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JOSE MANUEL GODINHO FIALHO

‒1‒
Cristãos & Vinhos

‒2‒
CRISTÃOS & VINHOS
Jose Manuel Godinho Fialho

Este estudo, de autoria do Dr. José Manuel Godinho


Fialho, foi publicado inicialmente no site da Revista Ultimato on
Line em 4 de janeiro de 2017 e disponível para todos os seus
leitores na página

http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/os-cristaos-e-o-vinho.

Em 25 de setembro deste ano de 2017, por considera-lo


um trabalho exaustivo de pesquisa e sua importância para o
esclarecimento sadio dos cristãos, fizemos nova revisão e edição
como um livrete no formato PDF, para colocá-lo à disposição
dos leitores que queiram imprimi-lo para sua biblioteca,
enviando-o nesta data para a Editora Ultimato, para que o
apresente ao autor, para aprovação. Sem resposta até o
momento.

Após contato posterior, direto com o autor, obtivemos


sua aprovação e adendos complementares ao estudo.

Fábio Amarante
FAMARTE Editora
famarte@uol.com.br

27/nov/2017

‒3‒
Cristãos & Vinhos

‒4‒
Sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................... 7
A VERDADE COMO PRINCÍPIO BÍBLICO..................... 11
REFERÊNCIAS BÍBLICAS AO VINHO ............................ 13
ANTIGO TESTAMENTO ................................................ 13
LIBAÇÃO ....................................................................... 16
NOVO TESTAMENTO .................................................... 28
RESPONDENDO ÀS PERGUNTAS... ............................... 35
AS REFERÊNCIAS BÍBLICAS A VINHO SÃO A
SUCO? .............................................................................. 36
NO ANTIGO TESTAMENTO..................................... 40
NO NOVO TESTAMENTO......................................... 43
SERÁ QUE "VINHO NOVO" SIGNIFICA SUCO
DE UVA NÃO-FERMENTADO?.................................. 45
BODAS DE CANÁ ........................................................... 46
A CEIA DO SENHOR ...................................................... 49
REFERÊNCIAS HISTÓRICAS ............................................ 55
Um pouco de História ...................................................... 61
O consumo moderado...................................................... 63
O Paradoxo Francês.......................................................... 64
Álcool, taninos, flavonóides, catecinas,
resveratrol, etc .................................................................. 64
Vinho e Saúde: Alguns fatos ........................................... 65
CONCLUSÃO ....................................................................... 69
BIBLIOGRAFIA..................................................................... 71

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Cristãos & Vinhos

‒6‒
Introdução

INTRODUÇÃO

Face à importância do assunto e à mais que provável


reação de vários setores da Cristandade, após lerem este estudo
despretensioso, parece-me útil e em homenagem à verdade,
fazer alguns esclarecimentos iniciais.
Por isso decidi me apresentar antes do mais.
Sou português, advogado, com 58 anos de idade, cristão
evangélico há pelo menos 12 anos, batizado na PIB em
Matinhos, frequentando durante vários anos e participando de
célula na Comunidade Alcance de Curitiba, atualmente em
Abatiá/PR.
Como bom português, gosto de um bom vinho,
especialmente tinto, da minha região do Alentejo, em Portugal,
sem desdenhar um bom Francês e até mesmo um vinho
Argentino ou Chileno.
Inicialmente preocupei-me muito, com as afirmações de
irmãos na fé, de que um "bom" cristão, um bom crente, come
bem, mas não bebe. E constatei, que na verdade o bom crente é
chegado a uma boa e quantitativa comida, e a uma geladérrima
Coca-Cola, sendo inclusive motivo frequente de piadas "a
gulodice" do crente, sendo frequente nos eventos sociais da
igreja ou fora dela a referência, de que o crente não bebe, mas
come bem. E me perguntava onde se encontrava tal proibição
na Bíblia, que assim justificava a descriminação com relação ao
bebedor, em face do comilão.
Afinal, dos ensinamentos católicos tinha retido que "a
Gula" fazia parte dos pecados capitais. Percorrendo pacien-
temente a bíblia evangélica "Almeida", que possuo desde a
minha conversão, nas várias leituras que fiz do livro sagrado de
Gênesis a Apocalipse, constatei que nada havia na Bíblia que

‒7‒
Cristãos & Vinhos

condenasse o vinho, aqui tratado genericamente como


referência à bebida alcoólica, antes pelo contrário, encontrei um
monte de referências agradáveis ao vinho, nenhuma proibição,
e até o primeiro milagre de Jesus, na transformação da água em
vinho.
As únicas proibições que encontrei, foi à ingestão em
excesso, quer de vinho, mas também de comida, "a Bebedeira e
a Gula", que são tratados de forma diferente por muitos cristãos,
contrários ao vinho e ao seu consumo pelos crentes, sem cuidar
de separar beber vinho de forma moderada, com bebedeira.
Chega-se ao cúmulo de se pregar a maldição para quem
beba vinho, ou de justificar a ausência de bênçãos, porque o
crente bebe vinho, não se permitindo ao bebedor que assuma
cargos de direção na igreja, quando os que cometem
ostensivamente o pecado da gula, para não falar de outros
cometidos diariamente são subvalorizados, como por exemplo
os pecados da língua, demonstrando claramente dois pesos e
duas medidas, não autorizados pela Palavra de Deus, que
inclusive nos demonstra que Deus não faz acepção de pessoas.
Por outro lado, me parece oportuno enfatizar, que o que
me levou a publicitar este estudo sobre o tratamento dado ao
vinho na Palavra de Deus, não é a crítica, nem muito menos
fazer a apologia da bebedeira, ou um apelo insensível ao
alcoolismo, antes pelo contrário, é uma chamada de atenção
serena e responsável, para que o cristão conscientemente possa
tomar decisões e decidir que caminho quer, sabendo onde e
como estão os limites, e onde estão os pecados que nos afastam
de Jesus Cristo.
Afirmo assim enfaticamente que, bebedeira é pecado sim,
e além disso é prejudicial à saúde, sem nenhuma dúvida.

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Introdução

Tomar vinho com parcimônia, sem exagero, sem


bebedeira, NÃO, NÃO É PECADO NÃO!
Comer com glutonaria, é pecado sim, e sim, também faz
mal à saúde.
Comer com parcimônia sem exagero, sem gula, NÃO,
NÃO É PECADO NÃO!
Finalmente, é bom desde já, deixar também claro, que a
motivação para este estudo, se centra igualmente, numa grande
motivação com a VERDADE, que como Jesus nos ensinou, é
essencial à vida cristã e indispensável para a nossa Salvação.

‒9‒
Cristãos & Vinhos

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A VERDADE COMO PRINCÍPIO BÍBLICO

Jesus, por mais de uma vez, referencia a sua desaprovação


com relação às pessoas que distorcem os ensinos da Bíblia por
causa de tradições humanas, e nos exorta a praticar a verdade e
a obter conhecimento exato desta, para que não nos deixemos
enganar.
Podemos facilmente constatar isso, em Mateus:
"Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos
dos homens." (Mt 15:9).
E em Marcos:
"E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para
guardardes a vossa tradição." (...) "Invalidando assim a palavra
de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas
fazeis semelhantes a estas." (Mc 7:9‒13)
Os verdadeiros seguidores de Jesus devem basear suas
crenças na Bíblia. Jesus disse que nossa adoração a Deus deve se
basear na verdade – A verdade Bíblica.
Em João:
"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade." (Jo 4:24).
"Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade."
(Jo 17:17).
E Paulo falou que para nossa salvação é essencial termos
"conhecimento" da verdade.
Em 1 Timóteo:
"Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao
conhecimento da verdade." (1Tm 2:4).

‒ 11 ‒
Cristãos & Vinhos

Ora, é assim indene de dúvidas que, o cristão deverá viver


em verdade e buscar o conhecimento profundo e exato da
verdade, digo eu, porque disso poderá depender a sua salvação.
Por outro lado, fica claro que, Jesus de forma clara se
insurgiu contra os preceitos dos homens que constroem
doutrinas, sem qualquer relação com a Bíblia, senão mesmo
contrariando a própria verdade bíblica.
Por isso, procuro, neste estudo, fundamentando as
convicções na Palavra que transcrevo para cada afirmação, com
o intuito de fazer a verdade vir a lume, em todas as
circunstâncias.
Volto a referir, que não pretendo trazer nenhum estímulo
ao consumo de vinho ou qualquer outra bebida alcoólica, antes
pretendo, que cada um faça um exame próprio às suas
capacidades e necessidades, fraquezas e fortalezas, para decidir
em consciência, saborear de vez em quando um bom vinho,
sabendo que não vai descambar para a bebedeira ou alcoolismo,
inclusive aconselhando quem tenha histórico de alcoolismo na
família, ou se sinta incapaz de controlar sua vontade, de optar
por não consumir, por prevenção.
Agora, com o compromisso com a verdade bíblica, é
preciso demonstrar que não há verdade bíblica alguma naqueles
que defendem a proibição sem mais, marginalizando os crentes
que conscientemente, e impregnados da verdade, usufruem
com deleite, mas sóbria e conscientemente de um bom vinho.
Afinal, não tem sabedoria, a condenação por disposição
doutrinal do homem, sem base bíblica, coertando
injustificadamente, o livre arbítrio que Deus a todos concedeu.

‒ 12 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

REFERÊNCIAS BÍBLICAS AO VINHO

Aqui quero de forma não exaustiva, porém profusa, para


que não soçobrem dúvidas, reproduzir referências ao vinho nas
Escrituras, provando que não há qualquer proibição na Palavra,
ao consumo de vinho, a não ser em situações específicas,
(nazireus por exemplo), como ele (vinho) faz parte dos
holocaustos (libações) em adoração a Deus no Antigo
Testamento, bem assim como Jesus não só transformou a água
em vinho nas bodas de Caná, como possivelmente tomou do
precioso líquido.

ANTIGO TESTAMENTO

Vemos uma primeira referência bíblica ao vinho, quando


Melquisedeque (considerado por muitos teólogos como uma
representação de Cristo), abençoa Abrão trazendo pão e vinho.
“E Melquisedeque, Rei de Salém, trouxe pão e vinho, e este era
sacerdote do Deus Altíssimo.” (Gn 4:18:)
Ressalte-se que, além de Melquisedeque ser uma provável
representação de Cristo, este é sem dúvida sacerdote do Deus
Altíssimo, que vai abençoar Abraão, o nosso pai da fé, e carrega
para a benção pão e VINHO (Yayin em hebraico que quer dizer
vinho fermentado).
Encontramos uma segunda referência ao vinho ainda no
livro de Gênesis, quando Noé, o pai da vinha e do vinho, logo
que saiu da arca plantou uma vinha e depois colheu e bebeu o
vinho, se embebedando:
“E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.”
(Gn 9:20).

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Cristãos & Vinhos

“E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua


tenda.” (Gn 9:21).
Realce-se que Deus estabeleceu com Noé uma aliança,
indicando-lhe o que podia fazer e comer e o que lhe era
proibido, nada estipulando quanto ao vinho e obviamente não
proibindo seu consumo.
Aliás é bem significativo que Noé, após sair da arca da
aliança, a primeira coisa que faz é plantar uma vinha, sinal de
que ela e seu fruto são uma benção e não uma maldição.
Encontramos depois outra referência a cristãos bebendo
vinho em Gênesis, quando as filhas de Ló dão vinho a este.
Gênesis 19:32-37:
“Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele,
para que em vida conservemos a descendência de nosso pai.”
(Gn 19:32).
“E deram de beber vinho a seu pai naquela noite; e veio a
primogênita e deitou-se com seu pai, e não sentiu ele quando ela
se deitou, nem quando se levantou.” (Gn 19:33).
Realce-se que se trata de vinho alcoólico, como é bom de
ver.
Ainda em Gênesis, quando Isaque dá a Jacó seu pai, o
guisado supostamente de caça, vemos claramente, mais uma
referência ao beber vinho e fermentado, sem nenhuma
proibição, antes para santificação, no caso a benção de Jacó a seu
filho Isaque.
“Então, disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da
caçada de meu filho; para que minha alma te abençoe. E chegou-
lho, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu.” (Gn 27:25).

