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Introdução
Capitulo 1: Os Lots- seu significado e bases filosóficas Parte 1
Capitulo 2: Os Lots- seu significado e bases filosóficas Parte 2
Capitulo 3: Agathos Daemon(ou Bom Daemon) e Agathe Tyché(Boa Fortuna)
Capitulo 4: Origens filosóficas da liberdade de escolha
Capitulo 5: Liberdade ante o destino
Capitulo 6: A Pedra de Toque
Capitulo 7: Almutens, o planeta Vencedor e Dignidades
Capitulo 8: O planeta vitorioso escolhido entre locais na astrologia Natal, Horária, e na
adivinhação do pensamento do consulente
Capitulo 9: Classificação dos Planetas entre Benéficos e Maléficos e de acordo com a
Seita
Capitulo 10: Divisão de Casas: Signos Completos versus Quadrantes
Capitulo 11: A regra do 5 graus.
Capitulo 12: Dodecatemória–A décima segunda parte
Capitulo 13: Aspectos históricos, filosoficos e astrológicos das crises médicas
Bibliografia
Introdução
Meus livros sempre foram eminentemente voltados para a prática e este, embora utilize
técnicas, o fará mostrando-as baseadas na astrologia como uma doutrina com forte base
espiritual, embora não religiosa.
No decorrer deste livro, que demorou muito mais que os demais para ser escrito,
experimentei uma transformação e até uma revelação.
Foi preciso esse tempo para que certo fato impressionante ocorresse e me rendesse à
evidência de que existe afinal o tão apregoado livre arbítrio, pelo menos até certo ponto,
mas não de maneira desprezível.
Foi um momento marcante, visto que, desde jovem, acreditava que os fatos eram
predestinados. Nesse sentido, nos idos de 1960, Freud foi minha escolha preferida, para
comprovar o determinismo, visto que em sua teoria o ser humano é guiado principalmente
por seu inconsciente.
Mais tarde, me aproximei de uma visão espiritualista quando percebi que as depressões e
angustias eram melhor explicadas pelas configurações da carta natal do que por conflitos
inconscientes. Mudei de paradigma, mas minha busca pela exatidão e pelos protocolos
rígidos levou-me à astrologia tradicional.
Hoje vejo que tanto a teoria psicanalítica como a astrológica são construções que nos
permitem lidar com o que, em ultima análise, não conhecemos, isto é, a essência, a última
verdade.
Dessas construções, a matemática e a geometria fazem parte, pois os números não existem
em si mesmos, nem as formas geométricas. Nosso raciocínio lógico é uma forma de nos
aproximar comparativamente às verdades ultimas, sendo a filosofia pura a mais completa
exemplificação da luta humana para atingir as verdades essenciais.
Um tipo de raciocínio comum é supor que um jovem nascido numa favela, cujo pai era
alcoólatra e a mãe prostituta, sem incentivo para estudar e assediado por um traficante
entrou para o mundo do crime. Morreu jovem, baleado por rivais.
Nem poderia ser diferente, geralmente se pensa, com um histórico desse tipo: difícil
acreditar que ele poderia ter um destino melhor. Deu continuidade ao ciclo de ruína. Tudo
se encaixa, é uma historia verossímil em nossa maneira usual de pensar nas coisas como
causas e efeitos.
No entanto, outras pessoas na mesma situação familiar tiveram um final diferente, foram
honestos, criaram filhos, alguns por vezes foram até brilhantes.
E muitos descrevem brilhantes biografias ligando o sucesso à obstinação de uma historia
de vida que começou de forma difícil.
Para tentar explicar e entender a história, construímos uma sequência de eventos em
cadeia que se acomoda à realidade observada. O importante para a mente humana é achar
uma explicação que, se explica aquilo que vemos, ignora tudo que não vemos.
É reconfortante pensar que o mundo é racional, que as coisas acontecem por um motivo.
Nossas mentes buscam, o tempo todo, a relação de causa e efeito.
A força de vontade, o livre arbítrio, versus o destino, explicado pelas configurações
astrológicas, guiam nossas explicações astrológicas.
Mas, o mundo é muito mais randômico e caótico do que gostamos de assumir e nossa
capacidade preditiva é bastante falha.
Existe a Sorte ou a falta dela para cada individuo, um fator para o qual nem mesmo os
filósofos tinham explicação a não ser utilizando o reencarnacionismo.
Quando Platão explicou a criação do mundo, no Timeu, diz que o Demiurgo tentou criar
tudo de forma perfeita, mas não conseguiu, visto que ele lidava com os elementos que
eram rebeldes e não queriam manter-se em harmonia, pois eram de natureza diferente.
Como poderia a astrologia prever sobre linhas tão tortas? Nossas previsões abrangem
dezenas de possibilidades e por vezes não acertamos nenhuma delas.
A astrologia é um instrumento útil ao informar, com praticamente absoluta exatidão, se
algum evento irá ocorrer, se será benéfico ou maléfico, e mais o menos em que prazo
poderá ocorrer. Mas é incapaz de apontar entre as infinitas possibilidades contidas nos
símbolos que utiliza, qual delas se manifestará.
Os elementos que entram em disputa, sobre os quais falamos, criam situações difíceis de
prever pela racionalidade. Mesmo a vontade humana, no sentido de salvar-se ou destruir-
se, relacionada ou não à consciência ou até à espiritualidade, faz parte da esfera do
imprevisível, e está ligada a fatores misteriosos.
A existência da sorte e do azar, podem ser vistos na carta astral, sob a forma de lots mal
configurados, especialmente a Fortuna e o Espírito, ou a posição dos planetas em más ou
afortunadas dignidades celestiais ou mundanas. Mas temos dificuldade em atingir o âmago
da questão, o que é explicado por muitos astrólogos pelo fato de vivermos em um mundo
sub lunar, como se a Lua, representante da matéria, agisse como um véu espesso,
obscurecendo nossa visão das realidades maiores, que eles, os antigos astrólogos,
identificavam com as entidades planetárias e Deus.
A razão pura, como vemos em Kant, merece críticas, pois nada tem de pureza.
Não direi mais nessa introdução. Leiam o livro: todos os capítulos foram direcionados no
sentido de ajudar o leitor a concluir por si. Aqui, tenho certeza que encontrarão material
novo, que está bastante disperso em fontes eruditas.
Acrescentei ao livro algumas questões que não haviam sido explicitadas em livros
anteriores, e que atualmente me pareceram importantes. Algumas delas representaram
novos insights que era preciso compartilhar.
Espero que o leitor possa utilizar o material da melhor forma.
Capitulo 1
O uso de lots ou partes árabes, que doravante chamarei somente lots, fazem parte da
técnica de muitos astrólogos clássicos. A falta de acordo entre os antigos sobre suas
formulas acabou por desacreditar seu uso, daí que alguns astrólogos modernos
simplesmente os abandonaram em suas delineações. Outros os usam indiscriminadamente
e sem qualquer questionamento maior.
Portanto, os problemas com o uso de lots vem a partir de 1º- o crescimento enorme da
quantidade de lots, especialmente no período árabe medieval, 2º- seu uso em praticamente
qualquer questão 3º- a diferença na construção de suas fórmulas, que varia de autor para
autor.
Tais diferenças começaram no período helenístico, mas lá a profusão de fórmulas e lots
não era tão grande como na época medieval.
De qualquer forma, muitos astrólogos, entre os quais me enquadro, abdicaram totalmente
do uso de lots, com exceção do Lot da Fortuna.
Espera-se do pensamento científico suficiente abertura para reconsiderar e manter a mente
aberta e propícia a novas ideias, mesmo que elas possam derrubar nossos conceitos
estruturados.
Dr. Benjamin Dykes possui uma lição em áudio sobre lots, que escutei diversas vezes e
atentamente, em busca de um contraponto. Segundo ele, os Lots fornecem características
muito precisas sobre os assuntos relacionados a eles. Em sua lição ele aborda poucos lots,
e os analisa em diversos nativos.
Em minha opinião, que compartilhei com ele, os lots estudados pouco acrescentaram ao
que se podia deduzir do estudo tradicional das casas mundanas e seus regentes.
Para ser absolutamente honesta, utilizando lots, notei que o lot do pai ofereceu em um de
meus casos de estudo uma visão psicológica significativa. O lot da mãe, acrescentou algo
importante, também. Mas isto vinha ao encontro do que era possível deduzir delineando-
se as casas e regentes pertinentes.
No entanto, o fato de os lots fornecerem significados equivalentes à delineação mais
enxuta, mesmo partindo de construções diferentes, levou-me a sopesar se afinal eles não
teriam valor para ratificar nossas delineações, especialmente em casos mais incertos e
difíceis.
Tal pensamento incentivou-me a estudar os lots com profundidade e verificar por qual
razão eles conseguem contribuir na delineação de um tópico.
Parafraseando o ditado, quando o aluno está pronto o livro aparece, e então me deparei
com a tese da Dra. Giesele Greembaum defendida em 2009 na Inglaterra. Tal tese resultou
em um livro editado pela editora Brill, The Daimon in Hellenistic Astrology.
Segui seus longos e abrangentes passos e percebi que a única forma de entender os lots é
reconhecer o reino da espiritualidade e que eles só podem ser entendidos como “espíritos”
atuando entre os planetas e o mundo das formas.
É preciso conhecer a filosofia de onde vieram, desde o tempo babilônico, egípcio e
helenístico.
A partir daí é que teremos segurança para escolher uma fórmula ou outra, pois ha um
motivo por trás de cada uma delas. O astrólogo deve pensar e não seguir mecanicamente
os ensinamentos, mesmo que tradicionais.
Ao final do estudo conclui que os lots devem figurar como auxiliares na interpretação dos
tópicos da carta, às vezes fornecendo luz a assuntos pouco claros, mas ainda acredito que
a delineação pelos planetas regentes dos tópicos está em primeiro lugar.
Além disso, penso que se deve reduzir o número de lots aos que foram mais
profundamente estudados e usados pelos autores antigos (alguns deles inclusive vieram da
astrologia babilônica), pois, caso contrário, as variáveis serão tantas que já não
conseguiremos distinguir o que realmente importa na delineação e o que é apenas
purpurina e barulho mental.
Lembro-me de uma história de minha infância, chamada a Sopa de Pedra. Para quem não
conhece, trata-se da historia de um pobre e esfaimado homem que convence o rico e
mesquinho senhor a oferecer-lhe uma sopa, sob o argumento de ela seria produzida
somente por uma pedra e água. O avarento se interessa pela lição. Aos pouco, o esfaimado
miserável, introduz à água e à pedra fervente um pouco de verdura, cebola, alguns
tempero em conta e finalmente…toucinho, que ele convence o avarento, seria o toque
final.
O resultado ficou saboroso e o esfaimado e esperto homem teve sua refeição.
Ora, a pedra, essa serviu apenas como um elemento sem verdadeiro valor nutritivo.
É o que ocorre com muitos conceitos astrológicos e há o perigo de ocorrer no uso dos lots.
Não conheço exemplo em que eles, os lots, substituam o protocolo da interpretação. No
entanto, é curioso que eles terminem por não contradizê-lo! Portanto, eles não são falsos,
mas podem ser prejudiciais por aumentarem consideravelmente o trabalho do astrólogo, e
se mal usados podem chegar a confundir sobre qual regente usar, se o da casa, se o do lot.
Quanto mais pontos levarmos em consideração mais pontos terão que ser devidamente
analisados até o final.
Neste ponto, o brilhante estudo da Dra. Greembaum, serviu-me de demorado e profundo
guia no labirinto filosófico que vem desde séculos antes da era cristã.
O que lerão a seguir está contido no livro dessa estudiosa, um verdadeiro compendio de
virtuosismo e sabedoria. Além disso, as notas de rodapé do mesmo livro me direcionaram
ao estudo de vários filósofos, o que tornou meu trabalho muito mais lento e compilatório
do que de costume.
O resultado é um resumo do que li e aprendi, que me forneceu a conclusão sobre o valor
dos lots e os limites da ação deles. Além disso, me aproximei da razão e compreensão de
como decidir por uma fórmula ou outra e optar pela que tem mais sentido: essa escolha
repousa em razões espirituais e filosóficas.
