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Economia

e Negócios

Economia e Negócios
Economia
e Negócios
Wanderley Gonçalves
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2972-3

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Wanderley Gonçalves

Economia e Negócios

Edição revisada

IESDE Brasil S.A.


Curitiba
2012

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© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autori­zação por
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

G624e

Gonçalves, Wanderley
Economia e negócios / Wanderley Gonçalves. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE
Brasil, 2012.
190p. : 24 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-2972-3

1. Economia. 2. Demanda (Teoria econômica) I. Título.

12-5021. CDD: 330


CDU: 330

12.07.12 30.07.12 037451

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

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Wanderley Gonçalves
Pós-graduado em Administração de Empresas
pela Universidade São Judas Tadeu (USJT/SP).
Bacharel em Ciências Econômicas pela Facul-
dade de Economia, Administração e Contabili-
dade da Universidade de São Paulo (FEA/USP).
Professor emérito dos cursos de graduação e
pós-graduação da Universidade Cidade de São
Paulo (Unicid/SP). Diretor do curso de Ciências
Contábeis e coordenador dos cursos tecnológicos
da área de comércio e gestão da Unicid/SP.

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sumário
sumário Preferências individuais e restrição orçamentária
12 | Curva de indiferença
14 | Restrição orçamentária
11

17 | O equilíbrio do consumidor

23
O estudo da demanda de mercado
23 | Introdução: o mercado
25 | A demanda
30 | O excedente do consumidor

39
O estudo da oferta de mercado
39 | Introdução
41 | A oferta
47 | O excedente do produtor

53
O equilíbrio do mercado
53 | Introdução
54 | A demanda e a oferta: determinação do equilíbrio
58 | Características fundamentais do preço de equilíbrio
59 | Alterações no ponto de equilíbrio em razão de mudanças
(deslocamentos) da oferta e da demanda
64 | O equilíbrio de mercado demonstrado algebricamente

71
O estudo da elasticidade-preço da demanda
71 | Introdução
72 | Observações sobre o coeficiente da elasticidade-preço da demanda
75 | Tipos de demanda
77 | Os casos extremos
78 | A elasticidade-preço da demanda e a receita total

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89
A produção
89 | Introdução
89 | O que é produção?
95 | Produção Total
96 | Produção Marginal
96 | Produção Média
102 | Análise do comportamento da Produção Marginal e da Produção Média:
Lei dos Rendimentos Decrescentes
103 | Renda marginal e custo marginal

109
Os custos da produção
109 | Introdução
109 | O curto prazo e os custos de produção
111 | Custo total e produção total
116 | Os custos médios (unitários)
120 | O custo marginal por unidade e o rendimento marginal por unidade
125 | O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo

133
O estudo da margem de contribuição
133 | Introdução
135 | Fórmula para cálculo
142 | O uso da margem de contribuição para a tomada de decisões

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sumário
sumário Análise do ponto de equilíbrio
151 | Caracterização do ponto de equilíbrio
151

163 | O ponto de equilíbrio para vários produtos


166 | Custo total para mix de produção
167 | A Margem de Segurança Operacional (MSO)

173
As diferentes estruturas de mercado
173 | Introdução
173 | Mercado de concorrência perfeita – caracterização
177 | Monopólio – caracterização
179 | Concorrência monopolista – caracterização
181 | Oligopólio – caracterização

189
Referências

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Apresentação
Vivemos em um mundo no qual a multiplici-

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dade das mudanças é uma constância. Mudar
é imperioso para se manter vivo e competitivo
no mercado.
Dentro dessa lógica desenvolvemos o conteúdo
do presente livro, buscando enfatizar a essen-
cialidade do conhecimento microeconômico,
especificando e exemplificando as principais
ferramentas que nos são fornecidas pela Ciência
Econômica, principalmente no que tange a sua
utilização na tomada de decisões.
Buscamos, adicionalmente, ter compromisso
com o aprendizado do aluno, valendo-nos de
uma linguagem simples e objetiva cuja finalida-
de foi tornar o tecnicismo da linguagem econô-
mica em algo fluido e agradável. Para tanto, o
livro possui uma sequência de assuntos que se
integram em um todo harmônico.
No Capítulo I abordaremos as preferências do
consumidor e as limitações impostas por sua
restrição orçamentária.
O Capítulo II é dedicado ao estudo do mercado
e, dentro deste, o comportamento do consumi-
dor, evidenciando-se a demanda de mercado.
No Capítulo III estudaremos a oferta de merca-
do e suas principais determinantes.
Dedicamos o Capítulo IV ao estudo do equilí-
brio de mercado por meio da interação entre
demanda e oferta.

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No Capítulo V estudaremos um importante ins-

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trumento para tomada de decisões, qual seja a
elasticidade-preço da demanda.
O Capítulo VI é reservado ao estudo do primeiro
fenômeno da vida econômica; a produção, seus
elementos e o papel desempenhado pela firma
nesse processo.
No Capítulo VII abordaremos os custos da pro-
dução, sua composição e as correlações dessas
com a produção.
Já no Capítulo VIII estudaremos outra impor-
tante ferramenta para tomada de decisões, qual
seja a margem de contribuição.
No Capítulo IX efetuaremos a análise do ponto
de equilíbrio, partindo do seu cálculo e da sua
importância para a tomada de decisão por parte
das empresas.
Finalmente, no Capítulo X estudaremos as di-
ferentes estruturas de mercado e o comporta-
mento dos demandantes e dos ofertantes em
cada uma dessas estruturas.
Boa leitura

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Preferências individuais
e restrição orçamentária

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ identificar as formas pelas quais o consumidor procede para maximi-


zar sua utilidade;

„„ entender como a limitação de renda e os preços interferem na maximi-


zação da utilidade e da satisfação do consumidor;

„„ desenvolver as competências e habilidades necessárias para identificar


e analisar a situação de equilíbrio do consumidor, bem como os fatores
que determinam esse equilíbrio.

Introdução
A Ciência Econômica debate-se com a essência do problema econômico,
consubstanciado na dicotomia existente entre recursos de produção e neces-
sidades humanas.

Em outras palavras, sabemos que enquanto os recursos de produção são


escassos, as necessidades humanas são ilimitadas, insaciáveis (o ser humano
jamais se contenta plenamente com o nível de bem-estar material atingido,
ele quer mais).

Essa máxima aplica-se também ao consumidor, principalmente pelo cer-


ceamento provocado pelo seu poder limitado de compra. As pessoas, na
maior parte das vezes, desejam adquirir bens e/ou serviços que não podem
adquirir, devido, principalmente, a sua restrição orçamentária (renda).

Assim, o que se pretende a partir desse ponto é estudar como o consu-


midor procede para, limitado pelo seu nível de renda e pelos preços dos
bens e/ou serviços que pretende adquirir no mercado, maximizar sua utili-
dade ou satisfação.

Para tanto estudaremos o comportamento do consumidor perante dois


instrumentos fundamentais, quais sejam: a curva de indiferença e a restrição
orçamentária.

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Preferências individuais e restrição orçamentária

Curva de indiferença
A curva de indiferença mostra as combinações de dois produtos X e Y que
provocarão a mesma satisfação e utilidade total a um consumidor. É, portanto,
um instrumental gráfico que ilustra as preferências do consumidor.

Representa as diferentes combinações de bens que fornecem ao consu-


midor o mesmo nível de utilidade.

Vamos a um exemplo numérico que nos fará compreender melhor o que


foi afirmado.

Suponha que os dados abaixo representem as combinações entre dois


bens: carne bovina e carne de frango, que proporcionam a mesma satisfação
e utilidade total a um consumidor.

Combinações Carne bovina (kg) Carne de frango (kg)


A 2 8

B 3 5

C 5 3

Se transferirmos os dados da tabela acima para um plano cartesiano no


qual registraremos no eixo horizontal carne bovina e no vertical carne de
frango, estaremos construindo a curva da indiferença para esse consumidor.

Assim:

Gráfico 1 – Curva de indiferença


carne de frango (kg)

curva de indiferença

carne bovina (kg)

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Preferências individuais e restrição orçamentária

Algumas características
„„ Todo ponto localizado sobre a curva de indiferença representa uma
combinação dos produtos carne bovina e carne de frango, sendo que
todas essas possíveis combinações são igualmente satisfatórias e pro-
movem a mesma utilidade ao consumidor.
Por isso, para o consumidor é indiferente estar no ponto A, B ou C, ou
ainda em qualquer outro ponto que represente qualquer outra possível com-
binação desde que esse ponto localize-se sobre a curva. A sua utilidade total
e satisfação serão as mesmas.
„„ As curvas de indiferença têm inclinação decrescente. No momento em
que a utilidade total permanece inalterada, o consumidor só estará dis-
posto a reduzir, no nosso exemplo, o consumo de carne de frango se
puder aumentar o consumo de carne bovina.
Logo, carne de frango e carne bovina são variáveis que se correlacionam
inversamente em uma curva que representa variáveis inversamente relacio-
nadas com inclinação decrescente.
„„ Cada curva de indiferença representa determinado nível de utilidade:
quanto mais alta a curva de indiferença, maior a satisfação que o con-
sumidor pode obter no consumo dos dois bens, no caso, carne bovina
e carne de frango.

Mapa de indiferença
De posse da definição de curva de indiferença, é possível construirmos o
mapa de indiferença, ou seja, o conjunto de curvas de indiferença, represen-
tando cada uma um dado nível de bem-estar, satisfação e utilidade total do
consumidor.

Assim, graficamente representamos:

Gráfico 2 – Mapa de indiferença


carne de frango (kg)

3
2
1
0

carne bovina (kg)


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Preferências individuais e restrição orçamentária

O mapa de indiferença traz dentro de si inúmeras infinitas curvas de


indiferença.

Importante salientar alguns aspectos fundamentais do mapa de indife-


rença e das curvas a ele associadas:
„„ Qualquer curva situada à direita de quaisquer outras, portanto, mais
alta, proporciona ao consumidor um nível de bem-estar maior. Exem-
plo: o nível de bem-estar do consumidor em U3 é maior do que em U2.
„„ Analogamente, qualquer curva situada à esquerda de qualquer outra,
portanto, mais baixa, proporciona ao consumidor um nível de bem-
-estar menor. Dessa maneira, o nível de bem-estar do consumidor em
U2 é menor do que em U3.
„„ Indiferença significa deslocar-se ao longo da curva de indiferença.
Exemplo: é indiferente para o consumidor, no nosso exemplo, consu-
mir uma combinação de 8kg de carne de frango e 2kg de carne bovina
constante na combinação A, ou 5kg de carne de frango e 3kg de carne
bovina, conforme constante na combinação B. O seu grau de utilidade
e de satisfação será o mesmo.
„„ Preferência significa deslocar-se para curvas cada vez mais altas, ou cada
vez mais à direita da origem dos eixos cartesianos. No exemplo, seria pas-
sar de U0 para U1, deste para U2, U3, e assim sucessivamente.

Restrição orçamentária
Como vimos, a curva de indiferença demonstra o conjunto de bens e
serviços que o consumidor deseja adquirir, considerando apenas as suas
preferências subjetivas, com a finalidade de atender e maximizar sua utili-
dade ou satisfação.
Já a restrição orçamentária é o montante de renda disponível do consumi-
dor, em dado período de tempo, que limita as possibilidades de consumo,
condicionando o que ele pode gastar.

Assim:

Conjunto de bens e serviços que


Curva da indiferença
o consumidor deseja adquirir

Conjunto de bens e serviços que


Restrição orçamentária
o consumidor pode adquirir

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Preferências individuais e restrição orçamentária

Essa constatação permite-nos definir a reta orçamentária ou linha de


preços como as combinações máximas possíveis de bens e serviços a serem
adquiridos, dados a renda do consumidor e os preços dos bens.

De forma análoga à Curva de Indiferença, é possível também demonstrar


graficamente o Perfil da Reta Orçamentária.

Valendo-nos do mesmo exemplo da carne bovina e da carne de frango e


supomos que o nosso consumidor possua uma renda de R$70,00 para gastar
em carne de frango e carne bovina, e que o preço do quilo da carne bovina
seja R$10,00, e o da carne de frango seja R$8,00. Dessa maneira, serão pos-
síveis ao nosso consumidor as seguintes combinações entre carne bovina e
carne de frango:

Caso opte por adquirir somente carne bovina será possível ao nosso con-
sumidor comprar 7kg, ou seja, R$70,00 que é sua Renda Total dividido por
R$10,00 que é o preço de cada kg de carne bovina. Ato contínuo, caso opte
por adquirir somente carne de frango ser-lhe-á possível adquirir 8,75kg, ou
seja, R$70,00 que é sua Renda Total dividida por R$8,00 que é o preço do kg
da carne de frango.

Outras combinações também são possíveis; vamos a elas:

O nosso consumidor poderá optar por adquirir 2kg de carne bovina; nesse
caso, consumirá R$20,00 de sua renda já que cada quilo de carne bovina tem
um preço de R$10,00. Como sua renda é de R$70,00 sobram-lhe R$50,00 que
permitem ao nosso consumidor adquirir 6,25kg de carne de frango, ou seja,
R$50,00 dividido por R$8,00, que é o preço do kg da carne de frango.

Se a opção do nosso consumidor for a de adquirir 3kg de carne bovina ele


consumirá R$30,00 de sua renda, ou seja, R$10,00 x 3 = R$30,00. Da mesma
forma com uma renda de R$70,00 sobram-lhe R$40,00 que permite ao nosso
consumidor adquirir 5kg de carne de frango, ou seja, R$40,00 divididos por
R$8,00, que é o preço do kg de carne de frango.

Sequencialmente, caso opte por adquirir 5kg de carne bovina consumirá


R$50,00 de sua renda, ou seja, R$10,00 x 5 = R$50,00. Nessa situação com uma
renda de R$70,00 sobram-lhe R$20,00, que permitem ao nosso consumidor
adquirir 2,5kg de carne de frango, ou seja, R$20,00 divididos por R$8,00 que
é o preço do kg da carne de frango.

Transportando esses dados para uma tabela e, posteriormente, para um


plano cartesiano é possível obter-se o gráfico da Restrição Orçamentária
(Reta Orçamentária).

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Preferências individuais e restrição orçamentária

Assim:

Combinações Carne bovina (kg) Carne de frango (kg)


A 7 0
B 0 8,75
C 2 6,25
D 3 5
E 5 2,5

Gráfico 3 – Restrição orçamentária


carne de frango (kg)
8,75 A
Restrição Orçamentária
(Reta Orçamentária)
6,25 C

5 D

2,50 E

B
0 2 3 5 7
carne bovina (kg)

Examinando esse gráfico constatamos que a reta orçamentária (RO) re-


presenta os pontos nos quais o consumidor dispende toda a sua renda.

Ato contínuo, os pontos localizados abaixo da reta demonstram um con-


sumidor que está gastando abaixo do que poderia. Da mesma forma, pontos
acima, ou além da reta orçamentária, denotam uma situação em que o con-
sumidor não tem condições de adquirir os bens com a renda de que dispõe,
dados os preços de mercado.

Em síntese: restrição orçamentária é uma curva que mostra as várias com-


binações de dois produtos que um consumidor pode comprar com determi-
nada renda monetária, dados os preços dos bens.

Características da restrição orçamentária


Com essa definição evidenciamos que renda e preços dos bens são deter-
minantes fundamentais para a configuração da restrição (reta) orçamentária,
abstraindo-se desse fato duas características importantes:

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Preferências individuais e restrição orçamentária

„„ Variações na renda – posição da reta da restrição orçamentária varia


com a renda monetária, ou seja:

Restrição orçamentária expande-se


Renda monetária para a direita

Restrição orçamentária retrai-se


Renda monetária para a esquerda

„„ Variações nos preços – uma variação nos preços dos produtos tam-
bém provoca variações na curva de restrição orçamentária, ou seja:

Curva de restrição orçamentária


Preço dos 2 produtos Renda real expande-se (desloca-se para a
direita)

Curva de restrição orçamentá-


Preço dos 2 produtos Renda real ria retrai-se (desloca-se para a
esquerda)

O equilíbrio do consumidor
Já evidenciamos que a curva de indiferença representa o conjunto de bens
e serviços que o consumidor deseja adquirir considerando apenas suas pre-
ferências subjetivas, com a finalidade de atender e maximizar sua utilidade
total. Da mesma forma, a restrição orçamentária é representada pelo conjun-
to de bens e serviços que o consumidor pode adquirir.
Portanto, o equilíbrio do consumidor processar-se-á no ponto de tangência
entre a restrição orçamentária, que representa a capacidade e o poder aquisi-
tivo do consumidor; e a mais elevada curva de indiferença, que representa o
desejo. Nesse ponto, que compatibiliza poder e desejo, o consumidor estará
maximizando sua utilidade. Graficamente:

Gráfico 4 – Curva de indiferença

curva de indiferença
carne de frango (kg)

reta de restrição
orçamentária

carne bovina (kg)


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Preferências individuais e restrição orçamentária

Assim, o ponto de tangência (E) entre a restrição orçamentária e a mais


elevada curva de indiferença representa o consumidor em equilíbrio. Nesse
ponto, o consumidor estará maximizando o seu bem-estar e sua utilidade,
dentro das limitações de seu orçamento. Compatibiliza-se, nesse ponto, o
poder e o desejo.

Finalizando, o consumidor estará maximizando a utilidade e o seu bem-


-estar no ponto em que a restrição orçamentária atinge a mais elevada curva
de indiferença possível.

Ampliando seus conhecimentos

A revolução dos compact discs (CDs)


(McCONNEL; BRUE, 1999)

Os compact discs (CDs) surgiram nos Estados Unidos em 1983. Eles


revolucionaram a indústria musical de venda de varejo, fazendo com que
os discos de vinil praticamente desaparecessem.

Em 1983, menos de 1 milhão de CDs e quase 210 milhões de discos de


vinil foram vendidos nos Estados Unidos. Entretanto, em 1997, mais de 500
milhões de CDs foram vendidos, e as vendas de discos de vinil despencaram
para menos de 2 milhões de unidades. Duas razões explicam essa mudança:

1. Mudança na preferência. A qualidade superior dos CDs provocou


uma maciça mudança nas preferências dos consumidores de LPs
para CDs. Os CDs são tocados com um feixe de raio laser, e não
com agulha fonográfica, e desse modo são quase insensíveis aos
arranhões e ao desgaste que danificam os LPs. Os CDs também pos-
sibilitam um maior alcance de som e maior nitidez. Eles também
podem conter muito mais músicas do que os LPs. Todas essas ca-
racterísticas fizeram os CDs preferíveis aos discos de vinil.

2. Reduções nos preços dos CD players. Embora os preços dos CDs


não tenham diminuído de forma significativa, os preços dos apa-
relhos de CD diminuíram bastante. Na década passada, eles custa-
vam, nos Estados Unidos, $1.000 ou mais, mas agora a maioria dos
CD players é vendida por $200. Enquanto os CDs e os LPs são bens

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Preferências individuais e restrição orçamentária

substitutos, os CDs e os CD players são bens complementares. Assim, a


diminuição dos preços dos aparelhos de CD tem aumentado a demanda
por CDs.

Em suma, uma variação nas preferências dos consumidores baseada


em mudanças tecnológicas associada a uma ampla redução nos preços
dos aparelhos de CD revolucionaram o mercado de varejo de música.

Atividades de aplicação
1. Os pontos localizados sobre a curva de indiferença representam:

a) possíveis combinações entre dois produtos que promovem a mesma


utilidade ao consumidor.

b) as possibilidades de consumo de uma pessoa dada a sua restrição


orçamentária.

c) possíveis combinações entre dois produtos que promovem dife-


rentes graus de utilidade e satisfação ao consumidor.

d) possíveis combinações entre dois produtos que o consumidor não


deseja adquirir.

2. Com relação à restrição orçamentária, podemos afirmar:

a) representa o conjunto de bens que o consumidor deseja adquirir


em razão de suas preferências subjetivas.

b) representa as preferências individuais do consumidor.

c) é o montante de renda disponível do consumidor, em dado período


de tempo, que limita as possibilidades de consumo, condicionando
o que ele pode gastar.

d) renda e preços dos bens não interferem na configuração da restrição


orçamentária nem no que o consumidor pode ou não adquirir.

3. O ponto em que o consumidor estará maximizando a utilidade e o seu


bem-estar encontra-se:

a) na tangência entre a restrição orçamentária e qualquer curva de


indiferença.

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Preferências individuais e restrição orçamentária

b) na tangência entre a restrição orçamentária e a mais elevada curva


de indiferença possível.

c) na tangência entre a restrição orçamentária e a mais baixa curva de


indiferença.

d) em qualquer ponto localizado sobre a reta orçamentária.

4. Abaixo são colocadas algumas afirmações. Atribua V às afirmações ver-


dadeiras e F às falsas:

(( variações nos preços dos produtos não interferem na restrição


orçamentária do consumidor.
(( a restrição orçamentária representa o conjunto de bens e serviços
que o consumidor pode adquirir.
(( a curva de indiferença representa o conjunto de bens e serviços
que o consumidor deseja adquirir.
(( o mapa de indiferença representa o conjunto de curvas de indi-
ferença do consumidor.

Gabarito
1. A

2. C

3. B

4.

a) Falso (F)

b) Verdadeiro (V)

c) Verdadeiro (V)

d) Verdadeiro (V)

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Preferências individuais e restrição orçamentária

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O estudo da demanda de mercado

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ estudar o mercado como uma entidade abstrata e sem fronteiras visíveis;

„„ compreender o comportamento do consumidor no mercado;

„„ desenvolver competências e habilidades que lhe permitam entender


um dos lados do mercado, representado pelos demandantes (compra-
dores);

„„ identificar e compreender a relação inversa entre preço e quantidade


demandada;

„„ compreender o que representa o excedente do consumidor e como


se forma.

Introdução: o mercado
Antes de entrarmos no estudo específico da demanda de mercado, faz-se
necessário tecer comentários e conceituar o que vem a ser mercado.

Mercado é uma entidade abstrata, sem fronteiras visíveis, em que se pro-


cessam as transações entre demandantes e ofertantes.

