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Moçambique

Cabo Delgado,
Nampula, Niassa,
Zambézia e Sofala
Pemba, Caixa Postal, 260
E-mail: emclpemba@teledata.mz
0DSXWRGH-XOKRGH‡$12;;‡1o‡3UHoR0W‡0RoDPELTXH

Frelimo aumenta pressão nos media

Satunjira
decapita “notícias”
- Empresas do partidão compram e assediam media privada
- Há lista dos “comentadores” do regime

Pág. 2
Naíta Ussene
2 Savana 26-07-2013
TEMA DA SEMANA

Ventos angolanos e “efeito Macuácua” sopram em Moçambique

Media privados na mira da Frelimo


D
epois de fortes apertos dia de Portugal. Ainda como parte
via publicidade, parcerias da estratégia, os “títulos participa-
externas com interesses dos” são depois exportados para
económicos ligados a Moçambique, onde desenvolvem
“partidos irmãos” (em Portugal) e edições de conteúdo local e com
“memorandos de entendimento” claras indicações de “crítica soft”
com empresas públicas, está a evo- (suave) para não ofender o regime
luir para uma nova etapa a pressão da Frelimo/Guebuza.
que os grupos ligados ao regime es- Um grupo media em Moçambi-
tão a exercer sobre os media priva- que, dono de uma estação televi-
dos em Moçambique no sentido de siva e um jornal diário, claramente
influenciar o percurso dos mesmos identificado pela nossa reportagem,
e das suas respectivas linhas edito- viveu momentos de crise em 2010,
riais, críticas da actual governação depois das manifestações de 1 e 2
de Armando Guebuza. Fruto da de Setembro. Várias empresas pú-
mesma insatisfação, do outro lado blicas suspenderam contratos de
da barricada, é iminente o rolar da publicidade a mando da Frelimo
cabeça de Rogério Sitoe, o actual em protesto contra a forma como
director do jornal oficioso do regi- o grupo fez a cobertura das ma-

Urgel Matula
me, o “Notícias”. nifestações. O argumento é que,
como são empresas públicas a fi-
Vários executivos dos media locais nanciarem órgãos de comunicação
têm relatado ao SAVANA aproxi- via publicidade, estas têm também
mações cada vez mais insistentes de Pressão sobre media privada está a evoluir para uma nova etapa o direito de influenciar na linha
actores ligados à actual governação editorial.
com convites e propostas veladas por figuras do sistema, para não nomeadamente, “Semanário Ango- toriais, nomeadamente figuras que Um executivo chave deste grupo
para a venda das suas publicações colocarem publicidade nos jornais lense”, o semanário “A Capital” e o se pretende que caiam em desgraça de media afiançou esta quinta-feira
ou o abrandamento da crítica con- em causa. Quando a situação fi- “Novo Jornal, foram, em 2010, al- perante o círculo restrito ligado ao ao SAVANA, que agora estão a
tra a governação do dia. nanceira dos periódicos se agrava, o vos de propostas irrecusáveis. Ou- presidente José Eduardo dos San- ser alvo de assédio para venda por
Em Angola, por exemplo, a estra- regime, através dos seus tentáculos tra parte da “estratégia angolana” é tos. parte de um grupo empresarial que
tégia, que agora chega a Moçambi- espalhados um pouco por toda a manter a “ala interna” da Segurança O regime angolano, para mostrar detém interesses num banco co-
que, é primeiro “secar” as fontes de parte, “ataca” e ao “preço da banana” de Estado (o SISE angolano) por “abertura”, criou mesmo dois gru- mercial da praça e cujo boss tem
receitas das publicações, ordenando adquire os títulos. de dentro de toda a imprensa pri- pos multimédia, indo recrutar à di- assento no Comité Central da Fre-
às grandes corporações estatais e Três reputados semanários angola- vada, fornecendo subvenções mate- áspora e “pagos a peso de ouro”, jor- limo.
privadas, maioritariamente detidas nos  líderes  de aceitação e vendas, riais e manipulando conteúdos edi- nalistas conceituados e tidos como A compra destes órgãos de comu-
críticos do regime, em paralelo com nicação e pronunciamentos de que
a compra de participações nos me- alguns jornais estão ao serviço de
Rola cabeça de Rogério Sitoe
    

Efeito Satunjira? 2013+3#


)+/#)#(
+#002)
2!*#+/0




:+#+(+!#

U
m dos temas de momento que está a um discurso de abertura duma das sessões do Co- (#*+2.2 
animar debates na comunicação social mité Central da Frelimo feito pelo presidente do (#)/#-1+*( 
é a iminente saída de Rogério Sitoe da partido foi relegado para as páginas secundárias. +)0##//#+    

direcção do jornal “Notícias”, um jornal Macuácua terá criticado a postura do jornal na /+/#*!2 2/#01:+*1
pró governamental, detido maioritariamente pelo presença de jornalistas de vários órgãos de comu- 2()+&2 
Banco de Moçambique (BM). nicação social. *1,*#++* 3+!+
Sitoe, que substituiu Bernardo Mavanga na direc- Delfina Mugabe, uma das chefes de Redacção 2/+#1+ 
1/$#+ +0


ção do jornal em 2003, encontra-se actualmente do “Notícias”, é nome de que mais se fala para
(1+*#+


na Escócia na cobertura da visita de trabalho que substituir Sitoe. Mas na noite desta quarta-feira #(#-*(1 
o Chefe do Estado, Armando Guebuza, efectua surgiu também o nome de Júlio Manjate, que é /(#*+ *! 
àquele país europeu. O SAVANA soube que os igualmente docente de jornalismo na Escola de *1,*#+0-/ 
accionistas do jornal já comunicaram a Rogério Comunicação e Artes da Universidade Eduardo !$#+)2* 2/#01
Sitoe a sua saída, mas foram nulos os esforços para Mondlane. (/ 2*

ouvir o actual director do jornal. O SAVANA apurou ainda que o semanário “Do- 2/+!2*" 
Não são ainda conhecidas as razões de um even- mingo” também será alvo de mexidas. Salomão ( #+2*!26 
)/#+13( #*#01/#+ 201#
tual afastamento de Rogério Sitoe, mas é ponto António, que foi antes cogitado para PCA da
(#)#/"+*!+ 
assente que a sua recente ida a Satunjira para con- Sociedade Novo Rumo, dona do jornal “Público”,
+.2+*(30 2/#01
ferência de Imprensa com Afonso Dhlakama terá deverá ser promovido para uma posição chave no (4*/"#3( 3+!+
sido determinante. jornal. Não se sabe ainda quem deverá ser indica- 6/+)+ 
;

A deslocação de Sitoe, um jornalista com bom do para director, mas é ponto assente que Jorge /(+03+ :
recorte profissional, não foi vista com bons olhos Matine, actual timoneiro do semanário, deverá /*01+22
:
por alguns decisores do regime, sobretudo, pela deixar o cargo e ocupar-se integralmente com as (16/2#*! 
forma como tratou assunto Satunjira. A TVM, a funções de administrador delegado da Sociedade #(#)+26# 
RM, o Diário de Moçambique mandaram à base de Notícias.  (2#'"*# #01+/#+/

0(#+
32"*&* 2/#01
da Renamo jornalistas de segundo plano e a AIM
*1,*#+/#0-+0 01+/<
primou pela ausência. ( #+92*!26 01+/+* (#1+0
Aliado a este facto, está a deslocação de Rogério )+/232*! +*02(1+/: +/*(#01
Sitoe à 6ª esquadra de Polícia em Maputo para 2/#+(0+*3# 09/!*1+0+*
se solidarizar com Jorge Arroz, o Presidente da *$0#+2*#00 0.2#0+/:/+ 00+/
Associação Médica de Moçambique na noite da 6.2*"#.2 
sua detenção naquele local. Sitoe, a concluir um /(#*+ *! 
grau de Mestrado em Sociologia, tem procurado /)*+ 
 
nos últimos anos “manter as portas abertas” para #) *! 
#(#-#1+ 
outros sectores da comunicação social, onde tem
0.2*"#.2 
numerosos amigos. #'+ 00)+ 
A relação de Sitoe com o novo porta-voz do Pre- 
sidente da República nunca foi das melhores. É Lista de analistas e articulistas escolhidos a dedo para veicularem posições
próximas do governo na rádio, televisão e jornais. A lista, que o SAVANA interceptou,
pública a reacção de Edson Macuácua quando IRLSURGX]LGDQRVJDELQHWHVGHLPSUHQVDGRSDUWLGmRHGLVWULEXtGDSHODVFKHÀDVGRV
órgãos públicos. Omitimos deliberadamente os números dos celulares e emails.
Savana 26-07-2013 3
TEMA
TEMADA
DASEMANA
SEMANA

“patrões estrangeiros” estão a ser no país. amplamente discutidas num recen- listas políticos para ditar o rumo Poucos dias após a reunião, o Pro-
acompanhados de rumores e pre- No debate, em que inclusive foi de- te encontro promovido e dirigido que devem tomar em intervenções grama “A semana”, que vinha pas-
ocupações em meios jornalísticos liberadamente bloqueado o sistema por Edson Macuácua, o actual por- públicas. sando na televisão de Moçambique
em Maputo, pois são visíveis as sms para evitar a participação de ta-voz do Presidente da República. Em Agosto de 2012, Edson Ma- (TVM) aos domingos na hora no-
ameaças veladas feitas através de telespectadores “incómodos”, Nu- No referido encontro, participa- cuácua convocou vários jornalistas bre, foi suspenso. Curiosamente, o
“comentaristas” escolhidos a dedo vunga fez notar que os doadores ram editores de órgãos públicos e e comentadores de televisão para
director de Informação da TVM,
para a rádio e televisão de Estado que antes financiavam os partidos alguns comentaristas com posi- criticar a forma como aqueles se
Simeão Ponguane, foi afastado
e ainda no jornal dominical con- políticos da oposição mudaram de ções próximas do Governo. Tomás comportavam ao abordar os assun-
trolado pela Sociedade Notícias. O estratégia e estão agora a investir Vieira Mário, um dos convidados tos relevantes do país. pouco tempo depois. Segundo in-
SAVANA está na posse dessa lista na imprensa privada pelo facto da à reunião, pediu para abandonar a O mais visado foi o jornalista Ale- formações recolhidas junto da di-
(ver caixa). oposição partidária ser detestada. reunião. xandre Chiúre, delegado do Diário recção da publicação “Expresso”,
Há especulações de que estas ope- Ao SAVANA contaram que as Aliás, não é a primeira vez que de Moçambique e comentarista re- Macuácua é um dos accionistas
rações representam claramente um posições de Nuvunga foram antes Macuácua convida editores e ana- sidente do programa “A Semana”. deste semanário.
extremar de posições de sectores
ortodoxos do partidão no sentido
de influenciar ou silenciar os me-
dia independentes, tendo como
pano de fundo a crise interna da
Frelimo no que respeita à sucessão
presidencial e às negociações com a
Renamo.

Ventos angolanos
Para além do assédio ao grupo
media já reportado, um grupo eco-
nómico ligado à Frelimo adquiriu
60% das acções da Sociedade Novo
Rumo Lda, proprietária do jornal
Público fundado pelo jornalista
Rui de Carvalho e Rui Maia, um
professor ligado à Universidade
Técnica.
Publicamente, não foram revelados
os valores envolvidos na operação,
mas uma destacada fonte ligada à
sociedade fala de USD100 mil pelo
título, uma quantia assinalável para
um jornal considerado de “segunda
linha” e que dificilmente distribui
mais de duas mil cópias semanais.
Esta terça-feira, a sociedade Novo
Rumo esteve reunida em Assem-
bleia Geral, onde, dentre várias de-
cisões, se acordou que Rui de Car-
valho, passa para PCA da empresa
e Samito Nuvunga exercerá o cargo
de editor da publicação.
Em conversa com o jornal, Nuvun-
ga negou que tenha sido nomeado
para editor do “Público”, mas o SA-
VANA está em posição de afirmar
que o jovem jornalista foi indica-
do para aquela posição pelo sócio
maioritário e deverá iniciar funções
em Agosto próximo.
Apurámos igualmente que o novo
editor terá plenos poderes para
conduzir o rumo do jornal. Nos
próximos dias, haverá mais uma
ronda entre os accionistas onde se
deverão promover mudanças de
vulto nos estatutos.
Ao que apurámos, o “Público” de-
verá cingir-se à “crítica soft” ao
regime, assentando a sua aposta na
divulgação dos feitos de Armando
Guebuza e do seu Governo, estra-
tégia que já está a ser implementada
na televisão e rádio do Estado (RM
e TVM). A ofensiva enquadra-se
na estratégia de melhoramento da
imagem de Armando Guebuza,
alvo de críticas intensas, um pouco
por todo o lado, sobretudo depois
do Congresso de Pemba realizado
em Setembro de 2012.
Nuvunga tem sido o porta-estan-
darte do regime nos ataques à cha-
mada imprensa independente. Na
noite de terça-feira, num debate
promovido pela TVM, Nuvunga
acusou a imprensa independente
de estar a receber fundos dos do-
adores para criticar o Governo. O
SAVANA teve indicações que os
principais visados são o Canal de
Moçambique e o semanário @Ver-
dade, um jornal de distribuição gra-
tuita, por sinal o de maior tiragem
4 Savana 26-07-2013
TEMA
TEMA DA
DA SEMANA
SEMANA

60 mil eleitores não votam na Beira e Quelimane


- STAE apresenta dados do censo e deixa tudo em aberto quanto a revisão do calendário eleitoral face ao diferendo entre o Governo e a Renamo

