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Estágio Supervisionado;
Cordialmente,
Chanceler
Formação Humanística Unifacs
1. Comunicação
4. Conjuntura Econômica
7. Psicologia e Comportamento
Estudar as interações dos indivíduos no cotidiano, nos grupos dos quais fa-
zem parte, e avaliar papeis e funções nas relações pessoais e profissionais.
8. Filosofia
9. Empreendedorismo
Enfatizar a importância dos cuidados preventivos com a saúde para obter uma
melhor qualidade de vida dando a base para o pleno desenvolvimento dos projetos
pessoais e profissionais.
CONJUNTURA ECONÔMICA
Autor: Gustavo Cassebi Pessoti - Adaptação: Carlos Mauricio Castro.
© 2013. Universidade Salvador – UNIFACS – Laureate International Universities
É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização.
Disciplina: Conjuntura Econômica.
Diretor Presidente
Marcelo Henrik
Chanceler
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Reitora
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Coordenador Geral
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Coordenador de Processos Operacionais
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Coordenadora Acadêmico-Administrativa
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Coordenadora SPACEAD
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Revisão / estrutura
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Sonildes de Jesus Sousa
Contato: www.unifacs.br | UNIFACS Atende: 3535-3135 - Demais Localidades: 0800 284 0212
SUMÁRIO
FORMAÇÃO HUMANÍSTICA UNIFACS................................................................................................................................................3
CONJUNTURA ECONÔMICA............................................................................................................... 5
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Mauricio Castro.
Olá!
CONCEITO DE ECONOMIA
A economia passou por muitas evoluções na sua concepção teórica até que
se pudesse amplificar o seu conceito e adequá-lo ao ramo das ciências sociais. O ter-
mo foi estudado pelas mais diversas escolas do pensamento econômico, até que se ________________________
chegasse a um denominador comum e universal sobre a proposta real de análise das ________________________
ciências econômicas. ________________________
________________________
Para efeitos do nosso estudo, vamos simplificar e dizer que economia é uma
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ciência social que estuda a maneira pela qual os homens decidem empregar recursos
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escassos, a fim de produzir diferentes bens e serviços a atender às necessidades de
________________________
consumo.
________________________
Paulo Sandroni, em seu Novíssimo Dicionário de economia (1999) – material ________________________
obrigatório para todos aqueles que querem aprender as principais expressões do ________________________
“economês” -, corrobora a definição anterior. Segundo esse autor, a economia é assim ________________________
definida: ________________________
________________________
Ciências que estudam a atividade produtiva. Focaliza estritamente ________________________
os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais ________________________
escassos para a produção de bens (SANDRONI, 1999, p.107). ________________________
________________________
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Essa ciência também estuda as variações e combinações na alocação dos fa- ________________________
tores de produção (terra, capital e trabalho), na distribuição de renda, na oferta e ________________________
procura e nos preços das mercadorias. Sua preocupação fundamental refere-se à men- ________________________
suração e análise da atividade produtiva, recorrendo, para isso, aos conhecimentos ________________________
matemáticos, estatísticos e qualitativos (históricos). ________________________
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De forma geral, esse estudo pode ter por objetivo a unidade de produção (em-
________________________
presa), a unidade de consumo (família) ou então a atividade econômica de toda a so-
10 ciedade. No primeiro caso, os estudos pertencem à microeconomia e, no segundo, à
macroeconomia.
conjuntura
econômica A QUESTÃO DA ESCASSEZ
b) porque tendem a seguir uma escala de sofisticação - a cada dia surgem no-
vos desejos e novas necessidades, motivadas pelas perspectivas de aumento do pa-
drão de vida da sociedade (por exemplo, cultura, lazer, moda etc.).
Para atender à imensa gama de desejos humanos, é preciso que sejam produ-
zidos certos bens. Entende-se o conceito de bem como sendo tudo aquilo capaz de
________________________ atender a uma necessidade humana. Os bens podem ser materiais (quando é possível
________________________ atribuir-lhes características físicas, tais como tamanho, forma e cor) e imateriais (os
________________________ chamados bens intangíveis como, por exemplo, os diversos tipos de serviços).
________________________
A produção dos bens, por sua vez, exige o uso de certo conjunto de recursos,
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também chamados fatores de produção, que podem ser classificados em três grandes
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grupos:
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________________________ O fator de produção “Terra”, incluindo o solo e os diversos recursos naturais - miné-
________________________ O fator de produção “Trabalho”, representado pela força de trabalho humano, seja
________________________ ele físico ou intelectual;
________________________
O fator de produção “Capital”, que corresponde às máquinas, aos equipamentos, às
________________________ ferramentas, aos instrumentos, à infraestrutura, enfim, bens que foram produzidos an-
________________________ teriormente e que continuam a ser utilizados durante algum tempo para a produção de
________________________ outros bens.
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________________________ Ocorre que toda sociedade, num dado momento, possui um estoque limitado
________________________ desses recursos ou fatores de produção. Isto significa que não é possível produzir uma
________________________ quantidade infinita de bens, porque os recursos são limitados.
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Assim, surge o problema econômico da escassez: de um lado, as necessidades
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humanas são ilimitadas; do outro, os recursos ou fatores de produção que devem ser
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utilizados para produzir os bens (que irão atender a essas necessidades) são limita-
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dos.
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Ou seja, não é possível produzir todos os bens de que a sociedade necessita, 11
mas é possível utilizar os recursos da melhor maneira possível, para produzir o máximo
conjuntura
econômica
de bens e, desse modo, atender à maior gama possível de necessidades. Isso nos leva a
uma das ideias-chave na Economia, que é a ideia da eficiência: maximizar a produção
de bens e serviços, dadas as restrições colocadas pela quantidade limitada de
fatores de produção.
conjuntura
econômica
O QUE e QUANTO produzir?
Significa que produtos deverão ser produzidos (feijão, televisores, sapatos etc.)
e em que quantidades deverão ser colocadas à disposição dos consumidores. O sis-
tema econômico precisa se organizar para que as unidades produtivas – as empresas
– passem a gerar esses bens, nas quantidades desejadas pela população.
COMO produzir?
Esta questão diz respeito à tecnologia a ser empregada na produção dos diver-
sos bens e serviços. As empresas devem escolher, dentre vários processos técnicos,
aquele que for mais eficiente, ou seja, que seja capaz de gerar a máxima produção
possível a partir de certa quantidade de recursos (terra, trabalho e capital).
Este problema diz respeito ao modo como serão os bens e serviços “distribuí-
dos” à população, na medida em que será necessário, de alguma forma, estabelecer
um preço para os itens produzidos pelas empresas.
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________________________ Diante de tudo o que foi visto até aqui, percebe-se que a Economia é uma ciên-
________________________ cia preocupada com problemas de escolha. Quando o sistema econômico se defronta
________________________ com os problemas de “o que e quanto”, “como” e “para quem” produzir, é necessário
________________________ fazer escolhas entre várias opções possíveis.
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A escolha é necessária porque o “estoque” de fatores de produção (terra, tra-
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balho e capital), no curto prazo, é dado, é limitado, enquanto que existem diversas
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demandas por bens e serviços. Assim, as empresas têm que decidir sobre a forma de
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alocar ou distribuir os recursos disponíveis entre milhares de diferentes possíveis li-
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nhas de produção. Quantos hectares de terra deverão ser utilizados para o cultivo de
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milho? E quantos para a criação de gado? Quantos televisores devem ser fabricados
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por ano? E quantos caminhões? E quantos navios? etc.
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________________________ Dadas as limitações dos recursos produtivos e do nível tecnológico, os diversos
________________________ países tentam organizar suas economias, a fim de resolver os problemas do quê, quan-
________________________ to, como e para quem produzir, de forma eficiente, isto é, com o menor desperdício
________________________ possível.
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Numa economia de mercado (aquela em que não há intervenção econômica
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do Estado), os três problemas fundamentais são resolvidos de forma descentralizada,
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pelo livre jogo de demanda (ou procura) e oferta nos diversos mercados de bens e ser-
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viços. Nenhum agente econômico (indivíduo ou empresa) se preocupa em desempe-
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nhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. Preocupam-se
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em resolver isoladamente seus próprios negócios.
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________________________ As empresas, todo o tempo, estão lutando para somente sobreviver, num am-
biente altamente competitivo, graças à concorrência imposta pelos mercados (tanto 13
na venda de produtos finais, quanto na compra dos fatores de produção). Esse jogo
conjuntura
econômica
econômico é todo baseado nos sinais dados pelos preços.
Tudo é realizado através dos ajustes nos preços das mercadorias, em que se
procura compatibilizar o preço desejado pelos indivíduos (o mais baixo possível) com
o preço desejado pelas empresas (o mais alto possível). O desejo dos indivíduos deter-
minará a magnitude da demanda e as intenções das empresas determinarão a mag-
nitude da oferta.
conjuntura
econômica
de maximizar lucros. Assim, a curva de oferta representa o limite mínimo.
Por ora, é importante que saibamos que, nas relações de troca que envolvem
a economia, existe sempre uma mão dupla: de um lado, estão aqueles que são pro-
dutores e que vão até o mercado colocar à disposição aquela quantidade de recursos
que não é utilizada na sua própria subsistência; de outro, estão aqueles para quem a
produção da economia vai ser dirigida para a satisfação de suas necessidades. Esta-
________________________ mos falando dos agentes que compõem as diversas transações da vida econômica.
________________________ São eles: as famílias de consumidores, os produtores (empresas), o governo e um
________________________ agente, até muito pouco tempo atrás desprezado pelos manuais de economia, o resto
________________________ do mundo.
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Os consumidores são todos aqueles que têm necessidades básicas e para aten-
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dê-las têm que se dirigir para o mercado econômico para realizar operações de troca.
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Devem possuir, no mínimo, um fator de produção, isto é, a sua força de trabalho, por
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meio do qual estão aptos a participarem da vida econômica de um país.
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________________________ Numa economia moderna, as unidades familiares ativas participam do apare-
________________________ lho produtivo por meio das empresas, para as quais convergem os seus recursos indi-
________________________ viduais de produção (como o trabalho) e outros ativos (como a poupança), destinados
________________________ não só à produção corrente de bens e serviços, como também à formação e expansão
________________________ da capacidade instalada de produção.
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Por sua participação no processo econômico de produção ou por seu acesso
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aos benefícios previdenciários existentes, convergem para as unidades familiares di-
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ferentes tipos de rendas, como salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos, além de
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outros tipos de transferências.
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________________________ Nas unidades produtoras, enquadram-se todas as unidades que compõem o
________________________ aparelho de produção da economia nacional. Reúnem-se, aqui, as empresas que se de-
________________________ dicam a atividades primárias, secundárias ou terciárias, produzindo os bens e serviços
________________________ que atendam às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade.
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A característica principal das empresas, do ponto de vista da contabilidade so-
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cial, é o fato de que reúnem, organizam e remuneram os fatores de produção forneci-
dos pelas unidades familiares. Cada uma das empresas integradas no processamento 15
da produção é um centro de convergência e de aplicação de recursos, de cuja ativida-
conjuntura
econômica
de resulta a oferta agregada dos mais diferentes tipos de bens e serviços.
Assim, pode-se afirmar que as empresas produzem para que as famílias possam
consumir os bens e serviços produzidos. Mas, o que garante que esses bens e serviços
se revertam para o consumo das famílias é o fato de que os consumidores, ou seja, as
famílias, são também proprietários dos fatores de produção. As famílias “cedem” esses
fatores às empresas, para que eles possam ser utilizados na produção. E fazem isso jus-
tamente para obter, em troca, a garantia de sua participação na divisão dos produtos
resultantes.
O governo deve ser entendido como um agente coletivo que contrata direta-
mente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das
empresas para proporcionar serviços úteis à sociedade como um todo. Apesar de ter
uma capacidade limitada para a contração de membros das unidades familiares, o
governo também participa do sistema econômico realizando políticas públicas que
devem (ou deveriam) ser direcionadas para os grupamentos mais necessitados das ________________________
unidades familiares. ________________________
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O governo representa um centro de produção de bens e serviços coletivos. Suas
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receitas resultam majoritariamente da retirada compulsória de poder aquisitivo das
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famílias e empresas; e suas despesas são caracterizadas pelos pagamentos efetuados
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aos agentes envolvidos no fornecimento dos bens e serviços públicos à sociedade.
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Finalmente, é importante lembrar que nem tudo que é produzido em uma eco- ________________________
nomia fica restrito ao espaço físico interno. Uma parte dessa mercadoria é exporta- ________________________
da e outra, em função de nossas necessidades complementares, é importada, isto é, ________________________
comprada de outros produtores que não estão localizados no mesmo país de nossos ________________________
produtores. ________________________
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Então, surge o quarto dos nossos agentes do sistema econômico: o resto do
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mundo. Esta categoria destina-se a registrar as transações econômicas entre unida-
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des familiares, empresas e governo do país com semelhantes agentes pertencentes a
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outros países. Aqui, citam-se, como exemplo, os fluxos de importações e exportações,
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os pagamentos pelos serviços internacionais e as transferências unilaterais de toda
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espécie com que os residentes de um país beneficiam os de outros países.
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Esses quatro agentes são responsáveis por todo o funcionamento e a organiza- ________________________
ção do sistema econômico. Todas as relações econômicas que veremos ao longo deste ________________________
curso derivam do comportamento de cada um desses agentes econômicos. ________________________
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16 A EVOLUÇÃO DA TEORIA ECONÔMICA
conjuntura
econômica
A partir de agora, você vai conhecer o percurso histórico da teoria econômica.
Idade média
________________________ O comércio e a indústria são mais importantes para a economia nacional que a agri-
________________________ cultura.
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Essa concepção levava a um intenso protecionismo estatal e a uma ampla in-
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tervenção do Estado na economia. Todo esse processo se desenvolveu com uma forte
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autoridade central, tida como essencial para a conquista de novos mercados e para a
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proteção dos interesses comerciais.
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Essa doutrina era constituída por um conjunto de concepções desenvolvidas 17
na prática por uma classe dominante formada por administradores e comerciantes,
conjuntura
econômica
com objetivos não só econômicos, como também político-estratégicos. Sua aplicação
variava conforme a situação do país, os recursos e o modelo de governo. Vale ressaltar
que, na Holanda, o poder do Estado era subordinado às necessidades do comércio,
enquanto que, na França e na Inglaterra, a iniciativa econômica estatal constituía ou-
tro braço das intenções militares do Estado, geralmente, agressivas em relação a seus
vizinhos e colônias.
conjuntura
econômica
consequente aumento da produtividade.
________________________ demanda, acarretada pelo aumento da população, exigia o cultivo de terras menos
________________________ férteis, nas quais os custos de produção sejam mais elevados dos que nas terras mais
________________________ férteis. Entretanto, os custos e lucros deveriam ser mantidos no mesmo nível nos dois
________________________ casos, pois, de outro modo, as terras de pior qualidade deixariam de ser cultivadas.
________________________ Porém, a grande contribuição de Ricardo foi à formulação da Lei dos Custos
________________________ Comparativos, ou Lei das Vantagens Comparativas, com que procurou demonstrar a
________________________ vantagem de um país importar determinados produtos, mesmo que pudesse produzi-
________________________ los por preço inferior, desde que sua vantagem, em comparação com outros produtos,
________________________ fosse ainda maior. Essa lei constitui atualmente uma parte importante da teoria do
________________________ comércio internacional.
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________________________ Stuart Mill: teoria do valor e estado estacionário
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________________________ Filósofo e economista clássico inglês, ao analisar a teoria do valor, procurou de-
________________________ monstrar como o preço é determinado pela igualdade entre a demanda e a oferta
________________________ e como a demanda recíproca de produtos afeta os termos do intercâmbio entre os
países. Lançou a ideia da elasticidade da demanda, expressão introduzida mais tarde
pelos neoclássicos, para analisar possibilidades alternativas de comércio. 19
Assim como Ricardo e Malthus, Mill previa a ocorrência de um “estado estacio-
conjuntura
econômica
nário”, fruto do crescimento populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez
menos férteis. Ao chegar a determinado limite, o lucro seria tão baixo que a acumula-
ção de capital simplesmente acabaria, prejudicando o desenvolvimento econômico.
Marx, assim como outros teóricos clássicos, considerava que o valor de toda
mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para
produzi-la. Sendo a força de trabalho uma mercadoria cujo valor é determinado pelos
meios de vida necessários à subsistência do trabalhador (alimentos, roupas, moradia
transporte etc.) e se este trabalhar além de um determinado número de horas, estará
produzindo não apenas o valor correspondente a sua força de trabalho, que é pago
pelo capitalista sobre forma de salário, mas também um valor a mais, um valor exce-
dente sem contrapartida, denominado mais-valia. ________________________
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Os Marginalistas ou Neoclássicos: o conceito de utilidade ________________________
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Com a mudança na definição dos problemas econômicos da determinação das ________________________
causas do desenvolvimento da riqueza, os economistas passaram a se preocupar com ________________________
a alocação de recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de maximizar a uti- ________________________
lidade ou a satisfação dos consumidores. ________________________
Essa teoria econômica define o valor dos bens a partir de um fator subjetivo ________________________
denominado utilidade, isto é, sua capacidade de satisfazer as necessidades humanas. ________________________
Como a necessidade é uma característica subjetiva, também a utilidade de um bem ________________________
terá sua avaliação subjetiva. Assim, um mesmo bem ou serviço terá diferentes utili- ________________________
dades e, portanto, valores diferentes, de acordo com a satisfação de cada indivíduo. ________________________
Por isso, cada indivíduo diferente deve saber como maximizar sua satisfação. Essa ma- ________________________
ximização de negócios não seria possível se houvesse uma autoridade armada que ________________________
colocasse dificuldade no desenvolvimento dos negócios econômicos. ________________________
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A Teoria Neoclássica se destacava ao colocar o mercado como principal agente ________________________
econômico. Sob a influência de Smith, seus teóricos defendiam a mínima participação ________________________
do estado na economia, uma clara alusão ao Estado absolutista que tolhia as liberda- ________________________
des individuais e impedia a maximização dos lucros. ________________________
O Neoliberalismo contemporâneo tem suas raízes nessa concepção teórica, por
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defender o livre mercado e a interferência do governo restrita à defesa da propriedade
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privada e da segurança nacional.