Além disso, adentrei no problema do livre arbítrio, pois não se pode estudar o Lot do
Espírito ou do Sol, distanciadamente da vontade humana. Abordarei também, de acordo
com os lots construídos com base no Lot do Espírito de determinadas cartas, até que ponto
vai o determinismo e o livre arbítrio do nativo.
De certa forma, buscando me aprofundar no uso dos lots, terminei por rever minha atitude
ante a astrologia e valorizei seu papel como oráculo e sua afinidade com a magia e outras
artes divinatórias, como as cartas, os búzios, a dissecação de vísceras dos etruscos, etc.
Conclui que baseiam-se na mesma raiz divina da comunicação entre forças invisíveis e a
mente humana. Mas, a astrologia alça-se como única e mais abrangente, pois é aquela arte
que vem sendo praticada ha mais tempo, com regras de interpretação que remontam a
séculos antes de Cristo, e cujo estudo aparta-se da intuição pura, sendo uma disciplina que
requer anos e anos de estudo de suas regras minuciosas.
Suas raízes apoiam-se como nenhuma outra disciplina oracular em princípios filosóficos
platônicos, pitagóricos e estóicos, sendo que o estudo da técnica e da filosofia necessária a
seu entendimento, debruça-se na obra de autores eruditos.
Tudo isso requer uma abrangência cultural eclética e profunda e é o que coloca a
astrologia, e refiro-me especialmente a astrologia tradicional, que é praticada sem
conceitos externos a ela, em uma plataforma de cultura geral que não é necessária em
outras artes divinatórias, onde a sincronicidade entre céus e terra orienta as respostas.
Assim, a astrologia, embora também baseada em tal sincronicidade, é a mais racional das
artes esotéricas, a mais analítica, filosófica e formal.
Adiante, o leitor será apresentado a esse vasto cabedal de conhecimento, necessário para o
bom desempenho de uma só técnica astrológica entre tantas, no caso o estudo dos lots.
Capitulo 2
Espíritos - daemons
Nosso intuito no momento é investigar os espíritos ou daemons presentes na carta natal,
verificar seu alcance histórico e filosófico, até chegar à conclusão sobre a maneira como
devem ser usados em astrologia, e até que ponto são verdadeiros ou úteis na predição de
acontecimentos, nos oráculos em geral e na conscientização da psique do nativo(e sua
eventual liberdade).
Para tal vamos fazer uma viagem longa que vai do enfoque babilônico, egípcio,
helenístico, os povos do mediterrâneo, o dos árabes e finalmente chegaremos à astrologia
medieval.
A mais antiga evidência de cartas astrológicas usando lots parece ser de 43 AC, e foi
discutida por Balbillus.
Há uma doutrina em Nechepso e Petosiris, de origem egípcia e de data incerta,
provavelmente do segundo para o primeiro século AC e que trata do Lot da Fortuna. Isto
sugere que os lots astrológicos tem, pelo menos em parte, uma origem egípcio-helenística.
As primeiras referências mencionam apenas o Lot da Fortuna.
No Liber Hermetis (cerca de dois séculos e meio antes de Cristo) aparece também a noção
de lots.
Em Dorotheus (século 1DC), há referências não só para o Lot da Fortuna, mas para os
Lots de Daemon, do Casamento, do Pai, da Mãe, Irmãos e outros.
O significado original de lot refere-se aquilo que é obtido como uma porção, um lote ou
loteamento. Tal loteamento deriva inicialmente da noção de propriedade. Mais tarde, a
palavra referiu-se a um pedaço de uma propriedade ou de uma herança recebida.
No entanto, “jogar lotes” também era parte de uma prática divinatória, utilizada como uma
forma de conhecer a vontade dos deuses. A partir do resultado tomava-se uma decisão.
Diz-se que mesmo os deuses lançaram a sorte para tomar decisões e que os lots atribuíram
as porções do mundo para Zeus, Poseidon e Hades. Na mitologia babilônica, Anu, Ea
(Enki) e Enlil também receberam seus reinos do céu, água e terra jogando lots.
Tais lots que manifestavam a vontade dos deuses eram equivalentes a daemons ou
espíritos.
Por isso, eles foram usados também como um daemon pessoal. Heráclito, o mais obscuro
dos filósofos disse: ” o caráter do ser humano é seu daimon“.
Esta frase difícil foi traduzida de diversas formas, inclusive como “O caráter é o destino”.
Dá o que pensar.
O conceito do daimon é multivalente e mutável.
A partir de Homero ele foi usado, dependendo do contexto, como demônio, espírito,
gênio, personalidade, destino, poder.
Definir daimon é difícil, embora a conotação de um “demônio”, apenas como um espírito
maligno, não seja verdadeira.
Daimon não tem uma conotação negativa automática.
A cultura popular sempre levou em conta espíritos locais, bons ou maus e os propiciava,
sendo que havia espíritos (chamados daimons ou outros nomes) relacionados com a
doença, loucura e morte, portanto negativos, e outros positivos.
De Platão surgem duas ideias duradouras:- em primeiro lugar, que os daimons são
mediadores entre deuses e humanos; e, segundo, que qualquer pessoa tem um daimon
pessoal orientando-o através da vida.
Tal ideia se enraizou e se espalhou através da cultura do Mediterrâneo a partir do período
helenístico até a antiguidade tardia.
Daemons na astrologia helenística
Vamos agora explorar esse conceito de daemon da forma como era usado na teoria e
pratica astrológica helenística.
Haviam os maus e perigosos daemon, mas também os bons e propícios e a astrologia era
altamente dependente das concepções religiosas e filosóficas do daemon. Isto pode ser
visto em diferentes áreas.
Sabemos que o mapa astrológico é dividido em diversas seções, isto é doze, chamadas
casas ou locais, cada uma relacionada com uma área da vida.
Dois locais específicos são denominados “Bom Daemon” e “Mau Daemon”.
Assim, um sexto da carta representa daemons, que em português chamamos espírito, tendo
cada um seu lugar oposto.
O lugar oposto ao Mau Daemon é a Má Fortuna. Correspondem ao que chamamos casa 6
e casa 12.
Já o Bom Daemon era oposto à Boa Fortuna, que abreviarei como Daimon e Tyché, que
representam o par da casa 11 e da casa 5.
Observe-se como culturalmente, religiosamente e filosoficamente são considerados
formando um “par” ou dois lados da mesma moeda, com conotações diferentes e às vezes
opostas.
Mas, na verdade, eles não podem ser separados.
Além desses locais, que davam ao astrólogo um lembrete constante do daemon, sempre
que este olhava para uma carta, usava ‘lots’ como uma técnica de interpretação.
Muitos são os pontos específicos na carta que são encontrados tomando o arco entre dois
planetas (ou um planeta e outro ponto) e projetando-o partir de um terceiro ponto.
Os dois lots mais importantes são a Parte da Fortuna (Tyche ou Tuche) e o Lote do
Espírito(Daemon).
Estes dois lotes estão ligados um ao outro pela forma como são formados, isto é,
projetando-se o arco entre o Sol e a Lua a partir do Ascendente (o grau em ascensão no
horizonte leste no momento do nascimento), ou entre Lua e Sol, a partir do Ascendente.
Assim, eles são imagens espelhadas um do outro. Os lots da Fortuna e Daemon não são
vistos como bons ou maus, mas representam coisas importantes para uma boa vida.
Fortuna significa corpo, o bem-estar físico e a fortuna literal, isto é, a aquisição de bens;
Daemon significa a alma, caráter e reputação; mas às vezes os dois lots poderiam ter o
mesmo significado, visto que uma boa alma, caráter e reputação muitas vezes entrelaça-se
a uma boa fortuna.
Para Antiochus, Rhetorius e Paulus, o Lot da Fortuna significava coisas do corpo humano
e as ações na vida, reputações, os sofrimentos da alma e a parceria. O Lot do Sol - o lot do
Daemon - significava coisas sobre a alma, caráter,poder, valor, reputação e também ritos
religiosos. É bastante típico na astrologia que os pares opostos possam ter significados
semelhantes.
Muitos astrólogos helenísticos que escrevem em detalhe sobre os lots citam o Lot da
Fortuna e o Lot de Daemon ou Espírito e os utilizam no cálculo da duração da vida, para
prever a felicidade (eudaimonia, literalmente, ter um bom daemon) e para predizer os bons
e maus períodos de vida.
Vettius Valens, astrólogo do século II, utiliza mais lots: além dos lots da Fortuna e
Daemon (Espírito), explica que é preciso utilizar também Eros e Necessidade, para
conhecer as boas atividades e os perigos da vida.
Os lots de Eros e Necessidade, são construídos pelo Espírito e pela Fortuna, como
veremos adiante.
Também era importante identificar um daimon pessoal. Entre fontes tão díspares como o
papiros mágicos e os escritos neo-platônicos, o daimon pessoal era um tópico importante
de discussão. No neoplatonismo, como se vê em Plotino, Iamblichus e Porfírio, o daimon
pessoal desempenha um papel de ajuda na luta para a alma subir até Deus.
Papiros sobre magia dão instruções para encontrar o daimon pessoal, ligado à própria
configuração astrológica (abordarei essa técnica em capítulo próprio). Invocações e
súplicas eram feitas eram feitas a um “Bom Espírito”, representado pelo Sol. A partir daí o
destino pré-ordenado aparentemente poderia ser alterado, apesar dos dados astrológicos.
A astrologia naquela época estava envolvida com preocupações com o destino, liberdade e
capacidade de transcender o mundo material.
É bem conhecida a relação entre o curso dos planetas e o destino humano em astrologia, o
que aponta para um determinismo.
No entanto, autores como Porfírio em seu ensaio “O que depende de nós”, explicam que o
daimon se sincroniza com as configurações astrais no momento do nascimento.
Ligação entre daimons e Astrologia
A citada autora Dorian Gieseler em seu livro “The Daemon in Astrology”, diz ter
descoberto nuances por parte dos astrólogos que contradizem, através do uso de daimons,
a monolítica presunção de que a astrologia que praticamos é inteiramente fatalista.
No segundo século de nossa era aparecem duas figuras, Plutarco e o já citado Vettius
Valens. O primeiro é importante quando falarmos de daemons e o segundo, quando
falamos de astrologia.
Os estudo do pensamento desses autores ilumina o grande tema que correlaciona os
daemons ao destino e livre arbítrio na carta astrológica.
Em “De genio Socratis“, Plutarco fala das pessoas possuídas ” por um demônio especial e
iluminador” .Plutarco era padre e escreveu, especialmente em sua “Moralia“, sobre
daemons que representam algo como “vidas paralelas”. Em “Sobre Superstição” o assunto
também é tratado.
Plutarco acreditava, da mesma forma que Platão, em um daemon pessoal e reconheceu a
presença de daemons malignos que poderiam influenciar as pessoas em comportamentos
não virtuosos.
É muito interessante saber que os oráculos, para Plutarco, eram habitados por daemons e
não por deuses.
Em “De Genius Socratis” de Plutarco, o Daemon está associado com a mente, a mais alta
parte da alma.
Os Lots da Fortuna e Daemon se combinam como o Sol e a Lua - e, embora suas funções
pareçam estar separadas, são como imagens espelhadas um do outro. Eles estão
entrelaçados.
Mente e espírito, Sol versus matéria(Lua), são ambos integrados em uma astrologia que se
relaciona ao sistema filosófico e religioso descrito por Plutarco.
Daemons eram considerados como intermediários entre deuses e seres humanos, bem
como um guia pessoal que interferia na pessoa em diversos níveis.
A astrologia estava em um estágio de frutífero desenvolvimento no segundo século, onde
viveram Vettius Valens, Ptolomeu e provavelmente Antiochus de Atenas.
As ideias de Platão e a Academia, dos Pitagóricos, dos Estóicos e Herméticos foram
também incorporadas à astrologia nesses tempos.
Para Platão daemons eram seres entre divinos e mortais. Faziam parte da natureza
manifesta na matéria e portanto não eram considerados imortais, podendo fenecer e
desaparecer.