Por R. Senda e Z. Massala

C
erca de 60 mil eleitores não O vício de deixar tudo para
poderão votar nas eleições última hora
autárquicas de 20 de No- O processo de recenseamento para
vembro próximo nos muni- eleições autárquicas de 20 de No-
cípios da Beira e Quelimane, autar- vembro foi oficialmente encerrado
quias que actualmente estão nas mãos nesta terça-feira, 23. Porém, até às
da oposição. últimas horas desta data, vários pos-
Dados estatísticos, referentes ao cen- tos de recenseamento registavam
so eleitoral, divulgados pelo Secre- enchentes fora do comum e nalguns
tariado Técnico de Administração casos as pessoas acabaram não recen-
Eleitoral (STAE) na manhã desta seado e pediram a prolongação do
quinta-feira, indicam que o muni- processo, mas o pedido foi imedia-
cípio da Beira, liderado por Daviz tamente recusado pelas autoridades
Simango, presidente do Movimen- competentes que disseram que não
to Democrático de Moçambique havia razões para tal.
(MDM), previa recensear cerca de Cerca das 18 horas do mesmo dia, o
248,850 eleitores, porém, no fim de
SAVANA escalou o posto de recen-
60 dias conseguiu registar 205,802
seamento instalado na Escola Primá-
eleitores, deixando de fora cerca de
ria 3 de Fevereiro e o cenário era ca-
43 mil eleitores.
A cidade de Quelimane, capital racterizado por longas bichas e mais
provincial da Zambézia, liderada gente continuava a chegar ao local.
por Manuel de Araújo, também do Célia Chivanga, supervisora do pos-
MDM, registou pouco mais de 106 to, lamentou a situação e referiu que o
mil eleitores dum total de 123 mil facto das pessoas deixarem tudo para
que previa recensear, ficando por re- última hora complicava o processo.
2YtFLRGHGHL[DUWXGRSDUD~OWLPDKRUDSRVWRVGHUHFHQVHDPHQWRÀFDUDPDEDUURWDGRVQR~OWLPRGLD
gistar 16,500 eleitores. Referiu que as enchentes pressiona-
Lembre-se que no município de vam os brigadistas e as máquinas.
província de Nampula também regis- tores que o STAE previa recensear “O STAE é um órgão técnico que
Quelimane, o censo eleitoral foi ca- O mesmo cenário foi também regis-
tou um índice baixo, com 80%. A ci- conseguiu cerca de três milhões de organiza, executa e assegura as acti-
racterizado por um conjunto de cons- tado na Escola Secundária da Polana,
dade de Nampula teve 75% e Nacala- eleitores, o correspondente a 85% do vidades técnico-administrativas dos
trangimentos que muitas vezes impe- onde segundo Acácio Francisco, um
-Porto (76%). universo estimado. recenseamentos e processos eleitorais
diam cidadãos de recensear porque brigadistas, a situação estava a provo-
Por várias vezes, o MDM apareceu Embora não tenha alcançado as me- e se limita a cumprir regulamentos,
os agentes de recenseamento tiveram car fadiga no seio dos seus colegas e
que paralisar as suas actividades devi- publicamente a queixar-se da forma tas, o director-geral do STAE aponta instruções e directivas da Comissão
como as autoridades de administra- o processo como positivo já que con- que era de lamentar.
do à crise na operação das máquinas Nacional de Eleições e de outros ór-
ção eleitoral dirigiam o processo. seguiu alcançar os padrões interna- gãos com competências legislativas. Segundo Francisco, a sua assembleia
bem como das deficiências da corren- ficou mais de 50 dias sem movimento
te eléctrica. As queixas da oposição foram con- cionalmente aceites que são 75%. Caberá a estes decidirem sobre a re-
firmadas pela directora provincial de Os municípios de Gúruè com re- calendarização eleitoral e não a nossa de pessoas para recensear, porém, nos
Os problemas do censo em Quelima-
STAE em Nampula, Isabel Tirano, gistos na ordem dos 40,5%, Alto instituição”, disse Faífe sem deixar dois últimos dias a situação inverteu-
ne notabilizaram-se quando o pró-
que considerou que o presente censo Molócuè com 50,88% e Mocuba claro se há ou não possibilidade do -se completamente.
prio edil, Manuel de Araújo, viu-se
foi um dos “piores”. com 53,38% (todos na províncias da adiamento das eleições autárquicas Sublinhou que o vício de deixar tudo
obrigado a adiar, por alguns dias, o
seu recenseamento por falta de con- Apontou como causas dos cons- Zambézia) são os pontos que me- tendo em conta os resultados do di- para última hora tomou conta dos
dições técnicas. trangimentos, a chegada tardia do nos eleitores registaram. Os municí- álogo entre o Governo e a Renamo. moçambicanos e isso prejudica quer
No caso concreto da cidade da Beira, equipamento de registo, avarias cons- pios de Ulónguè (Tete), Mandlakazi Por sua vez, Abdul Carimo, presiden- o brigadista que trabalha sob fadiga
muitos munícipes foram impedidos tantes de computadores, aliadas à in- (Gaza) e Marrupa (Niassa) com índi- te da Comissão Nacional de Eleições, bem como o cidadão que se vê obri-
de recensear alegadamente por falta compatibilidade das impressoras bem ces de registo na ordem de 246,75%, referiu que em caso de haver con- gado a ficar longas horas na bicha à
de documentos. como a falta de domínio no manuse- 203,89% e 199,48% respectivamente senso no diálogo entre o Governo e espera da sua vez.
Parte dos agentes de recenseamento a amento do equipamento informático são as autarquias que mais eleitores a Renamo caberá à Assembleia da Quando o SAVANA escalou, cerca
operarem naquela urbe não reconhe- por parte dos brigadistas facto que registaram. República definir a lei pela qual o das 20 horas, o posto de recensea-
ciam a Cédula Pessoal, o antigo Bi- desmotivou os cidadãos. Com um universo de 64,45% eleito- processo se deverá guiar e que o seu mento instalado na Escola Secundá-
lhete de Identidade (BI), cartões de A província de Nampula tinha a pre- res recenseados, a província da Zam- órgão se limitará ao cumprimento da ria da Kurhula (bairro de Maxaquene
eleitores antigos e outros documen- visão inicial de registar pouco mais bézia aparece como a pior em termos mesma. A), o trabalho estava interrompido
tos que não possuam data de validade de 564 mil eleitores, mas no fim re- do número de eleitores enquanto que “Não cabe à CNE abrir excepções devido à avaria da máquina e as pes-
como documentos de registo. censeou apenas 451 mil eleitores, fi- a província de Manica apresenta- para albergar certas situações, a CNE soas aguardavam na bicha.
Os municípios da Beira e Quelima- cando por recensear mais de 112 mil -se em frente com um universo de só tem a prerrogativa de cumprir e As pessoas que se fizeram aos pos-
ne não são os únicos sob domínio eleitores. 99,73% de eleitores inscritos. fiscalizar o cumprimento da lei elei- tos de recenseamento no último dia
da oposição cujos índices do recen- O director-geral do STAE, Felisberto toral. Não cabe à CNE tomar a deci- justificaram-se de várias formas. Al-
seamento são baixos. Os municípios Naife, reconheceu que o processo de são sobre qualquer que seja a situação gumas apontavam a indecisão, outras
recenseamento eleitoral foi marcado
Revisão do calendário
de Alto Molócuè, Gúruè, Marromeu
por pequenos constrangimentos, mas
eleitoral face ao diálogo política”, disse acrescentando que a a preguiça, outras a falta de tempo
e Nacala Porto também apresentam Governo-Renamo CNE se limitará a cumprir aquilo devido à pressão laboral ou pelos afa-
índices abaixo dos 70%. Na provín- que foram imediatamente sanados e
Felisberto Naife disse que a revisão que a lei definir. zeres diários.
cia da Zambézia (64%), o município que não influenciaram nos números
do calendário eleitoral face ao dife-
de Gúruè inscreveu apenas 40%, Alto conseguidos.
rendo entre o Governo e a Renamo,
Molócuè (51%) e Mocuba (53%). A Faife referiu que dos 3.500 mil elei-
ora em negociações, não depende da
sua instituição, mas de outros órgãos
com competências legislativas.
De acordo com Faife, o Governo e a
Renamo estão num diálogo político
que, em caso de consenso, poderá
culminar com a revisão do processo
eleitoral e obrigar a recalendarização
da data das eleições autárquicas, mas
a decisão não cabe ao STAE mas aos
órgãos competentes.
Lembre-se que a Renamo diz que
não vai participar nas presentes elei-
ções se não se rever a actual legislação
eleitoral.
O diferendo acerca do pacote elei-
toral e outros quatro pontos levou o
Governo e a Renamo a várias rondas
negociais, que nos últimos tempos
têm mostrado cedências entre as par-
tes facto que poderá culminar com a Felisberto Naife reconhece que o censo foi marcado por pequenos
´$&1(VyWHPDSUHUURJDWLYDGHFXPSULUHÀVFDOL]DURFXPSULPHQWRGDOHLHOHLWRUDO
e não abrir excepções”, Abdul Carimo revisão da lei eleitoral. constrangimentos, mas que não mancharam o processo
Savana 26-07-2013 5
TEMA
SOCIEDADE
DA SEMANA

“Pode-se discutir a sustentabilidade do


PRGHORSDUDRQRVVRTXDGURÀQDQFHLURµ
- admite Amílcar Tivane, director nacional do Orçamento, comentando o debate sobre pensões de reforma de titulares de órgãos públicos
Por Emídio Beúla

O
director nacional do Or- Um dos desafios do MF é imple- com o crescimento económico.
çamento, Amílcar Tiva- mentar o plano de acção para o pa- Mas no sector da Educação, a in-
ne, disse em entrevista ao gamento de salários por via directa dicação é de que mais gastos No
SAVANA que a socieda- a todos os funcionários do Estado entanto, no sector da Educação
de deve discutir a sustentabilidade até Dezembro de 2013. No sector há indicação de que o aumento
económica e financeira e não a le- público, ainda há funcionários que de investimentos não corresponde
galidade do modelo de fixação de recebem salários por via de sistemas necessariamente a aceleração do
pensões de reforma para titulares paralelos ao e-folha, uma platafor- crescimento económico. “Significa
e membros de órgãos públicos que ma informática que permite pagar que há problemas de eficiência que
actualmente desempenham outras salários aos funcionários directa- têm de serem repensados, a quali-
actividades no sector público em mente. O e-folha faz parte das re- dade dos gastos, pode ser também
comissão de serviço. formas de gestão de finanças públi- que estes gastos não sejam econo-
Tivane reagia ao debate em curso cas em curso naquele ministério, e micamente significativos, mas es-
na esfera pública suscitado pelo BR já foi expandida para 171 direcções tatisticamente significativos”, disse
(Boletim da República) II Série, provinciais e 424 novos sectores de o director nacional do Orçamento,
nº33, de 24 de Abril de 2013, do- nível distrital. Ainda nas reformas, na qualidade de porta-voz do VII
cumento que fixa as pensões de re- o e-SISTAFE, os terminais que Conselho Coordenador do Minis-
forma de alguns dirigentes superio- permitem às instituições fazerem tério das Finanças.
res do Estado e membros de órgãos não só a programação, mas também Os participantes do encontro ava-
públicos pelo anterior exercício de a execução da despesa a partir dos liaram se os megaprojectos estão a
funções no sector público e que seus locais de trabalho, foi expan- traduzir-se em melhorias no nível
neste momento se encontram no dido para 106 unidades gestoras da actividade económica dos re-
activo e a ocupar cargos públicos. e beneficiárias do Orçamento do sidentes locais e a transformar a
No fundo, o que causou ondas de Estado. estrutura das comunidades e dos
choque em alguns sectores de opi- distritos onde estão a decorrer. No
nião é a ausência de um dispositivo Amílcar Tivane 3ROtWLFDÀVFDOYVFUHVFL- Orçamento do Estado para 2013, o
legal que proíbe a acumulação de mento económico Governo consignou um montante
pensão de reforma e outras remu- tos e actual Presidente do Conselho sob lema “Consolidando as Refor- Um estudo econométrico feito por de 20 milhões de meticais, equi-
nerações por parte de dirigentes Municipal da Cidade de Maputo, mas da Gestão das Finanças Públi- economistas da Direcção Nacional valentes a 1.5% do imposto sobre
superiores do Estado que tendo com 108.985,18MT; Armindo dos cas em prol do Desenvolvimento do Orçamento sobre o impacto da produção dos megaprojectos, às co-
fixado a sua pensão de reforma, Santos Matos, actual PCA da Im- Sustentável e Inclusivo do País”. política fiscal no crescimento eco- munidades onde decorrem os me-
acham-se no activo a ocupar cargos prensa Nacional de Moçambique, No encontro, quadros das Finanças nómico conclui que a despesa pú- gaprojectos.
nos órgãos do sector público para E.P com 190.000,00MT. de nível central, provincial e distri- blica tem uma associação significa-
os quais foram convidados. Em declarações ao SAVANA, tal discutem a preparação do Orça- tiva com o crescimento económico.
Amílcar Tivane explicou que o mento do Estado para 2014. Neste No entanto, revela o estudo apre- Revisão orçamental
Quem acumula salário e quadro jurídico moçambicano pre- ponto, foram divulgadas as meto- sentado no conselho coordenador, a para incorporar USD 175
pensão vê o direito a uma pensão de re- dologias para a programação or- magnitude dessa associação é fraca. milhões
O BR em referência elenca nomes forma ao funcionário público que çamental e transmitidas recomen- “Isto é, um aumento de 1% nas des- Segundo o porta-voz do conse-
de figuras que ocupam cargos de tenha observado alguns requisitos dações sobre a necessidade de um pesas públicas nesses sectores está lho coordenador, Amílcar Tivane,
ministros no actual Governo, de- como, por exemplo, ter completado maior rigor na programação dos associado a uma aceleração do cres- o encontro de Chókwè vai ainda
putados à Assembleia da República a idade de 65 anos para homens e encargos como salários, admissões, cimento económico na ordem de discutir a proposta de revisão do
na presente legislatura e actuais 60 para mulheres, ou ter trabalhado progressões e mudanças de carreira. 0,1%”, esclareceu Tivane. O estudo Orçamento para 2013, cujo objec-
membros de conselhos de adminis- A questão relativa à falta de cabi- procura averiguar se o incremen- tivo principal é incorporar a receita
durante 35 anos no sector público.
tração de institutos\empresas pú- mento orçamental para encargos to de recursos públicos para alguns adicional no montante de 5.337
Mesmo antes da idade recomen-
blicos. Na lista sobressaem os actu- com horas extraordinárias no sector sectores como seja infra-estruturas, milhões de meticais (USD175 mi-
dada, o funcionário pode solicitar
ais ministros das Finanças, Manuel da Educação foi tema de discussão. Educação, Saúde, Agricultura, De- lhões). O montante resulta da tri-
uma fixação da pensão desde que
Chang, com uma pensão de refor- Na ocasião, foi apresentado um senvolvimento rural e Boa gover- butação de mais-valias, ganhos de-
pague os encargos que descontaria
ma de 108.985,18MT; da Agricul- estudo sobre a conversão de horas nação está associado a uma acelera- correntes das transacções de acções
durante o período de serviço.
tura, José Pacheco, com 112. 988, extraordinárias em admissões, onde ção do crescimento económico. de empresas que operam no sector
“Observados esses requisitos, sub-
43MT; das Obras Públicas e Ha- os pesquisadores apelam para uma Mas uma vez desagregado, o con- petrolífero. O valor visa financiar as
mete-se o pedido da fixação da
bitação, Cadmiel Muthemba, com programação rigorosa dos encar- tributo marginal do investimento acções de reconstrução pós-cheias,
pensão e ela é fixada e atribuída.
114.452,07MT; das Pescas, Vítor gos com horas extraordinárias e à em sectores específicos evidencia bem como reforçar o fundo de sa-
Porque, na verdade, são os descon-
Borges, com 118.789,43Mt; Lucas necessidade de durante o exercício que as despesas no sector de infra- lários para garantir que o Governo
tos que a pessoa fez durante o perí-
Chomera, ex-ministro da Adminis- executar-se apenas o que tiver cabi- -estruturas e Agricultura estão cumpra com o pacote de reajusta-
odo de vida activa. O que sucede é
tração Estatal e actual vice-Presi- mento orçamental. significativamente correlacionadas mento recentemente aprovado.
que há situações de personalidades
dente da AR, com 112.988,43MT;
quadros do aparelho do Estado que
Virgília Matabele, ex-ministra da
exercem outras funções em comis-
Mulher e Acção Social e ex-vice
são de serviço e a lei sugere que têm
PCA do Instituto Nacional do Tu-
rismo, actualmente deputada à AR,
com 112.988,43MT; José António
direito a uma remuneração. A lei
não estabelece nenhuma excepção”,
explicou o director nacional do Or-
LDH inaugura instalações próprias
V
Chichava, ex-ministro da Adminis- inte anos depois da sua criação, a Liga sociedade e dos parceiros que tornaram possível a
tração Estatal e actual deputado e çamento. Moçambicana dos Direitos Humanos realização desta grande aspiração.
membro da Comissão Permanente Sobre a sustentabilidade do mode- (LDH) inaugurou, na tarde desta quarta- Sem indicar os valores envolvidos na operação,
da AR, com 112.988,43MT; Alcí- lo, Tivane disse ser legítimo que a -feira, instalações próprias. Mabota referiu que a aquisição do imóvel contou
do Nguenha, ex-ministro da Edu- sociedade avalie e discuta se este Trata-se dum majestoso edifício localizado no com o apoio das embaixadas da Noruega, Suécia,
cação e actual deputado à AR, com modelo é o mais adequado e sus- bairro do Alto Maé, centro da cidade de Maputo. Dinamarca e a Diakonia através do programa
105.005,43MT; António Sumba- tentável, tendo sempre presente “o Falando na cerimónia, Alice Mabote presiden- AGIR.
na, actual ministro na Presidência quadro financeiro” do país. te da LDH, disse que o facto representava um Esta é a segunda vez que os parceiros de coope-
para os Assuntos da Casa Civil, dos momentos mais marcantes da história da ração dos países nórdicos adquirem imóveis para
com 112.988,43MT; Abdul Ra- Finanças em conselho existência da Liga e assinalava a concretização de organizações moçambicanas.
zak Noormahomed, ex-governador coordenador um dos sonhos mais almejados, que é a aquisição No mês passado, a embaixada Suécia investiu 850
de Nampula e actual vice-minis- Termina hoje na cidade de Chókwè de casa própria, que se reflecte na evolução, na mil dólares americanos para adquirir um imóvel
tro dos Recursos Minerais com o VII conselho coordenador do credibilidade, e no reconhecimento do trabalho para o Fórum das Rádios Comunitárias (FOR-
86.647,00MT; David Simango, ex- MF (Ministério das Finanças), um que esta instituição desenvolve, por parte da COM).
-ministro da Juventude e Despor- encontro de dois dias que decorre
10 Savana 26-07-2013
SOCIEDADE

Governo e Renamo regressam aos impasses


Por Argunaldo Nhampossa

D
epois de sinais de aproxi- que para ele constituía o encerra-
mação, as delegações do mento deste debate sobre a legislação
Governo e da Renamo re- eleitoral e aguardava a remessa do
tornaram, nesta segunda- documento ao parlamento para apre-
feira no decurso da décima ronda, aos ciação.
habituais impasses que caracteriza- Deste modo, Pacheco diz não en-
vam o chamado diálogo político. tender as pretensões da Perdiz,
A velha questão da paridade nos porque as actas assinadas pelas partes
órgãos eleitorais e o desejado “ acordo relatam os assuntos que quase tor-
político” continuam sendo os princi- naram aquele diálogo como se de
pais pomos de discórdia entre as surdos e mudos se tratasse, mas tendo
partes. o governo acolhido boa parte daquele
A Renamo aponta que a sua proposta documento já era hora de partir para
em torno da legislação eleitoral de- outros pontos da agenda.
verá seguir ao Parlamento depois do Mais ainda destacou que a sua con-
Governo aceitar o princípio de pari- traparte exige que o diálogo produza
dade nos órgãos eleitorais e mediante um comando que obrigue a Assem-
um acordo político. Por sua vez, o bleia da República a chancelar esta
governo entende que este modelo proposta. De acordo com Pacheco,
exigido pela Renamo foi ultrapassado isto não será possível porque não se
nas eleições de 1994 e vai primar pelo pode dar ordens a um órgão de so-
princípio de separação de poderes. berania.
No final das negociações havidas se- Por sua vez, o chefe da missão da Re-
mana passada entre as duas equipas Governo e Renamo continuam de costas voltadas namo, o deputado e jurista Saimone
tudo levava a crer que a 12ª ronda Macuiana, diz que a ronda desta
colocaria ponto final ao debate sobre A título de exemplo, a equipa do ex- concurso público, integra pessoal estabelecimento de paridade naque- semana voltou a deitar abaixo toda
a matéria eleitoral. Mas pelo con- ecutivo não concorda com a alínea (a) proveniente dos partidos políticos, les órgãos, alegadamente porque este a expectativa que reinava depois do
trário, o debate voltou a ser mergul- do ponto dois sobre a CNE. A Re- com assentos na Assembleia da modelo não se enquadra na actual posicionamento da contraparte no
hado numa onda de impasses. namo pretende uma CNE designada República, designados por paridade. conjuntura política do país. No de- último encontro.
Dentre os 12 pontos e as 19 alíneas em respeito ao princípio de paridade O Governo não concorda também curso da oitava ronda, Pacheco afir- Macuiana destaca que o posiciona-
que compõem a proposta sobre a leg- entre ela e a Frelimo, sem prejuízo do com a alínea (b) do ponto seis que mou que este modelo foi usado nas mento do governo deve salvaguardar
islação eleitoral, o Governo e a Ren- consenso alcançado entre as bancadas estabelece que os membros da mesa eleições de 1994 e já está desajustado, acima de tudo as questões essenciais
amo concordam plena e parcialmente do partido no poder e do MDM. de votação designados por paridade, pois há outro partido político com as- que norteiam aqueles encontros, que
com 15 pontos, sendo que alguns No ponto três que versa sobre o de modo que em cada mesa de voto sento parlamentar. são a paridade nos órgãos eleitorais.
carecem de reajusmentos (ver caixa). STAE, o executivo não concorda sejam integrados cidadãos propostos José Pacheco, que também é titular Macuiana refere também que o ob-
Mas nos restantes três pontos que com a alínea (b) que estabelece um por partidos. da pasta de agricultura, indicou que jectivo daqueles encontros é que saia
versam sobre a paridade nos órgãos órgão onde o seu quadro de pessoal A delegação governamental chefiada no decurso da 12ª ronda a Renamo um acordo político que deverá ser to-
eleitorais não há consensos. para além dos recrutados mediante por José Pacheco não concorda com o assinou a quinta e sexta actas, facto mado em consideração pela AR.