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20 Keynes: A Revolução Econômica
conjuntura
econômica
explicar o comportamento econômico, talvez o de maior importância tenha sido John
Maynard Keynes, considerado como o pai da macroeconomia. Em seu mais importan-
te legado, o livro que escreveu durante a grande depressão da economia mundial de
1929 - Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda -, Keynes destacava que a formula-
ção das teorias anteriores, classificadas por ele como clássicas, já não davam conta de
explicar os problemas da superprodução e do desemprego estrutural que assolava a
economia norte-americana. É justamente por isso que, a despeito de suas influências
teóricas, vai formular uma nova lei econômica, defendendo a intervenção do governo
como a principal forma de alavancar a economia de um país, em substituição à clássica
ideia de que as livres forças de mercado (Adam Smith) eram capazes que conduzir a
economia ao equilíbrio de pleno emprego.
conjuntura
econômica
como esteve em 1929.
Síntese
O objetivo desta aula foi mostrar uma visão evolutiva da ciência econômica,
com definições, conceitos, interação de fatos e a contribuição de doutrinadores eco-
nômicos que se destacaram no decorrer dos tempos. Com isso, demos o primeiro pas- ________________________
so, no sentido de conhecer a dinâmica do sistema econômico e suas relações, como ________________________
forma de estabelecer um preâmbulo para a análise da conjuntura econômica. ________________________
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questão para Reflexão
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Com base nas diversas correntes do pensamento econômico, qual deve ser
________________________
o papel do Estado na economia: intervenção para o desenvolvimento ou regulação
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complementar ao equilíbrio de mercado?
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Leituras indicadas ________________________
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MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia princípios de micro e ________________________
macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Thomson, 2007. ________________________
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Site Indicado ________________________
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Dicionário de Economia: http://economiabr.net/teoria_escolas/monopolio.html
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Referências ________________________
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O’ SULLIVAN, Arthur. Princípios de Economia. Rio de Janeiro: LTC, 2000. ________________________
________________________
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de Economia. Equipe de Profes- ________________________
sores da USP. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. ________________________
22 SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
conjuntura
econômica
VASCONCELOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2006.
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Aula 02 - ANÁLISE DA DEMANDA E OFERTA 23
DE MERCADO
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Mauricio Castro
Olá!
Esta aula será um primeiro passo para que você possa conhecer a dinâmica dos
mercados e suas estruturas. Para isso, precisamos entender bem os conceitos dessas
variáveis e seu comportamento no mercado.
INTRODUÇÃO
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Antes de iniciarmos o estudo da demanda e da oferta, será interessante en-
________________________
tendermos o Fluxo Circular da Renda de uma economia, que é uma espécie de gran-
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de mercado onde interagem dois dos principais agentes do sistema econômico, que
________________________
apresentamos em nossa Aula 01. A lógica de funcionamento desse fluxo é bastante
________________________
simplória e vai nos ajudar a estabelecer as relações entre a oferta e a demanda de uma
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sociedade.
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De um lado, estão as empresas que são as responsáveis pela produção de to-
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dos os bens e serviços que são colocados à disposição da economia. Nessa produção,
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estão incluídos bens de consumo, como alimentos e artigos de vestuário; os bens de
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capital, como carros, eletrodomésticos e casas; e os serviços que são prestados na so-
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ciedade, como aulas de economia, serviços de manutenção, música etc. Enfim, as em-
________________________
presas ofertam para a sociedade todo o conjunto de bens e serviços que processam no
________________________
interior de seus processos produtivos.
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De outro lado, estão as famílias (consumidores) que participam ativamente do
________________________
fluxo econômico. Como as famílias são formadas por seres humanos, o primeiro pré-
________________________
requisito desse agente é que ele tenha uma série de necessidades básicas, que devem
________________________
ser atendidas para que a vida aconteça. Por exemplo, as famílias precisam comer, ves-
________________________
tir-se, transportar-se, etc. Assim sendo, vão demandar os bens e serviços que serão co-
________________________
locados no mercado econômico pelas empresas. Vejamos, no esquema a seguir, como
________________________
acontece o fluxo de recursos entre empresas e famílias.
________________________
24 Figura 1 - Fluxo de Bens e Serviços.
conjuntura
econômica
conjuntura
econômica
Oferta e demanda são duas expressões que nós, economistas, usamos com
muita frequência e que estão por trás de todos os fatos econômicos que acontecem no
mercado econômico. Por trás de um vendedor, tem que existir, antes, um comprador,
para que o negócio aconteça. Como define Mankiw (2005, p. 64) oferta e demanda são
as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a
quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual este será vendido. Se alguém
quiser saber como a economia será afetada por essa crise financeira internacional,
como esta que marcou a conjuntura econômica mundial em 2008, precisa antes en-
tender os movimentos sobre a oferta e a demanda da sociedade.
Assim, há que se esclarecer uma coisa: os conteúdos expostos nesta aula são
uma sistematização dos principais manuais de economia que estão colocados nas
referências bibliográficas do nosso curso. No caso desta aula, não há como fugir do
curso de explicar como se dá o equilíbrio de mercado. Dessa forma, precisaremos nos
apoiar em conceitos que são, há muito, estudados e sistematizados pelos pensadores
econômicos.
Essa relação entre o preço e a quantidade demandada da maioria dos bens é tão
conjuntura
econômica
válida e aceita universalmente pela economia que chamamos essa relação entre preço
e procura de Lei da Demanda. Então, para complicar um pouco (como nós adoramos
fazer), a formulação da lei da demanda fica assim enunciada: tudo mais permanecendo
constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta, a demanda diminui;
quando o preço do bem diminui, sua quantidade demandada aumenta.
Coeteris Paribus é uma expressão muito utilizada por nós, pois a economia como
ciência também faz muitos testes antes de determinar uma lei de funcionamento eco-
nômico. Assim, essa expressão significa, simplesmente, que todas as demais variáveis
são tomadas como constantes para que se possa entender apenas o comportamento
de determinada variável. Assim, dizemos que: coeteris paribus, a demanda de um bem
é afetada unicamente pelo seu preço. Ou seja, estamos dizendo que, supondo inal-
terados a renda e os gostos ou preferências dos consumidores, sua demanda sofrerá
influência em função da variação do preço do bem ou serviço em questão.
É por isso que quando analisamos o gráfico, a seguir, que mostra a demanda
de um produto qualquer, podemos perceber uma reta negativamente inclinada. No
gráfico, um dos eixos é a quantidade demandada e o outro é o preço. A reta indica
que todo aumento no preço significa diminuição na quantidade demandada por esse
produto. Vejamos o gráfico que evidencia a lei da demanda, conceito universalmente
________________________ aceito por qualquer corrente do pensamento econômico.
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________________________ Figura 2 - Gráfico da Lei de demanda.
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________________________ A interseção de P1 - Q1 representa o ponto de equilíbrio na demanda desse
________________________ bem. Significa que: dada uma restrição orçamentária (isto é, dado seu nível de renda)
________________________ ao preço 1, a sociedade aceita adquirir a quantidade 1. Esse é o ponto de equilíbrio da
________________________ demanda.
________________________ A restrição orçamentária mencionada refere-se ao poder de compra dos con-
________________________ sumidores. Esse gráfico foi uma simples esquematização de um bem qualquer, mas,
na vida real, nós consumidores temos muitos desses gráficos em nosso imaginário, 27
pois, para atender às nossas necessidades, precisamos de uma combinação de vários
conjuntura
econômica
bens e serviços que são ofertados pelas empresas. A combinação dessa cesta de bens
vai depender de duas variáveis principais: do tamanho da minha restrição orçamen-
tária (renda) e da minha preferência por qualquer tipo de bem ou serviço. Tendo um
orçamento limitado, ou seja, um determinado nível de renda, o consumidor procurará
distribuir esse seu orçamento (renda) entre os diversos bens e serviços, de forma a
alcançar a melhor combinação possível, ou seja, aquela que lhe trará maior nível de
satisfação ou utilidade.
conjuntura
econômica
Vamos, agora, analisar o que acontece do lado dos produtores, ou seja, das em-
presas que produzem e vendem os diversos tipos de bens no mercado. A definição é
similar à da demanda com a mudança de uma palavra, senão vejamos: a quantidade
ofertada de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedores querem e podem
vender.
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Reparou que, apesar de parecida com a curva da demanda, no caso da oferta, a
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curva é positivamente inclinada? É que, nesse caso, estamos analisando a ótica de um
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produtor. Assim sendo, quanto maior o preço de mercado, maior será a possibilidade
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de lucro desses produtos e, assim, mais ele vai querer ofertar. Aumentos nos preços
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provocam maior interesse em oferecer produtos para a sociedade, pois aumenta a ex-
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pectativa de lucros dos empresários.
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________________________ Com isso, podemos também definir a Lei da Oferta, aceita universalmente por
________________________ toda a corrente do pensamento econômico e traduzida no seguinte enunciado: com
________________________ tudo mais mantido constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta,
a quantidade ofertada desse bem também aumenta; quando o preço de um bem cai, 29
a quantidade ofertada desse bem também cai.
conjuntura
econômica
Como já entendemos que a lógica de funcionamento é a mesma, só invertendo
os papéis, podemos passar logo para entender quais são os fatores que afetam a ofer-
ta, no mundo real, isto é, quando as demais variáveis não são tidas como constantes.
conjuntura
econômica
A aula já teria acabado se os ofertantes e os demandantes não interagissem
em um mesmo ambiente econômico, o mercado. Assim sendo, precisamos entender,
agora que já conhecemos o comportamento da oferta e demanda, como se dá o equi-
líbrio entre esses dois agentes que têm a mesma lógica de atuação, mas objetivos
completamente diferentes.
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________________________ Observe a interseção das curvas no ponto E, pois este é o único ponto em que o
________________________ a sua função utilidade. Uma vez que o mercado atinja o seu equilíbrio, todos os com-
________________________ pradores e vendedores ficam satisfeitos e não há pressão nem para cima nem para
________________________ Analisado o ponto de equilíbrio, vejamos, agora, os casos em que não ocorre
________________________ equilíbrio entre oferta e demanda. Isso também pode ser visualizado nesse mesmo
________________________ gráfico.
________________________
________________________ Para qualquer preço superior a P1, a quantidade que os ofertantes desejam
________________________ vender é maior que aquela que os consumidores desejam comprar. Em linguagem
________________________ técnica, dizemos que existe excesso de oferta. De outra parte, para qualquer preço
inferior a P1, surgirá excesso de demanda. Em qualquer dessas situações, não existe
equilíbrio pela incompatibilidade de desejos entre os agentes econômicos. Vejamos o 31
que acontece em cada uma dessas situações.
conjuntura
econômica
Quando existe excesso de demanda no mercado por um produto, significa
que o preço desse bem está compatível com a restrição orçamentária de toda a socie-
dade. Nesse caso, os consumidores estão dispostos a pagar mais de suas receitas para
conseguirem quantidades adicionais de determinado produto. A consequência ime-
diata é que os vendedores, percebendo essa situação, passam a fabricar mais desse
produto, de modo a suprir o excesso de demanda e trazer a economia de volta para o
equilíbrio. Se não for possível produzir quantidades extras do produto, que atendam à
demanda da sociedade, a consequência natural é que os produtores subam o preço do
produto, de forma a restringir o consumo e trazer de volta a economia ao equilíbrio.
conjuntura
econômica
lio).
________________________ por isso ambos são tomadores de preço - o mercado determina e eles assumem.
________________________
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________________________ Além disso, esse mercado de concorrência perfeita assume a ideia de que firmas
________________________ que apresentarem custos de produção superiores àquele que é imposto pelo mercado
________________________ fecharão suas portas. Do mesmo modo, se um mercado apresentar elevados ganhos
________________________ para suas empresas, essa situação vai atrair novas firmas para esse mercado e eventu-
________________________ ais ganhos adicionais tendem a desaparecer, de modo que a economia nunca sai do
________________________ equilíbrio, sendo a oferta exatamente igual à demanda.
________________________ Há mercados em que o conceito competição perfeita se aplica perfeitamente.
________________________ Isso acontece normalmente nos mercados agrícolas. No mercado produtor de mandio-
________________________ ca, que é um produto com baixa capacidade de exportação para exterior, há milhares
________________________ de agricultores que vendem mandioca e outros tantos consumidores que a utilizam
________________________ como subsistência. Como não há um comprador ou vendedor específico, que seja ca-
________________________ paz de influenciar o preço da mandioca, cada um deles aceita o preço como dado.
________________________
________________________ Mas nem todos os bens e serviços são negociados em mercados plenamente
________________________ competitivos. Alguns mercados têm um só vendedor, que é quem determina o preço.
________________________ Um mercado nessas condições é chamado de monopólio. Em alguns casos, o mono-
pólio pode acontecer porque a entrada de mais firmas encareceria demais, para os
consumidores, os preços das mercadorias. Vejamos, como exemplo, o transporte ferro- 33
viário. Imagine se houvesse duas firmas que ofertasse esse serviço. Cada uma teria que
conjuntura
econômica
construir sua própria via férrea e isso terminaria por encarecer os serviços para toda a
sociedade. Nesses casos, em que a entrada de mais concorrentes encarece o preço dos
bens ou serviços produzidos por uma economia, dizemos que existe um monopólio
natural.
conjuntura
econômica
ca), as características são um pouco mais parecidas com as da concorrência perfeita.
conjuntura
econômica
Esta aula foi de extrema importância para entendermos um conjunto de re-
lações econômicas que podem ser modificadas ou potencializadas pela conjuntura
econômica. Aqui, conhecemos os conceitos e o comportamento das variáveis oferta
e demanda.
conjuntura
econômica
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AULA 03 - inflação 37
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Maurício Castro
Olá!
CONCEITO DE INFLAÇÃO
conjuntura
econômica
A estrutura das organizações trabalhistas - quanto maior o poder de barganha dos
sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes salariais acima dos índices de produti-
vidades e maior a pressão sobre os preços.
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________________________ Fonte: IBGE (2010)
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Fonte: IBGE (2012)
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EFEITO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA 39
conjuntura
econômica
O processo inflacionário, especialmente aquele caracterizado por elevadas ta-
xas, promove profundas distorções na estrutura produtiva de um país. Dentre os efei-
tos mais nocivos provocados por taxas elevadas de inflação, destaca-se a diminuição
relativa do poder aquisitivo das pessoas. Esse efeito ocorre principalmente nas clas-
ses de assalariados que dependem de rendimentos fixos e com reajustes fixados em
prazos estabelecidos por meio da política salarial instituída pelo governo. Nesse caso,
quanto maior for o intervalo de reajuste, maior é a redução do seu poder de compra,
que só é restabelecido a partir de novo reajuste.
A classe trabalhadora é, sem dúvida, a que mais perde com a elevação das taxas
de inflação, principalmente os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições
de se proteger, por exemplo, com aplicações financeiras, visto que consomem pratica-
mente a totalidade de sua renda com a sua própria subsistência (alimentos, moradia
e transportes).
conjuntura
econômica
comprometer as políticas públicas desse país.
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Outros efeitos
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Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à forma-
________________________
ção das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante
________________________
sensível a esse tipo de situação, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade
________________________
de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera. Enquanto a conjuntura
________________________
inflacionária perdurar, ele dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus
________________________
investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de
________________________
produção futura e, consequentemente, o nível de emprego pode ser afetado pelo pro-
________________________
cesso inflacionário.
________________________
________________________ Embora os trabalhadores sejam os maiores prejudicados, as perdas salariais fa-
________________________ rão com que os capitalistas também percam, porque venderão menos, além do gover-
________________________ no, que, com as quedas de renda dos trabalhadores e das vendas, terá a arrecadação
________________________ de impostos reduzida.
________________________
No âmbito do poder público, vale destacar o efeito de altas taxas de inflação
________________________
sobre as finanças públicas. De acordo com o chamado Efeito Oliveira Tanzi, a inflação
________________________
tende a diminuir o valor real da arrecadação fiscal do governo, pelo hiato de tempo
________________________
existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto (VASCONCELOS,
________________________
2003, p. 340). Nesse caso, quanto maior inflação, menor a arrecadação real do gover-
________________________
no.
________________________
________________________ Uma vez discutidas as distorções provocadas por elevadas taxas de inflação,
________________________ torna-se necessário analisar a inflação a partir dos fatores.
________________________
CAUSAS DA INFLAÇÃO 41
conjuntura
econômica
Esta seção vai destacar as causas da inflação, ressaltando os principais tipos de
inflação.
Inflação de Demanda
Expansão do crédito ao consumidor que, mesmo com limitações na sua renda dispo-
________________________
nível, passa a dispor de um mecanismo de compra; ________________________
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Diminuição das taxas de juros, que impulsiona as compras, principalmente a prazo, o
________________________
que estimula a inflação.