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Referências Bíblicas ao Vinho

E para libação no holocausto, Deus manda em Êxodo, que


se lhe dê a quarta parte de um HIM de vinho. Um him
corresponde a 3,47 litros.
“Com um cordeiro a décima parte de flor de farinha, misturada
com a quarta parte de um him de azeite batido, e para libação a
quarta parte de um him de vinho,” (Gn 29:40).
E em Levítico, o Sumo Sacerdote Arão tinha instruções
específicas de Deus para quando entrasse na tenda não podia
beber VINHO ou BEBIDA FORTE. Lógico que, quando não
fosse entrar na tenda da congregação o poderia fazer, senão não
teria sentido a proibição.
“Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos
contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não
morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações;”
(Gn 10:9).
Em Números, quando estipula a lei do Nazireado, fica
igualmente demonstrada a liberdade para se beber vinho:
“De vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho, nem
vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma
beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.”
(Nm 6:3).
Repare-se que durante o nazireado, não podia o Nazireu
sequer usar vinagre de vinho, nem qualquer beberagem de
uvas, nem sequer uvas frescas ou secas, sinal óbvio de que não
era proibido apenas o vinho, "aquele maldito", demonstrando-
se que não pendia nenhuma maldição específica sobre este,
senão as uvas frescas, as uvas passas e o próprio vinagre, que
não embebedam, são igualmente proibidos.

‒ 15 ‒
Cristãos & Vinhos

Veja-se por outro lado, que após cessar o nazireado, o


nazireu é liberado de forma ostensiva, já podendo beber vinho
e comer os demais frutos da vide (uvas frescas).
"E o sacerdote os oferecerá em oferta de movimento perante o
Senhor: Isto é santo para o sacerdote, juntamente com o peito da
oferta de movimento, e com a espádua da oferta alçada; e depois
o nazireu poderá beber vinho." (Nm 6:20).
E em inúmeras referências em Números, para preparação
para a libação com os holocaustos da quarta/terceira parte ou
metade de um him de vinho, conforme os tipos de holocaustos.1
“E de vinho para libação prepararás a quarta parte de um him
para holocausto, ou para sacrifício para cada cordeiro;”
(Nm 15:5).
“E as suas libações serão a metade de um him de vinho para um
novilho, e a terça parte de um him para um carneiro, e a quarta
parte de um him para um cordeiro; este é o holocausto da lua
nova de cada mês, segundo os meses do ano”. (Nm 28:14).
LIBAÇÃO
Vejamos o significado de Libação, começando pela
Wikipedia:
Libação é o ato de derramar água, vinho, sangue ou outros
líquidos com finalidade religiosa ou ritual, em honra a um deus
ou divindade. Podemos observar essa prática da libação na
antiga Roma ou na antiga Grécia, quando os descendentes
ofereciam aos seus deuses, que eram os familiares mortos, a
libação do vinho, do leite e do mel para que estes pudessem

1 Números 15: 5,7, 10; 28: 8 – 10, 14-15,24, 31; 29:6,11,16,19, 21, 22, 24, 39, 40;

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Referências Bíblicas ao Vinho

sorver o alimento de que precisavam, ainda que debaixo da


terra.
É uma prática comum em muitas religiões da antiguidade,
incluindo o judaísmo, e continuam a ser oferecidas em várias
culturas atuais.
"E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna
de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela
azeite." (Gn 35:14).
Significado de Libação
s.f. Ação ou efeito de libar (beber). Que se baseia na ação
de aspergir ou de oferecer um líquido a uma divindade. Ação
de ingerir bebidas alcoólicas, geralmente para brindar, por
deleite e/ou por prazer. Essa bebida e/ou esse líquido. pl.
libações. (Etm. do latim: libario.onis)
No dicionário Primberam da língua Portuguesa
li·ba·ção
substantivo feminino
1. .Ato de libar.
2. Derramamento de vinho ou de outro licor que os antigos
faziam em honra dos deuses.
3. [Figurado] Arte de beber muito vinho por prazer.
Palavras relacionadas:
libar, arféria, libatório, sine Cerere et Baccho friget Venus,
sorver
"libação", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
[on line], 2008-2013,
http://www.priberam.pt/dlpo/liba%C3%A7%C3%A3o
[consultado em 02-11-2016].

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Cristãos & Vinhos

Bíblia King James Atualizada


A libação, oferta derramada que a acompanha, deverá ser
preparada com um litro de bebida fermentada para cada
cordeiro. Esse vinho deverá ser derramado, como libação, no
Lugar Santo, em veneração ao SENHOR.
João Ferreira de Almeida Atualizada
A oferta de libação do mesmo será a quarta parte de um
him para um cordeiro; no lugar santo oferecerás a libação de
bebida forte ao Senhor.
Em Deuteronômio, vemos com clareza lapidar, mais uma
autorização de Deus para o homem beber vinho:
“Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que
escolher o Senhor teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o
que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por
bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa;”
(Dt 14:25,26).
Em Juízes, podemos ver também essa referência ao vinho
na parábola de Jotão, dizendo que o "mosto" (sinônimo de
vinho, alegra a Deus e aos homens, bem como o conselho de
Deus através de um anjo, à mãe de Sansão, nazireu de nascença,
que se abstivesse de beber vinho ou bebida forte durante a
gravidez.
“Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra
a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores?” (Jz 9:13).
“Agora, pois, guarda-te de beber vinho, ou bebida forte, ou comer
coisa imunda.” (Jz 13:4).
“Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça
não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus

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Referências Bíblicas ao Vinho

desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos


filisteus.” (Jz 13:5).
Repare-se que Deus já faz saber que o vinho e/ou a bebida
forte são desaconselhados à mulher, durante a gravidez,
denotando ao mesmo tempo, que era habitual a mulher tomar
vinho e alcoólico, senão não faria sentido a advertência.
Depois em 1 Samuel, o sacerdote do Senhor, Eli, pensa que
Ana está embriagada quando esta se angustia por não poder ter
filhos e depois quando leva de oferta ao Senhor, pelo
nascimento de Sansão, entre outros um odre de vinho.
“Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus
lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por
embriagada.” (1Sm 1:13).
E, havendo-o desmamado, tomou-o consigo, com três bezerros, e
um efa de farinha, e um odre de vinho, e levou-o à casa do Senhor,
em Siló, e era o menino ainda muito criança.” (1Sm 1:24).
Ora se a teve por embriagada, é porque era "normal", que
homem e mulher consumissem vinho com habitualidade,
naturalmente vinho alcoólico. Repare-se que falamos de Eli o
sacerdote e de sua esposa que seria mãe de Sansão.
Ainda em 2 Samuel, relata que Davi e Urias se
embebedam:
“E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou;
e à tarde saiu a deitar-se na sua cama com os servos de seu senhor;
porém não desceu à sua casa.” (2Sm 11:13).
Fica claro que Davi, bebia vinho alcoólico e sabia de suas
qualidades alcoólicas.
Ainda em 2 Samuel, podemos ver não só que o vinho
usado era alcoólico, mas também para alegrar o coração.

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Cristãos & Vinhos

“E Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomai sentido;


quando o coração de Amnon estiver alegre do vinho, e eu vos
disser: feri a Amnon! (...)” (2Sm 13:28).
Em 1 Crônicas, levam provisões para Davi e seus homens
e lá vai vinho e azeite.
Davi quando trouxe a Arca da Aliança, em festa distribui
para todos os homens um frasco de vinho. Repare-se que a festa
e a alegria de trazer de volta a Arca do Senhor é imensa, e que
essa festa e alegria é regada com vinho distribuído a todos por
Davi, a par das danças e outras manifestações de muita alegria.
“E também seus vizinhos de mais perto, até Issacar, e Zebulom,
e Naftali, trouxeram, sobre jumentos, e sobre camelos, e sobre
mulos, e sobre bois, pão, provisões de farinha, pastas de figos e
cachos de passas, e vinho, e azeite, e bois, gado miúdo em
abundância; porque havia alegria em Israel.” (1Cr 12:40).
“E repartiu a todos em Israel, tanto a homens como a mulheres,
a cada um, um pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de
vinho.” (1Cr 16:3).
Em 2 Crônicas:
“E houve também holocaustos em abundância, com a gordura
das ofertas pacíficas, e com as ofertas de libação para os
holocaustos. Assim se restabeleceu o ministério da casa do
Senhor.” (2Cr 29:35).
“E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel
trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo
o produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em
abundância.” (2Cr 31:5).
Da mesma forma em Esdras:

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Referências Bíblicas ao Vinho

“E o que for necessário, como bezerros, carneiros, e cordeiros,


para holocaustos ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite,
segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes,
de dia em dia, para que não haja falta.” (Ed 6:9).
“Até cem talentos de prata, e até cem coros de trigo, e até cem
batos de vinho, e até cem batos de azeite; e sal à vontade.”
(Ed 7:22).
Neemias prova o vinho antes de o dar a beber ao Rei:
“Sucedeu, pois, no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei
Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele, e eu peguei o
vinho e o dei ao rei; porém eu nunca estivera triste diante dele.”
(Ne 2:1).
“Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim,
oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso,
quarenta siclos de prata, como também os seus servos
dominavam sobre o povo; porém eu assim não fiz, por causa do
temor de Deus.” (Ne 5:15).
E durante a construção do muro, Neemias, Governador:
“E o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas
escolhidas; também aves se me preparavam e, de dez em dez dias,
muito vinho de todas as espécies; e nem por isso exigi o pão do
governador, porquanto a servidão deste povo era grande.”
(Ne 5:18).
Repare-se que se trata da reconstrução dos muros da
cidade de Jerusalém, ordenada por Deus a Neemias. A
reconstrução sagrada dos muros, não poderia estar ligada ao
vinho, se este fosse demonizado como fazem alguns hoje em dia.
De igual forma, Deus através de Ester, promove a salvação
e libertação do povo Judeu, utilizando esta, para amaciar e

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Cristãos & Vinhos

alegrar o coração do rei, o vinho, promovendo inclusive um


banquete de vinho:
“E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes
uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo a generosidade
do rei.” (Et 1:7).
“E o beber era por lei, sem constrangimento; porque assim tinha
ordenado o rei expressamente a todos os oficiais da sua casa, que
fizessem conforme a vontade de cada um.” (Et 1:8).
“E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho,
mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e
Carcas, os sete camareiros que serviam na presença do rei
Assuero,” (Et 1:10).
“Disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição?
E ser-te-á concedida, e qual é o teu desejo? E se fará, ainda até
metade do reino.” (Et 5:6).
“Vindo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,
disse outra vez o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do
vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é
o teu desejo? Até metade do reino, se te dará.” (Et 7:1,2).
Ressalte-se que se trata de vinho alcoolizado (fermentado),
estando o coração do Rei alegre do vinho.
Da mesma forma em Jó:
“E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam, e
bebiam vinho, na casa de seu irmão primogênito,” (Jó 1:13).
Em Salmos uma ode ao vinho, azeite e pão:
E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz
reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.
(Sl 104:15).