Posicionamentos da Renamo e comentários do Governo sobre pacote eleitoral


No âmbito do diálogo entre o Gover- 1. Princípios gerais: da República concorrente indicar cadernos eleitorais são entregues, con- ficar junto à mesa de votação para me-
no da República de Moçambique e a Liberdade de imprensa e de acesso aos um observador permanente junto tra recibo, a todos os concorrentes às lhor exercer os seus direitos;
Renamo sobre os pontos constantes meios de comunicação; do STAE ou, alternativamente, eleições, com o objectivo de imprimir (Governo: Concorda parcialmen-
na agenda do referido diálogo, foi até Liberdade de associação, expressão e de que os partidos indiquem, por maior transparência à votação; (Go- te. Sugere-se que os delegados de
à data, debatido o primeiro ponto rela- propaganda política; consenso, um observador perma- verno: concorda parcialmente En- candidatura devem ocupar os lu-
tivo a Legislação Eleitoral. Com efeito, Não exigência do atestado de residência nente (efectivo e suplente); tende-se ser possível a entrega em gares mais próximos da mesa de
movidos pelos superiores interesses do nas candidaturas às eleições, por mora- STAE onde o seu quadro de pesso- formato electrónico, 45 dias antes assembleia de voto).
Povo Moçambicano, nomeadamente a da dos eleitores/candidatos constar do al para além dos recrutados mediante das eleições, duma lista nominal
manutenção da Paz, Justiça Social, De- cartão de eleitor. concurso público, integra pessoal pro- dos eleitores com indicação do 10. Boletins de voto:
mocracia e realização de Eleições livres, (Governo: concorda com todos estes veniente dos partidos políticos e co- código da mesa da assembleia de Não podem ser produzidos em número
justas e transparentes, assim: pontos) ligações de partidos, com assentos na voto). superior ao dos eleitores inscritos em
I. As partes chegaram a consenso de Assembleia da República, designados Membros da mesa de votação desig- cada caderno eleitoral, com o objecti-
que os pontos apresentados pela Dele- 2. Comissão Nacional de Eleições: por PARIDADE; (Governo: não con- nados por paridade, de modo a que em vo de evitar que os boletins que sobram
gação da RENAMO, relativamente a Uma Comissão Nacional de Eleições corda) cada mesa de voto sejam integrados ci- possam ser usados de forma ilícita;
legislação eleitoral são relevantes, per- designada em respeito ao princípio da Replicar o formato da alínea anterior, dadãos propostos por partidos. (Governo: Concorda parcialmente.
tinentes, oportunos e urgentes. PARIDADE entre a Renamo e a Fre- ao STAE Provincial, Distrital ou de (Governo: Não concorda). Porém o número de boletins pro-
II. As partes acordaram em adoptar os limo, sem prejuízo do consenso alcan- Cidade e no processo de criação de bri- duzidos deve salvaguardar uma
pontos sobre os princípios de Legisla- çado entre as bancadas da Frelimo e do gadas de recenseamento e nas mesas de 7. Fiscais/Delegados de candidatura: reserva de até 10% de boletins de
ção Eleitoral apresentados pela Rena- MDM; (Governo: não concorda) votos. (Governo: Concorda com a Os fiscais/delegados de candidatura são voto destinados a substituir os bo-
mo e em submetê-los à Assembleia da Comissão Nacional de Eleições em réplica em todos os níveis nos ter- indicados e credenciados pelos partidos letins de voto inutilizados por erro
República para serem transformados cujas sessões plenárias assistem, que- mos da nossa alínea a)*. políticos; do eleitor no acto da votação).
em lei, devidamente articulado. rendo, representantes ou mandatários (Governo: Concorda parcialmen-
III. Para a execução do ponto 11, as de partidos políticos; (Governo: con- 4. Recensemento Eleitoral: te. Sugere-se que os partidos de- 11. Contagem de votos:
partes acordam: corda) a) Os locais de recenseamento devem vem enviar uma lista com o nome A contagem e apuramento parcial dos
a) Propor o seu agendamento para a Comissão Nacional de Eleições com VHULQVWLWXFLRQDOL]DGRVH¿[RV. (Gover- dos seus fiscais/delegados aos votos são presenciados, em cada mesa,
poder regulamentar apenas no âmbito no: Concorda) órgãos eleitorais, cabendo aos ór- por representantes dos concorrentes às
próxima sessão extraordinária da As-
das competências atribuídas pela lei; b) O cartão de eleitoral deve servir de gãos eleitorais a credenciação) eleições, para conferir maior transpa-
sembleia da República, no prazo de 10
(Governo: Concorda) prova plena de todos os elementos nele Proibição de prender membros da as- rência ao processo eleitoral;
dias a contar da data de assinatura do
Comissão Nacional de Eleições impe- contidos nomeadamente, a morada ou sembleia de voto, delegado de candi- (Governo: Concorda).
presente acordo.
dida de exigir requisitos ou documentos residência. (Governo: Concorda) datura ou fiscal de qualquer partido
b)Recalendarização do actual ciclo elei-
para além dos previstos na lei; ( Gover- político ou coligação de partidos. (Go- 12. Contencioso eleitoral:
toral.
no: Concorda) 5. Campanha eleitoral: verno: Concorda). O contencioso eleitoral passa a ser diri-
IV. As partes acordam que a actividade
Replicar o formato da CNE a todos os Proibição de publicidade de campanha mido pelos tribunais eleitorais;
política ou partidária não deve ser alvo
seus órgãos de apoio, designadamen- eleitoral fora do tempo da antena a fim 8. Apresentação de candidatura: Introduz-se a figura de recontagem
de interferência, intimidação ou coação
te Comissões de Eleições Provinciais, de salvaguardar o principio de igualda- As listas de candidaturas a Deputado de votos com a finalidade de resolver
de espécie alguma, movidas por qual-
Distritais e de Cidade, com as necessá- de entre os concorrentes que apenas de- da Assembleia da República, Membro os conflitos eleitorais, reverificando os
quer autoridade singular ou colectiva.
rias ·adaptações. (Governo: Concorda) vem usar o tempo de antena distribuído das Assembleias Provinciais e Muni- boletins de votos das mesas cujos resul-
V. As partes acordam que o Governo, pelos órgãos. cipais e para Presidente de Município, tados forem postos em causa ou duvi-
tendo registado os pontos sobre os 3. Secretariado Técnico de Administra- (Governo: Concorda parcialmente. devem ser recebidas pela CNE, contra dosos.
princípios de legislação eleitoral, apre- ção Eleitoral: Entende-se haver necessidade de recibo detalhado do que se recebe, que Governo: a) Concorda. Contudo
sentados pela Renamo, compromete-se STAE dirigido por um Director Geral regulamentar a propaganda elei- não as poderá recusar, devendo notifi- sugere-se que os tribunais judi-
em trabalhar tecnicamente nos fóruns e um Director Geral Adjunto que su- toral, de modo a garantir-se uma car os partidos/concorrentes às eleições ciais funcionem como Tribunais
apropriados, sempre que, para o efeito, perintende as Direcções Nacionais, de- efectiva igualdade de tratamento para suprir irregularidades de qualquer Eleitorais, durante o período do
for solicitado. signados por consenso entre a Renamo dos concorrentes nos meios de co- natureza. início da campanha eleitoral até à
VI. Dada a sua natureza, as partes acor- e a Frelimo; municação públicos): (Governo: Concorda). proclamação dos resultados.
dam em remeter à Assembleia da Repú- *a)Governo: Poderia considerar- b)Concorda. Com a salvaguarda
blica para efeitos de serem transforma- -se a possibilidade de cada Par- 6. Assembleia de voto: 9. Votação: de que a recontagem ocorra na
dos em lei, na seguinte ordem: tido representado na Assembleia 50 Dias antes das eleições, cópias dos Os delegados de candidatura devem mesa da assembleia de voto.
12 Savana 26-07-2013
INTERNACIONAL

Robert Kennedy, John Kennedy e Eduardo Mondlane:


o telefonema de 4ª feira, 8 de Maio de 1963
- Dedicado ao Dr. Yussuf Adam em Maputo.

Por António Botelho de Melo*

E
scutar a gravação da chama-
da feita por Robert Kennedy a segunda, apenas para se manterem
ao seu irmão John, então activos. E, uh, o valor que ele men-
Presidente dos Estados Uni- cionou, que iriam precisar para um
dos, diz mais do que o mero texto ano é bastante razoável. Primeiro,
sugere. JFK indicia que nunca tinha ele precisa de cinquenta mil dólares
ouvido falar de Eduardo Mondlane, para ajudar os refugiados. Uh, . . .
então há quase um ano a liderar o penso que eles . . . há a possibilidade
grupo de nacionalistas que queriam de conseguirem outros cinquenta
trazer a independência à colónia por- mil dólares da Fundação Ford. Pelo
tuguesa de Moçambique. Pelo tom, menos estão a trabalhar nisso. Carl
o Presidente norte-americano nem Kaysen está. Uh, mas pelo menos ele
sequer sabia bem se Moçambique precisará de cinquenta mil dólares da
era uma colónia portuguesa, se bem nossa parte. Agora, uh, Dean Rusk
que ele soubesse umas coisas sobre pensa que . . . uh, precisa de sentar
Portugal, um dos primeiros países com os portugueses e dizer-lhes que
europeus a reconhecer a independ- nenhuma destas pessoas está a rece-
ência norte-americana após 1776 (o ber qualquer dinheiro. Uh, . . . se ele
reconhecimento português foi for- passasse este assunto para alguém
malizado a 15 de Fevereiro de 1783, o como Averell Harriman or John Mc-
norte-americano em 21 de Fevereiro Cone, apenas para medir o seu juízo,
de 1791). uh, . . . ele não teria que estar directa-
Antes de ter sido eleito presidente em mente envolvido. . .
1960, John Fitzgerald Kennedy havia Presidente: Yeah.
JFK e RFK na Casa Branca. Num telefonema feito a 8 de Maio de 1963, Bob Kennedy menciona Eduardo Mondlane pela
sido um dos dois Senadores pelo RFK: . . . ou saber alguma coisa so-
primeira vez ao Presidente Kennedy
Estado de Massachusetts, a base do bre o assunto. Uh, . . . Penso que seria
poder dos Kennedy e onde residiam de uma série de tópicos. O assunto cia emergente no mundo após o desempenhar um papel importante extremamente útil. Agora, já tivemos
milhares de portugueses originários Eduardo Mondlane ficou encaixado término da Segunda Guerra Mun- e exercer uma enorme influência na algumas abordagens sobre estas coi-
do Arquipélago dos Açores, bem no meio de um conjunto de temas dial, altura em que o poder real nas então emergente Frelimo, apesar dos sas durante a última semana, e Carl
como muitos cabo-verdianos, que desconexos. relações internacionais gravitou das esforços dedicados do Dr. Mondlane Kaysen poderá te dar mais detalhes.
então eram também cidadãos portu- Quiçá mais do que o Presidente, o mãos mais batidas e conhecidas da e da sua mulher de diversificarem os Mas este tipo (Mondlane) regressa
gueses. Nessa comunidade muitos se seu irmão RFK estava ciente da situ- Grã-Bretanha para que o que ele apoios e assim reduzirem a depend- na quarta-feira, e irá se encontrar
recordavam da autorização especial ação dinâmica da luta dos americanos considerava ser uma diplomacia ência da Frente nas ditaduras comu- com os Chefes de Estado de todas
negociada por Kennedy para possi- negros pela sua integração plena na menos experiente e mais volúvel. nistas. estas nações africanas nesta reunião,
bilitar a imigração para os EUA de sociedade norte-americana, em cre- Mais grave ainda, Salazar, que nunca Penso que é neste contexto global que presumo que na próxima semana.
milhares de açorianos aquando das scendo desde os anos 50 e, no foro visitara nenhuma colónia portuguesa se insere esta primeira abordagem Presidente: Claro que não gostaría-
erupções do vulcão dos Capelinhos, externo, do surgimento dos novos durante toda a sua vida, achava que formal do Dr. Eduardo Mondlane mos que ele andasse a dizer que rece-
junto da Ilha do Faial, entre Setem- países africanos na cena internac- os destinos desses territórios eram à Administração Kennedy em 1963. beu alguma coisa da nossa parte.
bro de 1957 e Outubro de 1958. ional, em aliança com uma série de assunto para Portugal decidir con- Certamente foi entendida como RFK: Não, não teríamos nada disso,
Os Açores, um conjunto de nove il- países asiáticos, os quais, a partir de forme considerasse melhor, sendo tal. No telefonema de 8 de Maio de estás a ver?! Teríamos isso através de
has portuguesas no Oceano Atlânti- 1960, reforçaram o contingente anti- que aos residentes (ambos coloniza- 1963, RFK indica que tivera mais que uma Fundação privada.
co situadas a dois terços do caminho colonial na Organização das Nações dos e colonos) não lhe ocorria fazer um contacto com Mondlane e que Presidente: Yeah.
dos EUA para a Europa, ilhas que Unidas. No início dos anos 60, a Ar- uma consulta sequer. E Salazar, como ele ficara deveras impressionado com RFK: Depois eles fariam a dis-
muito rapidamente se tornaram num gélia francesa estava a ferro e fogo e a a chamada “ala dura” do regime por o então Presidente da Frelimo. tribuição (forma de utilização).
verdadeiro calcanhar de Aquiles da Grã-Bretanha movia-se rapidamente ele criado, perspectivava como sendo Presidente: Estou a ver.
política norte-americana em relação para tornar independentes as suas simplesmente impensável sequer RFK: E o John McCone poderá tra-
a Portugal e às suas colónias, dada colónias. Em 1961 iniciou-se uma discutir a questão da sua autonomia, Registo da conversa telefó- tar disso. Portanto não viria da agên-
a sua importância estratégica para guerrilha anti-colonial em Angola, no quanto mais a sua independência, nica entre JFK e RFK sobre cia.
a Aliança Atlântica e no quadro da final desse ano a Índia tomou para si que provavelmente vislumbrava ocor- Mondlane e Moçambique Presidente: Bom, agora, depende de
Guerra Fria – e curiosamente, para as pequenas parcelas que constituíam rer dali a muitas dezenas de anos. Na Início – 08,27 mins. Fim – 10,00 quê... Uh, achas que devemos dar?
onde fora exilado Gungunhana, o o Estado Português da Índia, e em óptica do regime, “aquilo é nosso”, mins RFK: Sim.
chefe dos Vátuas de Moçambique, meados de 1962 os grupos independ- tal como uma quinta em Trás-os- Documentos de John Fitzgerald Presidente: O.K., bom, então, o que
em 1896 e onde falecera dois dias an- entistas de Moçambique juntavam- Montes. Kennedy Gravações Presidenciais fazemos?
tes do Natal de 1906. se numa frente única para articular Para os norte-americanos, especial- - Dictabelts – Dictabelt 18B RFK: Bom, se talvez chamasses o
Na Ilha açoriana da Terceira, desde a o esforço pela independência. Por mente para a Administração Kenne- (Início) Carl Kaysen e discutisse com ele
Segunda Guerra Mundial que fun- sugestão e pressão de Julius Nyerere, dy, a postura de Salazar era complet- RFK: Agora, mais uma coisa. Uh..., sobre como deve ser feito, porque se
cionava uma enorme base aérea, que, o mercurial novo líder da Tanganika, amente insana e jogava em favor do há cerca de duas semanas tive uma tiver que ser feito de tal modo que
singularmente, possibilitava o movi- o Dr. Eduardo Mondlane, que então Bloco Chino-Soviético, adversário conversa com alguém que passa pelo Dean Rusk se sinta confortável e... e,
mento rápido de tropas e munições vivia nos Estados Unidos há vários dos americanos na Guerra Fria, que nome de [Eduardo] Mondlane . . . uh, Averell Harriman acredita firme-
dos Estados Unidos para a Europa anos e que estava casado com uma ci- já tinham dado claros sinais de quere- President ( JFK): Yeah. mente que deve ser dado.
e o Médio Oriente. A alternativa era dadã norte-americana, e que era uma rem explorar plenamente a oportuni- RFK: . . . que é de Moçambique. Presidente: O.K.
o seu envio por barco, o que era in- escolha natural para liderar o movi- dade de pressionar o Ocidente via o Presidente: Yeah. RFK: Mas, uh, penso que se pudesse
comensurável com os requisitos da mento, aceitou presidir à Frelimo, apoio e controlo de movimentos in- RFK: E ele é o tipo que está a liderar ser tratado de modo a que... talvez
guerra moderna. cuja sede e base de operações passou dependentistas espalhados por todo os esforços para, uh, tornar Moçam- você pode explicar ao Dean Rusk,
Por outras palavras, face à nova a ser a futura Tanzânia. o mundo. Esta percepção fora ainda bique independente. Ele é um tipo ele não tem que saber disto directa-
pressão e à urgência norte-americana Na ONU, vivia-se uma nova era, em mais agravada pela Crise dos Mísseis terrivelmente impressionante. mente.
em ver Portugal a agir em relação às que os países agora independentes de Cuba, ocorrida em Outubro de Presidente: Yeah. Presidente: Será que devemos infor-
suas colónias em sincronia com o res- insistiam em colocar na agenda a 1962, e que colocara então os Esta- RFK: e, uh . . . mar o Dean Rusk?
to da Europa, Salazar não só resistiu, descolonização, tentando forçar o as- dos Unidos a um fio de um conflito Presidente: Isso soa a português, não RFK: Bom, uh, o Carl Kaysen tem
como tinha – e utilizou – a chanta- sunto pela via diplomática, algo que nuclear com a União Soviética. é? todos os factos sobre o assunto, e ele
gem açoriana. os Estados Unidos, também uma ex- Assim, os americanos, especialmente RFK: Yeah. irá sugerir como deve ser tratado.
Mas naquela quarta-feira, dia 8 de colónia, nada tinham contra, excepto Bob Kennedy, sabiam que era impor- RFK: Uh, . . . ele, uh, . . . uh, . . . Al- (Fim)
Maio de 1963, de nada disso se falou. que tal mexia com as suas relações es- tante e urgente para os Estados Uni- guns dos seus homens têm. . . Ele é
Robert Kennedy, o algo polémico tratégicas com um conjunto de países dos negarem esse espaço de manobra o líder deles, mas alguns deles re- * http://delagoabayworld.wordpress.
Procurador-Geral do governo feder- europeus, entre os quais Portugal, aos países da Cortina de Ferro, que cebem alguma ajuda e apoio da Che- com/2013/07/21/robert-kennedy-john-
al, mais ou menos focado em acabar onde mandava uma única figura des- se aproveitavam das descolonizações coslováquia e da Polónia. Ele precisa kennedy-e-eduardo-mondlane-o-telefone-
com as redes de crime organizado nos de 1932: António de Oliveira Salazar. para demarcar o seus novos domínios, do apoio dos Estados Unidos por ma-de-4a-feira-8-de-maio-de-1963/
Estados Unidos, mas em tudo o mais Salazar, veio-se a confirmar, tinha por assim dizer. No caso da Tanzânia, duas razões. Uma, para poder lhes Tradução de inglês-português da conversa
um leal e importante conselheiro uma enorme desconfiança em relação a aproximação fez-se com a China, mostrar que há gente no Ocidente telefónica é da responsabilidade do SA-
do irmão, telefona-lhe para lhe falar aos Estados Unidos, a grande potên- que, como se podia prever, viria a que simpatizam com a sua causa, e, VANA
Savana 26-07-2013 Savana 26-07-2013
18 Savana 26-07-2013
OPINIÃO

