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Peter Lemesurier

União com o Divino

Transição dos Era catalítica


planos do espírito da iniciativa

N
Milênio; era %
terrena da
fuga espiritual

Explosão de iluminação

Era da evolução Caminho Físico


cármica em direção renascimento para os Caminho restrito de
à iniciativa espiritual semi-iluminados •v. esforços físicos

Tuner de fuga para aqueles que,,


conseguem a iluminação / /
"Caminho das Mortos'y trilha
;t geral da degeneraçãohumana

Era redentora de
" t o t a l " reencarnaçSo e
"inferno na Terra"

Caminho da fuga x= -
impossível para os não
iluminados

w •m m m g a m ipROJÍ^O
H H M I « É ^ H I mmiSk
ÍNDICE

PRIMEIRA PARTE
A Casa do Conhecimento Escondido

1 Uma Mensagem dos Mortos?


2 Desvelando a Pirâmide
3 A Pirâmide Fala
• Observações Gerais
• A Entrada
• A Passagem Descendente
• As Linhas Traçadas
• Começo da Passagem Ascendente
• A Passagem Ascendente
• O Triângulo Messiânico
• O Cruzamento dos Puros Caminhos da Vida....
• A Passagem para a Câmara da Rainha
• A Câmara da Rainha
• A Parte Inferior da Passagem Descendente
• O Poço-Fonte
• A Grande Galeria
• A Passagem para a Câmara do Rei
• A Câmara do Rei
• As Câmaras de Construção
• O Detalhe Subterrâneo
• A Grande Câmara Subterrânea
• Características Modernas
• Reflexos ao Meio-Dia do Revestimento Original
• O Angulo de Belém
• O Ângulo Quadrantal
• O "Messias Celestial"
4 Feedback: A Questão da Validade
5 Coisas Não Explicadas — e Evidências de um Plano-Mestre.
• Nota Histórica
6 Resumo Cronológico dos Acontecimentos Apontados
pela Grande Pirâmide

SEGUNDA PARTE
Testemunho dos Iniciados

7 A Pirâmide e os Textos Sagrados


8 Um Terceiro Olho no Futuro
• São Malaquias
• Nostradamus
• Coinneah Odhar Fiossaiche
• Edgar Cayce
• Mário de Sabato
• Jeane Dixon
• Vladimir Soloviev
• Budismo e Hinduísmo
• T. Lobsang Rampa
9 Lembranças do Futuro?
• A História da Criação, no Livro do Genesis
• O Jardim do Éden
• A História do Dilúvio e de Noé
• A História de Abraão
• A História de Moisés e do Êxodo
• Quem era Yaveh?
• A Lenda dos Três Reis Magos
• Antigos Paralelos Bíblicos e Messiânicos na América Central
• A Tradição da Atlântida
• Paralelos Astrológicos
10 O Sinal do Messias

APÊNDICES

A As Unidades de Medida da Grande Pirâmide


B A Sinfonia Geométrica da Grande Pirâmide
1. Vínculos Astronômicos com as Dimensões do Edifício
2. A Geometria da Base da Grande Pirâmide Fundamentada na Astrono-
mia, e seus Vínculos com as Próprias Medidas Internas 340
C As Dimensões da Grande Pirâmide e os Dados da Lista de Reis do
Egito 342
D As Dimensões da Grande Pirâmide e a Razão Phi 346
E A Grande Pirâmide, Stonehenge, a Catedral de Chartres, Carnac — e os
Limites da Coincidência 352
F As Medidas Internas Principais da Grande Pirâmide 356
G A Grande Pirâmide: Dados do Miolo de Alvenaria 363
H Definição Geométrica Interna da Grande Pirâmide para sua Pedra do
Ápice Inexistente 365
I O Plano Messiânico.— Um Resumo Experimental 369

BIBLIOGRAFIA 371
O autor expressa os seus agradecimentos aos seguintes indivíduos e entidades
pela gentil permissão dada para a reprodução de material de sua propriedade;
A Association for Research and Eniightenment, Inc., de Virgínia Beach, Virgínia,
pelos trechos de suas leituras de Edgar Cayce e por seu encorajamento; a Ernest Benrs
Ltd., pelos diagramas nas pp. 17, 19, 118, 127, 268, 281, 322, 336, 343 e, copiados por
completo ou em partes do vol. I de The Great Pyramid: Its Divine Message, por David-
son e Aldersmith; à Cambridge University Press, pelo trecho de Divani Shamsi Tabriz,
de Jalal'ud-Din Rumi, traduzido por R. A. Nicholson; a The Hamlyn Publishing Group
Ltd., por citações de Mythology of the Américas, de Burland, Nicholson e Osborne; a
The Merseyside County Museums pelo desenho de Yiacatecuhtli, do Codex Fejervary-
Mayer, na p. 291; a The Mondadori Press (Milão) pela vista aérea da Grande Pirâmi-
de, na p. 20; a Penguin Books Ltd., por citações do Bhagavad Gita, editado e traduzi-
do por Juan Mascaro (Penguin Classics 1961, copyright © Juan Mascaro 1961); a Ma-
rio de Sabato, pelos trechos de seu Confidences d'un Voyant (Hachette, 1971); a Turns-
tone Books pelo pilar Djed, na p. 177 (original de The Sphinx and the Megaliths, de john
Ivimy); a Roger Viollet (Paris) pela fotografia da roda da carruagem solar, na p. 29;
ao Dr. Adam Rutherford pelos diagramas copiados de modo total ou em partes de
sua obra Pyramidology, publicada pelo Institute of Pyramidology, especificamente aque-
les nas seguintes páginas (os números das páginas de Rutherford são mostrados en-
tre parênteses): 25 (aba), 56 (950), 103 (974), 104 (977), 106 (983), 111 (986), 139 (1.065
e 1.070), 149 (1.088), 181 e 188 (aba), 199 (966), 340 (298) e 358 (1.296-7). Os conselhos
e a ajuda do falecido Dr. Rutherford — dados de modo generoso, apesar de sua vigo-
rosa oposição a muitos de meus métodos de trabalho e conclusões — foram de enor-
me valor em toda esta obra e sua meticulosa pesquisa serviu de base para pratica-
mente tudo que se possa considerar válido (e não pode ser considerada como motivo
para quaisquer erros ou inconsistências) nas partes deste livro que se baseiam nas
Pirâmides. As ilustrações das pp. 27, 69, 78, 82 (superior), 99, 109, 117,131, 137, 157
e 186 foram tiradas da obra The Great Pyramid Passages and Chambers, de J. e M. Edgar,
publicada por Bone & Hulley, e aquelas mostradas nas pp. 14 e 15, da obra do Prof.
EDGAR CAYCE, 30 de junho de 1932
1

Uma Mensagem dos Mortos?

Durante mais ou menos os últimos cem anos de sua história conhecida de quatro
mil anos, a Grande Pirâmide de Gizeh, no Egito — a primeira e última das Sete Mara-
vilhas do mundo antigo — tem atraído mais do que uma quantidade normal de ex-
cêntricos e piramidomaníacos. Todos entusiastas, suas teorias variam desde as mais
fantásticas, passando pelas sublimes, até atingir as ridículas. E, como resultado dire-
to de suas obras, qualquer teoria que veja a Pirâmide como algo mais do que um amon-
toado bem-feito de pedras com finalidades funerárias acaba sendo taxada de "mera
especulação" sem ao menos uma olhada para as provas mostradas.
No entanto, se as alegações dos grupos de lunáticos às vezes são consideradas
fantásticas, a Pirâmide em si ainda é mais fantástica. Poucas pessoas estariam dis-
postas a pôr em dúvida a afirmação de que se trata do maior edifício jamais erguido
neste planeta1 — e que tem, por exemplo, o dobro do volume e trinta vezes a mas-
sa do edifício Empire State, em Nova York. Além disso, poder-se-ia considerar teme-
rário o homem que se dispusesse a encontrar, mesmo em nossos dias, um edifício
alinhado de maneira mais precisa com os verdadeiros pontos cardeais da bússola,
alvenaria de peças alinhadas com mais precisão ou pedras externas de acabamento
mais esmerado.
Aqueles que não se deixam convencer afirmam que o eixo norte-sul da Pirâmide
encontra-se fora de alinhamento em cerca de cinco minutos de arco, ou um doze avós
de um grau, Mas uma tal afirmação representa a ignorância de provas astronômicas
segundo as quais a causa desse erro de um minuto encontra-se no movimento gra-
dual do próprio eixo da Terra e não na imprecisão de parte dos construtores originais
do edifício.
Por outro lado, os céticos talvez duvidem de que as pedras da Pirâmide — algu-
mas das quais chegam a pesar até setenta toneladas — foram cortadas com tamanha
precisão e colocadas no lugar de maneira tão cuidadosa que as junções registram me-
nos de meio milímetro de abertura. Talvez cheguem até a zombar dessa afirmação,
argumentando que uma camada muito fina de cimento poderia ter sido lançada por
entre as juntas, por profissionais tão capacitados a ponto de poderem fazer uma co-

13
14
PIRÂMIDE DE REEGEN PIRÂMIDE NORTE
DE ABOOSE1R

CENTRAL PIRÂMIOE DE SAKKARA t

PIRÂMIDE DE SAKKARA N« 2 SAKKARA N ' 3 PIRÂMIDE DE SAKKARA N* 4 PIRÂMIDE DE SAKKARA N' 5


RJ PIRÂMIDE

PIRÂMIDE DE SAKKARA N" B

BASE DA PIRÂMIDE DE PIRÂMIDE DE PEDRA PIRÂMIDE DE PEORA


MUSTABET EL FAHAUN

PIRÂMIDE OE TUOLOS NORTE PEQUENA PIRÂMIDE DE DASHUR PIRÂMIDE DE TIJOLOS SUL DE DASHUR
OE DASHUR

PIRÂMIDE NORTE DE LISHT PIRÂMIDE SUL DE LISHT PIRÂMIDE FALSA OU


PIRÂMIDE DF MEYDOUN

PIRÂMIDE DE NOWARA PIRÂMIDE N*1


DEBIANMU

Aígumas das menos conhecidas pirâmides egípcias (cópia da obra do Prof. G.


Piazzi Smith, Our Inheritance in íhô Great Pyramid, 1864),

Assim, todos os historiadores, liderados pelo clássico Heródoto, tiveram o seu


dia de sucesso. E não podia ser de outra forma, tendo em mente que, para Heródoto,
a construção da Pirâmide estava tão remota no tempo como o próprio Heródoto está
de nós. Sem saber coisa alguma a respeito da origem do projeto, eles se deixaram
cair num processo de extrapolação selvagem a partir de seus parcos conhecimentos
das dinastias posteriores. Já ficou demonstrado que os egípcios eram obcecados com
a morte e a imortalidade, com o embalsamamento dos mortos, com os preparativos
para a vida no mundo inferior. Portanto, o Projeto da Grande Pirâmide representa
a mesma obsessão magnifiçada ao grau máximo. Dessa forma, a cena que nos é des-
crita parece uma espécie de melodrama gótico não igualado em sua mera loucura an-
tediluviana. O megalomaníaco faraó Queops, meditando longamente sobre os desti-

15
nos de sua própria alma eterna, decide aplicar todos os recursos do seu reino num
projeto colossal destinado apenas a alimentar suas necromânticas ilusões de imorta-
lidade. Para satisfazer o mero capricho supersticioso desse homem, milhares de es-
cravos labutam dia após dia para arrastar gigantescos blocos de pedra para cima
de rampas muito inclinadas, sem a ajuda de qualquer ferramenta ou implemento
além de primitivos arrastões, alavancas, cordas e carretilhas. Capatazes, cuja ima-
gem sai das hostes dos extras de Hollywood, gritam suas ordens e conferem os pro-
jetos. Os açoites estalam, as cordas rangem, os operários torturados soltam seus
gemidos. Por um breve momento no tempo as fervilhantes massas de homens sua-
dos e ignorantes trabalham com ferramentas grosseiras sob o velho brilho do sol
e depois são engolidas uma vez mais pelas brumas do alvorecer da antigüidade.
O silêncio e a areia retornam.
E o resultado? A Grande Pirâmide — um edifício tão perfeito e tão grande que
sua construção sobrecarregaria as técnicas e os recursos até da tecnologia moderna
quase ao ponto da ruptura. No entanto, isso — ou algo parecido — é apresentado
como uma sensata explicação do projeto. Sensata, quando apenas uns cem anos se-
param esse exemplo supremo da técnica dos pedreiros da construção da celebrada
pirâmide de degraus do Rei Zoser, em Sakkara, que se diz ter sido o primeiro grande
edifício de pedra jamais erguido na Terra.
A verdade mais pura, naturalmente, é que nenhum historiador ainda foi capaz
de apresentar qualquer explicação de fato convincente sobre a construção da Grande
Pirâmide. Nenhum homem vivo sabe com certeza como a Pirâmide foi levantada, quan-
to tempo demorou a sua construção, como foi possível chegar a seus alinhamentos
quase perfeitos antes da invenção da bússola, ou como o seu revestimento externo
foi rejuntado e polido com uma precisão tão grande. Tampouco os historiadores fo-
ram ainda capazes de apresentar, qualquer teoria convincente sobre as razões pelas
quais um empreendimento tão gigantesco, combinado com uma precisão tão incrí-
vel, teria sido considerado necessário para a construção de um mero túmulo e um
monumento funerário para um rei morto que, de toda maneira, parece jamais tê-lo
ocupado. 2
Mas este é apenas o começo do mistério. Uma coisa é alinhar o edifício exatamen-
te conforme os quatro pontos cardeais da Terra. Mas é bem diferente colocá-lo no centro
exato do quadrante geométrico formado pelo Delta do Nilo — o antigo reino do Baixo
Egito. E esse foi o caso, conforme a Pesquisa Costeira dos Estados Unidos descobriu
em 1868 e o mapa da página 17 nos mostra. E ainda houve uma bonificação: a refe-
rência a qualquer projeção de área-igual na superfície da Terra revela que o lugar es-
colhido também fica no meridiano de mais longo contato com a terra na superfície
do planeta e no centro geográfico de toda a sua massa de terra, incluindo as Américas
e a Antártica. O mesmo não poderia ser dito, por exemplo, de Vladivostok ou Buenos
Aires. Como, porém, o projetista naturalmente não tinha como saber disso, em virtu-
de da condição limitada de seus conhecimentos, os fatos relatados acima devem ser
fortuitos. 3 Mas, neste caso, temos vários outros fatos fortuitos para levar em consi-
deração. Os dados mostrados nos Apêndices A e B demonstram, por exemplo, que
existem claros vínculos matemáticos entre as dimensões da Pirâmide e os dados

16
MEDITERRÂNEO

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GRANDE PIRÂMIDE
SUEZ

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O QUADRANTE DO DELTA DO NILO El Masara
Sakkara Memphis
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geofísicos básicos da Terra e a astronomia orbital. A unidade básica de medida apa-
rentemente utilizada pelo autor do projeto é um exato décimo de milionésimo do
raio polar médio da Terra. A base quadrada projetada para a Pirâmide tem uma
medida lateral de 365,242 dessas mesmas unidades — cifra idêntica ao número de
dias no ano solar tropical — e a mesma cifra é encontrada em outras características
do projeto. Além disso, a partir do formato ligeiramente reentrante da base da alve-
naria do miolo, encontram-se as medidas alternadas de 365,256 e 365,259 dessas
unidades — cifras que representam a duração, em números de dias, do ano sideral
(o tempo levado pela Terra para completar uma volta ao redor do Sol) e o ano ano-
malístico (o tempo que a Terra demora para voltar ao mesmo ponto em sua órbita
elíptica, que em si mesma gira devagar ao redor do Sol). Por outro lado, a tomada
de medidas mais detalhadas parece fornecer figuras exatas para a excentricidade dessa
órbita, para a distância média entre a Terra e o Sol e para o período do ciclo preces-
sional (um período de mais de 25.000 anos). Se alguém desejasse ter um símbolo
arquitetônico para o próprio planeta Terra, não poderia escolher melhor do que a
Grande Pirâmide de Gizeh.
Mas isto não é tudo. Apesar de parecer que a Pirâmide foi deixada de propósito
pelos seus construtores sem a pedra de seu ápice4 e apesar de nenhuma de suas pe-
ças de revestimento externo permanecer in situ, as brocas que marcam as suas funda-
ções estão ali, o ângulo de inclinação de suas faces pode ser deduzido a partir das
pedras de revestimento que ainda estão preservadas, e o arquiteto incluiu no projeto
de cada face uma reentrância triangular representando um modelo em escala de um
quinto do corte lateral da Pirâmide. Como conseqüência, não sabemos apenas o com-
primento da base lateral da Pirâmide, mas podemos calcular, também com precisão,
a sua altura projetada. E acontece que a proporção do perímetro-base em relação à
altura é nada mais nada menos do que duas vezes a quantidade pi (ir) — em outras
palavras, a altura da Pirâmide está para seu perímetro-base como o raio de um círculo
para a sua circunferência. Usando-se a unidade de medida já mencionada (o Côvado
Sagrado), cada uma das medidas básicas externas e internas da Pirâmide pode assim ser ex-
pressa como uma função das quantidades pi e 365,242.5 Em outras palavras, a geometria
da Pirâmide não apenas combina todos os dados acima numa identificação simples
e elegante do planeta sobre o qual vivemos, mas também dá a essas quantidades uma
expressão durável na relação de uma com a outra.
Claro que tudo isso não seria façanha que um arquiteto ignorante, supersticioso
e semipré-histórico poderia conseguir realizar por mero acidente. De fato, a esta altu-
ra deve estar abundantemente claro que nada houve de acidental a respeito de tudo
isso. As medidas da Grande Pirâmide não refletem uma série de coincidências fortui-
tas, mas sim um nível extraordinariamente avançado de conhecimento da parte de
seu projetista — um nível comparável apenas à tecnologia dos seus construtores. Em
vista disso, não temos outra escolha além de examinar de maneira toda nova as ques-
tões de como e por quê. As respostas até agora aceitas já não nos servem mais.
Já se registraram tentativas no sentido de mostrar que a dedução desses dados
a partir das medidas da Pirâmide baseia-se em medidas egípcias que na verdade não
existiam naquela época, ou que pelo menos não foram usadas na construção da Grande

18
Vista aérea da Grande Pirâmide {lado oriental na sombra). Notem-se os poços dos
barcos. Ainda podem ser vistas algumas deis pedras da 203* camada na plataforma do
ápice. O que parece ser uma entrada é resultado da escavação feita pelo Coronel
Vyse, em 1836.
Pirâmide — a saber, a chamada Polegada Primitiva (igual a 1,00106 Polegada Inglesa)
e o Côvado Sagrado (igual a 25 Polegadas Primitivas). Muita gente acredita que o emi-
nente e respeitado egiptdlogo Sir Flinders Petrie, em sua obra Pyramids and Temples
ofGizeh (1881), conseguiu demolir a idéia de que essas medidas foram usadas no pro-
jeto da Pirâmide. O que nem todo mundo sabe, contudo, é que vários exemplos cla-
ros de seu uso podem ser vistos nas próprias medidas de Petrie, e que a precisão e inde-
pendência dessas medidas serviram durante muitos anos como principal validação
dos dados já mostrados. Foi apenas durante o presente século que a precisão de Pe-
trie foi melhorada, como resultado do aperfeiçoamento das técnicas de levantamen-
to, sustentadas por meticulosos cálculos geométricos, estabelecendo por fim a valida-
de das várias correlações sem a possibilidade de qualquer questionamento. E isso sem
ao menos acrescentar a evidência adicional mostrada no Apêndice C quanto ao fato
de que as cronologias da lista de reis dos antigos egípcios eram, em grande parte,
fictícias e tinham sido ajustadas de modo a entesourar um registro claro das dimen-
sões vitais da Pirâmide — naquelas mesmas Polegadas Primitivas cuja existência foi
aparentemente destruída por Petrie. Mesmo que a Grande Pirâmide já não existisse mais,
seria possível, por meio da aplicação geométrica experimental das cifras contidas Tias antigas
listas de reis, reconstruir o seu exterior com um incrível grau de precisão.
De qualquer modo, o uso ou não-uso histórico, pelos egípcios antigos, da Polegada
Primitiva e do Côvado Sagrado tem interesse apenas acadêmico. Afinal de contas,
é bastante possível deduzir, a partir de uma analise das dimensões da Pirâmide —
ou mesmo postular —, unidades de medida que demonstram de maneira consistente
todas as correlações já mencionadas: e essas unidades sempre acabam sendo iguais,
respectivamente, à Polegada Primitiva e ao Côvado Sagrado, conforme deixam claro
os dados mostrados nos Apêndices A e B. É admissível que proporções como aquelas
entre os três tipos de anos astronômicos continuem a ser expressadas pelas medidas
da base da Pirâmide, sejam quais forem as unidades de medida usadas. Mas, assim que
aquelas proporções são expressadas em seus termos naturais (neste caso, o número
de dias do ano) e então reaplicadas à Pirâmide, a medida representando um dia volta
a ser um Côvado Sagrado exato em comprimento.
Portanto, pode-se demonstrar de maneira conclusiva, independente de quaisquer
considerações de caráter histórico, que as medidas básicas postuladas e as correla-
ções mostradas são todas inerentes ao projeto da Pirâmide — e como conseqüência
temos de admitir que o projetista que as colocou ali sabia muito bem disso. E é claro
que isso suscita problemas imediatos para os historiadores.
Afinal de contas, se admitirmos não ter sido fortuita a inclusão dos dados já men-
cionados no projeto da Pirâmide — e parece não haver alternativa além disso —, en-
tão estaremos virtualmente admitindo que o grau de conhecimento científico demons-
trado pelo projetista da Pirâmide é de todo incompatível com aquilo que a atual teoria
histórica nos conta sobre a história antiga do homem. É tão grande o abismo que exis-
te entre os fatos e a teoria que muitos autores que se dedicam ao estudo da Pirâmide
acharam necessário admitir que aquele projeto foi desenvolvido pela própria Divin-
dade — um argumento desde sempre usado para explicar qualquer coisa que não se
consegue compreender, mas que jamais foi considerado satisfatório à luz dos conhe-

21
cimentos subseqüentes do homem. Uma explicação bem mais razoável seria que a
história humana não é aquilo que sempre fomos levados a acreditar, isto é, uma subi-
da gradativa, muito lenta e comprida, levando inexoravelmente do homem primitivo
para o cume das modernas conquistas da sociedade, sem que nada digno de nota te-
nha de fato acontecido durante os primeiros 1.995.000 anos da história de uns dois
milhões de anos do homem no mundo. Ao invés disso, parece que a história consiste
em pelo menos duas (e talvez muito mais) subidas gradativas, cada uma delas segui-
da de um repentino colapso e um reinicio, algo que faz lembrar os 'ciclos da existên-
cia' dos hindus e dos budistas, ou a semelhante concepção dos maias sobre a História
Universal. De fato, uma das mais antigas, mais universais e persistentes lendas en-
contradas entre quase todos os povos do mundo é a aparente lembrança folclórica
cujo exemplo típico é a história do Dilúvio, encontrada na Bíblia — talvez um teste-
munho oral da destruição cataclísmica de um mundo anterior cujos conhecimentos
e conquistas técnicas eram muito mais avançados do que qualquer coisa até agora atri-
buída pela história ao chamado homem antigo e que talvez possam igualar e até ul-
trapassar os nossos conhecimentos e conquistas.
Os registros arqueológicos demonstram de maneira bastante clara que o nível dos
mares subiu em todo o mundo mais de 90 metros entre 15000 e 4000 a.C., algumas
vezes à média de quase 10 metros por século. 6 Assim, como a maior parte das co-
munidades civilizadas tende a se desenvolver ao longo da beira do mar e dos rios
e seus estuários, quase todas as comunidades civilizadas que existiram durante aque-
la era devem ter sofrido algum tipo de catástrofe provocada pela água. A menos que
os seus habitantes tenham sido previdentes e decidido apanhar suas coisas e migrar
para alguma área menos perigosa, algo parecido ao que foi feito pelo Noé da Bíblia.
Mas a tendência humana mais convencional é de apenas construir defesas mais altas
contra o mar e permanecer ali mesmo, rezando para tudo daT certo. Até que um dia
o mar deve ter irrompido pelas defesas e outra civilização perdida juntou-se a longa
lista daquelas que fazem parte da mitologia do mundo, Teria sido isso o que aconte-
ceu com algumas civilizações antigas, bastante adiantadas, cujos traços todos — exce-
ção talvez, da Grande Pirâmide — teriam desaparecido?
Esta idéia parece fantástica, mas com que outro argumento se poderia explicar
a igualmente fantástica evidência da tecnologia da Grande Pirâmide e os aparentes
conhecimentos de seu arquiteto? A única alternativa pareceria ser o controvertido
postulado de von Dániken sobre homens vindos de outro mundo7 — mas esta idéia
talvez seja muito menos provável do que aquela que acabamos de colocar acima.
Por outro lado, a aparente falta de evidência arqueológica sobre as antigas socieda-
des humanas altamente desenvolvidas não deve ser vista como argumento conclusi-
vo contra a existência de tais civilizações antediluvianas. Afinal de contas, não te-
mos experiência suficiente para saber que formas esses restos teriam, onde pode-
riam ser encontrados, nem mesmo se essas civilizações deveriam deixar quaisquer
sinais reconhecíveis. Tampouco temos meios para saber a natureza ou a severidade
dos cataclismos que presumivelmente as teriam destruído.8 E parece haver boa mar-
gem de probabilidades de que, mesmo os sinais que porventura tivessem sido dei-
xados, estariam agora enterrados debaixo de muitos metros de água do mar e de

22
barro, mais ou menos do jeito que teria acontecido na descrição de Platão sobre a sub-
mersa Atlântida.
Além de tudo, talvez seja apenas aparente essa falta de evidência arqueológica.
Se essas civilizações existiram, então é pelo menos possível que alguns dos seus arte-
fatos já tenham sido descobertos. Mas a tendência natural de um arqueólogo treina-
do pelos meios tradicionais é de "encaixar" as suas descobertas dentro do molde pre-
concebido de idéias com relação ao formato da Pré-História. Afinal, é a sua própria
capacidade de fazeT isso que lhe garante as qualificações de arqueólogo. Como conse-
qüência, se as civilizações antigas tivessem deixado, por exemplo, pistas de pouso
para aviões, elas talvez fossem chamadas de "estradas rituais"; uma câmara cons-
truída com pedras e terra para filtrar a radiatividade ou para guardar máquinas deli-
cadas poderia acabar sendo identificada como uma "sepultura"; um observatório as-
tronômico dotado de computadores começaria imediatamente a ser visto como um
"templo", e instrumentos de demarcação apontados para cima, destinados a servir
de sinalização para aeronaves, tornar-se-iam "projetos mágicos para acalmar os deu-
ses". E quaisquer artefatos que não pudessem ser encaixados com facilidade dentro
da idéia geral que se faz do homem primitivo como sendo membro de uma sociedade
de caçadores obcecada com as considerações de ordem mágica e religiosa, seriam vis-
tos apenas como " n ã o classificados" ou "indecifráveis".
Por outro lado, a total ausência de objetos feitos de qualquer material, que não
seja a pedra ou os metais macios e menos úteis, é tomada com evidência não de que
quaisquer máquinas feitas de metal usadas pelas antigas civilizações teriam sido há
muito devoradas pela corrosão, mas sim de que a sociedade em questão era primiti-
va, encaixando-se na idade da pedra ou do bronze. Nesse caso, temos bastante razão
para temer pela reputação que nossa própria civilização vai ter entre os arqueólogos
do ano 20000.
Claro que os exemplos citados aqui são conjecturais e não deixa de ser aceitável
um certo ceticismo da parte dos círculos "oficiais" com relação à possibilidade da exis-
tência de civilizações bastante adiantadas no passado. O que não se pode aceitar, con-
tudo, é uma abordagem negativa do problema — a tese de que as medidas da Pirâmi-
de não podem ser conforme as descrevemos e que não teriam o significado geofísico
e astronômico sugerido, já que esses fatos (apesar de serem possíveis de comprovar)
são incompatíveis com as teorias atuais. É claro que os fatos devem ter precedência
sobre a teoria e não ao contrário. E sem sombra de dúvida os fatos sólidos existem
na terra do Egito para qualquer pessoa examinar, se assim o desejar —, da mesma
forma como têm existido há quatro mil anos ou mais e por certo permanecerão du-
rante muitos séculos no futuro. Da mesma forma como acontece com as leis científi-
cas que são substituídas diante dos resultados de pesquisas recentes, parece não ha-
ver alternativa a não ser uma reforma completa das teorias existentes.
Mas, qual o propósito de todo esse desperdício? Por que um membro de alguma
civilização antiga, porém bastante avançada, ao perceber que ele e os seus contemporâ-
neos se encontravam diante da ameaça de algum cataclismo (se aceitarmos a hipótese
colocada acima), teria decidido desenhar o projeto de criação do que pareceria ser pouco
além de um monumento de testemunho — um colossal investimento de tempo e es-

23
forço realizado, evidentemente, para o único propósito de mostrar aos homens do
futuro que outros haviam estado ali antes? Vista sob esta luz, a Pirâmide só pode ser
encarada como um mero exemplo de ostentação histórica.
Portanto, até que se comece a examinar outros possíveis motivos para uma tal
decisão, tudo indica nada mais ter sido além disso. Mas o estudo mais aprofundado
começa a mostrar que seria uma explicação pouco provável essa adjetivação, de que
se trataria de mera ostentação histórica. Tudo parece ter sido planejado com demasia-
do cuidado e preme ditação e envolveu um dispêndio tão grande de tempo e mate-
riais que não possamos nos conformar em aceitar uma explicação tão superficial. Tal-
vez seja provável que o autor do projeto tivesse em mente um propósito muito mais
sério quando, por fim, desenhou os planos para a construção do colossal edifício,
Mas, que propósito seria esse? Quem era ele e quais poderiam ter sido as circuns-
tâncias que p motivaram? Não temos como responder. Talvez ele tenha previsto o
cataclismo que já apresentamos como postulado. Ou talvez esse cataclísmo já se ti-
vesse abatido sobre a humanidade. Neste caso, poderíamos ver o projetista da Pirâ-
mide como membro de um grupo de emissários bem avançados de outra civilização
mais antiga, como um dos colonizadores e civilizadores talvez do tipo de Osíris e Thoth,
homens que, como Noé, teriam conseguido sobreviver ao cataclismo, construindo bar-
cos resistentes nos quais teriam chegado à terra do Egito. Neste caso, então, os restos
dos grandes barcos de madeira, descobertos nos cinco poços dos barcos afundados
nas pedras cheias de conchas marinhas ao redor da Pirâmide, talvez possam ter um
significado inesperado. Poderiam comemorar não tanto o simbolismo solar dos anti-
gos ritos funerários dos egípcios — simbolismo que possivelmente teria aparecido mais
tarde —, mas a viagem primordial daqueles antigos patriarcas fundadores da socieda-
de sob cujos majestosos auspícios a enorme montanha da Pirâmide adjacente teria
sido erguida, E deve-se lembrar de passagem que o grande Thoth (sob o nome grego
de Hermes Trismegisto) recebeu do sacerdote-historiador egípcio Maneto 9 o crédito
por ter escrito um total de 36.525 livros de sabedoria10 — cifra idêntica ao número de
Polegadas Primitivas no -perímetro projetado da Grande Pirâmide.
Seja como for, a questão permanece: qual teria sido o propósito tão sério de uma
civilização condenada para tentar a comunicação com os seus sucessores? A meta mais
óbvia pareceria ser a transmissão de alguma advertência ou aviso destinado a ajudar
a civilização posterior a evitar as armadilhas que teriam prendido os predecessores,
ou talvez até uma tentativa no sentido de orientá-la por um caminho mais consistente
com as verdadeiras capacidades e destino do homem. Podemos até deduzir que a ci-
vilização anterior teria ganho conhecimento disso, mas talvez tivesse sido incapaz ou
não quisesse fazer uso desse conhecimento, desejando transmiti-lo para benefício da
posteridade. A idéia pode parecer fantasiosa, mas essa função combinaria com a fun-
ção salvacionista aparentemente atribuída à Pirâmide pela revisão de Saite sobre o
Livro dos Mortos egípcio. E existem estranhos ecos desta idéia, mesmo nas antigas es-
crituras judeu-cristãs. 11 Na verdade, se o projetista acreditava em alguma forma de
ressurreição ou reencarnação — como, aliás, parece provável —, podemos até ver na
construção da Pirâmide um certo grau de interesse pessoal, uma forma de transmitir
para uma encarnação futura o conhecimento que ele havia adquirido e não seria

24
As passagens e câmaras da Grande Pirâmide de Giza, vistas de leste para oeste : o
negro representa o granito.

capaz de recordar de outra maneira. Ou, quando menos, uma certa preocupação pelo
destino final de seus próprios contemporâneos reencarnados.
Portanto, as características externas e as dimensões da Pirâmide, vistas sob este
prisma, teriam a função de dar validade à mensagem principal do autor do projeto:
poderiam ser interpretadas como as suas credenciais — a evidência de que 'ele sabe
o que está dizendo'. Mas, neste caso, onde estaria a mensagem em si?
Pela lógica, se a garantia está escrita do lado de fora do pacote, seria de se esperar
que o objeto garantido fosse encontrado na parte de dentro. A mensagem, caso ela
de fato exista, deveria estar, portanto, na parte interna da Pirâmide, mas nenhuma
inscrição parece ter sido deixada pelos construtores, exceto por umas poucas marcas
na pedra das câmaras superiores originalmente lacradas. Nada foi encontrado além
de um sistema de passagens ascendente, descendente e horizontal, ademais de um
falso poço-fonte ligando algumas câmaras de formato retangular (vide diagrama aci-
ma). Portanto, as únicas coisas que podemos registrar a respeito dessas característi-
cas são as suas dimensões, seus ângulos de inclinação, suas posições relativas e os
tipos de pedras com os quais foram construídas. Assim, se é que existe alguma men-
sagem, ela deve ser encontrada nessas características e não escrita em qualquer idio-
ma conhecido. E elas podem ser quando menos expressas em termos de matemá-

25
tica — a única linguagem de fato universal —, de modo que talvez seja em termos de
matemática que a mensagem deva ser interpretada, da mesma forma que as dimen-
sões externas. Na verdade, a escolha de um código matemático teria sido uma sábia
decisão de parte do projetista, porque ele não tinha como saber por quanto tempo
o seu idioma ou os textos que porventura deixasse escritos conseguiriam sobreviver,
enquanto qualquer civilização, adiantada para ler suas credenciais nas dimensões ex-
teriores da Pirâmide, teria de contar com uma suficiente compreensão da matemática
básica para poder interpretar também a sua geometria interior.
No entanto, se deve haver um vínculo entre as credenciais do projetista e a men-
sagem que ele desejava transmitir, então seria de se esperar a descoberta de algum
vínculo matemático entre as características internas e externas da Pirâmide — além
das unidades básicas de medida, naturalmente. E de fato essas medidas são encon-
tradas.
Por exemplo, o perímetro quadrado interno da base da Pirâmide está 286,IP"
aquém daquele do perímetro quadrado externo de 36.524,2P" (vide diagrama p. 340).
Mas essa também é a distância que coloca o eixo do sistema de passagens para leste
do eixo da própria Pirâmide. E foi por esta razão que o califa Al Mamoun, no século
IX, errou a passagem da entrada quando fez a primeira entrada forçada ao longo da
linha central, vindo a descobrir o seu erro por um fortuito acaso quando a 'Verga Es-
condida' da Passagem Ascendente foi deslocada pela vibração dos martelos empre-
gados pelos trabalhadores. Deve-se notar, incidentalmente, que ele encontrou essa
passagem bloqueada de cima a baixo e, quando conseguiu desobstruí-la, descobriu
que a Câmara do Rei não continha tesouro algum, mas apenas um sarcófago vazio,
sem tampa e sem qualquer inscrição. Por outro lado, a mesma medida que enganou
o Califa é encontrada também na altura do teto da Grande Galeria acima da Passagem
Ascendente que leva até ela e na distância da linha do piso que parte da abertura infe-
rior do Poço-Fonte até a parte de baixo da Passagem Descendente (lado oriental). 12
Do mesmo modo, a concavidade de cada um dos quatro cantos da Pirâmide me-
de 35,76P", conforme está demonstrado na p. 340. Mas essa mesma distância é en-
contrada dentro da Pirâmide na altura do Grande Degrau, na altura da Passagem Sub-
terrânea e na distância a partir da parede norte da Grande Galeria para o eixo do Poço-
Fonte.
Então, como a cifra 35,76 e o seu múltiplo 286,1 encontram-se quase isolados entre
as características fundamentais da Pirâmide, por não serem função direta seja do valor
pi ou da quantidade 365,242, somos obrigados a concluir que essas medidas foram es-
colhidas de propósito e aplicadas deliberadamente, tanto fora como dentro da Pirâmi-
de. A esta altura podemos apenas adivinhar qual teria sido o seu significado absoluto
— se é que existe —, mas pelo menos uma de suas funções está clara: a partir da infor-
mação escrita na geometria externa do edifício, levar o observador a um conjunto de
outras informações, fornecidas na geometria das câmaras e passagens da parte interna.
Neste ponto, vemo-nos diante de outra indicação de um possível vínculo entre
o mundo de fora da Pirâmide e a mensagem talvez escondida em seu interior. O ân-
gulo projetado para descida e subida nas passagens inclinadas é de 26°18'9,7", um
ângulo significativo por ter sido, em determinada época, a elevação precisa da Estrela

26
Polar a partir da latitude da Pirâmide. De fato, durante o terceiro milênio a.C. a então
Estrela Polar, Alpha Draconis, lançava o seu brilho diretamente para dentro da Pas-
sagem Descendente em sua culminação inferior — e foi nesse mesmo milênio que a
Pirâmide parece ter sido construída. Então, esse ângulo — assim como, talvez, a pas-
sagem que o forma — tem claros significados astronômico e cronológico. Mas pode-
riam ter outros significados além desses? Se esse mesmo ângulo é aplicado a partir
do eixo leste-oeste da Pirâmide numa direção nordeste, por exemplo, a linha angular
assim produzida marca a posição do nascer do Sol no verão a partir da latitude da
Pirâmide. 13 Além do mais, já faz muito tempo que se sabe que a mesma linha marca
diversos lugares geográficos de importância e, de modo particular, conforme é mos-
trado, passa diretamente através da cidade judaica de Belém.
Talvez venha a provocar riso a sugestão de que esse fato poderia ser mais do que
uma mera coincidência. No entanto, já encontramos tantas supostas coincidências —
muitas delas dignas de nota — que fomos forçados a chegar à conclusão de que, afi-
nal de contas, não eram coincidências, mas sim provas de um destacado nível de co-
nhecimento. Será que devemos então concluir que este único fato, isolado entre tan-
tos outros já mostrados, seria puramente fortuito? Claro que poderíamos. Mas a al-
ternativa é no mínimo intrigante.
Antes de mais nada, devemos lembrar que as pedras do ápice das mais importan-
tes pirâmides egípcias eram sempre douradas para representar o Sol — de fato, as en-
costas das laterais das pirâmides eram sempre associadas aos raios que desciam dele.
Se os construtores da Grande Pirâmide tivessem omitido de propósito a colocação da
pedra do ápice em seu grande símbolo do planeta Terra, então essa omissão poderia
simbolizar um mundo incompleto, ainda " n a escuridão", 14 e as dimensões proposi-
talmente reduzidas da Pirâmide original depois de construída dão maior peso a essa
possibilidade. Existe alguma evidência nos textos antigos de que a eventual colocação
da pedra do ápice (e, portanto, o término da Pirâmide conforme o seu projeto original)
era vista pelos iniciados como o símbolo da volta da Luz ao mundo, na pessoa messiâ-
nica de Osíris ressuscitado. Essa noção de pedra do ápice = nascer do sol = Messias
é evidente também em certos trechos das escrituras judeu-cristãs e até na declarada
afirmação messiânica de Jesus de Nazaré: " A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular" 15 . A oportunidade dessa afirmação chega a ser assusta-
dora e nos faz imaginar se Ele próprio não teria sido iniciado nos mistérios do templo
egípcio, inclusive, talvez, no conhecimento da própria mensagem da Grande Pirâmide. E, se
este era o caso de Jesus, por que não seria também o de seus pais e da seita aparente-
mente essênica que parece tê-lo produzido? Em outras palavras, poderia o seu nasci-
mento em Belém ter sido uma resposta deliberada ao vínculo piramidal aparente entre
o nascer do Sol messiânico de uma nova era e a linha angular geográfica já descrita?
Teria sido o conhecimento desse vínculo a razão verdadeira para a viagem aparente-
mente apressada no momento do seu nascimento? Talvez tudo isso pareça conjectura!
demais, mas as seções mosaicas do capítulo 9 parecem mostrar que um processo como
esse poderia ter sido colocado em andamento muitos séculos antes, no tempo do Êxo-
do dos israelitas do Egito. E, se este é o caso, então não há razão para que uma idéia
similar não estivesse em andamento entre os nazarenos que vieram depois. 16

28
A Natureza cíclica do tempo, conforme o simbolismo no templo-sol hindu de Konarak
(Orissa). A "carruagem solar" do templo apóia-se sobre doze rodas como esta, cada
uma delas simbolizando um ciclo do tempo zodiacal, ou cerca de 26.000 anos. A
tradição afirma que a presente era pertence ao décimo-primeiro desses doze ciclos.
Os oito raios de cada roda podem ser interpretados (v. p. 36) em termos da
reencarnação humana através dos vários ciclos.

Mas, se este não fosse o caso e a coincidência da linha de Belém não foi acidental,
então só existe outra explicação possível: o projetista da Pirâmide podia prever o futuro.
De fato, esta era a tradição entre os antigos egípcios, conforme os manuscritos cópti-
cos ainda hoje afirmam: dizia-se que a Pirâmide continha um registro de tudo que
havia acontecido e das coisas ainda por acontecer. E as provas mostradas no capítulo
3 sugerem que, por mais incrível que possa parecer, até essa noção talvez tenha uma
base de verdade. E neste caso seria preciso que tivesse, porque o famoso nascimento
em Belém aconteceu pelo menos 2.600 anos depois da construção da Pirâmide.

29
Entre todos os incríveis fatos que circundam a Grande Pirâmide de Gizeh, no en-
tanto, é esse elemento supostamente profético que o homem moderno demonstra a
tendência a priori de considerar mais difícil de aceitar. A menos que admitamos, da
mesma forma que os antigos piramidologistas, que a Pirâmide teria sido projetada
pelo próprio Arquiteto Divino — ou por seu filho,17 conforme pensavam os antigos
egípcios —, como poderemos aceitar que qualquer homem pudesse prever o futuro
e ainda mais com a precisão atribuída à Pirâmide? Afinal de contas, mesmo aqueles
que dizem poder realizar tais feitos ocultos em geral manifestam certo grau de dificul-
dade no sentido de prever datas e horários precisos, conforme o próprio Jesus de Na-
zaré parece ter admitido (se é que podemos confiar em Mateus 24,36). Parece que ape-
nas a astrologia tem condição de prever as datas com tanta precisão e com tamanha
antecipação como a Pirâmide (vide, por exemplo, o capítulo 6) —, mas a maior parte
daqueles que afirmam conhecer " o oculto" nega de maneira expressa que as influên-
cias astrológicas exercem qualquer controle absoluto sobre a vida dos homens e sugere
que, na melhor das hipóteses, essas influências resultam em certas tendências bási-
cas.
Neste caso, no entanto, nosso melhor plano seria no sentido de evitar colocar as
teorias na frente dos fatos. Se a Pirâmide tem uma mensagem, seja profética ou não,
então temos de procurar um meio de interpretá-la. Se acontecer de a mensagem ser
comprovadamente profética e precisa, então teremos de aceitá-la como fato e mais
uma teoria estabelecida terá de ser abandonada e substituída por outra. E talvez a
nova teoria tome uma forma surpreendente, pois seremos obrigados a concluir que
a mensagem da Pirâmide não é tanto uma profecia, mas sim uma lembrança — uma
"lembrança do futuro", para citar o título original em alemão da obra de von Dâni-
ken Eram os deuses astronautas?. Talvez venhamos a ver a mensagem profética da Pirâ-
mide (sempre admitindo que existe uma tal mensagem), dizendo não tanto que "isto
vai acontecer", mas sim, que "isto é o que aconteceu antes", ou mesmo que "isto
é o que sempre acontece" (uma forma de previsão estatística já usada em nossos dias
em campos como o da previsão do tempo a longo prazo).
E neste ponto teremos dado a volta completa ao redor do ponto de vista do Rei
Salomão sobre o destino humano: "Há um momento para tudo e um tempo para to-
do propósito debaixo do céu. Tempo de nascer e tempo de morrer... O que existe,
já havia existido; o que existirá, já existe, pois Deus procura o perseguido" (Ecl 1,
2,15). Nada mais nada menos do que uma visão cíclica da história, que tanto os hin-
dus como os budistas e os antigos povos da América Central também tinham desde
tempos imemoriais. "Todas as luas, todos os anos, todos os dias, todos os ventos
alcançam sua maturidade e desaparecem. Assim também todo sangue atinge o seu
lugar de silêncio, ao alcançar o seu poder e seu trono. Medido era o tempo no qual
eles podiam louvar o esplendor da Trindade. Medido era o tempo no qual eles po-
diam conhecer a benevolência do Sol. Medido era o tempo no qual o emaranhado
das estrelas olhava sobre eles; e através dele, observando com cuidado a sua segu-
rança, os deuses presos dentro das estrelas podiam contemplá-los". (Citação do Chi-
lam Balam de Chumayel, um antigo texto maia).

30
NOTAS DO CAPITULO 1
1. Isto é, a menos que sejam considerados como "edifícios" o colossal templo-plataforma,
de tijolos de barro, em honra de Quetzalcoatl, em Cholula, no México (volume de muito
mais de cinco milhões e meio de metros cúbicos) ou a Grande Muralha da China. No sen-
tido mais corriqueiro do termo a estrutura cujo volume de alvenaria mais se aproxima da-
quele da Grande Pirâmide, conforme a construção original (cerca de 2.600.000 metros cú-
bicos, incluindo o teórico ápice), é a vizinha Segunda Pirâmide (2.200.000 metros cúbi-
cos), enquanto a maior das pirâmides mexicanas (a Pirâmide do Sol, em Teotihuacan, cons-
truída muito mais tarde) tem um volume teórico de menos de 1.500.000 metros cúbicos,

2. Comparar Heródoto (Euterpe 124, 125); Diódoro Sículo (Livro I); e vide Rutherford, pp.
15-22, 1198-1200. A preparação de túmulos gêmeos e a não ocupação daquele ao norte pare-
cem ter sido tradição na família Khufu, sendo observada em particular por ambos os seus
pais. Em contraste, os "enterros" bem acima do nível do chão (como no caso da Câmara
do Rei, na Grande Pirâmide) jamais foram prática de qualquer dinastia faraônica conheci-
da. De fato, parece quase certo que o semilendário Khufu na verdade foi enterrado no
grande fosso-túmulo conhecido como o túmulo de Campbell, uns cem metros a oeste da
Grande Esfinge — um túmulo que combina bastante bem com a descrição que Heródoto
fez do sepultamento real, conforme foi recebido do sacerdócio egípcio.

3. Algumas autoridades também alegam (a) que a altura da plataforma no cume da Pirâmide
assinala o nível médio entre o mar e a terra no planeta e (b) que o peso da Pirâmide (que
seria de umas 5.955.000 toneladas) representa um bilionésimo do peso da Terra. No en-
tanto, o autor ainda não teve oportunidade de ver qualquer prova detalhada dessas
propostas.

4. Vide Apêndice H.

5. Uma exceção é a quantidade de 35,76 Polegadas Primitivas e seu múltiplo 286,IP". Vide
p. 26. Isto poderia sugerir um significado especial para aquelas quantidades.

6. Rhodes W. Fairbridge, "The Changing Leveis of the Sea" (Scientific American, maio de
1960, Vol. 202, N? 5).

7 . Eram os deuses astronautas?

8. Comparemos o sacerdote egípcio citado por Platão (Timaeus 22 C-D): "Já houve e ainda
deverá haver muitas e diversas destruições da humanidade, entre as quais as maiores são
pela água e o fogo e as menores por inúmeros outros meios. Na verdade a história que
se conta em nosso país, bem como em outros, sobre como, uma vez, Faetonte, filho de
Hélio, tomou a carruagem de seu pai e, como não foi capaz de conduzi-la ao longo fio
mesmo caminho traçado pelo pai, queimou tudo o que havia sobre a terra e ele mesmo
morreu atingido por um relâmpago. Esta história, do modo como é contada, tem a forma
de lenda, mas a sua verdade reside na ocorrência de uma mudança nos corpos celestes
que se movimentam ao redor da Terra e uma destruição das coisas na Terra pelo fogo
violento, que se repete depois de longos intervalos" (tradução de R. G. Bury, de Timaeus,
Critias, Menexenus, Epistles, Heinemann, 1929).

9. Conforme citação do neoplatonista Iamblichus.

31
10. Os chamados textos herméticos.

11. Vide capítulo 7.

12. Também é um sétimo do perímetro da plataforma-ápice original, conforme definição das


alturas das quatro saídas dos túneis de Ventilação da pirâmide (vide p. 186 e nota 63, p.
165) e um oitavo do perímetro-base da pedra do ápice do projeto completo (vide Apêndi-
ce H).

13. Especificamente o nascer do Soi nos dias 6 de junho e 7 de julho, desde que a altitude
horizontal seja zero e que o nascer do Sol seja considerado como o momento no qual a
parte inferior do Sol mantém a tangência com o horizonte (definição corriqueira entre os
construtores de megálitos). Corrigindo-se a aparente movimentação do Sol para o tercei-
ro milênio a.C., o mesmo alinhamento seria verificado nos dias 5 de junho e 8 de julho.
E interessante notar que o alinhamento erra em 1,7° o seu alvo óbvio, isto é, o nascer
do Sol contemporâneo do ineio-verão a E27°43'N — assim como o mesmo angulo, aplica-
do como altitude, erra o pólo norte celestial por 3°41'N {tinha de errar, já que a antiga
Estrela Polar, como a sua correspondente atual, não era vista de maneira exata no pólo
celestial).
£ possível que a posição do nascer do Sol indicasse, em determinada data, o nasci-
mento exato de Vênus durante o solstício de verão — a "estiela-d'a!va" tinha um signifi-
cado messiânico específico em várias religiões e mitologias do mundo. Sendo assim —
e os cálculos seriam bastante complexos —, as datas para esse evento talvez acabem tendo
significado da mesma forma.
Cálculos igualmente complexos seriam necessários para determinar se uma simples
mudança de posição no eixo da Terra poderia fornecer uma correlação hipotética direta
entre o minuto de erro de cerca de 5' que se pode observar na orientação do edifício, o
erro de 1,7° no nascer do Sol do verão, o erro do pólo celestial em 3°41' (apesar da expli-
cação já apresentada) e o fato de que o local está a apenas 1'19" de latitude (pouco mais
de um quilômetro e meio) ao sul do paralelo 30 de latitude norte. Uma explicação alterna-
tiva para este úitimo ponto poderia ser a de que o local escolhido para a Pirâmide tencio-
nava marcar um terço da distância-superficial entre o equador e o póio, e não um terço do
ângulo entre eles (isto é, 30°); ou mesmo um ponto de compromisso a meio caminho en-
tre as duas posições (definindo assim de maneira eficiente o grau de achatamento dos pó-
los terrestres).

14. Vide Apêndice H e compare-se a pirâmide também truncada que existe no verso do bra-
são dos Estados Unidos, com sua referência específica a "uma nova ordem dos tempos".

15. Marcos 12:10; Mateus 21:42 e Salmo 118:22 (numa passagem assustadoramente parecida
com o ritual de Osíris no Livro dos Mortos egípcio).

16. O resultado de a linha angular errar o nascer do Sol de verão é que ela assinala dois dias
do nascer do Sol do verão, ao invés de um único. Portanto, não se deve ignorar por com-
pleto a possibilidade de que a linha esteja apontando de maneira simbólica para dois apa-
recimentos messiânicos separados. Por outro lado, observando-se que as duas datas em
questão definem um período de uns 33 dias, vamos comparar o significado do código mes-
siânico sugerido para a distância de 33,5P", na p. 44. Poderia ser essa similaridade signi-
ficativa em termos do código da Pirâmide — uma afirmação deliberada do projetista sobre
um significado messiânico comum à passagem-distância e ao ângulo-nascer do Sol?

17. Imhotep, filho do deus Ptah, o Arquiteto do Universo.

32
2

Desvelando a Pirâmide

Muitos livros já foram escritos sobre as medidas e características internas e ex-


ternas da Grande Pirâmide e sobre o seu significado simbólico — ou a falta dele.
Os leitores encontram tudo isso meticulosamente detalhado em The Great Pyramid
Passages and Chambers, de J. e M. Edgar (Bone & Hulley, 1923), The Great Pyramid,
de D. Davidson e H. Aldersmith (Williams & Norgate, 1925), nos cinco volumes
da obra do Dr. Adam Rutherford, Pyramidology (Institute of Pyramidology, 1957),
e na celebrada obra Pyramids and Temples of Gizeh, de Sir W. M, Flinders Petrie
(1881). 1
Rutherford, em particular, tira proveito do fato de que a quantidade que é bá-
sica a todo o projeto, pode ser calculada num grau teoricamente infinito de exatidão.
Em conseqüência, ele chega a citar a maior parte de suas medidas, indo ao inacreditá-
vel limite de dez milésimos de uma polegada. Até mesmo Petrie, no século XIX, já
ia a extremos quase absurdos para garantir a maior precisão possível em todas as me-
dições, tendo passado muitos meses no local com os instrumentos e varetas medido-
ras de seus pesquisadores, sem falar nas verdadeiras baterias de termômetros para
corrigir os dados diante da expansão e contração inevitavelmente associada a quais-
quer variações de temperatura que pudessem ocorrer. Na verdade, os esforços quase
fanáticos dos pesquisadores que vieram mais tarde no sentido de melhorar ainda mais
as medições feitas por Petrie levaram ao ponto em que se pode afirmar com toda a
justificativa que a Grande Pirâmide tornou-se o edifício mais preciso e cuidadosamente
examinado em todo o mundo.
Com respeito à suposta mensagem que transmite, todas as obras mencionadas
têm muito a dizer. Rutherford, com o tempo a seu favor, é de longe o mais convin-
cente, bem como o mais agradável de ler e sua cobertura é também a mais completa.
Muitos leitores, porém, podem achar perturbador o fato de que ele, como a maioria
de seus predecessores, prefere interpretar a mensagem da Pirâmide apenas como jus-
tificação das escrituras judeu-cristãs e, além disso, faz delas uma leitura bastante fun-
damentalista. No entanto, parece quase inconcebível que um monumento de uma uni-
versalidade tão resplandecente como a Grande Pirâmide tenha uma mensagem tão

33
restrita como essa abordagem poderia sugerir. A tese parece a tal ponto improvável
que existem inúmeros críticos que, hoje em dia, suspeitam que os piramidólogos es-
tariam "cozinhando" os dados para fazê-los combinar com as suas noções religiosas
preconcebidas, ao invés de permitirem que a Pirâmide fale por si mesma com toda
a liberdade, por menos ortodoxos que sejam os resultados.
No entanto, para nossa felicidade, temos um controle, e bastante ilustre, acima
de tudo porque, em 1881, o egiptólogo Flinders Petrie tinha uma razão especial para
ir aos extraordinários extremos a que chegou, conforme já descrevemos, para estabe-
lecer as dimensões exatas da Pirâmide. O seu objetivo mais importante na época era
provar o erro de seu pai, o piramidólogo William Petrie, de que a Pirâmide não tinha
mensagem alguma, muito menos uma mensagem cristã. Segundo ele, o grande edifí-
cio seria apenas um túmulo real. Mas o esforço intelectual de Petrie para provar sua
tese era animado por fatores emocionais de rebelião filial tão avassaladores como as
tendências religiosas dos piramidólogos. Daí os seus longos e pacientes esforços, suas
medidas extremamente exatas, as suas descobertas registradas com o máximo cuida-
do. Quanto a isso, pelo menos, não podia haver qualquer suspeita, já que nada em
seu caso foi motivado pelo fervor religioso. Na verdade, foi muito ao contrário. Até
a Polegada Primitiva e o Côvado Sagrado tiveram de ser abandonados aos quatro ven-
tos. Petrie afirmava, em suma, que essas medidas jamais haviam existido — ou pelo
menos não haviam sido usadas no projeto ou construção da Grande Pirâmide.
Então, dali em diante e graças a Petrie, nenhum piramidólogo jamais ousaria fal-
sificar os fatos. Acontece que nenhum piramidólogo jamais teria de fazer isso. De fa-
to, ao citar as estatísticas da Pirâmide em uma mistura de pés e polegadas ingleses
com Côvados Reais egípcios, Petrie estava ignorando por completo dois fatos extraor-
dinários. Primeiro, os seus próprios dados revelavam vários exemplos claros na Pirâ-
mide sobre o uso da Polegada Primitiva e do Côvado Sagrado nos comprimentos exa-
tos defendidos pelos piramidólogos. E, quando os seus dados eram reconvertidos para
essas mesmas medidas, eles davam validade total aos cálculos matemáticos anterio-
res dos piramidólogos em relação às dimensões da Pirâmide. Assim, se a interpreta-
ção dos piramidólogos sobre a mensagem da Pirâmide acabasse sendo de qualquer
modo inexata ou tendenciosa, então a falha devia residir não nas cifras em si, mas
na interpretação que o piramidólogo lhes dava. Na pior das hipóteses, seria um caso
de mera supersubjetividade humana.
Considera-se um golpe de boa sorte, que raramente se manifesta sobre os teóri-
cos, quando alguém vê suas premissas confirmadas de maneira involuntária e irrevo-
gável pelos esforços do seu mais ferrenho oponente. Mas que essa confirmação vies-
se da figura eminente do próprio Petrie foi uma surpresa que nem o mais otimista
dos piramidólogos podia esperar.
Assim, as principais dimensões da Grande Pirâmide foram estabelecidas com fir-
meza, além de qualquer possibilidade de dúvida, e foi preciso apenas que apareces-
sem no local depois os pesquisadores já mencionados, com suas técnicas mais avan-
çadas e melhores condições de trabalho para que os dados atingissem o seu ponto
mais alto de refinamento nos dias atuais. De todas as fontes mencionadas, é Ruther-
ford que se encontra na melhor posição de capitalizar e realizar um resumo do tra-

34
balho dos pesquisadores que o antecederam, assim como de dar a sua própria e mui-
to importante contribuição aos dados disponíveis através de sua pesquisa in loco. Na
verdade, as suas cifras para a Pirâmide, conforme projetada, são as mais atualizadas
de que dispomos e talvez até mereçam o título de definitivas. São essas cifras que
servem de base para o presente trabalho. Portanto, agora só nos resta examiná-las
com a finalidade de descobrir se elas se baseiam num código constante e, se isso for
confirmado, tentar decodificar a suposta mensagem da Pirâmide estritamente pelo
que e!a representa.
Agora, se é óbvio que um arquiteto se propõe a empregar 100.000 homens que
tem de alimentar por um período de mais de vinte anos (se Heródoto merece algum
crédito)2 ou seiscentos anos (que von Dániken, baseado em provas muito fracas, con-
sidera mais provável), apenas para deixar uma mensagem na pedra, sem dúvida ele
deve ter tido alguma coisa muito importante a dizer. Então, a primeira coisa que deve
fazer é preparar uma planta abrangente e total, baseada num código absolutamente
claro e consistente. Agir de maneira diferente seria impensável. Assim, se uma deter-
minada medida ou fator aritmético é significativo, será usado de maneira significativa
e não atirado de maneira casual, a qualquer momento, apenas para manter a estética
matemática. Por sua vez, isto significa que o que é feito com tais características é tão
importante como as próprias características. Mesmo os processos mais simples como
a soma, a subtração, a multiplicação e a divisão devem ser significativos em si mes-
mos e terão um significado definido e consistente quando aplicados. Parece inerente-
mente provável que nenhuma característica do projeto (ao contrário dos métodos dos
construtores para chegar a ele) será fortuita. Se uma determinada medida ou ângulo
se aplica a um certo ponto — mesmo à altura de uma passagem, por exemplo —, en-
tão parece razoável admitir que aquela medida ou ângulo foi alvo de escolha e por uma
razão a nossa interpretação tem de refletir isso.
Em sua obra Pyramidology, Adam Rutherford já aponta uma série de medidas que
parecem ter relevância simbólica neste sentido. Conforme já vimos, a medida 286,IP",
por exemplo, representa a distância exata pela qual o perímetro original da Pirâmide,
conforme construída, ficou aquém do perímetro do projeto total (indicado pelas bro-
cas da fundação). Portanto, se o eventual término do monumento conforme o projeto
total era visto pelos antigos iniciados como o simbolismo da volta da luz a um mundo
escurecido, então talvez essa luz deva ser simbolizada pela distância de 286,IP". As-
sim, no momento oportuno temos de testar as várias ocorrências dessa quantidade
contra o possível significado de luz e iluminação.
Por outro lado, a quantidade 35,76P", para a qual também chamamos a atenção,
é exatamente um oitavo da quantidade 286,IP". Portanto, se conseguirmos estabele-
cer um significado para o número 8, poderemos obter uma orientação para o signifi-
cado da distância de 35,76P". Agora, como destaca Rutherford, o número 8 sempre
esteve associado com a idéia de ressurreição, pelo menos na numerologia cristã. Nos
contextos religiosos do Extremo Oriente, no entanto, a sua conotação está mais para
a contínua reencarnação física (vide a roda da carruagem solar hindu, na p. 29, por
exemplo). Assim, parece razoável, a esta altura, atribuir à quantidade 8 um significa-
do experimental: renascimento. Então, seria natural admitir que o processo de divisão

35
corresponde à noção através de ou por meio de (isto é, a noção de um agente) e o signifi-
cado da distância de 35,76P" seria aparentemente o de 286.1/8, ou iluminação por meio
do renascimento.
Por outro lado, conforme observa Rutherford, a distância de 35,76P" sempre ocorre
além da distância de 286,IP" dentro do sistema de passagens da Pirâmide. Em outras
palavras, 2 8 6 , I P " parece sempre levar a 35,76P". Então, poderia este fato ser inter-
pretado com o significado de que a conquista da iluminação leva de modo automático
à iluminação por meio do renascimento, isto é, maior iluminação na próxima encarnação?
Se for assim, então esta idéia por certo combina com os ensinamentos do hinduísmo
e do budismo a respeito da reencarnação e com a lei do carma — apesar de não combi-
nar com a doutrina do cristianismo dos dias atuais. Por outro lado, isso daria à dis-
tância de 35,76P" o significado de uma encarnação iluminada.
Ao mesmo tempo devemos notar que o perímetro-base da inexistente pedra do
ápice teria medido exatamente 8 x 286, I P " (vide Apêndice H). Assim, se acrescentar-
mos o significado natural ao processo de multiplicação — aquele representado pela
palavra de — isso sugeriria para a pedra do ápice, por ocasião de sua instalação, o
significado de o renascimento da iluminação. E este eTa o significado exato que os anti-
gos iniciados aparentemente atribuíam ao término da construção da Pirâmide.
Além disso, Rutherford observa que o número cinco é o número por excelência
da Pirâmide. Afinal de contas, o projeto completo consta de cinco pontas e cinco
lados (isto é, quatro faces e uma base), cada uma de suas faces contém um triângulo
encaixado em escala de um por cinco, e um fator de cinco ocorre constantemente
nas medidas do seu interior — isso sem mencionar o próprio Côvado Sagrado,
de 5 2 P". No entanto, deve-se notar que o exterior da Pirâmide só terá de fato a
base cinco quando for completada a sua construção e quando a pedra do ápice
— ela própria uma pirâmide de cinco lados — for por fim colocada. Assim, o signifi-
cado do número 5 parece estar ligado de maneira íntima à função da própria Pirâ-
mide e em particular ao nascimento da iluminação, que parece estar associado à colo-
cação final da pedra do ápice. Portanto, pareceria justificada a princípio a leitura
experimental de iniciação, iniciado ou mensageiro da iluminação, para o número 5. Por
outro lado, o simbolismo da pedra do ápice, com cinco pontas e cinco lados, sugere
ser uma função específica desse mensageiro da luz levar um mundo imperfeito à
perfeição por meio da força dessa iluminação. Está claro aqui o paralelismo com
o antigo conceito messiânico, seja o representado pelo egípcio Osíris, o hindu Vish-
nu, o maia Quetzalcoatl, o budista Maitreya, o zoroástrico Shaushyant ou o seu
correspondente judeu-cristão que nos é mais familiar. Conseqüentemente, além do
seu sentido geral de iniciado, o número 5 também deve ocorrer com referência a
qualquer figura messiânica de particular importância — à qual poderíamos nos refe-
rir como O Grande Iniciado ou Aquele-que-deve-vir. Mas, ao mesmo tempo, seria de
se esperar alguma indicação codificada independente da importância "especial"
desse iniciado.
Assim, o fato de o teto da Grande Galeria compor-se de 40 (8 x 5) lousas de pedra
marcadas com clareza, poderia receber a interpretação de que a Galeria em questão
está de alguma forma ligada ao renascimento de um iniciado.

36
Por outro lado, esse mesmo teto tem apenas 1.836P" de comprimento — ou 153
x 12P". Nas escrituras judeu-cristãs o número 12 é associado a idéia de humanidade
— como o caso das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos cuja tarefa era levar-lhes
o Evangelho. 3 Ao mesmo tempo o número 153 te_m uma longa associação cristã, pe-
lo menos com a idéia dos iluminados — aparentemente por causa dos 153 peixes que
se diz terem sido apanhados pelos discípulos no final do Evangelho de João.4 Portan-
to, se aceitarmos a possibilidade de que ambas as associações podem representar a
sobrevivência de alguma tradição numerológica muito mais antiga, então a extensão
do teto da Grande Galeria poderia significar os iluminados da humanidade — ou mesmo
a iluminação da própria humanidade.
O fato de a Grande Galeria levar direto ao Grande Degrau — que por sua vez
tem 35,76P" de altura — sugere assim uma ligação entre o nascimento do iniciado (8
x 5) e a encarnação iluminada (35,76P") dos iluminados da humanidade (153 x 12P"). E
o fato de a parte superior do Grande Degrau e o piso do Complexo da Câmara do
Rei, que está além dele, encontrarem-se 153 camadas de alvenaria abaixo da platafor-
ma do cume (projetada para apoiar a pedra do ápice, supostamente messiânica), su-
gere ainda que esse nível deve ser visto como exclusivo para o renascimento dos ilumi-
nados debaixo d'aquele que deve vir no futuro. E o fato adicional de as duas seções infe-
riores da Passagem para a Câmara do Rei terem juntas 153,057P" de comprimento
nos dá a quase certeza de que essas três ocorrências do número 153 não são acidentais.
De outra parte, alcançamos o simbolismo para cima/para baixo, direita/esquerda,
também notado por Rutherford. Sua tese é a de que "para cima" e " à direita" visam
significar progresso na direção da iluminação, enquanto "para baixo" e " à esquer-
d a " representam o oposto, isto é, a degradação humana e tudo o que é negativo e
"sinistro" (palavra que deriva da palavra latina que significa "esquerda"). O fato de
a entrada estar no lado norte da Pirâmide e, portanto, de a esquerda corresponder
ao leste e a direita ao oeste, dá maior relevância a este ponto de vista, já que o oeste
era tradicionalmente a gloriosa "direção dos destinos do funeral" no simbolismo dos
construtores de túmulos que vieram depois, enquanto o leste era o do renascimento,
como acontece na maioria dos sistemas simbólicos das religiões do mundo — e o re-
nascimento, pelo menos segundo os termos do hinduísmo e do budismo, é um pro-
cesso que deve ser evitado, se possível.
A aplicação dessa tese parece sustentar a sua validade. Como já vimos, por exem-
plo, o eixo de todo o sistema de passagens está 286, I P " a esquerda (leste) do eixo
da própria Pirâmide — que sugere representar o caminho daqueles que perderam a
sua iluminação. Só na Câmara do Rei e na Câmara Subterrânea é possível retornar
na direção oeste o suficiente para alcançar de novo o eixo da Pirâmide — um fato que
sugere que essas câmaras representam oportunidades específicas de reconquistar es-
sa iluminação. Talvez elas representem a possibilidade de escapar da mortalidade e
também do mundo físico — uma idéia reforçada pelo fato de a Câmara do Rei conter
(e aparentemente sempre ter contido) apenas um sarcófago vazio, indicativo da fuga
da morte ou da mortalidade. Mas a chegada à Câmara do Rei, como vimos, é precedi-
da do Grande Degrau — um salto para cima de 35,76P", que por sua vez é precedido,
no fundo da Grande Galeria inclinada para cima (com o seu teto de 40 lousas de pedra

37
de 1.836P" de extensão), de um salto no teto de 2 8 6 , I P " para cima. Em outras pala-
vras, essa fuga da mortalidade — se de fato é este o seu significado — está ligada bem
de perto ao progresso na direção da iluminação, com uma subseqüente encarnação
iluminada e com o renascimento do(s) iniciado (s).
Mas a esta altura temos de estabelecer sobre quem estaríamos falando aqui. Quem
é a pessoa que passa por essas várias encarnações? Quem é que está perdendo ou
ganhando a iluminação, conquistando ou perdendo a imortalidade? Em suma, quem
é o falecido?
Podemos estar certos de que não se trata dos faraós Queops ou Khufu porque,
se o rei jamais foi sepultado na Pirâmide ou debaixo dela, deve ter sido em algum
lugar obscuro (como os sacerdotes egípcios sempre afirmaram) e não em qualquer
parte do conhecido sistema de passagens e câmaras cujo significado simbólico esta-
mos discutindo aqui. E não parece que homem algum tenha sido objeto dessa práti-
ca. Para os antigos iniciados egípcios, as passagens e câmaras da Grande Pirâmide
parecem ter simbolizado os vários estágios de uma solene iniciação nos mistérios do
mundo espiritual. E essa iniciação parece ter-se aplicado tanto às almas dos mortos
em geral como aos postulantes que solenemente desejavam, durante a sua vida, a
iniciação nos mistérios sagrados do sacerdócio. Em suma, o sistema de passagens da
Pirâmide era uma espécie de mapa viário para a alma, um treinamento para o jogo
mortal de cobras e escadas que compreenderia a sua subseqüente passagem através
do mundo inferior na direção do eventual renascimento.
Não que tenhamos qualquer prova direta de que o sistema de passagens da Grande
Pirâmide teria sido projetado para esse fim específico. De fato, existem algumas evi-
dências de que a Pirâmide — fisicamente ou em símbolo — talvez tenha desempenha-
do em determinada época o papel central na iniciação em conexão com os mistérios
antigos. Mas a maior evidência de um tal vínculo é encontrada na revisão de Sáite
do Livro dos Mortos egípcio, onde o progresso da alma através do mundo inferior é
mostrado em termos de um sistema de salões e passagens, tão semelhante ao da Gran-
de Pirâmide, que só se pode deduzir que os dois sistemas na verdade seriam um só.5
A lista das passagens e câmaras identificáveis é fornecida abaixo com os termos
do Livro dos Mortos à esquerda e os termos normais à direita. Esse arranjo permite
uma comparação que leva a algumas pistas intrigantes sobre o possível significado
simbólico das várias características internas da Pirâmide. Compare-se com o diagra-
ma na p. 25.

identificações piramidais dos termos do Livro dos Mortos

A Descida A Passagem Descendente


O Duplo Salão da Verdade A Passagem Ascendente e a Grande
Galeria
A Porta da Subida Entrada para a Passagem Ascendente
O Salão da Verdade na Escuridão A Passagem Ascendente
O Salão da Verdade na Luz A Grande Galeria

38
O Cruzamento das Estradas Puras Interseção das passagens superiores
da Vida
A Fonte da Vida O Poço-Fonte
O Arco Real do Soistício Entrada para a Passagem da Câmara do
Rei
A Passagem do Véu Passagem para a Câmara do Rei
A Câmara do Triplo Véu A Anteeâmara
A Câmara da Ressureição
A Câmara do Grande Oriente A Câmara do Rei
A Câmara do Túmulo Aberto
O Caminho da Chegada da Alma Passagem para a Câmara da Rainha
Regenerada
A Câmara da Regeneração
A Câmara do Renascimento A Câmara da Rainha
A Câmara da Lua
A Câmara do Sofrimento
A Câmara Subterrânea
A Câmara do Fogo Central
Os Lugares Secretos do Deus As Câmaras da Construção
Escondido

Portanto, para os iniciados do Egito antigo, o sistema de passagens do interior


da Grande Pirâmide aparentemente simbolizava as tribulações post-mortem da alma
no mundo interior. Era " o caminho dos mortos". Mas parece pouco provável ter si-
do essa leitura a intenção original do ainda mais antigo arquiteto do edifício. Para co-
meçar, certas partes das passagens-simbolismo parecem referir-se ao mesmo tempo
aos iluminados da humanidade (a medida de 153 x 12P" do teto da Grande Galeria)
e a seus correspondentes não iluminados (o deslocamento para leste de todo o siste-
ma de passagens em 286,IP"). Mas, se existe esse significado tanto em relação aos
iluminados como aos não iluminados, então só pode haver uma conclusão razoável:
a referência é feita a toda a humanidade.
Uma vez mais, o arquiteto expressa de maneira bastante explícita na geometria
da Pirâmide que o edifício simboliza o próprio planeta Terra. Portanto, se as passa-
gens simbolizam o progresso das almas dos homens — seja como for que entenda-
mos o termo —, então esse progresso é mostrado como se ocorresse de maneira bas-
tante clara aqui mesmo na Terra e não em algum mundo mitológico inferior. O fato de
o sistema parecer representar várias oportunidades para o progresso em direção à —
ou a fuga da — iluminação tende a confirmar essa conclusão, pois, se há uma coisa
com a qual a maioria dos religiosos manifesta unanimidade, é que o destino final da
alma é determinado de maneira primária pelos esforços na esfera física, aqui na Terra.

39
Se nosso argumento até aqui é válido, então qual seria o ponto de vista do arqui-
teto em relação ao estado da alma humana? Infelizmente, parece ser sombrio. Não
devemos esquecer que a Pirâmide foi projetada como um túmulo completo, com sar-
cófagos e tudo. E a alma condenada à prisão em suas passagens é a alma do homem.
Assim, pela primeira vez o tamanho gigantesco do prédio começa a nos parecer me-
nos absurdo, porque o seu ocupante simbólico não é um simples faraó esquecido,
mas algo muito mais abrangente. As passagens internas da Pirâmide de fato simboli-
zam " o caminho dos mortos" — mas nós, todos nós, somos os mortos em questão.
Esta idéia talvez pareça assustadora. Mas o arquiteto não poupou esforços em torná-
la o mais clara possível. Ele não apenas disfarçou o monumento como uma sepultura
— uma referência bastante explícita em si mesma e suficiente para enganar muitas
gerações de historiadores —, mas tratou de posicionar a entrada na décima nona ca-
mada de alvenaria, que se encontra a quase exatamente 38P" (2 x 19P") de altura.
Conforme Rutherford observa, o número 38 tem conotações bíblicas (ainda que se-
jam fracas) com as idéias de morte e doença — assim como acontece com o número
19. E uma inspeção da geometria do interior da Pirâmide tende a sugerir que o núme-
ro 19 em particular pode pretender um significado mortal — talvez em associação com
o ciclo de eclipses da lua a cada dezenove anos, resultando na " m o r t e " periódica do
Sol, a fonte da vida.
Então, parece que o homem é o "falecido". A "vida" que ele perdeu é a mesma imor-
talidade que pode ser, em símbolo, reconquistada através do caixão aberto na Câmara
do Rei. Mas, da mesma forma como a sua morte espiritual parece estar associada com
a perda da iluminação representada pelo deslocamento leste-oeste de todo o sistema
de passagens, a reconquista da imortalidade parece estar condicionada ao ganho da
iluminação representada na altura da Grande Galeria, apenas através da qual a "Câ-
mara da Ressurreição" pode ser atingida. Em outras palavras, na análise final é unica-
mente por meio de algum tipo de "conhecimento" que o homem pode "ser libertado".6
De certa forma o sistema de passagens da Pirâmide representa um projeto para
a "evolução da alma" do homem. Esta parece ser uma razoável hipótese inicial. Mas,
se este é o caso, então tudo fica sem sentido, a menos que possamos ver todo o siste-
ma como um que deve ser atravessado pela alma de cada homem — conforme os pró-
prios antigos iniciados pareciam ver. Como mera representação da "alma média" ou
do estado espiritual do "homem em geral", todo o sistema teria só um pouco mais
de interesse acadêmico e estatístico. Em outras palavras, cada alma tem de ser vista
passando pela entrada, sem poder "escapar" de novo até alcançar a imortalidade nu-
ma ou outra das câmaras: cada alma aparentemente tem um número de escolhas a
fazer e cada alma tem de permanecer nos "planos da Terra" durante todo o período
representado. Assim, se esse período exceder o de uma vida normal (como parece
ser o caso, vide p. 41), deve-se concluir que cada alma reencarna diversas vezes no
curso de sua luta em busca da eventual imortalidade. E, como conseqüência, já que
as passagens principais são todas de dois Côvados Reais (2 CR = 41,21P"), essa lar-
gura das passagens parece simbolizar a alma humana que reencarna. Mas, neste caso,
o fato de a maior largura da Grande Galeria ser de quatro Côvados Reais pareceria
sugerir que a Galeria de alguma forma simboliza o caminho da reencarnação de

40
duas almas ao mesmo tempo e esse fato tem de ser combinado com a interpretação geral
a que eventualmente se chega (vide p. 105).
Por outro lado, uma virada à esquerda de 2 CR parece indicar o renascimento para
a mortalidade, da mesma forma que qualquer desnível associado com a mesma medida
(por exemplo, o desnível do teto na entrada para a "Passagem do Véu", que tem
2 CR de altura).
Outro fator simbólico identificado por Rutherford é o que ele chama de Fator Mor-
tal, representado pela altura vertical da entrada (37,955P", ou quase exatamente 2
x 19P"), uma medida que, segundo ele, " é abundante em todo o sistema de passa-
gem descendente". Mas como essa medida é apenas o componente vertical de qual-
quer linha desenhada do piso ao teto, paralela ao ângulo de inclinação da Pirâmide
(51°51'14,3"), dentro da Passagem Descendente, também pareceria lógico associar
o seu componente horizontal (29,8412P") com a mesma idéia de morte. Portanto,
esperam-se encontrar exemplos do uso dessa medida com este significado.
Assim, é possível que se vá aos poucos organizando toda uma vasta gama de prová-
veis fatores simbólicos nas medidas internas da Grande Pirâmide — fatores que parecem
estar inter-relacionados por meio das características tradicionais sobreviventes da antiga
ciência da numerologia (cujo expoente mais famoso, o grego Pitágoras, aparentemente
aprendeu essa técnica dos sacerdotes egípcios contemporâneos). Portanto, na Pirâmide,
bem como em outras aplicações numerológicas, o número 2, por exemplo, significaria
produção ou. produtor; 3, perfeito ou supremo; 7, perfeição espiritual; 10, milênio ou eternidade,
e 12, humanidade. Apesar de uma forte associação tradicional com a idéia de realização
física, o número 6, na Pirâmide, parece significar preparação e assim, pelo menos no sen-
tido espiritual, algo incompleto ou mesmo imperfeição, da mesma forma que na tradição
hebraica os seis dias preparatórios da criação física são vistos como espiritualmente in-
completos sem o sétimo. Por outro lado, as funções de soma, subtração, multiplicação
(= de) e divisão (através de ou por) parecem ter o seu próprio significado direto.
Dessa forma, parece possível uma interpretação quase literal e direta das várias ca-
racterísticas simbólicas da Pirâmide, observadas determinadas condições. Essas condi-
ções seriam que as nossas conclusões iniciais são válidas, que algum tipo de código é
básico ao projeto da Pirâmide e que podemos reconstruí-la com êxito. Incidentalmente,
seria de se esperar que a autoconsistência fosse uma característica do código: funções
como 6 = 2 x 3 — que significaria que a preparação é produtiva do perfeito — parecem uma
excelente maneira de testar quaisquer códigos contra si mesmos, uma vez elaborados.
Por fim, o que dizer dos calendários ou tabelas de tempo envolvidos? A evidência
de que as antigas cronologias de lista de reis (vide Apêndice C) compreendem um
registro das dimensões vitais da Pirâmide numa escala de um ano para uma Polegada
Primitiva sugere logo de saída a possibilidade de que uma tabela de tempo semelhan-
te talvez seja aplicável dentro das passagens — e essa idéia pode tirar certo apoio do
vínculo aparente entre a soma das diagonais da base da Pirâmide em Polegadas Primiti-
vas e o período do ciclo precessional da Terra, em anos. Merece então ser explorada
a hipótese experimental de que cada Polegada Primitiva ao longo dos pisos das pas-
sagens quase sempre representa um ano. A duração do " a n o " em questão permane-
ce imutavelmente fixada pela própria Pirâmide em 365,242 dias — de modo que até

41
o "crortógrafo" da Pirâmide (admítindo-se que exista um) seria uma função direta
da astronomia orbitai da Terra conforme a definição das dimensões exteriores do pré-
dio (isto é, a "polegada polar" e o ano equinócio de 365,242 dias).
Apesar de tudo, o projetista da Pirâmide parece ter tomado algumas precauções
contra a possibilidade de a mensagem da Pirâmide vir a ser decifrada em data muito
próxima. Conforme Rutherford observa, às vezes nos vemos diante de mudanças de
escala em determinados pontos e essas mudanças parecem ser indicadas pelos vários
"degraus" nas passagens. É uma tese possível, apesar de Rutherford ser menos cla-
ro a respeito do relacionamento exato entre cada degrau e a sua nova escala. Presume-se
que, se as mudanças de escala são representadas por degraus, então as dimensões
de qualquer degrau em particular devem representar de alguma forma o relaciona-
mento exato entre a escala antiga e a nova. Seja como for, a identificação da fórmula
correta de conversão só pode ser alcançada com base nos acontecimentos históricos
subseqüentes — e os degraus principais parecem aparecer de modo tardio no cronógra-
fo da Pirâmide. No entanto, nossa investigação vai sugerir que o último dos degraus
da Pirâmide foi ultrapassado pela humanidade há cerca de quarenta anos, de modo
que a construção e validação de uma lei geral de mudança de escala pode agora por
fim ser experimentada.
Quanto à data da partida, as recentes pesquisas sobre os alinhamentos estelares
mostraram que as Linhas Riscadas na passagem da entrada encontram-se astronomi-
camente associadas com a data de 2141 a.C. (equinócio vernal). 7 E, de fato, se vol-
tarmos em direção à entrada à razão de uma Polegada Primitiva por ano, acabaremos
vendo a própria entrada dentro das datas conhecidas do faraó Queops, ou Khufu,
a quem se diz que a Pirâmide pertence.
Até aqui, tudo bem. Sugerimos a base para uma leitura simbólica das característi-
cas internas da Pirâmide; e agora só nos resta que a coloquemos em prova. O primeiro
passo na interpretação da Pirâmide tem de ser uma declaração clara do proposto códi-
go "reconstruído" e do seu simbolismo, conforme alcançado ao longo das linhas su-
geridas. O segundo passo tem de ser uma leitura simples e consistente, igual à de qual-
quer computador programado de maneira adequada. Se o resultado fizer sentido, po-
demos abandonar a possibilidade de a coincidência ser uma explicação possível, e en-
to seremos obrigados a concluir que a mensagem, conforme sua reconstrução, é a que
o arquiteto da Pirâmide pretendia transmitir. Quaisquer elementos de previsão que
possa conter devem então ser vistos como evidência potencial de sua validade.
Em seguida apresentamos uma tentativa de reconstrução do código da Pirâmide,
baseada numa análise crítica e exaustivamente testada dos dados fornecidos por
Rutherford.

Reconstrução Hipotética do Código

A Pirâmide = o planeta Terra.


A Pedra do Ápice (5 pontas, 5 lados) = Aquele que deve vir ou Grande Iniciado;
o nascimento da iluminação.
As Passagens e Câmaras = o progresso da alma através dos planos da Terra.

42
Simbolismo ãirecional
Para o sul = progresso da alma através do tempo.
Para o norte = retorno à existência física.
Para baixo
Para a esquerda = descida para o mal, degeneração espiritual,'
Para leste negação, renascimento para a mortalidade. 8
Para cima
Para a direita = progresso na direção da iluminação e da
Para oeste imortalidade. 8

Características das passagens

• Passagens inclinadas a 26°18'9,7" = progresso em evolução da alma através do


tempo, a uma Polegada Primitiva por ano.
• Passagens horizontais = " d e t a l h e s " encaixados significando a conquista pelo ho-
mem de níveis evolutivos particulares (vide Níveis).
• Degraus verticais nas entradas das passagens = mudança da escala do tempo (apli-
cável até o próximo degrau) baseada no relacionamento entre a altura do degrau
e a unidade-base mais próxima da escala anterior: a) degraus para cima = mais
tempo por polegada; b) degraus para baixo = menos tempo por polegada.
• Degraus verticais no corpo das passagens = indicação da escala-base afetando to-
da a passagem em questão.
• Degraus não-verticais = mudança de escala efetuada trigonometricamente por meio
de projeção da escala antiga, "inclinada", sobre um novo piso horizontal.
• Criptas com cantoneiras .superiores = estruturas "telescópicas", que devem ser
vistas como originalmente " f e c h a d a s " ou "derrubadas", mas abertas à altura to-
tal pela força vinda de dentro (comparar com os "ninhos chineses" de capelas ao
redor dos sarcófagos em sepulturas posteriores).
• Aberturas horizontais a meia-altura da parede = provisão para "piso móvel", in-
dicando que aquilo que alcança o nível indicado não precisa descer de novo até
o final da característica em questão.
• Aberturas verticais nos lados opostos da passagem = provisão para fechamento
do tipo de grade levadiça na passagem depois de ela cumprir a sua finalidade.
• Bloqueios = algo que tem de ser removido antes que se possa alcançar maior
progresso.
• Pedra calcária = o jeito do mundo físico, espaço e tempo.
• Graníto = as obras do mundo espiritual, o Divino, a eternidade.
• Superfícies planas mas de acabamento grosseiro = terra, o mundo, o terreno.
• Superfícies irregulares dos pisos = sem tabela de tempo específica, ou tabela de
tempo aproximado.
• Formato irregular da parte superior dos encaixes de granito (parecendo quebra-
dos) = algo que é mandado de cima para baixo, uma mensagem ou mensageiro dos
"planos espirituais".

43
Câmaras = eras de decisão final.
Câmaras com cumeeiras (7 lados, 10 cantos) = conquista da iluminação, fuga,
eternidade.
Câmaras de teto plano (8 pontas, 6 lados) = o portão, através do renascimento,
para planos mais elevados {isto é, para a finalidade).
Sarcófagos abertos = fuga da mortalidade e do físico; deslocamento para planos
mais elevados.
Finais de passagens distantes = conclusão da mensagem da Pirâmide para o cami-
nho em questão.
Túneis de ventilação = fuga da mortalidade e do mundo físico.
Linhas riscadas = começo da mensagem.

Níveis

Nível do piso da Câmara da Rainha = Plano da Vida ou iluminação potencial.


Nível do teto da Câmara Subterrânea = Plano da Morte ou mortalidade não-
iluminada.

Simbolistno geométrico (todas as medidas em Polegadas Primitivas)

• l n (1/100 de um Côvado Real) = 0,206066" = um ano nos pisos de granito (con-


forme sugerido pelo simbolismo geométrico do Complexo da Câmara do Rei).tJ
• 1 " (1,00106 Polegada Inglesa) = um ano (apenas nas passagens inclinadas).
• 20,6066" - 1 Côvado Real = a) horizontalmente, 100 anos (100 n). b) verticalmen-
te, morte ou nascimento.
• 2 5 " ( 5 x 5 ) = o Grande Iniciado ou o ideal messiânico.
• 2 9 , 8 4 " = morte, mortalidade (componente horizontal do ângulo pi quando inseri-
do nas passagens inclinadas).
• 3 3 , 5 " = a presença messiânica ou de Avatar. (Vide nota 16, p. 32).
• 3 5 , 7 6 " (286,l"/8) = efeito do ganho ou perda da iluminação sobre o carma da al-
ma, conforme manifestado no novo renascimento; uma reencarnação ilumina-
da/não-iluminada.
• 37,995" = morte, mortalidade (componente vertical do ângulo pi quando inserido
nas passagens inclinadas).
• 4 1 , 2 1 " = 2 Côvados Reais = a) horizontalmente, sujeição à mortalidade e reencar-
nação humana, o "espaço lateral" de uma alma humana em reencarnação; b) ver-
ticalmente, " o véu", a verdadeira passagem dupla da vida para a morte e de volta
para a vida ou vice-versa — isto é, 1 Côvado Real duas vezes.
• 67,59" = altura do "homem ao amadurecer".
• 286,1" (35,76" x 8) = ganho ou.perda da iluminação.
• 365,242" = um tempo, uma idade.

44
• 1.881,24" = a distância evolutiva entre a mortalidade cega e a iluminação, ou en-
tre a iluminação e a fuga final da mortalidade (distância entre o Plano da Morte
e o Plano da Vida). (Vide Níveis, e p. 184.)
• 5.448,736" = o mundo incompleto ou imperfeito.
• 26°18'9,7" O plano messiânico para a evolução humana (ângulo de Belém),
• 51°51'14,3" = o Divino, o espírito (o ângulo de inclinação da Pirâmide, ou ângulo
pi).
• Quadrado ou retângulo = o físico.
• Círculo = o espiritual, celestial ou eterno.
• Círculo superimposto a quadrado de igual área - a colocação do físico em confor-
midade com o espiritual.
• Projeções geométricas através da pedra = remissões simbólicas.

Simbolismo aritmético

1 = unidade, o Uno. (Todos os outros número s-código são funções diretas desta uni-
dade básica — um fato de considerável adequação simbólica.)
2 = produção, geração, produtor.
3 = perfeito, supremo, completo.
ir (3,1412) = eternidade, o eterno, o Divino, o espiritual (vide "Círculo").
4 = físico, terrestre (vide "Quadrado").
5 = iniciação, um iniciado ou líder messiânico; o Grande Iniciado (quando acompa-
nhado da medida 33,5" — q.v.).
6 = preparação, e, portanto, espiritualmente, algo incompleto ou a imperfeição.
7 = perfeição eterna ou espiritual.
8 = renascimento.
9 = perfeição suprema (32).
10 = eternidade, um milênio, uma idade messiânica.
11 = realidade física, realização, conquista.
12 = todos os homens, a humanidade, o homem verdadeiro.
19 = a morte, mortalidade.
25 = o Grande Iniciado ou Aquele-que-deve-vir, o ideal messiânico (52).
99 = culminação.
100 = recompensa ou retribuição final.
153 = o iluminado, iluminação.
1.000 = o mesmo que 10.
Adição = somado a, e, com, dá origem a.
Subtração = sem, tira de.
Multiplicação = de, vezes.
Divisão = por, através de (agente).
Quadrado = por excelência, a um grau infinito, completo, supremo.
Raiz quadrada = a essência de, o começo de, a semente de.

45
Teste de validaçao para autoconsistência

6 = 2 x 3 : A preparação é produtora do completo — bom.


8 = 2 x 4: O renascimento produz um/o terrestre — aceitável.
10 = 2 x 5: O milênio produz o iniciado — bom.
12 = 2 x 6: A humanidade é produtora da imperfeição — bom.
12 = 3 x 4: O homem é a perfeição do terrestre — isto é, a culminação da evolução
terrena — bom.
286,1 = 8 x 35,76: A iluminação resulta no renascimento de um iluminado — aceitável.
8 + 12 = 2 x 10: O renascimento somado a todos os homens produz o milênio —
aceitável.
25 - 6 = 19: A coisa incompleta, se aplicada ao ideal messiânico (?) é a morte — bom.
4 x 4 = 2 x 8 : Suprema terrestreidade produz o renascimento — bom.
4 x 5 = 2 x 1 0 : 0 Grande Iniciado terreno — isto é, o renascimento Daquele-que-deve-
vir (?) — produz o milênio — bom.
8 x 5 = 10 x 4: O renascimento do iniciado ou Daquele-que-deve-vir é sinônimo do
milênio terrestre — bom.

Em vista da razoável consistência do que está acima, pareceria, quando menos,


experimentalmente aproveitável tentar a aplicação do código, conforme reconstituí-
do, à Pirâmide e a seu sistema de passagens. (Os detalhes principais deste último
acham-se no Apêndice F.)

Fatorizações

Algumas medidas podem passar por uma grande variedade de fatorizações. As-
sim, o número 12 pode ser fatorizado como 1 x 12, 12 x 1, 2 x 6, 6 x 2, 3 x 4 ou 4
x 3. Por sua vez, o número 40 pode representar 4 x 10, 10 x 4, 5 x 8 ou 8 x 5. E isso
ainda assume que o código não está presumindo a subdivisão de quaisquer medidas
em mais de dois fatores.
Portanto, qualquer medida tomada de maneira isolada pode sugerir uma grande
quantidade de interpretações alternativas, as quais merecem inicialmente a mesma
dose de atenção. Mas quando observamos essa medida no contexto das outras carac-
terísticas ao seu redor, podemos descobrir que uma fatorização particular parece muito
mais apropriada do que as suas alternativas — e neste caso podemos identificar essa
fatorização como correta naquele contexto.
Deve-se notar que isso é exatamente o que acontece no caso daqueles símbolos
mais familiares que são nossas palavras do dia-a-dia. Tomadas de modo isolado, muitas
palavras quase carecem de significado, sendo possível, portanto, interpretá-las de mui-
tas maneiras diferentes. A palavra "redondo", por exemplo, tem pelo menos cinco
diferentes usos gramaticais, sem falar nas variações de significado que pode ter den-
tro dessas categorias gramaticais. As pesquisas lingüísticas demonstram que, de uma
forma ou de outra, nós dependemos quase por completo do contexto para precisar
o significado das palavras que usamos — portanto, não seria surpresa se algumas con-
siderações familiares não se aplicassem à linguagem do código da Pirâmide.

46
Tolerâncias

Conforme já foi sublinhado, toda a Pirâmide foi construída com extraordinária


precisão. Mas seria ridículo esperar que essa precisão fosse literalmente infinita. En-
tão, temos de considerar a questão de quais tolerâncias o arquiteto planejou e quais
os construtores acabaram trabalhando.
O exame do interior da Pirâmide sugere de modo claro que certas prioridades fo-
ram observadas na questão da exatidão. A extensão das linhas de piso, isto é, o pro-
cesso de datação cronológica, parece ter recebido prioridade sobre as considerações
em todos os casos e aqui parecem ter sido observadas tolerâncias tão pequenas como
um milésimo de polegada. Além do mais, apesar de quatro milênios de movimento
e distorções da Terra (vide diagrama da p.127, por exemplo), os cálculos trigonomé-
tricos tornam possível a reconstrução exata das medidas do projeto original, ainda
em nossos dias. Contudo, outros aspectos dos códigos geométricos e aritméticos pa-
recem ter sido subordinados a essa consideração básica, de modo que um grau me-
nos preciso de exatidão parece ter sido observado com respeito a algumas das outras
características simbólicas e referenciações, em especial quando surgiu algum conflito
com exigências de caráter cronológico. 10
Também é verdade que, dentre todas as características das passagens, as medi-
das das linhas dos pisos foram provavelmente as menos afetadas pelos movimentos
da Terra e pela passagem do tempo, conforme notaram vários daqueles que efetua-
ram levantamentos na Pirâmide.
Existe alguma evidência nas páginas seguintes para sugerir que as referências ao
código hipotético foram inseridas de modo bastante comum no projeto com exatidão
apenas de números inteiros de polegadas — se o número de erros significantes de aproxi-
mação puderem ser considerados como pistas que devem ser seguidas. O método
empregado parece ter envolvido as correções para baixo ao invés da aproximação para
o número inteiro seguinte — uma convenção em cujo apoio o trabalho de Davidson
e Aldersmith sobre a cronologia da lista de reis (vide Apêndice C) oferece alguma prova.
O que era importante no caso do código geométrico em particular não era tanto a apro-
ximação para o número de polegadas completas — exceto onde o resultado em ques-
tão caía dentro das tolerâncias importantes do projeto.
Assim, não apenas encontramos casos de 286, I P " aparentemente corrigidas para
286P", mas algumas vezes 67,59P" são tratadas como se fossem 67P" e 29,84P" co-
mo se fossem 29P". Esses casos são vistos com maior freqüência nas funções mate-
máticas que envolvem a mistura de fatores geométricos e aritméticos — por exemplo,
os múltiplos aritméticos simbólicos de quantidades geométricas — e nas medidas que
parecem compreender referências diretas ao código aritmético (vide nota 10 na p.51).
Então, o código aritmético deve ser visto como um código que contém as versões de
números inteiros de todas as quantidades do código geométrico.

Significado das camadas de alvenaria

As 203 camadas de alvenaria da Pirâmide, entre a base e a plataforma do ápice,


registram diversas espessuras (os detalhes encontram-se no Apêndice G). Já que seria

47
muito mais simples, do ponto de vista arquitetônico, escolher uma única espessura
padrão, parece razoável deduzir que as várias espessuras não foram escolhidas de ma-
neira arbitrária, mas sim atribuídas a determinadas camadas em particular por irrefu-
táveis razões simbólicas. Em outras palavras, tanto a quantidade como a espessura das
camadas podem ser matematicamente importantes em termos do código da Pirâmide.
Determinadas camadas parecem estar relacionadas de maneira direta a níveis es-
pecíficos dentro do sistema de passagens, enquanto outras são significativas com res-
peito a geometria exterior da Pirâmide. Por outro lado, a medição cuidadosa revela que:

a) mesmo dando desconto por causa do afundamento, verificaram-se originalmente


variações na espessura dentro de cada camada da alvenaria do miolo;
b) os níveis internos das passagens (em contraposição aos cinco orifícios exter-
nos) em muitos casos não corresponderam de maneira exata aos alinhamentos
superior ou inferior das camadas de alvenaria do miolo;
c) as camadas originais do revestimento de pedras tampouco correspondiam de
modo exato aos alinhamentos superior ou inferior das camadas de alvenaria
do miolo.

Portanto, parece que não se pretendia que a alvenaria do miolo da Pirâmide fosse
construída dentro dos mésmos padrões de exatidão observados no revestimento ex-
terno ou nas características das passagens internas. De fato, não existe qualquer ra-
zão óbvia para que isso tivesse acontecido, se nos lembrarmos de que a sua função
era apenas a de servir como "enchimento".
No entanto, tomando b) e c) juntos — e ainda lembrando as grandes e deliberadas
variações de espessura de uma camada para outra da Pirâmide — parece ser razoável
a hipótese de que os principais níveis das passagens deviam originalmente correspon-
der aos alinhamentos superiores ou inferiores de determinadas camadas de pedras do
revestimento e de que os níveis destas eram, de maneira pelo menos aproximada, os mes-
mos de suas correspondentes na alvenaria do miolo. Em outras palavras, a partir da
estrutura que sobreviveu, nós ainda devemos ser capazes de determinar os níveis ar-
quitetônicos das características das principais passagens em relação à camada mais pró-
xima e, ao mesmo tempo, estabelecer um valor médio ou teórico para a espessura da-
quela camada reduzida ao número inteiro de Polegadas Primitivas (vide pp. 46-47) —
até o ponto permitido pelas distorções provocadas pelo afundamento e terremotos.
Vejamos um caso específico. O nível do piso da Câmara da Rainha — identificado
de modo provisório acima como o chamado Plano da Vida — está 846,0654P" geome-
tricamente acima da base da Pirâmide. Portanto, do ponto de vista arquitetônico, es-
se nível tem de estar relacionado com a 24? camada de alvenaria (cujo alinhamento
inferior fica 820,4P" acima da base da Pirâmide) e com a 25? camada (cujo alinhamen-
to inferior está 852,7P" e cujo alinhamento superior está umas 885P" acima da mes-
ma base). Está claro que, neste caso, o ponto de referência arquitetônico mais próxi-
mo é a junção entre as duas camadas. A camada 24 tem umas 3 2 P " de espessura e
a camada 25 tem pouco mais de 33P".
Como conseqüência, presumimos poder identificar o nível do piso da Câmara da
Rainha como sendo teoricamente baseado na 24® camada e dando origem à 25? —
isto é, com base na imperfeição física e/ou na preparação (6 x 4), produtora do (verda-

48
deiro?) homem (2 x 12) e dando origem ao ideal messiânico do Grande Iniciado (5 2 ).
Por outro lado, a espessura da 24? camada (32P") identifica o seu nível como o de
renascimento físico ( 8 x 4 ) — uma conclusão aparentemente corroborada pela antiga
designação egípcia da Câmara da Rainha como a "Câmara do Renascimento" — mas
dando surgimento à "conquista perfeita" ou à "conquista da perfeição" (11 x 3).
Os principais níveis das passagens encontram-se na lista abaixo, junto com deta-
lhes das camadas às quais eles correspondem de maneira mais aproximada. Em to-
dos os casos a palavra " t e ó r i c o " aplica-se ao processo aproximativo de dedução su-
blinhado acima.

Características das Nível arquitetônico Espessura média


passagens, etc. teórico da camada11

Camada base Camada 1 58P" (2 x 29)

Ponto médio Base da camada 7 41P" (2 Côvados Reais)


aproximado da tampa de
granito da Gruta no
Poço-Fonte
Nível do Piso da Alinhamento superior 32P" (8 x 4)
Câmara da Rainha da camada 24 (6 x 4)
(Plano da Vida) Alinhamento inferior 33P" (3 x 11)
da camada 25 (5 x 5)

Alinhamento superior Alinhamento superior 28P" (7 x 4)


das paredes norte e da camada 30 (6 x 5 ou
sul da Câmara da Rainha 3 x 10)
Alinhamento superior do Alinhamento superior 50P" (10 x 5)
paralelogramo Aroura (7 x 5)
no corte lateral da
Pirâmide (vide p. 334)
Camada acima de 35? Camada 36 (62 ou 3 x 12) ou 41P" (2 Côvados Reais)
Piso da Câmara do Rei Alinhamento superior 28P" (7 x 4)
da camada 50 (10 x 5)
Teto da Câmara do Rei Base da camada 60 28P" (7 x 4)
(6 X 10 ou 5 x 12)
Saída dos túneis de Camada 90 (9 X 10) 38P" (2 x 19)
ventilação da Câmara da
Rainha no miolo de
alvenaria
Saída dos túneis de Camada 91 (7 x 13) 35P" (7 x 5)
ventilação da Câmara da
Rainha no revestimento
externo
Camada 100 (IO2) 35P" (7 x 5)
Saída do túnel de Camada 101 33P" (11 x 3)
ventilação norte da (100 + 1?)

49
Câmara do Rei no
miolo de alvenaria
Saída do túnel de ventilação Camada 102 28P" (7 x 4)
sul da Câmara do Rei no (100 + 2?)
miolo de alvenaria
Saída do túnel de Camada 103 29P"
ventilação norte da (100 + 3?)
Câmara do Rei no
revestimento externo
Saída do túnel de Camada 104 26P" (2 x 13?)
ventilação sul da (100 + 4? ou 8 x 13?)
Câmara do Rei no
revestimento externo
Plataforma do ápice Alinhamento superior 21P" ( 3 x 7 )
da camada 203
(7 x 29)

Abordagens para a decodificação

Na tentativa de enfrentar a tarefa de decodificar a suposta mensagem da Pirâmi-


de, o autor encontra abertos dois principais cursos de ação, cada um com seus riscos
inerentes. Ele pode descrever e analisar apenas aquelas características que parecem
ser função direta do código conforme postulado — em cujo caso ele se arrisca a ser
acusado de ignorar todas as características que não se encaixam em sua tese. Ou ele
pode listar e "experimentar" qualquer característica concebível do sistema de passa-
gens, por mais acidental, duvidosa ou vaga que possa parecer a sua importância ma-
temática simbólica. E neste caso é claro que ele se arrisca a ser acusado de torcer tudo
para que combine com a sua teoria.
Desses dois cursos eu preferi escolher o segundo, com base no fato de que o lei-
tor inteligente é perfeitamente capaz de decidir por si mesmo o que é relevante e ig-
norar o que não é, uma vez que os fatos lhe sejam apresentados. Depois de ele mes-
mo podar a árvore que tem diante de si, pode fazer o seu próprio julgamento sobre
até que ponto as conclusões tiradas são confirmadas pela evidência que restar. Na
verdade, achei apropriado indicar por meio de um ponto de interrogação certas ca-
racterísticas cuja significação aparente eu mesmo considero acidental ou pelo menos
duvidosa.

50
NOTAS DO CAPÍTULO 2
1. Compare também com a pesquisa global e abundantemente ilustrada de Peter Tompkín
sobre as tentativas conhecidas no sentido de entender o significado do edifício em sua
obra Secrets ofthe Great Pyramid (Allen Lane, 1973) e com a de Kingsland The.Great Pyramid
in Facf and in Theory (Rider, 1932).

2. Conforme vários comentaristas já notaram, isto exigiria, no mínimo, a colocação de um bloco


ou de uma pedra a cada dois minutos de luz do dia — uma velocidade incompatível com
qualquer tecnologia conhecida, e menos ainda dentro dos padrões supremos de cuidado
e precisão mostrados na alvenaria da Pirâmide.

