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AlFA onZE

Concursos

PM/BM-BA
POLÍCIA E BOMBEIRO MILITAR DO ESTADO DA BAHIA
Prezados alunos,
A equipe Alfa Onze Concursos vem informar a satisfação de ter vocês como parceiros,
amigos e colaboradores nesse projeto educacional e nessa grandiosa, satisfatória e árdua
missão de estudar, de promover mudanças sociais e pessoais através do ensino.

Estamos à disposição sempre e juntos vamos traçar e alcançar metas, objetivos e sonhos,
pois só com a educação podemos mudar o mundo e as pessoas, fomentando felicidades
através do conhecimento.

Vamos juntos, pois a conquista nos espera.

ALFA ONZE CONCURSOS

“A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.


(Aristóteles)
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................... 1

RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO ........................................ 44

HISTÓRIA DO BRASIL ............................................................... 57

GEOGRAFIA DO BRASIL ........................................................... 111

DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................... 154

DIREITOS HUMANOS ............................................................... 222

DIREITO ADMINISTRATIVO ..................................................... 241

NOÇÕES DO ESTATUTO DA PM-BA .......................................... 264

DIREITO PENAL ...................................................................... 301

NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO ..................... 339


Língua Portuguesa

1. Ortografia oficial.
2. Acentuação gráfica.
3. Flexão nominal e verbal.
4. Pronomes:
‒ Emprego;
‒ Formas de tratamento; e
‒ Colocação.
5. Emprego de tempos e modos verbais.
6. Vozes do verbo.
7. Concordância nominal e verbal.
8. Regência nominal e verbal.
9. Ocorrência de crase.
10. Pontuação.
11. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e
incorretas).
12. Intelecção de texto.
13. Redação oficial.

1
1. ORTOGRAFIA OFICIAL

REGRAS PRÁTICAS PARA O EMPREGO DE LETRAS

Emprego da Letra Z

1) Substantivos abstratos derivados de adjetivos: pobreza, beleza, altivez,


acidez...
2) Aumentativo e diminutivos: copázio, papelzinho, homenzarrão, balázio,
marzinho, pobrezinho...
3) Verbos terminados em “zer” e “zir”: fazer, trazer, dizer, aprazer,
conduzir...
4) Sufixo “izar”: finalizar, idealizar, moralizar, centralizar, realizar,
idealizar...
5) Desinência “triz” (feminina): embaixatriz, imperatriz, atriz, geratriz...
6) Palavras oxítonas terminadas em “uz”: cuscuz, mastruz.
7) Sílaba inicial “a” usa-se “z”: azar, azia, azedo, azorrague. [Exceções: Ásia,
asa, asilo, asinino].

Emprego da Letra S (fonema /z/)

1) Adjetivos que indicam origem: burguês, francês, inglês, camponês....


2) Desinências de feminino esa/isa: baronesa, marquesa, japonesa, poetisa,
profetisa...
3) Verbos “pôr” e “querer”: pus, pusesse, pusera, quis, quisesse, quisera...
4) Adjetivos terminados em oso(a): aquoso(a), meloso(a), jeitoso(a),
gostoso(a)...
5) Depois de ditongos: maisena, causa, coisa, lousa, Souza, Neusa...
6) Depois das silabas iniciais “i”, “o”, “u”: isento, isolado, Isabel, Isaura, Hosana,
Osório, Osíris, Oséias (Exceção: ozônio), usar, usina, usura, usufruto...
7) Se houver "s" na última sílaba da palavra primitiva: japonesinho,
braseiro, parafusinho, camiseiro, extasiado...
8) Se o fonema /z/ vier entre vogais: asa (casa, brasa), ase (frase, crase) aso
[vaso, caso (Exceções: gaze, prazo), ês(a) (camponêsa, marquesa), esse (tese,
catequese), esia (maresia, burguesia), eso (ileso, obeso, indefeso), isa (poetisa,
pesquisa. Exceções: baliza, coriza, ojeriza), ise [valise, análise, hemoptise
(Exceção: deslize)], iso (aviso, liso, riso, siso. (Exceções: guizo, granizo)], oso(a)
[gostoso, jeitoso, meloso, (Exceção: gozo)], ose (hipnose, sacarose, apoteose),
uso(a) [fuso, musa, medusa. (Exceção: cafuzo(a))].

Emprego da Letra S e SS (fonema /z/ e /s/)

Nas derivações, a partir das terminações verbais:


‒ ender: pretender (pretensão), ascender (ascensão)...
‒ ergir: imergir (imersão), submergir(submersão)...
‒ erter: inverter (inversão); perverter (perversão)...
‒ pelir: repelir (repulsa); compelir (compulsão)...
‒ correr: discorrer (discurso); percorrer (percurso)...
‒ ceder: ceder (cessão), conceder (concessão)...
‒ gredir: agredir (agressão), regredir (regresso)...
‒ primir: exprimir (expressão), comprimir (compressa)...
‒ tir: permitir (permissão), discutir (discussão)...

Emprego da Letra X (fonema /x/)

1) Depois das sílabas iniciais: me [mexerico, mexicano, mexer


–(Exceção: mecha)]; Ia [laxante]; li [lixa]; lu [lixo]; grã

2
[graxa]; bru [bruxa]; en [enxame, enxoval, enxurrada (Exceção:
enchova)].
2) Depois de ditongos: caixa, ameixa, frouxo, queixo... (Exceção:
recauchutar).
3) Sílaba inicial “e”: exame, exemplo, exímio, êxodo... [Exceções:
esôfago, esotérico, (há também exotérico)].

Emprego da Letra G (fonema /j/)

1) Nas palavras terminadas em ágio, égio, ígio, ógio e úgio: presságio,


privilégio, vestígio, relógio, refúgio...
2) Nos verbos/palavras terminados em agem, ege, igem, oge e ugem: viagem;
herege; vertigem; paragoge; penugem. [Exceções: pajem, lajem, lambujem].

Emprego da Letra J (fonema /j/)

1) Em palavras de origem tupi-guarani ou africana: jerivá, jibóia, jirau, pajé,


jerimum, canjica, acarajé, lambujem...
2) Verbos terminados em “jar” e “jear”: viajar, arranjar, arejar, gorgear,
pajear...
3) Nas terminações “aje”: laje, ultraje, traje...

Emprego da Letra C (fonema /c/)

1)Em palavras de origem tupi-guarani ou africana: açaí, araçá, babaçu, paçoca,


troça, caçula...
2) Nos sufixos: barcaça, viração, cansaço, bonança, roliço...
3) Depois de ditongos: louça, foice, beiço, afeição...
4) Nos cognatos com "t": exceto (exceção), isento (isenção)...
5) Na derivações do verbo "ter": deter (detenção)... Observação: Quando en for
prefixo, prevalece a grafia da palavra primitiva: encharcar, enchapelar, encher,
enxadrista...

EMPREGO DA LETRA INICIAL MAIÚSCULA

1) Em citações: Diz o proverbio: “A agulha veste os outros, e vive nua”.


2) Em nomes próprios: Antônio, Paulo, Bahia...
3) Nome de altos conceitos: a Igreja, a Pátria, a Republica...
4) Nomes de épocas históricas: a Idade Média, o Fico...
5) Nomes de festas religiosas: o Natal, a Pascoa...
6) Nomes de artes, ciências, disciplinas: a Pintura, a Música, a Astronomia, o
Latim, o Português...
7) Nomes de cargos eminentes: Arcebispo, Presidente, Governador...
8) Nomes de lei, decretos, atos: a Lei de Responsabilidade Fiscal, o
Decreto 6.67, o Aviso 16...
9) Os pontos cardeais quando indicam região: o Norte, o Sul, o Nordeste, o Leste...

Não se emprega maiúsculas em


1) Nome de meses e dias da semana: janeiro, setembro, dezembro, segunda-feira,
sábado, domingo...
2) Monossílabos átonos de títulos: Viagem ao Centro da Terra, Histórias sem
Data...
3) Nomes de povos e línguas: os alemães, os baianos, o latim, o grego, o romano...
4) Nomes comuns que acompanhas os geográficos: o canal de Suez, o rio
Amazonas, o dique de Tororó.
5) Nomes de festas pagãs: o carnaval, o bumba-meu-boi, o rodeio...
6) Substantivos compostos com nomes próprios: agrião-do-brasil, joão-ninguém...
7) Nome de pontos cardeais: norte, sul, leste, oeste...

SEPARAÇÃO SILÁBICA

É o conjunto de um ou mais fonemas pronunciados de uma só vez.

3
1) Se separam
a) Consoantes repetidas rr, ss, sc, sç, xc: car-ro, as-sa-do, des-cer, des-çam,
ex-ces-so...
b) Vogais dos hiatos: co-or-de-nar, gra-ú-do, hi-a-to, ra-i- nha, ru-í-na...
c) Duas ou mais consoantes seguidas: ap-to, af-ta, op-tar, as-tro, es-tre-la,
pers-pi-caz, sols-tí-cio, pers-cru-tar, tungs-tê-nio...

Obs.: Toda consoante que não vem seguida de vogal fica na sílaba anterior.

2) Não se separam
a) Os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu: cha-péu, lha-ma, mi-nha, man-gue, es-qui-
lo...
b) Os encontros consonantais formados por consoante + L e consoante +
R: re-cla-me, fla-ma, glo-bo, pre-to, dra- ma, cri-me...
c) ditongos ou tritongos: pai-sa-gem, cau-sa, sé-rie , a-ve-ri- guei, sa-guão, Pa-
ra-guai

Obs.: Se a consoante for inicial, também não é separada. Exemplos: pneu-má-ti-co,


psi-co-lo-gi-a, gno-mo, psi-co-se.

EMPREGO DOS PORQUÊS

• Por que

O por que tem dois empregos diferenciados:


1) por + pronome interrogativo ou indefinido que, = “por qual razão” ou “por
qual motivo”.
- Por que você não vai ao cinema? (por qual razão).
- Não sei por que não quero ir. (por qual motivo).
2) por + pronome relativo que = “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual,
pelos quais, pelas quais.
- Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual).

• Por quê

Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê
deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual
razão”.
- Vocês não comeram tudo? Por quê?
- Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.

• Porque

É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de


“pois”, “uma vez que”, “para que”.
- Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois).
- Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que).

• Porquê

É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de


artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
- O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada.
(motivo)
- Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

2. ACENTUAÇÃO GRÁFICA

REGRAS DE ACENTUAÇÃO BASEADAS NA TONICIDADE

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TERMINAÇÕES
TONICIDADE
a(as) e(es) o(os) em (ens) outras(*)

1. Oxítonas X X X X Não
2. Monossílabas tônicas X X X Não Não
3. Paroxítonas Não Não Não Não X
4. Proparoxítonas X X X X X

(*) Terminadas em l, n, r x, ps, um, i(s), us, ã, ão, ditongos.

Exemplos:

Oxítonas: araçá, lilás, dendê, revés, paletó, retrós, porém. Monossílabas tônicas:
trás, lá, fé, rés, mês, pó, cós, dá-lo. Paroxítonas: útil, éden, tórax, bíceps, álbum,
ímã, sótão, júri. Proparoxítonas: friíssimo, ínterim, anátema, bávaro, álibi,
período.

Observações:
1. Veja que só não são acentuadas as paroxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s),
em(ens).
2. Alguns gramáticos, entre eles Celso Cunha, consideram proparoxítonos os vocábulos
terminados em ditongos crescentes, como glória, série, sábio, água, tênue, mágoa,
gêmeo, etc.

OUTRAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO

1) Ditongos (éi, ói, éu): abertos e tônicos.

‒ éi: réis, fiéis, idéia.


‒ ói: dói, faróis, jóia.
‒ éu: céu, chapéu, mundéu.

2) Hiatos

• Hiato êe: ocorre na pessoa do plural dos verbos.


Ex.: dar – dêem / ver – vêem / ler – lêem / crer – crêem. Obs.: O mesmo
ocorre com derivados desses verbos: desdêem, prevêem, antevêem,
provêem, relêem, etc.

• Hiato ôo: ocorre na 1° pessoa do singular dos verbos terminados em:


‒ oar: vôo, magôo, enjôo, abotôo, corôo, côo, etc.
‒ oer: môo, rôo, remôo, condôo-me, etc.

• Hiatos em "i" e "u": quando tônicos, sozinhos ou seguidos de "s". Ex.: ca-í, sa-ú-de,
fa-ís-ca, ba-la-ús-tre.
Exceções (não são acentuados):
a) "i" seguido de nh: campainha, moinho, fuinha, tainha, etc.
b) "i" e "u" repetidos: xiita, vadiice, juuna, paracuuba, etc.

3) Acento Diferencial

• Vocábulos tônicos: pára, pêlo(s), pêra, pêlo(a)(as), péra, pôr, pôde, pêlo(s),
pólo(s), póla(s), pôla(s), ás, côa(s).

• Na 3ª pessoa do plural dos verbos: ter, vir (e seus derivados).

Verbos Singular 3ª pes. plural


Ter tem têm
Vir vem vêm
Conter contém contêm

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4) Acentuação dos grupos gue, gui, que, qui:

a) Trema: "u" sonoro e átono: tranqüilo;


b) Acento: "u" sonoro e tônico: averigúe.
Exemplos: arguo, argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem.

3. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL

SUBSTANTIVOS

CONCEITO
Substantivo é a classe gramatical, ou morfológica, de palavras que nomeiam os seres
- reais ou imaginários, concretos ou abstratos. Além disso, inclui nomes de ações,
estados, qualidades, sentimentos, etc. Qualquer classe gramatical antecedida por
artigo, pronome demonstrativo, pronome indefinido ou pronome possessivo vira
substantivo: o amar, um amanhã, nosso sentir, um não sei quê, o sim, o não,
algum talvez, este falar, um abrir-se, o querer, aquele claro-escuro.

CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS

Os substantivos são classificados assim:

• Comuns: nomeiam grupos de seres da mesma espécie. Ex: jornal, país, cidade,
animal, boca, beijo.
• Próprios: nomeiam seres particulares de uma determinada espécie. São os nomes
de pessoas, cidades, equipes de futebol, etc. Ex: Fortaleza, Salvador, Ceará, Brasil,
América do Norte.
• Abstratos: nomeiam estados, qualidades, sentimentos ou ações cuja existência
depende de outros seres. explica-se: a beleza, por exemplo, precisa de algo concreto
(um vaso, um rapaz, uma árvore) para se manifestar. Ex: tristeza, cansaço, prazer,
alegria, beleza, verdade, ironia
• Concretos: nomeiam seres cuja existência é própria, independente de outros. Ex:
beija-flor, mulher, Deus, vento, alma.
• Primitivos: são os nomes que não derivam de outros. Ex: dia, noite, carroça,
mar, água.
• Derivados: são os nomes formados a partir de outros. Ex: diarista (de dia), noitada
(de noite), carroceiro (de carroça), maremoto (de maré), aguaceiro (de água).
• Simples: são os nomes que apresentam apenas um elemento formador, um radical.
Ex: caneta, pau, flor, couve, água, cheiro
• Compostos: são os nomes formados de dois ou mais elementos. Ex: caneta-tinteiro,
couve-flor, água de cheiro
• Coletivos: são os nomes comuns que servem para designar conjuntos de seres de
igual espécie. Ex: flora (de todas as plantas de uma região), tertúlia (conjunto de
pessoas amigas), floresta (conjunto de árvores), panapaná (conjunto de borboletas).
Note que um substantivo tem, ao mesmo tempo, várias classificações. Mesa, por
exemplo, é um substantivo comum, concreto, simples e primitivo. Acontecimento,
por sua vez, é comum, abstrato, simples e primitivo.
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS

Os substantivos podem variar em gênero (masculino e feminino), número (singular


e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).

Flexão de gênero, número e grau


Os substantivos fazem parte das classes gramaticais variáveis. Um substantivo pode
variar em gênero, número e grau. Entenda o que quer dizer cada uma dessas flexões.

Gênero

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• Substantivos masculinos: são antecedidos pelo artigo "o".
- Ex.: o lança-perfume, o tapa, o champanha, o dó, o diabetes.

• Substantivos femininos: são antecedidos pelo artigo "a".


- Ex.: a agravante, a bacanal, a fênix, a alface, a ênfase, a poetisa.

• Substantivos biformes: com duas formas - uma para o masculino, e outra para o
feminino.
- Veja algumas regras de formação do feminino:

1) Substantivos terminados em -o mudam para -a.


- o sapo = a sapa, o canário = a canária, o piloto = a pilota.

2) Substantivos terminados em -ão mudam para -ã, outros para -oa e


ainda para -ona (neste caso, em aumentativos).
- o capitão = a capitã, o tecelão = a tecelã/teceloa, o chorão = a chorona.

3) Substantivos terminados em -or formam o feminino com o acréscimo de -


a.
- o doutor = doutora, o coletor = coletora, o trabalhador = trabalhadora.

4) Alguns substantivos terminados em -or podem fazer feminino mudando


essa terminação para -eira.
- o arrumador = a arrumadeira, o lavador = lavadeira, o trabalhador =
trabalhadeira. O sufixo -eira pode indicar qualidade e, portanto, adjetivação:
mulher trabalhadeira; pessoa faladeira.

5) Alguns substantivos com terminação -e podem fazer o feminino


mudando a terminação para -a.
o infante = infanta, o governante = a governanta, o elefante = a elefanta.

6) Substantivos terminados em -ês, -L e -z fazem o feminino com o


acréscimo de -a.
o freguês =a freguesa, o oficial = oficiala, o juiz = juíza.

• Substantivos uniformes: apresentam uma só forma para os dois gêneros.


1) Comuns-de-dois. Ex: o/ a cliente, o/ a doente.
2) Epicenos são os nomes de animais, insetos e plantas em que se distingue
o gênero mediante o emprego das palavras macho e fêmea. Ex: a cobra
macho/ fêmea, a onça macho/ fêmea, o urubu macho/ fêmea.
3) Sobrecomuns são substantivos de um só gênero, usados para indicar
homem e mulher, indistintamente. Ex: a criança, a pessoa, o indivíduo

• Há ainda substantivos que são masculinos ou femininos, conforme o sentido


com que se acham empregados:
- a cabeça (parte do corpo)/ o cabeça (o chefe), a grama (relva)/ o grama (unidade de
peso).

Número

Os substantivos no singular indicam um único ser, ou uma ideia coletiva. Ex.: cão,
coração, amor, pai, país, grupo.
Os substantivos no plural indicam mais de um ser (com exceção dos coletivos). Ex.:
cães, corações, amores, pais, países.
Vamos observar as regras gerais das flexões de número dos substantivos.
1) Substantivos simples.

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Terminação Regra Exemplos
livro = livros cárie = cáries degrau -
Vogal ou ditongo oral
Acrescenta-se -S degraus

Acrescenta-se - hambúrguer = hambúrgueres


-r ou –z
ES estupidez = estupidezes
Troca-se por - álbum = álbuns bem = bens
-m
NS
Troca-se por: faisão = faisões escrivão = escrivães
-ão –ÕES, -ÃES, -ÃOS cristão = cristãos

-s (oxítonas ou
ás = ases
monossílabos tônicos) Acrescenta-se - freguês = fregueses
ES
Ficam ônibus = ônibus lápis = lápis
-s (paroxítonas)
invariáveis
Ficam tórax = tórax clímax = clímax
-x
invariáveis
-al varal = varais túnel = túneis
-el á lcool = álcoois azul = azuis
Troca-se por -IS
-ol
-ul
-il (oxítonas) Troca-se por -IS reptil = reptis
-il (paroxítonas) Troca-se por - réptil = répteis
EIS

Observação: o plural dos substantivos no grau diminutivo terminados em “-zinhos (as)”


forma-se da seguinte forma:
- Bar = bares = barezinhos.
- Flor = flores = florezinhas.

Só o primeiro elemento vai para o plural


‒ Substantivos ligados por preposição;
‒ Substantivos compostos por dois substantivos em que o segundo elemento dá idéia
de finalidade ou limita o primeiro.
‒ Ex.: pão-de-ló = pães-de-ló / mula-sem-cabeça = mulas-sem- cabeça / salário-
família = salários-família / pombo-correio = pombos-correio.

Só o último elemento vai para o plural


‒ Nos compostos com os prefixos grão, grã e bel;
‒ Nos compostos formados por palavras repetidas;
‒ Nos compostos em que o primeiro elemento é um verbo ou palavra invariável e o
segundo é um substantivo ou adjetivo;
‒ Nos compostos de três ou mais elementos não ligados por preposição;
‒ Substantivos formados pelo acréscimo de um prefixo ligado por hífen.

‒ Ex.: grão-duque = grão-duques / tique-taque = tique-taques / beija-flor = beija-flores /alto-falante =


alto-falantes / abaixo- assinado = abaixo-assinados / bem-te-vi = bem-te-vis / ex- namorado = ex-
namorados / recém-nascido = recém-nascidos.

Os dois elementos vão para o plural


‒ Nos compostos de substantivo + substantivo e substantivo + adjetivo.
‒ Ex.: papai-noel = papais-noéis / amor-perfeito = amores- perfeitos / bóia-
fria = bóias-frias.

Ficam invariáveis
‒ Compostos por frases substantivas;

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‒ Compostos por verbos + palavra invariável;
‒ Compostos por verbos de sentido oposto
‒ Ex.: os bumba-meu-boi / os pisa-mansinho / os vai-e-volta/ os leva-e-traz.

Compostos com a palavra GUARDA


‒ Guarda é substantivo: faz plural normalmente;
‒ Guarda é verbo: fica invariável.
‒ guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda-sol = guarda-sóis.

Grau
Os substantivos no grau aumentativo indicam grandeza, como nos exemplos casarão,
narigão, mulherão, boqueirão.
Os substantivos no grau diminutivo indicam pequenez, como nos exemplos
casinha, narizinho, mulherzinha, boquinha.
São dois os graus do substantivo: o aumentativo e o diminutivo. Os dois podem
aparecer na forma sintética, ou seja, numa só palavra, e na forma analítica, isto é, em
duas palavras.

Aumentativo de alguns substantivos:

‒ Amigo: amigaço; amigalhaço; amigão.


‒ Boca: bocarra; boqueirão.
‒ Moça: mocetona.
‒ Mão: manzorra; mãozorra; manopla.
‒ Luz: luzerna.
‒ Homem: homenzarrão.
‒ Povo: povaréu.
‒ Vaga: vagalhão.
‒ Fedor: fedentina.

Diminutivo de alguns substantivos:


‒ Corpo: corpúsculo.
‒ Canção: cançoneta.
‒ Febre: febrícula.

‒ Moça: moçoila.
‒ Homem: homúnculo; homenzinho; hominho.
‒ Rapaz: rapazote; rapazelho.
‒ Povo: poviléu.
‒ Beijo: beijote.

ADJETIVO

É a palavra que qualifica o substantivo, isto é, indica qualidade, características ou


origem.

CLASSIFICAÇÃO

Os adjetivos podem ser classificados em:


• Primitivos: radicais que por si mesmos apontam qualidades. Ex: claro, triste,
grande, vermelho.
• Derivados: são formados a partir de outros radicais. Ex: infeliz, azulado.
• Simples: apresentam um único radical em sua estrutura. Ex: apavorado, feliz.
• Compostos: apresentam pelo menos dois radicais em sua estrutura.
Ex: ítalo-brasileiro, socioeconômico.
• Explicativos: qualidade inerente a todo ser. Pedra dura, água mole, homem mortal.
• Restritivos: qualidade não-inerente a todo ser.
Ex: mulher sincera, homem fiel, maçã verde, carro veloz.
• Adjetivos pátrios ou gentílicos: são os adjetivos referentes a países, estados,

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regiões, cidades ou localidades.
Ex: brasileiro, goiano, carioca, acreano, capixaba.
• Adjetivos eruditos: significam relativo a, próprio de, da cor de. Ex: discente
(aluno), plúmbeo (chumbo), ígneo (fogo).

FLEXÕES DOS ADJETIVOS

Os adjetivos apresentam flexões de gênero, número e grau.

Gênero
Os adjetivos assumem o gênero do substantivo do qual se referem.
- Uma mulher formosa – um homem formoso
- Uma professora ativa – um professor ativo

Quanto ao gênero, os adjetivos podem ser uniformes e biformes.

• Adjetivos biformes: apresentam uma forma para o gênero feminino e outra para o
masculino. As formas do feminino são marcadas pelo acréscimo do sufixo “a” ao
radical:
Ex: o homem honesto – a mulher honesta / o produtor inglês – a produtora inglesa.

• Adjetivos uniformes: possuem uma única forma para o masculino e o feminino:


Ex: pássaro frágil – ave frágil, escritor ruim – escritora ruim.

Número
Os adjetivos concordam em número com os substantivos que modificam, assumem a
forma singular e plural. Ex: político corrupto – políticos corruptos / salário digno –
salários dignos.

Adjetivos Composto
• Quando formados por dois adjetivos, apenas o segundo elemento vai
para o plural.
Ex: clínica médico-dentária - clínica médico-dentárias.
• Quando o segundo elemento é um substantivo são invariáveis também em
número.
Ex: recipiente verde-mar - recipientes verde-mar / tinta amarelo- canário – tintas
amarelo-canário.

Grau
Quando se quer comparar ou intensificar as características atribuídas ao substantivo,
os adjetivos sofrem variação de grau. Tem-se o grau comparativo e o grau superlativo.

GRAU COMPARATIVO
Compara-se a mesma característica atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais
característica a um único ser. O grau comparativo pode ser de igualdade, superioridade
e de inferioridade, são formados por expressões analíticas que incluem advérbios e
conjunções.

a) Grau comparativo de igualdade


Ela é tão exigente quanto justa.
Ela é tão exigente quanto (ou como) sua mãe.

b) Grau comparativo de superioridade


Seu candidato é mais desonesto (do) que o meu.

c) Grau comparativo de inferioridade


Somo menos passivos (do) que eles.

GRAU SUPERLATIVO
A característica conferida pelo artigo é intensificada de forma relativa ou absoluta.

a) Relativo: a intensificação da característica conferida pelo adjetivo é feita em

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relação a todos os demais seres de um conjunto que apresentam uma certa
qualidade. Pode exprimir superioridade ou inferioridade, e é sempre expresso de
forma analítica.
Este é o mais interessante dos livros que li. (superioridade) Ele é o menos egoísta de
todos. (inferioridade)

b) Absoluto: indica que determinado ser apresenta determinada qualidade em alto


grau, transmitindo idéia de excesso. Pode assumir forma analítica ou sintética.

- analítico: é formado com a presença de um advérbio: Você é muito crítico.


A prova de matemática estava extraordinariamente difícil.

- sintético: é expresso com a participação de sufixos. A prova de matemática estava


dificílima.
Este piloto é velocíssimo.

Muitos adjetivos ao receber um dos sufixos formadores dessa forma de superlativo


assumem a forma latina. Como, por exemplo, os adjetivos terminados em “vel”, esses
assumem a terminação “- bilíssimo”. Ex.: Agradável: agradabilíssimo / volúvel:
volubilíssimo.

4. PRONOMES

Palavras que representam ou acompanham um substantivo.

a) Pronomes adjetivos:quando acompanham um substantivo.Ex.: Meus amigos


adoram estacasa.

b) Pronomes substantivos: quando representam um substantivo. Ex.: Alguns se julgam


melhores que outros.

PRONOMES PESSOAIS

EMPREGO E FORMAS DE TRATAMENTO

Designam as pessoas gramaticais:

Pronomes Pessoa Funções


eu - nós 1ª pessoa - quem fala.
tu - vós 2ª pessoa - com quem se fala.
ele - eles 3ª pessoa - de quem se fala.

Classificação:

Retos Oblíquos
Sujeito Outras funções Obs.
Eu me, mim, comigo 1. Os pronomes eu e tu são normalmente
Tu te, ti, contigo pronomes retos.
Ele se, si, o/a, lhe, consigo
Nós nos, conosco 2. Os demais pronomes: ele, nós, vós, eles -
Vós vos, convosco serão oblíquos quando em outras funções
sintáticas.
Eles se, si, os/as, lhes, consigo

Nós seremos os primeiros colocados. Sujeito > pronome reto. O diretor convidará todos
eles. Objeto direto > pronome oblíquo.

Emprego dos pronomes pessoais

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1) Para eu / para tu - Para mim / para ti
• Para eu - para tu
Antes de infinitivos na função de sujeito:
Ex.: Recomende um livro para eu ler. > sujeito do verbo ler.
• Para mim - para ti
Sempre que não forem sujeito da oração:
Ex.1: Traga um presente para mim. > objeto indireto.
Ex.2: É fácil para mim trabalhar aqui. > complemento nominal.

2) Entre mim e ti
Os pronomes eu e tu não podem vir preposicionados. Ex.1: O namoro acabou, nada mais
há entre mim e ti. Ex.2: Pesam suspeitas sobre você e mim.

3) Conosco / convosco - Com nós / com vós


• Conosco ou convosco
Os pronomes nós e vós combinam-se com a preposição com. Ex.: Os mestres ficaram
satisfeitos conosco.
• Com nós e com vós
Não haverá combinação se os pronomes vierem determinados por mesmos, próprios,
outros, ambos e numerais cardinais.
Ex.: A autora dedicou o trabalho a nós todos.

4. Consigo - contigo - com você(s)


• Consigo
Pronome pessoal reflexivo (indica que a ação verbal se refere ao próprio sujeito).
Ex.: O rapazinho trazia consigo a marca da intolerância.
• Contigo
Pronome não-reflexivo de 2ª pessoa do singular. Ex.: Leva contigo tuas lembranças e
segredos.
• Com você(s)
Pronome não-reflexivo de 3ª pessoa.
Ex.: Espere um pouquinho: quero falar com você.

5. O pronome o, a, os, as (e suas transformações)


• lo, Ia, los, Ias
ênclise em formas verbais terminadas em R, S. Z:
‒ estudar + o > estudar-lo > estudá-lo,
‒ chamas + a > chamas-la > chama-Ia,
‒ satisfez + os > satisfez-los > satisfê-los.

• no, na, nos, nas


ênclise em formas verbais terminadas em sons nasais:
‒ dão + o > dão-no.
‒ compõe + as > compõe-nas.
‒ amam + a > amam-na.
‒ vendem + os > vendem-nos.

• combinações (O.I.+ O.D.)


- os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes (O.I.) combinam-se com o, a, os, as (O.D.), da
seguinte forma:
‒ me + o, a, os, as > mo, ma, mos, mas.
‒ te + o, a, os, as > to, ta, tos, tas.
‒ lhe + o, a, os, as > lho, lha, lhos, lhas.
‒ nos + o, a, os, as > no-lo, no-la, no-los, no-las.
‒ vos + o, a, os, as > vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las.
‒ lhes + o, a, os, as > lho, lha, lhos, lhas Ex.1: Não perdoará os crimes aos maus.
obj. direto obj. indireto
Ex.2: Não lhos perdoará.
lhe (o.i.) + os (o.d.)

6. Função sintática dos pronomes oblíquos


• o, a, os, as
- objeto direto
Ex.: Jamais o acompanharei nesta loucura.

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- sujeito de verbos causativos (mandar, deixar, fazer) e sensitivos (ver, ouvir, sentir)
Ex.: Deixei-o sair em péssimas companhias.

• lhe, lhes
- objeto indireto (pessoa)
Ex.: Não façam apenas o que lhes convém.
- adjunto adnominal ou objeto indireto de posse (valor de um possessivo)
Ex.: A flecha transpassou-lhe o coração.
- complemento nominal (acompanha verbo de ligação) Ex.: Era-lhe impossível sorrir.

• me, te, nos, vos


- objeto direto ou indireto
Ex.1: Todos os súditos me obedeciam cegamente. (o.i.) Ex.2: Os peregrinos me
acompanhavam eufóricos. (o.d.)
- adjunto adnominal ou objeto indireto de posse. Ex.: Capitu captou-me as intenções.
(minhas)
- complemento nominal
Ex.: A vitória parecia-me impossível.
- sujeito (verbos sensitivos / causativos) Ex.: Deixei-me cair a seus pés...
Pronomes de Tratamento
Referem-se às pessoas de modo cerimonioso ou oficial.

PRONOMES DE TRATAMENTO

Referem-se às pessoas de modo cerimonioso ou oficial.

Pronomes Abreviaturas Autoridades


Vossa Excelência V. Exª. Governamentais
Vossa Magnificência V. Magª. Reitores
Vossa Alteza V. A. Príncipes, duques
Vossa Majestade V. M. Reis, imperadores
Vossa V. Revma. Sacerdotes
Vossa Eminência V. Emª. Cardeais
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. Sª. As demais

Observação:
Vossa - para falar com (2ª pes. gram. - o receptor). Sua - para falar de (3ª pes.
gram. - o assunto).

PRONOMES POSSESSIVOS

Indicam "posse" e "possuidor", posicionam os seres em relação às pessoas


gramaticais.

1ª pes. 2ª pes. 3ª pes. 1ª pes. 2ª pes. Pl.


meu(s) teu(s) seu(s) nosso(s vosso(s)
minha(s) tua(s) sua(s) vossa(s) vossa(s)

Emprego dos possessivos

1) É erro a falta de correlação entre pronomes possessivos e pessoais:


teu(s), tua(s) > tu
seu(s), sua(s) > ele(s) / você(s)
Ex.: Se você vier à festa, traga o seu irmão. Logo, se tu vieres à festa, traz o teu irmão.

2) O pronome “seu” quase sempre traz ambigüidade:


Ex.1: Chegou Pedro, Maria e o seu filho. Logo, de quem é o filho? de Pedro? de Maria?
ou seu?.

3) Constitui pleonasmo vicioso usar pronome possessivo referindo- se às partes


do próprio corpo:

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Ex.: Estou sentindo muita dor no meu joelho. Logo, poderia sentir dor no joelho de
outra pessoa?

PRONOMES RELATIVOS

Substituem um termo comum a duas orações, estabelecendo uma relação de


subordinação entre elas.
Pronomes relativos: que, quem, o qual, onde, quanto, como, cujo.

Emprego dos pronomes relativos:


Pronomes Características e emprego
quem - refere-se a pessoas.
- prep. “a” com V.T.D.
Ex.: Conheça a mulher a quem tanto amas.
que - refere-se a coisas ou pessoas.
- antecedente mais próximo.
Ex.: Você é a pessoa que sempre chega na hora. Ex.: O
estudo é o caminho que conduz ao sucesso. Ex.: Aquela
é a mãe da menina que venceu a prova.
qual - refere-se a coisas ou pessoas.
- antecedente mais distante.
Ex.: Aquela é a mãe da menina a qual é muito gentil.
onde - equivalente a “em que” ou “no qual”.
- indica “lugar”.
- “aonde” e “donde” (com verbos de movimento).
Ex.: Visitaremos a casa onde nasceu Bilac.
Ex.: Ela sabe aonde você quer chegar.
quanto - após “tanto”, “todo” e “tudo”.
Ex.: Não gaste num dia tudo quanto ganhas no mês.
como - antecedentes: maneira, modo, forma.
Ex.: Este é o modo como deves estudar gramática.
cujo - refere-se a um antecedente, mas concorda com
o consequente, indicando posse.
- sempre é pronome adjetivo.
- não admite artigo (antes ou depois).
Ex.: Há pessoas cuja inimizade nos honra.

Regência
Os pronomes relativos vêm precedidos das preposições exigidas pelos verbos das
respectivas orações. Ex.: Este é o filme / a que assistimos ontem. Ex.: Repudio o ideal /
pelo qual lutas.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Demonstram a posição dos seres no tempo e no espaço.

Emprego dos pronomes demonstrativos

este esse aquele


isto isso aquilo
a) Em relação às pessoas gramaticais:
- 1ª pes. (o emissor) lugar: aqui. X
- 2ª pes. (o receptor) lugar: aí. X
- 3ª pes. (o assunto) lugar: ali, lá. X
Ex.1: Veja estes livros aqui nesta mesa. Ex.2: Não é leve essa culpa que carregas.
Ex.3: Os melhores cargos são aqueles que não alcançamos. Ex.4: Aquilo que vês lá em alto-mar é a
salvação e a benção.

b. Em relação ao tempo da mensagem:


- o que será comunicado X
- o que já foi comunicado X
- o que foi comunicado há muito X
Ex.1: Sabemos apenas isto: nada somos. Ex.2: Estudar muito? Isso não me emociona.
Ex.3: O deputado não honrou aquilo que prometera.

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c. Em relação ao tempo cronológico:
- o presente X
- passado e futuro próximos X
- passado e futuro distantes X
Ex.: Este foi o século mais importante de todos. Ex.: Uma noite dessas irei à tua casa em Goiânia.
Ex.: “Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos ...”.

d. Localizando termos da oração:


- o último de uma série X
- o primeiro de uma série X
Ex.: Diálogo entre pais e filhos é difícil: estes não querem ouvir nada, e aqueles querem falar
muito.

São também pronomes demonstrativos


a) o, a, os, as
Ex.: Todos diziam o que queriam. (isso, aquilo) Ex.: Conheço o idioma latino e o grego.
(idioma)

b) tal
Ex.: Jamais fiz tal assertiva. (essa, aquela)

c) mesmo, próprio (com caráter reforçativo)


Ex.: As carpideiras mesmas choraram de verdade. Ex.: Esta é a mesma questão que foi
impugnada

PRONOMES INDEFINIDOS

Referem-se a verbos e a substantivos, dando-lhes sentido vago ou quantidade


indeterminada.
Ex.: Alguém virá procurá-lo mais tarde. (quem?) Ex.: Muitos candidatos serão
chamados. (quantos?)

Relação dos principais pronomes e locuções:

a) Pronomes indefinidos: algo, alguém, algum, bastante, cada, certo, mais, menos,
muito, nada, ninguém, nenhum, outro, outrem, pouco, quem, qualquer, quanto, tanto,
tudo, todo, um, vários.

b) Locuções pronominais: cada um, cada qual, seja quem for, todo aquele que,
qualquer um, quem, quer que...

Observação
Alguns podem pertencer a mais de uma classe gramatical:

Vocábulos Pronome Advérbio de intensidade


Muito Pouco Quando Quando acompanhar è
Mais Menos substituir um modificar:
Bastante ou modificar - verbos
substantivo.
- adjetivos
- advérbios

Ex.: Os jogadores do Brasil têm muito preparo físico. (pronome) Ex.: O


preparador físico trabalhou muito com os atletas. (advérbio) Ex.: O técnico
convocou atletas muito competentes. (advérbio) Ex.: A Seleção jogou muito
bem na semifinal. (advérbio)

PRONOMES INTERROGATIVOS

Que, quem, qual e quanto, usados em frases interrogativas. Exemplo:


Quem inventou a pinga?
Que loucura é essa?
Qual é o plano?

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Quantos candidatos foram aprovados?

Os interrogativos são usados em perguntas diretas e indiretas.

a. Pergunta direta: pronome no início da frase com ponto de interrogação.


Ex.: Quem foi o maior jogador de futebol do Brasil?

b. Pergunta indireta: pronome após verbos "dicendi", como, saber, responder,


informar, indagar, ver, ignorar, etc...

Ex.: Não sei quem fez tal acusação.


Ex.: Gostaria de saber qual é seu nome.

Observação:
Outras palavras usadas em frase interrogativa, serão, com certeza, advérbios
interrogativos.

Ex.: Quando começaram as provas? (adv. de tempo) Ex.: Como tens vindo para o
trabalho? (adv. de modo) Ex.: Poderias dizer aonde queres ir? (adv. de lugar)

5. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS


VERBAIS

VERBO

Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno. Dentre as classes de
palavras, o verbo é a mais rica em flexões. Com efeito, o verbo possui diferentes flexões
para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz.

O verbo flexiona-se em número e pessoa:

Singular Plural
1a eu penso nós pensamos
2a tu pensas vós pensais
3a ele pensa eles pensam
pessoa:

EMPREGO DE TEMPOS

Tempo é a variação que indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Os
três tempos naturais são o Presente, o Pretérito (ou Passado) e o Futuro.
O Presente designa um fato ocorrido no momento em que se fala; o Pretérito, antes do
momento em que se fala; e o Futuro, após o momento em que se fala.

Ex.: Leio uma revista instrutiva. (Presente) Ex.: Li uma revista


instrutiva. (Pretérito) Ex.: Lerei uma revista instrutiva. (Futuro)

TEMPOS DO MODO INDICATIVO


1) Presente: estudo
2) Pretérito:
- Imperfeito: estudava
- Perfeito: estudei
- Mais-que-perfeito: estudara
3) Futuro:
- do Presente: estudarei
- do Pretérito: estudaria

Dados os tempos do modo indicativo, veremos, em seguida, o emprego dos mesmos e


sua correlação.

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PRESENTE
O presente do indicativo emprega-se:
1) Para enunciar um fato atual: Ex.: Cai a chuva.
Ex.: O céu está limpo.

2) Para indicar ações e estados permanentes: Ex.: A terra gira em torno


do próprio eixo. Ex.: Deus é Pai!

3) Para expressar uma ação habitual do sujeito: Ex.: Sou tímido.


Ex.: Como muito pouco.

4) Para dar vivacidade a fatos ocorridos no passado (presente histórico):


"A Avenida é o mar dos foliões. Serpentinas cortam o ar..., rolam das escadas, pendem das
árvores e dos fios..." (M. Rebelo)

5) Para marcar um fato futuro, mas próximo; neste caso, para impedir qualquer ambiguidade,
se faz acompanhar geralmente de um adjunto adverbial:

"Outro dia eu volto, talvez depois de amanhã...”`(A. Bessa Luís)

PRETÉRITO IMPERFEITO
A própria denominação deste tempo - Pretérito Imperfeito - ensina- nos o seu valor
fundamental: o de designar um fato passado, mas não concluído (imperfeito = não perfeito,
inacabado). Podemos empregá-lo assim:
1) Quando, pelo pensamento, nos transportamos a uma época
passada e descrevemos o que então era presente:
Ex.: O calor ia aumentando e o vento despenteava meu cabelo.

2) Pelo futuro do pretérito, para denotar um fato que seria consequência certa e imediata
de outro, que não ocorreu, ou não poderia ocorrer:
Ex.: Se eu não fosse mulher, ia também!

PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
1) O Pretérito Mais-Que-Perfeito indica uma ação que ocorreu antes de outra já passada:
Ex.: A conversa ficara tão tediosa, que o homem se desinteressou.

2) Na linguagem literária emprega-se, às vezes, o mais-que-perfeito em lugar:


a) do futuro do pretérito (simples ou composto): Um pouco mais de sol - e fora
(= teria sido) brasa,
Um pouco mais de azul - e fora (= teria sido) além, Para atingir ... (Sá Carneiro)

b) do pretérito imperfeito do subjuntivo: Ex.: Quem me dera! (= quem me


desse) Ex.: Prouvera a Deus! (= prouvesse a Deus)

FUTURO DO PRESENTE
1) O futuro do presente emprega-se para indicar fatos certos ou prováveis, posteriores ao
momento em que se fala:
Ex.: As aulas começarão depois de amanhã.

2) Como forma polida de presente:


Ex.: Não, não posso ser acusado. Dirá o senhor: mas o que aconteceu? E eu lhe
direi: sei lá! (= digo)

3) Como expressão de uma súplica, desejo ou ordem; neste caso, o tom de voz pode atenuar
ou reforçar o caráter imperativo:
Ex.: Honrarás pai e mãe

FUTURO DO PRETÉRITO
1) O futuro do pretérito emprega-se para designar ações posteriores à época em que se fala:
Ex.: Depois de casado, ele se transformaria em um homem de bem.

2) Como forma polida de presente, em geral denotadora de desejo. Ex.: Desejaríamos


cumprimentar os noivos.

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3) Em certas frases interrogativas e exclamativas, para denotar surpresa ou indignação:
Ex.: O nosso amor morreu... Quem o diria?

TEMPOS DO MODO SUBJUNTIVO


1) Presente: estude
2) Pretérito:
- Imperfeito: estudasse
- Perfeito: tenha (ou haja) estudado
- Mais-que-perfeito: tivesse (ou houvesse) estudado
3) Futuro:
- Simples: estudar
- Composto: tiver (ou houver) estudado

Quando nos servimos do modo indicativo, consideramos o fato expresso pelo verbo como
real, certo, seja no presente, seja no passado, seja no futuro.
Ao empregarmos o modo subjuntivo, encaramos a existência ou não existência do fato
como uma coisa incerta, duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal. Observemos estas frases:

Ex.: Afirmo que ela estuda. (modo indicativo) Ex.: Duvido que ela estude.
(modo subjuntivo) Ex.: Afirmei que ela estudava. (modo indicativo)
Ex.: Duvidei que ela estudasse. (modo subjuntivo)

PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Pode indicar um fato:
1) Presente:
Ex.: Não quer dizer que se conheçam os homens quando se duvida deles.

2) Futuro:
Ex.: “No dia em que não faça mais uma criança sorrir, vou vender abacaxi na feira.” (A.
Bessa Luís).

IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode ter o valor de:
1. Passado:
Ex.: Todos os domingos, chovesse ou fizesse sol, estava eu lá.

2) Futuro:
Ex.: Aos sábados, treinava o discurso destinado ao filho que chegasse primeiro.

3) Presente:
Ex.: Tivesses coração, terias tudo.
Ex.: Como imaginar alguém que não precisasse de nada? (= precise)

PERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode exprimir um fato:
1) Passado (supostamente concluído):
Ex.: Espero que você tenha encontrado aquele endereço.

2) Futuro (terminado em relação a outro futuro):


Ex.: Espero que ela tenha feito a lição quando eu voltar.

MAIS-QUE-PERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode indicar:
1) Uma ação anterior a outra passada.
Ex.: Esperei-a um pouco, até que tivesse terminado seu jantar.

2) Uma ação irreal no passado:


Ex.: Se a sorte os houvesse coroado com os seus favores, não lhes faltariam amigos.

FUTURO DO SUBJUNTIVO SIMPLES


Este tempo verbal marca a eventualidade no futuro e emprega-se em orações subordinadas:
Ex.: Se quiser, irei vê-lo.
Ex.: Farei conforme mandares. Ex.: Quando puder, venha ver-

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me.

FUTURO DO SUBJUNTIVO COMPOSTO


Indica um fato futuro como terminado em relação a outro fato futuro (dentro do sentido geral
do modo subjuntivo):

Ex.: Dona Flor, não leia este livro; ou, se o houver lido até aqui, abandone o resto.

MODOS VERBAIS

Os modos indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar. São três:


1º) Indicativo:
Exprime um fato certo, positivo: Vou hoje. Sairás cedo.

2º) Imperativo:
Exprime ordem, proibição, conselho, pedido:
Ex.: Volte logo. Não fiquem aqui. Sede prudentes.

3°) Subjuntivo:
Enuncia um fato possível, duvidoso, hipotético: Ex.: É possível que chova. Se
você trabalhasse...
Além desses três modos, existem as formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio,
particípio), que enunciam um fato de maneira vaga, imprecisa, impessoal.

1º) Infinitivo: plantar, vender, ferir.


2º) Gerúndio: plantando, vendendo, ferindo.
3º) Particípio: plantado, vendido, ferido.

Chamam-se formas nominais porque, sem embargo de sua significação verbal, podem
desempenhar as funções próprias dos nomes substantivos e adjetivos: o andar, água
fervendo, tempo perdido.

O Infinitivo pode ser Pessoal ou Impessoal.


1) Pessoal, quando tem sujeito:
Ex.: Para sermos vencedores é preciso lutar. (sujeito oculto nós)
2°) Impessoal, quando não tem sujeito:
Ex.: Ser ou não ser, eis a questão.

O infinitivo pessoal ora se apresenta flexionado, ora não flexionado:


Flexionado: andares, andarmos, andardes, andarem.
Não flexionado: andar eu, andar ele.

Quanto à voz, os verbos se classificam em:


1) Ativos: O sujeito faz a ação:
Ex.: O patrão chamou o empregado.

2) Passivos: O sujeito sofre a ação.


Ex.: O empregado foi chamado pelo patrão.

3) Reflexivos: O sujeito faz e recebe a ação. Ex.: A criança feriu-se na


gangorra.

Verbos Auxiliares
São os que se juntam a uma forma nominal de outro verbo para constituir os tempos
compostos e as locuções verbais: ter, haver, ser, estar.
Ex.: Tenho estudado muito esta semana.
Ex.: Jacinto havia chegado naquele momento. Ex.: Somos castigados pelos
nossos erros.
Ex.: O mecânico estava consertando o carro. Ex.: O secretário vai anunciar
os resultados.

Os verbos da língua portuguesa se agrupam em três conjugações, de conformidade com a

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terminação do infinitivo:
1) Os da primeira conjugação terminam em - ar: cantar
2) Os da segunda conjugação terminam em - er: bater
3) Os da terceira conjugação terminam em - ir: partir.

Cada conjugação se caracteriza por uma vogal temática: A (1ª conjugação), E (2ª
conjugação), I (3ª conjugação).

- Obs.: Num verbo devemos distinguir o radical, que é a parte geralmente invariável e as
desinências, que variam para denotar os diversos acidentes gramaticais.

Radical Desinências Radical Desinências


cant- ar cant- o
bat- er bat- Ias
part- ir part- Imos
diz- er diss- eram

Há a desinência modo-temporal, indicando a que modo e tempo a flexão verbal pertence e há


a desinência número-pessoal indicando a que pessoa e número a flexão verbal pertence.

Ex.: canta – re – mos DNP DMT


A DNP (desinência número-pessoal) indica que o verbo está na 1a pessoa do plural. A
DMT (desinência modo-temporal) indica que o verbo está no futuro do presente do
indicativo.

Dividem-se os tempos em primitivos e derivados. São tempos primitivos:


1) o Infinitivo Impessoal.
2) o Presente do Indicativo (1a e 2 a pessoa do singular e 2 a pessoa do plural).
3) o Pretérito Perfeito do Indicativo (3 a pessoa do plural).

FORMAÇÃO DO IMPERATIVO
O imperativo afirmativo deriva do presente do indicativo, da segunda pessoa do singular (tu)
e da segunda do plural (vós), mediante a supressão do “s” final; as demais pessoas (você,
nós, vocês) são tomadas do presente do subjuntivo.
O imperativo negativo não possui, em Português, formas especiais; suas pessoas são iguais
às correspondentes do presente do subjuntivo.
Atente para o seguinte quadro da formação do imperativo:
Indicativo Subjuntivo
Pessoas Afirmativo Negativo
Imperativo Imperativo
Tu dize digas não digas
dizes (-s)
Você diga diga não diga
Nós digamos digamos não digamos
Vós dizeis (-s) dizei digais não digais
Vocês digam digam não digam

FORMAÇAO DOS TEMPOS COMPOSTOS

Eis como se formam os tempos compostos:


1) Os tempos compostos da voz ativa são formados pelos verbos auxiliares ter ou haver,
seguidos do particípio do verbo principal:
Ex.: tenho falado. Ex.: Haviam saído.

2) Os tempos compostos da voz passiva se formam com o concurso simultâneo dos


auxiliares ter (ou haver) e ser, seguidos do particípio do verbo principal:
Ex.: Tenho sido maltratado.
Ex.: Tinham (ou haviam) sido vistos no cinema.
Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as
locuções verbais, constituídas de verbo auxiliar mais gerúndio ou infinitivo:
Ex.: Tenho de ir hoje. Ex.: Hei de ir amanhã.
Ex.: Estava lendo o jornal.

Quanto à conjugação, dividem-se os verbos em:

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1) Regulares: os que seguem um paradigma ou modelo comum de conjugação. Cantar, bater,
partir, etc.
2) Irregulares: os que sofrem alterações no radical e nas terminações afastando-se do
paradigma. Dar, ouvir, etc.
Entre os irregulares, destacam-se os anômalos, como o verbo pôr (sem vogal temática no
infinitivo), ser e ir (que apresentam radicais diferentes). São verbos que possuem profundas
modificações em seus radicais.

3) Defectivos: os que não possuem a conjugação completa, não sendo usados em certos
modos, tempos ou pessoas: abolir, reaver, precaver, etc.

6. VOZES DO VERBO

Voz do verbo é a forma que este toma para indicar que a ação verbal é praticada ou sofrida
pelo sujeito. Três são as vozes dos verbos: a ativa, a passiva e a reflexiva.

1. Voz Ativa

Um verbo está na voz ativa quando o sujeito é agente, isto é, faz a ação expressa pelo verbo.
Ex.: O caçador abateu a ave.

2. Voz Passiva

Um verbo está na voz passiva quando o sujeito é paciente, isto é, sofre, recebe ou desfruta,
a ação expressa pelo verbo. Ex.: A ave foi abatida pelo caçador. Obs.: Só verbos transitivos
podem ser usados na voz passiva.

FORMAÇAO DA VOZ PASSIVA


A voz passiva, mais frequentemente, é formada:
1) Pelo verbo auxiliar ser seguido do particípio do verbo principal (passiva analítica).
Ex.: O homem é afligido pelas doenças.

Na passiva analítica, o verbo pode vir acompanhado pelo agente da passiva. Menos
frequentemente, pode-se exprimir a passiva analítica com outros verbos auxiliares.
Ex.: A aldeia estava isolada pelas águas. (agente da passiva)

2) Com o pronome apassivador “se” associado a um verbo ativo da terceira pessoa


(passiva pronominal).
Ex.: Regam-se as plantas.
Ex.: Organizou-se o campeonato.
(sujeito paciente)
(pronome apassivador ou partícula apassivadora)

3) Voz Reflexiva

Na voz reflexiva o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente: faz uma ação cujos efeitos
ele mesmo sofre. Ex.: O caçador feriu-se. / A menina penteou-se.
O verbo reflexivo é conjugado com os pronomes reflexivos me, te, se, nos, vos, se. Estes
pronomes são reflexivos quando se lhes podem acrescentar: a mim mesmo, a ti mesmo, a si
mesmo, a nós mesmos, etc., respectivamente. Ex.: Consideras-te aprovado? (a ti mesmo)
pronome reflexivo

Uma variante da voz reflexiva é a que denota reciprocidade, ação mútua ou


correspondida. Os verbos desta voz, por alguns chamados recíprocos, usam-se geralmente,
no plural e podem ser reforçados pelas expressões um ao outro, reciprocamente,
mutuamente. Ex.: Amam-se como irmãos. / Os pretendentes insultaram-se. (Pronome
reflexivo recíproco)

Conversão da Voz Ativa na Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase: Ex.:
Gutenberg inventou a imprensa? A imprensa foi inventada por Gutenberg.

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ativa passará a agente

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da passiva e o verbo ativo revestirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Ex.: Os calores intensos provocam as chuvas? As chuvas são provocadas pelos calores
intensos. / Eu o acompanharei? Ele será acompanhado por mim.
Obs.: Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
haverá complemento agente da passiva. Ex.: Prejudicaram-me? Fui
prejudicado.

7. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

CONCORDÂNCIA NOMINAL

FLEXAO NOMINAL: PRLAVRAS VARIÁVEIS E INVARIAVEIS


Os adjuntos adnominais, isto é, artigos, pronomes, numerais e adjetivos, concordam em
gênero e número com o nome a que se referem.
As nossas duas principais cidades já estão superpovoadas.
art. pron. num. adi. subst.

O predicativo também concorda com o nome a que se refere. A ciência sem consciência
é desastrosa.
sujeito predic.
O advogado considerou indiscutíveis os direitos da herdeira.
predic. objeto direto

PRINCIPAIS CASOS DE CONCORDÃNCIA


1. UM ADJETIVO COM MAIS DE UM SUBSTANTIVO

a) Adjetivo posposto:
1) concorda com o mais próximo em gênero e número.
Os concursandos passam por problemas e provas complicadas.
masc. fem. fem. plural

2) Vai para o plural no gênero predominante (em caso de gêneros diferentes, predomina o
masculino).
Os concursandos passam por problemas e provas complicados.
masc. fem. masc. plural

b) Adjetivo anteposto:
1) O adjunto adnominal concorda apenas com o mais próximo. O cavalheiro oferecera-
lhe perfumadas rosas e lírios.
adj. adn.
2) O predicativo vai para o plural no gênero predominante. O vencedor considerou
satisfatórios a nota eo prêmio.
predic.

Observação:
Segundo alguns autores, o predicativo anteposto pode também concordar com o núcleo
mais próximo.
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
predic.
Mantenha acesas as lâmpadas e os lampiões.
predic.
Estava deserta a vila, a casa e o templo.
predic.

2. OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA


a) Mesmo
Concorda com o nome a que se refere. As mulheres mesmas exigiram
igualdade.
Elas querem os mesmos direitos e quase as mesmas obrigações.

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Observação:
Invariável, quando se referir a verbos ou denotar inclusão. As mulheres exigiram
mesmo igualdade de direitos.
Mesmo as mulheres querem tirar vantagem de sua condição.

b) Bastante
Concorda com o nome a que se refere.
O estudo gera bastantes ansiedades e poucas certezas.

Observação:
Invariável, quando se referir a verbos, adjetivos ou advérbios. Não a procuramos bastante
para encontrá-la.
Todos parecem bastante ansiosos.
O ancião, na noite anterior, passara bastante mal.

c) Meio
Concorda com o substantivo a que se refere (indicando fração). Não serei homem de meias
palavras.

Observação:
Invariável, quando advérbio (referindo-se a adjetivos).
A funcionária sentiu-se meio envergonhada com a situação.

d) Leso
Concorda em gênero e número com o 2° vocábulo do composto. Seu comportamento revela
desvios de lesos-caracteres.

e) Quite
Concorda com o nome a que se refere.
Os eleitores ficaram quites com suas obrigações cívicas. Só fará prova o aluno quite
com a tesouraria do colégio.

f) Só
Adjetivo (só = sozinho), concorda com o nome a que se refere. Merecem elogios os meninos
que se fazem por si sós.

Denotando circunstância adverbial (só = somente), invariável.


Só os deuses são imortais.

Observação:
A locução a sós é invariável.
Nesses casos, nada melhor que uma conversa a sós.

g) Anexo, incluso, separado


Concordam com o nome a que se referem.
Anexas à carta seguirão as duplicatas correspondentes. Remeteremos inclusos os
autos pertinentes ao inquérito.

Seguem, separadas, as cópias das notas fiscais.

Observação:
As locuções em anexo e em separado são invariáveis. Em anexo, seguirão as
duplicatas correspondentes. Seguem, em separado, as cópias das notas fiscais.

h) Possível
Concorda com o nome a que se refere. Já fizemos todas as tentativas
possíveis.

No singular, com as expressões superlativas o mais, o menos, o melhor, o pior.


Mantenha os alunos o mais ocupados possível.

No plural, com essas expressões no plural: os / as mais, os / as menos, os / as


melhores, os /as piores.

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Na Suíça, fabricam-se os melhores relógios possíveis.

Observação:
A expressão (o) quanto possível é invariável. Gosto de cervejas tão geladas (o)
quanto possível.

i) É bom, é proibido, é necessário, etc.


Ficarão invariáveis tais expressões e outras equivalentes quando o substantivo a que se
referem, estiver sendo usado em sentido geral, isto é, não determinado por artigo ou
pronome.
É necessário paciência para aturar suas maluquices. Mulher é talhado para
secretária.

Observação:
Com determinante a concordância será obrigatória. Aquela mulher é talhada
para secretária.
Nenhuma bebida é boa como a água.

j) Um e outro, um ou outro, nem um nem outro


Quando seguidas de substantivo e/ou adjetivo terão a seguinte sintaxe: substantivo
no singular e adjetivo no plural.
Nem um nem outro político demagogos votaram a emenda.
subst. adj.

l) Menos, alerta, pseudo, salvo


São invariáveis.
Os policiais estão alerta, embora haja menos greves hoje.
Salvo as enfermeiras, todas as demais são suspeitas. No Brasil, temos
pseudopoetas e pseudo-romancistas.

m) A olhos vistos
Na linguagem contemporânea, invariável. A menina emagrecia a olhos
vistos.

Observação:
Em linguagem já arcaica, o particípio "visto" concorda com o sujeito (aquilo que se vê).
A menina emagrecia a olhos vista.

n) Tal qual
Em função predicativa, concordam com os respectivos sujeitos. Os jogadores do
Flamengo são tais qual o próprio time.
suj. suj.

CONCORDÂNCIA VERBAL

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

SUJEITO SIMPLES
Regra geral: o verbo concorda com o núcleo do sujeito.
Exs.: Os povos constroem sua História. / A virtude aromatiza e purifica o ar, os vícios o
corrompem. / Aos maus e aos poderosos só interessa a vantagem pessoal.

SUJEITO COMPOSTO
Regra geral: verbo no plural e (caso seus núcleos sejam de pessoas gramaticais diferentes)
na pessoa de número mais baixo.
O candidato e seus eleitores acreditavam nas reformas.
3ª pes. 3ª pes. 3ª pes. pl. (eles)

Eu, tu e tua madrinha faremos a visita ao comendador.


1ª pes. 2ª pes. 3ª pes. 1ª pes. pl. (nós)

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Tu e as melhores alunas representareis nosso colégio.
2ª pes. 3ª pes. 2ª pes. pl. (vós)

Observação:
Na linguagem moderna, ocorre, cada vez mais, a substituição do tratamento "vós" por
"vocês" (uma forma de silepse de pessoa). "Juro que tu e tua mulher me pagam." (Coelho Neto)
2ª pes. 3ª pes. 3ª pes. pl. (vocês)

Casos especiais com o sujeito composto


1. Posposto ao verbo: o verbo vai para o plural, mas pode concordar também com o núcleo
mais próximo.
À festa, compareceram / compareceu o prefeito e sua comitiva. Passareis / Passarás tu e
todos aqueles que estudarem.

2. Seguido do aposto resumitivo: o verbo concorda com o aposto. Vinho, dinheiro,


mulheres, nada o alegrava mais.
sujeito composto aposto

3. Núcleos em gradação: o verbo concorda com o núcleo mais próximo, podendo


também ir para o plural.
Um século, um ano, um mês não fará / farão diferença.

4. Núcleos sinônimos: o verbo concorda com o núcleo mais próximo, podendo também ir para
o plural.
A dor e o sofrimento sempre nos acompanha / acompanham.

5. Núcleos ligados pela preposição "com": o verbo de preferência no plural, podendo


concordar com o 1° núcleo para realçá-lo.
O professor com seus alunos realizaram / realizou a pesquisa.

Observação:
Se o núcleo preposicionado vier separado por vírgulas, o verbo deverá concordar com o
1° núcleo (suj. simples).
O professor, com seus alunos, realizará a pesquisa.
suj. simples adv. companhia

6. Núcleos ligados pela conjunção "ou"


a) havendo exclusão: concorda com o núcleo mais próximo. O Flamengo ou o
Fluminense será campeão carioca em 2012. Os estrangeiros ou eu vencerei a
maratona.

b) não havendo exclusão: vai para o plural na pessoa gramatical predominante.


O calor ou o frio excessivos prejudicam os atletas.
Tu ou a mulher dele sereis sempre mal vistos nesta casa.

c) havendo função retificativa: concorda com o mais próximo. O professor ou os


professores elaboraram as questões.
Os professores ou o professor elaborou as questões.

7. Núcleos infinitivos: o verbo fica no singular. Fazer e escrever é para


mim a mesma coisa.

Observação:
Verbo no plural se os infinitivos estiverem determinados por artigo ou se forem antônimos.
Em sua vida, à porfia, rir e chorar se alternam.
O amar e o sofrer tornam os homens mais humanos.

8. Núcleos ligados por conjunção comparativa: o verbo concorda com o 1° núcleo, se


quisermos destacá-lo (o 2° núcleo vem separado por vírgulas).

Na realidade, a felicidade, como o paraíso, não existe.


- o verbo concorda com os dois núcleos, isto é, no plural (nesse caso não há vírgulas).
O homem como todos os seres humanos são mortais.

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CASOS PARTICULARES
a) Um ou outro: verbo no singular.
Um ou outro vaga-lume tornava mais vasta a escuridão.

b) Um e outro, nem um nem outro, nem... nem ...: verbo no singular ou plural,
facultativamente.
Uma e outra possibilidade aconteceu / aconteceram.
Nem um nem outro policial fez / fizeram a ronda costumeira. Nem concurso nem
loteria daria / dariam maior felicidade.

Observação:
Essa regra será quebrada se houver:
1) reciprocidade: verbo somente no plural. Um e outro carro chocaram-
se na pista.

2) exclusão: verbo somente no singular.


Nem Fernando nem Paulo se elegerá presidente.

c) Mais de um: verbo no singular.


Mais de um jornal publicou a sensacional notícia.

Observação:
Essa regra será alterada se ocorrer:
1) reciprocidade: verbo no plural.
Mais de um deputado se agrediram verbalmente.

2) repetição: verbo no plural.


Mais de um professor, mais de um aluno ficaram surpresos.

d) Um dos que: verbo no singular ou no plural, facultativamente. Camões foi um dos


poetas que fez / fizeram escola na Literatura. Não serei eu um dos que lutará / lutarão
por muitas reformas.

e) Sujeito coletivo, partitivo ou percentual: o verbo concorda com o núcleo do sujeito ou


com seu determinante, se houver.
O bando pousou no varal.
O bando de pássaros pousou / pousaram no varal. A maioria estuda
seriamente para o concurso.
A maioria dos alunos estuda / estudam para o concurso. Dez por cento vivem na
miséria.
Dez por cento da população vivem / vive na miséria.
Observação:
Se o percentual vier determinado por artigo ou pronome, o verbo concordará apenas com o
núcleo do sujeito (o percentual).
Meus dez por cento do lucro sumiram.

f) Locução pronominal com pronome pessoal preposicionado: podem ocorrer duas


estruturas:

1) pronome inicial no singular: verbo na 3ª pessoa do singular. Nenhum de nós faria


tamanha tolice.
Qual de vós comunicou o resultado da pesquisa?

2) pronome inicial no plural: verbo na 3a pessoa do plural ou concordando com o


pronome pessoal.
Poucos de nós fariam / faríamos tamanha tolice.
Quais de vós comunicaram / comunicastes o resultado?

g) Nomes pluralícios: podem ocorrer duas construções:


1) nomes determinados por artigo no plural: verbo no plural. Os Estados Unidos
apoiaram o México.

2) não havendo artigo: verbo no singular. Minas Gerais produz muitos


trens.

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Observações:
1) Com títulos de obras vacilam os escritores, ora deixando o verbo no singular, ora no
plural, alegando-se uma concordância com um termo implícito.
Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha. (indiscutível) Os Sertões (o romance)
imortalizou Euclides da Cunha.

2) Com o verbo ser é facultativa a concordância com o sujeito ou com o predicativo.


As Cartas Persas são / é um livro genial. (Evanildo Berchara) sujeito predicativo

h) Haja vista - a expressão é invariável.


Não viajaremos, haja vista o / ao problema surgido. Não viajaremos, haja vista os
/ aos problemas surgidos.

Observação:
O verbo pode flexionar-se (hajam vista), havendo nome no plural sem preposição:
Não viajaremos, hajam vista os problemas surgidos.

i) Verbo "parecer" seguido de infinitivo: flexiona-se o verbo parecer ou o outro verbo, nunca
os dois.
As crianças parecem estar felizes. As crianças parece estarem
felizes.

j) A partícula "se": a concordância verbal depende de dois fatores. Partícula apassivadora (se
+ v.t.d.): o verbo concorda com o sujeito: trata-se da voz passiva sintética.
Nem sempre se avaliam os resultados.
p.a. v.t.d. sujeito
Elogiou-se o trabalho, mas o rendimento continuou igual.
v.t.d. p.a. sujeito

Índice de indeterminação do sujeito [se + (v.i. / v.t.i. / v. lig.)]: verbo na 3ª pessoa do


singular, sujeito indeterminado.

Aqui, vive-se feliz: lá, só Deus sabe.


v.i. i.i.s.
Na escola, assistiu-se a filmes instrutivos.
v.t.i. i.i.s.
Às vezes se parecia calmo, mas era apertas aparente.
i.i.s. v. lig.

Observação:
Quando se empregar o objeto direto preposicionado, o verbo ficará, também, na 3ª pessoa do
singular, sujeito indeterminado.
Louva-se a Deus, porque se teme ao demônio.
v.t.d. o.d. prep. i.i.s. v.t.d. o.d. prep.
i.i.s. i.i.s.

l) Pronome de tratamento: verbo na 3ª pessoa.


V. Exª. assistirá ao fim do Governo, se persistirem suas atitudes.

m) Pronome "que": o verbo concorda com o antecedente. Não seremos nós que
assumiremos a responsabilidade.

n) Pronome "quem": o verbo fica na 3ª pessoa do singular, mas pode concordar, também,
com o antecedente.
Fui eu quem resolveu a questão.
Fui eu quem resolvi a questão. (Rocha Lima)

o) Sujeito oracional: verbo na 3ª pessoa do singular.


Convém que todos estudem muito para a prova.
or. subord. subst. subjetiva
Com certeza ainda falta definir os objetivos.
or. subord. subst. subjetiva

p) Verbos impessoais: na 3ª pessoa do singular.


1) os que indicam tempo cronológico ou meteorológico: haver, fazer, ser, estar, ir.

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2) os que indicam fenômenos da natureza (sentido denotativo):
chover, nevar, relampejar; gear, trovejar, etc.
3) o verbo haver, significando existir, ocorrer.

Exemplos:
O povo, há alguns anos, acreditou em sua prosperidade.
Faz mais de dez dias que se publicou o edital. No Sul fazia dias
constantemente frios.
Trovejava noites a fio, mas não chovia nenhuma gota. Como havia poucas
vagas, o povo fazia filas na escola.

Observação:
Nas locuções verbais, formadas com esses verbos, a impessoalidade (3ª pessoa do singular)
recai no verbo auxiliar.
Os lugares eram poucos e, por isso, começou a haver brigas.

CONCORDÂNCIA DO VERBO SER


O verbo ser concorda com o sujeito, cora o predicativo ou, facultativamente, com o
sujeito ou com o predicativo.

CONCORDÂNCIA COM O SUJEITO


O sujeito é pessoa (pronome pessoal ou substantivo). Tua irmã era as alegrias do
bairro.
Nós somos a Pátria.

CONCORDÂNCIA COM O PREDICATIVO


O predicativo é pessoa (pronome ou substantivo). Sua maior alegria eram as
crianças.
O principal culpado foste tu.

O predicativo indica horas, distâncias e datas


Quando forem dez horas, sairemos. Daqui à cidade serão 20
quilômetros a pé. Hoje são dez de maio.

Observação:
Em relação às datas, admitem-se três construções:
1) Concordando com o numeral: Amanhã serão vinte de abril.
2) Concordando com a palavra "dia", expressa: Hoje é dia quatro de janeiro.

3) Concordando com a palavra "dia", elíptica: Hoje é (dia) quatro de janeiro.

O predicativo indica quantidade (muito, pouco, mais, menos) Dez mil reais é mais do
que eu preciso.

O sujeito é pronome interrogativo que ou quem


Quem teriam sido os primeiros colocados? Que são ideais?

O sujeito é expressão partitiva (a maioria, o resto, a maior parte, etc.)


A maior parte eram pobres ou desempregados.

O predicativo é o pronome demonstrativo "o".


Produção era o que pedíamos aos nossos operários.

CONCORDÂNCIA FACULTATIVA
Sujeito pronome indefinido (tudo ou nada) Na juventude, tudo é / são
flores.

Sujeito pronome demonstrativo (isto, isso, aquilo). Aquilo eram saudades que o
tempo apagaria.

Sujeito e predicativo em números diferentes (indicando "coisas").


A vida é / são ilusões.

28
8. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Regula a complementação verbal ou nominal e suas preposições.

REGÊNCIA VERBAL

É a maneira de o verbo relacionar-se com seus complementos.

VERBOS COM MAIS DE UM SIGNIFICADO

Agradar (v.t.d. - fazer agrados, carinhos). Não agrade os meninos com


doces.
Não os agrade com doces.
Agradar a (v.t.i. - ser agradável, satisfazer).

Desagradar a
O resultado não agradou aos concursandos.
O resultado não lhes agradou.

Aspirar (v.t.d. - sorver, respirar). Como é gostoso aspirar seu


perfume. Como é gostoso aspirá-lo.
Há máquinas que aspiram o pó.
Há máquinas que o aspiram.

Aspirar a (v.t.i. - pretender, almejar). Quem não aspira a uma vida saudável? Quem
não aspira a ela.
Observação:
O pronome “lhe” será usado quando o objeto indireto for palavra que indique pessoa; caso
contrário, usar-se-á o pronome ele com a respectiva preposição.

Assistir (a) - (v.t.d. ou v.t.i.) - dar assistência. O Governo assiste as


populações carentes. O Governo assiste-as.
O Governo assiste às populações carentes. O Governo assiste a elas.

Observação:
Se ocorrer ambiguidade, deve ser usado apenas como v.t.d.
A enfermeira assistiu ao transplante. (viu ou deu assistência?) A enfermeira assistiu o
transplante.

Assistir a (v.t.i. - ver, estar presente; ou caber, ter direitos, deveres) Queremos assistir ao
jogo.
Queremos assistir a ele.
Esse direito só assistia ao Presidente.
Esse direito só lhe assistia.

Assistir em (v.i. - morar, residir).


D. Pedro assistia em Petrópolis. (a. adv. lugar)

Atender (v.t.d. - deferir um pedido, conceder algo). Deus atenderá nossas


súplicas.
Deus as atenderá.

Atender (a) (v.t.d. ou v.t.i. - dar atenção - complemento "pessoa") O professor atende os /
aos alunos.
O professor atende-os / lhes.

Observação: Alguns gramáticos dão preferência ao uso do pronome


"o".

Atender a (v.t.i. - dar atenção - complemento "coisa") Por favor, atenda ao


telefone.
Atenda a ele.

29
Chamar (v.t.d. - convidar, convocar, atrair) Chamei meus amigos e pedi
discrição.
Chamei-os e pedi discrição.
Aquele fato chamou a atenção da polícia.

Chamar por (v.t.i. - invocar, chamamento veemente). O Negrinho chamou por


sua madrinha, a Virgem.
Chamou por ela.

Chamar a (v.t.d.i. - repreender). Chamei à atenção os alunos.


Chamei-os à atenção.

Chamar (a) (v.t.d. ou v.t.i. + predicativo - tachar, considerar). Chamaram o aluno inteligente.
o.d. predic. o.d.
Chamaram-no inteligente.
o.d. predic. o.d.
Chamaram o aluno de inteligente.
o.d. predic. o.d.
Chamaram-no de inteligente.
o.d. predic. o.d.
Chamaram ao aluno, inteligente.
o.i. predic. o.i.
Chamaram-lhe inteligente.
o.i. predic. o.i.

Chamaram ao aluno de inteligente.


o.i. predic. o.i.
Chamaram-lhe de inteligente.
o.i. predic. o.i.

Comparecer a (v.t.i. - complemento "atividade"). Os magistrados não


compareceram ao júri.

Comparecer a (em)- (v.i. - complemento "lugar').


Os concursandos compareceram ao / no local na hora prevista.

Constar - (v.i. - dizer-se, passar por certo). Consta que Cristo fez maravilhosos
portentos.

Constar de (v.t.i. - ser composto ou formado, constituir-se). Esta obra consta de dois
volumes.

Constar em (v.i. - estar registrado, escrito). Algumas palavras nem constam no


dicionário.

Custar (v.t.d.i. - acarretar).


O remorso custava lágrimas ao pecador.
O remorso custou-lhas.

Custar a (v.t.i. - ser custoso, difícil, demorado). Custa aos alunos entender tais
assuntos.
o i. sujeito

Deparar (com) (v.t.d. ou v.t.i. - dar com, encontrar).


Quando deparou (com) o erro, procurou corrigi-lo imediatamente.

Deparar a (v.t.d.i. - fazer aparecer, apresentar). Nem a ciência deparava solução


ao mistério.

Deparar-se a (v.t.i. pronominal - apresentarse, oferecer-se, surgir). Uma nova situação


deparou-se aos alunos.

Implicar (v.t.d. - acarretar).


Contratação de pessoal implica despesas.

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Implicar com (v.t.i. - ter implicância).
Não sei por que implicas com as crianças.

Implicar em (v.t.d.i. - envolver).


Cacilda implicara o namorado em crimes.

Implicar-se em (v.t.i. pronominal -envolver-se). Implicou-se em conspirações.

Lembrar (v.t.d. - não esquecer).


Não lembramos de datas de aniversários.

Lembrar-se de (v.t.i. pronominal - não se esquecer de). Lembre-se dos fatos


marcantes da vida.

Lembrar a (v.t.d.i. - advertir, recordar).


Lembramos aos presentes a necessidade do convite.

Lembrar a (v.t.i. - vir à lembrança). Lembrou a todos aquele fato inusitado.


o.i. sujeito

Observação:
Essa é construção clássica que tem como sujeito o ser lembrado. Esquecer, recordar e
admirar apresentam idêntica regência.

Precisar (v.t.d. - indicar com exatidão).


O guarda não precisou o local da infração.
O guarda não o precisou.

Precisar de (v.t.i.) (ter necessidade, carecer). Quem não precisa de


dinheiro?
Quem não precisa dele?

Observação:
Alguns autores clássicos o empregaram como v.t.d. - porém, na linguagem atual, esse
procedimento não tem mais trâmites.

Proceder (v. i. - comportar-se, provir, ter fundamento). Vivia com austeridade, e


procedia como rei.
Os retirantes procediam de longínquas terras. Infelizmente, seu pleito não
procede.

Proceder a (v.t.i. - realizar, fazer). A polícia procederá ao


inquérito. A polícia procederá a ele.

Querer (v.t.d. - desejar). Quero sucesso imediato.


Quero-o.

Querer a (v.t.i. - amar, estimar, bem-querer). Quero muito a meus pais.


Quero-lhes muito.

Responder (v.t.d. - exprimindo a resposta).


O homem respondeu qualquer coisa ininteligível.

Responder a (v.t.i. e v.t.d.i. - dizer em resposta). Todos deveriam responder


ao questionário.
Os alunos responderam ao professor que não tinham estudado.

Visar (v.t.d. - apor visto, apontar para). Não te esqueças de visar teu
passaporte. Não te esqueças de visa-lo.
Apontou o arcabuz, mas não visava o alvo.
Não o visava.

Visar a (v.t.i. - pretender, almejar, ter em vista). Os políticos visam apenas


aos seus interesses. Visam apenas a eles.

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Observações:
a) Seguido de infinitivo, pode a preposição ficar subentendida. O pequenino visava
conquistar a simpatia de todos.
b) Apesar de exemplos clássicos como transitivo direto, não se recomenda tal
procedimento na linguagem hodierna.
VERBOS COM PROBLEMAS (decorrentes do linguagem coloquial)

Chegar (v. i. - exige as preposições a ou de). Amanhã chegaremos cedo ao


colégio.
Elas chegavam de Taguatinga e iam a Sobradinho. Observação:
O erro comum é o uso da preposição “em” em vez de “a”. Quando cheguei em
Brasília. (incorreto)

Ir (v. i. - exige as preposições “a” ou “para”). Nessas férias, iremos a


Fortaleza. (ida e retorno).
Fui transferido, estou indo para o Canadá. (ida e permanência)
Observação:
O erro comum é usar a preposição “em”.
Com licença, preciso ir no banheiro. (incorreto)

Namorar (v.t.d.)
Paula namorava todos os rapazes da rua.
Observação:
O erro comum é usar-se com a preposição “com”. Raimunda só foi feliz namorando
com Ricardo. (incorreto)

Obedecer - desobedecer (v.t.i. - exigem a preposição “a”). Seria bom obedeceres aos
teus estímulos.
Não desobedeças ao teu pai.

Observação:
O erro comum tem sido usá-los como transitivos diretos. Pedrinho, não desobedeças teu
pai! (incorreto)

Pagar - perdoar (v.t.d.i. - o.d. "coisa", o.i. "pessoa"). Já paguei a prestação ao


cobrador.
Observação:
O erro comum é a construção com objeto direto "pessoa". Amanhã pagaremos os
funcionários. (incorreto)

Preferir (v.t.d.i.)
Há indivíduos que preferem o sucesso fácil ao triunfo meritório.
Observação:
O erro comum é o uso redundante de "reforços" (antes, mais, muito mais, mil vezes, etc) e de
"comparativos" (que ou do que).
Prefiro mil vezes um inimigo do que um falso amigo. (incorreto)

Residir (v. i. - exige a preposição “em”). Ela reside na Avenida das


Nações.
Observações:
Têm a mesma regência os verbos morar, situar-se, estabelecer-se e os adjetivos derivados
sito, residente, morador, estabelecido.
Ela reside na SQN 315, estabeleceu-se na QNG, sito na casa 10. O erro comum é usar-se
a preposição “a”.
Todos estarão tio local determinado, sito a SCLN 314. (incorreto)

Simpatizar - antipatizar (v.t.i. - exigem a preposição “com”). Alguns não


simpatizavam com o treinador.
Observação:
O erro comum é usá-lo como verbo pronominal, reflexivo. Nunca me simpatizei com
modas. (incorreto)

TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS

32
Aconselhar, autorizar, avisar, comunicar, certificar, cientificar, dissuadir, ensinar,
incumbir, informar, lembrar, notificar, participar, etc.

Alguns desses verbos admitem alternância, isto é, objeto direto e indireto de "coisa" ou
"pessoa", indiferentemente.

Informei o fato aos alunos. ou


o.d. o. i.
Informei os alunos do fato.
o.d. o. i.

Observação:
O erro comum, com esses verbos, é a construção em que aparecem dois objetos diretos ou
dois indiretos, isto é, por excesso ou omissão de preposição.
Avisei-os que a prova fora transferida. (incorreto)
o.d. o.d. > dois objetos diretos

Avisei-os de que a prova fora transferida. (correto)


o.d. o. i.

Avisei-lhe de que a prova fora transferida. (incorreto)


o.i. o.i. > dois objetos indiretos

Avisei-lhe que a prova fora transferida. (correto)


o.i. o.d.

REGÊNCIA NOMINAL

É a relação de subordinação entre o nome e seus complementos, devidamente


estabelecida por intermédio das preposições correspondentes.

Acostumado (a, com)


Estava acostumado a / com qualquer coisa.
Afável (a, com, para com)
Parecia afável a / com / para com todos.
Afeiçoado (a, por)
Afeiçoado aos estudos. Afeiçoado pela vizinha.
Aflito (com, por)
Aflito com a notícia. Aflito por não ter notícia.
Amizade (a, por, com)
Amizade à / pela / com a irmã mais velha.
Analogia (com, entre)
Não há analogia com / entre os fatos históricos.
Apaixonado (de, por)
Era um apaixonado das / pelas flores.

Apto (a, para)


Estava apto ao / para o desempenho das funções.
Ávido (de, por)
Um homem ávido de / por novidades.

Constituído (de, por)


Um grupo constituído de / por várias turmas.
Contemporâneo (a, de)
Um estilo contemporâneo ao / do Modernismo.
Devoto (a, de)
Um aluno devoto às / das artes.
Falho (de, em)
Um político falho de / em caráter.
Imbuído (de, em)
Imbuído de / em vaidades.

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Incompatível (com)
A verdade é incompatível com a realidade.
Passível (de)
O projeto é passível de modificações.
Propenso (a, para)
Sejam propensos ao / para o bem.
Residente (em)
Os residentes na Capital.

Vizinho (a, de)


Um prédio vizinho ao / do meu.

9.OCORRÊNCIA DE CRASE

Do grego krâsis (mistura, fusão). Em gramática normativa, significa a contração ou fusão de


duas vogais em uma só (aa > à). Esse fenômeno é indicado pelo acento grave. A crase vai
ocorrer quando houver a fusão da preposição “a” com:
1. O artigo feminino “a” ou “as”;
Ex.1: Refiro-me a a concorrência.
prep. + art.
Ex.2: Refiro-me à concorrência.
crase

2. O pronome demonstrativo "a" ou "as";


Ex.1: Perdoarei a as que quiserem.
prep. + pron. demonstrativo
Ex.2: Perdoarei às que quiserem.
crase

3. Os pronomes demonstrativos "aquilo", "aquele" e flexões.


Ex.1: Assistirei a aquele filme.
prep. + pron. demonstrativo
Ex.2: Assistirei àquele filme.
crase

CASOS EM QUE PODE OCORRER CRASE


1. Antes de palavras femininas, claras ou subentendidas.
Dirijam-se à secretaria.
Usava bigodes à Salvador Dali. (à moda de)

Método prático:
Substituir a palavra feminina por masculina e observar a consequência (a > ao
= à).
O orador aspirava a(?) fama. O orador aspirava ao sucesso. O
orador aspirava à fama.
Os críticos elogiaram as(?) poesias. Os críticos elogiaram os
poemas. Os críticos elogiaram as poesias.

2. Antes dos pronomes relativos que, a qual e as quais.


Dirigiu-se à que estava ao seu lado.
As pessoas às quais aludimos moram no Sul.

Método prático:
Substituir o antecedente por palavra masculina e observar a conseqüência (a > ao >
à).
Esta caneta é igual a(?) que perdi. Este livro é igual ao que perdi.
Esta caneta é igual à que perdi.

Vi a peça (?) que te referes. Vi o filme a que te referes. Vi a


peça a que te referes.

A glória a(?) qual aspirei, era efêmera. O êxito ao qual aspirei, era
efêmero. A glória à qual aspirei...

34
3. Com os pronomes demonstrativos aquilo, aquele (e flexões)
Não chegarás àquele patamar. Sempre visou àquilo mesmo.

Método prático:
Substituir os pronomes, respectivamente, por "isto" ou "este", observando a presença ou
não da preposição.

aquilo > isto = aquilo aquele > este = aquele aquilo > a isto
= àquilo aquele > a este = àquele

O povo não obedecia aquelas (?) leis.


O povo não obedecia a estas leis. O povo não obedecia àquelas
leis.

Ninguém aceitou aquilo (?). Ninguém aceitou isto.


Ninguém aceitou aquilo.

4. Crase antes de nomes de lugares


Só haverá crase com nomes determinados pelo artigo a. Quando formos à Bahia.
(determinado por artigo) Quando formos a Belém. (não é determinado por artigo)

Método prático para saber se há artigo. "Versinho da Tia Júlia".


Se estou na ou volto da, pode haver crase no a; Se estou em ou volto de,
crase pra quê."

Ex.: Os turistas dirigiam-se a (?) Califórnia.


prep. a + art. a (Estou na Califórnia)
Ex.: Os turistas dirigiam-se à Califórnia.

Observação: Nomes de lugares determinados por adjetivos, locuções adjetivas e alguns


pronomes, sempre serão determinados por artigo.
Ex.: Ainda voltarei à Roma eterna.

CASOS PARTICULARES

1. Com a palavra "casa"


a) Significando lar (nossa própria casa). Aparece sozinha, isto é, sem adjetivos, pronomes
ou locuções. Nesse caso, não há crase porque não há artigo.
Ex.: Ao chegarmos a casa, já era noite alta.

b) Indicando ser a casa de outrem ou estabelecimento comercial, aparece acompanhada


de adjetivos, pronomes ou locuções. Nesse caso, pode haver crase: há artigo, mas depende
de preposição.
Ex.: Falta pouco para chegarmos à casa dos noivos. (chegar a) Todos querem comprar a
casa própria. (comprar - v.t.d.)

2. Com a palavra "terra"


a) Significando terra firme (o oposto de mar, água, bordo), aparece sem adjetivos,
pronomes ou locuções. Nesse caso, não há crase porque não há artigo.
Ex.: Os turistas foram a terra comprar flores.

b) Significando lugar (cidade, estado, país), aparece com adjetivos, pronomes ou locuções.
Nesse caso, pode haver crase: há artigo, mas depende de preposição.
Ex.1: Os marujos retornaram à terra dos piratas. (retornar a)
Ex.2: Gostaria de conhecer a terra de meus antepassados. (conhecer - v.t.d.)

3. Com a palavra "distância"


A única locução adverbial formada com palavra feminina em que não ocorre crase é "a
distância"; entretanto, se estiver determinada, teremos locução prepositiva, acentuada: "à
distância de".
O povo ficou a distância do congresso.
O povo ficou à distância de cem metros do incêndio.

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4. Crase Facultativa
a) Antes de nomes personativos femininos
Os diretores dirigiram elogios a (à) Maria Helena.
Se fosse um nome personativo masculino: Os diretores dirigiram elogios a (ao) Paulo
Miguel.
Como se vê o uso do artigo é facultativo.

Observação: Vindo o nome determinado como de pessoa amiga, parente, a crase não mais
será facultativa, porque nesse caso o uso do artigo se fará mister.
Os diretores dirigiram elogios à Maria Helena, minha irmã.

b) Antes de pronomes possessivos adjetivos (no singular)


Antes de tudo viso a (à) minha salvação.
Se fosse um pronome masculino:
"Antes de tudo viso a (ao) meu bem-estar.", também o uso do artigo é facultativo.
Observação: Em se tratando de pronome substantivo (e havendo a preposição) a crase será
de rigor.
Viso a (à) minha salvação e não à tua.

c) Depois da preposição "até"


Esta alameda vai até a (à) fazenda do meu pai.
Se houvesse um nome masculino:
"Esta alameda vai até o (ao) sítio do meu pai.", pode-se inferir que é facultativa a
combinação das preposições até e a para ressaltar a idéia de limite ou exclusão.

5. Crase nas locuções formadas com palavras femininas


Acentua-se o a das locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas, formadas com palavras
femininas.
a) Locuções adverbiais
À primeira vista, o trabalho pareceu-nos bem simples. Sempre estudei à noite e nem
por isso fiquei obscuro.
b) Locuções prepositivas
Quem vive à espera de facilidades, encontra falsidades. Triunfaremos à custa de
nossos méritos.
c) Locuções conjuntivas
O flagelo aumentava à medida que as chuvas continuavam. A proporção que
subíamos, o ar tornava-se mais leve.

Observações:
1. Segundo alguns dos principais autores, às vezes, o acento grave no "a" (à) representa a pura
preposição que rege substantivo feminino, formando locução adverbial. Se tal procedimento
não fosse adotado; teríamos, então, muitas frases ambíguas.
O rapaz cheirava a bebida. (aspirava o cheiro da bebida) O rapaz cheirava à bebida.
(exalava o cheiro da bebida)

2. Em relação à crase nas locuções adverbiais, há certa divergência entre alguns gramáticos;
porém há consenso nos casos em que possa haver ambiguidade:
Fique a vontade na sala. Sujeito ou a. adv. modo?

10. PONTUAÇÃO

A VÍRGULA
É o sinal que indica pequena pausa na leitura. Separa termos de uma oração e certas orações
no período.

A VÍRGULA SEPARANDO TERMOS DA ORAÇÃO


a) Termos coordenados, isto é, de mesma função sintática.
Era um rapagão corado, forte, risonho.
A terra, o mar, o céu, tudo glorifica Deus. Observação:
Normalmente não se separam termos unidos por e, nem e ou. Possuía lavouras de trigo,
arroz e linho.
Não aprecia cinema, teatro nem circo.
Os mendigos pediam dinheiro ou comida.

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b) Vocativo, aposto, predicativo, palavras repetidas.
Brasília, Capital da República, foi fundada em 1960.
Senhor, eu queria saber quem foi o poeta que inventou o beijo.
Lentos e tristes, os retirantes iam passando pela caatinga. As paredes do hospital
eram brancas, brancas.

c) Termos explicativos, retificativos, conclusivos, enfáticos...


Quer dizer que você, então, não voltou mais. Elas, aliás, não saíam de
casa.
Pois sim, faça como quiser.
Em suma, a pontuação é um problema.
Portanto, usa-se a vírgula nas expressões denotativas.

d) Termos antepostos (e repetidos pleonasticamente). Essas palavras, eu não


as disse jamais.
Aos poderosos, nada lhes devo.

e) Conjunções adversativas e conclusivas deslocadas.


O sinal estava fechado; os carros, porém, não pararam.
Já lhe comprei balas, sorvete; convém, pois, ficar calado agora.

f) Adjunto adverbial anteposto ao verbo. Com mais de setenta


anos, andava a pé.
Os convidados, depois de algum tempo, chegaram ao clube. Observação:
Adjunto adverbial de pequeno corpo costuma dispensar a vírgula.
Amanhã, o Presidente viajará. Quando usada, serve para dar
ênfase.

g) Datas (Local e data - número e data, em documentos) Brasília, 5 de junho de


1994.
O Decreto n° 5.765, de 18 de dezembro de 1971.

h) Zeugma (supressão do verbo constante da oração anterior)


O pensamento é triste; o amor, insuficiente,

i) Depois do "sim" e do "não", usados nas respostas. Não, porque fui embora
mais cedo.
Sim, passaremos no concurso.

A VÍRGULA SEPARANDO ORAÇÕES NO PERIODO


a) Orações coordenadas assindéticas.
O tempo não para, não apita na curva, não espera ninguém.

b) Orações coordenadas sindéticas


Você já sabe bastante, porém deve estudar mais.
Não solte balões, porque causam incêndio. O mal é irremediável,
portanto conforma-te. Exceção: As aditivas com a conjunção "e".
O agricultor colheu o trigo e vendeu-o ao Banco do Brasil.

Observação:
Usa-se vírgula com a conjunção "e":
(1) Orações coordenadas aditivas com sujeitos diferentes:
Afinal vieram outros cuidados, e não pensei mais nisso.
O concurso foi difícil, e a prova não correspondeu ao programa.

(2) Orações coordenadas adversativas (e=mas)


Morava no Brasil, e votava na Espanha.

(3) Quando se quiser enfatizar o último termo de uma série coordenada


Deitou-se tarde, custou-lhe dormir, pensou muito nela, e sonhou.

(4) No polissíndeto (facultativa)


Os dias passavam, e as águas, e os versos, e com eles ia passando a vida.

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c) Orações subordinadas adverbiais antepostas ou intercaladas. Embora estivesse
muito cansado, compareci à reunião.
Quando chegar o verão, iremos ao Sul.
As viúvas inconsoláveis, quando são jovens, sempre são consoladas.

Observações:
Com orações adverbiais pospostas, só é recomendável usar vírgula:
(1) Se a oração principal for muito extensa;
O ar poluído corrói a saúde do povo, embora não se perceba a curto prazo.
(2) Se a oração principal vier seguida de outra qualquer.
Os alunos declararam ao diretor que estavam satisfeitos, quando o curso acabou.

d) Orações substantivas antepostas.


Que venham todos, é preciso: estou saudoso.

e) Orações interferentes.
A História, disse Cícero, é a grande mestra da vida.

f) Orações adjetivas explicativas.


O Sol, que é uma estrela, aquece a Terra.

g) Orações reduzidas equivalentes a adverbiais. Terminada a aula, todos


saíram felizes.

h) Idéias paralelas dos provérbios. Casa de ferreiro, espeto de pau.


Mocidade ociosa, velhice vergonhosa.

O PONTO-E-VÍRGULA
Assinala pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Usa-se o ponto-e-vírgula
nos seguintes casos:

a. separando os itens de uma enumeração;


A gramática normativa trata dos seguintes assuntos:
1) fonética; 2) morfologia; 3) sintaxe; 4) estilística.

b. separando as partes principais de um período, cujas secundárias já foram


separadas por vírgula;
Na volta da escola, alguns brincavam; outros, no entanto, vinham sérios; quando
chegamos. Todos riam.
c. separando orações coordenadas com a conjunção deslocada;
A aula já terminou; vocês, porém, não devem sair.
d. separando orações coordenadas (adversativas) assindéticas.
Há muitos modos de acertar, há um só de errar.

OS DOIS-PONTOS
Assinalam uma pausa para indicar que a frase não foi concluída, isto é, há algo a se
acrescentar.

Usam-se dois-pontos nos seguintes casos:


1. introduzindo citação ou transcrição;
Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros, e anda nua".
2. introduzindo enumeração;
Os meios legítimos de adquirir fortuna são três: ordem, trabalho e sorte.
3. em oração explicativa com a conjunção subentendida;
Você fez tudo errado: gritou quando não devia e calou quando não podia.
4. com oração apositiva.
Disse-me algo horrível: que ia casar.

11. REDAÇÃO OFICIAL

REDAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA

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A Prova de Redação em Língua Portuguesa tem o objetivo de avaliar a capacidade de
expressão na modalidade escrita da Língua Portuguesa. O candidato deverá produzir texto
dissertativo, com extensão mínima de 25 linhas e máxima de 30 linhas, legível,
caracterizado pela coerência e coesão, com base em um tema formulado pela banca
examinadora. Com a função de motivar o candidato para a redação, despertando ideias e
propiciando o enriquecimento de informações, poderá haver, na prova, textos e outros
elementos correlacionados ao assunto em questão.

Os critérios de avaliação mais abrangentes referem-se ao desenvolvimento do tema, à


observância da apresentação e da estrutura textual e ao domínio da expressão escrita. Em
termos restritos, estabelecem-se critérios específicos ligados a cada item que esteja envolvido
com o tema em questão.

NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO

NARRAÇÃO: Desenvolvimento de ações. Tempo em andamento. DESCRIÇÃO: Retrato através


de palavras. Tempo estático.
DISSERTAÇÃO: Desenvolvimento de idéias. Temporais/Atemporais.

Texto
Em um cinema, um fugitivo corre desabaladamente por uma floresta fechada, fazendo zigue-
zagues. Aqui tropeça em uma raiz e cai, ali se desvia de um espinheiro, lá transpõe um
paredão de pedras ciclópicas, em seguida atravessa uma correnteza a fortes braçadas,
mais adiante pula um regato e agora passa, em carreira vertiginosa, por pequena aldeia,
onde pessoas se encontram em atividades rotineiras.

Neste momento, o operador para as máquinas e tem-se na tela o seguinte quadro: um


homem (o fugitivo), com ambos os pés no ar, as pernas abertas em larguíssima passada
como quem corre, um menino com um cachorro nos braços estendidos, o rosto contorcido
pelo pranto, como quem oferece o animalzinho a uma senhora de olhar severo que aponta
uma flecha para algum ponto fora do enquadramento da tela; um rapaz troncudo puxa,
por uma corda, uma égua que se faz acompanhar de um potrinho tão inseguro quanto
desajeitado; um pajé velho, acocorado perto de uma choça, tira baforadas de um longo e
primitivo cachimbo; uma velha gorda e suja dorme em uma já bastante desfiada rede de
embira fina, pendurada entre uma árvore seca, de galhos grossos e retorcidos e uma
cabana recém-construída, limpa, alta, de palhas de buriti muito bem amarradas...

Antes de exercitar com o texto, pense no seguinte:


Narrar é contar uma história. A Narração é uma sequência de ações que se
desenrolam na linha do tempo, umas após outras. Toda ação pressupõe a existência de um
personagem ou actante que a prática em determinado momento e em determinado lugar,
por isso temos quatro dos seis componentes fundamentais de que um emissor ou
narrador se serve para criar um ato narrativo: personagem, ação, espaço e tempo em
desenvolvimento. Os outros dois componentes da narrativa são: narrador e enredo ou trama.
Descrever é pintar um quadro, retratar um objeto, um personagem, um ambiente.
O ato descritivo difere do narrativo, fundamentalmente, por não se preocupar com a
sequência das ações, com a sucessão dos momentos, com o desenrolar do tempo. A descrição
encara um ou vários objetos, um ou vários personagens, uma ou várias ações, em um
determinado momento, em um mesmo instante e em uma mesma fração da linha
cronológica. É a foto de um instante.

A descrição pode ser estática ou dinâmica.


• A descrição estática não envolve ação. Exemplos: "Uma velha gorda e suja."
"Arvore seca de galhos grossos e retorcidos."
• A descrição dinâmica apresenta um conjunto de ações concomitantes, isto é, um conjunto
de ações que acontecem todas ao mesmo tempo, como em uma fotografia. No texto, a
partir do momento em que o operador para as máquinas projetoras, todas as ações que se
veem na tela estão ocorrendo simultaneamente, ou seja, estão compondo uma descrição
dinâmica. Descrição porque todas as ações acontecem ao mesmo tempo, dinâmica porque
inclui ações.

Dissertar diz respeito ao desenvolvimento de idéias, de juízos, de pensamentos. Exemplos:


"As circunstâncias externas determinam rigidamente a natureza dos seres
vivos, inclusive o homem..."
"Nem a vontade, nem a razão podem agir independentemente de seu condicionamento

39
passado."

Nesses exemplos, tomados do historiador norte-americano Carlton Hayes, nota-se bem que
o emissor não está tentando fazer um retrato (descrição); também não procura contar uma
história (narração); sua preocupação se firma em desenvolver um raciocínio, elaborar um
pensamento, dissertar. Quase sempre os textos, quer literários, quer científicos, não se
limitam a ser puramente descritivos, narrativos ou dissertativos. Normalmente um texto é um
complexo, uma composição, uma redação, onde se misturam aspectos descritivos com
momentos narrativos e dissertativos e, para classificá-lo como narração, descrição ou
dissertação, procure observar qual o componente predominante.

Procedimentos para fazer uma boa redação

Dominar a arte da escrita é um trabalho que exige prática e dedicação. No entanto,


conhecer seu lado teórico é muito importante. Aqui você encontra um resumo desta teoria.
Aplique-a em seu trabalho mas não se esqueça: você precisará fazer a sua parte, isto é,
escrever.

Simplicidade

Use palavras conhecidas e adequadas. Escreva com simplicidade. Para que se tenha bom
domínio, prefira frases curtas. Amarre as frases, organizando as idéias. Cuidado para não
mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira leve pela linha de
argumentação.

Clareza

O segredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que você
quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a sua
opinião, falando de suas idéias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.

Objetividade

Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras
possíveis. Por isso não repita idéias, não use palavras demais ou outras coisas que só
para aumentem as linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o texto. A
pesquisa prévia ajuda a selecionar melhor o que se deve usar.

Unidade

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma linha
coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa trajetória. Por isso,
muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Eliminar o
desnecessário é um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem:
introdução, argumentação e conclusão da idéia.

Coerência

A coerência entre todas as partes de seu texto, é fator primordial para se escrever bem. É
necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem para as
idéias se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as
consequências.

Exemplos

Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se acertar sempre, apesar de não ser
criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, do
concreto para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique interessante. As
metáforas também enriquecem a redação.

Ênfase

Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de significado,
principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para destacar trechos
importantes. Uma boa conclusão é essencial para mostrar a importância do assunto
escolhido. Remeter o leitor à idéia inicial é uma boa maneira de fechar o texto.

40
Leia e Releia

Lembre-se, é fundamental pensar, planejar, escrever e reler seu texto. Mesmo com todos os
cuidados, pode ser que você não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode
atrapalhar. Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você
não repetiu palavras e idéias. À medida que você relê o texto, essas falhas aparecem,
inclusive, erros de ortografia e acentuação. Não se apegue ao escrito. Refaça se for preciso.
Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes forem necessárias. No computador,
esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre uma cópia do texto original. Assim você se
sentirá à vontade para corrigir quanto quiser, pois sabe que sempre poderá voltar atrás.

TECNICAS DE REDAÇÃO

A redação divide-se em tema, título, introdução, desenvolvimento e


conclusão e pode ser em primeira ou terceira pessoa, ou mista. O tema é o foco do

trabalho, o assunto que será desenvolvido.

O título deve ser condizente com o tema. Ex: Se o tema for ecologia, o título deve ser a
respeito dele, tipo “A fauna brasileira”.
A introdução deve, na forma clássica, versar sobre três itens que serão desdobrados nos
três parágrafos seguintes, no caso; um item por parágrafo. Ex: A fauna brasileira possui
uma intrínseca relação com o meio ambiente. É nesse meio entre o homem e a fauna que
estabelece-se a relação homem-natureza.

No caso, fauna brasileira, meio-ambiente e homem-natureza serão as três primeiras


palavras-chave, uma para cada parágrafo. O desenvolvimento consiste em dois ou
três parágrafos após a introdução, um parágrafo por palavra-chave, na ordem em que
surgiu.

A média de linhas para cada parágrafo da redação fica em torno de 08, sendo 05 linhas o
mínimo. Procure nunca ultrapassar 08 linhas por parágrafo.

A conclusão é a síntese, resumo sintético da introdução e do desenvolvimento. Na


conclusão é obrigatório um início técnico, como por exemplo: “De acordo com o acima
exposto, concluo que...”, “dado o desenvolvimento posto, chego à conclusão de que...”,
“Sendo assim, concluímos que...”, etc...

Após o início da conclusão, coloca-se o resumo das palavras-chave, na ordem em que


foram desenvolvidas, é um resumo do desenvolvimento.

Esquema de Redação

Abaixo veremos um passo-a-passo exemplificativo para se construir uma redação.

1-Tema. 2-Título.
3-Introdução
- com 1 parágrafo;
- com 5-6 linhas.
- com as palavras-chave da introdução.
4-Desenvolvimento( Três parágrafos).
- com 2 ou 3 parágrafos.
- parágrafo com:
- 6-8 linhas para 2 parágrafos ou;
- 5-6 linhas para 3 parágrafos.
- com a palavra-chave em cada parágrafo.
5-Conclusão (uma reflexão ou consideração final).
- com 1 parágrafo.
- parágrafo com 5-6 linhas:

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EXEMPLOS DE REDAÇÕES

A seguir veremos algumas exemplos de redações feitas por alguns alunos.

REDAÇÃO 01

Humanos e animais: seres de um mesmo reino

Desde os tempos remotos os seres humanos estabelecem relações com os animais,


seja ela econômica, cultural ou afetiva. Isso repercutiu durante toda a história da
humanidade, sendo que, nas últimas décadas , cresceu o número de pessoas que
possuem animais de estimação, relacionando-se com os mesmos [eles] de diversas
maneiras.
O relacionamento ser- humano animal [entre seres humanos e animais]de
estimação deve ser amigável e equilibrado, para que possa trazer benefícios a ambas
as partes. Através de respeito, consegue - se[conseguem-se] bons resultados, como
os obtidos com o uso de cachorros no tratamento de pacientes que tenham depressão
e/ou câncer. Nesse caso, os animais ajudam a elevar e qualificar a autoestima da pessoa,
ajudando-a a enfrentar o tratamento com mais alegria e, em troca, recebem carinho e
atenção.
Todavia, há alguns absurdos, muitos deles divulgados pela mídia,
[mídia:]maus tratos, agressões covardes aos animais, práticas ilícitas como rinha de
galo, excesso de mimos e cuidados, fatos esses que causam, na maioria da população,
revolta e indignação, além de poder trazer como consequência atitudes inesperadas por
parte de animais de estimação, comportamento agressivo, fobias.

O verdadeiramente [O] necessário é reprimir os excessos e mostrar às pessoas a maneira


certa [mais adequada] de relacionar-se com seu respectivo bicho de estimação, um
convívio que, como tudo na vida, deve estar embasado no respeito mútuo e estar inserido
dentro de certos limites de comportamento e de zelo, para que se torne uma interação
prazerosa e que traga felicidade.

Comentário geral
A estrutura dissertativa bem marcada, o bom nível de linguagem e a argumentação
coerente garantiram a eficiência do texto.
Aspectos pontuais
1) Título: é importante especificar, no título, que o paralelo mencionado é entre
humanos e animais de estimação (já que todos são classificados como animais).
2) Segundo parágrafo: é preciso cuidar da concordância do verbo na voz passiva
sintética.
3) Terceiro e quarto parágrafos: foram compostos por frases únicas, gerando um
aglomerado de dados. É preciso melhorar a ordenação dos dados para dar
objetividade e clareza ao texto.

REDAÇÃO 02

Como devem ser as relações entre as pessoas e seus animais de estimação?


Cada vez mais, tem sido comum acompanharmos nos noticiários pessoas ricas que
deixam suas fortunas para seus animais de estimação como uma forma, ainda que
exagerada, de amor e estima. Infelizmente, numa proporção um pouco
maior, temos observados [observado]também que nem sempre esse amor se manifesta, pelo
contrário, os atos de agressão violenta [física] , abandono e descaso chocam a todos, a todo o
momento.
A relação afetiva entre o homem e seu bicho de estimação as [às] vezes beira a
falta de bom senso. Foi noticiado recentemente que, na Europa, uma senhora, detentora de
uma fortuna, deixou para seu gato uma quantia de um pouco mais de 10 milhões [de]
euros, aproximadamente 30 milhões de reais. No caso em questão, para o felino, essa

42
herança em nada vai mudar sua vida. Todavia, tal gesto quis mostrar o quão importante
aquele animal representava para sua dona, ainda que a iniciativa da mulher seja
incompatível com o senso comum.
Recentemente, tivemos notícia na imprensa nacional, de um caso de extrema violência.
Uma enfermeira, espancou [enfermeira espancou]e torturou até a morte seu cãozinho de
estimação e, como se não bastasse tamanha barbárie, ainda o fez na presença se seu
filho de apenas 3 anos. Este [Esse] episódio teve repercussão não só no Brasil mas como
[também] em todo o mundo, dada tamanha crueldade empregada contra o animal indefeso.
Criar um animal não é o mesmo que cultivar uma planta. Há, neste caso,
necessidades físicas e afetivas de caráter mútuo que precisam ser respeitadas dentro de um
equilíbrio racional. Dosar o amor dispensado na medida certa e dar um tratamento digno
é o caminho mais acertado tanto para o dono quanto para seu bicho de estimação. Os
excessos sempre trazem consigo prejuízos, sejam eles a desvirtuação do ser animal,
quando o tratamos erroneamente como pessoas, ou mesmo,quando a relação é
pautada na violência. [a violência em que se pautam algumas relações.] Para este
último caso, deve-se aplicar, sem a menor dívida, os rigores da lei.

Comentário geral

A análise poderia ser fundamentada nos casos citados na coletânea, desde que não se
limitasse a eles, como aconteceu neste texto. De modo geral, a redação está muito bem
redigida.

REDAÇÃO 03

Animais não são de brinquedo


A questão fundamental quando o assunto é a relação entre os animais deestimações
[estimação] e seus donos é entender que o carinho deve existir, porém respeitando a
natureza de cada um, principalmente a do animal.
O cão, por exemplo, não é um boneco, em que prevalece a estética em detrimento
da saúde e da qualidade de vida. Ele é um ser vivo, sente dor, alegria, fome. Uma
polêmica que envolve esse assunto é [a] da amputação da cauda e das orelhas de cães,
que é algo meramente estético, por isso é proibido por lei.
Outro caso que é combatido por orgãos [órgãos] como o ibama[IBAMA] é
a criação de animais selvagens, principalmente os ilegais. Esses muitas vezes não
estão preparados para viver entre humanos ou seus instintos não os permitem ter uma
vida doméstica, o que acaba trazendo sérios problemas pro [para o] animal ou até sua
morte.
Um meio mais prático de combater o desrespeito a [à] natureza dos animais de
estimação é a regulamentação desses com um cadastro nacional. Porém uma solução
a longo prazo e menos burocrática seria a conscientização das pessoas com cartilhas e
campanhas educativas fazendo-as entender qual o tipo certo de animal para seu estilo de
vida e como cuidar dele.
Comentário geral
Antes de mais nada, deve-se notar que o autor não seguiu a proposta: tomou-a como ponto de partida
para expor o que lhe parece inadequado em relação aos animais, sejam eles domésticos ou selvagens.
Também não há propriamente uma argumentação, mas declarações avulsas, que terminam com uma
proposta excessivamente genérica de solução dos problemas.

43
Todos os exemplos acima têm um significado, entretanto, apenas o
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO exemplo cinco não apresenta sentido completo. O exemplo (5), por
não ter um sentido completo é denominado EXPRESSÃO. Aos
INTRODUÇÃO demais exemplos chamamos de SENTENÇAS.

A Lógica é uma ciência com características matemáticas, mas está A Sentença é uma forma de se expressar que apresenta um sentido
fortemente ligada à Filosofia. Ela cuida das regras do bem pensar, ou completo.
do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar
humano. Aristóteles, filósofo grego (384?-322a.C) em sua obra As sentenças que apresentam uma variável, como a de número 04 é
"Órganon", distribuída em oito volumes, foi o seu principal denominada SENTENÇA ABERTA. Quando não existe a variável, a
organizador. sentença é dita SENTENÇA FECHADA, como as apresentadas nos
itens 01, 02, 03 e 06.
Através da Lógica pode-se avaliar a validade ou não de raciocínios
que têm por base premissas (afirmações supostamente verdadeiras) Uma sentença fechada que permite um dos julgamentos falso ou
iniciais. verdadeiro é denominada PROPOSIÇÃO.

Os exemplos abaixo mostram desenvolvimento de raciocínios lógicos: Isto é: proposições são sentenças declarativas afirmativas (expressão
de uma linguagem) da qual tenha sentido afirmar que seja verdadeira
Raciocínio I ou que seja falsa.

‒ (1ª premissa) Todo homem é mortal.


2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA LÓGICA
‒ (2ª premissa) Sócrates é mortal.
‒ Conclusão: Sócrates é homem.
OS PRINCÍPIOS (AXIOMAS) DA LÓGICA MATEMÁTICA OU FORMAL
Raciocínio II
Segundo Quine, toda proposição é uma frase mas nem toda frase é
‒ (1ª premissa) Todo homem é mortal. uma proposição; uma frase é uma proposição apenas quando admite
‒ (2ª premissa) Sócrates é homem. um dos dois valores lógicos: Falso (F)ou Verdadeiro (V). Exemplos:
‒ Conclusão: Sócrates é mortal.
1. Frases que não são proposições
À primeira vista, todos os dois raciocínios parecem verdadeiros. ‒ Pare!
Entretanto, o primeiro é falso, pois: Sócrates pode perfeitamente ser ‒ Quer uma xícara de café?
o gatinho da minha vizinha. Já, o segundo raciocínio é universalmente
‒ Eu não estou bem certo se esta cor me agrada
verdadeiro. Quais são as regras para a validação de uma conclusão a
2.Frases que são proposições
partir de afirmações anteriores? Este é um dos principais objetivos
deste curso.
‒ A lua é o único satélite do planeta terra (V)
‒ A cidade de Salvador é a capital do estado do Amazonas (F)
George Boole (1815-1864), em seu livro "A Análise Matemática da ‒ O numero 712 é ímpar (F)
Lógica", estruturou os princípios matemáticos da lógica formal, que, ‒ Raiz quadrada de dois é um número irracional (V)
em sua homenagem, foi denominada Álgebra Booleana. No século
XX, Claude Shannon aplicou pela primeira vez a álgebra booleana em Algumas Leis Fundamentais
interruptores, dando origem aos atuais computadores.

Pode, à primeira vista, parecer complexa a disciplina "Raciocínio Um proposição é falsa (F) ou verdadeira (V):
Lei do Meio
Lógico". Entretanto, ela está ao alcance de toda pessoa que não há meio termo. Uma alternativa só pode
Terceiro/ Excluido
memorize as regras e exercite bastante. Portanto, mãos à obra. ser verdadeira ou falsa.

Lei da Não Uma proposição não pode ser,


1. PROPOSIÇÃO Contradição simultaneamente, V e F.
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir idéias,
através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este conjunto O valor lógico (V ou F) de uma proposição
descreve o conteúdo dessa idéia. Lei da composta é unicamente determinada pelos
Funcionalidade valores lógicos de suas proposições
São variadas as formas de se expressar. Vejamos algumas delas: constituintes.

(01) Feliz ano novo!


(02) Chove.
Composição de Proposições
(03) Quando começam as férias?
(04) x é maior que 27.
(05) Três mais dois. É possível construir proposições a partir de proposições já existentes.
(06) Paris é a capital da França. Este processo é conhecido por Composição de Proposições. Suponha
que tenhamos duas proposições,

44
1. A = "Maria tem 23 anos"
2. B = "Maria é menor"

Pela legislação corrente de um país fictício, uma pessoa é


considerada de menor idade caso tenha menos que 18 anos, o que Na divisão, conserva-se o expoente e dividem-se as bases.
faz com que a proposição B seja F, na interpretação da proposição A
ser V. Vamos a alguns exemplos:

1. "Maria não tem 23 anos" (não(A))


2. "Maria não é menor"(não(B))
3. "Maria tem 23 anos" e "Maria é menor" (A e B)
4. "Maria tem 23 anos" ou "Maria é menor" (A ou B) , supondo b ≠ 0
5. "Maria não tem 23 anos" e "Maria é menor" (não(A) e B)
6. "Maria não tem 23 anos" ou "Maria é menor" (não(A) ou B)
7. "Maria tem 23 anos" ou "Maria não é menor" (A ou não(B)) Para fazer o cálculo da potência de outra potência, conserva-se a
8. "Maria tem 23 anos" e "Maria não é menor" (A e não(B)) base e multiplicam-se os expoentes.
9. Se "Maria tem 23 anos" então "Maria é menor" (A => B)
10. Se "Maria não tem 23 anos" então "Maria é menor" (não(A) => B)
11. "Maria não tem 23 anos" e "Maria é menor" (não(A) e B)
12. "Maria tem 18 anos" é equivalente a "Maria não é menor" (C <=>
não(B))
Observações:As propriedades vistas anteriormente também podem
Note que, para compor proposições usou-se os símbolos não ser usadas quando os expoentes forem inteiros negativos, no
(negação), e (conjunção), ou (disjunção), => (implicação) e, entanto, as bases devem ser ≠ de 0.
finalmente, <=> (equivalência). São os chamados conectivos lógicos.
Note, também, que usou-se um símbolo para representar uma
proposição: C representa a proposição Maria tem 18 anos. Assim, 4. VALOR LÓGICO
não(B) representa Maria não é menor, uma vez que B representa
Maria é menor.
Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
3. PROPRIEDADES
Sendo assim o valor lógico será:
O uso das propriedades abaixo é facultativo, elas podem ser usadas
para facilitar a resolução das equações, o ideal é usá-las somente ‒ a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira.
quando tiver vantagem. ‒ a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.

Considere a e b como números reais, m e n serão números inteiros,


5. CONECTIVOS LÓGICOS
segue as propriedades:

Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as proposições


a) Potências de mesma base:
formando novas sentenças. Os principais conectivos lógicos são:

Na multiplicação, conserva-se a base e somam os expoentes.

Na divisão, conserva-se a base e subtraem os expoentes.

, supondo a ≠0

b) Potências de mesmo expoente


Na multiplicação, conserva-se o expoente e multiplicam-se as bases.

45
6. PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS 7. TABELA-VERDADE

As proposições simples ou atômicas são assim caracterizadas por A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de uma
apresentarem apenas uma idéia. São indicadas pelas letras proposição composta, sendo que os valores das proposições simples
minúsculas: p, q, r, s, t... já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição composta
depende do valor lógico da proposição simples.
As proposições compostas ou moleculares são assim caracterizadas
por apresentarem mais de uma proposição conectadas pelos A tabela-verdade, como se sabe, é um instrumento eficiente para a
conectivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, especificação de uma composição de proposições. Abaixo segue a
T... tabela-verdade dos conectivos aqui tratados,

Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a Negação
proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s e t.

A ~(A), ou -A, ou /A, ou ainda, A'


Proposições Simples e Compostas
F V
Uma proposição pode ser simples (também denominada atômica) ou
V F
composta (também denominada molecular).

Proposições simples: Conjunção Disjunção Implicação Equivalência


A B
As proposições simples apresentam apenas uma afirmação. Pode-se A . B, ou AB A+B A => B A <=> B
considerá-las como frases formadas por apenas uma oração. As
F F F F V V
proposições simples são representadas por letras latinas minúsculas.
F V F V V F
Exemplos:
V F F V F F
‒ p: eu sou estudioso; V V V V V V
‒ q: Maria é bonita;
‒ r: 3 + 4 > 12.
‒ p: O número 24 é múltiplo de 3. Alguns destaques das tabelas-verdade tratadas:
‒ q: Brasília é a capital do Brasil.
‒ r: 8 + 1 = 3 x 3  A negação, como o próprio nome diz, nega a proposição que
‒ s: O número 7 é ímpar tem como argumento. Tem como símbolo o acento "~" , ~A,ou,
‒ t: O número 17 é primo algumas vezes, uma barra sobre a variavel lógica, Ã, ou o sinal
"-", -A, ou o símbolo "/", /A, ou ainda, o sinal "'", A'. Lembre-se
Proposições compostas que o símbolo nada mais é que uma simples representação da
negação. O que é relevante é que o significado do símbolo seja
Uma proposição composta é formada pela união de duas ou mais explicitamente declarado. Aqui, os símbolos mais usados para a
proposições simples. Indica-se uma proposição composta por letras negação são o sinal "'", e barra por sobre a variável lógica, .
latinas maiúsculas. Se P é uma proposição composta das proposições
 O símbolo mais utilizado para a conjunção, em Eletrônica
simples p, q, r, ..., escreve-se P (p, q, r,...).
Digital, é o ponto ".".
 O símbolo mais utilizado para a disjunção, em Eletrônica
Quando P estiver claramente definida não há necessidade de indicar
Digital, é o sinal "+".
as proposições simples entre os parênteses, escrevendo
simplesmente P.  A única função da implicação lógica (A => B, onde A é o
antecedente e B é o conseqüente) é afirmar o conseqüente no
Exemplos: caso do antecedente ser verdadeiro. Segundo Quine, a única
maneira de se negar a implicação lógica como um todo é
‒ P: Paulo é estudioso e Maria é bonita. P é composta das quando isto não ocorre, isto é, tem-se o antecedente (A) V e o
proposições simples p: Paulo é estudioso e q: Maria é bonita. consequente (B) é F. Apenas neste caso, a implicação (A => B) é
‒ Q: Maria é bonita ou estudiosa. Q é composta das proposições F. Em todos os outros casos é V.
simples p: Maria é bonita e q: Maria é estudiosa.  A equivalência sempre é V quando os dois argumentos
‒ R: Se x = 2 então x2 + 1 = 5. R é composta das proposições possuem o mesmo valor lógico (seja, este valor, V ou F).
simples p: x = 2 e q: x2 + 1 = 5.
‒ S: a > b se e somente se b < a. S é composta das proposições A seguir estão apresentados alguns exemplos:
simples p: a > b e q: b < a.
‒ P: O número 24 é divisível por 3 e 12 é o dobro de 24. As proposições:
‒ Q: A raiz quadrada de 16 é 4 e 24 é múltiplo de 3. ‒ o número 21 é ímpar;
‒ R(s, t): O número 7 é ímpar e o número 17 é primo. ‒ o inteiro 3 é menor que o inteiro 5, são verdadeiras.
‒ 5 está compreendido entre 9 e 15;

46
‒ A Terra ilumina o Sol, são falsas. Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)

De acordo com os princípios acima, uma proposição, admite um e


A tabela-verdade possui 2n linhas e é formada igualmente as
apenas um dos valores VERDADEIRO (V) ou FALSO (F).
anteriores.
O julgamento F ou V atribuído à proposição é denominado valor
lógico da proposição. OS CONECTIVOS

Se “p” é uma proposição indicaremos V(p) o valor lógico da


proposição “p”. Assim, V(p) = V se p for verdadeira ou V(p) = F se p Para se formar proposições compostas a partir de proposições
for falsa. simples são usadas palavras ou termos denominados conectivos. Na
Lógica Matemática, os conectivos usados são os que vem a seguir.
Considerando as proposições dos exemplos anteriores tem-se: V(p) =
V(q) = V e V(r) = V(s) = F.
8. O CONECTIVO “NÃO” E A NEGAÇÃO
A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-verdade
partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos das ‒ NEGAÇÃO: indicado por um dos símbolos ~ (til) ou
preposições simples, e mais adiante veremos como determinar o (cantoneira).
valor lógico de uma proposição composta. ‒ Se p : A Lua é um satélite da Terra, a negação de p é: ~p ou
p que se lê
Proposição composta do tipo P(p, q) ‒ “A Lua não é um satélite da Terra” ou
‒ “Não é verdade que a Lua é um satélite da Terra”.
‒ Encontra-se também a notação p' para representar a
negação da proposição p.
‒ A negação é também classificada, por convenção, como
proposição composta.

O conectivo não e a negação de uma proposição p é outra


proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é
verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com a
seguinte tabela-verdade:

Proposição composta do tipo P(p, q, r)


Exemplo:
p = 7 é ímpar
~p = 7 não é ímpar

q = 24 é múltiplo de 5
~q = 24 não é múltiplo de 5

9. O CONECTIVO “E” E A CONJUNÇÃO

‒ CONJUNÇÃO: “e” - simbolizado por Λ.


‒ Sejam as proposições simples p: Chove e q: faz frio.
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s) ‒ A proposição composta P(p,q) formada a partir do
conectivo Λ é
A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente as ‒ P: p q que significa “chove e faz frio”.
anteriores.

47
O conectivo “e” e a conjunção de duas proposições p e q é outra for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q)
proposição que tem como valor lógico V se p e q forem verdadeiras, representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade:
e F em outros casos. O símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção,
com a seguinte tabela-verdade:

Exemplo:
p = 2 é par
Exemplo q = o céu é rosa
p = 2 é par p ν q = 2 é par ou o céu é rosa
q = o céu é rosa
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa

p=9<6
q = 3 é par
p=9<6 p ν q: = 9 < 6 ou 3 é par
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par

p = O número 17 é primo
q = Brasília é a capital do Brasil
p = O número 17 é primo p ν q = O número 17 é primo ou Brasília é a capital do Brasil
q = Brasília é a capital do Brasil

p Λ q = O número 17 é primo e Brasília é a capital do Brasil

p = O número 9 é par
q = O dobro de 50 é 100
p ν q: O número 9 é par ou o dobro de 50 é 100

10. O CONECTIVO “OU” E A DISJUNÇÃO

‒ DISJUNÇÃO: “ou” - simbolizado por .


‒ Se p: 3 + 4 > 5 e q: 3 – 1 = 2, a composta P(p, q) formada ao usar
o conectivo é P: p q, que se lê P: 3 + 4 > 5 ou 3 – 1 = 2.
‒ Na disjunção as duas proposições não são contraditórias. 11. O CONECTIVO “SE... ENTÃO...” E A CONDICIONAL

‒ DISJUNÇÃO EXCLUSIVA: “ou” simbolizado por . ‒ CONDICIONAL: se...então... simbolizado por .


‒ Na disjunção exclusiva, as duas proposições não podem ocorrer ‒ A partir das proposições simples p: A e B são dois ângulos
ao mesmo tempo. Tomando por exemplo, as proposições p: opostos pelo vértice e q: A e B são iguais, obtém-se a
Mário é mineiro e q: Mário é baiano, obtém-se a composta: composta:
‒ P(p, q) = p q que se traduz por Mário é mineiro ou Mário é ‒ P(p, q) = p q, que significa “se A e B são dois ângulos
baiano. opostos pelo vértice então A e B são iguais” ao usar a
‒ Deve-se observar que Mário não pode ser mineiro e baiano ao condicional.
mesmo tempo, por este motivo usa-se a disjunção exclusiva e
não a disjunção . A condicional se p então q é outra proposição que tem como valor
‒ É costume na linguagem usual escrever: "Ou Mário é mineiro lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q representa a
ou Mário é baiano". condicional, com a seguinte tabela-verdade:

O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é outra


proposição que tem como valor lógico V se alguma das proposições

48
Exemplo: Exemplo
P: 7 + 2 = 9 p = 24 é múltiplo de 3
Q: 9 – 7 = 2 q = 6 é ímpar
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 = 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.

p=7+5<4 p = 25 é quadrado perfeito


q=8>3
q = 2 é um número primo
= 25 é quadrado perfeito se, e somente se, 8 > 3
p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.

p = 27 é par
p = 24 é múltiplo de 3 q = 6 é primo
q = 3 é par = 27 é par se, e somente se, 6 é primo
p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par.

13. TABELA-VERDADE DE UMA PROPOSIÇÃO COMPOSTA


p = 25 é múltiplo de 2
q = 12 < 3
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
Exemplo

Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da


proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q
são duas proposições simples.

12. O CONECTIVO “SE E SOMENTE SE” E A Resolução


BICONDICIONAL
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4
‒ BICONDICIONAL ...se e somente se... simbolizado por . linhas, logo:
‒ Sejam p: chove e q: faz frio.
‒ A composta usando a bicondicional é P(P, q) = p q, onde
se lê: chove se e somente se faz frio.

A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem


como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras ou ambas
falsas, e F nos outros casos.

O símbolo representa a bicondicional, com a seguinte


Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.
tabela-verdade:
a) Valores lógicos de p ν q

49
 Contradição
b) Valores lógicos de ~p
Contradição é uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.

Exemplo

A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu valor


lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa que uma
proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o
c) Valores lógicos de (p ν q) → (~p) principio da não contradição.

 Contingência
d) Valores lógicos de p Λ q
Quando uma proposição não é tautológica nem contraválida, a
chamamos de contingência ou proposição contingente ou proposição
indeterminada.

15. IMPLICAÇÃO LÓGICA

Definição
e) Valores lógicos de P(p, q) = ((p ν q) → (~p)) → (p Λ q)
A proposição P implica a proposição Q, quando a condicional P → Q for
uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implicação lógica.

Diferenciação dos símbolos → e ⇒


O símbolo → representa uma operação matemática entre as
proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q, com
valor lógico V ou F.
14. TAUTOLOGIA, CONTRADIÇÃO E CONTINGÊNCIA
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na tabela-verdade de P
 Tautologia → Q, ou ainda que o valor lógico da condicional P → Q será sempre V,
Tautologia é uma proposição cujo valor lógico é sempre verdadeiro. ou então que P → Q é uma tautologia.
Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é Exemplo
sempre V, conforme a tabela-verdade.
A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:

Exemplo
A proposição (p Λ q) → (p → q) é uma tautologia, pois a última coluna
da tabela-verdade só possui V.

Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ q) ⇒ (p


↔q)

50
16. EQUIVALÊNCIA LÓGICA 18. OPERAÇÕES LÓGICAS COM SENTENÇAS ABERTAS

Definição É possível efetuar as sentenças abertas de forma análoga à das


Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a proposições lógicas, através dos conectivos já apresentados: não, e, ou,
bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem a se então, se e somente se.
mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo que
representa a equivalência lógica. Exemplo

Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔ Observando a condicional (x > 5) → (x > 2), em N, podemos notar que:
O símbolo ↔ representa uma operação entre as proposições P e Q,
que tem como resultado uma nova proposição P ↔ Q com valor lógico
V ou F.

O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na tabela-


verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é sempre V, ou
então P ↔ Q é uma tautologia.

Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 19. TEOREMA CONTRA-RECÍPROCO

A equivalência (p → q) ⇔ (~q → ~p), tem o seguinte significado:


Sendo p → q = V, nesse caso:
p ⇒ q é equivalente a (~q) ⇒ (~p)

Exemplo
b = 8 ⇒ b > 3 é equivalente a b < 3 ⇒ b ≠ 8

Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas proposições Boa Sorte!


possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicional (p → q) ↔ (~q →
~p) é uma tautologia
QUESTÕES DE RACIOCÍNIO LÓGICO
Veja a representação:
(p → q) ⇔ (~q → ~p) SIMULADO DE RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO – PARTE 01

01- Três rapazes e duas moças vão ao cinema e desejam sentar-se, os


17. SENTENÇAS ABERTAS cinco, lado a lado, na mesma fila. O número de maneiras pelas quais
eles podem distribuir-se nos assentos de modo que as duas moças
Definições fiquem juntas, uma ao lado da outra, é igual a
Supondo que U seja um conjunto e x um elemento desse conjunto, a) 2 b) 4 c) 24 d) 48 e) 120
podemos considerar que:
- U é um conjunto-universo e x a variável. 02- De um grupo de 200 estudantes, 80 estão matriculados em
- a proposição p(x) será uma sentença aberta em U quando p(a) for Francês, 110 em Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês
verdadeira ou p(a) for falsa, ∀a ∈ U. nem em Francês. Seleciona-se, ao acaso, um dos 200 estudantes. A
- se a ∈ U e p(a) for verdadeira, nesse caso a confirma p(x) ou a é a probabilidade de que o estudante selecionado esteja matriculado em
solução de p(x). pelo menos uma dessas disciplinas (isto é, em Inglês ou em Francês) é
- O conjunto-verdade de p(x), em U, é formado por todos e somente os igual a
elementos de a ∈ U, onde p(a) é uma sentença verdadeira.
a) 30/200b) 130/200 c) 150/200 d) 160/200 e) 190/200
Veja a representação deste conjunto: {a ∈ U| p(a) é V}.
03- Uma herança constituída de barras de ouro foi totalmente dividida
Exemplos: entre três irmãs: Ana, Beatriz e Camile. Ana, por ser a mais velha,
recebeu a metade das barras de ouro, e mais meia barra. Após Ana ter
recebido sua parte, Beatriz recebeu a metade do que sobrou, e mais
meia barra. Coube a Camile o restante da herança, igual a uma barra e
meia. Assim, o número de barras de ouro que Ana recebeu foi:

a) 1 b) 2c) 3 d) 4 e) 5

51
04- Sabe-se que a ocorrência de B é condição necessária para a 09- Todos os alunos de matemática são, também, alunos de inglês,
ocorrência de C e condição suficiente para a ocorrência de D. Sabe-se, mas nenhum aluno de inglês é aluno de história. Todos os alunos de
também, que a ocorrência de D é condição necessária e suficiente para português são também alunos de informática, e alguns alunos de
a ocorrência de A. Assim, quando C ocorre, informática são também alunos de história. Como nenhum aluno de
informática é aluno de inglês, e como nenhum aluno de português é
a) D ocorre e B não ocorre aluno de história, então:
b) D não ocorre ou A não ocorre
c) B e A ocorrem a) pelo menos um aluno de português é aluno de inglês.
d) nem B nem D ocorrem b) pelo menos um aluno de matemática é aluno de história.
e) B não ocorre ou A não ocorre c) nenhum aluno de português é aluno de matemática.
d) todos os alunos de informática são alunos de matemática.
e) todos os alunos de informática são alunos de português.
05- Considerando-se que todos os Gringles são Jirnes e que nenhum
Jirnes é Trumps, a afirmação de que nenhum Trumps pode ser Gringles GABARITO: 1D 2D 3E 4C 5A 6A 7B 8C 9C
é:

a) Necessariamente verdadeira. SIMULADO DE RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO – PARTE 02


b) Verdadeira, mas não necessariamente.
c) Necessariamente falsa 01- Na Mega-Sena são sorteadas seis dezenas de um conjunto de 60
d) Falsa, mas não necessariamente possíveis (as dezenas sorteáveis são 01, 02, ... , 60). Uma aposta
e) Indeterminada simples (ou aposta mínima), na Mega-Sena, consiste em escolher 6
dezenas. Pedro sonhou que as seis dezenas que serão sorteadas no
próximo concurso da Mega-Sena estarão entre as seguintes: 01, 02, 05,
06- Dizer que "Pedro não é pedreiro ou Paulo é paulista" é, do ponto 10, 18, 32, 35, 45. O número mínimo de apostas simples para o
de vista lógico, o mesmo que dizer que: próximo concurso da Mega-Sena que Pedro deve fazer para ter certeza
matemática que será um dos ganhadores caso o seu sonho esteja
a) se Pedro é pedreiro, então Paulo é paulista correto é:
b) se Paulo é paulista, então Pedro é pedreiro
c) se Pedro não é pedreiro, então Paulo é paulista a) 8 b) 28 c) 40 d) 60 e) 84
d) se Pedro é pedreiro, então Paulo não é paulista
e) se Pedro não é pedreiro, então Paulo não é paulista 02- Em uma sala de aula estão 10 crianças sendo 6 meninas e 4
meninos. Três das crianças são sorteadas para participarem de um
07- Um rei diz a um jovem sábio: "dizei-me uma frase e se ela for jogo. A probabilidade de as três crianças sorteadas serem do mesmo
verdadeira prometo que vos darei ou um cavalo veloz, ou uma linda sexo é:
espada, ou a mão da princesa; se ela for falsa, não vos darei nada". O
jovem sábio disse, então: "Vossa Majestade não me dará nem o cavalo a) 15% b) 20% c) 25% d) 30% e) 35%
veloz, nem a linda espada". Para manter a promessa feita, o rei:
03- Os números A, B e C são inteiros positivos tais que A < B < C. Se B é
a média aritmética simples entre A e C, então necessariamente a razão
a) deve dar o cavalo veloz e a linda espada (B - A) / (C - B) é igual a:
b) deve dar a mão da princesa, mas não o cavalo veloz nem a linda
espada a) A / A b) A / B c) A / C d) B / C e) - (B/B)
c) deve dar a mão da princesa e o cavalo veloz ou a linda espada
d) deve dar o cavalo veloz ou a linda espada, mas não a mão da 04- Quatro casais reúnem-se para jogar xadrez. Como há apenas um
princesa tabuleiro, eles combinam que:
e) não deve dar nem o cavalo veloz, nem a linda espada, nem a mão da
princesa a) nenhuma pessoa pode jogar duas partidas seguidas;
b) marido e esposa não jogam entre si.

08- Três amigas encontram-se em uma festa. O vestido de uma delas é Na primeira partida, Celina joga contra Alberto. Na segunda, Ana joga
azul, o de outra é preto, e o da outra é branco. Elas calçam pares de contra o marido de Júlia. Na terceira, a esposa de Alberto joga contra o
sapatos destas mesmas três cores, mas somente Ana está com vestido marido de Ana. Na quarta, Celina joga contra Carlos. E na quinta, a
e sapatos de mesma cor. Nem o vestido nem os sapatos de Júlia são esposa de Gustavo joga contra Alberto. A esposa de Tiago e o marido
brancos. Marisa está com sapatos azuis. Desse modo, de Helena são, respectivamente:

a) o vestido de Júlia é azul e o de Ana é preto. a) Celina e Alberto


b) o vestido de Júlia é branco e seus sapatos são pretos. b) Ana e Carlos
c) os sapatos de Júlia são pretos e os de Ana são brancos. c) Júlia e Gustavo
d) os sapatos de Ana são pretos e o vestido de Marisa é branco. d) Ana e Alberto
e) o vestido de Ana é preto e os sapatos de Marisa são azuis. e) Celina e Gustavo

52
05- Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica. Por outro lado, se
Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. Daí segue-se que, se Artur
gosta de Lógica, então:
a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil.

b) Lógica é fácil e Geografia é difícil. e seja x a soma dos elementos da segunda coluna da matriz
c) Lógica é fácil e Geografia é fácil. transposta de Y. Se a matriz Y é dada por Y = (AB) + C, então o valor
d) Lógica é difícil e Geografia é difícil. de x é:
e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil.
06- Cinco aldeões foram trazidos à presença de um velho rei, acusados a) -7/8 b)2 c)4/7 d)1 e)0
de haver roubado laranjas do pomar real. Abelim, o primeiro a falar, 10- Um agente de viagens atende três amigas. Uma delas é loura, outra
falou tão baixo que o rei – que era um pouco surdo – não ouviu o que é morena e a outra é ruiva. O agente sabe que uma delas se chama
ele disse. Os outros quatro acusados disseram: Bete, outra se chama Elza e a outra se chama Sara. Sabe, ainda, que
cada uma delas fará uma viagem a um país diferente da Europa: uma
Bebelim: “Cebelim é inocente”.
delas irá à Alemanha, outra irá à França e a outra irá à Espanha. Ao
Cebelim: “Dedelim é inocente”.
agente de viagens, que queria identificar o nome e o destino de cada
Dedelim: “Ebelim é culpado”.
uma, elas deram as seguintes informações:
Ebelim: “Abelim é culpado”.
O mago Merlim, que vira o roubo das laranjas e ouvira as declarações
dos cinco acusados, disse então ao rei: “Majestade, apenas um dos A loura: “Não vou à França nem à Espanha”.
cinco acusados é culpado, e ele disse a verdade; os outros quatro são A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”.
inocentes e todos os quatro mentiram”. O velho rei, que embora um A ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”.
pouco surdo era muito sábio, logo concluiu corretamente que o O agente de viagens concluiu, então, acertadamente, que:
culpado era:
a) A loura é Sara e vai à Espanha.
a) Abelim b) A ruiva é Sara e vai à França.
b) Bebelim c) A ruiva é Bete e vai à Espanha.
c) Cebelim d) A morena é Bete e vai à Espanha
d) Dedelim e) A loura é Elza e vai à Alemanha
e) Ebelim
GABARITO: 1B 2B 3A 4A 5B 6C 7A 8E 9E 10E

07- Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão. Se Iara fala italiano,
então ou Ching fala chinês ou Débora fala dinamarquês. Se Débora fala
dinamarquês, Elton fala espanhol. Mas Elton fala espanhol se e SIMULADO FINAL DE RACIOCÍNIO LÓGICO – PARTE 03
somente se não for verdade que Francisco não fala francês. Ora,
Francisco não fala francês e Ching não fala chinês. Logo,

a) Iara não fala italiano e Débora não fala dinamarquês. 01- Pedro e Paulo saíram de suas respectivas casas no mesmo instante,
b) Ching não fala chinês e Débora fala dinamarquês. cada um com a intenção de visitar o outro. Ambos caminharam pelo
c) Francisco não fala francês e Elton fala espanhol. mesmo percurso, mas o fizeram tão distraidamente que não
d) Ana não fala alemão ou Iara fala italiano. perceberam quando se cruzaram. Dez minutos após haverem se
e) Ana fala alemão e Débora fala dinamarquês. cruzado, Pedro chegou à casa de Paulo. Já Paulo chegou à casa de
Pedro meia hora mais tarde (isto é, meia hora após Pedro ter chegado
08- Em um grupo de amigas, todas as meninas loiras são, também, à casa de Paulo). Sabendo que cada um deles caminhou a uma
altas e magras, mas nenhuma menina alta e magra tem olhos azuis. velocidade constante, o tempo total de caminhada de Paulo, de sua
Todas as meninas alegres possuem cabelos crespos, e algumas meninas casa até a casa de Pedro, foi de:
de cabelos crespos têm também olhos azuis. Como nenhuma menina
de cabelos crespos é alta e magra, e como neste grupo de amigas não a) 60 minutos
existe nenhuma menina que tenha cabelos crespos, olhos azuis e seja b) 50 minutos
alegre, então: c) 80 minutos
d) 90 minutos
e) 120 minutos
a) pelo menos uma menina alegre tem olhos azuis.
b) pelo menos uma menina loira tem olhos azuis.
c) todas as meninas que possuem cabelos crespos são loiras. 02- Dizer que não é verdade que Pedro é pobre e Alberto é alto, é
d) todas as meninas de cabelos crespos são alegres. logicamente equivalente a dizer que é verdade que:
e) nenhuma menina alegre é loira.
a) Pedro não é pobre ou Alberto não é alto.
09- Sejam as matrizes : b) Pedro não é pobre e Alberto não é alto.
c) Pedro é pobre ou Alberto não é alto.

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d) se Pedro não é pobre, então Alberto é alto. c) Homero é culpado, mas João e Adolfo são inocentes.
e) se Pedro não é pobre, então Alberto não é alto. d) Homero e João são inocentes, mas Adolfo é culpado.
e) Homero e Adolfo são culpados, mas João é inocente.

03- Três pessoas, Ana, Bia e Carla, têm idades (em número de anos) 08- Em um grupo de cinco crianças, duas delas não podem comer
tais que a soma de quaisquer duas delas é igual ao número obtido doces. Duas caixas de doces serão sorteadas para duas diferentes
invertendo-se os algarismos que formam a terceira. Sabe-se, ainda, crianças desse grupo (uma caixa para cada uma das duas crianças). A
que a idade de cada uma delas é inferior a 100 anos (cada idade, probabilidade de que as duas caixas de doces sejam sorteadas
portanto, sendo indicada por um algarismo da dezena e um da exatamente para duas crianças que podem comer doces é:
unidade). Indicando o algarismo da unidade das idades de Ana, Bia e
Carla, respectivamente, por A1, B1 e C1; e indicando o algarismo da a) 15% b) 20% c) 25% d) 30% e) 40%
dezena das idades de Ana, Bia e Carla, respectivamente, por A2, B2 e
C2, a soma das idades destas três pessoas é igual a: 09- Se não durmo, bebo. Se estou furioso, durmo. Se durmo, não estou
furioso. Se não estou furioso, não bebo. Logo,
a) 3 (A2+B2+C2)
b) 10 (A2+B2+C2) a) não durmo, estou furioso e não bebo
c) 99 – (A1+B1+C1) b) durmo, estou furioso e não bebo
d) 11 (B2+B1) c) não durmo, estou furioso e bebo
e) 3 (A1+B1+C1) d) durmo, não estou furioso e não bebo
e) não durmo, não estou furioso e bebo

04- Se Carina é amiga de Carol, então Carmem é cunhada de Carol. 10- Ana está em férias com seus sobrinhos e para evitar problemas ela
Carmem não é cunhada de Carol. Se Carina não é cunhada de Carol, guardou uma garrafa cheia de licor trancada a chave no seu armário.
então Carina é amiga de Carol. Logo, Um de seus sobrinhos conseguiu uma cópia da chave, abriu o armário,
bebeu metade do conteúdo da garrafa, completou a garrafa com água
a) Carina é cunhada de Carmem e é amiga de Carol. e recolocou-a no lugar. Deu a chave para um outro sobrinho de Ana
b) Carina não é amiga de Carol ou não é cunhada de Carmem. que fez a mesma coisa. Quando Ana percebeu, já havia menos de 1%
c) Carina é amiga de Carol ou não é cunhada de Carol. de licor na garrafa. Assim, o número mínimo de vezes em que os
d) Carina é amiga de Carmem e é amiga de Carol. sobrinhos de Ana beberam da garrafa é dado por:
e) Carina é amiga de Carol e não é cunhada de Carmem.

05- Uma estranha clínica veterinária atende apenas cães e gatos. Dos a) 4 b) 5 c) 7 d) 10 e) 15
cães hospedados, 90% agem como cães e 10% agem como gatos. Do
mesmo modo, dos gatos hospedados 90% agem como gatos e 10% GABARITO: 1A 2A 3D 4B 5E 6D 7E 8D 9D 10C
agem como cães. Observou-se que 20% de todos os animais
hospedados nessa estranha clínica agem como gatos e que os 80%
restantes agem como cães. Sabendo-se que na clínica veterinária estão
hospedados 10 gatos, o número de cães hospedados nessa estranha SIMULADO FINAL DE RACIOCÍNIO LÓGICO – PARTE 04
clínica é:
01 - Sabe-se que existe pelo menos um A que é B. Sabe-se, também,
que todo B é C. Segue-se, portanto, necessariamente que
a) 50 b) 10 c) 20 d) 40 e) 70
a) todo C é B
06- Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num
b) todo C é A
bairro diferente. Em cada uma gastou a metade do que possuía e, ao
c) algum A é C
sair de cada uma das lojas pagou R$ 2,00 de estacionamento. Se no
d) nada que não seja C é A
final ainda tinha R$ 8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa?
e) algum A não é C

a) R$ 220,00 b) R$ 204,00 c) R$ 196,00 d) R$ 188,00 e) R$ 180,00 02- Considere as seguintes premissas (onde X, Y, Z e P são conjuntos
não vazios):
07- Investigando uma fraude bancária, um famoso detetive colheu
evidências que o convenceram da verdade das seguintes afirmações: Premissa 1: "X está contido em Y e em Z, ou X está contido em P"
Premissa 2: "X não está contido em P"
1) Se Homero é culpado, então João é culpado. Pode-se, então, concluir que, necessariamente
2) Se Homero é inocente, então João ou Adolfo são culpados. a) Y está contido em Z
3) Se Adolfo é inocente, então João é inocente. b) X está contido em Z
4) Se Adolfo é culpado, então Homero é culpado. c) Y está contido em Z ou em P
d) X não está contido nem em P nem em Y
As evidências colhidas pelo famoso detetive indicam, portanto, que: e) X não está contido nem em Y e nem em Z
a) Homero, João e Adolfo são inocentes.
b) Homero, João e Adolfo são culpados.

54
03- A operação Å x é definida como o dobro do quadrado de x. Assim, b) 2
o valor da expressão Å 21/2 - Å [ 1Å 2 ] é igual a c) 3
d) 4
a) 0 e) 5
b) 1
c) 2 08- Chama-se tautologia a toda proposição que é sempre verdadeira,
d) 4 independentemente da verdade dos termos que a compõem. Um
e) 6 exemplo de tautologia é:

04- Um crime foi cometido por uma e apenas uma pessoa de um grupo a) se João é alto, então João é alto ou Guilherme é gordo
de cinco suspeitos: Armando, Celso, Edu, Juarez e Tarso. Perguntados b) se João é alto, então João é alto e Guilherme é gordo
sobre quem era o culpado, cada um deles respondeu: c) se João é alto ou Guilherme é gordo, então Guilherme é gordo
d) se João é alto ou Guilherme é gordo, então João é alto e Guilherme é
Armando: "Sou inocente" gordo
Celso: "Edu é o culpado" e) se João é alto ou não é alto, então Guilherme é gordo
Edu: "Tarso é o culpado"
Juarez: "Armando disse a verdade"
Tarso: "Celso mentiu" 09- Sabe-se que a ocorrência de B é condição necessária para a
Sabendo-se que apenas um dos suspeitos mentiu e que todos os outros ocorrência de C e condição suficiente para a ocorrência de D. Sabe-se,
disseram a verdade, pode-se concluir que o culpado é: também, que a ocorrência de D é condição necessária e suficiente para
a) Armando a ocorrência de A. Assim, quando C ocorre,
b) Celso
c) Edu a) D ocorre e B não ocorre
d) Juarez b) D não ocorre ou A não ocorre
e) Tarso c) B e A ocorrem
d) nem B nem D ocorrem
e) B não ocorre ou A não ocorre
05- Três rapazes e duas moças vão ao cinema e desejam sentar-se, os
cinco, lado a lado, na mesma fila. O número de maneiras pelas quais
eles podem distribuir-se nos assentos de modo que as duas moças 10- Ou A=B, ou B=C, mas não ambos. Se B=D, então A=D. Ora, B=D.
fiquem juntas, uma ao lado da outra, é igual a Logo:

a) 2 a) B ¹ C
b) 4 b) B ¹ A
c) 24 c) C = A
d) 48 d) C = D
e) 120 e) D ¹ A

06- De um grupo de 200 estudantes, 80 estão matriculados em 11- De três irmãos – José, Adriano e Caio –, sabe-se que ou José é o
Francês, 110 em Inglês e 40 não estão matriculados nem em Inglês mais velho, ou Adriano é o mais moço. Sabe-se, também, que ou
nem em Francês. Seleciona-se, ao acaso, um dos 200 estudantes. A Adriano é o mais velho, ou Caio é o mais velho. Então, o mais velho e o
probabilidade de que o estudante selecionado esteja matriculado em mais moço dos três irmãos são, respectivamente:
pelo menos uma dessas disciplinas (isto é, em Inglês ou em Francês) é
igual a a) Caio e José
b) Caio e Adriano
c) Adriano e Caio
a) 30/200 d) Adriano e José
b) 130/200 e) José e Adriano
c) 150/200
d) 160/200
e) 190/200 12- Se o jardim não é florido, então o gato mia. Se o jardim é florido,
então o passarinho não canta. Ora, o passarinho canta. Logo:

07- Uma herança constituída de barras de ouro foi totalmente dividida a) o jardim é florido e o gato mia
entre três irmãs: Ana, Beatriz e Camile. Ana, por ser a mais velha, b) o jardim é florido e o gato não mia
recebeu a metade das barras de ouro, e mais meia barra. Após Ana ter c) o jardim não é florido e o gato mia
recebido sua parte, Beatriz recebeu a metade do que sobrou, e mais d) o jardim não é florido e o gato não mia
meia barra. Coube a Camile o restante da herança, igual a uma barra e e) se o passarinho canta, então o gato não mia
meia. Assim, o número de barras de ouro que Ana recebeu foi:

a) 1

55
13- Três amigos – Luís, Marcos e Nestor – são casados com Teresa, d) Helena estuda Filosofia e Pedro estuda Matemática
Regina e Sandra (não necessariamente nesta ordem). Perguntados e) Pedro estuda Matemática ou Helena não estuda Filosofia
sobre os nomes das respectivas esposas, os três fizeram as seguintes
declarações: 18- Se Pedro é inocente, então Lauro é inocente. Se Roberto é
inocente, então Sônia é inocente. Ora, Pedro é culpado ou Sônia é
Nestor: "Marcos é casado com Teresa" culpada. Segue-se logicamente, portanto, que:
Luís: "Nestor está mentindo, pois a esposa de Marcos é Regina"
Marcos: "Nestor e Luís mentiram, pois a minha esposa é Sandra" a) Lauro é culpado e Sônia é culpada
b) Sônia é culpada e Roberto é inocente
Sabendo-se que o marido de Sandra mentiu e que o marido de Teresa c) Pedro é culpado ou Roberto é culpado
disse a verdade, segue-se que as esposas de Luís, Marcos e Nestor são, d) Se Roberto é culpado, então Lauro é culpado
respectivamente: e) Roberto é inocente se e somente se Lauro é inocente

a) Sandra, Teresa, Regina 19- Maria tem três carros: um Gol, um Corsa e um Fiesta. Um dos
b) Sandra, Regina, Teresa carros é branco, o outro é preto, e o outro é azul. Sabe-se que: 1) ou o
c) Regina, Sandra, Teresa Gol é branco, ou o Fiesta é branco, 2) ou o Gol é preto, ou o Corsa é
d) Teresa, Regina, Sandra azul, 3) ou o Fiesta é azul, ou o Corsa é azul, 4) ou o Corsa é preto, ou o
e) Teresa, Sandra, Regina Fiesta é preto. Portanto, as cores do Gol, do Corsa e do Fiesta são,
respectivamente,

14- A negação da afirmação condicional "se estiver chovendo, eu levo o


guarda-chuva" é: a) branco, preto, azul
b) preto, azul, branco
a) se não estiver chovendo, eu levo o guarda-chuva c) azul, branco, preto
b) não está chovendo e eu levo o guarda-chuva d) preto, branco, azul
c) não está chovendo e eu não levo o guarda-chuva e) branco, azul, preto
d) se estiver chovendo, eu não levo o guarda-chuva
e) está chovendo e eu não levo o guarda-chuva
20- Um rei diz a um jovem sábio: "dizei-me uma frase e se ela for
verdadeira prometo que vos darei ou um cavalo veloz, ou uma linda
15- Dizer que "Pedro não é pedreiro ou Paulo é paulista" é, do ponto espada, ou a mão da princesa; se ela for falsa, não vos darei nada". O
de vista lógico, o mesmo que dizer que: jovem sábio disse, então: "Vossa Majestade não me dará nem o cavalo
veloz, nem a linda espada".
a) se Pedro é pedreiro, então Paulo é paulista
Para manter a promessa feita, o rei:
b) se Paulo é paulista, então Pedro é pedreiro a) deve dar o cavalo veloz e a linda espada
c) se Pedro não é pedreiro, então Paulo é paulista b) deve dar a mão da princesa, mas não o cavalo veloz nem a linda
d) se Pedro é pedreiro, então Paulo não é paulista espada
e) se Pedro não é pedreiro, então Paulo não é paulista c) deve dar a mão da princesa e o cavalo veloz ou a linda espada
d) deve dar o cavalo veloz ou a linda espada, mas não a mão da
princesa
16- Se Frederico é francês, então Alberto não é alemão. Ou Alberto é
e) não deve dar nem o cavalo veloz, nem a linda espada, nem a mão da
alemão, ou Egídio é espanhol. Se Pedro não é português, então
princesa
Frederico é francês. Ora, nem Egídio é espanhol nem Isaura é italiana.
Logo:
GABARITO: 1C 2B 3C 4E 5D 6D 7E 8A 9C 10A 11B 12C 13D 14E 15A 16B
a) Pedro é português e Frederico é francês 17A 18C 19E 20B

b) Pedro é português e Alberto é alemão


c) Pedro não é português e Alberto é alemão
d) Egídio é espanhol ou Frederico é francês
e) Se Alberto é alemão, Frederico é francês

17- Se Luís estuda História, então Pedro estuda Matemática. Se Helena


estuda Filosofia, então Jorge estuda Medicina. Ora, Luís estuda História
ou Helena estuda Filosofia. Logo, segue-se necessariamente que:

a) Pedro estuda Matemática ou Jorge estuda Medicina


b) Pedro estuda Matemática e Jorge estuda Medicina
c) Se Luís não estuda História, então Jorge não estuda Medicina

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HISTÓRIA DO BRASIL

1. A sociedade colonial: economia, cultura, trabalho escravo, os


bandeirantes e os jesuítas.
2. A independência e o nascimento do Estado Brasileiro.
3. A organização do Estado Monárquico.
4. A vida intelectual, política e artística do século XIX.
5. A organização política e econômica do Estado Republicano.
6. A Primeira Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil.
7. A Revolução de 1930.
8. O Período Vargas.
9. A Segunda Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil.
10. Os governos democráticos, os Governos Militares e a Nova
República.
11. A cultura do Brasil Republicano: arte e literatura.
12. História da Bahia: Independência da Bahia.
13. Revolta de Canudos.

57
existência do pau-brasil e construir
1. SOCIEDADE COLONIAL algumas feitorias.

O período pré-colonial (1500-1530)


centrou sua economia no pau- brasil. A
2. O PERÍODO PRÉ-COLONIAL sua extração foi declarada estanco
(monopólio real): só o rei concedia o
, os primeiros portugueses chegaram ao direito de exploração. As arvores eram
chamado “Novo Mundo” (América), no cortadas e transportadas aos navios
ano de 1500 e com eles o navegador portugueses por indígenas, que em troca
Pedro Álvares Cabral desembarcou no recebiam objetos de pouco valor. Essa
litoral do novo território. Logo, os relação de trabalho era chamado de
primeiros europeus tomaram posse das escambo.
terras e tiveram os primeiros contatos
com os indígenas denominados pelos A colonização portuguesa no Brasil
portugueses de “selvagens”. Alguns teve como principais características:
historiadores chamaram o primeiro civilizar, exterminar, explorar, povoar,
contato entre portugueses e indígenas de conquistar e dominar. Sabemos que os
“encontro de culturas”, mas percebemos termos civilizar, explorar, exterminar,
com o início do processo de colonização conquistar e dominar está diretamente
portuguesa um “desencontro de culturas”, ligados às relações de poder de uma
começando então o extermínio dos determinada civilização sobre outra, ou
indígenas tanto por meio dos conflitos seja, os portugueses submetendo ao
entre os portugueses quanto pelas domínio e conquista os indígenas. Já os
doenças trazidas pelos europeus, como a termos explorar, povoar remete-se à
gripe e a sífilis. exploração e povoamento do novo
território (América).
Entre 1500 a 1530, os portugueses
efetivaram poucos empreendimentos no A partir de então, já sabemos de uma
novo território conquistado, algumas coisa, que o Brasil não foi descoberto
expedições chegaram, como a de 1501, pelos portugueses, pois afirmando isto,
chefiada por Gaspar de Lemos e a estaremos negligenciando a história dos
expedição de Gonçalo Coelho de 1503, indígenas (povoadores) que viviam há
as principais realizações dessas muito tempo neste território antes da
expedições foram: nomear algumas chegada dos europeus. Portanto, o
localidades no litoral, confirmar a processo de colonização portuguesa no

58
Brasil teve um caráter semelhante a faixas e entregar a administração para
outras colonizações europeias, como, por particulares (principalmente nobres com
exemplo, a espanhola: a conquista e o relações com a Coroa Portuguesa).
extermínio dos indígenas. Sendo assim,
ressaltamos que o Brasil foi conquistado e Este sistema foi criado pelo rei de
não descoberto. Portugal com o objetivo de colonizar o
Brasil, evitando assim invasões
A Coroa portuguesa, quando empreendeu estrangeiras. Ganharam o nome de
o financiamento das navegações Capitanias Hereditárias, pois eram
marítimas portuguesas no século XV, transmitidas de pai para filho (de forma
tinha como principal objetivo a expansão hereditária). Estas pessoas que
comercial e a busca de produtos para recebiam a concessão de uma capitania
comercializar na Europa (obtenção do eram conhecidas como donatários.
lucro), mas não podemos negligenciar Tinham como missão colonizar,
outros motivos não menos importantes proteger e administrar o território. Por
como a expansão do cristianismo outro lado, tinham o direito de explorar
(Catolicismo), o caráter aventureiro das os recursos naturais (madeira, animais,
navegações, a tentativa de superar os minérios).
perigos do mar (perigos reais e
imaginários) e a expansão territorial O sistema não funcionou muito bem.
portuguesa (territórios além-mar). Apenas as capitanias de São Vicente e
No litoral do atual estado de São Paulo, Pernambuco deram certo. Podemos citar
Martin Afonso de Souza fundou no ano como motivos do fracasso: a grande
de 1532 os primeiros povoados do Brasil, extensão territorial para administrar (e
as Vilas de São Vicente e Piratininga suas obrigações), falta de recursos
(atual cidade de São Paulo). No litoral econômicos e os constantes ataques
paulista, o capitão-mor logo desenvolveu o indígenas.
plantio da cana-de-açúcar; os
portugueses tiveram o contato com a OS GOVERNOS-GERAIS
cultura da cana-de-açúcar no período das
cruzadas na Idade Média. Respondendo ao fracasso do sistema
As primeiras experiências portuguesas das capitanias hereditárias, o governo
de plantio e cultivo da cana-de- açúcar português realizou a centralização da
e o processamento do açúcar nos administração colonial com a criação do
engenhos aconteceram primeiramente governo-geral, em 1548. Entre as
na Ilha da Madeira (situada no Oceano justificativas mais comuns para que
Atlântico, a 978 km a sudoeste de esse primeiro sistema viesse a entrar
Lisboa, próximo ao litoral africano). Em em colapso, podemos destacar o
razão da grande procura e do alto valor isolamento entre as capitanias, a falta
agregado a este produto na Europa, os de interesse ou experiência
portugueses levaram a cultura da administrativa e a própria resistência
cana-de-açúcar para o Brasil (em contra a ocupação territorial oferecida
virtude da grande quantidade de terras, pelos índios.
da fácil adaptação ao clima brasileiro e
das novas técnicas de cultivo), Em vias gerais, o governador-geral
desenvolvendo os primeiros engenhos no deveria viabilizar a criação de novos
litoral paulista e no litoral do nordeste engenhos, a integração dos indígenas
(atual estado de Pernambuco), a com os centros de colonização, o
produção do açúcar se tornou um combate do comércio ilegal, construir
negócio rentável. embarcações, defender os colonos e
realizar a busca por metais preciosos.
Para desenvolver a produção do açúcar, Mesmo que centralizadora essa
os portugueses utilizaram nos engenhos experiência não determinou que o
a mão de obra escrava, os primeiros a governador cumprisse todas essas
serem escravizados foram os indígenas, tarefas por si só. De tal modo, o
posteriormente foi utilizada a mão de governo-geral trouxe a criação de novos
obra escrava africana, o tráfico negreiro cargos administrativos.
neste período se tornou um atrativo
empreendimento juntamente com os O ouvidor-mor era o funcionário
engenhos de açúcar. responsável pela resolução de todos os
3. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E A problemas de natureza judiciária e o
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL cumprimento das leis vigentes. O
chamado provedor-mor estabelecia os
Temos as Capitanias hereditárias como seus trabalhos na organização dos
um sistema de administração territorial gastos administrativos e na arrecadação
criado pelo rei de Portugal, D. João III, dos impostos cobrados. Além destas
em 1534. Este sistema consistia em duas autoridades, o capitão-mor
dividir o território brasileiro em grandes desenvolvia ações militares de defesa

59
que estavam, principalmente, ligadas ao função dessas colônias era fornecer
combate dos invasores estrangeiros e ao matérias-primas e riquezas minerais para
ataque dos nativos. as nações colonizadoras - ou seja, para as
metrópoles. Ao mesmo tempo, serviam de
mercado consumidor para seus produtos
Na maioria dos casos, as ações a serem
manufaturados. Havia uma imposição de
desenvolvidas pelo governo- geral
exclusividade, ou monopólio, do comércio
estavam subordinadas a um tipo de
da colônia para com a metrópole, que foi
documento oficial da Coroa Portuguesa,
chamada de pacto colonial.
conhecido como regimento. A metrópole
expedia ordens comprometidas com o
O pacto colonial pode ser entendido como
aprimoramento das atividades fiscais e o
uma relação de dependência econômica
estímulo da economia colonial. Mesmo
que beneficiava as metrópoles. Ao
com a forte preocupação com o lucro e o
participarem do comércio como
desenvolvimento, a Coroa foi alvo de ações
fornecedoras de produtos primários
ilegais em que funcionários da
(baratos) e consumidoras dos produtos
administração subvertiam as leis em
manufaturados (caros), as colônias
benefício próprio.
dinamizavam as economias das
metrópoles propiciando-lhes acúmulo de
Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D.
riquezas.
Sebastião buscou aprimorar o sistema de
Governo Geral realizando a divisão do
Portugal procurou criar as condições
mesmo em duas partes. Um ao norte,
para o Brasil se enquadrar no pacto
com capital na cidade de Salvador, e
colonial. Os portugueses concentraram
outro ao sul, com uma sede no Rio de
seus esforços para a colônia se
Janeiro. Nesse tempo, os resultados
transformar num grande produtor de
pouco satisfatórios acabaram
açúcar de modo a abastecer a demanda
promovendo a reunificação administrativa
do mercado internacional e beneficiar-se
com o retorno da sede a Salvador. No ano
de 1621, um novo tipo de divisão foi dos lucros de sua comercialização.
organizado com a criação do Estado do
Brasil e do Estado do Maranhão. Além da crescente demanda consumidora
por esse produto, havia mais dois fatores
Ao contrário do que se possa imaginar, o importantes que estimularam o
sistema de capitanias hereditárias não investimento na produção açucareira.
foi prontamente descartado com a Primeiro, os portugueses possuíam
organização do governo-geral. No ano de experiência e tinham sido bem-sucedidos
1759, a capitania de São Vicente foi a no cultivo da cana-de-açúcar em suas
última a ser destituída pela ação oficial possessões no Atlântico: nas ilhas
do governo português. Com isso, Madeira, Açores e Cabo Verde. Segundo,
observamos que essas formas de as condições do clima e do solo do
organização administrativa conviveram nosso litoral nordestino eram propícias
durante um bom tempo na colônia. a esse plantio. Em 1542, o donatário da
próspera capitania de Pernambuco,
O sistema de Capitanias Hereditárias Duarte Coelho, já havia introduzido a
vigorou até o ano de 1759, quando foi cana- de-açúcar em suas terras.
extinto pelo Marquês de Pombal. Na
segunda metade do século 16, começaram 4. FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL
a ficar evidentes os interesses e os COLONIA
objetivos de Portugal nas terras
brasileiras. As relações econômicas que
vigoravam entre as nações europeias Plantation
baseavam-se no mercantilismo, cuja base O plantio da cana-de-açúcar foi
era o comércio internacional e a adoção realizado em grandes propriedades
de políticas econômicas protecionistas. rurais denominadas de latifúndio
monocultor ou plantation. Essas
PACTO COLONIAL propriedades também ficaram
conhecidas como engenhos, porque,
Cada nação procurava produzir e vender além das plantações, abrigavam as
para o mercado consumidor internacional instalações apropriadas e os
uma maior quantidade de produtos equipamentos necessários para o refino
manufaturados, impondo pesadas taxas do açúcar: a moenda, a caldeira e a
de impostos aos produtos importados. casa de purgar.
Asseguravam, desse modo, a manutenção
de uma balança comercial favorável. Para o processo de produção e
comercialização do açúcar ser lucrativo
As nações que possuíam colônias de ao empreendimento colonial, os
exploração levavam maiores vantagens no engenhos introduziram a forma mais
comércio internacional. A principal aviltante de exploração do trabalho

60
humano: a escravidão. A introdução do parcela dos lucros, mas em
trabalho escravo nas grandes lavouras contrapartida assegurava a posse e a
baixava os custos da produção. colonização do Brasil, além da
imposição do pacto colonial.
Toda a riqueza da colônia foi produzida O ciclo do açúcar no Brasil colonial se
pelo trabalho escravo, baseado na estendeu até a segunda metade do século
importação de negros capturados à 17. A partir de então, a exportação do
força na África. O contexto social da produto declinou devido à concorrência
colonização e da super exploração da do açúcar produzido nas Antilhas.
mão-de-obra pela lavoura canavieira Ironicamente, eram negociantes
tornava inviável contar com o trabalho holandeses que também financiavam e
dos homens livres. comercializavam a produção antilhana.
Restava a Portugal encontrar outras
Com terras abundantes, os homens formas de exploração das riquezas
livres poderiam facilmente se apropriar coloniais. No século 18, a exploração de
de uma gleba e desenvolver atividades ouro e diamantes daria início a um novo
de subsistência. Ou seja, não havia ciclo econômico.
nem incentivo nem necessidade de que
a população livre trabalhasse no
engenho. Completando o quadro, os PILARES DA ECONOMIA DO BRASIL
portugueses também exploravam o COLÔNIA
lucrativo de tráfico de escravos negros
africanos. E a simples existência do Desenvolvendo-se no apogeu do
tráfico já constituía um estímulo à mercantilismo, a economia do Brasil
utilização desta mão-de-obra nas colonial se assentou sobre três pilares: a
colônias pertencentes a Portugal. grande propriedade territorial, na qual
se desenvolvia um empreendimento
Engenhos comercial destinado a fornecer a
Os engenhos eram as unidades básicas metrópole gêneros alimentícios (em
de produção das riquezas da colônia. particular a cana-de-açúcar) e os metais
Mais do qualquer outro local, o engenho preciosos, onde se utilizava
caracterizava a sociedade escravista do essencialmente a mão-de-obra escrava. A
Brasil colonial. No engenho, havia a opção pelo trabalho escravo - no início
senzala, que era a construção rústica da Idade Moderna - explica-se
destinada ao abrigo dos escravos; e havia basicamente pela dificuldade de
a casa grande, a construção luxuosa na encontrar trabalhadores assalariados
qual habitavam o senhor, que era o dispostos à imigração.
proprietário do engenho e dos escravos;
juntamente com seus familiares e Além disso, seria difícil manter
parentes. Consta que por volta de 1560, assalariados os semi-assalariados nas
o Brasil já possuía cerca de 60 engenhos grandes propriedades: dada a
que estavam em pleno funcionamento, disponibilidade de terras, eles poderiam
produzindo o açúcar que abastecia o tentar outras formas de vida - tornando-
mercado mundial. se artesãos, posseiros e pequenos
agricultores, por exemplo - o que
complicaria o fluxo de mão de obra para
Nos moldes como foi planejada pela
a empresa mercantil, na qual o grandes
Coroa portuguesa, a colonização do
comerciantes e proprietários estavam
Brasil exigia enormes recursos
associados à Coroa portuguesa e seus
econômicos que seriam empregados na
afilhados.
montagem dos engenhos, na compra de
escravos, de ferramentas e de mudas de
Escravização indígena
cana-de-açúcar para iniciar a produção.
Havia ainda a necessidade de transporte
do produto e, por fim, sua distribuição Em meados do século 16, quando a
no mercado internacional. cana-de-açúcar começou a substituir o
pau-brasil como o principal produto da
Para solucionar o problema do Colônia, desenvolveram-se primeiramente
financiamento da montagem da tentativas de escravizar os índios.
produção açucareira, Portugal recorreu Entretanto, diversos fatores concorreram
aos mercadores e banqueiros para o fracasso desse empreendimento:
holandeses. Por meio de inúmeros em primeiro lugar, o trabalho intensivo,
mecanismos de cobrança de impostos, regular e compulsório não fazia parte da
os lucros obtidos com a comercialização cultura indígena, acostumado a fazer
do açúcar eram rateados. A maior somente o necessário para garantir a
parcela dos lucros obtidos ficava com os sua sobrevivência, através da coleta, da
negociantes holandeses que haviam caça e da pesca. Em segundo lugar,
investido na produção e distribuição do ocorria uma contradição de interesses
produto. Portugal ficava com a menor entre os colonizadores e os missionários

61
cristãos, que visavam catequizar os índios 7 milhões.
e se opunham à sua escravização.
Salvador e Rio de Janeiro
Por sua vez, os índios também reagiam à
escravização seja enfrentando os Os grandes centros importadores de
colonizadores através da guerra, seja escravos foram Salvador e depois o Rio
fugindo para lugares longínquos no de Janeiro. Cada um deles tinha sua
interior da selva onde era quase organização própria e os dois
impossível capturá-los. Finalmente, há concorriam entre si. O fumo produzido
que se considerar que o contato entre no Recôncavo baiano era uma valiosa
brancos e índios foi desastroso para estes moeda de troca, o que garantiu sua
últimos no tocante à saúde. supremacia durante os primeiros
séculos de colonização. À medida em o
Os índios não conheciam - e portanto não eixo econômico desviou-se para o
tinham defesas biológicas - contra sudeste com a descoberta de ouro em
doenças como a gripe, o sarampo e a Minas Gerais, o Rio de Janeiro
varíola, que os vitimaram às dezenas de suplantou a Bahia e se firmou com o
milhares, provocando uma verdadeira crescimento urbano da cidade no século
catástrofe demográfica. 19.