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Inflação de Custos
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Esse tipo de inflação é causado pelo aumento no custo de produção. O au- ________________________
mento das despesas com os fatores de produção, tais como; o trabalho, os recursos ________________________
naturais e o capital, ocasiona este tipo de inflação. Com relação ao trabalho, caso haja ________________________
um aumento na sua remuneração (salário), haverá inflação, pois esse aumento normal- ________________________
mente é repassado para o preço final das mercadorias. ________________________
________________________
No que se refere aos recursos naturais, caso das matérias-primas, um aumento ________________________
em seus custos — decorrente, por exemplo, de aumento nos preços internacionais ou ________________________
por problemas nas condições climáticas — ocasionará aumento nos custos de produ- ________________________
ção, que, por sua vez, será repassado para o preço final. ________________________
Por último, com relação ao capital, caso haja uma elevação dos juros, haverá
________________________
uma restrição no acesso a financiamentos; o dinheiro torna-se mais caro com os juros
________________________
elevados, repassando, portanto, esse alto custo para o preço das mercadorias.
________________________
________________________
A inflação de custos, também conhecida como “inflação de oferta”, ocorre ________________________
quando o nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos dos fatores de pro- ________________________
dução aumentam. Essa situação provoca uma queda na produção induzindo um au-
42 mento dos preços de mercado.
conjuntura
econômica
Aumento do custo da mão de obra;
Aumento da taxa de juros (que ocorre quando as empresas utilizam capital de tercei-
ros sobre o qual pagam remuneração);
Cabe aqui destacar outros tipos de inflação, normalmente, não muito estuda-
dos nos cursos de introdução à economia.
Inflação Inercial
________________________
________________________
________________________ Um dos grandes responsáveis pela inflação inercial é a indexação da economia.
________________________ A indexação consiste em se corrigir as rendas recebidas pelos agentes econômicos e
________________________ o valor dos ativos de sua propriedade com base na variação de um índice de preços
________________________ que reflita a taxa de inflação no período de tempo entre os reajustes. Desse modo, os
________________________ salários dos trabalhadores, os aluguéis de imóveis, a taxa de câmbio da economia, o
________________________ capital emprestado pelo poupador, os títulos da dívida pública emitidos pelo Governo,
________________________ entre outros, são reajustados periodicamente com base na inflação passada. Dessa
________________________ forma, a indexação acaba perpetuando a inflação, pois os agentes econômicos criam
________________________ expectativas acerca do nível dos preços e sempre tenderão a reajustar os rendimentos
________________________ pela inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro.
________________________
É necessário lembrar que essa diferenciação de tipos de inflação se dá no plano
________________________
teórico. Na realidade, há um entrelaçamento variado entre todos esses tipos de infla-
________________________
ção.
________________________
________________________ O Brasil foi um dos países pioneiros no uso da indexação para “corrigir” a infla-
________________________ ção. Porém, desde a aplicação do Plano Collor 2, esse mecanismo como medida de
________________________ correção monetária foi oficialmente abolido.
Inflação de Lucros 43
conjuntura
econômica
Neste tipo de inflação, é importante considerar a inserção da empresa no mer-
cado. Empresas que têm força de mercado podem elevar o preço de suas mercadorias
sem enfrentar maiores obstáculos, dado que essas empresas possuem o poder de es-
tabelecer preços (principalmente no caso dos monopólios e oligopólios que vimos na
aula passada). No caso de existir um grande número de empresas com essas caracte-
rísticas, há a possibilidade de elas entrarem em acordo para elevação conjunta dos
preços com o intuito deliberado de aumentar a taxa de lucro. É exatamente esse tipo
de acordo que caracteriza os cartéis econômicos.
conjuntura
econômica
zar seu bem-estar, ao passo que os produtores buscam aumentar a eficiência com que
empregam seus recursos. Essas ações conjuntas melhoram a economia e o bem-estar
das pessoas que vivem e trabalham nelas.
Inflação baixa estimula a estabilidade financeira. A estabilidade financeira, por sua vez,
estimula o crescimento. Se as instituições financeiras ficam vulneráveis ou perdem sua
vitalidade, não funcionam bem na transmissão de capital de poupadores para investi-
dores. Com isso, não se concretizam muitos investimentos em projetos perfeitamente
viáveis e o crescimento deixa de acontecer.
Então, quando sobe o nível geral de preços de uma economia, a maior parte da
população perde muito dinheiro e a diminuição do poder de compra dos seus ativos
provoca retrações nos negócios que são realizados na economia. Mesmo os investi-
dores perdem, pois praticamente não conseguem fazer com que seus lucros sejam
suficientes para honrar todos os compromissos, como por exemplo, os empréstimos
bancários e os salários de seus funcionários, que têm que aumentar, para que possam
adquirir produtos os quais ele (empresário) coloca à disposição no mercado.
Além disso, a inflação provoca efeitos nocivos a uma série de outras estruturas -
________________________ como as que foram descritas anteriormente - no caso do nível da arrecadação pública
________________________ (Efeito Tanzi), sobre o balanço de pagamentos, sobre a distribuição de renda e, portan-
________________________ to, provoca distorções em todos os setores produtivos, pois prejudica o funcionamen-
________________________ to de inter-relações entre os agentes econômicos que vimos na aula passada: famílias,
________________________ empresas, governo e resto do mundo.
________________________
As dificuldades de interação entre esses agentes provocam distorções sobre a
________________________
demanda e oferta da economia, levando a uma diminuição nos negócios realizados e
________________________
uma paralisação na atividade econômica, desestimulando o crescimento. Com infla-
________________________
ção em alta e lucros menores, certamente, os empresários vão ofertar menores postos
________________________
de trabalho, gerando desemprego na economia. As pressões sobre o governo também
________________________
serão maiores e este, ao invés de investir em uma política de desenvolvimento nacio-
________________________
nal, terá que se preocupar com programas emergenciais e assistenciais.
________________________
________________________ Assim, todos perdem com a inflação. Se as medidas de combate, muitas vezes,
________________________ são “dolorosas”, o seu descontrole significa a “morte do paciente”, pois, no Brasil, quem
________________________ mais perde com a inflação é a classe trabalhadora, que depende, basicamente, de um
________________________ salário mínimo. Isso, para não falar dos trabalhadores informais, que, invariavelmente,
________________________ nem chegam a este patamar. E isso vale para qualquer país do mundo, não só para o
________________________ Brasil. Sugiro que você pesquise na Internet como a inflação, vez por outra, ameaça a
________________________ estabilidade econômica de países como Estados Unidos, Alemanha ou Itália.
________________________
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________________________
________________________
PRINCIPAIS PROGRAMAS DE COMBATE À INFLAÇÃO DA HIS- 45
TÓRIA BRASILEIRA RECENTE
conjuntura
econômica
Como já mencionado anteriormente, a história brasileira é riquíssima e foram
muitos os fenômenos econômicos que assolaram a nossa economia – e que estão por
trás da grande inflação que enfrentamos. Tais fenômenos estão relacionados à con-
juntura interna e externa, como por exemplo, a crise da dívida externa, os choques do
petróleo etc. A expansão inflacionária e os graves problemas decorrentes de medidas
econômicas inadequadas, ocorridas em sucessivos governos a partir dos anos 1980,
certamente, extrapolariam os objetivos desta aula. Para se aprofundar no tema, sugiro
a consulta de qualquer um dos manuais de economia que anexei nas referências bi-
bliográficas desta aula.
conjuntura
econômica
impostos pela teoria econômica, principalmente relacionados ao congelamento de
preços (LEITE, 2000, p. 620):
Instalou-se um mercado paralelo (mercado negro), com alimentos básicos sendo ven-
didos às escondidas com preços superiores aos tabelados;
conjuntura
econômica
contenção monetária, mas a economia não deu respostas positivas e entrou de vez
em recessão, com forte retração de 5% na taxa do PIB e inflação que atingiu 1000%
ao ano.
Em 1989, novo plano, dessa vez batizado de Plano Verão, com novo congela-
mento de preços, salários, aluguéis e câmbio. O Plano veio acompanhado de uma re-
forma monetária, caracterizada pelo surgimento de uma nova moeda, denominada de
Cruzado Novo, valendo mil cruzados antigos.
O Plano Verão até foi bem intencionado e propôs, inclusive, um corte no núme-
ro de ministérios, autarquias e cargos públicos, demissões de funcionários públicos
não concursados e privatizações de empresas públicas deficitárias, objetivando conter
a escalada do déficit público e do aumento na dívida externa, que engessava a ação
do governo brasileiro com o pagamento de muitos milhares de dólares com credores
internacionais.
conjuntura
econômica
da dívida e o déficit público ao longo dos últimos 20 anos, ao decretar o bloqueio de
70% dos ativos financeiros do setor privado por 18 meses com devolução posterior em
12 parcelas ajustadas com a correção monetária e taxas de juros de 6% ao ano. Essa foi
a principal medida do governo Collor, que prometera acabar de vez com a inflação.
________________________
________________________
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________________________
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fernando_collor.jpg
________________________
________________________
________________________ Partindo do princípio de que a inflação era sustentada pelo desequilíbrio orça-
________________________ mentário (déficit público) e alimentada pelo volume de ativos financeiros indexados e
________________________ de liquidez imediata, o Plano Brasil Novo, lançado pelo governo e conhecido na mídia
________________________ como Plano Collor I, tinha as seguintes premissas:
________________________
________________________
________________________ Promoveu nova reforma monetária, como a readoção do cruzeiro (Cr$) como moeda
________________________ oficial (Cr$1,00 = NCz$1.000,00);
________________________ Determinou o bloqueio da maior parte dos ativos financeiros;
________________________
________________________ Estabeleceu congelamento temporário de preços e salários e reajustou as tarifas pú-
blicas;
________________________
________________________ Implementou um programa de privatização com o propósito de reduzir a participação
________________________ do Estado na economia.
________________________
________________________
________________________ O choque inicial do Plano Collor I provocou uma redução imediata no poder de
________________________ compra da população e, em consequência, maior retração das atividades econômicas.
O PIB brasileiro sofreu uma forte queda em 1990, com retração de 4,3%, valor mais 49
baixo registrado pela economia desde 1981. O setor industrial foi o mais atingido com
conjuntura
econômica
queda de 8,6% em relação a 1989 e a taxa de emprego da economia brasileira caiu 4%
naquele mesmo período.
O rigor da política do governo teve como primeiro impacto uma aumento ex-
________________________
pressivo de desemprego (5,8% em relação ao ano anterior) e um crescimento quase
________________________
nulo do PIB brasileiro, próximo a 0,3% em 1992. A inflação não se estabilizou e chegou
________________________
a patamares de 50% ao mês, atingindo, no final de 1992, uma taxa acumulada de qua-
________________________
se 2000% ao ano.
________________________
Para sorte dos brasileiros, o governo Collor foi interrompido antes do seu fim. ________________________
Marcado por uma corrupção muito grande, o presidente recebeu um grande veto ao ________________________
seu mandato pelo povo e sofreu o impedimento de continuar à frente do país, tendo ________________________
que renunciar ao mandato. ________________________
________________________
A partir de 1993, com a queda de Collor, assume Itamar Franco e estabelece
________________________
um novo plano econômico, dessa vez tendo como ministro da fazenda o sociólogo
________________________
Fernando Henrique Cardoso. Cabe, aqui, apenas um registro de que o Presidente Ita-
________________________
mar Franco não conseguiu acertar a economia de primeira. Antecederam ao ministro
________________________
Fernando Henrique três outros ministros que continuaram a ciranda da inflação alta
________________________
nos primeiros cinco meses do governo. Estamos apenas reduzindo um pouco os fatos
________________________
históricos, pois esse assunto deve ser melhor explicado em um curso específico sobre
________________________
economia brasileira, o que não é o nosso objetivo principal.
________________________
O plano econômico, lançado pelo então ministro Fernando Henrique, ficou ________________________
conhecido como Plano de Ação Imediata (PAI), aprovado em julho de 1993. Entre os ________________________
principais fatos que marcaram esse plano, podemos destacar: ________________________
________________________
________________________
Retomada do controle inflacionário - ainda elevado, mas em níveis já bem mais baixos ________________________
(150% em 1993); ________________________
50 Abertura da economia em bases liberais com a diminuição do papel do Estado na
economia;
conjuntura
econômica
Progressiva melhora nas contas públicas com a recuperação de confiança externa
(abalada desde a moratória do governo Sarney);
O PAI ou Plano FHC, como ficou popularmente conhecido, definiu como seu
objetivo principal assegurar a retomada do crescimento econômico em bases susten-
táveis e com baixo índice de inflação.
Assim, embora não tenha mitigado a inflação, o Plano FHC foi fundamental
para criar as bases necessárias para que a inflação invertesse a sua trajetória ascenden-
te. Ainda em 1994, é lançado o Plano Real.
O Plano Real foi montado por uma equipe de especialistas e implementado com
grandes diferenças em relação aos anteriores: primeiro, não houve qualquer tentativa
de congelamento de preços, salários e muito menos bloqueio de ativos financeiros;
segundo, o plano real foi antecipado para a sociedade antes mesmo de acontecer, de
________________________ forma a ganhar o apoio popular, fator subjetivo, mas muito importante para o sucesso
________________________ do plano. Além disso, o sucesso da abertura comercial, iniciada no governo Collor e
________________________ continuada no governo de Itamar Franco, possibilitaram uma reestruturação na eco-
________________________ nomia brasileira e maior internacionalização nas relações econômicas.
________________________
A ideia da equipe econômica era criar uma unidade monetária forte, de forma
________________________
a evitar a sua corrosão e a explosão no processo inflacionário. Em entrevista ao portal
________________________
UOL, o cientista político e ex-assessor do Ministério da Fazenda, Sérgio Fausto, assim
________________________
definiu o processo de implementação do Plano Real:
________________________
________________________
________________________
________________________ O Plano Real se desdobrou em três fases e, diferentemente dos an-
________________________ teriores, foi anunciado antecipadamente à sociedade. Em nenhum
________________________ momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que du-
________________________ rou do final de 1993 a fevereiro de 1994, consistiu na batalha por
aprovar no Congresso medidas que assegurassem um mínimo de
________________________
controle sobre as contas públicas. Essa foi uma lição aprendida com
________________________
os planos anteriores: como a inflação alta ajudava o governo a fe-
________________________ char as suas contas, se o objetivo era derrubá-la e mantê-la no chão,
________________________ era preciso tomar as rédeas das contas públicas.
________________________
________________________
A segunda fase transcorreu de fevereiro a junho de 1994 e foi marca-
________________________ da pela progressiva cotação dos preços em URV, uma unidade real
________________________ de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O cruzeiro novo
________________________ não saiu de cena de imediato. A cada dia, o Banco Central fixava
________________________ uma taxa de conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de
três índices diários de inflação.
A URV era uma quase moeda, porque servia de unidade de conta, de 51
reserva de valor, mas não de meio de pagamento. Ou seja, os bens
conjuntura
econômica
e serviços continuavam a ser pagos em cruzeiros novos, mas passa-
ram a ter referência numa unidade de valor estável, mais ou menos
como se fosse um substituto do dólar. Assim, a URV permitiu o ali-
nhamento dos preços sem necessidade e as inconveniências do con-
gelamento. A terceira fase começa com a emissão da nova moeda, o
Real, em lugar dos cruzeiros novos. A URV foi a parteira do Real.
(http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-real.jhtm)
conjuntura
econômica
história econômica do Brasil.
Leitura indicada
FILGUEIRAS, Luis. História do Plano Real. São Paulo: Boitempo, 2000, 232p.
Sites Indicados
Dicionário de Economia: http://economiabr.net/teoria_escolas/monopolio.html
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Mauricio Castro
Olá!
Como vai você? Espero que bem e principalmente estudando os assuntos passados!
Esta é uma aula muito importante sobre políticas econômicas, com destaque para as
políticas fiscal, monetária e cambial. A análise desses instrumentos é a chave para
entender como as decisões econômicas de um governo são diretamente afetadas pela
conjuntura interna e externa, e como elas interferem em nosso dia a dia, no nosso bolso
e nos nossos planos.
conjuntura
econômica
cas econômicas para o controle da inflação. Nessa época, a intervenção das políticas
econômicas tinha um novo foco: as políticas saíram do propósito de propiciar as con-
dições para o desenvolvimento e passaram a enfatizar o controle macroeconômico.
Essas políticas são as que hoje em dia são aplicadas pelo governo brasileiro. Vamos
agora entender um pouco mais de cada um desses instrumentos, pois eles nos ajudam
a entender a dinâmica da atuação do governo na economia.
Cada uma dessas políticas econômicas tem seu próprio objetivo e seu meca-
nismo de intervenção. A política fiscal, por exemplo, é aquela em que o governo
utiliza com programas sociais e econômicos, os recursos que arrecadou de toda
a sociedade por meio de impostos e tarifas. Gastar seus recursos com programas e
assistências e arrecadar tributos sob a atividade econômica significa que o governo
está exercendo o seu mecanismo fiscal de intervenção. Na política monetária, o gover-
no controla a quantidade de moeda em circulação com o objetivo de evitar o aumento
nas transações econômicas e segurar o nível dos preços.
