo integral e dedicação exclusiva. XIV - requisitar pessoal docente ou técnico-administra-
Art. 44 - O Reitor e o Vice-Reitor, escolhidos em lis- tivo a outras instituições para prestar serviços à Universida-
ta tríplice pelo CONSUNI e pelo CONSEPE, em reunião de na forma da lei e deste Estatuto;
conjunta, serão nomeados pelo Governador do Estado de XV - encaminhar aos Órgãos de Deliberação Coletiva
acordo com a legislação em vigor. Superior competente reclamações ou recursos de profes-
Art. 45 - Nas faltas ou impedimentos simultâneos do sores, alunos ou funcionários;
Reitor e do Vice -Reitor e nos casos de vacância dos car- XVI - administrar as finanças da Universidade e deter-
gos de Reitor e Vice-Reitor, assumirá a Reitoria, tempora- minar a aplicação dos seus recursos, de conformidade com
riamente, o membro do Conselho Universitário mais antigo o orçamento aprovado e os fundos instituídos;
no magistério Superior da Universidade. XVII - desempenhar outras atribuições inerentes ao
§ 1º - A substituição de que trata este artigo não po- cargo de Reitor, não especificadas neste Estatuto.
derá exceder 60 (sessenta) dias, entendendo-se vagos os Parágrafo Único - Ao exercer a atribuição especificada
cargos respectivos, caso permaneçam os motivos enseja- no inciso VI deste artigo, o Reitor convocará o Conselho
dores da substituição. Competente, no prazo de 15 (quinze) dias, submetendo à
§ 2º - Nos casos de vacância, o CONSUNI será imedia- sua aprovação, desaprovação ou emenda a Resolução ex-
tamente convocado para que se inicie o processo de esco- pedida.
lha dos novos ocupantes, que deverão ser escolhidos no Art. 48 - O Reitor poderá vetar, parcial ou totalmente,
prazo máximo de 60 (sessenta) dias. as decisões dos Órgãos de Deliberação Coletiva Superior
§ 3º - Nas hipóteses deste artigo, o Conselheiro que até 5 (cinco) dias após a reunião em que tiverem sido to-
exercer outra atividade ou ocupar cargo de direção ou re- madas.
presentação deverá dele afastar-se para poder assumir a § 1º - O veto, devidamente justificado pelo Reitor, será
Reitoria. submetido à votação secreta do respectivo Conselho, no
Art. 46 - O Reitor e o Vice-Reitor têm mandato de 4 prazo máximo de 15 (quinze) dias.
(quatro) anos, permitida uma única recondução para o § 2º - O veto somente será rejeitado por (dois terços)
mesmo cargo, para o período subsequente. da totalidade dos membros do Conselho.
Art. 47 - São atribuições do Reitor: Art. 49 - O mandato do Reitor é considerado extinto
I - administrar e representar a Universidade; antes do término se ocorrer qualquer dos seguintes casos:
II - convocar e presidir as reuniões do CONSUNI e do I - morte;
CONSEPE e presidir as reuniões dos demais Colegiados a II - renúncia;
que comparecer excetuando-se as do Conselho Curador; III - destituição por ato do Governador do Estado,
III - exercer o poder disciplinar; mediante proposta de 2/3 (dois terços) dos membros do
IV - submeter ao Conselho Curador e ao CONSUNI a CONSUNI e do CONSEPE em reunião conjunta, nos casos
proposta orçamentária e a prestação de contas da Univer- de procedimento incompatível com a dignidade do cargo.
sidade; Art. 50 - Compete ao Vice-Reitor:
V - lotar os titulares de cargos do quadro de pessoal I - substituir o Reitor em suas faltas e impedimentos;
da Universidade; II - exercer atividades de supervisão e de coordenação
VI - adotar, ad referendum do Conselho competente, administrativa na Universidade, que lhe sejam delegadas
as providências de caráter urgente, necessárias à solução pelo Reitor.
de problemas didáticos, científicos, administrativos ou de Art. 51 - Ao Vice-Reitor também se aplica o disposto
natureza disciplinar; no Art. 48 deste Estatuto.
VII - executar e fazer cumprir as decisões dos órgãos de Art. 52 – A Reitoria, mediante ação de Nível de Direção
Deliberação da Universidade e expedir as normas comple- Administrativa Superior, é composta dos seguintes órgãos
mentares que se fizeram necessárias; de Nível de Gerência Superior I e II e Nível de Assessoria
VIII - conferir os graus universitários correspondentes Especial Superior I e II: (nova estrutura dada pela RESOLU-
aos títulos profissionais; ÇÃO/UEPB/CONSUNI/021/2013).
IX - firmar contratos, acordos, convênios, termos de I – Órgãos do Nível de Gerência Superior I:
ajuste entre a Universidade e entidades públicas ou priva- a) Chefia de Gabinete;
das; b) Pró-Reitoria de Gestão Administrativa;
X - prover os cargos, funções e empregos, exonerar, c) Pró-Reitoria de Graduação;
destituir, dispensar e demitir servidores, além de conceder d) Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa;
aposentadoria, observada a legislação em vigor; e) Pró-Reitoria de Extensão;
XI - submeter ao CONSUNI o relatório das atividades f) Pró-Reitoria de Gestão Financeira;
da Universidade no exercício anterior; g) Pró-Reitoria Estudantil;
XII - baixar Resoluções referentes às decisões dos Ór- h) Pró-Reitoria de Cultura;
gãos de Deliberação Coletiva Superior; i) Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento;

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HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

j) Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas; CAPÍTULO IV — DOS ÓRGÃOS DE DELIBERAÇÃO


k) Procuradoria Geral; E DE ADMINISTRAÇÃO SETORIAL E DE SEU NÍVEL DE
l) Pró-Reitoria de Infraestrutura; DIREÇÃO ADMINISTRATIVA E COORDENAÇÃO
m) Pró-Reitoria de Ensino Médio, Técnico e Educação
a Distância; Art. 55 - Os Órgãos de Deliberação e de Administra-
n) Comissão Permanente de Concursos; ção Setorial, com estrutura e funcionamento definidos no
Regimento Geral e nos seus próprios regimentos são cons-
II – Órgãos do Nível de Gerência Superior II: tituídos:
a) Pró-Reitoria Adjunta de Gestão Administrativa; I - Pelos Órgãos de Deliberação Setorial:
b) Pró-Reitoria Adjunta de Graduação; a) Conselho de Centro;
c) Pró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação e Pesquisa; b) Assembléia Departamental;
d) Pró-Reitoria Adjunta de Extensão; c) Colegiado de Curso.
e) Pró-Reitoria Adjunta de Gestão Financeira; II - Pelos Órgãos de Administração Setorial:
f) Pró-Reitoria Estudantil Adjunta; a) Diretoria de Centro;
g) Pró-Reitoria Adjunta de Cultura; b) Chefia de Departamento;
h) Pró-Reitoria Adjunta de Planejamento e Orçamento; c) Coordenação de Curso;
i) Pró-Reitoria Adjunta de Gestão de Pessoas; d) Coordenação de Clínica;
j) Procuradoria Geral Adjunta; e) Diretoria da Escola Técnica.
k) Pró-Reitoria Adjunta de Infraestrutura;
l) Pró-Reitoria Adjunta de Ensino Médio, Técnico e Edu- SEÇÃO I — DO CENTRO
cação a Distância;
m) Vice-Presidência da Comissão Permanente de Con- Art. 56 - O Centro é um órgão da administração seto-
cursos; rial com funções deliberativas e executivas, encarregado de
n) Ouvidoria Geral; gerir os Departamentos que o compõem, congregando-os
o) Coordenadoria de Auditoria e Controle Interno; para o fim de uma reunião de esforços para os objetivos
p) Coordenadoria de Comunicação Social; comuns da área do conhecimento.
q) Coordenadoria de Relações Internacionais; Art. 57 - São órgãos de administração do centro:
r) Coordenadoria de Esporte e Lazer; I - O Conselho de Centro, como órgão deliberativo;
s) Coordenadoria de Bibliotecas; II - A Diretoria, como órgão executivo.
t) Coordenadoria de Tecnologia da Informação; Art. 58 - O Conselho de Centro, com atribuições defi-
u) Diretoria da EDUEPB. nidas no Regimento Geral, é composto:
I - pelo Diretor, como Presidente;
III - Órgãos do Nível de Assessoria Especial Superior I II - pelo Diretor Adjunto, como Vice-Presidente;
(Assessoria Técnica): III - pelos Chefes de Departamentos;
a) Assessoria Jurídica; IV - pelos Coordenadores de Cursos de Graduação e de
b) Assessoria do Gabinete da Reitoria; Pós-Graduação Stricto Sensu;
c) Assessoria de Comunicação; V - pelo Diretor de Escola Técnica, onde houver;
d) Assessoria de Integração com o Ensino Básico; VI - por 02 (dois) representantes do corpo discente
e) Assessoria de Intercâmbio Universitário; escolhidos dentre os alunos regularmente nos cursos de
f) Assessoria da Comissão Permanente de Concursos; graduação do Centro;
g) Assessoria das Pró-Reitorias; VII - por 01 (um) representante do corpo técnico-ad-
h) Assessoria da Coordenadoria de Tecnologia da In- ministrativo escolhido pelos servidores lotados no Centro.
formação. Art. 59 - Reunir-se-á o Conselho de Centro ordinaria-
mente uma vez por mês e extraordinariamente sempre que
IV - Órgãos do Nível de Assessoria Especial Superior II for necessário ou por requerimento de 1/3 (um terço) dos
(Assessoria Administrativa): seus membros.
a) Assessoria Administrativa.
Art. 53 - A estrutura funcional dos órgãos de que trata SEÇÃO II — DO DEPARTAMENTO
o artigo anterior será definida no Regimento Geral e seu
funcionamento disciplinado no Regimento da Reitoria ou Art. 60 - O Departamento se constitui na primeira ins-
em regimentos próprios, de acordo com a legislação vi- tância deliberativa sobre assuntos didáticos, científicos, ad-
gente. ministrativos, financeiros e disciplinares.
Art. 54 - Todos os titulares dos órgãos a que se refere Art. 61 - Os Departamentos se aglutinarão em Centros.
o Art. 51 são designados pelo Reitor e poderão ter atribui- Art. 62 - A Assembleia Departamental, órgão delibera-
ções por este delegadas, além das regimentais que lhes são tivo do Departamento, é composta:
cometidas. I - pelo Chefe e pelo Chefe Adjunto;
II - pelo pessoal docente nele lotado;
III - pela representação do corpo discente, na forma
prevista no Regimento Geral;

10
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

IV - pela representação do corpo técnico-administrati- Art. 71 - O Diretor e o Diretor Adjunto serão profes-
vo, na forma prevista no Regimento Geral. sores do quadro efetivo da Universidade no pleno exercí-
Art. 63 - Reunir-se-á o Departamento, ordinariamente, cio de suas atividades e exercerão os cargos em regime de
uma vez por mês e extraordinariamente sempre que for tempo integral e dedicação exclusiva.
necessário ou por requerimento de 1/3 (um terço) de seus Art. 72 - As atribuições do Diretor e do Diretor Adjunto
membros. serão definidas no Regimento
Geral.
SEÇÃO III — DO COLEGIADO DE CURSO
SEÇÃO VI — DA CHEFIA DO DEPARTAMENTO
Art. 64 - O Colegiado de Curso é órgão deliberativo e
integrador das atividades didático- científicas relacionadas Art. 73 - A Chefia do Departamento é órgão básico da
com o curso. administração setorial e coordenará todas as atividades do
Art. 65 - Os Cursos de graduação e pós-graduação Departamento, além de fiscalizá-las, atendidas as normas
têm um Colegiado constituído: pertinentes.
I - pelo Coordenador, como Presidente; Art. 74 - O Chefe e o Chefe Adjunto do Departamento
II - pelo Coordenador Adjunto, como Vice-Presidente; serão nomeados pelo Reitor, atendidas as normas perti-
III - por representantes dos docentes dos Departamen- nentes.
tos que ministram disciplinas no curso, escolhidos na forma § 1º - O Chefe Adjunto substitui o Chefe em suas faltas
regimental; e impedimentos e opera como coadjuvante nas funções da
IV - pela representação discente, na forma estabelecida Chefia.
no Regimento Geral. § 2º - Nas faltas ou impedimentos simultâneos do Che-
Parágrafo Único - Na composição do Colegiado de fe e do Chefe Adjunto, assumirá a Chefia o professor, do
Curso o maior número de representantes do corpo docen- quadro efetivo e lotado no Departamento, mais antigo no
te será de professores responsáveis pelo magistério das magistério superior da UEPB.
disciplinas do currículo mínimo da graduação, nos termos
§ 3º - Nos casos de vacância, será respeitado o pro-
definidos no Regimento Geral.
cedimento previsto para os cargos de Reitor e Vice-Reitor,
Art. 66 - A competência do Colegiado será definida no
com as devidas adaptações.
Regimento Geral.
Art. 75 - O Chefe e o Chefe Adjunto terão mandato
de 02 (dois) anos, sendo permitida uma única recondução
SEÇÃO IV — DA AUSÊNCIA OU IMPEDIMENTO DO
para mandato subsequente.
PRESIDENTE E DO VICE- PRESIDENTE DE COLEGIADOS
Art. 76 - O Chefe e o Chefe Adjunto serão professo-
Art. 67 - Nas ausências ou impedimento do Presidente res do quadro efetivo da Universidade em pleno exercício
de Colegiado da Administração Setorial, o Vice-Presidente de suas atividades e exercerão seus cargos em regime de
exercerá a presidência. tempo integral.
Parágrafo Único - Ausentes ou impedidos, conjunta- Art. 77 - As atribuições do Chefe e do Chefe Adjunto
mente, o Presidente e o Vice- Presidente de Colegiado da serão definidas no Regimento
Administração Setorial, assumirá a Presidência o seu mem- Geral.
bro mais antigo no magistério superior da UEPB.
SEÇÃO VII — DA COORDENAÇÃO DE CURSO
SEÇÃO V — DA DIRETORIA DO CENTRO
Art. 78 - A Coordenação de Curso, exercida pelo Coor-
Art. 68 - A Diretoria do Centro, exercida pelo Diretor, é denador, mediante ação do
órgão executivo que coordena, fiscaliza e superintende as Nível de Coordenação Setorial, é o órgão executivo
atividades do Centro. responsável pela coordenação das atividades didático-pe-
Art. 69 - O Diretor e o Diretor Adjunto, obedecidas as dagógicas dos cursos de graduação e de pós-graduação.
normas pertinentes, serão nomeados pelo Reitor. Art. 79 - O Coordenador e o Coordenador Adjunto,
§ 1º - O Diretor Adjunto substitui o Diretor em suas fal- obedecidos os critérios estabelecidos no Regimento Geral,
tas e impedimentos, exercendo, ainda atribuições que lhe serão nomeados pelo Reitor.
forem cometidas pelo Regimento Geral Art. 80 - Os titulares da Coordenação e da Coorde-
§ 2º - Nas faltas ou impedimentos simultâneos do Di- nação Adjunta serão professores integrantes do quadro
retor e do Diretor Adjunto, assumirá a Diretoria o professor, efetivo da Universidade no exercício do magistério de dis-
do quadro efetivo e lotado no Centro, mais antigo no ma- ciplinas do curso.
gistério superior da UEPB. Art. 81 - O Coordenador e o Coordenador Adjunto te-
§ 3º - Nos casos de vacância, deverá ser a respeitado o rão mandato de 02 (dois) anos, sendo permitida uma única
procedimento previsto para os cargos de Reitor e Vice-Rei- recondução para mandato subsequente e exercerão suas
tor, com as devidas adaptações. funções em regime de tempo integral, consoante o que
Art. 70 - O Diretor e o Diretor Adjunto terão mandato dispõe o Regimento Geral.
de 02 (dois) anos, sendo permitida uma única recondução
para mandato subsequente.

11
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

Art. 82 - Nas faltas ou impedimento simultâneos do I- Secretarias de Apoio Administrativo


Coordenador e do Coordenador Adjunto, assumirá a Coor- II - Chefias de Setores de Nível de Apoio Administra-
denação o professor do Curso, do quadro efetivo, que seja tivo;
mais antigo no magistério superior da UEPB. III - Secretarias dos Campi Universitários de Nível de
Parágrafo Único - Nos casos de vacância, será respei- Apoio Administrativo;
tado o procedimento previsto para os cargos de Reitor e IV - Secretarias de Nível de Apoio Administrativo.
Vice-Reitor, com as devidas adaptações.
Art. 83 - A Coordenação de Curso de Pós-Graduação e CAPÍTULO VII — DAS COMISSÕES
Extensão será prevista no Regimento Geral.
Art. 89 - As comissões, vinculadas à Reitoria, com es-
SEÇÃO VIII — DA COORDENAÇÃO DAS CLÍNICAS trutura e funcionamento definidos no Regimento Geral e
no Regimento da Reitoria ou em Resoluções emanadas de
Art. 84 - A Coordenação de Clínicas será disciplinada Conselhos Superiores, são as seguintes:
no Regimento Geral. I - Comissão Permanente de Pessoal Docente - CPPD;
Parágrafo Único - Equiparam-se às Clínicas, o Escritó- II - Comissão Permanente de Pessoal Técnico-Adminis-
rio Modelo, o Laboratório de Análises Clínicas, a Farmácia trativo - CPPTA
Escola e o Centro de Línguas. (nova redação dada pela RE- III - Comissão de Higiene, Segurança e Medicina do
SOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/020/2008). Trabalho;
IV - Comissão de Acumulação de Cargos e Vencimen-
SEÇÃO IX — DA DIRETORIA DAS ESCOLAS TÉCNICAS tos;
V - Comissão de Defesa dos Direitos Humanos.
Art. 85 - A Diretoria das Escolas Técnicas, exercidas Parágrafo Único - Os membros das Comissões são
pelo Diretor, considerada unidade executiva da Administra- designados pelo Reitor ou de acordo com a legislação em
ção Setorial, terá sua estrutura e funcionamento definidos vigor.
em Regimento próprio.
Parágrafo Único - A estrutura das Escolas Técnicas
TÍTULO III — DO ENSINO, DA PESQUISA E DA EX-
obedecerá à legislação atinente à espécie.
TENSÃO
CAPÍTULO I — DO ENSINO
CAPÍTULO V — DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRA-
ÇÃO SUPLEMENTAR E DE SEU NÍVEL DE DIREÇÃO
Art. 90 - O Ensino, no âmbito da UEPB, é ministrado
nas seguintes modalidades de curso:
Art. 86 - Os Órgãos da Administração Suplementar de
I - graduação: presencial, semipresencial e a distância;
caráter executivo
destinados à prestação de serviços de natureza técni- II - médio profissionalizante;
ca, cultural, assistencial, vinculados à Reitoria, com funcio- III - extensão;
namento definidos no Regimento Geral ou em regimento IV - pós-graduação stricto sensu e lato sensu.
próprio, são os seguintes: Art. 91 - Outras modalidades de curso poderão ser
I - Diretoria de Museu; criadas, com vistas às conveniências didáticas e científicas
II - Diretoria de Creche; ou às peculiaridades do mercado de trabalho, a juízo dos
III - Diretoria de órgão de comunicação. Órgãos de Deliberação Coletiva Superior competentes.
Art. 87 - O Diretor e o Diretor Adjunto dos órgãos a Art. 92 - Critérios de admissão, matrícula, organização
que se refere o Art. 85 serão nomeados pelo Reitor. e funcionamento dos cursos de que trata o Artigo 89 deste
§ 1º - O Diretor Adjunto substitui o Diretor em suas fal- Estatuto, obedecem ao estabelecido em lei, neste diploma
tas ou impedimentos, exercendo ainda atribuições que lhe e no Regimento Geral.
forem cometidas pelo Regimento próprio ou da Reitoria.
§ 2º - Nas faltas ou impedimentos simultâneos do Di- CAPÍTULO II — DA PESQUISA
retor e do Diretor Adjunto, assumirá a Diretoria um servi-
dor designado pelo Reitor. Art. 93 - A pesquisa na Universidade tem função in-
§ 3º - O Diretor e o Diretor Adjunto exercerão o cargo dissociável do ensino e objetiva despertar e desenvolver as
pelo período estipulado pelo Reitor. potencialidades do pensamento, buscando novos conhe-
cimentos e contributos para o aprimoramento dos níveis
CAPÍTULO VI — DOS ÓRGÃOS DE APOIO ADMI- sociais, econômicos, políticos e culturais do povo brasileiro.
NISTRATIVO E DE SEUS NÍVEIS DE EXECUÇÃO Parágrafo Único - As pesquisas prioritárias são as rea-
lizadas em campo de interesse da realidade local, regional,
Art. 88 - Os órgãos de Apoio Administrativo, vincu- sem perda dos aspectos universais.
lados à Administração Superior e Setorial, com funciona- Art. 94 - Em seu orçamento, a Universidade consignará
mento definido no Regimento da Reitoria ou regimentos recursos destinados às atividades de pesquisa, sem prejuí-
próprios, são constituídos por: zo dos provenientes de outras fontes.

12
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

CAPÍTULO III — DA EXTENSÃO CAPÍTULO II — DO CORPO DOCENTE

Art. 95 - A extensão assume a forma de cursos, pes- Art. 105 - O corpo docente da Universidade com-
quisas, difusão cultural e serviços prestados à comunidade. preende os professores integrantes da carreira do magis-
Art. 96 - Em seu orçamento, a Universidade consignará tério.
recursos destinados às atividades de extensão, sem prejuí- Art. 106 - A Carreira Docente na UEPB, conforme es-
zo dos provenientes de outras fontes. tabelecido na RESOLUÇÃO/UEPB/ CONSUNI/038/2007 e
a Lei Estadual pertinente, será estruturada nas seguintes
TÍTULO IV — DOS DIPLOMAS, CERTIFICADOS E classes e níveis:
TÍTULOS HONORÍFICOS I. Professor Graduado - Níveis A, B, C e D
II. Professor Mestre - Níveis A, B, C e D
Art. 97 - A Universidade conferirá na forma de seu Re- III. Professor Doutor - Níveis A, B, C e D
gimento Geral: IV. Professor Doutor Associado - Níveis A, B, C e D
I - Diploma de: V. Professor Doutor Pleno – Nível Único
a)- Graduação; § 1º - A carreira docente de que trata o caput deste
b)- Pós-Graduação stricto sensu. artigo substituirá a antiga carreira docente da UEPB que
II - Certificado de Pós-Graduação lato sensu: Especiali- entrará em processo de extinção a partir de primeiro de
zação e Aperfeiçoamento. janeiro de dois mil e oito.
III - Certificado de: § 2º - O ingresso na carreira se dará conforme disposto
a) Extensão; na RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/038/2007.
b) Aproveitamento em disciplinas isoladas; Art. 107 - A Universidade fomentará como atividade
c) - Curso Técnico-Profissionalizante. permanente e sistemática a capacitação de seu corpo do-
IV - Títulos Honoríficos: cente.
a) - Doutor honoris causa;
b) - Professor honoris causa; CAPÍTULO III — DO CORPO DISCENTE
c) - Professor emérito;
d) - Medalha de mérito universitário Art. 108 - O corpo discente da Universidade é cons-
tituído de todos os alunos regulamente matriculados em
TÍTULO V — A COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA seus diversos cursos.
CAPÍTULO I — DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 109 - A Universidade manterá monitorias para os
alunos que se submeterem a provas de seleção, na forma
Art. 98 - O pessoal docente será lotado nos Departa- disposta no Regimento Geral.
mentos e o pessoal técnico- administrativo nos Centros e Art. 110 - O corpo discente tem como órgão de re-
órgão da administração superior e setorial. presentação o Diretório Central dos Estudantes (DCE), os
Parágrafo Único – Onde não houver condições legais Centros Acadêmicos (CAs) e os Grêmios Estudantis, regu-
de constituição de departamento, excepcionalmente, os lamentados por estatutos próprios por eles elaborados de
docentes serão lotados nos centros ou na unidade insta- acordo com a legislação vigente.
lada.
Art. 99 - A admissão de servidores far-se-á mediante CAPÍTULO IV
concurso público de provas, ou de provas e títulos. — DO CORPO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO
Art. 100 - O regime de trabalho, a lotação, promoção,
e demais direitos e deveres dos servidores, têm seus crité- Art. 111 - O corpo técnico-administrativo compreende
rios definidos nos respectivos Planos de Cargos, Carreira e os servidores das
Remuneração. atividades- meios, subordinados ao regime jurídico
Art. 101 - O Regimento Geral estabelece normas dis- único, plano de cargos e carreiras e demais normas per-
ciplinares para o pessoal docente, discente e técnico Ad- tinentes.
ministrativo. Art. 112 - Cabe à Universidade promover programas
Art. 102 - A Universidade poderá prestar, por intermé- de treinamentos e aperfeiçoamento, com atividades per-
dio de órgãos próprios, assistência social aos membros da manentes e sistemáticas, visando melhor qualificação fun-
comunidade universitária, tais como, assistência jurídica, e cional de seu corpo técnico-administrativo.
à saúde, restaurante universitário, creche, residência uni- Art. 113 - A Universidade poderá, em casos de afas-
versitária e outros. tamento de servidores previstos em lei, determinar a sua
Art. 103 - A Universidade poderá contratar pessoal substituição temporária por outro servidor, desde que não
especializado para serviços técnicos ou consultorias para ultrapasse o período máximo de 180 (cento e oitenta) dias,
atendimento a necessidades específicas, por tempo deter- conforme a legislação pertinente em vigor.
minado, de acordo com a legislação pertinente em vigor. Parágrafo Único - O servidor designado para substi-
Art. 104 - A Universidade adotará como legislação tuir o outro servidor fica obrigado a cumprir a carga horária
própria aos servidores o Estatuto do Servidor Civil do Esta- do substituído, observado o limite constitucional.
do da Paraíba em vigor e legislação pertinente.

13
HISTÓRIA E BASES LEGAIS DA UEPB

TÍTULO VI — DA ORDEM ECONÔMICO-FINANCEIRA Art. 125 - A Universidade poderá criar e manter gru-
pos culturais de teatro, dança, coral e outros, vinculados à
Art. 114 - Para organização da proposta orçamentária Reitoria, com funcionamento definido em seus regimentos.
anual, a Reitoria fará previsão de suas receitas e despesas Art. 126 - Nas eleições da Universidade, previstas na
para o exercício considerado, devidamente discriminadas e legislação vigente, havendo empate, considerar-se-á eleito
justificadas, ouvidos os responsáveis pelos diversos órgãos o mais antigo na Instituição, e entre os de igual antiguida-
da estrutura administrativa da Universidade. de, o mais idoso.
Art. 115 - Os recursos financeiros da Universidade são Art. 127 - A investidura em qualquer cargo e a matrí-
provenientes de: cula em qualquer curso implicam compromisso tácito do
I - dotação do Governo do Estado da Paraíba; investido e do matriculado de respeitarem as disposições
II - outras fontes, compreendendo: legais, estatutárias, regimentais e normas outras em vigor
a) - recursos diretamente arrecadados pelos diversos ór- na Universidade.
gãos da Universidade; Art. 128 - A estrutura funcional da Universidade será
b) - retribuição por prestação de serviços; composta de cargos e funções estabelecidas em quadro de
d) - rendas de convênios e acordos; carreira, aprovado pelo CONSUNI.
e) - recursos advindos de subvenções, doações e auxí- Art. 129 - Haverá cargos e funções de confiança, dis-
lios de pessoas físicas e jurídicas ou de convênios e acordos tribuídos em grupos de direção e gerência superior, asses-
celebrados com a União, com Estados e Municípios. soramento, direção setorial e apoio.
f) - rendas extraordinárias e eventuais. Art. 130 - Cada cargo e função de confiança serão
Art. 116 - A Universidade poderá receber doações ou identificados por símbolo, nível e remuneração, confor-
legados, com ou sem encargos, inclusive, para a constituição me o Anexo da RESOLUÇÃO/UEPB/CONSUNI/033/2005.
de fundos especiais, ampliação de instalações ou custeio de (nova redação dada pela RESOLUÇÃO/UEPB/CONSU-
determinados serviços. NI/001/2012).
Parágrafo Único - Em casos de doações ou legados Art. 131 - Os casos omissos neste Estatuto serão resol-
com encargos, a Universidade poderá recebê-los se com- vidos pelo Conselho Universitário.
preendidos em suas finalidades e podendo ser cobertos, fi- Art. 132 - Este Estatuto entra em vigor na data de sua
nanceiramente, pelo bens recebidos. publicação no Diário Oficial do Estado.
Campina Grande, 28 de setembro de 2017.
TÍTULO VII
— DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 117 - Para realização dos seus objetivos, a Univer-


sidade poderá criar, instalar e incorporar outras unidades de
ensino superior e de ensino técnico, de acordo com este
Estatuto e na forma da legislação em vigor.
Art. 118 - A representação judicial e notarial da Uni-
versidade será exercida pelo Reitor, ou por delegação, pelo
Procurador Geral.
Art. 119 - A Universidade poderá criar e/ou utilizar-se
dos serviços de fundação de apoio ao ensino, à pesquisa e
à extensão, tendo em vista a flexibilidade de suas atividades,
de acordo com a legislação vigente.
Art. 120 - Nenhum servidor poderá ser titular de mais
de um colegiado, vedada também a lotação em mais de um
Departamento, salvo em caso previsto na legislação.
Art. 121 - É proibida a acumulação de cargos comis-
sionados.
Art. 122 - Os cargos e funções comissionados serão
exercidos em tempo integral.
Art. 123 - As reuniões dos colegiados e aquelas con-
vocadas pelos dirigentes para tratamento de assuntos im-
portantes para a Instituição terão prioridade sobre qualquer
outra atividade, implicando em punição com falta a quem
não comparecer sem justificativa.
Art. 124 - A Universidade poderá organizar Núcleos que
envolvam atividades interdisciplinares de ensino, pesquisa
ou extensão, os quais estarão vinculados aos Departamen-
tos, Centros ou às Pró-Reitorias correspondentes, com com-
posição e funcionamento definidos em seus regimentos.

14
DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Constituição........................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Conceito e classificação............................................................................................................................................................................ 01
1.2. Dos Princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988............................................................................................... 01
2. Direitos e garantias fundamentais................................................................................................................................................................ 11
2.1 Direitos e deveres individuais e coletivos........................................................................................................................................... 11
2.2. Direitos fundamentais dos trabalhadores na Constituição Federal de 1988....................................................................... 11
3. Organização político-administrativa............................................................................................................................................................ 46
3.1. União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios........................................................................................................... 46
4. Administração pública....................................................................................................................................................................................... 54
4.1 Disposições gerais....................................................................................................................................................................................... 54
5. Da Organização dos Poderes da República............................................................................................................................................... 68
5.1. Poder Legislativo......................................................................................................................................................................................... 68
5.1.1. Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, deputados e senadores.......................................... 68
5.2. Poder Executivo........................................................................................................................................................................................... 81
5.2.2. Atribuições do Presidente da República e dos ministros de Estado................................................................................... 81
6. Poder Judiciário.................................................................................................................................................................................................... 85
6.1. Organização do Poder Judiciário no Brasil....................................................................................................................................... 85
6.2. Competências............................................................................................................................................................................................... 85
7. Da Organização dos Poderes do Estado da Paraíba.............................................................................................................................. 97
7.1. Poder Legislativo......................................................................................................................................................................................... 97
7.1.1. Assembleia Legislativa........................................................................................................................................................................... 97
7.1.2. Dos deputados Estaduais..................................................................................................................................................................... 97
7.2. Poder Executivo........................................................................................................................................................................................... 98
7.2.2. Do Governador e Vice-governador do Estado: Eleição, Posse, Mandato. Atribuições do Governador do Es-
tado.............................................................................................................................................................................................................98
7.3. Poder Judiciário Estadual.......................................................................................................................................................................100
7.3.1. Tribunal de Justiça da Paraíba: Organização, Composição e Competência....................................................................100
DIREITO CONSTITUCIONAL

se erigiram em direito, em instituições jurídicas, e quem


1. CONSTITUIÇÃO. atentar contra eles atentará contra a lei e será castigado”.
1.1. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO. Logo, a Constituição, antes de ser norma positivada, tem
1.2. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA seu conteúdo delimitado por aqueles que possuem uma
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. parcela real de poder na sociedade. Claro que o texto cons-
titucional não explicitamente trará estes fatores reais de
poder, mas eles podem ser depreendidos ao se observar
favorecimentos implícitos no texto constitucional.
O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial
ao jurista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele Constituição no sentido político
que se delineia toda a estrutura do ordenamento jurídico Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição
nacional. não está na Constituição em si, mas nas decisões políticas
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Cons- tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito
tituição Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do es- de Constituição será estruturado por fatores como o regi-
tudo do Direito Constitucional, impossível compreendê-la me de governo e a forma de Estado vigentes no momento
sem antes situar a referida Carta Magna na teoria do cons- de elaboração da lei maior. A Constituição é o produto de
titucionalismo. uma decisão política e variará conforme o modelo político
A origem do direito constitucional está num movimen- à época de sua elaboração.
to denominado constitucionalismo.
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo Constituição no sentido material
qual se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser Pelo conceito material de Constituição, o que define
limitado, que evoluiu para um movimento jurídico defensor se uma norma será ou não constitucional é o seu conteú-
da imposição de normas escritas de caráter hierárquico su- do e não a sua mera presença no texto da Carta Magna.
perior que deveriam regular esta limitação de poder. Em outras palavras, determinadas normas, por sua nature-
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbi-
za, possuem caráter constitucional. Afinal, classicamente a
trário fundamenta a noção de norma no ápice do ordena-
Constituição serve para limitar e definir questões estrutu-
mento jurídico, regulamentando a atuação do Estado em
rais relativas ao Estado e aos seus governantes.
todas suas esferas. Sendo assim, inaceitável a ideia de que
Pelo conceito material de Constituição, não importa a
um homem, o governante, pode ser maior que o Estado.
maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
O objeto do direito constitucional é a Constituição, no-
dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
tadamente, a estruturação do Estado, o estabelecimento
limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
dos limites de sua atuação, como os direitos fundamentais,
denamento na forma de lei complementar, não de emenda
e a previsão de normas relacionadas à ideologia da ordem
econômica e social. Este objeto se relaciona ao conceito constitucional, mas tem por finalidade regular questões de
material de Constituição. No entanto, há uma tendência inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti-
pela ampliação do objeto de estudo do Direito Constitu- tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia
cional, notadamente em países que adotam uma Constitui- no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
ção analítica como o Brasil. um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre-
vista como lei complementar, na verdade regula o que na
Conceito de Constituição Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o
É delicado definir o que é uma Constituição, pois de conceito material de Constituição, trata-se de norma cons-
forma pacífica a doutrina compreende que este concei- titucional.
to pode ser visto sob diversas perspectivas. Sendo assim, Pelo conceito material de Constituição, não importa a
Constituição é muito mais do que um documento escrito maneira como a norma foi inserida no ordenamento jurí-
que fica no ápice do ordenamento jurídico nacional esta- dico, mas sim o seu conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha
belecendo normas de limitação e organização do Estado, limpa – Lei Complementar nº 135/2010 – foi inserida no or-
mas tem um significado intrínseco sociológico, político, denamento na forma de lei complementar, não de emenda
cultural e econômico. constitucional, mas tem por finalidade regular questões de
inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo 14 da Consti-
Constituição no sentido sociológico tuição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa influencia
O sentido sociológico de Constituição foi definido por no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
Ferdinand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora pre-
elaborada tem como perspectiva os fatores reais de poder vista como lei complementar, na verdade regula o que na
na sociedade. Neste sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se Constituição seria chamado de elemento limitativo. Para o
estes fatores reais de poder, registram-se em uma folha de conceito material de Constituição, trata-se de norma cons-
papel, [...] e, a partir desse momento, incorporados a um titucional.
papel, já não são simples fatores reais do poder, mas que
1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. 2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. Francisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003.

1
DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição no sentido formal Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a pre-


Como visto, o conceito de Constituição material pode sença de um escalonamento de normas no ordenamento ju-
abranger normas que estejam fora do texto constitucional rídico, sendo que a Constituição fica no ápice desta pirâmide.
devido ao conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no
sentido formal é definida exclusivamente pelo modo como a Elementos da Constituição
norma é inserida no ordenamento jurídico, isto é, tudo o que Outra noção relevante é a dos elementos da Constitui-
constar na Constituição Federal em sua redação originária ção. Basicamente, qualquer norma que se enquadre em um
ou for inserido posteriormente por emenda constitucional dos seguintes elementos é constitucional:
é norma constitucional, independentemente do conteúdo.
Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter Elementos Orgânicos
materialmente constitucional, seja formalmente constitu- Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notada-
cional, apenas por estar inserida no texto da Constituição mente no que tange a:
Federal. Por exemplo, o artigo 242, §2º da CF prevê que “o a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder
Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será entre governantes e governados. Se há eletividade e tempo-
mantido na órbita federal”. Ora, evidente que uma norma rariedade de mandato, tem-se a forma da República, se há
que trata de um colégio não se insere nem em elementos vitaliciedade e hereditariedade, tem-se Monarquia.
organizacionais, nem limitativos e nem socioideológicos. b) Forma de Estado – delimita se o poder será exerci-
Trata-se de norma constitucional no sentido formal, mas não do de forma centralizada numa unidade (União), o chamado
no sentido material. Estado Unitário, ou descentralizada entre demais entes fe-
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e do derativos (União e Estados, classicamente), no denominado
Colégio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição Fede- Estado Federal. O Brasil adota a forma Federal de Estado.
ral de 1988 e no sistema jurídico brasileiro como um todo c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação
não há perfeita correspondência entre regras materialmente entre Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das
constitucionais e formalmente constitucionais. funções do Estado, como maior ou menor independência e
colaboração entre eles. Pode ser Parlamentarismo ou Presi-
Constituição no sentido jurídico dencialismo, sendo que o Brasil adota o Presidencialismo.
Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de
Constituição alocando-a no mundo do dever ser. poder, como o governante se ascende ao Poder. Se houver
Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que somen- legitimação popular, há Democracia, se houver imposição em
te existe quando uma conduta é considerada objetivamente detrimento do povo, há Autocracia.
obrigatória e, caso este agir do dever ser se torne subjeti-
vamente obrigatório, surge o costume, que pode gerar a Elementos Limitativos
produção de normas morais ou jurídicas; contudo, somente A função primordial da Constituição não é apenas definir e
é possível impor objetivamente uma conduta por meio do estruturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limi-
Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser. tes à atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo
Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kel- o que bem entender, se sujeitando a determinados limites.
sen4 entendeu que é preciso uma correspondência mínima As normas de direitos fundamentais – categoria que
entre a conduta humana e a norma jurídica imposta, logo, abrange direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais
para ser vigente é preciso ser eficaz numa certa medida, e direitos coletivos – formam o principal fator limitador do
considerando eficaz a norma que é aceita pelos indivíduos Poder do Estado, afinal, estabelecem até onde e em que me-
de tal forma que seja pouco violada. Trata-se de noção re- dida o Estado poderá interferir na vida do indivíduo.
lacionada à de norma fundamental hipotética, presente no
plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcendental da Elementos Socioideológicos
validade da Constituição jurídico-positiva. Os elementos socioideológicos de uma Constituição são
No entanto, o que realmente confere validade é o po- aqueles que trazem a principiologia da ordem econômica e
sicionamento desta norma de dever ser na ordem jurídica social.
e a qualidade desta de, por sua posição hierarquicamente
superior, estruturar todo o sistema jurídico, no qual não se Classificação das Constituições
aceitam lacunas. Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das
Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como um Constituições:
sistema de normas com o mesmo fundamento de validade –
a existência de uma norma fundamental. Não importa qual Quanto à forma
seja o conteúdo desta norma fundamental, ainda assim ela a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único
conferirá validade à norma inferior com ela compatível.Esta texto escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com
norma fundamental que confere fundamento de validade a esta qualidade. Se o texto for resumido e apenas contiver
uma ordem jurídica é a Constituição. normas básicas, a Constituição escrita é sintética; se o texto
for extenso, delimitando em detalhes questões que muitas
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João vezes excedem mesmo o conceito material de Constitui-
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10. ção, a Constituição escrita é analítica. Firma-se a adoção de
4 Ibid., p. 12. um sistema conhecido como Civil Law. O Brasil adota uma
5 Ibid., p. 33. Constituição escrita analítica.

2
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Não escrita – Não significa que não existam nor- Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outor-
mas escritas que regulem questões constitucionais, mas gada, mas também não é promulgada. Se dá quando um
que estas normas não estão concentradas num único texto projeto do agente revolucionário é posto para votação do
e que nem ao menos dependem desta previsão expressa povo, que meramente ratifica a vontade do detentor do
devido à possível origem em outros fatores sociais, como poder.
costumes. Por isso, a Constituição não escrita é conhecida
como costumeira. É adotada por países como Reino Uni- Quanto à dogmática
do, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia.
sistema jurídico se estruturará no chamado Common Law b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo
(Direito costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de ideologias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclé-
precedentes). tica.
Quanto ao modo de elaboração Poder Constituinte
a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são
elaboradas num só ato a partir de concepções pré-estabe-
1) Titularidade e exercício
lecidas e ideologias já declaradas. A Constituição brasilei-
A Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo
ra de 1988 é dogmática.
único, estabelece que “todo o poder emana do povo, que
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática,
eis que o seu processo de formação é lento e contínuo com o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen-
o passar dos tempos. te, nos termos desta Constituição”. Sendo assim, o texto
constitucional já fala desde logo de um poder maior, exer-
Quanto à estabilidade cido pelo povo (titular) por meio de seus representantes
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo le- (exercentes). O exercente do poder é um órgão colegiado
gislativo mais árduo. composto por representantes eleitos pelos titulares do po-
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defen- der, os que fazem parte do povo.
dida por parte da doutrina, além de ter um processo le- O poder constituinte é o poder de normatizar a estru-
gislativo diferenciado para emendas constitucionais, tem tura do Estado e os limites à sua atuação mediante criação,
certas normas que não podem nem ao menos ser alteradas modificação, revisão ou revogação de normas da Constitui-
– denominadas cláusula pétreas. ção Federal conferido pelo povo aos seus representantes.
A Constituição brasileira de 1988 pode ser conside-
rada rígida. Pode ser também vista como super-rígida aos 2) Poder constituinte originário
que defendem esta subclassificação. O poder constituinte originário, também conhecido
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo como genuíno ou de primeiro grau, autoriza a edição da
mais árduo para a alteração das normas constitucionais, Constituição Federal, a primeira depois da independência
utilizando-se o mesmo processo das normas infraconsti- e as demais ab-rogando-a. Depois de finda esta missão,
tucionais. institui outro poder, dele derivado.
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quan- O poder constituinte originário é inicial, autônomo e
to flexível, pois parte de suas normas precisam de processo incondicionado. É inicial porque é o poder de fato, que
legislativo especial para serem alteradas e outra parte se- emana do povo e por si só se funda, não decorrendo de
gue o processo legislativo comum. outro poder. É autônomo e incondicionado porque não
tem limites materiais de exercício, notadamente cláusulas
Quanto à função pétreas, daí se dizer que é soberano. Não significa que seja
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notada-
ilimitado, pois certas limitações se impõem por um limita-
mente para limitar o poder do Estado.
tivo lógico, de acordo com uma perspectiva jusnaturalista
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da
de direitos inatos ao homem.
limitação do poder do Estado, definindo um projeto de Es-
tado a ser alcançado. A Constituição brasileira de 1988 é
dirigente. 3) Poder constituinte derivado
O poder constituinte derivado, também denominado
Quanto à origem instituído ou de 2º grau, é o que está apto a efetuar refor-
a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo mas à Constituição. Ele é exercido pelo Congresso Nacio-
agente revolucionário. A Constituição outorgada é deno- nal, na forma e nos limites estabelecidos pelo poder cons-
minada como Carta. tituinte originário.
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo tam- O poder constituinte derivado é derivado, subordinado
bém conhecida como democrática ou popular. Decorre do e condicionado. Por derivar do poder constituinte originá-
trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita rio, se sujeita a limitações por ele impostas, denominadas
pelo povo para em nome dele atuar (legitimação popular). limitações ao poder de reforma. Sendo assim, este poder
A Constituição promulgada é denominada Constituição, poderá reformar a redação constitucional conferida pelo
enquadrando-se nesta categoria a Constituição brasileira poder constituinte originário, mas dentro dos limites por
de 1988. este estabelecidos.

3
DIREITO CONSTITUCIONAL

Por isso mesmo, é possível que uma emenda constitu- 1/3 dos membros do Senado Federal. Da mesma forma, um
cional fruto do poder constituinte decorrente seja incons- deputado estadual não pode propor sozinho uma emenda,
titucional, desde que desrespeite os limites impostos pelo poder conferido às Assembleias Legislativas estaduais, em
poder constituinte originário. É correta a afirmação de que conjunto, exigindo-se mais da metade delas (são 27, incluí-
existe norma constitucional inconstitucional, mas desde do o Distrito Federal, necessárias 14).
que se refira a norma constitucional fruto do poder cons- O cidadão brasileiro, sozinho, não pode propor um
tituinte derivado. Não existe norma originária da Consti- projeto de lei para alterar o ordenamento jurídico brasilei-
tuição Federal que seja inconstitucional porque o poder ro, prevendo-se que “a iniciativa popular pode ser exercida
constituinte originário é inicial e autônomo. pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
4) Poder constituinte decorrente nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
Ainda é possível falar no poder constituinte decorrente, não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
que consiste no poder dos Estados-membros elaborarem um deles” (artigo 61, §2º, CF).
sua própria Constituição por suas Assembleias Legislativas A dúvida resta ao se perguntar se a iniciativa popu-
(artigo 25, CF). Para parte da doutrina, há poder constituin- lar abrange a possibilidade de se apresentar proposta de
te decorrente também quanto aos municípios, que a partir emenda constitucional, havendo duas posições: a primeira,
da Constituição de 1988 adquiriram poder para elaborar minoritária, diz que porque a regra da iniciativa está num
suas próprias leis orgânicas (artigo 29, CF), o que antes era parágrafo ela não poderia ter alcance maior que o caput do
feito no âmbito estadual. A lei orgânica do Distrito Federal artigo, logo, o alcance é restrito à propostas de projetos de
é a única que, sem dúvidas, tem caráter de Constituição, lei; a segunda, majoritária, com a qual se concorda, prevê
pois aceita o controle de constitucionalidade em face dela. que sim, afinal, o parágrafo único do artigo 1º da CF diz
que todo poder emana do povo (inclusive o constituinte) e
5) Poder constituinte revisionante o artigo 14 da CF ao trazer a iniciativa popular não estabe-
Tem-se, ainda, o poder constituinte revisionante, pre- lece qualquer limitação.
visto no artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias: “a revisão constitucional será realizada após Objetivas – Quanto à votação e à promulgação
cinco anos, contados da promulgação da Constituição, Toda proposta de emenda constitucional, antes de ser
pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congres- votada no plenário, passa primeiro pela Comissão de Cons-
so Nacional, em sessão unicameral”. Neste sentido, foram tituição e Justiça e, depois, por comissões específicas do
aprovadas 6 emendas constitucionais de revisão anômala. tema.
O destaque vai para o fato de não se exigir nestas emendas No plenário, é necessário obter aprovação de 3/5 dos
revisionantes o quórum de 3/5 + 2 turnos das emendas membros (308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos
constitucionais comuns, bastando o voto da maioria abso- no Senado Federal), em votação em dois turnos (vota na
luta numa única sessão. casa numa semana e repete a votação na semana seguin-
te), nas duas Casas (primeiro vota em 2 turnos na que faz
6) Limitações impostas pelo poder constituinte ori- a deliberação principal e depois em 2 turnos na que faz a
ginário ao poder constituinte derivado deliberação revisional) (artigo 60, §2º).
Depois, “a emenda à Constituição será promulgada pe-
6.1) Limitações formais ou procedimentais las Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
Quando o poder constituinte originário delibera, não com o respectivo número de ordem” (artigo 60, §3º, CF).
há procedimento pré-estabelecido. Isto não ocorre com re- Não é o Presidente da República que promulga, logo, não
lação ao poder constituinte derivado, que deve respeitar as sanciona nem veta, a emenda constitucional porque o po-
normas procedimentais instituídas pelo poder constituinte der constituinte é exclusivo do Congresso Nacional.
originário.
6.2) Limitações circunstanciais
Subjetivas – Quanto à iniciativa Nos termos do artigo 60, §1º, CF, “a Constituição não
Refere-se ao poder de iniciativa individual de propor poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
leis ou alterações nelas, sendo conferido a: Presidente da de estado de defesa ou de estado de sítio”. Presentes estas
República, Deputado Federal, Senador, Deputado Estadual. circunstâncias que indicam instabilidade no cenário nacio-
Exceto no caso do Senador, as propostas serão enviadas nal, não é possível emendar a constituição.
à Câmara dos Deputados, não ao Senado Federal. Sendo
assim, a Câmara dos Deputados faz a deliberação principal, 6.3) Limitações temporais
em regra, restando ao Senado a deliberação revisional. Limitação temporal é aquela que impede que a decisão
Contudo, para as propostas de emendas constitucio- sobre a reforma seja tomada num determinado período de
nais é exigida, em regra, iniciativa coletiva. O único que tempo. Não existe na Constituição Federal de 1988 uma
pode fazer uma proposta desta natureza sozinho é o Presi- limitação puramente temporal. No entanto, há uma limi-
dente da República. Um deputado federal precisa do apoio tação de ordem temporal-material prevista no §5º do arti-
de ao menos 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados, go 60 da CF: “a matéria constante de proposta de emenda
enquanto que um senador precisa do suporte de ao menos rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto

4
DIREITO CONSTITUCIONAL

de nova proposta na mesma sessão legislativa”. Logo, im- Nota-se que parte dos direitos políticos (capítulo IV do
pede-se a deliberação de uma matéria já votada na mesma Título II) é cláusula pétrea em razão desta disposição.
sessão legislativa e rejeitada, isto é, no mesmo ano civil. O
mesmo vale se a proposta foi havida por prejudicada, ou Separação dos Poderes
seja, se era semelhante a uma proposta feita anteriormente A divisão entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário,
e que foi rejeitada. A rejeição na Comissão de Constituição cada qual com suas funções típicas e atípicas, idealizada no
e Justiça é terminativa e a proposta é considerada rejeitada, Iluminismo, notadamente na obra de Montesquieu, é cláu-
somente podendo ser votada de novo no período seguinte. sula pétrea e não pode ser alterada. Não é necessário que
a proposta extinga um dos Poderes, bastando que atinja de
6.4) Limitações materiais forma relevante em suas competências.
Determinadas matérias não podem ser objeto de
emenda constitucional, dividindo-se em limitações mate- Direitos e garantias individuais
riais implícitas, que decorrem da lógica do sistema consti- O Título II da Constituição Federal abrange os direi-
tucional, e limitações materiais explícitas, conhecidas como tos e garantias fundamentais, expressão que abrange os
cláusulas pétreas, previstas no artigo 60, §4º, CF. direitos delimitados em seus capítulos, direitos e deveres
Classicamente, são limitações materiais implícitas: a individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo
titularidade do poder constituinte (povo), o exercente do II), e direitos políticos – que só existem com nacionalida-
poder de reforma (Congresso Nacional), o procedimento de (capítulos III e IV). Sendo assim, direitos fundamentais é
para aprovação da emenda constitucional, afinal, esta- uma expressão que abrange diversas naturezas de direitos,
ria alterando a essência do poder constituinte e a princi- entre eles os direitos individuais. Conclui-se que não é o
pal limitação procedimental que é o quórum especial de Título II por completo protegido pela cláusula pétrea, mas
aprovação. Se incluem nas limitações materiais implícitas a apenas o Capítulo I.
forma de governo (República) e o regime de governo (Pre- Se o Capítulo I fala em direitos individuais e coletivos,
sidencialismo), eis que a questão foi votada em plebiscito não significa que somente parte deles será protegida. Com
no ano de 1993. mais razão, se um direito individual é protegido, o coletivo
Quanto às limitações materiais expressas na forma
deve ser. Ex.: O mandado de segurança individual é cláu-
de cláusulas pétreas, prevê o artigo 60, § 4º, CF, “não será
sula pétrea e, com mais sentido, o mandado de segurança
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
coletivo também é.
abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto,
Então, a cláusula pétrea abrange exclusivamente o ca-
secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes;
pítulo I do Título II, ou seja, todo o artigo 5º da Constituição
IV – os direitos e garantias individuais”.
Federal. Atenção: a vedação é da alteração dos dispositivos
Primeiro, atenta-se à redação do caput: propostas que
e da restrição de direitos, nada impedindo que a prote-
tenham por objeto as cláusulas pétreas não poderão nem
ser deliberadas, nem ser levadas à votação; e a contrarie- ção seja ampliada. Logo, emenda constitucional pode criar
dade à cláusula pétrea não precisa ser expressa e eviden- novo direito individual (aliás, já o fez, a Emenda Constitu-
te, bastando que a proposta tenha a tendência à abolição, cional nº 45/2004 incluiu no artigo 5º o inciso LXXVIII e os
atingindo qualquer elemento essencial ao conceito da parágrafos 3º e 4º).
cláusula. Por exemplo, não precisa excluir a separação dos Considerado este raciocínio, seria possível alterar o
Poderes, mas atingir seriamente a divisão de competências. capítulo II, que trata dos direitos sociais, diminuindo estes
direitos. Para a corrente que se atém a esta posição, é na-
Estado federal tural conferir maior flexibilidade aos diretos sociais porque
O modelo federativo de Estado é inalterável. Ou seja, situações sociais mudam, notadamente no campo do di-
é preciso respeitar a autonomia de cada uma das unidades reito trabalhista. Para outra corrente, é preciso preservar a
federativas, quais sejam, segundo a Constituição Federal, proibição do retrocesso, não voltando o cenário protetivo
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios a um estágio anterior.
(considerado federalismo atípico pela inclusão dos Muni-
cípios no pacto federativo). Dos princípios fundamentais

Voto direto, secreto, universal e periódico 1) Fundamentos da República


O voto deve ser direto, cada um deve dar seu próprio O título I da Constituição Federal trata dos princípios
voto, não será um órgão que elegerá o governante; secreto, fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti-
sigiloso, dado em cabine indevassável alheia a quaisquer go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe-
capacidades sensoriais; universal, neste sentido, sufrágio derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do
universal significa que a capacidade eleitoral ativa, de vo- Estado nacional.
tar, é acessível a todos os nacionais; periódico, impedindo Neste sentido, disciplina:
que um mandato governamental seja vitalício (todos os
agentes políticos são investidos por 4 anos, à exceção dos Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela
Senadores, eleitos por 8 anos). Obs.: o voto obrigatório não união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
é cláusula pétrea e pode ser objeto de emenda constitu- deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
cional. como fundamentos:

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DIREITO CONSTITUCIONAL

I - a soberania; Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo úni-


II - a cidadania; co do artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana
III - a dignidade da pessoa humana; do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo é
V - o pluralismo político. soberano em suas decisões e as autoridades eleitas que
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o decidem em nome dele, representando-o, devem estar
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo
nos termos desta Constituição. exercício do sufrágio universal.
Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demons-
destes fundamentos. trado que não somente é guia da atuação política do Esta-
do, mas também de sua atuação econômica. Neste senti-
1.1) Soberania do, deve-se preservar e incentivar a indústria e a economia
Soberania significa o poder supremo que cada nação nacionais.
possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este con-
ceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do ab-
1.2) Cidadania
solutismo, colocando o reina posição de soberano. Sendo
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú-
assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu
blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di-
poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divi-
no, ou seja, absoluto. reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia
Neste sentido, Thomas Hobbes6, na obra Leviatã, de- como regime político.
fende que quando os homens abrem mão do estado na- Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as
tural, deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para
consolidação deste tipo de sociedade é necessária a pre- unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades
sença de uma autoridade à qual todos os membros devem -estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen-
render o suficiente da sua liberdade natural, permitindo te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e,
que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a de- por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias.
fesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra Com efeito, as origens da chamada democracia se encon-
de Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Levia- tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire-
tã, uma autoridade inquestionável. ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por
No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma- meio da discussão na polis.
quiavel7, que rejeitou a concepção de um soberano que Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po-
deveria ser justo e ético para com o seu povo, desde que lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com
sempre tivesse em vista a finalidade primordial de manter os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne
o Estado íntegro: “na conduta dos homens, especialmente com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou
dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justi- indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um
ficam os meios. Portanto, se um príncipe pretende con- representante).
quistar e manter o poder, os meios que empregue serão Portanto, o conceito de democracia está diretamente
sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem
o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”. possui cidadania está apto a participar das decisões políti-
A concepção de soberania inerente ao monarca se cas a serem tomadas pelo Estado.
quebrou numa fase posterior, notadamente com a ascen- Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín-
são do ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que
a soberania como um poder que repousa no povo. Logo, a
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser
autoridade absoluta da qual emana o poder é o povo e a
votado (sufrágio universal).
legitimidade do exercício do poder no Estado emana deste
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos:
povo.
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga
Com efeito, no Estado Democrático se garante a sobe-
rania popular, que pode ser conceituada como “a qualidade um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele
máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim
membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os de direitos e obrigações.
seus representantes no governo por meio do sufrágio uni- b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado,
versal e do voto direto, secreto e igualitário”8. unidas pelo vínculo da nacionalidade.
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta-
6 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradução de
do, nacionais ou não.
João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: [s.n.], 1861.
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido
7 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti.
São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111. aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a
8 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. consolidação do sistema democrático.
São Paulo: Saraiva, 2000.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1.3) Dignidade da pessoa humana da mesma espécie. O homem, considerado na sua obje-
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- tividade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
cional, que possa se considerar compatível com os valores mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia. ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de processo histórico”.
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabo- da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
ração da norma, seja na sua aplicação. ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- e confere a eles posição hierárquica superior às normas
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a membros, e não o inverso.
própria exclusão de sua personalidade.
Aponta Barroso9: “o princípio da dignidade da pessoa 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
humana identifica um espaço de integridade moral a ser Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra-
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-
mundo. É um respeito à criação, independente da crença ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções.
que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela- De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-
ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-
com as condições materiais de subsistência”. rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa,
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos do mais forte sobre o mais fraco.
direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar
condições existenciais mínimas, a participação saudável e a exploração de atividades econômicas no território bra-
ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des- sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
tilação dos valores soberanos da democracia e das liber- constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-
dades individuais. O processo de valorização do indivíduo tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela
articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao
olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in- atendimento crescente das necessidades de todos os que
dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen- nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é
tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima- possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais
gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao afirmados na Constituição Federal como direitos funda-
princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como mentais.
conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro- No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar
teção especial consistente em indenização por dano moral de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes
decorrente de sua violação”10. aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo-
Para Reale11, a evolução histórica demonstra o domínio res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aquele
de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade res-
ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores peitada em todas as suas dimensões, não somente no que
fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direi-
é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de tos fundamentais afirmados pelo constituinte.
Reale12: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a A questão resta melhor delimitada no título VI do texto
pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho- constitucional, que aborda a ordem econômica e financei-
mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização
entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
9 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”.
Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano
10 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Re-
vista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti-
www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012. vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Sa- do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre
raiva, 2002, p. 228. concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do
12 Ibid., p. 220. pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra-

7
DIREITO CONSTITUCIONAL

tamento favorecido para as empresas de pequeno porte A noção de separação de Poderes começou a tomar
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu- lançou base para os dois principais eventos que ocorre-
rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi- ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que
a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário
independentemente de autorização de órgãos públicos, das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc-
salvo nos casos previstos em lei”. ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos
1.5) Pluralismo político Poderes.
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi- Locke, que também entendia necessária a separação dos
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de-
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em
fornecer espaço para a manifestação política delas. que o absolutismo estava cada vez mais forte.
Sendo assim, pluralismo político significa não só res- O objeto central da principal obra de Montesquieu13
peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis
tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários e instituições criadas pelos homens para reger as relações
grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos- entre os homens. Segundo Montesquieu14, as leis criam
sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma- costumes que regem o comportamento humano, sendo
nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão.
substrato para se fazerem subsistir na sociedade. Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon-
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou tesquieu15, do modo como se dará o seu exercício, uma vez
multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên- que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto
cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou- a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre-
cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões sentado conforme sua vontade.
Montesquieu16 estabeleceu como condição do Estado
políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
multiculturalidade no âmbito interno.
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de
2) Separação dos Poderes
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os
tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
próprios Poderes).
do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
Ao modelo de repartição do exercício de poder por in-
garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se- termédio de órgãos ou funções distintas e independentes
guinte teor: de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser
limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni- freios e contrapesos (no inglês, checks and balances).
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
3) Objetivos fundamentais
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es- O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição
tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil,
do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta nos seguintes termos:
garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-
guinte teor: “Art. 2º São Poderes da União, independentes Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi- Federativa do Brasil:
ciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá- II - garantir o desenvolvimento nacional; 
ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes. desigualdades sociais e regionais;
O constituinte afirma que estes poderes são indepen- IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
dentes e harmônicos entre si. Independência significa que gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
cada qual possui poder para se autogerir, notadamente criminação.
pela capacidade de organização estrutural (criação de car- 13 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das Leis.
gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos Tradução Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. 2.
conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo- ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 25.
nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de 14 Ibid., p. 26.
competência do outro e não se imiscuir indevidamente em 15 Ibid., p. 32.
suas atividades típicas. 16 Ibid., p. 148-149.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res-
O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne-
expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas
liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de
as três dimensões de direitos humanos: a primeira dimen- vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais
são, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos do bem comum.
civis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção
da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so- 4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa O último artigo do título I trabalha com os princípios
perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais. que regem as relações internacionais da República brasi-
Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a leira:
preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-
mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter- Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas
conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de relações internacionais pelos seguintes princípios: 
destaque para cada uma destas perspectivas. I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
3.2) Garantir o desenvolvimento nacional III - autodeterminação dos povos;
Para que o governo possa prover todas as condições IV - não-intervenção;
necessárias à implementação de todos os direitos funda- V - igualdade entre os Estados;
mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país VI - defesa da paz;
se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada VII - solução pacífica dos conflitos;
indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas. VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu-
3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu- manidade;
zir as desigualdades sociais e regionais
X - concessão de asilo político.
Garantir o desenvolvimento econômico não basta para
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-
cará a integração econômica, política, social e cultural dos
rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-
povos da América Latina, visando à formação de uma comu-
dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o
nidade latino-americana de nações.
investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo
as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a
radicando a pobreza.
compreensão de que a soberania do Estado nacional bra-
O impacto econômico deste objetivo fundamental é
tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em sileiro não permite a sobreposição em relação à soberania
seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so- dos demais Estados, bem como de que é necessário respei-
ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô- tar determinadas práticas inerentes ao direito internacional
mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as dos direitos humanos.
políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar
pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in- 4.1) Independência nacional
centivos específicos para a exploração da atividade econô- A formação de uma comunidade internacional não sig-
mica em zonas economicamente marginalizadas. nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas
uma relativização, limitando as atitudes por ele tomadas
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de em prol da preservação do bem comum e da paz mun-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas dial. Na verdade, o próprio compromisso de respeito aos
de discriminação direitos humanos traduz a limitação das ações estatais, que
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um país in-
da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República dependente, que não responde a nenhum outro, mas que
brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin- como qualquer outro possui um dever para com a huma-
cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda- nidade e os direitos inatos a cada um de seus membros.
de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência
do princípio da igualdade. 4.2) Prevalência dos direitos humanos
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo O Estado existe para o homem e não o inverso. Portan-
Jacques Maritain17 ressaltou que o fim da sociedade é o seu to, toda normativa existe para a sua proteção como pessoa
bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma- humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de pre-
nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, servação. A única forma de fazer isso é adotando a pessoa
apontou as características essenciais do bem comum: re- humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que
distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído somente é possível com a compreensão de que os direitos
17 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. humanos possuem uma posição prioritária no ordenamen-
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22. to jurídico-constitucional.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, - “Negociação diplomática é a forma de autocompo-
mas, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são sição em que os Estados oponentes buscam resolver suas
aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua divergências de forma direta, por via diplomática”;
dignidade que usualmente são descritos em documentos in- - “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de
ternacionais para que sejam mais seguramente garantidos. A conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um
conquista de direitos da pessoa humana é, na verdade, uma diplomada para sua conclusão”;
busca da dignidade da pessoa humana.
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de so-
4.3) Autodeterminação dos povos lução pacífica de controvérsia internacional, em que um
A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação Estado, uma organização internacional ou até mesmo um
dos povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obri- chefe de Estado apresenta-se como moderador entre os
gações de direito internacional que deve respeitar para a litigantes”;
adequada consecução dos fins da comunidade internacional, - “Mediação define-se como instituto por meio do qual
também tem o direito de se autodeterminar, sendo que tal uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos
autodeterminação é feita pelo seu povo. litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo anterior, toma conhecimento da divergência e dos argu-
na tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeter- mentos sustentados pelas partes, e propõe uma solução
minação pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita pacífica sujeita à aceitação destas”;
a ideia de que um Estado domine o outro, tirando a sua au-
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomá-
todeterminação.
tico de solução de litígios em que os Estados ou organiza-
4.4) Não-intervenção ções internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência
Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro pessoal externa, a encontros periódicos com o objetivo de
irá respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sen- compor suas divergências”.
do assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as deci-
sões políticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis que são 4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo
paritários na ordem internacional. Terrorismo é o uso de violência através de ataques lo-
calizados a elementos ou instalações de um governo ou
4.5) Igualdade entre os Estados da população civil, de modo a incutir medo, terror, e assim
Por este princípio se reconhece uma posição de parida-
obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o
de, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional
entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população
direito de voz e voto na tomada de decisões políticas na or- do território.
dem internacional em cada organização da qual faça parte e Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados
deverá ter sua opinião respeitada. em diferenças étnico-raciais, que podem consistirem vio-
lência física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a
4.6) Defesa da paz um grupo de pessoas pela simples questão biológica her-
O direito à paz vai muito além do direito de viver num dada por sua raça ou etnia.
mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é
de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos assumidamente pluralista, ambas práticas são considera-
e liberdades garantidos internacionalmente não podem ser das vis e devem ser repudiadas pelo Estado nacional.
destruídos com fundamento nas normas que surgiram para
protegê-los, o que seria controverso. Em termos de relações
internacionais, depreende-se que deve ser sempre priorizada 4.9) Cooperação entre os povos para o progresso
a solução amistosa de conflitos. da humanidade
A cooperação internacional deve ser especialmente
4.7) Solução pacífica dos conflitos econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à a plena efetividade dos direitos humanos fundamentais in-
necessidade de diplomacia nas relações internacionais. Caso ternacionalmente reconhecidos.
surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deverão ser Os países devem colaborar uns com os outros, o que é
dirimidos de forma amistosa. possível mediante a integração no âmbito de organizações
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí- internacionais específicas, regionais ou globais.
cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda
são os meios diplomáticos de solução de controvérsias inter-
em seu parágrafo único, destacando a importância da coo-
nacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente o in-
quérito é um procedimento preliminar e facultativo à apura- peração brasileira no âmbito regional: “A República Fede-
ção da materialidade dos fatos, podendo servir de base para rativa do Brasil buscará a integração econômica, política,
qualquer meio de solução de conflito18. Conceitua Neves19: social e cultural dos povos da América Latina, visando à for-
18 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & mação de uma comunidade latino-americana de nações”.
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123. Neste sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL.
19 Ibid., p. 123-126.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

4.10) Concessão de asilo político c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não pos-


Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro suem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransfe-
país quando naquele do qual for nacional estiver sofren- ríveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio,
do alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter mo- o que evidencia uma limitação do princípio da autonomia
tivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de privada.
atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem
subverteria a própria finalidade desta proteção. Em suma, ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade
o que se pretende com o direito de asilo é evitar a con- material destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
solidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem
por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os deixar de ser observados por disposições infraconstitucionais
governantes e os entes sociais como um todo –, e não pro- ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nulidades.
teger pessoas que justamente cometeram tais violações. f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
“Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obriga- um único conjunto de direitos porque não podem ser anali-
ção do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, preva- sados de maneira isolada, separada.
lece o entendimento que o Estado não tem esta obrigação, g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
nem de fundamentar a recusa. A segunda parte deste ar- se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
tigo permite a interpretação no sentido de que é o Estado sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
asilante que subjetivamente enquadra o refugiado como falta de uso (prescrição).
asilado político ou criminoso comum”20. h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou como
argumento para afastamento ou diminuição da responsabili-
2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. dade por atos ilícitos, assim estes direitos não são ilimitados e
2.1 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E encontram seus limites nos demais direitos igualmente con-
COLETIVOS. sagrados como humanos.
2.2. DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS
TRABALHADORES NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Vale destacar que a Constituição vai além da proteção
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação
DE 1988.
destes, bem como remédios constitucionais a serem utiliza-
dos caso estes direitos e garantias não sejam preservados.
Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as previ-
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos sões do artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- e as garantias são as disposições assecuratórias.
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). comunicação, independentemente de censura ou licença” – o
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a vedação
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o legis-
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os lador traz o direito num dispositivo e a garantia em outro: a
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- liberdade de locomoção, direito, é colocada no artigo 5º, XV,
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- ao passo que o dever de relaxamento da prisão ilegal de ofí-
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e cio pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV21.
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- Em caso de ineficácia da garantia, implicando em viola-
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos ção de direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais.
direitos que expressamente constam no título II do texto Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
constitucional. dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- de direitos e garantias propriamente ditas apenas de direitos.
terísticas principais:
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem Direitos e deveres individuais e coletivos
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en- individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo
quadra a noção de dimensões de direitos. já se extrai que a proteção vai além dos direitos do indivíduo
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten- e também abrange direitos da coletividade. A maior parte
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do dos direitos enumerados no artigo 5º do texto constitu-
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes cional é de direitos individuais, mas são incluídos alguns
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais pró-
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. prios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: mandado
20 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos arti- de segurança coletivo).
gos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declara- 21 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
ção Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83. ferência.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Brasileiros e estrangeiros - Direito à igualdade


O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção con- Abrangência
ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
“aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual-
entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpre- dade:
tada no sentido de que os direitos estarão protegidos com
relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país. Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). propriedade, nos termos seguintes [...].
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi- Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais inciso:
titulares de direitos políticos.
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
2) Relação direitos-deveres tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di- Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re- nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um obrigações.
dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem, mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. pectiva mais ampla.
Explica Canotilho22 quanto aos direitos fundamentais: “a O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao ti- enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
tular de um direito fundamental corresponde um dever por enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres- demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
pondente”. Com efeito, a um direito fundamental conferido falando na igualdade perante a lei.
à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
direitos conferidos às outras pessoas. não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
3) Direitos e garantias em espécie condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
caput: é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
No sentido de igualdade material que aparece o direito à
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
priedade, nos termos seguintes [...]. Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
principais (senão o principal) artigos da Constituição Fede- de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
ral, consagra o princípio da igualdade e delimita as cinco dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
esferas de direitos individuais e coletivos que merecem pro- neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
teção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança e pro-
priedade. Os incisos deste artigos delimitam vários direitos Ações afirmativas
e garantias que se enquadram em alguma destas esferas de Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
proteção, podendo se falar em duas esferas específicas que vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
ganham também destaque no texto constitucional, quais dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucio- reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
nais-penais. de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
22 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. tais condições.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, Vedação à tortura


em uma sociedade pluralista, a condição de membro de De forma expressa no texto constitucional destaca-se
um grupo específico não pode ser usada como critério de a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que previsão no inciso III do artigo 5º:
elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a tratamento desumano ou degradante.
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
discriminação reversa.
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
defende que elas representam o ideal de justiça compen-
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis- se o artigo 1º:
tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
se uma concretização do princípio da igualdade material); Art. 1º Constitui crime de tortura:
bem como promovem a diversidade. I - constranger alguém com emprego de violência ou
Neste sentido, as discriminações legais asseguram grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir- a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do são da vítima ou de terceira pessoa;
menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes nosa;
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
suas diferenças23. Tem predominado em doutrina e juris- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
ações afirmativas são válidas. sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.
- Direito à vida
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Abrangência
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- em lei ou não resultante de medida legal.
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. pena de detenção de um a quatro anos.
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
nos24. resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como I - se o crime é cometido por agente público;
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, anos; 
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como III - se o crime é cometido mediante sequestro.
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
nidade.
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de dobro do prazo da pena aplicada.
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi- graça ou anistia.
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc. hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
me fechado.
23 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e
II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
- Direito à liberdade
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
24 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For- que o seguem.
tium, 2008, p. 15.

13
DIREITO CONSTITUCIONAL

Liberdade e legalidade Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
Prevê o artigo 5º, II, CF: lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
dentemente de censura ou licença.
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes- artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
niente. controle do poder. A censura somente é cabível quando
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- necessária ao interesse público numa ordem democrática,
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
maneira que a lei não proíba. tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
Liberdade de pensamento e de expressão expressão.
O artigo 5º, IV, CF prevê:
Liberdade de crença/religiosa
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
opinião”25. Em outras palavras, primeiro existe o direito de Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
ter uma opinião, depois o de expressá-la. distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda-
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- de de organização religiosa.
vicção filosófica ou política: Consoante o magistério de José Afonso da Silva26, entra
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou (ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
ternativa, fixada em lei.
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
Trata-se de instrumento para a consecução do direito os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir em público, bem como a de recebimento de contribuições
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
mento. refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é de igrejas e suas relações com o Estado.
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei. Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva.
25 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 26 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
prisionais civis e militares, mas também a hospitais. regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: mação.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal dentemente do pagamento de taxas:
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
tiva, fixada em lei. de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- teresse pessoal.
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó-
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
contrarie tais preceitos. manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
Liberdade de informação cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
O direito de acesso à informação também se liga a uma regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar- apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen-
tigo 5º, XIV, CF: tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
sário ao exercício profissional. a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
Trata-se da liberdade de informação, consistente na Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
liberdade de procurar e receber informações e ideias por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
rência. núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: certidões ser dissociado do direito de petição.
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade CF:
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a o interesse social o exigirem.
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e bens.
do Estado.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
liberdade de sair do país não significa que existe um direito rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no tal substância ilícita fosse utilizada).
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- Liberdade de associação
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. XVII, CF:
A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
locomoção pela prisão civil por dívida. para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário ciação implica na formação de um grupo organizado que
infiel. se mantém por um período de tempo considerável, dotado
de estrutura e organização próprias.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es-
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento tatal.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O texto constitucional se estende na regulamentação
da liberdade de associação.
Liberdade de trabalho O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
5º, XIII, CF: Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
de advogado aquele que não se formou em Direito e não associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil; em suas atividades econômicas.
não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.

Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. de reverter a decisão e permitir que a associação continue
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever seja, no curso de um processo judicial.
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes- ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
poder público para que ele organize o policiamento e a as- tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

16
DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
A liberdade de associação envolve não somente o di- ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam- rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con- prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
forme artigo 5º, XX, CF:
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as- nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
sociar-se ou a permanecer associado. EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
- Direitos à privacidade e à personalidade domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
Abrangência sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
Prevê o artigo 5º, X, CF: determinação judicial.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren- Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
te de sua violação. e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalida- investigação criminal ou instrução processual penal.
de.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida- O sigilo de correspondência e das comunicações está
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
e de círculos de amigos –, Silva27 entende que “o segredo
Personalidade jurídica e gratuidade de registro
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e como pessoa perante a lei.
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi- com ele arcar.
dade, pela vida privada, e pela publicidade). Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- cimento; b) a certidão de óbito.
lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido O reconhecimento do marco inicial e do marco final
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”28. ção de documentos para que ela seja reconhecida como
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- menos favorecidos.
dência
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- Direito à indenização e direito de resposta
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
comunicações. reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
27 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
28 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons- Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, Nesta linha, para Silva31, “efetivamente, esse conjunto
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma- de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
terial, moral ou à imagem. cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda-
“A manifestação do pensamento é livre e garantida de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em Especificamente no que tange à segurança jurídica,
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju- Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
da matéria que divulga”29. de da lei.
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio Direito Brasileiro:
em que foram publicadas garantida exatamente a mes-
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
de resposta não é possível reverter plenamente os da- geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento, e a coisa julgada.
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
mico e não econômico. cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma- ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
nanceiramente e indenizado. judicial de que já não caiba recurso.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa- - Direito à propriedade
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec-
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) tual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
estado de família)”30. Função social da propriedade material
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
digo Civil:
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à dade.
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi-
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma principal fator limitador deste direito:
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre-
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins ção social.
comerciais.
A propriedade, segundo Silva32, “[...] não pode mais ser
- Direito à segurança considerada como um direito individual nem como institui-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in- individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, reito individual, relativizando-se seu conceito e significado,
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- especialmente porque os princípios da ordem econômica
rança jurídica. são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus-
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula-
garantir o direito à vida. da à consecução daquele princípio”.
29 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. 31 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. positivo... Op. Cit., p. 437.
30 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 32 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Buenos Aires: Astrea, 1982. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

18
DIREITO CONSTITUCIONAL

Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- III - desapropriação com pagamento mediante títulos
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e, da indenização e os juros legais34.
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
humano. teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
A Constituição Federal delimita o que se entende por que não esteja cumprindo sua função social, mediante
função social: prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- emissão, e cuja utilização será definida em lei35.
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
bem-estar de seus habitantes. serão indenizadas em dinheiro.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- No que tange à desapropriação por necessidade ou
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
volvimento e de expansão urbana. Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
função social quando atende às exigências fundamentais de em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
ordenação da cidade expressas no plano diretor33. ção.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
requisitos:
nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela-
ções de trabalho; Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
tários e dos trabalhadores. riza a União a propor a ação de desapropriação.

Desapropriação Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer


No caso de desrespeito à função social da proprieda- procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que processo judicial de desapropriação.
pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
dades de desapropriação: por desrespeito à função social e A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
por necessidade ou utilidade pública. deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
propriação por desatendimento à função social: o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
artigo 5º:
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano 34 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro-
sucessivamente, de: priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas
I - parcelamento ou edificação compulsórios; medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por de-
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- satendimento à função social.
bana progressivo no tempo; 35 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
33 Instrumento básico de um processo de planejamento mu- propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na
- Estatuto da cidade). prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.

19
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca- Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
sos de utilidade pública: quena propriedade será assegurado que permaneça com
a) a segurança nacional; ela e a torne mais produtiva.
b) a defesa do Estado; A preservação da pequena propriedade em detrimento
c) o socorro público em caso de calamidade; dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
d) a salubridade pública; guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
e) a criação e melhoramento de centros de população, tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
seu abastecimento regular de meios de subsistência; Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
minerais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici- o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
nais; montante de recursos para atender ao programa de reforma
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; agrária no exercício.
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua taduais e municipais as operações de transferência de imó-
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons- veis desapropriados para fins de reforma agrária.
trução ou ampliação de distritos industriais;
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; Como a finalidade da reforma agrária é transformar
k) a preservação e conservação dos monumentos históri- terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes gidos pela reforma agrária:
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
tados pela natureza; fins de reforma agrária:
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar-
em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
tístico;
II - a propriedade produtiva.
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co-
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
memorativos e cemitérios;
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou-
dos requisitos relativos a sua função social.
so para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu-
reza científica, artística ou literária; Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
p) os demais casos previstos por leis especiais. 187:

Um grande problema que faz com que processos que Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge- de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- bem como dos setores de comercialização, de armazena-
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela I - os instrumentos creditícios e fiscais;
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. garantia de comercialização;
A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan- III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
do resultante de desvio do propósito original; e será líci- IV - a assistência técnica e extensão rural;
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade V - o seguro agrícola;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
o artigo 5º, XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
la e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
meios de financiar o seu desenvolvimento. concessão, a qualquer título, de terras públicas com área

20
DIREITO CONSTITUCIONAL

superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
alienações ou concessões de terras públicas para fins de dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho- porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode- também não se poderia prejudicar o proprietário.
rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
CF). é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen- e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
CF). guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Usucapião Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- taca-se o artigo 191, CF:
priedade que decorre da posse prolongada por um lon-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
dado, a ponto de se tornar proprietário. superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em rir-lhe-á a propriedade.
casos específicos, denominados usucapião especial urbana Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
e usucapião especial rural.
dos por usucapião.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
especial urbana:
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana
seguintes requisitos específicos:
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
a) Imóvel rural
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural. Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- assunto muito controverso.
dentemente do estado civil. c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
suidor mais de uma vez. área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
capião. d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
na área rural.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja e) Nenhum outro imóvel.
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
seguintes requisitos específicos: a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali- labore”. Dependerá do caso concreto.
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba-
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- Uso temporário
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
localização. XXV, CF:
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado, se houver dano.
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).

21
DIREITO CONSTITUCIONAL

Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação Propriedade intelectual


de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar Além da propriedade material, o constituinte protege
uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da também a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º,
coletividade é maior que o do indivíduo proprietário. XXVII, XXVIII e XXIX, CF:

Direito sucessório Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusi-
O direito sucessório aparece como uma faceta do direi- vo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co-
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
nas atividades desportivas;
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inventos
O direito à herança envolve o direito de receber – seja industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos no-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa mes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o in-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou teresse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos au-
país estrangeiro). torais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os
Direito do consumidor
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; as
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
conferências, sermões e obras semelhantes; as obras cinema-
tográficas e televisivas; as composições musicais; fotografias;
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da ilustrações; programas de computador; coletâneas e enciclo-
lei, a defesa do consumidor. pédias; entre outras.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei-
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se de circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem.
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos arti-
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do gos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos conta-
consumidor. dos do primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento
O Direito do Consumidor pode ser considerado um do último coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- divulgação da obra se esta for de natureza audiovisual ou fo-
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº tográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basicamente, o direito
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado de dispor sobre a reprodução, edição, adaptação, tradução,
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- utilização, inclusão em bases de dados ou qualquer outra
modalidade de utilização; sendo que estas modalidades de
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
utilização podem se dar a título oneroso ou gratuito.
Transitórias: “Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
(direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a per-
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- missão a terceiros de utilização de criações artísticas é direito
digo de defesa do consumidor. do autor. [...] A proteção constitucional abrange o plágio e
a contrafação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi difusão de obra criada ou produzida por terceiros, como se
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações fosse própria, a segunda configura a reprodução de obra
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de alheia sem a necessária permissão do autor”36.
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou
36 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repúbli-
ca Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

22
DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direitos de acesso à justiça em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao
A formação de um conceito sistemático de acesso à Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon- dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos não previsão específica a respeito na legislação.
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
reito moderno conforme implementadas as bases da onda favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao cia de recursos.
pleno atendimento em todas as ondas).
Primeiro, Cappelletti e Garth37 entendem que surgiu O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
de um aparato estrutural para a prestação da assistência
pelo Estado.
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth38,
veio a onda de superação do problema na representação ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
processo como algo restrito a apenas duas partes indivi- tação.
dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-  
ções, como o Ministério Público. Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
Finalmente, Cappelletti e Garth39 apontam uma terceira o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
onda consistente no surgimento de uma concepção mais significa que se deve acelerar o processo em detrimento
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins- de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de no caso concreto.
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa- - Direitos constitucionais-penais
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos ceção
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
que vão muito além da esfera de representação judicial”. Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga- em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
fato ocorrer.
que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
exceção.
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí-
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha- Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida nhecido como legítimo pela Constituição do país.
37 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça.
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Tribunal do júri
Editor, 1998, p. 31-32. A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
38 Ibid., p. 49-52 artigo 5º, XXXVIII, CF:
39 Ibid., p. 67-73

23
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
com a organização que lhe der a lei, assegurados: que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a) a plenitude de defesa; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
b) o sigilo das votações; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
c) a soberania dos veredictos; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos dade da lei penal mais benéfica.
contra a vida.
Menções específicas a crimes
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
não magistrados, no caso de determinados crimes que por atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio-
nal. Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
ciais e administrativos. to específico a certas práticas criminosas.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com-
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contu- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
do, a soberania dos veredictos veda a alteração das deci- nos termos da lei.
sões dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do
Tribunal do Júri para que seja procedido novo julgamento A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
jurisdição. provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o curso do tempo).
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
Anterioridade e irretroatividade da lei respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: evitá-los, se omitirem.

Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
crime sem lei anterior que o defina. concedida antes da sentença final ou depois da condena-
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
se o artigo 5º, XL, CF: em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
beneficiar o réu. solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe- (previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo disso, são crimes que não aceitam fiança.
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im- A prestação social alternativa corresponde às penas
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
digo Penal.
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi- Por seu turno, a individualização da pena deve também
ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
tráfico ilícito de entorpecentes: preende do artigo 5º, XLVIII, CF:

Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado, Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento a idade e o sexo do apenado.
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
ma da lei. A distinção do estabelecimento conforme a natureza
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
Personalidade da pena do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
5º, XLV, CF: o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- Também se denota o respeito à individualização da
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
do valor do patrimônio transferido.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
O princípio da personalidade encerra o comando de o dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu te o período de amamentação.
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
da criança, não a afastando do seio materno de maneira
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
Individualização da pena tação.
A individualização da pena tem por finalidade concre-
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre Vedação de determinadas penas
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
ridades do agente. penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
A primeira menção à individualização da pena se en-
contra no artigo 5º, XLVI, CF: Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da termos do art. 84, XIX;
pena e adotará, entre outras, as seguintes: b) de caráter perpétuo;
a) privação ou restrição da liberdade; c) de trabalhos forçados;
b) perda de bens; d) de banimento;
c) multa; e) cruéis.
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos. Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”40 .
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
nado, consideradas as características do agente e do delito. do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena- gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
prisional, por um determinado tempo. do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição 40 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16.
do patrimônio do indivíduo delituoso. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
militares em tempo de guerra. contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- ela inerentes.
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
lhos forçados, de banimento e cruéis. O devido processo legal possui a faceta formal, pela
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi- faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
a capacidade física e intelectual do condenado; como o porcionalidade.
trabalho não existe independente da educação, cabe in-
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o Vedação de provas ilícitas
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter- Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi- Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
pamentos de proteção, deverão ser respeitados. vas obtidas por meios ilícitos.
Respeito à integridade do preso Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito de direito material, constitucional ou legal, no momento
à integridade física e moral. da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- seria paradoxal.
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da
pessoa humana.
Presunção de inocência
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
CF), o que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
previstas em lei. garantias constitucionais.

Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- Ação penal privada subsidiária da pública
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
moral. mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal.
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: A chamada ação penal privada subsidiária da pública
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou são do poder público na atividade de persecução criminal
de seus bens sem o devido processo legal. não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
interessado a proponha.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação
deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al- Prisão e liberdade
guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
pena de nulidade processual. por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
Surgem como corolário do devido processo legal o Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por-
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade
o artigo 5º, LV, CF: daquele que assim agiu.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: Indenização por erro judiciário
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
lei. tempo fixado na sentença.

Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran- Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi-
nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: 4) Remédios constitucionais
São as espécies de ações judiciárias que visam prote-
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- ger os direitos fundamentais reconhecidos no texto cons-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao titucional quando a declaração e a garantia destes não se
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele mostrar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado
indicada. para sanar o desrespeito a estes direitos fundamentais, ser-
vindo cada espécie de ação para uma forma de violação.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo 4.1) Habeas corpus
entrar em contato com sua família e com um advogado, No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
conforme artigo 5º, LXIII, CF: Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:

Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
assegurada a assistência da família e de advogado. lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
lidade ou abuso de poder.
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXX-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório VII, CF.
policial. a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa,
de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou-
tais. tros remédios constitucionais de direitos que não este, o
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir.
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho
predominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente e vai contra a restrição arbitrária da liberdade.
relaxada pela autoridade judiciária. d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
são do artigo 5º, LXVI, CF: rializado.
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé-
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
com ou sem fiança.
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que se concentrar numa mesma pessoa.
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. ou privado.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

g) Competência: é determinada pela autoridade coa- 4.3) Mandado de segurança individual


tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de seguran-
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça. ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ile-
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente
648, CPP:
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna
quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver decorrente da sistemática do habeas corpus e das liminares
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando possessórias.
quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natu-
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa- reza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de
ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão adminis-
nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for trativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilega-
manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. lidade ou abuso de poder. São protegidos todos os direitos
líquidos e certos à exceção da proteção de direitos humanos
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de in-
667 do Código de Processo Penal. formações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais
4.2) Habeas data ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos espe-
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: cíficos.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para civil, independente da natureza do ato impugnado (adminis-
trativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando
de entidades governamentais ou de caráter público; b) para já consumado o abuso/ilegalidade.
a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
processo sigiloso, judicial ou administrativo. monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a
necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza cé-
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar- lere e sumária do procedimento.
tigo 5º, LXXVII, CF). f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangen-
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, do não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estran-
de 1974. geira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais despersonalizados e universalidades/pessoas formais reco-
constantes de registros ou bancos de dados de entidades nhecidas por lei.
governamentais ou de caráter público, para o conhecimen- g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser
to ou retificação (correção). autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei
acesso a informações pessoais. nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade coato-
d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es- ra aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri- emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade
vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de-
coatora.
vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
e) Legitimidade passiva: entidades governamentais agosto de 2009.
da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
cas privadas prestadores de serviços de interesse público 4.4) Mandado de segurança coletivo
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da com mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo
Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), 5º, LXX:
do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí- Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
zes federais (art. 109, VIII). ser impetrado por: a) partido político com representação no
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de clas-
novembro de 1997. se ou associação legalmente constituída e em funcionamen-
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997. to há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Origem: Constituição Federal de 1988. b) Natureza jurídica: ação constitucional que objeti-
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- va a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- limitada.
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter- estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
minadas associações. rize direito fundamental não materializável por omissão le-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
é de partido político com representação no Congresso Na- for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
cional, bem como de organização sindical, entidade de administração direta ou indireta, excetuados os casos da
classe ou associação legalmente constituída e em funcio- competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
ou de seus membros. Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos vinculados.
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran- e) Procedimento: Lei nº 13.300/16.
te.
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz li- 4.6) Ação popular
tispendência para as ações individuais, mas os efeitos da Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título indi-
vidual se não requerer a desistência de seu mandado de Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa-
comprovada da impetração da segurança coletiva. trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
poderá ser concedida após a audiência do representante nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
a) Origem: Constituição Federal de 1934.
4.5) Mandado de injunção b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo-
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun- interesses transindividuais.
ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional,
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en-
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e tidade de que o Estado participe, à moralidade administra-
à cidadania. tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque-
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos.
seja proposto o mandado de injunção são a existência de e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú-
norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di- blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes algum modo lide com a coisa pública.
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de f) Competência: Será fixada de acordo com a origem
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa 4.717/65).
curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas junho de 1965.
não sejam aplicáveis. h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

5) Direitos fundamentais implícitos Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe- nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
deral: tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. membros:

Daí se depreende que os direitos ou garantias podem Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna-
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen- cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape- cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
nas exemplificativo, não taxativo. quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
tes às emendas constitucionais. 
6) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
mento interno Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan- de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
internacionais em que a República Federativa do Brasil nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
seja parte”. ao da emenda constitucional.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen- Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne- titucional os tratados internacionais de direitos humanos
gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
do Presidente da República), submissão do tratado assina- riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo41.
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
seja, tratado internacional de direitos humanos.
revogaria a Constituição no ponto controverso).
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
7) Tribunal Penal Internacional
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei- tado adesão.
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-  
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
outras normas”42. tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
brasileiro porque somente existe previsão constitucional ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- internacional (artigo 1º, ETPI).
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não compete o processo e julgamento de violações contra indi-
significa que tais direitos eram menos importantes devido víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
implícitos. cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
41 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
restrita a uma situação específica”43.
Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
42 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio- 43 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

30
DIREITO CONSTITUCIONAL

Resume Mello44: “a Conferência das Nações Unidas so- suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida moradia, assim como nem todos se encontram na posição
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- direitos fundamentais.
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi- dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
nas forças inimigas, etc.”. dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
Direitos sociais mais plena possível.
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
normas programáticas e que necessitam de uma postura sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
interventiva estatal em prol da implementação. meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
Os direitos assegurados nesta categoria encontram condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
menção genérica no artigo 6º, CF: tes a esta categoria de direitos.

Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a 2) Reserva do possível e mínimo existencial
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção notadamente porque estão previstos em normas progra-
à maternidade e à infância, a assistência aos desampa- máticas e porque a implementação deles gera um ônus
rados, na forma desta Constituição.  para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- em prol da efetivação destes.
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi- A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma- com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). Público como determinador de que particulares respeitem
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, Estatuto Máximo45.
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas a cláusula da reserva do possível como argumento para a
a respeitos de direitos indicados como sociais. não implementação de determinado direito social – seja
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
1) Igualdade material e efetivação dos direitos so- tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
ciais mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
Independentemente da categoria de direitos que este- O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
sentido meramente formal, mas necessariamente material. constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
como também se mostram essenciais. de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta Fundamental do Estado”46.
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- 45 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em
44 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter- face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 46 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

31
DIREITO CONSTITUCIONAL

Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do Significa que a demissão, se não for motivada por justa
possível, embora viável, não pode servir de muleta para causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, gador.
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen- Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- semprego involuntário.
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
atender esta demanda. Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
Judiciário em prol de sua efetivação. a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
assistência financeira temporária.
3) Princípio da proibição do retrocesso
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um viço.
retrocesso, de modo que um direito social garantido não
pode deixar de o ser. Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
do entendimento predominante as normas do artigo 7º,
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte-
depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de-
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores
a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
sacado em momentos especiais, como o da aquisição da
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
cluindo o ensino médio gratuito). ou em caso de algumas doenças graves.
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro porte e previdência social, com reajustes periódicos que
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito ção para qualquer fim.
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada T
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há rata-se de uma visível norma programática da Cons-
entendimento dominante. tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
4) Direito individual do trabalho de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi- preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
assédio moral). Socioeconômicos (Dieese)”47.

Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de à complexidade do trabalho.
lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos. 47 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini-
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

32
DIREITO CONSTITUCIONAL

Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre- Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama- participação na gestão da empresa, conforme definido em
do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den- lei.
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
belecido em conformidade com a data base da categoria, A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
por isso ele é definido em conformidade com um acordo, conhecida também por Programa de Participação nos Re-
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador. sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
disposto em convenção ou acordo coletivo. empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
negociadas em convenção ou acordo coletivo. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Salário-família é o benefício pago na proporção do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, quer idade, independente de carência e desde que o salá-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
baseada em comissões por venda e metas); permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- qualquer idade será de R$ 24,66.
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
sentado no final de cada ano. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido normal.
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés- A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
horas do dia seguinte. dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
constituindo crime sua retenção dolosa. permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo superior à da hora normal.
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º, salvo negociação coletiva.
XXXIX, CF).

33
DIREITO CONSTITUCIONAL

O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- Embora as mulheres sejam maioria na população de
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- do que os homens recebem mais porque os empregadores
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- entendem que eles necessitam de um salário maior para
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
a própria família. de forma especial.

Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
ferencialmente aos domingos. po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
munerado coincidente com um domingo a cada período, do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
trabalhado ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
O salário das férias deve ser superior em pelo menos rança.
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi-
do trabalho salubre. Fiorillo48 destaca que o equilíbrio do
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
dade e na ausência de agentes que possam comprometer
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo lei.
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias. Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
O salário da trabalhadora em licença é chamado de não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- específica previsão sobre o adicional de penosidade.
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir São consideradas atividades ou operações insalubres
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
após o parto, a mulher não pode ser demitida. micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
xados em lei. base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen-
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
mãe nos processos pós-operatórios. médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
mínimo.
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da 48 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

34
DIREITO CONSTITUCIONAL

O adicional de periculosidade é um valor devido ao Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo


empregado exposto a atividades perigosas. São conside- homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a que possa operá-la).
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
do adicional de periculosidade será o salário do empre- balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em-
presa. Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
tes adicionais. legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- temporária, da capacidade para o trabalho.
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- buição com natureza de tributo que as empresas pagam
to social no próprio artigo 6º, CF. para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
de em creches e pré-escolas. que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili-
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme dade de cumulação do benefício previdenciário, assim
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É a indenização devida pelo empregador em caso de culpa
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla-
de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche Trabalho;
e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
na empresa. Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
acordos coletivos de trabalho. limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho.
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
balho, que encontra regulamentação constitucional nos Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor- jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
dos coletivos, entidades representativas da categoria dos há um período de tempo que o empregado tem para re-
trabalhadores entram em negociação com as empresas na querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
direitos sociais; contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, vigência do contrato de trabalho.
na forma da lei.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, 5) Direito coletivo do trabalho
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
de sexo, idade, cor ou estado civil. dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo substituição processual, participação e representação clas-
patente a diferença remuneratória para com pessoas de sista49.
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta A liberdade de associação profissional ou sindical tem
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti- escopo no artigo 8º, CF:
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente. Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
cal, observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
dor portador de deficiência.
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
II - é vedada a criação de mais de uma organização
mitações, possui condições de ingressar no mercado de
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
sua deficiência. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
respectivos. ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, se tratando de categoria profissional, será descontada em
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
se enquadrar numa ou outra categoria. ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei;
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- filiado a sindicato;
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- tado nas organizações sindicais;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
o trabalho em condições desfavoráveis. zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- grave nos termos da lei.
balhador avulso.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
trabalhador com vínculo empregatício permanente. O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como tigo 9º, CF:
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
do artigo 7º: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- sobre os interesses que devam por meio dele defender.
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições da comunidade.
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, penas da lei.
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como 49 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
a sua integração à previdência social.  tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe so- “Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
bre o exercício do direito de greve, define as atividades es- humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
senciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não de um governante, de um poder despótico, de decisões
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
esta é a legislação que se aplica, segundo o STF. ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- to séria”50.
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
rios sejam objeto de discussão e deliberação. direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Por fim, aborda-se o direito de representação classista perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
no artigo 11, CF:
ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em-
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
pregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
dimento direto com os empregadores. humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
Direitos de nacionalidade como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que cometeram tais violações.
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente
um nacional pode adquirir direitos políticos. 2) Naturalidade e naturalização
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
assim de direitos e obrigações. diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
não é a mesma coisa que população. População é o con- Estado.
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
trangeiros residentes no país e os apátridas. tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
1) Nacionalidade como direito humano fundamen- percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
tal ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
Os direitos humanos internacionais são completamen- nacional brasileiro.
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com a) Brasileiros natos
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- Art. 12, CF. São brasileiros:
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá- I - natos:
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
a serviço de seu país;
brasileiro não admite a figura do apátrida.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e da República Federativa do Brasil;
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
um processo conhecido como naturalização. mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio- blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. sileira.
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não 50 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
versas. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

em território do país independentemente da nacionalidade Destaque vai para o requisito da residência contínua.
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen- Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
de do local de nascimento mas sim da descendência de um contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
nacional do país (critério comum em países que tiveram entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
êxodo de imigrantes). o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- ria no artigo 12, II, “a”.
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun-
nha nascido no território brasileiro. do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na-
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em Judiciário para fazê-lo valer51.
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- c) Tratamento diferenciado
dade brasileira ou não. A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
b) Brasileiros naturalizados sentido, o artigo 12, § 2º, CF:

Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
II - naturalizados: ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
sos previstos nesta Constituição.
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
e idoneidade moral;
cer as hipóteses de distinção.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi-
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze
enumeradas no parágrafo seguinte.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira. Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
os cargos:
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no III - de Presidente do Senado Federal;
artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- VI - de oficial das Forças Armadas;
cessão da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
III - residência contínua no território nacional, pelo exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
ao pedido de naturalização; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
condições do naturalizando; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
manutenção própria e da família; do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
VI - bom procedimento; anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação num critério de revezamento nenhum membro pode ser
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, impacto em termos de representação do país ou de segu-
superior a 1 (um) ano; e rança nacional.
VIII - boa saúde. 51 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
ferência.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- 5) Deportação, expulsão e entrega
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- A deportação representa a devolução compulsória de
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois mera irregularidade de visto.
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: 6.815/1980:

Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o cionais.
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- trangeiro que:
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). manência no Brasil;
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- b) havendo entrado no território nacional com infração
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea-
para estrangeiro.
mente direitos políticos nos dois países.
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
4) Perda da nacionalidade
nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio-
faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
nalidade do brasileiro que:
tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
tuição no artigo 5º, §4º).
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
lei estrangeira; 6) Extradição
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
dição para permanência em seu território ou para o exercício cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
de direitos civis. condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei-
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- que foram objeto do pedido de extradição.
nalidade do outro país for uma exigência para continuar b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona- vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p.
lidade brasileira. ex., não pode ocorrer a extradição).

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DIREITO CONSTITUCIONAL

c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de I - plebiscito;


um tratado de extradição entre dois países ter sido cele- II - referendo;
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. III - iniciativa popular.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
para uma pena aceita no Brasil. rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
7) Idioma e símbolos temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
República Federativa do Brasil. Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
derão ter símbolos próprios. cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
Idioma é a língua falada pela população, que confere política e depois se consulta a população. Embora os dois
caráter diferenciado em relação à população do resto do partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
uma nação. bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter- libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
nacionalmente. constitucional, legislativa ou administrativa”52.
Na iniciativa popular confere-se à população o poder
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
aborda o tema.
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Direitos políticos
artigo 61, §2°, CF:
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi- subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio
universal. 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
voto
1) Sufrágio universal O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera- dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei- maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen- Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser II - facultativos para:
votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, a) os analfabetos;
deverá ser direto e secreto. b) os maiores de setenta anos;
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capaci- brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
dade passiva tenha necessariamente a ativa.
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores
2) Democracia direta e indireta os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su- gatório, os conscritos.
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual 52 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
para todos, e, nos termos da lei, mediante: tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas analfabetos.
disponíveis para os dias da eleição.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
4) Elegibilidade dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
capacidade passiva do sufrágio universal. táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Go-
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; vernadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
V - a filiação partidária; mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
VI - a idade mínima de: sequente.
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
da República e Senador; Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
Estado e do Distrito Federal; das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; subsequente.
d) dezoito anos para Vereador. Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
analfabetos. tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo,
em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
para ser eleito é preciso ser cidadão.
2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
para se candidatar a cargo no município, deve ter domi- 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
cílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para
se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans- o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
eleições. vos mandatos até seis meses antes do pleito.
A filiação partidária implica no lançamento da candi-
datura por um partido político, não se aceitando a filiação São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car-
avulsa. gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi- mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das
to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces-
cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014.
posse.

5) Inelegibilidade Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju-


Atender às condições de elegibilidade é necessário risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden-
não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi- te da República, de Governador de Estado ou Território, do
bilidade. Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são de mandato eletivo e candidato à reeleição.
atingidos determinados cargos.

41
DIREITO CONSTITUCIONAL

São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei- eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
ção. como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- e) os que forem condenados, em decisão transitada em
didas as seguintes condições: julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
tar-se da atividade; o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado Lei Complementar nº 135, de 2010)
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
plementar nº 135, de 2010)
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
os militares que não podem se alistar ou os que podem, mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou-
135, de 2010)
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
(Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
para exercício de mandato considerada vida pregressa do
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con-
tortura, terrorismo e hediondos;
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
de função, cargo ou emprego na administração direta ou
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
indireta.
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010)
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi- cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
artigo 1º, que segue. se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
I - para qualquer cargo: o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
a) os inalistáveis e os analfabetos; todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin- h) os detentores de cargo na administração pública di-
gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti- reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter-
tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos condenados em decisão transitada em julgado ou proferida
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea- por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor-
lizarem durante o período remanescente do mandato para o rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela
da legislatura; Lei Complementar nº 135, de 2010)

42
DIREITO CONSTITUCIONAL

i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento q) os magistrados e os membros do Ministério Público


ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
go ou função de direção, administração ou representação, pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
dade; 2010)
j) os que forem condenados, em decisão transitada em II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por de seus cargos e funções:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha 1. os Ministros de Estado:
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
militar, da Presidência da República;
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
da Presidência da República;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos da Aeronáutica;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 8. os Magistrados;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído Territórios;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 11. os Interventores Federais;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 12. os Secretários de Estado;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 13. os Prefeitos Municipais;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
Estados e do Distrito Federal;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
135, de 2010) b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso do Senado Federal;
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº c) (Vetado);
135, de 2010) d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
n) os que forem condenados, em decisão transitada em competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) exercido cargo ou função de direção, administração ou re-
o) os que forem demitidos do serviço público em decor- presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas
8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
influir na economia nacional;
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de
Complementar nº 135, de 2010) empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti-
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res- cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na
ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da (seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o
Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram,
observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) de empresas;

43
DIREITO CONSTITUCIONAL

g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- V - para o Senado Federal:
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
ministração ou representação em entidades representativas sidente da República especificados na alínea a do inciso II
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
repassados pela Previdência Social; no território do Estado, observados os mesmos prazos;
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor- nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes; prazos;
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, VII - para a Câmara Municipal:
hajam exercido cargo ou função de direção, administração a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder sincompatibilização;
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
obedeça a cláusulas uniformes; Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham para a desincompatibilização .
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
pleito; República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta
até 6 (seis) meses antes do pleito.
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre-
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder
feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao
os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos
(seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou
integrais;
substituído o titular.
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal; § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre- lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
sidente da República especificados na alínea a do inciso II segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra- de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
tar de repartição pública, associação ou empresas que ope- de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
rem no território do Estado ou do Distrito Federal, observa- (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
dos os mesmos prazos; dato eletivo e candidato à reeleição.
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
de seus cargos ou funções: deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem
do Estado ou do Distrito Federal; aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com-
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e plementar nº 135, de 2010)
Zona Aérea; § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as- com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção
sistência aos Municípios; de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea
4. os secretários da administração municipal ou mem- k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao dis-
bros de órgãos congêneres; posto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple-
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: mentar nº 135, de 2010).
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente 6) Impugnação de mandato
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para pugnação de mandato.
a desincompatibilização;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi- Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais; contados da diplomação, instruída a ação com provas de
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí- abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato Partidos políticos


tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
7) Perda e suspensão de direitos políticos Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transi- Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
tada em julgado; de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
II - incapacidade civil absoluta; regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
III - condenação criminal transitada em julgado, en- mentais da pessoa humana [...].
quanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; lecendo a Constituição um limite de números de partidos
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, políticos que possam ser constituídos, permitindo também
§ 4º. que sejam extintos, fundidos e incorporados.
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. atividade política no âmbito interno do país; proibição de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
sal. de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi-
zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
17, §4º, CF).
moral ou religiosa.
O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
suspensão dos direitos políticos.
Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
Os direitos políticos somente são perdidos em dois
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera- distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos normas de disciplina e fidelidade partidária. 
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
suspensão. CF).
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
vedado pelo texto constitucional. televisão, na forma da lei.

8) Anterioridade anual da lei eleitoral

Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará


em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 

É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me-


nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil,


3. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. sendo um dos municípios que compõem o Distrito Federal.
3.1. UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL, O Distrito Federal tem peculiaridades estruturais, não sen-
MUNICÍPIOS E TERRITÓRIOS. do nem um Município, nem um Estado, tanto é que o caput
deste artigo 18 o nomeia em separado. Trata-se, assim, de
unidade federativa autônoma.

Da organização político-administrativa do Estado Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genéri- União, e sua criação, transformação em Estado ou reinte-
co e regulamenta a organização político-administrativa do gração ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
Estado. Basicamente, define os entes federados que irão mentar.
compor o Estado brasileiro.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firma- Apesar dos Territórios Federais integrarem a União,
do entre os entes autônomos que compõem o Estado bra- eles não podem ser considerados entes da federação, logo
sileiro. Na federação, todos os entes que compõem o Es- não fazem parte da organização político-administrativa,
tado têm autonomia, cabendo à União apenas concentrar não dispõem de autonomia política e não integram o Es-
esforços necessários para a manutenção do Estado uno. tado Federal. São meras descentralizações administrativo-
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do territoriais pertencentes à União. A Constituição Federal de
que os Estados federados geralmente se formam. Trata-se 1988 aboliu todos os territórios então existentes: Fernando
de federalismo por desagregação – tinha-se um Estado de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
uno, com a União centralizada em suas competências, e di- Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral
vidiu-se em unidades federadas. Difere-se do denominado de Estados da Federação.
federalismo por agregação, no qual unidades federativas
autônomas se unem e formam um Poder federal no qual Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se en-
se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
forte (ex.: Estados Unidos da América). a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
No federalismo por agregação, por já vir tradicional- mediante aprovação da população diretamente interessa-
mente das bases do Estado a questão da autonomia das da, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
unidades federadas, percebe-se um federalismo real na complementar.
prática. Já no federalismo por desagregação nota-se uma
persistente tendência centralizadora. Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro en- e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
tendeu o federalismo que estava criando é o fato de ter estadual, dentro do período determinado por Lei Comple-
colocado o município como entidade federativa autônoma. mentar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
No modelo tradicional, o pacto federativo se dá apenas en- plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
tre União e estados-membros, motivo pelo qual a doutrina divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresenta-
afirma que o federalismo brasileiro é atípico. dos e publicados na forma da lei.
Além disso, pelo que se desprende do modelo de di-
visão de competências a ser estudado neste capítulo, aca- Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível
bou-se esvaziando a competência dos estados-membros, criar, incorporar e desmembrar os Estados-membros e os
mantendo uma concentração de poderes na União e distri- Municípios. No caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei
buindo vasta gama de poderes aos municípios. federal. No caso dos municípios, exige-se plebiscito e lei
estadual.
Art. 18, caput, CF. A organização político-administra- Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembra-
tiva da República Federativa do Brasil compreende a União, mento no âmbito interno, mas não se permite que uma
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos au- parte do país se separe do todo, o que atentaria contra o
tônomos, nos termos desta Constituição. pacto federativo.

Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
18, CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado Federal e aos Municípios:
no qual são considerados entes federados e, como tais, au- I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
tônomos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
cípios. Esta autonomia se reflete tanto numa capacidade de eles ou seus representantes relações de dependência ou
auto-organização (normatização própria) quanto numa ca- aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de inte-
pacidade de autogoverno (administrar-se pelos membros resse público;
eleitos pelo eleitorado da unidade federada). II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal. tre si.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas Artigo 20, CF. São bens da União:
aos entes federados, fato é que todo o sistema constitucio- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
nal traz impedimento à atuação das unidades federativas a ser atribuídos;
e de seus administradores. Afinal, não possuem liberdade II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
para agirem como quiserem e somente podem fazer o que fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
a lei permite (princípio da legalidade aplicado à Adminis- federais de comunicação e à preservação ambiental, defini-
tração Pública). das em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
Repartição de competências e bens terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
O título III da Constituição Federal regulamenta a orga- sirvam de limites com outros países, ou se estendam a terri-
nização do Estado, definindo competências administrativas tório estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
e legislativas, bem como traçando a estrutura organizacio- marginais e as praias fluviais;
nal por ele tomada. IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
Bens Públicos são todos aqueles que integram o pa- com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
trimônio da Administração Pública direta e indireta, sendo e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
que todos os demais bens são considerados particulares. Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
Destaca-se a disciplina do Código Civil: e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da
zona econômica exclusiva;
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional
VI - o mar territorial;
pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que VIII - os potenciais de energia hidráulica;
pertencerem. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
Artigo 99, CC. São bens públicos: queológicos e pré-históricos;
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
estradas, ruas e praças; § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
destinados a serviço ou estabelecimento da administração administração direta da União, participação no resultado
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
suas autarquias; hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das recursos minerais no respectivo território, plataforma conti-
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou com-
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. pensação financeira por essa exploração.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, con- § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
sideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas ju- largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
rídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de como faixa de fronteira, é considerada fundamental para
direito privado. defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização
serão reguladas em lei.
Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do
povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto con- Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
servarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emer-
gentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da
Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser lei, as decorrentes de obras da União;
alienados, observadas as exigências da lei. II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que es-
tiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
União, Municípios ou terceiros;
Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
usucapião.
União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode da União.
ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido le-
galmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 1) Competência organizacional-administrativa ex-
clusiva da União
Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os A Constituição Federal, quando aborda a competência
bens dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Cons- da União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União”
tituição, que seguem abaixo. Na divisão de bens estabele- e no artigo 22 a expressão “compete privativamente à
cida pela Constituição Federal denota-se o caráter residual União”. Neste sentido, questiona-se se a competência no
dos bens dos Estados-membros porque exige-se que estes artigo 21 seria privativa. Obviamente, não seria comparti-
não pertençam à União ou aos Municípios. lhada, pois os casos que o são estão enumerados no texto
constitucional.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti-
competências exclusivas da União. Estas expressões que ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
a princípio seriam sinônimas assumem significado diverso. XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
Exclusiva é a competência da União que pode ser delegada diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
a outras unidades federadas e privativa é a competência da XVII - conceder anistia;
União que somente pode ser exercida por ela. XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da tra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
União, trabalha com questões organizacional-administra- inundações;
tivas. XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
Artigo 21, CF. Compete à União: de seu uso;
I - manter relações com Estados estrangeiros e parti- XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
cipar de organizações internacionais; no, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
II - declarar a guerra e celebrar a paz; urbanos;
III - assegurar a defesa nacional; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, nacional de viação;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
ou nele permaneçam temporariamente; portuária e de fronteiras;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
intervenção federal; de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a in-
material bélico; dustrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
VII - emitir moeda; derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fisca- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
lizar as operações de natureza financeira, especialmente as mente será admitida para fins pacíficos e mediante aprova-
de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros ção do Congresso Nacional;
e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais cialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
de ordenação do território e de desenvolvimento econô- usos médicos, agrícolas e industriais;
mico e social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacio- comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida
nal; igual ou inferior a duas horas;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, pende da existência de culpa;
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos ser- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
viços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos balho;
institucionais; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, cício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima- Envolve a competência organizacional-administrativa
gens; da União a atuação regionalizada com vistas à redução das
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o apro- desigualdade regionais, descrita no artigo 43 da Constitui-
veitamento energético dos cursos de água, em articulação ção Federal:
com os Estados onde se situam os potenciais hidroener-
géticos; Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União po-
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura derá articular sua ação em um mesmo complexo geoeco-
aeroportuária; nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redu-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário ção das desigualdades regionais.
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans- § 1º Lei complementar disporá sobre:
ponham os limites de Estado ou Território; I - as condições para integração de regiões em desen-
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual volvimento;
e internacional de passageiros; II - a composição dos organismos regionais que exe-
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; cutarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis- planos nacionais de desenvolvimento econômico e social,
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a aprovados juntamente com estes.
Defensoria Pública dos Territórios; § 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mi- outros, na forma da lei:
litar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede- I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens
ral, bem como prestar assistência financeira ao Distrito de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;
Federal para a execução de serviços públicos, por meio de II - juros favorecidos para financiamento de atividades
fundo próprio; prioritárias;

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DIREITO CONSTITUCIONAL

III - isenções, reduções ou diferimento temporário de XXII - competência da polícia federal e das polícias ro-
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; doviária e ferroviária federais;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e XXIII - seguridade social;
social dos rios e das massas de água represadas ou repre- XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
sáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. XXV - registros públicos;
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
centivará a recuperação de terras áridas e cooperará com XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em
os pequenos e médios proprietários rurais para o estabele- todas as modalidades, para as administrações públicas di-
cimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
irrigação. Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
2) Competência legislativa privativa da União nos termos do art. 173, § 1°, III; 
A competência legislativa da União é privativa e, sendo XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
assim, pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas marítima, defesa civil e mobilização nacional;
somente podem ser legisladas por atos normativos com XXIX - propaganda comercial.
abrangência nacional, mas é possível que uma lei comple- Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
mentar autorizar que determinado Estado regulamente os Estados a legislar sobre questões específicas das ma-
questão devidamente especificada. térias relacionadas neste artigo.

Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar 3) Competência organizacional-administrativa


sobre: compartilhada
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito- União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra- compartilham certas competências organizacional-ad-
balho; ministrativas. Significa que qualquer dos entes federados
II - desapropriação; poderá atuar, desenvolver políticas públicas, nestas áreas.
III - requisições civis e militares, em caso de iminente Todas estas áreas são áreas que necessitam de atuação in-
perigo e em tempo de guerra; tensa ou vigilância constantes, de modo que mediante ges-
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e tão cooperada se torna possível efetivar o máximo possível
radiodifusão; os direitos fundamentais em casa uma delas.
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Es-
tias dos metais; tados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
cia de valores; instituições democráticas e conservar o patrimônio pú-
VIII - comércio exterior e interestadual; blico;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
rítima, aérea e aeroespacial; III - proteger os documentos, as obras e outros bens
XI - trânsito e transporte; de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e me- paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
talurgia; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte-
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; rização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
XIV - populações indígenas; artístico ou cultural;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educa-
expulsão de estrangeiros; ção, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
condições para o exercício de profissões; em qualquer de suas formas;
XVII - organização judiciária, do Ministério Públi- VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
co do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar
Pública dos Territórios, bem como organização adminis- o abastecimento alimentar;
trativa destes IX - promover programas de construção de moradias
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
geologia nacionais; mento básico;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da X - combater as causas da pobreza e os fatores de
poupança popular; marginalização, promovendo a integração social dos seto-
XX - sistemas de consórcios e sorteios; res desfavorecidos;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
militares e corpos de bombeiros militares; minerais em seus territórios;

49
DIREITO CONSTITUCIONAL

XII - estabelecer e implantar política de educação para O cerne da distinção da competência entre os entes
a segurança do trânsito. federados repousa na competência da União para o esta-
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas belecimento de normas gerais. A competência legislativa
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito dos Estados-membros e dos Municípios nestas questões é
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do de- suplementar, ou seja, as normas estaduais agregam deta-
senvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. lhes que a norma da União não compreende, notadamente
trazendo peculiaridades regionais.
4) Competência legislativa compartilhada No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais
Além de compartilharem competências organizacio- e as normas suplementares ficam por conta dos Estados,
nal-administrativas, os entes federados compartilham com- ou seja, as peculiaridades regionais são normatizadas pelos
petência para legislar sobre determinadas matérias. Entre- Estados. As normas estaduais, neste caso, devem guardar
tanto, excluem-se do artigo 24, CF, os entes federados da uma relação de compatibilidade com as normas federais
espécie Município, sendo que estes apenas legislam sobre (relação hierárquica). Diferentemente da competência co-
assuntos de interesse local. mum em que as leis estão em igualdade de condições, uma
não deve subordinação à outra.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fede- Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar
ral legislar concorrentemente sobre: leis regulamentadoras destas matérias enquanto a União
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô- não o faça. Sobrevindo norma geral reguladora, perdem a
mico e urbanístico; eficácia os dispositivos de lei estadual com ela incompatí-
II - orçamento; vel.
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses; 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
V - produção e consumo; petência organizacional-administrativa autônoma dos
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature- Estados-membros
za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição; Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artís- pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
tico, turístico e paisagístico; princípios desta Constituição.
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, § 1º São reservadas aos Estados as competências que
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
histórico, turístico e paisagístico; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec- diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pe- sua regulamentação. 
quenas causas; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
XI - procedimentos em matéria processual; instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municí-
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; pios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento
XIV - proteção e integração social das pessoas portado- e a execução de funções públicas de interesse comum.
ras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude; O documento que está no ápice da estrutura normativa
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po- de um Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve
lícias civis. guardar compatibilidade com a Constituição Federal, nota-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- damente no que tange aos princípios nela estabelecidos,
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas ge- sob pena de ser considerada norma inconstitucional.
rais. A competência do Estado é residual – tudo o que não
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas obrigatoriamente deva ser regulamentado pela União ou
gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. pelos Municípios, pode ser legislado pelo Estado-membro,
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os sem prejuízo da já estudada competência legislativa con-
Estados exercerão a competência legislativa plena, para corrente com a União.
atender a suas peculiaridades. O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- abrange regiões metropolitanas (um município, a metró-
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for pole, está em destaque) e aglomerações urbanas (não há
contrário. município em destaque), e as microrregiões (não conur-
badas, mas limítrofes, geralmente identificada por bacias
O estudo das competências concorrentes permite vis- hidrográficas).
lumbrar os limites da atuação conjunta entre União, Estados A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e
e Distrito Federal no modelo Federativo adotado no Brasil, Executivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na
visando à obtenção de uma homogeneidade nacional, com Constituição estadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases
preservação dos pluralismos regionais e locais. regulamentadoras que devem ser respeitadas.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgâni-
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do ca, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os De- Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
putados Federais acima de doze. belecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estado e os seguintes preceitos:
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re- para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e si-
muneração, perda de mandato, licença, impedimentos multâneo realizado em todo o País;
e incorporação às Forças Armadas. II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do
de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabe- art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil
lecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado eleitores; 
o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
153, § 2º, I. janeiro do ano subsequente ao da eleição;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- observado o limite máximo de:  (Vide ADIN 4307)
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces- (quinze mil) habitantes; 
so legislativo estadual. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Go- habitantes; 
vernador de Estado, para mandato de quatro anos, reali-
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
zar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro
30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
turno, e no último domingo de outubro, em segundo
habitantes; 
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de
50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais,
mil) habitantes; 
o disposto no art. 77. 
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir ou- e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
tro cargo ou função na administração pública direta ou 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público vinte mil) habitantes; 
e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cen-
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa to sessenta mil) habitantes; 
da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
(trezentos mil) habitantes; 
6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
petência organizacional-administrativa autônoma dos de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (qua-
Municípios trocentos e cinquenta mil) habitantes; 
Os Municípios gozam de autonomia no modelo fede- i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
rativo brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de
auto-organização, normatização e autogoverno. até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; 
Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
extrai do artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (sete-
devendo esta lei guardar compatibilidade tanto com a centos cinquenta mil) habitantes; 
Constituição Federal quanto com a respectiva Constituição k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
estadual. O dispositivo mencionado traça, ainda, regras mí- de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até
nimas de estruturação do Poder Executivo e do Legislativo 900.000 (novecentos mil) habitantes; 
municipais. l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
município tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca- milhão e cinquenta mil) habitantes; 
se, ainda, a exaustiva regra sobre o número de vereadores m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
e a questão dos subsídios. Incidente, também a regra sobre de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de
o julgamento do Prefeito pelo Tribunal de Justiça. até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; 
O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
despesas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de
responsabilização do Prefeito e do Presidente da Câmara até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha-
por violação a estes limites. bitantes; 

51
DIREITO CONSTITUCIONAL

o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitan- niões, palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
tes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi- cunscrição do Município; 
tantes;  IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Consti-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de tuição para os membros do Congresso Nacional e na Consti-
até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;  tuição do respectivo Estado para os membros da Assembleia
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de Legislativa; 
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- tiça; 
tantes;  XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de da Câmara Municipal; 
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- XII - cooperação das associações representativas no
tantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  planejamento municipal; 
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; 
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleito-
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até rado; 
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes;  XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de do art. 28, parágrafo único (assumir outro cargo). 
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até
6.000.000 (seis milhões) de habitantes;  Artigo   29-A, CF.   O total da despesa do Poder Le-
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
7.000.000 (sete milhões) de habitantes;  os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e   anterior: 
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;  de até 100.000 (cem mil) habitantes;   (Redação dada pela
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Se- Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)   (Pro-
cretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câma- dução de efeito)
ra Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § II - 6% (seis por cento) para Municípios com população
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;  entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; 
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec- III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula-
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subse- ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhen-
quente, observado o que dispõe esta Constituição, observa- tos mil) habitantes; 
dos os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
seguintes limites máximos:  para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; 
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu-
subsídio dos Deputados Estaduais; 
lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi-
milhões) de habitantes; 
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha- Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá e um) habitantes. 
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  § 1o  A Câmara Municipal não gastará mais de se-
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil ha- tenta por cento de sua receita com folha de pagamento,
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. 
a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  § 2o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil Municipal: 
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponde- I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes-
rá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  te artigo; 
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou 
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada
cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  na Lei Orçamentária. 
VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve- § 3o  Constitui crime de responsabilidade do Presiden-
readores não poderá ultrapassar o montante de cinco por te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
cento da receita do Município; 

52
DIREITO CONSTITUCIONAL

As competências legislativas e administrativas dos mu- 7) Peculiaridades da competência organizacional


nicípios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à compe- -administrativa do Distrito Federal e Territórios
tência legislativa, é suplementar, garantindo o direito de O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas
legislar sobre assuntos de interesse local. em regiões administrativas. Se regulamenta por lei orgâni-
ca, mas esta lei orgânica aproxima-se do status de Consti-
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: tuição estadual, cabendo controle de constitucionalidade
I - legislar sobre assuntos de interesse local; direto de leis que a contrariem pelo Tribunal de Justiça do
II - suplementar a legislação federal e a estadual no Distrito Federal e dos Territórios.
que couber; O Distrito Federal possui um governador e uma Câma-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- ra Legislativa, eleitos na forma dos governadores e deputa-
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga- dos estaduais. Entretanto, não tem eleições municipais. O
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos Distrito Federal tem 3 senadores, 8 deputados federais e 24
fixados em lei; deputados distritais.
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas
legislação estadual; se vierem a existir serão nomeados pelo Presidente da Re-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de pública.
concessão ou permissão, os serviços públicos de interes-
se local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão
essencial; em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
União e do Estado, programas de educação infantil e de por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
ensino fundamental;  atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
população; § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distri-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen-
tais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Es-
to territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
taduais, para mandato de igual duração.
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
aplica-se o disposto no art. 27.
tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo
federal e estadual.
do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo
de bombeiros militar.
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito
interno quanto no externo. Externamente, é exercida pelo
Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização admi-
Poder Legislativo com auxílio de Tribunal de Contas. A cons- nistrativa e judiciária dos Territórios.
tituição, no artigo 31, CF, veda a criação de novos Tribunais § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
de Contas municipais, mas não extingue os já existentes. pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Ca-
pítulo IV deste Título.
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exer- § 2º As contas do Governo do Território serão submeti-
cida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante contro- das ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal
le externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder de Contas da União.
Executivo Municipal, na forma da lei. § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer- bitantes, além do Governador nomeado na forma desta
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se-
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Con- gunda instância, membros do Ministério Público e defenso-
tas dos Municípios, onde houver. res públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos Intervenção
membros da Câmara Municipal. A intervenção consiste no afastamento temporário das
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a
para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a
legitimidade, nos termos da lei. verificação de:
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica-
órgãos de Contas Municipais. dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para
a intervenção.

53
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con- diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
CF). Eleitoral;
A intervenção pode ser federal, quando a União inter- III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
estadual, quando os Estados-membros interferem em seus tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
Municípios (artigo 35, CF). nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
no Distrito Federal, exceto para: ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
I - manter a integridade nacional; do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
Federação em outra; § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
pública;
dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/
nas unidades da Federação;
lei federal e violação de certos princípios constitucionais),
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
que: ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em mu-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais nicípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Nacio-
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; nal ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias suspender a execução do ato impugnado, se essa medida
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos bastar ao restabelecimento da normalidade.
em lei; § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida-
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou deci- des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe-
são judicial; dimento legal.
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regi- 4. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
me democrático; 4.1 DISPOSIÇÕES GERAIS.
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, dire-
ta e indireta. 1) Princípios da Administração Pública
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe- tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
ações e serviços públicos de saúde”.  riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí- fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó- te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
rio Federal, exceto quando: e Lei n° 8.429/92.
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no
dois anos consecutivos, a dívida fundada;
setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar-
nas ações e serviços públicos de saúde;  tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen-
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa- são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque
ção para assegurar a observância de princípios indicados possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun-
na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, damentais da administração pública. Estabelece a Consti-
de ordem ou de decisão judicial”. tuição Federal:

Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu- Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder também, ao seguinte: [...]
Judiciário;

54
DIREITO CONSTITUCIONAL

São princípios da administração pública, nesta ordem: d) Princípio da publicidade: A administração pública
Legalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Impessoalidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Moralidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Publicidade a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Eficiência concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
Administração Pública. É de fundamental importância um gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, caracteriza ato de improbidade administrativa.
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho53
político-eleitoral:
e Spitzcovsky54:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
proíbe. Contudo, como a administração pública representa obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação caráter educativo, informativo ou de orientação social,
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o res públicos.
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
Estado deve respeitar as leis que dita. a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- instrumentos para proteção são o direito de petição e as
ses que representa, a administração pública está proibida certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
ticipação do usuário na administração pública direta e
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
indireta, regulando especialmente:
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, interna, da qualidade dos serviços;
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
coletivo. a informações sobre atos de governo, observado o disposto
c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- no art. 5º, X e XXXIII;
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de III -  a disciplina da representação contra o exercício ne-
uma espécie de moralidade administrativa, intimamente gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi-
relacionada ao poder público. A administração pública não nistração pública.
atua como um particular, de modo que enquanto o des-
cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti- e) Princípio da eficiência: A administração pública
cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes-
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao
da moralidade deve se fazer presente não só para com os exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- (pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên-
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios públicos e os serviços administrativos internos, se referindo
anteriores. diretamente à conduta dos agentes.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
54 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São ser apontados como princípios de natureza ética relaciona-
Paulo: Método, 2011. dos à função pública a probidade e a motivação:

55
DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, vidores
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no cípios da administração pública estudados no tópico ante-
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Po-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini55 alerta que deres em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos,
alguns autores tratam veem como distintos os princípios regras mínimas sobre o serviço público:
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há 
características que permitam tratar os mesmos como pro- Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabe-
que a probidade administrativa é um aspecto particular da lecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
moralidade administrativa.
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais 8.112/1990, que prevê:
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
investidura em cargo público:
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a
I - a nacionalidade brasileira;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
II - o gozo dos direitos políticos;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do car-
Administração. go;
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- V - a idade mínima de dezoito anos;
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- VI - aptidão física e mental.
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
os atos administrativos devem ser motivados para que o de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
ser observados os motivos dos atos administrativos. fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- normas e os procedimentos desta Lei.
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
único comportamento possível) e dos atos discricionários Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú-
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- blico depende de aprovação prévia em concurso público de
cricionários. provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
Meirelles56 entende que o ato discricionário, editado complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar- ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e em lei de livre nomeação e exoneração.
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini57, Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca- carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
rios quanto os vinculados. No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
55 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concur-
Paulo: Saraiva, 2004. sos de provas e títulos o seu currículo em toda sua ativida-
56 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. de profissional também é considerado. Cargo em comissão
São Paulo: Malheiros, 1993. é o cargo de confiança, que não exige concurso público,
57 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São sendo exceção à regra geral.
Paulo: Saraiva, 2004.

56
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual pe-
ríodo.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, por igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no
Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade
não expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade.
Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não
ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autori-
dade responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no
serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os car-
gos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo58:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo
de cargo efetivo. reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode
Sem concurso público, ressalvado o percentual
exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função
mínimo reservado ao servidor de carreira.
em si não prescindível de concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Somente são conferidas atribuições e
Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, Destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere
De livre nomeação e exoneração
à função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

58 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

57
DIREITO CONSTITUCIONAL

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
(Mandado de Injunção nº 20). de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação
e exoneração.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- tigos 40 e 41:
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer-
cício de cargo público, com valor fixado em lei.
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
vagas oferecidas no concurso.
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
cidas em lei.
Prossegue o artigo 37, CF:
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou
cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- § 2º O servidor investido em cargo em comissão de ór-
tação por tempo determinado para atender a necessidade gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remu-
temporária de excepcional interesse público. neração de acordo com o estabelecido no § 1º do art. 93.
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- tagens de caráter permanente, é irredutível.
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
se público”. vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- ao local de trabalho.
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran- § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria salário mínimo.
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, Ainda, o artigo 37 da Constituição:
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo:
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocu-
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na pantes de cargos, funções e empregos públicos da ad-
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- ministração direta, autárquica e fundacional, dos mem-
se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter- bros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de man-
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual dato eletivo e dos demais agentes políticos e os proven-
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em tos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
empreendimentos não-governamentais”59. Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municí-
pios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a no-
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção venta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do
de índices. subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
59 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servido-
res para atender a necessidade temporária de excepcional inte-
este limite aos membros do Ministério Público, aos Pro-
resse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ curadores e aos Defensores Públicos.
revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

58
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune-
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- rada de cargos públicos, exceto, quando houver com-
res aos pagos pelo Poder Executivo. patibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor;
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou
científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração, Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens tamente, pelo poder público.
previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Segundo Carvalho Filho60, “o fundamento da proibição
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
previstas em lei. se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao titucional proibitiva”.
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni- tão:
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o da de cargos públicos.
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
duais e Distritais e dos Vereadores. pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
presas públicas, sociedades de economia mista da União,
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
paração salarial: nicípios.
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- dicionada à comprovação da compatibilidade de horá-
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de rios.
remuneração de pessoal do serviço público. § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
de política de administração e remuneração de pessoal,
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
integrado por servidores designados pelos respectivos
vidade.
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
mostrem similares. Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
dos por servidor público não serão computados nem acu- pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
à remuneração devida pela participação em conselhos de
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen-
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra 60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
vantagem até então percebida. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

59
DIREITO CONSTITUCIONAL

Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti- rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
vos, quando investido em cargo de provimento em comissão, empresa pública, de sociedade de economia mista e de
ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte- fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
se em que houver compatibilidade de horário e local com o definir as áreas de sua atuação.
exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
dos órgãos ou entidades envolvidos. Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, de qualquer delas em empresa privada.
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da Órgãos da administração indireta somente podem ser
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos criados por lei específica e a criação de subsidiárias des-
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- controla diretamente determinada empresa pública ou so-
do número de processos administrativos instaurados com ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.:
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso tese para observar que quase todos os autores que abor-
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
dessa infração – art. 133” 61. subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
administrativos, na forma da lei. exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da considerar inválida sua autorização”63.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
ritários para a realização de suas atividades e atuarão
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con- tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
vênio. direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos I -  o prazo de duração do contrato;
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- III -  a remuneração do pessoal.
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
A importância da Administração Tributária foi reconhecida empresas públicas e às sociedades de economia mista
expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti- e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
precedência e de seus servidores sobre os demais setores mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe-
tência”62. Continua o artigo 37, CF:

Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados


61 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos. na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. contratados mediante processo de licitação pública que
62 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu- 63 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
taria_sao_paulo.htm plicado. São Paulo: GEN, 2014.

60
DIREITO CONSTITUCIONAL

assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa-
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação ções privilegiadas.
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
mento das obrigações. A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
mas para licitações e contratos da Administração Pública Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
junto de procedimentos administrativos (administrativos de 4 de setembro de 2001.
porque parte da administração pública) para as compras Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
ção é um processo formal onde há a competição entre os
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
interessados.
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
pectivas ações de ressarcimento.
3) Atos de improbidade administrativa
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres- lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
creverá: do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
destituição de cargo em comissão; ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”64.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
que o fato se tornou conhecido. do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
como crime. juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
nal proferida por autoridade competente. cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
nos graves (pena de advertência), contados da data em que em esferas distintas do Direito.
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais 64 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
propor ação disciplinar. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

61
DIREITO CONSTITUCIONAL

que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitu-
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não cionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- STJ consolidou a tese de que é indispensável a existên-
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- cia de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos.
quando o agente não pretende atingir o resultado da-
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva
noso, mas atua com negligência, imprudência ou impe-
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento
rícia (REsp n° 1.127.143)”68. Para Carvalho Filho69, não há
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im-
probidade administrativa. inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
improbidade administrativa em três categorias: dolo ou culpa.
a) Ato de improbidade administrativa que importe O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
Lei nº 8.429/1992. de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos 157, de 2016)
ditames morais, notadamente no desempenho de função Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
de interesse estatal. evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo-
fixando-se a alíquota mínima em 2%.
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha
Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando
sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad-
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
cos). cal), prejudicando os municípios vizinhos.
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com alíquota mínima.
intenção). Não cabe prática por omissão.65 d) Ato de improbidade administrativa que atente
b) Ato de improbidade administrativa que importe contra os princípios da administração pública (artigo
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) 11, Lei nº 8.429/1992)
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- os princípios da administração pública qualquer ação ou
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali-
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam mais ameno de atos de improbidade administrativa se
o seu conteúdo66. caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que
gerais da administração pública70.
se refere a destruição67.
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú-
68 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
65 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Paulo: Método, 2011. 69 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
66 Ibid. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
67 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 70 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

62
DIREITO CONSTITUCIONAL

O objeto de tutela são os princípios constitucionais. cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- lei é o instrumento adequado para tanto71.
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), Carvalho Filho72 tece considerações a respeito de algu-
embora caiba a prática por ação ou omissão. mas das sanções:
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção derivar de origem ilícita”.
de vantagem - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na netária e juros de mora.
- Perda de função pública: “se o agente é titular de
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa
ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
ambos, nas duas esferas. se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- Administrativa.
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
descreve os procedimentos administrativo e judicial. variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
não só reparar eventual dano causado mas também colo- indenizatório, mas punitivo.
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado nos sócio majoritário da instituição vitimada.
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de - Proibição de contratar: o agente punido não pode
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento participar de processos licitatórios.
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re-
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- vidores
O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- taurando-se o equilíbrio social.73
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, limites da herança, embora existam reflexos na ação que
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, uma absolvição por falta de provas não o faz).
sem prejuízo da ação penal cabível”. 71 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- 72 Ibid.
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade 73 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

63
DIREITO CONSTITUCIONAL

A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
ciocínio de que a principal consequência da prática de um direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de re- por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
parar o dano, mediante o pagamento de indenização que estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
se refere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
às regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo por pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado tem e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
o dever de indenizar os membros da sociedade pelos danos regresso se agiram com dolo ou culpa.
que seus agentes causem durante a prestação do serviço, Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos di-
reitos humanos reconhecidos. Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de ele- responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
mentos genéricos pré-determinados, que perpassam pela dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
se encontram no art. 186 do Código Civil: dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun- ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
considerada a existência de uma relação obrigacional que
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
põe.
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo cau-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
sal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano
causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômi- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
co e não econômico). que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é o esperado.74
dano específico, individualizado, que atinge determinada ou A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
determinadas pessoas. Anormal é o dano que ultrapassa os cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
problemas comuns da vida em sociedade (por exemplo, in- contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
felizmente os assaltos são comuns e o Estado não responde de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
por todo assalto que ocorra, a não ser que na circunstân- são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
cia específica possuía o dever de impedir o assalto, como ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
no caso de uma viatura presente no local - muito embora dever de indenizar.
o direito à segurança pessoal seja um direito humano reco- Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
nhecido). violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
da administração pública, tenha ingressado ou não por con- autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
curso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os agen- responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
tes políticos, os servidores públicos em geral (funcionários, nº 8.112/90:
empregados ou temporários) e os particulares em colabora-
ção (por exemplo, jurado ou mesário). Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão das entre si.
prerrogativas do cargo, não agindo como um particular.
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili- ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
por um agente público no exercício de suas funções e que aciona-se o agente público que praticou o ato.
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- 74 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
tado. Paulo: Método, 2011.

64
DIREITO CONSTITUCIONAL

São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
praticados pelo agente público no exercício de sua função cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula- sua remuneração;
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú- III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni- norma do inciso anterior;
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- ção por merecimento;
se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo de afastamento, os valores serão determinados como se no
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- exercício estivesse.
vertência, suspensão e demissão.
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do dores públicos
agente público que cometa ato ilícito. Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
Tomadas as exigências de características dos danos aci- cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- tuição Federal:
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a ple- Municípios instituirão conselho de política de administra-
na cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
em território nacional. designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir planos de carreira para os servidores da administração pú-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
prejuízo dentro de sua previsibilidade. §  1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos de-
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- mais componentes do sistema remuneratório observará:
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa dade dos cargos componentes de cada carreira;
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos II -  os requisitos para a investidura;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais III -  as peculiaridades dos cargos.
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa-
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior entre os entes federados.
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
dano; b) culpa exclusiva da vítima. público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
blicos do a natureza do cargo o exigir.
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu-
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
a questão remuneratória: gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen-
tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- I -  portadores de deficiência;


blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera- II -  que exerçam atividades de risco;
ção dos cargos e empregos públicos. III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen- § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
tários provenientes da economia com despesas correntes ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi- te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea- educação infantil e no ensino fundamental e médio.
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. regime de previdência previsto neste artigo.
§  7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti- pensão por morte, que será igual:
vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
regime de previdência de caráter contributivo e solidário, do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser- acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri- limite, caso aposentado à data do óbito; ou
térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
disposto neste artigo. no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
§  1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
dos §§ 3º e 17: atividade na data do óbito.
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
me critérios estabelecidos em lei.
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
nibilidade.
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
complementar;
contagem de tempo de contribuição fictício.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta- correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
doria, observadas as seguintes condições: bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
de contribuição, se mulher; ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- ção, e de cargo eletivo.
cionais ao tempo de contribuição. § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que para o regime geral de previdência social.
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
concessão da pensão. em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
§  3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re- público, aplica-se o regime geral de previdência social.
munerações utilizadas como base para as contribuições do § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar- cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
tigo e o art. 201, na forma da lei. mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife- go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
renciados para a concessão de aposentadoria aos abran- pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- do regime geral de previdência social de que trata o art.
vidores: 201.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 15. O regime de previdência complementar de que §  3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade-
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe- quado aproveitamento em outro cargo.
chadas de previdência complementar, de natureza pública, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
que oferecerão aos respectivos participantes planos de be- é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
nefícios somente na modalidade de contribuição definida. missão instituída para essa finalidade.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
do ato de instituição do correspondente regime de previ- jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
dência complementar. meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- os seguinte fatores:
mente atualizados, na forma da lei. I - assiduidade;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- II - disciplina;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata III - capacidade de iniciativa;
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para IV - produtividade;
os benefícios do regime geral de previdência social de que tra- V - responsabilidade.
ta o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
servidores titulares de cargos efetivos. gio probatório, será submetida à homologação da autori-
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
completado as exigências para aposentadoria voluntária realizada por comissão constituída para essa finalidade,
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do
valor da sua contribuição previdenciária até completar as exi-
caput deste artigo.
gências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
próprio de previdência social para os servidores titulares
teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
único do art. 29.
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o dispos-
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
to no art. 142, § 3º, X. quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
de pensão que superem o dobro do limite máximo estabeleci- gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
do para os benefícios do regime geral de previdência social de cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
na forma da lei, for portador de doença incapacitante. equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode-
7) Estágio probatório e perda do cargo rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta-
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: mento para participar de curso de formação decorrente de
aprovação em concurso para outro cargo na Administração
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo Pública Federal.
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
mento efetivo em virtude de concurso público. licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- formação, e será retomado a partir do término do impedi-
gado; mento.
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa; O estágio probatório pode ser definido como um lapso
III -  mediante procedimento de avaliação periódica de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
ampla defesa. na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser- dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem- to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
po de serviço. ramento no órgão ou entidade de lotação.

67
DIREITO CONSTITUCIONAL

Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci- O objeto central da principal obra de Montesquieu75
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a e instituições criadas pelos homens para reger as relações
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo entre os homens. Segundo Montesquieu76, as leis criam
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- costumes que regem o comportamento humano, sendo
to no artigo 41 da Constituição Federal. influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos tesquieu77, do modo como se dará o seu exercício, uma vez
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul- a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre-
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja sentado conforme sua vontade.
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento Montesquieu78 estabeleceu como condição do Estado
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o
complementar ainda inexistente no âmbito federal. primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os
próprios Poderes).
5. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES DA Ao modelo de repartição do exercício de poder por in-
REPÚBLICA. termédio de órgãos ou funções distintas e independentes
de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser
limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es- freios e contrapesos (no inglês, checks and balances).
tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se- 5.1. PODER LEGISLATIVO.
guinte teor: “Art. 2º São Poderes da União, independentes 5.1.1. CONGRESSO NACIONAL, CÂMARA DOS
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi- DEPUTADOS, SENADO FEDERAL, DEPUTADOS E
ciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se SENADORES.
legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes.
1) Do Congresso Nacional
O constituinte afirma que estes poderes são indepen-
O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bi-
dentes e harmônicos entre si. Independência significa que
cameral, contando com uma casa representativa do Povo
cada qual possui poder para se autogerir, notadamente e uma casa representativa dos Estados-membros. No caso,
pela capacidade de organização estrutural (criação de car- a Câmara dos Deputados desempenha um papel de re-
gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos presentação do povo; ao passo que o Senado Federal é
conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo- responsável pela representação das unidades federadas da
nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de espécie Estados-membros.
competência do outro e não se imiscuir indevidamente em No Congresso Nacional se desempenham as ativida-
suas atividades típicas. des legislativas e determinadas atividades fiscalizatórias.
A noção de separação de Poderes começou a tomar Uma legislatura tem a duração de quatro anos, ao passo
forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo que uma sessão legislativa tem duração de um ano, sen-
lançou base para os dois principais eventos que ocorre- do esta dividida em dois períodos legislativos cada qual
ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as com duração de 6 meses. Por seu turno, o Deputado Fe-
Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que deral tem mandato equivalente a uma legislatura (4 anos),
lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas
das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc- legislaturas (8 anos).
ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Fe-
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos deral:
Poderes.
Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de 75 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Es-
Locke, que também entendia necessária a separação dos pírito das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso
Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de- e Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril
finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo Cultural, 1979, p. 25.
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em 76 Ibid., p. 26.
que o absolutismo estava cada vez mais forte. 77 Ibid., p. 32.
78 Ibid., p. 148-149.

68
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Con- Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê:
gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputa-
dos e do Senado Federal. Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário,
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão to-
quatro anos. madas por maioria dos votos, presente a maioria absolu-
ta de seus membros.
Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe
como se dá a composição da Câmara dos Deputados: Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de
maioria absoluta dos membros da Casa ou Comissão (me-
Artigo 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de tade mais um), ao passo que o quórum de deliberação é de
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio- maioria simples (metade mais um dos membros presentes).
nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a repre- 2) Atribuições do Congresso Nacional
sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabe-
A União, como visto no capítulo anterior, possui com-
lecido por lei complementar, proporcionalmente à popu-
petência para legislar sobre determinadas matérias, sendo
lação, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano an-
esta competência por vezes privativa e por vezes concor-
terior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades
da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta rente. A atividade legislativa, por seu turno, em regra será
Deputados. desempenhada pelo Poder Legislativo, exercido pelo Con-
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. gresso Nacional. Neste sentido, a disciplina do artigo 48 da
Constituição.
Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um
sistema proporcional de composição – quanto maior a po- Artigo 48, CF. Cabe ao Congresso Nacional, com a san-
pulação de um Estado, maior o número de representantes ção do Presidente da República, não exigida esta para o
que terá, respeitado o limite de setenta deputados; quanto especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
menos a população de um Estado, menor o número de re- matérias de competência da União, especialmente sobre:
presentantes que terá, respeitado o limite mínimo de oito I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de ren-
deputados. O Distrito Federal recebe o mesmo tratamento das;
de um Estado e por ser menos populoso possui a represen- II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
tação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, se exis- to anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de
tentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é curso forçado;
composta por 513 deputados. III - fixação e modificação do efetivo das Forças Arma-
O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a com- das;
posição do Senado Federal nos seguintes termos: IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais
de desenvolvimento;
Artigo 46, CF. O Senado Federal compõe-se de represen- V - limites do território nacional, espaço aéreo e maríti-
tantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o mo e bens do domínio da União;
princípio majoritário. VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se- áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas As-
nadores, com mandato de oito anos. sembleias Legislativas;
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fe- VII - transferência temporária da sede do Governo Fe-
deral será renovada de quatro em quatro anos, alterna-
deral;
damente, por um e dois terços.
VIII - concessão de anistia;
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sen- Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios
do que 78 representam cada um dos Estados brasileiros, e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito
que são 26, e 3 representam o Distrito Federal. O manda- Federal; 
to do Senador é de duas legislaturas, ou seja, 8 anos. No X - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
entanto, a cada 4 anos sempre são eleitos Senadores, ga- gos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
rantindo a alternância no Senado a cada novas eleições. VI, b; 
Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Federal de XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da admi-
um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam 2 nistração pública; 
cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou ape- XII - telecomunicações e radiodifusão;
nas 1 cadeira no Senado para cada unidade federativa com XIII - matéria financeira, cambial e monetária, institui-
representação; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras). ções financeiras e suas operações;
Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos De- XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da
putados, não há um maior número de representantes por dívida mobiliária federal.
ser a unidade federativa mais populosa, o número de ca- XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri-
deiras é fixo por Estado/Distrito Federal. Adota-se, assim, o bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º;
princípio majoritário e não o princípio proporcional. 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. 

69
DIREITO CONSTITUCIONAL

Contudo, a competência do Congresso Nacional não é Artigo 50, CF. A Câmara dos Deputados e o Senado Fe-
exclusivamente legislativa, de forma que possuem funções deral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
atípicas de caráter administrativo, além da função típica de Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
controle. diretamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto pre-
Artigo 49, CF. É da competência exclusiva do Con- viamente determinado, importando crime de responsabili-
gresso Nacional: dade a ausência sem justificação adequada. 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
atos internacionais que acarretem encargos ou compro- Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer
missos gravosos ao patrimônio nacional; de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante enten-
II - autorizar o Presidente da República a declarar guer- dimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de
ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras relevância de seu Ministério.
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei com- Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
plementar; mações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- referidas no caput deste artigo, importando em crime de
pública a se ausentarem do País, quando a ausência exce- responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo
der a quinze dias; de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma 3) Da Câmara dos Deputados
dessas medidas; Delimitada a competência do Congresso Nacional, ne-
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que cessário definir a competência de cada uma de suas Casas,
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delega- sendo que o artigo 51 da Constituição cumpre este papel
ção legislativa; em relação à Câmara dos Deputados.
VI - mudar temporariamente sua sede;
Artigo 51, CF. Compete privativamente à Câmara dos
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais
Deputados:
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;  
ração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
da República e os Ministros de Estado;
dente da República e dos Ministros de Estado, observado o
II - proceder à tomada de contas do Presidente da Re-
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
pública, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
§ 2º, I; 
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre- III - elaborar seu regimento interno;
sidente da República e apreciar os relatórios sobre a execu- IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
ção dos planos de governo; polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da fixação da respectiva remuneração, observados os parâme-
administração indireta; tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
XI - zelar pela preservação de sua competência legis- V - eleger membros do Conselho da República, nos
lativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; termos do art. 89, VII.
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de con-
cessão de emissoras de rádio e televisão; 4) Do Senado Federal
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Na mesma toada do artigo 51, o artigo 52 da Constitui-
Contas da União; ção delimita as competências da outra Casa do Congresso
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a Nacional, o Senado Federal.
atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; Artigo 52, CF. Compete privativamente ao Senado Fe-
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o deral:
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
riquezas minerais; da República nos crimes de responsabilidade, bem como
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
tos hectares. conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
Com vistas à consecução destas tarefas, o artigo 50 da bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Constituição disciplina providências que podem ser toma- Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
das por cada qual das Casas do Congresso Nacional: Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União nos crimes de responsabilidade; 

70
DIREITO CONSTITUCIONAL

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui- 5) Das reuniões
ção pública, a escolha de: O artigo 57 da Constituição descreve os períodos de
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti- reuniões do Congresso Nacional e as hipóteses de sessão
tuição; conjunta e de convocação extraordinária, além de outras
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados situações práticas envolvidas no funcionamento do Legis-
pelo Presidente da República; lativo Federal:
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central; Artigo 57, CF. O Congresso Nacional reunir-se-á, anual-
e) Procurador-Geral da República; mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; e de 1º de agosto a 22 de dezembro. 
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argui- § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão trans-
ção em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão di- feridas para o primeiro dia útil subsequente, quando re-
plomática de caráter permanente; caírem em sábados, domingos ou feriados.
V - autorizar operações externas de natureza finan- § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
dos Territórios e dos Municípios; § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição,
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li- a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão
em sessão conjunta para:
mites globais para o montante da dívida consolidada
I - inaugurar a sessão legislativa;
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
VII - dispor sobre limites globais e condições para
serviços comuns às duas Casas;
as operações de crédito externo e interno da União, dos
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas au- -Presidente da República;
tarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
federal; § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre-
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
de garantia da União em operações de crédito externo e legislatura, para a posse de seus membros e eleição das res-
interno; pectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
IX - estabelecer limites globais e condições para o mon- recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal subsequente. 
e dos Municípios; § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
Supremo Tribunal Federal; equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Fede-
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a ral.
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República § 6º A convocação extraordinária do Congresso Na-
antes do término de seu mandato; cional far-se-á:
XII - elaborar seu regimento interno; I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decre-
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, tação de estado de defesa ou de intervenção federal, de
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Pre-
fixação da respectiva remuneração, observados os parâme- sidente da República;
tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;  II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requeri-
termos do art. 89, VII. mento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis- de urgência ou interesse público relevante, em todas as
hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta
tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus compo-
de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 
nentes, e o desempenho das administrações tributárias da
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso
União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. 
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II,
qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Fe- artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em
deral, limitando-se a condenação, que somente será profe- razão da convocação.
rida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão
função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais elas automaticamente incluídas na pauta da convoca-
cabíveis. ção.

71
DIREITO CONSTITUCIONAL

Vale destacar que durante o recesso o Congresso Na- Comissões parlamentares de inquérito
cional não fica isento de qualquer tipo de atividade, pre-
vendo o artigo 58, CF em seu §4º: Merece atenção especial o §3º do artigo 58, CF, que
aborda as Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs:
Art. 58, §4º, CF. Durante o recesso, haverá uma Co-
missão representativa do Congresso Nacional, eleita por Art. 58, §3º, CF. As comissões parlamentares de in-
suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, quérito, que terão poderes de investigação próprios das au-
com atribuições definidas no regimento comum, cuja com- toridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos
posição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Depu-
da representação partidária. tados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamen-
te, mediante requerimento de um terço de seus membros,
6) Das comissões para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sen-
O Poder Legislativo não funciona exclusivamente com do suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Minis-
suas Casas, pois a elas seria inviável lidar razoavelmente, tério Público, para que promova a responsabilidade civil ou
apreciando com a devida profundidade, todas as temáticas criminal dos infratores.
de competência deste Poder. Para a apreciação específica
e aprofundada de cada uma das iniciativas legislativas são Com efeito, as CPIs possuem a particularidade de ser-
criadas Comissões. Tais Comissões servem, ainda, para o virem para a investigação e fiscalização de questões de re-
exercício de outras competências do Legislativo, como a levante interesse nacional, caracterizando-se por:
investigatória e fiscalizatória. - Poderes instrutórios – podem apurar fatos tal como é
As comissões podem ser temporárias ou permanentes, feito pelo Poder Judiciário. A regra somente não vale para
conforme o tipo de finalidade para a qual é instituída (ex.: a interceptação telefônica e afins, competência exclusiva de
Comissão de Constituição e Justiça é necessariamente uma magistrado.
comissão permanente que serve para apreciar a constitu- - Instituição por uma das Casas do Congresso ou por
cionalidade de todos os projetos que tramitam na Casa; ambas, mediante requerimento de um terço de seus mem-
a Comissão Parlamentar de Inquérito é necessariamen- bros (1/3 dos membros da Câmara ou 1/3 dos membros
te temporária, perdurando por prazo determinado fixado do Senado ou 1/3 dos membros do Congresso Nacional,
para a realização de investigação). sendo a última hipótese para comissão conjunta).
Vale destacar que uma Comissão pode ter o poder, nos - Apuração de fato certo – A constituição não indica o
termos do regimento, de aprovar o Projeto de Lei sem que que é fato determinado, mas o regimento da Câmara dos
ele nem sequer passe pelo Plenário. Deputados, em seu artigo 35, conceitua como sendo “o
Nestes termos, o artigo 58, caput e §§ 1º e 2º, CF: acontecimento de relevante interesse para a vida pública e
a ordem constitucional, legal, econômica e social do País,
Artigo 58, CF. O Congresso Nacional e suas Casas terão que estiver devidamente caracterizado no requerimento de
comissões permanentes e temporárias, constituídas na constituição da Comissão”.
forma e com as atribuições previstas no respectivo regimen- - Prazo determinado – o funcionamento da Comissão
to ou no ato de que resultar sua criação. Parlamentar de Inquérito não pode se prolongar irrestrita-
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é mente no tempo, sendo necessário fixar prazo para a dura-
assegurada, tanto quanto possível, a representação pro- ção da CPI, embora este prazo seja prorrogável.
porcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que - Finalidade de promover a responsabilização civil e
participam da respectiva Casa. criminal de infratores – no entanto, não é a Comissão que
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com- decidirá sobre tal responsabilização, mas o Poder Judiciário
petência, cabe: por seu órgão competente. O conteúdo da CPI será, então,
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na encaminhado ao Ministério Público para que tome as de-
forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se vidas providências.
houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da so- Fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
ciedade civil; 7.2.4 Tribunal de Contas da União (TCU).
III - convocar Ministros de Estado para prestar infor-
mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; Estabelece o caput do artigo 70 da Constituição:
IV - receber petições, reclamações, representações ou
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das au- Artigo 70, caput, CF. A fiscalização contábil, financei-
toridades ou entidades públicas; ra, orçamentária, operacional e patrimonial da União e
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou ci- das entidades da administração direta e indireta, quanto à
dadão; legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das sub-
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, venções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congres-
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir so Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema
parecer. de controle interno de cada Poder.

72
DIREITO CONSTITUCIONAL

A fiscalização contábil, financeira e orçamentária regu- Por seu turno, as atribuições do Tribunal de Contas da
lada pela Constituição recai sobre as receitas da União e União encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição,
demais entidades da administração direta e indireta nesta envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso Nacional
esfera. Tal fiscalização se dá mediante controle externo, a no controle externo (tanto é assim que o Tribunal não susta
ser exercido pelo Congresso Nacional com auxílio do Tribu- diretamente os atos ilegais, mas solicita ao Congresso Na-
nal de Contas da União, e mediante controle interno, con- cional que o faça):
soante órgãos instituídos pelo próprio Poder fiscalizado em
seu âmbito interno. Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
Para que se viabilize esta atividade de fiscalização é Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
necessária a instituição de obrigação de prestar contas, re- da União, ao qual compete:
gulada no próprio artigo 70, CF em seu parágrafo único: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
sidente da República, mediante parecer prévio que deverá
Artigo 70, parágrafo único, CF. Prestará contas qual- ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
quer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que II - julgar as contas dos administradores e demais res-
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis-
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
pecuniária.  daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu-
laridade de que resulte prejuízo ao erário público;
a) Controle externo – Tribunal de Contas da União III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
Com efeito, o principal órgão que colabora com o con- atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na admi-
trole externo na fiscalização exercida pelo Congresso Na- nistração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas
cional é o Tribunal de Contas da União. A composição do e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações
Tribunal de Contas da União está regulamentada no artigo para cargo de provimento em comissão, bem como a das
73 da Constituição Federal, conferindo-se a capacidade de concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalva-
auto-organização e autoadministração assegurada aos ór-
das as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
gãos do Poder Judiciário:
legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De-
Artigo 73, CF. O Tribunal de Contas da União, integrado
putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de in-
por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
quérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, fi-
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território na-
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
cional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas
no art. 96. unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Execu-
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão tivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
requisitos: pranacionais de cujo capital social a União participe, de
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
anos de idade; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
II - idoneidade moral e reputação ilibada; passados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, eco- outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede-
nômicos e financeiros ou de administração pública; ral ou a Município;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de VII - prestar as informações solicitadas pelo Congres-
efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos so Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer
mencionados no inciso anterior. das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, fi-
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
escolhidos: resultados de auditorias e inspeções realizadas;
I - um terço pelo Presidente da República, com apro- VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade
vação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre de despesa ou irregularidade de contas, as sanções pre-
auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribu- vistas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
nal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os cri- multa proporcional ao dano causado ao erário;
térios de antiguidade e merecimento; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
II - dois terços pelo Congresso Nacional. as providências necessárias ao exato cumprimento da
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União te- lei, se verificada ilegalidade;
rão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, X - sustar, se não atendido, a execução do ato im-
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tri- pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu-
bunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentado- tados e ao Senado Federal;
ria e pensão, as normas constantes do art. 40.  XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá dades ou abusos apurados.
as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz tado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicita-
de Tribunal Regional Federal. rá, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

73
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. IV - apoiar o controle externo no exercício de sua mis-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação são institucional.
de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade,
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.
Após, o artigo 72 regulamenta a atuação da Comissão § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
Mista Permanente de Planos, Orçamentos Públicos e Fis- ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denun-
calização: ciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de
Contas da União.
Artigo 72, CF. A Comissão mista permanente a que se
refere o art. 166, §1º79, diante de indícios de despesas não c) Simetria quanto aos demais entes federados
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não O artigo 75 da Constituição estabelece normativa mí-
programados ou de subsídios não aprovados, poderá soli- nima a ser aplicada à fiscalização contábil, financeira e or-
citar à autoridade governamental responsável que, no çamentária das demais unidades federativas, respeitando
prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. uma simetria constitucional.
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considera-
dos estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal Artigo 75, CF. As normas estabelecidas nesta seção apli-
pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de cam-se, no que couber, à organização, composição e fiscali-
trinta dias. zação dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Co- Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas
missão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável dos Municípios.
ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integra-
Nacional sua sustação.
dos por sete Conselheiros.
b) Controle interno
Processo legislativo.
O controle interno será exercido em todos os Poderes
Processo legislativo é o conjunto de atos que devem
mediante sistema integrado entre os órgãos do controle
ser praticados para a adequada elaboração das espécies
interno, bem como entre estes e o Tribunal de Contas da
normativas. O desatendimento das normas de processo le-
União, cuja finalidade está descrita no artigo 74 da Cons-
gislativo gera inconstitucionalidade formal. O artigo 59 da
tituição. Constituição Federal traz o rol de espécies normativas, sen-
do que cada qual exige um processo legislativo específico.
Artigo 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Ju- Por seu turno, quanto a estas espécies normativas, o
diciário manterão, de forma integrada, sistema de controle processo legislativo pode adotar um procedimento sumá-
interno com a finalidade de: rio, ordinário (é a regra, válida como base para todos os
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano demais processos legislativos, aplicável às leis ordinárias)
plurianual, a execução dos programas de governo e dos or- ou especial (ex.: emenda constitucional, lei delegada, lei
çamentos da União; complementar – estabelecem-se variações em relação ao
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, procedimento ordinário).
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, fi- Destaca-se que a Lei Complementar nº 95, de 26 de
nanceira e patrimonial nos órgãos e entidades da adminis- fevereiro de 1998, dispõe sobre a elaboração, a redação, a
tração federal, bem como da aplicação de recursos públicos alteração e a consolidação das leis, conforme determina o
por entidades de direito privado; parágrafo único do artigo 59 da Constituição Federal, e es-
79 Disciplina o referido dispositivo: “Art. 166. Os proje- tabelece normas para a consolidação dos atos normativos
tos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamen- que menciona.
tárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na for- Artigo 59, CF. O processo legislativo compreende a ela-
ma do regimento comum. § 1º Caberá a uma Comissão mista boração de:
permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir I - emendas à Constituição;
parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as II - leis complementares;
contas apresentadas anualmente pelo Presidente da Repúbli- III - leis ordinárias;
ca; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas IV - leis delegadas;
nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição V - medidas provisórias;
e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, VI - decretos legislativos;
sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congres- VII - resoluções.
so Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a ela-
58”. boração, redação, alteração e consolidação das leis.

74
DIREITO CONSTITUCIONAL

As leis ordinárias são denominadas na Constituição Artigo 60, caput, CF. A Constituição poderá ser emen-
como “leis”, de modo que o constituinte só utiliza a expres- dada mediante proposta:
são “lei ordinária” quando quer trazer uma contraposição I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara
com a lei complementar. Tanto é assim que as leis ordi- dos Deputados ou do Senado Federal;
nárias do país são denominadas apenas como leis (Lei nº II - do Presidente da República;
X); enquanto que as leis complementares são denominadas III - de mais da metade das Assembleias Legislativas
como tais (Lei complementar nº Y). das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma de-
A primeira lei ordinária foi elaborada a partir da pro- las, pela maioria relativa de seus membros.
mulgação da Constituição de 1946, enquanto que a primei-
ra lei complementar foi elaborada a partir da promulgação b) Quórum para aprovação – nos termos do §2º do
da Constituição de 1967. Não há problemas com o fato de
artigo 60 da Constituição, “a proposta será discutida e vo-
existirem leis anteriores à Constituição Federal de 1988, eis
tada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois tur-
que se faz presente o fenômeno da recepção.
Após enumerar as espécies normativas no artigo 59, nos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
a Constituição Federal descreve as peculiaridades de cada quintos dos votos dos respectivos membros”. Com efeito,
uma delas. Somente os decretos legislativos e as resolu- para a emenda à Constituição exige-se quórum especial
ções não são regulamentados no texto constitucional, mas para a aprovação – 3/5 do total dos membros de cada Casa
em regimento interno do Congresso Nacional e de suas – além da votação em dois turnos – cada Casa vota duas
Casas. vezes.

1) Emenda à Constituição c) Promulgação – segundo o §3º do artigo 60 da


As emendas à Constituição se sujeitam aos limites do Constituição, “a emenda à Constituição será promulgada
poder de reforma, já abordadas quando da temática poder pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
constituinte (artigo 60, §4º, CF). A possibilidade de emen- ral, com o respectivo número de ordem”. Comoas emendas
da à Constituição decorre do Poder Constituinte derivado, constitucionais decorrem de um poder exclusivo conferido
investido pelo Poder Constituinte originário quando da ao Congresso Nacional, o Poder Constituinte, não serão
elaboração do texto constitucional. Sendo assim, a Cons- enviadas ao Presidente da República para sanção, promul-
tituição Federal pode ser modificada mediante o processo gação e publicação. Sendo assim, são promulgadas e re-
legislativo adequado. metidas para publicação pelas Mesas das Casas.
Se desrespeitado o processo legislativo adequado, ha-
verá inconstitucionalidade. Destaca-se que isso responde à
d) Limitações ao poder de reforma – o poder de re-
seguinte pergunta: é possível norma constitucional incons-
titucional? A resposta é sim, desde que esta norma consti- forma à Constituição se sujeita a diversos limites temporais,
tucional decorra de uma reforma do texto da Constituição. materiais e circunstanciais, já estudados, descritos notada-
Em hipótese alguma há norma constitucional inconstitu- mente nos §§ 1º, 4º e 5º do artigo 60 da Constituição.
cional na redação originária da Constituição, na norma que
decorra do Poder Constituinte originário. Artigo 60, §1º, CF. A Constituição não poderá ser emen-
Em outras palavras, o procedimento da emenda à dada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa
Constituição descrito no artigo 60 deve ser respeitado para ou de estado de sítio.
que a reforma constitucional possa produzir efeitos e ad-
quirir plena vigência. Artigo 60, §4º, CF. Não será objeto de deliberação a pro-
Basicamente, o processo legislativo da emenda consti- posta de emenda tendente a abolir:
tucional é muito parecido com o processo legislativo da lei I - a forma federativa de Estado;
ordinária, diferenciando-se nos seguintes aspectos: II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
a) Iniciativa – como se depreende dos incisos do caput III - a separação dos Poderes;
do artigo 60, a iniciativa para a apresentação de proposta IV - os direitos e garantias individuais.
de emenda constitucional é, em regra, coletiva. Somente
o Presidente da República pode, sozinho, apresentar uma Artigo 60, §5º, CF. A matéria constante de proposta de
PEC. Um deputado federal ou um Senador sozinhos não
emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
possuem este poder, precisam da anuência de pelo me-
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
nos um terço da Casa. Nem ao menos uma Assembleia
Legislativa pode apresentar a proposta sozinha, precisa
que a maioria dos membros presentes em sessão de vo- e) Não aplicação do princípio da primazia da deli-
tação concordem e também necessita estar acompanhada beração principal – se um projeto de emenda constitucio-
de mais da metade das Assembleias Legislativas do país nal for emendado na deliberação revisional, irá voltar para
(14, no mínimo). A doutrina entende majoritariamente que a Casa da deliberação principal e, se esta não concordar
cabe a iniciativa popular, mas não se trata de previsão ex- com a emenda, volta novamente para a Casa da delibera-
pressa do artigo 60 da Constituição. Nota-se que o poder ção revisional, até se decidir sobre qual a redação que irá
de iniciativa legislativa é bastante diverso do fixado para os prevalecer. Instaura-se um vai e volta sem fim.
projetos de leis.

75
DIREITO CONSTITUCIONAL

2) Leis ordinárias b) organização administrativa e judiciária, matéria tri-


Lei é um ato normativo típico revestido de abstração e butária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da admi-
generalidade. Por ser ato primário e autônomo, se sujeita nistração dos Territórios;
diretamente ao controle de constitucionalidade, verifican- c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime
do-se sua conformidade/contrariedade com a Constituição jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; 
Federal. d) organização do Ministério Público e da Defensoria
Pública da União, bem como normas gerais para a orga-
a) Fase introdutória – Iniciativa nização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos
A iniciativa das leis encontra regulamentação notada- Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
mente no caput do artigo 61, CF: e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da adminis-
tração pública, observado o disposto no art. 84, VI; 
Artigo 61, caput, CF. A iniciativa das leis comple- f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico,
mentares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Co- provimento de cargos, promoções, estabilidade, remunera-
missão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou ção, reforma e transferência para a reserva. 
do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao - Iniciativa popular
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma A iniciativa popular é modo de exercício da democracia
e nos casos previstos nesta Constituição. direta (artigo 14, III, CF). O cidadão sozinho não pode apre-
sentar projeto de lei, mas é possível fazê-lo em conjunto
A iniciativa pode ser parlamentar quando de membro com outros cidadãos, conforme regulamenta o §2º do arti-
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Fe- go 60 da Constituição:
deral ou do Congresso Nacional; ou extraparlamentar nos
demais casos. Artigo 61, §2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
Ainda, poderá ser genérica, quando permitir que a ini- pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
ciativa seja exercida quanto a quaisquer projetos de leis lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
(membro ou Comissão do Congresso ou das Casas, Presi-
não menos de três décimos por cento dos eleitores de
dente da República, iniciativa popular); ou específica, quan-
cada um deles.
do permitir que apenas se apresentem projetos com re-
lação a determinadas matérias (Supremo Tribunal Federal,
Extraem-se três requisitos: a) projeto subscrito por ao
Tribunais Superiores, Procurador-Geral da República e, ape-
menos 1% do eleitorado nacional; b) assinaturas distribuí-
sar da não menção expressa, Tribunal de Contas da União).
das em ao menos 5 Estados; c) ao menos 0,3% de eleitores
O caput do artigo 61 não faz esta distinção expressa- em cada Estado.
mente, mas ela pode ser depreendida do texto constitucio-
nal e se mostra de extrema importância prática. É necessá- b) Fase constitutiva – Deliberação
rio atenção ao fato de que quando o constituinte confere
a iniciativa a determinado órgão, esta é somente dele, ou - Deliberação principal e deliberação revisional
seja, trata-se de competência reservada (ex.: o artigo 93, O Poder Legislativo brasileiro adota um sistema bica-
CF confere ao Supremo Tribunal Federal a iniciativa quanto meral, de modo que a deliberação principal é feita por uma
ao Estatuto da Magistratura e somente por projeto de lei das Casas e a deliberação revisional é feita pela outra. O
apresentado por este órgão é possível alterá-lo). que vai definir se a deliberação principal será feita pela Câ-
A princípio, não existe um prazo para se exercer o mara dos Deputados ou pelo Senado Federal é a porta de
poder de iniciativa. Logo, em regra, a iniciativa é um ato entrada do projeto de lei.
discricionário. No entanto, há casos em que o constituinte Salvo no caso de projeto proposto por Senador ou Co-
obriga a iniciativa num prazo determinado, o que é muito missão do Senado Federal, o projeto de lei começa na Câ-
comum no que tange a questões financeiras e orçamen- mara dos Deputados. Neste sentido, o caput do artigo 64
tárias, caso em que se denomina a iniciativa de vinculada. da Constituição prevê que:

- Iniciativa reservada do Presidente da República Artigo 64, CF. A discussão e votação dos projetos de lei
O chefe do Poder Executivo federal possui iniciativa de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribu-
reservada quanto a determinados projetos de lei, ou seja, nal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câma-
somente ele poderá apresentá-los perante o Congresso ra dos Deputados.
Nacional:
Assim, em regra, o projeto vai seguir após a deliberação
Artigo 61, §1º, CF. São de iniciativa privativa do Presi- principal para a deliberação revisional no Senado Federal,
dente da República as leis que: quando será possível a apresentação de emendas. Logo,
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; se na deliberação revisional se optar por uma emenda ao
II - disponham sobre: projeto de lei, ele volta para a Casa que fez a deliberação
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na principal. Esta emenda será votada e, caso se opte por não
administração direta e autárquica ou aumento de sua re- aceitá-la, predomina a deliberação principal (princípio da
muneração; primazia da deliberação principal).

