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Konrad
Stiftung
KAS 2004
Todos os direitos reservados
Publicado por:
PAPEL DA POLÍCIA Fundação Konrad Adenauer
Rua Daniel Napatima 363
Maputo, Moçambique
EM PERÍODOS ELEITORAIS e
Ministério de Interior
Comando da Polícia
www.kas.de
Ficha técnica:
Título: O papel da Polícia em Períodos Eleitorais
Editor: CEPKA, Centro de Pesquisa Konrad Adenauer,
Nampula
Impressão: Imprensa Universitária
N.º de Registo: 4237/RLINLD/2004
Ano da Publicação: Julho 2004
Tiragem: 2000 exemplares
Índice
Introdução..........................................................................5
Conclusão .......................................................................22
Referências Bibliográficas..............................................45
3
Introdução
Moçambique adoptou na sua Constituição de 1990 o
sistema democrático como sendo o que mais contribui
para a realização dos valores universais do homem.
Reconhece que para a boa convivência entre
governantes e governados, é necessário o pleno
respeito dos direitos e liberdades dos cidadãos, assim
como a sua consciencialização sobre os seus direitos e
deveres numa sociedade democrática contribuindo
para a construção da cidadania.
Não se trata de nenhuma inovação nem de nenhuma Os nossos agradecimentos são endereçados ao
nova lei, mas da compilação dos princípios básicos da Ministério do Interior e a policia da Republica de
actuação policial em períodos eleitorais. O seu Moçambique, pela sua colaboração na concepção
cumprimento, por um lado, contribuirá para o bom clima desta brochura e na orientação geral do processo
de segurança e ordem publicas nestes momentos de eleitoral no que concerne à segurança e tranquilidade
especial importância para o fortalecimento da públicas. Esperamos por outro lado que, este clima de
democracia e por outro, contribuirá para um clima de segurança contribua para a redução das tensões
confiança e justiça das eleições. políticas e a realização de eleições livres,
transparentes e justas.
Esta brochura é constituída por quatro partes, sendo a
primeira referente a concepção do Estado Democrático
e de Direito, onde se discutem os conceitos de essência Maputo, Julho de 2004
da democracia, a segunda refere-se ao momento da
campanha eleitoral com destaque às questões
relacionadas ao exercício da liberdade dos candidatos e António Muagerene Burkhard Margraf
Director do CEPKA Representante Residente
seus simpatizantes. A terceira parte é referente ao Centro de Pesquisa Fundação
momento de votação propriamente dito e a última parte Konrad Adenauer Konrad Adenauer
ao momento pós-votação. Em cada um destes Faculdade de Direito
momentos são apresentadas as linhas orientadoras da Universidade Católica
actuação da policia. de Moçambique
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Este dever, implica não só a participação dos cidadãos
em processos eleitorais como eleitores ou como
candidatos à eleição, mas também, a formação e
1. A Ideia do Estado Democràtico aderência a Partidos Políticos como entidades
e de Direito agregadoras das vontades políticas dos cidadãos.
A concepção do Estado democrático e de Direito é vista Por outro lado, o carácter democrático dos processos
como o ponto mais alto da concepção das liberdades e eleitorais implica a expressão da vontade dos
dos direitos dos cidadãos sem por isso pôr em causa a indivíduos duma forma livre gozando do principio de
edificação do Bem Comum. igualdade jurídica dos cidadãos.
A ideia da criação dos Estados resulta da vontade dos O caracter extremamente sensível que caracteriza os
indivíduos concederem parte de sua liberdade à processos eleitorais, por implicarem alterações,
“entidade estatal” para que esta por sua vez, sucessões ou alternâncias do poder e, por envolverem
providencie a realização das necessidades colectivas emoções resultantes de convicções políticas, muitas
que se traduzem na segurança e bem estar de todos. A vezes antagónicas, exige uma intervenção do Estado,
legitimidade do Estado baseia-se na providência dos para garantir que todas estas sensibilidades não
bens referidos em respeito claro das liberdades dos interfiram no caracter de liberdade e transparência dos
indivíduos que o constituem. No cumprimento do processos eleitorais.
imperativo de equilíbrio do poder o Estado organiza-se
em vários órgãos (legislativo, executivo e judicial), e Contudo, a liberdade e transparência do processo
por meio destes se articula em toda a vida social. eleitoral não deve ser garantida apenas no momento da
votação, havendo outros momentos sensíveis do
A Constituição da Republica de Moçambique no seu processo eleitoral.
artigo 73° determina que:
Distinguem-se, assim, três momentos particularmente
“todos os cidadãos têm o direito e o dever de sensíveis deste processo que exigem do Estado a
participar no processo de ampliação e consolidação garantia dessa liberdade e transparência. Esses
da democracia, em todos os níveis da sociedade e momentos são: durante a campanha eleitoral, as
do Estado”. votações e a contagem, transporte e depósito dos
votos.
