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BOLETIM Nº 57
DEZEMBRO DE 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 2
APRESENTAÇÃO
O ano de 2017 no Brasil mostrou como a economia não
está sob o controle do governo ou mesmo que
expectativas empresariais mais favoráveis, por si só,
sejam capazes de fazê-la girar. É muito fácil derrubar as
taxas de crescimento de uma economia mas retomá-las
está longe de ser trivial. Notadamente, num contexto de
integração do país ao mercado externo, em particular
considerando a intensa integração financeira que o Brasil
apresenta desde fins da década de 1980.
A exigência de ajustes fiscais estruturais e as reformas
que lhes são correlatas, mesmo que de fato fossem
aplicadas, não são capazes de garantir o crescimento.
Por outro lado, as tradicionais politicas de corte
keynesiano tem também suas limitações, como se viu no
Governo Dilma. Seus efeitos tendem a ser vazados para
fora e para a esfera financeira, nos quais os agentes
econômicos encontram formas mais rentáveis de
aplicação de recursos próprios e recursos de
financiamento governamentais, tomados a taxas
subsidiadas. Criar condições para a retomada do
investimento produtivo privado se torna uma missão
quase impossível posto que a lógica econômica
prevalecente subordina a esfera produtiva à financeira.
Por outro lado, no plano político interno, o esgotamento
da base de apoio do governo na Câmara Federal,
acionada duas vezes para sustentar Temer no poder,
minou a força do mesmo em seguir com a agenda de
reformas estruturais por ele propostas. A incapacidade
de sequer colocar em votação ainda este ano a principal
reforma demandada pelos mercados, a reforma da
previdência, mostra tal exaustão. As barganhas com
deputados atingiram tamanha intensidade e
disseminação que terminaram por se tornar
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 3
1. POLÍTICA ECONÔMICA
O crescimento econômico de 2017 e as
perspectivas para 2018 - Fabrício Augusto de
Oliveira
O fato mais comemorado pelas autoridades econômicas
para demonstrar o acerto da política econômica do
governo Temer tem sido a saída da recessão decretada
pela Comissão de Datação de Ciclos Econômicos
(CODACE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), depois de
onze trimestres seguidos de queda do produto, iniciada
no segundo trimestre de 2014.
Embora tecnicamente seja mais fácil determinar o início
da recessão, que é determinado pelo crescimento
negativo do produto por dois trimestres consecutivos, a
saída deste quadro é mais difícil de ser definida pela
necessidade de se ter certeza sobre a continuidade do
desempenho de determinadas variáveis econômicas e de
não ter ele sido fruto de movimentos artificialmente
criados, que rapidamente esgotam seus efeitos.
Para determinar que o país finalmente saiu da recessão,
a CODACE, além do crescimento positivo do produto
registrado nos dois primeiros trimestres do ano, de 1%
no primeiro e 0,2% no segundo, considerou que os sinais
positivos dessa recuperação continuaram no segundo
semestre em quase todos os setores da atividade
econômica, refletindo-se em indicadores econômicos
importantes que confirmam essa tendência, como os que
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 6
2. INFLAÇÃO
A análise da trajetória da inflação no Brasil será feita
com base em diferentes índices: o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC), medidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); o Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e o
Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), produzidos
pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da
Fundação Getúlio Vargas (FGV); bem como o Índice de
Custo de Vida (ICV) e o custo da cesta básica, medidos
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE).
Neste boletim, será considerada a dinâmica inflacionária
entre os meses de janeiro e outubro de 2017,
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 11
IPCA e INPC
Dentre os principais indicadores na mensuração da
inflação no Brasil ganha destaque o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
tendo por base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)
feita em 2008/9. O IPCA abrange as famílias nas áreas
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 12
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE
IGP-DI e IGP-M
O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) é o órgão da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) responsável pelo cálculo
do Índice Geral de Preços. Esse índice é muito
importante, pois separa os setores da economia e afere
quais áreas estão sendo mais afetadas pela inflação. O
Índice Nacional de Custo de Construção (INCC)
representa 10% do cálculo do IGP, e mede a variação de
preços na construção civil, tanto da mão de obra, como
dos materiais utilizados. O Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) possui um peso de 30% do IGP e
mede a variação de preços dos produtos consumidos por
famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, com base
na POF de 2008/9. O que tem maior influência é o Índice
de Preços ao Produtor Amplo (IPA), com um peso de
60% no cálculo do IGP, e que mede a variação de preços
do mercado atacadista.