Assim, os deuses pessoalmente não habitavam os oráculos, não entravam no corpo de
mortais. Para isso criaram seus ministros, a “raça dos daemon”, que presidiam os ritos.
Os daemon são mensageiros entre o divino e o humano e entre o humano e o divino. Eles
presidem sobre a adivinhação.
No esquema de Plutarco eram principalmente ligados à Lua. Já os deuses e planetas eram
ligados ao Sol.
Isto porque a Lua corresponde a um intermediário que transmite a luz divina solar(o nous
ou conhecimento) à terra e aos mortais.
Como um paralelo observamos que o ser humano não pode olhar para o sol diretamente
por mais de um instante, ele nos cega, mas podemos olhar para a luz da lua, que reflete o
sol.
Pelo fato dela estar mais perto da terra, receber as emanações das estrelas acima dela e
ministra-las para os locais terrenos, ela governa o corpo.
Já o Sol governa o espírito.
Por isso, o Sol e o lot do Sol são instrumentos de iluminação: além de entendimento
possuem intencionalidade.
Dessa forma, cultivar o daimon interior leva à iluminação .
Vettius Valens, diz que o Sol “significa liderança, julgamento e autoridade”. Valens chama
o Sol de luz da mente e de instrumento de senso percepção da alma.
A Lua, segundo ele, ” nascida a partir da reflexão da luz do sol … em relação a uma
natividade significa vida para os seres humanos, corpo e alma … “
O que é Daemon em Astrologia?
Vettius Valens na sua “Antologia” se refere à astrologia como uma espécie de mistério,
cujo conhecimento não é adquirido somente através do trabalho duro, mas através da
revelação para aqueles que são dignos de conhecê-la.
Ele menciona especificamente Daemon e Pronoia ou previsão(Previdência) como uma
ajuda em seus próprios estudos e obra.
O daemon é quatro vezes mencionado na Antologia. A primeira é no Livro II, 13.1 onde
Valens diz que se um benéfico (Júpiter ou Vênus) na quarta casa é o senhor do Lot da
Fortuna ou do Ascendente, o nativo será dado a ‘revelações” daimonicas.
A segunda vez é quando ele relata que encontrou um bom professor de astrologia que lhe
ensinou o que ele vinha buscando (iv,117)e ele atribui tal sorte a um bom daemon e à
antevisão (pronoia), pois a ultima revela que ele já tinha tido essa experiência outra vez.
Pronoia também significa prever.
Filosoficamente a arte de prever é em pequena parte dada aos humanos,pois pertence
primordialmente a hermamene, o destino.
Plutarco diz em “De Facto” que o destino (Heimamene) e previdência são a alma de todo
o cosmos dividido em três - uma parte fixa, uma parte chamada errante(planetas) e uma
terceira porção abaixo dos céus que diz respeito a terra.
Os seres humanos podem vir a conhecer uma parte da previdência, especialmente através
do estudo da estrelas, mas também através do daemon. Saber sobre o que virá é encontrar
a paz e suportar a vida com menos dor e cansaço.
Através da providência ou previdência (via daimon) é que Valens relata ter tido alguns dos
momentos mais transcendentes e de êxtase em sua vida.
Valens diz que a sabedoria astrológica é resultado da pronoia (a previsão astrológica) que
foi julgada conveniente por Deus. É um circulo virtuoso pois através da previsão se obtem
mais entendimento.
Então vê-se que para Valens a astrologia é sagrada e teria sido fornecida aos homens por
Deus.
Só que o prognóstico não é exato, segundo ele, pois é revelado através dos daemons,
entidades entre o divino e o humano, isto é, ele não nos vem diretamente dos planetas, que
são divinos e de Deus, que reina sobre eles.
Daí percebemos que não se pode ver a astrologia como uma frívola predição, mas uma
forma de chegar mais perto do conhecimento (gnose) e alinhar-se com o divino.
Através do daemon pode-se processar a luz tanto do Sol como da Lua - o Sol
representando nous e seu lugar na alma, e a Lua representando o corpo que contém a alma
em nossa encarnação humana.
O daemon participa de ambos, e podemos ver em astrologia a combinação entremeando os
Lotes da Fortuna e do Daemon e os pontos que os formam: Sol, Lua e Ascendente, nosso
ponto pessoal de encarnação, o ponto de nossa aparição na terra.
Capitulo 3
Desde que, na prática, ha conexão entre a Fortuna e Daemon, a presente explanação vai
servir para estabelecer o significado e relação entre esses dois conceitos, tanto
religiosamente como filosoficamente.
O objetivo é fornecer os fundamentos para o uso dos conceitos, demonstrar a antiguidade
de seu uso e a importância deles.
Em primeiro lugar vamos explorar os usos de Agathos Daemon e Agathe Tuche nas casas
astrológicas. Tanto a Casa 11 (chamada Bom Daemon) como a quinta, chamada Boa
Fortuna são ligadas em muitos aspectos.
Há evidências começando por volta do quarto ou terceiro século AC de um Agathos
Daemon pessoal para pessoas “comuns”. Por exemplo, certo Posidonius, consultou um
oráculo de Apolo em Telmessus, e lhe foi dito que deveria prestar homenagem ao
“Agathos Daemon de Possidónio e Gorgis ”(sua esposa).
Cultos de Agathe Tyche e Agathos Daimon surgiram para propiciar deidades já no século
IV AC.
Tanto a Fortuna como o Daemon (Espírito) tem grande importância na carta natal, pois
pode-se prever a partir daí as “fortunas” do nativo.
Observe-se a importância do local, da casa: o quinto e o sexto local são a Boa Fortuna e a
Má Fortuna, respectivamente, e a décima primeira e décima segunda o Bom Daemon e o
Mau Daemon. Como será explanado adiante, casas que não fazem aspecto com o
ascendente são consideradas maléficas.
Ambos, Fortuna (Tyche) e Espírito (Daemon) são, na cultura da antiguidade greco-
romana, muito importantes na determinação do destino humano.
Tyche sempre teve um poder mais corrompido. A criança nasce através de Daemon, o
espírito, o Sol. Mas Tyche tem o poder de retirar benesses do Espírito, por ser ligada à
Lua, ao corpo, à dor, às necessidades.
Na verdade, pode-se argumentar que a localização do Bom Daemon no hemisfério
superior da carta, indo em direção ao cume e Meio do Céu por direções primárias, mostra
superioridade em relação à Boa Fortuna, que está no hemisfério inferior e movendo-se
para baixo, para o Imum Coeli.
Os dois planetas benéficos, Vênus e Júpiter respectivamente, foram designados para os
locais onde Boa Fortuna e Bom Daemon tem sua alegria: Vênus na Casa 5, por ser um
planeta noturno, tem alegria abaixo do céu e Júpiter na Casa 11, por ser um planeta diurno.
Isso também indica a superioridade do Daemon/Espírito sobre a Fortuna. Como Júpiter é o
maior benéfico e Vênus é o menor benéfico, Vênus (Afrodite) relaciona-se a Tyche e
Agathe Fortuna enquanto Júpiter (Zeus) é associado a Agathos Daimon.
Percorrendo os autores antigos, desde Manilius, Dorotheus, Ptolomeu, Maternus, Anubio,
Paulus e Olympiodorus, vemos que ha uma razão para escolher tais locais como benéficos,
e esta razão repousa no fato de que nem a Casa 11 e nem a Casa 5 aspectam a sexta casa e
a casa doze.
As divindades Agathos Daimon e Agathe Tyche existiram também no tardio período
Helenista e Greco Romano, especialmente na transição da Grécia para o Egito ou do Egito
para a Grécia (pois não é certo se tais conceitos partiram de um lugar ou de outro). Pode-
se dizer que Agathos Daimon era identificado com Shai, no Egito, e Agate Tyché com Isis.
Shai era relacionado ao destino e Isis/Renenet/Agathe Tyche, com a amamentação.
A autora Doriam Gieseler Greenbaum, em sua tese e posterior livro,já citado, fala
específica e longamente sobre o assunto e deverá ser consultada pelos interessados em
aprofundar o aspecto religioso no Egito antigo, tema esse, por si só, digno de um livro.
O importante aqui é enfatizar o inextinguível link entre Agathos Daimon e Agathe Tyche
tanto na Grécia como no Egito.
A Casa 12 e a Casa 6
Os maus locais em astrologia tem a ver com os demônios maléficos, que trazem doenças,
machucados, possessão demoníaca, violência, etc. O local que ocupam é a sexta casa e a
décima segunda, por serem contrapartes. A Má Fortuna relaciona-se à sexta casa e o Mau
Daemon à casa doze.
Dentro do desenho da carta em si, a décima segunda e a sexta casa, ou locais, são dois dos
quatro lugares chamados apoklimata (‘declinantes’), ou seja, que decaem dos ângulos.
Eles são geralmente associados com os aspectos mais desagradáveis da vida, apesar de
existirem “bons declínios”, visto fazerem aspecto como Ascendente, como a terceira e a
nona casas que são chamados respectivamente “os lugares da deusa Lua e do deus Sol.”
A sexta casa e a décima segunda não tem associações positivas e representam coisas
difíceis como escravidão, inimigos, doenças e machucados. A tradição de acoplar Fortuna
e Daemon continua neste ponto, via sua oposição. Seus significados são quase iguais: a
Má Fortuna refere-se a padecimentos do corpo e o Mau Daemon aos padecimentos da
alma. Valens diz que cada casa traz seu peculiar desenvolvimento de acordo com o que ela
significa, mas a natureza do local oposto também coopera.
Desta forma, se a alma é desesperada, se tem apetites destrutivos, claramente isso vai
influenciar nos padecimentos do corpo, assim como se a pessoa tem um má saúde, tal fato
irá refletir-se em abatimento e desânimo. As doenças físicas influem na alma e as
escravidões da alma influem no corpo.
Os planetas maléficos jubilam nesses maus locais:
Saturno tem seu jubilo na décima segunda casa e Marte na sexta. A razão deste jubilo
deve-se à seita: - sendo Marte um planeta noturno ele rejubila abaixo do céu, na sexta
casa, e sendo Saturno um planeta diurno, seu jubilo é na décima segunda, acima do céu.
Tais daemons são considerados maléficos não só por não aspectarem o ascendente, mas
porque tendem ao excesso. De fato, o excesso conduz a situações como violência(Marte) e
devassidão(Saturno) e especialmente se tais maléficos aparecerem na casa doze ou
associados à casa doze ou então na casa seis ou associados a ela.
A casa 12 e a sexta também, convenientemente, oferecem razões geométricas para serem
más: elas são apostrophos e asundetos, isto é caem em aversão e não são conectadas com
o Ascendente, o representante da vida.
Ha total falta de controle por parte do Ascendente e do Bom Espírito, assim como da Boa
Fortuna sobre elas. Por causa da falta de controle existe o exagero.
Ptolomeu também refere que tais casas são incapazes de trabalhar em conjunto, como
falilia, por não aspectarem o Ascendente. Por isso, planetas na Casa 12 ou na sexta casa
agem sem restrições, isoladamente do contexto, causando mortes violentas, perversões e
problemas mentais.
Rhetorius oferece algumas ideias sobre as casas cadentes: ele as chama metakosmios, que
significa entre-mundos. Ele diz que tais locais são uma transição entre condições
temporais e espaciais: entre o dia e a noite, o amanhecer e o anoitecer, a escuridão e a luz.
Esses espaços limites são privilegiados como locais onde os sonhos proféticos, assim
como o contato divino, ocorrem.
Mas, tais estados podem ser não só arrebatadores como aterrorizantes.
A terceira casa e a nona representam o lado mais positivo das casas entre- mundos, e são
ligadas `a clarividência, enquanto que a sexta e décima segunda casas são seu lado negro,
onde os temores da vida psíquica e os padecimentos corporais aparecem como escravidão,
inimigos, exílio, fome, doença, parto e machucados.
O efeito do Mau Daemon e da Má Fortuna
A décima segunda casa e a sexta representam algo divino, mas misterioso e impossível de
conhecer, algo sobre o que não se tem controle. Podem ser o exemplo do que não pode ser
modificado, partes do destino imutável aparecendo na carta. Dorotheus chama tais locais
de o “pior dos piores”.
