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1) Vygotsky argumenta que a inteligência prática da criança se desenvolve em conjunto com a fala, promovendo uma nova organização estrutural da inteligência.
2) Ele se opõe à visão mecanicista de que a interação social é apenas imitação, e defende que a fala tem um papel fundamental na organização das funções psicológicas superiores da criança.
3) Vygotsky mostra que a fala ajuda a criança a controlar o ambiente e o próprio comportamento na resolução de problemas.
Descriere originală:
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Titlu original
A Inteligência Prática Na Criança e a Função Da Fala
1) Vygotsky argumenta que a inteligência prática da criança se desenvolve em conjunto com a fala, promovendo uma nova organização estrutural da inteligência.
2) Ele se opõe à visão mecanicista de que a interação social é apenas imitação, e defende que a fala tem um papel fundamental na organização das funções psicológicas superiores da criança.
3) Vygotsky mostra que a fala ajuda a criança a controlar o ambiente e o próprio comportamento na resolução de problemas.
1) Vygotsky argumenta que a inteligência prática da criança se desenvolve em conjunto com a fala, promovendo uma nova organização estrutural da inteligência.
2) Ele se opõe à visão mecanicista de que a interação social é apenas imitação, e defende que a fala tem um papel fundamental na organização das funções psicológicas superiores da criança.
3) Vygotsky mostra que a fala ajuda a criança a controlar o ambiente e o próprio comportamento na resolução de problemas.
A inteligência prática na criança e a função da fala:
Contra alguns de seus contemporâneos, como Buhler, que em seus trabalhos
afirma que a inteligência prática nos seres humanos, assim como nos chimpanzés, pode ser executada independentemente da fala, e que o desenvolvimento pleno desta não altera o funcionamento daquela; Vygotsky postulará que a inteligência prática imbrica-se dialeticamente à fala no decorrer do desenvolvimento da criança, e desse modo, promove uma nova organização estrutural da inteligência prática. Além disso, Vygotsky se opõe à concepção mecanicista do papel da interação social, que a concebe apenas como modelos a serem imitados pelas crianças, sendo a aquisição dos esquemas essências da execução dos vários comportamentos garantida pela repetição, ainda que uma relevância mínima seja dada à fala, como meio de adaptação social apenas, pelos teóricos mecanicistas. A crítica de Vygotsky a esse mecanicismo encontra-se no fato de ele não considerar “as mudanças que ocorrem na estrutura interna das operações intelectuais da criança”, pois, para esse autor, a fala (sistema de signos executado) tem um papel fundamental na organização das funções psicológicas superiores. O estudo do uso de instrumentos separado do uso de signos pelas crianças, ancorado nos estudos de macacos que mostravam que o comportamento propositado prescindia da fala (atividade simbólica), levou a concepção do desenvolvimento dos processos simbólicos como manifestações de intelecto puro (espontâneo), e não como produto da historicidade da criança. Vygotsky localizará outra consequência desse estudo separado no conceito de fala egocêntrica de Piaget, onde a fala não tem função organizadora na atividade da criança; em contraposição ao último, aquele autor dirá que a atividade simbólica ao invadir o processo de uso de instrumentos “produz formas fundamentalmente novas de comportamento”, e que a unidade dialética entre a inteligência prática e o uso de signos “constitui a verdadeira essência no comportamento humano complexo”. “Antes de controlar o próprio comportamento, a criança começa a controlar o ambiente com a ajuda da fala”, segundo Vygotsky, esse uso da fala produz novas relações com o ambiente e uma nova organização do comportamento. Esse autor, em seus experimentos, chegou à conclusão de que a fala é imprescindível para a criança, na resolução de problemas. A fala não só acompanha a atividade prática, mas faz parte de uma função psicológica complexa orientada para a solução dos problemas, e quanto mais complicada a situação, maior a sua importância; e caso a criança seja proibida de utilizá-la, não será capaz de resolver o problema. Ao falar da diferença entre macacos antropoides e crianças que falam, Vygotsky destacará alguns