________________________ Assim, quando o governo retira a moeda de circulação, por exemplo, subindo
________________________ a taxa de juros e tornando as aplicações financeiras mais rentáveis, ele o faz por meio
________________________ de sua política monetária. Já na política cambial, o governo fixa “níveis ótimos” na
________________________ relação entre o valor de face do Real (moeda brasileira) em comparação ao valor
________________________ de outras moedas mundiais (normalmente o dólar e Euro são os valores de refe-
________________________ rência). Esse controle objetiva regularizar o fluxo de entrada e saída de divisas do
________________________ país, por meio de exportações e importações.
________________________
Toda vez que o governo gastar com suas diversas políticas públicas mais do
________________________
que arrecadar com todos os impostos diretos (aqueles que incidem diretamente sobre
________________________
a renda o patrimônio, tipo o imposto de renda, o IPTU e o IPVA) e indiretos (aqueles
________________________
que incidem sobre os preços das mercadorias que consumimos, dos quais o ICMS é o
________________________
principal), dizemos que ele produziu um déficit orçamentário ou déficit público. Quan-
________________________
do os déficits públicos são elevados, isso significa que o governo gasta mais do que
________________________
arrecada, por tanto tem uma grande importância na renda que é gerada internamente
________________________
em um determinado país.
________________________
________________________ Imagine que o déficit do governo esteja atrelado ao programa Bolsa Família.
________________________ Diminuir esse déficit significaria reduzir o volume de famílias beneficiadas, diminuin-
________________________ do dessa forma o consumo da economia e sinalizando para os investidores, de forma
________________________ negativa, que o momento deve ser de cautela. Assim, nesse caso extremo, observa-
________________________ mos que nem todo o déficit público é prejudicial à economia. Isso depende não só
________________________ da natureza do gasto e dos programas implementados pelo Estado, mas também da
________________________ capacidade futura de pagamento desse déficit.
________________________
A medida de referência para indicar o déficit público, e por tabela o endivida-
________________________
mento do governo, é a relação dívida/PIB. Se esse percentual for muito elevado, esta-
remos diante de uma situação de que o país terá dificuldade de financiamentos para 55
outras atividades e programas, pois uma parte de toda a sua produção econômica
conjuntura
econômica
será necessária para honrar compromissos “velhos”. Então, devemos ver com cautela
o aumento do déficit público, pois como vimos nos conceitos anteriores, essa dívida
que fica passa por uma correção monetária e pela atualização de taxas de juros, dificul-
tando que novas ações sejam tomadas antes do pagamento aos devedores. Um alto
endividamento do setor público foi a razão do insucesso da economia brasileira na
década de 1980, que apresentou baixo dinamismo econômico e alta inflação.
Para evitar que isso aconteça, surge um novo instrumento de política econô- ________________________
mica que tem como objetivo fazer com que a economia cresça, mas sem com isso ________________________
aumentar também o nível de preços gerando inflação. Estamos falando da política ________________________
monetária, isto é, a intervenção do governo controlando a liquidez (volume de moeda ________________________
em circulação) do sistema econômico de forma racional e equilibrada aos demais ob- ________________________
jetivos das políticas econômicas. Nesse sentido, ganha uma importância cada vez mais ________________________
crescente a política monetária, como principal instrumento econômico para combate ________________________
à inflação e aumento da renda sem necessariamente aumentar a participação do setor ________________________
público na economia, como o faz a política fiscal. ________________________
________________________
A política monetária do governo é desenhada por uma instância governamen-
________________________
tal chamada de Conselho Monetário Nacional e executada pelo principal órgão com-
________________________
ponente desse conselho que é o Banco Central do Brasil. O Banco Central, no controle
________________________
monetário tem as seguintes funções: emissão de moeda; depositário de reservas in-
________________________
ternacionais que chegam das relações do país com o resto do mundo; guardião das
________________________
reservas monetárias dos bancos comerciais como Bradesco, Itaú, etc. é responsável
________________________
pelos empréstimos para instituições financeiras com problemas de caixa; é responsá-
________________________
vel pelo controle seletivo do crédito que é disponibilizado no Brasil pelos bancos de
________________________
investimento, como o BNDES. É também o banqueiro do governo, pois é depositário
________________________
dos recursos captados pela União sob a forma de receitas tributárias (isto é, os impos-
________________________
tos arrecadados pelo governo ficam no Banco Central).
________________________
No Brasil, principalmente depois do Plano Real, o grande objetivo da política ________________________
monetária é a estabilização dos preços, mesmo que isso signifique diminuir um pouco ________________________
a intensidade do crescimento econômico. Traumatizado com a época em que a infla- ________________________
ção atingia 2.000% (isso mesmo, dois mil pontos percentuais ao ano, como na época ________________________
56 do governo Collor, em 1991), o governo brasileiro não flexibiliza a política monetária
brasileira, de forma que, se for preciso sacrificar o crescimento econômico para manter
conjuntura
econômica
a meta de inflação, a equipe econômica do governo não vai pensar duas vezes. A meta
de inflação do Brasil é de 4,5% ao ano, com uma flexibilidade de dois pontos percen-
tuais, podendo no máximo atingir 6,5% ao ano. Em 2002, a inflação no Brasil atingiu
10% o que significou uma mudança no rigor da política monetária desde os inícios do
governo Lula.
________________________
________________________
De maneira bastante simplificada, podemos dizer que é a remuneração que o
________________________
sistema financeiro paga para que você, consumidor, abra mão de ter seu recurso de
________________________
imediato para realização de transações ou o deixe aplicado em poupança ou em outro
________________________
tipo de aplicação. Assim, quando a taxa de juros se eleva, aqueles que têm dinheiro
________________________
aplicado conseguem um ganho adicional no mercado financeiro.
________________________
________________________ O que o Banco Central faz é bastante intuitivo. Quando ele quer restringir a
________________________ oferta de moeda na economia para evitar a alta nos preços, aumenta a taxa de juros.
________________________ Esse aumento faz com que muitas pessoas deixem de comprar e passem a poupar
________________________ para ganhar no mercado financeiro. Quando esses compradores diminuem o volume
________________________ das compras, os empresários não têm outra saída senão abaixar os preços para não
________________________ provocar uma queda no consumo. Além disso, quando as taxas de juros estão altas, as
________________________ pessoas têm mais dificuldade de conseguir empréstimos bancários, pois estes ficam
________________________ muito caros e diminuem a procura pelo dinheiro de forma a causar pouca pressão
________________________ sobre a inflação.
________________________
Assim, quando o Banco Central quer elevar o consumo da sociedade ou au-
________________________
mentar a disponibilidade de crédito, basta que diminua a taxa de juros. Todos aqueles
________________________
poupadores vão se sentir desestimulados a manterem o dinheiro parado e voltarão a
realizar gastos na economia, pois com a queda na taxa de juros pode ser que o custo 57
de deixar o dinheiro parado seja muito alto e valha mais a pena realizar aquele gasto
conjuntura
econômica
que você gostaria, em relação a um bem ou serviço da economia.
conjuntura
econômica
internamente influenciando o produto, o emprego e o crescimento econômico, mas
também porque podem servir de instrumento para o combate à inflação de demanda.
Os juros influenciam ainda na determinação do déficit operacional do governo e no
estoque da dívida pública (aquela dívida que o governo ainda não pagou e sobre a
qual incide a correção monetária e a taxa de juros), engessando o efeito de uma polí-
tica fiscal expansionista.
________________________
________________________ As transações internacionais são influenciadas pelos preços internacionais. Os
________________________ dois preços internacionais mais importantes são a taxa de câmbio nominal e a taxa
________________________ de câmbio real.
________________________
________________________
Taxa de câmbio nominal: é a taxa pela qual se pode trocar a moeda de um país pela
________________________
moeda de outro país;
________________________
________________________ Taxa de câmbio real: é a taxa pela qual se pode trocar os bens e serviços de um país
________________________ pelos bens e serviços de outro país, ou seja, compara o preço de bens domésticos e in-
ternacionais na economia doméstica. A taxa de câmbio real é o preço em reais de uma
________________________
cesta de bens estrangeiros, em relação a uma cesta brasileira.
________________________
________________________
________________________ A taxa de câmbio real é um fator chave na determinação de quanto um país
________________________ exporta e importa. Ela é dada pela seguinte fórmula. (Não se assuste com a fórmula,
________________________ pois nós vamos exemplificar como ela funciona e qual o seu significado).
59
conjuntura
econômica
Exemplo:
conjuntura
econômica
Minibanda Cambiais: o regime é flutuante, porém dentro de limites fixados pelo Ban-
co Central.
________________________ dade complementar de trigo de que necessita. Mas, para importar não se pode pagar
________________________ em Real, produtos que são comprados no exterior, mesmo no caso de países vizinhos,
________________________ como é o caso da Argentina. Para concretizar essa operação, o país tem que efetivar
________________________ suas compras em dólar que é a moeda internacionalmente usada para essas transa-
________________________ ções.
________________________ Agora suponha as seguintes informações: que o Brasil tenha uma paridade de
________________________ R$1,00 para US$1,00 (ou seja, um real vale um dólar), e que compre mensalmente 100
________________________ quilos de trigo com esse custando US$1,00 o quilo. Assim, para adquirir os 100 quilos
________________________ mensais, o Brasil gastaria o equivalente a R$100. Suponha agora que, por medidas que
________________________ envolvam as relações internacionais, houve uma desvalorização na moeda brasileira e
________________________ esta passou agora para uma relação de US$1,00 para R$2,00 (isto é, agora o mesmo 1
________________________ dólar vale 2 reais). Com essa mudança cambial, para que o Brasil adquira os mesmos
________________________ 100 quilos, vai precisar não mais de R$100, e sim de R$200, em função, simplesmente,
________________________ da modificação no câmbio. Resultado é que tendo que pagar o dobro que pagava an-
________________________ tes para obter os mesmos 100 quilos de trigo, a indústria que faz os pãezinhos vai ter
________________________ que repassar esse custo para o consumidor, elevando a inflação.
________________________
________________________ Esse mesmo exemplo vale para toda a indústria brasileira de eletro-eletrônicos,
________________________ que importa a maior parte dos insumos que precisa para produzir os produtos que
________________________ chegam até a casa dos consumidores. O Banco Central tem desta forma que regular as
________________________ operações de entradas e saídas de divisas do país e não perder de vista que a política
________________________ cambial também é forte aliada do controle inflacionário. O Brasil do Plano Real, logo
________________________ no início, em julho de 1994 sobrevalorizou a taxa de câmbio em US$1,00 valia R$0,92
________________________ (1 dólar valia 0,92 centavos de real), de forma a facilitar a importação, pois com a maior
________________________ importação de produtos similares aos que são produzidos aqui, o aumento da concor-
rência faz com que os preços dos produtos baixem para estimular o consumo.
Além de tudo isso, a política cambial também interfere diretamente na balança 61
comercial do país e, por tabela, no balanço de pagamentos que são de fundamental
conjuntura
econômica
importância para o equilíbrio externo do país.
correntes: associadas aos fluxos de bens e serviços
conjuntura
econômica
B1 – Investimentos direto líquido (instalação e participação do capital de multinacio-
nais no país)
C – Erros e Omissões
________________________ ca (renda nominal) e da taxa de câmbio real, que reflete a competitividade da produ-
________________________ ção doméstica em relação à externa. Quanto maior o nível de renda, maiores serão as
________________________ importações. Mas as importações do país somente se elevarão se o câmbio real estiver
________________________ Já as exportações dependem da renda do resto do mundo, uma vez que quanto
________________________ maior o nível de atividade dos demais países, maior será a demanda por nossos pro-
________________________ dutos, que só se traduzirá em ampliação das vendas se o preço dos produtos nacionais
________________________ for mais barato que os internacionais (câmbio real). Nesse caso, é uma desvalorização
do câmbio real que barateia os produtos nacionais cotados em moeda estrangeira. 63
Não precisa ser especialista no assunto para saber que o Brasil é um país sub-
conjuntura
econômica
desenvolvido e que, portanto, depende muito do comércio exterior para escoar a sua
produção interna. Mas é preciso ficar alerta, também, para o fato de que uma gran-
de parte da economia brasileira depende de importações do resto do mundo. Uma
taxa de câmbio muito desvalorizada encarece muito as importações e pode gerar uma
grande inflação interna. Como vimos, as decisões da equipe econômica do governo,
quanto ao rumo das políticas econômicas, não são nada fáceis.
Síntese
Assim, nesta aula, vimos como são complexas as decisões do governo brasileiro
para atingir os objetivos de crescimento econômico, de inserção externa e controle do
nível de preços. A utilização da política fiscal pode aumentar o crescimento, mas se a
dívida do setor público subir muito esse fato pode anular a eficiência da política.
conjuntura
econômica
Ministério do Planejamento do Brasil: www.planejamento.gov.br
Referências
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de economia. Equipe de profes-
sores da USP. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2006.
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AULA 05 - CRESCIMENTO X DESENVOLVI- 65
MENTO
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Mauricio Castro
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
conjuntura
econômica
ção de insumos, por setores. Numa analogia com o ser humano, en-
fatizar o crescimento significa focalizar a altura e o peso, enquanto
explicar o desenvolvimento é dirigir a atenção para a capacidade
funcional, para a coordenação motora, por exemplo, ou para a ca-
pacidade de aprender.
conjuntura
econômica
O desenvolvimento é um processo muito mais complexo do que o uso da fun-
ção de produção1. O desenvolvimento alcançado por muitos países ocorreu com par-
te do movimento da saída de uma economia agrícola para uma economia industrial
(DORNBUSCH; FISCHER, 1991). O essencial desse alcance positivo tem sido um aumen-
to extraordinário da produtividade agrícola, acompanhado pelos rápidos aumentos
da produtividade na manufatura. “A industrialização parece ser, portanto, a chave para
o desenvolvimento” (DORNBUSCH; FISCHER, 1991, p. 865).
conjuntura
econômica
somente por isso caminharão seguindo os mesmos passos é um equívoco, pois
No entanto, é preciso que cada país cometa acertos e erros, sem, necessaria-
________________________
mente, fazerem isso porque são retrógrados, mas porque trilham o próprio caminho
________________________
rumo às novas condições geradas pelo crescimento econômico, ou seja, é preciso te-
________________________
cer a nova realidade a partir da existente. Assim, não são as nações ricas, já desenvolvi-
________________________
das, que podem determinar o exato tempo em que o subdesenvolvimento é superado
________________________
pelo desenvolvimento. Elas não ditam o que é ou deixa de ser ultrapassado, mas sim
________________________
a própria nação subdesenvolvida, que descobre isso paulatinamente, durante o trans-
________________________
correr do processo. Quando Hirschmann (1961) considera as condições históricas para
________________________
explicar o subdesenvolvimento e entendê-lo como uma etapa necessária, quer dizer
________________________
que a experiência atual é levada em conta na elaboração das novas concepções cientí-
________________________
ficas sobre o assunto. Isso implica dizer que o desenvolvimento é uma etapa posterior,
________________________
que só é alcançada porque as condições e o tempo histórico para isso, presentes no
________________________
subdesenvolvimento, não foram desprezados.
________________________
________________________
________________________
________________________
CRESCIMENTO ECONÔMICO
________________________
________________________
Apenas para antecipar futuras discussões, a medida do crescimento econô-
________________________
mico é dada pelo PIB (vide a Aula 06 desta disciplina), que é a soma anual de todas
________________________
as atividades produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país. Ele representa o
________________________
desempenho econômico de uma nação, independentemente da nacionalidade das
________________________
empresas e das remessas de lucros feitas por elas ao exterior.
________________________
________________________ Quando a taxa do PIB é positiva, isso significa que a economia de um determi-
________________________ nado país está em crescimento, embora nem sempre o suficiente para gerar emprego
e elevar a renda média da população. Taxa próxima de zero revela uma situação de 69
estagnação econômica. Taxa abaixo de zero é um claro indicador de recessão econô-
conjuntura
econômica
mica do país, semelhante ao que ocorreu no Brasil dos anos 1980, na chamada década
perdida, que conjugou taxas negativas no PIB, com alto índice de desemprego e infla-
ção elevada.
Entretanto, como essa indústria de carros é capital intensivo, isto é, tem como
principal ativo o capital empregado em máquinas e equipamentos, seguramente a sua
instalação não significará uma grande quantidade de empregos gerados, muito me-
nos a distribuição da renda, uma vez que a tendência global é o aumento dos lucros
dos grandes capitalistas. Assim sendo, em que pese o aumento na produção ter pro-
piciado ao país um crescimento de sua economia, essa estratégia não consegue gerar
desenvolvimento por concentrar os benefícios do crescimento em uma pequena faixa
da população. Não por acaso, como veremos a seguir, a Bahia é a sexta maior econo-
mia do país, mas só a 19ª quando o critério de análise é o desenvolvimento social.
Além disso, como destacou o pesquisador Cláudio Mendonça (2006, s.p.), no ________________________
portal da Internet UOL, o PIB como elemento para análise do desenvolvimento acaba ________________________
apresentando algumas distorções. ________________________
________________________
________________________
________________________
O PIB não é o reflexo apenas do lado construtivo da economia de um ________________________
país. Nele também são somadas mazelas, tragédias e desperdício. ________________________
Cada vez que um cidadão acelera o seu automóvel ele está contri- ________________________
buindo para elevar o PIB. Melhor ainda se ele bater o carro e tiver
________________________
despesas com funilaria e pronto socorro. Neste caso, quanto maior o
________________________
acidente melhor para o PIB. Na sua contabilidade entra tudo e, por
essa razão, são omitidos os custos ambientais, os problemas sociais ________________________
e o desperdício tão necessário à sociedade de consumo. ________________________
________________________
________________________
________________________
Apesar do “exagero” desse exemplo, fica bastante claro que o conceito de PIB e, ________________________
portanto, a associação ao crescimento econômico, acaba conjugando elementos que ________________________
vão de encontro ao desenvolvimento propriamente dito. Para desenvolver, é preciso ________________________
crescer, mas esse crescimento não pode passar por cima da melhoria do bem-estar da ________________________
população. Por isso, diz-se que o desenvolvimento é um processo, dando a ideia de ________________________
algo perene e só alcançado em longo prazo, com a conjugação de um conjunto de ________________________
fatores. ________________________
________________________
Assim, por exemplo, vejamos o caso da economia baiana que, ao longo dos úl- ________________________
timos anos tem apresentado taxas de crescimento do PIB sempre superiores às do Bra-
70 sil. Em 2004, por exemplo, o estado da Bahia apresentou um crescimento real do PIB
que chegou a 10%. Entretanto, a estratégia adotada na Bahia para estimular o cresci-
conjuntura
econômica
mento tem sido a atração de grandes empreendimentos industriais. De uns anos para
cá, é notória a chegada de grandes conglomerados internacionais e mesmo nacionais
oriundos de outros estados brasileiros. São exemplos a Ford, a Monsanto (fábrica de
fertilizantes), a Continental Pneus, a Aracruz Celulose, entre outras, como a Azaleia Cal-
çados e tantas outras menos conhecidas.
