Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
ISSN 1984-9354
GESTÃO FEMININA - UM
DIFERENCIAL DE LIDERANÇA MITO
OU NOVA REALIDADE
Adriana Venturim Tonani
(LATEC/UFF)
Resumo
O presente estudo tem por objetivo apresentar a evolução da
participação da mulher no mercado de trabalho, a gradual ocupação
em cargos de liderança e finalmente tentar identificar se de fato existe
o diferencial desta liderança para as empresas.
1. INTRODUÇÃO
Em um ambiente onde a concorrência torna-se cada vez mais acirrada, as empresas se viram
impelidas a buscar estratégias que as tornem mais ágeis em suas tomadas de decisões, mais
adaptáveis as constantes mudanças que com freqüência são obrigadas a administrar e um
ambiente mais flexível nas negociações com seus clientes internos. E elas tem encontrado nas
lideranças femininas as características ideais que vão de encontro a estas necessidades.
Temos, no entanto primeiramente que definir qual o real papel da liderança do âmbito
organizacional, não negligenciando o conceito de que homens e mulheres possuem suas
características peculiares para o desempenho destas lideranças, sejam elas definidas por
características de gênero, competência, habilidades ou atitudes.
O que pretendemos é identificar quais são estas características, qual seu real impacto
nas lideranças exercidas pelas mulheres, e a se de fato as lideranças femininas são um grande
diferencial no mercado.
5
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
2 – O EXERCÍCIO DA LIDERANÇA
E as empresas estão em busca de um perfil de liderança que faça a diferença, pois não
há nos tempos atuais espaço para o antigo chefe centralizador e simples distribuidor de tarefas.
O que o mercado procura obter de seus lideres são competências que os aproximem de suas
equipes e as motivem para trabalharem como um verdadeiro time, de forma complementar e
equilibrada. O líder atual precisa mais de suas habilidades emocionais que as técnicas, pois de
fato ele é um gestor de pessoas, e não somente um gestor de negócios. Segundo Renesch
(2003)
Isso nos leva a uma nova compreensão da realidade nas organizações. Nós
começamos a nos conscientizar que as organizações não são meras estruturas inertes
de unidades e departamentos, mas campos vivos de inteligência coletiva das pessoas
que constituem a organização.
6
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
No início, elas eram caracterizadas como “as rainhas do lar”. As organizações sociais eram
compostas por famílias onde o homem era o provedor e à mulher cabia o papel de cuidar da
casa, do marido e dos filhos. Segundo Samara (2002)
...no início dos séculos XVI e XVII [...] nas uniões legítimas, o papel dos sexos
estava bem definido, por costumes e tradições apoiados nas leis. O poder de decisão
formal pertencia ao marido, como protetor e provedor da mulher e dos filhos,
cabendo à esposa o governo da casa e a assistência moral à família
Uma mulher no mercado de trabalho era uma exceção e em qualquer ficha cadastral feminina
encontrava-se no campo profissão a descrição “do lar”. Porém os tempos mudaram e a
realidade destas mulheres também mudou.
E esta participação da mulher no mercado trabalho não parou mais de crescer e se solidificar.
Castells (1999) aponta que “trabalho, família e mercados de trabalho passaram por profundas
transformações neste último quarto de século em virtude da incorporação das mulheres no
mercado de trabalho remunerado”.
Hoje, apesar de uma cultura ainda masculinizada, onde o número de mulheres que ocupam
cargos de liderança ainda é menor em relação ao de homens, esta realidade vem mudando de
maneira ostensiva, não somente pela forte pressão das mulheres para ocupar seu espaço nas
lideranças, como pelo próprio mercado, que já enxerga nelas um novo estilo de liderar, em
grande parte, mais alinhadas com as novas estratégias pretendidas pelas empresas e almejadas
pelo mercado. O conceito de liderança vem evoluindo e o homem e a mulher de cada época
vem se tornando aquilo que as empresas tem para adaptar-se a estes novos conceitos.
7
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
Segundo Frankel (2007) “todas as mulheres são naturalmente líderes, e que certas
características exclusivas da mulher são o que faz a grande diferença no novo conceito de
liderança que as empresas buscam atualmente”.
há cinquenta anos atrás, Simone de Beauvoir defendeu no seu controverso livro 'O
Segundo Sexo' que uma mulher não nasce mulher, antes se torna mulher por
influência de fatores socioculturais e econômicos. Hoje, partindo de dados
científicos, podemos afirmar que homens e mulheres nascem, de fato, com talentos
naturais distintos.
Com base em sua própria pesquisa, bem como em material de diversos outros campos de
estudo - da biologia, da psicologia, da política, da demografia, da cultura popular – Fisher
(2001) apresenta a tese de que
os talentos naturais das mulheres, entre os quais inclui a apetência pelo trabalho em
rede e pela negociação, a sensibilidade emocional e a empatia, a capacidade de
conciliar diversas tarefas ou a facilidade de comunicação verbal, estão
particularmente adequados à sociedade global do século XXI. O próprio crescimento
e mudanças na sociedade atual - o aumento de serviços globais e de uma política
comunicacional mais forte - conferem mais uma vantagem à mulher de hoje - os
seus talentos naturais e capacidades são especialmente requisitados na era em que
vivemos.
as mulheres estão sendo cada vez mais promovidas a cargos multifuncionais que
requerem iniciativa e bom nível de instrução, uma vez que as novas tecnologias
exigem uma força de trabalho dotada de autonomia, capaz de adaptar-se e
reprogramar suas próprias tarefas.