Resistência e quilombos
Negros africanos
Não se deve pensar que os negros
Entretanto, os portugueses já contavam aceitaram docilmente a sua condição de
com uma outra alternativa em matéria escravos e que nada fizeram para
de trabalho escravo. Desde a colonização resistir ao trabalho compulsório.
da costa africana, no século 15, os Naturalmente, houve fugas individuais e
portugueses já haviam redescoberto o em massa e a desobediência ou
trabalho escravo que desaparecera da resistência se evidencia no uso das
Europa na Idade Média, mas que punições e castigos corporais muitas
continuava a existir nas sociedades vezes cruéis, que vinha a se somar aos
existentes na África. Desse modo, os maus tratos naturalmente dispensados
portugueses já haviam montado uma rede a seres que eram considerados pouco
de comércio negreiro, utilizando-se de superiores aos animais.
escravos negros nas plantações de cana-
de- açúcar em suas ilhas do Atlântico Depois de comprado no mercado, o
(Açores, Madeira). escravo podia ter três destinos
principais: ser escravo doméstico, isto, é
Nem da parte da Coroa, nem da Igreja fazer os serviços na casa do senhor;
houve qualquer objeção quanto à escravo do eito, que trabalhava nas
escravização do negro. Justificava-se a plantações ou nas minas; e escravo de
escravidão africana utilizando-se vários ganho, que prestava serviços de
argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se transporte, vendia alimentos nas ruas,
que essa era uma instituição já fazia trabalhos especializados como os de
existente na África, de modo que os pedreiro, marceneiro, alfaiate, etc.,
cativos "apenas" seriam transferidos entregando a seu senhor o dinheiro
para o mundo cristão, "onde seriam que ganhava.
civilizados e teriam o conhecimento da
verdadeira religião". Além disso, o negro Poucos anos de vida
era efetivamente considerado um ser
racialmente inferior, embora teorias Nas fazendas, principalmente, o escravo
supostamente científicas para sustentar trabalhava de 12 a 16 horas por dia e
essa tese só viessem a ser levantadas no dormiam em acomodações coletivas
século 19. chamadas senzalas ou mesmo em
palhoças. Sua alimentação consistia
Enfim, a partir de 1570 a importação de basicamente de farinha de mandioca,
africanos para o Brasil passou a ser aipim, feijão e banana. O tempo de vida
incentivada. O fluxo de escravos, média útil de um escravo era de 10 a 15
entretanto, tinha uma intensidade anos, segundo muitos estudiosos.
variável. Segundo Boris Fausto, em sua
"História do Brasil", "estima-se que De qualquer modo, apesar das fugas e
entre 1550 e 1855 entraram pelos portos da formação dos quilombos, dos quais
brasileiros 4 milhões de escravos, na se destacou Palmares no século 17, os
sua grande maioria jovens do sexo escravos africanos ou afro-brasileiros
masculino". Outros historiadores mais como um todo não tiveram condições
antigos como Pedro Calmon e Pandiá de abolir por conta própria o sistema
Calógeras falam em quantias que variam escravocrata. Com a Independência,
entre 8 e 13 milhões. Caio Prado Jr. cita embora a questão da abolição tenha

62
sido levantada, a escravidão continuou possibilitaram a formação de grandes
a vigorar no país até a promulgação da unidades de produção. Além disso, a
Lei Áurea, em 13 de maio de 1888 - produção ficou focalizada na produção de
como coroação de uma ampla campanha um único gênero agrícola trazendo
abolicionista. pouca dinamicidade à economia no
interior da colônia. No que tange à mão-
Contudo, a abolição não significou o fim de-obra, os portugueses não conseguiram
da exploração do negro no Brasil, nem submeter às populações indígenas ao
a sua integração - em pé de igualdade - sistemático e rigoroso ritmo de trabalho
na sociedade brasileira, que ainda tem exigido nas plantações de açúcar. Além
uma enorme dívida para com os disso, a Igreja tinha interesse em manter
descendentes dos escravos. essa população livre para garantir a
expansão da fé católica.
Mas o que é pior: apesar das leis e da
consciência da maior parte da população Essa questão da mão-de-obra acabou
mundial, ainda se encontram pessoas em sendo resolvida com a prática do tráfico
várias partes do Brasil e do mundo que negreiro. Desde os primeiros anos da
trabalham sem receber pagamento, ou expansão marítima portuguesa, os
seja, continua a existir escravidão hoje. lusitanos começaram a obter escravos
De qualquer forma, atualmente isso é para uso doméstico em Portugal, e no
considerado um crime e quem o pratica, se trabalho desenvolvido nas Ilhas do
for pego, recebe a punição que merece. Atlântico. Além de possuir essa via de
acesso já estabelecida, a exploração do
tráfico negreiro na Costa Africana
aparecia como outra fonte de renda para
a metrópole.

A ECONOMIA AÇUCAREIRA Além do espaço dedicado à colheita, a


exploração açucareira exigia a instalação
A partir de 1530, pressões econômicas e
de uma fábrica onde o sumo da cana
políticas forçaram Portugal a modificar a
passaria por diferentes processos. Essa
tônica de sua dominação sob as terras
fábrica, chamada de engenho, contava
brasileiras. Ao mesmo tempo em que se
com um conjunto de diferentes
colocava em questão a necessidade de se
instalações. A moenda era o local onde era
proteger o território dos invasores, o
extraído o caldo da cana. Depois disso,
governo português buscava meios de
esse caldo passava por dois processos de
potencializar a exploração econômica da
purificação: um primeiro na caldeira e o
região. Dessa maneira, Portugal buscou
segundo na casa de purgar. Auxiliando a
formas para que fosse possível
montagem da unidade produtiva ainda
transformar o ambiente colonial em um
havia a senzala (local de morada dos
local economicamente viável.
escravos), a casa grande (habitação do
proprietário), as estrebarias e oficinas.
Ao contrário dos povos orientais e
africanos, não havia civilizações no Brasil
que tivesse uma economia complexa Do processo de produção eram
baseada na exploração de atividades produzidos diferentes tipos de açúcar: o
comerciais. De tal forma, os portugueses açúcar macho (de coloração branca e
tinham que enfrentar o desafio pronto para consumo) e o açúcar
preparando os recursos, a mão-de-obra e mascavo (grosso e de coloração escura).
a tecnologia necessária para se explorar Depois disso, o açúcar era encaixotado
as terras brasileiras. Como o interior do mercado europeu. Muitas vezes, esses
investimento exigido era alto, Portugal mesmos holandeses financiavam a produção
optou por investir em um tipo de açucareira do Brasil.
atividade econômica mais viável.
Na verdade a empresa agrícola açucareira,
Percebendo as características do solo integrada ao esquema colonial-mercantilista
brasileiro e a demanda do mercado europeu, voltava-se essencialmente para a
europeu, Portugal decidiu explorar a exportação. Monocultor, latifúndio, trabalho
cana-de-açúcar no Brasil. Antes disso, os escravo, produção para o mercado externo –
lusitanos já tinham aprimorado algumas essas eram as principais características da
técnicas de produção criando algumas estrutura econômica açucareira do período
plantações de cana-de-açúcar nas ilhas
colonial. A esse conjunto de características dá-se
de Cabo Verde e da Madeira. No Brasil,
o nome de plantation.
a plantação foi viabilizada por meio de
três elementos fundamentais: o trabalho
escravo, a monocultura e a grandes Ao longo dos anos, o açúcar se tornou um dos
propriedades. principais componentes da economia colonial.
O grande número de terras férteis e a Mesmo passando por diversos períodos de crise,
necessidade do rápido retorno financeiro que atingiram principalmente a região nordeste,

63
o açúcar ainda tinha expressiva participação na dos colonos possibilitaram o
economia colonial. Além disso, o seu modelo de aparecimento de outras atividades
exploração agrícola fundou uma forma de uso econômicas. Também conhecidas como
da terra e relações de trabalho que permeou atividades complementares ou
toda a história econômica brasileira. De um secundárias, tais modalidades de
modo geral podemos afirma que a sociedade empresa foram responsáveis pela
açucareira era: patriarcal, aristocrática e dinamização econômica e a ampliação
escravista. dos territórios coloniais. Assim em
torno da produção açucareira,
Era enviado diretamente para Lisboa, organizavam-se atividades econômicas
aos holandeses do interior do mercado paralelas, necessárias a subsistência das
europeu. Muitas vezes, esses mesmos populações, sendo o alimento básico
holandeses financiavam a produção dos brasileiros no século XVI a
açucareira do Brasil. mandioca.

Na verdade a empresa agrícola As primeiras atividades


açucareira, integrada ao esquema complementares implementadas na
colonial-mercantilista europeu, voltava-se colônia foram o cultivo da mandioca
essencialmente para a exportação. e atividades pecuaristas. A mandioca
Monocultor, latifúndio, trabalho era um item alimentar primordial entre
escravo, produção para o mercado os colonos, principalmente os escravos.
externo – essas eram as principais Sua importância era tamanha que a
características da estrutura econômica Coroa Portuguesa chegou a exigir que
açucareira do período colonial. A esse parte das terras dos senhores de
conjunto de características dá-se o nome engenho fosse destinada a esse tipo de
de plantation. cultura. Muitos deles não aceitavam
perder recursos e mão-de-obra nesse
Ao longo dos anos, o açúcar se tornou tipo de atividade, tendo em vista os
um dos principais componentes da melhores lucros obtidos na exploração
economia colonial. Mesmo passando por açucareira.
diversos períodos de crise, que atingiram
principalmente a região nordeste, o Pecuária
açúcar ainda tinha expressiva
A pecuária típica nas regiões nordeste e
participação na economia colonial. Além
sul trouxeram o surgimento de outras
disso, o seu modelo de exploração
classes sociais e a ampliação dos
agrícola fundou uma forma de uso da
territórios coloniais. No nordeste, o gado
terra e relações de trabalho que
era criado em regiões fora das áreas de
permeou toda a história econômica
plantação açucareira. Criado de forma
brasileira. De um modo geral podemos
livre, o gado avançou em regiões do
afirma que a sociedade açucareira
Maranhão, Ceará e ao longo do Rio São
era: patriarcal, aristocrática e
Francisco. No sul, as pradarias gaúchas
escravista.
também propiciaram o desenvolvimento
da atividade pecuarista, que atingiu seu
Atividades complementares
auge com o comércio do charque
destinado às regiões mineradoras. Além
No decorrer do processo de colonização
de abastecer as populações coloniais, a
do Brasil, observamos que a economia
pecuária também representou um peculiar
baseada no latifúndio, na monocultura,
instrumento de mobilidade social. Ao
na exportação e na mão-de-obra escrava
contar com brancos não proprietários de
foi predominante durante todo esse
terras, mestiços e mulatos a pecuária
período. O mais claro exemplo onde
remunerava-os com parte dos restos das
contemplamos esse tipo de experiência
tropas de gado. De tal maneira podiam
econômica está presente na economia
usufruir de uma melhor condição
açucareira desenvolvida desde o século
financeira.
XVI.
Fumo
De certa forma, esse modelo de
desenvolvimento econômico impediu a
diversificação da economia brasileira. O Na região do Recôncavo Baiano, o fumo
Brasil conviveu historicamente com a era plantado por pequenos lavradores que
formação de pequenas elites comercializavam a produção obtida com a
agroexportadoras responsáveis por metrópole portuguesa. Tal atividade era
subjugar todo espaço de exploração de suma importância na realização do
econômica do país a um modelo escambo entre as tribos africanas que
visivelmente limitador. Conforme alguns aprisionavam os escravos a ser
historiadores, esse seria o principal comercializados no Brasil. A produção de
“sentido da colonização” brasileira. aguardente e rapadura foram outras duas
No entanto, o interesse exploratório da atividades que também se desenvolveram
metrópole lusitana e a demanda interna com esse mesmo intuito.

64
Algodão expedições compostas por centenas de
pessoas, das mais variadas classes
O algodão, que era primordial para a sociais, que passavam longos períodos
confecção da vestimenta dos escravos, enfurnados pela mata. Cada um de seus
também passou a entrar na pauta de integrantes, conhecidos como
exportações da economia colonial. O bandeirantes, participavam dessa ação
advento das primeiras manufaturas e a que com o passar do tempo se
posterior consolidação da indústria têxtil consolidou como uma rentável atividade
europeia foi responsável pela inserção do econômica. Além de gerar lucros, o
algodão entre as atividades de interesse da bandeirantismo se desdobrou em outras
metrópole. modalidades que atenderiam a diferentes
propósitos.
O primeiro e mais conhecido tipo de
Drogas do sertão bandeirantismo era conhecido como
“bandeira de apresamento”. Nesse tipo
Por fim, a extração das drogas do sertão de expedição, a busca por índios tinha
foi outro importante ramo da economia como objetivo estabelecer comércio com
colonial. Ervas aromáticas, plantas os proprietários de terra interessados
medicinais, cacau, canela, baunilha, em explorar a força de trabalho deste
cravo, castanha e guaraná eram buscados tipo de “peça” que, em geral, custava
pelos bandeirantes que circulavam as vinte por cento do valor pago por um
regiões do interior do Brasil e a região escravo proveniente da África. Os índios
amazônica. Tais artigos eram consumidos capturados das missões jesuíticas eram
no mercado europeu para o uso mais caros por estarem acostumados a
alimentício e medicinal. uma rotina diária de serviço.

Ao mesmo tempo em que essas Não sendo organizada em separado, mas


atividades possibilitaram o alargamento também fundando uma outra
das fronteiras coloniais, principalmente modalidade de atividade bandeirante, a
com a União Ibérica (1580 – 1640) e a “bandeira prospectora” saía em busca
invalidação do Tratado de Tordesilhas, de produtos naturais comercializáveis
demonstraram como a economia e a (drogas do sertão) e de possíveis regiões
sociedade colonial não sobreviveram onde poderiam ser encontrados metais e
somente à custa do controle e das pedras preciosas. No fim do século XVII,
determinações do pacto colonial. esse tipo de expedição descobriu as
primeiras regiões ricas em minério em
BANDEIRANTES E JESUITAS Minas Gerais, Mato Grosso e,
posteriormente, em Goiás.
Os Bandeirantes
Uma última e importante modalidade de
bandeirantismo ocorreu graças à
Após viver um período de relativa
demanda dos grandes proprietários de
prosperidade, a capitania de São Vicente
terra e da própria Coroa Portuguesa. O
passou a enfrentar algumas dificuldades
chamado “sertanismo de contrato” era
para empreender o desenvolvimento
feito com o objetivo de combater
econômico da região. Primeiramente, a
populações indígenas que atacavam os
atenção dada à economia açucareira na
centros coloniais e destruíam as
região nordeste promoveu uma grave
comunidades quilombolas organizadas
diferença de desenvolvimento entre as
pelos escravos que escapavam das
regiões. Logo em seguida, o próprio
fazendas. Dessa forma, alguns
declínio do açúcar no mercado europeu
bandeirantes eram utilizados como força
contribuiu para o agravamento dos
de repressão contra aqueles que se
problemas naquela localidade.
opunham aos moldes da colonização.
Durante a União Ibérica (1580-1640)
Os Jesuítas
essas dificuldades se acentuaram com a
expressiva diminuição de escravos
africanos que pudessem empreender a Os jesuítas faziam parte de uma ordem
execução das pesadas atividades a serem religiosa católica chamada Companhia
cumpridas. Foi nesse momento que de Jesus. Criados com o objetivo de
várias expedições partiram da região de disseminar a fé católica pelo mundo, os
São Paulo com o objetivo de se embrenhar padres jesuítas eram subordinados a um
pelas matas à procura de índios que regime de privações que os preparavam
pudessem suprir a visível carência de mão para viverem em locais distantes e se
de obra. Dava-se início ao adaptarem às mais adversas condições.
desenvolvimento do bandeirantismo no No Brasil, eles chegaram em 1549 com
Brasil colonial. o objetivo de cristianizar as populações
indígenas do território colonial.
“Bandeira” era o nome dado a essas

65
Incumbidos dessa missão, promoveram de Pombal ordenou a saída dos jesuítas
a criação das missões, onde do Brasil. Tal ação fazia parte de um
organizavam as populações indígenas conjunto de medidas que visavam
em torno de um regime que combinava ampliar o controle da Coroa Portuguesa
trabalho e religiosidade. Ao submeterem sob suas posses.
as populações aos conjuntos de valor
da Europa, minavam toda a diversidade Rebeliões nativistas
cultural das populações nativas do
território. Além disso, submetiam os No século XVIII, podemos observar que
mesmos a uma rotina de trabalho que algumas revoltas foram fruto da
despertava a cobiça dos bandeirantes, incompatibilidade de interesses existente
que praticavam a venda de escravos entre os colonos e os portugueses.
indígenas. Algumas vezes, a situação de conflito não
motivou uma ruptura radical com a
Ao mesmo tempo em que atuavam junto ordem vigente, mas apenas a
aos nativos, os jesuítas foram manifestação por simples reformas que se
responsáveis pela fundação das adequassem melhor aos interesses locais.
primeiras instituições de ensino do Usualmente, os livros de História
Brasil Colonial. Os principais centros de costumam definir essas primeiras
exploração colonial contavam com revoltas como sendo de caráter nativista.
colégios administrados dentro da colônia.
Dessa forma, todo acesso ao Outras rebeliões desenvolvidas no mesmo
conhecimento laico da época era século XVIII tomaram outra feição. As
controlado pela Igreja. A ação da Igreja chamadas rebeliões separatistas
na educação foi de grande importância pensavam um novo meio de se organizar
para compreensão dos traços da nossa a vida no espaço colonial a partir do
cultura: o grande respaldo dado às banimento definitivo da autoridade
escolas comandadas por denominações lusitana. Em geral, seus integrantes eram
religiosas e a predominância da fé membros da elite que se influenciaram
católica em nosso país. pelas manifestações liberais que
engendraram a Independência das Treze
Além de contar com o apoio financeiro Colônias, na América no Norte, e a
da Igreja, os jesuítas também utilizavam Revolução Francesa de 1789.
da mão-de-obra indígena no
d esen volvimen to de atividades Mesmo preconizando os ideais
agrícolas. Isso fez com que a Companhia iluministas e liberais, as revoltas
de Jesus acumulasse um expressivo acontecidas no Brasil eram cercadas por
montante de bens no Brasil. Fazendas uma série de limites. O mais visível deles
de gado, olarias e engenhos eram se manifestava na conservação da ordem
administradas pela ordem. Ao longo da escravocrata e a limitação do poder
colonização, os conflitos com os político aos membros da elite econômica
bandeirantes e a posterior redefinição local. Além disso, ao contrário do que
das diretrizes coloniais portuguesas apregoavam muitos historiadores, essas
deram fim à presença dos jesuítas no revoltas nem mesmo tinham a intenção
Brasil. de formar uma nação soberana ou atingir
No ano de 1750, um acordo estabelecido amplas parcelas do território colonial.
entre Portugal e Espanha, dava direito de
posse aos portugueses sobre o Entre os principais eventos que marcam
aldeamento jesuíta de Sete Povos das a deflagração das revoltas nativistas,
Missões. Nesse mesmo tratado ficava destacamos a Revolta dos Beckman
acordado que os jesuítas deveriam ceder (1684, Maranhão); a Guerra dos
as terras à administração colonial Emboabas (1707, Minas Gerais); a
portuguesa e as populações indígenas Guerra dos Mascates (1710,
deveriam se transferir para o Vice- Pernambuco); e a Revolta de Filipe dos
Reinado do Rio Prata. Os índios Santos (1720, Minas Gerais). As únicas
resistiram à ocupação, pois não queriam revoltas separatistas foram a
integrar a força de trabalho da Inconfidência Mineira, ocorrida em
colonização espanhola; e os jesuítas não 1789, na região de Vila Rica, e a
admitiam perder as terras por eles Conjuração Baiana, deflagrada em 1798,
cultivadas. na cidade de Salvador; assunto esse que
iremos ter a oportunidade de vê-los mais
O conflito de interesses abriu espaço adiante no decorrer da apostila.
para o início das Guerras Guaraníticas.
Os espanhóis e portugueses, contando
com melhores condições, venceram os 2. A INDEPENDÊNCIA E O
índios e jesuítas no conflito que se
deflagrou entre 1754 e 1760. Depois do
NASCIMENTO DO ESTADO
incidente o ministro português Marques BRASILEIRO

66
A partir daquele momento, os
holandeses não só se concentraram em
1. Invasões Holandesas no Brasil dominar terras pernambucanas. Ao
longo do tempo, expandiram a sua
Tendo um comércio bastante organizado, dominação para outras regiões
os holandeses realizavam o refino e a açucareiras do nordeste. Os holandeses
distribuição do açúcar que chegava à construíram diversos engenhos e
cidade de Lisboa, capital de Portugal. financiaram novas plantações. Além
Com o tempo, essa participação se disso, algumas cidades coloniais
tornou bem mais importante: os ganharam reformas e construções que
holandeses chegaram a emprestar deram uma nova aparência ao espaço
dinheiro para que plantações e engenhos colonial nordestino.
fossem criados no Brasil.
A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
A atividade gerava importantes lucros
para a Holanda, o que acabava A presença dos holandeses que se
fortalecendo a parceria entre esse país e colocava como oportunidade no
Portugal. Contudo, em 1580, essa desenvolvimento da economia açucareira
história acabou mudando. Naquele ano na região pernambucana, agora não
os espanhóis conquistaram o trono de mais agradava aos senhores de
Portugal e, com isso, também engenhos que se mostravam claramente
conquistaram o direito de controlar as insatisfeitos com a exigência holandesa
atividades econômicas desenvolvidas no em pagar os empréstimos contraídos e
Brasil. ampliar a produção das lavouras
imediatamente. Assim, os próprios
Um ano antes os holandeses senhores de engenho entraram em
conquistaram sua independência política conflito com a Holanda a partir do
em relação à Espanha, que controlava o momento que os holandeses passaram a
território. Desse modo, assim que cobrar os empréstimos oferecidos.
passaram a controlar a colonização
brasileira, os espanhóis determinaram Nesse clima de forte tensão, eclode em
1645, a chamada Insurreição
que a Holanda não podia mais participar
Pernambucana. Tal conflito marcou a
da exploração do açúcar no Brasil. Foi
aí que o governo holandês decidiu mobilização dos grandes proprietários
de terra em favor da expulsão dos
invadir o Brasil e recuperar seus
holandeses do Nordeste brasileiro. Nos
interesses na exploração açucareira.
anos de 1648 e 1649, a vitória nas
batalhas ocorridas no Monte dos
A primeira tentativa de invasão
Guararapes determinou um grande
holandesa aconteceu no ano de 1624 e
avanço da população local contra os
foi realizada na cidade de Salvador.
holandeses. Tempos mais tarde, a
Sendo a capital do Brasil e, por tal
chegada de reforços militares
razão, tendo um grande número de
portugueses acelerou ainda mais o
autoridades portuguesas e espanholas,
processo de expulsão.
a primeira investida holandesa
fracassou. Logo em seguida, para se
recuperarem do golpe sofrido, os A verdade é que a dominação dos
holandeses roubaram uma embarcação holandeses no Brasil começou no ano de
espanhola cheia de prata americana. 1630 e só terminou no ano de 1654. O
fim da presença dos holandeses passou a
Com esses novos recursos tiveram ser negociado quando, em 1640, os
condições de realizar uma invasão mais portugueses recuperaram o domínio do
forte e bem organizada. No ano de 1630, espaço colonial brasileiro. No mesmo
com o uso de 77 barcos, os holandeses tempo em que as armas eram utilizadas,
chegaram até à região de Pernambuco. devemos também salientar que Portugal
Liderados por Matias de Albuquerque, os negociava diplomaticamente a saída
portugueses ofereceram resistência à definitiva dos holandeses do Brasil.
penetração holandesa no território Segundo o trabalho recente de
brasileiro. especialistas no assunto, Portugal teria
pagado à Holanda uma pesada
Para vencer essa resistência, os indenização de quatro milhões de
holandeses realizaram vantajosos cruzados (algo em torno de 63 toneladas
acordos em que prometiam investir na de ouro) para que os holandeses
formação de novas lavouras e na abandonassem o Nordeste. Assim, os
construção de engenhos. Com isso, os holandeses finalmente deixaram nossas
proprietários de terras pernambucanos terras no ano de 1654.
passaram a apoiar a entrada dos
holandeses no Brasil. O NASCIMENTO DO ESTADO BRASILEIRO

67
Durante o primeiro século da colonização, apenas pelos campos sulinos que, unido ao gado
um trecho do litoral brasileiro era ocupado e trazido da Europa, garantiram a sua
efetivamente povoado, mesmo assim, de forma ocupação durante o século XVIII. Ainda
intermitente. Isso se explica pela concentração, neste século, foram introduzidas milhares
nessa área da colônia, das únicas atividades de famílias de colonos açorianos no
lucrativas para a metrópole: a produção de açúcar litoral do Rio Grande do Sul e de Santa
e a extração do pau-brasil. Catarina, possibilitando o aparecimento e
a consolidação de importantes núcleos de
povoamento, como Laguna, Florianópolis e
No século XVII, teve início a expansão territorial, Porto dos Casais, atual cidade de Porto
interiorizando a colonização lusa, em que se Alegre.
destacaram três figuras humanas: o bandeirante,
organizando as expedições de apresamento A expansão da pecuária: o gado abre
indígena e de prospecção mineral; o vaqueiro, caminho
ocupando as áreas de pastagens nordestinas e
criando o gado, e, finalmente, o missionário, Da sua introdução nos engenhos do litoral
principalmente o jesuíta, envolvido na catequese e nordestino, o gado se expandiu em
na fundação das missões. direção ao sertão, no primeiro século e
meio da colonização. Com isso, o Sertão
O restante do litoral brasileiro e o Sul da colônia do Nordeste e o Vale do Rio São
foram marcados pela expansão oficial, onde a ação Francisco surgem como as principais
das forças militares portuguesas afastou a ameaça regiões pecuaristas da colônia, o que
estrangeira. garantiu a ocupação de um grande
território do interior brasileiro.
A conquista das regiões setentrionais
Outra região que se voltaria também
para a pecuária seria o sul de Minas
No final do século XVI, toda a faixa Gerais, já no século XVIII. Ali, a criação
litorânea acima de Pernambuco de gado envolvia certa técnica superior,
permanecia intocada. Franceses, ingleses fazendas com cercados, pastos bem
e holandeses frequentavam a região, cuidados e rações extras para os
procurando sempre estabelecer alianças animais; no manejo dos rebanhos era
com os indígenas, criando as condições utilizada a mão-de-obra escrava. O seu
para futuros projetos de colonização. mercado era representado pelas zonas
Nesse passo, a intervenção militar urbanas mineradoras, o que provocou
portuguesa acabou por assegurar os uma diversificação da produção: gado
domínios dessas áreas, a partir de uma bovino, muares, suínos, caprinos e
série de conquistas. equinos.

Também os Campos Gerais,


A presença portuguesa no sul correspondendo ao interior de São Paulo
e Paraná, foram outra região de pecuária,
Os portugueses sempre tiveram interesse com a produção de animais de tiro para
na região Sul, atraídos pela prata que a região mineradora. Nessa região
escoava pelos rios da bacia Platina e predominava a mão- de-obra livre,
pelo rico comércio peruleiro (peruano). constituída pelos tropeiros.
Desde cedo, portanto, alimentavam o
sonho de criar um estabelecimento na Por fim, a pecuária seria desenvolvida
região. ainda no Rio Grande do Sul, no século
XVIII. Nesse caso específico, a pecuária
Em 20 de janeiro de 1680, D. Manuel Lobo promoveu não apenas a ocupação do
fundou a Colônia do Santíssimo território rio-grandense, mas, também, o
Sacramento, à margem esquerda do seu povoamento. A atividade criatória
estuário do Prata - atual cidade uruguaia gaúcha utilizava-se do trabalho livre,
de Colônia, garantindo a presença havendo, contudo, o emprego paralelo
portuguesa em uma área importante de escravos e dos indígenas oriundos
dentro do império colonial espanhol e, ao das missões. Voltada também para o
mesmo tempo, abrindo espaço para o abastecimento da região das Gerais, a
contrabando inglês na bacia do Prata. A pecuária gaúcha desenvolveu a indústria
fundação de Sacramento abriu um período do charque e a criação de gado bovino,
de sucessivos conflitos e debates muar, equino e ovino.
diplomáticos entre os dois países, que se
estenderam até o século XVIII. Os tratados de limites

A ocupação do Rio Grande do Sul e Santa Conforme sabemos, a atual configuração


Catarina está inserida nesse processo. No do território brasileiro é bem diferente
caso do território gaúcho, os ataques às daquela que foi originalmente estipulada
missões foram os responsáveis pelo pelo Tratado de Tordesilhas, em 1494.
aparecimento de um rebanho de gado

68
A explicação para a ampliação de significava que quem ocupasse primeiro
nossos territórios está atrelada a uma uma região teria seu direito de posse.
série de acontecimentos de ordem Dessa forma, Portugal garantiu o controle
política, econômica e social que, com das regiões da Amazônia e do Mato
passar do tempo, não mais poderiam ser Grosso. Contudo, os lusitanos abriram
suportadas pelo acordo assinado entre mão da colônia de Sacramento pela
Portugal e Espanha no final do século região dos Sete Povos das Missões.
XV.
A medida incomodou os jesuítas e índios
Um primeiro evento que permitiu a que habitavam a região de Sete Povos.
expansão foi a União Ibérica, que entre Entre 1753 e 1756, estes se voltaram
1580 e 1640 colocou as possessões lusas contra a dominação portuguesa em uma
e hispânicas sob controle de um mesmo série de conflitos que marcaram as
governo. Nesse momento, a necessidade chamadas “guerras guaraníticas”. Com
de se respeitar fronteiras acabou sendo isso, o Tratado de Madri foi anulado em
praticamente invalidada. Contudo, não 1761. Em 1777, o Tratado de Santo
podemos pensar que o surgimento de Idelfonso estabelecia que a Espanha
novos focos de colonização se deu ficasse com as colônias de Sacramento e
somente após esse novo contexto. os Sete Povos. Em contrapartida, Portugal
conquistou a ilha de Santa Catarina e boa
Desde muito tempo, personagens do parte do Rio Grande do Sul.
ambiente colonial extrapolaram a Linha
do Tratado de Tordesilhas. Os Somente em 1801, a assinatura do
bandeirantes saíram da região paulista Tratado de Badajós deu fim aos conflitos
em busca de índios, drogas do sertão e e disputas envolvendo as nações ibéricas.
pedras preciosas para atender suas De acordo com seu texto, o novo acordo
demandas econômicas. Ao mesmo estabelecia que a Espanha abriria mão do
tempo, cumprindo seu ideal religioso, controle sobre os Sete Povos das
padres integrantes da Ordem de Jesus Missões. Além disso, a região de
vagaram pelo território formando Sacramento seria definitivamente
reduções onde disseminavam o desocupada pelos lusitanos. Com isso, o
cristianismo entre as populações projeto inicialmente proposto pelo Tratado
indígenas. de Madri foi retomado.

Por outro lado, a criação de gado A MINERAÇÃO NO BRASIL COLONIAL


também foi de fundamental importância
na conquista desses novos territórios. O A época da mineração no período
interesse dos senhores de engenho e da colonial abrangeu basicamente o século
metrópole em não ocupar as terras XVIII, com o seu apogeu entre 1750 e
litorâneas com a pecuária possibilitou 1770. Nessa fase da vida econômica da
que outras regiões fossem alvo dessa colônia que se voltou quase que
crescente atividade econômica. exclusivamente para o extrativismo
Paralelamente, o próprio mineral, as principais regiões auríferas
desenvolvimento da economia foram Minas Gerais, Mato Grosso e
mineradora também fundou áreas de Goiás. Anteriormente, já haviam ocorrido
domínio português para fora das as explorações do ouro de lavagem, em
fronteiras originais. São Paulo, Paraná e Bahia, mas, com
resultados inexpressivos.
Para que esses fenômenos espontâneos
fossem reconhecidos, autoridades Após sua extração, o ouro era levado para
portuguesas e espanholas se reuniram as Casas de Fundição. Ali, era quintado,
para criar novos acordos fronteiriços. O fundido e transformado em barras,
primeiro foi firmado pelo Tratado de assegurando o controle dos lucros da
Utrecht, em 1713. Segundo este exploração aurífera pela coroa portuguesa.
documento, os espanhóis reconheciam o
domínio português na colônia de A mineração dos anos setecentos foi
Sacramento. Insatisfeitos com a medida, desenvolvida a partir do ouro de aluvião,
os colonos de Buenos Aires fundaram a tendo como características o baixo nível
cidade de Montevidéu. Logo em técnico e o rápido esgotamento das
seguida, os lusitanos criaram o Forte jazidas. No extrativismo aurífero, as
do Rio Grande, para garantir suas formas de exploração mais comuns
posses ao sul. encontradas eram as lavras e a
faiscação. A primeira representaria uma
O Tratado de Madri, de 1750, seria criado empresa em que era utilizada a mão-de-
para oficialmente anular os ditames obra escrava e se aplicava uma técnica
propostos pelo Tratado de Tordesilhas. mais apurada. Já a faiscação era a
Segundo esse documento, o extração individual, realizada
reconhecimento das fronteiras passaria a principalmente por homens livres.
adotar o princípio de utis possidetis. Isso

69
assim, a exploração dos diamantes, que,
como a do ouro, também era considerada
Legislação, órgãos e tributos da um monopólio régio.
mineração
Em 1733, foi criado o Distrito
A organização da exploração aurífera Diamantino, única área demarcada em
começou em 1702, quando o Estado que se podia explorar legalmente as
português editou o Regimento das Terras jazidas. A exploração era livre, mediante
Minerais, disciplinando a exploração o pagamento do quinto e da capitação
aurífera estabelecida pela Carta Régia de sobre o trabalhador escravo. Em 1739,
1602, que declarava a livre exploração, a livre extração cedeu lugar ao sistema
mediante o pagamento do quinto; em de con- trato, que deu origem aos ricos
outras palavras, a quinta parte do que se contratadores, como João Fernandes,
extraía (20%) era o imposto devido à estreitamente ligado à figura de Xica da
metrópole. Por esse regimento, Silva. Diante das irregularidades e do
organizava-se a distribuição das jazidas desvio dos impostos, além do alto valor
que eram divididas em datas - porções que alcançavam as pedras na Europa,
das jazidas que representavam a unidade em 1771, foi decretada a régia extração,
de produção - e passadas para os que contava com o trabalho de escravos
exploradores mediante o sistema de alugados pela coroa. Posteriormente,
sorteio, promovido pela Intendência das com nova liberação da exploração, foi
Minas, principal órgão de controle e de criado o Livro de Capa Verde, contendo
fiscalização da mineração do ouro. o registro dos exploradores, e o
Regimento dos Diamantes, procurando
disciplinar a extração. Contudo, o
No que refere a tributação, inicialmente monopólio estatal sobre os diamantes
existia o quinto, cuja cobrança era vigorou até 1832.
dificultada pela circulação do ouro em pó,
que permitia a prática cotidiana do As consequências da mineração
contrabando; como exemplo, o ouro
era contrabandeado na carapinha dos A mineração foi responsável por
escravos ou nos famosos santos de pau importantes consequências que se
oco. Com o intuito de efetivar sua refletiram sobre a vida econômica, social,
cobrança e evitar o contrabando, em política e administrativa da colônia. De
1720, foram criadas as Casas de saída, provocou uma grande migração
Fundição - que só vieram a funcionar portuguesa para a região das Gerais.
em 1725, em Vila Rica - com a finalidade Segundo alguns autores, no século
de transformar o ouro em barras XVIII, aproximadamente 800.000
timbradas e quintadas. Em 1730, o portugueses transferiram-se para a
quinto foi reduzido para 12% e, em 1735, colônia, o que corresponderia a 40% da
foi criado um novo imposto, a capitação, população da metrópole.
onde se cobrava 17 gramas por escravo
em atividade na mineração. No Brasil, paralelamente a isto, ocorreu
um deslocamento do eixo econômico e
Em 1750, época do apogeu do ouro, foi demo gráfico do litoral para a região
instituído o quinto por estimativa, Centro-Leste, acompanhado da
conhecido como finta, ou seja, a fixação intensificação do tráfico negreiro e do
de uma cota fixa de 100 arrobas que remanejamento do contingente interno
incidia sobre toda a região aurífera. A de escravos. Com isso, a colônia
partir daí, já com o prenúncio da conheceu uma verdadeira explosão
decadência da mineração, essa cota não populacional, ultrapassando com folga a
era alcançada, gerando-se o déficit que casa de um milhão de habitantes, no
se avolumava a cada ano. Com isso, século XVIII.
em 1765, foi instituída a derrama,
forma arbitrária de cobrança do quinto O entorno da região mineradora,
atrasado, que deveria ser pago por toda compreendendo o eixo Minas-Rio de
a população da região, inclusive com Janeiro, passou a ser o novo centro de
bens pessoais. E esse quadro, marcado gravidade econômica, social e política da
pela extorsiva tributação, aumentou o colônia; em 1763, um decreto do
descontentamento contra os abusos da marquês de Pombal transferiu a capital
metrópole. de Salvador para o Rio de Janeiro.
A exploração dos diamantes
Geradora de novas necessidades, a
Por volta de 1729, Bernardo da Fonseca mineração condicionou um maior
Lobo descobriu as primeiras jazidas desenvolvimento do comércio, associado
diamantíferas no arraial do Tijuco ou ao fenômeno da urbanização.
Serro Frio, hoje Diamantina. Teve início, Desenvolveu-se o mercado interno,
possibilitando a dinamização de todos os

70
quadrantes da colônia, que se entre os interesses dos colonos e os
organizaram para abastecer a região do objetivos pretendidos pela Metrópole. Daí
ouro. A vida urbana e o próprio caráter da estarem os movimentos nativistas menos
exploração aurífera geraram uma relacionados com um ideal
sociedade mais aberta e heterogênea, emancipacionista, ligando-se mais a um
convivendo lado a lado o trabalho livre e sentimento de defesa de interesses locais
o trabalho escravo, embora este fosse ou regionais.
predominante. Como consequência, a
concentração de renda foi menor, Na verdade as rebeliões não se
enriquecendo, principalmente, os setores manifestaram com a ideia de conseguir
ligados ao abastecimento. a independência do Brasil. Foram às
condições internas da colonização os
Finalmente, a "corrida do ouro" promoveu fatores preponderantes para tais
a penetração e o povoamento do interior rebeliões nativistas; uma vez que
do Brasil, anulando em definitivo a velha apenas contestavam os aspectos
demarcação de Tordesilhas. específicos do pacto colonial, e não a
dominação integral da metrópole. Além
Uma cultura mineira disso, tinha um caráter regionalista, não
se preocupando com a unidade
Todo o conjunto de consequências, nacional. Vejamos cada uma delas.
anteriormente citadas, refletiu-se na vida
cultural e intelectual da mineração, Aclamação de amado Bueno: Um Rei de
marcada por um notável desenvolvimento São Paulo?
artístico.
Em abril de 1641, Amador Bueno da
Na literatura, destacaram-se os poetas Ribeira foi aclamado Rei de São
intimamente relacionados ao Arcadismo. Paulo. Essa aclamação, entretanto,
Na arquitetura e na escultura, resultou da divergência entre clãs
emergiram as figuras de Antônio locais (Garcia-Pires, portugueses, e
Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e mestre Camargos, espanhóis), diante da
Valentim, nomes importantes do barroco notícia da Restauração em Portugal.
mineiro. Na música, além da Este fato fora interpretado como uma
disseminação de uma música popular - ameaça aos interesses espanhóis na
modinhas e lundus - sobressaíram-se os região. Mais tarde, evidenciou-se a
grandes mestres da música sacra - tensão entre jesuítas e bandeirantes,
barroca, com as missas e réquiens de devido à escravidão indígena,
Joaquim Emérico Lobo de Mesquita e do ocorrendo então um movimento que
padre José Maurício Nunes Garcia. se denominou a Botada dos Padres
para Fora, por parte dos colonos
Nesse contexto, a influência europeia, com paulistas. Este episódio repetir-se-ia
os novos princípios liberais disseminados em 1661, no Pará, e em 1684, no
pela Enciclopédia, alimentaria o primeiro Maranhão.
movimento de caráter emancipacionista: a
Inconfidência Mineira.
Revolta contra os governadores
REBELIÕES NATIVISTAS
No Rio de Janeiro, entre 1660 e
A partir de meados do século XVII, um 1661, ocorreu um movimento
conjunto de movimentos nativistas nativista devida à forte política
políticos exprimiu a repulsa dos colonos fiscalista aplicada pelo governador
aos abusos do colonialismo português, português Salvador Correia de Sá e
endurecido depois da Restauração. Esses Benevides. Seu líder foi Jerônimo
movimentos, denominados nativistas, Barbalho, que, após ter deposto o
podem ser caracterizados pela não governador devido à decretação dos
contestação ao domínio português como novos tributos, foi preso e executado.
um todo e sim por rebeldias ou conflitos Na Revolta de "Nosso Pai", em
regionais contra aspectos isolados do Pernambuco (1664-65), também
colonialismo, principalmente após 1640, houve a rebelião local contra o
quando a "relativa harmonia" entre governador português Jerônimo de
interesses da aristocracia rural local e Mendonça Furtado, alcunhado
os da Metrópole foram- se rompendo, "Xumbrega", acusado de corrupção e
na medida em que se intensificava a de ser conivente com os franceses. Na
exploração colonial portuguesa. realidade, nesse acontecimento já
havia indícios da rivalidade entre
Olinda e Recife.
A Insurreição Pernambucana no de 1645
também contribuiu para o advento
desses movimentos, visto que durante a
sua ocorrência registrou-se a divergência

71
Revolta de Beckman ou Bequimão categoria de vila, o que favorecia o
grupo português. Ao terminar o
Na Revolta de Beckman ou Bequimão, movimento, em 1712, Recife passava
movimento nativista ocorrido no a ser cidade e capital de Pernambuco,
Maranhão, em 1684, mais uma vez o que acentuou ainda mais a
evidenciou-se a divergência de rivalidade da aristocracia
interesses entre colonos locais, pernambucana contra os portugueses.
representados pelos irmãos Manuel e Neste movimento, como nos demais,
Tomás Beckham e a Companhia deve ser percebido o seu sentido não-
Geral de Comércio do Estado do emancipacionista e a inexistência de
Maranhão, que possuía o monopólio interesses que visassem ultrapassar
do comércio e de introdução de os limites locais ou regionais.
escravos africanos. A rebelião
ocorreu contra os abusos da REBELIÕES SEPARATISTAS
Companhia de Comércio, que não
cumpriu os acordos feitos com os Diferente das rebeliões nativistas, as
colonos, e contra a Companhia de rebeliões separatistas eram movimentos
Jesus, que se opunha à escravidão de visavam a libertação nacional.
indígena. Pretendia romper com as exigências
portuguesas sobre a exploração da
Guerra dos Emboabas atividade mineradora. Como veremos
adiante a primeira das rebeliões
Outro movimento nativista foi a separatistas aconteceu em Minas Gerais,
Guerra dos Emboabas, ocorrida em quando uma série de insurretos da
Minas Gerais (1708-09), resultante da cidade de Vila Rica, no ano de 1789. No
rivalidade entre os paulistas e os ano de 1798, foi a vez da chamada
"emboabas" - forasteiros, Conjuração Baiana que marcou época ao
principalmente portugueses, que abrir portas para um projeto de
acabavam sendo protegidos pelos independência com tons mais amplos e
órgãos do governo colonial, com o populares. Por fim, a Revolução
monopólio de diversos ramos Pernambucana de 1817 surgiu como
comerciais. O movimento eclodiu último levante antes do nosso processo
devido a uma série de incidentes, nos de independência, ocorrido em 1822.
quais sempre havia de um lado os
paulistas e do outro os emboabas. A Inconfidência Mineira ou Conjuração
Mineira (1789)
Revolta de Vila Rica ou Felipe dos
Santos No século XVIII, o Brasil ficou marcado
pela descoberta e a exploração de suas
Em 1720, novamente na região de minas de ouro. Encontradas
Minas Gerais, em Vila Rica, ocorreu principalmente nas regiões de Minas
a revolta de Felipe dos Santos, um Gerais, Mato Grosso e Goiás, o ouro
dos movimentos nativistas em que despertou o interesse dos colonizadores
mais uma vez encontramos a rebelião portugueses. Afinal de contas, o encontro
contra os abusos do fiscalismo de metais preciosos foi uma das mais
português, caracterizados pela antigas ambições que os portugueses
elevação dos impostos decretada pelo tiveram assim que chegaram por aqui.
governador, conde de Assumar. Os
mineradores revoltados reivindicavam Com a descoberta do ouro, o governo
a redução dos impostos, abolição dos português tratou de criar uma série de
monopólios exercidos pelos impostos que garantiam a obtenção de
portugueses e a extinção das Casas lucros junto à atividade mineradora. Com
de Fundição. o passar dos anos, o esgotamento das
minas passou a diminuir bastante as
toneladas de ouro que eram enviadas
para Portugal. Isso se explica até pelo fato
Guerra dos Mascates de que o ouro é um bem natural não
renovável e com a constante exploração foi
Um dos mais famosos movimentos perdendo força.
nativistas foi a Guerra dos Mascates
(1710-12), em Pernambuco, motivada Na medida em que percebeu a
pela forte rivalidade entre os diminuição da quantidade de ouro
senhores-de-engenho de Olinda e os recolhido, o governo português decidiu
comerciantes portugueses de Recife, aumentar a cobrança de impostos feita
apelidados de mascates, e que nas minas. A fiscalização nas cidades
contavam com o apoio do governador mineiras aumentou e um polêmico
Sebastião de Castro Caldas. O conflito imposto chamado de derrama passou a
irrompeu quando Recife foi elevado à ser cobrado. A derrama era um tipo de

72
cobrança em que Portugal recuperava
os impostos atrasados, com a tomada de Logo, apesar de todo o planejamento, a
outros bens dos mineradores que revolta acabou não acontecendo. Um
estavam em dívida com o governo envolvido na revolta, chamado Joaquim
português. Silvério dos Reis, preferiu entregar o
plano em troca do perdão de suas
Nesta rebelião encontramos diversos dívidas. Desse modo, as autoridades
antecedentes, como o crescente abuso do portuguesas prenderam grande parte dos
fiscalismo português na região aurífera, envolvidos e os processaram pelo crime de
acompanhado pelo acirramento da traição. No ano de 1791, as investigações
dominação política-militar lusa. As foram encerradas e os acusados tiveram
influências das idéias liberais (do suas penas decretadas. Entre os
Movimento das Luzes) e da condenados, somente o inconfidente
independência dos Estados Unidos são Joaquim José da Silva Xavier, conhecido
nítidas nas manifestações dos como Tiradentes, foi condenado à morte.
participantes da Inconfidência Mineira.
Alguns historiadores dizem que
Esse tipo de cobrança gerou muita Tiradentes foi o único punido, pois era o
insatisfação e acabou sendo um dos envolvido na revolta que tinha a
motivos pelos quais alguns mineradores, condição financeira mais humilde.
intelectuais e proprietários de terra de Tiradentes era militar e dentista, duas
Minas Gerais, lá pelos fins da década de profissões que garantiam uma vida
1780, se reuniram para criticar e elaborar modesta, mas não muito confortável.
um plano pelo fim da colonização No fim das contas, principalmente a
portuguesa. Essas reuniões deram força partir do século XX, esse inconfidente
ao planejamento de uma revolta, que foi transformado em herói nacional.
ficou conhecida em nossa história como Sua condenação à forca e ao
Inconfidência Mineira. esquartejamento virou símbolo de luta
pela independência do Brasil. Contudo,
Os chamados inconfidentes acreditavam
lá naquela época, a defesa da
ser possível lutar pela independência de
independência de toda nação estava
Minas Gerais e implantar um governo
longe de acontecer.
de característica um tanto mais justa e
democrática. Apesar de não serem
visivelmente contra a escravidão, os Dessa forma, percebemos que a
inconfidentes lutavam pela modernização Inconfidência Mineira foi fruto do
da economia local, a criação de autoritarismo e da violência que eram
universidades e a separação entre a empregados por Portugal no século
Igreja e o Estado. Além disso, traçaram XVIII. Contudo, por outro lado, não
um plano de rebelião que aconteceria podemos dizer que os inconfidentes
assim que a derrama fosse cobrada na tinham um grande plano de
cidade de Vila Rica. Os inconfidentes independência para a nação brasileira.
acreditavam que se a revolta Os revoltosos de Minas pensavam
acontecesse no momento da cobrança, o apenas em sua região, mas acabaram
apoio da população aconteceria sendo transformados em heróis
naturalmente. nacionais.

As propostas dos inconfidentes


O fim da Inconfidência Mineira
Nos planos dos conjurados, idealistas
mais caracterizados pelo despreparo
A eclosão da revolução tinha na cobrança
militar e por uma certa inconsistência
da “derrama” (596 arrobas) de ouro o
ideológica, evidenciavam-se, no entanto,
seu pretexto. Em maio de 1789, porém, a
alguns princípios teóricos, tais como o
conjura foi denunciada pelos
ideal emancipacionista vinculados a uma
portugueses Joaquim Silvério dos Reis,
forma republicana de governo. Esta teria
Brito Malheiros e Inácio Correia
como sede a cidade mineira de São João
Pamplona. Presos os conspiradores, foi
Del-Rei. Quanto à abolição da
iniciada a devassa (inquérito) dirigida
escravidão, porém, não chegaram a um
pelo próprio governador, o visconde de
acordo. Dada a composição de seus
Barbacena, e que se prolongou até
participantes, a conspiração perdia-se em
1792. Embora, num primeiro momento,
um plano ideal ligado ao intelectualismo
todos fossem condenados à morte, um
de alguns conjurados, em que
decreto de
preocupações com o que viria, como a
D. Maria I comutou a pena de morte dos
criação de uma Universidade em Vila
inconfidentes, à exceção de Tiradentes,
Rica, a criação de uma bandeira
que foi executado no mesmo ano. Com
(Libertas Quae Será Tamem) e os planos
sua morte, em 1792, Joaquim José da
em relação ao incremento à natalidade,
Silva Xavier - o Tiradentes - tornou-se o
sobrepunham-se á organização militar do
mártir da independência do Brasil.

73
próprio movimento. participação de mulatos e negros. Em
1799, no entanto, após devassa, os
Estes eram em sua maioria letrados:
principais representantes das camadas
alguns estudantes brasileiros na Europa,
como José Joaquim da Maia, que tentou mais simples foram enforcados, tendo
o apoio de Thomas Jefferson; os poetas sido os intelectuais absolvidos.
Cláudio Manuel da Costa, Inácio de
Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Para compreender a deflagração do
Gonzaga; os doutores José Álvares Maciel, movimento, devemos nos reportar à
Domingos Vidal Barbosa e Salvador transferência da capital para o Rio de
Amaral Gurgel; os padres Manuel Janeiro, em 1763. Com tal mudança,
Rodrigues da Costa, José de Oliveira Salvador (antiga capital) sofreu com a
Rolim e Carlos de Toledo Piza; e alguns perda dos privilégios e a redução dos
militares como o tenente-coronel Francisco recursos destinados à cidade. Somado a tal
de Paula Freire de Andrade e o alferes fator, o aumento dos impostos e
Joaquim José da Silva Xavier, o exigências colônias vieram a piorar
Tiradentes. sensivelmente as condições de vida da
população local.
Apesar de seu caráter idealista e
intelectualizado, a Inconfidência Mineira Ao mesmo tempo, as notícias do êxito
foi a contestação mais consequente ao alcançado nos processos de
Sistema Colonial Português, sendo um independência dos Estados Unidos e
dos mais importantes movimentos sociais Haiti, e a deflagração da Revolução
da História do Brasil. Significou a luta do Francesa trouxe junto os ideais de
povo brasileiro pela liberdade, contra a liberdade e igualdade defendidos pelo
opressão do governo português no período pensamento iluminista. Empolgados com
colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano tais processos revolucionários, alguns
de 1789, em pleno ciclo do ouro. representantes dos setores médios e das
elites ligados à maçonaria montaram
A Conjuração Baiana ou Revolta dos uma sociedade secreta denominada
Alfaiates (1798) “Cavaleiros da Luz”. Durante suas
reuniões os cavaleiros da luz discutiam a
Um importante movimento organização de um movimento
emancipacionista foi a Conjuração Baiana anticolonialista e a criação de um novo
ou dos Revolta dos Alfaiates (1798), na governo baseado em princípios
qual a influência da Loja Maçônica republicanos e liberais.
“Cavaleiros da Luz” fornecia o sentido Podemos dizer que a participação dos
intelectualizado do movimento. Os seus Cavaleiros da Luz foi relativamente
líderes, Cipriano Barata, Francisco Muniz limitada. Muitos de seus integrantes não
Barreto, Pe. Agostinho Gomes e tenente concordavam nas discussões de cunho
Hermógenses de Aguiar, contavam, no social, como no caso da abolição da
entanto, com uma boa participação de escravidão. Paralelamente, seus
elementos provenientes das camadas participantes distribuíam panfletos
populares, como os alfaiates João de Deus convocando a população a se posicionar
e Manuel Faustino dos Santos Lira ou os contra o domínio de Portugal. Com a
soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga delação do movimento, seus
das Virgens. Esse foi um movimento representantes foram presos pelas
separatista que contou com o apoio da autoridades coloniais.
elite, mas sobretudo com a participação
das camadas populares, como os negros Os membros da elite que estavam
e mulatos, artesãos, pequenos envolvidos no movimento foram
comerciantes, sapateiros, alfaiates, condenados a penas mais leves ou
bordadores e escravos e libertos (ex- tiveram suas acusações retiradas. Em
escravos). contrapartida, os populares que
encabeçaram o movimento conspiratório
Em um outro campo de ação essa foram presos, torturados e, ainda outros,
revolta também teve o apoio de padres, mortos e esquartejados. Buscando
médicos e advogados. O liberal Cipriano reprimir outras revoltas, o governo
Barata, médico da cidade de Salvador, foi português expôs os restos mortais de
um dos grandes defensores dos ideais alguns dos revoltosos espalhados pela
separatistas e republicanos no Brasil, cidade de Salvador.
sofrendo constantes perseguições por
parte das autoridades.

Este movimento apresenta um elemento 3. A ORGANIZAÇÃO DO


que o diferencia dos demais, ocorridos na ESTADO MONÁRQUICO
época: o seu caráter social mais
popular, propugnando pela igualdade
racial e contando com uma grande O PERÍODO JOANINO E A INDEPENDÊNCIA

74
progressivos, necessários à manutenção
do luxo da Corte. Para evitar
A vinda da família real ao Brasil incompatibilidades, foram concedidos à
aristocracia rural alguns privilégios fiscais.
A vinda da família real portuguesa para O absolutismo permaneceu em vigor, mas
o Brasil se deu no ano de 1808, após sempre fazendo concessões aos senhores
a invasão das tropas de Napoleão de terra que eram atraídos para a Corte
Bonaparte a Portugal. Essa invasão foi através da outorga de títulos.
causada porque a França não
conseguiu derrotar a Inglaterra em Com o falecimento da mãe de D. João, a
uma disputa militar, fato pelo qual então rainha de Portugal, este teve que
Napoleão proibiu que os países da assumir o trono do país, administrando o
Europa Continental fizessem qualquer mesmo daqui do Brasil, enviando suas
tipo de comércio com os ingleses. Para ordens através dos mensageiros. Mas em
isso criou um decreto que constituía o 1820 aconteceu uma revolta em Portugal
“bloqueio continental”. e D. João teve que retornar ao país,
deixando seu filho, D. Pedro I, como
Dom João não teve outra alternativa Príncipe Regente do Brasil.
senão fugir com sua família e parte da
corte para as terras brasileiras, vieram Em 1820, os portugueses organizaram a
um total de dez mil pessoas, em 29 de chamada Revolução Liberal do Porto.
novembro de 1807. Após sua chegada Nesse advento, lideranças políticas
ao Brasil, dom João decretou que os lusitanas formaram uma assembleia que
portos brasileiros fossem abertos para o exigia o retorno de D. João VI para a
comércio com todas as nações com as elaboração de uma nova carta
quais mantinham relações cordiais, constitucional. Desde 1808, este monarca
inclusive com a Inglaterra. Antes dessa se encontrava em terras brasileiras e
decisão o Brasil só mantinha comércio havia transformado a cidade do Rio de
com Portugal e suas colônias. Janeiro na nova capital do império.

A família real permaneceu por um mês Temendo perder a condição de rei de


na Bahia, fazendo melhoras na região, Portugal, D. João VI voltou à Europa
como: a criação da Escola de Cirurgia – para participar das discussões que
que mais tarde tornou- se faculdade de pretendiam mudar a situação política de
medicina do estado; a criação da Junta Portugal. As Cortes Portuguesas, nome
do Comércio – virando a associação dado à assembleia que havia tomado o
comercial; a criação do Passeio Público e poder, tinham intenção de modernizar o
a construção do Teatro São João – a regime político de seu país. Contudo, sob
melhor casa de espetáculos do país. o ponto de vista econômico, tinham o
expresso interesse de recolonizar o Brasil e
Em seguida, mudou-se para o Rio de dar fim aos privilégios assegurados pela
Janeiro, onde foi instalada a sede do administração joanina.
governo de Portugal, por mais de treze
anos. Com isso, o Rio de Janeiro Ao saber das intenções políticas das
cresceu muito e o estado obteve novas Cortes, as elites brasileiras se
estruturas. organizaram em um partido que pretendia
viabilizar a organização de nossa
As principais benfeitorias foram: o Banco independência. Entre as várias opções de
do Brasil, a Academia Militar e da projeto, os membros do Partido Brasileiro
Marinha, a Imprensa Régia, a Academia preferiram organizar uma transição
de Belas Artes, o Jardim Botânico, o política sem maiores levantes populares
Museu da Biblioteca Nacional, além de na qual o Brasil fosse controlado por um
outros museus, bibliotecas, teatros e regime monarquista. Para tanto, se
escolas. aproximaram de D. Pedro I, que ocupava
a função de príncipe regente, e seria
O Brasil, até então, era tido como empossado como futuro imperador.
colônia, mas em 19 de dezembro de
1815, passou a Reino Unido a Portugal A explicação para o tom conservador
e Algarve, tendo suas capitanias desse projeto de independência se
transformadas em províncias. manifestava na própria origem social de
seus representantes. Na maioria, os
O período joanino caracterizou-se pelo partidários de nossa autonomia definitiva
esforço da Coroa Portuguesa no sentido eram aristocratas rurais, funcionários
de estabelecer um equilíbrio entre os públicos e comerciantes que figuravam a
interesses dos grandes proprietários de elite econômica local. Por isso, vemos que
terras brasileiros e os dos comerciantes. a possibilidade de organização de um
Alguns estancos foram mantidos para movimento popular ou o fim do regime
satisfazerem estes últimos. escravocrata foi indiscriminadamente
Estabeleceram-se impostos pesados e

75
descartada por esse grupo político. funcionar em conformidade com o
mercado mundial controlado pelos
Entre os principais integrantes destaca-se ingleses. A independência não provocou
a atuação de Gonçalves Ledo, Januário da nenhuma mudança profunda na
Cunha Barbosa e José Bonifácio de estrutura social do país, que passou da
Andrada e Silva. Esse último, praticante independência econômica com relação a
da maçonaria, conseguiu reunir vários Portugal à subordinação à Inglaterra.
membros da elite nas reuniões de sua loja
maçônica, incluindo o próprio príncipe Nossa economia sujeitava-se ao capital
regente Dom Pedro I. Outra importante estrangeiro e aos interesses dos
ação desse partido foi a organização de mercados externos. O modelo
um documento, com mais de oito mil econômico da época colonial
assinaturas, que pedia pela permanência permaneceu intacto: produção agraria,
de D. Pedro I no Brasil. monocultora, escravista e
exportadora. A sociedade
A realização dessa e outras ações caracterizava-se fundamentalmente
políticas, que sugeriam a permanência de pela existência de duas classes
Dom Pedro I no poder, foram antagônicas: o escravo e o proprietário
determinantes para que a independência de terras escravistas. Logo conclui-se
alcançasse esse modelo conservador. Nos que os maiores beneficiados da
primeiros meses de 1822, o regente independência foram os proprietários
confirmava seu apoio à independência ao rurais brasileiros e os ingleses.
assegurar sua permanência no Brasil no
“Dia do Fico”. Logo em seguida, baixou PRIMEIRO REINADO
o “Cumpra-se”, decreto que estabelecia
que nenhuma lei portuguesa seria válida O surgimento do Primeiro Reinado marca
no Brasil sem a autorização prévia do definitivamente o abandono da condição
regente. O episódio do Dia do Fico de colônia e a transformação do Brasil
marcou a primeira adesão pública de D. em uma nação politicamente soberana.
Pedro a uma causa brasileira. Apesar do significado histórico dessa
mudança, percebemos que nosso
Temendo as possíveis pretensões processo emancipatório não permitiu a
políticas de D. Pedro I, as Cortes de conquista de outras modificações mais
Portugal enviaram um documento em amplas e significativas. Afinal de contas,
que ameaçavam o envio de tropas que os privilégios das classes dominantes e
trariam o príncipe regente à força para a condição de miséria dos subalternos
o Velho Mundo. Mediante a represália, foram tacitamente preservados.
os membros do partido brasileiro
aconselharam D. Pedro I a proclamar a Apesar da manutenção dos privilégios,
independência imediatamente, antes que vemos que nessa época foram
os conflitos com as tropas portuguesas necessárias grandes ações que
transformassem nossa independência organizassem o Estado brasileiro.
em um movimento popular. Internamente, uma primeira medida foi
a discussão da primeira carta
Dessa forma, percebemos que a elite constitucional, que deveria afixar as
agrária e os demais membros das diretrizes legais do país formado. No
classes dominantes do Brasil âmbito internacional, o governo imperial
conduziram habilmente o nosso deveria buscar o reconhecimento de sua
processo de independência. Mesmo independência e o estabelecimento de
alcançando a condição de nação relações diplomáticas que promovessem
soberana, boa parte da população se viu o desenvolvimento da economia.
atrelada às mesmas práticas e
instituições que garantiam os privilégios No período que esteve à frente do
dos mais poderosos. Sendo assim, o governo, D. Pedro I mostrou uma
nosso “7 de setembro” se transformou liderança bastante questionável. A opção
em uma ruptura cercada por uma série por uma constituição por ele mesmo
de problemáticas continuidades. elaborada e o pagamento de uma pesada
indenização aos cofres portugueses
INDEPENDÊNCIA POLITICA colocavam em dúvida o seu
compromisso com os interesses da
Independência política sem população. Já em 1823, a Confederação
independência econômica do Equador, revolta ocorrida na região
nordeste, enfrentou os desmandos da
A independência brasileira foi em boa estrutura política autoritária do
parte fruto da influência inglesa, e por imperador.
isso mesmo implicou compromissos
econômicos muitos fortes com a O episódio acabou não promovendo
Inglaterra, visto que passou a nenhuma transformação nos ditames

76
políticos empregados pelo governo de em vão. Empunhando um exemplar da
Dom Pedro I. Valendo- se da autonomia constituição, outorgada, Dom Pedro
concedida pelo Poder Moderador, o reafirmou os artigos que lhe garantiam o
monarca ainda autorizou os enormes direito de nomear e demitir ministros a
gastos com a Guerra da Cisplatina. qualquer hora. A intransigência imperial
Neste conflito, a população local visava só agravou a delicada situação. Os
dar fim ao mando do governo brasileiro. revoltosos do Campo de Santana
No fim do conflito, a derrota das tropas passaram a ganhar expresso apoio de
nacionais acabou fortalecendo os algumas autoridades militares do Império.
críticos do governo imperial.
Com apoio político reduzido, Dom Pedro I
não viu outra opção senão renunciar. Na
O fim do primeiro reinado
noite de 7 de abril de 1831, o rei
entregou ao major Miguel de Frias a
A autoridade de Dom Pedro I, desde os
carta contendo a oficialização de sua
primórdios de seu governo, sofreu forte
renúncia. No mesmo documento, o rei
oposição de setores políticos diversos.
deixava seu filho Dom Pedro II como
Seja por sua ineficiência e por suas
príncipe sucessor do trono brasileiro. Aos
atitudes autoritárias, Dom Pedro I foi alvo
cinco anos de idade, Dom Pedro II teve
de críticas que desgastavam a ordem
seus poderes transferidos para um
política instituída. A imposição da
governo regencial, que duraria a até o
Constituição de 1824, o episódio da
alcance de sua maioridade.
Confederação do Equador e o
envolvimento do rei na sucessão do
O PERÍODO REGENCIAL
trono português figuravam os principais
episódios responsáveis pelo desgaste
político de Dom Pedro. Período de Regências ou Período
Regencial é um período da História do
Brasil que marca a passagem entre o
Dom Pedro I se envolveu nas disputas
Primeiro Reinado e o Segundo Reinado.
que rondavam a sucessão do trono
Esse período se inicia no ano de 1831,
português. A preocupação do imperador
com assuntos de origem lusitana também quando o imperador Dom Pedro I deixou
instigou a reação negativa daqueles que o governo brasileiro e voltou para
duvidavam do compromisso do imperador Portugal, seu país de origem. Dom Pedro
para com as questões nacionais. Em I deixou o Brasil porque, na época, várias
1830, as circunstâncias obscuras que de suas ações como rei foram duramente
marcam o assassinato do jornalista criticadas e o apoio político da população
Líbero Badaró, franco opositor do diminuiu, chegando a ocorrer protestos
Império, contribuíram para o contra sua presença no governo do país.
esfacelamento da imagem do poder
imperial. Ao deixar nosso país, Dom Pedro I
determinou que seu filho, o jovem Dom
No ano seguinte, a Noite das Pedro II, que então tinha somente
Garrafadas, embate ocorrido entre os cinco anos de idade, seria herdeiro do
defensores e opositores de D. Pedro I, trono brasileiro. Logicamente, o
acabou deixando a sustentação política do pequeno Dom Pedro II não tinha
imperador precária. Para contornar a condições de tomar conta de um país do
situação, criou-se um ministério somente tamanho do Brasil sendo ainda uma
formado por brasileiros. Na semana criança. Foi então que o governo foi
posterior à Noite das Garrafadas, o rei provisoriamente deixado nas mãos dos
criou um novo ministério liberal composto regentes. Os regentes eram políticos da
apenas por brasileiros. Em abril de época que assumiriam o lugar deixado
1831, em data próxima às festividades por Dom Pedro I até que Dom Pedro II
que comemorariam o aniversário da atingisse os dezoito anos de idade.
princesa Maria da Glória, Dom Pedro I
ordenou que seus ministros tomassem
Como Dom Pedro I deixou o governo do
medidas contra possíveis novas
Brasil de forma inesperada, a primeira
manifestações de repúdio. Não tendo sua
regência foi organizada às pressas e
exigência atendida, Dom Pedro tomou
sem nenhum tipo de escolha mais
providências destituindo o ministério
elaborada. Depois disso, os políticos
brasileiro e reintegrando antigas figuras
brasileiros elegeram uma nova regência
políticas que apoiavam o autoritarismo
formada por três integrantes, sendo
monárquico.
assim chamada de Regência Trina. No
ano de 1835, uma reforma política
Quando a notícia sobre o novo
determinou que a regência fosse
ministério chegou aos ouvidos dos
assumida por apenas um regente eleito
populares, uma nova onda de protestos
pela população – Regência Una. Nessa
sitiou o Campo de Santana. A pressão
época, somente os que tinham uma
política exercida pelos manifestantes foi
renda mínima de 100 mil réis anuais – o

77
que representava uma parte muito viviam na miséria total. Sem trabalho e
pequena da população – tinham o direito sem condições adequadas de vida, os
de votar. cabanos sofriam em suas pobres
cabanas às margens dos rios. Esta
Nessa época houve muitos conflitos situação provocou o sentimento de
entre os políticos da época. Uns abandono com relação ao governo
desejavam que o governo continuasse central e, ao mesmo tempo, muita
forte e centralizado, como nos tempos revolta. Os comerciantes e fazendeiros
em que Dom Pedro I se tornou da região também estavam
imperador. Outros desejavam que as descontentes, pois o governo regencial
províncias brasileiras tivessem maior havia nomeado para a província um
liberdade política para resolver seus presidente que não agradava a elite
problemas regionais. A oposição entre local.
esses dois grupos acabou gerando
grandes problemas e servindo de Causas e objetivos - Embora por causas
motivo para que várias revoltas diferentes, os cabanos (índios e mestiços,
acontecessem. Entre tais revoltas, na maioria) e os integrantes da elite local
podemos destacar a Cabanagem, no (comerciantes e fazendeiros) se uniram
Pará; a Guerra dos Farrapos, no Rio contra o governo regencial nesta revolta.
Grande do Sul; a Revolta dos Malês e a O objetivo principal era a conquista da
Sabinada, ambas desenvolvidas na independência da província do Grão-Pará.
Bahia. Os cabanos pretendiam obter melhores
condições de vida (trabalho, moradia,
REBELIÕES REGENCIAIS comida). Já os fazendeiros e
comerciantes, que lideraram a revolta,
Farroupilha – Rio Grande do Sul (1835- pretendiam obter maior participação nas
1840) decisões administrativas e políticas da
província.
Longa guerra civil comandada pela elite
gaúcha, produtora de charque. A Revolta - Com início em 1835, a
reclamação dos farroupilhas era a Cabanagem gerou uma sangrenta guerra
concorrência do charque platino tendo entre os cabanos e as tropas do governo
como reivindicação a elevação dos central. As estimativas feitas por
impostos sobre o charque platino historiadores apontam que cerca de 30
(protecionismo). Defendiam o ideal mil pessoas morreram durante os cinco
separatista. Os farroupilhas queriam anos de combates. Após cinco anos de
proclamar as seguintes republicas: Rio- sangrentos combates, o governo regencial
Grandense, com sede em Piratini (RS) e conseguiu reprimir a revolta. Em 1840,
Juliana (SC). Os destaques desta muitos cabanos tinham sido presos ou
revolta foram: Bento Gonçalves, Davi mortos em combates. A revolta terminou
Canabarro e Garibaldi. sem que os cabanos conseguissem atingir
seus objetivos.
Em 1845, o governo imperial realizou
um acordo com os farroupilhas. Os Sabinada – Bahia (1837 - 1838)
rebeldes assinaram a paz, mas
exigiram: a) Aumento das tarifas Movimento de curta duração, comandado
alfandegárias sobre o charque platino. por elementos das camadas médias. Tinha
b) Anistia política. c) Indenização dos como líder o médico Francisco Sabino (daí
prejuízos sofridos com a guerra. d) o nome "Sabinada"). O objetivo dos
Direitos para soldados farroupilhas de rebeldes era proclamar a República
ingressar para as tropas imperiais, baiense durante a menoridade de D. Pedro
ocupando os mesmos cargos. de Alcântara.
Cabanagem - Para (1835-1840) Balaiada - Maranhão (1838 - 1841)
A Cabanagem foi uma revolta popular Contou com ampla participação da
que aconteceu entre os anos de 1835 e população pobre: negros escravos, negros
1840 na província do Grão-Pará (região livres, vaqueiros e fazedores de balaios.
norte do Brasil, atual estado do Pará). Os principais líderes eram Raimundo
Recebeu este nome, pois grande parte Gomes, Manuel Francisco dos Anjos e o
dos revoltosos era formada por pessoas Preto Cosme. O movimento era
pobres que moravam em cabanas nas desorganizado e não possuía objetivos de
beiras dos rios da região. Estas pessoas assumir o governo. Os rebeldes lutavam
eram chamadas de cabanos. para mudar o quadro social de que eram
vitimas.
No início do Período Regencial, a
situação da população pobre do Grão- Revolta dos Malês (1835)
Pará era péssima. Mestiços e índios

78
A Revolta dos Malês foi um movimento de Dom Pedro II. Mesmo sendo
que ocorreu na cidade de Salvador transitória, a regência foi de suma
(província da Bahia) entre os dias 25 e 27 importância para que as figuras políticas
de janeiro de 1835. Os principais brasileiras ganhassem maior relevância a
personagens desta revolta foram os negros partir de então. Já em um primeiro
islâmicos que exerciam atividades livres, instante, vemos que diversos cargos
conhecidos como negros de ganho públicos ocupados por lusitanos foram
(alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos então assumidos por dirigentes nascidos
e carpinteiros). Apesar de livres, sofriam aqui no Brasil.
muita discriminação por serem negros e
seguidores do islamismo. Em função Ao mesmo tempo, a saída de Dom Pedro
destas condições, encontravam muitas I abriu espaço para que o
dificuldades para ascender socialmente. desenvolvimento nacional e as
atribuições políticas do Estado fossem
Causas e objetivos da revolta - Os alvo de recorrente discussão. Não se
revoltosos, cerca de 1500, estavam muito limitando aos redutos políticos oficiais,
insatisfeitos com a escravidão africana, a vemos que membros da elite econômica e
imposição do catolicismo e com a outros setores médios da população
preconceito contra os negros. Portanto, organizavam reuniões em que falavam
tinham como objetivo principal à sobre as atribuições do imperador, o
libertação dos escravos. Queriam também sistema eleitoral, as ações do legislativo, e
acabar com o catolicismo (religião imposta outras questões da época.
aos africanos desde o momento em que
chegavam ao Brasil), o confisco dos bens
dos brancos e mulatos e a implantação de Entre outras tendências, vemos que os
uma república islâmica. portugueses resistentes no Brasil,
burocratas e outros militares defendiam o
De acordo com o plano, os revoltosos retorno de Dom Pedro I ao governo
sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e imperial. Conhecido como “restaurador”,
se reuniriam com outros malês vindos de esse grupo tinha uma orientação política
outras regiões da cidade. Invadiriam os bastante conservadora. Manifestavam-se
engenhos de açúcar e libertariam os a favor de um governo fortemente
escravos. Arrecadaram dinheiro e centralizado, em que o rei tivesse ao
compraram armas para os combates. O seu alcance a maioria das importantes
plano do movimento foi todo escrito em decisões políticas. Com a morte de D.
árabe. Pedro I, em 1834, esse “partido” da
época acabou se dissolvendo.
Fim da revolta - Uma mulher contou o
plano da revolta para um Juiz de Paz de Conhecidos como “chimangos”, os
Salvador. Os soldados das forças oficiais liberais moderados eram integrados
conseguiram reprimir a revolta. Bem basicamente pela grande aristocracia
preparados e armados, os soldados agrária situada na região Centro Sul do
cercaram os revoltosos na região da país. Comportavam-se de modo favorável
Água dos Meninos. Violentos combates ao regime monárquico, defendiam o voto
aconteceram. No conflito morreram sete censitário e o afastamento das camadas
soldados e setenta revoltosos. Cerca de populares do processo político. Além
200 integrantes da revolta foram presos disso, acreditavam que a ordem política
pelas forças oficiais. Todos foram julgados e a unidade territorial só seriam
pelos tribunais. Os líderes foram preservadas na medida em que o poder
condenados a pena de morte. Os outros estivesse centralizado nas mãos do
revoltosos foram condenados a trabalhos monarca.
forçados, açoites e degredo (enviados para
a África). O cenário político regencial foi
O governo local, para evitar outras demarcado pela atuação política dos
revoltas do tipo, decretou leis proibindo liberais exaltados – também conhecidos
a circulação de muçulmanos no período como “jurujubas” e “farroupilhas”.
da noite bem como a prática de suas Geralmente integrado por homens livres
cerimônias religiosas. O termo “malê” é despossuídos, pequenos proprietários e
de origem africana (ioruba) e significa “o pequenos comerciantes, esse grupo
muçulmano” lutava pela descentralização do poder
político, pela ampliação do poder das
Cenário Político da Regência províncias, pela extinção do Poder
Moderador e pelo fim do caráter vitalício
Com o fim do Primeiro Reinado, a do cargo de Senador.
regência se instalou como uma forma
de governo provisório que deveria Com o passar do tempo, observamos
preservar a ordem imperial na medida que a hegemonia política dos liberais
em que esperava o alcance da maioridade moderados acabou dando origem à duas

79
outras facções: os liberais e produto teve pouca expressão em nossa
conservadores. Os liberais defendiam a economia. Contudo, a popularização de
realização de algumas concessões que seu consumo ao redor do mundo veio a
davam maior liberdade às instituições transformá-lo no mais novo sustentáculo
políticas províncias. Já os conservadores da economia agroexportadora. Enquanto
se agarravam ao discurso centralizador. isso, os produtos industrializados da
Por fim, vemos que a mesma origem Inglaterra exerciam o mais completo
social destes dois grupos determinava domínio do nosso mercado.
um cenário político quase único ao Brasil
Imperial. A falta de interesse em romper os
obstáculos que impediam a importação
Cenário Econômico da Regência do maquinário industrial e as pequenas
taxas concedidas à Inglaterra explica as
tímidas manifestações industriais neste
Durante as regências, muitas das cenário. No ano de 1840, último do
rebeliões acontecidas refletiam os período regencial, o Brasil gastava mais da
péssimos índices experimentados pela metade dos seus recursos com a
economia desse mesmo período. As importação de tecidos in gleses. Dessa
antigas oligarquias da região nordeste forma, podemos observar as limitações
começaram a perder sua posição que preservaram o país enquanto polo
hegemônica. Com isso, não só os grandes agroexportador.
proprietários, mas a população de
uma forma geral passou a sentir os O SEGUNDO REINADO
efeitos de um cenário visivelmente
desolador. O Golpe da Maioridade
Com tantas revoltas, o governo começou a
O Brasil, desprovido de qualquer projeto sofrer uma grande pressão para que Dom
de modernização de sua economia, mais Pedro II fosse transformado imperador do
exportava do que importava. Durante todo Brasil. Alguns políticos acreditavam que a
o período regencial, a necessidade de se chegada do novo imperador pudesse
contrair empréstimos com credores acalmar as revoltas que se espalhavam
internacionais era corrente. Ao invés de pelo país. Mesmo tendo apenas quinze
promover alguma ação que pudesse anos na época, muitos acreditavam que
romper com esta situação preocupante, os sua rigorosa formação escolar e seu bom
membros de nossa elite política preferiram desempenho nos estudos já davam
adiar tal possibilidade. condições para que ele governasse o país.
Foi então que, no ano de 1840, o período
O sustentáculo da nossa economia ainda regencial acabou com o “Golpe da Maior
se mantinha na exportação de gêneros idade”, nome pelo qual ficou conhecido o
agrícolas diversos. O açúcar tinha papel decreto que permitiu a chegada de Dom
de destaque entre os produtos Pedro II ao poder antes da época prevista.
exportados. Contudo, por conta da forte
concorrência do açúcar antilhano e do
Assim, interessados em ter maior
açúcar de beterraba europeu, o produto
participação política, os membros do
brasileiro era negociado a preços nada
partido liberal começaram a liderar um
satisfatórios. A exportação de algodão
movimento reivindicando a antecipação
também vivia uma situação semelhante.
da maioridade de Dom Pedro II. Mesmo
A concorrência imposta pelo algodão
jovem, o futuro imperador era popular e
produzido na América do Norte explicava a
decadência desta cultura na região detinha a positiva imagem de um jovem
nordeste. estudioso que se preparava longamente
para assumir o controle da nação.
Outros produtos, como o cacau, fumo, Dada e s s a s i t u a ç ã o , o s l i b e r a i s
arroz e couro, não tinham grande c o m e ç a r a m a d e f e n d e r a aprovação
expressão no desenvolvimento da de um projeto de lei que antecipasse o
economia ou também sofriam com a desenvolver do Segundo Reinado.
qualidade e o preço dos produtos
estrangeiros. Por conta das ações No ano de 1840, a mobilização dos
políticas desastrosas tomadas ainda nos liberais ganhou maior força com a
governos de organização do chamado Clube da
D. João VI e D. Pedro I, o Estado Maioridade, que passou a difundir de
brasileiro não tinha condições mínimas modo mais incisivo a chegada de D.
para esboçar alguma reação mais Pedro II ao trono. Não suportando as
significativa. pressões e as revoltas que tomavam
conta do país, os próprios partidários
A recuperação da economia brasileira da ala conservadora se mostravam
somente aconteceu com o crescimento simpáticos à execução dessa manobra
das lavouras de café. Inicialmente, o política. De tal modo, no dia 23 de julho
de 1840, com apenas 14 anos de idade,

80
D. Pedro II assumiu o Poder Executivo implantou vários incentivos como a
do país com aprovação da assembleia. Tarifa Alves Branco (1844) e Lei Eusébio
Nesse momento, o poder legislativo de Queiroz (1850). Além do mais também
decidiu aprovar o projeto que adiantava fez diversos investimentos como:
a chegada de Dom Pedro II à condição de fundição de ferro e bronze; construção
imperador do nosso país. de bondes e ferrovias; iluminação a gás;
implantação de estaleiros; telégrafo
Dessa forma o Império Brasileiro sofreu submarino; navegação a vapor e o Banco
uma importante transformação em sua Mauá & Cia, com filiais na Inglaterra, na
organização geral. Apesar de ter apenas Argentina, no Uruguai, em Paris e em
15 anos de idade, muitos acreditavam Nova Iorque. Contudo, com a edição de
que a boa educação e a notória uma nova tarifa alfandegária que reduzia
inteligência do jovem herdeiro já se as taxas sobre importação - Tarifa Silva
mostravam suficientes para que ele Ferraz (1865) houve a falência de Mauá.
assumisse essa posição antes que
atingisse a maioridade.
No ano de 1850, destacamos uma
importante lei sendo aprovada pelo
Em termos práticos, essa mudança não governo imperial brasileiro. A partir
estabeleceu transformações daquela data, a Lei Euzébio de Queiroz
significativas no cenário político determinava a proibição do tráfico negreiro
brasileiro de até então. Conservando os no país. Por essa lei, os grandes
pilares fundamentais da Constituição de proprietários não podiam importar
1824, D. Pedro II estabeleceu a escravos obtidos na África. Desse modo,
organização de artifícios que vemos que a lei incentivou a chegada de
distribuíram o poder político da época imigrantes europeus para que
entre liberais e conservadores. Vale trabalhassem de forma remunerada,
lembrar que, mesmo compondo principalmente nas crescentes fazendas de
diferentes partidos, liberais e café do nosso país.
conservadores tinham uma mesma
origem social abastada e partilhavam de
De fato, durante o Segundo Reinado, o
vários interesses em comum.
movimento contra a escravidão
proporcionou a aprovação de outras leis
Panorama Político, Econômico e Social
contra a exploração do trabalho escravo
no país. No ano de 1889, pela ação da
O seu governo foi o mais extenso de princesa Isabel, a escravidão foi
toda história política brasileira. Para finalmente abolida no país. Contudo, essa
muitos estudiosos, a estabilidade lei não teve a preocupação de dar
conseguida nessa época tem uma forte segurança para que os milhares de ex-
relação com o desenvolvimento da escravos tivessem condições de enfrentar
economia cafeeira no Brasil. As lavouras as várias dificuldades ligadas ao
de café cresceram muito nessa época, preconceito e à costumeira exploração da
principalmente pelo fato de que muitos força de trabalho dos negros.
países estrangeiros passavam a
consumir tal produto em quantidades No ano de 1864, o Brasil se envolveu no
crescentes. Ao longo desse tempo, o mais importante conflito militar de toda
café impulsionou a agricultura brasileira a nossa história. Naquele tempo,
e teve sua riqueza também vinculada ao buscando garantir seus interesses na
desenvolvimento do setor de transportes região da Bacia do Prata, o governo
e da industrialização. brasileiro declarou guerra contra o
Paraguai. Na época, o governo paraguaio
Devemos assinalar que a industrialização tinha interesses de expandir seu território
do país nessa época foi muito irregular, e, inclusive, de tomar parte do território
isso acontecia porque não havia uma nacional. Foi aqui que, com o apoio da
política muito bem organizada para que Argentina e do Paraguai, lutou com os
esse setor da economia brasileira fosse paraguaios por seis anos.
mais desenvolvido. A grande maioria dos
políticos brasileiros tinha vínculos com a Essa guerra foi vencida pelos brasileiros e
economia agrícola e, desse modo, foi importante para o fortalecimento do
acabavam deixando a expansão da Exército Brasileiro. A partir desse
economia nacional como um assunto de momento, os militares quiseram interferir
menor importância. nas questões políticas, se aproximaram
dos ideais republicanos e começam a
Era Mauá criticar o governo imperial do país. Nesse
tempo, abolicionistas e republicanos
Durante o Segundo Império esse foi um passavam a crescer em quantidade e as
período de grande surto industrial no críticas ao império tornavam-se cada vez
que viveu o País. O Barão e Visconde mais crescentes.
de Mauá (Irineu Evangelista de Souza)

81
Nesse período, o Brasil era a única assalariada no Brasil. Durante todo o
nação do continente americano que se Segundo Reinado essa questão se
organizava politicamente através de um arrastou e ficou presa ao decreto de leis
império. Para muitos, essa condição de pouco efeito prático.
colocava o Brasil como um país atrasado
e que não poderia superar vários dos Os abolicionistas, que associavam a
obstáculos que impediam o escravidão ao atraso do país, acabavam
desenvolvimento nacional. De tal modo, ao por também colocar o regime monárquico
longo da década de 1880, percebemos que junto a essa mesma ideia. É nesse
o império perdia sua força política. contexto que as ideias republicanas
ganham espaço. O Brasil, única nação
Não bastando tais posições contrárias ao americana monarquista, se transformou
império, temos nesse mesmo período um num palco de uma grande campanha
grave desentendimento entre Dom Pedro republicana apoiada por diferentes
II e a Igreja Católica no país. Seguindo setores da sociedade. A partir disso,
um decreto do papa, alguns bispos observamos a perda das bases políticas
brasileiros passaram a ordenar a expulsão que apoiavam Dom Pedro II. Até mesmo
dos católicos que tivessem algum tipo de os setores mais conservadores, com a
envolvimento com a maçonaria. O abrupta aprovação da Lei Áurea,
imperador, valendo- se de seus poderes, assinada pela princesa Isabel,
desacatou essa ordem e impediu que as começaram a ver a monarquia como um
expulsões acontecessem, já que ele regime incapaz de atender os seus
também era membro integrante da ordem interesses.
maçônica no Brasil.
A Igreja, setor de grande influência
Sendo assim, começaram a crescer os ideológica, também passou a engrossar a
ataques contra Dom Pedro II. Além de fila daqueles que maldiziam o poder
autoritário, passou a ser acusado de imperial. Tudo isso devido à crise nas
mantenedor de uma ordem política relações entre os clérigos e Dom Pedro II.
problemática e ineficiente. Não bastando Naquela época, de acordo com a
isso, quando a abolição aconteceu no ano constituição do país, a Igreja era
de 1888, nem os grandes proprietários de subordinada ao Estado por meio do
terras escravagistas continuaram a apoiar regime de padroado. Nesse regime, o
ele. Foi então que, no ano seguinte, um imperador tinha o poder de nomear
grupo de militares republicanos organizou padres bispos e cardeais.
o golpe que encerrou o governo imperial
brasileiro no dia 15 de novembro.
Em 1864, o Vaticano resolveu proibir a
O Declínio do Segundo Reinado existência de párocos ligados à
maçonaria. Valendo-se do regime do
padroado, Dom Pedro II, que era maçom,
A proclamação do regime republicano
desacatou a ordem papal e repudiou
brasileiro aconteceu em decorrência da
aqueles que seguiram as ordens do papa
crise do poder imperial, ascensão de
Pio IX. Mesmo anulando as punições
novas correntes de pensamento político e
dirigidas aos bispos fiéis ao papa, D.
interesse de determinados grupos sociais.
Pedro II foi declarado autoritário e infiel
Aos fins do Segundo Reinado, o governo
ao cristianismo.
de Dom Pedro II enfrentou esse quadro de
tensões responsável pela queda da
Ao mesmo tempo, alguns representantes
monarquia.
do poder militar do Brasil começaram a
Mesmo buscando uma posição política ganhar certa relevância política. Com a
conciliadora, Dom Pedro II não conseguia vitória na Guerra do Paraguai, o
intermediar os interesses confiantes dos oficialato alcançou prestígio e muitos
diferentes grupos sociais do país. A jovens de classes médias e populares
questão da escravidão era um dos passaram a ingressar no Exército. As
maiores campos dessa tensão político- instituições militares dessa época
ideológica. Os intelectuais, militares e os também foram influenciadas pelo
órgãos de imprensa defendiam a pensamento positivista, que defendia a
abolição como uma necessidade “ordem” como caminho indispensável
primordial dentro do processo de para o “progresso”. Desta forma, os
modernização socioeconômica do país. oficiais – que já se julgavam uma classe
desprestigiada pelo poder imperial –
Por um lado, os fazendeiros da compreendiam que o rigor e a
oligarquia nordestina e sulista faziam organização dos militares poderiam ser
oposição ao fim da escravidão e, no úteis na resolução dos problemas do
máximo, admitiam-na com a concessão país.
de indenizações do governo. De outro, os
cafeicultores do Oeste Paulista apoiavam Os militares passaram a se opor
a implementação da mão-de-obra

82
ferrenhamente a Dom Pedro II, chegando Marechal Deodoro, marcado em 15 de
a repudiar ordens imperiais e realizar novembro de 1889. O seu governo era
críticas ao governo nos meios de composto por alguns republicanos e
comunicação. Em 1873, foram criados liberais da monarquia, que aprovaram
o Partido Republicano e o Partido com uma grande facilidade o novo regime.
Republicano Paulista. Aproximando-se No governo de Deodoro ocorreram
dos militares insatisfeitos, os diversas situações de conflito e crises
republicanos organizaram o golpe de políticas, pois as suas medidas só visavam
Estado contra a monarquia. os interesses da classe média e da
burguesia. Essas medidas inseriam uma
Com tudo isso conclui-se que o fim do série de reformas na estrutura
governo de D. Pedro II foi marcado por institucional do Brasil. Todos esses
contestações ao regime imperial brasileiro conflitos geraram a demissão coletiva do
diante da campanha abolicionista, da Ministério.
campanha republicana, da questão
religiosa e da questão militar.
Assim, nos fins de 1889, sob fortes
suspeitas que Dom Pedro II iria retaliar O Encilhamento
os militares, o marechal Deodoro da
Fonseca mobilizou suas tropas, que
promoveram um cerco aos ministros Durante o governo provisório de Deodoro
imperiais e exigiram a deposição do rei. da Fonseca, o ministro da fazenda Rui
Em 15 de novembro daquele ano, o Barbosa, para desenvolver a
republicano José do Patrocínio oficializou industrialização no Brasil, acabou
a proclamação da República. buscando uma política diferenciada, que
tinha por base créditos livres nos
investimentos industriais, que eram
garantidos pela emissão de monetárias.
4. A ORGANIZAÇÃO A crise do encilhamento surgiu
através de boicotes sofridos por
POLÍTICA E ECONÔMICA empresas-fantasmas e inflações. Foi um
DA REPÚBLICA momento de grande confusão financeira,
ocorrendo até mesmo a desvalorização da
moeda, que causou um grande aumento
dos preços, e muitas empresas e bancos
O PERIODO REPUBLICANO pequenos entraram em falência. Apenas
os bancos maiores, é que continuaram
Período este que se estende da queda da fortalecidos. Os problemas desencadeados
monarquia ou Proclamação da República, pelo encilhamento foram em partes
em 1889, até a revolução de 1930, solucionados, apenas no governo de
conhecido também como a República Campos Sales.
velha. Divide-se em República da
Espada (1889- 1894), controlada por Constituição de 1891
militares, e República Oligárquica (1894-
1930), dominada pelos fazendeiros de a) Foi elaborada por uma Assembleia
café. Constituinte.
b) Estabeleceu como forma de governo
1. A REPÚBLICA DA ESPADA (1889- a República; como sistema de
1894) governo o Presidencialismo.
c) Sofreu forte influência dos Estados
E se entende de 1889 á 1894 é conhecido Unidos. O País passou a chamar-se
como República da Espada. Durante este República dos Estados Unidos do
período os governantes do Brasil foram Brasil.
os marechais Floriano Peixoto e Deodoro d) Transformou o Brasil em federação
da Fonseca. E mesmo eles sendo militares, composta de 20 estados autônomos.
o Exército brasileiro não tinha domínio e) Impôs o voto universal (direto) e
sobre o País, tinham apenas o dever de descoberto (aberto) para todos os
fortalecer os estabelecimentos cidadãos maiores de 21 anos. Não
republicanos, e condicionar as lideranças podiam votar analfabetos, mulheres,
políticas civis, que representavam as mendigos, praças de pré e religiosos
classes dominantes para assumirem o de ordem monástica.
poder.
f) Adotou a d i v i s ã o e m t r ê s
P o d e r e s : Executivo, L e g i s l a t i v o
Governo provisório de Deodoro (1889 a
e Judiciário.
1891)
g) Promoveu a separação entre a igreja
católica e o Estado.
Com a república recém-proclamada,
instituiu o governo provisório para o

83
Observação – O presidente da República inconstitucional, não respeitando as
era eleito para um mandato de 4 anos, “Disposições Transitórias” da
vedada a reeleição. Constituição, e permaneceu na
presidência.
A primeira eleição presidencial
Assim deixou acontecer uma enfurecida
A primeira eleição presidencial do Brasil oposição entre grupos civis e militares
aconteceu de forma indireta pelo deodoristas. Em 1892, o antiflorianismo
Congresso Constituinte, assim como cresceu entre as unidades do Exército e
manda a Constituição de 1891. Sendo da Marinha, que não admitiam o governo
que o presidente e vice-presidente ilícito. Houve também o Manifesto dos 13
eleitos assumiriam o mandato por 4 Generais, realizado por almirantes e
anos. generais, que exigiam imediatamente as
novas eleições. O marechal enfrentou
As votações não se restringiam apenas duas revoltas importantes, a Revolta
aos presidentes ou deputados, se Armada que aconteceu no Rio de
expandiam aos vice-presidentes, ou Janeiro e a Revolução Federalista, no
seja, o voto de presidente e vice- Rio Grande do Sul.
presidente não tinham vínculos. Como
O governo de Floriano desenvolveu
candidatos à presidência tivemos: o
uma política econômica e financeira
senador Prudente José de Morais e
voltada para a industrialização: tarifas
Barros e o chefe de governo provisório
protecionistas e facilidades de credito
marechal Manuel Deodoro da Fonseca. E
concedidas, porém acompanhadas de
para vice- presidente tivemos o
medidas para controlar a inflação e
almirante Eduardo Wandenkolk, e o
impedir a especulação.
marechal Floriano Peixoto. As eleições
se realizaram em 25 de fevereiro de
1891, com a vitória do marechal Deodoro A Revolução Federalista
como presidente, e do marechal Floriano
Peixoto como vice, sendo anunciados Foram batalhas que tiraram a vida de
pelo parlamentarista Antônio Eusébio. muita gente e que acabou se
transformando em uma guerra civil, que
O governo constitucional de Deodoro se estendeu de fevereiro de 1893 até
agosto de 1895. Esta revolução ocorreu
A presidência de Deodoro da Fonseca foi no Rio Grande do Sul, entre dois grupos
marcada por muitas crises, devido ao oligárquicos, que lutavam pelo poder
seu governo autoritário. O presidente político. Estes dois grupos eram:
estava em uma situação política federalistas (maragatos) e republicanos
complicada. Alguns grupos apoiavam (pica- paus).
Deodoro, como os governos estaduais, já
a grande maioria do Congresso Nacional Os federalistas, incriminados de pactuar
tinha uma forte oposição ao presidente. com a monarquia, defendiam um poder
Em 03 de fevereiro de 1891, a fase central forte, adotaram o parlamentarismo
constitucional do Marechal Deodoro da e instituíram um governo em Bagé
Fonseca é marcada por um golpe de (município do Rio Grande do Sul). Os
Estado, influenciando a opinião pública maragatos tinham como intuito libertar
que se opôs contra o presidente. Para Rio Grande do Sul, da chamada de tirania
impedir que uma guerra civil eclodisse de Júlio Prestes de Castilhos, eleito
no País, o almirante Custódio de Melo, presidente do estado. Já os castilhistas,
amotinou-se, exigindo a renuncia do como também eram chamados os
presidente. E em 23 de novembro de republicanos, dominavam a política rio-
1891, o marechal Deodoro da Fonseca grandense, baseados numa Constituição
renunciou a presidência, deixando seu positivista, e importunavam os federalistas.
cargo para seu vice Floriano Peixoto.
O presidente, não poderia ficar indiferente,
Com a renúncia de Deodoro da teria que apoiar alguém, e optou ficar ao
Fonseca, Floriano Peixoto assumiu a lado Júlio Prestes de Castilhos, deixando
presidência do País. Era apelidado de os federalistas ainda mais revoltados
“Marechal de ferro”, devido algumas com o seu mandato, fortalecendo o
atitudes firmes, e dita dora s tom a da s antiflorianismo. Em 1895, finalmente a
p or ele. Atentavam-se à seu governo paz foi estabelecida, com vitória dos
como ilícito, pois segundo a Constituição republicanos de Júlio Prestes de Castilho.
de 1981, se o presidente não Nesta época, o atual presidente do País
completasse a metade de seu mandato, era Prudente de Moraes.
o vice-presidente assumiria o cargo
provisoriamente por noventa dias, A Revolta da Armada (1893-1894)
quando seria convocada novas eleições.
Floriano Peixoto acabou agindo de forma Foi uma revolta que num primeiro

84
momento foi contra o governo do CARACTERISTICAS PRINCIPAIS
marechal Deodoro da Fonseca, e em
segundo estava em oposição à Ascenção das Oligarquias
permanência de Floriano Peixoto na Antes mesmo da republica a oligarquia
presidência. Após causar a renuncia do formada pelos proprietários do café
presidente Deodoro da Fonseca 1891, o paulista era a principal força econômica
almirante Custódio de Melo, armou uma da sociedade brasileira. Após a eleição
rebelião em 1893, contra o governo de de Prudente de Morais, essas oligarquias
Floriano Peixoto, tentando a sua renúncia, impuseram suas linhas de organização
alegando que seu mandato era ilegal. A ao governo, adotando medidas
rivalidade entre o Exército e a Marinha governamentais que protegiam os
ficou ainda mais acirrada. Assim, interesses a g r á r i o -exportadores dos
Exército prestou socorro ao governo, e a cafeicultores.
Marinha tinha o apoio dos navios da
armada e do Batalhão Naval. A Política dos Governadores

Nesta mesma época a Revolução Teve início no governo Campos Sales


Federalista estava acontecendo no Sul e (1898-1902). Consistia numa troca
os dois movimentos eram o anti- mútua de favores entre os
florianistas, sendo assim, ambos governadores estaduais e o Governo
acabaram se associando, e se fortalecendo Federal. Por acordo, ficou determinado
principalmente com a união do almirante que os grupos políticos que governavam
Saldanha da Gama. A Revolta da Armada os Estados dariam total apoio ao
foi reprimida pelos grupos florianistas. E Governo Federal, que, em troca, só
após governa por três anos conturbados, reconheceria a vitória dos deputados que
encarando a oposições e resistências em pertencessem ao grupo. Como
seu mandato, Floriano Peixoto fortaleceu consequência, formaram-se as
o novo regime, dando oportunidades para oligarquias estaduais. Os candidatos que
que os civis assumissem o governo. E não fizessem parte dessa política seriam
assim foram realizadas as eleições "degolados", ou seja, não seriam
presidenciais para escolher o sucessor de reconhecidos como vitoriosos.
Peixoto. O presidente eleito foi Prudente
de Moraes, candidato civil da burguesia O Coronelismo e o Voto de Cabresto
cafeeira, que assumiu a presidência em
1894, findando a República da Espada. Fenômeno social e político típico da
República Velha, caracterizado pelo
2. A REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS prestígio do político e por seu poder de
(1894 Á 1930) mando. O chefe político local ou regional
era maior ou menor de acordo com o
Quando Prudente de Moraes assumiu a número de votos por ele controlado. O
presidência do País, foi iniciado um novo coronel tinha um poder proporcional ao
período republicano, a República das número de eleitores que conseguisse
Oligarquias. A ação político- assegurar para os candidatos das
administrativa era baseada na oligarquias estaduais. A esse tipo de
existência das oligarquias estaduais. As voto, que forçava o eleitor a apoiar o
oligarquias mais influentes são as de candidato do coronel local, chamava-se
Minas Gerais e São Paulo, sendo assim, voto do cabresto. Os coronéis por sua
ambas é que controlavam o governo vez, recebiam favores pessoais das
federal. Mesmo assim, cada Unidade de oligarquias e consolidavam seu poder
Federação estava sob o domínio também nos municípios. Nessa época o
intransigente de sua oligarquia. sistema eleitoral era fraudulento, já que
O poder continuava nas mãos das o sistema eleitoral era depravado, pois
oligarquias formadas pelos grandes nesta época o voto não era secreto, os
proprietários rurais, mantendo caráter políticos e os eleitores não tinham
nenhum tipo de vínculo, e a ausência da
agrário, monocultor, latifundiário e
Justiça Eleitoral, facilitava a realização
exportador de nossa economia.
de fraudes pelas oligarquias, que
O país, consequentemente,
garantiam o domínio de seus candidatos
continuava subordinado
nas eleições.
economicamente aos Estudos Unidos
e às nações europeias.
A Política “Café Com Leite”
Neste período, os interesses dos grupos
A política do café com leite foi um
oligárquicos eram defendidos, assim o
programa nacional, realizado na
Estado federal e estadual foram
república velha por dois estados que se
colocados totalmente em função do
completavam; um era muito rico e
serviço agrícola, com predomínio da
importante em cultivo de café, já o outro
oligarquia cafeeira.
um dos maiores estados produtores de

85
leite, e que tinha o maior centro eleitoral, seus discursos de um cidadão que tem
sendo eles: São Paulo e Minas Gerais amor a sua pátria, entrando em defesa do
respectivamente. Essa política marcou serviço militar.
toda a República Velha, alternando
presidentes mineiros e paulistas no Em 1920 foi criada a primeira
poder. universidade pública do país a
Universidade do Rio de Janeiro. Em
A valorização do café - O café era o relação às escolas primarias, de acordo
produto mais importante da economia com a Constituição de 1891, a sua
do país. Mas no início da República, os organização deveria ser um dever dos
cafeicultores enfrentaram graves estados, mas isso não acontecia.
problemas, os custos do café caíram, Também existia a Escola Normal, que
deixando com que seus cultivadores não tinha como formação o “ensino
participassem dos lucros, ou tivessem pedagógico”, porém na sua grade
lucros pequenos. E como a política da curricular não estavam presentes
República Velha era dominada pelo setor disciplinas como Psicologia e Metodologia
cafeeiro, foi decidido que iria ser que são matérias especificas de um curso
implantado através de um aplano de de Pedagogia. Mesmo sendo uma área
governo a Política de Valorização do Café, que abrange para os dois sexos, nesta
para assegurar os benefícios dos escola a presença de mulheres era
cafeicultores. predominante, lá se formavam as moças
O governo federal era quem defendia os de classe média, ou como costumamos
chamar, jovens burguesas.
interesses dos cafeicultores, e assim
organizou a valorização do café pela
compra ou retenção dos remanescentes A literatura - Na literatura se destacava
da produção, contração de novos o pré-modernismo com alguns autores
empréstimos no exterior, mantendo os que falavam da realidade brasileira,
preços dos produtos por meio da mesmo com algumas influências
desvalorização da moeda brasileira, pois europeias. Os autores que tiveram grande
assim os produtos que eram importados, destaque juntamente a suas obras foram:
se tornavam mais caros.
‒ Euclides da C u n h a c o m O s
s e r t õ e s , q u e t r a t a v a , e m uma
linguagem jornalística, sobre a guerra
5. A VIDA INTELECTUAL, dos canudos;
POLÍTICA E ARTÍSTICA ‒ Lima Barreto, com sua obra Triste
DO SÉCULO XIX fim de Policarpo Quaresma, que se
referia à imagem do major Quaresma;
‒ Monteiro Lobato, com sua obra
Urupês, na qual criou o imortal o
A CULTURA BRASILEIRA NA
personagem Jeca Tatu.
REPÚBLICA VELHA
A década de 1920 foi marcada por um
Assim como na monarquia, durante a
movimento modernista brasileiro que se
República Velha a cultura continuou
rebelava contra o elitismo e o
sendo um direito exclusivo da elite. A
europeísmo. Mas foi em 1922, que o
educação costumava enfrentar diversos
modernismo atingiu o seu ponto
problemas, pois ainda não existiam
culminante, quando teve início a Semana
alguns dispositivos constitucionais que
de Arte Moderna de 1922 que
garantissem um projeto amplo e
aconteceu em São Paulo. Nesse evento,
sistemático de educação.
novos pintores, escritores e poetas
apareceram ao público expondo que o
Brasil tinha uma riqueza cultural própria
Os limites da educação
a ser conhecida e apreciada. Este
movimento tinha como objetivo a
A educação desse período acabou modernização da cultura, com base em
enfrentando alguns sérios problemas elementos naturais da nossa nação. Neste
devido à falta de ordem constitucional período podemos conhecer nomes
que deveriam garantir. Não havia um importantes como: Oswaldo de Andrade,
plano nacional de educação para cuidar Mário de Andrade e Manuel Bandeira.
deste assunto com maiores cuidados,
dando atenção para os seus muitos As artes Plásticas - As artes plásticas
níveis. Mesmo com tal situação na eram marcadas por algumas tendências
educação, existiam alguns intelectuais da da Europa, mas o que mais predominava
época que mostravam sua preocupação eram as características da França. Mas
em relação a esta questão, podemos logo sugiram dois novos estilos, que
citar aqui o exemplo de Olavo Bilac que vieram depois da guerra, o Art Nouveau
em meados de 1915 começou alguns de que tem como característica sua
ruptura com as tradições, e o

86
Nativismo. Mas esses movimentos futuros desfiles de escola samba.
aconteceram devido ao crescimento de
São Paulo, que vinha se expandindo no Nessa mesma época, vemos que o Brasil
setor urbano e industrial, com esse também recebeu um grande número de
crescimento e o advento de imigrantes imigrantes europeus que escapavam da
para São Paulo, o meio artístico miséria e das dificuldades impostas pela
entrava em contato com as tendências Primeira Guerra Mundial. Em geral,
europeias. esses imigrantes chegaram ao país com
o objetivo de ocupar vagas de trabalho
Música - Heitor Villa-Lobos com a nas indústrias que apareciam nas
música erudita é o compositor mais grandes cidades, tendo em vista que
ilustre fora do Brasil, fortalecendo a tinham experiência como operários em
linguagem musical com características sua terra natal.
brasileira. Dentre as suas obras
podemos destacar: “Bachianas Junto com o sonho de uma vida
Brasileiras”, “Cirandas”, “Choros” e melhor em terras brasileiras, esses
“Cirandas”. Viajando pelo Brasil, Villa- imigrantes europeus chegaram por aqui
Lobos usufruiu de elementos do também trazendo os valores políticos do
folclore, deixando um acervo musical pensamento comunista e anarquista. Em
bastante diversificado, que envolve várias situações, inconformados com as
todos os gêneros musicais. injustiças de nosso país, disseminavam
seus ideais de luta e contestação em
Durante a Semana de Arte Moderna, jornais e manifestações públicas.
tivemos várias discussões sobre os Chegaram ao ponto de organizarem
rumos que música brasileira deveria escolas populares, buscando educar
seguir e sobre o afastamento das seus filhos segundo seus ideais políticos.
influências europeias na música
brasileira. A partir daí, em 1928, Mário
de Andrade publicou um livro chamado No campo da literatura e das artes, vemos
“Ensaio Sobre a Música Brasileira”. que alguns integrantes de nossas e l i t e s
traziam a o contexto brasileiro as
questões estéticas empreendidas na
Durante a República Velha, o Brasil
Europa. Os chamados modernistas se
experimentava uma situação de
organizavam em círculos de discussão
mudança, transformação. O país
pensando a identidade própria de nossa
começava a abandonar suas
cultura. Estavam cansados do velho
características essencialmente rurais
hábito de se pensar que o Brasil só se
para então experimentar o crescimento
tornaria “culto” e “civilizado” ao imitar os
dos centros urbanos do país. No
valores que viesse de fora.
entanto, esse era só o começo da
mudança. A grande maioria da
população continuava sem instrução e o É desse modo que vemos as
debate cultural e artístico ainda ficava transformações experimentadas na época
recluso entre as elites econômicas. da República Velha. Muita coisa ainda
deveria mudar, a grande maioria da
população era analfabeta e as
Com o fim da escravidão, a República
manifestações de ordem popular nem
Velha foi marcada pela chegada de
sempre ganhavam prestígio. Por outro
muitos negros que saíram das antigas
lado, o debate sobre “a cara do Brasil”,
propriedades em busca de melhores
da sua cultura, começava a apontar
oportunidades. No Rio de Janeiro,
para outros rumos e possibilidades.
muitos deles se aglomeravam em
cortiços e bairros portuários,
A POLÍTICA EXTERNA DA REPÚBLICA
organizando comunidades em que, ao
VELHA
mesmo tempo em que se ajudavam,
também experimentavam de
A diplomacia brasileira da Republica Velha
manifestações artísticas diversas.
caracterizou perante alguns propósitos
gerais: o centro diplomático que ficava em
Do ponto de vista histórico, o samba, o Londres foi transferido para Washington,
maxixe e o choro ganhavam forma e os diplomatas brasileiros delimitaram as
possibilidade nessa época. Nas fronteiras brasileiras que estavam
chamadas casas das tias, vários negros desocupadas e eram tão contestadas, o
e outros elementos da sociedade urbana Brasil passou a ter uma participação mais
carioca se reuniam em festas que já representativa, se tornando um país ativo
ganhavam o nome de “samba” naquela mundialmente. O ministro das Relações
época. Nas datas festivas, os músicos Externas, José Maria da Silva Paranhos
populares saíam pelas ruas organizando Junior foi quem possibilitou essas
os chamados “cordões”, que indicavam mudanças, pois foi durante a sua
uma organização mais simples dos administração (1902-1912) que ocorreram

87
os principais momentos das relações Brasil e Argentina eram dois países que
exteriores. lutavam pelo pódio de maior potência da
América do Sul. O governo argentino
Reconhecimento da República considerava que os rios Iguaçu e
Chapecó eram a fronteira deles com o
Após quatro da Proclamação da República Brasil, então tentavam ocupar o
no Brasil, a Argentina foi o primeiro território de Palmas. A questão foi
país a reconhecer este novo regime. Já solucionada mediante o arbitramento do
nos países da Europa, foi maior a espera presidente dos Estados Unidos Grover
pelo reconhecimento, pois eles Clevand, com o Barão do Rio Branco na
aguardavam um Congresso Constituinte. defesa do Brasil. E conforme o árbitro, a
Então quando se oficializou publicamente fronteira entre os dois países ficou
a Constituição de 1891, os países da definida pelos rios Pepiri- Guaçu e Santo
Europa começaram a dar o Antonio, sendo assim a região de Palmas
reconhecimento ao governo brasileiro, permaneceu no poder do Brasil.
sendo que a França foi o primeiro país a
tornar isto um feito em meio a Europa, e a A questão do Amapá
Rússia foi o último país a dar seu devido
reconhecimento. O ano de 1895 foi marcado por grandes
conflitos entre o Brasil e a França.
Rompimento com Portugal Nesta época o governo francês queria
parte do território do Amapá, pois desde
Em 1894, ano em que estava o século XIX não reconhece o rio
acontecendo a Revolta Armada, Saldanha Oiapoque como a fronteira entre Amapá
da Gama embarcou junto com seus oficiais e Guiana. Novamente a questão foi
e marinheiros em um navio de guerra resolvida por arbitramento, desta vez
português, em direção ao Rio da Prata, pelo presidente do Conselho Federal
pois o governo de Portugal não aceitou Suíço, Walter Hauser. E mais uma vez
entregar os revoltosos para que fossem quem defendeu o Brasil foi o Barão do
devidamente julgados, isso causou o Rio Branco. A decisão tomada pelo
rompimento das relações diplomáticas árbitro também favoreceu o Brasil, pois
entre Brasil e Portugal, que só foi reatada o rio Oiapoque foi reconhecido como
somente quando Prudente de Morais fronteira entre Brasil e França, e isso
tomou o posse e começou a exercer seu assegurou ao Brasil o poder da região do
mandato em 1895. Amapá.

A relação Brasil - Estados Unidos A questão da ilha de Trindade

No final do século XIX, a união entre Em meados de 1895 a Inglaterra reparou


Brasil e Estados Unidos ficou ainda mais que a mais de um século não haviam
forte, pois o país norte-americano se habitantes na ilha de Trindade, então o
tornou o maior comprador de café, governo inglês resolveu povoá-la, mas o
borracha e até mesmo de cacau. Esses Brasil reivindicou seus direito, e
investimentos aumentaram protestou. Então a Inglaterra propôs
consideravelmente com a grande guerra, resolverem o assunto da ilha através de
ao passo que caía a supremacia econômica arbitramento, mas o Brasil se recusou a
e diplomática da Grã- Bretanha. Com o resolver desta maneira, todavia, resolveu
tempo, a união dos dois países, levou o aceitar a intervenção de Dom Carlos I,
Brasil a entrar numa ótima situação rei de Portugal, porque lá existiam
financeira, o que possibilitou a obtenção alguns documentos que provavam o
de produtos europeus, porém essa forte descobrimento da ilha pelos
relação consolidou ainda mais a portugueses. Desta vez o ministro João
dependência do Brasil com os Estados Artur de Sousa Correia e o Marquês
Unidos. Soveral defenderam o Brasil em Londres,
e em 1896 a Inglaterra se retirou da ilha
As Questões Limites de Trindade.

A questão Pirara
A monarquia brasileira deixou uma
herança problemática para o Brasil
Republicano, que foi a questão das Foi uma grande disputa pela região do
fronteiras. Tais questões só foram Pirara. Tudo começou quando a
definitivamente resolvidas através de Inglaterra ocupou a região que era
acordos diplomáticos, geralmente com fronteira da Guiana Inglesa. Com a
arbitramento internacional. chegada da Republica, a questão foi
solucionada através do arbitramento
A questão de Palmas ou das Missões pelo rei da Itália, Vitor Emanuel III.
Desta vez, a decisão foi favorável aos
ingleses. Sendo assim, a região foi

88
dividida entre o Brasil e a Guiana 1893, abrigava milhares de pessoas que
Inglesa. não encontravam lugar para trabalhar nos
latifúndios. A situação nordestina não
A Questão do Acre era nada fácil, tendo em vista os
seguintes fatores: milhares de pequenos
O Acre era um estado ocupado por proprietários perdiam suas propriedades
seringueiros, que trabalhavam na para os latifundiários, passando a viver na
extração da borracha. Mas essas terras completa miséria.
segundo o tratado de 1777 e 1867
pertenciam à Bolívia. Tudo se tornava Para piorar a situação, o clima e a falta de
mais complicado, quando em 1902, os chuva eram caóticos. Apareceu nesse
bolivianos começaram a expulsar os contexto Antônio Vicente Mendes Maciel,
seringueiros brasileiros de suas terras, o Antônio Conselheiro, que era de uma
sendo que a extração da borracha era família que também havia perdido suas
primordial para o Brasil. Foi então que terras, passou a liderar a comunidade de
sob o comando de Plácido de Castro, Belo Monte.
proclamaram o Estado independente do
Acre, fez isso pensando em trazê-lo ao Tratava-se de uma comunidade com
Brasil. Mesmo com as batalhas o Barão ideais igualitários, que vivia da criação
do Rio Branco começou a defender os de rebanhos e de pequenas colheitas,
interesses brasileiros como ministro das além do comércio. A divisão do trabalho,
relações exteriores, começou as das terras e das colheitas era feita de
negociatas que se resultou no Tratado maneira igualitária entre todos os
de Petrópolis. Então o Brasil recebeu o moradores de Canudos. Várias famílias,
Acre, e em troca cedeu à Bolívia uma de várias regiões, foram atraídas por essa
pequena área no estado de Mato Grosso, organização social.
uma quantia de 2 milhões de libras, e
construiu a famosa estrada de ferro Antônio Conselheiro exercia grande
Madeira-mamoré, assegurando que as influência religiosa por onde passava.
produções bolivianas escoassem pelo rio Suas pregações religiosas fizeram com que
Amazonas. muitas pessoas o seguissem até Canudos.
Só que essa influência religiosa, passou a
A EVOLUÇÃO POLITICA DA incomodar a Igreja Católica, que já havia
REPÚLBLICA OLIGÁRQUICA proibido Antônio Conselheiro de fazer
suas pregações em várias regiões. Além da
igreja, a fama que Canudos ganhava,
Prudente de Morais (1894 – 1898)
passou a desagradar muitos latifundiários
Prudente de Morais foi candidato a e comerciantes, que viam seus
presidência da república pelo partido trabalhadores abandonarem seus
PRF, que havia sido fundado pelo empregos para viver em Canudos.
paulista Francisco Glicério em 1893. Mas
venceu as eleições para presidente em 1º A situação veio a se agravar quando
de março de 1894, foi primeiro presidente Canudos passou a exigir do governo mais
civil a ser eleito na República Velha de terras para sua sobrevivência. Antônio
forma direta, mas só vem a tomar posse Conselheiro fez certas críticas ao governo,
em 15 de novembro, do mesmo ano. sendo por isso chamado de monarquista e
Enquanto esteve no governo, durante os antirrepublicano, piorando ainda mais a
seus quatro anos de mandato, ocorreram situação. Várias batalhas ocorreram entre
alguns problemas políticos em relação a a população de Canudos e os militares,
partidos políticos e a continuação da tendo a população pobre resistido por
Revolta Federalista, que estava muito tempo, porém em 1897, com o
acontecendo no Rio Grande do Sul em envio de 5 mil soldados para a região,
1893 á 1895. em menos de um mês destruíram por
completo a comunidade. A população de
A Guerra de Canudos 30 mil pessoas foi dizimada, sobreviveu,
aproximadamente, uma centena. Esta
Essa revolta ocorreu no Sertão da Bahia, revolta inspirou Euclides da Cunha a
no governo de Prudente de Morais e produzir a obra Os Sertões.
estava ligada às condições econômicas do
Nordeste, ao messianismo e ao misticismo Campos Sales (1898 a 1902)
religioso como saída para a miséria.
Tinha como líder o beato Antônio Manuel Ferraz de Campos Sales ou
Mendes Maciel, conhecido como Antônio apenas Campos Sales, como ficou mais
Conselheiro. O objetivo principal era a conhecido, era um advogado e Político. Foi
luta pela terra e pela criação de uma eleito presidente em 1898, sucedendo
comunidade igualitária. Prudente Morais, em tempos que a
economia do Brasil, se pautava em
Canudos era uma região que, desde exportação de borracha e café, produtos

89
que já não estavam indo tão bem quanto a) Acordo assinado no governo de
antes. O principal problema do País era a Rodrigues Alves (1902-1906).
desvalorização da moeda. Então ele b) As principais oligarquias reuniram-se
decidiu desenvolver a política dos em Taubaté (SP) a fim de tomar
governadores, e foi com essa nova decisões importantes sobre a
medida que ele conseguiu afastar os produção cafeeira.
militares do governo, e estabelecer a c) Participaram desta reunião os
república Oligárquica. Foi este político representantes de São Paulo, Minas
que também criou a política do café- Gerais e Rio de Janeiro.
com-leite, para garantir o poder político d) O Governo Federal deveria comprar a
das oligarquias. produção excedente de café,
realizando a estocagem desta
Estabeleceu um acordo da dívida externa
produção e se fosse preciso, a queima
com os banqueiros ingleses do grupo
dos estoques.
Rotschild, conhecido como Funding
e) Objetivo: valorizar o café, evitando a
Loan, estabelecendo o seguinte:
queda nos preços.
a) Suspensão do pagamento dos juros por
três anos.
b) Novo empréstimo no valor de 10 milhões Afonso Pena (1906 a 1909)
de libras esterlinas.
c) Treze anos para o Brasil iniciar a Afonso Augusto Moreira Pena foi
amortização. diplomado em Direito na faculdade de
d) Hipoteca do prédio da alfândega do Rio Direito de São Paulo, no ano de 1870.
de Janeiro e da estrada de ferro Central Mesmo sendo eleito pela política do café
do Brasil como garantia de pagamento. com leite, realizou um plano de governo,
e) Recolhimento e queima de uma que não foi apenas de encontro a
quantidade de moeda referente ao valor interesses regionais.
de empréstimo, a fim de baixar os índices
de inflação. Incentivava a imigração, tanto que foi
durante o seu governo que teve início a
Rodrigues Alves (1902 a 1906) imigração japonesa (1908). Contribuiu
para a criação de ferrovias, por uma
Francisco de Paula Rodrigues Alves foi expedição de Cândido Rondon, fez uma
um bacharel em letras, diplomado pela interligação do Amazonas ao Rio de
Faculdade de Direito de São Paulo. Era Janeiro, pelo fio telegráfico.
muito conhecido por ser um grande
empresário do ramo do café, um dos Em 1907 o Brasil participou da
mais bem sucedidos do País na época, Conferência de Paz de Haia, tendo sido
consideravelmente possuía a terceira representado por Rui Barbosa. Grande
maior fortuna do país. Durante seus orador defendeu os interesses das
quatro anos de mandato, Rodrigues nações exploradas e sua intervenção na
Alves teve a sorte de governar o Brasil na conferencia lhe valeu o titulo de Águia
época do surto da borracha, o que junto de Haia.
a empréstimos externo lhe propiciou
realizar grandes obras publicas, como a Afonso Pena procurou se privar dos
reforma urbana da cidade do Rio de problemas das tradicionais oligarquias,
Janeiro, a melhoraria das estradas de mais acabou enfrentando uma crise
ferro, e a reforma dos portos. pela sucessão. Em 1909, Afonso Pena
morre, deixando o cargo para o seu
A Revolta da Vacina sucessor Nilo Peçanha.

a) Marcou o governo Rodrigues Alves.


b) Ocorreu no Rio de Janeiro, em 1904.
c) Esteve ligada às condições de vida Nilo Peçanha (1909 a 1910)
da população: desemprego, péssimas
condições de moradia, saneamento,
Sua vida política começa quando ele é
fome, etc.
eleito para a Assembléia Constituinte do
d) Destaque para o sanitarista
ano de 1890. Foi senador e presidente do
Oswaldo Cruz, defensor das
estado do Rio de Janeiro, onde
campanhas de vacinação obrigatória.
permaneceu ocupando este cargo até
e) Foi instituída a Lei da Vacina (pivô
1906, quando foi eleito vice-presidente de
da revolta; o povo, de modo geral,
Afonso Pena. Em 1909, após a morte do
ficou contra a obrigatoriedade da
presidente Afonso Pena, Nilo Peçanha
vacinação instituída pela Lei da
assumiu o cargo. Durante o seu mandato,
Vacina).
desenvolveu o Serviço de Proteção aos
Índios (SPI), e restaurou o Ministério da
O Convênio de Taubaté (1906)
Agricultura, Indústria e Comércio, que
havia sido suprimido no tempo de

90
Floriano Peixoto. Quando seu mandato Cândido, conhecido como “Almirante
estava próximo de chegar ao fim, com o Negro".
rompimento da política do café-com-leite, c) Causas da revolta: Maus-tratos (surras
houve a primeira eleição competitiva da de chibata) que sofriam os marinheiros.
Republica Velha, que foi vencida pelo d) Os rebeldes, sob o comando do negro
marechal Hermes da Fonseca. João Candido, apoderaram- se de dois
navios de guerra da marinha: os
Marechal Hermes da Fonseca (1910 a encouraçados São Paulo e Minas Gerais.
1914) Eles exigiam o fim dos castigos corporais,
a melhoria nos soldos e redução da
Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, jornada de trabalho. Se as reivindicações
nome bem parecido com um de nossos não fossem atendidas, o Rio de Janeiro
primeiros presidentes, mas não é apenas seria bombardeado.
uma casualidade, ele era sobrinho de e) O governo fingiu que negociaria com os
Manuel Deodoro da Fonseca. Seu revoltosos, mas optou por sufocar o
mandato foi muito amotinado, e durante movimento, condenando o líder João
muitas vezes foi declarado estado de sítio Cândido à prisão. Durante o governo de
no País. Para interromper a Política dos Hermes da Fonseca, se destacou ainda a
Governadores, Hermes da Fonseca queda das exportações de café e
desenvolveu a Política das Salvações, borracha, determinando uma grave crise
fazendo intervenções militares, acabando econômica no país, e o Funding Loan,
com os grupos oligárquicos da oposição. que reestabeleceu um novo acordo da
dívida externa.
Política das Salvações
Venceslau Brás (1914 a 1918)
a) Movimento criado para acabar com a
influência de Pinheiro Machado na No dia 15 de novembro de 1914,
orientação do governo Hermes da Fonseca. Venceslau Brás assumiu o poder da
b) O objetivo era salvar o País do domínio presidência do Brasil. Através do Pacto
oligárquico e da desmoralização política. de Ouro Fino, promoveu a reconciliação
Na verdade, essa política não passou da de São Paulo e Minas Gerais. Também
derrubada das velhas oligarquias foi eleito pela política do café-com-leite,
estaduais, por meio de intervenções e logo que chegou ao poder precisou
militares e de sua substituição por novas combater a Guerra do Contestado. Além
oligarquias com o Poder Executivo disso, enfrentou também muitos
Federal. problemas políticos, crises estaduais e
manifestações militares. Seu mandato
Muitos levantes surgiram em contradição ficou marcado pela Primeira Guerra
com essa nova política, o que evidenciou Mundial, que ocorreu neste mesmo
o seu fracasso. O levante que mais se período, gerando no país uma série de
destacou foi a Revolta do Juazeiro: problemas econômicos, mas também
provocou um considerável avanço no
Revolta do Juazeiro setor industrial.

Guerra do Contestado (1912 - 1916)


a) Ocorreu no Ceará, no sertão do Cariri,
em 1914. Confronto armado entre as
oligarquias cearenses, dominadas pela Essa revolta teve início no governo
família Accioly, e o Governo Federal. O Hermes da Fonseca (1910 – 12) e foi
conflito originou-se da interferência do sufocada no governo Venceslau Brás
poder central na política estadual, nas (1914 – 1918) nos limites entre Paraná e
primeiras décadas do século XX. Santa Catarina. Tinha características
b) Foi liderada pelo padre Cícero e semelhantes à Guerra de Canudos:
apoiada pelos coronéis que protestavam religiosidade, misticismo, messianismo e
contra o interventor do Ceará, imposto luta pela terra e como principais lideres
os monges João e José Maria.
pelo presidente Hermes da Fonseca.
c) Prevaleceu, no fim do conflito, a vitória
dos sertanejos liderados pelo padre Delfim Moreira (1919)
Cícero. Os Accioly voltaram a comandar o
Ceará; o padre Cícero, a cidade de Na campanha eleitoral de sucessão a
Juazeiro. Venceslau Brás, Rodrigues Alves foi o
vitorioso e assumiria a presidência pela
Revolta da Chibata segunda vez, mas infelizmente, antes de
tomar posse, ele foi contaminado pela
gripe espanhola e veio a falecer. Sendo
a) Aconteceu no governo Hermes da assim, Delfim Moreira que havia sido
Fonseca. Revolta no Batalhão Naval, no eleito como vice-presidente assumiu a
Rio de Janeiro, 1910. presidência. Mas seu mandato foi curto,
b) Foi comandada pelo marinheiro João pois ele cumpriu o que manda o artigo 42

91
da Constituição de 1891: “Se no caso um instrumento para conter as revoltas
de vaga, por qualquer causa, da tenentistas e os movimentos operários.
Presidência ou Vice-Presidência, não
houverem ainda decorrido dois anos do Washington Luís desenvolveu uma politica
período presidencial, proceder-se-á a nova econômico-financeira. Este plano estava
eleição.” baseado na criação de uma Caixa de
Estabilização, a qual realizava a emissão
Epitácio Pessoa (1919 a 1922) de papel-moeda conforme os empréstimos
Em 28 de julho de 1919 Epitáfio Pessoa externos ou entrada de ouro. Esta medida
recebeu posse. Ele colocou os civis nos não teve um bom êxito. Em 1929, com a
ministérios militares, com o intuito de quebra da Bolsa de Nova Iorque, ocorreu a
desviá- los do setor politico, e com isso crise de 1929 que marcou o seu governo.
gerou um descontentamento geral por Esta crise afetou o setor cafeeiro,
parte dos militares que foram ás ruas deixando o preço do café lá embaixo.
para fazer manifestações. O plano
econômico-financeiro de seu governo, O governo de Washington Luís começou a
inicialmente era severo, pois as provocar um descontentamento, bem
despesas, emissões e o setor cafeeiro como a Republica Velha. E no fim de
eram delimitados. Mas com o passar do seu governo, todos os procedimentos mal
tempo, após a queda das exportações, o realizados se acumularam gerando no
governo passou a contratar empréstimos país uma arrebatada rebelião, a chamada
externos, realizar a emissão de papel- Revolução de 1930 que depôs Washington
moeda, e desenvolveu a Carteira de Luís da presidência e findou a República
Redescontos do Banco do Brasil, Velha.
colocando à disposição o crédito
bancário, e valorizando o setor cafeeiro.
A CRISE DA REPUBLICA VELHA E A
Durante o ano de 1922 houve a
REVOLUÇÃO DE 1930
Semana de Arte Moderna realizada por
intelectuais que contestavam a
mentalidade brasileira tradicional e A forma estrutural da república velha foi
exigiam uma discussão mais ampla de inteiramente marcada pelas oligarquias,
nossa realidade. os cafeicultores mais poderosos tinham
uma grande influência sobre o governo,
O antagonismo dos militares e o sempre favorecendo as produções de café.
descontentamento com o sistema Contudo, após a primeira guerra mundial
politico geraram uma série de revoltas as oligarquias brasileiras já não
que marcaram o fim do mandato de conseguiram manter o controle politico da
Epitáfio Pessoa, esses motins foram nação, o que acabou diferenciando a
chamados de Movimentos Tenentistas. economia brasileira, refletindo em
separações por classes sociais urbanas,
Artur Bernardes (1922 a 1926) como classe média e operariado. Diante
dessa situação as oligarquias já não
conseguia manter o controle politico da
A vitória de Artur Bernardes para a
nação.
presidência preservou o
descontentamento militar, assim o seu
governo sofreu com a oposição, sendo o A República, que deveria ser democrática,
mais sublevado durante toda a representativa e federativa, havia se
Republica Velha. Com isso, o presidente transformado, na prática, em uma
Artur Bernardes decretou imensa fazenda administrada em
constantemente estado de sítio. conformidade com os interesses político-
econômicos das oligarquias rurais.
Washington Luís (1926 a 1930) Durante a primeira guerra mundial as
dificuldades de importação facilitou o
crescimento de estabelecimentos
Em 15 de novembro de 1926 Washington industriais, principalmente no eixo Rio-
Luís tomou posse da presidência, ele que São Paulo. Com isso aumentou o
foi o último presidente da Republica contingente da população urbana. As
Velha. Aparentemente, acreditavam que o forças sociais cresciam e se manifestavam
governo de Washington Luís seria uma contrarias a politica oligárquica da
tranquilidade geral, pois o país tinha republica velha.
acabado de passar por um período
político conturbado. Com características Contudo, os fatores determinantes para a
de um politico conciliador, ele tirou o país
derrocada da Republica Velha, foram as
do estado de sítio, e mesmo concedendo a
divisões das oligarquias no interior do
liberdade aos presos civis e militares, não
bloco dominante. O longo predomínio das
decretou a anistia politica. Em 1927, foi
oligarquias paulista e mineira passou a
criada a Lei Celerada, uma lei
ser contestado de maneira frontal por
anticomunista usada pelo governo como
oligarquias de outras regiões,

92
notadamente Rio Grande do Sul, Bahia, Artur Bernardes. Nesse confronto
Pernambuco e Rio de Janeiro. desigual com as forças do governo, dos
18 jovens apenas 2 sobreviveram, os
O Movimento Tenentista tenentes Siqueira Campos e Eduardo
Gomes
Características – O custo de vida estava A Revolução De 1924 - São Paulo: a
mais alto, a população reivindicava por revolta de 1924 ocorreu em São Paulo
votos verdadeiros, que pudessem ser no dia 5 de julho com cerca de 1000
diretos e que fossem controlados pelo homens que se posicionaram em locais
Poder Judiciário. O tenentismo foi um estratégicos, com o objetivo de tirar do
nome usado pelo fato de alguns oficiais, poder o presidente Artur Bernardes.
sendo sua maioria tenentes do exército
Brasileiro, começarem um movimento
Mais uma vez o grupo de tenentes viu a
político militar, e algumas rebeliões que
derrota e rumaram em direção ao
ocorreram no inicio da década de 1920,
interior de São Paulo, e depois para o
requerendo reformas na política. Mas
oeste do Paraná, onde em 1925 a
tinham uma inspiração comunista,
coluna paulista encontrou-se com uma
queriam reformular a estrutura do poder
coluna revolucionária, que estava sob o
no país, colocando algumas idéias como,
comando de Luiz Carlos Prestes, vindo
a instituição do voto secreto, reformar o
do Rio Grande do Sul, um tenente que
ensino público, para que o comunismo
também estava em oposição à
acabasse tomando o poder.
administração política brasileira. Com a
Os participantes - Devemos considerar união dessas duas colunas surge a
o nível social dos militares da época, Colunas Prestes.
alguns tenentes eram da classe média, já
outros pertenciam as famílias mais A Coluna Prestes- 1924 / 1927: a
tradicionais, mas isso não é o bastante Coluna Prestes foi um movimento
para esclarecer o movimento tenentista, militar que visava mudar e reformular a
também precisamos levar em conta que política no Brasil, sua existência foi de
os tenentes pertenciam às Forças 1925 a 1927, e estava ligada ao
Armadas, uma fundação própria da tenentismo. Seus ideais principais eram:
sociedade, deixando o movimento com a o voto secreto e um ensino público com
idéia de proteção nacional, e que poderia qualidade. A coluna Prestes teve como
tirar proveito da via armada. Dentre os comandante principal Miguel Costa e de
tenentes que faziam parte do Luís Carlos Prestes.
movimento, destacamos Luís Carlos
Prestes. Esse movimento chegou a percorrer mais
a) Movimento da jovem oficialidade de 24.000 km do interior do país, onde
brasileira de contestação às falavam das reformas políticas e sociais,
apodrecidas instituições da ganhando assim a confiança de muitos
República Velha. para que pudessem combater o
b) Tinha caráter elitista; os jovens presidente Artur Bernardes e logo depois
oficiais preparavam-se na Escola Washington Luís.
Militar de Realengo, no Rio de
Janeiro. Acreditavam que o Foram exatamente 53 combates
caminho para salvar a pátria era iniciados pela Coluna Prestes, sendo
a tomada do poder. que em nenhum desses ela foi
c) Os tenentes indispuseram-se derrotada. Apesar disso, a coluna foi
com a alta oficialidade e um fracasso politicamente, o povo se
acusaram a cúpula do exército colocou em oposição ou indiferente ao
de estar a serviço das movimento. Todo esse fracasso
oligarquias dominantes. evidenciou que o tenentismo não tinha
d) Os tenentes, apesar da capacidade de conquistar o poder com
preocupação com a miséria as próprias mãos.
popular, não acreditavam que o
povo, despreparado, fosse capaz
de lutar pelos próprios
interesses. À frente da luta
6. A PRIMEIRA GUERRA
deveriam estar, portanto, os MUNDIAL E SEUS
jovens oficiais. EFEITOS NO BRASIL
As etapas do Tenentismo

Os “18 do Forte” de Copacabana, O BRASIL E A PRIMEIRA GUERRA


1922: em 5 de julho de 1922, 18 MUNDIAL
jovens se rebelaram contra a sucessão
presidencial, tentando evitar a posse de O Brasil na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) tinha uma posição

93
respaldada pela Convenção de Haia, Washington Luís, último presidente da
mantendo-se inicialmente neutro, República Velha, deveria indicar para a
buscando não restringir o mercado a presidência um representante político de
seus produtos de exportação, Minas Gerais. A escolha de um
principalmente o café. Foi o único país candidato mineiro a presidência não
latino-americano que participou da ocorreu. Washington Luís indicou como
Primeira Guerra Mundial. candidato outro paulista, Júlio Prestes,
atitude que selou o fim da Política do Café
Nessa época houve a primeira guerra com Leite. O governador de Minas Gerais,
mundial e a participação do Brasil Antônio Carlos, desapontado com
verificou-se através do fornecimento de Washington Luís pelo fato de ele não tê-
alimentos e matérias primas aos países lo indicado como candidato a presidência,
da Tríplice Aliança (Inglaterra, França e uniu-se aos políticos dos estados de
Rússia), além de ter colaborado no oposição a oligarquia cafeeira. Minas
policiamento do oceano atlântico. Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba
formaram a Aliança Liberal. Eles
No início da guerra, apesar de neutro, o escolheram o gaúcho Getúlio Vargas
Brasil enfrentava uma situação social e para concorrer as eleições presidências.
econômica complicada. A sua economia
era basicamente fundamentada na Realizadas as eleições, o candidato da
exportação de apenas um produto oligarquia cafeeira, como de costume,
agrícola, o café. Como este não era venceu as eleições presidenciais. Júlio
essencial, suas exportações (e as rendas Prestes foi o eleito. Mesmo vencido nas
alfandegárias, a principal fonte de eleições, a Aliança Liberal planejou um
recursos do governo) diminuíram com o golpe político. O assassinato de João
conflito. Isto se acentuou mais com o Pessoa, vice-presidente da candidatura
bloqueio alemão e, depois, com a de Vargas, foi o pretexto usado pela
proibição à importação de café feita pela oposição para dar início a revolta que
Inglaterra em 1917, que passou a culminaria com a Revolução de 1930.
considerar o espaço de carga nos navios
Tropas militares comandadas por Góes
necessário para produtos mais vitais, haja
Monteiro se rebelaram no Rio Grande
vista as grandes perdas causadas pelos
do Sul. Ao mesmo tempo o militar
afundamentos de navios mercantes pelos
Juarez Távora, nome ligado ao
alemães.
Movimento Tenentista, também
comandou tropas militares no nordeste
Os alemães, diante da superioridade
brasileiro. Os dois grupos rebeldes se
naval da Inglaterra, resolveram
uniram e foram em direção ao Rio de
empreender uma guerra submarina sem
Janeiro a fim de derrubar o governo de
restrições. Na noite de 3 de abril de
Washington Luís. Sem poder unir forças
1917, o navio brasileiro "Paraná" foi
contra o grande número de rebeldes,
atacado pelos submarinos alemães perto
Washington Luís saiu da presidência
de Barfleur, na França. O Brasil,
deposto em 24 de Setembro de 1930.
presidido por Wenceslau Brás, rompeu
Com a consumação da Revolução de
as relações com Berlim e revogou sua
1930, o Governo Brasileiro ficou nas
neutralidade na guerra. Novos navios
mãos de uma junta militar. No dia 3 de
brasileiros foram afundados. No dia 25 de
Novembro 1930, os militares entregaram
outubro, quando recebeu a notícia do
o poder a Getúlio Vargas. Uma vez
afundamento do navio "Macau", o Brasil
nomeado presidente do governo
declarou guerra à Alemanha. Enviou
provisório, Getúlio Vargas manteve-se
auxilio a esquadra inglesa no
no poder e governou o Brasil por um
policiamento do Atlântico e uma missão
período de 15 anos.
médica.

7. A REVOLUÇÃO DE 1930 8. O PERÍODO VARGAS

A Revolução de 1930 deu fim ao O governo de Getúlio Vargas na Nova


governo oligárquico da República Velha, República marcou o último período de
golpe político que colocou Getúlio sua longa carreira política. A Era
Vargas na presidência do Brasil. Vargas, ou Período Getulista durou de
1930 a 1945, um período de 15 anos em
O desentendimento entre os senhores do que Getúlio Vagas governou o Brasil.
poder da Republica das Oligarquias Iniciou-se com a consumação da
geraria um novo capítulo na política do Revolução de 1930 e terminou no
Brasil. Outro fator determinante para o mesmo ano do final da Segunda
fim do domínio politico da oligarquia Guerra Mundial. Os 15 anos da Era
cafeeira foi a crise econômica gerada pela Vargas pode ser dividida em 3 partes.
Quebra da Bolsa de Valores em 1929. São elas:

94
O Governo Provisório (1930 á 1934) Política de valorização do café
Ao ser nomeado chefe do governo
Governo Federal adota uma nova política
provisório, Getúlio Vargas fez uma
de valorização do café, diferente do
profunda mudança nos campos político e
Convênio de Taubaté, assinado em
econômico. Declarou extinta a
1906, no governo Rodrigues Alves. A
constituição de 1891 e afastou os
partir dos anos de 1930, o governo Vargas
governadores que pertenciam a
passa a intervir diretamente na produção.
Republica das Oligarquias. Os estados
O Estado comprava toda a produção
brasileiros passaram a ser governados
excedente de café e a destruía. Cerca de
por interventores escolhidos pelo
80 milhões de sacas de café foram
próprio Vargas e que eram na maioria
queimadas ou jogadas ao mar.
integrantes do Movimento Tenentista.
Eles tinham o objetivo conter os
A política trabalhista
possíveis levantes dos chefes locais que
imperavam na República Velha. No
setor econômico foram adotadas Logo que Getúlio Vargas assumiu o poder
medidas de proteção ao café, no ano de 1930, estavam acontecendo
desvalorizado em decorrência da Crise algumas manifestações por parte de
Econômica de 29. Buscando reerguer a muitos proletariados que queriam gozar
economia do Brasil, Getúlio Vargas de seus direitos e melhores condições
incentivou a criação de indústrias no para que pudessem trabalhar com
pais, acarretando um acelerado segurança e qualidade.
crescimento industrial.
Após muitas paralisações feitas pelos
Primeiras medidas de Getúlio Vargas trabalhadores, foram criadas as leis
trabalhistas, gerando o salário mínimo,
que só foi exibido de fato no Estado
a) Nomeação de interventores para
Novo. Mas as novas medidas atendiam
governar os Estados. Este cargo
algumas expectativas dos trabalhadores,
político foi cedido aos tenentes,
como férias anuais remuneradas, jornada
grupo da jovem oficialidade que
de trabalho de 8 horas diárias com direito
havia participado da revolução
a descanso semanal remunerado
de 1930 e, portanto, desejavam
(domingo), regulamentação do trabalho
participar do "bolo" do poder.
para menores de
Os governadores atuais dos
14 anos, para o trabalho feminino e para
Estados foram demitidos, com
o trabalho noturno, e instauração da
exceção do governador de Minas
carteira profissional de trabalho para
Gerais.
maiores de 16 anos com emprego fixo.
b) Criação do Ministério da
No entanto, as greves passaram a ser
Educação e Saúde.
proibidas, notícia essa que agradaria a
c) Criação do Ministério do
elite. Inteligentemente o governo passou a
Trabalho, da Indústria e do
controlar os sindicatos, sendo assim,
Comércio.
quem se opunha ao governo, tinha seu
d) Ao suspender a Constituição de
sindicato fechado, com essa medida os
1891 e fechar os órgão
trabalhadores apoiavam o governo de
Legislativos, Getúlio Vargas
Getúlio Vargas.
admitia o direito de exercer o
Poder Legislativo e o Poder
Movimento MMDC
Executivo, até quando uma
Assembléia Constituinte fosse
devidamente eleita. No dia 23 de maio de 1932, houve um
conflito envolvendo os rebeldes e as forças
Os interventores nomeados como do governo. Nesse confronto, morreram
governadores dos Estados obtinham quatro estudantes de cujo sobrenome
completamente os poderes e eram (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo)
responsáveis diante do Governo proveio essa sigla.
Provisório. O Código dos Interventores,
estabelecido em agosto de 1931 para A Revolução Constitucionalista – 1932
controlar a ação dos interventores,
impedia que os Estados contraíssem A partir desse momento, eclodiu em São
empréstimos sem o consentimento do Paulo a Revolução Constitucionalista, com
governo federal, e restringia a área de o apoio do Rio Grande do Sul,
ação dos Estados, o que impedia-os de Pernambuco, Minas Gerais, entre outros
entrar em competição com o Exército Estados do Nordeste.
nacional, além disso, os Estados eram
restringidos a realizar gastos com Apesar de todo esforço e preparação dos
serviços de Polícia Militar. Essa era revoltosos para a batalha fosse uma
também uma forma de centralizar o “grande guerra”, Getúlio Vargas bloqueou
poder. as fronteiras paulistas através das forças

95
policiais, batalhões provisórios e de forças ocorreram as eleições para presidente,
do Exército do Sul e do Norte, reprimindo que elegeu Getúlio Vargas, pelo período
os meios de comunicação e restringindo o de 1934 a 1938, pondo fim no governo
fornecimento de recursos para que provisório.
mantivessem a guerra.
Constituição de 1934
Nessas condições, a Revolução só
subsistiu por 3 meses, porém foi a) Elaborada por uma Assembléia
considerado uma dos maiores conflitos Constituinte.
militares do Brasil, deixando b) Inspirada na Constituição de
aproximadamente 800 mortos muitas Weimar (Alemanha).
mortes. Foi assim que no dia 02 de c) Eleições diretas: voto direto e
outubro de 1932, os paulistas resolvem se secreto para ambos os sexos
render. (maiores de 18 anos
alfabetizados).
O Governo Constitucional (1934 á 1937) d) Extinção do cargo de vice-
presidente da República.
A revolta paulista conhecida como e) Mandato presidencial de 4
Revolução Constitucionalista de 1932, anos, vedado o direito à
fez com que o Governo Vargas se reeleição.
apressasse na tarefa de elaborar uma f) Mandato classista.
nova constituição. Em 16 de Julho de g) Leis trabalhistas: jornada de
1934 foi criada a nova Constituição do trabalho de oito horas, descanso
Brasil. Através de uma eleição indireta, semanal obrigatório e
Getúlio Vargas continuou no poder remunerado, férias
brasileiro. A Constituição de 1934 ficou remuneradas, proteção ao
marcada por ter dado as mulheres trabalho da mulher e do menor,
brasileiras o direito de votar e por criar indenização por dispensa sem
as leis trabalhistas. No Governo justa causa, assistência e
Constitucional os partidos políticos do licença remunerada a gestantes.
Brasil seguiram as doutrinas políticas h) Nacionalização das riquezas
dos países europeus. Os dois principais minerais.
partidos políticos da época eram a AIB i) Eleição indireta do primeiro
(Ação Integralista Brasileira), partido presidente da República.
que defendia a pratica de uma política
totalitária no Brasil. Os Integralistas A polarização ideológica
defendia a criação de um governo
autoritário semelhante aos implantados Quando Getúlio Vargas tomou posse do
na Itália e Alemanha (Nazi- Fascismo). governo as coisas ainda não estavam
O líder deste partido era Plínio Salgado estabilizadas, existiam guerras regionais
e a ANL (Aliança Nacional e ameaças por todos os lados de políticos
Libertadora), partido político que de esquerda e da direita, tanto era o caos
defendia os ideais do Socialismo- que até mesmo as Forças Armadas
Marxismo. Os aliancistas espelhavam-se entravam em divergência. O Estado
principalmente no Partido Comunista da adotava uma política conservadora
União Soviética. Luís Carlos Prestes era relacionada aos operários e as chamadas
o principal líder dos Aliancistas. A camadas rurais.
Aliança Nacional Libertadora chegou a
promover uma revolta armada Plano Cohen (1937)
fracassada que ficou conhecida como
Intentona Comunista. O movimento
vermelho motivou o Governo Vargas a Forjado por militares integralistas
preparar um golpe de estado. liderados pelo capitão Olímpio Mourão
Filho. O plano ficou assim conhecido
porque fora assinado por um fictício
Mais detalhes comunista de nome Cohen. O plano era
falso, mas criou as condições para o
golpe que foi desfechado no dia 10 de
No dia 3 de maio de 1933 foram novembro de 1937. Serviu de pretexto
realizadas as eleições para a Assembléia para Getúlio Vargas implantar o Estado
Constituinte, que foi estabelecida em 15 Novo.
de novembro de 1933, tendo como
presidente Antônio Carlos Ribeiro de
O Estado Novo (1937 – 1945)
Andrade. A Assembléia Constituinte
organizaria uma nova Constituição
O Estado Novo foi um Governo
brasileira.
Ditatorial que durou até ao ano de
1945. Este governo assemelhava-se com
Em 16 de julho de 1934, foi promulgada
o governo fascista de Mussolini da
a Constituição do Brasil, e no dia 17

96
Itália. Assim como os nazifascistas, o ‒ Departamento de Imprensa e
Estado Novo perseguiu os comunistas. Propaganda (DIP): órgão responsável
pela censura, pela propaganda do
No Estado Novo o governo deu mais governo, pelo culto à pátria e pela
personificação do presidente Vargas.
importância a indústria, deixando de
Foi criado o programa de rádio Hora
lado a agricultura. Quando iniciou a
do Brasil para funcionar como
Segunda Guerra Mundial, o Brasil
instrumento de propaganda do governo
manteve-se neutro no conflito. No entanto,
Vargas.
quando os países do eixo declararam
guerra aos Estados Unidos, o Brasil teve
que apoiar os americanos já que o A eleição foi vencida pelo General Dutra
crescimento industrial do nosso país que foi eleito novo Presidente do Brasil.
naquele momento dependia de capitais Terminava assim os 15 anos de governo
norte-americanos. Em 1945 a guerra da Era Vargas.
chegava ao fim com os Países Aliados
vencendo os Países do Eixo. As nações No início da década 50, Getúlio Vargas
aliadas, defensoras da democracia, retornaria ao poder de forma legal. Ele
implantaram governos democráticos na havia sido eleito presidente pelo voto
Alemanha e Itália. direto.

Durante seu governo, incentivou-se a Características do Governo Vargas


industrialização, inclusive com a fundação
da Companhia Siderúrgica Nacional, foi • Vargas foi eleito pela coligação PTB
estabelecida uma legislação trabalhista, (Partido Trabalhista Brasileiro)
reorganizou-se o aparelho administrativo / PSP (Partido Social Progressista).
do Estado, com a criação de novos • Nacionalismo econômico: o
ministérios, e cuidou-se da previdência presidente Vargas iria permitir o
social, entre outros melhoramentos. capital estrangeiro no Brasil, mas não
admitia a desnacionalização da
‒ Elaborada por Francisco Campos, um economia.
dos idealizadores do Estado Novo. • Criação do Banco Nacional de
‒ Possuía características fascistas. Desenvolvimento Econômico (BNDE)
‒ Ficou conhecida como "Polaca", em 1952. Era o programa de
porque seu conteúdo mesclava investimentos do governo.
• Campanha "O Petróleo é Nosso":
elementos fascistas e poloneses.
slogan defendido pelo governo que não
‒ Garantia a Getúlio Vargas o poder de
admitia empresas estrangeiras
dissolver qualquer casa legislativa.
explorando o petróleo brasileiro. O
‒ Os governadores-interventores seriam
resultado foi favorável aos
nomeados pelo Governo Federal. nacionalistas. Estava criada a
‒ Dava ao presidente o controle das Petrobras, empresa estatal responsável
Forças Armadas. pela extração e refino do petróleo
‒ Garantia ao governo o direito de brasileiro.
invadir domicílios e violar o sigilo de • Petrobras: depois de muito atrito entre
correspondência. o governo e as forças conservadoras
‒ Pregava a extinção dos partidos apoiadas pelo capital estrangeiro, a
políticos, inclusive a Ação Integralista empresa foi criada com capital misto,
Brasileira (AIB), facção de extrema mas o Estado possuía a maioria das
direita. ações, sendo sócio majoritário.
‒ Suspendia as eleições em todo o
Território Nacional. • Projeto de remessa de lucros: visava
proibir as excessivas remessas de
lucros das empresas estrangeiras
Intentona Integralista (1938) instaladas aqui no Brasil para sua
matriz no exterior. Este projeto foi
Com a extinção da AIB, os integralistas vetado pelo Congresso Nacional, pois
planejaram a derrubada do governo e a a pressão dos grupos internacionais
morte de Getúlio Vargas. Esta revolta de foi forte.
direita não conseguiu alcançar seus • Política trabalhista: Vargas autoriza
objetivos. um aumento de 100% no salário
mínimo. Era proposta do ministro
do Trabalho João Goulart, que,
Órgãos Repressores (1938) futuramente (1961), ocuparia o cargo
de vice- presidente. Aumentar o
salário mínimo causou uma enorme
‒ Departamento Administrativo do revolta entre os empresários: eles se
Serviço Público (DASP): Órgão a que posicionaram contrários a essa
ficavam submetidos todos os serviços medida do governo.
públicos do Brasil.

97
A Industrialização na era Vargas 9. A SEGUNDA GUERRA
Apoiado na sua política nacionalista, o
MUNDIAL E SEUS
governo explorou as riquezas EFEITOS NO BRASIL
brasileiras, amparado em grupos
nacionais, contrariando os grupos
estrangeiros. Destaca-se, neste período a Para os Estados Unidos, a participação
extração mineral, a exportação de do Brasil na guerra ao lado dos aliados
minérios e a siderurgia. era fundamental, devido ao seu vasto
litoral e, especialmente, pela
Realizações do governo Vargas neste importância estratégica do Nordeste,
período: região apropriada para a instalação de
bases aéreas e navais. Em troca de
‒ Criação do Conselho Nacional de vultosos empréstimos, o Brasil declarou
Petróleo em 1938. No ano seguinte, guerra ao Eixo (Alemanha, Itália e
foi aberto o primeiro poço de Japão), prova de que o País não podia
petróleo em Lobato, na Bahia. viver sem os Estados Unidos.
‒ Construção da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) em 1941, Em junho de 1944, o Brasil passou a
empresa instalada em Volta participar efetivamente da guerra,
Redonda, Rio de Janeiro, para enviando a Força Expedicionária Brasileira
produção de aço. (FEB), cujo lema era "A cobra vai fumar"
‒ Criação da Companhia Vale do Rio e da Força Aérea Brasileira (FAB), cujo
Doce (CVRD) em 1942, com a meta lema era "Senta a pua". Sob o comando do
de cuidar da extração das riquezas general Zenóbio da Costa, as tropas
minerais. brasileiras enfrentaram sucessivas
‒ Criação da Companhia Nacional de derrotas. Sob o comando do general
Álcalis em 1943. Mascarenhas de Morais, em meados de
‒ Criação da Fábrica Nacional de Motores novembro de 1944, os pracinhas
em 1943. venceram várias batalhas; a mais célebre
‒ Criação da Companhia Hidroelétrica do foi a de Monte Castelo, na Itália.
São Francisco em 1945.
Medidas democráticas
Política trabalhista
Os acontecimentos obrigaram o presidente
A relação capital e trabalho ficou bem Getúlio Vargas a tomar uma série de
acentuada nesse período governista. medidas tidas como democráticas.
Nesse sentido, as principais medidas do
Governo ditatorial foram: ‒ Eleições presidenciais; para
governadores de Estado, para o
‒ Controle dos sindicatos: Os Congresso Nacional e para
sindicatos, que deveriam Assembleias Legislativas
defender os trabalhadores, não Estaduais (todas marcadas para 2
cumpriam sua função histórica, de dezembro de 1945).
comportando-se como ‒ Anistia política a centenas de presos
mecanismo a favor do governo. políticos, entre eles Luís Carlos
Estava oficializado o Prestes.
"peleguismo", ou seja, política de ‒ Livre organização partidária ao
"amaciamento" das massas Partido Comunista Brasileiro
trabalhadoras pelos burocratas (PCB), que vivia clandestinamente
sindicais (conhecidos como desde 1927.
pelegos) a serviço do governo e ‒ Organização de novos partidos
dos empresários. políticos. Destaques para a União
‒ Criação do salário mínimo Democrática Nacional (UDN),
(1940): O salário mínimo foi Partido Social Democrático (PSD) e
criado a partir de pesquisas o Partido Trabalhista Brasileiro
para averiguar o mínimo que (PTB).
uma família operária deveria
ganhar para atender às suas Durante o Estado Novo (1937 – 1945), o
necessidades elementares governo brasileiro viveu a instalação de
(alimentação, transporte, um regime ditatorial comandado por
habitação e vestuário), Getúlio Vargas. Nesse mesmo período, as
garantindo a sobrevivência de grandes potências mundiais entraram em
uma família de 4 pessoas. Na confronto na Segunda Guerra, onde
prática, a medida governamental observamos a cisão entre os países
só atendeu ao operário urbano, totalitários (Alemanha, Japão e Itália) e as
não beneficiando o trabalhador nações democráticas (Estados Unidos,
rural. França e Inglaterra). Ao longo do conflito,

98
cada um desses grupos em confronto trabalhistas. Com a criação da CLT
buscou apoio político-militar de outras (Códigos de Leis Trabalhistas), a
nações aliadas. jornada de trabalho foi diminuída e a
população não poderia receber um
Com relação à Segunda Guerra Mundial, salário menor que o permitido pelo
a situação do Brasil se mostrava governo, o Salário Mínimo.
completamente indefinida. Ao mesmo
tempo em que Vargas contraía Getúlio Vargas então visando a
empréstimos com os Estados Unidos, continuação de seu governo criou o
comandava um governo próximo aos Queremismo, movimento que buscava
ditames experimentados pelo totalitarismo a permanência de Vargas na
nazifascista. Dessa maneira, as Presidência da República. Os
autoridades norte-americanas viam com simpatizantes ao movimento saíam
preocupação a possibilidade de o Brasil gritando nas ruas "queremos Getúlio!". O
apoiar os nazistas cedendo pontos movimento fracassou e Getúlio teve que
estratégicos que poderiam, por exemplo, decretar um ato adicional que previa
garantir a vitória do Eixo no continente novas eleições presidenciais no país.
africano.
As forças conservadoras de oposição ao
A preocupação norte-americana, em governo Vargas estavam receosas
pouco tempo, proporcionou a Getúlio quanto à realização de tais eleições,
Vargas a liberação de um empréstimo de imaginando que, em se tratando de
20 milhões de dólares para a construção Getúlio Vargas, as medidas prometidas
da Usina de Volta Redonda. No ano não passavam de um mecanismo para
seguinte, os Estados Unidos entraram nos ganhar tempo e executar um quarto
campos de batalha da Segunda Guerra e, golpe, perpetuando o continuísmo no
com isso, pressionou politicamente para poder. Com o apoio das Forças
que o Brasil entrasse com suas tropas ao Armadas, a oposição invadiu o Palácio
seu lado. Pouco tempo depois, o Guanabara no dia 29 de outubro de
afundamento de navegações brasileiras 1945, forçando o presidente Getúlio
por submarinos alemães gerou vários Vargas a renunciar. Encerrava-se,
protestos contra as forças nazistas. assim, o Estado Novo, mais a politica
getulista teve continuidade.
Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou
guerra contra os italianos e alemães em No entanto, o velho ditador, deposto em
agosto de 1942. Politicamente, o país outubro de 1945, voltaria ao poder
buscava ampliar seu prestígio junto ao máximo da República somente nas
EUA e reforçar sua aliança política com os eleições presidenciais de 1950, para
militares. No ano de 1943, foi organizada alegria das massas trabalhadoras e
a Força Expedicionária Brasileira (FEB), tristeza da UDN e do capital
destacamento militar que lutava na estrangeiro.
Segunda Guerra Mundial. Somente quase
um ano depois as tropas começaram a
ser enviadas, inclusive com o auxílio da
Força Aérea Brasileira (FAB). 10. OS GOVERNOS
DEMOCRÁTICOS, OS
A principal ação militar brasileira GOVERNOS MILITARES E
aconteceu principalmente na organização
da campanha da Itália, onde os A NOVA REPÚBLICA
brasileiros foram para o combate ao lado
das forças estadunidenses. Nesse breve
período de tempo, mais de 25 mil OS GOVERNOS DEMOCRÁTICOS
soldados brasileiros foram enviados para
a Europa. Apesar de entrarem em O Populismo no Brasil
conflito com forças nazistas de segunda
linha, o desempenho da FEB e da FAB O Populismo no Brasil vai de 1945 a
foi considerado satisfatório, com a perda 1964, mais teve origem na revolução de
de 943 homens. 1930. Um Governo Populista é o tipo de
governo que o presidente é adorado pelo
Queremismo seu carisma e pelas suas ações
governamentais. O líder populista é
adorado principalmente pela população
Depois da guerra o Governo Ditatorial de baixa renda. A principal característica
de Getúlio Vargas passou a ser mal dos Governos Populistas era a
visto, já que o Brasil pertencia ao grupo expansão da indústria e da economia
dos aliados. Getúlio Vargas procurando capitalista.
popularidade para se manter no
governo, beneficiou os trabalhadores
brasileiros com suas reformas

99
O Governo Dutra contra Carlos Lacerda onde somente o
seu acompanhante, o Major da
Aeronáutica, Rubens Vaz, foi vitimado.
Logo após a renúncia de Getúlio Vargas,
o Governo Brasileiro ficou nas mãos do
O crime da Rua Toneleros foi um fato
Ministro do Supremo Tribunal Federal,
que aconteceu no dia 5 de agosto de
José Linhares. José Linhares convocou
1954, no qual houve a tentativa de
eleições para presidente no ultimo mês
assassinato ao político e jornalista Carlos
de 1945. Os candidatos que concorreram
Lacerda, que culminou com a morte do
à presidência foram: Eurico
major da Aeronáutica Rubens Florentino
Gaspar Dutra, ex-ministro de guerra
Vaz. A Aeronáutica instala inquérito, e o
durante o Estado Novo e Eduardo
resultado não agradou ao governo. A
Gomes, ex-ativista do Movimento
Aeronáutica pressiona, exigindo a
Tenentista.
renúncia de Getúlio Vargas. O Presidente
responde que não deixa o governo: “Se
Getúlio Vargas apontou Dutra para o
vêm para me depor, encontrarão meu
povo brasileiro, dizendo que ele seria
cadáver”.
seu sucessor. Gaspar Dutra graças ao
apoio de Vargas foi eleito pelo povo
Pressionado pelas classes conservadoras,
Presidente do Brasil. No Governo Dutra
e ameaçado de deposição por seus
foi promulgada uma nova constituição
generais, Vargas suicidou-se no dia 24
em substituição a criada em 1934. Foi
de agosto de 1954, com o desfechou de
liberado o Pluripartidarismo, dando a
um tiro no coração. Cumpria a promessa
liberdade de criação a novos partidos
de só deixar o palácio morto. Morria um
políticos. No entanto, dois anos depois o
dos mais controvertidos personagens da
governo brasileiro temendo o avanço do
História do Brasil. Deixou uma carta-
comunismo no país, declarou ilegal o
testamento acusando as forças
Partido Comunista.
conservadoras (a UDN e o capital
estrangeiro) de serem os grandes
A ação mais importante do Governo responsáveis por essa atitude. As “aves de
Dutra foi à criação do SALTE, plano rapina” (assim Getúlio se referia aos
social e econômico que integrava saúde sanguessugas que só pensavam em fazer
alimentação, transporte e educação. o jogo do capital estrangeiro).
"...Serenamente dou o primeiro passo no
caminho da eternidade e saio da vida para
Getúlio Vargas retorno ao poder entrar na História".