As transações aqui retratadas dizem respeito à compra e à venda de bens,


serviços, fatores de produção etc.

Assim, podemos entender mercado como um local, o “ponto de encontro”


entre compradores e vendedores que ali comparecem para realizar transações.

Segundo Mankiw (2005, p. 64)


[...] um mercado é um grupo de compradores e vendedores de um determinado bem
ou serviço. Os compradores, como grupo, determinam a demanda pelo produto; e os
vendedores, como grupo, determinam a oferta pelo produto.

Sabemos de antemão que existem diversos tipos de mercado, desde os


que comportam muitos ofertantes com muitos demandantes, até os que
possuem a totalidade da oferta concentrada em uma única empresa. No
presente trabalho, ocupar-nos-emos em estudar uma estrutura de mercado

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O estudo da demanda de mercado

conhecida por mercado competitivo; qual seja, uma estrutura de mercado


onde existe um grande número de compradores e de vendedores, que não
possuem, individualmente, condições de alterar o estado geral do mercado.

Trata-se de uma estrutura de mercado no qual é o próprio mercado, por


meio das forças de oferta e demanda, que determina o preço.

Em outras palavras, o mercado, por meio das forças de oferta e de deman-


da, compatibiliza o impasse existente entre o comportamento racional do
consumidor e o comportamento racional do produtor.

Logo:

Comportamento
Busca vender pelo maior
racional do ofertante = Maximizar lucro
preço possível
(produtor)
X
Comportamento
Busca comprar pelo me-
racional do deman- = Maximizar renda
nor preço possível
dante (comprador)

Compatibiliza interesses
Mercado Oferta X demanda
conflitantes

A compatibilização dos interesses conflitantes de ofertantes e demandantes


promovida pelo mercado processa-se da seguinte forma: somente permane-
cerão e participarão de um determinado mercado os ofertantes que conse-
guirem oferecer um determinado bem ou serviço a um preço igual ou infe-
rior ao preço estabelecido pelo mercado; bem como somente permanecerão
e participarão desse mesmo mercado os demandantes (consumidores) que
conseguirem pagar um preço igual ou superior ao preço estabelecido pelo
mercado.

Trata-se, portanto, de uma situação de mercado de concorrência perfeita,


ou seja, existe um grande número de ofertantes e de demandantes, transa-
cionando um produto homogêneo, isto é, sem diferenciação.

Um mercado no qual tanto consumidores (demandantes), como produto-


res (ofertantes) guiam-se por meio de um comportamento racional; subme-
tendo-se às forças de mercado (oferta e demanda).

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O estudo da demanda de mercado

A demanda
Após essa breve introdução relativa ao contexto de mercado, cabe-nos
explicitar o estudo de um dos lados desse mercado, qual seja, o lado dos
consumidores (demandantes) do mercado.

Definição
Entendemos por demanda as várias quantidades de um determinado bem
ou serviço que os consumidores podem e querem adquirir; a diversos preços
alternativos, em um determinado período de tempo, permanecendo tudo o
mais constante; qual seja, respeitando-se a condição ceteris paribus.

A condição ceteris paribus


Ceteris paribus trata-se de uma expressão latina que significa “permane-
cendo tudo o mais constante”.

Em outras palavras, estamos limitando as variações das quantidades de-


mandadas de um determinado bem ou serviço unicamente a modificações
em seu preço, fazendo com que todos os demais determinantes da demanda
como renda do consumidor, preços dos bens relacionados, os gostos, prefe-
rências e expectativas permaneçam inalteradas.

Assim procedendo, estaremos evidenciando que mudanças nas quanti-


dades demandadas de um determinado bem serão resultantes de mudanças
em seu preço.

Além disso, devemos ter em mente, em razão da definição de demanda,


que dois outros ingredientes devem estar presentes: o que os consumidores
querem e o que podem adquirir.

Esse fato representa que deveremos conjugar, simultaneamente, o querer


e o poder; não bastando apenas querer, pois podemos desejar; todavia, se
não pudermos pagar o preço estabelecido pelo mercado, não estaremos
aptos a demandar.

Ato contínuo, se tivermos poder, mas não desejarmos, a demanda não se


efetiva também.

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O estudo da demanda de mercado

Pela definição acima, fica-nos claro que a demanda reflete preços, pois ela
se constitui de várias quantidades de um determinado bem ou serviço que
os consumidores podem e querem adquirir, a diversos preços alternativos.
Quais preços seriam esses?

A resposta é clara. Como consumidores preferimos, dada nossa restrição


orçamentária (renda), pagar sempre o menor preço possível, a fim de maxi-
mizarmos nossa renda; afinal, espera-se dos consumidores um comporta-
mento racional.

Logo:

Busca por pagar o me-


Consumidores Comportamento racional
nor preço possível

Essa situação ilustra, para os bens normais, a configuração da Lei Geral


da Demanda, que é a de que preços e quantidades demandadas variam
inversamente.

Portanto:

Preço Quantidade demandada

Preço Quantidade demandada

Em resumo:

Quando assumimos a condição ceteris paribus, as quantidades demanda-


das de um determinado bem ou serviço dependem exclusivamente de seu
preço, em uma relação inversa.

Caso aumentemos o preço do bem ou serviço, a quantidade demandada


diminui. Contrariamente, se reduzirmos o preço do bem ou serviço, a quanti-
dade demandada aumenta.

O perfil da demanda: ilustração gráfica


Passaremos, a partir desse ponto, a examinar o comportamento dos con-
sumidores perante as alterações de preço. Mostraremos uma escala de de-
manda por meio de uma tabela e, em seguida, por meio de um gráfico, expli-
citaremos o perfil da demanda.

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O estudo da demanda de mercado

Vamos a um exemplo:

Suponha que a tabela abaixo represente uma possível escala de demanda


por sapatos que os consumidores podem e querem adquirir aos diversos
preços alternativos, em um dado mês, respeitando-se a condição ceteris pari-
bus, ou seja, permanecendo tudo o mais constante.

Tabela 1 – Escala de demanda de sapatos

Preço (R$) Quantidade


Ponto
(par de sapatos) (pares de sapatos por mês)

A 80,00 60

B 90,00 50

C 100,00 40

D 110,00 30

E 120,00 20

F 130,00 10

A leitura da tabela acima obedece à Lei Geral da Demanda, que diz que
quanto maior o preço, menor a quantidade demandada, ou seja: no ponto
A, a um preço de R$80,00 o par de sapatos, os consumidores mostram-se
dispostos e podem adquirir 60 pares de sapatos no mês. No ponto B, com
elevação do preço para R$90,00 o par, os consumidores mostram-se dispostos
e podem adquirir 50 pares de sapatos; uma quantidade menor do que no
ponto A em razão da elevação do preço; e assim sucessivamente até o ponto F.

Portanto, temos que quando o preço se eleva, a quantidade demandada


diminui e quando o preço diminui, a quantidade demandada aumenta.

Essa mesma situação pode ser ilustrada por meio de um gráfico. Cons-
truímos um plano cartesiano em que no eixo das abscissas colocaremos
as quantidades e no das ordenadas os preços. Formamos os pares orde-
nados do ponto A até o F; unimos esses pontos e obtemos o perfil da
curva de demanda que como veremos mostra-se descendente em relação
a preços, uma vez que existe uma relação inversa entre preços e quanti-
dades demandadas.

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O estudo da demanda de mercado

Assim:

Gráfico 1 – Curva de demanda

preço

130,00

120,00

110,00

menor preço 100,00

90,00

80,00
Quantidades
quantidade
demandadas
demandadas

maior quantidade

Variações nas quantidades demandadas


e variações da demanda
É importante para a sequência de nosso trabalho distinguirmos variações
nas quantidades demandadas de variações na demanda.

Dessa forma:

„„ Variações nas quantidades demandadas – são variações que ocor-


rem ao longo da curva de demanda provocadas unicamente por alte-
rações de preço, não ocorrendo mudanças na curva de demanda.

Logo, podemos exemplificar e demonstrar essa situação por meio do se-


guinte gráfico:

Gráfico 2 – Variações nas quantidades demandadas

preço

p2

p0

p1

q2 q0 q1 quantidade

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O estudo da demanda de mercado

„„ Situação inicial – ponto A: a um preço p0 corresponde uma quanti-


dade q0.

„„ Situação final 1 – ponto B: a um preço p1, menor que p0, corresponde


uma quantidade q1 maior que q0.

„„ Situação final 2 – ponto C: a um preço p2, maior que p0, corresponde


uma quantidade q2 menor que q0.

Conclusão: uma variação no preço, e somente no preço do bem ou do


serviço, provoca movimentos ao longo da curva de demanda, não afetando
e nem provocando deslocamento da mesma.

Em outras palavras, variações no preço de um bem ou serviço modificam


apenas as quantidades demandadas. Caso ocorra aumento de preço haverá
redução na quantidade demandada; se houver redução de preço, haverá
aumento na quantidade demandada; tudo em conformidade com a Lei Geral
da Demanda.

Variações da demanda
São variações que modificam a estrutura de demanda fazendo com que
ocorram deslocamentos para mais ou para menos da curva de demanda.
Essas alterações são provocadas por mudanças nos desejos (gostos) e na
renda (capacidade) dos consumidores.

De forma análoga às variações nas quantidades demandadas, também


podemos visualizar graficamente as variações da demanda em razão das al-
terações nos desejos (gostos) e na renda (capacidade) dos consumidores.

Assim:

Gráfico 3 – Variações da demanda


preço

P0

D2 D D1

q2 q0 q1 quantidade

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O estudo da demanda de mercado

„„ Situação inicial – ponto A: a um preço p0 corresponde a uma quanti-


dade q0, dentro de uma estrutura (curva) de demanda (D).

„„ Situação final 1 – ocorre um aumento no desejo (gosto) e na renda


(capacidade) dos consumidores.

A curva de demanda desloca-se para a direita; vai de D para D1, onde encon-
tramos o ponto B, que nos retrata que, ao mesmo preço p0, os consumidores
estarão aptos e dispostos a adquirir uma quantidade q1 maior do que q0.

„„ Situação final 2 – ocorre uma diminuição no desejo (gosto) e na renda


(capacidade) dos consumidores.

Nesse caso, a curva de demanda desloca-se para a esquerda; vai de D para


D2, onde encontramos o ponto C que nos retrata que, ao mesmo preço p0, os
consumidores estarão aptos e dispostos a adquirir uma quantidade q2 menor
do que q0.

Conclusão: quando alteramos desejo (gosto) e renda (capacidade) dos


consumidores, ocorrem mudanças na estrutura de demanda fazendo com
que ao mesmo preço os consumidores estejam dispostos e aptos a adquirir
quantidades diferentes de um determinado bem ou serviço. Tais alterações
provocam deslocamentos para mais ou para menos da curva de demanda.

O excedente do consumidor
Conforme constatamos em nossos estudos até agora, os consumidores
buscam satisfazer as suas necessidades e maximizar suas rendas e satisfação
buscando pagar por um bem ou um serviço o menor valor possível.

Dessa constatação surge a figura do excedente do consumidor que nada


mais é do que a diferença entre o preço que esse consumidor está disposto
a pagar por um bem ou um serviço e o preço que efetivamente paga pelo
mesmo.
O excedente do consumidor é o benefício líquido que o consumidor ganha por ser capaz
de comprar um bem ou serviço. É a diferença entre quanto o consumidor estaria disposto
a pagar e o que ele efetivamente paga. (VASCONCELOS, 2002, p. 62)

Ainda sobre o assunto Robert S. Pindyck (1994, p. 144) esclarece que “ex-
cedente do consumidor é a diferença entre o preço que um consumidor

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O estudo da demanda de mercado

estaria disposto a pagar por uma mercadoria e o preço que realmente paga
ao adquirir tal mercadoria.”

A essa altura acreditamos que um exemplo hipotético seja de grande


valia, vamos a ele.

Suponha que os dados abaixo representam a estrutura e a escala de


demanda de um bem qualquer para um consumidor qualquer:

Quantidades
Preços (R$)
demandadas
10,00 1

9,00 2

8,00 3

7,00 4

6,00 5

Suponha adicionalmente que o preço de mercado seja R$6,00. Nessa


situação, como nosso consumidor está disposto a pagar R$10,00 pela primeira
unidade, e pagará somente R$6,00, pois trata-se do preço de mercado, estará
auferindo um benefício ou um excedente de R$4,00 (R$10,00 – R$6,00) por
essa primeira unidade. Pela segunda unidade estará auferindo um ganho de
R$3,00 (R$9,00 – R$6,00) e assim sucessivamente, a tal ponto que conseguiremos
ao final determinar o seu excedente total, qual seja:

Excendente da 1.ª unidade R$10,00 – R$6,00 = R$4,00

Excendente da 2.ª unidade R$9,00 – R$6,00 = R$3,00

Excendente da 3.ª unidade R$8,00 – R$6,00 = R$2,00

Excendente da 4.ª unidade R$7,00 – R$6,00 = R$1,00

Excendente da 5.ª unidade R$6,00 – R$6,00 = R$0,00

Excedente total do consumidor


R$4,00 + R$3,00 + R$2,00 + R$1,00 + R$0,00 = R$10,00

Podemos também demonstrar o excedente do consumidor por meio do


gráfico da demanda:

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O estudo da demanda de mercado

Logo:

Gráfico 4 – Excedente do consumidor pelo gráfico da demanda

Preços
10,00 Excedente do
consumidor
9,00
8,00
Preço de
7,00 mercado
6,00
5,00
4,00
3,00 D

2,00
1,00

0 1 2 3 4 5 Quantidades

Nesse caso, o excedente do consumidor é demonstrado pela área hachu-


rada do gráfico 4.

A fim de provarmos o acima evidenciado e de deixarmos claro que o exce-


dente do consumidor é realmente a diferença entre o preço que o consu-
midor estaria disposto a pagar e o preço efetivamente pago pelo mesmo,
vamos comparar aquilo que o consumidor estaria disposto a despender com
o que realmente foi despendido.

Logo:

Para a 1.ª unidade: Consumidor disposto a pagar R$10,00

Para a 2.ª unidade: Consumidor disposto a pagar R$9,00

Para a 3.ª unidade: Consumidor disposto a pagar R$8,00

Para a 4.ª unidade: Consumidor disposto a pagar R$7,00

Para a 5.ª unidade: Consumidor disposto a pagar R$6,00

Consumidor disposto a um dispêndio total de:


R$10,00 + R$9,00 + R$8,00 + R$7,00 + R$6,00 = R$40,00

Porém, como o preço de mercado é igual a R$6,00, essa situação pro-


porciona ao consumidor adquirir as 5 unidades pagando somente R$30,00
(5 x R$6,00); gerando, portanto, para si um excedente de R$10,00 (R$40,00
– R$30,00), que é a diferença entre o que o consumidor estaria disposto a
despender e o que realmente foi despendido.

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Ampliando seus conhecimentos

Duas maneiras de reduzir a


quantidade demandada de tabaco
(MANKIW, 2005)

Os formuladores de políticas públicas muitas vezes desejam reduzir a


quantidade de cigarros consumida pelo povo. A política pode tentar atingir
esse objetivo de duas maneiras.

Uma maneira de reduzir o tabagismo é deslocar a curva de demanda por


cigarros e outros produtos de tabaco. Os comunicados públicos, os alertas
obrigatórios nas embalagens de cigarros e a proibição da publicidade de
cigarros na TV são políticas que têm por objetivo reduzir a quantidade de-
mandada de cigarros a cada preço. Se bem-sucedidas, essas políticas deslo-
cam a curva de demanda por cigarros para a esquerda, como no painel (a)
da Figura 1.

Alternativamente, os formuladores de políticas podem tentar aumentar o


preço dos cigarros. Se o governo taxar os fabricantes de cigarros, por exem-
plo, eles repassarão grande parte da taxação para os consumidores sob a
forma de preços mais elevados. Um preço maior incentivará os fumantes a
reduzir o número de cigarros consumidos. Nesse caso, a redução de consu-
mo não representa deslocamento da curva de demanda, mas sim um mo-
vimento ao longo da curva de demanda para um ponto com preço maior e
quantidade menor, como mostra o painel (b) da Figura 1.

Em que medida a quantidade demandada de cigarros reage a mudanças


no seu preço? Os economistas tentaram responder a essa pergunta estudan-
do o que acontece quando o imposto sobre os cigarros muda. Eles descobri-
ram que um aumento de 10% do preço provoca uma redução de 4% na quan-
tidade demandada. Os adolescentes se mostraram especialmente sensíveis
ao preço dos cigarros: um aumento de 10% do preço resulta numa queda de
12% na quantidade demandada de cigarros entre os adolescentes.

Uma questão relacionada a esta é como o preço dos cigarros afeta a de-
manda por drogas ilegais como a maconha.

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O estudo da demanda de mercado

Figura 1

Deslocamentos da curva de demanda e movimen-


tos ao longo da curva de demanda
Se os alertas impressos nas embalagens de cigarros convencerem os fu-
mantes a fumar menos, a curva de demanda por cigarros se deslocará para
a esquerda. No painel (a), a curva de demanda desloca-se de D1 para D2. Ao
preço de $2 por maço, a quantidade demandada cai de 20 para 10 cigarros
por dia, como se vê no deslocamento do ponto A para o ponto B. Por outro
lado, se um imposto aumenta o preço dos cigarros, a curva de demanda
não se desloca. Em vez disso, observamos um movimento para um outro
ponto da curva de demanda. No painel (b), quando o preço aumenta de $2
para $4 a quantidade demandada cai de 20 para 12 cigarros por dia, o que
se reflete em um movimento do ponto A para o ponto C.

(a) Deslocamento da curva de (b) Movimento ao longo da curva


demanda de demanda
Preço do Uma política que de- Preço do
Um imposto que au-
maço de
maço de sencoraje o tabagismo cigarros mente o preço dos
cigarros
desloca a curva de de- cigarros resulta em
C
manda para a esquerda $4,00 um movimento ao
A longo da curva de
A B $2,00
$2,00 demanda

D1 D2 D2

0 10
12 20
20 Números de
0 12
10 20
20 Números de
cigarros fumados
cigarros fumados
por dia.
por dia.

Os opositores da taxação sobre cigarros argumentam que tabaco e maconha


são bens substitutos, de modo que preços elevados dos cigarros encorajam o
uso da maconha. Por outro lado, especialistas em dependência química veem o
cigarro como uma “droga de entrada” que leva os jovens a experimentar outras
substâncias nocivas à saúde. A maioria dos estudos com dados é consistente
com essa última visão: constataram que menores preços dos cigarros estão as-
sociados a um maior uso de maconha. Em outras palavras, tabaco e maconha
parecem mais ser bens complementares do que propriamente substitutos.

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O estudo da demanda de mercado

Atividades de aplicação
1. Por mercado, entendemos:

a) o ponto de encontro entre demandantes e ofertantes que ali com-


parecem para realizar transações.

b) um local preestabelecido em que produtores e ofertantes realizam


transações.

c) o ponto de encontro entre os demandantes.

d) o ponto de encontro entre os ofertantes.

2. O comportamento racional do consumidor (demandante) associa-se à:

a) busca por pagar o maior preço possível.

b) busca por pagar o menor preço possível.

c) busca da maximização do lucro dos ofertantes.

d) busca da satisfação do ofertante.

3. Preços e quantidades demandadas são variáveis:

a) que não se correlacionam.

b) correlacionam-se diretamente.

c) variam no mesmo sentido.

d) correlacionam-se inversamente.

4. Alterações nos preços e somente nos preços dos bens e/ou serviços
provocam:

a) alterações na curva de demanda, provocando deslocamentos da


mesma para mais ou para menos.

b) não provocam quaisquer impactos sejam nas curvas de demanda


ou nas quantidades demandadas.

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O estudo da demanda de mercado

c) provocam alterações nas quantidades demandadas, não provo-


cando deslocamentos na curva de demanda.

d) provocam deslocamentos das curvas de demanda e alterações nas


quantidades demandadas.

5. A diferença entre o preço que o consumidor estaria disposto a pagar


por uma mercadoria e o preço que realmente paga pela mesma quan-
do a adquire conceitua o:

a) excedente do produtor.

b) curva de demanda.

c) curva de oferta.

d) excedente do consumidor.

Gabarito
1. A

2. B

3. D

4. C

5. D

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O estudo da demanda de mercado

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O estudo da oferta de mercado

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ entender o mercado como uma entidade abstrata e sem fronteiras


visíveis;

„„ compreender o comportamento do produtor no mercado;

„„ desenvolver competências e habilidades que lhe permitam entender


um dos lados do mercado, representado pelos ofertantes (vendedores);

„„ identificar e entender a relação direta entre preço e quantidade


ofertada;

„„ compreender o que representa o excedente do produtor e como se


forma.

Introdução
Trataremos de estudar neste capítulo a oferta de mercado.

Nunca é demais lembrarmos que o mercado é o local, o ponto de encontro


entre compradores e vendedores que alí comparecem para realizar transa-
ções. Cabe lembrar que, muito embora estejamos estabelecendo o mercado
como um local, trata-se de uma entidade abstrata, sem fronteiras visíveis em
que se processam as transações entre demandantes (compradores) e ofertantes
(vendedores).

A essa altura cabe citar o entendimento de Mankiw (2005, p. 64) a respeito


de mercado:
Um mercado é um grupo de compradores e vendedores de um determinado bem
ou serviço. Os compradores, como grupo, determinam a demanda pelo produto e os
vendedores, como grupo, determinam a oferta pelo produto.

Essa máxima de demandantes (compradores) e ofertantes (vendedores)


está presente nos diversos tipos de mercado, desde os que comportam
muitos ofertantes com muitos demandantes até os que possuem a totalidade
da oferta concentrada em uma única empresa.

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O estudo da oferta de mercado

No presente capítulo estudaremos uma estrutura de mercado conhecida


por mercado competitivo, uma estrutura de mercado onde existe um grande
número de demandantes (compradores) e de ofertantes (vendedores), que não
possuem, individualmente, condições de alterar o estado geral do mercado.

Referimo-nos a uma estrutura de mercado na qual é o próprio mercado,


por meio das forças de oferta e de demanda, que determina o preço.