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Referências Bíblicas ao Vinho

Em Provérbios alertando para os efeitos perniciosos que o


vinho pode ter:
“O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo
aquele que neles errar nunca será sábio.” (Pv 20:1).
Ressalte-se que o alerta como o próprio versículo adianta,
aquele que errar no vinho e bebida forte, ou seja o que beber em
demasiado, saiba que o vinho é escarnecedor e a bebida forte
alvoroçadora.
“O que ama os prazeres padecerá necessidade; o que ama o vinho
e o azeite nunca enriquecerá.” (Pv 21:17).
Repare-se também aqui o alerta para aquele que amar
demais o vinho nunca enriquecerá. O engraçado é que coloca o
azeite no mesmo patamar, e pior o que ama os prazeres, sejam
eles quais foram padecerá necessidade.
“Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões
de carne.” (Pv 23:20).
Aqui uma clara alusão e proibição à bebedeira, mas
também à gula. Ressalte-se que beberrão, ou bebedeira, não é a
mesma coisa do que beber moderadamente.
“Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a
sonolência os faz vestir-se de trapos.” (Pv 23:21).
Veja que beberrão e comilão estão exatamente no mesmo
patamar, os que abusam cometem pecado, e passarão
necessidade, pois acabarão na pobreza, demonstrando também
de forma clara que o que se diz do crente que não bebe mas come
demais, não tem nada de bíblico, seja contra a condenação da
bebida moderadamente ingerida, seja em relação à
permissividade da glutonaria.

‒ 23 ‒
Cristãos & Vinhos

“Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando


resplandece no copo e se escoa suavemente.” (Pv 23:31).
Aqui, ao contrário do que muitos crentes dizem, a
pretensão é de alerta ao bebedor, mesmo moderado, quando vir
o vinho vermelho, resplandecente e que se escoa facilmente,
porque está gostoso demais e pode levar à bebedeira, essa sim
proibida porque pecaminosa.
Por outro lado, vemos ainda em Provérbios um alerta aos
reis, para não se deixarem ir nos deleites do vinho, ou seja, para
não se embebedarem, porque isso poderá obscurecer seu
raciocínio, e exorta-os a darem antes o vinho aos pobres para
que se esqueçam de sua própria pobreza.
“Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber
vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte; Para que
bebendo, se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os
aflitos. Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho
aos amargurados de espírito. Que beba, e esqueça da sua pobreza,
e da sua miséria não se lembre mais.” (Pv 31:4‒7).
Apesar do conselho aos reis para que não bebam, a fim de
não perverterem o direito de todos os aflitos, vemos que o que
está prestes a perecer e os amargurados de espírito, bem assim
como aos pobres, o vinho dá consolo.
Seguindo o nosso percurso bíblico, vemos depois em
Eclesiastes, o vinho como uma espécie de recompensa divina,
pelas boas obras:
“Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração
contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.
(Ec 9: 7).
“Para rir se fazem banquetes, e o vinho produz alegria, e por tudo
o dinheiro responde.” (Ec 10: 19).

‒ 24 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

Me perdoem os irmãos que pensam de forma diversa, mas


não consigo ver nenhuma espécie de demonização do vinho,
como pretendem, nem qualquer proibição, ao invés, vejo como
permissão divina, a sua ingestão com moderação.
Em Cantares de Salomão, comprovamos mais uma vez a
liberação do vinho, bebido com moderação, comparando-o com
o amor de Deus, afirmando que melhor é o amor do que o vinho:
“Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu
amor do que o vinho.” (Ct 1:2).
“Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas
câmaras; em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor
nos lembraremos, mais do que do vinho; os retos te amam.”
(Ct 1:4).
Já entrei no meu jardim, minha irmã, minha esposa; colhi a
minha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu
mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei
abundantemente, ó amados. (Ct 5:1).
“E a tua boca como o bom vinho para o meu amado, que se bebe
suavemente, e faz com que falem os lábios dos que dormem.”
(Ct 7:9).
Onde está a proibição? Repare-se ademais que se trata de
vinho alcoólico, pois faz com que falem os lábios dos que
dormem, ou como diz o ditado popular "Dá fala aos
adormecidos".
Mas vamos adiante e veremos em Isaías, o que realmente
Deus nos proíbe em relação ao vinho:
“Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e
continuam até à noite, até que o vinho os esquente!” (Is 5:11).

‒ 25 ‒
Cristãos & Vinhos

Fica, creio, bem evidente que é a bebedice desenfreada que


Deus abomina, os que se levantam pela manhã já na bebedice e
continuam até à noite.
“Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder
para misturar bebida forte;” (Is 5:22).
No entanto Isaías também nos indica que o vinho estará
presente na festa que Deus nos dará.
“E o Senhor dos Exércitos dará neste monte a todos os povos uma
festa com animais gordos, uma festa de vinhos velhos, com
tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados.” (Is 25:6).
Repare-se que se trata de vinhos velhos, não vinhos novos
que alguns associam a suco de uva. Não há, pois, lugar a
dúvidas, trata-se de vinho alcoólico que abrilhantará a festa com
que Deus nos recepcionará no dia da Ressurreição, como
também Jesus confirma como veremos no Novo Testamento.
“Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe.”
(Is 27:2).
Entretanto Isaías também adverte, sobretudo em relação à
bebida forte:
Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte
se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da
bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por
causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no
juízo. (Is 28:7).
Portanto cuidado, apesar de não haver proibição expressa,
o abuso é claramente pecaminoso, mesmo do vinho, mas
sobretudo da bebida forte.
Depois em Jeremias, podemos apreciar uma censura aos
filhos de Jonadabe que ouviram o conselho de seu pai para não

‒ 26 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

beberem vinho, mas não ouviram a Deus, numa clara alusão que
o ouvir a Palavra de Deus é bem mais importante que a
proibição de vinho. Por isso, antes Deus, diz a Jeremias para dar
de beber vinho aos recabitas, comprovando assim que estes
guardam a proibição do Pai, mas não ouvem a Deus:
“Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à casa do
Senhor, a uma das câmaras e dá-lhes vinho a beber.” (Jr 35:2).
“E pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de
vinho, e copos, e disse-lhes: Bebei vinho.” (Jr 35:5).
“Porém eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe,
filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais
bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos;” (Jr 35:6).
“Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai,
em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho
em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem
nossos filhos, nem nossas filhas;” (Jr 35:8).
“As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus
filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não
beberam até este dia, antes obedeceram ao mandamento de seu
pai; a mim, porém, que vos tenho falado, madrugando e falando,
não me ouvistes.” (Jr 35:14).
Depois vemos em Jeremias que o Rei da Babilônia deixou
que os judeus colhessem os frutos das terras tomadas, e que
colheram vinho com muita abundância:
“Então voltaram todos os judeus de todos os lugares, para onde
foram lançados, e vieram à terra de Judá, a Gedalias, a Mizpá; e
recolheram vinho e frutas do verão com muita abundância.”
(Jr 40:12).

‒ 27 ‒
Cristãos & Vinhos

Vemos depois em Oseias que Deus afirma por causa da


rebeldia dos judeus que, nem os holocaustos nem as libações de
vinho agradarão ao Senhor:
“Não derramarão libações de vinho ao Senhor, nem lhe agradarão
as suas ofertas. Os seus sacrifícios lhes serão como pão de
pranteadores; todos os que dele comerem serão imundos, porque
o seu pão será somente para si mesmos; não entrará na casa do
Senhor.” (Os 9:4).
A seguir em Amós, Deus dizendo com todas as letras:
“E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as
cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão
o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto.” (Am 9:14).
Vejamos agora, as referências ao vinho, contidas no Novo
Testamento.

NOVO TESTAMENTO

Vamos de igual forma, nesta fase do nosso estudo,


apresentar os textos bíblicos alusivos ao vinho, com breves
comentários, deixando que o leitor tire as suas próprias
conclusões.
Posteriormente e com base na verdade bíblica exposta,
faremos eco da nossa posição tentando ser, o mais claro e isento
possível.
A primeira referência, que assume particular importância,
encontramo-la em Mateus:
“Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os
odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se
vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.”
(Mt 9:17).

‒ 28 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

“Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem


demônio.” (Mt 11:18).
Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um
homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores.
Mas a sabedoria é justificada por seus filhos. (Mt 11:19).
Aqui abstraindo da acusação dos fariseus, logicamente
exagerada e não verdadeira, que qualificam Jesus como comilão
e beberrão que obviamente não foi, não há como olvidar que as
Escrituras afirmam que VEIO O FILHO DO HOMEM,
COMENDO E BEBENDO.
E aqui há uma afirmação inescusável. Jesus comia e bebia,
conforme afirma a Palavra de Deus em Mateus. Comia e bebia
com moderação como lhe era peculiar em tudo.
Por óbvio inexiste aqui qualquer tese desabonadora da
índole sagrada de Jesus.
Não foi por beber vinho e comer carne, que houve
qualquer alteração no comportamento irrepreensível e sagrado
de Jesus.
Em Marcos encontramos uma segunda referência:
“E ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o
vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, e os odres
estragam-se; o vinho novo deve ser deitado em odres novos.”
(Mc 2:22).
Ressalte-se que tal ensinamento, se fundamenta
exatamente na fermentação do vinho, que entra em ebulição, e
por isso se deitado em odres velhos, sem capacidade de
absorção das reações químicas violentas da fermentação,
romper-se-ão. Nenhuma dúvida de que se trata de vinho
fermentado, alcoólico, portanto.

‒ 29 ‒
Cristãos & Vinhos

E uma declaração de Jesus que também não dá lugar a


dúvidas:
“Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até
àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.” (Mc 14:25).
Refutando aqui de forma breve, a afirmação de muitos de
que o vinho do milagre e/ou aquele bebido por Jesus não era
vinho fermentado, alcoólico, mas sim suco de uva, com o fato
de que, pelo ensinamento transmitido em Marcos, Jesus sabia
perfeitamente do poder alcoólico do vinho, o que não o inibiu
de o beber, naturalmente com moderação, nada retirando,
assim, à santidade de Jesus, jamais posta em causa, a não ser
pelos fariseus como vimos acima.
Não é por Ele ser santo que não bebeu vinho, é por Ele ser
Santo que bebeu vinho, com MODERAÇÃO, dominando
perfeitamente sua vontade, não comprometendo assim sua
santidade, porque jamais exagerou.
O que determina e compromete nossa santidade, é a nossa
capacidade de dizer basta, de dominar o nosso eu carnal e não
a proibição pura e simples de beber vinho, ou outra coisa
qualquer, porque podemos fazê-lo sem comprometer nossa
santidade, bastando para tanto, apenas usar do poder que nos
foi conferido por Deus, de fazer prevalecer nossa vontade, de
usar convenientemente o livre arbítrio com que Ele nos
aparelhou.
Depois em Lucas, referenciando o nascimento de João
Batista, nazireu de nascença, é confirmada a afirmação bíblica
que Jesus comeu e bebeu vinho:

‒ 30 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

“Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem


bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de
sua mãe.” (Lc 1:15).
“Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um
homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e
pecadores.” (Lc 7:34).
Há também a preocupação de alertar para que a glutonaria
e a embriaguez não encham nossos corações. Vale lembrar mais
uma vez que beber vinho moderadamente como fez Jesus, não
carrega em si nenhum pecado nem muito menos qualquer
maldição, apenas é preciso cuidado para não cairmos quer em
glutonaria quer em embriaguez, onde, aí sim o pecado está
presente.
“E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se
carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida,
e venha sobre vós de improviso aquele dia.” (Lc 21:34).
Da mesma forma se reforça em Marcos a certeza que, Jesus
bebeu vinho aqui na terra, e que voltará a beber quando nos
receber no Reino de Deus.
“Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que
venha o reino de Deus.” (Mc 22:18).
De outro lado ainda em Lucas poderemos ver o vinho
como remédio, portanto uma bebida recomendável e não
amaldiçoada:
“E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e
vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma
estalagem, e cuidou dele;” (Lc 10:34).