76
DIREITO CONSTITUCIONAL

A respeito, tem-se o artigo 65 da Constituição: Art. 64, §2º, CF. Se, no caso do § 1º, a Câmara dos De-
putados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a
Artigo 65, CF. O projeto de lei aprovado por uma Casa proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e
será revisto pela outra, em um só turno de discussão e vo- cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais delibera-
tação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa reviso- ções legislativas da respectiva Casa, com exceção das que
ra o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à a votação. 
Casa iniciadora.
Fica obstruída a pauta, impedindo-se a deliberação de
- Atuação das Comissões qualquer outro projeto, salvo votação de medida provisória
Com efeito, após a fase de iniciativa, introdutória, o e projetos de Código. Disciplina, ainda o §4º do artigo 64
projeto será deliberado. Entretanto, antes de ir para o Ple- da Constituição:
nário e ser votado, o projeto passa pelas Comissões, o que
acontece tanto na Câmara dos Deputados quanto no Se- Art. 64, §4º, CF. Os prazos do § 2º não correm nos perío-
nado Federal. dos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos
Aliás, parecer da Comissão de Constituição e Justiça e projetos de código.
o parecer da Comissão de Finanças e Tributação possuem
o caráter terminativo, ou seja, impedem a continuidade do Nos termos do artigo 64, §3º, CF,
projeto com sua remessa ao Plenário ou a outra Comissão.
Todas as Comissões que possuam pertinência temática Art. 64, §3º, CF. A apreciação das emendas do Senado
com o projeto serão envolvidas, sendo que a Comissão de Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de
Constituição e Justiça delibera a respeito de todos eles. dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo
anterior.
- Quórum de instalação
O quórum para instalação da sessão do Senado ou da Se a iniciativa é do Presidente da República, obviamen-
Câmara é de maioria absoluta, ou seja, presença de ao me- te, a deliberação principal sempre será feita pela Câmara e
nos metade dos membros. a revisional pelo Senado, sendo que em caso de emenda
voltará para a Câmara que deverá apreciar em 10 dias.
- Limitação ao poder de emenda – vedação ao au-
mento de despesa
- Reapresentação de projeto
O constituinte estabelece no artigo 63 da Constitui-
Se um projeto de lei for barrado na fase de deliberação,
ção a vedação ao aumento de despesa em determinados
não poderá ser reapresentado na mesma sessão legislativa,
projetos quando passarem pela deliberação no Congresso
salvo proposta de maioria absoluta dos membros de qual-
Nacional.
quer das Casas do Congresso Nacional:
Artigo 63, CF. Não será admitido aumento da despesa
Artigo 67, CF. A matéria constante de projeto de lei re-
prevista:
jeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto,
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria
República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
II - nos projetos sobre organização dos serviços adminis- absoluta dos membros de qualquer das Casas do Con-
trativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos gresso Nacional.
Tribunais Federais e do Ministério Público.
- Deliberação executiva – sanção e veto
- Procedimento sumário Se não apresentadas emendas na deliberação revi-
O procedimento sumário está descrito nos §§ 1º a 4º sional, o projeto segue para a deliberação executiva do
do artigo 64 da Constituição Federal, permitindo a solici- Presidente da República. Se apresentadas emendas e vo-
tação de urgência na apreciação de projetos de iniciativa tadas pela Casa da deliberação principal, também segue
do Presidente da República, não somente os de iniciativa para esta deliberação executiva (não importa se a Casa da
privativa, mas os de quaisquer matérias. Disciplina o §1º do deliberação principal votar contra a emenda, porque pre-
artigo 64 da Constituição: valece a redação original anterior à emenda que foi dada
pela casa que fez a deliberação principal – é o princípio da
Art. 64, §1º, CF. O Presidente da República poderá soli- primazia da deliberação principal). Fala-se em deliberação
citar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. executiva porque o Presidente da República tem o poder
de vetar dispositivos de lei.
Contudo, diante das medidas provisórias, este procedi-
mento sumário acabou esvaziado. Artigo 66, CF. A Casa na qual tenha sido concluída a
Prevê o §2º do artigo 64 da Constituição o seguinte: votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República,
que, aquiescendo, o sancionará.

77
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, Da promulgação decorre a executoriedade da lei, mas


no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao inte- só da publicação decorre a notoriedade da lei. Para a lei
resse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo ser obrigatória, não basta ter executoriedade, é preciso
de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e também notoriedade. A obrigação de publicar é de quem
comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente promulga.
do Senado Federal os motivos do veto.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de 3) Leis delegadas
artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Trata-se de espécie normativa em desuso. Nela, o Pre-
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do sidente da República possui iniciativa solicitadora perante
Presidente da República importará sanção. o Congresso Nacional, que mediante resolução autoriza
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, den- especificando o conteúdo e os termos do exercício da de-
tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo legação. Durante a delegação não se inibe a atuação legis-
ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados lativa do Congresso Nacional.
e Senadores. 
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, Artigo 68, CF. As leis delegadas serão elaboradas pelo
para promulgação, ao Presidente da República.
Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido
ao Congresso Nacional.
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de compe-
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua vota-
ção final.  tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
O veto é, assim, a manifestação discordante do Chefe a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
do Poder Executivo que impede que um Projeto de Lei (em sobre:
parte ou no todo) se torne lei a não ser que seja derrubado I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
pelo Congresso Nacional. co, a carreira e a garantia de seus membros;
O veto se caracteriza por ser: expresso (não existe veto II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políti-
tácito), motivado (deve acompanhar justificativa do Chefe cos e eleitorais;
do Executivo), formalizado (pela mensagem de veto, envia- III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orça-
da em até 48 horas ao Congresso Nacional e publicada no mentos.
Diário Oficial); supressivo (não pode acrescentar nada, só § 2º A delegação ao Presidente da República terá a for-
suprimir a redação integral do dispositivo ou do projeto); ma de resolução do Congresso Nacional, que especificará
irretratável (formalizado, o veto é irretratável pelo Presi- seu conteúdo e os termos de seu exercício.
dente da República, ou seja, ele não pode mudar de ideia); § 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto
superável (o Congresso Nacional pode derrubar o veto em pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, ve-
sessão conjunta pela maioria absoluta dos membros de dada qualquer emenda.
cada Casa, sendo que a não apreciação do veto gera obs-
trução de pauta). 4) Leis complementares
Por seu turno, a sanção, que é o ato de concordância A distinção das leis complementares em relação às leis
do Chefe do Poder Executivo com o Projeto apresentado, ordinárias tem um aspecto formal, pois “as leis comple-
pode ser expressa (Presidente diz que sanciona) ou tácita mentares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo
(decurso do prazo de 15 dias úteis sem que tenha ocorrido 69, CF) – é preciso a maioria do total de membros, não
o veto). bastando a maioria dos presentes; bem como um aspecto
material, pois o campo material sujeito a lei complementar
c) Fase complementar – Promulgação e publicação
é estabelecido pelo próprio constituinte.
A promulgação é a verificação da regularidade do pro-
Existem 3 correntes em resposta ao questionamento
cedimento de elaboração, a sua autenticação e o reconhe-
cimento de sua potencialidade para produzir efeitos no de haver ou não hierarquia entre lei complementar e lei
mundo jurídico. Na sanção expressa, promulgação e san- ordinária:
ção coexistem no mesmo tempo e no mesmo instrumento a) Lei complementar está acima de lei ordinária na qua-
(se o Presidente diz que sanciona, também promulga). Na lidade de um gênero interposto entre a Constituição Fede-
sanção tácita e na rejeição de veto também é necessária a ral e a lei ordinária (Manoel Gonçalves Ferreira Filho);
promulgação. b) Lei complementar está no mesmo patamar de lei or-
A obrigação de promulgar é do Presidente da Repúbli- dinária porque o constituinte estabelece uma divisão crite-
ca, mas se trata de obrigação transmissível, conforme o §7º riosa entre as matérias que devem ser regulamentadas por
do artigo 66 da Constituição: cada qual das espécies (tributaristas, STF);
c) Lei complementar está no mesmo patamar de lei
Art. 66, §7º, CF. Se a lei não for promulgada dentro de ordinária se for uma lei complementar não normativa, ou
quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos ca- seja, se não tiver por fim regulamentar matéria a ser regu-
sos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, lada por lei ordinária, mas está acima de lei ordinária se
se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente for uma lei complementar normativa (José Afonso da Silva).
do Senado fazê-lo.

78
DIREITO CONSTITUCIONAL

5) Medidas provisórias § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Con-


Trata-se de espécie normativa que permite ao Presi- gresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
dente da República legislar em situações de relevância e dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
urgência. Veio para substituir os Decretos-leis a partir da pressupostos constitucionais. 
Constituição de 1988 porque se entendia que estes seriam § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até
um vestígio da ditadura. quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará
Com a Emenda Constitucional nº 32/2001, a medida em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma
provisória passou a ter limitações materiais, eis que esta das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até
emenda incluiu todos os parágrafos do artigo 62 da Cons- que se ultime a votação, todas as demais deliberações le-
tituição (apenas o caput constava em sua redação originá- gislativas da Casa em que estiver tramitando.
ria). Da mesma forma, com esta emenda se regularam de- § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período
talhes do processo legislativo da medida provisória perante a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta
o Congresso Nacional. dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação
Por seu turno, o caput do artigo 62 da Constituição encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
descreve os requisitos para a adoção de medidas provisó- § 8º As medidas provisórias terão sua votação inicia-
rias – relevância e urgência. São conceitos abertos que re- da na Câmara dos Deputados. 
metem a uma discricionariedade do Presidente da Repúbli- § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Sena-
ca. Em que pese a abertura dos conceitos, o Supremo Tri- dores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir
bunal Federal tem aceito o controle judicial caso a medida parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada,
provisória viole critérios de razoabilidade ou caracterizem pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacio-
desvio ou excesso de poder. nal. 
A vigência do texto da medida provisória é imediata, § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa,
embora o Congresso Nacional vá apreciá-la futuramente. de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha
perdido sua eficácia por decurso de prazo. 
Artigo 62, CF. Em caso de relevância e urgência, o Pre- § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere
sidente da República poderá adotar medidas provisórias, o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficá-
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Con- cia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
gresso Nacional.  decorrentes de atos praticados durante sua vigência conser-
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
var-se-ão por ela regidas.
matéria: 
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando
I – relativa a: 
o texto original da medida provisória, esta manter-se-á in-
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, par-
tegralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado
tidos políticos e direito eleitoral; 
o projeto. 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
Prerrogativas parlamentares.
Público, a carreira e a garantia de seus membros; 
As imunidades e impedimentos parlamentares, ao lado
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orça-
mento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o de questões correlatas, encontram previsão constitucional
previsto no art. 167, § 3º;  dos artigos 53 a 56 da Constituição Federal.
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de pou- Imunidades parlamentares são prerrogativas que asse-
pança popular ou qualquer outro ativo financeiro;  guram aos membros do Legislativo ampla liberdade, auto-
III – reservada a lei complementar;  nomia e independência no exercício de suas funções, sen-
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo do estas tanto inerentes a um aspecto material (inviolabi-
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Pre- lidade propriamente dita) quanto correlatas a um aspecto
sidente da República.  formal (sujeição a processamento por foro especial – foro
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou por prerrogativa de função).
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, A essência da imunidade parlamentar está descrita no
II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro caput do artigo 53, CF:
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada. Art. 53, CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis,
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pa-
§§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem lavras e votos.
convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorro-
gável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, Trata-se da faceta material da imunidade parlamentar,
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto consistente na inviolabilidade civil e penal por opiniões, pa-
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.  lavras e votos. Entende-se que o parlamentar tem irrestrita
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da pu- liberdade de expressão na defesa de seus posicionamentos
blicação da medida provisória, suspendendo-se durante os políticos, sob pena de se caracterizar uma ruptura no pró-
períodos de recesso do Congresso Nacional. prio modelo democrático, que exige o debate de ideias. 

79
DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, a principal imunidade parlamentar de No entanto, ao lado das imunidades, a Constituição Fe-
caráter formal está descrita no §1º do artigo 53, CF: deral prevê vedações em seu artigo 54:

Art. 53, §1º, CF. Os Deputados e Senadores, desde a expe- Artigo 54, CF. Os Deputados e Senadores não poderão:
dição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o I - desde a expedição do diploma:
Supremo Tribunal Federal.  a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
Propriamente, é o denominado foro por prerrogativa economia mista ou empresa concessionária de serviço pú-
de função. Não se trata de privilégio pessoal, que tem a ver blico, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uni-
com a pessoa do parlamentar, mas de privilégio do cargo, formes;
inerente ao cargo. b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu-
Ainda sobre a questão do julgamento, estendem os §§ nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ‘ad nutum’,
3º a 5º do mesmo dispositivo: nas entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
Art. 53, §3º, CF. Recebida a denúncia contra o Senador ou a) ser proprietários, controladores ou diretores de
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
empresa que goze de favor decorrente de contrato com
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por ini-
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função
ciativa de partido político nela representado e pelo voto
remunerada;
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final,
sustar o andamento da ação. b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis
Art. 53, §4º, CF. O pedido de sustação será apreciado pela ‘ad nutum’, nas entidades referidas no inciso I, ‘a’;
Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cin- c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer
co dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. das entidades a que se refere o inciso I, ‘a’;
Art. 53, §5º, CF. A sustação do processo suspende a pres- d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú-
crição, enquanto durar o mandato.  blico eletivo.

Outras imunidades encontram-se descritas nos demais A consequência do desrespeito a estas proibições é
parágrafos do artigo 53. Neste sentido, o §2º do artigo 53 a perda do mandato, conforme o artigo 55, I, CF. Existem
da Constituição aborda o impedimento de prisão, salvo em outras causas de perda de mandato, também descritas no
caso de flagrante por crime inafiançável: artigo 55 da Constituição:

Art. 53, §2º, CF. Desde a expedição do diploma, os mem- Artigo 55, CF. Perderá o mandato o Deputado ou Se-
bros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em nador:
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, no artigo anterior;
para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva so- II - cujo procedimento for declarado incompatível com
bre a prisão.  o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legisla-
Ainda, disciplina o §6º do artigo 53 que: tiva, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
Art. 53, §6º, CF. Os Deputados e Senadores não serão IV - que perder ou tiver suspensos os direitos polí-
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou ticos;
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença
Prevê o §7º do artigo 53:
transitada em julgado.
Art. 53, §7º, CF. A incorporação às Forças Armadas de De- § 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além
putados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo dos casos definidos no regimento interno, o abuso das
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacio-
  nal ou a percepção de vantagens indevidas.
Destaca-se a perenidade destas imunidades parlamen- § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do man-
tares descritas no artigo 53, porque o §8º do dispositivo as- dato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
segura: Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provo-
cação da respectiva Mesa ou de partido político representa-
Art. 53, §8º, CF. As imunidades de Deputados ou Sena- do no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. 
dores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício
da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do ou mediante provocação de qualquer de seus membros,
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis ou de partido político representado no Congresso Nacional,
com a execução da medida. assegurada ampla defesa.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo monarquias constitucionais, nas quais o poder monárqui-
que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos co que não é absoluto, havendo formas de limitação e de
deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações atuação do povo no processo decisório. O mais comum é
finais de que tratam os §§ 2º e 3º. concentrar o exercício das funções de chefia de Estado na
monarquia e das funções de chefia de governo ao repre-
Por fim, o artigo 56 da Constituição disciplina situa- sentante do parlamento (Primeiro Ministro).
ções em que poderia se entender a princípio que caberia a Na república, forma adotada no Brasil, o Estado não
perda de mandato, notadamente por incompatibilidade ou pertence a nenhum rei ou imperador, mas sim ao povo. O
afastamento, mas que não geram esta consequência por Estado pertence a todos, caracterizando-se pelo trinômio
previsão expressa. eletividade, temporariedade e responsabilidade. O repre-
sentante será eleito por um prazo determinado e têm seus
Artigo 56, CF. Não perderá o mandato o Deputado ou poderes limitados, sendo responsabilizados em caso de má
Senador: governança.
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governa- Importante, ainda, a noção de sistema de Governo.
Podem ser adotados o presidencialismo, quando há um
dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito Fede-
governante – o Presidente da República, chefe do Executi-
ral, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
vo – que acumula as funções de chefe de governo (chefia
missão diplomática temporária;
do poder executivo) e de chefe de Estado (representante
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de diplomático); ou parlamentarismo, sistema que separa as
doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse par- funções de chefe de governo e de chefe de Estado em duas
ticular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse autoridades diferentes.
cento e vinte dias por sessão legislativa. No Parlamentarismo as funções de chefe de Estado e
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de chefe de governo se bifurcam em duas pessoas – o líder
investidura em funções previstas neste artigo ou de licença do parlamento é o chefe de governo e o monarca ou pre-
superior a cento e vinte dias. sidente é o chefe de Estado. No Presidencialismo ambas as
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á funções são desempenhadas pelo Presidente.
eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses
para o término do mandato. Presidente da República.
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador Atribuições, prerrogativas e responsabilidades.
poderá optar pela remuneração do mandato.
1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República
O Poder Executivo tem por função principal a de admi-
5.2. PODER EXECUTIVO. nistrar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol
5.2.2. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA do interesse comum da população. Na esfera federal, este
papel é desempenhado pelo Presidente da República e por
REPÚBLICA E DOS MINISTROS DE ESTADO. seu Vice-Presidente, com auxílio dos Ministros de Estado. A
propósito, disciplina o artigo 76 da Constituição:

O regime político envolve o modo como se institui e é Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
exercido o poder no Estado de Direito, podendo ser auto- dente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
ritário ou democrático.
Nos regimes autoritários ou não democráticos, as deci- Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de
governo, o Presidente será eleito juntamente com seu Vi-
sões políticas não contam com qualquer tipo de manifesta-
ce-Presidente após processo eleitoral com regras mínimas
ção da vontade do povo.
descritas no artigo 77 da Constituição:
Nos regimes democráticos o povo participa na tomada
das decisões políticas, diretamente (democracia direta), por Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presi-
meio de representantes (democracia indireta) e de ambas dente da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-
formas (democracia semidireta). meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
Já a forma de governo envolve a concentração de par- domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
cela considerável do poder num dos atores envolvidos no anterior ao do término do mandato presidencial vigente. 
processo político. Se o poder é reservado por direito a uma § 1º A eleição do Presidente da República importará a
categoria de pessoas, os nobres, tem-se monarquia; se o do Vice-Presidente com ele registrado.
poder não é reservado a nenhuma pessoa específica tem- § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
se República. que, registrado por partido político, obtiver a maioria ab-
Na monarquia, o Estado se classifica pelo trinômio vi- soluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
taliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade. O poder § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
pertence a uma pessoa entre os nobres que o recebe de na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte
seu ancestral que ocupava a mesma posição, geralmente dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
um ascendente direto (ex.: pai é o rei e ao falecer o trono candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
passa para seu primogênito). Hoje existem as chamadas que obtiver a maioria dos votos válidos.

81
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer O mandato do Presidente da República tem a duração
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, de quatro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. seguinte à eleição.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
ano seguinte ao da sua eleição.
Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República
tomarão posse e prestarão compromisso perante o Con- Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a au-
gresso Nacional:
sência do país por parte do Presidente e do Vice-Presiden-
te.
Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re-
pública tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re-
Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo pública não poderão, sem licença do Congresso Nacional,
brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independên- ausentar-se do País por período superior a quinze dias,
cia do Brasil. sob pena de perda do cargo.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixa-
da para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo 2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este da República
será declarado vago. As atribuições do Presidente da República, substitutiva-
mente exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em
O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presiden- alguns casos, delegáveis aos Ministros de Estado e outras
te da República e poderá substituí-lo temporariamente, autoridades, estão descritas no artigo 84 da Constituição.
quando o Presidente estiver ausente do país, ou definitiva-
mente, no caso de vacância do cargo. Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
da República:
Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de im- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
pedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além
reção superior da administração federal;
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei com-
plementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele con- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
vocado para missões especiais. previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-Pre- bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
sidente fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, execução;
questão regulada pelo artigo 80 da Constituição: V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e a) organização e funcionamento da administração
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, se- federal, quando não implicar aumento de despesa nem
rão sucessivamente chamados ao exercício da Presidên- criação ou extinção de órgãos públicos; 
cia o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
Federal e o do Supremo Tribunal Federal. vagos; 
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidên- acreditar seus representantes diplomáticos;
cia da República não será assumida em definitivo – caberá a VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna-
realização de novas eleições para que se complete o perío- cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
do do mandato, indiretas se a vacância se der nos últimos
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
dois anos de mandato, diretas se ocorrer nos dois primei-
X - decretar e executar a intervenção federal;
ros anos de mandato, conforme artigo 81 da Constituição:
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vi- gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati-
ce-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias va, expondo a situação do País e solicitando as providências
depois de aberta a última vaga. que julgar necessárias;
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
Nacional, na forma da lei. das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com- Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los
pletar o período de seus antecessores. para os cargos que lhes são privativos; 

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DIREITO CONSTITUCIONAL

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei es-
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais pecial, que estabelecerá as normas de processo e julgamen-
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- to.
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
co central e outros servidores, quando determinado em lei; A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950,
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis- define os crimes de responsabilidade e regula o respec-
tros do Tribunal de Contas da União; tivo processo de julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição traz regras mínimas sobre tal processo e jul-
Constituição, e o Advogado-Geral da União; gamento. Neste sentido, o Senado Federal presidido pelo
XVII - nomear membros do Conselho da República, Presidente do Supremo tribunal Federal julgará os crimes
nos termos do art. 89, VII; de responsabilidade, ao passo que o Supremo Tribunal Fe-
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e deral julgará as infrações comuns.
o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Sena-
lização nacional;
do Federal, nos crimes de responsabilidade.
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
Congresso Nacional;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional II - nos crimes de responsabilidade, após a instaura-
ou nele permaneçam temporariamente; ção do processo pelo Senado Federal.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro- julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento
postas de orçamento previstos nesta Constituição; do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, processo.
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
as contas referentes ao exercício anterior; nas infrações comuns, o Presidente da República não estará
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, sujeito a prisão.
na forma da lei; § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, mandato, não pode ser responsabilizado por atos estra-
nos termos do art. 62; nhos ao exercício de suas funções.
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
Constituição. Ministros de Estado.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá de-
legar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obriga-
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procura- ções dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para
dor-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que ocupação do cargo.
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exer-
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos cício dos direitos políticos.
considerados crimes de responsabilidade, conforme regu-
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além
lado pelo artigo 85 da Constituição.
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na
lei:
Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
do Presidente da República que atentem contra a Consti-
tuição Federal e, especialmente, contra: dos órgãos e entidades da administração federal na área de
I - a existência da União; sua competência e referendar os atos e decretos assinados
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- pelo Presidente da República;
diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais II - expedir instruções para a execução das leis, decretos
das unidades da Federação; e regulamentos;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so- III - apresentar ao Presidente da República relatório
ciais; anual de sua gestão no Ministério;
IV - a segurança interna do País; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
V - a probidade na administração; forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Repú-
VI - a lei orçamentária; blica.
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

83
DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece: V - o Ministro de Estado da Defesa;


VI - o Ministro das Relações Exteriores;
Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção VII - o Ministro do Planejamento.
de Ministérios e órgãos da administração pública.  VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica.
Conselho da República e de Defesa Nacional. § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Na- celebração da paz, nos termos desta Constituição;
cional são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do
Federal, ambos com função consultiva.
estado de sítio e da intervenção federal;
Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o Con-
III - propor os critérios e condições de utilização de
selho da República, sua composição, suas funções e sua
convocação. A título complementar, a Lei nº 8.041, de 05 áreas indispensáveis à segurança do território nacional
de junho de 1990, dispõe sobre a organização e o funcio- e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
namento do Conselho da República. fronteira e nas relacionadas com a preservação e a explora-
ção dos recursos naturais de qualquer tipo;
Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão supe- IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de
rior de consulta do Presidente da República, e dele partici- iniciativas necessárias a garantir a independência nacio-
pam: nal e a defesa do Estado democrático.
I - o Vice-Presidente da República; § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Conselho de Defesa Nacional.
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
Deputados;
6. PODER JUDICIÁRIO.
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe-
deral; 6.1. ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO
VI - o Ministro da Justiça; BRASIL.
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de 6.2. COMPETÊNCIAS.
trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Fede-
ral e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com
mandato de três anos, vedada a recondução. O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei
ao caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação.
Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República pro- O artigo 92 da Constituição disciplina os órgãos que com-
nunciar-se sobre: põem o Poder Judiciário, sendo que os artigos posteriores
I - intervenção federal, estado de defesa e estado delimitam a competência de cada um deles. Os órgãos que
de sítio; ficam no topo do sistema possuem sede na Capital Federal,
II - as questões relevantes para a estabilidade das ins- Brasília, e são dotados de jurisdição em todo o território
tituições democráticas. nacional.
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Mi-
nistro de Estado para participar da reunião do Conselho, Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
quando constar da pauta questão relacionada com o respec- I - o Supremo Tribunal Federal;
tivo Ministério. I-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do II - o Superior Tribunal de Justiça;
Conselho da República. II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede-
Por sua vez, o Conselho de Defesa Nacional é regulado rais;
pelo artigo 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 de abril
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
de 1991, dispõe sobre a organização e o funcionamento
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
do Conselho de Defesa Nacional e dá outras providências.
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
de consulta do Presidente da República nos assuntos rela- Federal e Territórios.
cionados com a soberania nacional e a defesa do Estado § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
democrático, e dele participam como membros natos: de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
I - o Vice-Presidente da República; Federal. 
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe-
III - o Presidente do Senado Federal; riores têm jurisdição em todo o território nacional.
IV - o Ministro da Justiça;

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Estatuto da Magistratura  e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,


A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não
dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
faz as vezes de Estatuto da Magistratura. A lei foi recep- decisão; 
cionada pela Constituição Federal no que for compatível III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
com este artigo 93, que segue abaixo. Com efeito, a Lei por antiguidade e merecimento, alternadamente, apura-
Complementar nº 35/1979 foi sendo atualizada pelas Leis dos na última ou única entrância; 
Complementares nº 37/1979, 54/1986 e 60/1989 e Resolu- IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfei-
ções do Senado Federal nº 12/9031/93. Contudo, somente çoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa
com a edição da Constituição Federal de 1988 e, principal- obrigatória do processo de vitaliciamento a participação
mente, com a Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de for-
mação e aperfeiçoamento de magistrados; 
um horizonte mais promissor.
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superio-
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), inclu-
res corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio
sive, elaborou em fevereiro de 2005 uma Proposta de Ante-
mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
projeto de Lei Complementar versando sobre o Estatuto da
deral e os subsídios dos demais magistrados serão fixados
Magistratura Nacional (LOMAN) de forma mais compatível em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme
com o atual contexto da Constituição Federal. Mais recen- as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional,
temente, ao final de 2014, o Presidente do Supremo Tribu- não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a
nal Federal divulgou minuta do Estatuto da Magistratura, dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a
anteprojeto que pode ser apresentado ao Congresso Na- noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros
cional no ano de 201580. A edição do Estatuto, entretanto, dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o
vem tardando. Ainda assim, prevalece o entendimento pela disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; 
autoaplicabilidade do artigo 93 da Constituição Federal, o VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de
que reforça garantias essenciais ao exercício da atividade seus dependentes observarão o disposto no art. 40; 
judicante. VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
autorização do tribunal; 
Artigo 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supre- VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposen-
mo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratu- tadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á
ra, observados os seguintes princípios: em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, ampla defesa; 
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de ma-
em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no gistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que
mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, couber, ao disposto nas alíneas ‘a’ , ‘b’ , ‘c’ e ‘e’ do inciso II; 
nas nomeações, à ordem de classificação; IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá-
II - promoção de entrância para entrância, alterna- rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
damente, por antiguidade e merecimento, atendidas as sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
seguintes normas: determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não preju-
vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de me-
dique o interesse público à informação; 
recimento;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; 
primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cin-
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar co julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
vago; o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros,
c) aferição do merecimento conforme o desempenho para o exercício das atribuições administrativas e jurisdi-
e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no cionais delegadas da competência do tribunal pleno, pro-
exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento vendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra meta-
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;  de por eleição pelo tribunal pleno;
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente po- XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
derá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo
de dois terços de seus membros, conforme procedimento grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação forense normal, juízes em plantão permanente;
até fixar-se a indicação;  XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será
80 http://jota.info/o-que-o-stf-quer-mudar-estatuto-da- proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva po-
-magistratura pulação; 

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DIREITO CONSTITUCIONAL

XIV - os servidores receberão delegação para a prática Prossegue o artigo 95 estabelecendo vedações aos juí-
de atos de administração e atos de mero expediente sem zes no exercício de suas funções ou em decorrência dele.
caráter decisório;
XV - a distribuição de processos será imediata, em to- Artigo 95, parágrafo único, CF. Aos juízes é vedado:
dos os graus de jurisdição. I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
ou função, salvo uma de magistério;
2) Quinto constitucional  II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par-
O artigo 94 da Constituição Federal regulamenta o de- ticipação em processo;
nominado quinto constitucional, que garante que 1/5 de III - dedicar-se à atividade político-partidária.
determinados Tribunais seja composto por membros do IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
Ministério Público ou Advogados, exercentes há 10 anos contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
no mínimo, sendo lista tríplice remetida ao Chefe do Exe- privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
cutivo, que fará a nomeação. V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
Artigo 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Re- cargo por aposentadoria ou exoneração. 
gionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito
Federal e Territórios será composto de membros, do Mi- 4) Competência e organização
nistério Público, com mais de dez anos de carreira, e de O artigo 96 da Constituição Federal disciplina a ques-
advogados de notório saber jurídico e de reputação iliba- tão da competência dos principais órgãos do Poder Judi-
da, com mais de dez anos de efetiva atividade profissio- ciário, notadamente tribunais, deixando evidente a auto-
nal, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de represen- nomia organizacional e administrativa do Poder Judiciário,
tação das respectivas classes. questão reforçada no artigo 99 da Constituição.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, Artigo 96, CF. Compete privativamente:
nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus inte- I - aos tribunais:
grantes para nomeação. a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi-
mentos internos, com observância das normas de proces-
3) Garantias da magistratura so e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
As garantias da magistratura encontram previsão no competência e o funcionamento dos respectivos órgãos juris-
caput do artigo 95 da Constituição Federal, sendo elas vi- dicionais e administrativos;
taliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os
dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício
Artigo 95, CF. Os juízes gozam das seguintes garantias: da atividade correicional respectiva;
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car-
após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver d) propor a criação de novas varas judiciárias;
vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transi- e) prover, por concurso público de provas, ou de provas
tada em julgado; e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único,
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi- os cargos necessários à administração da Justiça, exceto
co, na forma do art. 93, VIII; os de confiança assim definidos em lei;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto f) conceder licença, férias e outros afastamentos a
nos artigos 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime-
diatamente vinculados;
a) Vitaliciedade – trata-se da garantia de que o ma- II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe-
gistrado não perderá o cargo a não ser em caso de senten- riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legis-
ça judicial transitada em julgado. Nos primeiros dois anos lativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
de exercício, não se adquire a garantia da vitaliciedade, de a) a alteração do número de membros dos tribunais
modo que caberá a perda do cargo mesmo em caso de inferiores;
deliberação do tribunal ao qual o juiz estiver vinculado. b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração
b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vin-
transferido da comarca ou seção na qual é titular e nem culados, bem como a fixação do subsídio de seus membros
mesmo de sua vara, salvo motivo de interesse público, exi- e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
gindo-se no caso decisão por voto da maioria absoluta do c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, as- d) a alteração da organização e da divisão judiciá-
segurada ampla defesa. rias;
c) Irredutibilidade de subsídio – o subsídio do magis- III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais
trado não pode ser reduzido, mas é necessário observar o e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros
respeito aos limites de teto e demais limites financeiros e do Ministério Público, nos crimes comuns e de respon-
orçamentários fixados na Constituição. sabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Por seu turno, o artigo 97 da Constituição traz uma re- § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este
gra já estudada quando do controle de constitucionalidade artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites
referente ao quórum para a declaração de inconstitucio- estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá
nalidade: aos ajustes necessários para fins de consolidação da pro-
posta orçamentária anual. 
Artigo 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta § 5º Durante a execução orçamentária do exercício,
de seus membros ou dos membros do respectivo órgão espe- não poderá haver a realização de despesas ou a assunção
cial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na
de lei ou ato normativo do Poder Público. lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente au-
torizadas, mediante a abertura de créditos suplementares
Já o artigo 98 da Constituição Federal prevê questões ou especiais. 
organizacionais, notadamente sobre órgãos judiciários a
serem criados. Os juizados especiais são regidos na esfera 5) Precatórios
estadual pela Lei nº 9.099/1995 e na esfera federal pela Lei
Precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário
nº 10.259/2001.
requisita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha
sido condenada em processo judicial. Grosso modo, é o
Artigo 98, CF. A União, no Distrito Federal e nos Territó-
rios, e os Estados criarão: documento pelo qual o Presidente de Tribunal, por solici-
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou tação do Juiz da causa, determina o pagamento de dívida
togados e leigos, competentes para a conciliação, o julga- da União, de Estado, Distrito Federal ou do Município, por
mento e a execução de causas cíveis de menor complexidade meio da inclusão do valor do débito no orçamento público.
e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os O tratamento dos precatórios na Constituição Brasilei-
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses ra foi substancialmente alterado pela Emenda Constitucio-
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por nal nº 62/2009, que conferiu nova redação ao artigo 100 do
turmas de juízes de primeiro grau; texto da Constituição.
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazen-
quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar das Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras pre- conta dos créditos respectivos, proibida a designação de
vistas na legislação. casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados es- tos adicionais abertos para este fim. 
peciais no âmbito da Justiça Federal.  § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreen-
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu- dem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven-
sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades espe- tos, pensões e suas complementações, benefícios previden-
cíficas da Justiça.  ciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas
em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial
O artigo 99 da Constituição detalha a questão da auto- transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre
nomia administrativa e financeira do Poder Judiciário. todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no §
2º deste artigo. 
Artigo 99, CF. Ao Poder Judiciário é assegurada autono-
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titula-
mia administrativa e financeira.
res, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
(sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença
tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os
demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou- da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais
tros tribunais interessados, compete: débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fraciona-
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a apro- mento para essa finalidade, sendo que o restante será pago
vação dos respectivos tribunais; na ordem cronológica de apresentação do precatório.. 
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de
a aprovação dos respectivos tribunais. obrigações definidas em leis como de pequeno valor que
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminha- as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença
rem as respectivas propostas orçamentárias dentro do judicial transitada em julgado.
prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi-
Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da xados, por leis próprias, valores distintos às entidades de
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei direito público, segundo as diferentes capacidades econômi-
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites cas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do
estipulados na forma do § 1º deste artigo.  regime geral de previdência social.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti- § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com-
dades de direito público, de verba necessária ao paga- plementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer
mento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas regime especial para pagamento de crédito de precatórios
em julgado, constantes de precatórios judiciários apresen- de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre
tados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de
do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados liquidação. 
monetariamente. § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos aber- poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados,
tos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. 
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o compro-
requerimento do credor e exclusivamente para os casos de metimento de suas respectivas receitas correntes líquidas
preterimento de seu direito de precedência ou de não alo- com o pagamento de precatórios e obrigações de pequeno
valor.
cação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os
débito, o sequestro da quantia respectiva. 
fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tributárias,
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato
patrimoniais, industriais, agropecuárias, de contribuições e
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a li-
de serviços, de transferências correntes e outras receitas
quidação regular de precatórios incorrerá em crime de res- correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da Cons-
ponsabilidade e responderá, também, perante o Conselho tituição Federal, verificado no período compreendido pelo
Nacional de Justiça.  segundo mês imediatamente anterior ao de referência e os
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complemen- 11 (onze) meses precedentes, excluídas as duplicidades, e
tares ou suplementares de valor pago, bem como o fra- deduzidas:
cionamento, repartição ou quebra do valor da execução I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao Dis-
para fins de enquadramento de parcela do total ao que dis- trito Federal e aos Municípios por determinação constitucio-
põe o § 3º deste artigo.  nal;
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, inde- II - nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios
pendentemente de regulamentação, deles deverá ser aba- por determinação constitucional;
tido, a título de compensação, valor correspondente aos III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Mu-
débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa nicípios, a contribuição dos servidores para custeio de seu
e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública sistema de previdência e assistência social e as receitas pro-
devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, venientes da compensação financeira referida no § 9º do art.
ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em vir- 201 da Constituição Federal.
tude de contestação administrativa ou judicial.  § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes de
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal condenações judiciais em precatórios e obrigações de pe-
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em queno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse a
até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de aba- média do comprometimento percentual da receita corren-
timento, informação sobre os débitos que preencham as te líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente anteriores, a
condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. parcela que exceder esse percentual poderá ser financia-
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em da, excetuada dos limites de endividamento de que tratam
lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição Federal e de
em precatórios para compra de imóveis públicos do respec- quaisquer outros limites de endividamento previstos, não
se aplicando a esse financiamento a vedação de vinculação
tivo ente federado. 
de receita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu-
Federal.
cional, a atualização de valores de requisitórios, após sua
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
expedição, até o efetivo pagamento, independentemente
(quinze por cento) do montante dos precatórios apresen-
de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remunera- tados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por
ção básica da caderneta de poupança, e, para fins de com- cento) do valor deste precatório serão pagos até o final
pensação da mora, incidirão juros simples no mesmo per- do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos
centual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de mora
ficando excluída a incidência de juros compensatórios. e correção monetária, ou mediante acordos diretos, pe-
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus rante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com
créditos em precatórios a terceiros, independentemente da redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor do
concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não
disposto nos §§ 2º e 3º.  penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei- os requisitos definidos na regulamentação editada pelo
tos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ente federado.
ao tribunal de origem e à entidade devedora. 

88
DIREITO CONSTITUCIONAL

Órgãos do poder judiciário. d) o ‘habeas corpus’, sendo paciente qualquer das pes-
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segu-
Organização e competências. rança e o ‘habeas data’ contra atos do Presidente da Repú-
blica, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fe-
1) Supremo Tribunal Federal deral, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Poder Judiciário brasileiro e desempenha a função de guar- e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
dião da Constituição e do sistema democrático. Trata-se da ternacional e a União, o Es0tado, o Distrito Federal ou
última instância judiciária a qual se pode postular e a sua o Território;
decisão não pode ser questionada a nenhum outro órgão f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a
interno. União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusi-
Entre suas principais atribuições está a de julgar a ve as respectivas entidades da administração indireta;
ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato norma- g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
tivo federal ou estadual, a ação declaratória de constitu- h) (Revogado)
cionalidade de lei ou ato normativo federal, a arguição de i) o ‘habeas corpus’, quando o coator for Tribunal Su-
descumprimento de preceito fundamental decorrente da perior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
própria Constituição e a extradição solicitada por Estado funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à juris-
estrangeiro. dição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
Na área penal, destaca-se a competência para julgar, sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus jul-
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus gados;
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, en- l) a reclamação para a preservação de sua competência
tre outros. e garantia da autoridade de suas decisões;
Em grau de recurso, sobressaem-se as atribuições de m) a execução de sentença nas causas de sua com-
petência originária, facultada a delegação de atribuições
julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado
para a prática de atos processuais;
de segurança, o habeas data e o mandado de injunção de-
n) a ação em que todos os membros da magistratura
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em
denegatória a decisão, e, em recurso extraordinário, as cau-
que mais da metade dos membros do tribunal de origem
sas decididas em única ou última instância, quando a deci-
estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente inte-
são recorrida contrariar dispositivo da Constituição.
ressados;
A composição está regulada no artigo 101 da Consti-
o) os conflitos de competência entre o Superior Tri-
tuição Federal, ao passo que a competência está prevista
bunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Su-
no artigo 102 da mesma. periores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
Artigo 101, CF. O Supremo Tribunal Federal compõe-se inconstitucionalidade;
de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, norma regulamentadora for atribuição do Presidente da Re-
de notável saber jurídico e reputação ilibada. pública, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legisla-
Federal serão nomeados pelo Presidente da República, tivas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
Senado Federal. r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e
contra o Conselho Nacional do Ministério Público; 
Artigo 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, II - julgar, em recurso ordinário:
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas
I - processar e julgar, originariamente: data’ e o mandado de injunção decididos em única instância
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de cons- b) o crime político;
titucionalidade de lei ou ato normativo federal;  III - julgar, mediante recurso extraordinário, as cau-
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Repú- sas decididas em única ou última instância, quando a
blica, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, decisão recorrida:
seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; a) contrariar dispositivo desta Constituição;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res- b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da federal;
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tri- em face desta Constituição.
bunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
de caráter permanente;  deral.

89
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fun- Recursos Extraordinários


damental, decorrente desta Constituição, será apreciada
pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. No controle de constitucionalidade difuso o controle
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo é feito conforme o caso concreto para que aquele objeto
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitu- de discussão na relação jurídico-processual seja apreciado.
cionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalida- Logo, é incidental, funcionando como uma questão pre-
de produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, judicial de mérito, que influenciará no objeto principal da
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à lide. Seus efeitos são “inter partes”, restritos às partes no
administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
processo, mas existe uma tendência de extensão de efeitos.
estadual e municipal. 
No Supremo Tribunal Federal um dos principais mecanis-
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá de-
mos para que o órgão exerça o controle difuso é o dos
monstrar a repercussão geral das questões constitucio-
nais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o recursos extraordinários.
Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo Os recursos extraordinários em geral não servem para
recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.  a pura manifestação de inconformismo, servem para o res-
guardo e a uniformidade de interpretação da Constituição
Ação direta de inconstitucionalidade Federal e das leis federais. Por isso, são recursos de funda-
Controle de constitucionalidade é um exercício de ve- mentação restrita, a qual é estabelecida pela Constituição
rificação de compatibilidade entre um ato jurídico de qual- Federal (perante o STF, fundamentação em violação da CF)
quer natureza, mas principalmente normativo, com relação – artigo 102, III, CF.
à Constituição Federal, de modo que a ausência de adequa- Vale destacar a questão da repercussão geral nos re-
ção deste ato jurídico quanto ao texto constitucional gera a cursos extraordinários. A repercussão geral é um dos me-
declaração de inconstitucionalidade e, por consequência, o canismos criado pelo Legislativo para restringir o número
afastamento de sua aplicabilidade. de recursos no STF. Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a
O fundamento do controle de constitucionalidade é a Emenda Constitucional nº 45/2004, passou a ser requisi-
supremacia da Constituição. Com efeito, a Constituição Fe- to de admissibilidade do REXT, exigindo que a matéria te-
deral e os demais atos normativos que compõem o deno- nha relevante valor social, político, econômico ou jurídico,
minado bloco de constitucionalidade, notadamente, emen-
transcendendo o interesse individual das partes. Nota-se
das constitucionais e tratados internacionais de direitos
que a lei usa expressões um tanto quanto vagas, de modo
humanos aprovados com quórum especial após a Emenda
a deixar ao julgador, STF, a possibilidade de examinar cada
Constitucional nº 45/2004, estão no topo do ordenamento
jurídico. caso concreto, dizendo se há repercussão geral.
Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar Aquele que interpõe REXT deve dizer, primeiramente,
uma estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitu- porque há repercussão geral. O REXT é interposto perante
cionais. O respeito a esta relação de compatibilidade ver- o órgão “a quo”, que fará análise dos requisitos de admissi-
tical é, assim, essencial para que um ato jurídico adquira bilidade, SALVO REPERCUSSÃO GERAL. Só haverá pronun-
validade no ordenamento jurídico nacional. ciamento sobre a repercussão geral se o recurso chegar de
O controle concentrado, no sistema brasileiro, é realiza- fato ao STF. Dos 11 ministros, ao menos 8 (2/3) devem dizer
do pelo Supremo Tribunal Federal, mediante utilização de que não há repercussão geral. Logo, a falta de repercussão
ações específicas previstas na Constituição Federal, as quais geral deve ser bem evidente.
tem por causa de pedir a própria declaração de inconstitu-
cionalidade. A norma abstratamente considerada é atacada Súmula vinculante
em sua constitucionalidade mediante ação específica. A partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi in-
Logo, o controle é feito por via de ação porque uma troduzida a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal
ação própria tem por objetivo único e exclusivo a realização aprovar, após reiteradas decisões sobre matéria constitu-
deste controle, decidindo pela constitucionalidade ou in- cional, súmula com efeito vinculante em relação aos de-
constitucionalidade. Não existe um interesse jurídico subja-
mais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
cente ligado a uma pessoa, não existe alguém específico em
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
relação ao qual os efeitos da decisão impactarão de forma
questão regulada pelo artigo 103-A da Constituição.
mais intensa. A única finalidade é assegurar a supremacia
da Constituição. Uma vez reconhecido que a lei é inconsti-
tucional, todas as pessoas sujeitas ao ordenamento jurídico Art. 103-A. CF. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
nacional serão atingidas – efeito “erga omnes” da decisão ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços
(artigo 28, parágrafo único, Lei nº 9.868/1999). dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
No mais, fala-se em controle concentrado porque se constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publi-
concentra num único órgão – o Tribunal Pleno do Supremo cação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em rela-
Tribunal Federal. Aliás, no Tribunal Pleno do STF será neces- ção aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
sária a maioria absoluta dos membros no julgamento deste pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e mu-
tipo de ação: logo, dos 11 ministros, ao menos 6 devem vo- nicipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamen-
tar pela inconstitucionalidade para que ela seja declarada. to, na forma estabelecida em lei.

90
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter- Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de
pretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
entre esses e a administração pública que acarrete grave in- sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
segurança jurídica e relevante multiplicação de proces- ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absolu-
sos sobre questão idêntica.  ta do Senado Federal, sendo: 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais
a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribu-
ser provocada por aqueles que podem propor a ação di- nais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
reta de inconstitucionalidade. próprio Tribunal;
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que con- II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e
trariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Dis-
trito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na for-
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que,
ma do art. 94.
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que
Artigo 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
I - processar e julgar, originariamente:
conforme o caso.  a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade,
2) Superior Tribunal de Justiça os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas
Tribunal de Justiça (STJ) é a corte responsável por uniformi- dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
zar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, seguindo Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
os princípios constitucionais e a garantia e defesa do Esta- os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Mu-
do de Direito. nicípios e os do Ministério Público da União que oficiem
O STJ é a última instância da Justiça brasileira para as perante tribunais;
causas infraconstitucionais, não relacionadas diretamente à b) os mandados de segurança e os ‘habeas data’ contra
Constituição. Como órgão de convergência da Justiça co- ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha,
mum, aprecia causas oriundas de todo o território nacional, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 
em todas as vertentes jurisdicionais não especializadas. c) os ‘habeas corpus’, quando o coator ou paciente for
Sua competência está prevista no art. 105 da Consti- qualquer das pessoas mencionadas na alínea ‘a’, ou quan-
tuição Federal, que estabelece os processos que têm início do o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de
no STJ (originários) e os casos em que o Tribunal age como Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aero-
órgão de revisão, inclusive nos julgamentos de recursos es- náutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; 
peciais. d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu-
O STJ julga crimes comuns praticados por governado- nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre
res dos estados e do Distrito Federal, crimes comuns e de tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vincula-
responsabilidade de desembargadores dos tribunais de dos a tribunais diversos;
justiça e de conselheiros dos tribunais de contas estaduais, e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
dos membros dos tribunais regionais federais, eleitorais e julgados;
do Trabalho. f) a reclamação para a preservação de sua competên-
cia e garantia da autoridade de suas decisões;
Julga também habeas corpus que envolvam essas au-
g) os conflitos de atribuições entre autoridades ad-
toridades ou ministros de Estado, exceto em casos relativos
ministrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
à Justiça eleitoral. Pode apreciar ainda recursos contra ha-
judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do
beas corpus concedidos ou negados por tribunais regionais
Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
federais ou dos estados, bem como causas decididas nes- h) o mandado de injunção, quando a elaboração da
sas instâncias, sempre que envolverem lei federal. norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade
Em 2005, como parte da reforma do Judiciário, o STJ ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
assumiu também a competência para analisar a concessão excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
de cartas rogatórias e processar e julgar a homologação Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
de sentenças estrangeiras. Até então, a apreciação desses da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
pedidos era feita no Supremo Tribunal Federal (STF)81. i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
O artigo 104 da Constituição regula sua composição, cessão de ‘exequatur’ às cartas rogatórias; 
ao passo que o artigo 105 regula sua competência. II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última ins-
Artigo 104, CF. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
de, no mínimo, trinta e três Ministros. dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a deci-
81 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/ são for denegatória;

91
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) os mandados de segurança decididos em única ins- § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
tância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando dene- fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
gatória a decisão; em todas as fases do processo.
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro  
ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Mu- Artigo 108, CF. Compete aos Tribunais Regionais Fede-
nicípio ou pessoa residente ou domiciliada no País; rais:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, I - processar e julgar, originariamente:
em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Fe- os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes
deral e Territórios, quando a decisão recorrida: comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministé-
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vi- rio Público da União, ressalvada a competência da Justiça
gência; Eleitoral;
b) julgar válido ato de governo local contestado em
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de jul-
face de lei federal;
gados seus ou dos juízes federais da região;
c) der a lei federal interpretação divergente da que
c) os mandados de segurança e os habeas data contra
lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tri- ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
bunal de Justiça:  d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen- juiz federal;
to de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, re- e) os conflitos de competência entre juízes federais
gulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na vinculados ao Tribunal;
carreira;  II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer- pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercí-
cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamen- cio da competência federal da área de sua jurisdição.
tária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas Artigo 109, CF. Aos juízes federais compete processar
decisões terão caráter vinculante.  e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica
3) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais ou empresa pública federal forem interessadas na con-
Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais dição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
são os órgãos que possuem competência de julgamento falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
no âmbito da Justiça Federal, conforme delimitação feita Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
pelos artigos 108 e 109 da Constituição Federal. Por sua II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo
vez, os artigos 106, 107 e 110 da Constituição voltam-se internacional e Município ou pessoa domiciliada ou re-
ao estabelecimento de estrutura e composição da Justiça sidente no País;
Federal. III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
União com Estado estrangeiro ou organismo internacio-
Artigo 106, CF. São órgãos da Justiça Federal: nal;
I - os Tribunais Regionais Federais; IV - os crimes políticos e as infrações penais prati-
II - os Juízes Federais. cadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
Artigo 107, CF. Os Tribunais Regionais Federais com-
cas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
possível, na respectiva região e nomeados pelo Presiden-
te da República dentre brasileiros com mais de trinta e V - os crimes previstos em tratado ou convenção in-
menos de sessenta e cinco anos, sendo: ternacional, quando, iniciada a execução no País, o resul-
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos tado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reci-
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério procamente;
Público Federal com mais de dez anos de carreira; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se
II - os demais, mediante promoção de juízes federais refere o § 5º deste artigo; 
com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e me- VI - os crimes contra a organização do trabalho e,
recimento, alternadamente. nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juí- e a ordem econômico-financeira;
zes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua ju- VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
risdição e sede. competência ou quando o constrangimento provier de au-
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a jus- toridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
tiça itinerante, com a realização de audiências e demais jurisdição;
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da VIII - os mandados de segurança e os habeas data
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
e comunitários. competência dos tribunais federais;

92
DIREITO CONSTITUCIONAL

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aero- Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se
naves, ressalvada a competência da Justiça Militar; -á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o cinco anos, de notável saber jurídico e reputação iliba-
exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologa- da, nomeados pelo Presidente da República após apro-
ção, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a res- vação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
pectiva opção, e à naturalização; I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
XI - a disputa sobre direitos indígenas. de efetiva atividade profissional e membros do Ministério
§ 1º As causas em que a União for autora serão afora- Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer-
das na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. cício, observado o disposto no art. 94; 
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados
autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu pelo próprio Tribunal Superior. 
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su-
no Distrito Federal.
perior do Trabalho.
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça esta-
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Traba-
dual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
lho: 
as causas em que forem parte instituição de previdência
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen-
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede
de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre ou-
lei poderá permitir que outras causas sejam também proces- tras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso
sadas e julgadas pela justiça estadual. e promoção na carreira; 
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca- II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca-
bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão adminis-
área de jurisdição do juiz de primeiro grau. trativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu- Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central
manos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. 
de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho proces-
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Bra- sar e julgar, originariamente, a reclamação para a pre-
sil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal servação de sua competência e garantia da autoridade
de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, inci- de suas decisões.
dente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal.  Artigo 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Traba-
lho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua juris-
Artigo 110, CF. Cada Estado, bem como o Distrito Fe- dição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
deral, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectivo Tribunal Regional do Trabalho. 
respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabele-
cido em lei. Artigo 113, CF. A lei disporá sobre a constituição, in-
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e vestidura, jurisdição, competência, garantias e condi-
as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juí- ções de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
zes da justiça local, na forma da lei.
Artigo 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho pro-
4) Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Re- cessar e julgar:
gionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abran-
A Justiça do Trabalho tem sua estrutura estabelecida
gidos os entes de direito público externo e da administração
no artigo 111 da Constituição e possui como órgão de cú-
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
pula o Tribunal Superior do Trabalho, embora ele não seja a
Federal e dos Municípios; 
última instância possível – em tese, ainda se pode ir ao Su-
premo Tribunal Federal. A composição deste Tribunal Supe- II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
rior está definida no artigo 111-A, CF. Ainda sobre questões III - as ações sobre representação sindical, entre sindi-
estruturais da Justiça do Trabalho, têm-se os artigos 112, catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
113, 114 e 115 da Constituição Federal. Por seu turno, o ar- empregadores; 
tigo 114, CF define as competências da Justiça do Trabalho. IV - os mandados de segurança, ‘habeas corpus’ e
‘habeas data’, quando o ato questionado envolver matéria
Artigo 111, CF. São órgãos da Justiça do Trabalho: sujeita à sua jurisdição; 
I - o Tribunal Superior do Trabalho; V - os conflitos de competência entre órgãos com ju-
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’; 
III - Juízes do Trabalho.  VI - as ações de indenização por dano moral ou pa-
trimonial, decorrentes da relação de trabalho; 

93
DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - as ações relativas às penalidades administrati- I - o Tribunal Superior Eleitoral;


vas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza- II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
ção das relações de trabalho;  III - os Juízes Eleitorais;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais IV - as Juntas Eleitorais.
previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, de-
correntes das sentenças que proferir;  Artigo 119, CF. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de tra- -á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
balho, na forma da lei. I - mediante eleição, pelo voto secreto:
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode- a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
rão eleger árbitros. Federal;
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de co- de Justiça;
mum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza eco- II - por nomeação do Presidente da República, dois
nômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Fe-
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.  deral.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral den-
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
tre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
  Artigo 120, CF. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral
Artigo 115, CF. Os Tribunais Regionais do Trabalho na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan- § 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
do possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presi- I - mediante eleição, pelo voto secreto:
dente da República dentre brasileiros com mais de trinta a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tri-
e menos de sessenta e cinco anos, sendo:  bunal de Justiça;
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério pelo Tribunal de Justiça;
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer- II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
cício, observado o disposto no art. 94;  na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não haven-
II - os demais, mediante promoção de juízes do traba- do, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribu-
lho por antiguidade e merecimento, alternadamente.  nal Regional Federal respectivo;
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a III - por nomeação, pelo Presidente da República, de
justiça itinerante, com a realização de audiências e demais dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídi-
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da co e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos § 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi-
e comunitários.  dente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras re- Artigo 121, CF. Lei complementar disporá sobre a or-
gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado ganização e competência dos tribunais, dos juízes de direi-
à justiça em todas as fases do processo. to e das juntas eleitorais.
  § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e
Artigo 116, CF. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas ga-
exercida por um juiz singular. 
rantias e serão inamovíveis.
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo jus-
5) Tribunais e juízes eleitorais
tificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por
A Justiça Eleitoral é composta pelos órgãos descritos
mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos
no artigo 118 da Constituição Federal. Seu órgão de cúpula escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em
é o Tribunal Superior Eleitoral, cuja composição está regu- número igual para cada categoria.
lada no artigo 119, CF. Por seu turno, os Tribunais Regionais § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Eleitorais, órgãos intermediários, são regulados no artigo Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as
120, CF. Finalizando a regulamentação da Justiça Eleitoral denegatórias de ‘habeas corpus’ ou mandado de segurança.
está o artigo 121 da Constituição, que remete a eventual lei § 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
complementar ainda não existente. Contudo, há diversas somente caberá recurso quando:
leis que regulamentam a questão eleitoral, destacando-se I - forem proferidas contra disposição expressa desta
o próprio Código Eleitoral. Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre
Artigo 118, CF. São órgãos da Justiça Eleitoral: dois ou mais tribunais eleitorais;

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DIREITO CONSTITUCIONAL

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de I - três dentre advogados de notório saber jurídico e
diplomas nas eleições federais ou estaduais; conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de de profissional;
mandatos eletivos federais ou estaduais; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
V - denegarem habeas corpus, mandado de segu- membros do Ministério Público da Justiça Militar.
rança, habeas data ou mandado de injunção.
Artigo 124, CF. à Justiça Militar compete processar e
6) Tribunais e juízes militares julgar os crimes militares definidos em lei.
“A Justiça Militar Federal tem competência para pro- Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
cessar e julgar os militares integrantes das Forças Armadas, funcionamento e a competência da Justiça Militar.
Marinha de Guerra, Exército, Força Aérea Brasileira, civis
e assemelhados. No Estado Democrático de Direito, que Artigo 125, CF.
tem como fundamento a observância de uma Constitui- § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
ção estabelecida pela vontade popular por meio de uma Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída,
Assembleia Nacional Constituinte, no caso do Brasil um
em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos
Congresso Constituinte, não existe nenhum impedimento
de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Jus-
para a realização de um julgamento militar que tenha como
tiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o
acusado um civil.
efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. 
A Justiça Militar Estadual tem competência para proces-
sar e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar
crimes militares definidos em lei. Os crimes militares estão e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos no Código Penal Militar, CPM, e nas Leis Militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos discipli-
Especiais. Deve-se observar, que por força de disposição nares militares, ressalvada a competência do júri quando
constitucional a Justiça Militar Estadual tem competência a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir
apenas e tão somente para julgar os militares estaduais, sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da gra-
que são os integrantes das Forças Auxiliares (Polícias Mili- duação das praças. 
tares e Corpos de Bombeiros Militares). § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
A Justiça Militar Federal e Estadual possui organização processar e julgar, singularmente, os crimes militares co-
judiciária semelhante, com algumas particularidades. A 1 ª metidos contra civis e as ações judiciais contra atos dis-
instância da Justiça Militar denomina-se Conselho de Justi- ciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob
ça, que tem como sede uma auditoria militar. a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais
A 2 ª instância da Justiça Militar Estadual nos Estado crimes militares.
de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, é exercida
pelo Tribunal de Justiça Militar que possui competência ori- 7) Tribunais e juízes dos Estados
ginária e derivada para processar e julgar os recursos pro- A Justiça Comum Estadual não é regulamentada de
venientes das auditorias militares estaduais. Nos demais maneira extensa no texto constitucional por um motivo
Estados-membros da Federação, a 2ª instância da Justiça bastante razoável: trata-se do soldado de reserva. Tudo
Militar é exercida por uma Câmara Especializada do Tribu- o que não for competência de justiça especializada ou da
nal de Justiça em atendimento ao Regimento Interno e Lei Justiça Federal, será de competência da Justiça Comum Es-
de Organização Judiciária”82. tadual, afinal, o Judiciário não pode deixar de apreciar lesão
ou ameaça de lesão a direito algum.
Artigo 122, CF. São órgãos da Justiça Militar: Contudo, as Constituições estaduais e as leis estaduais
I - o Superior Tribunal Militar; de organização judiciária delimitam melhor a questão da
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
competência e organização de cada um dos órgãos da Jus-
tiça Comum Estadual. Basicamente, em cada Judiciário Co-
Artigo 123, CF. O Superior Tribunal Militar compor-
mum Estadual se terá um Tribunal de Justiça com diversas
se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Pre-
Câmaras na qualidade de 2ª instância, além de varas com
sidente da República, depois de aprovada a indicação
pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da maior grau de especialização conforme a amplitude da co-
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três marca em 1ª instância (uma comarca maior pode ter varas
dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e criminais, varas cíveis, varas de família e sucessões, juizados
do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. especiais; uma comarca menor pode até mesmo ter uma
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo vara única).
Presidente da República dentre brasileiros maiores de
trinta e cinco anos, sendo: Artigo 125, CF. Os Estados organizarão sua Justiça,
82 ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Competência da observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
Justiça Militar. Disponível em: <http://www.advogado.adv. § 1º A competência dos tribunais será definida na
br/direitomilitar/ano2003/pthadeu/competenciajusticamilitar. Constituição do Estado, sendo a lei de organização judi-
htm>. Acesso em: 14 jan. 2015. ciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação penalidades aos seus servidores, representar o CNJ peran-
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos es- te quaisquer órgãos e autoridades, convocar e presidir as
taduais ou municipais em face da Constituição Estadual, sessões plenárias do CNJ, entre outras. Também se mani-
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único festa por diversos atos, como portarias, resoluções, atas e
órgão. instruções normativas.
[...] O CNJ tem promovido diversos projetos na sociedade
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentra- aproximando-a do Poder Judiciário, do conhecimento de
lizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de as- seus direitos e de uma maior consciência social acerca dos
segurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas preconceitos existentes. Também promove projetos que vi-
as fases do processo.  sam dar maior celeridade à atuação do Poder Judiciário, di-
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, minuindo o número de processos. São exatamente nestas
com a realização de audiências e demais funções da ativida- iniciativas que se encontram as maiores críticas ao CNJ, o
de jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdi- qual estaria se imiscuindo nas atribuições do Poder Judiciá-
ção, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. rio de julgar seus processos.

Artigo 126, CF. Para dirimir conflitos fundiários, o Tri- Art. 103-B, CF. O Conselho Nacional de Justiça com-
bunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, põe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois)
com competência exclusiva para questões agrárias. anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: 
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente pres- I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
tação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do lití- II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi-
gio. cado pelo respectivo tribunal; 
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho,
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). indicado pelo respectivo tribunal; 
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indi-
O Conselho Nacional de Justiça é um órgão que foi cado pelo Supremo Tribunal Federal; 
criado para reformular quadros e meios de atuação do V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
Federal;
Poder Judiciário, promovendo transparência administrati-
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
va e processual. Foi criado em 31 de dezembro de 2004 e
pelo Superior Tribunal de Justiça; 
instalado em 14 de junho de 2005, com sede em Brasília/
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
DF e atuação em todo o território nacional. Sua missão é
de Justiça; 
contribuir para que a prestação jurisdicional seja realiza-
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
da com moralidade, eficiência e efetividade, beneficiando
cado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
a sociedade. Em sua visão, pretende ser um instrumento
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-
efetivo de desenvolvimento do Poder Judiciário. Tem por rior do Trabalho; 
diretrizes, em linhas gerais, promover: “planejamento es- X - um membro do Ministério Público da União, in-
tratégico e proposição de políticas públicas judiciárias; mo- dicado pelo Procurador-Geral da República; 
dernização tecnológica do Judiciário; ampliação do acesso XI - um membro do Ministério Público estadual, es-
à justiça, pacificação e responsabilidade social; garantia de colhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes
efetivo respeito às liberdades públicas e execuções penais”. indicados pelo órgão competente de cada instituição esta-
Entre seus principais órgãos, destacam-se: dual;
a) Corregedoria – é o órgão do CNJ que exerce o XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
controle disciplinar e promove a administração da justiça, da Ordem dos Advogados do Brasil; 
delegando atribuições e instruções. Não pune os desvios XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa-
de conduta praticados por magistrados e servidores, mas ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
apura os fatos trazidos ao seu conhecimento e leva à apre- outro pelo Senado Federal. 
ciação do Plenário do CNJ todas estas questões relaciona- § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do
das à atividade judiciária que se apresentem mais graves e Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedi-
que possam macular a imagem do Judiciário na sociedade. mentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
O cargo de corregedor é ocupado por um ministro do Su- § 2º Os demais membros do Conselho serão nomea-
perior Tribunal de Justiça (STJ). dos pelo Presidente da República, depois de aprovada a
b) Ouvidoria – é o instrumento de comunicação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. 
sociedade com o CNJ. É um serviço posto à disposição do § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
cidadão para que esclareça dúvidas, reclame, denuncie, vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal
elogie ou apresente sugestões sobre os serviços e as ati- Federal. 
vidades do CNJ. § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação ad-
c) Presidência – A presidência do Conselho Nacional ministrativa e financeira do Poder Judiciário e do cum-
de Justiça é ocupada pelo Presidente do Supremo Tribu- primento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe,
nal Federal. Desempenha funções administrativas em geral, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo
como superintender a ordem e a disciplina do CNJ, aplicar Estatuto da Magistratura: 

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DIREITO CONSTITUCIONAL

I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo


cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo ex- 7. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES DO
pedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ESTADO DA PARAÍBA.
ou recomendar providências;  7.1. PODER LEGISLATIVO.
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício 7.1.1. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
ou mediante provocação, a legalidade dos atos adminis-
trativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judi-
ciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo
para que se adotem as providências necessárias ao exato TÍTULO V
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribu- DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
nal de Contas da União;  CAPÍTULO I
III - receber e conhecer das reclamações contra mem- DO PODER LEGISLATIVO
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus seção I
serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de servi- Da Assembleia Legislativa
ços notariais e de registro que atuem por delegação do poder
público ou oficializados, sem prejuízo da competência dis- Art. 49. O Poder Legislativo do Estado da Paraíba é
ciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar pro- exercido pela Assembleia Legislativa, composta de até o
cessos disciplinares em curso e determinar a remoção, triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputa-
a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou dos que, atingindo o número de trinta e seis, será acrescido
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de
sanções administrativas, assegurada ampla defesa;  doze.
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime Parágrafo único. Cada mandato terá a duração de qua-
contra a administração pública ou de abuso de autori- tro anos.
dade;  Art. 50. A Assembleia Legislativa compõe-se de repre-
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os proces- sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em
sos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados escrutínio secreto e direto.
há menos de um ano; 
Art. 51. Salvo disposição constitucional em contrário,
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so-
as deliberações da Casa e de suas comissões serão toma-
bre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Fede-
das por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de
ração, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
VII - elaborar relatório anual, propondo as providên- seus membros.
cias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Ju-
diciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve
integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Fe- 7.1.2. DOS DEPUTADOS ESTADUAIS.
deral a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
abertura da sessão legislativa. 
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer-
cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da seção III
distribuição de processos no Tribunal, competindo-lhe, além Dos Deputados
das atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
Magistratura, as seguintes:  Art. 55. Os Deputados Estaduais são invioláveis, civil
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judi- votos.
ciários;  § 1º Os Deputados Estaduais, desde a expedição do di-
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe- ploma, serão submetidos a julgamento perante o Tribunal
ção e de correição geral;  de Justiça.
III - requisitar e designar magistrados, delegando- § 2º Desde a expedição do diploma, os membros da
lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, Assembleia Legislativa não poderão ser presos, salvo em
inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.  flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos se-
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral rão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa, para
da República e o Presidente do Conselho Federal da Or- que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre
dem dos Advogados do Brasil.  a prisão.
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territó- § 3º Recebida a denúncia contra o Deputado Estadual,
rios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber por crime ocorrido após a diplomação, o Tribunal de Justiça
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra
dará ciência à Assembleia Legislativa, que, por iniciativa de
membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus ser-
partido político nela representado e pelo voto da maioria
viços auxiliares, representando diretamente ao Conselho
de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o an-
Nacional de Justiça. 
damento da ação.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato
no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu será decidida pela Assembleia Legislativa, por voto secreto
recebimento pela Mesa. e maioria absoluta, mediante provocação da Mesa ou de
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, en- partido político representado na Assembleia Legislativa,
quanto durar o mandato. assegurada ampla defesa.
§ 6º Os Deputados Estaduais não serão obrigados a § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em declarada pela Mesa da Casa, de ofício ou mediante provo-
razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que cação de qualquer de seus membros ou de partido político
lhes confiaram ou deles receberam informações. representado na Assembleia Legislativa, assegurada ampla
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados, defesa.
Art. 58. Não perderá o mandato o Deputado:
embora militares e ainda que em tempo de guerra, depen-
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Secretário
derá de prévia licença da Assembleia Legislativa.
de Estado ou Secretário de Prefeitura com população supe-
§ 8º As imunidades de Deputados Estaduais subsistirão rior a duzentos mil habitantes;
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas me- II - licenciado pela Mesa da Assembleia Legislativa por
diante o voto de dois terços dos membros da Casa, nos ca- motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
sos de atos praticados fora do recinto da Assembleia Legis- interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento
lativa, que sejam incompatíveis com a execução da medida. não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
· Art. 55 com nova redação dada pela Emenda Consti- § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de
tucional nº 14, de 11 de dezembro de 2002. investidura em funções previstas neste artigo ou de licença
superior a cento e vinte dias.
Art. 56. Os Deputados Estaduais não poderão: § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á
I - desde a expedição do diploma: eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de para o término do mandato.
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado poderá optar
economia mista ou empresa concessionária de serviço pú- pela remuneração do mandato.
blico, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uni-
formes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu- 7.2. PODER EXECUTIVO.
nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, 7.2.2. DO GOVERNADOR E VICE-GOVERNADOR
nas entidades constantes da alínea anterior. DO ESTADO: ELEIÇÃO, POSSE, MANDATO.
II - desde a posse: ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR DO ESTADO.
a) ser proprietários, controladores ou diretores de
empresa que goze de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função CAPÍTULO II
remunerada; DO PODER EXECUTIVO
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad seção I
nutum, nas entidades referidas no inciso I, a; Do Governador e do Vice-Governador do Estado
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer
das entidades a que se refere o inciso I, a; Art. 78. O Poder Executivo é exercido pelo Governador,
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- auxiliado pelos Secretários de Estado.
blico eletivo. Art. 79. A eleição do Governador e do Vice-Governa-
Art. 57. Perderá o mandato o Deputado Estadual: dor do Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
no artigo anterior; último domingo de outubro, em segundo turno, se hou-
II - cujo procedimento for declarado incompatível com ver, do ano anterior ao do término do mandato de seus
antecessores, e a posse ocorrerá em 1º de janeiro do ano
o decoro parlamentar;
subsequente.
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legis-
· Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 10,
lativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa, salvo de 13 de janeiro de 1999.
licença ou missão por esta autorizada; § 1º A eleição do Governador do Estado importará a do
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; Vice-Governador com ele registrado.
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos pre- § 2º Será considerado eleito Governador o candidato
vistos nesta Constituição e na Constituição Federal; que, registrado por partido político, obtiver a maioria ab-
VI - que sofrer condenação criminal em sentença tran- soluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
sitada em julgado. § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
prerrogativas asseguradas a membro da Assembleia Legis- candidatos mais votados, considerando-se eleito aquele
lativa ou a percepção de vantagens indevidas. que obtiver a maioria dos votos válidos.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, previstos nesta Constituição;
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior vo- IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, expe-
tação. dir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- V - vetar projeto de lei, total ou parcialmente;
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a VI - dispor sobre a organização e o funcionamento da
mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. administração estadual, na forma da lei;
VII - celebrar convênios, empréstimos, acordos e atos
Art. 80. O Governador e o Vice - Governador do Es-
tado tomarão posse em sessão da Assembleia Legislativa, congêneres, sujeitos a referendo da Assembleia Legislativa;
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir VIII - decretar e executar intervenção no Município, ou-
a Constituição, observar as leis e promover o bem geral do vida a Assembleia Legislativa;
povo paraibano. IX - remeter mensagem e plano de governo à Assem-
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada bleia Legislativa por ocasião da abertura da sessão legisla-
para a posse, o Governador ou o Vice-Governador, salvo tiva, expondo a situação do Estado e solicitando as provi-
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este dências que julgar necessárias;
será declarado vago. X – criar e extinguir os cargos públicos estaduais, na
Art. 81. Substituirá o Governador, no caso de impedi- forma da lei;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice - Governador. · Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 25,
Parágrafo único. O Vice - Governador do Estado, além de 6 de novembro de 2007
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei com-
plementar, auxiliará o Governador, sempre que por ele con-
XI - realizar operações de crédito, autorizado pela As-
vocado para missões especiais.
Art. 82. Em caso de impedimento do Governador e sembleia Legislativa;
do Vice - Governador, ou vacância dos respectivos cargos, XII - nomear, após aprovação pela Assembleia Legisla-
serão sucessivamente chamados ao exercício da chefia do tiva, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e do Tri-
Poder Executivo, o Presidente da Assembleia Legislativa e o bunal de Contas dos Municípios, interventor em Município
do Tribunal de Justiça. e outros servidores, quando determinado em lei;
Art. 83. Vagando os cargos de Governador e Vice - Go- · Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 5,
vernador do Estado, far-se-á eleição noventa dias depois de 24 de novembro de 1994.
de aberta a última vaga.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do XIII - enviar à Assembleia Legislativa o plano plurianual,
período governamental, a eleição para ambos os cargos o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
será feita trinta dias depois da última vaga, pela Assembleia de orçamento previstas nesta Constituição, com base nos
Legislativa, na forma da lei. textos específicos de cada Poder, não podendo um alterar
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão comple-
as do outro, assegurado o direito de emenda do Poder Le-
tar o período de seus antecessores.
gislativo, na votação da matéria;
Art. 84. O Governador do Estado e quem o houver
sucedido ou substituído no curso do mandato poderá ser XIV - prestar, anualmente, à Assembleia Legislativa, as
reeleito para um único período subsequente. contas referentes ao exercício anterior;
· Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, XV - exercer outras atribuições previstas nesta Consti-
de 13 de janeiro de 1999. tuição;
XVI - contrair empréstimos, contratar operações ou ce-
Art. 85. O Governador e o Vice - Governador do Es- lebrar acordos externos, observadas a Constituição Federal
tado não poderão, sem licença da Assembleia Legislativa, e as leis federais;
ausentar-se do País por período superior a trinta dias, sob XVII - exercer o Poder regulamentar;
pena de perda do cargo. XVIII – exercer o comando supremo de todos os órgãos
Parágrafo único. O Governador residirá, obrigatoria- integrantes do sistema organizacional da segurança e da
mente, na Capital, não podendo ausentar-se do Estado por defesa social;
mais de quinze dias consecutivos sem a transmissão do · Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 25,
cargo ao seu substituto constitucionalmente previsto, sob
de 6 de novembro de 2007.
pena de perda do cargo.

seção II XIX - propor ação de inconstitucionalidade.


Das Atribuições do Governador do Estado XX – prover, de forma definitiva ou temporária, as fun-
ções gratificadas e os cargos públicos criados por lei e
Art. 86. Compete privativamente ao Governador do integrados à estrutura organizacional do Poder Executivo
Estado: Estadual.
I - nomear e exonerar os Secretários de Estado; · Inciso XX acrescentado pela Emenda Constitucional nº
II - exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a 25, de 6 de novembro de 2007.
direção superior da administração estadual;

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. O Chefe do Poder Executivo poderá I - vitaliciedade que, no primeiro grau, será adquirida
delegar as atribuições constantes nos incisos deste artigo, após dois anos de exercício, não podendo o juiz, nesse pe-
exceto as dos incisos I, III, IV, V, VIII, X, XII, XIII, XVII e XVIII, ríodo, perder o cargo, senão por proposta do Tribunal de
por decreto governamental, aos Secretários de Estado a ao Justiça e, nos demais casos, por sentença judicial transitada
Procurador-Geral do Estado, que observarão os limites tra- em julgado;
çados nas respectivas delegações. II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
· Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, blico, na forma do § 2º deste artigo;
de 6 de novembro de 2007. III - irredutibilidade de vencimentos, sujeitos aos im-
postos gerais, incluídos os de renda e os extraordinários.
§ 1º A aposentadoria com vencimentos integrais é
compulsória, por invalidez ou aos setenta anos de idade,
7.3. PODER JUDICIÁRIO ESTADUAL. e facultativa, aos trinta anos de serviço, após cinco anos
7.3.1. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA de efetivo exercício na judicatura, assegurando-se à mulher
PARAÍBA: ORGANIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO E magistrada que houver cumprido este período de exercício
COMPETÊNCIA. na função o disposto na alínea c do item III do art. 34 desta
Constituição.
§ 2º O ato de remoção, disponibilidade e aposentado-
ria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em
CAPÍTULO III decisão, por voto de dois terços do Tribunal de Justiça, as-
DO PODER JUDICIÁRIO segurada ampla defesa. Igual procedimento será observa-
seção I do na perda de cargo do juiz não vitalício.
Disposições Gerais § 3º Os vencimentos dos magistrados serão fixados
com diferença não superior a dez por cento de uma para
Art. 91. São órgãos do Poder Judiciário do Estado: outra das categorias da carreira, não podendo, a título ne-
I - o Tribunal de Justiça; nhum, exceder os dos Ministros do Supremo Tribunal Fe-
II - o Tribunal do Júri; deral.
III - os Juízes de Direito; Art. 97. Aos Magistrados é vedado:
IV - os Juízes Substitutos; I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
V - o Juiz Auditor Militar Estadual; ou função, salvo a de magistério;
VI - outros juízes instituídos por lei. II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
Art. 92. A lei de organização judiciária é de iniciativa participação em processo;
do Tribunal de Justiça. III - dedicar-se à atividade político-partidária.
Art. 93. Serão criados, conforme dispuser o código de Art. 98. O juiz titular residirá na respectiva comarca e o
organização judiciária: juiz substituto, na comarca em que estiver servindo.
I - juizados especiais de causas cíveis de menor com- Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
plexidade e de pequena relevância, de infrações penais de administrativa e financeira.
menor potencial ofensivo e juizados de instrução criminal; Art. 100. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder
II - justiça de paz. Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as deci-
Art. 94. O ingresso na magistratura de carreira dar-se sões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse
-á no cargo de juiz substituto, após aprovação em concurso público o exigir, limitar a presença em determinados atos,
público de provas e títulos, com a participação da Ordem às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes.
Art. 101. As decisões administrativas do Tribunal de
dos Advogados do Brasil, em todas as suas fases, obede-
Justiça serão motivadas, sendo as disciplinares, de natureza
cendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação.
originária ou recursal, tomadas pelo voto da maioria abso-
§ 1º São requisitos para inscrição no concurso a inscri-
luta dos seus membros.
ção na Ordem dos Advogados do Brasil, a idade mínima de
vinte e cinco e máxima de sessenta anos, além de outros seção II
que forem estabelecidos em lei. Do Tribunal de Justiça
§ 2º O cargo de juiz auditor militar será provido na for-
ma do que dispuser o código de organização judiciária do Art. 102. “O Tribunal de Justiça, com sede na Capital
Estado. e jurisdição em todo o território do Estado, compõe-se de
§ 3º A promoção por antiguidade e merecimento e o vinte e um Desembargadores”.
acesso ao Tribunal dar-se-ão de acordo com o estabelecido · Declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Fe-
na Constituição Federal e no Estatuto da Magistratura. deral, em decisão definitiva de mérito, proferida nos autos
Art. 95. As funções disciplinares e correcionais admi- da Ação Direta de Inconstitucionalidade 469.
nistrativas serão exercidas pelo Conselho da Magistratura,
com a composição e as atribuições constantes das normas Art. 103. Um quinto do Tribunal de Justiça será com-
da organização judiciária. posto de membros do Ministério Público, com mais de dez
Art. 96. Os magistrados gozam das seguintes garan- anos de carreira, e de advogados de notável saber jurídico
tias: e reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-

100
DIREITO CONSTITUCIONAL

vidade profissional e menos de sessenta e cinco anos de b) nos crimes comuns e de responsabilidade, o Vice-
idade, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de repre- Governador, os Deputados Estaduais, os Juízes Estaduais,
sentação respectivos, conforme a classe a que pertencer o os membros do Ministério Público, “da Procuradoria-Geral
cargo a ser provido. do Estado”, “da Defensoria Pública” e os Prefeitos, ressalva-
Parágrafo único. O Tribunal de Justiça, pela totalidade da a competência da Justiça Eleitoral;
de seus membros, reduzirá essa indicação a uma lista trípli- · Questionada sua constitucionalidade perante o Su-
ce, encaminhada ao Governador do Estado que, nos vinte premo Tribunal Federal, através da Ação Direta de Incons-
dias subsequentes, escolherá um dos seus integrantes para titucionalidade 469, quanto aos membros da Procurado-
nomeação. ria-Geral do Estado e da Defensoria Pública, ressalvada a
Art. 104. Compete ao Tribunal de Justiça: competência da Justiça Eleitoral, o Tribunal deu-lhe inter-
I - eleger o seu Presidente e demais órgãos diretivos; pretação conforme a Carta Política Federal para restringir
II - elaborar seu regimento interno, dispondo sobre a sua incidência a matéria de competência da Justiça Esta-
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos ju- dual, salvo o Tribunal do Júri, uma vez que, embora seja
risdicionais e administrativos; permitido a Constituição Estadual instituir foro especial por
prerrogativa de função, ela não pode excluir a competência
III - organizar sua secretaria e serviços auxiliares, pro-
constitucional do Tribunal do Júri para o julgamento de cri-
vendo-lhes os cargos, na forma da lei;
mes dolosos contra a vida (CF, art. 5º, XXXVIII, d), a não ser
IV - conceder licenças, férias e outros afastamentos aos
em relação aos agentes políticos correspondentes aqueles
seus membros, juízes e servidores da secretaria e da Justiça que a Constituição Federal outorga tal privilégio.
Comum; (ver comentário ao inciso XII do art. 136 – ADI 541)
V - prover, por concurso público de provas ou de pro- c) os habeas corpus quando o coator ou o paciente for
vas e títulos, os cargos necessários à administração da jus- juiz de primeiro grau, Deputado Estadual, Vice-Governador,
tiça, exceto os de confiança, assim definidos em lei; membro das Procuradorias-Geral de Justiça, do Estado ou
VI - indicar, pelo voto secreto, dois juízes dentre os da Defensoria Pública, Prefeito Municipal, Auditor e Juiz do
desembargadores, dois, dentre os juízes de direito e dois Conselho Especial ou Permanente da Justiça Militar;
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e d) os mandados de segurança e habeas data contra
de idoneidade moral, para comporem o Tribunal Regional atos e omissões do Governador do Estado, dos Secretários
Eleitoral; de Estado, da Assembleia Legislativa e de seus órgãos, do
VII - designar juiz de entrância final para dirimir conflito Tribunal de Contas e de seus órgãos, e do Tribunal de Con-
de natureza fundiária; tas dos Municípios e de seus órgãos;
VIII - prover, na forma estabelecida na Constituição Fe- · Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 5,
deral e nesta, os cargos de carreira de desembargador, juiz de 24 de novembro de 1994.
de direito e auditor militar;
IX - indicar, pelo voto secreto, a lista tríplice do quinto e) o mandado de injunção, quando a elaboração da
constitucional reservado aos membros do Ministério Públi- norma regulamentadora for atribuição do Governador do
co e da Advocacia; Estado, da Mesa ou da própria Assembleia Legislativa, do
X - propor ao Poder Legislativo: Tribunal de Contas do Estado, do Tribunal de Contas dos
a) alteração do número de seus membros; Municípios, dos Prefeitos, da Mesa da Câmara de Verea-
b) criação e extinção de cargos e a fixação dos venci- dores, de órgãos, entidades ou autoridades das adminis-
mentos de seus membros, dos juízes do primeiro grau de trações direta ou indireta estaduais ou municipais ou do
jurisdição e dos serviços auxiliares da justiça; próprio Tribunal de Justiça do Estado;
c) criação e extinção de cargos de sua secretaria, fixa- · Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 5,
de 24 de novembro de 1994.
ção e alteração dos respectivos vencimentos;
d) alteração da organização judiciária;
f) a revisão criminal e a ação rescisória.
e) a criação e extinção de novas comarcas ou varas;
XIV - elaborar o seu plano plurianual, os dispositivos de
f) o orçamento do Poder Judiciário. suas diretrizes orçamentárias, para inclusão no projeto de
XI - intervenção no Estado por intermédio do Supremo lei de diretrizes dos três Poderes, e sua proposta de orça-
Tribunal Federal; mento anual, a serem votados pela Assembleia Legislativa.
XII - nomear, na forma da lei, promover, remover, apo- Art. 105. Compete ainda ao Tribunal de Justiça:
sentar e colocar em disponibilidade os juízes de sua juris- I - processar e julgar:
dição; a) a representação e a ação direta de inconstituciona-
XIII - processar e julgar: lidade de leis ou de atos normativos estaduais ou munici-
a) os Secretários de Estado, o Procurador-Geral do Es- pais em face desta Constituição, em que obrigatoriamente
tado, o Defensor Público-Geral do Estado, bem como seus intervirá a Procuradoria-Geral de Justiça, estando legitima-
substitutos legais, nos crimes comuns e de responsabilida- dos para agir:
de, não conexos com os do Governador; 1. o Governador do Estado;
· Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, 2. a Mesa da Assembleia Legislativa;
de 6 de novembro de 2007. 3. o Procurador - Geral de Justiça e o Procurador - Ge-
ral do Estado;

101
DIREITO CONSTITUCIONAL

4. o Conselho Secional da Ordem dos Advogados do Brasil; seção V


5. os partidos políticos com representação na Assembleia Dos Juizados Especiais
Legislativa;
6. o Prefeito e a Mesa da Câmara de Vereadores do res- Art. 112. A competência e a composição dos juizados
pectivo Município, quando se tratar de lei ou ato normativo especiais de causas cíveis de menor complexidade e de pe-
local; quena relevância, de infrações penais de menor potencial
7. federação sindical, sindicato ou entidade de classe de ofensivo e dos juizados de instrução criminal, inclusive dos
âmbito estadual. órgãos competentes para julgamento de seus recursos, serão
b) a execução de acórdão nas causas de sua competência determinadas na lei de organização e divisão judiciária, obser-
originária, facultada a delegação de atribuições a juízo inferior vado o que dispõe a Constituição Federal.
para a prática de atos processuais; Art. 113. A lei de organização e divisão judiciária disporá so-
c) os conflitos de competência entre os juízes a ele vin- bre a distribuição dos juizados especiais e de instrução criminal
culados; no território do Estado, atendidas as normas da legislação federal.
d) os conflitos de atribuições entre autoridades adminis-
trativas e judiciárias do Estado ou entre autoridades adminis- seção VI
trativas do Município, da Capital e do interior e judiciárias do Da Justiça de Paz
Estado;
e) a representação para assegurar a observância de prin- Art. 114. A lei de organização e divisão judiciária disporá so-
cípios indicados nesta Constituição; bre a justiça de paz, observado o disposto na Constituição Federal.
f) a representação para prover a execução de lei, no caso
de desobediência a ordem ou decisão judiciária emanada do seção VII
próprio Tribunal, de juiz de direito ou de auditor militar estadual; Da Justiça Militar
g) a representação da Presidência do Tribunal de Justiça
para garantia do livre exercício do Poder Judiciário do Estado, Art. 115. A Justiça Militar do Estado reger-se-á pela le-
quando este se achar impedido ou coacto, encaminhando a gislação vigente, respeitado, no que couber, o disposto na lei
requisição ao Supremo Tribunal Federal para fins de interven- penal orgânica e processual militar da União.
ção da União. Parágrafo único. Qualquer modificação na constituição
II - julgar os recursos previstos nas leis processuais. e organização da Justiça Militar dependerá de proposta do
Art. 106. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus Tribunal de Justiça.
membros, poderá o Tribunal declarar a inconstitucionalidade
de lei ou de ato normativo do Poder Público. seção VIII
Art. 107. Declarada a inconstitucionalidade, por omissão Das Finanças
de medida para tornar efetiva norma desta Constituição ou da
Constituição Federal, a decisão será comunicada ao Poder com- Art. 116. O Tribunal de Justiça elaborará sua proposta or-
petente para a adoção das providências necessárias, prática do çamentária dentro dos limites estipulados conjuntamente com
ato que lhe compete ou início do processo legislativo e, em se os demais Poderes, observando a lei de diretrizes orçamentárias.
tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. Art. 117. Os recursos correspondentes às dotações orça-
Art. 108. Na hipótese de inconstitucionalidade, a decisão mentárias, compreendidos os créditos suplementares e espe-
será participada à Casa legislativa competente para promover ciais destinados aos órgãos do Poder Judiciário, serão coloca-
a imediata suspensão de execução da lei ou do ato afrontado dos à sua disposição, em parcelas duodecimais, até o dia vinte
em parte ou no seu todo. de cada mês, na forma da legislação complementar específica.
Art. 109. O Ministério Público intervirá em todos os pro- Art. 118. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública
cessos de competência do Tribunal Pleno e de seus órgãos. estadual e municipal, em virtude de condenação judicial, far-
se-ão, exclusivamente, na ordem cronológica dos precatórios
seção III e à conta dos respectivos créditos, proibida a designação de
Do Tribunal do Júri casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-
tos adicionais abertos para esse fim, à exceção dos casos de
Art. 110. Na sede de cada comarca haverá um ou mais créditos de natureza alimentar.
Tribunais do Júri, com a organização e as atribuições estabe- Art. 119. É obrigatória a inclusão, no orçamento das en-
lecidas em lei. tidades de direito público, de verba necessária ao pagamento
de seus débitos constantes de precatórios judiciais apresenta-
seção IV dos até 1° de julho, data em que terão atualizados seus valo-
Dos Juízes de Direito Substitutos res, fazendo-se o pagamento até o final do exercício.
Art. 120. As dotações orçamentárias e os créditos aber-
Art. 111. A lei de organização judiciária discriminará a tos serão consignados ao Poder Judiciário, recolhendo-se as
competência territorial e material dos juízes de direito e dos importâncias respectivas à repartição competente. Caberá ao
juízes substitutos, segundo sistema de comarcas e varas que Presidente do Tribunal determinar o pagamento, segundo as
assegure a eficiência da prestação jurisdicional. possibilidades de depósito, e autorizar, a requerimento do
Parágrafo único. Nas comarcas com população supe- credor e exclusivamente para o caso de preterição do seu
rior a trinta mil habitantes, para cada quinze mil, haverá um direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à
juiz de direito. satisfação do débito.