Em outras palavras, o mercado, por meio das forças de oferta e de demanda,


compatibiliza o impasse existente entre o comportamento racional do con-
sumidor e o comportamento racional do produtor.

Logo:

Comportamento racional do Maximizar Busca vender pelo


=
ofertante (produtor) lucro maior preço possível
X
Comportamento racional do Maximizar Busca comprar pelo
=
demandante (comprador) renda menor preço possível

Oferta X Compatibiliza interesses


Mercado
demanda conflitantes

A compatibilização dos interesses conflitantes entre ofertantes e deman-


dantes, promovida pelo mercado, processa-se da seguinte forma: somente
permanecerão e participarão de um determinado mercado os ofertantes que
conseguirem oferecer um determinado bem ou serviço a um preço igual
ou inferior ao preço estabelecido pelo mercado, assim como somente
permanecerão e participarão do mercado os demandantes (consumidores)
que conseguirem pagar um preço igual ou superior ao preço estabelecido
pelo mercado.

Trata-se, pois, de uma situação de mercado de concorrência perfeita, isto


é, existe um grande número de ofertantes e de demandantes, transacio-
nando um produto homogêneo, ou seja, sem diferenciação. Ao consumidor
tanto faz adquirir o produto da empresa A, B ou C, dada a homogeneidade
do mesmo; o que fará com que ele se decida é única e tão somente o seu
comportamento racional (busca do menor preço possível).

Enfim, trata-se de uma estrutura de mercado no qual tanto demandan-


tes (consumidores) quanto ofertantes (produtores) guiam-se pelo comporta-
mento racional, submetendo-se às forças de mercado (oferta e demanda).

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O estudo da oferta de mercado

A oferta
Após contextualizarmos o mercado que iremos explorar, cabe-nos explici-
tar o estudo de um de seus lados, o dos produtores (ofertantes) do mercado.

Definição
Segundo Vasconcellos (2002, p. 66): “Oferta é a quantidade de determi-
nado bem ou serviço que os produtores e vendedores desejam vender em
determinado período.”

Vamos alargar essa definição. Entenderemos oferta como as várias quan-


tidades de um determinado bem ou serviço que os produtores podem e
querem colocar no mercado, a diversos preços alternativos, em um determi-
nado período de tempo, permanecendo tudo o mais constante, respeitando-se
a condição ceteris paribus.

A condição ceteris paribus


Trata-se de uma expressão latina que significa permanecendo tudo o mais
constante.

Em outras palavras, estamos limitando as variações das quantidades ofer-


tadas de um determinado bem ou serviço unicamente às modificações em
seu preço, fazendo com que todas as demais determinantes da oferta, como
preço dos fatores e insumos de produção (mão de obra, matéria-prima etc.),
preços de outros bens substitutos na produção e os objetivos e metas do
empresário permaneçam inalterados.

Assim procedendo, evidenciaremos que mudanças nas quantidades oferta-


das de um determinado bem serão resultantes somente de mudanças em
seu preço.

Além disso, devemos ter em mente, em razão da definição de oferta, que


dois outros ingredientes devem estar presentes: o que os produtores podem
e querem colocar no mercado.

Isso representa que a oferta conjuga, simultaneamente, o poder e o querer.


Não basta apenas o produtor querer oferecer um determinado bem ou ser-
viço, deve também poder, ou seja, deve ter condições de oferecer o bem ou
serviço a um preço que seja igual ou inferior ao preço estabelecido pelo mer-
cado; caso contrário, não poderá permanecer ou participar do mesmo.

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O estudo da oferta de mercado

Ato contínuo, se o produtor tiver o poder, mas não desejar participar do


mercado, a oferta também não se efetiva.

Outra característica presente em nossa definição é que a oferta reflete


preços, se não vejamos: as várias quantidades de um determinado bem ou
serviço que os produtores podem e querem colocar no mercado, a diversos
preços alternativos. Quais preços seriam esses?

A resposta é clara. Como produtores (ofertantes) desejamos maximizar


lucros, buscando, obviamente, vender sempre ao maior preço possível, em
conformidade ao comportamento racional do produtor (ofertante).

Logo:

Busca por vender pelo


Produtores Comportamento racional
maior preço possível

Essa situação ilustra, para os bens normais, a configuração da Lei Geral da


Oferta; que é a de que preços e quantidades ofertadas variam diretamente,
ou seja, no mesmo sentido.

Portanto:

Preço Quantidade ofertada

Preço Quantidade ofertada

Em resumo:

Quando assumimos a condição ceteris paribus, as quantidades oferta-


das de um determinado bem ou serviço dependem exclusivamente de seu
preço, em uma relação direta.

Caso aumentemos o preço do bem ou do serviço, a quantidade ofertada


aumenta. Contrariamente, se reduzirmos o preço do bem ou do serviço, a
quantidade ofertada diminui.

O perfil da oferta: ilustração gráfica


Passaremos, a partir desse ponto, a examinar o comportamento dos pro-
dutores (ofertantes) perante as alterações de preços.

42 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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O estudo da oferta de mercado

Manteremos uma escala de oferta por meio de uma tabela e, em seguida,


por meio de um gráfico, mostraremos o perfil da oferta.

Vamos ao exemplo:

Suponha que a tabela abaixo representa uma possível escala de oferta de


sapatos que os produtores podem e querem colocar no mercado, a diversos
preços alternativos, em um dado mês, respeitando-se a condição ceteris paribus,
ou seja, permanecendo tudo o mais constante:

Tabela 1 – Escala de oferta de sapatos

Preços (R$) Quantidade


Ponto
(par de sapatos) (pares de sapatos por mês)
A 80,00 5

B 90,00 15

C 100,00 20

D 110,00 30

E 120,00 40

F 130,00 50

A leitura da tabela 1 obedece à Lei Geral da Oferta, qual seja, quanto maior
o preço, maior a quantidade ofertada, por exemplo: no ponto A, a um preço
de R$80,00 o par de sapatos, os produtores mostram-se dispostos e podem
oferecer 5 pares de sapatos ao mercado. No ponto B, com elevação de preço
para R$90,00 o par, os ofertantes mostram-se dispostos e podem oferecer 15
pares de sapatos, uma quantidade maior do que no ponto A, em razão da
elevação de preço, e assim sucessivamente até o ponto F.

Portanto, temos que quando o preço se eleva, a quantidade ofertada


aumenta, e quando o preço diminui, a quantidade ofertada diminui.

Essa mesma situação pode ser ilustrada por meio de um gráfico.

Construímos um plano cartesiano no qual, no eixo das abscissas, colo-


camos as quantidades e no das ordenadas, os preços.

Formamos os pares ordenados do ponto A até o ponto F, unimos esses


pontos e obtemos o perfil da curva de oferta que, como veremos, mostra-se
ascendente em relação a preços, uma vez que existe uma relação direta
entre preços e quantidades ofertadas.

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O estudo da oferta de mercado

Assim:

Gráfico 1 – Perfil da curva de oferta


SSS
preços
preços
preços
130,00
130,00
130,00 FFF

120,00
120,00
120,00 DDD

110,00
110,00
110,00
EEE

preço
preço
maior preço
100,00
100,00
100,00 CCC

maior
maior
90,00
90,00
90,00 BBB

80,00
80,00
80,00 AAA

000 555 15
1515 20
20 30
20 3030 40
4040 50
5050 quantidades
quantidades
quantidades
ofertadas
ofertadas
ofertadas
maior
maior
maior quantidade
quantidade
quantidade

Variações nas quantidades ofertadas


e variações da oferta
A fim de dar sequência ao nosso trabalho, faz-se necessário distinguirmos
variações nas quantidades ofertadas de variações na oferta.

„„ Variações nas quantidades ofertadas – são as variações que ocor-


rem ao longo da curva de oferta provocadas unicamente por altera-
ções de preço, não ocorrendo mudanças na curva de oferta.

Logo, podemos exemplificar e demonstrar essa situação por meio do


seguinte gráfico:

Gráfico 2 – Variações nas quantidades ofertadas


preços

S
p
2 C

p0
B

p1
A

q1 q0 q2 quantidades
ofertadas

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O estudo da oferta de mercado

„„ Situação inicial – ponto A: a um preço p0 corresponde uma quantida-


de ofertada q0.

„„ Situação final 1 – ponto B: a um preço p1, menor que p0, corresponde


uma quantidade ofertada q1 menor que q0.

„„ Situação final 2 – ponto C: a um preço p2, maior que p0, corresponde


uma quantidade ofertada q2 maior que q0.

Conclusão: uma variação no preço e somente no preço do bem ou do serviço


provoca movimentos ao longo da curva de oferta, não afetando nem provo-
cando deslocamento da mesma.

Em outras palavras, variações no preço de um bem ou de um serviço mo-


dificam apenas quantidades ofertadas.

Caso ocorra aumento do preço, haverá aumento na quantidade ofertada;


se houver redução de preço, haverá redução da quantidade ofertada, tudo em
conformidade com a Lei Geral da Oferta.

„„ Variações da oferta – são variações que modificam a estrutura de


oferta fazendo com que ocorram deslocamentos para mais ou para
menos da curva de oferta. Essas alterações são provocadas por
mudanças no desejo e na capacidade dos produtores.

De forma análoga às variações nas quantidades ofertadas, também pode-


mos visualizar graficamente as variações da oferta em razão das alterações
nos desejos e na capacidade dos produtores. Acreditamos que um exemplo
ilustre melhor essa situação.

Suponha que a descoberta de uma nova tecnologia possibilite a redução


de custos para a fabricação de sapatos. Essa situação fará com que aumente
a oferta de sapatos.

De forma análoga, suponha que ocorra um aumento no preço do couro


(insumo para a produção de sapatos). Essa situação fará com que os produto-
res de sapatos diminuam a produção dos mesmos ou até pode ocorrer que
alguns produtores saiam do mercado, ocasionando uma redução da oferta.

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O estudo da oferta de mercado

Assim:

Gráfico 3 – Variações da oferta

preços
S
1
S

S
2

p C A B

q2 q0 q1 quantidades
ofertadas

„„ Situação inicial – ponto A: a um preço p0 corresponde uma quantida-


de ofertada q0, dentro de uma estrutura (curva) de oferta S.

„„ Situação final 1 – ocorre um aumento no desejo e na capacidade dos


produtores. Exemplos: uma nova tecnologia, o ingresso de novos pro-
dutores no mercado etc.

Nesse caso a curva de oferta desloca-se para a direita, vai de S para S2, onde
encontramos o ponto B, que nos retrata que, no mesmo preço p0, os produtores
estarão aptos e dispostos a oferecer uma quantidade q1 maior que q0.

„„ Situação final 2 – no ponto C ocorre uma diminuição no desejo e na


capacidade dos produtores. Exemplo: aumento nos preços dos insumos
de produção, retirada de alguns produtores do mercado etc.

Nesse caso a curva de oferta desloca-se para a esquerda, vai de S para


S1, onde encontramos o ponto C que nos retrata que, ao mesmo preço p 0,
os produtores estarão aptos e dispostos a oferecer uma quantidade q2,
menor que q0.

Conclusão: quando alteramos desejo e capacidade dos produtores (ofer-


tantes), ocorrem mudanças na estrutura de oferta fazendo com que ao
mesmo preço os produtores estejam aptos e dispostos a oferecer quantida-
des diferentes de um determinado bem ou serviço.

Tais alterações provocam, como vimos, deslocamentos para mais ou para


menos da curva de oferta.

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O estudo da oferta de mercado

O excedente do produtor
Conforme constatamos em nossos estudos até agora, verificamos que os
produtores (ofertantes) buscam maximizar os lucros optando, sempre que
possível, por vender o que produz ou comercializar pelo maior preço possível.
Dessa constatação surge a figura do excedente do produtor que nada mais
é do que a diferença entre o preço que esse produtor está disposto a cobrar por
um bem ou serviço e o preço que efetivamente consegue receber pelo mesmo.
Acreditamos que a colocação de um exemplo hipotético ser-nos-á de
grande valia para o entendimento dessa situação.
Vamos a ele.
Suponha que os dados abaixo representem a estrutura e a escala de oferta
de um bem qualquer, para um produtor (ofertante) qualquer:

Pontos Preços (R$) Quantidades ofertadas


A 10,00 5
B 9,00 4
C 8,00 3
D 7,00 2
E 6,00 1

Suponha adicionalmente que o preço de mercado seja R$10,00.


Nessa situação, como nosso produtor estava disposto a oferecer essa pri-
meira unidade a R$6,00, mas receberá pela mesma R$10,00, que é o preço de
mercado, estará auferindo um benefício ou excedente de R$4,00 (R$10,00 –
R$6,00) por essa primeira unidade.
Pela segunda unidade, estará auferindo um ganho de R$3,00 (R$10,00 –
R$7,00), e assim sucessivamente, a tal ponto que ao final conseguiremos
determinar o seu excedente total, qual seja:

Excedente da 1.ª unidade R$10,00 – R$6,00 = R$4,00

Excedente da 2.ª unidade R$9,00 – R$6,00 = R$3,00

Excedente da 3.ª unidade R$8,00 – R$6,00 = R$2,00

Excedente da 4.ª unidade R$7,00 – R$6,00 = R$1,00

Excedente da 5.ª unidade R$6,00 – R$6,00 = R$0,00

Excedente total do produtor (ofertante) =


R$4,00 + R$3,00 + R$2,00 + R$1,00 + R$0,00 = R$10,00

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O estudo da oferta de mercado

Podemos também demonstrar o excedente do produtor por meio do grá-


fico da oferta. Logo:

Gráfico 4 – Excedente do produtor

Preços Excedente
do produtor Preço de
S mercado

10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0 1 2 3 4 5 Quantidades

Nesse caso, o excedente do produtor é demonstrado pela área hachurada


no gráfico 4.

A fim de provarmos o acima descrito e de deixarmos claro que o excedente


do produtor é a diferença entre o preço que o produtor estaria disposto a
vender e o preço que ele efetivamente recebe por vender, vamos comparar o
que o produtor estava disposto a receber com o que realmente recebe.

Logo:

Para a 1.ª unidade: Produtor disposto a oferecer a R$6,00

Para a 2.ª unidade: Produtor disposto a oferecer a R$7,00

Para a 3.ª unidade: Produtor disposto a oferecer a R$8,00

Para a 4.ª unidade: Produtor disposto a oferecer a R$9,00

Para a 5.ª unidade: Produtor disposto a oferecer a R$10,00

Produtor disposto a receber um total de =


R$6,00 + R$7,00 + R$8,00 + R$9,00 + R$10,00 = R$40,00

Todavia, como o preço de mercado é igual a R$10,00, essa situação pro-


porciona ao produtor (ofertante) oferecer as 5 unidades ao preço de merca-
do, ou seja, R$10,00 a unidade, recebendo portanto R$50,00 (5 x R$10,00),

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O estudo da oferta de mercado

gerando para si, portanto, um excedente de R$10,00 (R$50,00 – R$40,00), que


é a diferença entre o que o produtor (ofertante) estaria disposto a receber e o
que efetivamente ele recebeu.

Ampliando seus conhecimentos


A mãe natureza desloca a curva de oferta
(MANKIW, 2005)

Segundo nossa análise, um desastre natural que reduz a oferta reduz a


quantidade vendida e aumenta o preço. Eis um exemplo recente.

Quatro dias de frio assolam a Califórnia:


safras devastadas; preço de frutas cítricas deve subir
Por Todd S. Purdum

Quatro dias de temperaturas abaixo de zero destruíram mais de um terço


da safra anual de frutas cítricas da Califórnia, causando um prejuízo de mais de
meio bilhão de dólares e indicando que o preço da laranja nos supermercados
deve triplicar até a semana que vem.

Desde segunda-feira, o ar frio e seco do Golfo do Alasca fez despencar a


temperatura em todo o estado, ficando entre -8ºC e -12ºC na região agrícola
do Central Valley – a pior frente fria desde a nevasca de dez dias de 1990. Os
agricultores mantiveram ligadas suas máquinas de vento e irrigação por toda
a noite para manter as árvores aquecidas, mas representantes do governo de-
clararam que a perda foi quase total no vale e pode ter chegado a 50% no
restante do estado.

A Califórnia responde por cerca de 80% das laranjas e 90% dos limões
consumidos in natura em todo o país e os atacadistas afirmaram que os
preços da laranja no varejo podem triplicar nos próximos dias. O preço do
limão também deverá aumentar, mas o do suco de laranja deve ser menos
afetado porque a maior parte das laranjas para produção de suco é cultivada
na Flórida. Em alguns mercados da Califórnia, os atacadistas relataram que
o preço da laranja-bahia subiu de 35 centavos de libra na terça-feira para 90
centavos de libra na quarta-feira. (Jornal The New York Times, 25 dez. 1998.
Reimpresso com permissão)

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O estudo da oferta de mercado

Atividades de aplicação
1. Preços e quantidades ofertadas são variáveis:

a) que se correlacionam inversamente.

b) que se correlacionam em sentidos contrários.

c) não se correlacionam.

d) que se correlacionam diretamente.

2. Quanto ao comportamento racional dos ofertantes, podemos afirmar:

a) não existe.

b) buscam a maximização do lucro.

c) é idêntico ao comportamento racional dos demandantes.

d) buscam cobrar o menor preço possível.

3. Mantendo-se tudo o mais constante, uma alteração para mais no preço


de uma mercadoria, levando-se em consideração que essa mercadoria
seja um bem normal, provocará:

a) uma diminuição na quantidade ofertada da mercadoria.

b) uma situação em que a quantidade ofertada não sofrerá alteração.

c) um aumento na quantidade ofertada da mercadoria.

d) um aumento na quantidade demandada da mercadoria.

4. Coloque V ao lado das afirmações verdadeiras e F ao lado das falsas.

(( variações da oferta e variações nas quantidades ofertadas


representam a mesma coisa.
(( quanto maior for o preço de uma mercadoria, menor será a sua
quantidade ofertada.
(( demanda é sinônimo de oferta.
(( uma nova tecnologia implantada para a fabricação de uma
dada mercadoria fará com que ocorra aumento na oferta dessa
mercadoria, deslocando sua curva de oferta para a direita.

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O estudo da oferta de mercado

Gabarito
1. D

2. B

3. C

4.

a) Falso (F)

b) Falso (F)

c) Falso (F)

d) Verdadeiro (V)

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O equilíbrio do mercado

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ compreender a forma pela qual se processa o equilíbrio em uma estru-


tura de mercado competitivo;

„„ identificar e entender as principais características de um mercado em


equilíbrio;

„„ compreender que o equilíbrio sofre alterações em razão do dinamismo


do mercado;

„„ desenvolver mecanismos algébricos para a determinação do equilíbrio


de mercado.

Introdução
Este capítulo será dedicado ao estudo do equilíbrio de mercado.

Algumas considerações iniciais são necessárias a fim de ser possível a sua


efetivação:

„„ Trataremos o mercado como uma entidade abstrata, sem fronteiras


visíveis, no qual processam-se transações entre compradores e vende-
dores de bens e/ou serviços. É um local, um ponto de encontro, entre
ofertantes (vendedores) e demandantes (compradores) que ali compa-
recem para realizarem transações.

„„ Trataremos de estudar o mercado competitivo, qual seja uma estrutura


de mercado onde existe um grande número de ofertantes (vendedores)
e de demandantes (compradores), que não possuem, individualmente,
condições de alterar o estado geral do mercado.

Trata-se, pois, de uma estrutura de mercado na qual é o próprio mercado,


por meio das forças de oferta e de demanda que determina o preço. É uma
situação em que tanto ofertantes (vendedores) quanto demandantes (com-
pradores) aceitam as condições estabelecidas pelo mercado.

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O equilíbrio do mercado

„„ Tanto ofertantes (vendedores) como demandantes (compradores) irão


atuar no mercado conforme um comportamento racional, qual seja:
ofertantes (vendedores) buscam a maximização do lucro, portanto,
vão querer vender o total de sua produção ao maior preço possível; os
demandantes (compradores), por sua vez, vão buscar maximizar suas
rendas, portanto, vão buscar pagar pelas mercadorias e serviços o menor
preço possível.

Dessa constatação nasce um impasse: de um lado do mercado temos


agentes econômicos querendo cobrar o maior preço possível por aquilo
que pretendem vender, e, do outro, agentes econômicos querendo pagar o
menor preço possível por aquilo que pretendem adquirir.

A nossa tarefa, a partir desse ponto, é a de verificar como o mercado com-


patibiliza esses interesses conflitantes advindos da dicotomia existente entre
os principais atores do mercado: ofertantes e demandantes.

Vamos verificar?

A demanda e a oferta: determinação do equilíbrio


A demanda de mercado é representada pelas várias quantidades de um
determinado bem ou serviço que os consumidores querem e podem adquirir,
a diversos preços alternativos, em um determinado período de tempo, per-
manecendo tudo o mais constante (ceteris paribus).

Mediante a existência de um comportamento racional por parte dos


consumidores, que buscam sempre pagar o menor preço possível visando
à maximização de suas rendas, constatamos existir uma relação inversa entre
preço e quantidade demandada, qual seja: um aumento no preço de um de-
terminado bem ou serviço fará com que os consumidores queiram e possam
adquirir uma quantidade menor e vice-versa.

Assim:

Preço Quantidade demandada

Preço Quantidade demandada

Ato contínuo, a oferta de mercado é representada pelas várias quantidades


de um determinado bem ou serviço que os produtores querem e podem
colocar no mercado, a diversos preços alternativos, em um determinado
período de tempo, permanecendo tudo o mais constante (ceteris paribus).

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O equilíbrio do mercado

Analogamente à demanda, mediante a existência de um comportamento


racional, por parte dos produtores, que buscam sempre cobrar o maior preço
possível visando à maximização de seus lucros, constatamos existir uma re-
lação direta entre preço e quantidade ofertada, qual seja: um aumento no
preço de um determinado bem ou serviço fará com que os produtores quei-
ram e possam vender/oferecer uma quantidade maior e vice-versa.

Assim:

Preço Quantidade ofertada

Preço Quantidade ofertada

A relação inversa entre preço e quantidade demandada e a relação direta


entre preço e quantidade ofertada evidenciam o impasse e o conflito existentes
entre as forças de oferta e de demanda.

