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1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1
2. INTRODUÇÃO E MICROECONOMIA 5
3. MACROECONOMIA 25
5. TEXTOS DE APOIO 83
ii
1
1. Programa da Disciplina
Economia Aplicada
2
1.5 Metodologia
Aulas expositivas com o foco em fornecer um conjunto de elementos que visam
a discussão continuada de temas que envolvam a realidade econômica das empresas, do
Brasil e demais componentes do mercado internacional. As atividades e discussões
serão realizadas em pequenos grupos, com o intuito de analisar os fatos do passado, da
atual e da futura conjuntura econômica que, de certa forma, contribuirá positivamente
na formulação das estratégias por parte dos alunos.
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2. Introdução e Microeconomia
A Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o
indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de
bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade,
com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas. (VASCONCELLOS, 2002)
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para que se possa fabricá-los. Por outro lado, o número de pessoas que gostaria de ter
um, dois ou diversos carros também é elevado.
Suponha que atualmente existe uma oferta limitada de automóveis em um
determinado país. Agora complemente com a idéia que os vendedores percebam que
existem mais compradores do que unidades para serem vendidas. Como resolver quem
poderá levar as unidades disponíveis e quem ficará insatisfeito?
Dentre todas as alternativas possíveis, a que possui maior relevância econômica
é a elevação dos preços de venda. Tal elevação irá reduzir gradualmente o número de
compradores, até que este iguale o número de unidades disponíveis para a venda.
Quando isto ocorrer, o mercado de automóveis estará em equilíbrio, ou seja, estará em
vigor um preço suficientemente alto e fará com que todos aqueles que continuem
dispostos a (ou ainda podem) comprar seu automóvel consigam adquiri-lo, sem que haja
nenhum consumidor em potencial não atendido.
Mas, e se o número de compradores fosse menor que o de unidades disponíveis
para a venda? Os vendedores estariam acumulando estoques indesejados e não estariam
satisfeitos. A forma de resolver este problema seria reduzir os preços, até que o número
de compradores se elevasse. O preço de equilíbrio seria aquele que deixasse
relativamente satisfeitos tanto compradores quanto vendedores, ou seja, àquele preço,
todos os que queriam comprar puderam fazê-lo, assim como todos os que queriam
vender.
Com esta descrição ilustrativa, o mercado aparece como uma forma de decidir
quem terá acesso de fato aos bens e serviços produzidos na economia, dada sua
escassez.
Por trás desta visão, com um apelo intuitivo claro, estão dois princípios que
fundamentam o funcionamento dos mercados, e que podem ser expressos de forma
bastante simples:
Princípio da oferta: Apresenta relação direta entre o preço e a quantidade que os ofertantes
desejam e podem produzir e vender de determinado bem ou serviço.
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automóveis ou, de uma forma ainda mais precisa, de automóveis populares em São
Paulo em 2004, podemos dizer que estamos tratando de um micromercado.
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de consumidores estaria disposto a abrir mão do consumo de outros bens e serviços para
adquirir um automóvel popular.
Note que, para ―desenharmos‖ uma curva de demanda como D1, estamos
fazendo a hipótese de que tudo mais permanecerá constante naquela economia (coeteris
paribus, em latim). Isto significa que a relação entre preço e quantidade demandada,
expressa em D1, supõe que permaneceram inalterados elementos como as preferências
dos consumidores, o preço de todos os outros bens, a renda dos consumidores, e tudo
mais. Em outras palavras, estamos analisando, por enquanto, apenas a relação estrita
entre preço e quantidade, tanto do ponto de vista da demanda quanto da oferta.
Preço
unitário em
R$
D2
D1
30.000
20.000
10.000
2 4 6 10 Unidades em milhões
Agora, observe a curva D2. Para cada preço constante no eixo vertical está
associada uma quantidade demandada maior em D2 relativamente a D1. Se, por
exemplo, o preço unitário dos automóveis populares fosse de $ 10.000, a quantidade
demanda seria de 10 milhões de unidades.
A curva D2 representa uma situação onde alguma das condições antes incluídas
em nossa hipótese coeteris paribus foi alterada (em geral, apenas uma das condições é
alterada de cada vez nas análises econômicas, todas as demais permanecendo,
constantes). Por exemplo, imagine que houve um aumento da renda dos consumidores
de automóveis populares. Tudo mais constante haverá um deslocamento da curva de
demanda de D1 para D2, conforme indicado pelas setas na Figura 1. Agora, com os
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consumidores possuindo mais renda, a cada preço unitário, a demanda por automóveis
será mais elevada do que na situação anterior, expressa em D1.
Agora, observe a Figura 2. Nela está representada uma expressão gráfica para o
princípio da oferta. Quanto mais alto o preço, maior o volume ofertado. Vamos nos
fixar novamente no caso dos automóveis populares. Observe a curva de oferta O1. Caso
o preço de oferta seja de $ 10.000, apenas um pequeno número de carros será ofertado,
ou seja, os fabricantes estariam dispostos a ofertar apenas 2 milhões de unidades. A este
preço relativamente baixo, os fabricantes estarão mais interessados em modelos com
preços mais elevados, e mesmo os comerciantes estarão desinteressados em oferecer
automóveis deste tipo. Se o preço for de $ 30.000 a unidade, o número de automóveis
ofertados também aumenta, passando para 6 milhões de unidades. Note que, quando o
preço é de $ 20.000, a quantidade ofertada é de 4 milhões de unidades.
Novamente, a curva O1 é construída com a tradicional hipótese de coeteris
paribus. Em termos da oferta, isto significa que elementos como a tecnologia, o número
de fabricantes, o preço dos insumos etc, são fixos e não se alteram. Mas, o que ocorreria
caso houvesse uma alteração do número de fabricantes? Suponha que algumas novas
empresas ingressam no mercado. Caso isso ocorra, é razoável supor que, a cada preço,
haverá uma oferta maior de automóveis. Isto é ilustrado na Figura 2 através do
deslocamento da curva de oferta de O1 para O2.
Figura 2 - Princípio da Oferta
Preço unitário
em R$ O3
O1
O2
30.000
20.000
10.000
2 4 6 Unidades em milhões
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Preço unitário
em R$ O1
A B
30.000
20.000 E
C D
10.000
D1
2 4 6 Unidades em milhões
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para produtos agrícolas. Neste caso, como cada produtor é muito pequeno diante dos
volumes totais de produtos transacionados, tende a elevar sua oferta quanto o preço
mínimo é fixado em níveis muito elevados, apostando na possibilidade de poder vender
toda sua produção àquele preço. No entanto, quando todos os produtores agem da
mesma forma, o resultado é um excesso de oferta no mercado.
Caso o mercado com muitos ofertantes e muitos demandantes (isto é, um
mercado competitivo) fosse deixado para funcionar livremente, tanto os excessos de
oferta quanto os excessos de demanda seriam automaticamente corrigidos. Isto é que se
chama tendência automática ao equilíbrio. Situações de excesso de demanda tendem a
gerar disputas entre os consumidores, cuja manifestação mais simples é a existência de
filas. Havendo tal disputa, a tendência é de que os consumidores mais ―ávidos‖ pela
aquisição do bem façam lances mais altos, como em um leilão. O resultado é uma
elevação do preço que tende a reduzir a demanda e ampliar a oferta. Diante de lances
mais altos, uma parte dos consumidores desiste da compra, ao mesmo tempo em que um
número maior de unidades é ofertado.
Na figura acima, esta tendência ao equilíbrio é mostrada nas setas que indicam o
movimento de A e B em direção a E. Quando oferta e demanda coincidirem, não haverá
mais pressão por alterações de preço. O mesmo ocorre quando há excesso de oferta; os
ofertantes passariam a acumular estoques que não conseguem vender e tenderiam a
baixar seus preços para atrair compradores, ao mesmo tempo em que reduziriam a
produção. Diante de preços mais baixos, a própria oferta tende a reduzir-se, ao mesmo
tempo em que um número maior de consumidores passa a demandar o produto. Este
processo aconteceria até que oferta e demanda fossem coincidentes, quando então
dizemos que o mercado está em equilíbrio.
Agora, observe a Figura 4, abaixo. Ela mostra deslocamentos da curva de oferta.
No ponto E1, podemos observar o equilíbrio de mercado quando as curvas de oferta e
demanda são, respectivamente, O1 e D1, o preço de equilíbrio é $ 20.000 e a quantidade
de equilíbrio é 4 milhões. A curva O3 mostra uma contração da oferta, ou seja, para
cada preço, os ofertantes estão dispostos a colocar uma quantidade menor de produto no
mercado (o que pode ter sido causado pela saída de produtores ou por uma elevação nos
preços dos insumos, por exemplo).
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Preço unitário
em R$ O3
O1
O2
28.000 E3
20.000 E1
10.600 E2
D1
Podemos notar que, toda vez que a oferta se retrai, tudo mais constante, o preço
de equilíbrio se eleva. No caso da figura acima, ele passa de $ 20.000 para $ 28.000.
Paralelamente, a quantidade de equilíbrio se reduz, passando de 4 milhões para 2,3
milhões de unidades. O ponto de equilíbrio que era representado por E1 passa agora a
ser E3. Situação inversa ocorre quando a oferta se expande, passando de O1 para O2.
Toda vez que a oferta se expande, o preço de equilíbrio se reduz e a quantidade
transacionada se eleva.
A Figura 5 mostra uma situação onde a curva de demanda é que se desloca:
ocorre uma expansão de D1 para D2 e uma contração de D1 para D3. No caso de uma
expansão de demanda, preços e quantidades transacionadas se elevam, ocorrendo o
oposto quando a demanda se contrai.
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Preço unitário
em R$
O1
29.000
20.000
D2
10.400
D1
D3
Unidades em milhões
1,8 4 5,3
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(Qf – Qi) / Qi
EP =
(Pf – Pi) / Pi
Como mostra a figura abaixo, nem todas as demandas reagem do mesmo modo a
variações no preço. Quando o preço cai de P1 para P2, observe que a quantidade
demanda na curva A varia menos que na curva B. Assim, a sensibilidade (elasticidade)
preço é maior para a curva B. O valor crítico para a elasticidade-preço é 1.
Se o preço variar 10% e a quantidade demandada variar, por exemplo, 5%,
teremos uma Ep < 1 (desprezando-se o sinal). Isso significa que a demanda é pouco
sensível a preço como a demanda A da Figura 6. Se o preço variar os mesmos 10% e a
quantidade varia, por exemplo, 25%, teremos uma Ep > 1. Isso significa que a demanda
é muito sensível a preço e os impactos sofridos com qualquer elevação do mesmo será
direto na comercialização do bem ou serviço.
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Figura 6 – Elasticidade-preço
P2
P1
DA DB
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enorme volume de opções que o mercado apresenta rotineiramente, seja ele de bens ou
de serviços.
Por sua vez, a elasticidade-renda (Er) é útil para classificarmos os bens e
serviços em superiores ou normais (―tops‖ de linha) ou inferiores (―pops‖, ou
populares). O valor crítico para a elasticidade-renda é zero.
No caso dos bens ―top‖ (superiores), quando a renda aumenta, a demanda pelo
mesmo também se eleva. Com isso, na fórmula da elasticidade, teremos variações
positivas tanto no numerador quanto no denominador. Por outro lado, quando a renda
cai, a demanda também deste bem ou serviço também cai. Com isso, na mesma
fórmula, teremos variações negativas tanto no numerador quanto no denominador. Em
outras palavras, a Er dos bens superiores sempre será um número maior que zero, ou
seja, positiva.
Quando nossa renda aumenta, aumentamos a demanda por filé mignon, pulsos
de telefonia celular e sessões de cinema. Esses são bens e serviços para os quais a
demanda varia junto com a renda. Se a renda cai, a demanda por esses itens tende a cair
também pelo fato de existirem bens mais baratos que substituem os mesmos.
No caso dos bens ―pop‖ (inferiores) ocorre o inverso. Quando nossa renda cai, a
demanda por eles aumenta, pois estamos substituindo os bens ―top‖ pelos mais
populares. Mas quando a renda aumenta, fazemos o contrário. Na fórmula acima,
teremos variações positivas divididas por variações negativas e vice-versa. Em outras
palavras, a Er dos bens inferiores é sempre menor que zero, ou seja, um resultado
negativo.
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Por ―tecnologia‖, os economistas entendem não somente saber como fazer, mas também como
comercializar, o que inclui o domínio de estratégias mercadológicas na definição da marca e de
distribuição do produto.
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concorrência perfeita, estaria o monopólio, isto é, o mercado dominado por uma única
firma. Em geral, o monopólio surge devido a três causas básicas:
1) O tamanho do mercado: imagine uma cidade pequena na qual se instala um
hipermercado. Esse estabelecimento, por operar em escala mais ampla e ter custos de
comercialização mais baixos, pode levar à falência todos os mercados tradicionais da
cidade. Mais ainda, caso outro hipermercado se instale na mesma cidade, o movimento
em cada um deles será tão pequeno que ambos passarão a operar com prejuízo.
Portanto, só há mercado para uma firma. Esse tipo de estrutura de mercado é chamado
de monopólio natural.
2) O monopólio pode ser instituído por lei, como foi o caso diversos serviços de
utilidade pública no Brasil até há alguns anos atrás. Esse é o monopólio legal.