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candidatos para divulgarem o seu manifesto eleitoral,
os seus programas para a governação, no sentido de
oferecerem aos cidadãos o conhecimento claro das
propostas eleitorais. A importância deste momento
2. A Campanha Eleitoral reside no facto de proporcionar aos cidadãos de todas
as informações úteis relacionadas aos vários
Segundo a definição da Lei Eleitoral, a campanha intervenientes do processo, para que o cidadão possa
eleitoral é a acção organizada pelos concorrentes às fazer uma escolha consciente e livre.
eleições com vista a angariar votos, que tem lugar sob a
forma de empreendimento mais ou menos organizada. Um dos princípios que preside o processo eleitoral é
que este implica a liberdade de propaganda e igualdade
Durante a campanha eleitoral, os partidos e candidatos de candidaturas.
fazem propaganda eleitoral que é entendida como a Esta liberdade de propaganda e igualdade de
acção pela qual estes actores eleitorais divulgam e candidaturas devem também ser protegidas pela
explicam os seus objectivos, programas e opiniões policia como autoridade publica.
políticas, com o objectivo de angariar votantes e
promovem candidaturas, seja dos candidatos, dos
partidos políticos ou coligação dos partidos, dos Do mesmo modo, este processo vem carregado de
titulares dos seus org ãos ou seus agentes. varias sensibilidades às quais nos referimos
anteriormente e, por isso, pode ser um foco de
desordem publica e de desacato à lei. A ocorrência
“A propaganda eleitoral tem como objectivo o
desenvolvimento de actividades, visando a destes factos pode pôr em causa o principio de
obtenção do voto dos eleitores através da liberdade eleitoral. Note-se porém, que a intervenção
explicação dos princípios ideológicos, programas policial quando desmedida e inoportuna, pode
políticos, sociais e económicos, plataformas de
governação por parte dos candidatos, dos titulares
dos órgãos que os propõem, seus agentes ou Para a manutenção da ordem, as acções preventivas
quaisquer outras pessoas”. como o isolamento de grupos rivais, a não permissão
de marchas em mesmas ruas ou artérias em
Como se pode depreender, o momento da campanha simultâneo, alocação de cordões policiais de
eleitoral, é destinado aos partidos políticos e outros protecção aos grupos, entre outras, podem ser mais
eficazes que as acções repressivas.
10 11
agudizar a situação dependendo dos modos como ela “As autoridades civis e policiais devem garantir livre
for exercida. exercício do direito à liberdade de reunião e de
manifestação, ordenando a comparência e a
permanência de representantes ou agentes seus nos
De resto, no exercício das suas funções, o membro da locais respectivos e tomando as necessárias
PRM deverá impedir qualquer prática abusiva, providencias para que o exercício deste direito
arbitrária ou discriminatória que traga consigo violência ocorra sem perturbação, designadamente, sem a
interferência de contramanifestações”.
física ou moral, devendo actuar com integridade e
dignidade, abstendo-se, por conseguinte, de todo o acto
que manche a ética e deontologia requeridas pelas suas
funções. Por isso, em período de campanha eleitoral
a policia deve:
E, a situação poderá deteriorar-se se a policia, em casos
de distúrbios, optar por detenções arbitrarias. É · Lembrar-se que a campanha eleitoral é
necessário aqui lembrar que o numero 2 do artigo 80º da desenvolvida livremente em todo o território
Constituição da Republica, estatui que: nacional em igualdade de circunstâncias para
todos os candidatos.
“o cidadão tem o direito de não acatar ordens
ilegais ou que ofendam os seus direitos”.
· Considerar que os candidatos, partidos
políticos ou coligações de partidos têm
É preciso recordar ainda, que o membro da PRM deve direito a igual tratamento por parte das
também garantir o exercício das liberdades dos entidades publicas e privadas a fim de
candidatos ou partidos, de acordo com o disposto nas realizarem a sua campanha livremente e em
Leis nº 9/91 e 7/01, de 18 de Julho e 7 de Julho, melhores condições.
respectivamente que regulam o exercício do direito à
liberdade de reunião e de manifestação, atento as outras · Saber que durante o período da campanha
imposições de leis aplicáveis, eleitoral não podem ser aplicadas às empresas
que explorem meios de comunicação social,
nem os seus agentes, quaisquer sanções por
actos integrados na campanha.
12 13
em que tal torne-se imprescindível para
· Ter presente que os cortejos e desfiles podem o restabelecimento da ordem pública ou
realizar-se em qualquer dia e hora, em graves circunstâncias de emergência
respeitando-se os limites impostos pela ligadas à actividades da polícia. Para o
manutenção de ordem publica, do efeito, as autoridades em causa dirigirão as
ordenamento do transito e do período de suas requisições ao Comando Provincial,
descanso dos cidadãos. Comando Distrital, Esquadra ou Posto
Policial, conforme seja o caso. As requisições
· Entender que a presença de agentes da deverão ser escritas, devendo nelas indicar-se
autoridade em reuniões e manifestações a natureza do serviço a realizar.¹
organizadas por qualquer candidatura apenas
poderá acontecer quando esta for solicitada Assim, em períodos de campanha eleitoral
pelos seus órgãos competentes.
a polícia ou o agente da policia, não deverá:
· Saber que o prazo para o aviso de qualquer
actividade dentro da campanha eleitoral é de · Participar nas manifestações ou desfiles de
quatro (4) dias úteis anteriores à data da qualquer que seja o candidato (principio de
realização da manifestação e, não havendo neutralidade das forças de defesa e segurança
resposta, considera-se não existir nenhum do Estado).
impedimento sobre a realização da
manifestação. Chama-se a atenção para a · Estar presente em reuniões ou manifestações
circunstância de que se trata de aviso e não de realizadas em recinto fechado, salvo se for
pedido de autorização. Os cidadãos, partidos solicitada pelos promotores, ou quando as
ou candidatos não estão obrigados a pedir circunstâncias o justifiquem.
autorização, tão somente avisarão às
autoridades competentes locais sobre a · Fazer detenções ou prisões a membros de
realização de uma manifestação. partidos ou candidatos por actos da campanha
excepto em casos de flagrante delito.
· Ter presente que as autoridades podem
¹Só em casos de manifesta urgência e gravidade, excepcionalmente, poderão as
necessitar de intervenção da PRM, nos casos requisições ser verbais, telefónicas, ou por outro meio que se julgar aplicáveis,
devendo em todo o caso, a posterior, serem confirmadas por escrito.