Esse impasse/conflito, em uma estrutura de mercado concorrencial, é re-


solvido pelo mercado por meio das forças de oferta e de demanda.

Para ilustrar essa situação, a do mercado solucionar o impasse existente


entre consumidores e produtores, vamos nos valer do exemplo numérico
sobre uma empresa produtora de sapatos.

Suponha que a tabela 1 representa uma possível escala de demanda e de


oferta de sapatos que os consumidores e os produtores podem e querem
adquirir e oferecer, em um dado mês, a diversos preços alternativos, res-
peitando-se a condição ceteris paribus, ou seja, permanecendo tudo o mais
constante.

Tabela 1 – Escala de demanda e de oferta de sapatos

Quantidade Quantidade
Ponto Preços (R$) demandada ofertada
(pares de sapatos) (pares de sapatos)
A 80,00 60 5

B 90,00 50 15

C 100,00 40 20

D 110,00 30 30

E 120,00 20 40

F 130,00 10 50

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O equilíbrio do mercado

Como podemos observar, a escala representada na tabela 1 obedece à Lei


Geral da Demanda e da Oferta, qual seja: quanto menor for o preço maior a
quantidade demandada e menor a quantidade ofertada, e vice-versa. Exemplo:
no ponto A, temos que ao menor preço R$80,00 corresponde a maior quan-
tidade demandada (60 pares de sapato) e a menor quantidade ofertada
(5 pares de sapato).
Uma pergunta faz-se necessária: como se determina o equilíbrio nessa
situação?
A resposta, dentro de uma estrutura concorrencial de mercado, é a de que
o mecanismo de preços (as forças de oferta e de demanda) conduzirá o mer-
cado ao equilíbrio; senão vejamos:
Quando, por exemplo, existir excesso de oferta, no nosso caso, ao preço
de R$130,00, os produtores estão aptos e dispostos a oferecer no mercado
50 pares de sapatos, mas os demandantes estão aptos e dispostos a adquirir
somente 10 pares; os produtores (ofertantes) acumularão estoques não pla-
nejados ou desejados (50 – 10 = 40 pares de sapatos), e terão que diminuir os
seus preços a fim de ser possível vender esse estoque.
No caso reverso, ou seja, quando existir um excesso de demanda, no nosso
caso, ao preço de R$80,00, os demandantes estão aptos e dispostos a adquirir
60 pares de sapato, mas os ofertantes, a esse preço, estão aptos e dispos-
tos a oferecer apenas 5 pares (60 – 5= 55 pares de sapato); os consumidores
passam a estar dispostos a pagar um preço maior pelos pares de sapatos, no
momento, escassos no mercado.
Como observamos, os principais atores do mercado representados pelos
consumidores e pelos produtores tendem a encontrar, sozinhos, o equilí-
brio, visando compatibilizar interesses conflitantes, mediante a aplicação
do mecanismo de preços, consubstanciado na Lei da Oferta e da Demanda
de mercado.
Isso posto, e verificando-se a escala de demanda e de oferta ilustrada em
nossa tabela, constatamos que a situação de equilíbrio processar-se-á no
ponto D quando a um preço de R$110,00 o par de sapatos; tanto deman-
dantes quanto ofertantes estarão aptos e dispostos a adquirir e a colocar no
mercado uma mesma quantidade, qual seja, 30 pares de sapatos. É a situação
de compatibilização dos interesses conflitantes de demandantes (consumido-
res) e ofertantes (produtores), cuja leitura nos conduz à seguinte afirmação:
somente participam e permanecem no mercado os demandantes (consumido-
res) que tiverem condições de pagar um preço igual ou superior ao preço de

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O equilíbrio do mercado

equilíbrio (no nosso caso, R$110,00 o par de sapatos), bem como participam e
permanecem no mercado os ofertantes (produtores) que tiverem condições
de oferecer a um preço igual ou inferior ao preço de equilíbrio (R$110,00 o
par de sapatos).

Ilustração gráfica
Podemos também demonstrar essa mesma situação graficamente.
Construímos um plano cartesiano, no qual no eixo das abscissas coloca-
mos as quantidades demandadas e ofertadas, e no das ordenadas, os preços.
Formamos os pares ordenados do ponto A até o F, unimos preços e quantida-
des demandadas e preços e quantidades ofertadas, obtendo o perfil da curva
de demanda e da curva de oferta.
Assim:
Gráfico 1 – Ponto de equilíbrio
Preços
ponto de equilíbrio S
(Oferta)
F F
130,00

E E
120,00

D
110,00

100,00 C C

B
90,00 B

A A
80,00

D
(Demanda)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Quantidades

Quadro 1 – Situação do ponto de equilíbrio


Preço de equilíbrio: R$110,00
Ponto de equilíbrio Ponto D
Quantidade de equilíbrio: 30
Compatibiliza os interesses conflitantes de consumidores
(demandantes) e produtores (ofertantes).
Tanto consumidores quanto produtores estão satisfeitos.

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Características fundamentais do preço de equilíbrio


Uma vez demonstrada a forma pela qual se processa o equilíbrio em uma
estrutura concorrencial competitiva de mercado, cumpre-nos traçar as carac-
terísticas fundamentais do preço de equilíbrio. São elas:

„„ O preço de equilíbrio é formado pelo próprio mercado, por meio do


livre jogo e interação ente as forças de oferta e de demanda.

„„ Uma vez estabelecido, permanecerá estável até que ocorram mudanças


nas forças que o determinam, quais sejam as forças de oferta e de de-
manda.

„„ O preço de equilíbrio é o preço que determina a igualdade entre quan-


tidade ofertada e quantidade demandada.

Em razão do acima descrito podemos considerar que todo preço acima


do preço de equilíbrio nos conduz a um excesso de oferta, considerando
uma situação em que a quantidade ofertada será maior do que a quantidade
demandada. Valendo-nos da escala de demanda e de oferta usada neste ca-
pítulo, essa situação ocorre nos pontos E e F.

Veja a seguir:

Quantidades Quantidade Excesso de


Ponto Preços Diferença
demandadas ofertada oferta
E 120,00 20 40 40 – 20 20 un.
F 130,00 10 50 50 – 10 40 un.

De maneira semelhante, todo preço abaixo do preço de equilíbrio nos


conduz a um excesso de demanda; considerando uma situação em que a
quantidade demandada será maior que a quantidade ofertada. Valendo-nos
da escala de demanda e de oferta usada neste capítulo, essa situação ocorre
nos pontos A, B e C.

Veja a seguir:

Preços Quantidade Quantidade Excesso de


Ponto Diferença
(R$) demandada ofertada demanda
A 80,00 60 5 60 – 5 55 un.
B 90,00 50 15 50 – 15 35 un.
C 100,00 40 20 40 – 20 20 un.

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Alterações no ponto de equilíbrio em razão de


mudanças (deslocamentos) da oferta e da demanda
Quando descrevemos as características fundamentais do preço de equi-
líbrio, afirmamos que o mesmo é determinado pelas forças de oferta e de
demanda, e mais, que o preço de equilíbrio permaneceria estável até que se
modificassem as forças que o determinaram.

Neste tópico estudaremos como mudanças nas forças de demanda ou de


oferta alteram e afetam o preço de equilíbrio e, consequentemente, o ponto
de equilíbrio de mercado.

Mudanças (deslocamentos) da demanda


Vamos verificar como um deslocamento da curva de demanda pode pro-
vocar alteração no equilíbrio de mercado.

Sabemos que alterações nos desejos (gostos) e na renda (capacidade) dos


consumidores provocam deslocamentos para mais ou para menos da curva
da demanda.

Suponhamos que um dado mercado de um produto X qualquer esteja


em equilíbrio. Vale lembrar que o produto X é um bem normal. Graficamente
podemos demonstrar essa situação da seguinte forma:

Graficamente:

preços

A
p0

0 q0 quantidades
quantidades
ofertadas/demandadas
ofertadas/
demandadas

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Situação inicial de equilíbrio


Curva de demanda: D

Curva de oferta: S

Ponto de equilíbrio: A

Preço de equilíbrio: p0

Quantidade de equilíbrio: q0

Vamos supor que os consumidores obtenham um aumento no poder


aquisitivo, promovido por um aumento de renda real.

Exemplo: o governo estabelece que as pessoas físicas não mais pagarão


Imposto de Renda.

Essa situação promoverá um deslocamento para mais (à direita) de toda


a curva de demanda fazendo com que os consumidores estejam aptos e dis-
postos a adquirir uma quantidade maior ao mesmo preço; alterando as con-
dições iniciais de equilíbrio de mercado; obviamente mantendo-se todas as
demais variáveis constantes – condição ceteris paribus.

Graficamente, teríamos:

preço S

B
p1
A
p0 D
D1

0 q0 q1 quantidade

Nova situação de equilíbrio devido


ao deslocamento da demanda
Curva de demanda: D1

Curva de oferta: S

Ponto de equilíbrio: B

Preço de equilíbrio: p1

Quantidade de equilíbrio: q1

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Conclusão: quando ocorre um aumento na renda real dos consumidores,


permanecendo tudo o mais constante, a curva de demanda de mercado
desloca-se para a direita, ocasionando o surgimento de um novo ponto de
equilíbrio (B); onde temos preço e quantidade de equilíbrio maiores do que
os anteriores.

Deve ficar claro que o reverso também é verdadeiro, ou seja, caso ocorra
uma redução da renda real dos consumidores, permanecendo tudo o mais
constante, haverá um deslocamento da curva de demanda para a esquerda,
ocorrendo um novo ponto de equilíbrio, distinto do inicial onde teremos
preço e quantidades de equilíbrio menores.

Graficamente essa situação pode ser assim descrita:

preços S

A
p0
B
p1 D

D1

0 q1 q0 quantidades

Situação inicial de equilíbrio Nova situação de equilíbrio devido


Curva de demanda: D ao deslocamento da demanda
Curva de oferta: S Curva de demanda: D1
Ponto de equilíbrio: A Curva de oferta: S
Preço de equilíbrio: p0
Ponto de equilíbrio: B
Quantidade de equilíbrio: q0
Preço de equilíbrio: p1

Quantidade de equilíbrio: q1

Mudanças (deslocamentos) da oferta


Vamos agora verificar como o deslocamento da curva de oferta pode pro-
vocar alteração no equilíbrio de mercado.

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O equilíbrio do mercado

De forma semelhante à demanda, verificamos que as alterações na oferta


são decorrentes de modificações nos desejos e na capacidade dos ofertantes
(produtores).

Vamos supor que a descoberta de uma nova tecnologia possibilitou a


redução dos custos para a fabricação de um determinado produto X.

Essa situação possibilitará, mantendo-se todas as demais variáveis cons-


tantes – condição ceteris paribus – um aumento na oferta desse produto X,
deslocando a curva da oferta para a direita, fazendo com que os ofertantes
estejam aptos e dispostos a oferecer uma quantidade maior ao mesmo preço
e alterando as condições iniciais de equilíbrio de mercado.

Graficamente, teríamos:

preços

A
p0

0 q0 quantidades

Situação inicial de equilíbrio


Curva de demanda: D

Curva de oferta: S

Ponto de equilíbrio: A

Preço de equilíbrio: p0

Quantidade de equilíbrio: q0

A descoberta de uma nova tecnologia na produção do produto X, redu-


zindo os custos de produção do mesmo, aumenta a capacidade de oferta por
parte dos produtores, que pode ser demonstrada graficamente da seguinte
forma:

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preço
S

A S1
p0
B
p1

0 q0 q1 quantidade

Nova situação de equilíbrio devido


ao deslocamento da demanda
Curva de demanda: D

Curva de oferta: S1

Ponto de equilíbrio: B

Preço de equilíbrio: p1

Quantidade de equilíbrio: q1

Conclusão: quando ocorre um aumento na capacidade de oferta dos pro-


dutores, permanecendo tudo o mais constante, a curva de oferta desloca-se
para a direita, ocasionando o surgimento de um novo ponto de equilíbrio (B),
onde teremos preço de equilíbrio menor e quantidade de equilíbrio maior,
em comparação aos anteriores.

Deve ficar claro que o reverso também é verdadeiro, ou seja, caso ocorra
uma redução na capacidade de oferta dos produtores, permanecendo tudo
o mais constante, haverá um deslocamento da curva de oferta para a esquerda,
ocorrendo um novo equilíbrio distinto do original onde teremos preço de
equilíbrio maior e quantidade de equilíbrio menor, comparativamente aos
anteriores.

Graficamente, essa situação pode ser assim descrita:

preço
S1

B S
p1
A
p0

0 q1 q0 quantidade

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O equilíbrio do mercado

Situação inicial de equilíbrio Nova situação de equilíbrio devido


ao deslocamento da demanda
Curva de demanda: D
Curva de demanda: D
Curva de oferta: S
Curva de oferta: S1
Ponto de equilíbrio: A
Ponto de equilíbrio: B
Preço de equilíbrio: p0
Preço de equilíbrio: p1
Quantidade de equilíbrio: q0
Quantidade de equilíbrio: q1

O equilíbrio de mercado
demonstrado algebricamente
Além da demonstração gráfica do equilíbrio que, como vimos, é represen-
tada pela intersecção das curvas de oferta e de demanda, dentro da concepção
de um mercado competitivo, existe também a possibilidade de demonstrar-
mos o equilíbrio de mercado algebricamente, bastando para tanto que sejam
disponibilizadas as respectivas funções oferta e demanda.

Vamos a um exemplo.

Suponha que a função demanda de um determinado bem X, em um mer-


cado competitivo, seja dada por:

Qd = 10 – 2p

Suponha, igualmente, que a função oferta desse mesmo bem, em um


mesmo mercado, seja dada por:

Qs = 4 + 1p

Onde:

Qd = quantidade demandada
Qs = quantidade ofertada
p = preço

Pede-se:

a) Calcular o preço e a quantidade de equilíbrio.

b) A um preço de R$4,00, haverá um excesso de oferta ou de demanda?


Qual o valor desse excesso?
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O equilíbrio do mercado

Resolução:

a) Preço e quantidade de equilíbrio

Qs = 4 + 1p
Qd = 10 – 2p

Conforme estudamos, uma das características fundamentais do preço de


equilíbrio é que o mesmo determina a igualdade entre quantidade ofertada
e quantidade demandada.

Em outras palavras, no preço de equilíbrio a quantidade ofertada é igual


à quantidade demandada.

Qs = Qd

Assim:

Qs = Qd
4 + 1p = 10 – 2p
1p + 2p = 10 – 4
3p = 6
p = 2

Logo: preço de equilíbrio = R$2,00

Para obtenção da quantidade de equilíbrio, basta substituirmos o preço


de equilíbrio na equação da função demanda ou da função oferta.

Assim:

Qd = 10 – 2p Qs = 4 + 1p
Qd = 10 – 2 (2) Qs = 4 + 1 (2)
Qd = 10 – 4 Qs = 4 + 2
Qd = 6 Qs = 6

Portanto:

Preço = R$2,00
Ponto de equilíbrio
Quantidade = 6

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O equilíbrio do mercado

b) Preço:
Excesso de oferta
R$4,00 ou ?
excesso de demanda

Para a resolução basta substituirmos o preço de R$4,00 nas funções de-


manda e oferta e, em seguida, compararmos as quantidades.

Logo:

Qd = 10 – 2p Qs = 4 + 1p
Qd = 10 – 2 (4) Qs = 4 + 1 (4)
Qd = 10 – 8 Qs = 4 + 4
Qd = 2 Qs = 8

Temos, portanto, que a quantidade demandada ao preço de R$4,00 é
menor do que a quantidade ofertada a esse mesmo preço, havendo por
consequência um excesso de oferta no valor de 6 unidades resultante da
subtração de Qs – Qd.

Assim:
Qs = 8 unidades
Qd = 2 unidades } Qs – Qd = 8 – 2 = 6

Nota: mesmo sem efetuar os cálculos poderíamos evidenciar que o excesso


seria o de oferta; pelo fato do preço de R$4,00 ser um preço superior ao preço
de equilíbrio.

Em outras palavras, a um maior preço os ofertantes estarão aptos e


dispostos a oferecer uma quantidade maior, enquanto que os demandantes
estarão aptos e dispostos a adquirir uma quantidade menor.

Ampliando seus conhecimentos

Aplicação: salmão rosa


(McGONNEL; BRUE, 1999)

Para reforçar os conceitos já discutidos, vamos examinar rapidamente o


mercado de salmão rosa do mundo real – um mercado no qual o preço tem
variado drasticamente.

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O equilíbrio do mercado

No início da década de 1970, os pescadores ganhavam o que seria equiva-


lente hoje a $0,60 por cada libra de salmão rosa entregue no cais. Esse preço de
equilíbrio é mostrado no gráfico, na interseção da curva de oferta S1, e da curva
de demanda D1. A quantidade de salmão rosa de equilíbrio correspondente era
Q1 libras. (O salmão rosa é o tipo mais usado para enlatar.) (Os “números” reais
não importam para a nossa análise.)

P
S1
0,60
Preço (por Libra)

S2

0,10 D1

D2
0 Q1 Q2 Q
Quantidade(Libras)
Quantidade ( Libras)

O mercado do salmão rosa. Desde os anos 1970, a oferta de salmão rosa tem aumentado e
a demanda de salmão rosa tem diminuído. Em resultado, o preço do salmão rosa declinou,
de $0,60 para $0,10 a libra. Como a oferta aumentou mais do que a demanda declinou, a
quantidade de equilíbrio de salmão rosa aumentou, de Q1 para Q2.

Entre o início de 1970 e o final de 1990, ocorreram variações na oferta e na


demanda no mercado de salmão rosa. No lado da oferta, a melhoria na tecnolo-
gia na forma de barcos de pesca maiores e mais eficientes aumentou bastante a
pesca e diminuiu o custo de obtenção do peixe. Além disso, os então altos lucros
a R$0,60 por peixe estimularam muitos novos pescadores a ingressar na indústria.
Devido a essas variações, a oferta de salmão rosa aumentou muito, e a curva de
oferta se deslocou para a direita, de S1 para S2, no gráfico visto anteriormente.

Durante o mesmo período, a demanda de salmão rosa declinou, como


mostra o deslocamento da curva de demanda de D1 para D2 no gráfico. O
declínio na demanda resultou basicamente de variações nas preferências dos
consumidores, aliadas aos aumentos na renda dos consumidores: os consumi-
dores deslocaram sua preferência de peixes enlatados para peixes frescos ou
congelados de mais alta qualidade, incluindo as espécies de salmão de mais
qualidade como Chinook e Coho.

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O equilíbrio do mercado

Essas variações na oferta e na demanda têm um efeito considerável sobre


o preço do salmão rosa, como mostra o gráfico. Em 1997, o preço de equilíbrio
tinha caído para apenas $0,10 por libra – 83% abaixo do preço dos anos 1970.
Tanto o aumento na oferta quanto a diminuição na demanda cooperaram
na redução do preço de equilíbrio. Entretanto, a quantidade de equilíbrio de
salmão rosa aumentou, como representado pelo aumento de Q1 para Q2. Essa
variação na quantidade ocorreu pelo fato de o aumento na oferta de salmão
rosa ter excedido o declínio na demanda.

Atividades de aplicação
1. São características do preço de equilíbrio:

a) provocar um excesso de demanda no mercado.

b) provocar uma escassez de oferta no mercado.

c) harmonizar os interesses conflitantes de demandantes e ofertantes


no mercado.

d) provocar um excesso de oferta no mercado.

2. Uma situação em que o preço situe-se acima do preço de equilíbrio


retrata:

a) equilíbrio.

b) excesso de oferta.

c) escassez de oferta.

d) excesso de demanda.

3. O preço de equilíbrio determina:

a) a igualdade entre quantidade demandada e quantidade ofertada.

b) a igualdade entre quantidade demandada e oferta.

c) a igualdade entre quantidade demandada e demanda.

d) a igualdade entre oferta e demanda.

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O equilíbrio do mercado

4. Supondo uma situação inicial de equilíbrio, o que ocorre ao preço e à


quantidade de equilíbrio caso ocorra um aumento da demanda per-
manecendo inalterada a oferta:

a) o preço aumenta e a quantidade diminui.

b) preço e quantidade aumentam.

c) preço e quantidade diminuem.

d) preço diminui e quantidade aumenta.

5. Se o preço de equilíbrio de um mercado qualquer for de R$10,00; a um


preço de R$8,00 haverá:

a) excesso de demanda.

b) equilíbrio, uma vez que a diferença de R$2,00 é pequena.

c) excesso de oferta.

d) escassez de demanda.

Gabarito
1. C

2. B

3. A

4. B

5. A

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O estudo da elasticidade-preço
da demanda

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ entender o que representa a elasticidade-preço da demanda, e os di-


versos tipos de demanda existentes em razão da sensibilidade que os
diversos bens possuem em relação às alterações em seus preços;

„„ desenvolver competências e habilidades que lhe permita calcular o co-


eficiente da elasticidade-preço da demanda e interpretá-la, tendo em
vista sua utilização para tomada de decisões;

„„ estabelecer as relações existentes entre os diversos tipos de demanda


e a receita total (faturamento das empresas).

Introdução
De acordo com a Lei Geral da Demanda, tratando-se de um bem normal,
e obedecendo-se à condição ceteris paribus, de que tudo o mais permaneça
constante, sabemos que elevações de preço de um determinado bem ou ser-
viço provocam diminuições na quantidade demandada desse bem ou servi-
ço e vice-versa.

Em outras palavras, existe uma relação inversa entre preço e quantidade


demandada, ou seja:

Preço Quantidade demandada

Preço Quantidade demandada

Essa situação é válida para todos os bens e/ou serviços nessas condi-
ções; porém, uma pergunta faz-se necessária: será que todos os bens e/ou
serviços respondem aos estímulos de preços com a mesma intensidade ou
sensibilidade?

Obviamente não. Uns respondem com maior intensidade, outros com


menor.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Traçando uma analogia: todos nós sentimos quando ocorre, por exemplo,
uma queda da temperatura do ambiente; porém, alguns sentem mais frio do
que outros.