EDITORIAL Cartoon

Este não é o momento


SDUDYHUHÀFDUFDODGR
epois de alguns sinais às suas ordens, muito menos

D que davam a entender


que o diálogo entre o
governo e a Renamo
estava a caminhar no sentido
de um entendimento sobre a
com recurso à violência.
Se a Renamo recorrer à violên-
cia, o governo será obrigado a
assumir as suas responsabilida-
des constitucionais de proteger
lei eleitoral, eis que a realidade os cidadãos, usando todos os
nos alerta para o facto de que tal meios à sua disposição e per-
ainda está longe de ser alcança- missíveis, incluindo a violência.
do. Os níveis de violência descon-
A única coisa que as duas par- trolada daí decorrentes poderão
tes conseguiram até aqui fazer tornar a guerra dos 16 anos pa-
é assinar as actas dos encontros recer uma espécie de pequini-
que vêm realizando no Centro que, com a possibilidade do país
Internacional de Conferências se tornar ingovernável.
Joaquim Chissano (CICJC), e Será que a Renamo acredita que
concordar sobre algumas pro- esta é única alternativa viável
postas formais apresentadas que lhe resta para fazer valer as
pela Renamo. suas reivindicações? Só a pró-
Mas pelo que foi dado a enten- pria Renamo é que sabe. Mas
der depois da reunião desta se- vale a pena dizer que depois de
mana, os dois lados estão ainda
muito longe de um acordo no
um cenário destes, ninguém
mais estará vivo para contar a
Levantamentos aqui, ali e em toda a parte
que diz respeito àquilo que são história.
Por Immanuel Wallerstein*
as questões fundamentais deste E é isto que deve ser evitado a
diálogo sobre matérias eleito- todo o custo. Mas o tempo está
levantamento, agora persis- O governo no poder reage, obviamen- (especialmente os mais tardios) não

O
rais. se a tornar cada vez mais escas-
E quais são estas questões fun- so, tendo em conta que entre tente, na Turquia foi seguido te. Ou ele tenta reprimir as revoltas; chegam para reforçar os objectivos
damentais? Notavelmente, a agora e as eleições só nos sepa- por uma revolta ainda maior ou tenta abrandá-las com algumas iniciais, mas para pervertê-los — ou
proposta da Renamo para o ram efectivamente quatro me- no Brasil, que por sua vez concessões; ou faz ambas as coisas. para tentar conduzir ao poder políti-
foi acompanhada por manifestações A repressão normalmente funciona, co grupos de direita que são distintos
estabelecimento da paridade na ses. Será que neste relativo cur-
menos noticiadas, mas não menos mas algumas vezes é contraproducen- daqueles que estão actualmente no
composição da Comissão Na- to espaço de tempo há alguém
reais, na Bulgária. Obviamente, esses te para o governo no poder, trazendo poder, mas de maneira alguma mais
cional de Eleições (CNE) e do com capacidade para intervir e protestos não foram os primeiros, e ainda mais pessoas às ruas. Conces- democráticos ou preocupados com os
Secretariado Técnico de Admi- evitar o pior? Nós acreditamos muito menos os últimos de uma sé- sões geralmente funcionam, mas al- direitos humanos.
nistração Eleitoral (STAE). que sim. Começando pelos dois rie realmente mundial de revoltas nos gumas vezes podem ser ruins para o O quinto traço em comum é que to-
A proposta da Renamo não visa protagonistas deste diálogo. últimos anos. Há muitas maneiras governo, levando as pessoas a ampliar dos eles acabam envolvidos no jogo
apenas a paridade ao nível cen- Mas não só. de analisar este fenómeno. Eu o vejo suas demandas. De modo geral, os go- geopolítico. Governos poderosos, de
tral. Ela pretende que este mo- É verdade que algumas orga- como um processo contínuo de algo vernos recorrem à repressão com mais fora do país nos quais os tumultos
delo também seja replicado em nizações da sociedade civil e que começou com a revolução mun- frequência que às concessões. E, tam- estão ocorrendo, trabalham inten-
todos os escalões, incluindo nas destacadas personalidades na- dial de 1968. bém grosso modo, a repressão tende a samente (embora nem sempre com
assembleias de voto. cionais estão determinadas em É claro que todas as revoltas são par- funcionar em um relativo curto prazo. sucesso), para ajudar grupos aliados
Sem acordo nestas questões, encontrar um ponto de aproxi- ticulares em seus detalhes e na corre- A segunda característica comum des- a seus interesses a alcançar o poder.
não parece haver qualquer tipo mação entre o governo e a Re- lação de forças internas em cada país. sas revoltas é que nenhuma delas con- Isso acontece tão frequentemente
de avanços de que se possa fa- namo. Mas os esforços para esse Mas existem certas similaridades que tinua na velocidade máxima por muito que uma das questões imediatas sobre
lar. E pelo andar da carruagem, objectivo devem envolver toda a devem ser notadas, se quisermos dar tempo. Muitos manifestantes dão-se cada movimento específico é sempre
sentido ao que está acontecendo e de- por vencidos após medidas repressivas. — ou deveria ser — saber quais suas
salvo alguma solução mágica, sociedade.
cidir o que todos nós, como indivíduos Ou são de alguma maneira cooptados consequências, em termos do sistema
parece que iremos às eleições É preciso que todos os grupos
e como grupos, deveríamos fazer. pelo governo. Ou ficam cansados por mundial como um todo. Isso é mui-
autárquicas de Novembro, sem de interesse, organizações e as- A primeira característica em comum é causa do enorme esforço que as ma- to difícil, já que os desdobramentos
a participação da Renamo. sociações sócio-profissionais, de que todas as revoltas tendem a come- nifestações frequentes requerem. Essa geopolíticos potenciais podem levar
Ir às eleições sem a Renamo não uma forma consciente e desti- çar muito pequenas — um punhado diminuição da intensidade dos protes- alguns a desejar rumos opostos às in-
seria novidade. Nas primeiras tuída de qualquer tipo de ma- de pessoas corajosas manifestando-se tos é absolutamente normal. Ela não tenções anti-autoritárias originais do
eleições autárquicas em 1998, nipulação por uma ou outra das sobre algo. E então, se elas “pegam”, indica uma derrota. Esse é o terceiro movimento. Finalmente, devemos
a Renamo também não parti- duas forças, assumam como sua coisa que é muito imprevisível, tor- factor em comum, nos levantamentos. lembrar a respeito deste tema, e de
cipou. responsabilidade a procura de nam-se maciças. De repente, não ape- Embora terminem, deixam um lega- tudo que está acontecendo agora, que
A única diferença é que des- meios que permitam chegar a nas o governo está sob ataque, mas, em do. Mudam algo na política de seus estamos no meio de uma transição
ta vez, o partido de Afonso uma solução de equilíbrio. alguma extensão, o Estado enquanto países, e quase sempre para melhor. estrutural: de uma economia mun-
Dhlakama adiciona ao boicote O perigo da incapacidade dos tal. Esses levantes reúnem tanto aque- Forçam a entrada de alguma questão dial capitalista que está se esgotando
a ameaça do uso da força para moçambicanos de se envolve- les que querem a substituição do go- principal — por exemplo, as desigual- para um novo tipo de sistema. Mas ele
inviabilizar as eleições. Claro rem na busca de soluções criati- verno por outro melhor quanto os que dades — na agenda pública. Ou fazem pode ser melhor ou pior. Essa é a bata-
que é uma decisão soberana da vas será o convite à intervenção questionam a própria legitimidade do crescer o senso de dignidade entre os lha real dos próximos vinte a quarenta
Estado. extractos inferiores da população. Ou anos. E a posição a assumir aqui, ali
Renamo não participar em elei- de forças externas, cada uma
Ambos grupos invocam o tema da de- ampliam o cepticismo diante da retó- e em qualquer lugar deve ser decidida
ções e apelar aos seus membros tentando salvaguardar os seus
mocracia e dos direitos humanos, em- rica com a qual os governos tendem a em função desta grande batalha polí-
e simpatizantes para seguirem o interesses estratégicos, pondo bora sejam variadas as definições que encobrir suas políticas. tica mundial.
seu exemplo. Mas a lei não per- em causa a soberania nacional. dão a esses dois termos. No conjunto, A quarta característica em comum
mite que ela obrigue outros po- Este não é o momento para ver o tom dessas manifestações começa é que, em cada onda de protestos, *académico na SUNY e com trabalho pu-
tenciais eleitores a obedecerem e ficar calado. do lado esquerdo do espectro político. muitos que se unem ao movimento blicado sobre Moçambique

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Savana 26-07-2013 19
OPINIÃO

“Novas vozes no Brasil”


3RU/XODGD6LOYD‡
juventude, conectada nas que dobrar o número de estudantes blico eficiente e digno, que facilite a resultados foram desastrosos: guer- vimentos sociais. Dando respostas

A redes sociais e com os dedos


ágeis em seus celulares, tem
saído às ruas para protestar
em diversas regiões do mundo.
Parecia mais fácil explicar as razões
universitários, muitos deles vindos
de famílias pobres. Reduzimos for-
temente a pobreza e a desigualdade.
São grandes feitos, mas é também
absolutamente natural que os jovens,
mobilidade urbana, tornando menos
penosa e stressante a vida nas gran-
des cidades.
Os anseios dos jovens, por outro
lado, não são apenas materiais. Tam-
ras, ditaduras e perseguições de
minorias. Todos sabemos que, sem
partidos, não pode haver verdadeira
democracia. Mas cada vez fica mais
evidente que as nossas populações
novas a problemas novos. E sem tra-
tar os jovens com paternalismo.
A boa notícia é que os jovens não são
conformistas, apáticos, indiferentes
à vida pública. Mesmo aqueles que
de tais protestos quando eles acon- especialmente aqueles que estão ob- bém querem maior acesso ao lazer não querem apenas votar de quatro hoje acham que odeiam a política,
teciam em países sem democracia, tendo o que seus pais nunca tiveram, e à cultura. E, sobretudo, reclamam em quatro anos, delegando o seu estão começando a fazer política
como o Egipto e a Tunísia em 2011, desejem mais. instituições políticas mais transpa- destino aos governantes. Querem muito antes do que eu comecei. Na
ou onde a crise económica levou o Estes jovens tinham 8, 10,12 anos rentes e limpas, sem as distorções interagir no dia-a-dia com os go- idade deles, não imaginava tornar-
desemprego juvenil a níveis assusta- quando o partido que eu ajudei a do anacrónico sistema partidário e vernos, tanto locais quanto nacio- -me um militante político. E aca-
dores, como na Espanha e na Grécia, criar, o PT, junto com seus aliados, eleitoral brasileiro, que até hoje não nais, participando da definição das bamos criando um partido, quando
por exemplo. Mas a chegada dessa chegou ao poder. Não viveram a re- se conseguiu reformar. É impossível políticas públicas, opinando sobre as descobrimos que no Congresso
onda a países com governos demo- pressão da ditadura nos anos 60 e 70. negar a legitimidade de tais deman- principais decisões que lhes dizem Nacional praticamente não havia
cráticos e populares, como o Brasil, Não viveram a inflação dos anos 80, das, mesmo que não seja viável aten- respeito. representantes dos trabalhadores.
quando temos as menores taxas de quando a primeira coisa que fazía- dê-las todas de imediato. É preciso Em suma: não querem apenas votar, Inicialmente não pensava em me
desemprego da nossa história e uma mos ao receber um salário era correr encontrar fontes de financiamento, querem ser ouvidas. E isso constitui candidatar a nada. E terminei sendo
inédita expansão dos direitos econó- para um supermercado e comprar estabelecer metas e planejar como um tremendo desafio para os parti- Presidente da República. Consegui-
micos e sociais, exige de todos nós, tudo o que fosse possível antes que elas serão gradativamente alcança- dos e os líderes políticos. Supõe am- mos, pela política, reconquistar a de-
líderes políticos, uma reflexão mais os preços subissem no dia seguinte. das. pliar as formas de escuta e de con- mocracia, consolidar a estabilidade
profunda. Também tem poucas lembranças A democracia não é um pacto de si- sulta, e os partidos precisam dialogar económica, retomar o crescimento,
Muitos acham que esses movimen- dos anos 90, quando a estagnação lêncio. É a sociedade em movimen- permanentemente com a sociedade, criar milhões de novos empregos e
tos significam a negação da política. e o desemprego deprimiam o nosso to, discutindo e definindo suas prio- nas redes e nas ruas, nos locais de reduzir a desigualdade no meu país.
Eu acho que é justamente o contrá- país. Eles querem mais. E é com- ridades e desafios, almejando sempre trabalho e de estudo, reforçando a Mas claro que ainda há muito a ser
rio: eles indicam a necessidade de se preensível que seja assim. Tiveram novas conquistas. E a minha fé é que sua interlocução com as organiza- feito. E que bom que os jovens quei-
ampliar ainda mais a democracia e acesso ao ensino superior, e agora somente na democracia, com muito ções dos trabalhadores, as entidades ram lutar para que a mudança social
a participação cidadã. De renovar a querem empregos qualificados, onde diálogo e construção colectiva, esses civis, os intelectuais e os dirigentes continue e num ritmo mais intenso.
política, aproximando-a das pessoas possam aplicar o que aprenderam objectivos podem ser alcançados. Só comunitários, mas também com os Outra boa notícia é que a Presiden-
e de suas aspirações quotidianas. nas universidades. Passaram a contar na democracia um índio poderia ser sectores ditos desorganizados, que te Dilma Rousseff soube ouvir a voz
Eu só posso falar com mais proprie- com serviços públicos de que antes eleito Presidente da Bolívia, e um nem por isso têm carências e desejos das ruas e deu respostas corajosas e
dade sobre o Brasil. Há uma ávida não dispunham, e agora querem negro Presidente dos Estados Uni- menos respeitáveis. inovadoras aos seus anseios. Propôs,
nova geração em meu país, e eu creio melhorar a sua qualidade. Milhões dos. Só na democracia um operário E não só em períodos eleitorais. Já antes de mais nada, a convocação
que os movimentos recentes são, em de brasileiros, inclusive das classes e uma mulher poderiam tornar-se se disse, e com razão, que a socie- de um plebiscito popular para fazer
larga medida, resultado das conquis- populares, puderam comprar o seu Presidentes do Brasil. dade entrou na era digital e a po- a tão necessária reforma política. E
tas sociais, económicas e políticas primeiro carro e hoje também via- A história mostra que, sempre que lítica permaneceu analógica. Se as lançou um pacto nacional pela edu-
obtidas nos últimos anos. O Brasil jam de avião. A contrapartida, no se negou a política e os partidos, e instituições democráticas souberem cação, a saúde e o transporte público,
conseguiu na última década mais entanto, deve ser um transporte pú- se buscou uma solução de força, os utilizar criativamente as novas tec- no qual o governo federal dará gran-
nologias de comunicação, como ins- de apoio financeiro e técnico aos es-
trumentos de diálogo e participação, tados e municípios.
e não de mera propaganda, poderão Quando falo com a juventude bra-
oxigenar - e muito - o seu funcio- sileira e de outros países, costumo
namento, sintonizando-se de modo dizer a cada jovem: mesmo quando
mais efectivo com a juventude e to- você estiver irritado com a situação
dos os sectores sociais. da sua cidade, do seu estado, do seu
No caso do PT, que tanto contribuiu país, desanimado de tudo e de todos,
para modernizar e democratizar a não negue a política. Ao contrário,
política brasileira e que há dez anos participe! Porque o político que você
governa o meu país, estou convenci- deseja, se não estiver nos outros,

$FRQILVVmRGH0DEXWDQH do de que ele também precisa reno-


var-se profundamente, recuperando
seu vínculo quotidiano com os mo-
pode estar dentro de você.