‒ 31 ‒
Cristãos & Vinhos

Vemos depois em João o primeiro milagre de Jesus, a


transformação de água em vinho nas bodas de Caná:
7 Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas
até em cima.
8 E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram.
9 E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não
sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que
tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo,
10 E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando
já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o
bom vinho.
11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, e
manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
(Jo 2:7-11).
Em Romanos, podemos constatar um outro ensinamento
bíblico relacionado ao vinho, não a proibição da sua ingestão
moderada, mas um alerta para o seu abuso, como temos vindo
a realçar:
“Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem
em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem
em contendas e inveja.” (Rm 13:13).
Em 1 Coríntios, vemos com clareza, que os cristãos, na
celebração da Ceia do Senhor, bebiam vinho, de tal forma que
Paulo critica os irmãos que "aproveitam" a ceia para comer e
beber desmesuradamente, embriagando-se uns, enquanto
outros ficam sem comida e bebida.
“Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria
ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se.” Não tendes

‒ 32 ‒
Referências Bíblicas ao Vinho

porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja


de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi?
Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo. (1Co 11:21,22).
Repare-se que a referência à embriaguez salta à vista,
"enquanto um tem fome outro embriaga-se". Temos aqui sim
vinho fermentado, alcoólico, e não suco (sumo) de uva, como
alguns pretendem. Ressalte-se ainda que a reprimenda do
apostolo Paulo se refere à santa Ceia, "enquanto uns se
embriagam outros tem fome..." Na Santa Ceia usava-se,
portanto, vinho fermentado, alcoólico, não suco de uva como
alguns pretendem. Repare-se que não há nenhuma hipótese do
vinho usado ser suco, porquanto a palavra empregue é
"embriagam-se".
Finalmente, encontramos também em 1 Timóteo outra
referência às propriedades curativas do vinho, recomendando a
sua ingestão:
“Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por
causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.”
(1Tm 5:23).
Termino estas referências ao texto bíblico, com um
ensinamento inestimável através de Mateus:
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que
sai da boca, isso é o que contamina o homem.” (Mt 15:11).
“Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce
para o ventre, e é lançado fora?” “Mas, o que sai da boca,
procede do coração, e isso contamina o homem.” Porque do
coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mt 15:17‒
19).

‒ 33 ‒
Cristãos & Vinhos

‒ 34 ‒
Respondendo às Perguntas

RESPONDENDO ÀS PERGUNTAS...

...que tanto me afligiram no início do meu percurso com


Deus, e que poderão estar aflorando na boca de muitos irmãos:
— A Bíblia proíbe o crente de beber vinho?
— As referências bíblicas a vinho são a suco?
— Nas bodas de Caná o vinho era fermentado?
— O vinho da Santa Ceia era fermentado?
Começarei por citar a própria Bíblia, para demonstrar
como formei minha opinião, e que a chave da questão em
apreço, ACHA-SE NA PRÓPRIA BÍBLIA.
Vejamos Provérbios, onde exala toda a sabedoria de Deus
através de seu servo Salomão:
“Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não
pode conter o seu espírito.” (Pv 25:28).
Respondendo à primeira pergunta, AFIRMO CATEGORI-
CAMENTE COM RESPEITO E TEMOR À VERDADE BÍBLICA,
NA QUAL CREIO, NÃO, NEM BÍBLIA NEM DEUS PROIBEM
O HOMEM DE BEBER VINHO.
Afirmo ainda que Deus e Jesus gostam de vinho. Deus
porque o admitia nos holocaustos de animais em sua adoração,
através das libações, sendo que o cheiro exalado pelo vinho
aspergido no altar dos holocaustos, lhe era agradável, e Jesus
porque o bebeu, e nos assegura que no dia da ressurreição o
tomará conosco já no reino de Deus.
Como deixei exaustivamente demonstrado, com as amplas
referencias bíblicas, que fiz questão de transcrever com

‒ 35 ‒
Cristãos & Vinhos

profusão, que não há qualquer proibição de Deus quanto ao


consumo moderado de vinho, ou outra bebida alcoólica.
O segredo, se posso usar esta palavra, reside no desejo de
Deus, expresso amplamente, de que consigamos ter o domínio
sobre a nossa própria carne corruptível, por forma a que não
cometamos qualquer pecado. Isso mesmo, qualquer pecado,
não apenas o da bebedeira, ou da glutonaria, mas qualquer
pecado.
Deus quer que sejamos capazes de vencer nossa própria
carne, nossos desejos, nossos vícios, nossa índole prevaricadora.

AS REFERÊNCIAS BÍBLICAS A VINHO SÃO A SUCO?

Abordarei agora a resposta à segunda pergunta, de forma


abrangente, tentando de forma despretensiosa, porém empe-
nhada, sincera e tentando com verdade exprimir o que
considero, a verdade expressa na Bíblia, sem subterfúgios que
podem ser perigosos e nos afastam do compromisso com a
verdade a que estamos obrigados, e fomos expressamente
advertidos por Deus.
Devemos como cristãos, manter em qualquer
circunstância compromisso inabalável com a verdade bíblica,
sem meias verdades, nem interpretações forçadas, ou
distorcidas para fundamentar a doutrina que defendemos.
Registro mais uma vez, que não pretendo confrontar ou
desacreditar doutrinas de irmãos, que verdadeiramente
acreditam no que pregam e escrevem, mas tão só chamar a
atenção, para algumas considerações em que baseiam suas
crenças, não se encontram nas Sagradas Escrituras, e
correspondem a interpretações humanas, quiçá descompro-
missadas com a verdade, inobstante imbuídas das melhores

‒ 36 ‒
Respondendo às Perguntas

intenções, tentando afastar seus irmãos do pecado, que


acreditam possa estar associado ao álcool, porém descurando
um importante axioma, o do compromisso com a verdade e do
livre arbítrio.
Terei naturalmente que confrontar algumas doutrinas,
largamente difundidas, procurando escorar suas afirmações
acerca da proibição bíblica do vinho fermentado, e outras de que
as referências bíblicas ao vinho, na verdade se referem a suco de
uvas frescas.
Dividirei aqui também, para facilitar, entre Antigo
Testamento e Novo Testamento, não sem antes fazer, uma
referência genérica que desde logo liquida a questão, em minha
opinião.
Ressalte-se de imediato, que como sabem todos os cristãos,
independentemente de suas denominações de origem, que a
Bíblia, é o único livro que condensa uma infinidade de autores
e de épocas, sob uma coerência e concordância impressionantes.
E isso porque ela, a Bíblia, foi influenciada/inspirada pelo
próprio Deus.
Ora isto quer dizer, como parece óbvio, que essa coerência
e concordância se estende entre os diversos livros e capítulos,
do Antigo e Novo Testamento, afirmando-se inclusive em nosso
meio, com verdade, que o Novo Testamento complementa,
esclarece e cumpre o Antigo Testamento, não havendo o menor
desfasamento entre um e outro, antes complementação
coerente.
De outro lado, pelas regras da hermenêutica e da exegese
aplicáveis ao estudo bíblico, é impossível retirar conclusões que
não estejam em concordância com a maioria das afirmações nela

‒ 37 ‒
Cristãos & Vinhos

contidas, dando-lhe um significado antagônico fundamentado


em claras exceções.
Queremos com isto, afirmar que não é possível, quando a
Bíblia atribui na maioria esmagadora das referências ao vinho,
seja no Antigo seja no Novo Testamento, a qualidade de alegrar
e/ou intoxicar o homem, manifestamente afirmando o seu
conteúdo alcoólico, dizer que o vinho bíblico é mero suco de
uva.
Que concordância teríamos entre os diversos livros e
capítulos, entre o Antigo e Novo Testamento, quando como
provamos a generalidade das referências bíblicas referem o
vinho como alcoólico, e a afirmação de que o vinho bíblico é
mero suco de uva.
Com que coerência defendem que o vinho é maldito,
pecaminosos e proíbem sua ingestão, se afinal se trata de mero
suco de uva?
Ou pior, quando defendem quando convém, que o vinho,
porque supostamente condenada a sua ingestão na Bíblia, é
fermentado, e nas outras referências é suco de uva,
designadamente quando se fala em Última Ceia e Bodas de
Caná, qual a coerência, e que concordância existe?
Não será que estão, os defensores desta conclusão, debaixo
da sua "santidade", demonstrando ao inverso, que afinal não há
qualquer concordância, muito menos cumprimento do Novo
em relação ao Antigo Testamento, negando desta forma a
verdade bíblica que pretendem defender? Não será herética esta
discordância que insistem existir nas Escrituras, para
fundamentar suas crenças? Crenças de homens afinal!
Se sistematicamente a referência bíblica a vinho, nos
informa do seu poder alcoólico, em variadíssimas passagens,

‒ 38 ‒
Respondendo às Perguntas

referindo-se a homens de fé importantes na Bíblia, como Noé,


Jó, Davi e outros que, inclusive se embebedaram com ele, e as
advertências sobre as consequências naqueles que dele
abusarem, como vamos entender, como querem alguns, que o
vinho não era vinho, mas mero suco de uva? Ou será que as
advertências bíblicas e as alusões ao poder inebriante do vinho
são falsas?
Me parece, estarmos claramente numa tentativa de
adulteração da Palavra de Deus, via interpretação incorreta, que
esquece todas as regras da hermenêutica e da exegese, para
apresentar conclusões que, se não ajustam aos fatos descritos na
Bíblia, em profusão esmagadora.
Assim, desde logo parece indefensável a tese de que se
tratava de suco de uva, o que é designado como vinho na
maioria das traduções, ao argumento de que a palavra Grega
para vinho "OINOS", poderia significar, quer vinho fermentado
quer vinho não fermentado, ou seja suco.
Ressalte-se antes do mais, que suco de uva, com
percentagem mínima de álcool, ainda assim não completamente
isento (o suco de uva atual com toda a tecnologia moderna tem
entre 0,5 a 1% de álcool), só foi possível após as descobertas
científicas de Louis Pasteur no século XIX, o que nos faz pensar
com algum ceticismo num suco de uva existente alguns
milênios antes de Cristo, e mesmo na época contemporânea a
Ele.
Se hoje, mesmo com a pasteurização, que é a técnica
científica capaz de impedir a fermentação vínica das uvas,
mantendo o seu gosto e açúcares, ainda assim detém uma
percentagem de álcool, ainda que ínfima, como poderemos
defender que há centenas, mesmo milhares de anos atrás, fosse

‒ 39 ‒
Cristãos & Vinhos

possível produzir suco de uva, ou vinho não fermentado, sem


qualquer percentagem de álcool?
Vamos analisar então, se na linguística usada quer no
Antigo quer no Novo Testamento, os defensores da ideia do
suco, têm alguma razão.
Vejamos em primeiro lugar, as palavras hebraicas
empregues no Antigo Testamento e sua significação, e
posteriormente as palavras Gregas do Novo Testamento.
Vejamos desde logo que a língua hebraica usa dois termos
distintos para vinho fermentado (YAYIN) e para suco, não
fermentado, portanto (TIROSH).
NO ANTIGO TESTAMENTO
O vocábulo hebraico "yayin" corresponde à palavra
portuguesa "vinho" e sua primeira ocorrência está em Gênesis,
como já documentámos:
"E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E
bebeu Noé do vinho (hebr. yayin), e embebedou-se; e descobriu-
se no meio de sua tenda." (Gn 9:20,21).
O termo yayin é palavra habitual para uva fermentada:
"Esta é a palavra hebraica habitual para se referir à uva
fermentada. É, em geral, traduzida por "vinho". Tal "vinho" era
bebido comumente como refresco: E Melquisedeque, rei de
Salém, trouxe pão e vinho" (Gn 14.18; cf. Gn 27.25)."
(Vine, W.E.; F.Unger, Merril; White Jr., William. Dicionário
Vine – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do
Antigo e do Novo Testamento, pág. 325, 2ª Edição/2003. Casa
Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil). – O destaque é meu.
Fica claro, pois, que o vinho ou uva fermentada se
preferirem, era bebido como "refresco", conforme nos ensina o

