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Rita Cipriano
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20/12/2017 A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira – Observador
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20/12/2017 A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira – Observador
Fernando Pessoa em " agrante 'delitro'" no Abel Pereira da Fonseca. Foi esta fotogra a que
desencadeou a segunda fase do namoro com Ofélia Queiroz (Wikimedia Commons)
A pesquisa, iniciada por Crespo, foi depois continuada por José Blanco,
que ponderou a hipótese de a mulher misteriosa se tratar da mulher do
advogado José de Andrade Neves, filho do primo e médico de Pessoa,
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Mas José Barreto teve mais sorte. “Com base nestas três cartas inéditas
que encontrei — uma encontra-se no espólio de Fernando Pessoa na
Biblioteca Nacional e as outras duas no espólio que está na posse da
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José Barreto cita no seu artigo. A sua irmã, Eileen, era três anos mais
velha. Depois de completar uma licenciatura geral de três anos na
University of St. Andrews, na Escócia, começou a trabalhar no Foreign
Office, em Londres, tendo sido nomeada junior assistant desse mesmo
ministério apenas três anos depois, em 1929. Aos 35 anos, depois de um
casamento falhado com um jovem inglês, casou-se novamente com
Frederick William Winterbotham, responsável por chefiar a Air Section
do Secret Intelligent Service (SIS), de 1929 a 1945.
Foi mais ou menos nessa mesma altura que, segundo conseguiu apurar
José Barreto, foi admitida em Bletchley Park (também conhecido como
Station X), nos arredores de Londres, onde funcionou, durante a
Segunda Guerra Mundial a Cypher School, onde eram decifrados os
complexos códigos alemães. Meses depois, foi transferida para a sede do
SIS, em Londres. Isto significa que o boato que circulava na
família era mesmo verdade — Madge trabalhou mesmo na
descodificação de mensagens alemãs durante a guerra. Depois
do final do conflito, continuou vinculada ao Foreign Office. O seu
casamento, contudo, terminou em 1946 e não existem indícios de que
tenha tido filhos. Morreu a 3 de julho de 1988, aos 83 anos. “Ou seja,
semanas depois do centenário do nascimento de Fernando Pessoa”,
frisou José Barreto.
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“Muito obrigado pela tua carta simpaticamente agressiva do dia… — não, não é de dia
nenhum, pois veio femininamente não datada”, escreveu Fernando Pessoa, em inglês, num
rascunho datado de 9 de outubro. Esta é a última carta que se conhece enviada pelo poeta a
Madge Anderson (Coleção Particular de Manuela Nogueira)
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Não se sabe qual foi a resposta de Madge a esta carta. “Sabemos, porém,
que ela realmente respondeu com uma ‘carta simpaticamente agressiva’,
como Pessoa lhe chama em nova missiva sua, datada de 9 de outubro de
1935”, escreveu José Barreto. Esta mensagem — também ela um
rascunho em posse da família — é a última que se conhece escrita pelo
poeta à sua paixão inglesa. Até à publicação do artigo de Barreto, esta
ainda não tinha sido identificada como sendo para Madge Anderson
porque não inclui nenhuma referência ao destinatário.
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Primeira página da carta enviada por Madge Anderson a Fernando Pessoa, datada de 14 de
novembro de 1935. Pessoa só a terá recebido alguns dias antes da sua morte, a 30 de
novembro (Biblioteca Nacional de Portugal, Espólio 3)
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amigos íntimos tinha muito poucos. Portanto, a vida privada era uma
coisa sagrada para ele. Ninguém sabia onde morava, etc. Preservava
muito a sua intimidade e a sua vida pessoa. É preciso notar que 90% da
poesia que ele escrevia era para a arca, não era para publicar. Nessa
poesia, ele abre-se mais em relação à sua vida afetiva”, como fez em
“D.T.”, um poema “alcoólico ou pós-alcoólico” que descreve
“sucintamente a encruzilhada psicológica do autor, posto perante a
escolha entre o alcoolismo e o amor, optando afinal pelo brandy,
embora saiba que lhe matará a alma”. Contudo, é sempre preciso ter
“um cuidado extremo” porque Pessoa tinha jeito para disfarçar.
“Introduz dados que, de certo modo, fantasiam um pouco. Esconde
aqui, esconde acolá. Nunca é completamente claro e aberto e há que ter
isso em conta”, disse José Barreto, salientando, porém, que “são tantas
as provas na poesia que escreveu em português, inglês e até em francês
nesse ano” que é difícil ignorar.