3) Por fim, o monopólio pode ser resultado de uma inovação tecnológica
desenvolvida por uma empresa que a mantém como segredo industrial (assimetria) ou
patente. Essa inovação pode ser a descoberta de um novo produto (caso típico da
indústria farmacêutica), a descoberta de um novo tipo de empreendimento (como foi o
caso da Disneylândia que, durante muitos anos, simplesmente não teve concorrentes em
escala mundial), a conquista de uma reputação ou a ―fixação‖ de uma marca (caso típico
de produtos de perfumaria ou moda e mesmo de informática, como certas marcas de
perfume francês, ou softwares).
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Prisioneiro B
Confessa Não confessa
Confessa (-2; -2) (0; -4)
Prisioneiro A
Não confessa (-4; 0) (-1; -1)
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O que você acredita que os prisioneiros fariam? Note que o melhor resultado
para ambos analisados em conjunto seria não confessarem os dois a um só tempo. Isso
resultaria em apenas 1 ano de prisão para cada um. Qualquer outro comportamento faria
com que pelo menos um deles passasse no mínimo 2 anos atrás das grades. Mas, se
você olhar atentamente para a figura acima, vai notar que a atitude de confessar é
sempre melhor que a de não confessar. Se, por exemplo, o prisioneiro A espera que o
outro vai confessar, o melhor que A tem a fazer é confessar também e, assim, pegar uma
pena de 2 anos em lugar de 4. Mas se A imagina que B não vai confessar, ele também
prefere confessar pois, nesse caso, é solto imediatamente em lugar de ficar na cadeia por
6 meses.
Observando com atenção o quadro acima, é possível notar que, qualquer que a
expectativa do prisioneiro A sobre a decisão do outro, o melhor a fazer é confessar. Isso
também vale para o prisioneiro B. Nesse caso, dizermos que confessar é a estratégia
dominante para ambos os prisioneiros (vamos passar a chamá-los de agentes, que é um
termo mais leve). A hipótese de comportamento, muito razoável e racional, é de que os
agentes escolhem sempre as estratégias dominantes, isto é, se adotar uma determinada
estratégia é sempre melhor que adotar qualquer outra, evidentemente que o agente
adotará essa estratégia.
A limitação do nosso exemplo para que possamos passar a uma aplicação
econômica do dilema dos prisioneiros é que os agentes não podem se comunicar antes
de decidir o que farão e, obviamente, as empresas que atuam em oligopólio trocam
informações, ainda que indiretamente. Assim, vamos alterar um pouco o exemplo,
permitindo aos agentes uma única comunicação prévia. Suponha que os prisioneiros
tenham feito um pacto de não confessar o crime em caso de prisão. Você acredita que
eles manteriam o pacto depois de terem sido pegos, abandonando a estratégia
dominante? Se o prisioneiro A acreditar que B vai manter a promessa, ele estará tentado
a romper o acordo. Nesse caso, A confessa e é solto imediatamente e B fica preso por 4
anos. Nesse ponto, caso B tenha receio de que A vai cair em tentação, ele prefere
confessar também, por simples medo. Se A acha que B não acredita nele, também
poderá confessar, confirmando o receito de B de que A confessaria, rompendo o acordo.
Mas se ambos confessarem, ambos terão agido como se o pacto não existisse.
Quando chegamos nesse ponto da análise do dilema dos prisioneiros, já estamos
nos encaminhando para o estudo das empresas que atuam em oligopólio. Para isso,
basta substituir a situação analisada por outra, muito parecida, mas com a mesma
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Vamos admitir que o nível 1 seja uma grande oferta de produtos. Isso permitiria
$ 9 milhões de lucro para cada uma. Mas, se ambas as empresas produzirem nesse nível
alto, só conseguirão vender a produção a preços baixos, pois o mercado tenderá a ficar
saturado. Elas podem formar um cartel e combinarem de produzir ambas no nível 2
(mais baixo). Isso faria com que houvesse escassez do produto, elevando os preços e
fazendo os lucros subirem de $ 9 milhões para $ 10 milhões. Acontece que, como no
dilema dos prisioneiros, as firmas estão tentadas a desrespeitarem o cartel. Observe que,
caso a empresa A suponha que a empresa B vai honrar o acordo e produzir no nível 2,
ela (firma A) pode ter um lucro ainda maior ($ 12,5 milhões) caso produza no nível 1,
rompendo o acordo e ganhando na quantidade vendida. Com isso, os preços irão baixar
um pouco (pois o produto não será tão escasso) e a firma B terá uma redução nos seus
lucros (que passarão para $ 6 milhões quando ela esperava $ 10 milhões).
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3. Macroeconomia
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ponderando cada bem ou serviço de acordo com sua importância relativa no total de
bens e serviços produzidos. Esta média ou preço médio é o chamado Nível Geral de
Preços e pode ser compreendido como o preço vigente no macromercado de bens e
serviços. No entanto, dada a infinidade de bens e serviços produzidos em um país a cada
ano, é literalmente impossível saber com exatidão qual o nível geral de preços (ou qual
o preço médio de todos os bens e serviços). Diante desta dificuldade, costuma-se
estimar o Nível Geral de Preços através de índices, calculados por institutos de
pesquisa. No Brasil, a melhor aproximação para o Nível Geral de Preços é o Índice
Geral de Preços (IGP). As variações no IGP nos oferecem uma forma de medir a
inflação, que nada mais é do que uma elevação do Nível Geral de Preços.
No que se refere às quantidades no macromercado de bens e serviços, costuma-
se utilizar como aproximação o PIB ou Produto Interno Bruto. Voltaremos a tratar do
PIB com mais detalhes adiante. Por enquanto, podemos dizer que o PIB é a soma dos
valores de todos os bens e serviços finais, produzidos em uma economia durante certo
período de tempo. Assim, a produção de aço, utilizada na fabricação de automóveis ou
na construção de edifícios não entra no cômputo do PIB, uma vez que o aço não é um
bem final e sim um insumo. O preço do aço será computado nos preços dos automóveis
e dos edifícios, os quais já incorporam todos os custos, incluindo o preço do próprio
aço. Isto evita que se faça dupla contagem, isto é, que somemos o preço do aço duas
vezes, uma quando ele próprio é produzido e outra quando consideramos os preços dos
automóveis e dos edifícios, os quais já trazem embutidos os custos com o aço. O cálculo
do PIB nos permite somar bens e serviços com características muito diferentes, como
casas e cortes de cabelo, ponderando cada item por seu próprio preço.
Como em todo mercado, no macromercado de bens e serviços haverá uma oferta
(chamada de oferta agregada) e uma demanda (chamada de demanda agregada). Os
ofertantes são em geral empresas (também os trabalhadores autônomos) e os
demandantes são tanto consumidores quanto outras empresas. Estas últimas podem estar
interessadas, por exemplo, em adquirir automóveis para sua frota ou contatar serviços
de engenharia.
No macromercado de moeda (e outros ativos financeiros), o preço é a taxa de
juros. Isto porque a moeda pode ser emprestada, como se fosse um bem que se aluga, e
a remuneração por este aluguel é exatamente a taxa de juros. A quantidade neste
mercado é o volume de moeda em circulação, o qual pode ser avaliado pelo volume de
meios de pagamento. Este conceito também será melhor explicado adiante; por
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enquanto podemos definir meios de pagamento como os ativos financeiros que são
inequivocamente aceitos para o pagamento de obrigações, isto é, a moeda propriamente
dita (que está nas mãos das pessoas ou nas reservas dos bancos) e depósitos à vista.
Finalmente, no macromercado de câmbio, negocia-se moeda estrangeira,
principalmente o dólar americano. Ofertantes e demandantes são simplesmente pessoas
querendo se desfazer ou querendo adquirir dólares (ou outra moeda estrangeira). As
quantidades são simplesmente os fluxos de dólares transacionados e o preço é a taxa de
câmbio. Esta última nada mais é do que o preço em moeda nacional de cada unidade da
moeda estrangeira. Quando dizemos que US$ 1 vale R$ 2,95, estamos afirmando que o
preço do dólar é R$ 2,95.
Em toda nossa discussão macroeconômica, estaremos nos referindo sempre a um
ou mais destes macromercados uma vez que o dia-a-dia da economia de um país pode
ser descrito através do funcionamento deles. No entanto, ao contrário de alguns
micromercados, os macromercados estão fortemente relacionados entre si e o que se
passa em cada um deles tem conseqüências diretas e indiretas sobre os demais. Assim,
para compreendermos este tipo de interação, faremos um percurso mais ou menos
longo, até que, ao final desta apostila, possamos tratar novamente dos três
macromercados, interagindo mutuamente.
Bens e
Monetário Cambial
serviços
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e a política monetária, cada uma delas atuando diretamente sobre cada um dos
macromercados e, indiretamente, sobre os demais, com reflexos sobre o ambiente de
atuação das empresas.
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Índices de Preço ao Consumidor (IBGE): como o próprio nome diz, visa monitorar o chamado
―custo de vida‖, isto é, os preços ao consumidor tais como despesas com supermercados,
aluguéis, serviços pessoais e de utilidade pública, etc. Os dois principais índices de preço ao
consumidor divergem basicamente pela abrangência em termos da cesta de consumo que serve de
referência para o cálculo. Além disso, o IPCA ganhou notoriedade desde 1999 ao ser adotado
como meta oficial de inflação pelo Banco Central. Ambos os índices abaixo são calculados pelo
IBGE:
a) INPC (nacional) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre 1 e 6 Salários
Mínimos (S.Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza,
Salvador, Brasília, Belém e Goiânia)
b) IPCA (amplo) baseado no padrão de consumo de famílias com renda entre 1 e 40 Salários
Mínimos, com a mesma abrangência geográfica.
PIB: é calculado a partir da soma dos valores de todos os bens e serviços finais produzidos
dentro das fronteiras de um país durante certo período de tempo (um ano, um semestre, um
trimestre etc.).
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$ 3 bi VP
Transformação VI
$ 9 bi
$ 4 bi
$ 1 bi
Cimento = $ 1 bi VA = VP – VI
Valor Agregado = Valor do Produto – Valor dos Insumos
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por convenção, bem final é todo aquele que não é utilizado como insumo (ver
glossário). E isto explica o método de cálculo do PIB, destacado acima.
VA = VP - VI
No caso em questão, o valor agregado será 150 - 120 = 30. Vamos voltar aos
casos citados acima. O artesão que produziu o vaso de barro cru e o vendeu por,
digamos, R$ 30 talvez não tenha gasto um único centavo com insumos: recolheu a
argila e a água na natureza para moldar o vaso que secou ao sol. O valor agregado por
sua atividade foi de R$ 30, isto é, igual ao valor da produção. O mesmo ocorre com os
coletores de frutas que simplesmente as recolhem e colocam na beira da estrada para
venda. Essas atividades agregam valor, ou transformando o barro ou simplesmente
transportando as frutas para a beira da estrada.
Agora, vamos considerar o artista que decora o vaso. Ele comprou o vaso cru,
que é o principal insumo do vaso decorado, pagando R$ 30. Também gastou R$ 40 com
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Note que esse é o valor agregado total. Ele não é, necessariamente, o lucro do
artista. Se ele vender 1000 vasos como esse por mês, teria um ganho bruto de R$
115.000. Essa margem total também será utilizada para pagar a folha de salários dos
funcionários (que não é insumo!), os aluguéis da oficina (que também não são insumo!),
eventuais juros devidos sobre o capital de giro e, é claro, os impostos embutidos no
preço final do vaso decorado. Esses itens não são insumos, pois não estão incorporados
ao produto final. Os trabalhadores voltam a cada mês, a oficina pode ser utilizada
continuamente, os empréstimos podem ser renovados, etc.
Lucro do artista,
VA aluguéis, juros, salários,
$115 impostos embutidos no
preço final.
Energia
$15
VP
$200 VI Tintas
$40
$85
Vaso cru
$30
Economia Aplicada
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atividade: agricultura, indústria e serviços. Para qualquer país, é possível calcular o PIB
industrial, o PIB agrícola e o PIB do setor de serviços, cuja soma corresponde ao
produto interno bruto em sua totalidade.
Outra forma é separar os bens em duas categorias básicas: os bens de consumo e
os bens de investimento. Esta separação nos permitirá analisar em mais detalhes o que
se chama de consumo agregado e investimento agregado.
Suponha inicialmente que um determinado país não possui governo, nem se
relaciona com o resto do mundo através de importações e exportações. É uma situação
meramente hipotética que se convenciona chamar de economia fechada e sem governo.
Toda a produção de bens e serviços finais só pode ser classificada em duas categorias:
bens de consumo, que se destinam a satisfazer necessidades ou desejos dos
consumidores, e bens de investimento, adquiridos pelas empresas para viabilizar a
produção de outros bens e serviços. Assim, podemos representar o PIB pela igualdade
abaixo:
Economia Aplicada
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dono do dinheiro. Já o empresário, quando é dono de sua empresa, tem direito aos
lucros que a empresa gera.2
Por seu turno, a renda agregada pode ser transformada em gasto (o gasto
agregado). Em uma economia fechada e sem governo, o gasto somente pode se dar
através da aquisição de bens e serviços de consumo ou de investimento, fechando o
ciclo. Os bens de consumo são adquiridos pelas pessoas (físicas), ao gastarem parte de
sua renda. Já os bens de investimento são adquiridos pelas empresas (pessoas jurídicas).