3. Deve-se também notar que 12 é o número das conhecidas luas de Júpiter, cujo nome vem
de Deus, o Pai. Poderia Júpiter estar de alguma forma vinculado a esse "plano messiâni-
co"? Vide p. 264).

4. Na verdade, 153 é a soma dos números de 1 a 17. Também é o produto de 9 e 17. De


outra parte, as cifras individuais dos números 9 e 17 combinados somam 17; as do núme-
ro 153 somam 9 e as dos números 1 e 17 combinados também somam 9. O mesmo aconte-
ce com as cifras individuais combinadas de 2 e 16; 3 e 15; 4 e 14... e com cada "par" suces-
sivo de números até que o número central da série seja alcançado — esse número é 9, cujo
significado piramídal parece ser: suprema perfeição, Talvez seja a essa série de "coincidên-
cias matemáticas" que o número 153 deve o seu significado "especial". No entanto, por
estranho que pareça, o próprio número 17 parece ter um significado independente nas
passagens da Pirâmide.

5. A lenda diz que o original do chamado Livro dos Mortos teria sido escrito por Thoth, o
grande patriarca fundador do Egito. Mas, se aquele livro era idêntico em essência à men-
sagem espiritual da Grande Pirâmide, não estaríamos vendo aqui pelo menos um indício
de que o próprio Thoth teria sido o projetista da Pirâmide e de que, portanto, o edifício
representaria de certa forma o seu testamento em pedra? Os claros vínculos matemáticos
entre o número de seus textos e as dimensões da Pirâmide (vide p. 24) certamente pare-
cem dar consistência a essa possibilidade.

6. Vide João 8,32: " E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

7. Vide p. 58 e compare Rutherford I a este respeito.

8. Interpretações consistentes com o simbolismo conhecido do túmulo muito posterior de


Tutankhamon — vide Tutankhamen, de C. Desroches Noblecourt, p. 246.

9. Sabe-se que o "n" foi usado pelos antigos egípcios como subdivisão norma! do Côvado
Real, que em si era uma centésima parte do lado da aroura-quadrada (vide Apêndice A).

10. Vide, por exemplo, a extensão das seções inferiores da Passagem para a Câmara do Rei
(somando 153,057P" de comprimento), que parece pretender denotar tanto um período
de tempo como uma referênria aritmética aos iluminados (153). Isto sugere que, do ponto
de vista cronológico, a distância tinha de ser exata. Mas, simbolicamente, a característica
significativa consistia em completar a 153® polegada.

11. Reduzindo a Polegadas Primitivas inteiras e admitindo uma tolerância de pelo menos 0,1P"
na construção.

51
3

A Pirâmide Fala

Na tentativa de analisar a mensagem da Pirâmide em termos do código delineado


no capítulo anterior, nosso melhor plano parece ser o de enfrentar a tarefa a partir
do ponto de vista do antigo candidato a iniciado nos mistérios da Pirâmide. Assim,
devemos nos aproximar do lado norte da Pirâmide e por ele entrar da maneira como
ele faria, examinando cada característica no momento em que a ela chegamos. Uma
descrição geral dessa característica deve-se então seguir de uma leitura simples em
termos do código reconstruído. Durante todo o processo as medidas serão dadas nas
mesmas Polegadas Primitivas originalmente utilizadas pelo arquiteto (cada uma igual
a 1,00106 polegada inglesa); e em todos os casos devemos presumir que a passagem
do tempo é representada pelo nosso progresso ao longo da linha centrai dos pisos
das várias passagens.

Observações Gerais

Se o candidato a iniciado se aproximasse do Planalto de Gizeh por volta das doze


horas, em um dia de verão, a primeira coisa que veria seria uma brilhante estrutura
branca, de enormes proporções, transmitindo raios refletidos da luz solar sobre o de-
serto e o Delta do Nilo (vide p. 322). Portanto, talvez fosse de imediato tomado pela
idéia de se tratar de um objeto de um "mundo superior" — cuja função não seria
apenas a de disseminar a luz física, mas talvez também a luz espiritual e intelectual
por toda a face da Terra.
Aproximando-se dela, o antigo visitante sem dúvida se veria surpreso ao desco-
brir que a Pirâmide, apesar de tão resplandecente, tinha sido deixada pelos seus cons-
trutores sem a sua pedra do ápice (vide Apêndice H) — uma pedra que, em outras
pirâmides, era pintada de dourado para representar o Sol. Além do mais, essa omis-
são só poderia ter sido intencional, já que o revestimento externo das pirâmides co-
nhecidas em geral recebia acabamento a partir do cume para baixo. Conseqüentemente,
esses fatos o levariam a suspeitar que essa enorme estrutura de alguma forma queria
simbolizar a "casa não terminada dos destinos do homem" e que a pedra do seu

52
ápice representaria algum tipo de conquista suprema destinada a acontecer apenas
ao raiar de uma nova era.
Supondo que o visitante tivesse conhecimento do código da Pirâmide, ele pode-
ria em seguida testar a sua hipótese. Da maneira como estava, a Pirâmide tinha oito
cantos e seis lados (incluindo a base e a plataforma do ápice). Portanto, simbolizava
o renascimento da imperfeição, ou renascimento preparatório — mais conhecido pelo
sinistro termo bíblico " a ressurreição da maldição", apenas um aparente indício do
renascimento humano para a mortalidade ou para a existência física. No entanto, a
colocação da pedra do ápice a transformaria em uma estrutura de cinco lados e cinco
pontas — simbólica do nascimento da iluminação ou da iniciativa messiânica. Além
do mais, com esse acabamento, as quatro faces separadas do edifício anterior seriam
por fim unidas no ápice — talvez um símbolo de um eventual fim para a discórdia
e a divisão entre os homens. E a pedra do ápice, responsável por essa transformação,
teria também cinco pontas e cinco lados e assim representaria o iniciado messiânico
que propiciaria tudo isso — o " S o l " que proporcionaria a aurora de uma nova e glo-
riosa idade de paz. 1
Ao examinar com mais cuidado a geometria exterior da Pirâmide, o visitante se
veria intrigado ao perceber que as suas medidas na verdade eram menores do que
o perímetro das brocas de fundação claramente mostradas, em medidas relacionadas
de modo direto com o deslocamento da entrada para leste, a partir da linha central
da Pirâmide. Entendendo que ambas as reduções de medidas deveriam representar
algum tipo de anomalia, isto é, algum tipo de afastamento dos planos originais, o
iniciado poderia ver nelas o significado de imperfeição da presente condição humana
quando comparada com a condição ideal, iluminada.
A confirmação dessa idéia viria logo em seguida,, a partir da tomada das medidas.
De fato, o projetista tinha pretendido que os alinhamentos e as características geomé-
tricas do projeto total da Pirâmide fossem funções diretas dos dados geofísicos bási-
cos da Terra e de sua astronomia orbital. Em resumo, o enorme edifício deveria, quando
terminado, representar a própria Terra, em harmonia com o seu ambiente cósmico.
Mas o antigo visitante podia ver por si mesmo que a obra não havia sido completada
— de fato, havia sido deliberadamente construída em tamanho menor, com o períme-
tro de sua base reduzido de um total de 286,IP". Em virtude disso ele poderia ler
nesses símbolos o significado de que o nosso planeta só alcançaria a verdadeira har-
monia cósmica quando a luz fosse restaurada ao mundo.
Por outro lado, a patente simbolização da Pirâmide como o planeta Terra, somada
ao fato de que todo o seu projeto interior visou fazê-la ostensivamente parecida a uma
sepultura, poderia sugerir ao visitante que as passagens da Pirâmide visavam simboli-
zar o caminho daqueles que se acham sepultados (isto é, aprisionados) no mundo físi-
c o — e assim também, talvez, que o tempo simbolizado pela colocação final da pedra
do ápice representaria uma era na qual aqueles sepultados poderiam por fim erguer-se
dentre os "mortos" para reclamar uma herança espiritual viva. De passagem poderia
também admirar a engenhosidade do projetista ao dar ao projeto o caráter inquisitivo,
por meio do simbolismo de sepultura, com uma explicação imediata do monumento,
mas sem revelar aos homens a sua informação vital antes de ele se desenvolver o bas-
tante para compreendê-la e tirar proveito dela.

53
A confirmação dessas idéias seria encontrada de imediato. Baseando-se em seu
código, o viajante interpretaria o fato de a entrada estar na 19? camada de alvenaria
e a uma altura de 38 Polegadas Primitivas quase exatas (isto é, 2 x 1 9 " ) — assim co-
mo o fato de ter o seu eixo a 2 8 6 , 1 " a leste (ou à esquerda) do eixo da própria Pirâmide
— com o significado de que as passagens representavam o caminho daqueles espiri-
tualmente mortos. Uma consulta aos textos sagrados dos egípcios, em especial à ver-
são de Salte para o Livro dos Mortos, acrescentaria ainda maior confirmação de que
as passagens deviam ser interpretadas como símbolo da evolução das almas dos "mor-
t o s " — apesar de o contexto tradicionalmente visto parecer ter sido o de post-mortem.
Por fim, ainda antes de entrar na Pirâmide, o antigo visitante poderia ter olhado
para cima e notado que a proeminente 35? camada de pedras de revestimento era
bem mais espessa do que aquelas acima e abaixo dela (vide diagrama na p. 19 e o
Apêndice G) — em mais de 50 Polegadas Primitivas, conforme um exame mais deta-
lhado teria revelado. Por outro lado, a camada acima dessa tem 2 Côvados Reais de
espessura. Tendo o código sempre em mente, portanto, ele deduziria que a 35? ca-
mada — com o seu eixo a 25 ou 5 2 polegadas exatas de distância dos alinhamentos
superior e inferior da camada e situada a um quinto da altura total da Pirâmide —
representava numericamente a perfeição espiritual do iniciado (7 x 5) e sendo talvez
vinculada com o ganho ou perda da iluminação através do renascimento (35,76" =
286,178). Ao mesmo tempo, ele poderia ter interpretado a sua espessura de 5 0 " co-
mo símbolo da idade messiânica do(s) iniciado(s) (10 x 5) e/ou o aparecimento do
próprio Grande Iniciado (2 x 5 2 ).
Por outro lado, a camada imediatamente acima, à qual a 35? camada dava ori-
gem, tem 2 CR de espessura e tem, portanto, algum vínculo com a mortalidade. Além
disso, o fato de a 36? camada ser de alvenaria sugere que o seu simbolismo não é
apenas a perfeição do homem (3 x 12), mas também a suprema imperfeição (6 2 ). E
o seu número está também perto o bastante de 35,76 para sugerir um vínculo com
o ganho ou perda de iluminação através do renascimento.
O visitante poderia então ter tabulado da seguinte maneira todas as informações
disponíveis a partir dessas duas camadas de alvenaria:

Camada Inferior Simbolismo

1) Número da camada 35 ( 7 x 5 ) A perfeição espiritual


inferior a partir do(s) iniciado(s)
da base
2) Espessura da camada 50" (10 x 5 ou O Milênio dos iniciados/
2 x 52) produtor do Grande Iniciado
3) Distância do eixo da 1.162,6'
camada a partir do eixo
da Pirâmide2
4) Distância do eixo da (365,242" x 10)h Uma idade do Milênio
camada a partir da base através do espiritual
da Pirâmide ou do Divino

54
5) Distância do eixo da Altura total da Uma palavra aperfeiçoada
camada a partir da base Pirâmide/5 através da iniciação
6) Extensão da lateral d a Pirâ- 2 x 365,242" x 10 Produtora de uma era do
mide pelo projeto total ao milênio
nível do eixo da camada
7) Distância do eixo ao 25" (52) O Grande Iniciado/O Ideal
alinhamento superior Messiânico
ou inferior da camada

Camada Superior

8) Número da camada 36 (3 x 12 ou Homem perfeito/imperfeição


superior a partir 62) suprema
da base
9) Espessura da camada 41,21" (2 CR) Mortalidade
superior
10) Posição da camada Sobre a camada Nasce de/baseia-se em
superior inferior
11) Os números das duas 286,l"/8 Iluminação através
camadas podem referir- do renascimento
também à quantidade
geométrica 35,76"

A partir desses dados o visitante poderia chegar a uma leitura como esta:

A perfeição espiritual do iniciado (1) produzirá o próprio Grande Iniciado (2) (7) e uma
era Messiânica (2) (6) de perfeição do mundo (5) produzida por meios espirituais (4). 3
Essa era Messiânica ou milênio por sua vez dará origem (10) à perfeição dos homens (8)
ou à sua suprema imperfeição (8), ao conquistarem ou perderem a iluminação através de seus
sucessivos renascimentos (9) (11).

Em outras palavras, esse pronunciamento-código, em grande escritura acima da


entrada para as passagens da Pirâmide, talvez seja visto como uma espécie de resu-
mo da mensagem mais detalhada, decifrável no interior — uma moldura geral concei-
tuai do todo de nossas investigações subseqüentes. Por outro lado, essa investigação
deve ajudar a estabelecer se aquela moldura geral conceituai tem ou não tem validade.
Partindo da entrada, vamos agora iniciar a nossa investigação, colocando as in-
formações conforme é exemplificado acima.
O leitor não-técnico talvez prefira saltar por cima dos dados das listas e passar
diretamente para a LEITURA sugerida em cada seção.

A entrada

1) Nível 19? camada de Morte


alvenaria
2) Espessura da camada 37,995" (2 x 19") Produtiva da morte

55
56
57
As Linhas Traçadas

1) Essas duas linhas retas, perpendiculares ao piso da Passagem Descendente e que


se estendem do piso ao teto, foram feitas com todo o cuidado nas duas paredes da
passagem, em um ponto abaixo da grande cumeeira de pedra calcária mostrada nos
diagramas das pp. 57 e 186 e 481,7457" piso abaixo a partir da entrada.

2) Recentes pesquisas astronômicas revelaram4 que essas linhas estavam em alinha-


mento com a estrela Àlcione das Plêiades, na constelação de Taurus, ou Touro, ao
meio-dia no equinócio da primavera (21 de março) de 2141 a.C. — uma data um pou-
co mais tardia do que aquela originalmente calculada para esse alinhamento pelos as-
trônomos Herschel e Piazzi-Smyth. A este respeito é interessante observar que o sa-
crifício de bois, no Oriente Médio, tem sido associado desde tempos imemoriais com
a expiação dos pecados e com a salvação divina, ao passo que, na antiga tradição egíp-
cia, as Plêiades encontravam-se vinculadas à deusa Hathor, a "deusa da Fundação"
e instigadora do "dilúvio" primitivo.

3) A sugestão de que o alinhamento de Alcione foi intencional de parte do projetista


da Pirâmide é apoiada pelo fato de que a característica que corresponde às Linhas
Traçadas nas Passagens Experimentais é uma superfície plana que poderia ter sido
usada como "pelorus", um instrumento para observação da estrela (vide diagrama
na p. 199).

4) Em 2141 a.C., o eixo da Passagem Descendente estava alinhado de maneira exata


com a Estrela Dragão — então a Estrela Polar — em sua culminação inferior. O Dra-
gão e sua estrela associam-se de modo tradicional (conforme mostrado acima) com
as forças do mal e, portanto, com a morte espiritual. O fato de que a estrela em ques-
tão "apontava", dentro da Passagem Descendente, para o começo da Passagem Sub-
terrânea parece confirmar essa associação.

5) Não se pode fazer ambos as afirmações 2) e 4) acima sobre qualquer outra data no
ciclo precessíonal; tampouco sugerir qualquer outro alinhamento possível das estrelas.

LEITURA: Es te é o começo da profecia e do projeto messiânico para a evolução humana. Comece


a contar a partir daqui (2141 a.C.).

Com base nisso e contando de trás para a frente à média de 1 " por ano (vide códi-
go), a entrada encontra-se num ponto que representa o solstício de verão de 2623 a.C.
Isto poderia de alguma forma estar associado com a data da construção da Pirâmide:
mas por certo não se refere ao início de seu planejamento, que pode ter ocorrido cen-
tenas ou até milhares de anos antes. No entanto, essa data parece combinar com o
reinado do faraó Queops, com quem a construção da Pirâmide é em geral associada.

58
Começo da Passagem Ascendente (A Porta da Subida)

1) Posição 688,0245" depois (Medição de tempo)


das Linhas Traçadas5
2) Datação simbólica 688,0245 anos (Medição de tempo)
depois do equinócio da pri-
mavera de 2.141 a.C = 30
de março de (Datação)
1.453 a.C. (teoricamente às
10:34 da manhã)
3) Natureza da entrada originalmente impedimento físico para
bloqueada por o progresso — remoção
uma pedra necessária
(aparentemente assemelha-
da à Verga Escondida do Li-
vro dos Mortos)
4) Características passagem ainda Mais impedimentos
após alousa bloqueada na
extremidade inferior
5) Natureza do três blocos Duplo (?) impedimento
bloqueio construídos no espiritual para o
local, de granito progresso — remoção
vermelho — os (aceitação) necessária
dois de cima unidos em um
só (o chamado
Tampão de Granito)
6) Pecuüaridades extremidade superior Enviado de um plano
do Tampão de Granito de cima tem acabamento do bloco mais alto6
grosseiro ou foi quebrada
7) Comprimento do originalmente Milênio (?)/Morte ou
Tampão de Granito cerca de 10 CR renascimento dos
(2 CR x 5) iniciados (?)
8) Altura do a mesma das passagens "Feito no local": assim,
Tampão de Granito Descendente e planejada para
Ascendente o começo (?)
9) Largura do 2 CR na extremidade Produtora da morte
Tampão de Granito superior, mas chanfrado
(3") na ponta inferior para
encaixe bem justo em passa-
gem com chanfro igual (lar-
gura chanfrada, portanto =
38" ou 2 x 19")
10) Passagem além do originalmente Mais obstáculos
Tampão cheia de outros físicos
blocos de pedra calcária
11) Direção da passagem para o sul Através do tempo

59
60
era) e continuar "perfurando" através dos blocos de pedra calcária que antes enchiam
o restante da passagem.
Assim, de modo simbólico, as condições espirituais para a entrada na Passagem
Ascendente são vistas como uma tarefa demasiado grande para o homem que, ao in-
vés disso, tem de " a t a c a r " a passagem valendo-se apenas de seus recursos físicos.

LEITURA: 688 anos depois do início da profecia (isto é, a 30 de março de 1453 a.C.) ( 1 ) (2),
os homens darão início a uma tentativa de melhora espiritual (12) através de acontecimentos
na esfera física (3).
Mas eles encontrarão o seu caminho bloqueado (4), a menos que também possam aceitar
inteiramente as condições espirituais mandadas "de cima" (5) (6) — condições que prepararão
o terreno para o renascimento dos iniciados (7) e para o eventual Milênio (7).
Sendo aceitas por completo, as condições espirituais em questão acabarão por bloquear o
caminho para a morte espiritual do homem (8) (9) (13) — mas também acarretarão uma carga
em demasia para ele neste momento. Como conseqüência o homem preferirá circundar a nova
disposição e substituí-la pela dolorosa e laboriosa observação dos obstáculos puramente físicos
(10). Portanto, o caminho para a morte permanecerá ainda mais aberto (13).

O período histórico indicado parece ter sido caracterizado, em bases mundiais,


pela imposição de novos obstáculos rituais na vida do dia-a~dia e por um movimento
no sentido do monoteísmo. Na índia, por exemplo, o Veda hindu — que manifesta
ambas as tendências — estava sendo escrito mais ou menos nessa época.
Sabe-se que no contexto do Oriente Médio ocorriam processos semelhantes tanto
entre os egípcios como entre os judeus. Rutherford apresenta muitas evidências para
demonstrar que foi também em 1453 a.C. que começou o Êxodo israelita do Egito,
sob a figura do semimítico Moisés. Na verdade, se 1453 a.C. foi de fato o ano em ques-
tão, então as condições astronômicas relativas à Páscoa judaica (a primeira lua cheia
depois do equinócio da primavera) estabelecem a manhã do dia 30 de março como
a única data possível para a partida.
Neste caso é uma estranha coincidência que o granito vermelho do Tampão de
Granito seja virtualmente idêntico ao do Monte Horeb — a montanha sobre cujos dois
blocos se diz que Moisés teria recebido a Lei Divina para o seu "reino de sacerdotes
e uma nação santa". E sua missão, como parece ter sido estabelecida na época, era
salvar toda a humanidade do estado de escuridão que a envolvia por completo — um
papel messiânico, nem mais nem menos.
Seja a história bíblica baseada em fatos reais ou apenas nos conhecimentos do
simbolismo da Pirâmide — ou se uma coisa levou à outra ou a previu — uma coisa
parece clara: a profecia da Pirâmide parece ter nascido nesse ponto por causa de uma
série generalizada de acontecimentos na evolução do pensamento religioso do mundo.

A Passagem Ascendente (O Salão da Verdade na Escuridão)

1) Direção para o sul Através do tempo


2) Inclinação para cima Progresso evolutivo

61
3) Ângulo de inclinação 26°18'9,7" Evolução humana
4) Largura 41,21" (2 CR) Renascimento/mortalidade
5) Corte transversal retangular Físico/terrestre
6) Outras passagem aberta Três obstáculos físicos
características através de específicos, N?s 1 e 3
três diferentes "favoráveis", N? 2
"cinturões de "desfavorável"
pedra" calcária
7) Peculiaridades dos N?s 1 e 3 são
"cinturões de precedidos de "marcas'
pedra" na parede ocidental, e
N? 2 de uma "marca"
na parede oriental
8) Datações aparentes Pedra N? 1: 797-765 a.C. (Datações)
Pedra N? 2: 592-559 a.C.
Pedra N? 3: 384-352 a.C.
9) Extensão do piso 1.485,0068" (Medição do tempo)
10) Datação da 1.485,0068 anos (Datação)
extremidade superior depois de 30 de março de
da passagem 1.453 a.C. = 1? de abril de
337 d.C. (teoricamente às
22:04)
11) Características altura do teto Conquista da
da parte superior salta em 286,1" iluminação
da passagem
12) Outras características linha do piso Entrada numa era
da parte superior continua na iluminada (?)
da passagem Grande Galeria (o Salão da
Verdade na Luz)

LEITURA: As almas da humanidade em progresso (3), reencamando-se (4) no mundo físico (5),
continuarão seus dolorosos esforços em busca da melhora espiritual (2) enquanto o tempo trans-
corre (1).
Durante três períodos na história (797-765 a.C., 592-559 a.C. e 384-352 a.C.) os seus
esforços serão orientados e caracterizados por notáveis acontecimentos físicos (6) (8); e o segun-
do desses períodos será de natureza especialmente difícil (7).
Na primavera do 1485? ano depois do começo da caminhada para cima (1? de abril do ano
33 de nossa era) (10), o homem receberá uma repentina iluminação (11), e depois um caminho
de possível iluminação abrir-se-á para a humanidade (12).

A Passagem Ascendente parece implorar por uma identificação com o desenvol-


vimento histórico do judaísmo — apesar de ser possível da mesma forma aludir a ou-
tros caminhos de evolução paralelos. No entanto, não é fácil precisar o significado
histórico dos três cinturões de pedra. Por certo o cativeiro dos judeus na Babilônia
aconteceu por volta de 590 a.C., apesar de ter aparentemente continuado até 534 a.C.
No entanto, isso poderia corresponder aos "tempos de provação" que o cronógrafo

62
2) O nível do teto da Pas-
sagem Ascendente a
princípio aumenta cerca
de 77" (11 x 7) em C
(entrada para a Grande
Galeria, ou
Salão da Verdade na
Luz) e subseqüentemente
em 286,1" num ponto
25" (52) depois de C
(comparar com o
diagrama na p. 103).
3) A parede norte da
Grande Galeria cruza
com o piso da Passagem
Ascendente no
ponto D do diagrama...
4) ...e com o nível do piso
da Câmara
da Rainha em F.
5) A largura do piso entre
G e D continua sendo
de 41,21" (2 CR)
e o corte transversal da
passagem continua
sendo retangular
6) Ângulo DGF
7) O caminho do Plano
da Vida (em G) para o Triângulo GFD e uma "cunha"
verdadeiro aparecimento que dá ao homem um "apoio"
da iluminação na subida
(em D) é uma função
do triângulo GFD.
8) Mas FD

9) GF

10) GD

11) Por outro lado,


ponto D representa
12) Assim, o ponto G 27 de setembro do
representa ano 2 a.C. 8 (teoricamente
7:20 da manhã)
13) Nível da base base teórica da 25? (52) camada Nascimento do Grande
(BHFG) de alvenaria Iniciado que dá vida
[vide 1)] ou ideal Messiânico.

64
LEÍTURA: O renascimento na Terra (5) da presença messiânica (10) que dá vida (1) acontecerá
a partir de 27 de setembro do ano 2 a. C. (12). Um homem que dará sua vida pelo estabelecimen-
to do ideal messiânico (13) alcançará a perfeição espiritual (2) (8) ao completar os seus prepara-
tivos como o Grande Iniciado (9). Esse acontecimento terá lugar no ano 33 d.C. (1? de abril)
(11). A partir daquele momento um caminho de iluminação, baseado no seguimento do mesmo
ideal messiânico, começará a abrir a vida para a humanidade (2).

O triângulo GFD, por outro lado, parece representar uma figura messiânica que
deveria nascer no ano 2 a.C. e que devia alcançar a estatura do Grande Iniciado no
ano 33 d.C. — daí o sugerido termo de "Triângulo Messiânico".
Existe considerável evidência (apresentada extensamente por Rutherford) de que
aquelas datas na verdade foram as do líder religioso judeu que conhecemos por "Je-
sus de Nazaré", 9 uma conclusão que deve ter a tendência de sugerir que a ilumina-
ção da Grande Galeria pode ter estado vinculada de maneira direta à aplicação de
seus ensinamentos.
E discutível se os ensinamentos cristãos dos dias atuais têm alguma comparação
real com os ensinamentos originais de Joshua, o Nazareno. De fato, se a mensagem
da Pirâmide é tão universal como estamos supondo que seja, então parece pouco
provável que a "iluminação" da Grande Galeria esteja disponível apenas para uma
determinada seita ou tradição religiosa. Nesse caso os ensinamentos cristãos origi-
nais devem ser vistos como um desdobramento a mais da religião mundial e não
só do judaísmo. Em outras palavras, Jesus de Nazaré teria de ser visto sobre os
ombros de outros mestres como Krishna e o Buda e não apenas de Moisés e dos
profetas hebreus. É verdade que a geometria da Grande Pirâmide mostra o Triângu-
lo Messiânico nascendo diretamente da tradição da Passagem Ascendente, da qual
parece representar o cume natural. Mas o judaísmo é apenas uma das várias tradi-
ções às quais a Passagem Ascendente poderia se referir. Em suma, em termos "pira-
midais" os ensinamentos cristãos originais poderiam ser vistos como o coroamento
de qualquer religião, e nesse caso o seu fundador poderia de fato ser visto como
o Grande Iniciado, como o sucessor ainda mais avançado dos primitivos avatares
do mundo.
De outra parte, a nossa identificação do Triângulo Messiânico e a subseqüente
iluminação com Jesus de Nazaré e seus ensinamentos parecem ser corroborados não
apenas pelas referências explícitas a ele como " a luz" no Evangelho de João — um títu-
lo nesse caso comungado antes com a própria Pirâmide — mas também pela referên-
cia geográfica mais específica que a Pirâmide faz do ângulo de Belém. De fato, parece
haver um vínculo bíblico ainda mais intrigante, pois os três lados do Triângulo Mes-
siânico são funções diretas de: a) "o caminho da iluminação" da Grande Galeria (hi-
potenusa); b) a parede norte da Grande Galeria, cuja altura significa a conquista da
iluminação ou verdade (perpendicular) e c) o que chamamos de Plano da Vida ou ilu-
minação potencial (base). Assim, as palavras de Jesus " E u sou o caminho, a Verdade
e a Vida" (João 14,6) poderiam ser vistas como referencia direta à definição que a Grande
Pirâmide faz dele próprio no Triângulo Messiânico.

65
Deve-se ao mesmo tempo notar que a geometria do Triângulo Messiânico não fa-
la com nenhuma certeza sobre a morte da figura representada. E também deve-se lem-
brar que Jesus nos parece estar inteiramente convencido da necessidade de sua morte
quando ora para que, se possível, o cálice seja dele afastado. Poderia então haver al-
guma ligação aqui entre a estranha e antiga tradição dos muçulmanos e dos templá-
rios segundo a qual o "verdadeiro" Jesus não teria sido crucificado — ou com a mais
recente conjectura de Schonfield, segundo a qual ele teria escapado da cruz confor-
me, em um sentido diferente, os seus seguidores afirmaram depois? 10
Quanto às referências bíblicas de quarenta dias de aparições póstumas aos vivos,
elas não contam com equivalentes simbólicas nesse ponto das passagens da Pirâmi-
de. Mas a sua origem poderia estar em uma referência simbólica à esperada "segun-
da vinda", isto é, no "renascimento daquele que deve v i r " (8 x 5).

O Cruzamento dos Puros Caminhos da Vida

Neste "centro nervoso" da Pirâmide são aparentes várias características interli-


gadas da Pirâmide, conforme mostra o diagrama da p. 63). Elas são as seguintes:

i) Características da continuação do piso da Passagem Ascendente:

1) Direção para o sul Através do tempo


2) Inclinação para cima Progresso evolutivo
3) Angulo de descida 26 a 18'9,7" Evolução humana
4) Largura 41,21" (2 CR) Renascimento/mortalidade
5) Caminho pela Grande (Rumo da "luz"?)
Galeria

ii) Características do teto da Grande Galeria:

6) Altura 286,1" acima do Conquista da Iluminação


teto da Passagem
Ascendente
7) Todas as outras conforme 1) a 5) [Vide 1) a 5)]
acima

Üi) Características da entrada da Passagem para a Câmara da Rainha:

8) Direção para o sul Através do tempo


9) Inclinação horizontal Nível estático de conquista
10) Nível 1 CR acima do Nascimento/morte com
Plano da Vida base no ideal
(ou base teórica messiânico
da 25? camada)
11) Largura 41,21" (2 CR) Renascimento/mortalidade

66
12) Altura 46,99" (?)
13) Natureza uma continuação alternativa abaixo de
arquitetônica da ou inferior a (5)
Passagem Ascendente
14) Entrada por meio de degrau Um declínio de (5)
para baixo através do piso
destruído da
Grande Galeria.

LEITURA GERAL: Quaisquer almas humanas que conquistam iluminação neste momento (5) (6)
continuarão a se desenvolver espiritualmente (2) (3) através de seus renascimentos (4) (7).
Aqueles que malogram na conquista da iluminação neste momento, no entanto, (14) acha-
rão a subida da evolução dura demais (9) (13), e ao invés disso decidirão continuar (13) por
um caminho através do tempo (8) caracterizado pelo renascimento físico e a nova morte (11).
Mas o seu apego à mortalidade de fato será baseado de alguma forma no próprio conhecimento
messiânico que dá vida (10).

A luz dessa leitura um exame mais detalhado das várias características do Cruza-
mento dos Puros Caminhos da Vida é sugerido da seguinte maneira:

i) Características da Passagem Ascendente (entrada na Grande Galeria):

1) Direção para o sul Através do tempo


2) Inclinação para cima Progresso evolutivo
3) Ângulo de subida 26°18'9,7" Evolução humana
4) Largura 41,21" (2 CR) Renascimento/mortalidade
5) Corte transversal retangular Físico/terrestre
6) Altura do teto na começa a se erguer Conquista da iluminação
entrada da em 286, l " a através do ideal
Grande Galeria 1? de abril de Messiânico ou líder
33 d.C., alcançando 25'
(52) mais adiante
7) Outras características só o piso continua Evolução continuada
no mesmo ponto sem mudança para cima
8) Extensão da 25" (1 CS) Ideal Messiânico
continuação do piso
original
9} Característica degrau para Declínio/mudança de
de acabamento baixo de 5,321" escala
10) Próxima início do piso Começo do "caminho
característica da primeira parte inferior'
da Passagem para
Câmara da Rainha
11) Nível do piso 1 CR acima do Nascimento/morte com base
na primeira parte Plano da Vida no ideal Messiânico (?)
da Passagem para a (ou base teórica da 25?
Câmara da Rainha camada de alvenaria)

67
LEÍTURA: As almas daqueles que tomaram o caminho da evolução para cima (3), reencamando-se
(4) no mundo físico (5), continuarão progredindo espiritualmente (2) até 25 anos (8) depois
de nascida a iluminação messiânica (6). Então (a partir de 1? de abril de 58 d. C.),ocorrerá um
repentino declínio (9), causando um apego à mortalidade, apesar do conhecimento dos ensina-
mentos messiânicos (10) (11).

ii) Características iniciais do piso da Grande Galeria

1) Direção para o sui Através do tempo


2) Inclinação para cima Progresso evolutivo
3) Ângulo de descida 26°18'9,7" Evolução humana
4) Largura 41,21" (2 CR) Renascimento/mortalidade
5) Comprimento da 25" (52) após Ideal messiânico/
primeira parte a parede norte (datação)
6) Altura da parede 286,1" acima do Conquista da
norte teto da Passagem iluminação
Ascendente
7) Data da parede 1? de abril do ano (Vide p. 62)
norte 33 d.C.
8) Característica degrau para Declínio levando ao
seguinte baixo e vão caminho inferior
correspondendo à
entrada da Passagem
para a Câmara da
Rainha
9) Ponto teórico de Ponto E no diagrama "Separação dos
recomeço da p. 63 (interseção com caminhos"?
a linha do teto da
Passagem para a Câmara
da Rainha)
10) Distância GE 152,54" (equivalente Renascimento mortal,
aritmético "atingível" apenas
= 19 x 8 ou pelos iluminados (153)
8 x 19)
11) Assim, datação Abril 152 d.C. (datação -153 anos
do ponto de recomeço depois de 2 a.C.)
12) Distância DE 152,54" - 33,51" Remoção da presença
(GD) = 119,03" messiânica
13) (equivalente do Morte física
código = 4 x 29,84"
ou 19 + 100)
14) Natureza do ponto E divisão final entre a Grande "Separação dos Caminhos'
Galeria e a Passagem
para a Câmara da Rainha

68
69
4) Posição norte- 35,76" ao sul Iluminação pelo
sul do eixo da parede norte renascimeiito
da Grande Galeria (FH
no diagrama p. 63)
5) Posição leste- 89,61" a oeste Morte suprema
oeste do eixo do eixo da passagem
(equivalente do código =
3 x 29,84")
6) Nível do teto nível do piso da Nível de renascimento (?)
do poço-fonte passagem da Câmara da
Rainha (primeira parte)
7) Nível da beirada nível do piso da Poço indica a perda da
do poço-fonte passagem da Câmara da vida (?) associada com
Rainha (segunda parte) o ideal messiânico
2 CR abaixo de (6)
8) Nível da beirada Plano da Vida
do poço-fonte (base teórica da 25? camada)
9) Assim, a escala de igual à primeira
tempo para o parte da Passagem
trânsito norte- para a Câmara da
sul no poço Rainha
10) Assim, datação 58 d.C. (primavera) (Datação)
para a beirada
norte
11) Assim, datação 70 d.C. (5 de (Datação do
para o eixo junho) acontecimento prin-
cipal)
12) Assim, datação 82 d.C. (9 de
para a beirada sul (Datação)
agosto)
13) Altura da entrada 1 CR
do túnel Morte/nascimento
14) Altura do degrau 1 CR
para baixo na entrada do Morte
túnel
15) Corte transversal quadrado Físico/terrestre
da parte superior do
poço-fonte
16) Natureza da um túnel baixo
entrada à direita (oeste) Progresso na direção da
imediatamente iluminação seguindo o
após o degrau ideal messiânico (25")
para baixo que levando à morte física
marca 58 d.C...
17) .. .e leva direto à beirada do
poço quadrado de pedra
calcária

70
LEITURA: No ano 58 d. C. (1) um caminho direto na direção da vida espiritual (5) (8) (17) orien-
tará aqueles preparados para tomá-lo de modo direto para uma futura encarnação iluminada (4).
Mas o preço a ser pago para a entrada desse caminho- alma (3) será a prontidão para en-
frentar a morte física (5) (13) (14) (15)12 durante um período que irá de 58 d.C. a 82 d.C.
(10) (12), e que circundará os acontecimentos no verão do ano 70 d.C. (11) (17).

No decurso das últimas três leituras vimos a formação paulatina de um quadro


indicando um momento para uma crise prevista para ocorrer entre os anos 58 e 82
d.C. Existem indícios de que uma distorção nos ensinamentos messiânicos nessa época
provocaria grande prejuízo a esses ensinamentos, permitindo que a maioria dos seus
seguidores entre no caminho espiritual estático da contínua mortalidade e reencarna-
ção (a Passagem para a Câmara da Rainha), enquanto os poucos que são de fato ilu-
minados só seriam capazes de continuar a sua caminhada para cima por meio da morte
súbita e da destruição (isto é, atravessando a entrada para o Poço-Fonte). 12 Apenas
paia aqueles poucos iluminados de fato estaria disponível o caminho espiritual repre-
sentado pela Grande Galeria. 13
É surpreendente notar que o período em questão designa com exatidão a época
em que os nazarenos originais — uma seita formada exclusivamente de judeus lidera-
da por Jesus de Nazaré — seriam expulsos da face da Terra. Já em 58 d.C. — ano em
que Paulo, o Fariseu, foi aprisionado — uma ordem de perseguição foi dada pelo im-
perador Nero. Mas, com a revolta judia do ano 66 d.C., de inspiração messiânica,
toda a força de Roma foi dirigida contra a desafiadora nação judia. E o ato culminante
foi o massacre de milhares de judeus e o saque romano da própria Jerusalém, no verão
do ano 70 d. C., durante uma guerra sangrenta que acabou no colapso da fortaleza final
de Masada, quando toda a sua guarnição cometeu o suicídio no ano 73 d.C.
O efeito provocado por essa calamidade nacional foi a dispersão aos quatro ven-
tos dos nazarenos que ainda sobreviviam. Depois disso, nem eles nem os poucos ido-
sos que sobreviveram e que ficaram na Judéia foram capazes — apesar de um breve
despertar no começo do segundo século — de evitar o gradual enfraquecimento da
seita e o seu virtual desaparecimento da cena da História mundial. O melhor que con-
seguiram fazer, diante da aproximação daquele momento de crise, foi colocar por es-
crito os preciosos ensinamentos e mandar os documentos para preservação em áreas
menos conturbadas do Império — um ato de abnegação ao qual devemos indireta-
mente os Evangelhos bíblicos.
Então, no ano 70 d.C. pôde muito bem ser visto o significado do princípio do fim
dos nazarenos — os judeu-cristãos originais — e dos seus ensinamentos. Mas está
claro que esse ano não assinala o desaparecimento do judaísmo messiânico em geral
— que devia produzir ainda duas rebeliões entre os judeus palestinos, nos anos 115
d.C. e 132 d.C. E o ano 70 d.C. tampouco assinala a morte do cristianismo não-judeu
— a versão dos ensinamentos nazarenos originalmente apresentados por Paulo, o Fa-
riseu. De fato, as suas batalhas deviam continuar com a mesma intensidade depois
do ano 82 d.C., sob o reino de Domiciano e, por meio de um processo de diplomacia,
paciência, sorte e compromisso, o movimento acabou sobrevivendo até os dias atuais.
Em conseqüência, o esquema que a Pirâmide faz do Cruzamento dos Puros Ca-
minhos da Vida torna claro que a Grande Galeria, com o alinhamento de seu piso

71
simbolicamente " r o m p i d o " entre os anos 58 e 152 d.C., representa de maneira espe-
cífica o caminho apenas dos nazarenos originais — ou seja, aqueles que receberam a sua
iluminação direto das mãos de Jesus de Nazaré antes de seu eventual extermínio. É
interessante observar ainda que esse fato se reflete na própria insistência de Jesus no
sentido de que a sua missão pessoal dirigia-se " à s ovelhas perdidas da casa de Is-
rael" e não ao resto da humanidade (Mateus 10,6; 15,24). O caminho do resto da hu-
manidade na Passagem Ascendente — inclusive talvez os sobreviventes que forma-
ram o cristianismo não-judeu, ou paulino — deve estar representado, se de fato esti-
ver, na Passagem para a Câmara da Rainha, já que apenas essa passagem tem o ali-
nhamento do piso não interrompido a partir do ano 58 d.C. em diante. E a data de
125 d.C. (alinhamento do piso da Passagem para a Câmara da Rainha) ou 152 d.C.
(alinhamento do piso da Grande Galeria) para o teórico "ponto de separação" (vide
p. 63) parece bem apropriada neste caso, porque foi por volta dessa época que os cris-
tãos ocidentais romperam por fim, não apenas com os que sobraram do cristianismo
judeu (vide evidência de São Jerônimo), mas também com a tradição judaica ortodo-
xa que dera origem a ambos.
Por outro lado, talvez se deva notar ainda que seria inconcebível a mensagem da
Pirâmide preocupar-se com as disputas internas de uma única religião como o cristia-
nismo, a menos que essa religião representasse o desenvolvimento lógico e a culmi-
nação de todas as outras religiões do mundo que haviam aparecido antes — ou a me-
nos que essas disputas acontecessem de maneira paralela nas outras religiões.
No entanto, agora podemos fazer um teste de nossas conclusões, através do exa-
me do Triângulo Messiânico Menor (vide p. 63) — um triângulo formado pelo degrau
para baixo no ponto que marca o ano 58 d.C., na primeira parte do piso da Grande
Galeria e o alinhamento da primeira parte da Passagem para a Câmara da Rainha.
Se, afinal de contas, o principal Triângulo Messiânico representar o histórico Jesus
de Nazaré, então será igualmente indiscutível que o seu correspondente menor deve
prenunciar algum sucessor histórico, semimessiânico. E, se pudermos identificar es-
sa figura de maneira positiva, então seremos capazes de alcançar uma identificação
histórica mais clara do caminho para o qual nos leva aquela figura — especificamente
a Passagem para a Câmara da Rainha.
Os detalhés do Triângulo Messiânico menor são os seguintes:

1) Plano da hipotenusa plano do caminho Um iluminado (?)


dos iluminados na
Grande Galeria
2) Plano do lado sul plano da parede Iluminação que leva
norte do Poço- à morte (?)
Fonte e da parte superior da
parede norte da Grande Ga-
leria (diagrama p. 103).
3) Plano da base 1 CR acima do Vida/mortalidade, com
Plano da Vida base no ideal
(base teórica messiânico
da 25? — 5=— camada)

72
4) Plano da base nível da primeira Renascimento (?)
parte do piso da
Passagem para a Câmara
da Rainha
5) Plano da base corta em duas a Destrói o ideai
medida de 25" messiânico
(52) da linha do piso,
seguindo o Triângulo
Messiânico maior
6) Natureza do lado sul degrau para baixo Afastando-se do tempo
na Passagem para de iluminação/fracasso
a Câmara da em alcançar o padrão
Rainha no momento da iluminação
em que a iluminação total
da Grande Galeria e a
morte denotada pelo
Poço-Fonte por fim
começam (vide p, 103)

7) Altura 5,32068" (equivalente Um iniciado ou líder


do código: 5) messiânico (?)
8) Extensão da 12,009" (equivalente Humanidade
hipotenusa do código: 12)
9) Assim, datação ano 46 d.C. (Dataçao)
do início da (28 de março)
hipotenusa
10) Datação do piso ano 58 d.C. (Dataçao)
do final da (1? de abril)
hipotenusa
11) Data produzida ao ano 57 d.C. (Datação intermediária)
marcar a medida- (janeiro)
base na hipotenusa a
partir do ponto de
marcação 46 d.C. 14
12) Posição do piso contíguo com Caminho inferior produ-
da Passagem para a a base do triân- zido pela figura mos-
Câmara da Rainha gulo e direta- trada pelo triângulo
mente abaixo da Grande
Galeria

LEITURA: No ano 46 d. C. (9) outro líder messiânico (7) tentará abrir a todos os homens (8)
o caminho messiânico da iluminação (1). No ano 57 d.C. o seu trabalho alcançará o seu ponto
mais alto (11), mas em 58 d.C. (10) ele será rompido (6) no início de um período de morte
para os iluminados (2).
Esse líder fundará um ramo inferior (12) do verdadeiro caminho messiânico (5), um ramo
que vai produzir um caminho espiritualmente estático da mortalidade contínua, mas que, ape-
sar disso, será baseado nos ensinamentos messiânicos (3) (4) (6).

73
A história parece nos oferecer uma identificação bastante clara desse líder, por-
que o ano 46 d.C. marcou o começo da primeira viagem missionária de Paulo, o Fari-
seu, para junto dos " g e n t i o s " , dedicando-se a lançar os ensinamentos messiânicos
a todo o mundo. O ano 57 d.C. foi o de seu retorno final a Jerusalém e o fim de sua
missão que abalou o mundo. A primavera do ano 58 d.C. marcou a sua prisão final
ali, antes de sua última viagem e morte em Roma. Claro que a identificação com Pau-
lo poderia ser apenas acidental, mas, se esse fosse o caso, seria mais uma na longa
cadeia de 'coincidências' semelhantes na Pirâmide e, portanto, mais um indício que
tende a sugerir que, de fato, não se trata de coincidências.
Por outro lado, essa identificação nos leva de maneira inevitável a mais uma con-
clusão. Se o Triângulo Messiânico Menor representa Paulo, o Fariseu, então a vizi-
nha Passagem para a Câmara da Rainha — independente de qualquer outra função
que possa ter — deve representar o ensinamento particular que Paulo pregava, ou
seja, a forma ancestral de cristianismo como conhecemos hoje.
Mas, nesse caso, a Pirâmide tem outra revelação guardada para nós, pois sua pro-
fecia insiste bastante no fato de que o "cristianismo" de Paulo era destinado a ser
um ramo ou desvio dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. De fato, como os dados
acima e a leitura mostram de maneira bastante clara, ele devia representar um cami-
nho inferior, espiritualmente estático, uma espécie de diminuição dos ensinamentos
nazarenos [comparar característica (5)]. Além do mais, o simbolismo da Pirâmide de-
monstra aquele primeiro degrau para baixo que ocorre no preciso momento em que
a iluminação parece ter sido alcançada por aqueles preparados para enfrentar a morte
(6) — um vínculo simbólico que parece indicar uma recusa, no momento crítico, de
"engolir por completo o anzol messiânico".
O fato de o cristianismo dos "gentios" ter tido origem no apóstolo Paulo não é uma
sugestão nova nem controversa. Mas o fato de ele poder representar um desvio ou "afas-
tamento" dos ensinamentos de Jesus de Nazaré — apesar de este ter manifestado a sua
cautela (Mateus 16, 5-12) com relação ao perigo que representava para seu próprio " p ã o "
o "fermento dos fariseus" — é uma idéia que estava relativamente em sua infância no
momento em que foi escrita. De fato, parece provável que muitos anos ainda hão de
passar antes que a aceitação da idéia por parte dos cristãos se torne geral e antes que
mensagem original do próprio Jesus — seja ela qual for — seja redescoberta e reaceita
por toda a humanidade. Afinal de contas, a volte-face necessária é bastante grande, já
que os cristãos, por falta de provas convincentes em contrário, há muito tempo admi-
tem que os ensinamentos de Paulo e dos seus seguidores eram a mensagem original
de Jesus. Foi necessária a pesquisa de intelectuais como o Dr. Hugh Schonfield (*) (fa-
moso por sua obra Passover Plot) para destacar o caráter dúbio dessa idéia.
Apesar de tudo, deve-se lembrar de que a denominada "heresia paulina" é vista
pela Pirâmide como um acontecimento aparentemente necessário, conforme a história
subseqüente parece confirmar. Se uma versão secundária do cristianismo não tivesse
aparecido quando apareceu, é muito provável que o ensinamento tivesse desapareci-
do por completo, junto com os próprios nazarenos, ao invés de ser preservado até
o presente, ainda que de forma imperfeita. A Passagem para a Câmara da Rainha

(*) Ver Odisséia dos Essênios, desse autor, S. Paulo, Editora Mercuryo, 1991 (N.E.),

74
pode sugerir um caminho inferior, mas pelo menos fornece um piso sobre o qual se
pode andar.
Cabe aos teólogos defender os pontos certos e errados do caso de Paulo. Ou tal-
vez não, porque, afinal de contas, são os próprios teólogos os responsáveis pela pre-
sente situação doutrinária. Seja como for, a nossa responsabilidade neste momento
é apenas registrar o fato de que o cronógrafo da Pirâmide parece mostrar o futuro
Paulo como um "revisionista" drástico, indicando que o movimento que seria funda-
do por ele tomaria a forma de um sério desvio dos ensinamentos messiânicos origi-
nais. Vamos deixar a questão aqui, sem maiores comentários.
Antes de partirmos do Cruzamento dos Puros Caminhos da Vida vale a pena ob-
servar que o piso da Grande Galeria e o teto da Passagem para a Câmara da Rainha
não foram colocados pelos construtores em seu ponto geométrico de interseção (E,
no diagrama da página seguinte). Talvez, por razões de construção, essas duas carac-
terísticas foram feitas um pouco mais curtas para terminar em uma superfície vertical
com umas 3 8 " P de altura (WZ no diagrama). Ao mesmo tempo, foi colocada uma
lousa para servir de ponte, a qual fechava a entrada para a passagem inferior, apoia-
da por cinco travessões de espaçamento desigual. O fato de as posições de todas es-
sas características terem sido escolhidas de modo deliberado sugere que talvez valha
a pena explorar os seus possíveis significados simbólico e cronográfico.
Por exemplo, é possível dar outras datações teóricas às várias características da
passagem-interseção e " c o r t a r " tanto sobre a tabela de tempo da Grande Galeria co-
mo sobre a da Passagem para a Câmara da Rainha. Elas seriam as seguintes:

Passagem para a Grande Galeria


Câmara da Rainha

Ponto Geométrico de
Interseção 125 d.C. 152 d.C. (abril)
Corte 220 d.C. 256 d.C. (setembro)
Beirada de cima 296 d.C. (outubro)
do corte

No entanto, deve-se lembrar que a nossa teoria de datação em todo o processo


tem sido apenas sobre as medidas dos pisos. Então, como as características acima per-
tencem ao piso da Grande Galeria e não ao da Passagem para a Câmara da Rainha,
parece que as datações sobre o piso da Grande Galeria têm maiores possibilidades
de serem significativas.
Por outro lado, parece haver também uma série de medidas simbólicas. As medi-
ções de Petrie sugerem que a distância EX no diagrama tem pouco mais de 144", pare-
cendo indicar que o piso da Grande Galeria simboliza o caminho dos "escolhidos" (12
x 12 = os " h o m e n s dos homens"). A extensão do " e n c a i x e " (WY) é de 4 0 " (8 x 5) e
sua altura (XY) é de 8 " — sugerindo aparentemente a idéia de que o caminho dos esco-
lhidos depende de alguma forma do "renascimento final dos iniciados" (8 x 8 x 5). E
a altura da parte principal do corte (conforme vimos acima) é de cerca de 3 8 " (2 x 19),
o que pareceria indicar que a abertura final e decisiva a partir da Galeria para a passa-
gem inferior de alguma forma é produtora da morte. Por fim, o simbolismo da lousa-ponte

75
mostra de maneira clara que o caminho superior deve ser visto como sendo acessível
apenas enquanto a lousa permanecer no lugar. Assim que ela for arrebentada para
dar passagem para o caminho inferior, a Grande Galeria torna-se simbolicamente fe-
chada. No entanto, os dois caminhos permanecem em contato até que a superfície
vertical do corte ponha fim à divisão entre eles.
Assim, podemos então elaborar uma leitura mais detalhada do que havia sido pos-
sível até aqui para a interseção da Grande Galeria com a Passagem para a Câmara
da Rainha.

O "corte" que mostra a lousa-ponte original e as posições aproximadas das


vigas de apoio.

LEITURA; 0 caminho inferior através do tempo e da mortalidade fundado entre os anos de 46


e 58 d.C. separar-se-á no ano 152 d.C. do caminho para cima a ser percorrido pelos escolhidos.
Apesar de tudo, seguir-se-á um período de indecisão e vacilação. Até o ano 296 d.C. serão feitas
tentativas no sentido de reconciliar os dois caminhos divergentes. Mas no ano 256 d.C., a dire-
ção mortal do caminho inferior já terá ficado firmemente estabelecida e todos as possibilidades
restantes de entrada no caminho superior terão, da mesma forma, sido fatalmente desfeitas.

Tendo em mente as nossas conclusões anteriores de que a Passagem para a Câ-


mara da Rainha representa, entre outras coisas, o caminho do cristianismo ocidental,
a leitura acima deve nos ajudar a testar a validade daquela conclusão contra os dados
disponíveis, ainda que escassos, sobre a história da Igreja primitiva. E, no que diz
respeito ao " t a m a n h o " , parece tratar-se de uma conclusão promissora.

76
O cristão médio não tem muita familiaridade com a história primitiva de sua reli-
gião. Sabe que muitos cristãos primitivos foram perseguidos e martirizados pelos ro-
manos e supõe que isso era pelo fato de eles seguirem os mesmos ensinamentos de
hoje. Ele não sabe que os cristãos primitivos viveram assaltados por disputas e dife-
renças teológicas durante quase dois séculos antes de haver um acordo geral sobre
o que aqueles ensinamentos representavam — em especial sobre as doutrinas da Trin-
dade e da divindade de Jesus.
Durante os séculos II e III de nossa era em particular, os protagonistas nazarenos
e paulinos chocavam-se o tempo todo, enquanto os gnósticos e outros grupos perifé-
ricos somavam suas vozes também importantes ao debate já bastante complicado. A
profecia geral da Pirâmide para um período de indecisão e de tentativa abortada de
reconciliação dos ensinamentos divergentes, durante esse período, é confirmada pe-
los registros históricos.
O movimento fundado por Paulo, o Fariseu, tinha começado a ganhar ascendên-
cia sobre o movimento judeu-cristão por volta de meados do segundo século, se é
que o testemunho de Justino Mártir tem algum valor. E, apesar de os defensores dos
pontos de vista judeu-cristãos (como Papias e Hermas) continuarem a tornar suas vo-
zes ouvidas até o final do terceiro século, nada que pudessem fazer era capaz de fe-
char o abismo que se alargava cada vez mais. Um dos resultados conseguidos pelos
mais agressivos gnósticos do século II (como Basílides e Valentino) foi ironicamente
o de produzir (por reação) um movimento na direção do estabelecimento de algum
tipo de ortodoxia cristã antígnóstica. Uma reação semelhante chegou a se manifestar
mais tarde contra os ensinamentos de Orígenes, um dos maiores e mais originais dos
patriarcas da Igreja primitiva. E foi assim que, quando da morte de Orígenes, em 254
d.C., o movimento em direção ao estabelecimento de uma ortodoxia cristã de con-
senso adquiriu um ímpeto que nenhum esforço humano foi mais capaz de bloquear.
Portanto, é de todo apropriado, como já vimos, que a Pirâmide estabeleça para o mesmo
acontecimento a data de 256 d.C.
Mesmo assim, como ainda não havia sido estabelecida qualquer crença ortodoxa
como tal e eram abundantes os pensadores independentes, os seus pontos de vista
assumiam uma variedade muito grande de posições, indo desde o quase-nazareno
para o paulino extremo. Um dos mais influentes desses pensadores foi Arios que,
por volta do final do século III, teve a quase temeridade de defender o quase-nazareno
ponto de vista de que Jesus era humano e não divino — e conseguiu conquistar o
apoio de pelo menos um imperador romano. No entanto, a reação foi avassaladora
e acabou sendo decisiva contra ele.
No ano 313 d.C., o imperador Constantino estava para promulgar um decreto
estabelecendo o cristianismo como religião oficial do Estado. Assim, portanto, os en-
sinamentos dessa religião tinham sido por fim codificados de maneira definitiva. No
concüio ecumênico de Nicéia, que se deu em 325 d.C., os vários pontos de vista fo-
ram colocados e discutidos e o resultado foi a rejeição unânime dos pontos de vista
de Arios e a aceitação dos ensinamentos de Atanásio como doutrina básica para a no-
va ortodoxia. Quase três séculos depois da morte de Jesus, finalmente se chegou a
um acordo quanto àquilo em que ele acreditava e ensinava. E daí resultou o Credo

77
78
7) Nível do piso
da segunda parte

8) Direção do degrau
no começo da passagem
9) Altura do degrau para
baixo no corpo da
passagem (e também
do degrau para baixo
na entrada do Poço Fonte)
10) Assim, básico para
a escala de tempo
de toda a
passagem

11) Fórmula de conversão


de polegadas para n
12) Mas a escala de tempo
da primeira parte da
passagem ainda é go-
vernada pelo degrau
inicial, para baixo
13) Assim, a escala de tem-
po da primeira parte da
passagem é menor do
que 1 " por ano
14) A altura do degrau
inicial é de
15) E a unidade básica
mais próxima da escala
anterior é 1 " ( = 1 CS/25)
16) . ' . Na primeira parte
da passagem, 1 " = (100 x l)/(20,60659 x
5,32068) anos = 0,9120669
anos
17) O término da escala de
tempo da primeira (Determinador da escala
parte da passagem é para a passagem)
marcado
pelo degrau seguinte —
isto é, o degrau de 1 CR
no corpo da passagem
18) . ' . Escala de tempo 1 n por ano
para a segunda parte da
passagem
19) Assim, na segunda par-
te da passagem, 1 " = 4,8528 anos
20) Data inicial para o piso 58 d.C. (abril)
da primeira parte da
passagem
21) Extensão do piso 1282,81285"
da primeira parte da
passagem

79
Assim, a data para o
degrau no meio da
passagem é 1.228 d.C. (12 de abril)
Largura norte-sul
do Poço-Fonte 26,7021"
Semilargura norte 13,35105"
Portanto, a data para o
eixo do Poço-Fonte na
escala da primeira parte
da passagem é 70 d.C. (5 de junho)
Data da beirada sul 82 d.C. (9 de agosto)
do Poço-Fonte
Data para o ponto de 125 d.C.
separação da Grande
Galeria
Extensão da segunda 216,5668"
parte da passagem
Número de anos
representados 1.050,9589
Assim, a data para a
entrada na Câmara da
Rainha é 2.279 d.C. (23 de março)
Natureza do piso pedra calcária Terrestre/terreno
da segunda parte de acabamento
da passagem grosseiro
Altura do teto da 67,5946" (uma Homem amadurecido,
segunda parte da característica direta do produtor da presença
passagem código, messiânica
equivalente a 2 x 33,5)

O degrau para baixo, de Côvado Real, na Passagem para a Câmara da Rainha,


sugere de maneira bastante clara uma morte ou um nascimento — ou talvez ambos.
Assim, poderia referir-se ao retorno à mortalidade das almas que tomam esse cami-
nho; e/ou uma morte e nascimento específicos; e/ou a " m o r t e " dos ensinamentos
paulinos que deram origem ao caminho em primeiro lugar — e neste caso a passagem
fica simbolicamente aberta para o renascimento dos nazarenos.

LEITURA: AS ahnas daqueles que seguem o caminho inferior espiritualmente estático (2) (8) da
mortalidade baseada nos ensinamentos messiânicos (5) continuarão a reencarnar-se (3) no mundo
físico (4), enquanto o tempo passa (1). Mas entre 58 d.C. (20) e 82 d.C. (27) aqueles que se
esforçarem no sentido da perfeição atravessarão um período de morte que circundará os eventos
no ano 70 d.C. (24) (25) (26), e a partir de 125 d.C. eles darão seu passo final pelo caminho
dos iluminados (28).
Ainda assim a perfeição sairá da imperfeição desse caminho (67).

80
Uma morte ou nascimento no ano 1228 d, C. (9) (23) marcará um retorno dos verdadeiros
ensinamentos messiânicos (7), e serão dados passos que resultarão na morte dos ensinamentos
menores que terão produzido esse caminho (9) Por meio da "vinda à Terra uma vez mais" (9)
(32), as almas que retornarem à mortalidade passando por esse caminho desta vez (9) criarão
um caminho que permitirá ao homem finalmente "tomar-se adulto" (33) e que eventualmente
produzirá a presença messiânica uma vez mais (33).
Uma em de decisão final será iniciada no verão de 2279 d.C. (31).

Projeção da Câmara da Rainha e Passagem

É interessante notar que o 1228 d.C. está a dois anos da morte de Francisco de
Assis e foi de fato o ano de sua canonização oficial. Por outro lado, ao descrever esse
homem extraordinário, pelo menos um historiador oferece um comentário não solici-
tado: " O s homens não tinham vivido como São Francisco viveu desde que Cristo e
Seus discípulos pregaram na Galiléia". 1 6
O movimento franciscano, mais do que o seu correspondente dominicano con-
temporâneo, dedicou-se de maneira específica à redescoberta do significado prático
do Evangelho para as pessoas comuns, numa reação contra a tendência da Igreja de
tornar-se parte do estabelecimento social, de adquirir riquezas mundanas e de super-
valorizar o ritualismo sacerdotal. Além do mais, em 1230, uma escola franciscana de
aprendizado foi montada em Oxford pelo celebrado Robert Grosseteste, uma escola
cujos intelectuais acabaram depois influenciando bastante o pensamento europeu. O
mais renomado de todos eles foi o famoso frei Roger Bacon (1214-94) — especialista
em explosivos, inventor dos óculos e do telescópio e profeta da "carruagem sem ca-
valos", dos barcos a vapor e do avião. A sua rejeição a todo tipo de autoridade esta-
belecida e a sua insistência no retorno das conclusões científicas baseadas nas expe-
riências práticas fizeram ecoar junto às esferas seculares a abordagem franciscana em

81
relação à religião. Além disso, a sua metodologia mais tarde frutificou no tempo da
Renascença e lhe garantiu em alguns círculos o título de " p a i da ciência moderna".
Claro que os acontecimentos do século XIII na história do pensamento humano
— que podem ter-se refletido em outros lugares — correspondem de maneira satisfa-
tória ao " r e t o m o para a Terra" e à redescoberta dos ensinamentos messiânicos, pre-
vistos muito antes para esse período pela Passagem para a Câmara da Rainha, na Pi-
râmide. E considerando que talvez possuam dentro de si as sementes de toda a cultu-
ra científica de nossos dias, podemos de fato considerá-los como os primeiros passos
no processo de "maturação" do homem,

A Câmara da Rainha (A Câmara da Regeneração Ido Renascimento/


da Lua)

CORTE VERTICAL D A CÂMARA DA RAINHA (DE NORTE A SUL, OLH AN DO PAR A LESTE) MOSTR AN DO O
DEGRAU NA PASSAGEM HORIZONTAL, O NICHO NA PAREDE ORIENTAL E OS TÚNEIS DE AR INCOMPLETOS.

Túneis de ar da Câmara da Rainha - vista para dentro da abertura inferior, desobstruída

82
O antigo Livro dos Mortos egípcio parece identificar a Câmara da Rainha especifi-
camente como uma Câmara do Renascimento. Até o nome Câmara da Lua parece
carregar essa conotação, já que a lua " m o r r e " e " r e n a s c e " o tempo todo. Na verda-
de, a vinculação da lua com as marés e com o mar — a fonte de toda vida terrestre
— assim como a sua ligação com o ciclo menstrual feminino, pode da mesma forma
refletir-se no antigo nome para a câmara, que assim representaria nada mais nada
menos que o "útero da Pirâmide". O exame detalhado das características simbólicas
da câmara pode confirmar ou desmentir essa idéia.

1) Formato da Câmara 10 cantos e 7 Milênio de/para a


lados (isto é, perfeição espiritual
10 x 7)
2) Natureza do teto cumeeira de pedra Para a humanidade:
calcária [vide 3)]
com 12 pedras a 30u da
horizontal
3) Simbolismo da possivelmente Passagem para um destino
cumeeíra uma ponta de mais elevado
flecha virada para cima (17)
4) Posição da aresta no eixo leste- Um "ponto de virada" (?)
superior da cume- oeste da Pirâ- levando a um renasci-
eira (e eixo leste- mide, direta- mento iluminado
oeste da câmara) mente abaixo do pé do
Grande Degrau da
Grande Galeria

5) Distância noríe- 10 CR (ou l Vide 7)]


sul através da 1.000 n)

6) Escala de tempo escala de tempo da


aplicável à última parte da
distância atra- Passagem para a
vés da câmara Câmara da Rainha (qv.)

7) Assim, o tempo mos- 1.000 anos (ou (Medição de tempo)


trado pela câmara um "Milênio")
8) Extensão leste-oeste 11 CR ( ou 11 x Conquista da recompensa
da câmara 100 n)
9) Distância da extre- 10 CR (1000 n) Eternidade
midade ocidental da
câmara para oeste
(direita) do eixo
da passagem
10) Altura das paredes • 184,264" ou Renascimentos terrestres
norte e sul e do [(4 x 35,76") da iluminação
cume do Nicho + 2 CR] apropriada, levando à
[Vide 17) a 27)] morte

83
11) Altura da cumeeira 59,49" (equiva- Produtor da morte
sobre as paredes nor- lente do código do
te e sul e do Nicho cume - 2 x 29,84")
(q.v.)
12) Natureza do piso pedra calcária Terreno/físico
de acabamento grosseiro18
13) Composição da pedra calcária, Terrestre: vide 14)
câmara com muito sal
14) Significado da provavelmente Renascimento físico:
escolha da pedra simbólico da "de volta ao princípio"
calcária impregnada vida física,
de sal do útero19
15) Conteúdo da originalmente Fuga da mortalidade
câmara um sarcófago de terrena associada com
pedra calcária os "homens dos homens'
sem tampa — ou os "escolhidos"
posição do eixo norte-sul
talvez 7 CR (144,2") a
oeste do eixo da
passagem
16) Outras caracte- nicho na parede
rísticas oriental. Dois túneis de
ventilação, nas paredes
norte e sul
17) Natureza do Nicho uma cavidade de Progresso para cima em
cantoneiras cinco etapas atingidas
"telescópicas" por meio da força de
com 5 seções, dentro
cada uma menor que a
de baixo.
18) Posição leste- a característica Falta de espiritualidade/
oeste do Nicho mais oriental renascimento
de todo o sistema de
passagens
19) Posição do eixo 2 CR a leste (es- Morte/Renascimento
norte-sul do Nicho querda) do eixo da
passagem
20) Posição do eixo 25" ao sul do Um "ponto de virada" le-
leste-oeste do do eixo leste-oeste vando à conquista do
Nicho da câmara (e, ideal messiânico
portanto, também do eixo
da Pirâmide)
21) Posição do lado 28,2n (umas 6") {Medição de tempo)
norte do Nicho antes do eixo norte-sul
da câmara
22) Posição do lado 228,2n antes (Medição de tempo)
sul do Nicho do lado sul da câmara
23) Profundidade 2 CR Mortalidade
total do Nicho

84
24) Distância do 3 CR
Nicho na base
25) Distância do 1 CR Morte: perda da mortali-
Nicho no cume dade (?)
26) Número total e 8 x 1/4 CR Sujeição à mortalidade
largura das [ou 8 x através do renascimento
cantoneiras (2 CR/8)]
27) Possível signi- 5 renascimentos,
ficado do Nicho cada um contendo "a se-
mente do seu sucessor"
28) Natureza dos dutos túneis de ar ao norte
de ventilação e ao sul, inclinados para
cima, originalmente não
terminados na extremi-
dade inferior.20
provavelmente signifi-
cam "caminhos de fuga" da
câmara.
29) Extensão de ambos 5"(desobstruídos Obstrução que exige
os bloqueios em 1872) cinco vidas para ser removida
30) Corte transversal parte retangular, Parte física, parte
dos dutos parte arredondada espiritual
(vide diagrama p. 82)
31) Diâmetro médio (Levando a) o "supremo
dos dutos renascimento"
32) Altura das abertu- 67,59" (equiva- Homem amadurecido;
ras superiores e da lente: 2 x 33,5?)21 produtivo da presença
parte superior da messiânica
metade de baixo do
Nicho, acima do piso
33) Posição aproximada 96" a oeste do (Levando a) o renascimen-
dos eixos dos dutos eixo da passa- to de (toda) a humanida-
gem (8 x 12") de/do (verdadeiro)
homem (?)
34) Extensão da parte aproximadamente (Levando a) a perfeição
inicial, horizontal 84" (7 x 12) espiritual do homem
dos dutos
35) Posição da 80,037" aquém "Renascimento do Milê-
extremidade oci- do eixo norte- nio" ainda necessário
dental da câmara sul da Pirâmi- para a conquista da
de (equivalente iluminação total
ao código = 8x10)
36) Natureza das da- provavelmente (Remetem a outras partes
tações dentro da simbólica e do cronógrafo (?))
câmara não cronológica (por não
existir mais uma
passagem norte-sul
como tal)

85
37) Datação simbólica 2279 d.C. (23 de março)
do começo da câmara
38) Datação simbólica 2779 d.C. (23 de Prováveis referên-
do eixo da câmara março) \ cias ao equinócio da
primavera
39) Datação simbólica 3279 d.C. (23 de
da parede sul da março)
câmara
40) Datação simbólica aparentemente baseada
do Nicho em aumentos de 1/4
de Côvado Real [vide
(26)], mas um pouco
ajustada para o eixo fi-
car 25" depois do eixo
da câmara
41) Assim, a datação 25 (ou 100/4) anos22
do lado norte do antes da datação
Nicho do eixo da câmara
- 2254 d.C.
42) Datação simbólica 225 (ou 2 1/4 x 100)
do lado sul do anos22 antes da datação
Nicho da .parede sul da câ-
mara = 3054 d.C.

Notas Sobre a Dataçao Simbólica


43) 2279 d.C. (começo 365 anos depois Culminação .do período
da câmara) da parede sul seguinte à era dos
da Grande Galeria (q.v.) iluminados (?)
44) 2279 d.C. (começo 365 anos depois Culminação do período
da câmara) da parede norte do inferno tia Terra (?)
da Câmara
Subterrânea (ij.u.)
45) 2754 d.C. (lado 475 (19 x 52) anos Morte do ideal
norte do Nicho) depois do início messiânico
da câmara
46) 3054 d.C. (lado 65 (13 x 5) anos (Vide capítulo 4)
norte do Nicho) depois da parede norte
da Câmara do Rei
47) 3279 d.C. (parede 225 (32x 52) A perfeição suprema
sul da câmara) anos depois do ideal messiânico
do lado sul do Nicho

Níveis
48) Nível do piso- da Plano da Vida, Base para possível
Câmara da Rainha isto é, base iluminação e renovação/
teórica da 25? (52) camada Preparação do físico que
de alvenaria e dá origem ao ideal
alinhamento superior da messiânico
24? (6 x 4)

86

49) Níveis das saídas 90? camada A perfeição suprema


exteriores dos (9 x 10) do miolo do Milênio, mas que
dutos de ar de alvenaria (es- leva à mortalidade
pessura da camada =
aprox. 38" ou 2 x 1 9 p

50) Nível das saídas 91? camada A perfeição espiritual


exteriores dos (7 x 13) das de (13?); a perfeição
dutos de ar pedras do revestimento espiritual do iniciado
(espessura da camada
= aprox, 35" ou 7 x 5")

As duas ocorrências do número 5 na Câmara da Rainha (27) (29) sugerem de ime-


diato a presença de um iniciado. Mas nenhuma das duas ocorrências pode ser datada
em qualquer ponto do tempo. De fato, ambas aparecem de maneira gradual. O Nicho
fala de cinco " v i d a s " sucessivas — e, portanto, de quatro oportunidades para subir
a escada da iluminação ao renascimento (4 x 35,76"). Os bloqueios dos túneis de ar
parecem simbolizar o fato de que uma polegada do bloqueio tem de ser " r e m o v i d a "
em cada vida para permitir a eventual fuga no final da quinta encarnação (a conven-
ção de " u m a polegada por a n o " refere-se apenas à cronologia dos alinhamentos de
piso). E o budismo reconhece um caminho semelhante de libertação dependente de
uma quádrupla experiência de iluminação.
No entanto, aqueles que deixam de "virar para a direita" nessa junção estão su-
jeitos ao processo simbolizado pelo resto da altura da parede oriental acima do Nicho
— ou seja, a suprema morte (11). Mas o sucesso nesse processo de cinco etapas pode
ser visto como produtor de um iniciado total, que então estará qualificado, na morte
(10) (25), a juntar-se aos escolhidos na Câmara do Rei (15), por intermédio dos dutos
de ar da Câmara da Rainha (30) (31) (32) (33) (34). (Comparar com a parte sobre a
Câmara do Rei.)
No presente momento esses dutos de ar emergem na 90? camada de alvenaria,
de 3 8 " de espessura, simbolizando, portanto, a contínua sujeição à mortalidade (2
x 19). Na verdade, parece provável que eles estavam originalmente bloqueados em suas
extremidades exteriores — bem como escondidos pelo revestimento original — da mes-
ma forma como se sabe que estavam em suas extremidades interiores (vide capítulo
5). Mas, com a culminação da Era Messiânica — e o término simbólico da Pirâmide
segundo o seu projeto total - - (suponho eu) os dutos de ar devem ser vistos como
sendo passados através do novo revestimento, emergindo então na 91? camada, que
tem 3 5 " de espessura. Com o advento final do Milênio, portanto, eles serão por fim
transformados em caminhos que levam à perfeição espiritual dos iniciados ( 7 x 5 ) .
Mas esse acontecimento também tem seu correspondente na própria Câmara
da Rainha, pois os construtores obviamente pretendiam que a câmara fosse vista
como não terminada. Eles deixaram obstruídas as aberturas dos túneis de ar, algu-
mas das pedras sem acabamento, o piso bruto e sem a cobertura de lousas de pedra
quase sempre encontrada em outras "câmaras de sepultamento". Talvez tenham
pretendido que esse piso — conforme sugere a nota ao ponto (12) — fosse visto
com 6 " de espessura. E nesse caso é bem apropriado que o término simbólico da

87
Câmara produza o levantamento do seu piso para a altura que na verdade seria o
nível do alinhamento superior da 25? camada de alvenaria — o nível que, acima de
tudo, caracteriza o Grande Iniciado (52).

LEITURA: A partir do ano 2279 d.C., as almas que tomam o caminho inferior, espiritualmente
estático, encontrado entre os anos 46 e 58 d.C., entrarão numa era de decisão final, tendo che-
gado à "maturidade" (4) (20) (32).
Essa será uma era terrma (12) (48) de mil anos (5) (9) durante a qual as ditas almas expe-
rimentarão cinco encarnações cruciais (10) (14) (17) (18) (19) (23) (25) (26) (27) (29) vincula-
das a seu abandono do ideal messiânico (45). Durante o curso dessas encarnações elas terão
uma oportunidade de deixar para trás a imperfeição física (48), para seguir o verdadeiro cami-
nho messiânico (20) (48) e, "virando para a direita" (9), conseguir entrar em um nível supe-
rior da existência (2) (3) (28).
Mas o sucesso aqui exigirá o aproveitamento, em cada encarnação sucessiva, da iluminação
conquistada na anterior (10) (27) (29). O malogro em continuar esse processo, uma vez que
seja, resultará simplesmente no fracasso em "fugir" da morte (10) (25) no final da quinta vida
(29) — e seguir-se-á um retorno à mortalidade (11). Mas o sucesso em virar para a direita per-
mitirá às almas em questão que comecem a escapar do ciclo de renascimento físico (15) (29),
entrando num caminho semi-espiritual (30) mais elevado (3) (28) — nem mais nem menos do
que o próprio "caminho dos iluminados" perdido muito antes (4) (29).
Assim, virando à direita durante essa era terrena (12) para a perfeição espiritual (1) (9),
será possível conquistar a recompensa (8). De fato, isso permitirá à "humanidade amadureci-
da" obter a perfeição espiritual do iniciado (32) (34) (50) por meio da experiência do renasci-
mento supremo (31) (33) da Era Messiânica (1?) (5?) (7?) (49). Para isso, nova experiência
de renascimento será necessária ainda para a conquista final da total natureza espiritual do ho-
mem (31) (35) (49).

Nesta leitura temos uma confirmação clara de que a Câmara da Rainha represen-
ta uma câmara de vida. Na verdade, isso nada mais é do que aquilo que se esperava.
As câmaras da morte das outras pirâmides encontram-se todas ao nível do chão ou
abaixo dele e são alcançadas por meio de passagens inclinadas para baixo — e por
essa razão talvez devamos considerar a própria Câmara Subterrânea da Grande Pirâ-
mide como tal. Mas ambas as câmaras superiores da Grande Pirâmide acham-se bem
acima do chão e são alcançadas por meio de passagens inclinadas para cima. Portanto,
nada mais lógico que elas sejam consideradas como representativas de câmaras de vida.
Além disso, ambas as câmaras acham-se equipadas de túneis de ventilação. Que
fariam os mortos com esses túneis de ventilação? São os vivos que precisam do ar
para respirar. Mas temos de lembrar também que os " v i v o s " da Grande Pirâmide
devem ser compreendidos de uma maneira toda especial: eles são "espiritualmente
vivos", em oposição aos de físico moribundo. Então, qual o significado que tem para
eles os túneis de ventilação?
A resposta é surpreendentemente direta: um túnel de ventilação é um canal de
ar, para a respiração. Mas, desde tempos imemoriais a idéia de "respiração", "háli-
to", tem sido ligada de perto à de " v e n t o " ou "espírito". Por exemplo, a palavra

88
grega pneuma foi usada para ambas; a palavra alemã atmen (respirar) é semelhante
ao vocábulo hindu Atman (o nome do "deus interior") e o significado latino original
da palavra "espírito" era de fato "hálito", ou "respiração". Portanto, podemos de-
duzir sem muita dificuldade que os dutos de ventilação representam de modo simbó-
lico terem sido feitos não tanto para a entrada do ar, mas para o "espírito que sai"
— são nada mais nada menos do que canais de fuga. Por outro lado, o fato de os tú-
neis de ventilação tanto da Câmara da Rainha como da Câmara do Rei assinalarem
a meia altura da plataforma do ápice da Pirâmide — de modo geométrico num caso
e numérico no outro (vide capítulo 5 e Apêndice H) — parece confirmar que devem
ser vistos como sendo contínuos, em determinado sentido. Dessa maneira, a fuga da
Câmara da Rainha pode levar de modo direto, como já vimos, à entrada na Câmara
do Rei.
Mas o piso da Câmara da Rainha, de acabamento grosseiro, contíguo à base
tanto do Triângulo Messiânico como teoricamente com a 25? camada de alvenaria,
bem como com o alinhamento superior da 24? camada, deixa claro que essa fuga
depende de um retorno à Terra e de reaprender e reaplicar os ensinamentos mes-
siânicos. Se deve haver um Milênio Messiânico, então ele será baseado nos esforços
dos homens fisicamente imperfeitos. E é na esfera da mortalidade do homem (con-
forme o próprio Buda ensinava) que deve ser procurada a chave para a sua fuga
final.

Nota sobre a interpretação do código


Talvez possamos agora começar a atribuir significado mais preciso ao nível pira-
midal ao qual nos temos referido até agora como o Plano da Vida. De início fica claro
que esse nível não representa uma finalidade. Na verdade, ele não fica nem no meio
numérico do nível do piso da Câmara do Rei, que está acima da 50? camada de alve-
naria e, portanto, presume-se significar o Milênio Messiânico (10 x 5). Mas ele é a ba-
se do caminho para cima do Triângulo Messiânico em direção à iluminação, para os
cinco renascimentos do Nicho e para o caminho na direção da fuga final representada
pela Câmara da Rainha e seus dutos de ar. Por outro lado, é também o nível do ali-
nhamento superior da 24? camada, simbólica do imperfeito mundo físico ( 6 x 4 ) . Em
outras palavras, representa o nível mais baixo da evolução humana, no qual a ilumi-
nação pode ser obtida, assinalando assim o verdadeiro começo do processo messiânico
pelo qual os mortais são transformados em "seres vivos". É neste sentido, então,
que devemos compreender os termos Plano da Vida e "plano da iluminação poten-
cial", conforme aplicados em nosso código reconstruído.
90
10) . *. Datação da 1223 d.C. (IV de abril) (Datação)
interseção do piso
11) Distância entre a 283,378" (Medição de tempo)
interseção acima e a
interseção com o ali-
nhamento do piso da
Passagem Subterrânea
12) Distância para 286,1" Perda da iluminação
a extremidade inferior
do piso (lado oriental)
13) Distância para a extre- 286,835" (Medição de tempo)
midade inferior do piso
(Linha do centro)
14) Assim, datação 1506 d.C. (17de agosto) (Datação)
teórica de (11)
15) E datação teórica 1510 d.C. (8 de maio) (Datação)
para (12)
16) Outras características Entrada inferior do Poço- Fuga "para a direita" em
Fonte (Fonte da Vida), busca da iluminação e
que leva às passagens espiritualidade impossível
superiores, abre para a di- abaixo do Plano da Morte
reita (oeste), imediatamente
acima do Plano da Morte,
17) Natureza e dimen- bruta e mal Nenhuma data precisa;
sões da abertura definida aplicável a todo o
do Poço-Fonte Detalhe Subterrâneo (?)
18) Corte transversal não-retangular Não físico/não temporal
19) Natureza da conti- passagem menor, Nível de restrita (?)
nuação da Passa- horizontal, que conquista
gem Descendente leva para a Câmara
Subterrânea (Câmara do
Sofrimento/Fogo
Central)
20) Natureza (caracterís- não existe virtualmente: [Vide (21) e (22)]
ticas) da "junção" entre nem piso, paredes ou
as passagens teto são contíguos e
o plano da "junção"
não forma ângulos
retos em nenhuma (parte)
das passagens.
21) Possível signifi- um período de transição,
cado da irregulari- não datado com exatidão
dade na junção pelo cronógrafo24
22) Significado sugerido, uma junção telescópica
correspondente à a ser ajustada à luz
característica das Pas- dos acontecimentos de
sagens Experimentais fato ocorridos.
(vide p. 199)

91
Aqui a natureza indefinida da abertura inferior do Poço-Fonte e o aparente víncu-
lo com o Recesso na Câmara Subterrânea (vide p. 142) sugerem que a extremidade
inferior do Poço-Fonte não tem uma datação cronológica. Em vez disso, indica um
nível simbólico (o Plano da Morte) abaixo do qual não permite a entrada — a um nível
que no entanto pode ser alcançado de novo na parte ocidental da Grande Câmara
Subterrânea (q.v.).

LEITURA: Depois da divisão em 1453 d.C. por parte das almas que procuram um caminho mais
elevado, o resto da humanidade que progride (3), reencarnando-se (5) no mundo físico (4), con-
tinuará a perder cada vez mais a sua espiritualidade (2) com o passar do tempo (1). A morte
continuará sendo o resultado da prisão do espírito na carne mortal (6) (7) (8).
Em 1223 d.C. (10) essas almas começarão a entrar por um caminho carregado de morte
(9) destituído de toda luz( 12) — um caminho que eventualmente levará ao inferno na Terra
(19). Os acontecimentos decisivos ao longo desse caminho ocorrerão a partir de 1506 d.C. em-
diante (14) (15) (21) (22).
Apesar de tudo, um caminho de auto-redenção estará disponível durante esse período (16)
(17) a quaisquer almas que consigam recuperar iluminação suficiente (12) para subir acima do
nível mortal ao qual desceram (16). Não-físico em natureza (18), esse caminho eventualmente
terá o efeito de transformá-las em "seres vivos" que perseguem, mesmo no meio do inferno,
um dos caminhos superiores para a imortalidade (16).

A data de 1223 d.C. parece referir-se ao mesmo período do degrau para baixo no
corpo da Passagem para a Câmara da Rainha (q.v.) — o período que devia assistir
a uma tentativa de retorno aos ensinamentos messiânicos originais, no tempo de Fran-
cisco de Assis. No entanto, como já vimos, esse período também viu o início do que
poderia ser descrito como o amadurecimento do homem e em particular o nascimen-
to dos processos mentais que deveriam eventualmente levar a nossa própria era
científica.
Em outras palavras, os desenvolvimentos representados pelo Detalhe Subterrâ-
neo podem ser da mesma forma simbólicos de um inferno tornado ainda mais quente
pelo progresso científico do homem — apesar de representarem ao mesmo tempo uma
possibilidade redentora, já que é apenas através do aumento maciço dos seus conhe-
cimentos científicos que — aparentemente — o homem pode esperar a compreensão
e aceitação intelectual dos profundos conceitos que parecem servir de base para o "pla-
no de salvação" messiânico. Conforme as palavras atribuídas a Jesus de Nazaré, em
João 16,12: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas agora não podeis suportar".

92
O Poço-Fonte (A Fonte da Vida)
1) Nível da entrada pouco acima do Fuga para a espiritua-
inferior de for- Plano da Morte lidade possível apenas
mato rústico ou nível do teto acima do Plano da
da Câmara Sub- Morte
terrânea
2) Nível superior Plano da Vida Poço-Fonte leva ao plano
(base teórica da iluminação poten-
da 25? ou 52 cial / ideal messiânico
camada de ou iniciação
alvenaria)
3) Distância a partir 1.881,2426" Distância da morte para
do Plano da Morte a Vida; conquista da
paia o Plano da Vida iluminação potencial
4) Direção do túnel para oeste25 Na direção da ilu-
inferior de entrada minação
5) Direção do túnel para [este Na direção do renas-
superior de saída cimento físico
6) Número de seções 4 Um caminho de quatro
intermediárias etapas
7) Direção da pri- forte inclinação Progresso difícil na
meira seção para cima e direção do renasci-
(de baixo) para o norte mento
8) Direção da se- inclinação menos Progresso mais fácil
gunda seção forte para cima na direção do re-
e para o norte nascimento
9) Corte transversal irregular Não-físico
das primeiras duas
seções
10) Direção da ter- fortemente in- Progresso difícil na
ceira seção clinada para direção do renas-
cima e para o cimento
norte
11) Características passa vertical- Um período desencarnado/
da terceira seção mente por uma não-físico do res-
"gruta" de forma tante (?) antes do re-
irregular antes nascimento
da curva para o norte; ex-
trema irregularidade de
forma
12) Nível aproximado nível do Tampão
da parte superior de Granito
= nível da 7? camada de al- Perfeição espiritual (?)
venaria externa
= umas 286" acima Reconquista da iluminação
da plataforma-
base da Pirâmide
13) Direção da verticalmente Progresso espiritual
seção superior para cima "explosivo"

94
14) Corte transversal quadrado (Retorno à) fisi-
da seção superior calidade
15) Diâmetro médio da 28" (7 x 4 ou Aperfeiçoamento espiri-
seção superior 286,1710) tual do físico / Iluminação atra-
vés do Milênio,
(Note-se porém, a
distância norte-sul na = 26,7021" [produtor de
saída superior) (2 x 13?) (13 ?)1
16) Extensão da seção aprox. 300" A recompensa da
superior (100 x 3) perfeição (?)
17) Natureza das pare- blocos de pedra Físico/Terreno
des da seção su- calcária
perior
18) Posição do eixo 35,76" ao sul Encarnação baseada na
da seção supe- da seção in- conquista da ilumina-
ferior da Parede ção messiânica
Norte da Grande Galeria
19) Altura do túnel Mortalidade / Nascimento /
de saída superior 1 CR morte
20) Altura do degrau Nascimento/perda da mor-
para cima, para a 1 CR talidade (?)
primeira parte do piso
da Passagem para a
Câmara da Rainha
21) Plano da parede piano da seção Começo do caminho dos
norte do poço superior da pare- iluminados
de norte da Grande
Galeria e começo do teto
em si
22) Natureza da saída um buraco de formato irre- Subida do Poço-Fonte im-
superior gular aparentemente aberto plica poderosa ilumi-
pela força a partir de baixo, nação
como se visasse "levantar o
teto" da Grande Galeria em
286,1"
23) Tendência direcio- para o norte Volta à mortalidade /
nal totai do Poço- o físico
Fonte

LEITURA; Através de todo o período de "inferno na Terra" um caminho de fuga permanecerá


aberto (1) para qualquer alma preparada para virar à direita (4) e se levantar acima do nível
da mortalidade cega (1).
Esse caminho espiritual para cima (9) (11) será difícil e terá quatro etapas (7) (10) (6).
No entanto, uma vez dado o começo, o progresso tomar-se-á mais fácil (8) e eventualmente
um período desencarnado de recuperação e consolidação (11?) proporcionará a base para a ilu-
minação e aperfeiçoamento espiritual necessário para a parte final da tarefa auto-redentora (12).

95
Seguido até sua conclusão, esse caminho para cima acabará levando as almas que o seguem
da mortalidade cega para o nível da iluminação potencial (1) (2) (3). Mas esse também é um
caminho de renascimento (19) (20) (23). Porque, à força da sua conquista da perfeição espiri-
tual no mundo físico (15) (16), as almas em questão retornarão aos planos da Terra (5) (14)
(17) (19) (20) (23) com toda a força da iluminação messiânica (18) (22) e poderão até ser bem
sucedidas em juntar-se ao escolhido original (21) (22) na experiêndia da iluminação final do
Milênio eventual (15).

É interessante que o caminho para cima em quatro etapas, que o Poço-Fonte pa-
rece representar, lembra a crença budista Theravada de que o meditador vipassana pre-
cisa experimentar o Caminho (o satori Zen) quatro vezes, antes de alcançar por fim
a libertação total, com o rompimento dos diversos "grilhões" físicos sendo consegui-
do em cada oportunidade. De fato, parece haver um eco dessa mesma idéia no Nicho
da Câmara da Rainha (q.v.).
Por outro lado, não é de todo clara a rota exata a ser seguida pelas almas que "emer-
g e m " da parte superior do Poço-Fonte. É certo que parecem existir vínculos (18) (21)
(22) entre a extremidade superior do Poço-Fonte e a "expandida" parede norte da
Grande Galeria (q.v.) — na qual a interpretação é de que as almas em questão juntam-
se ao Nazareno-originalmente escolhido (vide p. 72). 26
Por outro lado, o nível do piso alcançado parece ser apenas o da Passagem para
a Câmara da Rainha — que sugeriria talvez estarmos aqui lidando apenas com aque-
las almas que, apesar de experimentarem o "inferno na Terra", conseguem alcançar
um grau de espiritualidade baseado nos ensinamentos messiânicos — e cujo estado
poderia, com cuidado, tornar-se então a base para a eventual entrada no Milênio Mes-
siânico (vide p. 87).
Talvez a mais justa avaliação aqui seja a de que o Poço-Fonte representa uma opor-
tunidade potencial de se juntar ao caminho dos iluminados — uma oportunidade que,
mesmo não totalmente aproveitada, ainda pode levar no mínimo ao caminho dos semi-
iluminados. Seja como for, então, o Poço-Fonte representa um Caminho para a Vida
para aqueles que por ele sobem.
No entanto, já vimos que o Poço-Fonte também representa com a mesma clareza
um buraco de morte física para aqueles que descem por ele. Na verdade, não é de
todo ilógico que uma passagem poderia ter um significado diametralmente oposto
quando atravessada em direção oposta. No entanto, o que talvez seja surpreendente
é o fato de uma simples característica poder levar ao mesmo tempo a dois significa-
dos bem diferentes e que uma passagem tão estreita como o Poço-Fonte possa agir
de maneira simbólica como um tipo de estrada de duas mãos de direção. De fato,
o próprio caráter incomum desse duplo simbolismo parece sugerir a possibilidade de
algum vínculo direto entre a morte física e a vida espiritual aqui mencionada. Em su-
ma, talvez os dois si?nbolismos que parecem contraditórios sejam de certo modo historicamente
interdependentes.
Sabe-se agora que a entrada inferior para o Poço-Fonte foi deixada fechada — tal-
vez nunca aberta por completo — pelos construtores da Pirâmide. Isto é evidenciado
pelo fato de que as passagens subterrâneas da Pirâmide eram bem conhecidas de

96
homens dos tempos clássicos — homens que, ao mesmo tempo, ignoravam por com-
pleto a existência das passagens superiores. Por exemplo, existem inscrições roma-
nas com fumaça na Câmara Subterrânea. Mas ninguém jamais colocou os pés nas
passagens superiores antes do ano 820 d.C. (vide p. 26). Em outras palavras, a pare-
de ocidental da Passagem Descendente não deu qualquer pista, naquele tempo, so-
bre a existência do Poço-Fonte, que se encontra bem abaixo dela, e este fato parece
sugerir que o projetista desejava que o Poço-Fonte fosse interpretado como tendo si-
iO aberto a partir de cima. Com efeito, os diagramas nas pp. 93 e 157 deixam claro
;ue a seção inferior do Poço, que é inclinada, desce demais, de modo que o túnel
de ligação para a Passagem Descendente tem de subir um pouco outra vez. Em ou-
tras palavras, visto a partir da direção inversa, o túnel de entrada que leva para cima
é paradoxalmente uma passagem descendente — algo que ninguém esperaria se o poço
tivesse sido feito para ser visto como uma passagem aberta de baixo para cima. Por
outro lado, é certo que o projetista desejou que o poço fosse interpretado como tendo
sido afundado de cima para baixo, e não "construído" —, pois as partes superiores
foram de fato cortadas através das camadas inferiores de alvenaria já assentadas da
Pirâmide.
Portanto, se estamos certos ao presumir que o projeto da Pirâmide foi feito para
que interpretássemos o Poço-Fonte como uma passagem afundada a partir de cima,
então também devemos admitir que o simbolismo desse processo é extraordinaria-
mente adequado em termos de nossa leitura geral, porque revela que a disponibilida-
de do Poço-Fonte como um Caminho de Vida, para cima, depende em tudo de ter
servido primeiro como poço de morte física, para baixo.
Se os iluminados do primeiro século d.C. não "afundaram a f o n t e " de maneira
simbólica, aceitando de modo voluntário a morte física como o preço a ser pago por
sua iluminação (conforme o rude simbolismo parece sugerir), então o Poço-Fonte ja-
mais teria sido aberto para que as gerações posteriores pudessem subir por ele a ca-
minho da Luz. De fato, se essa leitura é válida, então parece haver aqui um interes-
sante vínculo com a doutrina cristã convencional sobre o martírio messiânico, pois
os homens que vieram posteriormente poderiam ser vistos, em certo sentido, como
"salvos por seu sangue".
Quanto aos mecanismos exatos desse processo redentor, eles são menos fáceis
de interpretar, mas as partes posteriores deste capítulo sugerem que o aqui escondi-
do denominador comum pode ser encontrado na necessidade de os iniciados martiri-
zados voltarem em massa para os planos da Terra, numa data posterior, para agirem
como "parteiras" na redentora " n o v a era do Espírito". E, por outro lado, o aparente
vínculo entre o nível da entrada inferior do Poço-Fonte e o dc teto da Câmara Subter-
rânea pode sugerir uma ligação entre essa câmara e o estabelecimento físico daquela era.
Fica claro então que o Poço-Fonte, afinal de contas, não simboliza ao mesmo tempo
o Caminho da Morte, para baixo, e o Caminho da Vida, para cima. Ao invés disso,
tem de servir primeiro de uma forma e depois da outra. Opera num sistema de fluxo
variável como as marés, e não como estrada de duas mãos de direção. Primeiro, é
preciso afundar a fonte. Aí a " á g u a artesiana" de almas humanas pode entrar pelo
poço e jorrar na direção da Luz.

97
Apesar de tudo, deve-se lembrar que a entrada inferior do túnel, que finalmente
leva as revivificadas almas para oeste, para dentro do Poço-Fonte redentor, a princí-
pio as leva tanto para trás como para baixo, antes de poderem iniciar a sua eventual
subida para as "Regiões de L u z " . Esse arranjo corresponde de perto, como símbolo,
à experiência de muitos daqueles que procuram a Verdade, cujos passos iniciais ao
longo do Caminho da Iluminação foram difíceis e desanima dores, parecendo fazê-los
afundar mais " n o atoleiro" — uma verdadeira "noite escura da alma", sem qualquer
sinal aparente de luz no finai do túnel. Mas tudo indica que a persistência acaba sen-
do recompensada. A aparente hora da escuridão acontece bem perto do amanhecer.
E é por meio do Poço-Fonte que os iniciados que retornam à Grande Galeria — os
"discípulos" de João 21 — lançarão suas redes " à direita do barco" para levantar na
luz da manhã os " 1 5 3 peixes" que são os iluminados da Nova Era.

A Grande Galeria (O Salão da Verdade na Luz)

1) Direção para o sul Através do tempo


2) Inclinação para cima Progresso espiritual
3) Angulo de descida 26°18'9,7" Evolução humana
4) Altura extrema do 286,1" acima do Conquista da iluminação
teto nível do teto
da Passagem Ascendente
5) Largura do piso Mortalidade/Reencarnação
entre as rampas 41,21" (2 CR)
6) Largura da seção Mortalidade/Reencarnação
superior e do teto 41,21" (2 CR)
7) Altura da seção O terrestre (13?)
superior e da parte entre 52,7" {4 x 13?)
as rampas se "colocadas
juntas"
8) Mas 5), 6) e 7) são as
dimensões da Passagem-
Ascendente
9) Assim, o significado da
Galeria é o da Passagem
Ascendente "aberta co-
mo teiescópio" 27
10) Corte transversal um "retângulo Consciência física "ex-
da Galeria aberto como pandida? / um caminho
telescópio" "supmfísico"2S
11) Forma arquitetônica galeria com
da "expansão cantoneiras
telescópica"
12) Número de "partes Perfeição espiritual/
expandidas" entre as o espiritualmente per-
rampas e seção su- feito
perior

98
A extremidade inferior da Grande Galeria acima da Passagem para a Câmara da Rainha
Note as cantoneiras, o sulco para o "piso corrediço" e a entrada superior para o Poço-Fonte.
13) Número de "sobrepo- 7 Perfeição espiritual/
sições" de canto- o espiritualmente per-
neiras nas paredes feito
sul, leste e oeste

14) Número de seções 7 Perfeição espiritual...


em cantoneiras acima
das paredes-base

15) Altura das paredes- 89,8"


base

16) Altura total das 7 286,1" Conquista da iluminação


"seções abertas" entre
as rampas e a seção
superior

17) Largura média das 3" Perfeição


sobreposições
18) Número de "seções 6 Preparação
em expansão" na parede
norte
19) Altura média 21" perpendi- Perfeição espiritual
das rampas cular à in- suprema
clinação (equivalente do
código: 3 x 7 )

20) Largura de cada 20,61" (1 CR) Vide pp. 105-106


rampa
21) Características cada uma é vazada
das rampas por uma sucessão de
furos retangulares,
cortados na vertical, para
baixo, contra as
paredes-base
22) Dimensões de 6 " de largura Preparação dos mortais
cada furo por 20,61" de ascendentes no caminho
comprimento para o Milênio (?)
(1 CR) aiternadamente na
horizontal e na
inclinação: 10" de
profundidade
23) Característica da um "marco" levan- Vide nota 29
parede acima de tado, atravessado
cada furo, exceto por uma depressão
os dois no Grande retangular, paralela à
Degrau (q.v.) inclinação da Galeria
(vide diagrama p. 100)

24) Profundidade na 13" x 1 0 " (almas?) do Milênio


parede e largura de ca-
da "marco"

101
25) Dimensões aproxi- 8 " de largura O renascimento do Grande
madas de cada por 25" de Iniciado/ideal
depressão re- comprimento messiânico
cortada (extremidades deixadas
de propósito sem
acabamento)
26) Altura das extre- aproximadamente 12" e Humanidade física
midades de cima e 1 4 "29

fundo de cada
depressão
acima da rampa
27) Número de furos 56 (8 x 7), ou Renascimento da perfei-
nas rampas (proje- 28 (7 x 4) em ção espiritual/Aper-
tados), inclusive cada iado da feiçoamento espiritual
no Grande Degrau Galeria do físico
28) Número de furos 55 (11 x 5), Conquista do(s) inicia-
nas rampas (de pela remoção do(s)
fato existentes) do inferior do
lado oeste ("bom") pelo
irrompimento no túnel de
entrada do Poço-Fonte
29) Característica um sulco em toda Nenhuma necessidade de
a meia-altura a extensão de am- "descer de novo" du-
das paredes do bos os lados da rante o curso da Gale-
leste e oeste Galeria, como se ria; suspensão da re-
fosse para um encarnação
"piso-corrediço"
30) Largura dos 6" Preparação
sulcos (de cima a baixo)
31) Natureza do teto 40 (8 x 5) lousas Renascimento (suspenso)
bem definidas dos iniciados/Grande
de pedra calcária Iniciado até a extremidade
instaladas como superior da Galeria
catraca (vide
diagrama a seguir)
32) Extensão do teto 1.836" (153 x 12) Os iluminados da
humanidade
33) Extensão teórica 1.881,2223" Caminho da iluminação
do piso, da parede (equivalente do para a fuga/Culminação
norte para a parede código: 99 x 19) da mortalidade (fim
su! da morte)
34) Característica da o Grande Degrau Um "grande passo" na
extremidade superior evolução humana;
(sul) da Galeria mudança de escala
35) Aitura do pé 35,76" Encarnação iluminada...
do Grande Degrau
36) Altura do pé do aproximadamente 12,3" ... como homem (?)
degrau acima das
rampas

102
O Grande Degrau (Elevação e Piano)
41) Datação do piso da 1? de abril de
Grande Galeria abai- 33 d.C.
xo da parede norte

42) Datação do rompi- 1? de abril de


mento do piso na 58 d.C. (vide pp. 63 e 70)
parte inferior, beirada
norte do Poço-Fonte e
começo do teto da
Grande Galeria em si
(vide diagrama acima)

43) Datação teórica 1? de abril de


do reinicio do piso 152 d.C.
44) Datação teórica 1881—2223 anos
da extremidade supe- depois de 1? de
rior da Galeria abai- abril de 33 d.C.
xo do Grande Degrau = 22 de junho de
na entrada para a 1914 (solstício
Passagem para a de verão)
Câmara do Rei
45) Nomenclatura corro- Arco Real do Ápice do ano/era (?)
boradora para a en- Solstício
trada da Passagem para a
Câmara do Rei no Livro
dos Mortos egípcio

46) Por outro lado, a 22 de junho de


datação para o 1914 menos 68,744 anos
pé do Grande Degrau = 23 de setembro
de 1845 (equinócio de
outono)
47) Maior largura da 82,42637" (4 CR) Vide 48)
Grande Galeria
48) Significado de 47) aparentemente, o "salão
de reencarnação" de
duas almas ao mesmo
tempo (2 CR x 2)
49) Largura das seções 41,2" (2 CR) Salão de reencarnação
superior e inferior de uma alma
50) Assim, maior signi- talvez uma "alma
ficado da Grande gigante" levando
Galeria outra alma "nas costas",
entre os anos 33 e 58
d.C. e passando com ela
pelo tempo num nível
mais alto [vide 29)} e
deixando-a de novo
algum tempo depois de
1845 d.C. (vide p. 106)

105
51) Outra caracterís- Uma pequena pas- Caminho direto para os
tica da Galeria sagem aberta da planos do espírito para
extremidade su- o$ totalmente ilumina-
perior (sul) da dos31
seção de cima (lado leste)
até a parte inferior da
Câmara de Construção
(vide p. 130 e diagramas
pp. 100, 110 e 127)
52) Natureza da pas- uma passagem de Caminho não-temporal pelo
sagem pedra calcária físico
irregular, de acabamento
rústico, mas
basicamente retangular

O simbolismo aparente da passagem forçada entre a Grande Galeria e as Câma-


ras de Construção mais baixas parece combinar bem até aqui com a nossa exegese
geral. A partir do nível mais elevado (isto é, mais espiritual) da Grande Galeria, ela
abre para o leste — e, portanto, na direção do renascimento —, mas, ao invés do re-
nascimento físico costumeiro, leva diretamente para a parte mais baixa dos planos es-
pirituais. Talvez isso não seja mais do que seria de se esperar de maneira lógica dian-
te do que parece ser o caminho dos maiores iniciados espirituais.
No passado expressaram-se dúvidas a respeito da possibilidade de a passagem
forçada ser parte do projeto original. A sua adequação à mensagem geral da Pirâmide
sugere que devia ser assim, e a corroboração desse ponto de vista é dada pelo fato
de a Câmara de Construção mais baixa ser a única que não contém hieróglifos nas
pedras — o que sugere que, ao contrário das câmaras superiores, ela foi limpa para
benefício dos visitantes futuros. E isso, por sua vez, significaria admitir a existência
de algum meio de acesso a elas.

LEITURA: A S almas daqueles que aprendem inteiramente como aceitar a iluminação messiânica
entre 33 e 58 d.C. (4) (41) (42) entrarão por um caminho evolutivo, para cima (2) (3), reserva-
do para os espiritualmente perfeitos (12) (13) (14) (19), os iluminados da humanidade (16) (32).
Primeiro, no entanto, eles tem de voltar-se para a direita e aceitar a morte física (42)
como preço de sua iniciação (28). Mas, comojesultado disso, conseguirão escapar parcialmen-
te do ciclo de reencarnação no mundo físico (9) (10) (31) (32). De fato, através do poder
da iniciativa messiânica (25) (47) (48) (49) (50), os verdadeiros iluminados não experimenta-
rão de novo a morte e a mortalidade (22) (29) (31) (nota 28) até que se juntem de novo
à humanidade milenar (24) (36) nas encarnações da iluminação apropriada (35) a partir
do ano 1845 d.C. em diante (46).
Na verdade, existem alguns (51) que conquistarão um tal grau elevado de perfeição espiri-
tual (12) (13) (14) que lhes permitirá entrar por um caminho direto, não-temporal, a partir
do plano físico para o espiritual, sem a necessidade de nenhum outro renascimento físico (51) (52).