Os eventos negativos que essas casas representam geralmente levam ao desespero e à
inabilidade de ver algum caminho para sair de tais estados.
Seus efeitos são julgados por seus regentes e sua situação tópica e celeste, assim como
pelos planetas presentes nelas e as casas que regem.
O resultado nunca é positivo mas pode ser atenuado pela seita, por exemplo, se lá estiver
um planeta próprio à seita, ou se, mesmo fora de seita, a natividade for da mesma seita que
o planeta. Marte, em natividade noturna, nunca é tão mau como em diurna, e Saturno, em
natividade diurna, nunca é tão mau como em natividade noturna.
No entanto, para alguns autores, o malefício destas casas é tal que,mesmo um bom planeta
fica estragado nelas.
Como dissemos, essas casas podem causar problemas mentais e epilepsia, abrindo
caminho para a possessão por demônios. Mas, para tal, é preciso que principalmente o Sol
ou a Lua, ou os lots da Fortuna ou Daemon em combinação com maléficos, ajudem a
produzir essas condições, uma vez que o Sol e a Lua são representantes respectivamente
da alma/espírito e do corpo.
O Lot da Base
Nos primórdios da astrologia helenística esse lot também era considerado, tendo uma
correlação total com Fortuna e Daemon. Ele é também chamado lot da Fundação.
Rethorius o usa, assim como Antiochus e Firmicus Maternus, mas é Vettius Valens quem
dá uma explicação mais ampla sobre ele.
É calculado pela distancia menor entre o lot da Fortuna e o lot do Daemon(ou vice versa) e
projetado a partir do Ascendente. Usando o menor arco, pela própria confecção
matemática do lot, ele vai cair sempre abaixo do horizonte.
Segundo Antiochus e Rethorius o lot da Base é responsável pela vida e respiração que doa
ao ascendente, significando coisas do corpo e também viver distante. Entendo que “viver
distante” ocorra se o lot da base estiver mal configurado, pois não fornece uma base
sólida(viver em sua terra) para o nativo.
O lot da Base é uma metáfora da união entre Fortuna e Espírito. Essa união é visível, tanto
no trabalho de Valens, como no de Paulus, Olympiodorus, Firmicus e Rethorius.
Eros e Necessidade
Eros e Necessidade não tem uma base astrológica tão forte quanto os lots da Fortuna e do
Espírito, que são relacionados a locais da carta, isto é às casas 5 e 11.
Mesmo o Mau Daemon/Mau Espírito são muito mais astrológicos que os conceitos de
Eros e Necessidade, pois os últimos são relacionados aos deuses do panteão grego.
Portanto, não são tão antigos como a Fortuna e o Daemon e nem tão universais.
No entanto, os conceitos de Eros e Necessidade permearam a filosofia, a religião e a
cultura. Por isso vamos nos aprofundar em suas bases filosóficas, que lançam luz sobre o
raciocínio astrológico que subjaz à criação do que veio a se chamar Eros e Necessidade.
Em certos cálculos Eros e Necessidade são derivados da Fortuna e do Daemon e junto aos
últimos formam um conjunto especular e interdependente.
Então vejamos:
Na tradição mais antiga, Hesíodo, em sua Theogonia, diz que Eros, Chaos e Necessidade
foram os deuses iniciais. Ele cita Ananké, mas não como uma divindade, e sim como um
força que constringe e limita, criada por Zeus.
Empédocles, defensor da cosmogênese relacionada aos quatro elementos, diz que o que os
mantinha unidos ou separados eram o Amor e o Ódio, sendo que as forças de separação e
união forçavam as quatro raízes (rhizomata) correspondentes aos quatro elementos a se
juntar e a se separar. Amor é chamado de philia, também associado com Afrodite: ele não
usava a palavra Eros.
Necessidade é uma deusa associada com votos e purificações e parece ser bem antiga.
As palavras força e poder são ligadas à Necessidade cujo timão repousa nas mãos da
Fúrias (as Moiras que tecem o destino).
Embora Philia odeie Necessidade, ha uma conexão entre elas, mesmo que paradoxal.
Esses conceitos são aparentemente contraditórios ou difíceis de entender. O que parece é
que ha uma dicotomia entre amor e ódio, mas as palavras Amor/Eros, versus Necessidade
é algo apreensível no dia a dia. A Necessidade é a força que restringe tudo o que é prazer.
Pode ser que os ritos e purificações funcionassem como uma maneira de aplacar as forças
da Necessidade, ou realidade, afim de tornar a vida mais amena.
Em astrologia helenística o Ascendente é chamado o leme da carta, aquele que dirigirá o
rumo das coisas, servindo, como o Ego de Freud, a ser o intermediário entre diversas
instancias.
Platão nos apresenta dois diálogos muito interessantes. No Symposium ha duas espécies de
Eros, uma terrestre (Pandemos) e outra celeste (Ouranios). Pandemos representa o desejo
sexual, carnal e hedonista e Ouranios é a necessidade de razão e beleza, pura e localizada
na alma. Talvez possamos fazer um paralelo entre a Vênus em Touro e em Libra.
Seja como for, é impossível viver de forma puramente hedonista ou mesmo pura: as forças
da necessidade cobram seu tributo.
Por isso, é importante explicitarmos essas duas forças aqui, embora como lots, pelo menos
em minha experiência até agora, sejam eles constuidos à maneira de Maternus, seja à
maneira de Paulus (vide adiante), eles não acrescentem nada que não possa ser visto e
analisado sem que os levemos em consideração.
No livro Banquete de Platão, uma das interlocutoras é Diotima, sacerdotisa a quem
Sócrates atribui sua iniciação, inclusive sexual, e ela diz que Eros é daimom megas, isto é,
coloca-se entre deuses e mortais, e que é descendente da Provisão (Pores) e da Pobreza
(Penia), buscando sabedoria, beleza e bondade. Eros se moveria, portanto, entre os
recursos e a pobreza e, porque busca sabedoria, o bom e o belo, Eros encontra felicidade e
imortalidade.
Quanto à Necessidade, vamos nos referir ao mito de Err, na Republica para entende-lo
melhor em sua relação para com Eros.
Ananké controla o fuso em volta do qual o mundo revolve em formas espirais, estando tais
espirais intimamente ligadas ao tempo, ao espaço e ao mundo da geração.
As espirais, trajetos dos planetas, se movem em volta do fuso central, que é inquebrável.
Esta é uma clara referência ao eixo do globo terrestre.
Na literatura hermética a Necessidade é vinculada à ideia de ordem e de cosmos. Inclusive
Kosmos significa ordem. Necessidade, no final, é forte, rígida e inexorável, mas produz
harmonia e ordem. Daí minha sugestão de que Necessidade se relaciona com as leis físicas
subjacentes ao mundo material, algo que somos obrigados a aceitar, tal como a lei da
gravidade, por exemplo, as causas e efeitos, algo que nos limita e força à obediência em
nosso mundo físico. Seria, no dizer de Freud, o princípio da realidade, enquanto Eros seria
a principio do prazer.
A união de destino e Necessidade é uma ideias que vemos desde Platão até os estóicos. De
fato, a velocidade em que um objeto lançado encontrará seu alvo não é medida pela
responsabilidade individual, mas por leis físicas. Já o impulso de atirar algo pode ser, até
certo ponto, moderado pelo lot do Daemon, pela vontade.
Eros é o principio de união que mantém ligados os elementos do Cosmos.
Interessantemente Necessidade é frequentemente descrita como cola, cadeias, laços e
força. Eros também forma laços, mas pela atração e amor. Já a Necessidade os une por…
necessidade.
Logo, tanto Eros como Necessidade são princípios que atuam em conjunto: aparentemente
como ideais opostos, mas necessariamente complementares.
Parece que Necessidade é mais ligada à Fortuna, ao mundo sub lunar e suas leis, ao
princípio dos corpos físicos em nossa terra, e Eros à Daemon, a alma.
Paulus e Olympiodorus relacionaram Necessidade à Mercúrio(o principio científico
intelectual) e Eros à Vênus.
Os quatro princípios: Fortuna, Daemon, Eros e Necessidade trabalham juntos e devem ser
usados em vários tipos de astrologia. Alguns utilizam os dois últimos como lots e, se o
leitor quiser faze-lo, estará de acordo com a astrologia tradicional.
Para encontrar o lot de Eros em uma carta diurna, Paulus e Olympiodorus tomam o arco
entre o Lot de Daemon e Vênus e projetam o resultado a partir do Ascendente. Nas cartas
noturnas, partem de Vênus até Daemon e o resultado é somado ao Ascendente.
No caso do lot da Necessidade usam o arco de Mercúrio até a Fortuna em natividade
diurna e da Fortuna até Mercúrio para os nascimentos noturnos. Nos dois casos o resultado
é somado ao Ascendente.
A formula de Paulus e Olympiodorus não foi a única usada na antiguidade.
Mathernus calcula que, para o Lot de Eros em natividades diurnas, parte-se da Fortuna até
Daemon e soma-se o resultado ao Ascendente. Em natividades noturnas, do Daemon até a
Fortuna, e soma-se ao Ascendente.
Para encontrar o lot da Necessidade, em natividades diurnas Maternus parte do arco entre
Daemon e Fortuna e soma ao Ascendente e em natividades noturnas, soma ao Ascendente
o arco entre Fortuna e Daemon.
Mathernus parece ter cometido um lapso, pois, em natividade diurna, parte-se sempre do
principio solar para o lunar, e na noturna vice versa. Então o correto seria partir do
Daemon, que é solar, até a Fortuna em natividades diurnas e da Fortuna, que é lunar, até o
Daemon em natividades noturnas.
Valens usa a formula da maneira como acabo de explanar: para o Lot de Eros ele parte, em
natividades diurnas, do Daemon até Fortuna, e soma ao Ascendente, e em natividades
noturnas, da Fortuna até Daemon.
Para encontrar o lot da Necessidade, em natividades diurnas, Valens parte do arco entre
Fortuna e Daemon e soma ao Ascendente e em natividades noturnas, soma ao Ascendente
o arco entre Daemon e Fortuna.
Este uso de Valens segue sendo usado por Abu Mashar, Al-Qabisi e al Biruni, e continua
até o mundo medieval em trabalhos de autores como Ibn Ezra e Guido Bonatti:
Então, para Eros temos:
Asc+ Daemon- Fortuna (Dia) ou ASC+ Fortuna-Daemon (noite)
e para Necessidade:
ASC+ Fortuna-Daemon(Dia) e Asc+ Daemon- Fortuna (Noite)
A maneira de Paulus deriva da tradição hermética e do livro denominado Panaretus e a de
Valens é derivada do pensamento egípcio.
Minha sugestão é que o leitor teste em suas cartas de exemplo qual construção faz mais
sentido. A meu ver, a formula de Valens, seguida pelos autores árabes e medievais é mais
sofisticada, abolindo o planeta e reduzindo ao mínimo denominador comum, isto é à
Fortuna e à Daemon, os lots mais importantes.
No entanto, é ousado dispensar dois planetas como Vênus e Mercúrio, se em outros lots os
astrólogos tradicionais fazem uso de Saturno e Marte.
Seja como for, o importante é não confundir ou dar o mesmo peso a planetas e espíritos,
pois os lots são intermediários entre o mundo das ideias e o das formas.
O leitor será apresentado mais tarde a um capítulo inteiro no qual perceberá que os
planetas não se relacionam diretamente ao nativo.
Capitulo 4
Maria Antonieta tinha o lot da Fortuna observado pela Lua, que o rege. A Lua é a regente
do ascendente, logo a rainha estava fadada a ser uma rica proprietária de terras, visto que a
Lua está na casa 4. Como o lot do Espírito estava na Casa 12, regido por Mercúrio na casa
6, em detrimento, ela era incapaz de dirigir sua vida na direção da salvação, mesmo tendo
indícios da revolta popular.
Teve a oportunidade de fugir para a Áustria, mas foi adiando a decisão, até que o tempo
esgotou-se.