‒ 40 ‒
Respondendo às Perguntas

dicionário Vine, foi esse o tipo de vinho que Melquisedeque –


tipo de Cristo – trouxe para Abraão quando este veio da batalha,
vinho fermentado.
Ainda segundo o mesmo dicionário:
"O "vinho" era usado para dar alegria, para fazer a pessoa
se sentir bem sem ficar intoxicada (2Sm 13:28). Segundo, o
"vinho" era usado na alegria perante o Senhor. Uma vez por ano
todo o Israel tinha de se reunir em Jerusalém. O dinheiro
percebido pela venda do dízimo de toda a colheita seria gasto
"por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho,
e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali
perante o SENHOR, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa" (Dt 14:26).
(...) O termo yayin descreve claramente uma bebida intoxicante"
(Vine, W.E.; F.Unger, Merril; White Jr., William. Dicionário
Vine – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do
Antigo e do Novo Testamento, pág. 326, 2ª Edição/2003. Casa
Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil).
Por outro lado, o vocábulo hebraico usado para expressar
suco espremido da uva – eventualmente não fermentado é
tîrosh, um termo completamente distinto de yayin:
"Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da
terra, e abundância de trigo e de mosto (hebr. tîrosh)."
(Gn 27:28).
Fica evidente a diferenciação entre yayin e tîrosh:
"A palavra tîrosh é distinta de yayin no que se refere apenas
ao vinho novo não completamente fermentado (mosto)." 2

2Vine, W.E.; F.Unger, Merril; White Jr., William. Dicionário Vine – O Significado
Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, pág. 326, 2ª

‒ 41 ‒
Cristãos & Vinhos

Embora seja dito que, "tîrosh" (mosto, ou vinho novo), não


seja vinho completamente fermentado, tal afirmação não quer
dizer que seja suco de uva, completamente isento de álcool.
Ao contrário, é completamente afirmado o oposto em
Oseias, onde se vê com toda a clareza, que este "tîrosh"
significando mosto ou vinho novo, é claramente uma bebida
embriagante:
"A incontinência, e o vinho (hebr. yayin), e o mosto (hebr. tîrosh)
tiram a inteligência". (Os 4:11)
A Sagrada Escritura coloca no mesmo patamar, a
incontinência sexual, o vinho fermentado e o mosto (suco não
fermentado), tiram a inteligência, se afirmando que não há
qualquer diferença entre vinho e suco, se demonstrando mesmo
que o chamado suco, embebeda.
Isso mesmo, até o chamado Tirosh, traduzido por mosto ou
vinho novo, querendo demonstrar suco não fermentado, É
ENEBRIANTE:
Não por acaso, em Números, quando Deus dá a Lei do
Nazireado, proíbe-se não só a ingestão de vinho fermentado,
como o próprio vinagre de vinho, uvas frescas e secas, bem
assim como qualquer beberagem de uvas, aí se enquadrando
por óbvio o mosto, ou vinho novo ou suco de uva.
"De vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho, nem
vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma
beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá."
(Nm 6:3).

Edição/2003. Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD, Rio de Janeiro,


RJ, Brasil). Destaque meu.

‒ 42 ‒
Respondendo às Perguntas

NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento, o vocábulo Grego "OINOS"
traduzido para vinho, é referenciado mais de 30 vezes, e sua
primeira ocorrência acontece em Mateus.
“Nem se deita vinho (gr. oinos) novo (gr. neós) em odres velhos;
aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho (gr. oinos), e os
odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e
assim ambos se conservam. (Mt 9:17).
Afirmam alguns estudiosos que a palavra grega OINOS
para vinho pode significar quer vinho fermentado, quer suco de
uva – vinho não fermentado.
Referem outros estudiosos que a palavra grega oinos só
pode significar vinho não fermentado, quando indicada nas
Escrituras acompanhado do adjetivo "novo" (Gr. neós).
"O grego oinos também se refere a suco fermentado, salvo
quando é acompanhado do adjetivo novo; mesmo assim, não se
pode dizer que haja dois vinhos, um fermentado e outro não. O
mosto chama-se vinho novo, e só se torna vinho por meio da
fermentação." 3
Ressalte-se que a opinião abalizada de John Davis, enfatiza
que não se pode afirmar, mesmo usando o adjetivo novo junto
com vinho, que haja dois vinhos, porquanto o mosto a que
também se chama vinho novo, só se torna vinho por intermédio
da fermentação.
Isto é, porque chamariam vinho, mesmo com o adjetivo
novo, para significar vinho que só se chama assim após
fermentação, tendo outra palavra do léxico grego usada
precisamente para suco (gr. zomós).

3 D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, págs. 618, 619. 12ª Edição, Confederação

Evangélica do Brasil, JUERP

‒ 43 ‒
Cristãos & Vinhos

De qualquer maneira, ressalte-se que na passagem bíblica


acima "nem se deita vinho novo em odres velhos, aliás rompem-se os
odres, e entorna-se o vinho...", já significa que vinho novo se refere
a vinho fermentado ou em fermentação, de outra forma não se
romperiam os odres pela força da reação química da
fermentação.
Isto é, mesmo que a palavra Grega "Oinos" possa significar
tanto vinho, como mosto ou vinho novo, em qualquer das
traduções o vinho é fermentado, alcoólico, em maior ou menor
grau.
Não há qualquer suporte para dizer que "oinos" significa
suco de uva, nem mesmo quando se refere a vinho novo,
porquanto neste já se iniciou, ou está em pleno processo a
fermentação.
O Novo Dicionário da Bíblia, Editor organizador J.D.
Douglas, páginas 1664-5:
"O termo ‘vinho novo’ não indica vinho que ainda não
fermentou, pois de fato o processo de fermentação tem início
quase imediatamente e é rápido, e o vinho não-fermentado não
poderia ser disponível muitos meses depois da colheita da uva
(Atos 2:13). O vocábulo representa antes vinho preparado dos
primeiros sucos que escorrem antes de o lagar ser pisado. Assim
sendo, seria particularmente potente, e seria imediatamente
lembrado como uma possível explicação para aquilo que no dia
de pentecostes parecia ser um estado de embriaguez. Os
costumes modernos na palestina, entre um povo que é
tradicionalmente conservador no que se tange às festividades
religiosas, igualmente sugerem que o vinho usado era vinho
fermentado."
O Dicionário da NVI, página 1019, diz sobre o vinho novo:

‒ 44 ‒
Respondendo às Perguntas

"É suco recém-espremido da uva. Contém menos sabor e


menos teor alcoólico por ser breve o seu processo de
envelhecimento."
Resumindo, a palavra grega "OINOS" usada no Novo
Testamento, traduz-se por:
a) vinho: tradução comum.
b) vinho novo: nos relatos paralelos de Mateus 9:17,
Marcos 2:22 e Lucas 5:37

SERÁ QUE "VINHO NOVO" SIGNIFICA SUCO DE UVA


NÃO-FERMENTADO?

Marcos 2:22.
"E ninguém põe vinho novo (oinos) em odres velhos; do
contrário, o vinho novo (oinos) rompe os odres, e entorna-se o
vinho (oinos), e os odres estragam-se; o vinho novo (oinos) deve
ser posto em odres novos."
Detalhe: Embora apareça quatro vezes, oinos foi traduzida
1 vez por vinho e 3 vezes por vinho novo.
Segundo Jesus, oinos, isto é, o "vinho novo", não se tratava
de um estático suco de uva não alcoólico posto que "o vinho
novo rompe odres.
Onde refere-se a vinho no início da fermentação?
Exemplo: Marcos 2:22, ao dizer "põe vinho novo em odres".
Onde refere-se a vinho fermentando?
Exemplo: Marcos 2:22, ao dizer que "o vinho novo rompe os
odres".
Onde refere-se a vinho fermentado?
Exemplos: Lucas 1:15 ; Apocalipse 17:2

‒ 45 ‒
Cristãos & Vinhos

Antes de adentramos no estudo referente às bodas de Caná


e da ceia do Senhor, vejamos, o que nos diz o Novo Testamento
acerca de Jesus ter bebido vinho.
Mateus 11:18,19 —
"Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem
demônio. Veio o filho do homem comendo e bebendo, e dizem: Eis
aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e
pecadores. Mas a sabedoria é justificada pelos seus filhos."
Ressalte-se que o fato quanto a mim, de que Jesus bebeu
sim vinho fermentado, isso lhe não retira nem belisca
minimamente a Sua santidade. Não é o fato de ter bebido vinho
como vimos profusamente atrás, que o torna menos santificado.
O que confirma perfeitamente a santidade de Jesus, é o ter
regido seu comportamento perante o vinho, com moderação
resultando que não se embriagava, denotando um
comportamento exemplar, justificado pela sabedoria.
As acusações proferidas pelos líderes religiosos contra
Jesus de que era "beberrão" (ébrio), não passavam de calúnias,
para denegrir a sua imagem, estes sim, pretendendo, retira-lhe
a santidade que lhe era inerente e a qual sempre manteve
incólume.

BODAS DE CANÁ

Acerca desta passagem bíblica, completamente distorcida


por inúmeros teólogos, para justificar a sua preferência
religiosa, de que não poderia Jesus transformar água em vinho,
pois isso estaria estimulando os convidados à bebedice, o que
não se coadunaria com a santidade de Jesus.
Dizem assim que o vinho servido não era fermentado.
Lembremos do que demonstramos acima, que só podemos

‒ 46 ‒
Respondendo às Perguntas

traduzir para vinho não fermentado, com as reservas também


feitas acima, se o vocábulo vinho vier acompanhado do adjetivo
novo, caso contrário o vocábulo vinho isolado, só pode
significar vinho fermentado – alcoólico.
Relembremos também que mesmo acompanhado do
adjetivo “novo”, não significa de forma nenhuma, suco de uva,
mas tão só que o estágio de fermentação do vinho se iniciou, o
que provoca um sabor menos bom e um teor alcoólico menor.
O vocábulo vinho (gr. oinos; hebr. yayin) usado na
passagem, não está acompanhado do adjetivo "novo" (gr. neós)
para indicar que sua fermentação estava apenas iniciando,
vejamos:
João 2:9,10
"E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (Gr. oinos)
(não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que
tinham tirado água), chamou o mestre-sala ao esposo, e disse-lhe:
Todo o homem põe primeiro o vinho (gr. oinos) bom e, quando já
têm bebido bem (gr. methysthõsin = estiverem bêbados), então o
inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho." (Gr. oinos =
vinho fermentado).
O texto não se refere a vinho novo ou suco, pois o vinho
bom, o melhor, sempre foi considerado o velho, Jesus mesmo o
considera como melhor:
"E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz:
Melhor (gr. chrêstos = bom) é o velho". (Lc 5:39).
Portanto, Jesus transformou a água no melhor vinho – o
velho -- oferecido pelo esposo dono da festa.
A expressão dita pelo mestre-sala "bebido bem," no texto
Grego Original é "methysthõsin", significando "estiverem
embriagados", não se tratando do inofensivo suco; e não foi em

‒ 47 ‒
Cristãos & Vinhos

simples "suco" que a água foi transformada, pois tal contrariaria


o texto que é taxativo em apontar bebida alcoólica que
"embriaga" quando usada de maneira imoderada.
Confirmamos pela fala do mestre-sala, que o vinho (gr.
oinos) antes oferecido pelo noivo era fermentado, embriagante.
De que forma iria Jesus no casamento, possivelmente de
familiares, dado o empenho de sua mãe e Dele e seus apóstolos
terem sido convidados, prestigiar os noivos, para isso sua mãe
O pressionou, transformando a água em suco e não em vinho
alcoólico que estavam bebendo?
Mas mais, como o mestre-sala faria tão rasgado elogio ao
bom vinho (velho) se se tratasse de suco e não de vinho que ele
estava servindo aos convivas desde o início do casamento?
De outro lado, o costume entre os judeus, é que o noivo
deve estar e permanecer em jejum no dia do seu casamento para
não se embriagar com seus amigos convidados:
"Em certas comunidades, o noivo e a noiva jejuam no dia
do casamento, enquanto em outras só o noivo segue este
costume. Alguns judeus creem que, se não fosse obrigado a
jejuar, o noivo poderia se reunir com seus amigos na celebração
pré-nupcial e se embriagar, o que o deixaria em más condições
para efetuar as formalidades legais envolvidas na cerimônia de
casamento. Não se exige que a noiva jejue pois é considerado
pouco provável que os amigos da noiva consumam ou a
induzam a consumir bebidas alcoólicas."
(J. Kolatch Alfred. Livro Judaico dos Porquês, pág. 37, 3ª
Edição: março de 2001, Editora e Livraria Sêfer Ltda, São Paulo,
SP, Brasil).
O costume do casamento entre os judeus é que há exceção
para a noiva — em certas comunidades judaicas — pois é

‒ 48 ‒
Respondendo às Perguntas

"pouco provável" que seus amigos a induzam a consumir


bebidas alcoólicas.
Assim do ponto de vista linguístico nada contribui, antes
pelo contrário, para demonstrar que a palavra grega usada de
forma isolada para significar vinho, pudesse significar suco.
Do ponto de vista histórico, o costume é da realização da
festa de casamento com bebidas alcoólicas, impondo-se jejum ao
noivo para precaver a hipótese deste se embriagar, e não ficar
em condições de realizar as formalidades legais a que está
obrigado.