107
Para o restante dos iluminados, o caminho para cima levará diretamente para a eventual
culminação da mortalidade (33) — isto é, a perfeição do homem mortal, a consumação do pro-
cesso evolutivo — através da perfeição do Milênio futuro (24) (39) e do regresso dos iniciados
(25) (31). O grande degrau que leva a esses acontecimentos terá seu início no ano de 1845 d.C.
(39) (46) e estará completo no verão de 1914 (44).

A mensagem da Grande Galeria parece implicar diversos vínculos com conceitos


aparentemente apresentados por Jesus de Nazaré. Primeiro de tudo, há uma coloca-
ção em Mateus 16,21 e 24-28: " A partir dessa época Jesus começou a mostrar aos seus
discípulos que era necessário que fosse a Jerusalém... e que fosse morto e ressurgisse
ao terceiro dia" 32 ... "Então disse Jesus aos seus discípulos: 'Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar
a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-
la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar a sua
vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida? Pois o Filho do Homem há
de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo
com o seu comportamento. Em verdade vos digo que alguns dos que aqui estão não
provarão (de novo33) a morte até que vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino' "
Esta passagem sugere que Jesus já tem conhecimento pleno de sua própria morte,
que está por acontecer — e do fato de que, no cumprimento de algum " p l a n o " prees-
tabelecido, ele tem de fazer aquela morte acontecer. Além disso, ele parece ter previs-
to que a morte violenta levaria também todos os seus fiéis seguidores — de fato, de que
isso também tinha de ser conscientemente procurado. E a sentença conclusiva da passagem,
que parece contraditória, faz sentido perfeito a partir do momento em que entende-
mos a palavra " m o r t e " no sentido da mortalidade e, portanto, de renascimento.
Por outro lado, todas as três idéias refletem de maneira fiel a aparente mensagem
da Pirâmide, conforme delineada acima. E, em particular, a idéia de um longo perío-
do desencarnado antes da chegada do Milênio, para as almas daqueles totalmente
iluminados, encontra um eco píramidal não apenas no simbolismo da Grande Gale-
ria, mas também no do Poço-Fonte (vide p. 95-6).
Por fim, no mesmo capítulo do Evangelho de Mateus Jesus afirma que "este Evan-
gelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testemunho para todas as
nações. E então virá o fim (da presente era)" (24,14). Ê interessante notar também que
a medida do teto da Grande Galeria, de 1.836" (153 x 12) poderia ser interpretada
com o significado não apenas dos iluminados da humanidade, mas também como
a iluminação da humanidade — uma idéia quase idêntica àquela proposta por Jesus.
Estes claros paralelos entre a mensagem aparente da Pirâmide e os conhecimen-
tos do próprio Jesus sobre algum tipo de plano que tinha de ser realizado mais uma
vez nos levam a indagar se a própria Pirâmide não teria sido a fonte desse conheci-
mento. De fato, poderia isso representar o verdadeiro significado da afirmação de Je-
sus, em Mateus 24,35: "Passarão o céu e a terra (isto é, a presente ordem mundial),
minhas palavras, porém, não passarão'"? Na verdade, não estariam as "palavras" de Je-
sus já gravadas, antes mesmo que ele as pronunciasse, na resistente pedra da Gran-
de Pirâmide de Gizeh?

108
110
12) Característica na parede sul da Gran- Retorno dos iluminados
entrada de Galeria, bai- à mortalidade
xando a altura do teto
para 41,21" (2 CR)
13) Altura do "degrau 5,3015" (equiva- Líder messiânico?36
escondido" lente do código: 5) 35
14) Função do "degrau cancelamento da mu-
escondido" dança de escala anterior
(vide código)37
15) Portanto, a escala é a mesma ante-
para o "degrau es- rior = 1" por
condido" ano

Primeira Seção Baixa

16) Direção para o sul Através do tempo


17) Inclinação horizontal Nível de conquista
18) Corte transversal quadrado Físico/terrestre
19) Natureza da alve- pedra calcária Terreno

20) Largura da passa- 41,21" (2 CR) Morte/reencarnaçao


gem
21) Altura da passagem 41,21" (2 CR) Morte/reencarnação
22) Extensão da pri- 52,02874" Medição de tempo
meira seção baixa (4 x 13"?)
23) Portanto, a datação 52,02874 anos (Datação)
para o começo da depois de 20 de
Aritecâmara novembro de 1933 = 30
de novembro de 1985

Antecâmara

24) Primeira caracte- altura do teto Aperfeiçoamento da


rística aumenta em humanidade
108,23382" (equivalente
do código: 9 x 12)
25) Natureza do teto granito Espiritual
26) Número de lousas 3 Perfeito
27) Direção pela Câmara para o sul Através do tempo
28) Inclinação horizontal Nível de conquista
basicamente uma
29) Corte transversal Incursão a partir "de
passagem retangular com
cima" no mundo físico
a "tampa removida", trazendo perfeição a
somada a uma parte sua própria base
superior de formato irregu-
lar, com certas característi-
cas estendendo-se para bai-
xo até 3" sob o piso

112
30) Altura do revesti- 103,03296" (5 CR) Iniciação / o Grande
timento orienta! Iniciado?
31) Altura do revesti- 111,8034"
timento ocidental
32) Largura da "plata- 12,0214" (equiva- Influências vindas "de
forma" acima de lente do códi- cima" descendo entre
cada revestimento go: 12) a humanidade (?)
33) Então, largura do 65,25603"
teto
34) Largura da passagem 41,21" (2 CR) Mortalidade/Reencarnação
pela parte inferior da
Câmara
35) Altura da Câmara 149,44701' = [altura verti-
cal da Pirâmide + lado
da base]/100
36) Extensão da Câmara 116,26025" Uma era influenciada
= 365,242'7-jr pelo eterno
37) Primeira caracte- começo do piso Nova base espiritual
rística do piso de granito
38) Distância do 13,22729" (Medição de tempo)
começo da Câmara ao
princípio do piso de
granito
39) Assim, a datação 13,22729 anos (Datação)
do começo do piso depois de 30 de
de granito novembro de 1985 d.C.
= 21 de fevereiro de 1999
d.C. 38
40) Significado crono- •começo de uma nova
lógico do piso escala de tempo de
de granito ln por ano (vide código)
41) Assim, na nova = 100/20,60659 anos
escala, cada po- = 4,8528 anos39
legada
42) Próxima caracte- a "Folha de Espiritual,,,
rística importante Granito"

A "Protuberância" ou "Lacre" (medidas aproximadas)

113
43) Natureza da Folha 2 blocos (su- ...dupla (?)...
de Granito perior e inferior) coloca-
dos e cimentados ...incursão no mundo
em sulcos re- físico...
tangulares nas paredes
laterais, o bloco superior
com uma "protuberân-
cia" ou "lacre" em sua
face norte e tendo a parte
de cima em formato irre-
gular como se tivesse si-
do "quebrada por ..."mandada de cima"...
cima". A protuberância
lembra um baixo-relevo
do nascer do ...o nascer de uma nova
sol ou de um era (?)
arco-íris e tem a espessu-
ra exata dos dois rebaixos
da Folha em seu lado
norte (vide pp. 111 e 118)

44) Dimensões da su- 3 " de altura O Ser perfeito que deve


perfície da pro- por 5 " de vir [vide (51)]
tuberância largura

45) Dimensões apro- 8 " de largura Renascimento do Grande


ximadas da base da por 5 " de Iniciado [vide (51)]
protuberância altura

46) Espessura da pro- exatamente l " 4 0 O Divino


tuberância e dos
rebaixos
laterais

47) Posição do centro 1" à direita Levando na direção


da protuberância (oeste) do cen- do divino
tro da Folha de Granito
48) Posição do centro 1 CR de cada pa- Mortalidade
da Folha rede lateral
49) Posição do centro 1 Côvado Sagra- Ideal messiânico levan-
da protuberância do a leste da do para longe da mor-
extremidade da talidade
Folha (incrustada na
parede)
50) Nível da parte 5 " acima da jun- O Grande Iniciado
inferior da pro- ção horizontal
tuberância, na entre as (ousas
base superior e inferior
51) Nível da parte 33 1/2" acima da A presença messiânica
inferior da pro- parte de baixo
tuberância na da Folha
superfície

114
62) Espessura norte-sul 3,75" (equiva- Perfeição
dos pilares lente do
código: 3)
63) Próxima caracte- um sulco retangu-
rística lar em cada parede de
granito da passagem, de
cima do revestimento a
3 " sob o nível do piso,
aparentemente para re-
ceber uma "grade levadi- Descida de outra "figura
ça" parecida messiânica" para a
com a Folha de mortalidade, resultait-
Granito, mas do no fechamento da
desta vez des- passagem
cendo abaixo do nível do
piso43
64) Datação teórica 3,75 x 4,8528 anos
do lado norte dos depois de (28 de
"sulcos para as março) 2116 d.C. =
grades levadiças" (8 de junho) de 2134 d.C.
65) Profundidade dos 3,25" (equiva- Perfeição
sulcos lente do código: 3)
66) Características sulcos na extremi-
na parte de cima dade do lado oci-
dos sulcos dental superior do revesti-
mento de granito, em
depressões semicirculares
de 8 3/4" de comprimen-
to, terminando 12" a oes-
te da parede da pas- Renascimento do espi-
sagem ritual em forma humana
67) Diâmetro de cada 17,25"
depressão semicircular
68) Portanto, a cir- 17,25" x ir/2 Espírito de perfeição
cunferência de = 27,463" suprema
cada depressão (equivalente do código =
9x3)
69) Distância norte- 21,5" (equiva- Perfeição espiritual
sul através dos lente do có- suprema
sulcos digo: 3 x 7 )
70) Assim, a datação 21,5 x 4,8528
teórica do lado sul anos depois
dos sulcos para as (de 8 de junho)
grades levadiças de 2134 d.C. = (9 de
outubro) de 2238 d.C.
71) Próxima caracte- um segundo par Continuação do ambiente
rística de pilares espiritual
semelhante ao primeiro

116
Extremidade sul da Antecâmara, mostrando os "sulcos para as grades levadíças" (muito
dilapidados) estendendo-se para baixo do piso de granito. A Câmara do Rei abre para a
direita, no fundo. Notem-se as depressões semicirculares na parte superior dos sulcos da
direita e a faixa de pedra calcária acima da parede sul.
Projeção isométrica explodida da Passagem do Véu e Antecâmara,
72) Mas a largura 5,3" (equiva- Progresso dos iniciados
norte-sul dos lente do có-
pilares digo; 5)
73) Próxima caracte- um segundo par Descida de uma terceira
rística de sulcos para figura messiânica para
grades levadi- a mortalidade, fechando
ças chegando ainda mais a passagem;
a 3 " abaixo do descida espiritual para
nível do piso, a forma humana
com depressão
semicircular na parte
superior do suko
ocidental
74) Datação teórica 5,3 x 4,8528 anos
para o lado norte depois (de 9 de outubro)
dos sulcos de 2238 d.C.
= (28 de junho) de 2264
d.C.
75) Distância norte- 21,5" (equiva- Perfeição espiritual
sul através dos lente do có- suprema
sulcos digo: 3 x 7 )
76) Portanto, a data- 21,5 x 4,8528 anos
ção teórica do depois (de 28
lado sul dos sulcos de junho) de 2264 d.C. =
(29 de outubro) de 2368
d.C.
77) Próxima caracte- um terceiro par Continuação do ambiente
rística de pilares de espiritual
granito idêntico ao par
anterior
78) Assim, a largura 5,3" (equiva- Progresso messiânico/
norte-sul dos lente do có- progresso dos iniciados
piiares é digo: 5)
79) Próxima caracte- um terceiro par Uma quarta figura mes-
rística de sulcos para siânica, conforme
grades levadi- acima
ças, idêntico ao anterior
80) Datação teórica 5,3 x 4,8528 anos
para o lado norte depois (de 29 de
dos sulcos para outubro) de 2368 d.C.
grades levadiças = (18 de julho) de 2394
d.C.
81) E a datação teó- 21,5 x 4,8528 anos
rica para o lado depois (de 18 de
sul dos sulcos julho) de 2394 d.C.
= (18 de novembro) de
2498 d.C.
82) Próxima caracte- parede sul da Ante- Fim da era messiânica
rística preparatória

119
83) Extensão do piso 5 CR (vide dia- (Medição de tempo)
de granito da grama p. 127)
Antecâmara
84) Começo do piso 21 de fevereiro (Datação)
de granito de 1999 [vide 39)]
85) Portanto, a data- 500 anos exatos depois
ção precisa para de 21 de fevereiro
a parede sul da de 1999 = 21 de fe-
Antecâmara é vereiro de 249944
86) Características da 4 sulcos verti- O caminho espiritual dos
parede sul cais arredonda- iniciados físicos
dos, que vão do teto da
câmara ao teto da
segunda parte baixa da
passagem e dividem a
parede sul por igual em 5
faixas verticais
87) Largura dos suicos 4" Físico/terrestre
88) Profundidade dos 2,8" (7 x 4/10?), Aperfeiçoamento espiri-
sulcos porém dimi- tual do físico atra-
nuídas, como vés do Milênio; o
colheres, nas soerguimento do homem
últimas 8", pelo renascimento.
como se fosse para
"raspar" o conteúdo da
passagem
89) Extensão dos 108,23382" (equi- A perfeição suprema
sulcos valente do có- do homem
digo: 9 x 12)
90) Assim, a extensão aproximadamente Recompensa
da parte de pro- 100"
fundidade total dos
sulcos é de
91) Outra característica apenas as 12" Homem físico "erguido'
da parede sul superiores são de pelo espírito
pedra calcária; o resto,
de granito
92) Assim, a altura aproximadamente 96" (Re)nasámento do homem
da parte de (8 x 12) espiritual
granito é

Segunda Seção Baixa


93) Próxima caracte- segunda parte baixa
rística da Passagem
94) Largura, altura, assim como as da Maior renascimento/mor-
corte transversal, primeira seção, talidade, mas através
inclinação e mas em granito do ambiente espiritual
alvenaria

120
Extensão da se- 101,04629" (equi- Mais de uma recompen-
gunda seção valente do có- sa (?)
baixa digo: 100 + 1?)
Assim, a datação 101,04629 x 4,8528
para entrada na anos depois de 21
Câmara do Rei de fevereiro de 2499 = 2
de julho de 2989 d.C.
Extensão total das 52,02874 + 101,04629" (Para) os iluminados
duas seções baixas = 153,07503" (equi-
combinadas valente do código: 153)
Dedução dos itens Passagem para a Um caminho para as mor-
53), 61) e 94). Câmara do Rei tais, influenciado "de
deve ser vista cima" durante a idade
como medindo 2 mostrada
CR de altura por 2 CR de
largura em toda a
extensão, com uma
"irrupção de cima"
durante o período
indicado pela Antecâmara
Distância do co- = distância do Uma era que leva à imor-
meço do piso de centro da Ante- talidade
granito à extre- câmara à pa-
midade sul do rede sul da Câ-
sarcófago na Câmara mara do Rei =
do Rei45 365,242" (vide
diagramas p. 127)

LEITURA: O grande degrau (3) que leva à fundação da Idade Messiânica (1) começará a tornar
sua influência sentida a partir do outono do ano de 1845 d.C. (4) e a partir dessa época os
iluminados (1) (97) começarão a renascer uma vez mais em encarnações inspiradas pela ilumi-
nação messiânica (3) (5) (39-nota).
Depois do encerramento da era da iluminação desencarnada, no verão de 1914 d.C. (10)
(12) um período de preparação para a nova era messiânica (1) (36) começará de fato a partir
do fim do ano de 1933 d.C, (10). A partir de então, todos aqueles que alcançaram a iluminação46
precisarão passar por um período (16) de reencarnação contínua (20) (21) (27) (94) (97) no
mundo físico (18) (19) (39-nota).
No final do ano de 1985 d.C. (23), ocorrerão eventos espirituais ou cósmicos (25), calcula-
dos para trazer a perfeição à própria base da vida humana que reencarna (24) (26) (29) (34)
(60) (62) (63) (65) através de influências espirituais de cima (29) (32) (98) e de uma irrupção
do eterno na esfera temporal (36).
A partir do início do ano de 1999 d. C. (39) uma era messiânica (83) refletindo a nova ini-
ciativa espiritual começará a forçar o homem a basear sua vida nas fundações espirituais e não
em bases físicas (37). Então, no final do ano de 2034 d.C. (54), o sinal em formato de arco
do Grande Iniciado, daquele-que-deve-vir, aparecerá no cosmo (44) (45) (46) (47) (49) (50) (51)
e, no outono de 2039 d. C. (56), esse mensageiro da eternidade (43), repleto da perfeição messiâ-
nica (44) (57), terá assumido o seu papel físico nos planos da Terra (43) (48) (53).

121
Na primavera do ano 2116 d.C. essa figura messiânica partirá (58). Mas no verão do
ano 2134 d.C. (64) um novo emissário messiânico da perfeição espiritual suprema (68) (69)
chegará (63), sendo sua função o restabelecimento das próprias fundações da vida humana
e, finalmente, separar os iluminados de qualquer possível retorno à mortalidade cega (63). 47
Quando a fase humana (66) ou física (63) desse ciclo de sua existência espiritual estiver
completada (66), essa figura também partirá no outono do ano 2238 d.C. (70), só para come-
çar um novo ciclo de existência física apenas 25 anos mais tarde, no verão do ano 2264
d.C. (73) (74).
Partindo mais uma vez, no outono do ano 2368 d. C. (76), esse líder messiânico fará uma
terceira aparição no verão do ano 2394 d.C. (80), e, com o final de sua missão no início do
ano 2499 d.C. (85), chegará ao fim a era da iniciativa messiânica preparatória (82).
A partir dessa data, estando triplamente bloqueada atrás deles a passagem que leva de
volta à mortalidade cega,48 os reencarnados iluminados (92) (94) (97) partirão pelo derra-
deiro caminho espiritual (94) da recompensa final (90) (95), que residtará eventualmente
no soerguimento dos iniciados físicos à suprema perfeição espiritual (86) (87) (89) (91) atra-
vés da catalisadora experiência do Milênio terreno (2) (88). A era da iniciativa messiânica
de quatro etapas levará diretamente àquele Milênio (1) (99), que começará no ano 2989 d.C.
(96).

As medidas gerais da Antecâmara mostram de maneira bastante clara que ela con-
tém dentro de si a chave para todas as dimensões da Pirâmide. Já estabelecemos, por
exemplo, que seu comprimento e altura (36) (35) encontram-se relacionados de ma-
neira direta com as próprias dimensões vitais da Pirâmide. De fato, conforme tam-
bém mostra o diagrama (inferior) da p. 127, a sua parede oriental e o piso de granito
configuram entre si um quadrado (ABCD) com uma medida de 5 Côvados Reais de
lado; 49 enquanto a elevação lateral da câmara também nos convida a estabelecermos
ali um círculo com uma circunferência de 365,242P", para tocar tanto a parede norte
como a parede sul. Além disso, tanto o quadrado como o círculo em questão têm exa-
tamente a mesma área — ou seja, 5 Côvados Reais. A clara implicação do código (q.v.)
é que a Antecâmara representa uma idade messsiânica destinada a levar o mundo
físico à perfeição espiritual — conforme nossa leitura sugere de imediato. Mas tam-
bém é aparente que pelo menos um dos propósitos da Antecâmara é demonstrar o
relacionamento existente entre a Polegada Primitiva e o Côvado Real.
A própria Folha de Granito leva esse processo ainda mais adiante, pois as suas
medidas mostram tanto a Polegada Primitiva como o Côvado Real e o Côvado Sagrado
(46) (47) (48) (49). Em resumo, as medidas da Folha de Granito podem ser vistas co-
mo a chave para as demais, em toda a Pirâmide.
Mas, da mesma forma como a Antecâmara e a Folha de Granito parecem oferecer
a chave geométrica para a Grande Pirâmide, elas fornecem também de maneira bas-
tante clara a chave simbólica do monumento. Em outras palavras, a chave para o aper-
feiçoamento do homem mortal e do planeta Terra encontra-se nos acontecimentos sim-
bolizados pela Antecâmara e, talvez acima de tudo, na figura simbolizada pela pró-
pria Folha de Granito. E as dimensões desta, junto com o sinal sobre ela desenhado,
falam de maneira bastante clara de um líder messiânico que deve retornar. A própria

122
GRANDE GALERIA

d.C. 1850 1900 1950 2000 2050 2100 21S0 2200 22M 2300 2350 2400 2450 2500

Escala de tempo constante da Antecâmara . Desenho elaborado fora da escala arquitetônica.

protuberância, em particular, fala repetidas vezes da presença messiânica (vide pon-


tos 44, 45, 49, 50 e 51) e parece representar o nascer do sol 50 ou o arco-íris com os
seus simbolismos respectivos de uma nova era ou de um fim para a morte. 51 Ou tal-
vez a possamos ver na aura ou " h a l o " messiânico sobre a cabeça de um homem de
6 pés e 3 polegadas de altura. Em suma, a protuberância parece identificar-se como
o próprio "sinal bíblico do Messias" — uma idéia que por sua vez iguala necessaria-
mente a Folha de Granito com a concepção cristã da "segunda vinda" e da esperada
chegada daquele-que-deve-vir, 52
Mas ainda há uma evidência mais clara em apoio dessa suposição, pois talvez a
mais óbvia representação da protuberância esteja no hieróglifo egípcio (t) —
um sinal que originalmente representava um pão. Visto junto com a parte superior,
"quebrada", da Folha e as dimensões messiânicas da protuberância, o lacre da Ante-
câmara poderia ser tomado como a representação de algum tipo Messiânico de " p ã o
mandado do c é u " , preparatório da Câmara da Ressurreição final. Mas essa é exatamen-
te a imagem usada por Jesus de Nazaré para descrever a sua própria função messiânica: " E u
sou o pão da vida que desce do c é u , " diz ele no capítulo 6 do Evangelho de João. "...
Quem vem a mim nunca mais terá fome... e eu o ressuscitarei no último dia".
Além disso, quando usado como valor hieroglífico e não como ideograma, o sím-
bolo era usado no Egito antigo para significar uma discreta palavra de uma úni-
ca forma conhecida: na palavra " p a i " , no título eclesiástico ou
"o pai de deus". 5 3 No entanto, no versículo 27 do capítulo já mencionado do Evan-
gelho de João, encontramos Jesus dizendo o seguinte, daquele mesmo " p ã o mandado
do c é u " : "Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que per-

123
manece até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o Pai,
o marcou com seu selo". É como se tivéssemos aqui um enigma esotérico secreto ape-
nas para "aqueles que têm ouvidos para ouvir". Claro que seria difícil encontrar uma
série mais assombrosa de paralelos diretos. De fato, como no caso da celebrada afir-
mação " E u sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14,6) — que parece ser uma refe-
rência direta ao Triângulo Messiânico da Pirâmide54 — encontramos de novo aqui a
evidência direta de que o próprio Jesus (ou, quando menos, o autor do Evangelho de
João) conhecia a mensagem e o simbolismo da Pirâmide e partiu de modo consciente
procurando realizar essa mensagem. 55
Por outro ladó, a Folha de Granito mostra o advento messiânico com a forma de
incursão espiritual nos planos da Terra — como se um ser espiritual dotado de pode-
res jamais imaginados se "apoderasse" de um homem físico, como parece ter acon-
tecido durante o batismo de Jesus de Nazaré. Mas essa incursão não seria um episó-
dio único, porque o processo se repete três vezes mais. A idéia de uma visitação mes-
siânica dividida em quatro etapas talvez surpreenda alguns leitores e seja desconhe-
cida de outros — mas existem pistas claras sobre essa possibilidade nas escrituras
judeu-cristãs, notadamente nas histórias alegóricas de Noé e Moisés. "Estas coisas
lhes aconteceram para servir de exemplo e foram escritas para a nossa instrução, nós
que fomos atingidos pelo fim dos tempos". Assim escreveu Paulo, o Fariseu, sobre
a história do Êxodo Mosaico56 e o capítulo 9 desta obra dedica-se de maneira especí-
fica à investigação dessa idéia.
Quanto à datação fornecida acima, representa apenas as datas que são compatí-
veis com as informações de nosso código hipotético. No entanto, outras hipóteses
naturalmente produziriam resultados diferentes.
Por exemplo, se nos decidirmos a supor, com Rutherford, que o efeito do Grande
Degrau é o de deixar a escala de tempo como ela era, então todas as datações acima
(depois de 1845 d.C.) precisam ser puxadas para a frente uns dezenove anos, fixando-se
assim o começo do piso de granito em 1979 d.C. e o "sinal do Messias" em 2015. 57
Por outro lado, se o Grande Degrau fosse meramente ignorado como "cegueira" de-
liberada da parte do projetista, então o "degrau escondido" apresentaria a sua pró-
pria mudança de escala, cujo efeito seria o de atrasar bastante as datas fornecidas.
Neste caso, o piso de granito começaria por volta de 2260 d.C., com o primeiro even-
to messiânico datado por volta de 2300 d.C.
Contudo, mesmo tomando como está a mudança de escala do Grande Degrau,
sugerida acima, poder-se-ia argumentar que a escala de 1 " por ano deveria aplicar-se
a toda a Passagem para a Câmara do Rei e entraria até pela Câmara do Rei, já que
não se verificaria a intervenção de qualquer "degrau". Isso não estaria de acordo com
o código conforme foi apresentado — de fato parece saltar tanto diante do simbolis-
mo óbvio do piso de granito de 5 CR de comprimento na Antecamara, como da largu-
ra de 10 CR (1.000 anos) da Câmara do Rei. Contudo, a aplicação de uma tese como
esta colocaria o primeiro advento messiânico em torno da data de 2012 d.C., o segun-
do em 2030, o terceiro em 2057 e o quarto em 2084. Neste caso, parece óbvio que as
datas estão muito próximas entre si para fazer sentido.
Claro que a História atrai atenção e zombaria sempre que pressupõe datas incor-
retas. Por exemplo, os cálculos de Davidson e Aldersmith —, apesar de realizados

124
com alguma desconfiança, indicando que o "mundo ia se acabar" em 1953— já pro-
varam estar errados. Só podemos esperar e observar os " s i n a i s " , lembrando sempre
a advertência bíblica de que as coisas talvez aconteçam mais tarde do que esperamos.

A Câmara do Rei (A Câmara do Túmulo Aberto/da Ressurreição)

Virando à direita ao entrar nessa câmara, o visitante pode finalmente caminhar


na direção oeste, alcançando e até ultrapassando o eixo norte-sul (vide diagrama p. 110).

1) Natureza da Câmara toda de granito Era espiritual


2) Inclinação do piso horizontal Nível de conquista
3) Nível do piso alinhamento superior da Perfeição espiritual do fí
50? (10 x 5) camada de Milênio dos iniciados
alvenaria, de 28" de es-
pessura (7x4)
4) Número de iados 6 Apenas preparatório
(incluindo o teto e o piso)
5) Número de cantos 8 Renascimento
6) Extensão (leste-oeste) 2 x 365,24235"
VT = 20 CR Uma era produzida pela
(2 x 10) semente do eterno;
(produtora do Milênio
7) Largura (norte-sul) 365,24235" Vx - 10 CR
8) Altura \I5 x 365,24235"/2 Vir
= diagonal do piso/2
= 230,3871"
9) Número de camadas 5 (Câmara dos) iniciados
nas paredes
10) Número de pedras 100 Recompensa
nas paredes
11) Nível da base 5 " abaixo do Baseado na iniciação
das paredes nível do piso messiânica (?)
12) Nível da parte alinhamento teórico Mesmo o Milênio só
superior das superior à 60? constitui uma
paredes (6 x 10) camada fase preparatória
de alvenaria
13) Número de vigas 9 Perfeição supretna
no teto58
14) Distância do 365,24235" Término do período pré-
ponto intermediário da preparatório
Câmara até a parede Sul
15) Proporção da diagonal 3:4:5 Perfeito/Físico/lniciados
da parede norte-sul para
a extensão da Câmara
para o cúbico da diagonal
da Câmara.59

125
16) Número de túneis 2 (nas pare- (Vide nota 63, p. 165)
de ar para a Câmara des norte e sul)
17) Diâmetro das partes 9" x 9" (Para o) supremo perfeito
superiores dos túneis
18) Distância média do 80" (8 x 10) Renascimento áo Milênio
eixo da passagem da
entrada para o "eixo da
abertura dos túneis
19) Altura da parte de cima 41,21" (2 CR)60 Para mortais
da abertura do ventila-
dor norte acima do piso
20) Inclinação dos túneis para cima61 Maior progresso espiritual
além das- seções
horizontais iniciais
Túnel norte
21) Dimensões da parte 8 " de largura (Levando ao) renascimento
horizontal do túnel x 5 " de altura x 112" dos iniciados; renascimento
norte de comprimento produtor da perfeição
(equivalente espiritual (?)
ao código: 8x2x7?)
22) Corte transversal retangular (Levando ao) físico
do túnel norte terreno
23) Nível da saída 101? (100 + 1) Mais do que uma recom-
no miolo de alvenaria camada pensa (?)
24) Espessura teórica 32" (8 x 4)
da 101? camada Renascimento físico
25) Nível da saída 103? (100 + 3)
no revestimento camada Fracasso em escapar62
externo
26) Espessura teórica 29" (equivalente do Morte/mortalidade
da 103Í camada do código: 29,85")
Túnel sul
27) Nível da saída 102? (100 + 2)
do túnel sul no camada63
miolo de alvenaria
28) Espessura teórica 28" (7 x 4) Aperfeiçoamento espiritual
da camada do físico
29) Nível da saída no 104? camada Caminho de fuga (vide
revestimento (100 + 4, ou 8 x 13?) nota 62)
30) Espessura teórica 26" (2 x 13?)
da 104? camada Produtor de (13?)
31) Corte transversal circular — diâmetro
do ventilador sul aprox. de 12" Homem espiritual
na extremidade inferior
32) Natureza da abertura uma parte horizontal, [Vide 33)1
inferior irregular, em forma
de "cúpula"
(vide diagrama p. 115)

126
[ MOVM
I ENTOS HORZ
í ONTAS
i E VERTICAIS DEVIDO ÁO AFUNDAMEN" i
• TO, MOSTRADOS COM EXAGERO, EQUIVALENTE A DEZ VEZES O: *
MOVM
I ENTO NORMAL DESENHO FEITO COM BASE NAS MEDIDAS
T
;OMADAS POR PETRIE. • •->"..•.•. • ; •• *•'
• F I G . A V.-^V V ' ^ - — f o r c a d a
*- Füriel Hbeno da Gatola paia as;
V •; • / • •V.* • • *.•,• CãfnmasdeConsMuçâo

AíJOrtirt-aíorçadí

AMTÇ
C.MMRA a n t e c ã m a r a
empurrfoa
EjJgBupqpi
c a m a r a DO R E J

FISSUflAPAUAF,
aie.»-

O complexo da Câmara do Rei (A) distorcido pelos movimentos da Terra e (B) restaurado.
33) Simbolismo da possivelmente um Para assar o "pão";
abertura inferior forno ou o Utero gestação âa alma antes
na gravidez: vide da libertação
também a protuberân-
cia <pp. 115, 123 )64
34) Natureza do sarcófago um sarcófago sem Fuga espiritual da mortali-
inscrição, sem dade física
tampa, retangular,
de granito
35) Extensão externa largura da Câmara
do sarcófago do Rei menos a extensão
da Antecâmara
= 89,80568" (equivalente
do código: 3 x 29,84"?) Morte suprema (?)
36) Largura externa 38,69843" Produtora da morte
do sarcófago (2 x 19)65
37) Altura externa 41,21319" (2 CR) Morte
do sarcófago
38) Soma de todas as soma das três "Ressurreição final"
três dimensões dimensões da através da (conquista da)
do sarcófago Câmara/5 iniciação
= 169,7173" (13x13)
39) Espessura dos lados aproximadamente Não completo/preparação
6"

40) Espessura do fundo aproximadamente Baseada na perfeição


7" espiritual
41) Portanto, a exten- aprox. 77,8" Conquista da perfeição
são interior do (equivalente espiritual
sarcófago é do código: 11x7)
42) E a largura inte- aprox. 26,7" Produtora de (13?)
rior do sarcófago é (2 x 13?)
43) Por outro lado, a espessura L.-O.
espessura norte-sul total dos lados
total dos lados = aprox. 12" Humanidade
do sarcófago é
44) Posição do móvel dentro
sarcófago da Câmara66
45) Posição provavelmente a meio caminho fVide 46)]
desejada do sarcófogo entre as paredes norte
e sul da Câmara com
o seu eixo norte-sul
na linha central da
Pirâmide
46) Assim, a distância 286,1" Reconquista da iluminação
do eixo do sarcófago
para oeste do eixo
da Passagem para a
Câmara do Rei é

128
47) Distância das ex- 58,1013" Uma era influenciada pelo
tremidades do sarcófago = 365,24235" I2ir eterno
para as paredes norte e
sul da Câmara
48) Portanto, o signi- "separação" entre
ficado da posição espaço e tempo
norte-sul do sarcófago (vide diagrama p. 127)
49) Distância da parede aprox. 64,1" O "renascimento final'
norte para o inte- (equivalente do
rior do sarcófago código: S2)
50) Distância do eixo 105,42314" (equi- Ainda aquém da perfei-
do sarcófago para a pa- valente do códi- ção espiritual suprema
rede ocidental (isto go: 3 x 7 x 5) do Iniciado total
é, distância que a
Câmara projeta para
oeste do eixo da
Pirâmide)
51) Distância da pare- 365,24235" Fim da era
de norte de pedra calcá-
ria da Antecâmara para
a extremidade sul do
sarcófago
52) Datação da entrada 30 de junho de
para a Câmara 2989 d.C. (vide p. 122)
53) Significado da lar- 10 x 100 anos = Milênio; medição de
gura de 10 CR do 1.000 anos tempo
piso de granito da
Câmara
54) Assim, a datação 30 de junho de
para a parede sul é 3989 d.C.67
55) Próxima caracte- cinco câmaras Cinco outros planos es-
rística do sistema acima da Câmara pirituais
do Rei

LEITURA: O grande Milênio (3) (6) (7) (53) espiritual da Terra ( 1 ) começará no verão do ano
de 2989 d.C. (52).
Será uma era para levar o mundo físico à perfeição espiritual (3) (13) (17) (21) (28) (51)
através da influência messiânica dos planos eternos [(6) (7) (8) (11) (47)].
Durante esse período as almas dos iluminados, juntadas a partir de todos os cantos do glo-
bo (43), irão renascer fisicamente uma vez mais (5) — mas dessa vez será para experimentar
a recompensa (10) do renascimento final, milenar (18) (49). Mesmo nesse estágio, no entanto,
ainda será fatal olhar para trás68 porque o fracasso em completar a etapa levará, na morte (19)
(35) (36) (37), a outro renascimento físico (22) (24) em busca da perfeição espiritual (21), Aqueles
que conseguirem por fim recuperar a sua iluminação perdida e atingir a perfeição (13) (17) (41)
(46) serão afinal bem sucedidos, na morte (19) (35) (36) (37), em efetuar a sua fuga total da
mortalidade e do mundo físico (20) (32) (33) (34) (48) e um traslado para um plano mais eleva-
do de existência (20) (55).

129
Essa transformação será baseada em sua própria perfeição espiritual (41) e em sua conquis-
ta de total iniciação (9) (11) (38).
No entanto, mesmo com essa fuga final do mundo físico, o desenvolvimento das almas dos
homens não terá fim, pois sua iniciação ainda será incompleta (4) (12) (50). Eles terão apenas
renascido no mais baixo dos planos espirituais (31) (33) (34) (55).69

Portanto, com a leitura acima, podemos por fim identificar de maneira positiva
(em termos de nosso código hipotético) o ocupante simbólico do sarcófago: foram as
almas dos iluminados que finalmente alcançaram a perfeição espiritual (41) como ini-
ciados (38) e que aqui escaparam da mortalidade "para cima" (37). É adequado que
a antiga revisão de Saite para o Livro dos Mortos egípcio parece reférir-se à Câmara
do Rei como o "Túmulo Aberto". E que a "Ressurreição" de que também fala pareça
referir-se a nada mais nada menos que nascimento final do homem numa dimensão
totalmente nova da existência.

As Câmaras de Construção (Os Lugares Secretos do Deus Escondido)

Essa característica compreende uma interessante série de câmaras escondidas (no


total redescobertas até 1837) montadas umas em cima das outras sobre a Câmara do
Rei. A teoria ortodoxa diz que elas tinham o propósito de proteger de alguma forma
a Câmara do Rei do enorme peso da alvenaria que se encontra acima. Mas essa teoria
parece ser pouco convincente, mesmo tendo sido esse o seu efeito. Por exemplo, por
que proteger a Câmara do Rei dessa maneira e não fazer o mesmo com a Câmara da
Rainha? Por que construir uma série de cinco câmaras, quando uma teria dado o mes-
mo resultado? E por que cobrir a resultante "casa de granito" com uma única cumeei-
ra de pedra calcária, quando uma múltipla, de granito, seria muito mais durável?
De novo somos levados à conclusão de que todas essas características — inclusive
a escolha do tipo de pedra para a cumeeira superior — destinam-se antes de mais
nada a finalidades simbólicas. Em termos de nosso código hipotético, por exemplo,
temos até agora presumido que a pedra calcária representaria o mundo físico e o gra-
nito seria o espiritual. Portanto, devemos continuar presumindo isso. Além do mais,
agora parecemos estar tratando (vide acima) com as almas humanas que abandona-
ram o mundo físico e conseguiram entrar nos planos espirituais.
Parece lógico neste momento chegarmos a duas suposições básicas. A primeira
é a de que apenas o espírito — representado pelas paredes de granito — pode "con-
ter" simbolicamente o espírito, enquanto o físico — representado pela pedra calcária
— já não apresenta mais qualquer obstáculo para sua passagem. E, prosseguindo a
partir disto, o fato de que todas, menos as duas Câmaras de Construção superiores,
têm paredes norte e sul de granito, nos leva a nossa segunda suposição básica: a de
que as almas desencarnadas que passam de maneira simbólica por essas câmaras ain-
da precisarão "progredir" do norte para o sul através de cada câmara antes de ascen-
der mais —, apesar de se supor não ser mais através da dimensão particular que cha-
mamos de " t e m p o " , segundo confirmam os pisos extraordinariamente irregulares
de todas as cinco câmaras.

130
" m u n d o dos opostos". O homem, de fato, terá retornado a seu estado espiritual,
"pré-queda", tornando-se de novo habitante do mundo dos absolutos primordiais.
Com base nisso nós podemos agora apresentar uma lista dos dados importantes
dessas câmaras com a finalidade de fazer com eles a leitura costumeira.

Câmara 1 (a mais inferior das Câmaras de Construção)


V Posição da Câmara bem acima do Plano conquistado pela
teto plano da fuga do sarcófago na Câma-
Câmara do Rei ra do Rei
2) Natureza dos pisos de vigas de granito bastante [Vide 3)]
todas as Câmaras de irregulares
de Construção
3) Significado de 2) nenhuma escala de tempo:
um plano "espiritual"
4) Natureza das pa- granito verti- Progresso espiritual
redes norte e sul cal plano necessário
5) Natureza das pa- pedra calcá- Não mais sujeito à
redes leste e ria vertical relatividade
oeste plana
6) Altura média das 120" (10 x 12) "Eternalizaçao" da
4 Câmaras in- humanidade (?)
feriores
7) Natureza do teto granito plano Entrada para um plano
da Câmara 1 horizontal espiritual mais alto
8) Número teórico 8 Renascimento de...
de cantos
9) Número teórico 6 Condição incompleta/
de lados preparatória
10) Característica um túnel rús- Caminho não-físico para
especial tico (26 1/2" x 32") os totalmente iluminados
irrompe no lado norte da
Câmara, a partir da parte
superior da Grande
Galeria70

Câmara 2
11) Posição acima e pouco A entrada para o plano
a oeste da Câ- superior depende de
mara 1 maior esforço espiritual
12) Natureza das pa- granito vertical Não-relativo
redes norte e sul plano
13) Natureza do teto granito horizon- Entrada para um plano
tal piano espiritual mais alto
14) Número teórico 8 Renascimento...
de cantos
15) Número teórico da condição incompleta/
de lados preparação

132
Gera!
28) Número de câ- Para os iniciados:
maras iniciação

LEITURA: As almas desencarnadas dos iluminados, tendo escapado da mortalidade (1) e entra-
do nos planos não-temporais (2) (3), não-relativos (5) do espírito (2), seguirão para cima, atra-
vés de níveis espirituais mais e mais altos (X) (7) (13) (20) de iniciação (28) para produzir a
apoteose final do homem (6).
A conquista do segundo e terceiro desses níveis representará o fruto de maiores esforços
espirituais nos níveis que os precedem (11) (16). Mas a conquista do quarto plano marcará a
cessação dos esforços espirituais (18), e levará inevitavelmente à entrada no plano mais elevado
de todos (21). Sem mais coisa alguma a conquistar (22), as almas que emergem para esse plano
poderão por fim ascender (24) para os domínios não-finitos (23) da perfeição espiritual (25) (26).
O homem terá por fim alcançado a sua verdadeira identidade (23) e o Plano Messiânico para
a evolução do Homem Verdadeiro terá atingido a sua realização final (23) (27).

Em suma, o homem — "filho pródigo" do mundo espiritual — terá finalmente


"voltado para casa", apossando-se de sua herança eterna.

O Detalhe Subterrâneo

O Detalhe Subterrâneo compreende uma série de passagens horizontais e câma-


ras que se estendem para o sul, a partir da parte inferior da Passagem Descendente.
A própria Grande Câmara Subterrânea parece combinar com a descrição feita pelo
Livro dos Mortos da Câmara das Tribulações ou Câmara do Fogo Central.

1) Direção para o sul Através do tempo


2) Inclinação basicamente Nível de conquista
lorizontal
3) Corte transversal basicamente Físico/terrestre
das passagens e retangular
câmaras

Passagem para a Câmara Subterrânea


4) Largura 33,5204" (equi- A presença messiânica
valente do có-
digo: 33,5")
5) Altura 35,7628" Encarnações não-
(286,1'78) iluminadas71
6) Posição do eixo 5/8" a oeste Caminho messiânico
do eixo da Pas- através do renascimento (?)
sagem
7) Característica degrau para (Mudança de escala tri-
inicial cima, não-vertical gonométrica)

134
14) Distância na li- 352,2933"
nha central da
interseção do ali-
nhamento do piso com
o piso da Passagem
Descendente74 até
a extremidade mais
longe do piso na
entrada da Grande
Câmara Subterrânea
15) Portanto, o tempo 392,9803 anos
representado por 14) é
16) Por outro lado, a 220,3984"
distância do mesmo
ponto para o lado
norte da Câmara
Subterrânea menor é
17) Assim, o tempo re- 245,8526 anos
presentado por 16) é
18) Distância através 72,35187"
da Câmara Subter-
rânea Menor
19) Assim, o tempo re- 80,70792 anos (vide
presentado por dimensões corro-
18) é boradoras no
diagrama da pági-
na anterior)
20) Aparente signi- uma "queda física
ficado do quadra- do teto" (vide dia-
do da Câmara Me- grama) — talvez
nor uma "era de turbu-
lência" 75
21) Aparente signi- um "período de in-
ficado da Câma- ferno na Terra"? 76
ra maior
22) "Encaixe" históri-
co experimental su-
gere as datas assim:
a) Extremidade do (agosto de) 191477
piso na entrada
da Grande Câmara
Subterrânea
b) Extremidade sul (fevereiro/março de)
da Câmara Menor 1848

c) extremidade norte (junho de) 1767


da Câmara Menor
d) Interseção dos (agosto de) 1521
pisos das Passagens
Descendente e
Subterrânea

136
23) Portanto, a maior 15 anos78
"discrepância" en-
tre as datas das
Passagens Descen-
dente e Subterrâ-
nea para essa in-
terseção [vide p. 91,
itens 14) e 15)] é de
24) Se a interseção 80,7092 anos antes
do teto da Passagem de (agosto de) 1521
Subterrânea com o = (julho/agosto de)
"piso da Passagem 1440 d.C.
Descendente também
deve ser vista como
significativo, esse
ponto agora marca
25) Assim, o possível o período histórico
significado do ali- que produziu ou levou
nhamento do piso aos acontecimentos do
da Passagem Descen- Detalhe Subterrâneo
dente, referente ao
período histórico
de 1440-1521 d.C, é
26) Dimensões da Câmara
Menor, quadrada;
a) extensão do lado 72,35187" (equi- Imperfeição do homem:
valente do có- renascimento da per-
digo: 6 x 12 ou feição suprema
8x9)
b) distância da pa- 38,813147"(equi- Produtora da morte
rede ocidental valente do có-
para oeste (di- digo: 2 x 19)
reita) da passagem
c) altura das pare- 6 " e 18" ( 3 x 6 Imperfeição (que leva à)
des norte e sul ou 2 x 9) res- imperfeição suprema ou
sobre a linha pectivamente que produz a imperfeição
do teto da passagem

Grande Câmara Subterrânea


27) Característica na rebaixo ou de- Alternativas de queda
entrada para a Câ- grau irregular brusca ou "fuga" do
mara para baixo, en- tempo e espaço (vide
quanto o alinha- diagramas p. 127)
mento do teto so-
be 89,80568" (3 x
29,84" ou extensão
exterior do cofre
da Câmara do Rei)
28) Justificativa para o nível do piso da
presumir que o de- Passagem na saída
grau é vertical sul da Câmara es-

138
PERFIL

CO CO

£
N
cM
C
CO
CO ^ 26" 18' S.7"; CO
72.35187

S, t N

PLANO

72.35187
; 7
N /
/
§
S. • O
CO
2 \ • ai
o
U)
M- X
SI / \
^
CM
O
LÍIJ
CÔ •
/ S
in
CO"
O
\s \ O
C
72.35187
(Medidas Geométricas em polegadas Primitivas)

Câmara Subterrânea Menor (perfil e plano)

Câmaras Subterrâneas com passagens adjacentes,


para baixo tá 2 CR exatos Morte ou nascimento: a
abaixo do ali- volta à existência fí-
nhamento do piso sica pelas almas que
da passagem na tomam este caminho
entrada norte —
o único ponto onde
ocorre uma clara
queda vertical
29) Assim, a nova es- 25 x 1,11549/41,2131
cala para o degrau anos por polegada^
para baixo = 0,6766598 anos por
polegada = menos anos
por polegada

30) Distância para 322,7711"®°


a parede sul da
Câmara a partir
da extremidade do
piso da entrada
para a passagem

31) Tempo representado 218,40622 anos


por 30)
32) Datação para a dezembro de 2132 d.C.
parede sul da Câ- /janeiro de 213381

33) Natureza da Câ- A maior das Câmaras


mara da Pirâmide (suficien-
temente grande para
conter todas as
as outras), sua Uma era de possível
extremidade oci- redenção
dental é o pon-
to mais a oeste
de todo o sistema
de passagens
34) Natureza das pare- planos, retangu- Terreno/físico
des e teto lares na maior
parte
35) Natureza do piso extraordinaria- Datação aproximada
mente retan-
gular
36) Natureza da parte quase plana, mas Caminho que leva ao "so-
oriental do piso contém um pro- frimento" físico
fundo poço semi-
retangular com
"fundo de um rio"
teórico que flui
a partir da pare-
de oriental

140
37) Extensão do lado "quase sete pés'
do poço (Rutherford)
38) Extensão da diago- 100" Recompensa
nal do poço
39) Profundidade da par- 67,59" (equiva- Homem amadurecido: pro-
te superior do poço lente do có- dutor da presença mes-
digo: 2 x 33,5) siânica
40) Profundidade da par- 41,2" (2 CR) Morte/mortalidade
te inferior do poço
(abaixo da beirada no
canto sudoeste)
41) Profundidade to- 108,8" (equi- Suprema perfeição do
tal do poço valente do có- homem
digo: 9 x 12)
42) Largura média Mortalidade/renascimento
da beirada sudoeste 20,6" (1 CR)

43) Distância total do (Para baixo) produz per-


teto da Câmara 306" (2 x 153) da da iluminação/(Para
até o fundo do cima) produz os ilumi
poço nados
44) Alinhamento do mais ou menos a
poço NNO-SSE, isto é,
diferente da Câmara
45) Significado de 44) datação aproximada(?)82
46) Natureza da parte um planalto de Civilização humana, o
ocidental do piso pedra que se resultado da ilumina-
ergue de repen- ção (intelectual); suas
te paTa oeste conquistas e seu co-
do eixo da Pirâ- lapso temporário
mide, contendo al-
guns picos mais
altos que vão de
leste para oeste,
separados por valas
profundas — com toda
a plataforma dividida
por uma vala ainda
mais profunda, que se-
gue para oeste (direita),
lado a lado com o poço

47) Característica na um pequeno reces- l Vide 52)1


parede ocidental so ou "escape" na
parede perto do
teto — portanto
a característica
mais ocidental
de todo o sistema
de passagens

141
48) Largura aproxi- 36" (3 x 12) (Levando à) perfeição
mada do escape humana
49) Profundidade ex- 18" (6 x 3 ou Preparação do perfeito/
trema do escape 2x9) produtor da perfeição
extrema
50) Altura do escape 28" (7 x 4) Aperfeiçoamento espiri-
na entrada tual do físico
51) Altura do escape 12,5" (1 CÔva- (Capaz de produzir) o
dentro da entrada to Sagrado/2 ?) ideal messiânico (?)
52) Possível signi- simbólico do Poço-
ficado do escape Fonte, cuja parte
inferior sai para
oeste imediatamen-
te acima do mesmo
nível do teto e
cujo diâmetro
também mede 28"

53) Acesso aparente virando à di- Reforma espiritual no


ao escape reita perto do período do "sofrimento'
poço e passan-
do pela vala pa-
ra a parede oci-
dental da Câmara
54) Saída sul da entrada da Passagem
Câmara Sem Saída

Passagem Sem Saída


55) Largura 29,8412" Morte/mortalidade
56) Altura 29,8412" Morte/mortalidade
57) Corte transversal quadrado Físico
58) Acabamento das rústico Terreno
paredes
59) Posição do eixo 1,2114" a leste Caminho da suprema mor-
do eixo da Pas- talidade
sagem para a Câ-
mara Subter- Renascimento
rânea — o eixo
de passagem mais
oriental da Pi-
râmide (além
do Nicho, q.v.)
60) Inclinação horizontal Nível de conquista
61) Direção para o sul Através do tempo
62) Extensão extrema 645,5422" (Medição de tempo)
63) Espaço de tempo 436,81245 anos
representado

142
Assim, a datação 436,81285 anos (Datação)
para a extremidade depois de dezem-
sul da passagem é bro de 2132 d.C./
janeiro de 2133
d.C. = outono de
2569 d.C.
Característica uma "ondulação" Reforma temporária
da passagem a oeste, pouco
mais de 11 me-
tros da entra-
da, retornando
depois ao ali-
nhamento da pas-
sagem
Extensão dessa 6" para oeste Reforma incompleta
ondulação
Comprimento da 84" (?) (equi- (influenciada por) aper-
ondulação valente do feiçoamento espiri-
código: 7 x 12) tual da humanidade (?)
Natureza do fim quase quadrada [Vide 69)]
da passagem
Significado apa- passagem "cor-
rente do final tada", ao in-
sem saída vés de acabada
Distância total 5448,736" Imperfeição terrena/
no piso entre a história não terminada
extremidade da
passagem e a en-
trada original da
Pirâmide

O ponto (43) acima sugere que o Poço da Câmara Subterrânea é uma função dire-
ta da iluminação daqueles que o experimentam. Mas a sua profundidade geral a par-
tir do teto da Câmara pode ser lida como uma direção para baixo ou para cima. Por-
tanto, como uma queda (para baixo) dentro do Poço, a partir do nível do Plano da
Terra, deve estar mais claramente vinculado à perda de iluminação; por outro lado,
a subida (para cima), para fora do poço, até o nível do tempo (superando o Plano
da Morte) deve, ao mesmo tempo, se refletir numa reconquista da iluminação. De
fato, a progressão inexorável do tempo para o sul, através da Câmara, torna claro que
o Poço deve ser escalado mais cedo ou mais tarde. Em suma, todo o mundo precisa
atravessar ou evitar esse "rio de f o g o " e o próprio fato de se fazer isso acaba produ-
zindo uma certa medida de iluminação ou purificação. Durante a Era Final, o " o u -
r o " , conforme a metáfora bíblica, precisa ser "provado no f o g o " . Comparem-se as
palavras de Paulo em 1 Cor. 3:13,15, " . . . o Dia torná-la-á conhecida, pois ele se mani-
festará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um... Aquele, porém,
cuja obra for queimada perderá a recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo,

143
mas como que através .do f o g o " . Paulo parece ter previsto o que a Pirâmide também
revela, isto é, que o Poço — o futuro "rio do f o g o " — não é final, mas tem uma fun-
ção essencialmente redentora.

LEITURA: Entre os anos 1440 e 1521 d.C. (22) (24) registrar-se-ão acontecimentos que produ-
zirão (25) um período de reencarnações físicas uniformemente não-iluminadas (2) (3) (5)® pa-
ra aqueles que tiverem tomado o caminho para baixo— um caminho através do tempo (1) que
levará direto ao período do "inferno na Terra" (21).
No entanto, mesmo a esse baixo nível, far-se-á sentir a presença messiânica (4) (6?), 84 pois
esse período também é uma função do Plano Divino (8).
Entre os anos 1767 e 1848 d. C. (22), as almas em questão terão de passar por um período
de turbulência (20) durante o qual o homem imperfeito estará se esforçando no sentido de recu-
perar um pouco de sua perfeição (26) por meios físicos que resultarão na morte (26).
A trilha para diante será então retomada até que, no verão de 1914 (22), todas as imperfei-
tas almas humanas começarão a reencarnar-se (28)S5 para cair numa era de sofrimento (21)
(27) físico (34) que trará consigo uma chance para o homem escapar dos ciclos do tempo e do
espaço (33) (27).86
Durante essa era, aqueles que deixarem de "virar para a direita" no tempo (46) terão de
passar por um "rio de fogo" (36) que carregará o "homem amadurecido" (39) para um "poço
sem fundo" mortal (40). Essa será a recompensa inevitável (38) para os não iluminados (43).
No entanto, a reação do homem a essa mesma experiência poderá levá-lo de volta para a ilumi-
nação (43) através do seu efeito de aperfeiçoamento e purificação (41). Também produzirá a pre-
sença messiânica (39). De fato, quaisquer almas que "virarem para a direita" no período do
grande sofrimento (46) (53) ainda terão capacidade para recuperar mais do que uma determina-
da medida de iluminação que terão originalmente perdido (33) (47), pois a Fonte da Vida (q.v.)
ainda estará esperando por elas (52) com a sua promessa messiânica (51) da perfeição espiritual
do homem físico (48) (49) (52).
Mas, para aqueles que ainda persistirem em não fazer o esforço no sentido de ' 'virar à direi-
ta" (54), um novo caminho de morte suprema (55) (57) e degeneração física (57) (58) (59)
começará com o novo ano 2133 d. C. (32). Apesar do frágil esforço em busca do auto-aperfeiçoa-
mento (67) entre os anos 2422 e 2477 d.C. (65) (66) (67), eles prosseguirão sem descanso por
esse caminho inferior através do tempo (61),chegando até e ultrapassando o ano 2569 d. C. (64)
quando, para essas almas, a perspectiva da presente profecia chegará ao seu final (68) (69).

As datas 2422 e 2477 d.C., mostradas na parte final da leitura, representam data-
ções aproximadas para a "ondulação" na Passagem Sem Saída e vale a pena notar
que estão relativamente próximas da data final fornecida para a Antecâmara {q.v.).
Isto faz surgir a possibilidade de que a ondulação esteja escondendo um esforço geral
no sentido da reforma encorajada de maneira específica pela entrada dos iluminados
em seu caminho final de fuga espiritual — ou pelo menos a perspectiva desse aconte-
cimento iminente. A passagem continua então até um ponto suficiente para mostrar
que já não existe mais qualquer fuga possível a partir dela para aquele caminho mais
elevado, pois este está lacrado em 2499 — apenas setenta anos (a duração " p a d r ã o "
da vida humana) antes da data final da Passagem Sem Saída. " A vida continua" nes-
te nível inferior — este parece ser o simbolismo dessa característica.

144
Por outro lado, vários vínculos interessantes, tanto com acontecimentos históri-
cos conhecidos como em relação a outras partes do cronógrafo da Pirâmide, podem
ser observados nos dados e na leitura para o Detalhe Subterrâneo.
Para começar, os anos 1440 e 1521 — aqui mostrados como as " b a s e s " de nossa era
atuai — de fato parecem combinar com essa descrição. O ano 1453 viu a queda final dos
turcos de Constantinopla, o último bastião do Império Romano no Oriente. Esse epi-
sódio viria provocar retumbantes conseqüências. Antes de mais nada, foi em grande
parte responsável pela fuga dos intelectuais para a Itália, levando consigo os conheci-
mentos e técnicas que haviam sido quase todos perdidos para a Europa desde os tem-
pos clássicos. E foi a partir dessa nova invasão de idéias perdidas muito tempo antes
que brotou a grande era do Renascimento, com o conseqüente abandono de idéias até
então bem aceitas, o seu espírito de abertura e o retorno às velhas fontes do conheci-
mento — às tendências muito antes preconizadas pelo grande frei Bacon e que, por sua
vez, ajudaram a produzir a revolução na doutrina religiosa que ficou conhecida como
a Reforma. Entre os momentos mais decisivos da fundação deste último movimento
esteve a publicação, por parte de Lutero, de suas celebradas Noventa e Cinco Teses, em
1517, sua excomunhão em 1520 e a declaração de sua ilegalidade pela Dieta de Worms
em 1521. E foi nesse mesmo ano que os reformistas, começando a se organizar como
movimento, decidiram chamar-se de "Protestantes", na Dieta de Spires.
Mas é preciso ter em mente que o retorno às fontes escritas do conhecimento,
nas quais se basearam tanto o Renascimento como a Reforma, deveu-se à invenção
da máquina de imprensa, na Alemanha, no ano de 1440.
Além desses, a queda de Constantinopla resultou em outros efeitos. Como o acon-
tecimento provou o fechamento efetivo das antigas rotas das especiarias e da seda
para o Oriente, os europeus passaram a dedicar suas atenções à descoberta de outros
meios para chegar àquela parte do mundo. E não demorou para que — de novo sob
influência dos conhecimentos antigos, apesar de ter sido, desta vez, por meio da geo-
grafia e da astronomia — viesse a nascer a idéia de alcançar o Oriente por meio de
uma circunavegação para o Ocidente. É a essa idéia que devemos as viagens para a
América feitas por Colombo em 1492 e 1498 e por Cabot em 1497. Por fim, em 1498,
Vasco da Gama alcançou o Oriente por mar — viajando na direção oeste —, enquanto
que, em 1519, Magalhães partiu em sua primeira circunavegação global. A partir des-
ses eventos nasceu o domínio da Europa sobre o mundo inteiro, que passaria a durar
vários séculos.
Portanto, o período compreendido entre 1440 e 1521 viu o estabelecimento das
fundações da presente ordem mundial. E ainda hoje podemos seguir os rastros de
muitos eventos fundamentais e tendências de nossa época até os acontecimentos da-
quele período da história.
Também o "turbulento período idealístico" assinalado pela Câmara Subterrânea
Inferior entre 1767 e 1848 é corroborado pela História, Partindo da imposição britâni-
ca do imposto do chá aos americanos, em 1767, podemos chegar à Guerra e Declara-
ção de Independência dos Estados Unidos em 1776. A retumbante Revolução France-
sa de 1789 seguiu-se de duas ou mais revoluções em 1830 e 1848 — um ano que viu
nada menos do que seis revoluções na Europa —, enquanto em 1847 aparecia o Mani-

145
festo Comunista de Marx. Por outro Lado, as guerras napoleônicas provocavam pânico
geral em toda a Europa, culminando na Batalha de Waterloo, em 1815. E esse mesmo
período ainda viu a fundação de quase todas as atuais Sociedades Bíblicas do mundo
— uma evidência da busca por maior perfeição de caráter espiritual, que de fato pode
estar associada de maneira direta à largura de 3 3 , 5 " da Passagem Subterrânea, sim-
bólica da contínua presença messiânica durante todo o período aqui considerado.
Por fim, a queda na Câmara das Tribulações, no verão de 1914, corresponde de
maneira bastante adequada ao começo do fim da antiga ordem mundial, que tão cla-
ramente data daquele tempo — seja na Europa ou no Extremo Oriente. Diante do trau-
ma psicológico causado pela Primeira Guerra Mundial, da derrubada dos valores es-
tabelecidos, da queda de dinastias européias, das revoluções russa e chinesa, das teo-
rias de Einstein, da repentina explosão das tecnologias científica, militar e comercial,
do progresso da medicina e da conseqüente explosão populacional, o Velho Mundo
jamais voltaria a ser o mesmo.
Tampouco se podem levantar objeções razoáveis de que a profecia de um fim pa-
ra a velha ordem seria algo que nós mesmos "alimentamos" com o cronógrafo. A
Câmara das Tribulações sem dúvida está ali, como tem estado durante os últimos quatro
mil anos ou mais: tudo que fizemos foi encaixar a profecia em seu cumprimento apa-
rente, de modo a datar com mais minúcia o processo. E, a partir dessa datação, é de
modo quase automático que se chega a precisar os períodos de 1440 a 1521 e de 1767
a 1848, bastando para isso confirmar a justeza do "encaixe" proposto,
Além disso, a inevitável conclusão a ser tirada das predições da Pirâmide é a de
que vai haver um renascimento "geral" de 1914 em diante: porque o renascimento
aqui é simbolizado não apenas pelo ponto (28) acima, mas também pelos pontos (18),
(19), (20) e (21) na página 112, e pela "reencarnação contínua" simbolizada pela Pas-
sagem da Câmara da Rainha, em especial a partir do ano 1228 em diante. Para as al-
mas que tomam todas as três passagens, o renascimento é prenunciado pelo começo
da era messiânica — uma idéia que combina de modo perfeito com foão 3,3 ss. Somos
forçados a deduzir que uma explosão populacional de proporções jamais igualadas
durante a idade do "inferno na Terra" é absolutamente necessária para o cumpri-
mento do Plano Messiânico. De fato, a destruição final da velha ordem sem dúvida
resultará de maneira direta das dificuldades que lhe serão impostas pelo Plano. Além
do mais, se, como alguns sugerem, já existiram civilizações na Terra cujas conquistas
científicas foram iguais ou mesmo superiores às nossas, então de fato era de se espe-
rar que se registrassem mais progressos científicos no último século — talvez através
do despertar de conhecimentos antigos nas almas que agora entram na reencarnação
— do que em todo o resto da história humana conhecida.
Uma vez mais, um resultado quase inevitável de uma reencarnação geral de to-
das as almas, por mais tempo que tenham permanecido desencarnadas, representa-
ria um "abismo generacional" exagerado, já que muitas crianças nascidas nesta épo-
ca deveriam mostrar tendências mentais e espirituais incompreensíveis pelos velhos
e mais a par dos acontecimentos na data de sua ultima encarnação. Além disso, as
tendências destrutivas e desagregadoras poderiam ser exacerbadas pelo crescimento
das horas de lazer que inevitavelmente resultam dos progressos do materialismo

146
científico. Em resumo, na maior parte das peculiaridades de nossa era não é muito
difícil ler os "sinais dos tempos" e identificá-los como o período crítico representado
em todos os três níveis das passagens da Pirâmide como época de reencarnação uni-
versal.
Portanto, a Grande Câmara Subterrânea em particular deve representar nem mais
nem menos que a nossa era presente, com todos os seus altos e baixos e a advertência
de um " p o ç o sem f u n d o " que está por vir — talvez o grande teste do qual os cristãos
há muito tempo pedem para ser livrados na Oração do Senhor. No entanto, parece
que algumas almas redimidas deverão vir, enquanto outras apenas continuarão mar-
chando para o futuro da maneira antiga, com a qual já estão acostumadas. E em 2133
d.C. — o ano que vem antes da segunda visitação messiânica da Antecâmara — o
"caminho da f u g a " por fim fechará as suas portas para a humanidade não regenera-
da.
Parece que depois de 2569 d.C., ã Pirâmide nada mais tem a dizer sobre essas
almas não redimidas. A única coisa que se nota é o silêncio. Talvez o caminho dessas
almas também venha a ser escrito na Pirâmide. Mas deverá ser uma outra Pirâmide,
porque a Grande Pirâmide de Gizeh terá terminado a sua tarefa e, finalmente, pode-
rá ser deixada em paz para mofar no meio das areias.
Nota: Conforme o ponto (70) dos dados do Detalhe Subterrâneo deixa bem claro,
a distância da extremidade da Passagem Sem Saída para a entrada da Pirâmide é de
5448,736" exatas. Mas essa distância, representando em código o " m u n d o incomple-
to ou imperfeito", também é a altura da incompleta plataforma do ápice da Pirâmide,
acima da base. A essa altura, devem-se somar outras 364,2765" quando a pedra do
ápice que coroa a Pirâmide em seu projeto completo é colocada (seja fisicamente ou
apenas em símbolo), com o término do plano evolutivo para o planeta Terra. 87
Mas, neste caso, a própria distância da passagem pode ser vista também como "in-
completa". Da mesma forma, parece que outra medida ainda tem de ser somada a ela,
quando o Plano se completar. E de imediato isso provoca uma pergunta: existiria algu-
ma característica no plano da Pirâmide que ainda falta ser colocada no lugar, algo de im-
portância capital na rocha abaixo da Pirâmide, cerca de 364 1/4P" além do final da Passagem
Sem Saída? Se este é o caso, então sua localização deve ser no mesmo nível daquela pas-
sagem ou — talvez mais provavelmente — bem no alinhamento da inclinação da Passa-
gem Descendente (conforme sugere a Passagem Experimental — vide p. 199). E neste
caso, seja ela o que for — uma câmara ou uma cápsula do tempo — ela já está esperando
há quatro mil anos no fundo de um profundo poço na rocha, 832 Polegadas Primitivas
abaixo do nível do piso da Passagem Sem Saída e 2034 1/4 Polegadas Primitivas (cerca
de 169 pés e 6 polegadas) abaixo da base da Pirâmide. Esse nível corresponde a um pon-
to, agora inundado de vez, localizado cerca de 22 1/2 pés abaixo do antigo nível do Alto
Nilo88 — uma localização que reflete com intrigante precisão a descrição do sepultamento
de Khufu, que Heródoto recebeu de seus contemporâneos sacerdotes egípcios. Eles afir-
maram que a câmara de sepultamento real devia ser encontrada numa ilha subterrânea,
cercada pelas águas do Nilo. O conteúdo daquela câmara — se é que ela de fato existe —
é apenas uma questão de conjecturas. Mas o que nos intriga é quanto tempo o grande
sono de Khufu — seja o que ou quem ele for — ainda permanecerá sem ser perturbado.

147
A Grande Câmara Subterrânea (Leitura Detalhada)

É bastante bom o detalhe da Grande Câmara Subterrânea, de proporções gigan-


tescas (que parece ser a câmara descrita pelo Livro dos Mortos como a Câmara das Tri-
bulações ou Câmara do Fogo Central) e, considerando que ela teve de ser aberta na
rocha sólida, deve-se supor que esse detalhe é deliberado. A teoria popular de que
as irregularidades no piso indicariam que a Câmara foi deixada inacabada, simples-
mente não combina de maneira lógica com a lisura de suas paredes e seu teto e me-
nos ainda com o fato de que uma outra passagem (a Passagem Sem Saída) foi aberta
para o sul a partir do lado extremo da câmara. Assim, se os métodos dos construtores
implicassem o acabamento do teto das câmaras subterrâneas antes de se escavar para
baixo, na direção do piso, então seria bastante difícil explicar por que, na Câmara Sub-
terrânea Inferior, é o teto que está inacabado, enquanto o piso e as paredes são lisos.
A menos, claro, que todas essas características sejam simbólicas.
Somos, portanto, levados a concluir que os contornos da Grande Câmara Subter-
rânea (vide diagrama) foram feitos de maneira deliberada para corresponder com os
"altos e baixos" da aparente era crucial em questão. E essa era, conforme estabelece-
mos agora, é nada mais nada menos que a nossa própria.
Então, como é que devemos interpretar esses contornos? Pelo código, podería-
mos concluir que a simples irregularidade do piso indica uma falta de escala de tem-
po definida — mas as paredes e o teto lisos tendem a desfazer essa noção, sugerindo
que os vários contornos, ao contrário, podem ser lidos em comparação com algum
tipo de escala de tempo. Afinal de contas, temos uma "data de partida" e uma "data
de chegada". A distância através da Câmara pode, portanto, ser calculada em com-
paração com a escala de tempo que já estabelecemos para a Câmara. Desta forma se-
ria possível datar as várias características.
Por conseguinte, parece que, tomando uma série de "cortes" no sentido norte-
sul através da Câmara, podemos esperar pela identificação e datação dos aconteci-
mentos e tendências que parecem ser preditos para o período. Podemos admitir que
a superfície grosseira e imperfeita do piso indica uma medida de aproximação — e
os nossos próprios resultados parecem ser ainda mais aproximados, em vista do alto
custo que qualquer tentativa de datação tem necessariamente de imporem nossa in-
terpretação das medidas e diagramas feitos por aqueles que investigaram a Câma-
ra. 89 Além do mais, existem indícios de que as datações feitas para toda a Câmara
podem ser ajustáveis até o limite de uns três anos. 90 Em conseqüência disso, a tole-
rância mínima de qualquer datação feita será da ordem de í 3 anos, e não seriam sur-
preendentes as discrepâncias de até — 5 anos. Por outro lado, temos de decidir quais
são os cortes norte-sul que devemos escolher. O primeiro " c o r t e " mais óbvio tem
de ser aquele representado pela projeção para o sul, através da Câmara do eixo da
Passagem Subterrânea. Presume-se que essa linha deve corresponder com o cami-
nho daqueles que continuam ao longo do percurso marcado por essa passagem —
um caminho que é, acima de tudo, do materialismo não-iluminado, conforme parece
ser caracterizado pelas principais civilizações ocidentais de nossos tempos.
O próximo corte que nos parece óbvio é um que está situado bastante à direita
(oeste) do primeiro caminho mencionado (apesar de se encontrar na parte mais infe-

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A Grande Câmara Subterrânea (olhando para oeste). As características
superiores encontram-se na extremidade ocidental da Câmara, e as
inferiores na extremidade oriental.

rior, ou oriental, da Câmara) para evitar de uma vez o poço. Esse corte parece repre-
sentar também um possível caminho através da Câmara, mas neste caso aqueles que
o tomarem terão simbolicamente passado para a direita, defronte à Passagem para
a Câmara Subterrânea. Portanto, talvez possam ser identificados como aqueles que
rejeitam a filosofia materialista do resto da humanidade e, ao invés disso, tentam
aperfeiçoar-se por intermédio de uma busca por maiores valores espirituais.
A parte ocidental elevada da Câmara, por outro lado, não representa de forma
alguma um " c a m i n h o " — se assim fosse, os seus penhascos leste-oeste, quase um
precipício, bloqueariam esse caminho. Parece, portanto, mais apropriado ver essa parte
como um alto planalto de rocha com algumas estruturas artificiais construídas sobre
ele. Em resumo, ela parece implorar identificação com a ' " r o c h a " da civilização con-
temporânea e as conquistas que o homem baseou nela.

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Assim, o terceiro corte a ser analisado parece ser aquele colocado a cerca de meio
caminho na direção da extremidade ocidental da Câmara, passando pela "rocha" a
leste dos penhascos que sustenta. Assim, como esse corte está quase exatamente no
centro do alinhamento norte-sul da Pirâmide, podemos ver nele a redescoberta da
medida da iluminação — ainda que seja a característica de iluminação intelectual da
humanidade, ao invés de sua correspondente espiritual.
Para que o quarto corte seja representativo das conquistas da civilização, parece
ser necessário escolhermos uma linha que passe por todas os "penhascos" da parte
ocidental da Câmara. A escolha de qualquer linha em particular acaba sendo arbitrá-
ria, mas um ponto a quase meio caminho entre o terceiro corte e a extremidade oci-
dental da Câmara pareceria ser bastante representativo, segundo os diagramas dis-
poníveis. Parece que os cortes alternados, colocados um pouco a leste ou a oeste des-
se ponto, podem ser, eles próprios, significativos. Ou talvez sejam alternativas ge-
nuínas àquele que escolhemos — "histórias alternativas da civilização do século vin-
t e " , por assim dizer, dependendo de quanto essa civilização pende para o aspecto
material ou o espiritual em seu modo de agir. De qualquer modo, deve-se lembrar
que esse quarto corte é arbitrário de uma forma que os outros escolhidos até aqui não
o são. As conquistas do homem nos campos das artes e das ciências talvez sejam aqui
representadas — com uma referência especial ao estado de suas tecnologias básicas
de sustentação da vida.
O corte final está livre de tais arbitrariedades e exige pouca identificação, por es-
tar demarcado de modo muito claro pela linha entre o piso e a parede ocidental da
Câmara. Em vista de sua natureza extremamente ocidental, em comparação com o
restante do sistema de passagens, esse corte tem de estar vinculado ao nível de espi-
ritualidade ou iluminação durante o período que está sendo considerado — e, de mo-
do talvez mais particular, com o efeito daquela espiritualidade ou iluminação sobre
a conduta prática.
O recesso ou " e s c a p e " ainda mais ocidental, na parede oeste, pode simbolizar
o Poço-Fonte, conforme já foi sugerido. Mas também poderia simbolizar um aconte-
cimento ou período de significado espiritual especial, envolvendo — como o Poço-
Fonte — um retorno aos princípios espirituais básicos.
Por outro lado, a alma —- ou talvez a sociedade humana de um modo geral —
parece ter aberto para si um número de caminhos alternativos através da Passagem.
Para começar, admitimos que as opções são limitadas. Depois de chegar à Câmara
por meio de um degrau cuja altura teórica ajuda a indicar que todas as almas devem
retornar à mortalidade nessa era (vide p. 146), o homem pode escolher entre ir adian-
te e cair no "rio de fogo", que o carregará consigo para o poço — ainda que seja para
oeste —, ou pode desviar para a direita — ou para oeste — por sua própria vontade,
em cujo caso a parte mais profunda do poço ainda poderá ser evitada. Mas não pode-
rá ir mais para oeste sem enfrentar grandes dificuldades: a civilização humana e as
suas conquistas (pelo menos é isso que o desenho da Câmara parece sugerir) na
verdade encontram-se no caminho de sua busca pela espiritualidade. E é apenas
"através" do rompimento temporário da civilização e de suas conquistas — isto é,
por meio da profunda ravina que divide o planalto ocidental da Câmara em duas

150
partes — que as almas dos homens poderão por fim alcançar a extremidade ocidental
da Câmara e assim conseguir a sua " f u g a " espiritual.
O desenho da p. 152 coloca essas várias tendências contra o que parece ser uma
escala de tempo e, com base nisso, parece valer a pena tentar uma análise mais deta-
lhada dos acontecimentos previstos pela Câmara. Deve-se manter em mente, no en-
tanto, que a Câmara parece possuir o que descrevemos como uma "junção ajustá-
vel" com a passagem que leva a ela (vide nota 80, p. 167) e que suas próprias caracte-
rísticas são bastante grosseiras e irregulares. Como conseqüência, uma tolerância mí-
nima de + 3 anos deve ser aplicada a todas as datas fornecidas. Deve ser também
lembrado que as previsões gerais provavelmente só são válidas (como a ficção cientí-
fica de Asimov sobre a "psico-história") paTa a humanidade como um todo e não
para indivíduos específicos ou pequenos grupos humanos.
Com essas advertências gerais em mente, podemos proceder a uma leitura do "per-
fil da história" feito pela Grande Câmara Subterrânea para a nossa era.

LEITURA: Os anos 1914 a 1918 registrarão um grande declínio material. Entre 1921 e 1932,
no entanto, as civilizações e tecnologias do homem terão uma oportunidade de conquistar muita
coisa e, depois de um recuo temporário entre 1932 e 1939, seguido de um "buraco" profundo
de doze anos, haverá outro período de rápido progresso potencial entre 1951 e 1965.
Mas 1968 marcará o início de um declínio nas conquistas feitas pelas sociedades humanas
mais avançadas e essa encosta descendente registrará um dramático pronunciamento por volta
de 1971. Em 1978 haverá um novo colapso do que se pode chamar de "nível de subsistência".
Mas a civilização em si irá sobreviver a esse colapso, mostrando apenas uma leve tendência à
queda, durante outro período de vinte e seis anos.
Então, por volta de 2004, "cairá o fundo do mundo". Tanto a civilização mundial como
as suas tecnologias cairão de uma só vez por volta do ano 2010,91 e nesse nível deverão perma-
necer pelo menos por quinze anos.

É preciso reconhecer que, até aqui, as previsões detalhadas da Grande Câmara


Subterrânea parecem encaixar-se de maneira marcante com os fatos históricos e com
as previsões feitas pelos especialistas contemporâneos. Os períodos de ambas as Guer-
ras Mundiais parecem estar identificados com clareza, bem como os dois períodos
de recuperação no pós-guerra — ainda que não seja em termos específicos. Também
a série de grandes problemas econômicos enfrentada na década de trinta foi prevista
de maneira correta. Uma debilitação geral da moral e autoconfiança nas mais adianta-
das sociedades mundiais — com todas as suas conseqüências — pode ser encontrada
por volta de 1968, quando o fenômeno dos "hippies" entre os jovens passou a regis-
trar um grande impacto social. E a década de setenta, quando a explosão populacio-
nal e os problemas das reservas mundiais e da poluição começaram a ser sentidos
em caráter mundial, encontra-se corretamente identificada como um período de crise
mundial. A previsão de novos problemas antes de 1980 e de um rompimento de gran-
des proporções nos padrões da civilização depois do final do presente século, repre-
senta apenas uma confirmação daquilo que os especialistas de vários campos vêm afir-
mando há bastante tempo e que a grande maioria das pessoas inteligentes passou
a esperar — ainda que não acredite de todo.

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"Plano da Morte1' ou mortalidade cega

20 40 60 80 20 40 60 80 20
1911 D,C. 2000 D.C. 2100 D.C. 2132 D.C.
Tabela de tempo da Grande Câmara Subterrânea.

Por outro lado, para o mesmo período é também antecipado pela Câmara uma
série de acontecimentos de caráter moral ou espiritual — apesar de não se poder pre-
cisar se se trataria de eventos complementares às previsões relacionadas acima ou al-
ternativas a elas. Entre esses acontecimentos estão um marcante porém curto reavi-
vamento espiritual ou moral entre 1930 e 1937 e um período de fortes influências es-
pirituais, que começa em 1939, atinge seu ponto alto por volta de 1945 e termina em
1955. Ao mesmo tempo, parece ser indicada uma gradual melhora na moralidade ge-
ral ou iluminação que leva a um colapso repentino por volta de 1967 e a outro colapso
junto com o começo do "rio de fogo", por volta de 2014.

152
A precisão das previsões "espirituais" é bem mais difícil de verificar do que aquelas
de caráter material, mas o período entre 1945 e 1955® foi o da descoberta dos famo-
sos Manuscritos do Mar Morto*, cuja influência na esfera espiritual foi bastante pro-
funda — mesmo não parecendo ter penetrado muito nas cidadelas do Estabelecimen-
to religioso. Lançando nova luz sobre as origens e os ensinamentos do Movimento
Essênio, esses pergaminhos já fizeram muito para colocar o cristianismo primitivo den-
tro de uma perspectiva histórica e social mais verdadeira e para iluminar o próprio
ambiente e suposições sobre Jesus de Nazaré. Por conseguinte permitiram, pelo me-
nos em parte, a "volta aos princípios espirituais básicos" já sugerida pelo simbolis-
mo da " f u g a " da Câmara Subterrânea.
O próprio leitor deve decidir por si mesmo se o colapso parcial previsto para 1967
tem qualquer vínculo com o estabelecimento da chamada "sociedade da permissivi-
d a d e " e com a crescente rejeição, por parte dos jovens, em relação aos padrões de
conduta estabelecidos. Essa data por certo é uma escolha razoável para os aconteci-
mentos em questão e que talvez não tenham ligação com a simultânea perda de mo-
ral e autoconfiança já notada como tendo começado a ocorrer entre as sociedades oci-
dentais nessa mesma época.
A prevista entrada no "rio de fogo", em 2014, sugeriria que a chegada do "perío-
do das tribulações" começará mais tarde para a mente espiritual do que para aquela
de orientação material. Por outro lado, esse deslocamento dos acontecimentos parece
ser pouco provável, sugerindo, talvez, que o caminho espiritual a que nos vimos re-
ferindo deveria ser visto, na verdade, como uma rota alternativa àquela de caráter ma-
terial mostrada acima para a nossa sociedade e não como sendo complementar a ela.
Nesse caso, a implicação seria que, se a civilização tivesse escolhido um caminho mais
iluminado ou espiritual do que escolheu, então (como a figura anterior sugere) a tec-
nologia talvez tivesse progredido de maneira menos rápida na década de 1950, as gran-
des crises mundiais de população, matérias-primas e poluição teriam sido resolvidas
mais cedo (por volta de 1962) e com muito maior sucesso, e o inevitável colapso mun-
dial previsto para o princípio do século XXI iria acontecer mais tarde e causaria efeitos
bem menos severos. E, a priori, parece que essas deduções são bastante razoáveis.
Portanto, aceitando que a humanidade em geral parece ter escolhido pela Câma-
ra um caminho que se encontra um pouco mais à direita — ou o lado " b o m " — do
centro, estamos agora numa posição melhor para completar a nossa leitura detalhada.

LEITURA (continuação): Por volta do ano 2025 d.C., a civilização mundial será restabelecida
e, mais ou menos em 2055, com as condições materiais melhorando com rapidez, a tecnologia
humana retomará, pelo menos, ao seu nível anterior. Então, por volta de 2075, haverá uma
repentina explosão de progresso em todas as frentes e surgirá uma nova civilização de extraordi-
nário vigor, com aspectos físicos que durarão até o ano 2100 d.C. e cujas conquistas espirituais
— de magnitude talvez sem precedentes — poderão durar até o final da era das previsões. Esta
está datada para 2132-3 d.C., pouco antes da segunda visitação messiânica.

Se pudermos considerar como inteiramente válida a leitura acima, então devere-


mos esperar por um. período de crises ou tribulações de cinqüenta anos de duração,

(*) Ver Manuscritos do Mar Morto, G. Vermes, S. Paulo, Editora Mercuryo, 1991. (N.E.)

153
assinalando o final da presente era (que é a era astrológica de Peixes) e o começo de
uma nova (a de Aquário). É bem no meio desse período do "inferno na Terra", logo
após o restabelecimento de algum tipo de civilização — se de fato merece confiança
a nossa exegese anterior, na p. 121 — que podemos esperar pela primeira das visita-
ções messiânicas previstas. Conforme o próprio Jesus de Nazaré diz, em Mateus 24,
29-30: "Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua
claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então apa-
recerá no céu o sinal do Filho do H o m e m . . . " O grau de concordância entre as duas
previsões de fato é muito marcante e não temos outra escolha a não ser a interpreta-
ção da Grande Câmara Subterrânea como representativa par excellence da era bíblica
dos "últimos dias" e do retorno messiânico inicial.
Está claro que o leitor deve julgar por si mesmo a validade ou não da leitura suge-
rida. Quanto à datação, a impressão do autor é a de que as datas fornecidas encontram-
se, até aqui, uns três anos adiante dos acontecimentos. Portanto, para os propósitos
de extrapolação para o futuro, seria aconselhável acrescentar uns três anos às datas
acima sugeridas.
Por outro lado, talvez valha a pena notar dois pontos correlatos. Primeiro, a data
astronômica fornecida para o começo da Era de Aquário pelo Instituto Geográfico Na-
cional Francês é 2010 d.C. Segundo, se compararmos as previsões acima com as con-
clusões do Clube de Roma — um "tanque de idéias" bastante conhecido, formado
de setenta eminentes especialistas e homens de negócios internacionais —, descobri-
remos que os prognósticos feitos por computador, que o Clube publicou, sobre a po-
pulação e as reservas mundiais apontam, de maneira específica, para um período de
séria crise por volta de 2020 d.C., culminando no ano 2050 — datas que se encaixam den-
tro da época já delineada pelo cronógrafo da Grande Pirâmide como 'período de tri-
bulações'.

Características Modernas

O hipotético candidato a iniciado — cujos passos procuramos seguir através de


toda a Pirâmide — já terá completado aqui a sua visita, pois os construtores não dei-
xaram outras passagens ou câmaras para exploração, pelo menos até onde se sabe.
No entanto, o moderno visitante pode notar que existem vários túneis grosseiros
e escavações na Pirâmide que, juntamente com outras características, não foram men-
cionados acima. E sua origem é moderna. Portanto, para informação do leitor, as vá-
rias 'alterações' que a Pirâmide sofreu desde sua construção encontram-se relaciona-
das abaixo, em ordem cronológica aproximada:

Característica Responsável Data aproximada


Abertura de Al Mamoun Califa Al Mamoun 820 d.C.

Esta passagem forçada, no nível da quinta camada de alvenaria, é a entrada usa-


da pelos turistas nos dias atuais. Acha-se situada no centro da face norte da Pirâmide
e encontra a passagem original no Tampão de Granito.

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Escavação grosseira sob o Califa Al Mamoun 820 d.C.
sarcófago da Câmara do
Rei
Remoção quase total do Construtores árabes a partir do 13? século
revestimento original de mesquitas

Depois do ataque efetuado por Al Mamoun contra o revestimento da Grande Pirâ-


mide, parece que os construtores árabes de mesquitas preferiram roubar das pirâmi-
des de Gizeh as suas finas peças de pedra calcária ao invés de escolher o seu material
nas pedreiras originais das colinas de Moqattan. No entanto, os duros blocos de grani-
to da segunda e terceira pirâmides não lhes interessaram e a maior parte das pedras
de Assuã permanece no chão, ao redòr dos monumentos de onde se originaram.

Túnel grosseiro a leste Caçadores de tesouros


do nicho da Câmara desconhecidos
da Rainha
Alargamento da extremi- Caçadores de
dade oriental do túnel de tesouros des-
ventilação da Câmara conhecidos
do Rei
Hieróglifos na pedra de Fredrerico Guilherme século XIX
cobertura do lado direito IV da Prússia (expedi-
acima do túnel da entrada ções Lepsius)
Túnel grosseiro a oeste Capitão Caviglia 1817 e 1837
da primeira seção (italiano)
inferior da Passagem
para a Câmara do Rei

Caviglia (que foi responsável pela primeira limpeza moderna da parte inferior do
Poço-Fonte e da passagem inferior que leva à Grande Câmara Subterrânea, que antes
estavam cheias de entulho) escavou esse túnel na pedra calcária para poder seguir
o caminho do túnel de ventilação ao norte da Câmara do Rei, no caso de existir outra
câmara ao seu final. Ao fazer isso ele descobriu as extraordinárias curvas descritas
na p. 165, nota 61.

Enorme corte na ca- Coronel Howard 1836 em diante


mada de alvenaria Vyse
da face sul
Grosseiro túnei verti- Coronel Howard 1836 em diante
cal para as quatro Vyse
Câmaras de Construção
Escavação sob o canto Coronel Howard 1836 em diante
noroeste da cumeeira da Vyse
Câmara da Rainha
Túnel que desce na ver- J. S. Perring 1838
tical desde o fundo do
poço subterrâneo

155
Vyse e seu colega Perring talvez tenham sido os mais importantes de todos os
pesquisadores da Pirâmide no início do século XIX. Vyse, em particular, foi bastante
impiedoso em suas escavações do que considerava um monumento " p a g ã o " e abriu
seu caminho de maneira implacável através das rochas antigas, usando grandes quan-
tidades de pólvora.

Mastro de aço na Astrônomos Gill 1874


plataforma do ápice e Watson

A parte superior desse mastro foi projetada para mostrar a posição teórica do ápi-
ce da Pirâmide quando completada.
Além do que acima dissemos, as passagens e câmaras em geral sofreram bastante
nas mãos dos escavadores originais, dos visitantes com suas tochas e dos turistas an-
siosos por deixar suas marcas de outras maneiras — sem mencionar os efeitos de pelo
menos dois terremotos (em 908 d.C. e 1301 d.C.) e o assentamento geológico que che-
gou a pouco mais de 30 centímetros sob a parte central da Pirâmide. A instalação de
corrimãos, passarelas de madeira e iluminação elétrica rudimentar durante o século
atual, por parte do Departamento Egípcio de Antigüidades, serviu para mutilar ainda
mais o interior da Pirâmide, ainda que tenha sido com a melhor das intenções. O fato
de ser ainda possível, apesar de tudo isso, obter-se uma idéia bastante aproximada
das características e dimensões originais da Pirâmide, talvez sirva de considerável tes-
temunho da alta capacidade técnica e precisão dos construtores antigos e daqueles
que trabalharam durante tanto tempo para medir e pesquisar aquilo que resta do mo-
numento.

Reflexos ao Meio-Dia do Revestimento Original

Se o nosso hipotético candidato a iniciado tivesse saído da Pirâmide, depois de ex-


plorar o seu interior, às doze horas no dia de solstício de verão, sem dúvida observaria
curioso que os raios do Sol, refletidos pelas pedras do revestimento de calcário polido,
não lançavam sombras, mas, ao invés disso, criavam um reflexo em formato de estrela no
deserto ao redor da Pirâmide — um reflexo cujas variações sazonais eram suficiente-
mente diferentes para permitir que os antigos egípcios as usassem como uma espécie
de calendário. O fenômeno é ilustrado na p. 322 e pode ter muito a ver com o conheci-
do fato de os antigos egípcios terem chamado a Pirâmide de Ta Khut (A Luz).

O Ângulo de Belém

Se nosso visitante antigo tivesse então escolhido afastar-se da Pirâmide na dire-


ção nordeste, indiferente aos pântanos, à areia ou ao mar, num ângulo exato de
260°18'9,7" em relação ao equador íeste-oeste da Pirâmide, ele passaria bem por ci-
ma da cidade de Belém — levado pela " L u z " ou " e s t r e l a " descrita acima. O aparente

156
claro, a cabeça, o estômago, os órgãos genitais e os pés são bem fáceis de identificar,
de maneira bem mais clara do que ocorria com as imagens estelares com as quais os.
primitivos povos de mentalidade astronômica estavam familiarizados. Talvez se pos-
sa até perguntar se a descoberta dessa imagem não teria sido a base para a antiga
idéia farisaica do Messias Celestial infinitamente alto — o "primeiro A d ã o " ou Ho-
mem Arquetípico, semelhante ao Logos do Evangelho de João, ali mencionado apenas
como " a l u z " . Essa idéia é encontrada também na cristologia de Paulo, o Fariseu,
e a ela talvez devamos em grande parte a doutrina cristã da divindade de Jesus de
Nazaré.
É claro que devemos considerar bastante provável que pessoas tão entusiastas das
tradições secretas como Paulo e os fariseus, por intermédio do sacerdócio egípcio e
de seus próprios textos sagrados, já estavam familiarizados com o conteúdo da Gran-
de Pirâmide e suas mensagens para o homem. Na verdade, já conseguimos desco-
brir, por meio de certas pistas, que um dos autores do Evangelho de João talvez tenha
sido um iniciado nos mistérios e a evidência apresentada no capítulo 9 sugere que
também Moisés era um hierofante. Quanto ao próprio Jesus, nós dispomos de pro-
vas claras de sua familiaridade com a mensagem da Pirâmide e também de ter visitado
o Egito. Teria, portanto, de ser sob esse prisma que deveríamos entender a condena-
ção que Jesus fazia dos fariseus e dos saduceus, por terem (como ele disse) "tomado
as chaves da ciência" (as chaves para o código da Pirâmide, talvez?), por não terem
" e n t r a d o " e por impedirem aqueles que desejavam entrar (vide Evangelho Segundo
Tomé, 39).
Diante de tudo isso, ficamos imaginando quanto Isaías, Daniel e outros deviam
saber também sobre o conteúdo da Pirâmide...

(*) Ver Os Proscritos da Bíblia-Apócrifos, S. Pauio, Mercuryo, 1989. (N.E.)

158
NOTAS DO CAPITULO 3

1. Ainda hoje a idéia de pirâmide é usada como símbolo da hierarquia chefiada por um úni-
co líder.

2. Vide Apêndice A,

3. "Não pelo poder, não pela força, mas sim por meu espírito, disse Iahweh dos Exércitos".
Este versículo (vi) do profético capítulo quatro de Zacarias encontra-se numa passagem
que parece referir-se à inexistente pedra do ápice da Pirâmide (vide p. 219) e por certo
combina com a leitura dada acima.

4. Vide Rutherford I.

5. Comparar com o diagrama da p. 57 para verificar a aplicação exata dessa medida.

6. Por mais curioso que pareça, o simbolismo neste ponto também parece sugerir a leitura
"mandada de volta através do tempo".

7. Observe-se que, como o ano 1 a.C. em nosso presente sistema de numeração, foi seguido
de imediato pelo ano 1 d.C. (jamais houve um ano nulo no sistema, conforme previsto
a princípio), os cálculos dentro das fronteiras a.C/d.C. sempre produzem uma datação
que parece ter "um ano a menos".

8. Também Rutherford indica que a distância GF, sendo marcada na hipotenusa GD, resul-
ta na data de 14 de outubro do ano 29 d.C.

9. Rutherford sugere ainda que a data de 14 de outubro do ano 29 d.C., conforme mencio-
nado acima, poderia representar a data do batismo de Jesus no Jordão.

10. A referência "mortal" mais próxima de fato parece estar na primeira sobreposição da pa-
rede norte da Grande Galeria, com 286,1" de altura, sobre a extremidade sul da Passa-
gem Ascendente. Essa seção parece medir umas 38" (2 x 19) de altura, fato que parece
querer sugerir a conquista, neste ponto, de um níve! de iluminação que exige a morte físi-
ca. No entanto, se isso fosse visto como referência específica à morte do Grande Iniciado
então a datação "piramidal" para aqueie acontecimento pareceria ser mais tardia do que
o sugerido acima — teoricamente o ano.38 ou 39 d.C. — enquanto 1? de abril do ano 33
d.C. seria uma mera referência ao término de sua preparação para o papel messiânico.
A identificação com o Grande Iniciado, no entanto, não é específica e portanto fica aberto
à dúvida se esses fatos teriam qualquer relevância quanto à data da crucificação.

11. Também a largura aproximada do interior do sarcófago da Câmara do Rei.

12. Por meio de (5), (14) e (17), fica claro que "tropeçar no poço-fonte" tem um significado
bastante carregado de morte. Sua função como "Fonte da Vida" só se aplica de maneira
bastante clara àquelas almas que de maneira simbólica sobem lá de baixo por meio dessa
passagem.

13. Compare-se a idéia bastante semelhante em Mateus 10,39: "Aquele que acha a sua vida
vai perdê-la, mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai achá-la".

159
14. Este é ü procedimento adotado por Rutherford — conseguindo aparentemente um bom
resultado a respeito do Triângulo Messiânico principal (vide notas 8 e 9 na p. 159).

15. No entanto, não devemos esquecer que a lousa-ponte original que fechava a entrada para
essa passagem era sustentada por cinco vigas de pedra, cujas brocas na parede ainda per-
manecem (vide diagrama)- Como o espaçamento dessas brocas é claramente irregular, po-
deríamos deduzir que isso — a menos que seja de todo arbitrário — pode ser devido ao
fato de simbolizarem importantes acontecimentos ou eventos daquele tempo. Com efei-
tu, a função das vigas era sustentar a lousa-ponte (e, portanto, o piso da Grande Galeria).
E seria lógico deduzir que iodas as cinco vigas poderiam neste caso representar aconteci-
mentos específicos pró-nazareno. Para benefício dos leitores que desejam aprofundar suas
pesquisas sobre este ponto em particular, informamos que as aparentes "datações" para
as cinco vigas são: n? 1: 99 a 109 d.C ; nV 2: 149 a 168 d.C.; n? 3: 180 a 191 d.C.: n? 4:
202 a 213 d.C.; nH 5: 229 as 243 d.C. Como essas datas foram tiradas apenas das medidas
de diagramas publicados em escala reduzida, deve-se admitir uma margem de erro de
pelo menos + 3 anos.

16. Carter e Mears, History of Britaiu, Oxford.

17. As três "cumeeíras" da Grande Pirâmide (estando as outras duas sobre as Linhas Traça-
das na passagem-entrada e sobre a parte superior da Câmara de Construção — q.v.) tal-
vez sejam vistas como meras cumeeiras pelo europeu comum. As cumeeiras ou telhados
inclinados servem para fazer escorrer a neve e a chuva. Não têm qualquer razão de ser
num país com muito pouca chuva e Sua inclusão aqui é indício claro de que Sua função
vai muito além da condição de telhado. A cabeça de flecha apontando para cima parece
ser uma interpretação mais provável. E o posicionamento da cabeça de flecha da Câmara
da Rainha diretamente embaixo do pé do Grande Degrau e no mesmo plano do cume
da perdida pedra do ápice parecem levar a conclusão de que essa câmara de alguma for-
ma leva ao caminho mais alto e ao Milênio Messiânico [vide (4)].

18. Vários pesquisadores já mostraram que o piso de acabamento grosseiro da Câmara carece
do piso sobreposto de lousas enconfrado em muitas "câmaras de sepultamento". E de
fato o seu nível está umas 6,6P" abaixo do alinhamento inferior da 25? camada de alvena-
ria da Pirâmide, com a qual parece pedir identificação (comparar capítulo 2, p. 48). Por-
tanto, talvez se deva supor aqui a inclusão de um piso de lousas de 6,6P" de espessura
para que a Câmara esteja simbolicamente "terminada", com a abertura final dos túneis
de ventilação [vide pontas (28) e (29)]. O seu nível (camada 25) simbolizaria então a con-
quista da iniciação total (52).

19. Este simbolismo uterino aparentemente vale também para os dutos de ar das sepulturas
construídas mais tarde e que (segundo C. Desroches Noblecourt) significa "a região aquosa
na qual está o ser que vai viver" entre os nascimentos.

20. Existem indícios de que talvez tenha havido uma obstrução semelhante — ou pelo menos
algum tipo de obstrução — na entrada da própria Câmara (tudo que resta agora é um gros-
seiro "pilar" no extremo da parede ocidental da passagem-entrada). Em todos os três ca-
sos o simbolismo sugere de maneira bastante clara a membrana uterina que precisa ser
rompida antes que a criança (neste caso o próprio homem) possa sair do útero.

21. O fato de a parte superior dos dutos de ar da Câmara, bem como o cume da parte mais
baixa do Nicho estarem exatamente no mesmo nível do teto da passagem-entrada, sugere
que todas as quatro características estão vinculadas de perto, em símbolo. A conclusão

160
I
é a de que a entrada na Câmara leva de modo direto a algum tipo de "fuga" semi-espiritual
por meio dos dutos de ar (que se encontram a oeste, ou à direita, da passagem) ou a repe-
tidos renascimentos e a um retorno à mortalidade (23) (25) (27), conforme simboliza o Ni-
cho (que se encontra a leste, ou à esquerda, da passagem). Estamos em uma "câmara'
de alternativas", estando presentes as possibilidades tanto de subida como de descida.

22. Por meio de estrita medição em n, essas cifras seriam respectivamente de 28,2 e 228,2.

23. A altura média teórica da 90? camada acima da base da Pirâmide é de 2727,7P". Mas a
meia altura da plataforma do ápice da Pirâmide está exatamente a 5448,736P"/2, ou seja,
2724,368P". Portanto, há uma forte probabilidade de existir um vínculo intencional entre
os dois níveis — e, portanto, de que as saídas dos dutos de ar da Câmara da Rainha te-
nham algum papel a desempenhar na definição da altura da plataforma do ápice. (Por
certo está claro nos dados da Câmara do Rei, por exemplo, que os outros dois dutos de
ar da Pirâmide tenham esse papel, já que a soma dos seus números de camada é igual
ao número de camadas até a plataforma do ápice.) Comparar com o capítulo 5 e o Apên-
dice H. Por outro lado, a informação mostrada na p. 186 parece confirmar que os dois
dutos de ar da Câmara da Rainha simbolizam caminhos que não permitem a fuga — ape-
sar de conterem em seus desenhos a esperança de coisas melhores.

24. Nenhum ponto no piso da Passagem Subterrânea encontra-se verticalmente alinhado com
qualquer ponto do piso da Passagem Descendente, com o resultado de que nenhuma da-
ta neste último pode ser usada para estabelecer a datação daquele. Comparem-se as apa-
rentemente "anômalas" datações que parecem ser aplicáveis à "separação dos caminhos"
na Passagem para a Câmara da Rainha com a Grande Galeria (p. 63).

25. O túnel também se dirige um pouco para o norte e para baixo.

26. De fato, a tendência do Poço-Forvte para o norte poderia ser vista com o significado de
um processo de "reencarnação retrospectiva", resultando no renascimento no tenrpo de
Jesus de Nazaré para poder então passar pelo seu "batismo espiritual" particular. Pareceria
haver pouca objeção a priori na lógica de um tal processo, apesar de a possibilidade ser
pouco apresentada pelos autores que escrevem a respeito do assunto. No entanto, a saída
superior do Poço-Fonte vem depois do final do piso da Passagem Ascendente, no ano 58
d.C., parecendo portanto mais provável que o vínculo tenciona ser meramente simbólico.
Como o n? (1), o ponto n? (22) sugere uma falta de significado cronológico.

27. Em outras palavras, se "afundada", a Galeria apenas formaria uma continuação da Pas-
sagem Ascendente que nos leva a ela.

28. Comparação com o ponto (20) e a p. 106 mostra que a Galeria de fato perde 2 Côvados
Reais de largura ao subir — sugerindo que de fato implica de alguma forma a "perda da
mortalidade".

29. As características de (21) a (26) sugerem que cada furo das rampas simboliza a destruição
ou a rejeição da morte física durante o Milênio. De fato, as "almas milenares" (isto é, aquelas
"adequadas ao reino", conforme os "marcos" parecem simbolizar) estão "colocadas pa-
ra cima", sem descerem repetidamente para a mortalidade (os furos nas rampas), pela
dinâmica evolutiva do Grande Iniciado a caminho do renascimento físico (as depressões
recortadas) em algum período durante a Era Final. Em outras palavras, as "depressões"
devem ser vistas como uma espécie de "trilho" que transporta os "marcos" através dos
furos nas rampas para a extremidade superior da Galeria. Compare-se com a p. 106.

161
30. Esses furos, apesar de terem 1 CR de comprimento como os furos das rampas e uma largu-
ra semelhante, não têm pedras encaixadas na parede acima deles. Então, se as pedras en-
caixadas representam uma série de "encarnações perdidas" (vide nota 29, p. 161), os fu-
ros no Grande Degrau poderiam referir-se a uma encarnação que não pode ser perdida, isto
é, um retorno à mortalidade (comparar pontos (29) e (50) com os pontos (20) e (21) na p. 112).

31. Talvez o caso específico daqueles que subiram pelo Poço-Fonte, ou Poço da Vida, de aca-
bamento igualmente rústico.

32. Para o provável significado da expressão "ao terceiro dia", vide capítulo 7.

33. Minha interpolação — PL.

34. Esta data vem uns 19 anos depois da datação correspondente no piso da Grande Galeria,
22 de junho de 1914 e 1900 (100 x 19) anos depois de 33 d.C.

35. Comparar com a altura do pequeno degrau para baixo no começo da Passagem para a Câ-
mara da Rainha.

36. Esta aparentemente isolada referência ao "líder messiânico" parece fora de lugar nesta
junção. No entanto, a projeção do alinhamento do piso da Grande Galeria depois deste
ponto, para onde ela na verdade corta o piso da Passagem para a Câmara do Rei, produz
um "triângulo messiânico" "invertido", que começa (na escala do piso da Passagem pa-
ra a Câmara do Rei) a 20 de novembro de 1933 e termina a 10 de agosto de 1944, Se isso
deve ser tomado como referência a algum Anti-Messias, então nos vemos tentados a as-
sociar o triângulo com Adolf Hitler, cuja "Weltanschauung" estava repleta de imagens
messiânicas tipicamente judias — inclusive o povo escolhido, o retorno à terra prometida,
a pureza racial, a idéia de um salvador messiânico e a dedicação a uma nova raça de ho-
mens e um reinado de mil anos de duração. De fato, poderia ter sido um inconsciente
ciúme do messianismo judeu que estabeleceu as bases para o anti-semitismo patológico
de Hitler. No entanto, deve-se destacar que as datas indicadas não são muito exatas pelos
padrões da Pirâmide, podendo ambas estar uns dez meses fora do momento preciso. A
mais próxima data significativa de 20 de novembro de 1933 parece ser a da retirada final
da Alemanha da malfadada Liga das Nações, em outubro daquele, ano.