102
DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 121. Será instituído, no âmbito do Poder Judiciá- 4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre os
rio, um sistema de programação orçamentária e financeira, chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Constitui-
de modo a permitir o melhor gerenciamento dos recursos, ção, existe um que realiza a distinção entre Constituição e lei
inclusive, quando for o caso, de sua aplicação em letras do constitucional. Assinale a alternativa que o contempla.
Tesouro do Estado, com a geração de novas receitas a serem (A) Sentido político
integradas no orçamento do próprio Poder. (B) Sentido sociológico.
(C) Sentido jurídico.
seção IX (D) Sentido culturalista.
Dos Serventuários da Justiça (E) Sentido simbólico.

Art. 122. O provimento dos cargos de serventuários da 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú-
justiça far-se-á como dispuser a lei de organização judiciária blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
do Estado, observada esta Constituição. Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Art. 123. O quadro de pessoal dos serventuários da jus- Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF).
tiça será criado por lei e os vencimentos fixados, compatibili- Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto:
zando-se com o nível da entrância respectiva. (A) são objetivos fundamentais da república federativa
§ 1º Os vencimentos dos escrivães substitutos serão pa- do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
gos de acordo com a entrância a que estiverem vinculados. desigualdades sociais e regionais.
§ 2º A lei do regimento de custas disciplinará a percepção (B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não
de custas deferidas aos serventuários que venham a receber são fundamentos da república federativa do brasil.
vencimentos pelo Estado. (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
Art. 124. Entende-se por serviço judicial o realizado pe- guma coisa senão em virtude de lei.
los escrivães, contadores, partidores, depositários públicos, (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo veda-
avaliadores e distribuidores de atos judiciários. do o anonimato.
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um
dos objetivos fundamentais da república federativa do Brasil.
EXERCÍCIOS
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons-
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “princí-
Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
pios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados so-
beranos. um sistema de normas, as diretrizes básicas do ordenamento
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e de- constitucional brasileiro. São regras que contêm os mais im-
veres de um povo. portantes valores que informam a elaboração da Constituição
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que da República Federativa do Brasil.
contém normas referentes à estruturação, à formação dos Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e as-
poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. sinale a alternativa correta.
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os direi- I - Nas relações internacionais, a República brasileira rege-
tos e deveres de um povo nas suas relações. se, entre outros, pelos seguintes princípios: autodeterminação
dos povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, conces-
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas de são de asilo político.
classificação das Constituições, uma delas é quanto à origem. II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou
Em relação às características de uma Constituição quanto seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurídi-
à sua origem, assinale a alternativa CORRETA. cas efetivas.
(A) Dogmáticas ou históricas. III - Violar um princípio é muito mais grave que transgre-
(B) Materiais ou formais. dir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o sistema
(C) Analíticas ou sintéticas. de comandos.
(D) Promulgadas ou outorgadas. IV - São princípios que norteiam a atividade econômica
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprieda-
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia de, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a proprie-
da Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA. dade privada.
(A) A supremacia está no fato de o controle da constitucio- V - A diferença de salários, de critério de admissão por
nalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal. motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos tra-
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão balhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualdade do
das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído. caput do art. 5º da Constituição Federal.
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da (A) Apenas I, II, III estão corretas.
constituição não depender da observância dos princípios que (B) Apenas II e IV estão corretas.
a norteiam. (C) Apenas III e V estão corretas.
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e (D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
fundamentos da constituição se resumam na declaração de (E) Todas as afirmações estão corretas.
soberania.

103
DIREITO CONSTITUCIONAL

7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propó- V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sen-
sito dos princípios fundamentais da República Federativa do do assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
Brasil, reconhece-se que: na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
(A) o pluralismo político está inserido entre seus obje- (A) Apenas I, II e III estão corretas.
tivos. (B) Apenas II, III e IV estão corretas.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se con- (C) Apenas III e V estão corretas.
trapõe ao valor social do trabalho. (D) Apenas IV e V estão corretas.
(C) a dignidade é também do nascituro, o que desau- (E) Todas as questões estão corretas.
toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quando
decorrente de estupro. 10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re-
(D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de médios constitucionais são as formas estabelecidas pela
origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de dis- Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos
criminação, é um de seus objetivos. fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores es-
(E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependentes senciais e indisponíveis do ser humano.
e harmônicos entre si, são poderes da união. Assim, é correto afirmar, exceto:
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advogado,
8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - não tendo de obedecer a qualquer formalidade processual, e
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor.
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém sofrer
INCORRETO afirmar que: ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda- liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa hu- (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus re-
mana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o cebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
pluralismo político. se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a
(B) a República Federativa do Brasil tem como objetivos autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições disci-
fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária;
plinares militares.
garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando for
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
concreta a lesão.
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica- 11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
mente por meio de representantes eleitos. em relação aos outros remédios constitucionais analise as
(D) entre outros, são princípios adotados pela República questões a seguir e assinale a alternativa correta.
Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, os se- I - O habeas data assegura o conhecimento de informações
guintes: a independência nacional, a prevalência dos direitos relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou ban-
humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo. co de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção e II - Será concedido habeas data para a retificação de da-
a defesa da paz são princípios regedores das relações interna- dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi-
cionais da República Federativa do Brasil. cial ou administrativo.
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. entidade governamental, o sujeito passivo na ação de habeas
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- data será a pessoa jurídica componente da administração di-
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias reta e indireta do Estado.
fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, de modo IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
expresso, apenas a direitos e deveres, também consagrou as toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Direito Constitucional exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
Esquematizado, São Paulo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671). V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a de-
Com base na afirmação acima, analise as questões a se- mora legislativa que impede um direito de ser efetivado pela
guir e assinale a alternativa correta. falta de complementação de uma lei.
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma (A) Todas as afirmações estão corretas.
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos (B) Apenas I, II e III estão corretas.
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos. (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos (D) Apenas II, III e V estão corretas.
do art. 5º da Constituição Federal é meramente exemplificativo. (E) Apenas IV e V estão corretas.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Fe-
deral não excluem outros decorrentes do regime e dos prin- 12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
cípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
que o Brasil seja parte. na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. de condições com o Estado para defender-se.

104
DIREITO CONSTITUCIONAL

Com base na afirmação acima, analise as questões a se- (C) assegurado a todos o acesso à informação e res-
guir e assinale a alternativa correta. guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão profissional;
pela autoridade competente. (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais científica e de comunicação, ressalvados os casos de censura
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. ou licença;
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por (E) direito de todos receber dos órgãos públicos infor-
meios ilícitos. mações de seu interesse particular, sendo vedada a alegação
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quan- de sigilo por imprescindibilidade à segurança da sociedade e
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. do Estado.
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
depositário infiel. 18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014)
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e
(B) Apenas I, III e V estão corretas. convenções internacionais sobre direitos humanos:
(C) Apenas III e IV estão corretas. (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a
(D) Apenas IV e V estão corretas. sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na
(E) Todas as questões estão corretas. ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo;
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons-
13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Con-
Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que gresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com o voto
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. favorável de dois terços dos respectivos membros;
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
conhecido. cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional,
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de três
(D) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado. quintos dos respectivos membros;
(D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar,
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los com ob-
Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Constitui-
servância do processo legislativo ordinário;
ção Federal, é CORRETO afirmar que
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à or-
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
dem jurídica interna.
imprescritível.
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância.
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de 19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) Pe-
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. dro promoveu ação em face da União Federal e seu pedido foi
julgado procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e vincen-
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) dos, não havendo mais recurso a ser interposto. Posteriormente,
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da Cons- o Congresso Nacional aprovou lei, que foi sancionada, extinguin-
tituição Federal: do o direito reconhecido a Pedro. Após a publicação da referida
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. lei, a Administração Pública federal notificou Pedro para devolver
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio. os valores recebidos, comunicando que não mais ocorreriam os
(C) o respeito à integridade física dos presos, garantido pagamentos futuros, em decorrência da norma em foco.
pela lei de execução penal. Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa so-
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhista. bre direitos indisponíveis de Pedro
(B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julga-
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) da formada em favor de Pedro.
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de
sem permissão do morador, EXCETO Pedro diante de nova legislação.
(A) em caso de desastre. (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico per-
(B) em caso de flagrante delito. feito em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes.
(C) para prestar socorro.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. 20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurídico
- VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à Prefeitu-
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador - ra do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja informado
FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, o número de licitações, na modalidade pregão, realizadas pela
o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é: São Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
mentado o anonimato; damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
terial, moral ou à imagem; ameaça a direito

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DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse- (D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser-
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegali- viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
dade ou abuso de poder cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten-
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a são e à complexidade do trabalho.
obtenção de certidões em repartições públicas será atendida
apenas se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou 23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
para esclarecimento de situações de interesse pessoal. Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen-
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm di- tais, à organização político-administrativa, à administração
reito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte- pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res- determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
da sociedade e do Estado. inadiáveis da comunidade.
(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respon- Certo ( )
dido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito Errado ( )
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
tramitação. alternativa correta.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da seguintes é exaustivo.
reserva do possível (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efeti- balhador sob qualquer hipótese.
vação dos direitos sociais, econômicos e culturais. (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do con- anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
trole e da intervenção do poder judiciário em tema de imple- que o salário normal.
mentação de políticas públicas, quando caracterizada hipóte- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
se de omissão governamental. do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
(C) considera que as políticas públicas são reservadas determinada pela CLT.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judiciá- (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
rio, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso con- emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
creto. to, mas é determinado pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direitos 25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o direito FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
à saúde e à educação básica. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos direi- tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
tos fundamentais, independentemente das possibilidades fi- no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
nanceiras e orçamentárias do estado. nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014) de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
A Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
2013, tem por finalidade estabelecer a igualdade de direitos pela Constituição federal, Pietro
entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
urbanos e rurais. Nos termos de suas disposições, a Emenda tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- tido antes da sua naturalização.
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a (C) poderá ser extraditado.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
mediante incentivos específicos. me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir trata- gas afim.
mento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em rela- (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
ção aos trabalhadores urbanos e rurais. denatória transitou em julgado após a naturalização.
(B) não determinou a extensão ao trabalhador domés-
tico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da au- 26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
tomação e à proteção do mercado de trabalho da mulher, privativo de brasileiro nato o cargo de
mediante incentivos específicos. (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (B) Senador.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- (C) Juiz de Direito.
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (D) Delegado de Polícia.
xidade do trabalho. (E) Deputado Federal.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No (C) A administração fazendária e seus servidores fiscais
caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, prece-
durarem seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos: dência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
(A) mantidos. (D) A proibição de acumulação remunerada de cargos
(B) cassados. públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo,
(C) perdidos. pois, sociedades de economia mista.
(D) suspensos. (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con- servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis-
cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos,
previstas na CRFB/88, assinale a opção correta. condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se,
(A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias apenas, às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo
de prefeito. 33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A adminis-
(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar- tração pública pode ser definida objetivamente como a atividade
se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá can- dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de
didatar-se ao cargo de prefeito. órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas função administrativa do Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direi-
que não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, to Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. Com base no que determina a Constituição Federal a res-
peito da administração pública é correto afirmar, exceto:
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa (A) A investidura em cargo ou emprego público depen-
correta a respeito dos partidos políticos. de de aprovação prévia em concurso público de provas e tí-
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos financei- tulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo,
ros por parte de empresas transnacionais. ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda (B) A Administração pública direta e indireta obedecerá
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam re- aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-
presentação no Congresso Nacional. blicidade e eficiência.
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter na- (C) O prazo de validade do concurso público será de até
cional. dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar (D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
ao Congresso Nacional a sua prestação de contas para apro- munerada de cargos públicos.
vação. (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
(E) Em razão de sua importante função institucional, os citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
partidos políticos possuem natureza jurídica de direito público. causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações
de ressarcimento.
30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização 34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação
político-administrativa da República Federativa do Brasil. à competência privativa da União para legislar, é INCORRETO
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de afirmar que compete privativamente à União legislar sobre
ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado. (A) registros públicos.
Certo ( ) (B) comércio exterior e interestadual.
Errado ( ) (C) organização do sistema nacional de emprego e con-
dições para o exercício de profissões.
31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES- (D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
político-administrativa da República Federativa do Brasil. (E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature-
A despeito de serem entes federativos, os territórios fede- za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
rais carecem de autonomia. ambiente e controle da poluição.
Certo ( )
Errado ( ) 35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
rando as regras constitucionais sobre a administração pública,
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT analise as afirmativas.
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alter- I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
nativa INCORRETA: do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer pelo Poder Executivo.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, morali- gos, funções e empregos públicos da administração dire-
dade, publicidade, eficiência e impessoalidade. ta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à li- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
vre associação sindical. dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos

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DIREITO CONSTITUCIONAL

demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, constituição federal com aplicabilidade imediata, não neces-
incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra nature- sitando de regulamentação, nem de integração normativa,
za, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos para que o direito nela previsto possa ser exercido.
Ministros do Supremo Tribunal Federal. (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú-
pessoal do serviço público. blicos enquanto não for promulgada lei específica para o
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): exercício desse direito.
(A) I, II e III. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole-
(B) I, apenas. tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
(C) I e II, apenas. servidores públicos.
(D) I e III, apenas.
(E) II e III, apenas. 39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale a alter- ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
nativa que está de acordo com o disposto na Constituição Federal. garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e argumento de que o Município não teria competência para
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos funda- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
mental e médio. ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ativi- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
dades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão sujeitas pretensão do sindicato
às respectivas sanções penais e administrativas, e as pessoas (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a reparar os danos que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
causados ao meio ambiente. to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios des- competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
tinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto ex- (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
clusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. que, apesar da matéria se inserir na competência residual
(D) É vedado às universidades e às instituições de pes- dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
quisa científica e tecnológica admitir professores, técnicos e estadual para atender as suas peculiaridades locais.
cientistas estrangeiros. (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
da organização do Estado, em consonância com a Constitui- (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
ção Federal, assinale a alternativa correta. que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
(A) É competência comum da União, dos estados, do poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de culiaridades.
acesso à cultura, à educação e à ciência. (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
(B) É competência exclusiva da União proteger os docu- a matéria insere-se na competência residual dos Estados
mentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os dadas pela Constituição.
sítios arqueológicos.
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a eva- 40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
são, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de Compete privativamente à União legislar sobre
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. (A) produção e consumo.
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a (B) assistência jurídica e defensoria pública.
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico (C) trânsito e transporte.
e paisagístico. (D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar sobre mico e urbanístico.
educação, cultura, ensino e desporto. (E) educação, cultura, ensino e desporto.

38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - 41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
públicos civis da Administração direta termos da Constituição Federal, dentre outros,
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa ser (B) a indisponibilidade dos bens.
exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação (C) a impossibilidade de deixar o país.
dos serviços públicos. (D) a suspensão dos direitos civis.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser- (E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so-
vidores públicos em estágio probatório. cial.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci- (C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. grau de recurso especial, os conflitos de competência entre
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, “o”,
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação ao bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados, e entre
município de origem. juízes vinculados a tribunais diversos.
De acordo com as normas constitucionais federais, dentre (D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e
outros requisitos para legitimar a criação de um novo Municí- julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre auto-
pio, são indispensáveis: ridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autori-
(A) lei estadual e referendo. dades Judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou
(B) lei municipal e plebiscito. do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
(C) lei municipal e referendo. (E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em re-
(D) lei estadual e plebiscito. curso ordinário, os conflitos de competência entre o Superior
Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) Assi-
nale a afirmativa INCORRETA: 46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(A) O federalismo por agregação surge quando Estados 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
soberanos cedem uma parcela de sua soberania para formar RETO afirmar:
um ente único. (A) A aferição do merecimento, para fins de promoção,
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos
dos Estados federados à União. de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconheci-
lecimento do poder central decorrente da predominância de dos de aperfeiçoamento.
atribuições conferidas à União. (B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen-
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou
três esferas de competências: União, Estados e Municípios.
decisão.
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente po-
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Conside-
derá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de
rando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Judi-
dois terços dos membros presentes à sessão, conforme pro-
ciário, assinale a alternativa correta.
cedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão mo-
a votação até fixar-se a indicação.
tivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas (D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo au-
pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em sessão torização do Tribunal.
secreta. (E) A distribuição de processos será imediata em todos
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão dele- os graus de jurisdição.
gação para a prática de atos de administração e atos de mero
expediente, limitados às decisões de caráter interlocutório. 47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados 23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a
será composto de advogados de notório saber jurídico e de alternativa INCORRETA:
reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade (A) é vedada a edição de medida provisória sobre maté-
profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos de repre- ria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo congresso
sentação das respectivas classes. nacional e pendente de sanção ou veto presidencial.
(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou (B) as decisões administrativas dos tribunais serão moti-
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos vadas e em sessão pública.
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (C) as decisões administrativas de natureza disciplinar
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, ha- serão tomadas pelo voto de dois terços dos membros do tri-
vendo interesse público, poderá ser removido, por decisão da bunal.
maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Na- (D) o número de juízes na unidade jurisdicional será pro-
cional de Justiça, assegurada ampla defesa. porcional à efetiva demanda judicial com à Respectiva popu-
lação.
45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA: garantias da magistratura, mas não são absolutas, posto que
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e comportem exceções, ditadas em lei.
julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro ou
organismo internacional e a União, Estados, Distrito Federal 48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
ou Município. rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais da
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em justiça, analise.
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man- I. Constituem garantias do Ministério Público: vitalicieda-
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em de, após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo
instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória senão por sentença judicial transitada em julgado, e ina-
a decisão. movibilidade, salvo por motivo de interesse público, me-

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DIREITO CONSTITUCIONAL

diante decisão do órgão colegiado competente do Ministério de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, as- de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
segurada ampla defesa. Constituem vedações do Ministério lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respecti-
Público: participar de sociedade comercial, na forma da lei, vas classes.
exercer atividade político-partidária e exercer, ainda que em (C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
disponibilidade, qualquer outra função pública, sem exceções. ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,
II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, direta- sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
mente ou por meio de órgão vinculado, representa a União, determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
complementar que dispuser sobre sua organização e fun- direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudi-
cionamento, as atividades de consultoria e assessoramento que o interesse da Administração Pública.
jurídico do Poder Executivo e a representação da União na (D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco
execução da dívida ativa de natureza tributária.
julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o
III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fede-
mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros,
ral, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicio-
de concurso público de provas e títulos, com a participação
facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão a nais delegadas da competência do tribunal pleno, proven-
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas do-se metade das vagas por antiguidade, e a outra metade
unidades federadas. por merecimento.
Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
(A) I, II e III. 51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
(B) II, apenas. M. T. foi condenado, em primeira instância, pela prática de
(C) I e II, apenas. crime político. Contra a referida sentença condenatória é
(D) I e III, apenas. cabível:
(E) II e III, apenas. (A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Jus-
tiça.
49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaquina (B) apelação para o Tribunal Regional Federal.
impetra mandado de segurança no Tribunal de Justiça do lo- (C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal.
cal em que reside por ter direito líquido e certo que foi violado (D) recurso inominado para o Superior Tribunal de
por abuso de autoridade da autoridade coatora envolvida na Justiça.
situação. Considere que, nessa hipótese, a autoridade coatora
era o Governador do Estado, que possuía foro por prerroga- 52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
tiva de função e que, por essa razão, a competência para jul- O processo e julgamento da execução de carta rogatória,
gamento do writ era mesmo do Tribunal de Justiça local. Con- após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homo-
sidere, ainda, que a impetração ocorreu tempestivamente, e logação, é de competência:
que todos os requisitos de admissibilidade foram observados. (A) dos Tribunais Regionais Federais.
Entretanto, mesmo com a observância de todos os requisitos (B) dos juízes federais.
formais, meritoriamente, foi denegatória a decisão do manda- (C) do Supremo Tribunal Federal.
do de segurança impetrado por Joaquina.” (D) do Superior Tribunal de Justiça.
Tendo em vista todos os aspectos apresentados no caso
anterior, assinale a opção que indica, acertadamente, o recur-
53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
so a ser interposto por Joaquina.
FGV/2014) A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adi-
(A) Recurso especial para o STJ.
cionou o art. 103-B na Constituição da República, crian-
(B) Recurso ordinário para o STJ.
(C) Embargos infringentes para o STJ. do o Conselho Nacional de Justiça, órgão composto por
(D) Agravo de instrumento para o STJ. membros do Judiciário, do Ministério Público, advogados
(E) Recurso extraordinário para o STF. e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumpri-
50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De acordo mento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras
com o texto constitucional, lei complementar, de iniciativa do atribuições constantes no Estatuto da Magistratura e ou-
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Ma- tras que a própria Constituição lhe atribui. Com base no
gistratura, observados, entre outros, os seguintes princípios: disposto na Constituição da República, constitui uma atri-
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e apo- buição do Conselho Nacional de Justiça:
sentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á (A) determinar a aposentadoria de juiz federal com
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribu- subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço,
nal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla assegurada a ampla defesa.
defesa. (B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Fe- a tribunal de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
derais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e (C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
Territórios será composto de membros, do Ministério Pú- competência, que só terão eficácia depois de sancionados
blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados pelo presidente da república.

110
DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) rever unicamente, mediante provocação, os pro- (C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais jul- União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu-
gados há menos de um ano. tária.
(E) declarar, observando a reserva de plenário, a in- (D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções
constitucionalidade das leis que envolvam conflitos de institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro-
massa. mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na
forma da lei.
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Con- (E) À imunidade profissional do advogado não se po-
selho Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta. dem aplicar restrições de qualquer natureza.
(A) Possui como função a fiscalização do Poder Judi-
ciário e, eminentemente, função jurisdicional. 58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto -
(B) Tem competência para julgar magistrados por cri- CESPE/2014) Acerca da interpretação das normas consti-
me de autoridade tucionais, assinale a opção correta.
(C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos (A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de
administrativos praticados por membros do Poder Judiciá- muitas de suas normas, a CF admite o fenômeno da cons-
rio. trução jurídica, sem que isso configure necessariamente
(D) Não possui competência para rever processos usurpação de poder constituinte.
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há (B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas
menos de um ano. por meio dos processos formais de mudança constitucio-
(E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão conces- nal, não se admitindo a via interpretativa como mecanismo
siva de mandado de segurança. de solução dessas deficiências.
(C) A existência de métodos específicos de interpre-
55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT tação constitucional exclui a incidência dos métodos tra-
3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério Pú- dicionais.
blico é incorreto afirmar: (D) A normatividade constitucional não é compatível
(A) Defender judicialmente os direitos e interesses com as chamadas normas implícitas.
das populações indígenas, inclusive através de Promotor (E) Interpretação extensiva e analogia são procedi-
de Justiça ad hoc. mentos estranhos ao direito constitucional.
(B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei. 59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à
(C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, aplicabilidade e à interpretação das normas constitucio-
para a proteção do patrimônio público e social, do meio nais, assinale a opção correta.
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. (A) Conforme o método de interpretação denomina-
(D) Expedir notificações nos procedimentos adminis- do científico-espiritual, a análise da norma constitucional
trativos de sua competência, requisitando informações e deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair
documentos para instruí-los, na forma da lei complementar seu sentido sem que se leve em consideração a realidade
respectiva. social.
(E) Exercer o controle externo da atividade policial, na (B) As denominadas normas constitucionais de eficá-
forma da lei complementar. cia plena não necessitam de providência ulterior para sua
56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) aplicação, a exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que
No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi- prevê o acesso a cargos, empregos e funções públicas a
ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os brasileiros e estrangeiros.
seguintes itens. (C) O dispositivo constitucional que assegura a gra-
A CF garante autonomia funcional e administrativa à tuidade nos transportes coletivos urbanos aos maiores de
defensoria pública estadual e ao Ministério Público. sessenta e cinco anos não configura norma de eficácia ple-
Certo ( ) na e aplicabilidade imediata, pois demanda uma lei inte-
Errado ( ) grativa infraconstitucional para produzir efeitos.
(D) A norma constitucional de eficácia contida é aque-
57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- la que, embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode
tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à ter sua abrangência reduzida pela norma infraconstitucio-
justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF. nal, como ocorre com o artigo da CF que confere aos es-
(A) De acordo com a CF, a representação judicial dos tados a competência para a instituição de regiões metro-
Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu- politanas.
sivamente aos procuradores organizados em carreira, de- (E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico
pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con- clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei
curso público de provas e títulos. e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de her-
(B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito menêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa,
Federal e da União possuem autonomia funcional e admi- mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais
nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro- como o filológico, o histórico, o lógico e o teleológico.
postas orçamentárias na forma estabelecida na CF.

111
DIREITO CONSTITUCIONAL

60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No to- (A) o Advogado-Geral da União não possui legitimi-
cante à eficácia e à aplicabilidade das normas constitucio- dade para propor ADIN.
nais, as (B) o STF deve remeter os autos do processo para jul-
(A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais gamento pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
são programáticas, dependendo sempre de regulamenta- (C) não se pode propor ADIN para questionar apenas
ção infraconstitucional. parte de lei.
(B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabili- (D) o STF deve converter a ADIN em recurso extraordi-
dade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos nário para que seja viável analisar o pedido da ação.
restritos e limitados infraconstitucionalmente quando de (E) lei estadual não pode ser objeto de ADIN.
sua promulgação.
(C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata 64. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
e diferida, mas sem vinculação com as normas infracons- FCC/2014) Considerando a disciplina jurídica do controle
titucionais subsequentes, ou seja, sem relevância jurídica de constitucionalidade e a jurisprudência do Supremo Tri-
interpretativa e integrativa. bunal Federal na matéria,
(D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata (A) súmula vinculante pode ser objeto de ação direta
e integral são aquelas normas que, no momento em que a de inconstitucionalidade que, se julgada procedente, pro-
constituição entra em vigor, já estão aptas a produzir todos duzirá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamen-
os seus efeitos, independentemente de norma integrativa te aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração pública
infraconstitucional. direta, indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
(E) declaratórias de princípios programáticos veicu- (B) ato administrativo que contrarie súmula vinculan-
lam programas a serem implementados pelos cidadãos, te não pode ser objeto de reclamação proposta perante
sem interferência estatal, visando à realização de fins so- o Supremo Tribunal Federal, uma vez que a reclamação é
ciais e culturais. cabível apenas contra decisão judicial, que poderá ser cas-
sada pelo STF, com a determinação de que outra seja pro-
61. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) A pro-
ferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
pósito da ação direta de inconstitucionalidade, é correto
(C) o cabimento do recurso extraordinário está sujei-
afirmar que
to à demonstração da existência de repercussão geral das
(A) precisam demonstrar pertinência temática para a
questões discutidas no caso, podendo o STF recusá-lo pela
propositura da ação os seguintes legitimados: governador
manifestação de dois terços dos seus membros.
de Estado; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil; partido político com representação no Congresso (D) a aprovação de súmula vinculante, a qual poderá
Nacional; e confederação sindical ou entidade de classe de ser provocada pelos legitimados à propositura da ação di-
âmbito nacional. reta de inconstitucionalidade, produzirá efeitos vinculantes
(B) a concessão de liminar em sede de medida caute- apenas em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário
lar na ação não admite a restauração de vigência da legis- e à Administração pública direta, mas não em relação à Ad-
lação anterior, acaso existente, o que somente ocorrerá no ministração pública indireta e ao Poder Legislativo.
julgamento definitivo de procedência do pedido da ação. (E) é vedado ao Superior Tribunal de Justiça o exer-
(C) nas ações propostas por Estado da Federação, a cício do controle difuso de constitucionalidade, conside-
petição inicial deve ser firmada, exclusivamente, pelo Pro- rando que a competência para processar e julgar o recurso
curador-Geral do Estado em nome do Governador. extraordinário é do Supremo Tribunal Federal.
(D) são passíveis de ser objeto da ação: as leis e os
atos normativos federais e estaduais, medidas provisórias, 65. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
decreto do Chefe do Executivo que promulga tratados e FCC/2014) O Presidente da República, a pretexto de exercer
convenções e emendas constitucionais. seu poder regulamentar, editou decreto, sem que existisse
lei tratando da matéria por ele disciplinada, pelo qual criou
62. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) obrigações que somente poderiam, à luz da Constituição
Pode propor a ação direta de inconstitucionalidade e a Federal, ter sido instituídas por lei formal. Por esse motivo,
ação declaratória de constitucionalidade, entre outros, o: a constitucionalidade do referido decreto foi arguida em
(A) Governador de Estado ou do Distrito Federal. um caso concreto, como questão prejudicial para o julga-
(B) Presidente do Senado Federal. mento do pedido principal da petição inicial, ensejando,
(C) Presidente da Câmara dos Deputados. em segundo grau de jurisdição, o pronunciamento do ple-
(D) Presidente de Assembleia Legislativa. nário de determinado Tribunal declarando a inconstitucio-
nalidade da norma, pelo voto da maioria absoluta de seus
63. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Federal - membros. À luz da Constituição Federal e da jurisprudência
FCC/2014) Suponha que o Advogado-Geral da União pro- do Supremo Tribunal Federal, o decreto presidencial
ponha ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) perante (A) não poderia ter sido declarado inconstitucional
o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a cons- pelo Tribunal, mas tão somente ilegal, uma vez que o de-
titucionalidade de três artigos de lei estadual do Rio de creto foi editado com fundamento no poder regulamentar
Janeiro em face da Constituição da República. Conforme a do Presidente da República, motivo pelo qual a sua inapli-
disciplina constitucional a respeito do controle de constitu- cabilidade a um caso concreto não dependeria de prévia
cionalidade concentrado, manifestação do plenário do Tribunal.

112
DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) não poderia ter sido declarado inconstitucional (A) restringindo-os a determinados entes federativos
pelo plenário do Tribunal, mas tão somente ilegal, uma que não serão prejudicados pelo impacto da decisão como
vez que o decreto foi editado com fundamento no poder outros que sejam afetados diretamente, em matéria relati-
regulamentar do Presidente da República, mas, ainda as- va à repartição das receitas tributárias.
sim, a declaração de sua inaplicabilidade ao caso concreto (B) ao decidir que ela só terá eficácia a partir de seu
dependeria de manifestação do plenário do Tribunal, visto trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser
tratar-se de norma geral e abstrata. fixado, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
(C) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo excepcional interesse social, mediante voto de 2/3 (dois
plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram terços) de seus membros.
criadas sem qualquer amparo legal, mas, por tratar- se de (C) por decisão unânime, estando presentes os 11
ofensa indireta à Constituição Federal, é dispensável o quó- (onze) ministros que compõem aquele tribunal, podendo
rum da maioria absoluta do Plenário. fixar período de até 180 (cento e oitenta) dias de suspensão
(D) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo da eficácia da declaração de inconstitucionalidade.
Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem (D) se julgar procedente ação direta de inconstitucio-
qualquer amparo legal e com ofensa direta à Constituição nalidade, mediante voto da maioria absoluta dos membros
Federal, sendo, no entanto, desnecessária a manifestação do tribunal, decidindo que a aplicação imediata da decisão
plenária do Tribunal, uma vez que a declaração de invali- poderá causar riscos à segurança da sociedade ou do es-
dade dessa espécie normativa não está sujeita à reserva de tado.
plenário. (E) pois a interpretação conforme a constituição e a
(E) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução
plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram de texto têm eficácia contra todos e efeito vinculante em
criadas sem qualquer amparo legal e com ofensa direta relação aos órgãos do poder judiciário e do poder legisla-
à Constituição Federal, sendo dispensada a manifestação tivo.
plenária do Tribunal se o plenário do Supremo Tribunal Fe-
deral já tiver declarado a inconstitucionalidade do mesmo
69. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VU-
decreto.
NESP/2014) Os particulares estão obrigados a cumprir lei
inconstitucional, cuja inconstitucionalidade ainda não foi
66. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
proclamada pelo Poder Judiciário?
Pode(m) propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
(A) Não, pois não se pode presumir como válida uma
ação declaratória de constitucionalidade perante o Supre-
lei cuja inconstitucionalidade é notória, sendo desnecessá-
mo Tribunal Federal:
ria a declaração formal
(A) partido político sem representação no Congresso
Nacional. (B) Sim, pois a qualquer cidadão é dado o direito de
(B) os Conselhos Federais de órgãos de classe profis- resistência, em qualquer situação que julgar haver ilegali-
sional. dade ou inconstitucionalidade.
(C) confederação sindical ou entidade de classe de (C) Não, porque o cidadão não possui legitimidade
âmbito regional. para alegar vícios de forma ou de conteúdo nos casos con-
(D) a Mesa da Câmara dos Deputados. cretos que lhe afetem.
(E) o Procurador-Geral de Justiça. (D) Sim, pois até que haja decisão judicial sobre a in-
constitucionalidade, a lei é válida, pois é presumida sua
67. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) A arguição constitucionalidade, obrigando os particulares a segui-la
de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), regu- (E) Não, porque cabe somente ao Supremo Tribunal
lada pela Lei nº 9.882/99, tem por objeto evitar ou reparar Federal se pronunciar sobre a constitucionalidade e a impe-
lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder ratividade das leis.
Público.
Com base no legalmente disposto sobre a ADPF, assi- 70. (Câmara Municipal de São Paulo/SP - Procura-
nale a opção correta. dor Legislativo - FCC/2014) Lei municipal que viole norma
(A) Face à extraordinariedade da ADPF, a decisão de da Constituição Federal de observância obrigatória pelos
indeferimento liminar da petição inicial é irrecorrível. Estados, cujo conteúdo foi reproduzido na Constituição Es-
(B) De acordo com a Lei nº 9.882/99, vige o principio tadual, poderá ser objeto de ação direta de inconstituciona-
da subsidiariedade quanto ao cabimento da ADPF. lidade ajuizada perante o
(C) A decisão proferida em ADPF produzirá somente (A) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Constitui-
efeitos erga omnes e ex tunc. ção Estadual, podendo o Tribunal declarar a inconstituciona-
(D) O prefeito de qualquer município pode propor lidade da norma por maioria simples dos seus membros ou
ADPF contra lei local perante o STF.
dos membros de seu órgão especial.
(B) Tribunal de Justiça do Estado, em face das Cons-
68. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VU-
tituições Federal e Estadual, sendo vedado o exercício do
NESP/2014) Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo, o Supremo Tribunal Federal poderá modu- controle difuso de constitucionalidade da lei municipal, em
lar os efeitos daquela declaração. face da Constituição Federal, pelo Supremo Tribunal Federal.

113
DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) Supremo Tribunal Federal, em face da Constituição 73. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
Federal, sem prejuízo do controle difuso de constitucionali- FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição fe-
dade da norma municipal em face das Constituições Federal deral NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Con-
e Estadual. tas da União
(D) Supremo Tribunal Federal, em face da Constituição (A) julgar as contas as contas dos administradores e
Federal, bem como ação direta de inconstitucionalidade demais responsáveis por recursos públicos.
ajuizada perante o Tribunal de Justiça do Estado, em face da
(B) julgar as contas do presidente da república.
Constituição Estadual.
(C) sustar, se não atendido, a execução de ato impug-
(E) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Consti-
tuição Estadual, sendo cabível recurso extraordinário ao nado, comunicando à câmara dos deputados e ao senado
Supremo Tribunal Federal contra o acórdão proferido pelo federal.
Tribunal local se preenchidos os requisitos constitucionais e (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalida-
legais. de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta.
71. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alterna- nacionais de cujo capital social a união participe, de forma
tiva CORRETA: direta ou indireta, nos termos do tratado consultivo.
(A) A Constituição Federal poderá ser emendada me-
diante proposta de um terço, no mínimo, dos membros da 74. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presiden- FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício,
te da República ou de Mais da metade das Assembleias Le- Juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indi-
gislativas das unidades da Federação, manifestando-se cada
cado pelo Tribunal Superior do Trabalho para compor este
uma delas pela maioria absoluta de seus membros.
(B) A matéria constante de proposta de emenda cons- Tribunal Superior e ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, apo-
titucional rejeitada ou havida por prejudicada somente po- sentado neste ano de 2014”. Antes de ser nomeado pelo
derá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislati- Presidente da República o nome do Magistrado Tício deve-
va por deliberação de, no mínimo, dois terços dos membros rá ser aprovado pela maioria
de uma das Casas Legislativas. (A) absoluta do Senado Federal.
(C) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- (B) absoluta do Congresso Nacional.
blica leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças (C) simples do Senado Federal.
Armadas. (D) simples do Congresso Nacional.
(D) A discussão e votação dos projetos de lei de iniciati- (E) absoluta do Supremo Tribunal Federal.
va do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal
e dos Tribunais superiores terão início no Senado Federal. 75. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(E) As leis complementares serão aprovadas por FGV/2014) Os membros da Comissão Parlamentar de In-
maioria simples.
quérito do Sistema Carcerário constataram a presença de
72. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No to-
mulheres detidas em cadeia pública masculina em uma
cante às normas constitucionais referentes ao processo le-
unidade federativa brasileira. As detentas reclamavam da
gislativo, assinale a alternativa correta.
(A) São de iniciativa privativa do Presidente da Repú- infraestrutura precária e confirmaram denúncias de que
blica, entre outras, as leis que disponham sobre organiza- uma menina de 16 anos ficou detida na mesma unidade
ção do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias
bem como normas gerais para a organização do Ministério político-administrativas, havendo a intervenção federal
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito para assegurar a garantia dos direitos da pessoa humana,
Federal e dos Territórios. ela deverá ser decretada pelo Presidente da República:
(B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre (A) espontaneamente, sem necessidade de controle
outras, sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito civil, político do Congresso Nacional.
direito penal, direito processual penal, direito processual ci- (B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça.
vil e organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi- (C) após prévia autorização do Congresso Nacional.
co, a carreira e a garantia de seus membros. (D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
(C) Se a medida provisória não for apreciada em até de representação do Procurador-Geral da República.
cento e vinte dias contados de sua publicação, entrará em (E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão
regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das de seu Órgão Especial, com chancela final do Legislativo
Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que do Estado.
se ultime a votação, todas as demais deliberações legislati-
vas da Casa em que estiver tramitando.
76. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
(D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será re-
Ao analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro
visto pela outra, em um só turno de discussão e votação,
no âmbito do processo legislativo, Manoel Gonçalves Fer-
e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o
reira Filho apresenta a seguinte lição: “as Câmaras no pro-
aprovar, ou, se o projeto for emendado ou rejeitado, voltará
cesso legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade”
à Casa iniciadora.

114
DIREITO CONSTITUCIONAL

(cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 39. (D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo
ed., 2013). Alude, assim, o autor ao caráter assimétrico, im- de Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República,
perfeito ou desigual que informa a atuação das Casas do são os seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; es-
Congresso Nacional nos processos de tar no exercício dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
(A) apreciação dos vetos presidenciais e de elabora- (E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da
ção das leis ordinárias e complementares. República é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a di-
(B) conversão de medida provisória em lei e de elabo- reção do Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a
ração das leis ordinárias e complementares. necessária autorização prévia do Senado Federal.
(C) revisão constitucional e de elaboração das leis or-
80. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine
dinárias e complementares.
a hipótese na qual o avião presidencial sofre um acidente,
(D) conversão de medida provisória em lei e de elabo- vindo a vitimar o Presidente da República e seu Vice, após
ração das emendas constitucionais. a conclusão do terceiro ano de mandato.
(E) elaboração das emendas constitucionais e de A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa
aprovação de tratados e convenções internacionais sobre correta.
direitos humanos com estatura equivalente às emendas (A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e
constitucionais. completa o mandato.
(B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o
77. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segun- cargo e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias
do a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi- depois de abertas as vagas.
vo”, compete ao Presidente da República, exceto: (C) O Presidente do Congresso Nacional assume o
(A) Manter relações com Estados estrangeiros e acre- cargo e completa o mandato.
ditar seus representantes diplomáticos. (D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume
(B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, o cargo e convoca eleições que serão realizadas trinta dias
se necessário, dos órgãos instituídos em lei. após a abertura das vagas, pelo Congresso Nacional, na
(C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei forma da lei.
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre-
81. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A leitu-
mo Tribunal Federal
ra do lema “Educação: direito de todos e dever do Estado!”
(D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e à luz do Direito Constitucional favorece o entendimento de
funcionamento da administração federal, quando não im- que:
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de ór- (A) o direito fundamental à educação exclui o direito à
gãos públicos. creche, dado tratar-se de dever da família.
(B) a educação é dever exclusivo do estado, sendo,
78. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014) portanto, alheio à família e à sociedade.
Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder (C) o dever do estado com a educação dos deficientes
Executivo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República é de atendimento educacional especializado, obrigatoria-
poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se mente, fora da rede regular de ensino.
do país, sob pena de perda do cargo, por até: (D) a gratuidade do ensino público veda a percepção
(A) 15 dias. de quaisquer valores pelos estabelecimentos oficiais ainda
(B) 30 dias.
que de cunho voluntário.
(C) 45 dias.
(D) 60 dias. (E) a omissão no oferecimento do ensino obrigatório
pelo poder público importa em responsabilidade da auto-
79. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Con- ridade competente.
siderando o que estabelecem as normas constitucionais
sobre o Poder Executivo, assinale a alternativa CORRETA. 82. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A
(A) A perda do cargo é a consequência inafastável Constituição Federal de 1988 prevê a saúde como direi-
para o Prefeito que assumir outro cargo ou função na Ad- to fundamental a ser assegurado ao cidadão. A propósito
ministração Pública, seja direta ou indireta. desse direito,
(B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Pre- (A) assegura-se o fornecimento de medicamentos de
sidente da República, verificada nos últimos dois anos do alto custo exclusivamente aos necessitados, devido à infini-
mandato, ensejará a realização de eleição, pelo Congresso tude das demandas e à finitude dos recursos.
Nacional, para ambos os cargos vagos, a ser realizada trinta (B) é exclusiva do ministério público a legitimidade
dias depois da última vaga. para ajuizamento de ação de mandado de segurança com
(C) Do Conselho da República participam, também, vistas a promover o fornecimento de medicamentos.
seis cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos (C) é vedada à iniciativa privada a exploração econô-
de idade, nomeados pelo Presidente da República, todos mica da assistência à saúde dado o direito fundamental à
com mandato de quatro anos, admitida uma única recon-
saúde ser consectário do direito à vida.
dução.

115
DIREITO CONSTITUCIONAL

(D) regula-se o sistema único de saúde (SUS) exclusi- (C) O Sistema Nacional de Cultura não se rege pela
vamente por meio da legislação infraconstitucional, visto autonomia dos entes federados e das instituições da so-
que está fora das matérias constitucionais. ciedade civil.
(E) é vedada a destinação de recursos públicos para (D) A complementaridade nos papéis dos agentes cul-
auxílios ou subvenções às instituições privadas de saúde turais não engloba as ações do Sistema Nacional de Cul-
com fins lucrativos. tura.
(E) A transparência e o compartilhamento das infor-
83. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A mações não compõe os princípios do Sistema Nacional de
Cultura.
Constituição Federal de 1988 prevê a família como célula
mater da sociedade, ao que goza, assim, de especial prote-
ção do Estado. Por isso, 86. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
(A) concebe-se como família aquela união feita por FGV/2014) No que concerne à previsão constitucional
pessoas de diferentes sexos, desde que formalizada peran- acerca da seguridade social, é INCORRETO afirmar que:
te as autoridades notariais de acordo com a jurisprudência (A) a seguridade social engloba os direitos relativos à
dos Tribunais Superiores. saúde, à previdência e à assistência social.
(B) entende-se como entidade familiar a comunidade (B) constitui um, entre vários, dos objetivos da segu-
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. ridade social a universalidade da cobertura e do atendi-
(C) são exercidos diferentemente pelo homem e pela mento.
mulher, tendo em vista a própria diferença de gênero e os (C) o caráter democrático e descentralizado da admi-
direitos e deveres referentes à sociedade conjugal. nistração, um dos objetivos constantes na organização da
(D) considera-se o casamento religioso inapto para seguridade social, é realizado através da gestão tripartite
gerar efeito civil, visto que a República Federativa do Brasil nos órgãos colegiados, com participação dos trabalhado-
constitui um Estado laico. res, dos empregadores e do governo.
(E) é de livre decisão do casal o planejamento fami- (D) a participação no custeio da seguridade social
liar, admitindo-se, porém, intervenção coercitiva do Estado deve ser realizada de forma equânime entre os participan-
para controle da natalidade. tes.
(E) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguri-
dade social a uniformidade e a equivalência dos benefícios
84. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Quan-
e serviços às populações urbanas e rurais.
to à ordem social preconizada pela Constituição Federal,
assinale a alternativa correta.
(A) Constituem patrimônio cultural brasileiro apenas 87. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
os bens de natureza imaterial, tomados individualmente ou Entre as competências constitucionalmente atribuídas ao
em conjunto, portadores de referência á identidade, á ação, Sistema Único de Saúde, encontram-se as seguintes;
e á memória dos diferentes grupos formadores da socieda- (A) participar da formulação da política e da execução
de brasileira. das ações de saneamento básico; e estimular a participação
(B) O Poder Público, isoladamente, promoverá e pro- direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
tegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inven- assistência à saúde no País
tários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, (B) colaborar na proteção do meio ambiente, nele
e de outras formas de acautelamento e preservação. compreendido o do trabalho; e apoiar a habilitação e a rea-
(C) Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino bilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
fundamental, de maneira a assegurar formação básica co- integração à vida comunitária.
mum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais (C) participar da formulação da política e da execução
e regionais. das ações de saneamento básico; e apoiar a habilitação e a
(D) A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de
de duração anual, visando ao desenvolvimento cultural do sua integração à vida comunitária.
País e à integração das ações do Poder Público. (D) ordenar a formação de recursos humanos na área
(E) A União organizará o sistema de cultura de cada
de saúde; e estimular a participação direta ou indireta de
estado, município e Distrito Federal.
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
no País.
85. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer-
ca dos princípios do Sistema Nacional de Cultura, assinale (E) colaborar na proteção do meio ambiente, nele
a alternativa correta. compreendido o do trabalho; e participar do controle e fis-
(A) A democratização dos processos decisórios com calização da produção, transporte, guarda e utilização de
participação e controle social não compõe os princípios do substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos.
Sistema Nacional de Cultura.
(B) Ampliação progressiva dos recursos contidos nos
orçamentos públicos para a cultura e transversalidade das
políticas culturais são princípios do Sistema Nacional de
Cultura.

116
DIREITO CONSTITUCIONAL

RESPOSTAS ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da


igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo,
um documento escrito que fica no ápice do ordenamen- apenas o item “II” está incorreto.
to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco 7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios
sociológico, político, cultural e econômico. Independente fundamentais (fundamentos) da República Federativa do
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es- Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da
tado e a limitação de seu poder. pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no
pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada, dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre
sendo também conhecida como democrática ou popular. dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que
“são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a
atos normativos que compõem o denominado bloco de alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo
constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio- da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º,
nais e tratados internacionais de direitos humanos apro- IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim
vados com quórum especial após a Emenda Constitucional com os objetivos.
nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es- 8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo-
trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. dalidade semidireta, porque possibilita a participação po-
Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei- pular direta no poder por intermédio de processos como
tam a controle de constitucionalidade. o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi-
4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do
de Constituição não está na Constituição em si, mas nas sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va-
decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen- lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer-
do assim, o conceito de Constituição será estruturado por cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF).
fatores como o regime de governo e a forma de Estado
vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons- 9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di-
tituição é o produto de uma decisão política e variará con- ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
forme o modelo político à época de sua elaboração. para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li-
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca- berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II”
racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º
que é a República Federativa brasileira, notadamente: er- que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição
radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar- não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
(artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II, República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que
CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção também demonstra que o item “III” está correto. O item IV
de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá-
assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
e pluralismo político não são fundamentos da República pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma-
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
um Estado Democrático de Direito. “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin- da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
cípios que regem as relações internacionais brasileiras, liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”
afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto, 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia pre-
pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po- vista no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre- relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo- 14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafian-
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), mos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen- é aceita a pena de morte para os crimes militares pratica-
te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal dos em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas
prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em não possuem inviolabilidade domiciliar.
relação a punições disciplinares militares”.
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
para os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conce- individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
der-se-á mandado de injunção sempre que a falta de nor- artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
ma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos noturno superior à do diurno”).
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conce- 16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
der-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
de registros ou bancos de dados de entidades governa-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da- do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, qualquer hora, mas somente durante o dia.
judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente 17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso
da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res-
atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
contra uma entidade governamental da administração di- profissional”.
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto 18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF:
que a demora do legislador em regulamentar uma norma “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con-
preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede- dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
ral. constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de
determinados requisitos para a incorporação.
12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF,
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela 19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
autoridade competente”, restando o item “I” correto; pelo tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei
artigo 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de
interesse social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere
está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a
será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir segurança jurídica.
a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando o 20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilí- receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
citos” (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
a jurisprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
de alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
tanto esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, da sociedade e do Estado”.
CF).
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus-
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita
- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu-
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo-
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente
notadamente), ela será aplicada. que o Estado não tem condições de arcar com as despesas,
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, 28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con-
que ficou conhecida no curso de seu processo de votação como dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade
PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único do artigo mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De-
7º, o qual estende alguns dos direitos enumerados nos incisos putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
do caput para a categoria dos trabalhadores domésticos, quais paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a
sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições esta- para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por-
belecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF);
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes “D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos (artigo 14, §8º, I, CF).
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” estão 29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal
previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio-
não estendidos aos empregados domésticos pela emenda. nal como preceito que deva necessariamente se observado:
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti-
23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e so- da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
bre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re-
definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça
Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de direi-
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento
tos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não excluindo
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
outros que decorram das normas trabalhistas, dos direitos hu-
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação
manos internacionais e das convenções e acordos coletivos; “B”
está incorreta porque a redução proporcional pode ser aceita se entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri-
intermediada por negociação coletiva, evitando cenário de de- tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor-
missão em massa; “D” está incorreta porque a licença-gestante mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos
encontra arcabouço constitucional, tal como a licença-paterni- políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma
dade, restando “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior
Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos
“gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
terço a mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF). na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos
políticos de organização paramilitar”.
25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em 30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín-
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan-
de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas,
centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condenação por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto
tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum foi prati- que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
cado antes dela, permitindo a extradição de Pietro. tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § 3º, autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Pre- e não possuem soberania.
sidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da
Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; 31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
de Estado da Defesa”. O motivo da vedação é que em determi- vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
nadas circunstâncias o Ministro do Supremo Tribunal Federal distrito Federal e os Municípios.
pode assumir substitutivamente a Presidência da República.
32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A con- tiva “A” como de necessária observância na Administração
denação criminal transitada em julgado justifica a suspensão Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
dos direitos políticos, o que é disposto no artigo 15, III, CF: Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
“é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou sus- VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
pensão só se dará nos casos de: [...] III - condenação criminal tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. artigo 37, V, CF.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende- do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
mente, pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
economia mista não estão excluídas da proibição de acu- do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
mulação remunerada de cargos, razão pela qual a alterna-
tiva é incorreta. 36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos
33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi- índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes
gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la-
princípios da Administração Pública previstos no caput do gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por-
artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito
concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque
artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e
ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por-
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex- que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser- 207, §1º, CF).
vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com 37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre- descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
regulamentadas”. pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B”
34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é competência concorrente entre todos os entes federados
comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. (artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis- os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con-
lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E”
fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re- competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da 24, IX, CF).
poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
e I competências privativas da União que constam, nesta 38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, independente da lei complementar, tem o direito público,
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
cargos, funções e empregos públicos da administração di- reito abrange o servidor público em estágio probatório,
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e constitucionalmente garantido.
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- 39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do necessária a existência de lei delimitando o interesse local
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito definindo o que seria de interesse do Município, mas em
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
mia para decidir o que seria de seu interesse.
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-

120
DIREITO CONSTITUCIONAL

40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF,
da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre- prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar,
visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de
e consumo, a competência é legislativa concorrente entre segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de-
União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não ex-
Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri- traordinário.
butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF
(artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura, prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul-
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF). gará originariamente “os conflitos de competência entre
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’,
41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e
“os atos de improbidade administrativa importarão a sus- entre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a o julgamento é originário, não em sede de recurso especial.
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais,
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer ou-
previsão do dispositivo retro. tro tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal,
conforme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso
42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º ordinário, e sim originariamente.
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar-
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío- tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe-
do determinado por Lei Complementar Federal, e depen- rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de
derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias
ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e
dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
na forma da lei”.
deste e da União”.
43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
rizado por uma rígida separação de competências entre o 46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem
ente central (união) e os entes regionais (estados-mem- suas regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF,
bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de sendo que todas as alternativas, exceto a “C” estão em
compatibilidade com este dispositivo. Neste sentido, o ar-
submissão e sim de autonomia.
tigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade,
o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
voto fundamentado de dois terços de seus membros,
mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão
conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defe-
pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para sa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sendo
decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega- assim, não consideram-se apenas os membros presentes,
ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está mas todos os membros do Tribunal.
incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de
três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o 47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as
artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo
na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú- voto da maioria absoluta de seus membros”, logo, o quó-
blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade. rum é de maioria absoluta e não de 2/3, e as decisões são
motivadas e tomadas em sessão pública, afastando-se a
45. Resposta: “D”. As competências de processamen- alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. A alter-
to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em nativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a “D”
relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo
ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências 95, II e III, CF.
previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas,
pelos seguintes motivos: 48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o correto, somente se percebendo o erro ao final, quando
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente afirma que não há exceções para o exercício de outra fun-
“o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna- ção pública porque a própria Constituição prevê uma exce-
cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Territó- ção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magistério.
rio”, excluindo os Municípios. II está incorreta porque a Advocacia Geral da União não re-
presenta o Executivo federal na execução de dívida ativa de

121
DIREITO CONSTITUCIONAL

natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da dí- tem as providências necessárias ao exato cumprimento da
vida ativa de natureza tributária, a representação da União lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da
cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado União; III - receber e conhecer das reclamações contra
o disposto em lei”. III está incorreta porque a participação membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
da Ordem dos Advogados do Brasil no concurso de provas seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de
e títulos é obrigatória em todas as fases (artigo 132, CF). serviços notariais e de registro que atuem por delegação
Neste sentido, as três afirmativas estão incorretas. do poder público ou oficializados, sem prejuízo da com-
petência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo
49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105, avocar processos disciplinares em curso e determinar a
I, “b”, CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com sub-
- julgar, em recurso ordinário: [...] b) os mandados de se- sídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço
gurança decididos em única instância pelos Tribunais Re- e aplicar outras sanções administrativas, assegurada am-
gionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito pla defesa; IV - representar ao Ministério Público, no caso
de crime contra a administração pública ou de abuso de
Federal e Territórios, quando denegatória a decisão”.
autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação, os
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais
50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional julgados há menos de um ano; VI - elaborar semestralmen-
está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor: te relatório estatístico sobre processos e sentenças prola-
“Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais tadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Poder Judiciário; VII - elaborar relatório anual, propondo
Territórios será composto de membros, do Ministério Pú- as providências que julgar necessárias, sobre a situação do
blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual
de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tri-
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em bunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec- ocasião da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos
tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o no inciso III do referido dispositivo, um juiz federal, como
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe- funcionário do Poder Judiciário, pode ter sua aposentado-
cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de ria determinada pelo Conselho Nacional de Justiça com
seus integrantes para nomeação”. subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço,
tendo preservado seu direito à ampla defesa.
51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em
recurso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, 54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II:
conforme artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tri- “Compete ao Conselho o controle da atuação adminis-
bunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
cabendo-lhe: [...] II - julgar, em recurso ordinário: [...] b) o dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de
crime político”. outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto
da Magistratura: [...] II - zelar pela observância do art. 37 e
52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade
“aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os dos atos administrativos praticados por membros ou
crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangei- órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los,
ro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências
sentença estrangeira, após a homologação, as causas re- necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
ferentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à competência do Tribunal de Contas da União” (grifo nosso).
naturalização”. Nota para a pergunta capciosa do examina-
dor, afinal, a competência para conceder o exequatur é do
55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF).
ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Na-
cional de Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
“§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação adminis- na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
trativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder Judi- e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
ciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, público e social, do meio ambiente e de outros interes-
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons-
competência, ou recomendar providências; II - zelar pela titucionalidade ou representação para fins de intervenção
observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti-
provocação, a legalidade dos atos administrativos pratica- tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses
dos por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo das populações indígenas; VI - expedir notificações nos
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se ado- procedimentos administrativos de sua competência, re-

122
DIREITO CONSTITUCIONAL

quisitando informações e documentos para instruí-los, 59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai
na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer além da literalidade da norma, envolvendo a compreen-
o controle externo da atividade policial, na forma da lei são da Constituição como uma ordem de valores e como
complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi- elemento do processo de integração. O artigo 37, I, CF
sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito não traz norma de aplicabilidade plena. Conforme doutri-
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani- na constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se de norma
festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente seus
forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida- efeitos. A regulamentação sobre a competência de institui-
de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul- ção de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena,
toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora não contida.
o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos Com efeito, somente resta a alternativa “E”, consideran-
e dos interessas das populações indígenas, não o faz por do que o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte
promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do da premissa de que a Constituição é uma lei, devendo ser
artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério interpretada como tal, dispondo o intérprete dos seguintes
Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, elementos tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídi-
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo ca, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny,
autorização do chefe da instituição”. de 1840: gramatical (ou literal); histórico; sistemático (ou
lógico); teleológico (ou racional); e genético.
56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi-
nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127, 60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e
§2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen- garantias fundamentais são de eficácia imediata, motivo
soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF. pelo qual “A” está incorreta. As de eficácia contida também,
mas podem ter a eficácia restringida por lei, estando “B”
incorreta. As normas de eficácia limitada possuem relevân-
57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autono-
cia jurídica interpretativa e integrativa, motivo pelo qual
mia funcional e administrativa pertencem às Defensorias
“C” está errada. E as normas programáticas trazem metas
Públicas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º
a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então “E” está
Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas auto-
incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação
nomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta.
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
61. Resposta: “D”. O objeto da ação direta de incons-
na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao dis-
posto no art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º titucionalidade é uma lei ou ato normativo federal ou es-
às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal” tadual que contrarie a Constituição Federal (art. 102, I, “a”,
(grifo nosso). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas CF). Não é somente a lei que aceita o controle de consti-
carreiras iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de tucionalidade, embora lei seja o tipo mais clássico de ato
provas e títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre normativo. É possível o controle de qualquer ato normativo
nomeação do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF); federal ou estadual, por exemplo, uma medida provisória
“C” está incorreta porque tal incumbência é da Procurado- ou um Decreto autônomo. Qualquer ato normativo caracte-
ria-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está riza-se por possuir abstração e generalidade, bastando isto
incorreta porque a competência de promover ação civil pú- para ser considerado como tal. Contudo, para ser passível
blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a de controle de constitucionalidade, segundo o Supremo Tri-
de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a bunal Federal, precisa também ser autônomo.
ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque
logicamente a imunidade profissional do advogado sofre 62. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposi-
restrições. ção da ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF:
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da
discurso do Positivismo não mais se adéqua às exigências República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câ-
jurídicas; no entanto, o pós-positivismo não promoveu um mara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa
simples retorno ao jusnaturalismo, mas uma inclusão no ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Gover-
ordenamento jurídico das ideias de justiça e legitimidade, nador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-
bem como dos princípios como o da dignidade humana, Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos
da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de justiça. Advogados do Brasil; VIII - partido político com representa-
No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti- ção no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou
tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo entidade de classe de âmbito nacional” (grifo nosso).
direito constitucional. Neste novo Direito constitucional se
percebe uma onda de ativismo na qual o intérprete assume 63. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposi-
o papel de efetivador da norma, não mais se contentando
ção da ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF:
com a interpretação literal. Quando se vai além no proces-
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a
so de interpretação, num fenômeno de construção jurídica,
se está legitimado pela própria ordem constitucional, salvo ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da
se houver evidente abuso da prerrogativa. República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câ-

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DIREITO CONSTITUCIONAL

mara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa 68. Resposta: “B”. A modulação de efeitos se encontra
ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Gover- disciplinada pela Lei nº 9.868/1999 em seu artigo 27, do
nador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador- qual se extrai que “B” está correta: “Ao declarar a incons-
Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos titucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista
Advogados do Brasil; VIII - partido político com representa- razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse
ção no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de
entidade de classe de âmbito nacional”. O artigo 2º da Lei dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
nº 9.868/1999 repete o teor do artigo 103, CF. O Advogado- declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de
Geral da União representa o Presidente da República neste seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha
tipo de ação, mas não tem autonomia para a propositura. a ser fixado”. “A” está incorreta porque a modulação não se
refere a determinadas pessoas, tem caráter temporal e não
64. Resposta: “C”. A repercussão geral é um dos meca- subjetivo; “C” está incorreta porque é dispensável decisão
nismos criado pelo Legislativo para restringir o número de unânime, “D” está incorreta porque o quórum de maioria
recursos no STF. Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a Emen- absoluta é insuficiente; “E” está incorreta porque o efeito
da Constitucional nº 45/2004, passou a ser requisito de ad- vinculante atinge todos os Poderes.
missibilidade do RE, exigindo que a matéria tenha relevante
valor social, político, econômico ou jurídico, transcendendo 69. Resposta: “D”. A inconstitucionalidade não se pre-
o interesse individual das partes. Dos 11 ministros, ao me- sume, de modo que até que seja expressamente declarada
nos 8 (2/3) devem dizer que não há repercussão geral. Logo, como inconstitucional, uma lei é constitucional. Vale refor-
a falta de repercussão geral deve ser bem evidente.
çar que o reconhecimento da inconstitucionalidade para
ter efeitos contra todos (“erga omnes”), deve ser feito em
65. Resposta: “E”. A regra é que os decretos do Poder
via de controle de constitucionalidade concentrado ou, se
Executivo são vinculados a uma legislação que devam regu-
na via do controle difuso, mediante expedição de resolução
lamentar. No caso dos decretos autônomos, somente são
do Senado Federal ou edição de súmula vinculante. Sendo
cabíveis quando autorizados, não podendo criar obrigações
assim, mesmo que a inconstitucionalidade seja, em tese,
que somente podem ser criadas por lei federal. Sendo o
manifesta, deverá ser pronunciada em determinados mol-
decreto autônomo, cabe o controle de constitucionalidade
des para que a lei possa deixar de ser cumprida.
pela via direta.
70. Resposta: “E”. Cabe ação direta de inconstitucio-
66. Resposta: “D”. O artigo 103, CF traz rol taxativo de
nalidade de lei municipal perante o Tribunal de Justiça local
legitimados que “podem propor a ação direta de inconsti-
em caso de confronto com a Constituição Estadual, cuja
tucionalidade e a ação declaratória de constitucionalida-
supremacia é resguardada pelo Tribunal local. Quanto ao
de: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado
recurso cabível da decisão que julgue o ato inconstitucio-
Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a
nal, trata-se do recurso extraordinário: “Art. 102. Compete
Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa
ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Dis-
Constituição, cabendo-lhe: [...] III - julgar, mediante recurso
trito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o
extraordinário, as causas decididas em única ou última ins-
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII
tância, quando a decisão recorrida: [...] c) julgar válida lei ou
- partido político com representação no Congresso Nacio-
ato de governo local contestado em face desta Constitui-
nal; IX - confederação sindical ou entidade de classe de
ção”. Coloca-se a hipótese da alínea “c” porque a Constitui-
âmbito nacional”. Das alternativas, somente a “D” traz uma
ção estadual deve guardar uma relação de compatibilidade
hipótese do dispositivo.
com a Federal, de modo que lei municipal que a viole a
Estadual acabará por violar a Federal.
67. Resposta: “B”. “A subsidiariedade, na modalidade
incidental de ADPF, coloca a perspectiva objetiva em um
71. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece pro-
plano secundário, residual – que não deixa de ter sua im-
jetos de leis que somente podem ser propostos pelo Pre-
portância, como implícita e intrinsecamente o têm todas as
sidente da República, que são de sua iniciativa privativa,
demais formas de controle concentrado de constituciona-
como os que “fixem ou modifiquem os efetivos das For-
lidade existentes no sistema. Aqui, incidentalmente a uma
ças Armadas” (inciso I). A alternativa “A” repete o artigo 60,
lide pré-existente, o enfrentamento da questão objetiva
caput, mas afirma que a maioria dos membros das Assem-
pelo STF decorre não da ausência de outras formas legais
bleias Legislativas deve ser absoluta, quando na verdade
de fiscalização abstrata, mas do exame do espectro social
basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida por
da controvérsia jurídica ínsita no caso concreto, bem como
prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode
da relevância geral da questão debatida, circunstâncias que
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”,
passam a integrar indissociavelmente, o próprio juízo de
nem mesmo a deliberação de 2/3 dos membros altera isto,
admissibilidade desta novel ação constitucional, quando,
razão pela qual “B” está incorreta. “D” está incorreta porque
por via incidental, for ela submetida ao conhecimento do
a porta de entrada destes projetos de lei é a Câmara dos
Supremo Tribunal Federal”83.
Deputados. “E” resta incorreta porque “as leis complemen-
83 http://jus.com.br/artigos/8080/a-dupla-significa- tares serão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF),
cao-da-subsidiariedade-da-adpf não maioria simples.

124
DIREITO CONSTITUCIONAL

72. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonân- 74. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF:
cia com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa do “Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - apro-
Presidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: var previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
[...] d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pú- escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
blica da União, bem como normas gerais para a organização Constituição”; sendo que a respeito prevê o artigo 111-A,
do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, CF: “o Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte
do Distrito Federal e dos Territórios”. A alternativa “B” está e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de
errada porque amplia o rol de vedações do artigo 62, §1º, trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
CF; “C” está errada porque amplia o prazo de 45 dias do pelo Presidente da República após aprovação pela maioria
artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está errada porque no
absoluta do Senado Federal” (grifo nosso).
caso de rejeição pela Casa revisora há arquivamento (artigo
65, caput, CF).
75. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação
73. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Contas da intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Su-
da União estão descritas no artigo 71 da Constituição Fede- premo Tribunal Federal, de representação do Procurador-
ral, sendo a competência descrita na letra “A” prevista logo no Geral da República, na hipótese do artigo 34, VII, e no caso
inciso II: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso de recusa à execução de lei federal”. Por seu turno, prevê o
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas referido artigo 34, VII, CF: “VII - assegurar a observância dos
da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana,
anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer sistema representativo e regime democrático; b) direitos
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação
de seu recebimento; II - julgar as contas dos administra- de contas da administração pública, direta e indireta”. No
dores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valo- caso relatado no enunciado, há evidente desrespeito ao
res públicos da administração direta e indireta, incluídas princípio da dignidade da pessoa humana.
as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Po-
der Público federal, e as contas daqueles que derem cau- 76. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis
sa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
e emendas constitucionais, no geral, ambas Casas do Con-
prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro,
gresso Nacional possuem a mesma força, seja quando deli-
a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fun- beram de forma conjunta, seja quando deliberam de forma
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetua- autônoma. Na deliberação conjunta, como no caso do veto
das as nomeações para cargo de provimento em comissão, (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art. 3º, ADCT),
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não al- matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deli-
terem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, beração tem a mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis
por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Sena- ordinárias, conversão de medidas provisórias em leis e de
do Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções leis complementares, quase sempre a deliberação principal
e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca numa
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entida-
des referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais 77. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva
das empresas supranacionais de cujo capital social a União
“C” é privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete priva-
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos tivamente ao Senado Federal: [...] X - suspender a execução,
repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede- decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal”.
ral ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas
pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou 78. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período
e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo”.
aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que 79. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional 81, §1º, CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Pre-
ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o ór- sidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois
gão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos úl-
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se
timos dois anos do período presidencial, a eleição para am-
não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando
a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; bos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
ou abusos apurados”.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

80. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice 84. Resposta: “C”. A alternativa “A” está incorreta por-
-Presidente, segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, que o patrimônio cultural também pode ter natureza ma-
é sucessivamente, “o Presidente da Câmara dos Depu- terial (artigo 216, caput, CF). “B” está incorreta porque o
tados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Fe- Poder Público promoverá e protegerá o patrimônio cultural
deral”. Como vagaram os dois cargos, Presidência e Vice não isoladamente e sim com a colaboração da comunidade
-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de (artigo 216, §1º, CF). A alternativa “C” está correta e traz o
aberta a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo teor do artigo 210, caput, CF: “Serão fixados conteúdos mí-
a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a nimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois formação básica comum e respeito aos valores culturais e
da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei” artísticos, nacionais e regionais”. O Plano Nacional de Cul-
(artigo 81, §1º, CF). tura é de duração plurianual (artigo 215, §3º, CF).O previsto
na alternativa “E” vai contra a descentralização do Sistema
81. Resposta: “E”. Em que pese o direito à educação Nacional de Cultura (artigo 216-A, caput, CF).
ser um direito de segunda dimensão, classicamente rela-
cionado à ideia de norma programática do texto consti- 85. Resposta: “B”. Trata-se de princípio previsto no
artigo 216-A, §1º, CF: “VII - transversalidade das políticas
tucional, as promessas feitas pelo constituinte não podem
culturais” e “XII - ampliação progressiva dos recursos conti-
ser tomadas de forma vã. A omissão do Estado em garantir
dos nos orçamentos públicos para a cultura”.
a gratuidade do ensino público, assegurada no artigo 206,
IV, CF, gera responsabilidade da autoridade que deveria ter
86. Resposta: “C”. Observando o artigo 194, parágra-
tomado providências para tanto. No mais, trata-se de de- fo único, VII, CF é possível perceber que a alternativa “C”
ver compartilhado e não exclusivo do Estado, que abrange está incorreta: “Compete ao Poder Público, nos termos da
todas as esferas educacionais, inclusive o ensino em creche, lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
além do ensino não formal. Os deficientes devem ser inte- objetivos: [...] caráter democrático e descentralizado da
grados neste sistema, não excluídos dele. Eventualmente, administração, mediante gestão quadripartite, com par-
os estabelecimentos oficiais podem perceber valores, no- ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo-
tadamente provenientes de doações. sentados e do Governo nos órgãos colegiados”. Logo, os
aposentados estão incluídos e a gestão é quadripartite.
82. Resposta: “E”. Os medicamentos de alto custo de-
vem ser fornecidos a todos aqueles que o necessitarem, não 87. Resposta: “E”. Neste viés, o artigo 200, CF prevê:
somente aos hipossuficientes, até mesmo porque é possí- “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atri-
vel que uma pessoa com boa renda não tenha condições buições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedi-
de arcar com estes. O mandado de segurança buscando o mentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde
fornecimento de medicamentos pode ser interposto pelo e participar da produção de medicamentos, equipamen-
Ministério Público, mas não somente por ele, também pela tos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
Defensoria Pública e pelo próprio interessado. O sistema II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
de saúde está previsto na Lei nº 8.080/1990, mas encontra lógica, bem como as de saúde do trabalhador; III - orde-
substrato constitucional, especialmente em seu artigo 6º. nar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV
Referida lei especial assegura a possibilidade de participa- - participar da formulação da política e da execução das
ção de entidades privadas no sistema, desde que não pos- ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área
suam fim lucrativo, ou seja, atendam pelo preço do SUS. de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI
- fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o con-
83. Resposta: “B”. A alternativa “A” está incorreta por- trole de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
que o que se equiparou à família foi a união estável entre para consumo humano; VII - participar do controle e fis-
calização da produção, transporte, guarda e utilização
pessoas do mesmo sexo, a qual independe de formaliza-
de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioa-
ção escrita. A alternativa “C” está incorreta porque o artigo
tivos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente,
226, §5º, CF prevê a igualdade entre homem e mulher no
nele compreendido o do trabalho”. Conforme grifos, as
casamento: “os direitos e deveres referentes à sociedade
atribuições descritas na alternativa “E” estão corretas.
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mu-
lher”. O casamento religioso, por sua vez, pode gerar efei-
tos civis, conforme artigo 226, §2º, restando “D” incorreta.
O Estado não pode intervir coativamente no planejamento
familiar, decisão totalmente livre do casal (artigo 226, §7º,
CF), restando “E” incorreta. Resta a alternativa “B”, que cor-
retamente traz o teor do artigo 226, §4º, CF: “entende-se,
também, como entidade familiar a comunidade formada
por qualquer dos pais e seus descendentes”.

126
DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Servidor Público: conceito, espécies, regimes jurídicos funcionais, atribuições no serviço público................................... 01
2. Servidores Públicos na Constituição Federal de 1988 (artigos 39 a 41)........................................................................................ 05
3. Organização funcional: definições de cargo, função, emprego público, classe, carreira e lotação..................................... 07
4. Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Estado da Paraíba (Lei Complementar n. 58, de 30 de Dezembro de 2003
e suas alterações)..................................................................................................................................................................................................... 07
4.1. Provimento e investidura do servidor: nomeação, seleção, posse, exercício, estabilidade e estágio probatório......... 07
4.2. Do regime disciplinar: deveres e proibições do servidor............................................................................................................ 07
4.3. Responsabilidades do Servidor Público: Penal, Civil e Administrativa................................................................................... 07
4.4. Das penas aplicadas ao Servidor Público: Advertência, Suspensão, Demissão, Cassação de Aposentadoria ou
Disponibilidade, Destituição da função e em cargo de comissão................................................................................................... 07
4.5. Processo Administrativo Disciplinar..................................................................................................................................................... 07

TÓPICO EXECEDENTE EXCLUSIVO PARA OS CARGOS DE NÍVEL MÉDIO


4. Criação, Extinção, Transformação e Vacância de cargos públicos.................................................................................................... 14
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 37. (...)


1. SERVIDOR PÚBLICO: CONCEITO, ESPÉCIES, IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tem-
REGIMES JURÍDICOS FUNCIONAIS, po determinado para atender a necessidade temporária de
ATRIBUIÇÕES NO SERVIÇO PÚBLICO. excepcional interesse público;
Lei n° 8.745/93
Dispõe sobre a contratação por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional in-
Para este tópico traremos os ensinamentos do pro- teresse público.
fessor Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho, no qual Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
conceitua agente público como sendo: é uma terminologia aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
genérica que representa a existência de um vínculo jurídico em lei, assim como aos estrangeiros na forma da lei (art.
-profissional entre qualquer pessoa física e o Poder Público. 37, I, CF).
Desta forma, toda pessoa física que, a qualquer título, exer- A investidura em cargos ou empregos públicos depen-
ça funções públicas é considerada agente público. de de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
Agentes Políticos plexidade do cargo ou emprego. Excepcionalmente, as no-
São os componentes do Governo nos seus primeiros meações para cargo em comissão declarado em lei de livre
escalões, investidos de cargos, funções, mandatos ou co- nomeação e exoneração, não exige aprovação em concur-
missões, por nomeação, eleição, designação ou delegação so público (art. 37, II, CF, com redação dada pela Emenda
para o exercício das atribuições constitucionais. Constitucional nº 19, de 1998).
São eles: CF/88
- Chefes do Executivo (Presidente da República, Gover- Art. 37.(...)
nador dos Estados e Distrito Federal e Prefeitos Municipais), II -a investidura em cargo ou emprego público depen-
seus auxiliares diretos (Ministros de Estado, Secretários de de de aprovação prévia em concurso público de provas ou
Estado e Secretários Municipais); de provas e títulos, de acordo com a natureza e a comple-
- Membros do Poder Legislativo (Senadores da Repú- xidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, res-
blica, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputa- salvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
dos Distritais e Vereadores); em lei de livre nomeação e exoneração;
- Membros do Poder Judiciário (Magistrados); O prazo de validade do concurso público será de até
- Membros do Ministério Público (Procuradores da Re- dois anos, prorrogáveis uma vez, por igual período (art. 37,
pública, Procuradores de Justiça e Promotores de Justiça); III, CF). A prorrogação da validade do concurso é um ato
- Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Con- discricionário da Administração Pública.
selheiros); As nomeações observarão a ordem de classificação
- Representantes Diplomáticos. (art. 37, IV, CF). Regra geral, o aprovado em concurso públi-
co tem apenas expectativa de direito quanto a investidura
Servidores Públicos Civis no cargo, ficando a critério da Administração Pública reali-
São aqueles incumbidos do exercício da função admi- zar as nomeações. Porém, há diversos julgamentos do STF
nistrativa civil (não militar), regidos pelas normas do art. relatando certas situações ocorridas no mundo dos fatos
39 da Constituição Federal, sujeitos ao regime estatutário. concedendo direito adquirido aos aprovados em concurso
público. Ex. aprovado dentro do número de vagas.
Servidores Públicos Militares A necessidade da realização de exame psicotécnico em
São aqueles que integram as carreiras militares dos Es- concursos públicos precisa estar previamente estabelecida
tados, do Distrito Federal e Territórios e das Forças Arma- e lei e deverá ser pautada e critérios objetivos.
das (art. 42, CF; art. 142, § 3°, CF). Súmula 686, STF
Estados / DFT Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Mi- Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a ha-
litar bilitação de candidato a cargo público.
Forças Armadas Exército, Marinha e Aeronáutica A lei deverá reservar percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e defi-
Empregados Públicos nirá os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF). Ex. O art.
São aqueles ocupantes de emprego público, remu- 5° da Lei n° 8.112/90 reserva em até 20% das vagas para
nerados por salários e sujeitos às regras da Consolidação portadores de deficiência.
das Leis do Trabalho (CLT). Em regra, são os vinculados às
Empresas Estatais (Empresas Públicas e Sociedade de Eco- Acumulações
nomia Mista). É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
cos (art. 37, XVI, CF).
Servidores Temporários
São aqueles contratados para atender a situações tran- - REGRA
sitórias e excepcionais (art. 37, IX, CF). Acumulação Proibida
CF/88

1
DIREITO ADMINISTRATIVO

- EXCEÇÃO Alexandre de Moraes (2011, p.395) destaca que “o Su-


premo Tribunal Federal alterou seu posicionamento ante-
Estabilidade rior, pacificando a inaplicabilidade das regras da aposenta-
Para os agentes públicos em geral, são estáveis após três doria compulsória em virtude de idade aos notários referi-
anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo dos no art. 236 da Constituição Federal.”
de provimento efetivo em virtude de concurso público (art. Por fim, a aposentadoria voluntária, desde que cum-
41, caput, CF). prido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no
Todavia, para os Magistrados e Membros do Ministério serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se
Público a estabilidade recebe o nome especial de vitalicie- dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:
dade, sendo adquirida após dois anos de exercício (art. 95, I, a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição,
CF; art. 128, § 1°, I,CF). se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de
contribuição, se mulher. Os requisitos de idade e de tem-
Responsabilidade po de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o
A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo
de suas funções pode ensejar a responsabilidade civil, crimi- exercício das funções de magistério na educação infantil e
nal e administrativa. no ensino fundamental e médio; b) sessenta e cinco anos
A regra é a independência/autonomia entre as três esfe-
de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,
ras. Todavia, se o agente público for absolvido criminalmen-
com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
te por duas situações especiais também deverá ser absolvi-
Por sua vez, Alexandre Mazza (2011, p.450) adverte que
do nas demais esferas.
Conforme artigo científico de Hálisson Rodrigo Lopes “em relação aos servidores que cumpriram todos os requi-
três são as modalidades de aposentadoria, conforme dis- sitos até a data de promulgação da Emenda nº 42/2003, a
posto nos incisos I a III, do art. 40 da Constituição Federal, aposentadoria será calculada, integral e proporcionalmen-
abaixo explicitadas: te, de acordo com a legislação vigente antes da emenda.
Aposentadoria por invalidez permanente, sendo os pro- Entretanto, quanto aos demais servidores públicos, não há
ventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se mais possibilidade de aposentadoria com proventos inte-
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou grais, passando seu valor a sujeitar-se aos patamares do
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Tais regime geral de previdência”.
condições decorrem de fato mórbido que impede o servidor
de desempenhar as funções previstas para o cargo provido. Cargo, Emprego e Função Pública
No caso das exceções acima, “os proventos serão inte- Doutrinadores conceituam quadro funcional como
grais, sendo absolutamente irrelevante a idade do servidor sendo o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções
e o seu tempo de contribuição.” (GASPARINI, 2008, p. 206) públicas de uma mesma pessoa jurídica. Desta forma po-
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro 1990, que dispõe so- demos afirmar que Cargo é uma pequena parte da orga-
bre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, nização funcional da Administração, o menor centro de
das autarquias e das fundações públicas federais, informa competência, ocupada por servidor público estatutário, ao
no art. 186, § 1º, quais as doenças que justificam a invali- qual é atribuído um conjunto de atribuições previstas em
dez permanente, visando à aposentadoria, senão vejamos: lei, que constituirá a sua competência (cf. definição, ligeira-
tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neo- mente diferente, da Lei n. 8.112/90, art. 2º).
plasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço O professor Aragão afirma que: um dos elementos
público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, mais importantes dos quadros funcionais são as carreiras:
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose an- carreira é o conjunto de classes funcionais, por sua vez
quilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de composta de cargos, cujos ocupantes têm a possibilidade
Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
de ir galgando de uma classe para a outra, o que consti-
Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na
tui a progressão funcional (ex.: na carreira há três classes,
medicina especializada.
cada uma delas com um número de cargos. A nomeação
Já no art. 212, da legislação supracitada, salienta
que: configura acidente em serviço o dano físico ou mental do concursado se dá na 3ª classe e, atendendo a determi-
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imedia- nadas condições, ele vai sendo promovido para os cargos
tamente, com as atribuições do cargo exercido, equiparando de 2ª e de 1ª classes sucessivamente).
ao acidente em serviço o dano decorrente de agressão sofri- Para ele; os cargos que integram classes funcionais são
da e não provocada pelo servidor no exercício do cargo; so- chamados sucessivamente cargos de carreira. Mas há tam-
frido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa. bém os chamados cargos isolados que, apesar de integra-
Outra modalidade de aposentadoria é a compulsória, rem o quadro funcional geral do ente, não pertencem a
com proventos proporcionais ao tempo de serviço, quan- qualquer carreira, não ensejando, consequentemente, pro-
do o servidor completar setenta anos de idade, “proventos gressão funcional. São cargos de natureza estanque (ex.:
estes que, não obstante, poderá atingir aritmeticamente a Ministro do TCU).
remuneração integral da ativa se já houver atingido o ser- Desta forma todo cargo é composto de funções pró-
vidor o referido tempo máximo de contribuição.” (ARAÚJO, prias, mas nem toda função pública pressupõe a existência
2010, p. 329) de um cargo na qual deva estar alocada. Nos ensina o auto
que: há funções públicas sem cargo: as funções gratifica-

2
DIREITO ADMINISTRATIVO

das, pelas quais o servidor com vínculo permanente perce- Até a Reforma Administrativa, da EC n. 19/1998, o pra-
be remuneração pelo desempenho da atividade (art. 37, V); zo para a aquisição de estabilidade era o mesmo da vitali-
e as funções temporárias (art. 37, IX). Os empregados pú- ciedade – dois anos.
blicos também exercem função pública sem ocupar cargos, As causas taxativamente previstas na CF como enseja-
possuindo emprego público, que é a relação jurídica traba- doras da perda do cargo pelo servidor estável são as se-
lhista estabelecida com o Estado, pela qual se incumbe e se guintes:
habilita ao exercício de determinadas funções, mas, como (a) Decisão judicial transitada em julgado, prevista no
não têm uma relação estatutária, não ocupam cargos. art. 41, §1º, I (única hipótese, como vimos acima, que tam-
Utilizaremos a classificação do referido autor para a ex- bém é de perda do cargo vitalício);
plicação e diferenciação de cargo, emprego e função públi- (b) Decisão em processo administrativo com ampla de-
ca, conforme segue: fesa e contraditório (art. 41, §1º, II);
Classificação dos cargos públicos
(c) Avaliação periódica de desempenho, conforme pre-
Tendo em vista a situação dos cargos diante do quadro
visto em lei complementar de cada ente e assegurado o
funcional, já vimos no tópico anterior que há os cargos de
carreira e os cargos isolados. contraditório. O art. 41, §1º, III, que prevê essa hipótese de
Sob o prisma das garantias de permanência nos car- perda do cargo pelo servidor estável, é, portanto, norma de
gos, eles podem agrupar-se em três categorias: 1) vitalícios; eficácia limitada, ou seja, cuja eficácia está condicionada à
2) efetivos; e 3) em comissão. edição da lei complementar nela referida. CELSO ANTÔNIO
1) Cargos vitalícios BANDEIRA DE MELLO sustenta que esta hipótese deve ser
São os cargos que oferecem maior garantia de per- entendida como apenas os casos em que a insuficiência
manência aos seus ocupantes, já que, após adquirida a já seria de tal monta que de qualquer forma já ensejaria a
vitaliciedade, só podem perder o cargo mediante decisão demissão prevista no inciso II;
judicial transitada em julgado. Dirige-se a servidores pú- (d) Necessidade de redução de despesas para cumpri-
blicos previstos constitucionalmente que exercem elevadas mento do percentual de 60% da receita corrente líquida
funções de controle, e que, por isso, devem ter garantida com despesas de pessoal, na forma do art. 169 c/c o art.
de forma reforçada a sua independência. 247, CF, art. 33 da Emenda Constitucional n. 19/98, regu-
A vitaliciedade é de previsão constitucional expressa. lamentado pelos arts. 18 e 20 da Lei de Responsabilidade
Na vigente ordem constitucional, são vitalícios os cargos Fiscal (Lei Complementar n. 101/00) e pela Lei n. 9.801/99.
dos magistrados (art. 95, I), dos membros do Ministério Pú- O servidor estável que perder o cargo por essa razão,
blico (art. 128, § 5º, I, a) e dos Tribunais de Contas (art. 73, de cunho financeiro-orçamentário, terá direito a indeniza-
§ 3º).
ção na forma do § 5º do art. 169, CF (um mês de remune-
Via de regra, a vitaliciedade é adquirida após dois anos
ração por ano de serviço). O seu cargo é definitivamente
de exercício do cargo, mas, nos casos em que a nomeação
não se dá por concurso, é adquirida desde o início do exer- extinto, e ele nem ficará em disponibilidade (ver conceito
cício (ex.: Ministros do STF e do TCU). adiante), desligando-se, outrossim, definitivamente do ser-
2) Cargos efetivos viço público (169, § 6º).
São os cargos que possuem caráter de permanência, Quanto à diferença entre a vitaliciedade e estabilidade,
mas um pouco menos forte que a existente nos cargos vi- diz HELY LOPES MEIRELLES que a vitaliciedade é no cargo
talícios. São a grande maioria dos cargos dos quadros fun- e a estabilidade, no serviço público. CARMEN LÚCIA AN-
cionais. TUNES DA ROCHA entende que esta distinção, apesar de
Os ocupantes de tais cargos, após três anos de efetivo tradicionalmente repetida, não é procedente, já que não
exercício, adquirem estabilidade, em razão da qual só po- há vínculo genérico com o serviço público, mas sim com
derão perder o cargo pelas causas taxativamente previstas determinado cargo. Neste sentido, caracteriza a vitalicieda-
na Constituição. A estabilidade é o direito de o servidor de simplesmente como uma “estabilidade especial”, mais
estatutário, investido em cargo efetivo, permanecer no ser- fácil (dois em vez de três anos) de ser adquirida e revestida
viço público após três anos de efetivo exercício e desempe- de maiores proteções (perda só com decisão transitada em
nho avaliado positivamente por Comissão (art. 41), ou seja, julgado).
não basta o decurso do tempo, devendo haver também o Como a Constituição Federal, ao tratar da estabilidade
juízo positivo expresso da comissão de avaliação do está- (art. 41), refere-se apenas à nomeação (não a contratação)
gio probatório.
e a cargos (não a empregos), não há de se falar da estabi-
Mas, mesmo durante o estágio probatório, o servidor
lidade para os servidores trabalhistas, ressalvadas algumas
não pode ser exonerado ou demitido sem inquérito ou sem
as formalidades legais de apuração de suas capacidades, restrições à sua dispensa, já que o fato de os empregados
inclusive com ampla defesa (Súmula n. 21, STF, e art. 5º, públicos não terem estabilidade não quer dizer que a sua
IV, CF). dispensa possa ser arbitrária, desmotivada ou desrespeito-
Apesar de terem muitas conexões, o instituto da efeti- sa dos princípios da Administração Pública. Não que seja
vidade não se confunde com o da estabilidade. O empos- admissível apenas a sua dispensa com justa causa, mas de-
sado em cargo efetivo de pronto já tem efetividade, que é vem ser adotados critérios motivados, razoáveis e igualitá-
concernente à natureza do cargo que ocupa, mas só terá rios na definição de quais empregados serão dispensados
estabilidade após três anos. A efetividade do cargo é um e quais não o serão. O art. 3º da Lei n. 9.962/00 adotou esta
dos principais requisitos para a obtenção da estabilidade. doutrina.