14 15
· De uma ou de outra forma interferir ou
obstaculizar a realização de qualquer acto de
campanha eleitoral previstos na lei.
18 19
Assim, os deveres da policia podem ser
sintetizados nos seguintes:
4. Contagem dos Votos, Transporte e
1. Colaboração, na organização de todo o Depósito das Urnas
processo eleitoral;
O processo eleitoral e o dever e responsabilidades da
2. Tomada de providencias necessárias à polícia não terminam com o fim do processo de
manutenção de ordem publica e estabilidade; votação. As urnas deverão ser transportadas (depois do
e escrutínio) para a sede da Comissão Eleitoral Distrital
ou de Cidade, Provincial e Comissão Nacional de
3. Protecção, do material e dos agentes Eleições, conforme o caso.
envolvidos em todo o processo eleitoral.
A garantia da segurança do processo de transporte e
Por isso, os agentes de autoridade que de forma devido encaminhamento das urnas é também exercida
dolosa, por ameaça sobre qualquer eleitor ou por pela PRM que deverá, segundo o regulamento que
meio de violência impedir qualquer eleitor de estipula os parâmetros de sua actuação, assegurar que
exercer o seu direito de voto será sancionado nos elas não sejam danificadas, extraviadas ou
termos da lei. Esta sanção é qualificada de abuso de
funções publicas ou equiparadas. vandalizadas.
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policial o seu dever e o seu modo de agir no contexto
democrático, actuando como parceiro de outros
actores sem discorrar o seu papel de protecção e de
5. Conclusão segurança. O CEPKA, deseja ao país e ao seu povo em
especial, eleições justas e o estabelecimento de uma
Como já nos referimos, a ideia deste manual incere-se verdadeira democracia.
no fortalecimento da prática democrática em
Moçambique. O conceito democrático universal não se No geral, no exercício das suas funções, o membro da
resume apenas na realização de eleições mas, faz-se PRM:
necessário dotar dessas eleições do seu verdadeiro
valor democrático garantindo justiça, transparência e a) fará a sua actuação com absoluta
liberdade. neutralidade política e imparcialidade.
Assim, como corolário do princípio de
As matérias versadas neste manual são já de domínio neutralidade e imparcialidade, a actuação
dos agentes policiais e a experiência dos anteriores do membro da PRM será feito sem
pleitos eleitorais fortalece ainda mais esses discriminação por motivo de raça, religião,
conhecimentos. Desse modo, o que se apresenta como opinião, cor, origem étnica, lugar de
o mais importante é a interiorização da necessidade de nascimento, nacionalidade, filiação
implementação destes preceitos tendo sempre em partidária, grau de instrução, posição social
conta que a actuação da polícia pode ter reflexos na ou profissional;
edificaçào do estado democrático a que todos nos
propomos. b) deverá impedir qualquer prática abusiva,
Esta acção que realizamos com a PRM, está incluida arbitrária ou discriminatória que traga
num leque de actividades que visam a consolidação da consigo violência física ou moral. De resto, o
democracia em Moçambique. Desse modo, será membro da PRM actuará com integridade e
complementada por outras acções que realizamos com dignidade, devendo por conseguinte abster-se
os Partidos Políticos e organizações da sociedade civil de todo o acto que manche a ética e
no intuito de todos os actores sociais convergirem neste deontologia requeridas pelas suas funções;
objectivo.
Acreditamos que este manual, relembrará ao agente c) quando em serviço ou fora dele, deve manter
22 23
um comportamento exemplar, cortês, Referências Bibliográficas:
disciplinado e aprumado, de acordo com as
regras de brio, da ética policial e da moral Legislação
pública;
1. Constituição da República de Moçambique
d) é pessoal e directamente responsável pelos 2. Leis:
actos que na sua actuação levar a cabo, a) Leis Nº 9/91 7/01 de 18 de Julho, que regulam o
infringindo normas legais e regulamentares exercício do direito à liberdade de reunião e de
que regem a actividade policial e os princípios manifestação;
aplicáveis, sem prejuizo de responsabilidade b) Lei Nº 19/92, de 31 de Dezembro, que cria a
do Estado nos termos da lei. Polícia da República de Moçambique;
c) Lei Nº 2/93, de 24 de Junho, que institucionaliza os
juízes da instrução criminal;
d) Lei Nº 2/97, de 18 de Fevereiro, que estabelece o
Com estas providências, juntos contribuímos para quadro jurídico das autarquias locais;
a edificação de uma sociedade democrática e
justa, com verdadeiro respeito pelos direitos
e) Lei Nº 3/99, de 02 de Fevereiro, sobre as elições do
individuais e pela ordem democrática instituída. presidente da República e dos deputados da
Assembleia da República;
f) Lei Nº 18/2002, de 10 de Outubro, que introduz às
Leis nº 5/97, de 28 de Maio e nº 9/99, de 14 de
Abril, relativas à institucionalização do
recenseamento eleitoral sistemático para a
realização de eleições e referendos;
g) Lei Nº 19/2002 de 10 de Outubro, que introduz
alteração à Lei nº 6/97, de 28 de Maio, atinente a
eleição dos órgãos das autarquias locais;
h) Lei Nº 20/2002 de 10 de Outubro, relativa à
criação da Comissão Nacional de Eleições - CNE.
1) Lei Eleitoral / 2004
3. Decretos:
a) Decreto Nº 14/87, de 20 de Maio, que aprova o
24 25
Estatuto Geral dos Funcionários do Estado; 5. Outros instrumentos legais:
b) Decreto Nº 27/99, de 24 de Maio, que aprova o
Estatuto Orgânico, o Quadro de Pessoal, o Quadro E ainda, Ordem de Serviço nº 1/88, de 5 de
de Funções de Comando, Direcção e Chefia e os Novembro, que aprova o Regulamento Básico da Polícia
Organigramas da Polícia da República de da República de Moçambique.