37. Os seguintes fatos demonstram que o "degrau escondido" não produz a sua própria esca-
la de piso: a) é um degrau para cima cuja altura já foi tomada em consideração no cálculo
da escala de tempo do Grande Degrau para cima e b) o alinhamento do piso da Passagem
para a Câmara do Rei — que de fato está agora sendo considerado — não sobe nem desce
neste ponto. Portanto, o "degrau escondido" só pode ter uma função de degrau: o can-
celamento da escala de piso anterior no ponto indicado pelo projetista por meio de furos
retangulares no Grande Degrau (isto é, na entrada da Passagem para a Câmara do Rei).
Quanto às razões que o projetista poderia ter tido para incorporar de início a pequena
"seção acelerada" de 88 anos ao Grande Degrau, presume-se que tenham sido pela ne-
cessidade de "ganhar" uns 19 anos de tempo cronológico sem amontoar sobre a extensão
simbólica da Grande Galeria [vide pontos (32) e (33), p. 102] ou sobre a própria Passagem
para a Grande Galeria [vide ponto (97), p. 121]. De fato, o projeto desse extraordinário
obstáculo de quase um metro de altura sugere não tanto um degrau, mas uma extrusão
da Passagem para a Câmara do Rei para dentro da Grande Galeria, o que combinaria muito bem
com a teoria que acabamos de apresentar (comparem-se as duas semelhantes juntas "te-
lescópicas" no Detalhe Subterrâneo). Se as cifras 19 ou 88 (11 x 8 ou 8 x 11?) são delibera-
damente significantes aqui, é coisa aberta a debates.

162
38. Portanto, o piso de granito começa 153,413354 anos ao longo da pedra calcária do piso
da Passagem para a Câmara do Rei, a partir do princípio do Grande Degrau. Esta clara
referência à presença dos iluminados nos pianos da Terra (153) reflete-se no fato de que
o mesmo piso está 153 camadas de alvenaria abaixo da plataforma do ápice da Pirâmide
[vide ponto (1)], e que as duas seções baixas da passagem juntas somam 153,07503" de
comprimento. Por outro lado, confirma, de maneira gratíficante, a correção de nossos cál-
culos anteriores para a escala de tempo do Grande Degrau, bem como a nossa leitura a
partir da extremidade superior da Grande Galeria nas p, 107-108. Note-se também como
o começo do piso de granito representa uma "reflexão retardada" do começo do teto de
granito — um exemplo específico da lei hermética de antecedentes espirituais resumida
nas palavras "Assim como em Cima, Embaixo".

39. Por causa da relativa ínexatidão da data antes disponível para o restante das medidas do
piso da Antecâmara, à finura da escala de tempo e ao cumulativo erro nos cálculos, todas
as datações dadas a partir deste ponto em diante devem ser vistas como corretas apenas
dentro dos limites do mês mais próximo.

40. Em outras palavras, a própria Folha de Granito era originalmente 1 " mais espessa, mas
foi aplainada de maneira uniforme para deixar apenas a protuberância e os rebaixos late-
rais na espessura original.

41. Esta data vem quarenta anos depois de. 1999. Rutherford sublinha que nas escrituras he-
braicas quarenta anos é com freqüência uma cifra tratada como "tempo para julgamen-
to". Em termos do código da Pirâmide, no entanto, a referência parece ser sobre o renas-
cimento do Grande Iniciado (8 x 5).

42. As medidas disponíveis para as restantes características cronológicas da Antecâmara só


são corretas até o mais próximo centésimo de uma polegada — em alguns casos apenas
até o mais próximo décimo. Uma margem de erro de ± 6 meses deve, portanto, ser con-
siderada até que a parede sul da Câmara seja alcançada.

43. O fato de as três "grades levadiças" serem projetadas para descer a um ponto 3 " abaixo
do piso de granito — isto é, de que o piso de granito consiga passar através da Antecâma-
ra, apesar das três "grades levadiças" (vide p. 117) — sugere que a passagem tem três obs-
táculos simbólicos para todos, menos aqueles que baseiam suas vidas nas "coisas do es-
pírito". Em suma, os três "véus" da câmara podem ser vistos como filtros — talvez cor-
respondentes às três "lentes" dos cinturões de pedra na Passagem Ascendente. Só àque-
les que conseguem passar através de cada filtro é por sua vez permitido entrar na Câmara
do Rei. O simbolismo, portanto, é o de um intenso processo de 'filtragem', conforme Je-
sus de Nazaré indicou com freqüência.

44. Uma comparação com o ponto (81) dá validade a nossa estimativa anterior de uma tole-
rância de Í 6 meses.

45. Isso, presumindo-se que o sarcófago esteja colocado na Câmara ao longo da linha central
norte-sul da Pirâmide, conforme foi quase certamente a intenção do arquiteto.

46. De fato, as almas de toda a humanidade — vide p. 146.

47. As grades levadiças teóricas, uma vez "baixadas", bloquearão a passagem por completo.

48. Pelas três grades levadiças messiânicas "baixadas".

163
49. Daí o código supor que nos pisos de granito se apiica uma tabela de tempo baseada em
Côvados Reais.

50. Comparem-se os ideogramas egípcios f S em ^ ^ "colina do nascer do Sol"


e "aparecer em glória" (Gardiner, Egyptian Grammar, 3? edição, p. 489), que parece
oferecer fortes evidências em apoio desta idéia.

51. Compare-se a história bíblica do dilúvio no tempo de Noé e vide p. 255-264.

52. Petrie, o egiptólogo, sempre negou o caráter de exclusividade da protuberância, afirman-


do serem muitas as deformações semelhantes que se pode encontrar na Pirâmide. No en-
tanto, todas as que ele apresenta encontram-se no complexo da Câmara do Rei e os números
dados para cada câmara são todos múltiplos do número 5. Portanto, ainda parece possível
um significado especificamente messiânico, mesmo que a alegação de Petrie tivesse razão
de ser e as protuberâncías em questão tivessem acabamento tão fino e medidas compara
veis, ainda que de maneira remota.

53. Gardiner, Egyptian Grammar (3? ed.), p. 555.

54. Compare-se p. 65-66.

55. Tudo isso não basta para esgotar o vasto catálogo de circunstâncias que circundam o sinal
de "pão". Claro que só podemos imaginar ou supor que tivesse o som de tau, como têm
os equivalentes hebraico e grego. Mas em grego o nome tomava a forma da letra " T " —
um sinal que desde tempos imemoriais parece ter algum tipo de significado sagrado, sub-
seqüentemente perpetuado na cruz cristã (de fato, o capítulo 9 chega inclusive a sugerir
que os vínculos entre "selo" e cruz talvez sejam específicos). Por outro lado, a semelhan-
ça entre as palavras tau e Tao é tão grande que sugere o intercâmbio experimental de pala-
vras como pão, caminho, verdade, vida e Tao, respectivamente nas escrituras taoísta e
cristã. Os resultados são tão interessantes que nos levam a imaginar se não haveria um
único fator básico explicando toda essa série de vínculos aparentes.

56. 1 Corintios 10,11.

57. Rutherford, por sua vez, afirma que os pisos de granito são destituídos de tabelas de tem-
po.

58. A maior das vigas pesa um total estimado de 72 toneladas.

59. Em outras palavras, essa proporção aplica-se aos três lados do maior triângulo de lado
direito que pode ser inserido (diagonalmente) na Câmara com sua base ao longo da beira-
da norte ou sul do piso, formando assim um plano inclinado do piso ao teto. Vide deta-
lhes completos em Rutherford, pp. 1010-1012.

60. A parte superior da abertura do ventilador, bem como no caso da Câmara da Rainha, está
exatamente no mesmo nível do teto da passagem de acesso à Câmara, havendo indícios
de que esse nível era também o das partes superiores das paredes laterais da abertura
do ventilador sul (que agora se encontra bastante mutilada). Então, da mesma forma que
acontece na Câmara da Rainha, parece haver um estreito vínculo simbólico entre essas
características. Portanto, o resultado óbvio é o de que aquela entrada para a Câmara leva
direto para a "fuga" por meio de um ou outro dos túneis de ar (desde que, claro, seja
feita uma "virada para a direita", ou para oeste, no momento da entrada na Câmara).

164
61. O túnel de ar norte da Câmara do Rei é considerado pelos Edgars como tendo "diversas
curvas bastante curtas e fortes, cada uma seguindo a outra para cima e para a direção no-
roeste antes de dobrar por fim na direção norte e prosseguir diretamente para a parte ex-
terna da Pirâmide em um ângulo muito inclinado". Talvez cada uma dessas curvas pu-
desse querer representar um "ponto de transição" no caminho contínuo da alma para
cima, depois de deixar a Câmara do Rei — e, portanto, corresponde aos interstícios de
granito entre as seis câmaras da "casa de granito" vertical da Pirâmide (vide p. 130-134).

62. O verdadeiro significado da saída no revestimento, à altura da 103? camada, parece não
ser tanto o seu nível acima da base, mas a sua distância abaixo da plataforma do ápice, na altura
da 203? camada, porque está claro que a soma de 100 camadas ("a recompensa") ao nível
da saída do ventilador norte indica um nível à altura da 203" camada. Portanto, significa
que, mesmo com a recompensa somada a ela, a alma que toma esse caminho "não conse-
gue escapar". Apenas através do ventilador sul é que a adição da recompensa à alma que
surge na 104? camada consegue chegar ao próprio nível da pedra do ápice — a teórica
204? e última camada, indicando o término do Plano de evolução para o planeta Terra.

63. Portanto, as saídas dos ventiladores da Câmara do Rei no miolo de alvenaria definem nu-
mericamente a camada mais alta (203? camada) que apoia a plataforma do ápice da Pirâ-
mide — pois a soma das camadas 101 e 102 é 203. Além do mais, o fato de isto ser de-
monstrado pelos níveis do miolo de alvenaria sugere que a Pirâmide original não tinha saí-
das no revestimento e que os quatro ventiladores tinham sido originalmente deixados la-
crados. Em outras palavras, o projetista parece ter previsto que esse monumento seria,
numa data futura, destituído de seu revestimento externo.

64. As dimensões do corte transversal, dadas na p. 115 (mostrando uma largura mínima de
6 " expandindo-se para um máximo de 18") sugerem que esse ventilador permite, de ma-
neira simbólica, que o imperfeito (6") cresça como o pão no forno, até a perfeição (2 x
9"). As restantes características (mostradas no perfil lateral) confirmam essa interpreta-
ção no fato de permitirem simbolicamente que o homem (espiritual) (12") surja da Câma-
ra como resultado do aperfeiçoamento espiritual do físico durante o Milênio (7 x 4; 7 x
10). Compare-se a característica (31), que mostra ser o "homem" emergente um ser espi-
ritual por natureza. Incidentalmente, a associação do feto no útero com a idéia de pão
no forno é ainda hoje bastante popular.

65. Em outras palavras, o sarcófago é um pouco mais largo do que a extremidade inferior da
Passagem Ascendente, onde é estreitada para segurar no lugar o Tampão de Granito. Por-
tanto, mesmo se o Tampão de Granito não tivesse sido construído no lugar o sarcófago
não poderia ter sido trazido peia passagem e deve também ter sido construído "no lu-
gar".

66. Isto sugeriria que o sarcófago não tem uma cronologia específica.

67. É problemático saber até que ponto se pretende que as distâncias norte-sul, dentro das
câmaras terminais, sejam cronologicamente significativas. No entanto, a aparente refe-
rência a um período de mil anos combina de modo perfeito com a idéia do Milênio. O
ano 3989 d.C. está 5441 anos adiante de 1453 a.C. — a datação da Pirâmide para o começo
da Passagem Ascendente e (aparentemente) do êxodo dos israelitas do Egito. Esse perío-
do de tempo tem uma proximidade interessante com a altura da plataforma do ápice da
Pirâmide em Polegadas Primitivas (5448,736).

68. Compare-se com Jesus de Nazaré, em Lucas 9,62: "Quem põe a mão no arado e oiha para
trás não é apto para o Reino de Deus".

165
69. Vide próxima seção.

70. Todas as Câmaras de Construção, menos a primeira, contêm hieróglifos nas pedras —
acreditando-se estar entre eles o cartucho do histórico faraó Khufu. Esse fato, mais o rudi-
mentar túnel de entrada, sugerem que apenas a câmara inferior foi feita para ser vista
pelos visitantes. A lembrança das restantes câmaras "escondidas" parece ter sido desti-
nada a ser mantida por meio da informação verbal até o momento em que as técnicas para
a sua redescoberta fossem desenvolvidas — como os aparelhos de detecção por meio de
raios cósmicos atualmente instalados na Segunda Pirâmide.

71. Vide p. 83. O simboiismo da cumeeira parece sugerir que o "homem verdadeiro" terá
finalmente deixado para trás o mundo físico e retornado à "fonte de toda a vida" — re-
presentada pela incrustação de sal.

72. Vide ponto (12), p, 91. No Detalhe Subterrâneo nos encontramos no modo descendente:
a distância 286,1" já foi experimentada numa direção para baixo e a medida subseqüente
de 35,76" também é experimentada pelo visitante durante a descida para o nível do piso
da passagem. Portanto, deve igualmente ser pensada como uma medida para baixo,

73. Basta lembrar o método de orientação marítima que envolve a tomada de sons sucessivos
em uma determinada direção e a intervalos precisos, comparando-se depois a linha das
leituras com as profundidades mapeadas dos mesmos intervalos, em busca de cada "en-
caixe" dos dados. Claro que tanto a direção como as distâncias têm de ser conhecidas
em ambos os casos.

74. Naturalmente este é o único ponto de contato entre as duas linhas de piso.

75. As medidas de 6 " e 18" (3 x 6 ou 2 x 9) mostradas no diagrama devem referir-se a um


esforço no sentido de transformar a "imperfeição" em "perfeição" durante o período in-
dicado — na verdade, um violento levante de idealismo.

76. Esse significado é sugerido tanto pela aparência da câmara como pela antiga nomenclatu-
ra egípcia acima.

77. Se presumirmos que o "encaixe móvel" não deve se estender mais do que, digamos, vin-
te anos em qualquer das direções, então a entrada para a Câmara Subterrânea precisa es-
tar situada em algum ponto entre os anos 1879 e 1919 d.C. A óbvia "mudança de época"
pareceria ser, portanto, o começo da Primeira Guerra Mundial em 1914 — um evento que
também parece ser mencionado no começo da Passagem para a Câmara do Rei. Descobre-se
então que outras características da Passagem Subterrânea combinam bastante bem com
episódios históricos anteriores (vide p. 145-146), além de combinarem bem com as carac-
terísticas posteriores do cronógrafo. Por outro lado, nenhum outro "encaixe" parece fun-
cionar. Portanto, as datações acima parecem ser confirmadas.

78. A figura parece ser razoável, não sendo pequena demais a ponto de ser insignificante nem
demasiado grande para ser improvável.

79. Deve-se lembrar que o código estabelece que a fórmula deve tomar a unidade básica de
medida mais próxima da altura do degrau em questão como base para cálculo. Portanto,
essa unidade tem de ser o Côvado Sagrado de 25", conforme modificação feita anterior-
mente pela escaia de mudança trigonométrica, em (9).

166
80. A parede norte da Câmara na verdade encontra-se 5 " antes da extremidade do piso da en-
trada da passagem e pode representar, portanto, uma data cerca de três anos mais adian-
tada. Por outro lado, a projeção do piso da passagem para a Câmara pode sugerir outra
junção "telescópica" {portanto, de caráter ajustável), conforme acontece no começo da
passagem.

81. Se, como sugere Rutherford, o piso na entrada para a Câmara de fato sugere a data de
1? de agosto de 1914, então a parede sul marca a noite de 29/30 de dezembro de 2132.

82. Medindo numa linha reta através da Câmara, o lado norte do poço parece ter a data apro-
ximada de 2004 d.C. e seu ponto intermediária em 2032.

83. Vide p. 91, ponto (12).

84. Comparar com Mateus 28,20: " E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consuma-
ção dos séculos".

85. Vide pp. 146-147.

86. Comparar o significado do sarcófago, na p. 127.

87. Interessante é observar que essa distância se factoriza como 7 x 4 x 13, e, portanto, parece
mostrar a pedra do ápice simbolizando, entre outras coisas, o "aperfeiçoamento espiri-
tual da alma que se destina à Terra". É apenas esse acontecimento (conforme a altura to-
tal da Pirâmide sugere de maneira bem clara) que pode levar à realização final o "mundo
incompleto ou imperfeito" a que se refere a altura da plataforma do ápice. O conceito
se encaixa bastante bem em nossa exegese geral.

88. Ou cerca de 12 pés acima do Baixo Nilo (níveis do Nilo para o terceiro milênio a.C. segun-
do Pochan, que menciona uma média de sedimentação publicada de 13 cm por século).
Deve-se notar, incideníalmente, a extraordinária semelhança entre a distância desse nível
abaixo da base da Pirâmide (2034 % P") e a data d.C. do retorno messiânico conforme
parece ser fixado pela Pirâmide (vide p. 115 e capítulo 5). Poderia essa semelhança ser
acidentai?

89. As conclusões que se seguem baseiam-se inteiramente nos dados fornecidos por Ruther-
ford e peíos Edgars.

90. Vide nota 80 acima.

91. Comparar com a previsão da "destruição do mundo" para 24 de dezembro do ano 2011,
conforme o antigo calendário maia.

92. Datas que compreendem a restauração do Estado de Israel, em 1948.

167
4

Feedback: A Questão
da Validade

Nos três capítulos anteriores sugerimos, antes de mais nada, que a Grande Pirâ-
mide talvez contivesse uma mensagem baseada em algum tipo de código numérico
e arquitetônico. Relacionamos, então, certo número de itens que parecem ter uma
possível relevância para esse conceito, passando a realizar uma leitura "total" das
características e dimensões da Pirâmide com base nessa lista.
Agora é chegado o momento de voltarmos nossas atenções para as leituras, na
tentativa de avaliar a possível validade do código sugerido. Quais seriam as caracte-
rísticas que poderíamos esperar encontrar em nossa leitura, se é que as nossas hipó-
teses iniciais sobre o código de fato têm validade?
Primeiro de tudo, deveríamos esperar que a mensagem "tivesse sentido". Em
outras palavras, suas idéias ou linha de raciocínio não devem ser deformadas nem
ilógicas, nem os seus valores e noções parecer mudar de maneira arbitrária de um
momento para outro. E, pelo menos em relação a esse critério inicial, nossa leitura
no capítulo 3 parece ser aceitável.
Da mesma forma, deveríamos esperar que a mensagem fosse clara e relativamen-
te direta. Pouco ou nenhum espaço deve haver para dúvidas ou ambigüidades — por-
que, seja o que for que o projetista original da Grande Pirâmide tenha sido, por certo
não era uma pessoa confusa. E, também neste caso, a mensagem parece ir de encon-
tro a nossas expectativas — o que não quer dizer, por exemplo, que a clareza da leitu-
ra proposta não possa ser ainda mais aumentada como resultado de pesquisas futuras.
Depois, esperaríamos que a mensagem concordasse com os fatos conhecidos e
que fosse consistente pelo menos com uma parte das suposições razoáveis do homem.
No tocante ao que parece ser uma mensagem cronológica básica, portanto, a mensa-
gem deveria combinar com os eventos da história registrada e alcançar conclusões
para o futuro que fossem consistentes com algumas fontes de previsão. E, de fato,
já vimos inúmeras vezes uma quase fantástica concordância entre o cronógrafo da
Pirâmide e os acontecimentos históricos conhecidos. De outra parte, a informação co-
locada no capítulo 9 — combinada com as expectativas de um número cada vez maior
de especialistas "convencionais" em vários campos — deixa claro que a segunda par-

168
te, a previsional, desse critério em particular, é também preenchida de maneira bas-
tante satisfatória por nossa leitura.
Por mais incrível que possa parecer, outra marca característica da validade da men-
sagem tenderia para a ortodoxia. Se o conteúdo filosófico-religioso da mensagem, con-
forme lida, acabasse transformando-se em uma vingança total, digamos, do anglica-
nismo do século XIX ou do budismo Theravada do século XI, isso poderia sugerir que
a leitura teria sido "arranjada" para encaixar-se dentro de um esquema preconcebido
tia mente do tradutor. Afinal de contas, o anglicanismo do século XIX não era o mes-
mo que o cristianismo do século IX; e parecia-se ainda menos com o catolicismo do
século XX ou o cristianismo dos primeiros Padres da Igreja. Em outras palavras, seria
simplesmente estonteante se alguma outra seita cristã particular tivesse tropeçado na
"verdade" — por acidente, claro —, o mesmo não acontecendo com qualquer outra
seita no mundo.
E também quanto a esse critério a leitura efetuada no capítulo anterior parece ser
satisfatória. Afinal de contas, sugere que nenhum "sistema" religioso existente tem
o monopólio da verdade. Parece ser impossível escapar da conclusão de que Jesus
de Nazaré, longe de se opor aos ensinamentos de figuras como Krishna ou Buda, na
verdade "estava ombro a ombro com eles" — um ponto de vista universalista apa-
rentemente reforçado por todo o desenho externo da Pirâmide. Ao mesmo tempo,
no entanto, a mensagem que surge não é a mensagem cristã convencional: a doutrina
básica da reencarnação, os vários Messias e, acima de tudo, a descrição do cristianis-
mo como um caminho inferior, tudo isso coloca em destaque a mensagem da Pirâmi-
de (conforme a reconstruímos aqui) como uma mensagem distintamente não-ortodoxa.
E isso deve somar-se à possibilidade de a própria mensagem ser válida.
Contudo, como principal critério de validade, talvez a mensagem deva ser im-
portante e dotada de um propósito. É impensável que a mensagem de uma estrutura
tão imensa como a Grande Pirâmide pudesse ser outra coisa — isto é, assumindo-se
que sua função foi, em primeiro lugar, a de deixar uma mensagem. Então, até que
ponto a nossa leitura reconstruída combina com esse critério?
O que fica claro a partir de nossa exegese no capítulo anterior é que a mensagem
da Pirâmide representa nada mais nada menos que um projeto para a culmínação fi-
nal de todo o processo evolucionário do planeta Terra. Mostra o processo pelo qual
o homem se torna uma "criatura viva" e é "feito à imagem de Deus". E mostra com
toda a clareza que a apoteose final é algo que só o próprio homem pode realizar —,
e mesmo assim apenas a custa de muitas reencarnações e com grande auto-sacrifício
físico. Talvez haja ajuda de outras dimensões, mas de uma forma básica é o homem
que tem de ser o agente. Pode haver salvação, mas não pode existir qualquer outro
salvador a não ser o filho do homem.
Então, se esse é o propósito da mensagem, ela é tão importante como qualquer
outra que jamais foi proclamada. E, mais ainda, é vital que ela seja proclamada. Por-
que, se o homem tem de preencher um propósito supremo e de ajudar a alcançar
um determinado destino, então ele precisa, primeiro, saber qual é esse propósito. Nas
palavras de Edgar Cayce, " A mente é que constrói". Primeiro ele precisa saber e de-
pois então pode agir — pois não há ninguém mais para agir no seu lugar. E, conforme

169
as próprias Escrituras proclamam (João 8,32), a partir do momento em que o homem
conhecer a verdade, a verdade começará a libertá-lo.
Até aqui, então, a reconstrução da mensagem da Pirâmide parece nos satisfazer
sem maiores dificuldades nos vários critérios que esperaríamos que ela preenchesse.
Assim, parece-nos apropriado agora examinar a mensagem e o seu código a partir
de um ponto de vista mais técnico — o da lingüística aplicada.
Afinal de contas, a base de nossa hipótese tem sido a de que a Pirâmide contém
uma mensagem baseada num código. Mas, mesmo tendo uma forma basicamente ar-
quitetônica e numérica, esse código representa um meio de comunicação entre dois
grupos de seres humanos — ambos os quais por certo usariam uma forma de lingua-
gem mais aparentada com o que em geral se entende por esse termo. Em outras pala-
vras, concluiríamos que o código é um código e nada mais — um sistema arbitrário
de símbolos que, neste caso, representam a fala humana ordinária. Assim, esperaría-
mos encontrar no código da Pirâmide (e na mensagem que surge de sua aplicação)
sinais indisfarçáveis de origem lingüística — em outras palavras, paralelos bem próxi-
mos das características universais da linguagem humana.
E quais seriam essas características da linguagem? Começando com as generali-
dades e prosseguindo daí para as particularidades, talvez uma das primeiras caracte-
rísticas a serem procuradas é o fenômeno da "redundância lingüística". Essa caracte-
rística, que pode ser observada em todas as línguas humanas conhecidas, é o proces-
so por meio do qual o número de sinais numa fala sempre resulta em mais do que o
mínimo necessário para a comunicação — o processo para garantir que as idéias prin-
cipais de uma expressão oral são colocadas simultaneamente de uma série de manei-
ras diferentes.
Um excelente exemplo disso é proporcionado pelo uso do telefone. Antes de mais
nada, as pessoas que participam de uma conversa por telefone têm de depender ape-
nas dos aspectos orais da linguagem. Não podem fazer uso de qualquer expressão
facial nem de ouLros sinais visuais. Isso em si já representa uma perda muito séria
para a comunicação (na verdade, mais séria do que se costuma imaginar), porque es-
sas características desempenham um papel de extrema importância na conversação
normal e encontram-se de tal maneira incrustadas no uso normal que a maior parte
das pessoas que usam o telefone acha impossível parar de fazer esses sinais, apesar
de serem de todo inúteis no contexto de uma comunicação por telefone.
O que é significativo, no entanto, é que a comunicação lingüística via telefone
ainda dá resultado, apesar da perda de algumas de suas características básicas. E mais:
é possível demonstrar que a comunicação pode continuar e dar resultado, mesmo quando
a interferência resulta na perda de até 90% dos sinais lingüísticos expressados. A linguagem
ordinária parece ser projetada de modo a permitir a comunicação nas condições me-
nos promissoras — até nos casos em que resultam na perda de uma grande parte dos
sinais produzidos. O mesmo não pode ser dito, por exemplo, dos códigos postais,
onde a perda ou substituição de uma única letra ou número pode, em teoria, resultar
num endereço totalmente errado.
E o que se pode dizer a respeito da mensagem e do código da Pirâmide? É gratifi-
cante notar que o mesmo princípio de redundância lingüística parece ocorrer em todo

170
o projeto simbólico da Pirâmide. Para começar, o desenho externo básico proclama,
de pelo menos meia dúzia de diferentes maneiras, que o edifício simboliza o planeta
Terra. E o projeto reduzido da Pirâmide, a falta de uma pedra do ápice e seu formato
de seis lados, tudo isso revela que, de certa maneira, o mundo deve ser visto como
imperfeito ou incompleto.
Por outro lado, considerando agora as características internas da Pirâmide, a pró-
pria entrada (vide p. 55) revela de quatro maneiras diferentes que se trata da "porta
dos mortos" (largura, altura, "fator de morte" horizontal e número da camada de
pedras), de duas diferentes maneiras que têm a ver com um declínio ou perda da ilu-
minação (deslocamento do eixo para leste e inclinação para baixo) e de duas diferen-
tes maneiras que se trata da existência física (corte transversal e natureza da alvena-
ria). Tomando outros exemplos, as características do Poço-Fonte indicam, pelo me-
nos de três modos diferentes, que, quando se entra nele pela extremidade superior,
representa um caminho de morte; a Câmara da Rainha fala, pelo menos de doze ma-
neiras, de uma era de morte e renascimento; o Poço-Fonte indica de sete modos dife-
rentes que, para a alma "ascendente", representa um eventual retorno aos planos
físicos; a Grande Galeria proclama, de nove maneiras, que está reservada para os in-
divíduos iluminados e espiritualmente perfeitos e revela de quatro modos separados
que todos os que por ela sobem não precisam reencarnar durante o período que ela
representa. Além disso, a Folha de Granito da Antecâmara identifica-se de nove ma-
neiras como símbolo de um líder messiânico espiritualmente inspirado que retorna,
ao mesmo tempo em que as dimensões da Câmara sugerem de dez modos diversos
que a função da era em questão é levar a perfeição à base da vida humana. Finalmen-
te, só a leitura feita sobre a Câmara do Rei, nas pp. 129-130, revela pelo menos dez
exemplos bem diferentes de uma redundância lingüística do tipo que estamos exami-
nando. Merece destaque entre elas o caso do próprio sarcófago: as três dimensões
exteriores do sarcófago falam em código sobre a " m o r t e " que sua própria forma sim-
boliza — resultando em excelente prova de que nossa fatoração padrão e nossos pro-
cessos de decodificação foram válidos.
Em resumo, a múltipla simbolização típica do princípio da redundância lingüísti-
ca pode ser observada em todo o desenho externo da Pirâmide, bem como no sistema
interno de passagens. E, da mesma forma que acontece num contexto mais normal,
a inclusão dessa simbolização pode ser vista como uma precaução lógica de seguran-
ça, destinada a garantir que, mesmo se uma certa quantidade de características fosse
de alguma forma alterada ou destruída, os traços vitais da mensagem ainda conse-
guiriam ser transmitidos.
Voltando nossas atenções agora para a mecânica interna típica da linguagem, de-
veríamos esperar no próprio código da Pirâmide um "léxico" finito, apesar de bas-
tante grande, ou uma lista de sinais, algumas regras gramaticais básicas e uma quan-
tidade bastante grande de possíveis permutações entre os dois. E, de novo, isso acon-
tece mesmo. Os sinais são aqui representados pelos vários itens numéricos e arquite-
tônicos relacionados nas páginas 42 a 45; e as regras gramaticais, pelas quatro fun-
ções matemáticas da soma, subtração, multiplicação e divisão, pelos simbolismos
direcíonal e de passos, mostrados na p. 43 e pelas regras de fatoração a que nos

171
referimos na p. 46. Além do mais, esperaríamos descobrir que as palavras ou sinais
— e até frases inteiras — dependeriam muito do contexto do estabelecimento de seu
significado preciso. E, de novo, conforme indiquei na p. 46, esse parece ser o caso.
Por último, voltando nossas atenções para as próprias palavras ou sinais, seria
de esperar que fossem identificáveis com facilidade, lógicos em seu inter-relacionamento
e constantes em sua faixa de significados — apesar de permanecerem bastante de-
pendentes do contexto para sua precisa interpretação. E as seções do capítulo 2 que
tratam de tolerâncias e autovalidação, combinadas com a leitura subseqüente, pare-
cem demonstrar que essas condições também são obtidas.
Mas, neste ponto, surge uma possibilidade bastante interessante, porque existe
uma determinada quantidade aritmética para a qual ainda não estabelecemos um sig-
nificado — uma quantidade que, no entanto, aparece várias vezes no sistema de pas-
sagens da Pirâmide. Estamos falando do número treze, Ele ficou associado de manei-
ra tão firme na mente popular com a idéia de azar ou má sorte que é fácil esquecer
o fato de que, nas primitivas religiões mistéricas, o número treze representava a quan-
tidade característica de participantes em muitos grupos primitivos de culto e de refei-
ções sagradas — um fato que se reflete no tamanho da própria " c é l u l a " nazarena ori-
ginal.1 Esses dois significados aparentemente contraditórios para o número treze tor-
naram muito perigoso atribuir a princípio um significado de código para a cifra, com
base em qualquer das duas interpretações.
Então, tendo completado a nossa análise das características da Pirâmide, pode-
mos agora comparar as várias ocorrências do número treze e tentar descobrir o seu
denominador comum. E logo fica claro que o significado sugerido na p. 102 — ou se-
ja, " a l m a " ou mesmo "homem espiritual" — é, quando menos, possível. A aplica-
ção desse significado às várias ocorrências do número treze em toda a Pirâmide deve,
portanto, não apenas confirmar ou negar a sua validade, mas também servir como
interessante ponto de verificação de nossas leituras anteriores para as passagens e
câmaras onde ele ocorre. Essas ocorrências são as seguintes:

Altura, passagens 52,7452" (4 x 13) A alma terrestre (isto é,


inclinadas que se dirige à Terra)
Profundidade e lar- 10" x 13" A alma do Milênio — isto
gura, pedras do de- é, as almas daqueles
talhe na Grande destinados a entrar no
Galeria Milênio
Comprimento de 2 CR- 52,02874' A alma que se dirige à
quadrados da Passagem (4 x 13) Terra, "envolvida" pela
para a Câmara do Rei mortalidade
(primeira parte)
Comprimento, piso de 13,22729" (13) A alma que se dirige à
pedra calcária na Terra, passando através
Antecâmara (que, de de novas influências
resto, é de granito) espirituais
Largura, teto de gra- 65,25603' A alma dos iniciados es-
nito da Antecâmara (13 x 5) pirituais/Grande Ini-
ciado, obscurecendo o
caminho da alma

172
Comprimento totai, piso 65,25603''2 A(s) alma(s) dos inicia-
de pedra calcária da (13 x 5) dos/Grande iniciado,
Passagem para a Câmara influenciando ou en-
do Rei trando no mundo físico
entre 1933 d.C. e
1999 d.C,3
Largura interior do Aprox. 26" Produtiva da alma
sarcófago (2 x 13)
Soma das três dimen- 169,7173" A "alma das almas", oi.
sões do sarcófago (132) alma suprema
Largura do túnel para 26" (2 x 13) Produtiva da alma
a Câmara de Cons-
trução inferior
Número de camadas das 91 (7 x 13) O aperfeiçoamento es-
saídas dos dutos de piritual da alma
ar da Câmara da Rainha
para o revestimento
externo
Número de camadas da 104 (8 x 13) O renascimento da alma
saída do duto de ar sul
da Câmara do Rei para
o revestimento externo
Espessura da 26" (2 x 13) Produtiva da alma
camada 104
Distância norte-sut 26,7021" (2 x 13) Produtiva da alma
através da parte
superior do Poço-Fonte

A consideração dessas treze ocorrências do número treze no projeto da Pirâmide4


não apenas deixa claro que a leitura " a l m a " deve ser correta, mas confirma de ma-
neira bastante convincente a correção das interpretações que já demos às várias ca-
racterísticas mencionadas, lançando nova luz sobre a questão da esperada vinda mes-
siânica. 5 Não se poderia esperar por uma confirmação mais apropriada — e gratifi-
cante — de nossas deduções anteriores.
Então, para concluir, uma análise crítica das principais características não apenas
do código simbólico provisoriamente atribuído por nós à Grande Pirâmide, mas tam-
bém da leitura a que ele leva de modo inevitável, sugere que tanto o código como
a leitura carregam, em sua essência, a marca da verdade. Claro que isso não significa
que a sua confiabilidade e precisão não possam ser ainda mais aperfeiçoadas. Mas
sugere, isto sim, que a aparente mensagem da Pirâmide merece uma profunda e séria
consideração.

Nota: Paralelos numéricos na antigüidade egípcia

Aceitando que a numerologia simbólica da Grande Pirâmide estava de acordo com


o estabelecido nos capítulos anteriores, que pelo menos uma parte dos conhecimen-

173
tos da Pirâmide parece ter sido preservada pelas primitivas escolas de iniciados (vide
Parte II da presente obra) e que o sacerdócio egípcio em particular, como se sabe, so-
breviveu para alcançar eras dinásticas posteriores, melhor documentadas, parece ra-
zoável examinar o simbolismo numérico ritual dos séculos seguintes, em busca de
sinais de afinidade com o código da Pirâmide.
Por exemplo, existe uma velha tradição entre os antigos egípcios de que, quando
da morte, a alma é examinada não por um, mas por quarenta e dois "assessores"
— cujas respectivas quarenta e duas "perguntas" encontram-se documentadas em
várias fontes. Só quando todas as quarenta e duas perguntas podiam ser respondidas
de maneira satisfatória pela alma do reencarnado é que ela podia ganhar acesso à glo-
riosa fase pós-vida.
Mas o número quarenta e dois parece uma escolha um Unto arbitrária, sej a pela quan-
tidade de assessores ou por suas perguntas — a menos que vejamos o número com ba-
se na função matemática 6 x 7. E, como já vimos, este é o código da Pirâmide para a pre-
paração da perfeição espiritual — um conceito que parece combinar de maneira admi-
rável com a função espiritual dos assessores mencionados. Por outro lado, nós encon-
tramos essa mesma cifra refletida nos quarenta e dois estabelecimentos do tabemáculo
dos israelitas durante seu êxodo pelo deserto — o " t e s t e " pelo qual tiveram de passar.
E aqui também o simbolismo numérico parece indicar a preparação da perfeição espiri-
tual — neste caso o processo interior de auto-aperfeiçoamento que vincula o compro-
misso inicial do homem (isto é, a travessia do Mar Vermelho) à sua consumação final
(representada pelo cruzamento do rio Jordão e a entrada na Terra Prometida).
Em seu livro The Sphinx and the Megaliths, John Ivimy destaca que uma crença na
reencarnação cármica parece ter sido básica na religião dos adeptos de O siris — sendo
o processo suspenso apenas em relação às almas daqueles excepcionalmente maus de
um lado e do próprio faraó, do outro. No caso dos maus, o desmembramento e, por-
tanto, a aniquilação parecem ter sido previstos pelo sistema aceito. Quanto ao faraó,
a sua própria identificação com Osíris, o Senhor da Eternidade, garantia a imortalida-
de de sua alma e, portanto, levaria a uma jubilosa união com a eterna divindade solar.
Ivimy defende a tese de que Osíris, em seu papel de Juiz dos Mortos, apenas age
como porta-voz, ou como boca, para a lei cármica automá* ica. A típica representação
egípcia do Julgamento mostra os deuses Anúbis e Hórus pesando a alma contra uma
pena, com Thoth registrando o peso, enquanto o próprio Osíris — segurando o "gan-
c h o " e o "chicote" cruzados sobre o peito — permanece desligado dos acontecimen-
tos, limitando-se a pronunciar a sentença apropriada.
O que mais intriga Ivimy, no entanto, é a presença do " g a n c h o " e do "chicote"
de Osíris. Com muita razão ele pergunta o que estaria fazendo o Juiz dos Mortos com
dois implementos que, de um modo geral, são identificados pelos egiptólogos como
símbolos da agricultura e da pecuária? Na maneira de ver de Ivimy, eles nada mais
são do que símbolos da lei do carma. A função do bastão em forma de gancho é repre-
sentar a idéia de recompensa cármica, enquanto o "chicote" se refere a punição cár-
mica — uma versão egípcia da conhecida cenoura amarrada a uma vara diante do foci-
nho do cavalo. Daí o fato de Osíris segurar o ' 'gancho'' em sua mão esquerda e o ' 'chicote''

174
na direita — posições corretas para um homem destro (já que Osíris, para os egípcios,
jamais poderia ser considerado canhoteiro!) que desejasse castigar um pecador recal-
citrante.
A primeira vista nada parece haver de particularmente compensador nessa espe-
cie de gancho. Mas, assim como no caso da cenoura amarrada à ponta de uma vara,
a reação do cavalo é em tese orientada pelo conhecimento da existência de ambas; no
contexto de Osíris, o "gancho" e o "chicote" serviam como símbolos válidos para
aqueles que tomavam a lei do maat como sendo axiomática para suas próprias exis-
tências. Era a possibilidade da conquista da recompensa cármica que atraía as almas
para diante e o medo da punição cármica que as desencorajava de escorregar para
trás. Em tal contexto a insígnia de Osíris parece representar símbolos adequados ao
processo cármico e seria de esperar por uma estreita associação simbólica entre eles
e o conceito de reencarnação cármica.
Conforme ívimy sublinha, o "gancho" e o "chicote" de Osíris poucas vezes apa-
recem sem ornamentação. Como acontece no caso do sepultamento de Tutankhamon,
o " g a n c h o " em particular é decorado com faixas alternadas, douradas e azuis, sendo
bastante provável que essa decoração não tenha um caráter casual, mas pretenda trans-
mitir um significado simbólico. Ivimy sugere que as faixas douradas representam as
encarnações anteriores, enquanto as azuis são referentes aos períodos de desencar-
nação entre os renascimentos.
E neste ponto podemos comparar as sugestões de Ivimy com os conhecimentos que
adquirimos sobre a numerologia egípcia porque, da mesma forma que a própria orna-
mentação não deve ter tido um desenho casual, o número de faixas tampouco parece
ser apenas arbitrário. Vamos tomar como exemplo a estonteante segunda urna mumi-
forme de Tutankhamon — uma excelente obra de arte que representa o jovem faraõ com
toda a ornamentação de Osíris, inclusive o " g a n c h o " e o "chicote" cruzados sobre o
peito. Uma verificação do " g a n c h o " sugere que ele deve ser visto como sendo dotado
de um total de treze faixas de ouro (uma escondida pela mão esquerda), enquanto o "chi-
cote" na mão direita parece ter oito faixas douradas, a última das quais está ao lado da
própria correia do "chicote". Mas, no código da Pirâmide, os números oito e treze re-
presentam o renascimento e a alma. Parece que somos então levados à conclusão de
que o "gancho" e o "chicote", tomados em conjunto, representam numerologicamente
o renascimento da alma (o cruzamento do "gancho" com o "chicote" talvez seja uma
referência específica à multiplicação), enquanto o desenho do "chicote" sugere que o
renascimento em questão tem um vínculo específico com o significado cármico do de-
senho das insígnias reais. (Contando as faixas azuis ao invés das douradas, chegamos
aos totais de oito e quatorze respectivamente, simbolizando, portanto, a idéia de renas-
cimento que leva ao aperfeiçoamento espiritual.) Por outro lado, o "chicote" termina
em três correias, cada uma das quais tem dois grupos de sete contas: estes adornos pa-
recem simbolizar a preparação do aperfeiçoamento espiritual (6 x 7), enquanto também
sugerem que a função do "chicote" é cármica e não agrícola, sendo idêntico aos qua-
renta e dois assessores mencionados acima, em simbologia numérica.
Além disso, o adorno da cabeça também é dividido em várias faixas horizontais,
douradas e azuis. Neste caso, o número de faixas azuis, até chegar ao uraeus simbó-

175
lico, parece ser de vinte e cinco — e uma vez mais o simbolismo numérico parece
encaixar-se bastante bem porque, este fato, em simbolismo, identificaria o faraó morto
com o Grande Iniciado — neste caso o Osfris Messiânico —, enquanto o aparecimento
do uraeus ou cabeça de cobra sobre a vigésima quinta faixa de ouro significaria a sabe-
doria e o poder despertados no iniciado (talvez familiarizado com o kundalini iogue).
Uma faixa final, a vigésima sexta, parece assinalar a coroa da cabeça do faraó, dando
também a aparência de indicar que sua conquista da iniciação total permite de maneira
direta a escapada final de sua alma (2 x 13 = produtivo da alma) que, conforme a tradi-
ção oriental, encontra-se localizada na coroa da cabeça.
Portanto, o simbolismo numérico da segunda urna mumiforme combina de mo-
do quase total com o do código da Pirâmide. E, como esse esplêndido artefato prova-
velmente represente a verdadeira pièce de résistance de todo o sepultamento, talvez
possamos considerar sua evidência na questão como sendo digna de crédito. Mas deve-
se admitiT que as características de algumas das outras peças nem sempre combinam
com as cifras fornecidas acima para a segunda urna mumiforme.
A máscara funerária, por exemplo, tem vinte e oito faixas douradas até a coroa da
cabeça (aqui assinalada por uma faixa azul), assim como acontece com pelo menos uma
das pequenas urnas em forma de abóbada, que contou as vísceras do rei. Isto sugeriria:
a) que o desenho principal — talvez o da segunda urna mumiforme — teria sido copia-
do de maneira imprecisa; b) que uma cópia exata não era considerada essencial; c) que
a diferença nos números é simbolicamente significativa e, portanto, que tenha sido in-
tencional. No entanto, quando a examinamos com cuidado, vemos que a hipótese a)
talvez deva ser abandonada em virtude do altíssimo padrão de qualidade do trabalho
dos artesãos dessa época e a hipótese b) parece ser atípica para o modo de pensar semi-
mágico e sacerdotal daquele tempo. Portanto, a hipótese c) parece ser a mais provável
de todas. Então, seriam porventura os estreitos vínculos entre a máscara funerária e as
pequenas urnas arredondadas com os restos físicos do faraó a razão pela qual ambas
as simbólicas obras de arte parecem falar de maneira tão clara sobre a perfeição espiri-
tual do físico (7 x 4)? (Ou seria o número vinte e oito apenas uma referência ao fato re-
portado por Plutarco de que Osíris era visto pelos egípcios como teftdo vivido vinte e
oito anos, em analogia com os vinte e oito dias em que a lua é visível a cada mês? Neste
caso, por que a mesma referência não é evidente na segunda urna mumiforme?)
Mas tampouco é constante o número de fios nos colares das várias representa-
ções do jovem deus-rei e, por isso, temos de suspeitar do simbolismo intencional.
Seria possível que os doze colares da máscara funerária (três dos quais são doura-
dos), envolvidos por treze faixas douradas, significassem que o indivíduo físico que
usa a máscara teria servido de templo para a alma do homem perfeito? Seria o colar
colorido de nove voltas da ilustre segunda urna mumiforme, com seus dez fios dou-
rados, destinado a referir-se ao papel de Osíris de seu ocupante, como Senhor da Eter-
nidade Sem Limites? E, seria por acidente que o colar de nove voltas da pequena ur-
na arredondada, com seus cinco interstícios de ouro, parece proclamar o seu dono
como um verdadeiro iniciado físico?
Seja como for, vamos retornar às conjecturas de John Ivimy, que em seguida cha-
ma a atenção para o símbolo ritual favorito dos egípcios, conhecido como pilar djed.

176
Comumente interpretado como fetiche baseado em um monte de papiro e associado
pelos egípcios de uma certa época como sendo o osso dorsal de Osíris, esse símbolo
também parece, como o " g a n c h o " e o " c h i c o t e " do mesmo deus, referir-se aos con-
ceitos de reencarnação e evolução da alma.
No modo de ver de Ivimy, a base da coluna representa a. evolução da alma atra-
vés de vários reinos elementares, até o ponto da autoconsciência e do conseqüente
conhecimento do bem e do mal — aqui representado, uma vez mais, pelos braços de
Osíris segurando as suas insígnias reais cármicas. Segue-se uma série de reencarna-
ções físicas — representadas por várias plataformas planas separadas por interstícios
côncavos — e então, sobre essa base, ergue-se o ankh, símbolo da Vida e do poder
do iniciado total. Por último, a partir do ponto em cruz do ankh — que, a propósito,
forma uma quinta plataforma horizontal — um par de braços se levanta, estendendo-
se acima da cabeça ovalada do ankh, abraçando, por fim, a divindade solar.
Assim, o pilar djed completo pode ser visto como representativo de uma espécie de
"árvore da vida" — uma mandala perfeita mostrando o caminho de subida da alma em
evolução. E, neste ponto, podemos uma vez mais fazer uma verificação das conclusões
acima, com base nos conhecimentos adquiridos sobre o simbolismo numérico egípcio.
O pilar djed aparece em uma grande variedade de formas em toda a antigüidade
egípcia, mas na versão particular representada aqui parece, antes de mais nada, que

O pilar - Djed. Com base na ilustração de John Ivimy,


compreendendo detalhes extraídos do Papiro de Ani.

177
a base é dividida por uma série de pequenas faixas horizontais de tonalidade clara,
separadas por camadas mais escuras — semelhantes às faixas douradas e azuis alter-
nadas de Tutankhamon em suas insígnias reais de Osíris. As faixas de tonalidade mais
clara somam oito ao todo e, portanto, parecem simbolizar o nascimento. Por outro
lado, nesta versão particular do djed, os dois "revestimentos laterais" da coluna con-
têm uma série de pontos. Eles somam treze ao todo e, se de fato forem significativos,
parecem simbolizar a alma. O número de camadas horizontais que completam a base
da coluna varia de representação para representação, nem sempre sendo possível
discerni-las. Seja como for, parece haver suficiente razão numerológica para interpre-
tar a base do pilar djed como sendo simbólico da alma em reencarnação — uma inter-
pretação bastante consistente com as conjecturas de Ivimy.
Acima dos ombros de Osíris encontramos as barras ou plataformas horizontais
já mencionadas. São quatro no total, simbolizando o físico — uma exegese também
consistente com a crença de Ivimy de que representam encarnações prévias.
O significado do próprio ankh é bastante conhecido e não é de todo estranho para
nós a conseqüente idéia do pilar djed de que o poder do iniciado total em dar a Vida
pode ser conseguido pelo homem físico. De outra parte, o braço da cruz do ankh mon-
tado sobre a coluna djed eleva o número de barras horizontais sobre os ombros de
Osíris para cinco — que, de maneira adequada, representa, no código da Pirâmide,
o iniciado ou mesmo o Grande Iniciado. O fato de ser apenas a partir desse nível que
a alma pode, em símbolo, estender os braços e envolver a divindade solar, harmoniza-se
bastante bem com a nossa interpretação da mensagem da Pirâmide: é apenas aquele
que alcançou total iluminação, o verdadeiro iniciado, que pode, nos passos do pró-
prio Grande Iniciado, alcançar por fim a união total com o Divino (aqui representado,
ainda combinando com o código da Pirâmide, pelo disco solar circular). E a cabeça
do ankh, de forma ovalada, parece indicar especificamente que o processo no fim de-
pende de algum tipo de novo nascimento nos planos do espírito. Em resumo, então,
a coluna djed constitui um mapa bastante apropriado para a evolução cármica dos hu-
manos — e pode-se ver assim que a associação com a espinha dorsal de Osíris talvez
não seja tão forçada como poderia parecer a princípio. Somos uma vez mais lembra-
dos aqui das tradições hindus relativas à ascensão dos poderes do kundalim adorme-
cido para alcançar a consciência total através da espinha dorsal do iniciado.
Portanto, por intermédio de diversas aplicações egípcias típicas, é possível dis-
cernir diferentes ecos do código numérico da Grande Pirâmide. Até o simbolismo
granito-pedra calcária da Pirâmide parece refletir-se no simboiismo posterior das to-
nalidades claras e escuras — as cores escuras aparentemente simbolizando o espírito
e as tonalidades claras o terrestre. E podemos ver tudo isso como evidência de que
o conhecimento do código simbólico da Pirâmide pode ter persistido entre os sacer-
dotes egípcios durante muitos séculos após a construção da própria Pirâmide. E, se
o código sobreviveu, o mesmo talvez tenha acontecido com a mensagem detalhada
— que poderia ter chegado até os tempos clássicos, resistindo a todos os aconteci-
mentos o tempo bastante para servir de base para os ensinamentos secretos de mui-
tas das antigas escolas secretas. Isso por certo explicaria uma série de semelhanças
marcantes, algumas das quais são examinadas em maior detalhe na Parte II deste livro.

178
NOTAS DO CAPÍTULO 4
1. Deve-se notar, no entanto, ser possível a leitura da narrativa de João de modo a interpretar
a presença de quatorze, e não treze, pessoas na Ultima Ceia, sendo o "discípulo amado"
um possível "extra".

2. Note-se a correspondência exata e, portanto, deliberada entre esta cifra e a de cima.

3. Esta referência parece sugerir que a alma messiânica ou Christos já estará ativa na esfera
física muito antes da chegada do homem físico que personifica a presença messiânica —
e/ou que o reinado messiânico será preparado de antemão pelos iniciados que retornam.

4. Compare-se também com a característica (46), na p. 86, que também sugeriria, portanto,
uma associação com a alma de um iniciado.

5. A este respeito é interessante notar que a área do corte transversal vertical das passagens
inclinadas (41,21" x 52,745" e, portanto, 2CR x 4 x 13") agora passa a ter um simbolismo
bastante especifico — ou seja, "a reencarnação da alma que se dirige à Terra". Então, fica
claro que não representa a alma desencarnada na fase entre encarnações, que poderia ser
vista como uma fuga temporária dos planos da Terra (isto é, a pedra calcária da Pirâmide)
até voltar por fim para retomar a tarefa a partir do ponto onde a abandonara. (Como já
vimos na p. 130, a pedra calcária não pode, simbolicamente, "conter" o espírito.) E esse
mesmo processo de fuga e retorno parece merecer referência específica de parte de três
dos quatro dutos de ar.

179
5

Coisas Não Explicadas — e


Evidências de um Plano-Mestre

No decorrer dos capítulos anteriores conseguimos levantar algumas evidências


bastante conclusivas de que a Grande Pirâmide contém uma profecia detalhada em
código matemático — uma profecia cujo propósito principal parece ser a validação
de um plano redentor ou messiânico para a humanidade, como aquele que parece
ter sido proclamado por Jesus de Nazaré.
Todo o plano da Pirâmide relacionado à evolução humana, pelo menos até onde
conseguimos decifrá-lo, é resumido na página seguinte e o leitor é convidado a com-
parar os resultados com a terminologia do Livro dos Mortos egípcio, mostrada nas pp.
38-39.
Deve-se notar que o quadro geral é o de um grande declínio na iluminação e espi-
ritualidade da humanidade, levando de maneira direta à era predominantemente ma-
terialista que agora temos diante de nossos olhos e a seu inevitável resultado, confor-
me mostrado na Câmara Subterrânea. No entanto, a partir desse declínio geral exis-
tem duas partidas importantes. Uma é o caminho para cima, dos esforços físicos for-
jados de modo sistemático, contra todas as dificuldades, pelos devotos e ardorosos
religiosos de épocas tão distantes como o segundo milênio a.C., preservados e segui-
dos por uma variedade de grupos religiosos altamente comprometidos até os nossos
dias. A outra é o caminho quase vertical da rápida iluminação espiritual adquirida
pelo homem e pela mulher de todas as seitas (e de nenhuma delas) sob a pressão
dos acontecimentos e, talvez, por aqueles previstos na Câmara Subterrânea.
Também se pode notar que o caminho de subida original dos esforços físicos re-
gistra uma bifurcação em um ponto vinculado de maneira direta com os acontecimentos
registrados na Palestina em torno da vida e morte de Jesus de Nazaré. Aqui, ele dá
origem ao caminho superior dos iluminados — compreendendo um longo período
de não renascimento — e um caminho inferior dos semi-iluminados, abrangendo uma
lenta batalha cármica em busca da Luz. E o próprio ponto de interseção parece ser
mais do que uma simples comparação com as "estradas e encruzilhadas" a que se
refere a parábola bíblica do homem que foi ao casamento sem as vestes nupciais (Ma-
teus 22, 2-14).

180
O leitor deve lembrar-se de que, na parábola, o rei manda preparar uma festa de
casamento para seu filho. Mas os convidados recusam-se a comparecer e, então, ele
manda os servos para trazer quem quer que encontrem pelas "encruzilhadas". Entre
aqueles que são trazidos acha-se um homem sem as vestes nupciais adequadas. O
rei ordena que ele seja amarrado de pés e mãos e lançado sem qualquer cerimônia
" n a s trevas exteriores".
Essa estranha parábola parece sugerir (confirmando a nossa interpretação ante-
rior) que a entrada no Reino do Céu será conquistada a princípio apenas por uns pou-
cos iniciados. Mas também aqueles que seguem o caminho inferior terão uma oportu-
nidade posterior de participar do Banquete Messiânico da idade final, desde que, no
momento apropriado, encontrem suas "vestes nupciais", isto é, que já as tenham feito.
Conforme sugere Maurice Nicoll em seu destacado livro The New Man, a expres-
são "homem sem as vestes nupciais" parece referir-se àqueles que aprenderam e até
aceitaram os ensinamentos messiânicos, mas se recusam a colocá-los em prática. A
verdade acabou sendo transformada em dogma, a doutrina em ritual e até os pró-
prios ensinamentos messiânicos que dão Vida os deixam espiritualmente mortos. E
é neste sentido que a Passagem para a Câmara da Rainha — acima de tudo o caminho
do cristianismo — deve ser vista como a estrada da mortalidade, apesar dos ensina-
mentos messiânicos.
Quanto aos iniciados do caminho superior, o renascimento durante a presente
era é visto como uma preliminar essencial paTa sua entrada na Idade Final de renasci-
mento nos planos do espírito, destinada a levar por fim à união com o Divino. De
fato, o próprio Christos deverá reencarnar-se durante esse período preliminar, de mo-
do que, com a ajuda dos iniciados também retornados, tantas almas quanto possíveis
possam ser orientadas do caminho inferior para se juntar ao grupo dos escolhidos.
Esses esforços serão auxiliados, se não precipitados, por um período de terríveis con-
vulsões físicas, iniciando-se em 1914 e alcançando seu ponto mais alto em 2004 d.C.
Todos os homens, inclusive os iniciados, terão de passar por esse período de tribula-
ções, mas são aqueles que dão maior valor às coisas físicas os que, inevitavelmente,
sofrerão mais com tudo isso. 1 Porém, muitos vão perceber a necessidade de uma
completa reorientação dos valores e agirão nesse sentido, permitindo o aparecimento
de uma civilização de extraordinário vigor e conquistas.
No entanto, uma pequena minoria de homens continuará persistindo até o fim
em sua rejeição de qualquer coisa que se pareça com a verdadeira iluminação e, para
eles, um caminho de fuga impossível foi projetado pelo desenhista da Pirâmide, uma
trilha que talvez leve à experiência de um novo ciclo de existência física.
O leitor que acompanhou a argumentação até agora talvez esteja querendo saber:
" E eu, onde me coloco em tudo isso?" — já que, por definição, sua alma está passan-
do pela reencarnação neste momento.
Pelos termos de nossa leitura, a Pirâmide não pode, por si mesma, revelar de ma-
neira direta qual o nível alcançado por aquela alma, já que a previsão de reencarnação
nesta época refere-se a todas as almas. Portanto, na ausência de qualquer lembrança
consciente de encarnações anteriores, a nossa tentativa de responder àquela pergun-
ta tem de ser bastante cautelosa.

182
Estatisticamente é muito pequena a possibilidade de o leitor ser a reencarnação
de um dos pequenos e selecionados membros de um grupo de iniciados que está re-
tornando agora aos planos da Terra. Essa possibilidade torna-se ainda menor se o
leitor tiver nascido antes de 1914 e um pouco menos do que isso no caso dos nascidos
depois de 1933 — isto é o que sugere uma rápida leitura das previsões da Pirâmide.
Mas, no caso de haver qualquer dúvida, parece existir a possibilidade de um teste
simples, já que, conforme se sabe, Jesus de Nazaré teria descrito de maneira bastante
clara as características daqueles "dignos de entrarem no Reino do Céu", conforme
ele costumava referir-se à Era Final do presente ciclo da Terra.
Em qualquer caso, existe uma possibilidade estatística bem maior de que o leitor
esteja, no momento atual, desenvolvendo sua luta cármica através da Passagem para
a Câmara da Rainha. Assim, caberia a ele esperar a descoberta em si de sinais indi-
cando um considerável interesse inato pelas questões de ordem espiritual e, prova-
velmente, um compromisso firme e total com alguma ortodoxia religiosa — seja cristã
ou outra qualquer.
Mas a maior de todas as probabilidades estatísticas deve colocar o leitor entre a
grande maioria de almas que ainda se encontram aprisionadas no mais inferior de
todos os caminhos (e o termo "maioria" não deve levar ninguém a pensar que, por
razões "democráticas", esse não seja o pior dos caminhos). O fato de ele ler obras
sobre esse tema — e de estar preparado para perseverar até aqui, com o presente livro
— talvez venha a depor até certo ponto contra essa possibilidade. Mas esse único fato
não pode ser visto como se tivesse algum significado maior em si mesmo.
No entanto, é preciso lembrar que a fuga é possível, mesmo a partir desse nível
— uma fuga que leva de modo direto do mais baixo para o mais elevado dos cami-
nhos e que permite à alma em questão (potencialmente, pelo menos) passar por com-
pleto, de um único salto, sobre a "labuta" da Passagem para a Câmara da Rainha.
Claro que essa fuga tem vínculos bastante claros com a Lei da Graça que teria sido
pronunciada por Jesus de Nazaré — uma lei cuja operação parece depender de um
compromisso total com os seus ensinamentos. No entanto, o preciso conteúdo des-
ses ensinamentos é uma questão bastante ampla que extrapola o escopo da presente
obra. Basta dizer aqui que o próprio Jesus acreditava que o Conhecimento que esses
ensinamentos continham era suficiente para "libertar o homem".
No tocante a questão da condição espiritual geral do homem, no entanto, os pon-
tos de vista de Jesus combinam de modo perfeito com a aparente mensagem da Grande
Pirâmide: "Largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição", diz ele em Mateus
7,14. " E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o
caminho que conduz à Vida. E poucos são os que o encontram". E esse é um proble-
ma que todo o grande Plano Messiânico visava solucionar. 2
Tudo isso, então, diz respeito à mensagem da Pirâmide de um modo geral. No
entanto, ainda temos algumas coisas não explicadas a considerar. Por exemplo, ainda
não conseguimos dar um significado consistente a uma série de características do sis-
tema de passagens — características tão óbvias, com efeito, que devíamos ser capazes
de explicá-las sem grande dificuldade. Entre elas, não descobrimos ainda uma razão
convincente para o projetista da Pirâmide ter usado o princípio dos "detalhes" hori-

183
Entrada da Passagem Descendente, com a cumeeira de pedra calcária e as linhas demarcadas.

zontais; para o fato de não haver uma tentativa aparente no sentido de fazer com que
as várias passagens terminassem em qualquer plano vertical em particular; para a "es-
tranha" escolha da medida de 1881,2426" como distância entre o Plano da Vida e o
Plano da Morte; para os vários ângulos dos túneis de ventilação das Câmaras do Rei
e da Rainha; ou para a aparente proeminência da maciça cumeeira de pedra calcária
levantada sobre a entrada original, que hoje é uma das mais destacadas característi-
cas da face norte da Pirâmide (vide figura acima).
Mas o bom senso sugere que deve ter havido alguma razão para todas essas ca-
racterísticas e suas aparentes idiossincrasias, e a lógica da situação, por sua vez, pare-
ce indicar que todas essas coisas inexplicadas são as conseqüências inevitáveis de al-
gum plano geral, geométrico e/ou simbólico, ao qual se encontram subordinadas to-
das as características detalhadas que foram relacionadas e analisadas. De alguma for-
ma, devemos ser capazes de encontrar evidência de um projeto ou matriz geométrica
para o sistema de passagens, cujo resultado inevitável seria o aparecimento das vá-
rias características relacionadas acima. E, neste caso, é a maciça cumeeira de pedra
sobre a passagem de entrada que parece nos dar a primeira pista vital em nossa
pesquisa.
O próprio Rutheford identifica de modo bastante claro dois níveis particulares
na construção da Pirâmide como o Plano da Vida e o Plano da Morte — correspon-
dendo respectivamente aos níveis do piso da Câmara da Rainha e do teto da Grande
Câmara Subterrânea — e as razões que ele dá para essa interpretação simbólica pare-
cem ser convincentes, combinando bem com a leitura que até aqui fizemos da mensa-
gem da Pirâmide. Os dois níveis encontram-se separados por 1881,2426", na vertical.
Mas o Plano da Vida, ou nível de iluminação potencial, também passa pelo meio da
elevação leste-oeste da grande cumeeira de pedra calcária que há sobre a passagem
de entrada, dando a impressão clara de que uma nova medição deve ser feita na ver-

184
tical, para cima, a partir do Plano da Vida, já que, de outra forma, a metade superior
da cumeeira ficaria apontando para o céu, sem razão alguma. Essa impressão é ainda
confirmada pelo fato de que, vista do lado norte, a cumeeira tem a forma clara de
uma cabeça de flecha que aponta para cima, sugerindo de novo que essa enorme pe-
ça de pedra destina-se de maneira específica a chamaT a atenção para algo significati-
vo na geometria de toda a alvenaria que há acima dela. 3
Então, se decidirmos seguir essa pista e medirmos outras 1881,2426" para cima
do Plano da Vida, na vertical, alcançaremos o nível onde se encontram as saídas dos
dutos de ar norte e sul da Câmara da Rainha, na 90® camada de alvenaria da Pirâmi-
de. Esse nível é mais elevado do que todas as características do sistema de passagens,
exceto as partes superiores dos dutos de ventilação da Câmara, do Rei (vide diagrama
da p. 188). O aparente vínculo desse nível com as várias saídas de dutos de ventilação
nos leva, por conseguinte, à conclusão (segundo os termos de nossa decodifica-
ção anterior da geometria do sistema de passagens) de que esse nível tem algo a ver
com a idéia de " f u g a " — saída da Terra, simbolizada pela pedra calcária da Pirâmide.
Já pudemos notar, por exemplo, que os ventiladores da Camada da Rainha não per-
mitem uma saída "instantânea", mas parecem representar uma fuga que precisa ser
trabalhada e conquistada durante uma certa quantidade de encarnações. Também ti-
vemos a oportunidade de destacar que a Câmara da Rainha parece simbolizar não
a saída final do homem, mas sim um período desencarnado que leva a outras encar-
nações no contexto da Câmara do Rei. E é finalmente a partir daqui que a saída "su-
prema" precisa ser realizada.
Fica assim sugerida uma identificação experimental do nível superior das saídas
dos dutos de ventilação da Câmara da Rainha, como Plano de Fuga para a escapada
final, se ela for possível, aparentemente apenas para aqueles que tiverem tido êxito
em erguer-se acima desse nível em particular. E parece claro que essa fuga para a es-
piritualidade pura deve ser para o nível de " v i d a " do piso da Câmara da Rainha,
bem como o anterior representa a saída para a " m o r t e " do nível do teto da Câmara
Subterrânea. Por outro lado, parece que a distância de 1881,2426" representa o espa-
ço de evolução que separa esses dois níveis de conquista.
Agora, a distância acima da base da Pirâmide, daquele que chamamos de Plano
de Fuga, é de 2727,2966" — uma distância que parece ser idêntica à altura do eixo
da 90? camada de alvenaria, cujo valor teórico médio é de 2727,1"\vide p. 363). Mas
essa altura também está a três polegadas da meia altura da plataforma do ápice da Pirâmide
— ou seja, 5448,736"/2, ou 2724,368". Portanto, parece ser inevitável a conclusão:

a) que existe um vínculo direto intencional entre todas as três características (Plano
de Fuga, eixo da 90? camada e metade da altura da plataforma do ápice);
b) que pelo menos uma das finalidades dos dois dutos de ar da câmara da Rai-
nha é definir, nos termos das alturas combinadas acima da base das duas saí-
das na camada interna de alvenaria, o nível da plataforma do ápice projetada.
Em outras palavras:
Altura, saída norte + altura, saída sul = altura plataforma do ápice.

185
Isto combina com o fato (vide nota 63, p. 165) de que as saídas dos ventilado-
res da Câmara do Rei definem, de maneira semelhante, o número da camada
da plataforma do ápice. A dupla definição desse nível muito importante apa-
rentemente foi pretendida pelo arquiteto como precaução contra uma possí-
vel destruição posterior das camadas de cima — como de fato ocorreu.

Assim, como a diferença entre os dois níveis que acabamos de mencionar é quase
precisa — isto é, de 2,94" —, enquanto b) acima dependeria de uma indicação extre-
mamente precisa do nível, parece provável que as extremidades superiores dos ven-
tiladores da Câmara da Rainha estavam conformes com o desenho acima. Supondo-
se que o ângulo de inclinação dos dutos de ventilação fosse de uns 40°, o projeto mos-
trado exigiria um furo perpendicular para o duto de ventilação de umas 7,67", fazen-
do com que o teto do túnel de ar ficasse umas 5 " mais curto do que a outra superfície
— assim como a parte inferior do duto de ar ficaria mais longa na mesma distância
(vide p. 85). Por outro lado, a metade da altura da plataforma do ápice só poderia
ser indicada com grande precisão pela menor das incisões na parte externa das pe-
dras, uma vez removido o revestimento de fora — assim como uma incisão resultou
na descoberta original das extremidades inferiores dos dutos de ar, em 1872.
A confirmação da hipótese acima dependerá em grande parte de um exame cui-
dadoso da saída norte, já descoberta, porém, ainda inacessível. A saída sul pode for-
necer melhor evidência, por ainda não ter sido localizada com precisão, podendo, por-
tanto, estar até agora em sua condição original.
A força simbólica do arranjo descrito acima poderia ser, conforme já foi sugerido,
no sentido de os ventiladores da Câmara da Rainha levarem a alma ao Plano de Fuga
— isto é, a meia altura da plataforma do ápice —, mas ainda não permitindo uma es-
capada além desse plano. Outras cinco polegadas de alvenaria devem ser (simbolica-
mente) abertas antes que a alma possa por fim escapar dos planos da Terra (simboli-
zados pela pedra calcária da Pirâmide e, talvez de modo mais específico, pela metade

186
inferior do monumento) e essas cinco polegadas, da mesma forma que uma medida
idêntica nas extremidades interiores dos dutos, parecem representar a experiência de
cinco encarnações específicas de espiritualidade e iluminação sempre crescentes.
Se nossas conclusões nesse sentido estiverem corretas, teremos chegado ao pon-
to de explicar pelo menos duas das características não esclarecidas do projeto da Pirâ-
mide. Mas, e quanto à estranha medida de I88IV4", que separa primeiro o Plano da
Vida do Plano da Morte e depois daquele que chamamos de Plano de Fuga?
É preciso dizer que essa medida (que foi em si incorporada como característica
de nosso código hipotético) tem em 99 x 19" uma equivalência direta do código,
podendo-se dizer que significa, portanto, a culminação da mortalidade, isto é, o fim
da morte e, assim, o florescimento final da planta que é o mundo físico. No entanto,
existe outro ponto significativo sobre essa distância — duplicada no comprimento do
piso da grande galeria — e é a sua aparentemente deliberada proximidade com 2000".
Talvez não seja de todo absurdo sugerir a possibilidade de que isso poderia ter tam-
bém algum significado cronológico e/ou simbólico.
Existiria, então, alguma característica que não tenha 1881 Vi" mas que esteja umas
2000" acima do Plano da Morte — alguma característica que tenha significado real?
Os dados até aqui considerados não parecem nos oferecer o acesso a qualquer carac-
terística assim. No entanto, se essa característica existisse, deveríamos esperar que
ela tivesse, como o Plano da Morte, a natureza de um teto e não de um piso, para
que a distância em questão pudesse significar a elevação correspondente de sua se-
melhante no corpo humano — ou seja, a cabeça.
Agora, o teto da Passagem para a Câmara da Rainha está apenas 67,565" acima
do Plano da Vida — o nível do piso da passagem — e isso é bem menos do que as
excedentes 119" ainda necessárias para transformar 1881 Vi" em 2000". Por outro la-
do, as extremidades superiores das paredes norte e sul da Câmara da Rainha estão
184Vi" acima do piso, o que é demais. No entanto, no ponto em que a linha do teto
da Passagem para a Câmara da Rainha encontra a linha do piso da Grande Galeria
( " E " no diagrama da p. 63) — que pode ser chamado de encruzilhada, tanto do pon-
to de vista arquitetônico como simbólico — a linha do teto da Passagem Ascendente
(em " A " ) encontra-se a 52,745" exatas acima do teto da Passagem para a Câmara
da Rainha, em " E " . Portanto, o ponto " A " está a 1881,2426" + 67,595" + 52,745"
— um total de apenas 2001,5826" — acima do Plano da Morte. Poderia, acaso ser este
o ponto significativo sobre cuja existência especulamos acima?
Um exame mais delicado mostra que o ponto "A" é nada mais nada menos que o pon-
to focai de toda a geometria das passagens da Pirâmide. Para começar, o diagrama (p. 188)
mostra que o ponto " A " encontra-se a meio caminho, na horizonal, entre as Linhas
Demarcadas no princípio da profecia e a parede sul da Câmara do Rei no seu final
— uma impressão confirmada pelos cálculos trigonométricos.
Além do mais, um círculo tocando as verticais que passam por esses dois pontos
também parece cortar o Plano da Morte, passar pelo sarcófago na Câmara do Rei e
envolver a extremidade superior bloqueada do ventilador norte da Câmara da Rai-
nha. Geometricamente, então, o círculo envolve todas as características do sistema
de passagens, a partir das Linhas Demarcadas em diante, exceto a parte sul da Câma-

187
ZONA TRES
Direção de Fuga

PLANO DÉ FUGA :ONA DOIS

ZONA UM

1/4

PONTO "A'

PLANO DA VI DA Cumeeira de
-pedra calcárea

.Face norte
da Pirâmide

(Linhas /
idemardadas

1/4

PLANO DA MORTE

'PLANO DO INFERNO;

Disposição simbólica das passagens e câmaras da Grande Pirâmide.


ra do Rei e a abertura de seu duto de ar, de um lado, e a abertura inferior do Poço-
Fonte e o Detalhe Subterrâneo, do outro (as Câmaras de Construção também são ex-
cluídas). Portanto, do ponto de vista simbólico, o círculo parece envolver todas as
possibilidades que se abrem de imediato a qualquer pessoa que tenha alcançado o
nível potencial de iluminação, o Plano da Vida. Essas possibilidades parecem incluir
a admissão direta na ressurreição final (o sarcófago), de um lado, e a descida para
o Inferno na Terra, do outro.
De outra parte, o mesmo círculo chama a atenção para o fato de que as duas verti-
cais em questão (NML e OPQ no diagrama) representam o começo e o fim d e todo o
Plano Messiânico, se a nossa decodificação da mensagem da Pirâmide tiver validade.
Feitas de modo a cortar os Planos da Vida e de Fuga, essas verticais completam o retân-
gulo NOQL que, quando examinado com mais cuidado, parece ter um tal significado
em relação ao plano do sistema de passagens que merece ser descrito, por exemplo,
como a Dupla Casa da Redenção. Porque, pivotando sobre o Plano da Fuga em MP
(e, portanto, sobre a vida e os ensinamentos de Jesus de Nazaré), esse retângulo envol-
ve todas as características significativas do sistema de passagens, exceto o Detalhe Sub-
terrâneo de um lado, e as saídas dos dutos de ar da Câmara do Rei, de outro.
A essas exceções nós deveríamos somar também a abertura bloqueada do ventila-
dor sul da Câmara da Rainha, mas, como ela se encontra abaixo do Plano de Fuga, acha-se
de certa forma "cercada" pela linha ON. Da mesma forma, no entanto, o ventilador
norte da Câmara do Rei encontra-se bloqueado pela linha LMN, fato que sugere que
essa vertical também deveria ser vista como um Plano — ou eixo — de Fuga. Portanto,
a fuga total aparentemente só pode ser conseguida acima do nível de ON e para o sul
da vertical LMN. Em outras palavras, a única fuga suprema do sistema de passagens
(e, portanto, da mortalidade) é por meio do ventilador sul da Câmara do Rei. Esta idéia
é confirmada pelo fato de que a entrada em arco na extremidade inferior do ventilador
sul lembra tanto o útero na gravidez (vide p. 128) que sugere de maneira bastante clara
que ela (e apenas ela) representa o nascimento final para os planos celestiais. Esse ponto
é enfatizado pela forma dos.cortes transversais dos vários dutos de ventilação: todos,
menos o ventilador sul da Câmara do Rei, têm formato retangular em seus cortes trans-
versais, significando, portanto, o renascimento físico, enquanto apenas aquele duto
tem um corte transversal circular em sua extremidade inferior — uma clara indicação
de que representa o caminho do renascimento espiritual.
Até aqui, então, as nossas especulações geométricas têm sido amplamente con-
firmadas — e, em certo sentido, confirmadas por nossa decodificação simbólica ante-
rior da mensagem da Pirâmide. A única característica restante que se encontra fora
daquilo que chamamos de Dupla Casa da Redenção — isto é, o Detalhe Subterrâneo
— confirma ainda mais as nossas conclusões. Porque, também esse Detalhe, apesar
de terminar ao sul da linha LMN, ainda está bem abaixo do nível ON — na verdade,
está até mesmo abaixo da base do retângulo, LQ. Isso tudo, além do fato de ficar sem
saída na rocha calcária abaixo da Pirâmide, identifica o caminho em questão como
uma trilha onde é impossível fugir da mortalidade e dos planos físicos. Existe uma
fuga, é verdade — mas apenas fora do próprio Plano Messiânico, conforme descrito
na Grande Pirâmide de Gizeh.

189
Outros círculos traçados com o centro em " A " levam a outras conclusões com-
plementares. Se um círculo for traçado de modo a tocar a parede sul da Câmara da
Rainha, por exemplo, ele passará através do Tampão de Granito num ponto bastante
próximo de sua extremidade inferior e, ao mesmo tempo, cortará o piso da Grande
Galeria num ponto pouco abaixo do Grande Degrau. Seu simbolismo parece sugerir
que nem o não-iluminado Velho Testamento, nem sua versão moderna — talvez in-
cluindo até o cristianismo estabelecido — podem levar diretamente à fuga.
Outro círculo, traçado com o centro em " A " de modo a tocar a extremidade infe-
rior da entrada para o sistema de passagens, parece tocar a linha vertical feita a partir
da extremidade da Passagem Sem Saída e passar pelo ápice da cumeeira da Câmara
do Rei, Dentro dele ficam envolvidas todas as características do sistema de passagens,
exceto os dois ventiladores do sul, a Câmara Subterrânea e a Passagem Sem Saída.
Portanto, parece chamar a atenção tanto para o começo como para as duas finalida-
des alternativas de todo o Plano Messiânico.
Por outro lado, os três círculos concêntricos que acabamos de traçar (vide p. 188)
nos dão três zonas distintas, cada uma delas com seu próprio significado. A zona úm
(a central) é uma área de onde a fuga é impossível, apesar de estar centralizada no
Plano da Vida — parecendo ter, portanto, um significado mais do que casual com a
idéia egípcia do Salão da Verdade na Escuridão.
A zona dois envolve toda uma gama de possibilidades espirituais, desde a entrada
direta para a ressurreição final áté a entrega ao "fogo do inferno". Dentro dele são mos-
trados todos os acontecimentos Messiânicos simbolizados pela Passagem do Véu, as-
sim como todo o ventilador norte da Câmara da Rainha, que representa a conquista
gradual da iluminação através de várias reencarnações. Portanto,poderia ser descrita
como uma zona de esperança ou zona de esforços espirituais, apesar de sugerir clara-
mente que, mesmo assim, ainda é possível dentro dela um declínio espiritual catastrófico.
No entanto, a zona três é uma zona de fuga. Dentro dela encontra-se a entrada
para todo o sistema de passagens e, portanto, por mais paradoxal que pareça, a própria
possibilidade de redenção em primeiro lugar (vide p. 89). Dentro dela também se en-
contram a abertura externa do duto de ventilção norte da Câmara do Rei e a abertura
interna do duto de ventilação sul — parecendo, portanto, significar que o renascimen-
to proporcionado pelo duto de ventilação norte levará à entrada nos planos espirituais
significados por seu semelhante do sul. Mesmo para aqueles que descem ao nível do
poço, a abertura inferior do Poço-Fonte está pronta e esperando que eles realizem sua
fuga para as regiões superiores. De fato, combinando os simbolismos do retângulo
NOQL com os círculos concêntricos baseados em ' 'A'', fica bastante claro que apenas
a Câmara Subterrânea e a Passagem Sem Saída estão de fato fora do sistema.
Por último, vale a pena notar que as diagonais dos dois retângulos NOPM e MPQL
encontram-se tão perto do ângulo de Belém, de 26°18'9,7", a ponto de sugerir a apli-
cação desse gradiente à geometria simbólica do sistema como medida da distância
vertical que o homem é capaz de subir como resultado da iniciativa messiânica, per-
sonificada em Jesus de Nazaré. Construindo-se uma inclinação assim, de modo a atingir
o Plano da Vida em " M " e cortando a vertical OQ em " R " , descobre-se que o nível
indicado por " R " está umas 2 5 " abaixo do piso da Passagem Subterrânea, isto é,

190
no nível da própria boca do Fosso. E de novo somos surpreendidos pela justeza sim-
bólica da afirmação tradicional de que o Cristo "desceu ao inferno" e acha-se deter-
minado a libertar mesmo o mais miserável dos homens.
PaTece, portanto, ser considerável o significado do ponto " A " , originalmente
identificado pelo fato de localizar-se 2001,58" acima do chamado Plano da Morte.
Do mesmo modo, então, parece ser significativa a distância de 2001,58", como a
de 1881,2426". 5
Já notamos que a distância vertical simbólica de 1881 Vi" é refletida de maneira
direta no comprimenjto cronográfico, inclinado, do piso da Grande Galeria. Poderia
então haver algum vínculo direto entre a distância de 2001,58" medida na vertical
(portanto, de modo simbólico), por um lado, e a mesma distância medida na inclina-
ção (e então de modo cronográfico), por outro? Poderia essa distância assinalar al-
gum evento de significado especial?
Uma representação diagramática da ocorrência dessas medidas sugere ser essa
uma possibilidade bastante clara.
No diagrama, o ponto " A " encontra-se na linha do teto da Passagem Ascenden-
te, bem acima do que chamamos de encruzilhada, e já tivemos oportunidade de esta-
belecer que o ponto " A " parece ser o lugar de apoio da geometria da Pirâmide.
Claro que se pode levantar a objeção de que " A " é arquitetonicamente inexisten-
te, já que nem esse ponto nem a interseção da linha do piso da Grande Galeria com
a linha do teto da Passagem para a Câmara da Rainha são demarcados por qualquer
característica palpável de alvenaria. De fato, o arquiteto parece ter feito um esforço
fora do comum para esconder ambos os pontos. Por outro lado, a projeção da linha
do teto da Passagem Ascendente para dentro da Grande Galeria é um procedimento
válido de interpretação, confirmado pelo simples fato de que, em toda a sua exten-
são, sua altura é de 286,1" exatas (uma medida de código conhecida e de grande sig-
nificado) menos do que a altura extrema da linha do teto da Grande Galeria. Por sua
vez, a projeção da linha do piso da Grande Galeria e da linha do piso da Passagem
para a Câmara da Rainha até a interseção de ambas também é confirmada pelo fato
de que o ponto onde elas se encontram assinala — com aparente significado — uma
data 153 anos depois da interseção da igualmente intangível linha do piso da Passa-
gem Ascendente — isto é, 153 anos depois do nascimento de Jesus de Nazaré. De
novo, a linha do teto da Passagem Ascendente, conforme traçada, parece passar atra-
vés da Folha de Granito na vizinhança da Protuberância, encontrando-se com a parte
superior do revestimento do lado leste em um ponto entre o segundo e o terceiro por-
tais levadiços messiânicos — características que sugerem, sem qualquer sombra de
dúvida, que essa linha não é significativa apenas em si mesma, mas de alguma forma
tem relevância simbólica direta com o retorno messiânico.
Então, assumindo a existência de um claro vínculo numérico entre as linhas UV
e XY do diagrama (no fato de que ambas têm comprimento igual a 1881%"), parece
haver razão para se pensar também em termos de um vínculo geométrico entre elas.
E, se UV precisa ser estendida para cima umas 120%" para alcançar o significativo
ponto " A " , então pareceria lógico que uma extensão semelhante para cima teria de
ser aplicada à linha inclinada XY para que ela atingisse um igualmente significativo
ponto " Z " . E tudo isso nos deixa imaginando qual poderia ser esse significado.

192
Já vimos que o ponto existente no piso sobre o ponto " X " na Grande Galeria cor-
responde à primavera de 33 d .C., de modo que o ponto sobre a linha do piso embaixo
de " Y " representa uma data 1881 Vt" anos mais tarde — isto é, o verão de 1914 d.C.
Mas a distância de 1881%" representa também de maneira simbólica a distância entre
a " m o r t e " e. a " v i d a " , como também já vimos. Portanto, somos forçados a concluir
que, assim como o nível do teto da Câmara Subterrânea é "como a morte", compara-
do com o nível do piso da Câmara da Rainha, também esse nível — o do chamado
Plano da Vida — é "como a morte", comparado com o nível representado pela extre-
midade superior da Grande Galeria. Além disso, as duas linhas de 1881%" não
são contíguas: é só através do triângulo messiânico que o homem pode construir uma
ponte sobre o precipício (FD na p. 63). entre a linha do piso da Câmara da Rainha
e a linha do piso da Grande Galeria. A conquista da "vida mais elevada" depende
muito, portanto, do trabalho de Jesus e do Plano Messiânico.
Portanto, assim como o começo e o final da Grande Galeria se encontram ligados
de maneira íntima com o simbolismo do levantamento dos eleitos da morte para a
Vida, seria' de se esperar, da mesma forma, que nos dessem uma idéia do momento
exato de realização desse processo. E, como já vimos, 1914 d.C. (representado pela
parte superior da linha do piso da Grande Galeria) parece marcar um momento signi-
ficativo no plano — nada mais nada menos do que o princípio da Era Pré-Final. De
maneira semelhante, assim como a extremidade inferior da Grande Galeria assinala
a morte física de Jesus, deveríamos esperar encontrar, na extremidade superior, algu-
ma indicação cronográfica da data do retorno do "filho do homem" à vida física e
o verdadeiro início terreno da vida mais elevada mencionada de maneira tão clara.
Aqui nós devemos retornar à idéia de que como uma distância simbólica de 120 W
tem de ser acrescentada à extremidade superior UV para cortar XY em " A " , uma dis-
tância igual (YZ) deve ser acrescentada à extremidade superior de XY para atingir o
ponto " Z " . Porque, agora, fica claro que, se o ponto " Z " tem algum significado, então
deve ser o de determinar o ponto cronográfico onde deve começar a vida mais elevada,
indicada de maneira simbólica. De acordo com a nossa descoberta da grande necessi-
dade do trabalho de Jesus para a realização do Plano, devemos esperar que esse ponto
indique, de alguma forma, o momento real desse retorno — servindo, assim, como du-
pla confirmação de nossos cálculos anteriores sobre a data desse acontecimento. 6
Então, assim como o início da Era Pré-Final parece vir 1 8 8 a n o s depois de 33
d.C., o acontecimento bíblico conhecido como a "vinda do Filho do Homem" pare-
ceria marcado para acontecer 2001,5826 anos depois da mesma data — isto é, no outo-
no de 2034 d.C. Deve-se notar que essa data é idêntica àquela que já foi mostrada.
Na verdade, as medidas em questão são tão precisas e inconfundíveis que parece
ser possível — por mais fantástico que pareça — tirar uma conclusão bem informada
sobre o dia preciso para esse acontecimento crucial (um fato tornado indiretamente possí-
vel por nosso conhecimento dos fatos históricos que, segundo se presume, não eram
conhecidos de Jesus de Nazaré em seus tempos). Isto porque a distância vertical des-
de o Plano da Morte até o ponto " A " , como já vimos, é de 2001,5826" exatas — que
parecem representar, cronograficamente, 2001 anos e 212,8 dias. Medindo agora esse
período para cima, no piso da Grande Galeria, a partir da data da crucificação — que
a Pirâmide parece colocar em 1? de abril de 33 d.C. (calendário Gregoriano) —,

193
então o sinal do Messias (ou talvez o próprio Messias) deve aparecer no céu a 31 de
outubro de 2034 d.C.7
A adequação dessa data é extraordinária, porque coincide com o primeiro dia do
tradicional Festival dos Mortos, de caráter mundial — celebrado nas Ilhas Britânicas
como "Ali Hallows" ou "Halloween" (31 de outubro); Dia de Todos os Santos (1?
de novembro) e Dia de Finados (2 de novembro). De fato, 31 de outubro é visto de manei-
ra tradicional como o dia em que as almas dos mortos retornam à Terra — e no qual, em
alguns países, chega-se a acender velas nos túmulos dos parentes para orientar e dar
as boas-vindas aos espíritos que voltam. E o dia que se seguia a esse Festival dos Mortos
(3 de novembro) era separado pelos antigos egípcios para comemorar a ressurreição
de sua própria figura messiânica, o deus Osíris.
Mas isso não é tudo: sempre foi considerado em muitas partes do mundo que
esse mesmo Festival dos Mortos, ou seu equivalente, celebra o aniversário daquilo
que no Egito antigo era chamado de Destruição da Humanidade; no México e no Pe-
ru, a Destruição do Mundo, e na Babilônia, Assíria e China, o Dilúvio. Parece tratar-
se de um aniversário mundial da enchente bíblica — a destruição cataclísmica (apa-
rentemente por meio da revolução geológica) daquele mundo anterior cujo único le-
gado a nós parece estar na Grande Pirâmide, na lenda do afundamento da Atlântida
e nas mais recentes religiões e tradições do homem. Assim, talvez haja na lendária
história de Noé e sua arca um profundo sentido de verdade — uma possível "lem-
brança do futuro", centralizada na missão de uma única e justa alma humana que,
tendo escapado da grande destruição, está destinada a retornar com seus companhei-
ros, trazendo Vida nova a um mundo desolado. E, no retorno do Messias — que pa-
rece marcado para o dia do aniversário do grande cataclismo — acabaremos vendo
o cumprimento dessa lembrança8 (vide capítulo 9).
Uma advertência se faz necessária, no entanto, para que a datação fornecida não
seja vista como sendo mais fixa e imutável do que de fato o é. As conclusões tiradas
acima baseiam-se em deduções numéricas que estão, em si mesmas, sujeitas a certas
tolerâncias. O comprimento do piso da Grande Galeria, por exemplo, não é de 1881,2426"
(como a distância entre o Plano da Morte e o Plano da Vida), mas sim, de 1881,2223"
— uma diferença de cerca de um qüinquagésimo de polegada. Se essa diferença for con-
siderada como significativa, então poderá fazer com que a data do esperado retorno
messiânico seja adiantada de cerca de uma semana. Além disso, o ponto "A" não está
120", mas apenas cerca de 119" acima do piso da Grande Galeria, do ponto que parece
mostrar a crucificação de Jesus de Nazaré. Este fato não afeta de maneira alguma os nossos
cálculos mas, se adotássemos uma abordagem diferente e outra medida, não 2001,58"
a partir do ponto "X", mas 1881 Ví" a partir do ponto "A", então a datação do evento mes-
siânico teria de ser adiantada para o final de 2033 d.C. Por último, nossas medidas a
respeito foram baseadas na cifra de 2001,58" quando foi a cifra 2000 que nos lançou
por essa linha de raciocínio — de modo que um acontecimento messiânico em2033 d.C.
é uma possibilidade que não deve ser descartada de todo, apesar de o cronógrafo apon-
tar de maneira bastante clara para 2034 (vide p. 115).
E isto nos leva ao derradeiro e talvez mais intrigante dos fatos sem explicação —
um, que já tivemos oportunidade de discutir em parte, em diversas oportunidades.
Já ficou claro que a Grande Pirâmide foi projetada e planejada como uma mensagem

194
a toda a humanidade e, em vista disso, pode parecer surpreendente — pelo menos
de início — descobrir que o monumento tem tanto a dizer sobre o desenvolvimento
da sociedade ocidental de um modo geral e sobre o cristianismo em particular. Na
verdade, o desequilíbrio pode ser mais aparente do que real e os acontecimentos rela-
cionados podem ser mais mundiais do que se acredita. No entanto, a parte final do
cronógrafo em especial parece dar maior destaque aos acontecimentos na Europa e
no Ocidente de um modo geral, ao invés dos fatos verificados no Oriente.
Uma breve reflexão revelará a razão para isso. Basta nos perguntarmos quais acon-
tecimentos históricos foram mais significativospara moldar a condição atual do mun-
do para entendermos que, a partir do Renascimento em diante, a maior força para
o desenvolvimento da sociedade humana se tem baseado na influência dos pensa-
mentos e costumes europeus. Nas artes e ciências, nos estudos e na moralidade, nos
relacionamentos sociais e políticos, em quase todas as esferas da atividade humana,
tem sido o Ocidente que, de maneira crescente, "dita as regras" para o resto do mundo.
Os movimentos ocidentais são hoje movimentos mundiais. As crises ocidentais são
crises mundiais, as guerras ocidentais são guerras mundiais. E, por outro lado, ne-
nhum esforço tem sido economizado nos últimos séculos para vender ao resto do mun-
do a idéia de que a sociedade ocidental é a melhor sociedade, que as crenças ociden-
tais são as melhores crenças, que as roupas e o estilo de vida ocidentais são as melho-
res roupas e o melhor estilo de vida — idéias cujo vazio só começou a ser questionado
nos anos mais recentes. E, por mais estranho que pareça, a origem de toda essa linha
de raciocínio teve muito a ver com a crença característica dos primeiros missionários
cristãos de que a sua religião era a melhor de todas — que era a única religião verda-
deira —, uma crença originada diretamente na convicção de que o fundador dessa
religião tinha sido o próprio Deus, em sua forma humana. Em resumo, o cristianismo
e o "europeanismo" têm andado de mãos dadas, e, o caminho pelo qual o "Jesus
Branco" tem levado, o mundo inteiro tem seguido.
Nada disso surpreende quando nos lembramos de que o cristianismo (ao contrá-
rio do verdadeiro nazarenismo) é, tanto do ponto de vista conceituai como histórico,
uma religião de bases européias — mais ainda, uma religião cuja gênese como movi-
mento "separado" parece ter sido prevista pelo próprio projetista da Pirâmide. E,
neste ponto, somos de novo forçados a indagaT por que a Pirâmide teria tanto a dizer
sobre o desenvolvimento do cristianismo e tão pouco sobre qualquer das religiões "ri-
vais" do cristianismo.
A única maneira pela qual podemos conciliar as alegações aparentemente sectárias
sobre o cristianismo com a mensagem universal da Pirâmide parece ser por meio da
premissa de que o verdadeiro cristianismo, pregado por Jesus de Nazaré, não era sectá-
rio e não tinha religiões rivais. Suspeita-se, ao invés disso, que o cristianismo era apenas
um desenvolvimento lógico mais profundo do Plano Messiânico e religioso mundial,
descrito na Pirâmide e manifestado em todas as principais religiões do mundo. Em ou-
tras palavras, nossa pesquisa sobre a Pirâmide precisa ter olhos que vejam Jesus não
como um oponente de figuras como Osíris, o Buda, Krishna, Lao Tsu ou Quetzalcoatl
— e menos ainda de Moisés mas sim, como seu lógico e supremo sucessor. De fato,
este é o ponto de vista de muitos budistas modernos. Assim, tudo aquilo que Jesus en-
sinou seria (no caso de o registro da Pirâmide ser considerado verdadeiro) uma seqüên-
cia lógica e consistente do núcleo daquelas crenças anteriores — nada mais nada me-

195
nos que uma reafirmação do que o destacado James Churchward (vide Santesson,
p. 372) via como um conhecimento que havia sido universal entre toda a humanidade
antiga, a verdadeira religião da qual as outras religiões estabelecidas se teriam origi-
nado, ou melhor, declinado. E aqui parece existir justificativa mais do que suficiente
para um exame inteiramente novo de Jesus e de seus ensinamentos, a partir de um
ponto de vista independente da exegese exclusiva e sectária do cristianismo tradicional.
Não são poucos os cristãos que tomam o celebrado texto " E u sou o Caminho,
a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por m i m " (João 14,6) como uma
justificativa direta da crença de que o cristianismo, entre todas as outras religiões,
é a única que contém toda a Verdade. No entanto, é preciso lembrar que esse pro-
nunciamento foi feito pelo Jesus do Evangelho de João, cujo autor deixa bem claro, des-
de o começo, que o seu Christos é um espírito eterno que existia bem antes de o tem-
po começar. Ele é o Verbo que dá vida, ou "pensamento" de Deus — nada mais nada
menos do que o mesmo Espírito Santo que, em todos os três Evangelhos sinóticos,
desce sobre Jesus "como uma pomba", no momento do seu batismo. A partir daque-
le momento em diante, o homem Jesus se torna a encarnação daquele Espírito e tudo
o que diz é dito especificamente em seu nome. Daí as extraordinárias alegações feitas
a respeito do texto acima — que não teriam valor algum no caso de um homem co-
mum e que ajudaram a criar a idéia pouco útil de que Jesus era, de certa forma, o
próprio Deus feito homem.
Assim, as palavras de João 14,6 representam uma clara afirmação de parte de Je-
sus no sentido de que qualquer homem que alcance a vida eterna o faz apenas por
intermédio da ação da entidade espiritual messiânica conhecida como o Espírito San-
to — do mesmo modo como São Paulo sugeriu mais tarde (por exemplo, em 1 Corín-
tios 12,3) que toda boa ação do homem é, por definição, necessariamente inspirada
por aquele mesmo espírito.
As escrituras budistas e hindus, assim como a literatura religiosa (para tomar apenas
dois exemplos particulares), deixam claro que numerosos santos e sábios dessas reli-
giões conseguiram, no passado, alcançar a imortalidade espiritual — bem como reali-
zar uma vasta gama de outros milagres mais do que iguais, tanto em número como
em esplendor, aos relatados milagres de Jesus. Então, não existindo uma razão a prio-
ri para que esses textos orientais sejam vistos como tendo maior ou menor validade
do que as escrituras judaicas ou cristãs, somos levados a concluir que as ilustres figu-
ras em questão, tendo conquistado sua imortalidade, foram capazes disso através da
ação do mesmo Espírito Santo.
Disso se deduz, logicamente, que os ensinamentos básicos de Jesus, que falava
em nome do mesmo Espírito Santo, não podem estar em sério conflito com aqueles
do hinduísmo ou do budismo, sejam, quais forem as diferenças que possam existir
quanto a palavras e símbolos em particular, através dos quais os ensinamentos são
expressados. E mesmo aqui as semelhanças são surpreendentes.
"Pois eu sou o sacrifício e a dádiva, o presente sagrado e a planta sagrada", diz
Krishna no Bhagavad Cita dos hindus. " E u sou as palavras sagradas, a comida sagra-
da, o fogo sagrado e a dádiva que é concedida no fogo. Sou o Pai deste universo e
mesmo a Fonte do Pai. Sou a Mãe deste universo e o Criador de tudo. Sou o Mais
Alto a ser conhecido, o Caminho da purificação, o sagrado OM, os Três Vedas. Sou

196
o Caminho e o mestre que observa em silêncio. Sou teu amigo e teu abrigo e tua casa
de paz. Sou o começo e o meio e o fim de todas as coisas; suas sementes de Eternida-
de, seu Tesouro supremo. O calor do sol vem de mim e eu mando e faço parar a chu-
va. Eu sou vida imortal e morte. Eu sou o que é e eu sou o que não é... 9
" T u d o o que fizeres, ou comeres, ou deres, ou ofereceTes em adoração, faze com
que seja uma oferta a-mim. E tudo o que sofreres, sofre por mim. Assim serás liberta-
do dos grilhões do carma que produz frutos que são maus e bons. E, com tua alma
unida em renúncia, sereis livres e vireis a mim... Esta é minha palavra de promessa,
de que aquele que me ama não perecerá.
"Para que saibas que tudo que é bonito e bom, tudo que tem glória e poder é
apenas uma parte de meu próprio brilho.,. Para saberes que com uma única fração
de meu Ser eu saturo e sustento o Universo e para saberes que EU SOU.
" Q u a n d o a justiça é fraca e enfraquece mais e a injustiça exulta no orgulho, então
o meu Espírito surge na Terra. Pela salvação daqueles que são bons, pela destruição
dos homens maus, pela realização do reinado do direito, eu venho a este mundo nos
tempos que passam. Aquele que conhece meu nascimento como Deus e que sabe de
meu sacrifício, quando deixar seu corpo imortal, não irá mais de morte para morte,
porque na verdade estará vindo a mim... Seja qual for a maneira como os homens
me amam, dessa mesma forma encontrarão o meu amor: porque muitos são os cami-
nhos do homem, mas, no fim, todos vêm a m i m " (Bhagavad Gita, 9, 10, 4, seleciona-
dos e traduzidos por J. Mascaro).
Claro que o argumento acima nada prova. É apenas uma demonstração lógica,
baseada em premissas textuais que, em si mesmas, não estão acima de suspeitas —
por mais impressionantes que possam ser as semelhanças entre os textos. Mesmo as-
sim, talvez tenha ficado claro que a Verdade — seja o que for que entendamos por
essa palavra — no fim é tanto uma só como infinita e a homem algum nem a qualquer
religião é dado conhecê-la por inteiro. Uma vez o Buda demonstrou essa proposta
em apanhando algumas folhas do chão da floresta: segundo observou, o que havia
revelado estava para o que não havia revelado da mesma forma que as folhas em sua
mente estavam para as que permaneciam no chão da floresta. Do mesmo modo, o
autor do Evangelho de João mostra Jesus declarando (16,12): " T e n h o ainda muito que
vos dizer, mas não podeis agora suportar".
Também se diz que o Buda elucidou melhor ainda essa proposta em termos de uma
parábola. Parece que certo mandatário indiano uma vez chamou a sua presença quatro
homens cegos (talvez haja aqui um relacionamento simbólico com os cegos das profe-
cias messiânicas judaicas) e, colocando um elefante ao lado deles, pediu a cada um que
dissesse o que era. O primeiro, sentindo a tromba do animal, identificou o elefante co-
mo um vaso. O segundo, ao sentir uma das enormes patas, disse que era uma árvore.
O terceiro, examinando a cauda, anunciou estar diante de uma vassoura. E o quarto,
podendo sentir no tato uma das orelhas do paquiderme, disse tratar-se de um grande
abanador. E os quatro ficaram discutindo entre si, cada um manifestando a opinião
de estar certo — e em parte isso era verdade — enquanto os outros todos estavam erra-
dos, E o Buda concluiu dizendo ser assim mesmo quando nós, que pouco ou nada sa-
bemos da Realidade, discutimos sobre a natureza e definição da Verdade.

197
E taSvez seja também significativo que a Grande Pirâmide, ainda incompleta, te-
nha, da mesma forma, quatro faces, para o norte, sul, leste e oeste. Como a também
incompleta (e até semelhante!) Torre de Babel, do Velho Testamento, ela representa
a humanidade dividida. Mas, no fim, com a colocação da messiânica pedra do ápice
que coroa o monumento, poder-se-á ver que todas as quatro facetas, na Realidade,
representam um único diamante de verdade e que todos alcançam sua culminação
e sua unidade supTema no advento do futuro Cristo.

Nota Histórica

Os livros de história oficiais em geral afirmam que as três câmaras principais da


Grande Pirâmide foram resultado de mudanças de planos arquitetônicos relativos à lo-
calização da suposta câmara de sepultamento. No entanto, os claros relacionamentos
geométricos entre as câmaras (vide, por exemplo, a p. 188) tornam essa teoria muito
improvável, enquanto a existência de um conjunto completo de Passagens Experimen-
tais nas rochas, pouco a leste da Pirâmide (vide mapa na página 290 e diagrama na pági-
na a seguir) — onde se podem encontrar partes experimentais que correspondem a to-
das as principais passagens da Pirâmide —, desmentem de uma vez toda essa idéia.
De fato, essas escavações também podem ter sido usadas para estabelecer as datas para
o cronógrafo da Pirâmide em termos do posicionamento final das Linhas Demarcadas.
Além disso, a teoria histórica aceita afirma que o rei Khufu foi sepultado na Câ-
mara do Rei da Pirâmide (apesar das declarações de Heródoto e de Diodoro em con-
trário) e que a Passagem Ascendente foi então bloqueada colocando-se em posição
os três blocos do Tampão de Granito, que até então haviam estado guardados na Gran-
de Galeria, em algum tipo de plataforma de madeira fixada às paredes da Galeria.
E, segundo essa teoria, os trabalhadores responsáveis por essa tarefa teriam conse-
guido fugir pelo Poço-Fonte, que depois teria sido fechado atrás deles, assim como
a entrada inferior da Passagem Ascendente.
No entanto, essa teoria provoca dúvidas pelo fato de que, quando as passagens
superiores foram descobertas pela primeira vez, pelo califa Al Mamoun, em 820 d.C.,
o sarcófago existente na Câmara do Rei estava vazio, sem inscrição alguma e sem tampa,
enquanto as passagens que levavam a ele permaneciam aparentemente tão bem la-
cradas como no dia em que os construtores as deixaram. Por outro lado, o sarcófago
em si é mais largo do que a entrada inferior para a Passagem Ascendente, de modo
que não poderia ter sido introduzido ali depois de completado o edifício. Além do mais,
é pouco provável a possibilidade de os blocos do Tampão de Granito terem sido es-
corregados pela Passagem Ascendente depois do sepultamento para suas posições
atuais, já que não há espaço vertical para isso. Por outro lado, a insistência do clássico
historiador Estrabão de que o sistema inferior de passagens podia ser penetrado com
facilidade nos tempos antigos, bastando para isso que uma das pedras do revestimento
fosse removida, é muito difícil de combinar com a sugestão de que o Tampão de Gra-
nito era parte de um sistema de complexas medidas de segurança para a proteção
de uma "sepultura real" — quando os ladrões em potencial podiam, presumivelmente,
dar a volta pelo Tampão de Granito e penetrar nas passagens superiores por meio do

198
199
sagem Descendente, que o Caminho da Morte acaba sendo potencialmente transfor-
mado em Caminho da Vida. De novo, o sistema de passagens nos fala de uma pessoa
que, na morte, conseguiu passar para a Passagem Ascendente, entrar na Câmara do
Rei e — tendo o caminho para cima sido lacrado atrás dele — "abrir" o sarcófago,
escapar da sepultura e assim alcançar a união total com o Divino.
O paralelo com a história bíblica da crucificação e ressurreição de Jesus de Nazaré
é claro e fantástico — mesmo quanto ao fechamento do caminho celestial atrás dele
(refletido no rolar da pedra diante do sepulcro e nas palavras de Jesus: "Onde eu
estou vós não podeis vir", em João 7,34). Isto sem falar no desaparecimento do corpo,
no mistério do sepulcro vazio, na suspeita de que o corpo teria sido roubado e na
idéia de uma ressurreição espiritual. E só com o eventual retorno triunfante do Messias-
Rei com toda a sua força — seja o egípcio Osíris ou o cristão Jesus — os portões da
vitória poderão ser abertos para toda a humanidade e um povo justo poderá por fim
ser levado sua herança eterna.
Então, mesmo a partir dos históricos mal-entendidos dos dias atuais, parece ha-
ver algo de valor simbólico para aprendermos.

200
NOTAS DO CAPÍTULO 5

1. Em virtude da natureza física da ocasião das tribulações, parece apropriado que esses so-
frimentos sejam mostrados como parte do Detalhe Subterrâneo, de orientação física, ao
invés de qualquer das outras passagens. Também é lógico que os acontecimentos de pre-
dominância espiritual da iniciativa messiânica de quatro etapas sejam mostrados nas pas-
sagens superiores igualmente espirituais, ao invés de se localizarem nas inferiores.