3
DIREITO ADMINISTRATIVO

3) Cargos em comissão do Estado da Paraíba, que criaram funções de confiança


Os cargos em comissão, também chamados de cargos denominadas “agente judiciário de vigilância”, posterior-
de confiança, ao contrário dos anteriores, não possuem mente denominadas “assessor de segurança”. Entendeu
qualquer caráter de permanência, sendo de livre nomeação que referidas funções não exigiam habilidade profissional
(independem de concurso público) e exoneração (despida específica, também não sendo funções dotadas de poder
de qualquer formalidade ou condição) – art. 37, II, in fine. de comando, e, portanto, não poderiam ser consideradas,
O art. 37, V, tratou de forma distinta as funções de ainda que por Lei “funções de confiança”, a serem preen-
confiança e os cargos de confiança: aquelas só podem ser chidas sob a forma de cargos em comissão, e, por conse-
exercidas por ocupantes de cargo efetivo; e os cargos de guinte, sem concurso público.
confiança podem ser exercidos por pessoas “extraquadros”, Apesar de a expressão “função de confiança” ser real-
respeitados apenas os percentuais mínimos previstos em mente um conceito jurídico indeterminado, é possível a sua
lei destinados obrigatoriamente a servidores efetivos. Em sindicabilidade à luz das normas constitucionais, sobretudo
outras palavras, “os cargos em comissão representam as em hipóteses como a acima aventada, que claramente não
se enquadrava no referido conceito – ou seja, encontrava-
mais elevadas responsabilidades a serem exercidas sob a
se na zona de certeza negativa do conceito, que “destina-se
fidúcia da autoridade nomeante e, em linha de princípio,
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”
podem recair sobre quaisquer destinatários, servidores ou (art. 37, V, CF). Não basta obviamente a lei apenas dar o
não, desde que preencham as condições legais ou regula- nome de “assessor”.
mentares preestabelecidas pelo Poder Público. Por outro Por fim, dentro da espécie dos cargos de confiança,
lado, a legislação infraconstitucional deverá contemplar poderíamos também incluir os cargos de provimento por
uma reserva de tais cargos para os servidores organizados prazo determinado, vedada a exoneração ad nutum (ex.:
em carreira (CF/88, art. 37, V). As funções de confiança, de os dirigentes das agências reguladoras, Chefes dos Mi-
outra banda, aparecem na estrutura administrativa esca- nistérios Públicos e os reitores de universidades públicas).
lonadas imediatamente abaixo dos cargos em comissão e ODETE MEDAUAR os denomina de “cargos ocupados por
são exclusivas dos servidores ocupantes de cargos efetivos mandato”. Pelo entendimento do STF (ADI n. 1.949), não
de qualquer esfera governamental”. Inerente às funções de há propriamente uma “estabilidade temporária”, mas sim
confiança e aos cargos em comissão está o grau de fidúcia uma limitação legal do poder de exoneração às hipóteses
esperado de ocupante de ambos, sendo necessária uma de falta grave, após prévio contraditório. Não se exige, na-
relação de confiança qualificada, superior àquela ordinaria- turalmente, fatos da mesma gravidade que os necessários
mente já exigida. para demitir servidores estáveis. O vínculo não é tão forte,
Com efeito, há de existir na criação de cargos em co- e, por exemplo, a demonstração objetiva da ineficiência do
missão uma fidúcia pessoal diferente daquela que é exigí- servidor ocupante de cargo em comissão por prazo deter-
vel de todo indivíduo que ocupe uma posição no organo- minado seria suficiente para levar à sua exoneração.
grama da Administração, seja por determinação do regime A criação é a formação de novos cargos, empregos ou
estatutário que lhe seja aplicável, seja pelas normas da le- funções públicas no quadro funcional. Na extinção, eles são
gislação trabalhista que determinam ao empregado agir de suprimidos, não precisando ser feita diretamente pela lei,
forma leal com o empregador. mas pelo Chefe do Poder Executivo desde que o cargo es-
O art. 37, V, in fine, reafirmando posição doutrinária já teja vago (art. 84, VI).
existente, dispõe que não é qualquer cargo que a Lei pode Já pela transformação, dá-se a extinção e criação con-
considerar de confiança, mas apenas os de direção, chefia e comitante de cargos, funções ou empregos públicos. Uma
posição desaparece para dar lugar a outra(s) posição(s) no-
assessoramento. Para EDMIR NETTO DE ARAUJO, a elas de-
va(s).
veriam ser acrescentadas as funções de “consultoria e assis-
Como o art. 61, § 1º, II, a, se refere à lei de iniciativa
tência”, que não foram contempladas, ou por uma omissão
do Chefe do Poder Executivo apenas para a criação de car-
do Constituinte, ou ainda por poderem ser implicitamente gos, funções e empregos públicos na Administração Direta
retiradas da terminologia “assessoramento”, o que, entre- e nas autarquias, não se referindo às entidades de direito
tanto, não seria tecnicamente preciso. privado da Administração Indireta, os empregos nessas en-
A exigência constitucional de que os cargos comis- tidades podem ser criados sem lei, atendidas as normas de
sionados sejam reservados a situações de direção, chefia supervisão ministerial e os seus orçamentos.
e assessoramento demonstra que somente posições com Assim, a ausência de menção às estatais no referido
uma carga de responsabilidade e fidúcia reforçadas justifi- dispositivo constitucional demonstra que o Constituinte,
cam a exceção ao dever de realizar concurso público para o atento à natureza empresarial dessas entidades, dispen-
preenchimento de vagas na Administração Pública. sou-as da necessidade de lei para criação e extinção de
Vale nesse sentido comentar uma importante decisão empregos públicos.
do STF sobre a criação de cargos em comissão, matéria Para SÉRGIO DE ANDRÉA FERREIRA, “se, para a admi-
que, embora permeadas por alto grau de discricionarieda- nistração pública direta e autárquica, há necessidade de lei,
de legislativa, foi sindicada pelo Poder Judiciário: na ADI n. para a caracterização dos cargos em comissão ou empre-
3.233, o Pleno declarou a inconstitucionalidade, por viola- gos de confiança, o mesmo não ocorre com as entidades
ção ao art. 37, II, da Constituição Federal, do art. 1º, caput administrativas de direito privado, nas quais isto se faz, ora
e incisos I e II, da Lei n.6.600/98; do art. 5º da Lei Comple- por decreto, no caso de certas fundações públicas; ou por
mentar n. 57/03 e das Leis n. 7.679/04 e n. 7.696/04, todas atos internos dos próprios entes”.

4
DIREITO ADMINISTRATIVO

O Tribunal de Contas da União firmou entendimento III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emen-
neste sentido a partir da Decisão n.158/02, em caso refe- da Constitucional nº 19, de 1998)
rente ao Banco do Brasil S/A: “Ora, a criação de empregos § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
públicos em Sociedades de Economia Mista que desen- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamen-
volvem atividades econômicas não necessita ser realizada to dos servidores públicos, constituindo-se a participação
por intermédio de lei. É indiscutível, também, que o regime nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
jurídico das pessoas estatais que desenvolvem tais ativida- facultada, para isso, a celebração de convênios ou contra-
des é o privado – onde vigora a livre criação de empregos tos entre os entes federados. (Redação dada pela Emenda
–, apenas derrogado excepcionalmente pela Carta Magna. Constitucional nº 19, de 1998)
Ante isto, seria um contrassenso imaginar que o Legislador § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú-
decidiu que a criação de cargos em comissão em Socieda- blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
des de Economia Mista que desempenham atividades eco- XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
nômicas só é cabível por meio de lei e, ao mesmo tempo, requisitos diferenciados de admissão quando a natureza
nestas mesmas Sociedades, houve por bem não submeter do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
à lei a criação de empregos públicos (...).” 19, de 1998)
Fora do Poder Executivo, possuem iniciativa legislativa § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
privativa para criar posições funcionais no âmbito de suas
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
respectivas estruturas funcionais o Poder Judiciário (art. 96,
Municipais serão remunerados exclusivamente por subsí-
II, b), os Tribunais de Contas e o Ministério Público (art. 127,
dio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qual-
§ 2º).
quer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de repre-
No que concerne ao próprio Poder Legislativo, a ma-
téria não é regulamentada por lei, o que exigiria a sanção sentação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
presidencial, atenuando sua própria autonomia de maneira qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela
que os seus cargos podem ser criados, transformados ou Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
extintos por Resolução Legislativa (arts. 51, IV, e 52, XIII). § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Apenas a fixação da remuneração é que, após a Emenda Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
Constitucional n. 19/98, ficou dependendo de lei, de ini- a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
ciativa privativa da Câmara ou do Senado, dependendo do em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela
quadro funcional respectivo. Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
2. SERVIDORES PÚBLICOS NA CONSTITUIÇÃO ção dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emen-
FEDERAL DE 1988 (ARTIGOS 39 A 41). da Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
tários provenientes da economia com despesas correntes
Seção II em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
DOS SERVIDORES PÚBLICOS desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
1998) parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (In-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- cluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
nicípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
jurídico único e planos de carreira para os servidores da ad- dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (In-
ministração pública direta, das autarquias e das fundações
cluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
públicas.  (Vide ADIN nº 2.135-4)
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
nicípios instituirão conselho de política de administração e
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
remuneração de pessoal, integrado por servidores desig-
nados pelos respectivos Poderes.       (Redação dada pela de previdência de caráter contributivo e solidário, median-
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)       (Vide ADIN nº te contribuição do respectivo ente público, dos servidores
2.135-4) ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o dispos-
componentes do sistema remuneratório observará: (Reda- to neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nº 41, 19.12.2003)
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple- § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
xidade dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula-
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) nº 41, 19.12.2003)

5
DIREITO ADMINISTRATIVO

I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor- I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei com- no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
plementar;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
88, de 2015) previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo por cento da parcela excedente a este limite, caso em ativida-
de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco de na data do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, ob- 41, 19.12.2003)
servadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
Constitucional nº 20, de 15/12/98) preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de Constitucional nº 41, 19.12.2003)
contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Consti- § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou muni-
tucional nº 20, de 15/12/98) cipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta serviço correspondente para efeito de disponibilidade. (Incluí-
anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao do pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Consti- § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
tucional nº 20, de 15/12/98) contagem de tempo de contribuição fictício.  (Incluído pela
§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remunera-
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
ção do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a
dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão
da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime
de 15/12/98)
geral de previdência social, e ao montante resultante da adi-
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por
ção de proventos de inatividade com remuneração de cargo
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunera-
ções utilizadas como base para as contribuições do servidor acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão
aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de car-
201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucio- go eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
nal nº 41, 19.12.2003) 15/12/98)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia- § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
dos para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo ob-
regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos defi- servará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para
nidos em leis complementares, os casos de servidores: (Reda- o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda
ção dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) Constitucional nº 20, de 15/12/98)
I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Cons- § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
titucional nº 47, de 2005) comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda bem como de outro cargo temporário ou de emprego pú-
Constitucional nº 47, de 2005) blico, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído
III cujas atividades sejam exercidas sob condições espe- pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Incluí- § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
do pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição mentar para os seus respectivos servidores titulares de cargo
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no  efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pen-
§ 1º, III, «a», para o professor que comprove exclusivamen- sões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo,
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos § 15. O regime de previdência complementar de que trata
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi- Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágra-
me de previdência previsto neste artigo. (Redação dada pela fos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) de previdência complementar, de natureza pública, que
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen- oferecerão aos respectivos participantes planos de benefí-
são por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda cios somente na modalidade de contribuição definida. (Re-
Constitucional nº 41, 19.12.2003) dação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
disposto nos  §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
tiver ingressado no serviço público até a data da publicação missão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emen-
do ato de instituição do correspondente regime de previdên- da Constitucional nº 19, de 1998)
cia complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
20, de 15/12/98)
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para
o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente 3. ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL: DEFINIÇÕES DE
atualizados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitu- CARGO, FUNÇÃO, EMPREGO PÚBLICO, CLASSE,
cional nº 41, 19.12.2003) CARREIRA E LOTAÇÃO.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
este artigo que superem o limite máximo estabelecido para
os benefícios do regime geral de previdência social de que Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já
trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os foi abordado no decorrer da matéria.
servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com-
pletado as exigências para aposentadoria voluntária estabele- 4. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES
cidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade PÚBLICOS DO ESTADO DA PARAÍBA (LEI
fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da COMPLEMENTAR N. 58, DE 30 DE DEZEMBRO
sua contribuição previdenciária até completar as exigências
DE 2003 E SUAS ALTERAÇÕES).
para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 4.1. PROVIMENTO E INVESTIDURA DO
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime pró- SERVIDOR: NOMEAÇÃO, SELEÇÃO, POSSE,
prio de previdência social para os servidores titulares de car- EXERCÍCIO, ESTABILIDADE E ESTÁGIO
gos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo PROBATÓRIO.
regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, 4.2. DO REGIME DISCIPLINAR: DEVERES E
§ 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) PROIBIÇÕES DO SERVIDOR.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá 4.3. RESPONSABILIDADES DO SERVIDOR
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de
PÚBLICO: PENAL, CIVIL E ADMINISTRATIVA.
pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de 4.4. DAS PENAS APLICADAS AO SERVIDOR
que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, PÚBLICO: ADVERTÊNCIA, SUSPENSÃO,
na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluí- DEMISSÃO, CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA
do pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) OU DISPONIBILIDADE, DESTITUIÇÃO DA
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício FUNÇÃO E EM CARGO DE COMISSÃO.
os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo 4.5. PROCESSO ADMINISTRATIVO
em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda DISCIPLINAR.
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julga- SEÇÃO II
do; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) DA NOMEAÇÃO
II - mediante processo administrativo em que lhe seja as-
segurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional Art. 9º - A nomeação far-se-á:
nº 19, de 1998)
I – em caráter efetivo, quando se destinar ao provimen-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de de-
to de cargos efetivos, isolados ou de carreia;
sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II – em comissão, quando se destinar ao provimento de
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor cargos de confiança.
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeni- § 1º - O servidor ocupante de cargo em comissão po-
zação, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade derá ser nomeado para exercer inteiramente outro cargo
com remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Reda- de confiança, sem prejuízo das atribuições do que ocupar,
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) devendo optar pela remuneração de um deles durante o
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- período da interinidade.
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com § 2º - Somente por lei serão criados cargos efetivos
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu e em comissão e estabelecida a remuneração correspon-
adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação dada dente.
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 10º - A nomeação para cargo efetivo, de carreira Art. 16 – O início, a suspensão, a interrupção e o reiní-
ou isolado, depende de prévia habitação em concurso pú- cio do exercício serão devidamente registrados nos assentos
blico de provas ou de provas e títulos, obedecidos o prazo funcionais ou designado o servidor.
de validade e a ordem de classificação.
Art. 17 – A promoção não interrompe o tempo de exer-
Parágrafo único – Os demais requisitos para o ingres- cício.
so e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
promoção, serão estabelecidos por lei específica. Art. 18 – A autoridade competente fixará prazo de até
trinta dias, notificado o interessado, para retomada do exercí-
SEÇÃO IV cio, em sua nova lotação, pelo servidor removido, redistribuí-
DA POSSE E DO EXERCÍCIO do, requisitado, cedido ou designado para exercício interino.

Art. 13 – A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo Parágrafo único - O prazo a que se refere este artigo
termo atendidas as exigências legais. não será contado durante licença ou afastamento legal.

§ 1º - São competentes para dar posse: Art. 19 – A jornada máxima semanal de trabalho é de
I – o Chefe do Poder Executivo, ás autoridades que lhe quarenta e quatro horas, respeitada duração mínima e máxi-
seja subordinadas; ma de seis e oito horas diárias, respectivamente.
II – o Secretário de Estado, aos nomeados para cargos
de direção e de assessoramento superior da pasta corres- § 1º 0 O ocupante de cargo em comissão ou de função de
pondente; confiança submete-se a regime integral dedicação ao serviço,
III – o órgão colegiado, aos respectivos membros; observando o disposto no artigo 110, podendo ser convoca-
IV – o titular do setor de recursos humanos para o exer- do sempre que houve interesse para a administração.
cício dos demais cargos.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica à duração de
§ 2º - posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados trabalho estabelecida em leis especiais.
da publicação do ato de provimento.
Art. 20 – Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
§ 3º - A requerimento do interessado ou de seu repre- para cargo de provimento efetivo iniciará estágio probatório
sentante legal, o prazo para a posse poderá ser prorroga- de 3 (três) anos, durante os quais serão avaliadas a aptidão e
do, uma única vez e até o máximo de trinta dias, a contar a capacidade para o desempenho do cargo, observados os
do término do prazo previsto no parágrafo anterior, a crité- seguintes fatores:
rio da autoridade competente. I – assiduidade;
II – disciplina;
§ 4º - Só haverá posse nos casos de provimento de III – iniciativa;
cargo por nomeação. IV – produtividade;
V – responsabilidade.
§ 5º - No ato da posse, o servidor apresentará decla-
ração dos bens e valores que constituem seu patrimônio § 1º - Quatro meses antes de findo o período do estágio
e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, probatório, a avaliação do desempenho do servidor será sub-
emprego ou função pública. metida à decisão da autoridade competente, inclusive para os
efeitos legais subsequentes.
§ 6º - Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
posse não ocorrer no prazo previsto neste artigo. § 2º - A avaliação de desempenho será realizada de acor-
do com as normas aplicáveis, sem prejuízo da continuidade
Art. 14 – A posse em cargo público dependerá de pré- de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V deste
via inspeção médica oficial para aferir a aptidão física e artigo.
mental exigida.
§ 3º - O servidor não aprovado no estágio probatório será
Art. 15 – Exercício é o efetivo desempenho das atribui- exonerado após o devido processo legal.
ções do cargo público.
§ 4º - Ao servidor em estágio probatório somente pode-
§ 1º - É de quinze dias, contados da posse, o prazo para rão ser concedidas as licenças e o afastamento previstos nos
o servidor entrar em exercício. artigos 82, incisos I a IV, e 91, bem assim afastamento para
participar de curso de formação decorrente de aprovação em
§ 2º - Se não entrar em exercício o servidor será exo- concurso para outro cargo na Administração Pública Estadual.
nerado do cargo.
§ 5º - O estágio probatório ficará suspenso durante as
§ 3º - O acesso ao exercício será assegurado pela auto- licenças previstas nos artigos 84, 85 e 87, bem assim na
ridade competente do órgão ou da entidade para onde for hipótese de participação em curso de formação, e será re-
nomeado ou designado o servidor. tomado a partir do término do impedimento.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO V II – retirar, modificar, substituir documento, sem prévia


DA ESTABILIDADE anuência da autoridade competente, ou dar causa ao seu
extravio;
Art. 21 – O servidor habilitado em concurso público, III – expedir documento ou prestar informação, em de-
empossado em cargo de provimento efetivo e aprovado sacordo parcial ou total com verdade;
em estágio probatório adquirirá estabilidade após três IV – obter provimento pessoal ou favorecer outrem, em
anos de efetivo exercício no serviço público. razão do cargo ou função básica;
V – coagir ou iliciar servidores ou usuários do serviço
Art. 22 – O servidor estável só perderá o cargo em com objetivo de natureza político-partidária ou de apoio
virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de à greve;
processo administrativo disciplinar, em que lhe seja asse- VI – participar do capital social, da diretoria, da gerên-
gurada ampla defesa. cia, da administração, do conselho técnico ou administrati-
vo de empresa ou sociedade privada:
TÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR
a) - contratante, convenente, permissionária ou con-
cessionária de serviço público;
CAPÍTULO I
DOS DEVERES b) - prestadora ou fornecedora de serviço ou bem de
qualquer natureza a qualquer órgão ou entidade estadual;
Art. 106 – São deveres do servidor:
VII – praticar usura sob qualquer de suas formas;
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do car- VIII – pleitear, em proveito de terceiro, junto a órgão ou
go; a entidade estaduais, como procurador ou intermediário;
II – ser leal às instituições a que servir; IX – pleitear ou receber benefícios indevidos em razão
III – observar as normas legais e regulamentares; do cargo ou função;
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- X – revelar fato ou informação deque deva guardar si-
nifestamente ilegais; gilo em razão do cargo ou função, salvo as exceções legal-
V – atender com presteza: mente determinadas ou autorizadas;
a) ao público em geral, prestado as informações re- XI – retirar, empregar ou utilizar bem ou serviço do Es-
queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; tado em benefício próprio ou de terceiro;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de XII – desatender às regras constitucionais e legais para
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; o exercício do direito de greve no serviço público;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; XIII – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
prévia autorização do chefe imediato;
VI – levar ao conhecimento da autoridade superior as XIV – recusar fé a documentos público legitimamente
irregularidades praticadas contra a Administração de que expedidos;
tiver ciência; XV – opor resistência injustificada ao andamento opor-
VII – guardar sigilo nos casos previstos em lei; tuno de processo, procedimento ou serviço;
IX – manter conduta compatível com a moralidade, in- XVI – cometer atribuição a pessoa estranha à reparti-
clusive administrativa; ção, fora dos casos previstos em lei;
X – ser assíduo e pontual ao serviço; XVII – comprometer a imagem do serviço público me-
XI – tratar com urbanidade as pessoas;
diante conduta ou procedimento inadequado ou decidio-
XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
so;
do poder.
XVIII – exercer quaisquer atividades incompatíveis, in-
Parágrafo único – A representação de que trata o in- clusive quanto ao horário de trabalho, com o exercício do
ciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada cargo ou função;
pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais,
assegurando-se ao representando ampla defesa. quando solicitado.

CAPÍTULO II
DAS PROIBIÇÕES
CAPÍTULO IV
Art. 107 – ao servidor é proibido: DAS RESPOSABILIDADES

I – referir-se de modo depreciativo, em informação, pa- Art. 110 – O servidor responde civil, penal e administra-
recer ou despacho, às autoridades e aos atos da Adminis- tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
tração Pública, podendo, entretanto, em trabalho assinado, Art. 111 – A responsabilidade civil decorre de ato omis-
criticá-los do ponto de vista doutrinário ou de organização sivo ou comissivo, doloso, ou culposo, que resulte em pre-
de serviço; juízo ao erário ou a terceiros.

9
DIREITO ADMINISTRATIVO

§1º - Somente na falta de outros bens que assegurem III – inassiduidade habitual;
a execução do débito por via judicial, a indenização de pre- IV – improbidade administrativa;
juízo dolosamente causado ao erário poderá ser liquidada V – incontinência pública e conduta escandalosa, na
na forma prevista no artigo 43. repartição;
§2º - A Fazenda Pública promoverá ação regressiva VI – insubordinação grave em serviço;
quando for condenada em virtude de dano causado por VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
servidor a terceiro. salvo em legitima defesa própria ou de outrem;
§ 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos VIII – aplicação irregular de dinheiro público;
sucessores, até o limite do valor da herança recebida. IX – revelação de segredo a que teve acesso em razão
Art. 112 –A responsabilidade penal resulta de crimes do cargo;
e contravenções praticados pelo servidor nessa qualidade. X – lesão ou dano ao patrimônio doestado;
Art. 113 – A responsabilidade civil-administrativa resul- XI – corrupção ativa ou passiva;
ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho XII – acumulação ilegal de remuneração;
do cargo ou função. XIII – transgressão dos incisos IV, VI, VII,VIII, IX e XVII
Art. 114 – As sanções civis, penais e administrativas são do artigo 107.
independentes entre si e poderão cumular-se. Art. 121 – Detectada, a qualquer tempo, a acumulação
Art. 115 - A responsabilidade administrativa do ser- ilegal de remuneração e/ou de provento, a autoridade a
vidor só será afastada, no caso de absolvição criminal que que se refere o art. 131 notificará o servidor, para presentar
negue a existência do fato ou sua autoria. opção por uma das remunerações, no prazo improrrogável
CAPÍTULO V de cinco dias, contados da data da ciência, e na hipótese
DAS PENALIDADES de omissão, adotará procedimento sumário par apuração
de irregularidade e aplicação das medidas cabíveis, obser-
Art. 116 – São penalidades disciplinares vando o seguinte:
I – advertência I – instauração, com a publicação do ato que constituir
II – suspensão a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
III – demissão e simultaneamente indicar a autoria e materialidade da
transgressão objeto da apuração;
IV – cassação de aposentadoria ou de disponibilidade
II – instrução sumária, que compreende indiciação, de-
V – destituição de cargo em comissão
fesa e relatório;
VI – destituição de função comissionada.
III – julgamento
Art. 117 – Na aplicação das penalidades serão consi-
§1º - A identificação se dará pelo nome e matricula do
deradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os
servidor, e caracterização da materialidade, pela indicação
danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
dos cargos, empregos ou funções públicas remunerados
cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes cumulativamente, dos órgãos ou entidades de vinculação,
funcionais. das datas de ingresso, do horário de trabalho, do corres-
Parágrafo único – O ato de imposição de penalidade pondente regime jurídico e outros elementos, eventual-
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san- mente disponíveis.
ção disciplinar. §2º - A comissão lavrará, até 3 dias após a publicação
Art. 118 – A advertência será aplicada pro escrito , nos do ato que constitui, termo de indiciação em que serão
casos de violação de proibição constante do art. 107, inciso transcritas as informações de que trata o parágrafo ante-
XIII, XIV, XV, XVI, XIX, e de inobservância de dever funcional rior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor
previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não indiciado, para, no prazo de 5 dias, apresentar defesa escri-
justifique imposição de penalidade mais grave. ta, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, ob-
Art. 119 – A suspensão será aplicada em caso de rein- servando, no que couber, o disposto nos artigos 151 e 152.
cidência nas faltas punidas com advertência e de violação §3º - Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a tório contendo:
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 dias. I – resumo das principais peças
§1º - O servidor será punido com suspensão de até 15 II – opinião conclusiva sobre a legalidade ou não da
dias, quando não se submeter, no prazo que lhe for assina- situação objeto do procedimento;
do, á inspeção médica justificadamente determinada pela III – indicação do dispositivo legal em que se funda a
autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade conclusão.
uma vez cumprida a determinação. §4 º - Com o relatório, os autos do processo serão en-
§2º - Quando houver conveniência para o serviço, a caminhados à autoridade instauradora, para julgamento.
penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, §5º - No prazo de cinco dias, contados do recebimento
na base de 50% da remuneração diária por dia de suspen- do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua deci-
são, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. são, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no §3º do
Art. 120 – A demissão será aplicada nos seguintes ca- artigo 155.
sos: §6º - A opção pelo servidor até o ultimo dia de prazo
I – crime contra a administração pública; para defesa configurará sua boa-fé e implica, automatica-
II – abandono de cargo; mente, pedido de exoneração do outro cargo ou função.

10
DIREITO ADMINISTRATIVO

§7º - Caracterizada a acumulação ilegal e provada a II – pelos Secretários de Estado e dirigentes máximos
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão ou cassação de dos órgãos da Administração indireta quando se tratar de
aposentadoria, conforme o caso, em relação aos cargos, advertência ou suspensão;
empregos ou funções em regime de acumulação ilegal de III – pelo chefe da repartição e outras autoridades, na
remuneração, assim considerado o cargo ou os cargos ocu- forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
pados posteriormente à investidura inicial. casos de advertência ou de suspensão de ate 30 dias.
§8º - O prazo para conclusão do processo administrati- Art. 130 – A prescrição da ação disciplinar de dará em:
vo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta I – 5 anos, quanto ás infrações puníveis com demissão,
dias, contados da data de publicação do ato que constituir cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destitui-
a comissão, admitida a sua prorrogação por até 15 dias, ção de cargo em comissão;
quando as circunstancias o exigirem , a juízo da autoridade II – 2 anos, quanto á suspensão;
instauradora. III – 180 dias , quanto à advertência.
§9º - O procedimento sumário, rege-se pelas disposi- §1º - O prazo de prescrição começa a correr da data em
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
que o fato se tornou conhecido.
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
§2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal
Art. 122 – Será cassada ou a disponibilidade do inati-
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
vo que houver praticado , na atividade, falta punível com a
demissão. como crime.
Art. 123 – A destituição de cargo em comissão exercido §3º - a abertura de sindicância ou a instauração de
por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão
de infração sujeita as penalidades de suspensão e de de- final proferida por autoridade competente.
missão. §4º - Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
Parágrafo único – Constatada a hipótese de que trata meçara a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do artigo 33
será convertida em destituição de cargo em comissão. TÍTULO V
Art. 124 – A demissão ou a destituição de cargo em DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
comissão, nos casos dos incisos IV, VII, X, XI do artigo 120, CAPÍTULO I
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao DISPOSIÇÕES GERAIS
erário , na forma da lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Art. 125 – A demissão ou a destituição de cargo em co- Art. 131- A autoridade que tiver ciência de irregulari-
missão por infringência do artigo 120, inciso XIII, incompati- dade no serviço público é obrigada a promover a sua apu-
biliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público, ração imediata, mediante sindicância ou processo adminis-
pelo prazo de 5 anos. trativo disciplinar, assegurada ampla defesa e o contraditó-
Parágrafo único – Não poderá retornar ao serviço pú- rio ou acusado.
blico estadual o servidor que for demitido ou destituído em Parágrafo único – A pedido da autoridade a que se re-
comissão por infringência do artigo, 120 incisos I,IV,VIII, e XI. fere o caput, a apuração poderá ser promovida por comis-
Art. 126 – Configura abandono de cargo a ausência não são de órgãos ou entidade diversa daquela em que tenha
autorizada ou injustificada do servidor ao serviço pro trinta ocorrido a irregularidade, mediante competência especifica
dias consecutivos ou mais. para tal finalidade, delegada, em caráter permanentes ou
Art. 127 – Entende-se por inassiduidade habitual a falta temporário, pelo Governador, preservada a competência
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias ou mais, para o respectivo julgamento.
intercaladamente, durante o período de 12 meses conse-
Art. 132 – As denúncias sobre irregularidades serão ob-
cutivos.
jeto de apuração, desde que formuladas por escrito, con-
Art. 128 – Na apuração de abandono de cargos ou de
tendo a identificação e o endereço do denunciante.
inassiduidade habitual, também será adotado, no que cou-
Art. 133 – Da sindicância poderá resultar:
ber, o procedimento sumário a que se refere o artigo 121,
observando-se , para indicação da materialidade, os seguin- I – arquivamento do processo correspondente
te: II – aplicação de penalidades de advertência ou de sus-
I – na hipótese de abandono de cargo, pela indicação pensão de até 30 dias;
precisa do período da ausência intencional do servidor ao III – instauração de processo disciplinar.
serviço, 30 dias ou mais; Parágrafo único – O prazo para conclusão da sindi-
II – no caso de inassiduidade habitual, pela indicação cância não excederá 30 dias, podendo ser prorrogado por
dos dias de falta ao serviço, sem causa justificada, por pe- igual período, a critério da autoridade que determinou.
ríodo igual ou superior a sessenta dias intercaladamente, Art. 134 – Será obrigatoriamente instaurado processo
durante o período de 12 meses consecutivos. administrativo disciplinar para apurar responsabilidade de
Art. 129 – As penalidades disciplinares serão aplicadas: servidor por ilícito sujeito á imposição de penalidade de
I – pela autoridade que nomeou, concedeu a aposenta- suspenção por mais de 30 dias, de demissão , de cassação
doria ou pôs em disponibilidade, quando se tratar de de- de aposentadoria ou disponibilidade e de destituição de
missão , destituição de cargo em comissão, cassação de cargo em comissão.
aposentadoria ou de disponibilidade;

11
DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO II Art. 142 – Os autos da sindicância integrarão o proces-


DO AFASTAMENTO PREVENTIVO so disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único – Se a sindicância concluir que a in-
Art. 135 – Como medida cautelar, a autoridade instau- fração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
radora do processo disciplinar poderá,. Fundamentalmente, competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério
determinar o afastamento do servidor do exercício do cargo Público, independentemente da imediata instauração do
, pelo prazo de até 60 dias, sem prejuízo da remuneração, processo disciplinar.
prorrogável um só vez, por igual prazo, se não concluído o Art. 143 – Na fase do inquérito, a comissão promoverá
processo. tomada de depoimentos, acareações, investigações e dili-
gencias cabíveis, objetivando a coleta de prova, e recorrerá,
CAPÍTULO III quando necessário , a técnicos e a peritos, para completa
DO PROCESSO DISCIPLINAR elucidação dos fatos.
Art. 144 – É assegurado ao servidor o direito de acom-
Art. 136 – O processo disciplinar é o instrumento des- panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
tinado a apurar responsabilidade de servidor por infração procurados, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir pro-
prevista nesta Lei. vas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de
Art. 137 – O processo disciplinar será conduzido por prova pericial.
comissão composta de 3 servidores, dos quais, pelo me- Parágrafo único – O presidente da comissão poderá
nos , dois estáveis, designados pela autoridade competente, denegar, fundamentalmente, pedidos, inclusive de prova
que indicará, dentre eles o seu Presidente, devendo este ser pericial, considerados impertinentes, meramente protela-
ocupante de cargo equivalente ou superior ao do indiciado. tórios ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos
§1º - A comissão terá como secretario servidor designa- fatos.
do pelo seu Presidente, podendo a indicação recair em um Art. 145 – As testemunhas serão intimadas a depor
de seus membros. pelo presidente da comissão, o qual anexará aos autos pro-
§2º - Não poderão participar da comissão de sindicân-
va da intimação.
cia ou de inquérito;
Parágrafo único – No caso de servidor público, sua in-
I – cônjuges ou companheiros, parentes, consanguíneos
timação será, com a antecedência necessária, comunicada
ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
ao chefe da repartição onde servir, com indicação de dia,
II – cônjuge ou companheiro, parente, consanguíneo
hora e local marcados para inquirição.
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau do
Art. 146 – o depoimento será prestado oralmente e re-
acusado.
Art. 138 – a comissão exercerá suas atividades com duzido a termo.
independência e imparcialidade, assegurando o sigilo ne- §1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente,
cessário a elucidação do fato ou exigido pelo interesse da preservada a incomunicabilidade.
Administração. §2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou
Parágrafo único – As reuniões e as audiências das co- que se infirmem, proceder-se à acareação entre os depoen-
missões terão caráter reservado. tes envolvidos.
Art. 139 – O processo disciplinar se desenvolve nas se- Art. 147 – Concluída a inquirição das testemunhas, a
guintes fases: comissão promoverá o interrogatório do acusado, obser-
I – instauração, com a publicação do ato que constituir vados os procedimentos previstos nos artigos 145 e 146.
a comissão; §1º - No caso de mais de um acusado, cada um deles
II – inquérito administrativo, compreendendo instrução, será ouvido separadamente, preservada a incomunicabili-
ampla defesa e contraditório e relatório; dade, e , sempre que divergem, em suas declarações, sobre
III – julgamento. fatos ou circunstancias, será promovida a acareação entre
Art. 140 – o prazo para a conclusão do processo disci- os divergentes.
plinar não excederá 60 dias, contados da data de publicação §2º - O procurador do acusado poderá assistir ao in-
do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorroga- terrogatórios, bem como á inquirição das testemunhas,
ção por igual período, quando as circunstancias o exigirem. sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e nas respostas,
§1º - Sempre que necessário, a comissão dedicará tem- facultando-se lhe, porém, reperguntas e reinquirições, por
po integral aos seus trabalhos. intermédio do presidente da comissão.
§2º - As reuniões e as deliberações da comissão serão Art. 148 – Quando houver dúvida a sanidade mental
registradas em atas. do acusado, a comissão proporá a autoridade competente
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da
SEÇÃO I qual participe, pelo menos , um médico psiquiatra.
DO INQUÉRITO Parágrafo único – O incidente de sanidade mental será
processado em autos apartados e apensos aos do processo
Art. 141 – O inquérito administrativo obedecerá ao principal, após a expedição do laudo pericial.
principio do contraditório, assegurada ao acusado a ampla Art. 149 – Tipificada a infração disciplinar, será formu-
defesa e a utilização dos meios e dos recursos admitidos lada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos
em direito. e ele imputados e das respectivas provas.

12
DIREITO ADMINISTRATIVO

§1º - O indiciado será citado por mandado expedido §3º - Se a penalidade prevista for a demissão ou a cas-
pelo Presidente da comissão para apresentar defesa escri- sação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
ta, no prazo de 10 dias, assegurando-se lhe vista dos autos caberá a autoridade de que trata o inciso I do artigo 129.
do processo na repartição. Art. 156 – O julgamento acatará o relatório da comis-
§2º - No caso de recusa do indiciado em apor o ciente são, salvo quando for contrário ás provas dos autos.
na cópia da citação , o prazo para defesa contar-se-á da Parágrafo único – Quando a autoridade julgadora en-
data declarada, em termo próprio, lavrado pelo servidor tender, motivadamente, que o relatório da comissão con-
encarregado de fazê-la e assinado por 2 testemunhas. traria a prova dos autos poderá:
§3 º - Havendo mais de um indiciado, o prazo estabe- I – se houver sugestão de aplicação de pena, isentar o
lecido no parágrafo anterior será comum. servidor de responsabilidade , atenuar a pena ou agrava-la;
§4º - O prazo de defesa poderá ser suspenso para exe- II – se houver conclusão pela inocência do servidor ,
cução de diligencias reputadas indispensáveis, retornando- aplicar a este a pena considerada compatível com a natu-
se sua contagem no término destas últimas. reza da infração cometida.
§5º - O prazo para realização de diligencias não poderá Art. 157 – Verificada a ocorrência de vicio, a autoridade
que determinou a instauração de processou outra hierar-
ultrapassar de 30 dias.
quia superior;
Art. 150 – O indiciado que mudar de residência fica
I – Se insanável, declarará a nulidade total e determina-
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
rá, no mesmo ato, a instauração de novo processo, inclusi-
encontrado.
ve , se for o caso, por outra comissão;
Art. 151 – Achando-se indiciado em lugar incerto e não II – se sanável, devolverá os autos a comissão para as
sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial providencias cabíveis, observados os prazos aplicáveis de
do Estado e em jornal de grande circulação no estado, para acordos com esta lei.
apresentar defesa. §1º - O julgamento for do prazo legal não implica nu-
Parágrafo único – Na hipótese deste artigo, o prazo lidade do processo, respondendo, na forma desta lei, pelo
para defesa será de 10 dias a partir da última publicação atraso , quem a este der causa.
do edital. §2º - A autoridade julgadora que der causa a prescrição
Art. 152 – Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- de que trata o artigo 130 será responsabilidade na forma
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. do Capitulo IV do Título IV.
Parágrafo único – A revelia será declarada por termo, Art. 158 – Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
nos autos do processo, e, em seguida, a autoridade ins- toridade julgadora determinarão registro do fato nos as-
tauradora deste designará defensor público indicado pelo sentamento individuais do servidor.
Procurador Chefe da Defensoria Pública para, no prazo de Art. 159 – Quando a infração estiver capitulada como
10 dias, apresentar defesa prévia. crime, os autos do processo disciplinar serão remetidos ao
Art. 153 – Apreciada a defesa, a comissão elaborará re- Ministério Público para instauração da ação penal, ficando
latório minucioso, onde resumirá as peças principais dos traslado na repartição.
autos e mencionará as provas em que se baseou para for- Art. 160 – O servidor que responder a processo disci-
mar sua convicção. plinar só poderá ser exonerado a pedido ou aposentado
§1º - O relatório será sempre conclusivo quanto a ino- voluntariamente após a conclusão do processo e o cumpri-
cência ou a responsabilidade do servidor. mento da penalidade, caso aplicada.
§2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor, Parágrafo único – Ocorrida a exoneração de que trata
a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar o parágrafo único, I do artigo 32, o ato será convertido em
transgredido, bem como as circunstancias agravantes ou demissão, se for o caso.
atenuantes. Art. 161 – Serão assegurados transporte e diárias:
I – ao servidor convocado para prestar depoimento
Art. 154 – Os autos do processo disciplinar, com relató-
fora da sede de sua repartição, na condição de testemunha,
rio da comissão , serão remetidos a autoridade que deter-
denunciado ou indiciado;
minou a instauração, para julgamento.
II – aos membros da comissão e ao secretario, quando
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a
SEÇÃO II realização de missão essencial ao esclarecido dos fatos.
DO JULGAMENTO
SEÇÃO III
Art. 155 – No prazo de 30 dias , contados do recebi- DA REVISÃO DO PROCESSO
mento dos autos do processo, a autoridade julgadora pro- Art. 162 – O processo disciplinar poderá ser revisto, até
ferirá a sua decisão. 5 anos contados da aplicação da penalidade, a pedido ou
§1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da de oficio, se novos fatos ou circunstancias puderem ensejar
autoridade instauradora do processo, este será encaminha- o reconhecimento da inocência ou a inadequação da pe-
do a autoridade competente, que decidirá em igual prazo. nalidade aplicada.
§2º - Havendo mais de indiciado e diversidade de san- §1º - Em caso de falecimento, de ausência ou de desa-
ções, o julgamento caberá á autoridade competente para a parecimento do servidor, qualquer pessoa da família pode-
imposição de pena mais grave. rá requerer a revisão do processo.

13
DIREITO ADMINISTRATIVO

§2º - No caso de incapacidade mental do servidor, a revi- Esse ensaio visa analisar o gênero agente públicos e
são será requerida pelo respectivo curador. suas espécies, abordando da clássica doutrina a mais mo-
§3º - Observado o prazo previsto no caput, a revisão de derna, como poderemos mais adiante verificar no presente
oficio será iniciada, motivadamente, no prazo de até 30 dias estudo, onde os agentes públicos constituem um instru-
a partir do conhecimento dos fatos ou das circunstancias re- mento muito importante para que a vontade do Estado ve-
feridos no caput. nha se materializar, em prol do bem comum, observando
Art. 163 – No processo revisional a pedido, o ônus da pro- sempre a supremacia do interesse público.
va cabe ao requerente. Será analisando de forma mais detalhada pontos im-
Art. 164 – A simples alegação de injustiça da penalidade
portantes a respeito da espécie servidores público, como
não constitui fundamento para a revisão, que requer elemen-
tos novos, ainda não apreciados no processo originário. ocorre o provimento no sistema do Regime Jurídico Único,
Art. 165 – O requerimento de revisão do processo será pontuando seus direitos e deveres. Bem como a respon-
dirigido a autoridade que aplicou a pena ou a imediatamente sabilidade do servidor pelo seus atos que venham causar
superior, e, no caso de deferimento, a revisão será processada algum dano quando estiver no exercício de uma atribuição
no órgão onde tramitou o processo disciplinar, observado o na esfera publica, e ainda como se dá a responsabilização
artigo 137. do Estado em face deste agente.
Art. 166 – A revisão correrá em apenso ao processo ori- 1. Agentes públicos
ginal. Para a execução dos serviços da administração pública
Parágrafo único – Na inicial da revisão a pedido, o reque- é mais dos que necessário os recursos humanos, consti-
rente pleiteará dia, hora e local para produção de provas e tuem a massa de pessoas naturais que sob variados vín-
inquirição das testemunhas que arrolar.
culos, seja estatutário ou celetista, de forma definitiva ou
Art. 167 – A comissão revisora terá 60 dias para a conclu-
são dos trabalhos. transitória e algumas vezes sem qualquer liame, prestam
Art. 168 – Aplicam-se, no que couber, aos trabalhos da serviços à Administração Pública ou realizam atividades de
comissão revisora as normas e os procedimentos próprios da sua responsabilidade.
comissão do processo disciplinar. Os agentes exercem funções do órgão, distribuídas en-
Art. 169 – O julgamento caberá a autoridade que aplicou tre cargos aos seus titulares, mas de formar excepcional
a penalidade, nos termos do artigo 129. poderá existir funções sem cargo.[2] Desta forma o agente
Parágrafo único – O prazo para eventuais diligencias público se caracteriza por estar investido em uma função
complementares e julgamento será de 20 dias, contados do pública e pela natureza pública dessa função, sendo assim,
recebimento dos autos do processo. para caracterizar o agente público, são necessários a inves-
Art. 170 – Julgada procedente a revisão, será corrigida ou de- tidura (de ordem objetiva) em função pública e natureza
clarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se, no
pública da função (de ordem subjetiva). Pelo exposto, con-
que couber, os direitos do servidor, exceto em relação a destitui-
ção de cargo em comissão, que será convertida em exoneração. cluímos que todos os que de alguma forma exerce função
Parágrafo único – Da revisão do processo não poderá re- pública e independentemente da existência de vínculo e
sultar agravamento de penalidade. uma vez existindo são irrelevantes a forma de investidura e
a natureza do vínculo que liga este agente à Administração
Pública.
É necessário destacar que, o cargo ou função pública
pertence ao estado e não ao agente, desta forma poderá
4. CRIAÇÃO, EXTINÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E o Estado, ampliar, suprimir ou alterar os cargos e funções,
VACÂNCIA DE CARGOS PÚBLICOS. não gerando direito adquirido ao agente titular, o mesmo
não acontece se o agente desaparecer, o cargo ou função
continuará existindo e disponível a administração pública
TÓPICO EXECEDENTE EXCLUSIVO PARA OS CARGOS (exemplo o falecimento do agente).
DE NÍVEL MÉDIO A expressão agentes públicos é utilizada em sentido
amplo e genérico, por tanto funcional, a partir dela pode-
O Brasil, país continental, hoje uma das mais importantes mos identificar suas espécies, e para entendermos melhor
economias mundiais, buscando assento permanente com no as categorias (ou espécies) de agentes públicos, faça-se
Conselho de Segurança da Organização das nações Unidas, necessário citar Hely Lopes Meirelles, que em sua obra
que será a chancela de sua relevância no cenário mundial, re- clássica definiu quatro espécies, os agentes políticos, os
unido na forma de federação. agentes administrativos, os agentes honoríficos e os agen-
Disciplina sua organização observando no pacto federati- tes delegados. Em uma posição mais moderna podemos
vo postulado que derivam em sua autonomia, com auto-orga-
citar Maria Sylvia Zanela di Pietro e Celso Antônio Bandeira
nização como dispõem a Constituição Federal em seu art.18,
de Mello que classificam as espécies da seguinte forma:
atuando através de seus agentes, seus órgãos, entidades,
fazendo com que a máquina da administração publica se os agentes políticos, servidores públicos, e particulares em
impulsione para que seja possível atender as necessidades colaboração com o poder público. Deste conceito de agen-
da coletividade, através de seus serviços públicos. tes seguiremos com a análise destas categorias.

14
DIREITO ADMINISTRATIVO

1.1 Agentes políticos Para ser nomeado o servidor precisa antes ser subme-
Aqueles que integram os mais elevados escalões na tido ao procedimento do concurso público de provas ou
organização Administrativa Pública, possuindo acento na de provas e títulos, art. 37 inciso II da CF. É o cargo público
Constituição Federal, possuem independência funcional de provimento efetivo, ou seja, é o cargo que possibilita a
e regime jurídico próprio (é o agente que esta topo da pi- aquisição de estabilidade no serviço público que é diferen-
râmide da organização da administração publica ), no sen- te do cargo em comissão que é desprovido de efetividade
tido mais próprio são os representantes do povo, o que não gerando estabilidade, porque a nomeação para este
conduz à investidura por eleição. . cargo depende de confiança da autoridade que tem com-
O agente político tem regime jurídico próprio, não se petência para esta nomeação.
submete ao regime geral do art.102 da constituição, aplica 1.2.2 Empregado Público (Celetista)
apenas em caráter subsidiário. E o agente político atua com Quando contratados para emprego público no regime
independência funcional no que pertine aos exercícios de da CLT, mas aplicam-se os princípios do direito público, por
suas atribuições, e não esta hierarquizada. exemplo: investidura subordinada à aprovação prévia em
A doutrina diverge na questão de quem pode ser concurso público. Trata-se de regime obrigatório nas em-
agentes políticos e assim há duas correntes: presas publicas e sociedade de economia mista.
1ª) Nesta primeira corrente podemos citar o profes- 1.2.3 Servidores Temporários 
sor Celso Antônio de Mello entende que agente político Quando contratados tão somente para exercer a fun-
é apenas aquele que pode estabelecer normas diretrizes, ção publica, em virtude da necessidade temporária excep-
normas de condutas de comportamento estatal e de seus cional e de relevante interesse público. Por tanto exercem
administrados que pode definir metas e padrões adminis- uma função publica remunerada temporária, apresentando
trativos. São apenas os chefes dos executivos e membros cunho de excepcionalidade, o que autoriza o tratamento
do legislativo (é o detentor de demanda do eletivo), logo
secundário.
são agentes públicos titulares dos cargos estruturais a or-
1.3 Particulares que atuam em colaboração com o
ganização política do País, sendo agentes políticos ape-
poder público:
nas o presidente da república, os governadores, prefeitos
e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes do Pessoa física que sem perderem a qualidade de parti-
executivo.  culares e sem existir vínculo de trabalho entre a adminis-
2)Já na segunda corrente podemos citar professor Hely tração publica de forma remunerada ou não, mas existindo
Lopes Meirelles, agente político além dos agentes que sim, uma execução de um trabalho em beneficio do inte-
foram citados na primeira posição, são também agentes resse público e do particular, ou seja, não existe entre o
políticos, os juízes, promotores, defensores, ministros, e particular e a administração um vínculo jurídico, mas existe
conselheiros dos tribunais de contas. Estendem para estes sim uma prestação de a atividade pelo particular em be-
agentes porque estão previstos na constituição federal de neficio do interesse público. Importante destacar que os
onde recebem suas atribuições ainda que de forma geral particulares atuam em nome próprio, limitando-se a admi-
(genérica), também atuam com independência funcional e nistração a fiscalizar o desempenho dessas atividades. Exis-
possuem regime jurídico próprio. tem três tipos de particulares que podem colaborar com a
A investidura do agente político em regra é obtida administração: particulares por delegação; particulares que
através de eleição, mediante o sufrágio universal na forma atuam por convocação, nomeação ou designação; e Agen-
da constituição federal, arts. 2º e 14, salvo para ministros e tes necessários ou gestores de negócios públicos.
secretários que são de livre escolha do chefe do executivo e 1.3.1 Particulares por delegação
providos em cargos públicos, mediante nomeação. Os chamados agentes delegados, agentes que atuam
1.2 Servidores públicos em sentido amplo (ou agen- mediante delegação, ocorrem nos casos de concessão e
tes administrativos) permissão de serviços públicos. Exemplo: tradutores, lei-
Espécie de agentes públicos onde se encontra o maior loeiros, os bancários, titulares de cartórios que atualmente
número de pessoas naturais exercendo a funções públicas, a atividade notarial e de registro que é exercida em regime
cargos públicos e empregos públicos nas administrações jurídico de direito privado por delegação pelo poder pú-
direta e indireta. São agentes administrativos que exercem blico, artigo 236 Constituição Federal[18] (Lei nº 8.935, de
uma atividade pública com vínculo e remuneração paga 18-11-1994, dispõe sobre os serviços notariais e de regis-
pelo erário público. Podem ser classificados como estatu- tro), a remuneração que recebem não é paga pelos cofres
tários, celetistas ou temporários.
públicos, mas pelos terceiros usuários do serviço, nestes
1.2.1 Servidores Estatutários
casos exercem função publica em nome próprio com a fis-
O servidor público é uma espécie dentro do gênero
calização da administração publica.
servidores estatais, são os que possuem com a adminis-
tração relação de trabalho de natureza profissional e não 1.3.2 Particulares que atuam por convocação, no-
eventual[13]. meação ou designação
 Os servidores estatutários são contratados para cargo Nesta segunda espécie pode ter agentes que exercen-
público no regime estatutário, regulamentado pelo estatu- do atividade sem remuneração, por exemplo, jurados do
to do servidor público lei de âmbito federal n° 8.112/90 e tribunal do júri e mesários que exercem um serviço público
no estado do Rio de Janeiro regulamentado pelo decreto honroso, atividade honrosa, e por isso esses particulares
nº 2.479/79. são denominados por alguns autores como agentes ho-
noríficos, tais serviços constituem o chamado múnus pú-

15
DIREITO ADMINISTRATIVO

blico, ou serviços públicos relevantes,[20] esses agentes o sujeito a regime jurídico de direito público. No conceito
máximo que podem receber é uma ajuda de custo ou pro de Hely Lopes Meirelles, servidores públicos constituem
labore, isso não descaracteriza como agente honorifico. subespécies dos agentes administrativos, e a ela vincula-
Exemplo: peritos, tradutores, conciliadores, jurados do tri- dos por relações profissionais, em razão da investidura em
bunal do júri e mesários. cargos e funções, a título de emprego e com retribuição
1.3.3 Agentes necessários ou gestores de negócios pecuniária.
públicos 2.1 Cargo, Emprego e Função
Uma grande característica desta espécie é o fato que Cargo públicos são as mais simples unidade e indivi-
este agente atua voluntariamente, de forma espontânea, síveis unidades de competência a serem expressas por um
diante de uma situação anômala de caráter emergencial, agente, prevista em número certo, com denominação pró-
sempre diante de uma situação excepcional·. Exemplo: uma pria, retribuídas por pessoas jurídicas de direito público e
situação calamidade, enchente, particulares que ajudam criadas por lei, salvo os serviços auxiliares do legislativo, ou
resgatar pessoas de um desmoronamento. seja, cargo público é a unidade de atribuições é a menor
Diferente de agentes putativos (agentes de fato) que célula que existe dentro da administração publica para o
tem aparência de agentes públicos legalmente investidos exercício das atribuições pelo agente investido do cargo.
da função publica, aplica-se neste caso a teoria da aparên- Com a possibilidade de contratar servidores sob o regi-
cia, mas não existe legal investidura, por duas situações, me da legislação trabalhista, a expressão emprego público
não existe nenhuma investidura ou existe uma ilegalidade passou a ser utilizada, também para designar uma unidade
na sua investidura. Exemplo: oficial de justiça que apre- de atribuições, distinguindo-se pelo tipo de vínculo contra-
sentou diploma falso, ou seja, apresentou um documento tual, sob regência da CLT, enquanto o ocupante de cargo
necessário para sua investidura falso, existindo uma inves- público tem vínculo estatutário, está contido na lei que ins-
tidura viciada, o jurisdicionado que se depara com este ofi- tituiu o regime jurídico único.
cial não tem como saber que o oficial de justiça apresentou No que tange ao conceito de função podemos verificar
documento falso a administração, aplicando-se para este que corresponde ao conjunto de atribuições as quais não
sujeito a teoria da aparência, a medida for necessária para corresponde nem a cargo nem a emprego, ou seja, trata-
a proteção dos seus direitos em razão do ato praticado por se de um conceito residual. De acordo com a constituição,
este agente, têm que ser reconhecido os direitos do admi- quando se trata de função, tem-se que ter em vista dois
nistrado. Mas pode acontecer outra situação, o agente não tipos de situações:
tem investidura na função que ele exerce, porque ele nem  Função exercida por servidores contratados tempora-
é servidor ou é, mas extrapolar em exercício da sua função riamente, com base no art. 37, IX da CF, quando a adminis-
agir fora de sua competência ou nem ter competência ne- tração precisa atender situação de relevante e excepcio-
nhuma. Porém em razão da teoria da aparência, visando à nal interesse público, pode a administração contratar sem
segurança e a boa fé do administrado, os atos praticado concurso público, aquele que for contratado sem concurso
por agentes putativos serão considerados válidos. não vai ser investido nem a cargo nem emprego público,
Agente necessário é um particular e aparece como porque para isso há a necessidade do concurso público,
tal, não engana, não é um agente putativo, não se mos- sendo assim será contratado para exercer uma função pu-
tra como agente público o gestor de negócios públicos se blica sem que a ela se corresponda cargo ou emprego essa
mostra como uma pessoa estranha à administração, é um é uma das hipóteses da chamada função sem cargo, men-
particular que apenas colabora, auxiliando com algum tipo cionado no art. 37 IX da CF.
de função a administração. Outra espécie de função sem cargo que a constituição
1.4 Agentes credenciados prever é a função de confiança, art. 37 inciso v: critério de
São os que recebem a incumbência da administração confiança do agente que vai nomear. Não há o cargo. Só
para representá-la em determinado ato ou praticar certa quem pode exercer função de confiança é o servidor que
atividade especifica, mediante remuneração do poder pú- ocupe cargo de provimento efetivo para exercer atribuições
blico credenciante. Por exemplo, determinada pessoa re- de direção, chefia e assessoramento, porem ser for exercida
cebe atribuição de representar o Brasil em evento interna- chefia, direção e assessoramento por quem ocupe cargo
cional. em comissão a constituição dispõe um percentual mínimo
1.5 Militares de servidores de carreira exercendo esses tipos de cargo,
Abrangem as pessoas físicas que prestam serviços às além deste mínimo qualquer pessoa pode ser nomeada.
forças armadas, marinha, exercito e aeronáutica, art. 142,  O que não pode deixar de ser esclarecido é que os
caput e § 3º da CF e também as policias militares e corpo cargos distribuem-se em classes e carreiras, e excepcional-
de bombeiros militares dos Estados, Distrito federal e Ter- mente criam-se cargos isolados que são de classe única.
ritórios, art.42 da CF, com vínculo estatutário sujeito a regi-  Cargo de carreira é o que se escalona em classes, que 
me jurídico próprio, com a EC nº 18/98 são denominados é o agrupamento de cargos de mesmo vencimento e atri-
servidores públicos militares.  buições, ou seja, as classes podem ser  organizadas de for-
2. Servidores públicos ma escalonada (superposta), quer dizer que entre as clas-
Os servidores públicos (em sentido estrito) são aque- ses existe um momento, período diferente de vencimento,
les agentes que mantém relação com o regime estatutário, formando-se a chamada carreira, que se organiza dentro
ocupantes de cargos públicos efetivos ou sem comissão, um de agrupamento de classes superpostas,  o conjunto

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DIREITO ADMINISTRATIVO

de carreiras e de cargos isolados constitui o quadro ( grati-  Com relação aos estrangeiros, sempre houve o en-
ficada de um mesmo serviço, órgão ou poder) permanente, tendimento que era possível a contratação na hipótese do
o quadro também pode ser provisório, mas sempre com a art.37, IX da CF, para atender a necessidade temporária de
observação que não é admitido promoção ou acesso de um excepcional interesse público, no entanto a lei 8.745/93,
para o outro. que dispõem sobre a contratação de servidor temporário
 O número total dos cargos de cada quadro é o que foi alterada pela lei 9.849/99, incluindo, entre outros casos
denomina lotação, a modificação da lotação de um quadro, admitindo a contratação com base no referido dispositivo,
pela passagem de cargo nele incluso para outro quadro, cha- o de professor estrangeiro e pesquisador visitante estran-
ma-se de redistribuição conforme a lei 8.112/90[34]. (art.37) geiro (art. 2º, V). 
 Aqui cabe ressalvar ao quanto à competência organi-  Com a EC 19/1998, que alterou o dispositivo 37 inciso
zacional, como disposto no artigo 18[35] caput da constitui- I acrescentando a possibilidade de estrangeiros, na forma
ção federal cabe a cada ente federado (a União, os Estados da lei, ocupar cargos, empregos e funções públicas na ad-
Membros e o Distrito Federal), regular por lei sobre a organi- ministração. Logo, o acesso dos estrangeiros deve ocorrer
zação de seus servidores com a devida autonomia delegada na forma da lei, por que se trata de norma constitucional
pela constituição.  de eficácia limitada à edição de lei, que estabelecerá a ne-
2.1.1 Vacância cessária forma.       
É o ato administrativo pelo qual o servidor é destituí- 2.2 Regime jurídico único
do do cargo, emprego ou função. São as hipóteses do art.   A constituição de 1988 reformulou o tratamento do
33 da lei n. 8112/90, demissão, aposentadoria, promoção e servidor público, instituindo o regime jurídico único e
falecimento, e também prever a ascensão, a transferência, a planos de carreira para administração direta, autárquica
readaptação e posse em outro cargo inacumulável. e fundações publicas, disposto no art. 39, (restabelecido
A exoneração é a extinção do vínculo estatutário a pedi- pelo STF pela ADI n. 2.135/ DF, em 02 de agosto de 2007,
do do servidor ou quando cabível, em virtude de avaliação decidindo em sessão plenária, suspender a vigência do art.
discricionária da autoridade competente. Pode ocorrer no 39,  caput, da Constituição Federal, em sua redação dada
caso de cargo em comissão como a cargo de provimento pela Emenda Constitucional n. 19/98. Em decorrência dessa
efetivo, por tanto, não é penalidade. A exoneração pode ser decisão, volta a aplicar-se a redação original do art. 39, que
a pedido ou de oficio no caso de cargo em comissão, cujo exige regime jurídico único e planos de carreira para os ser-
provimento e exoneração são praticados no exercício de vidores da Administração Pública Direta, autarquias e fun-
competência discricionária. A exoneração do ocupante de dações públicas), assim garantindo tratamento isonômico
cargo de provimento efetivo ocorrerá quando o sujeito não entre os servidores públicos, submetendo- os aos mesmos
entrar em exercício, depois de tomar posse ou não forem direitos e obrigações perante a entidade a que servem. O
satisfeitas as condições do estágio probatório (art. 34 e 35 regime jurídico único requer o funcionalismo na adminis-
da lei n. 8.112/90). tração em cada esfera governamental, seja estruturado
 Já a demissão constitui penalidade decorrente da prati- com base num plano de carreiras fundadas num sistema
ca de ilícito administrativo, tem por objetivo desligar o servi- de cargos classificados de acordo com suas atribuições, na
dor dos quadros do funcionalismo. mesma classe escalonadas em função da de maior com-
A vacância do cargo em virtude da modificação do vín- plexidade dos cargos que a integrem. Possibilitando justa
culo, o agente legalmente investido poderá ser promovido política remuneratória, considerando que o servidor não
da classe inicial da carreira para uma classe superior, a pro- se limitará apenas ao aumento de suas remunerações mas
moção gera vacância (cargo anterior vago), provimento deri- também terá outras atribuições de mais responsabilidade.
vado, existe mudança de cargo sem rompimento do vínculo 2.3 Criação, transformação e extinção de cargos,
jurídico, gera uma  modificação relação funcional do agente. funções ou empregos públicos
Também pode ser chamada de promoção de progressão A criação de cargo significa sua institucionalização com
vertical que é diferente da progressão horizontal, que não denominação própria, previstas em número certo, função
há a mudança de cargo. Assim, o cargo único compartimen- específica e correspondente retribuição por pessoas jurídi-
tado em símbolos, e o agente progridem dentro do mesmo cas de Direito público e criada por lei (pelos Poderes Execu-
cargo até ficar apto para progredir verticalmente, ou seja, tivo, legislativo no âmbito de suas respectivas competência
é o progresso que o agente faz dentro do cargo, até que da Câmara dos Deputados  e de vereadores dispõe o arts.
tenha a possibilidade de ser promovido. Na hipótese de rea- 51 inciso V e 52[48] inciso XIII e como dispõe o art.96[49] in-
daptação, verifica-se o provimento em cargo mais adequado ciso I alínea b todos os arts da CF/88)  ressalvando os casos
em virtude de limitação na capacidade física ou mental do de serviços auxiliares do legislativo criando-se por resolu-
servidor.     ção, da Câmara ou do Senado, ( observando a natureza do
2.1.2 Acessibilidade aos cargos e empregos: concur- cargo de provimento efetivo, através de concurso público
so público ou em comissão por livre escolha).
A constituição estabelece o princípio da ampla acessi-  Já na transformação temos uma alteração de molde a
bilidade aos cargos, funções e empregos públicos aos bra- atingir a natureza do cargo, neste caso ocorrendo à extin-
sileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei ( ção ou criação de um ou de alguns cargos, e se dá de forma 
art. 37, I), mediante concurso público de provas ou provas automática e simultânea quando um cargo é transformado
e títulos, com ressalva a nomeação para cargos de provi- em outro. Esclarecendo que tanto a criação como já fora
mento em comissão nos quais são livres a nomeação e a mencionado, mas também a transformação de cargos exi-
exoneração como disposto no art. 37, II.      ge lei. 

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DIREITO ADMINISTRATIVO

 Com a extinção o cargo desaparece deixa de existir   É necessário que seja esclarecido as modalidades de
(arts. 48 inciso X, 51, inciso IV e 52 inciso XIII, tratam da provimento por reingresso, onde podemos encontrar por
extinção do cargo no âmbito do Executivo e dos serviços exemplo a situação de o agente que conseguir anular demis-
auxiliares do legislativo, já o art. 96 inciso II, aliena b, corres- são tem o direito de volta para seu cargo anterior, denominan-
ponde à extinção nos serviços auxiliares do judiciário), Cada do-se reintegração e o servidor que estava ocupando o cargo
um dos Poderes, se concretizando por lei quando for extin- desse servidor reintegrado tem que voltar para seu cargo an-
ção de cargos do Executivo ou como dispõe o art. 84 inciso terior, denominando-se recondução, e se o cargo não existir
XXV da CF/ 88 mediante ato administrativo do Presidente ou for declarado desnecessário, ele pode ser apresentado a
da República vinculando- se mediante decreto. A extinção outro cargo com atribuições e remuneração compatíveis ou 
de cargos em suas autarquias e fundações públicas e extin- deposto em disponibilidade o servidor reconduzido ( art. 41§
ção de cargo dos serviços auxiliares do judiciário igualmen- 2º da CF), e quando o servidor disponível  for chamado a voltar
te se formalizarão através de lei. Mas quando se tratar de ao serviço, haverá o aproveitamento ( art.41 § 3º da CF).[59]
cargos auxiliares do legislativo, suas autarquias e empresas   E assim, não podemos deixar de destacar a ultima mo-
publicam realiza-se a extinção por resolução. dalidade de provimento derivado por reintegração, trata-se
 A criação, transformação e extinção de cargos, funções do funcionário aposentado que reingressa ao serviço público,
ou empregos do poder Executivo exige lei de iniciativa do a pedido (voluntária) que depende do pleito do interessado
Presidente da República, dos governadores dos Estados e e de outros requisitos estabelecido em lei[60]  ou ex oficio
do Distrito Federal e dos Prefeitos Municipais abrangen- (compulsória) quando cessada a incapacidade que gerou a
do a administração direta, autárquica e fundacional ( arts. aposentadoria por invalidez ( art. 25 da lei 8112/90).    
61[52] § 1º, inciso II, alínea d da CF/ 88), sendo assim, ainda O provimento ainda pode ser classificado quanto á sua
que dependam de iniciativa do poder competente podem durabilidade em efetivo, vitalício e em comissão, essa classifi-
sofrer emendas do legislativo, desde que respeitando os li- cação somente aplicável aos cargos: 
mites qualitativos (natureza ou espécie ) e quantitativos da  Os cargos de provimento efetivos são os predispostos
proposta, não transformando o projeto  original. a receber ocupantes em caráter definitivo (os que são pro-
2.4 Provimento vidos por concurso público). E como menciona o art. 41 da
 É o ato pelo qual o se efetua o preenchimento do cargo CF, o servidor após o período de três de exercício pode ad-
público, com a designação de seu titular. Poder ser originá- quirir a efetivação e a estabilidade, denominando-se estágio
rio ou autônomo ou derivado: probatório,[63] a partir do momento que o servidor adquirir
Provimento originário é o vínculo inaugural entre ad- estabilidade no cargo, só poderá perder o cargo em quatro
ministração e o servidor, considerando determinado cargo, situações: três delas se encontram no art. 41§ 1º[64] e a outra
pode ocorrer para quem era servidor público e quem não no art. 169 § 4º[65], ambos da constituição:
era servidor e passou a ser. Exemplo, um técnico judiciário a) decisão judicial com sentença com o transito em julga-
que passa no concurso para magistratura, nova nomeação do ( demissão, ato punitivo),
que estará constituindo novo vínculo, esse será provimento b) processo administrativo disciplinar, neste caso o ser-
originário, porque é inaugural, o que se considera é o cargo.    vidor perde o cargo por infração disciplinar, seria aqui o caso
O concurso público não pode ser só de provas títulos, de demissão com observância da garantia de ampla defesa,
vedado pela constituição federal, tem que necessariamente c) processo de avaliação por insuficiente desempenho,
de provas e pode ter provas de títulos também, ou seja, (é preciso que esse dispositivo seja regulamentado o inc. III
pode ter só provas, pode haver prova mais provas de títulos. do § 1, do art.41 para que possa ser aplicado,  na forma da
A administração pode estabelecer critérios diferenciados lei complementar – norma constitucional de eficácia limitada, 
objetivos, que deverão esta de acordo com a lei e conside- não pode ser aplicada enquanto não criar a lei complementar,
rando com a função do cargo. Exemplo exame psicotécni- possibilidade teórica, porque ainda não existe a lei  regula-
co de acordo com a previsão legal com critérios objetivos mentando, mas o inciso III  foi inserido na constituição pela
identificados no edital. emenda constitucional número 19),
 E o provimento derivado é o que se faz por transferên- d) exoneração do estável, em virtude de gastos com pes-
cia, promoção, remoção, acesso, reintegração, readmissão, soal, não é hipótese punitiva é uma contingência administra-
enquadramento, aproveitamento ou reversão, é sempre tiva, mas sim redução do quadro de pessoal com excesso de
uma alteração na situação de serviço do provido.E Celso despesa, de acordo com art. 169§ 4º da CF.
Antônio Bandeira de Mello dá a seguinte classificação, pro- Cabe ressaltar que demissão constitui o desligamento do
vimento derivado pode ser vertical, horizontal ou por rein- cargo com caráter de sanção, aplicável nas hipóteses previstas
gresso. em lei, diferente de exoneração que é o desligamento sem
 Provimento derivado vertical o que significa que atra- caráter sancionador e pode ser a pedido ou a ex-oficio nos
vés da promoção ( por merecimento ou antiguidade) , o seguintes casos: desinvestir de cargo em comissão, quando
servidor alcança cargo mais elevado, dentro da própria car- no caso de provimento efetivo o servidor demonstrar ser ina-
reira. No provimento derivado horizontal é quando o servi- dequado ao cargo antes de completar o triênio para estabi-
dor é readaptado para um cargo mais compatível com sua lidade e a administração o desliga, na avaliação periódica de
limitação seja de capacidade física ou mental, logo o ser- desempenho tenha sido considerado insatisfatório, quando
vidor não é rebaixado, mas também não ascende em sua o servidor empossado não entrar em exercício em prazo
posição funcional. O Provimento derivado por reingresso legal, quando o servidor, em acumulação proibida, desde
restabelece a situação do servidor anterior, a qual estava que de boa fé, permitindo optar cargo que desejar efeti-
desligada. vado[67].

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DIREITO ADMINISTRATIVO

O cargo de provimento vitalício significa que a demis- 1) As indenizações, com finalidade ressarcir despesas
são do servidor dependerá de sentença judicial transitada que o servidor tenha sido obrigado a realizar em razão do
em julgado, que reconheça a comprovação de infração a serviço, compreendendo em ajuda de custo[77];diárias[78];
que seja cominada à sanção. Somente possível em relação transporte[79] e  auxílio-moradia[80].
aos cargos que a constituição define como de provimen- 2) As gratificações como dispõe a lei 8.112/90 nos arts.
to vitalício. A constituição atribui o regime de vitalicieda- 61,I,II e IX, 62, 63[81] e 76-A.
de aos magistrados (art.95, I), aos membros dos tribunais “Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou
de contas (art.73 § 3º), e do ministério público (art.128, § Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual:
5º,a).[68] I – atuar como instrutor em curso de formação, de de-
  O cargo de provimento em comissão é o que se dá senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
através de nomeação independente de concurso e em ca- no âmbito da administração pública federal;
ráter transitório, a possibilidade em relação a esses cargos II – participar de banca examinadora ou de comissão
somente se dará mediante lei que a declare e provimento para exames orais, para análise curricular, para correção de
em comissão. provas discursivas, para elaboração de questões de provas
 O provimento dos cargos públicos da Administração ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;
Federal direta cabe ao Presidente da República, através de III – participar da logística de preparação e de realização
decreto, observado o que a respeito dispuser a lei (art. 84. de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
XXV. da CF). Essa atribuição pode ser delegada  pelo Pre- coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
sidente da República, aos Ministros de Estado, ao Procura- quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
dor-Geral da República ou do Advogado-Geral da União, atribuições permanentes;
que observarão os limites da delegação (art. 84, parágrafo IV – participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas
único. da CF). de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar
 Presidente República cabe prover cargos que integram essas atividades.
a estrutura do Judiciário, como ocorre com os Ministros do § 1º Os critérios de concessão e os limites da gratificação
Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores , os de que trata este artigo serão fixados em regulamento, ob-
governadores de territórios, o procurador geral da repú-
servados os seguintes parâmetros:
blica, o presidente do banco central, todos se aprovados
I – o valor da gratificação será calculado em horas, ob-
pelo senado (art. 84. XIV. da CF). O mesmo se pode dizer da
servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;
nomeação dos Ministros do Tribunal de Contas da União
II – a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
(art. 73, § 2. da CF). 
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada
 Já os cargos que se refere ao provimento dos cargos
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre-
de juiz singular e de auxiliares administrativos do Judiciário,
viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou
diga-se que a competência é dos Tribunais (art. 96. I “c”.e ‘e”
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen-
da CF). quer sejam Tribunais federais. quer estaduais. sendo
o ato de nomeação da responsabilidade dos respectivos to e vinte) horas de trabalho anuais;
presidentes. O ato é veiculado por portaria. O ministério III – o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
público é competente para prover os cargos de seus mem- aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci-
bros e dos serviços auxiliares( art.127,§2º da CF)  mento básico da administração pública federal:
b) Cargo de provimento efetivo isolado: cargo de clas- a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
se única, exemplo desembargador nomeado pelo quinto tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput
constitucional, não se organiza em carreiras, não existe deste artigo;
classes. b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
2.5 Direitos e Deveres tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
Os direitos e deveres do servidor público se forem es- deste artigo.
tatutário esta elencado no Estatuto do servido ou no caso § 2º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
de servidor celetista na CLT, dever-se também observar somente será paga se as atividades referidas nos incisos do
normas consagradas na constituição federal (arts. 37 a 42), caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribui-
ainda mais, não existe impedimento para que outros direi- ções do cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto
tos sejam atribuídos pelas constituições Estaduais ou nas de compensação de carga horária quando desempenhadas
leis ordinárias dos Estados e municípios.[73] durante a jornada de trabalho, na forma do § 4º do art. 98
 Direitos concernentes aos subsídios (introduzida pela desta Lei.
Emenda Constitucional nº 19/ 98) compõem-se de uma § 3º A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
parcela única, ou seja, indivisas vedado acréscimo de van- não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
tagens outras de qualquer espécie; quanto ao vencimento qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cál-
é a retribuição pecuniária fixada em lei pelo exercício do culo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de
cargo público, já a remuneração é o vencimento somado cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.”
com as vantagens pecuniárias atribuídas em lei, de acordo 3) O adicional como expõe o art. 61 IV a VIII da lei
com a lei 8.112/90 existem três espécies de vantagens pe- 8112/90, observando também o disposto nos arts. 68, 73,
cuniárias: 75, 76[82], da referida lei.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

“Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas III – para o serviço militar;
nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri- IV – para atividade política;
buições, gratificações e adicionais: V – para capacitação;
IV – adicional pelo exercício de atividades insalubres, pe- VI – para tratar de interesses particulares;
rigosas ou penosas; VII – para desempenho de mandato classista.
V – adicional pela prestação de serviço extraordinário; § 1º A licença prevista no inciso I será precedida de exa-
VI – adicional noturno; me por médico ou junta médica oficial.
VII – adicional de férias; § 2º Revogado. Lei nº 9.527, de 10-12-1997.
VIII – outros, relativos ao local ou à natureza do traba- § 3º É vedado o exercício de atividade remunerada du-
lho.”. rante o período de licença prevista no inciso I deste artigo.
4) Benefícios da seguridade social regulado pelos arts. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
196 e 197 da lei 8.112/90, que trata do auxílio natalidade e do término de outra da mesma espécie será considerada
do salário família. como prorrogação.”
“Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por  E ainda há as licenças sem remunerarão, mas com con-
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao tagem do tempo, no caso do art. 92 c/c art.102 VIII “c”(para
menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de desempenho de mandato classista) da lei 8.112/90, e ainda
natimorto. sem remuneração e sem contagem de tempo de serviço
§ 1º Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acresci- nos casos dos arts. 84 e § 1[90] e 91[91] da lei mencionada.
do de 50% (cinquenta por cento), por nascituro. Quanto ao afastamento podemos elencar 3 artigos que
§ 2º O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro a lei menciona como tal art.93, c/c com art. 102 II e III (para
servidor público, quando a parturiente não for servidora. servir outro órgão ou entidade por tempo indeterminado),
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou art.94 c/c art.102 V (para exercício de mandado eletivo du-
ao inativo, por dependente econômico. rante o prazo de sua duração) e art. 95 § 1 c/c 102 VII (para
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econô- estudo ou missão no exterior quando autorizado no prazo
micos para efeito de percepção do salário-família: máximo de 4anos) todos da lei 8112/90.[92]
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os As concessões previstas na lei 8.112/90 podem assim
enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudan-
ser classificadas:
te, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer
1) direito de ausentar-se do serviço;
idade;
“Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au-
II – o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante
sentar-se do serviço:
autorização judicial, viver na companhia e a expensas do
I – por 1 (um) dia, para doação de sangue;
servidor, ou do inativo;
II – por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
III – a mãe e o pai sem economia própria.”
III – por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
2.5.1 Direitos de ausência ao serviço
a) casamento;
Inclui entre os direitos do servidor os concernentes a
férias, licença e afastamento, estabelecidos na lei 8.112/90 b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta
alguns afastamentos chamados como concessões outros ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e
previstos, mas sem designação. Existem 24 variedades de irmãos.”
afastamento, sendo 12 espécies de licença e 12 de afasta- 2) direito a horário especial, concedido;
mento.[83] “Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor es-
 O art. 77 da lei 8.112/90 trata das férias do servidor tudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o
direito ao descanso anual por 30 dias, e sua remuneração horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
ainda será acrescida de 1/3 da retribuição normal.[84] do cargo.
 No art.81 da lei 8.112/90 estão enumeradas 7 varie- § 1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
dades das licenças, mas no entanto existe outras expres- a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
samente mencionadas nos arts.202 ( para tratamento de exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
saúde que pode ser de oficio ou a pedido do servidor)[85],  § 2º Também será concedido horário especial ao servidor
Art. 207  (licença para servidora gestante por 120 dias con- portador de deficiência, quando comprovada a necessidade
secutivos)[86], Art.208 ( licença para de cinco dias para por junta médica oficial, independentemente de compensa-
paternidade, pelo nascimento ou pela adoção)[87],Art.210 ção de horário.
(licença para a servidora que obtiver a guarda ou no caso § 3º As disposições do parágrafo anterior são extensivas
de adoção para crianças até um ano) Di Pietro, Maria Sylvia ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador
Zanela, op. Cit. p. 611[88] e 211( no caso de acidente em de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, com-
serviço o serviço fará jus a licença com remuneração inte- pensação de horário na forma do inciso II do art. 44.”
gral)[89]. 3) direito concedido ao servidor estudante ao mudar
“Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: de sede no interesse da administração pública, em se ma-
I – por motivo de doença em pessoa da família; tricular em instituição congênere, em qualquer época, in-
II – por motivo de afastamento do cônjuge ou compa- dependentemente de vaga, como menciona o art. 99 da lei
nheiro; 8.112/90.[93]

20
DIREITO ADMINISTRATIVO

 É necessária quanta esta ultima concessão menciona- X – ser assíduo e pontual ao serviço;
da, que o STF possui jurisprudência consolidada na qual XI – tratar com urbanidade as pessoas;
são congêneres entre as instituições de ensino superior XII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
públicas, e são congêneres entre si as instituições de en- poder.
sino superior privadas, ou seja, o estudante que estudava Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII
em instituição privada, em sua localidade originária só será será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autori-
assegurado o direito de matricula-se em uma universidade dade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-
ou faculdade privada na localidade para onde administra- se ao representando ampla defesa”
ção publica deslocou este servidor.     3. Evolução histórica da responsabilidade civil do es-
2.5.2 Direita aposentadoria   tado
 Aposentadoria é um direito á inatividade remunerada, A responsabilidade do Estado passou por um processo
existem três modalidades: por invalidez, compulsória e vo- evolutivo, partindo do que chamamos da teoria da irrespon-
luntaria. Devendo ser observada qual é o regime do servi- sabilidade até chegarmos à responsabilidade objetiva.
dor se é celetista ou estatutário.  Por muitos séculos vigorou o princípio da irresponsabilida-
de do Estado, na época do Absolutismo, quando fluía a ideia de
2.5.3 Direitos do titular do cargo
que os reis eram designados por Deus, e consequentemente
 Conforme explicitado na doutrina clássica de Hely Lo-
infalíveis e agiam pelo seu bel prazer. Nem os reis nem o Es-
pes Meirelles, os direitos do titular do cargo restringem-
tado erram, estando acima de qualquer um, pois sua função
se ao seu exercício, às prerrogativas da função e os venci- seria de atender o interesse da sociedade como um todo e con-
mentos e vantagens decorrentes da investidura, sem que sequentemente fica acima de qualquer indivíduo, impedindo
o servidor tenha propriedade do lugar que ocupa. Logo, assim que fosse reconhecida sua responsabilidade perante o
é inapropriável, não deixando dúvidas que o servidor não indivíduo. Só era permitida a responsabilidade pecuniária dos
tenha direito adquirido a imutabilidade de suas atribuições, agentes da administração, ou seja, a vítima do dano poderia
portanto a administração pública pode através de lei alte- recorrer contra o funcionário que cometeu o dano, jamais o
rar, extinguir, criar cargo sem o conhecimento do seu titular, Estado. Mas, nem sempre o agente conseguia honrar com a
importante mencionar que o servidor poderá adquirir di- indenização pela insuficiência da sua restrição orçamentária.
reito à permanência no serviço público, porém nunca o de  Um primeiro patamar da evolução, com a revolução in-
permanecer no exercício da mesma função.[95] dustrial e do início do sistema capitalista. Começou a ser di-
2.5.4 Direito de greve e Associação sindical fundido a concepção de submissão do Estado ao Direito nas-
Na Constituição Federal a esse respeito estabelece no cendo o reconhecimento dos direitos diante do Estado. Pas-
inciso VII do art. 37 que o direito de greve será exercido nos sando a ter diferenciação entre atos denominados atos de
termos e nos limites definidos em lei específica o direito império e atos de gestão. Em todos os atos que correspon-
à livre associação sindical está disposto no art. 37, VI da dessem a atos de império não existia responsabilização do
constituição, que é uma norma auto-aplicável.  Estado, já no que se referia a atos de gestão, onde o Estado
2.5.5 Deveres dos Servidores atuava como se particular fosse, o estado poderia, se tivesse
Os deveres dos servidores públicos vêm normalmente culpa do agente, ser acionado a reparar os danos causados
previstos nas leis estatutárias, abrangendo encontrando-se a terceiros, essa foi o primeiro degrau da evolução, da pas-
enumerado no art. 116 (8.112/90) , entre outros, os de as- sagem da teoria da irresponsabilidade para uma concepção
siduidade, pontualidade, discrição, urbanidade, obediência, civilista da responsabilidade do Estado.
lealdade. O descumprimento dos deveres enseja punição  Na pratica, o resultado foi muito pequeno para quem
disciplinar. sofreu o dano, tinha que conseguir descobrir se era ato de
“Art. 116. São deveres do servidor: império ou ato de gestão e conseguir comprovar a culpa do
agente.
I – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
 Com a evolução do princípio da legalidade e que tantos
II – ser leal às instituições a que servir;
os particulares quanto o Estado devem estar submissos a lei.
III – observar as normas legais e regulamentares;
Assim a doutrina e a jurisprudência deram mais um passo na
IV – cumprir as ordens superiores, exceto quando mani- evolução com a Teoria da Culpa presumida da Administração,
festamente ilegais; que invertia o ônus da prova, o Estado que teria que provar
V – atender com presteza: que não teve culpa.
a) ao público em geral, prestando às informações reque-  Um importante passo desta evolução ocorreu com a
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; Teoria do Órgão, onde se entende que Estado é concebido
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de como um organismo vivo, integrado por um conjunto de ór-
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; gãos que realizam as suas funções. As vontades e as ações
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; dos órgãos são do Estado e os agentes só executam, com isso
VI – levar ao conhecimento da autoridade superior as a responsabilização do Estado por ato do agente foi ampliada,
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; não mais exigindo a culpa do agente.Com base nos princípios
VII – zelar pela economia do material e a conservação da igualdade de ônus e encargos sociais, chegamos à fase
do patrimônio público; atual da evolução. A denominada responsabilidade obje-
VIII – guardar sigilo sobre assunto da repartição; tiva, onde o particular deve demonstrar o nexo de causali-
IX – manter conduta compatível com a moralidade ad- dade entre o ato da administração e o dano sofrido, sem a
ministrativa; ingerência do particular no ato.