R527*,-#(.5)5,-#&
ui visitá-lo na tarde do dos o conheciam como um homem Entretanto, o marido encami-

F primeiro domingo que


ele passou como “hós-
pede” na Cadeia Central
da Machava, para onde o tri-
bunal o tinha enviado depois de
sereno, respeitador e sempre pronto a
quem quer que fosse. A única coisa
que os vizinhos testemunhavam em
comum é que na noite em que as coi-
sas se deram o casal tinha se envol-
nhou-se para a esquadra. A mu-
lher ficou sujeita a cuidados inten-
sivos durante três dias, mas teve
um derrame cerebral e acabou por
morrer.
condená-lo a 12 anos de pena vido numa discussão violenta, cujos O Mabutane foi condenado por
carlosserra_maputo@yahoo.com
de prisão maior. Consegui pas- ecos passaram extraportas com troca homicídio voluntário e preme- http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
ditado, uma vez que a acusação 334
sar pelo portão com o volume de mútua de palavras injuriosas, gritos e
conseguiu provar que ele tinha
cigarros e a garrafa-termo que, ruídos de mobiliário a ser arrastado
comprado a barra de ferro com
em vez de conter chá, tinha um
litro de whisky, depois de subor-
nar o guarda com uma nota de
pela sala. Não se soube mais nada,
porque tudo se passou no aparta-
mento onde o Pedro Mabutane vivia
o propósito de partir a cabeça da
mulher. E ele disse: “Talvés tenha
sido propositado, de facto. Mas se
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100 meticais. Por incrível que com a sua esposa, sem filhos e sem foi, não tenho consciência clara
enho para mim que quente, grudante, como se o so-

T
pareça, passei com ele uma tar- empregada. Ninguém foi testemunha disso. O que é certo é que naque-
de muito serena numa conversa de nada. la noite ela ofendeu-me de uma existem duas linhas de nho fosse um pesadelo.
sem flexões e onde, na verdade, O que acontece e foi registado é que a forma que me deixou absoluta- força fundamentais na No segundo caso, penetro nas
os silêncios eram mais longos do discussão acabou por volta das 11 ho- mente fora do controlo. Tentou pintura moçambica- tradições estilizadas, moder-
que os momentos em que trocá- ras da noite com um grito lancinante convencer-me aos gritos de que na: a linha de Malangatana nizadas, no traço aprendido
vamos palavras. e prolongado da mulher. Depois dis- se não tínhamos filhos a culpa não Ngwenha e a linha de Pompí- na academia, leve como uma
Um mês antes, ele tinha se en- so, seguiu-se um silêncio de cemité- era dela, mas minha, uma vez que lio Gemuce, dois excepcionais folha, nas cores frescas, nas
tregue voluntariamente à Po- rio. Meia hora mais tarde, estacionou ela já tinha engravidado e aborta-
pintores (esqueço aqui matizes, figuras esguias, na expecta-
lícia, tendo sido detido na es- à frente do prédio uma ambulância. do três vezes com um colega de
serviço que, por acaso, até é muito escolas intermediárias, bifur- tiva de um sonho calmo que
quadra do Alto Maé, depois de Dela desceram dois homens de bata cações; e sei que não concor- necessariamente acontecerá. 
confessar o seu crime. Ele tinha branca com maca. Subiram até ao meu amigo. Perguntei-lhe se não
estava arrependido. Disse-me que darão comigo, o que é salutar).  Com Malangatana tradicionali-
amolgado a cabeça da mulher apartamento de Mabutane e de lá
não. Doze anos hão-de passar de- No primeiro caso, penetro nas zo a modernidade, com Gemu-
com uma barra de ferro de mais desceram alguns minutos depois com
pressa, mais difícil será eu engolir tradições densas: a figura sem ce modernizo a tradição.
ou menos meio metro de com- um corpo inanimado em cima da
o sapo que ela me obrigou a en- anatomia precisa, o traço cheio, Afinal, não importa onde e
primento. Ninguém até ali sabia maca. Embarcaram e a ambulância golir. Mas Deus não é padrasto,
explicar exactamente o que se arrancou com um estrépido de sire- a máscara, a magia, o esgar, o quando, a vida é essa densa e
estou tranquilo e hei-de ser capaz medo, o terror do passado, a cor dialéctica realidade.
tinha passado, uma vez que to- nes e luzes de emergência. de emergir desta lama”.
20 Savana 26-07-2013
OPINIÃO

A TALHE DE FOICE
3RU0DFKDGRGD*UDoD
$FULVHSRUWXJXHVD
Por Jacques Amaury*

Portugal atravessa um dos momentos mais mente com uma linguagem difícil de se encaixar

“ difíceis da sua história que terá que resol-


ver com urgência, sob o perigo de deflagrar
crescentes tensões e consequentes convul-
sões sociais.
nas recomendações ao Governo, que manifesta
um horror atávico à esquerda, tal como a popu-
lação em geral, laboriosamente formatada para o
mesmo receio. Também à esquerda, o PC (Parti-

7XGRFRPRGDQWHV" Importa em primeiro lugar averiguar as causas.


Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros
emprestados pela CE para o esforço de adesão e
adaptação às exigências da união.
do comunista) menosprezado pela comunicação
social, que o coloca sempre como um perigo la-
tente e uma extensão inspirada na União Sovié-
tica, oportunamente extinta, e portanto longe das
epois de uma certa diminuição estes, agora em funções, não merecem a Foi o país onde a CE (Comissão Europeia) mais realidades actuais.

D da tensão política prevalecente


no país, devido a declarações,
do Governo e da Renamo, de
que teria havido progressos nas negocia-
ções, a semana passada, esses progressos
menor credibilidade.
Outra das questões que parece continuar
a dividir as partes é a que diz respeito à
necessidade de o que está em debate vir
a ser aprovado pela Assembleia da Repú-
investiu “per capita” e o que menos proveito re-
tirou. Não se actualizou, não melhorou as classes
laborais, regrediu na qualidade da educação, ven-
deu ou privatizou mesmo actividades primordiais
e património que poderiam hoje ser um susten-
táculo.
Assim, não se encontrando forças capazes de al-
terar o status, parece que a democracia pré-fabri-
cada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente sa-
ída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância
de uma população deixada ao abandono, nesse
parecem ter parado e é possível que até blica. Os dinheiros foram encaminhados para auto-es- fulcral e determinante aspecto. Mal preparada
tenha havido recuos. O Governo, com base na invocação da tradas, estádios de futebol, constituição de cente- nos bancos das escolas, no secundário e nas fa-
De qualquer forma, as informações que separação de poderes, diz que não se pode nas de instituições público-privadas, fundações e culdades, não tem capacidade de decisão, a não
vão surgindo sugerem que os progressos prescindir disso. E, em termos formais, institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financei- ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comu-
alcançados foram nas questões de menor tem razão. ros a empresas que os reverteram em seu exclusivo nicação. Ora e aqui está o grande problema deste
importância e que continua ainda tudo Por seu lado, a Renamo não parece dis- benefício, pagamento a agricultores para deixarem pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são
bloqueado nas questões fundamentais. posta a conseguir respostas às suas reivin- os campos e aos pescadores para venderem as em- na sua totalidade, pertença de privados ligados à
Isto é, continua a não haver acordo em dicações, na mesa de negociações, para barcações, apoios estrategicamente endereçados a alta finança, à indústria e comércio, à banca e com
relação à paridade partidária nos órgãos essa resposta ser desfeita em fumo pela elementos ou a próximos deles, nos principais par- infiltrações accionistas de vários países.
maioria da Frelimo no parlamento. E tidos, elevados vencimentos nas classes superiores Ora, é bom de ver que com este caldo, não se
que gerem os processos eleitorais, no-
da administração pública, o tácito desinteresse da pode cozinhar uma alimentação saudável, mas
meadamente a Comissão Nacional de também ela tem razão nesta desconfiança.
Justiça, frente à corrupção galopante e um desin- apenas os pratos que o “chefe” recomenda. Daí a
Eleições e o STAE. Daí que tenha que ser encontrada uma
teresse quase total das Finanças no que respeita à estagnação que tem sido cómoda para a crescente
Ora, esses são os pontos realmente im- fórmula que, sem desautorizar a Assem- cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos distância entre ricos e pobres.
portantes de todo este debate. Em todas bleia da República, também não dê à Re- grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e
as anteriores eleições, a Renamo sempre namo a sensação de que, ao longo destes uma atenção especialmente persecutória junto dos TV oficiais, está dominada por elementos dos
afirmou que, se não fossem as fraudes meses, andou apenas a perder tempo na pequenos comerciantes e população mais pobre. dois partidos principais, com notório assento
protagonizadas por esses órgãos, em be- mesa das negociações. A política lusa é um campo escorregadio onde os dos sociais-democratas, especialistas em silenciar
nefício da Frelimo, a vitória teria sorrido Entretanto, não podemos esquecer que mais hábeis e corajosos penetram, já que os par- posições esclarecedoras e calar quem levanta o
ao partido de Afonso Dhlakama. E a tudo isto se passa num país em que uma tidos cada vez mais desacreditados, funcionam mínimo problema ou dúvida. A selecção dos ges-
sua posição actual é de que não vale a parte da principal estrada nacional só essencialmente como agências de emprego que tores, dos directores e dos principais jornalistas é
pena concorrer a novas eleições se não pode ser usada em colunas, com protec- admitem os mais corruptos e incapazes, permitin- feita exclusivamente por via partidária. Os jovens
tiver garantias de que isso não irá voltar ção militar e policial. E em que os gene- do que com as alterações governativas permane- jornalistas são condicionados pelos problemas já
rais da Renamo já provaram que, quando çam, transformando-se num enorme peso bruto e descritos e ainda pelos contratos a prazo determi-
a acontecer. Garantias a serem dadas por
as negociações políticas encalham por parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, nantes para o posto de trabalho enquanto, o afas-
órgãos eleitorais em que não haja o desi-
ao lado da classe dos professores, assessoradas por tamento dos jornalistas seniores, a quem é mais
quilíbrio numérico que agora se regista. muito tempo, estão dispostos a desatar
sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas difícil formatar o processo a pôr em prática, está
A prova de que a Perdiz pode ter ra- aos tiros. dispendiosas e caducas, tornaram-se não uma so- a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
zão nestas alegações é a forma intran- Mas, já que falo de desatar aos tiros, creio lução, mas um factor de peso nos problemas do Não há um único meio ao alcance das pessoas
sigente com que o Governo da Frelimo que há que chamar a atenção para o que país. mais esclarecidas e por isso, “non gratas” pelo es-
se agarra à manutenção da sua grande está a acontecer em Sofala. Na verdade, Não existe partido de centro já que as diferen- tablishment, onde possam dar luz a novas ideias
maioria na CNE, conseguida, entre ou- tropas e polícias governamentais estão a ças são apenas de retórica, entre o PS (Partido e à realidade do seu país, envolto no conveniente
tros meios, por uma instrumentalização protagonizar cenas de tiroteio, a pretexto Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), manto diáfano que apenas deixa ver os vendedo-
dos elementos que dizem representar de realizarem manobras militares. Essas de direita, agora mais conservador ainda, com a res de ideias já feitas e as cenas recomendáveis
a sociedade civil. Exemplo disso foi o cenas, de que já há notícias em Gravata inclusão de um novo líder, que tem um suporte es- para a manutenção da sensação de liberdade e da
lamentável episódio protagonizado por (Marínguè), Chitaquinha (Buzi), Savane tratégico no PR e no tecido empresarial abastado. prática da apregoada democracia.
João Leopoldo da Costa, mas que esteve (Dondo) e Piro (Gorongosa) apenas ser- Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma Só uma comunicação não vendida e alienante,
vem para criar um clima de insegurança e actividade assinalável, mas com telhados de vidro e pode ajudar a população, a fugir da banca, o can-
longe de ser caso único.
de guerra, causando pânico à população. linguagem pública, diametralmente oposta ao que cro endémico de que padece, a exigir uma justiça
E é preciso dizer que a reivindicação de
os seus princípios recomendam e praticarão na mais célere e justa, umas finanças atentas e cum-
órgãos eleitorais credíveis não é apenas Em nada contribuem para a criação de
primeira oportunidade (nr: este partido tem agora, pridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez
da Renamo, é de toda a sociedade mo- um clima de paz, antes pelo contrário. E
de facto, o controlo do governo nas matérias eco- sobre os seus desígnios.
çambicana. E é preciso acrescentar que era bom que isso parasse rapidamente. nómicas). À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), *sociólogo e filósofo francês, professor na Univer-
com tantos adeptos como o anterior, mas igual- sidade de Estrasburgo

Por Luís Guevane


SACO AZUL |

O Último Dia
recenseamento eleitoral (de raiz), criando nos potenciais eleitores, em grau con- to político-militar que abalou psicologicamente do moçambicano deixar tudo para o último

O ora terminado, decorreu num am-


biente pouco satisfatório. O pro-
cesso iniciou de forma medíocre.
Foi um arranque caracterizado pela clara
inoperância dos principais instrumentos
siderável, um sentimento de clara desmotiva-
ção relativamente ao desejo de se dirigirem aos
postos de recenseamento. Em que medida esse
ambiente pesou sobre o cidadão? Só um estudo
sério poderá revelar. A verdade é que se pode
o cidadão moçambicano. A imprensa, de um
modo geral, ajudou a perceber e a identificar o
principal culpado e maestro dessa situação.
É de acrescentar que o encontro entre os prin-
cipais “donos” da instabilidade psico-político-
instante, não faz cair por terra os argumen-
tos acima avançados para a fraca afluência
aos postos de recenseamento. Ajuda, isso
sim, a perceber que foi um dos motivos que,
associado aos outros, caracterizou o recense-
de trabalho que obrigaram a que os postos avançar, sem praticamente nenhum risco de fa- -militar actualmente em processo, e os partidos amento eleitoral. A última imagem é a que,
de recenseamento ficassem, em algum mo- lhar, que essa situação afectou psicologicamente extraparlamentares, criou ambiente para muitas por tendência, fica em nós registada.
mento, às moscas. a todos nós. Quantos não condicionaram a sua lamentações. Não ajudou a acelerar o passo do
Essa situação, embora tivesse sido passagei- ida aos postos de recenseamento ao entendi- cidadão em direcção aos postos de recensea- Cá entre nós: no último dia, já no limite, os
ra, criou algum descrédito ao próprio pro- mento entre os dois principais actores políticos mento. O contrário teria ajudado? Provavel- moçambicanos reagiram. Os números subiram
cesso. Paulatinamente, nas semanas seguin- moçambicanos, quantos? mente… e puseram em causa a tese segundo a qual o
tes, foi melhorando timidamente. Mesmo Um diálogo com um forte cheiro a pólvora! O último dia foi aquele que voltou a carimbar grande objectivo da fraca qualidade do proces-
assim, a afluência aos postos de recensea- Este ponto é reforçado pelo impacto negativo de forma retumbantemente expressiva a marca so de recenseamento era o de fazer com que os
mento manteve-se abaixo do desejado por criado pela instabilidade político-militar na re- do moçambicano. Longas bichas (filas) reflec- potenciais eleitores, sobretudo nas províncias de
todos. gião central de Moçambique. Social e economi- tiram a vontade dos potenciais eleitores nos Nampula e Zambézia, não se recenseassem em
Enquanto isso, em paralelo, o resultado camente, a magnitude do efeito foi sentida pra- vários postos de recenseamento eleitoral em massa. É só uma questão de prestarmos atenção
negativo das sucessivas rondas negociais ticamente em todo o País. O centro funcionou cidades como Maputo, Beira, Nacala-Porto, aos números que oportunamente serão avança-
entre a Renamo e o Governo (Frelimo) foi simplesmente como o epicentro desse terramo- Nampula, entre outras. Esta “tendência natural” dos pelos órgãos eleitorais. A ver vamos.
Savana 26-07-2013 21
SOCIEDADE

Como pode Joseph Hanlon dizer inverdades


sobre a História Política do MDM?
Por Raúl Chambote (raul-
chambote@hotmail.com)
trodução? A resposta encontramo-