No entanto, se a empresa transfere todo o seu ganho na forma de remuneração dos
fatores produtivos, como ela poderá adquirir bens de investimento? Na Macroeconomia,
costuma-se supor que todo o investimento é financiado com recursos de fora da
empresa. Por exemplo, se a empresa acumula lucros para financiar seus projetos de
investimento, tudo se passa como se os donos da empresa decidissem emprestar parte
do lucro a que têm direito para sua própria empresa. Por enquanto devemos lembrar que
os bens de consumo são adquiridos pelas pessoas (físicas), através do gasto de parte de
sua renda, e que os bens de investimento são adquiridos de algumas empresas que
compram de outras, e que se financiam tomando recursos emprestados.
Este movimento através do qual a produção é vendida, viabilizando a geração de
renda que, por sua vez, se transforma em gasto que nada mais é do que a compra
daquela mesma produção é o chamado fluxo circular de renda, o qual está representado
esquematicamente na figura abaixo. As setas representam fluxos financeiros.
GASTOS RENDA
2
É interessante notar que a Economia considera fatores como terra e tecnologia como formas de capital.
A terra sendo uma espécie de ―capital natural‖ e a tecnologia como ―capital intelectual‖.
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Numa economia fechada, isto é, sem relações com o exterior, vale sempre a
igualdade entre produto agregado, renda agregada e gasto agregado. Mas a
representação do fluxo circular de renda, no qual a produção agregada, a renda agregada
e o gasto agregado são necessariamente iguais, nos permite representar uma outra
relação, tão importante quanto a relação (3.1), mostrada acima. Se a produção se
transforma em renda (alguns autores usam o jargão PIB => RIB, ou seja, Produto
Interno Bruto gerando a Renda Interna Bruta) a renda, por sua vez, não poderia ser
desagregada, da mesma forma que desagregamos o PIB? De que forma as pessoas em
geral alocam sua renda em uma economia fechada e sem governo?
Nesta situação hipotética, só há duas coisas que se pode fazer com a renda:
consumir ou poupar. Se o seu consumo for menor que sua renda, então sua poupança
será positiva, isto é, haverá um excedente de renda que poderá ser emprestado. Mas
emprestado para quem? Se alguém possui gastos maiores que sua renda, terá uma
Economia Aplicada
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poupança negativa, isto é, precisará pedir emprestado (caso esta pessoa não tenha ela
mesma poupado no passado). Além disso, como vimos, as próprias empresas precisam
de recursos de terceiros para investir. Assim, neste exemplo hipotético, aqueles que têm
poupança positiva podem emprestar para aqueles que têm poupança negativa ou que
precisam investir. Ainda assim, só há duas coisas a fazer com a renda: consumir ou
poupar. E como a renda agregada é igual ao produto agregado (que nada mais é do que
o PIB), chegamos à seguinte relação:
Agora observe. Vamos colocar lado a lado as relações (3.1) e (3.2) apresentadas
acima3:
Considerando estas duas igualdades (na verdade, estas duas identidades, pois
resultam de uma definição do que seja o PIB e a Renda Agregada), podemos derivar
uma segunda relação de grande importância:
PIB = C + I = PIB = C + S
C+I=C+S
(3.3)
I=S
3
Note: em Macroeconomia, investimento não é sinônimo de aplicação financeira. Neste contexto,
investimento significa a produção de bens e serviços que são utilizados na produção de outros bens e
serviços sem serem transferidos diretamente para estes novos produtos. Assim, bens de investimento são,
tipicamente, máquinas, equipamentos, instalações industriais, implementos agrícolas, automóveis que são
utilizados por empresas de transporte de passageiros (taxis, ônibus, etc). Os bens que se transferem para
os produtos (areia na construção civil, tinta nos automóveis, plástico na indústria de brinquedos) não são
bens finais, mas insumos ou matérias-primas. Do mesmo modo, como veremos adiante, poupança não é
sinônimo de caderneta de poupança, representando apenas a parcela da renda agregada não consumida no
período corrente.
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40
PIB
PNB PNB
PIB
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(3.3a) I + IG = S + S G + S X
4
Rigorosamente, a poupança externa corresponde ao déficit em transações correntes do Balanço de
Pagamentos, como demonstrado no glossário. Um país que remete.
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(3.1a) PIB = C + I + IG + G
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44
Agora, vamos admitir que o país possua relações comerciais com o resto do
mundo. Parte de tudo que se produz dentro do país se destina às exportações, ou seja,
não é consumido nem investido dentro do país, seja pelo governo, seja pelo setor
privado. Como não poderia deixar de ser, teremos que somar as exportações (gastos
realizados por não-residentes com produtos e serviços produzidos dentro de nosso país)
ao nosso PIB. Mas, por outro lado, como o país importa bens e serviços do resto do
mundo, haverá um sem número de produtos cujo valor trará embutido uma parcela de
importados (matérias-primas, componentes, serviços como fretes, seguros, etc.). Sendo
assim, o valor das importações dever ser retirado do PIB, pois a parcela de importados
presente em nossos gastos totais não foi produzida aqui. Como conseqüência, a
expressão (3.1a) passa a apresentar a seguinte forma:
(3.1b) PIB = C + I + IG + G + X - M
5
Em termos rigorosos, X e M incluem as transações internacionais de bens e serviços não-fatores de
produção. Estes termos serão melhor explicados quando analisarmos o balanço de pagamentos, na seção
dedicada ao macromercado de câmbio.
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Sistema
Tributos
Gastos+ Invest. do Financeiro
Governo (G+Ig)
Endividamento
público
Governo
Prof. M.Sc. Claudio A. Garbi
A figura mostra que, de tudo que é produzido dentro das fronteiras de um país
em termos brutos (isto é, desconsiderando-se a depreciação, o que significa que estamos
tratando do PIB), parte se transforma em renda dos residentes (renda nacional bruta) e
parte é remetida para fora do país (RLEE ou renda líquida enviada ao exterior, conceito
que já desconta a renda recebida do exterior). A renda nacional bruta (isto é, incluindo a
depreciação) passa a ser igual ao PNB, e se destina ao consumo, poupança e ao
pagamento de tributos. Já a poupança, transformada em crédito pelo sistema financeiro,
financia o investimento das empresas, bem como o consumo daqueles que gastam mais
do que ganham e, eventualmente, o excesso de gastos do governo sobre o total
arrecadado com tributos. No entanto, do total de gastos na economia (gasto agregado),
uma parcela é enviada ao exterior na forma de pagamento pela importação de bens e
serviços. O restante compra a produção nacional, a qual também é parcialmente
adquirida por estrangeiros que gastam comprando nossos produtos de exportação, o que
fecha o fluxo circular de renda.
A Demanda Agregada é representada na figura pela categoria GASTO e
corresponde exatamente à expressão 3.1b. Toda vez que um de seus componentes
estiver crescendo, isso deverá colaborar para a expansão do nível de atividade. Com
isso, vamos analisar os determinantes de dois dos principais componentes da Demanda
Economia Aplicada
46
Economia Aplicada
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projeto seja inferior à taxa de juros (custo de capital), ele certamente será abandonado
ou adiado. Assim, as taxas de juros são um fator decisivo para influenciar o nível de
demanda agregada. Se for possível alterar separadamente os juros que incidem sobre
consumo e sobre investimento, também se pode influenciar a composição da
Demanda Agregada, estimulando um desses componentes em detrimento do outro.
3) A influência das expectativas e da aversão ao risco: ainda que cada um dos
fatores acima seja favorável, é possível imaginar que a Demanda Agregada não esteja
aquecida em função de ―meras‖ expectativas. Quando os consumidores acreditam que
ocorrerá uma recessão ou um aumento dos impostos no futuro próximo, é razoável
supor que já devam iniciar um movimento de redução do consumo e ampliação da
poupança como medida preventiva. Ao mesmo tempo, se os empresários esperam que
os juros serão elevados no curto prazo, iniciar um projeto de investimento poderá ser
uma aventura arriscada pois, ao longo das etapas do projeto, o encarecimento do custo
de capital poderá reverter as expectativas iniciais de lucro. Mas, ainda que a recessão e
o aumento de juros sejam apenas um dos cenários possíveis, sabemos que agentes
avessos ao risco não trocam o certo (recursos líquidos em caixa) pelo duvidoso (planos
de gastos futuros com retornos incertos). Assim, a ampliação da aversão ao risco pode
deprimir tanto consumo quanto investimento, provocando sérias reduções de Demanda
Agregada em cenários que se mostram, de inicio, relativamente favoráveis ao
crescimento do nível de atividade.
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PIB OBSERVADO
Tempo
Expansão Contração Recuperação Contração
Recessão Expansão
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No Brasil:
a) Índices de expectativas dos consumidores (fonte: Federação do Comércio de
São Paulo);
b) Nível de ocupação da capacidade instalada na indústria (fonte: Confederação
Nacional da Indústria);
c) Índice de confiança do empresário (fonte: idem a anterior);
d) Avaliação sobre os níveis de operação e de estoques na indústria (fonte:
Sondagem Conjuntural da FGV);
e) Consultas aos cadastros de consumidores inadimplentes (fontes: Serasa e
SBPC).
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52
6
Também é comum dizer-se: ―o resultado primário foi negativo‖ quando há déficit, e ―o resultado
primário foi positivo‖ quando há superávit.
Economia Aplicada
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as despesas financeiras, sejam elas juros, comissões, correções ou qualquer outro item
de natureza financeira nas despesas do setor público.
Surge assim um segundo e importante conceito de déficit público: o déficit
nominal. Ele corresponde à soma do déficit primário (isto é, aquele que não considera
as despesas financeiras) com o montante de juros nominais e demais encargos
incidentes sobre a dívida pública.
O quadro a seguir resume as relações entre esses todos esses conceitos.
Como a taxa de juros que incide sobre a Dívida Pública Interna é determinada,
em parte, pela atuação do Banco Central com vistas a controlar a inflação (como
Economia Aplicada
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folga, o BACEN pode reduzir os juros. Isso contribui para a retomada do consumo e
pode provocar nova pressão inflacionária. Desde que isso não leve novamente ao
descumprimento da meta, os juros podem ser mantidos em baixa.
Ocorre que a inflação é um fenômeno complexo que pode estar associado a
diversos fatores; nem todos eles muito sensíveis aos juros fixados pelo BACEN. De
todo modo, desde a Grande Depressão, os países desenvolvidos perceberam que é
melhor conviver com uma taxa de inflação baixa e constante do que com um processo
deflacionário. Atualmente, todos os países desenvolvidos têm metas de inflação
(explícitas ou implícitas) em torno dos 2% anuais. Com essa taxa de inflação, os preços
em geral dobrariam a cada 35 anos, o que deixa para as empresas um horizonte de
planejamento bastante longo, especialmente se essas taxas forem bastante estáveis ao
longo do tempo. Em geral, as metas de inflação visam mantê-la o mais próximo
possível desse percentual.
De um modo geral, há três componentes típicos para a determinação da taxa de
inflação, os quais explicam tanto as altas quanto as baixas dos índices:
1) Componente de demanda: ao longo do ciclo econômico, momentos de
expansão contínua podem levar ao superaquecimento da Demanda Agregada. As
empresas, operando acima do nível normal, podem ver sua capacidade ociosa e seus
estoques caindo. Via de regra, em momentos de superaquecimento, os empresários
elevam preços e margens de lucro até mesmo antes que a plena capacidade seja
alcançada. O gráfico abaixo ilustra essa região de excesso de Demanda Agregada.
2) Componente temporal (inércia e expectativas): como vários outros
processos em Economia, a inflação também possui elementos de realimentação. A alta
dos preços em períodos passados pode gerar a expectativa de novas altas no período
corrente. Quando essas expectativas se generalizam, muitas empresas se preparam para
enfrentar altas nos custos de reposição de seus estoques. Quando as expectativas de
inflação são desse tipo, elas tendem a se confirmar pelo simples comportamento
defensivo dos agentes econômicos, o que realimenta o processo gerando a inércia
inflacionária. Outro fator causador de inércia são contratos que determinam a alta de
preços com base na inflação passada. Enquanto houver inflação, continuará havendo
alta desses preços, propagando o processo7.
7
Até 1994, com o advento do Plano Real, parte significativa da inflação no Brasil era explicada pelo
componente temporal da inflação, tanto as expectativas quanto os contratos de indexação perpetuavam a
inflação.
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O objetivo da política monetária é manter a inflação no limite das metas. Para isso, o Banco
Central deve controlar a oferta de moeda e influenciar a taxa de juros de mercado.
Quando o BACEN anuncia que está operando com taxas de juros mais elevadas
em suas operações com títulos públicos, ele deseja atrair um volume maior de
poupança, depositado na forma de passivos junto às instituições financeiras. Esses
recursos são progressivamente desviados dos empréstimos ao setor privado para as
operações com títulos públicos, o que acaba por gerar escassez de crédito para os
tomadores privados (muitos deles, empresas que têm projetos de investimento).
Captando esses recursos, o BACEN não os devolve na forma de novos empréstimos,
afinal, o Banco Central não realiza empréstimos para o setor privado, via de regra8.
Contabilmente, uma emissão de títulos públicos pode ser resumida através dos
balancetes abaixo, apresentados em uma versão bastante simplificada.
8
A exceção a essa regra são os chamados ―redescontos‖, operações nas quais o BACEN empresta
recursos a bancos ameaçados por corridas bancárias. Mas, como dito, essa é a exceção e não a regra.