Isto é, boa parte da indústria que está instalada na Bahia (petroquímica, papel
e celulose, plástica, automobilística e metalúrgica) é intensiva em capital, ou seja, tem
como principal ativo o capital gerado nos processos produtivos. Especialistas calculam
que, para cada R$1 bilhão investido na indústria de celulose, são gerados apenas 3
empregos diretos com carteira assinada.
________________________ é tão recente. A partir da década de 1960, afloraram várias teorias que apontavam
________________________ Atualmente, a expressão crescimento econômico tem ocupado lugar de destaque nos
________________________ debates econômicos, principalmente, pelo valor atribuído ao Produto Interno Bruto
- PIB. Partindo-se das premissas demonstradas ao longo desta aula, a exemplo das
principais características de cada um destes termos, tornou-se necessário discutir as 71
contradições entre o aumento aferido pelo PIB e a efetiva melhoria da qualidade de
conjuntura
econômica
vida da população. Com base nessas discussões, propõe-se trabalhar com o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) como proposta para abarcar uma dimensão mais
abrangente dos benefícios alcançados pela população com o advento do crescimento
econômico.
O IDH é uma espécie de nota – de zero a um – que avalia a qualidade de vida em 177 países
com base nos critérios renda, escolaridade e longevidade da população. Quanto maior o
número, mais elevada é a qualidade de vida no país.
Não é raro que nos deparemos com artigos de jornais, revistas, artigos científi-
cos, dissertações, teses, entre outros, discutindo um assunto tão em voga atualmente.
Trata-se do tema crescimento econômico, ou simplesmente crescimento, mensurado
através da explicitação de índices como Produto Interno Bruto (PIB). Sobre isso se faz
oportuno observar o que diz o relatório da Unesco (1999, p. 28):
conjuntura
econômica
incida mais claramente no bem-estar humano do que no rendimento”. Veiga (2005, p.
87) considera ainda que:
________________________
________________________
________________________ O fato de não haver consenso sobre o conceito de desenvolvimento não sig-
________________________ nifica que alguns esforços para sua mensuração não sejam realizados. O PNUD, como
________________________ foi dito anteriormente, realiza o cálculo do IDH que tem a particularidade de, na sua
________________________ avaliação da qualidade de vida da população, considerar critérios abrangentes dessa
________________________ população, pois considera os aspectos econômicos e outras características sociais, cul-
________________________ turais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana.
________________________
De qualquer forma e apesar de suas limitações, o IDH apresenta-se como um
________________________
avanço na questão da tentativa de mensurar o desenvolvimento a partir de uma pers-
________________________
pectiva mais humana e social. Como se não bastasse, evidencia também certa insatis-
fação em relação ao método limitado que vinha sendo proposto e até então aceito. 73
conjuntura
econômica
O IDH no Brasil
Através de estudos realizados pela PNUD, ficou constatado que, dentro do terri-
tório brasileiro, existem praticamente cinco países, ou seja, cinco realidades distintas.
A partir dessas constatações é que se faz necessário discutir quais foram os ele-
conjuntura
econômica
mentos determinantes para o impedimento de um processo efetivo de desenvolvi-
mento na região Nordeste do Brasil, apesar da aplicação de políticas públicas explícitas
voltadas para a superação das desigualdades regionais, notadamente a partir do início
dos anos 1960, quando se criou toda uma moldura econômica, política e institucional
direcionada para esse fim.
O IDH na Bahia
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________________________ Fonte: PNUD (2008)
________________________
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________________________ O Estado da Bahia é exemplo das contradições existentes entre desenvolvimen-
________________________ to econômico e crescimento. Apesar de ser sexta maior economia do país, com um PIB
________________________ medido pela SEI, em 2006, de aproximadamente R$96.559 bilhões, é um estado que
________________________ apresenta uma situação pouco favorável em relação aos indicadores sociais.
________________________
A grande concentração econômica registrada em sua região metropolitana e o
baixo dinamismo dos municípios da região semiárida do estado (ver Figura 1), onde 75
estão 2/3 dos 417 municípios baianos e estão a maioria das manchas de cor cinza, que
conjuntura
econômica
significa IDH menor, provocam grandes distorções para a inserção econômica e social
na Bahia.
SÍNTESE
Após esta aula, já é por demais conhecido o argumento de que desenvolvimen-
to econômico e crescimento não são sinônimos. Sinteticamente, podemos definir o
crescimento econômico como a elevação do produto agregado do país, que é avalia-
do a partir da mensuração de valores agregados de uma determinada economia em
um determinado período de tempo. Já o desenvolvimento econômico é um conceito
bem mais amplo, que leva em conta a elevação da qualidade de vida da sociedade e a
redução das diferenças econômicas e sociais entre seus membros.
________________________
LEITURAS INDICADAS ________________________
________________________
FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril
________________________
Cultural, 1983. (Série Os Economistas).
________________________
PREBISCH, Raúl. Dinâmica do desenvolvimento latino-americano. Rio de Janeiro: ________________________
Fundo de Cultura, 1964. ________________________
________________________
________________________
SITES INDICADOS ________________________
________________________
Banco Mundial: www.worldbank.org ________________________
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): www.ipea.gov.br ________________________
________________________
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br/ ________________________
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): www.pnud.org.br/
________________________
________________________
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI): www.sei.ba.gov.br/ ________________________
________________________
________________________
REFERÊNCIAS
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BALDWIN, R. E. Desenvolvimento e crescimento econômico. São Paulo, Pioneira, 1979. ________________________
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BESSERMAN, S. Indicadores. In: TRIGUEIRO, A. Meio Ambiente no Século 21. 4. ed. Cam-
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pinas: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005.
76 DORNBUSCH, Rudiger; FISCHER, Stanley. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1991.
conjuntura
econômica
FRANCO, A. de. Por que precisamos de desenvolvimento local integrado e sustentável? In: Separata da
Revista Século XXI, n. 3. Brasília: Millenium – Instituto de Política, 2000.
FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Série
Os Economistas).
GONZAGA DE SOUSA, Luís (2004) Ensaios de economia, edición electrónica. Disponível em: http://www.
eumed.net/cursecon/libreria/. Acesso em: 17 nov.2008.
HIRSCHMANN, Albert. Estratégia do desenvolvimento econômico. São Paulo: Fundo de Cultura, 1961.
MARTINELLI, D. P.; JOYAL, A. Desenvolvimento local e o papel das pequenas e médias empresas. Barue-
ri: Manole, 2004.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Orgs.). Manual de economia. 4. ed. Equipe de
Professores da USP. São Paulo: Saraiva, 2003.
PNUD. Brasil. Relatório de desenvolvimento humano 2007/2008. Combate à mudança do clima: solida-
riedade em um mundo dividido. Brasília: IBGE, 2008.
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________________________ PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do desenvolvimento humano
________________________ no Brasil. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/>. Acesso em: 29 jun. 2008.
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________________________ SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
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________________________ SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
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________________________ ROSTOW, William Wilber. Etapas do desenvolvimento. Rio de Janeiro, ZAHAR, 1974.
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UNESCO. Educação para um futuro sustentável: uma visão transdisciplinar para ações compartilhadas.
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Brasília: IBAMA, 1999.
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VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Sarai-
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va, 2006.
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VEIGA, J. E. da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
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________________________
________________________
Aula 06 - O PRODUTO INTERNO BRUTO E A 77
ANÁLISE DA ECONOMIA BAIANA
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Maurício Castro
Olá!
conjuntura
econômica
tamanho do crescimento econômico gerado em um determinado momento. A forma
como este processo de crescimento é distribuído pela população não pode ser enten-
dida pela análise do PIB. Por isso, quando falamos que o PIB do Brasil cresceu 6% em
2008, isso quer dizer que a riqueza brasileira, o total do produto gerado no Brasil cres-
ceu 6%. Mas isso não quer dizer que todos os brasileiros se beneficiaram igualmente
desse crescimento econômico. Para medir o nível de melhora do padrão de vida das
pessoas, são usados indicadores sociais, dos quais o IDH, também analisado na aula
anterior, é o principal.
Mesmo assim, não se pode diminuir a importância do PIB, pois ele funciona
como um “termômetro” do desempenho econômico de um país. Sua medida frequen-
temente é usada como fator político, por governos que, usando a bandeira do cresci-
mento econômico acabam conseguindo benefícios junto à população mais carente. O
PIB é também usado por nós pesquisadores, professores, consultores ou acadêmicos e
mesmo pelas equipes de planejamento estadual que fixam seus objetivos orçamentá-
rios em relação à magnitude do PIB.
conjuntura
econômica
Desta forma a equação básica de cálculo seria a seguinte:
________________________
________________________
Investimento das Empresas:
________________________
________________________
O investimento corresponde à aquisição de bens de capital, máquinas, equipa-
________________________
mentos e estoques com o objetivo de gerar maior produção futura. Pode ser dividido
________________________
entre formação bruta de capital fixo (investimentos que têm vida útil superior a um
________________________
ano como, por exemplo, os apartamentos, terrenos, carros, etc.) e variação de estoques
________________________
em que a vida útil define a sua classificação.
________________________
O investimento é uma das variáveis mais importantes para o desempenho do ________________________
PIB de um país. Ele é o “motor” que vai permitir aumentar a capacidade de produção, ________________________
gerar novos empregos e aumentar a circulação de recursos monetários na economia. ________________________
Quando os empresários optam por fazer investimentos produtivos, isto é, aqueles que ________________________
são realizados no processo de produção, toda a economia cresce. Quando optam por ________________________
fazer investimentos financeiros, isto é, na aquisição de papéis de outras empresas nas ________________________
bolsas de valores, acabam restringindo a possibilidade de gerar efeitos multiplicadores ________________________
para a economia que possam desencadear em aumento do bem-estar da população. ________________________
________________________
________________________
________________________
Gasto público: ________________________
________________________
O gasto público está associado à intervenção do governo na economia. Suas ________________________
políticas públicas, a forma como o orçamento estabelecido se converte em benefícios ________________________
para a população, fazem parte dos chamados gastos públicos. Vimos em aulas ante- ________________________
riores que quando o governo gasta com os recursos que ele arrecada dos tributos e
80 impostos indiretos, ele está utilizando uma política fiscal expansionista para aumentar
o bem-estar da população. Além das despesas de custeio, isto é, o pagamento dos fun-
conjuntura
econômica
cionários públicos que movimentam as economias regionais e dos gastos para manter
a máquina pública (água, luz material de escritório), o governo é um importante aliado
do setor privado na questão de financiar a infraestrutura (estradas, pontes, aeroportos,
etc.). Assim, ao lado do setor privado, o governo também é um importante agente que
realiza investimentos na economia, objetivando aumentar a capacidade produtiva da
economia e incentivar que a iniciativa privada também eleve os seus investimentos.
Esta questão já é trivial para nós, pois a estudamos na aula 4, quando falamos
do setor externo. Mesmo assim vamos fazer aqui essa revisão! Esse saldo externo da
balança comercial é a diferença entre as exportações e as importações do país. Quanto
maior o saldo, maior a produção em território nacional e, por conseguinte, maior o
nível de emprego e de crescimento econômico. Em contraposição, quanto menor o
saldo, menor o nível de emprego, pois com a crescente participação das importações
há um desestímulo à produção nacional. É óbvio que nenhum país se exclui totalmen-
te do comércio internacional, mas o ideal é manter um superávit na balança comercial.
Vale ressaltar que nenhuma economia mantém-se sempre superavitária, havendo a
________________________
necessidade de um mercado interno bem estruturado para que não ocorra uma redu-
________________________
ção na taxa de crescimento do PIB quando as exportações diminuírem.
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Outras Medidas Relacionadas ao PIB
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Antes de passarmos para a análise que estou propondo nesta aula, evidenciado
________________________
a inter-relação entre o PIB e a economia baiana, acho que é importante mencionar as
________________________
derivações que podem ser feitas com o PIB. Isto é, o PIB possibilita a criação de uma sé-
________________________
rie de outras medidas de análise do desempenho da economia. As principais medidas
________________________
estão discriminadas a seguir:
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________________________ PIB nominal X PIB real
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Quando se analisa o resultado do PIB, verifica-se “[...] o valor agregado de todos
________________________
os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico do país, indepen-
________________________
dentemente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras desses bens
________________________
e serviços.” (SANDRONI, 1999, p. 459). Já falamos que para poder somar carros com la-
________________________
ranjas, precisamos, antes, converter os produtos gerados em valores econômicos (isto
________________________
é, atribuir preços). Assim, quando calculamos todo o PIB gerado em uma economia,
________________________
estamos diante de um valor nominal, isto é, uma quantidade total multiplicada por um
________________________
preço. Então, para sabermos quanto foi o crescimento somente da parte “física da eco-
nomia”, da quantidade produzida, precisaremos retirar a influência dos preços. Quan- 81
do dividimos o valor do PIB por um deflator (um índice de preços estabelecido em
conjuntura
econômica
metodologia), nós retiramos deste valor aquela parte que foi dada pelo aumento de
preços e ficamos apenas com parte das quantidades produzidas (questão meramente
matemática). Este valor, descontado da inflação, é chamado de PIB real. Este é o valor
real que é utilizado para dizer se o país cresceu ou não em um ano em comparação
com o período anterior. O PIB real leva em conta apenas as variações nas quantidades
produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado.
PIB X PNB
conjuntura
econômica
Trata-se de um indicador muito utilizado para definir as metas das políticas pú-
blicas. Basta dividir o PIB de um país pela população, obtém-se um valor médio per
capita:
O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade
de vida em um país. Atualmente, usam-se outros índices — que revelam o perfil da
distribuição de renda de um país (tais como o Índice de Desenvolvimento Humano)
— para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar econômico desfrutado por
uma população.
Países podem ter um PIB elevado por serem grandes, mas por terem muitos ha-
bitantes, seu PIB per capita pode ser baixo, já que a fórmula mostra que é a renda total
dividida pela população. Assim, são exemplos de países com PIB alto e PIB per capita
baixo: a Índia e a China. Países como a Noruega e a Dinamarca exibem uma situação
exatamente oposta: possuem um PIB moderado, mas que é suficiente para assegurar
________________________
uma boa qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes. Daí seu PIB per capita
________________________
ser alto.
________________________
________________________ Entretanto, analisada de maneira incorreta, a medida do PIB per capita pode
________________________ não ter significado algum. O PIB per capita do Brasil em 2008 era de aproximadamente
________________________ R$14.000. Isso, como já sabemos, não significa que todos os habitantes do Brasil ga-
________________________ nhem R$14 mil. Muito pelo contrário!
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________________________
Leia mais sobre essa questão no artigo LEITURA DA ECONOMIA BAIANA PELA ÓTICA DO PIB:
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1975-2007 que publiquei na Revista de Desenvolvimento Econômico (RDE) da UNIFACS,
________________________ cuja leitura indico no final desta aula.
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Período 1 (1975–1986): transformações estruturais e crescimento
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acelerado
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O período que vai de 1975 até 1986 tem como característica principal a trans-
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formação estrutural do PIB da Bahia, que deixa de ter como carro-chefe a agropecu-
________________________
ária, passando a ser impulsionado pela indústria. Crescimentos acelerados (em torno
________________________
de 6,5% ao ano) foram a tônica dessa época, marcada pela expansão do segmento
________________________
industrial baiano, que apresentou taxas de crescimento de aproximadamente 9%.
________________________
Este processo teve origem em meados dos anos 1950, embora, até o início dos 83
anos 1970, a estrutura produtiva da economia baiana ainda estivesse fundada no setor
conjuntura
econômica
primário-exportador, que se complementava com a economia de subsistência prati-
cada em quase todas as suas regiões. Durante décadas, esta dinâmica foi comanda-
da pelo agrobusiness do cacau, que era o principal produto agrícola estadual e o seu
maior gerador de divisas.
conjuntura
econômica
conjuntura
econômica
químico de Camaçari, cresceu 92% acumuladamente. Entretanto, no período subse-
quente, entre 1986 e 1992, o crescimento acumulado foi de apenas 0,9%. Em que pese
à diferença quantitativa dos anos entre os dois períodos, essa comparação tem como
único objetivo salientar que entre 1986 e 1992 a economia baiana praticamente se
estagnou.