O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-
DI) registra a inflação do primeiro ao último dia do mês
de referência. Esse índice é muito importante, pois mede
a inflação global da economia, dos produtos agrícolas
básicos, passando por todos os processos produtivos até
os bens e serviços finais.
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2.0%
1.5%
1.0%
0.5%
0.0%
-0.5%
-1.0%
-1.5%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2016 2017
Fonte: IBRE-FGV
1.5%
1.0%
0.5%
0.0%
-0.5%
-1.0%
-1.5%
-2.0%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: IBRE-FGV
2.0%
1.5%
1.0%
0.5%
0.0%
-0.5%
-1.0%
-1.5%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2016 2017
Fonte: IBRE-FGV
1
O primeiro estrato é composto pelas famílias mais pobres, com renda média de R$
377,49; o segundo estrato possui uma renda média de R$ 934,17, e o terceiro
estrato reúne as famílias de maior poder aquisitivo, com renda média de R$
2.792,90.
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2.10%
1.60%
1.10%
0.60%
0.10%
-0.40%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Var/2016 Var/2017
Fonte: DIEESE
470
450
430
410
390
370
350
330
310
Fonte: DIEESE
2
O acompanhamento do custo da cesta básica foi interrompido em Palmas, Rio
Branco e Teresina, em agosto de 2017. Já em setembro deste ano, ele deixou de ser
realizado em Macapá, Boa Vista e Porto Velho.
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3. NÍVEL DE ATIVIDADE
PIB
A economia brasileira apresentou tênues sinais de
recuperação econômica no primeiro semestre de 2017,
permanecendo na trajetória de recessão iniciada em
meados de 2014. Essa recessão é considerada uma das
mais graves enfrentadas pelo país nos últimos anos.
Destaca-se o fato de que, no período de dois anos, a
atividade econômica despencou 7,2%, pior número
desde a década de 1930, de acordo com a série histórica
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para alguns analistas, a retomada do crescimento
econômico não poderá ser viabilizada por atalhos e
reformas emergenciais. O país, nesse sentido, terá um
árduo caminho a seguir no que tange a mitigação de
suas vulnerabilidades socioeconômicas com o intuito de
alçar um desenvolvimento econômico sustentado.
Apesar dos esforços governamentais implementados nos
últimos dois anos, no tocante a recuperação do
crescimento nacional, tais como as reformas em curso, a
conjuntura econômica não vem respondendo de forma
enérgica aos estímulos.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 25
Setor de
2016.II 2016.IV 2017.I 2017.II
Atividade
4 3.4
2.7 1º semestre 2º semestre
3
2 1.5
1
0
0
2013 2014 2015 2016 2017
-1 -0.5
-2
-3 -2.4
-2.7
-4
-5 -4.5
-5.1
-6
Indústria
A indústria brasileira vem apresentando pequenos sinais
de recuperação, em meio à recessão que se abateu
sobre a economia do país desde 2015. Se, no acumulado
do primeiro semestre do ano, de janeiro a julho de 2017,
a produção física industrial havia crescido 0,8%, no
acumulado até agosto essa taxa de crescimento passou
para 1,5%, até setembro, para 1,6%, e no acumulado
dos dez primeiros meses do ano, ou seja, até outubro, o
acréscimo do volume produzido pelo setor atingiu 1,9%,
todas as comparações levando-se em conta iguais
períodos de 2016.
Comércio
O comércio varejista brasileiro apresentou, de acordo
com o IBGE, no acumulado do ano de janeiro a julho de
2017, um crescimento de 0,3%, sendo esse o primeiro
índice positivo desde janeiro de 2015. Tal resultado dá
continuidade a uma diminuição no nível de quedas, o que
talvez retrate o início de uma lenta retomada na
economia.
Esses números foram impulsionados, principalmente,
pelos subsetores de tecidos, vestuário e calçados e de
móveis e eletrodomésticos, que demonstraram um
crescimento de 7,1% e 6,8%, respectivamente.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 32
Economia Capixaba
A reação positiva esboçada pela economia capixaba,
desde o primeiro trimestre de 2017, após quatro
trimestres consecutivos de resultados negativos, parece
ter permanecido. No segundo trimestre de 2017, o PIB
do Espírito Santo obteve resultados positivos em três das
quatro medidas de desempenho, a saber: 1,4% frente ao
mesmo trimestre de 2016, 3,1% na comparação com o
trimestre imediatamente anterior e 1,6% no acumulado
do ano. Os dados foram publicados pelo Instituto Jones
dos Santos Neves (IJSN).