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Em resumo, a elevação das taxas de juros por parte do BACEN induz o sistema
financeiro a reduzir o volume de empréstimos ao setor privado, remanejando seu ativo.
Isso faz com que o BACEN reduza a oferta de moeda no mercado, uma vez que ele
próprio acaba com mais recursos em caixa. E moeda em caixa do Banco Central não é
moeda circulante. Para todos os efeitos, quando o Banco Central amplia seu caixa em
moeda nacional, tudo se passa como se esses recursos tivessem desaparecido
temporariamente.
Mas os efeitos da elevação dos juros não param por aí. A elevação das taxas de
juros básicas deve levar os agentes financeiros a ajustarem tanto suas taxas ativas
(cobradas dos empréstimos) quanto as passivas (oferecidas aos aplicadores). Como o
Banco Central passou a operar com taxas mais altas, o setor privado deverá pagar mais
ou menos o mesmo prêmio de risco cobrado antes dessa mudança. Assim, a elevação
dos juros básicos encarece toda a oferta de crédito. Ao mesmo tempo, diante de maiores
oportunidades de lucro, o sistema financeiro procurará atrair mais recursos dos
poupadores e, para isso, eleva também suas taxas de captação.
Como já havíamos visto acima, de maneira mais intuitiva, a elevação dos juros
básicos pelo Banco Central desestimula o gasto dos agentes econômicos, tanto em
investimento quanto em consumo. Essa medida tem sempre o efeito de reduzir a
Demanda Agregada e é uma forma muito ágil de tentar influenciar a trajetória da
inflação.
Até aqui estávamos supondo que o Banco Central consegue controlar o volume
de moeda no mercado monetário através de operações com títulos públicos. Ocorre,
porém, que o mecanismo através do qual o BACEN interfere na oferta de moeda e no
custo do crédito para o setor pode ser mais indireto. Para compreender melhor este
mecanismo, precisamos definir dois diferentes conceitos de moeda: Meios de
Pagamento e Base Monetária.
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Neste nosso exemplo, supondo que todo o dinheiro que existe na economia seja
o que consta no quadro acima, a Base Monetária seria a soma da moeda manual ($
807,64) mais as reservas bancárias ($ 188,45) mais os $ 3,91 que permanecem por
emprestar. Como não poderia deixar de ser, o total corresponde ao valor original de $
1.000. No entanto, os agentes envolvidos neste nosso exemplo estão realizando
transações contando tanto com os valores que mantêm na forma de moeda manual ($
807,64) quanto com seus depósitos em conta corrente ($ 1.884,50), cuja soma
corresponde aos meios de pagamento. Se dividirmos os meios de pagamento pela Base
Monetária, notaremos que, em nosso exemplo, esta relação é de pouco mais de 2,7, ou
seja, os meios de pagamento correspondem a 270% da Base Monetária. O valor de 2,7 é
o chamado multiplicador dos meios de pagamento, uma vez que, chamando a base de B
e os meios de pagamento de M, podemos deduzir o multiplicador (m) da seguinte
forma9:
m=M/B →
(6) M=m.B
9
Não confundir M como meios de pagamento com M como importações.
Economia Aplicada
64
manual. Sendo assim, a partir da expressão (6), o multiplicador (m) pode ser reescrito
da seguinte forma:
m=MM+DV/MM+RB →
Note que md é a relação entre moeda manual e depósitos à vista (MM / DV), a
qual é decidida pelo público que aloca seus recursos financeiros entre estas duas
finalidades. Por seu turno, rd é a relação entre reservas e depósitos à vista (RV / DV), a
qual é decidida tanto pelos bancos diretamente quanto pela regulamentação do Banco
Central. Quanto maior a parcela de recursos que o público decidir depositar nos bancos,
maior será a capacidade destes de realizar empréstimos e, portanto, maior a
multiplicação de meios de pagamento (maior será, portanto, m). Por outro lado, quanto
maiores as reservas bancárias, menores as condições de os bancos realizarem
empréstimos, dados os depósitos e, portanto, menor será m. Mas, quanto mais depósitos
o público fizer nos bancos, menor será md (a razão moeda manual / depósitos). Por
outro lado, quanto maiores as reservas bancárias, maior será rd (a razão reservas /
depósitos).
Para ilustrar as alterações no multiplicador, decorrentes de mudanças no
comportamento do setor bancário, observe o quadro baixo. Ele é idêntico ao quadro
anterior, com a única diferença de que as reservas bancárias são agora equivalentes a
15% dos depósitos. Esta elevação de 5% poderia ser fruto de uma medida do Banco
Central tentando reduzir a oferta de meios de pagamento. Observe o que ocorre.
Com uma capacidade menor de realizar empréstimos a partir de um dado
volume de depósitos (a chamada capacidade de alavancagem), os bancos não
conseguem multiplicar os meios de pagamento com a mesma intensidade de antes. A
cada etapa, o volume de empréstimos somente pode chegar a 85% do volume de
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65
depósitos, e não a 90%, como antes. Neste caso, o multiplicador monetário que era
pouco superior a 2,7 passa a mais ou menos 2,5, e os meios de pagamento se reduzem
de cerca de $ 2.700 para menos de $ 2.500. Algo semelhante ocorreria caso o público
retivesse na forma de moeda manual mais de 30% de suas disponibilidades.
Tabela 2- Base Monetária com Reservas bancárias de 15%
Em períodos em que o governo opta por realizar uma política monetária rígida,
procurando conter a oferta de moeda, o Banco Central obriga os bancos privados a
aumentarem suas reservas compulsoriamente. Nos primeiros meses depois da
implementação do Plano Real, por exemplo, a relação entre reservas e depósitos à vista
Economia Aplicada
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era da ordem de 0,7, mais que o dobro daquela observada em final de 1997. Mais
recentemente, no início de 2003, os compulsórios foram elevados para 60% dos
depósitos à vista, um dos valores mais elevados desde o início do Plano Real. Em 2004,
os compulsórios foram reduzidos para 45% dos depósitos à vista.
Em resumo, sempre que deseja alterar a oferta monetária e elevar as taxas de
juros de mercado, o Banco Central pode alterar o percentual de reservas que os bancos
são obrigados a manter. Maiores reservas significam menor oferta de crédito e, como
vimos, redução no volume de Meios de Pagamento, mesmo que a Base Monetária
(dinheiro físico emitido e circulando) permaneça constante.
Outra forma de alterar a oferta de moeda é tentar interferir diretamente na Base
Monetária. Uma das formas de fazer isso é vendendo títulos públicos, como visto
acima. Ao adquirir esses títulos, o público entrega ao Banco Central dinheiro que não
voltará a circular (isto é, caso o Banco Central não faça empréstimos com esses
recursos). Mesmo que o multiplicador permaneça constante, reduzindo-se a Base
Monetária, haverá uma contração da oferta de meios de pagamento. Caso o BC não
deseje que a taxa de juros se eleve, terá que tomar medidas compensatórias como, por
exemplo, reduzir as reservas compulsórias dos bancos.
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Economia Aplicada
69
Numa primeira aproximação, pode-se dizer que existem dois regimes cambiais
polares:
a) Câmbio fixo: nesse regime, a taxa de câmbio é mantida constante. Se as
condições de oferta e demanda mudarem e a taxa de câmbio (como qualquer preço)
tende a se alterar, o Banco Central intervém de forma a manter a paridade fixada. Pode-
se observar que o Banco Central tem uma regra clara: não permitir a flutuação da taxa
de câmbio e, para isso, ele compra e vende dólares diretamente no mercado cambial.
Nesse regime a necessidade de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio é
máxima, exatamente para evitar a flutuação.
b) Câmbio flutuante (livre flutuação): nesse regime, a taxa de câmbio pode
variar (flutuar) continuamente, inclusive no intervalo de um único dia. A necessidade de
intervenção do Banco Central é nula e o Banco Central permanece totalmente ausente
do mercado de câmbio e a taxa passa a ser comandada exclusivamente pelas forças de
mercado.
Entre esses dois extremos existem regimes mistos, mais próximos do câmbio
fixo ou da livre flutuação. No primeiro caso, uma forma mais mitigada de câmbio fixo
corresponde ao regime de bandas cambiais. Nesse regime, o Banco Central também está
bastante presente no mercado de câmbio, mas apenas para evitar flutuações excessivas
que ultrapassem limites claramente definidos e publicamente divulgados. Ele venderá
dólares no mercado cambial caso a taxa atinja um teto e comprará dólares caso a taxa
atinja um piso. No Brasil, entre março de 1995 e janeiro de 1999, adotou-se um regime
de bandas cambais móveis, isto é, os limites de flutuação eram revistos periodicamente
a fim de administrar a progressiva elevação da taxa de câmbio.
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Câmbio Fixo
Bandas cambiais
Câmbio Administrado
―Flutuação Suja‖
(intervenções esporádicas)
Câmbio Flutuante
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71
tratamento sistemático e deve ser feito através de uma das mais importantes ferramentas
contábeis utilizadas em economia: o Balanço de Pagamentos.
Isto significa que todas as transações envolvendo agentes econômicos que atuam
no país (chamados residentes) e agentes que atuam fora do país (chamados não-
residentes) são registradas de forma organizada no Balanço de Pagamentos. Em linhas
gerais, o Balanço de Pagamentos se divide em dois grandes blocos: a conta de
transações correntes e a conta de capitais, como mostrado no quadro abaixo. Os
próprios nomes desses dois blocos já fornecem uma boa idéia da lógica dessa separação.
Em conta corrente são registrados os pagamentos e recebimentos relativos a
todas as transações realizadas com bens e serviços (inclusive fatores) entre um país e o
exterior. Quando um país exporta, envia mercadorias para o exterior e recebe um
pagamento que é registrado positivamente em sua conta corrente. Quando uma empresa
estrangeira situado no país remete lucro para o exterior, isso é registrado como sendo
um pagamento de serviços empresariais sendo contabilizado negativamente na conta
corrente.
A conta de capitais registra fluxos de natureza financeira, tais como empréstimos
(e as amortizações correspondentes) envolvendo transações entre residentes no país e
não residentes. Quando uma empresa estrangeira decide instalar uma filial no país, esse
investimento é registrado positivamente na conta de capitais. Quando um banco
estrangeiro não renova créditos aos exportadores do país, isso é registrado
negativamente na conta de capitais.
Os fluxos financeiros em conta corrente (como remessas de lucros) tendem a ser
mais estáveis os da conta de capitais.
Entendida a lógica básica da organização do balanço de pagamentos, vamos
detalhar um pouco mais os itens que devem ser registrados em cada bloco. Na balança
comercial registra-se, período a período, os valores em moeda estrangeira relativos às
exportações e importações de bens ocorridas em um determinado país. Note que
somente o valor dos bens importados e exportados deve ser contabilizado na balança
comercial. Nenhum tipo de serviço (tais como fretes marítimos) deve ser colocado lado
Economia Aplicada
72
a lado com as transações de bens. Esse é o chamado conceito FOB de balança comercial
(iniciais da expressão ―free on board‖).
Em seguida, tem-se a balança de serviços. Nela estão incluídos itens como fretes
e seguros internacionais (que são chamados de serviços não-fatores de produção, pois
não são utilizados diretamente nas atividades produtivas). Este tipo de serviço em geral
é prestado por grandes companhias internacionais, como as seguradoras inglesas de
fretes.
A seguir tem-se a conta de rendas. Nela são registrados itens como juros e lucros
enviados para fora do país no pagamento de empréstimos e como remuneração pelo
capital estrangeiro aplicado no país. Se houver empresas nacionais atuando no exterior
que estejam enviando lucros para matrizes no país, esse recebimento também será
registrado na conta de rendas como um recebimento. Nessa conta também são incluídos
(como saídas) pagamentos relativos a direitos sobre propriedade intelectual, salários de
executivos que estejam no país por um período curto de tempo etc. Estes itens
constituem a remuneração pela utilização de capitais financeiros, capitais produtivos,
patentes e capital humano, respectivamente, todos diretamente associados às atividades
produtivas.
Exportações de bens
Balança (Importações de bens)
Comercial (FOB) 1a Resultado (saldo) Comercial
(ou “Conta de Transações Correntes)
Exportações de serviços
Balança de (Importações de serviços
serviços 1b Resultado (saldo) de Serviços
Conta corrente
Saldo =
Receitas
Renda
(Despesas)
Rendas Líquida
1c Resultado (saldo) de Rendas
Recebida
do Exterior
ou
Transferências recebidas do exterior (-) Renda
Transferências
(Transferências enviadas para o exterior Líquida
Unilaterais
1d Resultado (saldo) de Transferências Unilaterais Enviada ao
Exterior
1 Resultado (saldo) em Conta Corrente
(1=1a+1b+1c+1d)
Economia Aplicada
73
Economia Aplicada
74
são pagas, registra-se como saída (mas os juros são registrados em transações
correntes). Também são registrados os financiamentos obtidos ou ofertados nas
transações comerciais, os quais representam créditos ou dívidas, respectivamente, dos
agentes econômicos do país com algum outro agente no exterior. Pela conta capital
ingressa ainda o investimento estrangeiro direto, que são recursos que se destinam à
aplicação nas atividades produtivas, e os chamados capitais de carteira ou de portfólio,
que se destinam à aplicação no mercado financeiro (bolsas de valores, CDBs, etc.).