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Fonte: SEI/Coordenação de Contas Regionais (2006) ________________________
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Os fatores que explicam essa crise podem ser encadeados da seguinte forma: ________________________
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A crise da economia nacional nos anos 1980 (a chamada década perdida), capitaneada ________________________
pela crise fiscal e financeira do Estado brasileiro, levou à falência o modelo anterior, no ________________________
qual o Estado era o motor da acumulação capitalista e sob o qual se pautou o crescimen- ________________________
to da economia baiana entre 1975 e 1986. O endividamento interno e externo do Estado ________________________
inviabilizou os investimentos projetados e a manutenção da acumulação capitalista, na
________________________
forma até então vigente.
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________________________
A queda no ritmo de crescimento da economia ocasionou altas taxas de inflação,
índices crescentes de desemprego e elevação das taxas de juros, o que desencadeou
________________________
a chamada “ciranda” financeira e teve, portanto, efeitos negativos diretos na demanda ________________________
86 agregada da economia brasileira, principalmente no consumo das famílias e nos gastos
do Governo.
conjuntura
econômica
Deu-se um redirecionamento da economia brasileira para o mercado externo: incen-
tivaram-se, assim, as exportações que geravam divisas, garantiam o fechamento do ba-
lanço de pagamentos e mantinham o nível da atividade econômica.
Os efeitos dessa crise para o Estado da Bahia foram altamente negativos, po-
dendo-se destacar alguns deles como os mais graves, como se pode verificar a seguir:
________________________
________________________ Foi gerada, com a paralisação do processo de investimentos, uma economia dupla-
________________________ mente concentrada na formação do PIB: na agricultura, o cacau, em crise, continuava a
ser o principal produto de exportação. Na indústria, deu-se uma elevada concentração
________________________
em torno do gênero químico. Em termos macroeconômicos, a geração espacial da renda
________________________
concentrou-se na RMS e no litoral, principalmente na área de influência dos municípios
________________________ de Ilhéus e Itabuna.
________________________
________________________
________________________ Cresceu a taxa de desemprego na RMS, consequência da forte migração — em parte
________________________ derivada do fato de a Bahia possuir uma população rural muito grande (ainda hoje a
________________________ maior do país em termos absolutos, e vivendo de forma precária no semi-árido) — para
________________________ essa região, atraída pelo Pólo. Esse processo fez de Salvador a terceira mais populosa
cidade do país, com uma das maiores taxas de desemprego dentre as cidades estudadas
________________________
pelos institutos de pesquisas brasileiros.
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________________________
Finalmente, identifica-se um último efeito, que se manifestou em meados dos anos
________________________
1980, decorrente da reestruturação produtiva mundial: a crise nos produtos tradicionais
________________________ de exportação da agricultura baiana. A partir desse período, registraram-se sucessivas
________________________ quedas nos preços internacionais dessas commodities, resultantes do crescimento da
________________________ sua oferta mundial, com a entrada, no mercado, de novos países produtores, com meno-
________________________ res custos médios e maiores rendimentos por hectare. Dentre os produtos baianos, cujos
________________________ preços caíram, citam-se: o cacau, que também foi atingido pela grave doença conhecida
como “vassoura de bruxa”, a mamona, o sisal, o fumo, o café e o algodão. O forte declínio
________________________
do cacau, principal cultura agrícola do Estado na segunda metade dos anos 1980, ocorre
________________________
sem que outra lavoura a substitua de imediato.
________________________
Assiste-se, assim, a uma total desestruturação do Estado da Bahia: suas finanças 87
desorganizam-se; seu patrimônio público — estradas, escolas, hospitais etc. — passa
conjuntura
econômica
por um processo de desgaste; seu funcionalismo tem grandes perdas em termos re-
ais.
conjuntura
econômica
crescer. Abriu-se um novo período de investimentos produtivos e a perspectiva de
outro ciclo sustentado de crescimento, agora menos concentrado.
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________________________ Fonte: PROMO – Centro Internacional de Negócios da Bahia (2001)
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Na esfera governamental, a Bahia passou por um processo de reforma do Esta-
________________________
do desde 1991 e promoveu um ajuste administrativo, fiscal e financeiro. Os primeiros
________________________
resultados foram o equilíbrio das finanças públicas estaduais — o que levou à recu-
________________________
peração do crédito público nacional e internacional — e o fato de o Estado passar a
________________________
ter capacidade de gerar poupança interna e externa, abrindo assim a possibilidade de
________________________
investimentos e de contar com programas de incentivos fiscais e financeiros.
________________________
________________________ Em conjunto, esses fatores viabilizaram múltiplos investimentos privados em
________________________ novas áreas da atividade econômica, a exemplo dos segmentos industriais de bens
________________________ de consumo populares, automobilístico, cerâmico e madeireiro/moveleiro, turismo
________________________ etc. Esse movimento tem contribuído para a expansão e diversificação da economia,
________________________ proporcionando uma maior integração industrial, com a abertura de novos horizontes
________________________ que indicam um novo ciclo de crescimento.
________________________
________________________ Concluindo, é possível afirmar que, do ponto de vista da geração do PIB, esse
________________________ período se constitui no momento histórico em que foram lançadas as bases para um
________________________ novo ciclo de expansão do produto baiano e para que se reestruture a composição
________________________ desse indicador, sobretudo no que concerne ao peso que aí têm a agropecuária e a
indústria.
Período 4 – 2000-2007: manutenção do crescimento e consolidação 89
industrial
conjuntura
econômica
A partir do ano 2000 começam a ser observadas mudanças na estrutura produ-
tiva do Estado da Bahia oriundas de dois fatores principais:
conjuntura
econômica
O PIB da Bahia alcançou, nesse período, uma taxa média de 3,8% de crescimen-
to, acumulando 20,3%. Ainda em relação à taxa acumulada os grandes destaques fi-
caram por conta da indústria de transformação (40,5%), agropecuária (31,4%) e, em
menor fôlego, o setor de serviços (11,6%).
Um outro aspecto que pode ser observado com a implementação dos novos
________________________
arranjos produtivos é a mudança no perfil industrial da Bahia, que em 2001 chegou a
________________________
concentrar mais de 57% da estrutura de sua indústria de transformação no segmen-
________________________
to químico. A geração do valor agregado de uma indústria automobilística, além dos
________________________
investimentos nas indústrias de papel e celulose e alimentos, têm contribuído para a
________________________
diminuição na participação dessa estrutura, que passa, ainda que timidamente, por
________________________
um processo de desconcentração industrial.
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________________________
________________________
________________________ A Bahia apresentou nesse período um crescimento médio do PIB superior ao
________________________ do Brasil (na média — 3,8% Bahia e 2,2% Brasil — no acumulado, 20,3% Bahia e 11,4%
________________________
________________________
________________________ Em relação a esta última observação, é importante destacar a evolução do co-
________________________ mércio exterior da Bahia nesse período. Somente em 2005, o Estado da Bahia atingiu o
________________________ recorde de sua história econômica recente, quando suas exportações somaram apro-
________________________ ximadamente U$6 bilhões, expandindo-se 48% em relação a 2004. A título de infor-
________________________ mação, apenas para que se perceba a relevância do resultado estadual, nesse mesmo
________________________ período as exportações brasileiras expandiram-se 23%.
________________________
________________________
Tabela 4: Balança Comercial da Bahia - 2000-2005
91
conjuntura
econômica
Fonte: MDIC/SECEX (2006)
Nesse cenário, o governo brasileiro foi obrigado a agir, primeiro, para tentar
separar as imagens do Brasil e da Argentina; em segundo lugar, para manter a meta
inflacionária, grande âncora do Plano Real e condição obrigatória dos acordos de aju-
da monetária com o FMI. Esses compromissos praticamente congelaram a ação da
política macroeconômica brasileira em 2001.
________________________
Para tentar equilibrar a economia frente a tantos problemas, o Governo foi
________________________
obrigado a manter elevadas as taxas de juros internas. Na macroeconomia básica, um
________________________
aumento na taxa de juros, em que pese à diminuição da liquidez da economia com re-
________________________
dução na inflação, tem como reflexo imediato uma retração nos investimentos produ-
________________________
tivos que, por sua vez, diminuem a demanda agregada e paralisam a atividade interna.
________________________
Em um cenário como esse, diminui a procura pelo crédito e a inadimplência aumenta.
________________________
Sofrem os impactos dessa situação o comércio, que depende muito dos financiamen-
________________________
tos de médio e longo prazo; a indústria, que é fomentada pelos investimentos produ-
________________________
tivos e que, praticamente em sua totalidade, utiliza insumos importados (comprados
________________________
em dólar); e outros setores, como os serviços que, inevitavelmente, apresentaram di-
________________________
minuições nos indicadores de emprego e renda.
________________________
Em 2003, com a eleição do novo presidente que ao longo de sua história políti- ________________________
ca tinha posições contrárias à política econômica que vigorava até então, esperava-se ________________________
uma mudança nesse quadro de juros altos para combater a inflação e segurar o câm- ________________________
bio. Esperava-se também o reinicio de um projeto nacional desenvolvimentista capaz ________________________
de fomentar o crescimento econômico para todas as regiões do Brasil. Entretanto, o ________________________
que se tem acompanhado é a manutenção das “regras do jogo” em que o mercado ________________________
continua imperando de forma absoluta e o cumprimento das metas de inflação o úni- ________________________
co objeto de política econômica. Nesse cenário, fica difícil fazer qualquer prognóstico ________________________
sobre o desempenho macroeconômico do país, que apresentou crescimento da eco- ________________________
nomia ao longo dos anos 2000, muito mais pela insuficiência da demanda agregada ________________________
do que pelo projeto colocado em prática. ________________________
________________________
O Brasil, e particularmente a economia baiana (e nordestina de maneira geral),
________________________
carece de um projeto nacional de desenvolvimento mais engajado em diminuir os
92 desequilíbrios regionais do Brasil desenvolvido do Sul e Sudeste, e o empobrecido do
Norte e Nordeste. Ou seja, enquanto vigorar essa política econômica, a agricultura da
conjuntura
econômica
região Nordeste vai continuar a depender das chuvas para apresentar bons resulta-
dos e as atividades que dependem do crédito e do investimento de longo prazo vão
continuar subordinadas ao “nervosismo do mercado” e à tradicional pouca vontade da
iniciativa privada brasileira.
Síntese
Como ficou demonstrado, nesta aula, o PIB é um indicador macroeconômico
que permite identificar como se dá a geração da riqueza (mas não a sua distribuição)
de um determinado local em um determinado período de tempo. Na Bahia, existem
distintas formas de analisar o comportamento do PIB ao longo do tempo. Particu-
larmente em 2007 esse indicador mensurou um montante de R$109 bilhões, o que
________________________ representa aproximadamente 4,2% da economia brasileira. Apesar disso, a economia
________________________ baiana é extremamente concentrada espacialmente e setorialmente e apresenta uma
________________________ série de problemas econômicos e sociais de difícil equacionamento.
________________________
________________________ questão para Reflexão
________________________
________________________ E então? Depois de ter estudado esse material e de ter refletido sobre o seu
________________________ conteúdo, você acha que crescimento no PIB significa desenvolvimento econômico?
________________________
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Leituras indicadas
________________________
PESSOTI, Gustavo Casseb. Uma leitura da economia baiana pela ótica do PIB –
________________________
1975/2005. Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador, a. VIII, n. 14, p. 78-89,
________________________
jul. 2006.
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________________________ Sites Indicados
________________________
________________________ IBGE – Departamento de Contas Nacionais do Brasil:
________________________
www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/
________________________
referencia2000/2004_2005/default.shtm
________________________
________________________ Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI:
________________________
www.sei.ba.gov.br
________________________
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Referências 93
conjuntura
econômica
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de Economia. Equipe de Profes-
sores da USP. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
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conjuntura
econômica
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Aula 07 - FRAGILIDADES DA ECONOMIA 95
BAIANA E A DEPENDÊNCIA EXTERNA
conjuntura
econômica
Autor: Gustavo Casseb Pessoti, adaptada por Carlos Mauricio Castro
Nesta aula, vamos apresentar um pouco da economia baiana atual. Vamos ver
que, se do ponto de vista econômico, o estado vai muito bem como sexta maior eco-
nomia do país, do ponto de vista social, há muitas carências. Este estudo é de funda-
mental importância para a sua compreensão do mercado de trabalho. É imprescindí-
vel que você conheça as possibilidades e limitações do “espaço territorial” onde habita
e onde será alocado, no futuro, como profissional.
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Tabela 1 - Composição Setorial do PIB Baiano
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Fonte: SEI (2006) ________________________
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Até 1960, o estado era dependente da produção agrícola, principalmente rela- ________________________
cionado com a atividade cacaueira do sul do estado. A partir da década de 1970, com ________________________
o surgimento do Pólo Petroquímico de Camaçari (1978), esse panorama começa a mu- ________________________
dar. Observe que, já em 1980, o setor secundário da economia dobra de participação, ________________________
atingindo 31,6% de participação econômica. Ainda assim, em função do surgimento ________________________
desse complexo, diversas atividades de serviços auxiliares surgiram, como os serviços ________________________
de alojamento e alimentação, comércio, transporte e armazenagem, e passaram a atu- ________________________
ar a reboque do pólo petroquímico, logrando grande expansão econômica. ________________________
96 A partir de 1990, na época do Governo Collor, poucas alterações ocorreram na
estrutura produtiva da Bahia, até porque a abertura econômica desmedida, a alta in-
conjuntura
econômica
flação do período e a grande corrupção, foram as marcas dessa época. Não veio para
a Bahia nenhum grande empreendimento industrial e pequena foi a participação do
estado brasileiro para diminuir as desigualdades regionais entre o sudeste desenvolvi-
do e o norte e o nordeste excluídos do cenário nacional.
Por isso, no final da década de 1990 e início dos anos 2000, o governo da Bahia
começou com um programa de atração de investimentos industriais através de isen-
ções fiscais e doações de terreno e infraestrutura de apoio. Nesse período, e através
dos incentivos, vieram para a Bahia uma série de novas indústrias dos mais variados
gêneros: calçados, fertilizantes, plásticos, químico e petroquímico, mas o grande em-
preendimento dessa época foi a chegada da Ford e suas empresas auxiliares de com-
ponentes para veículos.
A resposta foi imediata no PIB. Nesse período, a economia baiana cresceu mui-
to. Em 2004, o PIB cresceu quase 10%, o dobro do crescimento da economia brasileira.
Assim, a indústria, ou setor secundário da economia, passou a ser o mais importante
da estrutura produtiva do estado da Bahia.
Mas, será que esse fato é positivo ou negativo? Vamos passar para a próxima
informação para começarmos a formular essa resposta.
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________________________ Gráfico 1- Distribuição Percentual do PIB e da população ocupada por setores produtivos, Bahia, 2005
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________________________ Fonte: SEI (2006)
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________________________ Observe que a estratégia adotada pelo governo baiano, carente de maior su-
________________________ porte do governo federal – que estava preocupado apenas com o controle da infla-
________________________ ção e com os ajustes econômicos deixados pelo governo Collor –, acabou produzindo
________________________ um grande crescimento, mas não houve, em contrapartida, uma geração de empre-
________________________ gos para a economia baiana. Adotar uma estratégia de dar isenção fiscal para atrair
________________________ indústrias foi uma boa alternativa para tornar o estado mais equipado do ponto de
________________________ vista industrial, mas observe que são a agropecuária e o setor de serviços os grandes
responsáveis pela geração de empregos na Bahia. A indústria que é responsável por 97
mais da metade do PIB da Bahia é responsável por apenas 14% do emprego gerado
conjuntura
econômica
na economia baiana.
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Fonte: SEI (2007)
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Mas, então, essa estratégia de industrializar-se foi um equívoco, não é mesmo, professor? ________________________
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Infelizmente, não posso concordar com essa resposta e veremos agora o por- ________________________
quê. Observe a pauta de exportações do estado da Bahia. Como você sabe, o comércio ________________________
exterior exerce grande importância na dinamização econômica de um determinado ________________________
local. A partir dele, pode-se lucrar com a venda de produtos e, ao mesmo tempo, com- ________________________
plementar a produção interna, ao importarmos aquilo que não temos condições de ________________________
produzir localmente ou que temos, mas com um alto custo de produção. Reparou bem ________________________
a nossa pauta? Totalmente concentrada em poucos produtos e liderada pela produção ________________________
petroquímica. Se retirarmos também o segmento automotivo, papel e celulose e a me- ________________________
talurgia, o que sobra para todas as demais atividades é extremamente pulverizado. ________________________
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98 Tabela 2 - Principais Segmentos de Exportação da Bahia: 2006 e 2007
VALORES (US$ 1000
VARIAÇÃO PARTICIPAÇÃO
SEGMENTOS FOB)
conjuntura
econômica
2006 2007 % %
Químicos e Petroquímicos 1.351.022 1.580.387 17,0 21,3
Metalúrgicos 1.029.267 1.076.532 4,6 14,5
Petróleo e Derivados 1.099.312 1.003.710 -8,7 13,5
Papel e Celulose 715.376 897.384 25,4 12,1
Automotivo 920.652 761.556 -17,3 10,3
Soja e Derivados 270.403 392.559 45,2 5,3
Minerais 221.742 222.487 0,3 3,0
Cacau e Derivados 209.561 224.650 7,2 3,0
Borracha e suas Obras 75.985 246.847 224,9 3,3
Café e Especiarias 111.100 118.187 6,4 1,6
Couros e Peles 92.372 108.997 18,0 1,5
Sisal e Derivados 82.840 84.330 1,8 1,1
Algodão e seus Subprodutos 107.654 153.150 42,3 2,1
Móveis e Semelhantes 71.502 65.563 -8,3 0,9
Calçados e suas Partes 62.489 82.542 32,1 1,1
Frutas e suas Preparações 115.469 138.252 19,7 1,9
Maq., Apars. e Mat. Elétricos 57.670 74.975 30,0 1,0
Fumo e Derivados 24.614 22.480 -8,7 0,3
Pesca e Aquicultura 12.067 7.597 -37,0 0,1
Demais Segmentos 142.202 146.544 3,1 2,0
Total 6.773.299 7.408.729 9,38 100,00
Fonte: MDIC/SECEX, Dados Coletados em 12//11/2007
Elaboração: PROMO - Centro Internacional de Negócios da Bahia
________________________
________________________ Para tentar transformar esse quadro de dependência da produção química é
________________________ que aquela política de atração de investimentos industriais premiava com isenção,
________________________ por período mais longo, aqueles empreendimentos ligados à indústria de bens finais,
________________________ complementares da cadeia petroquímica. Por isso, o estado insistiu tanto com a tenta-
________________________
________________________ Ah, então, a atração de investimentos industriais conseguiu ao menos dinamizar a
________________________ economia baiana?
________________________
________________________ Vejamos como é rica e complexa a análise da economia baiana. Para que essa
________________________ dinamização ocorresse, era preciso, já que a nossa pauta de exportações é concentrada
________________________ no segmento químico, pelo menos, que as nossas importações fossem complementa-
________________________ res à produção química, mostrando que nós, para dinamizarmos o nosso parque in-
________________________ dustrial, importássemos máquinas e equipamentos. Mas, o que revela a tabela é que a
________________________ maior parte das nossas importações é também de produtos químicos, para nossa frus-
________________________ tração. Para produzir os produtos petroquímicos, a Bahia necessita da matéria-prima,
________________________ ou seja, nafta. Como a Petrobras da Bahia não produz tudo aquilo que nossa produção
________________________ necessita, temos que importar. Resultado da ópera: exportamos petroquímicos e im-
________________________ portamos petroquímicos!
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Tabela 3 - Importações baianas por categorias de uso 2006/2007
99
conjuntura
econômica
Então, para analisar a economia baiana, precisaremos apresentar outros indi-
cadores. Dessa forma, teremos condições de fazer o nosso julgamento final sobre a
estratégia recente de tentativa de desenvolver a economia baiana. Comecemos pelo
PIB, indicador que mede o desempenho da atividade econômica de local em determi-
nado período de tempo.