Moçambique;
c) Decreto Nº 28/99, de 24 de Maio, que aprova o 6. Obras Didáticas
Estatuto do Polícia;
d) Decreto Nº 11/95, de 21 de Abril, que cria o 1. Chambule, Alfredo (2000): Organização
Secretariado Técnico de Administração Eleitoral Administrativa de Moçambique. Ed. Central
STAE e revoga o Decreto nº 6/94, de 09 de Março; Impressora e Editor de Moçambique. Maputo.
e) Decreto Nº 47/95, de 17 de Outubro, que introduz 2. Pires, Francisco lucas (1998): Introdução à Ciência
alterações ao Decreto nº 14/87, de 20 de Maio; Política. Ed. Universidade Católica portuguesa.
f) Decreto Nº 41/96, de 26 de Setembro, atinente à Coimbra
aprovação do Estatuto Orgânico do Secretariado 3. Amaro, M de Areias: Introdução à Política-2. ed.
Técnico de Administração Eleitoral STAE; Plátano Editora. Lisboa.
g) Decreto Nº 6/99, de 16 de Março, que altera alguns 4. Vários Autores (1998): Direitos Humanos - Deveres
preceitos do decreto nº 11/95, de 21 de Abril; para o Novo Milénio. Ed. Paulus Editora.
h) Decreto Nº 7/99, de 16 de Março, que altera a 5. Caetano, Marcelo (1996): Manual de Ciências
redacção de alguns articulados do Estatuto Políticas e Direito Constitucional. Ed. Livraria
Orgânico do Secretariado Técnico de Almedina, Coimbra.
Administração Eleitoral e introduz alguns 6. Carvalho L. e Cabrito B.G.(1992): Noções de
preceitos; Administração Pública V.1; ed. Texto Editora, Lisboa
i) Decreto Nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova 7. Moreira, Adriano (1989): Ciência Política.
as normas de funcionamento dos serviços da ed.Livraria Almedina, Coimbra
Administração Pública e revoga o Decreto nº 8. Haarscher, Guy (1993): A Filosofia dos Direitos do
36/89, de 27 de Novembro. Homem. ed, Instituto Piaget
26 27
DECLARAÇÃO UNIVERSAL
DOS DIREITOS DO HOMEM
o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à
revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial a proteção dos direitos A Assembléia Geral proclama a presente Declaração
do Homem através de um regime de direito, para que Universal dos Direitos Humanos
31 32
como ideal comum a atingir por todos os povos e nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico
todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e ou internacional do país ou do território da naturalidade
todos os orgãos da sociedade, tendo-a da pessoa, seja esse país ou território independente, sob
constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de
pela educação, por desenvolver o respeito desses soberania.
direitos e liberdades e por promover, por medidas
progressivas de ordem nacional e internacional, o seu Artigo 3º
reconhecimento e a sua aplicação universais e
efectivos tanto entre as populações dos próprios Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à
Estados membros como entre as dos territórios segurança pessoal.
colocados sob a sua jurisdição.
Artigo 4º
Artigo 1º
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas,
dignidade e em direitos. Dotados de razão e de são proibidos.
consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade. Artigo 5º
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso
direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique
protecção igual contra qualquer discriminação que viole legalmente provada no decurso de um processo público
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal em que todas as garantias necessárias de defesa lhe
discriminação. sejam asseguradas.
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida
exilado. privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua
correspondência, nem ataques à sua honra e reputação.
Artigo 10º Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem
direito a protecção da lei.
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a
sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um Artigo 13º
tribunal independente e imparcial que decida dos seus
direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente
em matéria penal que contra ela seja deduzida. circular e escolher a sua residência no interior de um
Estado.
35 36
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país têm o direito de casar e de constituir família, sem
em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião.
regressar ao seu país. Durante o casamento e na altura da sua dissolução,
ambos têm direitos iguais.
Artigo 14º
2. O casamento não pode ser celebrado sem o
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros
países. 3. A família é o elemento natural e fundamental
da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no
caso de processo realmente existente por crime de direito Artigo 17º
comum ou por actividades contrárias aos fins e aos
princípios das Nações Unidas. 1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem
direito à propriedade.
Artigo 15º
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma sua propriedade.
nacionalidade.
Artigo 18º
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da
sua nacionalidade nem do direito de mudar de Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de
nacionalidade. consciência e de religião; este direito implica a liberdade
de mudar de religião ou de convicção, assim como a
Artigo 16º liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho
ou em comum, tanto em público como em privado, pelo
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
37 38
Artigo 19º autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou
expressão, o que implica o direito de não ser inquietado segundo processo equivalente que salvaguarde a
pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, liberdade de voto.
sem consideração de fronteiras, informações e idéias por
qualquer meio de expressão. Artigo 22º
41 42
Artigo 27º promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e
liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar
livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as numa sociedade democrática.
artes e de participar no progresso científico e nos
benefícios que deste resultam. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades
poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos
2. Todos têm direito à protecção dos interesses princípios das Nações Unidas.
morais e materiais ligados a qualquer produção
científica, literária ou artística da sua autoria. Artigo 30º
Artigo 29º
43 44
Referências Bibliográficas:
FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER
Declaração Universal dos Direitos do Homem, governamental alemã que desempenha as suas actividades na área de
educação cívica, formação e promoção da democracia. Com a sede
Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das central localizada na República Federal da Alemanha, ela está
Nações Unidas na sua Resolução 217 A (III), de 10 de presente em mais de 80 Países, na Europa, Ásia, America-Latina e em
Dezembro de 1948. África.