Repatriações de capital são sempre registradas como saídas. Assim como a conta
corrente, a conta de capital pode apresentar déficit ou superávit. Um país que esteja
amortizando grandes volumes de dólares devido ao vencimento de empréstimos
contraídos no passado e não esteja atraindo outras modalidades de fluxos de capital
apresentará um saldo negativo na conta de capitais (isto é, um déficit).
Quando consolidamos as contas correntes e de capital, temos o resultado do
balanço de pagamentos. Se o balanço de pagamentos for deficitário, o país tende a
perder reservas internacionais que estavam à disposição de seu banco central. Isto
porque, caso um país tenha, por exemplo, déficit em conta corrente e superávit na conta
de capital, sendo ambos exatamente iguais, isto significa que as divisas que saíram por
uma das contas ingressaram pela outra. Mas, caso o déficit em conta corrente seja maior
que a entrada de divisas através da conta de capital, então o país terá que desembolsar
parte das reservas que tiver para honrar os compromissos de seus residentes.
Economia Aplicada
75
O balanço de pagamentos
US$ milhões
2004 2005 2006 2007 2008 2009
Balança Comercial (FOB) 33.641 44.703 46.457 40.032 24.836 25.290
Balança de Serviços -4.678 -8.309 -9.640 -13.219 -16.690 -19.245
Balança de Rendas -20.520 -25.967 -27.480 -29.291 -40.562 -33.684
Transferências Unilaterais 3.236 3.558 4.306 4.029 4.224 3.338
Saldo em Transações
11.679 13.985 13.643 1.551 -28.192 -24.302
Correntes
Investimento Direto 8.339 12.550 -9.380 27.518 24.601 36.033
Investimentos em Carteira -4.750 4.885 9.081 48.390 1.133 50.283
Derivativos -677 -40 41 -710 -312 156
Outros investimentos -10.806 -27.521 15.688 13.131 2.875 -16.300
Saldo da Conta Capital -7.523 -9.464 16.299 89.086 29.352 71.301
Erros e Omissões -1.912 -201 628 -3.152 1.809 -347
Resultado do B. Pagamentos 2.244 4.319 30.569 87.484 2.969 46.651
Fonte: Banco Central do Brasil - 2010
Prof. M.Sc. Claudio A. Garbi
Economia Aplicada
76
Auge: Fase do ciclo de negócios que marca a passagem da etapa de expansão para a de contração.
Balança Comercial: Relação entre os valores de todas as exportações e importações de bens de um país
em uma determinada unidade de tempo. O resultado da balança comercial também é chamado de saldo
comercial. Resultados negativos (maiores importações que exportações) são chamados de déficits
comerciais; resultados positivos (maiores exportações que importações) são chamados de superávits
comerciais. Ao longo da década de 80, o Brasil obteve saldos comerciais positivos muito elevados, os
quais atingiram US$ 19 bilhões em 1988. Tais superávits são muitas vezes chamados de ―os mega-
superávits comerciais dos anos 80‖.
Balanço de Pagamentos: Esquema contábil que apresenta as relações comerciais e financeiras mantidas
por um determinado país com o resto do mundo. As duas principais contas do balanço de pagamentos são
a conta de transações correntes (exportações e importações de bens e serviços e transferências unilaterais)
e a conta de capital. Esta última apresenta os fluxos de capitais entre o país e o exterior, tais como entrada
e saída de investimentos diretos, empréstimos, financiamentos, etc.
Base Monetária: Soma de toda a moeda física em circulação em um país. Corresponde ao total das
reservas bancárias mais a moeda retida pelo público (não-bancário), também chamada de ―moeda
manual‖.
Bem de Capital: Bem utilizado em processo produtivos mas que não é incorporado ao produto destes
mesmos processos. Exemplo: máquinas, instalações fabris, tesoura de cortar cabelo, etc.
Bem de Consumo: Bem destinado a satisfazer diretamente uma necessidade ou um desejo dos
consumidores. Os bens de consumo imediato (ou não-duráveis) têm pouca duração (física), como os
alimentos. Uma seção de cinema pode ser considerada como um serviço de consumo imediato. Os bens
de consumo duráveis são úteis por um tempo mais prolongado, como é o caso dos eletrodomésticos e
automóveis.
Bem Final: Todo bem que não é incorporado ao processo produtivo na forma de matérias primas
(algodão na tecelagem, minério na metalurgia) ou insumos (energia elétrica), destinando-se ou ao
consumo (bens de consumo) ou ao investimento (bens de capital).
Bem Inferior: Quando a renda dos consumidores se eleva e a demanda por um determinado bem se eleva
menos que proporcionalmente ou diminui, diz-se que este é um bem inferior.
Economia Aplicada
77
Bem Intermediário: Bem que se destina à incorporação em processos produtivos de outros bens
(matérias-primas e insumos). Uma categoria importante de bens intermediários são os chamados semi-
elaborados: ferro gusa, utilizado como matéria-prima da metalurgia, vidro, utilizado na construção civil e
na automobilística, farelo de soja, utilizado na engorda de gado, café torrado, utilizado na moagem, etc.
Bem normal: Quando a renda dos consumidores se eleva e a demanda por um determinado bem se eleva
na mesma proporção, diz que este é um bem normal.
Bem público: É um tipo de bem cujo consumo pode se dar por mais de uma pessoa ao mesmo tempo e
que, uma vez produzido, não pode ser negado a quem o queira consumir. Exemplos: logradouros
públicos, espetáculos realizados em locais públicos, etc.
Bem superior: Quando a renda dos consumidores se eleva e a demanda por um determinado bem se
eleva mais que proporcionalmente, diz que este é um bem superior.
Bens complementares: Quando a satisfação ou a utilidade do uso ou consumo de um bem pode ser
ampliada pelo uso ou consumo de outro bem, diz-se que são bens complementares. Exemplo: vinagre e
azeite, tintas e solventes, cimento e cal, capital e trabalho, etc.
Bens substitutos: Quando dois bens são rivais no consumo, isto é, possuem características ou finalidades
semelhantes, diz-se que são bens substitutos. Exemplo: carne bovina e frango; manteiga e margarina,
refrigerante e suco de frutas. A substituição é sempre relativa; consumidores que não aceitam, por
exemplo, trocar manteiga por margarina não assumem que estes bens sejam substitutos.
Câmbio (taxa de câmbio): Preço de uma unidade de moeda estrangeira em moeda nacional. Quando se
diz que a taxa de câmbio entre o real e o dólar norte-americano é de 1,20, estamos dizendo que o preço de
1 dólar é de R$ 1,20. Este é o conceito de taxa de câmbio bilateral nominal, pois considera a relação entre
duas moedas e não inclui a inflação em nenhum dos dois países. O conceito que considera ambas as taxas
de inflação é o de taxa de câmbio bilateral real. Se calcularmos uma média ponderada das taxas de
câmbio reais de um país, atribuindo a cada taxa de câmbio bilateral real um peso proporcional à
importância de cada parceiro comercial nas exportações desse país, estaremos calculando o conceito de
taxa de câmbio efetiva real.
Choques: Impactos bruscos sofridos por algum mercado. São exemplos uma elevação abrupta de preços
de determinado bem (choque de preços), causado por uma decisão dos produtores que atuam em forma de
cartel ou por problemas com os processos produtivos (como quebras de safras, por exemplo), bem como
uma queda abrupta nas transações financeiras (choque financeiro), motivada por quebras de instituições
financeiras ou alterações de política econômica. Quando originados no exterior, estes choques são
chamados de ―choques externos‖.
Ciclo de negócios: Também chamado de ciclo econômico, ciclo conjuntural e ciclo de curto prazo. É a
alternância de períodos de expansão, contração, recessão e recuperação da atividade econômica.
Consumo: Gasto realizado em bens e serviços que se destinam à satisfação de desejos ou necessidades de
caráter relativamente imediato, e que não são utilizados na produção de outros bens e serviços. O
consumo privado é aquele realizado pelas famílias. O consumo público é realizado pelas várias esferas de
governo e envolve o pagamento de salários e demais despesas de custeio (energia elétrica, aluguéis,
pagamento de empresas prestadoras de serviços, compra de material de escritório, etc.).
Contração: Período que sucede à expansão no ciclo de negócios e no qual o PIB, muito embora esteja
acima de sua tendência, tende a aproximar-se dela.
Custo de Oportunidade: As decisões econômicas envolvem sempre a escolha de uma entre diversas
alternativas. Quando um agente compra um determinado bem ou serviço, ele estará sempre deixando de
comprar uma infinidade de outros bens e serviços que poderiam ter sido escolhidos como alternativa. Em
geral, o custo de oportunidade é mensurado pelo valor ou pela satisfação da qual abrimos mão ao decidir
tomar uma certa atitude econômica. Por exemplo, quando poupamos, devemos mensurar o custo de
oportunidade deste ato pelos bens ou serviços que deixaremos de consumir. Ainda assim, ao decidirmos
Economia Aplicada
78
por determinada aplicação que nos proporciona certo rendimento, o custo de oportunidade também pode
ser avaliado pelo rendimento que deixaremos de ganhar na melhor dentre as aplicações não realizadas.
Deflação Processo de queda continuada do nível de preços, isto é, processo oposto ao de inflação.
Depreciação: Processo de desgaste do capital pelo uso. Também ocorre depreciação quando o capital se
torna tecnologicamente obsoleto. A reposição do capital desgastado ou ultrapassado é o chamado
investimento de reposição.
Desemprego: Considera-se desempregado o trabalhador que deseja trabalhar às taxas de salário vigentes
e não encontra emprego.
Desemprego Voluntário: Considera-se voluntariamente desempregado aquele que, em geral, não aceita
ofertas de emprego devido às condições oferecidas, por exemplo, salários excessivamente baixos.
Desinflação: Processo de redução paulatina dos índices de inflação, tal como ocorreu no Brasil, por
exemplo, entre 1994 e 1998.
Dívida Externa: Valor dos títulos do governo e privados em mãos de pessoas físicas ou jurídicas que
estão fora das fronteiras nacionais.
Dívida Interna: Valor dos títulos do governo em mão do público dentro das fronteiras nacionais.
Dívida Pública (endividamento público): Valor dos títulos do governo em mãos do público interno e
estrangeiro. Os diferentes critérios de dívida pública (ou endividamento público) decorrem de diferentes
definições de ―governo‖. Assim, podemos analisar apenas a dívida do governo federal, das três esferas de
governo, das três esferas de governo mais o Banco Central e assim por diante.
Economias de Escala: Ocorrem economias de escala quando os custos médios de produção se reduzem
quando a produção aumenta.
Equilíbrio: Em economia, uma situação é considerada de equilíbrio quando não há motivos econômicos
que estejam pressionando no sentido de qualquer mudança.
Economia Aplicada
79
nível de preços) e, por conta disso, muitas vezes os planos de combate à inflação são chamados
simplesmente de programas de estabilização. Durante o período em que tais programas estão sendo
operacionalizados, costuma-se dizer que o país atravessa um processo de estabilização.
Expansão Fase do ciclo de negócios na qual o PIB supera crescentemente sua tendência.
Flutuação “Suja”: Nome muitas vezes dado ao regime de câmbio administrado com pisos e tetos
informais. Nesse regime cambial o governo (em geral através do Banco Central) intervém no mercado de
moeda estrangeira de forma a impedir uma flutuação excessiva das taxas de câmbio. Em geral, neste tipo
de regime, o governo permite uma flutuação livre dentro de determinado intervalo, intervindo em seus
limites máximo e mínimo ou em momentos de grande variação das taxas.
Fundo do Poço: Fase do ciclo de negócios que marca a passagem da recessão para a recuperação.
Ilusão Monetária: Muitas vezes os agentes se iludem com a elevação absoluta de alguns preços. Por
exemplo: se o preço da margarina subisse 10%, poderíamos imaginar que o consumo de margarina
deveria cair. Se as pessoas se utilizassem apenas dessa informação, concluiriam que a margarina ficou
mais cara; e de fato foi isso que ocorreu em termos nominais. No entanto, suponha que, ao mesmo tempo
em que a margarina ficou mais cara em 10%, todos os outros preços e também o salário subiram 20%.
Neste caso, em relação à manteiga, por exemplo, a margarina ficou mais barata. Ao mesmo tempo, o
consumo de margarina representará uma parcela menor do gasto dos assalariados. Da mesma forma, se
uma aplicação financeira render 10% em termos nominais (isto é, sem descontar a inflação), poderemos
acreditar que foi um ganho expressivo. Mas, se os preços em geral subiram 20%, então teremos tido uma
perda real. Os agentes que se guiam, mesmo que momentaneamente, seguindo apenas as variações
nominais de preços têm a chamada ilusão monetária.
Indexação: Utilização de um índice de preços como forma de corrigir o valor de compromisso financeiro
(ou mesmo do preço de um bem específico), repondo as perdas reais decorrentes da inflação. A
desindexação consiste na tentativa de eliminar a prática da indexação, a qual tende a perpetuar a inflação,
pois apenas porque os preços subiram no passado, acabam por se elevar novamente se estiverem
indexados.
Inércia Inflacionária: Quando os preços em geral são reajustados de acordo com a inflação passada, o
simples fato de ter havido inflação no passado faz com que haja inflação no presente e o fato de haver
inflação no presente levará à ocorrência de inflação no futuro. Quando este processo se torna
generalilzado, dizemos que ocorre inflação inercial ou inércia inflacionária.