2. A Passagem Descendente da Pirâmide foi construída sobre uma extraordinária plataforma


inclinada de pedra calcária conhecida como a Grande Folha do Porão. Ela tem cerca de 33
pés de largura, fato que talvez reflita de maneira bastante clara as palavras atribuídas a
Jesus.

3. Comparar a nota 17, na p. 160, com as ilustrações da p. 186.

4. Todas as medidas continuam a ser mostradas em Polegadas Primitivas, exceto onde hou-
ver observação em contrário.

5. Em termos do código da Pirâmide, é interessante notar que o mais próximo número inteiro
de polegadas até 2001,58 é 2002 — que, por sua vez, é exatamente 7 x 286. Assim, é bastante
tentador vermos essa distância como simbólica da perfeição espiritual da iluminação — uma
interpretação que só combinaria por completo, em simbolismo, com a localização do ponto
" A " num lugar possível de alcançar apenas pelos eleitos que tiverem conseguido obter
acesso à parte superior do piso da Grande Galeria.

Por outro lado, deve-se destacar que a "correção" de 2001,58" para 2002" parece ir
contra o procedimento padrão estabelecido em nosso código hipotético (enquanto a "cor-
reção" de 286,1" para 286 é aceitável). Apenas pelo estabelecimento de uma tolerância de
construção até meia polegada neste ponto seria possível ler 2001,58" como 2002 e não co-
mo 2001. Por mais estranho que pareça, uma tal leitura poderia ser justificada se as tolerân-
cias de construção da Pirâmide pudessem ser interpretadas não com a forma de quantidades geométri-
cas fixas (por exemplo, 0,01 de polegada), mas de proporções aritméticas fixas (por exemplo,
1 em 100). Esse conceito seria razoável. E, neste caso, uma discrepância de menos de meia
polegada em dois mil representaria uma tolerância melhor do que 1:1000 — que, conforme
qualquer padrão, é bastante aproximada. Como conseqüência, a leitura simbólica sugerida
acima não pode, afinal de contas, ir além do reinado da possibilidade razoável.

6. O projeto da Pirâmide parece dar apoio a essa idéia. Como já vimos antes, o comprimento
de U(V)A — isto é, 2001,58" — parece pedir identificação como o equivalente do código
de 7 x 286, significando, portanto, a perfeição espiritual da iluminação/o iluminado. Mas
existe um paralelo óbvio no fato de que o perímetro do circuito-quadrado interno (ou cons-
truído) da plataforma do ápice da Pirâmide também mede 7 x 286,1". Por outro lado, essa
plataforma foi construída para eventualmente servir de apoio à pedra do ápice, cujo circuito-
quadrado da base projetada mede 8 x 286,1" exatas. Além do mais, a pedra do ápice, con-
forme o próprio perímetro de sua base confirma (8 x 286,1" = renascimento do(s) ilumina-
do^) ou, talvez, a volta do Iniciado), simboliza de maneira bem clara o retorno do Messias.
Assim, o esperado acontecimento já mostra, no projeto da pedra do ápice, vínculos muito
claros com o número 2002 (7 x 286,1 = 2002,7), e esse fato poderia muito bem ter um signi-
ficado cronológico, assim como simbólico.

7. Da mesma forma, a data alternativa posterior para a crucificação, sugerida na nota da p.


159, atrasaria esse acontecimento messiânico para 2039 ou 2040 d.C. —, identificando

201
Resumo Cronológico dos
Acontecimentos Apontados pela
Grande Pirâmide

Data Acontecimento Possível identificação


histórica

a.C.
2663 (solstício (Entrada no Construção (?) da Pirâ-
de verão) sistema de mide tem início durante
passagens) reinado do faraó Khufu.

2141 (equinócio (Linhas Demarca- (Ano de partida para o


da primavera) cadas alinha- cronógrafo da
das com as Pirâmide).
Plêiades)

1453 (30 de março) Início de um Êxodo judeu do Egito.


novo caminho Formulação da Lei
para cima Judaica no Monte Horeb.
Era da composição dos
Vedas hindus.

797-765 Período de for- 13? jubileu israelita?


mação de acon-
tecimento favo-
rável

592-559 Período de for- Princípio do cativeiro


mação de ad- dos judeus na Babilô-
versidade nia e destruição do
Templo de Salomão.
Declínio do Egito.
Era de Escuridão pre-
cedendo o repentino
surgimento do budismo,
confucionismo, taoísmo
e, na Europa, dos pita-
góricos.

203
384-352 Período de for- Era de Platão e
mação favo- Aristóteles,
rável Nascimento de
Alexandre Magno.

2 Nascimento da Nascimento de Jesus


figura messiâ- de Nazaré.
(27 de setembro) nica central

d.C. Preparação da Batismo de Jesus de


29 (14 de outubro) figura messiâ- Nazaré.
nica completada (?)

33 (1? de abril) Conquista da ilu- Crucificação de Jesus


minação total de Nazaré.
pela figura mes-
siânica: início
do caminho dos
iluminados

46 (março) Missão da figura Viagens missionárias de


58 (abril) messiânica infe- Paulo ao mundo não
rior judeu.
Nascimento da idéia
budista de safvação
pela fé num
bodhisattva (salva-
dor)

58-82 Período de morte Era de Nero, Vespasiano,


física e des- Tito. Revolta judaica e
truição, guerra.

70 Acontecimento Tito manda saquear


centrai do Jerusalém.
período

152 Separação do Rompimento final entre


caminho desen- os nazarenos, o judaís-
carnado dos ilu- mo oficial e os cris-
minados, do cami- tãos.
nho estático do
renascimento
físico

1223-28 O homem começa a Morte de Francisco de As-


"amadurecer": sis: reforma franciscana e
volta aos ensi- dominicana. Tomás de
namentos messiâ- Aquino. Estabelecimento ex-
nicos básicos: perimental de modernos
primeiros passos princípios científicos: Bispo
para o estabele- Grosseteste, frei Bacon.
cimento do infer-
no na Terra
1440-1521 Eventos cruciais levando di- Invenção da prensa na Eu-
retamente à era do inferno ropa; queda de Constanti-
na Terra nopla; o Renascimento; a
Reforma; a redescoberta da
América; circunavegação do
globo.
1767-1848 Era idealista de Guerra da Independência
turbulência Americana; Revolução
física Francesa; Guerras Na-
poleônicas; outras re-
voluções na França,
Áustria, Hungria, Ale-
manha, Itália; funda-
ção do marxismo.
1845 Primeiros pas- Disseminação dos efeitos
sos para a da Revolução Indus-
fundação da trial; ferrovias; in-
Era Final venção do telégrafo;
rápido desenvolvimento
em todos os ramos da
ciência e nas artes;
a era romântica; auro-
ra do orientalismo na
Europa.
1914 (verão) Final da era Começo da Primeira Guerra
desencarnada Mundial: sinais de rá-
para os ilumina- pido aumento popula-
dos: começo da cional como resultado
era do inferno dos progressos na tec-
na Terra c de nologia da medicina.
possível
reencarnação
universal
1918 3 anos) Ponto de redu- Final da Primeira Guerra.
zido materia-
lismo
1921-32 (+ 3 anos) Era de progresso
físico
1932-39 (+ 3 anos) Rápido declínio Preparativos para a Se-
na condição da gunda Guerra Mundial.
civilização
1933-85 O Christos começa
a infiltrar-se nos
planos da Terra

1933-44 Ascensão e queda Adolf Hitler (?)


de um Anti-Messias (?)

1935-37 ( ± 3 anos) Declínio espiritual


de toda a humanidade

205
1945 ( 1 3 anos) Novas influên- Descoberta dos Manuscri-
cias espirituais tos do Mar Morto e
envolvendo a vol- revelação
ta aos princí- dos ensinamentos
pios Messiânicos essênios.
básicos

1951-65 ( + 3 anos) Rápida recupera- Recuperação do após-


ção da civili- guerra.
zação

1967 (± 3 anos) Declínio moral/ A sociedade


espiritual permissiva (?)

1971 (± 3 anos) Atrasos repen- Crises mundiais de po-


tinos para as luição, população e
sociedades ci- matérias-primas (?) ...
vilizadas

1977V78 ( í 3 anos) - Colapso parcial


2004 (+ 3 anos) e declínio con-
tinuado das socie-
dades civili-
zadas

ígss 2 (30 de novem- Poderosas influên-


bro) cias espirituais
começam a se irra-
diar sobre os
iluminados

19993 (21 de feve- Estabelecimento final do


reiro) Reino do Espírito — uma
forma única e separada de
sociedade humana baseada
apenas na fidelidade ao
espiritual

2004-25 (+ 3 anos) Colapso total da civilização


materialista

2014-32 (+ 3 anos) Ponto de reduzido espiritua-


lismo da parte da humani-
dade em geral

2025 (+ 3 anos) Restabelecimento


parcial das sociedades
civilizadas

20344 (31 de outubro) Aparecimento do Sinal do


Messias no céu

206
29896 (2 de julho) Início do verdadeiro Milênio
— a era da fuga final para
os iluminados
3279 Final da era de ini-
ciação para os
parcialmente ilu-
minados que se reen-
carnam

39897 Conclusão do verda-


deiro Milênio;
final da era da fuga
humana para os planos
espirituais

Sem data Progresso nao-temporal,


não-físico das almas
iluminadas da humani-
dade através de cinco
planos de experiência
espiritual não-relativos,
culminando na união
completa com o Divino.

Nota sobre as datas

As datas teóricas para a Câmara da Rainha e sua Passagem (cj.v.) baseiam-se to-
das elas na suposição de que o degrau inicial para baixo da Passagem, que assinala
a data de 58 d.C., era originalmente vertical, conforme pensam Rutherford e outros
estudiosos. Por outro lado, deve-se admitir que muitos dos diagramas antigos (por
exemplo o de Edgar) mostram esse degrau no mesmo estado quebrado, "não-vertical"
em que o encontramos hoje. Por conseguinte, não se pode ignorar a possibilidade
de que ele sempre tenha sido de natureza não-vertical.
Se tomarmos o caminho dessa suposição e também imaginarmos (ao centrário
do código, conforme postulado) que um degrau vertical, intermediário na passagem,
sobrepõe-se a quaisquer outros degraus que dizem respeito à passagem em questão,
então todo o detalhe horizontal adquire uma nova escala de ln por ano.
Assim, se persistirmos em datar o seu início em 1? de abril de 58 d.C., as novas
datas para a Câmara da Rainha e sua Passagem serão as seguintes:

Degrau no meio da passagem; Meio do verão, 6225 d.C. [antes 1228]

Entrada na Câmara da Rainha: Primavera, 7276 d.C. [antes 2279]

Parede sul, Câmara da Rainha: Primavera, 8276 d.C. [antes 3279]

Em outras palavras, o Milênio aqui representado não seria de forma alguma a era
de Aquário, mas sim de Sagitário, cujas datas teóricas vão de 6330 d.C. a 8490 d.C.
(comparar "Paralelos Astrológicos", pp. 306-313). A primeira metade dessa era cor-
responderia, assim, ao "amadurecimento" do homem e ao "retorno à Terra", na parte

208
NOTAS DO CAPÍTULO 6
1290 anos depois de 688 d.C., data da fundação da Cúpula da Rocha no local do Templo
de Jerusalém (vide Daniel 12,11 e capítulo 7 em seguida). Mas, 1290 anos depois do término
da mesquita (em 691 d.C.) produziria uma data de uns três anos mais tarde — tendo essa
correção já sido sugerida (na p. 151) como aplicável às datas da Câmara Subterrânea mos-
tradas acima como aproximações.

1966, pelas estimativas de Rutherford.

Começo do terceiro "dia" de 1000 anos depois de 2 a.C. (porém 1979, segundo as estimati-
vas de Rutherford).

Início do terceiro "dia" de 1000 anos depois de 33 d.C. (porém 2015 d.C., se as estimativas
anteriores de Rutherford forem tomadas como base).

Três "eras" de 840 anos depois de 49 d.C. (vide Daniel 12,7), quando o príncipe messiâni-
co — Paulo — apareceu em Jerusalém para explicar suas viagens missionárias, que se desti-
navam especificamente a "disseminar o poder do povo santo" entre os gentios (vide Da-
niel 12,7). E esse mesmo evento teve lugar cerca de sete "semanas de anos" depois do nas-
cimento de Jesus de Nazaré (vide Daniel 9,25), dedicado como estava este à restauração
de "Jerusalém", isto é, do Reino do Céu na Terra.

Setenta "semanas de anos" depois de 2499 (assinalado acima: vide Daniel 9,24). Metade
de uma "era" de 840 anos depois de 2569 (assinalado acima: vide Daniel 12,7). 2300 anos
depois de 688-91 d.C. (construção da Cúpula da Rocha aparentemente mencionada em Da-
niel 8,14).
Essas confusas e aparentemente coincidentes correlações com as obscuras e também
confusas profecias do Livro de Daniel talvez possam ser significativas. Em particular a notó-
ria profecia de "tempo, tempos e metade de um tempo" parece vincular duas das datas
relacionadas pela Pirâmide com um acontecimento bíblico conhecido, presumindo-se que
um "tempo" seria igual a 840 anos e não a 360 anos, conforme se costuma pensar (na ver-
dade os dois números encontrajrs-se vinculados de maneira direta, já que 3 x 840 é igual
a 7 x 360).
Claro que não faz sentido a realização de "profecias" com base nas leituras altamente
arbitrárias das profecias de Daniel. Mas as similaridades sem dúvida despertam a atenção.

Neste ponto talvez valha a pena observar que todos os níveis das três passagens acabam
num ano que termina na cifra 9. De fato, isso acontece com não menos de oito das datas mais
significativas dos próximos séculos — um fato que significa que todos ocorrem em núme-
ros redondos de décadas após o nascimento de Jesus de Nazaré em 2 a.C., se é que a data-
ção da Pirâmide está correta. Essas datas (mostrando entre parênteses o total de anos des-
de a Natividade) são: 1999 (2000), 2039 (2040), 2279 (2280), 2499 (2500), 2569 (2570), 2989
(2990), 3279 (3280) e 3989 (3990). Esses fatos poderiam ser vistos como uma tendência no
sentido de confirmar a validade potencial dos cálculos de tempo aqui envolvidos.
W. B. YEATS (de "The Second Corning")
7

A Pirâmide e os
Textos Sagrados

No curso de nossa investigação da Grande Pirâmide de Gizeh ficou claro que exis-
tem fortes e até confirmadas semelhanças entre a mensagem e simbolismo da Pirâmi-
de e as da maioria dos textos sagrados de todo o mundo. Claro que, entre todos esses
textos, destaca-se a Bíblia judeu-cristã. E, como esse deve ser o mais conhecido com-
pêndio entre a maior parte dos meus leitores, é aos vínculos especificamente bíblicos
da Pirâmide que me proponho dedicar este capítulo.
 parte de o fato do cronógrafo da Pirâmide parecer referir-se de maneira especí-
fica a uma série de acontecimentos cruciais também relatados na Bíblia — em especial
o êxodo israelita do Egito e os eventos relacionados com o nascimento e morte de
Jesus de Nazaré — também existe, como já vimos, uma semelhança geral quanto ao
tema. E o aspecto mais óbvio e característico desse tema é o messianismo — a firme
convicção de que a evolução da alma do homem só chegará ao seu desabrochar su-
premo sob a influência direta das forças mais altas, durante algum tempo futuro de
revolução cataclísmica. E verdade que a interpretação cristã tradicional da mensagem
da Bíblia, graças aos textos do fariseu Paulo, tem servido para dar a impressão de
que o homem nada mais pode fazer senão ficar sentado, viver pedindo perdão e es-
perar a salvação de paTte de algum deus ex machina. Mas o fato é que o Velho Testa-
mento e os Evangelhos mostram, de maneira quase tão clara como a própria Pirâmi-
de, que não existe qualquer outro ser que possa no fim tirar o homem do materialis-
mo e da morte senão o próprio homem — ou o "Filho do Homem", usando o termo
de inspiração oriental (ben adam) ainda usado em hebraico nos dias atuais em referên-
cia aos seres humanos comuns.
Além disso, o cristão médio talvez se surpreenda ao saber que o reino dos céus,
a que o Novo Testamento se refere repetidas vezes, não era visto pelos judeus con-
temporâneos como algum tipo de condição post-mortem de júbilo espiritual. Pelo con-
trário, era visto como uma Era Dourada, claramente física, sobre a Terra1 — um futu-
ro Milênio do qual os justos falecidos, depois do renascimento físico, poderiam des-
frutar. Os tradutores cristãos chamam essa era de " u m mundo do porvir" — mas na
verdade fala-se de "coisas renovadas" (Mateus 19,28). Foi a errada concepção popular

213
dessa idéia de renascimento físico durante o Milênio que serviu de base para o costu-
me de embalsamar os mortos. Afinal, dizia-se, de que outra forma poderiam os mor-
tos voltar para desfrutar da Era Dourada, se não tivessem mais o corpo para encarnar-
se? " O s teus mortos tornarão a viver, os teus cadáveres ressurgirão", escreveu o pro-
feta Isaías (26,19). "Despertai e cantai, vós que habitais o pó, porque o teu orvalho
será um orvalho luminoso e a terra dará à luz sombras".
Claro que é preciso ser um iniciado para entender até que ponto a maior parte
das verdades espirituais se corrompem e distorcem no processo da disseminação po-
pulaT. E, neste caso em particular, foi preciso um Jesus para esclarecer que, ao contrá-
rio da crença popular, a chamada ressurreição da carne não representava a reanima-
ção dos cadáveres falecidos muito tempo antes, mas, sim, o processo descrito pela
velha doutrina da reencarnação humana.
Por mais desagradável que pudesse parecer aos fariseus tradicionais como
Nicodemo2, a verdade básica ainda tinha de ser enfrentada: "Quem não nascer do al-
to, não pode ver o Reino de Deus". Nicodemo deve ter feito todo o possível — como
muitos cristãos fazem ainda hoje — para fazer de conta que as palavras de Jesus signi-
ficavam algo diferente daquilo que ele realmente dizia. Mas o renascimento da alma
numa sucessão de corpos humanos terrenos — incluindo aquele do Milênio — era ab-
solutamente básico para a existência humana. "Quem não nascer da água do Espírito
não pode entrar no Reino de Deus", continuou Jesus, referindo-se à dupla natureza
do homem como entidade física com uma identidade e herança espiritual. " O que nasceu
da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver
dito: deveis nascer do alto. O vento (usando uma palavra que significava tanto o ar
como também o espírito) sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde
vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito".
Em outras palavras, a história de nossas almas em geral é desconhecida para nós.
Assim também é com o padrão de seus futuros renascimentos. Tudo que sabemos
com certeza é que a alma está conosco agora. No entanto, parece ter havido um tem-
po em que as almas eram seres totalmente espirituais que ignoravam a mortalidade
e parece também que elas têm condição de recuperar aquele estado abençoado. "Nin-
guém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem", conti-
nuou Jesus, usando mais uma vez a expressão oriental "filho do homem" para se
referir ao ser humano. Mas ao homem caído faltava a autoconfiança para dar o gigan-
tesco salto de volta. Ele precisava de um líder, de um modelo. E esse era o papel que
Jesus via para si mesmo. "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é ne-
cessário que seja levantado este Filho do Homem", continuou Jesus (desta vez indi-
cando sua própria pessoa), " a fim de que todo aquele que crer tenha nele a vida eter-
n a " . A serpente a que se referia (Números 21, 6-9) tinha sido uma espécie de talismã,
que parecia dar a todos que a viam a foTça de vontade e o poder para se recuperar
de mordidas de cobra. 3 Em outras palavras, por meio do conhecimento do próprio
exemplo de Jesus, o homem, tendo caído, podia aprender a recuperar-se de sua doença
mortal e soerguer-se de novo.
Não há nada de mágico aqui, nada de salvadores que tudo conquistam, nenhum
dogma abstruso de expiação teológica. Apenas a história de um homem que assumiu

214
por sua própria vontade o papel de mostrar aos demais o caminho de saída dessa
antiga escravidão ao ciclo dos renascimentos físicos, ensinando-lhes o conhecimento
da única Verdade que os poderia libertar.
Pode parecer surpreendente, a partir de um ponto de vista cristão tradicional, a
interpretação do terceiro capítulo do Evangelho de João (3, 3-8,13-15). Mas poucos cris-
tãos sabem até que ponto a interpretação que uma pessoa faz da Bíblia depende das
crenças e suposições ali "colocadas" em primeiro lugar. De fato, sabe-se que muitas
das mais básicas suposições cristãs eram completamente estranhas para as mentes
dos homens que escreveram os evangelhos, sendo certo que jamais passaram pela
cabeça daquele que foi o mais devoto dos judeus, que conhecemos como Jesus de
Nazaré. Já nos referimos a tradicional idéia cristã do reino do céu como sendo contrá-
ria ao pensamento judeu contemporâneo. Por outro lado, a sugestão de que a Unida-
de Divina poderia de alguma forma ser encaixada em três "pessoas" encontra-se em
franco contraste com qualquer coisa em que os judeus fervorosos jamais poderiam
acreditar (e que, como a maioria dos intelectuais cristãos sabe muito bem, deve sua
gênese principalmente às manobras políticas dentro da Igreja primitiva). Por sua vez,
a idéia de que qualquer homem pudesse ser Deus em forma humana não parece ser
algo que o próprio Jesus ou qualquer de seus seguidores pudesse defender. E isto
porque, segundo os termos básicos da doutrina judia, a própria idéia se constituiria
na mais ousada das blasfêmias. É verdade que a nação judia considerava-se do ponto
de vista coletivo como o filho de Deus, sendo cada um dos seus cidadãos um filho
de Deus, mas nenhuma dessas duas idéias implicava de forma alguma um caráter
de divindade. E Jesus, por sua vez, parece ter visto esse relacionamento em termos
de filiação ou adoção, e não consangüinidade (vide, por exemplo, João 8, 42-47). Até
mesmo o futuro Messias (um título real que significava " o ungido", aplicável a qual-
quer rei israelita) sempre foi visto como sendo dotado de natureza física, da mesma
forma que o seu codinome específico de " h o m e m " ou "filho do homem". Jesus foi
de fato crucificado pelo crime de blasfêmia, mas sua crucificação era a pena romana
normal para os casos de blasfêmia contra seu próprio deus-bnperador. A pena dos judeus
para a blasfêmia contra Yaveh era o apedrejamento. 4
No entanto, um grande número de fontes atesta de maneira bastante clara a aceita-
ção, nos dias de Jesus, de uma série bem diversa de crenças e suposições. A crença no
advento de um futuro líder messiânico físico que lideraria o mundo para uma nova era
de paz e abundância, através da ação da nação judia, talvez fosse uma das mais caracte-
rísticas certezas dos judeus nos tempos de Jesus e que, mais tarde, quase levou à com-
pleta erradicação de toda a nação judia por parte do exército romano, 5 Também é bem
documentada a crença no renascimento físico, tendo sido a base das esperanças religio-
sas da maioria dos judeus contemporâneos. E, entre os gnósticos, os essênios e alguns
fariseus daquele período, essa crença parece ter tido estreitos laços de afinidade com
a doutrina oriental de reencarnação cármica humana. 6 Por outro lado, a literatura evan-
gélica que sobreviveu torna bastante difícil evitarmos a conclusão de que também Jesus
deve ter tido esse ponto de vista, nele baseando inclusive a maior parte de seus ensina-
mentos — um fato que deve ter influência direta e radical na interpretação das histórias
e relatos bíblicos sobre os seus pronunciamentos, conforme os recebemos. 7

215
No entanto, como essas mesmas crenças (ou algo bem parecido a elas) parecem
ser básicas à mensagem ou "evangelho" da Grande Pirâmide (assim como à maior
parte das outras principais religiões do mundo), vemo-nos diante da possibilidade
de haver algum vínculo direto entre elas — um vínculo diferente de uma mera inspi-
ração espiritual comum. Além disso, como a Grande Pirâmide é bem mais velha do
que a Bíblia — talvez até mais velha do que a própria nação judia — parece haver pelo
menos uma possibilidade de que a Pirâmide tenha sido uma das fontes do aparente
conhecimento demonstrado pelos vários autores da Bíblia.
Se esse fosse o caso, então seria de se esperar que encontrássemos na Bíblia al-
guns indícios de que uma pirâmide egípcia (com esse nome ou algum outro) seria
considerada por esses autores como dotada de significado especial em relação a suas
fontes de conhecimento. E talvez também pudéssemos desenterrar alguma evidência
de que o simbolismo da pirâmide era considerado por eles como dotado de vínculo
especifico com seus próprios pontos de vista messiânicos sobre a evolução humana.
Portanto, um dos lugares mais óbvios para procurarmos por pistas é o Livro de
Isaías que, do princípio ao fim, é repleto de simbolismo e de profecias relativas ao
final dos tempos. Uma das passagens messiânicas mais significativas desse livro é
encontrada no capítulo 19, onde o futuro advento messiânico é descrito em termos
que podem ser interpretados como referência a uma visita de um ser vindo, do espa-
ço: "Yaveh, montado em uma nuvem veloz, vai ao Egito..." Então, em outro ponto
do mesmo capítulo, vemos esta extraordinária passagem: "Naquele dia, haverá um
altar dedicado a Yaveh no seio do Egito e uma esteia consagrada a Yaveh junto da
sua fronteira. Esses servirão de sinal e testemunho a Yaveh dos Exércitos na terra do
Egito: quando eles clamarem a Yaveh por causa dos seus opressores, este lhes envia-
rá um salvador e defensor que os livrará" (19, 16-17).
O fato mais extraordinário sobre essa passagem é que ela descreve com exatidão
o lugar, a natureza e o significado da Grande Pirâmide de Gizeh. Porque a palavra aqui
traduzida como "altar" tinha para os hebreus dois significados bastante diversos — era
a conhecida pedra ou o altar comemorativo do testemunho. O contexto aqui deixa bem
claro que a intenção era relativa ao segundo significado — e é interessante notar a for-
ma que esses altares de testemunho costumavam ter. Nas palavras de Cruden, em Com-
plete Concordance to the Bible, "Grandes blocos de pedras, levantados como testemunho
de qualquer acontecimento memorável, para preservar a lembrança de alguma coisa
de grande importância, encontram-se entre os mais antigos monumentos dos hebreus".
E os blocos de pedras naturalmente eram os tradicionais altares de testemunho men-
cionados acima — altares como os que teriam sido construídos por Moisés, Jacó, Josué
e Gedeão, para mencionar apenas alguns. Mas é preciso lembrar, neste ponto, que a
mesma descrição poderia aplicar-se com igual precisão à Grande Pirâmide — na verdade
o conjunto de blocos de pedras mais comemorativo que poderia existir!
Além disso, a segunda sentença da passagem bíblica usa a palavra " e s s e s " para
referir-se tanto ao altar em questão como a uma "esteia" (monólito, coluna) sagrada.
Mas como poderia um bloco de pedra ser descrito como uma coluna?
A pesquisa revela que esteia, pilar ou coluna são traduções pouco precisas da pa-
lavra usada no texto original em hebraico. A palavra em questão é matstsebah, que po-

216
de significar qualquer tipo de monumento. De fato, a mesma palavra parece seme-
lhante não apenas com o antigo vocábulo egípcio mstpt (tumba funerária), mas tam-
bém com a palavra árabe mastaba — um monumento funerário que parece ter servido
de base para o projeto das pirâmides egípcias.
Assim, podemos começar a ver o monumento obviamente messiânico de Isaías
tomando a forma de um comemorativo bloco de pedras vinculado de maneira direta
às pirâmides egípcias. A descrição do local, que vem em seguida, permite diminuir
ainda mais a gama de possibilidades. Porque, por mais paradoxal que possa parecer,
o monumento em questão é descrito como sendo localizado " n o seio do Egito" e "junto
da sua fronteira". Mas o aparente paradoxo na verdade não existe porque uma rápi-
da olhada ao mapa da p. 17 revelará que o antigo reinado do Baixo Egito compreen-
dia o Delta do Nilo, que forma um quadrante de círculo quase perfeito, subentenden-
do um ângulo de 90° em seu centro. Portanto, o eixo geométrico desse quadrante
poderia muito bem ser descrito como o seio do reinado, marcando ao mesmo tempo
o ângulo de sua fronteira do sul. E a característica que ocupa esse lugar interessante
(conforme a Pesquisa Costeira dos Estados Unidos descobriu, quase por acidente, em
1868) não é nada mais nada menos do que a própria Grande Pirâmide.
Mas a descrição de Isaías ainda tem maiores evidências a nos oferecer. Não satis-
feito em aludir ao local e à natureza do monumento, o autor vai adiante para nos di-
zer que o edifício tem um papel especificamente messiânico a desempenhar — uma
certa garantia de que, quando o homem por fim levantar um grito em pedido de so-
corro, aparecerá algum tipo de libertador. E também podemos ver essa referência co-
mo confirmação maior da suspeita de que o monumento em questão é a Grande
Pirâmide.
Mas o autor de Isaías tem outra pista enigmática escondida na manga — desta vez
uma aparente referência às dimensões do edifício. Como é sabido, os caracteres escri-
tos do idioma hebraico desempenham a dupla função de representar letras e núme-
ros. E faz muito tempo já se descobriu que a passagem citada acima paTece ter sido
escrita de modo intencional para garantir que o valor numérico total de seus caracte-
res hebraicos seja exatamente 5449. Seja como for, esse é o seu valor. Portanto, é sur-
preendente descobrir que essa cifra está a apenas 0,27 do número de Polegadas Pri-
mitivas da altura da Grande Pirâmide, desde sua base até a plataforma do ápice
(5.448,736P"), tendo sido esta última característica (ainda escondida nos tempos de
Isaías) aparentemente projetada como referência específica à necessidade de o mun-
do imperfeito vir a ter algum tipo de libertador messiânico.
Portanto, a passagem citada de Isaías 19 compreende, de várias maneiras, uma
forte evidência de que pelo menos o seu autor estava ciente do significado da Grande
Pirâmide, tendo-a usado como uma das fontes de seus vastos conhecimentos. Além
do mais, não parece ter estado sozinho nisso.
O autor do Salmo 18, por exemplo, também tinha idéias messiânicas a transmitir
e, como o autor de Isaías 19, faz isso de uma forma que nos faz lembrar bastante a
Pirâmide e sua mensagem:

217
" H á gritos de júbilo e salvação
Nas tendas dos justos:
— A direita de Yaveh faz proezas!
— A direita de Yaveh é excelsa!
— A direita de Yaveh faz proezas!
Jamais morrerei, eu vou viver
para contar as obras de Yaveh!
Yaveh me castigou e castigou,
mas não me entregou à morte!

Abri-me as portas da justiça,


vou entrar celebrando a Yaveh!
Esta é a porta de Yaveh:
os justos por ela entrarão.
Eu te celebro porque me ouviste
e foste a minha salvação!

A pedra que os construtores rejeitaram


tornou-se a pedra angular" 8

O primeiro ponto a observar sobre esta passagem é a sua destacada semelhança


com as palavras do ritual de Osíris com relação à simbólica entrada na Câmara da
Ressurreição — uma aparente alusão a Câmara do Rei da Grande Pirâmide:
"Ave, ó meu Pai de Luz, eu venho com minha carne libertada da podridão; eu
sou perfeito como meu Pai, o auto gerado Deus, cuja imagem está no corpo incorrup-
tível. Tu me fortaleces. Tu me aperfeiçoas como Mestre da Sepultura...
" E u abri as portas... Muito bem está o Grande Ser que se encontra no caixão.
Pois todos os mortos terão passagens abertas para Ele através do embalsamamento.
" A tartaruga morre; Ra vive! ó, Amém, Amém, Amém, que estás no céu, dá tua,
face ao corpo do teu Filho. Deixa-o bem no Hades. Tudo está consumado." 9
Por outro lado, aqui nós somos lembrados da doutrina — e em alguns pontos até
mesmo das próprias palavras — de Jesus de Nazaré que, segundo Mateus 21,42, teria
aplicado a si mesmo as extraordinárias palavras " A pedra que os construtores rejeita-
ram tornou-se a pedra angular". São palavras extraordinárias porque, aqui também,
parece-nos inevitável a conclusão de que o autor original do texto estava se referindo
de modo deliberado à Grande Pirâmide. Claro que qualquer edifício pode ter uma
pedra angular — a maioria tem quatro ou mais —, mas existe apenas um tipo de edifí-
cio que pode ter uma pedra angular principal, ou uma "pedra principal no canto",
como diz uma tradução, e esse tipo de edifício é uma pirâmide. No entanto, a clara
referência aqui é feita de maneira específica a um edifício cuja pedra angular principal
está faltando — e ainda é deixado claro que a colocação final daquela pedra angular
terá uma conotação especificamente messiânica. Portanto, parece que a conclusão aqui
é a de que tanto o saimista como Jesus de Nazaré faziam referência consciente à pe-
dra do ápice que falta na Grande Pirâmide.

218
E essas não são as únicas passagens bíblicas que sugerem a familiaridade de seus
autores com aspectos da mensagem da Pirâmide. O significado messiânico da coloca-
ção final da pedra do ápice sobre a Pirâmide inacabada parece merecer referência tam-
bém no Livro de Zacarias, por exemplo: "Quem és tu, grande montanha?", pergunta
o autor no capítulo 4. "Diante de Zorobabel és uma planície! Ele tirará a pedra de
remate aos gritos: 'Graça, graça a ela!'... As mãos de Zorobabel lançaram os funda-
mentos deste Templo: suas mãos o terminarão. (E vós reconhecereis que Yaveh dos
Exércitos me enviou a vós.) Pois quem desprezou o dia de pequenos acontecimentos?
Que eles se alegrem vendo a pedra escolhida na mão de Zorobabel".
Esse trecho sugere que o edifício será completado pela mesma pessoa que fez as
suas fundações — que, no caso da Grande Pirâmide, envolveria necessariamente a
sua reencarnação. Quanto ao nome dado à pedra, de "remate", poderia ser uma re-
ferência ao "acabamento" messiânico dos iluminados durante a Era Final, conforme
o simbolismo das características internas da Pirâmide.
E parece haver também um eco piramidal no 26? capítulo de Isaías que, logo no
começo, mostra estas palavras: "Temos uma cidade forte; para nossa salvação ele nos
deu muro e antemuro. Abri as portas da cidade, para que entre uma nação justa, que
observa a fidelidade!" Continuando depois dessa passagem quase ao estilo de Osí-
ris, chegamos aos versículos 4, 7 e 8: "Ponde a vossa confiança em Yaveh para todo
o sempre, porque Yaveh é uma rocha eterna... A vereda do justo é reta, tu aplanas
o trilho reto do justo". No entanto, se essa referência fosse significativa, sugeriria
uma interessante identificação entre Yaveh e a "rocha eterna" da Pirâmide — uma
idéia que voltaremos a explorar no capítulo 9 deste livro.
Deixando Isaías e retornando aos Salmos, vemos que o autor do Salmo 84 vê a vi-
da como uma peregrinação bastante parecida com a travessia das passagens da Gran-
de Pirâmide:

"Quão amáveis são tuas moradas,


Yaveh dos Exércitos!...
Felizes os que habitam em tua casa,
eles te louvam sem cessar.
Felizes os homens cuja força está em ti,
e que guardam as peregrinações no coração!
Ao passar pelo Vale das Balsameiras
eles o transformam em fonte,
e a primeira chuva o cobre de bênçãos.
Eles caminham de terraço em terraço,
e Deus lhes aparece em Sião", 1 0

Está claro que essa passagem refere-se de modo ostensivo ao grande Templo de
Jerusalém. Mas, ao mesmo tempo, parece fazer uma referência específica à Fonte da
Vida da Grande Pirâmide, ao fato de que se acha disponível mesmo aos "homens
que perderam sua direção" — e à entrada final na Câmara do Rei. O fato de essa Câ-

219
mara ser identificada pela palavra " S i ã o " — tradicionalmente tomada como uma re-
ferência a Jerusalém — não invalida a possibilidade de uma conotação piramidal. De
fato, sugere a necessidade de se realizarem pesquisas em torno da eventualidade de
o nome Sião (e talvez até Jerusalém) ter sido usado por autores hebreus como palavra
código para a Grande Pirâmide.
Por outro lado, o autor de Jeremias 6 (16,21) oferece mais um interessante exemplo
sobre um possível vínculo entre a Grande Pirâmide e a Bíblia. Neste caso a referência
parece ser à Porta de Subida da Pirâmide ou à Encruzilhada dos Puros Caminhos da
Vida: "Assim disse Yaveh: Parai sobre os vossos caminhos e vede, perguntai sobre
as sendas de outrora: qual era o caminho do bem? Caminhai nele! Então alcançarei
repouso para vós. Mas eles disseram: 'Não caminharemos nele!' Coloquei sobre vós
sentinelas: Atendei ao sinal da trombeta! Mas eles disseram: 'Não atenderemos!' Por
isso escutai, nações, conhece, ó assembléia, o que te irá acontecer! Escuta, terra! Eis
que eu farei vir uma desgraça sobre este povo, fruto de suas cogitações, porque não
atenderam às minhas palavras e desprezaram a minha lei." Daí em diante segue-se
a descrição de algum tipo de holocausto nacional. Aqui, a referência às sentinelas pa-
rece falar dos vários profetas, enquanto as conseqüências da recusa em atender às
palavras e em obedecer à lei parece corresponder de novo a acontecimentos como
aqueles simbolizados na Câmara Subterrânea da Pirâmide.

* * *

Então, se os vínculos entre a Grande Pirâmide e o Velho Testamento bíblico são


tão fortes como alguns deles parecem ser, seria surpreendente se não conseguíssemos
encontrar evidências de que também o próprio Jesus de Nazaré sabia a respeito deles.
De fato, já observamos o claro significado piramidal da celebrada declaração de Jesus:
" A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" (Mateus 21,42).
Outro registro que parece lançar lenha à fogueira é encontrado em Lucas 19,37-40:
' 'Já estava perto da descida do monte das Oliveiras, quando toda a multidão dos discí-
pulos começou, alegremente, a louvar a Deus com voz forte por todos os milagres que
eles tinham visto... Alguns fariseus da multidão lhe disseram: 'Mestre, repreende teus
discípulos'. Ele, porém, respondeu: 'Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão'''.
A interpretação costumeira da última sentença faz com que Jesus pareça um tanto
exagerado. Mas não se deve deixar de lado a possibilidade de esse pronunciamento ter
sido uma referência deliberada às pedras da Grande Pirâmide — em cujo caso essas pa-
lavras poderiam ser vistas como uma maneira misteriosa (e não atípica) de dizer que
aquelas pedras tinham uma mensagem messiânica para a humanidade.
Por outro lado, a parábola encontrada em Lucas 13, 6-9, sobre as quatro visitas
do dono da vinha, parece ser um eco direto das quatro visitas messiânicas menciona-
das na Antecâmara da Grande Pirâmide: "Contou ainda esta parábola: Um homem
tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não os en-
controu. Então, disse ao vinhateiro: 'Há três anos que venho buscar frutos nesta fi-
gueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?' Ele,porém,
respondeu: 'Senhor, deixa-a ainda este ano para que eu cave ao redor e coloque

220
adubo. Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás'". Em suma, a quarta
visita messiânica será final — conforme a Pirâmide também revela.
Além do mais, em conformidade com a mensagem da Pirâmide, o próprio Jesus
insiste, em João 8, 31-32, que será por meio de algum tipo de iluminação que o ho-
mem por fim conseguirá a liberdade de seu cativeiro: "Disse, então, Jesus aos judeus
que nele haviam crido: 'Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente
meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará'". Essa fuga — co-
mo a Grande Pirâmide simboliza em suas Câmaras de Construção — levará ao pri-
meiro de vários planos espirituais e Jesus parece estar se referindo a esse mesmo fato
quando iaz o seguinte comentário: "Na casa de meu Pai há muitas moradas" (João 14,2).
Então, parece que Jesus tinha ciência, assim como vários dos profetas hebreus,
sobre um tal Plano Messiânico para a humanidade, conforme mostrado pela Grande
Pirâmide de Gizeh. E, como ele passou algum tempo no Egito em seus tempos de crian-
ça, não é de todo impossível que tenha sido iniciado nos mistérios sacerdotais desse
país e em especial nos da Grande Pirâmide — conforme o falecido Edgar Cayce (vide
capítulo 8) insistia em afirmar. Isso poderia explicar os extraordinários conhecimentos
que Jesus demonstraria mais tarde. Além disso, se esta suposição estiver correta, en-
tão parece claro que ele deve ter percebido que o cronógrafo da Pirâmide se referia
a sua pessoa e que sua missão era ali mostrada. Na verdade, dois dos seus mais impor-
tantes pronunciamentos parecem ser alusões diretas ao papel messiânico delineado
de maneira específica pela Grande Pirâmide. Com suas palavras " E u sou o Caminho,
a Verdade e a Vida" (João 14,6), Jesus parece ter-se identificado de maneira direta, ain-
da que misteriosa, com o Triângulo Messiânico da Pirâmide, conforme vimos no capí-
tulo 3. E sua descrição de si mesmo como " o pão vivo descido do c é u " (João 6,51),
e como o Filho do Homem que traz o selo de Deus Pai (João 6,28) também parece ser
uma afirmação simbólica direta de identificação com a Folha de Granito da Antecâma-
ra (vide p. 123). Por conseguinte, tendo na lembrança o fato de que a Grande Pirâmide
já estava com mais de quinhentos anos de idade no tempo do semilendário Abraão,
é interessante especular um pouco mais sobre o significado ulterior que Jesus preten-
deria dai a suas palavras quando disse esta frase extraordinária: " E m verdade, em ver-
dade, vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU (João 8,58)". 1 1
E, neste ponto, chegamos aos aparentes vínculos entre as várias profecias bíbli-
cas e piramidais — em especial aquelas que ainda não foram concretizadas em nossos
próprios tempos. Até que ponto as previsões da Grande Pirâmide para o futuro com-
binam com as dos profetas bíblicos?
As previsões da Pirâmide são incrivelmente precisas em sua cronologia, apesar
de, em alguns casos, registrarem um conteúdo de natureza generalizada. Por outro
lado, as profecias bíblicas mostram-se carregadas do excesso de obscuridade demons-
trado por seus autores. Muitos deles parecem ter encarado seus textos como se fos-
sem mensagens semi-secretas dirigidas apenas àqueles "que têm ouvidos para o-
vir" — parecem mensagens codificadas, de iniciados para iniciados. Como conseqüên-
cia disso, a identificação dos pontos de partida para suas profecias é, quando menos,
extremamente secreta: suas unidades calendárias costumam ser ambíguas, quase sem-
pre expressadas em termos codificados. Um " d i a " , por exemplo, parece representar

221
um dia, um ano, 360 anos ou até mesmo 840 anos (vide notas 5 e 6, página 210). E
os acontecimentos a que se referem quase sempre são descritos numa linguagem bas-
tante simbólica e poética que parece não se destinar a ser lida de maneira literal.
Em suma, é possível ler praticamente qualquer coisa nas profecias bíblicas — con-
forme o leitor deve saber, por causa dos esforços daqueles que procuraram interpre-
tar essas profecias. É mais ou menos como ler a sorte no fundo de uma xícara de café:
os resultados costumam depender muito daquilo que já está no subconsciente de quem
lê. Assim, nã® se pode fazer muito aqui além de citaT algumas das mais conhecidas
passagens relacionadas a acontecimentos futuros — em especial àqueles que se refe-
rem ao final da presente era, ao advento messiânico e ao subseqüente Milênio — sem
tentar dar a elas qualquer interpretação.
Com respeito ao final da presente era, o capítulo 24 de Isaías faz a seguinte adver-
tência, que pode ser vista como uma referência ao deslocamento do eixo da Terra e
aos efeitos da poluição mundial. Ela manifesta também alguns ecos do simbolismo
da Câmara Subterrânea, do Fosso e da Passagem Sem Saída da Pirâmide:

"Eis que Yaveh vai assolar a terra e devastá-la,


porá em confusão a sua superfície
e dispersará os seus habitantes...
A terra cobre-se de luto, ela perece;
o mundo definha, ele perece;
a nata do povo da terra definha.
A terra está profanada sob a ação dos seus habitantes;
com efeito, eles transgrediram as leis,
mudaram os estatutos e romperam a aliança
eterna...
O pavor, a cova e a armadilha te ameaçam,
ó habitante da terra!
Aquele que fugir ao grito de pavor
cairá na cova,
aquele que conseguir subir da cova
será apanhado na armadilha.
Com efeito, as cataratas do alto se abriram,
os fundamentos da terra se abalaram.
A terra será toda arrasada,
a terra será sacudida violentamente,
a terra será fortemente abalada.
A terra cambaleará como um embriagado,
ela oscilará como uma cabana,
seu crime pesará sobre ela,
ela cairá e não mais se levantará".

Parecendo fazer referência a esse momento de crise, Isaías ainda afirma que " o s
teus mortos tornarão a viver, os teus cadáveres ressurgirão" (26,19); e Jesus de Na-

222
zaré, segundo Mateus 24,35, também teria aludido ao renascimento universal na mes-
ma época em questão, quando disse estas palavras: "Em verdade vos digo que esta
geração não passará sem que tudo isso aconteça". 12
Por outro lado, o Livro de Daniel representa um prato cheio para os "matemáticos
do juizo final", com suas famosas previsões. Os capítulos 7 e 8, por exemplo, descre-
vem de maneira ostensiva a ascensão e queda de vários reinados e dominadores do
mundo até o "tempo do Fim". Quanto ao espaço cronológico para os acontecimen-
tos previstos, o texto limita-se a dizer o seguinte: " E outro santo disse àquele que
falava: 'Até quando irá a visão do sacrifício perpétuo, da desolação da iniqüidade e
do Santuário e da legião calcados aos pés?' E ele respondeu-lhe: 'Até duas mil e tre-
zentas tardes e manhãs. Então será feita justiça ao Santuário'" (8, 13-14). O significa-
do de "tardes e manhãs" fica a critério de cada um, mas em geral são vistos com
o significado de anos. (Vide nota 6, p. 210 ).
O anjo Gabriel então diz a Daniel: "Filho do Homem, fica sabendo que a visão
se refere ao tempo do Fim". E continua:

" E no fim do seu reinado,


quando chegarem ao cúmulo os seus pecados,
levantar-se-á um rei de olhar arrogante, capaz
de penetrar os enigmas.
Seu poder crescerá em força, mas não por sua
própria força; ele tramará coisas inauditas
e prosperará em suas empresas,
arruinando a poderosos e ao próprio povo
dos santos.
Por sua habilidade,
a perfídia terá êxito em suas mãos.
Ele se exaltará em seu coração e, surpreendendo-o,
destruirá a muitos.
Opor-se-á mesmo ao Príncipe dos príncipes
mas, sem que mão humana interfira, será esmagado.
A visão das tardes e das manhãs,
tal como foi dita, é verídica.
Mas tu guarda silêncio sobre a visão,
pois ela se refere a dias longínquos" (8, 23-26).

Parece, porém, que o próprio Daniel "guardava silêncio sobre a visão, ficando
sem compreendê-la" (27).
O capítulo 9 do Livro de Daniel nos oferece outras migalhas matemáticas: "Seten-
ta semanas foram fixadas para o teu povo e a tua cidade santa para fazer cessar a trans-
gressão e lacrar os pecados, para expiar a iniqüidade e instaurar uma justiça eterna,
para sigilar visão e profecia e para ungir o santo dos santos. Fica sabendo, pois, e
compreende isto: Desde a promulgação do decreto sobre o retorno e a reconstrução
de Jerusalém até um Príncipe Ungido, haverá sete semanas. Durante sessenta e duas

223
semanas serão novamente construídas praças e muralhas, embora em tempos cala-
mitosos. Depois das sessenta e duas semanas um Ungido será eliminado, embora ele
não tenha... E a cidade e o Santuário serão destruídos por um príncipe que virá. Seu
fim será no cataclismo e, até o fim, a guerra e as desolações decretadas. Ele continua-
rá uma aliança com muitos durante uma semana; e pelo tempo de meia semana fará
cessar o sacrifício e a oblação. E sobre a nave do Templo estará a abominação da deso-
lação até o fim, até o termo fixado para o desolador" (9, 24-27).
Nesta passagem, as "semanas" poderiam talvez representar "semanas de anos".
Quanto à natureza da desolação, o capítulo 11 esclarece com alguns detalhes, após
o que o capítulo 12 diz:

"Nesse tempo levantar-se-á Micael,


o grande Príncipe,
que se conserva junto dos filhos do teu povo.
Será um tempo de tal angústia
qual jamais terá havido até aquele tempo,
desde que as nações existem.
Mas nesse tempo o teu povo escapará,
isto é, todos os que se encontrarem inscritos
no Livro.
E muitos dos que dormem no solo poeirento
acordarão,
uns para a vida eterna e outros
para o opróbrio, para o horror eterno" (12, 1-2).

Claro que podemos supor que "Micael" é uma referência ao iniciado e líder mes-
siânico, enquanto, por outro lado, existem indícios inconfundíveis de que o autor prevê
algum tipo de reencarnação em massa, coincidindo com o período em questão — fato
que sem dúvida provocaria um dramático aumento na população mundial. É interes-
sante observar ainda que o texto parece supor que todos aqueles que conquistarem
a perfeição o farão graças aos seus próprios esforços — conforme a Pirâmide também
sugere — e não pelos remotos méritos da figura de um salvador, pois continua:
" E um deles disse ao homem vestido de linho, que se achava contra a correnteza
do rio: 'Até quando será o tempo das coisas inauditas?' Ouvi o homem vestido de
linho, que se achava contra a correnteza do rio, o qual.ergueu para o céu a mão direi-
ta e a mão esquerda, jurando por Aquele que vive eternamente: 'Será por um tempo,
tempos e metade de um tempo. 13 E quando se completar o esmagamento da força
do povo santo, essas coisas todas hão de consumar-se!... Muitos serão purificados,
alvejados e acrisolados. Os maus agirão com maldade e todos os maus ficarão sem
compreender. Os que são esclarecidos, porém, compreenderão. A contar do momen-
to em que tiver sido abolido o sacrifício perpétuo e for instalada a abominação da de-
solação, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado aquele que perseve-
rar, chegando a mil trezentos e trinta e cinco dias. Quanto a ti, vai tomar o teu repou-
so. Depois te levantarás para receber a tua parte, no fim dos dias'" (12, 6-13).

224
No que diz respeito à cronologia desses acontecimentos, os 1290 dias e os 1335
dias são vistos em geral como se representassem anos (de conformidade com Ezequiel
4,6), enquanto a data de partida poderia ser a da prevista destruição do Templo de
Jerusalém e a construção de uma mesquita muçulmana no mesmo lugar. Para efeito
de registro, a construção do que se tornou conhecido como a Cúpula da Rocha foi
iniciada em 688 d.C. e terminada em 691 d.C., permitindo-nos chegar respectivamente
às datas de 1978-81 e 2023-25.
Mas, a que se refeririam essas datas? O texto parece não pretender dar uma res-
posta muito clara, além do fato de que alguns talvez tenham dificuldade em viver
para esperar até o final do período em questão. As datas a que o autor alude podem,
portanto, referir-se a um período de sérias crises mundiais, durante o qual a própria
sobrevivência do homem estará ameaçada. E, de uma forma geral, pelo menos, pare-
ce haver uma boa margem de concordância com as previsões da Grande Pirâmide.

Por último, chegamos ao esperado retorno messiânico e ao início dos Novos Tem-
pos. O Livro de Isaías em particular é tão cheio de alusões a esses acontecimentos que
seria absurdo tentar citá-los todos aqui. O mais prático parece ser a citação do próprio
resumo que Jesus de Nazaré faz a respeito deles, conforme Mateus 24, 35-36; 4-8; 10-14;
21-23; 27; 29-30; 33; 35-36.
"Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, di-
zendo: 'O Cristo sou eu' e enganarão a muitos. Haveis de ouvir sobre guerras e ru-
mores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que aconteçam, mas
ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação e reino contra reino. E haverá
fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores... E en-
tão muitos ficarão escandalizados e se entregarão mutuamente e se odiarão uns aos
outros. E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo
crescimento da iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Aquele, porém, que perseve-
rar até o fim, esse será salvo. E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo
inteiro, como testemunho para todas as nações. E então virá o Fim...
"Pois naquele tempo haverá uma grande tribulação, tal como não houve desde
o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver jamais. E, se aqueles dias não
fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias
serão abreviados...
"Então, se alguém vos disser: 'Olha o Cristo aqui!' ou 'ali!', não creiais... Pois
assim como o relâmpago parte do Oriente e brilha até o poente, assim será a vinda
do Filho do Homem...
"Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua clari-
dade, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá
no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da terra baterão no peito e verão
o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória...
"Quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, às portas...
"Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas
só o Pai".

225
Deve-se notar que, também aqui, os acontecimentos previstos parecem incluir uma
repentina mudança na posição do eixo da Terra, resultando em violenta atividade vul-
cânica e terremotos, espessas nuvens de poeira vulcânica atingindo a atmosfera su-
perior e o desaparecimento de constelações conhecidas do céu. Ou talvez a referência
a estrelas cadentes deva ser entendida de maneira mais literal, significando que mais
de um meteorito ou cometa colidirá com a superfície da Terra.
Então, é tomando como base as informações dessas e de outras passagens das
Escrituras que os chamados "futuroíogistas bíblicos" em geral citam os acontecimen-
tos abaixo relacionados como "sinais dos tempos" — indícios do iminente fim da ve-
lha ordem das coisas e do começo dos novos tempos:

a) guerras generalizadas (Daniel 9,27; Mateus 24,7);


b) fome numa escala sem precedentes (Isaías 24; Mateus 24,7);
c) disseminação em caráter mundial das "notícias sobre a chegada do reino" (Ma-
teus 24,14);
d) crescimento geral da iniqüidade e esfriamento do amor (Mateus 24,12; II Timó-
teo 3);
e) preocupação com os prazeres e as diversões (Mateus 24, 37-39);
f) retorno dos judeus dispersos à Palestina (Isaías 49 ss.; Daniel 12,7; Ezequiel 38,
8-9, 28);
g) crescente número de terremotos em todo o mundo (/safas 24,18-20; Mateus 24,8);
h) aparecimento de muitos autoproclamados "Messias", inclusive um pseudolí-
der religioso que conquistará poder mundial (Daniel 8, 23-25; Mateus 24,11;
23-26);
i) avanço em direção oeste dos "reis do Oriente" (Apocalipse 16,12);
j) invasão de Israel por parte de numerosos bandos do norte e sua derrota (Eze-
quiel 38; Daniel 11, 40-45);
k) aparecimento no céu de algum tipo de sinal messiânico, seguido do próprio Mes-
sias (Mateus 24,27-31) e início do grande "reino dos céus" ou "reino do paraíso".

De todos esses sinais de advertência, em geral considera-se como mais significati-


vo o do item f) — que se encontra em processo de cumprimento nos dias atuais —
enquanto os itens de a) até e) parecem vir acontecendo já faz alguns anos. Quanto
ao momento de k), o próprio Jesus manifestou não estar informado (vide página an-
terior). No entanto, ele repetidamente associa esse evento com a expressão " n o ter-
ceiro dia" — conforme revelado em Mateus 16,21; 17,23 e 20,19 e como já havia sido
antecipado no versículo 2 de Oséias 6. 14 Mas não se aplica neste caso a definição nor-
mal de um " d i a " . As reportadas aparições póstumas de Jesus não representaram o
seu esperado renascimento físico para o estabelecimento de uma nova ordem mun-
dial. Tampouco tem qualquer validade aqui a idéia de dia = ano, estabelecida em Eze-
quiel: os anos 35 ou 36 d.C. não pareceram ter qualquer significado especial para a
causa messiânica, da mesma forma que não tiveram as datas baseadas em " d i a s " de
360 ou 840 anos. "Vai ao povo e faze-o santificar-se hoje e amanhã", diz Yaveh a
Moisés no Êxodo 19, 11-15; "estejam prontos depois de amanhã, porque depois de

226
amanhã Yaveh descerá aos olhos de todo o povo sobre a montanha do Sinai". E o
semelhante retorno do Grande Iniciado — a idéia de descida da pedra do ápice sobre
a Montanha Dourada da Grande Pirâmide — parece claramente destinado a ser um
dos mais importantes acontecimentos de toda a história mundial. Como tal, a "res-
surreição do Cristo { - Messias)" ainda não ocorreu. Então, o que se pretende dizer
por terceiro dia?
O Salmo 90,4 mostra uma pista: "Pois mil anos são aos teus olhos como o dia de
ontem que passou". A mesma questão é reativada em 2Pedro 3,8 — parte de uma car-
ta sobre o assunto que parece ter sido produzida pelos judeu-cristãos em Jerusalém,
gente que, afinal de contas, parecia saber muito bem o que estava dizendo: "Há, con-
tudo, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: é que para o Senhor um dia é
como mil anos e mil anos como um dia... porque ele não quer que ninguém se perca,
mas que todos venham a converter-se". Além disso, o versículo 10 refere-se de ma-
neira específica ao "Dia do Senhor" que está por vir — e esse mesmo dia é descrito
como mil anos no Apocalipse 20,2 e 4. A clara referência aqui é no sentido da esperada
Era Dourada, que culminará em " u m novo céu e uma nova terra" — um plano intei-
ramente novo de existência humana.
Talvez possamos concluir disso tudo que " n o terceiro dia" significa o começo do
terceiro milênio. Mas, a partir do quê? O começo do terceiro milênio a partir do nasci-
mento de Jesus de Nazaré (se é que a datação da Pirâmide para esse evento está cor-
reta) será em 1999 — uma data que, desde Nostradamus até Edgar Cayce, muitos que
fizeram profecias associaram com o começo de uma Nova Era. Por outro lado, o ter-
ceiro milênio a partir de sua crucificação começará em 2033. Assim, talvez seja para
essa época que o homem deva esperar ver o "homem vindo sobre as nuvens do céu"
— ou seja, literalmente chegando do espaço sideral. E essa data parece ser confirma-
da de modo bastante claro pela Grande Pirâmide.
Se Isaías está certo, serão então lançadas as fundações de uma nova e extraordi-
nária civilização — uma era de paz, de abundância e de justiça descrita de modo bem
amplo nos últimos capítulos daquele livro, ainda que em termos bastante simbólicos.
Por outro lado, os relatos do Evangelho sobre os ensinamentos de Jesus deixam claro
que o eventual florescimento dessa civilização será assinalado pela fuga final do ho-
mem do eterno ciclo de mortes e renascimentos e por sua entrada na vida eterna dos
planos do espírito. E isso também a Pirâmide parece ter previsto cerca de vinte e oito
séculos antes.

* * *

Em vista de tudo isso, então, parece existir uma profunda consciência de parte
de muitos dos antigos iniciados hebreus de que o grande Plano Messiânico para a
evolução humana era algo vinculado ao significado da Grande Pirâmide de Gizeh.
Além do conhecimento do simbolismo de sua parte externa, também o de seus deta-
lhes interiores parece ter sido preservado até uma data posterior pelos guardiães dos
mistérios sagrados. O autor do Evangelho de João em particular parece ter sido versado
na mensagem e no simbolismo da Grande Pirâmide.

227
Um bom exemplo disso é a curiosa história de Jesus e a mulher samaritana (con-
tada em João 4), que nos mostra Jesus em viagem da Judéia para a Galiléia, via Sama-
ria. Sentado junto a uma fonte, por volta de meio-dia, numa cidade chamada Sícar,
ele diz a uma mulher que veio para tirar água que sua própria "água viva", ao con-
trário daquela da fonte, era "uma fonte de água jorrando para a vida eterna". No
entanto, quando ela pede que lhe dê de beber, Jesus aparentemente hesita, dizendo-
lhe que ela já teve cinco maridos e que está vivendo com um sexto homem que não
é seu marido. Apesar disso, a mulher, convencida de tratar-se do Messias, espalha
a notícia de.sua chegada. Por outro lado, Jesus e seus discípulos decidem interrom-
per a sua viagem ali por dois dias, antes de continuarem a jornada para a Galiléia,
onde são esperados com calorosas boas-vindas de parte do povo que já havia estado
com eles antes em Jerusalém.
Toda essa história parece ser uma demonstração de simbolismo velado que lem-
bra a mensagem da Grande Pirâmide. Até a geografia é simbólica. Devemos notar,
antes de mais nada, que, no Novo Testamento, "Galiléia" (o " p a í s " onde, como se
recorda, Jesus prometeu reunir-se aos discípulos depois de seu esperado regresso den-
tre os mortos) parece quase sempre representar a eventual Era Dourada na Terra (em
outras palavras, a promessa de Jesus era de fato no sentido de uma reunião física no
Reinado Milenar que deveria preceder a eventual conquista, por parte do homem,
da espiritualidade total). O mesmo nome também era antigamente dado à varanda,
ou antecapela penitenciária de uma igreja — simbólica, talvez, da mesma porta Mile-
nar para os mistérios eternos, conforme representação específica da Antecâmara da
Pirâmide. Por outro lado, "Judéia" parece representar a antiga dispensação judaica
centralizada na Tora ; e a desprezada "Samaria", sempre vista pelos judeus ortodo-
xos como "além dos limites", simboliza o mundo não-judeu, ou dos gentios.
Assim, uma leitura nas entrelinhas mostra a história da seguinte maneira: o Grande
Iniciado está em sua viagem de reencarnação a partir da dispensação judia ortodoxa
para a Nova Ordem do Milênio. No entanto, interrompe sua jornada na fonte de Si-
car — uma cidade não identificada, cujo nome poderia ser uma forma errada da pala-
vra hebraica schichah, que significa fosso ou corrupção. E não são apenas esses fatos,
mas as próprias palavras de Jesus que parecem indicar que o lugar significa, de al-
gum modo, a experiência tanto da morte física como da Vida espiritual. Mas essa Vi-
da espiritual lhe é negada pela mulher (que parece representar os gentios), porque
ela já rejeitara "cinco maridos" (a verdadeira iniciação messiânica?) e, ao invés des-
ses, teria escolhido viver com um impostor (que poderia representar o "fermento dos
fariseus" ou os ensinamentos paulinos).
Jesus e seus discípulos decidem então "interromper sua viagem" por "dois dias"
nesse lugar de "Vida-na-morte", enquanto o testemunho da mulher serve para dis-
seminar a mensagem messiânica entre seus compatriotas. Em outras palavras, talvez
possamos ver a "célula dos iniciados" de Jesus desfrutando de um período de "dois
dias" de reencarnação suspensa, enquanto os ensinamentos messiânicos são disse-
minados entre os gentios. Dessa forma, Jesus então chega " à Galiléia" no "terceiro
dia", onde os "galileus" lhe dedicam uma calorosa recepção, por terem estado com
ele "na festa", em Jerusalém. E aqui ele visita, mais uma vez, "Caná da Galiléia", a

228
cena da transformação da "água em vinho". Não se pode duvidar de que esses deta-
lhes finais se referem de maneira direta ao esperado retorno messiânico durante a
Era Dourada, quando os contemporâneos reencarnados de Jesus deverão juntar-se
de novo a ele no Banquete Messiânico Milenar.
Portanto, da mesma forma que na Grande Pirâmide, Jesus e os outros iniciados
param paTa "descansar" junto a uma Fonte que simboliza tanto a Vida como a mor-
te, enquanto os ensinamentos vão sendo passados por todo o mundo dos gentios.
Depois de "dois dias" — que se acredita ser a representação dos conhecidos dois mil
anos — a jornada é Teiniciada e o Reino terreno é alcançado sob os aplausos dos pró-
prios contemporâneos de Jesus ressuscitados, os herdeiros da longamente esperada
Era Dourada.
Esse episódio do Evangelho de ]oão parece ser nada menos do que uma alegórica
representação dos acontecimentos simbolizados de maneira específica pelo Poço-Fonte,
a Grande Galeria e a Antecâmara da Grande Pirâmide. Tendo em mente as outras
referências piramidais do Evangelho de João, parece difícil evitar a conclusão de que
pelo menos um dos autores dos evangelhos tinha sido iniciado nos mistérios da
Pirâmide.
Mas, como já vimos, nisso ele estava apenas dando continuidade a uma tradição
comum a muitos dos antigos profetas hebreus, cujos textos revelam, da mesma for-
ma, uma familiaridade com a mensagem da Grande Pirâmide. A ela devem eles ter
devido, pelo menos em parte, a base de sua mensagem à humanidade e sua visão
sobre a forma e a maneira — assim como a cronologia — de cruciais acontecimentos
futuros. E, até o ponto em que isso seja verdade, a Grande Pirâmide tem de ser inevi-
tavelmente vista como a casa, par excellence, de seus conhecimentos secretos.

229
NOTAS DO CAPITULO 7
1. Veja-se, por exemplo, a clara evidência a respeito apresentada peio Dr. H. J. Schonfield,
em seu celebrado estudo das origens cristãs intitulado The Passover Plot.

2. Como Schonfield destaca em Those Incredible Christians, a transmigração de almas fazia


parte dos "conhecimentos secretos" dos fariseus e talvez tenha sido por causa da preocu-
pação de Nicodemo com essa idéia que ele tenha feito sua primeira pergunta a Jesus so-
bre o assunto.

3. Aqui o simbolismo de Moisés parece ter relação com o símbolo hermético de conhecimen-
to e cura — o bastão com duas cabeças de cobras gêmeas, representando a Sabedoria Inte-
rior e a Exterior. Moisés parecia estar dizendo: "Estais sofrendo porque fostes mordidos
apenas pela serpente física. Basta manterdes os pensamentos na serpente espiritual para
serdes curados".

4. Para encontrar evidências mais detalhadas sobre o que é dito acima, vide de novo a im-
portante pesquisa do Dr. H. J. Schonfield em The Passover Plot e The Pentecost Revolution.

5. Esses acontecimentos igualmente são bem documentados por Schonfield.

6. A doutrina da reencarnação, ou gilgul, é aceita até os dias atuais pelos judeus hassidim,
da Europa Oriental — herdeiros diretos da mesma tradição hebraica que produziu os es-
sènios.

7. Vide, por exemplo, a análise feita acima sobre a passagem extraída de João, capítulo 3.
Deve-se considerar também as possíveis implicações de Mateus 5, 25-26; 8,22; 11,14; 18,3;
18, 13-14; ; 24,34; Marcos 10,5; Lucas, 16,31; 20,34; João 5,24-26 e 29; 8, 56-58; 9,1-2.

8. Salmo 118, 15-22.

9. Extraído do livro The Book of the Master of the Hidden Places, de Marsham Adams.

10. Salmo 84, 4-7.

11. Paulo, por outro lado, parece ter herdado de seus mestres fariseus um quadro do gigante
messiânico ou homem arquetípico que tem diferentes afinidades com o simbolismo da
Pirâmide. Isto é particularmente notável em Efésios 4, 11-16. Compare-se com o diagrama
na p. 157.

12. Apesar de o estudo do contexto em que foi feito esse pronunciamento sugerir, como sig-
nificado mais provávei, o seguinte: "Em verdade vos digo que esta era não passará sem
que tudo isso aconteça".

13. Interpreta-se em geral como 1 + 2 + 1/2, ou "três tempos e meio", Vide notas 5 e 6, p. 210.

14. Jesus também parece ter dado várias pistas misteriosas de uma data simbólica, conside-
rando-se as narrativas dos Evangelhos como sendo dignas de crédito. Entre outras coisas,
a última ceia representa de maneira bem clara o "pão vivo" ou Banquete Messiânico do
segundo retorno messiânico. E o andar superior em que deve ser realizado (esse termo

230
faz lembrar bastante o Complexo da Câmara do Rei da Pirâmide) também representa de
modo bastante claro a Era Final.
Quanto ao homem que leva os discípulos a esses "aposentas", ele é descrito como
alguém que leva uma bilha d'água (Marcos 14,13). Mas isso parece sugerir uma referência
simbólica intencional ao sinal zodiacal de Aquário — já que, na Palestina do primeiro século,
o transporte de água era uma atividade exclusivamente feminina.
Além disso, Jesus replica aos fariseus que o único sinal messiânico que receberão será
o "sinal do profeta Jonas" (Mateus 12,39). Mas, como explica Mme. Blavatsky, isso só po-
deria ser uma referência oculta a Aquário, conhecido dos Babilônios como o "homem pei-
xe", associado por eles com a figura de Oannes, lendária fonte de toda a sabedoria e co-
nhecimentos e que tinha forma de peixe. Em outras palavras, cada uma dessas ou ambas
as referências poderiam representar uma forma simbólica de datar o retorno messiânico
e a subseqüente Era Final como contemporâneos da Era de Aquário — a própria era zo-
diacal pela qual a Terra está passando no presente momento. Se de fato for assim, então
talvez valha a pena observar que o ponto preciso de transição para a Nova Era é marcado
por alguns estudiosos — inclusive pelo Instituto Geográfico Nacional Francês — para 2010
d.C.

231
7

Um Terceiro Olho no Futuro

Nos capítulos anteriores temos visto como as previsões aparentes da Pirâmide para
o futuro mostram um alto grau de precisão em sua cronologia dos eventos e tendên-
cias que afetam a humanidade de uma forma geral. A cronologia das profecias bíbli-
cas complementares, por outro lado, é menos fácil de decifrar, apesar de alguns dos
acontecimentos em questão serem descritos com maiores detalhes do que acontece
nas previsões da Pirâmide. Além do mais, a terminologia usada parece muitas vezes
ter sido deixada intencionalmente vaga — ao que se deve ainda somar o fato de mui-
tos dos termos e conceitos necessários para descrever os acontecimentos do século
XXI d.C. não existirem na linguagem e pensamento contemporâneos dos autores. (Ain-
da que a famosa visitação de Ezequiel tivesse sido de uma nave espacial, ele não pode-
ria ter dito isso, 1 mesmo que compreendesse esse conceito em primeiro lugar.)
Portanto, para podermos abranger uma visão mais precisa sobre os acontecimen-
tos futuros a que se referem tanto a Pirâmide como a Bíblia, devemos voltar-nos para
fontes de gnose profética que estejam mais próximas de nosso próprio tempo. Entre
as mais conhecidas dessas fontes encontram-se diversos "videntes" cujas previsões
são relacionadas abaixo. O leitor é convidado a compará-las com as previsões da Pirâ-
mide e da Bíblia já mostradas aqui e com os acontecimentos históricos conhecidos
até agora, bem como com as várias extrapolações para o futuro derivadas atualmente
das tendências observadas nos nossos dias por "especialistas" em diversos setores.

São Malaquias (Irlandês, Século XII)

São Malaquias previu com precisão todos os papas desde o seu tempo até Paulo
VI, por meio de uma série de "rótulos" latinos considerados ocultos. Sua profecia
adianta que quatro papas ainda viriam depois de Paulo VI, descrevendo-os assim:

De Medietate Lunae (de meia-lua), durante cujo reinado a Igreja romana seria perse-
guida e ao final do qual ele próprio cairia, vítima dos perseguidores. O seu "rótulo"

232
pode referir-se a suas características físicas, a seu brasão de armas, à duração de seu
pontificado... O "Monge de Pádua" (século XVIII) o considerava enviado a Roma
pelo "Médico Divino".
De Labore Solis (do trabalho duro ao sol). Seu nome pode sugerir a descendência de
antigos escravos negros.
Gloria Olivae (a glória da oliveira), cujo reinado será glorioso, unindo a humanidade
na fé cristã. O "Monge de Pádua" o chamou de Leão XIV. Seu nome latino sugere
um período de paz.
Petrus Romanus (Pedro de Roma), que será o último papa e cujo reinado concluirá com
um grande incêndio que destruirá Roma no final do século XX.

Nostradamus (Francês, Século XVI)

Em sua maior parte, as previsões desse celebrado físico são, quando menos, mui-
to mais obscuras do que as do Velho Testamento — talvez por causa do seu medo
de ser acusado de bruxaria se suas mensagens prevísionais fossem tornadas claras
demais. Ele próprio admitiu ter confundido de maneira deliberada a ordem das qua-
dras misteriosas que compreendiam as suas Centúrias Astrológicas, enquanto as datas
e os acontecimentos são relatados por intermédio de um código específico de Nostra-
damus que ainda não é de todo compreendido. Até os nomes de pessoas e lugares
são expressados em forma de anagramas. Como conseqüência disso, tem sido difícil
decifrar suas previsões, a não ser em relação a eventos já acontecidos. Apesar disso,
as correspondências estabelecidas são muitas vezes impressionantes, sendo particu-
larmente precisas e detalhadas no tocante aos fatos da história da França. E acontece
que são poucos os episódios importantes da história mundial subseqüente cuja previ-
são não se pode encontrar nas quadras de Nostradamus.
Talvez a mais conhecida de suas profecias ainda não cumpridas seja aquela que
prevê o aparecimento de um "Rei do Terror" em 1999. Segundo essa profecia, em
seu reinado de 27 anos de duração os hereges vão morrer, ser presos ou exilados.
Será um período de "sangue, corpos humanos, água vermelha, inferno na Terra",
um período no qual uma "raça amarela" avançará sobre a Europa, e Paris será des-
truída por ataques aéreos antes que a onda de ataques seja rechaçada. 2
Segundo a interpelação feita por Jean-Charles Pichon, em Nostradamus en Clair,
o Rei do Terror será apenas um dos muitos tiranos que o mundo terá, vários dos quais
alcançarão proeminência por volta do ano 2000. Um deles será um americano de ori-
gem germânica, que conquistará o poder graças a uma reputação inicial como homem
de paz. Nostradamus dá-lhe o nome de "Chiren". A solução do anagrama (porque
Chiren não é nome conhecido, e menos ainda de origem germânica), tendo em men-
te o processo cabalístico normal de redução (só uma de cada letra envolvida está in-
cluída no anagrama), nos leva ao nome Heinrich, para essa importante figura mun-
dial de origem alemã.
Outras previsões de Nostradamus (segundo a interpretação de Pichon) incluem
as seguintes:
(i) o papa destronado por seus cardeais; (ii) terremotos em escala geral até o ano 2044
d.C.; (iii) um grande cometa entre os anos 2096 e 2156 d.C.; (iv) fome generalizada

233
até a invasão da Europa por um suposto aliado; (v) horríveis guerras e pestilência
desde 2122 até 2170 d.C.; (vi) um "milênio" desde 2238 até 3238 d.C.; (vii) novos
tiranos e invasões na Terra e um afastamento da religião, entre 3102 e 3286 d.C.; (viii)
aparecimento dos "primeiros grandes profetas de um futuro deus" entre 3286 e 3476
d.C. 3
Com relação aos acontecimentos messiânicos, duas diferentes visitas parecem ser
mencionadas. Segundo Pichon, Nostradamus vê o futuro Messias nascendo de pais
pobres no Ocidente, mas encontra a aceitação inicial no Oriente. Ele será sucedido
por seu pai, depois de ser assassinado em 2182 d.C.
Em outro contexto, Nostradamus diz o seguinte: " L a grande étoile par sept jours
brülera, Nuée fera deux soleils apparoir. Le gros mâtin toute nuit hurlera. Quand grand
pontife changera de terroir". A referência aqui parece ser em relação a um cometa
que se aproximará tanto da Terra a ponto de parecer um segundo sol, durante vários
dias. E esse episódio parece ligado à viagem de algum grande líder espiritual. Em
outra alusão feita ao mesmo evento, Nostradamus se refere a "Castor, Pollux en nef,
astre crinite". Neste caso, " n a v i o " e "cometa"(astre crinite) parecem palavras vin-
culadas de modo direto — como se fossem referência a algum tipo de nave espacial.
E a própria expressão "Castor, Pollux" parece ser uma referência direta à antiga len-
da do homem imortal que decidiu abandonar sua imortalidade de modo a salvar o
seu "irmão gêmeo" mortal — uma alusão claramente messiânica. Pichon coloca esse
intrigante evento "pouco antes de 2164 d.C.", 4 mas deve-se dizer que, apesar de
muito engenhosa, a sua teoria de datação é, em vários aspectos, pouco convincente.

Coinneah Odhar Fiossaiche (Escocês, Século XVII,


" O Vidente Brahan")

Talvez a única profecia desse vidente que ainda não foi cumprida seja aquela que
se refere a "uma vaca parda sem chifres" que aparecerá " e m Minch" e dará um ber-
ro que derrubará as seis chaminés de Gairloch House (que, nos tempos do vidente,
não tinha chaminés, mas, agora, de fato tem seis!). Todo o país ficará tão desolado
e despovoado que " o canto de um galo não será ouvido" e a vida selvagem de um
modo geral será exterminada pela "horrível chuva negra". (A explosão de um sub-
marino nuclear pode encaixar-se nesses detalhes, apesar de a referência a "chuva ne-
gra" combinar mais com petróleo).

Edgar Cayce {Americano, Século XX)

Esse incrível e santo vidente, que morreu em 1945, parece ter tido acesso a' um
conhecimento quase ilimitado durante seus transes hipnóticos. Ele usava livremente
essa dádiva, em especial para diagnosticar doenças de pessoas cujos nomes lhe eram
dados (e que nem precisavam estar presentes) e para receitar os remédios necessários
— incluindo recomendações que iam desde práticas comuns até as mais ortodoxas,
dando muitas vezes um destaque considerável às atitudes mentais ( " A mente é que

234
constrói"). O próprio Cayce, quando consciente, muitas vezes se via incapaz de com-
preender a terminologia médica que usava sob hipnose.
Investigados pelos círculos médicos oficiais, os "métodos" de Cayce foram conside-
rados sadios e seguros e, em 1932, uma fundação de pesquisas (hoje conhecida como
A.R.E.) foi estabelecida em Virgínia Beach, no estado de Virgínia, para organizar e pre-
servar os registros estenográficos de mais de quatorze mil de suas leituras em transe.
Com o passar do tempo, Cayce (cuja obra hoje desfruta de grande respeito, espe-
cialmente na América) foi concentrando suas atenções durante os transes a outros
campos, além da medicina. Ele afirmou e explicou a realidade da reencarnação (para
sua própria consternação, diante de seu passado como instrutor de catecismo domi-
nical), lançou nova luz sobre o Egito antigo, sobre a missão de Jesus de Nazaré, sobre
os sonhos e sobre a antiga lenda da Atlântida, tendo feito inúmeras previsões impor-
tantes que se estendem até o ano de 1998, muitas das quais já foram cumpridas.
Resumindo suas previsões mais destacadas, Cayce viu entre os anos 1958 e 1998
um período de intensa atividade geológica com a mudança de posição do eixo da Ter-
ra. 5 O leito do Mediterrâneo levantaria e baixaria de novo, o Japão ficaria submerso
e as "partes mais altas" da Europa tornar-se-iam submersas "num piscar de olhos".
Los Angeles, San Francisco e (mais tarde) Nova York seriam todas destruídas e par-
tes da Atlântida "erguer-se-iam de novo" do meio das águas. 6 Esse período seria
anunciado por uma grande erupção do vulcão Vesúvio ou do Etna, com o principal
aumento do nível das águas e as submersões ocorrendo ao final dessa atividade, con-
temporaneamente com a prevista mudança no eixo da Terra. Esse período seria igual-
mente marcado pela reencarnação de muitas almas cuja encarnação teria tido lugar
na Atlântida, com um conseqüente progresso rápido das ciências e da tecnologia por
meio do que, na verdade, seria o reaprendizado de velhas técnicas. E, numa data vin-
culada a 1998, o "Grande Iniciado" retornaria à Terra. 7
Por outro lado, a mensagem da Grande Pirâmide seria por fim decodificada (vide
a passagem citada no começo da Parte I da presente obra), e um antigo "salão de
registros" seria descoberto " n o momento oportuno", em algum lugar entre a Esfin-
ge e o Nilo. A construção da Grande Pirâmide, segundo Cayce, teria sido iniciada
em 10490 a.C. e teria demorado cem anos. 8 Dentro dela teriam sido gravadas — em
termos de ângulos das passagens, tipos de rochas, etc. — a ascensão e queda futuras
das nações e a evolução do pensamento religioso do mundo.
Quanto ao salão de registros (a que ele algumas vezes se refere como "pirâmide"),
Cayce descreve sua localização desta forma: "Ao nascer o sol dentre as águas, a linha
da sombra (ou luz) cai entre as patas da Esfinge, que mais tarde foi colocada como senti-
nela ou guarda, a que não se pode entrar pelas câmaras ligadas da pata da Esfinge (pata
direita) enquanto não tiver sido cumprido o tempo previsto até que as mudanças se tor-
nem efetivas nessa esfera da experiência do homem. Entre elas, a Esfinge e o rio".9
O fato de ele descrever o Sol "nascendo das aguas" indica estar se referindo aos
tempos antigos do Alto Nilo — e essa inundação anual ocorria apenas a partir de fins
de junho em diante. Portanto, a posição do Sol ao nascer, durante o verão, deveria
indicar sem grande dificuldade a posição, em relação a Esfinge, do salão dos registros
mencionado por Cayce, assinalado por algum tipo de colina, com altura suficiente
apenas para lançar uma sombra entre as duas patas da Esfinge ao nascer do Sol.

235
Supondo-se a definição de nascer do Sol como o momento em que a curva infe-
rior do astro está na tangente do horizonte (definição usada pelos antigos construto-
res de megálitos), a posição do Sol nascente seria atingida a E.23 1/2°N. (ângulo de
inclinação da Terra e, portanto, da declinação máxima do Sol) no dia 20 de maio, au-
mentando subseqüentemente para E.27 3/4°N. no dia de solstício de verão, antes de
declinar outra vez para seu valor original a 24 de julho. Portanto, as duas posições
em questão assinalariam os prováveis limites norte e sul do loca! do salão dos regis-
tros descrito por Cayce. 10
Uma olhada no mapa da p. 289 mostra que as posições indicadas de fato assina-
lam uma pequena colina entre a Esfinge e o Nilo — usada nos dias atuais como ester-
queira pelos habitantes da vizinha aldeia árabe de Nazlet-el-Samman. Na verdade,
é a única parte de terreno elevado entre a Esfinge e o Nilo, na direção apontada. 11
Se Cayce estiver certo, o salão dos registros deverá ter a forma de uma "cápsula
do tempo, contendo registros e artefatos muito antigos, deixados pelos refugiados
de Atlantida, os colonizadores que fundaram a civilização egípcia e construíram a Gran-
de Pirâmide. 12 Sua provável forma seria a de um fosso, lacrado por uma pedra de
forma piramidal. E, se essa pedra piramidal tiver cerca de 30 pés e 8 polegadas de
altura e 46 pés e 11 polegadas em sua base, com um ângulo de inclinação de
51°51'14,3", então essa "bomba cultural"de fato será a pedra do ápice que falta na
própria Grande Pirâmide.
Apesar de sua natureza aparentemente não-ortodoxa e das datas incertas, as pre-
visões de Cayce para o futuro abrem-se a possibilidades muito interessantes.

Mário de Sabato (Francês, ainda vivo)

Vidente profissional, contando a seu favor com uma longa lista de profecias já
cumpridas, de Sabato escreveu um livro em 197113 no qual faz uma série de previ-
sões de alcance mundial, entre as quais se destacam as seguintes:

(i) uma longa guerra-com-êxodo pacífico envolvendo os chineses, de um lado,


e o Oriente e o Ocidente unidos, do outro, que começa com alguns incidentes
entre a China e a índia. O avanço chinês se dará por todo o continente da Eurá-
sia, muitas vezes até com homens desarmados, acabando por ser detido na parte
oriental da França. Graves problemas econômicos, a reorganização da Eurásia
e uma grande mistura de raças devem seguir-se e, depois que os chineses no exí-
lio conseguirem uma "rendição", Pequim será destruída. Um curto período de
harmonia mundial deverá então preceder a Era Dourada;

(ii) antes do conflito chinês haverá uma série de acontecimentos, dos quais os
mais notáveis talvez sejam os seguintes:

Itália: graves crises políticas e econômicas, com períodos inteiros sem governo,
uma semi-revolução, um governo de esquerda mas não-comunista, inundações,
terremotos...

236
França: reformas políticas e econômicas, uma constituição revista, abolição do Se-
nado, aumento do poder nacional, enorme valorização do franco a ponto de tornar-
se a moeda de câmbio dos Estados Unidos da Europa; Paris, a "capital" da Euro-
pa, aposentadoria aos 60 anos de idade, controle compulsório da natalidade;
Bélgica: conflitos sobre a monarquia e a sucessão, reforma constitucional;
Alemanha: um Tratado em Berlim dá condição internacional a essa cidade, conti-
nua divisão Leste-Oeste, Alemanha Oriental transformada em "vitrine" das idéias
comunistas no Ocidente;
Holanda: novas técnicas para livrar a terra do mar permitirão aumentar a área do
país, importantes laços comerciais fora do Mercado Comum;
Espanha: restauração da monarquia, auto-enriquecimento comercial, neutralida-
de durante o conflito asiático;
Portugal: uma república avant-garde estabelecida por um "líder da oposição";
Grã-Bretanha: membro "difícil" do Mercado Comum Europeu, por causa dos atos
em favor dos membros da Comunidade Britânica de Nações, novas diretrizes po-
líticas e econômicas, graves problemas na esfera da política internacional, inde-
pendência da Irlanda do Norte depois de um conflito com o Eire sobre o assunto,
um acidente de pesquisa — provavelmente nuclear — com resultados catastrófi-
cos (comparar com " O Vidente Brahan");
Iugoslávia: importante papel na prevenção do desastre na época do conflito asiá-
tico, através da descoberta e abafamento de uma "traição";
Suécia: uma campanha contra a violência, importantes descobertas científicas;
União Soviética: centro de um novo movimento em favor da paz e da igualdade,
expansão econômica, uma nação "capitalista" com doutrinas comunistas, revo-
lucionárias teorias científicas; depois do conflito asiático, cooperação com o cris-
tianismo na reorganização da Eurásia;
Israel: perseguição dos judeus nos territórios árabes, guerras periódicas com os
vizinhos árabes, intervenção das Grandes Potências;
Irã: queda do império e da família real, admissão de forças militares estrangeiras
que, com o tempo, ajudarão a bloquear o avanço chinês;
Turquia: um problema " c u b a n o " que quase leva a uma guerra mundial;
Vietnã: um final da guerra, seguido de uma nova guerra provocada pela China;
finalmente, o país será todo comunista;
Japão: considerável proeminência científica e expansão econômica; nova e sur-
preendente técnica militar;
Paquistão, Formosa, Coréia: todos centros de crises;
Continente americano: os Estados Unidos invadirão toda a parte central e sul das
Américas até a região do Equador (à exceção de Cuba, que continuará comunis-
ta); ao sul dessa linha, estabelecimento dos Estados Unidos da América Latina,
com a capital no Brasil, vivendo em paz;
Canadá: independência de Quebec sob um "supergoverno" pan-canadense;
Estados Unidos: grave crise econômica; unido a outros países; colaboração com
a União Soviética durante o conflito asiático; a loucura de um único homem po-
de colocar a paz em perigo;

237
África: uma guerra no Saara, durante a qual os poços de petróleo serão incendia-
dos; novos problemas no Congo, Camarões, Angola e Moçambique;
Egito: duas revoluções, estendendo-se até além do Mar Vermelho;
Etiópia: uma revolução por causa da sucessão como resultado do orgulho de um
único homem (que acabará sendo assassinado); transformação geral do país com
base num governo exercido por cientistas e intelectuais;
Senegal: revoluções e explosões, tanto aéreas como debaixo d'água;
Eurásia: depois do conflito asiático, grande mistura de raças, prosperidade co-
mercial, sistema federal de governo sem barreiras alfandegárias e com uma orga-
nização militar unificada — apesar de não se registrarem novas guerras depois
do conflito asiático; o Oriente reconhecido pela Rússia e pelo Japão;

(iii) entre os acontecimentos mundiais estarão;

- eventual aceitação de governos exercidos por cientistas, ao invés de por políticos;


- eventual vitória sobre o problema da fome mediante o uso dos recursos do mar;
- nova evolução do homem em todos os sentidos, como resultado de aconteci-
mentos submarinos;
- controle da natalidade, provavelmente compulsório;
- possíveis guerras locais de tempos em tempos — mas nenhuma de caráter mun-
dial depois da guerra chinesa;
- severa poluição atômica originada na América do Norte e na Grã-Bretanha; efeitos
sentidos em toda a Europa, Sudeste da Ásia e América do Norte;
- novo tipo de leucemia afetando o tutano da coluna vertebral;
- mutações genéticas;
- progressos médicos capazes de resolver os problemas acima;
- revoltas populares contra os responsáveis pela poluição atômica mencionada
acima, resultando em descrédito ainda maior da política e dos políticos;
- derrota do câncer em 1975, depois da descoberta de um soro "intermediário"
que preservará a vida dos doentes o bastante para que se beneficiem da cura fi-
nal; aplicável também aos casos da nova leucemia descrita acima;
- transplantes do coração bem-sucedidos depois de 1974;
- aumento da longevidade como resultado de descobertas científicas;
- cooperação científica universal;
- eventuais viagens interplanetárias; estação "intermediária" na Lua;
- revolução total na interpretação das doutrinas religiosas e na moralidade; cola-
boração entre o comunismo e o cristianismo progressista;
- final do papado, depois de uma nova regra permitindo a abdicação dos papas;
o Vaticano transformado no centro de uma nova comissão de paz por volta do
ano 2000 d.C.;

(iv) a Era Dourada começará entre 1993 e 2021 e deverá durar 730 anos — isto
é, será um período "Progressista" de 170 anos, um período "Profético" de 370
anos de duração, 14 anos antes ou depois de 2177 e um período "Apocalíptico"
de 190 anos de duração, começando 14 anos antes ou depois de 2547 e terminan-
do por volta de 2737 d.C. (comparar com as profecias da Pirâmide, acima).

238
Durante essa época o inverno praticamente terá sido abolido, o trabalho manual
também deixará de existir e os mares serão explorados para benefício do homem,
Em algum momento entre, mais ou menos 2003 e 2031 d.C., um acontecimento
estonteante terá lugar: " A chegada de um homem à Terra! Um homem vindo de ou-
tro planeta, mais velho do que o nosso e que já terá passado por seu apocalipse. A
misteriosa chegada desse homem solucionará o problema do bem e do mal e também
todo o sistema do pós-vida, do período desencarnado e da reencarnação. A chegada
desse homem será ainda mais misteriosa pelo fato de ter lugar perto da Palestina.
O aparecimento físico desse ser, da raça branca, terá muita semelhança com o da raça
judaica... Os judeus considerarão sua chegada como a do Messias coberto de glória
e portador de riquezas e técnicas maravilhosas. Além disso, sua língua será bastante
parecida com o hebraico... Todo o mundo será evangelizado em novas bases...
"Quando tiverem vencido a sua surpresa inicial, os habitantes da Terra poderão
dar as boas-vindas a outros personagens parecidos com esse primeiro, personagens
esses que nos darão os frutos de sua civilização magnífica. Graças a eles poderemos
progredir vários séculos em questão de alguns poucos anos apenas... 14
"Graças a um revolucionário novo aparelho, o homem poderá atravessar o Uni-
verso com a mesma facilidade como agora cruza os mares... A miséria deixará de exis-
tir...
"Nessa época o futuro do Universo será escrito, incluindo o destino da Terra com
relação a outros planetas. Essa mensagem poderia ser vista como uma espécie de Ter-
ceiro Testamento... Incluído nele estará o "fim do mundo" — que na verdade será
apenas uma espécie de purificação: o resto do Universo continuará existindo".
Segundo Sabato, uma característica da Era Dourada será a eventual conquista,
pelo homem, de uma "completa liberdade de conduta". Uma determinada área do
mundo será separada para a prática de cada tipo particular de hábito de vida e cada
pessoa terá então a liberdade de escolher como deseja viver. No entanto, numa data
posterior, as áreas habitadas por aqueles que Sabato chama de " m a u s " , serão des-
truídas por algum tipo de desastre atômico natural. Na verdade, esse acontecimento
será o resultado atrasado da interação das experiências nucleares dos dias atuais com
as próprias "forças polares" da Terra.
Com o início da última parte da Era Dourada, o céu vai por fim adquirir uma to-
nalidade alaranjada brilhante. E, por volta do ano 2800, todo o Universo embarcará
numa era inteiramente nova.

Jeane Dixon (Americana, ainda viva)

Assim como de Sabato, Jeane Dixon (corretora imobiliária por profissão e de reli-
gião católica romana) tem sido bastante famosa em seu próprio país há muitos anos
por causa da precisão e confiabilidade das previsões que faz. Entre elas estiveram as
previsões dos assassinatos de John Kennedy, Robert Kennedy e Martin Luther King,
de um lado, e inúmeras previsões "menores" para amigos e conhecidos, do outro,
colocando-se entre elas várias sobre importantes incidentes envolvendo os progra-

239
mas americanos de defesa e pesquisa espacial. Ela faz uma diferenciação entre as pre-
visões irrevogáveis que surgem de "visões" sob efeito de semitranses e as experiên-
cias telepáticas premonitórias que permitem às pessoas alterar o curso de aconteci-
mentos perigosos. As únicas dúvidas que manifesta dizem respeito à sua própria ca-
pacidade de interpretar de maneira confiável o conteúdo de suas "visões".
Em vários aspectos as previsões de Jeane Dixon para o mundo refletem aquelas
feitas por de Sabato. A completa revisão das doutrinas religiosas, o surgimento de
uma nova era por volta do final do presente século, mudanças políticas de sérias con-
seqüências na Grã-Bretanha, a solução das disputas político-religiosas na Irlanda, o
progresso econômico do Japão, o reinicio das hostilidades na Coréia e no Vietnã, a
continuação do conflito árabe-israelense até " o grande terremoto que atingirá Jerusa-
lém", a invasão do Oriente Médio e da Europa (até a fronteira da Alemanha) por for-
ças chinesas, o desenvolvimento de novos sistemas de propulsão que permitirão uma
enorme simplificação das viagens espaciais, gigantescos progressos da medicina, a
colheita dos oceanos — tudo isso foi previsto tanto por Jeane Dixon como por de Sa-
bato.
Além de tudo isso, numa obra escrita em 1969 (My Life and Prophecies), Jeane Di-
xon prevê a eleição de uma mulher para a Presidência dos Estados Unidos, a miste-
riosa perda de um submarino inglês (comparar com " O Vidente Brahan"), uma guerra
bacteriológica e uma crescente capacidade da pessoa humana no sentido de usar os
poderes psíquicos (tendência também prevista por Edgar Cayce). Da mesma forma
que São Malaquias, também ela prevê, daqui para a frente, o reinado de apenas mais
dois ou três papas. Um deles será ferido durante o seu papado e um segundo será
eleito, mas substituído em favor de outro pelos cardeais a quem terá dado maiores
poderes. No entanto, a mesma figura deposta conseguirá depois reascender ao trono
papal para se tornar o último papa, sendo finalmente assassinado. Claro que esses
detalhes lançam uma luz interessante sobre as previsões de São Malaquias. Jeane Di-
xon também espera que a Rússia se torne um país cristão, diz que os judeus acabarão
aceitando o Messias cristão e prevê a destruição do cristianismo por uma "falsa filo-
sofia religiosa oriental".
No entanto, as mais dramáticas profecias dela referem-se à esperada guerra chi-
nesa e ao advento de vários líderes político-religiosos de importância, dois dos quais
ela considera como o anticristo bíblico e seu profeta. Suas previsões e revelações mais
importantes podem ser resumidas assim:

1962 Nascimento, no Oriente Médio, de uma criança que Jeane Dixon iden-
tifica como o anticristo — que será depois levado por seus pais para vi-
ver numa cidade do Egito (talvez o Cairo).
1973-4 Importante acontecimento na vida do anticristo, que levará à eventual
formação de uma "célula" de seguidores.
1979 Uma escassez mundial de alimentos poderá começar a ser sentida.
1985 Um cometa atinge a Terra na área de um dos maiores oceanos, provo-
cando gigantescas ondas e terremotos.

240
1991-2 Começo da missão mundial do anticristo para atrair a juventude do mun-
do — operação descrita como a atividade do flautista mágico de Hame-
lin —, a partir de sua sede mundial, em Jerusalém.
1999 Repentina destruição e guerra. Aparecimento de uma grande cruz em
chamas nos céus orientais, levando a uma união do cristianismo. 15
2000 Tropas chinesas derrotadas no Oriente Médio.
2020-30 Invasão da Europa por uma "filosofia religiosa oriental".
2025 Os conquistadores chineses marcham pela Rússia, alcançando finalmente
a fronteira alemã,
2030 Um negociador de paz promovido na América (?) e dotado de grandes
poderes para derrotar a ameaça chinesa,, tornando-se depois ele pró-
prio um tirano militar. Talvez seja o profeta do anticristo, que fará uso
total dos meios de comunicação em massa para substituir a religião pe-
lo ateísmo científico.
2037 Final da guerra chinesa.

Talvez o mais interessante e controvertido aspecto das previsões acima seja a iden-
tificação que Jeane Dixon faz da figura nascida em 1962 como o anticristo. Em sua
visão inicial a respeito, ela "viu uma rainha egípcia que considerou ser Nefertiti, acom-
panhada do faraó que ela achou ser seu esposo Akhenaton, carregando um bebê ves-
tido com roupas sujas, rasgadas e muito largas, que ela então "apresentou ao povo".
Sobre a cabeça do bebê brilhava uma pequena cruz, que foi crescendo a ponto de co-
brir o mundo inteiro, sendo a criança envolvida pela luz do Sol nascente. O faraó
desapareceu então da cena e a própria rainha foi de repente apunhalada pelas costas.
Por outro lado, a criança, agora transformada num rapaz, passou a receber a adora-
ção de todos os povos enquanto irradiava amor, conhecimento e "serena sabedoria"
— ainda que " o canal que emanava dele não fosse o da Santíssima Trindade".
Jeane Dixon afirma que finalmente essa figura conseguirá obter o apoio da má-
quina de propaganda dos Estados Unidos (na mesma época do profeta do anticristo),
a juventude colocará todo o mundo em suas mãos (comparar com a profecia de de
Sabato sobre o descrédito e expulsão dos políticos tradicionais) e haverá uma fusão
do cristianismo com religiões orientais. No entanto, essa figura acabará por retirar-se
de cena. Jeane vê esse homem liderando todos os povos do mundo em direção a seus
objetivos, mas fazendo depois uma curva para a esquerda: a maioria o seguirá, enquanto
um pequeno grupo de "remanescentes fiéis" continuará pelo caminho cada vez mais
árduo em busca do objetivo final.
A identificação que Jeane Dixon faz do " b e b ê " com o anticristo tem origem, a)
na fantástica e, a seu ver, sinistra semelhança entre a vida desse homem e a de Jesus
de Nazaré e no "planejamento pouco natural" que está levando a isso; b) em sua
impressão de que o seu "canal" não é " o da Santíssima Trindade" e c) a identifica-
ção que ela faz da rainha egípcia com Nefertiti. No entanto, o item a), por si mesmo,
parece ser uma razão estranha para condenar alguém, enquanto b) talvez seja de es-

241
peiar por causa dos pontos de vista católicos de Jeane Dixon, se é que nossas suspei-
tas manifestadas antes sobre o "cristianismo tradicional" têm alguma validade. Por-
tanto, muita coisa depende do item c).
Mas parece haver uma boa razão para duvidarmos de sua interpretação da visão
egípcia. A identificação que ela faz da rainha com Nefertiti parece ser bastante natu-
ral, em virtude da descoberta do famoso busto de Nefertiti ter feito com que aquela
rainha se tornasse, para nós, a mais conhecida de todas as figuras femininas da anti-
güidade egípcia (à exceção de Cleópatra). Assim, é de se imaginar se qualquer outra
figura de rainha egípcia da mesma dinastia, adornada de maneira semelhante, não
teria sido também identificada por Jeane Dixon como "Nefertiti" — já que qualquer
mulher de nossa geração talvez visse muito mais semelhanças do que diferenças en-
tre duas figuras antigas como aquelas. Alem disso, se o faraó era Akhenaton, então
é surpreendente que Jeane Dixon não tenha notado qualquer peculiaridade a seu res-
peito — pois Akhenaton era um homem de corpo fora do comum, de rosto e cabeça
longos e estranhos, de quadris estranhamente largos. 16 Além de tudo, até onde se
sabe, Nefertiti não viveu mais do que Akhenaton — o que torna um tanto misterioso
o desaparecimento deste da cena da visão — enquanto ambos os sucessores de Akhe-
naton (Smenkhare e Tutankhamon) parecem ter sido filhos de Akhenaton não com
Nefertiti, mas com sua própria mãe, a Rainha Tiye.
Mas agora chegamos às "roupas sujas, rasgadas e largas" da criança. Aqui é de
se perguntar: por que seriam sujas e rasgadas? Neste ponto, a chave de todo o misté-
rio torna-se evidente, pois está claro que o bebê não pode ser outro senão Moisés,
logo que foi retirado do meio dos juncos por Hatshepsut, filha do faraó — talvez a
mulher mais marcante de toda a história do Egito. De fato, ela participou do reinado
de seu pai sobre o Egito desde a idade dos dezoito anos, foi rainha de facto durante
o reinado de seu sucessor e até continuou a exercer considerável poder durante os
primeiros dezesseis anos do reinado de Tuthmósis III — sob cujo reinado sucessor
o Êxodo dos israelitas teve lugar depois. Foi ela que, tendo salvo a criança, aparente-
mente lhe deu o nome do próprio faraó {Tuthmósis I) e foi então "apunhalada pelas
costas" — bem. depois da morte de seu pai —, quando Moisés assumiu a liderança
de seu povo contra a família de sua própria mãe adotiva. Deve-se observar que Ne-
fertiti era uma descendente direta de Hatshepsut, que morreu cerca de meio século an-
tes de ela nascer — e, em vista da deliberada política de casamento entre parentes
adotada pela família real egípcia, seria de se esperar alguma semelhança de caracte-
rísticas físicas. Portanto, é perdoável qualquer confusão que jeane Dixon possa ter
feito entre essas duas mulheres.
É verdade que Akhenaton tentou substituir uma religião monoteísta solar pela
adoração anterior de vários deuses, mas o argumento de Jeane Dixon de que esse era
um processo negativo não nos parece muito convincente. De fato, parece ter sido ape-
nas parte de um movimento monoteísta mais amplo, que inclusive afetava os israeli-
tas mais ou menos à mesma época. Por outro lado, o fato de a criança aparecer irra-
diando amor, conhecimento e serena sabedoria não parece típico de um falso Cristo
— em especial quando nos recordamos de que a mesma criança é vista liderando o
mundo na direção correta, apesar de ser apenas por algum tempo. De novo vemos aqui

242
um reflexo da história de Moisés, que também iria "virar para a esquerda" (cair presa
da mortalidade) antes de chegar de fato à Terra Prometida. Devemos nos lembrar de
que a última parte da viagem narrada no Velho Testamento teve de ser empreendida
pelos israelitas sobreviventes sob a liderança de um certo Jesus (Joshua, em hebraico)
— uma figura que será representada pelo próprio Messias esperado.
Portanto, parece haver aqui suficiente razão para identificar o anticristo visto por
Jeane Dixon com o "profeta do Messias" — uma espécie de Moisés misturado com
João Batista — e interpretar suas demais previsões em relação a ele sob a mesma luz.

Vladimir Soloviev

Segundo George Every,.em Christian Mythology, o russo Soloviev, autor de War,


Progress and the End ofHiston/ teria realizado nessa obra algumas das mais destacadas
previsões sobre acontecimentos futuros.
Every identifica um sermão proferido no século IV por Santo Efraim como moti-
vo de algumas das inspirações que deram origem ao livro de Soloviev. Entre as idéias
colocadas nesse sermão destaca-se a de um anticristo que será atraente, modesto, hu-
milde e batalhador em favor de causas justas, assim como dono de determinados pon-
deres, mas que, ao se tornar rei do mundo e destruir toda oposição, tornar-se-á um
monstro sádico que colocará a Terra a perder "por três anos e meio", antes da chega-
da do Messias verdadeiro.
Soloviev, por sua vez, parece ter antecipado os resultados da guerra russo-japonesa
e a queda do poder czarista, juntamente com a invasão da China pelos japoneses.
Então diz esperar que os japoneses (talvez confundidos neste caso com os comunis-
tas chineses do presente) venham a invadir a Rússia e avançar sobre a Europa, onde
acabarão sendo derrotados. De outra parte, o renascimento de uma certa união cristã
— ainda que seja silenciosa — coincidiria com a formação de uma espécie de Estados
Unidos da Europa, presidida por um antigo homem de negócios e especialista em
balística (aparentemente filho de uma mulher notória), que se destinaria a tornar-se
depois o imperador do mundo. Essa figura parece corresponder com o anticristo de
Santo Efraim e Soloviev o vê identificando-se com uma espécie de "Messias autôno-
m o " . Deverá oferecer muitas panacéias ilusórias, baseadas em grandes espetáculos
de truques científicos combinados com o misticismo oriental e seus propósitos serão
conquistados com a ajuda dos meios de propaganda dos anglo-americanos. Por últi-

I mo, presidirá um Congresso Mundial de Religiões em Jerusalém, cujo resultado será


que a maior parte das Igrejas e religiões estabelecidas concordará em aceitar a sua
liderança política. Só o papa recém-eleito, Pedro II (escolhido durante uma visita a
Damasco a caminho do Congresso), junto com um ex-bispo russo descrito como "João,
o Mais Velho", e um teólogo alemão chamado "Professor Ernst Pauli" farão oposi-
ção a essa séria decisão, continuando a liderar os "fiéis restantes" que se decidirão
pela permanência "fora do rebanho". Parece que, então, o papa Pedro e João, o Mais
Velho, "morrerão" — sendo o papa substituído por um colaborador do anticristo im-
perial — antes de, eventualmente, "levantar-se de novo",

243

I
Talvez valha a pena observar que os três "líderes dos eleitos" descritos aqui pa-
recem ser reencarnações mal disfarçadas dos apóstolos Pedro, João e Paulo. Por ou-
tro lado, essa narrativa nos convida a fazer uma comparação particular com as ex-
traordinariamente semelhantes previsões de São Malaquias, Nostradamus, de Saba-
to e Jeane Dixon — previsões que, apesar de tudo, registram suficiente desacordo en-
tre si mesmas para afastar qualquer sugestão de cumplicidade.