Getúlio Vargas, maior expoente do


populismo no Brasil, retornou ao poder
de forma legal, sucedendo o seu sucessor.
Eleito pelo voto direto, Getúlio tomou
posse em 31 de Janeiro 1951. A maior
realização do novo Governo Vargas, foi A Após a morte de Getúlio Vargas, quem
CRIAÇÃO DA PETROBRAS, empresa assumiu o governo foi o vice- presidente
estatal detentora da exploração e refino do Café Filho.
petróleo extraído do nosso território.

Vargas procurou continuar com suas Juscelino Kubitschek


políticas de massas, quase sempre
conseguindo conciliar os interesses de Em Janeiro de 1956 Juscelino Kubitschek
burgueses e operários. Getúlio Vargas era tomou posse da presidência do Brasil. Tal
um populista nato, pelo seu carisma foi posse não foi nem um pouco pacifica, pois
apelidado de Pai dos ricos e mãe dos a UDN posicionou-se contra a posse de
pobres. J.K. Somente com a proteção do exército e
que Juscelino pôde exercer o seu mandato.
Getúlio fazia um grande sucesso com o
povo, já com os partidos políticos não Juscelino Kubitschek mostrou ser um
podia se dizer o mesmo. A UDN, União presidente ambicioso. Seguindo a risca
Democrática Nacional, fazia grande seu lema de campanha: 50 anos em
oposição a Vargas pois achava que o cinco, Juscelino focou um
mesmo poderia dar novamente um golpe extraordinário desenvolvimento para o
político semelhante ao que deu origem ao Brasil.
Estado Novo. O Político Carlos Lacerda foi
o seu mais veemente adversário O PLANO DE METAS de J.K alavancou a
político.
produção industrial brasileira que cresceu
Os partidários de Getúlio sabendo das cerca de 80%. Queria ele também atingir
ações que Carlos Lacerda seria capaz de grandes metas em outras áreas como
fazer, decidiram atentar contra a vida dele. educação, alimentação, transportes e
Foi planejado um atentado mal sucedido energia.

100
que Jânio Quadros se saiu bem.
A maior façanha do Governo J.K foi a Buscou o aperfeiçoamento da
construção de Brasília, a nova capital do administração pública e procurou
Brasil. Brasília foi inaugurada em 21 Abril ajustar a balança comercial com mais
de 1960. exportações.

Com a ajuda do FMI iniciou uma política


Todas as grandes construções realizadas
anti inflacionária e as dívidas com os
no Governo Juscelino Kubitschek só
credores internacionais foram negociadas.
foram possíveis com o uso do capital
As medidas econômicas e financeiras
estrangeiro. Tais investimentos
tomadas por Jânio Quadros mostrou-se
aumentaram a dívida externa do país.
desastrosas pois as mesmas fez com que
A inflação cresceu como nunca havia
o salário dos trabalhadores fossem
acontecido
congelados e os burgueses perdessem a
facilidade de ser conseguir credito.
Sendo assim o seu governo, orientado
pelo PLANO DE METAS, CONSTRUIU-
As ações populistas já não eram tão
SE A NOVA CAPITAL, BRASÍLIA,
eficazes como antes. Os esforços feitos
inaugurada em 21 de
para a sociedade já não era mais viável
abril de 1960; foram abertas numerosas
devido a bola de dívidas criadas. Com o
estradas, ligando a capital às diversas
seu governo indo de mal a pior, Jânio
regiões do bpaís, entre as quais a Belém--
Quadros perdia apoio. Para piorar mais
Brasília; implantou-se a indústria
ainda, Jânio Quadros passou a ser mal
automobilística; e foi impulsionada a
visto também pelos setores
construção das grandes usinas
conservadores do governo.
hidrelétricas de Três Marias e Furnas. A
sucessão presidencial coube a Jânio
Buscando o aumento de relações
Quadros, apoiado pela UDN, que, após
comercias internacionais , o governo
sete meses de governo, renunciou.
reatou relações diplomáticas com o
governo da União Soviética, defensora
A subida de João Goulart ao poder
do comunismo no mundo. Jânio
contrariou as classes conservadoras e
Quadros passou a admirar figuras do
altos chefes militares. No início de seu
comunismo, tanto é que condecorou
governo, o Brasil viveu uma curta Che Guevara com a Grã-Cruz do
experiência parlamentarista, solução Cruzeiro do Sul.
encontrada para dar posse a Goulart.
Foi um período marcado por greves e
intensa agitação sindical. O presidente Sem apoio político, Jânio Quadros
terminou sendo deposto pelos militares, renunciou ao cargo de presidente em 25
com apoio da classe média, em 1964. de Agosto de 1961. Alegou ele que Forças
Ocultas o fizeram a tomar esta decisão.
O Governo Jânio Quadros Muitos historiadores políticos acreditam
que, na verdade Jânio Quadros queria
O candidato da UDN foi quem venceu as dar um Golpe de Estado. Como o seu vice,
eleições presidências de 1960. Jânio João Goulart, era visto como um
Quadros tornou-se o substituto de comunista, acreditava ele que o Congresso
Juscelino Kubitschek na presidência do jamais entregaria a João Goulart a
Brasil. presidência. Jânio Quadros pensou que o
Congresso e as Forças Armadas o forçaria
Com a chegada dos anos 60, a situação a continuar na presidência. Com isso ele
do trabalhador brasileiro não era a das continuaria como presidente, agora com
melhores. O salário mínimo já não os poderes fortalecidos.
supria as necessidades básicas da
população. Com o aumento da dívida O Governo João Goulart
externa, o Brasil passou por maus
bocados. Foi neste clima tenso que Jânio Com a renúncia de Jânio Quadros, a
Quadros foi eleito. Em sua campanha direção do Governo Brasileiro passou a
eleitoral Jânio Quadros dizia que iria ser exercido por João Goulart. Políticos
varrer a corrupção do Brasil e combater ligados as Forças Armadas se
a inflação. pronunciaram contra a posse de João
Goulart. Para resolver o impasse eles
A sua oratória surtiu efeito, pois o criaram o Parlamentarismo.
mesmo foi eleito com grande margem de
diferença de voto do segundo candidato. João Goulart tomou posse da presidência
Jânio Quadros até então foi o presidente mas com seus poderes limitados em
com maior votação da história brasileira. decorrência do Regime Parlamentarista.
O povo depositou grande esperanças no João Goulart sempre ocupou um cargo
Governo Jânio Quadros, mas o tiro saiu político nos governos populistas e por isso
pela culatra. No início de seu governo até tinha grande influência sobre os ministros

101
do governo. Valendo de sua influência, Marechal Castello Branco (1964/67)
João Goulart fez com que os ministros
aprovassem a criação de um referendo Foi eleito por vias indiretas, através do
que aprovaria ou não o regime
ato institucional nº 1, em 10 de abril de
parlamentar.
1964.
O Parlamentarismo foi reprovado e João
Em seu governo foi criado o Serviço
Goulart governou como desde o inicio de
Nacional de Informação (SNI). Seu
seu mandato deveria governar. O Governo
governo é marcado por uma enorme
João Goulart pois em pratica as
reforma administrativa, eleitoral,
Reformas de Base que buscava a
bancária, tributária, habitacional e
mudança do sistema agrário, tributário,
agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o
fiscal, educacional e etc.
Banco Central, Banco Nacional da
Habitação e o Instituto Nacional da
A oposição encarou as medidas políticas Previdência Social (INPS). Criou-se
de Jango como políticas de tendências também o Fundo de Garantia por
comunistas. Em 24 de Março de 1964,
Tempo de Serviço.
procurando dar um basta a política de
João Goulart, as Forças Armadas apoiada
Em outubro de 1965 foi assinado o ato
pela oposição deu um golpe de estado
institucional nº 2, ampliando o controle
que deu origem a uma Ditadura Militar
do Executivo sobre o Legislativo,
no Brasil.
extinguindo os partidos políticos –
inaugurando o bipartidarismo no Brasil.
De um lado o partido governista a
OS GOVERNOS MILITARES (1964 – 1985)
ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e,
de outro lado, a oposição, reunida no
MDB (Movimento Democrático
O Período da Ditadura Militar no Brasil Brasileiro). Este mesmo ato determinou
que as eleições para presidente seriam
O golpe militar de 1964 foi efetivado com o diretas.
objetivo de evitar a ameaça comunista. O
regime militar foi marcado pelas restrições Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato
aos direitos e garantias individuais e pelo
institucional nº 3 estabelecendo eleições
uso da violência aos opositores do regime.
indiretas para governador e para os
municípios considerados de “segurança
Os governos militares preocuparam-se nacional”, incluindo todas as capitais.
sobretudo com a segurança nacional. Em 1967, mediante o ato institucional
Editaram vários atos institucionais e nº 4, foi promulgado uma nova
complementares, promovendo Constituição. Nela mantinha-se o
modificações no funcionamento do princípio federativo e os princípios dos
Congresso e tomando medidas de caráter atos institucionais – eleições indiretas
econômico, financeiro e político. Os para presidente e governadores.
partidos políticos tradicionais foram
extintos, e criadas duas novas
A Constituição fortalecia os poderes
agremiações políticas, a Aliança
presidenciais, permitindo ao presidente
Renovadora Nacional (Arena) e o
decretar estado de sítio, efetivar
Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
intervenção federal nos Estados,
decretar recesso no Congresso Nacional,
Modelo político: caracterizado pelo
legislar por decretos e cassar ou
fortalecimento do Executivo que
suspender os direitos políticos. Antes de
marginalizou o Legislativo (através da
deixar a presidência, Castello Branco
cassação de mandatos) e interferiu nas
instituiu a Lei de Segurança Nacional,
decisões do Judiciário (como por exemplo
sendo um conjunto de normas que
a publicação dos atos institucionais); pela
regulamentava todas as atividades
centralização do poder, tornando o
sociais, estabelecendo severa punições
princípio federativa letra morta
aos transgressores.
constitucional; controle da estrutura
partidária, dos sindicatos e demais
Marechal Costa e Silva (1967/1969)
representações; pela censura aos meios
de comunicação e intensa repressão
Fazia parte da chamada “linha dura” –
política – os casos de tortura eram
setor do Exército que exigia medidas
sistemáticos.
mais enérgicas e repressivas para
manter a ordem social e política. Em
Modelo econômico: marcado pelo seu governo, no ano de 1967, formou-se
processo de concentração de rendas e a Frente Ampla, grupo de oposição ao
abertura externa da economia brasileira. regime militar – liderada por Carlos
Lacerda e JK. A Frente exigia a anistia
política, eleições diretas em todos os

102
níveis e a convocação de uma Assembleia em 1975. Ao lado da guerrilha rural,
Constituinte. desenvolveu-se também a guerrilha
urbana.
As agitações internacionais de 1968
tornou a esquerda mais radical, Seu principal organizador foi Carlos
defendendo a luta armada para a Marighella, líder da Aliança de
redemocratização do país. O movimento Libertação Nacional. Para combater a
estudantil crescia e exigia democracia. guerrilha urbana o governo federal
Da mesma forma, os grupos de direita sofisticou seu sistema de informação
também se radicalizavam. O assassinato com os DOI-CODI (Destacamento de
do estudante Edson Luís pela polícia, Operação e Informações-Centro de
na Guanabara, provocou um enorme Operações de Defesa Interna), que
ato de protesto – a passeata dos cem destruíram os grupos de guerrilha da
mil. Em dezembro de 1968, o deputado extrema esquerda. Os DOIs-CODIs tinham
pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um na tortura uma prática corriqueira.
pesado discurso e atacando as Forças
Armadas.
O MILAGRE ECONÔMICO
O ministro da Justiça, Gama e Silva,
procurou processar o deputado; porém o
Congresso garantiu a imunidade do Período do governo Médici de grande
parlamentar. Como resposta, Costa e crescimento econômico e dos projetos de
Silva decretou o ATO INSTITUCIONAL grandes impactos (como a
Nº 5 – o mais violento de todos. Pelo AI- Transamazônica e o Movimento Brasileiro
5 estabeleceu-se, entre outros: o de Alfabetização-MOBRAL), em razão do
fechamento do Legislativo pelo presidente ingresso maciço de capital estrangeiro.
da República, a suspensão dos direitos
políticos e garantias constitucionais, Houve uma expansão do crédito,
inclusive a do habeas-corpus; ampliando o padrão de consumo do país
intervenção federal nos estados e e gerando uma onda de ufanismo, como
municípios. no slogan “este é um país que vai pra
frente”. O regime utiliza este período de
Através do AI-5 as manifestações foram otimismo para ocultar a repressão
duramente reprimidas, provocando o política – aproveita-se inclusive das
fechamento total do regime militar. conquistas esportivas da década de 70,
Segundo o historiador Boris Fausto: “Um como o tricampeonato de futebol.
dos muitos aspectos trágicos do AI-5
consistiu no fato de que reforçou a tese O ideólogo do “milagre” foi o economista
dos grupos de luta armada.” Delfim Netto usando como atrativo ao
capital estrangeiro as baixas taxas de
General Médici (1969/1974) juros utilizadas no mercado internacional.
No entanto, a modernização e o
Período mais repressivo de todo regime crescimento econômico brasileiro não
militar, onde a tortura e repressão beneficiou as camadas pobres. No período
atingiram os extremos, bem como a do “milagre” as taxas de mortalidade
censura aos meios de comunicação. O infantil subiram e, segundo estimativas
pretexto foi a intensificação da luta do Banco Mundial, no ano de 1975 70
armada contra o regime. milhões de brasileiros eram desnutridos.

A luta armada no Brasil assumiu a forma General Ernesto Geisel (1974/79)


de guerra de guerrilha (influenciada pela
revolução cubana, pela guerra do Vietnã O governo Geisel iniciou um processo
e a revolução chinesa). Os focos de de abertura democrática, lenta e
guerrilha no Brasil foram: na serra do gradual, desembocando na anistia
Caparaó, em Minas Gerais – destruído política, que permitiu a volta ao país
pela rápida ação do governo federal; um de numerosos exilados. O presidente
outro foco foi no vale do Ribeira, em São Geisel tomou posse sob a promessa do
Paulo, chefiado pelo ex-capitão Carlos retorno ‘a democracia de forma “lenta,
Lamarca – foco também reprimido pelo gradual e segura”. Seu governo marca o
governo rapidamente. início do processo de abertura política.
Em seguida à anistia, veio o fim do
O principal foco guerrilheiro foi no bipartidarismo, e foram criados vários
Araguaia, no Pará. Seus participantes partidos políticos.
eram ligados ao Partido Comunista do
Em novembro de 1974 houve eleições
Brasil e conseguiram apoio da população
parlamentares e o resultado foi uma
local. O modelo teórico dos guerrilheiros
expressiva vitória do MDB. Preocupado
seguia as propostas de Mao Tsé-tung. O
com as eleições municipais, no dia 1Š
foco, descoberto em 1972, foi destruído
de julho de 1976 foi aprovada a Lei

103
Falcão, que estabelecia normas gerias bipartidarismo, forçando uma reforma
para a campanha eleitoral através do partidária. Desta reforma surgiram o PSD
sistema de radiodifusão: exibição da (Partido Social Democrático), herdeiro da
fotografia do candidato, sua legenda e antiga Arena; o PMDB (Partido do
seu número. Apresentação do nome e Movimento Democrático Brasileiro),
seu currículo. Semelhantes regras composto por políticos do antigo MDB; o
forçava o candidato a conquistar o voto PTB (Partido Trabalhista Brasileiro),
no contato direto com o eleitor. controlado por Ivete Vargas e formado
por setores da antiga ARENA; PDT
No dia 1º de abril de 1977, o presidente – (Partido Democrático Trabalhista),
utilizando o AI-5 – decretou o recesso do fundado por Leonel Brizola e PT (Partido
Congresso Nacional. Foi promulgando, dos Trabalhadores), com propostas
então, o pacote de abril, estabelecendo socialistas. Em 1983 a sociedade civil
mandato de seis anos para presidente da participou intensamente do movimento
República, manutenção das eleições das Diretas-já.
indiretas para governador, diminuição
da representação dos estados mais Em 1984 foi apresentada a Emenda
populosos no Congresso Nacional e Dante de Oliveira, que propunha o
criada a reserva de um terço das vagas restabelecimento das eleições diretas
do Senado para nomes indicados pelo para presidente da República. A emenda
governo (senador biônico). foi rejeitada pelo Congresso Nacional.

Embora a censura aos meios de No ano de 1985, em eleições pelo


comunicação tenha diminuído o regime Colégio Eleitoral, o candidato da
continuava fechada e a repressão oposição - Tancredo Neves derrotou o
existia. Como exemplo, a morte do candidato da situação – Paulo Maluf.
jornalista da TV Cultura, Vladimir Tancredo Neves não chegou a tomar
Herzog, nas dependências do DOI-CODI posse – devido a problemas de saúde
paulista (1975) e o “suicídio” do veio a falecer em 21 de abril de 1985.
operário Manuel Fiel Filho em 1976. O vice- presidente, José Sarney assumiu
a presidência, iniciando um período
O ano de 1977 foi muito agitado conhecido como Nova República.
politicamente – em razão da crise
mundial do petróleo – resultando em
cassações de mandatos e diversas A NOVA REPÚBLICA
manifestações estudantis em todo o
país. No ano de 1978 houve uma greve
de metalúrgicos no ABC paulista, sob a
liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula. Esse é um período da História Brasileira
No final de seu governo, Geisel revogou o que vai de 1985 até aos dias atuais. A
AI-5. Nova República é o período de nossa
história onde o Brasil passou a ser
verdadeiramente um país democrático.

Em 1985 Tancredo Neves foi eleito


General Figueiredo (1979/1985)
Presidente do Brasil pelo colégio eleitoral.
A escolha de Tancredo Neves como
Durante o governo de João Baptista
presidente deu um ponto final na
Figueiredo houve fortes pressões, da
ditadura militar. Na véspera de tomar
sociedade civil, que exigiam o retorno ao
posse do governo, Tancredo Neves
estado de direito, uma anistia política,
adoeceu, e dias depois, 21 de Abril de
justiça social e a convocação de uma
1985, venho a falecer.
Assembleia Constituinte.
José Sarney (1985-1990)
Em março de 1979, uma greve de
metalúrgicos no ABC paulista mobilizou
Com a morte de Tancredo Neves, o vice-
cerca de 180 mil manifestantes; em abril
presidente eleito, José Sarney, assumiu a
de 1981, uma nova greve, que mobilizou
presidência do Brasil. José Sarney
330 mil operários, por 41 dias. Neste
governou o Brasil espelhado na imagem
contexto é que se destaca o líder sindical
de Tancredo Neves. O ministério foi
Luís Inácio da Silva – Lula. A UNE
composto pelos mesmos ministros
reorganizou-se no ano de 1979 e, neste
escolhidos por Tancredo.
mesmo ano, o presidente Figueiredo
aprovou a Lei da Anistia – que
beneficiava exclusivamente os presos O Governo Sarney deu início a
políticos. Alguns exilados puderam voltar redemocratização do Brasil. Foi
ao país. estabelecido eleições diretas para os
cargos políticos. Também foi dado o
direito de votar aos analfabetos e foi
Ainda em 1979 foi extinto o

104
criada uma nova constituição. corrupção que tinha como principal
figura Paulo César Farias, tesoureiro da
A Constituição de 1988 é a mais campanha política de Collor. A
democrática que o Brasil já teve. No descoberta do Esquema PC Farias
campo político o país respirava com a atingiu em cheio a popularidade de
redemocratização mas, no campo Fernando Collor. Seus dias como
econômico os problemas continuaram. presidente estavam contados.
Buscando uma solução para a crise Demonstrando o seu descontentamento
econômica, em Fevereiro de 1986, o com o Governo Collor, boa parte da
Governo Sarney lançou um plano de população brasileira surpreendentemente
estabilização econômica, o Plano saiu às ruas para protestar. Queriam
Cruzado. eles a imediata renúncia de Collor.

A nova moeda, o Cruzado, tinha o valor Pressionados pelos Caras Pintadas, a


de mil Cruzeiro, antiga moeda. Pelo Plano Câmara dos Deputados instaurou uma
Cruzado ficou estabelecido o congelamento Comissão Parlamentar de Inquérito. Na
de preços e salários. Estas medidas CPI foram levantadas provas suficientes
econômicas não surtiram efeito pois a que comprovaram a participação de
inflação voltou a subir. Collor no Esquema PC. O Congresso
Nacional teve que se reunir para discutir
Com o fracasso do Plano Cruzado, outros a aprovação do Impeachment de
planos econômicos foram elaborados, foi Fernando Collor de Melo. Em 29 de
o caso do Plano Bresser e Plano Verão Dezembro de 1993 Fernando Collor
que criou o Cruzado Novo. O fracasso optou por renunciar a presidência
do plano econômico e a corrupção deixando o cargo para o seu vice, Itamar
generalizada contribuíram para polarizar Franco.
as preferências eleitorais em 1989 em
torno das candidaturas de Fernando Collor Itamar Franco (1993-1994)
de Mello, apoiado por poderosas forças
políticas, e Luís Inácio Lula da Silva, do Com a renúncia de Fernando Collor,
Partido dos Trabalhadores. Itamar Franco teve que assumir a
Presidência do Brasil. No Governo Itamar
Fernando Collor (1990-1993) Franco, foi encontrado uma solução
para a crise econômica que assolava o
Nas eleições de 1989, com o caos Brasil. Em Maio de 1993 Itamar Franco
econômico instalado no Brasil, a nomeou Fernando Henrique Cardoso
população optou por votar num candidato como Ministro da Fazenda. Fernando
que não fosse o indicado pelo governo Henrique Cardoso, a frente de um grupo
Sarney. de economistas, elaborou um bem
sucedido plano econômico, o Plano
O povo elegeu como Presidente do Brasil Real. A nova moeda, o Real, tornou-se
Fernando Collor de Mello. Em sua um sucesso. Com a nova moeda a
campanha política Collor afirmava que população teve um melhor poder
buscaria melhorias na condição de vida aquisitivo e seus salários não estavam
do povo brasileiro, chamado por ele de pés- mais sendo corroídos pela inflação.
descalços e descamisados.
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
Logo ao assumir a presidência, Collor
pois em pratica o Plano Brasil Novo, Foi dado a Fernando Henrique Cardoso
conhecido também como Plano Collor. O o credito pela elaboração do Plano Real.
Plano Collor em comparação aos planos A população confiava nele e por isso ele
tomados pelos governos anteriores, foi o sagrou-se como candidato vencedor nas
mais drástico. A moeda voltou a ser o eleições presidenciais de 1994. Fernando
cruzeiro que passou a ser circulado em Henrique tomou posse do Governo em 1
menor quantidade. As contas bancárias e de Janeiro de 1995. Ao final de 1998 foi
cadernetas de poupanças com saldo reeleito como presidente derrotando
superior a 50 mil cruzeiros foram novamente o candidato da oposição, Luís
bloqueadas. Inácio Lula da Silva.

Inicialmente, as medidas econômicas Além de se engajar na missão de manter


tomadas no Governo Collor até surtiram a inflação baixa, o Governo FHC optou
efeito, mas no andamento do governo a por privatizar as empresas estatais e
inflação voltou a subir. abrir economia brasileira para o
MERCOSUL.
Para piorar a situação do presidente
Collor, sua imagem ficaria suja devido
A nova política econômica adotada no
as denuncias de corrupção em seu
segundo mandato de Fernando Henrique
governo. Pedro Collor, irmão do
Cardoso, fez com que o Brasil recorresse
presidente, denunciou um esquema de

105
ao FMI o que gerou a desvalorização do reuniam em festas que já ganhavam o
Real. nome de “samba” naquela época. Nas
datas festivas, os músicos populares
Luís Inácio Lula da Silva (2002-2010) saíam pelas ruas organizando os
chamados “cordões”, que indicavam uma
Em 27 de outubro de 2002, Luiz Inácio organização mais simples dos futuros
Lula da Silva é eleito Presidente da desfiles de escola samba.
República Federativa do Brasil com
quase 53 milhões de votos, e, em 29 de Nessa mesma época, vemos que o Brasil
outubro de 2006 é reeleito com mais de também recebeu um grande número de
58 milhões de votos (60,83% dos votos imigrantes europeus que escapavam da
válidos). miséria e das dificuldades impostas pela
Primeira Guerra Mundial. Em geral,
Dilma Rousseff (2010-2012) esses imigrantes chegaram ao país com o
objetivo de ocupar vagas de trabalho nas
No dia 31 de outubro de 2010, Dilma indústrias que apareciam nas grandes
cidades, tendo em vista que tinham
Rousseff foi eleita presidente do Brasil,
experiência como operários em sua terra
cargo a ser ocupado pela primeira vez na
natal.
história do país por uma mulher. Dilma
Rousseff obteve 55.752.529 votos, que
contabilizaram 56,05% do total de votos Junto com o sonho de uma vida melhor
válidos. Em seu pronunciamento oficial em terras brasileiras, esses imigrantes
após vencer as eleições disse: “Vou fazer europeus chegaram por aqui também
um governo comprometido com a trazendo os valores políticos do
erradicação da miséria e dar pensamento comunista e anarquista. Em
oportunidades para todos os brasileiros e várias situações, inconformados com as
brasileiras. Mas, humildemente, faço um injustiças de nosso país, disseminavam
chamado à nação, aos empresários, seus ideais de luta e contestação em
trabalhadores, imprensa, pessoas de bem jornais e manifestações públicas.
do país para que me ajudem.” Chegaram ao ponto de organizarem
escolas populares, buscando educar seus
filhos segundo seus ideais políticos.
11. A CULTURA DO BRASIL
No campo da literatura e das artes,
REPUBLICANO: ARTE E vemos que alguns integrantes de nossas
LITERATURA elites traziam ao contexto brasileiro as
questões estéticas empreendidas na
Europa. Os chamados modernistas se
Durante a República Velha, o Brasil organizavam em círculos de discussão
experimentava uma situação de pensando a identidade própria de nossa
mudança, transformação. O país cultura. Estavam cansados do velho
começava a abandonar suas hábito de se pensar que o Brasil só se
características essencialmente rurais para tornaria “culto” e “civilizado” ao imitar os
então experimentar o crescimento dos valores que viesse de fora.
centros urbanos do país. No entanto,
esse era só o começo da mudança. A O resultado de toda essa discussão foi a
grande maioria da população continuava Semana de Arte Moderna de 1922,
sem instrução e o debate cultural e ocorrida na cidade de São Paulo. Nesse
artístico ainda ficava recluso entre as evento, novos pintores, escritores e
elites econômicas. poetas apareceram ao público expondo
que o Brasil tinha uma riqueza cultural
Com o fim da escravidão, a República própria a ser conhecida e apreciada. Em
Velha foi marcada pela chegada de termos históricos, o evento indicava que
muitos negros que saíram das antigas o Brasil não poderia ser mais entendido
propriedades em busca de melhores pelos valores da Europa ou como um
oportunidades. No Rio de Janeiro, muitos simples celeiro produtor de grãos para o
deles se aglomeravam em cortiços e mundo.
bairros portuários, organizando
comunidades em que, ao mesmo tempo É desse modo que vemos as
em que se ajudavam, também transformações experimentadas na época
experimentavam de manifestações da República Velha. Muita coisa ainda
artísticas diversas. deveria mudar, a grande maioria da
população era analfabeta e as
Do ponto de vista histórico, o samba, o manifestações de ordem popular nem
maxixe e o choro ganhavam forma e sempre ganhavam prestígio. Por outro
possibilidade nessa época. Nas chamadas lado, o debate sobre “a cara do Brasil”,
casas das tias, vários negros e outros da sua cultura, começava a apontar
elementos da sociedade urbana carioca se para outros rumos e possibilidades.

106
mais rico do Brasil. Sua cultura
12. HISTÓRIA DA BAHIA (música, ritmos, culinária, etc.) carrega
muito de sua história.

A história da Bahia se confunde com a Independência da Bahia


história do Brasil, pois foi nessa região
que, em 22 de abril de 1500, o A declaração de independência feita
português Pedro Álvares Cabral avistou por Dom Pedro I, em sete de setembro
as terras, onde hoje se encontra a de 1822, deu início a uma série de
cidade de Porto Seguro, dando inicio a conflitos entre governos e tropas locais
colonização europeia na América do Sul. ainda fiéis ao governo português e as
forças que apoiavam nosso novo
Em 1534 a região começou a ser imperador. Na Bahia, o fim do domínio
povoada. A presença dos jesuítas foi lusitano já se fez presente no ano de
marcante na história da região. A 1798, ano em que aconteceram as lutas
cidade de Salvador foi fundada em da Conjuração Baiana.
1549, pelo governador geral Tomé de
Souza. Salvador foi a primeira capital No ano de 1821, as notícias da
do Brasil. A partir de 1573, dividiu esse Revolução do Porto reavivaram as
título com a cidade de Rio de Janeiro, esperanças autonomistas em Salvador.
pois a coroa portuguesa resolveu Os grupos favoráveis ao fim da
estabelecer dois governos no país: o do colonização enxergavam na
Norte, cuja capital era Salvador, e o do transformação liberal lusitana um
Sul, cuja capital era o Rio de Janeiro. importante passo para que o Brasil
Essa divisão permaneceu até 1763, atingisse sua independência. No
quando o Rio de Janeiro passou a ser a entanto, os liberais de Portugal
única capital do país. restringiam a onda mudancista ao
Estado português, defendendo a
Em 1587 a cidade de Salvador foi reafirmação dos laços coloniais.
atacada por piratas ingleses, sem
As relações entre portugueses e
sucesso. Em 1612 foi a vez dos corsários
brasileiros começaram a se acirrar,
franceses tentarem a invasão, também
promovendo uma verdadeira cisão entre
sem sucesso.
esses dois grupos presentes em Salvador.
Meses antes da independência, grupos
Nos últimos dias de 1599 foi a vez dos
políticos se articulavam pró e contra essa
holandeses atentarem contra a região.
mesma questão. No dia 11 de fevereiro de
As defesas conseguiram impedir o
1822, uma nova junta de governo
desembarque dos holandeses, enquanto
administrada pelo Brigadeiro Inácio Luís
foram levantados Fortes para aumentar
Madeira de Melo deu vazão às disputas,
a segurança. Porém, em 14 de abril de
já que o novo governador da cidade se
1624, as defesas sucumbiram, e a
declarava fiel a Portugal.
esquadra holandesa, formada por
aproximadamente 3600 homens,
saqueou a cidade de Salvador. Utilizando autoritariamente as tropas a
seu dispor, Madeira de Melo resolveu
inspecionar as infantarias, de maioria
Em 22 de março de 1625 chegou a
brasileira, no intuito de reafirmar sua
região uma esquadra portuguesa,
autoridade. A atitude tomada deu início
composta por 52 navios de guerra, entre
aos primeiros conflitos, que se iniciaram
outras embarcações, trazendo um
no dia 19 de fevereiro de 1822, nas
exército de mais de 12 mil homens. Em
proximidades do Forte de São Pedro. Em
30 de abril do mesmo ano os
pouco tempo, as lutas se alastraram
holandeses concordam em desocupar a
para as imediações da cidade de
região. Os holandeses voltaram a
Salvador. Mercês, Praça da Piedade e
ameaçar a região por diversas vezes: em
Campo da Pólvora se tornaram os
1640, 1647 e 1654.
principais palcos da guerra.
A Bahia também foi cenário de outras
disputas, como a Conjuração Baiana, Nessa primeira onda de confrontos, as
ou Revolta dos Alfaiates (que propôs a tropas lusitanas não só enfrentaram
formação da Republica Baiense, em militares nativos, bem como invadiram
1798), a Revolta dos Malês (uma casas e atacaram civis. O mais marcante
revolta de escravos africanos islâmicos, episódio de desmando ocorreu quando
em 1834), a Guerra de Canudos um grupo português invadiu o Convento
(confronto entre o exército republicano da Lapa e assassinou a abadessa Sóror
e os sertanejos comandados por Antonio Joana Angélica, considerada a primeira
Conselheiro, em 1897-1897). mártir do levante baiano. Mesmo com a
derrota nativista, a oposição ao governo
de Madeira de Melo aumentava.
Atualmente, a Bahia é o sexto estado

107
Durante as festividades ocorridas na revolução de Canudos ou insurreição
procissão de São José, de 21 de março de Canudos, foi o confronto entre um
de 1822, grupos nativistas atiraram movimento popular de fundo sócio
pedras contra os representantes do religioso e o Exército da República, que
poderio português. Além disso, um jornal durou de 1896 a 1897, na então
chamado “Constitucional” pregava comunidade de Canudos, no interior do
oposição sistemática ao pacto colonial e estado da Bahia, no Brasil.
defendia a total soberania política local.
Em contrapartida, novas forças O episódio foi fruto de uma série de
subordinadas a Madeira de Melo fatores como a grave crise econômica e
chegavam a Salvador, instigando a social em que encontrava a região à
debandada de parte da população local. época, historicamente caracterizada pela
presença de latifúndios improdutivos,
Tomando outros centros urbanos do situação essa agravada pela ocorrência
interior, o movimento separatista de secas cíclicas, de desemprego
ganhou força nas vilas de São Francisco crônico; pela crença numa salvação
e Cachoeira. Ciente destes outros focos milagrosa que pouparia os humildes
de resistência, Madeiro de Melo enviou habitantes do sertão dos flagelos do
tropas para Cachoeira. A chegada das clima e da exclusão econômica e social.
tropas incentivou os líderes políticos
locais a mobilizarem a população a favor Inicialmente, em Canudos, os
do reconhecimento do príncipe regente sertanejos não contestavam o regime
Dom Pedro I. Tal medida verificaria qual a republicano recém-adotado no país;
postura dos populares em relação às houve apenas mobilizações esporádicas
autoridades lusitanas recém-chegadas. contra a municipalização da cobrança de
impostos. A imprensa, o clero e os
O apoio popular a Dom Pedro I significou latifundiários da região incomodaram-se
uma afronta à autoridade de Madeira de com uma nova cidade independente e
Melo, que mais uma vez respondeu com com a constante migração de pessoas e
armas ao desejo da população local. Os valores para aquele novo local passaram
brasileiros, inconformados com a violência a acusá-los disso, ganhando, desse
do governador, proclamaram a formação modo, o apoio da opinião pública do
de uma Junta Conciliatória e de Defesa país para justificar a guerra movida
instituída com o objetivo de lutar contra o contra o arraial de Canudos e os seus
poderio lusitano. Os conflitos se habitantes.
iniciaram em Cachoeira, tomaram outras
cidades do Recôncavo Baiano e também Aos poucos, construiu-se em torno de
atingiram a capital Salvador. Antônio Conselheiro e seus adeptos
uma imagem equivocada de que todos
As ações dos revoltosos ganharam maior eram "perigosos monarquistas" a serviço
articulação com a criação de um novo de potências estrangeiras, querendo
governo comandado por Miguel Calmon restaurar no país o regime imperial,
do Pin e Almeida. Enquanto as forças devido, entre outros ao fato de o
pró-independência se organizavam pelo Exército Brasileiro sair derrotado em
interior e na cidade de Salvador, a Corte três expedições, incluindo uma
Portuguesa enviou cerca de 750 soldados comandada pelo Coronel Antônio
sob a liderança do general francês Pedro Moreira César, também conhecido como
Labatut. As principais lutas se "corta-cabeças" pela fama de ter
engendraram na região de Pirajá, onde mandado executar mais de cem
independentes e metropolitanos abriram pessoas na repressão à Revolução
fogo uns contra os outros. Federalista em Santa Catarina,
expedição que contou com mais de mil
Devido à eficaz resistência organizada homens. A derrota das tropas do
pelos defensores da independência e o Exército nas primeiras expedições
apoio das tropas lideradas pelo militar contra o povoado apavorou o país, e
britânico Thomas Cochrane, as tropas deu legitimidade para a perpetração
fiéis a Portugal acabaram sendo deste massacre que culminou com a
derrotadas em 2 de julho de 1823. O morte de mais de seis mil sertanejos.
episódio, além de marcar as lutas de Todas as casas foram queimadas e
independência do Brasil, motivou a destruídas.
criação de um feriado onde se comemora
a chamada Independência da Bahia. Canudos era uma pequena aldeia que
surgiu durante o século 18 às margens
do rio Vaza-Barris. Com a chegada de
13. A GUERRA DE CANUDOS Antônio Conselheiro em 1893 passou a
crescer vertiginosamente, em poucos
anos chegando a contar por volta de
A chamada Guerra de Canudos, 25.000 mil habitantes. Antônio
Conselheiro

108
rebatizou o local de Belo Monte, apesar eterna na outra vida.
de estar situado num vale, entre
colinas. Resumo da Guerra de Canudos

A situação na região, à época, era Dados da Guerra de Canudos:


muito precária devido às secas, à
fome, à pobreza e à violência social.
Esse quadro, somado à elevada ‒ Período: de novembro de 1896 a
religiosidade dos sertanejos, deflagrou outubro de 1897.
uma série de distúrbios sociais, os ‒ Local: interior do sertão da Bahia
quais, diante da incapacidade dos ‒ Envolvidos: de um lado os habitantes
poderes constituídos em debelá- los, do Arraial de Canudos (jagunços,
conduziram a um conflito de maiores sertanejos pobres e miseráveis,
proporções. fanáticos religiosos) liderados pelo
beato Antônio Conselheiro. Do outro
Antônio Vicente Mendes Maciel, lado as tropas do governo da Bahia
apelidado de "Antônio Conselheiro", com apoio de militares enviados pelo
nascido em Quixeramobim (CE) a 13 de governo federal.
março de 1830, de tradicional família
que vivia nos sertões entre Situação do Nordeste no final do século
Quixeramobim e Boa Viagem, fora XIX (contexto histórico)
comerciante, professor e advogado
prático nos sertões de Ipu e Sobral. ‒ Fome, desemprego e baixíssimo
Após a sua esposa tê-lo abandonado em rendimento das famílias deixavam
favor de um sargento da força pública, muitos sem ter o que comer;
passou a vagar pelos sertões em uma ‒ A seca na região do agreste durava
andança de vinte e cinco anos. muitos meses e até anos. Este fato de
não receber chuvas era fator que
dificultava a agricultura e matava o
Chegou a Canudos em 1893, tornando-se
líder do arraial e atraindo milhares de gado.
pessoas. Acreditava que era um enviado ‒ Falta de apoio político: os governantes
de Deus para acabar com as diferenças e políticos da região não davam a
sociais e com a cobrança de tributos. mínima atenção para as populações
Acreditava ainda que a "República" (então carentes;
recém-implantada no país) era a ‒ Violência: era comum a existência de
materialização do reino do "Anti-Cristo" na grupos armados que trabalhavam para
Terra, uma vez que o governo laico seria latifundiários. Estes espalhavam a
uma profanação da autoridade da Igreja violência pela região.
Católica para legitimar os governantes. A ‒ Desemprego: grande parte da
cobrança de impostos efetuada de forma população pobre estava sem emprego
violenta, a celebração do casamento civil, em função da seca e da falta de
a separação entre Igreja e Estado eram oportunidades em outras áreas da
economia.
provas cabais da proximidade do "fim do
mundo". ‒ Fanatismo religioso: era comum a
existência de beatos que
arrebanhavam seguidores prometendo
A escravidão havia acabado poucos anos
uma vida melhor.
antes no país, e pelas estradas e sertões,
grupos de ex-escravos vagavam, excluídos
do acesso a terra e com reduzidas Causas da Guerra - O governo da Bahia,
oportunidades de trabalho. Assim como com apoio dos latifundiários, não
os caboclos sertanejos, essa gente concordavam com o fato dos habitantes de
paupérrima agrupou-se em torno do Canudos não pagarem impostos e viverem
discurso do peregrino "Bom Jesus" (outro sem seguir as leis estabelecidas.
apelido de Conselheiro), que sobrevivia de Afirmavam também que Antônio
esmolas, e viajava pelo Sertão. Conselheiro defendia a volta da
Monarquia. Por outro lado, Antônio
Conselheiro defendia o fim da cobrança
O governo da República, recém-instalado,
dos impostos e era contrário ao casamento
queria dinheiro para materializar seus
civil. Ele afirma ser um enviado de Deus
planos, e só se fazia presente pela
que deveria liderar o movimento contra as
cobrança de impostos. Para Conselheiro e
diferenças e injustiças sociais. Era
para a maioria das pessoas que viviam
também um crítico do sistema
nesta área, o mundo estava próximo do
fim. Com estas idéias em mente, r ep ub lican o , como ele funcionava no
Conselheiro reunia em torno de si um período.
grande número de seguidores que
acreditavam que ele realmente poderia Os conflitos militares - Nas três
libertá-los da situação de extrema primeiras tentativas das tropas
pobreza ou garantir-lhes a salvação governistas em combater o arraial de

109
Canudos nenhuma foi bem sucedida. Os
sertanejos e jagunços se armaram e
resistiram com força contra os militares.
Na quarta tentativa, o governo da Bahia
solicitou apoio das tropas federais.
Militares de várias regiões do Brasil,
usando armas pesadas, foram enviados
para o sertão baiano. Massacraram os
habitantes do arraial de Canudos de
forma brutal e até injusta. Crianças,
mulheres e idosos foram mortos sem
piedade. Antônio Conselheiro foi
assassinado em 22 de setembro de 1897.

Significado do conflito - A Guerra de


canudos significou a luta e resistência
das populações marginalizadas do sertão
nordestino no final do século XIX.
Embora derrotados, mostraram que não
aceitavam a situação de injustiça social
que reinava na região.

110
GEOGRAFIA DO BRASIL

1. Organização Político-Administrativa do Brasil


1.1 Divisão política
1.2 Divisão regional

2. Geografia Física Brasileira


2.1 Relevo
2.2 Clima
2.3 Vegetação
2.4 Hidrografia
2.5 Fusos horários

3. Geografia Humana
3.1 Formação étnica
3.2 Crescimento demográfico

4. Aspectos Econômicos
4.1 Agropecuária
4.2 Extrativismo vegetal e mineral
4.3 Atividades industriais
4.4 Transportes

5. A Questão Ambiental
5.1 Degradação ambiental e Políticas de meio ambiente

6. Geografia da Bahia
6.1 Aspectos políticos
6.2 Aspectos físicos
6.3 Aspectos econômicos
6.4 Aspectos sociais
6.5 Aspectos culturais

111
1 – ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL

1.1 Divisão Política

Em relação a divisão política e administrativa do Brasil, podemos dizer que nem sempre foi a
mesma. Se observarmos dos séculos XVI ao XX, o país teve diversos arcabouços político-
administrativos, a saber: as donatarias, as capitanias hereditárias, as Províncias e
finalmente os Estados, os Distritos e os municípios. O quadro abaixo resume, por período, as
transformações na divisão político-administrativa brasileira.

Divisão Política do Brasil: 1534 - 1940

Dentro de todo território autônomo existem divisões internas que servem para facilitar a
administração. No Brasil não é diferente, o país precisa ser gerenciado e controlado por
entidades ligadas ao governo, sendo uma subordinada à outra. Diante da necessidade de
dividir a administração e o controle do país, foi estabelecida uma fragmentação do território
brasileiro em estados, municípios e distritos, além de outras regionalizações, como: as
regiões e os complexos regionais. A seguir é apresentada a atual divisão político-
administrativa do país, acompanhada do mapa político do Brasil.

Mapa Político do Brasil

Dentro dos estados existe ainda outra divisão, os municípios. Esses também possuem leis
próprias, que devem seguir os moldes estipulados pela nossa constituição. Dentro dos
territórios municipais é possível encontrar outra divisão de proporção menor, que os
subdivide em distritos. Atualmente, o Brasil possui 26 estados, chamados também de
unidades da federação; incluindo ainda o Distrito Federal, uma das unidades federativas
que foi criada com intuito de abrigar a capital do país. Vejamos a seguir as características
de cada uma dessas regiões:

• Distrito Federal: é a unidade onde tem sede o Governo Federal – Distrito Federal
onde se localiza a cidade de Brasília. Com seus poderes: Judiciário, Legislativo e
Executivo; Grande parte das decisões políticas acontece na sede do governo
federal que se localiza nessa cidade.
• Estados: em número de 26, constituem as unidades de maior hierarquia dentro da
organização político-administrativa do País. Os estados possuem a liberdade de
criar leis autônomas, mas que são subordinadas à Constituição Federal Brasileira.
A localidade que abriga a sede do governo denomina-se Capital;
• Municípios: os municípios constituem as unidades de menor hierarquia dentro
da organização político-administrativa do Brasil. A localidade onde está sediada a
Prefeitura Municipal tem a categoria de cidade;
• Distritos: são unidades administrativas dos municípios. A localidade onde está
sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das sedes municipais, tem a

112
categoria de Vila.

1.2 Divisão Regional

O IBGE elabora divisões regionais do território brasileiro, com a finalidade básica de


viabilizar a agregação e a divulgação de dados estatísticos. Em consequência das
transformações havidas no espaço brasileiro, no decorrer das décadas de 50 e 60, uma
nova divisão em macrorregiões foi elaborada em 1970, definindo as Regiões: Norte,
Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que permanecem em vigor até o momento.
As delimitações dos territórios de muitos dos estados brasileiros se deram, principalmente,
no final do século XIX, mas tivemos outras mudanças mais contemporâneas, que
aconteceram em 1977, quando surgiu o Mato Grosso do Sul em mais tarde, em 1988, o
novo estado de Tocantins, originário da divisão do estado de Goiás.

2 – GEOGRAFIA FÍSICA BRASILEIRA

2.1 O Relevo Brasileiro

Temos o território brasileiro dividido em grandes unidades e classificado a partir de


diversos critérios. Uma das primeiras classificações do relevo brasileiro identificou oito
unidades, e foi elaborada na década de 1940 pelo geógrafo Aroldo de Azevedo. No ano de
1958, essa classificação tradicional foi substituída pela tipologia do geógrafo Aziz Ab´Sáber,
que acrescentou duas novas unidades de relevo.
Uma das classificações mais atuais é do ano de 1995, de autoria do geógrafo e
pesquisador Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da USP (Universidade de São
Paulo). Seu estudo fundamenta-se no grande projeto Radambrasil, num levantamento feito
entre os anos de 1970 e 1985. O Radambrasil tirou diversas fotos da superfície do território
brasileiro, através de um sofisticado radar acoplado em um avião, estabelecendo dessa
forma 28 unidades de relevo, os quais foram classificados em planaltos, planícies e
depressões.

Características do relevo brasileiro

O relevo do Brasil tem formação muito antiga e resulta principalmente de atividades internas
do planeta Terra e de vários ciclos climáticos. A erosão, por exemplo, foi provocada pela
mudança constante de climas úmido, quente, semiárido e árido. Outros fenômenos da
natureza, como por exemplo o vento e a chuva, também contribuíram no processo de erosão.

O relevo brasileiro pode ser classificado da seguinte forma:

• Planalto: superfícies com elevação e aplainadas, marcadas por escarpas onde o


processo de desgaste é superior ao de acúmulo de sedimentos. Os planaltos,
também são chamados de platôs, são áreas de altitudes variadas e limitadas, em um
de seus lados, por superfície rebaixada. Os cumes dos planaltos são ligeiramente
nivelados. Os planaltos são formados a partir de erosões eólicas (pelo vento) ou pela
água. Exemplo: Planalto Central no Brasil, localizado em território dos estados de
Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

• Planície: como o próprio nome já diz são áreas planas e baixas onde o processo
de deposição de sedimentos é superior ao de desgaste. As principais planícies
brasileiras são as planícies Amazônica, do Pantanal e Litorânea;

• Depressões: é uma parte do relevo mais plana que o planalto, com suave
inclinação e altitude entre 100 e 500 metros, proveniente das erosões. Podem ser:

a) Depressão absoluta: as altitudes são inferiores ao nível do mar.


b) Depressão relativa: fica acima do nível do mar, mas suas altitudes são inferiores as
do relevo ao seu redor, seja uma chapada, planalto ou outro. É comum a formação
de lagos nas depressões. Ex.: A periférica paulista e a depressão Sul Amazônica são
exemplos de depressão relativa.

113
• Montanhas: elevações naturais do relevo, podendo ter várias origens, como falhas
ou dobras. São formações geográficas originadas do choque (encontro) entre placas
tectônicas. Quando ocorre este choque na crosta terrestre, o solo das regiões que
sofrem o impacto acaba se elevando na superfície, formando assim as montanhas.
Estas são conhecidas como montanhas de dobramentos. Grande parte deste tipo de
montanhas formou-se na era geológica do Terciário. Existem também, embora
menos comum, as montanhas formadas por vulcões.

Formas de Relevo

Pontos culminantes do Brasil

2.2 O Clima Brasileiro

O clima são todas as variações do tempo de um lugar. No Brasil devido ao seu extenso
território, a diversidade de formas de relevo, a altitude e a dinâmica das correntes e das
massas de ar, apresenta uma grande diversidade de climas. Atravessado na região norte pela
Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio, o Brasil está situado, na maior parte
do território, nas zonas de latitudes baixas - chamadas de zona intertropical - nas quais

114
prevalecem os climas quentes e úmidos, com temperaturas médias em torno de 20°C.

No país a amplitude térmica – diferenças entre as temperaturas mínimas e máximas no


decorrer do ano – é baixa, isso implica dizer que a variação de temperatura no território
brasileiro é pequena.

OS CLIMAS DO BRASIL

Para classificar um clima, devemos considerar a temperatura, a umidade, as massas de ar,


a pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, entre muitas outras características. A
classificação mais utilizada para os diferentes tipos de clima do Brasil assemelha-se a
criada pelo estudioso Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza e movimentação
das correntes e massas de ar. Vejamos a classificação do clima brasileiro:

Clima Equatorial (úmido e semiúmido): quente e úmido


• Compreende a Amazônia brasileira;
• Pouca variação de temperatura durante o ano;
• É um clima dominado pela mEc em quase toda sua extensão e durante todo o ano. Na
parte litorânea da Amazônia existe um pouco de influência da mEa, e algumas vezes,
durante o inverno a frente fria atinge o sul e o sudoeste dessa região, ocasionando
uma queda da temperatura chamada friagem.
• As temperaturas são elevadas durante quase todo o ano.
• Chuvas em grande quantidade, com índice pluviométrico acima de 2500 mm anuais.

Clima Litorâneo Úmido


• Influenciado pela mTa.
• Compreende as proximidades do litoral desde o Rio Grande do Norte até a parte
setentrional do estado de São Paulo.

Clima Tropical (alternadamente úmido e seco)


• É o clima predominante na maior parte do Brasil.
• É um clima quente e semiúmido com uma estação chuvosa (verão) e outra seca
(inverno).
• Temperaturas elevadas (média anual por volta de 20°C), presença de umidade e
índice de chuvas de médio a elevado.

Clima Semi-Árido
• Presente, principalmente, no sertão nordestino.
• Clima quente mais próximo do árido.
• As chuvas não são regulares e são mal distribuídas.
• Possui pela baixa umidade e pouquíssima quantidade de chuvas.
• As temperaturas são altas durante quase todo o ano.

Clima Subtropical
• Abrange a porção do território brasileiro ao sul do Trópico de Capricórnio.

115
• Caracteriza-se por verões quentes e úmidos e invernos frios e secos.
• Predomina a mTa, provocando chuvas abundantes, principalmente no verão. No
inverno há o predomínio das chuvas frontais.
• Apesar de chover o ano todo, há uma maior concentração no verão.
• Recebe influência, principalmente no inverno, das massas de ar frias vindas da
Antártida.
• Presente na região sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.

Clima Tropical de altitude


• Ocorre principalmente nas regiões serranas do Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra
da Mantiqueira.
• As temperaturas médias variam de 15 a 21º C.
• As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas pelo Oceano
Atlântico.
• Pode apresentar geadas no inverno.

Clima Tropical Atlântico (tropical úmido)


• Presente, principalmente, nas regiões litorâneas do Sudeste.
• Apresenta grande influência da umidade vinda do Oceano Atlântico.
• As temperaturas são elevadas no verão (podendo atingir até 40°C) e amenas no
inverno (média de 20º C).
• Em função da umidade trazida pelo oceano, costuma chover muito nestas áreas.

MASSAS DE AR

Através do conceito de massas de ar, podemos entender todas as mudanças no


comportamento dos fenômenos atmosféricos, pois elas atuam sobre as temperaturas e
índices pluviométricos nas várias regiões do Brasil. Existem massas de ar polares,
equatoriais, oceânicas e continentais. Existe uma movimentação de massas aonde cada
uma vai empurrando a outra, passando a ocupar o seu lugar. Toda essa dinâmica é
responsável pelas alterações do tempo de uma determinada região. Quando duas massas
de ar se encontram temos o que chamamos de frente. No território brasileiro ocorrem as
seguintes massas de ar:

Massa Equatorial Atlântica (mEa)


Massa quente e úmida, se forma na porção do atlântico próximo a região equatorial.
Durante o verão do hemisfério sul pode descer e penetrar pelo litoral das regiões Norte e
Nordeste causando chuvas.
Massa Equatorial Continental (mEc)
Com características quente (baixa latitude) e muito úmida (área de muitos rios e domínio
da floresta equatorial) originada na Amazônia ocidental, exerce influência em quase todo
país durante o verão do hemisfério sul. É responsável pelas altas temperaturas e altos
índices pluviométricos da região da Amazônia.

Massa Tropical Atlântica (mTa)


Também de características quente e úmida origina-se no atlântico Sul e atua em toda
faixa litorânea brasileira que se vai do Nordeste ao sul do Brasil. O encontro desta massa
de ar com a Polar atlântica que chega da Argentina principalmente durante o inverno,
provoca as tão famosa frentes frias nas regiões sul e sudeste. Também nessas regiões, o
encontro desta massa com as áreas de relevos mais elevados da Serra do Mar provocam
as chuvas orográficas ou de relevo durante todo ano.
Massa Tropical Continental (mTc)
Quente e seca; Origina-se na área de depressão do Chaco Paraguaio, área de altas
temperaturas e pouca umidade portanto apresenta características quente e seca. Atua
principalmente na região do centro-oeste e em partes do sul e sudeste durante os
períodos de outono inverno. Pode provocar ainda o bloqueio atmosférico que impede a
chegada de massa de ar frio vindo do sul nos meses de maio e junho caracterizando o
que se denomina de veranico.

Massa Polar Atlântica (mPa)


Fria e úmida; Por ser formada no oceano no litoral sul da Argentina ,apresenta
características fria e úmida. Ao penetrar no Brasil, pode tomar três direções distintas,
provocando os seguintes fenômenos: Frentes frias quando sobe pelo litoral e encontra a

116
mTa (já explicado anteriormente ); "Friagem” – quando penetrando pelas planícies da área
central do país chega ao oeste da Amazônia causando queda brusca de temperatura e
finalmente quando sobe pelos vales e serras do Sul do Brasil provoca a formação de
geada, precipitação de neve ou fortes ventos como o Minuano e o Pampeiro.

BRASIL: DIVISÃO CLIMÁTICA E MASSAS DE AR

2.3 A Hidrografia Brasileira

Características da Rede Hidrografia Brasileira


• Rica em rios e pobre em lagos;
• Os rios brasileiros dependem das chuvas para se “alimentarem”. O Rio Amazonas embora precise das
chuvas ele também se alimenta do derretimento da neve da Cordilheira dos Andes, onde nasce;
• A maior parte dos rios é perene (nunca seca totalmente);
• As águas fluviais deságuam no mar, porém podem desaguar também em depressões no interior do
continente ou se infiltrarem no subsolo;
• A hidrografia brasileira é utilizada como fonte de energia (hidrelétricas) e muito pouco para navegação.

BACIAS HIDROGRÁFICAS

Uma bacia hidrográfica é uma área compreendida por um rio principal, seus afluentes e
subafluentes. O Brasil é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, sendo que muitos
de seus rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. É considerada a rede
hidrográfica mais extensa do Globo, com 55.457km². Em decorrência da natureza do relevo,
predominam os rios de planalto que apresentam em seu leito rupturas de declive, vales
encaixados, entre outras características, que lhes conferem um alto potencial para a geração
de energia elétrica. Quanto à navegabilidade, esses rios, dado o seu perfil não regularizado,
ficam um tanto prejudicados. Dentre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o
Paraguai são predominantemente de planície e largamente utilizados para a navegação.
Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de planalto. Dessa forma a Bacia de
Planície é utilizada para navegação e a Planáltica é a que permite aproveitamento
hidrelétrico.

De maneira geral, os rios têm origem em regiões não muito elevadas, exceto o rio Amazonas
e alguns de seus afluentes que nascem na cordilheira andina. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Brasil, em virtude da sua grande extensão
territorial, apresenta 12 grandes bacias hidrográficas, conforme demonstra o mapa a seguir.

117
BRASIL: BACIAS HIDROGRÁFICAS

A densidade de rios de uma bacia está relacionada ao clima da região. Na Amazônia, que
apresenta altos índices pluviométricos, existem muitos rios perenes e caudalosos. Em áreas
de clima árido ou semiárido, os rios secam no período em que não chove.

Aspectos da hidrografia brasileira

O Brasil não possui lagos tectônico, devido à transformação das depressões em bacias sedimentares. No
território brasileiro só existem lagos de várzea e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a Rodrigo de
Freitas (RJ), formadas por restingas. Com exceção do Amazonas, todos os rios brasileiros possuem regime
fluvial. Uma quantidade de água do rio Amazonas é proveniente do derretimento de neve da cordilheira dos
Andes, o que caracteriza um regime misto (pluvial e naval). Todos os rios são exorréicos, ou seja, têm como
destino final o oceano. Só existem rios temporários no Sertão nordestino, que apresenta clima semiárido. No
restante do país, os rios são perenes. Os rios de planalto predominam em áreas de elevado índice
pluviométrico. A existência de desníveis no terreno e o grande volume de água contribuem para a produção de
hidroeletricidade.

Principais Bacias Hidrográficas do Brasil

Bacia Amazônica
Considerada a maior do planeta, ela abrange na América do Sul, uma área de 6 a 7
milhões de km. No Brasil, ela compreende uma área de 3.870.000 km², estando presente
nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Pará.
Bacia do Araguaia-Tocantins
Ocupa quase 10% do território nacional. É a maior bacia localizada inteiramente dentro do
território brasileiro (767.059 quilômetros quadrados). Os principais rios são o Tocantins,
que nasce em Goiás e desemboca na foz do rio Amazonas; e o rio Araguaia, que nasce na
divisa de Goiás com Mato Grosso e se junta ao rio Tocantins na porção norte do estado do
Tocantins.

Bacia do São Francisco


Com aproximadamente 640 mil quilômetros quadrados, essa bacia hidrográfica tem como
principal rio o São Francisco, que nasce na Serra da Canastra (MG) e percorre os estados
da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe até a foz, na divisa entre esses dois últimos
estados. Também é totalmente brasileira, juntamente com a Bacia do Tocantins. O rio são
Francisco é conhecido também como “Velho Chico”, “Nilo Brasileiro” e “Rio da Integração
Nacional”.

Bacia do Paraná
Essa é a principal porção da bacia Platina (compreende os países da Argentina, Bolívia,
Brasil, Paraguai e Uruguai). No Brasil, a bacia hidrográfica do Paraná possui 879.860
quilômetros quadrados, apresentando rios de planalto e encachoeirados, características
elementares para a construção de usinas hidrelétricas: Furnas, Água Vermelha, São Simão,
Capivari, Marimbondo, Itaipu (entre o Brasil e Paraguai) entre tantas outras.

118
Bacia do Uruguai
É composta pela junção dos rios Peixe e Pelotas. Com área de 174.612 quilômetros
quadrados, essa bacia hidrográfica está presente nos estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina. Possui grande potencial hidrelétrico, além de ser importante para a
irrigação nas atividades agrícolas da região. Apesar de não ser muito usada para a
fabricação de usinas hidrelétricas podemos destacar as usinas Garibaldi, Socorro, Irai,
Pinheiro e Machadinho.

Bacia Hidrográfica do Paraguai


No Brasil, essa bacia hidrográfica está presente nos estados de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, englobando uma área de
361.350 quilômetros quadrados. Tem como principal rio o Paraguai, que nasce na
Chapada dos Parecis (MT). Possui grande potencial para a navegação.

Bacia Hidrográfica do Parnaíba


Está presente nos estados do Piauí, Maranhão e na porção extremo oeste do Ceará,
totalizando uma área de 344.112 quilômetros quadrados.

Bacia Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental


Com extensão de 287.348 quilômetros quadrados, a bacia hidrográfica do Atlântico
Nordeste Oriental está presente em cinco estados nordestinos: Piauí, Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Bacia Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental


Seus principais rios são o Gurupi, Pericumã, Mearim, Itapecuru Munim e Turiaçu. Essa
bacia de drenagem possui 254.100 quilômetros quadrados, compreendendo áreas do
Maranhão e Pará.

Bacia Hidrográfica Atlântico Leste


Com extensão de 374.677 quilômetros quadrados, essa bacia hidrográfica engloba os
estados de Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Em sua região é possível
encontrar fragmentos de Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e vegetação costeira.

Bacia Hidrográfica Atlântico Sudeste


Presente nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e
Paraná, a região hidrográfica Atlântico Sudeste apresenta 229.972 quilômetros quadrados.
Ela é formada pelo rio Doce, Itapemirim, São Mateus, Iguape, Paraíba do Sul, entre
outros.

Bacia Hidrográfica Atlântico Sul


Com área de 185.856 quilômetros quadrados, essa bacia hidrográfica nasce na divisa
entre os estados de São Paulo e Paraná, percorrendo até o Rio Grande do Sul. Com
exceção do Itajaí e Jacuí, os rios que formam essa bacia de drenagem são de pequeno
porte.

2.4 A Vegetação Brasileira

A grande extensão territorial e latitudinal e a diversidade climática do Brasil explicam a


extraordinária riqueza vegetal que o país possui. Situado quase totalmente dentro da Zona
Neotropical, podemos dividi-lo para fins geográficos em dois territórios: o amazônico e o extra-
amazônico.

Amazônico - área equatorial ombrófila - o sistema ecológico vegetal decorre de um clima


de temperatura média em torno de 25°C com chuvas torrenciais bem distribuídas durante
o ano.

Extra-amazônico - área intertropical - o sistema ecológico vegetal responde a dois


climas: o tropical com temperaturas médias por volta de 22°C e precipitação estacional,
com período seco, e o subtropical com temperatura média anual próxima dos 18°C, com
chuvas bem distribuídas. A grande quantidade de espécies vegetais nativas e exóticas
de importância econômica, conhecida e descrita em trabalhos científicos, representa
apenas uma amostra das que provavelmente existem.

119
Não podemos esquecer que grande parte da cobertura vegetal primitiva já foi e continua
sendo impiedosamente devastada, criando sérios riscos de acidentes e desequilíbrios
ecológicos. Vários fatores como luz, calor e tipo de solo contribuem para o
desenvolvimento da vegetação de um dado local.

BRASIL: VEGETAÇÃO

Floresta Equatorial Amazônica


A Floresta Equatorial Amazônica é densa, latifoliada, higrófila, perene e está dividida em
igapó, mata de várzea e terra firme (caaetê).

• Igapó: trecho da floresta sempre alagado, onde se desenvolve a vitória-régia.


• Mata de várzea: parte da floresta sujeita a inundações periódicas, onde encontramos a
seringueira.
• Mata de terra firme ou caa-etê: sempre livre das inundações, ocupa a maior
extensão, sendo rica em formações como o castanheiro, o cacaueiro, o caucho e outros.

Nesse domínio, a Bacia Amazônica tem grande importância, com rios de águas brancas e de
águas pretas, com alta piscosidade e elevada atividade pesqueira, além do aproveitamento
energético, além de tudo há milhares de espécies vegetais, não perde suas folhas no outono,
ou seja, está sempre verde e vive do seu próprio material orgânico; a fauna é rica e variada.
O problema maior é que há grandes desmatamentos com espécies ameaçadas como o mogno
(tipo de madeira) e a onça-pintada.

Mata Atlântica
A Mata Atlântica ou floresta latifoliada tropical úmida de encosta ocupa as escarpas dos
planaltos voltadas para o oceano sendo menos densa que a Floresta Amazônica. Essa floresta
sofreu grandes devastações: no Nordeste, devido à agroindústria da cana-de-açúcar e do
cacau; no Sudeste, em decorrência da expansão urbana, industrial, agrícola e até da poluição.
Essa devastação tem aumentado o problema da erosão dos solos, causando desde a
formação de voçorocas e frequentes deslizamentos até o assoreamento dos rios. Os animais
que vivem ainda na mata são os gambás, tamanduás, preguiça (estão fora do perigo da
extinção) e também os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-
pintada, todos originários da Mata Atlântica (porém estão ameaçados de extinção). Em razão
da Mata Atlântica tenha sido muito utilizada no passado para a fabricação de móveis, hoje
se calcula que apenas 5% de sua área ainda permaneça, porém, antes podíamos encontrar o
pau-brasil, cedro, peroba e o jacarandá.

Caatinga
Caatinga, vegetação típica do clima semiárido do sertão nordestino é formada por cactáceas,
bromeliáceas e árvores, destacando-se pelo extrativismo de fibras vegetais, como o caroá, a
piaçava e o sisal. No domínio da caatinga, aparecem os inselbergs, ou morros residuais,
resultantes do processo de pediplanação em clima semiárido. A sua vegetação é pobre, com
plantas que são adaptadas à aridez, são as chamadas plantas xerófilas (mandacaru,
xiquexique, faveiro), elas possuem folhas atrofiadas, caules grossos e raízes profundas para
suportar o longo período de estiagem. Também fazem parte da paisagem os arbustos e
pequenas árvores (juazeiro, aroeira e braúna).

120
Mata de Araucária ou dos Pinhais
A Mata dos Pinhais ou de Araucária é subtropical, homogênea, aciculifoliada, com grande
aproveitamento de madeira e erva- mate. Ocupa as médias altitudes do Planalto Meridional
(800 a 1.300 metros). Corresponde às áreas de clima subtropical, é uma mata homogênea,
pois há o predomínio de pinheiros, erva-mate, imbuia, canela, cedros e ipês. Quanto à
fauna, destacam-se a cutia e o garimpeiro (espécie de ave). A ocupação humana tem sido
intensa nesse domínio, restando menos de 20% dessa floresta.

Cerrado
O cerrado constitui uma vegetação arbustiva, com troncos retorcidos e recobertos de casca
grossa, tendo-se transformado, desde 1975, na nova fronteira agrícola do Brasil com o
programa Polocentro. É domínio típico do clima tropical semiúmido do Planalto Central. Os
solos são pobres e ácidos, mas, com o método de calagem (adição de calcário ao solo), estão
sendo aproveitados. Por ser típico da região centro-oeste do Brasil é formada por plantas
tropófilas, ou seja, plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida. Quase 50% da
vegetação dos cerrados foram destruídas devido o crescimento da agropecuária no Brasil. O
cerrado é cortado por três grandes bacias hidrográficas (Tocantins, São Francisco e Prata)
contribuindo muito para a biodiversidade da região que é realmente surpreendente, por
exemplo, existem mais de 700 espécies de aves, quase 200 espécies de répteis e mais de 190
mamíferos.

Pantanal
O pantanal possui uma vegetação heterogênea com plantas higrófilas (em áreas alagadas
pelo rio) e plantas xerófilas (em áreas altas e secas), palmeiras, gramíneas. Essa vegetação
sofre a influência de vários ecossistemas (cerrado, Amazônia, chaco e Mata Atlântica), ou
seja, o Pantanal é a união de diferentes formações vegetais. Por causa da sua
localização e também às temporadas de seca e cheia com altas temperaturas, o Pantanal é
o local com a maior reunião de fauna do continente americano; encontramos jacarés,
araraunas, papagaios, tucanos e tuiuiú. Quase todas as espécies de plantas e animais
dependem do fluxo das águas. Durante um período de 6 meses (de outubro a abril) as
chuvas aumentam o volume dos rios que inundam a planície, por esta razão muitos animais
buscam abrigo nas terras “firmes” ocupando todas as áreas que não foram inundadas,
assim vários peixes se reproduzem e as plantas aquáticas entram em processo de floração.
Quando as chuvas começam a parar (entre junho e setembro), as águas voltam ao seu
curso natural, deixando no solo todos os nutrientes necessários que fertilizarão o solo.

Campos
É um tipo de vegetação rasteira e está localizada em diversas áreas do Brasil, sendo sua
paisagem é marcada pelos banhados (ecossistemas alagados). Há predomínio da vegetação
de juncos, gravatas e aguapés que propiciam um habitat ideal para as várias espécies de
animais (garças, marrecos, veados, onças-pintadas, lontras e capivaras). De todos os
banhados, o banhado do Taim, considerado ótimo para a pastagem rural, é o mais
importante, devido à riqueza do seu solo.

Vegetações Litorâneas (manguezais e restingas)


São características das terras baixas e planícies do litoral. Formam vários tipos de
vegetação: mangues ou manguezais, a vegetação de praias, a vegetação das dunas e a
vegetação das restingas. O Brasil possui uma linha contínua de costa Atlântica de 8.000
km de extensão, uma das maiores do mundo.

Pradarias
O domínio das pradarias corresponde ao Pampa, ou Campanha Gaúcha, onde o relevo
baixo e ondulado das coxilhas é coberto por vegetação herbácea (campos). A ocupação
econômica nesse domínio tem-se efetuado pela pecuária extensiva e pela rizicultura irrigada.

Mata dos Cocais


A Mata dos Cocais ou Babaçuais é uma vegetação de transição no Maranhão, Piauí e norte
de Tocantins, destacando-se o aproveitamento do coquinho babaçu. O babaçu é um grande
recurso natural regional, pois de sua semente extrai-se um óleo de grande aplicação
industrial em (alimentos, cosméticos, sabão, aparelhos de alta precisão).

121
BRASIL: DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS

Tipos de vegetação

Vegetação do tipo Savana (Cerrado/Campos)


Ocorre principalmente na região Centro-Oeste, aparecendo também no norte amazônico,
desde o vale do rio Tacatu (Roraima) até os tabuleiros do Amapá; no litoral e interior do
Nordeste; no planalto sedimentar da bacia do Paraná; na região sudeste; na Região Sul em
áreas do Planalto Meridional.

Estepe
No árido sertão nordestino a estepe (conhecida como caatinga) corresponde a várias
formações vegetais que se constituem num tipo de vegetação estacional decidual, com várias
cactáceas. A outra área de estepe brasileira se encontra no Sul do Brasil, nas fronteiras com
o Uruguai e Argentina é a Campanha Gaúcha, que recobre as superfícies conservadas do
planalto da Campanha e da depressão dos rios Ibicuí e Negro. Assim a Caatinga e a Campanha
Gaúcha são tidas como estepe.

A Savana estépica
É um tipo de vegetação constituída por uma cobertura arbórea e várias cactáceas, que
recobre um estrato graminoso. No Brasil ocupa três áreas bem diversas geograficamente, o
Pantanal Mato-Grossense, os Campos de Roraima e a Campanha Gaúcha. A primeira situa-se
entre a Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul) e o rio Paraguai, sendo a maior área de
ocorrência no Brasil desse tipo de vegetação. A segunda, a de Roraima (limites com a
Venezuela), aparece entre as áreas dissecadas do monte Roraima e a planície do rio
Branco. E a terceira ocupa a parte sul-sudeste do Rio Grande do Sul, fazendo parte da
Campanha Gaúcha.

Vegetação lenhosa oligotrófica dos pântanos e das acumulações arenosas (Campinarana)


Esse tipo de vegetação se restringe às áreas amazônicas do alto rio Negro e seus afluentes
adjacentes, recobrindo as áreas deprimidas e embrejadas, caracterizada por agrupamentos
de formações arbóreas altas e finas.

Floresta ombrófila densa (Floresta Amazônica/Floresta Atlântica)


Ocupa parte da Amazônia, estendendo-se pelo litoral desde o sul de Natal, Rio Grande do
Norte até o Espírito Santo, entre o litoral e as serras pré-cambrianas que margeiam o
Atlântico, estendendo-se ainda pelas encostas até a região de Osório, no Rio Grande do Sul.
A floresta Atlântica já foi quase totalmente devastada, restando apenas poucos locais onde
se encontra a floresta original. Esse tipo de vegetação nas duas áreas (Amazônica e
Atlântica) consiste de árvores que variam de médio a grande porte e com gêneros típicos
que as caracterizam.

Floresta ombrófila aberta (Floresta de Transição)


Encontra-se entre a Amazônia e a área extra-amazônica. É constituída de árvores mais
espaçadas, com estrato arbustivo pouco denso. Trata- se de uma vegetação de transição

122
entre a floresta Amazônica úmida a oeste, a caatinga seca a leste e o cerrado semiúmido ao
sul. Essa região fitoecológica domina, principalmente, os estados do Maranhão e Piauí,
aparecendo também no Ceará e Rio Grande do Norte.

Floresta ombrófila mista (Mata dos Pinheiros)


Esse tipo de vegetação, também conhecida por "mata dos pinhais ou de araucárias", é
encontrada concentrada no Planalto Meridional, nas áreas mais elevadas e mais frias, com
pequenas ocorrências isoladas nas serras do Mar e Mantiqueira (partes altas). Destacam-se
os gêneros Araucária, Podocarpus e outros de menos importância.

Floresta estacional semidecidual (Mata semicaducifólia)


Esse tipo de vegetação está ligado às estações climáticas, uma tropical, com chuvas de
verão e estiagem acentuada, e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica
por causa do frio do inverno.

Floresta estacional decidual (Mata caducifólia)


Ocorre no território brasileiro dispersivamente e sem continuidade, pois só aparece em áreas
caracterizadas por duas estações climáticas bem definidas, chuvosa e seca. O estrato
arbóreo é predominantemente caducifólio (perdem as folhas na seca).

Áreas das formações pioneiras de influência marinha (Vegetação de Restinga e


Manguezal)
As áreas de influência marinha são representadas pelas restingas ou cordões litorâneos e
pelas dunas que ocorrem ao longo da costa. São formados pela deposição de areias, aí
ocorrendo desde formações herbáceas até arbóreas. Os manguezais sofrem influência fluvio-
marinha onde nasce uma vegetação de ambiente salobro que também apresenta fisionomia
arbórea e arbustiva; são encontrados em quase todo o litoral brasileiro, mas as maiores
concentrações aparecem no litoral norte e praticamente desaparecem, a partir do sul da
ilha de Santa Catarina, pois é vegetação típica de litorais tropicais.

Áreas das formações pioneiras ou de influência fluvial (Vegetação Aluvial)


É um tipo de vegetação que ocorre nas áreas de acumulação dos cursos dos rios, lagoas ou
assemelhados; a fisionomia vegetal pode ser arbórea, arbustiva ou herbácea, ormando ao
longo dos cursos dos rios as Matas-Galerias. A vegetação que se instala varia de acordo com
a intensidade e duração da inundação.

Áreas de Tensão ecológica (Contatos entre tipos de vegetação)


São denominadas assim as regiões de contato entre grandes tipos de vegetação, em que
cada tipo guarda sua identidade. Ocorre em vários locais do país, inclusive no
Pantanal nas áreas alagadas, periodicamente alagadas e nas livres das inundações.
Existem aí várias associações vegetais como palmeiras, gramíneas e bosques
chaquenhos.
Refúgio ecológico (Campos de altitude)
Qualquer tipo de vegetação diferente do contexto geral da flora da região é considerado
como um "refúgio ecológico". Este é o caso da vegetação que se localiza, no Brasil, acima de
1800m de altitude.

2.5 O Fuso Horário Brasileiro

O território brasileiro está localizado a oeste do meridiano de Greenwich (longitude 0º) e, em


virtude de sua grande extensão longitudinal, o país apresenta mais de um fuso horário. Até
há pouco tempo o Brasil possuía quatro fusos, três deles na porção continental e um na
parte litorânea, onde estão ilhas como a de Fernando de Noronha. No entanto, a partir do
dia 24 de junho de 2008, isso mudou em razão da Lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que modifica o fuso da região do extremo oeste do estado do Amazonas, além
do Acre em sua totalidade. Com a nova lei, as duas localidades deixaram de possuir um fuso
distinto do resto do país (quarto fuso) e passaram a utilizar o terceiro fuso presente no
Brasil. Com a alteração, os estados envolvidos adiantaram os relógios em uma hora,
ficando somente 1h atrasados em relação ao horário de Brasília, pois anteriormente eram
duas horas.

123
Os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de uma hora em relação a Brasília - hoje
são duas horas a menos. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre,
sofrerão a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas. A
mudança na lei também fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários,
passe a ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma
hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo horário de Brasília. A mudança
apresenta pontos positivos e negativos. Positivos por facilitar o sistema bancário, a
programação da televisão e os concursos públicos de nível nacional. Negativos, pois interfere
diretamente no ritmo de vida das pessoas que vivem nas áreas afetadas, já que elas acabam
perdendo totalmente o horário tradicional e natural.

A implantação da lei ocorreu em decorrência de pressões exercidas pelas emissoras de


televisão, que se encontravam submetidas à obrigação de ter uma programação com
classificação indicativa para essas regiões. Antigamente, em áreas nas quais o horário de
Brasília prevalece, determinados programas eram apresentados às 22h30min e
simultaneamente assistidos às 20h30min por habitantes do Amazonas e do Acre, com idades
que não se enquadravam no perfil da indicação.

Horário de verão: Prática adotada em vários países do mundo para economizar energia
elétrica. Consiste em adiantar os relógios em uma hora durante o verão nos lugares onde,
nessa época do ano, a duração do dia é significativamente maior que a da noite. Com isso,
o momento de pico de consumo de energia elétrica é retardado em uma hora. Usado várias
vezes no Brasil no decorrer do século XX (1931, 1932, 1949 a 1952, 1963 e 1965 a 1967),
o horário de verão é retomado a partir de 1985.

3. GEOGRAFIA HUMANA BRASILEIRA

A Geografia Humana do Brasil tem como objetivo principal a realização de uma leitura da
sociedade brasileira levando em conta os aspectos da população, economia, fluxo de
migração, meio ambiente, indústrias, tecnologia, turismo, agropecuária, conflitos no campo,
enfim, todas as relações humanas desenvolvidas no território nacional.

3.1 A Formação Étnica

A população brasileira foi formada a partir de três grupos fundamentais: o branco


europeu, o negro africano e o ameríndio. Antes da chegada dos portugueses, o território
era habitado por milhares de povos indígenas (sobretudo dos grupos tupi e jê ou tapuia). A
partir da colonização, a maior parte da população indígena foi exterminada, dela restando
hoje apenas alguns milhares de indivíduos. Os negros africanos, pertencentes, sobretudo
aos grupos bantos e sudaneses, foram trazidos como escravos para trabalhar na
agricultura (cana-de-açúcar, café) e na mineração (ouro e diamantes). Além dos portugueses,
outros europeus também contribuíram para a formação da população brasileira, através da
imigração, principalmente a partir de 1850 (alemães, italianos, espanhóis).

124
A miscigenação desses três grupos étnicos deu origem aos mestiços: mulatos (descendentes
de brancos e negros), caboclos (de brancos e ameríndios) e cafuzos (de negros e
ameríndios). Hoje em dia o povo brasileiro é composto etnicamente por brancos de origem
europeia, negros de origem africana, amarelos (indígenas e asiáticos) e mestiços. A partir
do período colonial, no século XVI, a miscigenação da população se tornou mais intensa. A
relação entre colonos portugueses e escravos gerou os mestiços, bem como o
relacionamento entre negros e indígenas deu origem ao cafuzo.

Quanto à etnia, podemos dizer que a maioria da população brasileira é mestiça. Porém, os
últimos censos ressaltaram apenas a cor da pele da população. Há ainda uma parte formada
por descendentes de povos asiáticos, especialmente japoneses. Para a formação do
contingente populacional do país, a imigração em si pouco representou (pouco mais de cinco
milhões de indivíduos, desde a Independência, dos quais 3,5 milhões permaneceram no
país) e praticamente cessou a partir do final da segunda guerra mundial.

Cor/Raça Porcentagem
Pardos 43,16%
Brancos 47,7%
Negros 7,6%
Indígenas 0,4%
Amarelos 1,1%

Língua. Apesar da enorme extensão territorial, o português firmou-se como a língua falada
no Brasil, embora com ligeiras variações do português falado em Portugal. Levando em conta
as condições naturais e históricas, e as diferenciações resultantes das características
culturais regionais, o português falado no Brasil é basicamente o mesmo em todo o território
nacional, não se verificando a ocorrência de dialetos, mas tão-somente de variações
regionais, como, por exemplo, o português falado no Rio Grande do Sul ou em algum estado
do Nordeste.

Estrutura demográfica. O Brasil é o país mais populoso da América Latina e um dos dez
mais populosos do mundo. A população brasileira está distribuída desigualmente: a
densidade demográfica da região Sudeste é mais de onze vezes maior que a da região Centro-
Oeste; e a da região Sul é quase quinze vezes maior que a da região Norte. Até a década de
1950, a maior parte da população se encontrava no campo, dedicada às atividades
agropecuárias. A partir dessa época, com a crescente industrialização, a tendência se
inverteu, e, atualmente, mais de setenta por cento concentra-se nas cidades. O
crescimento demográfico também aconteceu de forma desigual.

3.2 O Crescimento Demográfico

O crescimento populacional de um determinado território ocorre através de dois fatores: a


migração e o crescimento vegetativo, esse último é a relação entre as taxas de natalidade e
as de mortalidade. Quando a taxa de natalidade é maior que a de mortalidade, tem-se um
crescimento vegetativo positivo; caso contrário, o crescimento é negativo; e quando as duas
taxas são equivalentes, o crescimento vegetativo é nulo.

Em razão do constante aumento populacional ocorrido no Brasil, principalmente a partir da


década de 1960, intensificando-se nas últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta posição
dos países mais populosos do planeta, ficando atrás apenas da China, Índia, Estados
Unidos e Indonésia. De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira atingiu a marca
de 190.755.799 habitantes.

No Brasil, o crescimento vegetativo é o principal responsável pelo aumento populacional, já que


os fluxos migratórios ocorreram de forma mais intensa entre 1800 e 1950. Nesse período, a
população brasileira totalizava 51.944,397 habitantes, bem longe dos atuais 190.755.799.

Nos últimos 50 anos houve uma explosão demográfica no território brasileiro, o país teve
um aumento de aproximadamente 130 milhões de pessoas. No curto período de 1991 a 2005,
a população brasileira teve um crescimento próximo a 38 milhões de indivíduos.

125
No entanto, acompanhando uma tendência mundial, o crescimento demográfico brasileiro vem
sofrendo reduções nos últimos anos. A população continuará aumentando, porém as
porcentagens de crescimento estão despencando. A urbanização, a queda da fecundidade
da mulher, o planejamento familiar, a utilização de métodos de prevenção à gravidez,
a mudança ideológica da população, são todos fatores que contribuem para a redução
do crescimento populacional.

Nos anos de 1960, as mulheres brasileiras tinham uma média de 6,3 filhos, atualmente
essa média é de 2,3 filhos, que está abaixo da média mundial, que é de 2,6.

Conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2050 a


população brasileira será de aproximadamente 259,8 milhões de pessoas, nesse mesmo ano a
taxa de crescimento vegetativo será de 0,24, bem diferente da década de 1950, que
apresentou taxa de crescimento vegetativo positivo de 2,40%. Apesar dessa queda brusca no
crescimento vegetativo, a população brasileira não irá reduzir rapidamente, pois a
expectativa de vida está aumentando, em virtude do desenvolvimento de novas tecnologias
medicinais, além de cuidados e preocupação com a saúde, o que não ocorria com tanta
frequência nas décadas anteriores. Ocorrerá sim, o envelhecimento da população.

O Fenômeno da Migração de Retorno

Na última década, houve uma redução geral de todos os fluxos migratórios. O norte e o
Centro-Oeste não são mais regiões de atração. Mesmo o tradicional fluxo Nordeste-Sudeste
decaiu. Hoje, já ocorre a migração de retorno, sendo expressivo o número de nordestinos que
retornam aos seus estados de origem.

Pirâmide de Idade

A pirâmide de idade da população brasileira reflete a dinâmica populacional. Assim, a


redução da base da pirâmide indica a queda na taxa de natalidade e de fecundidade. Até
1980, a base da pirâmide ainda era bastante larga. Na pirâmide de 1996, percebe-se uma
redução significativa do percentual de jovens que corresponde à faixa etária de 0 a 14 anos
(46,5%) e um aumento percentual das pessoas adultas, de 15 a 64 anos (46,5%), e idosas,
com mais de 64 anos (7,1%). O aumento significativo do percentual de idosos deve-se ao
aumento da expectativa de vida. A pirâmide de idade a seguir reflete o processo de
envelhecimento da população.

126
O crescimento da população idosa exige novos investimentos do estado, principalmente no
que se refere ao sistema previdenciário e ao atendimento médico e social.

Densidade Demográfica Brasileira

Densidade Populacional

A distribuição territorial da população brasileira é bastante irregular. Os Estados do


Nordeste, Sudeste e Sul concentram quase 90% da população do País, em cerca de 25% do
território nacional, enquanto os Estados das Regiões Norte e Centro-Oeste concentram 10% da
população, em cerca de 75% do território. A despeito da distribuição da população é um país
considerável populoso, mais que é pouco povoado, com cerca de 20 hab./km². Por apresenta
uma distribuição populacional bastante irregular, o Sudeste é a região mais populosa e
povoada, já o Centro-Oeste é menos populoso, enquanto o norte ou a Amazônia é a região
menos povoada. No geral, as grandes concentrações de população estão localizadas nas
proximidades do litoral, numa faixa com cerca de 300 km com densidade superior a 100
hab./km². A faixa que abrange o Maranhão, Pará e Mato Grosso do Sul possui uma Densidade
Populacional regular de no máximo 10 hab./km². As áreas que correspondentes ao
Amazonas e Roraima possuem densidades que não ultrapassam os 2 hab./km².

O certo é que Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 22,43 hab./km²
—, inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como a
Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337 hab./km²). O estudo da população apoia-se em alguns
fatores demográficos fundamentais, que influenciam o crescimento populacional.

Distribuição populacional: a distribuição populacional no Brasil é bastante desigual,


havendo concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente do Sudeste e da
Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas menos
povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

Taxa de natalidade: até recentemente, as taxas de natalidade no Brasil foram elevadas, em


patamar similar a de outros países subdesenvolvidos. Contudo, houve sensível diminuição
nos últimos anos, que pode ser explicada pelo aumento da população urbana — já que a
natalidade é bem menor nas cidades, em consequência da progressiva integração da
mulher no mercado de trabalho — e da difusão do controle de natalidade. Além disso, o
custo social da manutenção e educação dos filhos é bastante elevado, sobretudo no entorno
urbano.
Se observarmos os dados populacionais brasileiros, poderemos verificar que a taxa de
natalidade tem diminuído nas últimas décadas em função de alguns fatores. A adoção de
métodos anticoncepcionais mais eficientes tem reduzido o número de gravidez. A entrada
da mulher no mercado de trabalho, também contribuiu para a diminuição no número de
filhos por casal. Enquanto nas décadas de 1950-60 uma mulher, em média, possuía de 4
a 6 filhos, hoje em dia um casal possui um ou dois filhos, em média.
Taxa de mortalidade: o Brasil ainda apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também
comum em países subdesenvolvidos, enquadrando-se entre as nações mais vitimadas por
moléstias infecciosas e parasitárias, praticamente inexistentes no mundo desenvolvido.

127
Contudo, a taxa de mortalidade também está caindo em nosso país. Com as melhorias na
área de medicina, mais informações e melhores condições de vida, as pessoas vivem mais.
Enquanto no começo da década de 1990 a expectativa de vida era de 66 anos, em 2005 foi
para 71,88% (dados do IBGE).

Isso se deve a um reflexo de uma progressiva popularização de medidas de higiene,


principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação das condições de
atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreas mais distantes; das
campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo da assistência médica e do
atendimento hospitalar.

Taxa de mortalidade infantil: o Brasil apresenta uma taxa de mortalidade infantil de 22,58
mortes em cada 1.000 nascimentos (estimativa para 2007) elevada mesmo para os padrões
latino- americanos. No entanto, há variações nessa taxa segundo as regiões e as camadas
populacionais. O Norte e o Nordeste — regiões mais pobres — têm os maiores índices de
mortalidade infantil, que diminuem na região Sul. Com relação às condições de vida, pode-se
dizer que a mortalidade infantil é menor entre a população de maiores rendimentos, sendo
provocada, sobretudo por fatores endógenos. Já a população brasileira de menor renda
apresenta as características típicas da mortalidade infantil tardia.
A diminuição na taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida tem provocado
mudanças na pirâmide etária brasileira. Há algumas décadas atrás, ela possuía uma base
larga e o topo estreito, indicando uma superioridade de crianças e jovens. Atualmente ela
apresenta características de equilíbrio. Alguns estudiosos afirmam que, mantendo-se estas
características, nas próximas décadas, o Brasil possuirá mais adultos e idosos do que
crianças e jovens. Um problema que já é enfrentado por países desenvolvidos,
principalmente na Europa.

Crescimento vegetativo: a população de uma localidade qualquer aumenta em função das


migrações e do crescimento vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das
migrações para o aumento populacional. Assim, como esse aumento é alto, conclui- se que
o Brasil apresenta alto crescimento vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade,
sobretudo infantil.

Expectativa de vida: no Brasil, a expectativa de vida está em torno de 76 anos para os


homens e 78 para as mulheres, conforme estimativas para 2010. Dessa forma, esse país se
distância das nações paupérrimas, em que essa expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia,
Guiné, Níger e outras), mas ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas, onde a
expectativa de vida ultrapassa os 75 anos (Noruega, Suécia e outras). A expectativa de vida
varia na razão inversa da taxa de mortalidade, ou seja, são índices inversamente
proporcionais. Assim no Brasil, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre
uma elevação da expectativa de vida.

IDH Brasileiro: o relatório da ONU divulgado em 2007 mostra que o Brasil integrou pela
primeira vez o grupo de países de alto desenvolvimento humano, com um índice de 0, 800
com base no ano de 2005. Apesar de ter atingido esse elevado desenvolvimento humano, o
Brasil caiu uma posição, indo de 69° para 70°, sendo superado por países como Argentina e
México. Os fatores que contribuíram para essa melhora foram: aumento do PIB per capita,
avanço no índice relacionado à taxa de alfabetização, e o aumento da expectativa de vida.

Taxa de fecundidade: conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), a taxa média de fecundidade no Brasil era de 1,94 filho por mulher em
2009, semelhante à dos países desenvolvidos e abaixo da taxa de reposição populacional,
que é de 2,1 filhos por mulher – duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é
necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva.
Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia branca e elevando-se entre as
pardas. Tal variação está relacionada ao nível socioeconômico desses segmentos
populacionais; em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas
social e economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional,
entre outros fatores.

Há também variações regionais: as taxas são menores no Sudeste (1,75 filho por mulher), no
Sul (1,92 filho por mulher) e no Centro- Oeste (1,93 filho por mulher). No Nordeste a taxa de
fecundidade é de 2,04 filhos por mulher, ainda abaixo da taxa de reposição populacional e
semelhante à de alguns países desenvolvidos. A maior taxa de fecundidade do país é a da
Região Norte (2,51 filhos por mulher), ainda assim abaixo da média mundial.

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Composição por idade, sexo, e renda: o Brasil não foge à regra mundial. A razão de sexo
no país é de 96 homens para cada grupo de 100 mulheres, conforme estimativas de 2008.
Até os 60 anos de idade, há um equilíbrio quantitativo entre homens e mulheres,
acentuando-se a partir desta faixa etária o predomínio feminino. Esse fato pode ser
explicado por uma longevidade maior da mulher, devido por outras razões, ao fato de ela
ser menos atingida por moléstias cardiovasculares, causa frequente de morte após os 40
anos. O número de mulheres, na população rural brasileira, pode-se dizer que no Nordeste,
por ser uma região de repulsão populacional, há o predomínio da população feminina. Já
nas regiões Norte e Centro-Oeste predomina a população masculina, atraída pelas atividades
econômicas primárias, como o extrativismo vegetal, a pecuária e, sobretudo, a mineração. O
número de mulheres, na população rural brasileira, também tende a ser menor, já que as
cidades oferecem melhores condições sociais e de trabalho à população feminina.

Um relativo equilíbrio entre os sexos, entretanto, só se estabeleceu a partir dos anos 1940
— pois até a década de 1930 o país apresentava nítido predomínio da população masculina,
devido principalmente à influência da imigração — e, ainda que nascessem mais meninos
que meninas, a maior mortalidade infantil masculina (até a faixa de 5 anos de idade) fez
com que se estabelecesse o equilíbrio. Repare na pirâmide a seguir o a composição etária
da população brasileira no ano 2000 e a prevista para o ano 2035. A estrutura da
população é representada em forma de pirâmide classificada em base larga da pirâmide,
corpo afunilado da pirâmide e o ápice da pirâmide. A base larga da pirâmide corresponde
ao número de jovens de um país, são considerados jovens os indivíduos com faixa etária
entre zero e 19 anos, representando aproximadamente 40% da população brasileira, o
corpo afunilado da pirâmide corresponde às pessoas com faixa etária entre 20 e 59 anos,
representando cerca de 51% da população e o ápice da pirâmide corresponde às pessoas
com idade superior a 59 anos, perfazendo 9% da população.

Nas últimas décadas houve uma mudança na estrutura etária brasileira, que foram
decorrentes a fatores como queda das taxas de mortalidade e de natalidade e elevação de
expectativa de vida, provocando automaticamente um acréscimo no crescimento
natural/vegetativo. A população brasileira está estruturada de acordo com os setores de
atividades econômicas, ou seja, onde o brasileiro está ganhando seu sustento. Hoje, cerca
de 50% das pessoas compõe o PEA (População economicamente ativa), o PEA representa as
pessoas que trabalham ou estão à procura de trabalho, e 32% forma a população inativa,
pessoas que não estudam, não trabalham e não está à procura, ou não possuem idade
compatível. A população está dividida segundo seus rendimentos ou renda, nesse contexto,
verifica-se um alto grau de desigualdade, provocada pela concentração da renda, própria de
países capitalistas, que é caracterizada pela concentração de riqueza nas mãos de poucos,
enquanto a maioria vive em condições extremamente excludentes.

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Migrações Brasileiras: as migrações pelo território brasileiro estão associadas, como nota-
se ao longo da história, a fatores econômicos, desde o tempo da colonização pelos
europeus. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste e teve o início
do ciclo do ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas em direção
ao novo centro econômico do país. Graças ao ciclo do café e, posteriormente, com o
processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente o grande pólo
de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de empregos ou
melhores salários.

Acentuou-se, então, o processo de êxodo rural; migração do campo para a cidade, em


larga escala. No meio rural, a miséria e a pobreza agravadas pela falta de infraestrutura
(educação, saúde, etc.), pela concentração de terras nas mãos dos latifundiários e pela
mecanização das atividades agrárias, fazem com que a grande população rural se sinta
atraída pelas perspectivas de um emprego urbano, que melhore o seu padrão de vida. O
fascínio urbano torna-se, então, o principal fator de atração para as grandes cidades.

No entanto, o que ocorre é que a cidade não apresenta uma oferta de empregos
compatível à procura. Em consequência surgem o desemprego e o subemprego no setor de
serviços, como os vendedores ambulantes e os trabalhadores que vivem de fazer "bicos". E
isso necessariamente vai resultar na formação de um cinturão marginal nas cidades, ou
seja, o surgimento de favelas, palafitas e invasões urbanas. Atualmente, nos Estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, é significativa a saída de população das metrópoles em
direção às cidades médias do interior. A causa desse movimento é que as metrópoles
estão completamente inchadas, com precariedade no atendimento de praticamente todos
os serviços públicos, altos índices de desemprego e criminalidade. Já as cidades do
interior desses estados, além de estar passando por um período de crescimento
econômico, oferecem melhor qualidade de vida à população.

Urbanização e Metropolização no Brasil

As metrópoles são as maiores e mais bem equipadas cidades de um país. No Brasil,


desenvolveu-se uma urbanização concentradora, isto é, que forma grandes cidades e
metrópoles. Em 1950, só existiam duas cidades com população acima de 1 milhão de
habitantes: Rio de Janeiro e São Paulo. Em 2000, ambas apresentam mais de 5 milhões de
habitantes, e 13 municípios passaram a contar com população urbana superior a 1 milhão de
habitantes.

Em 1950, São Paulo não se incluía entre as 20 cidades mais populosas do mundo. No ano
2015, segundo estimativas da ONU, a região metropolitana de São Paulo, com 20,3 milhões
de habitantes, será a quarta maior aglomeração urbana no mundo, antecedida por Tóquio,
no Japão (28,9 milhões), Bombaim, na Índia (26,3 milhões) e Lagos, na Nigéria (24,6 milhões).
Ela é a metrópole que melhor reflete o caráter concentrador da urbanização no País.

O censo de 2000 mostrou que a população brasileira ainda se concentra nas grandes cidades
e nas metrópoles. Em 1970, as regiões metropolitanas reuniam 24,3 milhões de pessoas; em
2000, passaram a contar com 67,8 milhões de pessoas, ou seja, esta população quase que
triplicou em três décadas, representando 40,0% do total do País.
No entanto a população das capitais estaduais vem crescendo mais lentamente do que a
do País. Este é um dado recente e importante, porque as grandes cidades ficam um pouco
mais aliviadas dos problemas gerados pelo excesso de população. O censo 2000 mostra que
São Paulo é o município mais populoso do país, com 10,4 milhões de habitantes. O menos
populoso é Borá, no interior paulista, com apenas 795 habitantes. Como características
principais da urbanização temos:
 Intensa urbanização a partir da industrialização da economia brasileira;
 Aumento proporcional dos empregos no setor secundário e terciário;
 Duplicação da população urbana sobre o total dos habitantes do país.

Rede e Hierarquia Urbanas

O processo de urbanização compõe a chamada rede urbana, um conjunto integrado ou


articulado de cidades em que se observam a influência e a liderança das maiores
metrópoles sobre os menores (centros locais). A hierarquia urbana é estabelecida na
capacidade de alguns centros urbanos de liderar e influenciar outros por meio da oferta
de bens e serviços à população. Pode ser uma metrópole nacional (se influencia todo o

130
território nacional) ou uma metrópole regional (se influencia certa porção ou região do
País). São inúmeras as atividades desenvolvidas nas cidades, tanto no setor secundário
(indústria) como no terciário (comércio e serviços), e até mesmo no primário
(agropecuária). Essas atividades, dependendo de sua qualidade e diversificação, podem
atender não só à população urbana, mas a todo o município, incluindo a zona rural e
a população de vários municípios ou de outros estados. Assim, uma cidade pequena
pode não ter um comércio ou serviço de saúde suficiente para sua população, que é
atendida em outra cidade maior, mais bem equipada, que lhe ofereça serviços de melhor
qualidade.

Os equipamentos de uma cidade (escolas, universidades, postos de saúde, hospitais,


sistema de transporte, cinemas, teatros, entre outros), o parque industrial, os serviços, o
setor financeiro determinam a sua área de influência, ou seja, a região por esta
polarizada. Assim, é possível construir um sistema hierarquizado, no qual as cidades
menores encontram-se subordinadas às maiores.

O IBGE classifica a rede urbana brasileira de acordo com o tamanho e importância das
cidades. As categorias de cidades são:

Metrópoles globais: suas áreas de influência ultrapassam as fronteiras de seus


estados, região ou mesmo do país. São metrópoles globais São Paulo e Rio de Janeiro

Metrópoles nacionais: encontram-se no primeiro nível da gestão territorial,


constituindo foco para centros localizados em todos os pontos do país. São metrópoles
nacionais Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Metrópoles regionais: constitui o segundo nível da gestão territorial, e exercem


influência na macrorregião onde se encontram. São metrópoles regionais Belém, Belo
Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife e Salvador.
Capitais regionais: constituem o terceiro nível da gestão territorial, e exercem
influência no estado e em estados próximos. Dividem-se em três níveis:

‒ Capitais regionais A: Aracaju, Campinas, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis,


João Pessoa, Maceió, Natal, São Luís, Teresina e Vitória.

‒ Capitais regionais B: Blumenau, Campina Grande, Cascavel, Caxias do Sul,


Chapecó, Feira de Santana, Ilhéus/Itabuna, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maringá,
Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Uberlândia, Montes Claros, Palmas, Passo
Fundo, Poços de Caldas, Porto Velho, Santa Maria e Vitória da Conquista.

‒ Capitais regionais C: Araçatuba, Araguaína, Arapiraca, Araraquara, Barreiras,


Bauru, Boa Vista, Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goytacazes, Caruaru,
Criciúma, Divinópolis, Dourados, Governador Valadares, Ijuí, Imperatriz,
Ipatinga/Coronel Fabriciano/Timóteo, Juazeiro do Norte/Crato/Barbalha, Macapá,
Marabá, Marília, Mossoró, Novo Hamburgo/São Leopoldo, Pelotas/Rio Grande,
Petrolina/Juazeiro, Piracicaba, Ponta Grossa, Pouso Alegre, Presidente Prudente, Rio
Branco, Santarém, Santos, São José dos Campos, Sobral, Sorocaba, Teófilo Otoni,
Uberaba, Varginha e Volta Redonda/Barra Mansa.

Funções das cidades

Cidades Politica-administrativa: sedia órgãos públicos como Brasília.


Cidade Religiosa: depende basicamente da sua importância religiosa, como Aparecida,
Juazeiro do Norte.
Cidades turísticas: explique que são todas aquelas vinculadas à atividade do turismo,
como, por exemplo, Búzios (RJ), Porto Seguro (BA), Campos do Jordão (SP), entre outras.
Cidades industriais: fale que são centros urbanos ligados economicamente com o setor
industrial, nessa categoria temos o exemplo de São Bernardo do Campo, Santo André,
entre outras espalhadas no território brasileiro.
Cidades portuárias: esse tipo de núcleo urbano surge nos arredores de um porto, com
essa característica podemos citar: Porto Alegre (RS), Santos (SP) e Tubarão (ES).
Cidades comerciais e prestadoras de serviços: são centros urbanos que possuem como
principal fonte econômica a atividade do comércio e da prestação de serviços, nessa

131
categoria temos o exemplo de Maringá, Ribeirão Preto, entre outras cidades.
Cidades Geografia: escolas de treinamento para plantações (escolas agrícolas).

Espaço Urbano: problemas e reforma

De um lado, há a cidade formal, na maior parte das vezes bem planejada, com bairros ricos,
ruas arborizadas, avenidas largas, privilegiada por equipamentos e serviços. Contrasta de
outro lado, com a cidade informal, composta pela periferia pobre, pelos subúrbios, pelas
favelas, com ruas estreitas, sem planejamento, pela ocupação desordenada e sem infra-
estrutura adequada.
Na cidade informal ou “oculta”, concentram-se os problemas urbanos, e sua população
engrossa as estatísticas dos desempregados, dos subempregados, da violência. A cidade
formal, preocupada com a violência, cerca-se de muros, guaritas, equipamentos de
segurança (alarme, interfones, câmeras), acentuando a segregação espacial.

Outros dados da População brasileira

• Crescimento demográfico: 1,17% ao ano (2000 a 2010) **


• Expectativa de vida: 73,5 anos **
• Taxa de natalidade (por mil habitantes): 20,40 *
• Taxa de mortalidade (por mil habitantes): 6,31 *
• Taxa de fecundidade total: 1,86 **
• Estrangeiros no Brasil: 0,23% **
• Estados mais populosos: São Paulo (41,2 milhões), Minas Gerais (19,5 milhões), Rio
de Janeiro (15,9 milhoes), Bahia (14 milhões) e Rio Grande do Sul (10,6 milhões). **
• Estados menos populosos: Roraima (451,2 mil), Amapá (668,6 mil) e Acre (732,7 mil). **
• Capital menos populosa do Brasil: Palmas-TO (228,2 mil).**
• Cidade mais populosa: São Paulo-SP (11,2 milhões). **
• Proporção dos sexos: 48,92% de homens e 51,08% de mulheres.
**
• Vivem na Zona Urbana: 160,8 milhões de habitantes, enquanto que na Zona
Rural vivem 29,8 milhões de brasileiros.**
Fonte: IBGE * 2005, ** Censo 2010.

4. ASPECTOS ECONÔMICOS

4.1 Agropecuária

É necessário saber que agropecuária remete a fusão da produção agrícola com a pecuária. A
agropecuária teve um papel muito importante na economia brasileira no passado, visto que
foi importante para o processo de povoamento do território brasileiro, pois na medida em
que as propriedades rurais desbravavam o interior do país surgiam vilas e povoados.

A produção agropecuária emprega aproximadamente 10% da população e responde por


8% do PIB brasileiro. Vários foram os fatores que determinaram a expansão da
agropecuária no país, mas os principais são o grande mercado interno, grande extensões
de terras com relevo favorável e o clima.

A produção agropecuária anda lado a lado com a tecnologia, as propriedades rurais são
classificadas segundo o nível tecnológico, ou seja, o grau de tecnologia empregado na
propriedade rural, que determina se a propriedade e seu sistema de produção é tradicional
(prática de agricultura ou pecuária vinculada na produção sem tecnologias) ou moderna
(prática de agricultura, em geral, em grandes propriedades monocultoras ou pecuárias
vinculadas na produção com tecnologias que caracteriza pela criação intensiva). A agricultura
moderna cresceu a partir da década de 1970, com incremento da monocultura comercial
com grande expansão de gêneros agrícolas para a indústria e para exportação. Após esse
período foram surgindo novas tendências de produção e comercialização, como as
cooperativas agrícolas (associação de pequenos e médios produtores rurais que se agrupam
com finalidade de conseguir melhores preços de compra e venda). Com relação aos
produtos produzidos no país percebe-se que os produtos de clima tropical são os mais
produzidos pelo Brasil, uma vez que é um país tropical. Dentre os principais produtos

132
tropicais podemos citar o cacau, café, cana-de-açúcar e algodão. A grande produção agrícola
do Hemisfério Sul faz com que a sua época de colheita e a entre safra do comércio do
Hemisfério Norte ocorram simultaneamente.

SOLO

O solo é constituído através da decomposição das rochas, processo que ocorre pela ação da
água das chuvas e dos rios. Além disso, alguns organismos vivos que vivem no solo, também
realizam atividades favoráveis para o mesmo, pois eles produzem a matéria orgânica, que são
restos de animais e vegetais mortos. O acumulo deste material sobre o solo torna-o mais
fértil, pois ele terá uma grande quantidade de nutrientes para o desenvolvimento das plantas.
Portanto, para favorecer a agricultura, o solo deve apresentar boas condições. A importância
do solo para os seres vivos é tão grande quanto a importância da água e do ar. Quando um
solo é destruído, dificilmente ele voltará ás suas condições normais, e nem sua fertilidade será
recuperada. Infelizmente, ainda não há nenhum tipo de recurso que produza solos para
substituir os perdidos.

No Brasil, há diversos tipos de solos agrícolas, os mais férteis são os chamados Massapê e
Terras-Roxas que prevalecem em grandes áreas do país.

Massapê
É resultado da decomposição do Granito, Gnaisse, e Calcário. É encontrado na região
Nordeste, e está relacionado com a plantação de cana-de-açúcar desta região desde o
período da colonização. Apresenta-se por uma cor escura, e é um dos solos brasileiros
que possui a maior fertilidade.

Terra Roxa
Assim como o Massapê, a Terra Roxa também é um solo bastante fértil, de cor
avermelhada. É resultado da decomposição do Diabásio e Basalto. É encontrado
principalmente nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Desde quando café
chegou ao Brasil, este solo foi utilizado pra o seu cultivo.

Solo de Várzea
São solos que se localizam próximos de rios, e frequentemente são inundados por eles,
por isso é necessário que sempre seja feito uma drenagem, para filtrar os excessos de
água. O arroz é cultivado neste tipo de solo.

Principais produtos da agricultura brasileira

Café
Quando o café chegou ao Brasil era considerado como uma planta ornamental. Em 1860 o
café tornou-se definitivamente importante na economia brasileira, ao chegar à região de
Campinas, no Estado de São Paulo. A partir deste fato, o café encontrou condições físicas
favoráveis para o seu desenvolvimento, tais como: solo fértil, clima tropical de altitude,
planalto ondulado. Rapidamente, o café atingiu lotes a oeste do Estado, e posteriormente
ocupou o Norte do PR, Sul de Minas e MS. O Brasil é considerado o maior produtor
mundial de café.

Cacau
O cacau é um produto que nasceu no Brasil, sendo cultivado primeiramente na Amazônia
e atingindo o sul da Bahia, onde encontrou condições favoráveis para o seu
desenvolvimento, como clima quente e super-úmido, solo espesso e fértil. Atualmente, é
na Bahia que o cacau tem sua principal produção, sendo o maior Estado produtor de
cacau do país. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cacau, exportando
principalmente para a Argentina, Estados Unidos, Europa e Japão.

Cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar chegou ao Brasil no século XVI através dos portugueses. Inicialmente,
este produto era cultivado principalmente na Zona da Mata Nordestina e no Recôncavo
Baiano. A cana-de-açúcar representa um importante produto na economia do Brasil.
Em 1930, o cultivo de cana-de-açúcar atingiu o Estado de São Paulo, que logo se tornou
o maior produtor brasileiro de cana. O Brasil é considerado o maior produtor mundial
de cana-de-açúcar, exportando principalmente para os Estados Unidos, Europa e Rússia.
Ultimamente, houve um crescimento do investimento na mecanização da cultura de

133
cana, pois esta técnica traz vantagens econômicas e ambientais, porém o número de
trabalhadores da indústria canavieira deve sofrer uma drástica redução.

Soja
A soja é um produto recente no Brasil, e nas últimas décadas tem se tornado importante
na produção agrícola brasileira, e nas exportações. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste
são as principais produtoras de soja, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor
brasileiro. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, o primeiro é os Estados
Unidos.

Milho
O milho é um produto que nasceu na América, e é muito conhecido no mundo todo.
No Brasil, a sua cultura está presente em todos os Estados, sendo o Paraná o principal
produtor de milho. Mundialmente, os Estados Unidos é o maior produtor de milho,
seguido da China e do Brasil.

Trigo
É o produto alimentício mais importado pelo Brasil. Em 1993 foram 5,0 milhões de
toneladas de trigo importado para o Brasil, pois o consumo interno foi de 7,2 milhões de
toneladas e a produção interna foi de 2,3 milhões de toneladas. No Brasil, o maior
produtor de trigo é o Estado do Paraná, seguido do Rio Grande do Sul.

Arroz
No Brasil encontramos a cultura de arroz em todos os estados, sendo o Rio Grande do
Sul o maior produtor brasileiro, seguido de Minas Gerais e Goiás. O Brasil é considerado
um dos maiores produtores mundiais de arroz.

Algodão
No Brasil, o algodão começou a ser cultivado no período colonial. O Brasil ocupa a 6ª
colocação dos maiores produtores mundiais de algodão, sendo superado pela China,
Rússia, EUA, Índia e Paquistão.

Principais problemas da agricultura

Sub-aproveitamento do espaço agrícola


O Brasil é um país que possui um sub-aproveitamento de seu espaço rural. Com uma
área de 8.511.965km² que o país possui, cerca de 400.000km² são utilizados com
lavouras, e 1.600.000km² com pastagens. O Brasil possui 7 milhões de estabelecimentos,
deste total, somente 500 mil oferecem trabalho com remuneração, além disso, estes
proprietários predominam 75% do total de terras.

Estrutura Fundiária
É a maneira como são organizados os estabelecimentos agrários de uma determinada
região, em relação ao número, tamanho e distribuição social. Desde o período colonial, e até
nos dias de hoje, grande parte das terras brasileiras são predominadas pelas grandes
propriedades, que são administradas por um pequeno grupo de pessoas, chamados de
latifundiários. Os latifúndios possuem grandes áreas rurais, porém este espaço é
subaproveitado, havendo um grande desperdício deste recurso.

As menores propriedades apresentam um grande número de proprietários, porém sua


ocupação na área rural muito pequena, apenas 2,6%. Já as maiores propriedades, possuem
poucos proprietários, porém representam quase a metade da área rural, 44,1%.

Quando se fala em latifúndio e minifúndio, entendemos que se trata de dois termos


diferentes, que são definidos, em cada região, por meio do chamado módulo rural, que foi
instituído pelo Estatuto da Terra (lei nº. 4 504 de 30-11-64) para classificar as propriedades
agrárias relacionando com suas dimensões, condições de aproveitamento da terra e situação
geográfica.

Módulo rural
É uma área aproveitável disponibilizada para atender as necessidades de uma família
formada por quatro membros adultos. O módulo rural pode variar de acordo com a região
e com a as condições de exploração da área, e também com aspectos socioeconômicos.

134
Minifúndio
É a propriedade que se classifica por possuir uma área inferior à do módulo rural, que é
estabelecida em relação à região e seus modos de exploração. Produzem pouco, e
realizam pequenas vendas em sua própria região.

Latifúndio
Por dimensão, é a propriedade que se classifica por possuir uma área superior à do
modo rural, que é estabelecida em relação à região e seus modos de exploração.

O latifúndio por exploração é a propriedade que apesar de ter uma área explorável se
mantém em desuso, sem produções, pelo motivo de ser explorado incorretamente, ou por
carência de exploração, sendo assim não pode ser classificado com empresa rural. No Brasil,
tem crescido bastante o número de minifúndios, pelo fato das pequenas e médias
propriedades terem passado por uma divisão. Desde o ano de 1960 o número de
estabelecimento só vem aumentando, neste mesmo ano havia 3.337.000, e no ano de 1985
chegou a 5.801.809, o número de estabelecimentos arrolados. Além dos minifundiários, os
latifundiários também cresceram no número de terras, em 1960 possuíam 71 milhões de
hectares, e no ano de 1975 o número subiu para 91 milhões.

O uso de terra
As grandes propriedades dedicam-se a pecuária, pastagens, ao extrativismo vegetal, e ao
cultivo de produtos destinados à exportação como o café, a cana-de-açúcar e a soja, o
cacau, o algodão e cereais. As pequenas propriedades responsabilizam-se pelo
desenvolvimento de atividades comerciais e de subsistência: arroz, feijão, milho, mandioca
e produtos hortifrutigranjeiros.

Armazenamento e Tratamento
Estes não são problemas agrícolas, mas são problemas que trazem consequências que
interferem diretamente na produção agrícola. Em algumas regiões, pela falta de transporte ou
da capacidade de armazenamento inadequado, ocorre uma brusca redução na produção
agrícola.

Distribuição das Propriedades Agrícolas por região

Região Norte
É a região que possui o menor índice de área preenchida por estabelecimentos rurais
brasileiros, apesar de dominar cerca de 1.000 ha de propriedades. A extração vegetal é a
principal atividade econômica da região, pois esta apresenta uma vantagem em relação à
utilização do solo, mantendo elevado o grande número de matas, sendo que é o maior de todo
o território brasileiro.

As médias e pequenas propriedades são destinadas a produção de pimenta do reino, malva,


juta, cacau e fumo e ao longo da Transamazônica há as agrovilas que cultivam culturas
diversificadas. Já ás grandes propriedades há o extrativismo de borracha, castanha do Pará
e na Ilha de Marajó e AP predomina a pecuária; em toda a região
– matas incultas.

Região Nordeste
Esta região é caracterizada pelo alto número de estabelecimentos agrícolas e de
trabalhadores que se ocupam com as atividades agropecuárias. Controlam cerca de 2.000
ha. de propriedades. No campo são cultivados produtos que são consumidos nas regiões
urbanas, já no sertão a principal atividade praticada é a pecuária extensiva. As pequenas e
médias Propriedades como o Vale do Rio São Francisco são produtoras de arroz e cebola; já
no Ceara temos o algodão e no agreste Nordestino o algodão e agave. Nas Grandes
propriedades predomina a pecuária; a cana-de-açúcar na Zona da Mata Nordestina: o
cacau no litoral sul da Bahia e também o extrativismo vegetal no MA e PI.

Região Centro-Oeste
É uma região que apresenta mais de 10.000 ha com estabelecimentos, sendo que o domínio
é dos grandes estabelecimentos que possuem entre 1.000ha e 10.000ha, que têm como
principal atividade a pecuária. Nas médias e pequenas propriedades predomina café,
milho, soja e muitas culturas diversificadas. Já nas grandes propriedades verifica-se
extrativismo vegetal em MT e GO; a pecuária pantaneira em MS e MT e a pecuária em áreas
dispersas no interior de GO, MS e MT.

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Região Sul
Nesta região, a área ocupada é dominada pelas pequenas e médias propriedades, porém
houve um aumento das propriedades com a expansão da soja. Nas grandes propriedades
PR verifica-se a soja, o café e na Mata de Araucária o extrativismo de madeira. Já no RS,
na Campanha Gaúcha temos a pecuária. Nesses dois estados temos ainda as áreas de
cultura de trigo. Nas médias e pequenas propriedades temos no RS, PR e SC (áreas de
povoamento europeu) a produção de vinha, trigo, batata, arroz, milho, etc.

Região Sudeste
Destaca-se por ser a terceira região em área ocupada pelos estabelecimentos rurais. Possui a
maior concentração urbana e industrial, e de maior consumo. As médias e pequenas
propriedades são predominante na Região Sudeste. Nas grandes propriedades verifica-se
a produção de pecuária (MG, SP), café e cana-de-açúcar. Já nas médias e pequenas
propriedades temos culturas diversificadas e gado leiteiro (MG, SP) e chá e arroz (SP).

4.2 Extrativismo vegetal e mineral

O extrativismo é um tipo de atividade consiste em obter da natureza os produtos que serão


usados para comercialização direta ou indireta pelo homem. Essas atividades extrativistas
que são divididas em extrativismo vegetal, animal e mineral. Desde o descobrimento do
Brasil, nosso país esteve atrelado a atividades que envolviam o extrativismo. O extrativismo
foi a primeira atividade econômica realizada no Brasil, através da exploração do pau-brasil
pelos colonizadores portugueses. Dessa árvore é extraído um pigmento avermelhado, utilizado
no tingimento de tecidos.

Atividade extrativista vegetal

É o ato de retirar da natureza os elementos vegetais a fim de comercializar, ex. açaí,


castanha do Pará, pequi etc., embora a principal extração vegetal seja a extração de
madeiras. No Brasil a extração de produtos nativos da biodiversidade é uma atividade
constante na história. Vem atravessando os ciclos econômicos, encontrando épocas em que se
constituía como principal atividade regional, como no período em que prevaleceu a extração
das denominadas "drogas do sertão", borracha, madeira, castanha, metais preciosos,
cacau, entre outros produtos.

Esta atividade ainda continua a ser a base econômica de muitas famílias no país mesmo no
século XXI. Apesar de enfrentar crises de preço, ocasionadas pela concorrência com outros
produtos, o extrativismo se constitui numa importante atividade econômica, empregando
contingentes populacionais expressivos. Mas a despeito da quantidade de pessoas que
retiram sua subsistência da extração de produtos da floresta, o extrativismo é uma atividade
que ainda recebe pouco apoio dos órgãos públicos e estímulos econômico-fiscais insuficientes
para seu pleno desenvolvimento.

Cada região no Brasil possui itens muito característicos do extrativismo. Na região Norte o
buriti, o murici, o cupuaçu, o babaçu, são fontes de renda de muitas comunidades. E é
muito comum o extrativismo de madeiras, castanhas, açaí e látex (que é uma seiva
extraída da seringueira), muito utilizado para a fabricação de borracha. Na região Centro-
oeste o Pequi, o Baru e a Bacaba, são fontes de renda e existem leis que garantem a
proteção dessas espécies e o acesso de qualquer cidadão aos seus frutos onde quer que eles
estejam. No Brasil as atividades extrativistas têm sido uma constante, desde o período
colonial quando se praticava o extrativismo da madeira e de minérios principalmente do
ouro nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país.

No século XIX o extrativismo continuou intenso na região Norte do Brasil, a qual possuía
grande diversidade de madeiras e plantas medicinais, estendendo-se até a região Sudoeste do
país a qual possui, até hoje, grandes áreas cultivadas com o cacaueiro e a seringueira. Já no
século XX, antes da Segunda Guerra Mundial, na região Amazônica, começou a prática de
extrativismo da borracha e da castanha, e no Pós-guerra intensificou-se a extração de
madeira.

Atividade extrativista mineral

Consiste em extrair minérios da natureza, principalmente de pedras preciosas. O


extrativismo mineral tem sido incrementado na região amazônica a partir dos anos 60,

136
especialmente através de minerais como o ouro, ferro e bauxita e outros minérios. Na
Amazônia, devido ao seu rico potencial mineral, tanto o governo, como a iniciativa privada
tem praticado o extrativismo mineral nos últimos 30 anos
Grandes projetos como Carajás e Rio Trombetas no Pará extraem ferro e bauxita; Serra do
Navio no Amapá extrai manganês, Serra Pelada no Pará, extrai ouro; em Porto Velho
extrai-se a cassiterita. Porém em muitos rios e em áreas indígenas, clandestinamente é
praticada a garimpagem, uma das maiores degradações ambientais na Amazônia, inclusive
poluindo as águas; o governo constantemente está combatendo tais ações. Apesar disso o
Extrativismo Mineral no Brasil se constitui um importante elemento na balança comercial
do país.
O Extrativismo Mineral tem por característica e alteração drástica do ambiente onde é
promovido. Tal tipo de extrativismo tem por fim o uso direto ou indireto. Ele é direto
quando, como no caso da água mineral, o produto mineral extraído é utilizado em sua
forma natural. É considerado indireto, que é o caso da maioria dos minerais, quando o
produto extraído é destinado a indústrias para passar por transformações que darão origens
a produtos com maior valor agregado. A tecnologia de extração também pode variar entre
simples e mais complexa.
O Extrativismo mineral no Brasil é uma importante fonte de recursos para a economia do
país, já que o Brasil é um dos grandes exportadores de minérios no mundo. Por possuir um
território amplo, o Brasil desfruta de ampla variedade de recursos naturais para utilização
interna e comércio externo, entretanto o país não é autossuficiente em tudo e, em alguns
casos, precisa também adquirir tais tipos de produtos. Uma das críticas feitas ao
Extrativismo Mineral no Brasil é de que vendemos o minério para comprar o produto que é
com ele fabricado, perdendo assim a possibilidade de utilizar o recurso mineral em
território nacional para vendê-lo com maior valor agregado.
Considerando a oferta de recursos minerais que o Brasil possui, são vários os produtos
com importante representatividade para o país. Um deles é o Ferro, cuja reserva brasileira
representa a sexta maior do mundo e com elevada qualidade. Minas Gerais é o grande
estado produtor do minério na região do Quadrilátero Ferrífero.
Apesar de possuir apenas 1% das reservas mundiais, o Manganês é um produto que tem
crescido na pauta de exportação nacional e é muito utilizado nas siderúrgicas para
produção de aço. O Brasil está em terceiro lugar na produção mundial de Alumínio e
possui um elevado índice de reciclagem do produto. Nos estados de Amazonas e Rondônia
estão as principais áreas de produção de Estanho, minério também utilizado na composição
do aço nas indústrias.
Bahia e Pará concentram a produção de Cobre no país, a qual necessita de importação
por não dispor suficientemente do recurso natural. Já o Ouro, que no Brasil é encontrado
em jazidas e na forma de aluvião, atende ao mercado interno e externo. É certo que a
quantidade de tal minério produzido no Brasil é bem maior do que se tem registrado por
conta do extrativismo ilegal.
Minas Gerais, Amazonas e Goiás são detentores da produção de Nióbio no Brasil. Tal mineral
é muito aplicado nas indústrias aeronáutica, naval, espacial e automobilística por ser
utilizado em ligas metálicas que oferecem resistência e leveza. O Brasil possui quase a
totalidade mundial de Quartzo em estado natural. Esse minério é para a indústria da
informática e também eletroeletrônica.
Por possuir um litoral muito extenso, o Brasil desfruta de ampla produção de Sal Marinho,
sendo que o estado do Rio Grande do Norte é o maior produtor.
O Chumbo é outro minério com baixa produção no Brasil e que necessita de importações.
Além de todos esses recursos naturais disponíveis para exportação, o Extrativismo Mineral no
Brasil ainda conta com o merecido destaque para Cimento, Caulim, Diamante, Enxofre,
Magnesita, Níquel e Tungstênio.

Atividade extrativista animal

Consiste em retirar elementos da fauna com a finalidade de comercializá-los. A atividade


extrativista animal executa a pesca e a caça, tais procedimentos em animais silvestres
como jacarés, onças, macacos e pássaros são protegidos pela lei federal, mesmo assim ainda
é uma prática que ocorre frequentemente e de forma ilegal. A pesca não configura como uma
atividade ilegal e sua exploração é relativamente modesta, uma vez que o país possui uma
grande riqueza em litorais e rios. Isso é explicado pelo fato do baixo consumo de pescado no
país, que é de aproximadamente 6,4 quilos por habitante no período de um ano, no Japão o
consumo é de 52 quilos por pessoa ao ano.

137
4.3 Atividades industriais

As indústrias são classificadas de acordo com seu foco de produção. Sendo assim, temos as
indústrias de bens de produção e as indústrias de bens de consumo.

Indústrias de bens de produção

Responsáveis pela transformação de matérias-primas brutas em matérias-primas


processadas. São consideradas a base do segmento industrial. Essas indústrias extraem
matéria-prima da natureza (madeira, óleos, plantas, petróleo, etc.), além de transformar e
fornecer bens para a estruturação de outras indústrias. São exemplos de indústrias de bens
de produção a metalúrgica, siderúrgica e a petroquímica.

Indústrias de bens de consumo

São aquelas que têm sua produção direcionada para os consumidores. Esse segmento visa
fornecer objetos diretamente para o mercado consumidor. Elas podem ser divididas em:
‒ Indústrias de bens duráveis: fabricam produtos não perecíveis, tais como carros,
eletrodomésticos, mobílias, entre outros.
‒ Indústrias de bens não duráveis: produzem mercadorias de primeira necessidade,
como, por exemplo, alimentos, bebidas, roupas, sapatos, remédios, etc.

Indústrias no Brasil

A atividade industrial brasileira é muito concentrada no Sudeste brasileiro, contudo, de uns


tempos pra cá, vem se distribuindo melhor entre as diversas regiões do país. Atualmente,
seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem passando por um processo de
descentralização industrial, chamada por alguns autores de desindustrialização,
que vem ocorrendo intra-regionalmente e também entre as regiões.
Dentro da Região Sudeste há uma tendência de saída do ABCD Paulista, buscando
menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba ao longo da Rodovia
Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem, além de incentivos
fiscais, menores custos de mão-de-obra, menor congestionamento viário e por tratarem-se de
cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital quando se trata de tecnopólos.
A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades-
médias dotadas de boa infraestrutura e com centros formadores de mão-de-obra
qualificada, geralmente universidades. Além disso, percebe-se um movimento de
indústrias tradicionais, de uso intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e vestuários
para o Nordeste, atraídas, sobretudo, pela mão- de-obra extremamente barata.

A concentração industrial no Sudeste

A distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concentração em São Paulo,


foi determinada pelo processo histórico, já que no momento do início da efetiva
industrialização, o estado tinha, devido à cafeicultura, os principais fatores para instalação
das indústrias, a saber: capital, mercado consumidor, mão-de-obra e transportes.
Além disso, a atuação estatal através de diversos planos governamentais, como o Plano de
Metas, acentuou esta concentração no Sudeste, destacando novamente São Paulo. A partir
desse processo industrial e, respectiva concentração, o Brasil, que não possuía um espaço
geográfico nacional integrado, tendo uma estrutura de arquipélago econômico com várias
áreas desarticuladas, passa a se integrar. Esta integração reflete nossa divisão inter-regional
do trabalho, sendo tipicamente centro-periferia, ou seja, com a região Sudeste polarizando as
demais.
A exemplo do que ocorre em outros países industrializados, existe no Brasil uma grande
concentração espacial da indústria no Sudeste. A concentração industrial no Sudeste é maior
no Estado de São Paulo, por motivos históricos. O processo de industrialização, entretanto,
não atingiu toda a região Sudeste, o que produziu espaços geográficos diferenciados e grandes
desigualdades dentro da própria região. A cidade de São Paulo, o ABCD (Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) e centros próximos, como Campinas, Jundiaí e
São José dos Campos possuem uma superconcentração industrial, elaborando espaços
geográficos integrados à região metropolitana de São Paulo. Esta área tornou-se o centro da
industrialização, que se expandiu nas seguintes direções: par a Baixada Santista, para a
região de Sorocaba, para o Vale do Paraíba – Rio de Janeiro e interior, alcançando Ribeirão
Preto e São José do Rio Preto.

138
As atividades econômicas e industriais nas 05 regiões do Brasil

Sudeste

Como descrito anteriormente, o Sudeste, é a região que possui a maior concentração


industrial do país. Nesta área, os principais tipos de indústrias são: automobilística,
petroquímica, de produtos químicos, alimentares, de minerais não metálicos, têxtil, de
vestuário, metalúrgica, mecânica, etc. É um centro polindustrial, marcado pela variedade e
volume de produção.
Várias empresas multinacionais operam nos setores automobilísticos de máquinas e
motores, produtos químicos, petroquímicos, etc. As empresas governamentais atuam
principalmente nos setores de siderurgia. Petróleo e metalurgia, enquanto empresas nacionais
ocupam áreas diversificadas.
O grande interesse de empresas multinacionais é principalmente pela mão-de-obra mais
barata, pelo forte mercado consumidor e pela exportação dos produtos industriais a preços
mais baixos. Quem observa a saída de navios dos portos de Santos e do Rio de Janeiro
tem oportunidade de verificar quantos produtos industriais saem do Brasil para outros
países. E aí vem a pergunta: com quem fica o lucro dessas operações? Será que fica para os
trabalhadores que as produziram?
A cidade do Rio de Janeiro, caracterizada durante muito tempo como capital administrativa
do Brasil até a criação de Brasília, possui também um grande parque industrial. Porém,
não tem as mesmas características de alta produção e concentração de São Paulo. Constitui-
se também, de empresas de vários tipos, destacando-se as indústrias de refino de petróleo,
estaleiros, indústria de material de transporte, tecelagem, metalurgia, papel, têxtil, vestuário,
alimentos, etc.
Minas Gerais, de passado ligado à mineração, assumiu importância no setor metalúrgico após
a 2º Guerra Mundial e passou a produzir principalmente aço, ferro-gusa e cimento para as
principais fábricas do Sudeste. Belo Horizonte tornou-se um centro industrial diversificado,
com indústrias que vão desde o extrativismo ao setor automobilístico.
Além do triângulo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, existem no Sudeste outras
áreas industriais, a maioria apresentando ligação direta com algum produto ou com a
ocorrência de matéria-prima. É o caso de Volta Redonda, Ipatinga, Timóteo, João Monlevade e
Ouro Branco, entre outras, ligadas à siderurgia. Outros centros industriais estão ligados à
produção local, como Campos e Macaé (açúcar e álcool), Três Corações, Araxá e Itaperuna
(leite e derivados), Franca e Nova Serrana (calçados), Araguari e Uberlândia (cereais), etc.
O estado do Espírito Santo é o menos industrializado do Sudeste, tendo centros industriais
especializados como: Aracruz, Ibiraçu, Cachoeiro de Itapemirim. Vitória, a capital do Estado,
tem atividades econômicas diversificadas, relacionadas à sua situação portuária e às
indústrias ligadas à usina siderúrgica de Tubarão.
No Sudeste, outras atividades estão muito ligadas à vida urbana e industrial: comércio,
serviço público, profissionais liberais, educação, serviços bancários, de comunicação, de
transporte, etc. Quanto maior a cidade, maior variedade de profissionais aparecem ligados às
atividades urbanas.
Como entre São Paulo, Rio e Belo Horizonte concentra-se a maior produção industrial do país,
a circulação de pessoas e mercadorias é muito intensa na região. Milhares de pessoas estão
envolvidas na comercialização, transporte e distribuição dos produtos destinados à
industrialização, ao consumo interno ou à exportação. Considerada também o centro cultural
do país, a região possui uma vasta rede de prestação de serviços em todos os ramos, com
grande capacidade de expansão, graças ao crescimento de suas cidades.

Sul
A industrialização do Sul tem muita vinculação com a produção agrária e dentro da divisão
regional do trabalho visa o abastecimento do mercado interno e as exportações. O
imigrante foi um elemento muito importante no início da industrialização como mercado
consumidor e no processo industrial de produtos agrícolas, muitas vezes em estrutura
familiar e artesanal.
A industrialização de São Paulo implicou na incorporação do espaço do Sul como fonte de
matéria-prima, implicou também na incapacidade de concorrência das indústrias do sul,
que passaram a exportar seus produtos tradicionais como calçados e produtos alimentares,
para o exterior. Com as transformações espaciais ocasionadas pela expansão da soja, o Sul
passou a ter investimentos estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas.
A indústria passou a se diversificar para produzir bens intermediários para as indústrias
de São Paulo. Nesse sentido o sul passou a complementar a produção do Sudeste. Daí
considerarmos o Sul como sub-região do Centro-Sul. Objetivando a integração brasileira
com os países do MERCOSUL, a indústria do Sul conta com empresas no setor

139
petroquímico, carboquímica, siderúrgico e em indústrias de ponta (informática e química
fina). A reorganização e modernização da indústria do sul necessitam também de uma
política nacional que possibilite o aproveitamento das possibilidades de integração da
agropecuária e da indústria, à implantação e crescimento da produção de bens de capital
(máquinas, equipamentos), de indústrias de ponta em condições de concorrência com as
indústrias de São Paulo.

Nordeste

A industrialização dessa região vem se modificando, modernizando, mas sofre a concorrência


com as indústrias do Centro-Sul, principalmente de São Paulo, que utilizam um maquinário
tecnologicamente mais sofisticado. A agroindústria açucareira é uma das mais importantes,
visando, sobretudo a exportação do açúcar e do álcool. As indústrias continuam a tendência
de intensificar a produção ligada à agricultura (alimentos, têxteis, bebidas) e as novas
indústrias metalúrgicas, químicas, mecânicas e outras.
A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe para a região indústrias ligada à
produção refino e utilização de derivados do petróleo. Essa nova indústria, de alta
tecnologia e capital intenso, não absorve a mão-de-obra que passa a sub empregar na área
de serviços ou fica desempregada. As indústrias estão concentradas nas mãos de poucos
empresários e os salários pagos são muito baixos, acarretando o empobrecimento da
população operária. O sistema industrial do Nordeste, concentrado na Zona da Mata, tem
pouca integração interna. Encontra-se somente em alguns pontos dispersos e concentra-se,
sobretudo nas regiões metropolitanas: Recife, Salvador e Fortaleza.

Com vistas à política do Governo Federal para o Programa de Corredores da Exportação,


instituído no final da década de 70 para atender ao escoamento da produção destinada ao
mercado externo, foram realizadas obras nos terminais açucareiros dos portos de Recife e
Maceió.
A rede rodoviária acha-se mais integrada a outras regiões do que dentro do próprio Nordeste.
A construção da rodovia, ligando o Nordeste (Zona da Mata) ao Sudeste e ao Sul, possibilitou
o abastecimento do Nordeste com produtos industrializados no Sudeste e o deslocamento da
população nordestina em direção a este.

Centro-Oeste

Na década de 60, a industrialização a nível nacional adquire novos padrões. As indústrias de


máquinas e insumos agrícolas, instaladas no Sudeste, tiveram mercado consumidor certo
no Centro-Oeste, ao incentivarem-se os cultivos dos produtos de exportação em grandes
áreas mecanizadas.
A partir da década de 70, o Governo Federal implantou uma nova política econômica visando
à exportação. Para atender às necessidades econômicas brasileiras e a sua participação dentro
da divisão internacional do trabalho, caberia ao Centro-Oeste a função de produtor de
grãos e carnes para exportação. Com tudo isso, o Centro-Oeste tornou-se a segunda região
em criação de bovinos do País, sendo esta a atividade econômica mais importante da sub-
região. Sua produção de carne visa o mercado interno e externo.
Existem grandes matadouros e frigoríficos que industrializam os produtos de exportação. O
abastecimento regional é feito pelos matadouros de porte médio e matadouros municipais,
além dos abates clandestinos que não passam pela fiscalização do Serviço de Inspeção
Federal.
Sua industrialização se baseia no beneficiamento de matérias-primas e cereais, além do abate
de reses o que contribui para o maior valor de sua produção industrial. As outras atividades
industriais são voltadas para a produção de bens de consumo, como: alimentos, móveis etc.
A indústria de alimentos, a partir de 1990 passou a se instalar nos pólos produtores de
matérias-primas, provocando um avanço na agroindústria do Centro-Oeste. A CEVAL,
instalada em Dourados MS, por exemplo, já processa 50% da soja na própria área.
No estado de Goiás, por exemplo, existem indústrias em Goiânia, Anápolis, Itumbiara, Pires do
Rio, Catalão, Goianésia e Ceres. Goiânia e Anápolis, localizadas na área de maior
desenvolvimento econômico da região, são os centros industriais mais significativos, graças ao
seu mercado consumidor, que estimula o desenvolvimento industrial. Enquanto outras áreas
apresentam indústrias ligadas aos produtos alimentares, minerais não metálicos e madeira,
esta área possui certa diversificação industrial. Contudo, os produtos alimentares
representam o maior valor da produção industrial.

140
Norte

A atividade industrial no Norte é pouco expressiva, se comparada com outras regiões


brasileiras. Porém, os investimentos aplicados, principalmente nas últimas décadas, na área
dos transportes, comunicações e energia possibilitaram a algumas áreas o crescimento no
setor industrial, visando à exportação.
Grande parte das indústrias está localizada próxima à fonte de matérias-primas como a
extração de minerais e madeiras, com pequeno beneficiamento dos produtos. A agroindústria
regional dedica-se basicamente ao beneficiamento de matérias- primas diversas,
destacando-se a produção de laticínios; o processamento de carne, ossos e couro; a
preservação do pescado, por congelação, defumação, salga, enlatamento; a extração de suco
de frutas; o esmagamento de sementes para fabricação de óleos; a destilação de essências
florestais; prensagem de juta, etc. Tais atividades, além de aumentarem o valor final da
matéria-prima, geram empregos.
As principais regiões industriais são Belém e Manaus. Na Amazônia não acontece como no
Centro-sul do país, a criação de áreas industriais de grandes dimensões.
Mais adiante veremos sobre a criação da Zona Franca de Manaus.

COMO A IMPLANTAÇAO DE UMA INDÚSTRIA PODE ALTERAR NA CULTURA E NAS


RELAÇÕES DE TRABALHO NA REGIÃO EM QUE FOI IMPLANTADA

Já é do conhecimento de todos nós, que quando uma indústria é implantada em determinada


região, várias mudanças acontecem, dentre elas, mudanças no espaço geográfico, mudanças
culturais, e principalmente, mudanças na economia.
A implantação de uma indústria modifica a cultura, pois, um trabalho que artesanalmente
era executado pelo povo, e tido como tradição, cede seu lugar, muitas vezes a máquinas
pesadas, e que exercem sozinhas e em pouco tempo, o serviço que muitas vezes, era
desempenhado por várias pessoas e em um período de tempo muito maior. Assim, milhares
de postos de trabalho se extinguiam, fazendo- se aumentar o número de empregos informais
surgidos nessa região.
Além de mudanças na cultura e economia, surgem também, mudanças no espaço
geográfico: em alguns casos, as indústrias são implantadas, sem maior avaliação dos
danos que ela poderá causar, acarretando consequências gravíssimas posteriormente.

A Zona Franca de Manaus

A ZFM foi criada em 1957 originalmente através da Lei 3.173 com o objetivo de estabelecer
em Manaus um entreposto destinado ao beneficiamento de produtos para posterior
exportação. Em 1967, a ZFM foi subordinada diretamente ao Ministério do Interior, através
da SUFRAMA (pelo Decreto-Lei nº 288). O decreto estabelecia incentivos com vigência até o
ano 1997.
Ao longo dos anos 70, os incentivos fiscais atraíram para a ZFM investimentos de empresas
nacionais e estrangeiras anteriormente instaladas no sul do Brasil, bem como investimentos
de novas ET, principalmente da indústria eletrônica de consumo. Nos anos 80, a Política
Nacional de Informática impediu que a produção de computadores e periféricos e de
equipamentos de telecomunicações se deslocasse para Manaus e a ZFM manteve apenas o
segmento de consumo da indústria eletrônica.
A Constituição de 1988 prorrogou a vigência dos incentivos fiscais da União para a ZFM até
o ano 2.013, mas com a abertura da economia, nos anos 90, esses incentivos perderam
eficácia. Simultaneamente, os produtos fabricados na ZFM passaram a enfrentar a
concorrência com produtos importados no mercado doméstico brasileiro. As empresas
estabelecidas em Manaus promoveram um forte ajuste com redução do emprego e aumento
do conteúdo importado dos produtos finais.

A RELAÇÃO DOS MEIOS DE TRANSPORTE E COMUNICAÇÃO, E DO COMÉRCIO COM A


INDUSTRIALIZAÇÃO DE UMA DETERMINADA REGIÃO

Os meios de transporte, comunicação e comércio, são os fatores cruciais para que se


implante uma indústria em uma determinada região. Para ser determinado estratégico para
a implantação de uma indústria, um local tem que ter fácil acesso às rodovias, que escoem
a sua produção para as diversas regiões do país e os portos, visando à exportação. Os
meios de comunicação, também são vitais, para que sejam feitos os contatos necessários
para se fechar grandes negócios, visando à obtenção de lucros mais altos, para o
crescimento da indústria, a atualização dos conhecimentos e a velocidade de comunicação.

141
O comércio, também é muito importante, pois para que se produza alguma coisa, é
necessário que haja mercado para este produto, e o comércio tem o papel de intermediário
entre o produtor e o consumidor final.

OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDÚSTRIA

As economias capitalistas tiveram do pós-guerra até meados da década de 70, uma das
fases de maior expansão e transformações da estrutura produtiva, sob a égide do setor
industrial. Essa expansão foi liderada por dois grandes subsetores: o metal-mecânico
(indústria de automotores, bens de capital e do consumo duráveis) e a química (especialmente
a petroquímica).
A rápida implantação da matriz industrial internacional no Brasil internalizou os vetores
produtivos da químico-petroquímica, da metal- mecânica, da indústria de material de
transporte, da indústria madeireira, de papel e celulose e de minerais não metálicos todos
com uma forte carga de impacto sobre o meio ambiente.
De maneira geral, e abstraindo as características de cada ecossistema, o impacto do setor
industrial sobre o meio ambiente depende de três grandes fatores: da natureza da estrutura
da indústria em distintas relações com o meio natural; da intensiva e concentração espacial
dos gêneros e ramos industriais; e o padrão tecnológico do processo produtivo- tecnologias de
filtragem e processamento dos efluentes além do reaproveitamento econômico dos subprodutos.
A industrialização maciça e tardia incorporou padrões tecnológicos avançados para base
nacional, mas ultrapassados no que se refere ao meio ambiente, com escassos elementos
tecnológicos de tratamento, reciclagem e reprocessamento.
Enquanto o Brasil começa a realizar ajustes no perfil da indústria nacional, a economia
mundial ingressa em um novo ciclo de paradigma tecnológico. Ao contrário da industrialização
do pós- guerra, altamente consumidora de recursos naturais - matérias - primas,
"commodities" e energéticos, o novo padrão de crescimento tende a uma demanda elevada
de informação e conhecimento com diminuição relativa do "consumo" de recursos ambientais e
de "produção" de efluentes poluidores.
Conclui-se que uma indústria em certa região, pode ser benéfica tanto quanto prejudicial,
pois ao mesmo tempo em que contribui para o crescimento, ela pode estar executando a
massificação da cultura de um povo. Muitas vezes, o prejuízo natural causado por um
acidente ambiental, tendo como protagonista uma indústria, pode não ser revisto nunca
mais, matando ecossistemas inteiros, um prejuízo sem recuperação. Uma indústria, também
pode contribuir fortemente para o desenvolvimento da população, gerando inúmeros
empregos diretos e indiretos.

4.4 Transportes

O sistema de transportes brasileiro define-se basicamente por uma extensa matriz rodoviária,
sendo também servido por um sistema limitado de transporte fluvial (apesar do numeroso
sistema de bacias hidrográficas presentes no país), ferroviário e aéreo.
O intuito de criar uma rede de transportes ligando todo o país nasceu com as democracias
desenvolvimentistas, em especial as de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Àquela época,
o símbolo da modernidade e do avanço em termos de transporte era o automóvel.
Isso provocou uma especial atenção dos citados governantes na construção de estradas.
Desde então, o Brasil tem sua malha viária baseada no transporte rodoviário.
Com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de quilômetros, sendo 96.353 km de
rodovias pavimentadas (2004), as estradas são as principais transportadoras de carga e de
passageiros no tráfego brasileiro. Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviária
deram-se na década de 1920, no governo de Washington Luís, sendo prosseguidos no
governo Vargas e Gaspar Dutra. O presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), que
concebeu e construiu a capital Brasília, foi outro incentivador de rodovias. Kubitschek foi
responsável pela instalação de grandes fabricantes de automóveis no país (Volkswagen, Ford
e General Motors chegaram ao Brasil durante seu governo) e um dos pontos utilizados
para atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de rodovias. Hoje, o país tem
instalados em seu território outros grandes fabricantes de automóveis, como Fiat, Renault,
Peugeot, Citroën, Chrysler, Mercedes-Benz, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais
importante país da indústria automobilística.
A infraestrutura de um determinado local é composta por um conjunto de atividades que
possam proporcionar condições para o desenvolvimento econômico e social. Uma dessas
atividades são os serviços de transporte, essencial para o deslocamento de pessoas
(passageiros) e cargas (matérias-primas e mercadorias).

142
FERROVIÁRIO

É uma modalidade de transporte terrestre, em que o deslocamento é feito em trens que se


movem sobre trilhos. Ele é muito vantajoso para o transporte de cargas pesadas, sobretudo de
matérias-primas.
A implantação das primeiras ferrovias no país foi estimulada por capitais privados nacionais
e estrangeiros (principalmente inglês) que almejavam um sistema de transporte capaz de
levar (de maneira segura e econômica) aos crescentes centros urbanos e portos do país toda
a produção agrícola e de minério produzida principalmente no interior brasileiro.
O governo brasileiro também participou da expansão ferroviária, ora iniciando
empreendimentos visando a integração do território nacional através desse meio de
transporte ora encampando companhias privadas falidas para impedir o colapso econômico
de regiões dependentes desse meio de transporte. A nossa primeira ferrovia foi construída
pela Imperial Companhia de estradas de ferro, fundada pelo Visconde de Mauá, ligando
o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, a Serra da Estrela, no caminho de
Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5 km e bitola de 1 m (1854). Logo depois, outras
surgiram no Nordeste, Recôncavo Baiano e, principalmente, em São Paulo, para servir à
economia cafeeira, então em fraco desenvolvimento (Estrela do Café). Eram, em geral,
construídas ou financiadas por capitais ingleses que visavam somente à satisfação de seus
interesses comerciais, sem o mínimo de planejamento. Entre 1870 e 1920, vivíamos uma
verdadeira “Era das ferrovias”, sendo que o crescimento médio desta era dos 6.000 km por
década. Após 1920, com o advento da era do automóvel, as ferrovias entraram numa fase de
estagnação, não tendo se recuperado até os dias atuais.
Atualmente, o Brasil é um país pobre em ferrovias, e que estas se encontram
irregularmente distribuídas pelo território. A situação atual demonstra que o
país possui hoje 30.374 km de ferrovias para tráfego, o que dá uma densidade ferroviária de
3,3 metros por km²; é bem pequena em relação aos EUA (150m/km²) e Argentina
(15m/km²). Apenas 2.450 km são eletrificados. As ferrovias apresentam-se mal distribuídas e
mal situadas, estando 52% localizadas na Região Sudeste.
Na Malha Sul privatizada pela América latina Logística (ALL), binacional temos um excelente
desempenho das ferrovias, com 15.628 km de extensão e volume de carga de 20,7 milhões
de toneladas. Os produtos mais transportados por ela são: grãos, produtos siderúrgicos,
contêineres, água, vinho, pedra e cimento. Até 1997, a malha brasileira era operada e
mantida pela RFFSA - Rede Ferroviária Federal S/A, sociedade de economia mista integrante
da Administração Indireta do Governo Federal, cujos serviços incluíam linhas regulares de
passageiros e transporte de cargas. Com a desestatização da RFFSA, a malha foi divida em
regiões e arrendada para exploração de concessionárias privadas.
Atualmente as transportadoras de cargas ferroviárias são: América Latina Logística, MRS
Logística, Ferrovia Centro-Atlântica, Ferrovia Tereza Cristina, Estrada de Ferro Vitória a
Minas, Companhia Ferroviária do Nordeste, Ferroban, Ferronorte e Estrada de Ferro Carajás,
que juntas transportam grandes volumes de minério, commodities agrícolas, combustível,
papel, madeira, contêineres, entre outros. Sendo estas, fiscalizadas atualmente pela ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres).
A rede ferroviária brasileira possui 29.706 quilômetros de extensão (1121 eletrificados),
espalhados por 22 (e o Distrito Federal) dos 26 estados brasileiros, divididos em 4 tipos de
bitolas:
‒ Larga (irlandesa) - 1,600 m: 4.057 km
‒ Padrão (internacional) - 1,435 m: 202,4 km
‒ Métrica - 1,000 m: 23.489 km
‒ Mista - 1,600(1,435)/1,000m : 336 km

Também existem bitolas de 0,600 e 0,762 m em trechos turísticos. O país possui ligações

ferroviárias com Argentina, Bolívia e Uruguai.

A construção das linhas ocorreram em períodos diferentes, o que ocasionou a falta de


padronização de bitolas (pode-se encontrar até três tamanhos de bitola: 0,60 m, 1,00 m e
1,60 m) e consequente dificuldade na integração das vias. Esses diversos tipos de bitolas
impediram uma unificação eficiente da malha ferroviária nacional, sendo a bitola métrica
mais implantada por questões de economia. A malha ferroviária brasileira é pequena e
obsoleta. Os serviços de passageiros praticamente acabaram, e os de carga subsistem em sua
maioria para o transporte de minérios. Traçados sinuosos, construídos visando uma redução
de custos de construção ou garantindo uma grande margem de lucros aos construtores (pois
durante o início do século XX, o estado pagava construtores de ferroviais públicas por
quilômetro construído), mas prejudicando a eficiência do transporte ferroviário. Estado e

143
iniciativa privada tiveram de investir na correção/retificação de parte desses traçados e
erradicando outros antieconômicos durante todo o século XX, minando investimentos em
modernização da rede ferroviária. As pequenas ferrovias dispersas e isoladas foram
construídas por todo o território nacional, sendo que em pouco tempo entravam em
falência, obrigando o estado a encampar várias ferrovias para impedir falências e o colapso
econômico de regiões dependentes desse meio de transporte. Chegou a possuir 34.207 km,
porém crises econômicas e a falta de investimentos em modernização, tanto por parte da
iniciativa privada como do poder público, aliados ao crescimento do transporte rodoviário
fizeram com que parte da rede fosse erradicada.
As únicas linhas de passageiros que ainda preservam serviços diários de longa distância
com relativo conforto são as ligações: Parauapebas
- São Luís; e Belo Horizonte - Vitória. Entretanto, ainda existem alguns serviços de interesse
exclusivamente turístico em funcionamento, tais como as linhas Curitiba - Paranaguá e
Bento Gonçalves - Carlos Barbosa.

RODOVIÁRIO

É uma forma de transporte terrestre, sendo responsável pelo transporte de pessoas e


mercadorias em carros, caminhões ou ônibus, que se deslocam em ruas, rodovias ou estradas.
Entre 1860 e 1920, as rodovias brasileiras passaram por uma fase de colapso, em razão do
desenvolvimento das ferrovias. A partir de 1920, com a chegada dos automotores, o país
passou a viver a “era da rodovia”, presente até os dias de hoje. As estradas antigas
começaram a ser restituídas, e foram construídas outras novas em todas as regiões do
país. Em 1937, foi criado o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), e a
partir daí a pavimentação e a produção de asfalto e cimento passou por um processo de
aperfeiçoamento, por parte das indústrias brasileiras.
Atualmente, as rodovias brasileiras apresentam uma extensão de 1.824.392Km por onde
passam 56% de todas as cargas movimentadas no país. A frota nacional de veículos
acompanha esse crescimento da extensão das rodovias.
Dos mais de 1.824.392 quilômetros da rede rodoviária nacional, 30% está muito danificado
pela falta de conservação e aproximadamente
150 mil quilômetros estão pavimentados. Parte considerável das ligações interurbanas no
país, mesmo em regiões de grande demanda, ainda se dão por estradas de terra ou estradas
com pavimentação quase inexistente. Durante a época de chuvas, grande parte das
estradas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, enchem-se de depressões asfálticas,
sendo comuns, ainda que em menor quantidade, deslizamentos de terra e quedas de
pontes, provocando muitas vezes prejuízos para o transporte de cargas bem como
acidentes e mortes.
As rodovias do país que se encontra em boas condições, exceto algumas exceções, fazem
parte de concessões à iniciativa privada, assim, embora apresentem extrema qualidade, estão
sujeitas a pedágios. A Rodovia dos Bandeirantes e a Rodovia dos Imigrantes são exemplos
deste sistema. O transporte rodoviário de passageiros do país compreende uma rede
extensa e intrincada, sendo possíveis viagens que, devido à sua duração, em outros países,
só são possíveis por via aérea.

HIDROVIÁRIO

O transporte hidroviário no Brasil é dividido nas modalidades fluvial e marítima. O


transporte marítimo é o mais importante, respondendo por quase 75% do comércio
internacional do Brasil. O transporte fluvial é o mais econômico e limpo, no entanto é o
menos utilizado no Brasil. Há regiões, entretanto, que dependem quase que
exclusivamente desta modalidade, como é o caso da Amazônia, onde as distâncias são
grandes e as estradas ou ferrovias inexistem.

FLUVIAL

É um transporte aquaviário, realizado em barcos ou balsas, que se movimentam sobre os


rios. A navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior em relação aos outros sistemas
de transportes. É considerado o sistema mais barato e limpo, contudo, o de menor
participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre devido a vários fatores. Muitos
rios do Brasil são de planalto, por exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto,
dificultam a navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Tocantins e Araguaia. Outro motivo
são os rios de planície facilmente navegáveis (Amazonas, São Francisco e Paraguai), os quais
encontram-se afastados dos grandes centros econômicos do Brasil.

144
Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito de tornar os rios
brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível das águas
nas barragens das usinas hidrelétricas. É o caso das eclusas de Tucuruí no rio Tocantins, de
Barra Bonita no rio Tietê e da eclusa de Jupiá no rio Paraná.
Existe também um projeto de ligação das Bacias do Tocantins, Amazonas e Paraná. É a
hidrovia de contorno, que permitirá a ligação da região Norte do Brasil às regiões Centro-
Oeste, Sudeste e Sul, caso implantado. O seu significado econômico e social é de grande
importância, pois permitirá um transporte de baixo custo. Parte deste projeto já está sendo
implantado, principalmente no Norte do Brasil, com a construção das hidrovias do Madeira e
Tocantins e outra parte já está naturalmente em funcionamento.
O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro, é o porto fluvial de maior
movimento do Brasil e com melhor infraestrutura. Outros portos fluviais relevantes são o de
Itajaí, no rio Itajaí-Açu, que transporta principalmente máquinas e commodities, o de
Santarém, no rio Amazonas, por onde se transportam principalmente grãos vindos do Centro-
Oeste e o de Corumbá, no rio Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído
de uma área próxima da cidade de Corumbá.
O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável e milhares de
quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos rios navegáveis estarem na Amazônia, o
transporte nessa região é sub- aproveitado, por não haver nessa parte do país mercados
produtores e consumidores de peso. Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de
vista econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País.
O pleno aproveitamento de outras vias navegáveis depende da construção de eclusas,
grandes obras de dragagem e, principalmente, de portos que possibilitem a integração
intermodal. Entre as principais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná
e a Hidrovia do Solimões-Amazonas.

AQUAVIÁRIO (Navegação Marítima)

Consiste em uma modalidade de transporte aquaviário, em que ocorre o deslocamento


intercontinental de cargas e passageiros por mares ou oceanos.
Se considerarmos a posição do Brasil no Oceano Atlântico e a economia voltada para o
litoral, poderíamos imagina que a Marinha Mercante Brasileira fosse bem desenvolvida. No
entanto, isso não ocorre. O Brasil possui 376 embarcações, com mais de 100 toneladas, que
deslocam 144.000 toneladas. Existem vários fatores que embargam o desenvolvimento da
marinha:

‒ embarcações velhas;
‒ deficiências das instalações portuárias;
‒ problemas tarifários;
‒ desorganização administrativa.

Existem dois órgãos relacionados ao transporte marítimo: (1) SUNAMAM: Superintendência


Nacional da Marinha Mercante: visa reorganizar o setor de transporte marítimo e (2)
GEICON: Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval: trata do planejamento, da
execução e renovação das embarcações. A política da SUNAMAM, que determina a ampliação
de estaleiros, deve solucionar a questão das embarcações, e espera-se que futuramente toda
a frota marítima esteja renovada.
O transporte marítimo é de vital importância para o Brasil em suas relações comerciais.
Desde o Brasil colônia o transporte marítimo tem importância fundamental, pois permitia
uma ampla troca comercial (comércio triangular) entre Portugal, Angola e Brasil. Foi
também o transporte marítimo que permitiu ao Brasil colônia ganhar relativa autonomia
política em relação a Portugal, com a abertura dos portos.
O transporte marítimo hoje é responsável pela maior parte das trocas comerciais
internacionais do Brasil, transportando principalmente commodities agro-minerais, veículos,
máquinas, e equipamentos de ponta. Cerca de 75% das trocas comerciais internacionais
brasileiras são transportadas via mar.
O transporte hidromarítimo de passageiros existe principalmente com ligação entre o
continente e as ilhas costeiras do Brasil. A linha mais comum de transporte de passageiros
é a de Natal - Fernando de Noronha. Também existe o transporte intercontinental de
passageiros
- na maioria das vezes ilegal, principalmente entre o Brasil e a Nigéria.
O Brasil tem os portos marítimos mais movimentados da América Latina, com destaque aos
portos de Santos, Paranaguá, Rio de Janeiro/Niterói, Vitória e Itaqui (São Luís).

145
AÉREO

É o meio de transporte mais rápido do planeta, sendo mais comum em aviões e


helicópteros, mas também pode ser feito em balões. É muito eficaz para o transporte de
passageiros, porém, em razão dos elevados custos e espaço reduzido, não é adequado para o
transporte de cargas pesadas.
O transporte aéreo no Brasil cresceu muito nos últimos anos. Com o surgimento de novas
companhias aéreas e a modernização das já existentes, foi possível aumentar o número de
assentos disponíveis na malha aérea. A Gol lidera o ranking das empresas de baixo custo,
podendo assim, repassar tarifas atraentes a todos os brasileiros. Com a competição entre as
companhias foi possível melhorar o serviço e reduzir tarifas.
Existem cerca de 2.498 aeroportos no Brasil, incluindo as áreas de desembarque. O país tem
o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
O Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, é
o maior e mais movimentado aeroporto do país, grande parte dessa movimentação deve-se ao
tráfego comercial e popular do país e ao fato de que o aeroporto liga São Paulo a
praticamente todas as grandes cidades de todo o mundo. O Brasil tem 34 aeroportos
internacionais e 2464 aeroportos regionais.
O país sedia importantes aeroportos internacionais, sendo destino de uma série de rotas
aéreas internacionais. Porém, empresas internacionais normalmente trabalham apenas com
um número limitado de portos, o que faz com que o transporte dentro do país se faça
através de uma série de escalas.

DUTOVIÁRIO

É o transporte realizado por meio de tubos, podendo ser gasodutos (substâncias gasosas),
oleodutos (líquidas) ou minerodutos (substâncias sólidas).
‒ Vantagens: longa vida útil, pouca manutenção, baixa mão-de- obra, é rápido, funciona
pronto a pronto para líquidos ou gases (gás natural, químico e outros).
‒ Desvantagens: não se adapta a muitos tipos de produtos e o investimento inicial elevado.

5. A QUESTÃO AMBIENTAL

5.1 A degradação e políticas de meio ambiente

Amazônia Brasileira

A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do
Sul, passando por nove países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador,
Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
Cerca de 85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França)
em 61% do território nacional e com uma população que corresponde a menos de 10% do
total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende os estados do Acre, Amapá,
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km².
Quando falamos em desmatamento na Amazônia é comum as pessoas confundirem a região
citada acima com o estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro problema
que essa região enfrenta. Em toda a região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são
desmatados todos os anos.
No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das
principais causas é a extração de madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo
Permanente de Trabalho Interministerial Sobre Desmatamento na Amazônia, desde
2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes de extração
ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infraestrutura na maior parte da região,
alguns moradores se veem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não
terem nenhum outro meio de renda ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros.
Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade ilegal de extração de madeira,
vendendo a tora de mogno, por exemplo, a míseros R$30,00 quando na verdade, o mogno
chega a valer R$3 mil reais no mercado.
Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região. Até
2004, cerca de 1,2 milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja
só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de florestas intactas custa bem mais barato para

146
as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para utilizar áreas já
desmatadas.
Além de afetar a biodiversidade (a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade
mundial), o desmatamento na Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais que
sem a grande variedade de recursos da maior bacia de água doce do planeta se vêem sem
possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da ajuda
do governo e de organizações não governamentais.
Nos últimos anos a Amazônia Brasileira vêm registrando a pior seca de sua história. Em
2005, alguns lagos e rios tiveram sua vazão reduzida a tal ponto que não passavam de
pequenos córregos de lama, alguns até chegaram a secar completamente, ocasionando a
morte dos peixes. O pior é que esse efeito tende a se agravar com o tempo. Com os rios
secando e a diminuição da cobertura vegetal, diminui a quantidade de evaporação
necessária para a formação de nuvens, tornando as florestas mais secas.
Contudo, diversas ações vêm sendo tomadas pra impedir que o pior aconteça e preservar
toda a riqueza proporcionada pela Amazônia. ONG’s como o Greenpeace, SOS Mata
Atlântica, WWF, IPAM (Instituto de Pesquisas da Amazônia) e diversas outras entidades,
realizam campanhas e estudos com o objetivo de divulgar e facilitar o desenvolvimento
sustentável e a recuperação das áreas degradadas da Amazônia no Brasil.
Quanto às iniciativas do governo, 19.440.402 hectares foram convertidos em Unidades de
Conservação (UC) na Amazônia de 2002 a 2006, totalizando 49.921.322ha, ou, 9,98% do
território. Sem contar os 8.440.914ha de Flonas (Floresta Nacional) criadas em territórios
indígenas. Outro projeto que visa à consolidação de Unidades de Conservação na Amazônia
é o projeto ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) que tem como meta atingir um total de
50milhões de hectares de UC até 2013 e conta com apoio e investimentos de instituições
como o Banco Mundial e o WWF.

Mata Atlântica

A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que se estende por uma faixa de
1.300.000 km² do Rio Grande do Sul ao Piauí, passando por 17 Estados brasileiros.
Ela ocupa um papel importante na manutenção dos recursos hídricos disponíveis dos
principais estados brasileiros, abrangendo sete das nove maiores bacias hidrográficas do
país. Possuindo assim, uma grande importância do ponto vista econômico, visto que 110
milhões de pessoas, ou 62% da população brasileira, vivem nessa região. O que,
infelizmente, contribui, também, para que este fosse o conjunto de ecossistemas mais
devastado: cerca de 93% da Mata Atlântica original não existe mais.
Explorada desde a época da colonização pela extração do Pau-Brasil e, depois pelo cultivo de
monoculturas como o café e a cana-de-açúcar, a Mata Atlântica se reduz hoje, a apenas, 7%
da sua cobertura original. Com isso cerca de 261 espécies de mamíferos, 1020 de pássaros,
197 espécies de répteis, 340 de anfíbios, 350 de peixes e cerca de 20 mil espécies vegetais,
estão seriamente ameaçadas. Sem contar que a grande maioria dessas espécies são
endêmicas, ou seja, só existem aqui.
Na tentativa de preservar o que restou dessa riqueza, foram criadas diversas Unidades de
Conservação (áreas de preservação previstas em Lei), totalizando 860 unidades. A maior
delas com 315 mil hectares é o Parque Estadual da Serra do Mar. Com o mesmo intuito, foi
aprovada a Lei da Mata Atlântica (Lei Nº285/99) em 2006, que acaba com as controvérsias
acerca de sua extensão e características principais, além de definir medidas de preservação.
Mesmo assim, a Mata Atlântica sofre a pressão do crescente aumento das cidades e da
poluição que põem em risco as tentativas de preservá-la.
No último levantamento realizado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em
parceria com a Ong SOS Mata Atlântica, que abrangeu 60% do bioma, foi constatado que,
mesmo com a diminuição de 71% no ritmo de desflorestamento, as áreas degradadas
somam 95.066 hectares. Destes, 73.561 estão concentrados em Santa Catarina e Paraná
trazendo diversos problemas não só ao meio ambiente, mas, também ao homem. Vale
lembrar que o desmatamento é uma das principais causas da desertificação (processo de
transformação de terras férteis em terras inférteis) que vem afetando seriamente o sul do país.
Entretanto, apesar dos dados, a história nos mostra que é possível recuperar o que
perdemos. Em 1862, ao passar uma grave crise de escassez hídrica, o Governo Imperial
iniciou a recuperação da área de Mata Atlântica que havia sido degradada pelos cerca de 160
engenhos e lavouras de café que existiam na região da cidade do Rio de Janeiro. Através do
replantio de árvores típicas foi recuperado o que hoje é a Floresta da Tijuca. A maior floresta
urbana do mundo com 3.300 hectares.