Inflação: Processo de elevação do nível geral de preços. Chama-se de inflação de custos a alta dos preços
causada por elevação dos custos das empresas (por exemplo, devido ao choque dos preços do petróleo,
como ocorreu nos anos 70, ou devido a uma alta de juros). Chama-se inflação de demanda a alta de
preços que é provocada por um aumento excessivo na procura, o qual leva os produtores a elevarem seus
preços, ainda que aumentem, simultaneamente, a produção.
Insumos: Bens e serviços utilizados direta ou indiretamente na produção de outros bens e serviços e que
estão univocamente associados a esses bens e serviços. Os insumos diretos correspondem em geral às
matérias-primas empregadas diretamente na produção. Os insumos indiretos correspondem em geral ao
transporte e à energia não-diretamente empregada na produção. Em resumo, insumo é tudo aquilo que
insome no processo produtivo.
Economia Aplicada
80
Meta(s) de Inflação: Níveis máximos e mínimos para a alta de preços tolerados por certos Bancos
Centrais. Ao divulgar suas metas de inflação, esses Bancos Centrais sinalizam a intenção de elevar os
juros caso a inflação exceda as metas e deixam claro que poderão baixar os juros quando a inflação
estiver convergindo para as metas.
Monetarismo: Escola de pensamento em Economia que vincula as flutuações das principais variáveis
macroeconômicas às oscilações na oferta monetária. Além disso, segundo os monetaristas, a inflação será
sempre causada por um aumento prévio e excessivo da quantidade de moeda em circulação (ver também
Teoria Quantitativa da Moeda). A abordagem monetarista foi superada por outras escolas de pensamento
(igualmente conservadoras) e hoje é uma corrente teórica em extinção.
Multiplicador monetário (ou multiplicador da Base Monetária): Fator que expressa a relação entre a
Base Monetária e os Meios de Pagamentos. Indica quantas vezes os Meios de Pagamentos são maiores
que a Base Monetária. Sintetiza o poder de "alavancagem" do sistema bancário, originado no fato de que
os depósitos bancários podem ser emprestados (parcialmente), gerando novos depósitos e assim por
diante. O multiplicador monetário é afetado pelos percentuais de depósitos compulsórios (de forma
inversamente proporcional) e pelas preferências do público entre utilizar papel moeda ou depósitos
bancários (quanto maior o uso dos depósitos, maior o multiplicador). Matematicamente é representado
por m = md + 1 / md + rd, onde md é a fração papel moeda / depósitos (expressando as preferências do
público) e rd é a fração reservas / depósitos (afetada pelos compulsórios). (Veja também o verbete
depósitos compulsórios.)
Nível Geral de Preços: Indicador que procura refletir o preço médio de todos os bens e serviços
transacionados em uma economia. Dada a impossibilidade de se saber exatamente qual este preço médio,
os institutos de pesquisa econômica calculam, por amostragem, índices de preço que procuram refletir as
alterações no nível geral de preços. A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, divulga o IGP - Índice
Geral de Preços, considerado um bom indicativo dos preços médios na economia brasileira. Toda vez que
o nível geral de preços se eleva, o aumento médio dos preços é captado pelo IGP. A variação percentual
deste índice é a chamada inflação captada pelo IGP.
Poupança Externa: A poupança externa absorvida por um país corresponde ao déficit em transações
correntes, isto é, o déficit nas balanças de bens e de serviços não-fatores, somado à Renda Líquida
Enviada ao exterior (RLE). A prova é simples. Suponha que só existem dois países: A e B. Para
Economia Aplicada
81
simplificar, vamos ignorar o setor governamental em ambos. Assim, as exportações do país A são iguais
às importações do país B e a RLE de A é igual a (-) RLE de B. Para A, teríamos as seguintes relações:
PIBA =CA+IA+XA-MA
PIBA=CA+SA+RLEEA
→ CA+IA+XA-MA = CA+SA+RLEEA → IA = SA+ (MA+RLEEA -XA)
A expressão acima mostra como o investimento de A é financiado: parte com a poupança do próprio país
(SA), parte com déficit externo (MA+RLEEA -XA). Por analogia, podemos concluir que o mesmo ocorre
em B, isto é:
→ IB = SB+ (MB+RLEEB -XB)
Rearranjando os termos da expressão acima, e lembrando que X A=MB, MA=XB e que RLEEA=(-)RLEEB,
temos:
→ SB = IB + (MA +RLEEA - XA)
O que prova que o investimento em A é financiado com parte da poupança de B, equivalente ao déficit
externo de A, isto é, (MA+RLEEA - XA).
Proxy: Palavra inglesa. É utilizada em Economia quando não é possível identificar na prática algum
conceito teórico. O Índice Geral de Preços, por exemplo, é utilizado como proxy do Nível Geral de
Preços, dada a impossibilidade de se acompanhar com certeza a média de todos os preços de bens e
serviços.
Recessão: Fase do ciclo de negócios onde o PIB se encontra abaixo de sua tendência e se distancia
crescentemente dela.
Recuperação: Fase do ciclo de negócios na qual o PIB, muito embora encontre-se abaixo de sua
tendência, aproxima-se continuamente dela.
Senhoriagem, Senhoragem ou seignorage: Lucro obtido pelo governo ao emitir moeda. Tem este nome
devido ao fato de que os senhores feudais muitas vezes promoviam o recolhimento de moedas de ouro e
prata e as refundiam, emitindo um número maior de moedas, cada qual com um conteúdo menor de metal
precioso. Logo que o público notava a redução do valor em ouro das moedas emitidas, passava a exigir
maior número delas por suas mercadorias, gerando inflação. Como o senhor era o primeiro a se utilizar
das ―novas moedas‖, obtinha lucro na transação.
SELIC: Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Públicos Federais. Sistema baseado em
Tecnologia da Informação através do qual o Banco Central administra um computador de grande porte
em rede com instituições financeiras que operam na compra e venda direta de títulos públicos federais
brasileiros. Graças a esse sistema, os títulos públicos no Brasil não têm existência física: são meros
lançamentos na rede administrada pelo BACEN. Ao fixar a taxa de juros Selic, o Banco Central anuncia
que taxa de juros equivalente anual pretende aceitar nas operações com títulos federais.
Tarifa: Em geral, chamamos de tarifa duas coisas bastante distintas: o imposto aplicado sobre os bens
importados e o preço cobrado pelos serviços públicos. Assim, toda vez que ouvimos falar de ―barreiras
tarifárias à importações‖, sabemos que se trata de medidas que visam dificultar a compra de produtos
estrangeiros através da imposição de tributos para sua aquisição. Já as barreiras não tarifárias referem-se a
proibições puras e simples de se importar
determinados bens. Por outro lado, quando ouvimos falar de ―reajuste de tarifas públicas‖, sabemos que
se trata de aumento nos preços cobrados na prestação de serviços de utilidade pública. Com a
privatização, estas tarifas tendem a se tornar cada vez mais privadas, ainda que sejam controladas pelos
órgãos reguladores.
Taxa de Câmbio: Preço em moeda nacional de uma moeda estrangeira ou de uma cesta de moedas
estrangeiras.
Taxa de Juros: Percentual pago a cada período de tempo pela utilização de dinheiro de terceiros.
Teoria Quantitativa da Moeda: Esta teoria defende a idéia de que existe uma relação direta e
proporcional entre o volume de moeda em circulação e o nível de preços. Como conseqüência, quanto
mais moeda, maior o nível de preços e, portanto, o aumento do volume de moeda em circulação causa
Economia Aplicada
82
inflação. Expressando sua crença nesta teoria, os monetaristas afirmam que ―a inflação é, sempre e em
toda parte, um fenômeno monetário‖.
Termos de Troca ou Termos de Intercâmbio: Relação entre os preços dos bens exportados e dos bens
importados por determinado país. Se os produtos exportados estão subindo de preço mais do que os
importados, dizemos que está havendo um melhora dos termos de troca.
Quando os preços dos importados sobem mais do que os dos exportados, dizemos que há uma piora dos
termos de troca.
Valor Adicionado ou Valor Agregado: Diferença entre o valor da produção (faturamento) de uma firma
ou conjunto de firmas e os custos incorridos na forma de pagamentos a outras firmas. Corresponde à
soma dos pagamentos brutos feitos a trabalhadores e empresários (incluindo impostos indiretos embutidos
no faturamento bruto e que serão repassados ao governo posteriormente).
Valor de Face: Suponhamos que um agente emita uma nota promissória no valor de R$ 1.000. Ela trará
estampado este valor em sua face. Isto significa que o devedor promete pagar ao portador da nota aquela
quantia na data de vencimento do título. Não importa quanto o devedor recebeu em dinheiro na data em
que emitiu a nota, seu valor de face será R$ 1.000. O portador deste título poderá até negociá-lo no
mercado secundário, ―passando para frente‖ esta nota por, digamos R$ 800. Aconteça o que acontecer
com a nota, seu valor de face não se altera, pois refere-se à ―promessa‖ feita inicialmente de que, na data
de seu vencimento, ela será resgatada por R$ 1.000. Em princípio, o termo valor de face pode aplicar-se a
qualquer título de crédito, desde que seu valor de resgate seja pré-fixado, isto é, combinado a priori.
Economia Aplicada
83
5. Textos de Apoio
A aula dada no dia 13 de agosto, no auditório da Uerj, está sendo repassada pela Internet
para engenheiros e estudantes por causa de sua qualidade. Leia o que disse Weber Figueiredo:
Para começar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que eu vou chamar de
bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lá em casa, depois que várias
receitas prontas não deram certo. É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro
vamos falar de bananas, bananadas e vovó. A banana é um recurso natural, que não sofreu
nenhuma transformação. A bananada é = a banana + outros ingredientes + a energia térmica
fornecida pelo fogão + o trabalho da vovó e + o conhecimento, ou tecnologia da vovó. A
bananada é um produto pronto, que eu vou chamar de riqueza. E a vovó? Bem a vovó é a dona
do conhecimento, uma espécie de engenheira da culinária. Agora, vamos supor que a banana e a
bananada sejam vendidas. Um quilo de banana custa um real. Já um quilo da bananada custa
cinco reais. Por que essa diferença de preços? Porque quando nós colhemos um cacho de
bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas. Agora, quando a
vovó, ou a indústria, faz a bananada, ela cria empregos na indústria do açúcar, da cana-de-
açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres e até na de
embalagens, porque tudo isto é necessário para se fabricar a bananada. Resumindo, 1kg de
bananada é mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia
agregada, e a sua fabricação criaram mais empregos do que simplesmente colher o cacho de
bananas da bananeira.
Economia Aplicada
84
Agora vamos falar de outro exemplo que acontece no dia-a-dia no comércio mundial de
mercadorias. Em média: 1kg de soja custa US$0,10 (dez centavos de dólar), 1kg de automóvel
custa US$ 10, isto é, 100 vezes mais, 1kg de aparelho eletrônico custa US$ 100, 1kg de avião
custa US$1.000 (10 mil quilos de soja) e 1kg de satélite custa US$ 50.000. Vejam, quanto mais
tecnologia agregada tem um produto, maior é o seu preço, mais empregos foram gerados na sua
fabricação. Os países ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa científica e
tecnológica. Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$
250. Para pagarmos esta plaquinha eletrônica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minério
de ferro. A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no
estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro, cria pouquíssimos e péssimos
empregos aqui no Brasil. O Japão é pobre em recursos naturais, mas é um país rico. O Brasil é
rico em energia e recursos naturais, mas é um país pobre. Os países ricos são ricos
materialmente porque eles produzem riquezas. Riqueza vem de rico. Pobreza vem de pobre.
País pobre é aquele que não consegue produzir riquezas para o seu povo. Se conseguisse, não
seria pobre, seria país rico.
Gostaria de deixar bem claro três coisas: 1º) quando me refiro à palavra riqueza, não
estou me referindo a jóias nem a supérfluos. Estou me referindo àqueles bens necessários para
que o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto; 2º) não estou defendendo o
consumismo materialista como uma forma de vida, muito pelo contrário; e 3º) acho abominável
aqueles que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do
ser humano. Existem nações que são ricas, mas que agem de forma extremamente pobre e
desumana em relação a outros povos. Creio que agora posso falar do ponto principal. Para que o
nosso Brasil torne-se um País rico, com o seu povo vivendo com dignidade, temos que produzir
mais riquezas. Para tal, precisamos de conhecimento, ou tecnologia, já que temos abundância de
recursos naturais e energia. E quem desenvolve tecnologias são os cientistas e os engenheiros,
como estes jovens que estão se formando hoje. Infelizmente, o Brasil é muito dependente da
tecnologia externa.
Quando fabricamos bens com alta tecnologia, fazemos apenas a parte final a produção.
Por exemplo: o Brasil produz 5 milhões de televisores por ano e nenhum brasileiro projeta
televisor. O miolo da TV, do telefone celular e de todos os aparelhos eletrônicos, é todo
importado. Somos meros montadores de kits eletrônicos. Casos semelhantes também acontecem
na indústria mecânica, de remédios e, incrível, até na de alimentos. O Brasil entra com a mão-
de-obra barata e os recursos naturais. Os projetos, a tecnologia, o chamado pulo do gato, ficam
no estrangeiro, com os verdadeiros donos do negócio. Resta ao Brasil lidar com as chamadas
caixas pretas. É importante compreendermos que os donos dos projetos tecnológicos são os
donos das decisões econômicas, são os donos do dinheiro, são os donos das riquezas do mundo.