A CEIA DO SENHOR

Também aqui a controvérsia é patente, pois alguns de


nossos teólogos defendem que não pode a Ceia do Senhor, ter
sido regada com vinho, e que a expressão usada no texto bíblico,
fruto da videira, se refere a suco de uva.
Defendemos que a expressão "fruto da vide" mencionado
na Ceia do Senhor, de forma nenhuma significa "suco de uva",
ou algo não fermentado.
O texto bíblico original, assim refere:
"E digo-vos, que desde agora, não beberei deste fruto da vide, até
aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai."
(Mt 26:29).
Qual o significado judaico e grego da expressão "fruto da
vide"? Assim ensina John Davis:
"Fruto da vide, frase falada por Jesus por ocasião de
instituir a Santa Ceia, Mateus 26:29; é expressão usada pelos
judeus, desde tempos imemoriais, para designar o vinho que
tomavam em ocasiões solenes, tais como, pela festa da Páscoa e
na tarde do sábado (Mishna, Berakoth, 6. 1). Os gregos também

‒ 49 ‒
Cristãos & Vinhos

empregavam a mesma frase, como sinônimo de vinho capaz de


embriagar, Heród. 1. 211, 212."
(D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, pág. 619. 12ª Edição,
Confederação Evangélica do Brasil, JUERP).
Até hoje, segundo o costume, os judeus festejam a "Páscoa"
(hebr. Pêssach) com vinho alcoólico:
"Como pessoas livres e importantes bebem vinhos bons de
qualidade, deve-se procurar, para o Sêder, um vinho forte que
contenha álcool e que, de preferência, não seja fervido. Como
segunda opção, pode-se usar vinho fervido. Alguém que tem
medo de tomar vinho, pois pode ficar tonto e não aguentar o
Sêder até o final, é melhor que tome um vinho mais fraco. É mais
importante participar do Sêder até o final do que beber um
vinho forte. Uma opção é misturar vinho com suco de uva."
(Koschland, Meir. Meafelá Leor Gadol - Leis, Costumes e
Motivos do Sêder de Pêssach, pág. 58, 2ª Edição, Multcorte
Gráfica e Editora, São Paulo, SP, Brasil).
Como todos os da família judia são obrigados a participar
do Pêssach (Páscoa), apenas às crianças são dadas o simples
"suco de uva":
"É correto dar às crianças suco de uva e não vinho." 4
Resulta assim evidente - entre os judeus - a distinção entre
"vinho" e "suco de uva" na refeição Pascoal. O vinho servido por
Jesus na Páscoa é o mesmo servido na Santa Ceia, não era "suco
da uva" mas sim vinho alcoólico.
Por outro lado, muitos confundem "fermentação vinosa"
com fermento, para justificar a impossibilidade do vinho usado

4 Koschland, Meir. Meafelá Leor Gadol - Leis, Costumes e Motivos do Sêder de

Pêssach, pág. 60, 2ª Edição, Multcorte Gráfica e Editora, São Paulo, SP, Brasil). - O
negrito é meu.

‒ 50 ‒
Respondendo às Perguntas

na Santa Ceia não poder ser fermentado, por estar expres-


samente proibido o uso de fermento. No entanto esquecem que
são coisa distintas que não se confundem.
Assim nos ensina John Davies:
"Dizem que pelo fato de ser proibido o fermento durante
os sete dias da festa pascoal, o vinho usado nessa solenidade não
devia ser fermentado. O argumento não procede. A fermentação
vinosa nunca se chamou fermento." 5
A fermentação vinosa era natural por não conter fermento,
assim o vinho pascoal não recebia nenhum produto para ser
misturado, mas era naturalmente o "bom vinho", o superior:
"O vinho tinto é servido tradicionalmente à mesa do Sêder
porque o Talmud considera o vinho tinto superior ao branco." 6
Sêder é uma refeição noturna que dá início a festa da
páscoa entre os judeus, é mencionada em Mateus.
“E no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, chegaram os
discípulos diante de Jesus, dizendo: Onde queres que preparemos
a comida da Páscoa?” (Mt 26:17)
Nos tempos dos apóstolos ainda havia esse costume, e
alguns cristãos bebiam imoderadamente no Sêder, o que levou
Paulo a repreendê-los energicamente:
"Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria
ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se. Não tendes
porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja
de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi?
Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo." (1Co 11:21,22).

5 D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, pág. 619. 12ª Edição, Confederação Evangélica
do Brasil, JUERP
6 J. Kolatch Alfred. Livro Judaico dos Porquês, págs. 218 e 219, 3ª Edição: março de

2001, Editora e Livraria Sêfer Ltda, São Paulo, SP, Brasil

‒ 51 ‒
Cristãos & Vinhos

O texto acima aponta vinho que embriaga presente na Ceia


do Senhor. Vejamos como faziam os judeus para "enfraquecê-
lo" na Páscoa:
"Todos deveriam ter o cuidado de não o tomarem em
excesso. Os meios empregados para neutralizar os efeitos
perigosos do vinho, eram: 1. Enfraquecê-lo com água, (2 Mac 15.
39; Heród. 6. 84), como se pode ver no modo de celebrar a Páscoa
em que os servos levavam uma vasilha com água quente para
misturar no vinho que era usado nessa solenidade (Mishna,
Pesachim, 7. 13; 10.2,4,7)."7
A Bibliografia acima citada da literatura judaica é uma
prova de que se usava vinho embriagante na "Páscoa" (hebr.
Pessach) desde tempos imemoriais, o qual Jesus se utilizou. A
expressão "fruto da vide" era usada tanto por judeus como pelos
gregos como referência ao vinho capaz de embriagar:
"Fruto da vide, frase falada por Jesus por ocasião de
instituir a Santa Ceia (Mt 26:29); é expressão usada pelos judeus,
desde tempos imemoriais, para designar o vinho que tomavam
em ocasiões solenes, tais como, pela festa da Páscoa e na tarde
do Sábado (Mishna, Berakoth, 6.1). Os gregos também
empregavam a mesma frase, como sinônimo de vinho capaz de
embriagar (Heród. 1. 211, 212)."8
Os líderes da igreja Cristã não deveriam ser pessoas
"dadas" (gr. paroinos = escravo da bebida) ao vinho, isto é,

7 D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, pág. 619. 12ª Edição, Confederação Evangélica
do Brasil, JUERP
8 Idem.

‒ 52 ‒
Respondendo às Perguntas

alguém sentar-se por muito tempo com o seu vinho, escravo da


bebida" 9 .
Isto é enfatizado nas devidas passagens de 1Timóteo 3.3,8;
em Tito 1.7 é recomendado "um pouco" como algo medicinal.
Concluímos relembrando os vocábulos usados no Antigo
e no Novo Testamento e seus respetivos significados,
lembrando ao mesmo tempo que era frequente na época
misturar o vinho fermentado com água e com especiarias.
O vinho grego tido na época como o melhor, em face da
tradição grega "obrigava" a diluí-lo com água, sendo
considerado deselegante quem não o fizesse.
Vejamos mais um importante ensinamento de John
Davies:
"O vocábulo hebraico yayin é etimologicamente igual ao
grego oinos e ao latino vinus. Hamar é nome aramaico, e hemer é
etimologicamente equivalente a ele empregado na poesia
hebraica. A palavra hebraica yayin aparece na Escritura pela
primeira vez, referindo-se ao suco fermentado da uva, Gn 9.21;
não há motivos para crer que tenha outro significado nos
lugares em que se encontra. O grego oinos também se refere a
suco fermentado, salvo quando é acompanhado do adjetivo
novo; mesmo assim, não se pode dizer que haja dois vinhos, um
fermentado e outro não.
O mosto chama-se vinho novo, e só se torna vinho por
meio da fermentação. Dizem que pelo fato de ser proibido o
fermento durante os sete dias da festa pascal, o vinho usado
nessa solenidade não devia ser fermentado. O argumento não
procede. A fermentação vinosa nunca se chamou fermento.

9Rienecker, Fritz; Rogers, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego, pág.
461, 1ª Edição em Português: 1985, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, São
Paulo, SP, Brasil

‒ 53 ‒
Cristãos & Vinhos

Durante a páscoa, os judeus não deviam beber líquidos


fermentados, nem mesmo provar o pão com fermento (Mishna,
Pesachoth, 2)."10
Vale a pena ainda uma referência ao vinho misturado:
"O vinho com mistura era designado pelas expressões
mesek, Sl 75:8; mimsak, Pv 23:30; Is 55:11 (sic), e mezeg, Ct 7:2, cada
uma das quais designava vinho misturado com certas
especiarias que lhe davam gosto agradável, Ct 8:2; Plínio, Hist.
Nat. 14. 19, 5, ou com água para enfraquecê-lo (sic), Heród. 6.
84." 11
O termo mesek denota "mistura de tempero (para uma
bebida)" em Sl 75.8; mimsak denota "recipiente de misturar" em
Isaias 65.11; mezeg, em Ct 7.2 denota "vinho misturado",
provavelmente "vinho temperado, quente"; algo que é
reprovado em provérbios e outras partes das Escrituras:
"Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as
pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa?
E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto
do vinho, para os que andam buscando vinho misturado
(mimsak)." (Provérbios 23.29, 30).