Assim são os bens e/ou serviços em relação aos seus preços; uns mostram-se
extremamente sensíveis, outros nem tanto.

Nesse ponto é que surge o conceito de elasticidade de preço da demanda,


cujo objetivo é o de medir a sensibilidade que um determinado bem possui
em relação às variações em seu preço.

Em síntese: mede a sensibilidade da quantidade demandada de um bem


às mudanças em seu preço.

Assim:

Coeficiente da elasticidade - Variação percentual da quantidade demandada


=
preço da demanda variação percentual do preço

ou

Δq/q
EAB = –
Δp/p

Observações sobre o coeficiente


da elasticidade-preço da demanda
„„ No presente estudo ocupar-nos-emos em calcular a elasticidade de
preço da demanda no arco, ou seja, entre dois pontos distintos da curva
de demanda.

„„ O sinal negativo do coeficiente explica-se em razão da relação inversa


entre preço e quantidade demandada.

„„ Para efeito de análise, muito embora a razão da relação inversa entre


preço e quantidade demandada apresente coeficiente negativo, tra-
balharemos com o seu valor em módulo, qual seja, com o seu valor
absoluto, desprezando o sinal negativo.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

„„ Finalmente, com o objetivo de se obter uma média mais aceitável para


o coeficiente, dividiremos a variação de quantidade demandada pela
menor quantidade, e a variação de preço pelo menor preço.

Vamos mostrar, por meio de um instrumento gráfico e posteriormente


através de um exemplo numérico, as observações descritas acima.

Graficamente:

preços
preço

ArcoAA
Arco BB

A
p0

p

p B
1

q
D

0 q0 q1
quantidade
quantidades

Sendo que:

D: Curva de demanda
A B: Arco AB – dois pontos distintos da curva de demanda
p0 e p1: Preços
q0 e q1: Quantidades demandadas
Δp: Variação de preço p1 – p0
Δq: Variação de quantidade q1 – q0

Assim:

Δq/q
EAB = –
Δp/p

Δq = q1 – q0
q: menor quantidade; no caso q0
Δp = p1 – p0
p: menor preço; no caso p0

Nosso coeficiente da elasticidade-preço da demanda seria, então:

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

q1 – q0
q0
EAB = –
p1 – p0
p1

Isso posto, acreditamos que um exemplo numérico complementará o


entendimento a respeito de tudo o que até agora descrevemos, no que con-
cerne ao coeficiente da elasticidade-preço da demanda.

Suponha que ao preço de R$100,00 os consumidores estejam aptos e dis-


postos a adquirir 1 000 unidades de um bem qualquer, em um determinado
período de tempo.

Suponha adicionalmente que, havendo uma redução do preço desse bem


para R$90,00, os consumidores reajam adquirindo 1 200 unidades. Pede-se:
calcule a elasticidade-preço da demanda no arco formado por esses dois
pontos.

Logo, temos:

Quantidades
Pontos Preços (R$)
demandadas
A 100,00 1 000 unidades
B 90,00 1 200 unidades

Δq/q
EAB = –
Δp/p

Δq variação de quantidade 1 200 – 1 000 = 200


Δp variação de preço R$90,00 – R$100,00 = (–) R$10,00
q menor quantidade 1 000 unidades
p menor preço R$90,00

Portanto:

200 2
1 000 10 2 . –9 –18
EAB =
–10
=
–1
=
10 1
= 10
90 9
EAB = –1,8

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Como, para efeito de análise que será assunto do nosso próximo tópico,
trabalhamos com o valor em módulo, desconsiderando, portanto, o sinal,
temos:

EAB = –1,8 |EAB| = 1,8

Tipos de demanda
Até o momento desenvolvemos o caráter operacional do cálculo do
coeficiente da elasticidade-preço da demanda, aprendendo apenas as etapas
necessárias ao seu cálculo. Mas e a sua interpretação? Qual leitura devemos
fazer, por exemplo, de um coeficiente |EAB| = 1,8? O que isso significa? Como
podemos utilizá-lo para tomada de decisão?

As respostas a essas perguntas constituem o objetivo central do presente


tópico deste capítulo.

Como vimos, o coeficiente da elasticidade-preço da demanda é um


número que surge da divisão da variação percentual da quantidade deman-
dada dividida pela variação percentual do preço, e que pode assumir, em
módulo (valor absoluto), valores que variam de zero até o infinito.

Essa variabilidade do coeficiente da elasticidade-preço da demanda nos


permite categorizar a demanda em três tipos e em dois casos extremos,
permitindo-nos, a partir de então, interpretar o seu valor.

Assim, dependendo do valor assumido pelo coeficiente da elasticida-


de-preço da demanda, podemos ter:

„„ demanda elástica;

„„ demanda inelástica;

„„ demanda de elasticidade unitária.

Demanda elástica
A demanda por um determinado bem ou serviço será considerada elástica
quando o coeficiente da elasticidade-preço assumir, em módulo, valor maior
do que 1, considerando: |EAB|> 1.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Em outras palavras, significa que a variação percentual da quantidade


demandada é maior do que a variação do preço.

Representa que, se variarmos, por exemplo, em 10% o preço do bem ou


do serviço, a sua quantidade demandada variará em um percentual superior
a 10%.

Significa, portanto, que são bens e/ou serviços sensíveis às variações de


preços, que possuem muitos substitutos no mercado e grande peso no or-
çamento dos consumidores.

Demanda inelástica
A demanda por um determinado bem ou serviço será considerada inelás-
tica quando o coeficiente da elasticidade-preço assumir, em módulo, valor
menor do que 1; ou seja: |EAB|< 1.

Em outras palavras, significa que a variação percentual da quantidade de-


mandada é menor do que a variação percentual do preço.

Representa que, se variarmos, por exemplo, em 10% o preço do bem ou


do serviço, a sua quantidade demandada variará em um percentual inferior
a 10%.

Significa, portanto, que são bens e/ou serviços pouco sensíveis às varia-
ções de preço, que não devem possuir muitos substitutos no mercado; deve
ter peso relativamente pequeno no orçamento do consumidor ou ainda deve
tratar-se de bens essenciais, de difícil substituição.

Demanda de elasticidade unitária


A demanda por um determinado bem ou serviço será considerada de
elasticidade unitária quando o coeficiente da elasticidade-preço assumir, em
módulo, valor igual a 1, ou seja: |EAB|= 1.

Em outras palavras, significa que a variação percentual da quantidade de-


mandada é igual à variação percentual do preço.

Representa que, se variarmos, por exemplo, em 10% o preço do bem ou


do serviço, a sua quantidade demandada variará no mesmo percentual, ou
seja, 10%.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Todos os bens, em um horizonte de tempo, assumem essa elasticida-


de, que é o marco entre a elasticidade e a inelasticidade de um bem e/ou
serviço.

Os casos extremos
Além dos três tipos de demanda descritos no tópico anterior, e em razão
de o coeficiente da elasticidade-preço da demanda variar de zero até o in-
finito (levando-se em consideração o seu valor em módulo), temos ainda a
considerar dois tipos extremos de demanda; quais sejam:

„„ demanda totalmente inelástica;

„„ demanda infinitamente elástica.

Demanda totalmente inelástica


É o caso em que o coeficiente da elasticidade-preço da demanda é igual
a zero, ou seja: EAB = 0.

É uma situação em que, qualquer que seja a variação do preço, a quanti-


dade demandada permanece constante.

Isso ocorre quando o consumidor tem dificuldade de encontrar substitutos


no mercado. Exemplo clássico é o sal.

Graficamente:

Gráfico 1 – Curva de demanda totalmente inelástica


Preço
preços
preço

EEAB
AB
==00

0 q0
quantidades
quantidade
Quantidades

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Demanda infinitamente elástica


É o caso em que o coeficiente da elasticidade-preço da demanda é igual a
infinito, ou seja: EAB = ∞.

É uma situação em que a variação da quantidade demandada tende ao


infinito sem que ocorra variação do preço.

É o tipo de demanda com a qual se defrontam as empresas que atuam em


mercados competitivos nos quais o preço é estabelecido pelo mercado, por
meio das forças de oferta e da demanda, não cabendo às empresas senão
acatarem e venderem o total de suas produções a esse preço.

Graficamente:

Gráfico 2 – Curva de demanda infinitamente elástica


preço
Preços
preços

EEABAB
EAB== ∞
=0
p0
D

0 quantidades
quantidade
Quantidades

A elasticidade-preço da demanda e a receita total


Esse tópico é dedicado ao desenvolvimento das possíveis relações exis-
tentes entre elasticidade-preço da demanda e a receita total.

Elasticidade-preço da demanda diz respeito à sensibilidade da quantidade


demandada de um determinado bem ou serviço às variações de seu preço.
Já a receita total diz respeito ao montante total que o vendedor recebe pela
venda de um bem ou de um serviço. Ela é obtida multiplicando-se o preço
do bem ou do serviço, que chamaremos de (p), pela quantidade demandada
e vendida, que chamaremos de (q).

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Assim:

RT = p . q

Receita total preço quantidade demandada e vendida

Nossa tarefa, a partir desse ponto, é demonstrar o que acontece com a


receita total quando o preço do bem ou do serviço varia. Será que o tipo de
demanda elástica, inelástica ou de elasticidade unitária influencia nesse rela-
cionamento? É o que iremos verificar.

Demanda elástica X receita total


|EAB|> 1 – variação percentual da quantidade demandada é maior do que
a variação percentual do preço.

Vamos a um exemplo numérico, a fim de que possamos evidenciar a forma


pela qual uma demanda elástica relaciona-se com a receita total.

Suponha dois pontos, A e B, de uma curva de demanda, formando um


arco A B, conforme dados abaixo.

Quantidades
Pontos Preços (R$)
demandadas
A 100,00 70
B 110,00 50

Vamos calcular o coeficiente da elasticidade-preço da demanda no arco


A B, a fim de que possamos identificar se realmente a demanda, nesse
arco, é elástica.

Assim:

Δq/q
EAB = –
Δp/p

20
50 20 . 10 2000
EAB = – = – = – = –4
10 50 100 500
100
|EAB| = 4 > 1 portanto, a demanda é elástica

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Agora vamos calcular a receita total nos pontos A e B:

RT = p . q

Logo:

RTA = 100,00 . 70 = 7.000,00


RTB = 110,00 . 50 = 5.500,00

Como podemos verificar, a receita total no ponto A é maior do que a


receita total no ponto B. Mais ainda, o ponto A é o ponto com o menor preço
comparativamente ao ponto B, o que denota uma relação inversa entre
demanda elástica e receita total.

Em outras palavras, frente a uma demanda elástica, a redução de preços leva a


um aumento da receita total. Contrariamente, um aumento de preços nos condu-
zirá a uma redução de receita total.

Isso ocorre em razão de que os bens que possuem uma demanda elástica
são bens sensíveis às variações de preços, possuindo muitos substitutos no
mercado; logo, pequenas modificações no preço, para cima ou para baixo,
provocarão alterações para baixo ou para cima, nas quantidades demandadas,
em valores percentualmente superiores aos ocorridos nos preços.

Em resumo: o que se perde reduzindo preço é mais do que percentual-


mente compensado pelo que se ganha em quantidade vendida, ocasionando
um aumento na receita total.

Portanto, para uma demanda elástica:

Aumentar preço Redução da receita total


Reduzir preço Aumento da receita total

Demanda inelástica X receita total


|EAB|< 1 – variação percentual da quantidade demandada é menor do que
a variação percentual do preço.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Vamos a um exemplo numérico, a fim de que possamos evidenciar a forma


pela qual uma demanda inelástica relaciona-se com a receita total.

Suponha dois pontos, A e B, de uma curva de demanda, formando o arco


A B, conforme dados abaixo:

Quantidades
Pontos Preços (R$)
demandadas
A 50,00 110
B 100,00 100

Vamos calcular o coeficiente da elasticidade-preço da demanda no arco


A B, a fim de que possamos identificar se realmente a demanda, nesse
arco, é inelástica.

Assim:

Δq/q
EAB = –
Δp/p

10
100 10 . 50 500
EAB = – = – = – = – 0,10
50 100 50 5 000
50
|EAB| = 0,10 < 1 portanto, a demanda é inelástica

Agora, vamos calcular a receita total nos pontos A e B:

RT = p . q

Logo:

RTA = 50,00 . 110 = 5.500,00


RTB = 100,00 . 100 = 10.000,00

Como podemos verificar, a receita total no ponto B é maior do que a recei-


ta total no ponto A. Mais ainda, o ponto B é o ponto com maior preço com-
parativamente ao ponto A, o que denota uma relação direta entre demanda
inelástica e receita total.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Em outras palavras, frente a uma demanda inelástica, o aumento do preço


leva a um aumento da receita total. Contrariamente, uma redução de preço leva
a uma redução de receita total.

Isso ocorre em razão de que os bens que possuem uma demanda ine-
lástica não são muito sensíveis às variações de preço; não possuindo muitos
substitutos no mercado, nem grande peso no orçamento dos consumidores,
são bens essenciais; logo, modificações no preço, para cima ou para baixo,
provocarão alterações para baixo ou para cima, nas quantidades demanda-
das em valores percentualmente inferiores aos ocorridos no preço.

Em resumo: o que se perde em quantidade vendida é mais do que percen-


tualmente compensado pelo que se ganha pelo aumento do preço, ocasio-
nando um aumento na receita total.

Portanto, para uma demanda inelástica:

Aumentar preço Aumento da receita total


Reduzir preço Redução da receita total

Demanda de elasticidade unitária X receita total


|EAB|= 1 – variação percentual da quantidade demandada é igual à variação
percentual do preço.

Vamos a um exemplo numérico, a fim de que possamos evidenciar a


forma pela qual uma demanda de elasticidade unitária relaciona-se com a
receita total.

Suponha dois pontos, A e B, de uma curva de demanda, formando o arco


A B, conforme dados abaixo:

Quantidades
Pontos Preços (R$)
demandadas
A 10,00 100
B 20,00 50

82 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Vamos calcular o coeficiente da elasticidade-preço da demanda no arco


A B, a fim de que possamos identificar se realmente a demanda, nesse
arco, é de elasticidade unitária.

Δq/q
EAB = –
Δp/p

50
50 1
EAB = – = – = 1
–10 –1
10
|EAB| = 1 portanto, demanda de elasticidade unitária

Agora, vamos calcular a receita total nos pontos A e B:

RT = p . q

Logo:

RTA = 10,00 . 100 = 1.000,00


RTB = 20,00 . 50 = 1.000,00

Como podemos verificar, a receita total no ponto A e no ponto B é a


mesma; sendo, portanto, indiferente aumentar ou reduzir o preço uma vez
que o que se ganha ou perde, na redução ou aumento do preço, é o mesmo
que se perde ou ganha na quantidade demandada, fazendo com que a recei-
ta total permaneça constante.

Portanto, para uma demanda de elasticidade unitária:

Aumentar preço
Reduzir preço } Receita total constante

Para finalizar, vamos montar um quadro-resumo a respeito da relação


existente entre os diversos tipos de demanda e a receita total.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

Quadro 1 – Tipo de demanda X receita total

Tipo de demanda Preço Receita total


Aumenta Diminui
Elástica
Diminui Aumenta
Aumenta Aumenta
Inelástica
Diminui Diminui
Aumenta Constante
Elasticidade unitária
Diminui Constante

Ampliando seus conhecimentos

Aplicações da elasticidade-preço da demanda


(McCONNEL; BRUE, 1999)

O conceito de elasticidade-preço da demanda tem um significado muito


prático, como veremos nos exemplos seguintes.

„„ Supersafras: a demanda pela maior parte dos produtos agrícolas


é muito inelástica; Ed é talvez 0,2 ou 0,25. Consequentemente, os
aumentos na produção agrícola resultantes de uma boa temporada
de safra ou de um aumento de produtividade tendem a reduzir
os preços dos produtos agrícolas e as receitas totais (rendas) dos
fazendeiros. Para os fazendeiros como um todo, a natureza inelás-
tica da demanda por seus produtos significa que uma supersafra
pode ser indesejável. Para os formuladores de política econômica,
isso significa que um aumento na renda agrícola total exige que a
produção agrícola seja restringida.

„„ Automação: o impacto do progresso tecnológico sobre o empre-


go depende em parte da elasticidade da demanda pelo produto
ou serviço envolvido. Suponha que uma firma instale uma nova
maquinaria poupadora de mão de obra que substitui 500 traba-
lhadores, que desse modo são demitidos. Considere que parte da
redução de custo ocasionada pelo progresso tecnológico seja re-
passada para os consumidores na forma de preços menores dos
produtos. O efeito da redução do preço sobre as vendas das firmas

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

dependerá da elasticidade-preço da demanda por esse produto.


Se a demanda for elástica, as vendas podem aumentar tanto que
alguns ou todos os 500 trabalhadores demitidos sejam recontrata-
dos. Se a demanda for inelástica, a redução do preço resultará num
pequeno aumento nas vendas, de forma que poucos ou nenhum
dos trabalhadores demitidos será recontratado.

Atividades de aplicação
1. O coeficiente da elasticidade-preço da demanda:

a) será um número constante para todo e qualquer bem e/ou serviço.

b) será sempre um número positivo, uma vez que preço e quantidade


demandada variam no mesmo sentido.

c) será determinado pela divisão da variação percentual do preço


pela variação percentual da quantidade.

d) mede a sensibilidade que um determinado bem ou serviço possui


em função de alterações em seu preço.

2. Se ao calcular o coeficiente da elasticidade-preço da demanda de um


bem encontrarmos o resultado de |EAB| = 2,0, podemos afirmar tratar-se
de um bem que:

a) possui uma demanda elástica.

b) possui uma demanda inelástica.

c) possui uma demanda de elasticidade unitária.

d) possui uma demanda totalmente inelástica.

3. Bens e/ou serviços pouco sensíveis a variações de preço, que não pos-
suam muitos substitutos no mercado, são características inerentes aos
bens que possuem uma demanda:

a) de elasticidade unitária

b) elástica.

c) infinitamente elástica.

d) inelástica.

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

4. Sr. José é empresário e produz um bem cuja demanda mostra-se elástica.


Ele quer aumentar o faturamento de sua empresa. Então, ele deve:

a) diminuir o preço de seu produto.

b) manter o preço de seu produto.

c) aumentar o preço de seu produto.

d) parar a produção desse bem e trocá-lo por outro que possibilite


reduzir o faturamento sem precisar aumentar a produção.

5. Caso um aumento no preço de um bem em 15% provocar uma redu-


ção de 30% na quantidade demandada desse bem, podemos afirmar
que a demanda desse bem é:

a) infinitamente elástica.

b) inelástica.

c) de elasticidade unitária.

d) elástica.

Gabarito
1. D

2. A

3. D

4. A

5. D

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O estudo da elasticidade-preço da demanda

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A produção

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ entender o processo de produção e o papel central da firma nesse


processo;

„„ identificar e compreender todos os elementos-chave do processo de


produção;

„„ desenvolver habilidades necessárias para tomar decisões em relação


à contratação de fatores de produção adicionais, quando a empresa
opera no curto prazo.

Introdução
A produção é o primeiro fenômeno da vida econômica. É por meio da
produção de bens e/ou serviços que uma sociedade busca dar atendimento
às necessidades humanas, gerando uma gama de bens e/ou serviços que os
ofertantes colocam no mercado.

Nossa tarefa, no presente capítulo, é a de demonstrar como se processa


esse fenômeno em uma economia de mercado.

Trataremos, portanto, de estudar uma parte da Teoria da Firma que abrange


a Teoria da Produção e a Teoria dos Custos.

Assim:

Teoria da Produção
Teoria da Firma +
Teoria dos Custos

O que é produção?
Produção é um processo segundo o qual uma firma, valendo-se dos
recursos de produção, produz bens e/ou serviços que serão colocados à
venda no mercado.

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A produção

Logo, a firma, unidade básica de produção, é uma intermediária nesse pro-


cesso, qual seja, adquire recursos de produção, utiliza-os, combina-os segundo
um processo dando origem à produção de bens e/ou serviços que são ofere-
cidos no mercado.

Assim:
Firma

Insumos Processo de Bens e/ou


Produção serviços

Fatores de Produção Exsumos


INPUTS OUTPUTS

Nesse ponto vale a pena, antes de prosseguirmos no estudo do fenôme-


no da produção, conceituarmos alguns itens importantes.

Vamos a eles:

„„ Produção – fenômeno segundo o qual a firma valendo-se dos insu-


mos, inputs, fatores de produção, produz bens e/ou serviços, exsumos,
outputs que serão colocados no mercado.

„„ Firma – unidade básica da produção. Usa fatores de produção: insu-


mos e bens semielaborados, e produz bens e/ou serviços.

Dependendo da função e de sua atuação no mercado, poderá estar contida


em um ou mais setores da Economia, ou seja:

„„ setor primário;

„„ setor secundário;

„„ setor terciário.

Setor primário
Considera as empresas (firmas) cujas atividades se desenvolvem junto
à base dos recursos naturais. Exemplos: agricultura, extrativismo mineral e
vegetal etc.

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A produção

Setor secundário
Considera as atividades industriais segundo as quais os bens são transfor-
mados. Exemplo: indústrias de transformação.

Setor terciário
Considera as atividades relacionadas à produção de serviços. Exemplos:
transportes, saúde, comércio etc.

Muito embora tenhamos feito essa divisão, deve ficar claro que dependen-
do da atuação da firma no mercado poderá a mesma atuar em dois ou mais
setores da economia. Exemplo: uma padaria que fabrica o pão (indústria de
transformação – setor secundário) e o comercializa (serviço – setor terciário).

„„ Insumos (inputs) – são elementos necessários à produção.

Dentre os mesmos destacam-se os fatores de produção que admitem a


seguinte classificação:

„„ fator Trabalho Humano (TH);

„„ fator Recursos Naturais (RN);

„„ fator Capital Produtivo (Kp);

„„ fator Tecnologia (TEC).

Fator Trabalho Humano (TH)


É a mão de obra. Composto pelos homens que organizam e conduzem a
produção.

Tem sua origem na população, destacando-se nessa a parcela da popula-


ção apta ao trabalho (em idade de trabalhar e em condições físicas e mentais
para tanto), que esteja voltada ao mercado de trabalho.