Assim como as águas dos rios correm para o mar, as riquezas do mundo correm em direção aos
países detentores das tecnologias avançadas. A dependência científica e tecnológica acarretou
para nós brasileiros a dependência econômica, política e cultural. Não podemos admitir a
continuação da situação esdrúxula, onde 70% do PIB brasileiro é controlado por não residentes.
Ninguém pode progredir entregando o seu talão de cheques e a chave de sua casa para o vizinho
fazer o que bem entender.
O curso de engenharia da UERJ, com todas as suas possíveis deficiências, visa a formar
engenheiros capazes de desenvolver tecnologias. É o chamado engenheiro de concepção, ou
engenheiro de projetos. Infelizmente, o mercado desnacionalizado nem sempre aproveita todo
Economia Aplicada
85
este potencial científico dos nossos engenheiros. Nós, professores, não podemos nos curvar às
deformações do mercado.
Temos que continuar formando engenheiros com conhecimentos iguais aos melhores do
mundo. Eu posso garantir a todos os presentes, principalmente aos pais, que qualquer um destes
formandos é tão ou mais inteligente do que qualquer engenheiro americano, japonês ou alemão.
Os meus trinta anos de magistério, lecionando desde o antigo ginásio até a universidade, me
dão autoridade para afirmar que o brasileiro não é inferior a ninguém, pelo contrário, dizem até
que somos muito mais criativos do que os habitantes do chamado primeiro mundo.
O que me revolta, como professor cidadão, é ver que as decisões políticas tomadas por
pessoas despreparadas ou corruptas são responsáveis pela queima e destruição de inteligências
brasileiras que poderiam, com o conhecimento apropriado, transformar o nosso Brasil num país
florescente, próspero e socialmente justo.
Acredito que o mundo ideal seja aquele totalmente globalizado, mas uma globalização
que inclua a democratização das decisões e a distribuição justa do trabalho e das riquezas.
Infelizmente, isto ainda está longe de acontecer, até por limitações físicas da própria natureza.
Assim, quem pensa que a solução para os nossos problemas virá lá de fora, está muito
enganado. O dia que um presidente da República, ao invés de ficar passeando como um dândi
pelos palácios do primeiro mundo, resolver liderar um autêntico projeto de desenvolvimento
nacional, certamente o Brasil vai precisar, em todas as áreas, de pessoas bem preparadas. Só
assim seremos capazes de caminhar com autonomia e tomar decisões que beneficiem
verdadeiramente a sociedade brasileira. Será a construção de um Brasil realmente moderno,
mais justo, inserido de forma soberana na economia mundial e não como um reles fornecedor de
recursos naturais e mão-de-obra aviltada.
Quando isto ocorrer, e eu espero que seja em breve, o nosso País poderá aproveitar de
forma muito mais eficaz a inteligência e o preparo intelectual dos brasileiros e, em particular, de
todos vocês, meus queridos alunos, porque vocês já foram testados e aprovados. Finalmente,
gostaria de parabenizar a todos os pais pela contribuição positiva que deram à nossa sociedade
possibilitando a formação dos seus filhos no curso de engenharia da UERJ. A alegria dos
senhores, também é a nossa alegria.
Muito obrigado."
O mês de abril marcou uma mudança histórica nas relações comerciais do Brasil. Pela
primeira vez, a China se consolidou como maior parceiro comercial do país. Neste ano, os
chineses foram responsáveis pelo volume mais alto de comércio (soma de exportações e
importações) com os brasileiros. O Brasil manteve os Estados Unidos como principal parceiro a
partir de 1930, quando os norte-americanos desbancaram a Inglaterra do pódio do comércio
mundial.
Economia Aplicada
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"Não quer dizer que isso vá se estabilizar a médio prazo dessa forma, e esperamos que os
Estados Unidos se recuperem a partir de 2010, disse o secretário de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.
Ele lembrou que as vendas brasileiras caíram, em média, 30% para os EUA, Europa, e
América Latina. Mantiveram-se estáveis para o Oriente Médio e África. Mas cresceram 28,2%
para a Ásia, com a China sendo responsável por dois terços das compras asiáticas de produtos
do Brasil.
De janeiro a abril, o Brasil ainda comprou mais dos EUA (US$ 6,841 bilhões) que da
China (US$ 4,616 bilhões), mas a corrente de comércio (exportações mais importações) é
favorável ao país asiático em US$ 1,523 bilhão.
O secretário ressaltou que "a Ásia como um todo passa a ser o centro dinâmico ao qual os
exportadores brasileiros terão que dar crescente atenção". É uma tendência que vinha se
verificando mesmo antes da crise internacional, com importações crescentes também de
Taiwan, Coreia do Sul, Indonésia e Índia, dentre outros.
Na relação abril/março o Brasil exportou mais açúcar (10,2%), café em grão (10,8%),
couro (19,3%), carne bovina (14%), carne de frango (21,5%), carne suína (18%), petróleo
(42,5%), automóveis (23,8%), autopeças (18,4%), minério de ferro (16,6%), celulose (55,3%),
produtos químicos (22,9%), semimanufaturados de ferro e aço (53,1%), laminados planos
(25,6%), fio-máquina e barra de ferro/aço (15,2%) e alumínio em bruto (50,7%).
Economia Aplicada
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partes (-30,6%), etanol (-28,7%), automóveis (-22,9%), laminados planos (-21,7%), aviões (-
16,3%), couros e peles (-53,8%), ferro-ligas (-14,8%) e óleo de soja em bruto (-97,7%).
A AmBev foi condenada por exigir exclusividade dos seus produtos em pontos de venda
e inibir a venda de outras marcas. O Cade entendeu que isso prejudicou as outras marcas de
cerveja e o consumidor. O valor corresponde a 2% do faturamento bruto da empresa no ano de
2003, anterior à instauração do processo.
"Os consumidores são os mais prejudicados. Não terão eles nem a variedade nem os
preços desejados", afirmou o relator do processo, Fernando de Magalhães Furlan.
Furlan criticou ainda a AmBev dizendo que ela, como líder, tem responsabilidade sobre
atos que repercutem em todo o mercado. A empresa tem mais de 70% do mercado de cerveja e
produz, entre outras, Skol, Brahma e Antarctica.
O conselho determinou ainda que a AmBev pare com os programas de fidelidade que
exigem exclusividade, sob pena de multa diária de R$ 53,2 mil.
Processo
O processo contra a AmBev foi aberto em 2004 depois de denúncia da concorrente
Schincariol contra os programas de fidelização de pontos de vendas "Tô Contigo" e "Festeja". A
Schincariol acusava a Ambev de oferecer a bares, mercearias e supermercados acordos de
exclusividade, descontos e bonificações para que os pontos de venda comercializassem as
bebidas da empresa, prejudicando, assim, a venda das marcas concorrentes.
Economia Aplicada
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A SDE fez várias inspeções e até uma pesquisa elaborada pelo Ibope com pontos de
vendas para levantar irregularidades. Para o órgão, haveria a imposição de exclusividade aos
vendedores que entrassem no programa ou a limitação na comercialização de marcas
concorrentes. Em troca, os vendedores poderiam comprar as cervejas AmBev por preços mais
baixos. De acordo com o relatório, a empresa chegava a fiscalizar os freezers dos pontos de
venda para checar se não havia marcas concorrentes.
Defesa
A AmBev alegou que os programas de fidelização eram legais e que beneficiavam o
consumidor e ao ponto de venda. "Ao primeiro, porque poderia adquirir produtos com desconto,
e, ao segundo, por receber material publicitário específico que lhe permitiria alavancar suas
vendas", afirmou a empresa.
Segundo a AmBev, não houve nenhum tipo de sanção aos pontos de vendas que aderiram
aos programas e continuaram vendendo outras marcas. A empresa admitiu, porém, que, na
primeira fase do programa "Tô Contigo", se algum ponto de venda comercializasse outras
marcas, "era desligado porque não mais se enquadrava no perfil.
Laureado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008, o filme "Os Falsários" ("Die
Fälscher"), de Stefan Ruzowitzky (Áustria e Alemanha, 2007), também tem o mérito de lembrar
que a emissão descontrolada de moeda pode prejudicar um país. O filme mostra que durante a
Segunda Guerra Mundial os nazistas forçaram prisioneiros selecionados em campos de
concentração a falsificarem libras sem, contudo, explicar como aquela falsificação poderia
debilitar a economia britânica.
Por isso, a contínua e pujante introdução das libras falsas produzidas pelos falsários do
filme acabaria subvertendo a estrutura de preços existente na Inglaterra, ou seja, destruiria um
Economia Aplicada
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conjunto de informações estabelecido pela circulação da moeda, que é vital para a estabilidade
de um país. Adicionalmente, uma inflação britânica descontrolada acirraria a desvalorização da
libra, prejudicando as transações internacionais do Reino Unido.
Talvez a história tivesse sido outra, se "Os Falsários" não tivessem postergado e
restringido ao máximo a produção de dólares falsos. Coube, entretanto, ao governo dos Estados
Unidos emitir dólares de forma excessiva, até para arcar os gastos com a Guerra do Vietnã na
década de 1960. Tal procedimento elevou a inflação do país, além de inviabilizar no início da
década de 1970 o regime cambial de Bretton Woods, que fora favorável aos EUA e restringira
os riscos cambiais no mundo.
Uma notável expansão monetária também ocorreu no Brasil na década de 1980, quando a
taxa de inflação tendia a crescer a cada mês. A ameaça da hiperinflação era contornada com
pacotes econômicos que, em geral, trocavam o nome da moeda. No início de sua circulação, o
cruzado (1986), o cruzado novo (1989) e o cruzeiro (1990) geravam uma ilusória perspectiva de
estabilidade, que não se sustentava pela falta de austeridade monetária e fiscal. Era igualmente
grave quando os governantes conclamavam o povo para fiscalizar os preços, atiçando na
população a ideia de os empresários eram os responsáveis pelo descontrole inflacionário.
Esta forma de tributar dificultava a formação de preços de ativos, produtos e serviços até
pela expectativa de inflação ser uma profecia autorrealizável. Era uma especulação alheia às
iniciativas empresariais a escolha do índice a aplicar nos reajustes, que exigiam um
processamento extra. Isso prejudicava a agilidade empresarial que poderia ampliar as transações
em quantidade e variedade e até arrefecer os impactos daquela expansão monetária descabida do
governo, que agia sem responsabilidade fiscal e monetária.
Este texto foi originalmente publicado na edição eletrônica e também impressa de sexta-
feira, 17 de julho de 2009 do jornal Valor Econômico, na coluna "Palavra do Gestor" na página
D2 do Caderno Investimentos.
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Se existe uma receita específica nos manuais de Introdução à Economia capaz de levar ao
desenvolvimento econômico, certamente alguns dos ingredientes responsáveis por isso e que, de
certa forma, ajudam a entender o presente termo, conceituado aqui como melhoria substancial
na qualidade de vida das pessoas de forma a se adquirir bem-estar material, indiscutivelmente
esses ingredientes são a acumulação de capital (constante e variável), o progresso tecnológico
de forma expansiva incorporado ao processo produtivo e ao próprio capital, a ampliação de
todos os tipos de conhecimentos, o aumento da produtividade e da renda per capita, o
crescimento do produto adicionado por habitante, a estabilidade política via sistema
democrático capaz de promover transformações sociais e políticas, a produção de serviços e
bens mais sofisticados e a existência de instituições específicas no ambiente econômico
equilibradas, dinâmicas e competitivas, em especial, a principal delas – o mercado.
Percebe-se, assim, que todos querem, mas não são todas as sociedades que conquistam o
tão almejado desenvolvimento econômico; muitas param apenas no estágio conhecido como
crescimento econômico, quando apenas ocorre aumento da renda per capita e não chegam assim
ao desenvolvimento propriamente dito.
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crescimento equilibrado (balanced growth) onde propôs a intervenção do Estado como a melhor
forma de quebrar o círculo vicioso de baixa poupança e fraco crescimento para entrar no círculo
virtuoso da alta poupança e forte crescimento da economia.
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Superados esses obstáculos, o caminho rumo à melhoria da qualidade de vida das pessoas
se aproxima. Obstáculos são superados mediante transformações. Por sinal, é para isso que a
ciência econômica surgiu – para promover verdadeiras e produndas transformações - desde os
trabalhos iniciais dos fisiocratas que inspiraram a Enciclopédia de Diderot e aspectos
importantes da Revolução Francesa. É nesse intuito de transformações sociais, políticas e
econômicas que os agentes econômicos devem ser inseridos. Em sociedades atrasadas que se
encontram nos estágios iniciais da busca do desenvolvimento, a macroeconomia precisa girar
em torno das condições propícias a expansão da atividade produtiva promovendo a mais radical
transformação sonhada pelos ideais democráticos: promover e assegurar o desenvolvimento da
economia e melhorar a vida de todos.
O país terá uma economia forte, muito mais desenvolvida do ponto de vista tecnológico e
do ensino, e também "ainda mais democrática que a atual", afirma Lula, em entrevista ao jornal
britânico "Financial Times".
"É um momento glorioso, quase mágico da história do Brasil", afirma Lula, após explicar
que o país terá que realizar um grande programa de investimentos diante da Copa do Mundo de
2014 e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.