C
ogitar, discutir e tentati- with a group of energetic people que não constitui nenhuma verdade que havia um grupo de cidadãos (ex-
vas de contestação de in- -la no “MOZAMBIQUE News expelled by Dhlakama from Re- histórica nem política em Moçam- -membros da Renamo) que aven-
congruências e inverdades reports & clippings 224”, de 22 namo, and now has elected mayors bique afirmar que o MDM “elegeu tavam a criação de um novo parti-
sobre a história política de de Julho 2013, editado por Joseph in two cities, Quelimane and Beira. dois edis em duas cidades” sugerin- do político. Portanto, não constitui
Moçambique não é assunto novo, Hanlon. O artigo de Hanlon está Dhlakama has failed to turned Re- do erroneamente aos menos atentos verdade que Daviz Simango tenha
nem para académicos, jornalistas, dividido em duas partes. Na pri- namo into a political party, and with que os presidentes dos municípios sido eleito Presidente do Município
professores de História de Moçam- meira, procura descrever os mean- better organisers, more dynamism, de Quelimane e da Beira foram elei- da Beira sob indicação/eleição inter-
bique e muito menos para os ideó- dros sobre o possível acordo entre and more appeal to younger people, tos como candidatos membros do na ou como membro do MDM nas
logos, que deram forma a concepção Frelimo e Renamo. Na segunda, MDM has the potential to become MDM. Ora vejamos: Eleições Municipais de 2008.
oficial da verdade sobre a história Hanlon faz análise questionando a the main opposition party”. Primeiro, as Eleições Autárquicas de Segundo: Hanlon foi quase “feliz”,
política de Moçambique. Os acesos possibilidade do tal acordo. É exac- Qual é o problema neste extrato do Novembro de 2008. A re-eleição do mas com sarcasmo político, em co-
debates públicos em torno das cele- tamente nessa secção do artigo que trabalho de Hanlon? Ele afirma que Eng°. Daviz Simango para a Presi- locar, no artigo, a ordem das cida-
brações dos 50 Anos da FRELIMO somos bafejados com uma (mais o Movimento Democrático de Mo- dência do Município da Beira ocorre des (Quelimane e depois Beira).
(Frelimo) – FRELIMO (Frelimo) uma) inverdade da história política çambique “... e agora elegeu edis e no dia 19 de Novembro de 2008 e Implicitamente, ele reconhece que
que completava os 50 Anos se refe- de Moçambique. Eis o extrato do duas cidades, Quelimane e Beira”. ele toma posse no dia 7 de Feverei- o edil de Quelimane figura como
ria ao Movimento (Frente de Liber- original em língua Inglesa, do qual Reconhecendo o trabalho de in- ro de 2009. Até aqui não podemos o primeiro membro de MDM que
tação Moçambique) criado em 1962 faço referência, aqui transcrito inte- vestigação que Hanlon tem vindo a falar de Movimento Democrático é eleito a categoria de edil, mas de-
ou o Partido Frelimo criado em gralmente “That leads to the other fazer sobre Moçambique e seu con- de Moçambique. O que se sabe, até pois coloca Beira como a fonte don-
1977 - são exemplos incontornáveis big issue, the new opposition party tributo para consciencialização po- um estudo aprofundado ser feito, de veio a chama. Deve-se também
para compreender as motivações do the Mozambique Democratic Mo- lítica atravéz de suas publicações e são especulações sobre as intrigas reconhecer o significado e impacto
presente artigo. vement (Movimento Democratico livremente concordando com o res- sócio-políticas no seio da Renamo e político da áurea da vitória da “irre-
Mas a que propósito serve essa in- de Mocambique, MDM). It started to do texto, devo discordar com ele consequente afastamento de alguns verência política” de Daviz Simango
membros séniores da Renamo, in- na Beira sobre a “disciplina partidá-
cluindo o próprio Eng°. Daviz Si- ria” na ascensão de Doutor Manuel
mango. Este decidiu concorrer como de Araújo à edil de Quelimane no
independente a sua própria sucessão dia 7 de Dezembro de 2011 e toma-
dada a legitimidade de exercício do da de posse no dia 28 de Dezembro
poder autárquico cuja simpatia os do mesmo ano. Quase que um fei-
Beirenses quiseram gratificá-lo com to similar ao de Daviz Simango se
mais um mandato, derrotando a repetiu: Manuel de Araújo concorre
Frelimo e Renamo, os dois maiores como membro de MDM e este par-
partidos políticos, naquela urbe. Para tido não tem assento na Assembleia
a história política de Moçambique Municipal em Quelimane, mas a
esse foi um marco histórico-político Frelimo e Renamo detêm-nos. Até
importante do processo da demo- que uma investigação mais apro-
cratização em Moçambique, que vai fundada seja feita, tudo indica que
para além do figurino político-parti- a pessoa de Manuel de Araújo jo-
dário do binómio Frelimo-Renamo gou um papel importante na sua
que caracterizava a dinâmica do própria vitória e da sua formação
quadro político nacional. A vitória política e consequente elevação do
de Daviz Simango em Novembro nome do MDM a escala provincial
de 2008 resultou da sua “irreverên- e nacional no sentido de afirmação
cia politica”, que a observância dos do MDM como uma força a ser
limites impostos pelos holofotes levada em consideração nos próxi-
dos fiscalizadores da chamada “dis- mos pleitos eleitorais, pelo menos
ciplina partidária”. É facto histórico a nível das autarquias. A chamada
e político que o MDM ainda não “revolução de Novembro de 2008”,
elegeu Daviz Simango como edil como os membros e simpatizantes
de nenhum Município de Moçam- de MDM gostam de qualificar a re-
bique. Igualmente, é facto históri- -eleição de Daviz Simango na Beira
co e político que MDM realizou a e a eleição de Manuel de Araújo em
sua Assembleia Constituinte entre Dezembro de 2011 em Quelimane
os dia 4-6 de Março de 2009 em complementam- se politicamente,
Inhamízua, Cidade da Beira, e seu mas descruzam-se em termos fac-
primeiro Congresso entre os dias tuais quando pretendemos analisar a
5-8 de Dezembro de 2012 em que história política do MDM.
Daviz Simango foi eleito Presidente Concluíndo, a inverdade histórica e
do MDM, portanto o primeiro pre- política sobre o MDM apresentada
sidente daquele partido. por Hanlon, creio involuntariamen-
Em abono da verdade histórica e te, no artigo aqui citado, faz nos
política, o MDM não existia em lembrar das várias alegadas inverda-
2008, pois dos dados públicos dispo- des sobre a história política de Mo-
níveis indicam que dia 5 de Maio de çambique. Não restam dúvidas de
2009, o MDM procede a escritura que precisamos corrigir esse tipo de
pública como partido político e dia erros. Hanlon é académico experien-
15 de Maio de 2009 os Estatudos te e publica extensivamente sobre
do MDM são oficialmente publica- Moçambique e tenho a percepção
dos no Boletim da República. Não de que muitos lêm suas publicações
me parece que Hanlon cometeu esse como verdades incontestáveis. Por
erro de forma deliberada. Creio ter isso, tamanha deve ser a sua respon-
sido influenciado ou assumido o sabilidade em publicar assuntos que
quadro de especulações que paira- perfazem a história política dum
vam na altura da re-eleição de Daviz país. Nesse sentido, espero que Han-
Simango. Podemos, sim, especular lon aceite o reparo que faço ao seu
que havia um tal Grupo de Reflexão trabalho. Uma pergunta ao Dr. Han-
para Mudança na Beira, alegada- lon: “Can MDM survive without
mente liderado por Francisco Mas- Simango and/or Araújo?” Me pre-
quil, antigo Governador de Sofala. -disponho a fazer uma investigação
Igualmente, especulava-se na altura conjunta sobre o assunto.
22 Savana 26-07-2013
DESPORTO

XI festival dos Jogos Escolares: Ode à juventude!


Por Paulo Mubalo em Tete
s municípios de Tete e Mo- emergirem deste festival, Banze

O atize são, desde o passado


sábado, a capital nacional
do desporto escolar. E não
é de se estranhar que mesmo quan-
do os termómetros assinalavam
diz haver um entendimento com o
Ministério da Juventude e Despor-
tos para o melhor encaminhamen-
to dos atletas.
Banze garantiu-nos que até ao mo-
para além dos 30 graus centígrados, mento não se registaram casos de
um calor simplesmente abrasador, falsificação de idades, tal como era
milhares de pessoas acorreram ao frequente nas edições anteriores.
maltratado campo do Desportivo Na área da saúde, ficámos a saber
de Tete para presenciarem a aber- que no total foram alojados 1836
tura oficial da XI edição dos Jo- pessoas, entre atletas, treinadores,
gos Escolares. Mas mais do que a motoristas, chefes de delegações.
competição propriamente dita, os Em todos os recintos de jogos há
jovens renovam, a cada minuto que socorristas, agentes de serviço, en-
passa, as amizades, trocam experi- fermeiros sendo que em muitos lo-
ências, cantam, dançam, brincam, cais de alojamento foram colocadas
num ambiente contagiante e inol- redes mosquiteiras. Quer isso dizer
vidável. E estamos a falar de 1475 que de agora em diante a luta será
atletas e 253 técnicos em represen- no campo desportivo porque para
tação de todas as províncias do país. além do que se pretende com os
O evento iniciou com o habitual jogos, troca de experiência, inter-
desfile das delegações, de acordo câmbio cultural, auto estima, os re-
com a ordem seguinte: Maputo – sultados é que mais contam. Outra
província, Manica, Zambézia, So- boa nova é que o Ministério da
fala, Tete, Nampula, Inhambane, Educação vai premiar a província
mais disciplinada do certame.
Cabo Delgado, Gaza, Niassa e por
De referir que o lema da XI edição
último Maputo- cidade, ao que se 'HVÀOHGDVGHOHJDo}HVSURYLQFLDLV
dos Jogos Escolares é: “Façamos
seguiu a entoação do hino nacional
voco de que de edição em edição o relativamente tarde em relação às A uma pergunta do SAVANA so- dos jogos a base do desporto na-
e a entrada da chama olímpica.
desporto escolar está a conquistar datas inicialmente programadas, o bre o que será feito aos talentos que cional”.
Este momento incluiu, também, a
o seu espaço. Guebuza considera alojamento constituiu, à priori, o
apresentação, por centenas de peti-
que, com a realização dos jogos, a maior calcanhar de Aquiles. Mas
zes, de alguns números de ginástica
província de Tete fica a ganhar no paulatinamente e graças em parte
massiva preparados inicialmente
campo de infra-estruturas, pois al- ao esforço dos organizadores do
pelo professor Mussá Tembe, para
além da exibição da dança Nyau,
considerada como património
gumas foram reabilitadas e outras
construídas, a exemplo do campo
de futebol de Moatize.
evento, a situação está a ser ultra-
passada.
O transporte e a alimentação para
MILO patrocina
mundial da humanidade e música,
num ambiente simplesmente indis-
critível.
O segundo momento compreendeu
Já o governador não deixou de ex-
plicar as potencialidades da sua
província em diversas áreas, desde
a gastronomia, os monumentos, os
os atletas e outros membros das
delegações provinciais estão garan-
tidos.
O SAVANA efectuou uma ronda
Jogos Escolares
a leitura dos discursos, o primeiro
locais históricos que são sempre MILO, uma das maiores geral.

A
por todos os campos que acolhem
por uma atleta da cidade anfitriã do marcas da multinacional A presente edição irá movimentar
uma referência para o turismo. Diz esses jogos tanto na cidade de Tete
certame, e depois pelo governador Nestlé, é uma das patro- as modalidades de futebol de 11
que não é em todas as províncias como em Moatize e constatou que
de Tete e pelo Ministro da Educa- cinadoras de peso da XI e de salão, basquetebol, atletismo,
onde se pode encontrar o kapenta, os mesmos reúnem condições.
ção, Rachid Gogo e Augusto Jone, edição dos Jogos Escolares, que andebol, voleibol e ginástica, que
peixe tradicional típico da gastro- O campo de Moatize, construído
respectivamente, os quais deram arrancaram no passado sábado na substituirá o xadrez em virtude
nomia de Tete, ou que se pode ver recentemente pela Rio Tinto, é
ênfase à necessidade de preservação província de Tete, centro de Mo- desta disciplina desportiva não fa-
a particularidade da dança Nyau, uma verdadeira infra-estrutura a ter
da paz. çambique. zer parte do currículo escolar.
ou então as pinturas rupestres de em conta, apesar de não possuir di-
Aliás, idêntico discurso foi apre- Sob lema “Façamos dos Jogos Para o director da Nestlé Mo-
Xifunde. Diz que essas maravilhas mensões recomendáveis para aco-
sentado pelo presidente da Repú- Escolares Uma Base do Desporto çambique, a sua intervenção nes-
podem dinamizar o turismo. lher partidas de alta competição. O
blica, Armando Guebuza. Nacional” a XI edição dos Jogos te certame serve para reafirmar o
campo do Ferroviário de Moatize, desportivos Escolares movimenta compromisso que esta instituição
O Chefe do Estado fez notar ainda
Campos, alimentação, apesar de ser pelado, o pavilhão da mais de duas mil pessoas e tem o tem em apoiar causas que ajudam
que o facto de se ter passado de 700
Escola Industrial de Zutundo, isto término previsto para a próxima a manter crianças, adolescentes e
atletas em representação de três
transporte… em Moatize, estão em boas condi- segunda-feira, 29 de Julho. jovens saudáveis.
modalidades, no primeiro festival,
Como era previsível, pelo facto de ções. Segundo o director geral da Nes- “Os jogos desportivos escolares
para cerca de 1500 atletas e oito
algumas delegações terem chegado O único senão é o pavilhão do tlé Moçambique, Diogo Victória, são de fundamental importância
modalidades, no XI, é sinal inequí-
Conselho Municipal de Tete que a multinacional irá contribuir com para o desenvolvimento do Des-
apresenta fraca iluminação, mas, uma supertaça para a província porto, mas também são um espaço
segundo apurámos, de António com o maior número de troféus, de intercâmbio juvenil, aquisição
Munguambe, director geral do 15 taças e 250 medalhas de ouro de habilidades para o trabalho,
Instituto Nacional de Desporto para os primeiros classificados, retenção de valores sociais e indi-
(INAD) a situação vai ser rapida- 16 taças e 250 medalhas de prata viduais, bem como para a dissemi-
mente ultrapassada. para os segundos classificados, 16 nação de hábitos de vida saudável,
taças e 250 medalhas de bronze valores estes que a Nestlé Moçam-
Eurico Banze, director dos Pro-
para os terceiros classificados nas bique vem apoiando através de vá-
gramas Especiais do Ministério
oito modalidades em disputa para rios projectos”, frisou.
da Educação, é o homem que dia-
além de outros artigos como, ca- A marca MILO é uma bebida
riamente faz um brienfing com a misetes, chapéus e certificados de energética na base de malte e cho-
imprensa. E de viva voz diz que até participação para os atletas em colate.
ao momento não se conhece algum
As meninas estão a mostrar o seu talento caso de falsificação de idades.
24 Savana 26-07-2013
CULTURA

Lançamento da edição kakana lança


MMA 2013 adiado primeiro disco
Por Abdul Sulemane
banda Kakana vai pasto da Cidade de Maputo).

O
lançamento da edição
2013 do Mozambique
Music Award foi adiado.
O referido lançamento
oficial estava previsto para o dia
A lançar no dia 26 de
Julho, no Centro
Cultural Universi-
tário o seu primeiro disco. A
intitular-se Serenata, o disco
A sua música não tem frontei-
ras. Baseados na Marrabenta e
outros ritmos nacionais, fazem
fusão com ritmos do mundo,
fazendo uma perfeita combi-
23 de Julho na Mediateca do BCI. é composto por quinze faixas nação da guitarra de Jimmy
Não foram explicadas as razões que musicais, das quais seis já ga- Gwaza e a voz inconfundível de
motivaram o adiamento da apre- nharam prémios. Treze temas Yolanda Chicane.
sentação oficial deste evento. do disco são da autoria da A cantora Yolanda traz nas suas
No lançamento pretendia-se fazer banda Kakana (Azarias Arone composições, mensagens de es-
conhecer os representantes de to- Nhabete e Yolanda Chicane). perança, paz e amor. Acredita
dos os patrocinadores, músicos e as Sendo os outros dois temas, que a música é uma linguagem
datas mais importantes do projec- Madlaissane, e Karimanhana, universal de concórdia entre to-
to, nomeadamente, das inscrições, da autoria de Salomão Nhan- dos os seres. Afro, Rock e Jazz
anúncio dos nomeados, votações tumbo e Arone Samsone, res- são ritmos predominantes nas
e o momento mais importante do pectivamente. composições escritas em várias
Projecto: a Gala Final! Para falar e brindar a chegada línguas tais como: Changana,
Com o tema Liberta a Música! O do seu primeiro disco com os Emacua, Chope, Português e
Mozambique Music Awards conta jornalistas, a banda Kakana Inglês.
pela segunda vez consecutiva com realizou uma conferência de Ao longo da sua careira, a ban-
1mRVHFRQKHFHPDVUD]}HVGRDGLDPHQWRGRODQoDPHQWRRÀFLDOGR00$
o apoio do BCI como principal pa- imprensa. A mesma teve lugar da Kakana tem arrecadado
trocinador. É um projecto que tem te das edições anteriores. “O BCI patrocínio do BCI e da DSTV e no dia 22 de Julho corrente, na vários prémios a saber: Me-
como principal objectivo fornecer MMA 2013 pretende marcar a ainda com o apoio incondicional Mediateca do BCI, instituição lhor Voz (Top Ngoma, 2007 e
uma plataforma internacional aos diferença para todos nós. Os ar- da Associação dos Músicos Mo- financeira que, no quadro da 2010); Revelação (Top Ngo-
artistas locais sobre a qual eles po- tistas têm a exposição mediática, çambicanos que sempre tem vela- sua política de Responsabi- ma, 2007); Prémio Fusão (Top
dem ser reconhecidos, respeitados distinção e internacionalização da do pelo sucesso e reconhecimento lidade Social, co-patrocina a Ngoma, 2010); Melhor Banda
e apreciados pela sua contribuição música e o público, muito entrete- edição do disco. (Top Ngoma 2009); Prémio
além fronteiras da música de Mo-
para a indústria da música moçam- nimento, alegria, curiosidades, des- Em 2004, Azarias Arone e Fusão (Moçambique Music
contracção, simplicidade e muitas çambique e este ano prometem fa- Yolanda Chicane fundaram a Awards - MMA). A.S
bicana.
novidades”, referi o comunicado. zer o melhor para o sucesso deste
Contudo, a organização do evento banda Kakana,
espera que esta edição seja diferen- O Projecto conta com o principal projecto.
Desde então, a
dupla tem estado
a brindar a pla-

Angola financia vocabulário teia moçambica-


na com perfeição,
actuando em vá-
rios palcos (festi-

comum da língua portuguesa vais locais, festas,


casamentos, co-
cktails, jantares
de gala e em al-
gumas casas de
ngola vai financiar os países que aprovaram os respectivos elaboração do Vocabulário Orto-