pontos importantes: a criança é mais independente da concretude da situação, ela consegue criar um plano de ação utilizando estímulos fora do seu campo visual, ela não é refém da relação direta entre o agente e o objetivo: “Através da fala, ela planeja como solucionar o problema e então executa a solução elaborada através de uma atividade visível”, a esses, adicione-se o fato de que a fala além de facilitar a manipulação de objetos, permite que a criança controle seu próprio comportamento, “adquirindo assim a capacidade de serem tanto objeto quanto sujeito de seu próprio comportamento”. “a fala egocêntrica das crianças deve ser vista como uma forma de transição entre a fala exterior a interior. Funcionalmente, a fala egocêntrica é a base para a fala interior, enquanto que na sua forma externa está incluída na fala comunicativa”. “A maior mudança na capacidade das crianças para usar a linguagem como um instrumento para a solução de problemas acontece um pouco mais tarde no seu desenvolvimento, no momento em que a fala socializada (que foi previamente utilizada para dirigir-se a um adulto) é internalizada. Ao invés de apelar para o adulto, as crianças passam a apelar a si mesmas; a linguagem passa, assim, a adquirir uma função intrapessoal além do seu uso interpessoal”. “A mudança crucial ocorre da seguinte maneira: num primeiro estágio, a fala acompanha as ações da criança e reflete as vicissitudes do processo de solução do problema de uma forma dispersa e caótica. Num estágio posterior, a fala desloca-se cada vez mais em direção ao início desse processo, de modo a, com o tempo, preceder a ação”. Quando isso ocorre, nasce a função planejadora da linguagem.
Signos e Instrumentos estão na categoria de atividade mediada: “"A razão", ele
escreveu, "é tão engenhosa quanto poderosa. A sua engenhosidade consiste principalmente em sua atividade mediadora, a qual, fazendo com que os objetos ajam e reajam uns sobre os outros, respeitando sua própria natureza e, assim, sem qualquer interferência direta no processo, realiza as intenções da razão"(1). Marx cita essa definição quando fala dos instrumentos de trabalho para mostrar que os homens "usam as propriedades mecânicas, físicas e químicas dos objetos, fazendo-os agirem como forças que afetam outros objetos no sentido de atingir seus objetivos pessoais"(2). “A diferença mais essencial entre signo e instrumento, e a base da divergência real entre as duas linhas, consiste nas diferentes maneiras com que eles orientam o comportamento humano. A função do instrumento é servir como um condutor da influência humana sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente; deve necessariamente levar a mudanças nos objetos. Constitui um meio pelo qual a atividade humana externa é dirigida para o controle e domínio da natureza. O signo, por outro lado, não modifica em nada objeto da operação psicológica. Constitui um meio da atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo; o signo é orientado internamente”. O processo de internalização: a) Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente. É de particular importância para o desenvolvimento dos processos mentais superiores a transformação da atividade que utiliza signos, cuja história e características são ilustradas pelo desenvolvimento da inteligência prática, da atenção voluntária e da memória. b) Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (Interpsicológico), e, depois, no interior da criança (intrapsicológico). Isso se aplica igualmente para a atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de conceitos. Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos humanos. c ) A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. O processo, sendo transformado, continua a existir e a mudar como uma forma externa de atividade por um longo período de tempo, antes de internalizar-se definitivamente. Para muitas funções, o estágio de signos externos dura para sempre, ou seja, é o estágio final do desenvolvimento. A internalização de formas culturais de comportamento envolve a reconstrução da atividade psicológica tendo como base as operações com signos. Os processos psicológicos, tal como aparecem nos animais, realmente deixam de existir; são incorporados nesse sistema de comportamento e são culturalmente reconstituídos e desenvolvidos para formar uma nova entidade psicológica.