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EM PERÍODOS ELEITORAIS e
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Título: O papel da Polícia em Períodos Eleitorais
Editor: CEPKA, Centro de Pesquisa Konrad Adenauer,
Nampula
Impressão: Imprensa Universitária
N.º de Registo: 4237/RLINLD/2004
Ano da Publicação: Junho 2004
Tiragem: 2000 exemplares
Índice
Introdução..........................................................................5
Conclusão .......................................................................22
Referências Bibliográficas..............................................44
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Introdução
Moçambique adoptou na sua Constituição de 1990 o
sistema democrático como sendo o que mais contribui
para a realização dos valores universais do homem.
Reconhece que para a boa convivência entre
governantes e governados, é necessário o pleno
respeito dos direitos e liberdades dos cidadãos, assim
como a sua consciencialização sobre os seus direitos e
deveres numa sociedade democrática contribuindo
para a construção da cidadania.
Não se trata de nenhuma inovação nem de nenhuma Os nossos agradecimentos são endereçados ao
nova lei, mas da compilação dos princípios básicos da Ministério do Interior e a policia da Republica de
actuação policial em períodos eleitorais. O seu Moçambique, pela sua colaboração na concepção
cumprimento, por um lado, contribuirá para o bom clima desta brochura e na orientação geral do processo
de segurança e ordem publicas nestes momentos de eleitoral no que concerne à segurança e tranquilidade
especial importância para o fortalecimento da públicas. Esperamos por outro lado que, este clima de
democracia e por outro, contribuirá para um clima de segurança contribua para a redução das tensões
confiança e justiça das eleições. políticas e a realização de eleições livres,
transparentes e justas.
Esta brochura é constituída por quatro partes, sendo a
primeira referente a concepção do Estado Democrático
e de Direito, onde se discutem os conceitos de essência Maputo, Julho de 2004
da democracia, a segunda refere-se ao momento da
campanha eleitoral com destaque às questões
relacionadas ao exercício da liberdade dos candidatos e António Muagerene Burkhard Margraf
Director do CEPKA Representante Residente
seus simpatizantes. A terceira parte é referente ao Centro de Pesquisa Fundação
momento de votação propriamente dito e a última parte Konrad Adenauer Konrad Adenauer
ao momento pós-votação. Em cada um destes Faculdade de Direito
momentos são apresentadas as linhas orientadoras da Universidade Católica
actuação da policia. de Moçambique
6 7
Este dever, implica não só a participação dos cidadãos
em processos eleitorais como eleitores ou como
candidatos à eleição, mas também, a formação e
1. A Ideia do Estado Democràtico aderência a Partidos Políticos como entidades
e de Direito agregadoras das vontades políticas dos cidadãos.
A concepção do Estado democrático e de Direito é vista Por outro lado, o carácter democrático dos processos
como o ponto mais alto da concepção das liberdades e eleitorais implica a expressão da vontade dos
dos direitos dos cidadãos sem por isso pôr em causa a indivíduos duma forma livre gozando do principio de
edificação do Bem Comum. igualdade jurídica dos cidadãos.
A ideia da criação dos Estados resulta da vontade dos O caracter extremamente sensível que caracteriza os
indivíduos concederem parte de sua liberdade à processos eleitorais, por implicarem alterações,
“entidade estatal” para que esta por sua vez, sucessões ou alternâncias do poder e, por envolverem
providencie a realização das necessidades colectivas emoções resultantes de convicções políticas, muitas
que se traduzem na segurança e bem estar de todos. A vezes antagónicas, exige uma intervenção do Estado,
legitimidade do Estado baseia-se na providência dos para garantir que todas estas sensibilidades não
bens referidos em respeito claro das liberdades dos interfiram no caracter de liberdade e transparência dos
indivíduos que o constituem. No cumprimento do processos eleitorais.
imperativo de equilíbrio do poder o Estado organiza-se
em vários órgãos (legislativo, executivo e judicial), e Contudo, a liberdade e transparência do processo
por meio destes se articula em toda a vida social. eleitoral não deve ser garantida apenas no momento da
votação, havendo outros momentos sensíveis do
A Constituição da Republica de Moçambique no seu processo eleitoral.
artigo 73° determina que:
Distinguem-se, assim, três momentos particularmente
“todos os cidadãos têm o direito e o dever de sensíveis deste processo que exigem do Estado a
participar no processo de ampliação e consolidação garantia dessa liberdade e transparência. Esses
da democracia, em todos os níveis da sociedade e momentos são: durante a campanha eleitoral, as
do Estado”. votações e a contagem, transporte e depósito dos
votos.
8 9
candidatos para divulgarem o seu manifesto eleitoral,
os seus programas para a governação, no sentido de
oferecerem aos cidadãos o conhecimento claro das
propostas eleitorais. A importância deste momento
2. A Campanha Eleitoral reside no facto de proporcionar aos cidadãos de todas
as informações úteis relacionadas aos vários
Segundo a definição da Lei Eleitoral, a campanha intervenientes do processo, para que o cidadão possa
eleitoral é a acção organizada pelos concorrentes às fazer uma escolha consciente e livre.
eleições com vista a angariar votos, que tem lugar sob a
forma de empreendimento mais ou menos organizada. Um dos princípios que preside o processo eleitoral é
que este implica a liberdade de propaganda e igualdade
Durante a campanha eleitoral, os partidos e candidatos de candidaturas.
fazem propaganda eleitoral que é entendida como a Esta liberdade de propaganda e igualdade de
acção pela qual estes actores eleitorais divulgam e candidaturas devem também ser protegidas pela
explicam os seus objectivos, programas e opiniões policia como autoridade publica.