Lula afirma que sua presença nesta capital, como as viagens que realizará à Alemanha e,
no próximo ano, à Espanha, tem como objetivo justamente atrair investimentos privados ao
Brasil em benefício de setores como o petrolífero, a construção e os trens de alta velocidade.
Em sua entrevista ao jornal britânico, Lula afirma que, embora o Brasil tenha que "fazer
ajustes", "não há nenhum outro país que tenha atualmente uma posição fiscal tão saudável" e
declara, a respeito, que há um projeto de lei de reforma tributária no Congresso.
Sobre como o Brasil enfrentou a crise econômica, Lula diz que seu governo começou a
adotar uma série de medidas em 2007, "sem saber que haveria crise"
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Segundo Lula, seu governo não trabalha com a ideia de que a crise terminou, mas sim que
"pode ser superada" e se propõe, para isso, a continuar impulsionando os investimentos em uma
economia diversificada.
O presidente afirma que não faz sentido buscar um acordo que depois os países não
poderão cumprir, uma proposta que seja inviável.
Em relação ao estado das relações entre o Brasil e outros países da América Latina,
afirma que são "as melhores possíveis" e acrescenta que a democracia é "extraordinária, porque
permite viver democraticamente na diversidade".
Lula coloca como exemplo para a região a unificação da Europa, que considera a "melhor
demonstração de que, com vontade política, é possível superar qualquer tipo de obstáculos".
"O Brasil está desenvolvendo alianças com todos os países, dentro do respeito à soberania
de cada um", afirma.
Em 2008, a britânica BP adquiriu uma fatia de 50% na Tropical Bioenergia. A Bunge fez
acordo em dezembro para comprar a Moema, por US$ 452 milhões, enquanto em 2009 a
francesa Louis Dreyfus ampliou sua participação no setor ao assumir a Santelisa Vale.
"A visão da Cosan é se tornar uma líder global em energia limpa e renovável. O nosso
tamanho, grau de sofisticação e estágio de desenvolvimento recomenda um parceiro que não
apenas compartilhe estes objetivos, mas também tenha acesso a mercados internacionais...",
afirmou Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do Conselho de Administração da Cosan, em
comunicado nesta segunda-feira.
Por volta das 13h20 (horário de Brasília), as ações da Cosan saltavam cerca de 12%,
enquanto as da Shell operavam em alta de 1,3%.
O memorando assinado pela Cosan prevê negociações exclusivas por 180 dias para a
formação da joint-venture que vai unir os negócios da Cosan de açúcar e etanol, incluindo co-
geração de energia, com ativos de distribuição e comercialização de combustíveis da Shell no
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Segundo o diretor financeiro da Cosan, Marcelo Martins, a joint-venture deve ter uma
receita bruta anual estimada em 40 bilhões de reais.
Enquanto isso, a Shell vai fazer em até dois anos aporte em dinheiro na joint-venture de
cerca de US$ 1,625 bilhão e valor "contingente" estimado em 300 milhões de dólares ao longo
de cinco anos, "a título de contribuição adicional baseada em ganhos futuros da estrutura
conjugada".
Distribuição nacional
Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, com o negócio, a
distribuição deve ficar "cada vez mais nacionalizada no Brasil".
Ele lembrou que agora o forte da distribuição está com grupos brasileiros: BR
Distribuidora, Ipiranga (Grupo Ultra), Cosan/Shell e Ale.
A Petrobras teria dado "mandato" a um banco para negociar eventuais aquisições de até
oito usinas, segundo Pires. Nelson Matos, do BB Investimentos, considerou que o negócio "é
positivo para as empresas, que ganham escala, mas em distribuição ainda ficam aquém da
Petrobras".
Para Matos, após a formação da joint-venture, será a Ale que ficará "na mira de compra".
A Cosan vai dar mais esclarecimentos sobre a operação ainda nesta segunda-feira. A
companhia vai deixar de fora da associação suas atividades com produção e venda de
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(Com reportagem adicional de Denise Luna, no Rio, e Roberto Samora, em São Paulo;
edição de Marcelo Teixeira)
O sobe-e-desce da Bolsa de Valores faz parte deste tipo de investimento. Neste ano,
porém, o ―desce‖ vem surpreendendo os investidores além da conta. E o motivo da queda vem,
basicamente, da saída dos investidores estrangeiros da Bovespa. Só para se ter uma ideia, desde
o começo do ano até a semana passada, eles tiraram do Brasil R$ 2,549 bilhões.
―Eles ainda são um peso-pesado na Bolsa‖, diz o diretor geral da Enfoque Informações
Financeiras, Fausto de Arruda Botelho. Ele explica que o perfil dos investidores de fora é
mesclado. ―São árabes, franceses, americanos. Eles estão em grandes fundos de investimentos
que buscam as melhores rentabilidades‖, afirma.
E, como esses fundos estão nas mãos de gestores profissionais, eles tendem a ser mais
racionais. Vendem seus papéis quando precisam tapar um buraco em outro mercado ou quando
acreditam que aquela economia dá sinais de alerta.
Grau de investimento
A chegada de estrangeiros na Bovespa se intensificou em 2008, quando o Brasil atingiu
três graus de investimento, status concedido por agências internacionais de análise de risco
(Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch). A nota indica para o investidor o risco de tomar o calote
de uma empresa ou um país (quanto melhor a nota, menor o risco). ―A qualquer sinal de
estresse, o investidor vai embora‖, diz Manuel Lois, diretor da corretora Spinelli.
―Assim como os estrangeiros vão embora, eles voltam‖, afirma Lois. Quais papéis eles
buscam? ―Sempre as blue chips, as ações mais negociadas da Bolsa, que fazem parte do
Ibovespa.‖
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E o que o minoritário deve fazer quando os estrangeiros deixam o Brasil e puxam a Bolsa
para baixo? ―Comprar. As ações ficam mais baratas, e é hora de abrir a carteira‖, diz Lois.
Confessar), porém, pode ser observado que (Não Confessar; Não Confessar) conduz a um
resultado, onde os pagamentos individuais são simultaneamente mais eficientes para ambos os
jogadores. O fato é que a estratégia Não Confessar é estritamente dominada pela estratégia
Confessar, de modo que ela não é jogada. Na figura anterior, com os valores representados na
matriz de pagamentos, isso fica claro, uma vez que nenhum dos prisioneiros irá arriscar-se a
escolher a estratégia Não Confessar, porque eles não têm nenhuma garantia ou informação de
que o outro fará o mesmo. Caso o outro prisioneiro escolha Confessar, o prisioneiro que não
confessou acabará numa situação de prejuízo superior àquela correspondente ao equilíbrio de
Nash do jogo.
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Quando, nas aplicações financeiras da teoria dos jogos, duas empresas fazem o papel dos
prisioneiros, para sair da situação do Dilema do Prisioneiro, seria necessário que ambas
formassem um acordo de cooperação no sentido de selecionarem o perfil de estratégias mais
eficiente para ambas simultaneamente em termos de geração de lucros. Ainda em relação à
matriz de pagamentos da figura anterior, caso os valores 0, -1, -2 e -3 fossem substituídos por A,
B, C e D, respectivamente, qualquer jogo em que A > B > C > D representaria uma situação de
Dilema do Prisioneiro.
Foi anunciada oficialmente neste domingo (28) a venda da Volvo, fabricante sueca de
veículos, à Geely, a maior montadora privada da China. A formalização do negócio acontecerá
ao longo dos próximos meses, informa o boletim Automotive News Europe. A Ford receberá
US$ 1,8 bilhão, mas pagou pela Volvo cerca de US$ 6,4 bilhões em 1999. Na ponta do lápis, a
perda é de US$ 4,6 bilhões.
A Volvo fazia parte do -- agora fechado -- leque de marcas premium do grupo norte-
americano Ford, que já incluiu Aston Martin, Land Rover e Jaguar, estas duas últimas vendidas
para o grupo indiano Tata. A venda da marca sueca -- que tem obtido bons resultados com seus
modelos no Brasil -- aos chineses vinha sendo negociada desde outubro de 2009.
Por sua vez, a chinesa Geely, uma montadora de veículos que nasceu como fábrica de
geladeiras em 1986, seis anos depois passou a fabricar motocicletas, e em 1998 lançou seu
primeiro carro, consolida-se como player no mercado automotivo mundial. No ano passado, a
Geely fabricou cerca de 329 mil veículos. Por ora, não vende seus produtos no Brasil.
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11- Preço do Viagra deve cair até 50% com fim da patente
29/04/2010 - 11h06 – Agência Estado
São Paulo - O medicamento genérico com o mesmo princípio ativo do Viagra já deverá
estar disponível para os consumidores a partir do dia 21 de junho. Pelo menos essa é a
expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró
Genéricos). Ontem, por cinco votos contra um, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acabou com
a exclusividade do laboratório Pfizer na produção do medicamento. O prazo da empresa termina
em 20 de junho.
Com o fim da patente, a expectativa é de que o preço do remédio, que é o mais usado para
disfunção erétil no Brasil, fique de 35% a 50% mais baixo. A decisão também abre caminho
para o fim da patente de outros medicamentos.
Estudos da Universidade de São Paulo (USP) apontam que 40% dos homens no País têm
algum tipo de disfunção erétil. Especialistas acreditam que, com o custo mais baixo, um maior
número de médicos irá prescrever o medicamento. Atualmente, uma caixa com dois
comprimidos de 50 mg de Viagra custa em torno de R$ 60, ou seja, R$ 30 por comprimido. Na
Argentina, onde a patente não é reconhecida, o preço é R$ 2.
Um ranking divulgado pela SIR (SCImago Institutions Ranking) mostra que, entre as
universidades ibero-americanas, a USP (Universidade de São Paulo) foi a primeira entre 607
instituições em produção científica entre 2003 e 2008. A Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas), a Unesp (Universidade Estadual Paulista) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro) também aparecem no top 10.
A USP também lidera nas listagens feitas por área: em ciências sociais, ciências físicas,
ciências da vida e ciências da saúde. No ranking mundial, a universidade é a 19ª, segundo o
SIR.
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participaram da pesquisa (109), seguido por Colômbia (89) e Espanha (85). Este último foi o
país com o maior número de produções (208.078). Os brasileiros são os segundos colocados
(178.765) e os portugueses, os terceiros (49.541).
A Drogaria São Paulo anunciou nesta terça-feira a aquisição da rede Drogão, que conta
com 72 lojas no Estado de São Paulo e tem forte presença em shopping centers. O acordo,
realizado por meio de troca de ações, dará origem à maior rede farmacêutica paulista e nacional,
conforme comunicado enviado ao mercado pela Drogaria São Paulo.
Segundo ele, a decisão foi tomada com o foco na inflação. O secretário evitou fazer uma
avaliação mais ampla, considerando o ritmo de crescimento econômico. Bittencourt informou
também que o CMN confirmou o centro da meta de inflação para 2011 em 4,5%, com uma
variação de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima.
Bittencourt disse que o CMN considerou a meta de inflação de 4,5% e o risco país de 150
pontos-base para manter em 6% ao ano a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o terceiro
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trimestre de 2010. "Por ser uma taxa de longo prazo, não consideramos apenas a expectativa do
momento", disse o secretário.
Segundo ele, o risco país é um mix da média dos últimos meses, com a expectativa
futura. Ele disse também que para fixar a TJLP o governo trabalha com o horizonte de um a 10
anos, que corresponde ao período da maior parte dos financiamentos do BNDES. A TJLP é a
taxa utilizada pelo BNDES para corrigir os financiamentos do banco e é fixada a cada três
meses pelo CNM.
"Podendo ser até maior. Com essa variação, teríamos o maior crescimento do PIB em 24
anos", afirmou o titular da pasta nesta sexta-feira ao comentar o desempenho da economia
brasileira.
Para Mantega, o segundo semestre deve ter um aumento menor, entre 5% e 5,5%,
expansão que, fez questão de ressaltar, não gera inflação. "No ano, será um resultado excelente,
com crescimento maior e inflação menor", disse.
PÉ NO ACELERADOR
ESTIMATIVA
O resultado do trimestre passado ficou mais próximo do que havia indicado o Banco
Central no IBC-Br (Índice de Atividade do BC), divulgado no início do mês, quando estimou
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que a atividade econômica havia crescido 1,32% no segundo trimestre de 2010 em relação ao
trimestre anterior, no segundo trimestre seguido de desaceleração.
INVESTIMENTOS
O investimento, medido pela chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiu 26,2% de
janeiro a junho frente os seis primeiros meses de 2009. No segundo trimestre, se comparado aos
três meses imediatamente anteriores, houve crescimento de 2,4%; Em relação a igual trimestre
em 2009, o IBGE aponta alta de 26,5%, a maior alta desde o início da série histórica em 1996.
A taxa de investimento representou 17,9% da formação do PIB no segundo trimestre.
SETORES
O setor industrial teve avanço de 14,2% no primeiro semestre. No segundo trimestre, apresentou
aumento de 1,9% frente ao primeiro trimestre; na comparação com igual período em 2009,
houve avanço de 13,8%.
O setor agropecuário teve desempenho 8,6% superior nos primeiros seis meses deste ano, em
relação a período correspondente no ano passado. No segundo trimestre, a elevação perante ao
trimestre anterior foi de 2,1%; em relação ao período de abril a junho de 2009, a agropecuária
teve alta de 11,4%.
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