Com isso, chegamos ao importante conceito de População Economica-


mente Ativa, representada pela mão de obra disponível no sistema econômi-
co (oferta do fator Trabalho Humano).

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A produção

Assim:

é a oferta do fator Trabalho Humano


População
economicamente é a mão de obra disponível
ativa
é a parcela da população efetivamente voltada
ao mercado de trabalho

Fator Recursos Naturais (RN)


Todo elemento da natureza que o homem incorpora ao processo de pro-
dução do sistema econômico.

Em outras palavras trata-se dos elementos da natureza que podem ter


utilização econômica, que podem, enfim, ser utilizados na produção de bens
e/ou serviços. Exemplos: solos agriculturáveis, jazidas minerais etc.

Cumpre salientar que conceitualmente devemos distinguir natureza de


recursos naturais, uma vez que natureza, conceitualmente considerada, cor-
responde a toda fauna e toda a flora existente, sendo, portanto, algo estático
e constante.

Quando nos referimos aos recursos naturais, pressupõe-se a ação do


homem sobre a natureza, ou seja, algo dinâmico e variável que será tão mais
mutável quanto maiores e melhores forem os estoques de capital do sistema
econômico e o seu estágio de evolução tecnológica.

Em suma:

fornece...
Recursos
Natureza
naturais
dependem

Dinâmicos Variáveis
e

Estática e Constante

estoque de capital

evolução tecnológica

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A produção

Fator Capital Produtivo (Kp)


Representado pelas máquinas, equipamentos, ferramentas, instalações etc.

Em outras palavras, é representado por um conjunto de bens cuja finali-


dade é produzir outros bens ou serviços, tornando mais produtivo e eficiente
o Trabalho Humano.

Cabe salientar que o fator Capital Produtivo torna o Trabalho Humano


mais produtivo, pois dota o trabalhador de uma força adicional (a força da
máquina, do equipamento, da ferramenta, por exemplo) e também facilita e
conduz à especialização e à divisão do trabalho.

Fator Tecnologia (TEC)


Trata-se de um fator de produção imaterial que corresponde ao “saber fazer”,
ou seja, a forma pela qual serão combinados os demais fatores de produção.

Visto dessa maneira, podemos afirmar que o fator Tecnologia ou Técnica


estará presente em todo e qualquer sistema econômico independentemente
de seu grau de evolução.

„„ Bens e/ou serviços (outputs, exsumos) – são o resultado da produção.


Em uma primeira aproximação podemos classificá-los como:

„„ bens intermediários;

„„ bens finais.

Bens intermediários
São os que ainda não estão prontos. Precisam sofrer novas transforma-
ções e/ou adaptações antes de serem considerados bens finais.

Em outras palavras, são os bens que ainda precisam retornar ao fluxo de


produção a fim de receberem as transformações necessárias. Exemplo: fari-
nha de trigo para o pão. Sai do moinho e entra na padaria para ser transfor-
mado em pão. Por essa razão, classificam-se também como insumos, ou seja,
elementos necessários à produção.

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A produção

Bens finais
São os que já passaram por todas as transformações necessárias estando,
pois, prontos para serem utilizados pela coletividade do sistema econômico.
Exemplo: automóvel, vestuário etc.

Os bens finais admitem ainda uma subdivisão:

„„ bens de consumo – são os bens que visam atender diretamente uma ne-
cessidade humana. Exemplos: alimentos, automóveis, transportes etc.

„„ bens de capital – são os bens que têm por objetivo produzirem ou-
tros bens e/ou serviços, aumentando a produtividade do fator Traba-
lho Humano. São também considerados bens de produção. Exemplos:
máquinas industriais, equipamentos etc.

Uma vez compreendidos os elementos-chave do processo de produção,


firma – insumos – bens e/ou serviços, vamos estudar a função de produção.

Para tanto, faz-se necessário a colocação de algumas premissas básicas,


quais sejam:

„„ trabalharemos em uma estrutura de mercado competitivo, onde teremos


firmas de pequeno porte e concorrentes entre si;

„„ a firma nessa estrutura de mercado irá atuar de forma racional e inteli-


gente e buscará maximizar o seu lucro no curto prazo.

Antes de prosseguirmos é importante explicar o que devemos entender


por curto prazo.

O curto prazo, em Economia, é representado por um período de tempo


indeterminado no qual pelo menos um dos fatores de produção perma-
nece fixo.

Em nosso estudo, trabalharemos no curto prazo supondo que todos os fa-


tores de produção permaneçam fixos, exceto o fator trabalho humano, de tal
maneira que todos os incrementos (aumentos) sofridos pela produção, dar-
-se-ão devido ao aumento na utilização do fator Trabalho Humano (número
de trabalhadores).

Dessa forma, é possível simplificarmos a nossa função de produção da


seguinte forma:

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A produção

1. Sabemos que a produção depende dos fatores de produção: trabalho


humano, recursos naturais, capital produtivo e tecnologia, e em sua notação
completa pode ser representada conforme a seguir:
Função
depende

Produção

P = f (TH, RN, kp, TEC)

Trabalho
Tecnologia
Humano
Recursos Capital
Naturais Produtivo

2. No curto prazo, admitindo-se que somente o fator Trabalho humano


irá variar, permanecendo todos os demais fixos, a função produção passa a
ser representada conforme abaixo:

Produção

P = f (TH)

Função Trabalho
(depende) Humano

Isso posto, levando-se em consideração que escolhemos o curto prazo


como período de análise, podemos chegar a três importantes conceitos ligados
à produção. São eles:

„„ Produção Total;

„„ Produção Marginal;

„„ Produção Média.

Produção Total
É o máximo que uma firma consegue produzir, em um dado período de
tempo, dados o seu tamanho e a combinação de seus fatores.

Como afirmamos anteriormente, as variações ocorridas no âmbito da pro-


dução total processar-se-ão por meio de variações no fator Trabalho Humano,

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A produção

já que, ao trabalharmos no curto prazo, fizemos a suposição de que todos os


demais fatores de produção permanecem fixos nesse período de tempo.

Assim:

PT = q

onde:
PT = Produção Total
q = quantidade máxima produzida

Produção Marginal
Antes de conceituarmos Produção Marginal, faz-se necessário entendermos
o significado da expressão marginal.

Marginal, em Economia, significa incremento; acréscimo. Logo, ao con-


ceituarmos Produção Marginal, estaremos, inexoravelmente, estudando o
comportamento da Produção Total, relacionado aos acréscimos sofridos na
mesma, em razão da utilização de trabalhadores adicionais no processo de
produção.

Assim, Produção Marginal é o incremento (acréscimo) na produção total


devido à adição de uma unidade a mais do fator de produção variável.

No curto prazo, é o incremento (aumento) da Produção Total devido à


utilização de um trabalhador a mais no processo de produção.

Assim:

Pmg = Acréscimo na Produção Total (ΔPT)

onde:
Pmg = Produção Marginal
Δ = Acréscimo/incremento
PT = Produção Total

Produção Média
Tem por objetivo verificar qual é a contribuição média de cada unidade do
fator de produção variável para com a Produção Total.

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A produção

No curto prazo, a Produção Média é igual à Produção Total dividida pelo


número de trabalhadores.

Assim:

PMe = PT
NT

onde:
PMe = Produção Média
PT = Produção Total
NT = Número de Trabalhadores

Em suma: a Produção Total é o máximo que uma firma consegue produzir


em um dado período de tempo.

A Produção Marginal é o acréscimo ocorrido na produção total devido à


utilização de um trabalhador a mais no processo de produção.

A Produção Média é igual à produção total dividida pelo número de


trabalhadores.

Isso posto, acreditamos ser possível, por meio de um exemplo numérico,


aplicar os conhecimentos até então adquiridos, fazermos demonstrações
gráficas dos perfis da Produção Total, Produção Marginal e Produção Média,
bem como analisarmos os comportamentos das mesmas no curto prazo.
Vamos a ele.

Suponha que o Sr. José da Silva seja proprietário de uma pequena fábrica
de sapatos, cuja produção diária máxima possível, em razão de seu tamanho
e do uso alternativo de diferentes quantidades de trabalhadores, seja a de-
monstrada na tabela a seguir:

Número de trabalhadores Produção Total

0 0

1 10

2 48

3 60

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A produção

Número de trabalhadores Produção Total

4 68

5 75

6 78

Essa tabela pode também ser demonstrada graficamente, bastando que


transportemos para um plano cartesiano os pares ordenados formados pelo
número de trabalhadores e pela produção total.

Assim:

Gráfico 1 – Produção Total

Produção
Produção Total
Total Produção
Total
78
75
68
60

48
40

30

20

10

0 1 2 3 4 5 6 números de
trabalhadores

Valendo-se do mesmo raciocínio, e do que até agora estudamos, pode-


mos também obter e traçar os perfis da Produção Marginal e da Produção
Média.

Vamos iniciar com a Produção Marginal, que como sabemos é obtida por
meio da análise do crescimento da Produção Total em razão da utilização de
uma unidade a mais do fator de produção variável.

Como no nosso exemplo o único fator de produção variável é o número


de trabalhadores, já que estamos operando no curto prazo, basta que veri-
fiquemos o quanto cresce a produção total quando passamos de um nível a
outro de produção.

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A produção

Assim:

Número de Produção Total Produção


trabalhadores (pares/dia) Marginal
0 0 0

1 10
} 10

2 48
} 38

3 60
} 12

4 68
} 8

5 75
} 7

6 78
} 3

Calculando:

1. Para zero trabalhadores, a Produção Total é zero, assim como a Produção


Marginal.

2. Quando adicionamos 1 trabalhador, a Produção Total é de 10 pares de


sapatos/dia, ou seja, a Produção Total cresce de zero pares de sapatos
para 10 pares, sendo essa a Produção Marginal.

3. Quando adicionamos mais 1 trabalhador, a Produção Total cresce de


10 pares/dia para 48 pares/dia, ou seja, ocorre um acréscimo de 38 pa-
res de sapatos/dia, sendo essa a Produção Marginal resultante da utili-
zação do 2.º trabalhador.

4. Quando adicionamos mais 1 trabalhador, a Produção Total cresce


de 48 pares/dia para 60 pares/dia, ou seja, ocorre um acréscimo de
12 pares de sapatos/dia, sendo essa a Produção Marginal resultante
da utilização do 3.º trabalhador e assim sucessivamente até chegar-
mos ao 6.º trabalhador.

De forma análoga à Produção Total, transportando os dados da tabela


representados pelo número de trabalhadores utilizado e pela Produção
Marginal correspondente para um plano cartesiano, conseguiremos traçar o
perfil da Produção Marginal.

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A produção

Assim:

Gráfico 2 – Produção Marginal


Produção
Marginal
40
38

30 Produção
Produção
Marginal
Marginal

20

12
10
8
7

0 1 2 3 4 5 6 número de
trabalhadores

Para finalizar vamos, da mesma forma, obter a Produção Média.

Como vimos anteriormente, quando examinamos o comportamento no


curto prazo, para obtermos a Produção Média basta que efetuemos a divisão
da produção total pelo número de trabalhadores que são utilizados em cada
nível de produção.

Assim:

Número de Produção Total Produção


trabalhadores (pares/dia) Média
0 0 0

1 10 10

2 48 24

3 60 20

4 68 17

5 75 15

6 78 13

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A produção

Calculando:

1. Para zero trabalhadores, Produção Total igual a zero pares de sapatos.

2. Para 1 trabalhador, Produção Total igual a 10 pares de sapatos. A Produ-


ção Média, no caso, será também de 10 pares de sapatos, equivalente à
produção total de 10 pares dividida pelo número de trabalhadores, no
caso, 1.

3. Para 2 trabalhadores, produção total igual a 48 pares de sapatos.


A Produção Média, no caso, será 24 pares de sapatos, equivalente
à produção total de 48 pares de sapatos dividida pelo número de
trabalhadores, no caso, 2. Isso quer dizer que em média cada traba-
lhador produz 24 pares de sapatos/dia, e assim sucessivamente até
chegarmos ao 6.º trabalhador.

De forma análoga à Produção Total e à Produção Marginal, transportando


os dados da tabela representados pelo número de trabalhadores utilizado e
pela Produção Média correspondente para um plano cartesiano, conseguiremos
traçar o perfil da Produção Média.

Assim:

Gráfico 3 – Produção Média

Produção
Média

30

24
produção
Produção
20 Média
média
17
15
13
10

0 1 2 3 4 5 6 número de
trabalhadores

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A produção

Análise do comportamento
da Produção Marginal e da Produção Média:
Lei dos Rendimentos Decrescentes
Ao analisarmos o exemplo descrito pela fábrica do Sr. José da Silva, veri-
ficamos que tanto a Produção Marginal quanto a Produção Média primeira-
mente crescem e depois decrescem.

Explicitamente, quando o número de trabalhadores sobe de 1 para 2, a


produção de pares de sapatos sobe de 10 para 48, de modo que a Produção
Marginal do 2.º trabalhador é de 38 pares de sapatos. Da mesma forma a Pro-
dução Média cresce de 10 para 24 pares de sapatos.

Quando o número de trabalhadores sobe de 2 para 3, a produção de sapatos


aumenta de 48 pares para 60 pares de sapatos, de modo que a Produção
Marginal do 3.º trabalhador é de 12 pares de sapatos. Da mesma forma, a
Produção Média, quando da inclusão do 3.º trabalhador, cai para 20 pares de
sapatos; e assim sucessivamente até o 6.º trabalhador.

Essa constatação ilustra um importante conceito econômico, característico


do curto prazo, qual seja a Lei dos Rendimentos Decrescentes, cujo enunciado
pode assim ser descrito:

Quando adicionamos unidades sucessivas de um determinado fator


(no nosso exemplo, número de trabalhadores) às quantidades fixas de outros
fatores, a Produtividade Média do fator de produção variável primeiramente
cresce e depois decresce.

Cabe lembrar que a Produtividade (Produção) Média cresce enquanto


estiver ocorrendo especialização do fator de produção variável, e decresce
quando começa a ocorrer saturação desse fator.

Em linhas gerais, quando existem poucos trabalhadores sendo utilizados,


os mesmos têm fácil acesso aos equipamentos e ferramentas, podendo até
dividir tarefas a fim de se tornarem mais produtivos.

Quando aumentamos sistematicamente o número de trabalhadores,


os mesmos passam a ter que compartilhar dos mesmos equipamentos,

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A produção

máquinas, ferramentas e espaço físico, ocorrendo a possibilidade de


superlotação desse espaço, e com ela a situação de que cada trabalhador
adicional passa a contribuir menos para a produção total. É a situação da
Produção Marginal Decrescente.

Renda marginal e custo marginal


Finalizando, precisamos saber como deve proceder a firma para deci-
dir sobre a contratação ou não de uma unidade adicional de um fator de
produção.

Como vimos, no início deste capítulo, a firma atua de forma racional e in-
teligente, buscando maximizar seu lucro no curto prazo. Portanto, ao decidir
pela contratação ou não de uma unidade a mais de um fator de produção (no
nosso caso, número de trabalhadores com o qual deve operar), levam-se em
consideração dois parâmetros básicos:

„„ Qual é o preço do fator?

„„ Qual é o rendimento que esse fator proporcionará à firma?

Logo, o emprego e a contratação de uma unidade adicional de um fator


de produção ocorrerão quando a renda esperada pelo uso desse fator for
maior do que o custo desse fator; em outras palavras, quando o acréscimo à
renda total superar o acréscimo ao custo total.

Tecnicamente, a contratação de uma unidade adicional do fator de pro-


dução deve ocorrer quando a renda marginal for maior do que o custo
marginal:

Cabe-nos conceituar o que se deve entender por renda marginal e custo


marginal.

„„ Renda marginal (Rmg) – é o acréscimo à renda total devido à contra-


tação de uma unidade a mais do fator de produção variável.

„„ Custo marginal (Cmg) – é o acréscimo ao custo total devido à contra-


tação de uma unidade a mais do fator de produção variável.

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A produção

Assim:

Rmg > Cmg

Renda Custo
marginal marginal

Vale a pena para a


firma contratar uma
unidade adicional
de produção

Ampliando seus conhecimentos


Restaurantes quase vazios e minigolfe na baixa estação
(MANKIW, 2005)

Você alguma vez já entrou em um restaurante para almoçar e viu que


estava praticamente vazio? Talvez tenha se perguntado por que o estabele-
cimento se dava ao trabalho de ficar aberto, uma vez que a receita propor-
cionada pelos poucos clientes não tinha nenhuma possibilidade de cobrir os
custos de operação do restaurante.

Ao tomar a decisão de abrir ou não para o almoço, o proprietário de um


restaurante precisa ter em mente a distinção entre custos fixos e custos
variáveis. Muitos dos custos de um restaurante – aluguel, equipamento de co-
zinha, mesas, louças, talheres etc. – são fixos. Fechar durante o almoço não
reduziria esses custos. Em outras palavras, são custos irrecuperáveis no curto
prazo. Quando o proprietário está decidindo se deve ou não servir o almoço,
somente os custos variáveis – o preço dos alimentos adicionais e os salários
dos funcionários extras – são relevantes. O proprietário da casa só fechará para
o almoço se a receita proporcionada pelos poucos clientes não for suficiente
para cobrir os custos variáveis do restaurante.

O operador de um campo de minigolfe numa estância de verão enfrenta


uma decisão semelhante. Como a receita varia substancialmente de estação
para estação, a empresa precisa decidir quando vai ficar aberta e quando vai
ficar fechada. Novamente, os custos fixos – custos de comprar o terreno e cons-
truir o empreendimento – são irrelevantes. O campo de minigolfe só deve ficar
aberto nos períodos do ano em que as receitas excedem os custos variáveis.

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A produção

Atividades de aplicação
1. Assinale a alternativa correta:

a) exsumos são os elementos necessários à produção.

b) o setor primário é o responsável pelas atividades industriais.

c) o fator Trabalho Humano é composto pelo total da população


do país.

d) insumos são os elementos necessários à produção.

2. Por curto prazo, em Economia, devemos entender:

a) um período de tempo inferior a 30 dias.

b) um período indeterminado de tempo no qual, pelo menos, um dos


fatores de produção permanece fixo.

c) um período de tempo superior a 180 dias.

d) um período de tempo que não deve ultrapassar a 7 dias.

3. Relativamente à Produção Marginal:

a) é a produção do mercado informal.

b) é determinada por meio da divisão da Produção Total pelo número


de trabalhadores.

c) tem o mesmo significado que Produção Total.

d) é o acréscimo ocorrido na Produção Total devido à utilização de


uma unidade adicional do fator de produção variável.

4. Uma firma qualquer, ao decidir-se pela contratação ou não de uma


unidade a mais de um fator de produção, deve levar em consideração:

a) o preço e o rendimento esperado desse fator.

b) a produção média e a produção total.

c) somente o rendimento esperado pelo uso desse fator.

d) somente o preço do fator.

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A produção

Gabarito
1. D

2. B

3. D

4. A

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A produção

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Os custos da produção

Após estudar este capítulo você deverá estar apto(a) a:

„„ entender a composição dos custos de produção e o seu comporta-


mento perante a produção;

„„ desenvolver competências e habilidades necessárias para gerir custos,


visando a sua racionalização;

„„ compreender a forma pela qual a firma se comporta no curto prazo,


visando à obtenção do máximo lucro;

„„ entender as correlações existentes entre a produção e os custos da


produção.

Introdução
As empresas (firmas), ao produzirem bens e/ou serviços, incorrem em
custos, uma vez que são obrigadas a contratar fatores de produção e insumos
para tanto.

O objetivo deste capítulo é o de analisar o comportamento desses custos


ao longo do processo de produção.

Essa análise torna-se fundamental na exata proporção em que admiti-


mos a firma como uma unidade básica de produção que atua no mercado
de forma racional e inteligente, buscando maximizar o seu lucro no curto
prazo. Por sua vez, a maximização desse lucro será tão mais facilitada quanto
melhor for a gestão dos custos promovida pelo empresário.

O curto prazo e os custos de produção


Nossa análise relativa ao comportamento dos custos de produção pro-
cessar-se-á no curto prazo. Portanto, em primeiro lugar faz-se necessário que
identifiquemos esse período de tempo.

Curto prazo, em Economia, é um período indeterminado de tempo no


qual pelo menos um dos fatores de produção permanece fixo; trata-se de
uma hipótese simplificadora, porém, de grande valia para o que nos propo-
mos a demonstrar.

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Os custos da produção

Trabalhamos no curto prazo supondo que os custos incorridos pelo em-


presário dependem, para a sua variação de contratação, de trabalhadores
adicionais por parte do empresário.

Outra situação a se considerar é a de que trabalhamos com custos explí-


citos, ou seja, com os custos em que a firma incorre para adquirir ou contratar
os recursos necessários à produção.

Deixaremos de lado os custos implícitos, representados pelo custo de


oportunidade, ou seja, pelo sacrifício que a firma incorre quando opta por
uma determinada situação. Acreditamos que um exemplo elucida de forma
conveniente o que descrevemos acima.

Suponha que o Sr. José da Silva, empresário, monte uma pequena fábrica de
sapatos em um imóvel de sua propriedade. O custo de oportunidade, nesse
caso, é representado pelo aluguel que ele poderia receber caso optasse por,
ao invés de montar a sua fábrica, alugar o imóvel a um terceiro. O aluguel não
recebido é, nesse caso, o custo de oportunidade do empresário; já que ele
sacrificou a oportunidade de ganhar o valor do aluguel.

De forma análoga, você, ao estar estudando e lendo este livro, também


está incorrendo em um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício da
oportunidade de estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra
coisa. O que, com certeza, o fez optar por ler e estudar é a avaliação do
custo X benefício que, mesmo inconscientemente, deva ter feito.

Creio que após essas considerações já possamos definir os custos de uma


firma em relação ao seu volume de produção. Vamos a eles.

O custo total de uma firma possui dois componentes básicos: um fixo e


outro variável.