Sua vida foi um suceder de divertimentos, com o Sol e Vênus na casa 5. Mas ambos são
regidos por Marte, em queda e em posição perigosa, isto é no ascendente, o corpo da
rainha. Como Marte se relaciona à cabeça e está conjunto ao lot da Fortuna, que representa
algo que acontece para o nativo, a rainha perdeu a cabeça: foi decapitada.
Durante os anos que esteve presa escreveu muito, cartas e memórias, revelando-se pessoa
dotada e sensível.Mas não conseguiu usar esse talento para dirigir sua vida no sentido de
salva-la de um destino cruel.
Vejamos agora a carta de Louis Braille:
O nativo ficou cego na primeira infância devido ao ferimento em um dos olhos, cuja
infecção alastrou-se para o outro olho.
Esta, de fato, não é uma carta feliz: o regente do ascendente encontra-se na casa doze em
detrimento, fazendo uma quadratura apertada com o Sol. O Sol é um luminar, responsável
pela luz primária. O ferimento pelo ferro(Marte) causou a cegueira, a falta de luz.
A Fortuna está na sexta casa, uma casa de doença, se opondo a Marte, que a rege e que se
encontra em detrimento na Casa 12.
O lot do Daemon encontra-se a 19º de Gêmeos, na casa 8, fazendo aspecto com Vênus,
provavelmente o significador profissional. Seu talento era esculpir(Vênus)
letras(Mercúrio). Mercúrio é também o regente do Meio do Céu verdadeiro. A dor e a
perda(casa 8) o levou a agir e criar sua reputação. E a escrita em Braille é pequena,
minuciosa e exigiu enorme paciência e talento.
O caso deste nativo, com a Lua em Leão na Casa 10, em carta noturna, enfatiza que ele
seria publicamente reconhecido. E o Sol na Casa 3, em Capricórnio, mostra o interesse na
comunicação. Se o Sol, a luz, faz uma quadratura com Marte, o ferro, na casa 12, a casa
das limitações, ele, Sol, está em posição superior a Marte, e o disciplina. Além disso,
Júpiter domiciliado, faz um sextil superior ao Sol.
Essas configurações apontam para a saída de uma situação profundamente limitante, para
um talento que levou o nativo à fama, como sinaliza a Lua no signo do Sol.
Portanto, o lot do Espírito nos oferece um ponto a mais e importante no estudo da
capacidade do nativo de reagir através de sua vontade e talento, elevando muitas vezes
uma carta medíocre, e ancorando na vontade sua maneira de viver.
Nosso ultimo exemplo:
Neste caso, trata-se de um assassino italiano que matou o pai e a mãe quando atingiu 20
anos, para obter sua herança e continuar no ócio, na boemia, mulheres, roupas de marca,
etc.
O lot da Fortuna se opõe a Marte, na casa 5, a casa dos divertimentos: é observado pela
Lua exaltada na casa 8, sendo que ela rege o MC e o Sol. Em si, tais aspectos falam sobre
recursos materiais de terceiros que são obtidos pela agressão. Marte enquadra a Lua,
estando em posição superior a ela.
Este homem estava fadado a realizar atos pérfidos e sem qualquer moral.
Foi preso, jamais se arrependeu, e quando solto, após 25 anos, tornou-se viciado em
cocaína.
O lot do Daemon, encontra-se a 29° de Sagitário, não faz aspecto, mas seu regente,
Júpiter, faz quadratura com Marte e se opõe a Lua.
Não ha como esperar do Daemon nada mais que agressão: esse é o seu “talento”.
Este é um bom exemplo em que os dois lots, a Fortuna e o Espírito funcionam em
uníssono.
Conclusão
Examinando essas cartas, tem-se a impressão que tanto o Espírito como a Fortuna tem
uma função lenta e perene, moldando a vida do nativo desde os primórdios. Mas os dois,
embora se manifestem sempre, tendem a saltos ornamentais, marcando pontos gritantes de
sucesso ou insucesso.
É muito provável que o lot do Espírito venha a se manifestar mais tardiamente, quando o
nativo já possui alguma maturidade para reger o próprio destino, ao invés de ser um barco
à mercê da Fortuna. Mas esta opinião também precisa de maiores estudos.
Tudo isto resulta em que, mesmo sendo deterministas em nossa maneira de enxergar a
vida, não devemos ser fatalistas, e ha uma diferença entre as duas coisas.
O determinismo diz que dada uma totalidade de condições causais em um mesmo
momento, o que vier a acontecer a seguir é determinado. Já o fatalismo diz que um fato
acontecerá independentemente de qualquer esforço em contrário por parte do ser humano.
A causalidade e a deliberação intencional são mutuamente dependentes e recíprocas, assim
como Fortuna e Espírito.
Se podemos, por exemplo, adiar o momento de volta de uma viagem, a hora de fazer uma
cirurgia, etc. entendo buscamos o mundo espiritual em busca de um guia e que este mundo
deseja também comunicação e se faz entender por sinais.
É verdade que, em certos momentos sequer conseguimos diferenciar o que é nossa
vontade ou um condicionamento antigo muito mais ligado a padrões lunares que solares.
Se há algo que podemos fazer para nos aproximarmos da liberdade é escolhermos dia a
dia, ato a ato, a virtude, que aproxima o homem da filosofia.
O embate diário entre Daemon e Fortuna é uma das grandes questões existenciais que a
humanidade enfrenta.
Capitulo 6
A Pedra de Toque
Atenta aos fatos relacionados especialmente ao lot do Daemon, ou Espírito, surgiu uma
história intrigante que, com a licença do nativo aqui estudarei, na esperança de pinçar um
fato que pode esclarecer a função da vontade humana, da Fortuna e da sorte.
Tal evento ocorreu durante o tempo em que me dediquei a escrever este livro e funcionou
como uma flecha a apontar a direção correta.
A partir de então, revi muitas conclusões sobre o determinismo e me dirigi à concepção de
que é possível, pelo menos em muitos casos, mudar o que a Fortuna nos coloca diante de
nossa realidade.
Vamos tratar da carta deste nativo que sofreu uma intervenção cirúrgica cardíaca
repentina.
As coisas se passaram estando ele realizando sua rotina, escrevendo, quando sentiu uma
muito calor e angustia.
Tal ocorreu dia 02 de fevereiro de 2017. No mesmo momento, ele suspeitou de algo errado
e marcou uma consulta médica de urgência. No dia seguinte foi internado e operado, visto
que parte de seu coração estava necrosada e ele estava na iminência de um infarto
fulminante.
Fevereiro é um mês muito quente e em 2017 tivemos temperaturas muito altas. Crises de
angustia em meio ao trabalho podem ocorrer, visto que ele tinha rompido com a namorada
e o próprio país apresentava muita instabilidade.
O alerta imediato para procurar ajuda médica foi espantoso e revelou-se uma atitude
heróica que salvou sua vida. Nosso nativo poderia não ter pensado: poderia ligar o ar
condicionado ou eleva-lo à máxima temperatura, ou tomar um ansiolitico, ou entrar no
Facebook, mas ele não fez isso. Ele foi ao médico!
Aqui está sua carta natal:
Uma vez que o assunto versou sobre a vida do nativo, preciso provar que sua longevidade
havia alcançado o limite e que o ciclo vital assim como a revolução solar apontavam para
a morte.
Por isso vou analisar a longevidade.(vide nota de fim)
Trata-se de carta diurna, mas o Sol está em casa cadente, portanto não nos serve de hyleg.
Vamos ao segundo luminar, a Lua, que está em casa sucedente. Ela serve a nosso
propósito, de acordo com alguns autores medievais. Além disso, ela faz trigono com
Saturno, que a rege, e que, portanto é o alchocoden.
O alchocodem cadente vai dar o menor numero de anos. No caso de Saturno, ele daria 30
anos.
Umar al-Thabari e Bonatti, tratando-se de natividade masculina, aceitariam a Lua como
Hyleg apenas se estivesse em signo masculino, o que não é o caso. Além disso, a casa 8 é
uma casa muito obscura para conter o doador de vida.
Vamos em busca de um ponto mais favorável.
Como a natividade é conjuncional, tomaremos o Ascendente, que é aspectado por Júpiter,
seu regente de triplicidade.
Júpiter está angular, o que forneceria seus maiores anos, 79 anos, mas está em detrimento
e conjunto ao Nodo Sul, que, quando está a menos de 12° do alchocodem tira 1/4 dos anos
dele. O total é 59 anos e três meses, 10 anos mais, dez anos menos, de acordo com os
ensinamentos de Robert Zoller.
A carta como um todo é pouco vital: os luminares em casas negativas, a Fortuna fazendo
aspecto com Saturno, seu regente, a Lua também, e em detrimento na Casa 8, Saturno em
seu jubilo. Enfim, os maléficos parecem mais fortes que os benéficos.
Observe-se, no entanto, que o lot do Espírito está em Escorpião, na casa seis, das doenças,
em aspecto com o Sol e conjunto à SAN, a lua pré-natal, que também é um ponto de vida.
Não poderia tal posição tornar o nativo especialmente consciente das condições do corpo
doente?
Nesse caso, não deveríamos dar importância ao Espírito como uma vontade que incide na
casa mundana onde ele se coloca?
Vejamos as previsões para o ano do nativo.
Ele encontrava-se em uma firdária Saturno- Vênus quando se o fato que levou à cirurgia.
A profecção era de casa 12 e o regente do ano era Vênus.
O fato de Vênus estar no signo de Marte, que aspecta o alchocodem, é um detalhe. Outro,
é que Marte rege a casa 6.
É preciso ver como se configura a revolução solar.
Vemos acima que a senhora do ano, Vênus, está domiciliada na casa 6, que corresponde à
casa doze natal e o lot do Espírito aparece no mesmo signo natal, na casa 12, fazendo
aspecto de oposição à Vênus e ao Sol.
Marte, o dispositor natal de Vênus aparece no mesmo signo natal, Sagitário, em conjunção
a Saturno, ambos junto a Marte natal.
O lot da Fortuna aparece exatamente na mesma posição da Lua Natal. A Lua estava na
longitude de Vênus natal e Júpiter também na mesma posição natal!
Era esperado um ano climatérico, no dizer de Valens, um ano de grandes perigos.
O fato marcante que exigiu a cirurgia ocorreu quando a distribuição do ascendente da
revolução solar chegou a Leão2, o quarto signo a partir da profecção, e fazendo quadratura
ao Lot do Espírito da revolução. Isso se deu no dia 28/01/2017, quando o ascendente da
revolução solar progrediu até a quadratura Vênus. Visto que Vênus está na longitude
oposta ao lot do Espírito, este ficou em quadratura no mesmo momento. Uma precisão de
dias não é necessária neste cálculo, visto que os trânsitos também devem ser considerados.
(vide nota)
Dia 02/02/2017 a Lua estava a 13° de Áries, em conjunção com a Lua da revolução solar e
a Vênus natal. O Sol estava a 13° de Aquário, em quadratura ao Sol natal, e Vênus a 28
graus de Peixes, em quadratura ao ascendente natal.
Não podemos dizer que ” por instinto” o nativo se protegeu. Podemos dizer que seu
daimon tomou conta dele, ou seu anjo. Ou que sua intuição o direcionou para uma atitude
rápida e certeira.
Vemos também, e as práticas oraculares nos apontam nessa direção, que existe uma
intencionalidade de comunicação entre o divino e o humano.
Raramente temos casos que nos exemplifiquem tão claramente a atuação do lot do
Espírito, e cartas que apontem tão diretamente para a morte, da qual o nativo escapou por
dois fatores: um pessoal, já citado, e o outro de ordem coletiva. Explico:
Não é exagero dizer que o “lot do Espírito da humanidade” se desenvolveu através de
múltiplas vontades, a ponto de sobrepor-se ao determinismo biológico que se fazia
claramente sentir na antiguidade, quando a medicina não poderia lidar com a troca de
válvulas do coração. Naquele tempo, nosso nativo não teria sobrevivido a esse ano.