21
DIREITO ADMINISTRATIVO

 A teoria do risco administrativo é mais um passo im-  Para ambos os casos (prejuízo ao erário e prejuízo a
portante na evolução, a interpretação desta teoria pode ser terceiros) poderá haver uma solução administrativa ao in-
explicada pelo fato dos riscos acarretados por atividades vés de judicial.
perigosas deve ser sustentado por quem aproveita os be-  Uma vez constatada a prática do ilícito administrativo,
nefícios do desenvolvimento da atividade perigosa, quan- ficará o servidor sujeito à sanção administrativa adequada ao
do não tenha ocorrido força maior que interfira no fun- caso, que poderá ser advertência, suspensão, demissão, cas-
cionamento do serviço. Essa teoria do risco administrativo sação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de
apregoa o dever do Estado de indenizar o particular que cargo em comissão ou destituição de função comissionada.
foi sofreu um dano em virtude da atividade administrativa.   Na lei 8112/90 no artigo 117 apresenta o hall de proibi-
 Há ainda a Teoria do Risco integral que afirma que o ções ao servidor público e o servidor responde administrati-
Estado tem o dever de indenizar em qualquer caso de dano vamente pelos ilícitos administrativos com ação ou omissão
sofrido pelo particular, mesmo sem a existência de nexo que contrarie a Lei.
causal. Mas existe uma corrente contrária a esta posição. “Art. 117. Ao servidor é proibido:
Na opinião de Hely Lopes Meirelles, essa teoria é contrária I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem pré-
a equidade social. via autorização do chefe imediato;
3.1 A Evolução da Responsabilidade do Estado no II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competen-
Direito te, qualquer documento ou objeto da repartição;
No Brasil não existiu a fase de irresponsabilidade, o III – recusar fé a documentos públicos;
Estado respondia por seus atos. Desde a constituição do IV – opor resistência injustificada ao andamento de docu-
Império, 1824 que o empregado público era responsabili- mento e processo ou execução de serviço;
zado por seus erros e omissões que causassem prejuízos a V – promover manifestação de apreço ou desapreço no
terceiros. O Estado respondia solidariamente ao funcioná- recinto da repartição;
rio, desde que a culpa fosse provada. No código de 1916, VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos ca-
houve divergência na interpretação, se a culpa do Estado sos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de
era subjetiva ou se era objetiva. sua responsabilidade ou de seu subordinado;
 Na constituição de 1946, determinou que a respon- VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-
se à associação profissional ou sindical, ou a partido político;
sabilidade do Estado fosse objetiva, baseada no risco ad-
VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
ministrativo. As constituições promulgadas posteriormente
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
em 1967, 1968 e 1988 permaneceram com o risco objetivo.
grau civil;
3.2 Responsabilidades dos Agentes
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
O agente que praticar um ato ilícito que gerar um pre-
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
juízo ao erário poderá vir a responder por três esferas dis-
X – participar de gerência ou administração de sociedade
tintas: responsabilidade penal, civil e administrativa. Deste
privada, personificada ou não personificada, salvo a participa-
modo, os servidores públicos que ao desempenhar suas ção nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou
atividades de sua competência ou alegando estar cumprin- entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente,
do sua função ao efetuando infrações (atividades exercida participação no capital social ou em sociedade cooperativa
de forma ilegal, gerando dano), poderá ser responsabiliza- constituída para prestar serviços a seus membros, e exercer o
do nas esferas administrativa, civil ou penal diante da Ad- comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou coman-
ministração Pública. ditário;
3.2.1 Responsabilidade Administrativa XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
O dano originado de ato ou omissão do servidor po- partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previ-
derá resultar em prejuízo ao erário; ou a terceiros de boa- denciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e
fé. Ocorrendo o dano, a Administração primeiro apura a de cônjuge ou companheiro;
responsabilidade civil do servidor por via de processo ad- XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de
ministrativo, observando os princípios do contraditório e qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
da ampla defesa (CF, art. 5.º, LV). Nessa apuração, que será XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado es-
desenvolvida a seguir, esclarecendo que a administração trangeiro;
que só existirá a responsabilidade civil do servidor se este XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;
estiver atuado com dolo ou culpa. XV – proceder de forma desidiosa;
Se o dano foi causado a terceiros o Estado deverá inde- XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
nizar o terceiro prejudicado, independentemente de dolo em serviços ou atividades particulares;
ou culpa do servidor e assim, não havendo dolo ou culpa XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
do servidor, o Estado não terá o direito de regresso, que é cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e tran-
o direito de ser ressarcido pelo servidor do valor pago a sitórias;
título de indenização. Logo, tendo o servidor dolo ou culpa, XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
o ente público terá o direito de regresso contra o servi- tíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de
dor, podendo então propor uma ação judicial, chamada de trabalho;
ação de regresso, na esfera civil, para reaver do servidor o XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
que pagou como indenização. do solicitado.”

22
DIREITO ADMINISTRATIVO

 Como foi dito anteriormente, as penalidades discipli- O processo administrativo será dividido em três fases
nares estão elencadas no artigo 127, sendo diferenciadas que serão dividas da seguinte forma: Instauração irá iniciar
pela gravidade atribuída a cada ato levando em conside- com a publicação do ato que constitui a comissão; inquéri-
ração as atenuantes e as agravantes além do antecedente to que será dividido em três partes instrução, defesa e rela-
funcional. São elas: tório. Sendo assegurados os direitos fundamentais de am-
 Advertência- como transcreve o artigo 129 da referida pla defesa e contraditórios.  A comissão irá promover por
Lei, está será aplicada por escrito, nos casos de violação todos os meios admitidos em direito, como depoimento,
dos incisos I a VIII e XIX do artigo 117 e na inobservância investigação, diligências entre outros, a fim de obter amplo
de algum dever funcional estipulado na lei, regulamenta- conhecimento do fato. Após a oitiva das testemunhas pro-
ção ou norma interna que não seja considerado penalidade ceder-se-á o interrogatório do acusado.
mais grave. Sendo tipificada a infração disciplinar serão oferecidos
 A suspensão ocorre no caso de reincidência, em faltas
10 dias para a defesa, caso seja considerado revel será no-
já punidas com advertência, não podendo exceder o prazo
meado procurador dativo com cargo equivalente ou supe-
de 90 dias. As penalidades de advertência terá seu registro
cancelado após 3 anos e o de suspensão após 5 anos. rior ou mesmo nível de escolaridade ou superior.
 A penalidade de demissão será aplicada nos casos Depois de apreciada a defesa, a comissão irá elabo-
elencados no artigo 132 da Lei 8112/90. Será aplicada pelo rar minucioso relatório que será conclusivo quanto à res-
Presidente da República, pelos presidentes das Casas do ponsabilidade ou não do servidor. No caso do servidor ser
Poder Legislativo e dos tribunais Federais e pelo Procura- considerado responsável, o relatório deverá transcrevendo
dor Geral da República. os dispositivos normativos que não foram seguidos, as pe-
“Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: ças principais dos autos, informando às provas que fizeram
I – crime contra a administração pública; com que o comitê tomasse a decisão bem como os ate-
II – abandono de cargo; nuantes e os agravantes. Será então remetido á autoridade
III – inassiduidade habitual; que determinou a instauração para o julgamento do fato
IV – improbidade administrativa; ou se a sanção prevista exceder sua alçada, será encami-
V – incontinência pública e conduta escandalosa, na re- nhado à autoridade competente. 
partição; 3.2.3. Do julgamento
VI – insubordinação grave em serviço; A comissão poderá decidir pela inocência, se decidir
VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, assim será determinado o arquivamento ou poderá deci-
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; dir culpa do mesmo. Em regra será mantida a decisão da
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos;
comissão, salvo se flagrantemente contrária á prova dos
IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão
autos. Podendo agravar, abrandar ou isentar o servidor da
do cargo;
X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô- responsabilidade. Extinta a punibilidade pela prescrição,
nio nacional; será colocado no assentamento individual do servidor.
XI – corrupção;  Se a infração for tipificada como crime, o processo dis-
XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções ciplinar será remetido ao Ministério Público, sendo passível
públicas; de condenação penal
XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117”  Cabe ressaltar, que pode ser solicitada revisão do pro-
No que tange a cassação da aposentadoria ou a dispo- cesso pelo servidor, a qualquer tempo, pela ocorrência de
nibilidade do inativo que praticou durante sua atividade na fatos novos ou circunstâncias que provem a inocência ou a
administração, seja qualquer falta elencada no artigo 132 inadequação da pena.
da referida lei, sendo esta falta punível com demissão. Sen- 3.3 Da Responsabilidade Penal
do aplicadas pela mesma ordem hierárquica da demissão. Responsabilidade Penal o código penal prevê os crimes
 Destituição do cargo (cargos que se escalonam-se) ou contra a administração Pública diferenciando os crimes
função em comissão será aplicada nos casos de infração praticados por funcionários públicos e os crimes praticados
sujeitas às penalidades de suspensão e de demissão. Sendo por particulares.
de competência da mesma autoridade que fez a nomea-  Cabe ressaltar, que funcionário público para os efeitos
ção. penais corresponde a quem trabalhe mesmo que transi-
3.2.2 Sindicância do Processo Administrativo
toriamente ou sem remuneração em cargo, emprego ou
Para ser aplicada uma penalidade de suspensão acima
função pública, ou seja, os que por exercer uma função
de 30 dias, demissão, cassação de aposentadoria ou dispo-
aproveitam da mesma para cometer alguma infração penal,
nibilidade e destituição de cargo ou função em comissão
deve ser instaurada uma sindicância . bem como dispõe o art. 327 §1º do código penal.
Ele pode ser interpretado como um processo inves-  A responsabilidade penal do agente público é a que
tigativo realizado por uma comissão composta por três é gerada por uma conduta tipificada por Lei como infra-
servidores estáveis designados por autoridade competen- ção penal. Sendo que esta abrange crimes e contravenções
te, sendo um deles escolhido para presidir. Devendo pelo realizadas pelo servidor na qualidade de servidor, ou seja,
menos o presidente ter o nível de escolaridade igual ou atos praticados na função. Pois se não for praticado na fun-
superior ao do indiciado. ção não poderá ser entendido como crime funcional.

23
DIREITO ADMINISTRATIVO

 Muitos dos crimes funcionais estão definidos no Có-  Di Pietro, afirma que as leis estatutárias estabelecem
digo Penal (arts. 312 a 326), como o peculato, inserção de procedimento auto-executório, pelas quais a administra-
dados falsos em sistema de informação, modificação ou ção pode descontar dos vencimentos a importância do res-
alteração não autorizada no sistema de informações, ex- sarcimento do prejuízo, respeitando o mínimo necessário
travio, sonegação ou inutilização de livro ou documentos, para garantir a dignidade humana. Desde que previsto em
emprego irregular de verbas ou rendas públicas, concus- lei é perfeitamente válido e independe do consentimento
são, excesso de exação, corrupção passiva, facilitação de do servidor, inserindo-se nas hipóteses de auto executo-
contrabando ou descaminho, prevaricação, condescendên- riedade dos atos administrativos, não retirando em hipó-
cia criminosa, advocacia administrativa, violência arbitrária, tese nenhuma a importância do poder judiciário que pode
abandono de função, exercício funcional ilegalmente an- ser implementado para responder a lide. Salientando que
tecipado ou prolongado, violação de sigilo funcional, vio- quando o servidor é contratado pela legislação trabalhista,
lação de sigilo de proposta de concorrência. Outros estão verificamos no artigo 462 parágrafo 1 da CLT que o des-
previstos em leis especiais federais. conto só será efetuado com a concordância do empregado
 Se o servidor for responsabilizado penalmente, sofrerá ou em caso de dolo.
uma sanção penal, que poderá ser privado de sua liber-  Helly Lopes Meirelles diverge da opinião de Di Pietro,
dade (reclusão ou detenção), esta pena poderá ainda ser pois fala da necessidade da concordância do servidor, por
substituída por uma pena restritiva de direitos (prestação que a Administração não pode pegar os bens de seus ser-
vidores e nem abater de seus vencimentos para ressarcir os
pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço
prejuízos. Sendo necessário recorrer a Justiça com ação de
à comunidade ou a entidades públicas, interdição tempo-
indenização contra o servidor.
rária de direitos e limitação de fim de semana) e ,ou mul-
 Celso Antonio Bandeira de Melo, diz que a execução
ta, devendo ser esclarecido que há diferença entre a multa
do débito deve ser pela via judicial, mas no caso de fal-
que é aplicada com a pena privativa de liberdade, deverá tar bens para quitar a indenização devida, a administração
ser paga ao fundo penitenciário, sendo esta considerada pode abater dos vencimentos do servidor, até dez por cen-
divida de valor, esta não sendo paga não será convertida to. Será então dividido em parcelas mensais até o valor de
em pena mas sim será executada pela fazenda publica, já a 10% dos vencimentos, até quitar completamente a Admi-
prestação pecuniária é uma indenização paga a vitima.[123] nistração. Conforme determina o artigo 46 da Lei 8112/90.
 Di Pietro acrescenta no que tange a responsabilida-  Se o dano for causado a terceiros, o servidor pode ser
de penal, que existem no ato ilícito penal, os mesmos ele- acionado diretamente, acionado solidariamente com o Es-
mentos caracterizadores dos demais tipos de atos ilícitos, tado ou o Estado ser acionado. Neste último caso o Estado
contudo há a existência de algumas peculiaridades: Rela- pode propor uma ação regressiva. Cabe destacar que para
ção de causalidade, ou seja, nexo causal, o ato ou omissão Bandeira, a ação de responsabilidade civil é imprescritível.
tem que gerar o dano ou perigo, não havendo a exigência  Para avaliar se ocorreu ou não o ilícito civil deve ve-
do dano se concretizar, se o risco do dano acontecer já é rificar a existência de: Ação ou omissão antijurídica; culpa
o suficiente, como ocorre na tentativa e em determinados ou dolo; nexo causal e ocorrência de um dano material ou
crimes que colocam em risco a incolumidade pública  moral.
 De acordo com a Lei 8.112/90, verificamos a existência   Há duas hipóteses de dano causado pelo servidor
do auxílio reclusão, oferecendo à família do servidor ativo, público, a que gerou dano ao Estado e a de dano contra
sendo concedida metade da remuneração quando a pena terceiros.
do servidor não determinar a perda do cargo; dois terços A responsabilidade do agente pode ser divida entre
da remuneração quando afastado por motivo de prisão, responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade civil
preventiva ou em flagrante, determinada pela autoridade objetiva. Na primeira só haverá o dever de indenizar se o
competente, enquanto perdurar a prisão. O servidor terá agente tiver causado o dano por atuar com dolo ou culpa.
direito a integralização dos proventos em caso de absol- Já o que caracteriza a responsabilidade civil objetiva é a
vição. desnecessidade de verificar a existência de dolo ou culpa
3.4 Da Responsabilidade Civil do agente de gerar o dano.
 A responsabilidade civil objetiva pode ser compreen-
Responsabilidade Civil é a obrigação que se impõe ao
dida como a responsabilidade que tem as pessoas jurídicas
servidor, no aspecto patrimonial e financeiro de pagar o
de direito público, Estado, e às pessoas jurídica de direito
que deve ao Estado ou diretamente à terceiro.
privado onde se enquadram as prestadoras de serviços pú-
Pelo ilustre Helly Lopes Meirelles, a administração não
blicos que nesta posição causarem danos a terceiros, de
pode deixar de cobrar de seus servidores públicos por que acordo com art. 37, § 6.º, da Constituição Federal. Nesse
não pode dispor de um bem da sociedade, ao qual ele tem tipo de responsabilidade civil, não há de se questionar se
a obrigação de cuidar da integridade. É evidente, que só o servidor agiu ou não com dolo ou culpa ao provocar o
poderá ser cobrado em caso de tipificar o ilícito civil. dano. Em todo caso o Estado deverá indenizar ao terceiro
 A responsabilidade será analisada pela própria Admi- prejudicado, se este não foi o causador exclusivo do dano.
nistração pública, por processo administrativo que forne- Em suma, verificamos que a responsabilidade civil do Es-
cerá todas as garantias constitucionais como ampla defesa tado é objetiva ao passo que a responsabilidade civil do
e a segurança ao contraditório. servidor público é subjetiva.

24
DIREITO ADMINISTRATIVO

3.5 Comunicabilidades das Instâncias 2) O processo através do qual a Administração Pública


Ao analisarmos a abrangência da decisão proferida transfere a titularidade e a execução de determinados ser-
pelo juiz criminal sobre o aspecto administrativo deve ser viços através de lei é denominado:
verificado a) desconcentração administrativa
 se a infração praticada pelo funcionário é definida em b) descentralização por serviço
lei como ilícito penal e ilícito administrativo; se a infração c) descentralização política
praticada é apenas ilícito penal ou se é apenas ilícito admi- d) descentralização por colaboração
nistrativo.
Como já foi dito anteriormente, será instaurado um 3) Constitui uma exceção constitucional ao princípio da
processo administrativo e se for considerado que foi pra- organização legal do serviço público:
ticado um ilícito penal será iniciado um processo criminal. a) extinção de cargo público vago
Prevalecerá à regra de independência entre as duas ins- b) criação de órgãos públicos
tâncias, com exceção, em que a decisão proferida no juízo c) extinção de órgãos públicos vagos
penal deverá prevalecer, fazendo coisa julgada na área cível
d) criação de cargo público
e na administrativa.
O artigo 935 do código civil e o artigo 126 da Lei
4) Segundo jurisprudência do STJ, das etapas que cons-
8112/90 determinam que a responsabilidade administrati-
va do servidor seja afastada no caso de absolvição criminal tituem o ciclo de polícia, poderão ser delegadas a pessoas
que negue a existência do fato ou a autoria do mesmo. jurídicas de direito privado, integrantes da estrutura da Ad-
Como toda sentença tem que ser motivada, se o juiz men- ministração Pública, as seguintes etapas:
cionar que a absolvição foi por: estar provado inexistência a) ordem e consentimento
do fato; não haver prova da existência do fato; não cons- b) consentimento e fiscalização
tituir o fato infração penal; estar provado que o réu não c) fiscalização e sanção
concorreu à infração penal; não existir prova de ter o réu d) ordem e sanção
concorrido à infração penal; existirem circunstâncias que
excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos 20 a 23, 5) Não constitui exemplo de ato administrativo irrevo-
26 e 28 no seu primeiro parágrafo  todos do Código Pe- gável, segundo doutrina administrativa majoritária:
nal) ou se houver fundado dúvida sobre a existência de tais a) licença para exercer certa atividade
circunstâncias e não existir prova suficiente à condenação b) ato que gera direito adquirido
Se a absolvição criminal for por insuficiência de provas, c) ato pendente
as ações na área civil e administrativa, que são indepen- d) ato consumado
dentes podem decidir pela condenação, se for o caso.
Pode ainda acontecer de uma infração não ser conside- 6) João, motorista concursado da Caixa Econômica Fe-
rada penal, mas ser considerada administrativa. As irregu- deral, colidiu com veículo oficial com um veículo particular,
laridades que não sejam caracterizados como ilícito penal, causando, consequentemente, danos a este particular. Se-
configuram uma falta menor que crime que é denominada gundo a jurisprudência, a responsabilidade civil da empre-
falta residual, que pode ser punida administrativamente. sa pública e do João, será, respectivamente:
Se o servidor público praticou um crime penal, mas a) objetiva e subjetiva
não administrativo, a dosimetria da pena será de extrema b) objetiva e objetiva
importância. Pois se a condenação for de pena privativa de c) subjetiva e subjetiva
liberdade por tempo superior a quatro anos, terá declarado d) subjetiva e objetiva
na sentença a perda do cargo, mas se for inferior a quatro
anos não perde o cargo. Voltará a ocupar o cargo após o
7) Segundo a jurisprudência do STF, o dispositivo cons-
término da pena.
Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index. titucional previsto no art. 37, VII, sobre o direito de greve
php?artigo_id=10324&n_link=revista_artigos_leitura dos servidores públicos, constitui uma norma de:
a) eficácia plena
Questões b) eficácia limitada, dependente de lei ordinária
c) eficácia limitada, dependente de lei complementar
1) De acordo com a Lei Geral de Licitações, assinale, d) eficácia contida
dentre as alternativas, aquela que não representa um caso
de dispensa de licitação: 8) Não constitui direito integrante da seguridade social
a) contratação de uma obra no valor de R$ 12.500,00 dos servidores públicos, nos termos da lei 8.112/90:
b) contratações em caso de guerra ou grave perturba- a) licença para tratamento de saúde
ção da ordem b) licença gestante
c) contratação de artista consagrado pela opinião pú- c) licença para tratar de doença em pessoa da família
blica d) licença por acidente de serviço
d) aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacio- 9) Dentre as modalidades de licitação previstas na Lei
nal, quando as condições ofertadas forem manifestamente 8.666/93,aquela que se destaca por exigir habilitação preli-
vantajosas para o Poder Público. minar dos concorrentes é:

25
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) convite 16) De acordo com as normas gerais de processo ad-


b) pregão ministrativo federal, dispostas na Lei 9.784/99, prescinde
c) concorrência de motivação o a toque:
d) tomada de preço a) declare inexigibilidade de licitação
b) decida sobre recursos administrativos
10) Nos termos da Constituição Federal, constitui acu- c) convalide ato administrativo
mulação ilícita a percepção de proventos da aposentadoria d) concorde com relatórios oficiais
de médico em hospital público municipal com a remune-
ração de: 17) Não pode ser considerada uma diferença entre em-
a) Deputado Federal presa pública e sociedade de economia mista:
b) Médico em hospital público estadual a) forma societária
c) Secretário Municipal de Saúde b) formação do capital
d) Assistente administrativo de hospital federal c) regime de pessoal
d) foro processual
11) Não constitui requisito do serviço público adequa-
do, nos termos da Lei 8.987/95: 18) Segundo a melhor doutrina administrativa, não
a) Desconcentração retrata uma característica dos contratos administrativos a
b) Regularidade seguinte alternativa:
c) Segurança a) presença de cláusulas exorbitantes estabelecendo
d) Modicidade de tarifas privilégios para as partes
b) natureza intuitu personae
12) Das formas de provimento, previstas no Estatuto c) natureza de contrato de adesão
Federal, nãopossui previsão constitucional: d) em regra, são comutativos
a) Promoção
b) Readaptação 19) Assinale a infração punível com a demissão, nos
c) Reintegração termos da Lei 8.112/90:
d) Aproveitamento a) conduta escandalosa na repartição
b) exercer atividade incompatível com o cargo
13) Sobre os poderes administrativos, julgue os itens c) recursar fé a documento público
d) falta leve em serviço
abaixo:
I – O poder disciplinar sempre representa uma conse-
20) Não constitui característica da concessão de servi-
quência do poder hierárquico.
ço público:
II – O poder regulamentar permite que o chefe do Po-
a) delegação contratual da execução do serviço.
der Executivo inove o ordenamento jurídico vigente.
b) necessidade de licitação.
III – As manifestações decorrentes do exercício do po-
c) responsabilidade subjetiva do concessionário.
der de polícia são sempre dotadas de auto executoriedade.
d) permanecer o Poder Público sempre com a titulari-
a) somente I é correto
dade do serviço.
b) somente II é correto
c) somente III é correto 21) Com relação aos princípios e normas que regem a
d) todos estão incorretos administração pública brasileira, assinale a opção correta.
a) A investidura em cargo ou emprego público depende
14) O ato administrativo que concluiu seu ciclo de for- de aprovação prévia em concurso de provas ou de provas e
mação, masque possui um de seus requisitos em desacor- títulos, de acordo com a sua natureza e complexidade, por
do com a lei, apesar de estar produzindo seus efeitos, é brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
classificado como: lei, sendo vedado aos estrangeiros na forma da lei.
a) perfeito, válido e eficaz b) A proibição constitucional de acumular cargos pú-
b) imperfeito, inválido e eficaz blicos alcança os servidores de autarquias e fundações
c) perfeito, inválido e eficaz públicas, mas não os empregados de empresas públicas e
d) perfeito, inválido e consumado sociedades de economia mista e excepciona tal regra em
algumas situações, entre as quais o exercício de dois cargos
15) O julgamento das contas do Presidente da Repú- de médico, alcançando os demais profissionais da saúde.
blica, segundo os preceitos constitucionais, compete a(o): c) Existe uma proibição relativa de acumular cargos,
a) Tribunal de Contas da União empregos e funções públicas.
b) Congresso Nacional d) O prazo de validade do concurso público é de dois
c) Senado Federal anos, podendo ser prorrogado uma única vez por igual pe-
d) Câmara dos Deputados ríodo.

26
DIREITO ADMINISTRATIVO

22) Os atos administrativos eivados de vício de forma- a)somente I é correto


ção produzem efeitos jurídicos até o momento de sua ex- b)somente II é correto
tinção, através da: c)somente III é correto
a) anulação d)todos estão incorretos
b) cassação
c) revogação 28) Julgue os itens abaixo, de acordo com a Lei 8.429/92:
d) convalidação I – A perda da função pública e dos direitos políticos só
se efetivará após sentença com trânsito em julgado.
23) Nos termos da Lei 8.429/92, o agente público que II - Realizar operação financeira sem observância das
deixar de praticar ato de ofício, estará sujeito à suspensão normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi-
dos direitos políticos pelo prazo de: ciente ou inidônea é classificado como ato de improbidade
a) 3 a 5 anos que atenta contra os princípios do Direito Administrativo.
b) 5 a 8 anos III – A referida norma legal estabelece uma lista nu-
c) 8 a 10 anos
merus apertus de hipóteses que são enquadradas como
d) 5 a 10 anos
atos de improbidade administrativa.
a)somente I é correto
24) Um prédio público abandonado, onde se encon-
b)somente II é correto
trava instalada uma repartição pública é classificado como:
a) bem dominical c)somente III é correto
b) bem de uso comum d)todos estão incorretos
c) bem de domínio público
d) bem de uso especial 29) Segundo a classificação tradicional, adotada por
Hely Lopes Meirelles, podemos classificar o Tribunal de
25) O conceito orgânico de Administração Pública re- Contas da União e a Secretaria Estadual de Fazenda, res-
fere-se: pectivamente, como:
a)a uma das funções típicas dos três Poderes a)Entes: independente e autônomo
b)ao mesmo conceito, no seu sentido material b)Órgãos: autônomo e independente
c)ao mesmo conceito, no seu sentido objetivo c)Órgãos: independente e superior
d)ao conjunto de órgão, agentes e entidades que com- d)Órgãos: independente e autônomo
põem sua estrutura
30) O fato de o Direito Administrativo integrar o ramo
26) Levando-se em conta as regras do regime discipli- do Direito Público possui como fundamento básico o prin-
nar do servidor público, analise os itens abaixo: cípio da(o):
I – A prática de ato administrativo com desvio de po- a)Legalidade
der, uma das modalidades do abuso de poder, pode cons- b)Supremacia do interesse público sobre o particular
tituir-se em uma situação de inelegibilidade do servidor c)Impessoalidade
autor do ato viciado. d)Autotutela
II – A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada caso a sentença penal absolutória conclua pela GABARITO
ausência de tipicidade penal na conduta. 1-C
III – A responsabilidade civil do servidor não prescinde 2-B
da ocorrência de dano ou prejuízo. 3-A
a)somente I é correto
4-B
b)somente II é correto
5-C
c)somente III é correto
6-A
d)há dois itens corretos
7-B
27) Sobre os servidores públicos e a disciplina constitu- 8-C
cional aplicável ao tema, analise os itens abaixo: 9-C
I – O princípio concursivo é aplicável a todos os cargos 10-D
e empregos públicos, integrantes da Administração Pública 11-A
Direta e Indireta. 12-B
II – Como regra, é proibida a acumulação de cargos, 13-B
empregos e funções, no âmbito da Administração Pública, 14-C
Direta e Indireta, em nível federal, estadual, distrital e mu- 15-B
nicipal. 16-D
III – Não prescinde de aprovação prévia em concurso 17-C
público a contratação temporária, em virtude de necessi- 18-A
dade excepcional de interesse público. 19-A

27
DIREITO ADMINISTRATIVO

20-C EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


21-C SOBRE: DIREITO ADMINISTRATIVO
22-A
23-A 01 - (TJ/DF - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE
24-A REGISTROS – CESPE/2014) Em relação ao regime jurídi-
25-D co-administrativo e aos princípios aplicáveis à adminis-
26-D tração pública, assinale a opção correta
27-B A) É obrigatória a observância do princípio da
28-C publicidade nos processos administrativos, mediante a
29-D divulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os
30-B relacionados ao direito à intimidade.
B) A presunção de legitimidade dos atos adminis-
Fonte: professor Luis Gustavo Menezes, da LFG em trativos, que impõe aos particulares o ônus de provar
http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/30-questoes- eventuais vícios existentes em tais atos, decorre do re-
de-direito-administrativo-para-concurseiros gime jurídico- administrativo aplicável à administração
pública
C) É obrigatória a observância do princípio da
publicidade nos processos administrativos, mediante a
divulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os
relacionados ao direito à intimidade.
D) A violação do princípio da moralidade adminis-
trativa não pode ser fundamento exclusivo para o con-
trole judicial realizado por meio de ação popular.
E) Para que determinada conduta seja caracterizada
como ato de improbidade administrativa violadora do
princípio da impessoalidade, é necessária a comprova-
ção do respectivo dano ao erário.

O regime jurídico-administrativo aplicável à Adminis-


tração Pública é um regramento de direito público, sendo
aplicável aos órgãos e entidades vinculadas e que compõe
a administração pública e ainda à atuação dos agentes ad-
ministrativos em geral.
Tem seu embasamento na concepção de existência de
poderes especiais passíveis de ser exercidos pela admi-
nistração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e
exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez
é controlado ou limitado por imposições também especiais
à atuação da administração pública, não existentes nas re-
lações de direito privado.
Justamente pela aplicabilidade do regime jurídico-ad-
ministrativo com cláusulas e prerrogativas especiais confe-
ridas à Administração Pública decorre a presunção de legi-
timidade dos atos administrativos, assim entendido como
ou atributo ou característica do ato em si.
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se
presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os
efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao adminis-
trado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver
afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o
Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa
comprovar a regularidade dos seus atos.
Dessa maneira, mesmo quando revestido de vícios, o
ato administrativo, até sua futura revogação ou anulação,
tem eficácia plena desde o momento de sua edição, pro-
duzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser
executado compulsoriamente, em virtude das consequên-
cias do regime jurídico-administrativo.

RESPOSTA: “B”.

28
DIREITO ADMINISTRATIVO

02 - (TER/PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011Parte O administrador deve procurar a solução que melhor
superior do formulário) “Um dos princípios da Admi- atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao
nistração Pública exige que a atividade administrativa máximo os recursos públicos, evitando dessa forma des-
seja exercida com presteza, perfeição e rendimento perdícios.
funcional. A função administrativa já não se contenta Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando
em ser desempenhada apenas com legalidade, exigin- boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais
do resultados positivos para o serviço público e satisfa- célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da
tório atendimento das necessidades da comunidade e atividade da administração pública.
de seus membros” (Hely Lopes Meirelles. Direito Admi- Dessa forma, caso ocorra omissão do Poder Público em
nistrativo Brasileiro).
atender de forma eficiente os anseios da coletividade, po-
O conceito refere-se ao princípio da
derá, desde que provocado, ocorrer a intervenção do Poder
A) impessoalidade.
B) eficiência. Judiciário, com fundamento de descumprimento de norma
C) legalidade. constitucional, com a conseqüente imposição de responsa-
D) moralidade. bilidade do Estado por sua omissão.
E) publicidade.
RESPOSTA: “B”.
Diante do enunciado podemos destacar algumas ex-
pressões que nos ajudarão a resolver o problema proposto, 04 - (UNICAMP – PROCURADOR – VUNESP/2014)
quais sejam: “atividade administrativa exercida com pres- Princípio constitucional de direito administrativo, rela-
teza, perfeição e rendimento funcional” e ainda “exigindo cionado à finalidade pública que deve nortear toda a
resultados positivos para o serviço público e satisfatório...” atividade administrativa, fazendo com que a Adminis-
Pois bem, estamos diante das características do Princí- tração Pública não possa atuar com vistas a prejudicar
pio da Eficiência, que em seu conceito temos a imposição ou beneficiar pessoas determinadas, é o princípio da
exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a A) legalidade.
qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos B) impessoalidade.
administrados, evitando desperdícios e buscando a exce- C) moralidade.
lência na prestação dos serviços. D) publicidade.
Pelo Princípio da Eficiência, a Administração Pública
E) eficiência.
tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa
prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere
e mais econômica, melhorando o custo-benefício da ativi- A Administração Pública tem que manter uma posição
dade da administração pública, devendo ser prestada com de neutralidade em relação aos seus administrados, não
perfeição e satisfação dos usuários. podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer
que seja. Dessa forma a Administração pública deve servir
RESPOSTA “B”. a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias,
buscando sempre atender ao interesse público.
03 - (TRT – 19ª REGIÃO/AL – ANALISTA JUDICIÁ- Impede o princípio da impessoalidade que o ato admi-
RIO – FCC/2014) Determinada empresa do ramo far- nistrativo seja emanado com o objetivo de atender a inte-
macêutico, responsável pela importação de importante resses pessoais do agente público ou de terceiros, deven-
fármaco necessário ao tratamento de grave doença, do ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de
formulou pedido de retificação de sua declaração de maneira eficiente e impessoal, com tratamento igualitário
importação, não obtendo resposta da Administração a todos os administrados, nos termos que define a Lei e o
pública. Em razão disso, ingressou com ação na Jus- interesse público.
tiça, obtendo ganho de causa. Em síntese, considerou Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade
o Judiciário que a Administração pública não pode se possui estreita relação com o também principio constitu-
esquivar de dar um pronto retorno ao particular, sob cional da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma veda-
pena inclusive de danos irreversíveis à própria popula-
das perseguições ou benesses pessoais.
ção. O caso narrado evidencia violação ao princípio da:
A) publicidade.
B) eficiência.  RESPOSTA: “B”.
C) impessoalidade. 
D) motivação.  05 - (TER/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2011)
E) proporcionalidade. No que concerne às fontes do Direito Administrati-
vo, é correto afirmar que:
Pelas disposições prevista na Constituição Federal acer- A) o costume não é considerado fonte do Direito
ca do principio da eficiência, temos a imposição exigível à Administrativo.
Administração Pública de manter ou ampliar a qualidade B) uma das características da jurisprudência é o
dos serviços que presta ou põe a disposição dos adminis- seu universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende a
trados, evitando desperdícios e buscando a excelência na nacionalizar-se, a jurisprudência tende a universalizar-
prestação dos serviços. -se.

29
DIREITO ADMINISTRATIVO

C) embora não influa na elaboração das leis, a as formas mais comuns de regulamentos são os decretos
doutrina exerce papel fundamental apenas nas deci- regulamentares, mas também podem tomar forma de
sões contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito resolução e outras modalidades, podendo desdobrar
Administrativo. preceitos constitucionais de eficácia plena e de eficácia
D) tanto a Constituição Federal como a lei em sen- contida e atos legislativos primários (leis complementares,
tido estrito constituem fontes primárias do Direito Ad- leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
ministrativo. legislativos e resoluções).
E) tendo em vista a relevância jurídica da jurispru-
dência, ela sempre obriga a Administração Pública. RESPOSTA “D”.

Para a resolução de tal questão, é importante ter o co- 06 - (TER/SC – ANALISTA JUDICIÁRIO – PON-
nhecimento das fontes do Direito Administrativo, ou seja, TUA/2011)
o embasamento de sua origem, e assim, encontramos no Os Princípios básicos da Administração Pública e do
ordenamento jurídico brasileiro as seguintes fontes: Direito Administrativo constituem regras de observân-
- Lei cia permanente e obrigatória ao Administrador. Pode-
- Doutrina mos afirmar:
- Jurisprudência I. É dever do Administrador Público atuar segundo
- Costumes a lei, proibida sua atuação contra-legem e extralegem –
- Regulamentos Administrativos. princípio da legalidade ou legalidade estrita.
II. A Administração Pública está obrigada a policiar,
A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial em relação ao mérito e à legalidade, os atos adminis-
e primária do direito administrativo brasileiro, tem em vista trativos que pratica, em atendimento ao princípio da
a rigidez de nosso ordenamento jurídico, e a necessidade autotutela.
da codificação de maneira expressa. Importante esclare- III. A Administração Pública direta e indireta dos
cer que o direito administrativo brasileiro não se encontra Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
codificado em somente um corpo de lei, como ocorre em dos Municípios obedecerá apenas aos princípios de ob-
outras facetas do direito brasileiro, como o Código Civil, servância obrigatória: legalidade, impessoalidade, mo-
ral idade, publicidade e eficiência.
Código Tributário, entre outros, o que temos sobre regras
IV. Segundo o princípio da finalidade, o administra-
administrativas estão articuladas, em regra gerais, na
dor público não pode praticar nenhum ato que se des-
Constituição Federal de 1988, e ainda em uma infinida-
vie da finalidade de satisfazer o interesse público em
de de leis esparsas, constituindo-se como fontes primá-
detrimento de interesses privados.
rias do Direito Administrativo, o que, por consequência,
resulta em certa dificuldade de uma sistematização deste
Está(ão) CORRETO(S):
importante ramo do direito brasileiro.
A) Apenas o item I.
A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do di-
B) Apenas o item III.
reito, podendo ser entendida como um conjunto de teses, C) Apenas os itens I, II e III.
construções teóricas, opiniões dos doutores e dos estudio- D) Apenas os itens I, II e IV.
sos do Direito Administrativo, resultante de atividade inte-
lectual, formulando princípios norteadores para a continui- Conforme podemos verificar, somente a afirmativa III
dade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito está incorreta, pois, não existe o Princípio Administrativo
Administrativo, constituindo-se como fonte secundária, da “moral idade” como sugestiona o elaborador da ques-
com a atribuição de influenciar a elaboração de novas leis e tão, e, em uma tentativa de ludibriar o candidato menos
também o julgamento das lides de natureza administrativa. atento, inseriu juntamente com os demais princípios admi-
A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigen- nistrativos básicos e obrigatórios na atividade administra-
te dada pelos Tribunais, verificadas a partir de reiteradas tiva, tal invenção, tentando confundir com o principio da
decisões judiciais em um mesmo sentido, solidificando o moralidade.
entendimento majoritário dos tribunais superiores. O correto é que são os princípios básicos da Adminis-
Os costumes são o conjunto de regras e comportamentos tração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,
sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo Publicidade e Eficiência.
semelhante e uniforme pela sociedade, são as praticas
habituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar RESPOSTA “D”.
na falta de lei regulamentando determinado assunto, e os
Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes
até não escritos percebidos pela lógica ou pela indução.
Regulamentos são atos normativos do Poder
Executivo, dotados de generalidade, impessoalidade,
imperatividade e inovação. Produzidos mediante exercício
do poder regulamentar (ou função estatal regulamentar),

30
ÉTICA

1. Ética e moral. ........................................................................................................................................................................................................ 01


2. Ética, princípios e valores. ................................................................................................................................................................................ 03
3. Ética e democracia: exercício da cidadania. ............................................................................................................................................. 05
4. Ética e função pública........................................................................................................................................................................................ 08
ÉTICA

É difícil estabelecer um único significado para a pa-


1. ÉTICA E MORAL. lavra ética, mas os conceitos acima contribuem para uma
compreensão geral de seus fundamentos, de seu objeto
de estudo.
Quanto à etimologia da palavra ética: No grego exis-
A ética é composta por valores reais e presentes na so- tem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma
ciedade, a partir do momento em que, por mais que às breve, chamada epsílon, e uma longa, denominada eta.
vezes tais valores apareçam deturpados no contexto social, Éthos, escrita com a vogal longa, significa costume; porém,
não é possível falar em convivência humana se esses forem se escrita com a vogal breve, éthos, significa caráter, índole
desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se os pre- natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e
ceitos da Moral e o valor do justo (componente ético do psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sentido, éthos se
Direito). refere às características pessoais de cada um, as quais de-
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas terminam que virtudes e que vícios cada indivíduo é capaz
transformações sofridas pela sociedade através dos tem- de praticar (aquele que possuir todas as virtudes possuirá
pos provocaram uma variação no conceito de ética, por uma virtude plena, agindo estritamente de maneira con-
outro, não é possível negar que as questões que envolvem forme à moral)3.
o agir ético sempre estiveram presentes no pensamento A ética passa por certa evolução natural através da his-
filosófico e social. tória, mas uma breve observação do ideário de alguns pen-
Aliás, uma característica da ética é a sua imutabili- sadores do passado permite perceber que ela é composta
dade: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje. Por por valores comuns desde sempre consagrados.
exemplo, respeitar o próximo nunca será considerada uma Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-
atitude antiética. Outra característica da ética é a sua vali-
se a Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas
dade universal, no sentido de delimitar a diretriz do agir
apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos
humano para todos os que vivem no mundo. Não há uma
ou Morus, referindo-se exclusivamente ao regramento que
ética conforme cada época, cultura ou civilização. A ética é
determina a ação do indivíduo.
uma só, válida para todos eternamente, de forma imutável
Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas
e definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas
pela Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principal-
a respeito de sua aplicação prática.
É possível dizer que as diretrizes éticas dirigem o com- mente porque enquanto a Moral é entendida como a práti-
portamento humano e delimitam os abusos à liberdade, ca, como a realização efetiva e cotidiana dos valores; a Ética
estabelecendo deveres e direitos de ordem moral, sendo é entendida como uma “filosofia moral”, ou seja, como a
exemplos destas leis o respeito à dignidade das pessoas e reflexão sobre a moral. Moral é ação, Ética é reflexão.
aos princípios do direito natural, bem como a exigência de Em resumo:
solidariedade e a prática da justiça1. - Ética - mais ampla - filosofia moral - reflexão
Outras definições contribuem para compreender o que - Moral - parte da Ética - realização efetiva e coti-
significa ética: diana dos valores - ação
- Ciência do comportamento adequado dos homens No início do pensamento filosófico não prevalecia real
em sociedade, em consonância com a virtude. distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir
- Disciplina normativa, não por criar normas, mas por ético envolviam essencialmente as noções de virtude e de
descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas justiça, constituindo esta uma das dimensões da virtude.
os valores e princípios que devem nortear sua existência. Por exemplo, na Grécia antiga, berço do pensamento filo-
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que sófico, embora com variações de abordagem, o conceito
tem por objetivo realizar este valor. de ética aparece sempre ligado ao de virtude.
- Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom e Aristóteles4, um dos principais filósofos deste momento
o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o certo e o histórico, concentra seus pensamentos em algumas bases:
errado. a) definição do bem supremo como sendo a felicidade,
- Fornece as regras fundamentais da conduta humana. que necessariamente ocorrerá por uma atividade da alma
Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abusos que leva ao princípio racional, de modo que a felicidade
da liberdade. está ligada à virtude;
- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que b) crença na bondade humana e na prevalência da vir-
o visa realizar. tude sobre o apetite;
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido c) reconhecimento da possibilidade de aquisição das
entendida como a ciência da conduta humana perante o virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela prática
ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de apro- constante; d) afastamento da ideia de que um fim pudesse
vação ou desaprovação da ação dos homens e a conside- ser bom se utilizado um meio ruim.
ração de valor como equivalente de uma medição do que é Atlas, 2010.
real e voluntarioso no campo das ações virtuosas”2. 3 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo:
1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi- Ática, 2005.
to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 4 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti.
2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: São Paulo: Martin Claret, 2006.

1
ÉTICA

Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínseca
com os religiosos. O homem viveria para conhecer, amar e na do conceito de ética, embora sempre tenha estado pre-
servir a Deus, diretamente e em seus irmãos. Santo Tomás sente, com maior ou menor intensidade dependendo do
de Aquino5, um dos principais filósofos do período, lan- momento, possuiu diversos enfoques ao longo dos tem-
çou bases que até hoje são invocadas quanto o tópico em pos.
questão é a Ética: Pode-se considerar que do pensamento grego até o
a) consideração do hábito como uma qualidade que Renascimento, a justiça foi vista como uma virtude e não
deverá determinar as potências para o bem; como uma característica do Direito. Por sua vez, no Renas-
b) estabelecimento da virtude como um hábito que cimento, o conceito de Ética foi bifurcado, remetendo-se
sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, poden- a Moral para o espaço privado e remanescendo a justi-
do ser intelectual, moral ou teologal - três virtudes que ça como elemento ético do espaço público. No entanto,
se relacionam porque não basta possuir uma virtude inte- como se denota pela teoria de Maquiavel8, o justo naquele
lectual, capaz de levar ao conhecimento do bem, sem que tempo era tido como o que o soberano impunha (o rei
exista a virtude moral, que irá controlar a faculdade ape- poderia fazer o que bem entendesse e utilizar quaisquer
titiva e quebrar a resistência para que se obedeça à razão meios, desde que visasse um único fim, qual seja o da ma-
(da mesma forma que somente existirá plenitude virtuosa nutenção do poder).
com a existência das virtudes teologais);
Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discus-
c) presença da mediania como critério de determina-
são da justiça como um elemento similar à Moral, mas
ção do agir virtuoso;
inerente ao Direito, por exemplo, Kant9 defendeu que a
d) crença na existência de quatro virtudes cardeais - a
ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o
prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza.
No Iluminismo, Kant6 definiu a lei fundamental da ra- conhecimento da legislação e com o contexto social em
zão pura prática, que se resume no seguinte postulado: que ela está inserida, sendo que sob o aspecto do con-
“age de tal modo que a máxima de tua vontade possa va- teúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo
ler-te sempre como princípio de uma legislação universal”. contrário ao imperativo categórico da Moral kantiana.
Mais do que não fazer ao outro o que não gostaria que Ainda, Locke, Montesquieu e Rousseau, em comum
fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem deve defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que o
agir de tal modo que cada uma de suas atitudes reflita soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas
aquilo que se espera de todas as pessoas que vivem em ações limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao
sociedade. O filósofo não nega que o homem poderá ter regime estatal.
alguma vontade ruim, mas defende que ele racionalmente Tais pensamentos iluministas não foram plenamente
irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática máxima seguidos, de forma que firmou-se a teoria jurídica do po-
da razão que é o imperativo categórico. Por isso, o pra- sitivismo, pela qual Direito é apenas o que a lei impõe (de
zer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao apetite, modo que se uma lei for injusta nem por isso será invá-
não são aptos para determinar uma lei prática, mas ape- lida), que somente foi abalada após o fim trágico da 2ª
nas uma máxima, de modo que é a razão pura prática que Guerra Mundial e a consolidação de um sistema global de
determina o agir ético. Ou seja, se a razão prevalecer, a proteção de direitos humanos (criação da ONU + declara-
escolha ética sempre será algo natural. ção universal de 1948). Com o ideário humanista consoli-
Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, perce- dou-se o Pós-positivismo, que junto consigo trouxe uma
beu-se o quão graves haviam sido as suas consequências, valorização das normas principiológicas do ordenamento
o pensamento filosófico ganhou novos rumos, retomando jurídico, conferindo-as normatividade.
aspectos do passado, mas reforçando a dimensão cole- Assim, a concepção de uma base ética objetiva no
tiva da ética. Maritain7, um dos redatores da Declaração comportamento das pessoas e nas múltiplas modalida-
Universal de Direitos Humanos de 1948, defendeu que o des da vida social foi esquecida ou contestada por fortes
homem ético é aquele que compõe a sociedade e busca correntes do pensamento moderno. Concepções de ins-
torná-la mais justa e adequada ao ideário cristão. Assim,
piração positivista, relativista ou cética e políticas volta-
a atitude ética deve ser considerada de maneira coletiva,
das para o homo economicus passaram a desconsiderar a
como impulsora da sociedade justa, embora partindo da
importância e a validade das normas de ordem ética no
pessoa humana individualmente considerada como um
campo da ciência e do comportamento dos homens, da
ser capaz de agir conforme os valores morais.
sociedade da economia e do Estado.
5 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo No campo do Direito, as teorias positivistas que preva-
Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodrí- leceram a partir do final do século XIX sustentavam que só
guez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição é direito aquilo que o poder dominante determina. Ética,
Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção I, ques-
valores humanos, justiça são considerados elementos es-
tões 49 a 114.
6 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Paulo 8 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti.
Barrera. São Paulo: Ícone, 2005. São Paulo: Martin Claret, 2007.
7 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução Afrâ- 9 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson
nio Coutinho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962. Bini. São Paulo: Ícone, 1993.

2
ÉTICA

tranhos ao Direito, extrajurídicos. Pensavam com isso em b) Exigibilidade: Direito - a cada Direito pode se exigir
construir uma ciência pura do direito e garantir a seguran- uma obrigação, Moral - agir conforme a moralidade não
ça das sociedades.10 garante direitos (não posso exigir que alguém aja moral-
Atualmente, entretanto, é quase universal a retomada mente porque também agi);
dos estudos e exigências da ética na vida pública e na vida
privada, na administração e nos negócios, nas empresas c) Coação: Direito - sanções aplicadas pelo Estado;
e na escola, no esporte, na política, na justiça, na comu- Moral - sanções não organizadas (ex: exclusão de um gru-
nicação. Neste contexto, é relevante destacar que ainda po social). Em outras palavras, o Direito exerce sua pressão
há uma divisão entre a Moral e o Direito, que constituem social a partir do centro ativo do Poder, a moral pressiona
dimensões do conceito de Ética, embora a tendência seja pelo grupo social não organizado. ATENÇÃO: tanto no Di-
que cada vez mais estas dimensões se juntem, caminhan- reito quanto na Moral existem sanções. Elas somente são
do lado a lado. aplicadas de forma diversa, sendo que somente o Direito
Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns au- aceita a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado.
tores, entre eles Radbruch e Del Vechio são partidários de O descumprimento das diretivas morais gera sanção,
uma dicotomia rigorosa, na qual a Ética abrange apenas e caso ele se encontre transposto para uma norma jurídi-
a Moral e o Direito. Contudo, para autores como Miguel ca, gera coação (espécie de sanção aplicada pelo Estado).
Reale, as normas dos costumes e da etiqueta compõem a Assim, violar uma lei ética não significa excluir a sua vali-
dimensão ética, não possuindo apenas caráter secundário dade. Por exemplo, matar alguém não torna matar uma
por existirem de forma autônoma, já que fazem parte do ação correta, apenas gera a punição daquele que cometeu
nosso viver comum.11 a violação. Neste sentido, explica Reale13: “No plano das
Em resumo: normas éticas, a contradição dos fatos não anula a validez
- Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = Moral + dos preceitos: ao contrário, exatamente porque a norma-
Direito tividade não se compreende sem fins de validez objetiva e
- Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + Direito + estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos
Costumes e as violações das normas conduzem à responsabilidade
Para os fins da presente exposição, basta atentar para e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da ordenação
normativa”.
o binômio Moral-Direito como fator pacífico de com-
Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interli-
posição da Ética. Assim, nas duas posições adotadas, uma
gados, mas a primeira é mais abrangente que a segunda,
das vertentes da Ética é a Moral, e a outra é o Direito.
porque pode abarcar outros elementos, como o Direito e
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações
os costumes. Todas as regras éticas são passíveis de algu-
entre o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los, nos
ma sanção, sendo que as incorporadas pelo Direito acei-
seguintes termos: o direito rege o comportamento exte-
tam a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado. Sob o
rior, a moral enfatiza a intenção; o direito estabelece uma
aspecto do conteúdo, muitas das regras jurídicas são com-
correlação entre os direitos e as obrigações, a moral pres-
postas por postulados morais, isto é, envolvem os mesmos
creve deveres que não dão origem a direitos subjetivos; o
valores e exteriorizam os mesmos princípios.
direito estabelece obrigações sancionadas pelo Poder, a
moral escapa às sanções organizadas. Assim, as principais
notas que distinguem a Moral do Direito não se referem
propriamente ao conteúdo, pois é comum que diretrizes 2. ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES.
morais sejam disciplinadas como normas jurídicas.12
Com efeito, a partir da segunda metade do século XX
(pós-guerra), a razão jurídica é uma razão ética, funda- A área da filosofia do direito que estuda a ética é co-
da na garantia da intangibilidade da dignidade da pessoa nhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tra-
humana, na aquisição da igualdade entre as pessoas, na tado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria
busca da efetiva liberdade, na realização da justiça e na dos valores. Daí valores e princípios serem componentes
construção de uma consciência que preserve integralmen- da ética sob o aspecto da exteriorização de suas diretri-
te esses princípios. zes. Em outras palavras, a mensagem que a ética pretende
Assim, as principais notas que distinguem Moral e Di- passar se encontra consubstanciada num conjunto de va-
reito são: lores, para cada qual corresponde um postulado chamado
a) Exterioridade: Direito - comportamento exterior, princípio.
Moral - comportamento interior (intenção); De uma maneira geral, a axiologia proporciona um
estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade
10 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003. que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: serem elementos que permitem a compreensão da ética,
Saraiva, 2002. também se encontram presentes no estudo do Direito,
12 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermanti- 13 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo:
na Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Saraiva, 2002.

3
ÉTICA

notadamente quando a posição dos juristas passou a ser O Direito natural, na sua formulação clássica, não é um
mais humanista e menos positivista (se preocupar mais conjunto de normas paralelas e semelhantes às do Direito
com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana positivo, mas é o fundamento do Direito positivo. É cons-
do que com o que a lei específica determina). tituído por aquelas normas que servem de fundamento a
Os juristas, descontentes com uma concepção posi- este, tais como: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o
tivista, estadística e formalista do Direito, insistem na im- que lhe é devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os
portância do elemento moral em seu funcionamento, no contratos devem ser observados” etc., normas essas que
papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a intenção são de outra natureza e de estrutura diferente das do Direi-
maldosa, os bons costumes e tantas outras noções cujo to positivo, mas cujo conteúdo é a ele transposto, notada-
aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas dessas mente na Constituição Federal.17
regras foram promovidas à categoria de princípios gerais Importa fundamentalmente ao Direito que, nas rela-
do direito e alguns juristas não hesitam em considerá-las ções sociais, uma ordem seja observada: que seja assegu-
obrigatórias, mesmo na ausência de uma legislação que rada individualmente cada coisa que for devida, isto é, que
lhes concedesse o estatuto formal de lei positiva, tal como a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto formal,
o princípio que afirma os direitos da defesa. No entanto, a isto é, o valor essencial, do direito é a justiça.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é expres- No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurídicos
sa no sentido de aceitar a aplicação dos princípios gerais fundamentais de cunho ético estão instituídos no sistema
do Direito (artigo 4°).14 constitucional, isto é, firmados no texto da Constituição
É inegável que o Direito possui forte cunho axiológico, Federal. São os princípios constitucionais os mais impor-
diante da existência de valores éticos e morais como dire- tantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles se re-
trizes do ordenamento jurídico, e até mesmo como meio ferindo de forma específica à ética no setor público. O mais
de aplicação da norma. Assim, perante a Axiologia, o Direi- relevante princípio da ordem jurídica brasileira é o da dig-
to não deve ser interpretado somente sob uma concepção nidade da pessoa humana, que embasa todos os demais
formalista e positivista, sob pena de provocar violações ao princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, III, CF).
princípio que justifica a sua criação e estruturação: a jus- Claro, o Direito não é composto exclusivamente por
tiça. postulados éticos, já que muitas de suas normas não pos-
Neste sentido, Montoro15 entende que o Direito é uma suem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma norma
ciência normativa ética: “A finalidade do direito é dirigir que estabelece um prazo de 10 ou 15 dias não tem um
a conduta humana na vida social. É ordenar a convivên- valor que a acoberta). Contudo, o é em boa parte.
cia de pessoas humanas. É dar normas ao agir, para que A Moral é composta por diversos valores - bom, cor-
cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em suma, dirigir reto, prudente, razoável, temperante, enfim, todas as quali-
a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, portanto, na dades esperadas daqueles que possam se dizer cumprido-
categoria das ciências normativas do agir, também deno- res da moral. É impossível esgotar um rol de valores morais,
minadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo. Mas mas nem ao menos é preciso: basta um olhar subjetivo para
o Direito se ocupa dessa matéria sob um aspecto especial: compreender o que se espera, num caso concreto, para
o da justiça”. que se consolide o agir moral - bom senso que todos os
A formação da ordem jurídica, visando a conservação homens possuem (mesmo o corrupto sabe que está con-
e o progresso da sociedade, se dá à luz de postulados éti- trariando o agir esperado pela sociedade, tanto que escon-
cos. O Direito criado não apenas é irradiação de princípios de e nega sua conduta, geralmente). Todos estes valores
morais como também força aliciada para a propagação e morais se consolidam em princípios, isto é, princípios são
respeitos desses princípios. postulados determinantes dos valores morais consagrados.
Um dos principais conceitos que tradicionalmente se Segundo Rizzatto Nunes18, “a importância da existência
relaciona à dimensão do justo no Direito é o de lei natu- e do cumprimento de imperativos morais está relacionada
ral. Lei natural é aquela inerente à humanidade, indepen- a duas questões: a) a de que tais imperativos buscam sem-
dentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada pre a realização do Bem - ou da Justiça, da Verdade etc., en-
acima de tudo. O conceito de lei natural foi fundamental fim valores positivos; b) a possibilidade de transformação
para a estruturação dos direitos dos homens, ficando reco- do ser - comportamento repetido e durável, aceito ampla-
nhecido que a pessoa humana possui direitos inalienáveis mente por todos (consenso) - em dever ser, pela verificação
e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar, que de certa tendência normativa do real”.
devem ser respeitados por todos os Estados e membros Quando se fala em Direito, notadamente no direito
da sociedade.16 constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam as
atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se os
14 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermanti-
principais valores morais consolidados, na forma de prin-
na Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
cípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu proíbo
15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi-
to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 17 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi-
16 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das 18 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao
Letras, 2009. estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

4
ÉTICA

que um funcionário público receba uma vantagem indevi- e privadas. Basicamente, a ética é composta pela Moral e
da para deixar de praticar um ato de interesse do Estado, pelo Direito (ao menos em sua parte principal), sendo que
consolido os valores morais da bondade, da justiça e do virtudes são características que aqueles que agem confor-
respeito ao bem comum, prescrevendo a respectiva norma. me a ética (notadamente sob o aspecto Moral) possuem,
Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou menos as quais exteriorizam valores éticos, a partir dos quais é
amplo, pode refletir um valor moral por meio de um prin- possível extrair postulados que são princípios.
cípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são iguais
perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o valor mo-
ral do tratamento digno a todos os homens, na forma de
3. ÉTICA E DEMOCRACIA:
um princípio constitucional (princípio da igualdade). Por
EXERCÍCIO DA CIDADANIA
sua vez, quando proíbo um servidor público de “Solicitar
ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamen-
te, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as
tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço uma regra que tra- comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para
duz os valores morais da solidariedade e do respeito ao in- unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades
teresse coletivo. No entanto, sempre por trás de uma regra -estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen-
infraconstitucional haverá um princípio constitucional. No te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e,
caso do exemplo do art. 317 do CP, pode-se mencionar o por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democra-
princípio do bem comum (objetivo da República segundo cias. As origens da chamada democracia se encontram na
o art. 3º, IV, CF – “promover o bem de todos, sem precon- Grécia antiga, sendo permitida a participação direta da-
ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras queles poucos que eram considerados cidadãos, por meio
formas de discriminação”) e o princípio da moralidade (art. da discussão na polis.
37, caput, CF, no que tange à Administração Pública). Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um regi-
Conforme Alexy19, a distinção entre regras e princípios me de governo em que o poder de tomar decisões polí-
é uma distinção entre dois tipos de normas, fornecendo ticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um
juízos concretos para o dever ser. A diferença essencial é cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a
que princípios são normas de otimização, ao passo que decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado o
regras são normas que são sempre satisfeitas ou não. Se as poder de eleger um representante). Com efeito, é um re-
regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se prin- gime de governo em que se garante a soberania popular,
cípios colidem, um deles deve ceder, embora não perca que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do
sua validade e nem exista fundamento em uma cláusula poder extraída da soma dos atributos de cada membro da
de exceção, ou seja, haverá razões suficientes para que sociedade estatal, encarregado de escolher os seus repre-
em um juízo de sopesamento (ponderação) um princípio sentantes no governo por meio do sufrágio universal e do
prevaleça. Enquanto adepto da adoção de tal critério de voto direto, secreto e igualitário”20.
equiparação normativa entre regras e princípios, o jurista Uma democracia pode existir num sistema presiden-
alemão Robert Alexy é colocado entre os nomes do pós cialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico -
-positivismo. somente importa que seja dado aos cidadãos o poder de
Em resumo, valor é a característica genérica que com- tomar decisões políticas (por si só ou por seu representan-
põe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade, te eleito).
respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação es- ATENÇÃO: a principal classificação das democracias é
perada daquele que atende certo valor ético (p. ex., não a que distingue a direta da indireta - a) direta, também
fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a você chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua vonta-
é um postulado que exterioriza o valor do respeito; tratar de por voto direto e individual em casa questão relevante;
a todos igualmente na medida de sua igualdade é o pos- b) indireta, também chamada representativa, em que os
tulado do princípio da igualdade que reflete os valores da cidadãos exercem individualmente o direito de voto para
solidariedade e da justiça social). Por sua vez, virtude é a escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais es-
característica que a pessoa possui coligada a algum valor colhido(s) representa(m) todos os eleitores; c) semidire-
ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme algum dos ta, também conhecida como participativa, em que se tem
valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser temperante, uma democracia representativa mesclada com peculiari-
ser magnânimo). dades e atributos da democracia direta (sistema híbrido).
Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil,
elementos constantemente correlatos, que se complemen- considerado o grande número de cidadãos, de modo que
tam e estruturam, delimitando o modo de agir esperado a regra é a democracia indireta. Na Grécia Antiga se en-
de todas as pessoas na vida social, bem como preconizan- contra um raro exemplo de democracia direta, que somen-
do quais os nortes para a atuação das instituições públicas te era possível porque embora a população fosse grande,
19 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradu- 20 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada.
ção Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. São Paulo: Saraiva, 2000.

5
ÉTICA

a maioria dela não era composta de pessoas consideradas Na disciplina constitucional, os direitos políticos ga-
como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças, e so- rantidos àquele que é cidadão encontram-se disciplinados
mente os cidadãos tinham direito de participar do proces- nos artigos 14 e 15. Direitos políticos são os instrumentos
so democrático. por meio dos quais a Constituição Federal permite o exer-
Contemporaneamente, o regime que mais se aproxi- cício da soberania popular, atribuindo poderes aos cida-
ma dos ideais de uma democracia direta é a democracia dãos para que eles possam interferir na condução da coisa
semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um re- pública de forma direta ou indireta21.
gime de democracia em que existe a combinação de re- A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza22:
presentação política com formas de democracia direta. “estamos diante da democracia semidireta ou participati-
Democracia é um conceito interligado à Ética no que va, um ‘sistema híbrido’, uma democracia representativa,
tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se com peculiaridades e atributos da democracia direta. Po-
afirmar isto se considerados os três conceitos de Aristóte- de-se falar, então, em participação popular no poder por
les sobre as dimensões da justiça (distributiva, comutativa intermédio de um processo, no caso, o exercício da sobe-
e social), dos quais se origina a dimensão da justiça par- rania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, refe-
ticipativa. rendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como
Por esta dimensão da justiça participativa, resta des- a ação popular”.
pertada a consciência das pessoas para uma atitude de Destaca-se o caput do artigo 14:
agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade em
que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta cons- Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
ciência de que há uma obrigação de cada um para com a universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
sociedade de participar de forma consciente e livre e de se todos, e, nos termos da lei, mediante:
interar total e habitualmente na vida social que pertence. I - plebiscito;
Quem deve participar é quem vive na sociedade, é o II - referendo;
cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao mes- III - iniciativa popular.
mo tempo um direito e um dever. O cidadão deve partici-
par, esta é uma obrigação de todo aquele que vive em so- A democracia brasileira adota a modalidade semidi-
ciedade. E o cidadão deve ter espaço para participar, o fato reta, porque possibilita a participação popular direta no
de não participar em si já é uma injustiça. Com a ampliação poder por intermédio de processos como o plebiscito, o
do conceito de soberania e cidadania e, consequentemen- referendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses res-
te, da responsabilidade do cidadão, se torna ainda mais tritas, pode-se afirmar que a democracia indireta é pre-
evidente esta necessidade de participar. dominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrágio
A referência à justiça participativa, corolário do concei- universal e do voto direto e secreto com igual valor para
to de cidadania, é de fundamental importância para o ele- todos.
mento moral da noção de ética, no sentido de possibilitar Sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de vo-
um agir voltado para o bem da sociedade. tar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita
Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A ci- o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
dadania tem um compromisso com a efetivação da demo- O que diferencia o plebiscito do referendo é o mo-
cracia participativa. E participar não é votar a cada eleição, mento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se
não se interessar pelo andamento da política e até se es- consulta a população e depois se toma a decisão política;
quecer de quem mereceu seu sufrágio. no referendo, primeiro se toma a decisão política e depois
Com efeito, participar é um direito de todo aquele que se consulta a população. Embora os dois partam do Con-
é cidadão, consolidando o conceito de democracia e refor- gresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao passo que o
çando os valores éticos de preservação do justo e garantia referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio de
do bem comum. Mas, afinal, quem é cidadão? decreto legislativo. O que os assemelha é que os dois são
Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos cor- “formas de consulta ao povo para que delibere sobre ma-
relatos: téria de acentuada relevância, de natureza constitucional,
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga legislativa ou administrativa”23.
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele Na iniciativa popular, confere-se à população o poder de
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, median-
de direitos e obrigações. te assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de
unidas pelo vínculo da nacionalidade. cada um deles. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta-
21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
do, nacionais ou não. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que 22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
possui o vínculo político-jurídico da nacionalidade com o tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Estado, que goza de direitos políticos, ou seja, que pode 23 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
votar e ser votado. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

6
ÉTICA

Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela Entre outras coisas, visa impedir que se burle a veda-
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei ção à reeleição daquele que já ocupou algum destes car-
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio- gos por 2 mandatos.
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Art. 14, § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições:
Art. 14, § 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; tar-se da atividade;
II - facultativos para: II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
a) os analfabetos; pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
b) os maiores de setenta anos; mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Embora os analfabetos não possam se candidatar, Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros ca-
possuem a faculdade de votar. sos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para
Art. 14, § 2º Não podem alistar-se como eleitores os exercício de mandato considerada vida pregressa do can-
estrangeiros e, durante o período do serviço militar obriga- didato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra
tório, os conscritos. a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
Conscritos são os convocados para serviço militar. de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.
Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma O §9° é disciplinado pela LC n° 64/90 (Alterada pela LC
da lei: n° 135/10 - Lei da Ficha Limpa).
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; Art. 14, § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado
III - o alistamento eleitoral;
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
V - a filiação partidária;
econômico, corrupção ou fraude.
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
Art. 14, § 11 A ação de impugnação de mandato trami-
da República e Senador;
tará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
d) dezoito anos para Vereador. perda ou suspensão só se dará nos casos de:
O parágrafo descreve os requisitos para que uma pes- I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
soa possa ser eleita. tada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
Art. 14, § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfa- III - condenação criminal transitada em julgado, en-
betos. quanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governa- prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem V - improbidade administrativa, nos termos do art.
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos 37, § 4º.
poderão ser reeleitos para um único período subsequente. O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
Não poder se eleger, não significa não poder votar. tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de impro-
bidade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é
Art. 14, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presi- a suspensão dos direitos políticos.
dente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Obs.: os direitos políticos somente são perdidos em
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos man- dois casos, quais sejam cancelamento de naturalização por
datos até seis meses antes do pleito. sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade
Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se
do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, naturaliza em outro país e assim deixa de ser considerado
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Re- um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nota-
pública, de Governador de Estado ou Território, do Distrito se que não há perda de direitos políticos pela prática
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro de atos atentatórios contra a Administração Pública
dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de por parte do servidor, mas apenas suspensão.
mandato eletivo e candidato à reeleição.

7
ÉTICA

ralidade como um dos princípios fundadores da atuação


4. ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA. da administração pública direta e indireta, bem como ou-
tros princípios correlatos. Logo, o Estado brasileiro deve
se conduzir moralmente por vontade expressa do consti-
tuinte, sendo que à imoralidade administrativa aplicam-se
Quando se fala em ética na função pública, não se tra- sanções.
ta do simples respeito à moral social: a obrigação ética Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se
no setor público vai além e encontra-se disciplinada em dar somente no âmbito da vida particular, mas também
detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (no- na atuação profissional, principalmente se tal atuação se
tadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que se der no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Esta-
destaca a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Adminis- do é a forma social mais abrangente, a sociedade de fins
trativa, a qual traz um amplo conceito de funcionário pú- gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio, das
blico no qual podem ser incluídos os servidores do Banco individualidades e das demais sociedades, chamadas de
do Brasil). Ocorre que o funcionário de uma instituição fins particulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é
financeira da qual o Estado participe de certo modo ex- um arranjo formulado pelos homens para organizar a so-
terioriza os valores estatais, sendo que o Estado é o ente ciedade de disciplinar o poder visando que todos possam
que possui a maior necessidade de respeito à ética. Por se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades parti-
isso, o servidor além de poder incidir em ato de improbi- culares.24
dade administrativa (cível), poderá praticar crime contra a O Estado tem um valor ético, de modo que sua
Administração Pública (penal). Então, a ética profissional atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não é pro-
daquele que serve algum interesse estatal deve ser ainda priamente o Estado que é aético, porque ele é composto
mais consolidada. por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que o
Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao me- compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional do
nos dois elementos - a Moral e o Direito ( justo); no caso da funcionário público é uma questão ligada à ética no ser-
disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada viço público, pois se os homens que compõe a estrutura
num sentido estrito - ética corresponde ao valor do justo, do Estado tomam uma atitude correta perante os ditames
previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um éticos há uma ampliação e uma consolidação do valor éti-
olhar atento às prescrições da Moral para a vida social. co do Estado.
Em outras palavras, quando se fala em ética no âmbito Alguns cidadãos recebem poderes e funções específi-
dos interesses do Estado não se deve pensar apenas na cas dentro da administração pública, passando a desem-
Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a regu- penhar um papel de fundamental interesse para o Estado.
lamentam, o que permite a aplicação de sanções. Veja o Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o
organograma: respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manu-
tenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada
e transparente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor pú-
blico, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado
representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao
máximo todos os consagrados preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a
exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado
em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria
profissional. No caso das profissões na esfera pública, esta
exigência se amplia.
Não se trata do simples respeito à moral social: a obri-
gação ética no setor público vai além e encontra-se disci-
plinada em detalhes na legislação, tanto na esfera consti-
tucional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária
(em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de
As regras éticas do setor público são mais do que Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administra-
regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, tiva - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores
passíveis de coação. A desobediência ao princípio da mo- públicos civis na esfera federal).
ralidade caracteriza ato de improbidade administrativa, Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual
sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da mesma de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no
forma, o seu comportamento em relação ao Código de complexo da sociedade como uma atividade específica.
Ética pode gerar benefícios, como promoções, e prejuízos, Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pra-
como censura e outras penas administrativas. A disciplina 24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
constitucional é expressa no sentido de prescrever a mo- Paulo: Método, 2011.

8
ÉTICA

tica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, - Outros princípios éticos, como informação, solidarie-
nessas relações, a preservação de uma conduta condizen- dade, cidadania, residência, localização, continuidade da
te com os princípios éticos específicos. O grupamento de profissão, liberdade profissional, função social da profis-
profissionais que exercem o mesmo ofício termina por são, severidade consigo mesmo, defesa das prerrogativas,
criar as distintas classes profissionais e também a condu- moderação e tolerância.
ta pertinente. Existem aspectos claros de observação do O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitu-
comportamento, nas diversas esferas em que ele se pro- des que podem ser esperadas do profissional, mas assim
cessa: perante o conhecimento, perante o cliente, perante como é difícil delimitar um conceito de ética, é complicado
o colega, perante a classe, perante a sociedade, perante a estabelecer exatamente quais as condutas esperadas de
pátria, perante a própria humanidade como conceito glo- um servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e
bal”25. Todos estes aspectos serão considerados em termos ponderar com razoabilidade.
de conduta ética esperada. Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente
Em geral, as diretivas a respeito do comportamento os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo
profissional ético podem ser bem resumidas em alguns com que cada atividade desempenhada no exercício da
princípios basilares. profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcionan-
Segundo Nalini26, o princípio fundamental seria o de do os rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes
agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atuali- e políticas institucionais.
zado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se
ético; tomando-se como princípios específicos: guia por determinados mandamentos de ação, os quais
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada,
- Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível embora a punição dos que violam ditames éticos no âm-
na vida pública e na vida particular. bito do interesse estatal seja mais rigorosa.
- Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da
da melhor maneira esperada em sua profissão e fora dela, gestão ética nas empresas públicas:
com técnica, justiça e discrição.
- Princípio da incompatibilidade - não se deve acumu- PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a
lar funções incompatíveis. responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”.
- Princípio da correção profissional - atuação com Significa desempenhar suas funções com transparên-
transparência e em prol da justiça. cia, de forma honesta e responsável, sendo leal à institui-
- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos ção. O funcionário deve se portar de forma digna, exterio-
os demais operadores do Direito querem a mesma coisa, rizando virtudes em suas ações.
realizar a justiça.
- Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”.
todas funções. A expressão “dignidade da pessoa humana” está es-
- Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal tabelecida na Constituição Federal Brasileira, em seu art.
para buscar o interesse da justiça. 3º, III, como um dos fundamentos da República Federativa
- Princípio da confiança - cada profissional de Direi- do Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido
to é dotado de atributos personalíssimos e intransferíveis, no discurso antropocentrista do humanismo, a expressão
sendo escolhido por causa deles, de forma que a relação valoriza o ser humano, considerando este o centro da cria-
estabelecida entre aquele que busca o serviço e o profis- ção, o ser mais elevado que habita o planeta, o que justifi-
sional é de confiança. ca a grande consideração pelo Estado e pelos outros seres
- Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, humanos na sua generalidade em relação a ele. Respeitar
aos valores constitucionais, à verdade, à transparência. a dignidade da pessoa humana significa tomar o homem
- Princípio da independência profissional - a maior au- como valor-fonte para todas as ações e escolhas, inclusive
tonomia no exercício da profissão do operador do Direito na atuação empresarial.
não deve impedir o caráter ético.
- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos
as informações que acessa no exercício da profissão. atos e na apreciação do mérito dos subordinados”.
- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex-
e de forma correta, com lealdade processual. teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha
- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profis- dos que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusi-
sional do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia vamente com base no mérito. Não se pode tomar ques-
sua profissão. tões pessoais, como desavenças ou afinidades, quando o
julgamento se faz sobre a ação de um funcionário - se
25 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: agiu bem, merece ser recompensado; se agiu mal, deve
Atlas, 2010. ser punido.
26 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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ÉTICA

QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelec- SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solu-
tual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o ção uma pessoa que busca perante a Administração Pública
cumprimento da missão institucional”. satisfazer um direito que acredita ser legítimo”.
A missão institucional envolve a obtenção de lucros, O bom atendimento do público é necessário para que
em regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na mis- uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem
são institucional serão estabelecidas determinadas metas um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de
para a empresa, que deverão ser buscadas pelos funcioná- lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução.
rios. Para tanto, cada um deve se preocupar com o aper- Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclareci-
feiçoamento de suas capacidades, tornando-se paulati- do, de forma que a confiabilidade na instituição não fique
namente um melhor funcionário, por exemplo, buscando abalada.
cursos e estudando técnicas.
OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regula-
QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e mentos, as instruções e as ordens das autoridades a que
trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, respei- estiver subordinado”.
tando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colabo- O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética
rando e aceitando colaboração”. porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é
Existe uma hierarquia para que as funções sejam de- essencial para que a gestão ética seja efetiva.
sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desor-
dem não permite que as atividades se encadeiem e se en- NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento
lacem, gerando perda de tempo e desperdício de recursos. à finalidade do serviço público”.
Não significa que ordens contrárias à ética devam ser obe- Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divi-
decidas, caso em que a medida cabível é levar a questão são de funções feitas com o objetivo de otimizar as ativi-
para as autoridades responsáveis pelo controle da ética dades desempenhadas.
da instituição. Cada atividade deve ser desempenhada da
melhor maneira possível, isto é, não se pode deixar de pra- DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio
ticá-la corretamente por ser mais trabalhoso (por negli- entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser
gência entende-se uma omissão perigosa). No tratamento praticado”.
dos demais colegas e do público, o funcionário deve ser Bem comum é o bem de toda a coletividade e não
cordial e ético, embora somente assim estará contribuindo de um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão
para a gestão ética da empresa. coletiva da ética. Maritain27 apontou as características es-
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem
SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignida- comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para
de, decoro, zelo, eficácia e moralidade”. o desenvolvimento delas; respeito à autoridade na socie-
O bom comportamento não deve se fazer presen- dade, pois a autoridade é necessária para conduzir a co-
te somente no exercício das funções. Cabe ao funcioná- munidade de pessoas humanas para o bem comum; mo-
rio se portar bem quando estiver em sua vida privada, na ralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a
convivência com seus amigos e familiares, bem como nos retidão moral elementos essenciais do bem comum.
momentos de lazer. Por melhor que seja como funcioná-
rio, não será aceito aquele que, por exemplo, for visto fre-
quentemente embriagado ou for sempre denunciado por
violência doméstica.
Dignidade é a característica que incorpora todas as
demais, significando o bom comportamento enquanto
pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser tra-
tado. Decoro significa discrição, aparecer o mínimo pos-
sível, não se vangloriar com base em feitos institucionais.
Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as atividades
sempre sejam desempenhadas do melhor modo. Eficácia
remete ao dever de fazer com que suas atividades atinjam
o fim para o qual foram praticadas, isto é, que não sejam
abandonadas pela metade. Moralidade significa respeitar
os ditames morais, mais que jurídicos, que exteriorizam os
valores tradicionais consolidados na sociedade através dos
tempos.

27 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural.


3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

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ÉTICA

EXERCÍCIOS 03. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé-


dio – INEP/2012)
01. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé- Texto I
dio – INEP/2012) “Para Platão, o que havia de verdadeiro “Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento
em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que ou-
objeto de razão, não de sensação, e era preciso estabele- tras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar as
cer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são
material que privilegiasse o primeiro em detrimento do se- ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por
gundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em
formava-se em sua mente” (ZIGANO, M. Platão e Aristóte- água. A água, quando mais condensada, transforma-se em
les: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012). terra, e quando condensada ao máximo possível, transfor-
O texto faz referência à relação entre razão e sensa- ma-se em pedras”. (BURNET, J. A aurora da filosofia grega.
Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006).
ção, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão
Texto II
(427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se
“Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus,
situa diante dessa relação?
como criador de todas as coisas, está no princípio do mun-
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as
do e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apre-
duas. sentam, em face desta concepção, as especulações contra-
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhe- ditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou
cimento a eles. de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios,
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a
sensação são inseparáveis. impressão de quererem ancorar o mundo, numa teia de
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conheci- aranha”. (GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cris-
mento, mas a sensação não. tã. São Paulo: Vozes, 1991).
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sen- Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolve-
sação é superior à razão. ram teses para explicar a origem do universo, a partir de
uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo
02. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé- grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em co-
dio – INEP/2012) “Nossa cultura lipofóbica muito contri- mum na sua fundamentação teorias que
bui para a distorção da imagem corporal, gerando gordos a) eram baseadas nas ciências da natureza.
que se veem magros e magros que se veem gordos, numa b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
quase unanimidade de que todos se sentem ou se veem c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
‘distorcidos’. Engordamos quando somos gulosos. É o pe- d) postulavam um princípio originário para o mundo.
cado da gula que controla a relação do homem com a ba- e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
lança. Todo obeso declarou, um dia, guerra à balança. Para
emagrecer é preciso fazer as pazes com a dita cuja, visan- 04. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé-
do adequar-se às necessidades para as quais ela aponta”. dio – INEP/2012) “Não ignoro a opinião antiga e muito
(FREIRE, D. S. Obesidade não pode ser pré-requisito. Dis- difundida de que o que acontece no mundo é decidido
ponível em: http://gnt.globo.com. Acesso em: 3 abr. 2012). por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em
O texto apresenta um discurso de disciplinarização nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas,
dos corpos, que tem como consequência e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectu-
ra humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o
a) a ampliação dos tratamentos médicos alternativos,
nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte
reduzindo os gastos com remédios.
decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos
b) a democratização do padrão de beleza, tornando-o
permite o controle sobre a outra metade”. (MAQUIAVEL, N.
acessível pelo esforço individual.
O príncipe. Brasília: EdUnB, 1979).
c) o controle do consumo, impulsionando uma crise Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
econômica na indústria de alimentos. poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra
d) a culpabilização individual, associando obesidade à o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo
fraqueza de caráter. renascentista ao
e) o aumento da longevidade, resultando no cresci- a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
mento populacional. definidores do seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como funda-
mento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado
como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre
fé e razão.

11
ÉTICA

05. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé- 08. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
dio – INEP/2010) “A política foi, inicialmente, a arte de im- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) Os princípios que
pedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito. regem a Administração pública podem ser expressos ou
Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas implícitos. A propósito deles é possível afirmar que:
a decidirem sobre aquilo de que nada entendem”. (VALÉRY, a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalida-
P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M.V. M. A cidadania ativa. de são princípios expressos, assim como a eficiência, hie-
São Paulo: Ática, 1996). rarquicamente superior aos demais.
Nessa definição, o autor entende que a história da polí- b) supremacia do interesse público não consta como
tica está dividida em dois momentos principais: um primei- princípio expresso, mas informa a atuação da Administra-
ro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, ção pública assim como os demais princípios, tais como
caracterizado por uma democracia incompleta. Conside- eficiência, legalidade e moralidade.
rando o texto, qual é o elemento comum a esses dois mo- c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia
mentos da história política? do interesse público e indisponibilidade do interesse pú-
a) A distribuição equilibrada do poder. blico são expressos e, como tal, hierarquicamente superio-
b) O impedimento da participação popular. res aos implícitos.
c) O controle das decisões por uma minoria. d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade
d) A valorização das opiniões mais competentes. e indisponibilidade do interesse público são princípios ex-
e) A sistematização dos processos decisórios. pressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos im-
plícitos.
06. (INEP – ENEM – Exame Nacional do Ensino Mé- e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do
dio – INEP/2010) “O príncipe, portanto, não deve se in- interesse público e supremacia do interesse público são
comodar com a reputação de cruel, se seu propósito é princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princí-
manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos pios expressos.
exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros
que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem 09. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ADVOGADO –
ao assassínio e ao roubo”. (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São CESPE/2010) Acerca da relação entre ética e moral, assi-
Paulo: Martin Claret, 2009). nale a opção correta.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão a) O entendimento ético discorre filosoficamente, em
sobre a Monarquia e a função do governante. A manuten- épocas diferentes e por vários pensadores, dando concei-
ção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na tos e formas de alusão ao termo ética.
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. b) Durante as Idades Média e Moderna, a ética era
b) bondade em relação ao comportamento dos mer- considerada uma ciência, portanto, era ensinada como
cenários. disciplina escolar. Na Idade Contemporânea, a ética assu-
c) compaixão quanto à condenação de transgressões miu uma nova conotação, desvinculando-se da ciência e
religiosas. da filosofia e sendo vinculada às práticas sociais.
d) neutralidade diante da condenação dos servos. c) A simples existência da moral significa a presença
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto
príncipe. é, uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o
significado dos valores morais.
07. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ADVOGADO – d) A ética não tem por objetivo procurar o fundamen-
CESPE/2010) A respeito das classificações da ética como to do valor que norteia o comportamento, tendo em vista
campo de estudo, assinale a opção correta. a historicidade presente nos valores.
a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana e) O conhecimento do dever está desvinculado da no-
é boa e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta ção de ética, pois este é consequência da percepção, pelo
em um valor. sujeito, de que ele é um ser racional e, portanto, está obri-
b) De acordo com a ética formal, não existem valores gado a obedecer ao imperativo categórico: a necessidade
universais, objetivos, mas estes são convencionais, condi- de se respeitar todos os seres racionais na qualidade de
cionados ao tempo e ao espaço. fins em si mesmos.
c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo
e o errado ocorre por meio da experiência, do resultado 10. (ASPERH – Professor auxiliar ética profissional
do procedimento, da observação sensorial do que de fato – ASPERH/2010) Sobre moral e ética é incorreto afirmar:
ocorre no mundo. a) A moral é a regulação dos valores e comportamen-
d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui tos considerados legítimos por uma determinada socieda-
a razão como enfoque para explicar o mundo, na medida de, um povo, uma religião, uma certa tradição cultural etc.
em que ela constrói a teoria explicativa e vai ao mundo b)  Uma moral é um fenômeno social particular, que
para ver sua adequação. tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que
e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equi- é válido e de direito para todos os homens. Exceto quando
valente à moral porque direciona o comportamento huma- atacada: justifica-se  se dizendo universal, supostamente
no para ações consideradas positivas para um grupo social. válida para todos.