10 D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, págs. 618, 619. 12ª Edição, Confederação
Evangélica do Brasil, JUERP
11 D. Davis, John – Dicionário da Bíblia, pág. 619. 12ª Edição, Confederação Evangélica

do Brasil, JUERP

‒ 54 ‒
Respondendo às Perguntas

REFERÊNCIAS HISTÓRICAS

Ressalto ainda em conclusão, que igualmente não


procedem as referências feitas por alguns, para justificar a
possibilidade de confecção de suco de uva há algumas centenas
de anos, ao livro escrito por Columela, escritor romano de Cadiz
(Espanha) em seu livro "da agricultura", que este já descreve um
método de "parar" a fermentação do mosto, imergindo o
recipiente que o contém em água fria.
O que se esquecem de referir, é que nessa descrição,
Columela está descrevendo uma "receita" de vinho, acentuando
o sabor doce do vinho, através de um método de expor e
espalhar as uvas ao sol para acentuar o açúcar e só depois
introduzi-lo em recipiente que será imerso nas piscinas
romanas, para conservar o vinho por mais tempo atrasando o
processo de fermentação.
Tal método não tem referência a qualquer espécie de suco,
antes trata-se claramente de receita para um tipo de vinho mais
doce, não necessariamente mais fraco, antes pelo contrário, mas
notoriamente já vinho, porquanto já iniciado o processo de
fermentação com a exposição das uvas ao sol, quiçá aumentado
o teor alcoólico do mesmo realçando-se o açúcar com a
maturação forçada ao sol, e o grau de álcool presente. Ademais
a imersão em piscinas de água natural não tem o condão de
parar a fermentação já iniciada, mas tão só atrasá-la um pouco,
permitindo a ingestão do vinho posteriormente, passados
alguns meses, sem se estragar.
Vejamos algumas referências do livro escrito por
Columela, romano do século I d.C, e também de outro escritor
do século I frequentemente indicado, para se afirmar que o
vinho da época não era vinho, mas suco, na perspectiva de

‒ 55 ‒
Cristãos & Vinhos

fundamentar a sua opinião de que Jesus só poderia ter


transformado a água em suco jamais em vinho.
Columela, em seu livro “Da Agricultura”, no Livro 12,
dedicado à uva e ao vinho, nos capítulos XIX, XX e XXI, afirma
e reafirma a importância e o papel fundamental, para a
atividade econômica agrícola Romana, da vinha e do vinho,
corroborando afirmações de outros escritores contemporâneos,
de tal forma ensina diversas formas de fazer vinho, e de como
guarda-lo com bom índice de qualidade, para beber no futuro.
Inclusive nos informa, confirmando igualmente outros
escritores da época, sobre a importância do vinho distribuído
como retribuição aos soldados romanos seguindo a tradição
grega, o que demonstra a popularidade do vinho e a sua
vulgaridade na mesa dos judeus e dos romanos, da época.
Columela em seu tratado sobre a agricultura, e no que diz
respeito especificamente ao vinho, informa a sociedade do seu
tempo, que não sabia sequer que os efeitos do vinho bebido em
exagero, se deviam à presença do álcool após a fermentação,
sobre o que devia ser feito e de como misturar no vinho para
que tome força, para que perdure com o sabor inalterado
durante algum tempo.
A preocupação na época, era encontrar a melhor forma de
guardar durante o máximo de tempo possível, o vinho com suas
qualidades e gosto inalterados, e não como muitos irmãos
equivocadamente pretendem fazer crer, para fazer suco de uva
sem álcool.
“Também tomar cuidado
para que o mosto que se obteve
seja de larga duração, ou ao

‒ 56 ‒
Respondendo às Perguntas

menos que se conserve até ao tempo da sua venda.” 12


E acrescenta na mesma página:
“Qualquer classe de vinho que
pode durar muito tempo sem
arroparlo (transformar pela
cosedura em arrope, uma espécie
de xarope espesso) o temos por de primeira qualidade, e cremos que não
se há-de misturar com nenhuma coisa que altere seu sabor natural;
porque o que pode agradar por sua própria natureza é o melhor de
tudo.”
E ainda: “Sem
dúvida, este mosto, se há
quantidade de lenha, é
melhor faze-lo ferver, e
limpá-lo de todas as borras, espumando-o, feito o qual, perderá a decima
parte, porem o restante se conservará muito tempo.”
Verificamos, pois, que o método apresentado por
Columela, pretende tão só aumentar a durabilidade do vinho
em perfeitas condições, para o que ensina deverá este ser
fervido, para durar mais tempo.
Posteriormente ensina Columela, complementando os
ensinamentos anteriores que outro método, que poderá ser
utilizado individualmente ou em complemento ao anterior,
PARA GARANTIR A DURABILIDADE DO VINHO POR MAIS
TEMPO, é após a sua confecção introduzi-lo na piscina de água,
que o manterá em boas condições por muito mais tempo.

12 Tradução minha, sem especiais preocupações a não ser a compreensão do texto.

‒ 57 ‒
Cristãos & Vinhos

“Para que o mosto se


conserve sempre doce como se
fosse fresco.
Para que o mosto perma-
neça sempre doce como se fosse
fresco, faz o seguinte. Antes que
se ponha o pé debaixo da prensa
deixa mosto muito novo em uma ânfora, que também o seja, no instante
que o tires do tanque, tapa-a e pega-a exatamente, para que não possa
entrar água nenhuma nela: em seguida submerge a ânfora
inteiramente em uma piscina de água doce e fria, de maneira que nada
nela esteja fora de água: em seguida tira-a ao fim de quarenta dias, e
desta maneira permanecerá doce um ano.”
Vemos assim, que não há a mais pequena hipótese do pé
de uva espremido pela prensa e colocado em ânfora, debaixo de
água, seja como pretendem, alguma espécie de suco.
Concluindo, ressaltamos que só após Louis Pasteur, se
tornou possível fabricar suco de uva, evitando pela
pasteurização, a fermentação vínica das uvas, e ainda assim sem
eliminar toda a graduação alcoólica, que a Lei Brasileira fixa
entre 0,5% e 1% de teor alcoólico.
Ademais só com Pasteur foi explicado o processo de
transformação do açúcar em álcool, não se sabendo até ele, que
a euforia e sensação inebriante produzida pela ingestão de
vinho se referia ao álcool presente neste pela reação química da
fermentação das uvas.
Assim qualquer tentativa de retirar o teor alcoólico do
vinho antes de Pasteur, produzindo vinho não alcoólico, é mera
ficção sem qualquer relação com a verdade científica e histórica.

‒ 58 ‒
Respondendo às Perguntas

De igual forma, Plínio, O Velho, 13 citado por irmãos que


pretendem demonstrar que o vinho daquela época, não era
alcoólico, por ser habitual misturá-lo com água, em sua obra
monumental “A História Natural”, Plínio faz referência à
necessidade de misturar água em determinados vinhos para
que estes fiquem bebíveis, face ao seu concentrado de mosto,
para perdurarem ao longo do tempo, porém, e o mais
importante sem perder as suas qualidades de sabor e de teor
alcoólico. Em nenhum momento se retira da monumental obra
de Plínio, O Velho, a possibilidade do mosto a que se adiciona
água, se possa chamar de suco, principalmente querendo
significar, que tal produto assim obtido está isento de álcool.
Mas vejamos o que diz Plínio em sua obra A História
Natural, na tradução inglesa se que nos socorremos. 14
Capítulo. 7.(5) – A Natureza dos Vinhos
Esta e a propriedade do vinho, quando bebido, causa um
sentimento de aquecimento no interior das entranhas, e, quando flui
para o exterior do corpo, é fresco e refrescante. Não será o meu propósito
na presente ocasião, manter o conselho que Androcydes, um homem
famoso por sua sensatez, escreveu para Alexandre o Grande, com o
objectivo de colocar umfreio em sua inteperança: “quando você está a
fim de beber vinho, o Rei!” disse ele, “lembre-se que você esta a fim de
beber o sangue da Terra: cicuta é um veneno para o homem, vinho é
um veneno para cicuta”. E se Alexandre tivesse seguido este conselho,
certamente mão teria que responder por querer assassinar seu amigos
quando de suas convulsões alcoólicas. De fato, podemos nos sentir

13Caio Plínio Segundo, conhecido também como Plínio, o Velho, foi um naturalista
romano. Wikipédia
14 Traduzido de CHAP. 7. (5.)—THE NATURE OF WINES

‒ 59 ‒
Cristãos & Vinhos

tranquilos afirmando que nada é mais útil do que o vinho para


fortalecer o corpo, enquanto que, ao mesmo tempo, nada é mais
pernicioso para a luxuria, se não estivermos atentos para o excesso.”
Resulta inequívoco, desta breve passagem que, ao
contrário do que alguns irmãos insistem, persistindo
teimosamente no erro, trata-se como qualquer pessoa pode ver,
efetivamente de VINHO COM TEOR ALCOOLICO,
Concluo dizendo para não ser maçador, que a ciência
demonstra à evidência os benefícios associados ao vinho, bebido
moderadamente de que já alertava Columela em seu livro “Da
Agricultura”, e a que o próprio apóstolo Paulo confirma em suas
epístolas, designadamente quando receita ao irmão Estevão,
para tratar o estomago...
Do Vinho de Marrubio
Muitas pessoas creem que
o vinho de marrubio e útil para
todas as enfermidades internas, e
principalmente para a tosse.
Quando fizeres a vindima colhe
talos tenros de marrubio,
principalmente em terrenos incultos e fracos, e seca-os ao sol: depois
farás com eles uns molhos que atarás com folha de palma ou junco, e os
porás na tina deixando de fora a atadura: em duzentos sextários de
mosto doce adicionaras oito libras de marrubio para que ferva com ele:
depois secaras o marrubio, e taparas exatamente o vinho assim que ficar
claro.
Capitulo XXXIII
Como se faz o vinho escilitico
O vinho escilitico, que e bom para a digestão, para restabelecer o
corpo, como também para a tosse ...”

‒ 60 ‒
Respondendo às Perguntas

Não restam dúvidas que no tempo de Jesus, descrito pelos


autores contemporâneos, o vinho utilizado era alcoólico e tinha
propriedades medicinais, pelo menos assim era usado na época.
Vejamos agora uma breve descrição das qualidades
terapêuticas do vinho, nos dias de hoje, de um artigo intitulado
“Vinho e Saúde: confira artigo sobre os benefícios do vinho
para a saúde” publicado segunda-feira, 26 de dezembro de 2005
- Atualizado em 08/08/2011 15
"Vinum bonum lætificat cor hominis" O vinho bom alegra o
coração do homem Salmo 104:15

Um pouco de História

Desde a antigüidade, o vinho apresenta-se intimamente


ligado à evolução da medicina, desempenhando sempre um
papel principal. Os primeiros praticantes da arte da cura, na
maioria das vezes curandeiros ou religiosos, já empregavam o
vinho como remédio. Papiros do Egito antigo e tábuas dos
antigos Sumérios (cerca de 2200 a.C.) já traziam receitas
baseadas em vinho, o que o torna a mais antiga prescrição
médica documentada.
O grego Hipócrates (cerca de 450 a.C.), tido como o pai da
medicina sistematizada, recomendava o vinho como
desinfetante, medicamento, um veículo para outras drogas e
parte de uma dieta saudável. Para ele, cada tipo de vinho teria
uma diferente função medicinal.

15http://www.news.med.br/p/medical-journal/850/vinho+e+saude+confira+arti
go+sobre+os+beneficios+do+vinho+para+a+saude.htm. Artigo publicado na Revista
Wine Style, número 1, em 2005, escrito pelo Dr. Gustavo Andrade de Paula (médico e diretor
de Degustação da ABS-SP/Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo). Email para
contato: gustavoap@usa.net

‒ 61 ‒
Cristãos & Vinhos

Galeno (século II d.C.), o mais famoso médico da Roma


antiga, empregava o vinho na cura das feridas dos gladiadores,
agindo este como um desinfetante.
Também os Judeus antigos tinham o vinho como
medicamento. Segundo o Talmud, "sempre que o vinho faltar, a
medicina tornar-se-á necessária".
Foi na Universidade de Salermo (Itália), fundada no século
XI, que a importância do vinho sobre a dieta e a saúde foi
codificada. Lá, correntes clássicas e árabes se fundiram,
fornecendo as bases da medicina européia. O "Regime de
Salermo" especificava "diferentes tipos de vinho para diversas
constituições e humores".
Avicena (século XI DC), talvez o mais famoso médico do
mundo árabe antigo, reconhecia a importância do vinho como
forma de cura, embora seu emprego fosse limitado por questões
religiosas.
O uso medicinal do vinho continuou por toda a Idade
Média, sendo divulgado principalmente por monastérios,
hospitais e universidades.
Até o século XVIII, muitos consideravam mais seguro
beber vinho do que água pois esta era, frequentemente,
contaminada. Conta a lenda de Heidelberg, na Alemanha, que
o guardião do grande barril (Große Faß) onde o soberano
guardava todo o vinho recolhido como imposto, só bebia vinho.
Seu nome era "Perkeo" (do italiano “Perche no” - por que não).
Certa feita deram um líquido diferente para que ele bebesse e
este morreu imediatamente. O tal líquido assassino era nada
mais nada menos que água.
Em 1865-66, Louis Pasteur, o grande cientista francês
nascido na região do Jura (terra dos famosos vin jaune e vin de
paille), empregou o vinho em diversas de suas experiências,

‒ 62 ‒
Respondendo às Perguntas

declarando que o vinho é "a mais higiênica e saudável das


bebidas".
Em 1892, durante a grande epidemia de cólera em
Hamburgo, o vinho era adicionado à água com intuito de
esterilizá-la.
A partir do final do século XIX, a visão do vinho como
medicamento começou a mudar. O alcoolismo foi definido
como doença e os malefícios de seu consumo indiscriminado
começaram a ser estudados. Nas décadas de 70 e 80, o consumo
de álcool foi fortemente atacado por campanhas de saúde
pública exaltando as complicações de seu uso em excesso.
Entretanto, várias pesquisas científicas bem conduzidas têm
demonstrado que, consumido com moderação, o vinho traz
vários benefícios à saúde.