1 “Apesar de não ser um teste muito acurado, o teste com pedra de toque é suficiente para
determinar e diferenciar as principais ligas usasas no comércio, em especial as de ouro de
18, 14 e 12 quilates” (Wikipedia)
1 O método está descrito no livro Astrologia Tradicional no Prática, de minha autoria, que
pode ser abtido em www.astrologiahumana.com
1 O cálculo a seguir mostra a direção do ascendente por ascensões e foi utilizado o
programa Delphic Oracle para calcula-lo. Para entender o método refira-se ao livro
Técnicas Astrológicas Preditivas, escrito e editodo por Clélia Romano, 2015
Capitulo 7
Os pontos completos só são atribuídos às casas angulares. As casas que recebem menos
pontos são as casas que não aspectam o ascendente.
Suponhamos assim que o Ascendente fosse Libra:
Vênus é o regente, mas está na sexta casa, então recebe somente 6 pontos. A exaltação
recebe 13 pontos, a totalidade pois Saturno está na casa 10. A carta é noturna, então o
regente da triplicidade é Mercúrio, que está na casa 3: então receber 5 pontos. O regente
dos termos é Vênus que recebe 2 pontos.
Então aqui, quem tem mais pontos é Saturno: para dar uma ideia, o nativo estaria
pensando em assunto profissional e de carreira, e se fosse uma Horária, o querente estaria
interessado na profissão. Se fosse para iniciar uma conversa, o assunto deveria iniciar com
dúvidas ou problemas profissionais.
Capitulo 8
Vamos abordar uma outra técnica para encontrar o almuten ou planeta vitorioso, baseada
em conceitos astrológicos e não em pontuação.
Tal técnica leva em consideração a particularidade de cada carta. Foi usada por Umar al
Thabari, seguindo Masha´allah, e uma variante dela é encontrada no livro de Herman, de
Corintia, “The Search of the Heart”, já citado.
Essas técnicas procuram diversos pontos na carta para avaliar qual o mais poderoso, mas
não utilizam pontos.
Vamos utilizar o exemplo do comprimento da vida, aproveitando para rever esse sistema,
que observa a qualidade dos planetas sem qualquer tabela ou quantidficação. A ideia é
encontrar o planeta responsável pela força vital, aquele que, atingido põe a vida em perigo.
Essa técnica foi usada desde a época helenística e alguns autores a tornaram mais
complexa e com mais exceções.
Aqui vamos nos basear em Umar Al Thabari, cuja técnica é voz corrente.
Em primeiro lugar, procura-se a seita da carta. Sendo a carta diurna, o primeiro candidato
a vitorioso ou hilaj(em persa) apheta em grego é o Sol. Isto significa que ele será,
cumprindo certas condições, o que é dirigido a outros planetas ou angulos usando direções
primárias ou outro tipo de direções.
A ideia é encontrar o vitorioso entre pontos que significam vida e em uma natividade
diurna, a primeiro a ser verificado é o Sol, assim como em uma natividade noturna é a
Lua.
Digamos que temos uma carta diurna: escolhemos o Sol, mas isso não é automáticos. Ele
precisa possuir qualidades apropriadas: ele não pode estar em locais cadentes e deve ser
aspectado por um de seus regentes. Vemos aqui como a Ptolomeu escolheu dignidades
corretas. Ser aspectado é uma dignidade assim como estar em casa angular. Mas, as casas
sucedentes também são aceitas para o propósito de se encontrar o vitorioso na questão da
vida.
Se o Sol não tiver esses predicados ele não pode ser o vitorioso.
A seguir, sempre baseados em critérios, não sendo o Sol apropriado, vamos à Lua, porque
ele é um luminar, mesmo em seita diurna.
Ela também deve corresponder às mesmas exigências que o Sol: não deve estar cadente e
precisa ser aspectada por um de seus regentes.
No entanto, existem exceções que nos mostram que o raciocínio astrológico deve entrar
em ação para ponderar a qualidade desses pontos hilegíacos.
Sabemos que o Sol tem jubilo da casa 9 e a Lua tem jubilo na casa 3. Sabemos também
que estar em seu domicilio ou exaltação é uma alta dignidade.
Nesse caso, o Sol em Leão ou em Aries, onde ele tem seu domicilio e exaltação, pode ser
aceito mesmo que não seja aspectado, mas a única cadência aceita é a de casa 9.
Quanto à Lua, se ela estiver em Câncer ou Touro, ela pode ser aceita como hilaj, mesmo se
não for aspectada, mas a única cadência aceita é a casa 3.
Esta técnica de procurar o vitorioso entre pontos gerou conflitos de ideias entre os antigos:
muitos dão valor ao fato do Sol estar em quadrante ou signo masculino, e a Lua em
quadrantes e signos femininos. Percebe-se que houve muito sopesar para decidir essa
questão.
Se o Sol e a Lua não puderem ser o hilaj, recomenda-se observar se a natividade ocorreu
depois da lua cheia (neste caso ela é chamada prevencional) ou ocorreu depois da lua nova
(neste caso é chamada conjuncional). Se tiver ocorrido uma lunação prevencional antes do
nascimento, o próximo candidato é o lot da Fortuna, mas se a lunação tiver sido
conjuncional, o próximo candidato será o ascendente. O motivo disto é que na lua nova o
lot da Fortuna confunde-se com o ascendente, cai no mesmo grau. Logo, como ele é um
ponto de vida será usado neste caso.
Já na Lua Cheia, a parte da Fortuna encontra-se na casa 7, opõe-se ao ascendente e possui
em si o brilho captado do Sol, motivo por escolhe-la e não ao ascendente.
Quanto ao Ascendente, ele também deve ter um de seus regentes aspectando-o. O lot da
Fortuna deve ser angular ou sucedente e um de seus regentes deve aspecta-lo.
Se o lot da Fortuna e o ascendente não servirem aos critérios propostos, elege-se a lunação
anterior ao nascimento, seja uma lua nova ou uma lua cheia. Se esse ponto onde ocorreu a
lunação estiver cadente ou não for aspectado por um de seus regentes o nativo não tem
nenhum planeta vitorioso e digno o suficiente para representar sua força de vida. Nesse
caso sabemos que sua vida é frágil e não será duradoura.
Vemos então que esse método não usa pontos, mas usa vários critérios astrológicos.
Esse método também respeita a singularidade de cada carta, não tentando equacioná-la à
aritmética.
Em cartas horárias, Masha´allah diz em seu livro Sobre Recepção (Masha´allah Ibn Athari Sobre
Recepção”, traduzido do latim e editado por Clélia Maria Virginia Robortella Romano) que o querente é
representado pelo regente do ascendente. Mas, se este não fizer aspecto com o ascendente,
devemos usar a Lua. Se ambos aspectarem o ascendente veremos qual está mais forte: por
casa, por signo, junto a um benéfico, etc. Também aconselha levar em conta a
angularidade dos significadores, para verificar se o que é perguntado virá a ocorrer.
Concluindo: a questão do almuten é muito mais complexa do que a simples conta de
pontos de acordo com uma tabela.
Capitulo 9
Aqui percebemos que Júpiter e Vênus estão cadentes, e Saturno, o regente da Casa 7, está
sucedente na Casa 2, pela regra dos 5 graus.
Acho importante observar a cadência, pois de fato, os parceiros eram de nível inferior ao
dela. Além disso, Júpiter e Vênus na Casa 6, falam de boa saúde e bons empregados, mas
são regidos por Saturno, na casa do dinheiro. A saúde e os empregados são relacionados
ao dinheiro. Saturno faz conjunção com Marte, o que leva a crer que tanto os parceiros
como os empregados/parceiros trazem e exigem dinheiro podendo causar brigas por
questões financeiras.
A Casa 5 possui o Sol, pela regra dos 5 graus e Mercúrio, sendo o Sol mais importante.
O Sol recebe a quadratura de Marte, planeta na Casa 2 e fala de gastos para obter prazer e
também para cuidar dos filhos.
Mercúrio na Casa 5, faz um sextil com a Lua na Casa 3, em seu jubilo, embora em queda.
Esse sextil sem recepção não tem grande significado, mas relaciona o dinheiro, (Mercúrio
rege a casa 2) aos divertimentos.
Esta maneira de divisão não trouxe dado algum tão confirmativo como a divisão por
signos completos.
Os parceiros efetivamente eram de nível inferior, mas tal coisa pode ser explicada por
serem regidos por Saturno, em Virgem, sem dignidade essencial.
Outra coisa importante a se notar é que a Lua passa a ficar na casa 3 e não na casa 4 se
usarmos quadrantes. Sendo a Lua o luminar da seita noturna, como é o caso presente, é
vital sabermos se devemos dar ênfase aos irmãos ou especialmente aos de sexo feminino,
ou à família.
A família teve grande importância em sua vida, tanto o pai como a mãe. O relacionamento
com os irmãos era muito ambivalente.
O que me parece é que das duas formas obtemos conformidade com os fatos, o que vem
ao encontro da sabedoria de Robert Zoller, no sentido de usar signos completos E divisões.
De maneira geral, a interpretação da carta usando signos completos é mais direta e
simples, revelando o nativo de maneira menos confusa e mais contundente.
Mas o maior problema ao usarmos quadrantes ou divisões é o caso de obtermos
frequentemente casas interceptadas.
A casa 3 no presente caso está interceptada, o que nos obriga a analisar duas cúspides. Isto
leva mais à confusão do que à analise objetiva e direta proporcionada por signos
completos.
A melhor justificativa que obtive para usar signos completos escutei de Benjamin Dykes,
PHD: ele diz que os usa porque através deles pode “dizer mais coisas”(sic).
Se estivermos usando signos completos, quando um planeta está em uma casa angular, é
importante saber se ele está perto do ângulo leste, do ponto exato do meio do céu, do
angulo do nadir ou do descendente. Só essa observação é capaz de dizer quanta força ele
tem. Portanto, não abandonamos nunca a divisão por quadrantes.
Já o fato de um planeta estar mais perto de cúspides intermediárias é relativo, pois tais
cúspides dançam conforme a música, isto é, conforme a divisão de casas utilizada.
Portanto, a interceptação e a deformação que o método de divisões acarreta no desenho da
carta, especialmente em latitudes extremas é um dos principais argumentos em favor de
usarmos signos completos.
Quando usamos uma latitude média temos uma distribuição de casas uniformes, mas
conforme nos aproximamos de latitudes maiores, as cartas começam a se deformar e uma
casa chega a ter 3 cúspides.
Nesses casos, o melhor é utilizarmos casas iguais ou signos completos.
Por ultimo, segue um exemplo, tratando de uma latitude grande. Acima dela inclusive, em
torno de 65º de latitude, o programa não se presta a calcular casas. Observem como a
interpretação fica complicada.
A regra do 5 graus.
Muitos autores, entre eles William Lilly, consideram que um planeta a 5 graus da casa
seguinte tem significação para a próxima casa.
Vamos abordar essa questão capciosa.
Em primeiro lugar, a posição a 5º da próxima casa, excetuando o caso da proximidade a
um angulo, que é universal em qualquer tipo de divisão usada, os outros casos são
relativos ao tipo de divisão usada.
Por exemplo:
As divisões acima desenhadas não apresentam as casas na mesma longitude. Se usássemos
Campanus a Lua estaria mais distante que 5 graus da cúspide da terceira casa.
Cada método de divisão de casa tem seus defensores e autores importantes dividem-se em
preferência.
Não podemos aceitar, por exemplo, que para alguns a Lua estaria na terceira casa e para
outros, não.
Uma coisa é certa, quanto mais longe da cúspide da casa um planeta se encontra menos
efetivo ele é para aquela casa. O que não significa que ele seja efetivo para a próxima
casa, pois por vezes a casa seguinte cai em outro signo.
Um planeta configura-se para a casa onde ele aparece, mas em ultima análise, tanto ele
como o regente do signo da casa onde ele aparece dependem de seu dispositor.
Esse é mais um motivo para não usarmos a ” regra dos 5 graus”. No caso do exemplo
acima a Lua está em Sagitário e o ascendente está em Escorpião. Ora Sagitário é o
segundo signo a partir do ascendente, logo a Lua não poderia estar no segundo signo a
partir do Ascendente e ao mesmo tempo significado de casa 3.
Temos uma exceção no caso das cartas horárias.