147
6.GEORGRAFIA DA BAHIA

6.1 Aspectos políticos

A história da política no estado brasileiro da Bahia confunde-se, muitas vezes, com a


política do país - e boa parte dela equivale à mesma, uma vez que Salvador, por muitos
anos, foi a capital da Colônia. Contando sempre com expoentes no cenário político nacional,
a Bahia é um dos mais representativos estados da federação. Durante o período imperial,
contou com diversos primeiros-ministros; na fase republicana, estiveram à frente de vários
movimentos nacionais baianos como Rui Barbosa, Cezar Zama, Aristides Spínola e outros.
Na República Velha, dominou o cenário estadual José Joaquim Seabra; durante a Era Vargas
surgiu a figura de Juracy Magalhães e em contraposição, com a redemocratização do pós-
guerra, o socialista Octávio Mangabeira.
Durante o regime militar, surgiu a figura de Antônio Carlos Magalhães, que dominou o
cenário político estadual por três décadas, com breve derrota para Waldir Pires, na década
de 1980, ocupando o cargo de senador, quando de sua morte.

6.2 Aspectos Físicos

A Bahia, assim como todos os outros estados brasileiros, está politicamente dividida em
municípios. Ao total, existem 417 municípios baianos, o que torna a Bahia o quarto maior
estado segundo a quantidade de municípios. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divide as unidades federativas do Brasil em meso e microrregiões para fins
estatísticos de estudo, agrupando os municípios conforme aspectos socioeconômicos. Deste
modo, há sete mesorregiões e 32 microrregiões no estado. As sete mesorregiões baianas são:

Mesorregião do Extremo Oeste Baiano;


Mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia
Mesorregião do Centro-Sul Baiano
Mesorregião do Sul Baiano
Mesorregião do Centro-Norte Baiano
Mesorregião do Nordeste Baiano
Mesorregião Metropolitana de Salvador

148
Já as 32 microrregiões baianas estão no mapa abaixo. Vejamos:

. Microrregião de Barreiras; 2. Microrregião de Santa Maria da Vitória; 3. Microrregião de


Cotegipe; 4. Microrregião de Bom Jesus da Lapa; 5. Microrregião de Barra; 6. Microrregião de
Juazeiro; 7. Microrregião de Paulo Afonso; 8. Microrregião de Itapetinga; 9. Microrregião de
Vitória da Conquista; 10. Microrregião de Brumado; 11. Microrregião de Guanambi; 12.
Microrregião de Livramento do Brumado; 13. Microrregião de Boquira; 14. Microrregião de
Seabra; 15. Microrregião de Jequié; 16. Microrregião de Porto Seguro; 17. Microrregião
de Ilhéus-Itabuna; 18. Microrregião de Valença; 19. Microrregião de Irecê; 20.
Microrregião de Senhor do Bonfim; 21. Microrregião de Jacobina; 22. Microrregião
de Itaberaba; 23. Microrregião de Feira de Santana; 24. Microrregião de Jeremoabo; 25.
Microrregião de Euclides da Cunha; 26. Microrregião de Ribeira do Pombal; 27. Microrregião de
Serrinha; 28. Microrregião de Alagoinhas; 29. Microrregião de Entre Rios; 30.
Microrregião de Catu; 31. Microrregião de Santo Antônio de Jesus; 32. Microrregião de
Salvador.

Outra divisão, desta vez para fins de coordenação de ações de promoção turística, o
Programa de Desenvolvimento Turístico (PRODETUR) subdividiu o território baiano em zonas
turísticas, as quais são Baía de Todos os Santos, Costa dos Coqueiros, Costa do Dendê,
Costa do Cacau, Costa das Baleias, Costa do Descobrimento, Caminhos do Oeste, Chapada
Diamantina e Lagos do São Francisco.
Até meados da década de 2000, o Governo da Bahia agrupava os municípios baianos
segundo características econômicas, formando as regiões Metropolitana de Salvador,
Extremo Sul, Oeste, Serra Geral, Litoral Norte, Sudoeste, Litoral Sul, Médio São Francisco,
Baixo-médio São Francisco, Irecê, Chapada Diamantina, Recôncavo Sul, Piemonte da
Diamantina, Paraguaçu e Nordeste. Atualmente, essa divisão foi substituída pelos 26
Territórios de Identidade, a saber: Irecê, Velho Chico, Chapada Diamantina, Sisal, Litoral
Sul, Baixo Sul, Extremo Sul, Itapetinga, Vale do Jiquiriçá, Sertão do São Francisco, Oeste
Baiano, Bacia do Paramirim, Sertão Produtivo, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe,
Piemonte da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Agreste de Alagoinhas/Litoral Norte, Portal
do Sertão, Vitória da Conquista, Recôncavo, Médio Rio de Contas, Bacia do Rio Corrente,
Itaparica, Piemonte Norte do Itapicuru, Metropolitana de Salvador[16].
A Bahia também é repartida em 26 partes pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos
(Conerh), que, para gestão das bacias hidrográficas e dos recursos hídricos, criou as 26
regiões hidrográficas, chamadas de Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA).

149
6.3 Aspectos Econômicos

Agropecuária

A economia da Bahia é composta basicamente por agropecuária, indústria, mineração,


turismo e nos serviços. A Bahia responde por 36% do PIB do Nordeste e mais da metade das
exportações da região. Dentre os estados brasileiros, conta com o sexto maior PIB. A Bahia é
o primeiro produtor nacional de cacau, sisal, mamona, coco, feijão e mandioca, sendo os
dois últimos mais voltados para a subsistência do que para a comercialização. A região de
Ilhéus/Itabuna é uma das mais propícias áreas para o cultivo do cacau em toda a Bahia.
Tem bons índices também na produção de milho e cana-de-açúcar. Além de ser o principal
produtor de cacau, é também o principal exportador de cacau no Brasil.
Outra região do estado que merece a devida atenção é aquela compreendida pelo Rio São
Francisco, conhecida também como Vale do São Francisco, compreendendo as cidades de
Juazeiro, Curaçá, Casa Nova, Sobradinho, dentre outras. A região é a maior produtora de
frutas tropicais do país, essa fruticultura é irrigada, tem crescido e exporta para os
mercados europeu, asiático e estadunidense. Fator prioritário da economia baiana, a
pecuária bovina ocupa hoje o sexto lugar nacional, enquanto a caprina registra atualmente
os maiores números do setor em todo o Brasil, mas também se destacando os rebanhos
de ovinos. Recentemente, o cultivo da soja e a rizicultura aumentaram substancialmente
no oeste do estado. Em 2009, foi o segundo maior estado produtor (6,4 milhões de
toneladas) e exportador (US$ 156,3 milhões) de frutas frescas.

Mineração

O Estado da Bahia, com base em características de sua Geologia, mantêm posição de


destaque em nível nacional, estando em 4º lugar na produção de bens minerais. A Bahia
tem reservas consideráveis de minérios e de petróleo. A mineração baseia-se essencialmente
no ouro, cobre, magnesita, cromita, sal-gema, barita, manganês, chumbo e talco.

Indústria

A indústria na Bahia tem forte participação econômica no estado, volta-se para os setores da
química, petroquímica, agroindústria, informática, automobilística e suas peças. Porém na
região metropolitana de Salvador, estão concentradas as indústrias metalúrgicas, mecânicas,
gráficas, de material elétrico e comunicações. Com um crescimento sustentado de grupos
de pesquisa a uma taxa de 30% ao ano, a Bahia saltou da 9ª para a sexta posição [29] no
ranking nacional em 2005, abrindo espaço para o projeto da Tecnovia: um grande parque
tecnológico em Salvador, tendo como prioridades TI, biotecnologia e energia. A primeira
bio- fábrica do país se encontra na cidade sertaneja de Juazeiro, no vale do Rio São
Francisco.

Turismo

A Bahia é um estado singular quando falamos de diversidade de paisagens e de riqueza


cultura. Com este conjunto de atrativos o Estado torna-se potencialmente detentor de um rico
portfólio de possíveis produtos turísticos. Além da ilha de Itaparica e Morro de São Paulo, há
um grande número de praias entre Ilhéus e Porto Seguro, na costa sudeste, o norte litoral da
área de Salvador, esticando para a beira com Sergipe, transformou-se um destino turístico
importante, o qual ficou conhecido como Linha Verde. A Costa do Sauípe contém um dos
maiores hotéis-resorts em desenvolvimentos no Brasil.
Com o intuito de dinamizar a atividade turística no Estado existe a Superintendência de
Investimentos em Pólos Turísticos e a Superintendência (SUINVEST) de Desenvolvimento do
Turismo (SUDETUR) na Secretaria da Cultura e Turismo (SCT) do Estado da Bahia além da
estrutura da Empresa de turismo da Bahia (BAHIATURSA). Com o objetivo de definir ações
necessárias ao desenvolvimento do turismo nacional e internacional e ordenar o espaço
territorial, o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia (PRODETUR/BA) administrado
pela agência executiva responsável (SUINVEST), dividiu a Bahia em Zonas Turísticas
identificadas por meio dos potenciais naturais, culturais e históricos.
A Bahia é o quinto estado do país em extensão territorial e equivale a 36,3% da área total do
Nordeste brasileiro e 6,64% do território nacional. Da área de 567 295,67 km², cerca de
setenta por cento encontram-se na região do semiárido. O seu litoral é o maior entre os
estados brasileiros, com 1 183 quilômetros. Possui famosas praias, como a Praia de Itapuã,
diversas vezes homenageada em músicas e poesias.

150
Hidrografia

O principal rio é o São Francisco, que corta o estado na direção sul- norte. Com
importância análoga, os rios Paraguaçu - maior rio genuinamente baiano - e o de Contas -
maior bacia situada apenas no estado -, que se somam aos rios Jequitinhonha, Itapicuru,
Capivari, Rio Grande, entre outros, compõem um total de dezesseis bacias hidrográficas. O
estado encontra-se com 57,19% de seu território dentro do polígono das secas, segundo dados
da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Relevo

Seu território está situado na fachada atlântica do Brasil. O relevo é caracterizado pela
presença de planícies, planaltos, e depressões e as formas tabulares e planas (chapadas,
chapadões, tabuleiros). As altitudes da Bahia são modestas, de modo geral: o território
baiano possui uma elevação relativa, já que 90% de sua área estão acima de duzentos metros
em relação ao nível do mar. Os pontos mais elevados na Bahia são o Pico do Barbado, com
2033,3 metros, localizado na Serra dos Barbados, entre os municípios de Abaíra e Rio do
Pires e o Pico das Almas, com 1 836 metros, localizado entre os municípios de Érico
Cardoso, Livramento de Nossa Senhora e Rio de Contas, na Serra das Almas. O planalto e a
baixada são as suas duas grandes unidades morfológicas bastante caracterizadas. Os
chapadões e as chapadas presentes no relevo mostram que a erosão trabalhou em busca de
formas tabulares. Um conjunto de chapadões situados a oeste recebe, na altura do estado, o
nome de Espigão Mestre.
Os planaltos ocupam quase todo o estado, apresentando uma série de patamares, por onde
cruzam rios vindos da Chapada Diamantina, da serra do Espinhaço, que nasce no centro de
Minas Gerais, indo até o norte do estado, e a própria Chapada Diamantina, de formato
tabular, marcando seus limites a norte e a leste. O planalto semiárido, localizado no sertão
brasileiro, caracterizado por baixas altitudes, mais apesar disso o relevo que predomina o
estado baiano é a depressão.
As planícies estão situadas na região litorânea, onde a altitude não ultrapassa os 200
metros. Ali, surgem praias, dunas, restingas e até pântanos. Quanto mais se anda
rumo ao interior, mais surgem terrenos com solos relativamente férteis, onde aparecem
colinas que se estendem até o oceano. As planícies aluviais se formam a partir dos rios
Paraguaçu, Jequitinhonha, Itapicuri, de Contas, e Mucuri, que descem da região de
planalto, enquanto o rio São Francisco atua na formação do vale do São Francisco, onde o
solo apresenta formação calcária.
Um único recorte no litoral baiano determina o surgimento do Recôncavo baiano, cuja
superfície apresenta solo variado, sendo muito pouco fértil em algumas áreas, enquanto
em outras a fertilidade é favorecida pela presença do solo massapê, formado por terras de
origem argilosa.

Clima

Devido à sua latitude, o clima tropical predomina em toda a Bahia, apresentando


temperaturas elevadas, em que as médias de temperatura anuais, em geral ultrapassam os
30 °C, entretanto na serra do Espinhaço as temperaturas são mais amenas e agradáveis.
Também se encontra o clima tropical de atitude em cidades da Chapada Diamantina (Piatã
1268 m) e no sudoeste do estado (Vitória da Conquista 923 m). Contudo, no sertão, o clima
é o semiárido, em que os índices pluviométricos são bastantes baixos, sendo comuns os
longos períodos de seca.
Há distinções apenas quanto aos índices de precipitação em cada uma das diferentes regiões.
Enquanto que no litoral e na região de Ilhéus, a umidade é maior, e os índices de chuvas
podem ultrapassar os 1 500 mm anuais, no sertão pode não chegar aos quinhentos mm
anuais. A estação das chuvas é irregular, consequentemente podendo falhar totalmente em
certos anos, desencadeando a seca, que é mais marcante no interior, com exceção para
região do vale do rio São Francisco.

Vegetação

Possui três grandes formações vegetais: a caatinga, a vegetação predominante, a floresta


tropical úmida e o cerrado. A caatinga se localiza em toda a região norte, na área da
depressão do São Francisco, e na serra do Espinhaço, deixando para o cerrado apenas a
parte ocidental e para a floresta tropical úmida, o sudeste. A floresta tropical úmida sofreu
forte impacto da exploração antrópica, em que se devastou madeiras de lei. Nesses locais,
vem ocorrendo o reflorestamento com o eucalipto.

151
6.3 Aspectos Sociais

A demografia da Bahia é um campo de estudo da demografia com foco no estado brasileiro


da Bahia. De acordo com estimativas de 2007 do IBGE, a Bahia é o 4º estado brasileiro
mais populoso e o 15º mais povoado, com uma população de 14.080.654 habitantes
distribuída em 564.692,7 km² resultando em uma densidade de 24,93 hab./km². A Bahia é
o centro da cultura afro-brasileira e boa parte da sua população é de origem africana, com
uma maior porcentagem de pardos, seguidos por brancos, negros e ameríndios.

Cor/Raça Porcentagem
Pardos 63,4%
Brancos 20,3%
Negros 15,7%
Amarelos ou Indígenas 0,6%

Um estudo genético realizado no Recôncavo Baiano confirmou o alto grau de ancestralidade


africana na região. Em termos percentuais, o estudo genético realizado na população de
Salvador confirmou que a maior contribuição genética da cidade é a africana (49,2%),
seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). O estudo também concluiu que indivíduos
que possuem sobrenome com conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade
africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas. Ao analisar as pessoas
da área urbana dos municípios de Cachoeira e Maragojipe, além de quilombolas da área
rural de Cachoeira verificou-se que a ancestralidade africana foi de 80,4%, a europeia 10,8%
e a indígena 8,8%.
As populações indígenas localizados na Bahia pertencem, em grande maioria, ao tronco
linguístico macro-jê. Dentre elas, estão os grupos indígenas Pataxó, Pataxó-hã-hã-hãe, Quiriri
e o extinto Camacã. Grande parte dos índios vem perdendo o hábito do idioma materno,
passando a falar a língua portuguesa. As tribos e aldeias indígenas estão bastante distribuídas
pela Bahia em terras e reservas indígenas.
Segundo dados de 2000 do IBGE e de 2001, SEI, apenas 0,2% dos municípios baianos tem a
população acima de 500 mil habitantes; 0,5%, a população está entre 200 e 500 mil
habitantes; 1,7%, de 100
até 200 mil hab.; de 50 a 100 mil hab. somente 2,7%; de 20 até 50 são
7,7% dos municípios; de 10 até 20 mil hab. já chega aos 17,1%; de 5 a 10 mil hab. são
30,1% dos municípios baianos; e 40% dos municípios possuem a população com menos de 5
mil habitantes.
A cidade mais populosa do estado é Salvador (capital do estado, com 2.892.625 habitantes),
que também é a terceira cidade brasileira mais populosa, sendo seguida por Feira de
Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus, Juazeiro, Itabuna, Camaçari, Barreiras, Jequié, Lauro
de Freitas e Porto Seguro.

6.4 Aspectos Culturais

A cultura da Bahia é uma das mais ricas e diversificadas do Brasil, sendo o estado
considerado um dos mais ricos centros culturais do país, conservando não apenas um rico
acervo de obras religiosas, arquitetônicas, mas é berço das mais típicas manifestações
culturais populares, quer na culinária, na música, e em praticamente todas as artes. A
Bahia tem seus expoentes, suas características próprias, resultado da rica miscigenação
entre o índio nativo, o português colonizador e o negro escravizado. N
essa imensa vastidão cultural, entre as principais manifestações culturais estão o carnaval de
Salvador, a festa da Independência da Bahia, as festas juninas no interior, em especial a
guerra de espadas em Cruz das Almas e em Senhor do Bonfim, a lavagem do Bonfim, a
Festa de Santa Bárbara, a Festa de São Sebastião, a festa de Iemanjá, e muitas outras. Na
Bahia, ainda há espaço para um provérbio, há um tempo jocoso e sério, que retrata a índole
do seu povo: "O baiano não nasce, estreia".

Cultura erudita
Na Bahia nasceu o primeiro historiador do Brasil, Frei Vicente do Salvador. Ainda como
Colônia, os versos de Gregório de Matos repercutiam qual dardos, dono de rimas tão ferinas
que lhe renderam a imortalidade com o epíteto de "Boca do Inferno". O Bahia foi o lugar da
primeira Faculdade de Medicina do país, foi berço de nomes que se destacaram no cenário
nacional, tais como Afrânio Peixoto, Antônio Rodrigues Lima, Juliano Moreira, etc. Do
Direito Aliomar Baleeiro, Orlando Gomes, Nestor Duarte e, caindo para a literatura. A

152
culinária baiana sempre tem os seus pratos magníficos.

Música
Já era a Bahia, em particular Salvador, sua capital, a maior cidade das Américas durante
vários séculos, um dos principais centros comerciais do Novo Mundo. Das raízes negras
brotou o samba de roda, seu filho samba, o lundu e outros tantos ritmos, movidos por
atabaques, berimbaus, marimbas - espalhando-se pelo resto do Brasil, e ganhando o
mundo. Xisto Bahia, levando os ritmos e mesmo poetas (como Plínio de Lima), descobre o
novo meio e grava o primeiro disco brasileiro. E experimenta o sucesso internacional com
Dorival Caymmi. Do rock ao tropicalismo, de Raul Seixas a Caetano Veloso, infinitos
nomes desfilam mundo afora, como João Gilberto, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Gal Costa,
Maria Bethânia, Tom Zé…

O Carnaval
Foi no Carnaval que o baiano encontrou-se com o mundo: Em 1950 Dodô e Osmar
inventam o Trio Elétrico, e atrás dele "só não vai quem já morreu". Um novo cenário foi
descortinado, revelando artistas e grupos musicais: Moraes Moreira, Luiz Caldas, Chiclete
com Banana, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, etc. O negro reconquista sua identidade, e
ganha força nos Filhos de Gandhi, o Olodum une música ao trabalho social.

A Culinária
Do Candomblé ou do tabuleiro da Baiana brotam o acarajé, o abará, o vatapá e tantos
pratos temperados pelo azeite de dendê, festejando aos santos, como o caruru ou festejando
a vida, como a moqueca, a Bahia tem sempre um quindim a despertar o paladar.
brotaram nomes como Ruy Barbosa, Teixeira de Freitas, Antônio Luiz Machado Neto

153
5.4.1 Do Ministério
Direito Constitucional
Público
DO PODER CONSTITUINTE 6. Da defesa do Estado e das
instituições democráticas
1. Constituição da República 6.1 Do estado de defesa e
Federativa do Brasil: do estado de sítio
Poder Constituinte
6.2 Das Forças Armadas
2. Dos princípios
6.3 Da segurança pública
fundamentais
3. Dos direitos e garantias
fundamentais 7. Constituição da Bahia
3.1 Dos direitos e deveres 7.1 Dos servidores Públicos
individuais e coletivos Militares
3.2 Da nacionalidade 7.2 Da organização dos
3.3 Dos direitos políticos Poderes
4. Da organização do Estado 7.2.1 Do Poder
Legislativo. Da
4.1 Da organização
Assembléia
político-administrativa Legislativa e da
4.2 Da União suas
4.3 Dos Estados federados Competências.
4.4 Do Distrito Federal e 7.2.2 Do Poder
dos Territórios Executivo. Das
4.5 Da administração Disposições
pública Gerais. Das
4.5.1 Disposições Atribuições do
gerais Governador do
4.5.2 Dos servidores Estado.
públicos 7.2.3 Do Poder
4.5.3 Dos militares Judiciário. Das
dos Estados, do Disposições
Distrito Federal Gerais. Da
e dos Territórios. Justiça Militar.
5. Da organização dos 7.2.4 Do Ministério
poderes Público.
5.1 Do poder Legislativo 7.2.5 Das
procuradorias.
5.1.1 Do Congresso
Nacional 7.2.6 Da Defensoria
Pública.
5.1.2 Das atribuições
do Congresso 7.2.7 Da Segurança
Nacional Pública.
5.1.3 Da Câmara dos
Deputados
5.1.4 Do Senado
Federal
5.2 Do Poder Executivo
5.2.1 Do Presidente e
do Vice-
Presidente da
República
5.2.2 Das atribuições
do Presidente da
República
5.2.3 Do Conselho da
República e do
Conselho de
Defesa Nacional
5.3 Do Poder Judiciário
5.3.1 Disposições
gerais
5.4 Das funções essenciais
à Justiça

154
1. CONSTITUIÇÃO DA ressaltar que, os Estados e o Distrito
REPÚBLICA FEDERATIVA Federal possuem direitos de participação
DO BRASIL – 1988 na formação da vontade nacional ao
possuírem representantes no Senado
Federal. Caracteriza-se ainda, pela
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CF/88 existência de um guardião da Constituição
Federal, o Supremo Tribunal Federal.
 Forma de Governo: República;
O princípio Republicano representa a
 Forma de Estado: Federação;
Forma de Governo adotado no Brasil. À
 Sistema de Governo:
Presidencialismo; forma de governo reflete o modo de
 Chefe de Estado: Presidente aquisição e exercício do poder político além
(assuntos externos); de medir a relação existente entre o
 Chefe de Governo: Presidente governante e o governado. A melhor forma
(assuntos internos); de entender este instituto é conhecendo
 Regime Político: Democracia; suas características. A primeira
 Ramo do Direito Público. característica decorre da análise
etimológica da palavra réspública. Este
A Constituição do Brasil é a norma jurídica
mais importante em nosso país, é a carta termo que dá origem ao princípio ora
magna, leis das leis, norma fundamental, estudado significa coisa pública, ou seja,
norma principal. Esta vigente é de 1988, num Estado republicano o governante
promulgada com tons de democracia, governa a coisa pública, governa para o
princípios fundamentais que se baseiam na povo.
dignidade da pessoa humana, na questão Numa república o governante é escolhido
social e pós ditadura militar. Com 250
pelo povo. Esta é a chamada Eletividade. O
artigos e 90 Emendas, a CF/88 está acima
de todas as outras normas jurídicas, e já poder político é adquirido pelas eleições
tivemos ao longo da história muitas outras cuja vontade popular se concretiza nas
Constituições: urnas.
Outra característica importante é a
Temporariedade. Este atributo revela o
CF/88 caráter temporário do exercício do poder
LEI,MP
DECRETO político. Por causa deste principio, em
PPORTARIA nosso Estado, o governante permanece no
poder por tempo certo, ou melhor,
permanece por anos no poder sendo
A Federação é a Forma de Estado adotada permitido apenas uma reeleição.
no Brasil. A forma de Estado reflete o modo Por fim, num Estado Republicano o
de exercício do poder político em função do
governante pode ser responsabilizado por
território. É uma forma composta ou
seus atos.
complexa visto que prevalece a pluralidade
de poderes políticos internos. Cada ente Muito cuidado com este tema em prova. As
federativo possui sua própria autonomia bancas adoram dizer que o princípio
política o que não pode ser confundido com republicano é uma cláusula pétrea,
soberania, este pertencente ao Estado contudo, este princípio não se encontra
Federal. A autonomia de cada ente confere- listado no rol das cláusulas pétreas do
lhe a capacidade política de, inclusive criar artigo 60, § 4º da Constituição Federal.
sua própria Constituição. Apesar de cada
Apesar disso, a Constituição o considerou
ente federativo possuir esta independência,
não se pode esquecer que a existência do como princípio sensível.
pacto federativo pressupõe a existência de O Presidencialismo é o Sistema de
uma Constituição Federal e da
Governo adotado no Brasil. O sistema de
impossibilidade de separação (Princípio da
Indissolubilidade do vínculo federativo). governo rege a relação entre o Poder
Havendo quebra do pacto federativo, a Executivo e o Legislativo medindo o grau
Constituição Federal prevê como de dependência entre eles. No
instrumento de manutenção da forma de Presidencialismo prevalece à separação
estado a chamada Intervenção Federal. entre os Poderes Executivo e Legislativo os
Não existe hierarquia entre os entes
quais são independentes e harmônicos
federativos. O que os distinguem uns dos entre si.
outros é a competência que cada um
recebeu da Constituição Federal. Deve-se

155
O Presidencialismo possui uma internacional, com a solução pacífica das
característica muito importante para sua controvérsias, promulgamos, sob a
prova, que é a concentração das funções proteção de Deus, a seguinte
executiva sem uma só pessoa, no CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Presidente, o qual é eleito pelo povo, e FEDERATIVA DO BRASIL.
exerce ao mesmo tempo três funções: O preâmbulo não se destina a regular
Chefe de Estado, Chefe de Governo e nenhuma situação especifica, mas apenas
Chefe da Administração Pública. a justificar a atuação do constituinte.
A função de Chefe de Estado diz respeito Constitui-se apenas uma proclamação de
a todas as atribuições do Presidente nas abertura, algo que a autoridade que impõe
relações externas do País. Como Chefe de uma nova ordem constitucional tem a
Governo o Presidente possui inúmeras dizer antes deda a leitura à Constituição.
atribuições internas, no que tange a
governabilidade do país. Já como Chefe da 2. DOS PRINCÍPIOS
Administração Pública o Presidente
exercerá as funções relacionadas com a
FUNDAMENTAIS
chefia da Administração Publica Federal.
REGRAS GERAIS DOS DIREITOS E
Este princípio revela o Regime de GARANTIAS FUNDAMENAIS
Governo adotado no Brasil. Caracteriza-
se pela existência do Estado Democrático Os direitos e garantias fundamentais
de Direito e pela preservação da dignidade baseiam-se na Dignidade da pessoa
da pessoa humana. humana, nos Direitos humanos, e foram
pensados e formulados ao longo do tempo
CLÁUSULAS PÉTREAS para garantir o mínimo possível para a
existência humana, com dignidade.
Não podendo a CF/88, pois, ser modificada Assim, vem a proteger o indivíduo diante
por outras Leis que estejam abaixo dela, de alguma arbitrariedade que possa surgir
tendo somente como meio de alteração, as
através de manifestação do Estado, como
Emendas Constitucionais, as PEC (projeto
de emenda a Constituição), que surgem também entre outros indivíduos. Diante
através de um projeto do Legislativo sobre disso temos:
um determinado tema, tendo a Constituição
um mecanismo que impede que não sejam AMPLITUDE VERTICAL
objetos de deliberação a PEC, certos ESTADO
assuntos, elencados no Art. 60, §4°, CF/88,
as chamadas CLÁUSULAS PÉTREAS.
Tendo o STF como “guardião” da CF/88, ele
também tem a função de interprete das INDIVÍDUO
normas constitucionais, manifestando tais
interpretações através de AMPLITUDE HORIZONTAL
JURISPRUDÊNCIAS, sendo estas os
entendimentos e pensamentos dos INDIVÍDUO INDIVÍDUO
Tribunais. Assim temos como fontes de
estudo no Direito Constitucional: A CF/88,
A JURISPRUDÊNCIA E A DOUTRINA. Distribuída entre os artigos 5º ao 17 da
CF/88, tendo alguns princípios elencados
DO PODER CONSTITUINTE entre os artigos 1° ao 4° da CF/88, os
Direitos Fundamentais são expressos na
PREÂMBULO Constituição de forma garantidora:
Nós, representantes do povo brasileiro,
 Direitos de Deveres individuais e
reunido sem Assembléia Nacional
coletivos;
Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o  Direitos sociais;
exercício dos direitos sociais e individuais,  Direitos de nacionalidade;
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o  Direitos políticos;
desenvolvimento, a igualdade e a justiça  Partidos políticos.
como valores supremos de uma sociedade Assim, o rol dos Direitos Fundamentais é
fraterna, pluralista e sem preconceitos, exemplificativo, não podendo existir outros
fundada na harmonia social e direitos fundamentais fora da CF/88. (art.
comprometida, na ordem interna e 5º, § 2°, CF/88). Os direitos

156
fundamentais são indispensáveis à  Aprovados nas duas casas do
existência humana, no qual não existe Co n g r e s s o ;
direito fundamental absoluto e que  E m d o is tu r n o s ;
pessoas físicas e jurídicas têm  Por 3/5 dos membros.
titularidade de direitos fundamentais.
P r e e n c h id o s ta i s r e q u i s i t o s , e s s e
GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS tr a ta d o t e m s ã o e q u iv a le n te s a s
emendas constitucionais.
DIREITOS
M a s c a s o s e ja m s o b r e D ir e it o s
Humanos e não preencham um dos
1ª – liberdade, defesa, individuais; r e q u is i to s o u to d o s , s e g u n d o o
2ª – igualdade, prestações, sociais; S TF , p a s s a a s s im a v a le r c o m o
No r m a s S u p r a le g a i s , o n d e e s ta s
3ª – fraternidade; f ic a m a b a ix o das normas
4ª – globalização dos direitos Co n s t i tu c i o n a i s e a c im a d a s l e i s .
fundamentais; M a s a in d a p o s s a s e r q u e o c o r r a
convenções ou tr a ta d o s
5ª– direito a paz.
in t e r n a c io n a is que não s e ja m
sobre D i r e i to s Humanos, estes
EFICÁCIA p a s s a m a te r f o r ç a n o r m a t iv a d e
Leis Ordinárias.
(art. 5°, § 1º, CF/88)
(Plena ou Contida)
T RI B U NA L P E NA L
I NT E R NA CI O NA L – T P I
 Plena: efeito de aplicação imediata
(a r t. 5 º , § 4 º , CF / 8 8 )
e direta. Integral.
 Contida: imediata e direta, mas
O Br a s i l s e s u b m e t e a o Tr ib u n a l
permite que sejam com outras
p e n a l I n te r n a c io n a l – TP I .
normas.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma
 Limitada: não produz efeitos,
corte permanente e independente que julga
depende de outras normas para
pessoas acusadas de crimes do mais sério
produzir.
interesse internacional, como genocídio,
A Constituição diz em seu artigo 5°,§ crimes contra a humanidade e crimes de
1º que, em relação às normas guerra. Ela se baseia num Estatuto do qual
definidoras dos direitos e garantias fazem parte 106 países.
fundamentais, a aplicação é O TPI é uma corte de última instância. Ele
imediata, sendo assim, plena ou não agirá se um caso foi ou estiver sendo
contida. investigado ou julgado por um sistema
jurídico nacional, a não ser que os
FORÇA NORMATIVA DOS procedimentos desse país não forem
TRATADOS INTERNACIONAIS genuínos, como no caso de terem caráter
(art. 5º, § 3º, CF/88) meramente formal, a fim de proteger o
acusado de sua possível responsabilidade
§ 3º Os tratados e convenções jurídica. Além disso, o TPI só julga casos
internacionais sobre direitos humanos que que ele considerar extremamente graves.
forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Art.1º A República Federativa do Brasil,
Constitucional nº 45, de 2004) (Decreto formada pela união indissolúvel dos
Legislativo com força de Emenda Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de
Constitucional). Direito e tem como fundamentos:
É p o s s ív e l que um tr a ta d o
in t e r n a c io n a l, e m q u e o Br a s i l s e I – Soberania
d is p o n h a a a d e r i r , p o s s u a f o r ç a II – Cidadania
n o r m a t iv a de emenda a III – Dignidade da pessoa humana
c o n s t it u c io n a l, m a s d e s d e q u e IV – Os valores sociais do trabalho e da
p r e e n c h a a lg u n s r e q u i s i to s . livre iniciativa
V – O pluralismo político
 D ir e it o s H u m a n o s ;

157
Parágrafo único. Todo o poder emana do sociedade, objetivando a satisfação dos
povo, que o exerce por meio de grupos de pressão; a administração
representantes eleitos ou diretamente, nos pública; em causa própria e distender a
termos desta Constituição. sociedade. Entre as funções elementares do
poder legislativo está a de fiscalizar o poder
executivo, votar leis orçamentais, e, em
situações específicas, julgar determinadas
pessoas, como o Presidente da República ou
os próprios membros da assembléia. No
Brasil os legisladores são escolhidos por
meio da eleição (votação).
O Poder Executivo tem a função de
governar o povo e administrar os interesses
públicos, de acordo as leis previstas na
Constituição Federal. No Brasil, país que
Dica IPP adota o regime presidencialista, o líder do
Poder Executivo é o Presidente da
República, que tem o papel de chefe de
Estado e de governo.

Fundamentos: SOCIDIVAPLU A estrutura do Poder Judiciário é baseada


na hierarquia dos órgãos que o compõem,
A Soberania é um fundamento que possui formando assim as instâncias. A primeira
estreita relação com o Poder do Estado. É a
instância corresponde ao órgão que irá
capacidade que o Estado tem de impor sua
vontade. primeiramente analisar e julgar a ação
A Cidadania como princípio revela a apresentada ao Poder Judiciário. As demais
condição jurídica de quem é titular de instâncias apreciam as decisões proferidas
Direitos Políticos. Ela permite ao pela instância inferior a ela, e sempre o
indivíduo que possui vínculo jurídico com fazem em órgãos colegiados, ou seja, por
o Estado participar de suas decisões e um grupo de juízes que participam do
escolher seus representantes. O exercício julgamento.
da cidadania guarda estreita relação com a
Democracia, pois esta autoriza a Devido ao princípio do duplo grau de
participação popular na formação da jurisdição, as decisões proferidas em
vontade estatal. primeira instância poderão ser submetidas
A dignidade da pessoa humana é à apreciação da instância superior, dando
considerada o princípio com maior oportunidade às partes conflitantes de
hierarquia axiológica da Constituição. obterem o reexame da matéria.
Sua importância se traduz na medida em
Art.3º Constituem objetivos fundamentais
que deve ser assegurada, primordialmente
da República Federativa do Brasil:
pelo Estado, mas também deve ser
observada nas relações particulares.
I - construir uma sociedade livre, justa e
O valor social do trabalho e da livre
solidária;
iniciativa revela a adoção de uma
II - garantir o desenvolvimento nacional;
economia capitalista ao mesmo tempo em
III - erradicar a pobreza e a marginalização
que elege o trabalho como elemento
e reduzir as desigualdades sociais e
responsável pela valorização social.
regionais;
O Pluralismo Político, ao contrário do que
IV - promover o bem de todos, sem
parece, não está relacionado apenas com a
preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
pluralidade de partidos políticos, devendo
idade e quaisquer outras formas de
ser entendido no sentido mais amplo, pois,
discriminação.
revela uma sociedade em que pluralidade
de idéias se torna um ideal a ser
São interesses, objetivos fundamentais da
preservado.
República brasileira, para que haja
Art.2º São Poderes da União, independentes igualdade, veracidade e consolidação dos
princípios e direitos fundamentais.
e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. Os objetivos são verdadeiras metas a serem
perseguidas pelo Estado como fim de
O objetivo do poder legislativo é elaborar garantir os ditames constitucionais. Muito
normas de direito de abrangência geral ou cuidado com estes dispositivos, pois eles
individual que são aplicadas a toda costumam ser cobrados em prova fazendo-

158
se alterações dos termos constitucionais.
Outra característica que distingue os
3. DOS DIREITOS E
fundamentos dos objetivos é o fato de os
fundamentos serem nominados com GARANTIAS FUNDAMENTAIS
substantivos enquanto que os objetivos
serem iniciados com verbos.
3.1 DOS DIREITOS E DEVERES
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Dica IPP
Já no Caput do artigo 5º vêm explícitos os
direitos elencados de forma didática,
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS (art. 3º) transcorridos nos 78 incisos do citado
artigo.

LEMBRAR DOS VERBOS (construir, Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem
garantir, erradicar e promover). distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes.
Dica IPP

Ficar atento que o STF já se posicionou a


respeito da questão dos estrangeiros,
citados no caput do artigo 5°. Não são
apenas os residentes, mas o que estão de
passagem também tem direito há algum
direito fundamental.
Art.4º A República Federativa do Brasil
rege-se nas suas relações internacionais Os direitos fundamentais estão agrupados
pelos seguintes princípios: da seguinte forma:
Direito à vida
I - independência nacional; Direito à igualdade
II - prevalência dos direitos humanos; Direito à liberdade
III - autodeterminação dos povos; Direito à propriedade
Direito à segurança
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados; DIREITO À VIDA
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Dica IPP
IX - cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político. Nenhum direito fundamental é absoluto.
Nem mesmo à vida, tido pela doutrina como
Parágrafo único. A República Federativa do de maior valor, mais fundamental, sagrado,
Brasil buscará a integração econômica, mas não é absoluto, pois temos como
política, social e cultural dos povos da hipótese disso o aborto (art. 128/CP); a
América Latina, visando à formação de uma pena de morte (art.5º, XLVIII, CF/88) e a
comunidade latino-americana de nações. legítima defesa e o estado de necessidade
(art. 23/CP).
O Brasil tem em suas relações
internacionais, os princípios elencados no
artigo 4º, quando lembrarmos de tais
relações, lembremos do dez incisos que
seguem.

159
DIREITO À IGUALDADE art. 137, CF/88, onde decreta o estado de
sítio por razões amparadas pela
Pertencente à segunda geração dos direitos Constituição.
fundamentais visa reduzir as desigualdades Por outro lado, caso a liberdade seja
sociais, tendo como sinônimo o termo interrompida por ilegalidade ou abuso de
Isonomia.O princípio da igualdade prevê a poder, a CF/88 tem como “remédio” o
igualdade de aptidões e de possibilidades Habeas Corpus.
virtuais dos cidadãos de gozar de LXVIII conceder-se-á habeas
tratamento isonômico pela lei. Por meio corpus sempre que alguém sofrer ou se
desse princípio são vedadas as achar ameaçado de sofrer violência ou
diferenciações arbitrárias e absurdas, não coação em sua liberdade de locomoção, por
justificáveis pelos valores da Constituição ilegalidade ou abuso de poder.
Federal, e tem por finalidade limitar a
atuação do legislador, do intérprete ou Liberdade de pensamento
autoridade pública e do particular. Sendo
assim temos: IV - é livre a manifestação do pensamento,
sendo vedado o anonimato.
IGUALDADE FORMAL – igualdade jurídica, A Constituição veda o anonimato por razões
afastando-se um pouco da realidade expressas de uma situação de Direito de
concreta. (“todos são iguais perante a lei, resposta. Onde uma pessoa possa requerer
sem distinção de qualquer natureza” art. 5º, uma resposta a um fato qualquer que
caput, CF/88). venha acontecer com ela, caso seja
ofendida.
IGUALDADE MATERIAL – tratamento de
justiça, se preocupando com a realidade. Liberdade de consciência e de crença
(“tratar os iguais com igualdade e os religiosa
desiguais com desigualdade, na medida de
suas desigualdades”). VI - é inviolável a liberdade de consciência e
de crença, sendo assegurado o livre
DIREITO À LIBERDADE exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
Pertence à primeira geração dos direitos
VII - é assegurada, nos termos da lei, a
fundamentais, como forma de defesa dos prestação de assistência religiosa nas
indivíduos diante do Estado e do particular. entidades civis e militares de internação
coletiva;
Liberdade de ação VIII - ninguém será privado de direitos por
motivo de crença religiosa ou de convicção
Princípio da Legalidade, art. 5º, II, CF/88. filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
imposta e recusar-se a cumprir prestação
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. alternativa, fixada em lei.
Para o particular, pode fazer tudo o que a O Brasil é um Estado laico, admite e
lei não proíba. respeita todas as religiões, e vem expresso
Para o agente público, essa liberdade na CF/88, em seu artigo 19, I: “Art. 19. É
significa que só pode fazer tudo que a lei vedado à União, aos Estados, ao Distrito
manda ou permite. Federal e aos Municípios: I - estabelecer
cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
Liberdade de locomoção manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança,
XV - é livre a locomoção no território ressalvada, na forma da lei, a colaboração
nacional em tempo de paz, podendo de interesse público”.
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus Liberdade de reunião
bens.
Também não possuindo caráter absoluto, XVI - todos podem reunir-se pacificamente,
pois pode acontecer situações em que a sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde
restrição de liberdade de locomoção será
que não frustrem outra reunião
proibida, exemplo, pelo fato elencado no anteriormente convocada para o mesmo

160
local, sendo apenas exigido prévio aviso à Direito à propriedade
autoridade competente.
Propriedade é a faculdade que uma pessoa
Nesse caso não há uma autorização, mas tem de usar, gozar ou fruir de um bem. O
sim um aviso prévio à autoridade texto constitucional garante este direito de
competente. Como também não é um forma expressa.
direito absoluto, pode haver situação dessa
restrição ou suspensão, no caso de do XXII - é garantido o direito de propriedade
estado de sítio e do estado de defesa.
Porém, também esse direito não é absoluto.
Dica IPP Função social– A necessidade de
observância da função social demonstra que
ESTADO DE SÍTIO – SUSPENSÃO DESSE a propriedade é muito mais que uma
DIREITO titularidade privada. Este direito possui
ESTADO DE DEFESA – RESTRIÇÃO DESSE reflexo em toda a sociedade.
DIREITO
XXIII - a propriedade atenderá a sua
Liberdade de associação
função social.

XVII –é plena a liberdade de associação


Requisição Administrativa. Este instituto
para fins lícitos, vedada a de caráter permite que a propriedade seja limitada
paramilitar; pela necessidade de se solucionar situação
XVIII –a criação de associações e, na de perigo público. Não se trata de uma
forma da lei, a de cooperativas independem forma de desapropriação, pois o dono da
de autorização, sendo vedada a propriedade requisitada não a perde,
interferência estatal em seu apenas a empresta para uso público sendo
garantido posteriormente, havendo dano,
funcionamento;
direito a indenização.
XIX –as associações só poderão ser
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
XXV - no caso de iminente perigo público, a
atividades suspensas por decisão judicial, autoridade competente poderá usar de
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em propriedade particular, assegurada ao
julgado; proprietário indenização ulterior, se houver
XX- ninguém poderá ser compelido a dano.
associar-se ou a permanecer associado;
XXI- as entidades associativas, quando Desapropriação– é a perda da propriedade.
expressamente autorizadas, têm Este é o limitador por excelência do direito,
legitimidade para representar seus filiados restringindo o caráter perpétuo da
propriedade, existem três formas:
judicial ou extra judicialmente.
Desapropriação por Interesse Público,
As associações devem ter fins lícitos, sem Desapropriação Sanção e Desapropriação
caráter paramilitar, que quer dizer, Confiscatória.
paralela ao Estado e com organização
militar e sem legitimidade. Dica IPP
No que diz respeito a sua suspensão ou
dissolução segue esquema abaixo:

Dica IPP

SUSPENSÃO DECISÃO JUDICIAL


DISSOLUÇÃO

TRANSITADO EM JULGADO

Bem de Família–proteção às pequenas


Tanto na suspensão quanto na dissolução
propriedades rurais chamadas de Bem de
tem que haver a decisão judicial, mas
Família.
somente na dissolução tem que ter o efeito
transitado em julgado XXVI - a pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua

161
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os XXX - é garantido o direito de herança;
meios de financiar o seu desenvolvimento. XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
situados no País será regulada pela lei
Dica IPP brasileira em benefício do cônjuge ou dos
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável à lei pessoal do "de cujus".
Pequena propriedade rural–não se
trata de qualquer propriedade.
Direito à segurança
Definida em lei–não em outra
espécie normativa. Quer dizer “segurança jurídica” as quais são
Trabalhada pela família–não por normas de pacificação social e que
qualquer pessoa. produzem uma maior segurança nas
Débitos decorrentes da atividade relações sociais. Este é o ponto alto dos
produtiva– não qualquer débito. direitos individuais. O Princípio da
segurança nas relações jurídicas tem seu
Propriedade Imaterial – temos ainda, na fundamento de garantir segurança e
Constituição a proteção sobre a estabilidade em tais relações. Assim
propriedade de bens imateriais. São duas as podemos elencar:
propriedades consagradas: autoral e Direito Adquirido–direito já incorporado ao
industrial. patrimônio do titular.
Ato Jurídico Perfeito–ato jurídico que já
XXVII - aos autores pertence o direito atingiu seu fim, já produziu seus efeitos.
exclusivo de utilização, publicação ou Ato jurídico acabado, aperfeiçoado,
reprodução de suas obras, transmissível consumado.
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Coisa Julgada-sentença judicial transitada
XXVIII - são assegurados, nos termos da em julgado. Aquela sentença da qual não
lei: cabe mais recurso.
a) a proteção às participações individuais
em obras coletivas e à reprodução da Dica IPP
imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas; Não esquecendo que, uma lei mais
b) o direito de fiscalização do benéfica poderá produzir efeitos em
aproveitamento econômico das obras que relação ao direito adquirido, ao ato
criarem ou de que participarem aos jurídico perfeito e a coisa julgada.
criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas; DA EXTRADIÇÃO
Propriedade industrial:
Fruto de acordo internacional de
XXIX - a lei assegurará aos autores de cooperação, a extradição permite que
inventos industriais privilégio temporário determinada pessoa seja entregue a
para sua utilização, bem como proteção às outro país para que seja responsabilizada
criações industriais, à propriedade das pelo cometimento de algum crime.
marcas, aos nomes de empresas e a outros Existem duas formas de extradição:
signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento 1) Extradição Ativa–quando o Brasil
tecnológico e econômico do País. pede para outro país a extradição de
alguém.
2) Extradição Passiva–quando algum
país pede para o Brasil a extradição
de alguém.

LI- nenhum brasileiro será extraditado,


salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização,
Direito à Herança– O direito à herança, ou de comprovado envolvimento em tráfico
consagrado expressamente na Constituição,
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
fecha a veracidade do direito de
propriedade. Só faz sentido ter direito à forma da lei;
propriedade se este direito pode ser LII- não será concedida extradição de
transferido aos herdeiros. A Constituição estrangeiro por crime político ou de
Federal permite que seja aplicada a opinião;
legislação mais favorável aos herdeiros, quer
seja a lei brasileira quer seja a lei Três regras podem ser adotadas em
estrangeira. relação à extradição passiva:

162
I Brasileiro Nato–nunca será possibilidade de utilização de todos os meios
extraditado. admitidos em direito para se defender de
II Brasileiro Naturalizado– será uma acusação.
extraditado em duas hipóteses:
• Crime comum cometido antes da Inadmissibilidade das provas ilícitas
naturalização;
LVI. São inadmissíveis, no processo, as
• Comprovado envolvimento com o
provas obtidas por meios ilícitos.
tráfico ilícito de drogas, antes ou
depois da naturalização.
III Estrangeiro– poderá ser extraditado Em razão de esta garantia, é proibida a
salvo em dois casos: produção de provas ilícitas num processo
• Crime político; sob pena de nulidade processual. Em
• Crime de opinião. regra, a prova ilícita produz nulidade de
Alguns princípios que regem a extradição tudo o que a ela estiver relacionado. Este
no país: efeito decorre da chamada Teoria dos
• Princípio da especialidade– o Frutos da Árvore Envenenada. Segundo
extraditando só poderá ser a teoria, se a árvore está envenenada, os
processado e julgado pelo crime frutos também o serão. Se uma prova foi
informado no pedido de extradição. produzida de forma ilícita, as demais
• Comutação da pena–o país provas dela decorrentes também serão
requerente deverá firmar um ilícitas (ilicitude por derivação). Contudo,
compromisso de comutação da pena deve-se ressaltar que esta teoria é aplicada
prevista em seu país quando a pena de forma restrita no direito brasileiro, ou
a ser aplicada for proibida no Brasil. seja, encontrada uma prova ilícita num
• Dupla tipicidade– é extraditado processo, não significa que todo o processo
se a conduta praticada for será anulado, mas apenas os atos e
considerada crime no Brasil e no país demais provas que decorreram direta ou
requerente. indiretamente daquela produzida de forma
ilícita. Caso existam provas autônomas
produzidas em conformidade com a lei, o
processo deve prosseguir ainda que tenha
sido encontrada se retiradas às provas
ilícitas. Logo, é possível afirmar que a
existência de uma prova ilícita no processo
não anula de pronto todo o processo.
Deve-se destacar ainda, a única
possibilidade já admitida de prova ilícita
Devido processo legal- O devido processo
nos tribunais brasileiros: a produzida em
legal possui como objetivo principal limitar
legítima defesa.
o poder do Estado.

LIV- ninguém será privado da liberdade ou Inviolabilidade domiciliar


de seus bens sem o devido processo legal.
XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
Existência de um procedimento estatal que ninguém nela podendo penetrar sem
respeite todos os direitos e garantias consentimento do morador, salvo em caso
processuais previstos na lei. de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por
Ampla defesa e contraditório– São determinação judicial.
utilizadas como ferramenta de defesa diante
das acusações impostas pelo Estado ou por
um particular nos processos judiciais e Dica IPP
administrativos. Flagrante delito
Desastre
LV- aos litigantes, em processo judicial ou Prestar socorro
administrativo, e aos acusados em geral são Determinação judicial – só durante o dia
assegurados o contraditório e ampla defesa, (das 6 às 18, da aurora ao crepúsculo).
com os meios e recursos a ela inerentes. A jurisprudência tem permitido uma
Contraditório é o direito de contradizer, interpretação mais flexível, consideradas as
contrariar, contraditar, o contraditório e peculiaridades do território nacional onde
permite dizer que não é e que não fez o que num local, dependendo do horário deverão
lhe foi imputado. Já a ampla defesa é a

163
ou outros fatores, o dia pode ser estendido LXIV - o preso tem direito à identificação
para além desses limites. Dependendo do dos responsáveis por sua prisão ou por seu
caso concreto é possível utilizar os dois interrogatório policial;
critérios para fixação do dia. LXV - a prisão ilegal será imediatamente
Supremo define limites para entrada da relaxada pela autoridade judiciária;
polícia em domicílio sem autorização LXVI - ninguém será levado à prisão ou
judicial nela mantido, quando a lei admitir a
O Plenário do Supremo Tribunal Federal liberdade provisória, com ou sem fiança;
(STF) concluiu, na sessão do dia 05 de
novembro de 2015 o julgamento do Recurso LXVII - não haverá prisão civil por dívida,
Extraordinário (RE) 603616, com salvo a do responsável pelo inadimplemento
repercussão geral reconhecida, e, por voluntário e inescusável de obrigação
maioria de votos, firmou a tese de que “a alimentícia e a do depositário infiel;
entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período Depositário infiel, não mais. Súmula
noturno, quando amparada em fundadas Vinculante 25 do STF.
razões, devidamente justificadas a Dica IPP
posteriori, que indiquem que dentro da casa
ocorre situação de flagrante delito, sob pena LXXIV - o Estado prestará assistência
de responsabilidade disciplinar, civil e penal jurídica integral e gratuita aos que
do agente ou da autoridade e de nulidade comprovarem insuficiência de recursos;
dos atos praticados”. LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
No recurso que serviu de paradigma para a corpus e habeas data, e, na forma da lei, os
fixação da tese, um cidadão questionava a atos necessários ao exercício da cidadania.
legalidade de sua condenação por tráfico de LXXVIII a todos, no âmbito judicial e
drogas, decorrente da invasão de sua casa administrativo, são assegurados a razoável
por autoridades policiais sem que houvesse duração do processo e os meios que
mandado judicial de busca e apreensão. garantam a celeridade de sua tramitação;
Foram encontrados 8,5kg de cocaína no § 1º As normas definidoras dos direitos e
veículo de sua propriedade, estacionado na garantias fundamentais têm aplicação
garagem. A polícia foi ao local por indicação imediata.
do motorista de caminhão que foi preso por § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
transportar o restante da droga. De acordo Constituição não excluem outros
com o entendimento majoritário do decorrentes do regime e dos princípios por
Plenário, e nos termos do artigo 33 da Lei ela adotados, ou dos tratados
de Drogas (Lei 11.343/2006), ter internacionais em que a República
entorpecentes em depósito constitui crime Federativa do Brasil seja parte.
permanente, caracterizando, portanto, a § 3º Os tratados e convenções
condição de flagrante delito a que se refere internacionais sobre direitos humanos que
o dispositivo constitucional. forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por
A jurisprudência tem interpretado o três quintos dos votos dos respectivos
conceito de casa de forma ampla, em membros, serão equivalentes às emendas
consonância com o disposto nos artigos constitucionais.
245 e 246 do Código de Processo Penal. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de
Tribunal Penal Internacional a cuja criação
O STF já considerou como casa, para tenha manifestado adesão.
efeitos de inviolabilidade, oficina
mecânica, quarto de hotel ou escritório Crimes imprescritíveis, inafiançáveis e
profissional. insuscetíveis de graça e anistia.
Dica IPP
LXXVI - são gratuitos para os XLII - a prática do racismo constitui crime
reconhecidamente pobres, na forma da lei inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
a) o registro civil de nascimento; de reclusão, nos termos da lei;
b) a certidão de óbito XLIII - a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
onde se encontre serão comunicados de entorpecentes e drogas afins, o
imediatamente ao juiz competente e à terrorismo e os definidos como crimes
família do preso ou à pessoa por ele hediondos, por eles respondendo os
indicada; mandantes, os executores e os que,
LXIII - o preso será informado de seus podendo evitá-los, se omitirem;
direitos, entre os quais o de permanecer XLIV - constitui crime inafiançável e
calado, sendo-lhe assegurada a assistência imprescritível a ação de grupos armados,
da família e de advogado;

164
civis ou militares, contra a ordem advogado. Sua possibilidade é tão ampla
constitucional e o Estado Democrático. que não precisa possuir capacidade civil
ou mesmo qualquer formalidade. Este
remédio é desprovido de condições que
impeçam sua utilização da forma mais
ampla possível. Poderá impetrar esta ação
tanto uma pessoa física quanto jurídica.
Autoridade Coatora– é quem restringiu a
liberdade de locomoção com ilegalidade
ou abuso de poder. Poderá ser tanto uma
autoridade privada quanto uma
autoridade pública.
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
A Constituição proíbe a utilização deste
Remédios Constitucionais, matéria muito remédio constitucional em relação às
cobrada em prova de concurso. Os punições disciplinares militares. É o que
remédios constitucionais são espécies de prevê o artigo142, § 2º:
garantias constitucionais que visam § 2º- Não caberá "habeas-corpus" em
proteger determinados direitos e até relação a punições disciplinares militares.
outras garantias fundamentais. São
poderosas ações constitucionais que Contudo, o STF tem admitido o remédio
quando impetrado por razões de
estão disciplinadas no texto da
ilegalidade da prisão militar. Quanto ao
Constituição. mérito da prisão, deve-se aceitar a
HABEASCORPUS vedação Constitucional, mas em relação
à legalidade da prisão, prevalece o
Sem sombra de dúvida, este remédio entendimento de que o remédio seria
constitucional é o mais importante para possível.
sua prova haja vista a sua utilização para Também não cabe habeas corpus em
relação às penas pecuniárias, multas,
proteger um dos direitos mais ameaçados
advertências ou ainda, nos processos
do indivíduo: a liberdade de locomoção. administrativos disciplinares e no
LXVIII- conceder-se-á "habeas-corpus" processo de Impeachment. Nestes casos o
sempre que alguém sofrer ou se achar não cabimento deve-se ao fato de que as
ameaçado de sofrer violência ou coação em medidas não visam restringir a liberdade
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade de locomoção.
ou abuso de poder; Por outro lado, a jurisprudência tem
admitido o cabimento para impugnar
inserção de provas ilícitas no processo ou
Outro ponto fundamental é que ele quando houver excesso de prazo na
poderá ser utilizado tanto de forma instrução processual penal.
preventiva quanto de forma repressiva.
Habeas Corpus preventivo é aquele HABEAS DATA
utilizado para prevenir a violência ou
LXXII - conceder-se-á"habeas-data":
coação à liberdade de locomoção. Habeas
Corpus repressivo é utilizado para 1) Para assegurar o conhecimento de
reprimir a violência ou coação a informações relativas à pessoa do
liberdade de locomoção, ou seja, é impetrante, constantes de registros ou
utilizado quando a restrição da liberdade bancos de dados de entidades
de locomoção já ocorreu. governamentais ou de caráter público;
Perceba que não se trata de qualquer tipo 2) Para a retificação de dados, quando
de restrição à liberdade de locomoção que não se prefira fazê-lo por processo
caberá o remédio, mas apenas aquelas sigiloso, judicial ou administrativo;
cometidas com ilegalidade ou abuso de Duas são as formas previstas na
poder. constituição para utilização deste remédio:
1) Para conhecer a informação;
Impetrante– O impetrante é a pessoa 2) Para retificar a informação.
que impetra a ação. Quem entra com a
ação. A titularidade desta ferramenta é É importante ressaltar que só caberá o
Universal, pois qualquer pessoa pode remédio em relação às informações do
próprio impetrante.
impetrar o HC. Não precisa sequer de

165
As informações precisam estar em um das prerrogativas inerentes à
banco de dados governamental ou de nacionalidade, à soberania e à cidadania;
caráter público, o que significa que seria
O seu objetivo é suprir a omissão
possível entrar com um habeas data,
legislativa que impede o exercício de
contra um banco de dados privado desde
direitos fundamentais. Algumas normas
que tenha caráter público.
constitucionais para que produzam efeitos
Da mesma forma que o habeas corpus, o dependem da edição de outras normas
habeas data também é gratuito: infraconstitucionais. Estas normas são
LXXVII. são gratuitas as ações de conhecidas por sua eficácia como normas
"habeas-corpus" e "habeas-data", e, na de eficácia limitada. Isso mesmo, o
forma da lei, os atos necessários ao mandado de injunção visa corrigir a
exercício da cidadania. ineficácia das normas com eficácia
limitada.
MANDADO DE SEGURANÇA Todas as vezes que um direito deixar de
ser exercido pela ausência de norma
regulamentadora, será cabível este
LXIX- conceder-se-á mandado de
remédio.
segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por "habeas-corpus" AÇÃO POPULAR
ou "habeas-data”, quando o responsável A ação popular é uma ferramenta
pela ilegalidade ou abuso de poder for fiscalizadora utilizada como espécie de
autoridade pública ou agente de pessoa exercício direto dos direitos políticos. Por
jurídica no exercício de atribuições do isso que só poderá ser utilizada por
Poder Público; cidadãos.
LXX- o mandado de segurança coletivo
pode ser impetrado por: LXXIII. qualquer cidadão é parte legítima
a) Partido político com representação no para propor ação popular que vise a
Congresso Nacional;
anular ato lesivo ao patrimônio público
b) Organização sindical, entidade de
ou de entidade de que o Estado participe,
classe ou associação legalmente
à moralidade administrativa, ao meio
constituída e em funcionamento há pelo
ambiente e ao patrimônio histórico e
menos uma em defesa dos interesses de
cultural, ficando o autor, salvo
seus membros ou associados;
comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
Como se pode ver, o mandado de
segurança será cabível proteger direito
líquido e certo desde que não amparado EXERCÍCIOS I
por habeas corpus ou habeas data. O que
significa dizer que será cabível desde que 1 - (FCC/EPP/2004) Todas as pessoas
presentes no território do Estado, num
não seja para proteger a liberdade de
determinado momento, inclusive
locomoção e a liberdade de informação. estrangeiros e apátridas, fazem parte da
Este é o chamado caráter subsidiário do população.
mandado de segurança.
O texto constitucional exigiu também ( ) CERTO ( ) ERRADO
para a utilização desta ferramenta, a
ilegalidade e o abuso de poder praticado 2 - (FCC/EPP/2004) O conceito de Estado
não se confunde com o de Nação.
por autoridade pública ou privada, desde
que esteja no exercício de atribuições do ( ) CERTO ( ) ERRADO
poder público.
O mandado de segurança possui prazo 3 - (FCC/EPP/2004) São elementos
decadencial para ser utilizado: 120 dias. constitutivos do Estado Moderno: povo,
território e soberania.
MANDADO DE INJUÇÃO
( ) CERTO ( ) ERRADO
LXXI - conceder-se-á mandado de
injunção sempre que a falta de norma
4 - (FCC/Analista - TRE-MG/2005) Tendo
regulamentadora torne inviável o exercício em vista a classificação das constituições,
dos direitos e liberdades constitucionais e

166
pode-se dizer que a Constituição da indispensável à atuação de advogado
República Federativa do Brasil vigente é nos feitos administrativos abertos
considerada escrita e legal, assim como para dirimir conflitos de interesses.
rígida, promulgada, dogmática, analítica e
e) O Supremo Tribunal Federal decidiu
formal.
que é impossível a interceptação de
( ) CERTO ( ) ERRADO carta de presidiário pela
administração penitenciária, por
5 - (FCC/Analista - TRT 16ª/2009) A violar o direito ao sigilo de
Constituição Federal de 1988, pode ser correspondência e de comunicação
classificada como formal, escrita, legal, garantido pela Constituição Federal.
histórica, popular, sintética e semi-rígida.
9 – Em relação aos direitos e garantias
( ) CERTO ( ) ERRADO individuais e coletivos, assinale a
opção correta.
6 - (FCC/EPP-SP/2009) O Poder
Constituinte denominado originário a) Nos termos da Constituição Federal, a
somente se manifesta por meio de lei não poderá restringir a publicidade
Assembléia Constituinte, eleita de acordo dos atos processuais.
com os princípios democráticos. b) A casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem
( ) CERTO ( ) ERRADO
consentimento do morador, salvo em
7 - (FCC/EPP-SP/2009) É correto afirmar, caso de flagrante delito ou desastre,
em face da Constituição brasileira de 1988, ou para prestar socorro, ou, durante
que nela existem algumas normas que são o dia, por determinação judicial ou
apenas formalmente constitucionais. da autoridade policial competente.
c) A garantia da irretroatividade da lei,
( ) CERTO ( ) ERRADO
prevista no texto constitucional, não
é invocável pela entidade estatal que
8 – Em relação aos direitos e garantias a tenha editado.
individuais e coletivos, assinale a d) As Comissões Parlamentares de
opção correta. Inquérito podem determinar a
a) Todos têm direito a receber dos interceptação de comunicações
órgãos públicos informações de seu telefônicas de indivíduos envolvidos
interesse particular, ou de interesse em crimes graves.
coletivo ou geral, inclusive aquelas e) A sucessão de bens de estrangeiros
cujo sigilo seja imprescindível à situados no País será regulada pela
segurança da sociedade e do Estado. lei do país do de cujus, ainda que a
b) A lei considerará crime inafiançável e lei brasileira seja mais benéfica ao
imprescritível a ação de grupos cônjuge ou aos filhos brasileiros.
armados, civis ou militares, contra a 10 – Sobre os direitos fundamentais
ordem constitucional e o Estado individuais e coletivos, é incorreto
democrático. afirmar:
c) Constituem crimes inafiançáveis e
a) Que aos litigantes, em processo
imprescritíveis a pratica da tortura, o
judicial ou administrativo, e aos
tráfico ilícito de entorpecentes e
acusados em geral são assegurados o
drogas afins, o terrorismo e os
contraditório e ampla defesa, com os
definidos como crimes hediondos,
meios e recursos a ela inerentes.
por eles respondem os mandantes, os
b) Que a lei não excluirá da apreciação
executores e os que, podendo evitá-
do Poder Judiciário lesão ou ameaça
los, se omitirem.
a direito, mas a própria constituição
d) De acordo com o Supremo Tribunal
pode fazê-lo.
Federal, a extensão da garantia
c) Que ninguém será privado da
constitucional do contraditório
liberdade ou de seus bens sem o
(art.5º,LV) aos procedimentos devido processo legal.
administrativos tem o significado de
d) Que ninguém será considerado
subordinar a estes toda a culpado até o trânsito em julgado de
normatividade referente aos feitos sentença penal condenatória.
judiciais, tornando por isso e) A casa é asilo inviolável do indivíduo,

167
ninguém nela podendo penetrar sem exemplo, o aumento do salário mínimo.
consentimento do morador, salvo por Quando o poder público for demandado
determinação judicial, ou, durante o para garantir algum benefício de ordem
dia, em caso de flagrante delito ou social, poderá ser alegada, previamente a
desastre, ou para prestar socorro. impossibilidade financeira para
concretização do direito sob o argumento
da reserva do possível.

Por causa da reserva do possível, o Estado


passou a se esconder atrás desta teoria
eximindo-se da sua obrigação social de
garantia dos direitos tutelados na
Constituição Federal. Tudo o que era
pedido para o Estado era negado sob o
argumento de que “não era possível”. Para
trazer um pouco de equilíbrio a esta
relação, foi desenvolvida outra teoria
chamada de Mínimo Existencial. Esta
teoria permite que os poderes públicos
deixem de atender algumas demandas em
razão da reserva do possível, mas exige
que seja garantido o mínimo existencial.

DIREITO DOS TRABALHADORES

DIREITOS SOCIAIS
Art. 7º São direitos dos trabalhadores
Os direitos sociais encontram-se
urbanos e rurais, além de outros que visem
previstos a partir do artigo 6º até o artigo à melhoria de sua condição social:
11 da Constituição Federal. São normas
que se concretizam por meio de I - relação de emprego protegida contra
prestações positivas por parte do Estado, despedida arbitrária ou sem justa causa,
haja vista objetivarem reduzir as nos termos de lei complementar, que
desigualdades sociais. preverá indenização compensatória, dentre
outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de
Dica IPP desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei,
Emenda 90 de setembro de 2015 nacionalmente unificado, capaz de atender
acrescenta o Transporte ao rol dos às suas necessidades vitais básicas e às de
Direitos Sociais. sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
Art. 6º São direitos sociais a educação, a transporte e previdência social, com
saúde, a alimentação, o trabalho, a reajustes periódicos que lhe preservem o
moradia, o transporte, o lazer, a poder aquisitivo, sendo vedada sua
segurança, a previdência social, a proteção vinculação para qualquer fim;
à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta O STF já afirmou que os Estados não
Constituição. (Artigo com redação dada pela podem fixar salário mínimo diferente
Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
do nacionalmente unificado. O que
RESERVA DO POSSÍVEL cada Estado pode fixar é o piso salarial
da categoria de trabalhadores com
valor maior que o salário mínimo.
Seria possível exigir do Estado à concessão
de um direito social quando tal direito não
fosse assegurado de forma condizente com V - piso salarial proporcional à extensão e à
sua previsão constitucional? complexidade do trabalho;
Para se garantir esta estabilidade foi VI - irredutibilidade do salário, salvo o
disposto em convenção ou acordo coletivo;
desenvolvida a teoria da Reserva do
VII - garantia de salário, nunca inferior ao
Possível, por meio do qual o Estado pode mínimo, para os que percebem
alegar esta impossibilidade financeira para remuneração variável;
atender algumas demandas, como, por VIII - décimo terceiro salário com base na

168
remuneração integral ou no valor da prazo prescricional de cinco anos para os
aposentadoria; trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
IX - remuneração do trabalho noturno de dois anos após a extinção do contrato de
superior à do diurno; trabalho; (Inciso com redação dada pela
X - proteção do salário na forma da lei, Emenda Constitucional nº 28, de 2000)
constituindo crime sua retenção dolosa; a)(Alínea revogada pela Emenda
XI - participação nos lucros, ou resultados, Constitucional nº 28, de 2000)
desvinculada da remuneração, e, b)(Alínea revogada pela Emenda
excepcionalmente, participação na gestão Constitucional nº 28, de 2000)
da empresa, conforme definido em lei; XXX - proibição de diferença de salários, de
XII - salário-família pago em razão do exercício de funções e de critério de
dependente do trabalhador de baixa renda admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
nos termos da lei; (Inciso com redação dada estado civil;
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) XXXI - proibição de qualquer discriminação
XIII - duração do trabalho normal não no tocante a salário e critérios de admissão
superior a oito horas diárias e quarenta e do trabalhador portador de deficiência;
quatro semanais, facultada a compensação XXXII - proibição de distinção entre
de horários e a redução da jornada, trabalho manual, técnico e intelectual ou
mediante acordo ou convenção coletiva de entre os profissionais respectivos;
trabalho; XXXIII - proibição de trabalho noturno,
XIV - jornada de seis horas para o trabalho perigoso ou insalubre a menores de dezoito
realizado em turnos ininterruptos de e de qualquer trabalho a menores de
revezamento, salvo negociação coletiva; dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Inciso
XV - repouso semanal remunerado,
com redação dada pela Emenda
preferencialmente aos domingos;
Constitucional nº 20, de 1998)
XVI - remuneração do serviço
extraordinário superior, no mínimo, em A Constituição disse que é proibido o
cinqüenta por cento à do normal; trabalho para os menores de 16 e em
XVII - gozo de férias anuais remuneradas seguida excepciona esta regra dizendo
com, pelo menos, um terço a mais do que o
que é possível a partir dos 14, na
salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do condição de aprendiz, ela quis dizer que
emprego e do salário, com a duração de o trabalho no Brasil se inicia aos 14
cento e vinte dias; anos. Este entendimento se fortalece a
XIX -licença-paternidade, nos termos luz do artigo 227, § 3º, I:
fixados em lei; XXXIV - igualdade de direitos entre o
XX - proteção do mercado de trabalho da trabalhador com vínculo empregatício
mulher, mediante incentivos específicos, permanente e o trabalhador avulso.
nos termos da lei; Parágrafo único. São assegurados à
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de categoria dos trabalhadores domésticos os
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, direitos previstos nos incisos IV, VI, VII,
nos termos da lei; VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
XXII - redução dos riscos inerentes ao XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
trabalho, por meio de normas de saúde, atendidas as condições estabelecidas em lei
higiene e segurança; e observada a simplificação do
XXIII - adicional de remuneração para as cumprimento das obrigações tributárias,
atividades penosas, insalubres ou principais e acessórias, decorrentes da
perigosas, na forma da lei; relação de trabalho e suas peculiaridades,
XXIV - aposentadoria; os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXV - assistência gratuita aos filhos e XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
dependentes desde o nascimento até 5 previdência social. (Parágrafo único com
(cinco) anos de idade em creches e pré- redação dada pela Emenda Constitucional
escolas; (Inciso com redação dada pela nº 72, de 2013).
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e Com a aprovação da Lei Complementar
acordos coletivos de trabalho; nº 150, de 2015, que regulamentou a
XXVII - proteção em face da automação, na Emenda Constitucional n° 72, os
forma da lei; empregados domésticos passaram a
XXVIII - seguro contra acidentes de gozar de novos direitos. Alguns desses
trabalho, a cargo do empregador, sem novos direitos passaram a ser usufruídos
excluir a indenização a que este está logo após a edição da lei, como por
obrigado, quando incorrer em dolo ou exemplo, o adicional noturno, intervalos
culpa; para descanso e alimentação etc. Outros
XXIX - ação, quanto aos créditos direitos só passaram a ser usufruídos
resultantes das relações de trabalho, com pelos empregados domésticos a partir de

169
outubro de 2015: FGTS, seguro- ou administrativas;
desemprego, salário família. IV - a assembléia geral fixará a contribuição
que, em se tratando de categoria
Dos Direitos profissional, será descontada em folha, para
custeio do sistema confederativo da
Salário mínimo representação sindical respectiva,
Jornada de Trabalho independentemente da contribuição
Hora extra
prevista em lei;
Banco de Horas
Remuneração de horas trabalhadas em viagem V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a
a serviço manter-se filiado a sindicato;
Intervalo para refeição e/ou descanso
Adicional noturno É a liberdade de associação que
Repouso semanal remunerado permite aos trabalhadores escolher se
Feriados Civis e Religiosos desejam ou não se filiar a um
Férias
13º salário determinado sindicato. Ninguém será
Licença-maternidade obrigado a filiar-se ou a manter-se
Vale-Transporte filiado.
Estabilidade em razão da gravidez
FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço VI - é obrigatória a participação dos
Seguro-desemprego sindicatos nas negociações coletivas de
Salário-família trabalho;
Aviso prévio VII - o aposentado filiado tem direito a votar
Relação de emprego protegida contra e ser votado nas organizações sindicais;
despedida arbitrária ou sem justa causa.
Veja que o que importa mesmo não é
ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL OU se o indivíduo trabalha ou está
SINDICAL aposentado. O que determina sua
participação no sindicato é a sua
Art. 8º É livre a associação profissional ou
sindical, observado o seguinte: condição de filiado.
I - a lei não poderá exigir autorização do
Estado para a fundação de sindicato, VIII - é vedada a dispensa do empregado
ressalvado o registro no órgão competente, sindicalizado a partir do registro da
vedadas ao poder público a interferência e a candidatura a cargo de direção ou
intervenção na organização sindical; representação sindical e, se eleito, ainda
II - é vedada a criação de mais de uma que suplente, até um ano após o final do
organização sindical, em qualquer grau, mandato, salvo se cometer falta grave nos
representativa de categoria profissional ou termos da lei.
econômica, na mesma base territorial, que O importante aqui é entender o
será definida pelos trabalhadores ou
período de proteção que a
empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município; Constituição garantiu aos dirigentes
sindicais. A estabilidade se inicia com
Em cada base territorial (federal, o registro da candidatura e permanece,
estadual, municipal ou distrital) só pode com o candidato eleito, até uma no
existir um sindicato representante da após o término do seu mandato.
mesma categoria, lembrando que a base Cuidado com essa regra! Ela não é
territorial mínima refere-se à área de absoluta, p o i s a proteção contra
um município. despedida arbitrária não prospera
Exemplificando: Só pode existir um diante do cometimento de falta grave.
sindicato municipal de pescadores no
município de Paulo Afonso. Só pode Parágrafo único. As disposições deste
existir um sindicato estadual de artigo aplicam-se à organização de
pescadores no estado da Bahia. Só sindicatos rurais e de colônias de
pode existir um sindicato federal de pescadores, atendidas as condições que a
pescadores no Brasil. Contudo, é lei estabelecer.
possível existir vários sindicatos Art. 9º É assegurado o direito de greve,
municipais de pescadores no Estado do competindo aos trabalhadores decidir sobre
Paraná. a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos defender.
e interesses coletivos ou individuais da § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
categoria, inclusive em questões judiciais essenciais e disporá sobre o atendimento

170
das necessidades inadiáveis da
comunidade. 5 - (FCC/Técnico - TRT 15ª/2009) A
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os remuneração do serviço extraordinário
responsáveis às penas da lei. deverá ser superior, no mínimo, em
cinquenta por cento à do normal.
Art. 10. É assegurada a participação dos
trabalhadores e empregadores nos ( ) CERTO ( ) ERRADO
colegiados dos órgãos públicos em que seus
interesses profissionais ou previdenciários 6 - (FCC/Auxiliar - TJ-PA/2009) Todos
sejam objeto de discussão e deliberação. deverão ser compelidos a associar-se ou a
permanecer associado a sindicato na
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos vigência do contrato de trabalho.
empregados, é assegurada a eleição de
( ) CERTO ( ) ERRADO
um representante destes com a finalidade
exclusiva de promover-lhes o entendimento 7 - (CESPE / SUFRAMA – 2014) O direito à
direto com os empregadores. vida, assim como todos os demais direitos
fundamentais, é protegido pela CF de forma
EXERCÍCIOS II não absoluta.

( ) CERTO ( ) ERRADO
1- São direitos sociais:
8 - Tício deseja assegurar o conhecimento
a) A educação, a saúde, o trabalho, a
de informações relativas à sua pessoa
liberdade, a segurança, previdência social,
constantes de registros de entidades
a proteção à maternidade e à infância e a
governamentais. Nesse caso, de acordo com
assistência aos desamparados.
a Constituição Federal brasileira, Tício
deverá impetrar:
b) A educação, a saúde, o trabalho, a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade
(A) ação popular.
e à propriedade e a proteção à maternidade
(B) mandado de segurança.
e à infância.
(C) habeas corpus.
(D) mandado de injunção.
c) A inviolabilidade do direito à vida, à
(E) habeas data.
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.
3.2 DA NACIONALIDADE
d) Igualdade de direitos entre homens e
mulheres.
A nacionalidade é um vínculo jurídico
e) A educação, a saúde, a alimentação, o existente entre um indivíduo e um
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a Estado. Este vínculo jurídico é a ligação
segurança, a previdência social, a proteção existente capaz de gerar direitos e
à maternidade e à infância, a assistência
obrigações entre a pessoa e o Estado. A
aos desamparados, na forma desta
Constituição. aquisição da nacionalidade decorre do
nascimento ou da manifestação de
2 - (FCC/Analista - TRT 15ª/2009) As férias vontade. Quando a nacionalidade é
anuais serão remuneradas com, pelo adquirida pelo nascimento estamos
menos, um terço a mais do que o salário diante da chamada Nacionalidade
normal. Originária. Mas se for adquirida por meio
da manifestação de vontade, estamos
( ) CERTO ( ) ERRADO
diante de uma nacionalidade
3 - (FCC/Analista - TRT 15ª/2009) É secundária.
proibida qualquer discriminação entre
Dois critérios foram utilizados em nossa
trabalho manual, técnico e intelectual ou
Constituição para se conferir a
entre os profissionais respectivos.
nacionalidade originária:
( ) CERTO ( ) ERRADO 1) Jus solis – este é critério do solo,
critério territorial. Serão
4 - (FCC/Técnico - TRT 15ª/2009) O considerados brasileiros natos as
repouso semanal remunerado será pessoas que nascerem no território
preferencialmente aos domingos.
nacional.
( ) CERTO ( ) ERRADO 2) Jus sanguinis – este é o critério do

171
sangue. Serão considerados brasileiro ou mãe brasileira, condicionada
brasileiros natos os descendentes de a aquisição da nacionalidade ao registro
brasileiros, ou seja, aqueles que em repartição brasileira competente. Nesta
possuem o sangue brasileiro. hipótese adota-se o critério Jus sanguinis
acompanhado do registro em repartição
Art. 12. São brasileiros: brasileira.
Em seguida temos a segunda possibilidade
I - natos: (NACIONALIDADE ORIGINÁRIA) destinada aos nascidos no estrangeiro de
pai brasileiro ou de mãe brasileira, que
a) os nascidos na República Federativa do
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, venham a residir na República Federativa
desde que estes não estejam a serviço de do Brasil e optem (opção confirmativa), em
seu país; qualquer tempo, depois de atingida a
b) os nascidos no estrangeiro, de pai maioridade, pela nacionalidade brasileira.
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que Esta é a chamada nacionalidade
qualquer deles esteja a serviço da República
potestativa, pois depende da
Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai manifestação de vontade por parte do
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que interessado. Cuidado com a condição para
sejam registrados em repartição brasileira a manifestação da vontade que só pode ser
competente ou venham a residir na exercida depois de atingida a maioridade,
República Federativa do Brasil e optem, em apesar de não possuir tempo limite para o
qualquer tempo, depois de atingida a exercício deste direito.
maioridade, pela nacionalidade brasileira;
(Alínea com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007) II - naturalizados: (NACIONALIDADE
SECUNDÁRIA)
A primeira hipótese prevista na alínea “a”
adotou para aquisição o critério jus solis, a) os que, na forma da lei, adquiram a
ou seja, serão considerados brasileiros nacionalidade brasileira, exigidas aos
natos aqueles que nascerem no país ainda originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto
que de pais estrangeiros, desde que, os
e idoneidade moral;
pais não estejam a serviço do seu país. b) os estrangeiros de qualquer
Para que os filhos de pais estrangeiros nacionalidade residentes na República
fiquem impedidos de adquirirem a Federativa do Brasil há mais de quinze
nacionalidade brasileira é preciso que anos ininterruptos e sem condenação
ambos os pais sejam estrangeiros, mas penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira. (Alínea com redação dada pela
basta que apenas um deles esteja a serviço
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
do seu país. Se os pais estrangeiros 1994)
estiverem a serviço de outro país, a
doutrina tem entendido que não se § 1º Aos portugueses com residência
aplicará a vedação. permanente no País, se houver
Já a segunda hipótese adotada na alínea reciprocidade em favor dos brasileiros,
“b” utilizou o critério jus sanguinis para serão atribuídos os direitos inerentes ao
brasileiro, salvo os casos previstos nesta
fixação Da nacionalidade originária. Serão
Constituição. (Parágrafo com redação dada
brasileiros natos os nascidos fora do país, pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
filho de pai ou mãe brasileira, desde que de 1994)
qualquer deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil. Estar a A primeira hipótese de naturalização
serviço do país significa estar a serviço de prevista na alínea “a” do inciso II é a
qualquer ente federativo (União, Estados, chamada naturalização ordinária. Esta
naturalização apresenta uma forma de
Distrito Federal ou Município) incluídos os
aquisição prevista em lei. Esta lei é a
órgãos e entidades da administração 6.815/80 que traz algumas regras para
indireta (fundações, autarquias, empresas aquisição de nacionalidade
públicas e sociedades de economia mista).
A segunda parte da alínea que confere um
Na terceira hipótese prevista na alínea “c”
tratamento diferenciado para os originários
na verdade apresenta duas possibilidades:
de países de língua portuguesa para quem
uma depende do registro a outra depende
será exigida apenas residência por uma no
da opção confirmativa.
ininterrupto e idoneidade moral. Entende-
Primeiro temos a regra aplicada aos
se país de língua portuguesa, qualquer
nascidos no estrangeiro, filho de pai

172
país que possua a língua portuguesa como Ministro do Estado da Defesa).
língua oficial (Angola, Portugal, Timor
Leste, entre outros). Esta forma de § 4º Será declarada a perda da
naturalização não gera direito subjetivo ao nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por
estrangeiro, o que significa que ele poderá
sentença judicial, em virtude de atividade
pleitear sua naturalização e esta poderá nociva ao interesse nacional;
ser indeferida pelo Chefe do Poder
Executivo haja vista se tratar de um ato II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos: (Inciso com redação dada pela
discricionário.
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
A alínea “b” do inciso II apresenta a 1994)
chamada naturalização extra ordinária a) de reconhecimento de nacionalidade
ou quinzenária. Esta hipótese é destinada originária pela lei estrangeira; (Alínea
a qualquer estrangeiro e será exigida acrescida pela Emenda Constitucional de
residência ininterrupta pelo prazo de 15 Revisão nº 3, de 1994)
anos e não existência de condenação b) de imposição de naturalização, pela
norma estrangeira, ao brasileiro residente
penal. Nesta espécie, não há
em Estado estrangeiro, como condição para
discricionariedade em conceder a permanência em seu território ou para o
naturalização, pois ela gera direito exercício de direitos civis; (Alínea acrescida
subjetivo ao estrangeiro que tenha pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
preenchido os requisitos. de 1994)
Bom é não esquecer que a ausência Ao analisarmos o dispositivo do caput
temporária da residência não quebra o
deste parágrafo é possível concluir que as
vínculo ininterrupto exigido para a
naturalização no país. Também deve ser regras são para os brasileiros natos ou
ressaltado que não existe naturalização naturalizados. Mas vamos verificar cada
tácita ou automática sendo exigido hipótese:
requerimento de quem desejar se 1) O inciso I deixa claro que é uma
naturalizar no Brasil. hipótese aplicada apenas aos
brasileiros naturalizados
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção
(cancelamento de naturalização). Se
entre brasileiros natos e naturalizados,
salvo nos casos previstos nesta o indivíduo tem seu vínculo com o
Constituição. Estado cancelado por decisão
§ 3º São privativos de brasileiro nato os judicial, não há que se falar em
cargos: permanência da nacionalidade
I - de Presidente e Vice-Presidente da brasileira;
República;
II - de Presidente da Câmara dos 2) O inciso II já não permite a mesma
Deputados; conclusão haja vista ter considerado
III - de Presidente do Senado Federal; qualquer brasileiro. Logo, ao
IV - de Ministro do Supremo Tribunal brasileiro, seja ele nato ou
Federal; naturalizado, que adquirir outra
V - da carreira diplomática; nacionalidade será declarada a
VI - de oficial das Forças Armadas;
perda da nacionalidade, pelo menos
VII – de Ministro de Estado da Defesa.
(Inciso acrescido pela Emenda Constitucional em regra. Esta regra possui duas
nº 23, de 1999) exceções: nos casos de
reconhecimento de nacionalidade
Os cargos privativos aos brasileiros originária estrangeira ou de
costumam cair muito em prova, é preciso imposição de naturalização, não será
estudar e aprender essas distinções. declarada a perda da nacionalidade
Dois critérios foram utilizados para brasileira. São nestas hipóteses que
escolha destes cargos. O primeiro está encontram permitidas as situações
relacionado com os cargos que sucedem o de dupla nacionalidade que
Presidente da República (Presidente e Vice- conhecemos.
Presidente da República, Presidente da
Câmara dos Deputados, Presidente do Art. 13. A língua portuguesa é o idioma
oficial da República Federativa do Brasil.
Senado Federal e Ministro do Supremo
§ 1º São símbolos da República Federativa
Tribunal Federal). O segundo critério diz do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o
respeito à segurança nacional (carreira selo nacionais.
diplomática, oficial das forças armadas e

173
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os exercido de imediato, em razão de a
Municípios poderão ter símbolos próprios. norma constitucional ser auto
aplicável.
EXERCÍCIOS III j) A proteção do mercado de trabalho da
mulher não é auto aplicável.
1. Sobre os direitos sociais, na 3. Sobre direitos sociais, assinale a
Constituição de 1988, marque a única opção correta.
única opção correta.
a) A garantia constitucional de
a) Para o trabalho realizado em turnos recebimento de salário nunca inferior
ininterruptos de revezamento, a
ao mínimo não se aplica aos
jornada será sempre de seis horas.
autônomos nem aos trabalhadores
b) A Constituição Federal fixa que a
que percebem remuneração variável.
remuneração do serviço
b) É assegurada ao trabalhador a
extraordinário será superior em
participação nos lucros, ou
cinquenta por cento à do normal.
resultados da empresa, desvinculada
c) O salário-família, pago em razão do
da remuneração.
dependente, é direito apenas do
c) É direito social do trabalhador
trabalhador considerado de baixa
duração do trabalho normal não
renda, nos termos da lei.
superior a oito horas diárias e
d) Nos termos da Constituição Federal,
quarenta semanais, facultada a
é assegurada ao empregado a
compensação de horários e a redução
participação nos lucros, ou
da jornada, mediante acordo ou
resultados, vinculada à remuneração,
convenção coletiva de trabalho.
e a participação na gestão da
empresa. d) A Constituição Federal reconhece a
igualdade de direitos entre o
e) A Constituição Federal assegura a
trabalhador com vínculo empregatício
eleição, nas empresas, de um
permanente e o trabalhador avulso,
representante dos empregados com a
ressalvado o direito ao décimo
finalidade exclusiva de promover o
terceiro salário com base na
entendimento direto com os
remuneração integral.
empregadores.
e) A contribuição para custeio do
sistema confederativo é descontada
2. A doutrina constitucionalista tem em folha e obrigatória para todos os
comentado muito sobre os direitos integrantes da categoria profissional.
dos trabalhadores garantidos
constitucionalmente. Sobre tais
4. A nacionalidade pode ter
direitos, considerando a doutrina de
repercussões na vida de brasileiros e
José Afonso da Silva, é correto
estrangeiros. Nos termos da
afirmar que:
Constituição Brasileira, é brasileiro
f) A distinção entre trabalhadores nato:
urbanos e rurais ainda tem sua
f) Os nascidos na República Federativa
importância, pois ainda não gozam
do Brasil, ainda que de pais
dos mesmos direitos.
estrangeiros e mesmo que estes não
g) A garantia do emprego previsto pela
estejam a serviço de seu país.
Constituição não é, por si só,
g) Os nascidos no estrangeiro, de pai
suficiente bastante para gerar o
brasileiro ou mãe brasileira, ainda
direito nela previsto, necessitando,
que nenhum deles esteja a serviço da
por isso, de regulamentação.
República Federativa do Brasil.
h) A Constituição Federal garantiu o
h) Os nascidos no estrangeiro, de pai
direito ao gozo de férias anuais
brasileiro ou de mãe brasileira, desde
remuneradas estabelecendo o período
que sejam registrados em repartição
de 30 dias.
brasileira competente, ou venham
i) A Constituição conferiu direito à
residir na República Federativa do
participação nos lucros ou resultados
Brasil antes da maioridade e,
da empresa. Tal direito já pode ser
alcançada esta, opte, em qualquer

174
tempo, pela nacionalidade brasileira.
i) Os nascidos no estrangeiro, de pai 3.3 DOS DIREITOS POLÍTICOS
brasileiro ou mãe brasileira, desde
que venham a residir na República A Cidadania é a condição conferida ao
Federativa do Brasil e optem, em indivíduo que possui direito político. É o
qualquer tempo, pela nacionalidade exercício deste direito. Esta condição só é
brasileira. possível em nosso país por causa do regime
de governo adotado, qual seja a Democracia.
j) Os nascidos no estrangeiro, de pai A democracia parte do pressuposto de que o
brasileiro ou de mãe brasileira, desde poder do Estado decorre da vontade
que sejam registrados em repartição popular, da Soberania Popular.
brasileira competente ou venham a A democracia brasileira é classificada como
residir na República Federativa do semi direta ou participativa haja vista
Brasil e optem, em qualquer tempo, poder ser exercida tanto de forma direta
como de forma indireta. Como forma de
depois de atingida a maioridade, pela
exercício direto temos o previsto no artigo
nacionalidade brasileira. 14 da CF. Mas ainda há a ação popular que
5. São cargos privativos de brasileiro também é forma de exercício direto dos
nato: direitos políticos
Entendamos o que significa cada uma das
a) Presidente da República, Senador, formas de exercício direito dos direitos
Deputado e Ministro do Supremo políticos:
Tribunal Federal.
III Plebiscito-consulta popular
b) Vice-Presidente da República, Ministro realizada antes da tomada de
de Estado da Defesa e Presidente da
decisão. O representante do poder
Câmara dos Deputados.
público quer tomar uma decisão,
c) Presidente da República, Ministro do
Supremo Tribunal Federal e Ministro mas antes de tomá-la pergunta para
da Justiça. os cidadãos quem concorda com a
d) Presidente do Senado Federal, Ministro decisão. O que os cidadãos
do Superior Tribunal Militar e Ministro decidirem será feito.
de Estado da Defesa. IV Referendo - consulta popular
e) Vice-Presidente da República, realizada depois da tomada de
Governador de Estado e Diplomata. decisão. O representante do poder
público toma uma decisão e depois
6. Assinale a opção correta.
pergunta o que os cidadãos
a) O estrangeiro naturalizado brasileiro acharam.
pode exercer todos os direitos V Iniciativa popular-esta é uma das
previstos constitucionalmente para formas de se iniciar o processo
os brasileiros natos. legislativo no Brasil.
b) Os nascidos no Brasil, ainda que de Os direitos políticos positivos sem os
pais estrangeiros, serão sempre tramites pela possibilidade de
brasileiros natos, porque o Brasil participação na vontade política do
adota, para fins de reconhecimento Estado. Estes direitos políticos se
de nacionalidade nata, o critério do materializam por meio da Capacidade
jus solis. Eleitoral Ativa e da Capacidade
c) Nos termos da Constituição Federal, o Eleitoral Passiva. O primeiro é a
cargo de Ministro de Estado da Justiça possibilidade de votar. O segundo, de ser
é privativo de brasileiro nato.
votado.
d) A condenação criminal, transitada
em julgado, de brasileiro A Constituição apresenta três regras para
naturalizado implica a perda dos o alistamento e o voto:
seus direitos políticos.
e) A Constituição em vigor admite que
um brasileiro disponha de dupla
nacionalidade.

175
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal,
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.

Trata-se de uma inelegibilidade absoluta


que impede os inalistáveis e analfabetos a
concorrerem a qualquer cargo eletivo. Note
primeiramente que a Constituição se refere
aos inalistáveis como inelegíveis. Todas as
vezes que você encontrar o termo
inalistável, deve-se pensar
automaticamente em estrangeiros e
conscritos. Quanto aos analfabetos, uma
questão merece atenção: os analfabetos
podem votar, mas não podem ser votados.

§ 5º O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido ou substituído no curso dos
mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente. (Parágrafo com
redação dada pela Emenda Constitucional
nº16, de 1997)
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores
de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.
§ 7º São inelegíveis, no território de
jurisdição do titular, o cônjuge e os
Art. 14. A soberania popular será exercida parentes consanguíneos ou afins, até o
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e segundo grau ou por adoção, do Presidente
secreto, com valor igual para todos, e, nos da República, de Governador de Estado ou
termos da lei, mediante: Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
I - plebiscito; de quem os haja substituído dentro dos seis
II - referendo; meses anteriores ao pleito, salvo se já
III - iniciativa popular. titular de mandato eletivo e candidato à
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: reeleição.
I - obrigatórios para os maiores de dezoito § 8º O militar alistável é elegível, atendidas
anos; as seguintes condições:
II - facultativos para: I - se contar menos de dez anos de serviço
a) os analfabetos; deverá afastar-se da atividade;
b) os maiores de setenta anos; II - se contar mais de dez anos de serviço
c) os maiores de dezesseis e menores de será agregado pela autoridade superior e, se
dezoito anos. eleito, passará automaticamente, no ato da
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os diplomação, para a inatividade.
estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º São condições de elegibilidade, na
forma da lei:

176
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos
financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo
com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos
autonomia para definir sua estrutura
interna, organização e funcionamento e
para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações eleitorais, sem
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros obrigatoriedade de vinculação entre as
casos de inelegibilidade e os prazos de sua candidaturas em âmbito nacional, estadual,
cessação, a fim de proteger a probidade distrital ou municipal, devendo seus
administrativa, a moralidade para o estatutos estabelecer normas de disciplina e
exercício do mandato, considerada a vida fidelidade partidária. (Parágrafo com
pregressa do candidato, e a normalidade e redação dada pela Emenda Constitucional
legitimidade das eleições contra a influência nº 52, de 2006)
do poder econômico ou o abuso do exercício § 2º Os partidos políticos, após adquirirem
de função, cargo ou emprego na personalidade jurídica, na forma da lei civil,
administração direta ou indireta. (Parágrafo registrarão seus estatutos no Tribunal
com redação dada pela Emenda Superior Eleitoral.
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) § 3º Os partidos políticos têm direito a
§ 10. O mandato eletivo poderá ser recursos do fundo partidário e acesso
impugnado ante a Justiça Eleitoral no gratuito ao rádio e à televisão, na forma da
prazo de quinze dias contados da lei.
diplomação, instruída a ação com provas de § 4º É vedada a utilização pelos partidos
abuso do poder econômico, corrupção ou políticos de organização paramilitar.
fraude.
§ 11. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se
4. DA ORGANIZAÇÃO DO
temerária ou de manifesta má-fé. ESTADO
Art. 15. É vedada a cassação de direitos
políticos, cuja perda ou suspensão só se
dará nos casos de: 4.1 DA ORGANIZAÇÃO
I - cancelamento da naturalização por POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em Art. 18. A organização político-
julgado, enquanto durarem seus efeitos; administrativa da República Federativa do
IV - recusa de cumprir obrigação a todos Brasil compreende a União, os Estados, o
imposta ou prestação alternativa, nos Distrito Federal e os Municípios, todos
termos do art. 5º, VIII; autônomos, nos termos desta Constituição.
V - improbidade administrativa, nos termos § 1º Brasília é a Capital Federal.
do art. 37, § 4º. § 2º Os Territórios Federais integram a
União, e sua criação, transformação em
Estado ou reintegração ao Estado de origem
Art. 16. A lei que alterar o processo serão reguladas em lei complementar.
eleitoral entrará em vigor na data de sua
publicação, não se aplicando à eleição que
ocorra até um ano da data de sua vigência. Território federal é uma
(Artigo com redação dada pela Emenda denominação brasileira para uma categoria
Constitucional nº 4, de 1993) específica de divisão administrativa. Os
territórios federais integram diretamente
a União, sem pertencerem a qualquer
DOS PARTIDOS POLÍTICOS Estado, e podem surgir da divisão de um
Estado ou desmembramento, dele exigindo-
Art. 17. É livre a criação, fusão, se aprovação popular através
incorporação e extinção de partidos de plebiscito e lei complementar.
políticos, resguardados a soberania A Constituição Federal de 1988 aboliu
nacional, o regime democrático, o todos os territórios então
pluripartidarismo, os direitos fundamentais existentes: Fernando de Noronha tornou-se
da pessoa humana e observados os um distrito estadual do Estado
seguintes preceitos: de Pernambuco. Amapá e Roraima ganham

177
o status integral de Estados da Estado brasileiro, ou seja, não possuímos
Federação. Rondônia foi território até 1982. religião oficial no Brasil em razão da
Caso um novo território venha a ser criado, situação de separação entre Estado e
poderá ter municípios (diferentemente dos
Igreja. A segunda vedação decorre da
distritos estaduais e Federal) e elegerá
fixamente quatro deputados federais, presunção de veracidade dos documentos
independente de sua localização, dimensão públicos. E por último, contemplando o
territorial, condições socioeconômicas, principio da isonomia, o qual será tratado
tamanho da população e inclusive do em momento oportuno, fica vedado
eleitorado. estabelecer distinções entre brasileiros ou
Estes não são entes federativos, pois não preferências entre si.
possuem autonomia política. São pessoas
jurídicas de direito público que possuem
apenas capacidade administrativa. Sua Dica IPP
natureza jurídica é de autarquia federal e
só podem ser criados por lei federal. Para Uma característica que não pode ser
sua criação se faz necessária à aprovação ignorada em prova: a Forma Federativa
das populações diretamente envolvidas por de Estado é uma cláusula pétrea
meio de plebiscito, parecer da assembleia conforme dispõe o artigo 60, § 4º,I:
legislativa é Lei complementar federal. Os
4.2 DA UNIÃO
territórios são administrados por
governadores escolhidos pelo Presidente da O que você precisa saber é que a União é
República e podem ser divididos em uma pessoa jurídica de direito público
municípios. Cada território elegerá quatro interno ao mesmo tempo em que é pessoa
deputados federais, mas não poderá eleger jurídica de direito público externo. É o
Senador da República. Poder Central responsável por assuntos de
interesse geral do Estado e que representa
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre os demais entes federativos. Apesar de não
si, subdividir-se ou desmembrar-se para se possuir o atributo soberania, a União
anexarem a outros, ou formarem novos
exerce esta soberania em nome do Estado
Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente Federal. É só você pensar na
interessada, através de plebiscito, e do representação internacional do Estado. Qu
Congresso Nacional, por lei complementar. em celebra tratados internacionais? É o
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o Chefe do Executivo da União, o Presidente
desmembramento de Municípios, far-se-ão da República.
por lei estadual, dentro do período
determinado por lei complementar federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante Art. 20. São bens da União:
plebiscito, às populações dos Municípios I - os que atualmente lhe pertencem e os
envolvidos, após divulgação dos Estudos de que lhe vierem a ser atribuídos;
Viabilidade Municipal, apresentados e II - as terras devolutas indispensáveis à
publicados na forma da lei. (Parágrafo com defesa das fronteiras, das fortificações e
redação dada pela Emenda Constitucional construções militares, das vias federais de
nº 15, de 1996) comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao
O inciso II fala das chamadas terras
Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, devolutas, mas o que significam terras
subvencioná-los, embaraçar-lhes o devolutas? São terras que estão sob o
funcionamento ou manter com eles ou seus domínio da União sem qualquer
representantes relações de dependência ou destinação, nem pública nem privada.
aliança, ressalvada, na forma da lei, a Serão da União apenas as terras devolutas
colaboração de interesse público; indispensáveis à defesa das fronteiras, das
II - recusar fé aos documentos públicos;
fortificações e construções militares, das
III - criar distinções entre brasileiros ou
preferências entre si. vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, conforme definição
A Constituição Federal fez questão de em lei. As demais terras devolutas serão de
estabelecer algumas vedações expressas aos propriedade dos Estados Membros nos
entes federativos, termos do artigo 26,IV:
A primeira vedação decorre da laicidade do III -os lagos, rios e quaisquer correntes de

178
água em terrenos de seu domínio, ou que recursos minerais no respectivo território,
banhem mais de um Estado, sirvam de plataforma continental, mar territorial ou
limites com outros países, ou se estendam a zona econômica exclusiva, ou compensação
território estrangeiro ou dele provenham, financeira por essa exploração.
bem como os terrenos marginais e as praias § 2º A faixa de até cento e cinquenta
fluviais; quilômetros de largura, ao longo das
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas fronteiras terrestres, designada como faixa
limítrofes com outros países; as praias de fronteira, é considerada fundamental
marítimas; as ilhas oceânicas e as para defesa do território nacional, e sua
costeiras, excluídas, destas, as que ocupação e utilização serão reguladas em
contenham a sede de Municípios, exceto lei.
aquelas áreas afetadas ao serviço público e
a unidade ambiental federal, e as referidas Art. 21. Compete à União:
no art. 26, II; (Inciso com redação dada pela I - manter relações com Estados
Emenda Constitucional nº 46, de 2005) estrangeiros e participar de organizações
V - os recursos naturais da plataforma internacionais;
continental e da zona econômica exclusiva; II - declarar a guerra e celebrar a paz;
VI - o mar territorial; III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei
O mar territorial é formado por uma complementar, que forças estrangeiras
faixa de água marítima ao longo da costa transitem pelo território nacional ou nele
brasileira, comum a dimensão de 12 permaneçam temporariamente;
milhas marítimas contadas a partir da V - decretar o estado de sítio, o estado de
linha base. A plataforma continental é o defesa e a intervenção federal;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o
prolongamento natural do território
comércio de material bélico;
terrestre, compreendidos o leito e o
VII - emitir moeda;
subsolo do mar até a distância de 200 VIII - administrar as reservas cambiais do
milhas marítimas ou até o bordo exterior País e fiscalizar as operações de natureza
da margem continental. A zona financeira, especialmente as de crédito,
econômica exclusiva é a extensão câmbio e capitalização, bem como as de
situada além do mar territorial até o limite seguros e de previdência privada;
das 200 milhas marítimas. IX - elaborar e executar planos nacionais e
A cerca deste tema sempre há confusão. O regionais de ordenação do território e de
mar territorial é extensão do território desenvolvimento econômico e social;
nacional sobre a qual o Estado exerce sua X - manter o serviço postal e o correio aéreo
soberania. Já a plataforma continental e a nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante
zona econômica exclusiva são águas
autorização, concessão ou permissão, os
internacionais onde o direito a soberania serviços de telecomunicações, nos termos
do Estado se limita a exploração e da lei, que disporá sobre a organização dos
aproveitamento, conservação e gestão dos serviços, a criação de um órgão regulador e
recursos naturais, vivos ou não-vivos, das outros aspectos institucionais; (Inciso com
águas sobre o leito do mar, do leito do mar redação dada pela Emenda Constitucional
nº 8,de 1995)
e seu subsolo, e no que se refere a outras
atividades com vistas à exploração e ao XII - explorar, diretamente ou mediante
aproveitamento da zona para fins autorização, concessão ou permissão:
econômicos. a) os serviços de radiodifusão sonora e de
sons e imagens; (Alínea com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 8, de 1995)
VII - os terrenos de marinha e seus
acrescidos; b) os serviços e instalações de energia
VIII - os potenciais de energia hidráulica; elétrica e o aproveitamento energético dos
IX - os recursos minerais, inclusive os do cursos de água, em articulação com os
subsolo; Estados onde se situam os potenciais
X - as cavidades naturais subterrâneas e os hidroenergéticos;
sítios arqueológicos e pré-históricos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas estrutura aeroportuária;
pelos índios. d) os serviços de transporte ferroviário e
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos aquaviário entre portos brasileiros e
Estados, ao Distrito Federal e aos fronteiras nacionais, ou que transponham
Municípios, bem como a órgãos da os limites de Estado ou Território;
administração direta da União, participação e) os serviços de transporte rodoviário
no resultado da exploração de petróleo ou interestadual e internacional de
gás natural, de recursos hídricos para fins passageiros;
de geração de energia elétrica e de outros f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

179
XIII - organizar e manter o Poder (Primitiva alínea c renomeada pela Emenda
Judiciário, o Ministério Público do Distrito Constitucional nº 49, de 2006)
Federal e dos Territórios e a Defensoria XXIV - organizar, manter e executar a
Pública dos Territórios; (Inciso com redação inspeção do trabalho;
dada pela Emenda Constitucional nº 69, de XXV - estabelecer as áreas e as condições
2012, publicada no DOU de 30/3/2012, para o exercício da atividade de
produzindo efeitos 120 dias após a garimpagem, em forma associativa.
publicação)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a Art. 22. Compete privativamente à União
polícia militar e o corpo de bombeiros legislar sobre:
militar do Distrito Federal, bem como I - direito civil, comercial, penal,
prestar assistência financeira ao Distrito processual, eleitoral, agrário, marítimo,
Federal para execução de serviços públicos, aeronáutico, espacial e do trabalho;
por meio de fundo próprio; (Inciso com II - desapropriação;
redação dada pela Emenda Constitucional III - requisições civis e militares, em caso
nº 19, de 1998) de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática,
XV - organizar e manter os serviços oficiais
telecomunicações e radiodifusão;
de estatística, geografia, geologia e
V - serviço postal;
cartografia de âmbito nacional;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos
XVI - exercer a classificação, para efeito
e garantias dos metais;
indicativo, de diversões públicas e de
VII -política de crédito, câmbio, seguros e
programas de rádio e televisão;
transferência de valores;
XVII - conceder anistia;
VIII - comércio exterior e interestadual;
XVIII - planejar e promover a defesa
IX - diretrizes da política nacional de
permanente contra as calamidades
transportes;
públicas, especialmente as secas e as
X - regime dos portos, navegação lacustre,
inundações; fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XIX - instituir sistema nacional de XI - trânsito e transporte;
gerenciamento de recursos hídricos e XII - jazidas, minas, outros recursos
definir critérios de outorga de direitos de
minerais e metalurgia;
seu uso;
XIII - nacionalidade, cidadania e
XX - instituir diretrizes para o
naturalização;
desenvolvimento urbano, inclusive
XIV - populações indígenas;
habitação, saneamento básico e transportes
XV - emigração e imigração, entrada,
urbanos;
extradição e expulsão de estrangeiros;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes
XVI - organização do sistema nacional de
para o sistema nacional de viação;
emprego e condições para o exercício de
XXII - executar os serviços de polícia
profissões;
marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XVII - organização judiciária, do Ministério
(Inciso com redação dada pela Emenda Público do Distrito Federal e dos Territórios
Constitucional nº 19, de 1998) e da Defensoria Pública dos Territórios,
XXIII - explorar os serviços e instalações bem como organização administrativa
nucleares de qualquer natureza e exercer destes; (Inciso com redação dada pela
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, Emenda Constitucional nº 69, de 2012,
o enriquecimento e reprocessamento, a publicada no DOU de 30/3/2012,
industrialização e o comércio de minérios produzindo efeitos 120 dias após a
nucleares e seus derivados, atendidos os publicação)
seguintes princípios e condições: XVIII - sistema estatístico, sistema
a) toda atividade nuclear em território cartográfico e de geologia nacionais;
nacional somente será admitida para fins XIX - sistemas de poupança, captação e
pacíficos e mediante aprovação do garantia da poupança popular;
Congresso Nacional; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
b)sob regime de permissão, são autorizadas XXI - normas gerais de organização,
a comercialização e a utilização de efetivos, material bélico, garantias,
radioisótopos para a pesquisa e usos convocação e mobilização das polícias
medicinais, agrícolas e industriais; (Alínea militares e corpos de bombeiros militares;
com redação dada pela Emenda XXII - competência da polícia federal e das
Constitucional nº 49, de 2006) polícias rodoviária e ferroviária federais;
c)sob regime de permissão, são autorizadas XXIII - seguridade social;
a produção, comercialização e utilização de XXIV - diretrizes e bases da educação
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior nacional;
a duas horas; (Alínea acrescida pela XXV - registros públicos;
Emenda Constitucional nº 49, de 2006) XXVI - atividades nucleares de qualquer
d) a responsabilidade civil por danos natureza;
nucleares independe da existência de culpa; XXVII - normas gerais de licitação e

180
contratação, em todas as modalidades, para dada pela Emenda Constitucional nº 53, de
as administrações públicas diretas, 2006)
autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para Distrito Federal legislar concorrentemente
as empresas públicas e sociedades de sobre:
economia mista, nos termos do art. 173, § I - direito tributário, financeiro,
1º, III; (Inciso com redação dada pela penitenciário, econômico e urbanístico;
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - orçamento;
III - juntas comerciais;
XXVIII - defesa territorial, defesa
IV - custas dos serviços forenses;
aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e
V - produção e consumo;
mobilização nacional;
VI - florestas, caça, pesca, fauna,
XXIX - propaganda comercial.
conservação da natureza, defesa do solo e
Parágrafo único. Lei complementar poderá
dos recursos naturais, proteção do meio
autorizar os Estados a legislar sobre
ambiente e controle da poluição;
questões específicas das matérias
VII - proteção ao patrimônio histórico,
relacionadas neste artigo.
cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio
Art. 23. É competência comum da União,
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
dos Estados, do Distrito Federal e dos
de valor artístico, estético, histórico,
Municípios:
turístico e paisagístico;
I - zelar pela guarda da Constituição, das
IX - educação, cultura, ensino, desporto,
leis e das instituições democráticas e
ciência, tecnologia, pesquisa,
conservar o patrimônio público;
desenvolvimento e inovação; (Inciso com
II - cuidar da saúde e assistência pública,
redação dada pela Emenda Constitucional
da proteção e garantia das pessoas
nº 85, de 2015, republicada no DOU de
portadoras de deficiência;
3/3/2015)
III - proteger os documentos, as obras e
X - criação, funcionamento e processo do
outros bens de valor histórico, artístico e
juizado de pequenas causas;
cultural, os monumentos, as paisagens
XI - procedimentos em matéria processual;
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
XII - previdência social, proteção e defesa
IV - impedir a evasão, a destruição e a
da saúde;
descaracterização de obras de arte e de
XIII - assistência jurídica e defensoria
outros bens de valor histórico, artístico ou
pública;
cultural;
XIV - proteção e integração social das
V - proporcionar os meios de acesso à
pessoas portadoras de deficiência;
cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
XV - proteção à infância e à juventude;
à pesquisa e à inovação; (Inciso com redação
XVI -organização, garantias, direitos e
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de deveres das polícias civis.
2015, republicada no DOU de 3/3/2015) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
VI - proteger o meio ambiente e combater a
competência da União limitar-se-á a
poluição em qualquer de suas formas;
estabelecer normas gerais.
VII - preservar as florestas, a fauna e a
flora; § 2º A competência da União para legislar
VIII - fomentar a produção agropecuária e sobre normas gerais não exclui a
organizar o abastecimento alimentar; competência suplementar dos Estados.
IX - promover programas de construção de § 3º Inexistindo lei federal sobre normas
moradias e a melhoria das condições gerais, os Estados exercerão a competência
habitacionais e de saneamento básico; legislativa plena, para atender a suas
X - combater as causas da pobreza e os peculiaridades.
fatores de marginalização, promovendo a § 4º A superveniência de lei federal sobre
integração social dos setores normas gerais suspende a eficácia da lei
desfavorecidos; estadual, no que lhe for contrário.
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais
4.3 DOS ESTADOS
em seus territórios; FEDERADOS
XII - estabelecer e implantar política de
educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares Os Estados são pessoas jurídicas de direito
fixarão normas para a cooperação entre a público interno, entes federativos detentores
União e os Estados, o Distrito Federal e os de autonomia própria. Esta autonomia se
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do percebe pela sua capacidade de auto-
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito organização, autogoverno, auto
nacional. (Parágrafo único com redação administração. Destaca-se ainda, o seu

181
poder de criação da própria Constituição Câmara dos Deputados e, atingido o
Estadual, bem como das demais normas de número de trinta e seis, será acrescido de
sua competência. tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.
Percebe-se ainda o seu autogoverno à
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos
medida que cada Estado organiza seus Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as
próprios Poderes: Poder Legislativo regras desta Constituição sobre sistema
(Assembleia Legislativa), Poder Executivo eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
(Governador) e Poder Judiciário (Tribunal remuneração, perda de mandato, licença,
de Justiça). Destacam-se também suas impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.
autonomias administrativa, tributária e
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais
financeira. será fixado por lei de iniciativa da
O que você precisa lembrar para a prova é Assembléia Legislativa, na razão de, no
máximo, setenta e cinco por cento daquele
que para se criar outro Estado faz-se
estabelecido, em espécie, para os
necessária a aprovação da população Deputados Federais, observado o que
diretamente interessada por meio de dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II,
plebiscito e que esta criação depende de lei 153, III, e 153, § 2º, I. (Parágrafo com
complementar federal. A Constituição redação dada pela Emenda Constitucional
prevê ainda a oitiva das Assemblei as nº 19, de 1998)
Legislativas envolvidas na modificação. § 3º Compete às Assembléias Legislativas
dispor sobre seu regimento interno, polícia
e serviços administrativos de sua
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem- secretaria, e prover os respectivos cargos.
se pelas Constituições e leis que adotarem, § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular
observados os princípios desta no processo legislativo estadual.
Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-
competências que não lhes sejam vedadas Governador de Estado, para mandato de
por esta Constituição. quatro anos, realizar-se-á no primeiro
domingo de outubro, em primeiro turno, e
§ 2º Cabe aos Estados explorar no último domingo de outubro, em segundo
diretamente, ou mediante concessão, os turno, se houver, do ano anterior ao do
serviços locais de gás canalizado, na forma término do mandato de seus antecessores,
da lei, vedada a edição de medida provisória e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro
para a sua regulamentação. (Parágrafo com do ano subsequente, observado, quanto ao
redação dada pela Emenda Constitucional mais, o disposto no art. 77. (“Caput” do
nº 5, de 1995) artigo com redação dada pela Emenda
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei Constitucional nº 16, de 1997)
complementar, instituir regiões § 1º Perderá o mandato o Governador que
metropolitanas, aglomerações urbanas e assumir outro cargo ou função na
microrregiões, constituídas por administração pública direta ou indireta,
agrupamentos de Municípios limítrofes, ressalvada a posse em virtude de concurso
para integrar a organização, o planejamento público e observado o disposto no art. 38, I,
e a execução de funções públicas de IV e V. (Parágrafo único transformado em §
interesse comum. 1º pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-
Estados: Governador e dos Secretários de Estado
I - as águas superficiais ou subterrâneas, serão fixados por lei de iniciativa da
fluentes, emergentes e em depósito, Assembléia Legislativa, observado o que
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as dispõem os arts. 37, XI, 39, §4º, 150, II,
decorrentes de obras da União; 153, III, e 153, § 2º, I. (Parágrafo acrescido
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros; DOS MUNICÍPIOS
III - as ilhas fluviais e lacustres não
pertencentes à União;
Os municípios são elencados pela
IV - as terras devolutas não compreendidas
Constituição Federal como entes federativos
entre as da União.
dotados de autonomia a qual se percebe
pela sua capacidade de auto-organização,
Art. 27. O número de Deputados à
autogoverno e autoadministração. É regido
Assembléia Legislativa corresponderá ao
por Lei Orgânica e possui Executivo e
triplo da representação do Estado na
Legislativo próprio os quais são

182
representados, respectivamente, pela pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
Prefeitura e pela Câmara Municipal e que h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos
são regulamentados pelos artigos 29 e 29 A Municípios de mais de 300.000 (trezentos
da Constituição. mil) habitantes e de até 450.000
(quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
Art. 29. O Município reger-se-á por lei (Alínea acrescida pela Emenda
orgânica, votada em dois turnos, com o Constitucional nº 58, de 2009)
interstício mínimo de dez dias, e aprovada i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos
por dois terços dos membros da Câmara Municípios de mais de 450.000
Municipal, que a promulgará, atendidos os (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e
princípios estabelecidos nesta Constituição, de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
na Constituição do respectivo Estado e os (Alínea acrescida pela Emenda
seguintes preceitos: Constitucional nº 58, de 2009)
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos
Vereadores, para mandato de quatro anos, Municípios de mais de 600.000 (seiscentos
mediante pleito direto e simultâneo mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
realizado em todo o País; e cinquenta mil) habitantes; (Alínea
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito acrescida pela Emenda Constitucional nº 58,
realizada no primeiro domingo de outubro de 2009)
do ano anterior ao término do mandato dos k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos
que devam suceder, aplicadas as regras do Municípios de mais de 750.000 (setecentos
art. 77, no caso de Municípios com mais de e cinquenta mil) habitantes e de até
duzentos mil eleitores;(Inciso com redação 900.000 (novecentos mil) habitantes;
dada pela Emenda Constitucional nº 16, de (Alínea acrescida pela Emenda
1997) Constitucional nº 58, de 2009)
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos
dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da Municípios de mais de 900.000 (novecentos
eleição; mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
IV - para a composição das Câmaras milhão e cinquenta mil) habitantes; (Alínea
Municipais, será observado o limite máximo acrescida pela Emenda Constitucional nº 58,
de: (“Caput” do inciso com redação dada de 2009)
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos
a)9 (nove) Vereadores, nos Municípios de Municípios de mais de 1.050.000 (um
até 15.000 (quinze mil) habitantes; (Alínea milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
com redação dada pela Emenda 1.200.000 (um milhão e duzentos mil)
Constitucional nº 58, de 2009) habitantes; (Alínea acrescida pela Emenda
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de Constitucional nº 58, de 2009)
mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos
até 30.000 (trinta mil) habitantes; (Alínea Municípios de mais de 1.200.000 (um
com redação dada pela Emenda milhão e duzentos mil) habitantes e de até
Constitucional nº 58, de 2009) 1.350.000 (um milhão e trezentos e
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios cinquenta mil) habitantes; (Alínea acrescida
com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos
(Alínea com redação dada pela Emenda Municípios de 1.350.000 (um milhão e
Constitucional nº 58, de 2009) trezentos e cinquenta mil) habitantes e de
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil)
de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Alínea acrescida pela Emenda
habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) Constitucional nº 58, de 2009)
habitantes; (Alínea acrescida pela Emenda p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos
Constitucional nº 58, de 2009) Municípios de mais de 1.500.000 (um
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos milhão e quinhentos mil) habitantes e de
Municípios de mais de 80.000 (oitenta mil) até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil)
habitantes e de até 120.000 (cento e vinte habitantes; (Alínea acrescida pela Emenda
mil) habitantes; (Alínea acrescida pela Constitucional nº 58, de 2009)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios Municípios de mais de 1.800.000 (um
de mais de 120.000 (cento e vinte mil) milhão e oitocentos mil) habitantes e de até
habitantes e de até 160.000 (cento e 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil)
sessenta mil) habitantes; (Alínea acrescida habitantes; (Alínea acrescida pela Emenda
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Constitucional nº 58, de 2009)
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos
Municípios de mais de 160.000 (cento e Municípios de mais de 2.400.000 (dois
sessenta mil) habitantes e de até 300.000 milhões e quatrocentos mil) habitantes e de
(trezentos mil) habitantes; (Alínea acrescida até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
(Alínea acrescida pela Emenda

183
Constitucional nº 58, de 2009) Vereadores corresponderá a quarenta por
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos cento do subsídio dos Deputados
Municípios de mais de 3.000.000 (três Estaduais; (Alínea acrescida pela Emenda
milhões) de habitantes e de até 4.000.000 Constitucional nº 25, de 2000)
(quatro milhões) de habitantes; (Alínea d) em Municípios de cem mil e um a
acrescida pela Emenda Constitucional nº 58, trezentos mil habitantes, o subsídio
de 2009) máximo dos Vereadores corresponderá a
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos cinquenta por cento do subsídio dos
Municípios de mais de 4.000.000 (quatro Deputados Estaduais; (Alínea acrescida
milhões) de habitantes e de até 5.000.000 pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
(cinco milhões) de habitantes; (Alínea e) em Municípios de trezentos mil e um a
acrescida pela Emenda Constitucional nº 58, quinhentos mil habitantes, o subsídio
de 2009) máximo dos Vereadores corresponderá a
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos sessenta por cento do subsídio dos
Municípios de mais de 5.000.000 (cinco Deputados Estaduais; (Alínea acrescida
milhões) de habitantes e de até 6.000.000 pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
(seis milhões) de habitantes; (Alínea f) em Municípios de mais de quinhentos mil
acrescida pela Emenda Constitucional nº 58, habitantes, o subsídio máximo dos
de 2009) Vereadores corresponderá a setenta e cinco
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos por cento do subsídio dos Deputados
Municípios de mais de 6.000.000 (seis Estaduais; (Alínea acrescida pela Emenda
milhões) de habitantes e de até 7.000.000 Constitucional nº 25, de 2000)
(sete milhões) de habitantes; (Alínea VII - o total da despesa com a remuneração
acrescida pela Emenda Constitucional nº 58, dos vereadores não poderá ultrapassar o
de 2009) montante de cinco por cento da receita do
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos município; (Inciso acrescido pela Emenda
Municípios de mais de 7.000.000 (sete Constitucional nº 1, de 1992)
milhões) de habitantes e de até 8.000.000 VIII - inviolabilidade dos Vereadores por
(oito milhões) de habitantes; e (Alínea suas opiniões, palavras e votos no exercício
acrescida pela Emenda Constitucional nº 58, do mandato e na circunscrição do
de 2009) Município; (Primitivo inciso VI renumerado
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Municípios de mais de 8.000.000 (oito IX – proibições e incompatibilidades, no
milhões) de habitantes; (Alínea acrescida exercício da vereança, similares, no que
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) couber, ao disposto nesta Constituição para
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e os membros do Congresso Nacional e, na
dos Secretários Municipais fixados por lei Constituição do respectivo Estado, para os
de iniciativa da Câmara Municipal, membros da Assembléia
observado o que dispõem os arts. 37, XI, Legislativa;(Primitivo inciso VII renumerado
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
I;(Inciso com redação dada pela Emenda X – julgamento do Prefeito perante o
Constitucional nº 19, de 1998) Tribunal de Justiça;(Primitivo inciso VIII
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado renumerado pela Emenda Constitucional nº
pelas respectivas Câmaras Municipais em 1, de1992)
cada legislatura para a subsequente, XI - organização das funções legislativas e
observado o que dispõe esta Constituição, fiscalizadoras da Câmara Municipal;
observados os critérios estabelecidos na (Primitivo inciso IX renumerado pela Emenda
respectiva Lei Orgânica e os seguintes Constitucional nº 1, de 1992)
limites máximos: (Inciso acrescido pela XII - cooperação das associações
Emenda Constitucional nº 1, de 1992ecom representativas no planejamento municipal;
nova redação dada pela Emenda (Primitivo inciso X renumerado pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000) Constitucional nº 1, de 1992)
a) em Municípios de até dez mil habitantes, XIII - iniciativa popular de projetos de lei de
o subsídio máximo dos Vereadores interesse específico do Município, da cidade
corresponderá a vinte por cento do subsídio ou de bairros, através de manifestação de,
dos Deputados Estaduais; (Alínea pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
acrescida pela Emenda Constitucional nº 25, (Primitivo inciso XI renumerado pela Emenda
de2000) Constitucional nº 1, de 1992)
b) em Municípios de dez mil e um a XIV - perda do mandato do Prefeito, nos
cinquenta mil habitantes, o subsídio termos do art. 28, parágrafo único.
máximo dos Vereadores corresponderá a (Primitivo inciso XII renumerado pela
trinta por cento do subsídio dos Deputados Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
Estaduais; (Alínea acrescida pela Emenda
Constitucional nº 25, de 2000) Art. 29-A. O total da despesa do Poder
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a Legislativo Municipal, incluídos os
cem mil habitantes, o subsídio máximo dos subsídios dos Vereadores e excluídos os

184
gastos com inativos, não poderá ultrapassar Art. 30. Compete aos Municípios:
os seguintes percentuais, relativos ao I - legislar sobre assuntos de interesse
somatório da receita tributária e das local;
transferências previstas no § 5º do art. 153 II - suplementar a legislação federal e a
e nos arts. 158 e 159, efetivamente estadual no que couber;
realizado no exercício anterior: (“Caput” do III - instituir e arrecadar os tributos de sua
artigo acrescido pela Emenda Constitucional competência, bem como aplicar suas
nº 25, de 2000) rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
I - 7% (sete por cento) para Municípios com prestar contas e publicar balancetes nos
população de até 100.000 (cem mil) prazos fixados em lei;
habitantes; (Inciso acrescido pela Emenda IV - criar, organizar e suprimir Distritos,
Constitucional nº 25, de 2000).e com nova observada a legislação estadual;
redação dada pela Emenda Constitucional V - organizar e prestar, diretamente ou sob
nº 58, de 2009) regime de concessão ou permissão, os
II - 6% (seis por cento) para Municípios com serviços públicos de interesse local,
população entre 100.000 (cem mil) e incluído o de transporte coletivo, que tem
300.000 (trezentos mil) habitantes; (Inciso caráter essencial;
acrescido pela Emenda Constitucional nº 25,
VI - manter, com a cooperação técnica e
de 2000).e com nova redação dada pela
financeira da União e do Estado, programas
Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
de educação infantil e de ensino
III - 5% (cinco por cento) para Municípios
fundamental; (Inciso com redação dada pela
com população entre 300.001 (trezentos mil
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
e um) e 500.000 (quinhentos mil)
VII - prestar, com a cooperação técnica e
habitantes; (Inciso acrescido pela Emenda
financeira da União e do Estado, serviços de
Constitucional nº 25, de 2000).e com nova
atendimento à saúde da população;
redação dada pela Emenda Constitucional
VIII - promover, no que couber, adequado
nº 58, de 2009)
ordenamento territorial, mediante
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos
planejamento e controle do uso, do
por cento) para Municípios com população
parcelamento e da ocupação do solo
entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
urbano;
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
IX - promover a proteção do patrimônio
(Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
histórico-cultural local, observada a
nº 25, de 2000).e com nova redação dada
legislação e a ação fiscalizadora federal e
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
estadual.
V - 4% (quatro por cento) para Municípios
com população entre 3.000.001 (três
Art. 31. A fiscalização do Município será
milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de
exercida pelo Poder Legislativo municipal,
habitantes; (Inciso acrescido pela Emenda
mediante controle externo, e pelos sistemas
Constitucional nº 58, de 2009)
de controle interno do Poder Executivo
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por
municipal, na forma da lei.
cento) para Municípios com população
§ 1º O controle externo da Câmara
acima de 8.000.001 (oito milhões e um)
Municipal será exercido com o auxílio dos
habitantes. (Inciso acrescido pela Emenda
Tribunais de Contas dos Estados ou do
Constitucional nº 58, de 2009)
Município ou dos Conselhos ou Tribunais
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais
de Contas dos Municípios, onde houver.
de setenta por cento de sua receita com
folha de pagamento, incluído o gasto com o § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão
subsídio de seus Vereadores. (Parágrafo competente, sobre as contas que o Prefeito
acrescido pela Emenda Constitucional nº 25, deve anualmente prestar, só deixará de
de 2000) prevalecer por decisão de dois terços dos
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do membros da Câmara Municipal.
Prefeito Municipal: § 3º As contas dos Municípios ficarão,
I - efetuar repasse que supere os limites durante sessenta dias, anualmente, à
definidos neste artigo; disposição de qualquer contribuinte, para
II - não enviar o repasse até o dia vinte de exame e apreciação, o qual poderá
cada mês; ou questionar-lhes a legitimidade, nos termos
III - enviá-lo a menor em relação à da lei.
proporção fixada na Lei Orçamentária. § 4º É vedada a criação de tribunais,
(Parágrafo acrescido pela Emenda Conselhos ou órgãos de contas municipais.
Constitucional nº 25, de 2000)
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do
Presidente da Câmara Municipal o
desrespeito ao § 1º deste artigo. (Parágrafo
acrescido pela Emenda Constitucional nº 25,
de 2000)

185
4.4 DO DISTRITO FEDERAL E Seção II
DOS TERRITÓRIOS Dos Territórios

Art. 33. A lei disporá sobre a organização


O Distrito Federal não é Estado nem administrativa e judiciária dos Territórios.
Município, é Distrito Federal. A § 1º Os Territórios poderão ser divididos em
Constituição Federal afirma que o Distrito Municípios, aos quais se aplicará, no que
Federal é ente federativo assim como a couber, o disposto no Capítulo IV deste
União, os Estados e os Municípios. Este Título.
ente federativo é conhecido pela sua § 2º As contas do Governo do Território
autonomia e por sua competência hibrida. serão submetidas ao Congresso Nacional,
Quando falamos em competência a hibrida com parecer prévio do Tribunal de Contas
queremos dizer que o DF pode exercer da União.
competências tanto de Estados quanto de § 3º Nos Territórios Federais com mais de
cem mil habitantes, além do Governador,
Municípios, o DF possuí algumas
nomeado na forma desta Constituição,
limitações, como por exemplo, a vedação haverá órgãos judiciários de primeira e
da sua divisão em Municípios. segunda instâncias, membros do Ministério
Neste mesmo sentido, você deve se lembrar Público e defensores públicos federais; a lei
que o DF não possui competência para disporá sobre as eleições para a Câmara
organizar e manter as Polícias Civil e Territorial e sua competência deliberativa.
Militar, o Corpo de Bombeiros Militar, o
Poder Judiciário, o Ministério Público e a COMPETÊNCIAS
Defensoria Pública, Art. 32, § 4º.
Por fim, gostaria de lembrá-los de que o
Distrito Federal não se confunde com
Brasília. O Distrito Federal é ente federativo
enquanto que Brasília é a Capital Federal.
Sob a ótica da organização administrativa
do DF, podemos afirmar que Brasília é uma
das Regiões Administrativas do Distrito
Federal, haja vista não poder o DF ser
dividido em municípios.

Seção I

Do Distrito Federal

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua


divisão em Municípios, reger-se-á por lei
orgânica, votada em dois turnos com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada
por dois terços da Câmara Legislativa, que INTERVENÇÃO
a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição. A Constituição Federal está assentada no
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as princípio federativo como forma de Estado
competências legislativas reservadas aos adotada no Brasil. O fato de sermos uma
Estados e Municípios. federação reflete inúmeras características
§ 2º A eleição do Governador e do Vice- dentre as quais se destaca a autonomia de
Governador, observadas as regras do art. cada ente federativo. A autonomia é
77, e dos Deputados Distritais coincidirá atributo inerente aos entes federativos que
com a dos Governadores e Deputados excluía possibilidade de hierarquia entre
Estaduais, para mandato de igual duração. os mesmos bem como a possibilidade de
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara
intervenção de um ente federativo no
Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, outro. Esta pelo menos é a regra
pelo Governo do Distrito Federal, das constitucional: não-intervenção.
polícias civil e militar e do corpo de Contudo, excepcionalmente, a
bombeiros militar. Constituição Federal previu hipóteses
taxativas que permitem a um ente
federativo intervir em outro ente em
situações que visem à preservação da
unidade do pacto federativo, a garantia da

186
soberania nacional e de princípios A intervenção Federal espontânea ou de
fundamentais. ofício é aquela em que o Chefe do Poder
A União poderá intervir nos Estados e no Executivo, de forma discricionária, decreta
Distrito Federal e os Estados poderão a intervenção independentemente de
intervir em seus municípios. A União não provocação de outros órgãos.
pode intervir em município, salvo se for um
município pertencente a território federal. Art. 35. O Estado não intervirá em seus
Destaca novamente, que a possibilidade de Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto
intervenção é uma exceção e só poderá
quando:
ocorrer nas hipóteses taxativamente I - deixar de ser paga, sem motivo de força
elencadas na Constituição Federal. maior, por dois anos consecutivos, a dívida
Outra regra comum às intervenções, é que fundada;
a competência para decretá-las é exclusiva II - não forem prestadas contas devidas, na
do Chefe do Poder Executivo. Se a forma da lei;
intervenção é federal a competência para III – não tiver sido aplicado o mínimo
exigido da receita municipal na
decretar é do Presidente da República. Se a
manutenção e desenvolvimento do ensino e
intervenção é estadual, a competência é do nas ações e serviços públicos de saúde;
Governador de Estado. (Inciso com redação dada pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
Art. 34. A União não intervirá nos Estados IV - o Tribunal de Justiça der provimento a
nem no Distrito Federal, exceto para: representação para assegurar a observância
I - manter a integridade nacional; de princípios indicados na Constituição
II - repelir invasão estrangeira ou de uma estadual, ou para prover a execução de lei,
unidade da Federação em outra; de ordem ou de decisão judicial.
III - por termo a grave comprometimento da
A intervenção estadual poderá ocorrer nos
ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer municípios localizados em seu território
dos Poderes nas unidades da Federação; mediante decreto do Governador do Estado
V - reorganizar as finanças da unidade da nas hipóteses previstas no artigo 35.
Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida Art. 36. A decretação da intervenção
fundada por mais de dois anos dependerá:
consecutivos, salvo motivo de força maior; I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do
b) deixar de entregar aos Municípios Poder Legislativo ou do Poder Executivo
receitas tributárias fixadas nesta coacto ou impedido, ou de requisição do
Constituição dentro dos prazos Supremo Tribunal Federal, se a coação for
estabelecidos em lei; exercida contra o Poder Judiciário;
VI - prover a execução de lei federal, ordem II - no caso de desobediência a ordem ou
ou decisão judicial; decisão judiciária, de requisição do
VII - assegurar a observância dos seguintes Supremo Tribunal Federal, do Superior
princípios constitucionais: Tribunal de Justiça ou do Tribunal
a) forma republicana, sistema Superior Eleitoral;
representativo e regime democrático; III - de provimento, pelo Supremo Tribunal
b) direitos da pessoa humana; Federal, de representação do Procurador-
c) autonomia municipal; Geral da República, na hipótese do art. 34,
d) prestação de contas da administração VII, e no caso de recusa à execução de lei
pública, direta e indireta. federal. (Inciso com redação dada pela
e) aplicação do mínimo exigido da receita Emenda Constitucional nº45, de 2004)
resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de IV -(Revogado pela Emenda Constitucional
transferências, na manutenção e nº 45, de 2004)
desenvolvimento do ensino e nas ações e § 1º O decreto de intervenção, que
serviços públicos de saúde. (Alínea especificará a amplitude, o prazo e as
acrescida pela Emenda Constitucional nº 14, condições de execução e que, se couber,
de 1996 e com nova redação dada pela nomeará o interventor, será submetido à
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) apreciação do Congresso Nacional ou da
Assembléia Legislativa do Estado, no prazo
A intervenção federal é a intervenção da de vinte e quatro horas.
União nos Estados ou nos municípios § 2º Se não estiver funcionando o
pertencentes aos territórios federais e será Congresso Nacional ou a Assembléia
decretada pelo Presidente da República. Legislativa, far-se-á convocação
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e

187
quatro horas. a) Os Estados podem instituir regiões
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do metropolitanas, aglomerações
art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo urbanas e microrregiões, constituídas
Congresso Nacional ou pela Assembléia
por agrupamentos de Municípios
Legislativa, o decreto limitar-se-á a
suspender a execução do ato impugnado, se limítrofes, para integrar a
essa medida bastar ao restabelecimento da organização, o planejamento e a
normalidade. execução de funções públicas de
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as interesse comum.
autoridades afastadas de seus cargos a b) Cabe aos Estados organizar e
estes voltarão, salvo impedimento legal.
prestar, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, os
EXERCÍCIOS IV serviços públicos de interesse local,
1. Assinale a opção que contempla incluído o de transporte coletivo, que
todos os entes da organização tem caráter essencial.
político-administrativa da República c) Compete aos Municípios explorar
Federativa do Brasil, nos termos da diretamente, ou mediante concessão,
Constituição. os serviços locais de gás canalizado.
d) Compete à União, aos Estados e ao
a) União, Estados, Distrito Federal e Distrito Federal legislar
Municípios, todos soberanos. concorrentemente sobre
b) União, Estados, Distrito Federal, desapropriação.
Territórios Federais e Municípios, e) Cabe aos Estados planejar e
todos soberanos. promover a defesa permanente
c) União, Estados, Distrito Federal, contra as calamidades públicas,
Territórios Federais e Municípios, especialmente as secas e as
todos independentes. inundações.
d) União, Estados, Distrito Federal,
Territórios Federais e Municípios, 4. Assinale a opção incorreta
todos autônomos. relativamente à organização do
e) União, Estados, Distrito Federal e Estado político-administrativo na
Municípios, todos autônomos. Constituição Federal de 1988.
2. Sobre as competências da União, a) A organização político-administrativa
Estados, Distrito Federal e da União compreende os Estados, o
Municípios, assinalem a única opção Distrito Federal e os Municípios,
correta.
todos autônomos na forma do
a) Compete ao Município decretar o disposto na própria Constituição
estado de sítio. Federal.
b) Compete privativamente à União b) Brasília é a Capital Federal.
legislar sobre direito econômico. c) Os Territórios Federais integram a
c) Compete à União, aos Estados e ao União, e sua criação, transformação
Distrito Federal legislar em Estado ou reintegração ao Estado
concorrentemente sobre trânsito e
de origem serão regulada sem lei
transporte.
complementar.
d) Compete privativamente à União
d) Os Estados podem incorporar-se
legislar sobre vencimentos dos
entre si, subdividir-se ou
membros das polícias civil e militar
desmembrar-se para se anexarem a
do Distrito Federal.
outros, ou formarem novos Estados
e) É constitucional a lei ou ato
ou Territórios Federais, mediante
normativo estadual ou distrital que
aprovação da população diretamente
disponha sobre sistemas de
interessada, por meio de plebiscito, e
consórcios e sorteios, inclusive
do Congresso Nacional, por lei
bingos e loterias.
complementar.
3. Assinale a opção correta relativa à e) A criação, a incorporação, a fusão e o
organização política e administrativa desmembramento de Municípios, far-
do Estado brasileiro, de acordo com se-ão por lei estadual, dentro do
a previsão contida na Constituição período determinado por Lei
Federal de 1988. Complementar Federal, e dependerão

188
de consulta prévia, mediante 7. Sobre organização político-
plebiscito, às populações dos administrativa do Estado brasileiro,
Municípios envolvidos, após assinale a única opção correta.
divulgação dos Estudos de
a) Observados os limites
Viabilidade Municipal, apresentados
constitucionais, autilização, pelo
e publicados na forma da lei.
Governo do Distrito Federal, das
5. Marque a opção incorreta. polícias civil e militar e do corpo de
bombeiros militar será disciplinada
a) É vedado aos Estados manter relação em lei distrital.
de aliança com representantes de b) O decreto de intervenção do Estado
cultos religiosos ou igrejas, no município sempre deverá
resguardando-se o interesse público. especificar a amplitude, o prazo e as
b) A criação, a incorporação, a fusão e o condições de execução, sendo
desmembramento dos Estados far- submetido à apreciação da
se-ão por lei complementar federal, Assembleia Legislativa do Estado, no
após divulgação dos Estudos de prazo de vinte e quatro horas.
Viabilidade, apresentados e c) A intervenção da União no Estado,
publicados na forma da lei. com vistas a reorganizar as finanças
c) Incluem-se entre os bens dos estados da unidade da Federação, dar-se-á
as terras devolutas não apenas na hipótese de suspensão do
compreendidas entre as da União.
pagamento da dívida fundada por
d) O número de Deputados à
mais de dois anos consecutivos.
Assembleia Legislativa corresponderá
d) O pressuposto formal para que a
ao triplo da representação do Estado
União decrete a intervenção em um
na Câmara dos Deputados.
Estado por ter ele deixado de prestar
e) Cabe aos Estados explorar
contas da administração pública
diretamente, ou mediante concessão,
direta e indireta é a simples
os serviços locais de gás canalizado,
constatação da ocorrência do fato.
vedada a edição de medida provisória
e) Em relação aos Territórios Federais
para a sua regulamentação.
com mais de cem mil habitantes, lei
6. Marque a opção incorreta. complementar federal disporá sobre
as eleições para a Câmara Territorial
a) A limitação do poder estatal foi um e sua competência deliberativa.
dos grandes desideratos do
liberalismo, o qual exalta a garantia 8. Sobre organização político-
dos direitos do homem como razão de administrativa do Estado brasileiro,
ser do Estado. assinale a única opção correta.
b) A divisão do poder, segundo o a) Por ser a República Federativa do
critério geográfico, é a Brasil um Estado laico, a
descentralização, e a divisão Constituição Federal veda qualquer
funcional do poder é à base da forma de aliança com cultos
organização do governo nas religiosos.
democracias ocidentais. b) A reintegração de um Território
c) A divisão funcional do poder é , mais Federal ao seu Estado de origem
precisamente, o próprio federalismo. depende de emenda constitucional.
d) Montesquieu abria exceção ao c) Compete à União elaborar e executar
princípio da separação dos poderes planos nacionais e regionais de
ao admitir a intervenção do chefe de ordenação do território.
Estado, pelo veto, no processo d) As cavidades naturais subterrâneas e
legislativo. os sítios arqueológicos e pré-
e) Aristóteles apresenta as funções do históricos, desde que não situado
Estado em deliberante, executiva e sem terras de propriedade dos
judiciária, sendo que Lock e as Estados, pertencem à União.
reconhece como: a legislativa, a e) A competência para legislar sobre
executiva e a federativa. orçamento é privativa da União.