Gráfico 3 - Desempenho do Valor Agregado da Agropecuária, da Indústria de Transformação e do Comércio, Bahia: 2003-2007
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Fonte: SEI (2008) ________________________
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Como podemos observar, com base no gráfico, a despeito de, até esse momen- ________________________
to, não podermos formar uma opinião concreta a respeito da atual economia baiana, ________________________
as atividades econômicas do estado têm mostrado uma evolução bastante favorável ________________________
nos últimos anos, principalmente no setor industrial! Por isso, um efeito positivo da ________________________
atração dos investimentos industriais foi alavancar a indústria, que, desde 2000, vem ________________________
crescendo em ritmo progressivo. Mas, você reparou que, mesmo sem incentivos, a ________________________
agropecuária, que gera bastante emprego, é quem teve o melhor desempenho nessa ________________________
série considerada. Em 2004, cresceu mais de 24%. Também o setor comercial, que gera ________________________
bastante emprego, tem um comportamento ascendente ao longo da série, exceto nos ________________________
anos de mudança eleitoral (2003), pois, com medo do efeito Lula, FHC teve que au- ________________________
mentar muito a taxa de juros para combater a inflação. ________________________
100 Em 2007, foram quase R$5 bilhões em investimentos industriais e a previsão
para o período de 2008-2012, é de quase R$20 bilhões em novos investimentos indus-
conjuntura
econômica
triais.
Tabela 4 - Investimentos industriais previstos por atividade econômica no Estado da Bahia - Ano 2008-2012
________________________
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________________________ Apesar da expectativa de se gerar 81 mil novos postos de trabalhos com os
________________________ projetos industriais, esse número é bastante longe do ideal, frente ao “estoque de
________________________ desemprego” que temos acumulado. Ou seja, vamos continuar com um contingente
________________________ grande de desempregados que não vão conseguir acesso ao mercado de trabalho.
________________________ Senão, vejamos:
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________________________ Tabela 5 - Indicadores do Mercado de Trabalho - Bahia, 2005-2006
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Fonte: IBGE - PNAD (2007)
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A tabela divulgada em 2007 demonstra que os indicadores não eram favorá- 101
veis. Como se pode notar, a população da Bahia estava situada em torno de 14 milhões
conjuntura
econômica
de pessoas. Desse contingente, pouco mais de 7,1 milhões são os chamados economi-
camente ativos, isto é, aptos e querendo trabalhar. Mas, na limitada economia baiana,
só há espaço para 6,5 milhões. Isto é, cerca de 700 mil pessoas que querem e podem
trabalhar não conseguem emprego. Vamos entender isso melhor ao refletirmos: será
que esse contingente de desempregados tem preparo técnico necessário para a nova eco-
nomia do século XXI? Uma economia marcada pela globalização e pela internacionaliza-
ção das comunicações?
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Fonte: IBGE - PNAD (2007)
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As informações do grau de instrução da população baiana deixam qualquer ________________________
economista estarrecido e o pior, sem solução de curto prazo para resolver esse pro- ________________________
blema estrutural. Mais de 35% da população baiana são analfabetos funcionais (isto é, ________________________
sabem ler e assinar o nome, mas não conseguem compreender o que leem)! É muita ________________________
gente! Como colocá-los no mercado de trabalho? Você contrataria para sua empresa ________________________
uma pessoa dessas? Pois é, os grandes empresários que têm investido na Bahia tam- ________________________
bém não querem! ________________________
E a tabela a seguir não deixa qualquer dúvida sobre a questão que estamos ________________________
querendo enfatizar. Repare os dados propositalmente assinalados em vermelho. 30% ________________________
da população economicamente ativa da Bahia, situada na zona rural, são analfabetos. ________________________
Se considerarmos aqueles que não têm sequer o nível fundamental completo, eles ________________________
atingem 86% da população economicamente ativa da zona rural da Bahia. Só 3% dos ________________________
baianos têm mais de 15 anos de ensino. ________________________
________________________
102 Tabela 6 - População economicamente ativa por situação do domicílio segundo grupos de anos de estudo - Bahia, 2006
conjuntura
econômica
conjuntura
econômica
Fonte: SEI/IBGE (2010)
Pelos números disponíveis na tabela 8, podemos ver que apenas três muni-
cípios (Salvador, Camaçari e São Francisco do Conde) respondem por cerca de 41%
da economia baiana. A importante cidade de Feira de Santana só representa 4,6% da
economia baiana. Dá a impressão de que essa informação está errada, não é? Apesar ________________________
de ser a “porta de entrada” da capital baiana, Feira de Santana, com tantos serviços, só ________________________
pesa 4,6% do PIB baiano. Queria ser animador e dizer que realmente esse dado está in- ________________________
correto, mas a verdade é que a economia baiana é a Região Metropolitana de Salvador. ________________________
O restante da economia baiana é bastante pulverizado e sem grande expressividade. ________________________
Vejamos um número ainda mais curioso. ________________________
Tabela 9 - PIB Municipal: dez menores municípios - Bahia, 2009 ________________________
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Fonte: SEI/IBGE (2010)
104 A tabela 9 demonstra os municípios mais pobres da Bahia e nela se pode cons-
tatar que, dos 417 municípios da Bahia, os 57 mais pobres juntos chegam um pouco
conjuntura
econômica
além de 1% do PIB do estado. Percebe-se, a partir daí, a questão da desigual distribui-
ção da riqueza gerada no Estado da Bahia.
Para finalizar esta aula, vejamos alguns mapas econômicos da Bahia segundo
atividades econômicas. A legenda permite uma visualização objetiva das realidades
desiguais da distribuição da produção.
Figura 1 - Mapa do PIB Municipal a preços correntes, Bahia - 2007
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Fonte: SEI (2008)
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Figura 2 - Mapa do Valor adicionado dos serviços, Bahia - 2007
105
conjuntura
econômica
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Fonte: SEI (2008)
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É fácil observar que existe um grande vazio econômico na região semiárida da ________________________
Bahia, que ocupa 2/3 do território baiano, ou 70% da população. Retirando a Região ________________________
Metropolitana de Salvador, é a região Oeste que tem destaque na produção do agro- ________________________
negócio e o extremo sul do estado que se destaca por conta da produção de celulose, ________________________
quase a totalidade dos demais espaços apresenta atividades econômicas rudimenta- ________________________
res, de subsistência e de baixa penetração no mercado internacional. ________________________
________________________
Se analisarmos o mapa a seguir, agora analisando apenas os espaços do territó-
________________________
rio que são mais industrializados, a concentração é ainda mais brutal e restrita à Região
________________________
Metropolitana de Salvador, principalmente em Camaçari, onde está o Pólo Petroquí-
________________________
mico, e São Francisco do Conde, em função da refinaria da Petrobrás.
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106 Figura 3 - Mapa do Valor adicionado da indústria, Bahia - 2007
conjuntura
econômica
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________________________ Fonte: SEI (2008)
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Como não podia deixar de ser, do ponto de vista da agropecuária, há uma maior
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harmonia dos espaços, evidenciando que a grande vocação econômica do estado está
________________________
na agricultura, a despeito das políticas econômicas do estado nos últimos 20 anos
________________________
terem sempre privilegiado a industrialização. Observe a uniformidade das regiões de
________________________
produção agropecuária no mapa que se segue:
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Figura 4 - Mapa do Valor adicionado da agropecuária, Bahia - 2007
107
conjuntura
econômica
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Fonte: SEI (2008) ________________________
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Esses mapas, assim como as informações contidas nas tabelas anteriores, não
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deixam a menor dúvida de que o processo de desenvolvimento econômico acontece
________________________
muito lentamente na Bahia. O desenvolvimento, já definido em aulas anteriores, é um
________________________
processo de transformação da estrutura produtiva de um determinado local em que,
________________________
após esse processo, há uma melhoria na qualidade de vida da população desse local.
________________________
O que nós observamos é que as políticas econômicas adotadas na Bahia, nos ________________________
últimos anos, realmente geraram crescimento econômico, tanto sim que o PIB acu- ________________________
mula ano após ano taxas positivas, muitas vezes superiores às registradas pela própria ________________________
economia brasileira. Entretanto, não houve uma distribuição justa desse crescimento ________________________
entre as mais longínquas áreas do estado. A riqueza concentrou-se basicamente em 20 ________________________
municípios dos 417 municípios existentes. ________________________
________________________
A maior parte desses municípios é pequena, e sem qualquer viabilidade econô-
108 mica. Eles sobrevivem graças às transferências constitucionais, principalmente advin-
das da distribuição do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e
conjuntura
econômica
o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Nesses municípios, os pesos da admi-
nistração pública e dos recursos do INSS (aposentadoria e pensões) são fundamentais
para o giro dos negócios, pois a renda oriunda das atividades econômicas é extrema-
mente pequena e quase sempre concentrada na produção da subsistência.
Com uma população despreparada para os novos desafios impostos pela glo-
balização mundial e pelo atraso econômico e social que nós temos em relação aos
centros mais desenvolvidos do país, que estão localizados no Sul e no Sudeste, cabe
à Bahia, assim como ao Nordeste, um papel apenas secundário na dinamização eco-
nômica do país. Sem um planejamento do desenvolvimento, uma política de cunho
________________________
nacional que repense os gargalos e os desequilíbrios das economias regionais, conti-
________________________
nuaremos a depender de políticas assistencialistas e continuar elegendo os governan-
________________________
tes que, ao invés de defender uma reforma estrutural no país, continuam oferecendo
________________________
para a população remédios apenas paliativos. Por isso, o tema da aula é a fragilidade
________________________
do desenvolvimento baiano, mas poderia ser perfeitamente a inexistência do referido
________________________
processo.
________________________
________________________
________________________ SÍNTESE
________________________
________________________ A economia baiana apresenta, em pleno desenvolver do século XXI, uma forte
________________________ concentração espacial e setorial. Do ponto de vista setorial, sua atividade está concen-
________________________ trada na produção química e petroquímica, sobretudo por empresas fortemente liga-
________________________ das ao mercado internacional como a Braskem e a Petrobras. Na pauta de exportações
________________________ e importações do estado, os segmentos químicos e derivados sempre figuram como
________________________ os mais importantes. Do ponto de vista espacial, a economia baiana está concentrada
________________________ em aproximadamente 20 municípios, que juntos representam mais de 80% do PIB do
________________________ estado. Apenas para lembrar, no total, 417 municípios compõem o estado da Bahia.
________________________ Somente os municípios da Região Metropolitana de Salvador são responsáveis por
________________________ mais de 50% das riquezas produzidas no estado.
________________________
Do ponto de vista social, o estado apresenta problemas estruturais de difíceis
________________________
soluções. Uma taxa de analfabetismo muito alta e um grande desemprego de sua po-
________________________
pulação. Segundo os dados do IBGE, somente em 2006, eram cerca de 700 mil desem-
________________________
pregados.
________________________
Objetivando mudar esse quadro e realizar um processo de desenvolvimento, 109
o governo do estado “apostou” na estratégia de atração de investimentos industriais.
conjuntura
econômica
Longe de alcançar o objetivo, que só pode ser feito com o apoio do governo federal e
a criação de um projeto nacional desenvolvimentista, houve grande crescimento do
PIB, mas não houve, nesse mesmo período, melhoria na qualidade de vida da popula-
ção, que continua marginalizada, em sua grande maioria, e dependente de medidas
assistencialistas, como os programas Bolsa Família, Vale Gás etc.
LEITURAS INDICADAS
PESSOTI, Gustavo Casseb. Uma leitura da economia baiana pela ótica do PIB –
1975/2005. Revista de desenvolvimento econômico, Salvador, a. VIII, n. 14, p. 78-89,
jul. 2006.
conjuntura
econômica
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AULA 08 - ANÁLISE DA QUESTÃO DA DESI- 111
GUALDADE E DO DESENVOLVIMENTO SO-
conjuntura
econômica
CIOECONôMICO DOS NEGROS NA ECONO-
MIA BRASILEIRA e BAIANA
Autor: Carlos Maurício Castro
conjuntura
econômica
ender a origem das desigualdades dentro do sistema capitalista. Para Marx, a questão
da análise das classes é o elemento central ao se avaliar os indivíduos. Para ele, a so-
ciedade capitalista tem como regente a relação existente entre o capital e o trabalho
assalariado.
conjuntura
econômica
senvolvidos. Essas nações, inclusive, tinham nos seus indicadores sociais um modelo a
ser copiado e perseguido por parte dos demais países.
conjuntura
econômica
nascimento até a expectativa média dos anos de escolaridade e renda nacional bruta
per capta. Deste modo, percebe-se que o Brasil possui várias contradições em suas
regiões.
Temos vários “Brasis”. Podemos afirmar isso através dos indicadores de desen-
volvimento humano brasileiro, sinalizados nessas duas tabelas. Os dados nos dão uma
dimensão destas contradições contidas a partir das distinções desses índices, bem
como uma qualidade de vida totalmente distinta em regiões da federação. É impor-
tante ressaltar que são nas regiões norte e principalmente nordeste do país onde estão
os piores indicadores, tendo os estados do Maranhão e Alagoas os piores indicadores
do IDH no país.
________________________ Tabela criada pelo autor. Fonte: PNDU - Sistematizados pela SEI
________________________
________________________
O mapa a seguir também nos dá uma dimensão visual do IDH disperso entre as
________________________
varias regiões do Brasil, avaliando a partir do desempenho de IDH entre estados que
________________________
tem um nível de IDH elevado, médio alto e médio baixo, de acordo com os indicadores
________________________
de desenvolvimento humano apurados pela Organização das Nações Unidas.
________________________
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________________________ Figura 1 - Figura construída pelo autor com base nos dados da tabela 2
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________________________ Fonte IBGE (2007)
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________________________ Os indicadores acima expostos nos trazem uma clara dimensão da concentra-
ção das desigualdades dispersas entre as várias regiões do país. Estudaremos a seguir
como a formação econômica do Brasil contribuiu para acentuar as desigualdades ra- 115
ciais e sociais do país.
conjuntura
econômica
A FORMAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA A PARTIR DA
OCUPAÇÃO TERRITORIAL ESCRAVISTA E DE IMIGRAÇÃO
De acordo com Klein (1987), mais de onze milhões de escravos entre homens,
mulheres e crianças, foram capturados e levados compulsoriamente para as regiões
intituladas de novo mundo entre os séculos XVI e XIX. Sendo que neste período, o Bra- ________________________
sil foi o território que mais recebeu escravos africanos (cerca de 40% do contingente ________________________
de negros), sendo o último país a abolir a escravidão. A justificativa para tal volume de ________________________
escravos no território se explica pelo modelo de exploração da colônia portuguesa. A ________________________
necessária ocupação espacial do território, constantemente ameaçado por invasores ________________________
estrangeiros, e as motivações econômicas da metrópole que necessitava obter retor- ________________________
nos imediatos da empreitada colonial, incentivaram Portugal a agir com mais celerida- ________________________
de na sua ocupação nas terras brasileiras. ________________________
________________________
O primeiro grande produto brasileiro que cumpria a missão de exploração agrí-
________________________
cola foi a produção açucareira, que cumpria na verdade duas grandes finalidades. A
________________________
primeira era a missão territorial e estratégica, visto que o cultivo da cana de açúcar
________________________
exigia um adequado contingente de Portugueses na colônia e também exigia um
________________________
grande número de trabalhadores para o seu cultivo. O segundo era por uma motiva-
________________________
ção econômica, o açúcar era um produto caro e totalmente aceito na Europa, gerando
________________________
lucros imediatos para Portugal, que passava neste período por uma crise econômica
________________________
decorrente de excessivos gastos nas ações exploratórias e que carecia de recursos para
________________________
tocar os seus projetos. Desta forma, a cana de açúcar propiciou a resolução destes
________________________
problemas enfrentados pela metrópole portuguesa e como podemos observar dessas
________________________
características, os escravos caíram como um elemento de solução para resolução do
________________________
problema da mão de obra inexistente em Portugal de acordo com o modelo de pro-
________________________
dução escolhido.