As questões horárias lidam com o momento presente e com o futuro imediato de uma
determinada questão. As cartas natais, lidam com o universo de toda uma vida, em seus
multiplos significados.
Desta forma, diriamos, numa carta horária que a Lua está prests a entrar em outro signo e
o seguimento da questão depende dos asepctos que ela venha a fazer com significadores.
Nos ” andamos” com a Lua especialmente por sua mobilidade, mas também com outros
planetas se for o caso, como se fossem peças de xadrez.
Isto é fato para uma carta dinâmica, como a carta horária, mas uma carta natal é fixa.
Mas isso não vai significar que a carta apresente a Lua ” valendo” para a terceira casa: ela,
na verdade, não está configurada ao ascendente, que não a vê.
Vai daí mais um motivo para defender o uso de signos completos. O que importa
verdadeiramente se torna muito mais visível.
Tomei a carta abaixo depois de levantar uma questão horária, na qual utilizei signos
completos.
Esta carta exemplifica bem a maneira de lidar com planetas em final de casas ou de signos
completos.
Vamos trabalhar de forma dinâmica, o que não ocorreria se estivéssemos tratando de uma
carta natal.
A questão objeto da consulta era a respeito de uma cirurgia dentária à qual a querente
submeteu-se. Após a cirurgia, com dores lancinantes, o querente quer saber o que pode
estar acontecendo.
O prognóstico dado dela cirurgiã dentista era dores leves que, caso persistissem, deviam
ser tratadas com antibiótico que ela já tinha deixado prescrito por três dias, pois ela se
ausentaria pelos feriados.
Como os sintomas de dor foram muito dramáticos a querente tomou os antibióticos e anti
inflamatórios no mesmo dia da cirurgia, mas seguiu piorando nos dias posteriores.
Preocupado com o quadro, o querente consultou-me e fez seguinte pergunta: “Tenho algo
serio no dente? A dentista fez algo errado?Vou melhorar logo?”
Montei a carta e verifiquei que o regente da hora é Saturno, que tem dignidade de
exaltação no ascendente: logo a pergunta era radical.
Observe-se que Vênus, Sol, Marte e Lua estão para mudar de signo.
O regente do ascendente é Vênus, mas, de acordo com Masha´allah em sua obra prima de
astrologia horária, Sobre Recepção, se o regente do ascendente não fizer aspecto com o
ascendente, devemos tomar a Lua como o significador do querente.
A Lua encontrava-se, por signos completos na Casa 3, junto com Saturno. Sagitário faz
aspecto com Libra, enquanto que se usássemos divisões a Lua estaria na Casa 2, que, por
definição, não faz aspecto ao ascendente.
A Lua esteve com Saturno na casa da comunicações: as comunicações com a dentista
estavam cortadas. A regente do ascendente é Vênus, que está na casa das doenças: a isso
chamamos um maléfico acidental, o que quer dizer que, embora Vênuss seja um benéfico
está acidentalmente, por casa, em situação maléfica.
A Lua, que acaba de livrar-se de Saturno encaminha-se para Capricórnio, continuando pois
a ligar-se a ele. No entanto, Saturno depende de Júpiter, que está no ascendente. O
ascendente é o corpo físico e dificilmente Júpiter no ascendente não tornará a saúde
melhor.Notemos que Júpiter é o regente da casa 6, de quem Vênus também depende.
A Lua fará um trigono com Mercúrio na casa 8. Mercúrio dispõe da casa 12 e é regido por
Vênus na casa 6. Portanto Júpiter é o dispositor final de Vênus e de Mercúrio.
Portanto, a dor vai diminuir e a querente está em processo de cura.
Quanto à capacidade da médica, o Sol, regente da Casa 11 está na casa 7, o que fala a
favor de sua boa qualidade para lidar com clientes. Mas o Sol depende de Marte, em
detrimento. que por sua vez depende de Vênus em casa cadente e que andou fazendo
quadratura a Saturno. Muitas coisas podem ter sido feitas de forma pouco clara e o
querente não estava consciente do que poderia acontecer, visto que Marte e Vênus não
aspectam o ascendente.
De fato, ele me relatou que, na hora da cirurgia apareceu uma infecção que já tomava o
dente vizinho, que precisou ser tratado também. Observe-se que Vênus e Lua aparecem
em signo duplo: dois dentes, em lugar de um.
Esta não pretende ser uma análise completa, mas apenas uma maneira de apontar como
lidar com planeta moveis, o que ocorre somente nas cartas horárias. As cartas natais são
uma fotografia do horário de nascimento: embora possamos usar progressões a base
continua imutável.
Capitulo 12
A doutrina das crises médicas e os dias críticos associados a elas foram parte importante
da medicina galênica em todas as suas fases históricas, e vestígios desses conceitos
sobreviveram na prática médica até o período moderno, muito tempo depois de o
galenismo ter sido superado.
Mencionada nos escritos de Hipócrates, mas primeiramente formulada por Galeno, a
doutrina de crise apresentou um complexo de conceitos e práticas médicas e astrológicas,
que prometia fornecer ao médico uma visão prognóstica sobre o desenrolar da doença do
paciente.
A doutrina da crise penetrou o pensamento médico árabe na primeira metade do século IX
DC através de Al Kindi(801 DC) que ofereceu uma explicação dos dias críticos baseado
nas propriedades geométricas dos números, que por sua vez derivaram de Nicómaco de
Gerasa (120 DC) .
O resultado foi uma elaboração teórica que mal se aproximava da tradicional série de dias
críticos. Sua abordagem foi substituída pelas traduções de Hunayn Ibn Ishaq(809— 873)
escritor, acadêmico, cientista, tradutor e médico sirio, diretor da Escola de Tradutores de
Bagdá. Ele escreveu “Sobre as Crises e dias Criticos de Galeno”.
A doutrina de crise parece ter permanecido bastante estável, na forma básica que a
tradução de Hunayn lançou, e assim seguiu até o Cânone de Ibn Sina (1037 DC).i
O Cânone é considerado um dos livros mais famosos da história da medicina. Com o
Cânone, e em pelo menos uma tradição de comentários sobre ele, houve importantes
mudanças conceituais e terminológicas na doutrina de crise.
Pretendo discutir essas mudanças, algumas das quais ocorreram no Cânone, e outras nos
escritos de seu comentarista mais famoso, Ibn al-Nafis (1288 DC)ii.
Essas mudanças incluem mudanças conceituais, bem como mudanças nos parâmetros
astronômicos empregados no cálculo dos dias críticos.
Ibn Sina, ou Avicena, distanciou-se da primitiva ideia de Galeno de crise como um “teste”
e direcionou -se para o conceito de divisão e separação.
Com Ibn Sina, e mais ainda com Ibn al-Nafis, há uma maior ênfase do que em Galeno nas
imagens de batalha ao descrever as crises.
Além disso, novas metáforas são introduzidas, como o “corpo político”, ou seja, a
comparação do corpo com uma cidade sob o domínio de um rei benevolente, e a doença
como um inimigo que o assedia, sendo a crise como um combate entre esses dois
adversários.
Por fim, há mudanças significativas no esquema astronômico subjacente para a teoria do
dia crítico, começando em Ibn Sina, e expandindo-se em Ibn al-Nafis.
Discuto as razões pelas quais essas mudanças foram introduzidas e suas implicações para
a relação conceitual entre a medicina e a astrologia.
Em suma, estas novas abordagens retiveram todos os elementos empíricos da doutrina de
crise que poderiam realmente ser observados e medidos, mas descartaram partes
astrológicas ou supersticiosas que poderiam sugerir que as crises manifestavam algum tipo
de juízo divino ou sobrenatural sobre o paciente.
Panorama conceitual de Galeno
Na tradição médica grega, a teoria da crise médica consistia em duas partes: as crises e os
dias críticos.
Vamos falar primeiro de crises.
De acordo com Galeno, uma crise médica é o conjunto de sintomas muitas vezes
traumático e violento através do qual o material nocivo, causador da doença, é expulso do
corpo. Isso às vezes se manifesta como vômitos, suor excessivo, hemorragia nasal, etc.
Uma crise também representa o ponto de virada de uma doença, após o qual o paciente se
recupera ou tem uma recaída. Para saber se uma crise completa ou digna de nota ocorreu,
é preciso determinar que a substância nociva foi realmente neutralizada pelo corpo
(através de um espécie de processo de “digestão”). Uma vez que não se pode olhar
diretamente no corpo, são procurados sinais de fusão nas substâncias evacuadas das três
principais regiões : a cabeça (através das secreções nasais), os órgãos respiratórios (através
dos escarros) e os órgãos abdominais (via urina e excrementos). Um nariz escorrendo água
não representa fusão - daí não representar uma crise completa - até que se produza uma
matéria verde mais sólida. A urina clara não representa uma fusão, mas sim a urina com
um sedimento pesado. Nem fezes aquosas, mas fezes, mesmo que seja uma diarréia, com
matéria visivelmente fundida.
O aspecto astrológico
Pensava-se que as crises ocorriam com maior freqüência em dias específicos após o início
da doença, conhecidos como os dias críticos, sendo os mais importantes os dias 4, 7, 11,
14, 17 e 20, como se vê nas “Epidemias” de Hipocrates. Estes dias oferecem uma maneira
útil de prever o curso de certas doenças.
Galeno os explicou como os múltiplos de um parâmetro numérico, que derivam dos
períodos lunares. Com Avicena a teoria de Galeno exibiu novas dimensões.
Embora tradicionalmente se diga que Avicena foi um compilador e sistematizador de
ideias medicas passadas, vemos recentemente que ele fez inovações importantes por causa
de suas investigações filosóficas, fato que acrescentou a elas novas dimensões. Ele discute
todas as crises no Livro 4 do Canone e mostra como classifica-las e reconhece-las. Muito
estava contido em Galeno mas ele codifica em partes a doutrina, dando rápido acesso ao
médico na especificação dos sinais criticos e de como ajustar o regime do paciente. Ele é
também mais útil por ser mais conciso que Galeno.
Ilustra a questão de quando a doença começa, como o fez Galeno, que é desde quando os
dias críticos devem ser contados, assim como o caráter de cada dia crítico e como usar os
sintomas do paciente em cada um desses dias para antecipar o curso da moléstia.
Teoria da Crise em Ibn al-Nafis
Ibn al-Nafis vai mais profundamente em seu Comentário sobre o Canone do que Avicena
e Galeno, invocando elementos da astronomia, astrologia, metereologia e outras
disciplinas.
Ele começa a discutir os fenômenos planetários como causas, ao menos parciais, assim
como o poder aparente dos números dos dias críticos no sentido de modificar o efeito da
crises.
As discussões refletem a tendência de fazer que o natural cosmos astrológico seja
compatível com a teologia islâmica.
Em primeiro lugar, cita a influência do cosmos sobre o mundo sub lunar. A seguir
contempla a teoria dos humores, onde saúde e doença, assim como as crises, são resultado
dos humores corporais (sangue, fleuma, biles amarela e negra).
Ibn al-Nafis descreve como a Lua é o primeiro agente de mudanças nestes humores por
analogia a seus efeitos sobre os mares, causando as marés. Aqui vemos um tipo de
pensamento semelhante ao de Ptolomeu, que procurava explicar a influência da astrologia
por meios físicos e de causa e efeito.
O conceito de que a Lua causa crises nos pacientes é estudado de perto pelo autor assim
como o provável efeito de sua luz cambiante sobre os humores.
Mas, no final, Ibn al-Nafis conclui, similarmente aos autores islâmicos: os astros não são a
causa final da mudanças nos humores.
Eles funcionam como intermediários de Deus, que é o agente causal final.
Desde o inicio do islamismo, o papel dos planetas na regra providencial de Deus foi
discutido pelos teologistas, quando confrontados com a ameaça que a astrologia
representava ao livre arbítrio.
Mais tarde foi sugerido que os planetas são intermediários das regras de Deus tanto para
causar como para indicar eventos.
Isto reflete a preocupação com a astrologia natural, especialmente porque admite a
influencia de corpos planetários somente por via de irradiação e luz sobre a terra- uma
causa tangível e física ao invés de uma ação mística.