políticas, com o objectivo de angariar votantes e
promovem candidaturas, seja dos candidatos, dos
partidos políticos ou coligação dos partidos, dos Do mesmo modo, este processo vem carregado de
titulares dos seus org ãos ou seus agentes. varias sensibilidades às quais nos referimos
anteriormente e, por isso, pode ser um foco de
desordem publica e de desacato à lei. A ocorrência
“A propaganda eleitoral tem como objectivo o
desenvolvimento de actividades, visando a destes factos pode pôr em causa o principio de
obtenção do voto dos eleitores através da liberdade eleitoral. Note-se porém, que a intervenção
explicação dos princípios ideológicos, programas policial quando desmedida e inoportuna, pode
políticos, sociais e económicos, plataformas de
governação por parte dos candidatos, dos titulares
dos órgãos que os propõem, seus agentes ou Para a manutenção da ordem, as acções preventivas
quaisquer outras pessoas”. como o isolamento de grupos rivais, a não permissão
de marchas em mesmas ruas ou artérias em
Como se pode depreender, o momento da campanha simultâneo, alocação de cordões policiais de
eleitoral, é destinado aos partidos políticos e outros protecção aos grupos, entre outras, podem ser mais
eficazes que as acções repressivas.
10 11
agudizar a situação dependendo dos modos como ela “As autoridades civis e policiais devem garantir livre
for exercida. exercício do direito à liberdade de reunião e de
manifestação, ordenando a comparência e a
permanência de representantes ou agentes seus nos
De resto, no exercício das suas funções, o membro da locais respectivos e tomando as necessárias
PRM deverá impedir qualquer prática abusiva, providencias para que o exercício deste direito
arbitrária ou discriminatória que traga consigo violência ocorra sem perturbação, designadamente, sem a
interferência de contramanifestações”.
física ou moral, devendo actuar com integridade e
dignidade, abstendo-se, por conseguinte, de todo o acto
que manche a ética e deontologia requeridas pelas suas
funções. Por isso, em período de campanha eleitoral
a policia deve:
E, a situação poderá deteriorar-se se a policia, em casos
de distúrbios, optar por detenções arbitrarias. É · Lembrar-se que a campanha eleitoral é
necessário aqui lembrar que o numero 2 do artigo 80º da desenvolvida livremente em todo o território
Constituição da Republica, estatui que: nacional em igualdade de circunstâncias para
todos os candidatos.
“o cidadão tem o direito de não acatar ordens
ilegais ou que ofendam os seus direitos”.
· Considerar que os candidatos, partidos
políticos ou coligações de partidos têm
É preciso recordar ainda, que o membro da PRM deve direito a igual tratamento por parte das
também garantir o exercício das liberdades dos entidades publicas e privadas a fim de
candidatos ou partidos, de acordo com o disposto nas realizarem a sua campanha livremente e em
Leis nº 9/91 e 7/01, de 18 de Julho e 7 de Julho, melhores condições.
respectivamente que regulam o exercício do direito à
liberdade de reunião e de manifestação, atento as outras · Saber que durante o período da campanha
imposições de leis aplicáveis, eleitoral não podem ser aplicadas às empresas
que explorem meios de comunicação social,
nem os seus agentes, quaisquer sanções por
actos integrados na campanha.
12 13
em que tal torne-se imprescindível para
· Ter presente que os cortejos e desfiles podem o restabelecimento da ordem pública ou
realizar-se em qualquer dia e hora, em graves circunstâncias de emergência
respeitando-se os limites impostos pela ligadas à actividades da polícia. Para o
manutenção de ordem publica, do efeito, as autoridades em causa dirigirão as
ordenamento do transito e do período de suas requisições ao Comando Provincial,
descanso dos cidadãos. Comando Distrital, Esquadra ou Posto
Policial, conforme seja o caso. As requisições
· Entender que a presença de agentes da deverão ser escritas, devendo nelas indicar-se
autoridade em reuniões e manifestações a natureza do serviço a realizar.¹
organizadas por qualquer candidatura apenas
poderá acontecer quando esta for solicitada Assim, em períodos de campanha eleitoral
pelos seus órgãos competentes.
a polícia ou o agente da policia, não deverá:
· Saber que o prazo para o aviso de qualquer
actividade dentro da campanha eleitoral é de · Participar nas manifestações ou desfiles de
quatro (4) dias úteis anteriores à data da qualquer que seja o candidato (principio de
realização da manifestação e, não havendo neutralidade das forças de defesa e segurança
resposta, considera-se não existir nenhum do Estado).
impedimento sobre a realização da
manifestação. Chama-se a atenção para a · Estar presente em reuniões ou manifestações
circunstância de que se trata de aviso e não de realizadas em recinto fechado, salvo se for
pedido de autorização. Os cidadãos, partidos solicitada pelos promotores, ou quando as
ou candidatos não estão obrigados a pedir circunstâncias o justifiquem.
autorização, tão somente avisarão às
autoridades competentes locais sobre a · Fazer detenções ou prisões a membros de
realização de uma manifestação. partidos ou candidatos por actos da campanha
excepto em casos de flagrante delito.
· Ter presente que as autoridades podem
¹Só em casos de manifesta urgência e gravidade, excepcionalmente, poderão as
necessitar de intervenção da PRM, nos casos requisições ser verbais, telefónicas, ou por outro meio que se julgar aplicáveis,
devendo em todo o caso, a posterior, serem confirmadas por escrito.
14 15
· De uma ou de outra forma interferir ou
obstaculizar a realização de qualquer acto de
campanha eleitoral previstos na lei.