189
4.5 DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

Neste primeiro momento, temos que


entender alguns termos que aparecem no
art. 37.O conceito da Administração
Pública deve ser visto sob dois aspectos.
Sob a perspectiva objetiva, a
administração pública constitui a atividade
desenvolvida pelo poder público que tem Princípios implícitos são: Supremacia do
como função a satisfação do interesse interesse público, Indisponibilidade do
público. Sob a perspectiva subjetiva, interesse público, Razoabilidade e
Administração Pública é o conjunto de proporcionalidade, Continuidade dos
órgãos e pessoas jurídicas que serviços públicos, Autotutela e Segurança
desempenham a atividade administrativa. jurídica.
Interessa-nos conhecer a Administração
Seção I
Pública sob esta última perspectiva, a qual
Disposições Gerais
se classifica em Administração Direta e
Indireta. Art. 37. A administração pública direta e
A Administração Pública Direta é indireta de qualquer dos Poderes da União,
formada por pessoas jurídicas de direito dos Estados, do Distrito Federal e dos
público, ou pessoas políticas, entes que Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,
possuem personalidade jurídica e
publicidade e eficiência e, também, ao
autonomia própria. São entes da seguinte:(“Caput” do artigo com redação
Administração Pública Direta a União, os dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 1998)
Estes entes são pessoas jurídicas de I - os cargos, empregos e funções públicas
Direito Público que exercem as atividades são acessíveis aos brasileiros que
administrativas por meio dos órgãos e preencham os requisitos estabelecidos em
lei, assim como aos estrangeiros, na forma
agentes pertencentes aos Poderes
da lei;(Inciso com redação dada pela
Executivo, Legislativo e Judiciário. Os Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
órgãos não são dotados de personalidade II - a investidura em cargo ou emprego
jurídica própria, pois agem em nome da público depende de aprovação prévia em
pessoa jurídica a qual estão vinculados. concurso público de provas ou de provas e
A Administração Pública Indireta é títulos, de acordo com a natureza e a
formada por pessoas jurídicas próprias, de complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as
direito público ou privado, que executam
nomeações para cargo em comissão
atividades do Estado por meio da declarado em lei de livre nomeação e
descentralização administrativa. São os exoneração; (Inciso com redação dada pela
entes da Administração Indireta as Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Autarquias, Fundações Públicas, III - o prazo de validade do concurso
Sociedades de Economia Mista e Empresas público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período;
Públicas.
IV - durante o prazo improrrogável previsto
Segundo a Constituição Federal, a no edital de convocação, aquele aprovado
Administração Pública, seja ela direta ou em concurso público de provas ou de
indireta, pertencente ao qualquer dos provas e títulos será convocado com
Poderes, deverá obedecer aos princípios da prioridade sobre novos concursados para
Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, assumir cargo ou emprego, na carreira;
Publicidade e Eficiência os quais serão V - as funções de confiança, exercidas
estudados agora. exclusivamente por servidores ocupantes de
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a
Os princípios expressos no texto serem preenchidos por servidores de
constitucional, que são: Legalidade, carreira nos casos, condições e percentuais
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e mínimos previstos em lei, destinam-se
Eficiência. – LIMPE apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento; (Inciso com redação dada

190
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Inciso com redação dada pela Emenda
VI - é garantido ao servidor público civil o Constitucional nº 41, de 2003)
direito à livre associação sindical; XII - os vencimentos dos cargos do Poder
VII - o direito de greve será exercido nos Legislativo e do Poder Judiciário não
termos e nos limites definidos em lei poderão ser superiores aos pagos pelo
específica; (Inciso com redação dada pela Poder Executivo;
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIII - é vedada a vinculação ou equiparação
de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do
serviço público; (Inciso com redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos
por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores; (Inciso com redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19,de
1998)
XV - o subsídio e os vencimentos dos
ocupantes de cargos e empregos públicos
são irredutíveis, ressalvado o disposto nos
VIII - a lei reservará percentual dos cargos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39,
e empregos públicos para as pessoas § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Inciso
portadoras de deficiência e definirá os com redação dada pela Emenda
critérios de sua admissão; Constitucional nº 19, de 1998)
IX - a lei estabelecerá os casos de XVI - é vedada a acumulação remunerada
contratação por tempo determinado para de cargos públicos, exceto, quando houver
atender a necessidade temporária de compatibilidade de horários, observado em
excepcional interesse público; qualquer caso o disposto no inciso XI:
X - a remuneração dos servidores públicos (“Caput” do inciso com redação dada pela
e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
somente poderão ser fixados ou alterados a)a de dois cargos de professor;
por lei específica, observada a iniciativa b) a de um cargo de professor com outro,
privativa em cada caso, assegurada revisão técnico ou científico;
geral anual, sempre na mesma data e sem c) a de dois cargos ou empregos privativos
distinção de índices; (Inciso com redação de profissionais de saúde, com profissões
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de regulamentadas; (Alínea com redação dada
1998) pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
XI - a remuneração e o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de
qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato
eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador
no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
XVII - a proibição de acumular estende-se a
Desembargadores do Tribunal de Justiça,
empregos e funções e abrange autarquias,
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
fundações, empresas públicas, sociedades
centésimos por cento do subsídio mensal,
de economia mista, suas subsidiárias, e
em espécie, dos Ministros do Supremo
sociedades controladas, direta ou
Tribunal Federal, no âmbito do Poder
indiretamente, pelo poder público;(Inciso
Judiciário, aplicável este limite aos
com redação dada pela Emenda
membros do Ministério Público, aos
Constitucional nº 19, de 1998)
Procuradores e aos Defensores Públicos;

191
XVIII - a administração fazendária e seus de governo, observado o disposto no art. 5º,
servidores fiscais terão, dentro de suas X e XXXIII;
áreas de competência e jurisdição, III - a disciplina da representação contra o
precedência sobre os demais setores exercício negligente ou abusivo de cargo,
administrativos, na forma da lei; emprego ou função na administração
XIX – somente por lei específica poderá ser pública. (Parágrafo com redação dada pela
criada autarquia e autorizada a instituição Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
de empresa pública, de sociedade de § 4º Os atos de improbidade administrativa
economia mista e de fundação, cabendo à importarão a suspensão dos direitos
lei complementar, neste último caso, definir políticos, a perda da função pública, a
as áreas de sua atuação; (Inciso com indisponibilidade dos bens e o
redação dada pela Emenda Constitucional ressarcimento ao erário, na forma e
nº 19, de 1998) gradação previstas em lei, sem prejuízo da
XX - depende de autorização legislativa, em ação penal cabível.
cada caso, a criação de subsidiárias das § 5º A lei estabelecerá os prazos de
entidades mencionadas no inciso anterior, prescrição para ilícitos praticados por
assim como a participação de qualquer qualquer agente, servidor ou não, que
delas em empresa privada; causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
XXI - ressalvados os casos especificados na respectivas ações de ressarcimento.
legislação, as obras, serviços, compras e § 6º As pessoas jurídicas de direito público
alienações serão contratados mediante e as de direito privado prestadoras de
processo de licitação pública que assegure serviços públicos responderão pelos danos
igualdade de condições a todos os que seus agentes, nessa qualidade,
concorrentes, com cláusulas que causarem a terceiros, assegurado o direito
estabeleçam obrigações de pagamento, de regresso contra o responsável nos casos
mantidas as condições efetivas da proposta, de dolo ou culpa.
nos termos da lei, o qual somente permitirá § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as
as exigências de qualificação técnica e restrições ao ocupante de cargo ou emprego
econômica indispensáveis à garantia do da administração direta e indireta que
cumprimento das obrigações. possibilite o acesso a informações
XXII - as administrações tributárias da privilegiadas. (Parágrafo acrescido pela
União, dos Estados, do Distrito Federal e Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
dos Municípios, atividades essenciais ao § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
funcionamento do Estado, exercidas por financeira dos órgãos e entidades da
servidores de carreiras específicas, terão administração direta e indireta poderá ser
recursos prioritários para a realização de ampliada mediante contrato, a ser firmado
suas atividades e atuarão de forma entre seus administradores e o poder
integrada, inclusive com o público, que tenha por objeto a fixação de
compartilhamento de cadastros e de metas de desempenho para o órgão ou
informações fiscais, na forma da lei ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
convênio. (Inciso acrescido pela Emenda I - o prazo de duração do contrato;
Constitucional nº 42, de 2003) II - os controles e critérios de avaliação de
§ 1º A publicidade dos atos, programas, desempenho, direitos, obrigações e
obras, serviços e campanhas dos órgãos responsabilidade dos dirigentes;
públicos deverá ter caráter educativo, III - a remuneração do pessoal.(Parágrafo
informativo ou de orientação social, dela acrescido pela Emenda Constitucional nº19,
não podendo constar nomes, símbolos ou de 1998)
imagens que caracterizem promoção § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às
pessoal de autoridades ou servidores empresas públicas e às sociedades de
públicos. economia mista, e suas subsidiárias, que
§ 2º A não-observância do disposto nos receberem recursos da União, dos Estados,
incisos II e III implicará a nulidade do ato e do Distrito Federal ou dos Municípios para
a punição da autoridade responsável, nos pagamento de despesas de pessoal ou de
termos da lei. custeio em geral.(Parágrafo acrescido pela
§ 3º A lei disciplinará as formas de Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
participação do usuário na administração § 10. É vedada a percepção simultânea de
pública direta e indireta, regulando proventos de aposentadoria decorrentes do
especialmente: art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a
I - as reclamações relativas à prestação dos remuneração de cargo, emprego ou função
serviços públicos em geral, asseguradas a pública, ressalvados os cargos acumuláveis
manutenção de serviços de atendimento ao na forma desta Constituição, os cargos
usuário e a avaliação periódica, externa e eletivos e os cargos em comissão declarados
interna, da qualidade dos serviços; em lei de livre nomeação e exoneração.
(Parágrafo acrescido pela Emenda
II - o acesso dos usuários a registros
Constitucional nº 20, de 1998)
administrativos e a informações sobre atos

192
§ 11. Não serão computadas, para efeito Seção II
dos limites remuneratórios de que trata o
inciso XI do caput deste artigo, as parcelas Dos Servidores Públicos
de caráter indenizatório previstas em lei. (Redação dada pela Emenda
(Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
Constitucional nº 47, de 2005)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI Art. 39. A União, os Estados, o Distrito
do caput deste artigo, fica facultado aos Federal e os Municípios instituirão, no
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito de sua competência, regime jurídico
âmbito, mediante emenda às respectivas único e planos de carreira para os
Constituições e Lei Orgânica, como limite servidores da administração pública direta,
único, o subsídio mensal dos das autarquias e das fundações públicas.
Desembargadores do respectivo Tribunal de (Vide ADIN nº 2.135-4)
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte § 1º A fixação dos padrões de vencimento e
e cinco centésimos por cento do subsídio dos demais componentes do sistema
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal remuneratório observará:
Federal, não se aplicando o disposto neste I - a natureza, o grau de responsabilidade e
parágrafo aos subsídios dos Deputados a complexidade dos cargos componentes de
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. cada carreira;
(Parágrafo acrescido pela Emenda II - os requisitos para a investidura;
Constitucional nº 47, de 2005) III - as peculiaridades dos cargos.(Parágrafo
com redação dada pela Emenda
Art. 38. Ao servidor público da Constitucional nº 19, de 1998)
administração direta, autárquica e § 2º A União, os Estados e o Distrito
fundacional, no exercício de mandato Federal manterão escolas de governo para a
eletivo, aplicam-se as seguintes formação e o aperfeiçoamento dos
disposições:(“Caput” do artigo com redação servidores públicos, constituindo-se a
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de participação nos cursos um dos requisitos
1998) para a promoção na carreira, facultada,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, para isso, a celebração de convênios ou
estadual ou distrital, ficará afastado de seu contratos entre os entes
cargo, emprego ou função; federados.(Parágrafo com redação dada pela
II - investido no mandato de Prefeito, será Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
afastado do cargo, emprego ou função, § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de
sendo-lhe facultado optar pela sua cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
remuneração; VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
III - investido no mandato de Vereador, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
havendo compatibilidade de horários, requisitos diferenciados de admissão
perceberá as vantagens de seu cargo, quando a natureza do cargo o
emprego ou função, sem prejuízo da exigir.(Parágrafo acrescido pela Emenda
remuneração do cargo eletivo, e, não Constitucional nº 19, de 1998)
havendo compatibilidade, será aplicada a § 4º O membro de Poder, o detentor de
norma do inciso anterior; mandato eletivo, os Ministros de Estado e
IV - em qualquer caso que exija o os Secretários Estaduais e Municipais serão
afastamento para o exercício de mandato remunerados exclusivamente por subsídio
eletivo, seu tempo de serviço será contado fixado em parcela única, vedado o
para todos os efeitos legais, exceto para acréscimo de qualquer gratificação,
promoção por merecimento; adicional, abono, prêmio, verba de
V - para efeito de benefício previdenciário, representação ou outra espécie
no caso de afastamento, os valores serão remuneratória, obedecido, em qualquer
determinados como se no exercício caso, o disposto no art. 37, X e XI.
estivesse. (Parágrafo acrescido pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios poderá estabelecer
a relação entre a maior e a menor
remuneração dos servidores públicos,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no
art. 37, XI.(Parágrafo acrescido pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário publicarão anualmente os
valores do subsídio e da remuneração dos
cargos e empregos públicos.(Parágrafo
acrescido pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

193
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito mulher, com proventos proporcionais ao
Federal e dos Municípios disciplinará a tempo de contribuição. (Inciso com redação
aplicação de recursos orçamentários dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
provenientes da economia com despesas 1998)
correntes em cada órgão, autarquia e § 2º Os proventos de aposentadoria e as
fundação, para aplicação no pensões, por ocasião de sua concessão, não
desenvolvimento de programas de poderão exceder a remuneração do
qualidade e produtividade, treinamento e respectivo servidor, no cargo efetivo em que
desenvolvimento, modernização, se deu a aposentadoria ou que serviu de
reaparelhamento e racionalização do serviço referência para a concessão da pensão.
público, inclusive sob a forma de adicional (Parágrafo com redação dada pela Emenda
ou prêmio de produtividade. (Parágrafo Constitucional nº 20,de 1998)
acrescido pela Emenda Constitucional nº 19, § 3º Para o cálculo dos proventos de
de 1998) aposentadoria, por ocasião da sua
§ 8º A remuneração dos servidores públicos concessão, serão consideradas as
organizados em carreira poderá ser fixada remunerações utilizadas como base para as
nos termos do § 4º. (Parágrafo acrescido contribuições do servidor aos regimes de
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) previdência de que tratam este artigo e o
art. 201, na forma da lei. (Parágrafo com
redação dada pela Emenda Constitucional
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos nº 41, de 2003)
efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas § 4º É vedada a adoção de requisitos e
autarquias e fundações, é assegurado critérios diferenciados para a concessão de
regime de previdência de caráter aposentadoria aos abrangidos pelo regime
contributivo e solidário, mediante de que trata este artigo, ressalvados, nos
contribuição do respectivo ente público, dos termos definidos em leis complementares,
servidores ativos e inativos e dos os casos de servidores:
pensionistas, observados critérios que I - portadores de deficiência;
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial II - que exerçam atividades de risco;
e o disposto neste artigo. (“Caput” do artigo III - cujas atividades sejam exercidas sob
com redação dada pela Emenda condições especiais que prejudiquem a
Constitucional nº 41, de 2003) saúde ou a integridade física. (Parágrafo
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime com redação dada pela Emenda
de previdência de que trata este artigo Constitucional nº 47, de 2005)
serão aposentados, calculados os seus § 5º Os requisitos de idade e de tempo de
proventos a partir dos valores fixados na contribuição serão reduzidos em cinco
forma dos §§ 3º e 17: (Parágrafo com anos, em relação ao disposto no § 1°, III, a,
redação dada pela Emenda Constitucional para o professor que comprove
nº 41, de 2003) exclusivamente tempo de efetivo exercício
I - por invalidez permanente, sendo os das funções de magistério na educação
proventos proporcionais ao tempo de infantil e no ensino fundamental e médio.
contribuição, exceto se decorrente de (Parágrafo com redação dada pela Emenda
acidente em serviço, moléstia profissional Constitucional nº 20, de 1998)
ou doença grave, contagiosa ou incurável,
na forma da lei; (Inciso com redação dada § 6º Ressalvadas as aposentadorias
pela Emenda Constitucional nº 41, de 2003) decorrentes dos cargos acumuláveis na
II - compulsoriamente, com proventos forma desta Constituição, é vedada a
proporcionais ao tempo de contribuição, percepção de mais de uma aposentadoria à
aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 conta do regime de previdência previsto
(setenta e cinco) anos de idade, na forma de neste artigo. (Parágrafo com redação dada
lei complementar; (Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
pelaEmenda Constitucional nº 88, de 2015) § 7º Lei disporá sobre a concessão do
III - voluntariamente, desde que cumprido benefício de pensão por morte, que será
tempo mínimo de dez anos de efetivo igual: (“Caput” do parágrafo com redação
exercício no serviço público e cinco anos no dada pela Emenda Constitucional nº 41, de
cargo efetivo em que se dará a 2003)
aposentadoria, observadas as seguintes I - ao valor da totalidade dos proventos do
condições: servidor falecido, até o limite máximo
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco estabelecido para os benefícios do regime
de contribuição, se homem, e cinqüenta e geral de previdência social de que trata o
cinco anos de idade e trinta de art. 201, acrescido de setenta por cento da
contribuição, se mulher; parcela excedente a este limite, caso
b) sessenta e cinco anos de idade, se aposentado à data do óbito; ou (Inciso
homem, e sessenta anos de idade, se

194
acrescido pela Emenda Constitucional nº 41, concedidas pelo regime de que trata este
de 2003) artigo, o limite máximo estabelecido para os
II - ao valor da totalidade da remuneração benefícios do regime geral de previdência
do servidor no cargo efetivo em que se deu social de que trata o art. 201. (Parágrafo
o falecimento, até o limite máximo com redação dada pela Emenda
estabelecido para os benefícios do regime Constitucional nº 20, de 1998)
geral de previdência social de que trata o § 15. O regime de previdência
art. 201, acrescido de setenta por cento da complementar de que trata o § 14 será
parcela excedente a este limite, caso em instituído por lei de iniciativa do respectivo
atividade na data do óbito. (Inciso acrescido Poder Executivo, observado o disposto no
pela Emenda Constitucional nº 41, de 2003) art. 202 e seus parágrafos, no que couber,
§ 8º É assegurado o reajustamento dos por intermédio de entidades fechadas de
benefícios para preservar-lhes, em caráter previdência complementar, de natureza
permanente, o valor real, conforme critérios pública, que oferecerão aos respectivos
estabelecidos em lei. (Parágrafo com participantes planos de benefícios somente
redação dada pela Emenda Constitucional na modalidade de contribuição definida.
nº 41, de 2003) (Parágrafo com redação dada pela Emenda
§ 9º O tempo de contribuição federal, Constitucional nº 41, de 2003)
estadual ou municipal será contado para § 16. Somente mediante sua prévia e
efeito de aposentadoria e o tempo de serviço expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15
correspondente para efeito de poderá ser aplicado ao servidor que tiver
disponibilidade. (Parágrafo com redação ingressado no serviço público até a data da
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de publicação do ato de instituição do
1998) correspondente regime de previdência
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer complementar. (Parágrafo com redação
forma de contagem de tempo de dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
contribuição fictício. (Parágrafo com 1998)
redação dada pela Emenda Constitucional § 17. Todos os valores de remuneração
nº 20, de 1998) considerados para o cálculo do benefício
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, previsto no § 3° serão devidamente
XI, à soma total dos proventos de atualizados, na forma da lei. (Parágrafo
inatividade, inclusive quando decorrentes acrescido pela Emenda Constitucional nº 41,
da acumulação de cargos ou empregos de 2003)
públicos, bem como de outras atividades § 18. Incidirá contribuição sobre os
sujeitas a contribuição para o regime geral proventos de aposentadorias e pensões
de previdência social, e ao montante concedidas pelo regime de que trata este
resultante da adição de proventos de artigo que superem o limite máximo
inatividade com remuneração de cargo estabelecido para os benefícios do regime
acumulável na forma desta Constituição, geral de previdência social de que trata o
cargo em comissão declarado em lei de livre art. 201, com percentual igual ao
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. estabelecido para os servidores titulares de
(Parágrafo com redação dada pela Emenda cargos efetivos. (Parágrafo acrescido pela
Constitucional nº 20, de 1998) Emenda Constitucional nº 41, de 2003)
§ 12. Além do disposto neste artigo, o § 19. O servidor de que trata este artigo
regime de previdência dos servidores que tenha completado as exigências para
públicos titulares de cargo efetivo aposentadoria voluntária estabelecidas no §
observará, no que couber, os requisitos e 1º, III, a, e que opte por permanecer em
critérios fixados para o regime geral de atividade fará jus a um abono de
previdência social. (Parágrafo com redação permanência equivalente ao valor da sua
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de contribuição previdenciária até completar
1998) as exigências para aposentadoria
§ 13. Ao servidor ocupante, compulsória contidas no § 1º, II. (Parágrafo
exclusivamente, de cargo em comissão acrescido pela Emenda Constitucional nº 41,
declarado em lei de livre nomeação e de 2003)
exoneração bem como de outro cargo § 20. Fica vedada a existência de mais de
temporário ou de emprego público, aplica- um regime próprio de previdência social
se o regime geral de previdência social. para os servidores titulares de cargos
(Parágrafo com redação dada pela Emenda efetivos, e de mais de uma unidade gestora
Constitucional nº 20, de 1998) do respectivo regime em cada ente estatal,
§ 14. A União, os Estados, o Distrito ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
Federal e os Municípios, desde que (Parágrafo acrescido pela Emenda
instituam regime de previdência Constitucional nº 41, de 2003)
complementar para os seus respectivos § 21. A contribuição prevista no § 18 deste
servidores titulares de cargo efetivo, artigo incidirá apenas sobre as parcelas de
poderão fixar, para o valor das proventos de aposentadoria e de pensão
aposentadorias e pensões a serem que superem o dobro do limite máximo

195
estabelecido para os benefícios do regime Distrito Federal e dos Territórios. (“Caput”
geral de previdência social de que trata o do artigo com redação dada pela Emenda
art. 201 desta Constituição, quando o Constitucional nº 18, de 1998)
beneficiário, na forma da lei, for portador
de doença incapacitante. (Parágrafo § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados,
acrescido pela Emenda Constitucional nº 47, do Distrito Federal e dos Territórios, além
de 2005) do que vier a ser fixado em lei, as
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º;
Art. 41. São estáveis após três anos de e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei
efetivo exercício os servidores nomeados estadual específica dispor sobre as matérias
para cargo de provimento efetivo em virtude do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as
de concurso público.(“Caput” do artigo com patentes dos oficiais conferidas pelos
redação dada pela Emenda Constitucional respectivos governadores.(Parágrafo com
nº 19,de 1998) redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o
cargo: § 2º Aos pensionistas dos militares dos
I - em virtude de sentença judicial Estados, do Distrito Federal e dos
transitada em julgado; Territórios, aplica-se o que for fixado em lei
II – mediante processo administrativo em específica do respectivo ente estatal.
que lhe seja assegurada ampla defesa; (Parágrafo com redação dada pela Emenda
III – mediante procedimento de Constitucional nº 41, de 2003)
avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa.(Parágrafo com redação dada 5. DA ORGANIZAÇÃO DOS
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) PODERES
§ 2º Invalidada por sentença judicial a
demissão do servidor estável, será ele 5.1 DO PODER LEGISLATIVO
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga,
se estável, reconduzido ao cargo de origem,
sem direito a indenização, aproveitado em Agora estudaremos o Poder Legislativo da
outro cargo ou posto em disponibilidade União. Este Poder possui como função
com remuneração proporcional ao tempo de típica duas atribuições: legislar e
serviço. (Parágrafo com redação dada pela fiscalizar.
Emenda Constitucional nº 19,de 1998) Legislar significa criar leis, inovar o
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua ordenamento jurídico. A função
desnecessidade, o servidor estável ficará em fiscalizatória diz respeito ao controle
disponibilidade, com remuneração externo das contas públicas. É a
proporcional ao tempo de serviço, até seu fiscalização financeira, contábil e
adequado aproveitamento em outro orçamentária. Conheçamos agora o Poder
cargo.(Parágrafocom redação dada pela Legislativo da União em poucas palavras.
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) O Poder Legislativo da União é
§ 4º Como condição para a representado pelo Congresso Nacional cuja
aquisição da estabilidade, é obrigatória a
estrutura é bicameral , ou seja, é formado
avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
finalidade.(Parágrafo acrescido pela Emenda Federal. Esta previsão encontra-se na
Constitucional nº 19, de 1998) Constituição Federal.
A Câmara dos Deputados é composta
pelos Deputados Federais que são
Seção III representantes do povo eleitos segundo o
sistema proporcional, devendo cada ente
Dos Militares dos (Estado e Distrito Federal) eleger no
Estados, do Distrito mínimo 8 e no máximo 7 0 Deputados
Federal e dos Territórios Federais. A proporcionalidade está
relacionada com a quantidade da
(Redação dada pela população dos entes federativos. Quanto
Emenda Constitucional nº maior for a população, mais deputados
18, de 1998) serão eleitos. Os territórios podem eleger 4
deputados. O mandato do Deputado é de 4
anos.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e
Corpos de Bombeiros Militares, instituições AtualmenteexistemnaCâmara513membros
organizadas com base na hierarquia e .
disciplina, são militares dos Estados, do

196
DO CONGRESSO NACIONAL para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de
Uma coisa que você tem que entender é que setenta Deputados.
o Congresso Nacional, apesar de ser § 2º Cada Território elegerá quatro
formado pela Câmara e pelo Senado, possui Deputados.
suas próprias competências as quais estão
previstas nos artigos 48e49. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de
representantes dos Estados e do Distrito
Os parlamentares por ocuparem uma Federal, eleitos segundo o princípio
majoritário.
função essencial na organização política do
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal
Estado possuem Imunidades. As elegerão três Senadores, com mandato de
imunidades são prerrogativas inerentes a oito anos.
sua função que têm como objetivo garantir § 2º A representação de cada Estado e do
a sua independência durante o exercício Distrito Federal será renovada de quatro em
do seu mandato. Um ponto que deve ser quatro anos, alternadamente, por um e dois
lembrado é que a imunidade não pertence terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois
à pessoa, e sim ao cargo motivo pelo qual é
suplentes.
irrenunciável. Isso significa que o
parlamentar só a detém enquanto estiver Art. 47. Salvo disposição constitucional em
no exercício de sua função. contrário, as deliberações de cada Casa e de
A imunidade material é uma verdadeira suas comissões serão tomadas por maioria
irresponsabilidade absoluta. Também dos votos, presente a maioria absoluta de
conhecida como inviolabilidade seus membros.
parlamentar, ela isenta o seu titular de
qualquer responsabilidade civil, penal, DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO
administrativa ou mesmo política, no que NACIONAL
tange às suas opiniões, palavras e votos.
Como pode se depreender do texto Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com
constitucional, a partir da expedição do a sanção do Presidente da República, não
diploma, o parlamentar será julgado exigida esta para o especificado nos arts.
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
perante o STF, nas ações de natureza
de competência da União, especialmente
penal, sem necessidade de autorização da sobre:
Casa legislativa a qual pertence. Ressalte- I - sistema tributário, arrecadação e
se que o parlamentar será julgado no STF distribuição de rendas;
por infrações cometidas antes ou depois II - plano plurianual, diretrizes
da diplomação, contudo, finalizado o seu orçamentárias, orçamento anual, operações
mandato, perde-se com ele a imunidade de crédito, dívida pública e emissões de
curso forçado;
fazendo que com que os seus processos
III - fixação e modificação do efetivo das
saiam da competência do STF e passem Forças Armadas;
para os demais órgãos do Judiciário a IV - planos e programas nacionais,
depender da matéria em questão. Não regionais e setoriais de desenvolvimento;
estão incluídas nessa prerrogativa as ações V - limites do território nacional, espaço
de natureza cível. aéreo e marítimo e bens do domínio da
União;
VI - incorporação, subdivisão ou
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo
desmembramento de áreas de Territórios ou
Congresso Nacional, que se compõe da
Estados, ouvidas as respectivas
Câmara dos Deputados e do Senado
Assembléias Legislativas;
Federal.
VII - transferência temporária da sede do
Parágrafo único. Cada legislatura terá a
Governo Federal;
duração de quatro anos.
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária,
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-
do Ministério Público e da Defensoria
se de representantes do povo, eleitos, pelo
Pública da União e dos Territórios e
sistema proporcional, em cada Estado, em
organização judiciária e do Ministério
cada Território e no Distrito Federal.
Público do Distrito Federal; (Inciso com
§ 1º O número total de Deputados, bem
redação dada pela Emenda Constitucional
como a representação por Estado e pelo
nº 69, de 2012, publicada no DOU de
Distrito Federal, será estabelecido por lei
30/3/2012, produzindo efeitos 120 dias
complementar, proporcionalmente à
após a publicação)
população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições,

197
X – criação, transformação e extinção de governo;
cargos, empregos e funções públicas,
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou
observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
por qualquer de suas Casas, os atos do
(Inciso com redação dada pela Emenda
Poder Executivo, incluídos os da
Constitucional nº 32, de 2001)
administração indireta;
XI – criação e extinção de Ministérios e
XI - zelar pela preservação de sua
órgãos da administração pública; (Inciso
competência legislativa em face da
com redação dada pela Emenda
atribuição normativa dos outros Poderes;
Constitucional nº 32, de 2001)
XII - apreciar os atos de concessão e
XII - telecomunicações e radiodifusão;
renovação de concessão de emissoras de
XIII - matéria financeira, cambial e
rádio e televisão;
monetária, instituições financeiras e suas
XIII - escolher dois terços dos membros do
operações;
Tribunal de Contas da União;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo
montante da dívida mobiliária federal.
referentes a atividades nucleares;
XV - fixação do subsídio dos Ministros do XV - autorizar referendo e convocar
Supremo Tribunal Federal, observado o que plebiscito;
dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e XVI - autorizar, em terras indígenas, a
153, § 2º, I. (Inciso acrescido pela Emenda exploração e o aproveitamento de recursos
Constitucional nº 19, de 1998 e com nova hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas
redação dada pela Emenda Constitucional minerais;
nº 41, de 2003) XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
concessão de terras públicas com área
Art. 49. É da competência exclusiva do superior a dois mil e quinhentos hectares.
Congresso Nacional: Art. 50. A Câmara dos Deputados e o
I - resolver definitivamente sobre tratados, Senado Federal, ou qualquer de suas
acordos ou atos internacionais que Comissões, poderão convocar Ministro de
acarretem encargos ou compromissos Estado ou quaisquer titulares de órgãos
gravosos ao patrimônio nacional; diretamente subordinados à Presidência da
II - autorizar o Presidente da República a República para prestarem, pessoalmente,
declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir informações sobre assunto previamente
que forças estrangeiras transitem pelo determinado, importando crime de
território nacional ou nele permaneçam responsabilidade a ausência sem
temporariamente, ressalvados os casos justificação adequada. (“Caput” do artigo
previstos em lei complementar; com redação dada pela Emenda
III - autorizar o Presidente e o Vice- Constitucional de Revisão nº 2,de 1994)
Presidente da República a se ausentarem § 1º Os Ministros de Estado poderão
do País, quando a ausência exceder a comparecer ao Senado Federal, à Câmara
quinze dias; dos Deputados ou a qualquer de suas
IV - aprovar o estado de defesa e a comissões, por sua iniciativa e mediante
intervenção federal, autorizar o estado de entendimentos com a Mesa respectiva, para
sítio, ou suspender qualquer uma dessas expor assunto de relevância de seu
medidas; Ministério.
V - sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e
regulamentar ou dos limites de delegação do Senado Federal poderão encaminhar
legislativa; pedidos escritos de informação a Ministros
VI - mudar temporariamente sua sede; de Estado ou a qualquer das pessoas
VII - fixar idêntico subsídio para os referidas no caput deste artigo, importando
Deputados Federais e os Senadores, em rime de responsabilidade a recusa, ou o
observado o que dispõem os arts. 37, XI, não atendimento, no prazo de trinta dias,
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; bem como a prestação de informações
(Inciso com redação dada pela Emenda falsas. (Parágrafo com redação dada pela
Constitucional nº 19, de 1998) Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do 1994)
Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observado o que DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I; (Inciso com redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de Art. 51. Compete privativamente à Câmara
1998) dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus
membros, a instauração de processo contra
IX - julgar anualmente as contas prestadas o Presidente e o Vice-Presidente da
pelo Presidente da República e apreciar os República e os Ministros de Estado;
relatórios sobre a execução dos planos de II - proceder à tomada de contas do

198
Presidente da República, quando não externo e interno da União, dos Estados, do
apresentadas ao Congresso Nacional dentro Distrito Federal e dos Municípios, de suas
de sessenta dias após a abertura da sessão autarquias e demais entidades controladas
legislativa; pelo poder público federal;
III - elaborar seu regimento interno; VIII - dispor sobre limites e condições para
IV – dispor sobre sua organização, a concessão de garantia da União em
funcionamento, polícia, criação, operações de crédito externo e interno;
transformação ou extinção dos cargos, IX - estabelecer limites globais e condições
empregos e funções de seus serviços, e a para o montante da dívida mobiliária dos
iniciativa de lei para fixação da respectiva Estados, do Distrito Federal e dos
remuneração, observados os parâmetros Municípios;
estabelecidos na lei de diretrizes X - suspender a execução, no todo ou em
orçamentárias;(Inciso com redação dada parte, de lei declarada inconstitucional por
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) decisão definitiva do Supremo Tribunal
V - eleger membros do Conselho da Federal;
República, nos termos do art. 89, VII. XI - aprovar, por maioria absoluta e por
voto secreto, a exoneração, de ofício, do
DO SENADO FEDERAL Procurador-Geral da República antes do
término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
Art. 52. Compete privativamente ao Senado XIII - dispor sobre sua organização,
Federal: funcionamento, polícia, criação,
I - processar e julgar o Presidente e o Vice- transformação ou extinção dos cargos,
Presidente da República nos crimes de empregos e funções de seus serviços, e a
responsabilidade, bem como os Ministros iniciativa de lei para fixação da respectiva
de Estado e os Comandantes da Marinha, remuneração, observados os parâmetros
do Exército e da Aeronáutica nos crimes da estabelecidos na lei de diretrizes
mesma natureza conexos com orçamentárias;(Inciso com redação dada
aqueles;(Inciso com redação dada pela pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
II - processar e julgar os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, os membros do XIV - eleger membros do Conselho da
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho República, nos termos do art. 89, VII.
Nacional do Ministério Público, o XV - avaliar periodicamente a
Procurador-Geral da República e o funcionalidade do Sistema Tributário
Advogado-Geral da União nos crimes de Nacional, em sua estrutura e seus
responsabilidade; (Inciso com redação dada componentes, e o desempenho das
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) administrações tributárias da União, dos
Estados e do Distrito Federal e dos
III - aprovar previamente, por voto secreto, Municípios. (Inciso acrescido pela Emenda
após argüição pública, a escolha de: Constitucional nº 42, de 2003)
a) magistrados, nos casos estabelecidos
nesta Constituição; Parágrafo único.Nos casos previstos nos
b) Ministros do Tribunal de Contas da incisos I e II, funcionará como Presidente o
União indicados pelo Presidente da do Supremo Tribunal Federal, limitando-se
República; a condenação, que somente será proferida
c) Governador de Território; por dois terços dos votos do Senado
d) presidente e diretores do Banco Central; Federal, à perda do cargo, com inabilitação,
e) Procurador-Geral da República; por oito anos, para o exercício de função
f) titulares de outros cargos que a lei pública, sem prejuízo das demais sanções
determinar; judiciais cabíveis.
IV - aprovar previamente, por voto secreto,
após argüição em sessão secreta, a escolha
dos chefes de missão diplomática de caráter 5.2 DO PODER EXECUTIVO
permanente;
V - autorizar operações externas de DO PRESIDENTE E DO VICE-
natureza financeira, de interesse da União, PRESIDENTE DA REPÚBLICA
dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo
República, limites globais para o montante
Presidente da República, auxiliado pelos
da dívida consolidada da União, dos
Ministros de Estado.
Estados, do Distrito Federal e dos
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-
Municípios;
Presidente da República realizar-se-á,
VII - dispor sobre limites globais e
simultaneamente, no primeiro domingo de
condições para as operações de crédito

199
outubro, em primeiro turno, e no último ambos os cargos será feita trinta dias
domingo de outubro, em segundo turno, se depois da última vaga, pelo Congresso
houver, do ano anterior ao do término do Nacional, na forma da lei.
mandato presidencial vigente.(“Caput” do § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos
artigo com redação dada pela Emenda deverão completar o período de seus
Constitucional nº 16, de 1997 antecessores.
§ 1º A eleição do Presidente da República Art. 82. O mandato do Presidente da
importará a do Vice-Presidente com ele República é de quatro anos e terá início em
registrado. primeiro de janeiro do ano seguinte ao da
§ 2º Será considerado eleito Presidente o sua eleição. (Artigo com redação dada pela
candidato que, registrado por partido Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
político, obtiver a maioria absoluta de votos, Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da
não computados os em branco e os nulos. República não poderão, sem licença do
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria Congresso Nacional, ausentar-se do País
absoluta na primeira votação, far-se-á nova por período superior a quinze dias, sob
eleição em até vinte dias após a pena de perda do cargo.
proclamação do resultado, concorrendo os
dois candidatos mais votados e
considerando-se eleito aquele que obtiver a DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA
maioria dos votos válidos. REPÚBLICA
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno,
ocorrer morte, desistência ou impedimento Art. 84. Compete privativamente ao
legal de candidato, convocar-se-á, dentre os Presidente da República:
remanescentes, o de maior votação. I - nomear e exonerar os Ministros de
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos Estado;
anteriores, remanescer, em segundo lugar, II - exercer, com o auxílio dos Ministros de
mais de um candidato com a mesma Estado, a direção superior da
votação, qualificar-se-á o mais idoso. administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da e nos casos previstos nesta Constituição;
República tomarão posse em sessão do IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
Congresso Nacional, prestando o as leis, bem como expedir decretos e
compromisso de manter, defender e regulamentos para sua fiel execução;
cumprir a Constituição, observar as leis,
V - vetar projetos de lei, total ou
promover o bem geral do povo brasileiro,
parcialmente;
sustentar a união, a integridade e a
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Inciso
independência do Brasil.
Parágrafo único.Se, decorridos dez dias da com redação dada pela Emenda
data fixada para a posse, o Presidente ou o Constitucional nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da
Vice-Presidente, salvo motivo de força
administração federal, quando não implicar
maior, não tiver assumido o cargo, este será
aumento de despesa nem criação ou
declarado vago.
extinção de órgãos públicos; (Alínea
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso acrescida pela Emenda Constitucional nº 32,
de impedimento, e suceder-lhe-á, no de de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos,
vaga, o Vice-Presidente.
quando vagos; (Alínea acrescida pela
Parágrafo único.O Vice-Presidente da
República, além de outras atribuições que Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
VII - manter relações com Estados
lhe forem conferidas por lei complementar,
estrangeiros e acreditar seus
auxiliará o Presidente, sempre que por ele
convocado para missões especiais. representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
Art. 80. Em caso de impedimento do internacionais, sujeitos a referendo do
Presidente e do Vice-Presidente, ou Congresso Nacional;
vacância dos respectivos cargos, serão IX - decretar o estado de defesa e o estado
de sítio;
sucessivamente chamados ao exercício da
X - decretar e executar a intervenção
Presidência o Presidente da Câmara dos
federal;
Deputados, o do Senado Federal e o do
XI - remeter mensagem e plano de governo
Supremo Tribunal Federal.
ao Congresso Nacional por ocasião da
abertura da sessão legislativa, expondo a
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e
situação do País e solicitando as
Vice-Presidente da República, far-se-á
providências que julgar necessárias;
eleição noventa dias depois de aberta a
XII - conceder indulto e comutar penas,
última vaga.
com audiência, se necessário, dos órgãos
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois
instituídos em lei;
anos do período presidencial, a eleição para

200
XIII - exercer o comando supremo das Do Conselho da República
Forças Armadas, nomear os Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Art. 89. O Conselho da República é órgão
promover seus oficiais-generais e nomeá-los superior de consulta do Presidente da
para os cargos que lhes são privativos; República, e dele participam:
(Inciso com redação dada pela Emenda I - o Vice-Presidente da República;
Constitucional nº 23, de 1999) II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado IV - os líderes da maioria e da minoria na
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Câmara dos Deputados;
Federal e dos Tribunais Superiores, os V - os líderes da maioria e da minoria no
Governadores de Territórios, o Procurador- Senado Federal;
Geral da República, o presidente e os VI - o Ministro da Justiça;
diretores do Banco Central e outros VII - seis cidadãos brasileiros natos, com
servidores, quando determinado em lei; mais de trinta e cinco anos de idade, sendo
dois nomeados pelo Presidente da
XV - nomear, observado o disposto no art. República, dois eleitos pelo Senado Federal
73, os Ministros do Tribunal de Contas da e dois eleitos pela Câmara dos Deputados,
União; todos com mandato de três anos, vedada a
XVI - nomear os magistrados, nos casos recondução.
previstos nesta Constituição, e o Advogado-
Geral da União; Art. 90. Compete ao Conselho da República
XVII - nomear membros do Conselho da pronunciar-se sobre:
República, nos termos do art. 89, VII; I - intervenção federal, estado de defesa e
XVIII - convocar e presidir o Conselho da estado de sítio;
República e o Conselho de Defesa Nacional; II - as questões relevantes para a
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estabilidade das instituições democráticas.
estrangeira, autorizado pelo Congresso § 1º O Presidente da República poderá
Nacional ou referendado por ele, quando convocar Ministro de Estado para participar
ocorrida no intervalo das sessões da reunião do Conselho, quando constar da
legislativas, e, nas mesmas condições, pauta questão relacionada com o respectivo
decretar, total ou parcialmente, a Ministério.
mobilização nacional; § 2º A lei regulará a organização e o
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o funcionamento do Conselho da República.
referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções Do Conselho de Defesa Nacional
honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é
complementar, que forças estrangeiras órgão de consulta do Presidente da
transitem pelo território nacional ou nele República nos assuntos relacionados com a
permaneçam temporariamente; soberania nacional e a defesa do Estado
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o democrático, e dele participam como
plano plurianual, o projeto de lei de membros natos:
diretrizes orçamentárias e as propostas de I - o Vice-Presidente da República;
orçamento previstas nesta Constituição; II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso III - o Presidente do Senado Federal;
Nacional, dentro de sessenta dias após a IV - o Ministro da Justiça;
abertura da sessão legislativa, as contas V - o Ministro de Estado da Defesa; (Inciso
referentes ao exercício anterior; com redação dada pela Emenda
XXV - prover e extinguir os cargos públicos Constitucional nº 23, de 1999)
federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
força de lei, nos termos do art. 62;
VII - o Ministro do Planejamento.
XXVII - exercer outras atribuições previstas
VIII - os Comandantes da Marinha, do
nesta Constituição.
Exército e da Aeronáutica. (Inciso acrescido
Parágrafo único.O Presidente da República
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
poderá delegar as atribuições mencionadas
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte,
aos Ministros de Estado, ao Procurador- § 1º Compete ao Conselho de Defesa
Geral da República ou ao Advogado-Geral Nacional:
da União, que observarão os limites I - opinar nas hipóteses de declaração de
traçados nas respectivas delegações. guerra e de celebração da paz, nos termos
desta Constituição;
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO II - opinar sobre a decretação do estado de
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL defesa, do estado de sítio e da intervenção
federal;

201
III - propor os critérios e condições de dois anos de exercício na respectiva
utilização de áreas indispensáveis à entrância e integrar o juiz a primeira quinta
segurança do território nacional e opinar parte da lista de antiguidade desta, salvo se
sobre seu efetivo uso, especialmente na não houver com tais requisitos quem aceite
faixa de fronteira e nas relacionadas com a o lugar vago;
preservação e a exploração dos recursos c)aferição do merecimento conforme o
naturais de qualquer tipo; desempenho e pelos critérios objetivos de
IV - estudar, propor e acompanhar o produtividade e presteza no exercício da
desenvolvimento de iniciativas necessárias jurisdição e pela freqüência e
a garantir a independência nacional e a aproveitamento em cursos oficiais ou
defesa do Estado democrático. reconhecidos de aperfeiçoamento;(Alínea
§ 2º A lei regulará a organização e o com redação dada pela Emenda
funcionamento do Conselho de Defesa Constitucional nº 45, de 2004)
Nacional. d)na apuração de antigüidade, o tribunal
somente poderá recusar o juiz mais antigo
pelo voto fundamentado de dois terços de
5.3 DO PODER JUDICIÁRIO seus membros, conforme procedimento
próprio, e assegurada ampla defesa,
Disposições Gerais repetindo-se a votação até fixar-se a
indicação; (Alínea com redação dada pela
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
I - o Supremo Tribunal Federal; e) não será promovido o juiz que,
I-A - o Conselho Nacional de Justiça; (Inciso injustificadamente, retiver autos em seu
acrescido pela Emenda Constitucional nº 45, poder além do prazo legal, não podendo
de 2004) devolvê-los ao cartório sem o devido
II - o Superior Tribunal de Justiça; despacho ou decisão; (Alínea acrescida pela
III - os Tribunais Regionais Federais e Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Juízes Federais; III - o acesso aos tribunais de segundo grau
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; far-se-á por antigüidade e merecimento,
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; alternadamente, apurados na última ou
VI - os Tribunais e Juízes Militares; única entrância; (Inciso com redação dada
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Distrito Federal e Territórios. IV - previsão de cursos oficiais de
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o preparação, aperfeiçoamento e promoção de
Conselho Nacional de Justiça e os magistrados, constituindo etapa obrigatória
Tribunais Superiores têm sede na Capital do processo de vitaliciamento a participação
Federal. (Parágrafo acrescido pela Emenda em curso oficial ou reconhecido por escola
Constitucional 45, de 2004) nacional de formação e aperfeiçoamento de
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os magistrados; (Inciso com redação dada pela
Tribunais Superiores têm jurisdição em Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
todo o território nacional. (Parágrafo V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais
acrescido pela Emenda Constitucional 45, de Superiores corresponderá a noventa e cinco
2004) por cento do subsídio mensal fixado para os
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o subsídios dos demais magistrados serão
Estatuto da Magistratura, observados os fixados em lei e escalonados, em nível
seguintes princípios: federal e estadual, conforme as respectivas
categorias da estrutura judiciária nacional,
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial
não podendo a diferença entre uma e outra
será o de juiz substituto, mediante
ser superior a dez por cento ou inferior a
concurso público de provas e títulos, com a
cinco por cento, nem exceder a noventa e
participação da Ordem dos Advogados do
cinco por cento do subsídio mensal dos
Brasil em todas as fases, exigindo-se do
Ministros dos Tribunais Superiores,
bacharel em direito, no mínimo, três anos
obedecido, em qualquer caso, o disposto
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;(Inciso com
nomeações, à ordem de classificação; (Inciso
redação dada pela Emenda Constitucional
com redação dada pela Emenda
nº 19,de 1998)
Constitucional nº 45, de 2004)
II - promoção de entrância para entrância,
alternadamente, por antigüidade e VI - a aposentadoria dos magistrados e a
merecimento, atendidas as seguintes pensão de seus dependentes observarão o
normas: disposto no art. 40; (Inciso com redação
a) é obrigatória a promoção do juiz que dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
figure por três vezes consecutivas ou cinco 1998)
alternadas em lista de merecimento; VII - o juiz titular residirá na respectiva
comarca, salvo autorização do tribunal;
b) a promoção por merecimento pressupõe

202
(Inciso com redação dada pela Emenda (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
Constitucional nº 45, de 2004) nº 45, de 2004)
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e
aposentadoria do magistrado, por interesse Art. 94. Um quinto dos lugares dos
público, fundar-se-á em decisão por voto da Tribunais Regionais Federais, dos tribunais
maioria absoluta do respectivo tribunal ou dos Estados, e do Distrito Federal e
do Conselho Nacional de Justiça, Territórios será composto de membros do
assegurada ampla defesa; (Inciso com Ministério Público, com mais de dez anos de
redação dada pela Emenda Constitucional carreira, e de advogados de notório saber
nº 45, de 2004) jurídico e de reputação ilibada, com mais de
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta dez anos de efetiva atividade profissional,
de magistrados de comarca de igual indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
entrância atenderá, no que couber, ao representação das respectivas classes.
disposto nas alíneas a, b, cee do inciso II; Parágrafo único.Recebidas as indicações, o
(Inciso acrescido pela Emenda Constitucional tribunal formará lista tríplice, enviando-a
nº 45, de 2004) ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
IX - todos os julgamentos dos órgãos do subseqüentes, escolherá um de seus
Poder Judiciário serão públicos, e integrantes para nomeação.
fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a Art. 95. Os juízes gozam das seguintes
presença, em determinados atos, às garantias:
próprias partes e a seus advogados, ou I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só
somente a estes, em casos nos quais a será adquirida após dois anos de exercício,
preservação do direito à intimidade do dependendo a perda do cargo, nesse
interessado no sigilo não prejudique o período, de deliberação do tribunal a que o
interesse público à informação; (Inciso com juiz estiver vinculado e, nos demais casos,
redação dada pela Emenda Constitucional de sentença judicial transitada em julgado;
nº 45, de 2004) II - inamovibilidade, salvo por motivo de
X - as decisões administrativas dos interesse público, na forma do art. 93, VIII;
tribunais serão motivadas e em sessão III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado
pública, sendo as disciplinares tomadas o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º,
pelo voto da maioria absoluta de seus 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.(Inciso com
membros; (Inciso com redação dada pela redação dada pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) nº 19, de 1998)
XI - nos tribunais com número superior a Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
vinte e cinco julgadores, poderá ser I - exercer, ainda que em disponibilidade,
constituído órgão especial, com o mínimo outro cargo ou função, salvo uma de
de onze e o máximo de vinte e cinco magistério;
membros, para o exercício das atribuições II - receber, a qualquer título ou pretexto,
administrativas e jurisdicionais delegadas custas ou participação em processo;
da competência do tribunal pleno, III - dedicar-se a atividade político-
provendo-se metade das vagas por partidária.
antigüidade e a outra metade por eleição
pelo tribunal pleno; (Inciso com redação IV - receber, a qualquer título ou pretexto,
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
2004) entidades públicas ou privadas, ressalvadas
XII - a atividade jurisdicional será as exceções previstas em lei; (Inciso
ininterrupta, sendo vedado férias coletivas acrescido pela Emenda Constitucional nº 45,
nos juízos e tribunais de segundo grau, de 2004)
funcionando, nos dias em que não houver
expediente forense normal, juízes em V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal
plantão permanente; (Inciso acrescido pela do qual se afastou, antes de decorridos três
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) anos do afastamento do cargo por
XIII - o número de juízes na unidade aposentadoria ou exoneração. (Inciso
jurisdicional será proporcional à efetiva acrescido pela Emenda Constitucional nº 45,
demanda judicial e à respectiva população; de 2004)
(Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
XIV - os servidores receberão delegação Art. 96. Compete privativamente:
para a prática de atos de administração e I - aos tribunais:
atos de mero expediente sem caráter a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar
decisório; (Inciso acrescido pela Emenda seus regimentos internos, com observância
Constitucional nº 45, de 2004) das normas de processo e das garantias
XV - a distribuição de processos será processuais das partes, dispondo sobre a
imediata, em todos os graus de jurisdição. competência e o funcionamento dos
respectivos órgãos jurisdicionais e

203
administrativos; universal e secreto, com mandato de quatro
b) organizar suas secretarias e serviços anos e competência para, na forma da lei,
auxiliares e os dos juízos que lhes forem celebrar casamentos, verificar, de ofício ou
vinculados, velando pelo exercício da em face de impugnação apresentada, o
atividade correicional respectiva; processo de habilitação e exercer
c) prover, na forma prevista nesta atribuições conciliatórias, sem caráter
Constituição, os cargos de juiz de carreira jurisdicional, além de outras previstas na
da respectiva jurisdição; legislação.
d) propor a criação de novas varas
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de
judiciárias;
juizados especiais no âmbito da Justiça
e) prover, por concurso público de provas,
Federal. (Parágrafo único acrescido pela
ou de provas e títulos, obedecido o disposto
no art. 169, parágrafo único, os cargos Emenda Constitucional nº 22, de 1999 e
necessários à administração da justiça, transformado em § 1º pela Emenda
exceto os de confiança assim definidos em Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º As custas e emolumentos serão
lei;
destinados exclusivamente ao custeio dos
f) conceder licença, férias e outros
serviços afetos às atividades específicas da
afastamentos a seus membros e aos juízes e
Justiça. (Parágrafo acrescido pela Emenda
servidores que lhes forem imediatamente
vinculados; Constitucional nº 45, de 2004)
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada
Tribunais Superiores e aos Tribunais de
autonomia administrativa e financeira.
Justiça propor ao Poder Legislativo
§ 1º Os tribunais elaborarão suas
respectivo, observado o disposto no art.
propostas orçamentárias dentro dos limites
169:
estipulados conjuntamente com os demais
a) a alteração do número de membros dos
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a § 2º O encaminhamento da proposta,
remuneração dos seus serviços auxiliares e ouvidos os outros tribunais interessados,
dos juízos que lhes forem vinculados, bem compete:
como a fixação do subsídio de seus I - no âmbito da União, aos Presidentes do
membros e dos juízes, inclusive dos Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
tribunais inferiores, onde houver; (Alínea Superiores, com a aprovação dos
com redação dada pela Emenda respectivos tribunais;
Constitucional nº 41, 2003) II - no âmbito dos Estados e no
c) a criação ou extinção dos tribunais do Distrito Federal e Territórios, aos
inferiores; Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a
d) a alteração da organização e da divisão aprovação dos respectivos tribunais.
judiciárias; § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não
III - aos Tribunais de Justiça julgar os encaminharem as respectivas propostas
juízes estaduais e do Distrito Federal e orçamentárias dentro do prazo estabelecido
Territórios, bem como os membros do na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
Ministério Público, nos crimes comuns e de Executivo considerará, para fins de
responsabilidade, ressalvada a competência consolidação da proposta orçamentária
da Justiça Eleitoral. anual, os valores aprovados na lei
orçamentária vigente, ajustados de acordo
Art. 97. Somente pelo voto da maioria com os limites estipulados na forma do § 1º
absoluta de seus membros ou dos membros deste artigo. (Parágrafo acrescido pela
do respectivo órgão especial poderão os Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
tribunais declarar a inconstitucionalidade § 4º Se as propostas orçamentárias de que
de lei ou ato normativo do poder público. trata este artigo forem encaminhadas em
desacordo com os limites estipulados na
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos forma do § 1º, o Poder Executivo procederá
Territórios, e os Estados criarão: aos ajustes necessários para fins de
I - juizados especiais, providos por juízes consolidação da proposta orçamentária
togados, ou togados e leigos, competentes anual. (Parágrafo acrescido pela Emenda
para a conciliação, o julgamento e a Constitucional nº 45, de 2004)
execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor
§ 5º Durante a execução orçamentária do
potencial ofensivo, mediante os
exercício, não poderá haver a realização de
procedimentos oral e sumaríssimo,
despesas ou a assunção de obrigações que
permitidos, nas hipóteses previstas em lei,
extrapolem os limites estabelecidos na lei
a transação e o julgamento de recursos por
de diretrizes orçamentárias, exceto se
turmas de juízes de primeiro grau;
previamente autorizadas, mediante a
II - justiça de paz, remunerada, composta
abertura de créditos suplementares ou
de cidadãos eleitos pelo voto direto,

204
especiais. (Parágrafo acrescido pela Emenda do maior benefício do regime geral de
Constitucional nº 45, de 2004) previdência social. (Parágrafo com redação
dada pela Emenda Constitucional nº 62, de
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas
2009)
Fazendas Públicas Federal, Estaduais,
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento
Distrital e Municipais, em virtude de
das entidades de direito público, de verba
sentença judiciária, far-se-ão
necessária ao pagamento de seus débitos,
exclusivamente na ordem cronológica de
oriundos de sentenças transitadas em
apresentação dos precatórios e à conta dos
julgado, constantes de precatórios
créditos respectivos, proibida a designação
judiciários apresentados até 1º de julho,
de casos ou de pessoas nas dotações
fazendo-se o pagamento até o final do
orçamentárias e nos créditos adicionais
exercício seguinte, quando terão seus
abertos para este fim. ("Caput" do artigo com
valores atualizados monetariamente.
redação dada pela Emenda Constitucional
(Parágrafo com redação dada pela Emenda
nº 62,de 2009)
Constitucional nº 62, de 2009)
§ 6º As dotações orçamentárias e os
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia créditos abertos serão consignados
compreendem aqueles decorrentes de diretamente ao Poder Judiciário, cabendo
salários, vencimentos, proventos, pensões e ao Presidente do Tribunal que proferir a
suas complementações, benefícios decisão exequenda determinar o pagamento
previdenciários e indenizações por morte ou integral e autorizar, a requerimento do
por invalidez, fundadas em credor e exclusivamente para os casos de
responsabilidade civil, em virtude de preterimento de seu direito de precedência
sentença judicial transitada em julgado, e ou de não alocação orçamentária do valor
serão pagos com preferência sobre todos os necessário à satisfação do seu débito, o
demais débitos, exceto sobre aqueles sequestro da quantia respectiva. (Parágrafo
referidos no § 2º deste artigo. (Parágrafo com redação dada pela Emenda
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Constitucional nº 62, de 2009) § 7º O Presidente do Tribunal competente
§ 2º Os débitos de natureza que, por ato comissivo ou omissivo,
alimentícia cujos titulares tenham 60 retardar ou tentar frustrar a liquidação
(sessenta) anos de idade ou mais na data de regular de precatórios incorrerá em crime
expedição do precatório, ou sejam de responsabilidade e responderá, também,
portadores de doença grave, definidos na perante o Conselho Nacional de Justiça.
forma da lei, serão pagos com preferência (Parágrafo acrescido pela Emenda
sobre todos os demais débitos, até o valor Constitucional nº 62, de 2009)
equivalente ao triplo do fixado em lei para § 8º É vedada a expedição de precatórios
os fins do disposto no § 3º deste artigo, complementares ou suplementares de valor
admitido o fracionamento para essa pago, bem como o fracionamento,
finalidade, sendo que o restante será pago repartição ou quebra do valor da execução
na ordem cronológica de apresentação do para fins de enquadramento de parcela do
precatório. (Parágrafo com redação dada total ao que dispõe o § 3º deste artigo.
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009) (Parágrafo acrescido pela Emenda
(Expressão “na data de expedição do Constitucional nº 62, de 2009)
precatório” declarada inconstitucional, em § 9º No momento da expedição dos
controle concentrado, pelo Supremo Tribunal precatórios, independentemente de
Federal, pela ADIN nº 4.357 e ADIN nº regulamentação, deles deverá ser abatido, a
4.425, publicadas no DOU de 2/4/2013, p. título de compensação, valor
1)(Vide modulação de efeitos da declaração correspondente aos débitos líquidos e
de inconstitucionalidade decidida na certos, inscritos ou não em dívida ativa e
Questão de Ordem na ADIN nº 4.357 e na constituídos contra o credor original pela
Questão de Ordem na ADIN nº 4.425, Fazenda Pública devedora, incluídas
publicadas no DOU de 15/4/2015, p. 1) parcelas vincendas de parcelamentos,
§ 3º O disposto no caput deste artigo ressalvados aqueles cuja execução esteja
relativamente à expedição de precatórios suspensa em virtude de contestação
não se aplica aos pagamentos de obrigações administrativa ou judicial. (Parágrafo
definidas em leis como de pequeno valor acrescido pela Emenda Constitucional nº 62,
que as Fazendas referidas devam fazer em de 2009, e declarado inconstitucional, em
virtude de sentença judicial transitada em controle concentrado, pelo Supremo Tribunal
julgado. (Parágrafo com redação dada pela Federal, pela ADIN nº 4.357 e ADIN nº
Emenda Constitucional nº 62, de 2009) 4.425, publicadas no DOU de 2/4/2013, p.
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, 1) (Vide modulação de efeitos da declaração
poderão ser fixados, por leis próprias, de inconstitucionalidade decidida na
valores distintos às entidades de direito Questão de Ordem na ADIN nº 4.357 e na
público, segundo as diferentes capacidades Questão de Ordem na ADIN nº 4.425,
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor publicadas no DOU de 15/4/2015, p. 1)

205
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o para pagamento de crédito de precatórios
Tribunal solicitará à Fazenda Pública de Estados, Distrito Federal e Municípios,
devedora, para resposta em até 30 (trinta) dispondo sobre vinculações à receita
dias, sob pena de perda do direito de corrente líquida e forma e prazo de
abatimento, informação sobre os débitos liquidação. (Parágrafo acrescido pela
que preencham as condições estabelecidas Emenda Constitucional nº 62, de 2009
no § 9º, para os fins nele previstos. § 16. A seu critério exclusivo e na forma de
(Parágrafo acrescido pela Emenda lei, a União poderá assumir débitos,
Constitucional nº 62, de 2009, e declarado oriundos de precatórios, de Estados,
inconstitucional, em controle concentrado, Distrito Federal e Municípios,
pelo Supremo Tribunal Federal, pela ADIN nº refinanciando-os diretamente. (Parágrafo
4.357 e ADIN nº 4.425, publicadas no DOU acrescido pela Emenda Constitucional nº 62,
de 2/4/2013, p. 1) (Vide modulação de de 2009).
efeitos da declaração de
inconstitucionalidade decidida na Questão
de Ordem na ADIN nº 4.357 e na Questão de Do Ministério Público
Ordem na ADIN nº 4.425, publicadas no
DOU de 15/4/2015, p. 1) Art. 127. O Ministério Público é instituição
§ 11. É facultada ao credor, conforme permanente, essencial à função
estabelecido em lei da entidade federativa jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
devedora, a entrega de créditos em defesa da ordem jurídica, do regime
precatórios para compra de imóveis democrático e dos interesses sociais e
públicos do respectivo ente federado. individuais indisponíveis.
(Parágrafo acrescido pela Emenda § 1º São princípios institucionais do
Constitucional nº 62, de 2009) Ministério Público a unidade, a
§ 12. A partir da promulgação desta indivisibilidade e a independência
Emenda Constitucional, a atualização de funcional.
valores de requisitórios, após sua § 2º Ao Ministério Público é assegurada
expedição, até o efetivo pagamento, autonomia funcional e administrativa,
independentemente de sua natureza, será podendo, observado o disposto no art. 169,
feita pelo índice oficial de remuneração propor ao Poder Legislativo a criação e
básica da caderneta de poupança, e, para extinção de seus cargos e serviços
fins de compensação da mora, incidirão auxiliares, provendo-os por concurso
juros simples no mesmo percentual de público de provas ou de provas e títulos, a
juros incidentes sobre a caderneta de política remuneratória e os planos de
poupança, ficando excluída a incidência de carreira; a lei disporá sobre sua organização
juros compensatórios. (Parágrafo acrescido e funcionamento. (Parágrafo com redação
pela Emenda Constitucional nº 62, de dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
2009)(Expressões “índice oficial de 1998)
remuneração básica da caderneta de § 3º O Ministério Público elaborará sua
poupança” e “independentemente de sua proposta orçamentária dentro dos limites
natureza” declaradas inconstitucionais, em estabelecidos na lei de diretrizes
controle concentrado, pelo Supremo Tribunal orçamentárias.
Federal, pela ADIN nº 4.357 e ADIN nº
§ 4º Se o Ministério Público não
4.425, publicadas no DOU de 2/4/2013, p.
encaminhar a respectiva proposta
1) (Vide modulação de efeitos da declaração
orçamentária dentro do prazo estabelecido
de inconstitucionalidade decidida na
na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
Questão de Ordem na ADIN nº 4.357 e na
Executivo considerará, para fins de
Questão de Ordem na ADIN nº 4.425,
consolidação da proposta orçamentária
publicadas no DOU de 15/4/2015, p. 1)
anual, os valores aprovados na lei
§ 13. O credor poderá ceder, total ou
orçamentária vigente, ajustados de acordo
parcialmente, seus créditos em precatórios
com os limites estipulados na forma do §
a terceiros, independentemente da
3º. (Parágrafo acrescido pela Emenda
concordância do devedor, não se aplicando
Constitucional nº 45, de 2004)
ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
§ 5º Se a proposta orçamentária de que
(Parágrafo acrescido pela Emenda
trata este artigo for encaminhada em
Constitucional nº 62, de 2009)
desacordo com os limites estipulados na
§ 14. A cessão de precatórios somente
forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
produzirá efeitos após comunicação, por
aos ajustes necessários para fins de
meio de petição protocolizada, ao tribunal
consolidação da proposta orçamentária
de origem e à entidade devedora. (Parágrafo
anual. (Parágrafo acrescido pela Emenda
acrescido pela Emenda Constitucional nº 62,
Constitucional nº 45, de 2004)
de 2009)
§ 6º Durante a execução orçamentária do
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo,
exercício, não poderá haver a realização de
lei complementar a esta Constituição
despesas ou a assunção de obrigações que
Federal poderá estabelecer regime especial

206
extrapolem os limites estabelecidos na lei pretexto, honorários, percentagens ou
de diretrizes orçamentárias, exceto se custas processuais;
previamente autorizadas, mediante a b) exercer a advocacia;
abertura de créditos suplementares ou c) participar de sociedade comercial, na
especiais. (Parágrafo acrescido pela Emenda forma da lei;
Constitucional nº 45, de 2004) d) exercer, ainda que em disponibilidade,
qualquer outra função pública, salvo uma
Art. 128. O Ministério Público abrange: de magistério;
I - o Ministério Público da União, que e) exercer atividade político-partidária:
compreende: (Alínea com redação dada pela Emenda
a) o Ministério Público Federal; Constitucional nº 45, de 2004)
b) o Ministério Público do Trabalho; f) receber, a qualquer título ou pretexto,
c) o Ministério Público Militar; auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
d) o Ministério Público do Distrito Federal e entidades públicas ou privadas, ressalvadas
Territórios; as exceções previstas em lei. (Alínea
II - os Ministérios Públicos dos Estados. acrescida pela Emenda Constitucional nº 45,
§ 1º O Ministério Público da União tem por de 2004)
chefe o Procurador-Geral da República, § 6º Aplica-se aos membros do Ministério
nomeado pelo Presidente da República Público o disposto no art. 95, parágrafo
dentre integrantes da carreira, maiores de único, V. (Parágrafo acrescido pela Emenda
trinta e cinco anos, após a aprovação de Constitucional nº 45, de 2004)
seu nome pela maioria absoluta dos
membros do Senado Federal, para mandato
Art. 129. São funções institucionais do
de dois anos, permitida a recondução.
Ministério Público:
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da
I - promover, privativamente, a ação penal
República, por iniciativa do Presidente da
pública, na forma da lei;
República, deverá ser precedida de
autorização da maioria absoluta do Senado II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes
públicos e dos serviços de relevância
Federal.
pública aos direitos assegurados nesta
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e
Constituição, promovendo as medidas
o do Distrito Federal e Territórios formarão
necessárias a sua garantia;
lista tríplice dentre integrantes da carreira,
III - promover o inquérito civil e a ação civil
na forma da lei respectiva, para escolha de
pública, para a proteção do patrimônio
seu Procurador-Geral, que será nomeado
público e social, do meio ambiente e de
pelo Chefe do Poder Executivo, para
outros interesses difusos e coletivos;
mandato de dois anos, permitida uma
IV - promover a ação de
recondução.
inconstitucionalidade ou representação
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e
para fins de intervenção da União e dos
no Distrito Federal e Territórios poderão ser
Estados, nos casos previstos nesta
destituídos por deliberação da maioria
Constituição;
absoluta do Poder Legislativo, na forma da
V - defender judicialmente os direitos e
lei complementar respectiva.
interesses das populações indígenas;
§ 5º Leis complementares da União e dos
VI - expedir notificações nos procedimentos
Estados, cuja iniciativa é facultada aos
administrativos de sua competência,
respectivos Procuradores-Gerais,
requisitando informações e documentos
estabelecerão a organização, as atribuições
para instruí-los, na forma da lei
e o estatuto de cada Ministério Público,
complementar respectiva;
observadas, relativamente a seus membros:
VII - exercer o controle externo da atividade
I - as seguintes garantias:
policial, na forma da lei complementar
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
mencionada no artigo anterior;
não podendo perder o cargo senão por
VIII - requisitar diligências investigatórias e
sentença judicial transitada em julgado;
a instauração de inquérito policial,
b) inamovibilidade, salvo por motivo de
indicados os fundamentos jurídicos de suas
interesse público, mediante decisão do
órgão colegiado competente do Ministério manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem
Público, pelo voto da maioria absoluta de
conferidas, desde que compatíveis com sua
seus membros, assegurada ampla defesa;
finalidade, sendo-lhe vedada a
(Alínea com redação dada pela Emenda
representação judicial e a consultoria
Constitucional nº 45, de 2004)
jurídica de entidades públicas.
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na
§ 1º A legitimação do Ministério Público
forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o
para as ações civis previstas neste artigo
disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153,
não impede a de terceiros, nas mesmas
III, 153, § 2º, I;(Alínea com redação dada
hipóteses, segundo o disposto nesta
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Constituição e na lei.
II - as seguintes vedações:
§ 2º As funções do Ministério Público só
a) receber, a qualquer título e sob qualquer

207
podem ser exercidas por integrantes da âmbito de sua competência, ou recomendar
carreira, que deverão residir na comarca da providências;
respectiva lotação, salvo autorização do II - zelar pela observância do art. 37 e
chefe da instituição. (Parágrafo com redação apreciar, de ofício ou mediante provocação,
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de a legalidade dos atos administrativos
2004) praticados por membros ou órgãos do
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Ministério Público da União e dos Estados,
Público far-se-á mediante concurso público podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
de provas e títulos, assegurada a prazo para que se adotem as providências
participação da Ordem dos Advogados do necessárias ao exato cumprimento da lei,
Brasil em sua realização, exigindo-se do sem prejuízo da competência dos Tribunais
bacharel em direito, no mínimo, três anos de Contas;
de atividade jurídica e observando-se, nas III - receber e conhecer das reclamações
nomeações, a ordem de classificação. contra membros ou órgãos do Ministério
(Parágrafo com redação dada pela Emenda Público da União ou dos Estados, inclusive
Constitucional nº 45, de 2004) contra seus serviços auxiliares, sem
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que prejuízo da competência disciplinar e
couber, o disposto no art. 93. (Parágrafo correicional da instituição, podendo avocar
com redação dada pela Emenda processos disciplinares em curso,
Constitucional nº 45, de 2004) determinar a remoção, a disponibilidade ou
§ 5º A distribuição de processos no a aposentadoria com subsídios ou
Ministério Público será imediata. (Parágrafo proventos proporcionais ao tempo de
acrescido pela Emenda Constitucional nº 45, serviço e aplicar outras sanções
de 2004) administrativas, assegurada ampla defesa;
IV - rever, de ofício ou mediante
Art. 130. Aos membros do Ministério provocação, os processos disciplinares de
Público junto aos Tribunais de Contas membros do Ministério Público da União ou
aplicam-se as disposições desta Seção dos Estados julgados há menos de um ano;
pertinentes a direitos, vedações e forma de V - elaborar relatório anual, propondo as
investidura. providências que julgar necessárias sobre a
situação do Ministério Público no País e as
Art. 130-A. O Conselho Nacional do atividades do Conselho, o qual deve integrar
Ministério Público compõe-se de quatorze a mensagem prevista no art. 84, XI.
membros nomeados pelo Presidente da § 3º O Conselho escolherá, em votação
República, depois de aprovada a escolha secreta, um Corregedor nacional, dentre os
pela maioria absoluta do Senado Federal, membros do Ministério Público que o
para um mandato de dois anos, admitida integram, vedada a recondução,
uma recondução, sendo: competindo-lhe, além das atribuições que
I - o Procurador-Geral da República, que o lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
preside; I - receber reclamações e denúncias, de
II - quatro membros do Ministério Público qualquer interessado, relativas aos
da União, assegurada a representação de membros do Ministério Público e dos seus
cada uma de suas carreiras; serviços auxiliares;
III - três membros do Ministério Público dos II - exercer funções executivas do Conselho,
Estados; de inspeção e correição geral;
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo III - requisitar e designar membros do
Tribunal Federal e outro pelo Superior Ministério Público, delegando-lhes
Tribunal de Justiça; atribuições, e requisitar servidores de
V - dois advogados, indicados pelo Conselho órgãos do Ministério Público.
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; § 4º O Presidente do Conselho Federal da
VI - dois cidadãos de notável saber jurídico Ordem dos Advogados do Brasil oficiará
e reputação ilibada, indicados um pela junto ao Conselho.
Câmara dos Deputados e outro pelo Senado § 5º Leis da União e dos Estados criarão
Federal. ouvidorias do Ministério Público,
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do competentes para receber reclamações e
Ministério Público serão indicados pelos denúncias de qualquer interessado contra
respectivos Ministérios Públicos, na forma membros ou órgãos do Ministério Público,
da lei. inclusive contra seus serviços auxiliares,
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do representando diretamente ao Conselho
Ministério Público o controle da atuação Nacional do Ministério Público. (Artigo
administrativa e financeira do Ministério acrescido pela Emenda Constitucional nº 45,
Público e do cumprimento dos deveres de 2004).
funcionais de seus membros, cabendo-lhe:
I - zelar pela autonomia funcional e
administrativa do Ministério Público,
podendo expedir atos regulamentares, no

208
6. DA DEFESA DO ESTADO E extraordinariamente, no prazo de cinco
dias.
DAS INSTITUIÇÕES § 6º O Congresso Nacional apreciará o
DEMOCRÁTICAS decreto dentro de dez dias contados de seu
recebimento, devendo continuar
6.1 DO ESTADO DE DEFESA E DO funcionando enquanto vigorar o estado de
ESTADO DE SÍTIO defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa
Do Estado de Defesa imediatamente o estado de defesa.

Art. 136. O Presidente da República pode, Do Estado de Sítio


ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar Art. 137. O Presidente da República pode,
estado de defesa para preservar ou ouvidos o Conselho da República e o
prontamente restabelecer, em locais Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
restritos e determinados, a ordem pública Congresso Nacional autorização para
ou a paz social ameaçadas por grave e decretar o estado de sítio nos casos de:
iminente instabilidade institucional ou I - comoção grave de repercussão nacional
atingidas por calamidades de grandes ou ocorrência de fatos que comprovem a
proporções na natureza. ineficácia de medida tomada durante o
§ 1º O decreto que instituir o estado de estado de defesa;
defesa determinará o tempo de sua II - declaração de estado de guerra ou
duração, especificará as áreas a serem resposta a agressão armada estrangeira.
abrangidas e indicará, nos termos e limites Parágrafo único.O Presidente da
da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, República, ao solicitar autorização para
dentre as seguintes: decretar o estado de sítio ou sua
I - restrições aos direitos de: prorrogação, relatará os motivos
a) reunião, ainda que exercida no seio das determinantes do pedido, devendo o
associações; Congresso Nacional decidir por maioria
b) sigilo de correspondência; absoluta.
c) sigilo de comunicação telegráfica e
telefônica; Art. 138. O decreto do estado de sítio
II - ocupação e uso temporário de bens e indicará sua duração, as normas
serviços públicos, na hipótese de necessárias a sua execução e as garantias
calamidade pública, respondendo a União constitucionais que ficarão suspensas, e,
pelos danos e custos decorrentes. depois de publicado, o Presidente da
§ 2º O tempo de duração do estado de República designará o executor das
defesa não será superior a trinta dias, medidas específicas e as áreas abrangidas.
podendo ser prorrogado uma vez, por igual § 1º O estado de sítio, no caso do art. 137,
período, se persistirem as razões que I, não poderá ser decretado por mais de
justificaram a sua decretação. trinta dias, nem prorrogado, de cada vez,
§ 3º Na vigência do estado de defesa: por prazo superior; no do inciso II, poderá
I - a prisão por crime contra o Estado, ser decretado por todo o tempo que
determinada pelo executor da medida, será perdurar a guerra ou a agressão armada
por este comunicada imediatamente ao juiz estrangeira.
competente, que a relaxará, se não for legal, § 2º Solicitada autorização para decretar o
facultado ao preso requerer exame de corpo estado de sítio durante o recesso
de delito à autoridade policial; parlamentar, o Presidente do Senado
II - a comunicação será acompanhada de Federal, de imediato, convocará
declaração, pela autoridade, do estado físico extraordinariamente o Congresso Nacional
e mental do detido no momento de sua para se reunir dentro de cinco dias, a fim
autuação; de apreciar o ato.
III - a prisão ou detenção de qualquer § 3º O Congresso Nacional permanecerá em
pessoa não poderá ser superior a dez dias, funcionamento até o término das medidas
salvo quando autorizada pelo Poder coercitivas.
Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do Art. 139. Na vigência do estado de sítio
preso. decretado com fundamento no art. 137, I,
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua só poderão ser tomadas contra as pessoas
prorrogação, o Presidente da República, as seguintes medidas:
dentro de vinte e quatro horas, submeterá o I - obrigação de permanência em localidade
ato com a respectiva justificação ao determinada;
Congresso Nacional, que decidirá por II - detenção em edifício não destinado a
maioria absoluta. acusados ou condenados por crimes
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em comuns;
recesso, será convocado,

209
III - restrições relativas à inviolabilidade da enquanto permanecer nessa situação, ser
correspondência, ao sigilo das promovido por antiguidade, contando-se-
comunicações, à prestação de informações lhe o tempo de serviço apenas para aquela
e à liberdade de imprensa, radiodifusão e promoção e transferência para a reserva,
televisão, na forma da lei; sendo depois de dois anos de afastamento,
IV - suspensão da liberdade de reunião; contínuos ou não, transferido para a
V - busca e apreensão em domicílio; reserva, nos termos da lei; (Inciso acrescido
VI - intervenção nas empresas de serviços pela Emenda Constitucional nº 18, de
públicos; 1998,com redação dada pela Emenda
VII - requisição de bens. Constitucional nº 77, de 2014)
Parágrafo único.Não se inclui nas IV - ao militar são proibidas a
restrições do inciso III a difusão de sindicalização e a greve; (Inciso acrescido
pronunciamentos de parlamentares pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
efetuados em suas Casas Legislativas, V - o militar, enquanto em serviço ativo,
desde que liberada pela respectiva Mesa. não pode estar filiado a partidos políticos;
(Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
6.2 DAS FORÇAS ARMADAS nº 18, de 1998)
VI - o oficial só perderá o posto e a patente
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas se for julgado indigno do oficialato ou com
pela Marinha, pelo Exército e pela ele incompatível, por decisão de tribunal
Aeronáutica, são instituições nacionais militar de caráter permanente, em tempo de
permanentes e regulares, organizadas com paz, ou de tribunal especial, em tempo de
base na hierarquia e na disciplina, sob a guerra; (Inciso acrescido pela Emenda
autoridade suprema do Presidente da Constitucional nº 18, de 1998)
República, e destinam-se à defesa da VII - o oficial condenado na justiça comum
Pátria, à garantia dos poderes ou militar a pena privativa de liberdade
constitucionais e, por iniciativa de qualquer superior a dois anos, por sentença
destes, da lei e da ordem. transitada em julgado, será submetido ao
§ 1º Lei complementar estabelecerá as julgamento previsto no inciso anterior;
normas gerais a serem adotadas na (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
organização, no preparo e no emprego das nº 18, de 1998)
Forças Armadas.
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a VIII - aplica-se aos militares o disposto no
punições disciplinares militares. art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e
§ 3º Os membros das Forças Armadas são XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV,
denominados militares, aplicando-se-lhes, bem como, na forma da lei e com
além das que vierem a ser fixadas em lei, as prevalência da atividade militar, no art. 37,
seguintes disposições: (Parágrafo acrescido inciso XVI, alínea "c"; (Inciso acrescido pela
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) Emenda Constitucional nº 18, de 1998,com
redação dada pela Emenda Constitucional
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e nº 77, de 2014)
deveres a elas inerentes, são conferidas pelo
Presidente da República e asseguradas em IX -(Revogado pela Emenda Constitucional
plenitude aos oficiais da ativa, da reserva nº 41, de 2003)
ou reformados, sendo-lhes privativos os
títulos e postos militares e, juntamente com
os demais membros, o uso dos uniformes X - a lei disporá sobre o ingresso nas
das Forças Armadas; (Inciso acrescido pela Forças Armadas, os limites de idade, a
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) estabilidade e outras condições de
II - o militar em atividade que tomar posse transferência do militar para a inatividade,
em cargo ou emprego público civil os direitos, os deveres, a remuneração, as
permanente, ressalvada a hipótese prevista prerrogativas e outras situações especiais
no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será dos militares, consideradas as
transferido para a reserva, nos termos da peculiaridades de suas atividades, inclusive
lei; (Inciso acrescido pela Emenda aquelas cumpridas por força de
Constitucional nº 18, de 1998,com redação compromissos internacionais e de guerra.
dada pela Emenda Constitucional nº 77, de (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional
2014) nº 18, de 1998)
III - o militar da ativa que, de acordo com a
lei, tomar posse em cargo, emprego ou Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos
função pública civil temporária, não eletiva, termos da lei.
ainda que da administração indireta, § 1º Às Forças Armadas compete, na forma
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, da lei, atribuir serviço alternativo aos que,
inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao em tempo de paz, após alistados, alegarem
respectivo quadro e somente poderá, imperativo de consciência, entendendo-se

210
como tal o decorrente de crença religiosa e de infrações penais, exceto as militares.
de convicção filosófica ou política, para se § 5º Às polícias militares cabem a polícia
eximirem de atividades de caráter ostensiva e a preservação da ordem pública;
essencialmente militar. aos corpos de bombeiros militares, além
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam das atribuições definidas em lei, incumbe a
isentos do serviço militar obrigatório em execução de atividades de defesa civil.
tempo de paz, sujeitos, porém, a outros § 6º As polícias militares e corpos de
encargos que a lei lhes atribuir. bombeiros militares, forças auxiliares e
reserva do Exército, subordinam-se,
6.3 DA SEGURANÇA PÚBLICA juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios.
Art. 144. A segurança pública, dever do § 7º A lei disciplinará a organização e o
Estado, direito e responsabilidade de todos, funcionamento dos órgãos responsáveis
é exercida para a preservação da ordem pela segurança pública, de maneira a
pública e da incolumidade das pessoas e do garantir a eficiência de suas atividades.
patrimônio, através dos seguintes órgãos: § 8º Os Municípios poderão constituir
I - polícia federal; guardas municipais destinadas à proteção
II - polícia rodoviária federal; de seus bens, serviços e instalações,
III - polícia ferroviária federal; conforme dispuser a lei.
IV - polícias civis; § 9º A remuneração dos servidores policiais
V - polícias militares e corpos de bombeiros integrantes dos órgãos relacionados neste
militares. artigo será fixada na forma do § 4º do art.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei 39. (Parágrafo acrescido pela Emenda
como órgão permanente, organizado e Constitucional nº 19, de 1998)
mantido pela União e estruturado em § 10. A segurança viária, exercida para a
carreira, destina-se a:(“Caput” do parágrafo preservação da ordem pública e da
com redação dada pela Emenda incolumidade das pessoas e do seu
Constitucional nº 19, de 1998) patrimônio nas vias públicas:
I - apurar infrações penais contra a ordem I - compreende a educação, engenharia e
política e social ou em detrimento de bens, fiscalização de trânsito, além de outras
serviços e interesses da União ou de suas atividades previstas em lei, que assegurem
entidades autárquicas e empresas públicas, ao cidadão o direito à mobilidade urbana
assim como outras infrações cuja prática eficiente; e
tenha repercussão interestadual ou II - compete, no âmbito dos Estados, do
internacional e exija repressão uniforme, Distrito Federal e dos Municípios, aos
segundo se dispuser em lei; respectivos órgãos ou entidades executivos
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de e seus agentes de trânsito, estruturados em
entorpecentes e drogas afins, o contrabando Carreira, na forma da lei. (Parágrafo
e o descaminho, sem prejuízo da ação acrescido pela Emenda Constitucional nº 82,
fazendária e de outros órgãos públicos nas de 2014).
respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras; (Inciso com 7. CONSTITUIÇÃO DO
redação dada pela Emenda Constitucional ESTADO DA BAHIA
nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções 7.1 DOS SERVIDORES PÚBLICOS
de polícia judiciária da União. MILITARES
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão
permanente, organizado e mantido pela SEÇÃO VII
União e estruturado em carreira, destina- Dos Servidores Públicos Militares
se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais. (Parágrafo Art. 46. São servidores militares estaduais
com redação dada pela Emenda os integrantes da Polícia
Constitucional nº 19, de 1998) Militar e do Corpo de Bombeiros Militar,
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão cuja disciplina será estabelecida em
permanente, organizado e mantido pela estatuto próprio.
União e estruturado em carreira, destina- § 1º As patentes, com prerrogativas,
se, na forma da lei, ao patrulhamento direitos e deveres a elas inerentes,são
ostensivo das ferrovias federais.(Parágrafo asseguradas em plenitude aos oficiais da
com redação dada pela Emenda ativa, da reserva ou reformados,sendo-lhes
Constitucional nº 19, de 1998) privativos os títulos, postos e uniformes
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por militares.
delegados de polícia de carreira, incumbem, § 2º - Os postos e as patentes dos oficiais
ressalvada a competência da União, as da Polícia Militar e do
funções de polícia judiciária e a apuração

211
Corpo de Bombeiros Militar são conferidos jornada de trabalho, remuneração de
pelo Governador do Estado, e a graduação trabalho noturno e extraordinário,
dos praças, pelo Comandante-Geral da readmissão, limites de idade e condições de
Polícia Militar e pelo transferência para a inatividade serão
Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros estabelecidos em estatuto próprio, de
Militar, respectivamente.* iniciativa do Governador do Estado,
§ 3º - O servidor militar estadual em observada a legislação federal específica.*
atividade que aceitar cargo público civil § 1º - O servidor militar estadual é elegível,
permanente será transferido para a reserva, atendidas as seguintes condições:*
na forma da lei.* * Redação dada pela Emenda à
§ 4º - O servidor militar estadual da ativa Constituição Estadual nº 20, de 30 de
que aceitar cargo, emprego ou função junho de
pública temporária, não eletiva, ainda que 2014 (Texto original em adendo). O texto
da administração indireta, ficará agregado original do caput do art. 48 já sofrera
ao respectivo quadro e, enquanto modificação, através da Emenda à
permanecer nessa situação, só poderá ser Constituição Estadual nº 07, de 18 de
promovido por antiguidade, contando-se- janeiro de 1999.
lhe o tempo de serviço apenas para aquela (Texto original em adendo)
promoção e transferência para a reserva, I – se contar menos de dez anos de serviço,
sendo, depois de deverá afastar-se da atividade;
02 (dois) anos de afastamento, contínuos ou II – se contar mais de dez anos de serviço,
não, transferido para a inatividade.* será agregado e, se eleito,passará
§ 5º - O servidor militar estadual automaticamente, no ato da diplomação,
condenado na Justiça comum ou militar à para a inatividade, com os proventos
pena privativa de liberdade superior a 02 proporcionais ao tempo de serviço.
(dois) anos, por sentença transitada em § 2º (....)*
julgado, será excluído da Corporação.* * Revogado pela Emenda à Constituição
§ 6º - O oficial da Polícia Militar e do Corpo Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999.
de Bombeiros Militar só perderá o posto e a (Texto original em adendo)
patente se for julgado indigno do oficialato Art. 49. (....)*
ou com ele incompatível, nos termos da lei, * Revogado pela Emenda à Constituição
mediante Conselho de Justificação, cujo Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999.
funcionamento será regulado em lei, e por (Texto original em adendo)
decisão da Justiça Militar, salvo na S
hipótese prevista no parágrafo anterior.*
* Redação dada pela Emenda à 7.2 DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Constituição Estadual nº 20, de 30 de
junho de
2014. (Texto original em adendo). O texto CAPÍTULO I
original do § 6º já sofrera modificação, 7.2.1 Do Poder Legislativo
através da SEÇÃO I
Emenda à Constituição Estadual nº 07, de Da Assembléia Legislativa
18 de janeiro de 1999. (Texto original em
adendo) Art. 66. O Poder Legislativo é exercido pela
§ 7º A lei estabelecerá as condições em que Assembleia Legislativa,com sede na Capital
o praça perderá agraduação, respeitado o do Estado, constituída de Deputados eleitos
disposto na Constituição Federal e nesta pelo sistema proporcional para um
Constituição. mandato de quatro anos.
§ 8º Quando a sanção disciplinar, por § 1º O número de Deputados corresponderá
transgressão de natureza militar, importar ao triplo da representaçãodo Estado na
em cerceamento de liberdade, será Câmara dos Deputados; atingido o número
cumprida em área livre de quartel.34 de trinta e seis, será acrescido de tantos
Art. 47. (....)* quantos forem os Deputados Federais
* Declarado inconstitucional pelo S.T.F. no acima de doze.
julgamento da ADI nº 3777. (Texto original § 2º A alteração do número de Deputados
em adendo) não vigorará na Legislatura em que for
§ 1º O soldo nunca será inferior ao salário fixada.
mínimo fixado em lei. Art. 67. A Assembleia Legislativa reunir-se-
§ 2º (....)* á anualmente, em sua sede,de 1º (primeiro)
* Revogado pela Emenda à Constituição de fevereiro a 30 (trinta) de junho e de 1º
Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999. (primeiro) de agosto a 30 (trinta) de
(Texto original em adendo) dezembro.*
Art. 48. Os direitos, deveres, garantias, * Redação dada pela Emenda à
subsídios e vantagens dos servidores Constituição Estadual nº 16, de 28 de
militares, bem como as normas sobre junho de
admissão, acesso na carreira, estabilidade, 2013. (Texto original em adendo)

212
§ 1º As sessões marcadas para essas datas SEÇÃO II
serão transferidas para o primeiro dia útil Das Competências da Assembléia
subsequente, quando recaírem em sábados, Legislativa
domingos e feriados.
§ 2º A sessão legislativa não será Art. 70. Cabe à Assembleia Legislativa, com
interrompida sem a aprovação dos projetos a sanção do Governador,legislar sobre todas
de lei relativos às diretrizes orçamentárias e as matérias de competência do Estado,
ao orçamento anual. especialmente sobre:
§ 3º A Assembleia Legislativa, no primeiro I – plano plurianual, diretrizes
ano da legislatura, reunir- orçamentárias e orçamentos anuais;
se-á em sessões preparatórias, a partir de II – planos e programas estaduais e
1º de fevereiro, para posse de seus setoriais de desenvolvimento econômico e
membros e eleição da Mesa, para um social;
mandato de 02 (dois) anos, permitida a41 III - transferência temporária da sede de
recondução para o mesmo cargo, por uma Governo;
vez, na eleição imediatamente IV – limites do território estadual e bens do
subsequente.* domínio do Estado, bem como criação,
* Redação dada pela Emenda à fusão, incorporação, desmembramento e
Constituição Estadual nº 08, de 20 de extinção de Municípios e fixação de seus
dezembro de limites;
2000. (Texto original em adendo. O texto V – operações de crédito, dívida pública e
original já sofrera modificação, através da emissão de títulos do Tesouro; 42
EC nº 05, de 06 de setembro de 1994) VI – criação, transformação e extinção de
§ 4º Por motivo de conveniência pública e cargos, empregos e funções públicas e
deliberação da maioria absoluta de seus fixação dos respectivos vencimentos ou
membros, poderá a Assembleia Legislativa remunerações;
reunir-se, temporariamente, em qualquer VII – organização administrativa, judiciária,
cidade do Estado. do Ministério Público, das Procuradorias,
§ 5º A convocação extraordinária da da Defensoria Pública e dos Tribunais de
Assembleia Legislativa, limitadas as Contas;
deliberações à matéria para a qual for VIII – organização, fixação e modificação do
convocada, vedado o pagamento de parcela efetivo da Polícia Militar e do
indenizatória em valor superior ao do Corpo de Bombeiros Militar, observadas as
subsídio mensal, far-se-á:* diretrizes estabelecidas em lei federal;
* Redação dada pela Emenda à IX – criação, estruturação e competência
Constituição Estadual nº 07, de 18 de das Secretarias de Estado e demais órgãos
janeiro de e entidades da administração pública direta
1999. (Texto original em adendo) e indireta;
I – pelo seu Presidente, em caso de X – autorização para alienar ou gravar bens
decretação de intervenção federal no Estado imóveis do Estado;
ou deste em Município, e para posse e XI – concessão para exploração de serviços
compromisso do Governador e Vice- públicos;
Governador do Estado; XII – direito tributário, financeiro,
II – pelo Governador do Estado, pelo penitenciário, econômico e urbanístico;
Presidente da Assembleia ou a XIII – juntas comerciais;
requerimento da maioria dos Deputados, XIV – custas dos serviços forenses;
em caso de urgência ou interesse público XV – produção e consumo;
relevante. XVI – proteção ao patrimônio natural,
§ 6º Não poderá ser realizada mais de uma histórico, cultural, artístico, turístico e
sessão ordinária por dia. paisagístico;
Art. 68. Salvo disposição constitucional em XVII – educação, cultura, ensino e
contrário, a Assembleia desporto;
Legislativa funcionará em sessões públicas, XVIII – criação, funcionamento e processo
com a presença de um terço, no de Juizados de Pequenas Causas;
mínimo, de seus membros e suas XIX – procedimentos em matéria
deliberações serão tomadas por maioria de processual;
votos, presente a maioria absoluta de seus XX – previdência social, proteção e defesa à
membros. saúde;
Art. 69. (....)* XXI – proteção e integração social das
* Revogado pela Emenda à Constituição pessoas portadoras de deficiência;
Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999. XXII – organização, garantias, direitos e
(Texto original em adendo) deveres das polícias civis;
XXIII – direitos da infância, da juventude e
da mulher;
XXIV – concessão de auxílios aos
Municípios e autorização para o

213
Estado garantir-lhes empréstimos. dos Municípios, realizando, periodicamente,
Art. 71. Além de outros casos previstos inspeções auditorias;
nesta Constituição, compete privativamente XII – fiscalizar e controlar os atos do Poder
à Assembleia Legislativa: Executivo, inclusive os da administração
I – dispor sobre seu Regimento Interno, indireta;
polícia e serviços administrativos de sua XIII – (....)*
secretaria, inclusive seus órgãos de * Declarado inconstitucional pelo S.T.F. no
consultoria, assessoramento jurídico e julgamento da ADI nº 462-0. (Texto original
representação judicial, para defesa de suas em adendo)
prerrogativas e interesses específicos; XIV – solicitar a intervenção federal para
II – eleger sua Mesa Diretora para um assegurar o livre funcionamento da
mandato de 02 (dois) anos, permitida a instituição;
recondução, por uma vez, para o mesmo XV – processar e julgar o Governador, o
cargo, no período subsequente;* Vice-Governador, e os
* Redação dada pela Emenda à Secretários de Estado nos crimes de
Constituição Estadual nº 08, de 20 de responsabilidade;
dezembro de XVI – indicar, após arguição pública, cinco
2000. (Texto original em adendo) dos sete membros dos Tribunais de Contas
III – criar, transformar ou extinguir cargos, do Estado e dos Municípios, em votação
empregos e funções dos seus serviços, na secreta e por maioria absoluta de votos, na
sua administração direta, autárquica ou forma de seu regimento;
fundacional, bem como fixar e modificar, XVII – apreciar, mediante votação secreta,
mediante lei de sua iniciativa, as decidida por maioria absoluta de votos, a
respectivas remunerações, observados os indicação, pelo Governador do Estado, de
parâmetros estabelecidos na lei de Desembargador do Tribunal de Justiça, juiz
diretrizes orçamentárias;* do Tribunal de Alçada (*), de dois
* Redação dada pela Emenda à integrantes de cada Tribunal de Contas e
Constituição Estadual nº 07, de 18 de do Procurador-Geral do Estado;
janeiro de (*) Os Tribunais de Alçada foram extintos
1999. (Texto original em adendo)43 pela Emenda à Constituição Federal nº
IV – conhecer do veto e sobre ele deliberar; 45, de 8 de dezembro de 2004.44
V – autorizar o Governador e o Vice- XVIII – deliberar sobre a destituição do
Governador do Estado a se ausentarem do Procurador-Geral de Justiça e do Defensor
País e do Estado, por período superior, Público-Geral do Estado, por maioria
respectivamente, a quinze e trinta dias;* absoluta, antes do término de seu
* Redação dada pela Emenda à mandato;*
Constituição Estadual nº 10, de 24 de julho * Redação dada pela Emenda à
de Constituição Estadual nº 11, de 28 de
2003. (Texto original em adendo) junho de
VI – aprovar e suspender a intervenção 2005. (Texto original em adendo)
estadual nos Municípios e solicitá-la para o XIX – editar decretos legislativos e
Estado; resoluções que serão regulados no
VII – sustar os atos normativos do Poder Regimento Interno da Assembleia
Executivo, excedentes do poder Legislativa;
regulamentar; XX – autorizar o Estado a contrair ou
VIII –fixar, por lei de sua iniciativa, o garantir operações de crédito,internas ou
subsídio do Governador, do externas, inclusive sob a forma de títulos do
Vice-Governador e dos Secretários de Tesouro;
Estado, observado o que dispõe a XXI – autorizar a consulta plebiscitária;
Constituição Federal;* XXII – mudar temporariamente sua sede;
* Redação dada pela Emenda à XXIII – convocar, inclusive por deliberação
Constituição Estadual nº 07, de 18 de de maioria absoluta de suas comissões,
janeiro de Secretário de Estado, Procuradores-Gerais
1999. (Texto original em adendo) do Estado e de Justiça e dirigentes da
IX – julgar as contas prestadas pelo administração indireta, para que prestem
Governador, até sessenta dias do informações, pessoalmente, no prazo de
recebimento do parecer prévio do Tribunal trinta dias, importando em crime de
de Contas do Estado, e apreciar os responsabilidade ausência sem justificação
relatórios sobre execução dos planos de adequada;
governo; XXIV – dar posse ao Governador e ao Vice-
X – proceder às tomadas de contas do Governador e conhecer da renúncia de
Governador, quando não apresentadas nos qualquer deles;
prazos estabelecidos nesta Constituição; XXV – apreciar, em votação secreta, a
XI – julgar as contas anualmente prestadas indicação de integrantes de órgãos
pelo Tribunal de Justiça,pelo Tribunal de colegiados, conforme determinar a lei;
Contas do Estado e pelo Tribunal de Contas

214
XXVI – promover periodicamente a § 1º O Vice-Governador substituirá o
consolidação dos textos legislativos, com a Governador, no caso de impedimento, e
finalidade de tornar acessível ao cidadão a suceder-lhe-á, no de vaga.
consulta às leis; § 2º O Vice-Governador, além de outras
XXVII – suspender a eficácia de ato atribuições que lhe forem conferidas por lei
normativo estadual ou municipal declarado complementar, auxiliará o Governador,
inconstitucional em face desta sempre que por ele convocado para missões
Constituição, por decisão definitiva do especiais.
Tribunal de Justiça do Estado; Art. 102. Em caso de impedimento do
XXVIII – (....)* Governador e do Vice-
* Revogado pela Emenda à Constituição Governador, ou de vacância dos respectivos
Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999. cargos, serão sucessivamente chamados ao
(Texto original em adendo) exercício da chefia do Poder Executivo o
XXIX – (....)* Presidente da Assembleia Legislativa e o
XXX – (....)* Presidente do Tribunal de Justiça.
* Declarado inconstitucional pelo S.T.F. no § 1º Vagando os cargos de Governador e de
julgamento da ADI nº 462-0. (Texto original Vice-Governador, far-se-á eleição noventa
em adendo). dias depois de aberta a última vaga.57
§ 2º Ocorrendo a vacância nos últimos dois
CAPÍTULO II anos do mandato governamental, a eleição
7.2.2 Do Poder Executivo para ambos os cargos será feita trinta dias
SEÇÃO I depois da última vaga, pela Assembleia
Das Disposições Gerais Legislativa, na forma da lei.
§ 3º Em qualquer dos casos previstos nos
Art. 99. O Poder Executivo é exercido pelo parágrafos anteriores, os eleitos deverão
Governador do Estado, com o auxílio dos completar o período dos seus antecessores.
Secretários de Estado. § 4º Se a Assembleia Legislativa não estiver
Art. 100. A eleição do Governador e do reunida, será convocada por seu
Vice-Governador do Estado, para mandato Presidente, dentro de cinco dias, a contar
de quatro anos, será realizada no primeiro da vacância.
domingo de outubro, em primeiro turno, do Art. 103. Implicará renúncia ao cargo a
ano anterior ao do término do mandato dos não assunção pelo Governador ou Vice-
seus antecessores.* Governador até trinta dias após a data
* Redação dada pela Emenda à fixada para a posse, salvo motivo de força
Constituição Estadual nº 07, de 18 de maior.
janeiro de 1999. Art. 104. O Governador e o Vice-
(Texto original em adendo) Governador não poderão, sem licença da
§ 1º Serão considerados eleitos Governador Assembleia Legislativa, ausentar-se do País
e o Vice-Governador os candidatos que, e do Estado, por período superior,
registrados por partido político, obtiverem a respectivamente, a quinze e trinta dias, sob
maioria absoluta de votos, não computados pena de perda do mandato.*
os em branco e os nulos. * Redação dada pela Emenda à
§ 2º Se nenhum candidato alcançar maioria Constituição Estadual nº 03, de 02 de
absoluta na primeira votação, far-se-á nova dezembro de
eleição, a se realizar no último domingo de 1991. (Texto original em adendo)
outubro, em segundo turno, do ano anterior Parágrafo único. O Governador perderá o
ao do término do mandato de seus mandato se:
antecessores, concorrendo os dois I – assumir outro cargo ou função na
candidatos mais votados, considerado eleito administração pública direta ou indireta,
o que obtiver a maioria dos votos válidos.* ressalvada a posse em virtude de concurso
* Redação dada pela Emenda à público, observado o que dispõe o art. 28, §
Constituição Estadual nº 07, de 18 de 1°, da Constituição Federal;*
janeiro de * Redação dada pela Emenda à
1999. (Texto original em adendo) Constituição Estadual nº 07, de 18 de
§ 3º O Governador e o Vice-Governador janeiro de 1999. (Texto original em adendo)
eleitos tomarão posse em 1º de janeiro do II – não tomar posse, salvo motivo de força
ano subsequente ao de sua eleição. maior, na data fixada ou dentro da
Art. 101. O Governador e o Vice- prorrogação concedida pela Assembleia
Governador tomarão posse em sessão da Legislativa;
Assembleia Legislativa, prestando o III – for condenado por crime comum ou de
seguinte compromisso: “prometo manter, responsabilidade;
defender e cumprir a Constituição Federal e IV – perder ou tiver suspensos os direitos
a do Estado, observar as leis,promover o políticos;
bem geral do povo baiano e sustentar a V – não reassumir, salvo motivo de força
integridade e a autonomia do Estado da maior, o exercício do cargo,até trinta dias
Bahia”.

215
depois de esgotado o prazo da licença X – prestar as informações solicitadas pelos
concedida. Poderes Legislativo e Judiciário, nos casos e
Art. 104-A. Cessada a investidura no cargo prazos fixados em lei;
de Governador do Estado, quem o tiver XI – enviar à Assembleia o plano
exercido pelo tempo mínimo de 4 (quatro) plurianual, o projeto de lei de diretrizes
anos ininterruptos ou5 (cinco) intercalados orçamentárias e a proposta do orçamento
fará jus, a título de pensão especial, a um anual;
subsídio mensal e vitalício igual à XII – decretar as situações de emergência e
remuneração do cargo, desde que tenha estado de calamidade pública;
contribuído para a previdência oficial por, XIII – prover e extinguir cargos públicos
no mínimo, 30 (trinta) anos.* estaduais, na forma da lei;
§ 1º Caso o beneficiário venha a exercer XIV – convocar, extraordinariamente, a
mandato eletivo, ser-lhe-á assegurado, Assembleia Legislativa, nos casos previstos
durante o exercício, o direito de opção pela nesta Constituição;
percepção da pensão especial ou do XV – prestar, anualmente, à Assembleia
subsídio do mandato.*. Legislativa, dentro de quinze dias após a
§ 2º Lei de iniciativa da Assembleia abertura da sessão legislativa, as contas
Legislativa estabelecerá uma estrutura de referentes ao exercício anterior;
apoio para os ex-Governadores que façam XVI – solicitar intervenção federal;
jus ao benefício previsto no caput deste XVII – contrair empréstimos externos ou
artigo.* internos e fazer operações ou acordos
* Art. 104-A inserido pela Emenda à externos de qualquer natureza, após
Constituição Estadual nº 21, de 25 de autorização da Assembleia Legislativa,
novembro de 2014.58. observada a Constituição Federal;
XVIII – representar aos tribunais contra
SEÇÃO II leis e atos que violem dispositivos da
Das Atribuições do Governador do Estado Constituição Federal e desta Constituição;
59
Art. 105. Compete privativamente ao XIX – dispor sobre a organização e o
Governador do Estado: funcionamento dos órgãos da
I – representar o Estado, na forma desta administração estadual, na forma da lei;*
Constituição e da lei; * Redação dada pela Emenda à
II – exercer, com auxílio dos Secretários de Constituição Estadual nº 07, de 18 de
Estado, a direção superior da janeiro de
administração estadual; 1999. (Texto original em adendo)
III – nomear e exonerar os Secretários de XX - exercer o comando supremo da Polícia
Estado e o Procurador-Geral do Estado;* Militar e do Corpo de
* Redação dada pela Emenda à Bombeiros Militar, promover seus oficiais e
Constituição Estadual nº 11, de 28 de nomeá-los para os cargos que lhe são
junho de 2005. privativos;*.
(Texto original em adendo) * Redação dada pela Emenda à
IV – iniciar o processo legislativo na forma e Constituição Estadual nº 20, de 30 de
nos casos previstos nesta junho de
Constituição; 2014. (Texto original em adendo)
V – sancionar, promulgar, vetar, fazer XXI – exercer outras atribuições previstas
publicar as leis e, para sua fiel execução, nesta Constituição.
expedir decretos e regulamentos;
VI – nomear Desembargadores, o CAPÍTULO III
Procurador-Geral de Justiça, o 7.2.3 Do Poder Judiciário
Defensor Público-Geral, os Conselheiros SEÇÃO I
dos Tribunais de Contas do Estado e dos Das Disposições Gerais
Municípios, na forma desta Constituição;*
* Redação dada pela Emenda à Art. 110. São órgãos do Poder Judiciário:
Constituição Estadual nº 11, de 28 de I – o Tribunal de Justiça;
junho de 2005. II – o Tribunal de Alçada(*);
(Texto original em adendo) III – os Tribunais do Júri;
VII – enviar mensagem à Assembleia IV – os juízes de Direito;
Legislativa, no início de cada sessão V – o Conselho de Justiça Militar;
legislativa, expondo a situação econômica, VI – os Juizados Especiais;
financeira, administrativa, política e social VII – os Juizados de Pequenas Causas;
do Estado; VIII – os Juizados de Paz.
VIII – decretar e fazer executar a (*) Os Tribunais de Alçada foram extintos
intervenção no Município, na forma desta pela Emenda à Constituição Federal nº 45,
Constituição; de 8 de dezembro de 2004.61
IX – celebrar ou autorizar convênios, na Art. 111. O Poder Judiciário goza de
forma da lei; autonomia administrativa e financeira.

216
§ 1º O Tribunal de Justiça elaborará a Tribunais Superiores, observando a
proposta orçamentária do Poder diferença entre uma e outra categoria, que
Judiciário, ouvidos os outros Tribunais de não pode ser superior a dez por62cento ou
segunda instância, dentro dos limites inferior a cinco por cento, obedecido, em
estipulados conjuntamente com os demais qualquer caso, o que dispõe o art. 93, V, da
Poderes na lei de diretrizes orçamentárias, Constituição Federal.*.
encaminhando-a a Assembleia Legislativa. * Redação dada pela Emenda à
§ 2º Durante a execução orçamentária, o Constituição Estadual nº 07, de 18 de
numerário correspondente à dotação do janeiro de 1999.
Poder Judiciário será repassado, ao menos, (Texto original em adendo)
em duodécimos, até o dia vinte de cada § 1º Os magistrados sujeitam-se aos
mês, sob pena de responsabilidade. impostos gerais, incluindo o de renda, e aos
§ 3º Os pagamentos devidos pela Fazenda impostos extraordinários, bem como aos
Estadual ou Municipal, em virtude de descontos fixados em lei.
condenação judicial, serão feitos § 2º A aposentadoria dos magistrados e a
exclusivamente na ordem cronológica de pensão de seus dependentes serão revistas
apresentação dos precatórios e à conta dos segundo os mesmos índices dos subsídios
respectivos créditos, proibida a designação daqueles em atividade, observado o que
de casos ou pessoas nas dotações dispõe a Constituição Federal.*
orçamentárias e nos créditos adicionais * Redação dada pela Emenda à
abertos para este fim, à exceção dos de Constituição Estadual nº 07, de 18 de
natureza alimentar. janeiro de
§ 4º É obrigatória a inclusão, no orçamento 1999. (Texto original em adendo)
das entidades de direito público,de verba Art. 116. O Estado organizará sua Justiça
necessária ao pagamento de seus débitos segundo o disposto na
constantes de precatórios judiciários, Constituição Federal, observados os
apresentados até 1º de julho, data em que seguintes princípios:
terão atualizados seus valores,fazendo-se o I – ingresso na carreira, no cargo inicial de
pagamento até o final do exercício seguinte. juiz substituto, através de concurso público
§ 5º As dotações orçamentárias e os de provas e títulos, com a participação da
créditos abertos serão consignados ao Poder Ordem dos Advogados do Brasil, em todas
Judiciário, recolhendo-se as importâncias as suas fases, respeitada, nas nomeações, a
respectivas à repartição competente, ordem de classificação;
cabendo ao Presidente do Tribunal que II – promoção de entrância para entrância,
proferir a decisão exequenda determinar o alternadamente, por antiguidade e
pagamento segundo as possibilidades do merecimento, atendidas as seguintes
depósito e autorizar, a requerimento do normas:
credor e exclusivamente para o caso de a) na apuração da antiguidade, o Tribunal
preterição do seu direito de precedência, o de Justiça somente poderá recusar o Juiz
sequestro da quantia necessária à mais antigo pelo voto de dois terços de seus
satisfação do débito, assegurando-se à membros, conforme procedimento próprio,
atualização monetária indexador oficial, repetindo-se a votação até fixar-se a
preestabelecido, a ser apurado na época do indicação;
pagamento. b) é obrigatória a promoção do juiz que
Art. 112. (....)* figure por três vezes consecutivas ou cinco
* Revogado pela Emenda à Constituição alternadas em lista de merecimento;
Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999. c) aferição de merecimento pelos critérios
(Texto original em adendo) de presteza e segurança no exercício da
Art. 113. O Tribunal de Justiça poderá jurisdição, comprovação de residência na
constituir órgão especial, com o mínimo de sede da respectiva
onze e o máximo de vinte e cinco membros, Comarca e frequência e aproveitamento em
para o exercício das atribuições cursos reconhecidos de aperfeiçoamento;
administrativas e jurisdicionais do Tribunal d) a promoção por merecimento pressupõe
Pleno. dois anos de exercício na respectiva
Art. 114. Os julgamentos, em todos os entrância e integrar o juiz a primeira quinta
órgãos do Poder Judiciário, serão públicos e parte da lista de antiguidade desta, salvo se
fundamentadas as suas decisões, sob pena não houver com tais requisitos quem aceite
de nulidade, podendo a lei, somente se o o lugar vago;
interesse público o exigir, limitar a III – instituição de cursos oficiais de
presença, em determinados atos, às partes preparação e aperfeiçoamento de
e seus advogados, ou somente a estes. magistrados como requisitos para ingresso
Art. 115. Os subsídios dos magistrados e promoção na carreira;
serão fixados mediante lei de iniciativa do IV – o juiz titular residirá na respectiva
Poder Judiciário, não podendo ser Comarca;
superiores a noventa e cinco por cento do V – o ato de remoção, disponibilidade ou
subsídio mensal dos Ministros dos aposentadoria de magistrado, por interesse

217
público, fundar-se-á em decisão pelo voto II – em segundo grau, pelo Tribunal de
de dois terços do Justiça, a quem cabe decidir sobre a perda
Tribunal de Justiça, assegurada ampla do posto e da patente dos oficiais, e sobre a
defesa; perda da graduação dos praças.
VI – nenhum juiz poderá ser promovido ou § 1º A constituição, o funcionamento e as
removido sem atestado da atribuições do Conselho de Justiça
Corregedoria Geral da Justiça de que, na atenderão às normas da Lei de Organização
Vara em que é titular, não existe processo Judiciária Militar da União
concluso sem decisão e requerimento sem § 2º A lei estadual poderá criar, mediante
despacho; 63 proposta do Tribunal de
VII – observância da ordem cronológica de Justiça, o Tribunal de Justiça Militar.
vacância no provimento dos cargos de juiz
de direito, nas entrâncias de 1º grau, tendo
as Comarcas de maior período vago SEÇÃO I
precedência sobre as demais; 7.2.4 Do Ministério Público
VIII – o juiz promovido ou removido só
deixará a Vara em que é titular com a Art. 135. O Ministério Público é
efetiva posse do novo titular. instituição permanente, essencial à
Art. 117. Aos magistrados são asseguradas função jurisdicional do Estado,
as seguintes garantias: incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
I – vitaliciedade, que no primeiro grau só do regime democrático e dos interesses
será adquirida após dois anos de exercício, sociais e individuais indisponíveis.69
dependendo a perda do cargo, nesse § 1º O Ministério Público Estadual é
período, de deliberação do exercido:
Tribunal de Justiça, e, nos demais casos, I – pelo Procurador-Geral de Justiça;
de sentença judicial transitada em julgado; II – pelos Procuradores de Justiça;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de III – pelos Promotores de Justiça;
interesse público, observado o que dispõe a IV – pelas Curadorias Especializadas.
Constituição Federal; § 2º São princípios institucionais do
III – irredutibilidade de subsídio, com a Ministério Público a unidade, a
ressalva de que trata o art. 95, indivisibilidade e a independência
III, da Constituição Federal.* funcional, gozando os seus membros das
* Redação dada pela Emenda à garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e
Constituição Estadual nº 07, de 18 de irredutibilidade de subsídios,nos termos do
janeiro de 1999. (Texto original em adendo) que dispõe o art. 128, § 5º, I, c, da
Art. 118. Aos magistrados é vedado: Constituição Federal.*
I – exercer, ainda que em disponibilidade, * Redação dada pela Emenda à
outro cargo ou função, salvo uma de Constituição Estadual nº 07, de 18 de
magistério; janeiro de 1999. (Texto original em adendo)
II – receber, a qualquer título ou pretexto, § 3º Lei complementar, cuja iniciativa pode
custas ou participação em processo; ser do Procurador-Geral de
III – dedicar-se à atividade político- Justiça estabelecerá a organização, as
partidária. atribuições e o Estatuto do Ministério
Art. 119. (....)* Público, observadas as disposições da
§ 1º (....)* Constituição Federal.
§ 2º (....)* Art. 136. Ao Ministério Público é
* Declarado inconstitucional no julgamento assegurada autonomia administrativa e
da ADI nº 202-3. (Texto original em adendo) funcional, cabendo-lhe:
Art. 120. O habeas corpus e o mandado de I – propor ao Poder Legislativas a criação,
segurança serão sorte a dos imediatamente transformação e extinção de seus cargos de
à sua apresentação e remetidos ao julgador carreira e os dos serviços auxiliares, bem
no mesmo dia,independentemente do prévio como a política remuneratória e os planos
pagamento da taxa judiciária e custas. de carreira, inclusive a fixação e alteração
Art. 121. A cada Município corresponderá dos respectivos subsídios e remunerações,
uma Comarca, dependendo a sua observados os critérios estabelecidos na lei
instalação de requisitos e condições de diretrizes orçamentárias;*
instituídos por lei de organização judiciária. * Redação dada pela Emenda à
Constituição Estadual nº 07, de 18 de
janeiro de 1999. (Texto original em adendo)
SEÇÃO VI II – elaborar seu Regimento Interno;
Da Justiça Militar III – praticar atos de provimento, promoção
e remoção, bem como de aposentadoria,
Art. 128. A Justiça Militar é exercida: exoneração e demissão de seus membros e
I – em primeiro grau, pelo Conselho de servidores, na forma da lei;
Justiça Militar; IV – eleger os integrantes dos órgãos da sua
administração superior;

218
V – elaborar sua proposta orçamentária; VII – proteger o menor desamparado,
VI – organizar suas secretarias, os serviços zelando pela sua segurança e seus direitos,
auxiliares das Procuradorias, encaminhando-o e assistindo-o junto aos
Promotorias de Justiça e as Curadorias órgãos competentes;
Especializadas, inclusive a do meio VIII – exercer o controle externo da
ambiente. atividade policial, requisitar diligências,
Parágrafo único. Aos membros do receber inquéritos e inspecionar as
Ministério Público junto aos penitenciárias, estabelecimentos prisionais,
Tribunais de Contas aplicam-se as casas de recolhimento compulsório de
disposições desta Seção, pertinentes a qualquer natureza e quartéis onde existam
direitos, vedações e forma de investidura. pessoas presas ou internadas;
Art. 137. Ao Ministério Público aplicam-se IX – fiscalizar os estabelecimentos que
os seguintes preceitos: abriguem idosos, menores, incapazes e
I – ingresso na carreira mediante concurso deficientes, bem como, de modo geral,
público de provas e títulos, assegurada a hospitais e casas de saúde;
participação da Ordem dos Advogados do X – requerer aos Tribunais de Contas a
Brasil em sua realização e observada a realização de auditoria financeira em
ordem de classificação nas nomeações; Prefeituras, Câmaras Municipais, órgãos e
II – promoção voluntária por antiguidade e entidades da administração direta ou
merecimento, de entrância a entrância e de indireta do Estado e dos Municípios;
entrância mais elevada para o cargo de XI – funcionar junto às comissões de
Procurador, aplicando-se, no que couber, as inquérito do Poder Legislativo por
regras adotadas para o Poder Judiciário; 70 solicitação deste;
III – indicação do Procurador-Geral da XII – fiscalizar as fundações e as aplicações
Justiça, dentre os integrantes da carreira de verbas destinadas às entidades
com o mínimo de dez anos na Instituição, assistenciais;
através de lista tríplice elaborada mediante XIII – defender judicialmente os direitos e
voto de todos os seus membros, no efetivo interesses das populações indígenas; 71
exercício de suas funções, para nomeação XIV – atuar junto aos Tribunais de Contas.
pelo Governador do Estado; Art. 139. Aos membros do Ministério
IV – garantia de mandato de dois anos do Público Estadual é vedado:
Procurador-Geral de Justiça, cuja I – receber, a qualquer título e sob qualquer
destituição, antes de findar-se este período, pretexto, honorários, percentagens ou
somente poderá ocorrer pelo voto da custas processuais;
maioria absoluta da Assembleia Legislativa, II – exercer a advocacia;
mediante votação secreta; III – participar de sociedade comercial, na
V – residência obrigatória na Comarca da forma da lei;
respectiva lotação. IV – exercer, ainda que em disponibilidade,
Art. 138. Compete ao Ministério Público: qualquer outra função pública, salvo uma
I – promover, privativamente, a ação penal de magistério;
pública na forma da lei; V – exercer atividade político-partidária,
II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes salvo exceções previstas na lei.
Públicos e dos serviços de relevância
pública, aos direitos assegurados na SEÇÃO II
Constituição Federal e nesta 7.2.5 Das Procuradorias
Constituição, promovendo as medidas
necessárias à sua garantia; Art. 140. A representação judicial e
III – promover o inquérito civil e a ação civil extrajudicial, a consultoria e o
pública para proteção do patrimônio assessoramento jurídico do Estado
público e social, do meio ambiente e de competem à Procuradoria Geral do Estado,
outros interesses difuso se coletivos; órgão diretamente subordinado ao
IV – promover a ação de Governador.*
inconstitucionalidade e a representação * Redação dada pela Emenda à
para fins de intervenção do Estado, nos Constituição Estadual nº 09, de 28 de maio
casos previstos nesta Constituição; de 2003.
V – conhecer de representação por violação (Texto original em adendo)
de direitos humanos e sociais, por abuso de § 1º (.....)*
poder econômico e administrativo e dar-lhe * Revogado pela Emenda à Constituição
curso junto ao órgão competente; Estadual nº 09, de 28 de maio de 2003.
VI – requisitar procedimentos (Texto original em adendo)
administrativos, informações, exames, § 2º A representação judicial e
perícias e vista de documentos a extrajudicial, a consultoria e o
autoridades da administração direta e assessoramento jurídico das autarquias e
indireta,promovendo ainda as diligências fundações públicas competem às suas
que julgar necessárias; respectivas procuradorias, organizadas em

219
carreira, mediante vinculação técnica à iniciativa de sua proposta orçamentária
Procuradoria Geral do Estado.* dentro dos limites estabelecidos na lei de
* Redação dada pela Emenda à diretrizes orçamentárias, cujo
Constituição Estadual nº 07, de 18 de encaminhamento compete ao Defensor
janeiro de 1999. (Texto original em adendo) Público-Geral.*
Art. 141. A Procuradoria Geral do Estado § 2º A Defensoria Pública promoverá, em
será dirigida por um juízo ou fora dele, a defesa dos direitos e as
Procurador-Geral, nomeado em comissão garantias fundamentais de todo cidadão,
pelo Governador, dentre cidadãos maiores especialmente dos carentes,
de trinta e cinco anos, de notável saber desempregados, vítimas de perseguição
jurídico e reputação ilibada, depois de política, violência policial ou daqueles cujos
aprovada a escolha pela Assembleia recursos sejam insuficientes para custear
Legislativa. despesas judiciais.*
Art. 142. A carreira de Procurador, a § 3º Na prestação da assistência jurídica
organização e o funcionamento da aos necessitados, a Defensoria Pública
Procuradoria Geral do Estado serão contará com a colaboração da Ordem dos
disciplinados em lei complementar, Advogados do Brasil, pelas suas comissões
dependendo o ingresso na carreira de respectivas.*
classificação em concurso público de provas * A Emenda à Constituição Estadual nº 11,
e títulos, com participação da Ordem dos de 28 de junho de 2005, acrescentou novo
Advogados do Brasil em todas as suas parágrafo a esse artigo, o qual passou a ser
fases.* o § 1º, renumerando para §§ 2º e 3º os
* Redação dada pela Emenda à antigos §§ 1º e 2º.
Constituição Estadual nº 09, de 28 de maio Art. 145. Lei Complementar organizará a
de 2003. Defensoria Pública em cargos de carreira,
(Texto original em adendo) providos na classe inicial, mediante
§ 1º Os cargos de Procurador da Fazenda concurso público de provas e títulos, dentre
Estadual que estejam atualmente ocupados brasileiros, bacharéis em direito, inscritos
ficam transformados nos de Procurador do regularmente na Ordem dos Advogados do
Estado, 72 passando a integrar o quadro da Brasil.*
Procuradoria Geral do Estado, deles §1° O Defensor Público-Geral será nomeado
automaticamente acrescidos nas classes pelo Governador e escolhido, dentre os
correspondentes.* integrantes da carreira com mais de 35
§ 2º Aos Procuradores da Fazenda anos de idade, de73lista tríplice composta
Estadual, que passam a integrar a carreira pelos candidatos mais votados pelos
de Procurador do Estado, nas respectivas Defensores Públicos, no efetivo exercício de
classes, fica assegurado o exercício das suas funções.*
funções de representação judicial, * Redação dada pela Emenda à
consultoria e assessoramento jurídico do Constituição Estadual nº 11, de 28 de
Estado em matéria tributária, salvo opção junho de 2005.
do Procurador em sentido diverso, (Texto original em adendo)
observado o interesse do serviço público.* § 2º Aos integrantes da carreira de Defensor
* §§ 1º e 2º introduzidos pela Emenda à Público é assegurada a garantia de
Constituição Estadual nº 09, de 28 de maio inamovibilidade e vedado o exercício da
de 2003. advocacia fora das atribuições
Art. 143. Os subsídios dos cargos de institucionais.
Procurador do Estado serão fixados com
diferença não superior a dez por cento, e SEÇÃO IV
inferior a cinco por cento, de uma classe 7.2.7 Da Segurança Pública
para outra, observado o que dispõe o art.
39, § 4º, da Art. 146. A segurança pública, dever do
Constituição Federal.* Estado, direito e responsabilidade de todos,
* Redação dada pela Emenda à é exercida para preservação da ordem
Constituição Estadual nº 07, de 18 de pública e da incolumidade das pessoas e do
janeiro de 1999. (Texto original em adendo) patrimônio.*
* Redação dada pela Emenda à
SEÇÃO III Constituição Estadual nº 07, de 18 de
7.2.6 Da Defensoria Pública janeiro de
1999. (Texto original em adendo)
Art. 144. A Defensoria Pública é instituição § 1º Lei disciplinará a organização e
essencial à função jurisdicional do Estado, funcionamento dos órgãos responsáveis
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a pela segurança pública, cujas atividades
defesa, em todos os graus, dos serão concentradas num único órgão de
necessitados. administração, em nível de Secretaria de
§1° À Defensoria Pública é assegurada a Estado, de modo a garantir sua eficiência.
autonomia funcional, administrativa e a

220
§ 2º Os Municípios poderão constituir comandada por oficial da ativa da
guardas municipais destinadas à proteção corporação, do último posto do quadro de
de seus bens, serviços e instalações, na oficiais policiais militares, nomeado pelo
forma da lei. Governador.
§ 3º Os órgãos de segurança pública, além Art. 148-A - O Corpo de Bombeiros Militar
dos cursos de formação, realizarão da Bahia, força auxiliar e reserva do
periódica reciclagem para aperfeiçoamento, Exército, organizado com base na
avaliação e progressão funcional dos seus hierarquia e disciplina, é órgão integrante
servidores. do sistema de segurança pública, ao qual
§ 4º Os órgãos de segurança pública serão compete as seguintes atividades:*
assessorados e fiscalizados pelo Conselho I - defesa civil;*
de Segurança Pública estruturado na forma II - prevenção e combate a incêndios e a
da lei, guardando-se proporcionalidade situações de pânico;*
relativa à respectiva representação. III - busca, resgate e salvamento de pessoas
§ 5º (....)* e bens a cargo do Corpo de Bombeiros
* Revogado pela Emenda à Constituição Militar;*
Estadual nº 07, de 18 de janeiro de 1999. IV - instrução e orientação de bombeiros
(Texto original em adendo) voluntários, onde houver;*
§ 6º A polícia técnica será dirigida por V - polícia judiciária militar, a ser exercida
perito, cargo organizado em carreira, cujo em relação a seus integrantes, na forma da
ingresso depende de concurso público de lei federal.*
provas e títulos. Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros
Art. 147. À Polícia Civil, dirigida por Militar da Bahia será comandado por oficial
Delegado de carreira, incumbe,ressalvada a da ativa da Corporação, do último posto do
competência da União, as funções de polícia Quadro de Oficiais Bombeiros Militares,
judiciária e a apuração de infrações penais, nomeado pelo Governador.*
exceto as militares. * Art. 148-A introduzido pela Emenda à
Parágrafo único. O cargo de Delegado, Constituição Estadual nº 20, de 30 de
privativo de bacharel em direito, será junho de 2014.
estruturado em carreira, dependendo a
investidura de concurso de provas e títulos, GABARITO
com a participação do Ministério Público e
da Ordem dos Advogados do Brasil.74 EXERCÍCIO I EXERCÍCIO II
Art. 148. À Polícia Militar, força pública
1- Certo 1–E
estadual, instituição permanente,
organizada com base na hierarquia e 2- Certo 2 – Certo
disciplina militares, compete, entre outras, 3- Certo 3 – Certo
as seguintes atividades: 4 – Certo
4- Certo
I - polícia ostensiva de segurança, de
5- Errado 5 – Certo
trânsito urbano e rodoviário, de florestas e
mananciais e a relacionada com a 6- Errado 6 - Errado
prevenção criminal, preservação e 7- Certo 7 – Certo
restauração da ordem pública;* 8-E
8- B
* Redação dada pela Emenda à
Constituição Estadual nº 20, de 30 de 9- C
junho de 10- E
2014. (Texto original em adendo)
II - (....)*
* Revogado pela Emenda à Constituição
Estadual nº 20, de 30 de junho de 2014. EXERCÍCIO III EXERCÍCIO IV
(Texto original em adendo)
1–C 1-E
III – a instrução e orientação das guardas
municipais, onde houver; 2–E 2-D
IV - a polícia judiciária militar, a ser 3–B 3-A
exercida em relação a seus integrantes, na 4-A
4–E
forma da lei federal;*.
5–B 5-B
* Redação dada pela Emenda à
Constituição Estadual nº 20, de 30 de 6–E 6-C
junho de 2014. (Texto original em adendo) 7-B
V – a garantia ao exercício do poder de 8-C
polícia dos órgãos públicos, especialmente
os da área fazendária, sanitária, de
proteção ambiental, de uso e ocupação do
solo e do patrimônio cultural.
Parágrafo único. A Polícia Militar, força
auxiliar e reserva do Exército, será

221
Direitos Humanos

1. Precedentes históricos.
1.1 Direito humanitário.
1.2 Liga das nações.
1.3 Organização Internacional do Trabalho (OIT).
_ Campanha no combate ao silencioso assédio moral.
2. A Declaração Universal dos Direitos Humanos/ 1948.
3. Convenção Americana sobre Direitos Humanos/ 1969.
3.1 Pacto de São José da Costa Rica (arts. 1º ao 32).
4. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (art. 1º ao 15).
5. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/ 1966 (arts. 1º ao 27).
6. Combate à Violência de Gênero (Lei Maria Da Penha) Conceito de Gênero e sua
Influência na Execução de Crimes Contra Mulheres.

7. Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos.

222
1. PRECEDENTES HISTÓRICOS

1.1 Considerações Iniciais


O cenário mundial a partir do ano de 1945 foi marcado por uma situação bastante catastrófica advinda de guerra. Mas com o fim da Guerra,
ocorre uma reorganização do mapa político europeu. Os Impérios Alemão, Austro-Húngaro Otomano e Russo deixam de existir; Polônia,
Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia, Hungria e Tcheco-Eslováquia tornam-se independentes; a Iugoslávia surge da união da Sérvia com
Motenegro. As condições extorsivas impostas pelo Tratado de Versalhes à Alemanha (perda de todas as colônias e partes de seu território,
pagamento de indenizações gigantescas, proibição de formação do Exército regular, etc. ) foram o germe do regime totalitário nazista e uma
das causas da Segunda Guerra Mundial. Em relação às perdas humanas, é preciso ressaltar que dos 65 milhões de homens envolvidos na luta,
mais de 8 milhões morreram, 20 milhões ficaram feridos e 5 milhões desapareceram. Além disso, 9 milhões de civis são mortos em
consequência da fome, epidemias e massacres. É esse o quadro degradante que encontramos ao fim da Primeira Guerra Mundial e que
servirá de palco para o desenvolvimento dos precedentes históricos da moderna sistematização dos direitos humanos. Precedentes históricos
da moderna sistematização de proteção internacional dos direitos humanos Para a internacionalização dos direitos humanos, era necessária
uma redefinição do âmbito e alcance do conceito tradicional de soberania estatal, exigindo ainda uma redefinição do próprio status do
indivíduo no cenário mundial, para que fosse alçado à categoria de sujeito de direito internacional. Nesse sentido, o Direito Humanitário, a
Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho foram marcos do processo de internacionalização dos Direitos Humanos. É isso
que nos propomos a analisar nas linhas seguintes, com destaque para a Liga das Nações, de especial enfoque nesse estudo.

1.2 Direito Humanitário

O Direito Humanitário ou Direito Internacional da Guerra desenvolveu-se com o objetivo de limitar a atuação do Estado e assegurar a
observância dos direitos fundamentais, colocando sob sua tutela militares fora de combate (por ferimentos, doença, naufrágio ou prisão)
e populações civis.
Com aplicação tanto em conflitos internacionais quanto civis, o Direito Humanitário impõe regulamentação jurídica do emprego da
violência internacionalmente, referindo-se a questões de extrema necessidade, em que se faz necessário o confronto com um poder
exterior.
Assim, o Direito Humanitário figurou como a primeira expressão de limites à liberdade e autonomia dos Estados.

1.3 Liga das Nações

A criação de um organismo internacional de manutenção da paz já vinha sendo pensada por trabalhos jurídicos e filosóficos precedentes,
mas a primeira fonte da Liga das Nações foi mesmo a proposta na Conferência de Paz em Paris, em 1919, no Pós-Primeira Guerra.
Criada em 1920, a Liga das Nações "tinha como finalidade promover a cooperação, paz e segurança internacional, condenando
agressões externas contra a integridade territorial e a independência política de seus membros." A Convenção da Liga das Nações
ainda estabelecia sanções econômicas e militares a serem impostas pela comunidade internacional contra os Estados que violassem
suas obrigações, o que representou uma redefinição do conceito de soberania estatal absoluta. É bem verdade que a noção de
proteção internacional dos direitos humanos não tinha ainda ganho efetiva aceitação pela comunidade das nações, nem seriamente
sido tratada pela Convenção que instituiu a Liga das Nações, mas podem ser destacadas certas previsões genéricas a respeito do
Direito Internacional dos Direitos Humanos, como o sistema de mandatos, o padrão internacional do trabalho e o sistema de minorias.
Padrão Internacional do trabalho
Uma outra provisão da Convenção da Liga das Nações, em seu artigo 23 versava sobre questões relacionadas às "condições justas e
humanas de trabalho para homens, mulheres e crianças." Também visava ao estabelecimento de organizações internacionais com o
mesmo objetivo. Essa função foi posteriormente assumida pela Organização Internacional do Trabalho, que teve sua fundação quase
ao mesmo tempo que a Liga das Nações . A OIT sobreviveu à Liga das Nações e é agora uma das Agências especializadas das Nações
Unidas. As atividades legislativas e a supervisão estabelecida pela OIT para promover e monitorar a obediência aos padrões
internacionais de trabalho tem, ao longo dos anos, contribuído enormemente para a melhoria das condições de trabalho e para o
desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos.
1.4 Sistema de minorias
A Liga das Nações também teve papel de grande importância no desenvolvimento de uma sistemática internacional para
a proteção das minorias.
Como sabemos, uma das consequências da Primeira Guerra Mundial foi o remapeamento político europeu, com a
formação de novos Estados constituídos por uma grande variedade de grupos étnicos, linguísticos e religiosos. A partir
daí, firmava-se a necessidade da conclusão de tratados especiais destinados à proteção das minorias.
Nesses tratados, os Estados se comprometiam a não discriminar membros de grupos minoritários e a garantir-lhes
direitos especiais necessários à preservação de sua integridade étnica, religiosa ou linguística.
A Liga das Nações passou a ser a guardiã dos compromissos assumidos pelos Estados nos tratados, exercendo essa
função a partir de um sistema de petições a ser utilizado por membros dos grupos minoritários quando da violação de
seus direitos.
É importante reconhecer que algumas das instituições modernas de Direitos Humanos guardam considerável
semelhança com as instituições primeiramente desenvolvidas pela Liga das Nações para a administração do sistema de
minorias.

1.5 Organização Internacional do Trabalho (OIT)


A Organização Internacional do Trabalho foi criada após a Primeira Guerra Mundial com o objetivo de promover padrões
internacionais de condições de trabalho e bem-estar.
A OIT teve importante papel, influenciando a adoção de uma série de novos documentos internacionais no ramo da proteção ao
trabalho. Nos sessenta anos posteriores à sua criação, foi promulgada uma centena de Convenções, pelas quais os Estados–partes
comprometem-se a assegurar dignas condições de trabalho.

223
ATENÇÃO!!!!

Campanha no combate ao silencioso assédio moral

O trabalhador assediado começa a perder a confiança em si, na sua competência, na sua qualidade profissional. Passa a sentir-se culpado,
perde a estima de si. A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador de modo direto, comprometendo sua
identidade, dignidade e relações afetivas e sociais. Ocasionam graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a
incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de
trabalho.
Contra tal ato, é cabível mover ação indenizatória, com base no art. 1º da Constituição Federal, que assegura a dignidade da pessoa
humana.
No âmbito federal, encontra-se em tramitação o Projeto de Lei nº 4742/2001, o qual introduz o artigo 136-A no Código Penal, tornando
crime o assédio moral. No mesmo caminho, o Ministério do Trabalho vem, desde 1995, desenvolvendo o Programa para Implementação
da Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação. "Uma das medidas adotadas para o
combate às práticas discriminatórias foi a criação de Núcleos de Promoção da Igualdade de Oportunidades e de Combate à Discriminação
no Emprego e na Profissão através das Delegacias Regionais do Trabalho", conta Daniela.
Esses núcleos têm como objetivo principal desenvolver ações para eliminar as desigualdades, combatendo as distintas formas de
discriminação no mercado de trabalho e buscar articulação com os diversos atores sociais para a realização de ações de promoção da
igualdade de oportunidades.

• OIT aprova atualização da Convenção sobre Trabalho Forçado

• Decreto 7944/13 | Decreto nº 7.944, de 6 de Março de 2013


Conclusão

A Liga das Nações (juntamente com o Direito Humanitário e a OIT) marca a projeção do Direito Internacional ao alcance de
obrigações coletivas por parte dos Estados, visando à defesa dos direitos humanos e, portanto, ultrapassando o âmbito
simplesmente governamental.

2. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma "resolução". Juridicamente, ela só tem uma força moral.
Para dar uma forma jurídica obrigatória, ela foi completada por dois pactos internacionais em 1976: - o Pacto Internacional
relativo aos Direitos Econômicos e Culturais; - o Pacto Internacional relativo aos direitos civis e políticos.
Os direitos econômicos e sociais entre os quais figuram: - direito ao trabalho (art. 23); - direito ao repouso (art. 24); - direito a
um nível de vida suficiente (art. 25); - direito à seguridade em caso de doença, invalidez... (art. 25).
A proteção internacional dos direitos: segundo o artigo 28, "toda pessoa tem direito contra os diligentes, no plano social e no
plano internacional, a uma ordem tal que os direitos e liberdades enunciados na presente declaração possam aí encontrar
pleno efeito".
Os direitos e os deveres: a noção de direito é acompanhada de uma noção importante, aquela de dever face à comunidade.
O papel da educação: o ensino e a educação são apresentados no preâmbulo como os instrumentos necessários ao progresso.
Quanto ao conteúdo da Declaração Universal os mencionados autores, logo adiante, dizem o seguinte: A Declaração Universal
dos Direitos Humanos se compõe de um preâmbulo e de trinta artigos.
Passemos ao texto.
PREÂMBULO
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e
inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a
consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos
do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem;
Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não
seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem,
na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a
favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações
Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a
tal compromisso:
A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os
povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no
espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover,
por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos
tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

224
Artigo 1°: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2°: Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção
alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político,
jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela,
autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3°: Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°: Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas,
são proibidos.
Artigo 5°: Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6°: Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
Artigo 7°: Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a proteção
igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8°: Toda pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os
direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°: Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10°: Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja eqüitativa e publicamente julgada por um
tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria
penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11: Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente
provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas. Ninguém
será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito
interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que
o ato delituoso foi cometido.
Artigo 12: Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua
correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a
proteção da lei.
Artigo 13: Toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. Toda a
pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14: Toda pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. Este direito
não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades
contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 15: Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua
nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16: A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de
raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais. O casamento
não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. A família é o elemento natural e fundamental
da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.
Artigo 17: Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua
propriedade.
Artigo 18: Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade
de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum,
tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19: Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado
pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer
meio de expressão.
Artigo 20: Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte
de uma associação.
Artigo 21: Toda pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país, quer diretamente, quer por
intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às
funções públicas do seu país. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo
equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22: Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação
dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de
harmonia com a organização e os recursos de cada país.
Artigo 23: Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho
e à proteção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. Quem
trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme
com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. Toda a pessoa tem o
direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24: Toda pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho
e às férias periódicas pagas.
Artigo 25: Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais
necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de

225
perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. A maternidade e a infância têm direito a
ajuda e à assistência especial. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.
Artigo 26: Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino
elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso
aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. A educação deve visar à
plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. Aos pais pertence a prioridade do direito de
escolher o gênero de educação a dar aos filhos.
Artigo 27: Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de
participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam. Todos têm direito à protecção dos interesses morais e
materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28: Toda pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar Artigo
29°: O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua
personalidade. No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas
pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de
satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática. Em caso algum estes
direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30: Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado,
agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os
direitos e liberdades aqui enunciados.

QUESTÕES
1)De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948, é INCORRETO afirmar que
(A) toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.
(B) toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
(C) o direito de procurar e de gozar asilo em outros países não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum.
(D) a liberdade de opinião e expressão não inclui a liberdade de receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios
e independentemente de fronteiras.
(E) o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião inclui a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

2) Marque a alternativa que NÃO está de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(A) Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas
remuneradas.

(B) Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do
direito de mudar de nacionalidade.

(C) Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em
relação umas às outras com espírito de fraternidade.

(D) Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. Este direito pode ser
invocado mesmo em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos
propósitos e princípios das Nações Unidas.
3) A Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser caracterizada, primeiramente por sua amplitude, compreendendo
um conjunto de direitos e faculdades, sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua personalidade física, moral e
intelectual. Em segundo lugar, pela universalidade, aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos,
seja qual for o regime político dos territórios nos quais incide. Assinale abaixo a assertiva que é CONTRÁRIA ao enunciado
acima:
(A) Como uma plataforma comum de ação, a Declaração foi adotada em 10 de dezembro de 1948, pela aprovação de 48
Estados, com 8 abstenções.

(B) Objetiva delinear uma ordem pública mundial fundada no respeito à dignidade da pessoa humana, para orientar o
desenvolvimento de uma raça humana superior.

(C) Introduz a indivisibilidade dos direitos humanos, ao conjugar o catálogo dos direitos civis e políticos, com o dos
direitos econômicos, sociais e culturais.

(D) Teve imediatamente, após a sua adoção, grande repercussão moral ao despertar nos povos a consciência de que o
conjunto da comunidade humana se interessava pelo seu destino.

3. CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITO HUMANOS/ 1969 (PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA)
PREÂMBULO

226
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de
liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais;
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado,
mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção
internacional, de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados
americanos;
Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e
desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial como regional;
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano
livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos
econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e Considerando que a Terceira Conferência
Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à própria Carta da Organização de normas mais
amplas sobre os direitos econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos
Humanos determinasse a estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;
Convieram no seguinte:
PARTE I
DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
Capítulo I
ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor,
sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica,
nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo
1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar,
de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra
natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.
Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o
momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em
cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada
antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos.
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser
concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a
autoridade competente.
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente.
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a
tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado,
com a maior rapidez possível, para seu tratamento.
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres
são proibidos em todas as suas formas.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos
delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido
de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a
dignidade, nem a capacidade física e intelectual do recluso.
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo:

227
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal
expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle
das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias
ou pessoas jurídicas de caráter privado;
b) serviço militar e, nos países em que se admite a
isenção por motivo de consciência, qualquer serviço
nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;
c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor
que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio,
normais. nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas
pessoais. ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo fatos;
pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem
Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de a confessar-se culpada; e
acordo com elas promulgadas. h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
encarceramento arbitrários. nenhuma natureza.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado
razões da detenção e notificada, sem demora, da acusação não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos
ou das acusações formuladas contra ela. fatos.
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for
sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade necessário para preservar os interesses da justiça.
autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade
de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que,
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua no momento em que foram cometidos, não constituam
liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-
o seu comparecimento em juízo. se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a
um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, lei estipular a imposição de pena mais leve, o deliquente
sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e deverá dela beneficiar-se.
ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Artigo 10 - Direito à indenização
Nos Estados-partes cujas leis prevêem que toda pessoa que Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no
se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a caso de haver sido condenada em sentença transitada em
recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este julgado, por erro judiciário.
decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao
interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa. reconhecimento de sua dignidade.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou
limita os mandados de autoridade judiciária competente abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu
expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais
alimentar. à sua honra ou reputação.
Artigo 8º - Garantias judiciais 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas ingerências ou tais ofensas.
garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião
Tribunal competente, independente e imparcial, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua
ou de qualquer outra natureza. religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se em público como em privado.
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente 2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que
comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e
língua do juízo ou tribunal; que se façam necessárias para proteger a segurança, a
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as
acusação formulada; liberdades das demais pessoas.
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à 4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que
preparação de sua defesa; seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser que esteja de acordo com suas próprias convicções.
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão
livremente e em particular, com seu defensor; 1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de
expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar,

228
receber e difundir informações e idéias de qualquer 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou contraírem casamento e de constituírem uma família, se
por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis
qualquer meio de sua escolha. internas, na medida em que não afetem estas o princípio da
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades 3. O casamento não pode ser celebrado sem o
ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e consentimento livre e pleno dos contraentes.
que se façam necessárias para assegurar: 4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; para assegurar a igualdade de direitos e a adequada
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao
da saúde ou da moral públicas. casamento, durante o mesmo e por ocasião de sua
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas as
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou disposições que assegurem a proteção necessária aos filhos,
particulares de papel de imprensa, de frequências com base unicamente no interesse e conveniência dos
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na mesmos.
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do
opiniões. casamento.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura Artigo 18 - Direito ao nome
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus
para proteção moral da infância e da adolescência, sem pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de
prejuízo do disposto no inciso 2. assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem for necessário.
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que Artigo 19 - Direitos da criança
constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua
crime ou à violência. condição de menor requer, por parte da sua família, da
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta sociedade e do Estado.
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou Artigo 20 - Direito à nacionalidade
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado
geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua em cujo território houver nascido, se não tiver direito a
retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei. outra.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua
outras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
nacionalidade, nem do direito de mudá-la.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda
publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio Artigo 21 - Direito à propriedade privada
ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não seja 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens.
protegida por imunidades, nem goze de foro especial. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse
Artigo 15 - Direito de reunião social.
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens,
exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições salvo mediante o pagamento de indenização justa, por
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos
sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional,
casos e na forma estabelecidos pela lei.
da segurança ou ordem públicas, ou para proteger a saúde
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de
ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais
pessoas. exploração do homem pelo homem, devem ser
Artigo 16 - Liberdade de associação reprimidas pela lei.
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente Artigo 22 - Direito de circulação e de residência
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de
trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele
outra natureza. residir, em conformidade com as disposições legais.
2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma país, inclusive de seu próprio país.
sociedade democrática, ao interesse da segurança nacional, 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser
da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde restringido, senão em virtude de lei, na medida
ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir
pessoas. infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a
3. O presente artigo não impede a imposição de restrições segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas,
legais, e mesmo a privação do exercício do direito de ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
associação, aos membros das forças armadas e da polícia. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
Artigo 17 - Proteção da família também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por
1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e motivo de interesse público.
deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.

229
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos,
for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar. reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios
um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser apropriados.
expulso em decorrência de decisão adotada em Capítulo IV
conformidade com a lei. SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em Artigo 27 - Suspensão de garantias
território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra
políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo emergência que ameace a independência ou segurança do
com a legislação de cada Estado e com as Convenções Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
internacionais. medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o
violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma
condição social ou de suas opiniões políticas. fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. origem social.
Artigo 23 - Direitos políticos 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao
oportunidades: reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida),
a) de participar da condução dos assuntos públicos, 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e
diretamente ou por meio de representantes livremente da servidão), 9 (princípio da legalidade e da retroatividade),
eleitos; 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto (direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das
secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.
eleitores; e 3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às direito de suspensão deverá comunicar imediatamente aos
funções públicas de seu país. outros Estados-partes na presente Convenção, por
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados
a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido,
de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, os motivos determinantes da suspensão e a data em que
capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz haja dado por terminada tal suspensão.
competente, em processo penal. Artigo 28 - Cláusula federal
Artigo 24 - Igualdade perante a lei 1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, Estado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte
têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da cumprirá todas as disposições da presente Convenção,
lei. relacionadas com as matérias sobre as quais exerce
Artigo 25 - Proteção judicial competência legislativa e judicial.
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou 2. No tocante às disposições relativas às matérias que
a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou correspondem à competência das entidades componentes
tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente
seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição, as medidas pertinentes, em conformidade com sua
pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal Constituição e com suas leis, a fim de que as autoridades
violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no competentes das referidas entidades possam adotar as
exercício de suas funções oficiais. disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
2. Os Estados-partes comprometem-se: 3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir
a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo entre eles uma federação ou outro tipo de associação,
sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário
pessoa que interpuser tal recurso; respectivo contenha as disposições necessárias para que
b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e continuem sendo efetivas no novo Estado, assim organizado,
c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades as normas da presente Convenção.
competentes, de toda decisão em que se tenha considerado Artigo 29 - Normas de interpretação
procedente o recurso. Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser
Capítulo III interpretada no sentido de:
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou
Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo indivíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em
providências, tanto no âmbito interno, como mediante maior medida do que a nela prevista;
cooperação internacional, especialmente econômica e b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer
efetividade dos direitos que decorrem das normas dos Estados-partes ou em virtude de Convenções em que
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, seja parte um dos referidos Estados;

230
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser (A) ninguém poderá ser condenado ou sentenciado,
humano ou que decorrem da forma democrática sem o devido processo legal.
representativa de governo;
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a (B) só é lícito o uso de algemas em casos de resistência
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e e de fundado receio de fuga ou de perigo à
outros atos internacionais da mesma natureza. integridade física própria ou alheia, por parte do
Artigo 30 - Alcance das restrições preso ou de terceiros.
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao
gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, (C) não haverá penas cruéis e não será tolerada a
não podem ser aplicadas senão de acordo com leis que tortura no Brasil.
forem promulgadas por motivo de interesse geral e com o
propósito para o qual houverem sido estabelecidas. (D) é proibida a pena de morte no Brasil, exceto em
Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos tempo de guerra.
Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta
Convenção, outros direitos e liberdades que forem (E) é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos que seja a modalidade do depósito.
artigo 69 e 70.
Capítulo V 3) Assinale a alternativa cuja afirmação está de acordo com o
DEVERES DAS PESSOAS Pacto de San José da Costa Rica no que se refere à prisão
Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos civil.
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a
(A) É vedado todo e qualquer tipo de prisão civil por
comunidade e a humanidade.
dívidas.
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do
(B) É permitida para os casos de descumprimento de
bem comum, em uma sociedade democrática.
obrigação em contrato de depósito.

QUESTÕES (C) É permitida por ordem judicial ou administrativa na


1) O sistema internacional de proteção dos direitos humanos hipótese de devedor que descumpre acordo de
pode apresentar diferentes âmbitos de aplicação, daí poder pagamento de pensão alimentícia devida aos
se falar de sistemas global e regional. O instrumento de filhos.
maior importância no sistema interamericano é a Convenção
Americana de Direitos Humanos, também denominada Pacto (D) Ela é permitida por ordem judicial em razão de
de San José da Costa Rica que inadimplemento de obrigação alimentar.

(A) foi assinada em San José, Costa Rica, em 1969, (E) É permitida nas hipóteses de inadimplemento de
tendo como Estados-membros todos os países das obrigação alimentar e de depositário infiel.
Américas do Norte, Central e do Sul, que queiram
participar. 4. PACTO INTERCIONAL DOS DIREITOS
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
(B) substancialmente reconhece e assegura um
PREÂMBULO
catálogo de direitos civis, políticos, econômicos,
Os Estados Partes do presente pacto,
sociais e culturais, garantindo-lhes a plena
Considerando que, em conformidade com os princípios
realização.
proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento
(C) exige dos governantes dos Estados signatários da dignidade inerente a todos os membros da família
estritamente obrigações de natureza negativas, humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o
como por exemplo o dever de não torturar um fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
indivíduo. Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade
inerente à pessoa humana,
(D) em face dos direitos constantes no texto, cada Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração
Estado-parte deve respeitar e assegurar o livre e pleno Universal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano
exercício desses direitos e liberdades, sem qualquer livre, liberto do temor e da miséria, não pode ser realizado a
discriminação. menos que se criem condições que permitam a cada um
gozar de seus direitos econômicos, sociais e culturais, assim
2) A Convenção Americana de Direitos Humanos, também como de seus direitos civis e políticos,
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, aprovada e Considerando que a Carta das nações Unidas impõe aos
assinada em 22.11.1969, é um marco fundamental no Estados a obrigação de promover o respeito universal e
sistema interamericano de proteção dos direitos humanos e efetivo dos direitos e das liberdades do homem,
entrou em vigor em 18.07.1978. Sua aplicação no Brasil Compreendendo que o indivíduo por ter deveres para com
acabou por gerar súmula vinculante do Supremo Tribunal seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence,
Federal (Súmula Vinculante n.º 25, DOU de 23.12.2009), que, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos
em relação aos direitos humanos, decidiu que direitos reconhecidos no presente Pacto,
Acordam o seguinte:
PARTE I

231
Artigo 1º regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau.
virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto PARTE III
político e asseguram livremente seu desenvolvimento Artigo 6º
econômico, social e cultural. 1. Os Estados Partes do Presente Pacto reconhecem o direito
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter
podem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho
naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da livremente escolhido ou aceito, e tomarão medidas
cooperação econômica internacional, baseada no princípio apropriadas para salvaguarda esse direito. 2. As medidas que
do proveito mútuo, e do Direito internacional. Em caso cada Estado parte do presente pacto tomará a fim de
algum, poderá um povo ser privado de seus meios de assegurar o pleno exercício desse direito deverão incluir a
subsistência. orientação e a formação técnica e profissional, a elaboração
3. Os Estados partes do presente pacto, inclusive aqueles de programas, normas e técnicas apropriadas para assegurar
que tenham a responsabilidade de administrar territórios um desenvolvimento econômico, social e cultural constante
não-autônomos e territórios sob tutela, deverão promover o e o pleno emprego produtivo em condições que
exercício do direito à autodeterminação e respeitar esse salvaguardem aos indivíduos o gozo das liberdades políticas
direito, em conformidade com as disposições da Carta das e econômicas fundamentais.
nações unidas. Artigo 7º
PARTE II Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito
Artigo 2º de toda pessoa de gozar de condições de trabalho justas e
1. Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem-se favoráveis, que assegurem especialmente:
a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos
assistência e cooperação internacionais, principalmente nos os trabalhadores:
planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos i) um salário equitativo e uma remuneração igual por um
disponíveis, que visem assegura, progressivamente, por trabalho de igual valor, sem qualquer distinção; em
todos os meios apropriados, o, pleno exercício e dos direitos particular, as mulheres deverão ter a garantia de condições
reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a de trabalho não inferiores às dos homens e receber a mesma
adoção de medidas legislativa. remuneração que ele por trabalho igual;
2. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a ii) uma existência decente para eles e suas famílias, em
garantir que os direitos nele enunciados se exercerão sem conformidade com as disposições do presente Pacto.
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, b) a segurança e a higiene no trabalho;
religião, opinião política ou de outra natureza, origem c) igual oportunidade para todos de serem promovidos, em
nacional ou social, situação econômica, nascimento ou seu trabalho, á categoria superior que lhes corresponda, sem
qualquer outra situação. outras considerações que as de tempo de trabalho e
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em capacidade;
consideração os direitos humanos e a situação econômica d) o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de
nacional, poderão determinar em que medida garantirão os trabalho e férias periódicas remuneradas, assim como a
direitos econômicos reconhecidos no presente Pacto àqueles remuneração dos feridos.
que não sejam seus nacionais. Artigo 8º
Artigo 3º
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
Os Estados partes do presente pacto comprometem-se a
garantir:
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos
os direitos econômicos, sociais e culturais enunciados no a) O direito de toda pessoa de fundar com outras,
presente pacto. sindicatos e de filiar-se ao sindicato de escolha, sujeitando-se
Artigo 4º unicamente aos estatutos da organização interessada, com o
Os Estados partes do presente Pacto reconhecem que, no objetivo de promover e de proteger seus interesses
exercício dos direitos assegurados em conformidade com o econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser
presente Pacto pelo Estado, este poderá submeter tais objeto das restrições previstas em lei e que sejam
direitos unicamente às limitações estabelecidas em lei, necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da
somente na medida compatível com a natureza desses segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os
direitos e exclusivamente com o objetivo de favorecer o direitos e as liberdades alheias;
bem-estar geral em uma sociedade democrática.
Artigo 5º b) O direito dos sindicatos de formar federações ou
1. nenhuma das disposição do presente Pacto poderá ser confederações nacionais e o direito destas de formar
interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo organizações sindicais internacionais ou de filiar-se às
ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer mesmas.
atividades ou de praticar quaisquer atos que tenham por
objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas
presente Pacto ou impor-lhes limitações mais amplas do que atividades, sem quaisquer limitações além daquelas previstas
aquelas nele prevista. em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade
2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos democrática, no interesse da segurança nacional ou da
direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades
em qualquer País em virtude de leis, convenções, das demais pessoas:

232
d) O direito de greve, exercido de conformidade com as leis b) Assegurar uma repartição equitativa dos recursos
de cada país. alimentícios mundiais em relação às necessidades, levando-
se em conta os problemas tanto dos países importadores
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a quanto dos exportadores de gêneros alimentícios.
restrições legais o exercício desses direitos pelos membros Artigo 12
das forças armadas, da política ou da administração pública. 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá de toda pessoa desfrutar o mais elevado nível possível de
que os Estados Partes da Convenção de 1948 da Organização saúde física e mental.
Internacional do Trabalho, relativa à liberdade sindical, 2. As medidas que os Estados partes do presente Pacto
venha a adotar medidas legislativas que restrinjam - ou a deverão adotar com o fim de assegurar o pleno exercício
aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas na desse direito incluirão as medidas que se façam necessárias
referida Convenção. para assegurar:
Artigo 9º a) a diminuição da mortalidade infantil, bem como o
OS Estados Partes do presente Pacto de toda pessoa à desenvolvimento são das crianças;
previdência social, inclusive ao seguro social. b) a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e
Artigo 10 do meio ambiente;
Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: 1. c) a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas,
Deve-se conceder à família, que é o elemento natural e endêmicas, profissionais e outras, bem como a luta contra
fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e essas doenças;
assistência possíveis, especialmente para a sua constituição e d) a criação de condições que assegurem a todos assistência
enquanto ela for responsável pela pela criação e educação médica e serviços médicos em caso de enfermidade.
dos filhos. O matrimônio deve ser contraído com livre Artigo 13
consentimento dos futuros cônjuges. 1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito
2. Deve-se conceder proteção às mães por um período de de toda pessoa à educação. Concordam em que a educação
tempo razoável antes e depois do parto. Durante esse deverá visar o pleno desenvolvimento da personalidade
período, deve-se conceder às mães que trabalhem licença humana e do sentido de sua dignidade e fortalecer o
remunerada ou licença acompanhada de benefícios respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais.
previdenciários adequados. Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas
3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de as pessoas a participar efetivamente de uma sociedade livre,
assistência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre
distinção por motivo i de filiação ou qualquer outra todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou
condição. Devem-se proteger as crianças e adolescentes religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em
contra a exploração econômica e social. O emprego de prol da manutenção da paz.
crianças e adolescentes em trabalhos que lhes sejam nocivos 2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que,
à saúde ou que lhes façam correr perigo de vida, ou ainda com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:
que lhes venham a prejudicar o desenvolvimento normal, a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível
será punido por lei. gratuitamente a todos;
Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob b) a educação secundária em suas diferentes formas,
os quais fique proibido e punido por lei o emprego inclusive a educação secundária técnica e profissional,
assalariado da mão-de-obra infantil. deverá ser generalizada e tornar-se acessível a todos, por
Artigo 11 todos os meios apropriados e, principalmente, pela
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito implementação progressiva do ensino gratuito;
de toda pessoa a nível de vida adequado para si próprio e c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se
sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por
adequadas, assim como a uma melhoria contínua de suas todos os meios apropriados e, principalmente, pela
condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas implementação progressiva do ensino gratuito;
apropriadas para assegurar a consecução desse direito, d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível,
reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da a educação de base para aquelas que não receberam
cooperação internacional fundada no livre consentimento. educação primária ou não concluíram o ciclo completo de
educação primária;
2. Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de
direito fundamental de toda pessoa de estar protegida uma rede escolar em todos os níveis de ensino,
contra a fome, adotarão, individualmente e mediante implementar-se um sistema de bolsas estudo e melhorar
cooperação internacional, as medidas, inclusive programas continuamente as condições materiais do corpo docente.
concretos, que se façam necessárias para: 1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
a) melhorar os métodos de produção, conservação e respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos
distribuição de gêneros alimentícios pela plena utilização dos tutores legais - de escolher para seus filhos escolas distintas
conhecimentos técnicos e científicos, pela difusão de daquelas criadas pelas autoridades públicas, sempre que
princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou
ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos
assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos venham a receber educação religiosa ou moral que seja de
recursos naturais; acordo com suas próprias convicções.

233
2. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser civis e políticos constitui o reconhecimento de que
interpretada no sentido de restringir a liberdade de a efetividade plena de tais direitos não será
indivíduos e de entidades de criar e dirigir instituições de possível de ser alcançada em curto prazo.
ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no § (B) Os direitos econômicos, sociais e culturais refletem
1° do presente artigo e que essas instituições observem os uma aspiração política da sociedade, não
padrões mínimos prescritos pelo Estado. decorrendo deles direito subjetivo exigível
Artigo 14 judicialmente.
Todo Estado Parte do presente Pacto que, no momento em (C) A efetividade dos direitos econômicos, sociais e
que se tornar Parte, ainda não tenha garantido em seu culturais decorre de sua previsão legal e não gera
próprio território ou territórios sob sua jurisdição a para o Estado a obrigação de promovê-los.
obrigatoriedade e a gratuidade da educação primária, se (D) O conceito de realização imediata dos direitos civis
compromete a elaborar e a adotar, dentro de um prazo de e políticos decorre de sua origem jusnatural,
dois anos, um plano de ação detalhados destinado à inexistindo obrigação estatal decorrente.
implementação progressiva, dentro de um número razoável (E) O conceito de realização progressiva dos direitos
de anos estabelecidos no próprio plano, do princípio da econômicos, sociais e culturais não deve ser
educação primária obrigatória e gratuita para todos. interpretado como supressor do caráter
Artigo 15 obrigatório de promoção daqueles direitos.
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada
indivíduo o direito de: 3) O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais
a) Participar da vida cultural; e Culturais:
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações; (A) impõe a todos os Estados-partes a gratuidade da
c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e educação primária e secundária, mas não da educação
materiais decorrentes de toda a produção científica, literária universitária.
ou artística de que seja autor. (B) reconhece implicitamente o direito à proteção contra a
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto fome.
deverão adotar com a finalidade de assegurar o pleno (C) estabelece prazo mínimo de seis meses de licença-
exercício desse direito aquelas necessárias à conservação, ao maternidade para as mães trabalhadoras.
desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura. (D) ainda não foi ratificado pelo Brasil.
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a (E) contém disposições que concernem ao direito do
respeitar a liberdade indispensável à pesquisa científica e à trabalho.
atividade criadora.
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os 5.PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E
benefícios que derivam do fomento e do desenvolvimento
da cooperação e das ralações internacionais no domínio da
POLÍTICOS- 1966
ciência e da cultura.
Adotado pela Resolução n. 2.200 A (XXI) da Assembléia Geral
das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966 e ratificado
QUESTÕES pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992.
1 O direito à autodeterminação, de acordo com o Pacto PREÂMBULO
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Os Estados-partes no Presente Pacto,
Culturais, consiste no direito que Considerando que, em conformidade com os princípios
(A) todos os povos têm de determinar livremente seu proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento
estatuto político, assegurando livremente seu da dignidade inerente a todos os membros da família
desenvolvimento econômico, social e cultural. humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o
(B) toda pessoa tem de desfrutar de um nível de vida fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
adequado para si próprio e para sua família, inclu- Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade
sive quanto á alimentação, vestimenta e moradia. inerente à pessoa humana,
(C) toda pessoa tem de ganhar a vida mediante um Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração
trabalho livremente escolhido ou aceito. Universal dos Direitos Humanos, o ideal do ser humano livre,
(D) toda pessoa tem de gozar de condições de trabalho no gozo das liberdades civis e políticas e liberto do temor e
justas e favoráveis, sem qualquer distinção por da miséria, não pode ser realizado, a menos que se criem as
motivo de raça. cor, sexo, língua, re ligião, opinião condições que permitam a cada um gozar de seus direitos
política ou de qualquer outra natureza. civis e políticas, assim como de seus direitos econômicos,
(E) toda família tem, como núcleo natural e fundamental da sociais e culturais,
sociedade, de receber do Estado a mais ampla proteção e Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos
assistência. Estados a obrigação de promover o respeito universal e
2) Comparando-se a natureza da obrigação estatal de efetivo dos direitos e das liberdades da pessoa humana,
tornar efetivos os direitos humanos e liberdades Compreendendo que o indivíduo, por ter deveres para com
fundamentais, nos termos do Pacto Internacional dos seus semelhantes e para com a coletividade a que pertence,
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Pacto tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, é correto direitos reconhecidos no presente Pacto,
afirmar: Acordam o seguinte:
(A) O conceito de realização progressiva dos direitos PARTE I

234
§2. A disposição precedente não autoriza qualquer
Artigo 1º derrogação dos artigos 6º. 7º, 8º (parágrafos 1º e 2º), 11, 15,
§1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em 16 e 18.
virtude desse direito, determinam livremente seu estatuto §3. Os Estados-partes no presente Pacto que fizerem uso do
político e asseguram livremente seu desenvolvimento direito de derrogação devem comunicar imediatamente aos
econômico, social e cultural. outros Estados-partes no presente Pacto, por intermédio do
§2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos Secretário Geral da organização das Nações Unidas, as
podem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos disposições que tenham derrogado, bem como os motivos
naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da de tal derrogação. Os Estados-partes deverão fazer uma
cooperação econômica internacional, baseada no princípio nova comunicação igualmente por intermédio do Secretário
do proveito mútuo e do Direito Internacional. Em caso algum Geral das Nações Unidas, na data em que terminar tal
poderá um povo ser privado de seus próprios meios de suspensão.
subsistência.. Artigo 5º
§3. Os Estados-partes no presente Pacto, inclusive aqueles §1 – Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser
que tenham a responsabilidade de administrar territórios interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo
não autônomos e territórios sob tutela, deverão promover o ou indivíduo qualquer direito de deixar-se a quaisquer
exercício do direito à autodeterminação e respeitar esse atividades ou de praticar quaisquer atos que tenham por
direito, em conformidade com as disposições da Carta das objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no
Nações Unidas. presente Pacto por ou impor-lhes limitações mais amplas do
PARTE II que aquelas nele previstas.
Artigo 2º §2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos
§1. Os Estados-partes no presente Pacto comprometem-se a direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes
garantir a todos os indivíduos que se encontrem em seu em qualquer Estado-parte no presente Pacto em virtude de
território e que estejam sujeitos à sua jurisdição os direitos leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto
reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma de que o presente Pacto não os reconheça ou nos reconheça
por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política em menos grau.
ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, PARTE III
situação. Artigo 6º
§2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza § 1. O direito à vida é inerente à pessoal humana. Este direito
destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no deverá ser protegido pelas Leis. Ninguém poderá ser
presente Pacto, os Estados-partes comprometem-se a tomar arbitrariamente privado de sua vida.
as providências necessárias, com sitas a adotá-las, levando respeito à dignidade inerente à pessoa humana.
em consideração seus respectivos procedimentos § 1. O direito à vida é inerente à pessoal humana. Este direito
constitucionais e as disposições do presente Pacto. deverá ser protegido pelas Leis. Ninguém poderá ser
§3. Os Estados-partes comprometem-se a: arbitrariamente privado de sua vida.
1. garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades §2.Nos países em que a pena de morte não tenha sido
reconhecidos no presente Pacto hajam sido violados, possa abolida, esta poderá ser imposta apenas nos casos de crimes
dispor de um recurso efetivo, mesmo que a violência tenha mais graves, em conformidade coma legislação vigente na
sido perpetrada por pessoas que agiam no exercício de época em que o crime foi cometido e que não esteja em
funções oficiais; conflito com as disposições do presente Pacto, nem com a
2. garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá Convenção sobre a Prevenção e a Repressão do Crime de
seu direito determinado pela competente autoridade Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena em decorrência de
judicial, administrativa ou legislativa ou por qualquer outra uma sentença transitada em julgado e proferida por tribunal
autoridade competente prevista no ordenamento jurídico do competente.
Estado em questão e a desenvolver as possibilidades de §3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio,
recurso judicial; entende-se que nenhuma disposição do presente artigo
3. garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, autorizará qualquer Estado-parte no presente Pacto s eximir-
de qualquer decisão que julgar procedente tal recurso. se, de modo algum, do cumprimento de qualquer das
Artigo 3º obrigações que tenham assumido, em virtude das
Os Estados-partes no presente Pacto comprometem-se a disposições da Convenção sobre a Prevenção e Repressão do
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos Crime de Genocídio.
os direitos civis e políticos enunciados no presente Pacto. §4.Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir
Artigo 4º indulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a
§1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da comutação da pena poderão ser concedidos em todos os
nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados-partes casos.
no presente Pacto podem adotar, na estrita medida em que §5. Uma pena de morte não poderá ser imposta em casos de
a situação o exigir medidas que decorrem as obrigações crimes por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a
decorrente do presente Pacto, desde que tais medias não mulheres em caso de gravidez,
sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes §6. Não se poderá invocar disposição alguma de presente
sejam impostas pelo Direito Internacional e não acarretem artigo para retardar ou impedir a abolição da pena de morte
discriminação alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, por um Estado-parte no presente Pacto.
língua, religião ou origem social. Artigo 7º

235
Ninguém poderá ser submetido a tortura, nem a penas ou receber tratamento distinto, condizente com sua condição
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será de pessoas não condenadas.
proibido, sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre b) As pessoas jovens processadas deverão ser separadas das
consentimento, a experiências médicas ou científicas. adultas e julgadas o mais rápido possível.
Artigo 8º §2. O regime penitenciário consistirá em um tratamento cujo
§1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a objetivo principal seja a reforma e reabilitação moral dos
escravidão e o tráfico de escravos, em todas as suas formas, prisioneiros. Os delinqüentes juvenis deverão ser separados
ficam proibidos. dos adultos e receber tratamento condizente com sua idade
§2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. e condição jurídica.
a) ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos Artigo 11
forçados ou obrigatórios; Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir
b) a alínea "a" do presente parágrafo não poderá ser com uma obrigação contratual.
interpretada no sentido de proibir, nos países em que certos Artigo 12
crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o §1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de
cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, imposta um Estado terá o direito de nele livremente circular e
por um tribunal competente; escolher sua residência.
c) para os efeitos do presente parágrafo, não serão §2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer
considerados "trabalhos forçados ou obrigatórios": país, inclusive de seu próprio país.
1. qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea "b", §3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de
normalmente exigido de um indivíduo que tenha sido restrições, a menos que estejam previstas em lei e no intuito
encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que, de proteger a segurança nacional e a ordem, saúde ou moral
tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em liberdade públicas, bem como os direitos e liberdades das demais
condicional; pessoas, e que sejam compatíveis com os outros direitos
2. qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se reconhecidos no presente Pacto.
admite a menção por motivo de consciência, qualquer §4. Ninguém poderá ser privado arbitrariamente do direito
serviço nacional que a lei venha a exigir daqueles que se de entrar em seu próprio país.
oponham ao serviço militar por motivo de consciência; Artigo 13
3. qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de Um estrangeiro que se encontre legalmente no território de
calamidade que ameacem o bem-estar da comunidade: um Estado-parte no presente Pacto só poderá dele ser
4. qualquer trabalho ou serviço que faça parte das expulso em decorrência de decisão adotada em
obrigações cívicas normais. conformidade com a lei e, a menos que razões imperativas
Artigo 9º de segurança nacional a isso se oponham, terá a
§1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança possibilidade de expor as razões que militem contra a sua
pessoais. Ninguém poderá ser preso ou encarcerado expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades
arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de sua competentes, ou por uma ou várias pessoas especialmente
liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em designadas pelas referidas autoridades, e de fazer-se
conformidade com os procedimentos nela estabelecidos. representar com este objetivo.
§2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das Artigo 14
razões da prisão e notificada, sem demora, das acusações §1. Todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as
formuladas contra ela. Cortes de Justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida
§3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de publicamente e com as devidas garantias por um Tribunal
infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à competente, independente e imparcial, estabelecido por lei,
presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a na apuração de qualquer acusação de caráter penal
exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e
prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão obrigações de caráter civil. A imprensa e o público poderão
preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá ser excluídos de parte ou da totalidade de um julgamento,
constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar quer por motivo de moral pública, ordem pública ou de
condicionada a garantias que assegurem o comparecimento segurança nacional em uma sociedade democrática, quer
da pessoa em questão à audiência e a todos os atos do quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer
processo, se necessário for, para a execução da sentença. na medida em que isto seja estritamente necessário na
§4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade, por opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas quais a
prisão ou encarceramento, terá o direito de recorrer a um publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça;
tribunal para que este decida sobre a legalidade de seu entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal
encarceramento e ordene a soltura, caso a prisão tenha sido ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de
ilegal. menores exija procedimento oposto, ou o processo diga
§5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento respeito a controvérsias matrimoniais ou à tutela de
ilegal terá direito à reparação. menores.
Artigo 10 §2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se
§1.Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada presuma sua inocência enquanto não for legalmente
com humanidade e respeito à dignidade inerente à pessoa comprovada sua culpa.
humana. §3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena
a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em igualdade, às seguintes garantias mínimas:
circunstâncias excepcionais, das pessoas condenadas e

236
1. a ser informada, sem demora, em uma língua que §2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas
compreenda e de forma minuciosa, da natureza e dos ingerências ou ofensas.
motivos da acusação contra ela formulada; Artigo 18
2. a dispor do tempo e dos meios necessários à preparação §1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de
de sua defesa e a comunicar-se com defensor de sua escolha; consciência e de religião. Esses direito implicará a liberdade
3. a ser julgada sem dilações indevidas; de Ter ou adotar uma religião ou crença de sua escolha e a
4. a estar presente no julgamento e a defender-se liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou
pessoalmente ou por intermédio de defensor de sua escolha; coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio
a ser informada, caso não tenha defensor, do direito que lhe do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
assiste de tê-lo, e sempre que o interesse da justiça assim §2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas
exija, a Ter um defensor designado ex officio gratuitamente, que possam restringir sua liberdade de Ter ou de adotar uma
se não tiver meios para remunerá-lo; religião ou crença de sua escolha.
5. a interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de §3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença
acusação e a obter comparecimento e o interrogatório das estará sujeita a penas às limitações previstas em lei e que se
testemunhas de defesa nas mesmas condições de que façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a
dispõem as de acusação; saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das
6. a ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não demais pessoas.
compreenda ou não fale a língua empregada durante o §4. Os Estados-partes no presente Pacto comprometem-se a
julgamento; respeitar a liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos
7. a não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a tutores legais – de assegurar aos filhos a educação religiosa e
confessar-se culpada. moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
§4. O processo aplicável aos jovens que não sejam maiores Artigo 19
nos termos da legislação penal levará em conta a idade dos §1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
mesmos e a importância de promover sua reintegração §2. Toda pessoa terá o direito à liberdade de expressão;
social. esses direito incluirá a liberdade de procurar, receber e
§5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o difundir informações e idéias de qualquer natureza,
direito de recorrer da sentença condenatória e da pena a independentemente de considerações de fronteiras,
uma instância superior, em conformidade com a lei. verbalmente ou por escrito, de forma impressa ou artística,
§6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for ou por qualquer meio de sua escolha.
posteriormente anulada ou quando um indulto for §3. O exercício de direito previsto no § 2 do presente artigo
concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos novos implicará deveres e responsabilidades especiais.
que provem cabalmente a existência de erro judicial, a Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições,
pessoa que sofreu a pena decorrente dessa condenação que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e
deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos que que se façam necessárias para:
fique provado que se lhe pode imputar, total ou 1. assegurar o respeito dos direitos e da reputação das
parcialmente, e não-revelação do fato desconhecido em demais pessoas;
tempo útil. 2. proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a
§7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito moral pública.
pelo qual já foi absolvido ou condenado por sentença Artigo 20
passada em julgado, em conformidade com a lei e com os §1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da
procedimentos penais de cada país. guerra.
Artigo 15 §2. Será proibida por lei qualquer apologia ao ódio nacional,
§1. Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões racial ou religioso, que constitua incitamento à
que não constituam delito de acordo com o direito nacional discriminação, à hostilidade ou à violência.
ou internacional, no momento em que foram cometidos.
Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a ARTIGO 21
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de
perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exercício
leve, o delinqüente deverá dela beneficiar-se. desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em
§2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o lei e que se façam necessárias, em uma sociedade
julgamento ou a condenação de qualquer indivíduo por atos democrática, no interesse da segurança nacional, da
ou omissões que, no momento em que foram cometidos, segurança ou da ordem pública, ou para proteger a saúde ou
eram considerados delituosos de acordo com os princípios a moral pública ou os direitos e as liberdades das demais
gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações. pessoas.
Artigo 16
Toda pessoa terá o direito, em qualquer lugar, ao Artigo 22
reconhecimento de sua personalidade jurídica. §1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a
Artigo 17 outras, inclusive o direito de constituir sindicatos e de a eles
§1. Ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou filiar-se, para proteção de seus interesses.
ilegais em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio §2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às
ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em
honra e reputação. uma sociedade democrática, ao interesse da segurança
nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para

237
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as professar e praticar sua própria religião e usar sua própria
liberdades das demais pessoas. O presente artigo não língua.
impedirá que se submeta a restrições legais o exercício
desses direitos por membros das forças armadas e da polícia.
§3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá
QUESTÕES
que os Estados-partes na Convenção de 1948 da Organização 1) De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis
Internacional do trabalho, relativa à liberdade sindical e à e Políticos/1966, dentre as garantias a que toda pessoa
proteção do direito sindical, venham a adotar medidas que seja acusada de um delito tem, NÃO se inclui a de
legislativas que restrinjam – ou a aplicar a lei de maneira a (A) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a
restringir – as garantias previstas na referida Convenção. confessar-se culpada.
(B) ser informada, sem demora, numa língua que com-
Artigo 23
§1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade preenda e de forma minuciosa, da natureza e dos
motivos da acusação contra ela formulada
e terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo
Estado. (C) ser mantida presa enquanto não cumprir a
§2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, obrigação contratual que ocasionou a sua prisão
em idade núbil, contrair casamento e constituir família. (D) ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso
§3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento não compreenda ou não fale a língua empregada
livre e pleno dos futuros esposos. durante o julgamento,
§4. Os Estados-partes no presente Pacto deverão adotar as (E) interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da
acusação e a de obter o comparecimento e o inter-
medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e
responsabilidades dos esposos quanto ao casamento, rogatório das testemunhas de defesa nas mesmas
condições de que dispõe as de acusação.
durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso
de dissolução, deverão adotar-se as disposições que 2) Dos direitos abaixo, qual é passível de suspensão, na
assegurem a proteção necessárias para os filhos. forma do artigo 4 o do Pacto Internacional sobre Direitos
Artigo 24 Civis e Políticos?
§1. Toda criança terá direito, sem discriminação alguma por (A) Não ser arbitrariamente privado de sua vida.
motivo de cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou (B) Não ser submetido a tortura, nem a penas ou
social, situação econômica ou nascimento, às medidas de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
proteção que a sua condição de menor requer por parte de (C) Não ser obrigado a executar trabalhos forçados ou
sua família, da sociedade e do Estado. obrigatórios.
(D) Não ser preso apenas por não poder cumprir com uma
§2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após
obrigação contratual.
seu nascimento e deverá receber um nome.
(E) Não ser obrigado a adotar uma religião ou crença que não
§3. Toda criança terá o direito de adquirir uma de sua livre escolha.
nacionalidade.
Artigo 25 3) O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer estabelece a aplicação:
das formas de discriminação mencionadas no artigo 2º e sem (A) imediata de direitos civis e políticos, contemplando os
restrições infundadas: mecanismos de relatórios e comunicações interestatais e,
1. de participar da condução dos assuntos públicos, mediante Protocolo Facultativo, a sistemática de petições
diretamente ou por meio de representantes livremente individuais.
escolhidos; (B) progressiva de direitos civis e políticos, contem- plando
2. de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, os mecanismos de relatórios e, mediante Protocolo
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto Facultativo, a sistemática de petições individuais e
secreto, que garantam a manifestação da vontade dos comunicações interestatais.
eleitores; (C) progressiva de direitos civis e políticos, contemplando
3. de Ter acesso, em condições gerais de igualdade, às apenas o mecanismo de relatórios.
funções públicas de seu país. (D) imediata de direitos civis e políticos, contemplando os
Artigo 26 mecanismos de relatórios, comunicações interestatais,
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem petições individuais e investigações in loco.
discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este (E) imediata de direitos civis e políticos, contemplando
respeito, a lei deverá proibir qualquer forma de apenas o mecanismo de relatórios.
discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e
eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, 6. COMBATE À VIOLÊNCIA DE GÊNERO (LEI MARIA
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento DA PENHA) CONCEITO DE GÊNERO E SUA INFLUÊNCIA
ou qualquer outra situação. NA EXECUÇÃO DE CRIMES CONTRA MULHERES
Artigo 27
Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou
lingüísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não
O debate sobre os mecanismos de combate à violência de
poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com
gênero não é novo, já tendo sido experimentadas em
outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de
diferentes alternativas. Em meados dos anos 80 houve uma
reorientação geral do trabalho policial no âmbito da

238
(violência conjugal), em especial no Canadá e nos Estados Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
Unidos, se estendendo a outros países, sendo reconhecidas providências, responda: Em todos os casos de violência
três possibilidades básicas de encaminhamento em tais doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da
casos: a mediação por terceiro/Justiça Restaurativa; a ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de
separação do casal/Justiça de Família; e ainda a prisão do imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo
agressor/Justiça Penal. daqueles previstos no Código de Processo Penal:

A violência de gênero está caracterizada pela incidência dos I. Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
atos violentos em função do gênero ao qual pertencem as tomar a representação a termo, se apresentada.
pessoas envolvidas, ou seja, há a violência porque alguém é
homem ou mulher. Nesse sentido, Heleieth I. B. Saffioti II. Colher todas as provas que servirem para o
reuniu diversos ensinamentos, para explicar as diferenças de esclarecimento do fato e de suas circunstâncias.
gêneros: “gênero pode ser concebido em várias instâncias:
como aparelho semiótico (LAURETIS, 1987); como símbolos III. Remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
culturais evocadores de representações, conceitos expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida,
normativos como grade de interpretação de significados, para a concessão de medidas protetivas de urgência.
organizações e instituições sociais, identidade subjetiva
(SCOTT, 1988); como divisões e atribuições assimétricas de Assinale a alternativa CORRETA.
característicos e potencialidades (FLAX, 1987)” (A) Todas as afirmativas estão corretas.
(B) Apenas a afirmativa II está incorreta.
(C) Apenas as afirmativas I e III estão incorretas.
Gênero, violência e cidadania
(D) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
(E) Todas as afirmativas estão incorretas.
No final dos anos 80, ocorre uma mudança teórica
significativa nos estudos feministas no Brasil. Sob a influência 2) De acordo com a Lei nº 11.340, de 07/08/2006, que
dos debates norte-americanos e franceses sobre a cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
construção social do sexo e do gênero, as acadêmicas familiar contra a mulher, é CORRETO afirmar que
feministas no Brasil começam a substituir a categoria
“mulher” pela categoria “gênero”. (A) O assaltante que rouba a mulher em via pública e
lhe desfere um soco para facilitar sua fuga pratica
O significado de violência de gênero violência contra a mulher de acordo com a lei.
O fenômeno da violência, na modalidade ora estudada, (B) O isolamento da mulher do convívio da sociedade
pode ser explicada como uma questão cultural que se situa e de seus entes queridos é uma forma de violência
no incentivo da sociedade para que os homens exerçam sua doméstica contra a mulher.
força de dominação e potência contra as mulheres, sendo (C) A mulher injuriada por seu chefe no ambiente de
essas dotadas de uma virilidade sensível. trabalho em razão do se gênero não pode ser
Linda Gordon, afirma que: “a violência não é expressão considerada vítima de violência doméstica e
unilateral do temperamento violento, ela origina-se familiar.
conjuntamente no seio familiar, ou seja, é formada por (D) Constitui violência patrimonial de acordo com a lei
elementos que emanam do próprio pensamento social”. de violência doméstica a mulher que tem seus
móveis destruídos pela enchente.
Combate à violência de gênero (Lei Maria da Penha)
No intuito de diminuir o grande índice de violência contra à 3) De acordo com a Lei nº 11.340. de 07/08/2006 (Lei
mulher, foi implementada Lei nº 11.340/06, Lei Maria da Maria da Penha),
Penha, a qual define violência doméstica ou familiar contra a (A) a prisão preventiva do agressor somente poderá
mulher como sendo toda ação ou omissão, baseada no ser decretada durante a instrução criminal e a
gênero, que cause morte, sofrimento físico, sexual ou requerimento do Ministério Púbíico.
psicológico e dano moral e patrimonial, no âmbito da (B) a ofendida deverá ser notificada dos atos proces-
unidade doméstica, da família e em qualquer relação íntima suais relativos ao agressor, especialmente dos per-
de afeto, em que o agressor conviva ou tenha convivido com tinentes ao ingresso e saída da prisão.
a agredida. (C) as medidas protetivas de urgência só poderão ser
concedidas pelo Juiz a pedido da ofendida.
(D) a ofendida poderá entregar a intimação ou
QUESTÕES notificação diretamente ao agressor.
1)Com base na Lei Nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
(E) as medidas protetivas de urgência só poderão ser
Maria da Penha), que cria mecanismos para coibir a
concedidas pelo juiz a requerimento do Ministério
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
Público.
termos do § 8o , do art. 226, da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
4)De acordo com a Lei nº 11 340, de 07/08/2006 (Lei
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção
Maria da Penha), no que concerne à violência doméstica
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
e familiar contra a mulher, a vigilância constante, a
Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
destruição de instrumentos de trabalho e a difamação
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
são consideradas, respectivamente, formas de violência
Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código

239
(A) psicológica, patrimonial e morai. e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre ho
(B) física, psicológica e moral. mens e mulheres.
(C) moral, física e psicológica.
(D) física, morai e psicológica. 3) De acordo com a Declaração Universal dos Direitos
(E) física, patrimonial e moral. Humanos é CORRETO afirmar que:
(A) Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e
as liberdades estabelecidos na Declaração Universal dos
7. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS Direitos Humanos, sem quaisquer distinções.
(B) Os direitos humanos somente serão exercidos em países
DIREITOS HUMANOS
que assinarem tratados com a ONU.
(C) A escravidão ou servidão bem como o tráfico de escravos
• Principais instrumentos normativos do sistema só serão mantidas em países cuja prática da escravidão é
global de proteção dos direitos humanos considerada dever religioso.
A Declaração Universal de Direitos Humanos, o Pacto (D) Todo ser humano tem direito a liberdade de opinião e
Internacional de Direitos Civis e Políticos, o Pacto expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, a informações e ideias por quaisquer meios desde que dentro
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de das fronteiras de seu país de origem.
Discriminação contra a Mulher, a Convenção sobre os
Direitos da Criança, a Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a
Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
• Mecanismos do sistema global de proteção dos
direitos humanos
Mecanismos convencionais
Mecanismos extra-convencionais

Questões
1) De acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos/1966, dentre as garantias a que toda pessoa
que seja acusada de um delito tem, NÃO se inclui a de:
(A) não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a
confessar-se culpada.
(B) ser informada, sem demora, numa língua que com-
preenda e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da
acusação contra ela formulada
(C) ser mantida presa enquanto não cumprir a obrigação
contratual que ocasionou a sua prisão
(D) ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não
compreenda ou não fale a língua empregada durante o
julgamento.
(E) interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da
acusação e a de obter o comparecimento e o interrogatório
das testemunhas de defesa nas mesmas condições de que
dispõe as de acusação.

2)Quanto às considerações enunciadas no preâmbulo


da Declaração Universal dos Direitos Humanos, marq
ue a afirmativa INCORRETA.
(A)O desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos re
sultam em atos bárbaros que ultrajam a consciência da
humanidade.
(B)Aspirase por um mundo em que todos gozem de liberdad
e de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do
temor e da necessidade.
(C)É essencial que os direitos humanos sejam protegidos

por meio de rebeliões contra a opressão para que o ser


humano não seja compelido ao império da lei.
(D)Os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ON
U, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade

240
DIREITO ADMINISTRATIVO

1ª PARTE - Administração pública

1.1 Conceito
1.2 Princípios.

2ª PARTE - Poderes administrativos

2.1 Poder vinculado;


2.2 Poder discricionário;
2.3 Poder hierárquico;
2.4 Poder disciplinar;
2.5 Poder regulamentar;
2.6 Poder de polícia;
2.7 Uso e abuso do poder.

3ª PARTE - Atos administrativos

3.1 Conceito;
3.2 Atributos;
3.3 Requisitos;
3.4 Classificação;
3.5 Extinção;

4ª PARTE - Organização administrativa.

4.1 Administração Direta, Indireta e Entidades Paraestatais


4.2 Centralização, Descentralização e Desconcentração
4.3 Órgãos públicos: conceito e classificação.
4.4 Entidades administrativas: conceito e espécies.

5ª PARTE - Agentes públicos

5.1 Espécies
5.2 Classificação;
5.3 Poderes, Deveres e Prerrogativas;
5.4 Cargo, Emprego e Função Pública;
5.5 Regime Jurídico Único
5.6 Provimento e Vacância
5.7 Remoção, Redistribuição e Substituição.