Ibn al-Nafis justifica o uso de Avicena do mês sinódico como a base de sua semana
médica, em contrate com Galeno que tenta reconciliar o mês sinódico e sideral, o que
fornecia um parâmetro confuso.
Ibn al-Nafis deu grande importância aos períodos lunares na teoria das crises, examinando
vários tipos de períodos lunares, incluindo os meses islâmicos e judaicos.
A posição sol-lua é a mais significativa como produtora de crises, porque envolve real
interação entre corpos físicos. Portanto, o mês sinódico ou o período entre conjunções do
sol e da lua (cerca de 29.5 dias), é descrito como a base dos ciclos primários dos dias
críticos. Ibn al-Nafis explica cuidadosamente como o mês médico tem três dias menos que
o sinódico, uma diferença observada por Galeno em seus dias críticos, mas não justificada
por ele. Isto ocorre porque a Lua é inefetiva transitando sobre a luz do Sol na lua nova, e
sua luz própria é muito fraca.
Todos os períodos médicos lunares significativos são derivados de um mês de 26.5 dias.
Metade deste intervalo, que é quando a oposição ocorre, é de 13 dias e um quarto, de
modo que a crise ocorrerá no 14º dia. E metade de sua metade, que é quando a quadratura
ocorre, é de 6 dias e meio mais um oitavo de um dia.
A influência da Lua na terra começa no sétimo dia e na metade disso, 3 dias e 1/4. Mas,
como a Lua ainda está fraca, tal dia é mais um aviso da crise que se aproxima: como
quando o inimigo se prepara.
Galeno compara o 7º dia com um rei benevolente que mostra piedade para quem julga e
que, se tiver de punir, deseja diminuir sua severidade e, se uma penalidade dura é exigida,
ele a rege de acordo com seu bom temperamento. Já o sexto dia é o oposto: tem prazer na
destruição, no sofrimento do paciente, desabafa sua raiva sobre ele e o exaure no prazer de
prolongar sua agonia.
Então, para Galeno, o mau tirano é o sexto dia, mais que a doença, e o bom regente é o
sétimo, ao invés da natureza.
Crise vista como uma separação e não um julgamento.
Ibn al-Nafis’s em Commentary on the Hippocratic Aphorisms. pag 144-145, analisa a
palavra crise, em aramaico e grego como tendo um sentido de separação. Ela já não é
vista como um julgamento ou teste, mas como uma divisão.
No caso, seria uma separação entre a natureza e a doença. Ibn al-Nafis’s diz: “uma grande
mudança que acontece em direção à doença, que redunda em direção à recuperação ou
em direção à morte“.
A natureza às vezes vence a doença, isto é, a expele completamente. A isto ele chama de
uma crise completa. A substancia maléfica é expelida do corpo pelo suor, pela urina, pelo
sangue menstrual e pelo excremento.
Outras vezes ocorre outro tipo de crise, uma crise defeituosa: a natureza expele o inimigo
dos órgãos vitais ou do coração para as extremidades; isto é uma transferência da crise.
“Transferência” significa a realocação da matéria pútrida que causa a doença para uma
inflamação que precisa ser drenada.
Enquanto a crise completa leva a doença a uma conclusão, não importa se é via uma
evacuação ou uma transferência, nas doenças crônicas o corpo fica corrompido pela crise.
O sentido de separação pode ser visto no sentido do contexto médico. Uma crise ocorre
para a natureza separar a doença, produzindo substancias através do corpo que são
expelidas. A total recuperação do paciente depende dessa conpleta separação e expulsão
ter acontecido.
Ibn al-Nafis, no entanto, sugere que o sentido de crise como divisão tem a ver com a
existência de dois adversários Os combatentes são a natureza e a doença.
As crises carregam vestígios de sua antiga associação com o sobrenatural, o que é
compatível com a noção islâmica de que Deus se envolve nos assuntos naturais. A versão
extrema disso é que os esforços médicos são no final inúteis.
Alguns médicos árabes como al-Makzun al-Sinjari, que viveu depois de Avicena compara
a doença e a natureza como oponentes e o doutor como o juiz.
Da mesma forma que não se pode dar um julgamento sem um advogado opiando sobre as
duas partes no litígio, um médico não pode julgar sem sinais indicadores, os sintomas.
Também é digno de nota que a doença representa um combate hostil e a natureza fica na
defensiva.
Crise e combate
Citando Galeno quanto à febre, ele diz que ela excita a natureza até ao paroxismo, não a
deixa descansar, move-a, tensionando-a a sair da batalha, urgindo à luta, e tal ocorre na
doença aguda nos dias ímpares.
Digno de nota é que dar alimento durante a crise intensifica a doença. Isso pode ocorrer
outras vezes, mas a comida é especialmente perigosa e intensifica a doença quando o
paciente está em crise. É como se ela assistisse à doença e fosse inimiga da natureza.
Em todas essas teorias sobre crises, a natureza é o maior fator na cura embora os detalhes
de sua capacidade diferem. Para Galeno, a natureza (physis) é o poder que procura
preservar e restaurar a saúde do corpo. Mas a natureza é somente semi-inteligente e requer
a assistência do médico que tem a inteligência.
Galeno explica que isso se deve ao fato de vivermos num mundo sub lunar. Se a natureza
tivesse acesso diretamente aos corpos celestiais isto produziria uma pura e perfeita
harmonia e a influência deles operaria perfeitamente preservando a saúde.
Já Avicena e Ibn al-Nafis, concebem a natureza como um poder regente benevolente
(sultan), com inteligência suficiente para montar defesa da cidade contra um esperto e
determinado inimigo.
A doença não é uma agência externa, mas uma corrupção interna de humores ou tecidos
ou ambos.
Galeno se refere ao fator externo, é verdade, mas estes são principalmente fatores que
frustam a relação da natureza com o corpo e com os corpos celestes também.
A colocação da natureza no interior do corpo sugere que a natureza está entre as doações
naturais ou faculdades do corpo do paciente - mas distante das relações planetárias.
O magistral tratado de al-Farabi sobre filosofia política, com sua adaptação da Republica
de Platão, e da cidade excelente, explicitamente compara o corpo humano a uma cidade.
Al-Farabi introduz uma série de idéias científicas gregas sobre o corpo político, não
discutidas na República. Algumas delas podem ter sido derivadas do Timeu de Platão e
combinadas em uma única obra. Baseiam-se na tradição médica galênica ligando
estreitamente o corpo político e a medicina. Consistente com suas inclinações aristotélicas,
al-Farabi faz do coração o órgão dominante em vez da cabeça. Ele foi, entretanto,
cuidadoso em fazer do cérebro o mordomo do coração e, assim, manter o cérebro no mais
alto círculo de poder do Estadoiii.
al-Farabi e o Corpo Político
A cidade excelente se parece com o corpo perfeito e sadio e as partes do corpo cooperam
para fazer a vida do animal perfeita e preserva-la neste estado.
As partes do corpo são diferentes e suas faculdades naturais são desiguais, existindo entre
elas uma parte governante, ou seja, o coração, e partes que estão próximas dele, cada uma
tendo recebido por natureza uma faculdade pela qual desempenha suas funções próprias
em conformidade com o objetivo daquela parte governante.
Em seguida, Al-Farabi descreve os vários órgãos e suas funções, desde o coração,que
governa todo o corpo para baixo, cada parte tendo duas capacidades: por um lado, a de
dominar algumas partes e, por outro, a de ser governada por outras. O mesmo é verdade
para a cidade. Cada grau de pessoa, do governante até o mais humilde servo são análogos
à hierarquia nos órgãos corporais.
Isto reflete a preocupação com a astrologia natural especialmente porque admite a
influencia de corpos planetários somente por via de irradiação e luz sobre a terra- uma
causa tangível e física ao invés de uma ação mística.
Concluindo, a tradição de comentários médicos, influenciada por Avicena e al-Farabi é de
particular interesse porque, pelo menos a parte moldada por Avicena, veio para o
Ocidente, e fez parte da educação e instrução médica por séculos.
Os dias críticos desempenharam um papel importante no desenvolvimento da ciência
empírica.
Até nossos dias o problema da saúde e da doença é visto como uma luta entre exércitos e o
médico como uma inteligência que interfere na batalha, ao lado da natureza.
O fato de tais conceitos sobreviverem em nossa mente moderna mostram-nos como ideias
humanas primordiais e arquetípicas.
i O Cânone é uma enciclopédia médica de 14 volumes escrita pelo cientista e físico muçulmano persa Ibn Sina (Avicena)
em torno do ano 1020. O livro se baseava em uma combinação de sua própria experiência pessoal, de medicina islâmica
medieval, dos escritos de Galeno, e da antiga medicina persa e árabe.
ii Suas obras a serem consideradas são: Comentário sobre os Aforismos Hipocráticos e Comentário sobre a Canone.
iii A distinção estrita entre doutrinas filosóficas platônicas e aristotélicas foi obscurecida pelos árabes, uma vez que
Aristóteles foi introduzido pela primeira vez em árabe através de uma síntese neoplatónica de Platão e Aristóteles.
Bibliografia
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Astrologers, 2009)
7-Matheseos, Firmicus Libri VIII-Ancient Astrology Theory and Practice, trad. Jean Rhys
Bram (Astrology Classics, 1975)
8-Avicena, A Origem e o Retorno, Jamil Ibrahim Iskandar (EDIPUCURS, 1999)
9-Lilly, Willian, Astrologia Cristã(Biblioteca Sadalsuud)
10-Dorotheus of Sidon, Carmen Astrologicum, trad. David Pingree (Astrology Classics
Publisher, 2005)
11-Paulus Alexandrinus and Olimpiodorus Late Classical Astrology- with the Scholia from
later Commentators, trad. e ed.Dorian Gieseler Greembaum, MA (ARHAT, 2001)
12-Hephaistio of Thebes, Apotelesmatics Book l &II. trad. Robert Schmidt (The Golden
Hind Press, 1994-1998)
13-Paulus Alexandrinus, Introductory Matters, trad. Robert Schmidt (The Golden Hind
Press, 1993)
14-Antiocus, Porphyry, Rhetorius, etc, em Definitions and Foundations, trad e anot.
Robert Schmidt(Tares, 2009)
15-Hermes Trismegistus, Liber Hermetis, trad. Robert Zoller ed.Robert Hand(The Golden
Hind Press, 1993)
16-Zoller, Robert, Tools & Techniques of the Medieval Astrologer 3 Volumes (Ed. New
Library, 2002)
17-Masha´allahh Ibn Athari, Sobre Recepção, trad. Clélia Romano, DMA (Edição da
Autora, 2011)
18-Romano, Clélia, Fundamentos da Astrologia Tradicional, (Edição do Autor, 2010)
19- Manilius, Marcus “ Os Astrológicos ou a Ciência Sagrada do Céu”, trad. do francês
para o português de Maria Antonia da Costa Lobo(edit. Artenova, 1974)
20- Greenbaum, Dorian Gieseler ” The Daimon in Hellenistic Astrology” ed.Brill, 2016
21-Cooper, Glen M, “Medical Crises and Critical Days in Avicenna and After” artigo em
Intellectual History of the Islamicate World, 4, Brill Journal
22- ” Causation and Creation in Late Antiquity”, editado por Marmodoro, Anna e Prince,
Brian D., Cambridge Uversity Press, 2015
Clélia Romano é paulista, psicóloga e astróloga tradicional, autora dos livros
Fundamentos da Astrologia Tradicional, Astrologia Tradicional na Prática e
Técnicas Astrológicas Preditivas. Traduziu do latim a obra de Mashaállah,
Sobre Recepção, e possuiu o website www.astrologiahumana.com. É diretora
cultural do ISCA, Institute of Classical Astrologers e tem uma página no
Facebook, denominada Astrologia Clássica.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
Romano, Clélia Maria Virginia Robortella -
O Lots e Outros Temas / Romano, Clélia Maria Virginia Robortella. – 1. ed. – Porto
Alegre : Simplíssimo, 2017.
Recurso digital : il.
Formato: ePub2
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 9788582454633
1. astrologia. 2. clássica. 3. lots. 4. almutens. I. Título.
CDD: 180