5.0 3.9
3.1
1.9 2.3
1.4 1.6 1.4 1.6
0.0 0.0
0.0
-0.5
-1.1 -1.5
-1.9 -1.7
-5.0 -3.3
-3.9
-6.7 -6.9
-10.0
-9.6
-13.1 -12.2
-15.0 -13.2 -13.8 -13.5 -13.9
-14.5
-20.0
2015.II 2015.III 2015.IV 2016.I 2016.II 2016.III 2016.IV 2017.I 2017.II
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior
Acummulado no ano
Indústria Capixaba
De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal
Produção Física – Regional (PIM-PF) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
acumulado nos nove primeiros meses de 2017, a
indústria capixaba apresentou um crescimento de 3,0%,
frente a igual período de 2016, com destaque para a
indústria extrativa, que exibiu expansão de 3,8% e para
produção de alimentos, com o expressivo aumento de
12,6%.
Comércio Capixaba
No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, o
comércio capixaba sofreu retração de 3,6% no volume
de vendas, segundo dados da Pesquisa Mensal do
Comércio, realizada pelo IBGE. Por outro lado, neste
mesmo período, o comércio varejista ampliado, que
inclui além dos setores do comércio varejista, Veículos,
motocicletas partes e peças e Materiais de construção,
apresentou variação positiva de 4,5%.
4. EMPREGO E SALÁRIOS
Introdução
Como indicado no último Boletim Conjuntura no 56, de
julho 2017, a reforma trabalhista aprovada no Brasil, no
contexto de um mercado de trabalho em que ao menos
40% da população ocupada é composta de trabalhadores
informais, faz parte de um conjunto amplo de reformas
flexibilizadoras no mundo e que tem como um dos
objetivos a tentativa de reanimar o sistema econômico
em crise. Os cortes nos direitos sociais e do trabalho,
conquistados historicamente, recairão, como não é
novidade, sobre a classe trabalhadora.
Porém, algo mais deve ser levado em consideração com
estas mudanças atuais: a dicotomia entre trabalho
formal e informal ficará ainda mais indistinguível, se é
que algum dia foi distinguível, portanto, complexa, em
que pese suas particularidades e características.
Refere-se, por exemplo, aos vários contratos de curto-
prazo, intermitentes, parciais, temporários - alguns
desses já aprovados em anos anteriores -, em que
alguns são por tempo determinado, sem garantias de
qualquer proteção social, como no caso do intermitente.
Tais contratos poderão ser considerados como formais
segundo a visão legalista que é predominante. Em outras
palavras, eles atenderão aos requisitos legais, instituídos
pelas mudanças flexibilizadoras antigas e recentes. Isso
implica que trabalhos altamente degradados, precários,
estarão engrossando ainda mais as estatísticas oficiais,
formais, do mercado de trabalho.
Assim, a visão setorialista sobre formalidade e
informalidade adquire novos contornos na atualidade,
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 43
DIEESE - PED
Na análise dos dados da Pesquisa de Emprego e
Desemprego (PED), as taxas de desemprego
permaneceram com tendência de aumento até julho de
2017, com certa redução até setembro corrente. As
regiões avaliadas foram as de São Paulo, Distrito
Federal, Porto Alegre e Salvador, caracterizando uma
PEA de aproximadamente 17 milhões de trabalhadores.
O índice médio de desemprego destas regiões avaliadas
se manteve alto em todo o primeiro semestre de 2017,
mantendo a mesma tendência nos três primeiros meses
do segundo semestre.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 47
20.00%
18.00%
16.00%
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%
Feb.16
Apr.16
Okt.16
Nov.16
Dez.16
Feb.17
Apr.17
Mär.16
Mär.17
Sep.17
Sep.16
Aug.16
Aug.17
Jän.16
Mai.16
Jun.16
Jän.17
Mai.17
Jun.17
Jul.16
Jul.17
Fonte: DIEESE – PED. Elaboração própria.