Budismo e Hinduísmo

A típica concepção hindu da história baseia-se numa visão global do universo que
de fato chega a ser estupenda quanto sua escala. O homem desenvolve a sua breve
luta evolucionária contra o pano de fundo de um universo oscilatório que passa (jun-
to com seu criador) por um ciclo de explosão/implosão com um período de 8.640.000.000
de anos (o celebrado ciclo de "dia e noite do Brahma"). Dentro desse quadro cósmi-
co, outros ciclos planetários de até 84000 anos encontram-se em andamento, mere-
cendo destaque entre eles o ciclo de 26000 anos da precessão dos equinócios. Segun-
do algumas tradições, são necessários sete grupos de doze ciclos desses — ou cerca
de 2.100.000 anos — para o homem completar qualquer das fases de seu desenvolvi-
mento. E, por outro lado, dentro de cada um desses ciclos o seu progresso é governa-
do por " e r a s " sucessivas de 2160 anos, cada uma com suas próprias características,
correspondendo à travessia zodiacal do Sol (comparar capítulo 9).
Se os aparentes conhecimentos contidos na vasta biblioteca de escrituras hindus
parecem extraordinários em seu aspecto cosmológico, talvez sejam ainda mais extraor-
dinários em sua visão dos acontecimentos passados e futuros na Terra. De modo par-
ticular, os grandes épicos hindus pintam um vivo caleidoscópio de uma raça de anti-
gos "deuses" que tinham acesso tanto a máquinas voadoras como a armamentos de
proporções nucleares — engenhos explosivos "mais brilhantes do que dez mil sóis",
cujos efeitos posteriores são descritos com todos os detalhes hoje familiares a todos nós.
No outro extremo da escala, a matriz astrológica geral é usada para prever os des-
tinos das eras futuras. Assim, o corrente ciclo precessional — o de Kali — estaria ago-
ra em sua décima primeira " e r a " de 2160 anos. A décima segunda era (que corres-
ponde a Aquário) completará o ciclo. A roda de carruagem solar, ilustrada na p. 29,
simboliza uma era assim.
A parte final do ciclo de Kali (conforme sugere o Vishnu Purana) será assinalada
por uma progressiva degeneração dos valores humanos, uma disseminação da deso-
nestidade, do materialismo e da violência. Então, pouco antes do final do ciclo, novas
influências espirituais ou divinas permitirão uma transformação completa da psique
humana, a tempo do início da seguinte "era da pureza", por volta do ano 4000 d.C.
As "influências espirituais" são tradicionalmente vinculadas com o reaparecimento
de um ou outro dos grandes avatares, ou reencarnações divinas. Conforme Krishna
relata no Bhagavad Gita (4, 5-11):

" E u nasci muitas vezes, Arjuna, e muitas vezes tu nasceste. Mas eu me lembro
de minhas vidas passadas, e tu te esqueceste das tuas.

244
"Apesar de eu não ser nascido, eterno, e de ser o SenhoT de tudo, venho para
o meu reino da natureza e por meio de meus poderes maravilhosos, eu venho
nascer,
"Quando a justiça é fraca e enfraquece e a injustiça prospera no orgulho, então
meu Espírito surge na Terra.
"Para salvação daqueles que são bons, para destruição do mal no homem, para
a realização do reino da justiça, venho a este mundo nas eras que passam",

Muitas tradições do hinduísmo são copiadas nos ensinamentos de suas ramifica-


ções, o budismo mahayana, ainda que, neste caso, os avatares que reaparecem sejam
substituídos pelos Bodhisattvas que reencarnam — vistos em geral como seres ilumi-
nados que atrasam de maneira voluntária a sua subida para planos mais elevados de
existência de modo a ajudar a humanidade em sua difícil subida. De fato, em algu-
mas escolas de budismo, o Bodhisattva na verdade assume o papel de um sacerdote
salvador (Amida), muito ao estilo do Jesus do cristianismo tradicional. E afirma-se
que, eventualmente, esse processo levará ao aparecimento do próximo Buda huma-
no — apesar de esse acontecimento ser esperado apenas para algumas centenas de
milhares de anos no futuro.

T. Lobsang Rampa

Esta controvertida figura, que escreveu o best-seller The Third Eye e outras popu-
larizações do budismo tibetano, faz uma série de previsões, em especial em seu Chap-
ters of Life.
Rampa afirma que um líder messiânico nasce em cada uma das doze eras do ciclo
zodiacal. A era de Aquário, que se aproxima, é a décima primeira do atual ciclo de
Kali e a Era Dourada propriamente dita começará, então, com o início da décima se-
gunda era, por volta do ano 4000 d.C,
Quanto ao próximo líder messiânico, correspondente à décima primeira era, vá-
rios dos seus discípulos nasceram antes (o primeiro dos quais em 1941), enquanto o
próprio Messias teria nascido em 1985. Depois de um treinamento especializado (se-
gundo Rampa), esse líder provocará vários choques bastante sérios no mundo, no ano
2005. Assim como no caso do batismo de Jesus, a mesma figura será "tomada" por um
poder superior, com resultados dramáticos para a história mundial subseqüente. Du-
rante o curso dos dois milênios seguintes, surgirá uma ordem mundial completamente
nova, enquanto o homem registrará evolução em direções marcantes e inesperadas.
Parece haver uma certa dose de semelhanças entre as datas fornecidas por Rampa
e as da Grande Pirâmide — em especial, talvez, no que diz respeito aos acontecimentos
dos anos 1985 e 2005 d.C. Quanto à data de 4000 d.C. fornecida por Rampa, parece cor-
responder à data de 3989 da Pirâmide, para que o Plano Messiânico se complete.
Incidentalmente, Rampa também prevê um aumento das temperaturas mundiais
em 1981, além de uma queda nos índices pluviométricos, bem como movimentos geo-
lógicos de proporções cataclísmícas numa data posterior.

245
NOTAS DO CAPITULO 8
1. Ezequiel 1 e 10. Compare-se com The Spaceships of Ezekiel, de J. F. Blumrich.

2. Comparar com a passagem citada de Isaías, na p. 222.

3. Outro que escreveu sobre o assunto, Roger Frontenac em sua obra La Clef Secrète de Nos-
tradamus (1950), obtém uma datação diferente e dá a Nostradamus o crédito pela previsão
de uma era de paz a partir de 2080 d.C.

4. Compare-se com a p. 116 [pontos (63) e (64)] e p, 306.

5. Vide pp. 222 e 225.

6. Vide p. 301-2 e em especial a pesquisa do Dr. J. Manson Valentine, em Bimini.

7. Comparar com as pp. 113 e 115, pontos (37) e (58).

8. Essas datas combinam, com uma precisão extraordinária, com a data da última inversão
conhecida do campo magnético da Terra, conforme foi determinado em 1971 pelos cien-
tistas suecos N.-A. Morner, J. P. Lanser e ]. Hospers, com base em amostras geológicas
do núcleo da Terra (Neiv Scientist, 6 de janeiro de 1972, p. 7). Segundo os cálculos que
realizaram, o final do período de inversão teria ocorrido há cerca de 12400 anos — portan-
to, teoricamente, teria sido por volta de 10430 a.C. Então, se aceitarmos a explicação de
que a construção da Grande Pirâmide (conforme datação de Cayce) teria alguma associa-
ção com um acontecimento cataclísmico, existe a possibilidade de um vínculo direto entre
aquele fato e a mencionada inversão magnética. E uma possibilidade particular que nos
vem à mente é a de que a inversão magnética talvez não tenha resultado da mudança de
correntes dentro do núcleo da Terra, mas de uma "virada" geológica ou astronomicamente in-
duzida da própria Terra (produzindo um relacionamento invertido entre o dínamo-"iotor"
da terra em movimento giratório e o "estator" magnético de seu ambiente cósmico). Uma
"virada" assim teria de provocar gigantescas ondas e atividades geológicas de magnitu-
de inacreditável — e por certo mais do que suficientes para receberem o nome de cataclis-
mo. Isto combinaria também com a insistência dos antigos sacerdotes egípcios junto a He-
ródoto, alegando eles que uma ' 'virada'' desse tipo havia ocorrido pelo menos quatro vezes
durante o período relativo aos registros que possuíam.

9. Edgar Cayce cm Prophecy, de M. E. Carter (Paperback Library), p, 106.

10. Conforme calculado para o terceiro milênio a.C. Talvez seja necessário um ajuste de mais
ou menos um dia, com respeito a uma data de 10000 anos a. C.

11. Os visitantes encontram a colina pouco além da parede mais baixa na diagonal, do outro
lado do caminho que vem da Esfinge, diretamente oposta à posição denominada de Son-
et-Lumière.

12. Compare-se com a p. 24, não esquecendo o fato de que Thoth-Hermes era considerado
pelos antigos como o maior mestre na arte de lacrar passagetis com a mais absoluta precisão
— daí a nossa expressão moderna "hermeticamente fechado".

13. Confidences d'un Voyant, Hachette (1971).

247
7

Lembranças do Futuro?

No curso do capítulo 7, levantamos o que nos pareceu ser uma série de surpreen-
dentes vínculos bastante próximos entre a mensagem da Grande Pirâmide, os textos
dos grandes profetas bíblicos e os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Explorando ainda
mais as implicações das várias idéias envolvidas, descobrimos no capítulo anterior
que muitos dos prognósticos oferecidos por todas as três fontes são quase todos cor-
roborados por várias das mais recentes fontes de gnose profética, oferecendo estas
a grande vantagem de, em muitos casos, serem bem mais claras e específicas sobre
o curso dos acontecimentos futuros e de uma forma que as fontes anteriores não
o eram.
O que ainda não tivemos oportunidade de considerar em detalhe, entretanto, é
a possibilidade de muita coisa do que ficou gravado nos textos sagrados como histó-
ria passada poder ser, ao invés disso, uma forma de profecia velada para informação
dos iniciados — ou talvez as duas coisas ao mesmo tempo, se aceitarmos o fato de
que a História pode ter uma forma cíclica básica.
No caso particular de algumas das mais antigas e básicas tradições do Velho Tes-
tamento, elas apresentam as mais incríveis e firmes semelhanças com as previsões
aparentemente colocadas pela Grande Pirâmide de Gizeh. De todas essas tradições,
as que seguem talvez sejam as mais impressionantes.

A História da Criação, no Livro do Genesis

Tomada pelo seu valor aparente, a conhecida história da criação encontrada no


primeiro capítulo do Genesis não é atípica dos mitos sobre a criação que corriam entre
as sociedades primitivas. Por outro lado, a estrita e dogmática narração das ativida-
des dos sete dias da criação sugere a possibilidade de existir, por baixo do significado
literal das palavras, algum tipo de alegoria com uma significação muito mais profun-
da. Uma comparação com as revelações feitas pela Pirâmide mostra com grande cla-
reza que, na verdade, é ao Plano Messiânico que a história da criação realmente se

249
refere. Sim, porque, ao pensarmos nisso, não vemos qualquer razão religiosa óbvia
para as sagradas Escrituras começarem com uma narrativa bastante especulativa so-
bre as origens do mundo — a menos que a história pretenda ser lida como uma alego-
ria religiosa e não como tratado histórico. Ao passo que o fato de ela poder ser lida
como uma espécie de mapa para o Plano Messiânico, serviria como justificação mais
do que suficiente para colocá-la em lugar de destaque em relação ao resto das Escritu-
ras, cujo propósito poderia então ser visto como o de fazer uma revelação histórica
detalhada do funcionamento do Plano. Neste caso, a história da criação em si poderia
ser vista como pouco mais do que uma espécie de "persiana" cronológica esconden-
do a " c h a v e " do conhecimento do significado das escrituras que a seguem. Mas, de
que tipo de evidência dispomos em apoio desse ponto de vista?
O primeiro " d i a " da história do Genesis é dedicado à criação da " L u z " para opor-
se às trevas que cobriam tudo. Mas, antes disso, somos informados de que havia ape-
nas o espírito ou vento de Deus pairando sobre as águas. Neste caso, então, fica claro
que as águas já existiam. Parece uma idéia estranha, até percebermos que o texto tal-
vez esteja se referindo não ao assunto mais óbvio — a criação dos "opostos" do mun-
do físico, a partir do indiferenciado "Éter espiritual" — mas sim, a algo muito mais
profundo e religiosamente pertinente: na verdade, nada mais nada menos do que a
chegada, às "trevas" do mundo, da " L u z " messiânica, conforme proclama o autor
do Evangelho de João na "história da criação" com a qual se inicia, da mesma forma,
a sua contribuição às sagradas escrituras. Ele a chama de "luz verdadeira que ilumina
todo h o m e m " (1,19) e continua, deixando claro que a Luz em questão veio encontrar
sua manifestação física na pessoa e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré.
Desse modo podemos ver o versículo 1 da história do Genesis como uma alegoria
do espírito divino soprando a vida sobre as insondáveis águas uterinas do (re)nasci-
mento e mortalidade para trazer ao mundo a Luz personificada por Jesus de Nazaré.
Assim, podemos tomar o primeiro " d i a " como uma referência à Era Nazarena ou
Evangélica original — conforme é representada na Pirâmide pela Grande Galeria. É
também apropriado lembrarmos, neste ponto, que " A Luz" era o nome que os anti-
gos egípcios davam à própria Pirâmide.
Maiores evidências sobre essa interpretação do ato inicial da "semana da criação"
podem ser encontradas no fato de que o Dia do Senhor, conforme o celebram os cris-
tãos desde os tempos dos apóstolos originais, jamais foi o sábado dos judeus, contra-
riamente ao que se poderia esperar, mas o primeiro dia da semana — segundo o Mi-
traísmo, era o "dia do conquistador Sol". O fato de nos ter sido dito pelos evange-
lhos que Jesus deu provas de sua vitória sobre a morte e os poderes das trevas nesse
mesmo dia da semana, torna ainda mais inevitável a identificação de Jesus e do man-
dato divino nazareno com o Sol e a chegada da luz ao mundo — mesmo se ignorar-
mos o fato de que o dia 25 de dezembro, data da tradicional celebração do nascimento
não apenas de Jesus, mas também (entre outros) do mítico Adonis, de Hórus, Dioní-
sio e do próprio Mitras, era a data do solstício de verão no calendário juliano, simboli-
zando, assim, uma vez mais, a vitória da luz do Sol sobre os poderes das trevas.
Além do mais, não é apenas no Novo Testamento que o advento messiânico é
identificado com o Sol e, portanto, com a chegada da luz ao mundo. Como já vimos,

250
a pedra do ápice da Pirâmide, simbólica do retorno do Messias, é associada muito
de perto com o Sol e, da mesma forma, o ângulo de suas passagens inclinadas (o ân-
gulo de Belém). Mais ainda, no Velho Testamento, Malaquias (4,2) também se refere
ao Messias que virá como o "sol de justiça, que tem a cura em suas asas".
O segundo dia da criação vê a separação da " á g u a " que havia sobre o firmamen-
to daquela que estava embaixo. Partindo de i m ponto de vista mitológico as imagens
parecem estranhas para a mente ocidental, r - i s a idéia de a chuva ser resultado de
vazamentos no céu não é de todo despida de iógica quando nos lembramos da óbvia
analogia entre o céu chuvoso e as dificuldades que o homem primitivo devia ter para
calafetar o teto de suas cabanas.
Seja como for, aqui também existe a possibilidade de um significado mais pro-
fundo porque, mais uma vez, talvez devamos ler " á g u a " como "fruto do útero",
de modo que a separação em questão pode ser vista como a separação final entre as
almas redimidas para a vida celestial na eternidade e aquelas condenadas por seus
próprios atos a continuarem a morrer e renascer — ou, usando a imagem criada por
Mateus 25, entre as ovelhas e os cabritos. Na Pirâmide, o segundo dia é então repre-
sentado pelo Complexo da Câmara do Rei, com sua promessa de uma era para o "jul-
gamento" e a libertação.
O terceiro dia da história do Genesis é primordialmente aquele em que toda vida
produz frutos "segundo sua espécie". (Aqui devemos ter em mente o grande signifi-
cado dado nas sagradas escrituras de um modo geral ao "terceiro dia" como dia de
ação e realização, depois de dois dias de preparação — veja-se, por exemplo, Êxodo
19, 11-15; Números 19,11; Oséias 6,2 e as várias referências a essa mesma idéia no No-
vo Testamento, vinculadas com o retorno do Messias.) Então, nos termos do Plano
Messiânico, a referência deve ser claramente à era em que os redimidos por fim con-
seguirão entrar nos planos espirituais mais baixos, enquanto para os "perdidos" es-
tará por fim fechado o caminho redentor do renascimento — uma era na qual, tendo
as árvores produzido frutos "segundo sua espécie" (isto é, bons ou ruins), a safra
terá sido por fim recolhida. Na Pirâmide, essa era é representada pela mais baixa das
cinco Câmaras de Construção, cujo nome parece ser bastante adequado em vista de
seu significado simbólico.
O quarto dia vê a criação do Sol e da Lua "para separar o dia da noite" — o que
nos parece uma parte estranha da história, já que é a segunda vez que isso é feito (vide
acima). Quanto ao Plano Messiânico, no entanto, a idéia talvez seja menos confusa.
No primeiro dia, a Luz foi mandada ao mundo para separar a luz das trevas, ou sepa-
rar o joio do trigo. Sua finalidade, como o próprio Jesus destacou, era essencialmente
divisória, assim como — em outro sentido — de expiação. No entanto, no quarto dia,
o processo se completa: a barreira eterna final é levantada entre os perdidos e os redi-
midos, cujo caminho, daí em diante, deve ser irrevogavelmente para cima.
O quinto dia é o dia das "criaturas vivas". Nele elas são feitas para "serem fe-
cundas e se multiplicarem". Aqui nós vemos o contínuo e triunfante crescimento pa-
ra cima dos seres messianicamente redimidos; eles já são as "criaturas vivas", isto
é, foram restauradas de sua condição anterior e se tornaram entes espirituais. E nós
somos informados de sua liberdade redescoberta, por meio do simbolismo de "pás-

251
saros" e "peixes" — criaturas de três dimensões, ao contrário das únicas duas do
animal humano. Ambos os simbolismos parecem referir-se aqui às almas libertadas
ou redimidas.
O sexto dia é, claro, o dia da consumação; o homem por fim é criado " à imagem
de Deus", ou seja, torna-se um só com o " e i k o n " ou espírito divino. Tendo alcança-
do o ponto alto de sua evolução espiritual, o homem descobre que "todas as coisas
estão sob o domínio de seus p é s " . Ele percebe que o mundo físico e todas as coisas
que existem nele, desde as rnais baixas folhas de grama.até o mais evoluído dos ani-
mais, nada mais representam do que uma cadeia de fenômenos terrenos projetados
expressamente para culminar em sua própria apoteose espiritual — porque ele repre-
senta sua glória final, a colheita espiritual do Planeta Terra, a flor suprema de todo
o processo de evolução terrena.
A contínua luta pela perfeição chega assim sua conclusão gloriosa e o homem po-
de "entregar-se ao paraíso lá em cima". Pelo menos toda luta pode cessar e o homem
uma vez mais estará unido com a Divindade da qual se originou e para onde lutou
tanto para retornar. Uma vez mais Deus está no homem e o homem em Deus e, por
fim — usando a analogia budista — " a gota de orvalho escorrega para dentro do mar
brilhante". Este é o sétimo dia, o dia de descanso, no qual Deus "concluiu toda a
obra que fizera" (Genesis 2,3). Quanto ao Plano Messiânico, é o momento em que o
homem alcança a mais alta das cinco Câmaras de Construção e, portanto, alcança a
última das sete eras Messiânicas.
Sete eras — sete dias: a própria semana ao redor da qual gira a vida de nossa so-
ciedade parece, em suma, ter sido criada como memorização simbólica direta do Pla-
no Messiânico. Um plano que, conforme sugestão do número de dias da semana, tem
seu objetivo principal no aperfeiçoamento espiritual do homem.

O Jardim do Éden

A conhecida história de Adão e Eva (duas palavras hebraicas que significam "Ho-
m e m " e " V i d a " respectivamente) não precisa ser contada em sua parte essencial.
E evidente aqui que ela está em conflito, em numerosos aspectos fundamentais, com
os detalhes da história da criação que a precede, fato que sugere ser necessário tratá-
la como uma questão separada da própria história da criação, cujo significado mais
profundo, segundo o sugerido acima, é quase profético. Isto dá a entender que tem
um significado pseudo-histórico ou mesmo cosmológico — e há muito tempo já se
passou a aceitar que nessa história devem ser descobertas as causas da condição de
" q u e d a " do homem, da qual o Plano Messiânico foi elaborado para salvá-lo.
A imagem do homem que emerge dessa narrativa é a de um ser não-sexual que
vive contente e capaz de comer da "árvore da vida" que lhe confere a imortalidade.
No entanto, " o conhecimento do bem e do mal" lhe é negado. Então, ele parece ser
um habitante das esferas da matéria nãodiferenciada — não existem opostos, não há
o bem nem o mal, o calor ou o frio, a matéria ou a antimatéria — de modo que, lendo
nas entrelinhas, podemos ver Adão em seu mundo como um ser de natureza basi-

252
camente espiritual. Isso também fica aparente a partir da óbvia intimidade do homem
com Deus e da completa ausência de necessidade de qualquer forma de religião no
jardim, assim como a religião está de novo ausente da eterna cidade celestial do Apo-
calipse de São João. Em outras palavras, no final da Bíblia a condição do homem volta
a ser espiritual, como era no começo. "Não vi nenhum templo nela", diz a familiar
narrativa bíblica (21,22) "pois o seu templo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, e o
Cordeiro". De fato, pelo mesmo simbolismo, até a luz do primeiro dia da criação dei-
xa de ser necessária: " A cidade não precisa do sol ou da lua para a iluminarem, pois
a glória de Deus a ilumina e sua lâmpada é o Cordeiro". Ou, conforme coloca o Bha-
gavad Gita: "Ali o sol não brilha nem a lua dá luz nem o fogo arde, pois a Luz de
minha glória está ali. Aqueles que chegam a esse lugar não voltam mais".
Essa é, então, a condição do homem no começo, mas ele eventualmente cai desse
estado idílico. É a "serpente" que primeiro atrai a " m u l h e r " para tentar o homem
a comer do fruto da árvore " d o conhecimento do bem e do mal". Como conseqüên-
cia, tanto o homem como a mulher se tornam conscientes de sua sexualidade e são
expulsos para leste do jardim, a direção que representa o (re)nascimento e, portanto,
a mortalidade.
Com base nisso podemos então ver a proverbial queda como uma perda da espi-
ritualidade enfrentada pelo homem verdadeiro — um ser essencialmente imortal e
espiritual — por ter caído presa da rede da existência física (até aqui estamos de acor-
do com uma das doutrinas básicas da chamada "heresia gnóstica"). Portanto, o ho-
mem seria um prisioneiro das células do corpo e, assim, a principal função do Plano
Messiânico seria "libertar os prisioneiros" em resposta a apelos como o que é feito
no Salmo 142: "Faze-me sair da prisão para que eu celebre o teu nome!". De todos
os papéis atribuídos pelas profecias do Velho Testamento ao Messias, nenhum é mais
persistente do que o de "libertar os cativos", como podemos confirmar pelas passa-
gens apropriadas. É como diz Malaquias (4,2): "Para vós que temeis o meu nome, bri-
lhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios. Vós saireis e saltareis como bezer-
ros de engorda".
A idéia acima, de perda da espiritualidade, concorda bastante bem com o desloca-
mento do sistema de passagens da Pirâmide 286,1" para leste (esquerda) de sua linha
de centro — mas ainda é objeto de conjectura o modo exato como essa perda de espiri-
tualidade veio a acontecer. No entanto, tendo em mente o fato de que outros homens
e mulheres devem ter existido pelo menos na mesma época do Adão bíblico1 e de que
o capítulo 6 do Genesis faz uma misteriosa referência aos "filhos dos deuses" unindo-
se com " a s filhas dos homens", os vagos traços de uma possível resposta começam
a formar-se no meio da névoa do tempo. Começa particularmente a surgir a idéia de
que a história de Adão e Eva relaciona-se com algum tipo de criação especial, uma in-
cursão espiritual no mundo físico bastante depois de completado o processo a que nos
referimos como a criação (se é que ela de fato jamais foi completada).
Em outras palavras, podemos supor que o aparecimento da vida na Terra já era
uma questão de história primitiva. As plantas, os animais, os insetos e todas as for-
mas conhecidas de vida já haviam passado muito antes pelo longo processo de evolu-
ção e o macaco humanóide ao qual costumamos dar o nome de " h o m e m " também já

253
existia havia bastante tempo. Mas o processo de evolução não tinha parado ali. Todas
as formas de vida animal — talvez mesmo todas as formas de vida — têm algum tipo
de " m e n t e " , um fenômeno parcialmente neurológico que também parece participar
do mundo espiritual, existindo, assim, em dois grupos de dimensões ao mesmo tem-
po. Em outras palavras, cada mente viva cria um tipo de perturbação no " É t e r " espi-
ritual durante o seu tempo de vida — uma perturbação que continua a se manifestar
depois de sua morte como um fenômeno que as pessoas familiarizadas com o ocultis-
mo chamam de "forma de pensamento". E esse processo seria aplicável também aos
macacos humanóides aos quais já nos referimos. Na verdade, seus cérebros haviam
se tornado tão evoluídos — e, como conseqüência, suas mentes estavam tão desen-
volvidas — que as formas de pensamento por eles produzidas haviam quase conse-
guido evoluir para se tornarem espíritos ou almas perfeitas. Esses seres eram poten-
cialmente capazes de escapar por completo de seu ambiente material e de conseguir
a união direta com os poderes divinos que haviam trazido o mundo físico à existên-
cia. Ou seja, a criação física dera uma volta quase completa e, depois de uma longa
e dolorosa evolução, estava a ponto de devolver ao seu Criador uma abundante co-
lheita de frutos espirituais.
Mas de algum modo aquele último passo evolucionário (eu suponho) continuou
escapando dos nossos remotos ancestrais. E foi nesse ponto que um grupo de espíri-
tos ou almas sentiu-se na necessidade de agir, intermediando no esperado novo nasci-
mento, eles próprios infiltrando-se nas mentes e corpos do que se tornou a "humani-
dade", como a conhecemos hoje. E, por mais incrível que pareça, essa mesma idéia
é ainda preservada nas lendas centro-americanas, em seu conceito dos "seres celes-
tiais" mandados para baixo como antigos reis para ajudar no desenvolvimento inicial
do homem. Em outras palavras, o homem espiritual mergulhou nas águas da morte
e do renascimento para ajudar o seu irmão que se afogava, sabendo muito bem que
poderia perder sua própria Vida no processo. E assim aconteceu, porque o homem
espiritual — os "filhos dos deuses", conforme personificação de Adão — logo foi se
asfixiando e enfraquecendo por causa das influências poluidoras do mundo físico, até
o ponto em que nem ele nem a criatura que pretendia salvar — as ' 'filhas dos homens",
conforme personificação de Eva — conseguiram mais juntar as forças necessárias para
reconquistar, sem ajuda, as distantes praias da eternidade. Da mesma forma que o
homem que se afoga fica privado de ar, os "filhos dos deuses" foram se tornando ca-
da vez mais privados de sua natureza espiritual. Nas palavras do Salmo 69 (1-3); "Salva-
me, ó Deus, pois a água está subindo ao meu pescoço. Estou afundando num lodo
profundo, sem nada que me afirme; estou entrando no mais fundo das águas, e a cor-
renteza me arrastando... Esgoto-me de gritar, minha garganta queima, meus olhos se
consomem esperando por meu Deus".
A "queda" do homem, portanto, pode muito bem ter sido um ato voluntário, uma
espécie de "mutação psíquica induzida", realizada com a mais nobre das intenções,
mas com resultados desastrosos. E pode ser a esse episódio que a história de Adão
e Eva estaria se referindo de maneira indireta.2
Felizmente para o homem, existem (conforme o salmista entendeu) outras influên-
cias espirituais mais fortes no universo e, em resposta a seus gritos e pedidos de so-

254
corro, o plano de salvação messiânico foi instituído pelo mundo espiritual. Como parte
dele, o homem Jesus mostrou de que maneira a missão de salvação poderia ser reali-
zada, apesar da aparente morte física, sem a perda da imortalidade espiritual — uma
demonstração que exigia que ele permitisse, a partir de seu batismo, que "fosse to-
mado" por outra emanação do mundo dos espíritos puros conhecida por alguns co-
mo o Christos. O seu retorno como Messias destina-se a dar a prova final e culmina-
ção da demonstração.
Graças a essa intervenção espiritual na vida do homem — uma intervenção que,
com toda a clareza, só pode acontecer com o consentimento do próprio homem —
chegará eventualmente o dia em que o homem por fim será salvo das águas da mor-
talidade, junto com uma boa parte das almas que ele próprio terá tentado salvar. A
colheita talvez seja grande e os trabalhadores muito poucos, mas, segundo as pala-
vras proféticas do Salmo 126: " O s homens vão andando e chorando ao levar a semen-
te', mas "ao voltar, voltam cantando, trazendo seus feixes".

A História do Dilúvio e de Noé

A conhecida história do Genesis 6,8 começa em um período de maldade no qual,


segundo a narrativa bíblica, " o s filhos dos deuses se uniam às filhas dos homens"
e os Nefilim, ou gigantes, habitavam sobre a Terra. Por causa de sua bondade excep-
cional, Noé foi avisado com antecedência sobre uma inundação de proporções mun-
diais que estava por acontecer. Aos 600 anos de idade, ele constrói uma arca segundo
as especificações e medidas fornecidas por Deus e entra nela com sua mulheT, seus
três filhos e noras, juntamente com um casal de cada espécie de animal vivo. Por mais
estranho que possa parecer, Noé parece ter desobedecido a instruções recebidas, que
eram no sentido de levar consigo sete pares da maior parte das espécies vivas — mas
isso não vem ao caso agora.
Depois de sete dias, começa um período de quarenta dias de chuva forte, enquanto
vastas quantidades de águas subterrâneas também surgem na superfície. Durante 150
dias o nível das águas sobe sem cessar, até que todas as montanhas estejam cobertas
por um lençol d'água de 15 côvados — uns 10 metros, mais ou menos, se as medidas
devem ser levadas a sério. Depois de outros 150 dias as águas recuam a ponto de
permitir que a arca fique ancorada sobre um pico em Ararat, sendo visíveis os cumes
de algumas montanhas.
Nesse momento Noé liberta um corvo — ave usada pelos navegadores no mundo
antigo para reconhecimento de praias — mas o corvo limita-se a voar de um lado para
outro, uma atividade interpretada pelos marinheiros antigos como indicação de esta-
rem mais ou menos no ponto intermediário da viagem (mas não deixa de ser uma
atividade estranha quando consideramos que os cumes das montanhas já estavam
visíveis e, portanto, fora da água). Depois de sete dias Noé liberta uma pomba, que
logo retorna à arca, diante da incapacidade de encontrar um lugar seco onde pudesse
pousar (outra história pouco provável, pela mesma razão). Depois de outros sete dias

255
ele liberta a pomba de novo e ela retorna, desta vez trazendo no bico um ramo de
oliveira. Por fim, depois de mais sete dias, ele liberta a pomba uma terceira vez e ela
não volta mais. Noé e sua família então recebem ordem de desembarcar com sua car-
ga viva e o mandamento divino é dado para que todos os seres vivos sejam fecundos
e se multipliquem sobre a Terra — uma linguagem que nos faz lembrar do quinto " d i a "
da criação (vide p. 253). Além do mais, Noé recebe a promessa divina de que nunca
mais todas as criaturas serão mortas por uma inundação e a promessa é selada com
o sinal celestial do arco-íris.
Claro que a história está cheia de incoerências, tanto de fato como no sentido fí-
guTado. Por outro lado, é repleta de simbolismos, tanto em relação aos fatos narrados
como numerológicos. E aqui manifesta-se de novo a suspeita de que se trataria de
um típico mito explanatório — sejam quais forem as suas bases em relação aos fatos
históricos — usado como veículo para uma mensagem de muito mais profundo signi-
ficado. A narrativa do dilúvio em si faz lembrar o Épico de Gilgamesh babilônio; mas
o simbolismo também é fortemente messiânico. De fato, o próprio Jesus de Nazaré
parece ter reconhecido de maneira explícita o significado messiânico da história, em
Mateus 24,37. 3
Para começar, a palavra " a r c a " é usada em geral na Bíblia como referência a um
baú ou sarcófago para guardar ou esconder coisas — em especial quando se fala, mui-
to mais tarde, da Arca da Aliança. Na verdade existe apenas uma exceção a essa in-
terpretação geral — e é no caso da própria arca de Noé. 4 Mas, neste caso, por que
supor que a arca de Noé tenha sido uma exceção? Em outras palavras, não podería-
mos interpretar a entrada de Noé na arca, em companhia de todo o seu rebanho, co-
mo a entrada do único homem justo do mundo, acompanhado de seus seguidores,
num lugar secreto e de segurança?
Mas segurança contra o quê? Qual seria aqui o significado das águas que tudo
cobrem? Uma vez mais, o simbolismo óbvio é o da " á g u a " do seio materno5 e, por-
tanto, do (re)nascimento e mortalidade humanos. Por extensão podemos interpretá-
la também como uma referência à maldade humana — que na verdade é com o que
a história a vincula de maneira explícita.
Assim, então, o significado messiânico da história já começa a se tornar aparente.
Em Noé nós vemos uma figura messiânica que lidera seus seguidores imediatos a um
lugar secreto de segurança no começo de uma era em que uma grande onda de malda-
de humana está a ponto de colocar toda a Terra a perder. A imagem criada já parece
antecipar o papel de Jesus de Nazaré que, no simbolismo da Pirâmide, é mostrado car-
regando as almas dos iniciados em suas costas e protegendo-as de novas reencarna-
ções até que sejam ressuscitadas com ele na Era Final. E o fato de Noé receber instru-
ções no sentido de levar consigo sete pares de cada espécie de "pássaros" e dos "ani-
mais que são puros" sugere que este último representa um grupo de almas cuja fun-
ção é produzir a perfeição espiritual (2 x 7). 6
Quanto à cronologia da narrativa, o período do Dilúvio, desde a entrada de Noé
na arca até que ele eventualmente saia e pise de novo em terra seca, parece ser de
sete dias, mais 150 dias, mais outros 150 dias, mais quarenta dias, mais (3 x 7) dias

256
— o que nos dá um número bastante próximo de 365 dias (o texto em si soma um
total de um ano e dez dias). Podemos ver este fato como uma confirmação de nossa
suposição anterior no sentido de que o dilúvio significa um "período" terreno ou era
de morte e destruição.
Chega o momento em que a arca repousa com sua preciosa carga sobre uma mon-
tanha em Ararat (essa palavra significa "altos picos"). Mas Noé se recusa a aventurar-se
para fora da arca e a colocar os pés em terra até que todos os sinais da enchente te-
nham desaparecido. E nesse momento ele decide mandar uma das aves que trouxera
do mundo que morria. À luz das " a v e s " da história da criação (vide p. 253), nós po-
demos uma vez mais suspeitar que esses pássaros também representam seres que
conseguiram conquistar a espiritualidade — seres que, neste caso, estão retornando
para a cena de suas conquistas anteriores. O fato de Noé esperar quarenta dias antes
de mandá-los para fora a intervalos regulares de sete dias chega a indicar que estão
sendo numericamente identificados: são iniciados renascidos (8 x 5) cuja tarefa é res-
tabelecer a perfeição espiritual (7) na Terra -— e são, portanto, idênticos em símbolo
com os iniciados cujo período desencarnado antes do eventual renascimento é repre-
sentado pelas quarenta pedras do teto da Grande Galeria da Pirâmide.
Mas, vamos considerar os "pássaros" com maior detalhe. O primeiro — um cor-
vo, portanto de cor preta — fica voando de um lado para o outro esperando a água
secar sobre a terra. O segundo — uma pomba, símbolo da paz e de cor presumivel-
mente branca — volta para a arca, sem encontrar um lugar onde pudesse pousar. O
terceiro — a mesma pombinha da paz — também volta para a arca, mas desta vez
traz no bico um ramo de oliveira, que parece representar um gesto recíproco de paz,
de parte da Terra que morria. O quarto emissário — a pomba de novo — sente-se
tão à vontade de volta à Terra que decide ficar por lá. A partir daí Noé decide descer
com seus seguidores para a terra firme, oferece sacrifício a seu protetor divino e rece-
be o que parece ser a promessa de um fim para a morte universal.
Então, o simbolismo da última parte da narrativa sobre o dilúvio parece referir-se
ao retorno dos iniciados de seu lugar desencarnado onde estavam em segurança de-
pois de ter passado o pior do período de morte, destruição e pecado na Terra. A des-
cida da arca sobre a montanha de Ararat corresponde bastante em simbolismo com
a "descida" da pedra do ápice sobre a Pirâmide incompleta, significando, portanto,
o retorno do próprio Grande Iniciado à existência física no início da Era Final. O pri-
meiro emissário messiânico não se mostra muito contente com as coisas a princípio
— ele é representado pelo corvo, que "vai e volta", isto é, encarna diversas vezes
— até que a Era messiânica alcance o seu cumprimento predestinado com a remoção
da morte, da destruição e do pecado da Terra. E o " c o r v o " preto corresponde ao gra-
nito negro da Folha de Granito da Pirâmide, que igualmente representa a primeira
ressurreição messiânica. Até mesmo a espécie escolhida — o corvo — é bastante apro-
priada, pois esse pássaro é, por inclinação, um necrófago ou aproveitador de tudo,
cuja função é recolher qualquer coisa que ainda seja comestível entre os restos de morte
e destruição,
A segunda visitação messiânica é simbolizada pela pomba branca da paz, mas
o mundo ainda não está pronto para suas iniciativas de paz. A cor clara faz lembrar

257
a pedra calcária branca da Pirâmide e talvez signifique que a figura em questão será,
com seus dois sucessores, um homem físico de origem terrena normal. Ele dará per-
missão para ser " t o m a d o " por completo por uma entidade espiritual que se manifes-
ta na pessoa da primeira figura messiânica — na verdade um caso de "possessão"
espiritual. (Aqui nós poderíamos supor que todas as tTês "lousas" verticais sugeri-
das pelos sulcos na Antecâmara da Pirâmide teriam sido feitas de pedra calcária, ao
contrário da Folha de Granito, que parece representar uma figura messiânica de ori-
gem extraterrestre.)
Essa possessão espiritual é exatamente paralela à reportada descida do Espírito
Santo sobre Jesus em seu batismo — a "unção espiritual" que parece ter dado origem
a todo o seu ministério. E aqui se deve notar que essa unção espiritual do Messias
terreno é descrita em todos os três evangelhos sinóticos como a descida de uma pom-
ba — fato que dá bastante apoio a nossa interpretação desse aspecto da história de Noé.
Segue-se uma terceira iniciativa messiânica, mas desta vez existem sinais de recí-
proca boa vontade e de intenções pacíficas, de modo que, quando o quarto emissário
messiânico aparece, ele é recebido de braços abertos e decide ficar, já que todo o meio
ambiente da Terra se teria sintonizado com os propósitos messiânicos,
Por fim, com o não-retorno da última figura messiânica — a última pomba — ao
final de seu tempo previsto de vida física, ficam estabelecidas as condições adequa-
das para o "desembarque de N o é " — ou seja, o início do grande Milênio terreno.
Com esse acontecimento o céu e a terra se reconciliam, em símbolo, sendo abolida
a morte universal. O Plano Messiânico terá atingido o seu cumprimento total, o ho-
mem estará reunido com a sua verdadeira natureza espiritual, a humanidade estará
salva e a morte terá sido finalmente vencida. E o selo da nova aliança (comparar com
o "Terceiro Testamento" de de Sabato) terá a forma de um arco-íris — um formato
com distintas afinidades com a do Selo ou Protuberância que existe na Folha de Gra-
nito da Pirâmide, por sua vez simbólica do retorno messiânico e da culminação do
Plano Messiânico.
Existe ainda um ponto a ser considerado antes de deixarmos este marcante episó-
dio bíblico. Jesus, por sua vez, parecia ver o papel messiânico como quintessencial-
mente simbolizado pelo que chamou de "sinal do profeta Jonas" (vide Mateus 12,39;
Marcos 8,12; Lucas 11,29-30). Essa aparente referência à simbólica permanência de Jo-
nas poT três dias nas "entranhas do peixe" e seu subseqüente retorno à terra dos
vivos também pode ser uma esotérica referência ao significado messiânico da "era
dos homens-peixes" (Aquário), como sugeriu Madame Blavatsky. Por outro lado, o
nome hebraico de Jonas na verdade significa " p o m b a " — de modo que a própria re-
ferência de Jesus a essa "pomba que reaparece" talvez possa ser tomada como evi-
dência de que ele está ciente de um vínculo simbólico entre o que pode ser chamado
de "lenda dos pombos que retornam ou pombos-correio" (cujo exemplo original está
na história de Noé) e o padrão da iniciativa messiânica. De fato, ele parece haver indi-
cado isso em Mateus 24,37: "Como nos dias de Noé, será a Vinda do Filho do Ho-
mem". Por outro lado, a datação da Pirâmide referente a essa próxima vinda messiâ-
nica parece assinalar o próprio aniversário do dilúvio de Noé (vide p. 194), enquanto
a idade de 950 anos de Noé, no momento de sua morte (Genesis 9,29), corresponde ao

258
período piramidal entre a reassunção messiânica da mortalidade (2039 d.C.) e o início
do Milênio final (2989 d.C.). Então parece haver aqui evidência quase absoluta de que
a história de Noé, da mesma forma que a de Jonas, destina-se a ser lida como uma
alegoria profética da chegada da era messiânica.

* * *

Deve-se admitir que a idéia de uma visitação messiânica múltipla não é muito fami-
liar aos cristãos modernos — apesar de uma trindade messiânica de "profeta, sacerdo-
te e rei" ter sido uma das possibilidades esperadas por certos sectaristas religiosos ju-
deus nos tempos de Jesus. No entanto, há pelo menos um grupo de narrativas evangé-
licas que talvez contenha o germe de uma tal idéia. Estou me referindo à história sobre
o episódio em que Jesus acalma a tempestade, em Marcos 4, 35-41 e Lucas 8, 22-25, jun-
tamente com o incidente em que ele caminha sobre as águas, em Mateus 14, 22-34.
Seja qual for a base de verdade para esta última história, talvez tivesse sido difícil
encontrar uma alegoria simbólica mais apropriada para mostrar o plano de salvação
messiânico em ação. Neste ponto nós recebemos, por meio de simbolismos, um qua-
dro inesquecível de Jesus, capaz de erguer-se sobre as águas que imploram uma iden-
tificação com as águas da mortalidade. Mesmo o mais destacado dos seus discípulos,
tentando imitá-lo, será incapaz de fazer o mesmo, a menos que o próprio Jesus o "se-
gure". Talvez não possa existir um quadro mais claro da função redentora do Christos
(ou Espírito Santo).
Mas, se a cena de Jesus caminhando pelas águas representa uma alegoria clara-
mente simbólica, não poderia a história do Messias acalmando a tempestade ter tam-
bém um aspecto alegórico — vinculado talvez com o previsto papel messiânico de
mensageiro da paz? E, neste caso, não poderiam ambas as narrativas ter nascido co-
mo parábolas simbólicas contadas uma vez pelo próprio Jesus?
Neste ponto talvez eu deva confessar que sempre tive uma inclinação no sentido
de acreditar que muitas das ostensivas narrativas sobre milagres, que chegaram até
nós através dos Evangelhos, talvez tenham nascido como parábolas contadas pelo pró-
prio Jesus — parábolas que depois foram aceitas e adaptadas pelos cronistas cristãos
como narrativas factuais dos feitos de Jesus, por se adequarem de maneira tão perfei-
ta à tese de que Jesus cumpria fisicamente todas as várias profecias messiânicas. De
fato, os evangelistas não fazem segredo do fato de que seu grande objetivo é demonstrar
essa tese, já que sua veracidade podia confirmar ou desmentir (aos olhos dos homens
contemporâneos) a condição de Messias, reclamada por qualquer pessoa desse tem-
po. Não parece ter sido muito aceita por eles a possibilidade de as profecias messiâni-
cas de Isaías (por exemplo) exigirem uma interpretação mais profunda, em um nível
mais espiritual. No entanto, a exploração desse argumento em particular terá de es-
perar pelo aparecimento de um novo livro, dedicado especificamente à vida e aos en-
sinamentos de Jesus.
Seja como for, se ambas as narrativas a que nos referimos aqui têm de fato uma
fonte comum em histórias contadas pelo próprio Jesus, então os elementos vitais na
cena de acalmar a tempestade foram: a travessia de um lago; o Messias caindo no

259
sono; a formação de uma tempestade; o novo despertar do Messias e a restauração
da calma por meio de uma ordem sua. A possível relevância desses eventos simbóli-
cos quanto à idéia de uma múltipla visitação messiânica, compreendendo a repetida
reencarnação de um único personagem, talvez já seja evidente ao leitor. Para seguir
adiante com a história de Jesus caminhando sobre as águas temos então de acrescen-
tar os seguintes elementos: o Messias retirando-se a uma colina para rezar; seus com-
panheiros continuando a viagem sem ele; a volta do Messias, caminhando sobre as
águas; o Messias salvando o líder de seus seguidores de um possível afogamento nas
águas.
Minha impressão é a de que aqui temos a memória de duas diferentes parábolas
contadas por Jesus em momentos diferentes, mas sobre o mesmo tema — ou seja,
o previsto desaparecimento e retorno do Messias. Claro que essa não é uma idéia sur-
preendente: nós possuímos registros de Jesus muitas vezes advertindo seus discípu-
los sobre sua partida iminente e seu eventual regresso como Rei-Messias. Por outro
lado, o tema dessa ocasião poderia muito bem ter sido a idéia menos familiar de que,
mesmo o esperado futuro Messias, talvez -tivesse de se retirar da Terra de vez em quan-
do, por curtos períodos, durante o seu reinado final — como se fosse para recarregar
as baterias, por assim dizer, ou para "buscar novas instruções". A referência que Ma-
teus faz de Jesus retirando-se para uma colina para rezar parece dar peso específico
a esta última teoria, por lembrar as retiradas semelhantes de Moisés para o cume da
Montanha Sagrada e seu regresso posterior, cada um desses atos (vide p. 272) simbo-
lizando uma partida e retorno do Messias.
Além do mais, a narrativa de Marcos — talvez a mais antiga e confiável de todas
as que possuímos — coloca a cena da tempestade acalmada logo depois de uma pará-
bola na qual Jesus compara o Reino do Céu a uma enorme árvore produzida por uma
semente de mostarda — uma árvore tão grande " a ponto de as aves do céu se abriga-
rem à sua sombra". Essa expressão talvez não seja tão estranha porque muitos pássa-
ros pequenos podem abrigar-se de maneira bastante confortável até sob um pé de
tomates. Então, por que mencionar os passarinhos nesse momento, numa expressão
aparentemente irrelevante para simbolizar o tamanho de uma árvore?
No entanto, se a justaposição da parábola da semente de mostarda com o inciden-
te da tempestade acalmada foi intencional e significativa, eu gostaria de apresentar
a seguinte explicação: os pássaros na história da semente de mostarda nada mais re-
presentam do que as sucessivas visitas da pomba na história de Noé. Significam que
a pomba do Espírito Santo não pousará na Terra até que possa encontrar uma árvore
suficientemente grande para lhe dar abrigo — em outras palavras, o Messias não fica-
rá para sempre na Terra antes que o esperado Reino floresça e atinja sua glória total.
Até esse momento, " A s raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mateus 8,20). Assim, de tempos em tempos
ele partirá de novo — parecerá adormecer durante a travessia sobre as águas da mor-
talidade — e durante um período os seus seguidores serão deixados sem ele. Em sua
ausência as coisas começarão a se deteriorar (vide p. 150 e compare-se com a idéia
parecida na história de Moisés, na p. 267) até que seus seguidores comecem a ser se-
riamente ameaçados e a se alarmar. Mas, a chamado deles, o Messias retornará

260
para ajudar os fiéis, triunfante sobre as águas da mortalidade, para restaurar a condi-
ção do mundo.
Há mais uma passagem das escrituras que parece ter possíveis vínculos com a
história de caminhar sobre as águas e com a idéia das múltiplas visitações messiâni-
cas. Está no último capítulo do Evangelho de ]oão, onde Pedro "atira-se" de novo ao
mar para se encontrar com Jesus — desta vez nadando até onde está seu mestre na
praia, antes de seus companheiros, que arrastavam a rede "cheia de peixes" (talvez
um vínculo com a semelhante "pesca milagrosa" de Lucas 5,1-11). No entanto, pare-
ce que essas pescas milagrosas são, de novo, simbólicas e representam lembranças
de uma parábola que teria sido contada pelo próprio Jesus sobre a natureza da vinda
do Reino do Céu — os peixes representando homens, alguns dos quais poderão even-
tualmente evoluir o bastante para serem "apanhados" pelos "anjos do Filho do Ho-
mem", enquanto os outros terão de ser "lançados fora".
Mas, se a idéia dos peixes é apenas alegórica, que fundo de verdade poderia ter
toda a história narrada em João 21? Existem boas razões para que a consideremos —
assim como o próprio começo desse mesmo Evangelho — como de natureza quase
toda alegórica. As aparições póstumas de Jesus, narradas em João 20, talvez sejam
de historicidade dúbia, mas pelo menos são mostradas de maneira bastante direta,
em termos claros. Contudo, a atmosfera geral do capítulo 21 já é bem diferente: tem
um aspecto de sonho, é quase surrealista — parece tratar-se de uma celebração idílica
ritual, referindo-se ao próprio final dos tempos.
Além de tudo, o seu tema parece ser muito relevante para a nossa presente dis-
cussão, pois os elementos básicos da história são os seguintes: sete discípulos vão
pescar a noite toda no Lago Tiberíades. Não conseguem apanhar coisa alguma. Pela
madrugada vêem Jesus, de pé na praia, mas não o reconhecem. Jesus lhes diz que
lancem a rede à direita do barco. Eles obedecem e apanham 153 grandes peixes, sem
que a rede se rompa. Pedro, que está nu, veste suas roupas, salta n'agua e nada cerca
de 200 côvados até chegar à praia, na frente dos outros. Eles trazem então os peixes
para o lugar onde Jesus (de cuja identidade ainda não estão muito certos) já colocara
pão e alguns peixes para eles comerem. O autor destaca em particular (João 21,14) que
esta é a terceira aparição aos discípulos desde a ressurreição. Jesus pergunta a Pedro
três vezes se o ama, e três vezes lhe ordena que cuide de seu rebanho, que apascente
as suas ovelhas (em termos que sugerem estar o rebanho envelhecendo mais e mais).
O capítulo termina com uma passagem bastante esotérica sobre o relacionamento en-
tre o "discípulo amado", o autor do Evangelho, e Jesus.
Todos esses elementos parecem convidar à seguinte interpretação:
Os sete discípulos representam (nos termos do código da Pirâmide), os espiri-
tualmente perfeitos — ou mesmo os anjos do Filho do Homem — realizando o seu
trabalho de tentar a redenção durante a longa noite que precede o amanhecer do Reino.
O aparecimento de Jesus na praia pela madrugada é o retorno do Messias duran-
te a Era Final: a dificuldade em reconhecê-lo sugere que ele teria ressuscitado / reen-
carnado em um corpo diferente. Talvez exista aqui alguma alusão ao antigo termo egíp-
cio para a Antecâmara da Pirâmide, a Câmara do Triplo Véu — mas, neste caso, são
suas açães que confirmam sua identidade.

261
A grande pesca é conseguida quando eles lançam a rede para a direita — ou o
lado " b o m " do barco — e os 153 peixes parecem simbolizar de modo direto (ainda
nos termos do código da Pirâmide) os iluminados redimidos.
A possibilidade de o próprio barco simbolizar aqui a arca de Noé é apenas questão
de conjectura. Mas os seus ocupantes por certo simbolizam os sete pares de cada espé-
cie de criatura que Noé recebeu ordem de levar consigo para a arca para que (simboli-
zando os "produtores da perfeição espiritual") possam ser salvos das águas da destruição.
O significado da estranha atitude de Pedro, que veste as roupas antes de mergu-
lhar no lago, parece ser, surpreendentemente, uma referência direta ao simbolismo
da Pirâmide. Porque Pedro (Cephas) — a Rocha — parece aqui simbolizar nada mais
nada menos do que a própria Pirâmide. Assim como a Pirâmide atual, ele está " n u " ,
despido de seu "revestimento" normal. Mas, quando chega o momento em que de-
ve liderar os fiéis para onde Jesus está à espera deles, nas praias da eternidade, ele
"veste sua roupa" de novo — a Pirâmide é simbolicamente recompletada, voltando
a suas dimensões totais. Então ele nada cerca de 200 côvados para a praia. Essa dis-
tância parece ter um vínculo simbólico deliberado com a distância total para a reden-
ção — e, examinando a Pirâmide, descobrimos que o comprimento total do piso que
simboliza todo o Plano messiânico, desde a entrada até a triunfante parede sul e o
túnel de fuga da Câmara do Rei, é de exatamente 200,17 Côvados Sagrados.
O pão e os peixes parecem simbolizar a colheita na terra e no mar — toda a colhei-
ta espiritual do planeta Terra.
Por outro lado, a ênfase que o autor dá ao fato de ser essa a terceira aparição de
Jesus depois de sua ressurreição, parece conter mais do que uma pista de que a Era
Final pode ser assinalada por mais três aparições do Messias depois de sua primeira —
assim como por algumas dificuldades iniciais de identificação de sua pessoa em cada
reaparição.
O pedido feito três vezes por Jesus para que Pedro apascente suas ovelhas só faz
sentido em se tratando de um "pastor" que de fato se proponha a deixar o rebanho
em três oportunidades diferentes. Esta impressão é reforçada pelo fato de que o reba-
nho está "envelhecendo" durante esse processo, com os animais começando como
cordeiros e acabando como ovelhas.
Então, no capítulo final do Evangelho de João parece que encontramos nova sustenta-
ção bíblica para a idéia de que o futuro Messias Real será sucedido por mais três figuras
messiânicas, cujo advento pressagiará de imediato o estabelecimento do verdadeiro Mi-
lênio — uma idéia que parece encontrar um forte eco no Velho Testamento, na destrui-
ção das cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra logo depois da visita de três anjos e da
conseqüente fuga de Ló e sua família por ordem dos dois primeiros anjos (Genesis 18,19).
Mas devemos recordar que obtivemos essa idéia originalmente da Antecâmara da Pirâ-
mide e a consubstanciamos por intermédio da história do dilúvio e de Noé.

Claro que a historicidade do Dilúvio e da arca de Noé ainda é apenas motivo de


conjecturas, no momento presente. Muita coisa depende de sua suposta magnitude e

262
de suas datas, não sendo qualquer das duas muito fácil de determinar de maneira
exata com os dados de que dispomos. Claro que as mitologias populares de quase
todas as raças atestam a realidade de algum tipo de dilúvio que teria destruído por
completo uma antiga civilização humana. Uma colocação semelhante é feita por Pla-
tão em sua obra Timaeus (vide nota 8 na p. 31), aparentemente a mandado dos sacer-
dotes egípcios, que defendiam o ponto de vista de que esses cataclismos ocorriam
dentro de certos intervalos como resultado natural das irregularidades nos movimen-
tos dos corpos celestes. E até do ponto de vista científico essas colocações parecem
ser razoáveis.
Os registros geológicos disponíveis na verdade deixam claro que o período de onze
mil anos que começou por volta de 15000 a.C. caracterizou-se por enchentes de ex-
tensão mundial. Como resultado direto do ciclo precessional da Terra, de 26000 anos,
as radiações solares aumentaram bastante durante esse período, fazendo com que o
nível da superfície dos mares aumentasse de um total de mais de 115 metros. Claro
que isso seria o bastante para inundar vastíssimas áreas antes habitadas pelo homem.
Além do mais, o pico final da elevação das águas foi alcançado por volta de 4000 a.C.,
uma data que parece combinar bastante bem com a cronologia aproximada das narra-
tivas sobre enchentes feitas pelos babilônios, egípcios, maias e hebreus. 7 E mais; os
dados publicados indicam que esse aumento final de 250 anos fez elevar o nível dos
mares em uns 9 metros e meio. Traduzindo em medidas hebraicas, temos aí cerca
de 15 côvados — e descobrimos que uma distância de quinze côvados é mencionada
de modo específico na narrativa do dilúvio no Genesis, em associação com o nível das
águas (7,21). 8
Percebe-se ir ficando cada vez mais claro que a Terra, há mais de dois milhões
de anos, tem sido sujeita a periódicas mudanças climáticas de considerável violência
— uma das quais pelo menos parece ter sido responsável pelo repentino desapareci-
mento de muitos dos grandes animais pré-históricos. E a causa natural dessas mu-
danças (assim como das freqüentes alterações no campo magnético da Terra observa-
das pelos geologistas e usadas para justificar as teorias dos movimentos continentais
e das placas tectônicas) talvez tenha sido a repentina alteração na inclinação do eixo
da Terra ou no ambiente orbital do Planeta. E isso, naturalmente, sem falar nos efei-
tos cataclísmicos mundiais dos impactos periódicos de meteoritos de grande escala
que, segundo se calcula, ocorrem pelo menos a cada 10000 anos, chegando a causar,
no caso dos mais freqüentes impactos oceânicos, "ondas gigantescas" de mais de seis
quilômetros de altura.9
Talvez a mais impressionante narrativa do esmagamento de toda uma civilização
por uma catástrofe líquida seja encontrada na descrição feita por Platão sobre o desti-
no da semilendária Atlântida, em torno do ano 10000 a.C. (um período cuja atividade
geológica teria provocado uma elevação muito rápida do nível dos mares). 10
Talvez valha a pena registrar aqui que Edgar Cayce, o celebrado curador e visio-
nário americano a que nos referimos no capítulo 8, confirmou a realidade tanto da
Atlântida como de sua eventual destruição por uma inundação por volta do ano 10000
a.C., por causa do uso indevido de determinados recursos científicos não menos po-
derosos e adiantados do que os nossos atuais. Enquanto alguns dos sobreviventes

263
teriam viajado para a América Central e outros para a área dos Pireneus, na Europa,
um dos maiores grupos, aquele que detinha o conhecimento dessas avançadas técni-
cas, ter-se-ia estabelecido no Egito. Daí, seria óbvia, entre outras coisas, a incrível se-
melhança entre as civilizações dos antigos egípcios e a dos povos da América Central.
(Discussões mais detalhadas sobre este tópico serão encontradas sob o título " A Tra-
dição da Atlântida", mais adiante neste capítulo.)
Segundo Cayce, o grupo "egípcio" teria chegado ao Egito por volta da mesma época
em que aquele país estaria sendo dominado por um invasor caucasiano chamado Arart,
com o apoio de seu filho Araaraart e de um sacerdote chamado Ra-Ta (poderia ser Ra-
Ptah?). Teria sido.com a colaboração dessas personagens que os refugiados da Atlânti-
da teriam planejado e começado então a construir a Grande Pirâmide para que, junta-
mente com outros registros e artefatos ainda não descobertos, servisse de testemunho
de uma história mundial bem diferente de tudo que até agora supomos que tenha sido
e de um Plano Messiânico para a evolução humana cujas glórias são hoje desconheci-
das da grande maioria daqueles que o Plano se destinaria a beneficiar.
Alguns estudiosos chegam inclusive a supor que os antigos habitantes da Atlân-
tida teriam inclusive desenvolvido algum tipo de tecnologia espacial que teria permi-
tido a alguns deles escapar por completo deste planeta e viajar pelo espaço para colo-
nizar outras partes do Universo — digamos, as luas de Júpiter, por exemplo. E de
lá, segundo se diz, eles retornarão algum dia. Por mais fantástica que possa parecer
essa idéia, ela é bastante consistente com o simbolismo da história de Noé e com a
expectativa messiânica. Também encaixa direitinho nas previsões de Mário de Sabato
(vide capítulo 8) e nas teorias de von Dâniken, Blumrich e outros. Até que ponto essa
história teria algum fundo de verdade, no entanto, é apenas uma questão de especu-
lação, no momento.
Seja como for, não deixa de ser extraordinário que a fase final do Plano Messiâni-
co — descrita na Bíblia como "reino do céu ou reino do paraíso — seja prevista para
começar com uma chegada messiânica (aparentemente do espaço sideral), simboliza-
da na Grande Pirâmide pela descida da pedra do ápice ao estilo da arca de Noé, sobre
aquilo que, nos termos de Cayce, poderia muito bem ser descrito como " a montanha
de Araaraart". 11

A História de Abraão

Em virtude do papel desempenhado por Abraão como o lendário fundador da


nação judaica, seria de se esperar a descoberta de muito mais paralelos messiânicos
na história de sua vida do que de fato existem.
É verdade que seu papel é o de estabelecer uma nação de "filhos de Deus" numa
distante "terra prometida". Também é verdade que sua dificuldade inicial é a falta
de filhos — um problema destinado a ser vencido a partir da data de sua circuncisão
ritual e do conseqüente compromisso com o conceito de filho de Deus. E, nos dois
aspectos, talvez se possa ver uma antecipação do messianismo judeu que viria de-
pois.

264
Mas, em muitos aspectos, os acontecimentos da vida de Abraão parecem ser dis-
persos o bastante para sugerir que uma verdadeira figura humana foi colocada na ori-
gem da lenda e que uma história basicamente verdadeira foi montada com apenas
alguns aperfeiçoamentos messiânicos ao longo do tempo.
Entre as alusões mais óbvias, relevantes a nossas pesquisas sobre a história de
Abraão, destacam-se as seguintes.
O ano de seu nascimento como Abrão parece ser quase idêntico à data das Linhas
Demarcadas da Grande Pirâmide — ou seja, o ponto de partida para todo o Plano
Messiânico.
Parece que Abrão mais tarde chegou a ocupar uma posição de certo poder no Egi-
to — fato que sugere ter ele talvez recebido algum treinamento sacerdotal durante
os anos que passou ali, como seria de se esperar no caso de um homem de tendências
religiosas como ele. Sendo este o caso, por certo se teria familiarizado com algumas
idéias messiânicas.
Quando chegou à idade de noventa e nove anos, o nome de Abrão foi mudado
para Abraão. O texto bíblico sugere uma explicação na mudança de significado do
nome, de "Grande Pai" para "Pai de uma multidão". Seja como for, o fato de ter
sido acrescentado o som de mais um " a " no nome dele e da supressão do " i " final
no nome de sua mulher, que passou a se chamar Sara, é visto como sendo dotado
de uma conotação esotérica especial, porque o som em questão associa-se, do ponto
de vista esotérico, com o primeiro fôlego ao nascer e depois com o espírito (no entan-
to, muitos idiomas deixam de distinguir entre ambos). Além do mais, a correspon-
dente letra hebraica também significa o número cinco, simbólico de um iniciado. As-
sim, lendo esse curioso episódio "nas entrelinhas", talvez possamos deduzir que Abrão
— que além de tudo ainda era inclinado a ter "visões" oraculares — teria passado
nesse estágio de sua vida por algum tipo de iniciação especial nos mistérios secretos.
O horrível episódio de Sodoma e Gomorra talvez seja uma das mais impressio-
nantes alusões messiânicas de toda a história de Abraão. Informado com antecedên-
cia por três mensageiros, ou anjos, sobre a iminente destruição dessas duas cidades
perdidas no vício, Abraão pede misericórdia por alguns homens justos que ainda vi-
vem ali. Seu sobrinho Ló e sua família são salvos pelos dois primeiros "estranhos"
bem a tempo de escaparem do holocausto previsto, que parece ser desencadeado pe-
lo terceiro "estranho" — aquele a quem Abraão se dirige com a expressão " o Senhor".
Só a mulher de Ló, incapaz de resistir à tentação de dar uma última olhada para trás,
não consegue fugir com os outros.
Já foi muitas vezes observada a extraordinária semelhança entre esse relatado ho-
locausto e os efeitos de uma explosão nuclear. Mas o que deve nos preocupar aqui
é o fato de o desenvolvimento da história parecer corresponder, com certo grau de
exatidão, com a visão da Grande Pirâmide sobre a múltipla iniciativa messiânica que
está por vir. São quatro os salvadores em potencial do povo de Sodoma e Gomorra
— isto é, o próprio Abraão e os três visitantes extraterrenos. Primeiro, um homem
ao lado dos anjos; depois, três anjos ao lado de um homem. E, neste aspecto, a figura
de Abraão parece corresponder à Folha de Granito da Pirâmide, sendo sua função
essencialmente redentora. Assim como a Folha de Granito, o seu papel é salvar, não

265
julgar nem condenar — em suma, "deixar que o povo passe", no mesmo estilo de
Moisés, mais tarde, durante a travessia do Mar Vermelho.
No entanto, os dois primeiros visitantes são menos condescendentes e suas de-
mandas mais exigentes. Apesar de estarem preparados para salvar aqueles que mere-
çam, insistem em que a destruição tem de ser executada. E ao terceiro visitante pare-
ce estar reservada a tarefa de "apertar o botão", destruindo assim aqueles que não
merecem ser salvos, em benefício dos que escaparam e estão preparados a "não olhar
para trás". E nós podemos ver em tudo isso os três visitantes simbolizando a função
das três placas suspensas na Antecâmara da Pirâmide — placas que, ao contrário da
Folha de Granito, são projetadas para descer até o nível do piso e talvez mais, sepa-
rando por fim aqueles que conseguiram passar pela Câmara do Rei daqueles que não
tiverem conseguido.
Assim, a história de Sodoma e Gomorra serve como alegoria direta do tempo de
provações previsto na Câmara das Tribulações da Pirâmide e na múltipla visitação
messiânica que se diz acompanhá-la.
Por último, há muito tempo já foi interpretada com um profundo significado sim-
bólico a história do não concluído sacrifício que Abraão ia fazer de seu próprio filho Isaac,
substituído no último instante por um cordeiro. Para começar, é um óbvio reflexo da
nova aliança proposta por Jesus, que envolvia a substituição do auto-sacrifício huma-
no pelo sangue expiatório do tradicional cordeiro da Páscoa. Deve-se observar, no en-
tanto, que, na versão anterior, o sacrifício do filho é evitado no último instante — uma ca-
racterística que deve ter feito com que o próprio Jesus parasse para pensar um instan-
te, antes de ser preso e crucificado. Mas outra versão judaica desse episódio faz com
que Isaac seja devidamente sacrificado para retornar dos mortos, depois de passados três anos.
E essa lenda também tem considerável afinidade com a tradição messiânica. A pessoa
de Isaac tem sido vista há muito tempo por uma boa parte dos judeus como simbólica
da própria nação israelita, cuja função básica como "Messias coletivo do mundo" cria
então mais um vínculo entre a história de Abraão e as tradições messiânicas.
Em resumo, a história de Abraão não é tão abertamente messiânica como a de Noé
e menos ainda do que a de Moisés (q.v.) — talvez por causa da força da lenda do ho-
mem verdadeiro. Mas, assim mesmo, existem suficientes pistas e episódios messiâni-
cos para sugerir que a história de sua vida, como as dos outros dois, foi até certo ponto
exagerada por mãos desconhecidas com propósitos proféticos deliberados. Portanto,
não chega a ser surpreendente demais a descoberta de que sua idade, ao morrer, era
de 175 anos — um número que, no código da Pirâmide, indica ter ele alcançado a per-
feição espiritual do Grande Iniciado (7 x 52).

A História de Moisés e do Êxodo

De todas as histórias do Velho Testamento, nenhuma contém mais paralelos e pres-


ságios messiânicos do que a de Moisés. O Livro do Êxodo registra como ele nasceu, num
período em que os israelitas no Egito estavam se tornando tão numerosos que chega-
ram a provocar a ira do faraó reinante. Como resultado disso, eles estavam

266
sendo submetidos a um tratamento cada vez mais duro, até se decidir que seriam afo-
gados todos os bebês israelitas do sexo masculino, no momento do seu nascimento.
O pequenino Moisés só conseguiu escapar desse destino porque sua mãe o colocou
num berço à prova d'água feito de junco e o escondeu no rio, de onde ele foi retirado
e criado na casa do próprio faraó (essa narração parece, no entanto, ser uma referên-
cia à tradicional cerimônia egípcia de batismo no NÜo — a oferta do bebê recém-nascido
às águas sagradas).
Mas, do mesmo modo que Noé, Moisés sobrevivia assim a uma tribulação causa-
da pela água, num barquinho feito de junco. Além do mais, ele partilhava com Jesus
de Nazaré, que apareceria muito mais tarde, da distinção de haver sobrevivido a uma
tentativa de infanticídio em massa enquanto ainda era bebê — apesar de o massacre
atribuído a Herodes não ter comprovação histórica, podendo ser talvez um "emprés-
timo" literário em relação à própria história de Moisés, por razões de caráter simbólico.
Tendo assassinado um soldado egípcio — aparentemente depois de severa pro-
vocação —, Moisés foge para o exílio, onde os gritos de seu povo pela libertação do
Egito acabam chegando até ele no monte Horeb, por intermédio da voz de seu Deus.
Ao receber instruções divinas bastante detalhadas — como acontecera com Noé —
para liderar os israelitas para fora do Egito até as montanhas sagradas, e dali de volta
a sua Terra Prometida de Canaã, Moisés parte para encontrar-se com seu irmão Aa-
rão e, juntos, os dois começam a colocar o plano em ação. Dentre os dois é Aarão,
o intérprete, que vai fazer os discursos, enquanto Moisés haverá de ser " o deus por
quem ele fala" (Êxodo 4,16). Depois de uma longa série de prodígios bastante desa-
gradáveis, realizados por Moisés diante do horrorizado faraó com a ajuda de um bas-
tão especial que lhe fora dado por Deus (alguns estudiosos acreditam tratar-se do ankh
egípcio, ou bastão da vida, cujo desenho é este:"f*) 12 , uma morte misteriosa atinge
todos os primogênitos do Egito — sendo evitada pelos israelitas apenas por meio da
observação de uma festa recém-promulgada (a Páscoa), que exige comer a carne de
um cordeiro sem defeito, com pães ázimos e ervas amargas. Então, Moisés consegue
por fim liderar o seu povo para fora do Egito, depois de 430 anos de cativeiro, come-
çando assim o grande Êxodo de volta para a Terra Prometida, orientado pelas chamas
e a fumaça que surgem do Monte Horeb.
Numa derradeira tentativa no sentido de conservar a sua força trabalhista que vai
desaparecendo depressa, o faraó e seu exército saem em perseguição, enfrentando
uma forte ventania oriental que aparentemente faz o vulcão criar uma cortina de fu-
maça entre eles e os perseguidos. O contato visual mal havia sido restabelecido quan-
do a escuridão da noite cai antes da hora, impedindo os egípcios de continuar a per-
seguição. Sob o manto escuro da noite, os israelitas, acuados às margens de um braço
do Mar Vermelho (ou dos "Juncos"), conseguem de alguma forma atravessá-lo sem
ao menos molhar os pés, graças à ação da maré — que o texto (Êxodo 14,21) associa
com o forte vento oriental já mencionado (algumas fontes chegam a associá-lo com
a histórica erupção da ilha grega de Santorini), mas que a tradição vê como resultado
da mágica do bastão de Moisés, que ele ergue sobre as águas. Quando o dia amanhe-
ce, os egípcios, percebendo que sua presa tinha conseguido evadir-se, partem de no-
vo em perseguição e tentam imitar os israelitas, mas suas carruagens têm as rodas

267
emperradas e as águas retornam de um momento para o outro, envolvendo todo o
exército egípcio e impedindo que a perseguição continue.
Depois disso registra-se um longo período de peregrinação pelo deserto, durante
o qual a grande multidão de refugiados é sustentada pelos seus líderes graças a no-
vos prodígios. A água amarga de uma fonte é tornada pura quando Moisés lança so-
bre ela um pedaço de madeira; um enorme bando de codornizes aparece de modo
inexplicável sobre o acampamento, fornecendo a carne reclamada pelo povo; um mi-
lagroso "pão que chove do c é u " aparece na areia todas as manhãs, ao raiar do Sol,
e continua aparecendo assim durante quarenta anos; Moisés bate na rocha com o seu
milagroso bastão e uma fonte brota desse lugar. 13 E eles acabam chegando a Horeb,
a Montanha do Fogo Sagrado.
Ali, no curso de cinco erupções do vulcão, Moisés recebe a promessa divina: "Vós
sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa". E recebe instruções pre-
cisas para que isso se torne realidade. As leis divinas para Israel, cuja qualidade está
em suas funções redentoras e sacerdotais, são gravadas duas vezes na pedra — sendo
essa repetição necessária por causa de uma rebelião temporária (com a conivência de
Aarão) entre os impacientes líderes tribais que, durante a longa ausência de Moisés,
tinham voltado a adorar um "bezerro de ouro" (isto é, o antigo culto do touro). Moi-
sés acaba brutalmente com a incipiente revolta que se manifestava entre seus infiéis
seguidores, mandando matar todos aqueles que não ficarem a seu lado e não procla-
marem seu desejo de se submeter à vontade divina. Por fim uma Arca da Aliança
é construída para guardar os "acessórios" divinos, com uma tenda para cobrir a arca
e abrigar a presença divina. Ao mesmo tempo são estabelecidas regras rituais rígidas
com um sacerdócio para administrá-las e é baixado um código social também rígido
— e surpreendentemente avançado.
Então os israelitas lançam-se de novo a sua longa peregrinação, chegando muitos
anos depois às fronteiras da Terra Prometida de Canaã — a terra que seus ancestrais
haviam deixado muito tempo antes para "ir para o Egito", E ali, aos 120 anos de ida-
de e tendo diante dos olhos o seu objetivo, o grande profeta Moisés vem a falecer
e é sepultado, sendo o local do seu túmulo desconhecido até hoje. Dali em diante
as legiões do povo escolhido, lideradas por um tal de Jesus (Josué, ou Joshua, em
hebraico), passam milagrosamente pelas águas do Jordão, o último rio que os separa
de sua herança de origem divina.
Como já disse antes, toda a história está repleta de simbolismo messiânico e che-
ga a nos parecer que os acontecimentos ou a narrativa bíblica, ou mesmo ambos, fo-
ram arranjados de propósito para dar essa impressão — sendo impossível saber quem
teria feito isso e com que finalidade. Conforme Paulo afirmaria mais tarde (ICor 10,11):
"Estas coisas lhes aconteceram para servir de exemplo e foram escritas para a nossa
instrução".
Para começar, temos as evidências de caráter lingüístico em torno dos nomes de
Moisés e Aarão. Conforme a narrativa bíblica no segundo capítulo do Êxodo, a criança
salva do meio dos juncos é chamada de " M o s h ê " pela filha do faraó, porque ela o
"tirou" das águas — mashah é o verbo hebraico que significa tirar. Em simbolismo,
isso poderia querer sugerir a idéia distintamente messiânica de que a criança já teria

269
conseguido antes escapar das águas da mortalidade e retornava para ajudar a salvar
os seus irmãos.
Por outro lado, o Velho Testamento bíblico é tão cheio de explicações etimológi-
cas dúbias sobre antigos nomes próprios que também essa explicação poderia ser dú-
bia. Tomando o presente caso como exemplo poderíamos perguntar: por que, afinal
de contas, uma princesa egípcia haveria de basear o nome de uma criança num verbo
hebraico? Na verdade (como sugerimos no capítulo 8), parece muito mais provável que
essa princesa, que as evidências cronológicas sugerem ter sido a celebrada Hatshep-
sut, teria decidido apenas dar à criança o mesmo nome de seu pai, Tutmósis.
E a questão poderia ter ficado nisso. Mas o fato é que, adaptado ao hebraico, o
nome da criança (Moshê), bem como sua suposta derivação hebraica (rnashah) têm
uma extraordinária semelhança com o verbo hebraico maschah (ungir). E daí o seu
derivativo direto maschiach, que significa "ungido" ou "Messias". Parece inevitável
a conclusão de que deve ter havido a princípio um vínculo intencional, com a finali-
dade de fazer referência direta ao papel basicamente messiânico de Moisés. Em ou-
tras palavras, o vocábulo emprestado do egípcio talvez tenha sido adaptado para
encaixar-se no já existente simbolismo hebraico.
O caso de Aarão é quase tão intrigante como esse. O significado desse nome é
"iluminado" — apontando Aarão como um iniciado cuja tarefa era falar em nome
da figura messiânica e quase divina personificada por Moisés. Como intérprete, o seu
papel é idêntico ao de todos os iniciados através dos tempos. E, mais do que isso,
seu nome também parece estar relacionado de maneira direta com a palavra aron —
a mesma de que o texto se vale para referir-se ao cofre ou arca sagrada que os israeli-
tas devem levar consigo em todas as suas viagens. Em outras palavras, a arca parece
destacar-se como uma fonte de iluminação espiritual — daí o enorme respeito com
que sempre é tratada. De fato, o próprio sucesso e a sobrevivência do povo como um
todo parece ser diretamente proporcional a sua devoção à segurança da arca e aos
ditames da vontade divina promulgada pelos seus líderes principais e pelos misterio-
sos objetos que ela própria encerra. Por outro lado, é preciso lembrar que também
o sarcófago da Câmara do Rei da Pirâmide — cujo volume interior (segundo Ruther-
ford) seria idêntico ao da arca dos israelitas — tem o papel essencial de "sarcófago
de iluminação espiritual".
Então, não é apenas o nome de Moisés, mas também o de Aarão e a própria arca
sagrada que falam de maneira direta sobre uma liderança de poderosos iniciados mes-
siânicos que, sozinhos, são capazes de levar o povo de volta para a terra prometida
de seus ancestrais — que, em simbolismo, representa a herança espiritual há muito
perdida pelo homem.
A própria história do Êxodo começa numa época em que os israelitas escravizados
no Egito se teriam tornado tão numerosos que estariam representando uma verda-
deira praga na face daquela terra. A maneira abusiva como os seus feitores egípcios
os tratavam acabou fazendo com que gritassem por ajuda para se livrarem das cres-
centes dificuldades e problemas. O paralelo com as profecias messiânicas é bastante
claro, pois já vimos que a era em que o Grande Iniciado por fim retorna deve, por
definição, mostrar uma explosão populacional mundial de proporções inéditas, para

270
que possa ser acompanhada da reencarnação universal prevista pela Pirâmide e por
outras fontes de gnose. No ato de afogamento dos bebês do sexo masculino, com o
qual a história começa, podemos ver um prenúncio das modernas tentativas de redu-
ção do aumento da população por meio do controle da natalidade e, em particular,
do aborto — as crianças afogadas representariam aqueles bebês que jamais conseguem
escapar com vida das águas do seio materno. Também já vimos que tanto a Bíblia
como a Pirâmide concordam em que o segundo advento será precedido por uma era
de morte e destruição sem paralelos na História, na qual os Altos Poderes só deverão
intervir quando se manifestar um desejo geral do povo no sentido de que eles façam
isso (comparar com a pomba que transporta um ramo de oliveira, na história de Noé).
E o paralelismo quase inacreditável continua se manifestando. A chamada de Moi-
sés de volta ao Egito e a indicação de seu irmão Aarão como seu intérprete sugerem
de imediato uma intervenção espiritual nos assuntos do mundo no início da era final
de fuga por intermédio de um homem físico. O bastão semimágico ou ankh com o
qual ele é equipado parece corresponder ao cetro do Messias esperado, descrito no
Salmo 110 (v. 2). Os prodígios que realiza fazem lembrar as "maravilhosas novas téc-
nicas" com as quais de Sabato equipa o seu esperado visitante do espaço sideral (q.v.).
A morte dos primogênitos egípcios pressagia a vitória da mortalidade sobre aqueles
que escolhem o caminho físico da Câmara Subterrânea da Pirâmide (nas escrituras
proféticas, "Egito" tradicionalmente um sinônimo do mundo físico). Por outro lado,
os israelitas só conseguem escapar desse tipo de morte comendo a carne de um cor-
deiro sem defeito e o pão ázimo da penitência. Esse mesmo simbolismo será mais
tarde adotado por Jesus de Nazaré como um dos conceitos messiânicos básicos de
seu ensinamento. Para ele, comer aquele mesmo pão sem fermento da Páscoa simbo-
lizava a aceitação incondicional de seus ensinamentos de abnegação — uma aceitação
que, por si só, já permitiria ao homem o acesso à "Terra Prometida" da vida eterna.
E é assim que o grande Êxodo do Egito — isto é, do mundo físico — por fim tem
o seu início, com orientação do fogo da montanha sagrada — que seria um reflexo
da luz espiritual simbolizada pela pedra messiânica do ápice da Grande Pirâmide.
Mas a batalha não termina aí. O mundo físico, personificado pelo faraó egípcio e seu
exército, ainda pretende dominar os eleitos, as almas da iluminação espiritual. A co-
munidade dos fiéis ainda é perseguida pelas forças da Terra mas, liderada pelo Gran-
de Iniciado, consegue fugir ao passar ilesa pelas águas da morte — simbolizadas pelo
Mar Vermelho. Assim, acabam se qualificando para o renascimento na era messiâni-
ca que se destina eventualmente a levá-los à Terra Prometida da Era Dourada do Mun-
do, durante a qual sua função será a de agir como " u m reino de sacerdotes e uma
nação santa" — uma espécie de Messias coletivo ou parteira da Nova Era. Enquanto
isso, os perseguidores, tentando fazer o mesmo, não conseguem atravessar e, em sím-
bolo, permanecem presos à suprema mortalidade.
Os quarenta anos que os israelitas passam vagando no deserto depois disso pare-
cem representar o progresso dos iluminados por um ambiente ainda hostil e a esco-
lha de 40 (8 x 5) anos, ao invés de qualquer outro número (parece um tempo longo
demais para a histórica viagem em questão, mesmo através do mais longo dos cami-
nhos), parece ter algum vínculo com o simbolismo da Pirâmide. Aplicando-se esse

271
simbolismo aqui, teríamos a sugestão de que o período em questão verá o Messias reen-
carnado (ou ressuscitado), uma idéia que se harmoniza bastante bem com as previsões
da Pirâmide. Durante esse tempo, a história do Êxodo nos dá pistas sobre a poluição
e sua cura e sobre a descoberta de novas e inesperadas fontes de alimentos. Por outro
lado, o maná, ou pão caído do céu, encontra um claro eco nas palavras messiânicas
de Jesus: "Eu sou o pão da vida. Vossos pais no deserto comeram o maná e morreram.
Este pão é o que desce do céu para que não pereça quem dele comer. Eu sou o pão
vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente" (João 6, 48-51). Ao
mesmo tempo, a fonte milagrosa nascida da rocha faz lembrar estas palavras de Jesus:
"Quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe
der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna" (João 4,14). Tam-
bém nos vem à mente a função simbólica do Poço-Fonte da Pirâmide.
Depois chegamos ao vulcão santo, ou montanha de fogo — seu granito vermelho
bem parecido com o Tampão de Granito, a Folha de Granito e todo o Complexo da
Câmara do Rei da Pirâmide. A identificação da montanha sagrada com a Pirâmide,
coberta por sua brilhante pedra do ápice dourada — bem como o sagrado Monte Sião
das profecias do Velho Testamento — transforma-se numa idéia difícil de evitar. É
aqui, durante o curso de cinco descidas da montanha (que lembram as cinco "ascen-
sões" messiânicas da Pirâmide, começando pela de Jesus), que o rebanho dos fiéis
fica sabendo de seu papel como um reino de sacerdotes, isto é, sua função como uma
espécie de salvador comunitário da humanidade, ou Messias. Isso compreende o re-
cebimento da lei divina — o padrão messiânico a que os homens devem obedecer pa-
ra não morrer, como é sugerido de maneira inequívoca tanto pela Pirâmide como pe-
la história do Êxodo.
Aqui devemos notar que a lei é inscrita na rocha, que de imediato nos lembra ou-
tra vez a Grande Pirâmide, em cuja rocha as leis naturais e divinas acham-se (parece)
escritas de maneira indelével. O paralelismo torna-se ainda mais impressionante quan-
do Moisés quebra as tábuas simbólicas ao descobrir os israelitas adorando o bezerro
de ouro, assim como pela difícil produção de novas tábuas em substituição das ou-
tras. Aqui podemos ver, em símbolo, não apenas a destruição da velha lei e o estabe-
lecimento do novo mandato messiânico, mas também o processo físico que, segundo
Rutherford, simboliza de modo específico esse mandato — ou seja, a quebra parcial
da "Pirâmide da Lei Divina" original, em escala reduzida (isto é, o fato comprovado
de que suas pedras de revestimento foram quase todas removidas com o passar do
tempo) e sua eventual reconstrução para que volte a suas dimensões messiânicas to-
tais — o "crescimento" da humanidade " e m Cristo", descrito por Paulo em Efésios
4,11-16. E até a precisa razão histórica para essa reconstrução e reexpressão da divina
lei encontra-se cuidadosamente guardada nos detalhes da história do Êxodo — ou se-
ja, a longa ausência do líder messiânico do povo, cujo resultado é fazer com que as
pessoas voltem a adorar o bezerro de ouro, uma atividade que deve ser interpretada
nos termos de uma obsessiva procura da riqueza e do poder que tipifica acima de
tudo, talvez, a nossa própria sociedade ocidental do século XX. E deve-se também
notar que é no momento em que essas atividades degeneradas alcançam o seu ponto
mais alto que — na história — Moisés retorna de repente com Josué (Joshua = Jesus),

272
seu assistente, da mesma forma que é previsto o retorno do próprio Jesus ' 'numa ho-
ra que não pensais" (Mateus, 24,44).
Além do mais, existe maior significado profético naquilo que se segue, porque,
conforme a história deixa claro, o total despreparo e degeneração do povo — com a
conivência do próprio intérprete de Moisés, Aarão — resulta no repúdio da nova Lei,
na destruição do bezerro de ouro por parte de Moisés e no sangrento assassinato de
um grande número de israelitas por parte dos zelosos levitas. Estes agentes de Moi-
sés parecem prever, em símbolo, a rejeição da mensagem do Messias por uma gran-
de parte da humanidade, a destruição de toda a base monetária da sociedade capita-
lista e um conseqüente período de morte e destruição sem precedentes. Por outro
lado, é de se imaginar se a conivência inicial de Aarão no estabelecimento da adora-
ção do bezerro de ouro, como esforço para responder aos clamores do povo por um
novo deus, não seria uma previsão direta das atitudes históricas do cristianismo ofi-
cial — suposto intérprete de Deus — ouvindo as demandas dos poderes mundanos
da riqueza ao invés de defender os ideais espirituais de seu fundador.
Moisés acaba retornando à Montanha Sagrada por quarenta dias e noites e ali, sem
comer nem beber, ele intercede por seu povo e uma vez mais a lei eterna é escrita nas
tábuas de pedra. Então, quando por fim desce da montanha, ele exige que os israelitas
dediquem seu ouro, prata e outros objetos de valor a uma nova e mais digna causa —
a construção da Arca da Aliança segundo especificações divinas, cuja finalidade seria
ajudar e proteger os israelitas durante sua longa viagem para a Terra Prometida.
Nesta parte da história pode-se ver indícios claros de que, no momento apropria-
do, o futuro Messias partirá para os planos espirituais e será reencarnado depois. Os
"quarenta dias e noites sem comer nem beber" sugerem de modo bem claro uma pau-
sa espiritual que culmina no renascimento do Messias, lembrando também, de modo
direto, o pronunciamento de Jesus quando de sua partida: "Não beberei do fruto da
videira, até que venha o Reino de Deus". Seguindo-se a isso, um novo pedido é feito
para que os homens dediquem todas as suas energias e riqueza à urgente necessidade
de escapar do físico. E, por fim, o reino dos céus é colocado em primeiro lugar na lista
de prioridades humanas, enquanto até a tecnologia do homem (aparentemente) deve-
rá ser usada de modo integral na sua luta suprema em busca da espiritualidade total.
Assim, tendo a Lei sido promulgada de novo por meio das duas novas tábuas
de granito — idênticas em simbolismo às duas lousas da Folha de Granito Messiânica
da Antecâmara —, o povo parte em direção à Terra Prometida, sob a liderança da Ar-
ca da Aliança, que os próprios homens carregam consigo — a arca, com as pesadas
Tábuas da Lei e o tabernáculo protetor, representando uma espécie de "permissão
de ingresso" na Era Final, significa a aceitação, por parte daqueles que a carregam,
das rígidas condições estabelecidas para permitir a entrada nos planos espirituais. E,
como se fosse uma confirmação disso, o antigo texto registra que o tabernáculo sagra-
do que continha a arca foi montado quarenta e duas vezes (6 x 7) durante a viagem
pelo deserto — identificando essa viagem com a preparação da perfeição espiritual
no homem.
A Terra Prometida acaba sendo avistada, mas, nesse ponto, tendo já morrido Aa-
rão, o intérprete (e assim o homem enfrenta durante algum tempo a negação de sua

273
fonte imediata de iluminação espiritual externa), Moisés, o próprio líder messiânico,
retira-se de cena — com sua idade de 120 anos, indicando, em símbolo, o advento
do milênio humano (10 x 12). E, dessa forma, se dermos a devida atenção aos símbo-
los, parece que cada homem individual ainda terá de realizar a sua fuga sozinho e
sem qualquer ajuda. 14 Ele terá de fazer isso "atravessando o Jordão" — o último rio
da morte15 — e essa travessia só pode ser realizada pela observação de rígidas con-
dições representadas pela arca que, na história do Êxodo, retém sozinha a perigosa
correnteza das águas, enquanto os homens passam em segurança. Em outras pala-
vras, é a arca da iluminação espiritual, que cada homem transporta consigo, que deve
garantir-lhe a travessia daquele rio final, e não a iluminação proporcionada por algu-
ma figura remota de salvador (Aarão). Desta vez não há mais um Moisés, ou seja,
um super-homem milagroso para agir em nome do povo — mas há um cujo exemplo
e obediência aos mandamentos divinos dá ânimo às massas que lutam. E, de modo
talvez significativo, seu nome é Jesus (Josué = Joshua).
Neste ponto talvez valha a pena observar que a linha de Belém da Grande Pirâ-
mide (vide acima) não apenas atravessa o atual Canal de Suez pouco ao sul do Lago
Timsah — provável local da travessia do Mar Vermelho; mas, depois de passar pela
própria cidade de Belém, cruza o rio Jordão perto de Jerico, portanto no local onde
os israelitas teriam atravessado aquele rio sob o comando de Josué. Esses fatos são,
em si mesmos, dignos de nota, mas existe algo ainda mais marcante sobre eles: a li-
nha em questão (derivada do ângulo das passagens da Pirâmide, que significa especi-
ficamente o destino espiritual do homem) leva, de maneira simbólica, da própria Pi-
râmide, por intermédio do evento principal do Êxodo Mosaico, para a nova dispensa-
ção de Belém, e daí em diante para a entrada na Terra Prometida sob o comando de
"Jesus", Em outras palavras, o simbolismo parece indicar, em resumo (como Paulo

274
parece ter feito em 1 Cor 10,11), todo o plano de salvação messiânico — desde o sím-
bolo piramidal da própria terra e seu potencial escondido para o futuro (de fato todo
o Plano para a evolução espiritual e colheita do planeta Terra), por intermédio da Ve-
lha Aliança para a Nova, e daí, finalmente, através da iniciativa messiânica, para a
reentrada suprema do homem nos planos espirituais. 16 E, se a travessia do Mar Ver-
melho, realizada à noite, simboliza a morte preparatória e o eventual renascimento
dos escolhidos no início da Era Final, então a travessia do Jordão, realizada durante
dia claro, pareceria sugerir que aquela transmutação espiritual final terá lugar não na
morte, mas no meio da própria vida.
Como se fosse em confirmação de nossa interpretação geral, a narrativa bíblica
ainda diz de maneira bem específica que a travessia do último rio aconteceu no tempo
da colheita {Josué 2,15) e que doze pedras foram tiradas do leito do Jordão para serem
depositadas no acampamento levantado na Terra Prometida. Outras doze pedras, se-
gundo a narrativa, foram erguidas no próprio leito do rio, onde seriam, depois, co-
bertas de novo pelas águas. O texto não poderia ter sido mais claro, indicando que
os eventos ali descritos simbolizam a colheita final que resultará na conquista, por
parte da humanidade, de seu lugar na Terra Prometida, abandonada tanto tempo an-
tes. Em outras palavras, a colocação de doze pedras pode ser interpretada como uma
manifestação em código indicando a ressurreição final do homem. O fato de Josué
ter ordenado que também se colocassem doze pedras dentro do rio sugere, por outro
lado, que ainda existirão homens incapazes de fazer a travessia e que, portanto, con-
tinuarão sujeitos à mortalidade até o advento de outra Era Messiânica (vide p. 146).
Por último, o nome do primeiro acampamento de Josué a oeste do rio Jordão —
o lugar onde teria sido levantado o memorial de doze pedras — dá ainda maior peso
a essa interpretação simbólica, porque Josué 4,19 nos diz que os israelitas levantaram
o seu primeiro acampamento num lugar denominado Guilgal, nome que, em 5,9, é
interpretado com o significado de "pedras que rolam". Mas esse mesmo nome é usa-
do até hoje pelas seitas dos judeus hassidim como referência às eternas idas e voltas
da reencarnação (cf. Nine Gates, de Jiri Langer). Em outras palavras, as doze pedras
rolantes que são tiradas do leito do último rio da morte e colocadas por ordem de
Josué na Terra Prometida (onde, naturalmente, elas pararão de rolar) quase que com
certeza simbolizam — como suspeitávamos acima — os eleitos que conseguem esca-
par do mundo dos renascimentos e novas mortes para o da imortalidade. E podemos
suspeitar ainda que foi daí que se originou o ritual batismal simbólico de João, muito
tempo mais tarde, no rio Jordão, menos de vinte quilômetros de distância desse mesmo lugar,
com sua mensagem de morte e novo nascimento, levando a um eventual batismo de
fogo (vide Mateus 3,11).
E é assim que a cidade de Jerico — talvez um símbolo da velha Ordem Mundial
no início da Era Final — é invadida e destruída pelo povo escolhido, mas não antes
que dois espiões (talvez simbólicos de figuras proféticas) a tenham reconhecido e vol-
tado para contar os detalhes a respeito. Eles devem sua sobrevivência a ajuda de uma
prostituta chamada Raab, que acaba sendo poupada por causa de sua colaboração com
o plano israelita. Então, mesmo o conceito de perdão messiânico — a idéia de que
até o mais insignificante dos ajudantes da causa messiânica recebe algum tipo de pro-

275
teção durante as dores do parto da Nova Era, desde que faça o seu trabalho com uma
total entrega de coração —, mesmo essa idéia que teria surgido apenas no Novo Tes-
tamento já se encontra presente na narrativa do Êxodo.
As muralhas de Jerico por fim são tomadas pelos israelitas — liderados por sete
sacerdotes munidos de sete trombetas de chifre de carneiro e seguidos pela Arca —,
depois de terem marchado ao redor da cidade por sete dias consecutivos, terminando
por dar sete voltas no sétimo dia. O texto não poderia ter sido mais claro em dizer
que as muralhas da cidade caíram diante dos invásores como resultado específico de
sua suprema perfeição espiritual.
Com a destruição dessa cidade, Josué vai ao extremo de lançar uma maldição so-
bre ela. Parece, portanto, que a Velha Ordem jamais deverá ser restabelecida. Mas
nem com isso a tarefa está concluída, pois o povo escolhido ainda tem de derrotar
diversos reis. Em suma, diversos obstáculos ainda têm de ser vencidos antes de a reo-
cupação da Terra Prometida ser considerada como completada. Talvez possamos in-
terpretar que o homem ainda tem de passar por outros estágios de iniciação, mesmo
depois de ter alcançado aquele que descrevemos antes como o plano da recepção ini-
cial. A mesma idéia parece ser refletida no simbolismo das Câmaras de Construção
da Grande Pirâmide (vide p. 130 ss.) e na .misteriosa declaração de Jesus: " N a casa
de meu pai há muitas moradas" (João 14,2),
Portanto, a história de Moisés e o grande Êxodo israelita do Egito parecem ter sido
planejados de tal forma, do começo ao fim, para antecipar quase todo o Plano Messiâ-
nico, conforme mostrado na Grande Pirâmide e corroborado pelas escrituras judeu-cristãs
e por outras fontes de gnose profética. Só o leitor pode decidir se toda essa série de
acontecimentos foi acidental, planejada de maneira consciente, inspirada por Deus ou
apenas editada depois do fato ocorrido. Mas já não se pode duvidar que esse extraordi-
nário episódio das escrituras constitui uma indisfarçável "memória do futuro".

Quem era Yaveh?

Já pudemos observar (pp. 266-276) que os acontecimentos simbólicos do Êxodo


israelita do Egito correspondem, com incrível precisão, ao Plano Messiânico mostra-
do na Grande Pirâmide de Gizeh. Também notamos que os acontecimentos do Êxo-
do parecem ter sido planejados com essa mesma finalidade em mente, conforme Paulo
sugeriria mais tarde (vide p. 269). Além do mais, em virtude do pronunciamento de
Estêvão em Atos 6,22, de que "Moisés foi iniciado em toda a sabedoria dos egípcios",
parece razoável deduzir que o planejamento de Moisés e sua execução do Êxodo fo-
ram baseados de maneira direta no conhecimento da profecia contida na Grande Pi-
râmide. Em outras palavras, a Pirâmide de Khufu talvez tenha proporcionado a moti-
vação direta e a fonte de conhecimento em que todo o Êxodo israelita se teria baseado.
Por outro lado, a narrativa bíblica do Êxodo declara de maneira bastante firme
que Moisés teria recebido pessoalmente ordens de seu Deus para dar início ao plano.
Então, Moisés faz a seguinte pergunta: "Quando eu for aos filhos de Israel e disser:
'O Deus de vossos pais me enviou até vós' e me perguntarem: 'Qual é o seu nome',

276
que direi?" A celebrada e estranha resposta, registrada no Êxodo 3,14, é: "Eu sou aquele
que é... Assim dirás aos filhos de Israel: 'Yaveh, o Deus de vossos pais, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó me enviou até vós'". A grafia correta do
nome sagrado, que até hoje nenhum judeu fervoroso pode pronunciar, translitera-se
como " Y H W H " — mas " J e o v á " ou " Y a v e h " é a forma em que o nome " E u s o u "
é íida de maneira geral.
No Êxodo 6, 2-8, o assunto é ainda mais detalhado: " E u sou Yaveh", Moisés é
informado. "Apareci a Abraão, a Isaac e a Jacó como El Shaddai; mas pelo meu no-
me, YHWH, não lhes fui conhecido". A isso seguem-se mais informações sobre o
plano para salvar os israelitas do Egito — ou talvez toda a humanidade de sua escra-
vidão física — e levá-los para a Terra Prometida, um plano que a divindade propõe
realizar "com mão estendida e com grandes julgamentos".
Agora, a menos que sejamos a favor do antropomorfismo sem sentido de que a
divindade de fato gosta de um grupo de sons encarados como " t a b u " , aceitando es-
ses sons como seu nome sagrado, 17 a passagem do Êxodo 6, 2-8 tem de ser vista com
o significado de que " Y a v e h " é uma nova e particularmente revelada manifestação
da Vontade Divina, acessível a Moisés, mas que não havia sido acessível a Abraão,
nem a Isaac nem a Jacó. Por mais incrível que possa parecer, essa descrição também
parece encaixar-se de maneira bastante precisa nas próprias revelações da Grande Pi-
râmide. A promessa subseqüente, feita "com mão estendida", de redimir Israel e li-
derar o seu povo de volta à Terra Prometida "com mão estendida", serviria como
alegoria bastante apropriada para a redenção da humanidade por meio da aplicação geo-
gráfica da linha de Belém (vide mapas nas pp. 25, 268 e 274).
Esse aparente vínculo entre a idéia de Yaveh e a Grande Pirâmide nos leva a olhar
com mais cuidado para a maneira como o nome Jeová, ou Yaveh ou ainda Javé é usa-
do no Velho Testamento. Dentre os vários exemplos do uso dessa palavra nas escri-
turas hebraicas, os compiladores da Bíblia parecem ter achado que o texto exigia ênfa-
se específica e reprodução em apenas sete casos (oito, se incluirmos Êxodo 3,15) e,
em todos eles, o nome é usado em apenas dois sentidos delineados de maneira sufi-
cientemente clara.
Primeiro de tudo, é usado em Êxodo 6,3; Salmo 83,18; Isaías 12,2 e Isaías 26,4 no
mais claro sentido messiânico. No Salmo 83, Yaveh é "Deus, o vingador e salvador"
e em Isaías 12 o "salvador". Na verdade, esta última referência ocorre na passagem
altamente messiânica que começa em 11,12 e na qual é profetizado que o Senhor "er-
guerá um sinal para as nações" e que os dispersos de Judá serão uma vez mais reuni-
dos "dos quatro cantos da Terra" — duas idéias que nos fazem lembrar da mensa-
gem messiânica da própria Pirâmide. O texto segue adiante para garantir ao povo
eleito que "com alegria tirará água das fontes da salvação" — uma expressão que tal-
vez tenha algum vínculo com a Fonte da Vida da Pirâmide — e para proclamar que
" o grande Santo de Israel", como a própria Pirâmide, está " n o meio de ti".
Por outro lado, a referência a Yaveh em Isaías 26, como já vimos, parece apontar
de maneira muito clara para a Grande Pirâmide e ao seu simbolismo. "Temos uma
cidade forte", diz o texto, "para nossa salvação ele nos deu muro e antemuro. Abri
as portas da cidade", continua, em uma estonteante alusão ao ritual que os filhos de

277
Osíris chamavam de Câmara da Sepultura Aberta, "para que entre uma nação justa,
que observa a fidelidade!" E, nesse ponto, o aparente vínculo entre Jeová e a Grande
Pirâmide é proclamado de maneira quase explícita: "Yaveh", diz o texto, " é uma ro-
cha eterna... A vereda do justo é reta, tu aplanas o trilho reto do justo". E, como
se não bastasse a clara referência ao simbolismo das passagens da Pirâmide, o poema
lança-se então à famosa passagem que leva à proclamação do renascimento dos fiéis
durante a Era Final: " O s teus mortos tomarão a viver, os teus cadáveres ressurgirão.
Despertai e cantai, vós os que habitais o pó, porque o teu orvalho será um orvalho
luminoso, e a terra dará à luz sombras".
Mas, neste ponto, temos de considerar os três usos compostos do nome Yaveh
no Velho Testamento. Eles ocorrem nos livros do Genesis, Êxodo e Juizes. Em Genesis
22,14, Abraão, recuando no último instante do sacrifício que ia fazer com seu filho
Isaac dá ao lugar o nome de Yaveh-jireh (traduzido como "Yaveh proverá") — e o tex-
to ainda acrescenta este comentário: "de sorte que se diz hoje: 'Sobre a montanha,
Yaveh proverá"'. O vínculo sugerido entre o nome e a idéia de uma montanha é ain-
da mais estreitado em Êxodo 17,15, onde Moisés, depois da batalha com Amalec, "cons-
truiu um altar e pôs-lhe este nome: 'Yaveh-Nissi'" (Yaveh é a minha Bandeira). Da
mesma forma, em Juizes 6,24, Gedeão responde ao mandamento divino para libertar
seu povo das mãos de Madiã, construindo um altar a que chama de Yaveh Shalom ("Ya-
veh é a Paz"). A pesquisa sobre a natureza dos altares israelitas de testemunho, que
todos estes exemplos representam de modo bastante claro (vide Concordance, de Cru-
den, página 636, sob o título "pedra"), mostra que em geral eles tinham a forma de
grandes montes de pedras — unia descrição que, por sua vez, aplica-se claramente
a qualquer "montanha de pedra" ou pirâmide.
Então, com base nessas referências particulares, parece haver pelo menos alguma
evidência da possibilidade de um vínculo entre o nome Yaveh e o Plano Messiânico,
conforme descrito acima de tudo na Grande Pirâmide. " J e o v á " parece representar o
aspecto messiânico e comemorativo, ou persona da divindade, sendo portanto uma pos-
sibilidade digna de consideração que Moisés tenha visto, na Pirâmide, a principal ma-
nifestação em concreto de Yaveh na Terra. Em outras palavras, a Pirâmide de Khufu
poderia da mesma forma ter sido vista por Moisés como a Montanha de Yaveh.
E neste ponto salta à mente uma intrigante possibilidade lingüística. Conforme
já vimos, as verdadeiras vogais do nome sagrado são desconhecidas — só dispomos
das consoantes YHWH, com o nome Jeová representando a leitura mais universal-
mente aceita. Mas essa mesma condição é aplicável ao nome de Khufu: neste caso
também as vogais encontram-se ausentes e a transliteração do nome nos dá apenas
as consoantes HWFW.
Como é sabido — o texto hebraico é bastante explícito sobre este ponto — o nome
YHWH deriva de modo direto do verbo hebraico hava(h) (Eu sou). E, de HWFW (ou
Khufu) para hava(h) é preciso dar lingüisticamente um passo muito pequeno. Assim,
do ponto de vista lingüístico, é bastante possível que o nome do Divino " E u s o u "
poderia ter nascido, no primeiro caso, com base no nome egípcio HWFW, que é o
mais antigo dos dois. Em resumo, em YHWH talvez estejamos vendo uma versão hebraica
do nome egípcio HWFW.