241
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA conceito de administração pública divide-se em
dois sentidos:

1.1Conceito Objetivo (material/funcional): "Em sentido


objetivo, material ou funcional, a administração
De forma ampla, administrar é gerir interesses,
segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens pública pode ser definida como a atividade
entregues à guarda e conservação alheias. Assim, concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob
se os bens e interesses geridos forem individuais, o regime jurídico de direito público, para a
realiza-se administração particular, mas se forem consecução dos interesses coletivos”.
da coletividade, realizar-se-á a Administração
Pública. É a atividade administrativa executada pelo
Estado, por seus órgãos e agentes, com base em
Desse modo, tem-se que Administração Pública é sua função administrativa. É a gestão dos
a gestão de bens e interesses qualificados da interesses públicos, por meio de prestação de
comunidade (nos âmbitos federal, estadual e serviços públicos. É a administração da coisa
municipal), segundo os preceitos do Direito e da pública (res publica).
moral, visando sempre o bem comum
(MEIRELLES, 2005).
Subjetivo (Formal /Orgânico) “Em sentido
O ramo autônomo (Direito Administrativo) que subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir
trata da Administração Pública é de criação Administração Pública, como sendo o conjunto
recente. Essa é uma tendência que se cristalizou de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei
nas Constituições contemporâneas. A atribui o exercício da função administrativa do
Administração Pública ganhou importância
Estado".
constitucional, tendo se consolidado com o
advento da Constituição de 1988, que promoveu
a constitucionalização dos preceitos e princípios É o conjunto de agentes, órgãos e entidades
básicos da Administração Pública, propiciando designados para executar atividades
que fosse delineado o chamado Direito administrativas.
Constitucional da Administração Pública,
balizado pelos métodos interpretativos Assim, Administração Pública em sentido
constitucionais e caracterizado pelo aumento da material é administrar os interesses da
presença do Poder Judiciário, em especial do coletividade e em sentido formal é o conjunto de
Supremo Tribunal Federal (STF), nos negócios da entidades, órgãos e agentes que executam a
Administração Pública.
função administrativa do Estado.
O Direito Administrativo é um dos ramos do
Direito Publico, uma vez que rege a organização e Embora a atividade administrativa seja uma
o exercício de atividades do Estado voltadas para função típica do Poder Executivo, os outros
a satisfação do interesse publico. Nas palavras do Poderes (Legislativo e Judiciário) também
Prof. Hely, essa ciência é sintetizada do seguinte praticam atos que, pela natureza, são tidos como
modo: objeto do Direito Administrativo. Nessa
concepção, a expressão Administração Pública
“Conjunto harmônico de princípios jurídicos que engloba todos os órgãos e agentes que, em
regem os órgãos, os agentes e as atividades qualquer dos poderes do Estado (Legislativo,
públicas tendentes a realizar concreta, direta e Executivo ou Judiciário), em qualquer das
imediatamente os fins desejados pelo Estado. esferas políticas (União, Estados, Distrito Federal
Num sentido mais formal, conceitua-se como o ou Municípios), estejam exercendo função
conjunto de agentes, órgão e pessoas jurídicas administrativa.
destinadas à execução das atividades
administrativas.” [Prof. Hely]. 1.2 Princípios

APRENDAM os CONCEITOS postos abaixo, pois Os princípios são postulados fundamentais que
eles NÃO caem em PROVA, DESPENCAM! informam todo o modo de agir da Administração
Pública. A CF/88 foi à primeira constituição a
A Administração Pública é conceituada com base consagrar um capítulo para a Administração
em dois aspectos: Pública. Os princípios da Administração Pública
podem ser explícitos ou implícitos.
Objetivo (também chamado material ou
funcional) e Subjetivo (também chamado formal Princípios Explícitos ou Constitucionais
ou orgânico).
Dentre esses princípios, avultam em importância
Segundo ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro o aqueles expressos no caput do art. 37 da
CF/1988, que são os princípios explícitos. Após a
promulgação da Emenda Constitucional nº

242
19/1988, foram introduzidos cinco princípios, a comando geral e abstrato por essência. Alguns
saber: autores, como Hely Lopes, chamam esse
princípio de Princípio da Finalidade, ou seja, se
‒Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Administração Pública perseguiu ou favoreceu
Publicidade e Eficiência. alguém, ela desviou de sua finalidade. É a
chamada Teoria do Desvio de Finalidade.
LIMPE (Art. 37, CR/88) Assim o administrador deve orientar-se por
critérios objetivos, não devendo fazer distinções
fundamentais em critérios pessoais.
Legalidade
Administrar é a atividade subalterna à lei. A Moralidade
Legalidade Administrativa é voltada para A Administração Pública deve, além de observar
Administração e estabelece que a Administração a lei, observar os bons costumes, a boa fé, a
Pública só poderá fazer o que a Lei determinar ou ética, a probidade, etc. A moralidade integra o
autorizar. Se a Lei se omitir, a Administração patrimônio público (gênero em que são espécies
Pública não poderá agir. Assim a atuação os patrimônios econômicos e todos os outros
administrativa deve ter previsão em lei. Obs.: bens da Administração Pública).
Exceções ao Princípio da Legalidade: Medida
Provisória, Estado de Sítio e Estado de Defesa. Pelo princípio da moralidade administrativa, não
bastará ao administrador o cumprimento da
estrita legalidade, ele deverá respeitar os
princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a
moralidade constitui pressuposto de validade de
todo ato administrativo praticado. Ex.: O
comandante do batalhão administra uma verba
prevista em lei para pagamento de horas-extras a
policiais, todavia, deixa de empregar a verba no
serviço policial e passa a investir no jardim do
batalhão. “Nem tudo que é legal é moral!”

A Moralidade enquanto princípio é igual à


Probidade. Agora, enquanto ato ilícito, a
Impessoalidade (Finalidade) imoralidade é diferente de improbidade, pois a
É proibida a existência de subjetivismos expressão improbidade tem um conceito técnico
(interesses pessoais), quando do exercício da um alcance mais amplo do que imoralidade. (Lei
função/atividade administrativa. Trata-se de 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa
uma faceta do princípio da isonomia (igualdade), regulamenta o art. 37,§4°, CF). A referida lei
pois se todos são iguais perante a Lei, não deverá qualifica três condutas como sendo
haver relação pessoal. A Administração Pública, IMPROBIDADE:
então, não pode perseguir inimigos ou favorecer
amigos. Exemplos: Pascoal, policial militar, numa I. São atos que causam enriquecimento ilícito;
blitz de rotina, aborda Rabosul (seu antigo II. Que causam dano ao erário;
desafeto) de forma vexatória e constrangedora, no III. Que atentam contra os princípios da
entanto, na mesma operação, aborda Maria Administração Pública;
Perfumada (sua ex-namorada) com nítido
favorecimento. Resta claro que houve relação Publicidade
pessoal na atuação do PM. Decorre do princípio da indisponibilidade do
Um administrador não deve vincular a sua interesse público, pois, deve-se agir com
imagem à prestação de certo serviço público, sob transparência. Os atos da Administração Pública
pena de infringir a impessoalidade. devem ser divulgados oficialmente e amplamente,
para que possam produzir efeitos externos. Não é
sinônimo de Diário Oficial, pode ser publicado
num site, ou jornais de grande circulação, ou até
mesmo na própria repartição. Mas para o ato ter
efeito precisa ser publicado. Esse princípio serve
para que a Administração Pública seja controlada
e fiscalizada por todos nós. Mas não é absoluto,
pois existem atos da Administração Pública que
não são públicos, como, por exemplo, os atos
confidenciais. Obs.: A exceção ao princípio da
publicidade está no art.5º, XXXIII, CF.

A impessoalidade da atuação administrativa


impede, portanto, que o ato administrativo seja
praticado visando a interesses do agente ou de
terceiros, devendo ater-se a vontade da lei,

243
Finalidade
Consiste no atendimento do interesse público,
sendo, por este motivo, também chamado de
“princípio da supremacia do interesse
público”. O afastamento da Administração
Pública da busca pelo interesse público acarreta
o desvio de finalidade, uma das formas de abuso
de poder. A última finalidade é o benéfico da
coletividade, pois toda sua atuação deve atentar
Eficiência para o interesse público, sob pena de restar
É a busca de qualidade total, no âmbito interno maculada pelo vicio do desvio de finalidade.
e externo da Administração Pública. Impõe a todo Desse modo, não é o individuo em si o
agente público a obrigação de realizar suas destinatário da atividade da Administração
atribuições com presteza, perfeição e rendimento Pública (AP), mais sim a coletividade, o grupo
funcional. A idéia de eficiência aproxima-se da de social como um todo. Quando houver conflito
economicidade. Ex.: O Tenente PM comandando entre interesse público e particular, deverá
prevalecer o interesse público, tutelado pelo
04 policiais numa guarnição resolve dividir esse
Estado, respeitados, entretanto, os direitos e
efetivo em duas guarnições (02 PMs em cada) garantias individuais expressos na CF.
para atuarem simultaneamente em locais
distintos. Indisponibilidade do Interesse e Bens
Públicos
Visa-se atingir objetivos traduzidos por boa Presume-se nesse principio que a atuação do
prestação de serviços, de modo mais simples, Estado sempre tenha por finalidade a tutela do
mais rápido, e mais econômico, melhorando a interesse público. Significa que, sendo
relação custo/beneficio do trabalho indisponíveis os interesses públicos, não se
administrativo. É a idéia de maximizar resultados encontram à disposição de quem quer que seja.
com o menor recurso possível. Passou de uma São inapropriáveis, de modo que, nem o próprio
Administração burocrática (lenta, onerosa, órgão administrativo que os representa tem
insuficiente – foco na forma) para Administração disponibilidade sobre eles, desde que confiados à
Gerencial (focada no resultado), a forma ainda é sua guarda e realização. Logo, os bens e
importante, mas deixa de ser um fim em si interesses públicos são indisponíveis, vale dizer,
mesmo. É importante saber que o princípio da não pertencem a AP, tampouco a seus agentes
eficiência deve estar em consonância com os públicos. A eles cabe, apenas, a sua gestão, em
outros princípios. O Poder Judiciário não pode prol da coletividade, verdadeira titular dos
anular ato administrativo por considerá-lo direitos e interesse públicos. A lei que regula
ineficiente. estabelece que o “atendimento visa o fim do
interesse geral, vedada a renúncia total ou
Como dito, os princípios explícitos são aqueles parcial de poderes ou competências, salvo
expressamente declarados no texto autorização em lei, confirmando que o interesse
constitucional, como os princípios básicos do público é irrenunciável pela autoridade
Direito Administrativo, referidos no artigo 37. administrativa”.
Mais além deles, a Constituição Federal
estabelece também outros princípios explícitos Razoabilidade
do Direito Administrativo, dentre os quais, Tal princípio conduz às idéias de adequação e de
destacamos: necessidade. Assim, não basta que o ato da
administração tenha uma finalidade legitima. É
-LV); necessário que os meios empregados pela
o legal (art. 5º-LIV); e Administração sejam adequados à consecução do
fim almejado e que sua utilização, especialmente
quando se tratar de medidas restritivas ou
Princípios Implícitos ou Informativos punitivas, seja realmente necessária. Tal
Os princípios implícitos são aqueles que não princípio tem por objetivo impor limites ao
estão expressamente previstos, mas que exercício do poder discricionário, que é aquele
decorrem do texto constitucional. Os principais que traduz uma possibilidade legal de apreciação
são: subjetiva por parte do administrador público,
antes de tomar uma decisão.

Desse modo, o que se pretende é considerar se


Públicos; determinada decisão de aplicar
discricionariamente uma norma, vale dizer: de
acordo com a apreciação subjetiva de quem vai
aplicá-la, apreciação subjetiva que diz respeito ao
seu senso de oportunidade e de conveniência,

244
contribuirá efetivamente para um satisfatório A prestação dos serviços públicos deve ser
atendimento dos interesses públicos. Portanto, a adequada, não podendo sofrer interrupções, pois
decisão discricionária do administrador será caso ocorra prejudicará toda coletividade. A lei
ilegítima, mesmo que sem transgressão da lei em restringe a possibilidade de um particular
que se fundamenta, quando não for razoável. prestador de serviço público por delegação
interromper sua prestação, mesmo que a AP
Proporcionalidade descumpra os termos do contrato celebrado com
Tem o objetivo de coibir excessos, por meio da ele; tal restrição é denominada inoponibilidade
aferição da compatibilidade entre os meios e os da exceção do contrato não cumprido. Em tal
fins da atuação administrativa, para evitar caso o particular prejudicado só poderá rescindir
restrições desnecessárias ou abusivas. Por força o contrato e ter ressarcido seus prejuízos
deste princípio, não é lícito à Administração mediante sentença judicial transitada em
Pública valer-se de medidas restritivas ou julgado.
formular exigências aos particulares além
daquilo que for estritamente necessário para a Exercícios:
realização da finalidade pública almejada. Visa-
se, com isso, que haja adequação,
01) Administração Pública em seu sentido
proporcionalidade entre os meios e os fins,
vedando-se a imposição de obrigações, restrições subjetivo compreende:
e sanções em medida superior àquelas
estritamente necessárias ao atendimento do a) o conjunto de agentes, órgãos e entidades
interesse público. Assim, se a decisão designados para executar atividades
administrativa for manifestamente inadequada administrativas.
para alcançar os fins que a lei determina, a b) a atividade concreta e imediata que o
Administração Pública terá exorbitado dos limites Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito
da discricionariedade e o Poder Judiciário poderá
público, para a consecução dos interesses
corrigir a ilegalidade.
privados.
Os princípios implícitos da razoabilidade e da c) aquelas atividades exercidas pelo
proporcionalidade são apontados pela doutrina, conjunto dos órgãos que possuem personalidade
sem exceção, como as maiores limitações jurídica própria e autonomia administrativa
impostas ao poder discricionário da relativa.
Administração.
d) as entidades com personalidade jurídica
Executoriedade ou Autoexecutoriedade própria, que foram criadas para realizar
Consiste na aptidão jurídica, reconhecida à atividades descentralizadas.
Administração Pública, de deflagrar a aplicação
executiva, direta, imediata e concreta da vontade e) as atividades exclusivamente executadas
contida na lei, empregando seus próprios meios pelo Estado, por seus órgãos e agentes, com base
executivos, até mesmo a coerção, quando se faça em sua função administrativa.
necessária e com a devida proporcionalidade.
Resposta: Em sentido subjetivo, formal ou
Autotutela orgânico, são os entes que exercem a atividade
Exprime o duplo dever da Administração Pública administrativa, que compreende pessoas
de controlar os seus próprios atos quanto à jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos
juridicidade (ocasiona a anulação) e a adequação de exercer uma das funções em que se triparte a
atividade estatal: a função administrativa.
ao interesse público (revogação). O poder-dever
administrativo de autotutela possibilita à
administração controlar seus próprios atos, 02) O artigo 37 da Constituição Federal
apreciando-os quanto ao mérito e quanto à dispõe que a Administração Pública
legalidade. A Administração Pública, no deve obediência a uma série de
desempenho de suas múltiplas atividades, está
princípios básicos, dentre eles o da
sujeita a erros; nessas hipóteses, ela mesma pode
(e deve) tomar iniciativa de repará-los, a fim de legalidade. É correto afirmar que a
restaurar a situação de regularidade e zelar pelo legalidade, como princípio de
interesse publico. administração, significa que o
administrador público, em sua
Motivação
Significa a necessidade de fundamentação dos atividade funcional,
atos administrativos, pelos administradores que
venham a editá-los. É a exposição ou a indicação
a) pode fazer tudo que a lei não proíba,
por escrito dos fatos e fundamentos jurídicos que
porque a Constituição Federal garante que
ensejaram a pratica do ato.
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”.
Continuidade dos Serviços Públicos

245
b) está vinculado à lei, não aos princípios O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua
administrativos. poderes administrativos como “o conjunto de
prerrogativas de direito público que a ordem
c) deve atuar conforme a lei e o direito,
jurídica confere aos agentes administrativos para
observando, inclusive, os princípios
o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”.
administrativos.

d) está adstrito à lei, mas dela poderá No desempenho de suas atribuições o


afastar-se desde que autorizado a assim agir por administrador público passa a contar com
norma regulamentar. poderes, denominados poderes administrativos,
que lhe são atribuídos para que possa remover os
e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la interesses particulares que se oponham aos
desde que o faça autorizado por acordo de interesses públicos. Assim, o uso desses poderes
vontades, porque na Administração pública vige administrativos pelo administrador público, só é
o princípio da autonomia da vontade. razoável quando objetive atender aos interesses
da coletividade.
Resposta: A Administração está obrigada à
observância não apenas do disposto nas leis, nos Cada agente público é investido da necessária
diplomas legais propriamente ditos, mas também parcela de poder público para o desempenho de
à observância dos princípios jurídicos e do suas atribuições. Esse poder deve ser usado
ordenamento jurídico como um todo. normalmente, como atributo do cargo, do
emprego ou da função que exerce, e não como
privilégio pessoal. É esse poder que empresta
autoridade ao agente público. Fora do exercício
03) Os princípios que regem a do cargo, do emprego ou da função, o agente
Administração pública podem ser público não pode usar de autoridade pública, sob
pena de cometer abuso de poder ou de
expressos ou implícitos. A propósito autoridade. Assim, o uso de autoridade só é lícito
deles é possível afirmar que: quando vise a impedir que um indivíduo
prejudique direitos alheios, tendo em vista que,
a) moralidade, legalidade, publicidade e em um Estado de Direito democrático, como o
impessoalidade são princípios expressos, assim nosso, só são admitidas prerrogativas em razão
como a eficiência, hierarquicamente superior aos da função.
demais.
Dessa forma, os poderes administrativos são
b) supremacia do interesse público não
conferidos ao agente público para remover os
consta como princípio expresso, mas informa a
interesses particulares que se oponham ao
atuação da Administração pública assim como os interesse público. Assim, se no direito privado o
demais princípios, tais como eficiência, legalidade poder de agir é uma faculdade, no direito público,
e moralidade. especialmente no direito administrativo, é uma
c) os princípios da moralidade, legalidade, imposição, um dever para o agente que o detém,
supremacia do interesse público e pois não se admite omissão diante de situações
indisponibilidade do interesse público são que exigem a atuação do agente público. Conclui-
se daí que, sendo os poderes administrativos
expressos e, como tal, hierarquicamente
também um dever para o agente que os detém,
superiores aos implícitos.
em realidade, é um verdadeiro poder-dever.
d) eficiência, moralidade, legalidade,
impessoalidade e indisponibilidade do interesse Os poderes administrativos são os seguintes:
público são princípios expressos e, como tal,
hierarquicamente superiores aos implícitos. 2.1 Poder Vinculado

e) impessoalidade, eficiência, Também denominado regrado, é aquele conferido


indisponibilidade do interesse público e à Administração Pública para a prática de atos
supremacia do interesse público são princípios em que não possa interferir com a sua apreciação
implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios subjetiva. Nessa espécie de atos a liberdade de
expressos. atuação do administrador é mínima ou
inexistente, porque tem que seguir a minuciosa
Resposta: Não há hierarquia quando se trata de enumeração da lei em todas as suas
princípios. Há princípios expressos especificações. O poder vinculado apenas
(EXPLÍCITOS), os mencionados na CF, por possibilita à AP executar o ato vinculado nas
exemplo, e os implícitos, por exemplo, a estritas hipóteses legais, observando o conteúdo
supremacia do interesse público sobre o privado rigidamente estabelecido na lei. Ex.:
e indisponibilidade do interesse público. aposentadoria compulsória de servidor público
aos 70 anos de idade; concessão de licença para
construir imóvel.

2. PODERES ADMNISTRATIVOS

246
É importante saber que todos os atos para mantê-los ou invalidá-los, de ofício ou
administrativos são vinculados quanto aos mediante provocação do interessado.
requisitos de competência, finalidade e forma.
Os atos ditos vinculados também o são quanto 2.4 Poder Disciplinar
aos requisitos motivo e objeto. Corresponde à faculdade de punir internamente
as infrações de todos aqueles sujeitos à disciplina
Caso o ato se desvie dos requisitos impostos pela dos órgãos e serviços da Administração Pública.
lei, acabará sendo nulo e caberá a Administração Não se confunde com o poder punitivo do Estado,
Pública ou ao Poder Judiciário declarar sua realizado através da Justiça Penal. Só abrange,
nulidade. portanto, infrações relacionadas com o serviço
administrativo. A aplicação de pena disciplinar
2.2 Poder Discricionário tem o caráter de DEVER, uma vez que a
Aquele concedido à Administração Pública para a condescendência é considerada crime contra a
prática de atos administrativos que exijam uma Administração Pública (art. 320 do Código Penal
apreciação subjetiva por parte do administrador - CP). A sua apuração regular da falta disciplinar
público. Essa apreciação subjetiva diz respeito à é indispensável para a legalidade da punição
CONVENIÊNCIA e à OPORTUNIDADE da prática administrativa (princípio do devido processo legal
do ato administrativo, o que significa dizer “se” e – CF-5º, LIX), bem como a motivação (exposição
“quando”, respectivamente, o ato deve ser dos motivos da pena) é imprescindível para a
praticado. Assim, a Administração Pública validade da pena.
tem, nesse caso, liberdade de decisão
conferida pela lei que não pode ser 2.5 Poder Regulamentar
extrapolada, o que significaria a prática de É a faculdade de que dispõem os chefes de Poder
uma arbitrariedade. Há, portanto, evidente Executivo para explicitar a lei, visando a sua
diferença entre arbitrariedade, que é ação correta execução. Ele a exerce através de
contrária à lei, e discricionariedade, que é Decretos, denominados decretos regulamentares,
liberdade de ação administrativa segundo os em razão de, em nosso sistema jurídico os
limites da lei. Ex.: Promoção por escolha. Regulamentos não terem autonomia, isto é,
dependerem de um ato normativo que os coloque
em vigor.

2.6 Poder de Polícia


É a faculdade de que dispõe a Administração
Pública para condicionar ou restringir o uso e
gozo de bens, atividades e direitos
individuais e liberdades, em benefício do
interesse da coletividade ou do próprio Estado.

O Código Tributário Nacional (CTN) conceitua o


2.3 Poder Hierárquico poder de polícia, em seu art. 78, da seguinte
É aquele de que dispõe a Administração Pública forma:
para distribuir e escalonar as funções de seus
órgãos, estabelecendo uma relação de “Considera-se poder de polícia a atividade da
subordinação, denominada hierarquia, entre os Administração Pública que, limitando ou
servidores do seu quadro de pessoal. O Poder disciplinando direito, interesse ou liberdade,
Hierárquico tem por objetivos: Ordenar as regula a prática de ato ou abstenção de fato,
atividades da Administração Pública. Coordenar em razão de interesse público concernente à
as funções, para que haja funcionamento segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
harmônico. Controlar a atuação dos agentes disciplina da produção e do mercado, ao exercício
públicos, para que haja cumprimento das leis e de atividades econômicas dependentes de
para que se tenha um perfil profissional de cada concessão ou autorização do Poder Público, à
agente e Corrigir erros administrativos pela ação tranqüilidade pública ou ao respeito à
revisora do superior hierárquico sobre os atos propriedade e aos direitos individuais ou
dos seus subordinados. coletivos”.

Por outro lado, têm-se as seguintes faculdades Dessa forma, o Poder de Polícia pode ser:
implícitas: Dar ordens, da qual decorre o dever de
obediência. Note-se, no entanto, que o Preventivo ou Administrativo: quando exercido
subordinado não pode ser compelido à prática de pelos órgãos de fiscalização da Administração
ato ilegal, por força do art. 5º, II da Constituição Pública, especialmente no que diz respeito à
Federal. Fiscalizar, que significa vigiar os atos de segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
seus subordinados. Delegar, ou seja, conferir a disciplina da produção e do mercado, ao exercício
outrem atribuições que originariamente lhe de atividades econômicas dependentes de
competem. A delegação não pode ser recusada concessão ou autorização do Poder Público, à
pelo subordinado. Avocar, que é chamar a si tranqüilidade pública ou ao respeito à
funções que originariamente competem ao seu propriedade e aos direitos individuais ou
subordinado e Rever os atos dos subordinados coletivos. Que por sua vez pode ser:

247
a violência desnecessária ou desproporcional à
- Genérico ou fiscalizatório: quando atua resistência.
visando prevenir ou reprimir os atos contrários
ao interesse público, exercendo-se sobre os bens 2.7 Uso e Abuso de Poder
ou atividades das pessoas. EX.: Corpo de Abusar do poder administrativo é empregá-lo em
Bombeiros, Polícia Sanitária, Polícia de Costumes desacordo com a lei. Ocorre quando o
(censura, interdição de locais, etc.), Polícia de administrador público, embora competente para
Viação (Trânsito), Polícia de Profissões (Conselhos praticar um ato administrativo, ultrapassa o
Nacionais e Regionais, OAB), etc. limite legal das suas atribuições, exorbita no uso
dos seus poderes administrativos, praticando um
- Específico, de segurança ou de manutenção excesso de poder, ou se desvia da finalidade
da ordem pública: quando atua de modo a administrativa, que é o interesse público,
prevenir as infrações legais, exercendo-se em ocasionando um desvio de finalidade. Dessa
relação às pessoas. É desempenhado pelas forma, o abuso de poder, também denominado
Polícias Militares. O poder de polícia abuso de autoridade, será em razão de:
administrativo tende a ser preventivo porque
procura atuar antes do cometimento do delito. Excesso de Poder: se caracteriza tanto pelo
descumprimento frontal da lei, quando o agente
Fazendo, por exemplo, um contraponto entre a público age claramente além da sua competência
atuação das Polícias Militares e das Polícias invadindo competência de outros agentes ou
Civis, esta característica fica bem clara, praticando atividades que a lei não lhe conferiu,
porquanto vemos que estas deveriam agir como, também, quando ela contorna
repressivamente, isto é, após a prática do delito, dissimuladamente as limitações da lei, para
enquanto aquelas deveriam atuar investir-se de poderes que não lhe são atribuídos
preventivamente, daí o motivo porque podem ser legalmente. Ex.: Ministro de Estado editando um
identificadas pelo uso de uniforme ou decreto, que é ato privativo dos chefes de Poder
fardamento. Executivo. Um militar do Exercito aplicando
notificações no trânsito municipal, que é ato de
b) Repressivo ou de polícia judiciária: quando agentes de trânsito municipal e/ou da Polícia
exercido após a prática do delito. Cabe, portanto, Militar (a depender do caso).
às Polícias Civis, que são a polícia judiciária, vez
que atuam como auxiliares do Poder Judiciário, Desvio de Finalidade: verifica-se quando,
apurando os delitos cometidos, razão pela qual embora atuando nos limites da sua competência,
também são chamadas de polícia repressiva. o agente público, pratica o ato por finalidade
diversa da exigida pelo interesse público. Ex.:
Da mesma forma que o poder de polícia de Desapropriação alegando utilidade pública
manutenção da ordem pública, o poder de polícia quando o fim real é o interesse pessoal do
repressivo exerce-se sobre as pessoas, ao passo administrador; remoção (transferência) de
que o Poder de Polícia Administrativo pode atuar servidor como meio de vingança.
também sobre os bens ou atividades das pessoas. Diversamente do excesso de poder, que decorre
Cabe ressaltar que a doutrina em sua maioria, de violação ao requisito competência, o desvio
não admite a delegação do poder de policia a de poder deriva de ofensa ao requisito finalidade.
pessoas da iniciativa privada, ainda que
prestadores de serviço de titularidade do Estado,
porque o poder de império é próprio e privativo Ultrapassa o Exorbita no Pratica
do Poder Público. limite legal uso dos seus excesso de
poderes poder
Atributos do Poder Pratica o ato Pratica
de Polícia Atuando nos por finalidade desvio de
Dica para gravar DAC limites da sua diversa da finalidade
competência exigida pelo
interesse
Discricionariedade: que já tivemos oportunidade público
de abordar ao estudarmos o poder discricionário
(conveniência e oportunidade);
O abuso de poder pode ser omissivo ou
Autoexecutoriedade: é a faculdade de decidir e comissivo.
fazer cumprir uma decisão, sem a interferência Uma forma omissiva é a que ocorre quando a
do Poder Judiciário, podendo, dessa forma, Administração Pública procrastina (atrasa), sem
aplicar sanções tais como: multa, interdição de motivo, uma decisão relativa a uma pretensão do
atividade, fechamento de estabelecimento, administrado. Se não houver prazo legal para a
demolição de construção, etc. decisão, deve-se aguardar um tempo razoável,
que, ultrapassado com a AP em silêncio,
Coercibilidade: possibilidade de impor caracterizará o abuso, corrigível judicialmente.
coativamente as decisões da Administração
Pública. Justifica a força física, mas não legaliza Nesta hipótese, entretanto, o administrado não
perde o seu direito enquanto perdurar a omissão

248
da Administração Pública. No direito privado, o verdadeiros. Existe, portanto, em relação a
silêncio é normalmente interpretado como uma alguns atos administrativos, como as certidões,
concordância da parte que silencia; no direito os atestados, as declarações ou quaisquer em
que a Administração Pública preste informações.
público, porém, nem sempre é assim.
Até que seja provada a não veracidade de tais
3. ATOS ADMNISTRATIVOS atos, eles são considerados verdadeiros.

3.1 Conceito Imperatividade


Ato Administrativo é uma manifestação É o atributo pelo qual os atos administrativos se
unilateral de vontade da Administração Pública, impõem aos seus destinatários,
ou de particulares investidos em funções independentemente de concordância. Ele cria
públicas, através de seus agentes, objetivando obrigações e impõe restrições, unilateralmente,
estabelecer, declarar, confirmar, alterar ou aos administrados.
desconstituir uma relação jurídica entre ela e os
seus administrados, ou entre os seus órgãos. Diz respeito, portanto, ao comando, presente em
alguns atos administrativos (e não em todos),
Os atos são espécie do gênero ato jurídico, ou visto que, em atos de concessão de direitos ao
seja, decorrem diretamente da manifestação de administrado, por sua própria solicitação (como
vontade humana, dos quais resultam na licença, permissão, autorização, etc.) ou em
consequências jurídicas. Ex.: a certidão atos apenas enunciativos (como a certidão, o
(nascimento, casamento) expedida por um órgão atestado e o parecer), este atributo inexiste. Esse
público através do agente competente. comando é garantido pela coercibilidade, que é
um dos atributos da norma jurídica e que
A Administração Pública pode praticar atos e significa a possibilidade de uso da coação pelo
contratos em regime de Direito Privado, Poder Público para garantir o comando implícito
igualando-se aos particulares, abrindo mão de no ato jurídico e, em consequência, no ato
sua supremacia de Poder Público, não se administrativo, que é uma espécie de ato jurídico.
podendo falar, nessas circunstancias, em ato
administrativo. Autoexecutoriedade
É o atributo do ato administrativo que possibilita
O estudo do ato administrativo parte da sua ao administrador público decidir e fazer cumprir
inserção na Teoria Geral do Direito, com as a sua decisão, sem a interferência do Poder
distinções entre ato administrativo e fato Judiciário, podendo, dessa forma, aplicar
jurídico. O ato jurídico é uma manifestação de sanções, tais como: multas, interdições etc.
vontade destinada a produzir efeitos jurídicos. Já Assim, traduz que a prática de um ato não
o fato jurídico é um acontecimento material depende de ordem ou mandado judicial.
involuntário (pode ser ordinário: nascimento ou
morte; ou extraordinário: caso fortuito ou força A autoexecutoriedade não é a regra, inexistindo,
maior), que produz efeitos no mundo jurídico. portanto, em relação a todos os atos
administrativos, vez que só é possível, desde que
3.2 Atributos [Características] ocorra nas seguintes situações:
Atributo é a qualidade dos atos administrativos e
podem ser entendidos como as características ‒ Quando prevista em lei, como acontece em caso
inerentes a eles. São aqueles que os diferenciam de exercício do poder de polícia administrativo
dos demais atos jurídicos. fiscalizatório; ou

- Presunção de Legitimidade; ‒ Quando constituir a condição indispensável à


- Presunção de Veracidade; eficaz garantia do interesse público confiado por
- Imperatividade; lei à Administração Pública. É o caso de medidas
- Autoexecutoriedade; e urgentes, que devem ser adotadas de imediato
- Tipicidade. para não ocasionar prejuízo maior para o
interesse público, como ocorre na demolição de
Presunção de Legitimidade um prédio que ofereça perigo, a internação de
A presunção de legitimidade diz respeito à uma pessoa com doença contagiosa, etc.
conformidade do ato com a lei. É qualidade de
todo e qualquer ato administrativo. Decorre, Tipicidade
portanto, do princípio da legalidade. Significa É o atributo pelo qual o ato administrativo deve
dizer que o ato administrativo deve ser observado corresponder à figura definida previamente pela
em toda a Administração Pública sem lei como aptas a produzir determinados
contestações por parte das pessoas a eles resultados. Corolário do principio da legalidade,
sujeitadas. Portanto, até prova em contrário, ele é esse ato tem o condão de afastar a possibilidade
válido e legal. de a AP praticar atos inominados (sem nome). A
tipicidade só existe com relação a atos
Presunção de Veracidade unilaterais; não existe nos contratos porque não
Já a presunção de veracidade diz respeito aos há imposição da vontade da Administração, vez
fatos alegados pela Administração Pública, que, que depende sempre da aceitação particular.
em decorrência desse atributo, presumem-se

249
3.3 Elementos ou Requisitos de Validade do acarretará a sua invalidade por vício de forma. O
Ato descumprimento do processo de elaboração
Para ter validade jurídica, o ato administrativo (processo legislativo), previsto para as leis
precisa conter determinados elementos também enseja o vício de forma. Ex.: Certidão de
estruturais. São eles: casamento (escrita); Ordem verbal dada pelo
policial a um cidadão.
DICA CO FI FO MO OB
Motivo [Causa]
- COmpetência[Sujeito]; São as razões que levam o administrador público
- FInalidade; à prática de um ato administrativo. Todo ato
- FOrma; administrativo, para ser válido precisa de um
- Motivo [Causa]; e motivo. No entanto, aquele que expede o ato
- OBjeto [Conteúdo]. administrativo, em regra não precisa dizer ou
escrever quais são os motivos que levaram à
prática do ato administrativo. É um poder
ESQUEMADIDÁTICO discricionário dele, agente público.

Objeto [Conteúdo]
O objeto do ato administrativo identifica-se com
seu próprio conteúdo, por meio do qual a
Administração manifesta sua vontade, ou atesta
simplesmente situações preexistentes. É o efeito
que o ato administrativo produz; a alteração que,
com a sua publicação, se pretende realizar no
mundo exterior.

Competência [Sujeito] Ex.: Qual o objeto de uma certidão? Para que


Diz respeito ao poder legal atribuído ou conferido serve? Para provar alguma coisa. Assim, o objeto
ao agente publico (ou órgão) para o desempenho da certidão é provar o fato. E da licença para
especifico das atribuições de seu cargo. Ex.: construir? É permitir que a pessoa venha a
Multa aplicada pelo agente de trânsito. Assim, construir legalmente.
para que o ato administrativo seja válido tem que
haver uma correspondência entre quem o pratica Assim, cada Ato Administrativo permite alcançar-
e a competência estabelecida na lei para a sua se um determinado objeto. Importante ressaltar
prática. A competência tem os seguintes que o objeto de um ato administrativo deve ser
pressupostos: sempre lícito (de acordo com as leis), possível e
do interesse público. Quando utilizamos o ato
- é exercício obrigatório para órgãos e agentes administrativo adequado temos o objeto lícito e
públicos. possível. Há ocasiões, no entanto, que o objeto
- é irrenunciável; pode ser ilícito, como no caso de um contrato
- é limitada aos termos da lei que a institui; para matar alguém, ou impossível (pelo menos no
- é imodificável pela vontade do agente; momento da prática do ato), como no caso de
- é própria do cargo (intransferível); e, uma concessão para transportes coletivos entre a
- se for extrapolada, ocasiona abuso de poder. Terra e a Lua.

Pelo exposto, podemos notar que os requisitos de


Finalidade validade do ato administrativo podem ser
É sempre o interesse público. A prática de ato vinculados (competência, finalidade e forma)
administrativo para satisfazer interesse pessoal ou discricionários (motivo e objeto).
constitui-se em desvio de finalidade, uma das
formas de abuso de poder, que torna inválido o Requisitos de validade do ato administrativo
ato administrativo praticado, que terá então uma
falha estrutural ou vício de finalidade. Vinculados Competência,
finalidade e forma
Forma
Discricionários Motivo e objeto
É o modo pelo qual ele (o ato) se apresenta. Em
geral, é sempre a escrita e sempre prevista em lei.
No entanto, pode ocorrer a prática de ato
Mérito Administrativo: o que vem a ser?
administrativo verbais em casos de urgência ou
A análise dos motivos e da escolha do objeto, isto
em algumas hipóteses, tais como:
é, dos requisitos discricionários do ato
administrativo, submetendo-os ao crivo da
- instruções de superior hierárquico a
oportunidade e da conveniência da prática do ato
subordinado;
administrativo, denomina-se mérito
- sinalização de trânsito pelo seu agente.
administrativo. Dessa forma, o mérito tem a ver
com o poder discricionário do administrador, não
Portanto, a expedição verbal de um ato
estando, dessa maneira, sujeito ao controle
administrativo, cuja forma exigida seja a escrita,

250
judicial. Não há, portanto, que se discutir mérito
de ato vinculado. Atos Complexos: os que se formam pela
conjugação de vontades de mais de um órgão
3.4 Classificação do Ato Administrativo administrativo, seja eles singulares (também
Os Atos Administrativos podem ser classificados denominados unipessoais) ou colegiados. Ex.:
tendo-se em vista diversos critérios. investidura de um servidor público (nomeação
pelo chefe do Executivo + posse e exercício pelo
Quanto aos destinatários chefe da repartição).
Gerais ou Regulamentares: aqueles expedidos
sem destinatários determinados, atingindo, Atos Compostos: os que resultam da vontade
portanto, todos aqueles administrados que única de um órgão, mas dependem da verificação
estejam na mesma situação. Esses atos não ou homologação por outro órgão, para que se
possuem destinatários determinados. Ex.: tornem exeqüíveis. Ex.: autorização, aquisição de
Regulamentos, circulares, edital de concurso material, escala de serviço (dependem de um
público etc. visto da autoridade superior).
Individuais ou Especiais: aqueles que têm
destinatário certo criando uma situação jurídica
DIFERENÇA
particular. O mesmo ato pode abranger a um ou
ENTRE ATO
vários sujeitos, desde que individualizados. Ex.:
COMPLEXO E
Decreto de nomeação, exoneração ou
COMPOSTO
desapropriação, Outorga de licença etc.

Quanto ao alcance ou abrangência dos efeitos


Internos: os destinados a produzir efeitos
somente no âmbito das repartições
administrativas, incidindo diretamente sobre
órgãos e agentes administrativos. Ex.:
Memorandos, Ordens de Serviço, etc. Quanto à eficácia
Externos: os que produzem efeito fora do âmbito Válido: aqueles que possuem todos os requisitos
das repartições administrativas. Ex.: Decreto, necessários à sua validade. Provém da
licença, naturalização de estrangeiro, etc. autoridade competente e da conformidade de
todas as exigências legais para a sua regular
Quanto às prerrogativas com que atua a produção e efeitos.
Administração
Atos de Império: os praticados pela Nulo: aqueles que são afetados por vício
Administração Pública no uso de sua supremacia estrutural, insanável. Não produzem qualquer
sobre o administrado, impondo atendimento efeito válido, pela evidente razão de que não se
obrigatório independentemente de autorização pode adquirir direitos contra a lei. O ato nulo é
judicial. Ex.: desapropriação; ordem de interdição ilegítimo, ilegal, não podendo ser convalidado,
de estabelecimento. nem produzir efeito válido entre as partes.
Atos de Gestão: os praticados pela
Administração Pública sem o uso de sua Inexistente: aquele que possui apenas aparência
supremacia. Ex.: aquisição ou venda de um bem; de manifestação de vontade da AP, mas que não
etc. chegou a aperfeiçoar-se como ato administrativo.
Atos de expediente: são atos internos da Ex.: ato praticado por um usurpador de função
Administração que visam a dar andamento aos pública que se passa pela condição de servidor.
serviços desenvolvidos por uma entidade, um
órgão ou uma repartição. Quanto aos efeitos
Constitutivo: aquele pelo qual a Administração
Quanto ao regramento ou ao grau de liberdade Pública cria, modifica ou extingue um direito ou
para decidir uma situação do administrado em relação à
Atos Vinculados: aqueles em que a lei estabelece Administração. Ex.: permissão, autorização,
todos os requisitos e condições para a sua dispensa, punição, revogação etc.
realização, sem deixar qualquer margem de
liberdade ao administrador. Extintivo ou desconstitutivo: é aquele que põe
fim a situações jurídicas individuais existentes.
Atos Discricionários: aqueles que a Ex.: cassação de uma autorização, a demissão de
administração pode praticar com certa liberdade um servidor etc.
de escolha, nos termos e limites da lei.
Declaratório: aquele em que a Administração
Quanto à formação ou à composição da vontade Pública apenas reconhece ou declara um direito
Atos Simples: os que resultam da manifestação já existente antes do ato, visando preservar o
de vontade de um único órgão; seja este singular direito do administrado. Ex.: homologação,
(também denominado unipessoal) ou colegiado. isenção, anulação etc.
Ex.: Sentença de um magistrado; nomeação pelo
chefe do Executivo; decisão de um Conselho;
acórdão de um Tribunal; etc.

251
Alienativo: é aquele que tem por fim a
transferência de bens ou de direitos de um titular
a outro.

Modificativo: é o que tem por fim alterar


situações preexistentes, sem provocar a sua
supressão.

Abdicativo: é aquele por meio do qual o titular


abre mão, abdica, de um determinado direito.

Quanto à formação e à possibilidade de produção


de efeitos
Perfeito: é aquele que teve seu ciclo de formação DICA
encerrado, que já esgotou todas as fases
necessárias à sua produção. Ex tunc Para trás, retroage.
Ex nunc Para frente, não
Imperfeito: é aquele que não completou o seu retroage.
ciclo de formação, que não se encerrou; que não
esgotou todas as fases necessárias à sua Convalidação ou Sanatória
produção. A convalidação é o processo de que se vale a
Administração para aproveitar atos
Pendente: é aquele que, embora perfeito, está administrativos que possuam vícios sanáveis, de
sujeito a condição ou termo para que comece a forma a confirmá-los no todo ou em parte. É a
produzir efeitos. pratica de um ato posterior que vai conter todos
os requisitos de validade, inclusive, aquele que
Consumado (ou exaurido): é o que já exauriu os não foi observado no ato interior e determinar a
seus efeitos, que já produziu todos os efeitos que sua retroatividade a data de vigência do ato tido
poderia produzir, é o que já esgotou sua como anulável. Os efeitos passam a contar da
possibilidade de produzir efeitos. Esse ato torna- data do ato anterior (ex tunc); é editado um novo
se definitivo, imodificável, não podendo ser ato.
impugnado, seja na esfera administrativa ou pelo
Poder Judiciário. Cassação
É a retirada do ato administrativo fundada no
3.5 Extinção dos Atos descumprimento da lei. Ex.: se você conduzir um
O desfazimento do ato administrativo poderá ser veículo embriagado, a Administração pode cassar
resultante do reconhecimento de sua a sua licença para dirigir.
ilegitimidade, de vícios na sua formação, ou
poderá simplesmente advir da necessidade de Caducidade
sua existência, isto é, mesmo legitimo o ato pode Ocorre quando uma nova legislação impede a
tornar-se desnecessário e pode ser declarada permanência da sua situação anteriormente
inoportuna ou inconveniente a sua manutenção. consentida pelo Poder Publico. Surge uma nova
norma jurídica que contraria aquela que
Anulação ou Invalidação respaldava a pratica do ato. Ex.: o Brasil nos
É a retirada do ato administrativo fundado em anos 40 aceitava jogos de azar, hoje não mais. O
ilegalidade. Ocorre quando há um vicio no ato, Poder Público não mais concede essa licença.
relativo à legalidade ou legitimidade (ofensa à lei Aqueles que tinham a licença sofreram sua
ou ao direito). Quando o vício for insanável, o ato caducidade.
é nulo e a anulação é obrigatória; quando for
sanável, o ato é anulável, podendo ser anulado Contraposição ou Derrubada
ou convalidado. Quando atos desse tipo forem É quando existem dois atos administrativos
retirados do mundo jurídico, ela retroage seus diferentes, mais de efeitos contrapostos, sendo
efeitos ao momento da pratica do ato (ex tunc), que o efeito de um derruba o efeito de outro. Ex:
ou seja, para trás, retroagindo à data da prática ato administrativo de nomeação versus ato
do ato convalidado. administrativo de demissão. Provimento versus
Nomeação. Obs.: se o ato for ineficaz, ele se
Revogação extingue pela mera retirada ou pela recusa do
É a retirada, do mundo jurídico, de um ato destinatário.
válido, legítimo e eficaz, mas que, segundo
critérios discricionários da Administração, Mera Retirada
tornou-se inconveniente e inoportuno. A É a revogação de um ato administrativo que
revogação produz efeitos prospectivos, ou seja, ainda não começou a produzir efeitos. Não se
para frente (ex nunc), a partir de agora, devendo confunde com a revogação propriamente dita,
ser respeitado os direitos adquiridos. uma vez que não existem efeitos a serem
preservados. Ex.: houve a nomeação para cargo
público e não houve posse. É retirado do mundo

252
jurídico o ato de nomeação para que outro seja Fundada em Fundada em
nomeado e tome posse. ilegalidade inconveniência e
inoportunidade.
Conversão Poder judiciário pode Apenas a Administração
Aproveita-se com outro conteúdo, o ato que anular o ato (sistema Pública.
inicialmente foi considerado nulo. Ex.: Caso haja inglês), a
declaração de nulidade na nomeação de alguém Administração Pública,
para o cargo público sem aprovação em também.
concurso, poderá haver nomeação para cargo Efeitos ex tunc Efeitos ex nunc.
comissionado. A conversão dá ao ato conotação (maioria da doutrina)
que deveria ter tido no momento de sua criação.
Produz efeito ex tunc.
4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Renúncia
Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a Sendo o Brasil uma Federação, a Administração
rejeição pelo beneficiário de uma situação Pública brasileira se distribui em três níveis: a
jurídica favorável de que desfrutava em Federal, a Estadual, que engloba a do Distrito
conseqüência daquele ato. Ex.: a renúncia de um Federal, e a Municipal. De acordo com o art. 4º,
cargo de Secretário do município, um beneficiário incisos I e II, do Decreto-lei n.º 200, de
de um título honorífico (de desinteressando e ele 25/02/67, que trata da Reforma Administrativa
renuncia). Não existe o direito de o beneficiário em nosso país, a Administração Pública Federal
ser indenizado nesse caso, visto que foi ele quem está classificada em DIRETA e INDIRETA.
renunciou o ato.

Recusa
Ao recusar o que o ato outorga, seu beneficiário o
extingue, dando que a aceitação era elemento
necessário para que o ato pudesse produzir
efeitos para os quais estavam preordenados. A
recusa não se confunde com a renúncia, pois na
recusa rejeita-se o que não se possui, na
renúncia rejeita-se o que já se possui. Não existe
o direito de ser indenizado.
O quadro abaixo indica a composição das
Outras Formas de Extinção Administrações Direta e Indireta (08 entes):

Desfazimento volitivo: resultante da


manifestação expressa do administrador ou ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO
Poder Judiciário, relativamente ao ato que esteja DIRETA INDIRETA
sendo extinto.
Órgãos da União Autarquias
Extinção natural: desfaz um ato administrativo
pelo mero cumprimento normal de seus efeitos. Órgãos dos Estados Fundações públicas de
direito público
Extinção subjetiva: ocorre quando há o Fundações públicas de
desaparecimento do sujeito que se beneficiou do direito privado
ato.
Órgãos do Distrito Empresas públicas
Extinção objetiva: ocorre quando desaparece o Federal
próprio objeto do ato praticado.
Órgãos dos Municípios Sociedades de
economia mista
Atos Irrevogáveis
São aqueles insuscetíveis de revogação. A saber:
‒ Os atos consumados que exauriram seus
efeitos;
‒ Os atos vinculados, porque não comportam União, Estados, Distrito Federal e Municípios são
juízo de oportunidade e conveniência; chamados de entes federados ou pessoas
‒ Os atos que já geraram direitos adquiridos, políticas, ao passo que as pessoas jurídicas
gravados por garantia constitucional; integrantes da Administração Indireta são
‒ Os atos que integram um procedimento; denominadas de entidades administrativas.
‒ Os chamados meros atos administrativos,
porque seus efeitos são previamente Todos os componentes da Administração Direta,
estabelecidos em lei. Ex.: certidão, atestado etc. as autarquias e as fundações públicas de direito
público são pessoas jurídicas de direito público,
Anulação Revogação enquanto as fundações públicas de direito
privado, empresas públicas e sociedades de

253
economia mista são pessoas jurídicas de direito ‒Fundações públicas
privado. ‒Autarquias;
‒Sociedades de Economia Mista; e,
Além desses nomes listados como componentes ‒Empresas públicas;
da Administração Indireta, outras pessoas
jurídicas também a integram, mas não com
natureza jurídica diferente das apresentadas, Entidades Paraestatais
pois serão espécies de autarquias e/ou de São pessoas jurídicas privadas que, sem
fundações públicas, dependendo do caso. integrarem a estrutura da Administração Pública
Direta ou Indireta, colaboram com o Estado no
desempenho de atividades não lucrativas e às
4.1 Administração Direta, Indireta e quais o Poder Público dispensa especial proteção.
Entidades Paraestatais Ex.: serviços sociais autônomos (SESI, SENAI,
SESC), organizações sociais, OSCIP, as
Administração Direta “entidades de apoio”.
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas
políticas do Estado (União, Estado, Distrito 4.2 Centralização, Descentralização e
Federal e Municípios), aos quais foi atribuída a Desconcentração
competência para o exercício, de forma Como dito anteriormente o Estado realiza a
centralizada, de atividades administrativas. administração por meio de órgãos, agentes e
Constitui-se dos serviços integrados na estrutura pessoas jurídicas. Para o desempenho de suas
administrativa da Presidência da República e dos atribuições, o Estado adota duas formas básicas
Ministérios e está presente nos três Poderes do de organização e atuação administrativa:
Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário). Estes centralização e descentralização.
três poderes exercem, respectivamente, as
funções administrativa, legislativa e jurisdicional. Centralização administrativa
Ocorre quando o Estado executa suas tarefas
diretamente, por meio dos órgãos e agentes
integrantes da Administração Direta.

Descentralização administrativa
Ocorre quando o Estado desempenha algumas de
suas funções por meio de outras pessoas
jurídicas. A descentralização pode ser feita por
meio de outorga e delegação. Na outorga o
estado cria uma entidade e a ela transfere, por
lei, determinado serviço público. Geralmente o
prazo é indeterminado. Na delegação o Estado
transfere, por contrato ou ato unilateral,
unicamente a execução do serviço para que seja
prestado ao público por conta e risco do ente
delegado, sob a fiscalização do Estado.
Normalmente é por prazo determinado.
Administração indireta
É o conjunto de pessoas administrativas que Desconcentração
vinculadas à Administração Direta, tem Quando a entidade da administração,
competência para exercício, de forma encarregada de executar um ou mais serviços,
descentralizada, de atividades administrativas. distribui competências, no âmbito de sua própria
Compreende as seguintes categorias de entidades estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a
pública, dotadas de personalidade jurídica prestação dos serviços.
própria:
4.3 Órgãos Públicos

A Administração Direta brasileira é constituída


de órgãos públicos, enquanto Administração
Indireta brasileira constitui-se de entidades
públicas, que também contam na sua estrutura
com órgãos públicos.

Conceito
Órgão público é um elemento
despersonalizado, ou seja, sem personalidade
jurídica própria, integrando a estrutura da
União, dos Estados, dos Municípios ou do
DICA FASE Distrito Federal, que são os entes federativos, ou
seja, os entes públicos que integram a estrutura

254
da Federação Brasileira, mas que também Distrito Federal, Prefeituras Municipais; no Poder
integram a estrutura das entidades públicas. E Judiciário: Tribunais (Supremo Tribunal Federal,
não tendo, portanto, personalidade jurídica, os Tribunais Superiores Federais e demais
órgãos públicos não têm vontade própria, de Tribunais Federais e Estaduais), Juízes (Federais
modo que, como parte das entidades que e dos Estados); no Ministério Público: (federal e
integram, são meros instrumentos de ação estadual); e Tribunais de Contas.
dessas pessoas jurídicas.
Autônomos: são aqueles localizados na cúpula
Assim, na Administração Direta Federal, da Administração Pública, imediatamente abaixo
somente a UNIÃO possui personalidade dos órgãos independentes e diretamente
jurídica. O órgão público, portanto, é um centro subordinados aos seus chefes. Têm autonomia
de competência despersonalizado instituído para administrativa, financeira e técnica.
o desempenho das funções administrativas pelos Participam das decisões governamentais segundo
agentes públicos, já a entidade pública é pessoa as diretrizes dos órgãos independentes, que
jurídica, de direito público (Autarquia) ou de expressam as opções políticas do governo. Seus
direito privado (Associações, Sociedades Civis ou dirigentes, em regra, são agentes políticos
Comerciais, Fundações). Logo: nomeados em comissão. Ex.: Ministérios,
Secretarias de Estado e de Município,
Órgão: unidade de atuação integrante da Consultoria-Geral da República, Procuradorias-
estrutura da Administração direta e indireta; Gerais de Estado, dentre outros.

Entidade: unidade de atuação dotada de Superiores: são aqueles que possuem o poder de
personalidade jurídica. direção, chefia ou comando dos assuntos de sua
competência específica, mas estão sempre
Essas entidades públicas, como já foram subordinados a uma chefia mais alta. Situam-se
frisadas, vinculam-se ao Ministério cuja área de entre os órgãos autônomos e os subalternos, e
competência estiver enquadrada sua principal não gozam de autonomia administrativa, nem
atividade. financeira, que são atributos dos órgãos
Características independentes e autônomos a que pertencem.
‒ integram a estrutura de uma pessoa jurídica; Ex.: Gabinetes, Secretarias-gerais,
‒ não possuem personalidade jurídica; Coordenadorias, Divisões, Inspetorias-Gerais,
‒ são resultados da desconcentração; Inspetorias, Procuradorias Administrativas e
‒ alguns possuem autonomia gerencial, Judiciais, Departamentos, Divisões dentre
orçamentária e financeira; outros.
‒ podem firmar contrato de gestão com outros
órgãos ou com pessoas jurídicas; Subalternos: são todos aqueles que se acham
‒ não tem capacidade pra representar em juízo a subordinados a órgãos mais elevados. Têm
pessoa jurídica que integram; atribuições de execução. Destinam-se à
‒ apenas alguns têm capacidade processual para realização de serviços de rotina, tarefas de
a defesa em juízo de suas prerrogativas formalização de atos administrativos,
funcionais; cumprimento de decisões superiores e
‒ não possuem patrimônio próprio. atendimento ao público, prestando-lhe
informações e encaminhando seus
Classificação requerimentos. Ex.: Protocolos, Portarias, Seções
Sendo os órgãos públicos elementos de Expediente, Serviços, dentre outros.
despersonalizados, ou seja, sem personalidade
jurídica própria, integrando a estrutura da Quanto à sua estrutura
Administração Pública brasileira, tanto na União, Simples: quando não possuem outros órgãos em
como nos Estados, nos Municípios e no Distrito sua estrutura, possuem um único centro de
Federal, podem ser classificados da seguinte competência. Não são subdivididos em sua
forma: estrutura interna.
Compostos: quando reúnem em sua estrutura
Quanto à sua posição estatal outros órgãos menores, como resultado da
Independentes: são aqueles originários da desconcentração administrativa. Ex.: Um
Constituição, sendo representativos dos Poderes protocolo ou uma portaria são exemplos de
de Estado (Poder Legislativo, Poder Executivo e órgãos simples, enquanto um Ministério é um
Poder Judiciário). Por este motivo, são também órgão composto.
denominados órgãos primários do Estado. Não
possuem qualquer subordinação hierárquica ou Quanto à sua atuação funcional:
funcional. As atribuições são exercidas por Singulares ou Unipessoais: são aqueles que
agentes políticos. atuam e decidem através de um único titular,
que é seu chefe e representante (Ex.: Presidência
Ex.: No Poder Legislativo temos o Congresso da República, Governadorias de Estados,
Nacional (Senado Federal e Câmara dos Prefeituras Municipais, dentre outros).
Deputados), Assembléias Legislativas, Câmaras
de Vereadores; no Poder Executivo: Presidência Colegiados: são aqueles que atuam e decidem
da República, Governadorias dos Estados e do pela manifestação conjunta e majoritária da

255
vontade de seus vários titulares (Ex.: Congresso ‒ Explora atividades de natureza econômica ou
Nacional, Tribunais, Assembléias Legislativas, execução de serviços públicos; e
dentre outros). ‒ Regime pessoal: CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho).
4.4 Entidades Administrativas
Sociedade de Economia Mista
As entidades configuram a Administração Pública ‒ São pessoas jurídicas de direito privado;
Indireta e sua criação pode ser estabelecida ‒ Integram a Administração Indireta;
através de duas formas: (I) por meio de lei ‒ Criada mediante lei especifica autorizativa;
‒ Criada sob a forma de Sociedade Anônima
especifica, diretamente; e (II) mediante ato do
(S/A);
Poder Executivo, autorizado por lei específica. ‒Criada com capitais públicos e privados;
‒ Explora atividades de natureza econômica ou
A criação de entidades da Administração Indireta prestação de serviços públicos; e
realizada diretamente pela edição de lei especifica ‒ Regime pessoal: CLT (Consolidação das Leis do
somente se aplica, hoje, à criação de autarquias. Trabalho).
A emenda nº 19/1988 passou a exigir
Importante saber!
autorização de lei especifica para a criação das
Vale dizer atualmente que empresas públicas e
demais entidades da Administração Indireta – sociedade de economia mista, qualquer que seja
empresas públicas, sociedades de economia seu objeto, não estão sujeitas à falência. Três são
mista e fundações públicas. as principais diferenças entre a empresa pública
e a sociedade de economia mista, a saber:
Espécies Entidades Administrativas
A forma jurídica: as sociedades de economia
Autarquias mista têm a forma de Sociedade Anônima (S/A);
É a pessoa jurídica de direito público, criada por já a empresa pública reveste-se de qualquer das
lei, com a capacidade de auto-administração, formas admitidas em direito (Sociedades Civis,
para o desempenho de serviço público Sociedades Comerciais, Ltda., S/A etc.).
descentralizado, mediante controle
administrativo exercido nos limites da lei. Ex.: A composição do capital: as sociedades de
BACEN, USP, ANATEL, ANEEL, ANAC etc. economia mista são formadas pela conjugação de
recursos públicos e privados; já a empresa
‒ são entidades administrativas autônomas; pública é integralmente público.
‒ são criadas somente por lei específica;
‒ com personalidade jurídica de direito público O foro processual: as empresas públicas
interno; federais terão suas causas processadas e
‒ possuem patrimônio próprio; julgadas na justiça federal. As empresas públicas
‒ possuem atribuições estatais próprias; e estaduais e municipais terão suas causas
‒ integram a Administração Indireta. processadas e julgadas na justiça Estadual. Já
as sociedades de economia mista federais,
Fundações Públicas estaduais e municipais terão suas causas
Figura oriunda do direito privado caracteriza-se processadas e julgadas na justiça Estadual.
pela atribuição de personalidade jurídica a um
determinado patrimônio destinado a um fim 5. AGENTES PÚBLICOS
especifico. Ex.: Funai, IBGE, FNS, Fundação
Escola de Administração Pública etc. A expressão “agente público” tem sentido amplo,
‒ São características especificas: alcançando todas as pessoas que, a qualquer
‒ são criadas por ato do Poder Executivo, título, exercem uma função pública, remunerada
mediante autorização em lei especifica; ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou
‒ são assemelhadas as fundações privadas; jurídica, como preposto do Estado.
‒ possui natureza não-lucrativa;
‒ possui finalidade social (assistência social, 5.1 Espécies
médica e hospitalar, educação e ensino,
pesquisa, atividades culturais); Agente Público
‒ são integrantes da Administração Indireta; e Considera-se agente público todo aquele que
‒ dotadas de personalidade jurídica de direito. exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação,
Empresas Públicas contratação ou qualquer forma de investidura ou
As empresas públicas são as pessoas jurídicas de vínculo, mandado, cargo, emprego ou função
direito privado. Ex.: ECT (Correios) e CEF (Caixa pública.
Econômica Federal) etc.
‒ Integram a Administração Indireta; Servidor público
‒ Criada a partir da autorização de lei especifica; São aqueles agentes que mantém uma relação
‒ Criada sob qualquer forma jurídica (Ltda., S/A permanente com o Estado, em regime
etc); estatutário, por integrarem o quadro funcional
‒ Criada com capital exclusivamente público;

256
das pessoas políticas e de suas autarquias e remunerado (estatutário ou celetista), não
fundações públicas. eventualidade (permanência) e dependência do
relacionamento (as entidades a que se vinculam
Empregado Público prescrevem-lhes o comportamento nos mínimos
São aqueles agentes que, sob regime celetista, detalhes).
mantenham vínculo de trabalho permanente com
as entidades de natureza privada da Não devemos confundir servidor público e
Administração Indireta. Mas com o fim da funcionário público. Este último, é considerado
obrigatoriedade de instituição de Regime Jurídico aquele que, para efeitos penais, exerça cargo,
Único para as entidades federativas tornou-se emprego ou função pública, embora
possível a contratação de empregados públicos, transitoriamente ou sem remuneração (Código
regidos pela Consolidação das leis de Trabalho, Penal, art.327). Funcionário Público, portanto, é
até mesmo na Administração Direta. expressão mais ampla do que servidor público,
identificando-se melhor, desta forma, com o
5.2 Classificação próprio conceito de agente público. Nessa
Os agentes públicos classificam-se da seguinte categoria enquadram-se: os servidores públicos
forma: concursados em geral, ocupantes de cargo ou
‒ Agentes Políticos; função em comissão, ocupantes de emprego
‒ Agentes Administrativos; publico, servidores contratados temporariamente
‒ Agentes Honoríficos; para atender a necessidade de excepcional
‒ Agentes Delegados; interesse público etc.
‒ Agentes Credenciados;
‒ Agentes Temporários; Agentes Honoríficos
‒ Servidores Governamentais; Também conhecidos como agentes de
‒ Agentes de Colaboração; e Colaboração por Compulsão, são aqueles
‒ Militares. cidadãos chamados para, transitoriamente,
colaborarem como Estado, na prestação de
Agentes Políticos serviços específicos, em razão de sua condição
São os detentores dos cargos do Governo do cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória
Estado. Situam-se, portanto, no ápice dos capacidade profissional. Não possuem qualquer
Poderes do Estado. Tem as funções de dirigir, vinculo funcional como Estado e normalmente
orientar e estabelecer diretrizes para o Poder atuam sem remuneração. São exemplos de
Público. agentes honoríficos os jurados, mesários
eleitorais, comissários de menores;
Características: competência é haurida da escrutinadores etc.
própria constituição; não se sujeitam a regras
comuns aplicadas a servidores públicos; são Agentes Delegados
investidos em cargos por meio de eleição, São particulares que recebem a incumbência da
nomeação e designação; não são hierarquizados, execução de determinada atividade, obra ou
sujeitando-se, tão somente, às regras serviço público e o realizam em nome próprio,
constitucionais. Ex.: Chefes de Executivo por sua conta e risco, sob a permanente
(Presidente da República, Governadores e fiscalização do poder delegante. Assim, a
Prefeitos); seus auxiliares imediatos (Ministros e Administração Pública entrega a execução de
Secretários de Estado e de Município); os certos serviços a estas pessoas, mas é ela quem
membros das Corporações Legislativas estipula as regras e quem realiza a fiscalização.
(Senadores, Deputados e Vereadores); os Não são servidores públicos, tampouco
membros do Poder Judiciário (Magistrados); os representantes do Estado, mais apenas
Membros do Ministério Público (Procuradores da colaboradores do Poder Público. São os
República, Procuradores e Promotores de concessionários, permissionários e
Justiça); os Membros dos Tribunais de Contas autorizatários de serviços públicos, os
(Ministros e Conselheiros); os representantes leiloeiros, os tradutores públicos e intérpretes
diplomáticos etc. públicos etc.

Os agentes políticos não têm necessariamente Os agentes delegados respondem civil e


vínculo profissional com a Administração Pública. criminalmente sob as mesmas normas da
Assim, o Ministro dos Transportes pode não ser Administração Pública de que são delegados, ou
um engenheiro, o Ministro da Justiça pode não seja, com responsabilidade objetiva pelo dano,
ser um advogado, ou, o Ministro da Fazenda pode pois, de acordo com o art. 37, § 6° da CF, as
não ser um economista. Isto acontece porque o empresas de D. Público e as de D. Privado e os
vínculo deles não é profissional, mas político. agentes que prestam serviços em seu nome
respondem diretamente pelos danos causados a
Agentes Administrativos [Servidores Públicos] terceiros.
Aqueles que têm com o Poder Público uma relação
de trabalho remunerado, de natureza profissional Agentes credenciados
e de caráter permanente, sob vínculo de São aqueles que recebem a incumbência da
dependência. Características principais: Administração para representá-la em
profissionalidade, relação de trabalho determinado ato ou praticar certa atividade

257
especifica, mediante remuneração do Poder Esses agentes públicos têm hoje suas
Público credenciante. Ex.: Um médico ao ser prerrogativas e obrigações definidas na
credenciado pelo Poder Público para atender a Constituição Federal, principalmente pelos
população não terá vínculo com o mesmo, artigos 42 e 142, além de estarem sujeitos
ficando sem as vantagens de um servidor também ao regime do Estatuto dos Militares,
público. Da mesma forma ocorre com o advogado estabelecido pela Lei Federal n.º 6.880, de 9 de
credenciado para emitir Parecer Jurídico. dezembro de 1980, no caso dos militares
federais. Segundo a Constituição Federal, os
Agentes Temporários militares são integrantes das Forças Armadas
Aqueles contratados por tempo determinado para (Marinha, Exército e Aeronáutica) ou das Polícias
que a Administração Pública possa atender a Militares e Corpos de Bombeiros estaduais ou do
necessidade temporária do interesse público. O Distrito Federal (militares estaduais). Não são,
vínculo destes agentes é celetista (contratação portanto, militares os demais agentes
por prazo certo: art.479, da CLT). Segundo esta eventualmente lotados nas referidas instituições.
legislação é considerada como de “excepcional
interesse público” as seguintes contratações, 5.3 Cargos, Funções e Empregos Públicos
dentre outras: assistência a situações de Os órgãos públicos necessitam de pessoas
calamidade pública (por seis meses), para incumbidas do exercício das competências que
combate a surtos epidêmicos (por seis meses), lhes estão afetas. Essas pessoas, físicas ou
realização de recenseamentos (por doze meses), jurídicas, que sob qualquer vínculo jurídico e, às
admissão de professor substituto e professor vezes, até mesmo sem ele, venham a prestar
visitante (por doze meses), admissão de professor serviços à Administração Pública, ou realizar
e pesquisador visitante estrangeiro (por até atividades estatais sob sua responsabilidade, é
quatro anos) e atividades especiais nas denominado agente público.
organizações das Forças Armadas para atender a
área industrial ou a encargos temporários de São os agentes públicos que desempenham as
obras e serviços de engenharia (por até quatro competências dos diversos órgãos públicos,
anos). ocupando os cargos, empregos ou funções neles
existentes. Dessa forma, fixemos a distinção
Servidores Governamentais entre cargos públicos, funções públicas e
Aqueles que sob o regime de dependência ligam- empregos públicos.
se às chamadas empresas governamentais, ou
seja, às sociedades de economia mista, empresas Cargos
públicas e fundações privadas mantidas pelo Cargo público é o conjunto de atribuições e
Poder Público. Têm as mesmas características responsabilidades previstas na estrutura
dos servidores públicos celetistas, sendo regidos, organizacional da Administração que devem ser
portanto, pelo regime jurídico privado. cometidas a um servidor. São lugares criados nos
diversos órgãos públicos para serem providos por
Agentes de Colaboração agentes públicos estatutários, ou seja, aqueles
São as pessoas, físicas ou jurídicas, que prestam regidos por estatutos que, hoje em dia, são
serviço à Administração Pública, podendo ser: também denominados de regimes jurídicos. Os
cargos públicos podem ser de provimento efetivo,
‒Agentes de Colaboração por vontade própria sempre exigindo aprovação previa em concurso
(Voluntários ou Servidores Públicos de Fato ou público para seu preenchimento, ou de
Agentes Putativos): os que assumem a gestão de provimento de comissão, declarados em lei de
negócios públicos em momentos de emergência. livre nomeação e exoneração.
Ex.: Prisão de um criminoso, Assunção de
atividade pública em razão de abandono por seu Os militares, que também exercem cargos
titular, em razão de guerra, calamidade pública, públicos, são estatutários e mantiveram a
rebelião, etc. denominação tradicional do seu estatuto: o
Estatuto dos Militares, embora não mais sejam
‒Agentes de Colaboração por Concordância: os enquadrados como servidores públicos, visto que,
que prestam serviços à Administração Pública após a Emenda Constitucional nº 18/98,
ante sua expressa concordância. Podem ser passaram a ter um regime constitucional próprio.
delegados ou credenciados.
Funções
Militares Por sua vez, funções são encargos ou
São todos aqueles que, permanente ou competências atribuídas aos cargos, órgãos ou
temporariamente, desempenham atividade militar agentes. As funções podem ser autônomas, que
no âmbito federal ou estadual. Até a promulgação são funções provisórias destinadas a atender
da Emenda Constitucional n.º 18, de 5 de necessidades temporárias ou transitórias, como
fevereiro de 1998, eram considerados servidores as desempenhadas no caso de contratação por
públicos, visto que estes podiam ser civis ou tempo determinado. Também podem ser funções
militares. A partir da referida emenda os de confiança que obrigatoriamente devem ser
militares passaram a ter um regime exercidas por servidores de cargos efetivos. Ex.:
constitucional próprio. jurados, mesários eleitorais, etc.

258
Importante saber! transitada em julgado, proferida em foro
As funções de confiança, assim como os privilegiado, isto é, em um dos tribunais do Poder
cargos em comissão, destinam-se Judiciário. Ex.: os cargos efetivos vitalícios são
exclusivamente a atribuições de direção, próprios de integrantes do Poder Judiciário - os
chefia e assessoramento e o servidor ocupante magistrados; membros do Ministério Público e
submete-se a regime de dedicação integral ao dos Tribunais de Contas.
serviço, podendo ser convocado sempre que
houver interesse da administração. O estágio probatório
É o período inicial de exercício do cargo efetivo
A Função de Confiança e Cargo de comissão durante o qual são apreciados a assiduidade;
destina-se à Direção, Chefia e Assessoramento disciplina; capacidade de iniciativa; produtividade
e responsabilidade por um período três anos
(trinta e seis meses). Durante o estágio
Empregos públicos probatório o servidor está sujeito ao desligamento
Já os empregos, destinam-se aos servidores do serviço público através da exoneração; após o
regidos pelas normas da Consolidação das Leis estágio probatório, a modalidade adequada de
Trabalhistas (CLT). Em nossa Administração desligamento, a título de punição por falta
Pública vamos encontrar agentes públicos que disciplinar cometida, é a demissão, uma das
poderão não estar investidos de cargos públicos penalidades previstas para transgressões
ou empregos públicos, mas que têm funções cometidas por servidores públicos. À exoneração
públicas. estão sujeitos, também, os ocupantes de cargos
em comissão.
Os cargos, para fins de progressão funcional e
controle, são agrupados em classes (Ex.: II. Cargo em Comissão
Professor-Auxiliar, Assistente, Adjunto, Quando ocupado sem concurso público, em
Associado, Titular) e estas constituem as caráter precário (sem dar garantias aos seus
carreiras (Ex.: pessoal docente; pessoal técnico- ocupantes, que podem ser exonerados ad
administrativo, etc.), cujo conjunto denomina-se nutum, ou seja, a qualquer tempo). Não
quadro. precisam de motivação para ser preenchidos ou
ocupados. Estão previstos na CF-37, V.
Cargo → Classe → Carreira → Quadro
III. Cargo Eletivo
Quando seu ocupante é escolhido por eleição.
Assim, o quadro de servidores de uma Aquele que, temporariamente, “por um tempo
universidade, por exemplo, tem a carreira do indeterminado”, ocupa um cargo público que não
pessoal docente, que é constituída por tem titular, o faz interinamente. Se esta
professores das cinco classes acima citadas, ocupação for por tempo determinado, o exercício
ocupando os cargos de professor. será eventual, como acontece, por exemplo,
quando o titular de um cargo é substituído para
Os cargos podem ser de três espécies: que goze férias, por motivo de saúde ou outro
motivo que não implique no seu afastamento
I. Cargo Efetivo definitivo da titularidade do cargo.
Quando é ocupado por concurso público, da
forma como dispõe a CF, podendo, neste caso, A localização dos cargos públicos, na estrutura
ser: administrativa dos órgãos públicos, é
denominada lotação.
Estável
Quando após 03 (três) anos de efetivo A lotação corresponde à localização do cargo.
exercício confere ao seu titular a garantia de que
só será demitido (mediante ampla defesa) em
virtude de: 5.4 Regime Jurídico Único
I. Decisão judicial transitada em julgado; Com a promulgação da CF/1988 deixou de ser
II. Processo administrativo disciplinar; ou prevista a obrigatória adoção de um Regime
III. Processo de avaliação periódica de Jurídico Único para os agentes da Administração
desempenho. Direta, das autarquias e fundações públicas dos
entes federativos. Os servidores públicos podem
Embora a estabilidade, em princípio, diga ser de dois tipos:
respeito aos ocupantes de cargos públicos, o
Tribunal Superior do Trabalho confirmou o Servidores Estatutários
direito dos servidores celetistas da administração Nos termos da CF-39, são os servidores civis da
direta, das autarquias e das fundações à Administração Direta, Autárquica e Fundacional,
estabilidade prevista na Constituição. que têm vínculo estatutário com a Administração
Pública. São encontrados nos três níveis de
Vitalício Governo (Federal, Estadual e Municipal), bem
Quando após dois anos de efetivo exercício como nos Poderes Legislativo, Executivo e
confere ao seu titular a garantia de que só será Judiciário e estão sujeitos ao Regime Jurídico
demitido em razão de sentença judicial

259
estabelecido pela Lei Federal n.º 8.112, de 11 de Administração. Pode ser através de nomeação e,
dezembro de 1990. para cargos efetivos, pela aprovação prévia em
concursos públicos de provas ou de provas e
Ocupam cargos públicos efetivos, como já títulos. (CF 37, II).
tivemos oportunidade de mencionar
anteriormente. São também denominados Provimento derivado: é aquele que diz respeito
agentes administrativos, da mesma forma que os aos que já ocupam cargo público, no qual há
ocupantes de cargos públicos em comissão ou de vinculo entre o servidor a e a Administração. Daí
funções de confiança, que Direito Administrativo ser chamado também de provimento endógeno.
ingressam no serviço público sem concurso,
assim como os agentes temporários, porque A transferência, que implicava na movimentação
todos têm vínculo profissional, permanente ou de um para outro quadro funcional, não se
temporário, com a Administração Pública da qual confunde com a remoção ou com a
recebem contraprestação financeira. redistribuição, formas de movimentação do
servidor público, mas não formas de provimento.
Servidores Celetistas
Aqueles que têm com a Administração Pública Na remoção o servidor é deslocado, no âmbito do
um regime celetista. Ocupam, portanto, mesmo quadro, para outro local de trabalho, com
empregos públicos. Como vimos, são encontrados ou sem mudança de sede, conforme dispõe o art.
em maior número na Administração Indireta 36, da Lei 8.112.
onde são classificados como servidores
governamentais. Hoje em dia, como já foi Nesses casos pode ser: de Ofício: ex officio=
salientado, gozam da estabilidade conferida aos contra a vontade; a pedido: do servidor, a
estatutários e têm direitos trabalhistas que não critério da Administração; ou a pedido do
são conferidos a estes, como, por exemplo, o servidor, para outra localidade,
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). independentemente do interesse da
Administração, nas seguintes hipóteses: (I) para
5.5 Provimento, vacância, remoção, acompanhar cônjuge ou companheiro, também
redistribuição e substituição servidor público civil ou militar, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Provimento é o ato administrativo por meio do Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
qual é preenchido cargo público, com a interesse da Administração; (II) Por motivo de
designação de seu titular. Os cargos públicos saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
podem ser de provimento efetivo ou de dependente que viva às suas expensas e conste
provimento em comissão (cargos de confiança). do seu assentamento funcional, condicionada à
São formas de provimento dos cargos públicos: comprovação por junta médica oficial; e (III)em
nomeação; reintegração; readaptação; promoção; virtude de processo seletivo promovido, na
reversão; aproveitamento; e recondução. Já a hipótese em que o número de interessados for
vinculação de qualquer pessoa ao serviço público superior ao número de vagas, de acordo com
se faz através de um ato denominado investidura. normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
Assim, o ato de investidura em um cargo ou em que aqueles estejam lotados.
emprego pública pode se por (I) admissão:
ocupar cargo efetivo; (II) designação: ocupar Formas de provimento
cargo em comissão; (III) diplomação: ocupar
cargo eletivo e por (IV) contratação: quando se Nomeação
vincular pelo regime da CLT. Ato pelo qual o Poder Público manifesta o seu
interesse em admitir uma pessoa no serviço
Importante saber! público. Trata-se da única forma de provimento
Podem ingressar na Administração Pública originário atualmente existente (única compatível
brasileira, tanto os nacionais (brasileiros natos com a CF/1988), podendo dar-se em caráter
ou naturalizados), como os portugueses efetivo ou em comissão (para cargo de confiança).
(Constituição Federal – art. 12,§1º). Em função É importante saber que sempre que o provimento
do disposto nesse dispositivo constitucional, os decorrer concurso público haverá nomeação e o
estrangeiros não podem ingressar na provimento é efetivo e originário. É um ato
Administração Pública brasileira. administrativo unilateral que não gera qualquer
obrigação par ao servidor, mais sim o direito
A investidura em um cargo público é denominada subjetivo para que formalize seu vinculo com a
de provimento, que pode ser originário ou Administração Pública através da posse.
derivado.
Posse: ato pelo qual a pessoa nomeada aceita as
Provimento originário: é o tipo de provimento normas estatutárias que lhe digam respeito. A
que diz respeito ao ingresso no serviço público posse ocorre no prazo de até TRINTA dias
por qualquer pessoa habilitada, daí ser contados da publicação da nomeação (salvo nos
denominado também provimento exterior ou casos de licença ou afastamento) e dar-se-á pela
exógeno. Na verdade é o preenchimento de assinatura do respectivo termo. O nomeado
classe inicial de cargo nos decorrente de qualquer somente se torna servidor com a posse.
vinculo anterior entre o servidor e a

260
Exercício: ato a partir do qual a pessoa nomeada É o reingresso de servidor aposentado por
e empossada passa a desempenhar as funções invalidez, quando, por junta médica oficial, forem
relativas ao cargo. Contados da data da posse, o declarados não mais subsistentes os motivos da
servidor terá mais QUINZE dias para entrar em sua aposentadoria (deixaram de existir os
exercício, sendo exonerado aquele que não o fizer motivos que determinaram a invalidez). Assim a
nesse prazo. reversão é o retorno do servidor aposentado (I)
por invalidez, quando a junta medica oficial
Posse 30 dias e Exercício 15 dias declarar insubsistentes os motivos da
aposentadoria; ou (II) no interesse da
O servidor ocupante de cargo efetivo que deva administração, desde que: tenha solicitado
assumir, também, uma função de confiança, não reversão; a aposentadoria tenha sido voluntaria;
é “nomeado” para a função de confiança, mais estável quando na atividade; a aposentadoria
sim designado. tenha ocorrido nos 05 anos anteriores à
solicitação; haja cargo vago. Atualmente a
Reintegração reversão pode dar-se, também, a pedido do
É o reingresso do servidor estável, ilegalmente servidor que tenha se aposentado por tempo de
desligado de seu cargo, ao mesmo cargo que contribuição.
anteriormente ocupava ou, não sendo possível, a
cargo semelhante ou equivalente com integral Aproveitamento
reparação dos prejuízos que o atingiram por força É o retorno do servidor estável que se encontrava
do ato ilegal que o desligou. A reintegração pode em disponibilidade, a cargo de atribuições e
decorrer de decisão administrativa ou judicial. vencimentos compatíveis com o anteriormente
ocupado (o qual foi extinto ou declarado
De acordo com a CF-41,§2º, se a reintegração desnecessário) ou em cargo equivalente em
decorrer de decisão judicial do eventual ocupante termos de atribuições e vencimentos.
da vaga, se estável, será posto em
disponibilidade, aproveitado em outro cargo ou Recondução
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a É o reingresso do servidor estável a cargo
indenização. anteriormente ocupado em razão de (I) ter sido
inabilitado no estágio probatório de outro cargo,
Posto em disponibilidade - entende-se a para o qual havia sido nomeado; ou (II) haver
situação em que poderá ficar o servidor público sido desalojado de um cargo em razão de
estável, cujo cargo venha a ser extinto em razão reintegração do ocupante anterior. Encontrando-
de uma das seguintes hipóteses: tenha sido se provido o cargo de origem, o servidor será
declarada a sua desnecessidade; ou esteja aproveitado em outro de atribuições e
ocupado por outra pessoa em razão de vencimentos compatíveis com o anteriormente
reintegração, sem que o desalojado possa ser ocupado.
reconduzido.
Reingresso
De acordo com a CF-41,§3º, o servidor estável em É o retorno do servidor ao serviço ativo, do qual
disponibilidade, ficará, até o seu adequado se encontrava desligado. Pode ocorrer em razão
aproveitamento em outro cargo, com de reversão, reintegração, recondução ou
remuneração proporcional ao tempo de aproveitamento.
serviço.
Vacância ou Desprovimento
Readaptação É o meio pelo qual o servidor público se
Ocorre quando servidor, estável ou não, havendo desvincula do cargo público ocupado,
sofrido uma limitação física ou mental em suas ocasionando a sua vacância. Decorre de
habilidades, torna-se inapto ao exercício do cargo exoneração, demissão, aposentadoria, posse em
que ocupa, mais por não se tratar de invalidez outro cargo inacumulável, promoção, readaptação
permanente, pode ainda exercer outro cargo para e falecimento. A promoção, ascensão,
o qual a limitação sofrida não o inabilita. É a transferência e readaptação são formas de
adaptação do servidor em outro cargo mais vacância, mas são também formas de
compatível com uma limitação que tenha provimento, e foi nesta condição que já tivemos
ocorrido em sua capacidade física ou mental, oportunidade de estudá-las.
verificada em inspeção médica.
Exoneração
Promoção Consiste no desligamento do serviço público a
É a ocupação, na mesma carreira, de classe pedido do próprio servidor ou de ofício, quando:
imediatamente superior (verticalização), em razão não satisfeitas às condições do estágio
de antiguidade ou de merecimento. Depende, probatório, em se tratando de cargo efetivo; o
portanto, de VAGA, ou seja, de um cargo aberto servidor, embora tendo tomado posse, não entrar
no quadro numérico, e de uma SITUAÇÃO em exercício no prazo legal; a juízo da autoridade
PESSOAL, isto é, a antiguidade ou o competente, no caso de cargo em comissão.
merecimento.
Demissão
Reversão

261
Consiste no desligamento do serviço público, de voluntária, para o professor que comprove
servidor estável, como forma de punição pela exclusivamente tempo de efetivo exercício das
prática de falta disciplinar. A demissão só poderá funções de magistério na educação infantil e no
ser aplicada pela Administração Pública após ensino fundamental e médio (CF 40-§ 5º). Ou
procedimento em que seja assegurada ao servidor seja, para o professor:
público a ampla defesa, ou pelo Poder Judiciário,
após processo judicial. Com proventos Integrais -
Homem: 55 anos idade + 30 anos de
Aposentadoria contribuição
Consiste no desligamento definitivo e Mulher: 50 anos idade + 25 anos de
remunerado do servidor público. Suas regras contribuição
gerais estão estabelecidas pelo art. 40, da - Com proventos proporcionais -
Constituição Federal, podendo ser: Homem: 60 anos idade e Mulher: 55 anos
idade
Por Invalidez Permanente: com proventos
integrais (quando decorrente de acidente de
serviço, moléstia profissional ou doença grave, IV. Posse em outro cargo inacumulável:
contagiosa ou incurável, na forma da lei) ou com Forma de desprovimento que resulta do disposto
proventos proporcionais ao tempo de na CF-37-XVI, que diz respeito à acumulação de
contribuição (nos demais casos). Ex.: Doenças cargos públicos. Segundo o dispositivo que rege,
graves, contagiosas ou incuráveis: tuberculose é vedada a acumulação remunerada de cargos
ativa, alienação mental, esclerose múltipla, públicos, exceto quando houver compatibilidade
neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso de horários, nos seguintes casos:
no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave,
doença de Parkinson, paralisia irreversível e ‒ dois cargos de professor;
incapacitante, espondiloartrose, anquilosante, ‒ um cargo de professor com um cargo técnico ou
nefropatia grave, estados avançados do mal de científico, para o seu exercício exige aplicação de
Paget (osteíte deformante), Síndrome de conhecimentos científicos ou artísticos de nível
Imunodefi ciência adquirida (AIDS), e outras que superior;
a lei indicar, com base na medicina ‒ dois cargos ou empregos privativos de
especializada. profissionais de saúde (médico, enfermeiro, etc.),
com profissões regulamentadas;
Compulsória: aos setenta anos de idade, com ‒ um cargo de juiz com um de professor (CF-
proventos proporcionais ao tempo de 95,PU,I);
contribuição; e ‒ um cargo de membro do Ministério Público com
outro de professor (CF-128,§5º,II,d);
Voluntária: quando o servidor, tendo cumprido: ‒ dois cargos ou empregos privativos de médico
O tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo que estejam sendo exercidos (em 5 de outubro de
exercício no serviço público e os 05 (cinco) anos 1988, data da promulgação da Constituição
no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, Federal) por médico militar na Administração
observe as seguintes condições: Pública Direta ou Indireta (ADCT-17,§1º); e
‒ dois cargos ou empregos privativos de
Tempo mínimo: 10 anos de efetivo exercício e profissionais de saúde que estejam sendo
05 anos no cargo exercidos (em 5 de outubro de 1988, data da
promulgação da Constituição Federal) na
a) Sessenta anos de idade e trinta e cinco de Administração Pública Direta ou Indireta (ADCT-
contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco 17,§2º).
anos de idade e trinta de contribuição, se
mulher; Ao exposto, acrescente-se que o inciso XVII, do
Homem: 60 anos idade + 35 anos de art. 37, da Constituição Federal, preceitua que a
contribuição proibição de acumular estende-se a empregos e
Mulher: 55 anos idade + 30 anos de funções, abrangendo toda Administração Pública
contribuição Direta ou Indireta (Autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia
b) Sessenta e cinco anos de idade, se homem, e mista, suas subsidiárias, e sociedades
sessenta anos de idade, se mulher, com controladas, direta ou indiretamente pelo Poder
proventos proporcionais ao tempo de Público).
contribuição.
V. Falecimento do servidor público.
Homem: 65 anos idade e Mulher: 60 anos Hipótese em que o servidor falece ainda na ativa
idade ou em serviço.
- Com proventos proporcionais –
Remoção
Aposentadoria para o professor É a forma de deslocamento do servidor público,
Os requisitos de idade e de tempo de dentro da mesma sede em que se encontra lotado
contribuição serão reduzidos em cinco anos, em ou para outra sede, mas, necessariamente e em
relação ao disposto para a aposentadoria absoluto, dentro do mesmo quadro. Não

262
representa forma de provimento de cargo, nem
sequer acarreta a vacância de cargo. Trata-se tão
somente, de deslocamento do servidor, em
hipóteses estabelecidas em lei. A remoção poderá
ocorrer de oficio ou a pedido do próprio servidor.
Quando a pedido, poderá ser no interesse da
administração pública ou independente do
interesse da administração.

Redistribuição
Ocorre o deslocamento de cargo de provimento
efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro
geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do
mesmo Poder, observados os seguintes preceitos:

‒ Interesse da administração;
‒ Equivalência de vencimentos;
‒ Manutenção da essência das atribuições do
cargo;
‒ Vinculação entre os graus de responsabilidade
e complexidade das atividades;
‒ Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional; e
‒ Compatibilidade entre as atribuições do cargo e
as finalidades institucionais do órgão ou
entidade.

Substituição
Titulares de cargo em comissão, função de
confiança ou cargo de natureza especial contarão
com substitutos em casos de impedimento,
afastamento ou vacância. Os interinos serão
devidamente designados pelo regimento interno
da entidade ou do órgão. Em caso de omissão
regimental, caberá a máxima autoridade da
respectiva da administração publica indicar os
nomes.

Com esse tema final encerramos o presente curso


de noções de Direito Administrativo conforme
previsto no último edital:

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


1. Administração pública: conceito e princípios.
2. Poderes administrativos. 3. Atos
administrativos.3.1 Conceito. 3.2 Atributos. 3.3
Requisitos. 3.4 Classificação. 3.5 Extinção. 4.
Organizaçãoadministrativa. 4.1 Órgãos públicos:
conceito e classificação. 4.2 Entidades
administrativas: conceitoe espécies. Agentes
públicos: espécies.

263
Noções do Estatuto da PM-BA em teoria e exercícios.

1ª PARTE - Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia


• Finalidade ...................................................................................................................................
• Princípios ....................................................................................................................................
• Escala Hierárquica ......................................................................................................................
• Da Precedência............................................................................................................................
• Cargo Policial Militar....................................................................................................................
• Formas de Provimento .................................................................................................................
2ª PARTE - Continuação de Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia.........................................
• Vacância .....................................................................................................................................
• Das Situações Institucionais da Polícia Militar..............................................................................
• Na Ativa ......................................................................................................................................
• Agregação....................................................................................................................................
• Excedentes ..................................................................................................................................
• Na Inatividade .............................................................................................................................
• Regime Disciplinar.......................................................................................................................
• Das Penalidades ..........................................................................................................................
• Atribuição de Responsabilidades ..................................................................................................
3ª PARTE - Continuação de Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia .........................................
• Da Apuração Disciplinar ..............................................................................................................
• Da Sindicância ............................................................................................................................
• Do Processo Disciplinar ...............................................................................................................
• Processo Administrativo Disciplinar .............................................................................................
• Dos Atos e Termos Processuais ....................................................................................................
4ª PARTE - Continuação de Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia .........................................
• Dos Dependentes do Policial Militar..............................................................................................
• Do Direito De Petição ...................................................................................................................
• Dos Direitos Políticos ...................................................................................................................
• Da Remuneração .........................................................................................................................
• Indenizações................................................................................................................................
5ª PARTE - Continuação de Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia .........................................
• Das Férias...................................................................................................................................
• Dos Afastamentos Temporários do Serviço....................................................................................
• Das Licenças ...............................................................................................................................
• Das Prerrogativas ........................................................................................................................
• Da Promoção ...............................................................................................................................

264
1ª PARTE (Lei Estadual no 7.990, de 27 de dezembro POSTO é o grau hierárquico do Oficial, conferido
de 2001). por ato do Governador do Estado e registrado em
Carta Patente;
I. ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO
ESTADO DA BAHIA  PRAÇAS ESPECIAIS:

FINALIDADE  Aspirante-a-Oficial PM;


 Aluno-a-Oficial PM;
Regular o ingresso, as situações institucionais,
as obrigações, os deveres, direitos, garantias e  Aluno do Curso de Formação de Sargentos
prerrogativas dos integrantes da Polícia Militar do PM;
Estado da Bahia.  Aluno do Curso de Formação de Cabos
PM;
Os integrantes da Polícia Militar do Estado da
 Aluno do Curso de Formação de Soldados
Bahia constituem a categoria especial de PM.
servidores públicos militares estaduais,
denominados policiais militares, cuja carreira  PRAÇAS:
é integrada por cargos técnicos estruturados  Subtenente PM;
hierarquicamente.  1º Sargento PM;
 Cabo PM;
PRINCÍPIOS  Soldado 1ª Classe PM.
A hierarquia e a disciplina são a base GRADUAÇÃO é o grau hierárquico do Praça
institucional da Polícia Militar. conferido pelo Comandante Geral da Polícia
HIERARQUIA POLICIAL MILITAR é a Militar.
organização em carreira da autoridade em Quando se tratar de policial militar dos
níveis diferentes, dentro da estrutura da Quadros Complementar e Auxiliar, o posto
Polícia Militar, consubstanciada no espírito de será seguido da designação policial militar e da
abreviatura da especialidade.
acatamento à sequência de autoridade.
Sempre que o policial militar da reserva
remunerada ou reformado fizer uso do posto ou
DISCIPLINA é a rigorosa observância e o graduação, deverá fazê-lo com as abreviaturas
acatamento integral das leis, regulamentos, indicadoras de sua situação.
normas e disposições que fundamentam o
organismo policial militar e coordenam seu
funcionamento regular e harmônico, DA PRECEDÊNCIA ANTIGUIDADE
traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
dever por parte de todos e de cada um dos
componentes desse organismo. A precedência entre policiais militares da ativa,
do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela
A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
antiguidade no posto ou graduação e pelo
observados e mantidos em todas as
circunstâncias da vida, entre os policiais Quadro, salvo nos casos de precedência
militares. funcional estabelecida em Lei.

REGIME JURÍDICO  CONTAGEM DA ANTIGUIDADE

A situação jurídica dos policiais militares é A antiguidade em cada posto ou graduação é


definida pelos dispositivos constitucionais que contada a partir da data da assinatura do
lhe forem aplicáveis, por este Estatuto e por ato da respectiva promoção ou nomeação,
legislação específica e peculiar que lhes salvo quando for fixada outra data.
outorguem direitos e prerrogativas e lhes
imponham deveres e obrigações.  CRITÉRIO DE DESEMPATE
ESCALA HIERÁRQUICA Havendo igualdade, a antiguidade será
Os postos e graduações da escala hierárquica são estabelecida:
os seguintes:  entre policiais militares do mesmo
 OFICIAIS: Quadro, pela posição, nas respectivas
escalas numéricas ou registros
 Coronel PM;
existentes na Instituição;
 Tenente Coronel PM;
 nos demais casos, pela antiguidade no
 Major PM;
posto ou graduação anterior se, ainda
 Capitão PM;
assim, subsistir a igualdade, recorrer-
 1º Tenente PM.

265
se-á, sucessivamente, aos graus certo e pagamento pelos cofres públicos, em
hierárquicos anteriores, à data de praça caráter permanente ou temporário.
e à data de nascimento para definir a
precedência, sendo considerados mais O cargo policial militar se encontra especificado
antigos, respectivamente, os de data de no Quadro de Organização e legislação
específica.
praça mais antiga e de maior idade;
 entre os alunos de um mesmo órgão de
As obrigações inerentes ao cargo policial militar
formação de policiais militares, de
devem ser compatíveis com o correspondente
acordo com o regulamento do
grau hierárquico e definidas em legislação
respectivo órgão, se não estiverem
peculiar.
especificamente enquadrados nas
alíneas "a" e "b" deste parágrafo. A competência para a nomeação dos ocupantes
 ANTIGUIDADE E NOMEAÇÃO COLETIVA dos cargos de provimento temporário da
estrutura da Polícia Militar, símbolo DAS-1 a
Nos casos de nomeação coletiva por conclusão
DAI-4, é do Governador do Estado, competindo
de curso e promoção ao primeiro posto ou
ao Comandante Geral prover os demais.
graduação, prevalecerá, para efeito de
antiguidade, a ordem de classificação obtida no
Os cargos policiais militares são providos com
curso.
pessoal que satisfaça os requisitos de grau
 FAVORECIMENTOS hierárquico e de qualificação exigidos para o
seu desempenho.
Em igualdade de posto ou graduação, os policiais
militares da ativa têm precedência sobre os da
inatividade. O desempenho a será avaliado por uma
Comissão Especial, cuja composição,
Em igualdade de posto ou graduação, a competência, organização e atribuições serão
precedência entre os policiais militares de regulamentadas.
carreira na ativa e os convocados é definida O objetivo da avaliação de desempenho em razão
pelo tempo de efetivo serviço no posto ou do cargo é verificar a efetividade do cumprimento
graduação destes. das metas do planejamento estratégico da
Instituição, bem como da adequação do
Em igualdade de posto, os Oficiais do Quadro
avaliado aos princípios de legalidade,
de Segurança terão precedência sobre os
impessoalidade, moralidade, publicidade e aos
Oficiais do Quadro de Oficiais Auxiliares da
parâmetros de eficiência e economicidade no
Polícia Militar e estes terão precedência sobre os
trato com a coisa pública. A constatação, pela
Oficiais do Quadro Complementar de Oficiais
Comissão, de rendimento insatisfatório no
Policiais Militares.
exercício do cargo ensejará, sem prejuízo das
 PRECEDÊNCIA ENTRE PRAÇAS ESPECIAIS medidas administrativas cabíveis, o afastamento
E PRAÇAS do seu titular, assegurados o contraditório e a
A precedência entre os Praças Especiais e aos ampla defesa.
demais é assim regulada: DA FUNÇÃO POLICIAL MILITAR
 o Aspirante-a-Oficial é hierarquicamente Função policial militar é o exercício das
superior aos praças; atribuições inerentes ao cargo policial militar.
 o Aluno-a-Oficial é hierarquicamente
superior aos Subtenentes; As obrigações que, pela generalidade,
 o Aluno do Curso de Formação de peculiaridade, duração, vulto ou natureza não
Sargentos é hierarquicamente superior ao
são catalogadas como posições tituladas em
Cabo.
Quadro de Organização ou dispositivo legal,
CARGO POLICIAL MILITAR são cumpridas como encargo, incumbência,
Cargo policial militar é o conjunto de serviço, comissão ou atividade policial militar ou
atribuições, deveres e responsabilidades de natureza policial militar.
cometidos a um policial militar em serviço
ativo, com as características essenciais de Aplica-se, no que couber, ao encargo,
criação por Lei, denominação própria, número incumbência, serviço, comissão ou atividade

266
policial militar ou de natureza policial militar, o I. nomeação;
disposto neste Capítulo para o cargo policial II. reversão;
militar. III. reintegração.
REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA O INGRESSO NOMEAÇÃO
São requisitos e condições para o ingresso na A nomeação far-se-á em caráter permanente,
Polícia Militar: quando se tratar de provimento em cargo da
I. ser brasileiro nato ou carreira ou em caráter temporário, para cargos
naturalizado; de livre nomeação e exoneração.
II. ter o mínimo de dezoito e o POSSE
máximo de trinta anos de
idade; A investidura nos cargos dar-se-á com a posse
III. estar em dia com o Serviço e o efetivo exercício com o desempenho das
Militar Obrigatório; atribuições inerentes aos cargos.
IV. ser eleitor e achar-se em
gozo dos seus direitos DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR
políticos; Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar,
V. possuir idoneidade prestará compromisso de honra, no qual
moral, comprovada por afirmará a sua aceitação consciente das
meio de folha corrida obrigações e dos deveres policiais militares e
policial militar e judicial, manifestará a sua firme disposição de bem
na forma prevista em cumpri-los.
edital;
VI. aptidão física e mental, COMPROMISSO DO PRAÇA
comprovada mediante O compromisso terá caráter solene e será
exames médicos, testes prestado pelo policial militar na presença da
físicos e exames tropa, no ato de sua investidura, conforme os
psicológicos, na forma seguintes dizeres: "Ao ingressar na Polícia
prevista em edital; Militar do Estado da Bahia, prometo regular a
VII. possuir estatura mínima minha conduta pelos preceitos da moral,
de 1,60 m para cumprir rigorosamente as ordens legais das
candidatos do sexo autoridades a que estiver subordinado e
masculino e 1,55 m dedicar-me inteiramente ao serviço policial
para as candidatas do militar, à manutenção da ordem pública e à
sexo feminino; segurança da sociedade, mesmo com o risco da
VIII. possuir a escolaridade própria vida".
ou formação profissional
COMPROMISSO DO OFICIAL
exigida ao
acompanhamento do Ao ser promovido ou nomeado ao primeiro posto,
curso de formação a o Oficial prestará compromisso, em solenidade
que se candidata, na especial, nos seguintes termos: "Perante as
forma prevista em edital. Bandeiras do Brasil e da Bahia, pela minha
IX. possuir Carteira Nacional honra, prometo cumprir os deveres de Oficial
de Habilitação válida, da Polícia Militar do Estado da Bahia e dedicar-
categoria B. me inteiramente ao seu serviço".
O ingresso na Polícia Militar é assegurado aos São competentes para dar posse o Governador do
aprovados em concurso público de provas ou de Estado e o Comandante Geral da Polícia Militar.
provas e títulos, mediante matrícula em curso
ESTABILIDADE
profissionalizante, observadas as condições
prescritas nesta Lei, nos Regulamentos e nos O policial militar, habilitado em concurso
respectivos editais de concurso da Instituição. público e nomeado para cargo de sua carreira,
adquirirá estabilidade ao completar três anos
FORMAS DE PROVIMENTO
de efetivo exercício, desde que seja aprovado no
São formas de provimento do cargo de policial estágio probatório, por ato homologado pela
militar:
autoridade competente.

267
reserva remunerada.
O período em que o Praça especial encontrar-se
Neste último caso, o retorno ao serviço ativo
no curso de formação será computado para o
estágio probatório. deverá ocorrer no primeiro dia útil
imediatamente subsequente ao término do
PRAZO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO mandato eletivo.
O estágio probatório compreende um período
de trinta e seis meses, durante o qual serão O Policial Militar revertido nos termos do item
observadas a aptidão e capacidade para o II, que for promovido, passará a ocupar o
desempenho do cargo, observados, entre outros, mesmo lugar na escala numérica, observado o
os seguintes fatores: novo grau hierárquico, sendo tal previsão
aplicada, tão somente, à primeira promoção
I. assiduidade; ocorrida após a reversão.
II. disciplina;
III. observância das normas Não poderá haver interrupção entre o momento
hierárquicas e ética
da transferência do Policial Militar para a
militar;
inatividade, em razão do exercício de mandato
IV. responsabilidade;
eletivo, e o seu posterior retorno à Corporação,
V. capacidade de adequação
para cumprimento dos em face do disposto no item II.
deveres militares;
VI. eficiência. Para fins de reversão, prevista no inciso II
deste artigo, é obrigatório que o Policial Militar
A autoridade competente terá o prazo não tenha atingido a idade limite de 60
improrrogável de trinta dias para a
(sessenta) anos, caso tenha atingido será
homologação do resultado do estágio
probatório. colocado em inatividade.
REVERSÃO A competência para a reversão será:
A reversão é o ato pelo qual o Policial Militar
I. da mesma autoridade que
retorna ao serviço ativo e ocorrerá nas seguintes
efetuou a agregação;
hipóteses:
II. da autoridade
I. quando cessar o motivo competente para efetuar
que determinou a sua a transferência do
agregação, devendo Policial Militar para a
retornar à escala reserva remunerada, nos
hierárquica, ocupando o termos da legislação
lugar que lhe competir vigente.
na respectiva escala
REINTEGRAÇÃO
numérica, na primeira
vaga que ocorrer; A reintegração é o retorno do policial militar
II. quando cessar o período de exercício de demitido ao cargo anteriormente ocupado ou o
mandato eletivo, devendo retornar ao resultante de sua transformação, quando
mesmo grau hierárquico ocupado e mesmo invalidado o ato de afastamento pela via
lugar que lhe competir na escala numérica judicial, por sentença transitada em julgado, ou
no momento de sua transferência para a pela via administrativa.

EXERCÍCIOS

1. Assinale a opção incorreta:

268
Oficial PM, Aspirante-a-Oficial PM.
a) A hierarquia e a disciplina
d) Os praças são classificados em: Soldado 1ª Classe PM,
são a base institucional da
Polícia Militar. Cabo PM, 1º Sargento PM, Subtenente PM e aspirante a
b) Hierarquia policial militar é oficial PM.
a organização em carreira e) A precedência entre policiais militares da ativa, de
da autoridade em níveis diferentes graus hierárquicos, é assegurada pela
diferentes, dentro da antiguidade no posto ou graduação e pelo Quadro,
estrutura da Polícia salvo nos casos de precedência funcional estabelecida
Militar, consubstanciada no em Lei.
espírito de acatamento à I. GABARITO – D 2- B
sequência de autoridade.
c) Disciplina é a rigorosa
observância e o 2ª PARTE
acatamento integral das
II. CONTINUAÇÃO DE ESTATUTO DOS POLICIAIS
leis, regulamentos, normas
MILITARES DO ESTADO DA BAHIA
e disposições que
fundamentam o organismo
policial militar e A vacância do cargo policial militar decorrerá de:
coordenam seu I. exoneração;
funcionamento regular e II. demissão;
harmônico, traduzindo-se III. inatividade;
pelo perfeito cumprimento IV. falecimento;
do dever por parte de todos V. extravio;
e de cada um dos VI. deserção.
componentes desse
organismo.
d) A disciplina e o respeito à
Ocorrendo vaga, considerar-se-ão abertas, na mesma data,
hierarquia devem ser
as vagas decorrentes de seu preenchimento.
observados e mantidos
somente na vida funcional
do policial militar, não se A exoneração de policial militar ocupante de cargo de
estendendo à sua vida provimento temporário, dar-se-á a seu pedido por iniciativa
privada. da autoridade competente para a nomeação ou de ofício
e) É requisito para o ingresso
na Policia militar ter a idade O policial militar será considerado desaparecido por ato do
mínima de dezoito anos. comandante geral da PM, quando no desempenho do
2. Assinale a opção correta: serviço , viagem, operações da PM e calamidade pública,
por mais de oito dias, permanecendo nessa situação será
a) Posto é o grau hierárquico do considerado extraviado.
praça e graduação é o grau
hierárquico do oficial.
A demissão de policiais militares será aplicada
b) Os oficiais são classificados exclusivamente como sanção disciplinar.
em: 1º Tenente PM, Capitão
PM, Major PM, Tenente
A data de abertura de vaga por extravio é a que for
Coronel PM e Coronel PM.
oficialmente considerada para os efeitos dessa ocorrência,
c) Os praças especiais são
na qual o policial militar permanece desaparecido por mais
classificados em:
de trinta dias.
Subtenente PM, Aluno do
Curso de Formação de
A data de abertura de vaga por deserção é aquela assim
Soldados PM, Aluno do considerada pela legislação penal militar.
Curso de Formação de
Cabos PM, Aluno do Dentro de uma mesma organização policial militar a
Curso de Formação de sequência de substituições bem como as normas,
Sargentos PM, Aluno-a- atribuições e responsabilidades a elas relativas, são as

269
estabelecidas na legislação (cinquenta por cento) dos seus proventos, enquanto
peculiar, respeitadas as perdurar a convocação.
qualificações exigidas para o
Tempo da convocação: A convocação de que trata este
cargo ou para o exercício da
artigo terá a duração necessária ao cumprimento da
função.
atividade ou missão que lhe deu origem e deverá ser
precedida de inspeção de saúde, vedado o exercício de
O policial militar ocupante de cargo ou função de comando, direção e chefia.
cargo provido em caráter
efetivo permanente ou Não implicará em convocação a nomeação para cargo em
temporário gozará dos direitos comissão.
correspondentes ao cargo,
conforme previsto em PRAÇAS ESPECIAIS E OS ASPIRANTES A OFICIAL
dispositivo legal.
Os Praças Especiais são os Aspirantes a Oficial, Alunos dos
DAS SITUAÇÕES diversos cursos de formação. Integram a categoria dos Praças
INSTITUCIONAIS DA POLÍCIA Especiais:
MILITAR

O policiais militares encontram-se I. os Aspirantes a Oficial;


organizados em carreira, em uma II. os Alunos do Curso de Formação de
das seguintes situações Oficiais do Quadro de Oficiais
institucionais: Policiais Militares;
NA ATIVA III. os Alunos do Curso de Formação de
Oficiais do Quadro Complementar;
a) os de carreira; IV. os Alunos do Curso de Formação
b) os convocados; Oficiais Auxiliares;
c) os praças especiais. V. os Alunos do Curso de Formação de
d) os agregados; Sargentos;
e) os excedentes; VI. os Alunos do Curso de Formação de
f) os ausentes e desertores; Soldados.
g) os desaparecidos e Equiparam-se aos Alunos do Curso de Formação de
extraviados.
Oficiais do Quadro de Oficiais Policiais Militares, os Alunos
do Curso de Formação de Oficiais do Quadro de Oficiais
Bombeiros Militares realizados na Polícia Militar da Bahia
CARREIRA ou em outras Instituições militares.
O policial militar de carreira
é aquele que se encontra no BOLSA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
desempenho do serviço
Durante o período de realização do curso
policial militar a partir da
profissionalizante, os alunos oficiais receberão, a título de
conclusão com aproveitamento,
bolsa de estudo, o equivalente:
do respectivo curso de
formação.  30% (trinta por cento) os do 1º ano do posto de 1º
Tenente;
 35% (trinta e cinco por cento) os do 2º ano do posto
CONVOCADO de 1º Tenente e;
 40% (quarenta por cento) os do 3º ano, da
O Policial Militar convocado
remuneração do posto de 1º Tenente.
terá os direitos e deveres dos
da ativa de igual situação Na hipótese de ser policial militar de carreira, o Aluno
hierárquica, não sendo poderá optar pela percepção da bolsa de estudo de que
considerado de carreira; exceto trata o parágrafo anterior ou pela remuneração do seu
quanto à promoção, a qual não posto ou graduação, acrescida das vantagens pessoais.
concorrerá, fazendo jus ao
AGREGAÇÃO
respectivo acréscimo no seu
tempo de serviço e a uma A agregação é a situação na qual o policial militar da
indenização no valor de 50% ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de seu

270
Quadro, nela permanecendo se concedida esta, ou até ser declarado indigno de
sem número. pertencer à Polícia Militar ou com ela incompatível;
I. ter sido condenado à pena de
O policial militar será agregado e
considerado, para todos os suspensão do exercício do posto,
efeitos legais, como em serviço graduação, cargo ou função
ativo, quando: prevista no Código Penal Militar ou
em outros diplomas legais, penais
*nomeado para cargo policial
ou extrapenais;
militar ou considerado de
II. ter passado à disposição de órgão
natureza policial militar,
ou entidade da União, de outros
estabelecido em Lei, não
Estados, do Estado ou do
previsto no Quadro de
Município, para exercer cargo ou
Organização da Polícia Militar;
função de natureza civil;
*estiver aguardando sua
III. ter sido nomeado para qualquer
transferência, a pedido ou "ex
cargo, emprego ou função público
officio", para a reserva
civil temporário, não eletivo,
remunerada,
inclusive da administração indireta;
*ter entrado em gozo de IV. ter se candidatado a cargo eletivo,
licença para tratar de desde que conte dez ou mais anos de
interesse particular ou para serviço;
acompanhar cônjuge ou V. permanecer desaparecido por mais de
companheiro; trinta dias.
*ter ultrapassado seis meses
É considerado desaparecido o policial militar na ativa,
contínuos em gozo de licença
assim declarado por ato do Comandante Geral, quando no
para tratar de saúde de pessoa
desempenho de qualquer serviço, em viagem, em operação
da família;
policial militar ou em caso de calamidade pública, tiver
*ter sido julgado incapaz
paradeiro ignorado por mais de oito dias.
definitivamente, enquanto
tramita o processo de reforma;
*ter sido considerado PROCEDIMENTO
oficialmente extraviado; A agregação se faz:
*ter-se esgotado o prazo que I. por ato do Governador do Estado ou
caracteriza o crime de da autoridade por ele delegada,
deserção previsto no Código quanto aos Oficiais;
Penal Militar, se oficial ou II. por ato do Comandante Geral ou da
praça com estabilidade autoridade por ele delegada, quanto
aos praças.
assegurada;
*ter, como desertor, se EXCEDENTES
apresentado voluntariamente, Excedente é a situação transitória a que, automaticamente,
ou ter sido capturado e passa o policial militar que:
reincluído a fim de se ver
processar; I. tendo cessado o motivo que
determinou sua agregação, seja
*se ver processar revertido ao respectivo Quadro,
administrativamente ou estando o mesmo com seu efetivo
através de processo judicial, completo;
após ficar exclusivamente à II. seja promovido por bravura, sem
disposição da Justiça; haver vaga;
*ter sido condenado a pena III. sendo o mais moderno da
restritiva de liberdade respectiva escala hierárquica,
superior a seis meses, por ultrapasse o efetivo de seu
sentença transitada em Quadro, em virtude da promoção de
julgado, enquanto durar a outro policial militar em
execução, incluído o período ressarcimento de preterição;
de sua suspensão condicional, IV. tendo cessado o motivo que determinou sua

271
reforma por incapacidade, O policial militar que permanecer desaparecido por mais de
retorne ao respectivo trinta dias, será oficialmente considerado extraviado e
Quadro, estando este com agregado.
seu efetivo completo.
RESERVA REMUNERADA
O policial militar, cuja situação
é de excedente, ocupará a O policial militar da reserva remunerada é aquele afastado
mesma posição relativa, em do serviço que, nessa situação, perceba remuneração do
antiguidade, que lhe cabe na Estado, ficando sujeito à ação disciplinar da Instituição e
escala hierárquica e receberá o à prestação de serviços na ativa, nos termos do art. 18
número que lhe competir, em deste Estatuto.
consequência da primeira vaga Art. 18 lei 7990 - O policial militar da
que se verificar. reserva remunerada, por conveniência da
Administração, em caráter transitório e
O policial militar, na situação mediante aceitação voluntária, poderá ser
de excedente, é considerado convocado para o serviço ativo, por ato do
para todos os efeitos como em Governador do Estado.
efetivo serviço e a ele se
aplicam, respeitados os REFORMADOS
requisitos legais, em igualdade O policial militar reformado é o que está dispensado
de condições e sem nenhuma definitivamente da prestação do serviço ativo, percebendo
restrição, as normas para remuneração pelo Estado e permanecendo sujeito ao
indicação para cargo policial controle disciplinar da Instituição.
militar, curso ou promoção. OS DA RESERVA NÃO REMUNERADA
O oficial militar da reserva não remunerada é aquele ex-
O policial militar, excedente integrante do serviço ativo exonerado a pedido. O oficial da
por haver sido promovido por reserva não remunerada não está sujeito à ação disciplinar da
bravura sem haver vaga, Instituição nem a convocação.
ocupará a primeira vaga
aberta, deslocando o critério de DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES VALORES
promoção a ser seguido para a POLICIAIS MILITARES
vaga seguinte.
São valores institucionais:

DESERTOR I. da organização:
a) a dignidade do homem;
O policial militar é considerado
b) a disciplina;
desertor nos casos previstos na
c) a hierarquia;
legislação penal militar.
d) a credibilidade;
DESAPARECIDO e) a ética;
f) a efetividade;
É considerado desaparecido o g) a solidariedade;
policial militar na ativa, assim h) a capacitação profissional;
declarado por ato do i) a doutrina;
Comandante Geral, quando no j) a tradição.
desempenho de qualquer II. do profissional:
serviço, em viagem, em
a) a eficiência e a eficácia;
operação policial militar ou em b) o espírito profissional;
caso de calamidade pública, c) a aparência pessoal;
tiver paradeiro ignorado por d) a autoestima;
mais de oito dias. e) o profissionalismo;
f) a bravura;
A situação de desaparecimento g) a solidariedade;
só será considerada quando h) a dedicação.
não houver indício de São manifestações essenciais dos valores policiais militares:
deserção. I. o sentimento de servir à sociedade, traduzido pela vontade
de cumprir o dever policial militar e pelo integral

272
devotamento à preservação da atitudes e maneiras e polido em sua linguagem falada e
ordem pública e à garantia dos escrita;
direitos fundamentais da pessoa IX. abster-se de tratar de matéria
humana; sigilosa, de qualquer natureza, fora
II. o civismo e o respeito às tradições do âmbito apropriado;
históricas; X. cumprir seus deveres de cidadão;
III. a fé na elevada missão da Polícia
XI. manter conduta compatível com a
Militar;
moralidade administrativa;
IV. o orgulho do policial militar pela
Instituição; XII. comportar-se educadamente em
V. o amor à profissão policial militar todas as situações;
e o entusiasmo com que é XIII. conduzir-se de modo que não sejam
exercida; prejudicados os princípios da
VI. o aprimoramento técnico- disciplina, do respeito e do decoro
profissional. policial militar;
XIV. abster-se de fazer uso do posto
ou da graduação para obter
ÉTICA POLICIAL MILITAR facilidades pessoais de qualquer
O sentimento do dever, a natureza ou para encaminhar
dignidade policial militar e o negócios particulares ou de
decoro da classe impõem a terceiros;
cada um dos integrantes da XV. abster-se, na inatividade, do uso das
Polícia Militar conduta moral designações hierárquicas quando:
e profissional irrepreensíveis, a) em atividade político-partidária;
tanto durante o serviço quanto b) em atividade comercial ou industrial;
fora dele, com observância dos c) para discutir ou provocar
seguintes preceitos da ética discussões pela imprensa a
policial militar: respeito de assuntos políticos ou
I. amar a verdade e a policiais militares, excetuando-se os
responsabilidade como de natureza exclusivamente
fundamento da dignidade
técnica, se devidamente
pessoal;
II. exercer com autoridade, autorizado;
eficiência, eficácia, d) no exercício de funções de natureza
efetividade e probidade as não policiais militares, mesmo
funções que lhe couberem oficiais.
em decorrência do cargo; XVI. zelar pelo bom conceito da Polícia
III. respeitar Militar;
a dignidade da pessoa humana;
XVII. zelar pela economia do material e a
IV. cumprir
conservação do patrimônio público.
e fazer cumprir as Leis, os
regulamentos, as instruções e Ao policial militar da ativa é vedado comerciar ou tomar
as ordens das autoridades parte na administração ou gerência de sociedade ou dela
competentes, à exceção das
ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista,
manifestamente ilegais;
V. ser justo e imparcial no em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade
julgamento dos atos e na limitada.
apreciação do mérito dos
subordinados; No intuito de aperfeiçoar a prática profissional é
VI. zelar pelo preparo moral, permitido aos oficiais do Quadro Complementar de
intelectual e físico próprio e Oficiais Policiais Militares o exercício de sua atividade
dos subordinados, tendo
técnico-profissional no meio civil, desde que compatível
em vista o cumprimento da
missão comum; com as atribuições do seu cargo e com o horário de
VII. praticar a trabalho, respeitadas as limitações constitucionais.
solidariedade e desenvolver
REGIME DISCIPLINAR
permanentemente o espírito de
cooperação; DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES
VIII. ser discreto em suas

273
Os deveres policiais militares V. simular doença para esquivar-se ao
emanam de um conjunto de cumprimento de qualquer dever,
vínculos morais e racionais, que serviço ou instrução;
VI. deixar, imotivadamente, de
ligam o policial militar à pátria,
participar a tempo à autoridade
à Instituição e à segurança da imediatamente superior,
sociedade e do ser humano, e impossibilidade de comparecer ä
compreendem, essencialmente: OPM ou a qualquer ato de serviço;
I. a VII. faltar ou chegar atrasado
dedicação integral ao serviço injustificadamente qualquer ato de
policial militar e a fidelidade à serviço em que deva tomar parte
Instituição a que pertence; ou assistir;
II. o respeito VIII. permutar serviço sem permissão da
aos Símbolos Nacionais; autoridade competente;
III. a IX. abandonar serviço para o qual tenha
submissão aos princípios da sido designado;
legalidade, da probidade, da X. afastar-se de qualquer lugar em que
moralidade e da lealdade em deva estar por força de disposição
todas as circunstâncias; legal ou ordem;
IV. a XI. deixar de apresentar-se à OPM
disciplina e o respeito à para a qual tenha sido transferido
hierarquia; ou classificado e às autoridades
V. o competentes nos casos de comissão
cumprimento das obrigações e ou serviços extraordinários para os
ordens recebidas, salvo as quais tenha sido designado;
manifestamente ilegais; XII. não se apresentar, findo qualquer
afastamento do serviço ou ainda,
VI. o trato condigno e com logo que souber que o mesmo foi
urbanidade a todos; interrompido;
VII. o compromisso de atender XIII. deixar de providenciar a tempo, na
com presteza ao público em esfera de suas atribuições, por
geral, prestando com solicitude negligência ou incúria, medidas
às informações requeridas, contra qualquer irregularidade de
ressalvadas as protegidas por que venha a tomar conhecimento;
sigilo; XIV. portar arma sem registro;
VI. XV. sobrepor ao uniforme insígnia ou
assiduidade e pontualidade ao medalha não regulamentar, bem
serviço, inclusive quando como, indevidamente, distintivo ou
convocado para cumprimento de condecoração;
atividades em horário XVI. sair ou tentar sair da OPM com
extraordinário. tropa ou fração de tropa, sem
ordem expressa da autoridade
TRANSGRESSÕES competente;
DISCIPLINARES XVII. abrir ou tentar abrir qualquer
São transgressões do policial dependência da OPM fora das
militar: horas de expediente, desde que
I. não levar ao não seja o respectivo chefe ou sem
conhecimento da sua ordem escrita com a expressa
autoridade competente, no declaração de motivo, salvo em
mais curto prazo, falta situações de emergência;
ou irregularidade que XVIII. deixar de portar o seu documento de
presenciar ou de que tiver identidade ou de exibi-lo quando
ciência e couber reprimir; solicitado.
II. deixar de XIX. deixar deliberadamente de
punir o transgressor da corresponder a cumprimento de
disciplina; subordinado ou deixar o subordinado,
III. retardar quer uniformizado, quer em traje civil,
a execução de qualquer ordem, de cumprimentar superior,
sem justificativa; uniformizado ou não, neste caso
IV. não desde que o conheça ou prestar-lhe as
cumprir ordem legal recebida; homenagens e sinais regulamentares

274
de consideração e respeito; A detenção será aplicada em caso de reincidência em
XX. dar, por faltas punidas com advertência e de violação das demais
escrito ou verbalmente, ordem proibições que não tipifiquem infração sujeita a demissão,
ilegal ou claramente
não podendo exceder de trinta dias, devendo ser cumprida
inexequível, que possa
acarretar ao subordinado em área livre do quartel.
responsabilidade ainda que não DEMISSÃO
chegue a ser cumprida;
XXI. prestar A pena de demissão será aplicada nos seguintes casos:
informação a superior hierárquico
I. a prática de violência física ou
induzindo-o a erro,
deliberadamente. moral, tortura ou coação contra os
cidadãos, pelos policiais militares,
DAS PENALIDADES ainda que cometida fora do serviço;
São sanções disciplinares a que II. a consumação ou tentativa
estão sujeitos os policiais como autor, coautor ou
militares: partícipe em crimes que o
I. advertência; incompatibilizem com o serviço
II. detenção; policial militar, especialmente os
III. demissão; tipificados como:
IV. cassação de proventos de
inatividade. a) de homicídio (art. 121 do Código
Penal Brasileiro);
Decorrerão da aplicação das
1) quando praticado em atividade
sanções disciplinares, a que
típica de grupo de extermínio, ainda
forem submetidos os policiais
que cometido por um só agente;
militares, submissão a
2) qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV
programa de reeducação, e V do Código Penal Brasileiro).
suspensão de férias ou licenças b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código
em gozo ou desligamento de Penal Brasileiro, in fine);
curso, conforme decisão da c) de extorsão:
autoridade competente, 1) qualificado pela morte (art. 158, § 2º
constante do ato de julgamento. do Código Penal Brasileiro);
2) mediante sequestro e na forma
APLICAÇÃO DAS
qualificada (art. 159, caput e §§ 1º,
PENALIDADES
2º e 3º do Código Penal Brasileiro).
Na aplicação das penalidades, d) de estupro (art. 213 e sua
serão consideradas a natureza combinação com o art. 223, caput
e a gravidade da infração e parágrafo único, ambos do
cometida, os antecedentes Código Penal Brasileiro);
funcionais, os danos que dela e) de atentado violento ao pudor (art.
provierem para o serviço 214 e sua combinação com art.
público e as circunstâncias 223, caput e parágrafo único do
agravantes e atenuantes. Código Penal Brasileiro);
f) de epidemia com resultado morte (art.
ADVERTÊNCIA 267, § 1º do Código Penal Brasileiro);
g) contra a fé pública, puníveis com
A advertência será aplicada,
pena de reclusão;
por escrito, nos casos de
h) contra a administração pública;
violação de proibição e de
i) de deserção.
inobservância de dever
funcional previstos em Lei, III. tráfico ilícito de entorpecentes e
regulamento ou norma interna, drogas afins;
que não justifiquem imposição IV. prática de terrorismo;
de penalidade mais grave. V. integração ou formação de quadrilha;
VI. revelação de segredo apropriado em
DETENÇÃO razão do cargo ou função;

275
VII. a A penalidade de advertência e a de detenção terá seus
insubordinação ou desrespeito registros cancelados, após o decurso de dois anos,
grave contra superior hierárquico quanto à primeira, e quatro anos, quanto a segunda, de
(art. 163 a 166 do CPM);
efetivo exercício, se o policial militar não houver, nesse
VIII. improbid
ade administrativa; período, praticado nova infração disciplinar.
IX. deixar de O cancelamento da penalidade não produzirá efeitos
punir o transgressor da disciplina retroativos.
nos casos previstos neste artigo; PRESCRIÇÃO ADMINISTRATIVA
X. utilizar
pessoal ou recurso material da A responsabilidade administrativa do policial militar
repartição ou sob a guarda desta policial militar sujeita-se aos efeitos da elisão e da
em serviço ou em atividades prescrição na seguinte forma:
particulares;
a) será elidida no caso de absolvição criminal que negue a
XI. fazer uso
existência do fato ou de sua autoria;
do posto ou da graduação para
obter facilidades pessoais de b) prescreverá: 1.em cinco anos, quanto às infrações
qualquer natureza ou para puníveis com demissão;
encaminhar negócios particulares 2) em três anos, quanto às infrações puníveis com sanções
ou de terceiros; de detenção;
XII. participar
3) em cento e oitenta dias, quanto às demais infrações.
o policial militar da ativa de
c) o prazo de prescrição começa a correr da data em que o
firma comercial, de emprego fato se tornou conhecido;
industrial de qualquer natureza, d) sendo a falta tipificada penalmente, prescreverá
ou nelas exercer função ou juntamente com o crime;
emprego remunerado, exceto e) a abertura de sindicância ou a instauração de processo
como acionista ou quotista em disciplinar interrompe a prescrição até a decisão final
sociedade anônima ou por quotas por autoridade competente.
de responsabilidade limitada;
XIII. dar, por escrito ou
verbalmente, ordem ilegal
ou claramente inexequível,
que possa acarretar ao
subordinado
responsabilidade, ainda que ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES
não chegue a ser cumprida;
XIV. permanecer no mau O policial militar em função de comando responde
comportamento por período integralmente pelas decisões que tomar, pelas ordens que
superior a dezoito meses, emitir, pelos atos que praticar, bem como pelas
caracterizado este pela consequências que deles advierem.
reincidência de atitudes que
importem nas transgressões Cabe ao policial militar subordinado, ao receber uma
previstas nos incisos I a ordem, solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total
XX, do art. 51, desta Lei.
entendimento e compreensão.

CASSAÇÃO DE PROVENTOS DE Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento de


INATIVIDADE ordem recebida, a responsabilidade pessoal e integral pelos
Aos policiais militares da excessos e abusos que cometer.
reserva remunerada e
A violação das obrigações ou dos deveres policiais
reformados incursos em
militares poderá constituir crime ou transgressão
infrações disciplinares para
disciplinar, segundo disposto na legislação específica.
qual esteja prevista a pena de
demissão será aplicada a O policial militar responde civil, penal e administrativamente
penalidade de cassação de pelo exercício irregular de suas atribuições.
proventos de inatividade. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
CANCELAMENTO DO comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo do
REGISTRO erário ou de terceiros, na seguinte forma:

276
a) Demissão
b) Inatividade
 a indenização de
c) Falecimento
prejuízos causados ao
d) Deserção
erário será feita por
e) Promoção
intermédio de
imposição legal ou 2. Assinale a alternativa incorreta:
mandado judicial,
a) A agregação é a situação na qual o policial militar da
sendo descontada em
ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica de
parcelas mensais não
seu Quadro, nela permanecendo sem número.
excedentes à terça
b) O policial militar é considerado desertor nos casos
parte da remuneração previstos na legislação penal.
ou dos proventos do c) É considerado desaparecido o policial militar na ativa,
policial militar; assim declarado por ato do Comandante Geral, quando
 tratando-se de dano no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em
causado a terceiros, operação policial militar ou em caso de calamidade
responderá o policial pública, tiver paradeiro ignorado por mais de oito dias.
militar perante a d) O policial militar da reserva remunerada é aquele
Fazenda Pública, em afastado do serviço que, nessa situação, perceba
ação regressiva, de remuneração do Estado, ficando sujeito à ação
iniciativa da disciplinar da Instituição e à prestação de serviços na
Procuradoria Geral do ativa.
Estado. e) O policial militar reformado é o que está dispensado
A responsabilidade penal definitivamente da prestação do serviço ativo,
abrange os crimes militares, percebendo remuneração pelo Estado e permanecendo
bem como os crimes de sujeito ao controle disciplinar da Instituição.
competência da Justiça
comum e as contravenções GABARITO 1–E 2- B
imputados ao policial militar
nessa qualidade.

A responsabilidade
administrativa resulta de ato
omissivo ou comissivo,
praticado no desempenho de
cargo ou função capaz de
configurar, à luz da legislação
própria, transgressão
disciplinar.

As responsabilidades civil, penal


e administrativa poderão
cumular-se, sendo
independentes entre si.
A responsabilidade
administrativa do policial
militar policial militar será
elidida no caso de absolvição
criminal que negue a
existência do fato ou de sua
autoria;

EXERCÍCIOS
1. Não é forma de vacância:

277
3ª PARTE o cometimento de ilícito
penal de competência da
I. CONTINUAÇÃO DE ESTATUTO DOS
Justiça Comum.
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO
DA BAHIA E DÁS OUTRAS A sindicância poderá ser conduzida por um ou
PROVIDÊNCIAS mais policiais militares, que poderão ser
dispensados de suas atribuições normais, até a
DA APURAÇÃO DISCIPLINAR
apresentação do relatório final.
A autoridade que tiver ciência de
PRAZO PARA SINDICÂNCIA
irregularidade no serviço é obrigada a
promover a sua imediata apuração mediante O prazo para conclusão da sindicância não
sindicância ou processo disciplinar. excederá trinta dias, podendo ser prorrogado
Quando o fato narrado não configurar evidente por metade deste período, a critério da
infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia autoridade competente.
será arquivada por falta de objeto.
DO PROCESSO DISCIPLINAR
AFASTAMENTO PREVENTIVO O processo administrativo disciplinar será
Como medida cautelar, e a fim de que o policial instaurado quando, em tese, sobre a falta se
militar acusado do cometimento de falta aplique a pena de demissão, mediante a
disciplinar não interfira na apuração da nomeação pela autoridade competente da
irregularidade, a autoridade instauradora do Comissão do Processo Administrativo
processo disciplinar poderá, Disciplinar.
fundamentadamente, de ofício ou por PROCESSO DISCIPLINAR SUMÁRIO
provocação de encarregado de feito
investigatório, requerer ao escalão competente. O processo disciplinar sumário destina-se a
apuração de falta que, em tese, seja aplicada a
O afastamento do exercício do cargo ou da pena de advertência e detenção.
função, ocorrerá pelo prazo de trinta dias, sem Fases do processo disciplinar sumário:
prejuízo da remuneração, devendo permanecer O processo disciplinar sumário desenvolver-se-á
à disposição da Instituição para efeito da com as seguintes fases:
instrução da apuração da falta.
I. publicação da portaria,
O afastamento deverá determinar a proibição com descrição do fato
temporária do uso de uniforme e arma e ser objeto da apuração e
prorrogado por igual prazo, findo o qual indicação do dispositivo
cessarão os seus efeitos, ainda que não legal supostamente
concluído o processo de apuração regular da violado, além da
falta. nomeação de um ou
mais policiais militares
DA SINDICÂNCIA que conduzirão o
A sindicância será instaurada para apurar processo, bem como o
irregularidades ocorridas no serviço público, presidente dos trabalhos
identificando a autoria e materialidade da na hipótese de mais de
transgressão, dela podendo resultar: um policial militar na
comissão apuradora;
I. arquivamento do
procedimento; II. citação, defesa inicial,
instrução, defesa final e o
II. instauração de processo
relatório;
disciplinar sumário;
III. julgamento.
III. instauração de processo
administrativo disciplinar; O policial militar ou a Comissão escolherá
IV. instauração de inquérito livremente o secretário para os trabalhos,
policial militar; observada a hierarquia.
V. encaminhamento ao
O prazo para a conclusão do processo
Ministério Público,
disciplinar será de trinta dias, prorrogável
quando resultar provado
pela metade do período mediante ato da

278
autoridade competente. instrução, defesa final e
relatório;
Para garantir a celeridade da instrução no IV. julgamento.
curso do processo disciplinar sumário, o
INSTAURAÇÃO
policial militar ou a comissão apuradora poderá
ficar dispensados dos demais trabalhos Com a publicação da portaria do ato que
regulares. constituir Comissão Processante responsável
pelo feito;
O policial militar ou a comissão apuradora COMISSÃO
deverá iniciar seus trabalhos, no prazo máximo
de trinta dias, contados da sua instauração, só Para a apuração, a autoridade competente
nomeará a Comissão Processante:
podendo ultrapassar o período de trinta dias,
A autoridade competente, mediante portaria,
na hipótese de pedido motivado e despacho
designará a Comissão, composta por três
fundamentado da autoridade competente, desde
policiais militares de hierarquia igual ou
que comprovada a existência de circunstância
superior à do acusado, determinará que esta
excepcional.
lavre o termo de acusação, descrevendo
detalhadamente os fatos imputados ao policial
O processo disciplinar sumário não poderá ser
militar além indicar o dispositivo legal
conduzido por cônjuge, companheiro ou
supostamente violado e as penalidades a que o
parente do acusado, consanguíneo ou afim, em
acusado estará sujeito.
linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
Na portaria será indicado também o membro
Aplicam-se, no que couber, ao presente
que será o presidente da Comissão, permitindo
processo as regras dos atos e termos
livremente a escolha por este do secretário dos
processuais, da instrução, do julgamento e da
trabalhos.
revisão do processo, conforme será visto logo
adiante.
Os membros da Comissão exercerão suas
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR atividades com independência e imparcialidade,
assegurado o sigilo necessário à elucidação do
O processo administrativo disciplinar destina-se
fato ou quando exigido pelo interesse publico,
a apurar responsabilidade do policial militar por
sob pena da responsabilidade.
infração praticada no exercício de suas funções
ou relacionada com as atribuições do seu cargo,
A Comissão deverá iniciar seus trabalhos, no
inclusive conduta irregular do mesmo,
prazo de cinco dias, contados da data de sua
verificada em sua vida privada, que tenha
instauração, só podendo ultrapassar o período
repercussão nas atribuições do cargo ou no
previsto nesta Lei para sua conclusão na
serviço público.
hipótese de pedido motivado pelo seu
Presidente e despacho fundamentado da
O processo administrativo disciplinar somente
autoridade competente, desde que comprovada
será precedido de sindicância quando não
a existência de circunstância excepcional.
houver elementos suficientes para a
constatação da materialidade do fato ou
Compete à Comissão tomar conhecimento de
identificação da autoria.
novas imputações que surgirem, durante o
Fases curso do processo, contra o acusado, caso em
O processo administrativo disciplinar que este poderá produzir novas provas
desenvolver-se-á com as seguintes fases: objetivando a defesa.
I. instauração, com a
A Comissão, ao emitir o seu relatório final,
publicação da portaria
indicará se a falta praticada torna o Praça ou o
do ato que constituir
Oficial indigno para permanecer na Polícia
Comissão Processante
Militar ou com a Instituição incompatível.
responsável pelo feito;
II. lavratura do termo de
As reuniões e as audiências da Comissão terão
acusação;
caráter público, excetuando-se as sessões de
III. citação, defesa inicial,
julgamento e os casos em que o interesse da

279
disciplina assim não o recomende. circunstanciadas.

Não poderá participar de comissão cônjuge, Todos os atos, documentos e termos do


companheiro ou parente do indiciando, processo serão extraídos em duas vias ou
consanguíneo ou afim, em linha reta ou reproduzidas em cópias autenticadas,
colateral, até o terceiro grau. formando autos suplementares.

O prazo para a conclusão do processo CITAÇÃO


disciplinar será de sessenta dias, prorrogável A citação do acusado será feita pessoalmente ou
por edital e deverá conter:
por igual período pela autoridade competente.
I. a descrição dos fatos e os fundamentos da
imputação; data, hora e local do
Sempre que necessário, e mediante comparecimento do acusado, para
requerimento fundamentado à autoridade que apresentação da defesa e interrogatório;
instaurou o feito, os membros da Comissão II. a obrigatoriedade do
dedicarão tempo integral aos seus trabalhos, acusado fazer-se representar por advogado; a
ficando dispensados de suas funções, até a informação quanto à continuidade do processo
entrega do relatório final. independentemente do não comparecimento
do acusado.
REGRAS ESPECIAIS
CITAÇÃO PESSOAL
O policial militar da reserva remunerada e o
A citação pessoal será feita, preferencialmente,
reformado poderão ser também submetidos a
pelo secretário da Comissão, apresentando ao
Processo Disciplinar, podendo ser apenados
destinatário o instrumento correspondente em
com sanções compatíveis com sua situação
duas vias, devidamente assinadas pelo
institucional.
Presidente e acompanhadas do termo de
acusação.
O processo administrativo disciplinar de que
possa resultar a indignidade ou
O comparecimento voluntário do acusado
incompatibilidade do Oficial para permanência
perante a Comissão supre a citação e diante
na Polícia Militar será julgado pelo Tribunal de
da recusa do policial militar duas testemunhas
Justiça do Estado da Bahia para decisão quanto
assinam.
a perda do posto e da patente.
CITAÇÃO POR EDITAL

DOS ATOS E TERMOS PROCESSUAIS Quando o acusado se encontrar em lugar


INSTAURAÇÃO incerto ou não sabido ou quando houver
fundada suspeita de ocultação para frustrar a
PORTARIA diligência, a citação será feita por edital.
O presidente da Comissão, após nomear o
O edital será publicado, por uma vez, no Diário
secretário, determinará a autuação da portaria
Oficial do Estado e em jornal de grande
e das demais peças existentes e instalará os
circulação da localidade do último domicílio
trabalhos, designando dia, hora e local para as
conhecido, se houver, e fará remissão expressa
reuniões e ordenará a citação do acusado para
ao termo de acusação.
apresentar defesa inicial e indicar provas,
inclusive rol de testemunhas com no máximo de
Recusando-se o acusado a receber a citação,
cinco nomes.
deverá o fato ser certificado à vista de duas
testemunhas.
Os termos serão lavrados pelo secretário da
Comissão e terão forma processual.
A juntada de qualquer documento aos autos DEFESA INICIAL
será feita por ordem cronológica de
A designação da data para apresentação da
apresentação, devendo o presidente rubricar
defesa inicial e o interrogatório do acusado
todas as folhas.
respeitará o interstício mínimo de cinco dias
contados da data da citação.
Constará dos autos do processo a folha de
antecedentes funcionais do acusado. As reuniões DA INSTRUÇÃO
da Comissão serão registradas em atas

280
A instrução respeitará o princípio do mental do acusado, a Comissão proporá à
contraditório, assegurando-se ao acusado autoridade competente que ele seja submetido
ampla defesa, com meios e recursos a ela a exame por Junta Médica oficial, da qual
inerentes. participe, pelo menos, um médico psiquiatra,
que emitirá o respectivo laudo, facultada ao
O presidente da Comissão poderá indeferir acusado a indicação de assistente técnico.
pedidos considerados impertinentes,
meramente protelatórios ou de nenhum O incidente de insanidade mental será
interesse para o esclarecimento dos fatos. processado em autos apartados e apensos ao
processo principal, ficando este sobrestado até
Os autos da sindicância, se realizada, integrarão a apresentação do laudo, sem prejuízo da
o processo disciplinar como peça informativa. realização de diligências imprescindíveis.
A Comissão promoverá o interrogatório do
acusado, a tomada de depoimentos, PROVA DOCUMENTAL
acareações e a produção de outras provas, Em qualquer fase do processo poderá ser juntado
inclusive a pericial, se necessária. documento aos autos, antes do relatório.
TESTEMUNHAS
No caso de mais de um acusado, cada um
será ouvido separadamente podendo ser As testemunhas serão intimadas através de ato
promovida a acareação, sempre que divergirem expedido pelo presidente da Comissão, devendo
em suas declarações. a segunda via, com o ciente delas, ser anexada
aos autos.
Fases de produção de provas
Se a testemunha for policial militar, a intimação
 perícia
poderá ser feita mediante requisição ao chefe da
 interrogatório repartição onde serve, com indicação do dia,
 incidente de insanidade mental hora e local marcados para a audiência.
 prova documental
 oitiva de testemunhas Se as testemunhas arroladas pela defesa não
forem encontradas e o acusado, intimado para
PROVA PERICIAL tanto, não fizer a substituição dentro do prazo
de três dias úteis, prosseguir-se-á nos demais
A designação dos peritos recairá,
termos do processo.
preferencialmente, em policiais militares com
capacidade técnica especializada, e na falta O depoimento será prestado oralmente e
deles, em pessoas estranhas ao serviço público reduzido a termo, não sendo lícito à
estadual, com a mesma capacidade técnica testemunha trazê-lo por escrito. As
específica para a investigação a ser procedida, testemunhas serão inquiridas
assegurado ao acusado a faculdade de formular separadamente.
quesitos.
Antes de depor, a testemunha será
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO qualificada, não sendo compromissada em
caso de amizade íntima ou inimizade capital
A defesa do acusado será promovida por ou parentesco com o acusado ou denunciante,
advogado por ele constituído ou por defensor em linha reta ou colateral até o terceiro grau.
público ou dativo.
APRESENTAÇÃO DE DEFESA
Caso o acusado, regularmente intimado, não
compareça sem motivo justificado, o Ultimada a instrução, intimar-se-á o acusado,
presidente da Comissão designará defensor através de seu defensor, a apresentar defesa
público ou dativo. no prazo de dez dias, assegurando-lhe vista do
Nenhum ato da instrução poderá ser praticado processo.
sem a prévia intimação do acusado e do seu Havendo dois ou mais acusados, o prazo será
defensor. comum de vinte dias, correndo na repartição.
O acusado que mudar de residência fica obrigado A ausência do policial militar acusado,
a comunicar a Comissão o local onde será regularmente citado, não importará no
encontrado.
reconhecimento da verdade dos fatos.
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL
Defesa final: feita por meio de defensor
Quando houver dúvida sobre a sanidade

281
Reconhecida pela Comissão a inocência do
policial militar, a autoridade instauradora do
processo determinará o seu arquivamento.

O julgamento acatará, ordinariamente, o relatório


RELATÓRIO da Comissão, salvo quando contrário às provas
Apresentada a defesa final, a Comissão dos autos.
elaborará relatório minucioso, no qual resumirá Quando o relatório contrariar as evidências dos
as peças principais dos autos e mencionará as autos, a autoridade julgadora poderá,
provas em que se basear para formar a sua motivadamente, discordar das conclusões do
convicção e será conclusivo quanto à inocência colegiado, e, fundamentadamente, com base
ou responsabilidade do policial militar, nas provas intra-autos, agravar a penalidade
indicando o dispositivo legal transgredido, bem proposta, abrandá-la ou isentar o policial militar
como a natureza e a gravidade da infração de responsabilidade.
cometida, os antecedentes funcionais, os
danos que dela provierem para o serviço Se constatado que a Comissão laborou
público e, em especial, para o serviço policial propositadamente em erro, de modo a conduzir
militar propriamente dito, além das as conclusões no sentido da absolvição ou da
circunstâncias agravantes e atenuantes. condenação, será imposta a seus membros
penalidade disciplinar correspondente à
A Comissão apreciará separadamente as transgressão e na medida de sua culpa,
irregularidades que forem imputadas a cada mediante procedimento disciplinar próprio, com
acusado. as garantias constitucionais a este inerente, em
A Comissão poderá sugerir providências para especial o contraditório e a ampla defesa.
evitar reiteração de fatos semelhantes aos
que originaram o processo e quaisquer outras O julgamento fora do prazo legal não implica
nulidade do processo, ressalvada a hipótese de
que lhe pareçam de interesse público.
procrastinação intencional.
Prazo: A Comissão terá o prazo de vinte dias,
prorrogável por mais dez, para entregar o A autoridade julgadora que der causa à
relatório final à autoridade competente que a prescrição será responsabilizada.
instituiu, a contar do término do prazo de Quando a transgressão disciplinar também
apresentação da defesa final. estiver capitulada como crime, o processo
disciplinar será remetido ao Ministério Público
O processo disciplinar, com o relatório da para instauração da ação penal, ficando os autos
Comissão, será remetido para julgamento pela suplementares arquivados na repartição.
autoridade que determinou a instauração.
O policial militar submetido a processo
DO JULGAMENTO disciplinar só poderá ser exonerado a pedido ou
passar, voluntariamente, para a reserva, após a
PRAZO: de trinta dias, contados do
conclusão do processo e o cumprimento da
recebimento do processo, a autoridade que o penalidade, acaso aplicada.
instaurou, investida no papel de julgadora,
REVISÃO DO PROCESSO
proferirá a sua decisão.
O processo disciplinar poderá ser revisto, a
Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
da autoridade instauradora do processo, este
quando se aduzirem fatos novos ou
será encaminhado à autoridade competente,
circunstâncias suscetíveis de justificar a
que decidirá em igual prazo.
inocência do punido ou a inadequação da
Havendo acusados pertencentes a unidades penalidade aplicada.
diversas e pluralidade de sanções, o julgamento
Da revisão do processo não poderá resultar
caberá à autoridade competente para a
agravamento de penalidade.
imposição da pena mais grave.

Se a penalidade prevista for a demissão, a


sanção, no tocante aos Oficiais, caberá ao
Governador do Estado.

282
com as vantagens,
prerrogativas e deveres a
ela inerentes;
II. os proventos calculados
com base na
remuneração integral do
seu posto ou graduação
quando, não contando
com trinta anos de
EXERCÍCIO serviço, for transferido
para a reserva
1. Sobre a apuração disciplinar, assinale a remunerada ex officio
alternativa INCORRETA:
por ter atingido a idade
a) A autoridade que tiver ciência de limite de permanência
irregularidade no serviço é obrigada a em atividade no posto
promover a sua imediata apuração ou na graduação;
mediante sindicância ou processo III. os proventos calculados
disciplinar. com base na
b) Quando o fato narrado não configurar remuneração integral do
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, posto ou graduação
a denúncia será arquivada por falta de imediatamente superior
objeto. quando, contando com
c) Como medida cautelar, e a fim de que o trinta anos ou mais de
policial militar acusado do cometimento de serviço, for transferido
falta disciplinar não interfira na apuração para a reserva
da irregularidade, a autoridade remunerada;
instauradora do processo disciplinar IV. os proventos calculados
poderá, fundamentadamente, de ofício ou com base na
por provocação de encarregado de feito remuneração integral
investigatório, requerer ao escalão do seu próprio posto ou
competente o seu afastamento do exercício graduação acrescida de
do cargo ou da função, pelo prazo de trinta 20% (vinte por cento)
dias, com prejuízo da remuneração. quando, contando com
d) O prazo para conclusão da sindicância trinta e cinco anos ou
não excederá trinta dias, podendo ser mais de serviço, for
prorrogado por metade deste período, a ocupante do último
critério da autoridade competente. posto da estrutura
e) Ultimada a instrução, intimar-se-á o hierárquica da
acusado, através de seu defensor, a Corporação no seu
apresentar defesa no prazo de dez dias, quadro e, nessa
assegurando-lhe vista do processo. condição, seja transferido
para a reserva
GABARITO 1-C
remunerada;
V. nas condições ou nas
4ª PARTE limitações impostas na
legislação e
I. CONTINUAÇÃO DE ESTATUTO DOS regulamentação
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO peculiares:
DA BAHIA
a) o uso das designações
São direitos dos policiais hierárquicas;
militares: b) a ocupação de cargo
correspondente ao posto
I. a garantia da patente ou à graduação,
e da graduação, em satisfeitas as exigências
toda a sua plenitude,

283
de qualificação e civis;
competência para o seu q) adicional noturno;
exercício; r) adicional por serviço
c) a percepção de extraordinário;
remuneração; s) o auxílio-natalidade,
d) a alimentação, assim licença-maternidade e
entendida as refeições ou paternidade, garantindo-
subsídios com esse se à gestante a
objetivo, fornecido aos mudança de função, nos
policiais militares casos em que houver
durante o serviço; recomendação médica,
e) o fardamento, sem prejuízo de seus
constituindo-se no vencimentos e demais
conjunto de uniformes vantagens do cargo,
necessários ao posto ou graduação;
desempenho de suas t) seguro contra acidentes do
atividades, incluindo-se trabalho;
as roupas indispensáveis u) estabilidade econômica
no alojamento; pelo exercício de cargo
comissionado.
f) indenização de transporte;
g) indenização de diárias; VI. o policial militar
h) auxílio transporte, acidentado em serviço,
devido ao policial militar que necessite de
nos deslocamentos da tratamento
residência para o especializado,
trabalho e vice-versa, na recomendado por Junta
forma e condições Médica Oficial, terá
estabelecidas em garantido os recursos
regulamento; médico-hospitalares,
i) honorário de ensino, medicamentos e próteses
observado o disposto em necessários à sua
regulamento; recuperação conforme
j) a promoção; dispuser o regulamento;
k) a transferência, a pedido, VII. outros direitos previstos
para a reserva em Lei.
remunerada;
l) as férias, os afastamentos DOS DEPENDENTES DO POLICIAL MILITAR
temporários do serviço e Consideram-se dependentes econômicos do
as licenças; policial militar:
m) a exoneração a pedido;
n) adicional de férias I. para efeito de previdência
correspondente a um terço social:
da remuneração a) cônjuge ou o(a)
percebida; companheiro(a);
o) redução dos riscos b) os filhos solteiros, desde
inerentes ao trabalho, que civilmente menores;
por meio de normas c) os filhos solteiros inválidos
de saúde, higiene e de qualquer idade;
segurança; d) os pais inválidos de
p) adicional de qualquer idade.
remuneração para as II. para efeito de fruição dos
atividades penosas, serviços de assistência à
insalubres ou perigosas, saúde:
na mesma forma e
a) cônjuge, ou o(a)
condições dos
companheiro(a);
funcionários públicos

284
b) os filhos solteiros, pela anulação do casamento;
menores de 18 anos; b) para o companheiro(a), quando revogada a
c) os filhos solteiros inválidos sua indicação pelo policial militar ou
com dependência desaparecidas as condições inerentes a
econômica.
essa qualidade;
A dependência econômica das pessoas c) para o filho e os referidos no § 2º, deste
indicadas nas alíneas "a" e "b", dos incisos I e artigo, ao alcançarem a maioridade civil,
II, é presumida e a das demais deve ser ressalvado o disposto no § 5º, do mesmo
comprovada. artigo, ou na hipótese de emancipação;
§2º - Equiparam-se aos filhos,
Equiparam-se aos filhos, os dependentes nos
termos da legislação previdenciária estadual. nas condições dos incisos I e
Perdurará até vinte e quatro anos de idade, II deste artigo, os dependentes
para efeitos previdenciários a condição de nos termos da legislação
dependente para o filho solteiro, desde que previdenciária estadual.
não percebam qualquer rendimento e sejam §5º - Perdurará até vinte e
comprovadas, semestralmente, suas matrículas quatro anos de idade, para
e frequência regular em curso de nível superior efeitos previdenciários a
ou a sujeição a ensino especial. condição de dependente para
o filho solteiro, desde que
É considerado companheiro(a), a pessoa que, não percebam qualquer
sem ser casado(a), mantém união estável com rendimento, na forma do
o policial militar solteiro(a), viúvo(a), parágrafo anterior, e sejam
separado(a) judicialmente ou divorciado(a), comprovadas, semestralmente,
ainda que este(a) preste alimentos ao ex- suas matrículas e frequência
cônjuge, e desde que resulte comprovada vida regular em curso de nível
em comum. superior ou a sujeição a
ensino especial, nas hipóteses
Considera-se dependente econômico, a pessoa previstas no art. 9º, da Lei
que não tenha renda, não disponha de bens Federal nº 5.692, de 11 de
e tenha suas necessidades básicas agosto de 1971.
integralmente atendidas pelo policial militar.
d) para o maior inválido, pela cessação da
invalidez;
Dos dependentes inválidos exigir-se-á prova de e) para o solteiro, viúvo ou divorciado, pelo
não serem beneficiários, como segurados ou casamento ou concubinato;
dependentes, de outros segurados de qualquer
f) para o separado judicialmente com percepção
sistema previdenciário oficial, ressalvada a
de alimentos, pelo concubinato;
hipótese do parágrafo seguinte.
g) para os beneficiários economicamente
dependentes, quando cessar esta situação;
No caso de filho maior, solteiro, inválido e h) para o dependente em geral, pela perda o posto
economicamente dependente, admitir-se-á a
duplicidade de vinculação previdenciária como ou graduação aquele de quem depende. A
dependente, unicamente em relação aos qualidade de dependente é intransmissível.
genitores, segurados de qualquer regime
previdenciário. DO DIREITO DE
PETIÇÃO
A condição de invalidez será apurada por
Junta Médica Oficial do Estado ou por É assegurado ao policial militar o direito de
instituição credenciada pelo Poder Público, requerer, representar, pedir reconsideração e
devendo ser verificada no prazo nunca superior a recorrer, dirigindo o seu pedido, por escrito, à
seis meses nos casos de invalidez temporária. autoridade competente.
A perda da qualidade de dependente ocorrerá:
a) para o cônjuge, pela separação judicial ou É assegurada vista do processo ou documento
pelo divórcio, desde que não lhe tenha sido na repartição, e cópia, esta última mediante o
assegurada a percepção de alimentos, ou ressarcimento das respectivas despesas,

285
ressalvado o disposto na Lei nº 8.906, de 4 de O direito de requerer prescreve em cinco anos,
julho de 1994. quanto aos atos de demissão e de cassação de
inatividade ou que afetem interesse patrimonial e
créditos resultantes da relação funcional e nos
demais casos em cento e vinte dias.
O prazo de prescrição será contado da data da
publicação do ato impugnado ou da ciência,
pelo policial militar, quando não for publicado.
CARACTERÍSTICAS
O pedido de reconsideração e o recurso,
quando cabíveis, suspendem a prescrição
PRAZOS administrativa, recomeçando a correr, pelo
Se não houver pronunciamento da autoridade restante, no dia em que cessar a causa da
competente no prazo de trinta dias, suspensão.
considerar-se-á indeferido o pedido.
São fatais e improrrogáveis os prazos
Preclui, em trinta dias, a contar da publicação,
estabelecidos neste capítulo, salvo quando o
ou da ciência, pelo policial militar interessado,
policial militar provar evento imprevisto, alheio
do ato, decisão ou omissão, para apresentar
à sua vontade, que o impediu de exercer o
pedido de reconsideração ou interpor recurso.
direito de petição.
PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO
A administração deverá rever seus atos a
Cabe pedido de reconsideração à autoridade qualquer tempo, quando eivados de
que houver expedido o ato ou proferido a ilegalidade.
primeira decisão, não podendo ser renovado,
devendo ser apresentado em quinze dias DOS DIREITOS POLÍTICOS
corridos, a contar do recebimento da Os policiais militares são alistáveis como eleitores
comunicação oficial ou do efetivo conhecimento e elegíveis segundo as regras seguintes:
pelo interessado, quanto a ato relacionado com a
I. se contar com menos de
lista de composição para acesso. dez anos de serviço,
deverá afastar-se da
Em caso de deferimento do requerimento ou atividade;
provimento do pedido de reconsideração, os II. se contar mais de dez
efeitos da decisão retroagirão à data do ato anos de serviço será, ao
impugnado. se candidatar a cargo
RECURSOS eletivo, três meses antes
da data limite para
Caberá recurso, nas hipóteses de indeferimento realização das
ou não apreciação do pedido de reconsideração, convenções dos partidos
sendo competente para apreciar o recurso a políticos, agregado ex-
autoridade hierarquicamente superior à que officio e considerado em
tiver expedido o ato ou proferido a decisão. gozo de licença para
Entende-se indeferido, para todos os efeitos, o tratar de interesse
recurso que não for examinado pela autoridade particular; se eleito,
competente, no prazo de trinta dias do seu passará,
encaminhamento pelo policial militar automaticamente, no ato
interessado. da diplomação, para a
Acolhido o recurso, os efeitos da decisão inatividade, fazendo jus
retroagirão à data do ato impugnado.
a remuneração
O recurso poderá ser recebido com efeito
proporcional ao seu
suspensivo, a juízo da autoridade competente,
tempo de serviço.
em despacho fundamentado.
Enquanto em atividade, os policiais militares não
podem filiar-se a partidos políticos.
PRESCRIÇÃO ADMINISTRATIVA

286
DA REMUNERAÇÃO temporário, é assegurada estabilidade
A remuneração dos policiais militares é devida em econômica, consistente no direito de continuar
bases estabelecidas em legislação peculiar, a perceber, no caso de exoneração ou
compreendendo: dispensa, como vantagem pessoal, retribuição
equivalente a 30% (trinta por cento) do valor
NA ATIVA
do símbolo correspondente ao cargo de maior
1) vencimentos constituído de: hierarquia que tenha exercido por mais de dois
a) soldo; anos ou a diferença entre o maior valor e o
b) gratificações. vencimento do cargo de provimento permanente.
São gratificações a que faz jus o policial militar no
serviço ativo: O direito à estabilidade econômica constitui-se
a) pelo exercício de cargo de provimento com a exoneração ou dispensa do cargo de
temporário; provimento temporário, sendo o valor
b) natalina; correspondente fixado neste momento.
c) adicional por tempo de serviço, sob a forma
de anuênio; A vantagem pessoal por estabilidade
d) adicional por exercício de atividades econômica será reajustada sempre que houver
insalubres, perigosas ou penosas; modificação no valor do símbolo em que foi
e) adicional por prestação de serviço fixada, observando-se as correlações e
extraordinário;
transformações estabelecidas em Lei.
f) adicional noturno;
g) adicional de inatividade; O policial militar beneficiado pela estabilidade
h) gratificação de atividade policial militar; econômica que vier a ocupar outro cargo de
i) honorários de ensino. provimento temporário deverá optar, enquanto
j) Gratificação por Condições Especiais de perdurar esta situação entre a vantagem
Trabalho - CET;
pessoal já adquirida e o valor da gratificação
k) Gratificação pelo Exercício Funcional em
pertinente ao exercício do novo cargo.
Regime de Tempo Integral e Dedicação
Exclusiva - RTI.".
O policial militar beneficiado pela estabilidade
O policial militar fará jus, ainda, a seguro de econômica que vier a ocupar, por mais de dois
vida ou invalidez permanente em face de anos, outro cargo de provimento temporário,
riscos profissionais custeado integralmente poderá obter a modificação do valor da
pelo Estado. vantagem pessoal, passando esta a ser
GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO calculada com base no valor do símbolo
DE PROVIMENTO TEMPORÁRIO correspondente ao novo cargo.

O policial militar terá direito a perceber, pelo O valor da estabilidade econômica não servirá de
exercício do cargo de provimento temporário, base para cálculo de qualquer outra parcela
gratificação equivalente a 30% (trinta por remuneratória.
cento) do valor correspondente ao símbolo
respectivo ou optar pelo valor integral do No caso de policiais militares transferidos,
símbolo, que neste caso, será pago como compulsoriamente, para a reserva remunerada
vencimento básico enquanto perdurar a em razão de diplomação para cargo eletivo,
investidura ou ainda pela diferença entre este e previsto no art. 14, § 8º, II da Constituição
o soldo respectivo. Federal, o tempo de exercício do cargo eletivo
O policial militar substituto perceberá, a partir será computado, ao final do exercício e a
do décimo dia consecutivo, a remuneração do partir de então, para revisão dos respectivos
cargo do substituído, paga na proporção dos proventos de reservistas, inclusive quanto ao
dias de efetiva substituição, sendo-lhe adicional por tempo de contribuição.
facultado exercer qualquer das opções
previstas acima. O tempo de serviço prestado no cargo eletivo
será contado para todos os efeitos legais,
ESTABILIDADE ECONÔMICA
inclusive para integralização do decênio
Ao policial militar que tiver exercido, por dez aquisitivo do direito à vantagem prevista no art.
anos contínuos ou não, cargo de provimento 104 da Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de

287
2001, cuja fixação do valor será feita, no caso qualquer regime de trabalho, na
de permanência neste cargo por mais de 02 administração pública estadual, suas
(dois) anos, no símbolo correspondente ao autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista.
cargo de provimento temporário da Polícia
Militar que mais se aproxime do valor Para o cálculo do adicional não serão
percebido no cargo eletivo e o período decenal. computadas quaisquer parcelas pecuniárias,
GRATIFICAÇÃO NATALINA ainda que incorporadas ao vencimento para
outros efeitos legais.
A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
doze avos) da remuneração a que o policial O policial militar beneficiado pela estabilidade
militar ativo fizer jus, no mês de exercício, no econômica na forma, terá o adicional por tempo
de serviço a que faça jus calculado sobre o
respectivo ano, considerando a fração igual ou
valor do símbolo do cargo em que tenha se
superior a quinze dias como mês integral, não estabilizado, quando for este superior ao soldo
servindo de base para cálculo de qualquer do posto ou graduação que ocupe.
parcela remuneratória.
ADICIONAL POR EXERCÍCIO DE ATIVIDADES
A gratificação será paga no mês de dezembro INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS
de cada ano, ficando assegurado o seu
Os policiais militares que trabalharem com
adiantamento no mês do aniversário do
habitualidade em condições insalubres,
servidor policial militar, em valor não excedente
perigosas ou penosas farão jus ao adicional
à metade da remuneração mensal percebida,
correspondente, conforme definido em
salvo opção expressa do beneficiário regulamento.
manifestada com a antecedência mínima de
trinta dias da data do seu aniversário para O direito a esses adicionais cessa com a
percepção da vantagem no ensejo das suas eliminação das condições ou dos riscos que
férias ou época em que o funcionalismo deram causa à concessão. Haverá permanente
público em geral a perceba. controle da atividade do policial militar em
operações ou locais considerados insalubres,
Ao policial militar inativo, com exceção da perigosos ou penosos.
reserva não remunerada, será devida a
gratificação natalina em valor equivalente aos A policial militar gestante ou lactante será
respectivos proventos. afastada, enquanto durar a gestação e
lactação, das operações, condições e locais
Ao policial militar exonerado ou demitido será
insalubres, perigosos ou penosos, para exercer
devida a gratificação na proporcionalidade dos
suas atividades em locais compatíveis com o
meses de efetivo exercício, calculada sobre a
seu bem-estar, sendo-lhe assegurada a licença-
remuneração do mês do afastamento do serviço.
maternidade de 180 (cento e oitenta) dias.

Na hipótese de ter havido adiantamento do


valor superior ao devido no mês da SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO
exoneração ou demissão, o excesso será O serviço extraordinário será remunerado com
devolvido, no prazo de trinta dias, findo o qual, acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em
sem devolução, será o débito inscrito na dívida relação à hora normal de trabalho, incidindo
ativa. sobre o soldo e a gratificação de atividade
ANUÊNIO policial ou outra que a substitua, na forma
disciplinada em regulamento.
O policial militar com mais de cinco anos de
Somente será permitida a realização de serviço
efetivo exercício no serviço público terá direito
por anuênio, contínuo ou não, à percepção de extraordinário para atender situações
adicional calculado à razão de 1% (um por excepcionais e temporárias, respeitado o limite
cento) sobre o valor do soldo do cargo que é máximo de duas horas diárias, podendo ser
ocupante, a contar do mês em que o policial elevado este limite nas atividades que não
militar completar o anuênio. comportem interrupção.