A trabalhos do Vocabulá-
rio Ortográfico comum
da Língua Portuguesa
tratando-se da “primeira vez que
um PALOP contribui para um ins-
VOC.
Para o responsável pelo Instituto
Internacional da Língua Portu-
guesa, os trabalhos que foram de-
senvolvidos nos últimos três anos
gráfico Comum da Língua Portu-
guesa, tratando-se de um resultado
directo da primeira conferência
internacional sobre o futuro do
português. “O plano foi aprovado Golo, DDB e Cloud
trumento central” do Acordo Orto- vão ser apresentados em Portugal numa reunião técnica internacio-
gráfico, disse à Lusa o director do
Instituto Internacional da Língua
Portuguesa.
“É a primeira vez que um PALOP
no mês de Outubro, na II Confe-
rência da Língua Portuguesa no
Sistema Mundial e que deve, pre-
visivelmente, produzir “o plano de
nal, pelos pontos focais da CPLP
e foi parcialmente financiado, num
primeiro momento, pelos recursos
Digital Arts lideram
de apoio às iniciativas culturais
(País Africano de Língua Oficial
Portuguesa) financia um grande
instrumento da língua portuguesa
acção de Lisboa” para a promoção
da língua.
“O plano de Lisboa será homólogo
dos PALOP através do programa
dos fundos ACP (África, Caraibas
e Pacífico)”, disse ainda Muller de
Prémios Lusos
central como o Vocabulário Or- ao plano de Brasília, em que esta- Oliveira, referindo que a primeira
tográfico da Língua Portuguesa mos a trabalhar e que estará em vi- s Lusos, Prémios Lu- No concurso estiveram 300 peças,
(VOC), para a finalização do acor-
do ortográfico, disse o brasilei-
ro Gilvan Muller de Oliveira, do
Instituto Internacional da Língua
Portuguesa, responsável pelos tra-
gor em 2014 após a sua aprovação
pelos chefes de Estado e de Gover-
no da CPLP na Cimeira de Díli,
Timor-Leste, em Julho do próximo
ano”, referiu.
acção do Instituto Internacional da
Língua Portuguesa foi feita através
dos meios desta plataforma.
“Montámos uma equipa central,
mobilizámos a equipa técnica dos
vários países, fizemos o primeiro
O sófonos da Criativida-
de premeiam trimes-
tralmente os melhores
trabalhos feitos nas áreas da pu-
blicidade, relações públicas e Pla-
de 32 agências, originárias de cinco
países (Angola, Brasil, Cabo Verde,
Moçambique e Portugal).
Ao participar nos prémios trimes-
trais, todas as agências estão a pon-
balhos, acrescentando que a verba é “Pretendemos lançar a primeira neamento de media, nos países de tuar para a Grande Gala Anual dos
curso técnico para a composição do
de 35 mil euros (um euro equivale a plataforma do VOC em Outubro, língua oficial portuguesa. Prémios Lusos, onde serão distin-
39, 27 meticais). mas a nossa perspectiva é integrar vocabulário ortográfico nacional. O O ranking das agências moçambi- guidas as agências do ano lusófonas
“O Vocabulário Ortográfico Co- também um quarto país que está Vocabulário Ortográfico Comum é canas é liderado actualmente pela em cada área e também as agências
mum da Língua Portuguesa ao avançando no processo de elabo- constituído pelos vocabulários na- Golo, seguida pela DDB, que ocu- do ano em cada país.
mesmo tempo que incorpora o vo- ração do VOC que é Cabo Verde”, cionais de cada país – uma inovação pa o segundo lugar e pela Cloud O ranking lusófono, que engloba
cabulário dos oito países – seguindo adiantou Muller, estando a inte- muito grande na metodologia de Digital Arts, que se encontra no as agências de todos os países, é
a mesma metodologia e os mesmos gração do Vocabulário Ortográfico vocabulário e temos neste momen- terceiro posto. O ranking comple- actualmente liderado pela F/Na-
critérios de aplicação das bases do Comum de Cabo Verde prevista to três vocabulários nacionais con- to pode ser consultado no site dos zca Saatchi & Saatchi do Brasil,
acordo – mantém a possibilidade para Julho de 2014, na Cimeira da cluídos – Moçambique, Portugal e Prémios Lusos (www.premioslu- seguida pela Borghi/Lowe também
de individualizar os vocabulários de Comunidade dos Países da Língua Brasil”, disse. sos.com). do Brasil e por fim pela portuguesa
cada país, mas não apaga a variante Portuguesa (CPLP) de Díli. O responsável acrescentou: “o fi- A 1ª entrega trimestral de pré- Fuel. As inscrições para a 2ª edição
do léxico nacional”, explicou Gil- O Instituto Internacional da Lín- nanciamento deste trabalho está a mios decorreu no passado dia 10 trimestral dos Prémios Lusos co-
van Muller, sublinhando que Por- gua Portuguesa foi encarregue pelo ser concretizado com recursos an- de Julho no Hotel Fonte Cruz, na meçam no início do mês de Setem-
tugal, Brasil e Moçambique são os plano de acção de Brasília para a golanos”. A.S Avenida da Liberdade, em Lisboa. bro. A.S
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1020 ‡ 26 DE JUlHO DE 2013
2 Savana 26-07-2013 Savana 26-07-2013 3
SUPLEMENTO
Savana 26-07-2013 27
OPINIÃO

Abdul Sulemane (texto)


Naita Ussene (Fotos)
e Naita Ussene (fotos)

Os olhos fazem
mais do que ver
á um autor de ficção científica que aprecio acima de todos e, aliás, é apre-

H ciado universalmente. Chama-se Isac Azimov. É americano, mas presumo


que seja de origem russa. Mas isso não vem ao caso. As suas histórias são
projectadas para um futuro de uma dimensão inimaginável.
Há um tempo, li uma colectânea completa das suas histórias e senti que no fundo
pertenço a uma dimensão ínfima do universo. Uma das histórias dessa colectânea
tinha como título “Os olhos fazem mais do que ver” e situava-se para daqui a mil,
dois mil ou mesmo três mil anos a frente em relação à nossa época.
A mim não me custa nada crer que de facto os olhos fazem mais do que ver. Os
olhos falam, pensam e, como diz a sabedoria, eles são o espelho da alma. Não sei se
me vou repitir, mas não resisto à tentação de fazer reparar que aquilo que existe nas
nossas tradições, quando há falecimentos, missas e coisas que tais, antes os presentes
começarem a comer ou a tomar chá, serem obrigados a lavar as mãos, sendo que
quem serve a água para lavar as mãos é uma legião de jovens casadoiras com uma
bacia e uma caneca e vão passando de homem a homem. E o que é importante re-
parar é que é extremamente tabu essas jovens cruzarem os seus olhares com a pessoa
que está a lavar as mãos. Elas trazem a bacia na mão esquerda e no braço esquerdo
a toalha, na mão direita têm a caneca com água que vão despachando com a cabeça
e os olhos virados para trás. Porque na verdade os olhos fazem mais do que ver. E se
por um lapso de tempo muito curto os olhos da jovem casadoira se cruzarem com
os do homem que está a lavar as mãos tudo pode acontecer e tudo pode vir a ser
uma catástrofe.
Propomos aqui esta semana uma leitura sobre como as pessoas se olham e dialogam
com os olhos tendo em consideração de que pessoas se trata, quais os seus cargos e
que relações existem ou existiram entre elas no passado, no presente e, quem sabe,
como perspectivam o seu relacionamento no futuro.
SE NÃO ACREDITA, veja e tente interpretar a forma como o Mário Mangaze,
que já foi presidente do Tribunal Supremo, está a olhar para Manuel Tomé e Luísa
Diogo, antigos deputados da Frelimo à Assembleia da República.
OU COMO ARMANDO GUEBUZA, Chefe do Estado, olha para David Si-
mango, presidente do Munícipio de Maputo, embora este esteja ligeiramente incli-
nado, uma vez que de altura física é um pouco maior.
QUANDO UM HOMEM põe o queixo apoiado na mão ou o nariz apoiado no
dedo indicador, algo de muito profundo e misterioso está a passar pela sua mente,
coisa que ele nunca dirá. Mas talvez os olhos nos revelem alguma coisa dos me-
andros pelos quais ele está a navegar. Neste trio, estão homens a confabular cada
um na sua: Ivan Zacarias, Armando Munguambe e Estefánio Muholove, todos do
Gabinete de Imprensa da Presidência da República.
O EDUARDO MULÉMBUÈ, deputado e antigo Presidente da Assembleia da
República, é tido como um bom conselheiro e apaziguador de ânimos. Pode ser
uma fama justificada ou não. O que é certo é que quase sempre que ele é visto em
público tem atitudes que tendem a justificar essa fama. O Alberto Chipande, ex-
-ministro da Defesa e outras coisas que tais, é muito mais velho que o Mulémbuè,
mas veja-se o ar, o olhar e os gestos com que o Mulémbuè está a tratar o Chipande.
OU ENTÃO, a atitude de patriarca e olhar baixo com que Joaquim Chissano está
a enfrentar o grupo constituído por Mário Mangaze, Luísa Diogo e Eduardo Mu-
lémbuè. A boca fala e o corpo também, mas mais do que tudo isso, falam os olhos.
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+VMIPEFt"/099t/o 1020

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IMAGEM DA SEMANA Foto Urgel Matula

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as suas posições, enquanto esperam que saia a famosa lei dos
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A conclusão é de um relatório encomendado pela USAID
t 4JMFODJPTPTBOEBNPTIPNFOTEFVNBEBTBOUJHBTSFQÞCMJ-
Confusão no papel do Estado emperra DBT TPWJÏUJDBT  RVF QSPNFUJBN NVOEPT F GVOEPT "UÏ VNB
DPODFTTÍP MIFT EFSBN EJSFDUBNFOUF QBSB /BDBMB /JOHVÏN

reformas no transporte aéreo TBCFEPQBSBEFJSPEFUBJTJOWFTUJEPSFTQFMPRVFTFSÈNFMIPS


procurar pela Bolsa de Londres, mais ao sul de onde anda
BDUVBMNFOUFPHSBOEFMÓEFS
Por Ricardo Mudaukane
t $PNHSBOEFCBSVMIPBDBCPVmOBMNFOUFPSFDFOTFBNFOUPEF

A
falta de clareza no papel do "BWBMJBÎÍPEJ[RVFPTDJODPQSJODJQBJT OJEBEF EF %FTFOWPMWJNFOUP EB «GSJDB
Estado no sistema de trans- BFSPQPSUPTNPÎBNCJDBOPTEFWFNNBO- "VTUSBM 4"%$
 EFWJEP BP EÏmDF EF SBJ[ NBJT VN
 F DPN HSBOEF CBSBGVOEB EF OÞNFSPT FOUSF
porte aéreo moçambicano é ter a linha de mudanças operacionais DBSSFJSBT F BP DBSÈDUFS BENJOJTUSBUJWP 45"& F P JOTUJUVUP EBT FTUBUÓTUJDBT 0T IPNFOT EPT DPN-
um empecilho ao sucesso das que estão a implementar por forma a EPTQSFÎPT putadores dizem que as discrepâncias são dos outros, mas
medidas de liberalização do sector, con- responderem aos desafios de cresci- i1BSBBNBJPSJBEPTNFSDBEPTEBSFHJÍP  há quem pense que os resultados a mais de 100% poderão
sidera o relatório preliminar Impacto NFOUPEPTFDUPSFEBFmDJÐODJB BTDPOEJÎÜFTEFDPNQFUJUJWJEBEFHBSBO- TFSUBNCÏNNPWJNFOUBÎÍPEFFMFJUPSFTQBSBBTTFHVSBSPWPUP
EB -JCFSBMJ[BÎÍP EP5SBOTQPSUF "ÏSFP %FBDPSEPDPNB%"*BOE/BUIBO"T- UFNBPTWJBKBOUFTQSPWFOJFOUFTEB«GSJ-
no Turismo e na Economia de Mo- TPDJBUFT PUSÈGFHPBÏSFPFN.PÎBNCJ- DBEP4VMQSFÎPTNBJTBDFTTÓWFJTEPRVF OBTVSOBT&N/PWFNCSP TF/PWFNCSPTFDPODSFUJ[BS WB-
çambique em Geral, patrocinado pela que não cresceu ao mesmo ritmo que o RVBOEPWJBKBNQBSB.BQVUPw PCTFSWBB NPTNFTNPTBCFS
"HÐODJB EPT &TUBEPT 6OJEPT QBSB P incremento do Produto Interno Bruto %"*BOE/BUIBO"TTPDJBUFT
"QPJPBP%FTFOWPMWJNFOUP*OUFSOBDJP- 1*#
 EP QBÓT  NPTUSBOEP VN NFOPS 4FHVOEP P SFMBUØSJP EB %"* BOE /B- t /JOHVÏN UFWF BJOEB DPSBHFN EF DPNQBSBS PT OÞNFSPT EP
OBM 64"*%
 HSBV EF FMBTUJDJEBEF   9  BCBJYP EP UIBO"TTPDJBUFT PQSFÎPNÏEJPEFBWJÍP SFDFOTFBNFOUPFPTOÞNFSPTEPTQPSUBEPSFTEF#*4FSÈRVF
0 SFMBUØSJP EFGFOEF RVF BT SFGPSNBT HSBVEFFMBTUJDJEBEFEP2VÏOJB 9
 FOUSF+PBOFTCVSHPF.BQVUPÏVNEPT
FEB5BO[ÉOJB 9
QBÓTFTRVFJN- PQBÓTTFQPEFEBSBPMVYP FBPEFTDSÏEJUPUBNCÏN EFUFS
OPEPNÓOJPEPUSBOTQPSUFBÏSFPEFWFN NBJTDBSPTOB4"%$ TFOEPEVBTWF[FT
incluir a entrada de um parceiro estra- QSJNJSBN VN OÓWFM EF MJCFSBMJ[BÎÍP mais o preço por milha em comparação recenseamentos milionários e uma população que continua
UÏHJDP PV EF VN PQFSBEPS QSJWBEP OB TVCTUBODJBM DPNPNFTNPQFSDVSTPOBSFHJÍP TFWJDJBEBQFMBQPMÓDJBQPSRVFOÍPUFN#*
DPNQBOIJBEFCBOEFJSB -JOIBT"ÏSFBT &TTBEJTDSFQÉODJBWFSJmDBTFOVNDPO- i"QBSUJSEJTUP ÏFWJEFOUFNBOUFSQSF-
EF.PÎBNCJRVF -".
 UFYUP FN RVF P USÈGFHP EF QBTTBHFJSPT ÎPTUÍPQSFMPTRVBOUPQPTTÓWFJT BUSBWÏT t 5BNCÏNTFFTQFSBEBDPSBHFNEPTEPBEPSFTFNDPOUFTUBSFN
i"QFTBS EF SFGPSNBT MFHBJT F SFHVMBUØ- nos aeroportos moçambicanos aumen- de um acordo informal num Mercado
UPV QPSDFOUPOPTÞMUJNPTBOPT 
BT EFDMBSBÎÜFT EP BGÈWFM 1.  QFMBT CBOEBT EB /JHÏSJB  RVF
SJBT JNQPSUBOUFT MFWBEBT B DBCP QFMBT EPNJOBEP QPS WJBHFOT EF IPNFOT EF
autoridades moçambicanas, não há EF   FN   QBSB  NVJUPDPOUSPWFSTBNFOUF PTBDVTBEFGB[FNQPVDPQBSBBKV-
OFHØDJPT DPNVNBFMBTUJDJEBEFEFQSF-
uma clara separação entre os poderes FN ÎPTNVJUPCBJYBw EJ[PEPDVNFOUP EBSBEFCFMBSBDBUÈTUSPGFEBEPFOÎBEPTÏDVMPOPOPTTPQBÓT
de elaboração de políticas, operações e i" -". F B .&9 TÍP BDUPSFT EPNJ- Esse quadro, assinala-se no relatório, 4FSÈRVFBSPVQBTVKBWBJTFSMBWBEBËQPSUBGFDIBEB
SFHVMBÎÍP 0 (PWFSOP NPÎBNCJDBOP nantes no transporte aéreo doméstico está a impedir o recurso ao transpor-
continua a deter o controlo do sistema NPÎBNCJDBOP"TEVBTUSBOTQPSUBEPSBT UF BÏSFP QPS QBSUF EPT QBTTBHFJSPT RVF t 0RVFBOEBWBOBCPDBEFUPEPTFTUÈBHPSBËMV[EPEJB"m-
BFSPQPSUVÈSJPFB-".w BQPOUBPEP- lidam com apenas dois pequenos con- OÍPWJBKBNFNOFHØDJPTQBSBPNFSDB-
correntes do mercado interno: Kaya OBM QBSBTFGBMBSOPTØSHÍPTEFDPNVOJDBÎÍPTPDJBMRVFTÍP
DVNFOUP do turístico em Moçambique a preços
1BSB PT BVUPSFT EB BWBMJBÎÍP  BT BVUP- "SMJOFT F 55" "JSMJOL &TUFT EPJT SB[PÈWFJT
QBHPTDPNPTJNQPTUPTEFUPEPT ÏQSFDJTPNFSFDFSDSFEFO-
ridades moçambicanas continuam a operadores aéreos fornecem funda- i0TQSFÎPTEPUSBOTQPSUFBÏSFPEPNÏT- DJBM QBSUJEÈSJB &TUBNPT DVSJPTPT QBSB TBCFS DPNP SFBHJSÍP
DPOTJEFSBSB-".DPNPVNBDUJWPFT- NFOUBMNFOUF TFSWJÎPT EJGFSFOUFT F OÍP UJDPFN.PÎBNCJRVFTÍP QPSDFO- NVMUJOBDJPOBJTFFNQSFTBTQSJWBEBTBPTBCFSRVFPTTFVTRVB-
USBUÏHJDPQBSBPQBÓT EFUBMNPEPRVFB colocam numa ameaça concorrencial UPNBJTBMUPTEPRVFOB5BO[ÉOJB   dros fazem parte do círculo restrito dos que estão autoriza-
política oficial e estrutura institucional TÏSJBBTEVBTDPNQBOIJBTEFSFGFSÐODJB QPS DFOUP OB «GSJDB EP 4VM EP RVF OB
OPNFSDBEPJOUFSOPw JOEJDBPSFMBUØSJP EPTBGBMBS"mOBMPTPMRVBOEPOBTDF BJOEBOÍPÏQBSBUPEPT
EPTFDUPSEFBWJBÎÍPDJWJMFTUÍPIBSNP- «GSJDBEP4VMF QPSDFOUPRVFOB 
OJ[BEBT QBSB QSPUFHFS B DPNQBOIJB EF 5BO[ÉOJBw SFBMÎBPFTUVEP
CBOEFJSB Manter o ímpeto reformista 0EPDVNFOUPBOPUBRVFPQBÓTEFWFFO-
/FTTB QFSTQFDUJWB  P QBÓT EFWF FNQSF- DFUBSNBJTBWBOÎPTOBQSPNPÎÍPEFQB- Em voz baixa
Proteccionismo à LAM ender esforços adicionais para a pros- ESÜFTEFTFHVSBOÎBBÏSFBFNDPOGPSNJ- t "VNFOUBNBTBQPTUBTOPTÞMUJNBTEJBT EPRVFEJSÈFN8B-
4FHVOEPPFTUVEPFMBCPSBEPQFMBmSNB secução das políticas reformistas e EBEFDPNBTFYJHÐODJBTJOUFSOBDJPOBJT TIJOHUPOPCPTTEPOPTTPCBODPSFTFSWB/ÍPTPCSFBQBSJEB-
%"*BOE/BUIBO"TTPDJBUFT mSNBOPS- promoção de uma atmosfera de maior &TUB PCTFSWBÎÍP WFN OVNB BMUVSB FN
te-americana de consultoria económica, competição e participação do sector RVFBDBCBEFTFSBOVODJBEBQFMB6OJÍP de do metical ou do controle da inflação, mas sobre o “em-
mesmo empenhados na reestruturação QSJWBEPOBÈSFBEPUSBOTQPSUFBÏSFP Europeia a continuação de Moçambi- QVSSÍPwRVFEFSBNBVNEJSFDUPSEFKPSOBMEFRVFPCBODPÏ
EPTFDUPSEPUSBOTQPSUFBÏSFP P(PWFS- 0 FTUVEP FOGBUJ[B P FMFWBEP QSFÎP EF RVFOBMJTUBOFHSBEPTQBÓTFTDVKBTDPN- PQSJODJQBMBDDJPOJTUB.JTUVSBSBMIPTDPNCVHBMIPTÏPRVF
OPNPÎBNCJDBOPFP*OTUJUVUP/BDJPOBM WJBHFNEFBWJÍPFN.PÎBNCJRVF DP- panhias aéreas estão interditas de so- EÈ
EF"WJBÎÍP$JWJM *"$.
DPOUJOVBNB tando o custo do bilhete em Moçambi- CSFWPBSPFTQBÎPDPNVOJUÈSJP EFWJEPB
USBUBSB-".DPNQSPUFDDJPOJTNP RVFDPNPVNEPTNBJTBMUPTEB$PNV- MBDVOBTOPTJTUFNBEFTFHVSBOÎBBÏSFP
Savana 26-07-2013
EVENTOS EVENTOS

EVENTOS
0DSXWRGH-XOKRGH‡$12;;‡1o 1020

Banco Único
premiado
m Moçambique há menos de dois seu website.