278
Mas, se e este o caso, como poderia esse estonteante vínculo ter-se manifestado?
Talvez a explicação esteja na conhecida tendência hebraica de dar significado aos no-
mes que não se podiam explicar de outra forma, poT meio de um processo (deve-se
admitir) bastante duvidoso de associação de palavras. A literatura hebraica primitiva
está cheia de exemplos desse processo, desde a associação do nome de Adão com
a "argila do solo", no Genesis 2,7 (um jogo com as palavras hebraicas adam eadamah);
a escolha do nome de Seth no Genesis 4,25 ("Porque Ele me concedeu [= Seth] outra
descendência"); a bênção de Noé a Jafé, em 9,27 ( " Q u e Deus dilate a Jafé [ = japht]")
e a escolha do nome de Moisés (Moshê) no Êxodo 2,10 ( " E u o tirei das águas"), até
as associações feitas muito mais tarde entre as palavras hebraicas netzer (= tronco),
os naziritas, os nazarenos (Notsrim) e a (possivelmente não-histórica) cidade de Naza-
ré, Por outro lado, devemos observar que, no caso de Seth, a explicação do nome
em termos de "substituição" para o falecido Abel (que, diga-se de passagem, é uma
das explicações menos convincentes) pode muito bem ter sido necessária pelo fato
de a palavra ser (eu presumo) estrangeira — no caso seria Seth, o nome egípcio para
o aspecto obscuro (ou "substituição") de Hdrus. Ou seja, em Seth, filho de Ishshah
(Eva), talvez estejamos vendo uma versão hebraica do egípcio Seth, filho de ísis. Da
mesma forma, o próprio Moisés, que parece ter recebido o nome de Tutmósis (o fa-
raó, no tempo do seu nascimento), teria tido esse nome estrangeiro justificado com
0 verbo hebraico "retirar". Assim ambos os nomes são justificados nas escrituras
oficiais por meio de termos especificamente hebraicos.
Da mesma forma, então, é bem possível que os israelitas, tendo ouvido dizer no
Egito que o glorioso rei de dentro da montanha dourada, o lendário ocupante da Gran-
de Pirâmide, era chamado de HWFW em egípcio, tivessem percebido a semelhança
entre aquele nome e a sua expressão para " E u s o u " (fosse qual fosse, naquele tem-
po, a correspondente forma oral para aquele verbo ou para YHWH). 1 8 A partir daí,
teriam passado a usar a forma traduzida do nome, referindo-se a ele nos mesmos ter-
mos hebraicos. Teria sido preciso apenas o aparecimento de um Moisés, sua iniciação
nos mistérios da Pirâmide e sua conseqüente certeza de que a mensagem ali guarda-
da representava a vontade divina para o seu povo e para a humanidade como um
todo, para que fosse produzido o conceito de um divino " E u s o u " . Mas, no caso de
Moisés, todo o conceito do " d e u s " (não existente) dentro da Pirâmide, que simboli-
zava a Terra, foi expandido para se referir ao (igualmente invisível) Senhor da pró-
pria Terra física — um " E u s o u " ainda maior, cujo propósito imediato era levar a sua
nação de Israel para a Terra Prometida. Por outro lado, a idéia de " s e r essencial",
que o termo sugere, teria sido um modo apenas fortuito de descrever a divindade.
O fato de o Yaveh dos judeus ser, acima de tudo, o Deus do Êxodo, sem dúvida
alguma tende a dar apoio à associação que fizemos. O nome parece ter estado em
uso corrente apenas durante as primeiras semanas entre o começo do Êxodo e a che-
gada dos israelitas ao Monte Horeb, porque, logo ao chegar à montanha sagrada, Moi-
sés de imediato impõe um rígido tabu sobre o nome que ele próprio havia revelado
pouco tempo antes.
As razões para essa proibição são muito obscuras. Mas, como ninguém ordena
o banimento de alguma coisa a menos que ela já esteja se manifestando, parece pro-

279
vável que uma (ou talvez ambas) de duas coisas tenha acontecido. Primeiro de tudo,
talvez os israelitas, por meio da associação da expressão " E u s o u " com a entidade
suprema, tenham começado a aplicar o termo a si próprios (de maneira individual ou
coletiva) e a encarar a nação israelita como o Deus encarnado ou, usando o orientalis-
mo costumeiro, o Filho de Deus — uma idéia que sabemos ter sido bastante dissemi-
nada entre os judeus da posteridade, chegando até aos nossos dias. Para Moisés, es-
se uso da palavra Jeová deveria ser a maior das blasfêmias.
Por outro lado, pode ser que os israelitas tenham começado a falar do Yaveh da
Pirâmide como se essa entidade fosse de alguma forma uma " p e s s o a " separada do
Deus Único, conceito que Moisés queria promover acima de tudo. Portanto, essa ten-
dência também seria um anátema para Moisés, que só mais tarde teria entendido que
o homem comum inclina-se no sentido de identificar as aparências com a realidade
e de confundir as manifestações de um poder com esse mesmo poder.
Qualquer dos fatos ajudaria a explicar a causa da insistência sobre a unicidade
de Deus, com a qual Moisés começa depois os seus celebrados Dez Mandamentos,
seguindo com o banimento da adoração de imagens esculpidas e sobre o uso (de fato
a proibição terminante de qualquer menção) do nome Yaveh — como se esse nome
também se tivesse transformado numa imagem esculpida.
Então, em resumo: o fato de que Moisés parece ter recebido suas instruções da
Grande Pirâmide, enquanto a Bíblia diz que as teria recebido de Yaveh; o fato de que
a palavra YHWH pode ter derivado de maneira indireta do nome HWFW e o fato
de o uso livre e corrente do nome Jeová parecer contemporâneo com aquela parte
do Êxodo que está mais próxima da Grande Pirâmide — tudo isso sugere de maneira
bastante intensa que as semelhanças entre o papel de Yaveh e o da Pirâmide de Khu-
fu talvez não sejam acidentais.
Mas existe um aspecto de nosso argumento até aqui que parece merecer investi-
gação mais profunda. Estou me referindo à passagem registrada no Êxodo 6, 2-8, na
qual Yaveh recorda sua promessa, feita "com mão estendida". Já tivemos oportuni-
dade de comentar a propriedade dessa imagem para a aplicação geográfica da pró-
pria linha de Belém, mas a dupla insistência feita nessa passagem quanto à idéia da
mão estendida parece tão extraordinária — em particular quando se refere a um Deus
supostamente invisível — a ponto de dar a impressão de que o texto como um todo
estaria nos convidando a pesquisas mais profundas em torno das características da
Pirâmide, para podermos determinar se existe um significado piramidal mais especí-
fico quanto ao uso dessas expressões.
E logo de saída nos vemos diante do fato de que a Pirâmide original de fato tinha
"braços" — os dois braços de seus reflexos solares ao meio-dia (vide diagramas na
p. 322), cujos perfis e peculiaridades eram bastante familiares aos antigos sacerdotes
egípcios, sendo até usados por eles para dividir as estações do ano (vide a pesquisa
de Davidson e Aldersmith sobre esse ponto). Além do mais, o braço direito — que,
no caso da divindade, é sempre descrito como o responsável pelos maiores feitos —
encontra-se bastante próximo da já descrita linha de Belém, Pois bem, durante o in-
verno (vide diagrama na p. 322), o eixo do braço direito (isto é, a "aresta do pico"
do reflexo) coloca-se bem ao norte da verdadeira linha de Belém, enquanto no meio

280
Primavera, com a linha de Belém e o "corredor" de Belém superpostos {supondo-se
a pedra do ápice em seu lugar para facilitar o diagrama).

do verão ela fica bem ao sul. Então, em determinada data durante a primavera, o bra-
ço direito do reflexo do meio-dia deve começar a alinhar-se com a linha de Belém.
A primeira parte do braço a se alinhar dessa forma seria a face norte do braço (vide
plano acima). Seguir-se-ia o alinhamento da aresta do pico desse braço com o que
poderia ser chamado de aresta do pico do corredor de Belém (vide diagrama) — pon-
to no qual o " b r a ç o " estaria por completo dentro daquele corredor e, portanto, na
culminação do seu alinhamento. Eventualmente, com o braço oriental movendo-se
de maneira progressiva para o sul e o braço como um -todo saindo do alinhamento,
a aresta sul do braço assumiria o 'álinhamento de Belém — após o que o período de
alinhamento chegaria ao fim.
Portanto, é bastante possível que essa conjunção do braço direito do reflexo do
meio-dia com a linha do ângulo de Belém poderia ter sido vista por Moisés como sig-
nificativa em relação ao momento ideal para o Êxodo israelita — e, se isso pudesse
ser demonstrado de maneira conclusiva, então haveria uma base sólida para deduzir-
mos que a " m ã o estendida" e o "braço estendido" do Êxodo 6, 2-8 são referências
diretas à Grande Pirâmide e a seus reflexos solares e, portanto, de que " Y a v e h " e
a mensagem da Pirâmide de Khufu eram idênticos.
Uma análise dos dados fornecidos por Davidson e Aldersmith mostra que a con-
figuração dos reflexos sazonais que proporciona um alinhamento mais aproximado
do braço direito com o corredor de Belém é a dos equinócios da primavera e do outo-
no (vide diagrama acima) — e, dos dois, o equinócio da primavera pareceria ser o
mais apropriado à questão em pauta, em virtude da mensagem universal da prima-
vera como estação da vida e da esperança, bem como das possíveis dificuldades de
um Êxodo no inverno.
Assim, no equinócio da primavera do hemisfério norte (em teoria a meia-noite
entre 20 e 21 de março), a posição teórica da aresta norte do braço pode ser calculada
como estando a 63° (Verdadeiros) ao norte, ou quase um grau exato ao norte do ali-
nhamento de Belém. Como essa mesma aresta norte mais tarde chegaria a uma posi-
ção de 97° (Verdadeiros) no solstício de verão (20/21 de junho no hemisfério norte),

281
podemos calcular que, como a posição da aresta norte aumentaria cerca de 35° em
92 dias, o número médio de dias exigido para o percurso de um grau seria de 2,6.
Assim, o começo do período teoricamente favorável para um Êxodo controlado por
esse fenômeno (isto é, o primeiro alinhamento da aresta norte do braço com a linha
de Belém) seria fixado entre 22 e 23 de março.
A partir desse momento em diante — se é que interpretamos o simbolismo de
maneira correta — os sinais favoráveis para o Êxodo aumentariam até alcançarem
sua culminação no momento em que a aresta do pico do braço direito se alinhasse
com a aresta do pico do corredor de Belém. Agora, a posição teórica ao meio-dia
da aresta do pico, a 20/21 de março, era de 30°43' a norte do leste verdadeiro, en-
quanto, no solstício de verão, ela ficaria numa posição de 6°9' a norte do leste ver-
dadeiro. Assim, percorreria todo o ângulo a uma média de 3,7 dias por grau, dando
um tempo total de 16% dias desde o equinócio da primavera até o alinhamento de
Belém. Então, se nossa teoria está correta, um determinado momento entre 5 e 6
de abril seria fixado como a culminação do período favorável para o Êxodo — após
o qual os sinais favoráveis começariam a declinar, com o braço começando a afastar-
se na direção sul.
Portanto, considerando que Moisés poderia ter interpretado os sinais da maneira
como acabamos de fazer, ele teria sem dúvida chegado à conclusão de que o momen-
to mais apropriado para o planejado Êxodo seria esse mesmo período de quatorze
dias entre 22/23 de março e 5/6 de abril. Além do mais, a data mais óbvia dentro desse
período, para tomar as medidas iniciais, teria provavelmente parecido a ele estar bem
a meio caminho entre essas duas datas — isto é, por volta de 29/30 de março. Isso
lhe proporcionaria as condições mais favoráveis para dar início ao plano, deixando
ainda outra semana de condições cada vez mais propícias para alcançar a fronteira
do Egito na área do Mar Vermelho, de modo que a parte final e mais crucial da fuga
do Egito seria enfrentada no momento mais favorável possível. Da mesma forma que
o comandante de um navio realiza seu planejamento para a partida de modo a en-
frentar no melhor momento possível um obstáculo perigoso durante a viagem, o pla-
no mais adequado para Moisés seria a partida não no pico da maré alta, mas quando
ela começasse a subir. 19
Uma olhada no mapa da p. 268 mostrará que a distância em questão, medida até
o ponto de cruzamento específico assinalado pela linha de Belém da Pirâmide, não
passa de umas oito milhas, resultando, neste caso, em uma média exigida de cami-
nhada de umas onze ou doze milhas por dia, através de terreno quase todo plano.
Como se sabe, essa média encaixa-se dentro da velocidade em que se pode fazer o
gado caminhar longas distâncias e também na capacidade de um exército altamente
motivado de refugiados, que esteja realizando uma marcha forçada, dia e noite, ape-
sar do número bastante elevado de seus componentes.
Portanto, se nossa interpretação da narrativa bíblica em relação aos braços da Pirâ-
mide estiver correta e se tivermos lido de maneira apropriada a provável maneira como
Moisés examinou a situação, devemos esperar encontrar provas de que os israelitas de
fato começaram sua marcha por volta de 29/30 de março, completando a sua travessia
do Mar Vermelho mais ou menos a 5 ou 6 de abril do mesmo ano em questão.

282
Agora, o próprio crortógrafo da Pirâmide parece colocar o Êxodo (vide p. 61) num
ponto que estaria 688,0245 anos depois do equinócio da primavera de 2141 a.C. —
ou seja, no ano 1453 a.C., em algum momento durante a manhã de 30 de março. De fato,
a partida no final do período da manhã é descrita pela narrativa bíblica e Rutherford
já demonstrou, de maneira conclusiva e com detalhes (no Vol. II de sua obra Pyrami-
dology), a) que o ano 1453 a.C. é uma data aceitável em termos das cronologias anti-
gas e das provas documentais existentes e também b), que a data de 30 de março da-
quele ano concorda bastante bem com as exigências astronômicas relativas à Páscoa
dos judeus e, portanto, com a véspera do Êxodo — já que a primeira lua cheia depois
do equinócio da primavera de 1453 a.C. caiu a 29 de março. Por outro lado, a partir
de um ponto de vista prático, é claro que a lua cheia seria de grande ajuda no Êxodo
noturno seguido de uma marcha sem descanso, dia e noite. Quanto à data da traves-
sia do Mar Vermelho em si, não temos qualquer prova documental específica, mas,
vendo em 30 de março a data da partida, 5/6 de abril parece ser um momento razoá-
vel para esse evento culminante da fuga inicial do Egito, enquanto a narrativa do Êxodo
coloca o término da travessia por volta do amanhecer.
Mas é neste ponto que ficamos impressionados com a extraordinária engenhosi-
dade do plano de fuga. Como já vimos, o caminho escolhido parece ter sido definido
pela aplicação do ângulo das passagens da Grande Pirâmide. Uma rápida olhada no
mapa da p. 268 mostrará que, para um observador que se disponha a olhar para a
terra a partir da Pirâmide, aparecerá marcado por um certo grau de importância espe-
cífica o ponto identificado como Wadi Tumilat, já que a entrada para essa " b o c a " par-
ticular do rio Nilo é a primeira característica geográfica de importância a ocorrer ao
longo do caminho assinalado pela linha de Belém. O fato de vir em seguida a traves-
sia da aparentemente impenetrável barreira de Yam Suph (o Mar dos Juncos, em he-
braico, quase sempre traduzido nas narrativas do Êxodo como Mar Vermelho) parece
ter sido simbolizado pela "Verga Escondida" da Pirâmide — nome egípcio para o bloco
de pedra calcária removível que originalmente lacrava a entrada para a Passagem As-
cendente (vide p. 60). Em outras palavras, o Mar dos Juncos devia ser a "porta escon-
dida" — uma saída inesperada — que levaria à fuga final dos israelitas. O fato de
o próximo bloqueio da Passagem Ascendente ser o imóvel Tampão de Granito, sim-
boliza o próximo e muito mais sério obstáculo a ser enfrentado pelos israelitas — sua
própria resistência em aceitar a Lei Divina em sua totalidade, conforme promulgada
no monte Horeb.
Por outro lado, a engenhosa estratégia do Êxodo — que parece ter sido antecipa-
da pelo projetista da Pirâmide — começa a se tornar bastante clara. O caminho de
fuga tem de evitar, primeiro de tudo, as saídas normalmente usadas pelas caravanas
comerciais do Egito — e portanto, as fortalezas armadas que as guardavam — e a ines-
perada travessia do Mar dos Juncos serviria para satisfazer a essa exigência de manei-
ra admirável. Além do mais, as condições meteorológicas, da lua e da maré, precisa-
riam ser escolhidas com todo o cuidado para garantir que os perseguidores egípcios
fossem incapazes de acompanhar pelo mesmo caminho, sendo, portanto, obrigados
a dar uma volta de mais de oitenta quilômetros ao redor do que é agora o Lago Tim-
sah (vide p. 268), acabando por perder a pista dos perseguidos.

283
A escolha do período entre 29/30 de março e 5/6 de abril para dar início ao plano
combina de maneira perfeita com essas exigências. A partida na noite de lua cheia,
depois do equinócio da primavera, significava, antes de mais nada — como já vimos
— que haveria luz suficiente para uma caminhada ininterrupta, dia e noite. Supondo
a chegada dos israelitas a Pihahiroth, no Mar dos Juncos, a 5 de abril, a travessia na
noite seguinte ocorreria sete dias depois da noite de lua cheia.
Agora, o período do equinócio primaveril caracteriza-se por uma variedade de
fenômenos meteorológicos e das marés. Para começar, existem provas estatísticas (nas
palavras do Nautical Almanac, de Reed) de que " a s mais elevadas marés da primavera
ocorrem depois da lua cheia ou lua nova, que está no perigeu perto dos equinócios"
— sendo de uns dois ou três dias o período de tempo entre a lua cheia ou lua nova
e as mais altas marés. Durante a primavera, a maré alta costuma ser excepcionalmen-
te alta e a maré baixà também alcança níveis fora do comum — de modo que uma
travessia israelita do Mar dos Juncos na maré baixa, uns três ou quatro dias depois
das mais elevadas marés da primavera, ocorreria numa das últimas oportunidades
em que a maré estivesse suficientemente baixa o bastante para permitir essa traves-
sia. A partir daí, as "marés de quadratura" seguintes (com seu alcance muito menor)
impediriam o mar de afastar-se na maré baixa durante uma semana pelo menos —
tornando impossível a perseguição.
Claro que se pode levantar a objeção de que o Mar Vermelho não registra marés
dignas de nota — mas é preciso lembrar que o ângulo das passagens da Pirâmide de-
fine (e o texto do Êxodo descreve) uma travessia não do Mar Vermelho, mas sim, do
Yam Suph — o Mar dos Juncos, ou a extremidade norte do então Golfo de Suez que,
naquele tempo, parecia estender-se até a cidade bíblica de Sucoth (vide p. 268). Na
verdade, tanto o Golfo de Suez como o Golfo de Ácaba experimentam marés bastan-
te acentuadas, por tornar-se bem mais estreito e raso o Mar dos Juncos nos dois lados
da península do Sinai,20 e parece claro que o efeito dessas marés seria ainda mais pro-
nunciado nas passagens mais estreitas do Mar dos Juncos original, conforme mostra
o desenho — chegando talvez a produzir algum tipo de vagalhão no estreito perto
de Pihahiroth, em especial durante as "primaveras" mais marcadas.
Por outro lado, os ventos predominantes na região tendem a ser do norte ou do
noroeste durante o inverno, enquanto o padrão mais variado do verão inclui ventos
ocasionais do nordeste. A época de virada dos ventos tende a seguir de perto os equi-
nócios — assim como acontece com a maioria dos padrões mundiais de mudança dos
ventos. Além do mais, como resultado dessa alteração dos padrões meteorológicos,
o período dos equinócios costuma ser caracterizado por condições muito anormais
do tempo e, por conseguinte, por ventos muito mais fortes do que o comum. A nar-
rativa bíblica sugere que o Êxodo de fato ocorreu durante um período de turbulentas
condições meteorológicas. Apenas alguns dias antes do Êxodo, por exemplo, uma gran-
de nuvem de gafanhotos havia sido levada ao Egito pelos violentos ventos orientais,
sendo da mesma forma levada embora logo depois por um forte vento do Ocidente (vi-
de Êxodo 10, 12-20). Assim, parece mais do que provável que a data estabelecida para
a travessia do Mar dos Juncos foi planejada de modo deliberado para coincidir com
o início do padrão dos ventos do verão, com suas periódicas lufadas de nordeste.

284
Claro que o efeito de fortes ventos sobre águas rasas é fazer com que se "amon-
toem" na direção do movimento do ar. O nível do não pouco profundo Mar Verme-
lho, por exemplo, pode variar pelo menos sessenta e seis centímetros em qualquer das
margens, dependendo da direção do vento. Por outro lado, um forte vento do nordes-
te teria pouco ou nenhum efeito sobre o nível do Mar Vermelho. Mas teria efeito sobre
o nível das águas no Wadi Tumilat. Na verdade, esse era o antigo "Canal de Suez"
e tinha sido navegável no passado, permitindo a passagem de navios que vinham do
Nilo para o Mar Vermelho, antes que a superfície atual da terra no local chegasse a
seu nível atual. Por ocasião do Êxodo, no entanto, o canal já havia se tornado parcial-
mente coberto pela areia da sedimentação natural e estava atulhado de juncos, che-
gando inclusive a ser escavado de novo durante os reinados de Seti I e seus sucesso-
res. Como os antigos egípcios não usavam barcos de grande calado, parece provável
que a profundidade média no Wadi Tumilat não seria de mais de uns dois metros,
podendo ter sido inclusive de muito menos — assim como pode ter acontecido com
a profundidade do Mar dos Juncos perto de Pihahiroth. (É preciso lembrar também
que a profundidade da água no Wadi estaria no seu ponto mais baixo na primavera,
já que a inundação do Nilo no Egito não começa antes de junho ou julho.)
Assim, temos um período de baixas marés primaveris e também de fortes ventos
de nordeste — uma combinação ideal para permitir que as águas das partes mais ra-
sas do Mar dos Juncos se afastassem para o sul na maré mais baixa, evitando, ao mes-
mo tempo, que as baixas águas do Wadi Tumilat fluíssem para o leste para encher
a vaga deixada.
Portanto, eram ideais as condições para uma travessia do leito do Mar dos Juncos.
Mas isso não é tudo. Segundo a interpretação de Moisés, o plano de fuga envol-
via uma travessia-surpresa do leito do mar à noite — uma operação perigosa que re-
presentava grande perigo de vida, a menos que certas condições críticas fossem en-
contradas. Para começar, o leito do mar tinha de estar seco: mesmo alguns poucos
centímetros de água tornariam impossível para a multidão de refugiados israelitas en-
contrar o caminho pelas partes mais rasas, em cerca de três quilômetros e meio de
leito barrento e invisível do mar, sem acabar desviando para lugares de águas mais
profundas — o que, sem dúvida, provocaria pânico em massa e uma inevitável catás-
trofe. Em segundo lugar, devia ser encontrado algum tipo de sinal de navegação para
o qual eles poderiam dirigir seus passos, já que a superfície plana do leito do mar,
durante a noite, representava uma receita ideal para que se perdessem. (Por outro
lado, deveria ter-se manifestado uma tendência de esfriamento da superfície à noite,
produzindo um vento superficial a partir do maciço do Sinai, tornando ainda mais
forte a direção oriental do vento.)
No entanto, parece claro que todas essas condições haviam sido previstas pelo
plano. Porque, num determinado dia, uma semana depois da lua cheia, manifesta-se
a tendência de a lua surgir na parte inicial da noite (característica que pode ser confir-
mada para uma determinada data e lugar por meio de cálculos astronômicos). Por
outro lado, existe uma tendência (ainda segundo as palavras de Reed) de a "água
baixa ocorrer ao nascer da lua". Portanto, começando a sua travessia durante a parte
inicial da noite, os israelitas poderiam usar a lua nascente como ponto para sua orien-

285
tação. Toda a operação parece ter sido completada por volta de 3 horas da madrugada
quando, segundo a narrativa bíblica, os egípcios já estavam em perseguição, apesar
de terem cometido o grande erro de entrar com suas carruagens — veículos conheci-
dos por sua instabilidade — pelo leito barrento do mar. Foi inevitável ficarem emper-
rados na lama e, antes que pudessem livrar-se, a maré começou a subir de novo —
ao que parece com grande rapidez e com certa força, como acontece nos lugares pla-
nos e rasos — e os perseguidores, incapazes dc correr com suficiente rapidez para es-
capar do que parece ter sido um vagalhão repentino (isto é, uma verdadeira "parede
de água") foram carregados para o norte, para morrer no local onde hoje está o Lago
Timsah. E, ao raiar do dia, com a lua já além do seu zênite, a maré havia subido de
novo para o ponto mais alto e os israelitas viam sua rota de fuga fechada atrás de si.
Pode-se ver assim que a escolha "divina" da noite de lua cheia da primavera pa-
ra a "Páscoa" e o início do plano de fuga tem pouco ou nada a ver com as meras
práticas rituais. Ao invés disso, temos diante de nós uma prova do mais brilhante
planejamento militar e de cuidadoso reconhecimento, aparentemente executado pelo
próprio Moisés (talvez durante seus muitos anos como "pastor" na área da penínsu-
la do Sinai), sob a "remota orientação" do projetista da Pirâmide. De outra parte,
tanto o momento mais apropriado para a execução do plano como a geometria orien-
tadora do braço direito representado pelos reflexos da Pirâmide ao meio-dia, encontram-
se íntima e inextricavelmente vinculados com os movimentos conhecidos e portanto
previsíveis do Sol e da Lua.
Deste modo, parece que demonstramos além de qualquer dúvida razoável que
o Yaveh do Êxodo 6, 2-8 — o gênio controlador de toda a operação — pode ser identifi-
cado como a "voz da Pirâmide", enquanto os antigos títulos de HWFW e YHWH
nada mais representavam do que escritas separadas, ainda que relacionadas, de uma
única realidade; " Y a v e h " e " K h u f u " eram uma só e a mesma entidade.

A Lenda dos Três Reis Magos

A velha lenda dos Três Reis Magos, que levam seus presentes simbólicos de ou-
ro, incenso e mirra ao Messias recém-nascido, parece apenas representar, em forma
narrativa, a sobrevivência de uma antiga tradição que vincula a Pirâmide de maneira
específica com o nascimento de Jesus de Nazaré. Como já vimos, a Grande Pirâmide
original, conhecida nos' tempos antigos como " A Luz", lança reflexos em formato
de estrela sobre o deserto à sua volta, ao meio-dia, durante o solstício de verão. E sem-
pre se pensou que suas famosas vizinhas, a Segunda e a Terceira Pirâmides, conti-
nham entre si os restos de três reis antigos. Além disso, o ângulo das passagens da
Grande Pirâmide tem uma associação geográfica direta com a cidade de Belém — e
com os episódios simbólicos do êxodo dos israelitas do Egito. Portanto, parece prová-
vel, em vista de todos esses fatos combinados, que as três principais pirâmides de
Gizeh devem ser os originais dos lendários Três Reis Magos que são orientados pela
estrela messiânica (a Grande Pirâmide) na direção de Belém. A lenda bíblica e as pe-
dras que sobrevivem combinam de maneira perfeita,

286
Na narrativa de Mateus {capítulo 2), os Três Reis tornaram-se "magos", ou "as-
trólogos". Assim, eles não apenas sabem que um Messias deve nascer, mas também
têm uma estrela guia que os orienta até o lugar onde nasceu a criança (a "estrela no
seu surgir", mencionada por Mateus, parece estar vinculada de maneira direta com
o estabelecimento do ângulo das passagens na direção do nascente — um fenômeno que
tem longas associações messiânicas). Portanto, eles sabem, ou pelo menos podem des-
cobrir, quando e onde o nascimento deve ter lugar. Mas, além disso, eles também
sabem o que o futuro reserva — porque as suas estranhas e simbólicas dádivas pare-
cem representar nada mais nada menos que a apresentação, ao menino, do seu desti-
no messiânico. O seu papel real e sacerdotal é representado pelo ouro e o incenso,
enquanto a niirra prevê diretamente a sua morte e sepultamento. No entanto, é pre-
ciso lembrar que a mirra funerária era usada então como azeite para embalsamamento
(vide João 19, 39-40) e que, tanto entre os judeus como entre os egípcios, o propósito
do embalsamamento era a preservação do corpo de modo que ele pudesse ser "ressuscita-
do", ou melhor, reanimado. Em outras palavras, mesmo a eventual ressurreição do Mes-
sias é prevista através dos "presentes reais". 2 1
Então, da mesma forma que a Grande Pirâmide, os Três Reis levam consigo o
conhecimento do momento e do lugar de nascimento do Messias, bem como a previ-
são sobre o seu destino e, se estivermos certos em identificá-los com as três principais
pirâmides de Gizeh, então talvez a Segunda e a Terceira Pirâmides contenham tam-
bém algum tipo de mensagem didática ou profética. Por outro lado, o uso feito por
Mateus da palavra "magos", com o significado de "astrólogos", é coisa natural, em
virtude da aparente motivação celestial daqueles viajantes e de sua capacidade de prever
acontecimentos futuros. Esta é uma capacidade que o autor normalmente associaria
em primeiro lugar com as práticas dos mágicos orientais conhecidos como caldeus
(ou Magi) e, em particular, com a sua ciência da astrologia. Além disso, a idéia pode
não ser tão absurda como parece se, conforme sugerido na p. 312, algumas das tradi-
cionais idéias astrológicas de fato derivam do conhecimento antecipado do arquiteto
da Pirâmide e de sua codificação simbólica.
Portanto, é bem possível que a apresentação feita pelos Três Reis de seus presen-
tes simbólicos ao Messias recém-nascido represente a previsão detalhada do papel
messiânico guardado nas Pirâmides de Gizeh — em especial na própria Grande Pirâ-
mide. Mas, se a tradição em pauta teve mesmo essa origem, então seria de esperar
que encontrássemos alguma evidência de que Jesus teria visitado o Egito ainda quan-
do criança para saber, em primeira mão, sobre o papel vital que lhe era destinado.
Como a "montanha" em questão não podia ir a "Maomé', Maomé teria de visitar
a montanha, para que os Reis pudessem apresentar-lhe os seus presentes. E uma visi-
ta assim é descrita no curso da mesma estranha narrativa. Na versão de Mateus, vemos que,
como resultado direto da visita dos "magos", o menino é levado às pressas para o
Egito. Mateus atribui essa fuga a um iminente massacre dos inocentes que teria sido
ordenado por Herodes. Mas, por outro lado, é quase certo que o acontecimento em
questão jamais fez parte da lista de crimes daquele rei e que esse aspecto da história
teria sido tomado emprestado, pelo autor do Evangelho, da narrativa do Velho Testa-
mento sobre a fuga do menino Moisés do massacre dos primogênitos ordenado pelo

287
faraó (vide p. 267). De qualquer modo, por uma razão ou outra, a criança foi levada
para o Egito, conforme pelo menos uma profecia bíblica (vide 2,15) e as várias tradi-
ções sobre o seu aprendizado e estudos naquele país não carecem totalmente de fun-
damentos escriturais.
Por sua vez, o autor da narrativa de Lucas parece nada saber sobre os lendários
Reis. Ao invés disso, ele fala da visita ao recém-nascido por um grupo de pastores
(capítulo 2), que haviam deixado as ovelhas (das quais cuidavam no campo) por cau-
sa de uma visão que lhes anunciava o nascimento da criança. Mas, além de observar-
mos que essa narrativa mostra os pastores como irresponsáveis ao extremo e de pare-
cer colocar o nascimento do Messias no verão22 (as ovelhas não são soltas nos cam-
pos na região de Belém nos meses de inverno), é interessante observar que existe um
possível, ainda que muito fraco, vínculo histórico entre os lendários Reis e os pasto-
res de Lucas. Porque o Egito, no passado remoto, tinha sido governado durante cerca
de 150 anos por uma dinastia de reis conhecida como os hicsos, ou "reis-pastores".
Eram de uma longamente odiada raça de conquistadores, de aparente origem semita,
que surgira da Ásia (e, portanto, do Oriente), tendo subjugado o Egito sem o uso da
força militar e acabando sendo expulsos pelos egípcios por volta de 1555 a.C. Ora,
os próprios israelitas viviam no Egito nesse mesmo período, tendo o Êxodo, liderado
por Moisés, acontecido cerca de um século depois da expulsão final dos hicsos.
Em outras palavras, é de se suspeitar que haja alguma coisa a mais nas jornadas,
aparentemente sem relação, empreendidas pelos israelitas e pelos reis-pastores no
Egito. De fato, ambos os grupos de "invasores" eram semitas. Ambos entraram em
paz no país e vieram do leste. Ambos conquistaram grande poder no Egito, acabaram
sendo odiados pelos egípcios e partiram ou foram expulsos para o leste com uma cer-
ta pressa, Além do mais, os períodos de suas ocupações do Egito parecem sobrepor-
se, se é que merecem confiança as datas fornecidas pela tradição egípcia e pela Bíblia.
É certo que a narrativa bíblica descreve os israelitas como escravos oprimidos que fu-
giram por sua própria iniciativa, enquanto os registros egípcios descrevem os hicsos
como tiranos dominadores que foram expulsos. Mas a produção de interpretações dia-
metralmente opostas de um mesmo acontecimento não representa um fenômeno pro-
pagandista limitado apenas à era mosaica.
No entanto, toda a misteriosa teia histórica dos relacionamentos entre egípcios e
israelitas é muito confusa e só o tempo e as pesquisas futuras poderão revelar se existe
ou não uma ligação, por mais singular e obscura que possa ser, entre o Êxodo mosaico,
os misteriosos hicsos, as Pirâmides e os Três Reis Magos de Mateus e os pastores de
Lucas.23 Uma coisa, porém, é certa: existe muito mais por trás dos vários episódios em
questão do que a maior parte dos leitores das narrativas bíblicas jamais poderia suspeitar.
De outra parte, a identificação dos Três Reis Magos com as três principais pirâmi-
des de Gizeh apóia-se em algumas provas bem interessantes:
(i) o ângulo das passagens de todas as três pirâmides é semelhante (vide diagramas
na p. 14) e, portanto, todas as três parecem comungar do mesmo significado do ân-
gulo de Belém;
(ii) a tradição entende que um dos Três Reis tinha a pele negra; da mesma forma,
ao contrário das outras duas pirâmides, a Terceira foi originalmente revestida, até

288
peto menos um quarto de sua altura, com pedras de granito vermelho — que, uma
vez expostas ao tempo, adquirem uma tonalidade que parece negra ou roxo — sem brilho;
(iii) os nomes atribuídos aos Três Reis pelo Evangelho Armênio da Infância de fesus* são
Baltazar (da Arábia), Gaspar (da índia) e Melkon (da Pérsia). Os nomes Gaspar e Mel-
kon parecem ter bastante semelhança com Khafra e Menkaura (que seriam os cons-
trutores e ocupantes da Segunda e da Terceira Pirâmides) para sugerir um possível
vínculo. No entanto, o nome de Baltazar tem uma ligação menos óbvia com a Grande
Pirâmide. Mas pode ser significativo que a palavra parece derivar do hebraico Beltes-
hazzar, que significa " o líder do senhor". Além do mais, esse nome também é en-
contrado com a forma de Belshazzar, um rei cujo nome os judeus poderiam ter mais
tarde associado com a famosa Grande Zigurate, ou pirâmide de degraus da Babilô-
nia, com a qual a própria Grande Pirâmide poderia, por sua vez, ter sido identificada
na memória dos israelitas;
(iv) as origens geográficas atribuídas pelo mesmo evangelho aos Três Reis nos ofere-
ce a interessante pista de que o conhecimento encerrado nas pirâmides poderia re-
presentar uma destilação da antiga sabedoria levada pelos iniciados egípcios a luga-
res tão distantes como a índia, a Pérsia e a " A r á b i a " . É bem possível que, conforme
já postulamos antes, o Plano Messiânico mostrado pela Grande Pirâmide na verdade
seria um plano mundial, envolvendo a essência não apenas dos ensinamentos do cris-
tianismo, do judaísmo e do Egito, mas também das tradições hindus, babilônias e
do zoroastrismo. Por outro lado, podemos encontrar aqui uma referência alegórica
à tradição da sabedoria dessas terras, que o próprio Jesus teria investigado;
(v) segundo o mesmo evangelho armênio, os Três Reis traziam consigo " o testamento
feito por Adão para S e t h " . É muito difícil imaginar por que eles fariam isso, a menos
que o testamento, assim como os lendários presentes, encerrasse uma profecia sobre
as coisas do futuro — constituindo, na verdade, o destino preestabelecido do Messias
recém-nascido. E, como essa idéia parece corresponder à mensagem da própria Gran-
de Pirâmide, podemos uma vez mais suspeitar que a referência de fato é feita em rela-
ção às pirâmides de Gizeh. Assim, podemos concluir que o testamento em questão
representa o Conhecimento passado pelos primitivos "filhos dos deuses" (Adão) aos
antigos egípcios, personificados por Seth (o "aspecto obscuro" de Horus) e por eles
incorporados ao projeto da Grande Pirâmide — uma interessante nota de rodapé a nos-
sas especulações anteriores sobre a destruição de uma civilização antiga, bastante adian-
tada, por um cataclismo conhecido como o grande Dilúvio bíblico.

Antigos Paralelos Bíblicos e Messiânicos na América Central

As antigas religiões maias e astecas eram tão cheias de paralelos bíblicos diretos
que os missionários cristãos chegaram a se convencer de que haviam encontrado uma
caricatura macabra do cristianismo, projetada pelo próprio diabo para impedir os pro-
gressos de suas missões — uma experiência enervartte que também havia sido en-
frentada antes pelos missionários ao Tibete.

* V. esse Evangelho em Os Proscritos da Bíblia — Apócrifos, São Paulo, Ed. Mercuryo 1989. (N.E.)

290
Para começar, o Primeiro Ano dos maias foi 3113 a.C., quando (a 12 de agosto,
para ser preciso) " u m homem branco, barbudo 'descido do sol', pousou no Golfo do
México com um animado grupo de intelectuais, astrônomos, arquitetos, sacerdotes
e músicos" {as palavras são de Thor Heyerdahl). Claro que essa data é bastante próxi-
ma do Primeiro Ano da antiga Era egípcia de Horus — 3141 a.C., talvez —, que veio
logo depois de uma era de destruição que poderia ser conhecida como o Dilúvio bíblico.
Em inúmeros aspectos as antigas tradições centro-americanas registram um para-
lelo extremamente próximo daquelas do antigo Egito. Da mesma forma que os egíp-
cios, os maias e seus remotos precursores organizavam sua sociedade como uma teo-
cracia governada pelas crenças religiosas e por tradições de considerável sofisticação.
Assim como os egípcios, eles organizaram essas crenças num texto hieroglífico de enor-
me complexidade. Como os egípcios, devotaram uma grande parte de sua riqueza
à construção e decoração de gigantescos templos que se caracterizavam, acima de tu-
do, pelo formato de pirâmide representativo do Sol, projetados com base na matemá-
tica simbólica. Do mesmo modo que os egípcios, parecem ter tido verdadeira obses-
são pelos números e a numerologia, com. particular referência às datas e eventos as-
tronômicos. 24 E, ainda como os egípcios, construíam barcos de junco, faziam roupas
de algodão, embalsamavam seus mortos, contavam lendas sobre a criação, sobre en-
chentes e sobre os fundadores da civilização, ensinavam que a história é governada
pelos ciclos astronômicos e faziam discursos simbólicos bastante sábios sobre o desti-
no evolucionário da alma humana. De fato, todas essas semelhanças mútuas conven-
ceram muitos estudiosos de que as civilizações centro-americanas deviam sua pró-
pria origem aos esforços de colonizadores egípcios — uma proposta fascinante, ainda
que muito simplista, à qual foram dedicadas as duas famosas expedições " R a " , reali-
zadas por Thor Heyerdahl.
Na esfera religiosa em particular, a tradição centro-americana (como as do Egito,
da Babilônia, da Grécia, da Síria, da Pérsia, da índia e de outras partes do mundo
antigo) já "falsificava" a do cristianismo em muitos aspectos, bem antes do nasci-
mento de Jesus de Nazaré (conforme logo percebeu J. G. Frazer, autor de Golden Bough).
Assim, entre as "singularidades", encontramos as seguintes:

(i) A cruz, ou "quincunx", havia sido um símbolo conhecido por muito tempo,
indicando a existência do homem na interseção do plano físico (horizontal) com o plano
da eternidade (vertical).
(ii) O renascimento representava uma idéia comum, associada, como no Egito,
com a direção "leste".
(iii) A cosmologia Nahua incluía três céus ou paraísos — o mais baixo dos quais
(Tlalocan) era a terra da água e da neblina, de onde a alma retornava e reencarnava
depois de uns quatro anos; o seguinte (Tlillan — Tlapallan) era um paraíso, seme-
lhante ao nirvana, de não apego ao corpo, alcançado apenas pelos iniciados; e o mais
alto (Tonatiuhican) era a Casa do Sol, residência da felicidade eterna, alcançada ape-
nas pelos totalmente iluminados. Na parte mais baixa da escala também havia uma
espécie de limbo conhecido como Mictlan, onde as almas dos condenados teriam de
enfrentar uma eternidade sem cores, apesar de registrar a ausência de dores.

291
(iv) A criação era descrita pelos maias em termos decididamente bíblicos: " O n d e
não havia céu nem terra soou a primeira palavra de Deus. E Ele soltou-se de Sua pe-
dra e declarou Sua Divindade. E toda a vastidão da eternidade tremeu. E Sua palavra
foi uma medida de graça e Ele rompeu e furou a espinha dorsal das montanhas. Quem
nasceu lá? Quem? Pai, Tu sabes: Ele, que foi apresentado no Paraíso veio a S e r " (do
Chilam Balam de Chumayel, citado em Mythology of the Américas, por Burland, Nichol-
son e Osborne).

Yiacatecuhtli, Senhor da Vanguarda Asteca, Pré-Conquistadores. Seu nome talvez signifique


"Aquele que mostra o caminho" e era o deus dos vendedores viajantes e dos missionários
conhecidos como pochtecas.

(v) As eras eram vistas pelos maias da mesma forma que pelos budistas, com uma
forma cíclica destinada a atingir sua indicada culminação: "Todas as luas, todos os
anos, todos os dias, todos os ventos acabam se completando e passam. Da mesma
forma todo sangue alcança seu lugar de silêncio, ao atingir seu poder e seu trono.
Medido era o tempo em que eles podiam louvar o esplendor da Trindade. Medido
era o tempo em que podiam conhecer a benevolência do Sol. Medido era o tempo
em que a grade das estrelas olhava de cima para eles; e, por meio dela, supervisio-
nando sua segurança, os deuses prendiam as estrelas que porventura os contem-
plassem" (op. cit.).
(vi) Tanto o batismo como a eucaristia (o simbólico consumo do corpo e sangue
do deus) eram idéias comuns muito antes da conhecida chegada da cultura européia
às Américas Central e do Sul.

292
(vii) A peregrinação espiritual do homem era representada pelos vinte dias dos
tnaias, ou "rastros dos pés de D e u s " , reminiscência da simbólica "semana da cria-
ç ã o " , narrada no Genesis:
" S ã o vinte os passos para cima e para baixo na escada, começando com Imix, de
Im, o útero. O primeiro dia lança a criança em sua jornada pela vida. No segundo,
Ik, o espírito ou vento, é dado a ele quando ainda se encontra no útero. No terceiro,
Akbal, ele nasce da água. No quarto, Kan, ele começa a conhecer o mal e, no quinto,
Chicchan, ele junta toda a experiência de sua vida. No sexto, Cimi, ele morre. No
sétimo, Man-Ik (de Manzal-Ik, 'Passar através do espírito'), ele vence a morte.
"Agora ele precisa mergulhar nas regiões mais baixas; precisa lutar para vencer
a condição material. Esse é o oitavo dia, Lamat, o sinal de Vênus. No nono dia, Mu-
luc, ele colhe a recompensa de seus esforços; e no décimo, Oc, ele entra de uma vez
nas profundezas maiores da matéria para, no décimo primeiro dia, Chuen, queimar
sem fogo. Em outras palavras, ele sofre a maior agonia possível. No décimo segundo
dia, Eb, ele começa a subir a escada, um longo processo que continua até o décimo
terceiro dia, Ben (que representa o mais* que cresce), até que no décimo quarto, Ix
(o deus Jaguar), é lavado por completo. Isso permite que, no décimo quinto dia, Men
se torne perfeito, mas ainda não possui a luz da consciência total, que chega a ele
no décimo sexto dia, Cib. No décimo sétimo dia, C h a b a n , se livra dos últimos traços
de cinza do mundo material que ainda se prendem a ele. A palavra específica usada
aqui é " c i n z a " e sugere a purificação pelo fogo. No décimo oitavo dia, Edznab, é tor-
nado perfeito. No décimo nono dia, Cauac, manifesta-se sua natureza divina. No vi-
gésimo e último dia, Ahau (deus), se une com a divindade" (op. cit.).
De todos os dias mencionados, os sete primeiros são uma referência direta ao ci-
clo de uma única vida humana. Os treze restantes parecem representar uma espécie
de "escada para a a l m a " — com um simbolismo incrivelmente similar ao dos números 1
a 13 no código numérico da Grande Pirâmide, porque a série piramidal de 1 a 13 também
pode ser " l i d a " como uma espécie de escala para a alma, simbólica do processo de
renascimento que leva a uma eventual união com o Divino. Considere-se, por exem-
plo, a tabela seguinte, que coloca os dois simbolismos lado a lado para uma compara-
ção entre ambos.

Dia Nome Simbolismo N? em Possível


Número "ciclos interpretação
da alma" Piramidal
8 Lamat Estrela da manhã 1 O Divino...

9 Muluc ... colhe sua 2 ... produz...


recompensa,..

1
10 Oc >L ...e entra nas 3 ...o supremo.
profundezas 1

J
11 Chuen 1 da matéria para j 4 ...físico.
sofrer agonia.25 J
12 Eb A alma,.. 5 O iniciado...

293
Dia Nome Simbolismo N° em Possível
Número "ciclos interpretação
da alma" Piramidal

13 Ben ...começa a subir 6 ..está preparado...


a escada de novo...
14 Ix ...e é purificada. 7 ...para a perfeição
espiritual
15 Men Tendo se tornado 8 Renascimento/
perfeito... ressurreição...
16 Cib em seguida ganha a 9 ...leva à suprema
luz da consciência perfeição...
total.
17 Chaban Assim sobrevive à 10 ...do Milênio.
tribulação e ganha
liberdade do mundo
material.
18 Edznab Agora por fim aper- 11 Com a conquista...
feiçoado...
19 Cauac ...torna-se como 12 ...da (verdadeira)
um deus... humanidade...
20 Ahau ...e conquista a 13 o homem uma vez :
união uma vez mais se torna Alma Pura.
com o Divino.

(viii) Uma história dos maias fala de um deus surpreendentemente chamado de


Votan, " q u e declarava ser uma serpente" (isto é, um possuidor do Conhecimento).
A partir de uma origem desconhecida, ele recebeu ordem dos deuses para ir para a
América, a fim de fundar uma cultura. Então, partiu de seu lar, chamado Valum Chi-
vim e, incógnito e por intermédio da "casa das treze serpentes", chegou a Valum
Votam. Daí ele subiu o rio Usumacinta e fundou Palenque. Depois disso, realizou
diversas viagens de visita a sua terra natal, durante uma das quais encontrou uma
torre que havia sido planejada para alcançar os céus, mas que foi destruída por causa
de uma "confusão de idiomas" entre os seus arquitetos. No entanto, Votan recebe
permissão para usar uma passagem subterrânea para alcançar a "rocha do paraíso"
(op, cit.). 26
Tudo o que foi dito acima parece mais uma estranha mistura de lendas nórdicas,
mitologia judaica e simbolismo piramidal. Mas vale a pena notar, particularmente,
que o nórdico Wodan, ou Odin, era adorado em especial pelas famílias nobres — que se
julgavam descendentes diretas dele — e era considerado o patrono da cultura, inven-
tor da escrita rúnica, deus da sabedoria, da poesia, da magia e da profecia. Ele anda-
va pelo mundo com um bastão na mão, disfarçado como um homem de um olho só
e sua casa eterna era chamada de Valhalla (comparar com Valum Chivim). E talvez
tenha significado especial o fato de o nome Wodan/Odin — aquele que tem um "cha-
péu alado" — em geral ser associado (em particular por causa desse tipo de chapéu)
com Mercúrio, o mensageiro alado e, portanto, com o grego Hermes. Este, por sua

294
vez, deve ser identificado com o egípcio Thoth ou Tehuti que, da mesma forma que
Odin e o maia Votan, era considerado por seus devotos como um dos fundadores
da verdadeira civilização. Quando acrescentamos a essa interessante cadeia de cir-
cunstâncias o fato de que o termo egípcio Tehuti parece ser a mesma palavra que o
asteca Tecuhtli (que significa avô ou senhor, como no caso de Yíacatecuhtli, p. 293),
começa a ficar claro que todas essas diversas lendas sobre os patriarcas fundadores
da civilização de fato derivam de uma única fonte comum,
(ix) A figura principal do mito centro-americano era o semi-histórico e semimítico
Quetzalcoatl, ou Kukulcan, a "serpente emplumada". Teria nascido (depois de uma
"anunciação" divina) da virgem "rainha do céu" e se tornado um grande legislador,
civilizador e inventor do calendário. Fora um grande inovador nas artes e ciências, um
pregador do amor e da compaixão e considerado o responsável pela introdução do mais
como alimento.27 Era "alto, robusto, de sobrancelhas largas, com grandes olhos e uma
barba espessa... Usava um gorro cônico de pele de jaguatirica... Sua jaqueta era de al-
godão e tinha argolas nos tornozelos, chocalhos e sandálias de espuma" ([op. cit.).
Da mesma forma que o hindu Krishna, Quetzalcoatl é uma figura paradoxal. "Co-
mo era homem, vinha daquela linhagem de heróis que dá origem a lendas e mitos.
Na sua qualidade de símbolo, da mesma forma que o vento, toma conta de todos os
espaços. E a alma que voa para o céu e a matéria que desce para a Terra como a ser-
pente rastejante; é a virtude que sobe e a força cega que puxa o homem para baixo;
é o despertar e o sonho, anjo e demônio... Representa a luz do dia e, quando viaja
para o mundo inferior, a noite. É amor, com o seu poder de transmutação e desejo
carnal que usa correntes... Nas mãos de Quetzalcoatl há um bastão que produz a vi-
da e ele também carrega a lança da estrela da manhã" (op. cit.). O bastão que produz
a vida parece lembrar o ankh egípcio.
Em outros aspectos ele nos faz recordar o egípcio Horus. Uma de suas primeiras
tarefas é recuperar o corpo de seu pai (o sol) do local onde foi sepultado pelos inimi-
gos, na areia. O seu irmão " g ê m e o " é o cachorro Xolotl, da mesma forma que o ca-
chorro Anúbis é gêmeo de Hórus.
Tendo sucumbido às tentações humanas, da mesma forma que Adão, Quetzal-
coatl (segundo se afirma numa das lendas) teria mandado todos os seus seguidores
se afastarem e ordenado "que um caixão de pedras fosse construído para que ali ele
se deitasse durante quatro dias e noites em rígida penitência. Feito isso, os peregri-
nos marcharam para a praia. E ali, Quetzalcoatl vestiu-se com seus trajes de penas
e sua máscara turquesa. Construiu uma pira funerária e se lançou nela e foi consumi-
do pelas chamas. As cinzas ergueram-se para o céu na forma de um bando de passa-
rinhos, carregando o seu coração que se tornou o planeta Vênus" (op. cit.), isto é,
a estrela-d'alva.
Nessa história, Quetzalcoatl também é associado com o Sol, que "morre" e é "res-
suscitado" todos os dias. Da mesma forma o egípcio Osíris reencarnava todos os dias
como Re ou Ra, o Sol, " n a quinta hora, quando o barco do deus passava sobre o for-
mato de uma pirâmide que protegia o ovo divino do qual nascia o sol" (de Tutankhamen,
por C. Desroçhes-Noblecourt).28 Era, portanto, por meio da associação com Osíris que
se esperava a ressurreição dos faraós mortos num corpo espiritual novo, da mesma

295
forma que a maioria dos cristãos espera a "ressurreição" semelhante, por associação
com a ressurreição de seu Divino Salvador.
Os discípulos de Quetzalcoatl, os pochtecas, disseminaram seus ensinamentos por
toda a América do Sul, sendo sua missão descrita com palavras que fazem lembrar
as de Jesus a seus próprios discípulos, em Mateus 10: "Vós deveis viajar, entrar e sair
de aldeias estranhas... Talvez nada vos seja possível conseguir em parte alguma. Tal-
vez a vossa mercadoria e vossos artigos de comércio não sejam apreciados nesses lu-
gares ... Mas não regresseis, continu ai com passos firmes... Algo havereis de conquis-
tar... Algo que o Senhor do Universo vos mandará fazer..." (Chilam Balam, op. cit.)
Os pochtecas tornaram-se figuras bastante poderosas. Eram "vendedores itinerantes
que formavam uma sociedade ou irmandade sem propósitos materiais de comércio,
mas com um conjunto de princípios étnicos estabelecidos que importava muito mais
para eles do que juntar fortuna". De fato, " s e acumulassem muita riqueza, organiza-
vam banquetes religiosos para gastá-la bem depressa" (op. cit.).
Em outra versão da história de Quetzalcoatl, o deus-rei consegue vencer uma sé-
rie de tentações de caráter sensual e sexual e quando eventualmente é abandonado
pela maioria dos seus seguidores, ele e os que ainda o seguem decidem fazer uma
peregrinação a Tlapallan "para aprender". Depois de construir uma ponte para atra-
vessar um rio, alguns demônios o impedem de atravessar e de continuar a viagem
enquanto não entregar todos os seus conhecimentos, suas técnicas e suas jóias — o
que ele faz em seguida. A história, que representa de maneira bastante clara a partida
do mundo físico para os planos espirituais, continua com Quetzalcoatl subindo em
dois vulcões simbólicos e construindo uma casa em Mictlan, a Terra dos Mortos ("ele
desceu ao inferno", em outras palavras). Por fim ele parte para um destino desco-
nhecido numa "jangada de serpentes" (uma idéia do submundo também encontra-
da com freqüência nas pinturas de túmulos egípcios), de onde se espera que retorne
em alguma data futura. Segundo um determinado conjunto de cálculos, seu regresso
era esperado no mesmo ano que levou o barbudo Cortês a América, com os calamito-
sos resultados para a civilização centro-americana que fazem parte da história.
(x) Muito ao estilo dos israelitas bíblicos, os astecas, durante parte de sua história
que começou por volta de 1160 d.C., passaram por um período de peregrinações em
busca de sua própria Terra Prometida — Anahuac o "lugar no meio do círculo", a
fonte e inspiração de sua existência. Nessa peregrinação eles foram liderados por dois
irmãos guerreiros chamados Gagavitz e Zactecauh (que lembram os irmãos bíblicos
Moisés e Aarão).
Em determinada ocasião, os dois, ao chegarem ao mar, caíram no sono e foram
aprisionados pelos inimigos. Mas então mostraram um bastão vermelho que haviam
trazido consigo da terra santa de Tulan, enfíando-o nas águas do mar, que se abriram
para permitir que os peregrinos entrassem e chegassem à outra margem. É extraordi-
nário o paralelismo com a travessia dos israelitas pelo Mar Vermelho.
Em outra parte da história afirma-se que os irmãos têm a capacidade de derrubar
pássaros que voam a grande distância, usando um cano de soprar, mas sem flecha
nem dardo — a mesma descrição que seria dada por um povo primitivo sobre uma
arma moderna. Mais tarde, depois do falecimento de Zactecauh por causa de um aci-

296
dente, a tribo chega pela segunda vez a um vulcão branco, que é escalado por Gaga-
vitz em companhia de um tal Zakitzunun. Gagavitz realiza então uma vigília solitária
sobre a montanha, para desânimo cada vez maior de seus seguidores, surgindo de
novo de dentro da montanha com os guerreiros gritando: " E m verdade seu poder,
seus conhecimentos, sua glória e majestade são terríveis. Ele morreu, mas eis que
retorna... Quando o coração da montanha se abre, o fogo se separa das pedras..."
Neste ponto parece-nos possível ver um eco direto do chamado Tábua de Esmeralda,
de Hermes Trismegisto: "Atire-o para a terra e a terra o separará do fogo. O impalpá-
vel será separado do palpável. Através da sabedoria ele sobe devagar, do mundo pa-
ra o céu..." (Trad. de Idries Shah).
Claro que, em todos os pontos, a narrativa nos faz recordar o Êxodo israelita, li-
derado peíos irmãos Moisés e Aarão, incluindo até um bastão mágico, a travessia do
mar com os pés enxutos e a subida de Moisés à Montanha Sagrada (de fato, a leitura
de Edgar Cayce parece sugerir um vínculo hebraico direto — por mais incrível que a
idéia possa parecer). Além do mais, o fato de a narrativa descrever a montanha dos
astecas como sendo branca, nos faz lembrar logo a Grande Pirâmide de Gizeh, da
maneira como foi deixada por seus construtores. E, tendo em mente que a palavra
pirâmide pode ser associada com a raiz grega pyr, que significa fogo, nada haverá
de errado em suspeitarmos de um vínculo entre a Pirâmide, com sua eventual pedra
do ápice, brilhante como o Sol, e o vulcão do cume em chamas que representa a mon-
tanha sagrada dos astecas, de onde o messiânico "Gagavitz" está destinado a ressur-
gir em glória algum dia.
(xi) Pierre Honoré, em sua obra ln Quest of the White God, diz ter descoberto vín-
culos igualmente surpreendentes entre as antigas civilizações centro e sul-americanas
e as do Oriente Médio. Numa narrativa bastante detalhada ele mostra as principais
características da civilização asteca, passando pelos toltecas e os maias e chegando
às civilizações dos olmecas e dos La Venta por volta do princípio de nossa própria
era. Ele segue também as raízes dos incas através de Tihuanaco e das civilizações Chimu
e Chavin que existiram por volta de 700 a.C.
Em toda a sua narrativa, Honoré encontra constantes vínculos artísticos e cultu-
rais não apenas com a China e a Indochina, mas também com o antigo Oriente Mé-
dio. No entanto, sua revelação mais surpreendente é a de que quinze dos antigos gli-
fos maias (conforme ele ilustra) são quase idênticos à escrita cretense conhecida como
A Linear. Portanto, ele deduz (com uma certa razão) que os povos das Américas Cen-
tral e do Sul, ou os seus predecessores, sofreram, em diversos momentos do passa-
do, a influência dos chineses e dos indo-chineses e, mais especificamente, das anti-
gas culturas minoana e/ou fenícia.
E, já que estamos falando sobre o idioma dos maias, vamos ver uma interessan-
tíssima colocação feita pelo monge guatemalteco Antonio Batres Jaurequi. Em sua obra
History of Central America, ele faz a incrível afirmação de que as últimas palavras de
Jesus de Nazaré, conforme a narrativa de Mateus ("Eli, Eli, lama sabachthani"), na
verdade são as palavras maias que se traduzem por "Estou desmaiando, estou des-
maiando e meu rosto se esconde na escuridão" ("Hele, hele, lamah sabac ta ni").
Por outro lado, Churchward afirma existir uma ligação semelhante com a antiga "lín-

297
gua de Mu, que ele acha ter sido conhecida como uma espécie de língua franca sagra-
da dos iniciados nos mistérios antigos. Seja como for, a afirmação de Jaurequi bem
que deveria merecer as atenções dos especialistas na cultura maia.

A Tradição da Atlântida

Neste ponto todos os diversos aspectos lingüísticos das tradições centro-


americanas, ao lado das óbvias semelhanças rituais e simbólicas entre as idéias reli-
giosas centro-americanas, egípcias e hebraicas, levam-nos de maneira quase inevitá-
vel a considerar a possibilidade de todos esses fenômenos terem tido uma origem co-
mum . Poderia, por exemplo, a lenda do perdido continente da Atlântida (conforme
a narrativa de Platão em suas obras Timaeus e Critias) oferecer uma possível explica-
ção e origem comum para todo o complexo de conhecimentos que estamos conside-
rando aqui? É preciso lembrar que Platão afirmava que o conhecimento dos fatos que
narrava nessas obras havia sido obtido de um sacerdote egípcio como Sáis — onde
a revisão Saite do Livro dos Mortos Egípcio, completo, com sua aparente identificação
das passagens e câmaras da Grande Pirâmide também apareceu pela primeira vez.
Além do mais, é nessas mesmas obras que Platão afirma que o sacerdote em questão
tinha uma visão cíclica da história, envolvendo periódicos cataclismos mundiais (vide
p. 31, nota 8) — um ponto de vista também defendido pelo projetista da Grande Pirâ-
mide. Será que os originais "filhos dos deuses" e seus "conhecimentos secretos"
(comparar com a casta maia dos Almenhenob, ou "filhos dos verdadeiros homens")
teriam vínculos na Atlântida?
A princípio essa proposta pode parecer absurda. De fato, o assunto relativo à Atlân-
tida já provocou uma quantidade muito grande de debates documentais e arqueológi-
cos com o passar dos séculos. O que nem sempre se observa, no entanto, é a evidên-
cia lingüística disponível e da qual vou agora citar algumas características que me pare-
cem dignas de destaque, juntamente com algumas especulações de minha autoria:

(i) Em nome de Quetzalcoatl, a última sílaba, atl, é a palavra Nahua para água. Uma
palavra aparentada, atlati, significa flecha.
(ii) O deus Atlaua é conhecido, portanto, como o Senhor das Águas —- nome que
lembra bastante a função dos antigos faraós. Existem registros desse deus cantando:
"Deixo minhas sandálias para trás. Deixo minhas sandálias e meu capacete... Atiro
minhas flechas, mesmo aquelas de junco. Garanto que não podem quebrar. Armado
como sacerdote, tomo minha flecha na mão. Agora mesmo vou me levantar e aparecer
como o pássaro quetzal" (op. cit.).
(iii) Se o nome Atlaua tivesse chegado a Platão, vinculado com o nome de Atlânti-
da, ele por certo teria transcrito a palavra para o grego como Atlas — e de fato ele ad-
mite ter helenizado todos os nomes envolvidos. Segundo Platão, Atlas teria sido o pri-
meiro rei de Atlântida, uma terra de intensa irrigação.
(iv) A combinação das consoantes tl é raríssima na maioria dos idiomas europeus,
inclusive o grego, como parte de morfema radical (em especial no caso inicial de uma

298
sílaba acentuada), mas, , entre as raras exceções, encontram-se as palavras Atlas, Atlân-
tico e Atlântida. Em Nahua e outros idiomas centro-americanos aparentados, no en-
tanto, a combinação tl é bastante freqüente. Isto pode sugerir que a origem da pala-
vra Atlântida poderia ter-se dado numa área de grande proximidade lingüística com
a América Central ou do Sul.
(v) De fato, a única localidade que poderia encaixar-se por completo na descrição
que Platão faz da Atlântida, sem uma "seleção" muito profunda do texto, seria uma
ilha (agora submersa) de umas 300 milhas de comprimento por umas 200 de largura,
em parte circundada por montanhas (em especial ao norte) e localizada em uma área
geologicamente instável do Atlântico norte agora assinalada por uma grande zona de
águas rasas e barrentas. Outras ilhas da região serviriam de "pedras de apoio" para
o "continente verdadeiro" que estaria além.
Só a região das índias Ocidentais e do mar das Caraíbas oferece todas essas
condições, encontrando-se bem perto das áreas pantanosas da Flórida e do delta
do rio Mississipi. As pesquisas efetuadas nessa área, provocadas pelas previsões
de Edgar Cayce, revelaram enormes estruturas de pedra submersas na região de
Bimini, perto da Flórida, uma das quais com o formato de uma gigantesca flecha
(cf. atlatl),
(vi) O paralelo entre Votan e Wodan, mostrado antes, sugere que as histórias ger-
mânica e centro-americana poderiam ter tido uma origem comum — numa figura de
"aventureiro" que visitava, em pessoa ou em lenda, ambos os lados do Atlântico.
Neste caso, seria interessante também especular sobre a precisa localização de Va-
lhalla e de Valum Chivim.
(vii) A narrativa de Platão sobre os vastos projetos de irrigação da destruída Atlân-
tida nos faz lembrar outra vez Atlaua, o Senhor das Águas, bem como o fato de que
tanto a civilização egípcia como a dos olmecas, na América Central, foram fundadas
em vastas áreas pantanais onde a irrigação sem dúvida seria de importância capital.
Além do mais, como se sabe, a cidade asteca de Tenohtitlan (a atual Cidade do Méxi-
co) foi construída sobre uma ilha lacustre cercada por canais concêntricos, especifica-
mente porque esse arranjo refletia a topografia original de Aztlan, a terra originária
de suas antigas tradições. Mas esse mesmo tipo de arranjo é encontrado na descrição que
Platão faz da capital da Atlântida.
Por outro lado, o fato de os astecas não usarem a roda (apesar de a conhecerem,
conforme demonstram alguns brinquedos com rodas que sobreviveram a eles) pode
ser indício da disponibilidade de transporte marítimo. Mas esse mesmo fato pode ser
visto como prova de que seus ancestrais talvez tivessem desenvolvido meios de trans-
porte muito superiores aos veículos terrestres dotados de rodas (alguma coisa deve ter
usado as magníficas estradas que eles construíam). As possibilidades são mesmo muito
intrigantes.
(viii) Vários nomes de localidades mexicanas (por exemplo, Mazatlán, Miahua-
tlán) contêm a palavra Atlán, enquanto os próprios astecas, como vimos acima, insis-
tiam ter vindo de uma ilha chamada Astlan. Ambas as palavras poderiam representar
uma sobrevivência direta do nome Atlântida. Por outro lado, o significado da própria
palavra maia parece ser bastante consistente com a possibilidade de os remotos ances-

299
trais dos maias terem sido um pequeno grupo de sobreviventes do suposto cataclis-
mo destruidor de Atlântida, conforme Edgar Cayce parece ter sugerido (vide p. 263).
Porque, no idioma dos maias, a palavra Maia significa "não muitos" — em outras
palavras, " o s poucos".
(ix) Astlan, a "terra do Sol", de onde os primitivos ancestrais dos Nahua e dos
maias teriam vindo, também é mencionada em vários lugares como Tula, Tollan ou
Tonalan (várias cidades e aldeias mexicanas até hoje têm esses nomes). São todas pa-
lavras que fazem lembrar a lendária ilha de Thule, no Atlântico Norte, mencionada
pela primeira vez por Pytheas, o grego, no quarto século a.C., mais tarde retomada
por Virgílio, que se referia a ela como Última Thule (por que haveria alguém de acres-
centar a palavra "última", a menos que pretendesse indicar que a ilha representava
a última parte restante de Thule?). Por outro lado, lembrando sempre as inter-relações
entre atl (água) e atlatl (flecha), é ainda mais estranho que o alemão arcaico conhecido
continha apenas uma palavra parecida — ou seja, tulli, que, por incrível que pareça,
significava "cabeça de flecha".
(x) Ficando por um momento dentro do contexto germânico, apenas por curiosi-
dade, é interessante observar que a palavra germânica mais próxima de atl é add (que
antes se escrevia adal), que significa nobre, ao passo que Adler (cujo significado no
passado era homem nobre) é a palavra para águia — que, depois do quetzal, era o
mais sagrado e nobre pássaro no panteão Nahua/Maia. (Atzel, que de certa forma lembra
quetzal, antigamente era a palavra alemã para gralha.)
(xi) Resumindo, então, se uma ilha perdida chamada Atalán ou Astlan ou ainda
Atalanti, produziu uma civilização muito adiantada cujas idéias foram depois levadas
poT missionários e refugiados tanto para a Europa como para a América Central, não
é de todo improvável, do ponto de vista lingüístico, que as palavras Atlântida, Tollan
(talvez originada de uma forma encurtada de Talan), Tula e Thule possam ter todas
derivado de seu nome.
Além do mais, suas formas associadas atl, atlatl e Atlua — semanticamente vincu-
ladas tanto a água como a flecha, assim como, talvez, com uma raça de invasores es-
trangeiros — talvez tenham ligações etimológicas diretas com palavras européias co-
mo tulli, Atlas, adel (= nobre) e sua derivada Adler. E o fato de a lenda nórdica de
Odin ter ligação específica com famílias de origem nobre talvez também fosse signifi-
cativo nesse contexto.
Na verdade, levando a livre especulação acima a um ponto extremo, não seria
difícil imaginar a possibilidade de uma tribo germânica de nômades ter sofrido, em
algum ponto bastante remoto do passado, a influência de estrangeiros portadores de
adiantadas técnicas e que se referissem a sua terra distante pelo nome de Atlánti. Tal-
vez os próprios nômades adotassem essa palavra para se referir a uma nova idéia (pa-
ra eles) de "terra natal fixa", ou "terra do Ocidente". Nesse caso, a conhecida ten-
dência germânica de considerar a sílaba acentuada de uma palavra (aqui seria -tlari)
com a sua primeira (como foi o caso, por exemplo, da palavra grega episcopos, que
se tornou " b i s p o " em português), teria por certo produzido a forma lant. E, como
é sabido, essa foi a forma em alemão arcaico da palavra inglesa " l a n d " (terra) que,
em sua forma francesa (Landes) ainda conserva o seu sentido de "ocidentalismo", já

300
que é o nome de uma região no extremo oeste da França, que tem fronteira no oceano
Atlântico. Na verdade, a região em pauta estende-se até o sopé dos montes Pireneus
— uma área descrita de maneira específica por Cayce como tendo sido colonizada pelos
refugiados da Atlântida. Por outro lado, o correspondente tratamento celta da mesma
palavra produziria um som semelhante ao galés llan — palavra que hoje em dia signifi-
ca igreja, mas que no passado tinha o significado de área fechada. É claro que se trata
aqui de um conceito característico da fundação original de qualquer aldeia fixa em ter-
ra virgem. A proposta derivação parece ser pouco provável, mas nenhuma outra fonte
convincente foi até agora sugerida para as duas modernas palavras em questão.
(xii) Algumas das aparentes semelhanças relacionadas acima — às quais podería-
mos acrescentar outras peculiaridades, como a aparente semelhança entre as pala-
vras Noé e Nahua, entre Sidon (o nome do bisneto de Noé na narrativa bíblica) e
Poseidon (fundador de Atlântida, segundo nos diz Platão), ou entre o antigo povo
Ashanti, que vivia no Nilo, e a nossa postulada Atlânti — não podem ser meramente
acidentais. Por outro lado, parece improvável que todas elas o sejam. Acrescentando
essa evidência às conhecidas semelhanças entre as antigas culturas sul-americana e
egípcia (não esquecendo a considerável influência desta última sobre o pensamento
judeu), é de se suspeitar, como sempre, ser menos provável que uma tenha dado ori-
gem à outra, mas sim que ambas tenham saído da mesma fonte. A primitiva tradição
egípcia de que seus patriarcas fundadores teriam vindo de algum lugar no Ocidente
e a oculta tradição de que o próprio Osíris teria sido, como Thoth, uma figura históri-
ca — de fato, nada mais nada menos do que um antigo sacerdote-renovador de Atlân-
tida, coroado rei e depois divinizado — só alimentam ainda mais a fogueira já ardente
das probabilidades. E uma Atlântida "perdida", originária de uma cultura de tecno-
logia bastante avançada mas desaparecida há muito tempo sem ter deixado qualquer
traço, seria uma fonte hipotética comum tão boa (mesmo ignorando as interessantís-
simas colocações de Cayce) como qualquer outra até agora sugerida.

Deve-se sublinhar, no entanto, que as conclusões sugeridas pela evidência lin-


güística apresentada acima não concordam de modo algum com a teoria popular —
quase sempre mencionada como fato consumado — de que a descrição que Platão
faz da Atlântida se teria de fato baseado em Creta e na ilha Minoana de Thera ou
Santorini, no Mediterrâneo oriental, e no cataclismo que teria destruído ambas por
volta de 1600 a.C. Sem dúvida trata-se de uma idéia atraente, levantada primeiro por
A. G. Galanopoulos (do Instituto Sismológico de Atenas) em seu livro esplendida-
mente ilustrado a respeito, intitulado Atlantis: The Truth Behind the Legend. No entan-
to, se essa teoria estiver correta, então Platão estava muito enganado sobre o local,
a data e o tamanho de Atlântida — o que só pode querer dizer que, de fato, ele estava
escrevendo sobre uma civilização bem diferente.
Na verdade, uma leitura bem cuidadosa do livro de Galanopoulos mostra de mo-
do bem claro que suas conclusões na verdade invalidam seu próprio raciocínio. Se,
como ele afirma (op. cit., p. 37), as cifras fornecidas por Platão como dimensões gerais

301
de Atlântida devem ser multiplicadas por dez e a verdadeira Atlântida era, portanto,
grande demais para ser confundida com qualquer massa submarina conhecida no
Atlântico, então é claro que seria menos razoável ainda colocar essa terra misteriosa
(como Gaíanopoulos faz) no Mediterrâneo oriental. De outra parte, se as cifras de
Platão são dez vezes exageradas — conforme Gaíanopoulos sugere depois (op, cit., p.
133) — então o seu argumento inicial é invalidado de imediato e nós temos de voltar
ao princípio da história. Ele parece implicar, en passant (op. cit., p. 135), que os antigos
eram incapazes de distinguir entre lava flutuante e barro de pouca profundidade e
sugere ainda (op. cit., p. 30) que a descrição tipo "idade do bronze" feita por Platão
prova que a civilização em pauta de fato era da idade do bronze — esquecendo-se
do fato óbvio de que uma descrição tipo idade do bronze sobre qualquer civilização
{inclusive a nossa) precisa necessariamente ser expressada em termos da idade do
bronze.
Por último, Gaíanopoulos se deixa pegar em várias antigas armadilhas. Ele supõe
(op. cit., p. 21) que a expressão "idade do bronze" significa um período de tempo
histórico e não um estágio de desenvolvimento técnico (existem, por exemplo, diver-
sas sociedades da "idade da pedra" em existência no momento atual). Ele se mostra
preparado a não aceitar as datas fornecidas por Platão por não concordarem com suas
duvidosas teorias (por exemplo, de que todas as sociedades da "idade do bronze"
teriam existido em determinado período da história). Ele declara supor, com base nas
teorias vigentes hoje em dia, que os antigos (no caso, Platão) eram primitivos demais
para poderem dizer de maneira bem clara o que pretendiam. E ele coloca de maneira
errônea, através de paráfrases, os comentários claros e categóricos do autor em ques-
tão. Por exemplo, Platão não diz, em qualquer parte de suas obras Timaeus e Critias,
que a Atlântida teria desaparecido num dia e noite (compare-se com o texto original
de Platão, a tradução na p. 179 do livro); não poderia ter usado o termo " o s Pilares
de Heráclito" (op. cit., p. 97) em referência a qualquer parte do Peloponeso (já que,
em seu texto, Platão coloca a Líbia, o Egito e a Toscana dentro deles) e, ao contrário
do que é afirmado na página 38 do livro, não descreve a Atlântida como duas ilhas
separadas. Platão tampouco sugere em parte alguma, conforme Gaíanopoulos supõe,
que o exército ateniense que teria derrotado os foragidos de Atlântida seria de língua
grega. Em suma, o trabalho de Gaíanopoulos é exageradamente tendencioso em qua-
se todos os aspectos.
Seja como for, no entanto, suas teorias parecem estar sendo abandonadas em fa-
vor da própria pesquisa científica na região de Bimini, nas Bahamas. Conforme noti-
ciado no jornal The Obsercer, a 17 de dezembro de 1971, e segundo descrição mais
detalhada de Charles Berlitz, em sua obra Mysteries from Forgotten Worlds, essa pes-
quisa é realizada pelo Dr. J. Manson Valentine, do Museu de Ciência de Miami, em
cooperação com a Sociedade de Pesquisa Arqueológica Marinha. O trabalho dessa
Sociedade já vem desde 1966, tendo o Dr. Valentine descoberto no mar, em 1968,
a noroeste de Bimini, uma enorme estrada elevada de pistas duplas, feita de grandes
blocos de pedra calcária "estrangeira", pesando até 40 toneladas cada um, sepulta-
dos mais de cinco metros abaixo da superfície da água. Essas peças dão a impressão
de serem partes de um gigantesco porto do tipo fenício.

302
Ê curioso que 1968 era o ano para o qual, durante um transe em 1933, Cayce pre-
viu o reaparecimento de partes da Atlântida na mesma área em questão. As várias
descobertas feitas encontram-se agora sob investigação pela Faculdade de Ciências
Atmosféricas e Marinhas da Universidade de Miami, em colaboração com a Socieda-
de Geográfica Nacional.
Por outro lado, as explorações submarinas do famoso comandante Jacques Cous-
teau na área dos recifes das Bahamas revelaram a existência de uma série de cavernas
submarinas com enormes estalactites e estalagmites — provas de que as cavernas ha-
viam estado antes sobre a água e que teriam afundado centenas de metros abaixo do
nível do mar, da mesma forma como teria acontecido com a Atlântida. Além do mais,
a estrutura fora do comum das estalactites mais antigas mostrava de maneira bem
clara que toda a área havia passado por uma gigantesca atividade geológica por volta
do ano 10000 a.C. (quase exatamente a mesma data fornecida por Platão para o desa-
parecimento final de Atlântida), como cujo resultado toda a crosta terrestre nessa área
teria ficado inclinada cerca de quinze graus. Além de tudo isso, como curiosidade fi-
nal, pelo menos uma das cavernas em questão tem um formato quase esférico (com
o teto agora desabado) — um fenômeno em geral vinculado à atividade vulcânica ou
a explosões submarinas provocadas pelo homem.
No entanto, talvez as mais promissoras, para não dizer surpreendentes, revela-
ções sobre a Atlântida tenham surgido de uma fonte inesperada — a pesquisa de Louis
Charpentier sobre as origens do povo basco, conforme seu livro Le Mystère Basque,
A tese de Charpentier, colocada de maneira bastante convincente, é de que os bascos
seriam os sobreviventes quase puros do homem de Cro-Magnon; que a antiga distri-
buição do homem de Cro-Magnon correlaciona-se de maneira bastante forte com os
restos dolmênicos ainda existentes e que também está vinculada de perto às altas por-
centagens de sangue do grupo " O " na moderna população basca. Devemos lembrar
aqui que os bascos não só falam uma língua sem parentesco algum com qualquer ou-
tro idioma europeu, mas também exibem uma elevada porcentagem de gens do tipo
Rhesus-negativo e uma alta parcela de indivíduos com sangue do grupo " O " (cerca
de 75%). Além da Islândia, das Ilhas Britânicas do noroeste e da península de Coten-
tin, apenas a Sardenha, Creta e uma pequena área da Tunísia, ao redor do que era
a antiga Cartago, registram porcentagens comparáveis de sangue do grupo " O " . Na
verdade, as áreas nas quais esse grupo sangüíneo prevalece compreendem as costas
mais montanhosas do Atlântico europeu e africano e as praias e ilhas da bacia do Me-
diterrâneo — dentro das quais a distribuição desses indivíduos corresponde de ma-
neira quase exata a áreas específicas que Platão diz terem sido colonizadas pelos foragi-
dos de Atlântida.
Se pudermos considerar como válida a associação entre Cro-Magnon* e a Atlânti-
da (e Charpentier oferece suficientes provas para sugerir que de fato ela é válida), en-
tão devemos estar preparados para enfrentar, de imediato, dois fatos importantes: pri-
meiro, foi descoberto que a porcentagem de indivíduos com sangue do grupo " O "
chega a 94% entre as múmias exumadas nas ilhas Canárias e a até 100% entre várias

* Fato abordado por J. Atienza em Os Sobreviventes da Atlântida (Ed. Mercuryo).

303
populações nativas isoladas das Américas Central e do Sul — o que sugeriria uma
alta probabilidade de que os Cro-Magnons e os foragidos de Atlântida tinham uma
origem Atlântica ocidental, se for correta a tese sobre os grupos sangüíneos, defendida
por Charpentier. Por outro lado, isso serviria para contradizer a teoria tradicional (de
provável influência bíblica) sobre a difusão da cultura por toda a Europa partindo do
Oriente Médio — uma teoria que, em todo caso, já começa a ser desacreditada em
relação às mais tardias culturas megalíticas, já que os restos arqueológicos das mar-
gens oceânicas da Europa ocidental em geral acabam sendo mais antigos do que seus
semelhantes do Oriente Médio,29 como seria de se esperar no caso de nossa nova teo-
ria ser correta.
Em segundo lugar, os movimentos principais do homem de Cro-Magnon e de
suas novas tecnologias pela Europa podem ser arqueologicamente datados por volta
de 13000 a 8000 a.C. — um período que se encaixa de maneira bastante confortável
na controvertida data estabelecida por Platão para a destruição da Atlântida (por vol-
ta de 10000 a.C.). Na verdade, talvez tenham sido os próprios sobreviventes do cata-
clismo de Atlântida os responsáveis pelos desenhos artísticos nas cavernas de Las-
caux e Altamira, pela cultura dolmênica que levou aos megálitos posteriores e até pe-
la domesticação dos mesmos animais desenhados nas principais pinturas das caver-
nas (ou seja, o gado, bisões, antílopes, renas, cabras, ovelhas e cavalos). Talvez pos-
samos acrescentar a essas conquistas a hibridização original de plantas silvestres que
teria permitido a produção de culturas domésticas como o trigo na Europa e o mais
na América — conquistas que, segundo se sabe, teriam ocorrido mais ou menos nes-
sa mesma época —, citando-se como provas as tradições maias e astecas de que os
originadores do mais teriam sido "deuses" barbudos, de pele clara (ou avermelha-
da), os fundadores da civilização centro-americana que teriam aparecido do Oriente
no início dos tempos. Nesse caso, devemos lembrar não apenas que a palavra fenícia
tem base direta no grego "vermelho", mas que os minoanos sempre haviam sido cha-
mados de " O s Vermelhos" pelos egípcios e que os próprios faraós antigos (mas nun-
ca as suas rainhas) eram sempre desenhados com pele vermelha. Não seria isso tudo
um eco dos "filhos dos deuses" encontrados na narrativa bíblica sobre o Dilúvio, que
tomaram como mulheres as filhas dos homens quando "os homens começaram a ser
numerosos sobre a face da terra" (6, 1-3)? Em outras palavras, talvez os fenícios (e, por-
tanto, os cartagineses de sangue do grupo " O " ) e os minoanòs (os habitantes de
Creta que também tinham sangue do grupo " O " ) tivessem origem atlântida, bem
como os egípcios originais30 — um fato que explicaria por que os egípcios sempre in-
sistiam que a terra de seus ancestrais (ou terra dos mortos) ficava em algum lugar
distante, na direção oeste.
De outra parte, a atribuição de uma origem atlântica ocidental aos Cro-Magnons
e aos foragidos da Atlântida pressupõe uma tecnologia marítima de certa sofisticação
— uma tecnologia que talvez se reflita nos grandes épicos de enchentes como Noé
e Gilgamesh. E talvez pudéssemos atribuir uma tecnologia assim às grandes tradi-
ções marítimas dos fenícios, minoanos, egípcios e cartagineses, sem mencionar as dos
primitivos tartessos (os Tarshish bíblicos) e dos próprios bascos. Nesse caso, não se-
ria surpresa encontrarmos traços das culturas de Creta e do Egito entre os maias; um

304
porto "fenício" perto das costas de Bimini; um farol de sinalização também "fení-
cio" (a Torre de Heráclito) e uma persistente lenda ao estilo do dilúvio de Noé na
província espanhola da Galícia; ou uma elevada porcentagem de sangue do grupo
" O " entre os habitantes da região basca, em Creta e ao redor de Cartago — sem men-
cionar uma " i l h a " de indivíduos com esse tipo de sangue na Etiópia, que seria a pri-
meira terra de origem dos faraós egípcios. 31
Então, mesmo ignorando a insistência de Edgar Cayce de que grandes grupos
de refugiados (de pele vermelha) da Atlântida ter-se-iam estabelecido, por volta do
ano 10000 a.C., no Egito, na América Central (em especial na península do Iucatã)
e nos Pireneus, parece haver suficiente razão para se desenvolver a mais intensa pes-
quisa étnica e lingüística sobre a possibilidade de um antigo vínculo entre os bascos,
de um lado, e os primitivos ancestrais dos astecas e dos maias, de outro. Essa pesqui-
sa pode servir para lançar nova luz sobre a seguinte cadeia de circunstâncias aparen-
temente não vinculadas:

(i) o ano 10000 a.C. assinala um período de rápido crescimento no nível dos ma-
res na era pós-glacial (Fairbridge: vide nota 6, p. 31, e nota 7, p. 314);
(ii) o ano 10000 a.C. vem um pouco depois da última inversão do campo magné-
tico da Terra, que poderia ser associada a uma grande e repentina alteração na
posição do eixo da terra (Mõrner/Lanser/Hospers: vide nota 8, p. 247);
(iii) por volta de 10000 a.C. a crosta da Terra na região das Bahamas passou por
uma gigantesca atividade geológica (Cousteau: vide p. 303);
(iv) Platão coloca o desaparecimento da Atlântida debaixo do mar por volta de
10000 a.C., como fez Edgar Cayce sob efeito hipnótico (vide nota 10, pp. 314 e 298);
(v) entre os anos 13000 e 8000 a.C. o homem de Cro-Magnon começou a aparecer
em grandes números nas costas ocidentais da Europa e ao redor das praias do
Mediterrâneo (vide acima); 32
(vi) parece ter sido por volta de 10000 a.C. que o trigo e o mais começaram a ser
cultivados, respectivamente na Europa e na América (Charpentier et al.);
(vii) no ano 10000 a.C. o Mar Mediterrâneo estendia-se até a região da atual cida-
de do Cairo e à beira do planalto de Gizeh; se a Grande Pirâmide tivesse sido
construída nessa época, teria sido possível usar o transporte marítimo ininterrupto
durante o ano inteiro entre as pedreiras de Moqattan e a "estTada elevada" que
leva à Pirâmide (Pochan, com base nos índices de sedimentação conhecidos para
o Delta do Nilo: vide nota 88 na p. 167);
(viii) segundo Edgar Cayce, foi em 10.490 a.C. o início da construção original da
Grande Pirâmide (vide p. 234 ss.);
(ix) ao decidir-se sobre um grande monumento simbólico de pedra para servir co-
mo "guardião dos lugares sagrados" (inclusive a Grande Pirâmide), teria sido
natural que os egípcios contemporâneos escolhessem uma forma relacionada com
o signo zodiacal reinante na época; entre 4000 e 2000 a.C., por exemplo, talvez
tivessem escolhido um enorme touro e, depois disso, algum tipo de deus-carneiro

305
teria sido mais apropriado (vide seção seguinte); na verdade, decidiram modelar
a sua celebrada Grande Esfinge (pintada de vermelho) com a forma de um leão:
Leão era o signo zodiacal reinante em 10000 a.C.33

É simplesmente extraordinária a maneira como os fatos acima parecem encaixar-


se uns nos outros, chegando a sugerir que o mistério do desaparecimento da Atlânti-
da poderia representar, de alguma forma, a chave para todos os complexos conheci-
mentos antigos a que este livro é dedicado.

Paralelos Astrológicos

A expressão "precessão dos equinócios" refere-se ao vagaroso movimento da apa-


rente posição do Sol no equinócio da primavera (o antigo ano novo), regressando pe-
los doze signos do zodíaco — um processo que, segundo cálculos especializados, de-
moraria mais de 25900 anos por revolução zodiacal. Como conseqüência, cada "mês
zodiacal" — isto é, cada " e r a " durante a qual o ano novo primaveril cairia em qual-
quer dos doze signos — demora uma média de 2160 anos à presente velocidade de
precessão. A própria Pirâmide parece estabelecer o tempo de 25826,4 anos como pe-
ríodo de revolução zodiacal na época de sua construção (vide Apêndice B), em ter-
mos da soma das diagonais de sua base.
Assim, como a era zodiacal de Taurus (o Touro) começou por volta de 4500 a.C.,
depois do término da era de Gemini (os Gêmeos Celestiais), podemos ver que a era
de Áries (o Carneiro) começou por volta de 2300 a.C. e a de Pisces (os Peixes) pouco
antes do nascimento de Jesus de Nazaré. A era que deve começar no ano 2010 d.C.,
portanto, é a de Aquário e sua sucessora, a de Capricórnio (a Cabra), começará logo
depois do ano 4000 d.C. Em sua sucessão normal, virão depois as eras de Sagitário
(o Arqueiro); Scorpion (o Escorpião); Libra (Balança); Virgo (Virgem) e Leo (Leão).
Depois da era de Câncer (o Caranguejo), o mundo entrará na era de Gêmeos, come-
çando então uma nova era de Touro por volta do ano 21000 d.C.
Talvez também valha a pena observar que os signos de Peixes e Aquário original-
mente eram vinculados de perto — sendo conhecidos dos babilônios como o signo
combinado de Homem-Peixe. Da mesma forma, Capricórnio era visto como Homem-
Cabra ou Peixe-Cabra. O signo de Libra, por sua vez, era visto como "as garras do
Escorpião", enquanto o signo de Virgem original era descrito pelos babilônios como
"espiga de milho".
Agora, é um fato histórico que a era de Touro, conforme demonstrado acima, cor-
responde cronologicamente à antiga era de adoração do touro, em especial nas antigas
culturas de Creta, da Assíria e do Egito. Por sua vez, a era de Áries corresponde bem
de perto aos tempos do Velho Testamento, caracterizados pelo culto do carneiro sacri-
ficial. Ao mesmo tempo, no Egito, os sacerdotes que governavam o Reino Interme-
diário contemporâneo eram também adeptos do culto ao deus Amon, que tinha cabe-
ça de carneiro. De fato, tanto na era de Touro como na de Áries encontramos os sím-
bolos contemporâneos de salvação humana sincronizados com o progresso na traves-

306
sia zodiacal. E o incidente bíblico do "bezerro de ouro" (representando uma reversão
temporária à velha adoração do touro) sugere que as mais severas sanções deviam
ser aplicadas aos adeptos que celebrassem qualquer símbolo íora de seu devido mo-
mento cósmico.
Além de tudo, as primitivas lendas centro-americanas falam de um antiquíssimo
"culto aos gêmeos celestiais" (vide p. 297), o que parece corresponder à antiga Era
de Gêmeos — e, também aqui, foram os irmãos gêmeos em questão os representan-
tes dos meios e símbolo da salvação de seu povo, da mesma forma que aconteceu
depois com Moisés e Aarão. A idéia dos gêmeos celestiais também encontra eco na
descrição que Platão faz da Atlântida, atribuindo a Poseidon cinco pares de filhos gê-
meos — os primeiros dez reis da Atlântida. E o aspecto redentor da idéia dos gêmeos
parece refletir-se na antiga lenda grega dos irmãos Castor e Pollux. Segundo a lenda,
este último teria aberto mão da imortalidade a que tinha direito enquanto seu irmão
permanecesse sujeito à mortalidade. Aqui está bem claro o paralelo com a idéia da
messiânica "descida voluntária ao inferno" para redenção do homem (vide " A Ante-
câmara", p. 112-121).
Então, nos termos do ciclo zodiacal, o advento de Jesus de Nazaré assinala o final
da Era de Aries e o começo da Era de Peixes. Assim, é bem apropriado que os pasto-
res do Evangelho de Lucas sejam mostrados abandonando suas "ovelhas" em favor
do novo salvador. Talvez possamos então justificar desta forma esse seu ato aparen-
temente irresponsável. Tanto o touro como o carneiro deviam abrir caminho para a
nova orientação e a velha aliança da Páscoa, selada com o sangue de um cordeiro sa-
crificado, tinha de ser substituída por um novo símbolo. Ao mesmo tempo, é bastan-
te apropriado, do ponto de vista astrológico, que as narrativas sobre a nova iniciativa
salvacionista de Jesus estejam repletas de referências a peixes, à pesca e a pescadores
de almas. Afinal de contas, os peixes zodiacais sempre foram vistos "amarrados" um
ao outro e, portanto, como prisioneiros.
Parece mais do que provável que o próprio batismo cristão pela água tenha surgi-
do como símbolo do signo de Peixes. E por certo é simbolicamente adequado que o
bispo cristão se apoie sobre um bastão em forma de gancho (simbólico de Áries e,
portanto, do Velho Testamento) e é coroado com uma mitra em forma de peixe (sim-
bólica da orientação do Novo Testamento, também com motivo de peixes). Por outra
parte, talvez seja por mero acidente (a menos que tenha sido um deliberado jogo de
palavras) que o original grego para esse nome — episcopos, que significa supervisor
— contenha em si a raiz da palavra latina para peixe. Na verdade, um vínculo explíci-
to aqui não seria uma grande surpresa, já que o peixe, ou vesica piseis, foi o sinal geo-
métrico usado pelos primeiros cristãos, com toda a sua sabedoria astrológica, para
se identificarem uns aos outros.
Como já vimos, a próxima era será a de Aquário, o carregador de água ou o peixe-
homem. Que mensagem salvacionista ou messiânica poderia ser tirada desse fato? Tal-
vez a função do carregador de água seja levar a água (possivelmente a da mortalidade)
ao ponto onde deve ser derramada, como a "agua do útero", em benefício de um no-
vo nascimento do espírito humano — isto é, pela libertação dos "peixes" que se en-
contram "presos dentro dela". Então, no signo de Aquário, parece que temos um pa-

307
ralelo bastante dato com a mensagem da,Pirâmide a respeito do destino do futuro
escolhido, ao passo que a data de encerramento da era de Aquário corresponde bas-
tante de perto com a da Câmara do Rei, conforme cálculo acima. E de fato o próprio
Jesus de Nazaré parece ter estado ciente desse vínculo astrológico. Ele não apenas
disse que o único sinal do retorno do Filho do Homem seria o " d o profeta Jonas"
(o homem-peixe da Bíblia, conhecido como Oannes da Babilônia), mas o homem que
vai ao encontro dos discípulos e os leva ao "andar superior", simbolizando a exalta-
da Era Final, é descrito como "um homem levando uma bilha d'água" — um símbolo
que só poderia ter sido deliberado, já que o transporte de água era trabalho apenas
de mulheres. Assim, ambas parecem ser referências diretas ao Aquário zodiacal.
De fato, mesmo a cerimônia de lava-pés, narrada em João, parece ter sido ideali-
zada como parte do ritual de renascimento pelo batismo — um ritual de que faz parte
o ato de derramar a água (comparar com João 13,5), ao invés da imersão dos "peixes".
Mas é preciso lembrar que a Última Ceia acontece menos de vinte e quatro horas an-
tes da morte de Jesus. E aqui o texto de repente o faz declarar que o continuado se-
guimento de seus discípulos deve, de algum modo, ser função de sua participação
nessa estranha cerimônia de iniciação "Aquariana" (ainda que eles não consigam en-
tender o seu total significado). Na verdade, em termos astrológícos, Jesus parece es-
tar dizendo que, se a associação dos discípulos com ele deve ser reiniciada depois
de sua morte iminente, então ela tem de ser uma associação "Aquariana". Todos eles
devem renascer fisicamente ou, em outras palavras, experimentar juntos a Era Dou-
rada de Aquário, que Jesus, como "carregador de água" cerimonial, deverá inaugu-
rar em pessoa. Só então o seu companheirismo poderá ser reiniciado, seja pelo sim-
bolismo do rompimento do pão, ou da comunhão do vinho. Conforme as palavras
do próprio Jesus, em Mateus 26,29: "Desde agora não beberei deste fruto da videira
até aquele dia em que convosco beberei o vinho novo no Reino do meu Pai".
E neste ponto surge a possibilidade de que até mesmo o vinho talvez tivesse um
significado aquariano. O texto-prova disso, naturalmente, é a famosa transformação
da água em vinho, narrada no capítulo 2 do Evangelho de João. Seja qual for a historici-
dade ou não do episódio, uma coisa é clara: o milagre narrado traz consigo um sim-
bolismo familiar. A festa de casamento em questão, com suas fortes associações com
a Páscoa dos judeus, simboliza (como sempre acontece nos ensinamentos evangéli-
cos) o Banquete Messiânico do futuro Reino dos Céus. Jesus (como sempre também)
coloca-se no lugar do noivo. E a ação central da história gira em torno das seis talhas
de pedra para a purificação dos judeus, que deviam ser enchidas com água por or-
dem de Jesus — água que, ao ser derramada (de novo por ordem dele) é "transformada
em vinho". Podemos interpretar esses símbolos tanto numerologicamente como de
outras maneiras, com o significado de que a era de água ou Peixes iniciada por Jesus
deve ser apenas uma era preparatória de purificação que levará direto para as glórias
do esperado Reino, que este deve começar com o advento da era de Aquário.
Tampouco devemos esquecer o ensinamento específico de Jesus em Mateus 13,47,
onde ele compara a vinda do Reino com o lançamento de uma rede ao mar, após o
que os peixes bons são guardados em vasilhas e os que não prestam são deitados fo-
ra. Nem seria preciso dizer que se usam vasilhas para carregar água, de modo que

308
aqui parecem existir vínculos diretos tanto com o simbolismo Aquariano como com
o de Peixes. Os homens e mulheres da era de Peixes (segundo nossa interpretação)
estarão sujeitos ao escrutínio com a chegada de Aquário — e só os melhores dentre
eles serão considerados dignos de "ocupai a sua talha", sendo assim derramados
por ele depois na praia da imortalidade.
Mas, se a era de Aquário deverá ser a da nova iniciativa messiânica, qual o signi-
ficado que devemos ver nas sucessivas eras de Capricórnio (a Cabra) e todas as de-
mais? Se o texto de Mateus 25 puder servir de orientação, talvez possamos ver na ida-
de da Cabra (ou do Peixe-Cabra) a das "cabras" que restarem depois de os eleitos
terem conseguido realizar sua fuga do mundo físico — uma futura era de inferno na
Terra, talvez correspondente ao destino simbolizado pela "incompleta" Passagem Sem
Saída (se for válida a nossa exegese na p. 147). De fato, a idéia da cabra tem diferen-
tes afinidades, na memória folclórica universal, com a própria figura do diabo, dota-
da de rabo, chifres e cascos de cabrito. É muito difícil decidir se a era seguinte de Sa-
gitário será de guerras e destruição ou de grandes conquistas e fuga espiritual, mas
a era de Escorpião, que virá depois, durante o oitavo milênio (comparar com as profe-
cias de Nostradamus), sugere um período durante o qual a Terra será toda destruída.
Em seguida a esse período, talvez, o restante da humanidade será de alguma forma
"julgado" durante a era de Libra (a Balança). E, com a era de Virgem (ou da "espiga
de milho") haverá um novo começo e a Terra "plantada de novo"...
Supondo-se a validade das idéias acima, seguir-se-iam importantes conclusões.
A primeira é a de que a história de fato é cíclica, conforme nossa suposição anterior
e como os maias sempre acreditaram (vide p. 30), e que, conseqüentemente, a men-
sagem da Pirâmide talvez compreenda uma série de "memórias do futuro" baseadas
no que aconteceu antes. Isso ajudaria a explicar por que a extensão do ano e do período
da precessão equinocial relativa àquele ano são tomadas respectivamente pelo arqui-
teto da Pirâmide como comprimento da lateral da base e como soma das diagonais
da base. Serviria como sugestão de que o projetista da Pirâmide desejava mostrar que
suas previsões haviam sido "baseadas" numa visão cíclica da História — um ponto
de vista que, além de tudo, pode ser expressado em termos das idéias astrológicas
derivadas da precessão dos equinócios. Com base nisso, vemo-nos agora diante da
interessante idéia de que a História tende a se repetir, em certos aspectos, a cada vin-
te e seis mil anos, mais ou menos, o que, por sua vez, sugeriria que o homem talvez
já tenha conhecido um mundo comparável ao nosso, pelo menos em algumas de suas
conquistas e tendências, por volta, digamos, de 102000 a.C., 76000 a.C., 50000 a.C.
e 24000 a.C. Claro que, em termos de nossa mentalidade histórica e arqueológica atual,
essa idéia parece fantástica demais, mas, diante das declarações de Edgar Cayce so-
bre tópicos como a Atlântida, talvez não o seja...
No entanto, como alternativa, talvez devêssemos pensar na progressão das eras
em termos de uma espiral. A marcha da evolução e da História, em outras palavras,
mostra uma ação circular, mas cada revolução acontece num nível diferente (suposta-
mente mais elevado) e se caracteriza por conquistas de diferente ordem. Na verdade,
o fato de os antigos astecas encararem a concha como simbólica das eras sucessivas
serve para sugerir que eles acreditavam numa idéia desse tipo. E esse conceito tam-

309
bém tem seus adeptos modernos: afirma-se que até Einstein acreditava nisso. E os
dados mostrados no Apêndice D sugerem que o projetista da Pirâmide taívez comun-
gasse do mesmo ponto de vista.
Se a História de fato segue um curso em espiral, baseado em ciclos de 26000 anos
de duração, então devem existir boas e convincentes razões para esse fenômeno. Pa-
ra que se possa estabelecer uma validade potencial para tal teoria, é preciso, primeiro
de tudo, estabelecer vínculos causais definitivos entre as excentricidades do ciclo or-
bital da Terra e o ímpeto humano de realizar a evolução cultural e tecnológica. Pois
bem, o mais óbvio resultado físico do ciclo prece ssional de 26000 anos deve ser uma
tendência no sentido da repetição das condições climáticas da Terra com a mesma
freqüência. E, de fato, os registros geológicos disponíveis mostram que isso tem acon-
tecido, a ponto de o nível da superfície dos mares e das temperaturas marítimas, por
exemplo, terem oscilado com essa freqüência, entre outras, no passado, da mesma
forma que as variações precessionais na radiação solar, medidas de modo indepen-
dente. 34 Outras provas geológicas, que datam do início da época plistocena, cerca de
dois milhões de anos passados, confirmam que todo esse período foi caracterizado
por freqüentes e violentas mudanças climáticas, com os conseqüentes efeitos perni-
ciosos sobre a multiplicação e até a sobrevivência de muitas espécies de plantas e da
vida animal. Portanto, não é de todo improvável que o próprio desenvolvimento do
homem possa ter sido afetado por essas mudanças.
Apesar disso, o estabelecimento de uma possivelmente apriorística validade de
uma visão cíclica da História, como a que foi sugerida, dependeria bastante da desco-
berta de vínculos específicos entre as mudanças climáticas e ambientais e o padrão
de evolução da cultura e civilização humanas. Mas essa idéia tampouco parece im-
provável. Se, por um lado, uma determinada comunidade humana se visse ameaça-
da, por exemplo, por uma acentuada queda nas temperaturas médias e/ou no aumento
da calota polar, então a sobrevivência dessa comunidade poderia depender do de-
senvolvimento de um grau suficiente de tecnologia pacífica para que seus membros
se mantivessem aquecidos e pudessem lutar por seu sustento, ou do desenvolvimen-
to de um certo grau de tecnologia militar suficiente para permitir à comunidade a mi-
gração para uma área de clima mais quente e a expulsão ou domínio de seus habitan-
tes originais. Da mesma forma, uma elevação nas temperaturas mundiais, com o con-
seqüente aumento drástico no nível dos mares, daria também considerável ímpeto
às tecnologias de migração e conquista. Em outras palavras, a necessidade seria, co-
mo sempre, a mãe da invenção.
Além disso, o fato de todas as mais antigas civilizações conhecidas do presente
ciclo hipotético terem florescido dentro da faixa de latitude entre 20° e 40 u norte dá
maior peso à suposição de que o ímpeto de conquistar tem sido um fator preponde-
rante no desenvolvimento da tecnologia humana. E até mesmo a suposta localização
da lendária Atlântida ao redor de 25° norte se coaduna bastante bem com essa idéia
(vide mapa na p. 311). De fato, parece que esse cinturão do planeta tem sido a parte
mais desejada do mundo, a terra prometida, e seus conquistadores têm sido atraídos
a ela como as mariposas pela luz.
Com freqüência se tem afirmado que essa faixa particular de latitude tenderia na-
turalmente a produzir grandes civilizações, por serem ali mais fáceis as condições de

310
Mapa-mundi mostrando a faixa de latitude comum às civilizações antigas.
vida. Mas, como se pode demonstrar com facilidade, as áreas caracterizadas por con-
dições de vida mais fáceis não tendem, ipso facto, a produzir "civilizações mais avan-
ç a d a s ' ^ as condições de vida em muitas das áreas onde foram produzidas as civiliza-
ções antigas estavam, na verdade, longe de ser fáceis — de fato, na maioria dos casos,
as civilizações em questão progrediram por causa da necessidade de tornar habitá-
veis as terras pantanosas onde viviam, desenvolvendo sistemas de irrigação suficien-
temente eficientes para permitir a produção de alimentos básicos em grande quanti-
dade.
Por outro lado, a faixa de latitude em questão encontra-se bastante ao norte do
equador, sendo, portanto, de se esperar uma faixa semelhante de civilizações antigas
(a.C.) ao sul dessa linha. No entanto, nem na Austrália nem na África aparentemente
surgiram civilizações assim. Excetuando-se os antigos precursores dos íncas, na área
de Tihuanaco, apenas a civilização polinésia (de idade duvidosa) e a lendária terra
de Mu, ou Lemúria (de historicidade duvidosa, mas talvez vinculada à civilização de
Tihuanaco) estaria dentro da faixa de latitude entre 20° e 40° sul. Este fato tende a
confirmar a tese de que as condições climáticas ideais para o desenvolvimento de ci-
vilizações não as produzem, mas, ao invés disso, parecem atrair civilizações de outros
lugares. Em quase todos os casos registrados na História, as diversas civilizações pri-
mitivas parecem ter sido fundadas por grupos de imigrantes já adiantados — seja no
caso dos olmecas, dos egípcios, da civilização do Rio Amarelo ou mesmo da Poliné-
sia. E a falta de civilizações antigas ao sul do equador talvez seja apenas um reflexo
do suposto fato de o homem ter surgido originalmente no hemisfério norte, e de as
florestas equatoriais representarem um obstáculo para a disseminação das antigas cul-
turas em direção ao hemisfério sul, usando de outros meios que não fosse o transpor-
te marítimo ou fluvial (comparar com a p. 57).
Mas, voltando ao nosso postulado ciclo histórico de 26000 anos, parece bastante
possível que as inconstantes condições climáticas teriam resultado numa migração ini-
cial das civilizações humanas para determinadas áreas — ainda que se possam ver
outras razões, reais ou imaginárias, para este comportamento. No entanto, do outro
lado do quadro, o eventual desenvolvimento de tecnologias avançadas de verdade
tende a provocar a superpopulação, a exploração exagerada dos recursos naturais,
tipos muito severos de neuroses individuais e sociais, resultantes da mudança muito
rápida das condições e dos ambientes altamente artificiais, além do abuso das tecno-
logias para finalidades egoístas. Os recursos de que o homem dispõe, tanto para o
bem como para o mal, tendem a ser aumentados ao exagero, passando a ser elevado
o risco de autodestruição total da comunidade — ou da destruição mútua de comuni-
dades rivais. Então, como resultado da destruição do "velho mundo", talvez comece
um novo ciclo da espiral.
Como conseqüência, nada parece ser improvável numa visão cíclica da história do
mundo. Na verdade, o único grande obstáculo para uma aceitação mais geral de um
tal ponto de vista é a aparente falta de evidências arqueológicas específicas que o com-
provem — o que talvez seja, na verdade, uma falta de conhecimento sobre o que pro-
curar, além do lugar exato onde fazer as pesquisas. Só o tempo poderá dizer se, con-
forme Edgar Cayce afirmava, essas evidências acabarão sendo mesmo encontradas.