“De facto, a hipótese do Ángel Crespo era muito sólida”, admitiu. “Parti
desse princípio. Em 1978, quando foi editado pela primeira vez o
conjunto de cartas de amor de Fernando Pessoa a Ofélia, David
Mourão-Ferreira disse no prefácio que, tanto quanto se sabia,
era o único episódio sentimental da vida de Pessoa e que era
improvável que houvesse outra história. Nunca acreditei
nisso. De facto, a poesia de amor não é muito abundante, mas
há muita coisa que não encaixa na história da Ofélia.” Mas,
ainda assim, a interpretação de Barreto não deixa de ser apenas uma
sugestão e o investigador faz questão de deixar isso bem claro: “Não
posso provar [que Pessoa estava realmente apaixonado por Madge],
nem provavelmente alguém poderá. É uma hipótese que tem base, que
tem fundamento e que é preciso considerar”.
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20/12/2017 A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira – Observador
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Poderá ter sido com Madge em mente que Fernando Pessoa escreveu, a
22 de novembro de 1935, o poema “The happy sun is shinning” (em
português “O sol feliz brilha”). O texto em inglês não é inédito — foi
publicado pela primeira vez por Ángel Crespo, em 1989, e depois
incluído na edição de poesia inglesa editada pela Assírio & Alvim em
2000 (com organização de Luísa Freire) e na edição de 2016, da mesma
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um poeta racional, não quer dizer que não fosse capaz de se apaixonar
perdidamente por alguém.
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Apesar de “The happy sun is shinning” ter sido o último poema escrito
por Pessoa, não é, contudo, o último escrito atribuído ao poeta. Como se
sabe — a história é famosa –, antes de morrer, Fernando Pessoa terá
escrito num papel as palavras “I know not what tomorrow will bring”.
A última frase dita foi, porém, outra. Como relatou João Gaspar Simões
na sua biografia do poeta: “Agonizava, e no meio da sua agonia,
repuxando a dobra do lençol, teve, de súbito, uma pausa de estranha
inquietação. Abriu os olhos, olhou em roda, e vendo que não via,
serenamente, como quem não esquece que os míopes, para ver,
precisam de óculos, pediu que lhe dessem as suas lentes: ‘Dá-me os
óculos’, murmurou, semicerrando os olhos enevoados. Foram estas as
suas últimas palavras”.
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20/12/2017 A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira – Observador
fascinado por ele quando era ainda muito jovem.” No texto que
escreveu para a Plural, o filho, também arquiteto, conta que o
pai “lia muito, à noite, todas as noites”, enquanto ia tirando
pequenas notas que hoje podem ser encontradas um pouco
por todo o espólio. “Em todos os livros e objetos.” Estas
anotações incluem “várias informações — do que é que se trata, onde
comprou os materiais, a quem comprou, se há alguma característica
específica, se se trata de um achado”. “E depois ainda fazia muitas vezes
referência a artigos ou livros que podiam ajudar a compreender aqueles
textos”, explicou Vasconcelos. “Quem entrar [na coleção] com um
conhecimento mínimo dos Estudos Pessoanos ou Sa-Carneirianos e
quiser saber mais, ele deixou uma espécie de introdução teórica aos
manuscritos”, afirmou o editor convidado da Pessoa Plural, um dos
primeiros a consultar o espólio, que se encontra no Porto. “O rigor das
notas é interessantíssimo.”
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Raul Leal foi um escritor português que ficou sobretudo conhecido pela
participação no número dois do Orpheu — com uma “novela vertígica”
chamada Atelier —, e por ser o autor do ensaio polémico Sodoma
Divinisada, sobre António Botto, que foi publicado em 1924 pela editora
Olisipo de Pessoa. “Neste ano em que se celebrou o centenário da
Portugal Futurista, fizeram-se vários colóquios, no Rio de Janeiro, em
Pádua e em Lisboa. Leal acaba sempre por ser posto de lado porque foi
mais um autor de polémica devido aos seus ensaios filosóficos,
extravagância de comportamento e de discurso também”, afirmou
Ricardo Vasconcelos. Personagem controversa, a vida de Raul Leal (com
um enredo digno de um filme) acabou por absorver toda a sua obra —
em grande parte desconhecida — e o seu papel na introdução do
Futurismo em Portugal desvalorizado.