18 19
Assim, os deveres da policia podem ser
sintetizados nos seguintes:
4. Contagem dos Votos, Transporte e
1. Colaboração, na organização de todo o Depósito das Urnas
processo eleitoral;
O processo eleitoral e o dever e responsabilidades da
2. Tomada de providencias necessárias à polícia não terminam com o fim do processo de
manutenção de ordem publica e estabilidade; votação. As urnas deverão ser transportadas (depois do
e escrutínio) para a sede da Comissão Eleitoral Distrital
ou de Cidade, Provincial e Comissão Nacional de
3. Protecção, do material e dos agentes Eleições, conforme o caso.
envolvidos em todo o processo eleitoral.
A garantia da segurança do processo de transporte e
Por isso, os agentes de autoridade que de forma devido encaminhamento das urnas é também exercida
dolosa, por ameaça sobre qualquer eleitor ou por pela PRM que deverá, segundo o regulamento que
meio de violência impedir qualquer eleitor de estipula os parâmetros de sua actuação, assegurar que
exercer o seu direito de voto será sancionado nos elas não sejam danificadas, extraviadas ou
termos da lei. Esta sanção é qualificada de abuso de
funções publicas ou equiparadas. vandalizadas.
20 21
policial o seu dever e o seu modo de agir no contexto
democrático, actuando como parceiro de outros
actores sem discorrar o seu papel de protecção e de
5. Conclusão segurança. O CEPKA, deseja ao país e ao seu povo em
especial, eleições justas e o estabelecimento de uma
Como já nos referimos, a ideia deste manual incere-se verdadeira democracia.
no fortalecimento da prática democrática em
Moçambique. O conceito democrático universal não se No geral, no exercício das suas funções, o membro da
resume apenas na realização de eleições mas, faz-se PRM:
necessário dotar dessas eleições do seu verdadeiro
valor democrático garantindo justiça, transparência e a) fará a sua actuação com absoluta
liberdade. neutralidade política e imparcialidade.
Assim, como corolário do princípio de
As matérias versadas neste manual são já de domínio neutralidade e imparcialidade, a actuação
dos agentes policiais e a experiência dos anteriores do membro da PRM será feito sem
pleitos eleitorais fortalece ainda mais esses discriminação por motivo de raça, religião,
conhecimentos. Desse modo, o que se apresenta como opinião, cor, origem étnica, lugar de
o mais importante é a interiorização da necessidade de nascimento, nacionalidade, filiação
implementação destes preceitos tendo sempre em partidária, grau de instrução, posição social
conta que a actuação da polícia pode ter reflexos na ou profissional;
edificaçào do estado democrático a que todos nos
propomos. b) deverá impedir qualquer prática abusiva,
Esta acção que realizamos com a PRM, está incluida arbitrária ou discriminatória que traga
num leque de actividades que visam a consolidação da consigo violência física ou moral. De resto, o
democracia em Moçambique. Desse modo, será membro da PRM actuará com integridade e
complementada por outras acções que realizamos com dignidade, devendo por conseguinte abster-se
os Partidos Políticos e organizações da sociedade civil de todo o acto que manche a ética e
no intuito de todos os actores sociais convergirem neste deontologia requeridas pelas suas funções;
objectivo.
Acreditamos que este manual, relembrará ao agente c) quando em serviço ou fora dele, deve manter
22 23
um comportamento exemplar, cortês, Referências Bibliográficas:
disciplinado e aprumado, de acordo com as
regras de brio, da ética policial e da moral Legislação
pública;
1. Constituição da República de Moçambique
d) é pessoal e directamente responsável pelos 2. Leis:
actos que na sua actuação levar a cabo, a) Leis Nº 9/91 7/01 de 18 de Julho, que regulam o
infringindo normas legais e regulamentares exercício do direito à liberdade de reunião e de
que regem a actividade policial e os princípios manifestação;
aplicáveis, sem prejuizo de responsabilidade b) Lei Nº 19/92, de 31 de Dezembro, que cria a
do Estado nos termos da lei. Polícia da República de Moçambique;
c) Lei Nº 2/93, de 24 de Junho, que institucionaliza os
juízes da instrução criminal;
d) Lei Nº 2/97, de 18 de Fevereiro, que estabelece o
Com estas providências, juntos contribuímos para quadro jurídico das autarquias locais;
a edificação de uma sociedade democrática e
justa, com verdadeiro respeito pelos direitos
e) Lei Nº 3/99, de 02 de Fevereiro, sobre as elições do
individuais e pela ordem democrática instituída. presidente da República e dos deputados da
Assembleia da República;
f) Lei Nº 18/2002, de 10 de Outubro, que introduz às
Leis nº 5/97, de 28 de Maio e nº 9/99, de 14 de
Abril, relativas à institucionalização do
recenseamento eleitoral sistemático para a
realização de eleições e referendos;
g) Lei Nº 19/2002 de 10 de Outubro, que introduz
alteração à Lei nº 6/97, de 28 de Maio, atinente a
eleição dos órgãos das autarquias locais;
h) Lei Nº 20/2002 de 10 de Outubro, relativa à
criação da Comissão Nacional de Eleições - CNE.
1) Lei Eleitoral / 2004
3. Decretos:
a) Decreto Nº 14/87, de 20 de Maio, que aprova o
24 25
Estatuto Geral dos Funcionários do Estado; 5. Outros instrumentos legais:
b) Decreto Nº 27/99, de 24 de Maio, que aprova o
Estatuto Orgânico, o Quadro de Pessoal, o Quadro E ainda, Ordem de Serviço nº 1/88, de 5 de
de Funções de Comando, Direcção e Chefia e os Novembro, que aprova o Regulamento Básico da Polícia
Organigramas da Polícia da República de da República de Moçambique.