312
Quanto à identificação astrológica dos signos do Zodíaco, que nos lançou no ca-
minho desta linha de raciocínio, é muito mais provável que seja resultante de um co-
nhecimento histórico sobre o futuro, do que a causa de possível influência sobre ele,
de uma forma ou de outra. Do mesmo modo, parece muito mais provável que a ciên-
cia igualmente quase "oculta" da numerologia se tenha originado das características
conhecidas do código da Grande Pirâmide, do que de algum número em particular
que teria um significado mágico "absoluto" em si mesmo. Em outras palavras, am-
bas as formas de conhecimento semimágico poderiam ser nada mais — como os apa-
rentes aspectos de previsibilidade da própria Pirâmide — do que versões invertidas
e mitologizadas de conhecimentos racionalmente adquiridos, e depois codificados,
por povos primitivos.

No mais profundo íntimo do inconsciente humano, parece estar gravada uma idéia,
uma premonição ou mesmo uma lembrança de que o homem teria experimentado
coisas melhores e estaria destinado a, um dia, passar por elas de novo. Mesmo na
astrologia e na supostamente desvinculada mitologia da América Central, somos fre-
qüentemente colocados diante de um simbolismo messiânico semelhante àquele que
se encontra nos registros bíblicos e piramidais mais conhecidos. Seria possível duvi-
dar ainda de que, por trás dessa vasta coluna de fumaça mitológica, arde um fogo
sagrado de verdade?35

313
NOTAS DO CAPÍTULO 9
1. A Bíblia sugere que, de alguma forma, os "filhos de Adão e Eva" encontraram mulheres
com quem se casaram.

2. Essa idéia é apoiada e ampliada por uma exegese judaica relativamente tardia da coloca-
ção feita no Genesis 6,4 de que "os filhos dos deuses se uniam às filhas dos homens", no
período que antecedeu o "Dilúvio". Nessa interpretação, os filhos dos deuses são repre-
sentados como anjos leais — em oposição à antiga tradição dos anjos rebeldes — tentando
uma missão de última hora, antes do Dilúvio, no sentido de conseguir a redenção huma-
na, por,permissão divina. No entanto, as atrações da carne, representadas pelas filhas dos
homens, são demais para eles e o resultado é sua própria queda e o surgimento dos lendá-
rios Nefilim, ou gigantes.

3. "Como nos dias de Noé, será a vinda do Filho do Homem".

4. Uma palavra diferente é usada para isso em hebraico, mas não em grego.

5. Comparar, por exemplo, com Jó 38,8: "Quem fechou com portas o mar, quando irrompeu
jorrando do seio materno...?"

6. Talvez valha a pena observar aqui que o equivalente hindu da arca de Noé — a de Vaivas-
vata Manu — também contém sete Rishis, os progenitores de várias formas de vida terrestres.

7. R.W. Fairbridge, "The Changing Levei of the Sea" (Scientific American, maio de 1960, Vol.
202, N? 5).

8. O texto associa essa distância com a altura das águas acima das montanhas. Mas num único
instante de reflexão percebemos a impossibilidade dessa idéia. Afinal, a altura das monta-
nhas não é uniforme em todo o mundo.
Então, a menos que suponhamos estar o texto, de alguma forma, referindo-se ao Mon-
te Everest, temos de concluir que a referência às montanhas é uma intromissão posterior
— na verdade um pouco de exagero — que foi somada à narrativa original que falava de
um simples aumento de quinze côvados no nível da superfície dos mares,

9. R. S. Dietz, "Astroblemes" (Scientific American, agosto de 1971, Vol. 205, N? 2).

10. Comparar com Fairbridge, op. cit. Se as datas fornecidas por Platão estão corretas e se ig-
norarmos a possibilidade de grandes perturbações geológicas, então os dados publicados
sobre os antigos níveis dos mares sugerem que a maior parte de quaisquer restos da Atlân-
tida permaneceria hoje submerso debaixo de mais de 50 metros de água do mar. No en-
tanto, as sondagens na área teriam sido reduzidas por causa dos depósitos posteriores de
sedimentos.

11. A narrativa bíblica parece apontar de maneira direta para um tal vínculo. A altura até a
qual as águas — e, portanto, Noé e sua arca — subiram acima das montanhas durante
o Dilúvio, seria de uns quinze côvados. Por outro lado, essa seria (aparentemente) a dis-
tância que a arca baixa, antes de descansar sobre o solo. Então, em símbolo, quinze côva-
dos é a distância pela qual a perfeição espiritual consegue subir acima das "montanhas"
do mundo físico e também a "distância" que o Messias "descerá" paTa voltar a estabele-
cer contato com aquele mundo. Mas a altura da projetada pedra do ápice da "montanha

314
de "Araaraart", simbólica daquela descida, é também de 364,28F", ou 14,57 Côvados Sa-
grados. Em outras palavras, é muito difícil evitarmos a suspeita de que a aparentemente
arbitrária aitura de quinze côvados pode ter uma conotação piramidal direta.

12. Comparar com Atos 6,22, onde Estêvão afirma que "Moisés foi iniciado em toda a sabedo-
ria dos egípcios" — uma declaração que dá ainda maior sustento à teoria de que Moisés
era um iniciado nos mistérios egípcios e, portanto, tinha toda familiaridade com os co-
nhecimentos escondidos na Grande Pirâmide. Isso ajudaria a explicar o extraordinário sim-
bolismo messiânico do Êxodo.

13. Conforme Keller demonstrou, em sua obra The Bible as History, em sua maior parte essas
pragas foram fenômenos naturais facilmente comprováveis, que podem ser observados
ainda hoje. De fato, o maná (um líquido vertido pela árvore do tamarindo) é hoje um dos
itens de exportação comercial da região em questão.

14. Comparar com o Evangelho de Tomê 75: "Muitos esperam à porta, mas solitários são aque-
les que vão entrar na câmara nupcial" (vide Os Proscritos da Bíblia — Apócrifos — Ed. Mer-
curyo, S. Paulo).

15. Comparar com ]ó 33,18 e 36,12, passagens que descrevem a morte como um rio.

16. Se estiver correta a tese de John Micheli (The View over Atlantis) de que todo o mundo
estaria cercado por linhas imaginárias que ele chama de "ley-lines", que representam os
caminhos de algum poder secreto, então essa linha deve ser a "ley-line" par excellmce\

17. Segundo Simons Roof destacou, com uma precisão lingüística fora do comum, "um no-
me só tem utilidade para distinguir uma entidade de outra. Portanto, que necessidade
existe de se dar um nome àquele que contém em si tudo o que existe e além do qual não
existe outro?" (Journey on the Razor-Edged Path).

18. Não dispomos de evidência alguma sobre a condição do idioma hebraico ou do aramaico
na época do Êxodo. Mas sabemos que, no tempo do cativeiro na Babilônia, uns oitocentos
anos depois, quando a versão atual do texto hebraico foi compilada, as correlações lin-
güísticas mencionadas acima ainda tinham validade.

19. Esses cálculos baseiam-se nos tempos médios de percurso desde o equinócio da primave-
ra até o solstício de verão. No entanto, a velocidade de mudança no declínio do Sol (e,
portanto, nos ângulos dos reflexos solares da Pirâmide ao meio-dia) não é constante, al-
cançando o máximo nos equinócios e zero nos solstícios. Assim, tomando ao invés disso
as posições diárias do braço direito da Pirâmide, a aresta norte teria começado a se alinhar
com o corredor de Belém a 24 de março, enquanto o pico do ápice já teria obtido alinha-
mento total a 1? de abril (teoricamente logo depois da meia-noite). Então, com base numa
rígida interpretação da efeméride astronômica, o momento ideal para a partida seria re-
duzido a uma "janela" de apenas nove dias — mas a data de 30 de março ainda se encai-
xa de maneira confortável dentro dessa janela. Por outro lado, é interessante observar que
a coincidência do ângulo de Belém com o braço direito do reflexo da Pirâmide em formato
de cruz cai no mesmo dia em que, mais tarde, iria assinalar (em termos piramidais, pelo
menos) a morte, numa cruz, do homem nascido em Belém.

20. A elevação das marés em Suez chega a atingir uns 2 metros, segundo o manual Red Sea
and Gulf of Aden Pilot, publicado pelo Almirantado inglês.

315
21. Neste ponto somos lembrados de que o sinal característico dos egípcios para o verbo (r)di
(dar) era A — um sinal estranhamente reminiscente do desenho da Grande Pirâmide,
com um pequenino triângulo em escala de 5:1 inserido no triângulo maior, parecendo re-
presentar o "núcleo" messiânico do desenho. No entanto, os egiptólogos afirmam que
o sinal representativo de pirâmide, ou túmulo, era Ê , e preferem sugerir que o sinal ánte-
rior representava algum tipo de "bolo" ritual. Mas, neste caso, podemos sublinhar que
pelo menos uma linha de pensamento insiste que a própria palavra pirâmide deriva de
uma palavra grega que significa "bolo de trigo".

22. O cronógrafo da Pirâmide o coloca em setembro.

23. Mas a explicação verdadeira para o incidente dos pastores talvez seja muito mais simples
do que parece. E muito forte a tradição de que Maria e José teriam estado envolvidos em
algum tipo de viagem na época do nascimento de Jesus e o autor do Protoevangelho na
verdade descreve o nascimento como tendo ocorrido no caminho, durante a viagem. José
teria ido buscar ajuda, deixando a mulher ao abrigo de uma caverna perto da estrada —
uma característica também baseada numa longa tradição, ainda que pareça baseada na
caverna da natividade, de Mithras. Portanto, nada mais natural do que supor que o pri-
meiro socorro que encontrou veio na forma de um grupo de pastores da região.

24. De modo todo particular, eles conseguiram calcular,com um grau de incrível precisão, as
distâncias tanto do ano Solar Tropical como o de Vênus (comparar com a nota 13, p. 32),
com o seu calendário girando em torno de uma "semana" de treze dias, cada um dos
quais dotado de significado simbólico todo especial (comparar com o código aritmético
da Grande Pirâmide e ver p. 293).

25. Comparar com a antiga lenda de Lúcifer que, como a alma do homem, foi "expulso para
fora do céu e é simbolizado pela Estrela-d'Alva (Isaías 14,12).

26. A história bíblica da Torre de Babel, a que esta história parece se referir, pode represen-
tar uma lembrança da Grande Pirâmide, transferida para o ambiente babilônio — onde
o Grande Zigurate se havia oferecido como símbolo-substituto óbvio para os israelitas
cativos, porque o fato de a Pirâmide não ter sido compíetada e de seus quatro lados te-
rem sido conseqüentemente "separados" parece representar em simbolismo a divisão
humana (vide p. 198), enquanto sua eventual construção, conforme a história sugere,
seria simbólica da conquista do "paraíso". Por outro iado, o uso que Votan faz de uma
passagem subterrânea para alcançar a rocha do paraíso por certo combina com o projeto
da Pirâmide original, na qual o acesso à casa de granito do Complexo da Câmara do Rei
— que simboliza de maneira específica, nos termos do código reconstruído, a "rocha do
paraíso" — só podia ser alcançado pela entrada subterrânea para o Poço-Fonte.

27. As mesmas funções parecem ser atribuídas em caráter quase universal aos "deuses" an-
tigos. Os deuses sumérios, por exemplo, eram tradicionalmente responsáveis pelo desen-
volvimento da escrita, pela produção dos metais e pelo cultivo da cevada. Os egípcios
Osíris e Thoth exerciam, entre si, uma função semelhante, fornecendo até instruções à
humanidade sobre a fabricação de uma bebida fermentada com a cevada, assim como pela
transmissão à humanidade dos famosos Textos Herméticos. Em suma, parece haver boa
razão para se vincular o aparecimento dos "deuses" com a fundação das primeiras comu-
nidades agrícolas e com o final da "idade da pedra" — assunto sobre o qual von Dãniken
tem muito a dizer.

316
A presença de um "ganso sagrado" na sepultura de Tutankhamon talvez sugira um vín-
culo com a antiga idéia da "gansa que botou um ovo de ouro", enquanto o ovo é o símbo-
lo quase universal da origem suprema. (Von Dàniken inclusive o vê como uma lembrança
da "nave espacial" da qual os "deuses" primitivos e civilizadores teriam saído.)

Comparar com as pesquisas do Dr. Colin Renfrew, da Universidade de Southampton.

O principal centro religioso fenício era o porto de Sidon — um nome que a narração bíblica
atribui a um bisneto de Noé, cuja lenda tem marcantes semelhanças com a da Atlântida.
Compare-se também com o nome de Poseidon, descrito por Platão como o fundador da
Atlântida e sempre associado pelos gregos com água e terremotos.

Uma das mais famosas e básicas lendas egípcias conta como Osíris foi fechado dentro de
um sarcófago por seu irmão, o traidor Set, e atirado no Nilo. Sendo atirado em Byblos, ele
foi esquartejado em pedaços bem pequenos e espalhado por todo o Egito, onde foi nova-
mente juntado e restaurado para a vida pela deusa ísis.
Não poderia essa história representar uma alegoria da fuga dos patriarcas fundadores
da Atlântida do seu país de origem, levando consigo a sabedoria acumulada de toda a
sua civilização em algum tipo de "arca" (comparar com a p. 256) e de uma eventual che-
gada à Fenícia? Por intermédio dos livros, que mais tarde seriam identificados pelo nome
de Byblos, não teria sido aquela sabedoria espalhada por todo o mundo conhecido,
destinando-se depois a ser de novo juntada pela "luz do Egito" em um corpo ressuscita-
do de conhecimento e iluminação espiritual que havia sido antes o continente da Atlântida?

Na verdade, Cayce sempre afirmou que a Atlântida havia passado por dois períodos de
destruição parcial mesmo antes de seu desaparecimento final no ano 10000 a.C. O primei-
ro deles, insistia Cayce, teria ocorrido por volta de 50000 a.C., enquanto o segundo teria
provocado uma onda de emigração por volta de 28000 a.C. É interessante observar que
alguns restos isolados do Cro-Magnon na Europa parecem pré-datar em vários milênios
os mais abundantes restos do chamado período Magdaleniano — e que sua dada provavel-
mente mais antiga parece ser por volta de 28000 a.C.

Período do signo de Leão — cerca de 10970 a 8810 a.C. Numerosas fontes também afir-
mam que o zodíaco Denderah egípcio (um fascinante artefato em forma de disco, atual-
mente em Paris) admite Leão como seu signo de partida.

R. W. Fairbridge, "The Changing Levei of the Sea" (Scientific American, maio de 1960).

Comparar com os Atos de João, 102,100,104: " O Senhor planejou todas as coisas simboli-
camente por meio de uma dispensação para com os homens, para sua conversão e salva-
ção.. . Quando a natureza humana for assumida, e também a raça que se aproxima de mim
e que ouve minha voz, aquele que me ouve agora se unirá por meio dela e nada mais
será além do que já é, mas acima disso, como eu também sou... Se tu permaneceres nele
e cresceres nele, possuirás a tua alma indestrutível" (Tr. M. R. James).
10

O Sinal do Messias

Nos capítulos precedentes vimos como a consciência de um plano messiânico pa-


ra o mundo — seja ele derivado de lendas primitivas ou de um pré-conhecimento real
— faz parte da maioria da mitologia do mundo primitivo. E pudemos observar, em
particular, a sua presença nas tradições dos hebreus, dos egípcios e dos maias, desco-
brindo claras provas de que essa consciência encontra-se na própria raiz do projeto
da Grande Pirâmide. De fato, quanto mais nos afastamos no tempo, mais clara pare-
ce ser a consciência do homem em relação a esse plano — porque a Pirâmide antecede
em alguns milênios os mais antigos registros escritos de que dispomos, mas, apesar
disso, é na Pirâmide que os detalhes do plano são revelados com maior clareza e sim-
plicidade. Em si mesmo, este fato parece contribuir bastante como evidência confir-
madora da suposição de que o plano, em algum momento do passado, teria sido co-
nhecido por completo por uma raça de homens que foram incapazes ou não quiseram
seguir, na prática, os padrões por ele estabelecidos e cuja civilização foi em seqüência
— ou como conseqüência — destruída por algum cataclismo gigantesco, que teria dei-
xado poucos sinais posteriores, exceto os conhecimentos guardados na Grande Pirâ-
mide e algumas lendas de tradições esotéricas. O fato pode também servir para ali-
mentar a idéia de que a mesma coisa pode voltar a acontecer no futuro, e de que o
" t e s t e " , "inferno" ou "rio de fogo" da tradição messiânica é um sinônimo do even-
to simbolizado pelo Dilúvio bíblico — o cataclismo que colocará ponto final em mais
uma era nos vastos ciclos do tempo cósmico.
Mas, se o conhecimento do Plano Messiânico era tão profundo — ainda que de
modo inconsciente — no que gostamos de chamar de Mundo Primitivo, por certo es-
tá gravado com a mesma firmeza — ainda que muitas vezes nos recusemos a reco-
nhecer isso — no inconsciente do homem moderno. Cada vez mais, os pensadores
atuais vão se dispondo a admitir a si mesmos que o mundo se encontra numa corrida
cada vez mais para baixo — do ponto de vista espiritual, moral e até mesmo físico
— e que nenhum dos deuses do homem moderno — seja ele a política, a ciência, a
tecnologia, a riqueza, o conforto, a segurança ou o divertimento obsessivo — pode
salvá-lo da destruição, a menos que procure se subordinar a uma autoridade espi-

318
ritual mais alta, cuja falta é conspícua no mundo contemporâneo, Da mesma forma,
é cada vez maior o número de jovens que se deixa dominar pelo desânimo e a apreensão
quanto ao estado do mundo em que estão vivendo, sentindo-se tomados por uma
vontade muito grande no sentido de rejeitar os seus valores e "fugir" dele a todo
custo. Em suma, o homem acha-se diante de um impasse — uma Passagem Sem Saí-
da, para usar a terminologia da Pirâmide —, do qual ele talvez seja incapaz de fugir
por seus próprios esforços, sem ajuda externa. Em conseqüência disso, mostra-se ca-
da vez mais preparado a entregar-se a quase qualquer "salvador" que se apresente
— de modo que, inconscientemente, sua mente vai se deixando sintonizar à freqüên-
cia que, no momento oportuno, garantirá maior resultado para o esperado retorno
messiânico.
Por outro lado, os progressos científicos do homem (quer ele entenda ou não)
preparam ainda mais rapidamente o terreno para a aceitação dos ensinamentos mes-
siânicos. De uma forma contínua, o homem científico vai compreendendo que o mundo
físico observável é, na realidade, bem diferente daquilo que há muito tempo vinha
sendo pensado — que, de fato, esse mundo físico representa apenas uma parte míni-
ma da existência — enquanto que, ao mesmo tempo, quanto mais ele sabe mais aprende
sobre as agudas limitações de seus conhecimentos.
Portanto, o cenário está preparado para a iniciativa messiânica. Segundo as pala-
vras do antigo "Hino do Manto da Glória" (dos Atos de Tomé), o "rei e a rainha do
Oriente" (simbólicos da divindade solar) estão preparados para enviar seu filho para
resgatar do Egito a pérola de grande valor guardada pela serpente. O nascer do Sol
da nova era trará consigo a figura messiânica, um emissário do puro mundo espiri-
tual, que resgatará a preciosa jóia que é a alma do homem, do poço terrestre das ser-
pentes. Abandonando suas vestimentas principescas, o redentor vestirá roupas egíp-
cias, "evitando parecer estranho a eles, como alguém vindo de fora para resgatar a pé-
rola e para que os egípcios não lancem a serpente contra mim". Podemos ver nesta
sentença o significado de que o Grande Iniciado virá como um homem comum, cuja
mensagem será expressada em termos aceitáveis do ponto de vista da ciência e dos
conhecimentos contemporâneos. A história conclui assim: " E eu consegui apanhar
a pérola e tratei de levá-la de volta aos meus pais. Tirei todas as roupas sujas que
vestia e as deixei em sua terra, e daí tomei o caminho para a luz de minha terra natal,
no Oriente". E então presumimos que, tendo deixado para trás o seu corpo mortal,
a vestimenta de glória estará esperando por ele e, no meio de grande júbilo, o reden-
tor poderá vesti-la de novo.
No final das contas, contudo, o que eventualmente fará mais do que qualquer
outra coisa para deixar o homem preparado para a iniciativa messiânica, serão as "pro-
v a s " — produzidas pelo cumprimento de pronunciamentos proféticos, baseados em
evidências conhecidas e incontroversas. É aqui que a Grande Pirâmide, junto com
os textos bíblicos que sobrevivem, parece ter um papel vital a desempenhar. Porque,
se as previsões da Pirâmide se confirmarem através de fatos históricos nos anos futu-
ros, então a nossa interpretação de seu simbolismo será validada e a verdade de sua
mensagem ratificada. E isto, por sua vez, em combinação com os modernos conheci-
mentos científicos, ajudará a levar à aceitação humana dos ensinamentos do Grande

319
Iniciado. O destino do homem será então revelado a ele de modo bastante claro, em
toda a sua grandeza e esplendor, e cada ser humano ver-se-a diante da escolha su-
prema entre preencher ou ignorar as condições necessárias para a sua concretização.1
Mas, quando serão postos em andamento estes acontecimentos finais, e como se-
rá o homem capaz de reconhecer o Messias e confirmar que ele de fato chegou? Co-
mo já vimos, a Pirâmide é bastante específica em sua datação, e a Folha de Granito
sugere que o sinal do Messias terá algo em comum com o formato de um arco-íris
— que também é o sinal da aliança divina na história de Noé e aqui parece simbolizar
ainda a abolição da morte universal. No entanto, devemos observar que, em ambos
os casos, o " a r c o " em questão está de frente não para a direita ou a esquerda, nem
para leste ou oeste, mas sim para cima. Haveria algum significado especial nisto?
Não se precisa ir muito longe para encontrar a resposta: um arco sozinho não é
uma arma muito útil — antes de se tornar eficiente, é preciso que se coloque uma fle-
cha nele. E temos de deduzir que essa flecha simbólica representa nada mais nada me-
nos do que as almas dos homens — as mesmas "flechas inquebráveis de junco" que
o deus Atlaua, depois de tirá-las das águas da mortalidade sobre as quais tem domí-
nio, haverá de lançar para cima com tanta força que elas romperão o centro do cosmos,
para jamais voltar à Terra. De fato, são as almas dos homens que, do mesmo jeito que
Atlaua, deverão "erguer-se e surgir como o pássaro Quetzal", até que, como a pró-
pria alma de pássaro de que Quetzalcoatl é dotado, elas estarão unidas com as estrelas
da manhã e da tarde, inseparáveis anunciadora e atendente da divindade solar.2
Então, o que é necessário para que este processo supremo tenha lugar? Claro que
o homem precisa ser preparado para fazer sua própria alma encaixar-se no arco messiânico
— um casamento que provoca fortes lembranças do simbolismo do noivo, constante-
mente usado por Jesus. E também nos faz lembrar de seu famoso chamamento: "Vinde
a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descan-
so. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o meu jugo é suave e
o meu fardo é leve". Está claro que o jugo em questão aqui nada mais é do que o
tradicional arco que prende o boi à canga — e o que se pretende dizer é que o encaixe
da flecha (isto é, a alma humana) no arco ou jugo messiânico não terá como resultado
a perpetuação da eterna escravidão animal da alma, mas torná-la livre ou atirada —
para a perfeita liberdade da espiritualidade eterna.
Mas nem todos os homens estão dispostos a enfrentar esta verdadeira revolução
de vida e seu "lançamento em órbita". E, antes de mais nada, é necessário que um
homem mostre o caminho. Talvez seja este o destacado simbolismo da crucificação
de Jesus de Nazaré: porque a própria cruz cristã é um símbolo do arco messiânico,
que o próprio Sacerdote-Messias foi o primeiro a "curvar", com o peso do seu corpo.

É tão gigantesca a tensão deste poderoso arco que ele está destinado a conseguir even-
tualmente, em símbolo, o lançamento das almas de todos os homens na eternidade.
É de se presumir então que, se a cruz de' fato simboliza o arco messiânico, será
o próprio Messias quem o deverá armar. Mas, neste ponto, vale a pena observar que
o quadrante egípcio a que já nos referimos (p. 17) também representa o perfil de um
arco curvado, armado. E, se pararmos para considerar que característica estaria ar-
mando o arco em questão, a resposta será encontrada bem no lugar onde esperamos
— a própria Grande Pirâmide, o primitivo pilar messiânico do testemunho, colocado
no centro do mundo.
Além do mais, os reflexos do revestimento polido de pedra calcária branca da Pi-
râmide ao meio-dia, usados durante séculos pelos egípcios como uma forma de ca-
lendário solar, também tinham um claro simbolismo de arco. Conforme revelam as
pesquisas de Davidson e Aldersmith, o formato desses reflexos, desde o meio do in-
verno até (de maneira bastante significativa) o meio do verão, corresponde surpreen-
dentemente com a imagem de um arco sendo endireitado e a projeção de uma flecha
na direção do sul (a direção que, em todas as passagens simbólicas da Grande Pirâmi-
de indica o tempo todo a direção do progresso através do tempo), culminando, no
solstício de verão, na imagem de uma estrela em formato de cruz (vide a seguir).
A correspondência entre estes fatos e o simbolismo dos maias, ao qual já nos re-
ferimos, não deixa de ser surpreendente. Uma vez mais somos lembrados com bas-
tante clareza das flechas de Atlaua e de um bando de pássaros levantando vôo, que
representam a alma cheia de penas de Quetzalcoatl (que, por sua vez, lembra as cau-
das das flechas cheias de penas) mais tarde transformada para sempre no planeta Vê-
nus, o constante companheiro celestial do Sol. E, por outro lado, a própria Pirâmide
confirma, em símbolo, a identidade das flechas em questão — pois o seu projeto in-
corpora, em seu perfil lateral, duas pontas de flechas que apontam claramente para
cima (vide p. 25), representadas pelas cumeeiras da Câmara da Rainha e da Câmara
de Construção superior, juntas com uma terceira, sobre a passagem de entrada (vide
p. 184), com suas extremidades inferiores formando o ângulo espiritual de 51°51'14,3"
em relação à vertical (ao contrário das laterais da Pirâmide, que formam o mesmo ângu-
lo em relação à horizontal). Assim, todas as três pedras de cumeeira parecem simboli-
zar, de maneira específica, gigantescos passos para cima, no desenvolvimento da al-
ma humana.

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de maneira bem clara uma identificação com o Grande Iniciado, Aquele-que-está-para-
vir. E também nos faz lembrar a deusa egípcia da fundação, Sefkhet-Aabut, também
coroada com o arco-íris, relacionada com o Hathor egípcio (o mítico instigador do Di-
lúvio Primordial, e portanto da era pós-diluviana) e com as Plêiades. Estas (que tam-
bém são chamadas de Atlântidas, ou filhas de Atlas) eram conhecidas na antiga astro-
nomia de Eufrates como A Fundação, além de estarem intimamente vinculadas ao
estabelecimento dos dados astronômicos para toda a cronologia da Grande Pirâmide
(vide p. 58).
Resumindo, então, no sinal Messiânico do arco, nós somos lembrados tanto do
início como do eventual cumprimento do Plano Messiânico: ele nos fala não apenas
da esperada visitação messiânica futura, mas das próprias Alfa e Omega, do Dilúvio
e do Êxodo, do Éden e da Cidade Celestial, de todo o grande plano para a evolução
da humanidade.
Os vários simbolismos messiânicos de cruz, arco e noivo, na verdade são apenas
um em essência, sendo sua mensagem combinada a de que a alma do homem deve
subjugar-se à iniciativa messiânica para poder alcançar o seu verdadeiro destino, que
já lhe foi preparado desde o princípio do mundo. Talvez seja especialmente sob essa
luz que devamos entender o pronunciamento de Jesus em João 12,32: " E , quando eu
for elevado da Terra, atrairei todos a mim". O próprio evangelista, que entende clara-
mente que esse pronunciamento exige interpretação, procura vê-lo como uma alusão
à crucificação — que de fato é — mas o simbolismo do arco e flecha parece aplicar-se
ainda melhor.
Segundo tudo indica, cada vez mais o profundo simbolismo do Plano Messiânico
nos é transmitido através dos séculos e opera em nós, quase sem o nosso conheci-
mento, ao nível de nosso inconsciente, de modo que, quando o momento crucial che-
gar, possamos estar preparados, pelo menos, para estender os braços e agarrar aque-
la grande Realidade que é nosso inegável direito desde a eternidade. Talvez isto nos
pareça milagroso agora, mas, quando esse dia chegar, a nossa tradução do simbolis-
mo será — terá de ser — tão natural como nossa própria respiração, tão involuntária
como a primeira golfada de ar aspirada pela criança recém-nascida. A alternativa é
nascer-morto, a extinção.
E assim vai ser com o sinal do arco messiânico, brilhando de maneira intermiten-
te, como um relâmpago que vai de horizonte a horizonte, para o qual o mundo está
sendo agora preparado. Quando aquele sinal aparecer, será o comunicado final, le-
vantado sobre as montanhas, de que o longamente esperado Messias, o Grande Ini-
ciado, está chegando e que o último grande ato do presente ciclo do drama humano
está para começar. 3

323
"Õ amantes, ó amantes, é tempo de abandonar o mundo;
O tambor da partida alcança meu ouvido espiritual, do céu.
Vejam, o iiosso condutor se levantou e preparou a fila de camelos,
E nos implora que não lancemos sobre ele a culpa: por que, ó viajantes,
ainda estão dormindo?
Os sons que temos diante e atrás de nós são o estrondo da partida e
dos sinos dos camelos;
A cada momento uma alma e um espírito são lançados para o Vazio.
Desde aquelas estrelas que parecem velas invertidas, desde os azuis
lençóis do céu
Veio um povo maravilhoso, para que os mistérios possam ser revelados.
...Ó alma procure o Amado, ó amigo, procure o Amigo,
Ú vigia, mantenha-se desperto: um vigia não deve adormecer.
Em cada canto há clamor e tumulto, em cada rua existem tochas e velas,
Pois esta noite o mundo numeroso dá origem ao mundo eterno.
Poste pó e agora és um espírito, foste ignorante e agora és um sábio".

De Shamsi Tabriz, escrito pelo místico sufi


Jalal'ud-Din Rumi (1207-73)
(Tradução para o inglês de R. A. Nicholson)

324
NOTAS DO CAPÍTULO 10
1. Vide Apêndice J: O Plano Messiânico — um Resumo Experimental.

2. Vide pp. 113s. e p. 298s. e compare-se o simbolismo do arco e flecha dos rituais tradicio-
nais do Shinto, do zen-budismo e dos índios sul-americanos. Deve-se notar, também, as
palavras do Mundaka Upanishad hindu: "Tome o grande arco dos Upanishads e ponha
nele uma flecha afiada com a devoção. Aponte o arco com toda a concentração nele e atin-
ja o centro do alvo, o próprio espirito eterno. O arco é o sagrado OM, e a flecha é a nossa
alma, O Brahma é o alvo da flecha, o objetivo da alma. No momento em que uma flecha
se torna uma com o seu alvo, faça com que a alma consciente seja uma nele" (Trad. J.
Mascaro).

3- O arco em questão por certo será um fenômeno tecnológico inexplicável em termos da


ciência atual — o que por certo não aconteceu na geração de Ezequiel, se é que podemos
tomar como base a descrição que ele fez do fenômeno extraterreno, lembrando um arco-
íris, desde 1,4 até 2,15. O Messias também deverá ser uma figura de carne e osso, que
usará poderes não-mágicos e um instrumento como o ankh egípcio. Talvez devamos lem-
brar aqui que, como Arthur C. Clarke coloca em "Third Law", "Qualquer tecnologia su-
ficientemente avançada não se diferencia da magia".

325
APÊNDICES

327
Apêndice A

As Unidades de Medida
da Grande Pirâmide

1. Quando o sistema métrico foi inventado, na época


da Revolução Francesa, a unidade básica de medida
(o metro) foi tomada como a representação da décima
milionésima parte da distância média de qualquer dos
dois pólos da Terra até o seu centro, medida ao redor
da superfície da Terra — isto é, um décimo de milhão da
distância entre o pólo e o equador.
2. No entanto, é quase impossível assinalar esta dis-
tância com precisão, já que a Terra não é uma esfera
perfeita. Conforme o matemático Collet observou, em
1795, um padrão de medidas mais científico deveria
basear-se na décima-milionésima parte da distância en-
tre o pólo e o centro da Terra.
3. No curso da pesquisa geodésica efetuada durante
o Ano Geofísico Internacional (1957-58), a observação
das órbitas de satélites da Terra'estabeleceu que o raio
polar médio da Terra era de 3949,89 milhas (6353,94
quilômetros) — distância igual a 250.265.030,4 polega-
das britânicas.
4. Portanto, a unidade métrica "ideal", igual a um dé-
cimo de milionésimo dessa distância, seria equivalen-
te a 25,0265 polegadas britânicas.
5. Mas esta mesma medida (correta até a quarta casa
decimal) é encontrada três vezes dentro da Grande Pi-
râmide...
a) Distância inclinada N.-S. entre a parede nor-
te da Grande Galeria e a parede norte do
Poço-Fonte (isto é, distância da seção inicial
do piso da Galeria) = 25,0265 polegadas bri-
tânicas.

329
b) Distância horizontal do eixo E.-O. da Câma-
ra da Rainha ao eixo E.-O. do Nicho = 25,0265
polegadas britânicas.
c) Distância da extremidade oriental da Folha de
Granito (assinalada na parede) ao centro da
Protuberância ou Lacre = 25,0265 polegadas
britânicas.
... e duas vezes no seu desenho interior, onde repre-
senta a distância entre as extremidades superior e in- (vide p. 336)
ferior da 35? camada em relação a seu eixo vital de de- (vide 12, 13
finição de aroura. e 14 abaixo)

6. Pesquisas publicadas revelam que a lateral da base


quadrada da Pirâmide, definida pela brocas da funda-
ção ainda existentes no lugar, do lado sul, mede (Vide AB no diagrama
9140,7+ polegadas inglesas. Esta distância é igual a da p. 340)
365,242 unidades da medida referida no item 5 acima
(valor real = 9140,73"), enquanto a extensão de base
projetada de cada um dos lados côncavos da Pirâmide
é de 365,256 e a linha AbB "construída" mede 365,259 (AEFB no diagrama
dessas mesmas unidades. Estes são, precisamente, os nú- da p. 340)
meros de dias nos anos médios tropical, sideral e anomalísti-
co da Terra.

7. A conclusão forçosa é de que a unidade de medida


igual a 25,0265 polegadas inglesas foi uma das usadas
pelo projetista da Pirâmide. Esta unidade parece cor-
responder ao Côvado Longo ou Sagrado que, como se
sabe, foi usado pelos egípcios no projeto de seus gran-
des monumentos religiosos. Também há evidência de
que um côvado de extensão igual foi usado antigamen-
te tanto pelos persas como pelos hebreus.

8. Outra medida encontrada pelo menos quatro vezes


na Antecâmara da Pirâmide representa exatamente vinte
é cinco subdivisões do chamado Côvado Sagrado, isto (Vide itens 46 e 47,
é, 1,00106 polegada britânica. p. 114)

9. Portanto, a unidade menor também parece exigir re-


conhecimento como medida básica usada pelo arqui-
teto, em especial por ser a única medida na Pirâmide
que representa uma subdivisão exata do Côvado Sa-
grado. Apesar de seu nome mais óbvio ser "Dígito Sa-
grado", os estudiosos da Grande Pirâmide se referem
a esta unidade como a Polegada Primitiva ou Polega-
da da Pirâmide.

330
10. Em confirmação dos itens 6 e 9 acima, uma medi-
da de 365,242 polegadas primitivas exatas ocorre duas
vezes no Complexo da Câmara do Rei, enquanto tan-
to a Antecâmara como a Câmara do Rei mostram me-
didas de 116,26 polegadas primitivas — o diâmetro de (vide diagrama
um círculo com circunferência de 365,242 polegadas inferior p. 127
primitivas. e comparar dados)
11. Outra unidade de medida que se sabe ter sido usa-
da pelos antigos egípcios é o chamado Côvado Real,
do qual ainda existem bastões de medida. Es-
tes bastões definem a extensão do Côvado Real como
sendo de 20,63 polegadas britânicas. Este côvado me-
nor também foi usado no projeto da Grande Pirâmi- a) Largura das
de, sendo funções diretas dele as larguras das princi- passagens principais
pais passagens e as dimensões básicas das Câmaras do = 2 Côvados Reais
Rei e da Rainha. Um exame das passagens e das men- b) Medidas do piso
cionadas câmaras permite maior refinamento dos da- da Câmara da
dos obtidos, permitindo chegar a um Côvado Real de Rainha = 10CR x 11CR
20,6284+ polegadas britânicas, ou 20,60659+ polega- c) Medidas do piso da
das primitivas. O Côvado Real (CR) em geral era sub- Câmara do Rei =
dividido pelos antigos egípcios em 100 n 10CR x 20CR
12. A unidade básica de área usada pelos egípcios era
a do piso da Aroura. Segundo Heródoto, " a aroura
é o quadrado de cem côvados (Reais)". A extensão la-
teral do quadrado era, portanto, 2.060,659 + polega-
das primitivas e a área total da aroura era de umas AROURA
4.246.317 polegadas primitivas quadradas.
13. Mas o quadrado de 4.246.317 polegadas primitivas
quadradas é igual em área a um retângulo medindo
3652,4235+ polegadas primitivas por 1162,6025+ po-
3652.4235 P"
legadas primitivas...
1162.6026 F*
14. .. .que, por sua vez, tem área igual a um paralelo- i—
gramo que também tenha em sua base a extensão de
3652,4235+ P " e 1162,6025+ P " em seus lados. 3352.4235 F"

15. O próprio desenho total da Pirâmide mostra clara-


mente, no corte vertical de cada uma de suas quatro
faces, dois paralelogramos-aroura assim. Eles são de-
finidos pela linha da base da Pirâmide, seus lados in-
clinados, o triângulo em escala de 1:5 inserido em ca- (AFED e EGBH no
da uma das faces e o eixo de sua 35 ? camada de alve- diagrama da p. 336)
naria — que, em si, está a exatamente um Côvado Sa- (DEH no diagrama
grado da parte superior e inferior dessa camada. da p. 336)

331
16. Como confirmação do item 15, a base da lateral da
Pirâmide, conforme ilustração na p. 334, é igual a AD
mais HB mais DH
= 3652,4235 + " P + 3652,4235 + P " (DEH é o triângulo
+ (25 x 3652,4235 + P")/5 em escala 1:5.
= (10 + 10 + 5) x 365,24235 + P " Sua base tem 1/5
- 25 x 365,24235 + P " da base da Pirâmide)
= 365,24235 + Côvados Sagrados.
Esta é a extensão conhecida da base da Pirâmide entre
as brocas de fundação ainda existentes (lado sul) — vide
item 6.

17. Por outro lado, as dimensões vitais tanto do retân-


gulo aroura como do paralelogramo-aroura
(3652,4235+P" e 1162,6025 + P " ) são, respectivamen-
te, a circunferência e o diâmetro de um círculo cuja área
é igual a uma quarto de aroura, conforme demonstra-
do abaixo, já que 3652,4235+ P " = 1162,6025 + P " x ir
Claramente, nos quatro círculos ao lado...

...área total = x r 2 + 7 r r 2 + x r 2 + 7rr 2


= 4 7T r2

Mas se, em cada um dos círculos acima, o raio


3652.4235+ P"
r, então r = 1162,6025 + P"/2
Conseqüentemente, no retangulo ABCD,

AB = ir x 1162,6025 + P "
= 2 w x [1162,6025+ P"/2]
= 2 t f r.

•GO
e BC - 2 x [1162,6025+P"/2]
- 2 r.

Assim, a área do retângulo = AB x BC


- 2 ir r x 2 r
4 x r2
3652.4235+ P"

AROURA
. ' . área total dos quatro círculos (veja ponlo 13) 1162.6025+ P"
= área total do retângulo
• 1 aroura.

Portanto, a área de um circulo tendo como sua circunferência o número de Polegadas Pri-
mitivas igual a dez vezes o número de dias do ano solar tropical médio da Terra é igual a um
quarto de aroura.

332
18. O fato de os egípcios estarem cientes desta corre-
lação é revelado pelo escritor Horapoüon, que diz: "Pa-
ra representar o corrente ano eles desenham a quarta
parte de uma aroura".

19. Por outro lado, em Stonehenge, as vergas de pe-


dra do anel de trilithon foram cuidadosamente talha-
das para tomar a forma do círculo que envolviam.
O diâmetro conhecido desse círculo é de 97 pés, ou
1164 polegadas britânicas. Mas o diâmetro do círculo
anual dos egípcios, ou um quarto de aroura
(1162,6025+P") é em si equivalente a 1163,8 polega-
das britânicas.
Portanto, a conclusão inevitável é que o círculo fechado pelo
anel de trilithon em Stonehenge é o mesmo círcxüo anual egíp-
cio.

20. Para concluir, são bastante claras as evidências de


que o Côvado Real (CR), a Polegada Primitiva (P") e
0 Côvado Sagrado (CS) são funções diretas uns dos
outros em termos do círculo anual egípcio, do qual ain-
da existe hoje o exemplo de Stonehenge. E os quatro
aparentemente derivam das dimensões da Terra e de
sua freqüência orbital e de rotação.

21. De fato, o relacionamento entre o Côvado Sagra-


do e o Côvado Real pode ser expressado matematica-
mente, da seguinte maneira:
1 Côvado Sagrado = lo 3 V t t I (4 x 365,24235+) Côva-
dos Reais.

22. O fato de os construtores da Grande Pirâmide te-


rem conhecimento deste relacionamento é exemplifi-
cado não apenas pelo projeto total da Pirâmide, mas,
em particular, pelo projeto da Antecâmara. Aqui, con-
forme ilustra o diagrama inferior da p. 127, a área de
um círculo desenhado sobre a Antecâmara de 116,26
P " de extensão (um círculo cuja circunferência medi-
ria, portanto, 365,242 P " ) é igual à área do quadrado
ABCD (definido pelas partes de granito do piso e do
revestimento oriental da Antecâmara). Como o com-
primento dos lados deste quadrado é de 5 Côvados
Reais, a área do círculo medido em polegadas primiti-
Apêndice B

A Sinfonia Geométrica
da Grande Pirâmide

1. Vínculos Astronômicos com as Dimensões do Edifício

As dimensões exatas da Grande Pirâmide conforme ela foi construída, e os alinha-


mentos e disposição das brocas de fundação do edifício, podem ser encontrados, ob-
servando limites de tolerâncias bastante estritos, em uma série de pesquisas publica-
das (por exemplo, Piazzi-Smith, Petrie, Edgar, Rutherford, Cole).
No entanto, os diversos pesquisadores discordam até certo ponto, em suas esti-
mativas, quanto ao formato e dimensões precisas da Pirâmide totalmente acabada. Es-
tas estimativas representam extrapolações experimentais que partem dos dados dis-
poníveis, já que ninguém pode ter certeza quanto ao exato relacionamento entre o
projeto reduzido da Pirâmide conforme ela foi construída e as brocas da fundação origi-
nal — que ainda podem ser vistas, abertas na rocha do Planalto de Gizeh, bem além
dos limites do edifício original (vide diagrama p. 340). Uma causa particular de dúvida
é o fato de o posicionamento das brocas da fundação ser meio "excêntrico" (um fato
bastante bem conhecido desde a pesquisa de Petrie, em 1881).
O ponto de vista de Rutherford (explicado na totalidade em sua obra Pyramido-
íogy, de vários volumes) é o que se poderia chamar de tradicional — ou seja, de que
a Pirâmide, em seu projeto original, destinava-se a contar com uma plataforma de
base perfeitamente quadrada. No entanto, cada lado teria uma ligeira concavidade
em direção ao centro de 35,762+ P " , para conformar-se com a concavidade paralela,
observada no existente miolo de alvenaria (vide diagrama, p. 340).
O ponto de vista de Rutherford (apoiado por diversos outros pesquisadores pro-
fissionais) colocaria a broca do sudoeste (a "mais distante") como marco do canto
sudeste da estrutura conforme o projeto original, enquanto este marco e a broca do
sudoeste (separados pela maior distância) indicariam, entre si, o comprimento (9.140
polegadas britânicas) e alinhamento da sua base lateral sul. Os cantos externos das
brocas restantes (ambas colocadas no interior do quadrado resultante) teriam então
a única função de assinalar a linha das diagonais do edifício, usando-se para isto o
procedimento conhecido como "esticar o cordão" — visto desde tempos imemoriais

335
como medida preliminar vital no começo de qualquer trabalho de construção de grande
escala. Assim, com o centro do edifício definido com precisão, os limites da base po-
diam ser medidos — e as primeiras camadas de alvenaria assentadas — para o lado
de fora, a partir desse centro.
Os cálculos de Rutherford sobre o projeto total da Pirâmide resultariam, portan-
to, em uma base quadrada com 9131,05+P" de lado (365,242 Côvados Sagrados) e
um perímetro quadrado da base com 36524,2+P". Tendo estas medidas como base,
e considerando um ângulo de inclinação das laterais com 51° 51' 14,3", a altura pro-
jetada do edifício seria de pouco mais de 5813P".
Talvez o exemplo mais destacado de um ponto de vista "oposto" esteja na pesquisa
de J. H. Cole, também pesquisador profissional, conforme foi publicada na pouco lem-
brada obra Determination ofthe Exact Size and Orientation ofthe Great Pyramid (Cairo, Go-
vernment Press, 1925). Segundo a pesquisa de Cole, as bases dos lados da Pirâmide,
conforme ela foi construída, teriam variado em seu alinhamento cerca de 3% minutos de
arco a partir do esquadro verdadeiro, que, por sua vez, deveria estar alinhado IVi minu-
tos de arco a oeste do norte verdadeiro (resultado da precessão polar). Ao mesmo tem-
po, os respectivos comprimentos dos quatro lados deveriam variar em até 8 polegadas.
Conforme sublinha L. C. Stecchini, em seu extenso apêndice à obra de Peter Tomp-
kins Secrets of the Great Pyramid, os dados obtidos por Cole poderiam provocar inte-
ressantes conseqüências. Em particular, a geometria da face norte da Pirâmide teria
sido função direta da relação 4>, enquanto a da face ocidental teria demonstrado a quan-
tidade ir. Uma comparação com o Apêndice D sugeriria para o aspecto norte/sul da
Pirâmide um simbolismo vinculado com o desenvolvimento "espiral" dinâmico da
alma humana, enquanto a dimensão "divina" seria representada pela geometria "es-
tática", baseada em x, do aspecto leste/oeste da Pirâmide. E por certo estas idéias
combinariam inteiramente com a leitura simbólica efetuada no capítulo 3 deste livro.
Os dados obtidos por Cole para a base da Pirâmide, conforme ela está construída,
são os seguintes (mostrados aqui na conversão para polegadas primitivas):

Lado ocidental 230.357 mm 9059,4688P"


Lado norte 230.251 mm 9055,3000P"
Lado oriental 230.391 mm 1/'
9060,8059P"
Lado sul 230.454 mm 9063,2836P"
Perímetro total da base 921.453 mm 36238,8583P'I rt

O próprio Cole sugere aqui uma tolerância média de cerca de 31 mm (IV4 polega-
da) por lado. Extrapolando a partir dos dados de Cole para a Pirâmide original, com
base na concavidade observada de 3 5 , 7 6 2 + P " (vide diagrama p. 340), o quadrado
da base da Pirâmide em seu projeto total teria as seguintes dimensões:

Lado ocidental 9130,9928P"'


Lado norte 9126,8240P"
Lado oriental 9132,3299P"
Lado sul 9134,8076P"
Perímetro total da base 36524,9543P"

337
Então, tomando os dados de Cole como ponto de partida, o perímetro da base
da Pirâmide, em seu projeto original, estaria dentro dos limites de cerca de três quartos
de polegada da medida sugerida por Rutherford (36524,2P"). Tendo em mente o fato
de que a diferença fica dentro das tolerâncias sugeridas pelo próprio Cole e de que
a distância total alcança mais de 800 metros, torna-se claro que, para todos os fins práti-
cos, ambos os dados podem ser vistos como idênticos, além de servirem como prova,
um do outro.
Em outras palavras, ambas as mencionadas pesquisas de medição da Pirâmide
levam à conclusão de que o perímetro da base tem relação direta e intencional com
a duração do ano solar tropical médio (365,242 dias). E os dados relacionados abaixo
são um resultado direto deste fato. Agora, se devemos considerar a Pirâmide em seu
projeto original, como sendo dotada de uma base perfeitamente quadrada (como Ru-
therford), ou com ligeira distorção (como Cole), depende em grande parte da opinião
pessoal de cada um, já que a construção não se efetuou a partir dessas medidas. Mas
este fato não deixa de ter significado no contexto geral. Se a Pirâmide tivesse sido
construída segundo essas medidas, então a Pirâmide de Rutherford ou aquela basea-
da nas medições de Cole teria de ser considerada errada. Assim, o arquiteto da Pirâ-
mide teria conseguido sua meta porque, hoje, diante da maneira como o monumento
foi levantado, ambas as possibilidades existem. O fato de as duas medições serem idên-
ticas, para todos os fins práticos, sugere que as versões tanto de Rutherford como de
Cole estavam na mente do arquiteto da Pirâmide, sendo uma o reflexo da outra. E,
neste caso, fica bem claro que o projeto básico deve ter partido do quadrado perfeito,
conforme sugerido por Rutherford.
Então, interpretando isto de maneira simbólica, talvez possamos ver o projeto da
base (cujo fundamento é w e o quadrado perfeito) como uma representação, entre ou-
tras coisas, do ser divino ou eterno " e m um estado de descanso". Mas, neste ponto,
manifesta-se uma tensão ou "distorção". Temos como resultado uma polarização bá-
sica, pela qual a alma humana (representada por </> e pelo aspecto norte/sul distorcido
da Pirâmide) separa-se da matriz; divina (representada por 7r e mantida apenas no as-
pecto leste/oeste da Pirâmide "distorcida"). Essa decadência evolucionária é refleti-
da nas dimensões reduzidas da Pirâmide ainda distorcida, conforme foi construída.
Agora, é preciso ocorrer um processo de crescimento dinâmico, que permita uma reu-
nião da alma com sua origem divina, e, portanto, a reconquista do primordial "esta-
do de descanso". E a mensagem no interior da Pirâmide parece dedicar-se (conforme
revela o capítulo 3) ao detalhamento específico dos diversos estágios desse processo
de crescimento.
Voltando aos dados estatísticos vitais da Pirâmide, temos a relação seguinte, das
possíveis correlações geofísicas, geométricas e astronômicas, baseada rios dados obti-
dos por Rutherford para a Pirâmide básica, ou perfeita. Claro que nenhuma das refe-
rências é específica: os supostos "vínculos" são derivados simplesmente da aplicação
experimental dos dados publicados, envolvendo escalas de 1:1, 1:10, 1:25, 1:100 e
1:10.000.000. Sua validade, portanto, depende da opinião pessoal de cada um sobre
a possibilidade dos vários dados envolvidos terem sido juntados por acidente. Mas,
a priori, esta possibilidade parece ser bastante remota. No diagrama a seguir:

338
1. AB = 365,242 Côvados Sagrados (CS)
AD1H1B = 365,256 CS
AmB = 365,259 CS
Mas...
365,242 dias = duração do ano solar tropical médio
365,256 dias = duração do ano sideral
365,259 dias — duração do ano anomalístico.

2. Côvado Sagrado da Pirâmide = 2 5 P "


= 250.000.000P" /10.000.000
= 3949,89 milhas inglesas/10.000.000
Mas...
3949,89 milhas inglesas = raio polar médio da Terra (confirmado
em 1957, em observações por satélite).

3. VOU/OK = 1826,21235/470.860,606
= 0,003878414
e WOC/OK = 9131,061625/470.860,606
= 0,0193924
Mas...
Valores máximo e mínimo conhecidos, relativos à excentricidade da
órbita da Terra = respectivamente 0,004 e 0,019.

4. OK = 7,4393819 milhas inglesas


= 185.984.540 milhas/25.000.000
Mas...
185.984.540 milhas é uma aproximação bastante estreita para o diâ-
metro da órbita da Terra, que resulta em uma distância média da
Terra para o centro do Sol de 92.992.270 milhas,

5. AY + BX = 25826,4P"
Mas...
25826,4 anos é uma cifra aceitável para a duração do ciclo da pre-
cessão dos equinócios (período sujeito a uma lenta variação — valor
atual ainda não determinado com exatidão).

6. AXYB (perfil)/CX (corte) - 36524,2/5813


= 6,28319
Mas...
6,28319 = 2 x 3,14159 +
= 2K

A partir dos dados acima resta-nos apenas concluir que a Pirâmide básica, em
seu projeto original, representa não só o divino ou eterno " e m um estado de descan-

339
340
Por outro lado,
35,762 + P " = profundidade da concavidade lateral
= altura do Grande Degrau (vide p. 26)
- distância do eixo do Poço-Fonte além da parede norte da
Grande Galeria
= altura da Passagem Subterrânea.
Agora, lateral do circuito quadrado externo
(projetado) = 9131,05P"
= 365,242 Côvados Sagrados
Portanto, o perímetro do circuito quadrado externo = 36524,2P"
Mas a lateral do circuito quadrado interno
(construído) = 9059,5P"
= 9131,05 - (2 x 35,762+)P"
Assim, o perímetro do circuito quadrado interno = 36238P"
= 36524,2 - (8 x 35,762 + ) P "
= 36524,2 - 286,102+P"
Então, 286,102+ P " = diferença entre os circuitos quadrados interno e
externo, mas também
= metade do desenho da extensão da base da pedra do
ápice (vide Apêndice H)
= distância do eixo das passagens para o eixo oriental da
Pirâmide
= altura do teto da Grande Galeria acima do teto da Passa-
gem Ascendente
= distância no piso (lado oriental) entre a abertura inferior do
Poço-Fonte e a extremidade inferior da Passagem Des-
cendente.

As significativas distâncias 3 5 , 7 6 2 + P " e 286,102+ P " (seu múltiplo) são portanto


encontradas dentro e fora da Pirâmide, parecendo ter sido inicialmente determinadas
segundo considerações de caráter astronômico.

341
Apêndice C

As Dimensões da Grande
Pirâmide e os Dados da Lista
de Reis do Egito

Todos os dados encontrados na p. 343 (omitindo-se as frações — vide Tolerân-


cias, p. 47) derivam, direta ou indiretamente, das cronologias das dinastias primitivas in-
formadas por Heródoto e Maneto, mais tarde editadas por diversos outros comenta-
ristas. Os detalhes são encontrados na tabela da p. 344:
Em sua cronologia das dinastias egípcias, Heródoto refere-se a:

8 "deuses" (Hefesto, Hélio, Agathodaimon, Cronos, Osíris e ísis, Tífon [Set], Ho-
rus, Ares),
12 outros "deuses" (Anúbis, Héracles, Apoio, Amon, Tithoes, Sosos, Zeus e mais
cinco),
4 dinastias de "semideuses" e
30 dinastias humanas.

Os-detalhes quanto ao número de anos em cada reinado foram subseqüentemente


relacionados pelo sacerdote egípcio Maneto (terceiro século a.C.), cujo trabalho sobre-
vive nas várias edições e relatórios de Africanus, Eusébio, Syncellus e outros. As cifras
resultantes são tabuladas por Davidson e Aldersmith, página 77 de The Great Pyramid
(1925) e, a partir delas, podem ser obtidos todos os dados relacionados na p. 344.
É claro que algumas das cifras obtidas podem ter relacionamento meramente aci-
dental com as dimensões da Pirâmide, mas as semelhanças parecem ser numerosas
demais para permitir a conclusão de que todas elas seriam resultado de coincidências.
Afinal de contas, se este fosse o caso, então um número semelhante de coincidências
poderia ser esperado a respeito das dimensões da Pirâmide expressas em metros ou
pés britânicos — mas as provas a esse respeito são inexistentes.
Como conseqüência, é quase certo que as próprias listas dos reis foram elabora-
das ou remodeladas com base nas medidas conhecidas de uma pirâmide padrão co-
mo aquela que mostramos, e de que a pirâmide em questão era a Grande Pirâmide.
Portanto, uma aplicação experimental dos dados da lista dos reis sugere claramente:
que a unidade de medida = 1 Polegada Primitiva

342
que a Polegada Primitiva = 1,001 + polegada britânica (em conseqüência da ex-
tensão da lateral da base, independentemente citada, de 443 Côvados Reais de com-
primento conhecido),

344
Eusebius 4.565 Total de anos, dinastias Metade da lateral da
humanas 1 a 31 base em P "

Syncellus 443 Total de anos das quinze Comprimento da lateral


gerações do ciclo Cynic, da base em Côvados Reais
(Sothic) depois das dinastias
divinas

Africanus 5.151 Total de anos, primeiras Lateral do quadrado igual


26 dinastias humanas em área ao corte lateral
da Pirâmide, em P "
que o ângulo de inclinação com a horizontal = 51° 51' 14,3",
que o ângulo do ápice = 76° 17' 3 1 , 4 " ,
que o quadrado do circuito da base = 36524+ polegadas primitivas, ou,
independentemente,
= 1772+ Côvados Reais,
que a altura da base ao ápice = 5813P",
que o circuito quadrado em 1.702P" acima da base = 25827P" (ambas as figuras
obtidas de modo
independente),
que o circuito quadrado em 1162P" acima da base - 29220P",
que o corte vertical da Pirâmide era igual em área a um quadrado com um com-
primento de lado de 5151 P " (= 25 arouras quadradas).

Portanto, estes dados não apenas indicam, além de qualquer possibilidade de dú-
vida, que a Pirâmide Padrão de Medidas mencionada nos antigos textos egípcios (e
aparentemente usada como base para remodelar as cronologias dinásticas) era de fa-
to a Grande Pirâmide, mas também confirmam de maneira gratificante a precisão da
reconstrução das dimensões originais da Pirâmide feitas a partir de observações geo-
métricas e trigonométricas obtidas no local. Mesmo se a Grande Pirâmide já não exis-
tisse mais, seria possível, por meio da aplicação geométrica experimental dos dados
contidos nas antigas listas de reis, reconstruí-la conforme o seu projeto original, den-
tro de um grau bastante grande de precisão.

345
Apêndice D

As Dimensões da Grande
Pirâmide e a Razão Phi

1. A quantidade ir não é a única razão matemática importante, inerente ao projeto


da Grande Pirâmide. Um exame mais detalhado mostra que o projeto também incor-
pora uma aproximação bastante estreita ao valor ij> (phi), melhor conhecida, talvez,
em termos da Seção Dourada.

2. A razão do comprimento de um retângulo com sua largura pode, naturalmente,


variar de 1 (no caso de um quadrado) até o infinito (no caso de um retângulo teórico
de comprimento infinito). Mas já se sabe há muito tempo que certas formas de retân-
gulos parecem, ao olho humano, ser esteticamente mais satisfatórias do que outras.
De fato, quando se trata de escolher uma, dentre uma vasta gama de formas retangu-
lares, diz-se que a maior parte das pessoas escolhe como sendo mais satisfatória a
forma retangular cujo comprimento tem em si a razão (V5 + 1J/2, ou 1,61803 + , na ver-
dade a mesma razão produzida pela soma de ambas as dimensões em relação ao com-
primento individual. Assim, as proporções resultantes são matemática e esteticamente
elegantes e é sua razão dominante, de 1,61803+, mostrada no Parthenon, em Ate-
nas, e em uma série de outros edifícios da antigüidade clássica, que é conhecida co-
mo a Seção Dourada, ou o número irracional 4>.

3. Na Grande Pirâmide (admitindo o projeto total "regular" de Rutherdorf), a razão


entre a altura inclinada e a metade da base (isto é, a secaníe do ângulo de inclinação)
é 1,61899 (com exatidão até a quinta casa decimal) — ou uma tolerância de apenas
0.001 da razão 0.

4. Deve-se sublinhar, no entanto, que este aparecimento da razão <j> é uma conseqüência
inevitável da escolha, feita pelo arquiteto, de uma pirâmide de quatro lados que incorpora
o "ângulo tt" de 51° 51' 14,3" como seu ângulo de inclinação. Mesmo assim, pode-se di-
zer que, seja por acidente ou por projeto proposital, a Grande Pirâmide possui uma expres-
são geométrica direta da relação aproximada entre as quantidades ir (3,14159+) e 0 (1,61803+). 1

1. Claro que a aproximação é inevitável, considerando-se o fato de ambos os números serem


irracionais. Outras expressões aproximadas da relação ir : tj> são ir/4 = 1/V •<>
t e 5ir/6 = 0 2 .

346
Espiral logarítimica baseada na Série Fibonacci. O raio de cada quarta-volta da espiral é
determinado pela extensão do lado do quadro no qual se acha inserida, e seu valor para cada
quadrado subseqüente é, por sua vez, determinado pela Série Fibonacci.
5. O numero <>
j tem várias propriedades matemáticas dignas de nota. Seu quadrado,
por exemplo, é igual a si mesmo mais um, enquanto que o seu inverso é igual a si
próprio menos um. Mas talvez a sua mais interessante característica seja o seu víncu-
lo com a chamada Série Fibonacci.

6. A Série Fibonacci é a seqüência de números 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89,


144..., na qual cada número é igual à soma dos dois predecessores. É encontrada com
surpreendente freqüência na Natureza, especialmente nos padrões de crescimento
das plantas, nos arranjos das pétalas de flores e no desenho dos cones dos pinheiros,
nas leis de hereditariedade de Mendel e nas relações entre as órbitas planetárias —
e, quando plotada de modo diagramático, a série resulta na fórmula matemática para
a construção de uma espiral logarítmica que também é encontrada na natureza — em
especial na concha do Nautilus (vide diagrama na p. 347) (vide matéria em O Poder
dos Limites, de Gyrg-y Doczi, Ed. Mercuryo, S. Paulo).

7. Da mesma forma que a relação entre os lados adjacentes de um retângulo, a razão


entre cada número da Série Fibonacci e seu sucessor varia inicialmente entre um e
o infinito. Mas, quanto mais a série cresce, mais a razão tende a se estabilizar ao redor
de uma cifra mais ou menos constante. Um exame mais cuidadoso mostra que essa
cifra "central" é nada mais nem menos do que <j>, ou 1,61803 + .

8. As relações entre os números Fibonacci mais baixos, citados no item 6, acima, são
as seguintes:
co; 1; 2; 3; 1,5; 1,6; 1,6; 1,625; 1,615 + ; 1,619 + ; 1,6176 + ; 1,61818+; e 1,6179+. Pode-
se ver, assim, que as relações entre os números Fibonacci subseqüentes alternada-
mente "enquadram" a razão 0 a partir de cima e de baixo. Quando plotados em for-
mato de gráfico, o resultado é uma espécie de "espiral bidimensional", conforme mos-
trado no diagrama da p. 350.

9. Em seu livro The Sphinx and the Megaliths, John Ivimy afirma que, se partirmos de
uma unidade de medida de 4 Côvados Reais, a altura inclinada da Grande Pirâmide
na verdade mede 89, e a metade de sua base 55 dessas unidades. E sublinha que,
conseqüentemente, parece haver um vínculo direto entre a Pirâmide e a Série Fibo-
nacci, já que 55 e 89 são números sucessivos naquela série.
Ainda assim, deve-se ressaltar

que essas medidas aplicam-se apenas à Pirâmide original conforme foi construída, e não
à sua irmã projetada;
que, mesmo assim, nenhuma das medidas citadas é exata, sendo exageradas em res-
pectivamente cerca de 4 " e 3 " ;
que a razão <>
í resultante das medidas citadas por Ivimy é 1,61818 + , ao invés da cifra
verdadeira para a secante do ângulo de inclinação da Pirâmide, que é 1,51899+.

348
No entanto, deve-se dizer, a bem da verdade, que Ivimy assume que o ânguío
de inclinação da Pirâmide seria de 51° 50', ao invés do valor verdadeiro (51° 51' 14,3").
E, de qualquer modo, deve-se admitir que essa "aproximação" é extremamente aper-
tada, atingindo um fator de pouco mais de 8 em 10000 em relação à secante do ângulo
de inclinação da Pirâmide.

10. Então, a partir do exposto acima, parecem ter surgido os seguintes fatos:

que o projeto da Grande Pirâmide demonstra não apenas a razão ir, mas também uma
aproximação bastante justa da razão 4>',
que a demonstração feita pela Pirâmide da razão 4> é função direta da geometria de
sua razão ir;
que as medidas da Pirâmide original, em seu projeto reduzido, talvez tenham um
vínculo direto e intencional com a Série Fibonacci;
que a forma geométrica característica da Série Fibonacci é a espiral;
que a representação gráfica das relações entre os sucessivos números Fibonacci mos-
tra uma "espiral bidimensional" centralizada ao redor — e com tendência a se apro-
ximar cada vez mais — do valor <t>.

Então, no caso de haver um, qual seria o significado combinado de todos estes
fatos?

11. Nos termos do código hipotético da Pirâmide (vide capítulo 2), ir representa o di-
vino ou eterno. Diante disso, o fato de <t> ser apresentado aqui como uma função de
% não pretenderia indicar que, por sua vez, <p destina-se, de modo intencional, a re-
presentar algum aspecto particular do divino ou eterno?
Sendo aceita esta possibilidade, então o próximo ponto a observar é que o projeto
total da Pirâmide parece ter sido feito para mostrar t, mais do que 0, enquanto o edi-
fício, construído com dimensões reduzidas, parece ter-se destinado, por meio de sua
referência direta à série Fibonacci, a manifestar algum processo dinâmico de desen-
volvimento em espiral, que leva inexoravelmente "para dentro", na direção da quan-
tidade 4>• As especulações de Stecchini (vide Apêndice B) podem ser reveladoras aqui,
sugerindo uma referência <j> específica no projeto original.
Neste ponto devemos lembrar que o projetista da Pirâmide parece ter visto a his-
tória humana — e com ela, presumivelmente, o próprio desenvolvimento da alma hu-
mana — como sendo cíclica ou em forma de espiral (vide "Paralelos Astrológicos",
p. 306). Tendo isto em mente, talvez possamos traduzir o simbolismo do que é dito
acima (no caso de ter validade) com o significado de que a Pirâmide, construída com
dimensões reduzidas, denota, de certo modo, a alma humana "imperfeita", reencar-
nada, movendo-se em espiral em seu caminho cármico inexorável, em busca da união
com o eterno ou divino, segundo o simbolismo da geometria essencialmente baseada
em ir do projeto total da Pirâmide. E, aqui, vale a pena observar que o arqueólogo
e filósofo francês Schwaller de Lubicz afirmou de maneira específica que os egípcios
viam a razão 4> como um símbolo da reprodução e da constante função criativa — uma
idéia que não deixa de ter o seu relacionamento com o que é dito acima.

349
Gráfico das relações entre os sucessivos números Fibonacci

12. Mas, por acaso existe alguma prova em apoio desta opinião especulativa? Aqui,
é a própria série Fibonacci que, tomada em conjunto com o número código da Pirâmi-
de, mostra uma ou duas das mais interessantes possibilidades.
Nós sugerimos acima que a aparente referência da Pirâmide, em suas medidas
reduzidas, à série Fibonacci, talvez simbolize a ainda imperfeita alma reencarnada.
Mas a referência à própria série Fibonacci, conforme apresentada na p. 348, mostra
não apenas que 8 e 13 {código da Pirâmide para renascimento e alma) são ambos nú-
meros da série — e sucessivos também — mas ainda que 13 é, além disso, o oitavo item.
Poderia isso, então, ser visto como possível vínculo entre o simbolismo da espiral e
a idéia da alma que reencarna? De fato, não seria esta uma das razões para o projetis-
ta dar os significados de renascimento e " a l m a " aos números 8 e 13 em primeiro lugar?

13. Deve-se observar de novo que, no diagrama da p. 347, a realização da primeira,


segunda e terceira revoluções da espiral em A, B e C está vinculada respectivamente
aos números 3, 21 e 144 — que, por sua vez, simbolizam, no código da Pirâmide, a
perfeição, a suprema perfeição espiritual e os escolhidos (homens entre os homens).
Portanto, não poderia isto, de alguma forma, ser visto como uma espécie de "taqui-
grafia" para o caminho que leva ao eventual florescimento da alma humana — uma
taquigrafía tornada possível outra vez pela alocação original dos significados apro-
priados aos números que compõem o código aritmético da Pirâmide?

350
Apêndice E

A Grande Pirâmide,
Stonehenge, a Catedral
de Chartres, Carnac — e os
Limites da Coincidência
Por definição, as coincidências que não são exatas não são coincidências: quando
muito, são semelhanças. E, onde quer que uma série de "coincidências" sugira —
como é o caso dos vínculos astronômicos da Grande Pirâmide — a probabilidade de
uma única relação causai, uma série de semelhanças nada mais pode fazer senão su-
gerir a possibilidade de uma. Em suma, ao explorar uma série de semelhanças, em bus-
ca de seu suposto significado, o pesquisador está se aventurando na esfera da espe-
culação inspirada — em geral um exercício inútil, a menos que seja corroborado por
fatos, já que os vínculos imaginados não proporcionam sua própria autoconfirmação
do mesmo jeito que as coincidências exatas proporcionam.
Mesmo assim, tem havido nos últimos anos uma rápida proliferação de livros que
atribuem significados "esotéricos" a uma variedade de tradições, textos e edifícios
primitivos, traçando supostos vínculos entre eles, com base em informação que, em
geral, nada tem de precisa. Com base nessas informações, as semelhanças passam
então a ser tratadas como "coincidências" e colocadas como provas das teses "esoté-
ricas" originais do autor — por mais ou menos válidas que essas teses possam ser
por si mesmas. Os resultados podem até impressionar aqueles que não têm acesso
aos fatos e os exercícios envolvidos talvez tenham algum valor para o leitor. Mas, na
maior parte dos casos, as conclusões a que se chega são erradas, ocasionalmente não
fazem sentido e sempre conduzem o leitor à eventual desilusão. A Grande Pirâmide,
em particular, tem sido vítima deste tipo de tratamento.
Vejamos alguns exemplos. O ângulo ir da Pirâmide, ou ângulo de inclinação (51°
51' 14,3") é quase (apenas quase) igual ao ângulo de latitude de Stonehenge (51° 10,8"
N), cujo famoso círculo da pedra azul foi aparentemente extraído das Montanhas Pre-
sely, em Pembrokeshire, South Wales, cobertas de megálitos, de um local (Carn Mei-
ni) que, na verdade, situa-se na latitude 51° 571/2' N. Por outro lado, o azimute do
nascer do sol no alto-verão em Stonehenge — a base do alinhamento geral do monu-
mento — é 51° 12' E 1 (isto é, situa-se a 1,2 minuto do arco de sua latitude), .enquan-
to o círculo externo de Stonehenge pode ser usado para a construção de um triângulo
que tem quase (apenas quase) as mesmas dimensões do corte transversal da Grande

352
Pirâmide.2 Ao mesmo tempo, o layout dos vãos Aubrey parece ter sido planejado ao re-
dor de um triângulo isósceles dotado de um ângulo de inclinação de 51° 19' e uma altu-
ra de 100 Côvados Reais egípcios, enquanto as dimensões do seu círculo sarsen pare-
cem relacionar-se com o mesmo círculo pela geometria da estrela de sete pontas. 3 Mas,
este mesmo ângulo de 51° 19' também é o ângulo de inclinação (segundo Ivimy) da
Terceira Pirâmide de Gizeh e é quase (apenas quase) um sétimo de um círculo de 360 o . 4
Por sua vez, isto significa que se trata do ângulo que nasce no centro de Stonehenge
por um arco de quaisquer 9 de seus 56 vãos Aubrey. Além disso, também é o ângulo
cuja secante é definida pela relação Fibonacci 8/5, e, portanto, o ângulo de base de qual-
quer triângulo isósceles 5:4:4. E, conforme Louis Charpentier observa em seu interes-
sante livro Les Mystefes de la Cathédrale de Chartres, este triângulo é um daqueles que
podem ser formados usando o que ele chama de "corda dos druidas" — uma corda
de treze partes iguais separadas por 12 nós eqüidistantes: 5

Charpentier sugere, então, que este triângulo, por sua vez, talvez tenha sido usado
na construção da estrela de sete pontas, aparentemente básica não apenas ao layout
de Stonehenge, mas também do projeto da catedral de Chartres. Mas acontece que
a própria catedral parece ter sido baseada (segundo Charpentier) em uma medida de
0,82 metro — quase (apenas quase) idêntica à "jarda megalítica" estabelecida pelo
Prof. Alexander Thom como a medida básica da maioria dos círculos de pedra mega-
líticos da Europa. 6 Além disso, a lateral do que Charpentier chama de table carrée da
catedral, mede 23,192 metros — quase (apenas quase) um centésimo do comprimento
da lateral da Grande Pirâmide, 7 enquanto as proporções do corte transversal de seu
coro aparentemente têm semelhanças bastante grandes com a Câmara do Rei da Pirâ-
mide. Por outro lado, a largura interior do coro é quase (apenas quase) uma função
direta da latitude terrestre da catedral, enquanto os diversos níveis de sua nave quase
(apenas quase) correspondem à razão de freqüências entre as notas da escala musi-
cal. Incidentalmente, Charpentier parece perceber que a orientação da catedral (E 46°
54' N) é quase (apenas quase) a mesma do nascer da lua do extremo inverno (E 47°
34' N) a partir da latitude de Chartres.
E isso não é tudo. O famoso triângulo pitagoreano 3:4:5: (exemplificado na Câ-
mara do Rei da Grande Pirâmide) também pode ser feito com doze das partes da cor-
da dos druidas:

353
Mas, conforme o professor Thom ressalta, o triângulo 3:4:5 também é básico à
geometria de muitos dos círculos de pedra megalíticos, assim como a uma estrutura
megalítica em particular, a de Carnac na Bretanha. De formato retangular, essa estru-
tura forma um cercado orientado com precisão na direção dos quatro pontos cardeais,
e seus lados medem respectivamente 3 e 4 jardas megalíticas. Portanto, sua diagonal
mede cinco jardas megalíticas, e aponta na direção E 36° 52', a mesma orientação da
latitude de Carnac ao nascer do sol no alto verão. Mas então, por que este famoso monu-
mento megalítico — aparentemente tão velho como qualquer outro no Egito — tem
o mesmo nome do ainda mais famoso templo egípcio de Karnac em Luxor, também
caracterizado por grandes avenidas de pilares de pedra...?
Claro que é possível continuar ad infinitum com esta corrente de "vínculos" —
ou melhor, "pseudovínculos" — assimilando durante o processo até coisas como vi-
sitantes do espaço e que tais. E, de fato, se fosse possível demonstrar que todos estes
fatos são significativos, seríamos forçosamente levados à conclusão de que foram to-
dos "planejados" por alguma civilização antiga e adiantada, para nosso benefício ou
por razões "mágicas" ou científicas que desconhecemos. Isto é, a menos que fosse
possível demonstrar que estes fatos tendem a ser funções necessárias entre si — em
cujo caso talvez nos convencessem de que todos os conhecimentos e todos os fenô-
menos, de certa forma, representam apenas um só e estão inter-relacionados, como
de fato deve acontecer, no final das contas.
Mas, fatos como estes não podem ser considerados razoavelmente significativos,
pelo menos enquanto não for possível provar que representam mais do que simples
semelhanças. Nós temos de encontrar correspondência precisa entre eles ou precisamos
de provas dignas de confiança sobre a realidade dos supostos vínculos. Seria bom,
por exemplo, se encontrássemos provas da existência no passado de uma Proto-
Stonehenge, dotada de vínculos claramente egípcios, em Pembrokeshire, a 51° 51'
14,3" de latitude Norte — talvez nas vizinhanças de Llandisilio (nome que, por incrí-
vel que pareça, faz lembrar do nome Atlântida). Mas, diante da falta de provas desse
tipo, a maior parte das informações disponíveis tem muito pouco valor — e, portan-
to, apenas umas poucas semelhanças como as citadas acima parecem ter qualquer
significado.8
Não há dúvida de que devemos bastante às especulações históricas de Ivimy, Mi-
chell, Tomas, von Daniken, Kolosimo, Charpentier, T. C, Lethbridge e outros. Da
mesma forma, devemos muito aos grandes autores de antecipação ou ficção científi-
ca, como Clarke e Asimov. Todos eles fizeram muito para alargar consideravelmente
os horizontes da humanidade. Mas, no fim, o que interessa na verdade são os fatos
puros — a informação precisa do tipo que Thom e Rutherford apresentam, além da rigo-
rosa pesquisa científica como a efetuada pelos Cientistas da NASA — os únicos capa-
zes de fazer com que esses esforços produzam frutos na compreensão geral de que
o passado do homem não é aquilo que até aqui se tem imaginado ser, e que suas con-
quistas no futuro poderão ultrapassar qualquer coisa que jamais poderia ser imaginada.

354
NOTAS DO APÊNDICE E
1. A definição de nascer do sol aqui é considerada o momento em que a extremidade inferior
do círculo solar está na tangência do horizonte — definição que parece ter sido comum en-
tre os construtores de megálitos.

2. Vide The Vieiv over Atiantis, de John Michell

3. Vide The Sphinx and the Megaiiths, de John Ivimy.

4. Valor real, aproximadamente 51° 25' 43".

5. 13 x 12 — " a alma do homem"?

6. 32,28" ao invés de 32,64" (Vide Megaliths of Ancient Britam, de Alexander Thom).

7. 9130,477 polegadas britânicas, ao invés de 9140,7284. Mas, por mais estranho que pareça,
é quase exatamente o número correto de polegadas Primitivas da lateral da base da Pirâmi-
de. Se fosse possível demonstrar, em outras palavras, que essa medida foi feita original-
mente pelos construtores da catedral, usando o que eles acreditavam ser polegadas primi-
tivas, e que, nessa época, já haviam chegado a ter o valor atual das polegadas britânicas,
então haveria algum significado na interessante observação de Charpentier.

8. Uma das mais impressionantes semelhanças talvez seja o vínculo extraordinariamente pró-
ximo entre o azimute do nascer do sol no alto-verão em Stonehenge e a latitude terrestre
do monumento. Afinal de contas, essa é a única latitude do hemisfério norte em que os
dois ângulos são iguais — do mesmo modo que a latitude de Carnac é a única do hemisfé-
rio norte onde a hipotenusa de um triângulo de 3:4:5, com uma base leste-oeste de 4 uni-
dades e uma altura norte-sul de 3 unidades, aponta diretamente para o nascer do Sol no
alto-verào.

355
Apêndice F

As Medidas Internas
Principais da
Grande Pirâmide

Os dados que mostramos a seguir, todos em Polegadas Primitivas, são todos ba-
seados nas cifras fornecidas por Rutherford, referentes ao projeto total da Pirâmide.
Os leitores que se considerarem surpresos diante do extraordinário grau de precisão
dos dados, devem levar em consideração os seguintes fatos:

i) Durante o último século, mais ou menos, a Pirâmide tem sido medida quase
ad nauseam, tanto por dentro como por fora, não apenas por arqueólogos amadores,
mas também por inúmeros agrimensores profissionais, alguns dos quais passaram
meses a fio no local, usando o mais moderno equipamento disponível — alguns até
projetados em parte especificamente para a tarefa de medição da Grande Pirâmide.
Foram levados em consideração os devidos e precisos descontos relativos aos efeitos
da variação observada da temperatura sobre os próprios instrumentos, à distorção
provocada pela sedimentação e ao desgaste causado pelo tempo sobre a rocha. O re-
sultado foi uma série de dados de precisão extraordinária, que, em cada caso, são ex-
pressados dentro de tolerâncias claramente definidas.
Os dados obtidos por Rutherford para a Pirâmide conforme projetada, quase sem
exceção alguma, encontram-se dentro das tolerâncias estabelecidas pelas mais cuida-
dosas e sérias pesquisas (sobre as quais, na verdade, os dados são baseados) e, por-
tanto, por definição são tão válidos como quaisquer outras cifras que conformam com
as mesmas tolerâncias.

ii) Um dos procedimentos usados para medir a Pirâmide é tirar a média de um


grande número de diferentes medidas da mesma característica. Esse sistema de tirar
média naturalmente tende a ignorar as idéias preconcebidas a respeito do que deve
ser uma resposta "limpa", e muitas vezes mostra vários dígitos à direita da vírgula
decimal. Neste ponto percebe-se uma grande tentação no sentido de arredondar os
dados, para cima ou para baixo. Mas basta pensar um instante para se perceber o
perigo potencial dessa prática — porque, como pode o pesquisador saber se não está
se afastando do número correto? Conseqüentemente, as cifras resultantes devem a prin-
cípio ser aceitas da maneira como se encontram.

356
iii) Algumas das medidas obtidas desta forma acabam correspondendo a núme-
ros redondos, em Côvados Reais egípcios — uma medida cujo valor já é conhecido
dentro de tolerâncias bastante estritas. Um exame cuidadoso dessas medidas na Pirâ-
mide permite obter um refinamento ainda maior dos dados aceitos (vide Apêndice
A) — e sua expressão exata em Polegadas Primitivas envolve necessariamente, como
já vimos, vários dígitos à direita da vírgula decimal.

iv) Algumas das medidas em questão (inclusive o próprio Côvado Real) acabam
sendo funções claras e diretas da distância 365,242P" e da quantidade ir (vide, outra
vez, o Apêndice A). O fato de ir poder ser teoricamente calculado até um número
infinito de casas decimais produz cifras nas quais as frações gozam de uma posição
de destaque.

v) Por fim, em seu perfil lateral, a Pirâmide e suas passagens apresentam uma
figura geométrica composta principalmente de linhas retas e baseada em anjos e ní-
veis conhecidos (comparar página 17), todas pesquisadas de maneira meticulosa em
diversas oportunidades. Portanto, os cálculos trigonométricos tornam possível com-
parar entre si mesmas muitas das medidas "grosseiras" que resultam de i) a iv) acima,
descobrindo assim até as mínimas imprecisões. Para isto é essencial que se contem
com os dados mais precisos, e qualquer arredondamento para cima ou para baixo tor-
naria sem valor os resultados.

vi) Os dados obtidos por Rutherford, que mostramos abaixo, são quase os únicos
que passam com facilidade por este teste crucial, por se "encaixar" trigonometrica-
mente uns nos outros, formando um sistema perfeito e autoconsistente — como qual-
quer levantamento correto das medidas da Pirâmide deve produzir. Portanto, parece
não haver alternativa além de aceitar os dados de Rutherford da maneira como se
apresentam, e que representam o melhor levantamento disponível sobre as dimen-
sões projetadas para a Pirâmide.

Uma Lista das Medidas mais Significativas das Passagens da


da Grande Pirâmide

(todos os números são em Polegadas Primitivas e se baseiam nos dados fornecidos


por Rutherford)

Passagem Descendente

• Distância vertical, do começo do piso ao


começo do teto 37,995
• Aitura vertical da passagem 52,7452
• Aitura perpendicular da passagem 47,2842
• Largura 41,2132 (2 CR)
• Entrada até a base das linhas demarcadas 481,7457

357
Grande Câmara Subterrânea

• Extensão de leste para oeste


• Largura de norte para sul
• Parte superior do fosso, profundidade
• Parte inferior do fosso, profundidade
• Profundidade total do fosso

Passagem Sem Saída

• Altura média
• Largura média
• Comprimento

Passagem Ascendente

• Altura vertical
• Altura perpendicular
• Largura
• Extensão da linha do piso, a partir da
interseção com o piso da Passagem Descendente
• Começo do piso a partir da interseção com o piso da Passagem
Descendente
• Do começo do piso até o nível da Passagem para a Câmara da
Rainha
• Extremidade superior da passagem, a partir do nível da Passagem
para a Câmara da Rainha
• Possível comprimento original do Tampão de Granito

Passagem para a Câmara da Rainha

• Altura da primeira parte baixa


• Altura da segunda parte alta
• Altura do degrau para baixo no começo da primeira parte
• Altura do degrau para baixo no começo da segunda parte
• Largura gera!
• Começo virtual da passagem (debaixo da parede
norte da Grande Galeria) até o eixo
da abertura do Poço-Fonte
• Distância sobre a abertura do Poço-Fonte
• Extensão virtual da primeira parte baixa
da parede norte da Grande Galeria
• Extensão real do piso da primeira parte baixa
desde o primeiro degrau para baixo
• Comprimento da primeira parte alta

Câmara da Rainha

• Extensão leste-oeste
• Largura norte-sul
• Altura das paredes norte e sul
• Altura das paredes leste e oeste até o ápice (interno) da cumeeira
• Altura do ápice (interno) da cumeeira acima das
paredes norte e sui
• Altura do nicho
• Largura do nicho na parte de baixo (norte a sul)
• Largura do nicho na parte de cima (norte a sul)
• Profundidade do nicho (leste a oeste)
• Distância leste-oeste do eixo da Passagem para
a Câmara da Rainha até o eixo norte-sul
do nicho
• Distância norte-sul do eixo da Câmara da Rainha
para o eixo leste-oeste do nicho

Grande Galeria

• Maior altura
• Maior altura acima da linha do teto da Passagem Ascendente
• Largura entre as rampas
• Largura do teto
• Largura acima da parte superior das rampas
• Extensão da linha do piso da parede norte para
a do sul
• Extensão do teto (aprox.)
• Altura da parte inferior das paredes leste
e oeste
• Extensão do piso até o degrau para baixo
para a Passagem para a Câmara da Rainha
• Extensão da linha do piso até a interseção
da linha do piso da Grande Galeria e linha
do teto da Passagem para a Câmara da
Rainha (aprox.)
• Extensão da linha do piso até o Grande Degrau
• Extensão produzida do piso embaixo do Grande Degrau
até o Degrau Escondido
• Altura do Grande Degrau
• Distância na parte superior do Grande
Degrau (norte a sul)
• Distância na parte superior do Grande
Degrau (leste a oeste)

Passagem para a Câmara do Rei - Primeira Parte Baixa

• Altura
• Largura
• Comprimento

Antecâmara

• Altura (1/100 x soma da altura e comprimento da


base da Pirâmide)
• Largura do piso
• Largura acima da verga oriental
• Largura acima da verga ocidental

360
• Extensão (365,25235/tt)
» Extensão da parte de pedra calcária do piso
• Extensão da parte de granito do piso
• Altura da verga oriental
• Altura da verga ocidental
• Altura da parte de pedra calcária da parede
su! (aprox.)
• Altura da Folha de Granito acima do piso
• Espessura acabada da Folha de Granito
• Espessura da protuberância ou lacre na face
norte da Folha de Granito
• Altura da protuberância ou lacre na junção
com a Folha de Granito (aprox.)
• Largura da superfície da protuberância
ou lacre (aprox.)
• Altura da face inferior da protuberância acima
da parte inferior da Folha
• Distância leste-oeste do eixo da protuberância
ao eixo da Folha de Granito
• Distância da face da protuberância à parede
norte da Câmara
• Distância do eixo da protuberância à extremidade
oriental da Folha de Granito (na parede)
• Aitura da parte inferior da protuberância até o piso (aprox.)

Passagem para a Câmara do Rei — Segunda Parte Baixa

• Altura
• Largura
• Comprimento

• (Extensão total de ambas as Partes Baixas)

Câmara do Rei

• Extensão leste a oeste (2 x 365,24235/V"~ir)


• Largura norte a sul (365,24235/V_tt)
• Altura (\T~5 x 365,24235/2\Tir)
• Diagonal do piso (>T5x365, 2 4 2 3 5 / V ~ j t )
• Diagonal das paredes leste e oeste (3 x 365,24235/2\T~ir)
• Diagonal das paredes norte e sul
(\T21 x 365,24235/2V~~ir)
• Diagonal cúbica (5 x 365,24235/2^jt)
(vide também Rutherford, pp. 1010-1011)
• Comprimento do sarcófago
• Largura do sarcófago (N-S)
• Altura do sarcófago
(soma da altura, largura e comprimento do sarcófago
= 1/5 da altura, largura e comprimento da Câmara)
• Espessura das laterais do sarcófago (média)
• Espessura da base do sarcófago (aprox.)
• Distância combinada até as paredes norte e sul
em ambas as extremidades do sarcófago (365,24235/ir)
Apêndice G

A Grande Pirâmide:
Dados do Miolo de Alvenaria

As espessuras de camada mostradas no gráfico representam valores médios, ba-


seados nas medições feitas por Petrie em 1881, nos cantos do nordeste e do sudoeste.
Uma inspeção detalhada das camadas individuais sugere uma precisão média de cer-
ca de ± 6 P " para as cifras obtidas por Petrie, enquanto algumas camadas mostram
uma espessura absolutamente constante.
Dando o desconto para esta margem de erro inerente ao projeto, pode-se ver,
pelo gráfico, a existência de "curvas" surpreendentemente regulares, intercaladas por
uma série de " p i c o s " repentinos — características que talvez tenham um objetivo,

Ordem das camadas, a partir d a base

O miolo de alvenaria da Grande Pirâmide: grafico de espessura das camadas

363
um significado determinado em algum campo de pesquisa especializado ainda não
identificado. Internamente, no entanto, é digno de nota o fato de que a fatorização
dos números de camadas das 26 camadas onde se registram picos produz como fato-
res os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 19, 29, 41 e 67 (todos representati-
vos de características dos códigos geométrico e/ou aritmético da Pirâmide, conforme
mostramos no capítulo 2), além dos números 17, 23, 37, 43 e 59. Considerando-se
a possibilidade de o projetista ter escolhido só números primos para as camadas dos
picos — ou números divisíveis, digamos, apenas por 2, 3 e 5 — parece razoável ver
na sua escolha de camadas de picos um indício deliberado dos sinais essenciais que
compreendem o seu código interno e uma pista de que a fatorização poderia desem-
penhar um papel importante em sua aplicação. Neste caso, naturalmente, os últimos
cinco números mostrados talvez tenham também o seu significado simbólico.
Vejamos um exemplo: o fato de 17 ser um nono de 153 talvez sugira um significa-
do como iluminação. Assim, no primeiro caso, 153 significaria a suprema perfeição da
iluminação (9 x 17) e, por extensão, os próprios iluminados.
Excetuando-se este caso, o número 17 parece não ter sido usado no simbolismo
das passagens da Pirâmide. Por outro lado, ele parece ser relevante no simbolismo
do próprio miolo de alvenaria. Sem a sua pedra do ápice, a Pirâmide atual tem 203
camadas: portanto, parece representar a morte da perfeição espiritual (29 x 7). Com
a colocação da pedra do ápice, no entanto, as camadas de alvenaria somariam um
total de 204, aparentemente simbolizando (em vista do que é dito acima), a suprema
iluminação terrena (3 x 4 x 17), ou a iluminação da humanidade (17 x 12). Deve-se
admitir que estes fatos, caso sejam numericamente válidos, são bastante adequados
à luz de nossa interpretação geral, no capítulo 3.

364
Apêndice H

Definição Geométrica Interna


da Grande Pirâmide para sua
Pedra do Ápice Inexistente

Corte vertical da Grande Pirâmide no eixo das passagens, 286,1 P" a leste do
eixo norte-sul do edifício, olhando para oeste.

No diagrama principal acima:

i) AB representa a parte superior do corte vertical feito na Pirâmide segundo o seu


projeto total, no Eixo das Passagens, 286,1 P " a leste do próprio eixo norte-sul
do edifício (vide diagrama do lado esquerdo, comparando outras aplicações da
medição no Apêndice B).
Portanto," AB mede 2 x 286,1 P " , ou 572,2 P " .

365
ii) Por outro lado, a altura de AB acima de GH
= 5.448,736 P " geometricamente.
iii) Mas o comprimento total da linha do piso das passagens inferiores também
= 5.448,736 P " (comparar com o Apêndice F).
iv) As alturas combinadas das saídas de ar E e F da Câmara da Rainha no miolo
de alvenaria (vide capítulo 5)
= 2.724,368 P " + 2.724,368 P " 1
= 5.448,736 P "
v) Os níveis combinados das camadas nas saídas de ar C e D da Câmara do Rei,
no miolo de alvenaria (vide capítulo 3: " A Câmara do R e i " )
= 102 camadas + 101 camadas
= 203 camadas.
vi) Porém, fontes bastante qualificadas (por exemplo Rutherford) colocam a altura
original da atual camada 203 da Pirâmide (hoje representada apenas por vestí-
gios) em 5.448,736 P " .
vii) Tomando ii), iii), iv) e vi) juntos, torna-se claro que o arquiteto da Pirâmide de-
sejava enfatizar que o nível AB tinha importância capital e, portanto, ele in-
cluiu deliberadamente em seu projeto essas quatro referências a ele.
viii) Parece lógico concluir que a intenção era fazer com que este nível fosse visto
como o planejado "ápice temporário" da Pirâmide — que, no projeto total, te-
ria tomado a forma de uma plataforma quadrada medindo 572,2 P " de lado
e com um perímetro de 2.288,8 P " (ou 8 x 286,1 P " ) .
ix) Na Pirâmide de tamanho reduzido, conforme foi construída, o perímetro da
plataforma do ápice (como o de cada uma das camadas da Pirâmide) teria, as-
sim, medido 286/1 P " menos do que no projeto total, ou 2.002,7 P " (7 x 286,IP").
x) Os fatos acima produziriam necessariamente os seguintes dados para a pedra
do ápice do projeto em seu tamanho original:
Base lateral = 572,2 P " (ou 2 x 286,1 P " )
Perímetro da base = 2.288,8 P " (ou 8 x 286,1 P " )
Altura = 364,2765 P "
Inclinação = 51° 51' 14,3 P "
Altura da base acima da base da Pirâmide = 5.448,736 P " (vide código).
Número de camadas acima do piso da Câmara do Rei = 153 (vide código)
xi) Neste caso, fica claro que uma pedra do ápice como esta jamais foi instalada pe-
los construtores. Nem ao menos podemos saber, com certeza, se ela jamais foi
cortada e transportada. Mas sabemos que " a pedra que os construtores rejeita-
r a m " teria sido grande demais para a Pirâmide conforme ela foi construída
[compare-se (viii) e (ix) acima], e que sua instalação eventual como a "principal
pedra angular" dependeria, portanto, do término da construção da Pirâmide,
que simboliza o mundo, até alcançar suas dimensões totais e perfeitas. O fato
de o peso da pedra do ápice, conforme aqui descrita, chegar a mais de mil tone-

1. A medida vertical exata ainda deve ser confirmada em inspeção no local.

366
ladas, talvez também tenha algo a ver com a sua não-instalação — apesar de se saber
que grandes feitos de engenharia como esse foram realizados com sucesso pelos cons-
trutores do grande terraço de Baalbek, no Líbano.

* * *

Então, se a projetada pedra do ápice da Grande Pirâmide jamais foi colocada em


seu lugar, o que teria sido? Minha opinião pessoal é a de que a pedra do ápice foi
substituída por algum tipo de ápice falso. Isto teria acontecido para satisfazer às ex-
pectativas naturais do faraó reinante, que teria visto o edifício como seu cenotafío e
que não tolerava ver que estava sendo deixado incompleto. Eu suponho que, erguendo-
se sobre a 203? camada, esse falso ápice teria sido construído de pequenos blocos de
pedra calcária local, de qualidade inferior, provavelmente a seco — isto é, sem o uso
de massa de cimento — para vir a ser eventualmente destruído pela erosão provoca-
da pelas tempestades de areia e pelos movimentos naturais da terra, sem qualquer
estrago digno de nota na estrutura principal.
Como prova do mesmo tipo de obsolescência planejada, eu citaria o fato de que
as pirâmides vizinhas de Khafra e Menkaura — ambas claramente baseadas no proje-
to da Grande Pirâmide — foram completadas até o seu ápice, um fato que não teria
acontecido se o grande Khufu tivesse lançado a moda das pirâmides "sem ápice".
Além disso, os sucessivos registros dos observadores Greaves, Melton, Davison e Abbé,
nos séculos XVII e XVIII, de fato revelam a presença de uma estrutura feita de peque-
nos blocos, severamente dilapidados e em fase de rápido desaparecimento, colocada
acima da atual plataforma do ápice. E, se o historiador clássico Diodoro Século mere-
ce algum crédito, esse processo de decomposição já havia se manifestado por volta
do primeiro século a.C., já que ele descreve o edifício, em seus dias, com o ápice des-
truído mais de 2,50 metros abaixo do ponto de encontro das faces laterais.
Mas esta mesma fonte insiste em ressaltar que, apesar disso, o resto da estrutura
encontrava-se em perfeitas condições — fato que confirma, além de qualquer dúvida
razoável, a tese de que nenhuma pedra do ápice jamais foi instalada ou cimentada
no lugar, porque a remoção de uma pedra assim teria significado subir à plataforma
do alto, o que, por sua vez, representaria a quebra de parte do revestimento liso e
bastante inclinado da Pirâmide — como aconteceria, naturalmente, com o desloca-
mento da própria pedra do ápice. É evidente que esses estragos jamais ocorreram,
e também podemos descartar a possibilidade de remoção da pedra por meios natu-
rais, pela mesma falta de estragos ao revestimento. E, em qualquer caso, a vizinha
Segunda Pirâmide — claramente inferior em construção à sua predecessora imediata
— conseguiu manter sua pedra do ápice, apesar de haver passado pelo menos por
dois terremotos, até pouco tempo atrás, quando a maior parte do seu revestimento
foi arrancada pelos construtores de mesquitas (como aconteceu com a Grande Pirâ-
mide) em busca de pedras para construção. Portanto, parece lógico pensar que a pró-
pria Grande Pirâmide teria também sido capaz de Teter a sua pedra do ápice — se
de fato tivesse recebido uma — pelo menos até que o seu revestimento começasse
a ser removido no nono século de nossa era. Mas, evidentemente, este não foi o caso,

367
parecendo provável, portanto, que a teoria do falso ápice, ou algo parecido, está cor-
reta.
No entanto, ainda temos diante de nós a dúvida quanto ao simbolismo da altura
projetada para a pedra do ápice, de 3641/4 P " . É verdade que 364 pode ser fatorizado
como 7 x 4 x 13, que (à luz do código hipotético proposto no capítulo 2 e suplementa-
do no capítulo 4) pareceria significar a perfeição espiritual da alma terrestre. Esta lei-
tura, em si, parece encaixar-se de maneira bastante adequada no simbolismo geral
da Pirâmide.
Por outro lado, 364 1/4 P " parece ter um relacionamento tão íntimo com a cons-
tante quantidade de 365 1/4 que parece sugerir uma referência deliberada, por meio
da soma de mais uma polegada. Então, qual poderia ser essa referência? Invocando uma
vez mais os termos do código reconstruído, essa referência acaba se tornando um pro-
nunciamento simbólico da mais extraordinária oportunidade.
Diante disso, nossa leitura agora sugere que o homem, tendo por fim estabeleci-
do uma perfeita ordem mundial (a Pirâmide completada), está destinado a usá-la co-
mo rampa de lançamento para a criação da era culminante (365 1/4 P " ) envolvendo
a realização da divindade total (1 P"). Por outro lado, essa assombrosa conquista de-
ve refletir-se necessariamente em uma extensão das linhas da Pirâmide, que simboli-
za o mundo, além de seu ápice, para uma dimensão toda nova. Em outras palavras,
com a apoteose final do homem, até o mundo físico — e mesmo o próprio Universo,
da maneira como o homem o conhece — acaba sendo todo modificado. E assim torna-
se realidade a antiga visão de " u m novo céu e uma nova Terra".

368
Apêndice I

Plano Messiânico —
Resumo Experimental

Aquilo que, por falta de um termo melhor, nós chamamos de


alma do homem, de certo modo tem existido desde sempre,
Em algum ponto incrivelmente remoto do passado, nossas al-
mas envolveram-se nos planos da Terra, durante os estágios
finais da evolução terrena. Mas, nesse processo, elas acaba-
ram se deixando dominar pelos prazeres e pelas dores do mun-
do físico. Agora, elas não apenas se sentem incapacitadas de
escapar, mas o próprio homem deixou até mesmo de reconhe-
cer que a fuga é possível, ou que tem direito a uma existência
espiritual independente. Como conseqüência, sua alma é cons-
tantemente atraída de volta ao mundo físico — nascimento após
nascimento e, portanto, morte após morte. Existem uns pou-
cos que, depois dc muitas existências, conseguem "alcançar o
nível espiritual através dos próprios esforços", de onde apenas
mais uma encarnação durante a Era Final garantirá a sua esca-
pada final para a imortalidade. Estes são os poucos que conse-
guem descobrir o "caminho estreito" que leva ao reino do Céu.
Mas, para a grande maioria, a larga avenida da mortalidade per-
manece como norma. Está claro que a fuga desta condição tem
a maior importância, já que o mundo físico não pode durar pa-
ra sempre e sua eventual destruição resultará, inevitavelmen-
te, na destruição de todos os seus parasitas e, como conseqüên-
cia, em algo parecido à " m o r t e " da alma. Daí o Plano Messiâ-
nico, cujo propósito é conduzir a caravana pelas montanhas da
morte e do desespero, abrindo para o homem as férteis terras
de imortalidade. Foi essa a missão de Jesus de Nazaré, um ho-
mem que, deliberadamente, personificou a Segunda Pessoa na
Trindade Messiânica de "profeta, Sacerdote e Rei", para sim-
bolizar o plano em sua própria vida e morte, dando início ao

369
processo de colocá-lo em ação. Para isto era necessário, i) pre-
parar o solo, encorajando o homem a começar de novo, liber-
tando-se dos grilhões da autogratificação mortal à custa dos ou-
tros (os ensinamentos morais); ii) plantar a semente, represen-
tada pelos novos conhecimentos e a compreensão, por parte
do homem (e isso era novidade para muitos judeus do seu tem-
po), de que ele é uma criatura espiritual presa a um corpo mor-
tal, mas com direito a uma herança divina e eterna; e iii) fertili-
zar a plantação — isto é, dar a seus seguidores a fé em sua ca-
pacidade de dar este gigantesco passo, mostrando a si mesmo
que, apesar de ser um simples homem, tinha condição de dá-
lo. Esta demonstração produzirá seus frutos com o seu retorno
na era final, no começo do terceiro " d i a " de mil anos após a
sua morte. Todos os homens estarão vivos para testemunhar
esse acontecimento e, assim, terão por fim a " p r o v a " derra-
deira — uma prova que catalisará, se eles o desejarem, o seu
supremo regresso ao mundo Real, que o mundo espiritual pu-
ro (longe de condenar o homem) vem tentando, em sua "mi-
sericórdia", estabelecer desde o princípio do que chamamos de
tempo. No entanto, ainda haverá um certo número de pessoas
que rejeitará a oportunidade, preferindo condenar suas almas
à " m o r t e " . Mas, por sua vez, os "filhos de Deus", por meio
de um processo de rigoroso auto-aperfeiçoamento, serão lide-
rados por uma sucessão de figuras messiânicas pelo "caminho
da Verdade", que os acabará levando às portas de " u m novo
céu e uma nova Terra". Então, finalmente, o último Êxodo se-
rá iniciado e o homem, conquistando por fim a morte, entrará
vitorioso na Terra Prometida do espírito. O Plano Messiânico
para a evolução humana terá sido completado.

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