CAGED - MTE
A análise dos dados referentes aos três primeiros
trimestres, tanto de 2016, quanto de 2017, mostrou, no
acumulado, um saldo negativo de 549.613 postos de
trabalho. Enquanto todos os trimestres de 2016
apresentaram saldos negativos, nos de 2017 observa-se
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 49
5. POLÍTICA MONETÁRIA
Crédito
O saldo total envolvendo as operações de crédito obteve
desde dezembro de 2015 um recuo com dada
estabilidade no ano de 2017. O acumulado de janeiro até
o mês de setembro de 2017 apresentou, assim, uma
tênue queda de aproximadamente 1%. No mesmo
período de 2016, observou-se uma queda de 2,7%
(Gráfico 5.1).
Com poucos movimentos que fugissem da tendência
negativa, esse resultado corrobora a manutenção do
momento recessivo da economia brasileira, com crédito
ainda em contínuo recuo. O único contraste foi o mês de
junho, com alta de 0,4% comparado a maio. Justificativa
para tal movimento estaria em um aumento de 4% nas
concessões de crédito em relação ao mês anterior3.
3
Fonte: Valor Econômico. Disponível em https://goo.gl/uiMCJp acessado em 14 de
novembro de 2017.
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3 190.0
3 170.0
3 150.0
3 130.0
3 110.0
3 090.0
3 070.0
3 050.0
3 030.0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
2016 2017
1 650.0
1 600.0
1 550.0
1 500.0
1 450.0
1 400.0
P. Jurídica P. Física
4
Fonte: Isto É. Disponível em: https://goo.gl/3erJSF. Acessado em 25 de novembro
de 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 56
5
Movimento também visto e analisado no Boletim nº 55.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 57
Taxa de juros
O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão colegiado
do Banco Central do Brasil, promoveu – conforme o
esperado pelo mercado financeiro – mais uma redução
da meta da Taxa Selic7, nos dias 24 e 25 de outubro do
presente ano. A Selic foi reduzida em 0,75 p.p.,
recuando a meta operacional de 8,25% ao ano para 7,5
% a.a. O índice é o menor desde abril de 2013, quando
as taxas alcançaram 7,25% ao ano.
No regime de metas de inflação adotado pelo Copom,
considera-se que a taxa Selic é um dos principais
instrumentos para controlar a inflação da economia. De
acordo com esse regime, o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) é usado como parâmetro
oficial para análise de inflação, tendo como principal
objetivo a sua manutenção no centro da meta, 4,5% a.a.
6
Queda de 14,4% para as indústrias da construção civil, 12,34% para as de
transformação e 24,6% para as extrativas. Todas análises de 12 meses.
7
Conforme o Banco Central do Brasil: “Define-se Taxa Selic como a taxa média
ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (Selic) para títulos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados
os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio
Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de
compensação e de liquidação (...)”. Disponível em https://goo.gl/FGYJ9S acessado
em 14 de novembro de 2017
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 58
8
Projeção do Boletim Focus de 27 de outubro de 2017. Disponível em
https://goo.gl/57Tb1a acessado em 14 nov. 2017.
9
A taxa de juros real ex-ante é a diferença entre a taxa nominal de juros (Meta Selic)
e a inflação acumulada (IPCA) observada no período.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 59
10
A título de exemplo, a referida taxa encontra-se, na Rússia, em 5,55% a.a.; na
Índia, em 2,72% a.a.; na China, em 2,45% a.a.; na África do Sul em 0,62% a.a.; nos
Estados Unidos, em -0,95% a.a.; no Japão, em -0,80% a.a.; na Zona do Euro em -
1,4% a.a.; no Reino Unido, em -2,5% a.a.; conforme os dados do site Trading
Economics. Disponível em https://goo.gl/iiECke acessado em 14 de novembro de
2017.
11
A taxa de juros implícita real é calculada a partir da diferença entre a taxa de juros
implícita da dívida pública (acumulado em 12 meses) e a inflação acumulada
observada no período.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 60
Gráfico 5.3 – Taxa de juro real acumulada (% a.a.), Taxa de juro nominal
(Meta Selic % a.a.), Taxa de juros implícito real acumulado (% a.a.)