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Mário de Sá-Carneiro morreu a 26 de abril de 1916, em Paris. Os manuscritos que deixou no interior
do quarto de hotel onde vivia permanecessem desaparecidos
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Além deste texto sobre Raul Leal, Ricardo Vasconcelos escreveu outros
dois artigos para este número da Pessoa Plural, também relacionados
com Mário de Sá-Carneiro. “Porque é que não escreve Cartas?” revela
correspondência inédita entre o poeta e o seu avô paterno, José Paulino
de Sá Carneiro, e “Uma Carta Inédita de Fernando Pessoa”,
também relacionado com a morte de Sá-Carneiro, fala sobre a
segunda carta de Pessoa ao gerente do Grand Hôtel de Nice,
onde Sá-Carneiro cometeu suicídio. Até agora, só se conhecia a primeira
carta escrita e enviada por Pessoa ao gerente do Nice, a 26 de setembro
de 1918, mais de dois anos depois da morte de Sá-Carneiro. Existe uma
cópia desse documento na Coleção Fernando Távora, juntamente com
uma anotação que explica que o original “pertence ao espólio de
F[ernando] Pessoa e foi cedido para figurar na Exposição Biblio-
Iconográfica realizada quando do I Congresso Internacional de Estudos
Pessoanos”.
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Na segunda carta escrita ao gerente do Nice, Fernando Pessoa refere que Carlos Ferreira é
capaz de dar “todas as informações necessárias e quaisquer garantias escritas” para que os
manuscritos “do falecido Sr. Mario de Sá Carneiro” lhe sejam entregues (Coleção Fernando
Távora)
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Nesse aspeto, Jerónimo Pizarro sente que a Pessoa Plural está, de certo
modo, a dar continuidade ao “trabalho histórico muito importante da
Persona” e até ao “relacionamento” que a revista pessoana “tinha com a
Coleção Fernando Távora”, a que a Pessoa Plural presta tributo neste
último número. “A minha memória da Persona não é apenas da revista,
é de três ou quatro artigos que marcaram a minha leitura de Fernando
Pessoa. A minha esperança com a Pessoa Plural é a mesma — que
alguns artigos fiquem na memória de alguns leitores.”
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Apesar de ser uma revista académica, tal como era a Persona, a Pessoa
Plural não é apenas dirigida a investigadores. Essa é, aliás, a ambição
dos editores — que a revista chegue a todos os interessados em
Fernando Pessoa e no modernismo português, em todas as partes do
mundo. Nesse sentido, “é fundamental que a revista seja em open
access”. “Qualquer pessoa pode lê-la. Não é preciso assinaturas, não é
preciso pagar nada”, frisou Paulo de Medeiros. Todos os investigadores
— editores incluídos — trabalham sem receber “qualquer remuneração
seja do que for”. Tudo acontece por amor à causa e por solidariedade
para com o projeto. “Como dizia o Pessoa, ‘tudo vale a pena se a alma
não é pequena’.”
O que Jerónimo Pizarro nunca pensou foi que a revista, que começou
por ter menos de 500 páginas, acabasse por ter quase mil, tornando-se
num “monstro de muitas cabeças”. “É uma coisa que está a crescer de
uma forma difícil de acompanhar e que está a dar imenso trabalho.
Andamos a trabalhar com muitas imagens, a rever muitos
textos, a trocar muitos emails, e queria simplificar isso”,
admitiu o editor, acrescentando que não sabe se, no futuro, “dará para
manter este ritmo”. “Temos mantido um ritmo exagerado de mil
páginas porque ainda há muitíssimo material para dar a conhecer e, na
revista, sempre quisemos ter uma parte de artigos mais teóricos, críticos
e interpretativos, e uma segunda parte para documentos. E sempre
quisemos ter imagens. Existe esta sensação de que há tanta, tanta coisa
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que os números, que foram pensados para ter 200 páginas, cresceram
espontaneamente ao ponto de terem mais de 700.” O que acontece até
com ele.
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A revista chama-se "Pessoa Plural" porque, tal como os investigadores, editores e diferentes
abordagens que a compõem, Fernando Pessoa também foi sempre múltiplo (Wikimedia Commons)
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20/12/2017 A última paixão de Fernando Pessoa não foi Ofélia, foi uma inglesa loira – Observador
processo que agora demora apenas um dia), esta passagem vai permitir
tornar as coisas muito mais interativas. “O repositório da Brown
permite fazer coisas que nunca pensámos. Podemos usar
som, transcrições digitais, publicar filmes. Pode tornar-se de
facto numa revista multimédia, e gostava de brincar muito
com isso”, admitiu o investigador, dando como exemplo o que foi feito
no Arquivo Digital do Livro do Desassosego, uma plataforma interativa
que permite comparar diferentes edições da obra de Bernardo Soares e
criar edições digitais. “Queria aproveitar o ano que vem e fazer uma
coisa muito diferente”, acrescentou Pittella. “Vou sempre querer que a
Plural seja mais plural.” E mais multimédia, claro.
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