12
ÉTICA

c)  A ética á uma reflexão crítica sobre a moralidade. 13. (ASPERH – Professor auxiliar ética profissional
Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto – ASPERH/2010) Referente a principio constitucional
de princípios e disposições voltados para a ação, histori- da moralidade administrativa e administração publica
camente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações hu- é incorreto afirmar:
manas. a) O princípio constitucional da moralidade adminis-
d) A moral é um conjunto de regras de conduta adota- trativa configura um vigoroso instrumento à função de
das pelos indivíduos de um grupo social e tem a finalidade controle de legalidade, legitimidade e economicidade dos
de organizar as relações interpessoais segundo os valores atos administrativos dos quais resultam despesas públicas
do bem e do mal. b) O princípio atua positivamente, impondo à Admi-
e) A moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prá- nistração Publica o dever de bem gerir e aumentando os
tica concreta. demais deveres de conduta administrativa, tais como os
de agir impessoalmente, garantir a ampla publicidade de
11. (ASPERH – Professor auxiliar ética profissional seus atos, pautar-se com razoabilidade, motivar seus atos
– ASPERH/2010) Sobre a ética, moral e direito é incorreto e decisões, agir com eficiência e observar a compatibi-
afirmar: lidade entre o objetivo de suas ações e o ato praticado
a) Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras para operacionalizar tal objetivo ou finalidade. Bem assim,
que visam estabelecer uma certa previsibilidade para as configura cânone de interpretação e integração de norma
ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam. jurídicas e/ou atos administrativos.
b) O direito busca estabelecer o regramento de uma c)  O princípio atua negativamente, impondo limites
sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. ao exercício da discricionariedade e permitindo a correção
c) As leis têm uma base territorial, elas valem apenas dos atos praticados em desvio de finalidade, mediante o
para aquela área geográfica onde uma determinada popu- seu expurgo do mundo jurídico através da invalidação
lação ou seus delegados vivem. d)  O princípio geralmente “aplicável” isoladamente,
d) Alguns autores afirmam que o direito é um subcon- compondo-se e articulando-se, algumas vezes, com ou-
junto da ética. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de tros princípio jurídicos
que toda a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações e) O princípio consubstancia “norma jurídica” e, por-
demonstram a existência de conflitos entre a ética e o di- tanto, ao utilizá-lo no exercício das funções constitucionais
reito. de controle dos atos administrativos que geram despesas
e) A desobediência civil ocorre quando argumentos públicas sob os prismas de legalidade e da legitimidade,
morais impedem que uma pessoa acate uma determinada não desborda o Tribunal de Contas de sua competência
lei. Este é um exemplo de que a moral e o direito, apesar constitucional
de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter pers-
pectivas discordantes. 14. (ASPERH – Professor auxiliar ética profissional
– ASPERH/2010) Antígona, por razões de Estado, havia
12. (ASPERH – Professor auxiliar ética profissional sido proibida de dar sepultura a seu irmão. No entanto,
– ASPERH/2010) Sobre moralidade administrativa e a mesmo correndo o risco de ser condenado à morte por
constituição federativa é incorreto afirmar: haver descumprido essa proibição legal, resolve piedosa-
a)  A carta magna faz menção em diversas oportuni- mente enterrar seus parente, e é então indagada pela au-
dades ao princípio da moralidade. Uma delas, prevista no toridade civil (Creonte):
art. 5º, LXXIII, trata da ação popular contra ato lesivo à “Creonte: - Confessas ou negas ter feito o que ele diz?
moralidade administrativa. Antígona: - Confesso o que fiz! Confesso-o claramen-
b) Em outra, o constituinte determinou a punição mais te!
rigorosa da imoralidade qualificada pela improbidade (art. Creonte: - Sabias que, por uma proclamação, eu havia
37, §4º). proibido o que fizeste?
c) Há ainda o art. 14, §9º, onde se visa proteger a pro- Antígona: - Sim, eu sabia! Por acaso poderia ignorar, se
bidade e moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, era uma coisa pública?
V, que considera a improbidade administrativa como crime Creonte: - E, apesar disso, tiveste a audácia de desobe-
de atividade administrativa. decer a essa determinação?
d) O princípio da moralidade, com o advento da Carta Antígona: - Sim, porque não foi Júpiter que a promul-
Constitucional de 1988 foi alçado, pela vez primeira em gou; e a Justiça... jamais estabeleceu tal decreto entre os
nosso direito positivo a princípio constitucional, nos ter- humanos; nem eu creio que teu édito tenha força bastante
mos do artigo 37, caput, o qual estabelece diretrizes à ad- para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divi-
ministração pública. nas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis, não
e)  Também o artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição são escritas a partir de ontem ou de hoje, são eternas, sim.
Federal, prevê a possibilidade de anulação de atos lesivos E ninguém sabe desde quando elas vigoram. - Tais decre-
à moralidade administrativa. tos, eu, que não temo o poder de homem algum, posso
violar sem que por isso me venham punir os deuses!...”

13
ÉTICA

Este texto indica a existência de uma lei moral na- 18. (TRT 22ª REGIÃO – TÉCNICO – FCC/2010) Parte
tural - universal no tempo e no espaço, imutável, ins- superior do formulário
crita no coração dos homens, indicando em seu íntimo Parte superior do formulário
o bem e o mal, irrevogável pelas leis humanas - foi ex- O princípio da administração pública que tem por fun-
pressa de uma maneira poética na tragédia grega An- damento que qualquer atividade de gestão pública deve
tígona: ser dirigida a todos os cidadãos, sem a determinação de
a) de Aristóteles pessoa ou discriminação de qualquer natureza, denomina-
b) de Platão se
c) de Sócrates a) Eficiência.
d) de Sófocles b) Moralidade.
e) de Xenofonte c) Legalidade.
d) Finalidade.
15. (CORREIOS – Agente de Correios – CONSUL- e) Impessoalidade.
PLAN/2008) Pode-se afirmar que a ética tem como objeto
de estudo: 19. (DPE/PR – DEFENSOR – FCC/2012) Sobre os
a) O ato humano (voluntário e livre) que é o ato com princípios orientadores da administração pública é IN-
vontade racional, permeado por inteligência e reflexão CORRETO afirmar:
prévia. a) A administração pública não pode criar obrigações
b) A distinção entre o existir e o agir, solenemente. ou reconhecer direitos que não estejam determinados ou
c) A tradução dos costumes aceitos pela sociedade autorizados em lei.
emergente. b) A conduta administrativa com motivação estranha
d) O conceito de moralidade dos povos segregados. ao interesse público caracteriza desvio de finalidade ou
e) N.R.A. desvio de poder.
c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas
por razoabilidade e proporcionalidade tanto na discricio-
16. (NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO – Contador
nariedade quanto na atividade vinculada da administração
– FCC/2011) A respeito dos conceitos de ética, moral e
pública.
virtude, é correto afirmar:
d) Além de requisito de eficácia dos atos administra-
a) A vida ética realiza-se no modo de viver daqueles
tivos, a publicidade propicia o controle da administração
indivíduos que não mantêm relações interpessoais.
pública pelos administrados.
b) Etimologicamente, a palavra moral deriva do grego
e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e
mos e significa comportamento, modo de ser, caráter.
se reporta ao desempenho da administração pública.
c) Virtude deriva do latim virtus, que significa uma
qualidade própria da natureza humana; significa, de modo
20. (TRF 5ª REGIÃO – TÉCNICO – FCC/2012) Parte
geral, praticar o bem usando a liberdade com responsabi- superior do formulário
lidade constantemente. O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os
d) A moral é influenciada por vários fatores como, so- princípios aplicáveis à Administração Pública, entre os
ciais e históricos; todavia, não há diferença entre os con- quais NÃO se inclui, expressamente,
ceitos morais de um grupo para outro. a) eficiência.
e) Compete à moral chegar, por meio de investiga- b) finalidade.
ções científicas, à explicação de determinadas realidades c) publicidade.
sociais, ou seja, ela investiga o sentido que o homem dá a d) impessoalidade.
suas ações para ser verdadeiramente feliz. e) moralidade.

17. (TRT 8ª REGIÃO – TÉCNICO – FCC/2010) Parte 21. (SET/RN – Auditor Fiscal do Tesouro Estadual
superior do formulário – ESAF/2005) Sobre os princípios constitucionais da ad-
O servidor público que deixa de acatar as ordens le- ministração pública, pode-se afirmar que
gais de seus superiores e a sua fiel execução, infringe o I. o princípio da legalidade pode ser visto como incen-
dever de tivador do ócio, haja vista que, segundo esse princípio, a
a) conduta ética. prática de um ato concreto exige norma expressa que o
b) eficiência. autorize, mesmo que seja inerente às funções do agente
c) obediência. público;
d) lealdade. II. o princípio da publicidade visa a dar transparência
e) fidelidade. aos atos da administração pública e contribuir para a con-
cretização do princípio da moralidade administrativa;
III. a exigência de concurso público para ingresso nos
cargos públicos reflete uma aplicação constitucional do
princípio da impessoalidade;

14
ÉTICA

IV. o princípio da impessoalidade é violado quando se 24. (TJM-SP - Oficial de Justiça - VUNESP/2011) Ex-
utiliza na publicidade oficial de obras e de serviços pú- tingue-se a punibilidade pela prescrição da falta sujeita à
blicos o nome ou a imagem do governante, de modo a pena de:
caracterizar promoção pessoal do mesmo; a) repreensão, demissão e suspensão, em 4 (quatro)
V. a aplicação do princípio da moralidade adminis- anos.
trativa demanda a compreensão do conceito de “moral b) demissão e de cassação da aposentadoria, em 10
administrativa”, o qual comporta juízos de valor bastante (dez) anos.
elásticos; c) advertência, suspensão ou multa, em 2 (dois) anos.
VI. o princípio da eficiência não pode ser exigido en- d) repreensão, expulsão ou multa, em 5 (cinco) anos.
quanto não for editada a lei federal que deve defini-lo e e) repreensão, suspensão ou multa, em 2 (dois) anos.
estabelecer os seus contornos.
Estão corretas as afirmativas 25. (TRE-MS - Analista Judiciário - CESPE/2013) No
a) I, II, III e IV.
que se refere às vedações e penalidades previstas para o
b) II, III, IV e V.
servidor público federal, assinale a opção correta.
c) I, II, IV e VI.
a) O servidor público federal não pode manter sob sua
d) II, III, IV e VI.
chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônju-
e) III, IV, V e VI.
ge, companheiro ou parente até o segundo grau civil, sob
22. (TRE-PA - Analista Judiciário - FGV/2011) Parte pena de sofrer pena de advertência.
superior do formulário b) O servidor penalizado com suspensão pode optar
O servidor público federal é sujeito à disciplina legal por converter a pena em multa, na base de 50% do salário
diferenciada dos trabalhadores da iniciativa privada.  por dia de vencimento ou remuneração e, assim, continuar
O regime disciplinar do servidor público federal de- trabalhando.
termina que  c) A pena máxima prevista para o servidor que pro-
a) a advertência será aplicada por escrito no caso de o ceder de forma desidiosa é a suspensão por cento e vinte
servidor aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado dias.
estrangeiro. d) É vedado ao servidor público federal exercer o co-
b) a demissão será aplicada nos casos de falta injus- mércio, inclusive na qualidade de acionista ou cotista.
tificada por mais de trinta dias interpolados, acumulação e) A pena disciplinar para a acumulação ilegal de car-
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, corrupção gos públicos é a de suspensão.
e improbidade administrativa, entre outros.
c) a demissão ou a destituição de cargo em comissão 26. (SEFAZ-RJ - Técnico - FGV/2011) Parte superior
em virtude de corrupção implica a indisponibilidade dos do formulário
bens e o ressarcimento ao erário. A respeito do regime de responsabilidade dos servi-
d) a punição para o servidor que injustificadamente se dores públicos em âmbito federal, é correto afirmar que 
recusar a ser submetido à inspeção médica determinada a) o servidor público responde penal e administrati-
por autoridade competente é a suspensão por trinta dias, vamente pelo exercício irregular de suas atribuições, ao
que pode ser convertida em multa. passo que a responsabilidade civil é exclusiva da Adminis-
e) a responsabilidade administrativa do servidor não tração Pública.
será afastada no caso de absolvição criminal. b) embora as instâncias penal e administrativa sejam
independentes, a decisão penal absolutória por insuficiên-
23. (TRT 1ª REGIÃO - Juiz do Trabalho - FCC/2012)
cia de provas vincula a instância administrativa.
De acordo com as disposições da Lei nº 8.112/90, a alter-
c) as sanções administrativas não podem cumular-se
nativa que apresenta a correlação correta é:
com as sanções civis decorrentes de uma mesma infração
a) Conduta de servidor público - inassiduidade habi-
funcional, sob pena de bis in idem.
tual = Sanção aplicável - demissão
b) Conduta de servidor público - manter sob sua che- d) a ação disciplinar prescreve em 2 (dois) anos, seja
fia imediata, em função de confiança, cônjuge ou parente qual for a natureza da infração administrativa cometida
até o segundo grau = Sanção aplicável - demissão pelo servidor.
c) Conduta de servidor público - cometer à pessoa e) a responsabilidade do servidor será afastada no
que não integra a repartição, fora dos casos previstos em caso de absolvição criminal que negue a existência do fato
lei, o desempenho de atribuição de sua responsabilidade ou sua autoria.
= Sanção aplicável - suspensão
d) Conduta de servidor público - coagir subordinado 27. (CGU - Analista de Finanças e Controle -
a filiar-se a sindicato = Sanção aplicável - demissão ESAF/2012) Quanto à infração disciplinar e à prescrição
e) Conduta de servidor público - participar de gerên- da ação disciplinar, é incorreto afirmar que
cia ou administração de sociedade privada = Sanção apli- a) é de 5 (cinco) anos o prazo prescricional para as in-
cável - demissão e inabilitação para investidura em novo frações puníveis com demissão, cassação de aposentado-
cargo público pelo prazo de 5 anos ria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão.

15
ÉTICA

b) o marco inicial para o cômputo do prazo de pres- III. A Administração Pública pode demitir funcionário
crição é a data em que o fato ocorreu, independente de público por corrupção passiva antes de transitado em jul-
ter-se tornado conhecido. gado da sentença penal condenatória. 
c) a contagem do prazo prescricional é interrompida IV. A absolvição do servidor público, em ação penal
pela abertura de sindicância ou instauração de processo transitada em julgado, por não provada a autoria, implica
disciplinar até a decisão final proferida por autoridade a impossibilidade de aplicação de pena disciplinar admi-
competente. nistrativa, porém permite a ação regressiva civil para res-
d) interrompido o curso da prescrição, o prazo come- sarcimento de dano ao erário. 
çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. Assinale:
e) os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- a) se somente a afirmativa I estiver correta.
cam- se às infrações disciplinares capituladas também b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
como crime. c) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
28. (SPTrans - Advogado Pleno - Administrativo - e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
VUNESP/2012) Sobre a responsabilidade dos servidores
públicos, é correto afirmar que RESPOSTAS
a) em face da presunção de inocência, garantida pela
Constituição Federal, a Administração deve aguardar o 01. RESPOSTA: D.
desfecho de processo criminal antes de proceder à puni- Platão, diferente de Aristóteles, acreditava que as sen-
ção disciplinar do servidor pela mesma falta. sações tinham um papel ilusório. Assim cabia se prender
b) a absolvição criminal afastará o ato punitivo no exclusivamente à razão. Sua teoria das ideias compreende
âmbito administrativo se ficar provada, na ação penal, a o mundo da natureza como um mundo das ideias, de for-
inexistência do fato ou que o acusado não foi o seu autor. ma que a cada coisa da natureza corresponde uma ideia
c) a condenação do servidor no âmbito civil implica de coisa eterna e imutável.
automaticamente o reconhecimento das responsabilida-
02. RESPOSTA: C.
des administrativa e criminal, posto que a primeira é mais
Uma das maiores críticas à sociedade contemporânea
ampla que as duas últimas.
é a da imposição de um padrão de beleza quase inatingí-
d) a extinção da pena administrativa pode se dar pelo
vel para a maioria das pessoas. As revistas apontam um
seu cumprimento ou pela prescrição, sendo vedada extin-
padrão e quem não o atinge deve se sentir envergonha-
ção por meio do perdão por parte da Administração Pú-
do. As pessoas se enxergam feias e nunca estão satisfei-
blica.
tas consigo mesmas. E os gordinhos, gordos e obesos são
e) o entendimento, atualmente, é que, nas ações de
vistos como preguiçosos e sem caráter. A filosofia deve se
reparação de danos contra a Fazenda Pública, por respon-
preocupar em resolver questões tão complexas e que afe-
sabilidade objetiva, esta é obrigada a denunciar à lide o tam tanto a vida humana.
servidor que causou os danos.
03. RESPOSTA: D.
29. (SAP-SP - Oficial Administrativo - VU- Na busca de quebrar a força dos mitos, os filósofos da na-
NESP/2011) A pena de suspensão será aplicada em caso tureza pretenderam estabelecer uma origem substancial para
de falta grave ou de reincidência, que não excederá o pra- as formas da natureza. Para Tales, a origem de tudo estava no
zo de ar. Para Demócrito, a origem de tudo estava no átomo.
a) 15 dias.
b) 30 dias. 04. RESPOSTA: C.
c) 45 dias. Como todo filósofo do Renascimento, Maquiavel ado-
d) 90 dias. ta uma concepção antropocentrista, confiante no elemen-
e) 120 dias. to racional do homem como centro de toda a sociedade.
Contudo, Maquiavel não ignora que existem coisas que
30. (PC-AP - Delegado de Polícia - FGV/2010) Parte estão fora do alcance do homem, ao que dá o nome de
superior do formulário acaso ou sorte.
Com relação à responsabilidade civil, penal e admi-
nistrativa decorrente do exercício do cargo, emprego ou 05. RESPOSTA: C.
função pública, analise as afirmativas a seguir: O texto remonta à falha dos processos democráticos
I. O funcionário público, condenado na esfera criminal, na atualidade. A democracia existe, mas muito parece com
poderá ser absolvido na esfera civil e administrativa, pre- uma democracia formal, não verdadeira. As pessoas não
valecendo a regra da independência entre as instâncias.  sabem ao certo sobre o que decidem e não acessam cor-
II. A absolvição judicial do servidor público repercute retamente os meios de participação popular. Em outras
na esfera administrativa se negar a existência do fato ou palavras, na prática, as decisões políticas acabam sendo
excluí-lo da condição de autor do fato.  tomadas por uma minoria.

16
ÉTICA

06. RESPOSTA: E. 11. RESPOSTA: D.


O relativismo moral, numa tolerância às atitudes do O Direito é um subconjunto da Ética e, por isso mes-
príncipe por mais tirânicas que fossem desde que benéfi- mo, suas normas devem refletir o conteúdo ético sempre
cas ao Estado, é uma das principais marcas da filosofia de que possível, o que ocorre pela presença do valor do justo.
Maquiavel, para o qual os fins justificam os meios. Tomar como correta a afirmativa d seria entender que o
Direito pode não ser justo e ainda assim ser válido, premis-
07. RESPOSTA: C. sa positivista refutada no contexto pós-guerra.
Empirismo é a observação prática de um fenômeno.
Enquanto que numa ética teórica bastaria a reflexão para 12. RESPOSTA: C.
conhecer o certo e o errado, por uma ética empírica é pre- Embora o artigo 85, V faça referência à probidade
ciso vivenciar o contato direto com situações que permi- administrativa como um dos objetos de violação, carac-
tam compreender estes valores. terizando crime de responsabilidade pelo Presidente da
República, o ato de improbidade administrativa praticado
08. RESPOSTA: B. Os princípios da Supremacia do pelos servidores em geral tem natureza cível e está regula-
Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse Pú- do na Lei nº 8.429/92.
blico, apesar de implícitos no ordenamento jurídico, são
tidos como pilares do regime jurídico-administrativo. Isto 13. RESPOSTA: D.
se deve ao fato de que todos os demais princípios da ad- O princípio da moralidade administrativa deve sempre
ministração pública são desdobramentos desses dois prin- ser lido em conjunto com os demais princípios constitu-
cípios em questão, cuja relevância é tanta que são conhe- cionais, notadamente os aplicáveis à Administração Públi-
cidos como supraprincípios da administração pública. ca: legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência.
Letra “A”: incorreta. Não há hierarquia entre os princí-
pios, eles se resolvem por ponderação. 14. RESPOSTA: D.
Letra “C”: incorreta. O princípio da supremacia do inte- O autor da tragédia grega Antígona, que marcou a
distinção entre lei natural e lei positiva, é Sófocles.
resse público e indisponibilidade do interesse público não
são expressos.
15. RESPOSTA: A.
Letra “D”: incorreta. O princípio da indisponibilidade
O principal objeto de estudo da ética é a ação huma-
do interesse público não é um princípio expresso. Não há
na, num sentido de refletir sobre ela. De forma estrita, a
hierarquia entre os princípios expressos em relação aos
moral, parte da ética, estuda a ação humana enquanto
implícitos.
ação propriamente dita. De qualquer maneira, no âmbito
Letra “E”: incorreta. Os princípios da impessoalidade e
da ética é feito um estudo da ação humana baseada na
eficiência são princípios expressos.
razão, na vontade racional.
OBS: Cuidado porque algumas bancas consideram
princípios expressos apenas o que estão previstos na 16. RESPOSTA: C.
Constituição Federal e outras consideram que os princí- Virtude é uma qualidade da natureza humana relacio-
pios administrativos que estiverem escritos em lei são ex- nada a um valor ético. A ação que seja virtuosa será vol-
plícitos. Proporcionalidade, razoabilidade, finalidade, mo- tada sempre ao bem e praticada com responsabilidade e
tivação, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e razoabilidade, sem o que perderia tal caráter. Vale destacar
interesse público constam expressamente no artigo 2º da que a alternativa d está incorreta porque embora a ética
Lei nº 9784/99. seja imutável, preceitos morais podem sofrer pequenas va-
riações de um grupo social para outro sem que se perca a
09. RESPOSTA: A. essência ética.
O termo ética passa por diversas interpretações no de-
correr da história, mas é possível notar que alguns de seus 17. RESPOSTA: C.
elementos, guardadas as devidas particularidades, são re- Dever de obediência é o que se liga diretamente à
incidentes na formação deste conceito. hierarquia que deve ser respeitada dentro das instituições
públicas, garantindo a melhor prestação do serviço. Os
10. RESPOSTA: B. demais princípios são mais abrangentes, referindo-se ao
A Moral, embora seja mais subjetiva que a Ética, reflete cargo como um todo, não apenas à relação hierárquica.
o seu conteúdo, logo, também possui universalidade. O
sentimento moral é uno e repousa no seio social, sendo 18. RESPOSTA: E.
assim universal. Logo, a Moral é válida para todos, não su- Todos os princípios da administração pública se li-
postamente válida. gam, por isso, ao menos indiretamente todos acabam se
fazendo presentes. Contudo, é preciso se atentar ao mais
específico: o preâmbulo da questão descreve exatamente
o conceito do princípio da impessoalidade, que veda dis-
tinções indevidas entre os administrados.

17
ÉTICA

19. RESPOSTA: C. 26. Parte inferior do formulário


A alternativa a) define o princípio da legalidade para a RESPOSTA: E.
administração pública, pelo qual ela somente pode fazer o Quando comprovada a inexistência do fato ou a nega-
que a lei permite; a b) traz o princípio da motivação, pelo tiva de autoria na esfera criminal, tradicionalmente reco-
qual todos atos da administração devem ser justificados pelo nhecida por apurar com maior rigor e arcabouço proba-
interesse público, sob pena de desvio de finalidade ou desvio tório os fatos levados a seu conhecimento (em defesa do
de poder; a d) relembra que a publicidade dos atos da ad- direito à liberdade e em respeito à presunção de inocên-
ministração facilita o controle destes pelo povo; a e) se refere cia), entende-se que uma esfera menos rigorosa não po-
ao art. 37 da CF e traz a principal finalidade do princípio da deria afirmar o contrário. Somente cabe condenação cível
eficiência, que é a otimização do desempenho da administra- ou administrativa em caso de absolvição criminal quando
ção pública. A alternativa c) está incorreta porque oportuni- esta se der por falta de provas.
dade e conveniência somente são delimitadas pela razoabi-
lidade e pela proporcionalidade nos atos discricionários, nos 27. RESPOSTA: B.
quais a administração possui alguma liberdade de escolha. O marco inicial para o cômputo do prazo de prescri-
ção é a data em que o fato se torna conhecido, conforme
20. RESPOSTA: B. artigo 142, §1º: “o prazo de prescrição começa a correr da
O artigo 37 da CF traz, nesta ordem, os princípios da data em que o fato se tornou conhecido”.
administração pública: legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência (formando a palavra LIMPE). 28. RESPOSTA: B.
Quando comprovada a inexistência do fato ou a nega-
21. RESPOSTA: B. tiva de autoria na esfera criminal, tradicionalmente reco-
O princípio da legalidade é reforço da moralidade, não nhecida por apurar com maior rigor e arcabouço probató-
incentivador do ócio e da preguiça, até mesmo porque a rio os fatos levados a seu conhecimento (em defesa do di-
exigência de lei expressa não exclui o desempenho de fun- reito à liberdade e em respeito à presunção de inocência),
ções inerentes ao cargo pelo servidor. O princípio da efi-
entende-se que uma esfera menos rigorosa não poderia
ciência, por sua vez, consubstancia-se no binômio produti-
afirmar o contrário. Logo, ficará afastado o ato punitivo
vidade-economicidade e pode ser exigido desde sua pre-
nos âmbito administrativo e cível.
visão no texto constitucional. Logo, I e VI estão incorretas.
29. RESPOSTA: D.
22. Parte inferior do formulário
Estabelece o artigo 130 da Lei n° 8.112/90: “a suspen-
RESPOSTA: C.
são será aplicada em caso de reincidência das faltas puni-
Preconiza do artigo 136 da Lei n° 8.112/90: “a demissão
das com advertência e de violação das demais proibições
ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos inci-
sos IV, VIII, X e XI do artigo 132, implica a indisponibilidade que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias”.
penal cabível”. Por sua vez, a corrupção está descrita no
inciso do XI artigo 132. 30. Parte inferior do formulário
RESPOSTA: D.
23. RESPOSTA: A. I está incorreta porque a condenação na esfera crimi-
Nos termos do art. 132, “a demissão será aplicada nos nal é dotada de tal força que não faria sentido a absolvi-
seguintes casos: [...] III - inassiduidade habitual [...]”. ção na esfera cível e administrativa, que requerem menor
arcabouço probatório para a condenação; II está correta
24. RESPOSTA: E. porque as absolvições criminais por negativa da autoria
Prevê o art. 142: “a ação disciplinar prescreverá: I - em ou inexistência do fato geram necessariamente absolvição
5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cível e administrativa; III está correta porque a pena de de-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destitui- missão pode ser aplicada antes do trânsito em julgado da
ção de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto sentença penal condenatória ao final do processo admi-
à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á nistrativo disciplinar, que corre de maneira independente;
advertência”. IV está incorreta porque no exemplo também se dá exclu-
são da responsabilidade civil.
25. RESPOSTA: A.
Neste sentido: “Art. 117.  Ao servidor é proibido:  [...]
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o se-
gundo grau civil; [...] Art. 129.  A advertência será aplicada
por escrito, nos casos de violação de proibição constante do
art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma inter-
na, que não justifique imposição de penalidade mais grave”.

18
ÉTICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (A) Ele se esqueceu de que? = quê?


Língua Portuguesa (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
01-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
A pontuação está inteiramente adequada na frase: cessivos nas críticas.
a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as (D) O juíz ( juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi-
crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a cações dos funcionários.
ver com as de ontem. (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver, RESPOSTA: “E”.
com as de ontem.
c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que 04-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS-
as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as fra-
com as de ontem. ses do texto:
d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne-
as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver gativa...
com as de ontem. II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas-
e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que sificação do continente americano (2,0)...
as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases
com as de ontem. I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem
dos exemplos, em:
Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o
ção da alternativa correta indica quais são as inadequações próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente
nas demais. da maioria?
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju-
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua-
RESPOSTA: “E”.
drilha.
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa.
02-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui,
No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
mas também existem umas que não merecem nossa
ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
atenção.
sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta- (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
a forma: Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
A) puder. aos itens:
B) poderia. (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
C) pôde. tem (singular)
D) poderá. (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
E) pudesse. (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise-
ram (plural)
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- umas (plural)
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes- as formas estão no plural)
soa do singular (ele) = poderia.
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “B”.
05-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO -
03-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
Entre as frases que seguem, a única correta é: Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais
a) Ele se esqueceu de que? velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca!
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis- Alterando apenas o tempo dos verbos destacados
tribui-lo entre os presentes. para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste,
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por-
críticas. tuguesa:
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica- (A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan-
ções dos funcionários. do eles falaram nós calamos a boca!
e) Não sei por que ele mereceria minha conside- (B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan-
ração. do eles falassem nós calaríamos a boca!

19
ÉTICA

(C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E 08-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
quando eles falassem nós calaríamos a boca! – VUNESP/2010 - ADAPTADA)
(D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quando Assinale a alternativa de concordância que pode ser
eles falarem nós calaremos a boca! considerada correta como variante da frase do texto – A
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando maioria considera aceitável que um convidado chegue
eles falam nós calamos a boca! mais de duas horas ...
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável que
No presente: nós sabemos / eles falam. um convidado chegue mais de duas horas...
RESPOSTA: “E”. (B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que
um convidado chegue mais de duas horas...
06-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS- (C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis que
TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas um convidado chegue mais de duas horas...
verbais está correta em: (D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o pla- que um convidado chegue mais de duas horas...
neta não resistiu. (E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto que um convidado cheguem mais de duas horas...
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
lapso. Fiz as indicações:
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, (A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de duas
distorções patológicas, não haverá vícios. horas...
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado (B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas. (aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas...
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons- (C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok)
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia. aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de
duas horas...
Fiz as correções necessárias: (D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o planeta (ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais
não resistiu = resistirá de duas horas...
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto po- (E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
der de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso. (ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais de
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, o duas horas...
do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse distor-
ções patológicas, não haverá = haveria RESPOSTA: “A”.
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou te- 09-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA
riam ficado) – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as pala-
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons- vras são acentuadas graficamente pelos mesmos moti-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = cres- vos que justificam, respectivamente, as acentuações de:
cerá década, relógios, suíços.
(A) flexíveis, cartório, tênis.
RESPOSTA: “B”. (B) inferência, provável, saída.
(C) óbvio, após, países.
07-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- (D) islâmico, cenário, propôs.
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche (E) república, empresária, graúda.
adequadamente e de acordo com a norma culta a lacuna
da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe fa- Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi-
ria a pergunta mais deliciosa de todas. nada em ditongo / suíços = regra do hiato
(A) entrasse (A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em di-
(B) entraria tongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida de “s”)
(C) entrava (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro-
(D) entrar vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
(E) entrou (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após
= oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, indi- (D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter-
ca que é uma ação que, para acontecer, depende de outra. minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s”
Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se ele (E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... terminada em ditongo / graúda = regra do hiato

RESPOSTA: “A”. RESPOSTA: “E”.

20
ÉTICA

10-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- Até que chega esse paulista, esse homem bidimen-
NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sa-
língua portuguesa, o acento indicativo de crase está patênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é um
corretamente empregado em: crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, pau-
(A) A população, de um modo geral, está à espera lishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o vazio
de que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os aci- que carregas no peito - pensa o garçom, antes de conduzi
dentes. -lo à última mesa do restaurante, a caminho do banheiro,
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à e ali esquecê-lo para todo o sempre.
repensarem a sua postura. Veja, veja como ele se debate, como se debaterá ama-
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos nhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas,
à punições muito mais severas. maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê,
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, compa-
a vida dos demais motoristas e de pedestres. nheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra ver um
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumpri- cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo.
mento da nova lei para que ela possa funcionar. Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao restau-
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá rante para homenageá-lo.
para substituir por “esperando”) de que (Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re- de S.Paulo, 06.02.2013)
pensarem (antes de verbo)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à (*) Um tipo de coreografia, de dança.
punições (generalizando, palavra no plural)
(D) À ninguém (pronome indefinido) 11-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(E) Cabe à todos (pronome indefinido) PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem
em que o autor simula dialogar com o leitor.
RESPOSTA: “A”.
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua
existência plebeia.
(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”.
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões
(D) Sim, meu caro paulista...
de números 11 e 12.
(E) Ah, paulishhhhta otááário...
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
deux” (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós,
paulista acena, assovia, agita os braços num agônico po- leitores.
lichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassível,
o garçom carioca o ignora com redobrada atenção. O RESPOSTA: “D”.
paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parceirô?!”; o
garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre. 12-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
o paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, NESP/2013) O contexto em que se encontra a passagem
mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas inte- – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século
rações sociais terminam, 99% das vezes, diante da per- 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º parágrafo) –
gunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele entender leva a concluir, corretamente, que a menção a
que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do (A) príncipes e princesas constitui uma referência em
garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido sentido não literal.
e criado na crua batalha entre burgueses e proletários, (B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido
compreender o discreto charme da aristocracia? não literal.
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que referência em sentido não literal.
esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] referência em sentido literal.
Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século (E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal.
19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô-
nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas” do
para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos” e “fa-
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje mosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19, esses
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de eram da corte, literalmente.
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi,
seu orgulho permanece intacto. RESPOSTA: “B”.

21
ÉTICA

13-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO 16-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equivale NESP/2013) Assinale a alternativa em que a oração
ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa con- destacada expressa finalidade, em relação à outra que
tendo as expressões com sentidos equivalentes, respecti- compõe o período.
vamente, aos das palavras ígneo e pétreo. (A) Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
(A) De corda; de plástico. século 19, passou a servir reis e rainhas do 20...
(B) De fogo; de madeira. (B) Pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última
(C) De madeira; de pedra. mesa do restaurante...
(D) De fogo; de pedra. (C) Você é que foi ao restaurante para homenageá
(E) De plástico; de cinza. -lo.
(D) ... nenhum emblema preencherá o vazio que
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou asso- carregas no peito ...
ciação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo, (E) O garçom boceja, tira um fiapo do ombro...
combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
Vamos às análises:
RESPOSTA: “D”. A - Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
século 19 = a conjunção inicial é condicional.
(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO B - antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante =
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 - conjunção temporal (dá-nos noção de tempo)
ADAPTADO) Para responder às questões de números 14 C - para homenageá-lo = nessa oração temos a noção
e 15, considere a seguinte passagem: Sem querer este- do motivo (qual a finalidade) da ação de “ter ido ao restau-
reotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas rante”, segundo o texto
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da D - que carregas no peito – o “que” funciona como
pergunta “débito ou crédito?”.
pronome relativo (podemos substituí-lo por “o qual” car-
regas no peito)
14-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
E - tira um fiapo do ombro – temos aqui uma oração
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
assindética (sem conjunção “final”)
NESP/2013) Nesse contexto, o verbo estereotipar tem
sentido de
RESPOSTA: “C”.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
dela. 17-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(C) adotar como referência de qualidade. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(D) julgar de acordo com normas legais. NESP/2011) Em – A falta de modos dos homens da Casa
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizen-
do bobagens para estranhos no Quirguistão incomo-
Classificar conforme regras conhecidas, mas não confir- dou a embaixadora americana.
madas se verdadeiras. A conjunção destacada pode ser substituída por
A) portanto. (B) como. (C) no entanto. (D)
RESPOSTA: “E”. porque. (E) ou.

15-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- O “mas” é uma conjunção adversativa, dando a ideia de
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) oposição entre as informações apresentadas pelas orações,
Nessa passagem, a palavra cujas tem sentido de o que acontece no enunciado da questão. Em “A”, temos
(A) lugar, referindo-se ao ambiente em que ocorre a uma conclusiva; “B”, comparativa; “C”, adversativa; “D”, ex-
pergunta mencionada. plicativa; “E”, alternativa.
(B) posse, referindo-se às interações sociais do pau-
lista. RESPOSTA: “C”.
(C) dúvida, pois a decisão entre débito ou crédito ain-
da não foi tomada.
(D) tempo, referindo-se ao momento em que termi-
nam as interações sociais.
(E) condição em que se deve dar a transação financei-
ra mencionada.

O pronome “cujo” geralmente nos dá o sentido de posse:


O livros cujas folhas (lê-se: as folhas dos livros).

RESPOSTA: “B”.

22
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

1. Teoria geral dos direitos humanos................................................................................................................................................................ 01


1.1. Conceito, terminologia, fundamentação. ......................................................................................................................................... 01
2. Afirmação histórica dos direitos humanos. .............................................................................................................................................. 04
3. A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos. ............................................................................. 09
4. Direitos políticos na Constituição Federal de 1988: cidadania, elegibilidade e partidos políticos...................................... 09
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

O direito natural, na sua formulação clássica, não é um


1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS. conjunto de normas paralelas e semelhantes às do direito
1.1. CONCEITO, TERMINOLOGIA, positivo, e sim o fundamento deste direito positivo, sendo
FUNDAMENTAÇÃO. formado por normas que servem de justificativa a este, por
exemplo: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o que lhe é
devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os contratos
devem ser observados” etc.3
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles4
Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos di- intitulada Antígona, na qual a personagem se vê em con-
reitos humanos, desde os seus elementos básicos como flito entre seguir o que é justo pela lei dos homens em de-
conceito, características, fundamentação e finalidade, pas- trimento do que é justo por natureza quando o rei Creonte
sando pela análise histórica e chegando à compreensão de impõe que o corpo de seu irmão não seja enterrado porque
sua estrutura normativa. havia lutado contra o país. Neste sentido, a personagem
Na atualidade, a primeira noção que vem à mente Antígona defende, ao ser questionada sobre o descumpri-
quando se fala em direitos humanos é a dos documen- mento da ordem do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus;
tos internacionais que os consagram, aliada ao processo e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subter-
de transposição para as Constituições Federais dos países râneas, jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos;
democráticos. Contudo, é possível aprofundar esta noção tampouco acredito que tua proclamação tenha legitimida-
se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos direitos de para conferir a um mortal o poder de infringir as leis
humanos, as quais serão abordadas mais detalhadamente divinas, nunca escritas, porém irrevogáveis; não existem a
adiante, acrescentando-se que existem direitos inatos ao partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E ninguém
homem independentemente de previsão expressa por se- pode dizer desde quando vigoram! Decretos como o que
rem elementos essenciais na construção de sua dignidade.
proclamaste, eu, que não temo o poder de homem algum,
Logo, um conceito preliminar de direitos humanos
posso violar sem merecer a punição dos deuses! [...]”.
pode ser estabelecido: direitos humanos são aqueles ine-
rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade
O desrespeito às normas de direito natural - e porque
que usualmente são de:
não dizer de direitos humanos - leva à invalidade da norma
Escritos em documentos internacionais para que sejam
que assim o preveja (Ex: autorizar a tortura para fins de
mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da
investigação penal e processual penal não é simplesmente
pessoa humana é, na verdade, uma busca da dignidade da
pessoa humana. inconstitucional, é mais que isso, por ser inválida perante
O direito natural se contrapõe ao direito positivo, lo- a ordem internacional de garantia de direitos naturais/hu-
calizado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a manos uma norma que contrarie a dignidade inerente ao
ideia de imutabilidade de certos princípios, que escapam à homem sob o aspecto da preservação de sua vida e inte-
história, e a universalidade destes princípios transcendem gridade física e moral).
a geografia. A estes princípios, que são dados e não pos- Enfim, quando questões inerentes ao direito natu-
tos por convenção, os homens têm acesso através da razão ral passam a ser colocadas em textos expressos tem-se
comum a todos (todo homem é racional), e são estes prin- a formação de um conceito contemporâneo de direitos
cípios que permitem qualificar as condutas humanas como humanos. Entre outros documentos a partir dos quais tal
boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua concepção começou a ganhar forma, destacam-se: Mag-
vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e na Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século XVII e
Moral.1 Constituições da Revolução Francesa de 1789 e Americana
As premissas dos direitos humanos se encontram no de 1787. No entanto, o documento que constitui o marco
conceito de lei natural. Lei natural é aquela inerente à hu- mais significativo para a formação de uma concepção con-
manidade, independentemente da norma imposta, e que temporânea de direitos humanos é a Declaração Universal
deve ser respeitada acima de tudo. O conceito de lei na- de Direitos Humanos de 1948. Após ela, muitos outros do-
tural foi fundamental para a estruturação dos direitos dos cumentos relevantes surgiram, como o Pacto Internacional
homens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui de Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional de Direi-
direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de 1966, além da
tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os Es- Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de
tados e membros da sociedade. O direito natural é, então, São José da Costa Rica) de 1969, entre outros.
comum a todos e, ligado à própria origem da humanida- A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir
de, representa um padrão geral, funcionando como instru- que a dignidade do homem não seja violada, estabelecen-
mento de validação das ordens positivas2. do um rol de bens jurídicos fundamentais que merecem
1 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um Letras, 2009.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das 3 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do
Letras, 2009. Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
2 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um 4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das São Paulo: Martin Claret, 2003.

1
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

proteção inerentes, basicamente, aos direitos civis (vida, marcantes do pensamento moderno é a convicção gene-
segurança, propriedade e liberdade), políticos (participa- ralizada de que o verdadeiro fundamento de validade - do
ção direta e indireta nas decisões políticas), econômicos direito em geral e dos direitos humanos em particular - já
(trabalho), sociais (igualdade material, educação, saúde e não deve ser procurado na esfera sobrenatural da revela-
bem-estar), culturais (participação na vida cultural) e am- ção religiosa, nem tampouco numa abstração metafísica - a
bientais (meio ambiente saudável, sustentabilidade para as natureza - como essência imutável de todos os entes no
futuras gerações). Percebe-se uma proximidade entre os mundo. Se o direito é uma criação humana, o seu valor de-
direitos humanos e os direitos fundamentais do homem, o riva, justamente, daquele que o criou. O que significa que
que ocorre porque o valor da pessoa humana na qualidade esse fundamento não é outro, senão o próprio homem,
de valor-fonte da ordem de vida em sociedade fica expres- considerado em sua dignidade substancial de pessoa,
so juridicamente nestes direitos fundamentais do homem. diante da qual as especificações individuais e grupais são
As normas de direitos humanos e direitos fundamen- sempre secundárias”.
tais, por sua própria natureza, possuem baixa densidade A dignidade da pessoa humana é o valor-base de in-
normativa. Isso significa que elas abrem alta margem para terpretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou
interpretação e geralmente adotam a forma de princípios, nacional, que possa se considerar compatível com os valo-
não de regras. res éticos, notadamente da moral, da justiça e da democra-
Neste sentido, toma-se a divisão clássica de Alexy5, se- cia. Pensar em dignidade da pessoa humana significa, aci-
gundo o qual a distinção entre regras e princípios é uma ma de tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte
distinção entre dois tipos de normas, fornecendo juízos para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na
concretos para o dever ser. A diferença essencial é que elaboração da norma, seja na sua aplicação.
princípios são normas de otimização, ao passo que regras A menção constante da dignidade no que pode ser
são normas que são sempre satisfeitas ou não. Se as regras considerado o principal instrumento de declaração de di-
se conflitam, uma será válida e outra não. Se princípios coli-
reitos humanos universais, qual seja a Declaração Universal
dem, um deles deve ceder, embora não perca sua validade
de 1948, desde o seu início a coloca não só como principal
e nem exista fundamento em uma cláusula de exceção, ou
norte de interpretação das normas de direitos humanos
seja, haverá razões suficientes para que em um juízo de so-
como um todo, mas como a justificativa principal para a
pesamento (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto
criação de um sistema internacional com tal natureza de
adepto da adoção de tal critério de equiparação normativa
proteção.
entre regras e princípios, o jurista alemão Robert Alexy é
Comparato7 aponta outros fundamentos de direitos
colocado entre os nomes do pós-positivismo.
Ainda assim, é possível verificar, com relação a estas humanos associados à dignidade da pessoa humana:
normas específicas, princípios ou tendências mais abran-
gentes, que envolvem um grupo de diretrizes ou então in- a) Auto consciência: “Contrariamente aos outros ani-
diretamente compõem todas elas. Em outras palavras, exis- mais, o homem não tem apenas memória de fatos exterio-
tem determinados fundamentos que pairam sobre todos res, incorporada ao mecanismo de seus instintos, mas pos-
os princípios e regras de direitos humanos e fundamentais, sui a consciência de sua própria subjetividade, no tempo e
como o caso da dignidade da pessoa humana, da demo- no espaço; sobretudo, consciência de sua condição de ser
cracia e da razoabilidade proporcionalidade, ou referem-se vivente e mortal”.
especificamente a um grupo deles, a exemplo da liberdade,
da igualdade e da fraternidade. b) Sociabilidade: “[...] o indivíduo humano somen-
Por isso, embora a nomenclatura princípio seja usual te desenvolve as suas virtualidades de pessoa, isto é, de
em doutrina e jurisprudência quanto a estes elementos homem capaz de cultura e auto aperfeiçoamento, quando
que serão estudados neste capítulo, opta-se, para fins de vive em sociedade. É preciso não esquecer que as qualida-
distinção dos demais princípios específicos, a adoção do des eminentes e próprias do ser humano - a razão, a ca-
vocábulo fundamento. Logo, pretende-se deixar evidente pacidade de criação estética, o amor - são essencialmente
que a existência de normas específicas de baixa densidade comunicativas”.
normativa, adotando a forma de princípio jurídico, não ex-
clui normas ainda mais abrangentes, também tomando a c) Historicidade: “A substância da natureza humana é
forma de princípio, com baixíssima densidade normativa, a histórica, isto é, vive em perpétua transformação, pela me-
ponto de poderem ser consideradas fundamentos base de mória do passado e o projeto do futuro”.
todo o sistema de direitos humanos e fundamentais.
O principal fundamento de direitos humanos, sem d) Unicidade existencial: “outra característica essen-
sombra de dúvidas, é a dignidade da pessoa humana. A cial da condição humana é o fato de que cada um de nós
exemplo do que expõe Comparato6: “Uma das tendências se apresenta como um ente único e rigorosamente insubs-
tituível no mundo”.
5 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.
Tradução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, comparatodireitoshumanos.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2013.
2011. 7 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos
6 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997.
Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em: <http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/
Disponível em: <http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/ comparatodireitoshumanos.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2013.

2
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Outro fundamento de direitos humanos é a demo- 2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a


cracia. A adoção da forma democrática de Estado aparece todos e por isso se encontram ligados a um sistema global
como fundamento dos direitos humanos por ser um pres- (ONU), o que impede o retrocesso.
suposto para que eles possam ser adequadamente exerci-
dos. Em outras palavras, fora de um Estado democrático, 3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem
não há possibilidade de exercício pleno de nenhuma das conteúdo econômico patrimonial, logo, são intransferíveis,
dimensões de direito: a liberdade fica tolhida pela censura, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o
os direitos políticos pelo impedimento da participação po- que evidencia uma limitação do princípio da autonomia
pular, os direitos econômicos, sociais e culturais pela ma- privada.
nipulação de recursos ao que é conveniente ao governo
antidemocrático e não ao interesse coletivo, os direitos de 4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem
solidariedade pela impossibilidade de criação de consciên- ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentali-
cia coletiva sem o exercício e a efetivação dos direitos indi- dade material destes direitos para a dignidade da pessoa
viduais. Na Declaração de 1948, o conceito de democracia humana.
aparece associado adequadamente ao pressuposto de um
Estado de Direito que propicie e assegure todos os direitos
5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem dei-
humanos e fundamentais.
xar de ser observados por disposições infraconstitucionais
ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nulida-
Pode-se afirmar que o centro das três primeiras dimen-
sões de direitos humanos consagrados também constituem des.
fundamentos de direitos humanos, quais sejam: liberdade,
igualdade e fraternidade. Como se depreende do sistema 6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um
internacional de proteção de direitos humanos tais funda- único conjunto de direitos porque não podem ser analisa-
mentos lançam base para a declaração de inúmeros direi- dos de maneira isolada, separada.
tos humanos, servindo de viés para a leitura de todos eles.
Assim, são mais do que princípios e sim verdadeiros nortes 7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se
para a proteção internacional dos direitos humanos. perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Não obstante, pela larga margem de interpretação que sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
decorre da baixa densidade normativa das normas de di- falta de uso (prescrição).
reitos humanos, surgem como fundamentos para a inter-
pretação sistêmica a razoabilidade e a proporcionalida- 8) Complementaridade: os sistemas regionais des-
de. Alexy8 entende que determinados valores exteriorizam centralizam a ONU para respeitar a complementaridade,
tudo o que é levado em conta num sopesamento de di- ou seja, os diferentes elementos de base cultural, religiosa
reitos fundamentais: “assim, com poucos conceitos, como e social das diversas regiões.
‘dignidade’, ‘liberdade’, ‘igualdade’, ‘proteção’ e ‘bem-estar
da comunidade’, é possível abarcar quase tudo aquilo que 9) Interdependência: as dimensões de direitos hu-
tem que ser levado em consideração em um sopesamento manos apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a
de direitos fundamentais”. Por sua vez, “segundo a lei do dignidade da pessoa humana deve ser buscada por meio
sopesamento, a medida permitida de não-satisfação ou de da implementação mais eficaz e uniforme das liberdades
afetação de um princípio depende do grau de importância clássicas, dos direitos sociais, econômicos e de solidarieda-
da satisfação do outro”9 . de como um todo único e indissolúvel.
Os fundamentos de direitos humanos servem como
norte para toda norma de proteção dos direitos humanos, 10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos hu-
tanto no processo de elaboração quanto no de aplicação,
manos a ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global
sempre tendo em vista a promoção da dignidade da pes-
mas certas áreas irão cuidar de determinados direitos de
soa humana em todas suas dimensões de direitos.
suas regiões. Além disso, há uma descentralização para os
Os direitos humanos possuem as seguintes caracterís-
sistemas regionais para preservar a complementaridade,
ticas principais:
1) Historicidade: os direitos humanos possuem ante- sem a qual não há efetividade. Reflete tal característica a
cedentes históricos relevantes e, através dos tempos, ad- aplicabilidade imediata dos direitos humanos prevista no
quirem novas perspectivas. Nesta característica se enqua- art. 5°, §1° da Constituição Federal.
dra a noção de dimensões de direitos.
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direi-
tos humanos possui dois sentidos: por um, o multicultu-
8 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. ralismo existente no globo impede que a universalidade
Tradução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
se consolide plenamente, de forma que é preciso levar em
2011.
consideração as culturas locais para compreender adequa-
9 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.
Tradução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, damente os direitos humanos; por outro, os direitos hu-
2011. manos não podem ser utilizados como um escudo para

3
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

práticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou ao justo por convenção ou legislação, devendo prevalecer o
diminuição da responsabilidade por atos ilícitos, assim os primeiro, que se refere ao naturalmente justo, sendo esta a
direitos humanos não são ilimitados e encontram seus li- origem da ideia de lei natural.
mites nos demais direitos igualmente consagrados como De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona
humanos. uma discussão a respeito da prevalência da lei natural so-
bre a lei posta. Na obra, a protagonista discorda da proibi-
ção do rei Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma
vez que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão
e argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse
2. AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS
feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra
HUMANOS. imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser en-
terrado para que pudesse partir desta vida: a lei natural
prevaleceria então sobre a ordem do rei.13
O surgimento dos direitos humanos está envolvido Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.),
num histórico complexo no qual pesaram vários fatores: o primeiro grande filósofo grego, questionaram essa con-
tradição humanista, recepção do direito romano, senso cepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto
comum da sociedade da Europa na Idade Média, tradição da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no es-
cristã, entre outros10. Com efeito, são muitos os elementos paço, não havendo que se falar num direito imutável; ao
relevantes para a formação do conceito de direitos huma- passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu,
nos tal qual perceptível na atualidade de forma que é difícil estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural,
estabelecer um histórico linear do processo de formação reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa14.
destes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fato- Aristóteles15 argumenta: “lei particular é aquela que
res históricos e filosóficos diretamente ligados à construção cada comunidade determina e aplica a seus próprios mem-
bros; ela é em parte escrita e em parte não escrita. A lei
de uma concepção contemporânea de direitos humanos.
universal é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada um
É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja,
alguma medida do divino, uma justiça natural e uma injus-
mesmo antes da existência de Cristo, que o ser humano
tiça que está associada a todos os homens, mesmo naque-
passou a ser considerado, em sua igualdade essencial,
les que não têm associação ou pacto com outro”.
como um ser dotado de liberdade e razão. Surgiam assim
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo,
os fundamentos intelectuais para a compreensão da pes-
doutrina que se desenvolveu durante seis séculos, desde os
soa humana e para a afirmação da existência de direitos
últimos três séculos anteriores à era cristã até os primeiros
universais, porque a ela inerentes. Durante este período
três séculos desta era, mas que trouxe ideias que prevale-
que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre ceram durante toda a Idade Média e mesmo além dela. O
todos os homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco estoicismo organizou-se em torno de algumas ideias cen-
séculos para que a Organização das Nações Unidas - ONU, trais, como a unidade moral do ser humano e a dignidade
que pode ser considerada a primeira organização interna- do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como
cional a englobar a quase-totalidade dos povos da Terra, consequência, de direitos inatos e iguais em todas as par-
proclamasse, na abertura de uma Declaração Universal dos tes do mundo, não obstante as inúmeras diferenças indivi-
Direitos Humanos de 1948, que “todos os homens nascem duais e grupais16.
livres e iguais em dignidade e direitos”11.
No berço da civilização grega continuou a discussão a Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.),
respeito da existência de uma lei natural inerente a todos um dos principais pensadores do período da jovem repú-
os homens. As premissas da concepção de lei natural estão blica romana, também defendeu a existência de uma lei
justamente na discussão promovida na Grécia antiga, no natural. Neste sentido é a assertiva de Cícero17: “a razão
espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis12 que, origi- reta, conforme à natureza, gravada em todos os corações,
nalmente, a concepção de lei natural está ligada não só à imutável, eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta
de natureza, mas também à de diké: a noção de justiça sim- do mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora com
bolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, suas proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, fica impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contes-
de modo que a justiça deveria corresponder às leis da cida-
de; entretanto, é preciso considerar que os costumes pri- 13 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville.
São Paulo: Martin Claret, 2003.
mitivos trazem o justo por natureza, que pode se contrapor
14 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça,
10 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002.
Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 15 ARISTÓTELES.  Retórica. Tradução Marcelo Silvano
27-29, jul. 2009. Madeira. São Paulo: Rideel, 2007. 
11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos 16 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
12 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, 17 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador
liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

4
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

tada, nem derrogada em parte, nem anulada; não pode- Magna Carta de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho
mos ser isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo que foi o embrião para o Parlamento inglês, embora isto
senado; não há que procurar para ela outro comentador não signifique que o poder do rei não tenha sido absoluto
nem intérprete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, em certos momentos, como na dinastia Tudor. Havia um
- uma antes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutá- absolutismo de fato, mas não de Direito.
vel, entre todos os povos e em todos os tempos”. Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profun-
Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período damente pelo antropocentrismo, colocando o homem no
medieval, predominantemente cristianista. Um dos gran- centro do universo, ocupando o espaço de Deus. Natural-
des pensadores do período, Santo Tomás de Aquino (1225 mente, as premissas da lei natural passaram a ser ques-
d.C. -1274 d.C.)18, supondo que o mundo e toda a comu- tionadas, já que geralmente se associavam à dimensão do
nidade do universo são regidos pela razão divina e que a divino. A negação plena da existência de direitos inatos ao
própria razão do governo das coisas em Deus fundamen- homem implicava em conferir um poder irrestrito ao so-
ta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna ou divina, berano, o que gerou consequências que desagradavam a
pois a razão divina nada concebe no tempo e é sempre burguesia.
eterna. Com base nisso, Aquino19 chamou de lei natural “a
participação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteú- O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.)
do da lei natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas considerada um marco para o pensamento absolutista, re-
aquelas coisas que devem ser feitas ou evitadas pertencem lata com precisão este contexto no qual o poder do sobe-
aos preceitos da lei de natureza, que a razão prática natu- rano poderia se sobrepor a qualquer direito alegadamente
ralmente apreende ser bens humanos”. Logo, a lei natural inato ao ser humano desde que sua atitude garantisse a
determina o agir virtuoso, o que se espera do homem em manutenção do poder. Maquiavel22 considera “na condu-
sociedade, independentemente da lei humana. ta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual
Com a concepção medieval de pessoa humana é que não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um
se iniciou um processo de elaboração em relação ao prin- príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios
cípio da igualdade de todos, independentemente das dife- que empregue serão sempre tidos como honrosos, e elo-
renças existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem giados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as apa-
cultural. Foi assim, então, que surgiu o conceito universal rências e os resultados”.
de direitos humanos, com base na igualdade essencial da Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de
pessoa20. forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvi-
No processo de ascensão do absolutismo europeu, a da até então que negava a exigência do respeito à Ética,
monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se es- logo, ao direito natural, no espaço público. Somente num
tabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. Ao momento histórico posterior se permitiu algum resgate da
se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 os aproximação entre a Moral e o Direito, qual seja o da Revo-
barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas taxas lução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, com o movimen-
impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe a Magna to do Iluminismo, que conferiu alicerce para as Revoluções
Carta. Referido documento, em sua abertura, expõe a no- Francesa e Industrial - ainda assim a visão antropocentrista
ção de concessão do rei aos súditos, estabelece a existên- permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que
cia de uma hierarquia social sem conceder poder absoluto não era possível que o soberano impusesse tudo incondi-
ao soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao cionalmente aos seus súditos.
confisco, constitui privilégios à burguesia e traz procedi-
mentos de julgamento ao prever conceitos como o de de- Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
vido processo legal, habeas corpus e júri. Não que a carta de Soberano, ao qual todos deveriam obediência mas que
se assemelhe a uma declaração de direitos humanos, prin- não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os indiví-
cipalmente ao se considerar que poucos homens naquele duos que colocaram o Soberano naquela posição (pois sem
período eram de fato livres, mas ela foi fundamental na- povo não há Soberano) teriam direitos no regime social e,
quele contexto histórico de falta de limites ao soberano21. A em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas a estas
18 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução questões iniciam uma visão moderna do direito natural, re-
Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García conhecendo-o como um direito que acompanha o cidadão
Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.23
Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, Antes que despontassem as grandes revoluções que
seção II, questões 57 a 122. interromperam o contexto do absolutismo europeu, na In-
19 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução glaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia das
Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção do
Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira.
Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, Presidente Prudente, ano 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006.
seção II, questões 57 a 122. 22 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro
20 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 23 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica
21 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p.
Contribuições Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. 27-29, jul. 2009.

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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou trans- renciava dos dois anteriores, que eram mais individualistas
formar o absolutismo de fato em absolutismo de direito, e trouxeram os principais fundamentos do Estado Liberal,
ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de porque defendia a entrega do poder a quem realmente es-
Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da Magna Car- tivesse legitimado para exercê-lo, pensamento que mais se
ta de 1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando aproxima da atual concepção de democracia.
por duas vezes o Parlamento, sendo que a segunda vez
gerou uma violenta reação que desencadeou uma guerra 1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a
civil. Após diversas transições no trono inglês, despontou a Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência das
Revolução Gloriosa que durou de 1688 até 1689, conferin- treze Colônias da América Continental Britânica, registrada
do-se o trono inglês a Guilherme de Orange, que aceitou a na Declaração de Direitos do Homem e, posteriormente,
Declaração de Direitos - Bill of Rights. na Declaração de Independência. Após diversas batalhas,
Todo este movimento resultou, assim, nas garantias a Inglaterra reconheceu a independência em 1783. Desta-
expressas do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698. Por cam-se alguns pontos do primeiro documento: o artigo I
sua vez, a instituição-chave para a limitação do poder mo- do referido documento assegura a igualdade de todos de
nárquico e para garantia das liberdades na sociedade civil maneira livre e independente, considerando esta como um
foi o Parlamento e foi a partir do Bill of Rights britânico que direito inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao
surgiu a ideia de governo representativo, ainda que não do povo e que o Estado é responsável perante ele; o artigo V
povo, mas pelo menos de suas camadas superiores24. prevê a separação dos poderes e o artigo VI institui a rea-
Tais ideias liberais foram importantes como base para o lização de eleições diretas, necessariamente. A declaração
Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa. Desta- americana estava mais voltada aos americanos do que à
ca-se que quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, humanidade, razão pela qual a Revolução Francesa costu-
se dava o advento do capitalismo em sua fase industrial. O ma receber mais destaque num cenário histórico global.
processo de formação do capitalismo e a ascensão da bur-
guesia trouxeram implicações profundas no campo teórico, 2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade
gerando o Iluminismo. do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo
O Iluminismo lançou base para os principais eventos com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primei-
que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais ro evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de
sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Ti- julho de 1789, seguida por outros levantes populares. Der-
veram origem nestes movimentos todos os principais fatos rubados os privilégios das classes dominantes, a Assem-
do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a dis- bleia se reuniu para o preparo de uma carta de liberdades,
seminação do liberalismo burguês, o declínio das aristo- que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do
cracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de Cidadão.26
classe entre os trabalhadores25. Entre outras noções, tal documento previu: a liberda-
Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensado- de e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos
res da época, transportando o racionalismo para a política, (artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus direitos
refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de re- naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a segu-
belião da sociedade civil e afirmando que o contrato entre rança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação do
os homens não retiraria o seu estado de liberdade. Ao lado direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o princípio
dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. - 1755 da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência (artigo
d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra O Espí- 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 e 11); e
rito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica divisão de a necessária separação de poderes (artigo 16).
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim, merece 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na
menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de- Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida
fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
na obra O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar
pela pequena burguesia e pelas camadas populares face o êxodo de milhões de pessoas do interior para as cida-
ao seu caráter democrático. Enfim, estes três contratualis- des. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
tas trouxeram em suas obras as ideias centrais das Revo- longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
luções Francesa e Americana. Em comum, defendiam que e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não Neste contexto, surgiu a consciência de classe27, lançando-
possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal.
No entanto, Rousseau era o pensador que mais se dife- 26 BURNS, Edward McNall. História da civilização
ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed.
24 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Atualização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Globo, 2005. v. 2
25 BURNS, Edward McNall. História da civilização 27 BURNS, Edward McNall. História da civilização
ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed.
Atualização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Atualização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
Globo, 2005. v. 2. Globo, 2005. v. 2.

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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - do prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, além de
buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, ciganos,
mercado capitalista, beneficiando quem possui maior nú- homossexuais e traidores do Reich em geral, que foram
mero de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja perseguidos, torturados e mortos29.
a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que o Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o res-
proletariado passou a ser vítima do poder econômico. No ponsável por redigir o primeiro documento de relevância
Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico internacional abrangendo a questão dos direitos humanos.
fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de organização
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros das Nações Unidas, que tem por fundamento o princípio
em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para da igualdade soberana de todos os estados que buscassem
tanto, passaram a organizar greves. a paz, possuindo uma Assembleia Geral, um Conselho de
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à prote- Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econômico e So-
ção da vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se cial, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Internacional
do princípio da hipossuficiência do trabalhador, que é o de Justiça30.
princípio da proteção e que gerou os princípios da prima- Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de
zia, da irredutibilidade de vencimentos e outros. Nota-se 1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram
que no campo destes direitos e dos demais direitos eco- submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, o
nômicos, sociais e culturais não basta uma postura do in- principal argumento levantado foi o de que todas as ações
divíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder praticadas foram baseadas em ordens superiores, todas
econômico. dotadas de validade jurídica perante a Constituição. Ex-
Entre os documentos relevantes que merecem men- plica Lafer31: “No plano do Direito, uma das maneiras de
ção nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo jurí-
1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de dico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto
Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a Organiza- em matéria constitucional quanto em todos os desdobra-
ção Internacional do Trabalho - OIT (que emitia convenções mentos normativos. A Constituição de Weimar nunca foi
e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra Mundial. ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei de plenos
No final do século XIX e no início de século XX, o mun- poderes de 24 de março de 1933 teve não só o efeito de
do passou por variadas crises de instabilidade diplomática, legalizar a posse de Hitler no poder como o de legalizar
posto que vários países possuíam condições suficientes geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa maneira,
para se sobreporem sobre os demais, resultado dos avan- como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer-
ços tecnológicos e das melhorias no padrão de vida da so- ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se
ciedade. Neste contexto, surgiram condições para a eclosão a fonte de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei
das duas Guerras Mundiais, eventos que alteraram o curso do Parlamento que modificou a Constituição. Também a
da história da civilização ocidental. Entre estas, destaca-se Constituição stalinista de 1936, completamente ignorada
a Segunda Guerra Mundial, cujos eventos foram marcados na prática, nunca foi abolida”.
pela desumanização: todos com o devido respaldo jurídi- No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral
co perante o ordenamento dos países que determinavam das Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos
os atos. A teoria jurídica que conferiu fundamento a um Direitos Humanos. Um dos principais pensadores que con-
Direito que aceitasse tantas barbáries, sem perder a sua tribuiu para a Declaração Universal dos Direitos Humanos
validade, foi o Positivismo que teve como precursor Hans de 1948 foi Maritain32, que entendia que os direitos huma-
Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito. nos da pessoa como tal se fundamentam no fato de que a
No entender de Kelsen28, a justiça não é a característica pessoa humana é superior ao Estado, que não pode impor
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas por- a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns direi-
que é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ordem tos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo
pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral é afas- o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do
tada como conteúdo necessário do Direito, já que a justiça
é o valor moral inerente ao Direito. 29 BURNS, Edward McNall. História da civilização
.A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed.
em 1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que im- Atualização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
pediram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália e Globo, 2005. v. 2.
impossibilitaram o domínio da região setentrional da Rús- 30 BURNS, Edward McNall. História da civilização
sia (produtora de alimentos e petróleo). Já o evento que ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed.
culminou na rendição do Japão foi o lançamento das bom- Atualização Robert E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo:
Globo, 2005. v. 2.
bas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente
tomou conhecimento da extensão da tirania alemã quando
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
os exércitos Aliados abriram os campos de concentração
31
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
na Alemanha e nos países por ela ocupados, encontran- Letras, 2009.
28 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução 32 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei
João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003. natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

7
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: Depois da primeira conferência, adotou-se a primeira
tais elementos determinam o agir moral e levam à produ- Convenção de Genebra, de 22 de agosto de 1864, tratando
ção do bem na sociedade humanista integral. das condições dos feridos das forças armadas no campo de
Moraes33 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais batalha. A convenção continha dez artigos, estabelecendo
importante conquista no âmbito dos direitos humanos fun- pela primeira vez regras legais garantindo a neutralidade e
damentais em nível internacional, muito embora o instru- a proteção para soldados feridos, membros de assistência
mento adotado tenha sido uma resolução, não constituin- médica e certas instituições humanitárias, no caso de um
do seus dispositivos obrigações jurídicas dos Estados que conflito armado, aceitando-se a fundação de sociedades
a compõem. O fato é que desse documento se originaram nacionais com este fim de proteção. Após o estabeleci-
muitos outros, nos âmbitos nacional e internacional, sendo mento da Convenção de Genebra, as primeiras sociedades
que dois deles praticamente repetem e pormenorizam o nacionais foram fundadas.
seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Di- Quando Henri Dunant foi à falência, a imagem do Co-
reitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos mitê dos Cinco ficou comprometida perante a opinião pú-
Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966. blica, embora neste meio tempo tivessem sido fundadas
Ainda internacionalmente, após os pactos menciona- outras sociedades nacionais. Em 1876, o comitê adotou o
dos, vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha, nome Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que
Piovesan34 apontou os seguintes documentos: Convenção é até o presente sua designação oficial, cujo esforços têm
Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Dis- sido reconhecidos até hoje, tanto que por três vezes rece-
criminação Racial, Convenção sobre a Eliminação de todas beu o Prêmio Nobel da Paz (1917, 1944, e 1963).
as formas de Discriminação contra a Mulher, Convenção so- Os outros dois precedentes históricos reconhecidos
bre os Direitos da Criança, Convenção sobre os Direitos das pela doutrina decorrem do Tratado de Versalhes.
Pessoas com Deficiência, Convenção contra a Tortura, etc. Em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, apesar das
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regio- inúmeras tentativas de diplomacia após 1870. Em 1882, foi
nais de proteção, que buscam internacionalizar os direitos formada a Tríplice Aliança, entre Alemanha, Itália e Áustria
humanos no plano regional, em especial na Europa, na -Hungria, visando impedir que a França buscasse vingança
América e na África35. Resultou deste processo a Conven- após a derrota na Guerra Franco-Prussiana. Contudo, os
ção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da países europeus começaram a desconfiar das boas inten-
Costa Rica) de 1969. ções dos seus vizinhos e, em 1907, se formou a Tríplice En-
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos tente, composta por França, Grã-Bretanha e Rússia. Dentro
textos das Constituições Federais. Afinal, como explica La- das próprias alianças não eram poucos os conflitos inter-
fer36, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um direito nos e, aliados a esta instabilidade diplomática, o naciona-
racional, universalmente válido, gerou implicações rele- lismo e o militarismo contribuíram para que começasse a
vantes na teoria constitucional e influenciou o processo de Primeira Guerra Mundial.
codificação a partir de então. Embora muitos direitos hu- Colocados muitos interesses em jogo, os países guer-
manos também se encontrem nos textos constitucionais, rearam em dois blocos: de um lado, Sérvia, Rússia, Fran-
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem ça, Grã-Bretanha, Japão, Itália, Romênia, Estados Unidos,
proteção porque o fato de este direito não estar assegu- Grécia, Portugal e Brasil; de outro lado, Áustria, Alemanha,
rado constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública Bulgária e Turquia. O segundo grupo foi derrotado, sendo
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. cada país submetido a um pacto de rendição formulado
Trabalhando de forma específica dentro deste histórico pela Liga das Nações; o mais famoso destes é o Tratado
precedentes jurídicos da internacionalização dos direi- de Versalhes, aplicado à Alemanha, que impunha em suas
tos humanos, menciona-se inicialmente o direito huma-
cláusulas a entrega de territórios e armamentos, bem como
nitário e a fundação da Cruz Vermelha.
Historicamente, em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o pagamento de uma indenização bilionária.
o Comitê dos Cinco, como uma comissão de investigação Assim, o Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de
da Sociedade de Genebra para o Bem-estar Público. Entre junho de 1919, entre as potências aliadas e a Alemanha,
seus objetivos, se encontrava o de organizar uma confe- fixando as condições para a paz depois da primeira guerra
rência internacional sobre a possível implementação das mundial.
ideias de Henri Dunant. A cláusula de culpa de guerra considerou a Alemanha
33 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: nação agressora, responsável por reparações às nações
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da aliadas, sendo que uma comissão determinou em 1921 que
República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São a Alemanha deveria pagar 33 bilhões de dólares.
Paulo: Atlas, 1997. O tratado foi intensamente criticado pelos alemães.
34 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Nos anos seguintes, foi revisto e alterado, quase sempre a
Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
favor da Alemanha. Muitas concessões foram feitas à Ale-
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito
35 manha antes da ascensão de Adolf Hitler.
Constitucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
O Tratado de Versalhes instituiu dois dos precedentes
36 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das da internacionalização dos direitos humanos: a Liga das
Letras, 2009. Nações e a Organização Internacional do Trabalho.

8
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Sociedade das Nações, também conhecida como Liga fantil, eliminação de todas as formas de discriminação em
das Nações, foi uma organização internacional, idealizada matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego
em 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o
potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial se reu- fortalecimento do diálogo social39.
niram para negociar um acordo de paz, notadamente In- A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de
glaterra, França e Estados Unidos. Além da divisão entre Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. É a única
os vencedores que dificultava a paz, os vencidos se recu- das agências do Sistema das Nações Unidas com uma es-
savam a assinar o injustos tratados impostos, com a Ale- trutura tripartite, composta de representantes de governos
manha tentando ludibriar as determinações do Tratado de e de organizações de empregadores e de trabalhadores.
Versalhes, assim como Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia A OIT é responsável pela formulação e aplicação das nor-
se recusavam a aceitar as obrigações impostas. No final das mas internacionais do trabalho (convenções e recomenda-
contas, todos assinaram seus tratados. ções)40.
Os inúmeros tratados e compromissos firmados fora
do âmbito da Liga das Nações já mostravam a fraqueza
da instituição, embora a princípio ela tenha correspondido
às esperanças depositadas. Ocorre que a Liga das Nações 3. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS
promoveu o isolamento de grandes países como a Rússia TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS
(numa fase inicial), além de fundar-se num tratado interna- HUMANOS
cional altamente prejudicial a países perdedores da guerra .
como a Alemanha. Não obstante, os Estados Unidos nunca
apoiaram a Liga das Nações, o que fez com que ela tivesse
pouco ou nenhum poder no âmbito das Américas. Art. 5º.....
A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvi- § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
da na sua 21ª sessão e tendo seus bens transferidos à ONU, ção não excluem outros decorrentes do regime e dos prin-
cípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
encerradas as contas da comissão de liquidação em 1947.
que a República Federativa do Brasil seja parte.
A Liga das Nações possuía dois organismos autônomos, a
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
Organização Internacional do Trabalho - OIT, criada pelo
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Tratado de Versalhes, e a Corte Permanente de Justiça In-
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
ternacional - CPJI, cujo estatuto foi elaborado em 1920, as
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
quais remanescem, embora a segunda com outra nomencla-
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitu-
tura e estatuto37, qual seja Corte Internacional de Justiça - CIJ.
cional nº 45, de 2004)  (Atos aprovados na forma deste
Quanto à Organização Internacional do Trabalho,
parágrafo)
constitui a agência das Nações Unidas que tem por mis- § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
são promover oportunidades para que homens e mulheres Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (In-
possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
condições de liberdade, equidade, segurança e dignida-
de. O Trabalho Decente, conceito formalizado pela OIT em
1999, sintetiza a sua missão histórica de promover opor-
tunidades para que  homens e mulheres possam ter um
4. DIREITOS POLÍTICOS NA CONSTITUIÇÃO
trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liber-
dade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo  FEDERAL DE 1988: CIDADANIA,
considerado condição fundamental para a superação da ELEGIBILIDADE E PARTIDOS POLÍTICOS.
pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia .
da governabilidade democrática e o desenvolvimento sus-
tentável38. Prezado Candidato, o tema acima supracitado já foi
O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos abordado no tópico “ Direito Constitucional”.
quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direi-
tos no trabalho (em especial aqueles definidos como fun-
damentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princí-
pios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada
em 1998: liberdade sindical  e reconhecimento efetivo do
direito de negociação coletiva, eliminação de todas as for-
mas de trabalho forçado, abolição efetiva do trabalho in-
39 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça
37 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito a OIT. Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10
Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. nov. 2013.
38 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça 40 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça
a OIT. Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 a OIT. Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10
nov. 2013. nov. 2013.

9
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (A) atingir por cair à.


SOBRE LÍNGUA PORTUGUESA (B) adotam por recorrem.
(C) para proteger por afim de proteger.
(D) complexas por amplas.
01-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) De- (E) isso por tanto.
preende-se corretamente do texto:
(A) A lendária Rota da Seda foi abandonada porque Já podemos descartar a alternativa “C” de imediato, já
as caravanas de camelos e cavalos tinham dificuldade de que a ortografia correta seria “a fim” (com a intenção de),
enfrentar o frio extremo da região. não “afim” (= afinidade); quanto à alternativa “A”, não teria
(B) A expansão da navegação marítima colaborou para acento grave (crase) no “a”, pois “graus” é palavra mascu-
que, no passado, a atividade comercial da China migrasse lina; “complexas” e “amplas” não são palavras sinônimas,
na direção da costa. já que “as providências” podem ser “restritas”, mas com-
(C) O frete ferroviário deve ser substituído pelo trans- plexas.
porte marítimo no inverno, já que a carga a ser transporta-
da pode ser danificada pelas baixas temperaturas. RESPOSTA: “E”.
(D) A partir da retomada da Rota da Seda, as fábricas
chinesas voltaram a exportar quantidades significativas de 04-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
especiarias. cruzando os desertos do oeste da China − que contor-
(E) A navegação chinesa se expandiu e o transporte nam a Índia − adotam complexas providências
marítimo atingiu o seu auge durante a época em que Xi’an Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
era a capital da China. grifados acima foram corretamente substituídos por um
pronome, respectivamente, em:
Interpretação que requer, apenas, uma leitura aten- (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
ciosa do texto para que se chegue à resposta correta: A (B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
(C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
expansão da navegação marítima colaborou para que, no
(D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
passado, a atividade comercial da China migrasse na dire-
(E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
ção da costa.
Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao ob-
RESPOSTA: “B”.
jeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar o
quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B” e
02-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
“D”. Ao iniciarmos um parágrafo (já que no enunciado te-
... e então percorriam as pouco povoadas estepes da
mos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzando
Ásia Central até o mar Cáspio e além. (5º parágrafo) -os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
grifado acima está em: a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia... (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
(B) ... era a capital da China. nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: JKLM – N!).
(D) ... dispararam na última década.
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chine- RESPOSTA: “D”.
sas...
Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo 05-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
A = contornam – presente do Indicativo ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
B = era = pretérito imperfeito do Indicativo O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
C = foi = pretérito perfeito do Indicativo plemento que o da frase acima está em:
D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do In- (A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
dicativo (B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios
E = acompanham = presente do Indicativo da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras...
RESPOSTA: “B”. (D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
03-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
Para isso adotam complexas providências para prote- Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem ou
ger a carga das temperaturas que podem atingir 40°C ne- o quê - não há preposição):
gativos. (último parágrafo). A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento,
Sem que se faça nenhuma outra alteração no segmen- mas sim, predicativo do sujeito (rota única);
to acima, mantêm-se a correção e, em linhas gerais, o sen- B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios
tido original, substituindo-se = adjunto adverbial);

10
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Em “A”, teríamos “evite-se”; “B”, “dispõe”; em “C”,
adverbial); “cabe”; em “D”, “haveria”.
D = cair = intransitivo;
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o RESPOSTA: “E”.
quê?)
08-) (TRF/2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
RESPOSTA: “E”. FCC/2012) A pontuação está plenamente adequada na
frase:
06-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) (A) O cronista, diante da possibilidade de habitar uma
Ela consagra a vitória da razão abstrata, que é a instân- ilha, enumera uma série de argumentos que, a princípio,
cia suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor desqualificariam as supostas vantagens de um insulamen-
das matemáticas que passarão a reger os sistemas de con- to, mas, ao fim e ao cabo, convence-se de que está na ilha
trole do tempo e do espaço. a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.
Afirma-se corretamente sobre a frase acima: (B) O cronista diante da possibilidade, de habitar uma
(A) As vírgulas isolam um segmento explicativo. ilha, enumera uma série de argumentos, que a princípio
(B) O verbo consagra, no contexto, não admite trans- desqualificariam as supostas vantagens de um insulamen-
posição para a voz passiva. to, mas ao fim e ao cabo, convence-se de que está na ilha a
(C) No segmento que passarão a reger os sistemas de última chance de desfrutarmos nossa liberdade.
controle do tempo e do espaço, o elemento sublinhado (C) O cronista diante da possibilidade de habitar uma
pode ser substituído por “com que”, sem prejuízo para o ilha enumera uma série de argumentos, que a princípio,
sentido original. desqualificariam as supostas vantagens de um insulamen-
(D) O segmento versada no rigor está corretamente to; mas ao fim e ao cabo convence-se, de que está na ilha a
traduzido, no contexto, por “de acordo com os princípios”. última chance de desfrutarmos nossa liberdade.
(E) O segmento que passarão a reger os sistemas de (D) O cronista, diante da possibilidade de habitar uma
ilha enumera uma série de argumentos, que a princípio,
controle do tempo e do espaço pode ser substituído por
desqualificariam as supostas vantagens de um insulamento
“cujos sistemas de controle do tempo e do espaço passa-
mas, ao fim e ao cabo convence-se de que está na ilha, a
rão a reger”.
última chance de desfrutarmos nossa liberdade.
(E) O cronista, diante da possibilidade de habitar uma
B = admite voz passiva: A vitória da razão abstrata é
ilha enumera uma série de argumentos que a princípio,
consagrada por ela.
desqualificariam as supostas vantagens de um insulamen-
C = substituição adequada: as quais
to; mas ao fim e ao cabo, convence-se de que, está na ilha,
D = versada = baseada
a última chance de desfrutarmos nossa liberdade.
E = o pronome relativo “cujos” daria sentido diferente A pontuação segue regras e, muitas vezes, é alterada
à frase, já que lemos “de trás para frente” (por exemplo: conforme a intenção do escritor. Como as frases do exer-
árvore cujas folhas – folhas das árvores). No segmento, “as cício são idênticas, acredito que não há necessidade de in-
matemáticas regerão os sistemas”. Com a alteração pro- dicar nas demais os locais que apresentam inadequação, já
posta pela alternativa, os sistemas que regeriam as mate- que a correta indica os erros nas demais.
máticas, e não seriam regidos por ela – diferente do que
consta no enunciado. RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “A”. 09-) (TRF/2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
FCC/2012)
07-) (TRF/2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - Amemos as ilhas, mas não emprestemos às ilhas o con-
FCC/2012) As normas de concordância verbal estão plena- dão mágico da felicidade, pois quando fantasiamos as ilhas
mente observadas na frase: esquecemo-nos de ilhas que, ao habitar, leva-se para elas
(A) Evitem-se, sempre que possível, qualquer excesso tudo o que já nos habita.
no convívio humano: nem proximidade por demais estrei- Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substi-
ta, nem distância exagerada. tuindo-se os elementos sublinhados, na ordem dada, por:
(B) Os vários atrativos de que dispõem a vida nas ilhas (A) lhes emprestemos − lhes fantasiamos − habitá-las
não são, segundo o cronista, exclusividade delas. (B) emprestemos-lhes − as fantasiamos − habitar-lhes
(C) Cabem aos poetas imaginar espaços mágicos nos (C) as emprestemos − fantasiamo-las − as habitar
quais realizemos nossos desejos, como a Pasárgada de Ma- (D) lhes emprestemos − as fantasiamos − habitá-las
nuel Bandeira. (E) as emprestemos − lhes fantasiamos − habitar-lhes
(D) Muita gente haveriam de levar para uma ilha os
mesmos vícios a que se houvesse rendido nos atropelos da Quando temos a presença de um advérbio na oração,
vida urbana. a regra é a próclise: “mas não lhes emprestemos” (“lhes”
(E) A poucas pessoas conviria trocar a rotina dos sho- tem a função de objeto indireto, como na frase do enun-
ppings pela serenidade absoluta de uma pequena ilha. ciado – vide a ocorrência da crase = emprestemos o que

11
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

a quem); seguindo o raciocínio, temos na segunda etapa (D) Porque teria a cidade passado por tão longos anos
a presença de outro advérbio: mais um caso para prócli- de esquecimento? Criou-se uma estrada de ferro, eis por-
se (quando as fantasiamos); na terceira ocorrência, temos que.
“habitá-las” (verbo oxítono – objeto direto). (E) Não há porquê imaginar que um esquecimento é
sempre deplorável; veja-se como e por quê Paraty acabou
RESPOSTA: “D”. se tornando um atraente centro turístico.

10-) (TRF/2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - Coloquei à frente dos termos em destaque a forma
FCC/2012) O emprego, a grafia e a flexão dos verbos es- correta:
tão corretos em: (A) Se o por quê (porquê) da importância primitiva de
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty Paraty estava na sua localização estratégica, a importância
não prescindiram e não requiseram mais do que o esque- de que goza atualmente está na relevância histórica por-
cimento e a passagem do tempo. que (por que = pela qual) é reconhecida.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para (B) Ninguém teria porque negar a Paraty esse duplo
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge merecimento de ser poesia e história, por que (porque) o
do esquecimento, em 1974. tempo a escolheu para ser preservada e a natureza, para
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a im- ser bela.
portância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, (C) Os dissabores por que (=pelos quais) passa uma
sobreviram longos anos de esquecimento. cidade turística devem ser prevenidos e evitados pela Casa
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando Azul, porque ela nasceu para disciplinar o turismo.
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos (D) Porque (por que) teria a cidade passado por tão
atropelos do turismo selvagem. longos anos de esquecimento? Criou-se uma estrada de
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para ferro, eis porque (porquê).
que obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo (E) Não há porquê (porque) imaginar que um esqueci-
turístico de inegável valor histórico. mento é sempre deplorável; veja-se como e por quê (por
que)Paraty acabou se tornando um atraente centro turís-
Acrescentei as formas verbais adequadas nas orações tico.
analisadas:
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty RESPOSTA: “C”.
não prescindiram e não requiseram (requereram) mais do
que o esquecimento e a passagem do tempo. (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014 -
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para ADAPTADO) Atenção: Para responder às questões de nú-
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge meros 79 e 80, considere o texto abaixo.
(emerge) do esquecimento, em 1974. A guerra dos dez anos começou quando um fazen-
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a im- deiro cubano, Carlos Manuel de Céspedes, e duzentos ho-
portância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, mens mal armados tomaram a cidade de Santiago e pro-
sobreviram (sobrevieram) longos anos de esquecimento. clamaram a independência do país em relação à metrópo-
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando le espanhola. Mas a Espanha reagiu. Quatro anos depois,
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos Céspedes foi deposto por um tribunal cubano e, em março
atropelos do turismo selvagem. de 1874, foi capturado e fuzilado por soldados espanhóis.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para Entrementes, ansioso por derrubar medidas espanho-
que obtesse, (obtivesse) agora em definitivo, o prestígio las de restrição ao comércio, o governo americano apoiara
de um polo turístico de inegável valor histórico. abertamente os revolucionários e Nova York, Nova Orleans
e Key West tinham aberto seus portos a milhares de cuba-
RESPOSTA: “D”. nos em fuga. Em poucos anos Key West transformou-se de
uma pequena vila de pescadores numa importante comu-
11-) (TRF/2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - nidade produtora de charutos. Despontava a nova capital
FCC/2012) Está correto o emprego de ambos os elemen- mundial do Havana.
tos sublinhados em: Os trabalhadores que imigraram para os Estados Uni-
(A) Se o por quê da importância primitiva de Paraty dos levaram com eles a instituição do “lector”. Uma ilus-
estava na sua localização estratégica, a importância de tração da revista Practical Magazine mostra um desses
que goza atualmente está na relevância histórica porque leitores sentado de pernas cruzadas, óculos e chapéu de
é reconhecida. abas largas, um livro nas mãos, enquanto uma fileira de
(B) Ninguém teria porque negar a Paraty esse duplo trabalhadores enrolam charutos com o que parece ser uma
merecimento de ser poesia e história, por que o tempo a atenção enlevada.
escolheu para ser preservada e a natureza, para ser bela. O material dessas leituras em voz alta, decidido de an-
(C) Os dissabores por que passa uma cidade turística temão pelos operários (que pagavam o “lector” do próprio
devem ser prevenidos e evitados pela Casa Azul, porque salário), ia de histórias e tratados políticos a romances e
ela nasceu para disciplinar o turismo. coleções de poesia. Tinham seus prediletos: O conde de

12
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Monte Cristo, de Alexandre Dumas, por exemplo, tornou- (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014 -
se uma escolha tão popular que um grupo de trabalhado- ADAPTADO) Atenção: Para responder à questão de número
res escreveu ao autor pouco antes da morte dele, em 1870, 81, considere o trecho abaixo.
pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói para um Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
charuto; Dumas consentiu. necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até
Segundo Mário Sanchez, um pintor de Key West, as lei- a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros,
turas decorriam em silêncio concentrado e não eram per- propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado
mitidos comentários ou questões antes do final da sessão. de leitores.
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto. Uma história da Embora alguns desses senhores afortunados ocasional-
leitura. Trad. Pedro Maia Soares. São Paulo, Cia das Letras, mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú-
1996, Maia Soares. São Paulo, Cia das Letras, 1996, p. 134- mero limitado de pessoas da própria classe ou família.
136) (Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.)