________________________
Geograficamente, dentro destas escolhas, o norte e o nordeste do territorial co- ________________________
lonial foram as regiões escolhidas e as capitanias de Pernambuco e da Bahia, foram as ________________________
mais importantes, pois reuniam as características apropriadas em relação à qualidade ________________________
116 do solo e à posição estratégica de proximidade com a metrópole para o escoamento
da produção e da riqueza por ela gerada. A atividade produtiva colonial tinha, então, a
conjuntura
econômica
mão de obra escrava como elemento essencial para garantir a geração de riquezas e os
lucros decorrentes da atividade econômica colonial. Assim sendo, durante um longo
período da história econômica brasileira, os escravos cumpriram essa missão e mesmo
com o declínio da produção açucareira, eles continuaram servindo para outras ativida-
des, como a mineração e a produção do café que também tiveram os seus momentos
de apogeu nos ciclos econômicos do Brasil, tempos mais tarde.
________________________
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________________________ Fonte: Campos (1998, p.9)
________________________
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________________________
________________________ As condições dos escravos africanos eram as piores possíveis. O martírio come-
________________________ çava no próprio aprisionamento já que eram caçados como animais e fugiam para o
________________________ interior do continente para tentar escapar desta possibilidade. Os que eram aprisio-
________________________ nados eram encaminhados ao chamado novo mundo em embarcações conhecidas
________________________ como navios negreiros em uma longa viagem de dois meses, amontoados em porões
________________________ em terríveis condições higiênicas e alimentares. Uma grande parcela destes escravos
________________________ perecia durante esta viagem, os que chegavam vivos eram desembarcados e vendidos
________________________ de maneira dispersa por grupos a fim de evitar identidade comum por parte de grupos
________________________ de mesma região.
________________________
Após chegarem em solos brasileiros, os escravos eram comercializados como
________________________
mercadorias pelos senhores de engenho, iniciando uma nova tortura, já que além
de todo esse sofrimento pelo qual passaram anteriormente, os escravos que não se 117
enquadrassem na empreitada, estabelecida pelos seus “proprietários”, sofriam maus
conjuntura
econômica
tratos e torturas, pois trabalhavam sobre o rígido controle dos representantes dos se-
nhores de engenho,
Pode-se constatar que a situação dos escravos era terrível. Entretanto, mesmo
com todas estas adversidades e fugindo ao rótulo de passivos, que durante muito
tempo prevaleceu na história oficial brasileira, vários grupos resistiram e se rebelaram
contra toda esta situação de opressão, realizando fugas, incêndios, rebeliões alguns
inclusive se agrupando em acampamentos intitulados de quilombos que continham
vida social e econômica próprias. O mais famoso de todos estes quilombos foi o qui-
lombo de palmares, na Serra da Barriga, atual estado de Alagoas, liderado pelo gran-
de líder Zumbi dos palmares, o maior personagem da resistência e das lutas contra
a escravidão negra no Brasil e que abrigado neste quilombo conseguiu desenvolver
no início do século XVII uma comunidade composta por aproximadamente mais de
20.000 negros, e que era autossuficiente e produtora de milho, mandioca, cana de
açúcar entre outras culturas e que durante um bom período chegou a comercializar
seus excedentes com regiões vizinhas.
conjuntura
econômica
utilizavam do trabalho escravo, sabiam que o fim do trafico também definiria o próprio
fim da escravidão como modelo interno de produção.
conjuntura
econômica
A DESIGUALDADE ENTRE BRANCOS E NEGROS E AS CON-
TRADIÇÕES DO PROCESSO ABOLICIONISTA E DE INCLUSÃO
SOCIAL
Deste modo, é fácil notar que os negros, embora não fossem mais escravos,
continuavam em posição de imenso desprestígio. Como fazer que eles integrassem a
________________________
população economicamente ativa se não lhes eram dadas oportunidades de trabalho
________________________
de remuneração digna e justa. Os negros continuavam à margem da comunidade e
________________________
desenvolviam atividades que não eram de interesse dos brancos, como cozinheiros,
________________________
carregadores de água, serviçais domésticos e agrícolas em lavouras ainda exploradas
________________________
pelos colonizadores e posteriormente, pelos coronéis e latifundiários.
________________________
________________________
A história avançou e a sociedade pouco fez para que a situação econômica ________________________
social do negro fosse alterada. Os tempos modernos chegaram e poucos (em relação ________________________
ao número de brancos) foram os negros que conseguiram se destacar e vencer econo- ________________________
micamente. Deste modo, a população negra continuou exercendo as funções menos ________________________
almejadas pelo restante da sociedade. Poucos tinham acesso à educação básica e mui- ________________________
to menos à universidade. Os gráficos abaixo, já em uma época mais recente, ilustram ________________________
como os negros continuam enfrentando desigualdade de escolaridade. ________________________
Gráfico 1 - Gráficos de produção do autor ________________________
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Fonte IBGE (2007) ________________________
120
Ao analisar os gráficos, é possível observar que a maior taxa de analfabetismo
conjuntura
econômica
da população está entre os negros, afirmando a herança desigual de oportunidades ao
longo da história da formação econômica e social da população brasileira. Percebe-se
que a classe branca dominante preferiu (e, infelizmente, ainda prefere) fechar as portas
que pudessem colocar os negros e muitos mulatos em patamar de igualdade ao dos
brancos. Deste modo, o negro não conseguia emprego porque não tinha educação e
não podia criar e educar seus filhos porque não possuía trabalho. O “acorrentamento”
do passado continua maltratando e deixando os negros em situação de inferioridade
em muitos níveis da sociedade, embora alguns críticos acreditem que os negros não
sofrem discriminação racial, mas sim de classe social. Fica aí, uma questão para refle-
xão e discussão. A tabela a seguir demonstra a taxa de analfabetismo por faixa etária e
a região de acordo com o Censo mais recente.
Tabela 3 - Taxa de analfabetismo da população de 15 anos por faixa etária e região - 2009
________________________
________________________
A miscigenação do povo brasileiro fez com que os mulatos e pardos disfarças-
________________________
sem o preconceito, e muitos mestiços acabaram por ocupar cargos de confiança e des-
________________________
taque na sociedade. A população afrodescendente ainda encontra dificuldade para se
________________________
posicionar na sociedade e exercer cargos de destaque. Esse fato faz com que grandes
________________________
decisões, como as do legislativo e judiciário, por exemplo, não tenha alguém que in-
________________________
terfira em decisões que privilegiem a população afro-brasileira.
________________________
________________________ Desta forma, percebe-se que a desigualdade econômica e social provocada por
________________________ cor de pele ou por etnia é algo que ainda é presente no país, embora o Brasil seja
________________________ mundialmente conhecido como nação multirracial. As desigualdades econômicas e
________________________ sociais são consequências da exclusão e da discriminação social gerada pela história
________________________ da formação do país. Contudo, os governantes tentam, agora, mudar um pouco essa
________________________ realidade, e através de políticas públicas procuram promover ações que reparem as
________________________ desigualdades.
________________________
Embora o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre tenha defendido a ideia de
________________________
que o Brasil é um país de mestiços e que o brasileiro não discrimina ninguém pela raça,
________________________
essa não é a realidade que vivemos. As estatísticas comprovam que a maioria da popu-
________________________
lação preta e parda do Brasil possui uma qualidade de vida inferior à da porção branca
________________________
e que os negros continuam com baixos índices de oportunidades de ascensão social.
1 Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), excluindo o norte Rural.
Analise o quadro a seguir e perceba o abismo racial de oportunidades no Brasil 121
no início do século XXI.
conjuntura
econômica
Tabela 4 - Taxas de analfabetismo, pobreza e habitação básica entre brancos e negros.
________________________
Tabela 5 - Participação dos Negros no mercado de trabalho
________________________
População Negra População Total________________________
CARACTERÍSTICA Total 15 a 29 30 a 64 65 anos Total 15 a 29 30 a 64 65 anos
________________________
anos anos e mais anos anos e mais
REGIÃO ________________________
Norte 68 63 78 20 68 63 78 ________________________
20
Nordeste 67 66 76 27 66 65 75 25
________________________
Sudeste 71 73 77 21 68 73 76 18
72 75 78 23 72 75 79
________________________
25
Sul
Centro-Oeste 73 72 79 28 72 71 79 ________________________
27
Brasil 69 69 77 24 69 70 77 ________________________
22
________________________
________________________
Tabela elaborada pelo autor. Fonte: Observatório do Negro (2012) 2
________________________
________________________
O deslocamento de classes, conhecido também como mobilidade social, é uma ________________________
forma de permitir que oportunidades se tornem de fato mudanças e que permitam ________________________
o acesso a condições que antes não eram possíveis, com alguns pré-requisitos que ________________________
anteriormente eram bloqueados por esses grupos sociais. ________________________
Para alterar essa situação, é necessário que se conheça, com o maior rigor, todas
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as “faces” destas diferenças. Desta forma, pode-se, a partir das informações sobre es-
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colaridade, renda e postos de trabalho, traçar uma reflexão e observar se efetivamente
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tem ocorrido, de verdade, alguma mudança na estrutura social do Brasil, no que se re-
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fere a aspectos de raça, a partir de políticas encampadas pelo governo, para minimizar
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a distância entre brancos e negros no país.
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2 Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), excluindo o norte Rural.
122 Inicialmente, vamos observar comparativamente as informações sobre a pers-
pectiva da educação, mais precisamente sobre a alfabetização no país, comparando
conjuntura
econômica
dados de 1995 a 2006 sobre a população alfabetizada. Podemos perceber, a partir do
gráfico a seguir, a redução do número de analfabetos no país. Essa é uma informação
positiva, entretanto, há ainda um grande número de pretos e pardos analfabetos em
comparado com o número de brancos para esta mesma situação. Estes dados não são
tão satisfatórios assim, visto que a partir desta tendência, imagina-se uma clara distin-
ção de raças no que se refere à alfabetização. Isso nos leva a concluir que, em longo
prazo, esta distinção se reproduza em estágios posteriores da educação, refletindo-se
para os níveis fundamental, médio e superior. Vejamos o gráfico que representa essa
análise.
Gráfico 2 - População residente de 15 anos ou mais analfabeta segundo o grupo de cor ou raça (branca e preta & parda), Brasil,
1995 e 2006 (em número de pessoas).
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________________________ Fonte: Relatório Anual das Desigualdades no Brasil; 2007- 2008 (UFRJ).
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Outra informação importante sobre educação, diz respeito à taxa de alfabetiza-
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ção funcional que é produzida a partir dos primeiros anos de educação e que permite
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a inserção de pessoas no mercado de trabalho. Para essa taxa percebe-se uma evolu-
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ção maior de pretos e pardos em relação à evolução para brancos. Essa transformação
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é positiva para diminuir a distância existente entre as raças. Contudo, é necessário sa-
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lientar que a evolução desta taxa não determinará uma condição de vida melhor para
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os negros em longo prazo, pois a capacidade evolutiva educacional é influenciada por
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fatores internos e externos à estrutura da educação, como por exemplo, a evasão es-
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colar devido à necessidade de trabalhar para sobreviver. Isso pode ser evidenciado
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quando se compara o tempo de permanência entre as raças nas escolas. Isso pode ser
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percebido no gráfico a seguir, que ilustra de maneira bem clara o tempo de permanên-
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cia destes dois grupos na escola. O tempo das pessoas nas escolas também determina
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uma perspectiva de inserção no mercado de trabalho.
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Gráfico 3 - Evolução da taxa de alfabetização funcional da população residente (15 anos ou mais) segundo os grupos de cor ou raça
(branca e preta & parda), Brasil, 1995-2006 (em %).
123
conjuntura
econômica
Fonte: Relatório Anual das Desigualdades no Brasil; 2007- 2008 (UFRJ).
conjuntura
econômica
________________________ Tabela 6 - Distribuição dos estudantes, segundo a cor (UFRJ, UFPR, UFMA, UFBA, UNB e USP)-2001
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UFRJ UFPR UFMA UFBA UNB USP
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________________________ Branca 76,8 86,5 47 50,8 63,7 78,2
________________________ negra 20,3 8,6 42,8 42,6 32,3 8,3
________________________ amarela 1,6 4,1 5,9 3,0 2,9 13,0
________________________
Indígena 1,3 0,8 4,3 3,6 1,1 0,5
________________________ % de negros
44,63 20,27 73,36 74,95 47,98 27,4
________________________ no estado
déficit 24,33 11,67 30,56 33,55 15,68 18,94
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________________________ Fonte: Guimarães (2003, s.p.)
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________________________ Deste modo, podemos concluir, que embora a taxa de inserção dos negros nas
________________________ faculdades tenha aumentado, ela continua baixa na Bahia, se levarmos em conside-
________________________ ração que a maior parte da população do estado é composta por negros e não por
________________________ brancos. Isso nos leva a perceber que, embora em minoria, os brancos ocupam a maior
________________________ parte das vagas do ensino superior do estado. O fato de haver um menor número de
________________________ negros com formação superior em relação aos brancos afeta diretamente na questão
________________________ das oportunidades de emprego qualificado.
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O emprego é outra variável muito significativa quando observamos a desigual-
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dade entre negros e brancos. Os indicadores comparativos de ocupação e emprego
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entre brancos e negros no país revelam a desigualdade de maneira bem clara. Vejamos
os gráficos a seguir para que possamos entender este cenário. 125
conjuntura
econômica
Gráfico 6: Taxa de desemprego segundo cor/raça e sexo – Brasil, 1996-2004.
O gráfico demonstra que o desemprego entre negros é maior que entre os bran-
cos, mesmo que comparado em relação ao gênero masculino e feminino. O cenário de
desigualdade continua no que diz respeito ao rendimento médio da população entre
as raças. A tabela 7 ilustra que em todas as regiões do Brasil, os pretos e pardos pos-
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suem salários inferiores aos dos brancos. Já a tabela 8, demonstra a evolução da renda
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entre brancos e negros, homens e mulheres. Ao analisarmos essa evolução, percebe-
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mos que há uma grande diferença não somente entre os salários em si, mas também
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no próprio processo de aumento. Um destaque especial, para a questão das mulheres
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negras, que de acordo com os dados da tabela são as que possuem menores salários.
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Tabela 7 - Rendimento real médio mensal da PEA residente ocupada segundo os grupos de cor ou raça (branca e preta & parda) ________________________
nas regiões geográficas do Brasil (em R$, set. 2006)
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Regiões Brancos Pretos e pardos ________________________
Norte 801,51 502,01 ________________________
Nordeste 610,80 363,41
Sudeste
________________________
1.124,71 608,46
Sul ________________________
882,53 548,46
Centro-Oeste ________________________
1.140,11 694,12
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Fonte: Relatório Anual das Desigualdades no Brasil; 2007- 2008 (UFRJ).
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126 Tabela 8 - Média da renda da ocupação principal por sexo, segundo cor/raça Brasil 1996-2007.
conjuntura
econômica
conjuntura
econômica
Esta aula tratou sobre a história da desigualdade racial e social do Brasil e a
sua interferência nos índices de oportunidades socioeconômicas. Através da contex-
tualização histórica foi possível perceber que a posição inferior do negro em grandes
partes da sociedade e da economia do país foi oriunda do estabelecimento da mão de
obra no processo de produção econômica da nação. Mas, é hoje, no século XXI que se
pensa em políticas públicas que possam favorecer os negros e lhes darem melhores
condições de vida do país, como as cotas para afrodescendentes no Ensino Superior.
Leituras indicadas
AVELAR, Idelber. Sobre algumas vitórias recentes da luta afro-brasileira. Revista
Fórum, São Paulo, SP. n° 15 p. 22-23, jun. 2012.
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sites Indicados ________________________
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Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI): www.sei.ba.gov.br ________________________
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Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA): www.ipea.gov.br
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br ________________________
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Referências ________________________
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CAMPOS, F; DOLHNIKOFF, M. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1998.
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DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
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ESCÓCIA, Fernanda. “Raças ocupam posições díspares e negro sofre mais”. Folha de São Paulo, 3 out 2003.
________________________
Caderno Especial Qualidade de Vida, p A-4. IN: DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo: Pear-
son Prentice Hall, 2010.
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G1 - São Paulo: Globo notícias, 02.11.2011. Disponível em:‹ http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/11/ ________________________
brasil-ocupa-84-posicao-entre-187-paises-no-idh-2011.html. Acesso em: 15 set 2012. ________________________
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GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Acesso de negros às universidades públicas in Cadernos de Pesqui- ________________________
sa n° 118, São Paulo, 2003.
128 IBGE - Disponível em: ‹http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 set 2012.
conjuntura
econômica
KLEIN,Herbert. Tráfico Negreiro. In: Estatísticas Históricas do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1987, p. 60.
RDH - 2011 - Sustentabilidade e Equidade um Futuro Melhor para todos - PNUD. Disponível em: ‹http://hdr.
undp.org/en/media/HDR_2011_PT_Complete.pdf>. Acesso em: 16 out 2012.
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