Assim:

Custo total = custo fixo + custo variável

„„ Custo fixo – é a parcela do custo total que não varia com a produção,
dentro de uma capacidade produtiva instalada. Representam despesas
a serem incorridas pela firma independentemente de ela produzir ou
não. Exemplos: aluguel, seguros, depreciações, IPTU (Imposto Predial
Territorial Urbano) serão os mesmos independentemente dos níveis de
produção.
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Os custos da produção

„„ Custo variável – é a parte do custo total que varia de acordo com a


produção.

Como no nosso caso operamos no curto prazo, com a hipótese simplifi-


cadora de que todos os fatores permanecem fixos, exceto o fator Trabalho
Humano, o custo variável é representado pelo volume de trabalhadores
usados, sendo diferente para cada nível de produção.

Assim, se a produção aumenta, o custo variável aumenta; se a produção


diminui, o custo variável é menor; diferentemente do custo fixo que será o
mesmo para qualquer nível de produção, dentro de uma capacidade de pro-
dução instalada.

„„ Custo total – é o resultado da soma do custo fixo e do custo variável,


representando o custo da produção total para cada possível nível de
produção.

Custo total e produção total


Ao relacionarmos custo total e produção total, verificamos que existe uma
relação direta entre ambos, senão vejamos:

A produção total é o máximo que uma firma pode produzir, dados seu
tamanho e a combinação possível de seus fatores de produção.

Já o custo total, representado por uma parcela fixa e por outra variável, diz
respeito ao custo de produção total para cada possível nível de produção.

Logo, à medida que aumentamos a produção, o custo total também


aumentará, em razão do aumento que ocorrerá nos custos variáveis.

Portanto, no curto prazo:

em razão do aumento nos


Produção total Custo total
custos variáveis

A partir de agora, com a utilização de um exemplo numérico e hipotético,


buscaremos colocar em prática conceitos até então enunciados. Vamos a ele.

Suponha que uma empresa qualquer, operando dentro de uma capacidade


produtiva instalada, produza até 12 unidades/mês de um produto Y qualquer.
Sabemos que os seus custos variáveis mensais importam em R$2.000,00 por
unidade produzida e que seu custo fixo é de R$ 16.000,00.

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Os custos da produção

De posse desses dados, vamos primeiramente montar uma tabela represen-


tativa dos custos de produção para cada nível de produção, bem como poste-
riormente vamos construir os gráficos representativos dos comportamentos de
custo fixo, de custo variável e de custo total perante cada nível de produção.

Assim:

Tabela 1 – Custos fixo, variável e total

Produção Custo fixo (R$) Custo variável (R$) Custo total (R$)
0 16.000,00 0 16.000,00
1 16.000,00 2.000,00 18.000,00
2 16.000,00 4.000,00 20.000,00
3 16.000,00 6.000,00 22.000,00
4 16.000,00 8.000,00 24.000,00
5 16.000,00 10.000,00 26.000,00
6 16.000,00 12.000,00 28.000,00
7 16.000,00 14.000,00 30.000,00
8 16.000,00 16.000,00 32.000,00
9 16.000,00 18.000,00 34.000,00
10 16.000,00 20.000,00 36.000,00
11 16.000,00 22.000,00 38.000,00
12 16.000,00 24.000,00 40.000,00

Explicando a tabela 1:

„„ Produção – retratamos as possibilidades de produção da firma que


vão desde zero unidades até 12 unidades/mês, dentro da capacidade
produtiva instalada.

„„ Custo fixo – os custos fixos são representados pela parcela do custo to-
tal que não varia de acordo com a produção dentro de uma capacidade
produtiva instalada. Como o exemplo fornece R$16.000,00 como sendo
o valor do custo fixo da empresa, ele o será para todo e qualquer nível de
produção, ou seja, desde zero unidades produzidas até 12 unidades.

„„ Custo variável – os custos variáveis são representados pela parcela do


custo total que varia de acordo com a produção. Assim, se cada unidade

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Os custos da produção

tem um custo variável de R$2.000,00, basta multiplicarmos o valor de


R$2.000,00 para cada nível de produção.

Assim, por exemplo:

„„ Produção de 5 unidades; custo variável de R$10.000,00, correspondente


a 5 . R$2.000,00 = R$10.000,00.

„„ Produção de 8 unidades; custo variável de R$16.000,00, correspon-


dente a 8 . R$2.000,00 = R$16.000,00, e assim para cada diferente ní-
vel de produção.

É claro que, para o nível de produção de zero unidades, o custo variável


também será zero, uma vez que não precisaremos contratar nenhum traba-
lhador, pois não estaremos produzindo nada.

„„ Custo total – é resultante da soma do custo fixo e do custo variável


para cada nível de produção.

Assim:

„„ Para produção zero, custo total = R$16.000,00, resultante da soma do


custo fixo de R$16.000,00 e do custo variável igual a zero.

„„ Para a produção de 1 unidade, custo total = R$18.000,00 resultante da


soma do custo fixo de R$16.000,00 e do custo variável de R$2.000,00, e
assim sucessivamente até a 12.ª unidade.

Isso posto, estamos em condições de apresentar, com os dados da tabela,


os perfis gráficos desses três custos. Montamos um plano cartesiano onde,
no eixo horizontal, colocamos as quantidades produzidas, e no vertical, os
valores dos custos correspondentes para cada nível de produção.

Assim:

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Os custos da produção

Gráfico 1 – Perfil do custo fixo


custo
fixo
(R$)

perfil do custo fixo

16.000,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 produção

Como podemos observar, o perfil do custo fixo apresenta-se como uma


reta paralela ao eixo horizontal (da produção), uma vez que esse custo não
varia de acordo com a produção, sendo o mesmo (R$16.000,00) tanto para o
nível de produção zero, quanto para o nível de produção de 12 unidades (a
produção máxima, dada a capacidade de produção instalada).

Gráfico 2 – Perfil do custo variável


custo
variável
(R$)

24.000,00

22.000,00
perfil do
20.000,00 custo variável

18.000,00

16.000,00

14.000,00

12.000,00

10.000,00

8.000,00

6.000,00

4.000,00

2.000,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 produção

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Os custos da produção

Como podemos observar, o perfil do custo variável apresenta-se como


ascendente em relação ao volume de produção. Quanto maior a produção,
maior é o custo variável. É esse o custo responsável pelo aumento do custo
total, no curto prazo, quando aumentamos a produção.

Note-se também que diferentemente do custo fixo, que se apresenta o


mesmo para qualquer nível de produção, inclusive quando a produção é
zero, o custo variável assume o valor de zero quando inexiste produção. Isso
demonstra a correlação direta entre o custo variável e o nível de produção.

Gráfico 3 – Perfil do custo total


custo
total
(R$)

40.000,00

38.000,00
perfil do
36.000,00 custo total

34.000,00

32.000,00

30.000,00

28.000,00

26.000,00

24.000,00

22.000,00

20.000,00

18.000,00

16.000,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 produção

Como podemos observar, o perfil do custo total apresenta-se ascendente em


relação ao volume de produção. Em outras palavras, cresce quando ocorre
crescimento no volume de produção.

Note-se também que o mesmo tem o seu início no valor de R$16.000,00,


que é o valor do custo fixo: a parcela do custo total que independe do volume
de produção, ou seja, quando a produção for zero o custo total será igual ao
custo fixo.

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Os custos da produção

Os custos médios (unitários)


Já analisamos os comportamentos dos custos fixo, variável e total.

Como vimos, o custo fixo é a parcela do custo total que não varia com
a produção. Já o custo variável é a parcela do custo total que varia de
acordo com a produção.

Vimos também que o custo total resulta da soma dos custos fixo e variável,
e que o mesmo varia diretamente com o nível de produção em razão de sua
parte representada pelo custo variável.

A partir desse ponto, vamos nos ater a explicar o comportamento dos


custos médios ou custos unitários.

Assim:

Custo total = custo fixo + custo variável

Como estamos interessados em saber quanto em média custa produzir


cada unidade, para chegarmos aos custos médios basta dividirmos os custos
totais pelo número de unidades produzidas (produção total). Portanto:

Custo total
Custo médio (unitário) =
Produção total
CT
ou Cme =
PT
Onde:
Cme = Custo médio
CT = Custo total
PT = Produção total

Custo fixo
Custo fixo médio (unitário) =
Produção total
Cf
ou Cfme =
PT
Onde:
Cfme = Custo fixo médio
Cf = Custo fixo
PT = Produção total

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Os custos da produção

Custo variável
Custo variável médio (unitário) =
Produção total
CV
ou CVme =
PT
Onde:
CVme = Custo variável médio
CV = Custo variável
PT = Produção total

Interessa-nos, a partir de agora, verificarmos qual é o comportamento


desses custos médios (unitários) perante um aumento na produção total.

Custo fixo médio X aumento de produção


O custo fixo médio é resultante da divisão do custo fixo pela produção
total (número de unidades produzidas). Acreditamos que um exemplo hipo-
tético nos permita entender como esse custo se comporta perante um au-
mento de produção.

Suponha que uma firma tenha um custo fixo de R$200.000,00 por ano, e
que apresente as possibilidades descritas, conforme tabela abaixo:

Tabela 2 – Custo fixo médio

Custo fixo (R$) Produção total/unid. Custo fixo médio (R$)


200.000,00 10 000 20,00

200.000,00 20 000 10,00

200.000,00 40 000 5,00

200.000,00 50 000 4,00

200.000,00 100 000 2,00

200.000,00 200 0000 1,00

Como podemos observar pela tabela 2, calculamos o custo fixo médio de


acordo com a sua fórmula, qual seja:

Cf
Cfme =
PT

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Os custos da produção

O comportamento desse custo mostra-se decrescente em relação ao


aumento da produção.

Essa situação ocorre, pois, sendo o custo fixo uma constante, se o di-
vidirmos por um valor de produção cada vez maior, o resultado será cada
vez menor.

Portanto:

Quando a produção total aumenta, o custo fixo médio (unitário) diminui.

Essa situação também pode ser demonstrada graficamente, bastando


para tanto construir-se um plano cartesiano e nele se inserirem os pares orde-
nados formados pela produção total e pelos custos fixos médios (unitários).

Gráfico 4 – Perfil do custo fixo médio


custos
fixos médios
(R$)
20,00

perfil do
custo fixo médio
10,00

5,00
4,00

2,00
1,00

0
10 000
20 000

40 000
50 000

100 000

200 000

produção
total

Custo variável médio X aumento de produção


O custo variável médio é resultante da divisão do custo variável pela pro-
dução total (número de unidades produzidas). Acreditamos que um exemplo
hipotético nos permita entender como esse custo se comporta perante um
aumento de produção.

Suponha que uma firma apresente as seguintes possibilidades de produ-


ção, conforme tabela 3, para os possíveis usos alternativos de número de tra-
balhadores, já que no início deste capítulo fizemos a hipótese simplificadora

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Os custos da produção

de que o aumento da produção total seria consequência de uma elevação do


número de trabalhadores.

Logo:

Tabela 3 – Custo variável médio

Número de Salário por Custo variável Produção total Custo variável


trabalhadores trabalhador (R$) total (R$) /unid. médio (R$)
1 1.000,00 1.000,00 100 10,00

2 1.000,00 2.000,00 300 6,67

3 1.000,00 3.000,00 600 5,00

4 1.000,00 4.000,00 790 5,06

5 1.000,00 5.000,00 900 5,56

6 1.000,00 6.000,00 950 6,32

Como podemos observar pela tabela 3, calculamos o custo variável médio


de acordo com sua fórmula, qual seja:

CV
CVme =
PT

O comportamento desse custo mostra-se primeiramente decrescente, e


posteriormente crescente em relação ao aumento da produção total.

Logo, o custo variável médio tem um comportamento diverso do custo


fixo médio, ou seja: o custo variável médio vai ser decrescente, irá cair,
enquanto a produção total aumentará mais rapidamente que os custos e
começará a se elevar quando as adições à produção total começarem a dimi-
nuir, ou seja, quando entrar em cena a Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Em outras palavras, o custo variável médio reflete mudanças na produção


marginal do fator de produção variável, no caso o número de trabalhadores.
Enquanto existirem aumentos crescentes na produção, o custo variável uni-
tário apresentar-se-á decrescente; quando os aumentos na produção come-
çarem a diminuir, o custo variável médio começará a subir.

Analogamente ao custo fixo médio também é possível demonstrar o


comportamento do custo variável médio graficamente, bastando para tanto

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Os custos da produção

construir-se um plano cartesiano e nele se inserirem os pares ordenados for-


mados pela produção total e pelos custos variáveis médios.

Logo:

Gráfico 5 – Perfil do custo variável médio


custos
variáveis médios
(R$)
10,00 perfil do custo
variável médio

6,67

6,32

5,56

5,06

5,00

0
100

200

300

400

500

600

700

790

900

950
produção
total

O custo marginal por unidade


e o rendimento marginal por unidade
Após termos efetuado a análise comportamental dos custos totais e
médios, vamos trabalhar no sentido de ser possível determinarmos o ponto
de máximo lucro da firma no curto prazo. Para tanto, faz-se necessário estu-
darmos dois importantes conceitos, o de custo marginal por unidade e o de
rendimento marginal por unidade:

„„ Custo marginal por unidade – a expressão marginal, em Economia,


significa acréscimo, incremento. Assim, o custo marginal por unidade
pode ser definido como o acréscimo ocorrido no custo total devido à
produção de uma unidade a mais do produto.

Dessa forma, podemos defini-lo como sendo a variação (acréscimo) no


custo total dividido pela variação (acréscimo) na produção total.

Assim:

Δ CT
Cmg/un =
Δ PT

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Onde:
Cmg/un = Custo marginal por unidade
Δ CT = Acréscimo no custo total
Δ PT = Acréscimo na produção total
ou
Δ CT = Custo marginal = Cmg
Δ PT = Produção marginal = Pmg
logo:
Cmg
Cmg/un =
Pmg

Vamos a um exemplo numérico para ilustrar essa situação. Suponha os


dados constantes a tabela 4:

Tabela 4 – Custo marginal e produção marginal

Número de Custo Produção Cmg/unid.


Cmg (R$) Pmg
trabalhadores total (R$) total/unid. (R$)
10 50.000,00 – 25 000 – –
11 55.000,00 5.000,00 40 000 15 000 0,33
12 60.000,00 5.000,00 90 000 50 000 0,10
13 65.000,00 5.000,00 150 000 60 000 0,08
14 70.000,00 5.000,00 175 000 25 000 0,20
15 75.000,00 5.000,00 190 000 15 000 0,33

„„ Custo marginal (Cmg) – Acréscimo no custo total.

Quando aumentamos o número de trabalhadores de 10 para 11, o


custo total cresce de R$50.000,00 para R$55.000,00; logo, temos um
Cmg = R$5.000,00. De 11 para 12 trabalhadores, o custo total cresce de
R$55.000,00 para R$60.000,00; logo, temos Cmg = 5.000,00, e assim sucessi-
vamente até o 15.º trabalhador.

„„ Produção marginal (Pmg) – Acréscimo na produção total.

Quando aumentamos o número de trabalhadores de 10 para 11, a produ-


ção total cresce de 25 000 unidades para 40 000 unidades. Logo, temos uma
Pmg = 15 000 unidades. De 11 para 12 trabalhadores a produção total cresce
de 40 000 unidades para 90 000 unidades; logo, temos Pmg = 50 000 unidades,
e assim sucessivamente até o 15.º trabalhador.

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Se dividirmos os dados da coluna de Cmg pelas correspondentes da coluna


de Pmg, teremos como resultado o custo marginal por unidade (Cmg/un).
Portanto:

R$5.000,00 : 15 000 = R$0,33

R$5.000,00 : 50 000 = R$0,10

R$5.000,00 : 60 000 = R$0,08

R$5.000,00 : 25 000 = R$0,20

R$5.000,00 : 15 000 = R$0,33

Como podemos observar, o Cmg/un apresenta-se primeiramente decres-


cente em relação a aumentos da produção total e posteriormente crescente.
Tal fato se deve, como no caso do custo variável médio, ao seu comporta-
mento retratar mudanças na produção marginal, ou seja, enquanto tivermos
produção marginal crescente, o Cmg/un será decrescente; quando a produ-
ção marginal começar a decrescer, o Cmg/un começará a crescer. Novamente
retratamos o fenômeno da Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Da mesma forma que fizemos com os outros custos, vamos também de-
monstrar o seu comportamento graficamente por meio de um plano carte-
siano, onde iremos relacionar produção total e custo marginal por unidade.

Logo:

Gráfico 6 – Perfil do custo marginal por unidade

perfil do custo
custos
customarginais
marginal marginal por
por (Cmg/un)
por unidade unidades unidade

0,33

0,20

0,10
0,08

0
40 000

90 000

150 000

175 000

190 000

produção
total

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Os custos da produção

„„ Rendimento marginal por unidade (Rmg/un) – Da mesma forma a


expressão marginal aqui existente refere-se a acréscimo, incremento.

Logo, ao nos referirmos a rendimento marginal por unidade, estaremos


analisando o quanto cresce o rendimento total da firma (faturamento) em
razão da venda de uma unidade ou mais de produto.

Assim:

Δ RT
Rmg/un =
Δ PT
Onde:
Rmg/un = Rendimento marginal por unidade
Δ RT = Acréscimo no rendimento total
Δ PT = Acréscimo na produção total
ou
Δ RT = Rendimenro marginal = Rmg
Δ PT = Produção marginal = Pmg
logo:
Rmg
Rmg/un =
Pmg

Vamos a um exemplo numérico para ilustrar essa situação: suponha os


dados constantes da tabela 5:

Tabela 5 – Rendimento marginal por unidade

Rendimento
Produção Preço Rendimento
Pmg marginal Rmg/un (R$)
total unitário (R$) total (R$)
(Rmg) (R$)
10 – 2,00 20,00 – –
15 5 2,00 30,00 10,00 2,00
18 3 2,00 36,00 6,00 2,00
20 2 2,00 40,00 4,00 2,00
22 2 2,00 44,00 4,00 2,00
25 3 2,00 50,00 6,00 2,00

Explicando a tabela:

„„ Pmg Produção marginal Acréscimo na produção total.

Quando a produção total sobe de 10 para 15 unidades, temos uma Pmg


de 5 unidades. De 15 para 18 unidades, a Pmg é de 3 unidades e assim
sucessivamente.
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Os custos da produção

„„ Rendimento total – preço unitário multiplicado pela quantidade ven-


dida (em nosso caso, cada nível de produção total).

Assim:

Produção total = 10 unidades multiplicada por R$2,00 (preço unitário);


rendimento total = R$20,00.
Produção total = 15 unidades multiplicada por R$2,00 (preço unitário);
rendimento total = R$30,00 e assim sucessivamente.

„„ Rmg Rendimento marginal acréscimo no rendimento total.

Quando a quantidade vendida (produção total) sobe de 10 para 15 uni-


dades, o rendimento total sobe de R$20,00 para R$30,00 e temos um Rmg =
R$10,00. De 15 para 18 unidades, o rendimento total sobe de R$30,00 para
R$36,00 e temos um Rmg = R$6,00, e assim sucessivamente.

Se dividirmos os dados da coluna do Rmg pelos correspondentes da


coluna de Pmg, teremos como resultado o rendimento marginal por unidade
(Rmg/un).

Portanto:

R$10,00 : 5 = R$2,00

R$6,00 : 3 = R$2,00

R$4,00 : 2 = R$2,00

R$4,00 : 2 = R$2,00

R$6,00 : 3 = R$2,00

Como se pode observar, o Rmg/un para uma firma operando no curto


prazo e em uma estrutura de mercado competitivo é igual ao preço unitário
de venda do produto. Isso ocorre em razão do fato de ser o mercado por
meio das forças de oferta e de demanda quem estabelece o preço nesse tipo
de mercado, cabendo à firma segui-los.

É possível também, para o Rmg/un, fazermos uma demonstração


gráfica de seu comportamento bastando para tanto montarmos um plano

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Os custos da produção

cartesiano onde relacionaremos produção total (vendas) e rendimento


marginal por unidade.

Logo:

Gráfico 7 – Rendimento marginal por unidade


perfil do custo
rendimento marginal por
marginal por unidade
unidade
(R$)

2,00

0
15

22

25
10

18

20 produção
total

O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo


Com os conceitos já discutidos, estamos em condições de estabelecer o
ponto de máximo lucro da firma no curto prazo, bastando, para tanto, con-
frontar o Cmg/un e o Rmg/un.

„„ Cmg/un – acréscimo ocorrido no custo total devido à produção de uma


unidade adicional de produto.

„„ Rmg/un – acréscimo ocorrido no rendimento total da firma devido à


venda de uma unidade adicional de produto.

O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo ocorrerá quando o


Rmg/un for igual ao Cmg/un, sendo o Cmg/un crescente.

Graficamente, podemos demonstrar esse ponto, bastando inserir em um


mesmo plano cartesiano o perfil do custo marginal por unidade e o perfil do
rendimento marginal por unidade.

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Os custos da produção

Assim:

Gráfico 8 – Ponto de máximo lucro

Cmg/un
un

Rmg/un
un

ponto de
máximo lucro
Cmg/
Cmg/un
un un

A
preço
Rmg/un
ponto de
máximo lucro

0 produção
total

O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo é o ponto A, no qual se


pode observar Rmg/un = Cmg/un, sendo o Cmg/un crescente.

Esse é o ponto de máximo lucro, pois, como podemos observar, produzir


uma unidade a mais do que a constante nesse ponto custará mais do que o
preço unitário do produto adicionando um valor ao custo total superior ao
acréscimo no rendimento total.

Da mesma forma, caso se realize a venda de uma unidade a menos, tere-


mos ausência de rendimento adicional, já que o Cmg/un apresenta-se abaixo
do Rmg/un.

Ampliando seus conhecimentos


Irrelevância dos custos inevitáveis
(McCONNELL; BRUE, 1999)

Os custos inevitáveis não devem ser levados em conta no processo de


tomada de decisão.

Segundo um velho ditado, “não adianta chorar o leite derramado.” Essa


frase refere-se ao fato de que, uma vez que você tenha derramado um copo
de leite, não há mais nada a fazer para recuperá-lo. Assim, é melhor esquecer
o incidente e “seguir em frente”. Esse ditado tem muita relevância para o que

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Os custos da produção

os economistas denominam de custos inevitáveis (sunk costs). Tais custos são


como o naufrágio de um navio no oceano: uma vez que esses custos tenham
sido incorridos, eles não podem ser recuperados.