12-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - 14-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)
FCC/2014) Depreende-se do texto que Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabeleci-
(A) a atividade de ler em voz alta, conduzida pelo “lec- das no texto, substituindo-se Embora (2º parágrafo) por
tor”, permitia que os operários produzissem mais, pois tra- (A) Contudo.
balhavam com maior concentração. (B) Desde que.
(B) o hábito de ler em voz alta, levado originalmente de (C) Porquanto.
Cuba para os Estados Unidos, relaciona-se ao valor atribuí- (D) Uma vez que.
do à leitura, que é determinado culturalmente. (E) Conquanto.
(C) os operários cubanos homenagearam Alexandre
Dumas ao atribuírem a um charuto o nome de um dos per- “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta uma
sonagens do escritor. exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “conquan-
(D) ao contratar um leitor, os operários cubanos po-
to”.
diam superar, em parte, a condição de analfabetismo a que
estavam submetidos.
RESPOSTA: “E”.
(E) os charuteiros cubanos, organizados coletivamente,
compartilhavam a ideia de que a fruição de um texto deve-
(TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014 -
ria ser comunitária, não individual.
ADAPTADO) Atenção: Para responder às questões de nú-
meros 82 a 84, considere o texto abaixo.
Interpretação textual. As alternativas estão relacionadas
Foi por me sentir genuinamente desidentificado com
ao tema, mas a que foi abordada explicitamente no texto é:
qualquer espécie de regionalismo que escrevi coisas como:
“os operários cubanos homenagearam Alexandre Dumas ao
atribuírem a um charuto o nome de um dos personagens “Não sou brasileiro, não sou estrangeiro / Não sou de ne-
do escritor”. nhum lugar, sou de lugar nenhum”/ “Riquezas são diferen-
ças”.
RESPOSTA: “C”. Ao mesmo tempo, creio só terem sido possíveis tais for-
mulações pessoais pelo fato de eu haver nascido e vivido em
13-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) São Paulo. Por essa ser uma cidade que permite, ou mesmo
Tinham seus prediletos ... (4º parágrafo). propicia, esse desapego para com raízes geográficas, raciais,
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o culturais. Por eu ver São Paulo como um gigante liquidifi-
grifado acima está em: cador onde as informações diversas se misturam, gerando
(A) Dumas consentiu. novas interpretações, exceções.
(B) ... levaram com eles a instituição do “lector”. Por sua multiplicidade de referências étnicas, linguísti-
(C) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam cas, culturais, religiosas, arquitetônicas, culinárias...
charutos... São Paulo não tem símbolos que deem conta de sua
(D) Despontava a nova capital mundial do Havana. diversidade. Nada aqui é típico daqui. Não temos um cor-
(E) ... que cedesse o nome de seu herói... covado, uma arara, um cartão postal. São Paulo são muitas
cidades em uma.
Tinham = pretérito imperfeito do Indicativo. Vamos às Sempre me pareceram sem sentido as guerras, os fun-
alternativas: damentalismos, a intolerância ante a diversidade.
Consentiu = pretérito perfeito / levaram = pretérito Assim, fui me sentindo cada vez mais um cidadão do
perfeito (e mais-que-perfeito) do Indicativo planeta. Acabei atribuindo parte desse sentimento à forma-
Despontava = pretérito imperfeito do Indicativo ção miscigenada do Brasil.
Cedesse = pretérito do Subjuntivo Acontece que a miscigenação brasileira parece ter se
multiplicado em São Paulo, num ambiente urbano que foi
RESPOSTA: “D”. crescendo para todos os lados, sem limites.

13
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Até a instabilidade climática daqui parece haver contri- B = “pareceram” concorda com “as guerras”, permane-
buído para essa formação aberta ao acaso, à imprevisibilida- cendo no plural;
de das misturas. C = o verbo “ser” pode concordar tanto com o sujeito
Ao mesmo tempo, temos preservados inúmeros nomes (São Paulo) quanto com o predicativo “cidades”
indígenas designando lugares, como Ibirapuera, Anhanga- D = “deem” deve permanecer no plural, já que concor-
baú, Butantã etc. Primitivismo em contexto cosmopolita, da com “símbolos” (lembrando: o verbo “deem” não é mais
como soube vislumbrar Oswald de Andrade. acentuado!)
Não é à toa que partiram daqui várias manifestações E = “misturam” fica no plural, pois concorda com “in-
formações”.
culturais.
São Paulo fragmentária, com sua paisagem recortada
RESPOSTA: “C”.
entre praças e prédios; com o ruído dos carros entrando pe-
las janelas dos apartamentos como se fosse o ruído longín- 17-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
quo do mar; com seus crepúsculos intensificados pela po- FCC/2014) As regras de concordância estão plenamente res-
luição; seus problemas de trânsito, miséria e violência con- peitadas em:
vivendo com suas múltiplas ofertas de lazer e cultura; com (A) O crescimento indiscriminado que se observa na ci-
seu crescimento indiscriminado, sem nenhum planejamento dade de São Paulo fazem com que alguns de seus bairros
urbano; com suas belas alamedas arborizadas e avenidas de sejam modificados em poucos anos.
feiura infinita. (B) Devem-se às múltiplas ofertas de lazer e cultura a
(Adaptado de: ANTUNES, Arnaldo. Alma paulista. Dis- atração que São Paulo exerce sobre alguns turistas.
ponível em http://www.arnaldoantunes.com.br). (C) Apesar de a cidade de São Paulo exibir belas ala-
medas arborizadas, deveriam haver mais áreas verdes na
15-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - cidade.
FCC/2014) No texto, o autor (D) O ruído dos carros, que entram pelas janelas dos
(A) descreve São Paulo como uma cidade marcada por apartamentos, perturbam boa parte dos paulistanos.
contrastes de diversas ordens. (E) Na maioria dos bairros de São Paulo, encontram-se
(B) assinala a relevância da análise de Oswald de An- referências culinárias provenientes de diversas partes do
drade a respeito do provincianismo da antiga São Paulo. planeta.
(C) critica o fato de nomes indígenas, ininteligíveis,
Corrigi os verbos em cada alternativa:
designarem, ainda hoje, lugares comuns da cidade de São
A = fazem (faz) – concorda com “o crescimento”
Paulo. B = devem-se (deve-se) – concorda com “a atração”
(D) sugere que o trânsito, com seus ruídos longínquos, C = deveriam haver (deveria). O verbo “haver” é impes-
é o principal problema da cidade de São Paulo. soal, não varia, portanto seu auxiliar também não.
(E) utiliza-se da ironia ao elogiar a instabilidade climáti- D = entram (entra) – concorda com “o ruído”
ca e a paisagem recortada da cidade de São Paulo. E = correta (lembrando que, ao se utilizar a expressão
“a maioria de”, o verbo pode estar no singular também: “a
Questão fácil! Ao ler o texto e analisar as alternativas, maioria dos bairros encontra-se”).
a única que está evidente no texto é: “descreve São Paulo
como uma cidade marcada por contrastes de diversas or- RESPOSTA: “E”.
dens”.

RESPOSTA: “A”.

16-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -


FCC/2014) O verbo flexionado no plural que também esta-
ria corretamente flexionado no singular, sem que nenhuma
outra alteração fosse feita, encontra-se em:
(A) Não é à toa que partiram daqui várias manifesta-
ções culturais...
(B) Sempre me pareceram sem sentido as guerras...
(C) São Paulo são muitas cidades em uma.
(D) São Paulo não tem símbolos que deem conta de...
(E) ... onde as informações diversas se misturam...

Vamos item a item:


A = o verbo “partiram” não poderia ser utilizado no sin-
gular, já que está concordando com “várias manifestações”;

14
PRODUÇÃO TEXTUAL

Produção de 01 (um) dos gêneros da Redação Oficial, a partir de uma situação-problema hipotética, e com base na
estrutura e finalidade do gênero solicitado, preconizadas pelo Manual de Redação da Presidência da República. ...... 01
1. Redação Oficial: . ................................................................................................................................................................................................. 01
a) Conceito. ............................................................................................................................................................................................................... 01
b) Contexto de produção. c) finalidades. . ..................................................................................................................................................... 01
2. As comunicações Oficiais: ............................................................................................................................................................................... 01
a) conceito, estrutura, finalidades e especificidades de uso nas mais diferentes circunstâncias sociocomunicativas..... 01
c. Classificação dos Documentos da Redação Oficial a partir do Padrão-Ofício............................................................................. 01
PRODUÇÃO TEXTUAL

Padrão culto do idioma


PRODUÇÃO DE 01 (UM) DOS GÊNEROS
DA REDAÇÃO OFICIAL, A PARTIR DE UMA A redação oficial deve observar o padrão culto do
SITUAÇÃO-PROBLEMA HIPOTÉTICA, E COM idioma quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (es-
trutura gramatical das orações) e à morfologia (ortografia,
BASE NA ESTRUTURA E FINALIDADE DO
acentuação gráfica etc.).
GÊNERO SOLICITADO, PRECONIZADAS PELO
Por padrão culto do idioma deve‑se entender a lín-
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA gua referendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas
REPÚBLICA. situações formais de comunicação. Devem‑se excluir da
1. REDAÇÃO OFICIAL: Redagão Oficial a erudição minuciosa e os preciosismos
A) CONCEITO. vocabulares que criam entraves inúteis à compreensão do
)
B CONTEXTO DE PRODUÇÃO. significado. Não faz sentido usar “perfunctório” em lugar
C) FINALIDADES. de “superficial” ou “doesto” em vez de “acusação” ou “calú-
2. AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS: nia”. São descabidos também as citações em língua estran-
A) CONCEITO, ESTRUTURA, FINALIDADES geira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense.
E ESPECIFICIDADES DE USO NAS Os manuais de Redação Oficial, que vários órgãos têm feito
publicar, são unânimes em desaconselhar a utilização de
MAIS DIFERENTES CIRCUNSTÂNCIAS
certas formas sacramentais, protocolares e de anacronis-
SOCIOCOMUNICATIVAS.
mos que ainda se leem em documentos oficiais, como: “No
C. CLASSIFICAÇÃO DOS DOCUMENTOS DA dia 20 de maio, do ano de 2011 do nascimento de Nosso
REDAÇÃO OFICIAL A PARTIR Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos registros carto-
DO PADRÃO-OFÍCIO rários antigos.
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialis-
mos, neologismos, regionalismos, bordões da fala e da lin-
guagem oral, bem como as abreviações e imagens sígnicas
Conceito comuns na comunicação eletrônica.
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jor-
Entende‑se por Redação Oficial o conjunto de normas nalísticos ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito
e práticas que devem reger a emissão dos atos normati- estético nem à originalidade. Ao contrário, impõe unifor-
vos e comunicações do poder público, entre seus diversos midade, sobriedade, clareza, objetividade, no sentido de
organismos ou nas relações dos órgãos públicos com as se obter a maior compreensão possível com o mínimo de
entidades e os cidadãos. recursos expressivos necessários. Portarias lavradas sob
forma poética, sentenças e despachos escritos em versos
A Redação Oficial inscreve‑se na confluência de dois rimados pertencem ao “folclore” jurídico‑administrativo e
universos distintos: a forma rege‑se pelas ciências da lin- são práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também
guagem (morfologia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o inaceitáveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, pro-
conteúdo submete‑se aos princípios jurídico‑administra- vocados por descuido ou ignorância, que constituem des-
tivos impostos à União, aos Estados e aos Municípios, nas vios das normas da língua‑padrão. Enumeram‑se, a seguir,
esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. alguns desses vícios:
Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação - Barbarismos: São desvios:
Oficial deve ter as qualidades e características exigidas do - da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “exces-
texto escrito destinado à comunicação impessoal, objetiva, são” em vez de exceção.
clara, correta e eficaz. - da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder - da morfologia: “interviu” em vez de interveio.
público, essa modalidade de redação ou de texto subordi- - da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez
na‑se aos princípios constitucionais e administrativos apli- de despercebido (não percebido, sem ser notado).
cáveis a todos os atos da administração pública, conforme - pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do fran-
estabelece o artigo 37 da Constituição Federal: cês): “mise‑en‑scène” em vez de encenação; anglicismo (do
inglês): “delivery” em vez de entrega em domicílio.
“A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos - Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes‑ anacrônicas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira,
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”. depressa.

A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem con- - Neologismos: Palavras novas que, apesar de forma-
vergir na produção dos textos dessa natureza, razão pela das de acordo com o sistema morfológico da língua, ainda
qual, muitas vezes, não há como separar uma do outro. não foram incorporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez
Indicam‑se, a seguir, alguns pressupostos de como devem de imóvel, que não se pode mexer; “talqualmente” em vez
ser redigidos os textos oficiais. de igualmente.

1
PRODUÇÃO TEXTUAL

- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser: O que interessa é aquilo que se comunica, é o con-
- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de teúdo, o objeto da informação. A impessoalidade contribui
sobraram. para a necessária padronização, reduzindo a variabilidade
- de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” da linguagem a certos padrões, sem o que cada texto seria
em vez de ao lucro. suscetível de inúmeras interpretações.
- de colocação: “não tratava‑se” de um problema sério Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O
adjetivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juí-
em vez de não se tratava.
zo de valor pessoal do emissor. São inaceitáveis também a
pontuação expressiva, que amplia a significação (! ... ), ou
- Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O o emprego de interjeições (Oh! Ah!), que funcionam como
desconhecido falou‑me de sua mãe. (Mãe de quem? Do índices do envolvimento emocional do redator com aquilo
desconhecido? Do interlocutor?) que está escrevendo.
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o
- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção
estilo individual é estimulado e serve como diferencial das
de duas ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um
qualidades autorais, a função pública impõe a despersona-
prêmio por cada eleitor que votar em mim (por cada e
lização do sujeito, do agente público que emite a comuni-
porcada).
cação. São inadmissíveis, portanto, as marcas individualiza-
- Pleonasmo: Informação desnecessariamente redun- doras, as ousadias estilísticas, a linguagem metafórica ou a
dante. Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, elíptica e alusiva. A Redação Oficial prima pela denotação,
vivem na miséria; Os moralistas, que se preocupam com a pela sintaxe clara e pela economia vocabular, ainda que
moral, vivem vigiando as outras pessoas. essa regularidade imponha certa “monotonia burocrática”
ao discurso.
A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador Reafirma‑se que a intermediação entre o emissor e o
linguístico dotado de um repertório vocabular e de uma receptor nas Redações Oficiais é o código linguístico, den-
articulação verbal minimamente compatíveis com o regis- tro do padrão culto do idioma; uma linguagem “neutra”,
tro médio da linguagem. Nesse sentido, deve ser um texto referendada pelas gramáticas, dicionários e pelo uso em
neutro, sem facilitações que intentem suprir as deficiências situações formais, acima das diferenças individuais, regio-
cognitivas de leitores precariamente alfabetizados. nais, de classes sociais e de níveis de escolaridade.
Como exceção, citam‑se as campanhas e comunicados
destinados a públicos específicos, que fazem uma aproxi- Formalidade e Padronização
mação com o registro linguístico do público‑alvo. Mas esse
é um campo que refoge aos objetivos deste material, para As comunicações oficiais impõem um tratamento poli-
se inserir nos domínios e técnicas da propaganda e da per- do e respeitoso. Na tradição ibero‑americana, afeita a títu-
suasão. los e a tratamentos reverentes, a autoridade pública revela
Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao ní- sua posição hierárquica por meio de formas e de pronomes
vel de compreensão de leitores precariamente equipados de tratamento sacramentais. “Excelentíssimo”, “Ilustríssi-
quanto à linguagem, fica evidente o falo de que a alfabe- mo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssimo” são vocativos que,
tização e a capacidade de apreensão de enunciados são em algumas instâncias do poder, tornaram‑se inevitáveis.
condições inerentes à cidadania. Ninguém é verdadeira- Entenda­-se que essa solenidade tem por consideração o
mente cidadão se não consegue ler e compreender o que cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente.
leu. O domínio do idioma é equipamento indispensável à
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obri-
vida em sociedade.
gatoriamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito
comuns construções como “Vossa Excelência sois bondo-
Impessoalidade e Objetividade
so(a)”; o correto é “Vossa Excelência é bondoso(a)”.
Ainda que possam ser subscritos por um ente público A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com
(funcionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão que os textos oficiais procuravam revestir‑se de um tom
do poder público e é em nome dele que o emissor se co- solene e cerimonioso no passado, é hoje incomum, anacrô-
munica, sempre nos termos da lei e sobre atos nela funda- nica e pedante, salvo em algumas peças oratórias envol-
mentados. vendo tribunais ou juizes, herdeiras, no Brasil, da tradição
retórica de Rui Barbosa e seus seguidores.
Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do Outro aspecto das formalidades requeridas na Reda-
“eu” enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimen- ção Oficial é a necessidade prática de padronização dos
tos ou opiniões. Mesmo quando o agente público mani- expedientes. Assim, as prescrições quanto à diagramação,
festa‑se em primeira pessoa, em formas verbais comuns espaçamento, caracteres tipográficos etc., os modelos ine-
como: declaro, resolvo, determino, nomeio, exonero etc., é vitáveis de ofício, requerimento, memorando, aviso e ou-
nos termos da lei que ele o faz e é em função do cargo que tros, além de facilitar a legibilidade, servem para agilizar o
exerce que se identifica e se manifesta. andamento burocrático, os despachos e o arquivamento.

2
PRODUÇÃO TEXTUAL

É também por essa razão que quase todos os órgãos Pronomes de Tratamento
públicos editam manuais com os modelos dos expedientes
que integram sua rotina burocrática. A Presidência da Re- A regra diz que toda comunicação oficial deve ser for-
pública, a Câmara dos Deputados, o Senado, os Tribunais mal e polida, isto é, ajustada não apenas às normas gra-
Superiores, enfim, os poderes Executivo, Legislativo e Ju- maticais, como também às normas de educação e corte-
diciário têm os próprios ritos na elaboração dos textos e sia. Para isso, é fundamental o emprego de pronomes de
documentos que lhes são pertinentes. tratamento, que devem ser utilizados de forma correta, de
acordo com o destinatário e as regras gramaticais.
Concisão e Clareza Embora os pronomes de tratamento se refiram à se-
gunda pessoa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concor-
Houve um tempo em que escrever bem era escrever dância é feita em terceira pessoa.
“difícil”. Períodos longos, subordinações sucessivas, vocá-
bulos raros, inversões sintáticas, adjetivação intensiva, enu- Concordância verbal:
merações, gradações, repetições enfáticas já foram consi- Vossa Senhoria falou muito bem.
derados virtudes estilísticas. Atualmente, a velocidade que Vossa Excelência vai esclarecer o tema.
se impõe a tudo o que se faz, inclusive ao escrever e ao Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião.
ler, tornou esses recursos quase sempre obsoletos. Hoje, a
concisão, a economia vocabular, a precisão lexical, ou seja, Concordância pronominal:
a eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação Pronomes de tratamento concordam com pronomes
Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo possessivos na terceira pessoa.
“enxuto” de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vos-
Andrade, de João Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, so...”).
mestres da linguagem altamente concentrada.
Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e Concordância nominal:
“exórdios” que se repetiam como ladainhas nos textos ofi- Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a
ciais, como o exemplo risível e caricato que segue: que se refere o pronome de tratamento.
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem)
“Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher)
se faz que nos valhamos do ensejo para congratularmo‑nos
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem)
com Vossa Excelência pela oportunidade da medida propos‑
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher)
ta à apreciação de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, hu‑
milde servidor público, para abordar questões de tamanha
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela).
complexidade, a respeito das quais divergem os hermeneu‑
Vossa Excelência - com quem se fala (você)
tas e exegetas.
Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das
Emprego dos Pronomes de Tratamento
causas primeiras, que fundamentaram a proposição tempes‑
tivamente encaminhada por Vossa Excelência, indispensável
se faz uma abordagem preliminar dos antecedentes imedia‑ As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação
tos, posto que estes antecedentes necessariamente antece‑ da Presidência da República.
dem os consequentes”.
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as
Observe que absolutamente nada foi dito ou informa- seguintes autoridades:
do.
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vi-
As Comunicações Oficiais ce-presidenIe da República; Ministros de Estado; Governa-
dores e vice‑governadores de Estado e do Distrito Fede-
A redação das comunicações oficiais obedece a pre- ral; Oficiais generais das Forças Armadas; Embaixadores;
ceitos de objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, Secretários‑executivos de Ministérios e demais ocupantes
formalidade, padronização e correção gramatical. de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos
Além dessas, há outras características comuns à comu- Governos Estaduais; Prefeitos Municipais.
nicação oficial, como o emprego de pronomes de trata-
mento, o tipo de fecho (encerramento) de uma correspon- - Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Sena-
dência e a forma de identificação do signatário, conforme dores; Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados
define o Manual de Redação da Presidência da República. Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas
Outros órgãos e instituições do poder público também Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
possuem manual de redação próprio, como a Câmara dos
Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações - Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Supe-
Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciá- riores; Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça
rio etc. Militar.

3
PRODUÇÃO TEXTUAL

Vocativos tamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente


o uso do pronome de tratamento Senhor. O Manual tam-
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigi- bém esclarece que “doutor não é forma de tratamento, e
das aos chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido sim título acadêmico”. Por isso, recomenda-se empregá-lo
do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham
República; Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se que
Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo “é costume designar por doutor os bacharéis, especialmen-
Tribunal Federal. te os bacharéis em Direito e em Medicina”.
As demais autoridades devem ser tratadas com o vo-
cativo Senhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigi-
Senhor Senador / Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora do a reitores de universidade. Corresponde‑lhe o vocativo:
Juiza; Senhor Ministro / Senhora Ministra; Senhor Governa- Magnífico Reitor.
dor / Senhora Governadora. Vossa Santidade: É o pronome de tratamento emprega-
do em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo corres-
pondente é: Santíssimo Padre.
Endereçamento
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima:
De acordo com o Manual de Redação da Presidência,
São os pronomes empregados em comunicações dirigidas
no envelope, o endereçamento das comunicações dirigi-
a cardeais. Os vocativos correspondentes são: Eminentís-
das às autoridades tratadas por Vossa Excelência, deve ter simo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo
a seguinte forma: Senhor Cardeal.
A Sua Excelência o Senhor Nas comunicações oficiais para as demais autoridades
Fulano de Tal eclesiásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima
Ministro de Estado da Justiça (para arcebispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vos‑
70064‑900 ‑ Brasília. DF sa Senhoria Reverendíssima (para monsenhores, cônegos e
superiores religiosos); Vossa Reverência (para sacerdotes,
A Sua Excelência o Senhor clérigos e demais religiosos).
Senador Fulano de Tal
Senado Federal Fechos para Comunicações
70165‑900 ‑ Brasília. DF
De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das
A Sua Excelência o Senhor comunicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de
Fulano de Tal arrematar o texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o
Juiz de Direito da l0ª Vara Cível fecho é a maneira de quem expede a comunicação despe-
Rua ABC, nº 123 dir‑se de seu destinatário.
01010‑000 ‑ São Paulo. SP Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do
atual Manual de Redação da Presidência da República, havia
Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em 15 padrões de fechos para comunicações oficiais. O Ma‑
comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento nual simplificou a lista e reduziu­-os a apenas dois para to-
digníssimo (DD) às autoridades na lista anterior. A dignida- das as modalidades de comunicação oficial. São eles:
de é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo públi-
co, sendo desnecessária sua repetida evocação”. Respeitosamente: para autoridades superiores, inclu-
sive o presidente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierar-
Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento emprega-
quia ou de hierarquia inferior.
do para as demais autoridades e para particulares. O vo-
cativo adequado é: Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana
“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações diri-
de Tal. gidas a autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual
No envelope, deve constar do endereçamento: de Redação do Ministério das Relações Exteriores”, diz o
Ao Senhor Manual de Redação da Presidência da República.
Fulano de Tal A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atencio-
Rua ABC, nº 123 samente” é recomendada para os mesmos casos pelo Ma‑
70123-000 – Curitiba.PR nual de Redação da Câmara dos Deputados e por outros
manuais oficiais. Já os fechos para as cartas particulares ou
Conforme o Manual de Redação da Presidência, em co- informais ficam a critério do remetente, com preferência
municações oficiais “fica dispensado o emprego do super- para a expressão “Cordialmente”, para encerrar a corres-
lativo Ilustríssimo para as autoridades que recebem o tra- pondência de forma polida e sucinta.

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PRODUÇÃO TEXTUAL

Identificação do Signatário Introdução: que se confunde com o parágrafo de


abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Re‑ comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
pública, com exceção das comunicações assinadas pelo “Tenho o prazer de”, “Cumpre‑me informar que”,empregue
presidente da República, em todas as comunicações ofi- a forma direta;
ciais devem constar o nome e o cargo da autoridade que as Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se
expede, abaixo de sua assinatura. A forma da identificação o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
deve ser a seguinte: devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
maior clareza à exposição;
(espaço para assinatura) Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente rea-
Nome presentada a posição recomendada sobre o assunto.
Chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
(espaço para assinatura) títulos e subtítulos.
Nome
Ministro de Estado da Justiça Quando se tratar de mero encaminhamento de docu-
mentos, a estrutura deve ser a seguinte:
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as- Introdução: deve iniciar com referência ao expedien-
sinatura em página isolada do expediente. Transfira para te que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do do-
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho”, cumento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a in-
alerta o Manual. formação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
indicando a seguir os dados completos do documento en-
Padrões e Modelos caminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de
que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
O Padrão Ofício segundo a seguinte fórmula:

O Manual de Redação da Presidência da República lista “Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de
três tipos de expediente que, embora tenham finalidades 2011, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril
diferentes, possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e de 2010, do Departamento Geral de Administração, que tra‑
Memorando. A diagramação proposta para esses expe- ta da requisição do servidor Fulano de Tal.”
dientes é denominada padrão ofício.
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as se- ou
guintes partes:
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do cópia do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do
órgão que o expede. Exemplos: Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a res‑
peito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na
Of. 123/2002-MME região Nordeste.”
Aviso 123/2002-SG
Mem. 123/2002-MF Desenvolvimento: se o autor da comunicação dese-
jar fazer algum comentário a respeito do documento que
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamen- encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvi-
to à direita. Exemplo: mento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvol-
vimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
Brasília, 20 de maio de 2011
- Fecho.
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos: - Assinatura.
- Identificação do Signatário
Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa‑ Forma de Diagramação
dores.
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à se-
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é guinte forma de apresentação:
dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluí-
do também o endereço. - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
- Texto. Nos casos em que não for de mero encami- de rodapé;
nhamento de documentos, o expediente deve conter a se- - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro‑
guinte estrutura: man, poder‑se‑ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;

5
PRODUÇÃO TEXTUAL

- é obrigatório constar a partir da segunda página o - nome do órgão ou setor;


número da página; - endereço postal;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser - telefone e endereço de correio eletrônico.
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar- Obs: Modelo no final da matéria.
gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
páginas pares (“margem espelho”); Memorando ou Comunicação Interna
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
distância da margem esquerda; O Memorando é a modalidade de comunicação entre
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
no mínimo 3,0 cm de largura; estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife-
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 rente. Trata‑se, portanto, de uma forma de comunicação
cm; eminentemente interna.
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as li- Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em-
nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc.
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha a serem adotados por determinado setor do serviço público.
em branco; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli- do memorando em qualquer órgão deve pautar-­se pela ra-
nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor- pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos.
das ou qualquer outra forma de formatação que afete a Para evitar desnecessário aumento do número de comu-
elegância e a sobriedade do documento; nicações, os despachos ao memorando devem ser dados
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em
papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas folha de continuação. Esse procedimento permite formar
para gráficos e ilustrações; uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem transparência a tomada de decisões, e permitindo que se
ser impressos em papel de tamanho A‑4, ou seja, 29,7 x historie o andamento da matéria tratada no memorando.
21,0 cm; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de do padrão ofício, com a diferença de que seu destinatário
arquivo Rich Text nos documentos de texto; deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos:
- dentro do possível, todos os documentos elaborados
devem ter o arquivo de texto preservado para consulta pos- Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
terior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento Obs: Modelo no final da matéria.
+ número do documento + palavras‑chave do conteúdo.
Exemplo: Exposição de Motivos

“Of. 123 ‑ relatório produtivi‑ É o expediente dirigido ao presidente da República ou


dade ano 2010” ao vice-presidente para:
- informá-lo de determinado assunto;
Aviso e Ofício (Comunicação Externa) - propor alguma medida; ou
- submeter a sua consideração projeto de ato norma-
São modalidades de comunicação oficial praticamen- tivo.
te idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é
expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi-
autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos
é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério,
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór- a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
também com particulares. interministerial.
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo Formalmente a exposição de motivos tem a apresenta-
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o ção do padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apre-
destinatário, seguido de vírgula. Exemplos: senta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela
que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, a que proponha alguma medida ou submeta projeto de
Senhora Ministra, ato normativo.
Senhor Chefe de Gabinete, No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presi-
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as dente da República, sua estrutura segue o modelo antes
seguintes informações do remetente: referido para o padrão ofício.

6
PRODUÇÃO TEXTUAL

Já a exposição de motivos que submeta à consideração O preenchimento obrigatório do anexo para as expo-
do Presidente da República a sugestão de alguma medida sições de motivos que proponham a adoção de alguma
a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato nor- medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
mativo, embora sigam também a estrutura do padrão ofí- - permitir a adequada reflexão sobre o problema que
cio, além de outros comentários julgados pertinentes por se busca resolver;
seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: - ensejar mais profunda avaliação das diversas causas
- na introdução: o problema que está a reclamar a do problema e dos defeitos que pode ter a adoção da me-
adoção da medida ou do ato normativo proposto;
dida ou a edição do ato, em consonância com as questões
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela me-
dida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar que devem ser analisadas na elaboração de proposições
o problema, e eventuais alternativas existentes para equa- normativas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.)
cioná‑lo; - conferir perfeita transparência aos atos propostos.
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser to-
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para solu- Dessa forma, ao atender às questões que devem ser
cionar o problema. analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do
Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex- anexo complementam-se e formam um todo coeso: no
posição de motivos, devidamente preenchido, de acordo anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de
com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto nº toda a situação que está a reclamar a adoção de certa pro-
4.1760, de 28 de março de 2010. vidência ou a edição de um ato normativo; o problema a
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus
Ministério ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de
efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da
______________ de 201_.
exposição de motivos fica, assim, reservado à demonstra-
- Síntese do problema ou da situação que reclama pro- ção da necessidade da providência proposta: por que deve
vidências; ser adotada e como resolverá o problema.
- Soluções e providências contidas no ato normativo Nos casos em que o ato proposto for questão de
ou na medida proposta; pessoal (nomeação, promoção, ascenção, transferência,
- Alternativas existentes às medidas propostas. Men- readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, re-
cionar: condução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, dis-
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; ponibilidade, aposentadoria), não é necessário o encami-
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo; nhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- outras possibilidades de resolução do problema. Ressalte-se que:
- Custos. Mencionar: - a síntese do parecer do órgão de assessoramento ju-
- se a despesa decorrente da medida está prevista na rídico não dispensa o encaminhamento do parecer com-
lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para
pleto;
custeá‑la;
- o tamanho dos campos do anexo à exposição de mo-
- se a despesa decorrente da medida está prevista na
lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas para tivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor
custeá‑la; extensão dos comentários a serem alí incluídos.
- valor a ser despendido em moeda corrente;
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente
somente se o ato proposto for medida provisória ou proje- que a atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial
to de lei que deva tramitar em regime de urgência). Men- (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padroni-
cionar: zação e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redo-
- se o problema configura calamidade pública; brada. A exposição de motivos é a principal modalidade
- por que é indispensável a vigência imediata; de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
- se se trata de problema cuja causa ou agravamento Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encami-
não tenham sido previstos; nhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário
- se se trata de desenvolvimento extraordinário de si- ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo
tuação já prevista.
ou em parte.
- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato
ou medida proposta possa vir a tê-lo)
- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto; Mensagem
- Síntese do parecer do órgão jurídico.
Com base em avaliação do ato normativo ou da medi- É o instrumento de comunicação oficial entre os Che-
da proposa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3. fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens en-
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode viadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da para informar sobre fato da Administração Pública; expor o
Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para plano de governo por ocasião da abertura de sessão legis-
que se complete o exame ou se reformule a proposta. lativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que de-

7
PRODUÇÃO TEXTUAL

pendem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; en- Congresso Nacional competência privativa para aprovar a
fim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente as-
de interesse dos poderes públicos e da Nação. sinado, acompanha a mensagem.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias - Pedido de autorização para o presidente ou o vi-
caberá a redação final. ce‑presidente da República se ausentarem do País por
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con- mais de 15 dias: Trata‑se de exigência constitucional
gresso Nacional têm as seguintes finalidades: (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização é da compe-
tência privativa do Congresso Nacional.
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, com- O presidente da República, tradicionalmente, por cor-
plementar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias,
complementar são enviados em regime normal (Constitui- faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, envian-
ção, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1º a do‑lhes mensagens idênticas.
4º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob
o regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensa- - Encaminhamento de atos de concessão e renova-
gem, com solicitação de urgência. ção de concessão de emissoras de rádio e TV: A obri-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem- gação de submeter tais atos à apreciagão do Congresso
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com avi- Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição.
so do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renova-
Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que ção da concessão após deliberação do Congresso Nacional
tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensagem a
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen- urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen- 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação.
tos anuais e créditos adicionais), as mensagens de encami- Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
nhamento dirigem‑se aos membros do Congresso Nacio- mensagem o correspondente processo administrativo.
nal, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro
Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da
Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis - Encaminhamento das contas referentes ao exer-
financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na for- cício anterior: O Presidente da República tem o prazo de
ma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congres- sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para en-
so Nacional está o Presidente do Senado Federal (Consti- viar ao Congresso Nacional as contas referentes ao exer-
tuição, art. 57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. cício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desen- parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art.
volvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minu- 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar
cioso exame técnico, jurídico e econômico‑financeiro das a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
matérias objeto das proposições por elas encaminhadas. mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
Tais exames materializam‑se em pareceres dos diver- - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela
sos órgãos interessados no assunto das proposições, entre deve conter o plano de governo, exposição sobre a situa-
eles o da Advocacia Geral da União. Mas, na origem das ção do País e solicitação de providências que julgar neces-
propostas, as análises necessárias constam da exposição de sárias (Constituição, art. 84, XI).
motivos do órgão onde se geraram, exposição que acom- O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
panhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao Presidência da República. Esta mensagem difere das de-
Congresso. mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
congressistas em forma de livro.
- Encaminhamento de medida provisória: Para dar
cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Pre- - Comunicação de sanção (com restituição de au-
sidente da República encaminha mensagem ao Congresso, tógrafos): Esta mensagem é dirigida aos membros do
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secre- Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro
tário do Senado Federal, juntando cópia da medida provi- ­Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela
sória, autenticada pela Coordenação de Documentação da se informa o número que tomou a lei e se restituem dois
Presidência da República. exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Pre-
sidente da República terá aposto o despacho de sanção.
- Indicação de autoridades: As mensagens que sub- - Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do
metem ao Senado Federal a indicação de pessoas para Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem
ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribu- informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais
nais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e diretores as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai
do Banco Central, Procurador‑Geral da República, Chefes publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrá-
de Missão Diplomática etc.) têm em vista que a Constitui- rio das demais mensagens, cuja publicação se restringe à
ção, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

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PRODUÇÃO TEXTUAL

- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legis- Telegrama


lativo com regular frequência mensagens com:
- encaminhamento de atos internacionais que acarre- Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de
art. 49, I); telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis telegrafia, telex etc. Por se tratar de forma de comunicação
às operações e prestações interestaduais e de exportação dispendiosa aos cofres públicos e tecnologicamente supe-
(Constituição, art. 155, § 2º, IV); rada, deve restringir‑se o uso do telegrama apenas àquelas
- proposta de fixação de limites globais para o mon- situações que não seja possível o uso de correio eletrônico
tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também
- pedido de autorização para operações financeiras ex- em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros. deve pautar‑se pela concisão.
Não há padrão rígido, devendo‑se seguir a forma e
Entre as mensagens menos comuns estão as de: a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos
- convocação extraordinária do Congresso Nacional Correios e em seu sítio na Internet.
(Constituição, art. 57, § 6º);
- pedido de autorização para exonerar o Procura- Obs: Modelo no final da matéria.
dor‑Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2º);
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar Fax
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
- pedido de autorização ou referendo para celebrara O fax (forma abreviada já consagrada de fac‑símile) é
paz (Constituição, art. 84, XX); uma forma de comunicação que está sendo menos usada
- justificativa para decretação do estado de defesa ou devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a
de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º); transmissão de mensagens urgentes e para o envio ante-
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio
cipado de documentos, de cujo conhecimento há premên-
(Constituição, art. 137);
cia, quando não há condições de envio do documento por
- relato das medidas praticadas na vigência do esta-
meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue
do de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
posteriormente pela via e na forma de praxe.
único);
Se necessário o arquivamento, deve‑se fazê‑lo com có-
- proposta de modificação de projetas de leis financei-
pia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em
ras (Constituição, art. 166, § 5º);
certos modelos, se deteriora rapidamente.
- pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e
carem sem despesas correspondentes, em decorrência de
a estrutura que lhes são inerentes. É conveniente o envio,
veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
anual (Constituição, art. 166, § 8º); juntamente com o documento principal, de folha de rosto,
- pedido de autorização para alienar ou conceder ter- isto é, de pequeno formulário com os dados de identifica-
ras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. ção da mensagem a ser enviada.
188, § 1º); etc.
As mensagens contêm: Correio Eletrônico
- a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda: O correio eletrônico (“e‑mail”), por seu baixo custo e
celeridade, transformou‑se na principal forma de comuni-
Mensagem nº cação para transmissão de documentos.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma
o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da mar- rígida para sua estrutura. Entretanto, deve‑se evitar o uso
gem esquerda: de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
O campo assunto do formulário de correio eletrôni-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
organização documental tanto do destinatário quanto do
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; remetente.
- o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili-
texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
margem direita. A mensagem, como os demais atos assi- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
nados pelo Presidente da República, não traz identificação nimas sobre seu conteúdo.
de seu signatário. Sempre que disponível, deve‑se utilizar recurso de con-
firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
Obs: Modelo no final da matéria. da mensagem pedido de confirmação de recebimento.

9
PRODUÇÃO TEXTUAL

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa- Carta


gem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é,
para que possa ser aceita como documento original, é ne- É a forma de correspondência emitida por particular,
cessário existir certificação digital que ateste a identidade ou autoridade com objetivo particular, não se confundindo
do remetente, na forma estabelecida em lei. com o memorando (correspondência interna) ou o ofício
(correspondência externa), nos quais a autoridade que as-
Apostila sina expressa uma opinião ou dá uma informação não sua,
mas, sim, do órgão pelo qual responde. Em grande parte
É o aditamento que se faz a um documento com o dos casos da correspondência enviada por deputados, de-
objetivo de retificação, atualização, esclarecimento ou fi- ve‑se usar a carta, não o memorando ou ofício, por estar
xar vantagens, evitando‑se assim a expedição de um novo o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de
título ou documento. Estrutura: sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara
dos Deputados. O parlamentar deverá assinar memorando
- Título: APOSTILA, centralizado. ou ofício apenas como titular de função oficial específica
(presidente de comissão ou membro da Mesa, por exem-
- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimen- plo). Estrutura:
to, atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se
for o caso, onde o documento foi publicado. - Local e data.

- Local e data. - Endereçamento, com forma de tratamento, destina-


tário, cargo e endereço.
- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade
que constatou a necessidade de efetuar a apostila. - Vocativo.

Não deve receber numeração, sendo que, em caso de - Texto.


documento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos
textos ou no verso do documento. - Fecho.
Em caso de publicação do ato administrativo originá-
rio, a apostila deve ser publicada com a menção expressa - Assinatura: nome e, quando necessário, função ou
do ato, número, dia, página e no mesmo meio de comuni- cargo.
caçao oficial no qual o ato administrativo foi originalmente
publicado, a fim de que se preserve a data de validade. Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá nu-
merá‑las. Nesse caso, a numeração poderá apoiar­-se no
Obs: Modelo no final da matéria. padrão básico de diagramação.
O fecho da carta segue, em geral, o padrão da cor-
ATA respondência oficial, mas outros fechos podem ser usados,
a exemplo de “Cordialmente”, quando se deseja indicar
É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos relação de proximidade ou igualdade de posição entre os
fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou correspondentes.
assembleia. Estrutura:
- Título ‑ ATA. Em se tratando de atas elaboradas se- Obs: Modelo no final da matéria.
quencialmente, indicar o respectivo número da reunião ou
sessão, em caixa‑alta. Declaração
- Texto, incluindo: Preâmbulo ‑ registro da situação
espacial e temporal e participantes; Registro dos assuntos É o documento em que se informa, sob responsabilida-
abordados e de suas decisões, com indicação das persona- de, algo sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:
lidades envolvidas, se for o caso; Fecho ‑ termo de encerra- - Título: DECLARAÇÃO, centralizado.
mento com indicação, se necessário, do redator, do horário - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com
de encerramento, de convocação de nova reunião etc. finalidade, nome do interessado em destaque (em maiús-
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os pre- culas) e sua relação com a Câmara nos casos mais formais.
sentes à reunião ou apenas pelo presidente e relator, de- - Local e data.
pendendo das exigências regimentais do órgão. - Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, de- autoridade, função ou cargo.
ve‑se, em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da
informação correta a ser registrada. No caso de omissão A declaração documenta uma informação prestada por
de informações ou de erros constatados após a redação, autoridade ou particular. No caso de autoridade, a com-
usa‑se a expressão “Em tempo” ao final da ATA, com o re- provação do fato ou o conhecimento da situação declarada
gistro das informações corretas. deve serem razão do cargo que ocupa ou da função que
Obs: Modelo no final da matéria. exerce.

10
PRODUÇÃO TEXTUAL

Declarações que possuam características específicas - Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (intro-
podem receber uma qualificação, a exemplo da “declara- dução); Parecer (desenvolvimento com razões e justificati-
ção funcional”. vas); Fecho opinativo (conclusão).
- Local e data.
Obs: Modelo no final da matéria. - Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.

Despacho Além do Parecer Administrativo, acima conceituado,


existe o Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como
É o pronunciamento de autoridade administrativa em tal, definido no art. 126 do Regimento Interno da Câmara
petição que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento dos Deputados.
do processo. Pode ter caráter decisório ou apenas de expe- O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em
diente. Estrutura: tantos itens (e estes intitulados) quantos bastem ao pare-
cerista para o fim de melhor organizar o assunto, imprimin-
- Nome do órgão principal e secundário. do‑lhe clareza e didatismo.

- Número do processo. Obs: Modelo no final da matéria.

- Data. Portaria

Texto. É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabe-


lece regras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata
- Assinatura e função ou cargo da autoridade. da organização e do funcionamento de serviços dentro de
sua esfera de competência. Estrutura:
O despacho pode constituir‑se de uma palavra, de uma - Título: PORTARIA, numeração e data.
expressão ou de um texto mais longo. - Ementa: síntese do assunto.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da auto-
Obs: Modelo no final da matéria. ridade que expede o ato e citação da legislação pertinente,
seguida da palavra “resolve”.
Ordem de Serviço - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser di-
vidido em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens.
É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ - Assinatura: nome da autoridade competente e indi-
ou pontuais para a execução de serviços por órgãos subor- cação do cargo.
dinados da Administração. Estrutura:
- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data. Certas portarias contêm considerandos, com as razões
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da au- que justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem
toridade que expede o ato (em maiúsculas) e citação da depois deles.
legislação pertinente ou por força das prerrogativas do car- A ementa justifica‑se em portarias de natureza norma-
go, seguida da palavra “resolve”. tiva.
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser di- Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de
vidido em itens, incisos, alíneas etc. nomeação e exoneração, por exemplo, suprime­-se a emen-
- Assinatura: nome da autoridade competente e indi- ta.
cação da função.
Obs: Modelo no final da matéria.
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém
possui caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essen- Relatório
cialmente, a otimização e a racionalização de serviços.
É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funciona-
Obs: Modelo no final da matéria. mento de uma instituição, do exercício de atividades ou
acerca do desenvolvimento de serviços específicos num
Parecer determinado período. Estrutura:
- Título ‑ RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal - Texto ‑ registro em tópicos das principais atividades
ou de órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido desenvolvidas, podendo ser indicados os resultados par-
submetido para análise e competente pronunciamento. ciais e totais, com destaque, se for o caso, para os aspectos
Visa fornecer subsídios para tomada de decisão. Estrutura: positivos e negativos do período abrangido. O cronogra-
- Número de ordem (quando necessário). ma de trabalho a ser desenvolvido, os quadros, os dados
- Número do processo de origem. estatísticos e as tabelas poderão ser apresentados como
- Ementa (resumo do assunto). anexos.

11
PRODUÇÃO TEXTUAL

- Local e data. Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, rei-
- Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) re- vindicação ou manifestação, o documento utilizado será
lator(es). um abaixo‑assinado, com estrutura semelhante à do re-
No caso de Relatório de Viagem, aconselha‑se regis- querimento, devendo haver identificação das assinaturas.
trar uma descrição sucinta da participação do servidor no
evento (seminário, curso, missão oficial e outras), indicando A Constituição Federal assegura a todos, independen-
o período e o trecho compreendido. Sempre que possível, temente do pagamento de taxas, o direito de petição aos
o Relatório de Viagem deverá ser elaborado com vistas ao Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegali-
aproveitamento efetivo das informações tratadas no even- dade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que
to para os trabalhos legislativos e administrativos da Casa. o exercício desse direito se instrumentaliza por meio de
Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, de- requerimento. No que concerne especificamente aos servi-
ve‑se atentar para os seguintes procedimentos: dores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece
que o requerimento deve ser dirigido à autoridade compe-
- abster‑se de transcrever a competência formal das tente para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daque-
unidades administrativas já descritas nas normas internas; la a que estiver imediatamente subordinado o requerente
(Lei nº 8.112/90, art. 105).
- relatar apenas as principais atividades do órgão;
Obs: Modelo no final da matéria.
- evitar o detalhamento excessivo das tarefas execu-
tadas pelas unidades administrativas que lhe são subordi- Protocolo
nadas;
O registro de protocolo (ou simplesmente “o protoco-
- priorizar a apresentação de dados agregados, gran- lo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático)
des metas realizadas e problemas abrangentes que foram em que são transcritos progressivamente os documentos e
os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade
solucionados;
(público ou privado). Este registro, se obedecerem a nor-
mas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em
- destacar propostas que não puderam ser concreti-
casos de controvérsia jurídica.
zadas, identificando as causas e indicando as prioridades
O termo protocolo tem um significado bastante amplo,
para os próximos anos;
identificando-se diretamente com o próprio procedimen-
to. Por extensão de sentido, “protocolo” significa também
- gerar um relatório final consolidado, limitado, se pos-
um trâmite a ser seguido para alcançar determinado obje-
sível, ao máximo de dez páginas para o conjunto da Dire-
tivo (“seguir o protocolo”).
toria, Departamento ou unidade equivalente.
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma
Obs: Modelo no final da matéria. repartição determinada, que recebe o material documen-
tário do sujeito que o produz em saída e em entrada e os
Requerimento (Petição) anota num registro (atualmente em programas informáti-
cos), atruibuindo-lhes um número e também uma posição
É o instrumento por meio do qual o interessado requer de arquivo de acordo com suas características.
a uma autoridade administrativa um direito do qual se jul- O registro tem quatro elementos necessários e obri-
ga detentor. Estrutura: gatórios:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), - Número progressivo.
ou seja, da autoridade competente. - Data de recebimento ou de saída.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do re- - Remetente ou destinatário.
querente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qua- - Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da cor-
lificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documen- respondência
to de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins
de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei
10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor
da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil
deve ser colocado o número do registro funcional e a lo-
tação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
fundamentos legais do requerimento e os elementos pro-
batórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou car-
go.

12
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

13
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

14
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

15
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

16
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal


declara que o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no
Suplemento ao Boletim Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional
alterada, de Secretário Parlamentar Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem
vínculo efetivo com o serviço público, ponto n. 105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de
decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da


Silva, Diretora da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que
foi aprovada, sem alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão
do item “Projetos Concluídos”, sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra
o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de Marketing, que apresentou um breve relato das atividades
desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos
Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos meses os trabalhos enviados para publicação
estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando a todos pelos resultados alcançados.
Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos mantiveram-se dentro do
cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na próxima semana.
Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de junho,
quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

17
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70
do Regimento do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos
das informações e manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de
Serviços Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte
ordem de preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da
Coordenação de Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

18
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de
Tal, passamos a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja,
basta comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade
provisória no emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou
seja, proteger a gestante e o nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado
gestacional da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste
sentido tem sido as reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim
disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de
estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de
estabilidade. (ex-Súmula nº 244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante
contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui
dispensa arbitrária ou sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao
contrário, diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial,
o que foi feito, não tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe
foi apresentado o resultado negativo do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a
dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio
indenizado garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão
de aviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este
entendimento exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade.
Contudo, na hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado,
certo é que a empregada já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A
conclusão da ultrossonografia obstétrica afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era
de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês
de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante,
considerando que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando
que o desconhecimento do estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a
gravidez ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada
diante da estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

19
PRODUÇÃO TEXTUAL

Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições


de passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem
processos administrativos no âmbito da Câmara dos
Deputados e assinadas pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e
diárias de viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas
pelo DiretorGeral, para parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código
de segurança e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro
substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório
CÂMARA DOS DEPUTADOS
ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de
viagem, indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática
geral.
..................................................................................... .............

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, ................................ de de 201...

Nome
Função ou Cargo

20
PRODUÇÃO TEXTUAL

Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. �������������������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

Questões
01. Analise:

1. Atendendo à solicitação contida no expediente acima referido, vimos encaminhar a V. Sª. as informações referentes ao
andamento dos serviços sob responsabilidade deste setor.
2. Esclarecemos que estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para o cumprimento dos prazos estipulados e o
atingimento das metas estabelecidas.
A redação do documento acima indica tratar-se
(A) do encaminhamento de uma ata.
(B) do início de um requerimento.
(C) de trecho do corpo de um ofício.
(D) da introdução de um relatório.
(E) do fecho de um memorando.

02. A redação inteiramente apropriada e correta de um documento oficial é:


(A) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas reivindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos em
vosso gabinete para discutir nossos problemas salariais.
(B) O texto ora aprovado em sessão extraordinária prevê a redistribuição de pessoal especializado em serviços gerais
para os departamentos que foram recentemente criados.

21
PRODUÇÃO TEXTUAL

(C) Estou encaminhando a presença de V. Sª. este jo- Atenciosamente,


vem, muito inteligente e esperto, que lhe vai resolver os Pedro Santos
problemas do sistema de informatização de seu gabinete.
(D) Quando se procurou resolver os problemas de pes- Pedro Santos
soal aqui neste departamento, faltaram um número grande Secretário do Conselho
de servidores para os andamentos do serviço.
(E) Do nosso ponto de vista pessoal, fica difícil vos in- Resposta 01-C / 02-B / 03-C / 04-E / 05-C (correta)
formar de quais providências vão ser tomadas para resol-
ver essa confusão que foi criado pelos manifestantes.
ANOTAÇÕES
03. A frase cuja redação está inteiramente correta e
apropriada para uma correspondência oficial é:
(A) É com muito prazer que encaminho à V. Exª. Os
convites para a reunião de gala deste Conselho, em que
___________________________________________________
se fará homenagens a todos os ilustres membros dessa di- ___________________________________________________
retoria, importantíssima na execução dos nossos serviços.
(B) Por determinação hoje de nosso Excelentíssimo ___________________________________________________
Chefe do Setor, nos dirigimos a todos os de vosso gabine-
te, para informar de que as medidas de austeridade reco- ___________________________________________________
mendadas por V. Sa. já está sendo tomadas, para evitar-se
___________________________________________________
os atrasos dos prazos.
(C) Estamos encaminhando a V. Sa. os resultados a que ___________________________________________________
chegaram nossos analistas sobre as condições de funcio-
namento deste setor, bem como as providências a serem ___________________________________________________
tomadas para a consecução dos serviços e o cumprimento
dos prazos estipulados. ___________________________________________________
(D) As ordens expressas a todos os funcionários é de ___________________________________________________
que se possa estar tomando as medidas mais do que im-
portantes para tornar nosso departamento mais eficiente, ___________________________________________________
na agilização dos trâmites legais dos documentos que pas-
sam por aqui. ___________________________________________________
(E) Peço com todo o respeito a V. Exª., que tomeis pro-
vidências cabíveis para vir novos funcionários para esse
___________________________________________________
nosso setor, que se encontra em condições difíceis de agi- ___________________________________________________
lizar todos os documentos que precisamos enviar.
___________________________________________________
04. A respeito dos padrões de redação de um ofício, é
INCORRETO afirmar que: ___________________________________________________
(A) Deve conter o número do expediente, seguido da ___________________________________________________
sigla do órgão que o expede.
(B) Deve conter, no início, com alinhamento à direita, ___________________________________________________
o local de onde é expedido e a data em que foi assinado.
(C) Deverá constar, resumidamente, o teor do assunto ___________________________________________________
do documento. ___________________________________________________
(D) O texto deve ser redigido em linguagem clara e
direta, respeitando-se a formalidade que deve haver nos ___________________________________________________
expedientes oficiais.
(E) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez, como ___________________________________________________
por exemplo: Agradeço a V. Sª. a atenção dispensada.
___________________________________________________
05. Haveria coerência com as ideias do texto e respei- ___________________________________________________
taria as normas de redação de documentos oficiais se o
texto apresentado fosse incluído como parágrafo inicial em ___________________________________________________
um ofício complementado pelo parágrafo final e os fechos
apresentados a seguir. ___________________________________________________

___________________________________________________
Solicita-se, portanto, a divulgação desses dados junto
aos órgãos competentes. ___________________________________________________

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
1. Redação Oficial: ................................................................................................................................................................................................... 01
a) Conceito. .......................................................................................................................................................................................................... 01
b) Contexto de produção. .............................................................................................................................................................................. 01
c) finalidades. ....................................................................................................................................................................................................... 01
2. As comunicações Oficiais: ............................................................................................................................................................................... 01
a) conceito, estrutura, finalidades e especificidades de uso nas mais diferentes circunstâncias sociocomunicati-
vas. .............................................................................................................................................................................................................01
c. Classificação a partir do Padrão-Ofício.................................................................................................................................................. 01
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
- Seja crítico de si mesmo, revise os textos de treino,
retire os excessos, deixe seu texto “enxuto”;
1. REDAÇÃO OFICIAL:
- Cronometre o tempo que é gasto nas suas redações
A) CONCEITO.
de treino e tente sempre diminuir o tempo gasto na pró-
B) CONTEXTO DE PRODUÇÃO. xima;
C) FINALIDADES. - Não ultrapasse as margens, nem o limite de linhas
2. AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS: estabelecido na prova;
A) CONCEITO, ESTRUTURA, FINALIDADES - Mantenha o mesmo padrão de letra do início ao fim
E ESPECIFICIDADES DE USO NAS do texto. Não inicie com letra legível e arredondada, por
MAIS DIFERENTES CIRCUNSTÂNCIAS exemplo, e termine com ela ilegível e “apressada”. Isso
SOCIOCOMUNICATIVAS. dará uma péssima impressão para o examinador da banca
C. CLASSIFICAÇÃO A PARTIR DO quando for ler;
PADRÃO-OFÍCIO. - Não faça marcas, rabiscos, não suje e nem amasse sua
redação; Tenha o máximo de asseio possível;
- Faça as redações de provas anteriores do concurso
que você prestará;
- Fique focado no enunciado que a banca está pedin-
Prezado Candidato, o referido edital o certame, do, não redija um texto lindo, mas que está totalmente fora
elencou matérias iguais nos tópicos de Conhecimentos do tema. Nunca fuja do tema proposto;
Específicos e Produção textual, com isso disponibiliza- - Use sinônimos, evite repetir as mesmas palavras;
remos nos conhecimentos Específicos, um breve resumo - Tenha seus argumentos fundamentados. Seja coeso
da matéria, contendo apenas conceito e dicas de reda- e coerente;
ção. - Algo comum no mundo dos concurseiros é o grande
temor pela redação nas provas. Muitas vezes o candidato
Uma boa redação é aquela que permite uma leitura prepara-se para a prova objetiva e deixa a redação de lado,
prazerosa, natural, de fácil compreensão. Para fazer bons perdendo grandes chances de passar. A única maneira efi-
textos é fundamental ter o hábito de leitura, utilizar todas caz de aprender a fazer uma boa redação é treinando. Faça
as regras da língua Portuguesa e as técnicas de redação redações sobre diversos temas, leia e releia quantas vezes
a seu favor. precisar, e lembre-se: a prática pode levar à perfeição;
- Além dessas dicas é preciso saber, principalmente, as
Principais dicas de redação: regras de acentuação gráfica, pontuação, ortografia e con-
cordância.
- Organize seus argumentos sobre o tema proposto
e os escreva de forma compreensível. Organize os argu- Estrutura da Redação
mentos em ordem crescente, ou seja, deixe o argumento
mais forte para o final; Um texto é composto de três partes essenciais: intro-
- Nas dissertações em que é necessário defender dução, desenvolvimento e conclusão. O correto é haver um
algo, não fique “em cima do muro”, coloque claramente elo entre as partes, como se formassem a costura do texto.
sua posição, pois muitas vezes os corretores estão inte- Na introdução é onde o tema abordado é apresentado, não
ressados em avaliar sua capacidade de opinar, refletir e deve ser muito extensa, e aconselha-se que tenha apenas
argumentar; um parágrafo de quatro a seis linhas. O desenvolvimento
- Escreva com clareza; é o “corpo” do texto, a parte mais importante dele. É onde
se expõe o ponto de vista, e argumenta de uma forma
- Seja objetivo e fiel ao tema;
lógica para que o leitor acompanhe seu raciocínio. Nesta
- Escolha sempre a ordem direta das frases (sujeito +
parte do texto faz-se uso de, no mínimo, dois parágrafos.
predicado);
A conclusão é o fechamento. Mas é válido lembrar que a
- Evite períodos e parágrafos muito longos;
introdução, desenvolvimento e conclusão são ligados e de-
- Elimine expressões difíceis ou desnecessárias do
pendentes entre si para que a coesão e coerência textual
texto;
sejam mantidas e o texto faça sentido.
- Não use termos chulos, gírias e regionalismos;
- Esteja sempre atualizado em tudo que acontece no
Introdução
mundo;
- Leia muito. A leitura enriquece o vocabulário, você A introdução (dependendo do número máximo de li-
olha visualmente as palavras e envia para a sua memória nhas) deve ter argumentos, dos quais você falará no de-
a forma correta de escrevê-las; senvolvimento. Então, deixe para explicar o assunto da in-
- Treine fazer redação com temas que poderão es- trodução depois. Apenas coloque os argumentos de forma
tar relacionados com as provas de concursos públicos, ou conexa e, o mais importante, apenas os coloque se tiver
então faça com temas da atualidade e notícias constantes certeza de que falará sobre eles depois.
nos meios de comunicação;

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Desenvolvimento É de se notar que o crescente número de infrações reali-
zadas por crianças e adolescentes, aparentemente, só tende
O desenvolvimento (dependendo do número máximo a aumentar, tal como vem acontecendo. Crimes como rou-
de linhas) deve ter, no mínimo, dois parágrafos. Cada pa- bo e tráfico se mostram cada vez mais presente nas ações
rágrafo deve ter entre 2 a 4 linhas. O ideal seria três linhas, destes jovens. (assunto 1)
pois quanto mais linhas tiver, maiores as chances de você Se, por um lado, o número de crimes praticados por
escrever algo confuso. Os parágrafos devem tratar dos ar- eles aumenta, por outro, diminui a severidade das medidas.
gumentos apresentados na introdução. Cada parágrafo, ao O grande problema de medidas tão brandas consiste no
menos, referente a um deles. fato de estas não cumprirem um de seus importantes deve-
res: o de inibir a ocorrência de novas infrações. (assunto 2)
Conclusão A falta de estudo e de condições sociais favoráveis,
certamente, é um ponto que fortalece o envolvimento com
A conclusão não traz nenhum argumento novo. Ela ações infratoras. Dispersos, tratados com descaso e sem
ressalta o que já foi dito, ou traz uma POSSÍVEL solução. perspectiva, muitos jovens veem no crime a possível solu-
ção para seus problemas. (assunto 3)
Na dissertação NUNCA usamos: eu, nós, temos, deve- A necessidade de se diminuir a maioridade penal, nas
mos, podemos, iremos, sei, sabemos, e palavras conjugadas
condições atuais, de fato, se mostra gritante. Contudo, no
da mesma forma. Isto porque ela devem ser escrita na 3ª
dia que o país investir em educação e não em formas de
pessoa do singular. O certo seria: sabe-se, deve-se, impor-
conter os efeitos gerados pela falta desta, talvez, sequer
tante se faz, tem-se. “Todo mundo”, “todo o planeta”, “todas
seja necessária qualquer pena.
as pessoas”, “todos”: tais palavras devem ser evitadas, pois a
dissertação não admite generalização. Logo, devemos usar
“a maioria”, “grande parte”, “parcela da população”, “um sig- Planejando a Dissertação
nificativo número” etc. “Com certeza”, “obviamente”, defini-
tivamente”: são palavras que também devem ser evitadas. Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos:
A dissertação consiste numa argumentação, na qual se é 1) Interrogue o tema;
exposto um pensamento, o qual poderá ser refutado por 2) Responda-o de acordo com a sua opinião;
outro pensamento. 3) Apresente um argumento básico;
4) Apresente argumentos auxiliares;
Vamos para um exemplo. O texto trata da redução da 5) Apresente um fato-exemplo;
maioridade no Brasil. 6) Conclua.
A INTRODUÇÃO é a seguinte:
Vamos supor que o tema de redação proposto seja:
Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometi- Nenhum homem vive sozinho. Tente seguir o roteiro:
dos por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles 1. Transforme o tema em uma pergunta: Nenhum ho-
aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de mem vive sozinho?
praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo, SÃO 2. Procure responder a essa pergunta de um modo
de regiões periféricas e não têm o devido acesso á educação. simples e claro, concordando ou discordando (ou concor-
dando em parte e discordando em parte): essa resposta é
Lembra da regra dos assuntos (pelo menos três) da in- o seu ponto de vista.
trodução? Então... vamos ver quais serão os assuntos. 3. Pergunte a você mesmo o porquê de sua resposta,
uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posi-
Assunto 1: na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo ção: aí estará o seu argumento principal.
cometidos por infratores menores de dezoito anos 4. Agora, procure descobrir outros motivos que aju-
Assunto 2: As penas a eles aplicadas são relativamente dem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua
pequenas e não os inibe de praticar novos delitos posição. Estes serão os argumentos auxiliares.
Assunto 3: A maioria destes jovens, contudo, são de re-
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exem-
giões periféricas e não têm o devido acesso á educação
plo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode
vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do
Agora, vamos construir o texto, abordando cada as-
que você leu. Pode ser um fato da vida política, econô-
sunto em um parágrafo do desenvolvimento.
mica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser
Na sociedade atual, muitos crimes vêm sendo cometi- bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista.
dos por infratores menores de dezoito anos. As penas a eles O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à argumen-
aplicadas são relativamente pequenas e não os inibem de tação. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencian-
praticar novos delitos. A maioria destes jovens, contudo, É de do-o dos demais.
regiões periféricas e não TEM o devido acesso á educação. 6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de
sua redação.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Fontes: b) do Poder Legislativo:
http://www.okconcursos.com.br/como-passar/dicas Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
-para-concurso/330-como-fazer-uma-boa-redacao#.Upo- Deputados e do Senado Federal;
qg9Kfsfh Presidente e Membros do Tribunal de Contas da União;
http://capaciteredacao.forum-livre.com/t5097-explica- Presidente e Membros dos Tribunais de Contas Esta-
cao-como-fazer-uma-redacao duais;
http://www.soportugues.com.br/secoes/Redacao/Re- Presidente e Membros das Assembleias Legislativas Es-
dacao2.php taduais;
Presidente das Câmaras Municipais.
c) do Poder Judiciário:
Redação Oficial Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal;
Presidente e Membros do Superior Tribunal de Justiça;
Pronomes de tratamento na redação oficial Presidente e Membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e Membros do Tribunal Superior Eleitoral;
A redação Oficial é a maneira para o poder público re- Presidente e Membros do Tribunal Superior do Trabalho;
digir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras fazem- Presidente e Membros dos Tribunais de Justiça;
se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, concisa, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Federais;
sem muito comprometimento, bem como um uso adequa- Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleito-
do das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas rais;
de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, as- Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Tra-
seguram que os atos normativos sejam bem executados. balho;
No Poder Público, a todo momento nós nos depara- Juízes e Desembargadores;
mos com situações em que precisamos escrever – ou falar – Auditores da Justiça Militar.”
com pessoas com as quais não temos familiaridade. Nesses
casos, os pronomes de tratamento assumem uma condição O vocativo a ser empregado em comunicações dirigi-
e precisam estar adequados à categoria hierárquica da pes- das aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido
soa a quem nos dirigimos. E mais, exige-se, em discurso do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da
falado ou escrito, uma homogeneidade na forma de trata- República; Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
mento, não só nos pronomes como também nos verbos. Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri-
No entanto, as formas de tratamento não são do co- bunal Federal.
nhecimento de todos. Para tanto, a partir do Manual da
Presidência da República, apresentaremos as discrimina- E mais: As demais autoridades serão tratadas com o
ções de usos dos pronomes de tratamento: vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Se-
nador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador.
São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento
seguintes autoridades: “Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas aci-
a) do Poder Executivo ma, afinal, a dignidade é condição primordial para que tais
Presidente da República; cargos públicos sejam ocupados.
Vice-Presidente da República; Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento,
Ministro de Estado; mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto-
Secretário-Geral da Presidência da República; rado. Portanto, é aconselhável que não se use discrimina-
Consultor-Geral da República; damente tal termo.
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República; AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República;
Secretários da Presidência da República; 1. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL
Procurador – Geral da República;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis- O que é Redação Oficial
trito Federal;
Chefes de Estado – Maior das Três Armas; Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
Oficiais Generais das Forças Armadas; maneira pela qual o Poder Público redige atos norma-
Embaixadores; tivos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de
Secretário Executivo e Secretário Nacional de Ministé- vista do Poder Executivo.
rios; A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa-
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; lidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, con-
Prefeitos Municipais. cisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente
esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fun- c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se
dacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, o universo temático das comunicações oficiais restringe-
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princí- se a questões que dizem respeito ao interesse público, é
pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade natural que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade Desta forma, não há lugar na redação oficial para im-
princípios fundamentais de toda administração pública, pressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de
claro que devem igualmente nortear a elaboração dos atos uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal,
e comunicações oficiais. ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser
Não se concebe que um ato normativo de qualquer isenta da interferência da individualidade que a elabora.
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade
impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária im-
requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que pessoalidade.
um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publi- A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
cidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.
Fica claro também que as comunicações oficiais são A necessidade de empregar determinado nível de lin-
necessariamente uniformes, pois há sempre um único co- guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado,
municador (o Serviço Público) e o receptor dessas comu- do próprio caráter público desses atos e comunicações; de
nicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de expe- outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos
dientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras
dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogê- para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento
nea (o público). dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua elabo-
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa ração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se
à evolução da língua. É que sua finalidade básica – comu- dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a
nicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos de informar com clareza e objetividade.
parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa As comunicações que partem dos órgãos públicos fe-
daquele da literatura, do texto jornalístico, da correspon- derais devem ser compreendidas por todo e qualquer cida-
dência particular, etc. dão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso
Apresentadas essas características fundamentais da re- de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada dúvida de que um texto marcado por expressões de circula-
uma delas. ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o
jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.
A Impessoalidade Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-
pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos
a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c)
alguém que receba essa comunicação. No caso da redação que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoa-
oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou ção, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores respon-
aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Ser- sáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais
viço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto lentamente as transformações, tem maior vocação para a
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatá- permanência e vale-se apenas de si mesma para comunicar.
rio dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cida- Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua
dãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão,
Poderes da União. requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- regras da gramática formal e b) se emprega um vocabulário
ções oficiais decorre: comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importan-
a) da ausência de impressões individuais de quem co- te ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto
munica: embora se trate, por exemplo, de um expediente na redação oficial decorre do fato de que ele está acima
assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Ob- dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas,
tém-se, assim, uma desejável padronização, que permite permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida com-
que comunicações elaboradas em diferentes setores da preensão por todos os cidadãos.
Administração guardem entre si certa uniformidade; Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, simplicidade de expressão, desde que não seja confundi-
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cida- da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso
dão, sempre concebido como público, ou a outro órgão do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada,
público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
de forma homogênea e impessoal; próprios da língua literária.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do pa- oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos-
drão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que ha- sibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a
verá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende
será obedecida certa tradição no emprego das formas sin- estritamente das demais características da redação oficial.
táticas, mas isso não implica, necessariamente, que se con- Para ela concorrem:
sagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. - a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter-
O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pretações que poderia decorrer de um tratamento perso-
pois terá sempre sua compreensão limitada. nalista dado ao texto;
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio,
situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscri- de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos
minado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vo- de circulação restrita, como a gíria e o jargão;
cabulário próprio a determinada área, são de difícil entendi-
- a formalidade e a padronização, que possibilitam a
mento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
imprescindível uniformidade dos textos;
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações
- a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
encaminhadas a outros órgãos da administração e em ex-
linguísticos que nada lhe acrescentam.
pedientes dirigidos aos cidadãos.
É pela correta observação dessas características que
Formalidade e Padronização se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável
releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais pro-
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- vém principalmente da falta da releitura que torna possível
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto sua correção.
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao pressa com que são elaboradas certas comunicações qua-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamen- se sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder
to para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a à redação de um texto que não seja seguida por sua re-
formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio visão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”,
enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- repercussão no redigir.
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a admi-
nistração federal é una, é natural que as comunicações que Pronomes de Tratamento
expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse Concordância com os Pronomes de Tratamento
padrão exige que se atente para todas as características da
redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
textos. indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con-
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refi-
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- ram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se
dispensáveis para a padronização. fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a con-
cordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda
Concisão e Clareza com o substantivo que integra a locução como seu núcleo
sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Ex-
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
celência conhece o assunto”.
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
transmitir um máximo de informações com um mínimo de
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
palavras. Para que se redija com essa qualidade, é funda-
mental que se tenha, além de conhecimento do assunto soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa
sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o ... vosso...”).
texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
se percebem eventuais redundâncias ou repetições desne- o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa
cessárias de ideias. a que se refere, e não com o substantivo que compõe a
O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto
princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve
empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atare-
Não se deve, de forma alguma, entendê-la como economia fada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens No envelope, o endereçamento das comunicações di-
substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Tra- rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a
ta-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundân- seguinte forma:
cias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
A Sua Excelência o Senhor - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
Fulano de Tal man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Ministro de Estado da Justiça - é obrigatório constar a partir da segunda página o
70.064-900 – Brasília. DF número da página;
A Sua Excelência o Senhor - os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
Senador Fulano de Tal impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Senado Federal gens esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas
70.165-900 – Brasília. DF páginas pares (“margem espelho”);
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
Senhor Ministro, no mínimo, 3,0 cm de largura;
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) distância da margem esquerda;
Fechos para Comunicações - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fi-
nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
nalidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário.
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados fo- em branco;
ram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli-
de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
emprego de somente dois fechos diferentes para todas as elegância e a sobriedade do documento;
modalidades de comunicação oficial: - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
a) para autoridades superiores, inclusive o Presi- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
dente da República: Respeitosamente, para gráficos e ilustrações;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
rarquia inferior: Atenciosamente, vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra- arquivo Rich Text nos documentos de texto;
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de - dentro do possível, todos os documentos elabora-
Redação do Ministério das Relações Exteriores. dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
Identificação do Signatário gos;
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente vem ser formados da seguinte maneira:
da República, todas as demais comunicações oficiais de- tipo do documento + número do documento + pala-
vem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, vras-chaves do conteúdo
abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura) Aviso e Ofício
Nome
Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
sinatura em página isolada do expediente. Transfira para também com particulares.
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à destinatário, seguido de vírgula.
seguinte forma de apresentação: Exemplos:
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de Excelentíssimo Senhor Presidente da República
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas Senhora Ministra
de rodapé; Senhor Chefe de Gabinete

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as Forma e Estrutura
seguintes informações do remetente: Formalmente, a exposição de motivos tem a apresen-
– nome do órgão ou setor; tação do padrão ofício. A exposição de motivos, de acordo
– endereço postal; com sua finalidade, apresenta duas formas básicas de es-
– telefone e e-mail. trutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente
informativo e outra para a que proponha alguma medida
OBS: Estas informações estão ausentes no memo- ou submeta projeto de ato normativo.
rando, pois trata-se de comunicação interna, destinatário No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
e remetente possuem o mesmo endereço. No caso se o plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presi-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também dente da República, sua estrutura segue o modelo antes
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para referido para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade
Memorando É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes
dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas
Definição e Finalidade pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para in-
O memorando é a modalidade de comunicação entre formar sobre fato da Administração Pública; expor o plano
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa;
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer
eminentemente interna. e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interes-
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- se dos poderes públicos e da Nação.
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
público. caberá a redação final.
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- mentar ou financeira;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - encaminhamento de medida provisória;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - indicação de autoridades;
folha de continuação. Esse procedimento permite formar - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior -Presidente da República ausentarem-se do País por mais
transparência à tomada de decisões, e permitindo que se de 15 dias;
historie o andamento da matéria tratada no memorando. - encaminhamento de atos de concessão e renovação
de concessão de emissoras de rádio e TV;
Forma e Estrutura - encaminhamento das contas referentes ao exercício
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do anterior;
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - mensagem de abertura da sessão legislativa;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - comunicação de sanção (com restituição de autógra-
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração fos);
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos - comunicação de veto;
- outras mensagens.
Exposição de Motivos
Forma e Estrutura
Definição e Finalidade As mensagens contêm: a) a indicação do tipo de ex-
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presi- pediente e de seu número, horizontalmente, no início da
dente da República ou ao Vice-Presidente para: a) informá margem esquerda; b) vocativo, de acordo com o pronome
-lo de determinado assunto; b) propor alguma medida; ou de tratamento e o cargo do destinatário, horizontalmente,
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. no início da margem esquerda (Excelentíssimo Senhor Pre-
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- sidente do Senado Federal); c) o texto, iniciando a 2 cm do
dente da República por um Ministro de Estado. vocativo; d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com
um Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada a margem direita.
por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, A mensagem, como os demais atos assinados pelo
chamada de interministerial. Presidente da República, não traz identificação de seu sig-
natário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Telegrama Correio Eletrônico

Definição e Finalidade Definição e finalidade


Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e
os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de celeridade, transformou-se na principal forma de comuni-
telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de cação para transmissão de documentos.
telegrafia, telex, etc.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa Forma e Estrutura
aos cofres públicos e tecnologicamente superada, deve Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma
que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso
que a urgência justifique sua utilização e, também em ra- de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
zão de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve
co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
pautar-se pela concisão.
organização documental tanto do destinatário quanto do
remetente.
Forma e Estrutura Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili-
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
Correios e em seu sítio na Internet. nimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
Fax firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
da mensagem pedido de confirmação de recebimento.
Definição e Finalidade
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é Valor documental
uma forma de comunicação que está sendo menos usada Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa-
devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para
transmissão de mensagens urgentes e para o envio ante- que possa ser aceito como documento original, é neces-
cipado de documentos, de cujo conhecimento há premên- sário existir certificação digital que ateste a identidade do
cia, quando não há condições de envio do documento por remetente, na forma estabelecida em lei.
meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue
ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA
posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
Problemas de Construção de Frases
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
modelos, deteriora-se rapidamente. A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas
principalmente pela construção adequada da frase, “a me-
Forma e Estrutura nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a Celso Pedro Luft.
estrutura que lhes são inerentes. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
É conveniente o envio, juntamente com o documento dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
principal, de folha de rosto, e de pequeno formulário com do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
forme exemplo a seguir: de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
bos não auxiliares que o constituem.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
[Órgão Expedidor] pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
[setor do órgão expedidor] de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
[endereço do órgão expedidor] Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
Destinatário:____________________________________ tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
complemento adverbial). Função acessória desempenham
Remetente: ____________________________________
os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No de páginas: ________No do documento:____________ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
o início da oração.
Observações:___________________________________ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor-
orações pessoais (i. é, com sujeito) na língua portuguesa tadas, (...).
(a função que vem entre parênteses é facultativa e pode Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor-
ocorrer em ordem diversa): tadas, (...).
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
manhã de terça-feira). (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo,
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (...).
(adjunto adverbial).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- Frases Fragmentadas
tores).
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
- obj. indireto - (adj. Adv.) uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico
ao Deputado - (no Congresso). na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Ex.:
verbial - (adjunto adverbial) Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional. Depois de ser longamente debatido.
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
Aires - (na próxima semana).
Nacional, depois de ser longamente debatido.
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa
recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial)
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul-
O problema - será - resolvido - prontamente.
tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou
metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta-
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado. das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Na construção de períodos, as várias funções podem ocor-
rer em ordem inversa à mencionada, misturando-se e con- Erros de Paralelismo
fundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos
os padrões existentes na língua portuguesa. O que importa Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
é fixar a ordem normal dos elementos nesses seis padrões crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, com- gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim,
postos por duas ou mais orações, em geral podem ser re- incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a ele-
duzidos aos padrões básicos (de que derivam). mentos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministé-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à rios economizar energia e que elaborassem planos de redu-
ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos pa- ção de despesas.
ralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral,
do desconhecimento da ordem das palavras na frase. In- Nesta frase temos, nas duas orações subordinadas que
dicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e completam o sentido da principal, duas estruturas diferen-
recorrentes na construção de frases, registrados em docu- tes para ideias equivalentes: a primeira oração (economizar
mentos oficiais. energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que
elaborassem planos de redução de despesas) é uma oração
Sujeito desenvolvida introduzida pela conjunção integrante que.
Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que correção; uma seria a de apresentar as duas orações subor-
executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter comple- dinadas como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção
mento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, integrante que:
portanto, construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. rios que economizassem energia e (que) elaborassem planos
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. para redução de despesas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas Errado: O salário de um professor é mais baixo do que
como reduzidas de infinitivo: um médico.
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé- A omissão de termos provocou uma comparação inde-
rios economizar energia e elaborar planos para redução de vida: “o salário de um professor” com “um médico”.
despesas. Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o sa-
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na lário de um médico.
coordenação de orações subordinadas. Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita um médico.
culta: Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, Novamente, a não repetição dos termos comparados con-
não ser inseguro, inteligência e ter ambição. funde. Alternativas para correção:
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). taria.
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
transformá-la em frase simples, substituindo as orações re- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
duzidas por substantivos: que os Ministérios do Governo.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, se- No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou “de-
gurança, inteligência e ambição. mais”) acarretou imprecisão:
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- que os outros Ministérios do Governo.
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os demais Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
(Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili- Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
dade de correção é transformá-la em duas frases simples, mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo
com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): texto oficial, deve-se atentar para as construções que possam
gerar equívocos de compreensão.
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de iden-
última capital, encontrou-se com o Papa.
tificar--se a que palavra se refere um pronome que possui mais
de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer com:
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado
- pronomes pessoais:
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que ele
que não contém nenhum “que” anterior.
seria exonerado.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu secre-
tem sólida formação acadêmica. tariado.
Ou então, caso o entendimento seja outro:
Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exonera-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sóli- ção deste.
da formação acadêmica.
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República,
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas
programa. isso não o surpreendeu.
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante- Observe-se a multiplicidade de ambiguidade no exem-
rior aqui podemos ou suprimir a conjunção: plo acima, as quais tornam virtualmente inapreensível o sen-
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas tido da frase.
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente da
programa. República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal
em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente da República.
Erros de Comparação
- pronome relativo:
A omissão de certos termos ao fazermos uma compa- Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costu-
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada mava trabalhar.
na língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração
sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo refere--se à mesa ou a gabinete. Essa ambiguidade se deve ao
omitido. A ausência indevida de um termo pode impossi- pronome relativo “que”, sem marca de gênero. A solução
bilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as quais, que
frase: marcam gênero e número.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu- 5-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
mava trabalhar. E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
Se o entendimento é outro, então: TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu cos- satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
tumava trabalhar. estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: concordar com a locução pronominal de tratamento “Vos-
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o sa Excelência”.
funcionário. ( ) Certo ( ) Errado
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. 6-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
indisciplinado. MARC/2013) Sobre a Redação Oficial, NÃO é correto afir-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senho- mar que
ra chamou o médico. (A) exige emprego do padrão formal de linguagem.
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi (B) deve permitir uma única interpretação e ser estrita-
chamado por uma senhora. mente impessoal.
(C) sua finalidade básica é comunicar com impessoali-
Fontes: dade e máxima clareza.
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu- (D) dispensa a formalidade de tratamento, uma vez
blicacoes_ver.php?id=2 que o comunicador e o receptor são o Serviço Público.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
cao-oficial-para-concursos.html 7-) (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
ATIVIDADES MARC/2013 - adaptada) “Na revisão de um expediente,
deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ACRE – seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser des-
TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) O cor- conhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre
reio eletrônico é uma forma de comunicação célere, na certos assuntos em decorrência de nossa experiência pro-
qual deve ser utilizada linguagem compatível com a co- fissional muitas vezes faz com que os tomemos como de
municação oficial, embora não seja definida uma forma conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explici-
rígida para sua estrutura. te, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o sig-
( ) Certo ( ) Errado nificado das siglas e abreviações e os conceitos específicos
que não possam ser dispensados.”
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE ALAGOAS – AGEN- (Manual de Redação Oficial da Presidência da Repúbli-
TE DE POLÍCIA – CESPE/2012) O vocativo a ser empregado ca. p. 14).
em comunicações dirigidas ao chefe do Poder Executivo
da República Federativa do Brasil é Excelentíssimo Senhor. Sobre a Redação Oficial, pode-se concluir que
( ) Certo ( ) Errado (A) a concisão de um texto está relacionada ao grau de
especificação dos termos.
3-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO (B) a padronização de termos e conceitos viabiliza a
FORENSE - CESPE/2013) A concisão, uma das qualidades uniformidade dos documentos.
essenciais ao texto oficial, para a qual concorrem o do- (C) a revisão possibilita a substituição de termos, mui-
mínio do assunto tratado e a revisão textual, consiste em tas vezes, desconhecidos pelo leitor.
se transmitir, no texto escrito, o máximo de informações (D) claro é o texto que exige releituras mais aprofun-
empregando-se um mínimo de palavras. dadas.
( ) Certo ( ) Errado
8-) (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013) O ex-
4-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO pediente adequado para a comunicação entre ministros de
FORENSE - CESPE/2013) Na parte superior do ofício, do Estado é a mensagem.
aviso e do memorando, antes do assunto, devem constar ( ) Certo ( ) Errado
o nome e o endereço da autoridade a quem é direcionada
a comunicação. 9-) (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS OS
( ) Certo ( ) Errado CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata, devem-
se relatar exaustivamente, com o máximo de detalhamento
possível, incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões,
as propostas, as resoluções e as deliberações ocorridas em
reuniões e eventos que exigem registro.
( ) Certo ( ) Errado

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
10-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) Se- 5-)
gundo o Manual de Redação da Presidência da República, Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femini-
NÃO se deve usar Vossa Excelência para no (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
(A) embaixadores. masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. pronome de tratamento é apenas a maneira como tratar a
(C) prefeitos municipais. autoridade, não regendo as demais concordâncias.
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) vereadores. RESPOSTA: “ERRADO”.

Resolução 6-)
As comunicações oficiais devem ser sempre formais,
1-) isto é, obedecem a certas regras de forma: além das (...)
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e ce- exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de
leridade, transformou-se na principal forma de comunicação linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de trata-
para transmissão de documentos. mento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico correto emprego deste ou daquele pronome de tratamen-
é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida to para uma autoridade de certo nível (...); mais do que isso,
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lingua- a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio
gem incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Lin- enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
guagem dos Atos e Comunicações Oficiais). (Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ma- manual.htm_)
nual.htm)
RESPOSTA: “CERTO”. RESPOSTA: “D”.
2-) 7-)
(...) O vocativo a ser empregado em comunicações dirigi-
Através da leitura do excerto e das próprias alternati-
das aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do
vas, chegamos à conclusão de que um texto, principalmen-
cargo respectivo:
te oficial, deve priorizar a revisão.
Excelentíssimo Senhor Presidente da República (...)
RESPOSTA: “C”.
(Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ma-
nual.htm)
8-)
RESPOSTA: “CERTO”.
Mensagem – é o instrumento de comunicação oficial
3-) entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as
É a qualidade esperada de um bom texto, assim ele não mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Po-
se torna prolixo: “fala, fala, mas não diz nada!”. der Legislativo para informar sobre fato da Administração
RESPOSTA: “CERTO”. Pública; expor o plano de governo por ocasião da aber-
tura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacio-
4-) nal matérias que dependem de deliberação de suas Casas;
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguin- apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de
tes partes: tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do ór- Nação.
gão que o expede: Aviso e Ofício - são modalidades de comunicação ofi-
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com ali- cial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é
nhamento à direita: que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de
c) assunto: resumo do teor do documento Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos ofi-
também o endereço. ciais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no
e) texto; caso do ofício, também com particulares.
f) fecho; (Fonte: http://www.fontedosaber.com/portugues/re-
g) assinatura do autor da comunicação; e dacao-oficial-dicas-e-macetes.html)
h) identificação do signatário
RESPOSTA: “ERRADO”.
(Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/sear-
ch?q=cache:omaLJnt2UtQJ:www.planalto.gov.br/ccivil_03/
manual/Manual_Rich_RedPR2aEd.rtf+&cd=1&hl=p-
t-BR&ct=clnk&gl=br)
RESPOSTA: “ERRADO”.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico
9-)
Ata é um documento administrativo que tem a finali- ANOTAÇÕES
dade de registrar de modo sucinto a sequência de even-
tos de uma reunião ou assembleia de pessoas com um fim
específico. É característica da Ata apresentar um resumo, ___________________________________________________
cronologicamente disposto, de modo infalível, de todo o
desenrolar da reunião. ___________________________________________________
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)
___________________________________________________

___________________________________________________
RESPOSTA: “ERRADO”.
___________________________________________________
10-)
(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria ___________________________________________________
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa ___________________________________________________
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o
seu presidente, de acordo com o Manual de Redação da ___________________________________________________
Presidência da República (1991).
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- ___________________________________________________
detail.php?id=393)
___________________________________________________
RESPOSTA: “E”. ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Assistente Técnico

ANOTAÇÕES

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