Para efeito desta gratificação, considera-se de


ADICIONAL NOTURNO
efetivo exercício o tempo de serviço prestado, sob

288
O serviço noturno, prestado em horário da gratificação somente será mantido se o
compreendido entre vinte e duas horas de um cargo em que esta se efetivar for estabelecido
dia e cinco do dia seguinte, terá o valor-hora em Lei, como sendo policial militar ou de
acrescido de cinquenta por cento sobre o soldo natureza policial militar e na hipótese de
na forma da regulamentação correspondente. substituição de cargo de provimento temporário
Tratando-se de serviço extraordinário, o o policial militar perceberá, durante tal
acréscimo do adicional noturno incidirá sobre período, a gratificação do substituído.
a remuneração com a prestação de serviço
extraordinário. Na reforma por incapacidade definitiva
decorrente ferimento recebido em operações
GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE
policiais militares ou na manutenção da
POLICIAL MILITAR
ordem pública ou enfermidade contraída nessa
A gratificação de atividade policial militar será situação ou que tenha nela sua causa
concedida ao policial militar a fim de compensá- eficiente, a gratificação de atividade policial
lo pelo exercício de suas atividades e os riscos militar será incorporada aos proventos de
dele decorrentes, considerando, conjuntamente, inatividade, independentemente do tempo de
a natureza do exercício funcional, o grau de percepção, na referência de maior valor
risco inerente às atribuições normais do posto percebida.
ou graduação e o conceito e nível de
desempenho do policial militar. GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO
A gratificação será escalonada em referências FUNCIONAL EM REGIME DE TEMPO
de I a V, com fixação de valor para cada INTEGRAL E DEDICAÇÃO EXCLUSIVA
uma delas sendo concedida ou alterada para
as referências III, IV ou V em razão, também, da A Gratificação pelo Exercício Funcional em
remuneração do regime de trabalho de Regime de Tempo Integral e Dedicação
quarenta horas semanais a que o policial militar Exclusiva - RTI poderá ser concedida aos
ficará sujeito. policiais militares com o objetivo de remunerar
o aumento da produtividade de unidades
O Policial Militar perderá o direito a gratificação operacionais e administrativas ou de seus
quando afastado do exercício das funções setores ou a realização de trabalhos
inerentes ao seu posto ou graduação, salvo nas especializados.
hipóteses de férias, núpcias, luto, instalação,
trânsito, licença gestante, licença paternidade, Poderá ser concedida nos percentuais mínimo
licença para tratamento de saúde, cumprimento de 50% (cinquenta por cento) e máximo de
de sentença penal condenatória não transitada 150% (cento e cinquenta por cento), na forma
em julgado e licença prêmio por assiduidade, fixada em regulamento.
esta última se a gratificação vier sendo O Conselho de Políticas de Recursos Humanos
percebida há mais de 06 (seis) meses. - COPE expedirá resolução fixando os
percentuais da Gratificação pelo Exercício
Os valores da gratificação de atividade policial Funcional em Regime de Tempo Integral e
militar serão revistos na mesma época e no Dedicação Exclusiva - RTI.
mesmo percentual de reajuste do soldo.
GRATIFICAÇÃO POR CONDIÇÕES ESPECIAIS
A Gratificação de Atividade Policial Militar DE TRABALHO - CET
incorpora-se aos proventos de inatividade
A Gratificação por Condições Especiais de
quando percebida por 05 (cinco) anos
Trabalho - CET somente poderá ser concedida
consecutivos ou 10 (dez) interpolados, sendo
no limite máximo de 125% (cento e vinte e cinco
fixada na Referência de maior valor percebida
por cento) na forma que for fixada em
por, pelo menos, 12 (doze) meses contínuos, ou
regulamento, com vistas a:
a média destes, sendo assegurada a melhor
opção de maior vantagem que se apresente ao I. compensar o trabalho
Policial Militar. extraordinário, não
eventual, prestado
Na hipótese de nomeação para exercício de antes ou depois do
cargo de provimento temporário, o pagamento horário normal;

289
II. remunerar o exercício INDENIZAÇÕES
de atribuições que São indenizações devidas ao policial militar no
exijam habilitação serviço ativo:
específica ou
demorados estudos e  ajuda de custo;
criteriosos trabalhos  diária;
técnicos;  transporte;
III. fixar o servidor em  transporte de bagagem;
determinadas regiões.  auxílio acidente;
 auxílio moradia;
O Conselho de Políticas de Recursos Humanos  auxílio invalidez;
- COPE expedirá resolução fixando os  auxílio fardamento.
percentuais da Gratificação por Condições
Especiais de Trabalho - CET. AJUDA DE CUSTO
A ajuda de custo destina-se a compensar as
A Gratificação por Condições Especiais de despesas de instalação do policial militar que,
Trabalho - CET e a Gratificação pelo Exercício no interesse do serviço, passar a ter exercício
Funcional em Regime de Tempo Integral e em nova sede, com mudança de domicílio, ou
Dedicação Exclusiva - RTI incidirão sobre o que se deslocar a serviço ou por motivo de
soldo recebido pelo beneficiário e não servirão curso, no país ou para o exterior.
de base para cálculo de qualquer outra
vantagem, salvo as relativas à remuneração Correm por conta da administração as despesas
de férias, abono pecuniário e gratificação de transporte do policial militar e sua família.
natalina.
É assegurada aos dependentes do policial
militar que falecer na nova sede, a ajuda de
Quando se tratar de ocupante de cargo ou
custo e transporte para a localidade de origem
função de provimento temporário, a base de
dentro do prazo de cento e oitenta dias, contados
cálculo será o valor do vencimento do cargo ou
do óbito.
função, salvo se o militar optar expressamente
pelo soldo do posto ou graduação.
A ajuda de custo não poderá exceder a
importância correspondente a quinze vezes o
Incluem-se na fixação dos proventos integrais
valor do menor soldo pago, excetuando da regra
ou proporcionais as Gratificações por
a hipótese de curso no exterior, competindo a
Condições Especiais de Trabalho - CET e pelo
sua fixação ao Governador do Estado.
Exercício Funcional em Regime de Tempo
Integral e Dedicação Exclusiva - RTI percebidas Não será concedida ajuda de custo:
por 5 (cinco) anos consecutivos ou 10 (dez) a) ao policial militar que for afastado para
interpolados, calculados pela média percentual servir em outro órgão ou entidade dos
dos últimos 12 (doze) meses imediatamente Poderes da União, de outros Estados, do
anteriores ao mês civil em que for protocolado Distrito Federal e dos Municípios;
o pedido de inativação ou àquele em que for b) ao policial militar que for removido a pedido;
adquirido o direito à inatividade. c) a um dos cônjuges, sendo ambos servidores
estaduais, quando o outro tiver direito à
Na incorporação aos proventos de inatividade ajuda de custo pela mesma mudança.
dos policiais militares somam-se
O policial militar ficará obrigado a restituir a
indistintamente os períodos de percepção da
ajuda de custo quando, injustificadamente, não
Gratificação pelo Exercício Funcional em
se apresentar na nova sede no prazo de trinta
Regime de Tempo Integral e Dedicação
dias.
Exclusiva - RTI e a Gratificação por Condições
Especiais de Trabalho - CET.
Não haverá obrigação de restituir a ajuda de
custo nos casos de exoneração de ofício ou de
Na reforma por incapacidade definitiva, as
retorno por motivo de doença comprovada.
gratificações incorporáveis integrarão os
DIÁRIA
proventos de inatividade independentemente
do tempo de percepção. Ao policial militar que se deslocar da sede em

290
caráter eventual ou transitório, no interesse enfermagem.
do serviço, serão concedidas, além de
Quando, por deficiência hospitalar ou
transporte, diárias para atender às despesas
prescrição médica comprovada por Junta
de alimentação e hospedagem, desde que o
Policial Militar de Saúde, o policial militar em
deslocamento não implique desligamento da
uma das condições previstas neste artigo,
sede.
receber tratamento na própria residência,
também fará jus ao auxílio-invalidez.
O total de diárias atribuídas ao policial militar
não poderá exceder a cento e oitenta dias por
Para continuidade do direito ao recebimento
ano, salvo em casos especiais expressamente do auxílio-invalidez o policial militar ficará
autorizados pelo Chefe do Poder Executivo. obrigado a apresentar, anualmente, declaração
de que não exerce qualquer atividade
O policial militar que receber diárias e não remunerada pública ou privada e, a critério
se afastar da sede, sem justificativa, fica da administração, submeter-se periodicamente,
obrigado a restituí-la integralmente e de uma a inspeção de saúde de controle.
só vez, no prazo de cinco dias.
No caso de oficial ou praça mentalmente
enfermo, a declaração de que trata este artigo
Na hipótese do policial militar retornar à sede
deverá ser firmada por 2 (dois) oficiais da ativa
em prazo menor do que o previsto para o seu da Polícia Militar.
afastamento, restituirá as diárias recebidas em
excesso, no prazo de cinco dias do seu retorno. O auxílio-invalidez será suspenso
automaticamente pela autoridade competente,
Os valores das diárias de alimentação e se for verificado que o policial militar nas
hospedagem serão fixadas em tabela própria, condições deste artigo, exerça ou tenha
exercido, após o recebimento do auxílio,
considerando os diversos postos e graduações
qualquer atividade remunerada, sem prejuízo
que deverão ser agrupados segundo critérios de outras sanções cabíveis, bem como for
estabelecidos em regulamento. julgado apto em inspeção de saúde a que se
TRANSPORTE refere o parágrafo anterior.

Conceder-se-á indenização de transporte ao O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao


policial militar que realizar despesas com a valor do soldo do posto de Sargento PM.
utilização de meio próprio de locomoção para
NA INATIVIDADE, PROVENTOS
execução de serviços externos, na sede ou fora
CONSTITUÍDOS DAS SEGUINTES PARCELAS
dela, no interesse da administração, na forma e
condições estabelecidas em regulamento. a) soldo ou quotas de soldo;
b) gratificações incorporáveis.
AUXÍLIO INVALIDEZ
REGRAS APLICÁVEIS A INATIVIDADE
O policial militar da ativa que venha a ser
reformado por incapacidade definitiva e A remuneração e proventos não estão sujeitos
considerado inválido, impossibilitado total e a penhora, sequestro ou arresto, exceto em
permanentemente para qualquer trabalho, não casos previstos em Lei.
podendo prover os meios de sua subsistência,
fará jus a um auxílio-invalidez no valor de 25% O valor do soldo de um mesmo grau hierárquico
(vinte e cinco por cento) do soldo com a é igual para o policial militar da ativa e da
gratificação de tempo de serviço, desde que inatividade, ressalvado os proventos calculados
satisfaça a uma das condições abaixo com base na remuneração integral do seu posto
especificada, devidamente declaradas por junta ou graduação quando, não contando com
oficial de saúde: trinta anos de serviço, for transferido para a
reserva remunerada ex officio por ter atingido
I. necessitar de a idade limite de permanência em atividade no
internamento em
posto ou na graduação.
instituição apropriada,
policial militar ou não;
Por ocasião de sua passagem para a
II. necessitar de assistência
ou de cuidados inatividade, o policial militar terá direito a
permanentes de tantas quotas de soldo quantos forem os anos

291
de serviço, computáveis para a inatividade até o relação à hora normal de trabalho
máximo de trinta anos, os proventos calculados c) Somente será permitida a realização de
com base na remuneração integral do seu serviço extraordinário para atender
posto ou graduação quando, não contando situações excepcionais e temporárias,
com trinta anos de serviço, for transferido respeitado o limite máximo de duas horas
para a reserva remunerada ex officio por ter diárias, podendo ser elevado este limite nas
atingido a idade limite de permanência em atividades que não comportem interrupção.
atividade no posto ou na graduação. d) O serviço noturno, prestado em horário
compreendido entre vinte e duas horas de
Para efeito de contagem dessas quotas, a um dia e cinco do dia seguinte, terá o valor-
fração de tempo igual ou superior a cento e hora acrescido de cinquenta por cento sobre
oitenta dias será considerada um ano. o soldo na forma da regulamentação
correspondente.
A proibição de acumular proventos de e) A gratificação de atividade policial militar
inatividade não se aplica aos policiais militares será concedida ao policial militar a fim de
da reserva remunerada e aos reformados compensá-lo pelo exercício de suas
quanto ao exercício de mandato eletivo, atividades e os riscos dele decorrentes.
observado o que dispõe a Constituição Federal.

Os proventos da inatividade serão revistos na Julgue os itens a seguir, assinalando as


mesma proporção e na mesma data, sempre assertivas corretas:
que se modificar a remuneração dos policiais I. A ajuda de custo destina-se a compensar
militares em atividade, sendo também as despesas de instalação do policial
estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou militar que, no interesse do serviço,
vantagens posteriormente concedidos aos passar a ter exercício em nova sede, com
policiais militares em atividade, inclusive mudança de domicílio, ou que se deslocar
quando decorrentes da transformação ou a serviço ou por motivo de curso, no país
reclassificação do cargo ou função em que se ou para o exterior.
deu a aposentadoria, na forma da Lei. II. Ao policial militar que se deslocar da sede
em caráter eventual ou transitório, no
Ressalvados os casos previstos em Lei, os interesse do serviço, serão concedidas,
proventos da inatividade não poderão exceder além de transporte, diárias para atender às
à remuneração percebida pelo policial militar despesas de alimentação e hospedagem.
da ativa no posto ou graduação correspondente III. Na hipótese do policial militar retornar à
aos seus proventos. sede em prazo menor do que o previsto
para o seu afastamento, restituirá as
Aos policiais militares que exerçam atribuição diárias recebidas em excesso, no prazo de
de motorista e motociclista de viatura fica 10 dias do seu retorno.
concedida isenção de pagamento das taxas IV. Conceder-se-á indenização de transporte
devidas ao Departamento Estadual de Trânsito ao policial militar que realizar despesas
para renovação e mudança na categoria da com a utilização de meio próprio de
Carteira Nacional de Habilitação. locomoção para execução de serviços
externos, na sede ou fora dela, no interesse
EXERCÍCIOS da administração, na forma e condições
estabelecidas em regulamento.
1. Assinale a alternativa incorreta: a) I,II e III;
a) A gratificação natalina corresponde a 1/12 b) I, III e IV;
(um doze avos) da remuneração a que o c) II, III e IV;
policial militar ativo fizer jus, no mês de d) I, II e IV;
exercício, no respectivo ano, considerando a e) I, II, III e IV.
fração igual ou superior a quinze dias como
Gabarito – 1 B 2D
mês integral
b) O serviço extraordinário será remunerado 5ª PARTE
com acréscimo de 30% (trinta por cento) em

292
I. CONTINUAÇÃO DE ESTATUTO DOS IV. trânsito: até trinta dias;
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO V. amamentação;
DA BAHIA DAS FÉRIAS VI. doação de sangue: um dia,
por semestre.
O policial militar fará jus, anualmente, a trinta
dias consecutivos de férias, que, no caso de O afastamento por luto é relativo ao falecimento
necessidade do serviço, podem ser de cônjuge, companheiro(a), pais, padrasto ou
acumuladas, até o máximo de dois períodos, sob madrasta, filhos, enteados, menor sob guarda e
as condições dos parágrafos seguintes: tutela e irmãos, desde que comprovados
mediante documento hábil.
Para o primeiro período aquisitivo serão
exigidos doze meses de exercício; para os O afastamento para amamentação do próprio
demais, o direito será reconhecido após cada filho ou adotado, é devido até que este
período de doze meses de efetivo serviço, complete seis meses e consistirá em dois
podendo ser gozadas dentro do exercício a que descansos na jornada de trabalho, de meia
se refere, segundo previsão constante de Plano hora cada um, quando o exigir a saúde do
de Férias, de responsabilidade da Unidade em lactente, este período poderá ser dilatado, a
que serve. critério da autoridade competente, em despacho
fundamentado.
Na impossibilidade de gozo de férias no
momento oportuno pelos motivos previstos no Preservado o interesse do serviço e carga
parágrafo anterior, ressalvados os casos de horária a que está obrigado o policial militar,
cumprimento de punição decorrente de poderá ser concedido horário especial ao
transgressão disciplinar de natureza grave, o policial militar estudante, quando comprovada
período de férias não usufruído será indenizado a incompatibilidade do horário escolar com o
pelo Estado. da Unidade, sem prejuízo do exercício do cargo
e respeitada a duração semanal do trabalho,
Independentemente de solicitação será pago ao condicionada à compensação de horários.
policial militar, por ocasião das férias, um
acréscimo de 1/3 (um terço) da remuneração DAS LICENÇAS GENERALIDADES
correspondente ao período de gozo.
Licenças são autorizações para afastamento
total do serviço, em caráter temporário,
As férias serão gozadas de acordo com escala
concedidas ao policial militar em consonância
organizada pela unidade administrativa ou
com as disposições legais e regulamentares que
operacional competente.
lhes são pertinentes.
É facultado ao policial militar converter 1/3 (um
terço) do período de férias a que tiver direito em As licenças poderão ser interrompidas a pedido
abono pecuniário, desde que o requeira com ou nas condições estabelecidas.
antecedência mínima de sessenta dias. A interrupção da licença prêmio por assiduidade e
da licença para tratar de interesse particular
No cálculo do abono pecuniário será poderá ocorrer:
considerado o valor do acréscimo de, sendo o a) em caso de mobilização e estado de guerra;
pagamento dos benefícios efetuado no mês b) em caso de decretação de estado de defesa ou
anterior ao do início das férias. estado de sítio;
c) para cumprimento de sentença que importe
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS DO em restrição da liberdade individual;
SERVIÇO
d) para cumprimento de punição disciplinar,
Obedecidas às disposições legais e conforme regulado pelo Comando Geral;
regulamentares, o policial militar tem direito, e) em caso de denúncia ou de pronúncia em
ainda, aos seguintes períodos de afastamento processo criminal ou indiciamento em
total do serviço sem qualquer prejuízo, por inquérito policial militar, a juízo da
motivo de: autoridade que efetivou a denúncia ou a
indiciação.
I. núpcias: oito dias;
II. luto: oito dias; DAS ESPÉCIES DE LICENÇA
III. instalação: até dez dias;

293
São licenças do serviço policial militar: Uma vez concedida a licença prêmio por
assiduidade, o policial militar, dispensado do
I. prêmio por assiduidade;
exercício das funções que exercer, ficará à
II. para tratar de interesse
particular; disposição do órgão de pessoal da Polícia Militar.
III. para tratamento de saúde Não se concederá licença prêmio por assiduidade
de pessoa da família; a policial militar que no período aquisitivo:
IV. para tratamento da a) sofrer sanção disciplinar de detenção;
própria saúde; b) afastar-se do cargo em virtude de:
V. por motivo de acidente; 1) licença para tratamento de saúde de pessoa
VI. por motivo de afastamento da família;
do cônjuge ou 2) licença para tratar de interesse particular;
companheiro;
3) condenação a pena privativa de liberdade, por
VII. para o policial militar sentença definitiva;
atleta participar de
4) autorização para acompanhar cônjuge ou
competição oficial;
companheiro.
VIII. à gestante;
IX. paternidade e à (o)
adotante . LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSE
PARTICULAR
LICENÇA PRÊMIO POR ASSIDUIDADE
Licença para tratar de interesse particular é a
Licença prêmio por assiduidade é a autorização para o afastamento total do
autorização para o afastamento total do serviço, concedida ao policial militar com mais
serviço, concedida a título de reconhecimento de dez anos de efetivo serviço que a requerer
da Administração pela constância de frequência com aquela finalidade, pelo prazo de até três
ao expediente ou às atividades da missão anos, sem remuneração e com prejuízo do
policial militar, relativa a cada quinquênio de cômputo do tempo de efetivo serviço.
tempo de efetivo serviço prestado, sem qualquer O policial militar deverá aguardar a concessão da
restrição para a sua carreira ou redução em licença em serviço.
sua remuneração. A licença para tratar de interesse particular
poderá ser interrompida a qualquer tempo, a
A licença prêmio por assiduidade tem a pedido do policial militar ou por motivo de
duração de três meses, a ser gozada de uma só interesse público, mediante ato fundamentado
vez quando solicitada pelo interessado e julgado da autoridade que a concedeu.
conveniente pela autoridade competente, poderá
ser parcelada em períodos não inferiores a Não será concedida nova licença para tratar de
trinta dias. interesse particular antes de decorridos dois
anos do término da anterior, salvo para
O período de licença prêmio por assiduidade não completar o período de que trata este artigo.
interrompe a contagem de tempo de efetivo
serviço. A licença para tratar de interesse particular fica
Os períodos de licença prêmio por assiduidade condicionada à indicação, pelo beneficiário, do
não gozados pelo policial militar são local onde poderá ser encontrado, para fins de
computados em dobro para fins exclusivos de mobilização ou interrupção, respondendo
contagem de tempo para a passagem à omissão, falsidade ou mudança não
inatividade e, nesta situação, para todos os comunicada de domicilio à Administração.
efeitos legais.
LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE DE
A licença prêmio por assiduidade não é PESSOA DA FAMÍLIA
prejudicada pelo gozo anterior de licença para Licença para tratamento de saúde de pessoa
tratamento de saúde própria e para que sejam da família é o afastamento total do serviço
cumpridos atos de serviço, bem como não anula que poderá ser concedido ao policial militar,
o direito àquelas licenças. mediante prévia comprovação do estado de
saúde do familiar adoentado por meio de junta
O direito de requerer licença prêmio por médica oficial.
assiduidade não prescreve nem está sujeito a
caducidade.

294
A interrupção de licença para tratamento de tempo de serviço e da remuneração a que fizer
saúde de pessoa da família para cumprimento jus:
de pena disciplinar que importe em restrição da
Para licença até quinze dias, a inspeção poderá
liberdade individual, será regulada pelo
ser feita por médico de setor de assistência
Comando Geral.
médica da Polícia Militar, Médico Oficial ou
credenciado sob as seguintes condições:
A licença para tratamento de saúde de pessoa
da família será sempre concedida com prejuízo  sempre que necessário, a inspeção
da contagem de tempo de efetivo serviço e a médica será realizada na residência
remuneração durante seu gozo obedecerá aos do policial militar ou no
termos do parágrafo 6º deste artigo. estabelecimento hospitalar onde ele se
encontrar internado;
Pessoas da família para efeito da concessão de
que trata o caput deste artigo são:  inexistindo médico da Instituição ou
vinculado a sistema oficial de saúde no
 o cônjuge ou companheiro(a); local onde se encontrar o policial militar,
 os pais, o padastro ou madrasta; será aceito atestado fornecido por
 os filhos, enteados, médico particular, com validade
 menor sob guarda ou tutela; condicionada a homologação pelo setor
 os avós; de assistência de saúde da Instituição.
 os irmãos menores ou incapazes.
Durante os primeiros doze meses, o policial
A licença somente será deferida se a militar será considerado temporariamente
assistência direta do policial militar for incapacitado para o serviço; decorrido esse
indispensável e não puder ser prestada prazo, será agregado.
simultaneamente com o exercício do cargo, o que
deverá ser apurado através de sindicância social. Decorrido um ano de agregação, o policial
militar será submetido a nova inspeção médica
É vedado o exercício de atividade remunerada e, se for considerado física ou mentalmente
durante o período da licença, constituindo a inapto para o exercício das funções do seu
constatação de burla motivo para a sua cargo, será julgado definitivamente incapaz para
cassação e apuração de responsabilidade o serviço e reformado.
administrativa.
A remuneração da licença para tratamento de Se for considerado apto, na inspeção médica a
saúde de pessoa da família será concedida: que se refere o parágrafo anterior, para o
exercício de funções burocráticas, o policial
 com remuneração integral - até três
militar deverá ser a elas adaptado.
meses;
 com 2/3 (dois terços) da remuneração -
Contar-se-á como de prorrogação o período
quando exceder a três e não ultrapassar
seis meses; compreendido entre o dia do término da licença
 com 1/3 (um terço) da remuneração - e o do conhecimento, pelo interessado, do
quando exceder a seis e não ultrapassar resultado de nova avaliação a que for submetido
doze meses. se julgado apto para reassumir o exercício de
suas funções.
O policial militar não poderá permanecer de
licença para tratamento de saúde de pessoa de Verificada a cura clínica, o policial militar
família, por mais de vinte e quatro meses,
voltará à atividade, ainda quando, a juízo de
consecutivos ou interpolados. médico oficial deva continuar o tratamento,
LICENÇA PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA desde que as funções sejam compatíveis com
SAÚDE suas condições orgânicas.
Licença para tratamento da própria saúde é o
Para efeito da concessão de licença de ofício,
afastamento total do serviço, concedido ao
o policial militar é obrigado a submeter-se à
policial militar até o período máximo de dois
inspeção médica determinada pela autoridade
anos, a pedido ou compulsoriamente, de oficio,
competente para licenciar. No caso de recusa
com base em perícia realizada por junta
injustificada, sujeitar-se-á às medidas
médica oficial, sem prejuízo do cômputo do

295
disciplinares previstas nesta Lei. identifique relação com o cargo, a função
ou a missão do serviço policial militar, que,
O policial militar poderá desistir da licença a mesmo não tendo sido a causa exclusiva do
pedido desde que, a juízo de inspeção médica, acidente, haja contribuído diretamente para
seja julgado apto para o exercício. a provocação de lesão corporal, redução ou
perda da sua capacidade para o serviço ou
A licença para tratamento de saúde será produzido quadro clínico que exija repouso e
concedida sem prejuízo da remuneração, atenção médica na sua recuperação;
sendo vedado ao policial militar o exercício de  o dano sofrido pelo policial militar no local
qualquer atividade remunerada, sob pena de e no horário do serviço, dele decorrente ou
cassação da licença, sem prejuízo da apuração em cuja etiologia, de qualquer modo, exista
da sua responsabilidade funcional. relação de causa e efeito com o serviço, em
A modalidade de licença compulsória para consequência de:
tratamento de saúde será aplicada quando  ato de agressão ou sabotagem praticado
restar verificado que o policial militar é portador por terceiro;
de uma das moléstias graves enumeradas nos
 ofensa física intencional, inclusive de
diversos incisos deste parágrafo cujo estado, a
terceiro, por motivo de disputa
juízo clínico, se tornou incompatível com o
relacionada com o serviço e não
exercício das funções do cargo ou arriscado para
constitua falta disciplinar do policial
as pessoas que o cercam:
militar beneficiário;
 tuberculose ativa;  ato de imprudência, negligência ou
 hanseníase; imperícia de terceiro;
 alienação mental;  desabamentos, inundações, incêndios e
 neoplasia maligna; outros sinistros;
 cegueira posterior ao ingresso no serviço  casos fortuitos ou decorrentes de força
público; maior.
 paralisia irreversível e incapacitante;  a doença proveniente de contaminação
 cardiopatia grave; acidental do policial militar no exercício de
 doença de Parkinson; sua atividade por substância tóxica e/ou
 espondiloartrose anquilosante; ionizante ou radioativa;
 nefropatia grave;  o dano sofrido em deslocamento ou viagem
 estado avançado da doença de Paget para o serviço ou a serviço da polícia
(osteite deformante); militar, independentemente do meio de
 síndrome da deficiência imunológica locomoção utilizado, inclusive veículo de
adquirida (AIDS);
propriedade do policial militar.
 esclerose múltipla;
 contaminação por radiação; Não é considerada agravação ou complicação
 outras que a Lei indicar, com base na de acidente em serviço a lesão superveniente
medicina especializada. absolutamente independente, resultante de
acidente de outra origem que se associe ou
LICENÇA POR MOTIVO DE ACIDENTE
se superponha as consequências do anterior.
Licença por motivo de acidente é o afastamento
LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO
com remuneração integral e sem prejuízo do
DO CÔNJUGE OU COMPANHEIRO
cômputo do tempo de serviço a que faz jus o
policial militar acidentado em serviço ou em Licença por motivo de afastamento do cônjuge
decorrência deste que for vitimado em ou companheiro (a) é o afastamento do serviço,
ocorrência policial militar de que participou com prejuízo da remuneração e do cômputo do
ou em que foi envolvido, estando ou não tempo de serviço, de possível concessão ao
escalado, oficialmente, de serviço. policial militar que necessitar acompanhar
Equipara-se a acidente em serviço, para efeitos de companheiro ou cônjuge, policial militar público
concessão desta licença: estadual, que for deslocado para outro ponto do
Estado, do País ou do exterior, para realização
 o fato ligado ao serviço, dele decorrente ou
de curso, treinamento ou missão ou para o
em cuja etiologia, de qualquer modo se
exercício de mandato eletivo dos Poderes

296
Executivo e Legislativo.  em caso de parto antecipado, a mulher
conservará o direito a 120 dias
Ocorrendo o deslocamento no território consecutivos previstos neste artigo.
estadual o policial militar poderá ser lotado LICENÇA À PATERNIDADE
provisoriamente em Unidade Administrativa ou
Operacional, desde que para exercício de Licença à paternidade é o afastamento total
atividade compatível com posto ou graduação. do serviço pelo prazo de cinco dias
consecutivos, e imediatos ao nascimento do
LICENÇA PARA O POLICIAL MILITAR filho ou acolhimento do adotado, destinado ao
ATLETA apoio do policial militar à sua família por
ocasião do nascimento ou adoção de filho, sem
Licença para o policial militar atleta participar prejuízo da remuneração e do cômputo do tempo
de competição oficial é o afastamento do de serviço.
serviço concedível ao praticante de desporto
amador oficialmente reconhecido, durante o Ao policial militar que adotar ou obtiver guarda
período da competição oficial. judicial de criança de até um ano de idade serão
concedidos cento e vinte dias de licença, para
A licença para participação de competição ajustamento da criança, a contar do dia em que
desportiva será concedida sem prejuízo da este chegar ao novo lar.
remuneração e do cômputo do tempo de
Em se tratando de criança com mais de um ano
serviço. de idade, o prazo será de sessenta dias.
LICENÇA À GESTANTE
DAS PRERROGATIVAS
Licença à gestante é o afastamento total do
As prerrogativas do policial militar são
serviço, sem prejuízo da remuneração e do
constituídas pelas honras, dignidades e
cômputo do tempo de serviço, concedido à
distinções devidas aos graus hierárquicos e
policial militar no período de 120 dias
aos cargos.
consecutivos depois do parto.
São prerrogativas do policial militar:
O início do afastamento da policial militar será
a) uso de títulos, uniformes, distintivos,
determinado por atestado médico emitido por
insígnias e emblemas da Polícia Militar do
órgão oficial, observado o seguinte:
Estado, correspondentes ao posto ou à
 a licença poderá, a depender das graduação;
condições clínicas, ter início no nono b) honras, tratamento e sinais de respeito que
mês de gestação, ou antes, por lhes sejam assegurados em Leis e
regulamentos;
prescrição médica;
c) cumprimento das penas disciplinares de
 no caso de nascimento prematuro, a
licença terá início na data do parto; prisão ou detenção somente em
 no caso de natimorto, a licença terá início organização policial militar cujo
na data do parto; Comandante, Coordenador, Chefe ou
Diretor tenha precedência hierárquica
Em casos excepcionais, os períodos de repouso
sobre o preso ou detido;) julgamento em
antes e depois do parto poderão ser
foro especial, nos crimes militares;
aumentados de mais duas semanas cada um,
d) o porte de arma, na conformidade da
mediante justificativa constante de atestado legislação federal pertinente.
médico, observado o seguinte:
Somente em caso de flagrante delito ou em
 no caso de natimorto, a policial militar cumprimento de mandado judicial, o policial
será submetida, trinta dias após o militar poderá ser preso por autoridade
evento, a exame médico para policial civil, ficando esta obrigada a entregá-
verificação de suas condições para lo imediatamente à autoridade policial militar
reassunção das funções; mais próxima, só podendo retê-lo em
 em se tratando de aborto não criminoso, dependência policial civil durante o tempo
devidamente atestado por médico oficial, necessário à lavratura do flagrante.
a policial militar terá direito a trinta dias
de repouso; Cabe ao Comandante Geral da Polícia Militar a

297
iniciativa de responsabilizar a autoridade PORTE DE ARMA
policial que não cumprir o disposto neste
O porte de arma é inerente ao policial militar,
artigo e que maltratar ou consentir que seja
sendo impostas restrições ao seu uso apenas
maltratado preso policial militar, ou não lhe
aos que revelarem conduta contraindicada ou
der o tratamento devido.
inaptidão psicológica para essa prerrogativa.
O Comandante Geral da Polícia Militar
Os policiais militares somente poderão portar
providenciará junto às autoridades competentes
arma de fogo, desde que legalmente registrada
os meios de segurança do policial militar
no seu nome ou pertencente à Instituição, nos
submetido a processo criminal na Justiça
limites do Território Federal , na forma da
comum ou militar, em razão de ato praticado em
legislação específica.
serviço.

As aquisições e transferências de arma de fogo


O policial militar da ativa no exercício de
deverão ser obrigatoriamente comunicadas ao
funções policiais militares é dispensado do
órgão próprio da Instituição, para registro junto
serviço do júri na Justiça Comum e do serviço
ao órgão competente.
na Justiça Eleitoral, na forma da legislação
competente.
Somente em relação aos policiais militares de
DO USO DOS UNIFORMES bom comportamento presume-se a aptidão para
adquirir armas, nas condições e prazos fixados
Os uniformes da Polícia Militar, com seus
pela legislação federal.
distintivos, insígnias, emblemas, são privativos
dos policiais militares e simbolizam as
A cédula de Identidade Funcional da Polícia
prerrogativas que lhes são inerentes.
Militar é, para todos os efeitos legais,
documento comprobatório do porte de arma.
O uso dos uniformes com seus distintivos,
insígnias e emblemas, bem como os modelos,
Havendo contraindicação para o porte de
descrição, composição, peças acessórias e
arma, em conformidade com o a cédula de
outras disposições são estabelecidos na
identidade funcional, o comando da
regulamentação peculiar.
corporação adotará medidas para substituir a
É proibido ao policial militar o uso de uniformes: cédula de identidade funcional por outra em
a) em manifestação de caráter político- que conste a restrição.
partidária, desde que não esteja de serviço;
b) em evento não policial militar no exterior, DA PROMOÇÃO/GENERALIDADES
salvo quando expressamente determinado ou
O acesso na hierarquia policial militar,
autorizado;
fundamentado principalmente no desempenho
c) na inatividade, salvo para comparecer a
profissional e valor moral, é seletivo, gradual e
solenidades policiais militares e a
sucessivo e será feito mediante promoções, de
cerimônias cívicas comemorativas de datas
conformidade com a legislação e
nacionais ou a atos sociais solenes de
regulamentação de promoções de modo a obter-
caráter particular, desde que autorizado
se um fluxo ascensional regular e equilibrado de
pelo Diretor de Administração.
carreira.
É vedado a pessoas ou organizações civis de
qualquer natureza usar uniformes, mesmo que O planejamento da carreira dos policiais militares
semelhantes, ou ostentar distintivos, insígnias é atribuição do Comando Geral da Polícia Militar.
ou emblemas que possam ser confundidos com
os adotados na Polícia Militar. A promoção tem como finalidade básica o
preenchimento de vagas pertinentes ao grau
São responsáveis civil, penal e hierárquico superior, com base nos efetivos
administrativamente pela infração das fixados em Lei para os diferentes quadros.
disposições deste artigo, além dos comitentes,
os proprietários, gerentes, diretores ou chefes de A forma gradual e sucessiva da promoção
repartições das referidas organizações. resultará de um planejamento organizado de
acordo com as suas peculiaridades e
dependerá, além do atendimento aos requisitos

298
estabelecidos neste Estatuto e em regulamento,  será concedida ao oficial promovido
do desempenho satisfatório de cargo ou por bravura, quando for o caso, a
função e de aprovação em curso programado oportunidade de satisfazer as
para os diversos postos e graduações. condições de acesso ao posto ou
graduação a que foi promovido, de acordo
Os Alunos Oficiais que concluírem o Curso de com o regulamento desta Lei.
Formação de Oficiais serão declarados
A promoção post mortem é a que visa
Aspirantes a Oficial pelo Comandante Geral da
expressar o reconhecimento do Estado ao
Policia Militar.
policial militar falecido no cumprimento do
Os alunos dos diversos cursos de formação de dever, ou em consequência deste, em situação
Praças que concluírem os respectivos Cursos em que haja ação para a preservação da ordem
serão promovidos pelo Comandante Geral às pública, ou em consequência de ferimento,
respectivas graduações. quando no exercício da sua atividade ou em
razão de acidente em serviço, doença,
DOS CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO moléstia ou enfermidades contraídas no
As promoções serão efetuadas pelos critérios de: cumprimento do dever ou que neste tenham
tido sua origem.
I. antiguidade;
II. merecimento;  os casos de morte por ferimento,
III. bravura; doença, moléstia ou enfermidades
IV. "post mortem"; referidos neste artigo, serão
V. ressarcimento de comprovados por atestado de origem ou
preterição. inquérito sanitário de origem, quando
não houver outro procedimento
Promoção por antiguidade é a que se baseia na
apuratório, sendo utilizados como
precedência hierárquica de um oficial PM sobre
meios subsidiários para esclarecer a
os demais de igual posto, dentro de um mesmo
situação os termos relativos ao
Quadro, decorrente do tempo de serviço.
acidente, à baixa ao hospital, bem como
Promoção por merecimento é a que se baseia no as papeletas de tratamento nas
conjunto de atributos e qualidades que enfermarias e hospitais e os respectivos
distinguem e realçam o valor do policial militar registros de baixa;
entre seus pares, avaliados no decurso da  no caso de falecimento do policial militar,
carreira e no desempenho de cargos e a promoção por bravura exclui a
comissões exercidos, em particular no posto que promoção post mortem que resulte das
ocupa. consequências do ato de bravura.

A promoção por bravura é a que corresponde ao Em casos extraordinários, poderá haver


reconhecimento, pela Instituição, da prática, promoção em ressarcimento de preterição,
pelo policial militar, de ato ou atos não outorgada após ser reconhecido, administrativa
comuns de coragem e audácia, em razão do ou judicialmente, o direito ao policial militar
serviço que, ultrapassando os limites normais preterido à promoção que lhe caberia,
do cumprimento do dever, representem feitos observado o seguinte:
indispensáveis ou úteis às operações policiais  caracteriza-se essa hipótese e o seu direito à
militares, pelos resultados alcançados ou pelo promoção quando o policial militar.
exemplo positivo deles emanados, observando-se
 tiver solução favorável a recurso
o seguinte: interposto;
 ato de bravura, considerado altamente  tiver cessada sua situação de
meritório, é apurado em sindicância desaparecido ou extraviado;
procedida por um Conselho Especial  for absolvido ou impronunciado no
para este fim designado pelo Comandante processo a que estiver respondendo,
Geral; quando a sentença transitar em
 na promoção por bravura não se aplicam julgado;
as exigências estipuladas para promoção  for considerado não culpado em processo
por outro critério previsto; administrativo disciplinar.

299
 a promoção em ressarcimento de preterição X. para a graduação de
será considerada efetuada segundo os Soldado 1ª Cl PM -
critérios de antiguidade, recebendo o somente pelo critério de
antiguidade.
policial militar promovido o número que lhe
competia na escala hierárquica, como se Quando o policial militar concorrer à promoção
houvesse sido promovido na época devida. por ambos os critérios, o preenchimento da
vaga de antiguidade poderá ser feito pelo
As promoções são efetuadas:
critério de merecimento, sem prejuízo do
I. para as vagas de Coronel cômputo das futuras quotas de merecimento.
PM, somente pelo critério
de merecimento; EXERCÍCIOS
II. para as vagas de
1. Julgue os itens a seguir:
Tenente Coronel PM,
Major PM, Capitão PM, I. O policial militar fará jus, anualmente, a
1º Tenente PM, e 1º trinta dias consecutivos de férias, que, no
Sargento PM, pelos caso de necessidade do serviço, podem ser
critérios de antiguidade acumuladas, até o máximo de três períodos.
e merecimento, de II. Para o primeiro período aquisitivo de férias
acordo com a seguinte serão exigidos doze meses de exercício;
proporcionalidade em para os demais, o direito será reconhecido
relação ao número de após cada período de doze meses de efetivo
vagas; serviço.
III. para o posto de Tenente III. O afastamento por luto é relativo ao
Coronel - uma por falecimento de cônjuge, companheiro(a),
antiguidade e quatro por pais, padrasto ou madrasta, avós, filhos,
merecimento;
enteados, menor sob guarda e tutela e
IV. para o posto de Major PM
irmãos, desde que comprovados mediante
- uma por antiguidade e
duas por merecimento; documento hábil.
V. para o posto de Capitão IV. Em decorrência do ato da doação de sangue,
PM - uma por antiguidade ao PM é concedido um dia de afastamento
e uma por merecimento; por semestre.
VI. para o posto de 1º Tenente V. Haja vista a atividade do PM ser de
PM - somente pelo critério dedicação integral e exclusiva é vedada ao
de antiguidade; PM concessão de licença para tratar de
interesses particulares.
Para o posto de 1º Tenente do QOAPM e
QOABM, a proporcionalidade de preenchimento Assinale a alternativa que aponta somente itens
das vagas é de uma por antiguidade e duas por incorretos:
merecimento. f) I, II e III;
g) II, III e IV
VII. para a graduação de
h) I, III, V;
Subtenente PM - uma por
i) II, III e V;
antiguidade e três por
j) I, IV e V.
merecimento;
VIII. para a graduação de 1º 2. Não é considerado um critério para a
Sargento PM - uma por promoção do PM:
antiguidade e duas por
a) Remoção
merecimento;
b) Antiguidade
IX. para a graduação de Cabo
PM - somente pelo critério c) Merecimento
de antiguidade. d) Bravura
e) Falecimento no exercício da função de PM
Para ser promovido à graduação de Cabo é
indispensável que o Soldado de 1ª Classe esteja
1 -C
incluído na Lista de Acesso por Antiguidade,
2 –A
tenha bom comportamento e que sejam
observados os demais requisitos legais.

300
Direito Penal

1. Da aplicação da lei penal.


1.1 Lei penal no tempo.
1.2 Lei penal no espaço.
2. Do crime.
2.1 Elementos.
2.2 Consumação e tentativa.
2.3 Desistência voluntária e arrependimento eficaz.
2.4 Arrependimento posterior.
2.5 Crime impossível.
2.6 Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade.
3. Contravenção.
4. Imputabilidade penal.
5. Dos crimes contra a vida:
‒ Homicídio;
_ Feminicídio;
_ Homicídio de agentes de segurança pública
‒ Lesão corporal; e
‒ Rixa.
6. Dos crimes contra a liberdade pessoal
‒ Ameaça;
‒ Sequestro; e
‒ Cárcere privado.
7. Dos crimes contra o patrimônio:
‒ Furto;
‒ Roubo;
‒ Extorsão;
‒ Apropriação indébita;
‒ Estelionato e outras fraudes; e
‒ Receptação.
8. Dos crimes contra a dignidade sexual.
9. Dos crimes contra a paz pública:
‒ Quadrilha ou bando
10. Dos crimes contra a administração pública:
‒ Peculato e suas formas;
‒ Concussão;
‒ Corrupção ativa e passiva;
‒ Prevaricação;
‒ Usurpação de função pública;
‒ Resistência;
‒ Desobediência;
‒ Contrabando e descaminho;

_ Concurso de pessoas

301
1. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Para o Direito brasileiro não importa que outro tenha sido o momento
do resultado: pune-se a vontade do agente executando sua conduta
delituosa; portanto, orienta-se a doutrina pelo tempo da conduta.
1.1 LEI PENAL NO TEMPO Prevalece, pois, no ordenamento jurídico pátrio, a teoria da atividade,
não interessando o momento em que se produziu o resultado (teoria
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
do efeito ou resultado).
de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória. Uma questão que deve ser levantada aqui é sobre os crimes
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer permanentes e os crimes continuados. Quando o agente inicia a prática
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por de um crime permanente sob a vigência de uma lei, vindo a se
sentença condenatória transitada em julgado. prolongar até a entrada em vigor de outra lei, deve-se indagar: “Qual
lei deve ser aplicada? A primeira ou a última?”. A resposta deve se
Pelo princípio da irretroatividade da lei, a norma produzida deve ser orientar pelo fato de que o agente praticou um só delito sob a vigência
aplicada apenas a casos futuros, não a fatos pretéritos (passado). de duas leis sucessivas, devendo, pois, ser-lhe aplicada a última lei,
Merece ressalva esse princípio no que diz respeito ao Direito Penal. mesmo que seja a mais severa; não pode ser invocada a retroatividade
Prevê o Texto Constitucional, em seu art. 5°, XL, que "a lei penal não da lei mais benigna, pois a segunda lei foi efetivamente violada pelo
retroagirá, salvo para beneficiar o réu". E o art. 2º § único do CP criminoso, seja ela mais benéfica ou mais severa.
“Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos Quanto ao crime continuado, se a nova lei modifica de algum modo o
penais da sentença condenatória”. tipo legal já existente, aplica-se a última lei, devendo, para se chegar a
ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL [LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA] esta conclusão lembrar-se que o crime continuado, apesar de
constituído de vários atos separados, é visto juridicamente como uma
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o unidade. Diferente será a aplicação, em se tratando de conduta de
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a crime continuado, já que a lei tipifica como crime atos que já vinham
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. sendo anteriormente praticados e eram impuníveis. Aqui será aplicada
a nova lei apenas aos atos praticados sob a sua vigência. Por
Lei Temporária: lei elaborada com a expressa previsão de sua derradeiro, se a nova lei deixa de considerar a conduta como crime, a
vigência em um lapso temporal. Após o período previsto, ocorre a nova lei, obviamente, deverá retroagir aos atos executados antes de
sua auto revogação. sua vigência.
* Qual lei se aplica: se o crime se inicia sob a égide de uma lei mais
Lei Excepcional: lei criada com o fim específico de atender a uma gravosa e, quando de seu término, está vigorando uma lei nova, mais
situação circunstancial e transitória. Ex.: epidemia, guerra, branda?
mudança brusca de situação econômica, etc.

Tais leis atendem ao princípio do tempus regit actum, em que as ações CUIDADO!!!!!
ou omissões praticadas ao tempo da lei temporária ou excepcional Súmula nº711 do STF “A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO
serão punidas, mesmo que referida lei já esteja revogada. CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA
É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA”
A lei, como vimos, será aplicada mesmo após cessada a sua vigência;
é o que se chama de ultratividade. Não quer dizer que esteja ferindo o
1.2 A LEI PENAL NO ESPAÇO
princípio da reserva legal, uma vez que a excepcionalidade das
situações emergenciais impõe a punição dos agentes, mesmo após
TERRITORIALIDADE
decorrido o prazo ou cessadas as condições que justificam a punição,
isso por motivos mais que óbvios, caso contrário, a lei temporária ou Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
excepcional seria inócua. tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.
TEMPO DO CRIME § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
Na tentativa de responder qual o momento da prática da conduta respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
delituosa, há três teorias que são: da atividade, do resultado e da § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
ubiquidade ou mista. bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em
Teoria da atividade - considera-se praticado o crime no momento vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar
da conduta, aplicando-se, por conseguinte, a lei que vigorava no territorial do Brasil.
momento da conduta.
São cinco os princípios que norteiam a aplicação da lei no espaço (arts.
Teoria do resultado - considera-se praticado o crime no momento
5°, 6° e 7°), quais sejam da territorialidade, da nacionalidade, da
do resultado, desprezando-se o momento da ação, tendo como
defesa, do pavilhão e da justiça universal.
consequência a aplicação da lei vigente neste momento.

Teoria da ubiquidade ou mista - conjugação das duas anteriores Princípio da Territorialidade


em que o crime é considerado praticado tanto no momento da Por este princípio aplica-se a lei brasileira a todas as condutas
ação como no momento do resultado. praticadas no Brasil ou cujo resultado venha a ocorrer no território
brasileiro, isto em atendimento ao disposto no caput do art. 5°

302
combinado com o art. 6° que traz o princípio da ubiquidade. O art. Quando a ação e o resultado ocorrem em um mesmo lugar, o assunto
5° determina o que deve ser considerado como território brasileiro; não comporta discussões. Entretanto, quando a conduta típica é
portanto, aos atos praticados no território compreendido como constituída de vários atos, ou o resultado se dá em lugar diverso da
brasileiro aplica-se a legislação brasileira, devendo ser respeitadas ação, merece a matéria análise mais apurada. Na tentativa de explicar
as exceções previstas no próprio artigo. Com isso não se aplica a lei o lugar em que o crime foi cometido, surgiram três teorias:
brasileira aos atos praticados pelos agentes diplomáticos por
gozarem de imunidade prevista na Convenção de Viena. Teoria da Atividade: considera-se cometido o crime apenas no
Princípio da Nacionalidade lugar em que tenha ocorrido a ação ou omissão.
Também chamado de princípio da personalidade em que o fato Teoria do Resultado: considera-se cometido o crime no lugar em
determinante para a aplicação da lei é a origem do criminoso, por esse que tenha produzido o evento danoso.
princípio aplica-se ao agente a lei de seu país de origem. Nesse caso, Teoria da Ubiquidade: é considerado lugar do crime aquele em que
mesmo que o brasileiro tenha praticado um crime fora do território tiver sido praticada a ação ou omissão, assim como aquele em que
brasileiro, onde de regra não seria aplicável a legislação brasileira, tiver sido verificado o resultado. A legislação brasileira adotou, de
poderá ser punido pelas leis pátrias pelo fato de ser de nacionalidade forma expressa, a teoria da ubiquidade.
brasileira e de cumprir os requisitos estabelecidos na lei (art. 7°, II, b).
O princípio da nacionalidade é subsidiário do princípio da EXTRATERRITORIALIDADE
territorialidade.
Princípio da Defesa Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
Aplica-se a lei do país a que pertença o bem jurídico lesionado, estrangeiro:
independentemente de onde tenha ocorrido o fato, com o intuito de se I - os crimes:
ver preservados interesses básicos dos Estados. a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Princípio da Justiça Universal
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
Para esse princípio não interessa a nacionalidade do agente, o bem
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
jurídico lesionado, ou o local onde foi praticada a conduta, sendo
fundação instituída pelo Poder Público;
sempre aplicada a lei do local onde for encontrado o delinquente. O
c) contra a administração pública, por quem está a seu
que se procura aqui é dar a idéia de que qualquer Estado tem interesse
serviço;
em ver o criminoso pagando por sua conduta, uma vez que, se ele
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
cometeu um crime, independentemente de qualquer condição, não
domiciliado no Brasil;
pode ficar impune. Esse princípio, apesar de sua grande utilidade, deve
II - os crimes:
ser utilizado com moderação à luz da multiplicidade de legislação e de
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
questões que podem ser suscitadas pela cumulação de penas que pode
reprimir;
resultar. A jurisprudência admite a sua utilização quando textualmente
b) praticados por brasileiro;
prevista, como ocorre com a previsão legal insculpida no art. 7°, II, a,
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
do CP considerando-o ainda como princípio subsidiário ao princípio da
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
territorialidade.
estrangeiro e aí não sejam julgados.
Princípio do Pavilhão ou da Bandeira § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
É também um princípio subsidiário ao da territorialidade em que o brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
autor da infração deve ser julgado pelas leis do país em que a § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
embarcação ou aeronave está registrada, vale dizer, está submetido à depende do concurso das seguintes condições:
bandeira do país. A fundamentação legal a esse princípio encontra-se a) entrar o agente no território nacional;
no art. 7°, II, c. b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
A legislação brasileira não adotou nenhum desses princípios com brasileira autoriza a extradição;
exclusividade, na realidade todos eles são adotados por nosso Código d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
Penal, dando maior ênfase ao princípio da territorialidade, de onde ter aí cumprido a pena;
todos os demais se irradiam. Exemplificando temos: e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a
Princípio da Nacionalidade: os crimes praticados por brasileiros em lei mais favorável.
qualquer lugar do mundo, desde que não tenham sido punidos (art. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
7°, II, § 2°). estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
Princípio da Defesa: crimes praticados contra o patrimônio público condições previstas no parágrafo anterior:
(art. 7°, I, b). a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
Princípio da Justiça Universal: crime que, por tratado ou b) houve requisição do Ministro da Justiça.
convenção, o Brasil obrigou-se a reprimir (art. 7°, II, a).
Princípio do Pavilhão: crime praticado a bordo de navios
O princípio básico da aplicação da lei brasileira é a da territorialidade,
particulares de bandeira brasileira (art. 7°, II, c).
entretanto, o art. 7° supracitado menciona exceções à regra de
aplicação da lei brasileira a fatos ocorridos fora dos limites territoriais
LUGAR DO CRIME nacionais em decorrência dos princípios supramencionados.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
Apresentam-se duas espécies de extraterritorialidade: a condicionada
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
e a incondicionada. A primeira depende de preenchimento de alguns
produziu ou deveria produzir-se o resultado.
requisitos. Os crimes aos quais se aplica

303
o princípio da extraterritorialidade condicionada são os previstos no afirmar que o fato concreto tem tipicidade, é necessário que ele se
inciso II, e as condições são aquelas indicadas no § 2°. O § 3° contenha perfeitamente na descrição legal, ou seja, que haja perfeita
contém duas condicionantes extras. A extraterritorialidade adequação do fato concreto ao tipo penal.
incondicionada, como o próprio nome indica, não exige qualquer
condição para a aplicação da lei brasileira em território estrangeiro. Para caracterizar o fato típico é exigida a concorrência dos seguintes
São as hipóteses previstas no inciso I do artigo sob análise. elementos:

Pena Cumprida no Estrangeiro a) Conduta;


b) Resultado;
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no c) Relação de Causalidade; e
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, d) Tipicidade.
quando idênticas.
Estando presentes então todos esses elementos, conclui-se que para
que o fato típico seja considerado um crime, se faz necessário a
É princípio universal de Direito o respeito à dignidade da pessoa
presença de mais outro elemento, denominado:
humana, previsto no texto constitucional vigente como princípio
constitucional fundamental da República Federativa do Brasil. A e) Ilicitude ou Antijuridicidade.
previsão deste artigo visa a evitar o bis in idem, ou seja, a proteger o
apenado no estrangeiro de uma segunda punição pelo mesmo fato: Presentes todos esses elementos conclui-se que o agente praticou um
não evita um novo processo no Brasil, mas, sim, evita o cumprimento fato típico (crime). Caso o fato concreto não apresente um desses
de duas penas pelo mesmo fato. Quando a pena for qualitativamente elementos, não é fato típico e, portanto, não é crime. Excetua-se, no
diversa, deverá haver sua atenuação obrigatória imposta pela lei caso, a tentativa, em que não ocorre o resultado.
brasileira. Para aquela quantitativamente diversa, a pena cumprida no
estrangeiro será considerada no Brasil, restando ao apenado cumprir Conduta
apenas o quantum que exceder da punição imposta e cumprida no Pode ser através da ação ou omissão; é o agir de acordo com o tipo
estrangeiro. descrito na lei. Ex.: matar, solicitar, subtrair, etc.

Eficácia da Sentença Estrangeira Resultado


Sempre que o patrimônio jurídico (vida, honra, costumes, bens, etc.)
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira for violado ou ameaçado, dizemos que a conduta ocasionou um
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser resultado, sendo este um elemento do fato típico. Resultado, aqui, é a
homologada no Brasil para: ocorrência de uma lesão ou de uma ameaça ao bem juridicamente
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a protegido. Por exemplo, quando alguém profere expressões injuriosas
outros efeitos civis; a alguém, não temos aí um resultado naturalístico, entretanto, temos
II - sujeitá-lo a medida de segurança. um resultado jurídico que consiste na lesão ao direito de se ter
Parágrafo único - A homologação depende: preservada a sua honra.
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
Relação de Causalidade
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
Baseia-se essa teoria no princípio segundo o qual responde o agente
extradição com o país de cuja autoridade judiciária
pela ação em que o antecedente tem relação com o resultado
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição
(consequente). Portanto, todo agente que contribuir para o resultado
do Ministro da Justiça.
verificado deve ser responsabilizado. Havendo o nexo causal entre ação
ou omissão do agente e resultado lesivo ao patrimônio jurídico alheio,
Quando um órgão jurisdicional se manifesta por uma sentença, isso a responsabilidade é flagrante, seja a título de dolo, seja a título de
conforma-se como verdadeiro ato declaratório de soberania do Estado, culpa; se, ao contrário, tal relação não ficar comprovada, inexiste a
uma vez que emanado de órgão competente representante de parcela pretendida responsabilidade.
do poder estatal. Nesse caso, o Poder Judiciário pratica ato de
verdadeira soberania: em consequência, sua execução somente poderá
Tipicidade
ser promovida nos estritos limites do território nacional. Portanto, as
Corresponde à exata definição da conduta prevista na lei. Há o tipo
sentenças estrangeiras só poderão ser executadas, no Brasil, nas
legal quando a conduta exteriorizada pelo homem encontra exata
hipóteses dos incisos I e II aqui apreciados e desde que cumpram as
adequação na lei. No Direito Penal há dois mundos bem distintos: o da
exigências previstas nas alíneas a e b do parágrafo único.
abstração jurídica - descrição hipotética de uma conduta na lei que
caracteriza ilícito; e outro mundo, que chamamos de real - conduta
2. DO CRIME praticada pelo agente. Sempre que esses dois mundos encontram-se
perfeitamente adequados é correto afirmar que ocorreu um fato típico,
O crime pode ser conceituado como toda conduta humana típica e pois, o agente praticou todos os atos que a lei exige para caracterizar o
antijurídica ou ilícita e culpável. Partindo dessa definição, façamos delito.
uma rápida análise de seus elementos.
Antijuridicidade ou ilicitude
TIPICIDADES DA INFRAÇÃO PENAL A conduta humana prevista em lei deve ser contrária ao direito. De
regra o é. Entretanto, há situações em que o agente, mesmo tendo
Fato Típico praticado uma conduta típica, encontra na própria lei permissivos para
a sua conduta, daí excluir-se a antijuridicidade de sua ação.
O fato típico é um comportamento humano que produz um resultado Antijuridicidade quer dizer contrário ao querer social, sendo que, em
(regra) e é previsto na lei penal como infração. Para que se possa

304
algumas situações, a lei autoriza o agente a praticar uma geral não admite tentativa, só ocorrendo quando verificada a
conduta Crime Geral: crime que pode ser praticado por possibilidade de fracionamento da conduta (crimes
qualquer pessoa, não se exigindo condição ou situação de seu plurissubsistentes).
agente. Exs.: Furto, roubo, extorsão, lesões corporais, homicídio,
etc. Crime de Mera Conduta: no tipo legal desse crime, o legislador não
descreve qualquer resultado, caracterizando-se, pois, com a simples
Crime Especial ou Próprio: para a sua existência é necessário que o conduta do agente que não deseja qualquer resultado. Ex.: O crime de
agente detenha alguma condição específica, sem a qual inexiste o violação de domicílio (art. I 50, CP).
crime. Ex.: A condição de funcionário público para a prática do Crime de Mão Própria: essa espécie de crime poderá ser praticada por
crime de corrupção passiva (art. 317, CP). qualquer pessoa, desde que o faça diretamente; não se admitindo
típica, sendo, entretanto, em face da autorização legal, despida de que outrem pratique, incabível, pois, a autoria mediata. Ex.: O
antijuridicidade. Ex.: quando o agente age em legítima defesa, sua abandono de função em que não basta ser funcionário público para
conduta é típica; matar alguém, porém, não é ilícito, ou seja, praticá-lo, mas sim. "aquele funcionário". Nessa espécie de crime é
antijurídico. impossível a coautoria, podendo haver, porém, a participação.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES Crime Unissubsistente: quando é realizado por ato único, não sendo
admitido o fracionamento da conduta, como por exemplo, no
Considerando os meios pelos quais o agente pratica sua conduta, há desacato (art. 331) praticado verbalmente.
diversas espécies de crimes.
Crime Plurissubsistente: este crime é exatamente o inverso do crime
Crime Comissivo: resulta de um agir, de um fazer por parte do unissubsistente. Neste, apesar de sua consumação independer de
agente, que alcança o resultado mediante uma ação positiva. Ex: O resultado, a conduta do agente pode ser verificada pela execução de
autor do crime de homicídio que esfaqueia a vítima. atos fracionáveis, ou seja, os atos executórios podem ser separados, e
com isso paralisados no curso da execução. Admitem, pois, a tentativa.
Crime Omissivo: art. 135, CP- nasce de um não agir por parte do Ex.: A injúria praticada com o arremesso de algum objeto como tomate
agente quando era seu dever agir. É chamado, doutrinariamente, podre.
de omissivo próprio. Sua caracterização independe de qualquer
resultado, constituindo-se, pois, em típico crime de mera conduta. Crime de Dano: quando efetivamente ocorre o dano ao bem jurídico
Em consequência, não se admitem a tentativa e a coautoria. Ex.: tutelado. Por exemplo: dano ao patrimônio, no furto, dano à
omissão de socorro. integridade física, nas lesões corporais, etc.

Crime Comissivo por Omissão (ou omissivo impróprio): 13, § 2º., Crime de Perigo: para a caracterização dessa espécie de crime não é
a a c, CPOcorre a omissão do agente que, por disposição legal, necessário que ocorra dano, sendo passível de punição o só fato de
tem o dever de se manifestar em determinadas situações, e a expor o patrimônio jurídico alheio a perigo. Ex.: subtração, ocultação,
sua omissão concorre para a prática da ação criminosa. Exemplo ou inutilização de material de salvamento (art. 257).
clássico é quando a mãe abandona o próprio filho recém-nascido,
provocando-lhe a morte. Crime Preterdoloso ou Preterintencional: são os crimes qualificados
pelo resultado. O agente não pretende o resultado que alcança,
No exemplo acima citado (a mãe abandona o filho que, em entretanto, por culpa produz resultado além do desejado. Para a
decorrência do abandono, vem a morrer), a mãe matou o filho existência dessa espécie de crime é necessário a vontade (dolo) de
(comissão) por não ter-lhe prestado a assistência devida quando praticar uma conduta, vindo, entretanto, a alcançar um resultado
devia e podia fazê-lo (omissão relevante). No dizer de Heleno além do desejado, mas que era exigido do agente a previsibilidade
Cláudio Fragoso: "Nos crimes comissivos por omissão, o agente desse resultado.
responde pelo resultado não porque o tenha causado, porque não
o impediu". Esses crimes admitem tentativa, mas não admitem Ex.: lesão corporal seguida de morte. Aqui o agente atira apenas
coautoria, sendo possível a participação. para ferir o braço da vítima e alcança tal resultado, entretanto a
mesma vem a falecer em decorrência do ferimento, resultado este
* “Omissivos por comissão” – modalidade de crime com rara não desejado pelo agente. Deve, no entanto, ficar esclarecido que o
aplicação no direito brasileiro. Principal doutrinador defensor da agente sequer pode assumir o risco de alcançar o resultado, senão
expressão: Paulo José da Costa Júnior. Ex: o filho que, interessado teremos o dolo eventual, respondendo, com isso o agente pelo
no recebimento da herança, impede que o médico salve a vida de resultado dolosamente, ou seja, no exemplo acima mencionado,
seu pai: o médico se omitiu por ação do filho. O filho que, responderia por homicídio e não por lesões corporais seguidas de
interessado no recebimento da herança, impede que o médico morte.
salve a vida de seu pai: o médico se omitiu por ação do filho.
A aceitação dessa categoria de crimes é muito polêmica e pode-se Crime Complexo: quando a conduta é tipificada pela fusão de mais de
afirmar que na doutrina nacional praticamente inexiste. um tipo legal. Ex.: Latrocínio, que se origina do crime Homicídio (art.
121) e Furto (art. 155). Esses são também nominados "pluriofensivos
Crime Material: é aquele em que a lei prevê a conduta e o por lesarem ou exporem a perigo de lesão mais de um bem jurídico
respectivo resultado, completando, por consequência, o ciclo da tutelado. Assim, no roubo, atinge-se a um só tempo, o patrimônio,
consumação. Ex.: Furto; a ação é subtrair e o resultado despojar a através da subtração, e a liberdade individual, por meio do
propriedade da vítima, sem o que não há o crime. constrangimento ilegal". (Assis Toledo, 5° Ed., 1994, pág. 145).

Crime Formal: a conduta típica circunscreve-se apenas a um agir. Crime Continuado: é a prática reiterada da mesma conduta típica
No crime material, há a ação para cuja consumação é exigido o considerado dentro de um lapso temporal que caracterize a
resultado. No crime formal, para sua caracterização, exige-se homogeneidade de conduta. Para sua ocorrência se faz necessário
apenas a ação, independentemente do resultado pretendido ser ou ainda que as condutas sejam praticadas como continuação da
não alcançado. Ex.: O crime de extorsão (art. 158, CP). Como regra antecedente. Nesse caso, o agente pratica vários crimes, mas, por

305
uma ficção Jurídica, será punido considerando uma só ação com a denunciada juntamente com a pessoa física, conforme preceituam a
pena aumentada de um sexto à dois terços (art. 71 do CP). Constituição Federal e o art. 3º, Lei 9.605/98.
Nesse sentido, orientou-se a nova Constituição Brasileira de 1988 ao
Crime Plurissubjetivo: também nominado de crime de concurso prever responsabilidade à pessoa Jurídica quando praticar atos contra
necessário quando para sua tipificação exige-se o concurso de a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (art.
pessoas, ou seja, somente poderá ser praticado por duas ou mais 173, parág. 5°) e por condutas lesivas ao meio ambiente (art. 225,
pessoas. Ex.: formação de quadrilha e adultério. 53°).

Crime Unissubjetivo: quando possibilita a sua prática por uma só Afora essas ressalvas, qualquer Homem pode praticar crime, mas
pessoa, nada impedindo, entretanto, o concurso de pessoa. Difere em certos casos a Lei limita a prática de alguns crimes a pessoas
do Plurissubjetivo porque aquele exige o concurso, aqui não, o determinadas, como por exemplo, o infanticídio que somente pode
concurso é uma faculdade dos agentes. ser praticado pela mãe e em estado puerperal.

Crime Hediondo: não há uma definição especifica para tal crime, Sujeito passivo
mas da a ele um sentido de maior gravidade das condutas, de
O sujeito passivo do crime é aquele que é o titular do bem jurídico
alguns delitos, notadamente extorsão mediante sequestro e
lesionado ou ameaçado e que não se confunde com objeto do
latrocínio. Ex.: Homicídio: quando praticado em atividade típica de
crime: este é o bem protegido; aquele, o titular do bem protegido.
grupo de extermínio, ainda que praticado por um só agente, e
No Homicídio, a vida é o objeto do crime e a vítima o sujeito
homicídio qualificado; latrocínío; extorsão qualificada pela morte;
Passivo. Sempre é sujeito passivo de um crime o Estado, uma vez
extorsão mediante sequestro; estupro; atentado violento ao pudor;
que este zela sempre pela coletividade (sujeito passivo constante
falsificação de remédios (Lei n° 9.677/98), etc. Esses crimes são
ou formal) sendo que aquele protegido diretamente que tem o
insuscetíveis de fiança, liberdade provisória, anistia, graça e
direito lesionado é chamado de sujeito passivo material ou
indulto, devendo ainda a pena ser cumprida integralmente em
eventual. Como a coletividade nos crimes contra a Administração
regime fechado, podendo, entretanto, o réu, em caso de
Pública, o Homem no Homicídio, o Detentor da coisa no caso do
condenação, recorrer em liberdade (art. 2° da Lei n° 8.072/90).
furto, etc. É importante saber que não há crime sem sujeito
Crimes Putativos: quando o agente supõe estar praticando uma passivo.
conduta delituosa e na realidade os seus atos não caracterizam
crime. Ex.: quando o agente transporta uma valise, supondo que 2.2 Consumação e Tentativa
esteja praticando o crime de tráfico ilícito de entorpecentes, e na
realidade não há qualquer substância entorpecente em seu 1. CONSUMAÇÃO
interior.
Considera-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal. Ex: Matar alguém (art. 121 CP)
SUJEITOS DO CRIME
consuma-se com a morte da vítima. Essa definição encontra-se
São de dois tipos: sujeito ativo e sujeito passivo expressa no art. 14, I do CP. Logo, está consumado o crime quando o
tipo está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se
assume no tipo abstrato descrito na lei penal. Preenchidos todos os
Em uma conduta criminosa necessariamente teremos o pólo ativo
elementos do tipo objetivo pelo fato natural, ocorreu a consumação.
(quem pratica a conduta) e o pólo passivo (aquele a quem é dirigida a
Não se confunde a consumação com o crime exaurido, pois neste, após
conduta incriminadora). Aos ocupantes desses dois pólos chamamos de
a consumação, outros resultados lesivos ocorrem.
sujeito ativo e sujeito passivo de um fato jurídico tipificado como
crime.
Nos crimes materiais, a consumação ocorre com o evento (morte, lesão,
dano, etc.), enquanto nos formais é dispensável o resultado
Sujeito ativo naturalístico e, nos de mera conduta este não existe. Nos crimes
O Sujeito ativo do crime é apenas o ser humano, a quem se atribui permanentes, deve-se observar que a consumação se protrai, prolonga
responsabilidade por ser dotado de vontade própria, não extensiva no tempo, dependente do sujeito ativo.
aos seres irracionais ou criados por ficção jurídica.
Apesar do incontestável acerto daqueles que afirmam que somente
o Homem pode delinquir a cada dia, a sociedade vê-se atingida por 2. TENTATIVA
condutas ilícitas de pessoas jurídicas sem ter como identificar o
O crime tentado ocorre quando iniciada a execução de um crime, não
dirigente responsável pelo ato assim como o Direito Civil torna-se
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente,seus
insuficiente para reprimir tais condutas, sendo necessário cada vez
elementos são o início da execução e a não consumação por
mais, coibir tais condutas, o que somente será possível no campo
circunstâncias alheias à vontade do agente. Ex: O agente atira na vítima
do Direito Penal.
com intenção de matá-la, porém essa é socorrida a tempo ao hospital e
Pergunta-se: pessoa jurídica pratica crime? Três são as correntes
sobrevive. O resultado morte não ocorreu, portanto ocorreu uma
existentes:
tentativa de homicídio. Há duas espécies de tentativa: tentativa
1ª corrente: pessoa jurídica não pode praticar crimes ou ser
perfeita (acabada) e a tentativa imperfeita (inacabada).
responsabilizada penalmente;
2ª corrente - Pessoa jurídica pratica crime ambiental (Lei 9.605/98) • Tentativa= início da execução + não superveniência do resultado
3ª corrente (responsabilidade social/ corrente realista) - Apesar de por razão alheia a vontade do agente + dolo
não poder cometer crimes, é possível responsabilizar a pessoa • OBS: Só há tentativa em crime doloso.
jurídica penalmente- (ORDEM + BENEFÍCIO). • O que é início da execução?
Prevalece a terceira corrente, inclusive no STJ: para o tribunal, não Depende da teoria que será adotada.
se trata de uma responsabilidade objetiva nem subjetiva, mas sim 1) Teoria subjetiva;
social. 2) Teoria objetivo formal;
Trata-se do sistema da dupla imputação: a pessoa jurídica deve ser 3) Teoria objetivo material;

306
4) Teoria objetivo subjetiva ou objetivo individual • Na desistência voluntária, eu posso prosseguir mas não quero.
Obs. Nossos tribunais utilizam-se das teorias objetivo formal,
objetivo material e objetivo subjetiva.
Classificação da tentativa Ex: Aristides está furtando um veículo. Mévio passa observa e fala: “Não
faz isso. É pecado”. Aristides abandona o ato e vai embora. (Há
desistência voluntária). Caso fosse o farol de um carro que ascendeu
Tentativa cruenta/ vermelha: aquela em que o agente realiza durante a ação, ao olhar a luz o agente desiste de prosseguir, está
todos os atos, mas só deixa ferimentos ou lesões. Um exemplo, configurada tentativa.
bastante usado pelos doutrinadores, um agente que, com a
intenção de matar dispara tiro de armas de fogo contra a vítima, a Assim sendo:
atingindo, e, por circunstancias alheias a sua vontade é impedido Interferência subjetiva.............................desistência voluntária
de prosseguir na execução, tendo a última restado ferimentos,
Interferência objetiva................................tentativa
mas sobrevivido.
CURIOSIDADE!!! A denominação “cruenta” vem de crueldade, pois
da tentativa resta lesões na vítima. • Desistência voluntária X espontânea
Tentativa branca ou incruenta: é aquela em que o bem • Consequência
material não chega a ser atingido. Ex.: A dá 5 tiros para matar
B e erra todos os 5 tiros. Só é possível no caso da tentativa imperfeita, posto que não praticou
Tentativa perfeita ou acabada ( crime falho): é quando a fase de todos os atos necessário à consumação e ele deixa de praticar mais
execução é integralmente realizada pelo agente, mas o atos. Ex: o agente com vontade inicial (dolo) de furtar um CD player de
resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade. um veículo arromba a fechadura da porta e abre o veículo, mas
Ex.: o agente, com intenção de matar a vítima, insere veneno percebe a besteira que está fazendo e nada leva do carro. Assim por
mortal na bebida dessa. ato voluntário seu, fecha e vai embora. Não há desistência voluntária e
Tentativa imperfeita ou inacabada: é quando o agente inicia a sim tentativa punível se, por exemplo, o agente desiste pelo risco de
execução de um crime e no meio da execução, é interrompido por ser surpreendido em flagrante diante do funcionamento do sistema de
circunstâncias alheias à sua vontade. Ex: O agente que, com a alarma.
intenção de matar atira contra a vítima, sendo que, é interrompida
por uma prisão em flagrante com a vítima ainda viva, sendo que sua
arma ainda possuía munições não deflagradas. 2. Arrependimento Eficaz/ Resipiscência
Já o arrependimento eficaz é aquele que o agente pratica todos os
• CRIME FALHO X QUASE CRIME atos dirigidos à obtenção do resultado, porém pratica, por sua
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA vontade, mais um ato que é eficaz para impedir a consumação do
1) Crime culposo; crime. Ou seja, após ter esgotado os meios de que dispunha para a
2) Crime preterdoloso; prática do crime, o agente arrepende-se e evita que o resultado ocorra.
3) Crime de atentado;
4) Crime habitual; Ex: o agente com vontade inicial (dolo) de furtar o CD Player de um
5) Crime formal unissubisistente; veículo arroba a fechadura da porta e abre o veículo, retire o objeto do
6) Crime omissivo próprio; painel, mas imediatamente resolve colocá-lo de volta no mesmo lugar;
7) Crime de mera conduta; ministra antídoto à pessoa envenenada; retira da água a vítima que
8) Crime de perigo; pretendia afogar; leva para o hospital o ofendido moralmente ferido;
9) Contravenção penal- entrega a coisa que está subtraindo à vítima antes de estar fora da
• Divergência doutrinária esfera de vigilância desta, etc.
Para configurar esse arrependimento previsto na 2ª parte do art. 15 é
2.3 Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz necessário que seja eficaz mesmo. Logo é imprescindível, para a
caracterização do arrependimento eficaz, que a ação do agente seja
O Código Penal prevê em seu art. 15, a desistência voluntária e o coroada de êxito; que efetivamente impeça ele a consumação. Ex: o
arrependimento eficaz. O agente que, voluntariamente, desiste de agente atira contra a vítima que cai ao chão, desfalecida, ato contínuo o
prosseguir na execução (desistência voluntária) ou impede que o agente se arrepende do que fez e a leva até o hospital, para que
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. responda apenas pela lesão corporal é necessário que a vítima sobreviva,
(arrependimento eficaz). sendo eficaz o seu socorro.
Como na desistência, o arrependimento também deve ser voluntário
(sem coação), embora não necessariamente espontâneo. O agente
1. Desistência Voluntária pratica nova atividade para evitar o resultado.
Nesse caso o agente inicia a execução de um crime e podendo Obs: O arrependimento eficaz só é cabível em crimes materiais, pois neste a
prosseguir, resolve por ato voluntário interromper o caminho para a execução está separada do resultado.
consumação. Na desistência voluntária, o agente, embora tenha iniciado
a execução, não a leva adiante, desistindo da realização típica. Para Obs 2: O arrependimento ineficaz não gera efeitos, pode, no máximo
que ocorra a hipótese prevista no dispositivo, a desistência deve ser interferir na pena, mas não gera outro efeito.
voluntária, ou seja, que o agente não tenha sido coagido, moral ou • ConsequÊncia
materialmente, à interrupção do inter criminis. Nada impede que um
amigo ou terceiro o convença a abandonar seu intento inicial, ou seja, a • Desistência voluntária e arrependimento eficaz configuram
lei não exige que a desistência parta do agente, admitindo interferência causa de exclusão da tipicidade ou de extinção da
externa. punibilidade?
Observação: 2.4 Arrependimento Posterior
Elementos: tentativa simples X desistência voluntária
• Na tentativa eu quero prosseguir, mas não posso. Prevê o artigo 16 que, “nos crimes cometidos sem violência ou grave

307
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa pelo ato voluntário do CAUSAS QUE EXCLUEM A ILICITUDE DE UM CRIME
agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. O
arrependimento posterior é aquele em que o agente passado algum
tempo se arrepende e minora o prejuízo ou os efeitos do crime já Como foi visto, crime é toda conduta típica e antijurídica. Entretanto,
consumado. O arrependimento eficaz não se confunde com o algumas circunstâncias levam o agente à prática de conduta que,
arrependimento posterior, visto que no primeiro instituto a conduta apesar de tipificada no Código Penal como conduta ilícita, justifica a
do agente de arrepender-se é ato contínuo a prática dos atos de sua ação, ou seja, apesar de típica, a conduta do agente não encontra
execução. conduta que, apesar de tipificada no Código Penal como conduta
ilícita, justifica a sua ação, ou seja, apesar de típica, a conduta do
agente não encontra reprovação no meio social em que vive, em virtude
2.5 Crime Impossível
das excludentes da ilicitude ou excludentes da antijuridicidade.
O artigo 17 trata do crime impossível (tentativa impossível,
As excludentes caracterizam-se, portanto, por ser um permissivo legal à
tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase crime), e prever
prática de uma conduta que, em princípio, seria ilícita. Não sendo,
que: “Não deve punir a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
pois, ilícita a conduta do agente, não caracteriza crime. As causas que
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
excluem a ilicitude do fato são:
consumar-se o crime”. Há, portanto, duas espécies diferentes de
crime impossível, em que de forma alguma o agente conseguiria
1. Estado de necessidade;
chegar à consumação, motivo pelo qual a lei deixa de responsabilizá-
2. Legítima defesa;
lo pelos atos praticados. São causas de crime impossível:
3. Estrito cumprimento de dever legal; e
1. Ineficácia absoluta do meio empregado 4. Exercício regular de um direito.
Esse dispositivo refere-se à ineficácia absoluta do meio
empregado pelo agente para conseguir o resultado. O meio é Além dessas causas previstas expressamente no art. 23 do CPB que
inadequado, inidôneo, ineficaz para que o sujeito possa obter o excluem a ilicitude, a doutrina acata a chamada causa supralegal da
resultado pretendido. Exemplos clássicos são os da tentativa de ilicitude, como é o caso do:
homicídio por envenenamento com substâncias inócuo ou com a
5. Consentimento do ofendido em alguns delitos.
utilização de revólver desmuniciado. Para o reconhecimento do
crime impossível é necessário que o meio seja inteiramente
ineficaz para a obtenção do resultado. Estado de Necessidade
OBS: Se a ineficácia for relativa, teremos um caso de tentativa e
não de um crime impossível. Nesse caso o agente, com base nas condições previstas em lei,
praticou uma ação típica para salvar de perigo atual direito próprio ou
2. Absoluta impropriedade do objeto material do crime alheio, e que não provocou por sua vontade e nem podia de outro
O artigo 17 refere-se à absoluta impropriedade do objeto modo evitar e cujo sacrifico nas circunstâncias não era razoável exigir-
material do crime, que não existe ou, nas circunstâncias em se.
que se encontra, torna impossível a consumação. Há crime
impossível nas manobras abortivas praticadas em mulher que não Assim, o agente age em estado de necessidade para salvar direito
está grávida, no disparo de revólver contra um cadáver, etc. próprio ou de terceiro, sacrifica direitos alheios de valoração jurídica
inferior ou idêntica ao bem que busca salvar, impelido por uma
OBS: Se a improbidade for relativa será tentativa! determinação psíquica que o leva a proceder contrariamente às regras
• Critério de aferição da idoneidade de conduta que ele mesmo adota.

Diferença entre Crime Impossível e Tentativa Punível - No crime Exemplo típico de estado de necessidade é quando o alpinista corta a
impossível, enquanto se desenrola a ação do agente ela não sofre corda em uma escalada de uma montanha fazendo com que seu amigo
interferência alheia, ao passo que na tentativa quase sempre a ação venha a ser precipitado no despenhadeiro por perceber que a corda
é interrompida por injunção externa. Ainda que o artigo 17 que os sustenta está prestes a se romper; para tentar salvar-se sacrifica o
aparentemente indique um caso de isenção de pena, no crime amigo. Trata-se de típico caso de estado de necessidade.
impossível há exclusão da própria tipicidade.
Crime putativo ou imaginário – É aquele em que o agente supõe, Presentes os requisitos abaixo expostos, o agente terá a seu favor a
por erro, que está praticando uma conduta típica quando o fato não excludente do estado de necessidade.
constitui crime. Só existe, portanto, na imaginação do agente. Ex:
Mulher que comete aborto sem estar grávida. Perigo atual: não basta ser qualquer perigo, tem de ser um perigo
Crime Provocado – Fala-se em crime provocado quando o agente é atual e inevitável capaz de colocar em real situação de perigo o
induzido à prática de um crime por terceiro, muitas vezes policial, agente que, sem o u t r a alternativa, se vê obrigado a sacrificar
para que se efetue a prisão em flagrante. direito de outrem;
Delito Putativo por obra do agente provocador: Também
Perigo não provocado voluntariamente pelo agente: não se admite
denominado crime de flagrante preparado ou delito de ensaio.
a invocação da excludente ora analisada se o perigo decorreu de
Súmula 145 STF- “não há crime quando a preparação do flagrante pela
ato anterior doloso praticado pelo próprio agente; se, entretanto, o
polícia torna impossível a sua consumação”.
agente provoca o perigo por conduta culposa, a descriminante
A aplicação da súmula exige o concurso simultâneo de dois requisitos:
poderá ser arguida;
1) provocação de flagrante pela polícia; 2) impossibilidade absoluta de
consumação do crime.
Ação inevitável para salvar o bem ameaçado: nas condições que
se apresentam os fatos, não é dada ao agente outra opção de
salvar o seu bem a não ser a de sacrificar o bem alheio, ou seja,
2.6 Excludentes de Ilicitude deve haver um risco extremo que coloque em perigo seu bem e o

308
agente não tem outro modo de salvá-lo a não ser o sacrifício de
outro bem; Estrito Cumprimento do Dever Legal

Não ter o agente o dever legal de enfrentar o perigo: não Apesar de praticar uma conduta típica, quem age em estrito
pode alegar o estado de necessidade todo aquele que, por cumprimento de um dever que lhe é imposto por lei (lei, aqui, no
obrigação decorrente de lei, tenha o dever de enfrentar o sentido genérico de qualquer norma legal) não pratica crime, uma vez
perigo, como é o caso do bombeiro militar que, a pretexto de que a excludente tira o caráter ilícito de sua conduta. O agente conduz-
salvar a própria vida, em vez de retirar a pessoa que se encontra se estritamente segundo o permissivo legal, respondendo pelos
em um local em chamas, foge. excessos que vier a cometer. Ex.: o policial que, no estrito
cumprimento de seu dever, pratica lesão em delinquente que, após
Legítima Defesa receber ordem de prisão, não cessa sua ação fugitiva. O estrito
cumprimento do dever legal não pode ser invocado nos delitos
A legítima defesa ocorre o agente usa moderadamente os meios praticados na modalidade culposa.
necessários para repelir injusta agressão, atual ou eminente, a
direito seu ou de outrem. É toda ação que viole conduta típica
Exercício Regular de um Direito
para salvar direito próprio que está sendo lesado ou na iminência
de sofrer lesão, provocada por injusta agressão. Nesse caso busca
Caracteriza-se pela utilização de um direito ou faculdade que pode
frear uma ilicitude que coloca em risco o agente.
decorrer da lei, de um fim social ou dos costumes, dando ao agente a
permissão para que pratique condutas dentro dos limites
São requisitos da legítima defesa: estabelecidos e com finalidades diversas. Ex.: Intervenção cirúrgica
numa operação em que o medico corta um paciente com o bisturi; O
Agressão injusta: como acima esclarecido, a agressão tem de lutador de box que causa lesões no adversário.
ser injusta, pois não se admite a invocação da legítima defesa para
repelir uma agressão justa, como por exemplo, quando o
bandido mata o policial que, em sua ação de prisão, usa da força Consentimento do Ofendido
necessária ao cumprimento da ordem;
É uma causa supralegal de exclusão da ilicitude em que o
Agressão atual ou iminente: a agressão tem de ser atual, estar consentimento da vítima exclui o crime. Cumpre esclarecer,
acontecendo ou ser iminente, estar prestes a acontecer, não entretanto, que não é de qualquer bem jurídico que o ofendido poderá
bastando um simples temor futuro para justificar a legítima "abrir mão", mas tão-somente dos bens disponíveis (patrimônio, cárcere
defesa. O perigo tem de estar em vias de acontecer e levar o privado). Não é considerado consentimento do ofendido, quando a
agente a ter certeza da agressão que está por acontecer. Não vítima o faz com os direitos de natureza pública e de interesse do
pode ser reconhecida a legítima defesa quando, o agente mata próprio Estado, como os direitos indisponíveis (vida, integridade física).
alguém sob o argumento de que o fez porque fora ameaçado pela E, portanto, crime o homicídio praticado contra alguém que implore a
vítima; abreviação de morte certa (eutanásia).

Proteção de um direito: trata-se do meio de proteger, em Mas para que o consentimento do ofendido possa ser considerado como
circunstâncias excepcionais, todo e qualquer direito lesado ou excludente, é necessário o preenchimento de alguns requisitos que são
ameaçado de lesão, dando abrangência a qualquer bem relacionados por Francisco de Assis Toledo:
juridicamente tutelado pelo Direito: a vida, a integridade física,
São requisitos do consentimento justificante:
os costumes, o pudor, a honra, a liberdade, o patrimônio, o
domicílio, etc. A lei é clara quando se refere a direito pessoal ou
a) que o ofendido tenha manifestado sua aquiescência livremente,
de outrem, portanto, não se pode dar uma interpretação
sem coação, fraude ou outro vício de vontade;
restritiva que inclua apenas os direitos causadores de lesão
b) que o ofendido, no momento da aquiescência, esteja em
material;
condições de compreender o significado e as consequências de sua
decisão, possuindo, pois, capacidade para tanto;
Meios necessários: os meios, utilizados por quem age em
c) que o bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão se situe
legítima defesa, têm de se restringir ao necessário para repelir a
na esfera de disponibilidade do aquiescente;
agressão injusta, consistindo naquela ação que concretamente é
d) finalmente, que o fato típico penal realizado se identifique com o
a suficiente para tal; se um empurrão era necessário para repelir
que foi previsto e se constitua em objeto pelo ofendido.
uma agressão, mas, ao contrário, o agente usa de uma arma
de fogo e dispara contra o agressor, ocorre a descaracterização
Dentro dessa linha, sempre que o ofendido autorizar a prática de uma
da legítima defesa pela utilização de meio não necessário.
conta típica o agente causador do dano não responderá por crime algum,
Utilizando-se meios necessários, ainda que desproporcionais,
haja vista que sua conduta encontra autorização da vítima. O
como por exemplo, quando o agente lança mão de uma
consentimento do ofendido não é previsto na legislação penal brasileira
granada para defender-se de alguém que o agride com arma de
como excludente da ilicitude, o que é, entretanto, decorrente de
baixo calibre;
construção doutrinária e jurisprudencial.
Moderação: não basta que o agente use dos meios necessários;
deve fazê-lo com moderação, pois é preciso considerar que a EXCLUDENTES; ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS
legítima defesa não tem por fim permitir agressões
indiscriminadas por aquele que injustamente, está sofrendo Elementos objetivos - Como foi visto, as excludentes da ilicitude
algum mal; é, sim, um permissivo legal que autoriza repelir uma têm suas regras básicas; comprovados os elementos
agressão e, para tanto, será moderado o meio usado, se o caracterizadores da excludente, a conduta será impunível; ausentes
agente o fizer até conseguir a repulsa do agressor. O excesso os requisitos, a conduta será punível. Tais elementos exteriorizam-
será punível (art. 23, parágrafo único, do CP). se no mundo fático e são chamados de causas objetivas das

309
excludentes da antijuridicidade; entretanto, despidas do seu • Por obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal;
elemento subjetivo, não serão consideradas.
• Coação moral irresistível.

Elemento subjetivo - É aquele que intimamente motiva o agente


Culpabilidade
a praticar determinada conduta. Com isso, não age em legítima É o juízo de reprovabilidade que recai sobre o agente pelo
defesa aquele que desfere um disparo em seu desafeto sem saber cometimento de fato típico e ilícito. Ou seja, é a reprovação de
que o mesmo lhe apontava uma arma por debaixo da mesa com determinada conduta praticada pelo agente.
o intuito de matá-lo.
Culpado, no sentido jurídico, é sim, aquele que poderia agir de
No exemplo citado, estão presentes todos os elementos objetivos determinada maneira (consciente ou inconscientemente) e preferiu
caracterizadores da legítima defesa: agressão injusta iminente; outra conduta que lesa o patrimônio jurídico de outrem. Este é o real
proteção de um direito (a vida); uso de meio necessário e sentido de culpabilidade a ser apreciado. A culpabilidade é, pois, a
moderação. Entretanto, sem a consciência de estar agindo em reprovabilidade da conduta delituosa que ele poderia ter evitado e não
evitou, intencionalmente ou não.
defesa de sua própria vida, descaracteriza-se, in casu, a legítima
defesa.

Excludentes Específicos 3. CONTRAVENÇÃO

Ofendículos
É uma espécie de infração penal de menor potencial ofensivo, de menor
Ofendículos são os meios de proteção utilizados peta pessoa
gravidade. Para ser caracterizada a conduta com uma contravenção
em defesa de seus direitos (patrimônio, vida). Ex.: pedaços de
penal é necessário que a pena imposta pela lei seja de prisão simples
vidro, cerca de arame farpado, fios ligados às maçanetas da porta,
ou multa aplicadas isoladamente, ou ambas, alternativamente ou
etc.
cumulativamente. Para Nelson Hungria a contravenção pode também
ser chamada de “crime anão”, visto que o bem jurídico protegido por
A doutrina é divergente quanto à classificação dos ofendículos
ela é de menor importância do que o bem jurídico tutelado em um
como legítima defesa ou exercício regular de direito. Devem,
crime.
entretanto, ser enquadrados como exercício regular de direito,
uma vez que não há sequer uma iminente agressão ao A título de exemplo temos o art. 28 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas),
patrimônio da suposta vítima, o que caracterizaria a legítima onde prevê penas de advertência, medidas educativas, entre outras,
defesa; existe, sim, uma faculdade do defensor de proteger seus para o usuário de drogas.
bens, de utilizar-se de meios defensivos contra ações externas. Alguns doutrinadores, como o professoe Luiz Flávio Gomes, defendem
Ressalte-se que os excessos descaracterizam a excludente.
que este diploma traz, em verdade, uma infração penal sui generis.
• É possível responsabilização por seu uso irregular?
Porém o STF já pacificou está controvérsia: tal art. Prevê uma conduta
Excludentes previstas na parte especial do Código Penal criminosa.
ATENÇÃO PARA OS SINÔNIMOS
a) Coação visando a impedir a prática do suicídio.
b) Ofensa irrogada em juízo (art. 142, I). Crime = delito.
c) Entrada em domicílio em caso de desastre, prestação de Contravenção penal = crime/delito anão; delito Liliputiano; crime
socorro, flagrante delito, ou ordem judicial. vagabundo.
d) Aborto para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez
Diferenças entre crimes e contravenções penais ;
é decorrente de estupro; neste caso, desde que mediante
o consentimento da gestante.
Punibilidade da tentativa;
Ao contrário do crime não se pune a tentativa de contravenção (art. 4º
CAUSAS DE EXCLUSÃO DE CULPABILIDADE
da Lei 3688/41). Também existe outra peculiaridade na contravenção:
art. 3º da mesma lei - Para a existência da contravenção, basta a ação
O legislador penal diferenciou as excludentes de culpabilidade das
ou omissão voluntária. Ex: o simples fato de explorar o jogo de azar
de ilicitude, com a expressão “é isento de pena”. A culpabilidade é
estará configurado a contravenção. (art. 50 da mesma LCP).
pressuposto de aplicação de pena, e, portanto há crime, porém não
há que se falar em condenação e aplicação de pena.
Extraterritorialidade da lei penal;
O que deve ser considerado para isentar o agente de pena ou reduzi-
la são as suas condições pessoais que não deixam nenhuma dúvida 4. IMPUTABILIDADE PENAL
quanto ao erro sobre a ilicitude.
CONCEITO
Constitui exemplo clássico de erro de proibição quando o agente
contrai novas núpcias achando que, estando separado judicialmente, É o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para
há vários anos, já teria eliminado o impedimento legal, pensando que ser responsabilizado por um crime. Imputar é atribuir a alguém
o divórcio opera-se automaticamente com o decurso de tempo. responsabilidade por seus atos, é autogovernar, é agir com
Excludentes de culpabilidade conhecimento das consequências decorrentes de uma conduta. A
• Imputabilidade por doença mental; melhor definição de imputabilidade foi esboçada pelo jurista Heleno
Fragoso, que assim definiu:
• Imputabilidade por menor de dezoito anos;
• Por embriaguez involuntária completa; “É a condição pessoal de maturidade e sanidade mental que confere
ao agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
• Por erro de proibição inevitável; determinar-se segundo esse entendimento.” [Heleno Fragoso, Lições

310
de Direito Penal, 14a ed., 1992, p. 197]. caráter ilícito do fato. Já a semi-imputabilidade dá a idéia de uma
situação em que o agente medeia a imputabilidade e a
Falta ou diminuição de responsabilidade inimputabilidade, sendo seus atos permeados por reflexos de
responsabilidade alterados, todavia, por um enfraquecimento mental
ao tempo da ação ou da omissão, o agente não era inteiramente capaz
A previsão da falta ou diminuição de responsabilidade se da nos
de entender o caráter ilícito do fato.
seguintes casos:

- Desenvolvimento mental incompleto (ex.: silvícola não Menoridade


adaptado à civilização);
- Doença mental (ex.: senilidade, epilepsia, esquizofrenia, São inimputáveis os menores de 18 anos por expressa disposição do
psicopatia); art. 27, tratando-se de uma presunção absoluta de inimputabilidade.
- Desenvolvimento mental retardado (ex.: idiotas, imbecis e,
em determinadas circunstâncias, surdos-mudos); e, Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
- Embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na
maior. legislação especial.

Contudo, não basta apenas a ocorrência das situações acima A menoridade constitui presunção legal absoluta de desenvolvimento
especificadas para exonerar o autor da infração de sua responsabilidade mental incompleto. O menor com idade inferior a dezoito anos está na
penal, devendo concorrer às seguintes condições: época dos arroubos da adolescência, em que sua personalidade ainda
se encontra em fase de formação ou, ao menos, de definição, não
Ação ou Omissão – A redução total ou parcial da capacidade podendo, por conseguinte, ser responsabilizado por seus atos, mesmo
do agente deve ser verificada ao tempo de sua ação ou que contrários às normas de conduta, ficando à mercê de
omissão que tenha dado causa ao resultado lesivo. procedimento peculiar previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente, que não tem caráter punitivo, mas sim preventivo para a
Falta de capacidade para entender o caráter ilícito da formação psicossocial do menor.
conduta – Ao tempo da ação ou omissão, mesmo o agente
sofrendo de uma daquelas anomalias especificadas, faz-se Portanto, presumivelmente, o menor de dezoito anos não tem
necessário que ela afete o entendimento de sua conduta em desenvolvimento suficiente para entender o caráter ilícito do fato ou
face do caráter ilícito do fato, sendo imperativo legal não ter de determinar-se de acordo com esse entendimento. O menor,
o agente condições de se autodeterminar (autogovernar) completando a maioridade, adquire, imediatamente, a condição de
sobre a ilicitude dos atos por ele praticados. imputável, passando a responder por seus atos. Isso ocorre no primeiro
instante em que o agente completa dezoito anos, ou seja, a zero hora
INIMPUTABILIDADE PENAL (Exclusão de imputabilidade) de seu primeiro dia como maior.
O agente é inimputável quando ele não pode ser ATENÇÃO!!!
responsabilizado pelos atos cometidos. São casos de agentes Tramita no Congresso Nacional proposta de emenda constitucional (nº
inimputáveis: 171/93), aprovada por comissão especial da Câmara dos Deputados em
17/06/2015, para alteração do art. 228 da CF/88. De acordo com o texto
Doenças mentais preliminarmente aprovado, o art. 228 dispõe, como regra, sobre a
inimputabilidade dos menores de dezoito anos, sujeitos à normas da
Diz o art. 26 do Código Penal: legislação especial (Lei 8.069/90). Excepcionalmente, os menores com
dezesseis anos completos podem ser responsabilizados penalmente,
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental caso sejam autores dos crimes previstos no art. 5º, inciso XLIII, da CF/88
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao (tortura, tráfico de drogas, terrorismo e os definidos como crimes
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender hediondos), de homicídio doloso, de lesão corporal grave, de lesão
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com corporal seguida de morte ou de roubo majorado.
esse entendimento. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida
de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de Embriaguez completa
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter A embriaguez pode ser conceituada como a intoxicação aguda e
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse transitória causada pelo álcool ou substância de efeitos análogos que
entendimento. privam o sujeito da capacidade normal de entendimento. Nos termos
legais, quanto à sua origem, pode ser classificada em voluntária (não
Trata-se da primeira hipótese de causa de exclusão da acidental), culposa e involuntária (acidental ou fortuito).
imputabilidade. Menciona a lei a doença mental. A expressão
abrange todas as moléstias que causam alterações mórbidas à
Embriaguez voluntária ou culposa
saúde mental. Entre elas, têm-se as chamadas psicoses funcionais: a
esquizofrenia, a PMD, a paranóia, etc. são também doenças mentais
No art. 28, II, do CP reza que a embriaguez voluntária ou culposa, pelo
a epilepsia, a demência senil, a psicose alcoólica, a paralisia
álcool ou substância de efeitos análogos não excluem a imputabilidade
progressiva, a sífilis cerebral, a arteriosclerose cerebral, a histeria,
penal.
etc.
A embriaguez voluntária consiste na livre consciência do agente de
O artigo transcrito menciona as hipóteses de inimputabilidade (caput)
ingerir a substância com o propósito de embriagar-se. Nela o agente
e semi-imputabilidade (parágrafo único).
pretende embriagar-se, procurando intencionalmente o estado de
ebriedade. Será preordenada se o agente bebe para melhor cometer o
Para que o autor da infração penal seja considerado inimputável,
crime. Pode ser dolosa ou culposa.
é necessário que o agente seja inteiramente incapaz de entender o

311
Já a embriaguez culposa, o agente, apesar de ingerir voluntariamente • Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio;
a substância, não tem por objetivo embriagar-se, mas • Infanticídio;
imprudentemente se excede, chegando assim ao estado etílico. Nesse • Aborto;
caso, seja a embriaguez dolosa ou culposa, não tem o poder de afastar • Lesão corporal;
a culpabilidade do agente, sendo este, portanto, imputável. • Rixa etc.

Embriaguez Involuntária (Acidental) HOMICÍDIO

O art. 28, § 1º do CP diz que: “é isento de pena o agente que, por Homicídio é nada mais que "matar alguém". É a destruição da vida
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, humana extrauterina por outrem. Constitui, pois, o crime de homicídio
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de a retirada da vida humana de forma violenta.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento”. Logo, é aquela decorrente de caso fortuito ou
Formas de Homicídio
força maior; exclui a culpabilidade e, portanto, é o agente inimputável.
 Homicídio simples
Caso fortuito: é o acontecimento inesperado e imprevisível em
Art. 121. Matar alguém:
que, por exemplo, o agente ingere uma bebida alcoólica,
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
imaginando não o ser ou, ainda, ingere um remédio que vem, como
efeito colateral, a causar-lhe intoxicação. Ele não tem ciência de
 Homicídio privilegiado
que a substância tem o poder de embriagá-lo ou de intoxicá-
No § 1° do art. 121, vem previsto o chamado homicídio privilegiado,
lo,apesar de conscientemente estar ingerindo-a.
tendo a pena reduzida aquele que mata alguém (i) impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou (ii) sob o domínio de
Força maior: dá-se quando o agente, apesar de ter conhecimento
violenta emoção após injusta provocação da vítima.
do poder da substância de embriagá-lo, não tem como lutar contra
a ingestão, e esta ocorre por circunstâncias superiores a sua
Podemos citar como ilustração do homicídio privilegiado o cidadão A
vontade.
que, conduzindo seu veículo no trânsito da grande cidade sofre um
abalroamento provocado por motorista imprudente, causando
Ex.: A, participando de uma festa, é convidado a usar drogas, o que
ferimentos no seu carona, seu filho. Impedido por uma contida emoção
repele de imediato, sendo, entretanto, imobilizado e por terceiros
ao ver seu filho coberto de sangue, A desfere diversos disparos,
ocorre a injeção da substância entorpecente.
matando o imprudente motorista.
Observação
 Homicídio qualificado
No caso da embriaguez involuntária, decorrente de caso fortuito ou
força maior, para que o agente seja inimputável se faz mister que, ao Quando é cometido com certos recursos que demostrem a crueldade
tempo da ação ou da omissão, seja inteiramente incapaz de entender o do agente, insídia, que resulte perigo comum ou dificulte ou torne
caráter ilícito de sua ação; caso contrário, haverá apenas redução da impossível a defesa da vitima.
pena de um a dois terços prevista no parágrafo 2° do art. 28, que é o § 2º - Se o homicídio é cometido:
caso da semi-imputabilidade. I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe;
Emoção e Paixão II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
Reza o art. 28, I, que a emoção e a paixão não excluem a
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
imputabilidade penal, logo não têm poderes para excluir da
comum;
responsabilidade o autor da infração penal, que é, portanto,
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
imputável. Apesar da alteração de comportamento do apaixonado,
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
essa situação não tem o poder de excluir a culpabilidade do agente.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

5. DOS CRIMES CONTRA A VIDA  Homicídio culposo


§ 3º - Se o homicídio é culposo:
A lei penal busca a proteção da vida humana. Em todos os seus Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
estágios, desde a vida intrauterina até o último sinal de vida Aumento de pena
exteriorizado pelo ente humano constituindo crime, portanto, a § 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o
interrupção da gravidez em seu estágio mais incipiente, assim crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte
também como o desligar dos aparelhos daquele moribundo sem ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
nenhuma expectativa aparente de sobrevivência. Essas duas não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
situações extremadas constituem igualmente crimes contra a vida. evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
São crimes contra a vida, segundo o Código Penal brasileiro: de 14 (catorze) anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de


• Homicídio;
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio
- Feminicídio
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
- Homicídio de agentes de segurança pública (Homicídio
desnecessária.
funcional)

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IMPORTANTE!!!! do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante,
O STJ decidiu que, no homicídio culposo, a morte instantânea da ví- diferentemente daquela do § 4º, em que o aumento é fixo em um
tima não impede a incidência da causa de aumento de pena terço, o aumento é variável de um terço à metade.
estabelecida no art. 121, § 4°, do Código Penal (deixar de prestar c) Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com
imediato socorro à vítima), exceto se o óbito for evidente. deficiência (física ou mental). O conceito de pessoa portadora de
deficiência9 é trazido pelos arts. 3º e 4º do Decreto 3.298, de 20
FEMINICÍDIO de dezembro de 1999, que regulamentou a Lei 7.853, de 24 de
A Lei 13.104/15 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o outubro de 1989, in verbis:
feminicídio, entendido como a morte de mulher em razão da Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
condição do sexo feminino. A incidência da qualificadora reclama I – deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
situação de violência praticada contra a mulher, em contexto função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade
caracterizado por relação de poder e submissão, praticada por para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado
homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade. normal para o ser humano;
Em razão do sexo feminino: I – violência doméstica e familiar; II – II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. durante um período de tempo suficiente para não permitir
O conceito de violência doméstica e familiar (inciso I) é obtido no art. recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos
5º da Lei 11.340/06, isto é, assim se considera qualquer ação ou tratamentos; e
omissão baseada no gênero que cause a morte da mulher: a) no III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade
âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações,
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de
inclusive as esporadicamente agregadas; b) no âmbito da família, deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu
compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por exercida.
afinidade ou por vontade expressa; c) em qualquer relação íntima de Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se
afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, enquadra nas seguintes categorias:
independentemente de coabitação. I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais
No inciso II, que trata do menosprezo e da discriminação à condição segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
de mulher, o tipo se torna aberto, pois compete ao julgador função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
estabelecer, diante do caso concreto, se o homicídio teve como monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
móvel a diminuição da condição feminina. Ao contrário do inciso I, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência
não há nada, senão as circunstâncias do fato, em que seja possível se de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
escorar para verificar se a qualificadora se caracterizou. congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não
produzam dificuldades para o desempenho de funções;
II – deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta
• Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa
e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de
transexual?
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;
A qualificadora do feminicídio é subjetiva, pressupondo motivação
III – deficiência visual – cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou
especial: o homicídio deve ser cometido contra a mulher por razões
menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a
da condição de sexo feminino.
baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da
O STJ admitiu a aplicação da Lei Maria da Penha (11.340/06) numa
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que
agressão contra mulher praticada por outra mulher (relação entre
60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
mãe e filha). Isso porque, de acordo com o art. 5º da Lei
anteriores;
11.340/2006, configura violência doméstica e familiar contra a
IV – deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas,
ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
tais como:
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
a) comunicação;
independentemente de coabitação.
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
• Femicídio X Feminicídio d) utilização dos recursos da comunidade;
e) saúde e segurança;
• De quem é a competência para o sumário da culpa no f) habilidades acadêmicas;
feminicídio? g) lazer; e
Competente será o juiz apontado pelas respectivas leis de organiza- h) trabalho;
ção judiciária. V – deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências
c ) na presença de descendente ou de ascendente da vítima: expressa
• A Lei 13.104/15 também acrescentou no art. 121 o § 7º, o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do
majorante que eleva de um terço até a metade a pena do ascendente ou do descendente da vítima. Diante do atual estágio de
feminicídio: interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes
a) durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto: de tornar a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da
aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto realidade, parece-nos possível conferir interpretação extensiva ao
até três meses após o nascimento. vocábulo presença para nele abarcar outras formas de interação que
b) contra pessoa menor de catorze anos, maior de sessenta anos não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por
ou com deficiência: ao se referir à idade da vítima (menor de exemplo).
catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo repete o § 4º OBS: Para a incidência das majorantes enunciadas acima, é

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imprescritível que o agressor tenha conhecimento das circunstâncias participação direta no evento morte, senão deixará de ser auxílio ao
a elas relativas, evitando-se, assim, a responsabilidade penal suicídio para ser homicídio.
objetiva. INFANTICÍDIO
Homicídio de agentes de segurança pública (Homicídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
funcional) filho, durante o parto ou logo após:
A Lei 13.142/15 alterou o § 2º do art. 121 para nele inserir o inciso VII, Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
que qualifica o homicídio se cometido contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do O crime de infanticídio constitui crime autônomo dada as
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no peculiaridades que o envolve. É merecedor de detalhada análise o fato
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, da mãe vir a tirar a vida do próprio filho durante ou logo em seguida ao
companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa parto. Para tipificação do crime sob comento, é necessária a
condição. conjugação das seguintes condições:
Trata-se de norma penal em branco, pois deve ser complementada
pelos artigos 142 e 144 da Constituição Federal - influência do estado puerperal;
- sujeito ativo: a mãe;
• O homicídio praticado contra guardas civis (municipais ou - sujeito passivo: o próprio filho;
metropolitanos) está abrangido na qualificadora do inciso - durante ou logo após o parto - é entendimento jurisprudencial que
VII do § 2º do art. 121? "logo após o parto" é o período em que dura o estado puerperal.
Em 2014 foi criado, o Estatuto Geral das Guardas Municipais. Esse
importante documento, no seu art. 5º, parágrafo único, dispõe que, Sem o atendimento desses requisitos não há o que falar em
no exercício de suas competências, a guarda municipal poderá infanticídio.
colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública
da União, dos Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Obs.: Por estado puerperal entende-se perturbação psíquica
Municípios vizinhos. momentânea da parturiente, devendo ser apurada em cada caso
O inciso VII é a única dentre as qualificadoras do homicídio que não concreto através de perícia especializada.
tem correspondente agravante no art. 61 do Código Penal.
ABORTO
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem
auxílio para que o faça: lhe provoque:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.  Aborto provocado por terceiro
Parágrafo único - A pena é duplicada: Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Aumento de pena Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante
capacidade de resistência. não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental,
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
Obs.: O suicídio não constitui ilícito penal, sendo incriminado apenas violência.
aquele que, de alguma forma, participa do ato suicida de outrem.
Forma qualificada
A participação citada dar-se-á sob as seguintes formas: Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
Induzimento meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
Quando o agente não tem qualquer idéia suicida, constituindo crime ou de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas
ato de criar no espírito daquele que se encontra em estado emocional causas, lhe sobrevém a morte.
abalado a vontade ao suicídio. Para caracterização do crime em análise Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
é necessário que o suicida seja persuadido à prática do suicídio pelo
terceiro que seria o criminoso. Aqui ainda não existe uma vontade  Aborto necessário
formada, o que acontece com o induzimento. I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Instigação  Aborto no caso de gravidez resultante de estupro


Já existe uma idéia predeterminada. O suicida tem subjetivamente a II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
vontade de pôr termo à pratica do ato, faltando, talvez, aquele consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
"empurrão moral", que finalmente lhe dará a convicção em tirar a representante legal.
própria vida. Na instigação, o suicida vem apenas ter a certeza da
prática de seu ato, servindo apenas como estímulo para a prática Em sua definição aborto consiste em interromper a gravidez,
daquela idéia anteriormente concebida. considerada esta desde a concepção até o momento do parto. Para a
caracterização do crime de aborto não se exige haja a formação do
Auxílio feto, sendo necessário tão-somente o início de uma vida, que ocorre
Auxiliar é dar a cooperação material ao suicida. É fornecer a corda com a fecundação, a união entre espermatozoide e o óvulo, dando
destinada ao enforcamento, dar o revólver devidamente municiado, origem à primeira célula do ser em formação.
entregar a faca destinada ao corte dos pulsos, etc. Não pode haver a

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A partir de então, qualquer ato que acarrete quebra de continuidade quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou
dessa vida intrauterina, por intervenção externa, caracteriza aborto. de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida)
Pelo texto transcrito vemos que há hipóteses em que o aborto não e promovidas a critério exclusivo da vítima;
tipifica crime. A Lei 13.142/15 também alterou o art. 129 do Código Penal para
acrescentar o § 12, que majora a pena da lesão corporal (dolosa, leve,
Não é punível o aborto praticado para salvar a vida da mãe, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços quando
assim como também não constitui ilícito quando a gravidez é praticada contra:
resultante de estupro.
• autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
LESÕES CORPORAIS Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
Lesão corporal ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. razão dessa condição. Trata-se, assim como na qualificadora
relativa ao homicídio, de norma penal em branco a ser
 Lesão corporal de natureza grave complementada pela Constituição Federal.
§ 1º - Se resulta:
• Por meio deste mesmo diploma, a Lei 8.072/90 foi alterada
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30
para que no rol dos crimes hediondos fossem inseridas duas
(trinta) dias;
modalidades de lesão corporal. De acordo com o art. 1º,
II - perigo de vida;
inciso I-A, daquela lei, são hediondas a lesão corporal dolosa
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e a lesão corporal
IV - aceleração de parto:
seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
qualquer dos agentes de que trata esta majorante.
§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente; RIXA
V - aborto:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. O crime de rixa consiste em um tumulto, uma luta desordenada
entre três ou mais pessoas, de modo que não se consiga identificar
 Lesão corporal seguida de morte dois grupos distintos. Os contendores visam a todos
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente indistintamente.
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza
Diminuição de pena grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de
§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Substituição da pena São crimes contra a liberdade pessoal:


§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa: • Ameaça;
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; • Sequestro e Cárcere privado;
II - se as lesões são recíprocas.
• Redução à condição análoga à de escravo; e
• Constrangimento ilegal.
 Lesão corporal culposa
§ 6º - Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
AMEAÇA

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou


Aumento de pena
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
hipóteses do art. 121, § 4º.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
A ameaça pode ser: direta (contra a própria vítima), indireta (dirigida a
Violência Domestica uma terceira pessoa ligada a vitima), explicita (feita de forma
A violência domestica ocorre quando se pratica lesão contra expressiva), implícita (feita de forma velada), e condicionada (o mal
ascendente, descendente, irmão, conjugue ou companheiro, ou com prometido depende de algum acontecimento).
quem conviva ou tenha convivido. • Sujeito ativo-
OBSERVAÇÕES!!!!
• Sujeito passivo-
• Segundo o STJ, a realização de cirurgia estética que repare os
efeitos da lesão não afasta a qualificadora da deformidade • Ação penal pública, porém se procede mediante
permanente, pois “o fato criminoso é valorado no momento de sua representação-
consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO

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paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro perigo de vida;
ou cárcere privado: II - a coação exercida para impedir suicídio.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos: Constrangimento ilegal absoluto X relativo
I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
São espécies de crimes contra o patrimônio:
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
• Furto;
Sequestro: nesse caso há uma maior liberdade ambulatorial por • Roubo;
parte da vitima, tendo em vista que esta fica privada de sua • Extorsão;
liberdade em local aberto. Ex.: manter uma pessoa presa em uma • Apropriação indébita;
chácara, fazenda. Cárcere privado: nesse caso a vitima fica • Estelionato;
confinada em um local fechado e sua liberdade ambulatorial é • Outras fraudes; e
menor, sendo reduzido o espaço para que a vítima possa se • Receptação.
locomover. Ex.: manter uma pessoa presa em um banheiro, quarto
fechado.
• Sujeito ativo- FURTO

• Sujeito passivo-  Furto simples


Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
• Crime permanente- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

• Sequestro X Cárcere Privado-  Furto noturno


§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno.
• Detenção X Retenção-
• O STJ estabeleceu a possibilidade de aplicação, sobre a
• Ação Penal-
modalidade qualificada, da majorante relativa ao furto
noturno, pois não há incompatibilidade entre esta
• Crime de falso seqüestro decisão do STF- Competência circunstância e aquelas que qualificam o delito, nem há
prejuízo para a dosimetria da pena, tendo em vista que o
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO juiz parte da pena-base relativa à forma qualificada e faz
incidir o aumento de um terço na terceira fase de
Art. 149 - Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, aplicação.
quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva,
quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer  Furto privilegiado
Restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
dívida contraída com o empregador ou preposto: furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

• Consentimento do ofendido- § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer


• Crime permanente- outra que tenha valor econômico.
• Tentativa?
• Ação penal pública incondicionada-  Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o
crime é cometido:
CONSTRANGIMENTO ILEGAL I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, destreza;
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a • O STJ considerou que a incidência da qualificadora da
fazer o que ela não manda: destreza pressupõe que o agente tenha lançado mão de
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. excepcional habilidade para a subtração do objeto que
estava em poder da vítima, de modo a impedir qualquer
Aumento de pena percepção. Para o tribunal, “não configuram essa
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, qualificadora os atos dissimulados comuns aos crimes
para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há contra o patrimônio – que, por óbvio, não são praticados às
emprego de armas. escancaras. A propósito, preleciona a doutrina que essa
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à qualificadora significa uma “especial habilidade capaz de
violência. impedir que a vítima perceba a subtração realizada em sua
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: presença. É a subtração que se convencionou chamar de
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do punga.

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III - com emprego de chave falsa; Art. 158 – Constranger (obrigar, coagir) alguém, mediante
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado faça ou deixar fazer alguma coisa:
para outro Estado ou para o exterior. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
 Furto de coisa comum emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto
para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: no § 3º do artigo anterior.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.  Extorsão mediante sequestro
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
resgate:
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.  Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da
 Furto famélico situação de alguém, documento que pode dar causa a
Constitui causa de excludente de ilicitude. Trata-se da hipótese em procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
que o agente, em razão de situação de extrema pobreza, subtrai Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
alimentos para saciar sua fome ou de sua família.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
OBS:
• O STJ reiterou entendimento de que a operação de Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse
sistema de vigilância em estabelecimento comercial não ou a detenção:
é suficiente para que se considere impossível a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
consumação do crime de furto.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a
ROUBO coisa:
I - em depósito necessário;
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
depois de havê- la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
de resistência: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e
multa.  Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída natureza
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para por erro, caso fortuito ou força da natureza:
si ou para terceiro. Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;  Apropriação de tesouro
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou
agente conhece tal circunstância. em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior;  Apropriação de coisa achada
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou
sua liberdade. parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se prazo de 15 (quinze) dias.
resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto
prejuízo da multa. no art. 155, § 2º.

ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES


ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO
Violência ou grave ameaça ou Somente violência ou grave Estelionato
redução da capacidade de ameaça. Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
resistência. prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
Antes ou durante a subtração. Somente após a subtração. artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Finalidade: subtrair. Finalidade: assegurar a detenção Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
da coisa ou garantir a § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o
impunidade. juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição
de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia
EXTORSÃO
coisa alheia como própria;

317
 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria  Outras fraudes
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou
inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando efetuar o pagamento:
sobre qualquer dessas circunstâncias; Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e
 Defraudação de penhor o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou  Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por
por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do ações
objeto empenhado; Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo,
 Fraude na entrega de coisa em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia,
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando
deve entregar a alguém; fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não
 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro constitui crime contra a economia popular.
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da contra a economia popular:
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em
seguro; prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público
ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas
 Fraude no pagamento por meio de cheque da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte,
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder fato a elas relativo;
do sacado, ou lhe frustra o pagamento. II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa,
economia popular, assistência social ou beneficência. em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
 Duplicata simulada IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
qualidade, ou ao serviço prestado. aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo
Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de fictícios;
Duplicatas. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou
conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou
 Abuso de incapazes parecer;
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a
ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou
prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo dá falsa informação ao Governo.
próprio ou de terceiro: § 2º - Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou
para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
 Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da  Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à desacordo com disposição legal:
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
saber que a operação é ruinosa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3
(três) anos, e multa.  Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou
 Fraude no comércio danificando bens, ou simulando dívidas:
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
adquirente ou consumidor: Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada; DECISÕES DO STJ:
II - entregando uma mercadoria por outra: • O STJ decidiu que não comete estelionato o advogado que,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. por meio de procurações com assinaturas falsificadas e
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou comprovantes de residência adulterados, ajuíza ações
o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira indenizatórias em nome de terceiros para obter indevida
por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra vantagem.
falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra • Estelionato contra a previdência social, o STJ decidiu que a
qualidade: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. reparação do dano antes do recebimento da denúncia não
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. tem caráter extintivo da punibilidade, embora seja possível

318
que se apliquem as disposições relativas ao
arrependimento posterior (art. 16 do Código Penal).  Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro
RECEPTAÇÃO sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em
parte, de coisa imóvel alheia:
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser § 1º - Na mesma pena incorre quem:
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé,
a adquira, receba ou oculte:  Usurpação de águas
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
alheias;
Receptação culposa
§ 1º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela  Esbulho possessório
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante
oferece, deva presumir-se obtida por meio criminoso: crime: concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas o fim de esbulho possessório.
as penas. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta
§ 2º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de cominada.
pena o autor do crime de que proveio a coisa.
o
§ 3º - No caso do §1 , se o criminoso é primário, pode o juiz, § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência,
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a somente se procede mediante queixa.
o
pena. No caso de receptação dolosa, cabe o disposto no § 2 do
art. 155. SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS
§ 4º - No caso dos bens e instalações do patrimônio da União,
Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho
ou sociedade de economia msta adquiridos dolosamente: alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

Receptação qualificada DANO


§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
clandestino, inclusive o exercício em residência. Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem  Dano qualificado
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, ou I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
ambas as penas. II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento não constitui crime mais grave;
de pena o autor do crime de que proveio a coisa. III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia
juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a mista;
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a
155. vítima:
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da
União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços pena correspondente à violência.
públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no
caput deste artigo aplica-se em dobro.  Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem
DISPOSIÇÕES GERAIS consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes prejuízo:
previstos neste título, em prejuízo: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo  Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
ou histórico:
crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
 Alteração de local especialmente protegido
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: aspecto de local especialmente protegido por lei:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
5. DOS CRIMES CONTRA A VIDA
USURPAÇÃO

319
O Título VI do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei nº constranger, aqui utilizado no sentido de forçar, obrigar,
12.015/09, passou a prever os chamados crime contra a dignidade subjugar a vítima ao ato sexual. Para que se possa
sexual, modificando, assim, a redação anterior constante do referido configurar o delito em estudo é preciso que o agente atue
Título, que previa os crimes contra os costumes. mediante o emprego de violência ou de grave ameaça.
A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa Violência diz respeito à vis corporalis, vis absoluta, ou seja, a
humana. Ingo Wolfgang Sarlet, dissertando sobre o tema, esclarece ser utilização de força física, no sentido de subjugar a vítima,
a dignidade: “a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano para que com ela possa praticar a conjunção carnal, ou a
que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do praticar ou permitir que com ela se pratique outro ato
Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de libidinoso. A grave ameaça, ou vis compulsiva, pode ser
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra direta, indireta, implícita ou explícita.
todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham
a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida b) que pode ser dirigido a qualquer pessoa, seja do sexo
saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e feminino ou masculino: no Brasil com a nova Lei 12.015/2009,
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em o Art. 213 do Código Penal foi alterado, não traz a expressão
comunhão com os demais seres humanos”. "mulher" e sim "alguém", logo, o homem, em tese, pode ser
Através desse novo diploma legal, foram fundidas as figuras do estupro vítima de estupro.
e do atentado violento ao pudor em um único tipo penal, onde se
optou pela manutenção do nomem iuris de estupro (art. 213). Além c) para que tenha conjunção carnal: esse constrangimento pode
disso, foi criado o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A), ser dirigido finalisticamente à prática da conjunção carnal, vale
encerrando-se a discussão que havia em nossos Tribunais, dizer, a relação sexual normal, o coito vagínico, que
principalmente os Superiores, no que dizia respeito à natureza da compreende a penetração do pênis do homem na vagina da
presunção de violência, quando o delito era praticado contra vítima mulher.
menor de 14 (catorze) anos. Outros artigos tiveram também
modificadas suas redações, passando a abranger hipóteses não d) ou ainda para fazer com que a vítima pratique ou permita
previstas anteriormente pelo Código Penal; um outro capítulo (VII) foi que com ela se pratique, qualquer ato libidinoso: na
inserido, trazendo novas causas de aumento de pena. Acertadamente, expressão “qualquer ato libidinoso” estão contidos todos os
foi determinado pela nova lei que os crimes contra a dignidade sexual atos de natureza sexual, que não a conjunção carnal, que
tramitariam em segredo de justiça (art.234-B), evitando-se, com isso, a tenham por finalidade satisfazer a libido do agente
indevida exposição das pessoas envolvidas nos processos dessa
natureza, principalmente as vítimas. O estupro é considerado um dos crimes mais violentos (crime
Não exige mais a lei penal, para efeitos de caracterização do estupro, hediondo). No caso do estupro contra menores de idade (estupro de
que a conduta do agente seja praticada contra uma mulher. No vulnerável), também é possível falar-se em pedofilia.
entanto, esse constrangimento pode ser dirigido finalisticamente à
prática da conjunção carnal, vale dizer, a relação sexual normal, o coito ASSÉDIO SEXUAL
vagínico, que compreende a penetração do pênis do homem na vagina
da mulher, pressupondo, ainda, uma relação heterossexual. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
Hungria traduz o conceito de conjunção carnal dizendo ser a favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de
cópula secundum naturam, o ajuntamento do órgão genital do homem superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
com o da mulher, a intromissão do pênis na cavidade vaginal. emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224,
de 15 de 2001)
ESTUPRO § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18
(dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique O assédio sexual é um tipo de coerção de caráter sexual praticada
outro ato libidinoso: geralmente por uma pessoa em posição hierárquica superior em
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Se da conduta resulta relação a um subordinado (mas nem sempre o assédio é empregador -
lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 empregado, o contrário também pode acontecer), normalmente em
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: local de trabalho ou ambiente acadêmico. O assédio sexual
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2o Se da conduta caracteriza-se por alguma ameaça insinuação de ameaça ou
resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos hostilidade contra o subordinado.

O estupro no Brasil pode ser praticado mediante (1) violência real ESTUPRO DE VULNERÁVEL
com agressão na vitima; ou (2) presumida quando praticado contra
menores de 14 anos, alienados mentais ou contra pessoas que não Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
puderem oferecer resistência. Exemplo: Quando um agente droga menor de 14 (catorze) anos:
uma pessoa para manter com ela conjunção carnal configura Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
crime de estupro praticado mediante violência presumida, pois a § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput
vítima não pode oferecer resistência. com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
Analisando a nova redação dada ao caput do art. 213 do Código outra causa, não pode oferecer resistência.
Penal, podemos destacar os seguintes elementos: § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
a) O constrangimento, levado a efeito mediante o emprego § 4o Se da conduta resulta morte:
de violência ou grave ameaça: de acordo com a redação Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
legal, verifica-se que o núcleo do tipo é o verbo Considera-se vulnerável não somente a vítima menor de 14 (quatorze)

320
anos, mas também aquela que possuiu alguma enfermidade ou Pública à prévia reparação do dano causado, ou à devolução do produto
deficiência mental, não tendo o necessário discernimento para a prática do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
do ato, ou aquela que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, conforme se verifica pela redação do § 1º do art. 217-A do Ora, do exposto, entendem haver o legislador responder com rapidez
Código Penal. aos reclamos da sociedade, criado, indiretamente, uma proibição de
CORRUPÇÃO DE MENORES progressão. Na verdade a lei em comento não impede a progressão aos
crimes funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição objetiva,
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a
lascívia de outrem: de cumprimento obrigatório para que o reeducando conquiste o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. referido benefício.


Segundo o art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a
Crimes Funcionais – Espécies
corrupção de menores poder ser entendida como: “Corromper ou
facilitar a corrupção de menor de 18 anos (dezoito) anos, com ele Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: próprios e
praticando infração penal ou induzindo a praticá-la”. impróprios.

ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcionário público ao
autor, o fato passa a ser tratado como um tipo penal descrito.
A respeito do atentado violento ao pudor (atualmente tipificado como
estupro no art. 213 do Código Penal), o STJ considerou consumado o Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor publico,
delito em situação em que o agente, após levar um menor de catorze desaparece também o crime funcional, desclassificando a conduta para
anos a um quarto, havia se despido e começado a acariciar o corpo da outro delito, de natureza diversa.
vítima enquanto Rogério Sanches Cunha 36 lhe retirava as roupas,
tendo esta última fugido do local antes da prática de efetivos atos CRIMES PRÓPRIOS
sexuais.
São os crimes praticados por funcionários públicos contra a
Administração Pública. É necessário que o sujeito ativo seja o
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PUBLICA funcionário público que pratica atos em razão da função que exerce.

INCITAÇÃO AO CRIME • Conceito de funcionário público


Os titulares de cartórios de notas e de registro são considerados
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: servidores públicos para fins penais, pois, por meio de concurso público,
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. recebem delegação do poder público para atuação na esfera cartorária.
Além disso, o art. 24 da Lei nº 8.935/94 estabelece que à
APOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSO responsabilidade criminal se aplicam, no que couber, as disposições
relativas aos crimes contra a Administração Pública. O mesmo não
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor ocorre, todavia, com os funcionários dos respectivos cartórios, que são
de crime: contratados livremente e não ocupam cargo público, ainda que se
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. sujeitem, em certos aspectos, à legislação que regula a organização
judiciária.
QUADRILHA OU BANDO
Ex.: se um funcionário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (agente
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, de segurança), utilizando-se de vantagem proporcionada por seu cargo,
para o fim de cometer crimes: subtrai bem da administração, fica caracterizado o crime de peculato
Pena - reclusão, de um a três anos. (art. 312, § 1°, CP). Entretanto, se tal subtração é praticada por particu-
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é lar, contra a Administração Pública, fica tipificado o crime de furto (art.
armado. 155, CP). Por outro lado, se o sujeito ativo da subtração do bem da
Câmara Legislativa for funcionário da Câmara dos Deputados, também
este não comete crime de peculato, se restar comprovado não estar o
agente praticando a ação em virtude da função.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
No exemplo citado, para haver peculato são necessárias as seguintes
CONSIDERAÇÕES condições:
a) ser o sujeito ativo funcionário;
Os crimes contra a Administração Pública quanto ao sujeito ativo b) ser o crime praticado contra a Administração Pública;
dividem-se em dois grandes grupos, a saber: os próprios e os c) ser o crime praticado pelo sujeito ativo em razão das facilidades
impróprios. O legislador penal, quando trouxe a previsão das condutas proporcionadas pelo exercício de sua função.
consideradas como crimes contra a Administração Pública, procurou Sem a ocorrência das condições acima citadas, não haveria, no
coibir quaisquer atos praticados por funcionário público ou por exemplo, crime contra a Administração Pública.
particular, que afetem a moralidade, a probidade e o princípio de A seguir serão analisados abaixo os crimes próprio, ou seja, aqueles
confiança que toda a sociedade deposita na Administração Pública. Os praticados por funcionário público contra a Administração Pública:
crimes podem ser próprios ou impróprios.
‒ Peculato;
Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003, condicionou a
‒ Concussão;
progressão de regime prisional nos crimes contra a Administração
‒ Corrupção Passiva;
‒ Prevaricação;

321
‒ Usurpação da Função Pública; Consumação: Se dá no momento da apropriação, em que ele
‒ Resistência; passa a agir como o titular da coisa apropriada.
‒ Desobediência; Admite-se a tentativa.
‒ Desacato; ATENÇÃO: Posse anterior e lícita.
‒ Contrabando e Descaminho; e Peculato furto
‒ Outros. É conduta típica "subtrair" ou "concorrer" para que seja subtraído
bem publico. Na primeira hipótese, é o próprio funcionário público
PECULATO que subtrai; também é incriminado o funcionário que, apesar de
não praticar os atos executórios que tipificam o crime sob análise,
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor proporciona os meios para que o bem pertencente à Administração
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que Pública seja subtraído. Ex.: o funcionário público fornece as chaves de
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito sua seção a outrem para que este pratique a subtração. Nesse
próprio ou alheio: exemplo, não é necessário que o funcionário público esteja presente
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. ao ato "subtrair", bastando que concorra, ou seja, dê os meios, as
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, condições para que outrem o pratique. Nas duas figuras típicas acima
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o analisadas, ocorre o peculato-furto. A tentativa é admissível.
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito ATENÇÃO: Não tem a posse anterior da coisa e valeu-se da sua
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona condição.
a qualidade de funcionário. Para o STJ é crime material.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Peculato culposo
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se O § 2° menciona a conduta do agente que, destituída de qualquer
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe espécie de dolo, mas por imprevidência, descuido, sem o dever de
é posterior, reduz de metade a pena imposta. cuidado que lhe impunham as circunstâncias, provoca prejuízos à
Administração Pública, proporcionando, com o seu descuido, que
O crime de peculato tem correspondentes fora do âmbito da outrem subtraia bem da Administração Pública. No peculato
Administração Pública. As condutas típicas que caracterizam o crime culposo, sempre se faz necessária a ocorrência de outro crime, que
de peculato são encontráveis, quando praticadas, na esfera deve ter a prática decorrente do primeiro. O crime de peculato culposo
particular. Ex.: furto, apropriação indébita ou estelionato. é praticado por funcionário, e o crime diverso, por terceiro, que
poderá ou não ser funcionário. O terceiro terá praticado o peculato-
Na esfera particular, procura-se preservar o patrimônio, ao passo furto, roubo ou furto, conforme seja funcionário público ou
que, na Administração Pública, o que se procura preservar é a particular, respectivamente. Ex.: o funcionário, em decorrência
moralidade, a seriedade, a probidade e o sentimento de confiança de sua função, tinha sob a sua responsabilidade uma máquina da
que toda a sociedade nela deposita. O peculatário (agente que administração e, inadvertidamente, esquece-a em lugar de fácil
pratica o crime de peculato) tem várias condutas típicas (subtrair, acesso, proporcionando as condições para que outrem a subtraia.
apropriar-se, desviar, induzir em erro), todas elas na busca de No peculato culposo, se o funcionário reparar os prejuízos antes do
bens móveis, valores ou dinheiro, no âmbito da Administração trânsito em julgado, estará extinta a punibilidade; se depois, será
Pública; pratica a infração em razão da função. reduzida pela metade. Nesse caso, a extinção da punibilidade não
terá qualquer efeito na esfera administrativa e a reparação se dará
com a simples devolução do bem subtraído, ou com a indenização
FORMAS DE PECULATO respectiva.
São formas de peculato:
O que distingue a corrupção passiva da concussão é a conduta típica.
Nesta é "exigir", naquela, "solicitar”, "receber" ou "aceitar promessa de
• Peculato-apropriação; vantagem".
• Peculato-desvio;
• Peculato-furto; "Solicitar", ao contrário de "exigir", não impõe nenhum temor ao
• Peculato culposo; espírito daquele a quem se dirige o funcionário público. Tem o sentido
• Peculato (estelionato) mediante erro de outrem; de "pedir", constituindo mera liberalidade por parte de o particular
conceder ou não a vantagem solicitada; ao contrário do "exigir", em
Peculato apropriação que o particular não tem tal faculdade, sendo-lhe imperativo fazê-lo.
A conduta do agente é a apropriação, a doutrina considera-a como
peculato apropriação. Para que fique caracterizado o crime de Sob a modalidade de "aceitar promessa de vantagem", verifica-se a
peculato apropriação, é necessário que o agente tenha a posse ou simples concordância do funcionário público em aceitar promessa da
a detenção do objeto de forma lícita e legítima; caso contrário, não vantagem supra referida. Nessa modalidade, assim como na
estará caracterizado o crime em análise. Mais caso o agente, não modalidade "receber", o crime é necessariamente bilateral, ou seja,
possua a qualidade de funcionário público, estará praticando o
haverá sempre a corrupção ativa praticada pelo particular, haja vista
crime de apropriação indébita.
que a conduta do funcionário só existirá em face da ação do particular.
Consumação: Se dá no momento da apropriação, em que ele passa
a agir como o titular da coisa apropriada.
Ainda acerca da corrupção passiva na modalidade "solicitar", verificado
Admite-se a tentativa.
que o agente (funcionário público) alcançou a vantagem solicitada,
ATENÇÃO: Posse anterior e lícita
ocorrerá, nessa hipótese, a bilateralidade do crime, em que terá o
Peculato desvio particular, ao conceder a vantagem solicitada praticada o crime de
O peculato desvio tem como conduta típica a ação de desviar o corrupção ativa. O mesmo não se pode afirmar no que concerne ao
objeto, valor ou dinheiro. crime de concussão, em que, apesar de o particular conceder a

322
vantagem exigida, não o fez por liberalidade sua, mas sim, por temor conhecimento da autoridade competente:
de sofrer represálias por parte do funcionário autor da conduta. Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Tentativa: não se admite tentativa por tratar-se de crime formal, salvo
se for promovida por meio escrito, que, apesar de difícil configuração Procura-se proteger a Administração Pública dos funcionários públicos
prática, é teoricamente possível. "bonzinhos". Essencialmente, a presente norma dirige-se àqueles que,
 Corrupção passiva qualificada na Administração Pública, ocupam cargos com poder de mando,
A corrupção passiva é crime formal, ou seja, consuma-se devendo ser cumpridores da lei, sob pena de o serviço público ser
antecipadamente. Para sua caracterização, basta, pois, o simples transformado em um celeiro de protetores de ilegalidades praticadas
"solicitar", "receber" ou "aceitar promessa de vantagem". A disposição por "bons funcionários". Só poderá figurar como sujeito ativo o
prevista no parág. 1° (... retarda ou deixa de praticar qualquer ato de superior hierárquico, não podendo o crime ser praticado por
ofício ou o pratica infringindo dever funcional.) constitui exaurirnento funcionário da mesma categoria daquele que cometeu uma infração de
que terá, como consequência, o agravamento da pena. Pune-se com natureza administrativa ou penal. Somente pode ser sujeito ativo o
maior rigor uma "dupla conduta" do agente que, além de já ter funcionário público que seja superior hierárquico daquele que praticou
praticado a conduta típica caracterizadora do delito, continua com sua a infração funcional. O funcionário que seja da categoria deste ou de
ação, que se traduz em maior objetividade para lesionar a categoria inferior não pode ser autor do crime. Tentativa: não é
Administração Pública, ou seja, praticar ato em desacordo com o seu admitida.
ofício, merecendo, portanto, maior reprovabilidade.
OUTROS CRIMES PRÓPRIOS
 Corrupção passiva privilegiada
O agente bajulador, o adulador, pratica o crime visando Advocacia Administrativa
exclusivamente a agradar àquele que tem sobre ele certa ascendência. Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
Tentativa: a admissibilidade de tentativa não é pacífica; na conduta perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
"praticar", admite-se a tentativa (crime comissivo); ao contrário, na funcionário:
conduta "retardar ou deixar de praticar", não se admite a tentativa Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
(crime omissivo). Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
PREVARICAÇÃO
A conduta típica é "patrocinar" (defender, pleitear), o que pode ocorrer
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de tanto de forma direta como indireta, desde que seja em defesa de
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para direito alheio. A conduta incriminada se dá quando o funcionário
satisfazer interesse ou sentimento pessoal: público promove o acompanhamento de procedimentos, busca
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. informações que estejam ao alcance apenas dos funcionários, faz
petições e arrazoados, sempre no interesse de particulares. O agente
O elemento subjetivo constitui a motivação que leva o agente à prática pratica atos não permitidos, mas alheios ao seu ofício. Se o funcionário
do crime "para satisfazer interesse ou sentimento pessoal", lembrando praticar os atos de seu ofício, mas em desacordo com ele, outro será o
sempre que o interesse mencionado no artigo é não só moral como crime (prevaricação ou corrupção passiva).
também material. Tentativa: é admitida na modalidade "praticar". Tentativa: não é admissível, pois qualquer ato praticado pelo
funcionário em defesa dos interesses do particular é suficiente para a
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO sua consumação, entretanto, se verificado o fracionamento da
conduta, teremos a tentativa, o que é teoricamente possível.
Com o advento da Lei 13.008/14, foi alterado o crime, anteriormente, No Direito Penal Militar a incorreição no nomem iuris é desfeita, naquele
previsto no artigo 334 do Código Penal “Contrabando ou Descaminho”, diploma legal a nomenclatura usada é "patrocínio indébito". Importa
que pertenciam ao mesmo tipo penal, para dois tipos penais salientar que no projeto de reforma do CPB o presente tipo adota a
autônomos. nomenclatura do CPM.
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de
contrabando ou descaminho (art. 334): Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. de exercê-la:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena
A conduta incriminada, nesse caso, é a facilitação ao cometimento dos correspondente à violência.
crimes de contrabando ou de descaminho, crimes impróprios
(praticados por particular contra a Administração Pública), que o A doutrina chama de violência arbitrária o uso de qualquer violência
funcionário público teria a obrigação de reprimir. Se faltar tal condição, praticada pelo funcionário público no exercício de sua função ou a
outro será o crime, não o que está sendo analisado; portanto, somente pretexto de exercê-la.
pratica o crime quem falta com o dever funcional de vigilância; caso
contrário, ocorrerá a participação no contrabando ou descaminho, A violência a que se refere o presente artigo é apenas a violência física,
jamais a facilitação. compreendendo qualquer violência, desde um simples empurrão até o
O agente deve ter, por lei, o dever funcional de reprimir o disparo de uma arma de fogo; não se cogita da mera violência moral.
contrabando ou o descaminho. A tentativa só é admissível na conduta Evidentemente não é punível a violência praticada pelo funcionário
ativa, ou seja, se a facilitação decorre de omissão do funcionário, público que esteja acobertado por uma das excludentes da
não se admite a figura da tentativa. antijuridicidade previstas no art. 23 do CP (estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA de direito).

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de


A proteção dessa norma alcança, em primeiro lugar, por tratar-se de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício
crime contra a Administração Pública, o Estado, uma vez que é a este
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
dirigida a violência; em segundo, a pessoa física. Tentativa: se o agente

323
não consegue consumar a violência, haverá apenas tentativa do crime. cargo; em outras palavras, o conhecimento do segredo deve estar
entre as atribuições do agente. Tentativa: é admissível.
Abandono de Função Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
lei: proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. Pena - Detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: A conduta típica para a caracterização do crime em apreço é "devassar"
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. ou "proporcionar" a terceiro a possibilidade de devassar o sigilo de
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de proposta de concorrência. O presente artigo, pelo princípio da reserva
fronteira: legal, deve ser aplicado exclusivamente à concorrência, ficando as
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. demais modalidades de licitação sujeitas à Lei n° 8.666. Cumpre
salientar ainda que este crime vem definido na lei de licitações e
contratos com a mesma redação e punição mais severa. Tentativa: é
O sujeito ativo é qualquer funcionário público, entretanto não com a
admissível.
abrangência dada pelo art. 327, uma vez que não há cargo sendo
ocupado, por exemplo, por um tabelião cartorário. O que se pune é a
Excesso de Exação
simples ausência do funcionário, desde que de forma absoluta, ainda
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
que por poucos dias;
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
Não haverá o crime se, mesmo ocorrendo o abandono, existe um cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
substituto legal do funcionário, descaracterizando qualquer Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
possibilidade de dano à Administração Pública. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Não se caracteriza crime, quando o abandono ocorrer nos "casos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
permitidos em lei"; Exemplo: licença gestante, licença paternidade,
férias, licença prêmio, licença sem vencimentos, repouso semanal Extravio, Sonegação ou Inutilização de Livro ou Documento
remunerado, etc . Tentativa: não há possibilidade de tentativa. O crime sob comento tem como autor, exclusivamente, aquele que é
incumbido de guardar o livro ou documento. São condutas típicas:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado "extraviar", "sonegar" ou "inutilizar" livro oficial ou documento, que
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas tanto pode ser público quanto particular.
as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização,
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, É crime tipicamente subsidiário o que é verificado pela expressão "... se
substituído ou suspenso: o fato não constitui crime mais grave". Isso significa que somente
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. ocorrerá tal crime se a subtração, inutilização ou sonegação não tiver
A primeira modalidade a ser analisada é a antecipação do exercício fim específico, pois se o agente pratica o ato para dar efeito ao crime
da função. de corrupção passiva, somente às penas deste crime responderá o
agente (art. 317). A tentativa é admissível, com ressalva quando a con-
No presente caso, o servidor (apesar de ainda não ter completado o
duta é "sonegar".
ciclo de investidura) está colocado nessa condição, praticando,
portanto, crime próprio, em decorrência de utilizar-se da situação de
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
ter simplesmente ocorrido a nomeação, o que por si só, para efeitos
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
penais, basta para adquirir a condição de funcionário; é condição
parcialmente:
essencial, pelo menos, a nomeação para caracterizar o crime, sob pena
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui
de, não ocorrendo, caracterizar-se a prática do crime previsto no art.
crime mais grave.
328.
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
Advirta-se que o agente ainda não é funcionário público (apesar de
Para a caracterização da conduta delituosa sob análise se faz mister
estar em vias de ser), mas a lei lhe confere essa condição. A outra
não só a condição de funcionário público, mas também a de
modalidade do crime é o prosseguimento do exercício, indo de
funcionário público com poderes de gerência, de administração. Exige
encontro à proibição de fazê-lo, por ter sido funcionário "removido",
que o funcionário tenha certo poder de manipulação sobre as rendas
"exonerado", "suspenso" ou "substituído". Tentativa: é admitida,
ou verbas governamentais.
apesar de difícil configuração prática.

Violação de sigilo funcional A conduta típica é a aplicação do dinheiro de forma diversa da


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que prevista na lei. Ex.: um prefeito tem uma verba para a construção de
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: uma escola e faz uma ponte.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o
fato não constitui crime mais grave. Caso interessante se dá quando a obra é realizada de forma diversa do
O sujeito ativo do crime é somente o funcionário público. Podendo, estatuído em lei e vem, indiretamente, a beneficiar o administrador.
ainda, ser quem já esteja aposentado ou em disponibilidade, uma Ex.: verba para construção de uma ponte que é desviada para fazer
vez que, nessa qualidade, o funcionário não se encontra totalmente uma estrada vicinal que passa próxima a um sítio do administrador.
desvinculado da Administração Pública. Não pratica o crime o Apesar do flagrante benefício proporcionado pelo emprego da verba, o
particular que, apesar de ter sido funcionário público, na época crime não é outro senão o do art. 315 ora analisado. Tentativa: é
está completamente desvinculado da Administração Pública. admissível.

Para que o funcionário pratique o crime em análise, não basta que A seguir, serão analisados em conjunto os crimes de concussão (art.
ocorra a violação de qualquer segredo, mas sim, especificamente, 316, caput), excesso de exação (§ 1° do art. 316), corrupção passiva
de segredo a que tenha tido acesso em razão do exercício do (art. 317) e prevaricação (art. 319), todos do Código Penal Brasileiro.

324
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da ajuda o funcionário público na execução da ordem. Por fim, a oposição
estabelecida em lei: dirigida ao funcionário terá de ocorrer mediante violência ou ameaça.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
O sujeito ativo desse delito pode ser qualquer pessoa, inclusive aquele
terceiro a quem a ordem não é dirigida, como, por exemplo, quando os
CRIMES IMPRÓPRIOS parentes agem em "proteção" a alguém querido que esta sendo preso.
São crimes praticados por particulares contra a Administração Como crime formal que é, consuma-se com a ameaça ou a violência
Pública. Esses crimes, apesar de praticados contra a Administração empregada, independentemente do resultado buscado pelo agente ser
Pública, têm como sujeito ativo um particular. Ex.: o particular oferece ou não alcançado; nesse caso, se o agente, com sua ação, conseguir
vantagem indevida a um funcionário para a prática de um ato de ofício. fazer com que a ordem não seja executada (exaurimento), ocorrerá
Se não houver aceitação dessa vantagem, ocorre apenas crime de agravamento da pena, conforme se depreende do parág. 1° do mesmo
corrupção ativa praticada pelo particular; se houver a aceitação, o artigo.
funcionário estará praticando crime de corrupção passiva. A seguir
serão analisados os crimes impróprios, ou seja, aqueles praticados por Como consequência lógica, o agente responderá pelos crimes
decorrentes da violência empregada ao funcionário ou ao particular,
particulares contra a Administração Pública:
além, é claro, de responder às penas deste artigo. Tentativa: admite-se
‒ Usurpação de função pública; a tentativa.
‒ Resistência;
‒ Desobediência; DESOBEDIÊNCIA
‒ Desacato;
‒ Tráfico de influência; Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
‒ Corrupção ativa; Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.
‒ Contrabando ou descaminho;
A conduta típica aqui incriminada é desobedecer, deixar de cumprir
‒ Outros.
ou não atendera ordem legalmente dada. Ao contrário da resistência,
não há o emprego de violência, seja física ou moral. O que se pune é o
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA fato de o agente simplesmente ignorar a ordem a ele dirigida, ordem
esta, é claro, sempre legítima; caso contrário, ninguém é obrigado a
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
atender ordem emanada de quem não tenha competência.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: O crime sob comento restará caracterizado pela via de ação - quando o
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. agente age contrariamente à determinação - ou pela via de omissão -
quando o sujeito ativo se abstém da prática de um ato que lhe é
Nesse crime, existe uma espécie de "usurpação externa", em que o imposto. Tentativa: só é admitida na modalidade comissiva, ou seja,
agente é completamente alheio à função que vem a exercer perante a mediante ação, não sendo admitida na modalidade omissiva.
Administração Pública.
DESACATO
Para a caracterização do crime sob comento não basta que o agente
apenas se intitule como ocupante do cargo, sendo necessário que Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou
ocorra o efetivo exercício da função pública de que não é detentor. em razão dela:
Evidentemente o agente usurpador terá de ter a consciência de que a Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
função por ele exercida não é de direito, sendo, com isso,
descaracterizada como conduta criminosa quando alguém age por A conduta típica desse crime é "desacatar", que é desrespeito
delegação que acreditava legítima. praticado sob qualquer forma contra o funcionário no exercício de sua
função, podendo ser caracterizado por palavras ou gestos que exponha
Tentativa: a consumação ocorre somente com o efetivo exercício da o funcionário público à situação vexatória, colocando, pois, em risco
função, como se fosse legítimo funcionário, sem o que não haverá o seu prestígio e, consequentemente, o da Administração Pública.
crime em questão, admitindo, portanto, a tentativa. Para que se caracterize o crime objeto desse comentário, é necessário
que a ofensa seja dirigida a funcionário e em sua presença, sob pena
RESISTÊNCIA de, se não ocorrer na presença do funcionário, não estará
caracterizado o desacato, podendo fugir da esfera dos crimes contra a
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou Administração Pública; o agente será enquadrado nas penas do crime
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe de injúria, difamação ou calúnia, conforme o caso.
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos. Para a caracterização do desacato, é necessário que o funcionário
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: esteja presente, não se exigindo que veja, basta apenas que ouça, não
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. caracterizando crime a conduta praticada por correio, telefone, etc.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à violência. Tentativa: é admitida a tentativa, desde que considerado o meio pelo
qual se pratica o desacato. Se, por exemplo, a ofensa é praticada
A conduta caracteriza-se pela oposição à execução de uma ordem oralmente, não se admite a tentativa, ao contrário, se tal ocorre
legal mediante violência ou ameaça a funcionário público. mediante o arremesso de determinado objeto (ex.: tomate) admitida é a
tentativa.
A ordem há de ser legal, pois, se quem executa a ordem não tem
poderes para tal, ou a ordem é destituída de legalidade, ninguém DESACATO
estará obrigado a submeter-se a tal determinação. Haverá,
entretanto, o crime se a resistência for direcionada a particular que Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou
em razão dela:

325
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. É preciso deixar bem claro e evidenciado que o sujeito ativo, mediante
ardil, está enganando outrem, a pretexto de influenciar funcionário; tal
A conduta típica desse crime é "desacatar", que é desrespeito poder de influência é inexistente, pois, se realmente o agente vier a
praticado sob qualquer forma contra o funcionário no exercício de influenciar, será praticado outro crime, não esse.
sua função, podendo ser caracterizado por palavras ou gestos que Para consumação do crime é necessário a concorrência de 3 pessoas,
exponha o funcionário público à situação vexatória, colocando, pois, "ainda que virtuais" nos dizeres de Guilherme Nucci. As pessoas são: o
em risco seu prestígio e, consequentemente, o da Administração vendedor de prestígio, o funcionário público não sabedor de que está
Pública. sendo usado para beneficiar alguém, o comprador do prestígio. Se o
Para que se caracterize o crime objeto desse comentário, é funcionário público souber do uso de seu prestígio por alheio, deixa de
necessário que a ofensa seja dirigida a funcionário e em sua ser delito de tráfico de influência para ser corrupção passiva. O
presença, sob pena de, se não ocorrer na presença do funcionário, funcionário público e a pessoa que está comprando o prestígio são
não estará caracterizado o desacato, podendo fugir da esfera dos pessoas virtuais do delito.
crimes contra a Administração Pública; o agente será enquadrado nas Administração Pública; o agente será enquadrado nas penas do crime
penas do crime de injúria, difamação ou calúnia, conforme o caso. de injúria, difamação ou calúnia, conforme o caso.

Para a caracterização do desacato, é necessário que o funcionário Para a caracterização do desacato, é necessário que o funcionário
esteja presente, não se exigindo que veja, basta apenas que ouça, não esteja presente, não se exigindo que veja, basta apenas que ouça, não
caracterizando crime a conduta praticada por correio, telefone, etc. caracterizando crime a conduta praticada por correio, telefone, etc.

Tentativa: é admitida a tentativa, desde que considerado o meio pelo Tentativa: é admitida a tentativa, desde que considerado o meio pelo
qual se pratica o desacato. Se, por exemplo, a ofensa é praticada qual se pratica o desacato. Se, por exemplo, a ofensa é praticada
oralmente, não se admite a tentativa, ao contrário, se tal ocorre oralmente, não se admite a tentativa, ao contrário, se tal ocorre
mediante o arremesso de determinado objeto (ex.: tomate) admitida é mediante o arremesso de determinado objeto (ex.: tomate) admitida é a
a tentativa. tentativa.
Com o advento da Lei 10259/01, que instituiu os Juizados Especiais Com o advento da Lei 10259/01, que instituiu os Juizados Especiais
Federais, passou a ser considerado como delito de menor potencial Federais, passou a ser considerado como delito de menor potencial
ofensivo não se instaurando mais Inquérito Policial, lavra-se apenas um ofensivo não se instaurando mais Inquérito Policial, lavra-se apenas um
Termo Circunstanciado de Ocorrência, que constará a oitiva do autor Termo Circunstanciado de Ocorrência, que constará a oitiva do autor do
do delito que deverá ser conduzido à Delegacia de Polícia e, após delito que deverá ser conduzido à Delegacia de Polícia e, após ouvido,
ouvido, liberado. liberado.
Acontece com maior incidência envolvendo a Polícia Militar. Para que Acontece com maior incidência envolvendo a Polícia Militar. Para que o
o delito se configure necessário se faz que o funcionário público sinta- delito se configure necessário se faz que o funcionário público sinta-se
se de fato atingido pela ofensa que lhe foi dirigida. de fato atingido pela ofensa que lhe foi dirigida.

• Embriaguez X Desacato • Embriaguez X Desacato


TRÁFICO DE INFLUÊNCIA TRÁFICO DE INFLUÊNCIA
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público no exercício da função: praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário. funcionário.

Trata-se de punir a conduta do agente, sempre particular, que passa a Trata-se de punir a conduta do agente, sempre particular, que passa a
idéia à sociedade de que mantém influência sobre a Administração idéia à sociedade de que mantém influência sobre a Administração
Pública, mais especificamente sobre o funcionário que a representa. Pública, mais especificamente sobre o funcionário que a representa. Não
Não interessa, para a caracterização deste delito, se o particular vai ou interessa, para a caracterização deste delito, se o particular vai ou não
não influenciar a decisão do funcionário. A simples conduta de buscar influenciar a decisão do funcionário. A simples conduta de buscar
vantagem sob o argumento de que detém a manipulação do vantagem sob o argumento de que detém a manipulação do funcionário
funcionário já é por si só, a conduta típica, mesmo que o funcionário já é por si só, a conduta típica, mesmo que o funcionário esteja
esteja absolutamente alheio à ação do particular. absolutamente alheio à ação do particular.
Pratica o crime em análise qualquer pessoa, seja ela particular, seja Pratica o crime em análise qualquer pessoa, seja ela particular, seja
funcionário público. Como em todos os crimes contra a Administração funcionário público. Como em todos os crimes contra a Administração
Pública, o sujeito passivo é a Administração Pública, sendo, entretanto, Pública, o sujeito passivo é a Administração Pública, sendo, entretanto,
sujeito passivo secundário a pessoa que concede a vantagem, sujeito passivo secundário a pessoa que concede a vantagem, esperando
esperando que a promessa que lhe fora feita se concretize. que a promessa que lhe fora feita se concretize.

O elemento subjetivo desse crime é a vontade de obter vantagem ou a O elemento subjetivo desse crime é a vontade de obter vantagem ou a
promessa de vantagem, mudando, inclusive do nome do tipo legal de promessa de vantagem, mudando, inclusive do nome do tipo legal de
exploração de prestígio para tráfico de influência. A vantagem pode ser exploração de prestígio para tráfico de influência. A vantagem pode ser
de qualquer natureza, material ou moral. Tentativa: é admitida, apesar de qualquer natureza, material ou moral. Tentativa: é admitida, apesar
de difícil comprovação no campo prático. de difícil comprovação no campo prático.

326
QUADRO ANALÍTICO
É preciso deixar bem claro e evidenciado que o sujeito ativo, mediante
ardil, está enganando outrem, a pretexto de influenciar funcionário; tal
poder de influência é inexistente, pois, se realmente o agente vier a
influenciar, será praticado outro crime, não esse.
Para consumação do crime é necessário a concorrência de 3 pessoas,
"ainda que virtuais" nos dizeres de Guilherme Nucci. As pessoas são: o
vendedor de prestígio, o funcionário público não sabedor de que está
sendo usado para beneficiar alguém, o comprador do prestígio. Se o
funcionário público souber do uso de seu prestígio por alheio, deixa de
ser delito de tráfico de influência para ser corrupção passiva. O
funcionário público e a pessoa que está comprando o prestígio são
pessoas virtuais do delito.
CORRUPÇÃO ATIVA

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário


público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
ofício:
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.

Sendo crime impróprio, é praticado sempre por particular; se o


funcionário oferece a vantagem, sua condição de funcionário não é
considerada, equiparando-se a um particular. Como crime formal que
é, consuma-se com o oferecimento, independentemente de o
 Contrabando
funcionário aceitar ou não a vantagem ofertada.
Consiste na entrada ou saída (importar ou exportar) de mercadoria
Tentativa: inadmissível tentativa por tratar-se de crime formal; proibida no País. Nesse sentido, o que se busca com essa figura
entretanto, quando idealizada a sua prática por meio escrito teremos incriminadora é coibir a movimentação (entrada ou saída) de
a possibilidade de tentativa. mercadorias que, em face da nossa legislação, tenha expressa
disposição proibitiva.
CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Com a nova redação, os tipos penais (contrabando e descaminho)  Descaminho
passam a ser tratados separadamente, recebendo penalidades A mercadoria objeto do descaminho é lícita (não proibida), mas o
diversas, sendo coerentemente mais gravosa para o crime de agente procura burlar o Fisco, fraudando o pagamento de tributos. A
contrabando do que para o crime de descaminho. obrigação de pagar os tributos decorre da entrada, saída ou consumo
Outra alteração reforça o descompasso histórico da redação de bens.
anterior, é a inserção dos termos “marítimo” e “fluvial” no § 3º do
referido artigo 334, uma vez que as formas de transportar as A Consumação
mercadorias foram aprimoradas e essas previsões não se A consumação do contrabando ocorre de duas formas:
encontravam contempladas na redação anterior, que era restrita à a) a saída ou entrada da mercadoria é feita pela alfândega: nesse caso,
conduta delituosa praticada em transporte aéreo, o que ensejava a consumação ocorrerá com a efetiva liberação da mercadoria pela
inúmeras discussões doutrinarias e jurisprudenciais. alfândega;
b) a saída ou entrada da mercadoria é feita de outra maneira que não
pela alfândega: nesse caso, a consumação ocorrerá com a efetiva saída
ou entrada da mercadoria no território brasileiro.

OUTROS CRIMES
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou
venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência,
grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, além
da pena correspondente à violência. da pena correspondente à
violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.

O Estado, para alcançar os fins colimados, deve sempre primar pela


transparência de seus atos, principalmente quando se relaciona
contratualmente com particulares. Para buscar tais objetivos, o Estado
propugna pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade; em decorrência, qualquer ato que desrespeite tais preceitos
deve ser punido em benefício da Administração Pública e,

327
principalmente, da sociedade. O caput desse artigo refere-se à mostrar-se inconveniente aos interesses internos, neste caso o
concorrência e à venda em hasta pública, mediante as condutas típicas: estrangeiro está no país de forma regular. A DEPORTAÇÃO é a retirada
impedir, perturbar ou fraudar. coativa do estrangeiro por encontrar-se de maneira irregular no país.

Os negócios que envolvem, de um lado, particular e, de outro, a Denunciação caluniosa


Administração Pública, sempre merecem fiscalização mais apurada, Art. 339 - Dar causa a instauração de investigação policial ou de
pois sempre se tem a idéia de que Administração Pública beneficia-se processo judicial contra alguém, imputando-lhe crime de que o
de tais contratos em detrimento da sociedade. Não são raras as vezes sabe inocente:
em que várias empresas, em conluio, se reúnem para fraudar licitações Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
e todas as suas modalidades. É exatamente para coibir tais condutas § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de
que o legislador penal inseriu tal dispositivo incriminador. Entretanto, anonimato ou de nome suposto.
em atendimento ao princípio da reserva legal, o presente artigo aplica- § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática
se apenas a hasta pública ou concorrência. de contravenção.
Este artigo foi revogado pela Lei nº 8.666/93 Este tipo penal caracteriza-se por toda conduta maliciosa e astuciosa
do agente que, sabendo da inocência de determinada pessoa, lhe
Inutilização de edital ou de sinal atribui fato certo e tipificado como criminoso tendo por objetivo
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar provocar a instauração de inquérito policial ou processo penal contra
edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar esta mesma pessoa. Portanto, a conduta tem de ser astuciosa, o agen-
selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de te tem de ser sabedor da inocência do acusado, e o fato atribuído tem
funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: de ser tipificado como criminoso. Ex.: (ex.: colocação de coisa furtada
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. no bolso de alguém).

As condutas que tipificam o delito são "rasgar" (cortar), "conspurcar" Comunicação falsa de crime ou de contravenção
(manchar, macular) ou "inutilizar" (de qualquer forma tirar-lhe a Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a
compreensão); dirigem-se o edital afixado, não interessando a sua ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
finalidade. Na segunda parte do artigo, são mencionadas as condutas verificado:
"violar" ou "inutilizar" selo ou sinal. A primeira conduta, "violar", não Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
implica a necessidade do emprego da violência; violar é a quebra de
sigilo, é devassar o indevassável. Tentativa: é admissível. Auto-acusação falsa
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou
Subtração ou inutilização de livro ou documento praticado por outrem:
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em Trata-se de delito similar à denunciação caluniosa, com a diferença de
razão de ofício, ou de particular em serviço público: que naquela, o fato criminoso, existente ou não, é imputado a outrem,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui e neste caso a si próprio. Por exemplo: nos casos de tráfico de drogas,
crime mais grave. em que determinadas pessoas se auto-acusam, com vistas a gerenciar
o comércio de entorpecentes nos presídios, ou até mesmo para livrar a
A conduta típica desse delito consiste em "subtrair" ou "inutilizar". chefia do comando da prisão. Motivos nobres, como livrar o pai, ou
Subtrair" não é a simples retirada da coisa, mas, sim, retirada com ente querido da prisão, somente são levados em consideração para a
animus de apropriar-se definitivamente. A conduta dirige-se a livro dosimetria da pena.
oficial (nunca particular), processo (judicial de caráter administrativo) e
documento confiado a funcionário (tanto pode ser o documento pú- Falso testemunho ou falsa perícia
blico como particular). Tentativa: é admissível. Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como
testemunha, perito, tradutor ou intérprete em processo judicial,
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
• DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Reingresso de Estrangeiro no país Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele § 1º - Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
foi expulso: produzir efeito em processo penal:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, sem prejuízo de nova Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
expulsão após o cumprimento da pena. § 2º - As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado
mediante suborno.
O tipo penal caracteriza-se pela reentrada do estrangeiro expulso no § 3º - O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença, o agente
território nacional, entendendo-se este como o seu espaço aéreo e se retrata ou declara a verdade.
terrestre, não se incluindo, pois o território nacional por disposição No crime em comento pode se verificar três condutas típicas: a falsa
legal, tal como navio e avião. afirmação, a negativa de que sabe quando inquirido (negar a verdade), e
Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por estrangeiro, a omissão ou silêncio. Consiste na distorção daquele fato que fora
já que não se admite a expulsão de nacional. O ato de expulsão na narrado e que esta fora da realidade, sendo necessário o dolo direto, a
realidade não é ato judicial, e sim administrativo, de competência consciência de que está falseando ou omitindo a realidade com vistas a
do Presidente da República, no entanto, o crime foi classificado como modificar a decisão judicial.
sendo contra a Administração da Justiça. Há discussão a respeito da competência para julgamento quando o falso
testemunho ocorre em depoimento prestado por meio de carta
Cumpre esclarecer o sentido de expulso, uma vez que é muito precatória. Há quem defenda que a competência é do juízo deprecado, já
comum confundi-lo com deportação e com extradição. A que a consumação se deu naquele local, e há aqueles que consideram ser
EXTRADIÇÃO consiste em ato judicial em que o país entrega um competente o juízo deprecante, pois aquele é o local em que o
acusado a outro país que o reclama por delito praticado. A depoimento falso produzirá efeitos, e é o ambiente em que o juiz poderá
EXPULSÃO consiste na retirada forçada de estrangeiro do país por efetivamente aquilatar o quão verdadeiro foi o relato da testemunha.