20
15
10
Pessoa Pessoa
Período Total
Jurídica Física
Jan 22,5 39,6 31,4
Fev 22,6 40,3 31,9
Mar 22,2 41,0 32,1
Abr 22,0 41,8 32,6
Mai 21,6 42,2 32,7
Jun 21,5 41,9 32,5
Jul 22,1 42,1 33,0
Ago 22,0 42,2 33,0
Set 21,3 42,9 33,1
12
O rotativo não regular inclui operações em que o pagamento mínimo da fatura não
foi realizado ou há atraso no pagamento.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 63
13
A NTN – B reflete o custo de captação de recursos pelo Tesouro
Nacional junto ao mercado.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 64
AGREGADOS MONETÁRIOS
A base monetária, que é constituída pela soma do papel-
moeda emitido mais reservas bancárias, apresentou um
crescimento de 0,1% no ano de 2017 contra 2,7% no
ano de 2016. Apresentando um saldo final de
aproximadamente R$ 262 bilhões, em setembro de
2017, sofrendo um aumento de 6,4% se comparado com
o mesmo período no ano imediatamente anterior.
A expansão da base monetária foi puxada pelo papel
moeda emitido, com uma ampliação de 2,8%, já as
reserva bancárias apresentaram uma retração de
11,24%. Vale ressaltar que geralmente o final do ano é
marcado por esse aumento no saldo da base monetária
em decorrência de bonificações de final do ano. Para fins
de clareza o período analisado será de janeiro a
setembro de 2016 e janeiro a setembro de 2017. Na
Tabela 5.2, é apresentado o saldo da base monetária, do
papel-moeda emitido e das reservas bancárias.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 65
Jan/2017
8 140 -6 429 267 -0 -5 752 -5116 995 -7 895
Fev/2017 17
-17 044 3 167 -0 1 891 -2102 789 3 933
233
Mar/2017
-3 323 -23 877 4 076 -0 -1 413 1240 582 -22 715
Abr/2017
-8 792 13 436 13 260 -0 1 258 558 323 20 044
Mai/2017 17
-39 845 774 -0 -3 841 614 - 832 -26 003
127
Jun/2017 18
4 815 219 -0 -2 264 546 696 22 587
577
27 -4
-32 461 4 394 -0 5 165 -5072 -4 379
Jul/2017 747 152
Ago/201
3 762 -7 201 327 -0 -5 368 30 4 751 -3 700
7
Set/2017
-7 674 16 835 249 -0 277 188 736 10 610
6. POLÍTICA FISCAL
Análise do Governo Central (dados acima da linha)
Desde o final do ano de 2014 as políticas de austeridade
fiscal vêm sendo aprofundadas no Brasil, como uma
estratégia de melhorar as contas do Governo Federal. Os
cortes podem ser sentidos de maneira mais evidente em
alguns serviços públicos disponibilizados para a
população, alguns segmentos dela voltando a vivenciar
uma vulnerabilidade social muito forte.
A argumentação que respaldava a profundidade do
ajuste fiscal para a camada mais baixa da sociedade era
a de que isso era necessário para a volta do crescimento
econômico. O governo não poderia gastar mais do que
arrecadava (fazendo uma simplória analogia com gestão
domiciliar).
Mas o que deveríamos nos perguntar é se o projeto de
sociedade que emergia era o que de fato a maioria
queria para o país. Infelizmente, não é mais possível
voltar no tempo, visto que até agora o custo arcado com
essas politicas de austeridade não trouxe nenhum dos
resultados citados anteriormente. A economia sofre para
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 70
Jan –Out
Discriminação
2016 2017
I. RECEITA TOTAL 1.085.980,7 1.107.916,5
I.1. Receita Administrada pela RFB 687.930,6 687.378,4
I.2. Incentivos Fiscais -10,5 -19,6
I.3. Arrecadação Líquida para o RGPS 282.764,4 295.012,7
I.4. Receitas não Administradas pela RFB 115.296,2 125.545,1
II. TRANSF. POR REPARTIÇÃO DE RECEITA 166.319,2 185.488,5
III. RECEITA LÍQUIDA (I-II) 919.661,5 922.428,1
IV. DESPESA TOTAL 980.023,6 1.025.671,3
IV.1. Despesas Obrigatórias Totais 768.874,6 836.335,3
IV.1.1 Pessoal e Encargos Sociais 201.449,5 228.888,2
IV.1.2. Benefícios Previdenciários 406.660,0 450.233,3
IV.1.3. Outras Desp. Obrigatórias 160.765,2 157.213,8
IV.2. Despesas Discricionárias 211.149,0 189.336,0
V. RESULTADO PRIMÁRIO GOVERNO -60.362,1 -103.243,2
CENTRAL (III-IV)
V.1. Tesouro Nacional 64.206,2 52.592,3
V.2. Previdência Social -123.895,6 -155.220,6
V.3. Banco Central -672,6 -614,9