O consumo moderado

"Nem muito e nem muito pouco" parece ser o princípio


para se realçar os efeitos benéficos do vinho sobre a saúde.
Entretanto, as autoridades de saúde de vários países têm
encontrado dificuldade em estipular o que pode ser
considerado "consumo sensato". Na França, a ingestão de até 60
g de álcool por dia é segura para homens. Por outro lado, no
Reino Unido, recomenda-se menos de 30 g por dia.
Vários são os fatores que influenciam estes limites: sexo,
idade, constituição física, patrimônio genético, condições de
saúde e uso de outras substâncias (drogas, medicamentos etc).
Em linhas gerais, um homem pode consumir até 30 g de álcool
por dia. Para as mulheres, por diversas razões (menor
tolerância, menor proporção de água no organismo etc)
recomenda-se até 15 g por dia. A diferença entre consumo

‒ 63 ‒
Cristãos & Vinhos

moderado e exagerado pode significar a diferença entre


prevenir e aumentar a mortalidade.
Além da quantidade, a regularidade também é importante
para se obter os efeitos benéficos do vinho. Os que exageram nos
finais de semana e se poupam nos outros dias podem sofrer
todos os malefícios da ingestão exagerada e aguda do vinho sem
nenhum ganho para a saúde.

O Paradoxo Francês

Uma grande reviravolta na relação entre vinho e saúde


ocorreu no início da década de 90 com a divulgação do
Paradoxo Francês. Durante um programa de televisão nos EUA,
o cientista francês Serge Renaud mostrou que estudos
epidemiológicos em escala mundial evidenciaram que os
franceses apresentavam 2,5 vezes menos mortes por doenças
coronarianas que os americanos, apesar de fumarem muito e
consumirem a mesma quantidade de gorduras. A principal
explicação para tal paradoxo estaria no consumo regular e
moderado de vinho. Como era de se esperar, após a transmissão
do programa, o consumo de vinho tinto nos EUA multiplicou
por 4. Tal paradoxo foi, posteriormente, publicado na revista
inglesa The Lancet, uma das mais conceituadas revistas médicas
do mundo, dando origem a uma enxurrada de artigos sobre os
benefícios do vinho sobre a saúde nos tempos modernos.

Álcool, taninos, flavonóides, catecinas, resveratrol, etc

Há muito sabe-se que o álcool, consumido em pequenas


doses regulares, traz benefícios para a saúde. Estudos
epidemiológicos mostram que o álcool presente no vinho,
cerveja e destilados pode diminuir a mortalidade por infarto do

‒ 64 ‒
Respondendo às Perguntas

miocárdio, isquemia cerebral etc. Entretanto, o vinho é quem


mais desperta interesse dos cientistas por apresentar, além do
álcool, diversas substâncias antioxidantes em sua composição.
Entre os mais de 1000 compostos encontrados no vinho, os
polifenóis (flavonóides, taninos, catecinas, resveratrol etc) são
os mais estudados.
Os polifenóis, derivados de várias plantas, são os
antioxidantes mais encontrados em nossa dieta. De acordo com
sua origem, apresentam diferentes estruturas químicas.
Atualmente, vários estudos têm demonstrado que o resveratrol,
um antioxidante natural presente em vinhos tintos e brancos,
está associado com os efeitos benéficos do vinho na doença
coronária. Além disso, em laboratório, o resveratrol tem
mostrado efeito protetor contra o câncer, embora estes
resultados ainda não tenham sido demonstrados na prática
clínica. Também controversa é a hipótese de que os flavonóides
parecem mostrar um efeito protetor contra doenças
cardiovasculares, atuando sobre o LDL (colesterol ruim).

Vinho e Saúde: Alguns fatos

Doenças coronárias: o consumo moderado de vinho


controla os níveis sangüíneos de algumas substâncias químicas
inflamatórias chamadas citocinas. Estas, por sua vez, afetam o
colesterol e as proteínas da coagulação. O vinho é capaz de
reduzir os níveis de LDL e aumentar os de HDL (colesterol
bom). Com relação à coagulação, o vinho torna as plaquetas
presentes no sangue menos aderentes e reduz os níveis de
fibrina, evitando que o sangue coagule em locais errados. Estes
efeitos poderiam prevenir o entupimento de uma coronária,
evitando um infarto do miocárdio.

‒ 65 ‒
Cristãos & Vinhos

Doenças do cérebro: Os efeitos mais conhecidos do álcool


sobre o sistema nervoso são a embriaguez e a dependência
alcoólica. Entretanto, quando consumido com parcimônia, o
vinho parece reduzir o risco de demência, incluindo o Mal de
Alzheimer. Segundo alguns especialistas, os polifenóis
presentes no vinho (principalmente nos tintos) seriam os
responsáveis por evitar o envelhecimento das células cerebrais.
É intrigante notar que, proporcionalmente falando, a ação
antioxidante dos polifenóis dos vinhos brancos é superior à dos
tintos. Entretanto, a quantidade de polifenóis dos tintos é muito
superior à dos brancos, tornando estes vinhos mais
interessantes para as células cerebrais. Além da ação
antioxidante, os vinhos melhoram a circulação cerebral, com o
fazem com a circulação coronária. Sabe-se, ainda, que as chances
de apresentar depressão são menores em consumidores
moderados de vinho.
Doenças respiratórias: Experimentos recentes têm
demonstrado que o vinho é capaz de reduzir as chances de uma
infeção pulmonar, sendo mais eficaz que alguns antibióticos
modernos.
Doenças do aparelho digestivo: Há vários séculos, São
Paulo já recomendava "um pouco de vinho para a saúde do
estômago". Hoje, sabe-se que o consumo moderado de vinho
está associado a uma menor incidência de úlcera péptica por
uma série de razões: alívio do estresse, inibição da histamina,
ação antimicrobiana contra o Helicobacter pylori, bactéria
implicada na gênese da úlcera duodenal. Por atuar sobre o
colesterol, o vinho parece reduzir as chances de formação de
cálculos no interior da vesícula biliar.

‒ 66 ‒
Respondendo às Perguntas

Doenças do aparelho urinário: Estudos mostram que o


vinho é capaz de reduzir em até 60% o risco de formação de
cálculos urinários, ao estimular a diurese.
Diabetes: o vinho consumido de forma moderada melhora
a sensibilidade das células periféricas à insulina, sendo
interessante nos pacientes com diabetes tipo 2 (não insulino-
dependente). Além disto, o vinho reduz as chances de morte por
infarto do miocárdio em pacientes com diabetes tipo 2. Em
mulheres, um estudo mostra que o vinho pode reduzir as
chances de surgimento de diabetes.
Sangue e anemia: O álcool ajuda o organismo a absorver
melhor o ferro ingerido nos alimentos. Além disto, um copo de
vinho tinto contém, em média, 0,5mg de ferro.
Ossos: alguns estudos populacionais têm demonstrado
que o consumo de pequenas quantidades de vinho é capaz de
melhorar a densidade óssea, reduzindo as chances de
osteoporose.
Visão: O vinho reduz a degeneração macular, causa
comum de cegueira em idosos.
Câncer: A possibilidade de que os antioxidantes presentes
no vinho pudessem prevenir alguns tipos de câncer despertou
o interesse de muitos pesquisadores em todo o mundo. Alguns
estudos populacionais mostram uma redução da mortalidade
por doença coronária e por câncer em bebedores comedidos de
vinho. Por exemplo, homens que consomem vinho sensata e
regularmente têm menor chance de desenvolver Linfoma não-
Hodgkin.
Como foi dito repetidas vezes, o consumo moderado
parece ser o caminho para a felicidade. Muito ainda precisa ser

‒ 67 ‒
Cristãos & Vinhos

entendido sobre os reais efeitos, benéficos e maléficos, do vinho


sobre a saúde antes de torná-lo a panacéia universal para as
moléstias do mundo moderno. Entretanto, em pouquíssimas
situações, um remédio pôde ser tão infinitamente agradável e
prazeroso. 16

16NEWS.MED.BR, 2005. Vinho e Saúde: confira artigo sobre os benefícios do vinho


para a saúde. Disponível em: <http://www.news.med.br/p/medical-
journal/850/vinho-e-saude-confira-artigo-sobre-os-beneficios-do-vinho-para-a-
saude.htm>.

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Respondendo às Perguntas

CONCLUSÃO

Sem pretender fazer, qualquer apologia para o consumo


do vinho ou outras bebidas alcoólicas, nem fomentar seu
consumo, que como o conselho de Androcydes ao Imperador
Alexandre o Grande, pode ser fonte de luxuria e outros males,
se bebido em excesso, aconselho o irmão a ter cuidado, quando
quiser experimentar as delícias do vinho.
Espero ter contribuído, para fazer luz, quanto a esta
questão que continua dividindo tantos teólogos, e ajudado a
compreender que nada a não ser o próprio homem, pode decidir
o que mais lhe convém. Deus espera de nós, que possamos em
nosso livre arbítrio tomar as decisões que melhor se adequem
ao nosso foro íntimo e que sejamos capazes de em qualquer
situação dizer basta, quando o caminho escolhido nos possa
afastar de Jesus.
Assim a decisão é tua, querido irmão, não só em relação ao
vinho, mas em relação a tudo na vida. Se o vinho por fraqueza
ou outra qualquer situação (alcoolismo) tiver hipótese de te
dominar, e te impor uma conduta viciosa, aconselho veemen-
temente a não beber.
Se crerdes que não há nenhuma proibição bíblica, para
ingerir vinho moderadamente, e não tiveres nenhum problema
de alcoolismo ou outro vicio, toma vinho sem medo meu irmão,
que Deus quer que comamos e bebamos o melhor desta terra.
Porém se crerdes que há proibição bíblica para a ingestão
de vinho ou outra bebida alcoólica, não tomes, porque estarias
pecando.
A comissão deixada por Jesus, entre outras, foi a de fazer
tudo com fé para a gloria do Senhor:

‒ 69 ‒
Cristãos & Vinhos

‒ 70 ‒
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Cristãos & Vinhos

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Artigo publicado na Revista Wine Style, número 1, em 2005, escrito
pelo Dr. Gustavo Andrade de Paula (médico e diretor de Degustação
da ABS-SP/Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo). Email
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Los doce libros de agricultura H Co/184-185 Álvarez de Sotomayor,
Juan Maria Columela, Lucio Junio Moderato
Pliny the Elder, The Natural History John Bostock, M.D., F.R.S., H.T.
Riley, Esq., B.A., Ed. BOOK XIV. THE NATURAL HISTORY OF THE
FRUIT TREES.

Jose Manuel Godinho Fialho


Abatia - PR
Textos publicados: 1 [ver]
http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/os-
cristaos-e-o-vinho
Palavra do leitor
• 04 de janeiro de 2017
Os cristãos e o vinho
autor Jose Manuel Godinho Fialho
Abatia - PR

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‒ 73 ‒
Sobre o Autor
Jose Manuel Godinho Fialho

Português, advogado, 58 anos de idade, cristão

evangélico há pelo menos 12 anos, batizado na

PIB em Matinhos. Em Abatiá/PR pertenceu à

membresia da IPI, tendo-a frequentado durante

vários anos e participado de célula na

Comunidade Alcance de Curitiba.

famarte@uol.com.br
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