328
Prevalece a primeira orientação (STJ – CC 30.309/PR, Terceira Seção, terceiro
Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 11/03/2002; TJSP – Conflitos de Jurisdição Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se
990.10.275436-7, j. 06/12/2010, 994.09.230599- 3, j. 26/04/2010 e acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
101.222-0/0-00, j. 02/06/2003), não obstante o STJ já tenha decidido, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
em crime de falso testemunho praticado em juízo estadual por carta
precatória da justiça federal, competir o julgamento a esta última, pois Trata-se de crime assemelhado ao do artigo antecedente. No presente
o depoimento se destinava a produzir prova em processo no qual se caso, o agente inconformado com a decisão judicial ou convenção que
apurava a prática de crime perante o juízo federal, que delegara sua lhe tolhiu da posse do objeto tenta tirá-lo, suprimi-lo, destruí-lo ou
competência (CC 115.314/RS, Terceira Seção, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe danificá-lo sem buscar os meios judiciais adequados para tanto, en-
17/11/2011). tendendo que o judiciário se equivocou, busca resolver a questão com
as próprias mãos. O delito, no entanto, só pode ser praticado pelo pro-
Corrupção ativa da testemunha ou perito
prietário do objeto, que deve ter a intenção de praticar uma das
Art. 343 - Dar, oferecer, ou prometer dinheiro ou qualquer outra
modalidades do núcleo do tipo. Tentativa: admite a tentativa.
vantagem a testemunha, perito, tradutor ou intérprete, para fazer
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
Fraude processual
tradução ou interpretação, ainda que a oferta ou promessa não
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil
seja aceita:
ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de obter prova
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
destinada a produzir efeito em processo penal, aplica-se a pena em
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em
dobro.
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em
dobro.
O objeto jurídico tutelado é a ameaça à correta prestação jurisdicional
prejudicada pela falsa perícia ou testemunho advindo do suborno, não
é necessário que seja aceito o suborno, basta a oferta, o crime se Consiste na conduta do agente que, na pendência de processo civil ou
materializa com a simples oferta, dação ou promessa de vantagem, administrativo, inova artificiosamente, (para utilizar os termos
desde que, é claro, seja com o fim de obter a manifestação errônea da legais), o estado de lugar, coisa ou pessoa. Ou seja, com vistas a
realidade em relação a fato relevante. induzir o juiz a erro, o agente dolosamente, e mediante ardil,
transforma, por exemplo, o ambiente que está isolado para perícia, e
Coação no curso do processo que será objeto de investigação fazendo com que se altere o resultado
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de da mesma.
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em Favorecimento pessoal
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena de crime a que é cominada pena de reclusão:
correspondente à violência. Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.
Consiste este crime no fato do agente utilizar-se de violência ou grave
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge
ameaça a qualquer pessoa que venha a intervir no processo (juiz,
ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
partes, intervenientes, serventuários, testemunhas e peritos) com
vistas a obter vantagem para si ou para outrem. Difere-se do crime de
ameaça, pois não é necessário que o mal seja injusto, basta que seja O agente, tendo diante de si autor de fato criminoso, presta-lhe todo
idôneo a causar temor na vítima, também difere-se do o auxílio necessário para que este se furte da atividade judiciária ou
constrangimento ilegal pois não se faz necessário que a vítima ceda ao policial. O dolo é exatamente este, a intenção de livrar o autor da
coator, basta a violência ou a grave ameaça. iminência de ser detido, fornecendo-lhe os meios necessários. A
tentativa é admitida, pois se tratar de conduta que pode ser
fracionada, ou seja, o crime é plurissubsistente.
A conduta consiste na violência ou ameaça com o intuito de auferir
vantagem para si ou para outrem, dolo específico. Responderá ainda o
Favorecimento real
agente pela violência e pela ameaça perpetradas contra a vítima
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de
respondendo, portanto, em concurso material. Tentativa: A tentativa é
receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
admitida.
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer No favorecimento pessoal, busca-se ocultar o autor do crime. O
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: proveito do crime inclui também a vantagem ou favor que o agente
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além recebera para praticá-lo, como no caso do agente que recebe uma por-
da pena correspondente à violência. centagem de 10% do valor de cada roubo, assim, proveito é tanto o
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se objeto do roubo como a quantia recebida pelo agente. Assim qualquer
procede mediante queixa. conduta, praticada por qualquer pessoa que vise a garantir esses
proveitos amolda-se ao tipo em questão. Tentativa: Admite tentativa.
Trata-se o crime em questão do agente que se julgando titular de um
direito pretende realizá-lo sem a interferência da justiça. Diante disso, Exercício arbitrário ou abuso de poder
o agente usa de meios próprios para satisfazer o seu direito. O dolo, o Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
elemento subjetivo, é exatamente este, resolver a questão de maneira liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder:
particular. Tentativa: a tentativa é admitida. Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Subtração, supressão ou dano a coisa própria na posse legal de Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além

329
da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 3 (três) meses a (um) ano, além da pena
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se correspondente à violência.
procede mediante queixa.
Praticada o fugitivo violência contra pessoa com o fim específico de
Trata-se o crime em questão do agente que se julgando titular de um lograr êxito na fuga. No caso a prisão também deve ser legal. Tentativa: é
direito pretende realizá-lo sem a interferência da justiça. Diante disso, admitida a tentativa.
o agente usa de meios próprios para satisfazer o seu direito. O dolo, o
Arrebatamento de preso
elemento subjetivo, é exatamente este, resolver a questão de maneira
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem
particular. Tentativa: a tentativa é admitida.
o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além da pena
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: correspondente à violência.
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a Trata-se da vontade livre e consciente de retirar o preso da custódia
estabelecimento destinado a execução de pena privativa de de quem o detenha, com violência ou grave ameaça, exigência
liberdade ou de medida de segurança; implícita da expressão "arrebatar", com a finalidade de submetê-lo a
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, maus tratos. Tentativa: é admitida a tentativa.
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar
imediatamente a ordem de liberdade; Motim de presos
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; disciplina da prisão:
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena
correspondente à violência.
A conduta consiste em ordenar a prisão, no caso o agente é o Trata-se de união subjetiva e intencional de presos que buscam
superior, ou receber e encarcerar a vítima, aqui o agente é o intencionalmente, mediante violência contra coisa ou pessoa, provocar
subordinado, ou manter encarcerado quem já era para estar em desordem e desobediência no local onde estão detidos. É irrelevante o
liberdade. fim da desordem que se pretende seja provocada, basta que haja a
união e a violência, e que a prisão seja legal. Admite tentativa e haverá
O dolo consiste na intenção de mandar encarcerar, receber e concurso material com o crime proveniente da violência.
encarcerar, manter encarcerado, ou atuar com abuso de poder
Patrocínio infiel
quando em diligência, e por derradeiro submeter a situação vexatória
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever
pessoa que esteja sob custódia, não importa porque motivo, o que
profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é
interessa é o desrespeito à previsão legal e à decisão judicial, possui
confiado:
características do exercício arbitrário das próprias razões. Tentativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Por ser crime unissubsistente, não admite tentativa.
Com efeito, o crime em questão, patrocínio infiel, consiste no dolo
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
dirigido do advogado que constituído para defender o seu cliente, não
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa
cumpre eticamente seu mandato, causando efetivo prejuízo ao seu
ou submetida a medida de segurança detentiva:
constituinte, em processo em curso no judiciário, seja cível, seja
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
trabalhista, criminal, etc.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma
pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de 2
(dois) a 6 (seis) anos. Esta significa, no curso do processo passar a patrocinar a parte
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também contrária.
a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o crime  Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou
é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou
o internado.
sucessivamente, partes contrárias.
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou
guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, ou multa. Traduz-se na hipótese de representar, nos mesmos autos, partes
Nesse casso o agente não é o preso, e sim quem ajuda o preso a fugir, contrárias. E requisito para ambas as hipóteses que seja nos mesmos
e nem poderia ser o preso, pois a fuga simples, sem violência não autos, sendo no entanto de se deixar fixado que neste caso não é
constitui crime. Para que o crime seja consumado, é necessário que o exigido o prejuízo. Por se tratar de conduta plurissubsistente, admite
fugitivo logre êxito em seu intento, ainda que por pouco tempo. O tentativa. Tentativa: é admitida a tentativa na forma comissiva.
ajudante, ou seja, o agente do crime pode praticá-lo sozinho e armado,
podendo usar a arma de maneira a intimidar quem pretende ou tenha Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir
o dever de impedir a fuga, ou em conjunto com outras pessoas, ou
ainda mediante arrombamento, todas são hipóteses de qualificadoras. autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na
qualidade de advogado ou procurador:
Exemplo deste tipo penal vem sendo noticiado na mídia, são casos de
"resgate" de traficantes de drogas nas grandes capitais, em que os Pena - detenção, de 6 (seis) a 3 (três) anos, e multa.
agentes invadem delegacias, rendem os carcereiros e levam o
prisioneiro. Também diz respeito à qualidade de advogado ou procurador, trata-se
de conduta em que o agente, intencionalmente, após receber na
Evasão mediante violência contra a pessoa qualidade de procurador ou advogado, objeto de prova, ou autos de
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo processo, os danifica total ou parcialmente, ou não os restitui. Por
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência exemplo, o advogado que tendo em seu poder uma nota promissória,
contra a pessoa: por exemplo), cujo traslado para os autos é condição da ação, destrói a

330
mesma para que o exequente não logre êxito em receber a quantia nela mencionada. Ou, no segundo caso, advogado que detém autos de
determinado processo em seu poder, e mesmo depois de intimado a devolvê-lo não o faz no prazo estipulado, a lei não menciona, mas a
jurisprudência tem entendido que se faz necessário a intimação.
Tentativa: é admitida a tentativa na forma comissiva.
Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5
(cinco) anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
Trata-se de conduta de quem intencionalmente pretende auferir vantagem da vítima, diz-se gozar de influência
junto a juízes, promotores, jurados, peritos, testemunhas, intérpretes e delegados, sob esta condição solicita
ou obtém vantagem sob o argumento de que convencerá algumas das pessoas indicadas a influenciar na deci
são de acordo com os interesses da vítima. Tentativa: é a tentativa admitida quando praticada de forma escrita.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante,
por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um)
ano, ou multa, além da pena correspondente à violência.
A conduta intencional do agente em impedir, perturbar, ou fraudar esta arrematação constitui portanto crime, que
de igual forma pode ser verificado quando se busca afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem. Tentativa: admite tentativa.
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Pois bem, o crime consiste na conduta dolosa, em que o agente tem contra si decisão judicial com trânsito em julgado,
determinando que se abstenha de exercer uma das prerrogativas (função, atividade, direito, autoridade ou múnus), e
não obstante, o mesmo desconsidera a ordem judicial e as exerce. Não é necessária a intenção em desobedecer a
decisão, bastando que não a cumpra.

TORTURA, LEI 9.455/97

O crime de tortura consiste em crime material e caracteriza-se com a consumação de sofrimento à pessoa torturada, tanto físico quanto psicológ
corporal mais esta não é a realidade. No crime de tortura há a asseveração dos maus-tratos físicos ou mentais, é uma forma prolongada de les
confissão, informação ou por simples prazer.
O Capítulo das Disposições Constitucionais que tratam dos direitos e garantias individuais e coletivos, Artigo 5º, no que diz respeito ao crime de to
dispondo que:
“III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; e
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;”
A seguir o crime de tortura passou a ser tipificado pela primeira vez no Brasil no Estatuto da Criança e do Adolescente, que assim o
preconizava:
“Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura:
Pena – reclusão de um a cinco anos;
§ 1º – Se resultasse em lesão grave:
Pena – reclusão de dois a oito anos;
§ 2º – se resultasse em lesão gravíssima:
Pena – reclusão de quatro a doze anos;
§ 3º – Se resultasse em morte:
Pena – reclusão de quinze a trinta anos;” (Lei 8.069/90, art. 233)
Sob influência das convenções internacionais mencionadas e diante da gravidade do crime de tortura, em 7 de abril de 1997 foi introduzido
no Brasil uma lei específica sobre a matéria, a Lei nº 9.455, que trouxe em seu bojo algumas variações da tortura, considerando-a um crime
comum praticado por particular ou agente público, sendo que a este é aplicada pena mais gravosa. Essa Lei define o crime de tortura da
seguinte forma:
Art. 1º. Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico e mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

MODOS UTILIZADOS NA PRÁTICA DO CRIME DE TORTURA

a) INTERROGATÓRIO (MENTAL);

b) ALTA SEGURANÇA (ISOLAMENTO);

c) PRIVAÇÃO DO SONO;
331
d) SILÊNCIO;

e) HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS;

f) TORTURA QUÍMICA;

g) SORO DA VERDADE;

h) LAVAGEM DE CÉREBRO;

TIPOS DE TORTURA PRATICADAS NO BRASIL

No Brasil, durante o período de terror era comum a prática de tortura, sendo utilizados os seguintes métodos:
Capuz: causa tortura física inesperada e tortura psicológica (o torturado fica incapacitado de ver de onde vem os golpes);
Formas de Imobilização: utilizada nos intervalos de outras formas de tortura com o objetivo de causar esgotamento físico
(segurar pesos nos braços, equilibrar a sola dos pés em latas cortantes);
Espancamento: murros e pontapés aplicados em regiões como rins, estômago e diafragma;
Corredor Polonês: filas paralelas de torturados formando um caminho obrigatório para a vítima passar;
Telefone: aplicação de tapas com ambas as mãos nos ouvidos da vítima (provoca rompimento dos tímpanos e labirintite);
Pau-de-Arara: aplicado desde os tempos de escravidão, constitui-se em um dos métodos mais antigos de tortura. A vítima fica
pendurada em posição de frango assado (causa dores terríveis no corpo e na cabeça);
Choques Elétricos: aplicados em regiões sensíveis do corpo (que é molhado para facilitar a condutividade da corrente elétrica)
como órgãos genitais, língua e ouvidos;
Hidráulica: como o pau-de-arara, é um dos métodos de tortura mais antigos, utilizados desde a Inquisição (Idade Média).
Quando aplicado em indivíduos em pau-de-arara, causa afogamento;
Palmatória: espécie de raquete de madeira que é aplicada às mãos, pés, nádegas e costas da vítima;
Escova de Aço: causa esfolamento e sangramento quando aplicada no peito e nas costas da pessoa torturada;
Nó-da-Máfia: amarra-se o pescoço da vítima aos seus pés, sendo, estes, suspensos, causando enforcamento;
Queimaduras de Cigarro: costumeiramente utilizada no momento dos interrogatórios;
Cadeira-do-Dragão: espécie de cadeira elétrica;
Tamponamento por Éter: aplicação nas partes sensíveis e feridas do corpo, provocando queimaduras e dores;
Tortura Sexual: prática de estupros, introdução de cassetete no ânus, compressão e choques nos testículos;
Soro da Verdade ou Pentotal: causa depressão e diminuição da capacidade de reação (os próprios médicos, a serviço do
Estado, o aplicavam);
Geladeira: constitui-se em um pequeno quarto de dois metros quadrados, escura e fria. Os agentes que praticavam torturas
mesclava a permanência da vítima nas "geladeiras" e nas salas fortemente iluminadas e quentes. Psicologicamente, a vítima
sentia insegurança;
Animais: eram utilizados nas sessões de tortura, tais como cobras e ratos (no DOI-CODI/RJ, em 1970, utilizaram um jacaré);
Arrastamento em Viatura: causava esfolamento e escoriações generalizadas no corpo da vítima. Também forçavam a vítima a
respirar o gás que saia pelo escapamento do veículo;
Escalpo: consiste na retirada da pele da vítima;
Churrasquinho: introdução de material inflamável no ânus e na vagina;
Cama Cirúrgica: a vítima é amarrada e esticada em uma cama. Causava o rompimento de nervos e, sobre a cama, também
praticavam torturas como o arrancamento das unhas;
Maçarico: espécie de "churrasquinho" que causa queimaduras de primeiro grau;
Coroa-de-Cristo ou Capacete: consistia no esmagamento do crânio por meio de um anel metálico e um mecanismo que o
estreitava;
Tortura aos Familiares e a Amigos: consistia em torturar amigos e parentes em frente ao perseguido político.

TIPIFICAÇÃO PENAL DO CRIME DE TORTURA

• Bem jurídico tutelado


• Sujeitos Ativo e Passivo

• Consumação e tentativa

• Desistência voluntária

• Arrependimento eficaz
332
• Ação penal

• Elemento subjetivo

• Omissão

• Forma qualificada

• Aumento da pena
Progressão

CONCURSO DE PESSOAS

• Cezar Bitencourt “a maioria dos tipos contidos na parte especial do Código Penal referir-se a fatos praticáveis por uma só pessoa,
frequentemente o que se vê é a associação de dois ou mais agentes concorrendo para a execução de um evento criminoso. Deste consórcio resulta
o concurso de delinquentes, também conhecido como concurso de pessoas, concurso de agentes, co-autoria ou participação.”

TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS:


Teoria monista (unitária ou igualitária) da participação- por essa teoria, o crime, ainda que praticado por várias pessoas em
colaboração, continua único, indivisível.
Teoria dualista (ou dualística)- Consoante esta teoria, nos casos de condutas delituosas praticadas em concurso existem dois
crimes: um para aqueles que realizam o verbo, a atividade principal ou a conduta típica propriamente dita emoldurada no
ordenamento jurídico, ditos autores e outro para aqueles que desenvolvem uma atividade secundária no evento delituoso sem
conformar a sua conduta com a figura nuclear descrita no tipo objetivo, são os ditos partícipes.
Teoria pluralista- a pluralidade de agentes corresponde um real concurso de ações distintas e, por conseguinte, uma pluralidade de
delitos. Assim, cada participante contribui com uma conduta própria, com um elemento psicológico próprio existindo, pois, tantos
crimes quantos forem os participantes do fato delituoso. Cada agente envolvido comete um crime próprio, autônomo.

CAUSALIDADE FÍSICA E PSÍQUICA


REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS

Pluralidade de participantes e de condutas- esse é o principal requisito do concurso de pessoas. Malgrado todos os participantes de um
evento criminoso, contribuir livre e espontaneamente para o seu resultado, não fazem, necessariamente da mesma forma, nas mesmas
condições e nem com a mesma importância.

Relevância causal da conduta- em se tratando de várias condutas, é indispensável do ponto de vista objetivo que haja, evidentemente, o nexo
de causalidade entre cada uma delas e o resultado criminoso. Caso a conduta típica ou atípica de cada participante não integre a corrente causal
determinante do resultado, será ela por si só irrelevante, como no exemplo do criado que deixou a porta da frente aberta e o ladrão furtou pelas
portas dos fundos, ou seja, a conduta não será capaz de aperfeiçoar o concurso.

Vínculo subjetivo- há que existir, também, para que o concurso eventual de pessoas possa se aperfeiçoar, a consciência entre os vários
integrantes de que cooperam numa ação comum.

Identidade de fato- como último requisito para se configurar o concurso de pessoas, é necessário, em face da teoria monista adotada pelo CP,
que a infração praticada pelos concorrentes seja única. É necessário, pois, que todos atuem conjugando os esforços com vistas a consecução de
um mesmo objetivo, ou melhor, de um mesmo crime.

AUTORIA

Teoria unitária de autor ou do autor único- autor é quem produz qualquer contribuição causal para a realização do tipo legal. Conforme se infere do
conceito, essa teoria ignora completamente a importância de se estabelecer uma diferenciação entre autor e partícipe; defende, pois, que as contribuições
objetivas e subjetivas entre os diversos autores, constituem matéria de aplicação da pena como medida da culpabilidade individual, nada tendo a ver com o tipo
de injusto.

Teoria restritiva de autor ou conceito restritiva de autor- a primeira tentativa de distinguir cientificamente autor e partícipe com base em
critérios objetivo – formal da ação típica, foi o conceito restritivo de autor. Para essa teoria é autor aquele que reúne caracteres únicos e típicos
para sê-lo, ao passo que a cumplicidade e a instigação são formas de extensão da punibilidade, de vez que, por não integrar a figura típica,
constituiria comportamento impunível. Em função disso, o conceito restritivo de autor, por si só, não serve pra definir com absoluta
propriedade a autoria nem a participação, necessitando, pois, segundo Jescheck, ser complementada por uma teoria objetiva da participação, a
qual assumiria dois aspectos distintos:

Teoria objetivo-formal- essa teoria, sem desprezar ou negar a importância da causalidade, destaca a importância das características
exteriores do agir, ou seja, a conformidade da conduta com a descrição típica do fato. Nessa linha, define autor como sendo aquele cuja ação se
amolda a descrição típica e como partícipe aquele que contribui de qualquer modo para a consumação do fato, mas de forma acessória,
secundária e, portanto, com uma contribuição menos importante do que a do autor.

Teoria objetivo-material- na tentativa de suprir as deficiências do conceito restritivo de autor, visto que a teoria formal-objetiva por si só não
foi suficiente, ante a dificuldade de distinguir autor e partícipe com base na conduta e na sua descrição típica, a teoria objetivo-material
procurou fazê-lo com base na maior grau de perigo que deve caracterizar a ação do autor em relação a ação do partícipe.

333
Teoria extensiva de autor ou conceito extensivo de autor- para essa teoria, é interessante assinalar, que os partícipes são autores e,
portanto, as normas a seu respeito, são causas de atenuação da pena. Assim, os preceitos especiais sobre a participação, que apregoa pena
diferenciada para instigadores e cúmplices, constituem apenas causa de restrição ou limitação da punibilidade, mas todos, indistintamente, são
autores.

Teoria subjetiva da participação- objetivando solucionar o problema, da teoria extensiva de autor, surgiu a teoria subjetiva da participação, a
qual identifica autor e partícipe pelo critério da vontade.

Teoria do domínio do fato- a teoria do domínio do fato, também chamada de teoria objetiva-material ou objetivo-subjetiva, surgiu e 1939 com
o finalismo de Welzel, mas foi desenvolvida e aperfeiçoada por Roxin. Parte da premissa de que as teorias objetivas ou somente subjetivas não
oferecem critérios seguros para distinguir autor e partícipe do fato Punível. O pressuposto básico desta teoria é o fato de que o autor domina a
realização do fato típico controlando a continuidade ou a paralisação da ação delituosa, enquanto que o partícipe não dispõe de poderes sobre a
continuidade ou paralisação da ação típica.

AUTORIA MEDIATA

A principal característica da autoria mediata é a utilização de terceiros como instrumento que realiza a ação típica em posição de subordinação
ao controle do autor mediato, pode se afirmar que não há autoria mediata nos casos: (a) em que o terceiro utilizado não é instrumento e sim
autor plenamente responsável, (b) nos crimes de mão de própria, (c) nos crimes especiais próprios que exigem autores com qualificação
especial e, por fim, (d) nos crimes culposos em razão de não existir a vontade construtora do acontecimento.

Por outro lado pode-se afirmar que as principais hipóteses de autoria mediata decorrem: (a) de erro, (b) de coação irresistível, (c) do emprego
de pessoas inimputáveis e, (d) nos casos do emprego de terceiro que age justificadamente sob o amparado de um excludente de criminalidade
provocada deliberadamente pelo autor mediato.

No âmbito da autoria mediata, temos a teoria do domínio da organização. Idealizada por Claus Roxin, estabelece que o dirigente de organização
criminosa que emite ordens para o cometimento de infrações penais deve ser responsabilizado pelos atos dos subordinados que cumpram tais
ordens, ainda que não tome parte diretamente na execução dos crimes. Assim, se, por exemplo, o chefe da organização determina que os
componentes do grupo matem policiais, deve ser responsabilizado pelos homicídios juntamente com seus autores materiais. A teoria se aplica
apenas no âmbito de organizações constituídas para fins ilícitos, não daquelas que operam licitamente mas são eventualmente utilizadas para a
prática de crimes.

CO-AUTORIA

O fenômeno da co-autoria, também conhecido como autoria coletiva, pode ser definido como sendo a realização em conjunto por mais de uma
pessoa da mesma infração.

PARTICIPAÇÃO EM SENTIDO ESTRITO

Trata-se, pois, de uma contribuição que não tem conteúdo de injusto próprio, assumindo, portanto, o conteúdo de injusto do fato principal. Essa dependência se
dá em razão da teoria da acessoriedade limitada da participação, ou seja, a participação, por ser acessória, para que adquire relevância jurídica é indispensável
que o autor ou co-autores, pelo menos, iniciem a execução da infração penal, caso contrário a conduta do partícipe não é atingida pela norma de extensão do
artigo 29 do CP.

Formas de participação

1- Instigação-
2- Cumplicidade-
3- Participação em cadeia-
4- Participação sucessiva-

FUNDAMENTOS DA PUNIBILIDADE DA PARTICIPAÇÃO

Infere-se do disposto no art. 29, que todos: autores, co-autores e partícipes, incidem nas penas cominadas ao crime principal. Exceção é feita
aos casos em que o partícipe ou partícipes aderiram a participação em crime menos grave.

Teoria da participação na culpabilidade

Para essa teoria, o partícipe deve ser punido porquanto atua gravemente sobre o autor, instigando, induzindo, corrompendo, convertendo ou
contribuindo para que ele se torne um delinqüente culpável e merecedor de pena.

Teoria do favorecimento ou da causação

No fato do partícipe favorecer ou induzir o autor a praticar uma conduta socialmente danosa e intolerável reside o fundamento da sua
punibilidade para esta teoria.

Teoria do favorecimento ou da causação

334
No fato do partícipe favorecer ou induzir o autor a praticar uma conduta socialmente danosa e intolerável reside o fundamento da sua
punibilidade para esta teoria.

PRINCÍPIO DA ACESSORIEDADE NA PARTICIPAÇÃO

Que a participação é uma ação secundária que adere a uma ação principal, a doutrina é praticamente unânime nos dias atuais; agora, quanto a
sua natureza acessória existe sérias controvérsia. Várias são as teorias que procuram delimitar o alcance da acessoriedade da participação num
evento criminoso, destacando-se dentre elas as seguintes:

Teoria da acessoriedade mínima

Segundo essa teoria, para se punir a participação basta que ela esteja ligada a uma conduta típica, não sendo relevante a sua juridicidade. Isso
equivale a dizer que uma ação justificada para o autor, constitui crime para o partícipe.

Teoria da acessoriedade limitada

Essa teoria, diferentemente da anterior, exige que, para se punir a participação, a ação principal seja, obrigatoriamente, típica e antijurídica.
Significa, pois, que a participação é acessória da ação principal até certo ponto, posto que não exige que o autor seja culpável. Para esta teria o
fato é comum, mas a culpabilidade é individual.

Teoria da acessoriedade extrema

Para esta teoria, a relevância jurídica da participação está atrelada a uma conduta principal que dever ser típica, antijurídica e culpável
excetuando-se, somente, as circunstancias agravantes e atenuantes da pena.

CONCURSO EM CRIME CULPOSO

O concurso de agentes no crime culposo difere literalmente daquele do ilícito doloso, pois se funda apenas na colaboração da causa e não do
resultado que sobrevém involuntariamente. Daí a conclusão de que todo aquele que causa culposamente o resultado é seu autor, não se
podendo falar, portanto, na participação em crime culposo.

CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS

Cezar Roberto Bitencourt, lembra que não se pode confundir participação em crime omissivo com participação por omissão em crimes
comissivos. A participação no crime omissivo ocorre normalmente através de uma ação positiva do partícipe que leva o autor descumprir
uma ordem tipificada como crime omissivo. É o caso, por exemplo, do partícipe que instiga o devedor da pensão alimentícia a não efetuar
pagamento determinado na ordem judicial. Já o funcionário do mercado que deixa o caixa aberto propositadamente para facilitar o furto é
partícipe, com sua ação omissiva, de um crime comissivo. Interessante observar, conforme se extrai dos dois exemplos, que, do mesmo modo
que os crimes comissivos admitem a participação por omissão, os crimes omissivos admitem a participação por ação.

AUTORIA COLATERAL

Há a autoria colateral quando duas ou mais pessoas, agindo sem qualquer vínculo subjetivo, portanto, sem que uma saiba da outra, praticam
condutas convergentes objetivando a prática da mesma infração penal.

Alguns a identificam como co-autoria lateral ou imprópria. Ocorre, por exemplo, quando duas pessoas, pretendendo matar a mesma vítima,
postam-se de emboscada, ignorando cada uma a intenção da outra e atiram na vítima ao mesmo tempo vindo a vitima a falecer. Nesse caso não
há concurso de pessoas, mas sim autoria colateral.

MULTIDÃO DELINQUENTE

Fora dos casos de associação criminosa, pode ocorrer que, eventualmente, uma multidão, em situação ou momento de elevado furor, perde o
senso da razão, o respeito as leis e passa agir em desacordo com os padrões éticos e morais, cometendo graves crimes, como é caso de
linchamentos, saques, depredações etc.

PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL

A participação, materializada na contribuição dolosa a fato principal doloso de outrem, por não ter conteúdo de injusto próprio, assume o
conteúdo de injusto do fato principal, ficando a sua tipificação condicionada a que este seja, pelo menos, tentado. É o principio da acessoriedade
Limitada, acolhido pelo art. 31 do CP que faz com que a participação fique limitada ao tipo de injusto principal.

PUNIBILIDADE DO CONCURSO DE PESSOAS

A reforma penal de 1.984, atenta a tudo isso, dispôs no art. 29 do CP que todos: autores, co-autores e partícipes, incidem nas penas cominadas
ao crime praticado, ficando ressalvado no caso destes últimos terem queridos praticar crime menos grave, quando então se aplica a pena deste.

335
Observa-se que a reforma manteve a teoria monista más adotou, entretanto, a teoria restritiva de autor fazendo, assim, perfeita distinção entre
autor e partícipe os quais, apesar de abstratamente incorrem na mesma pena, no plano da concreção ela sofrerá variações segundo a
culpabilidade de cada um.

Participação de menor importância

Preceitua o § 1º do artigo 29 do CP, uma redução facultativa da pena entre um sexto a um terço, se a participação for de menor importância,
deixando, entretanto, a cargo da doutrina definir o que seria participação de menor importância.

Cooperação dolosa distinta

Conforme já se demonstrou, a doutrina moderna considera que a participação é acessória de um fato principal, o que pode resultar, nos caso de
instigação ou induzimento que o resultado produzido pelo autor seja diverso daquele pretendido pelo partícipe. O crime efetivamente
praticado pelo autor principal não é o mesmo que o partícipe aderiu, logo, o conteúdo do elemento subjetivo do partícipe é diferente do crime
praticado. Por exemplo, “A” determina a “B”, que de uma surra em “C”. por razões pessoais, “B” aproveita o ensejo e mata “C”, excedendo na
execução do mandato. Antes da reforma Penal inserida pela Lei 7.209/84, os dois responderiam pelo delito de homicídio.

Circunstancias incomunicáveis

Um dos mais tormentosos problemas da responsabilidade penal tem sido a comunicabilidade ou incomunicabilidade das circunstâncias que
envolvem autor e crime.

O art. 30 do CP dispõe que, “não se comunicam as circunstancias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementar do crime”.

Para Cezar Roberto Bitencourt, essa redação dada pela reforma de 1984 pode ter ampliado esse conflito ao incluir as circunstancias de caráter
pessoal distinguindo-as das circunstancias.

CONCURSO DE CRIMES

No código penal, temos a possibilidade de várias pessoas concorrerem para um único crime, caso em que teremos o concurso de pessoas,
também pode ser que uma pessoa pratique dois ou mais crimes, caso em que teremos o concurso de crimes.

O concurso de crimes é um instituto criado pelo legislador para que o tempo de tramitação processual em relação os crimes cometidos por um
mesmo agente ativo fosse diminuído significativamente, assim como a realização da fixação de pena, de maneira que, o agente pudesse ter sua
sentença em somente um processo. Resumidamente, nas palavras de Fernando Capez, o conceito de concurso de crime é a “ocorrência de dois
ou mais delitos, por meio da prática de uma ou maisações”. Para que o concurso de crimes possa acontecer, o agente deverá cometer mais de
um crime mediante uma ou mais ação ou omissão.

Por questões de política criminal, o concurso de crime é subdividido em três espécies sendo elas: o concurso material (ou real, [art. 69 do C. P.]),
o concurso formal (ou ideal, [art. 70 do C. P.]) e o crime continuado (art. 71 do C. P.).

Os tipos de concursos admitidos no direito brasileiro são o material, que pode se dividir em homogêneo e heterogêneo; o formal, que pode ser
dividido em próprio e impróprio; além do crime continuado.

SISTEMA DE APLICAÇÃO DA PENA

1- Cúmulo material- esse sistema recomenda a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso.

2- Cúmulo jurídico- a pena a ser aplicada deve ser maior do que a cominada a cada um dos delitos sem, no entanto, se chegar à soma
delas.

3- Absorção- considera que a pena do delito mais grave absorve a pena do delito menos grave, que deve ser desprezada.

4- Exasperação- recomenda a aplicação da pena mais grave, aumentada de determinada quantidade em decorrência dos demais
crimes.

DIREITO BRASILEIRO: cúmulo material (concurso material e concurso formal impróprio) e o da exasperação (concurso formal próprio e
crime continuado).

ÉSPECIES DE CONURSO DE CRIMES


Concurso material- ocorre quando o agente, mediante mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica mais, idênticos ou não. No concurso
material há pluralidade de condutas e pluralidade de crimes.
• Concurso material homogêneo- crimes praticados forem idênticos;
• Concurso material homogêneo- crimes cometidos forem diferentes .
A pluralidade delitiva decorrente do concurso material poderá ser objeto de vários processos, que gerarão várias sentenças.

336
Concurso formal- ocorre quando o agente, mediante uma só conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Há
unidade de ação e pluralidade de crimes.
• Concurso formal próprio perfeito- quando a unidade de comportamento corresponder à unidade interna da vontade do agente,
isto é, o agente deve querer realizar apenas um crime, obter um único resultado danoso;
• Concurso formal impróprio (imperfeito)- nesse tipo de concurso, o agente deseja a realização de mais de um crime, tem
consciência e vontade em relação a cada um deles, “desígnios autônomos”.

CRIME CONTINUADO

Natureza jurídica- a questão é definir, afinal, se várias condutas configuradoras do crime continuado realizam um único crime ou, na
realidade, constituem mais crimes.
Teoria que motivou as disposições do parágrafo do art. 81 do CP- TEORIA DA UNIDADE JURÍDICA OU MISTA- para essa corrente, o
crime continuado não é uma unidade real, mas também não é mera ficção legal. A continuidade delitiva constitui uma figura própria e
destina-se a fins determinados, constituindo uma realidade jurídica e não uma ficção.

TEORIAS DO CRIME CONTINUADO

1- Teoria subjetiva-

2- Teoria objetivo- subjetiva-

3- Teoria objetiva-

REQUISITOS DO CRIME CONTINUADO


1- Pluralidade de condutas;
2- Pluralidade de crimes da mesma espécie;
3- Nexo da continuidade delitiva:
a) Condições de tempo;
b) Condições de lugar;
c) Maneira de execução;
d) Outras maneiras semelhantes.

CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO

REQUISITOS
1- Contra vítimas diferentes;
2- Com violência ou grave ameaça à pessoa;
3- Somente em crimes dolosos.

ERRO NA EXECUÇÃO ( ABERRATIO ICTUS)


O agente quer atingir determinada pessoa, mas por má pontaria, por acidente, por erro na execução.

ERRO NA EXECUÇÃO X ERRO SOBRE A PESSOA


No erro sobre a pessoa, existe uma confusão do agente no tocante a vítima pessoal com a vítima real. A vítima virtual não corre nenhum
perigo (ex. o agente quer matar o pai e por erro mata o tio, o pai não corre nenhum perigo).
No erro na execução não ha confusão alguma, entre a vítima virtual e a vítima real (o agente quer matar o pai, o agente atira para matar o
pai no ponto de ônibus e erra e mata outra pessoa), não ha confusão, no erro na execução a vítima virtual corre perigo.
O erro na execução e o erro sobre a pessoa não se confundem, porem, entretanto, no erro na execução aplica-se a mesma regra do
erro sobre a pessoa. Ou seja, no momento em q e for aplicar a pena, o Juiz faz de conta que ele matou o pai, assim o agente responde pelas
agravantes que possam existir.
ESPÉCIES DE ERRO NA EXECUÇÃO
a) Erro na execução com unidade simples o resultado único- o agente atinge somente pessoa diversa da desejada, atira para matar o pai e
acerta m terceiro, a consequência e q e o agente vai responder como se tivesse praticado o crime contra a pessoa desejada.
A utilidade desse instituto do erro na execução, se não existisse o erro na execução, o agente iria responder por tentativa de homicídio
contra o pai, e o homicídio culposo perante o terceiro q e o agente acerto.
b) Erro na execução com unidade complexa ou resultado duplo-o agente atinge a pessoa desejada e também a pessoa diversa. (atira no
pai, mata o pai e também mata m terceiro que estava atrás do pai, pelo mesmo projeto), a consequência e q e o agente responde por todos os
crimes praticados em concurso formal.
Só existe erro na execução com unidade complexa o resultado duplo q ando o segundo crime e culposo. Só existe erro se não ha dolo.

RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO

(Art. 74 do CP):
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, q ando, por acidente o erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido,
o agente responde por culpa, se o fato e previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do
art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
É também chamado de "aberratio delict", o "aberratio criminis".

337
A formula é: crime X crime
O sujeito quer praticar determinado crime, mas por erro acaba praticando m crime diverso. Resultado diverso do pretendido e igual a
crime diverso do pretendido.
ESPÉCIES
a) Resultado diverso do pretendido com unidade simples ou resultado único:
Exemplo. O agente joga a pedra na vidraça e acerta um transeunte, responde por lesão corporal culposa
Exemplo. O agente joga a pedra no transeunte e acerta a vidraça, responde por tentativa de lesão corporal culposa. O dano culposo só é
crime no CPM.
b) Resultado diverso do pretendido com unidade complexa ou resultado duplo:
O sujeito pratica um crime desejado e também um crime diverso e ele responde pelos dois crimes. O segundo crime tem que ser culposo.
São institutos completamente diferentes.
ERRO DE PROIBIÇÃO X DESCONHECIMENTO DA LEI:
O STJ decidiu que, no roubo, se a conduta do agente é direcionada a apenas um patrimônio, há crime único, ainda que mais de uma pessoa seja
submetida a violência ou grave ameaça.

338
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição da República Federativa do Brasil (arts. 1º, 3º, 4º e 5º)

Constituição do Estado da Bahia (Cap. XXIII “Do Negro”)

Lei Federal nº 12.888, 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial)

Lei Federal nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, alterada pela Lei Federal nº 9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação
dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor)

Decreto Federal nº 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial)

Decreto Federal nº 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher)

Lei Federal nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha)

Código Penal Brasileiro (art. 140)

Lei Federal nº 9.455/1997 (Combate à Tortura)

Lei Federal nº 2.889/1956 (Combate ao Genocídio)

Lei Federal nº 7.473, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó)

Lei Estadual nº 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Cria a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada pela
Lei Estadual nº 12.212/2011

Lei Federal nº 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Presidência da República).

339
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO IX - cooperação entre os povos para o progresso
BRASIL (ARTS. 1º, 3º, 4º E 5º) da humanidade;

TÍTULO I X - concessão de asilo político.


Dos Princípios Fundamentais
Parágrafo único. A República Federativa do
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada Brasil buscará a integração econômica, política, social
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do e cultural dos povos da América Latina, visando à
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático formação de uma comunidade latino-americana de
de Direito e tem como fundamentos: nações.

I - a soberania; TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
II - a cidadania DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
COLETIVOS
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
IV - os valores sociais do trabalho e da livre distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
iniciativa; brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
V - o pluralismo político. igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou I - homens e mulheres são iguais em direitos e
diretamente, nos termos desta Constituição. obrigações, nos termos desta Constituição;

(...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de


fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: III - ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;
I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano
III - erradicar a pobreza e a marginalização e material, moral ou à imagem;
reduzir as desigualdades sociais e regionais;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de


IV - promover o bem de todos, sem preconceitos crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
formas de discriminação. locais de culto e a suas liturgias;

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
nas suas relações internacionais pelos seguintes de assistência religiosa nas entidades civis e militares
princípios: de internação coletiva;

I - independência nacional; VIII - ninguém será privado de direitos por


motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
II - prevalência dos direitos humanos; política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
III - autodeterminação dos povos; prestação alternativa, fixada em lei;

IV - não-intervenção; IX - é livre a expressão da atividade intelectual,


artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
V - igualdade entre os Estados;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


VI - defesa da paz;
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
VII - solução pacífica dos conflitos; sua violação;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,


ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,

340
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por XXVI - a pequena propriedade rural, assim
determinação judicial; definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
das comunicações telegráficas, de dados e das sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
estabelecer para fins de investigação criminal ou de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
instrução processual penal; transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer; a) a proteção às participações individuais em
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação humanas, inclusive nas atividades desportivas;
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional; b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que
XV - é livre a locomoção no território nacional em participarem aos criadores, aos intérpretes e às
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos respectivas representações sindicais e associativas;
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilégio temporário para sua utilização,
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem bem como proteção às criações industriais, à
armas, em locais abertos ao público, propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
independentemente de autorização, desde que não outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
frustrem outra reunião anteriormente convocada para social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à País;
autoridade competente;
XXX - é garantido o direito de herança;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
situados no País será regulada pela lei brasileira em
XVIII - a criação de associações e, na forma da benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre
lei, a de cooperativas independem de autorização, que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de
sendo vedada a interferência estatal em seu cujus";
funcionamento;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XIX - as associações só poderão ser defesa do consumidor;
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
primeiro caso, o trânsito em julgado; públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
ou a permanecer associado; aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;
XXI - as entidades associativas, quando
expressamente autorizadas, têm legitimidade para XXXIV - são a todos assegurados,
representar seus filiados judicial ou independentemente do pagamento de taxas:
extrajudicialmente;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
XXII - é garantido o direito de propriedade; defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função
social; b) a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para situações de interesse pessoal;
desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
indenização em dinheiro, ressalvados os casos Judiciário lesão ou ameaça a direito;
previstos nesta Constituição;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
XXV - no caso de iminente perigo público, a o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de
ulterior, se houver dano; exceção;

341
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, d) de banimento;
com a organização que lhe der a lei, assegurados:
e) cruéis;
a) a plenitude de defesa;
XLVIII - a pena será cumprida em
b) o sigilo das votações; estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado;
c) a soberania dos veredictos;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
d) a competência para o julgamento dos crimes integridade física e moral;
dolosos contra a vida;
L - às presidiárias serão asseguradas condições
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o para que possam permanecer com seus filhos durante
defina, nem pena sem prévia cominação legal; o período de amamentação;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
beneficiar o réu; naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
XLI - a lei punirá qualquer discriminação drogas afins, na forma da lei;
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
LII - não será concedida extradição de
XLII - a prática do racismo constitui crime estrangeiro por crime político ou de opinião;
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura ,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por seus bens sem o devido processo legal;
eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem; LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
XLIV - constitui crime inafiançável e assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou meios e recursos a ela inerentes;
militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meios ilícitos;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a LVII - ninguém será considerado culpado até o
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio LVIII - o civilmente identificado não será
transferido; submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei; (Regulamento).
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes: LIX - será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
a) privação ou restrição da liberdade;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
b) perda de bens; atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
c) multa;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
d) prestação social alternativa; delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar,
e) suspensão ou interdição de direitos; definidos em lei;

XLVII - não haverá penas: LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, competente e à família do preso ou à pessoa por ele
nos termos do art. 84, XIX; indicada;

b) de caráter perpétuo; LXIII - o preso será informado de seus direitos,


entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
c) de trabalhos forçados; assegurada a assistência da família e de advogado;

342
LXIV - o preso tem direito à identificação dos LXXV - o Estado indenizará o condenado por
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
policial; tempo fixado na sentença;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
relaxada pela autoridade judiciária; pobres, na forma da lei:

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela a) o registro civil de nascimento;


mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança; b) a certidão de óbito;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a LXXVII - são gratuitas as ações de habeas
do responsável pelo inadimplemento voluntário e corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário necessários ao exercício da cidadania.
infiel;
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que administrativo, são assegurados a razoável duração do
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência processo e os meios que garantam a celeridade de sua
ou coação em sua liberdade de locomoção, por tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
ilegalidade ou abuso de poder; 45, de 2004)

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança § 1º As normas definidoras dos direitos e


para proteger direito líquido e certo, não amparado garantias fundamentais têm aplicação imediata.
por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
exercício de atribuições do Poder Público; Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser do Brasil seja parte.
impetrado por:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais
a) partido político com representação no sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Congresso Nacional; Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão
b) organização sindical, entidade de classe ou equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
associação legalmente constituída e em funcionamento pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de aprovados na forma deste parágrafo)
seus membros ou associados;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
sempre que a falta de norma regulamentadora torne adesão.
inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA (CAP. XXIII
LXXII - conceder-se-á habeas data: “DO NEGRO”)

a) para assegurar o conhecimento de CAPÍTULO XXIII -


informações relativas à pessoa do impetrante, DO NEGRO
constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público; Art. 286 - A sociedade baiana é
cultural e historicamente marcada pela presença da
b) para a retificação de dados, quando não se comunidade afro-brasileira, constituindo a prática do
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a
administrativo; pena de reclusão, nos termos da Constituição Federal.

Art. 287 - Com países que mantiverem


LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
política oficial de discriminação racial, o Estado não
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
poderá:
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio
I - admitir participação, ainda que indireta, através de
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
empresas neles sediadas, em qualquer processo
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
licitatório da Administração Pública direta ou indireta;
judiciais e do ônus da sucumbência;
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através de
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica delegações oficiais.
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos; Art. 288 - A rede estadual de ensino e
os cursos de formação e aperfeiçoamento do servidor

343
público civil e militar incluirão em seus programas esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores
disciplina que valorize a participação do negro na religiosos e culturais.
formação histórica da sociedade brasileira.
Art. 3o Além das normas constitucionais
Art. 289 - Sempre que for veiculada relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e
publicidade estadual com mais de duas pessoas, será garantias fundamentais e aos direitos sociais,
assegurada a inclusão de uma da raça negra. econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial
adota como diretriz político-jurídica a inclusão das
Art. 290 - O dia 20 de novembro será
vítimas de desigualdade étnico-racial, a valorização da
considerado, no calendário oficial, como Dia da
igualdade étnica e o fortalecimento da identidade
Consciência Negra. nacional brasileira.

Art. 4o A participação da população negra, em


LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010 – condição de igualdade de oportunidade, na vida
econômica, social, política e cultural do País será
ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL
promovida, prioritariamente, por meio de:

Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade I - inclusão nas políticas públicas de
Racial, destinado a garantir à população negra a desenvolvimento econômico e social;
efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
combate à discriminação e às demais formas de II - adoção de medidas, programas e políticas de
intolerância étnica. ação afirmativa;

Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, III - modificação das estruturas institucionais do
considera-se: Estado para o adequado enfrentamento e a superação
das desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e
da discriminação étnica;
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada
em raça, cor, descendência ou origem nacional ou IV - promoção de ajustes normativos para
étnica que tenha por objeto anular ou restringir o aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de desigualdades étnicas em todas as suas manifestações
condições, de direitos humanos e liberdades individuais, institucionais e estruturais;
fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública V - eliminação dos obstáculos históricos,
ou privada; socioculturais e institucionais que impedem a
representação da diversidade étnica nas esferas
II - desigualdade racial: toda situação pública e privada;
injustificada de diferenciação de acesso e fruição de
bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e VI - estímulo, apoio e fortalecimento de
privada, em virtude de raça, cor, descendência ou iniciativas oriundas da sociedade civil direcionadas à
origem nacional ou étnica; promoção da igualdade de oportunidades e ao combate
às desigualdades étnicas, inclusive mediante a
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria implementação de incentivos e critérios de
existente no âmbito da sociedade que acentua a condicionamento e prioridade no acesso aos recursos
distância social entre mulheres negras e os demais públicos;
segmentos sociais;
VII - implementação de programas de ação
IV - população negra: o conjunto de pessoas que afirmativa destinados ao enfrentamento das
se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito desigualdades étnicas no tocante à educação, cultura,
cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, moradia,
de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam meios de comunicação de massa, financiamentos
autodefinição análoga; públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.

V - políticas públicas: as ações, iniciativas e Parágrafo único. Os programas de ação


programas adotados pelo Estado no cumprimento de afirmativa constituir-se-ão em políticas públicas
suas atribuições institucionais; destinadas a reparar as distorções e desigualdades
sociais e demais práticas discriminatórias adotadas,
nas esferas pública e privada, durante o processo de
VI - ações afirmativas: os programas e medidas formação social do País.
especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada
para a correção das desigualdades raciais e para a
promoção da igualdade de oportunidades. Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta
Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabelecido no
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade Título III.
garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a
todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia
ou da cor da pele, o direito à participação na (...)
comunidade, especialmente nas atividades políticas,
econômicas, empresariais, educacionais, culturais e TÍTULO IV

344
DISPOSIÇÕES FINAIS Em 05 de janeiro de 1989, surge a Lei nº 7.716,
definindo os crimes resultantes de discriminação e
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não preconceito de raça, cor, etnia, religião e procedência
excluem outras em prol da população negra que nacional, que sofreu duas alterações substanciais
tenham sido ou venham a ser adotadas no âmbito da pelas Leis nº 9.459, de 15/05/97 que também criou a
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos injúria racial, acrescentando o §3º no art. 140 do CP e
Municípios. a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que trata do
Estatuto da Igualdade Racial. Fundamento
Constitucional:
Art. 59. O Poder Executivo federal criará
instrumentos para aferir a eficácia social das medidas
previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento • Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas
constante, com a emissão e a divulgação de relatórios suas relações internacionais pelos seguintes
periódicos, inclusive pela rede mundial de princípios: [...] VIII - repúdio ao terrorismo e ao
computadores. racismo.

Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de • Art. 5º [...] - XLII - a prática do racismo constitui
1989, passam a vigorar com a seguinte redação: crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei. Convenção Internacional:
“Art.
3o ........................................................................ • Convenção Internacional sobre a eliminação de todas
as formas de discriminação racial (Nova York, 1965),
ratificada pelo Brasil pelo Decreto n. 65.810, de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por 08/12/1969, que foi promulgada pelo Decreto n.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou 4.738, de 12/06/2003.
procedência nacional, obstar a promoção funcional.”
(NR)
• International Convention on the Suppression and
Punishment of the Crime of Apartheid – New York –
“Art. 1973.
4o ........................................................................

§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de


discriminação de raça ou de cor ou práticas
resultantes do preconceito de descendência ou origem O Art. 1º da Lei descreve que serão punidos os crimes
nacional ou étnica: resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao
empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores; • Discriminação racial – segundo Andreucci, “expressa
a quebra do princípio da igualdade, como distinção,
exclusão, restrição ou preferência, motivado por raça,
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções
obstar outra forma de benefício profissional; políticas”.

III - proporcionar ao empregado tratamento • Racismo: crenças que estabelecem uma hierarquia
diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente entre as raças, entre as etnias. Atitude de hostilidade
quanto ao salário. em determinada categorias de pessoas. Fenômeno
cultural. • Preconceito racial: opinião ou sentimento
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação favorável ou desfavorável em relação à raça, cor, etnia,
de serviços à comunidade, incluindo atividades de religião ou procedência nacional. Pode surgir de uma
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou experiência ocorrida no dia-a-dia ou imposta pelo meio
qualquer outra forma de recrutamento de de convivência.
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de
raça ou etnia para emprego cujas atividades não • Raça: definida como grupos em que se subdivide a
justifiquem essas exigências.” (NR) (…) espécie humana (raça branca, amarela, negra). • Cor:
coloração da pele em geral (branca, preta, amarela,
LEI Nº 7.716/1989 – DEFINE OS CRIMES vermelha, parda)
RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE RAÇA OU
DE COR • Etnia: conjunto de características de uma
coletividade de indivíduos, que se diferenciam,
Introdução normalmente pela religião, idioma, maneiras de agir
(índios, árabes, judeus, etc).
Com a Constituição Federal de 1988 é que a
discriminação no Brasil passou a ter outro foco, • Religião: crença ou culto praticado por um grupo de
considerando que no seu artigo 4º, previu que o Brasil pessoas (social), manifesta-se através de doutrina ou
nas suas relações internacionais rege-se pelo princípio ritos próprios (católica, protestante, espírita,
do repúdio ao racismo, estabelecendo ainda que a mulçumana, islamita etc)
prática de racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão (art. 5º, XLII). • Procedência nacional: lugar de origem da pessoa,
Assim, tem-se um fundamento constitucional e outro nação (italiano, japonês, português, árabe, etc). Pode-
Internacional.

345
se incluir a discriminação em relação à procedência com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei nº
interna (nordestino, mineiro, goiano, carioca, etc.). 12.288, de 2010) II - impedir a ascensão funcional do
empregado ou obstar outra forma de benefício
• Racismo x injúria racial (injúria qualificada): O § 3º profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) III -
do art. 140, do CP, acrescido pela Lei nº 9.459/97, proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
estabelece como crime de injuria racial ou injúria
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
qualificada, para aquele injuriar alguém: “Se a injúria
consiste na utilização de elementos referentes a raça, (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) § 2o Ficará
cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à
idosa ou portadora de deficiência”. A pena para injúria comunidade, incluindo atividades de promoção da
qualifica é de reclusão de um a três anos e multa. igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer
outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir
• Racismo x Redução a condição análoga à de escravo: aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para
O Art. 149 do CP, prevê no crime de redução à emprego cujas atividades não justifiquem essas
condição análoga a de escravo um causa de aumento exigências. Pena: reclusão de dois a cinco anos.
de pena de até metade, se o crime for praticado por
motivos de raça, cor, etnia ou origem. Aqui, se trata de Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
um crime contra a liberdade individual que possui a comercial, negando-se a servir, atender ou receber
seguinte redação: Art. 149 - Reduzir alguém a cliente ou comprador. Pena: reclusão de um a três
condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a anos.
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
em razão de dívida contraída com o empregador ou público ou privado de qualquer grau. Pena: reclusão de
preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, três a cinco anos. Parágrafo único. Se o crime for
além da pena correspondente à violência. § 2o A pena é praticado contra menor de dezoito anos a pena é
aumentada de metade, se o crime é cometido: [...] II – agravada de 1/3 (um terço).
por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
ou origem.
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento
• Racismos x Tortura 9.455/97 – Art. 1º Constitui similar. Pena: reclusão de três a cinco anos.
crime de tortura: I - constranger alguém com emprego
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais
físico ou mental: [...] c) em razão de discriminação
semelhantes abertos ao público. Pena: reclusão de um
racial ou religiosa: Pena - reclusão, de dois a oito anos.
a três anos.
CRIMES
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
clubes sociais abertos ao público. Pena: reclusão de
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, um a três anos.
devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
concessionárias de serviços públicos. salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
massagem ou estabelecimento com as mesmas
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por finalidades.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional, obstar a promoção funcional. Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em
(Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
de dois a cinco anos. escada de acesso aos mesmos: Pena: reclusão de um a
três anos.
• Conduta: “impedir” (impossibilitar, interromper) e
“obstar” (obstruir, obstaculizar) o acesso ou a Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes
promoção funcional. • Consumação: com o efetivo públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus,
impedimento ou obstrução do acesso ao cargo, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte
independentemente do posterior acesso pelo sujeito concedido. Pena: reclusão de um a três anos.
passivo.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. Pena:
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de reclusão de dois a quatro anos. Art. 14. Impedir ou
discriminação de raça ou de cor ou práticas obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou
resultantes do preconceito de descendência ou origem convivência familiar e social. Pena: reclusão de dois a
nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de quatro anos.
2010) I - deixar de conceder os equipamentos
Art. 15. (Vetado).
necessários ao empregado em igualdade de condições

346
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do comprometeram-se a agir, separada ou
cargo ou função pública, para o servidor público, e a conjuntamente, para alcançar um dos propósitos das
suspensão do funcionamento do estabelecimento Nações Unidas, que é o de promover e encorajar o
particular por prazo não superior a três meses. respeito universal e efetivo pelos direitos humanos e
liberdades fundamentais para todos, sem
Art. 17. (Vetado). discriminação de raça, sexo, idioma ou religião;

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Considerando que a Declaração Universal dos Direitos
Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente Humanos proclama que todos os homens nascem
declarados na sentença. livres e iguais em dignidade e direitos e que cada
indivíduo pode valer-se de todos os direitos nela
Art. 19. (Vetado). estabelecidos, sem distinção de qualquer espécie,
principalmente de raça, cor ou origem nacional;
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
Promulga a Convenção Internacional sobre a
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Eliminação de todas as Formas de Discriminação
nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de
Racial.
15/05/97) Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Considerando que todos os homens são iguais perante
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
a lei e têm direito a igual proteção contra qualquer
símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
discriminação e contra todo incitamento à
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada,
discriminação;
para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de dois Considerando que as Nações Unidas condenaram o
a cinco anos e multa. colonialismo e todas as práticas de segregação e
discrimação que o acompanham, em qualquer forma e
Forma qualificada § 2º Se qualquer dos crimes
onde quer que existam, e que a Declaração sobre a
previstos no caput é cometido por intermédio dos
Outorga de Independência aos Países e Povos
meios de comunicação social ou publicação de
Coloniais, de 14 de dezembro de 1960 (Resolução
qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459,
1.514 {XV} da Assembléia Geral), afirmou e proclamou
de 15/05/97) Pena: reclusão de dois a cinco anos e
solenemente a necessidade de colocar-lhes fim, de
multa. § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz
forma rápida e incondicional; considerando que a
poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a
Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob
Todas as Formas de Discriminação Racial, de 20 de
pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº
novembro de 1963 (Resolução 1.904 {XVIII} da
9.459, de 15/05/97)
Assembléia Geral), afirma solenemente a necessidade
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão de se eliminar rapidamente todas as formas e todas as
dos exemplares do material respectivo; II - a cessação manifestações de discriminação racial através do
das respectivas transmissões radiofônicas ou mundo e de assegurar a compreensão e o respeito à
televisivas. III - a interdição das respectivas mensagens dignidade da pessoa humana;
ou páginas de informação na rede mundial de
Convencidos de que todas as doutrinas de
computadores. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) §
superioridade fundamentadas em diferenças raciais
4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação,
são cientificamente falsas, moralmente condenáveis,
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do
socialmente injustas e perigosas, e que não existe
material apreendido. (Parágrafo incluído pela Lei nº
justificativa, onde quer que seja, para a discriminação
9.459, de 15/05/97)
racial, nem na teoria e tampouco na prática;
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Reafirmando que a discriminação entre os seres
publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
humanos por motivos de raça, cor ou origem étnica é
21.9.1990)
um obstáculo às relações amigáveis e pacíficas entre
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. as nações e é capaz de perturbar a paz e a segurança
(Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990). entre os povos, bem como a coexistência harmoniosa
de pessoas dentro de um mesmo Estado;
DECRETO FEDERAL Nº 65.810, DE 08 DE
DEZEMBRO DE 1969 (CONVENÇÃO Convencidos de que a existência de barreiras raciais é
INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS incompatível com os ideais de qualquer sociedade
AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL) humana; Alarmados por manifestações de
discriminação racial ainda existentes em algumas
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas áreas do mundo e com políticas governamentais
as Formas de Discriminação Racial Os Estados Partes baseadas em superioridade ou ódio racial, tais como as
na presente Convenção, considerando que a Carta das políticas de apartheid, segregação ou separação;
Nações Unidas fundamentase em princípios de
dignidade e igualdade inerentes a todos os seres Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para
humanos, e que todos os Estados-Membros eliminar rapidamente todas as formas e todas as

347
manifestações de discriminação racial, e a prevenir e a) Os Estados Partes comprometem-se a não apoiar
combater as doutrinas e práticas racistas com o qualquer ato ou prática de discriminação racial contra
objetivo de favorecer o bom entendimento entre as pessoas, grupos de pessoas ou instituições, e a
raças e conceber uma comunidade internacional livre proceder de modo que todas as autoridades e
de todas as formas de segregação e discriminação instituições públicas, nacionais e locais se conformem
racial; com esta obrigação;

Tendo em conta a Convenção sobre Discriminação no b) Os Estados Partes comprometem-se a não incitar,
Emprego e Ocupação, adotada pela Organização defender ou apoiar a discriminação racial praticada
Internacional do Trabalho em 1958, e a Convenção por qualquer pessoa ou organização;
pela Luta Contra a Discriminação no Ensino, adotada
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, c) Os Estados Partes devem tomar medidas eficazes a
a Ciência e a Cultura em 1960; fim de rever as políticas governamentais nacionais e
locais e para modificar, revogar ou anular as leis e
Desejando efetivar os princípios estabelecidos na qualquer disposição regulamentar que tenha como
Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de efeito criar a discriminação racial ou perpetuá-la onde
Todas as Formas de Discriminação Racial e assegurar já existir;
o mais rapidamente possível a adoção de medidas
práticas para esse fim, Acordam no seguinte: d) Os Estados Partes devem, por todos os meios
apropriados - inclusive, se as circunstâncias o
PARTE I exigirem, com medidas legislativas -, proibir a
discriminação racial praticada por quaisquer pessoas,
Artigo I grupos ou organizações, pondo-lhe um fim;

1. Na presente Convenção, a expressão "discriminação e) Os Estados Partes comprometem-se a favorecer,


racial" significa qualquer distinção, exclusão, restrição quando for conveniente, as organizações e movimentos
ou preferência fundadas na raça, cor, descendência ou multirraciais, e outros meios próprios, visando
origem nacional ou étnica que tenha por fim ou efeito suprimir as barreiras entre as raças e a desencorajar o
anular ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o que tende a reforçar a divisão racial.
exercício, em igualdade de condições, dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais nos domínios 2. Os Estados Partes adotarão, se as circunstâncias
político, econômico, social, cultural ou em qualquer assim o exigirem, nos campos social, econômico,
outro domínio da vida pública. cultural e outros, medidas especiais e concretas para
assegurar adequadamente o desenvolvimento ou a
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, proteção de certos grupos raciais ou de indivíduos
exclusões, restrições ou preferências estabelecidas por pertencentes a esses grupos com o propósito de
um Estado Parte entre cidadãos e não-cidadãos seus. garantir-lhes, em igualdade de condições, o pleno
exercício dos direitos humanos e das liberdades
3. Nenhuma disposição da presente Convenção poderá fundamentais. Essas medidas não poderão, em
ser interpretada como atentando, sob qualquer forma, hipótese alguma, ter o escopo de conservar direitos
contra as disposições legais dos Estados Partes desiguais ou diferenciados para os diversos grupos
relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, raciais depois de alcançados os objetivos perseguidos.
desde que essas disposições não sejam
discriminatórias contra qualquer nacionalidade em Artigo III
particular.
Os Estados Partes condenam especialmente a
4. Medidas especiais tomadas com o objetivo precípuo segregação racial e o apartheid e comprometem-se a
de assegurar, de forma conveniente, o progresso de prevenir, proibir e eliminar nos territórios sob sua
certos grupos sociais ou étnicos ou de indivíduos que jurisdição todas as práticas dessa natureza.
necessitem de proteção para poderem gozar e exercitar
os direitos humanos e as liberdades fundamentais em Artigo IV
igualdade de condições, não serão consideradas
medidas de discriminação racial, desde que não Os Estados Partes condenam toda propaganda e todas
conduzam à manutenção de direitos separados para as organizações que se inspiram em idéias ou teorias
diferentes grupos raciais e não prossigam após terem cujo fundamento seja a superioridade de uma raça ou
sido atingidos os seus objetivos. de um grupo de pessoas de uma certa cor ou de uma
certa origem étnica, ou que pretendam justificar ou
Artigo II encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação
raciais, comprometendo-se a adotar imediatamente
1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial medidas positivas destinadas a eliminar qualquer
e comprometem-se a adotar, por todos os meios incitação a tal discriminação e, para esse fim, tendo
apropriados e sem demora, uma política de eliminação em vista os princípios formulados na Declaração
de todas as formas de discriminação racial, e de Universal dos Direitos Humanos e os direitos
promoção da harmonia entre todas as raças, e, para expressamente enunciados no artigo V da presente
este fim: Convenção, comprometem-se, nomeadamente:

348
a) a declarar como delitos puníveis por lei qualquer profissional;(vi) direito a igual participação nas
difusão de idéias que estejam fundamentadas na atividades culturais;
superioridade ou ódio raciais, quaisquer incitamentos
à discriminação racial, bem como atos de violência ou f) direito de acesso a todos os lugares e serviços
provocação destes atos, dirigidos contra qualquer raça destinados ao uso público, tais como meios de
ou grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem transporte, hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e
étnica, como também a assistência prestada a parques.
atividades racistas, incluindo seu financiamento;
Artigo VI
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações, assim
como as atividades de propaganda organizada e Os Estados Partes assegurarão às pessoas que
qualquer outro tipo de atividade de propaganda, que estiverem sob sua jurisdição proteção e recursos
incitem à discriminação racial e que a encorajem, e a eficazes perante os tribunais nacionais e outros órgãos
declarar delito punível por lei a participação nessas do Estado competentes, contra todos os atos de
organizações ou nessas atividades; discriminação racial que, contrariando a presente
Convenção, violem os seus direitos individuais e as
c) a não permitir que as autoridades públicas nem as suas liberdades fundamentais, assim como o direito de
instituições públicas, nacionais ou locais, incitem à pedir a esses tribunais satisfação ou reparação, justa e
discriminação racial ou a encorajem. adequada, por qualquer prejuízo de que tenham sido
vítimas em virtude de tal discriminação.
Artigo V
Artigo VII
De acordo com as obrigações fundamentais
enunciadas no artigo 2 desta Convenção, os Estados Os Estados Partes comprometem-se a tomar medidas
Partes comprometem-se a proibir e a eliminar a imediatas e eficazes, sobretudo no campo do ensino,
discriminação racial sob todas as suas formas e a educação, cultura e informação, para lutar contra
garantir o direito de cada um à igualdade perante a lei, preconceitos que conduzam à discriminação racial e
sem distinção de raça, de cor ou de origem nacional ou para favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade
étnica, nomeadamente no gozo dos seguintes direitos: entre nações e grupos raciais e étnicos, bem como para
promover os objetivos e princípios da Carta das Nações
a) direito de recorrer a um tribunal ou a qualquer Unidas, da Declaração Universal dos Direitos
outro órgão de administração da justiça; Humanos, da Declaração das Nações Unidas sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
b) direito à segurança da pessoa e à proteção do Racial e da presente Convenção.
Estado contra violência ou lesão corporal cometida por
funcionários do Governo ou por qualquer pessoa, PARTE II
grupo ou instituição;
Artigo VIII
c) direitos políticos, especialmente o de participar de
eleições - votando e sendo votado - através de sufrágio 1. Será constituído um Comitê para a Eliminação da
universal e igual, direito de tomar parte no governo Discriminação Racial (doravante denominado "o
assim como na direção dos assuntos públicos em Comitê") composto por 18 peritos reconhecidos pela
todos os escalões, e direito de ter acesso em igualdade sua imparcialidade e alta estatura moral, que serão
de condições às funções públicas; d) outros direitos eleitos pelos Estados Partes dentre seus nacionais e
civis, nomeadamente: (i) direito de circular livremente e exercerão suas funções a título individual, levando-se
de escolher sua residência no interior de um Estado; em conta uma repartição geográfica eqüitativa e a
(ii) direito de deixar qualquer país, inclusive o seu, e de representação das distintas formas de civilização,
regressar ao mesmo; (iii) direito a uma nacionalidade; assim como dos principais sistemas jurídicos.
(iv) direito ao casamento e à escolha do cônjuge; (v)
direito de qualquer pessoa, tanto individualmente 2. Os membros do Comitê serão eleitos, em escrutínio
como em associação com outras, à propriedade; (vi) secreto, de uma lista de candidatos designados pelos
direito de herdar; (vii) direito à liberdade de Estados Partes. Cada Estado Parte poderá designar um
pensamento, de consciência e de religião; (viii) direito à candidato escolhido dentre seus nacionais.
liberdade de opinião e de expressão; (ix) direito à
3. A primeira eleição será realizada seis meses após a
liberdade de reunião e de associação pacíficas; e)
data da entrada em vigor da presente Convenção. O
direitos econômicos, sociais e culturais,
Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta
nomeadamente: (i) direitos ao trabalho, à livre escolha
aos Estados Partes, com uma antecedência de no
do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de
mínimo três meses antes da data de cada eleição,
trabalho, à proteção contra o desemprego, a um salário
convidando-os a apresentarem seus candidatos no
igual para um trabalho igual, a uma remuneração
prazo de dois meses. O Secretário-Geral preparará
eqüitativa e satisfatória; (ii) direito de fundar sindicatos
uma lista, em ordem alfabética, de todos os candidatos
e de filiar-se a eles; (iii) direito à habitação; (iv) direito à
assim nomeados, indicando os Estados Partes que os
saúde, a cuidados médicos, à previdência social e aos
nomearam, e a comunicará aos Estados Partes.
serviços sociais; (v) direito à educação e à formação

349
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma Em um prazo de três meses, o Estado destinatário
reunião dos Estados Partes convocada pelo Secretário- submeterá ao Comitê suas explicações ou declarações
Geral na sede das Nações Unidas. Nessa reunião, em por escrito, com o propósito de esclarecer a questão,
que o quorum será alcançado com dois terços dos indicando, se for o caso, as medidas corretivas que
Estados Partes, serão eleitos membros do Comitê os adotou.
candidatos que obtiverem o maior número de votos e a
maioria absoluta dos votos dos representantes dos 2. Se, no prazo de seis meses a partir da data do
Estados Partes presentes e votantes. recebimento da comunicação original pelo Estado
destinatário, a questão não estiver resolvida a contento
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por quatro dos dois Estados, por meio de negociações bilaterais
anos. Todavia, o mandato de nove dos membros eleitos ou por qualquer outro processo que estiver ao seu
na primeira eleição expirará ao fim de dois anos; dispor, ambos os Estados terão o direito de submetê-la
imediatamente após a primeira eleição, o Presidente do novamente ao Comitê, endereçando uma notificação ao
Comitê sorteará os nomes desses nove membros. b) Comitê e ao outro Estado interessado.
Para preencher as vagas fortuitas, o Estado Parte cujo
perito deixou de exercer suas funções de membro do 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma
Comitê nomeará outro perito dentre seus nacionais, questão que lhe seja submetida, nos termos do
sob reserva da aprovação do Comitê. parágrafo 2 do presente artigo, depois de haver
constatado que todos os recursos internos disponíveis
6. Os Estados Partes suportarão as despesas dos foram utilizados ou esgotados, de conformidade com os
membros do Comitê durante o período em que os princípios de direito internacional geralmente
mesmos exercerem suas funções. reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os
procedimentos de recurso excederem prazos razoáveis.
Artigo IX
4. Em todas as questões que lhe forem submetidas, o
1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao Comitê poderá solicitar aos Estados Partes presentes
Secretário-Geral, para ser examinado pelo Comitê, um que lhe forneçam quaisquer informações
relatório sobre as medidas de caráter legislativo, complementares pertinentes. 5. Quando o Comitê
judiciário, administrativo ou outras que tomarem para examinar uma questão, em aplicação deste artigo, os
tornarem efetivas as disposições da presente Estados Partes interessados terão o direito de designar
Convenção: um representante que participará, sem direito a voto,
dos trabalhos do Comitê durante todos os debates.
a) no prazo de um ano, a contar da entrada em vigor
da Convenção para cada Estado em questão; e b) a Artigo XII
partir de então, a cada dois anos e sempre que o
Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar 1. a) Depois que o Comitê tiver obtido e examinado as
informações complementares aos Estados Partes. informações que julgar necessárias, o presidente
nomeará uma Comissão de Conciliação ad hoc
2. O Comitê submeterá todos os anos à Assembléia (doravante denominada apenas "a Comissão"),
Geral da Organização das Nações Unidas, por composta por cinco pessoas, que poderão ser ou não
intermédio do Secretário-Geral, um relatório sobre membros do Comitê. Os seus membros serão
suas atividades e poderá fazer sugestões e nomeados com o consentimento pleno e unânime das
recomendações de ordem geral baseadas no exame dos partes na envolvidas na discussão e a Comissão porá
relatórios e das informações recebidas dos Estados seus bons ofícios à disposição dos Estados
Partes. Levará ao conhecimento da Assembléia Geral interessados, a fim de chegar a uma solução amigável
essas sugestões e recomendações de ordem geral, da questão, baseada no respeito à presente Convenção.
juntamente com as observações dos Estados Partes,
caso existirem. b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem
a um entendimento em relação a toda ou parte da
Artigo X composição da Comissão em um prazo de três meses,
os membros da Comissão que não tiverem o
1. O Comitê adotará seu regulamento interno. 2. O assentimento dos Estados Partes na controvérsia serão
Comitê elegerá sua mesa diretora por um período de eleitos por escrutínio secreto dentre os próprios
dois anos. 3. O Secretário-Geral das Organização das membros do Comitê, por maioria de dois terços.
Nações Unidas fornecerá os serviços de secretaria ao
Comitê. 4. O Comitê reunir-se-á normalmente na sede 2. Os membros da Comissão exercerão funções a
da Organização das Nações Unidas. título individual. Não deverão ser nacionais de um dos
Estados Partes envolvidos na discussão nem de um
Artigo XI Estado que não seja parte na presente Convenção.
1. Se um Estado Parte entender que outro Estado 3. A Comissão elegerá seu presidente e adotará seu
igualmente Parte não aplica as disposições da presente regulamento interno.
Convenção, poderá chamar a atenção do Comitê para
essa questão. O Comitê transmitirá, então, a 4. A Comissão reunir-se-á normalmente na sede da
comunicação recebida ao Estado Parte interessado. Organização das Nações Unidas ou em qualquer outro

350
lugar apropriado que venha a ser determinado pela sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de
Comissão. violação de qualquer um dos direitos enunciados na
presente Convenção e que esgotaram os outros
5. A secretaria prevista no parágrafo 3 do artigo X da recursos locais disponíveis.
presente Convenção também prestará seus serviços à
Comissão, sempre que uma controvérsia entre os 3. As declarações feitas nos termos do parágrafo 1 do
Estados Partes provocar a constituição da Comissão. presente artigo e os nomes dos órgãos criados ou
designados pelo Estado Parte interessado, segundo o
6. As despesas dos membros da Comissão serão parágrafo 2 do presente artigo, serão depositados pelo
divididas igualmente entre os Estados Partes Estado Parte interessado junto ao Secretário-Geral das
envolvidos na controvérsia, baseadas em um cálculo Nações Unidas, que enviará cópias aos outros Estados
estimativo feito pelo Secretário-Geral da Organização Partes. Uma declaração poderá ser retirada a qualquer
das Nações Unidas. momento através de notificação endereçada ao
Secretário-Geral, mas tal retirada não prejudicará as
7. O Secretário-Geral estará habilitado a reembolsar, comunicações que já tenham sido estudadas pelo
caso seja necessário, as despesas dos membros da Comitê.
Comissão antes que os Estados Parte envolvidos na
controvérsia tenham efetuado o pagamento, consoante 4. O órgão criado ou designado nos termos do
o previsto no parágrafo 6 do presente artigo. parágrafo 2 do presente artigo deverá possuir um
registro das petições, e todos os anos cópias
8. As informações obtidas e examinadas pelo Comitê autenticadas do registro serão entregues ao Secretário
serão postas à disposição da Comissão, e a Comissão Geral das Nações Unidas, pelas vias apropriadas,
poderá solicitar aos Estados interessados que lhe ficando entendido que o conteúdo dessas cópias não
forneçam quaisquer informações complementares será divulgado ao público.
pertinentes.
5. Em não obtendo reparação satisfatória do órgão
Artigo XIII criado ou designado nos termos do parágrafo 2 do
presente artigo, o peticionário terá o direito de dirigir
1. Após haver estudado a questão sob todos os seus
uma comunicação ao Comitê dentro do prazo de seis
aspectos, a Comissão preparará e submeterá ao
meses.
presidente do Comitê um relatório com as suas
conclusões sobre todas as questões de fato relativas ao 6. a) O Comitê levará as comunicações que lhe tenham
litígio entre as partes e com as recomendações que sido endereçadas, confidencialmente, ao conhecimento
julgar oportunas, objetivando alcançar uma solução do Estado Parte que supostamente violou qualquer das
amistosa para a polêmica. disposições desta Convenção; todavia, a identidade da
pessoa ou dos grupos de pessoas interessadas não
2. O presidente do Comitê transmitirá o relatório da
poderá ser revelada sem o consentimento expresso
Comissão aos Estados Partes envolvidos na discussão.
dessa pessoa ou grupos de pessoas. O Comitê não
Esses Estados comunicarão ao presidente do Comitê,
receberá comunicações anônimas.
no prazo de três meses, se aceitam ou não as
recomendações contidas no relatório da Comissão. b) Nos três meses seguintes, o referido Estado
submeterá, por escrito, ao Comitê, as explicações ou
3. Expirado o prazo previsto no parágrafo 2 do
declarações que esclareçam a questão e indicará,
presente artigo, o presidente do Comitê comunicará o
quando for o caso, as medidas corretivas que houver
relatório da Comissão e as declarações dos Estados
adotado.
Partes interessados aos outros Estados Partes nesta
Convenção. 7. a) O Comitê examinará as comunicações, à luz de
todas as informações que lhe forem submetidas pelo
Artigo XIV
Estado Parte interessado e pelo peticionário. O Comitê
1. Os Estados Partes poderão declarar, a qualquer não examinará nenhuma comunicação de um
momento, que reconhecem a competência do Comitê peticionário sem ter-se assegurado de que o mesmo
para receber e examinar comunicações procedentes de esgotou todos os recursos internos disponíveis.
indivíduos ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição Entretanto, esta regra não se aplicará se tais recurso
que se considerem vítimas de uma violação cometida excederem prazos razoáveis.
por um Estado Parte de qualquer um dos direitos
b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomendações
enunciados na presente Convenção. O Comitê não
ao Estado Parte interessado e ao peticionário.
receberá nenhuma comunicação relativa a um Estado
Parte que não houver feito essa declaração. 8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um
resumo destas comunicações e, quando houver,
2. Os Estados Partes que fizerem a declaração prevista
também um resumo das explicações e declarações dos
no parágrafo 1 do presente artigo poderão criar ou
Estados Partes interessados, assim como das suas
designar um órgão, no quadro de sua ordem jurídica
próprias sugestões e recomendações.
nacional, que terá competência para receber e
examinar as petições de pessoas ou grupos de pessoas

351
9. O Comitê somente terá competência para organizações, e não impedirão os Estados Partes de
desempenhar as funções previstas neste artigo se pelo recorrerem a outros procedimentos visando solucionar
menos dez Estados Partes nesta Convenção estiverem uma controvérsia de conformidade com os acordos
obrigados por declarações feitas nos termos do internacionais gerais ou especiais pelos quais estejam
parágrafo 1 deste artigo. ligados.

Artigo XV PARTE III

1. Esperando a realização dos objetivos da Declaração Artigo XVII


sobre a Concessão de Independência aos Países e aos
Povos Coloniais, contida na Resolução 1.514 (XV) da 1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de
Assembléia Geral da ONU, de 14 de dezembro de 1960, todos os Estados membros da Organização das Nações
as disposições da presente Convenção em nada Unidas ou membros de uma de suas agências
restringem o direito de petição concedido a esses povos especializadas, dos Estados Partes no Estatuto da
por outros instrumentos internacionais ou pela Corte Internacional de Justiça, bem como dos Estados
Organização das Nações Unidas ou suas agências convidados pela Assembléia Geral da Organização das
especializadas. Nações Unidas a serem partes na presente Convenção.
2. A presente Convenção estará sujeita a ratificação e
2. a) O Comitê, constituído nos termos do artigo VIII os instrumentos de ratificação serão depositados junto
desta Convenção, receberá cópia das petições ao Secretário-Geral da Organização das Nações
provenientes dos órgãos das Nações Unidas que se Unidas.
ocuparem de questões diretamente relacionadas com
os princípios e objetivos da presente Convenção e Artigo XVIII
expressará sua opinião e apresentará recomendações
sobre essas petições, quando examinar as petições dos 1. A presente Convenção estará aberta à adesão dos
habitantes dos territórios sob tutela ou sem governo Estados mencionados no parágrafo 1 do artigo XVII. 2.
próprio ou de qualquer outro território a que se aplicar A adesão será efetuada pelo depósito de um
a Resolução 1.514 (XV) da Assembléia Geral, instrumento de adesão junto ao Secretário-Geral da
relacionadas com questões incluidas na presente Organização das Nações Unidas.
Convenção e que sejam recebidas por esses órgãos.
Artigo XIX
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
Organização das Nações Unidas cópia dos relatórios
imediato à data do depósito junto ao SecretárioGeral
referentes às medidas de ordem legislativa, judiciária,
da Organização das Nações Unidas do vigésimo sétimo
administrativa ou outras que digam respeito
instrumento de ratificação ou adesão. 2. Para cada
diretamente aos princípios e objetivos da presente
Estado que ratificar a presente Convenção ou a ela
Convenção, que as potências administradoras tiverem
aderir após o depósito do vigésimo sétimo instrumento
aplicado nos territórios mencionados na alínea a). do
de ratificação ou adesão, esta Convenção entrará em
presente parágrafo, e expressará opiniões e fará
vigor no trigésimo dia após a data do depósito, por
recomendações a esses órgãos.
esses Estados, dos seus instrumentos de ratificação ou
3. O Comitê incluirá em seus relatórios à Assembléia adesão.
Geral um resumo das petições e dos relatórios que
Artigo XX
houver recebido de órgãos da Organização das Nações
Unidas, assim como as opiniões e recomendações que 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e
tais petições e relatórios houverem merecido de sua comunicará a todos os Estados que forem ou vierem a
parte. tornar-se Partes na presente Convenção o texto das
reservas feitas pelos Estados no momento da
4. O Comitê solicitará ao Secretário-Geral da
ratificação ou da adesão. O Estado que levantar
Organização das Nações Unidas o fornecimento de
objeções a essas reservas deverá notificar o Secretário-
qualquer informação relacionada com os objetivos da
Geral, no prazo de noventa dias contados da data da
presente Convenção de que ele dispuser sobre os
referida comunicação, que não as aceita.
territórios mencionados na alínea a) no parágrafo 2 do
presente artigo. 2. Não será permitida uma reserva incompatível com o
objetivo e propósito da presente Convenção, nem uma
Artigo XVI
reserva que impeça o funcionamento de qualquer dos
As disposições desta Convenção relativas às medidas a órgãos criados por essa Convenção. Entende-se que
serem adotadas para a solução de uma controvérsia ou uma reserva será considerada incompatível ou
queixa serão aplicadas sem prejuízo de outros impeditiva se pelo menos dois terços dos Estados
processos para solução de controvérsias ou queixas no Partes nesta Convenção levantarem objeções a ela. 3.
campo da discriminação previstos nos instrumentos As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento
constitutivos das Nações Unidas e suas agências através de notificação endereçada ao Secretário-Geral.
especializada, ou em convenções adotadas por essas Tal notificação passará a ter efeito na data do seu
recebimento.

352
Artigo XXI O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
Os Estados Partes poderão denunciar a presente Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo
Convenção mediante notificação dirigida ao Secretário- Decreto Legislativo n o 93, de 14 de novembro de
Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia 1983, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
surtirá efeitos um ano após a data do recebimento da Formas de Discriminação contra a Mulher, assinada
notificação pelo Secretário-Geral. Artigo XXII pela República Federativa do Brasil, em Nova York, no
Quaisquer controvérsias entre dois ou mais Estados dia 31 de março de 1981, com reservas aos seus
Partes relativas à interpretação ou aplicação da artigos 15, parágrafo 4 o , e 16, parágrafo 1 o , alíneas
presente Convenção, que não forem resolvidas por (a), (c), (g) e (h);
negociações ou pelos processos expressamente
previstos nesta Convenção, serão submetidas, a pedido Considerando que, pelo Decreto Legislativo n o 26, de
de qualquer das Partes na controvérsia, à decisão da 22 de junho de 1994, o Congresso Nacional revogou o
Corte Internacional de Justiça, salvo se os litigantes citado Decreto Legislativo n o 93, aprovando a
acordarem noutro modo de solução. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, inclusive os citados
Artigo XXIII artigos 15, parágrafo 4 o , e 16, parágrafo 1 o , alíneas
(a), (c), (g) e (h);
1. Os Estados Partes poderão formular a qualquer
momento um pedido de revisão da presente Convenção Considerando que o Brasil retirou as mencionadas
mediante notificação escrita dirigida ao Secretário- reservas em 20 de dezembro de 1994;
Geral da Organização das Nações Unidas. 2. Nessa
hipótese, a Assembléia Geral da Organização das Considerando que a Convenção entrou em vigor, para
Nações Unidas decidirá acerca das medidas a serem o Brasil, em 2 de março de 1984, com a reserva
tomadas sobre tal pedido. facultada em seu art. 29, parágrafo 2;

Artigo XXIV DECRETA:

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Art. 1 o A Convenção sobre a Eliminação de Todas as
comunicará a todos os Estados mencionados no Formas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de
parágrafo 1 do artigo XVII da presente Convenção: dezembro de 1979, apensa por cópia ao presente
Decreto, com reserva facultada em seu art. 29,
a) as assinaturas da presente Convenção e dos parágrafo 2, será executada e cumprida tão
instrumentos de ratificação e de adesão depositados, inteiramente como nela se contém.
nos termos dos artigos XVII e XVIII;
Art. 2 o São sujeitos à aprovação do Congresso
b) a data da entrada em vigor da presente Convenção, Nacional quaisquer atos que possam resultar em
nos termos do artigo XIX; c) as comunicações e revisão da referida Convenção, assim como quaisquer
declarações recebidas, nos termos dos artigos XIV, XX ajustes complementares que, nos termos do art. 49,
e XXIII; d) as denúncias notificadas, nos termos do inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou
artigo XXI. compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

Artigo XXV Art. 3 o Este Decreto entra em vigor na data de sua


publicação.
1. Esta Convenção, cujos textos em chinês, espanhol,
francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será Art. 4 o Fica revogado o Decreto n o 89.460, de 20 de
depositada nos arquivos da Organização das Nações março de 1984. Brasília, 13 de setembro de 2002; 181
Unidas. o da Independência e 114 o da República.

2. O Secretário-Geral da Organização das Nações FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Unidas enviará cópias autenticadas da presente
Convenção aos Estados pertencentes a qualquer das CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
categorias mencionadas no parágrafo 1 do artigo XVII FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
desta Convenção.

Os Estados-partes na presente Convenção,


DECRETO FEDERAL Nº 4.377, DE 13 DE
SETEMBRO DE 2002 (CONVENÇÃO SOBRE
Considerando que a Carta das Nações Unidas reafirma
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade
DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER) e no valor da pessoa humana e na igualdade de
direitos do homem e da mulher,
Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos
revoga o Decreto n o 89.460, de 20 de março de 1984. Humanos reafirma o princípio da não-discriminação e

353
proclama que todos os seres humanos nascem livres e e completo de um país, para o bem-estar do mundo e
iguais em dignidade e direitos e que toda pessoa pode para a causa da paz.
invocar todos os direitos e liberdades proclamados
nessa Declaração, sem distinção alguma, inclusive de Tendo presente a grande contribuição da mulher ao
sexo, bem-estar da família e ao desenvolvimento da
sociedade, até agora não plenamente reconhecida, a
Considerando que os Estados-partes nas Convenções importância social da maternidade e a função dos pais
Internacionais sobre Direitos Humanos têm a na família e na educação dos filhos, e conscientes de
obrigação de garantir ao homem e à mulher a que o papel da mulher na procriação não deve ser
igualdade de gozo de todos os direitos econômicos, causa de discriminação, mas sim que a educação dos
sociais, culturais, civis e políticos, filhos exige a responsabilidade compartilhada entre
homens e mulheres e a sociedade como um conjunto,
Observando, ainda, as resoluções, declarações e
recomendações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas Reconhecendo que para alcançar a plena igualdade
agências especializadas para favorecer a igualdade de entre o homem e a mulher é necessário modificar o
direitos entre o homem e a mulher, papel tradicional tanto do homem, como da mulher na
sociedade e na família,
Preocupados, contudo, com o fato de que, apesar
destes diversos instrumentos, a mulher continue Resolvidos a aplicar os princípios enunciados na
sendo objeto de grandes discriminações, Declaração sobre a Eliminação da Discriminação
contra a Mulher, e, para isto, a adotar as medidas
Relembrando que a discriminação contra a mulher necessárias a fim de suprimir essa discriminação em
viola os princípios da igualdade de direitos e do todas as suas formas e manifestações,
respeito da dignidade humana, dificulta a participação
da mulher, nas mesmas condições que o homem, na Concordam no seguinte:
vida política, social, econômica e cultural de seu país,
constitui um obstáculo ao aumento do bem-estar da
sociedade e da família e dificulta o pleno
desenvolvimento das potencialidades da mulher para
prestar serviço a seu país e à humanidade, PARTE I

Preocupados com o fato de que, em situações de Artigo 1º - Para fins da presente Convenção, a
pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à expressão "discriminação contra a mulher" significará
alimentação, à saúde, à educação, à capacitação e às toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo
oportunidades de emprego, assim como à satisfação de e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou
outras necessidades, anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela
mulher, independentemente de seu estado civil, com
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos
Convencidos de que o estabelecimento da nova ordem humanos e liberdades fundamentais nos campos
econômica internacional baseada na equidade e na político, econômico, social, cultural e civil ou em
justiça contribuirá significativamente para a promoção qualquer outro campo.
da igualdade entre o homem e a mulher,
Artigo 2º - Os Estados-partes condenam a
Salientando que a eliminação do apartheid, de todas as discriminação contra a mulher em todas as suas
formas de racismo, discriminação racial, colonialismo, formas, concordam em seguir, por todos os meios
neocolonialismo, agressão, ocupação estrangeira e apropriados e sem dilações, uma política destinada a
dominação e interferência nos assuntos internos dos eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal
Estados é essencial para o pleno exercício dos direitos objetivo se comprometem a:
do homem e da mulher,
a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas
Afirmando que o fortalecimento da paz e da segurança Constituições nacionais ou em outra legislação
internacionais, o alívio da tensão internacional, a apropriada, o princípio da igualdade do homem e da
cooperação mútua entre todos os Estados, mulher e assegurar por lei outros meios apropriados à
independentemente de seus sistemas econômicos e realização prática desse princípio;
sociais, o desarmamento geral e completo, e em
particular o desarmamento nuclear sob um estrito e
efetivo controle internacional, a afirmação dos b) adotar medidas adequadas, legislativas e de outro
princípios de justiça, igualdade e proveito mútuo nas caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda
relações entre países e a realização do direito dos discriminação contra a mulher;
povos submetidos a dominação colonial e estrangeira e
a ocupação estrangeira, à autodeterminação e c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da
independência, bem como o respeito da soberania mulher em uma base de igualdade com os do homem e
nacional e da integridade territorial, promoverão o garantir, por meio dos tribunais nacionais competentes
progresso e o desenvolvimento sociais, e, em e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da
consequência, contribuirão para a realização da plena mulher contra todo ato de discriminação;
igualdade entre o homem e a mulher,
d) abster-se de incorrer em todo ato ou prática de
Convencidos de que a participação máxima da mulher, discriminação contra a mulher e zelar para que as
em igualdade de condições com o homem, em todos os autoridades e instituições públicas atuem em
campos, é indispensável para o desenvolvimento pleno conformidade com esta obrigação;

354
e) tomar as medidas apropriadas para eliminar a em particular, garantirão, em igualdade de condições
discriminação contra a mulher praticada por qualquer com os homens, o direito a:
pessoa, organização ou empresa;
a) votar em todas as eleições e referendos públicos e
f) adotar todas as medidas adequadas, inclusive de ser elegível para todos os órgãos cujos membros sejam
caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, objeto de eleições públicas;
regulamentos, usos e práticas que constituam
discriminação contra a mulher; b) participar na formulação de políticas
governamentais e na execução destas, e ocupar cargos
g) derrogar todas as disposições penais nacionais que públicos e exercer todas as funções públicas em todos
constituam discriminação contra a mulher. os planos governamentais;

Artigo 3º - Os Estados-partes tomarão, em todas as c) participar em organizações e associações não-


esferas e, em particular, nas esferas política, social, governamentais que se ocupem da vida pública e
econômica e cultural, todas as medidas apropriadas, política do país.
inclusive de caráter legislativo, para assegurar o pleno
desenvolvimento e progresso da mulher, com o objetivo Artigo 8º - Os Estados-partes tomarão as medidas
de garantir-lhe o exercício e o gozo dos direitos apropriadas para garantir à mulher, em igualdade de
humanos e liberdades fundamentais em igualdade de condições com o homem e sem discriminação alguma,
condições com o homem. a oportunidade de representar seu governo no plano
internacional e de participar no trabalho das
Artigo 4º - 1. A adoção pelos Estados-partes de organizações internacionais.
medidas especiais de caráter temporário destinadas a
acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher Artigo 9º - 1. Os Estados-partes outorgarão às
não se considerará discriminação na forma definida mulheres direitos iguais aos dos homens para adquirir,
nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, mudar ou conservar sua nacionalidade. Garantirão,
como consequência, a manutenção de normas em particular, que nem o casamento com um
desiguais ou separadas; essas medidas cessarão estrangeiro, nem a mudança de nacionalidade do
quando os objetivos de igualdade de oportunidade e marido durante o casamento modifiquem
tratamento houverem sido alcançados. automaticamente a nacionalidade da esposa, a
convertam em apátrida ou a obriguem a adotar a
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas nacionalidade do cônjuge.
especiais, inclusive as contidas na presente
Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não 2. Os Estados-partes outorgarão à mulher os mesmos
se considerará discriminatória. direitos que ao homem no que diz respeito à
nacionalidade dos filhos.
Artigo 5º - Os Estados-partes tomarão todas as
medidas apropriadas para:

a) modificar os padrões sócio-culturais de conduta de PARTE III


homens e mulheres, com vistas a alcançar a
eliminação de preconceitos e práticas consuetudinárias
e de qualquer outra índole que estejam baseados na Artigo 10 - Os Estados-partes adotarão todas as
idéia da inferioridade ou superioridade de qualquer dos medidas apropriadas para eliminar a discriminação
sexos ou em funções estereotipadas de homens e contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a igualdade de
mulheres. direitos com o homem na esfera da educação e em
particular para assegurar, em condições de igualdade
entre homens e mulheres:
b) garantir que a educação familiar inclua uma
compreensão adequada da maternidade como função
social e o reconhecimento da responsabilidade comum a) as mesmas condições de orientação em matéria de
de homens e mulheres, no que diz respeito à educação carreiras e capacitação profissional, acesso aos
e ao desenvolvimento de seus filhos, entendendo-se estudos e obtenção de diplomas nas instituições de
que o interesse dos filhos constituirá a consideração ensino de todas as categorias, tanto em zonas rurais
primordial em todos os casos. como urbanas; essa igualdade deverá ser assegurada
na educação pré-escolar, geral, técnica e profissional,
incluída a educação técnica superior, assim como
Artigo 6º - Os Estados-partes tomarão as medidas todos os tipos de capacitação profissional;
apropriadas, inclusive de caráter legislativo, para
suprimir todas as formas de tráfico de mulheres e
exploração de prostituição da mulher. b) acesso aos mesmos currículos e mesmos exames,
pessoal docente do mesmo nível profissional,
instalações e material escolar da mesma qualidade;

c) a eliminação de todo conceito estereotipado dos


PARTE II papéis masculino e feminino em todos os níveis e em
todas as formas de ensino, mediante o estímulo à
Artigo 7º - Os Estados-partes tomarão todas as educação mista e a outros tipos de educação que
medidas apropriadas para eliminar a discriminação contribuam para alcançar este objetivo e, em
contra a mulher na vida política e pública do país e, particular, mediante a modificação dos livros e

355
programas escolares e adaptação dos métodos de b) implantar a licença-maternidade, com salário pago
ensino; ou benefícios sociais comparáveis, sem perda do
emprego anterior, antiguidade ou benefícios sociais;
d) as mesmas oportunidades para a obtenção de bolsas
de estudo e outras subvenções para estudos; c) estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio
necessários para permitir que os pais combinem as
e) as mesmas oportunidades de acesso aos programas obrigações para com a família com as
de educação supletiva, incluídos os programas de responsabilidades do trabalho e a participação na vida
alfabetização funcional e de adultos, com vistas a pública, especialmente mediante o fomento da criação
reduzir, com a maior brevidade possível, a diferença de e desenvolvimento de uma rede de serviços destinada
conhecimentos existentes entre o homem e a mulher; ao cuidado das crianças;

f) a redução da taxa de abandono feminino dos estudos d) dar proteção especial às mulheres durante a
e a organização de programas para aquelas jovens e gravidez nos tipos de trabalho comprovadamente
mulheres que tenham deixado os estudos prejudiciais a elas.
prematuramente;
3. A legislação protetora relacionada com as questões
g) as mesmas oportunidades para participar compreendidas neste artigo será examinada
ativamente nos esportes e na educação física; periodicamente à luz dos conhecimentos científicos e
tecnológicos e será revista, derrogada ou ampliada,
conforme as necessidades.
h) acesso a material informativo específico que
contribua para assegurar a saúde e o bem-estar da
família, incluída a informação e o assessoramento Artigo 12 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as
sobre o planejamento da família. medidas apropriadas para eliminar a discriminação
contra a mulher na esfera dos cuidados médicos, a fim
de assegurar, em condições de igualdade entre homens
Artigo 11 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as e mulheres, o acesso a serviços médicos, inclusive
medidas apropriadas para eliminar a discriminação referentes ao planejamento familiar.
contra a mulher na esfera do emprego a fim de
assegurar, em condições de igualdade entre homens e
mulheres, os mesmos direitos, em particular: 2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1º, os
Estados-partes garantirão à mulher assistência
apropriada em relação à gravidez, ao parto e ao período
a) o direito ao trabalho como direito inalienável de todo posterior ao parto, proporcionando assistência gratuita
ser humano; quando assim for necessário, e lhe assegurarão uma
nutrição adequada durante a gravidez e a lactância.
b) o direito às mesmas oportunidades de emprego,
inclusive a aplicação dos mesmos critérios de seleção Artigo 13 - Os Estados-partes adotarão todas as
em questões de emprego; medidas apropriadas para eliminar a discriminação
contra a mulher em outras esferas da vida econômica e
c) o direito de escolher livremente profissão e emprego, social, a fim de assegurar, em condições de igualdade
o direito à promoção e à estabilidade no emprego e a entre os homens e mulheres, os mesmos direitos, em
todos os benefícios e outras condições de serviço, e o particular:
direito ao acesso à formação e à atualização
profissionais, incluindo aprendizagem, formação a) o direito a benefícios familiares;
profissional superior e treinamento periódico;
b) o direito a obter empréstimos bancários, hipotecas e
d) o direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e outras formas de crédito financeiro;
igualdade de tratamento relativa a um trabalho de
igual valor, assim como igualdade de tratamento com
respeito à avaliação da qualidade do trabalho; c) o direito de participar em atividades de recreação,
esportes e em todos os aspectos da vida cultural.
e) o direito à seguridade social, em particular em casos
de aposentadoria, desemprego, doença, invalidez, Artigo 14 - 1. Os Estados-partes levarão em
velhice ou outra incapacidade para trabalhar, bem consideração os problemas específicos enfrentados
como o direito a férias pagas; pela mulher rural e o importante papel que
desempenha na subsistência econômica de sua
família, incluído seu trabalho em setores não-
f) o direito à proteção da saúde e à segurança nas monetários da economia, e tomarão todas as medidas
condições de trabalho, inclusive a salvaguarda da apropriadas para assegurar a aplicação dos
função de reprodução. dispositivos desta Convenção à mulher das zonas
rurais.
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher
por razões de casamento ou maternidade e assegurar a 2. Os Estados-partes adotarão todas as medidas
efetividade de seu direito a trabalhar, os Estados- apropriadas para eliminar a discriminação contra a
partes tomarão as medidas adequadas para: mulher nas zonas rurais, a fim de assegurar, em
condições de igualdade entre homens e mulheres, que
a) proibir, sob sanções, a demissão por motivo de elas participem no desenvolvimento rural e dele se
gravidez ou de licença-maternidade e a discriminação beneficiem, e em particular assegurar-lhes-ão o direito
nas demissões motivadas pelo estado civil; a:

356
a) participar da elaboração e execução dos planos de b) o mesmo direito de escolher livremente o cônjuge e
desenvolvimento em todos os níveis; de contrair matrimônio somente com o livre e pleno
consentimento;
b) ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive
informação, aconselhamento e serviços em matéria de c) os mesmos direitos e responsabilidades durante o
planejamento familiar; casamento e por ocasião de sua dissolução;

c) beneficiar-se diretamente dos programas de d) os mesmos direitos e responsabilidades como pais,


seguridade social; qualquer que seja seu estado civil, em matérias
pertinentes aos filhos. Em todos os casos, os interesses
d) obter todos os tipos de educação e de formação, dos filhos serão a consideração primordial;
acadêmica e não-acadêmica, inclusive os relacionados
à alfabetização funcional, bem como, entre outros, os e) os mesmos direitos de decidir livre e
benefícios de todos os serviços comunitários e de responsavelmente sobre o número de filhos e sobre o
extensão, a fim de aumentar sua capacidade técnica; intervalo entre os nascimentos e a ter acesso à
informação, à educação e aos meios que lhes permitam
e) organizar grupos de autoajuda e cooperativas, a fim exercer esses direitos;
de obter igualdade de acesso às oportunidades
econômicas mediante emprego ou trabalho por conta f) os mesmos direitos e responsabilidades com respeito
própria; à tutela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou
institutos análogos, quando esses conceitos existirem
f) participar de todas as atividades comunitárias; na legislação nacional. Em todos os casos, os
interesses dos filhos serão a consideração primordial;
g) ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos
serviços de comercialização e às tecnologias g) os mesmos direitos pessoais como marido e mulher,
apropriadas, e receber um tratamento igual nos inclusive o direito de escolher sobrenome, profissão e
projetos de reforma agrária e de reestabelecimentos; ocupação;

h) gozar de condições de vida adequadas, h) os mesmos direitos a ambos os cônjuges em matéria


particularmente nas esferas da habitação, dos serviços de propriedade, aquisição, gestão, administração, gozo
sanitários, da eletricidade e do abastecimento de água, e disposição dos bens, tanto a título gratuito quanto a
do transporte e das comunicações. título oneroso.

2. Os esponsais e o casamento de uma criança não


terão efeito legal e todas as medidas necessárias,
inclusive as de caráter legislativo, serão adotadas para
PARTE IV estabelecer uma idade mínima para o casamento e
para tornar obrigatória a inscrição de casamentos em
Artigo 15 - 1. Os Estados-partes reconhecerão à registro oficial.
mulher a igualdade com o homem perante a lei.

2. Os Estados-partes reconhecerão à mulher, em


matérias civis, uma capacidade jurídica idêntica à do PARTE V
homem e as mesmas oportunidades para o exercício
desta capacidade. Em particular, reconhecerão à
mulher iguais direitos para firmar contratos e Artigo 17 - 1. Com o fim de examinar os progressos
administrar bens e dispensar-lhe-ão um tratamento alcançados na aplicação desta Convenção, será
igual em todas as etapas do processo nas Cortes de estabelecido um Comitê sobre a Eliminação da
Justiça e nos Tribunais. Discriminação contra a Mulher (doravante denominado
"Comitê"), composto, no momento da entrada em vigor
da Convenção, de dezoito e, após sua ratificação ou
3. Os Estados-partes convêm em que todo contrato ou adesão pelo trigésimo quinto Estado-parte, de vinte e
outro instrumento privado de efeito jurídico que tenda três peritos de grande prestígio moral e competência
a restringir a capacidade jurídica da mulher será na área abarcada pela Convenção. Os peritos serão
considerado nulo. eleitos pelos Estados-partes e exercerão suas funções a
título pessoal; será levada em conta uma distribuição
4. Os Estados-partes concederão ao homem e à mulher geográfica equitativa e a representação das formas
os mesmos direitos no que respeita à legislação relativa diversas de civilização, assim como dos principais
ao direito das pessoas, à liberdade de movimento e à sistemas jurídicos.
liberdade de escolha de residência e domicílio.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação
Artigo 16 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos
medidas adequadas para eliminar a discriminação Estados-partes. Cada Estado-parte pode indicar uma
contra a mulher em todos os assuntos relativos ao pessoa dentre os seus nacionais.
casamento e às relações familiares e, em particular,
com base na igualdade entre homens e mulheres, 3. A primeira eleição se realizará seis meses após a
assegurarão: data da entrada em vigor da presente Convenção. Ao
menos três meses antes da data de cada eleição, o
a) o mesmo direito de contrair matrimônio; Secretário Geral da Organização das Nações Unidas

357
enviará uma carta aos Estados-partes para convidá-los 2. O Comitê elegerá sua Mesa para um período de dois
a apresentar suas candidaturas no prazo de dois anos.
meses. O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas organizará uma lista, por ordem alfabética, de Artigo 20 - 1. O Comitê se reunirá normalmente todos
todos os candidatos assim designados, com indicações os anos, por um período não superior a duas semanas,
dos Estados-partes que os tiverem designado, e a para examinar os relatórios que lhe sejam submetidos,
comunicará aos Estados-partes. em conformidade com o artigo 18 desta Convenção.

4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente
reunião dos Estados-partes convocada pelo Secretário na sede das Nações Unidas ou em qualquer outro
Geral das Nações Unidas. Nesta reunião, na qual o lugar que o Comitê determine.
quorum será estabelecido por dois terços dos Estados-
partes, serão eleitos membros do Comitê os candidatos
que obtiverem o maior número de votos e a maioria Artigo 21 - O Comitê, através do Conselho Econômico e
absoluta dos votos dos representantes dos Estados- Social das Nações Unidas, informará anualmente a
partes presentes e votantes. Assembléia Geral das Nações Unidas de suas
atividades e poderá apresentar sugestões e
recomendações de caráter geral, baseadas no exame
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um dos relatórios e em informações recebidas dos Estados-
mandato de quatro anos. Entretanto, o mandato de partes. Essas sugestões e recomendações de caráter
nove dos membros eleitos na primeira eleição expirará geral serão incluídas no relatório do Comitê
ao final de dois anos; imediatamente após a primeira juntamente com as observações que os Estados-partes
eleição, os nomes desses nove membros serão tenham porventura formulado.
escolhidos, por sorteio, pelo Presidente do Comitê.
2. O Secretário Geral das Nações Unidas transmitirá,
6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê para informação, os relatórios do Comitê à Comissão
realizar-se-á em conformidade com o disposto nos sobre a Condição da Mulher.
parágrafos 2º, 3º e 4º deste artigo, após o depósito do
trigésimo quinto instrumento de ratificação ou adesão.
O mandato de dois dos membros adicionais eleitos Artigo 22 - As agências especializadas terão direito a
nessa ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por estar representadas no exame da aplicação das
sorteio, pelo Presidente do Comitê, expirará ao fim de disposições desta Convenção que correspondam à
dois anos. esfera de suas atividades. O Comitê poderá convidar as
agências especializadas a apresentar relatórios sobre a
aplicação da Convenção em áreas que correspondam à
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-parte esfera de suas atividades.
cujo perito tenha deixado de exercer suas funções de
membro do Comitê nomeará outro perito entre seus
nacionais, sob reserva da aprovação do Comitê.

8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da PARTE VI


Assembléia Geral, receberão remuneração dos
recursos das Nações Unidas, na forma e condições que Artigo 23 - Nada do disposto nesta Convenção
a Assembléia Geral decidir, tendo em vista a prejudicará qualquer disposição que seja mais propícia
importância das funções do Comitê. à obtenção da igualdade entre homens e mulheres e
que esteja contida:
9. O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas colocará à disposição do Comitê o pessoal e os a) na legislação de um Estado-parte; ou
serviços necessários ao desempenho eficaz das funções
que lhe são atribuídas em virtude da presente b) em qualquer outra convenção, tratado ou acordo
Convenção. internacional vigente nesse Estado.

Artigo 18 - Os Estados-partes comprometem-se a Artigo 24 - Os Estados-partes comprometem-se a


submeter ao Secretário Geral das Nações Unidas, para adotar todas as medidas necessárias de âmbito
exame do Comitê, um relatório sobre as medidas nacional para alcançar a plena realização dos direitos
legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que reconhecidos nesta Convenção.
adotarem para tornarem efetivas as disposições desta
Convenção e dos progressos alcançados a respeito:
Artigo 25 - 1. A presente Convenção estará aberta à
assinatura de todos os Estados.
a) no prazo de um ano, a partir da entrada em vigor da
Convenção para o Estado interessado; e
2. O Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas fica designado depositário desta Convenção.
b) posteriormente, pelo menos a cada quatro anos e
toda vez que o Comitê vier a solicitar.
3. Esta Convenção está sujeita à ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados junto ao
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades Secretário Geral da Organização das Nações Unidas.
que influam no grau de cumprimento das obrigações
estabelecidas por esta Convenção.
4. Esta Convenção está aberta à adesão de todos os
Estados. Far-se-á a adesão mediante depósito do
Artigo 19 - 1. O Comitê adotará seu próprio
regulamento.

358
instrumento de adesão junto ao Secretário Geral das
Nações Unidas.
LEI FEDERAL Nº 11.340, DE 07 DE AGOSTO DE
Artigo 26 - 1. Qualquer Estado-parte poderá, em 2006 (LEI MARIA DA PENHA)
qualquer momento, formular pedido de revisão desta
Convenção, mediante notificação escrita dirigida ao
Secretário Geral da Organização das Nações Unidas.

2. A Assembléia Geral das Nações Unidas decidirá 1 A primeira observação a ser feita é que a Lei Maria
sobre as medidas a serem tomadas, se for o caso, com da Penha deve ser vista como um importante
respeito a esse pedido. instrumento para que a mulher em situação de
violência doméstica ou familiar possa ter os seus
Artigo 27 - A presente Convenção entrará em vigor no direitos respeitados e consiga obter junto aos agentes
trigésimo dia a contar da data em que o vigésimo do Estado a orientação e a proteção necessárias para
instrumento de ratificação ou adesão houver sido impedir ou fazer cessar agressões contra a sua pessoa.
depositado junto ao Secretário Geral das Nações
Unidas.
2 Principais Aspectos da Lei Nº 11.340/2006
2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente
Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo
instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção
A finalidade da Lei Maria da Penha é proporcionar
entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em
que o Estado em questão houver depositado seu
instrumentos que “coibir, prevenir e erradicar” a
instrumento de ratificação ou adesão.
violência doméstica e familiar contra a mulher,
Artigo 28 - 1. O Secretário Geral das Nações Unidas
receberá e enviará a todos os Estados o texto das garantindo sua integridade física, psíquica, sexual,
reservas feitas pelos Estados no momento da
ratificação ou adesão. moral e patrimonial, a conhecida violência de gênero.

2. Não será permitido uma reserva incompatível com o


objeto e o propósito desta Convenção. As preocupações essenciais da lei são duas: a primeira

é referente à retirada da apreciação pelos Juizados


3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer
momento por uma notificação endereçada com esse Especiais (Lei nº 9099/95) dos crimes de violência
objetivo ao Secretário Geral das Nações Unidas, que
informará a todos os Estados a respeito. A notificação praticadas contra as mulheres e a não aplicação das
surtirá efeito na data de seu recebimento.
penas de fornecimentos de cestas básicas ou multas,
Artigo 29 - As controvérsias entre dois ou mais
Estados-partes, com relação à interpretação ou consideradas penas leves quando aplicadas em casos
aplicação da presente Convenção, que não puderem
ser dirimidas por meio de negociação serão, a pedido graves. A segunda preocupação foi implantar regras e
de um deles, submetidas à arbitragem. Se, durante os
seis meses seguintes à data do pedido de arbitragem, procedimentos próprios para investigar, apurar e
as Partes não lograrem pôr-se de acordo quanto aos
termos do compromisso de arbitragem, qualquer das julgar os crimes de violência contra a mulher no
Partes poderá submeter a controvérsia à Corte
Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em próprio convívio familiar.
conformidade com o Estatuto da Corte.

Devido às penas brandas aplicadas, os agressores se


2. Cada Estado-parte poderá declarar, por ocasião da
assinatura ou ratificação da presente Convenção, que
sentiam livres para reincidirem nos delitos e em
não se considera obrigado pelo parágrafo anterior. Os
demais Estados-partes não estarão obrigados pelo consequência as vítimas não denunciavam os
referido parágrafo com relação a qualquer Estado-parte
que houver formulado reserva dessa natureza. agressores com medo de uma violência futura ainda

3. Todo Estado-parte que houver formulado reserva em maior.


conformidade com o parágrafo anterior poderá, a
qualquer momento, tornar sem efeito essa reserva,
mediante notificação endereçada ao Secretário Geral 3 Dos Benefícios com a Lei Maria da Penha
das Nações Unidas.

Artigo 30 - A presente Convenção, cujos textos em A Lei Maria da Penha incorporou o avanço legislativo
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são
igualmente autênticos, será depositada junto ao internacional e se transformou no principal
Secretário Geral das Nações Unidas.
instrumento legal de enfrentamento à violência

359
doméstica contra a mulher no Brasil, tornando efetivo mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e

o dispositivo constitucional que impõe ao Estado inverte a lógica da hierarquia de poder em nossa

assegurar a "assistência à família, na pessoa de cada sociedade a fim de privilegiar as mulheres e dotá-las de

um dos que a integram, criando mecanismos para maior cidadania e conscientização dos reconhecidos

coibir a violência, no âmbito de suas relações” (art. recursos para agir e se posicionar, no âmbito familiar e

226, § 8º, da Constituição Federal). social, garantindo sua emancipação e autonomia.

Os benefícios alcançados pelas mulheres com a Lei 3 TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Maria da Penha são inúmeros. A Lei criou um


3.1 ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA
mecanismo judicial específico os Juizados de Violência

Doméstica e Familiar contra as Mulheres com


3.1.1 Violência Doméstica e Familiar
competência cível e criminal; inovou com uma série de

medidas protetivas de urgência para as vítimas de A lei Maria da Penha engloba em seu conteúdo a

violência doméstica; reforçou a atuação das Delegacias expressão violência doméstica e familiar, não sendo

de Atendimento à Mulher, da Defensoria Pública e do necessário a conjunção adjetiva “e”, pois pode

Ministério Público e da rede de serviços de atenção à expressar que há necessário violência em ambos os

mulher em situação de violência doméstica e familiar; ambientes.

previu uma série de medidas de caráter social,


Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência
preventivo, protetivo e repressivo; definiu as diretrizes
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
das políticas públicas e ações integradas para a
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
prevenção e erradicação da violência doméstica contra
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
as mulheres, tais como: implementação de redes de
ou patrimonial:
serviços interinstitucionais, promoção de estudos e

estatísticas, avaliação dos resultados, implementação


I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
de centros de atendimento multidisciplinar, delegacias
como o espaço de convívio permanente de pessoas,
especializadas, casas abrigo e realização de
com ou sem vínculo familiar, inclusive as
campanhas educativas, capacitação permanente dos
esporadicamente agregadas;
integrantes dos órgãos envolvidos na questão,

celebração de convênios e parcerias e a inclusão de II - no âmbito da família, compreendida como a

conteúdos de equidade de gênero nos currículos comunidade formada por indivíduos que são ou se

escolares. consideram aparentados, unidos por laços naturais,

por afinidade ou por vontade expressa;


Em suma, a Lei Maria da Penha, reconhece a

obrigação do Estado em garantir a segurança das III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o

mulheres nos espaços público e privado ao definir as agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,

linhas de uma política de prevenção e atenção no independentemente de coabitação.

enfrentamento da violência doméstica e familiar contra

a mulher, bem como delimita o atendimento às

360
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas Sendo hoje em dia uma das forma mais

neste artigo independem de orientação sexual. frequentemente usada, a ameaça, a chantagem e a

perseguição.
Sendo assim, a expressão correta seria violência

doméstica “ou” familiar, de um modo que se encaixaria 3.1.4 Da Violência Sexual

em ambos os ambientes.
No direito penal, a violência sexual encontra-se no

3.1.2 Da Violência Física título VI dos Crimes contra a dignidade sexual, sendo

eles o estupro (artigo 213 do Código Penal), contra


Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar
vulneráveis (artigo 217-A à 218-B do Código Penal), e o
contra a mulher, entre outras:
lenocínio (artigo 231 e 231-A do Código Penal).

I - a violência física, entendida como qualquer conduta


Já a Lei 11.340/06, Maria da Penha, abrange o ramo
que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
da violência sexual mais amplamente, como encontra-

se o artigo 7, inciso III:


O legislador quis explicitar todas as formas de

violência com a finalidade de dar maior proteção à


Artigo7
mulher.

III - a violência sexual, entendida como qualquer


3.1.3 Da Violência Psicológica
conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a

participar de relação sexual não desejada, mediante


A violência psicológica que se elenca na Lei Maria da
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a
Penha, refere-se a qualquer ato que possa causar dano
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo,
emocional e diminuição da autoestima da vítima, ou
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
que prejudique seu desenvolvimento, artigo 7, inciso II.
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à

Art. 7 gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,

chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou


II - a violência psicológica, entendida como qualquer
anule o exercício de seus direitos sexuais e
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
reprodutivos;
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o

pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou Mesmo não sendo explicito no bojo da lei, o artigo 7, III

controlar suas ações, comportamentos, crenças e da Lei 11.340/06 segue a regra do código penal.

decisões, mediante ameaça, constrangimento,


3.1.5 Da Violência Patrimonial
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância

constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,


Entende-se como violência patrimonial o artigo 7, IV.
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e

vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à Artigo 7

saúde psicológica e à autodeterminação;

361
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer É a que se dá entre cônjuges, companheiros, podendo

conduta que configure retenção, subtração, destruição incluir outras relações interpessoais (ex: noivos,

parcial ou total de seus objetos, instrumentos de namorados).

trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos


3.1.9 Violência Institucional
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a

satisfazer suas necessidades;


Qualquer ato constrangedor, fala inapropriada ou

omissão de atendimento realizado por agentes de


Esses delitos são colocados na Lei 11.340/06, mesmo
órgãos públicos prestadores de serviços que deveriam
ela não explicitando sob a imunidade absoluta do
proteger as vítimas dos outros tipos de violência e
artigo 181, do código penal.
reparar as consequências por eles causadas.

Art. 181- É isento de pena quem comete qualquer dos


(Artigo 7º da Lei nº 11.340/2006)
crimes previstos neste título, em prejuízo:

4 - SUJEITO ATIVO E PASSIVO DOS CRIMES


DOMÉSTICOS
I- do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

Antes de analisar quem pode ser os sujeitos envolvidos


nos delitos domésticos, importante se faz trazer os
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
conceitos de sujeito ativo e passivo.
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Segundo Capez (2006, p145), sujeito ativo da conduta
típica é:
3.1.6 Da Violência Moral
“A pessoa humana que pratica a figura típica descrita
na lei, isolada ou conjuntamente com outros atores. O
Os crimes de violência moral elencados na Lei conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da
figura típica (quem mata, subtrai etc.), como também o
11.340/06, trata-se da honra, calúnia, difamação e partícipe, que colabora de alguma forma na conduta
típica, sem, contudo, executar atos de conotação
injúria. típica, mas que de alguma forma, subjetiva ou
objetivamente, contribui para a ação criminosa.”

Artigo 7 Nas palavras de Mirabete (2010, p.01), claro fica a


definição de sujeito passivo:

V - a violência moral, entendida como qualquer “Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico
lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. Nada
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. impede que, em um delito, dois ou mais sujeitos
passivos existam: desde que tenham sido lesados ou
ameaçados em seus bens jurídicos referidos no tipo,
3.1.7 Violência Intrafamiliar / Doméstica são vítimas do crime. Exemplificando, são sujeitos
passivos de crime: aquele que morre (no homicídio),
aquele que é ferido (na lesão corporal), o possuidor da
É perpetrada no lar ou na unidade doméstica, coisa móvel (no furto), o detentor da coisa que sofre a
violência e o proprietário da coisa (no roubo), o Estado
geralmente por um membro da família que viva com a (na prevaricação) etc.”

vítima, podendo ser esta um homem ou mulher, Diante disso, é certo que sujeito ativo é aquele que
pratica a conduta descrita no tipo penal; já o sujeito
criança ou adolescente ou adulto. passivo é a vítima, ou seja, o titular do bem jurídico
tutelado.

3.1.8 Violência Conjugal Superada as definições dos sujeitos, é conveniente


abordar os diversos posicionamentos sobre quem pode
estar sob proteção da Lei Maria da Penha.

Para Almeida (2010), a aplicação da Lei Maria da


Penha cabe somente quando o sujeito passivo for do

362
sexo feminino, ou seja, a vítima for mulher, podendo Rec. em Sentido Estrito 1.0145.07.414517-1/001; Rel.
ser autor do fato, homem ou mulher. Des ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL; Data do
Julgamento: 15/12/2009). (BRASIL, 2009)
Confirmando o que foi afirmado por Almeida, no trecho
anterior, veja-se o comentário de Souza (apud DIAS, No tocante ao sujeito passivo, antes de adotarmos uma
2010, p.54) posição sobre quem pode ser vítima de violência
doméstica, necessário se faz uma reflexão acerca da
“Para a configuração da violência doméstica não é proteção constitucional aos direitos dos travestis,
necessário que as partes sejam marido e mulher, nem transexuais, lésbicas e transgêneros.
que estejam ou tenham sido casados. Também na
união estável – que nada mais é que uma relação
íntima de afeto – a agressão é considerada como 5 – MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
doméstica, quer a união persista ou já tenha
findado. Para ser considerada a violência como
doméstica, o sujeito ativo tanto pode ser um As medidas a serem tomadas pelos agentes
homem como outra a mulher. Basta estar
caracterizado o vínculo de relação doméstica, de responsáveis pela proteção e pelo julgamento dos atos
relação familiar ou de afetividade, pois o legislador
deu prioridade à criação de mecanismos para coibir e envolvendo a violência doméstica e familiar, com o
prevenir a violência doméstica contra a mulher, sem
importar o gênero do agressor.” (grifo nosso) intuito de assegurar às vítimas o direito de uma vida

sem violência. Dias (2007), apud NUCCI, salienta ainda


Desse modo, Santo (2010) entende que a violência deve
ser de gênero e contra a mulher. Sendo excluídas,
que "são previstas medidas inéditas, que são positivas
portanto, agressões entre pessoas do mesmo sexo. A
autora reconhece que o parágrafo único, do artigo 5º
e mereceriam, inclusive, extensão ao processo penal
diz que as relações pessoais proferidas no artigo
independem de orientação sexual, porém entende que comum, cuja vítima não fosse somente a mulher, o que
o dispositivo serve para dizer que o homem agressor
pode ter qualquer orientação sexual, assim como a de fato ocorreu com as modificações das medidas
mulher vítima.
cautelares do Art. 319 do CPP, com base na Lei
Interessante o posicionamento da Desembargadora
Maria Berenice Dias, quando cita estarem sob abrigo 12.403/2011".
da Lei as lésbicas, travestis, transexuais e
transgêneros. Ilustrando esse posicionamento, veja-se
o trecho: É notório que o papel de conter o agressor e garantir a

“Lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros, quem segurança patrimonial da vítima da violência


tenham identidade social com o sexo feminino estão ao
abrigo da Lei Maria da Penha. A agressão contra elas doméstica e familiar está a cargo da polícia, do juiz e
no âmbito familiar constitui violência doméstica. Ainda
do Ministério Público, devendo estes agir de modo
que parte da doutrina encontre dificuldade em
conceder-lhes o abrigo da Lei, descabe deixar à
imediato e eficiente (DIAS, 2007).
margem da proteção legal aqueles que se reconhecem
como mulher. Felizmente, assim já vem entendendo a
jurisprudência”. (DIAS, 2010, p. 58)
A vítima poderá pedir as providências necessárias à
Neste contexto, não há dúvidas de que o sujeito ativo justiça, a fim de garantir a sua proteção por meio da
dos crimes domésticos pode ser homem ou mulher,
pois como já se disse, independe a orientação sexual autoridade policial, e o delegado de polícia deverá
do agressor.
encaminhar, no prazo de 48 horas, o expediente
Como exemplo, cita-se o julgado do Tribunal de Minas
Gerais: referente ao pedido, juntamente com os documentos

necessários à prova, para que este seja conhecido e


“EMENTA: PROCESSUAL PENAL - LEI MARIA DA
PENHA - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - SUJEITO decido pelo juiz.
PASSIVO - CRIANÇA - APLICABILIDADE DA LEI -
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. Para a
configuração da violência doméstica, não importa a
espécie do agressor ou do agredido, bastando a De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei nº
existência de relação familiar ou de afetividade
11.340/06), estão elencadas em seus artigos 22, 23 e
entre as pessoas envolvidas. Provimento ao recurso
que se impõe. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N°
24, as medidas protetivas de urgência:
1.0145.07.414517-1/001 - COMARCA DE JUIZ DE
FORA - RECORRENTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADO MINAS GERAIS - RECORRIDO(A)(S):
ELISMARA DE LIMA - RELATOR: EXMO. SR. DES.
ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL” (TJMG; 3ª Câm. Crim;

363
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de

familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo

poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas

ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de de urgência concedidas e determinará a restrição do

urgência, entre outras: porte de armas, ficando o superior imediato do

agressor responsável pelo cumprimento da


I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes
com comunicação ao órgão competente, nos termos
de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas


II - afastamento do lar, domicílio ou local de
de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
convivência com a ofendida;
momento, auxílio da força policial.

III - proibição de determinadas condutas, entre as


§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
quais:
que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art.

461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código


a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
de Processo Civil).
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância

entre estes e o agressor;


A primeira providência a ser tomada pela autoridade

policial, após a denúncia é a suspensão da posse ou


b) contato com a ofendida, seus familiares e
restrição do porte de armas do agressor, com o fim de
testemunhas por qualquer meio de comunicação;
evitar uma tragédia ainda maior, com comunicação ao

c) frequentação de determinados lugares a fim de órgão competente nos termos da Lei 10.826 de 22 de

preservar a integridade física e psicológica da ofendida; dezembro de 2003 (DIAS, 2007).

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes Cabe ainda salientar que, de acordo com Porto (2012),

menores, ouvida a equipe de atendimento quando não for mais possível o flagrante, devido à

multidisciplinar ou serviço similar; evasão do local dos fatos por parte do agressor, a

apreensão das armas também é permitida à autoridade


V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
policial, sendo necessária a prévia autorização da

vítima para a busca na casa, sendo que não há


§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a
nenhuma ilegalidade no ato policial. O doutrinador
aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
destaca o velho ditado popular: “é melhor prevenir do
sempre que a segurança da ofendida ou as
que remediar”.
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser

comunicada ao Ministério Público.


O artigo 23 da referida Lei preocupou-se com a

proteção das vítimas, trazendo medidas protetivas de


§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I,
urgência.
encontrando-se o agressor nas condições mencionadas

364
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem adequada para garantir o cumprimento das medidas

prejuízo de outras medidas: protetivas de urgência.

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a Soares (2005) destaca ainda que é de extrema

programa oficial ou comunitário de proteção ou de importância que a vítima da violência domestica saiba

atendimento; de alguns direitos que a protegem. A vítima deverá

saber também que, caso queira desistir da ação penal


II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
que move contra o agressor, se esta for ação penal
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento
pública condicionada à representação, “só será
do agressor;
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em

audiência especialmente designada com tal finalidade,


III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
antes do recebimento da denúncia e ouvido o
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
Ministério Público”, conforme dispõe o artigo 16 da
e alimentos;
Lei, sendo que essa audiência deverá ser solicitada

IV - determinar a separação de corpos. pela ofendida.

As medidas de proteção às vítimas da violência Ainda de acordo com Soares (2005), o juiz assegurará

doméstica e familiar podem ser determinadas pelo juiz à mulher vítima de violência doméstica e familiar, com

competente, ou ainda pela autoridade policial, sendo o fim de preservar sua integridade física e psicológica:

que o Ministério Público também tem esse dever, por


a) acesso prioritário à remoção quando servidora
se tratar de um serviço público de segurança, mesmo
pública, integrante da administração direta ou
que seja na esfera administrativa (DIAS, 2007).
indireta;

Porto (2012) salienta que só será possível o


b) manutenção do vínculo trabalhista, quando
afastamento do lar se houver alguma notícia da prática
necessário o afastamento do local de trabalho, por até
ou risco concreto de algum crime que certamente irá
seis meses.
justificar o afastamento, não apenas como mero

capricho da vítima, pois se sabe que muitas vezes o


Por opção da ofendida, a competência da ação judicial
afastamento do varão extrapolará os prejuízos a sua
para os processos cíveis regidos pela Lei 11.340 será o
pessoa. Tal medida pode ser considerada violenta, por
Juizado:
privar os filhos do contato e do convívio com o pai.

a) do domicílio da ofendida ou de sua residência;


O doutrinador menciona também que é possível a

prisão preventiva do agressor, conforme disposto nos b) do lugar do fato em que se baseou a demanda;

artigos 20 c/c 42 da referida Lei, que deu nova redação


c) do domicílio do agressor.
ao artigo 313 do Código de Processo Penal,

possibilitando a prisão preventiva quando necessária e


Após receber o expediente, o juiz decidirá sobre as

medidas protetivas de urgência, no prazo de 48 horas,

365
podendo este ainda determinar o encaminhamento da a) Quando se tratar dos bens particulares da ofendida,

vítima ao atendimento da assistência judiciária. retidos pelo agressor;

Quando for o caso de prisão do agressor, a vítima


b) Quando se tratar de bens comuns que o agressor
deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao
está subtraindo do casal, em hipótese similar ao de
agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à
furto de coisa comum;
saída da prisão (SOARES, 2005).

c) Quando se tratar de bens comuns, mas de uso


A Lei Maria da Penha também prevê, em seu artigo 24,
profissional da ofendida (PORTO, 2012, p. 114).
a concessão de medidas protetivas na esfera

patrimonial:
Em um segundo momento, menciona o inciso II do

referido artigo, onde é permitido ao juiz determinar a


Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
proibição temporária para a celebração de atos e
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
contratos de compra, venda e de locação de qualquer
particular da mulher, o juiz poderá determinar,
propriedade, a não ser que o próprio juiz permita que o
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
agressor o faça, sendo conveniente que a vítima arrole

I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo os bens que deverão ser protegidos.

agressor à ofendida;
No entendimento de Dias (2007), a hipótese do inciso

II - proibição temporária para a celebração de atos e III do artigo 24 da Lei Maria da Penha é uma das mais

contratos de compra, venda e locação de propriedade providenciais, pois permite ao Juiz a possibilidade de

em comum, salvo expressa autorização judicial; suspender procurações outorgados pela vítima ao

agressor. no prazo de 48 horas após a denúncia.


III - suspensão das procurações conferidas pela

ofendida ao agressor; O doutrinador Porto (2012) foi feliz em afirmar que a

procuração depende da fidúcia entre as partes, e que,


IV - prestação de caução provisória, mediante depósito
quando esta confiança é quebrada, de acordo com o
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da
artigo 682, I, do Código Civil Brasileiro, o mandante
prática de violência doméstica e familiar contra a
poderá revogar o mandato, sendo necessária a
ofendida.
divulgação do ato para evitar danos a terceiros de boa-

fé.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório

competente para os fins previstos nos incisos II e III


Por fim, a medida acautelatória prevista no inciso IV
deste artigo.
do referido artigo garante a satisfação de um direito

que venha a ser reconhecido em demanda judicial a


Porto (2012) explica que a primeira destas medidas
ser proposta pela vítima, determinando o depósito
preocupa-se em determinar a restituição dos bens
judicial de bens e valores. Essas medidas podem ser
indevidamente subtraídos pelo agressor, podendo
formuladas perante a autoridade policial, uma vez que
acorrer em caráter cautelar nos seguintes moldes:
são meramente extrapenais (DIAS, 2007).

366
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que
Abaixo o texto completo da citada Lei: visem garantir os direitos humanos das mulheres no
âmbito das relações domésticas e familiares no sentido
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. de resguardá-las de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.
Cria mecanismos para
coibir a violência doméstica
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder
e familiar contra a mulher, público criar as condições necessárias para o efetivo
nos termos do § 8o do art. exercício dos direitos enunciados no caput.
226 da Constituição
Federal, da Convenção Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão
sobre a Eliminação de considerados os fins sociais a que ela se destina e,
Todas as Formas de especialmente, as condições peculiares das mulheres
Discriminação contra as em situação de violência doméstica e familiar.
Mulheres e da Convenção
(Vide ADI nº 4427) Interamericana para TÍTULO II
Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
Mulher; dispõe sobre a MULHER
criação dos Juizados de
Violência Doméstica e CAPÍTULO I
Familiar contra a Mulher;
altera o Código de Processo
DISPOSIÇÕES GERAIS
Penal, o Código Penal e a
Lei de Execução Penal; e dá
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura
outras providências.
violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei
Lei: complementar nº 150, de 2015)

TÍTULO I I - no âmbito da unidade doméstica,


compreendida como o espaço de convívio permanente
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e


prevenir a violência doméstica e familiar contra a II - no âmbito da família, compreendida como a
mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição comunidade formada por indivíduos que são ou se
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as consideram aparentados, unidos por laços naturais,
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção por afinidade ou por vontade expressa;
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher e de outros tratados III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual
internacionais ratificados pela República Federativa do o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de independentemente de coabitação.
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
estabelece medidas de assistência e proteção às Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
mulheres em situação de violência doméstica e neste artigo independem de orientação sexual.
familiar.
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a
Art. 2o Toda mulher, independentemente de mulher constitui uma das formas de violação dos
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, direitos humanos.
nível educacional, idade e religião, goza dos direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe
asseguradas as oportunidades e facilidades para viver CAPÍTULO II
sem violência, preservar sua saúde física e mental e
seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as
condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
CONTRA A MULHER
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à Art. 7o São formas de violência doméstica e
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e familiar contra a mulher, entre outras:
comunitária.
I - a violência física, entendida como qualquer
conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

367
II - a violência psicológica, entendida como no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e Constituição Federal;
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar IV - a implementação de atendimento policial
ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e especializado para as mulheres, em particular nas
decisões, mediante ameaça, constrangimento, Delegacias de Atendimento à Mulher;
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e V - a promoção e a realização de campanhas
vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à educativas de prevenção da violência doméstica e
saúde psicológica e à autodeterminação; familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e
à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
instrumentos de proteção aos direitos humanos das
III - a violência sexual, entendida como qualquer mulheres;
conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
participar de relação sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a VI - a celebração de convênios, protocolos,
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, implementação de programas de erradicação da
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou violência doméstica e familiar contra a mulher;
anule o exercício de seus direitos sexuais e
reprodutivos; VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros
IV - a violência patrimonial, entendida como e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas
qualquer conduta que configure retenção, subtração, enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e
destruição parcial ou total de seus objetos, de raça ou etnia;
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os VIII - a promoção de programas educacionais que
destinados a satisfazer suas necessidades; disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
V - a violência moral, entendida como qualquer gênero e de raça ou etnia;
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
TÍTULO III
direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou
etnia e ao problema da violência doméstica e familiar
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE contra a mulher.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CAPÍTULO II
CAPÍTULO I
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Art. 8o A política pública que visa coibir a Art. 9o A assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á violência doméstica e familiar será prestada de forma
por meio de um conjunto articulado de ações da União, articulada e conforme os princípios e as diretrizes
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no
ações não-governamentais, tendo por diretrizes: Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de
Segurança Pública, entre outras normas e políticas
I - a integração operacional do Poder Judiciário, públicas de proteção, e emergencialmente quando for o
do Ministério Público e da Defensoria Pública com as caso.
áreas de segurança pública, assistência social, saúde,
educação, trabalho e habitação; § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a
inclusão da mulher em situação de violência doméstica
II - a promoção de estudos e pesquisas, e familiar no cadastro de programas assistenciais do
estatísticas e outras informações relevantes, com a governo federal, estadual e municipal.
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes
às causas, às conseqüências e à freqüência da § 2o O juiz assegurará à mulher em situação de
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a violência doméstica e familiar, para preservar sua
sistematização de dados, a serem unificados integridade física e psicológica:
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados
das medidas adotadas; I - acesso prioritário à remoção quando servidora
pública, integrante da administração direta ou
III - o respeito, nos meios de comunicação social, indireta;
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de
forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de necessário o afastamento do local de trabalho, por até
acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, seis meses.

368
§ 3o A assistência à mulher em situação de V - ouvir o agressor e as testemunhas;
violência doméstica e familiar compreenderá o acesso
aos benefícios decorrentes do desenvolvimento VI - ordenar a identificação do agressor e fazer
científico e tecnológico, incluindo os serviços de juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças indicando a existência de mandado de prisão ou
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da registro de outras ocorrências policiais contra ele;
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos
casos de violência sexual. VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
policial ao juiz e ao Ministério Público.

CAPÍTULO III
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo
pela autoridade policial e deverá conter:
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
I - qualificação da ofendida e do agressor;
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática
de violência doméstica e familiar contra a mulher, a II - nome e idade dos dependentes;
autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais
cabíveis. III - descrição sucinta do fato e das medidas
protetivas solicitadas pela ofendida.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput
deste artigo ao descumprimento de medida protetiva § 2o A autoridade policial deverá anexar ao
de urgência deferida. documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e
cópia de todos os documentos disponíveis em posse da
ofendida.
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, a autoridade policial
deverá, entre outras providências: § 3o Serão admitidos como meios de prova os
laudos ou prontuários médicos fornecidos por
hospitais e postos de saúde.
I - garantir proteção policial, quando necessário,
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao
Poder Judiciário; TÍTULO IV

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto DOS PROCEDIMENTOS


de saúde e ao Instituto Médico Legal;
CAPÍTULO I
III - fornecer transporte para a ofendida e seus
dependentes para abrigo ou local seguro, quando
houver risco de vida; DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução


IV - se necessário, acompanhar a ofendida para
das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de
assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar; violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-
se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e
Processo Civil e da legislação específica relativa à
V - informar à ofendida os direitos a ela criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem
conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. com o estabelecido nesta Lei.

Art. 12. Em todos os casos de violência Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e
doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de com competência cível e criminal, poderão ser criados
imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e
daqueles previstos no Código de Processo Penal: pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
execução das causas decorrentes da prática de
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência violência doméstica e familiar contra a mulher.
e tomar a representação a termo, se apresentada;
Parágrafo único. Os atos processuais poderão
II - colher todas as provas que servirem para o realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; as normas de organização judiciária.

III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) Art. 15. É competente, por opção da ofendida,
horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da para os processos cíveis regidos por esta Lei, o
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de Juizado:
urgência;
I - do seu domicílio ou de sua residência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo
de delito da ofendida e requisitar outros exames II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
periciais necessários;
III - do domicílio do agressor.

369
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos
à representação da ofendida de que trata esta Lei, só processuais relativos ao agressor, especialmente dos
será admitida a renúncia à representação perante o pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem
juiz, em audiência especialmente designada com tal prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido defensor público.
o Ministério Público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de intimação ou notificação ao agressor.
violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação
Seção II
pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa.
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
CAPÍTULO II Agressor

Art. 22. Constatada a prática de violência


DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em
Seção I conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
Disposições Gerais
I - suspensão da posse ou restrição do porte de
armas, com comunicação ao órgão competente, nos
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas:
II - afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida;
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir
sobre as medidas protetivas de urgência;
III - proibição de determinadas condutas, entre as
quais:
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao
órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e
das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância
III - comunicar ao Ministério Público para que
entre estes e o agressor;
adote as providências cabíveis.

b) contato com a ofendida, seus familiares e


Art. 19. As medidas protetivas de urgência
testemunhas por qualquer meio de comunicação;
poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida.
c) freqüentação de determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão
ser concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério IV - restrição ou suspensão de visitas aos
Público, devendo este ser prontamente comunicado. dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser V - prestação de alimentos provisionais ou
substituídas a qualquer tempo por outras de maior provisórios.
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados. § 1o As medidas referidas neste artigo não
impedem a aplicação de outras previstas na legislação
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já comunicada ao Ministério Público.
concedidas, se entender necessário à proteção da
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I,
ouvido o Ministério Público. encontrando-se o agressor nas condições mencionadas
no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo
da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento de urgência concedidas e determinará a restrição do
do Ministério Público ou mediante representação da porte de armas, ficando o superior imediato do
autoridade policial. agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes
de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de
motivo para que subsista, bem como de novo decretá- § 3o Para garantir a efetividade das medidas
la, se sobrevierem razões que a justifiquem. protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a
qualquer momento, auxílio da força policial.

370
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, I - requisitar força policial e serviços públicos de
no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do saúde, de educação, de assistência social e de
art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 segurança, entre outros;
(Código de Processo Civil).
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e
Seção III particulares de atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato,
as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida tocante a quaisquer irregularidades constatadas;

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem III - cadastrar os casos de violência doméstica e
prejuízo de outras medidas: familiar contra a mulher.

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a


CAPÍTULO IV
programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
II - determinar a recondução da ofendida e a de
seus dependentes ao respectivo domicílio, após Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e
afastamento do agressor; criminais, a mulher em situação de violência
doméstica e familiar deverá estar acompanhada de
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.
sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos
filhos e alimentos; Art. 28. É garantido a toda mulher em situação
de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços
IV - determinar a separação de corpos. de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária
Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial,
mediante atendimento específico e humanizado.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar, TÍTULO V
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
I - restituição de bens indevidamente subtraídos
pelo agressor à ofendida; Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
II - proibição temporária para a celebração de poderão contar com uma equipe de atendimento
atos e contratos de compra, venda e locação de multidisciplinar, a ser integrada por profissionais
propriedade em comum, salvo expressa autorização especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de
judicial; saúde.

III - suspensão das procurações conferidas pela Art. 30. Compete à equipe de atendimento
ofendida ao agressor; multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe
forem reservadas pela legislação local, fornecer
IV - prestação de caução provisória, mediante subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
depósito judicial, por perdas e danos materiais Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente
decorrentes da prática de violência doméstica e em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação,
familiar contra a ofendida. encaminhamento, prevenção e outras medidas,
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares,
com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
competente para os fins previstos nos incisos II e III
deste artigo. Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir
avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar
a manifestação de profissional especializado, mediante
CAPÍTULO III a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.

DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua


proposta orçamentária, poderá prever recursos para a
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando criação e manutenção da equipe de atendimento
não for parte, nas causas cíveis e criminais multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a Orçamentárias.
mulher.
TÍTULO VI
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem
prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
doméstica e familiar contra a mulher, quando
necessário:
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
varas criminais acumularão as competências cível e

371
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes remeter suas informações criminais para a base de
da prática de violência doméstica e familiar contra a dados do Ministério da Justiça.
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
subsidiada pela legislação processual pertinente. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, no limite de suas competências e nos
Parágrafo único. Será garantido o direito de termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
preferência, nas varas criminais, para o processo e o poderão estabelecer dotações orçamentárias
julgamento das causas referidas no caput. específicas, em cada exercício financeiro, para a
implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
TÍTULO VII
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não
excluem outras decorrentes dos princípios por ela
DISPOSIÇÕES FINAIS adotados.

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Art. 41. Aos crimes praticados com violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser doméstica e familiar contra a mulher,
acompanhada pela implantação das curadorias independentemente da pena prevista, não se aplica
necessárias e do serviço de assistência judiciária. a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3
os Municípios poderão criar e promover, no limite das de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa
respectivas competências: a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:

I - centros de atendimento integral e “Art. 313. .................................................


multidisciplinar para mulheres e respectivos
dependentes em situação de violência doméstica e
familiar; ................................................................

II - casas-abrigos para mulheres e respectivos IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar


dependentes menores em situação de violência contra a mulher, nos termos da lei específica, para
doméstica e familiar; garantir a execução das medidas protetivas de
urgência.” (NR)
III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
serviços de saúde e centros de perícia médico-legal Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do
especializados no atendimento à mulher em situação Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
de violência doméstica e familiar; 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte
redação:
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência doméstica e familiar; “Art. 61. ..................................................

V - centros de educação e de reabilitação para os .................................................................


agressores.
II - ............................................................
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos .................................................................
e de seus programas às diretrizes e aos princípios
desta Lei. f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de
relações domésticas, de coabitação ou de
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
transindividuais previstos nesta Lei poderá ser forma da lei específica;
exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e
por associação de atuação na área, regularmente ........................................................... ” (NR)
constituída há pelo menos um ano, nos termos da
legislação civil.
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição com as seguintes alterações:
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que
não há outra entidade com representatividade
adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. “Art. 129. ..................................................

Art. 38. As estatísticas sobre a violência ..................................................................


doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas
nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente,
Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
nacional de dados e informações relativo às mulheres. quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança coabitação ou de hospitalidade:
Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão

372
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. TORTURA – LEI Nº 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997

..................................................................

Define os crimes de tortura e dá outras providências.


§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência.” (NR) Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger
alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de causando-lhe sofrimento físico ou mental:
julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar
com a seguinte redação: a) com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa; (tortura
“Art. 152. ................................................... prova)

b) para provocar ação ou omissão de natureza


Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
contra a mulher, o juiz poderá determinar o criminosa; (tortura crime)
comparecimento obrigatório do agressor a programas
de recuperação e reeducação.” (NR) c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
(tortura racismo)
Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e
cinco) dias após sua publicação. Sujeito ativo - o crime pode ser praticado por
qualquer pessoa, portanto trata-se de crime
Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da comum. No caso de ser praticado por agente
Independência e 118o da República. público, a lei dá um tratamento especial no § 4°,
punindo com um aumento de pena de um sexto a
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA um terço, além de que a condenação acarretar a
Dilma Rousseff perda do cargo, função ou emprego público e a
interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
da pena aplicada.

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou


CÓDIGO PENAL BRASILEIRO – ART. 140 autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo. (tortura castigo)
CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de
1940 - INJÚRIA Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade A tortura-castigo é crime próprio, pois o sujeito
ou o decoro: ativo somente poderá ser quem possua autoridade,
guarda ou poder sobre a vítima (pai, tutor, curador,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
diretor ou funcionário de hospital, colégio),
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
enquanto que a sujeito passivo, somente pode ser
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou pessoa que esteja sob a autoridade, vigilância,
diretamente a injúria; guarda ou poder do sujeito ativo (filho, tutelado,
II - no caso de retorsão imediata, que consista em curatelado, internado) A tortura-castigo se
outra injúria. assemelha o crime de maus-tratos, previsto no CP,
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, art.136, o qual dispõe: "expor a perigo a vida ou a
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se saúde da pessoa sob sua autoridade, guarda ou
considerem aviltantes: vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando de
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
além da pena correspondente à violência.
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos quer abusando de meios de correção ou disciplina".
referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem: Entretanto, no crime de tortura-castigo, a lei exige
(Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) que a vítima seja submetida a sofrimento físico ou
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos mental, com intensa dor, enquanto que no código
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a penal, não há essa exigência.
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
pela Lei nº 9.459, de 1997) previsto em lei ou não resultante de medida legal
Disposições comuns (tortura-castigo).

373
Comentário: aqui temos outra hipótese de tortura- § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
castigo, praticada por agentes públicos, pois o gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
dispositivo fala em pessoa submetida à prisão ou se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
sujeita à medida de segurança, assim, trata-se de Comentários: São os casos de tortura qualificada pelo
crime próprio, pois o sujeito ativo somente poderá resultado (preterdolosa).
ser quem detém a custódia da vítima submetida à
prisão ou medida de segurança. Ressalte-se que o Aqui, a lesão corporal e a morte são conseqüências
sofrimento por si só, relacionado à privação da culposas da tortura. Não são desejadas pelo autor, que
liberdade, não constitui tortura, pois é resultante age com dolo no antecedente (tortura) e culpa no
da medida legal (prisão ou medida de segurança). O conseqüente (lesão corporal grave ou gravíssima ou
crime em comento guarda uma semelhança com o morte, resultados não pretendidos). Assim, ocorrendo
crime tipificado na Lei n° 4.898/65 (abuso de os resultados acima descritos, faz necessário
autoridade), no seu art. 4°, b, que dispõe: submeter demonstrar que o autor não quis o resultado nem
pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a assumiu o risco de produzi-lo. Caso contrário,
constrangimento não autorizado em lei, entretanto responderá por tortura simples e lesão corporal grave
com ele não se confunde, pois na tortura, a vítima ou gravíssima, em concurso formal, ou por homicídio
deve ser submetida a um sofrimento físico ou qualificado pela tortura, art. 121, §2°, III, do CP,
mental, intensa dor, enquanto que no crime de conforme a hipótese. Ressalte-se que esta qualificadora
abuso de autoridade, basta que a vítima seja não se aplica à figura omissiva do §2º.
exposta a vexame desnecessário, como por
exemplo, exibir presos nus apenas com o fim de § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I -
humilhá-los. se o crime é cometido por agente público; Comentários:
No inciso I, a Lei refere-se a "agente público", sem
defini-lo, portanto, a melhor solução é considerar a
disposição do art. 5° da lei n° 4.898/65, equiparando o
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, conceito de autoridade como agente público, ou seja
quando tinha o dever de evitá- las ou apurá-las, aquele que exerce cargo, emprego ou função pública,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração. No caso dos
Comentários: responde pelo crime de tortura as crimes próprios que exigem qualidade especial do
pessoas que, tendo conhecimento de sua prática, sujeito ativo, como sendo agente público (art. 1°, § 1°),
omitirem-se, deixando de apurá-los ou evitá-los. essa causa de aumento não deve incidir, sob pena de
violação ao princípio do ne bis in idem.
Na conduta omissiva de apuração, o responsável será
sempre uma autoridade, que seja competente para § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
tanto. Já no caso de se evitar a tortura, o sujeito ativo ou emprego público e a interdição para seu exercício
poderá ser não só a referida autoridade, bem como pelo dobro do prazo da pena aplicada.
qualquer outro pessoa que, de alguma maneira, teria
condições de impedir a consumação do delito e que se § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
enquadra em uma das hipóteses do art. 13,§ 2°, do CP: graça ou anistia,
"o dever de agir incube a quem:
A anistia é concedida através de Lei Federal, de
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção e competência exclusiva (não delegável) da União
vigilância; (CF, art. 21, XVII) e privativa do Congresso
Nacional (art. 48, VIII da CF), com sanção do
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de Presidente da República. É lei penal de efeito
impedir o resultado; retroativo que retira as conseqüências de alguns
crimes já praticados, promovendo o seu
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
esquecimento jurídico. Refere-se a fatos e não a
ocorrência do resultado". Em virtude da pena pessoas, e por isso, atinge todos que tenham
cominada (detenção de um a quatro anos), o delito
praticado delitos de certa natureza. Pode ocorrer
comporta a suspensão do processo, previsto no art. 89
antes ou depois da sentença penal condenatória
da Lei n. 9.099/95, cabendo ainda a substituição da
(anistia própria ou imprópria). Distingue-se da
pena de prisão, por restritiva de direitos, nos termos abolitio criminis (art. 2° do CP), uma vez que nesta
do art. 44 do Código Penal, desde que o réu preencha
a norma penal incriminadora deixa de existir,
os demais requisitos.
enquanto na anistia são alcançados apenas fatos
passados, continuando a existir o tipo penal. A Lei
O crime de omissão tratado no referido dispositivo (§ 2°
de Tortura não admite a anistia.
do art. 1°), não pode se assemelhar a crime hediondo,
pois o legislador cominou pena de detenção, a qual Em relação à Graça, a lei não a admite a sua
possui o regime semiaberto, sendo que o § 7º da Lei de concessão, ficando omissa em relação ao indulto,
Tortura excepciona o crime de omissão previsto no §2º surgindo assim dúvidas se o legislador quis ou não
do regime inicial fechado. proibir a concessão de indulto. Isso porque a doutrina
define graça como sendo o indulto individual,

374
enquanto que indulto seria a graça coletiva (ou indulto c) submeter intencionalmente o grupo a
coletivo). condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
Na verdade o legislador infraconstitucional apenas
acompanhou o legislador constituinte, pois a d) adotar medidas destinadas a impedir os
Constituição Federal, em seu art. 5°, inc. XLIII, proibiu nascimentos no seio do grupo;
a concessão de graça e anistia, para os crimes
hediondos, tortura, terrorismo e tráfico de drogas, não e) efetuar a transferência forçada de crianças do
fazendo nenhuma referência em relação ao indulto. grupo para outro grupo;
Graça é um termo mais amplo, abrangendo indulto
individual e o indulto coletivo. Será punido:

Assim, definimos graça como sendo um benefício Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal,
individual concedido mediante provocação da parte no caso da letra a;
interessada, enquanto o indulto é de caráter coletivo e
concedido espontaneamente. Ambos os institutos são Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra
concedidos pelo Presidente da República (art. 84, XII b;
da CF), que podem ser delegados aos ministros de
Estado ou ao Procurador-geral da República e Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Advogado-Geral da União (Art. 84, par. único., CF). A
CF/88, no art. 84, XII da CF, só tratou do indulto, Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
entretanto no art. 5° XLIII, menciona a anistia e a
graça, sendo que a LEP, ao tratar da graça, o faz como Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
indulto individual (art. 188). Acompanhando os
decretos presidenciais de concessão de indulto, que Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas
normalmente são publicados no mês de dezembro de para prática dos crimes mencionados no artigo
anterior:
cada ano, percebe-se que o Presidente não tem
concedido indulto para autores de crimes hediondos,
Pena: Metade da cominada aos crimes ali
por crime de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de
previstos.
drogas. Por fim a faculdade presidencial de conceder
indulto pode ser limitada, não só por dispositivos
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a
constitucionais, mas também pela legislação ordinária. cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a


Pena: Metade das penas ali cominadas.
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
regime fechado.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a
mesma de crime incitado, se este se consumar.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
crime não tenha sido cometido em território nacional,
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço),
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
quando a incitação for cometida pela imprensa.
em local sob jurisdição brasileira.
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço),
LEI Nº 2.889, DE 1º DE OUTUBRO DE 1956. no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime
por governante ou funcionário público.

Define e pune o crime de Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das
genocídio. respectivas penas a tentativa dos crimes definidos
nesta lei.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão
considerados crimes políticos para efeitos de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e extradição.
eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no
todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, como tal: Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1956; 135º da
Independência e 68º da República.
a) matar membros do grupo;
JUSCELINO KUBITSCHEK
b) causar lesão grave à integridade física ou
mental de membros do grupo;

LEI Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1985 (LEI


CAÓ).

375
Inclui, entre as Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento
contravenções penais a oficial de ensino, a pena será a perda do cargo para o
prática de atos resultantes agente, desde que apurada em inquérito regular.
de preconceito de raça, de
cor, de sexo ou de estado Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer
civil, dando nova redação à cargo público civil ou militar, por preconceito de raça,
Lei nº 1.390, de 3 de julho de cor, de sexo ou de estado civil.
de 1951 - Lei Afonso Arinos.
Pena - perda do cargo, depois de apurada a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que responsabilidade em inquérito regular, para o
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte funcionário dirigente da repartição de que dependa a
Lei: inscrição no concurso de habilitação dos candidatos.

Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em
termos desta lei, a prática de atos resultantes de autarquia, sociedade de economia mista, empresa
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. concessionária de serviço público ou empresa privada,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
Art. 2º. Será considerado agente de contravenção civil.
o diretor, gerente ou empregado do estabelecimento
que incidir na prática referida no artigo 1º. desta lei. Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor
Das Contravenções de referência (MVR), no caso de empresa privada;
perda do cargo para o responsável pela recusa, no caso
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, de autarquia, sociedade de economia mista e empresa
estalagem ou estabelecimento de mesma finalidade, concessionária de serviço público.
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
civil. Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em
estabelecimentos particulares, poderá o juiz
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) determinar a pena adicional de suspensão do
ano, e multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor funcionamento, por prazo não superior a 3 (três)
de referência (MVR). meses.

Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua
de qualquer gênero ou o atendimento de clientes em publicação.
restaurantes, bares, confeitarias ou locais
semelhantes, abertos ao público, por preconceito de Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 Independência e 97º da República.
(três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o
maior valor de referência (MVR). JOSÉ SARNEY

Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em


estabelecimento público, de diversões ou de esporte,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
civil. LEI ESTADUAL Nº 10.549 DE 28 DE DEZEMBRO DE
2006 (CRIA A SECRETARIA DE PROMOÇÃO DA
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 IGUALDADE RACIAL); ALTERADA PELA LEI
(três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o ESTADUAL Nº 12.212/2011
maior valor de referência (MVR).
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber
Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em
que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a
qualquer tipo de estabelecimento comercial ou de
prestação de serviço, por preconceito de raça, de cor, seguinte Lei:
de sexo ou de estado civil.
Art. 1º - A Administração Pública Estadual fica

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 modificada na forma da presente Lei.


(três) meses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o Art. 2º - Ficam alteradas as denominações das
maior valor de referência (MVR).
seguintes Secretarias de Estado:
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em I - Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Esporte
estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, - SETRAS, para Secretaria do Trabalho, Emprego,
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado
civil. Renda e Esporte - SETRE;
II - Secretaria de Combate à Pobreza e às
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um)
Desigualdades Sociais - SECOMP, para Secretaria de
ano, e multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de
referência (MVR).

376
Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza - a) para a Secretaria de Relações Institucionais ?"
SEDES; SERIN: as funções de coordenação de assuntos
III - Secretaria de Governo - SEGOV para Casa Civil; legislativos;
IV - Secretaria de Cultura e Turismo - SCT, para b) para o Gabinete do Governador, órgão vinculado
Secretaria de Cultura - SECULT; diretamente ao Governador: a Ouvidoria Geral do
V - Secretaria da Justiça e Direitos Humanos - SJDH, Estado, a Secretaria Particular do Governador, o
para Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Escritório de Representação do Governo, o Cerimonial
Humanos - SJCDH. e a Assessoria Especial do Governador;
Art. 3º - Ficam criadas as seguintes Secretarias: V - da Secretaria de Cultura para a Secretaria de
I - Secretaria de Relações Institucionais - SERIN; Turismo - SETUR:
II - Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI; a) a Superintendência de Investimentos em Pólos
III - Secretaria de Desenvolvimento e Integração Turísticos;
Regional ?" SEDIR; b) a Empresa de Turismo da Bahia S/A ?"
IV - Secretaria de Turismo - SETUR. BAHIATURSA;
Art. 4º - Ficam transferidas as seguintes atividades, VI - da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos
funções, fundos, órgãos e entidades: Humanos - SJCDH, para a Secretaria de Promoção da
I - da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Igualdade - SEPROMI:
Esporte - SETRE, para a Secretaria de a) o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade
Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza - Negra;
SEDES: b) o Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher;
a) a Superintendência de Assistência Social; VII - da Secretaria do Planejamento - SEPLAN para a
b) o Fundo Estadual de Assistência Social, de que trata Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional -
a Lei 6.930/95; SEDIR:
c) o Fundo Estadual de Atendimento à Criança e ao a) os Conselhos Regionais de Desenvolvimento;
Adolescente, de que trata a Lei6975/96; b) a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional ?"
d) a Fundação da Criança e do Adolescente - CAR.
FUNDAC; Art. 5º - As estruturas básicas da Secretaria de
e) o Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; Relações Institucionais - SERIN, da Secretaria de
f) o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente - Promoção da Igualdade - SEPROMI e da Secretaria de
CECA; Desenvolvimento e Integração Regional - SEDIR, não
g) a Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - conterão a Diretoria Geral prevista no art. 2º da
CIDEC; Lei 7.435/98.
h) a Coordenação de Defesa Civil - CORDEC; Parágrafo único - Fica criada a Diretoria de
II - da Secretaria de Desenvolvimento Social e Administração e Finanças em cada uma das
Combate à Pobreza - SEDES, para a Casa Civil, o Secretarias referidas neste artigo e no Gabinete do
Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza Governador, tendo por finalidade o planejamento e
- FUNCEP, instituído pelo art. 4º da Lei 7.988/2001; coordenação das atividades de programação,
III - da Secretaria de Desenvolvimento Social e orçamentação, acompanhamento, avaliação, estudos e
Combate à Pobreza - SEDES, para a Casa Civil: análises, administração financeira e de contabilidade,
a) a Diretoria Executiva do FUNCEP criada pelo art. 2º, material, patrimônio, serviços, recursos humanos,
II, ?c? e § 8º da Lei7.988/2001, com as alterações modernização administrativa e informática.
introduzidas pela Lei 9.509/2005, exceto a Art. 6º - A Secretaria de Relações Institucionais -
Coordenação de Orçamento e Finanças; SERIN tem por finalidade a coordenação política do
b) o Conselho de Políticas de Inclusão Social; Poder Executivo e de suas relações com os demais
c) a Câmara Técnica de Gestão de Programas; Poderes das diversas esferas de Governo, com a
IV - da Casa Civil: sociedade civil e suas instituições.
§ 1º - A Secretaria de Relações Institucionais - SERIN
tem a seguinte estrutura básica:

377
a) Gabinete do Secretário; nº 4.697/87, a representação da Secretaria de
b) Diretoria de Administração e Finanças; Promoção da Igualdade - SEPROMI.
c) Coordenação de Assuntos Legislativos; Art. 8º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração
d) Coordenação de Assuntos Federativos; Regional - SEDIR tem por finalidade planejar e
e) Coordenação de Articulação Social. coordenar a execução da política estadual de
Parágrafo único - As Coordenações têm por objetivo o desenvolvimento regional integrado; formular, em
planejamento, a execução e o controle das atividades a parceria com o Conselho Estadual de Desenvolvimento
cargo da Secretaria de Relações Institucionais ?" Econômico e Social, os planos e programas regionais
SERIN, conforme dispuser o Regulamento. de desenvolvimento; estabelecer estratégias de
Art. 7º - A Secretaria de Promoção da Igualdade - integração das economias regionais; acompanhar e
SEPROMI tem por finalidade planejar e executar avaliar os programas integrados de desenvolvimento
políticas de promoção da igualdade racial e proteção regional.
dos direitos de indivíduos e grupos étnicos atingidos § 1º - A Secretaria de Desenvolvimento e Integração
pela discriminação e demais formas de intolerância, Regional - SEDIR tem a seguinte estrutura básica:
bem assim, planejar e executar as políticas públicas de I - Órgãos Colegiados:
caráter transversal para as mulheres. a) Conselhos Regionais de Desenvolvimento.
§ 1º - A Secretaria de Promoção à Igualdade - II - Órgãos da Administração Direta:
SEPROMI tem a seguinte estrutura básica: a) Gabinete do Secretário;
I - Órgãos Colegiados: b) Diretoria de Administração e Finanças;
a) Conselho de Desenvolvimento da Comunidade c) Coordenação de Políticas do Desenvolvimento
Negra; Regional;
b) Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da d) Coordenação de Programas Regionais;
Mulher; III - Entidade da Administração Indireta:
II - Órgãos da Administração Direta: a) Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional -
a) Gabinete do Secretário; CAR.
b) Diretoria de Administração e Finanças; § 2º - As coordenações têm por objetivo o
c) Superintendência de Políticas para as Mulheres; planejamento, a execução e o controle das atividades a
d) Superintendência de Promoção da Igualdade Racial. cargo da Secretaria de Desenvolvimento e Integração
§ 2º - A Superintendência de Políticas para as Regional - SEDIR, conforme dispuser o regulamento.
Mulheres tem por finalidade orientar, apoiar, Art. 9º - O Gabinete do Governador, órgão de
coordenar, acompanhar, controlar e executar assistência direta e imediata ao Governador, tem a
programas e atividades voltadas à implementação de seguinte estrutura básica:
políticas para as mulheres, implementar ações a) Chefia do Gabinete;
afirmativas e definir ações públicas de promoção da b) Ouvidoria Geral do Estado;
igualdade entre homens e mulheres e de combate à c) Secretaria Particular do Governador;
discriminação. d) Cerimonial;
§ 3º - A Superintendência de Promoção da Igualdade e) Assessoria Especial do Governador;
Racial tem por finalidade orientar, apoiar, coordenar, f) Assessoria Internacional;
acompanhar, controlar e executar programas e g) Escritório de Representação do Governo;
atividades voltadas à implementação de políticas e h) Diretoria de Administração e Finanças.
diretrizes para a promoção da igualdade e da proteção Parágrafo único - Fica criado o cargo de Chefe de
dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, Gabinete do Governador, ao qual são asseguradas as
afetados por discriminação racial e demais formas de prerrogativas, representação, remuneração e
intolerância. impedimentos de Secretário de Estado, cabendo-lhe a
§ 4º - Fica acrescida à composição do Conselho de supervisão e a coordenação dos órgãos integrantes da
Desenvolvimento da Comunidade Negra e do Conselho estrutura do Gabinete do Governador, a elaboração da
Estadual de Defesa dos Diretos da Mulher, de que agenda e o exercício de outras atribuições designadas
tratam as alíneas ?a? e ?b? do art. 17 da Lei pelo Governador.

378
Art. 10 - A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Assistência Social - CEAS, o Conselho Estadual dos
Esporte - SETRE tem por finalidade planejar e Direitos da Criança e do Adolescente - CECA e a
executar as políticas de emprego e renda e de apoio à Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - CIDEC.
formação do trabalhador, de economia solidária e de Art. 13 - A Secretaria de Turismo - SETUR tem por
fomento ao esporte. finalidade planejar, coordenar e executar políticas de
Parágrafo único - Fica criada na Secretaria do promoção e fomento ao turismo.
Trabalho, Emprego, Renda e Esporte - SETRE a § 1º - A Secretaria de Turismo - SETUR tem a seguinte
Superintendência de Economia Solidária, com a estrutura básica:
finalidade de planejar, coordenar, executar e I - ?"rgãos da Administração Direta:
acompanhar as ações e programas de fomento à a) Gabinete do Secretário;
economia solidária. b) Diretoria Geral;
Art. 11 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e c) Superintendência de Investimentos em Pólos
Combate à Pobreza - SEDES tem por finalidade Turísticos;
planejar, coordenar, executar e fiscalizar as políticas d) Superintendência de Serviços Turísticos.
de desenvolvimento social, segurança alimentar e II - Entidade da Administração Indireta:
nutricional e de assistência social. a) Empresa de Turismo da Bahia S/A - BAHIATURSA.
§ 1º - A Superintendência de Apoio à Inclusão Social, § 2º - A Superintendência de Serviços Turísticos tem
passa a ser denominada Superintendência de Inclusão por finalidade planejar e executar programas e projetos
e Assistência Alimentar, com a finalidade de promover de qualificação de serviços e mão-de-obra, capacitação
as ações de inclusão social e de assistência alimentar, empresarial, certificação de qualidade, regulação e
conforme dispuser o regulamento. fiscalização de atividades turísticas.
§ 2º - Fica extinta a Superintendência de Articulação e Art. 14 - Ficam criadas:
Programas Especiais. I- na Secretaria da Agricultura - SEAGRI: a
Art. 12 - A Secretaria de Desenvolvimento Social e Superintendência de Agricultura Familiar, com a
Combate à Pobreza - SEDES tem a seguinte estrutura finalidade de orientar, apoiar, coordenar, acompanhar,
básica: controlar e executar programas e atividades voltados
I - Órgãos Colegiados: ao fortalecimento da agricultura familiar.
a) Comissão Interinstitucional de Defesa Civil - II - na Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos
CIDEC; Humanos - SJCDH:
b) Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do a) a Coordenação Executiva de Defesa dos Direitos da
Adolescente - CECA; Pessoa com Deficiência, com a finalidade de promover
c) Conselho Estadual de Assistência Social - CEAS; e fortalecer o desenvolvimento dos programas e ações
d) Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do voltados para a defesa dos direitos da pessoa
Estado da Bahia - CONSEA ?" BA; portadora de deficiência;
II - Órgãos da Administração Direta: b) a Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas,
a) Gabinete do Secretário; vinculada à Superintendência de Apoio e Defesa aos
b) Diretoria Geral; Direitos Humanos.
c) Superintendência de Assistência Social; Art. 15 - Para atender à implantação dos novos órgãos
d) Superintendência de Inclusão e Assistência criados por esta Lei e às adequações na estrutura da
Alimentar; Administração Pública Estadual, ficam criados 04
III - ?"rgão em Regime Especial de Administração (quatro) cargos de Secretário de Estado e os cargos em
Direta: comissão constantes do Anexo Único desta Lei.
a) Coordenação de Defesa Civil - CORDEC. Art. 16 - Ficam extintos os cargos em comissão
IV - Entidade da Administração Indireta: constantes do Anexo Único desta Lei.
a) Fundação da Criança e do Adolescente - FUNDAC. Art. 17 - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a
Parágrafo único - O Secretário do Desenvolvimento promover, no prazo de 120 (cento e vinte) dias:
Social e Combate à Pobreza - SEDES passa a integrar I - a revisão e a elaboração dos regimentos, estatutos e
na condição de presidente, o Conselho Estadual de outros instrumentos regulamentadores para

379
Parágrafo único. A Secretaria Especial de
adequação das alterações organizacionais decorrentes
Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da
desta Lei; Presidência da República, constituirá, no prazo de
noventa dias, contado da publicação desta Lei, grupo
II - as modificações orçamentárias necessárias ao
de trabalho integrado por representantes da Secretaria
cumprimento desta Lei, respeitados os valores globais Especial e da sociedade civil, para elaborar proposta de
regulamentação do CNPIR, a ser submetida ao
constantes do orçamento do exercício de 2007.
Presidente da República.
Parágrafo único - As modificações de que trata o
inciso II deste artigo incluem a abertura de créditos
Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial
especiais destinados, exclusivamente, à criação de de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
categorias de programação indispensáveis ao Presidência da República, 1 (um) cargo de Secretário-
funcionamento de órgãos criados ou decorrentes desta Adjunto, código DAS 101.6. (“Caput” do artigo com
redação dada pela Lei nº 11.693, de 11/6/2008)
Lei, respeitado o Art. 7º da Lei Orçamentária de 2007.
Art. 18 - Fica o Poder Executivo autorizado a praticar Parágrafo único. (Revogado pela Medida
Provisória nº 419, de 20/2/2008, convertida na Lei nº
os atos necessários à continuidade dos serviços, até a
11.693, de 11/6/2008)
definitiva estruturação dos órgãos criados ou
reorganizados por esta Lei. Art. 4º-A Fica transformado o cargo de
Secretário Especial de Políticas de Promoção da
Art. 19 - Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de
Igualdade Racial no cargo de Ministro de Estado Chefe
2007. da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Art. 20 - Revogam-se as disposições em contrário. Igualdade Racial. (Artigo acrescido pela Medida
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em Provisória nº 419, de 20/2/2008, convertida na Lei nº
11.693, de 11/6/2008)
28 de dezembro de 2006.
PAULO SOUTO Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de
sua publicação.
Congresso Nacional, em 23 de maio de
2003; 182º da Independência e 115º da República .
Lei Federal nº 10.678 de 23 de maio de 2003 (Cria
a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Senador EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS
Racial da Presidência da República).

Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da


Igualdade Racial, da Presidência da República, e dá
outras providências.

Faço saber que o PRESIDENTE DA


REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 111, de
2003, que o Congresso Nacional aprovou, e eu,
Eduardo Siqueira Campos, Segundo Vice-Presidente,
no exercício da Presidência da Mesa do Congresso
Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da
Constituição Federal, com a redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, combinado com o art.
12 da Resolução nº 1, de 2002-CN, promulgo a
seguinte Lei:

Art. 1º Fica criada, como órgão de


assessoramento imediato ao Presidente da República,
a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial.

Art. 2º (Revogado pela Lei nº 12.314, de


19/8/2010).

Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular


da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, da Presidência da República, e terá a
sua composição, competências e funcionamento
estabelecidos em ato do Poder Executivo, a ser editado
até 31 de agosto de 2003.

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