Tabela 6.3 – Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) (em milhões R$)
2016 2017
Indexadores (%)
Tabela 6.5 - Perfil dos Títulos Públicos Federais Emitidos pelo Tesouro
Nacional
(R$ milhões e %)
Discriminação dez/15 dez/16 jan/17 out/17
Carteira do
1.286.515 1.522.848 1.572.321 1.639.000
BACEN
Total fora do
2.650.165 2.986.415 2.938.555 3.311.443
BACEN
7. SETOR EXTERNO
Segundo dados do Banco Central, o saldo do Balanço de
Pagamentos brasileiro, no acumulado de janeiro a
setembro de 2017, foi de – US$ 3,31 bilhões, valor
44,6% menor do que o auferido no mesmo período de
2016. Isso aconteceu, principalmente, em virtude da
diminuição no déficit em Transações Correntes em 2017,
equivalente à US$ 2,70 bi, contra –US$ 13,59 bilhões no
ano anterior. Esse último comportamento pode ser
explicado devido à melhora do superávit da Balança
Comercial, de US$ 12,26 bilhões para US$ 26,89 bilhões
(Tabela 7.1).
A Conta Financeira, por outro lado apresentou retração
nas captações de investimento estrangeiro saindo da
captação líquida de US$ 7,40 bilhões, em 2016, para
cessão líquida de US$ 0,93 bilhão, o que pode explicar a
manutenção do déficit do Balanço de Pagamentos.
Jan-Set Jan-Set
Discriminação 2016 2017
Transações Correntes -13,59 -2,70
Balança Comercial 12,26 26,89
Serviços -21,93 -24,33
Renda Primária -27,93 -31,31
Renda Secundária 2,08 1,72
Conta Capital 0,19 0,32
Conta Financeira -7,40 0,93
Erros e Omissões 5,98 3,31
Resultado do Balanço -5,98 -3,31
Fonte: Banco Central. Elaboração própria.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 83
TRANSAÇÕES CORRENTES
O país apresentou uma redução no déficit de Transações
Correntes de US$ 10,88 bilhões, comparando-se o
acumulado de janeiro a setembro de 2017 com o mesmo
período de 2016. Ao se investigar as Transações
Correntes, observa-se que a única conta que apresentou
melhora foi a Balança Comercial. Se, por um lado, a
conta de Renda Secundária manteve-se superavitária,
por outro, as demais apresentaram ampliação dos
déficits. Através da análise dos dados na série histórica
percebe-se que, caso o ajuste externo persista, o
superávit em Transações Correntes poderá ser alcançado
em breve, sobretudo pelos já destacados resultados da
Balança Comercial.
A conta de Transações Correntes do Brasil,
historicamente deficitária, apresentou um déficit de US$
2,71 bilhões no acumulado de janeiro a setembro de
2017, uma redução no déficit de 80,1% em comparação
com 2016 (Gráfico 7.1).
A balança comercial brasileira, por sua vez, continuou
com aumento do superávit. No acumulado de janeiro a
setembro de 2017 demonstrou uma melhora
significativa, com um saldo de US$ 51,22 bilhões, valor
49,8% maior que o mesmo período de 2016.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 84
2016 2017
BALANÇA COMERCIAL
A análise da balança comercial é feita a partir da coleta
de dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e
Comércio Exterior (MDIC). Por ser realizada a partir de
fonte diferente, pode apresentar variações em relação
àqueles dados encontrados no Balanço de Pagamentos.
Os dados cobrirão o acumulado do ano de 2017 até o
mês de outubro, comparados com o mesmo período de
2016.
Segundo o MDIC, a Balança Comercial brasileira no
período analisado apresentou um superávit de US$ 58,46
bilhões, elevação de 51,8% em relação ao mesmo
período de 2016. Este é o maior resultado apresentado
desde o início da série histórica do MDIC, em 1989.
Vitória/ES – Boletim de Conjuntura nº 57 – Página 85
20
15
10
0
JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2016 2017
15
10
0
JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2016 2017
-5
-10
-15
-20
-25
-30
Serviços Aluguéis Viagens Transportes
2016 2017
700
600
500
400
300
200
100
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2016 2017
400
300
200
100
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2016 2017
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