Moçambique;
c) Decreto Nº 28/99, de 24 de Maio, que aprova o 6. Obras Didáticas
Estatuto do Polícia;
d) Decreto Nº 11/95, de 21 de Abril, que cria o 1. Chambule, Alfredo (2000): Organização
Secretariado Técnico de Administração Eleitoral Administrativa de Moçambique. Ed. Central
STAE e revoga o Decreto nº 6/94, de 09 de Março; Impressora e Editor de Moçambique. Maputo.
e) Decreto Nº 47/95, de 17 de Outubro, que introduz 2. Pires, Francisco lucas (1998): Introdução à Ciência
alterações ao Decreto nº 14/87, de 20 de Maio; Política. Ed. Universidade Católica portuguesa.
f) Decreto Nº 41/96, de 26 de Setembro, atinente à Coimbra
aprovação do Estatuto Orgânico do Secretariado 3. Amaro, M de Areias: Introdução à Política-2. ed.
Técnico de Administração Eleitoral STAE; Plátano Editora. Lisboa.
g) Decreto Nº 6/99, de 16 de Março, que altera alguns 4. Vários Autores (1998): Direitos Humanos - Deveres
preceitos do decreto nº 11/95, de 21 de Abril; para o Novo Milénio. Ed. Paulus Editora.
h) Decreto Nº 7/99, de 16 de Março, que altera a 5. Caetano, Marcelo (1996): Manual de Ciências
redacção de alguns articulados do Estatuto Políticas e Direito Constitucional. Ed. Livraria
Orgânico do Secretariado Técnico de Almedina, Coimbra.
Administração Eleitoral e introduz alguns 6. Carvalho L. e Cabrito B.G.(1992): Noções de
preceitos; Administração Pública V.1; ed. Texto Editora, Lisboa
i) Decreto Nº 30/2001, de 15 de Outubro, que aprova 7. Moreira, Adriano (1989): Ciência Política.
as normas de funcionamento dos serviços da ed.Livraria Almedina, Coimbra
Administração Pública e revoga o Decreto nº 8. Haarscher, Guy (1993): A Filosofia dos Direitos do
36/89, de 27 de Novembro. Homem. ed, Instituto Piaget
26 27
DECLARAÇÃO UNIVERSAL
DOS DIREITOS DO HOMEM
o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à
revolta contra a tirania e a opressão;
Considerando que é essencial a proteção dos direitos A Assembléia Geral proclama a presente Declaração
do Homem através de um regime de direito, para que Universal dos Direitos Humanos
30 31
como ideal comum a atingir por todos os povos e nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico
todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e ou internacional do país ou do território da naturalidade
todos os orgãos da sociedade, tendo-a da pessoa, seja esse país ou território independente, sob
constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de
pela educação, por desenvolver o respeito desses soberania.
direitos e liberdades e por promover, por medidas
progressivas de ordem nacional e internacional, o seu Artigo 3º
reconhecimento e a sua aplicação universais e
efectivos tanto entre as populações dos próprios Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à
Estados membros como entre as dos territórios segurança pessoal.
colocados sob a sua jurisdição.
Artigo 4º
Artigo 1º
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas,
dignidade e em direitos. Dotados de razão e de são proibidos.
consciência, devem agir uns para com os outros em
espírito de fraternidade. Artigo 5º
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm 1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso
direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique
protecção igual contra qualquer discriminação que viole legalmente provada no decurso de um processo público
a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal em que todas as garantias necessárias de defesa lhe
discriminação. sejam asseguradas.
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida
exilado. privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua
correspondência, nem ataques à sua honra e reputação.
Artigo 10º Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem
direito a protecção da lei.
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a
sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um Artigo 13º
tribunal independente e imparcial que decida dos seus
direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação 1. Toda a pessoa tem o direito de livremente
em matéria penal que contra ela seja deduzida. circular e escolher a sua residência no interior de um
Estado.
34 35
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país têm o direito de casar e de constituir família, sem
em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião.
regressar ao seu país. Durante o casamento e na altura da sua dissolução,
ambos têm direitos iguais.
Artigo 14º
2. O casamento não pode ser celebrado sem o
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros
países. 3. A família é o elemento natural e fundamental
da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no
caso de processo realmente existente por crime de direito Artigo 17º
comum ou por actividades contrárias aos fins e aos
princípios das Nações Unidas. 1. Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem
direito à propriedade.
Artigo 15º
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma sua propriedade.
nacionalidade.
Artigo 18º
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da
sua nacionalidade nem do direito de mudar de Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de
nacionalidade. consciência e de religião; este direito implica a liberdade
de mudar de religião ou de convicção, assim como a
Artigo 16º liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho
ou em comum, tanto em público como em privado, pelo
1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
36 37
Artigo 19º autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou
expressão, o que implica o direito de não ser inquietado segundo processo equivalente que salvaguarde a
pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, liberdade de voto.
sem consideração de fronteiras, informações e idéias por
qualquer meio de expressão. Artigo 22º
40 41
Artigo 27º promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e
liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar
livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as numa sociedade democrática.
artes e de participar no progresso científico e nos
benefícios que deste resultam. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades
poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos
2. Todos têm direito à protecção dos interesses princípios das Nações Unidas.
morais e materiais ligados a qualquer produção
científica, literária ou artística da sua autoria. Artigo 30º
Artigo 29º
42 43
Referências Bibliográficas:
FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER
Declaração Universal dos Direitos do Homem, governamental alemã que desempenha as suas actividades na área de
educação cívica, formação e promoção da democracia. Com a sede
Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das central localizada na República Federal da Alemanha, ela está
Nações Unidas na sua Resolução 217 A (III), de 10 de presente em mais de 80 Países, na Europa, Ásia, America-Latina e em
Dezembro de 1948. África.
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