8
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
Há ainda outro aspecto que Castells (1999) afirma ser muito importante para estimular
a contratação feminina: “sua flexibilidade como força de trabalho”.
Renesch (2003) cita ainda: “os homens são mais autoritários e transacionais e as mulheres
são mais transformacionais. Os homens [...] usam mais o poder da posição; as mulheres
apóiam-se em suas habilidades interpessoais.”
9
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
10
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
O que percebemos, mesmo que caminhando a passos largos, é que ainda falta
consenso de que homens e mulheres tem suas próprias competências que os tornam
habilidosos em sua forma particular de liderar. Bardwick (1984) afirma que “as mulheres não
são melhores nem piores que os homens. Não são completamente diferentes deles nem
totalmente iguais”.
Segundo Romero (2009)
11
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
Os valores culturais de uma organização são moldados por aqueles que a controlam,
e estes princípios básicos fornecem um bom senso de direcionamento a todos os
funcionários. Os valores moldam o sistema de crenças básicas usado para guiar as
atividades de uma organização, para estabelecer metas e determinar padrões
adequados de comportamento.
Portanto, mais do que tentar identificar de onde vem o melhor estilo de liderança, dos homens
ou das mulheres, o mercado deve se valer e valorizar estas diferenças como um diferencial
competitivo.
7 – CONCLUSÃO
Identificamos que vem ocorrendo uma quebra de paradigma ao constatarmos que as
empresas estão em buscas de estratégias que dêem respostas aos anseios de um mercado cada
vez mais competitivo ao buscar nas mulheres seu novo perfil de liderança. Naturalmente, não
devemos imputar total responsabilidade sobre o sucesso ou não das ações adotadas pelas
empresas somente ao parâmetro de comparação de gênero. Homens e mulheres possuem suas
características peculiares e diretamente relacionadas ao seu gênero.
Mas não devemos esquecer a necessidade de buscar-se um equilíbrio. Se por um lado
as mulheres apresentam certas habilidades comumente não relacionadas aos homens, não há o
que impeça que estas sejam desenvolvidas neles, pois percebemos, ao longo dos anos, que as
mulheres, para tentar provar sua competência, optaram por incorporar características
particularmente relacionadas ao estilo de liderança masculina.
Ao longo dos anos, devido a uma cultura predominantemente masculinizada, os
homens tiveram uma maior ascensão profissional devido ao seu maior tempo de inserção no
mercado de trabalho e o acesso mais acentuado aos níveis de ensino e qualificação. Isso lhes
deu uma maior vantagem de tempo no mercado e de aprendizagem. Além disso, ainda por
questões culturais, às mulheres sempre foi imputada a responsabilidade maior pelo lar e pela
criação dos filhos, fazendo com que mesmo já inseridas no mercado de trabalho, dele
abrissem mão para os cuidados com a família, atitude esta vista com o curso natural a ser
seguido, enquanto que aos homens era devido o papel do provedor e a eles cabia o sustento e
das condições de manutenção deste lar. O sentimento de culpa pela ausência no
acompanhamento no crescimento dos filhos sempre foi mais presente nas mulheres que nos
homens. Comumente, quando estavam em seu melhor momento profissional, se retiravam do
mercado para cuidar de sua vida familar.
Outro fator que funcionou como um facilitador da retirada muitas vezes prematura das
mulheres do mercado de trabalho e consequentemente sua possibilidade de ascensão, foi a
real diferença nas remunerações, ao comparar-se o exercício de funções similares por homens
e mulheres, havendo significativa vantagem na remuneração dos homens.
No entanto, entendemos que o mercado e o mundo dos negócios atual estão em busca
de soluções alternativas para se tornarem diferenciais e competitivas. E esta busca vem de
12
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
13
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FISCHER, Helen. O primeiro sexo – como as mulheres estão a mudar o mundo. São Paulo.
Presença, 2001.
FRANKEL, Lois P. Mulheres lideram melhor que homens. São Paulo. Gente. 2007.
LIMA, Daniela, GÓIS, Edma Cristina. Os desafios da liderança feminina. Correio Braziliense.
Brasília: Jul. 2008
LODEN, Marilyn. Liderança feminina: como ter sucesso nos negócios sendo você mesma.
São Bernardo do Campo, SP: Bandeirante, 1988.
RENESCH, John E. Liderança para uma nova era. São Paulo: Cultrix, 2003.
MARQUES, José Roberto. Liderança Feminina: Agora é que são elas!. Net. Abr. 2011
Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/lideranca-feminina-
agora-e-que-sao-elas/53977/
ROMERO, Sonia Maria Thater. Gestão da diversidade de gênero nas organizações: estudo
de casos múltiplos sobre homens e mulheres iguais nas desigualdades. Porto Alegre:
Edipucrs, 2009
ROSENER, Judy B. As formas femininas de líder. Citado em RENESCH, John E. Liderança para
uma nova era. São Paulo: Cultrix, 2003.
14
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
12 e 13 de agosto de 2011
15