E anos e último banco a fixar-se no país,


o Banco Único já é referência em Mo-
çambique e em África. Após a distin-
ção do respectivo Presidente do Conselho
de Administração, como o Melhor CEO do
O Banco Único, sedeado em Moçambique,
é um banco universal, com forte vocação de
retalho, inaugurado há menos de dois anos,
a 30 de Agosto de 2011. Liderado por João
Figueiredo e contando com accionistas por-
sector financeiro no continente, pela presti- tugueses e moçambicanos de referência,
giada revista African Banker, o banco volta como Américo Amorim, Grupo Visabei-
a ser único, com a eleição do seu serviço de ra, Instituto Nacional de Segurança Social,
Internet Banking, como o melhor em Mo- Rural Consult, DHD e SF Holding, esta
çambique, pela publicação Global Finance. instituição bancária conseguiu desde a sua
Continuando a somar distinções para além abertura triplicar o seu número de balcões e
posicionar-se entre os maiores e mais anti-
de ter o melhor site e serviço de Internet gos bancos a actuar em Moçambique. Com
Banking para Particulares e para Empresas 13 balcões, nove na cidade de Maputo, um
em Moçambique, também foi considerado na cidade da Matola, um na cidade da Bei-
pela prestigiada revista The Banker como um ra, um na cidade de Tete e um na cidade de

Urgel Matula
dos 13 bancos mais promissores do mundo. Nampula, o Banco Único nasceu com a am-
Esta nomeação do seu serviço internet bição de a médio prazo se posicionar entre
os bancos de referência no país e contar com
Banking foi anunciada pela publicação Glo- presença em todas as províncias. Estão em
bal Finance, acreditando esta que o banco curso as conversações entre as autoridades
apresenta uma forte estratégia de serviço sul-africanas e moçambicanas para a aquisi-
online aos seus clientes, assim como também ção de 36.4% do capital do Único, pelo Ne-
pelas suas funcionalidades e vasto leque de dbank, um dos maiores bancos sul-africanos.
produtos online, igualmente pelo design do Redacção

Millennium bim oferece máquinas de costura


Eduardo Conzo
Escola Comunitária três fases. “Para este ano, o banco

A “Cidadela das Crianças


de ADPP, situada no
bairro de Costa de Sol,
arredores da cidade de Maputo,
acaba de receber, nesta quarta-
pretende iniciar a primeira fase com
ofertas dos materiais necessários à
criação de salas de formação. Nas
duas fases seguintes, o Millennium
bim prevê focar a sua actividade na
feira, máquinas de costura e manutenção e na sustentabilidade
respectivos acessórios, oferecidos dos cursos criados”.
pelo Millennium bim, em mais um O mesmo foi criado em 1991, com
projecto de entre vários organizados o objectivo de apoiar a integração
por aquela instituição bancária, de crianças de rua no sistema
no âmbito do seu programa de formal de educação, das mais de
responsabilidade social, integrado 800 crianças que actualmente
na iniciativa Mais Moçambique frequentam o ensino geral de 1ª a
Pra Mim. 7ª classes, 83 crianças são internas,
Designado “Escola Millennium as consideradas vulneráveis por
bim”, o programa comportou a terem perdidos seus país, vítimas
entrega de 19 máquinas de costura de HIV-SIDA. A escola integra
e as respectivas linhas, para além de igualmente outras 724 crianças,
agulhas e outros acessórios usados residentes na área envolvente, que
no processo de costura. frequentam aquele estabelecimento
O projecto que se espera venha de ensino. para que as crianças tenham um perto de 200 alunos, dos quais, 75 a leccionarem no Instituto Superior
beneficiar mais de 800 crianças As máquinas de costura ora ofício de modo a que possam internos, ou seja, os considerados de Comunicação e Arte, na cidade
actualmente matriculadas naquele oferecidas à escola, segundo criar um auto- emprego para a seu vulneráveis. Deste grupo, segundo da Matola.
estabelecimento de ensino, tal como esclareceu Américo Tomás, director sustento. Américo Tomás, já foram formados Neste momento, a escola conta com
explicou Fernando de Almeida, da Escola Comunitária Cidadela Desde a sua criação a esta parte, a dois enfermeiros integrados no 12 salas de aulas, 18 dormitórios
director Prestige ONG´s no das Crianças de ADPP, vão Escola Comunitária Cidadela das Sistema Nacional de Saúde, mais que albergam alunos internos,
Millennium bim, está dividido em proporcionar uma oportunidade Crianças de ADPP já graduou de 10 professores, alguns dos quais cozinha e outras divisões de relevo.
2 Savana 26-07-2013
EVENTOS EVENTOS

Governo dos EUA apoia Onebiz cria oportunidade


refugiados em Moçambique de negócio
Por: Zaqueu Massala Por Israel Zefanias
Governo dos Estados Uni-

O O
país aberto e aco- Grupo Onebiz, uma e reparações, remodelamento e
dos da América (EUA) lhedor, onde os ci- rede empresarial que reabilitação de espaços, gestão
assinou um acordo de fi- dadãos promovem identifica áreas favo- de arrendamentos, certificação
nanciamento, num valor a convivência entre ráveis para negócios energética, avaliação imobiliária,
estimado em cerca de USD25 mil as pessoas. Porém, e líder no Mercado de franchi- cuidados de higiene como foto
dólares à Associação de Estudantes sempre pode fa- sing-Consultoria em Tecnologia depilação, foto rejuvenescimen-
Refugiados - AEREMO distribuí- zer mais e ajudar de Informação, português, está to, depilação a cera, manicure/
dos em pequenos grupos de associa- melhor as nossas em Maputo desde a semana pas- pedicure, massagens e tratamen-
ções. De acordo com o embaixador irmãs e irmãos ne- sada, para se fazer no mercado tos corporais e de rosto.
dos EUA, em Moçambique, Dou- cessitados”, referiu. local. Carlos Pinho, gestor de Segundo Pinho, Moçambique
glas Griffiths, o financiamento tem Por seu turno, o marcas do Onebiz, realizou na pode trazer benefícios para o
por objectivo apoiar um grupo de presidente da As- sexta-feira, um seminário sobre Grupo, bem como este para o
estudantes refugiados que se encon- sociação dos Es- Franchising e Oportunidades país. Os benefícios prendem-se
tram a estudar em Moçambique. tudantes Refugia- de Negócios Onebiz, em Ma- com questões de expansão dos
O fundo de financiamento para os dos- AEREMO, puto, expondo diversas marcas seus negócios, que o entrevista-
refugiados foi lançado em 2000 com que o grupo dispõe para uma do garante ter tecnologias bem
Ilec Vilanculo
Douglas Nduwaye-
a intenção de providenciar aos Em- zu, disse que o pequena plateia que se mostrou avançadas e conhecimento pro-
baixadores os meios para responde- apoio de financia- interessada pelos serviços que a fundo das áreas em que o grupo
rem a brechas em programas mul- (PEDL[DGRUGRV(8$HP0RoDPELTXH'RXJODV*ULIÀWKVH mento ora assinado Onebiz presta, dentre elas obras actua.
tilaterais dirigidos aos refugiados. presidente da Associação dos Estudantes Refugiados- AER- entre a associação
No ano passado, o Fundo para os EMO, Douglas Nduwayezu momentos após assinatura
e o Governo EUA
Refugiados do Governo dos EUA na Acção Económica, que procura
apoiou actividades em 39 países, 18 abordar o problema grave do de- vai ajudar no desenvolvimento das
dos quais em África. semprego entre os refugiados nas suas actividades, sobretudo na área
Na ocasião, o embaixador destacou: províncias de Maputo e Nampula, de educação e saúde e vai minimizar
“o Governo dos EUA tem o prazer oferecendo formação vocacional outras dificuldades que a associação
de conceder um subsídio no âmbito para o rendimento de emprego”, vinha enfrentando.
deste fundo no valor de USD25 mil destacou o embaixador. De referir que a cerimónia de as-
O Embaixador considera ainda que sinatura de Concessão de um Sub-

Ilec Vilanculo
dólares à Associação de Estudantes
Refugiados - ou AEREMO – em o apoio do governo americano aos sídio de financiamento teve lugar
Moçambique. Através deste fun- estudantes refugiados foi uma boa nesta segunda-feira, no Centro
do, a AEREMO irá implementar oportunidade na cooperação entre Cultural da Embaixada dos Estados
um projecto intitulado Refugiados as duas partes.   “Moçambique é um Unidos da América em Maputo.
6 Savana 26-07-2013
EVENTOS EVENTOS

TVCABO manifesta
Yolanda Cintura apela à
interesse no crescimento
valorização dos idosos
das telecomunicações
Por: Zaqueu Massala
Por Nélia Jamaldine
Ministra da Mulher

A
trabalho de sensibilização na
erca de 150 participantes, no desenvolvimento do sector das e Acção Social, Yo-

C
província de Gaza e em ou-
entre os quais provenientes telecomunicações e do país. landa Cintura, ape- tras capitais provinciais. A
dos países da Comunidade Azevedo acrescentou ainda que ar- la à valorização das ideia, segundo Cintura, é que
para o desenvolvimento da ranjar soluções para os problemas da pessoas idosas que vezes sem a sociedade dê valor a todos
África Austral (SADC) e da Comu- migração digital é um desafio para conta são marginalizadas e os idosos.
nidade dos Países de Língua Por- o sector actualmente, e ter a opor- abandonadas à sua sorte, para Por outro lado, pretende-se
tuguesa (CPLP), participaram nos tunidade de uma explanação mais além das outras que são acu- ainda diminuir o índice de
passados dias 17 e 18 do corrente ampla em torno do assunto será de sadas de fetiçaria. medicidade dos idosos que
mês, em Maputo, na segunda confe- grande interesse para todos os inter- Falando no final de uma ses- vezes sem conta andam na
rência nacional do Sector das Tele- venientes contactarem perspectivas são de teatro sobre a campa- rua de um lado para o outro
comunicações promovida pelo Insti- diferentes e partilharem as suas ex- nha para a valorização da pes- a pedir esmola enquanto têm
tuto Nacional das Comunicações de periências.
soa idosa, organizada pelo seu familiares que deviam-lhes
Moçambique (INCM), em parceria De referir que entre outros assun-
ministério em parceria com cuidar.
com a Moçambique Celular (mCel), tos relacionados com o tema prin-
cine Teatro Gungu, Cintura Por seu turno, o patrono do
Vodacom, Movitel e Visabeira. cipal, a Conferência abordou três
disse que é preciso que toda a cine teatro Gungu, Gilberto
Sob o lema “Comunicações ao servi- vertentes distintas: Comunicação,
Radiodifusão Digital e Serviços de
sociedade moçambicana saiba Mendes, disse que é impor-
ço do Desenvolvimento”, esta inicia-
valor acrescentado, destacando-se dar valor à pessoa idosa. tante recuar no passado e
tiva teve como objectivo debater so-
questões como o estado actual das “É preciso que haja mudança valorizar o papel da pessoa
bre as soluções para os problemas da
comunicações, desafios para o sector de mentalidade nas pessoas idosa.
migração digital sob o tema “ Radio-
difusão Digital em Moçambique”. das comunicações, segurança de in- para que saibam valorizar os “Ela são as pessoas que nos
fra-estruturas de telecomunicações, idosos, a sociedade deve dei- da pessoa idosa, o Ministério da trouxeram ao mundo e cria-
O Director Geral da TVCABO
migração digital, mobile banking e xar ou parar de descriminar e Mulher e Acção Social, em parceria ram-nos com muito carinho,
Moçambique, Fernando Azevedo,
os desafios globais para o sector. acusar de fetiçaria as pessoas com o grupo teatral Gungu, está a por isso eles merecem serem
moderador do evento, referiu que
iniciativas desta natureza fazem par- A TVCABO aposta em tecnologias mais idosas, é uma atitude de- promover uma campanha um pouco bem tratados, não só não nos
te da filosofia empresarial da insti- e infra-estruturas inovadoras para sumana“, disse a governate. por todo o país sobre a valorização podemos esquecer que tam-
tuição que dirige, uma vez que estas fornecer serviços multimédia, inter- Segundo a ministra, para dos idosos. bém um dia seremos velhos”,
traduzem uma mais-valia na promo- net de banda larga e televisão por combater a não valorização Neste momento está em curso um observou Gilberto Mendes.
ção dos seus serviços como também cabo em fibra óptica.

ENERGIA PARA MOÇAMBIQUE

Convite para Concurso


Concurso Público nº 048/EBA-PAC/FUNAE/UGEA/13

Contratação de Empreitada de Obra para Elaboração de Estudo Geofísico, Abertura de Furo de Água e Bombeamento de água
através de um Sistema Fotovoltáico
1. No âmbito da operacionalização do Decreto n° 63/2006, o Fundo de
(QHUJLD8QLGDGH*HVWRUDGR,QFHQWLYR*HRJUiÀFRSUHWHQGHSURFH-
der a contratação de empreitada para Elaboração de Estudo Geofí-
sico, Abertura de Furo de Água e Bombeamento de água através de
um Sistema Fotovoltáico com objectivo de prover de água potável os
Postos de Abastecimento de Combustíveis no âmbito da expansão
ao acesso aos Combustíveis Líquidos nas Zonas Rurais.

2. Assim, o FUNAE convida as empresas elegíveis a apresentarem


propostas seladas (devendo ser uma original acompanhada de 4 có-
pias). O prazo de execução dos trabalhos é de 3 meses (90 dias).

3. O concurso será conduzido com base nos procedimentos do Regu-


lamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas e de For-
necimento de Bens e de Prestação de Serviços ao Estado, aprovado 8. As propostas devem ser entregues no endereço abaixo indicado ate
pelo Decreto nº. 15/2010, de 24 de Maio, e está aberto a todos os as 14:00 horas locais do dia 30 de Agosto de 2013. Não será permi-
FRQFRUUHQWHVFRQIRUPHGHÀQLGRQRVGRFXPHQWRVGR&RQFXUVR tida a apresentação de propostas por via electrónica. As propostas
entregues para além da data e hora limite serão rejeitadas.
4. Os requisitos para os concorrentes interessados são os seguintes: es-
tar legalmente constituído nos termos da legislação em vigor, pos- 9. As propostas serão abertas às 14:15 horas locais do dia 30 de Agosto
suir alvará igual ou superior a 3ª Classe, Categoria V Subcategorias de 2013, no endereço abaixo indicado. Todas as propostas devem ser
1ª, 2ª e 5ª, experiência na execução de trabalhos similares (pelo me- acompanhadas de uma Garantia Provisória conforme solicitado no
nos 3 anos), disponibilidade e habilidade apropriadas na sua equipa caderno de encargos.
de trabalho.
10. Os concorrentes interessados podem obter mais informações junto
5. O Documento do Concurso (Caderno de Encargos) pode ser adqui- do FUNAE e consultar os Documentos do Concurso no endereço
rido pelos concorrentes interessados a partir do dia 30 de Julho de abaixo indicado das 7:30 às 15:30 horas locais.
2013 nos endereços abaixo indicados e mediante o pagamento de
uma importância não reembolsável de 1.000,00 Mt ou o seu equi- Fundo de Energia - FUNAE
valente em moeda livremente convertível. O pagamento poderá ser Rua da Imprensa, 256
efectuado em cheque ou em dinheiro. Para os concorrentes interes- 6º Andar, Portas 607-610,
sados no Estrangeiro, o Documento do Concurso será enviado por CP 2289
via aérea, contra o pagamento das respectivas despesas. (Prédio 33 andares),
Telefones: 21 304717/20, Fax: 21 309228
6. Para o presente concurso não será obrigatória a visita ao local da Celular. 82 ou 84 3216550
obra. Caso os concorrentes queiram visitar o local deverão contactar Email- funae@funae.co.mz
o FUNAE - Sede e/ou Delegações e Representações para obtenção
de credenciais para a visita aos locais. Maputo, 23 de Julho de 2013

7. O concurso está dividido em lotes conforme a tabela que se segue:

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