Vamos tentar compreender essa ideia, inicialmente aplicando-a aos consu-


midores e então às firmas. Suponha que você compre com antecedência um
ingresso para um jogo de futebol, mas que na manhã do jogo você acorde
passando mal, com gripe. Sentindo-se deprimido, você vai até a rua para ver
como está a temperatura lá fora – 10 graus. Você não quer ir ao jogo, mas não
consegue esquecer o preço exorbitante que pagou pelo ingresso. Você tenta
vender o ingresso para várias pessoas, mas logo descobre que nenhuma delas
está interessada em ir, mesmo a um preço com desconto. Portanto, você con-
clui que todas as pessoas que querem ir ao jogo já têm ingresso.

Você deve ir ao jogo? De acordo com análise econômica, você não deve
agir se o custo marginal exceder o benefício marginal. E, nessa situação, o
preço que você pagou pelo ingresso é irrelevante para a decisão. Tanto o custo
marginal ou adicional quanto o benefício marginal ou adicional estão relacio-
nados com o futuro. Se o custo marginal de ir ao jogo superar o benefício mar-
ginal, será melhor ficar em casa na cama. Essa decisão teria sido a mesma caso
você tivesse pago $2, $20 ou $200 pelo ingresso, pois o preço que você pagou
por alguma coisa não afeta o seu benefício marginal. Uma vez que o ingresso
tenha sido comprado e não possa ser revendido, seu custo é irrelevante para a
decisão de assistir ou não ao jogo. Como “você certamente não quer ir”, obvia-
mente o custo marginal excede o benefício marginal do jogo.

Analisemos agora um segundo exemplo:

Suponha que uma família esteja em férias e pare em uma barraca à beira da
estrada para comprar maçãs. As crianças voltam para o carro e, ao morderem
as maçãs, dizem imediatamente que elas estão “completamente podres” e que
não as comerão mais. Os pais concordam que as maçãs estão “horríveis”, mas o
pai continua comendo-a, pois, como ele mesmo diz “pagou caro por elas”. Uma
das crianças replica: “Pai, isso é irrelevante.” Embora não tenha feito essa afirma-
ção de forma muito diplomática, a criança está certa. Ao tomar uma nova deci-
são você deve ignorar todos os custos que não são afetados por essa decisão. A
decisão ruim anterior (em retrospecto) de comprar as macãs não deve ditar uma
segunda decisão para a qual o benefício marginal é inferior ao custo marginal.

Agora, vamos aplicar o conceito de custos inevitáveis às firmas. Parte dos


custos de uma firma não é apenas fixa (recorrente, mas não relacionada ao nível de

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Os custos da produção

produção), mas também é inevitável. Por exemplo, o pagamento do aluguel anual


de uma loja não pode ser ressarcido, uma vez que tenha sido pago. A decisão de
uma firma de se mudar de uma loja para outro local mais lucrativo não depende do
tempo que resta de aluguel. Se a mudança de loja significar mais lucros, faz sentido
a firma se mudar, mesmo que ainda existam 300, 30 ou 3 dias de aluguel pago.

Suponha que uma firma gaste $1 milhão em P&D para lançar um novo pro-
duto, apenas para descobrir que o produto vende muito pouco. Essa firma deve
continuar a produzi-lo com prejuízo, mesmo que não haja nenhuma perspectiva
futura de sucesso? É claro que não. Ao tomar essa decisão, a firma sabe que o valor
que ela gastou desenvolvendo o produto é irrelevante, e que ela deve parar a pro-
dução e eliminar as perdas. De fato, muitas firmas retiram produtos do mercado,
mesmo depois de terem gasto milhões de dólares no seu desenvolvimento. Como
exemplo, temos o New Coke da Coca-Cola e o MacLean Burger do McDonald’s.

Por fim, vamos considerar um exemplo do mundo real. Durante décadas,


a Boeing e a McDonnell Douglas foram rivais na venda mundial de aeronaves
comerciais. Cada companhia gastava bilhões de dólares em P&D e em marke-
ting para tentar obter vantagens competitivas sobre a rival. Entretanto, em
1996, elas de repente se fundiram. Muitos observadores ficaram surpresos
com a fusão das companhias, que tinham gastado quantias gigantescas para
competir no passado, mas que de repente esqueceram o passado e concor-
daram com a fusão. Mas esses esforços e gastos do passado são irrelevantes
para essa decisão, pois são custos inevitáveis. A decisão de olhar para frente
levou as duas companhias a concluírem, cada uma por seus próprios meios,
que o benefício marginal de uma fusão compensaria o custo marginal.

Em suma, se um custo foi incorrido e não pode ser parcial ou completa-


mente recuperado por alguma razão, um consumidor ou firma racional deve
ignorá-lo. Os custos inevitáveis são irrelevantes, ou, como diz o ditado: “Não se
deve chorar o leite derramado.”

Atividades de aplicação
1. Trata-se da parcela do custo total que não varia com a produção, dentro
de uma capacidade produtiva instalada; referimo-nos ao:

a) custo variável.

b) custo fixo unitário.

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Os custos da produção

c) custo fixo.

d) custo total.

2. Os custos variáveis:

a) representam a parcela do custo total que varia de acordo com a


produção.

b) representam a parcela do custo total que não varia de acordo com


a produção.

c) representam o custo total de uma empresa qualquer.

d) são os custos que nada têm a ver com o volume de produção de


uma firma.

3. Relativamente ao custo marginal por unidade:

a) representa o acréscimo ocorrido no custo total devido à produção


de uma unidade a mais do produto ou serviço.

b) será sempre igual ao custo médio por unidade produzida.

c) será sempre igual ao rendimento marginal por unidade.

d) será sempre igual a zero.

4. O ponto de máximo lucro da firma no curto prazo é:

a) o ponto no qual o Rmg/un se iguala ao preço unitário de venda do


produto.

b) o ponto no qual o Cmg/un é maior do que o Rmg/un.

c) o ponto no qual o Rmg/un se igualar ao Cmg/un, sendo o custo mar-


ginal por unidade crescente.

d) o ponto que apresenta Rmg/un maior do que o Cmg/un, sendo o


Cmg/un decrescente.

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Os custos da produção

Gabarito
1. C

2. A

3. A

4. C

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Os custos da produção

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O estudo da margem de
contribuição

Após estudar este capítulo, você deverá estar apto(a) a:

„„ entender o conceito de margem de contribuição e sua aplicabilidade


na empresa;

„„ desenvolver competências e habilidades que lhe permitam tomar de-


cisões valendo-se do instrumental da margem de contribuição;

„„ entender as alternativas de uso da margem de contribuição como fer-


ramenta de tomada de decisão frente à existência ou não de fatores
que limitem a produção.

Introdução
As empresas, ao produzirem bens e/ou serviços, incorrem em custos e
despesas (gastos).

Nesse ponto, torna-se necessário fazermos uma distinção entre custos e


despesas:

„„ Custos – são gastos relativos a bens e/ou serviços que a empresa utiliza
para a produção de outros bens e/ou serviços.

„„ Despesas – são os gastos relativos a bens e/ou serviços que a empresa


utiliza para a obtenção de receitas.

Dessa forma, custos relacionam-se principalmente à área industrial da


empresa, já que se referem aos gastos incorridos para a obtenção dos bens
(produtos) ou serviços. Exemplo: matéria-prima, energia elétrica, mão de
obra etc.

Já despesas referem-se aos gastos que a empresa incorre para a obtenção


de receitas, não ligados à produção. Exemplos: comissão de vendedores,
fretes, seguros etc.

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O estudo da margem de contribuição

Em outras palavras: custos representam a parcela de gastos ligados à pro-


dução, enquanto despesas referem-se à parcela de gastos não ligados à
produção.

Isso posto, somos conduzidos a admitir que os gastos (custos e despesas)


comportam-se como fixos ou variáveis em relação ao volume de produção.
Assim:

„„ Custos fixos – representam a parcela do custo total que não varia com
a produção, dentro de uma capacidade produtiva instalada. Exemplo:
aluguéis, IPTU etc.

„„ Custos variáveis – representam a parcela do custo total que varia


de acordo com a produção. Exemplo: matéria-prima, mão de obra
direta etc.

A mesma conceituação aplicada aos gastos identificados como custos


aplica-se também às despesas, vistas como fixas ou variáveis.

Pois bem, isso posto, podemos admitir que as empresas, ao produzirem


bens e/ou serviços, acabam incorrendo em custos e despesas variáveis
(parcela dos gastos totais que variam diretamente com o volume de produção)
representadas pela matéria-prima, mão de obra, fretes, comissões de vende-
dores, seguros etc., utilizados no processo de produção. Quando subtraímos
do preço de venda dos bens e/ou serviços os custos e despesas variáveis,
chegamos ao que denominamos de margem de contribuição.

Portanto, margem de contribuição é o resultado da subtração do preço


de venda do produto ou serviço e dos custos e despesas variáveis associa-
das a ele.

A margem de contribuição representa o quanto um determinado pro-


duto ou serviço colabora, primeiramente para pagar, amortizar os custos e
despesas fixos, e posteriormente gerar lucro, demonstrando a sua poten-
cialidade geradora de lucro.

Para Padoveze (2005, p. 139),


Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto ou
serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço. Significa que
em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total
vendido, temos a margem de contribuição total do produto para a empresa.

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O estudo da margem de contribuição

Porém, deve ficar claro que, para se chegar ao lucro operacional da empresa,
necessário se faz que desse lucro variável retiremos os custos e despesas fixos.

Já Megliorini (2003, p. 151) afirma que


A margem de contribuição é o quanto resta do preço, ou seja, do valor de venda de um
produto ou serviço são deduzidos os custos e despesas que os produtos provocam. A
empresa só começa a gerar lucro quando a margem de contribuição dos produtos
vendidos superar os custos e despesas fixas do exercício.

Fórmula para cálculo


É possível, a partir da conceituação de margem de contribuição, elabo-
rarmos uma fórmula para seu cálculo.

Em síntese, o que evidenciamos em nossa introdução é que margem de


contribuição nasce da contribuição que cada produto oferece primeiramente
para amortizar custos e despesas fixas e posteriormente gerar lucro.

Vimos também que a mesma é obtida subtraindo-se do preço de venda


do produto ou serviço os custos e despesas variáveis a ele associados. Assim,
é possível calculá-la por meio da seguinte fórmula:

MC = PV – (CV + DV)

Onde:

MC = margem de contribuição unitária

PV = preço de venda

CV = custos variáveis unitários

DV = despesas variáveis unitárias

Deve ficar claro que a fórmula acima representa a margem de contribuição


unitária, ou seja, a margem de contribuição proporcionada para cada uni-
dade de produto ou serviço vendida. Caso queiramos determinar a margem
de contribuição total, é necessário que se multiplique o valor da margem de
contribuição unitária pelo total das unidades vendidas.

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O estudo da margem de contribuição

Logo:

MC total = MC . q

Onde:

MC TOTAL = margem de contribuição total

MC = margem de contribuição unitária

q = quantidade vendida

Acreditamos que a colocação de um exemplo numérico ser-nos-á de


grande valia para a perfeita compreensão e fixação dos conceitos descritos
até o momento; vamos a ele.
Suponhamos que uma dada empresa fabrique quatro produtos que iden-
tificaremos como produtos A, B, C e D.
Adicionalmente, vamos supor que em um determinado mês tenha produ-
zido e vendido as quantidades constantes na tabela 1, com os preços e custos
nela contidos.
Igualmente, supomos que o total de custos e despesas fixos do mês tota-
lizaram R$80.000,00, e que as comissões dos vendedores (despesas variáveis)
por unidade vendida de cada um dos produtos foram as seguintes:

Tabela 1 – Vendas X preço unitário X custo variável unitário X


despesa variável

Quantidade Preço unitário Custo variável Despesa variá-


Produtos
vendida/un de venda (R$) unitário (R$) vel unitária (R$)
A 1 200 250,00 180,00 25,00

B 700 300,00 250,00 30,00

C 600 380,00 320,00 40,00

D 1 500 400,00 330,00 45,00

Vamos, com os dados acima, calcular a margem de contribuição unitária de


cada um dos quatro produtos; a margem de contribuição total de cada produ-
to, a margem de contribuição total da empresa e o seu resultado operacional.

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O estudo da margem de contribuição

Resolução:

1. Margem de contribuição unitária/margem de contribuição total de


cada produto.

Produto A
Valendo-nos dos dados constantes na tabela, temos:

„„ Preço unitário de venda do produto A = R$250,00 = PV.

„„ Custo variável unitário do produto A = R$180,00 = CV.

„„ Despesa variável do produto A = R$25,00 = DV.

Aplicando a fórmula de cálculo da margem de contribuição unitária,


temos:

MCa = PV – (CV + DV)


MCa = 250,00 – (180,00 + 25,00)
MCa = 250,00 – 205,00
MCa = 45,00

A leitura que se faz desse resultado é a seguinte: cada unidade vendida do


produto A contribui com R$45,00 para primeiramente amortizar os custos e
despesas fixos, que de acordo com o exemplo importam em R$80.000,00, e
posteriormente gerar lucro.

Podemos, a partir desse dado, calcular a margem de contribuição total


do produto A, bastando substituir na fórmula abaixo o valor encontrado da
margem de contribuição unitária.

Assim:

MC total/A = MCA . q

Onde:

MCA = margem de contribuição unitária do produto A = R$45,00

q = quantidade vendida do produto A = 1 200 un.

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O estudo da margem de contribuição

Logo:

MC total/A = MCA . q
MC total/A = R$45,00 . 1 200
MC total/A = R$54.000,00

Portanto:

MCTOTAL/A = R$54.000,00 é a contribuição que o produto A fornece à empresa


para cobrir seus custos e despesas fixos e posteriormente gerar lucro.

Produto B
Valendo-nos do mesmo raciocínio usado para o produto A, vamos calcular
a margem de contribuição unitária do produto B, bem como sua margem de
contribuição total.

Assim:

„„ Preço unitário de venda do produto B = R$300,00 = PV.

„„ Custo variável unitário do produto B = R$250,00 = CV.

„„ Despesa variável do produto B = R$30,00 = DV.

MCB = PV – (CV + DV)


MCB = 300,00 – (250,00 + 30,00)
MCB = 20,00

Portanto, de forma análoga ao produto A, calculamos também a margem


de contribuição total aplicando a fórmula, temos que:

MCB = margem de contribuição unitária do produto B = R$20,00.

q = quantidade vendida do produto B = 700 un.

MC total/B = MCB . q
MC total/B = R$20,00 . 700
MC total/B = R$14.000,00

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Portanto:

MCTOTAL/B = R$14.000,00 é a contribuição que o produto B oferece à empresa


para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e posterior-
mente gerar lucro.

Produto C
Da mesma forma que tivemos para o produto A e para o produto B,
teremos:

„„ Preço unitário de venda do produto C = R$380,00 = PV.

„„ Custo variável unitário do produto C = R$320,00 = CV.

„„ Despesa variável do produto C = R$40,00 = DV.

Assim:

MCC = PV – (CV + DV)


MCC = 380,00 – (320,00 + 40,00)
MCC = 380,00 – 360,00
MCC = 20,00

De posse desse valor e da mesma forma que procedemos com os produtos


A e B, chegamos à margem de contribuição total do produto C.

Temos que:

„„ MCC = margem de contribuição unitária do produto C = R$20,00.

„„ q = quantidade vendida do produto C = 600 un.

Portanto:

MC total/C = MCC . q
MC total/C = R$20,00 . 600
MC total/C = R$12.000,00

MCTOTAL/C = R$12.000,00 é a contribuição que o produto C fornece a empresa


para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e posterior-
mente gerar lucro.

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Produto D
Seguindo a mesma linha de raciocínio implementada para os produtos A,
B e C, teremos:

„„ Preço unitário de venda do produto D = R$400,00 = PV.


„„ Custo variável unitário do produto D = R$330,00 = CV.
„„ Despesa variável unitária do produto D = R$45,00 = DV.
Assim:

MCD = PV – (CV + DV)


MCD = 400,00 – (330,00 + 45,00)
MCD = 400,00 – 375,00
MCD = 25,00

E a margem de contribuição total do produto D é:

„„ Margem de Contribuição unitária do produto D = R$25,00 = MCD

„„ Quantidade vendida do produto D = 1 500 un. = q

Assim:

MC total/D = MCD . q
MC total/D = R$25,00 . 1 500
MC total/D = R$37.500,00

Logo:

MC total/D = R$37.500,00

Portanto, MCTOTAL/D = R$37.500,00 é a contribuição que o produto D fornece


à empresa para primeiramente fazer frente aos seus custos e despesas fixos e
posteriormente gerar lucro.
Já calculamos a margem de contribuição unitária e a margem de contri-
buição total de cada um dos quatro produtos vendidos pela empresa. De
posse desses resultados é possível calcular a margem de contribuição total
da empresa, bem como o seu resultado operacional.

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Vamos a eles:

Margem de contribuição total do produto A = R$54.000,00

Margem de contribuição total do produto B = R$14.000,00

Margem de contribuição total do produto C = R$12.000,00

Margem de contribuição total do produto D = R$37.500,00

Margem de contribuição total/empresa = R$117.500,00

A margem de contribuição da empresa é igual ao somatório das mar-


gens de contribuição totais de cada um dos quatro produtos que a empresa
vendeu.

Para chegarmos ao resultado operacional da empresa (lucro ou prejuízo),


basta subtrairmos da margem de contribuição total os custos e despesas
fixos, que no nosso exemplo importam em R$80.000,00.

Assim:

Resultado operacional = margem de contribuição total – custos e despesas fixos

Resultado operacional = R$117.500,00 – R$80.000,00

Resultado operacional = R$37.500,00

No nosso exemplo, o resultado operacional é representado por um lucro


de R$37.500,00, uma vez que a margem de contribuição total supera os custos
e despesas fixos nesse valor. Caso os custos e despesas fixos superassem a
margem de contribuição total, o nosso resultado seria prejuízo operacional.

Uma outra leitura a ser feita é a de que os produtos A, B, C e D contribuem


para amortizar totalmente os custos e despesas fixos de R$80.000,00, e ainda
geram um lucro operacional de R$37.500,00.

Levando-se em consideração que a firma (empresa) é uma entidade que


atua de forma racional e inteligente e que busca maximizar seus lucros no
curto prazo, é de se esperar ela deva estimular e incentivar a produção de
produtos com a maior margem de contribuição unitária, pois assim, proce-

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O estudo da margem de contribuição

dendo mais rapidamente, estará amortizando os custos e despesas fixos e,


consequentemente, gerando maior lucro.

No exemplo explorado neste capítulo, em razão do que acabamos de


afirmar, a ordem de preferência para produção seria: do produto com maior
margem de contribuição unitária para o de menor margem de contribuição
unitária. Dessa forma:

1.º lugar – produto A MCA = R$45,00

2.º lugar – produto D MCD = R$25,00

3.º lugar – produto B ou C MCB = R$20,00 / MCC = R$20,00

O uso da margem
de contribuição para a tomada de decisões
Após termos identificado e conceituado margem de contribuição, bem
como exemplificado a forma de seu cálculo, vamos nos valer desse importante
instrumento como ferramenta para tomada de decisões.

Antes de prosseguirmos, mister se faz a colocação de duas situações distin-


tas quanto ao seu uso como instrumento de tomada de decisões, são elas:

„„ empresa com capacidade ociosa ou sem fatores limitantes;

„„ empresa em pleno emprego ou com fatores limitantes.

Empresa com capacidade


ociosa ou sem fatores limitantes
Quando estivermos trabalhando com uma empresa operando com capa-
cidade ociosa, ou seja, operando abaixo da sua real capacidade de produção
ou quando não existirem fatores limitantes, ou seja, fatores que limitem a
sua produção, como o fornecimento de matéria-prima, a empresa deverá
buscar estimular a produção e a venda dos produtos ou serviços que pos-
suam a melhor (maior) margem de contribuição, pois, como vimos, esses
produtos são os que conseguem mais rapidamente contribuir primeira-
mente para a amortização dos custos e despesas fixos e, consequentemente,
gerar maior lucro.

142 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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O estudo da margem de contribuição

Em resumo:

}
A decisão é estimular a
Capacidade ociosa
produção/venda do produto/
Empresa ou
serviço com a maior margem
sem fatores limitantes
de contribuição unitária

Empresa em pleno emprego ou com fatores limitantes


Quando estivermos trabalhando com uma empresa que esteja operando em
pleno emprego, ou seja, produzindo o máximo possível em função de seu
tamanho e da composição de seus fatores de produção, ou ainda quando
existirem fatores limitantes (fatores que limitam a produção) como forneci-
mento de matéria-prima, o uso da margem de contribuição para efeito de
tomada de decisões deve ser revisto.

Nesse caso, antes de tomarmos decisões a respeito dos produtos a serem


estimulados para produção e venda, deveremos calcular a margem de
contribuição pelo fator que limita a produção, e só então poderemos tomar
decisões a respeito do que deva ser produzido/vendido.

Em resumo:

A decisão é estimular a

Empresa
Pleno emprego
ou
fatores limitantes
} produção/venda do produto/
serviço com a maior margem
de contribuição unitária, em
relação ao fator limitante

Para fixação e sedimentação do que afirmamos em relação ao fator limi-


tante e o impacto do mesmo sobre a tomada de decisões pela margem de
contribuição, vamos a um exemplo numérico:

Suponha que uma empresa produza e venda dois produtos A e B que


apresentam as seguintes margens de contribuição unitária: MCA = R$30,00 e
MCB = R$20,00 e que os mesmos usem a mesma matéria-prima cujo forneci-
mento está limitado pelo fornecedor em 100 000kg/mês.

Ocorre que o mercado está disposto a adquirir 2 000 unidades do produto


A e 4 000 unidades do produto B, o que consumiria 160 000kg da matéria-
-prima, conforme demonstrado no quadro a seguir.

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O estudo da margem de contribuição

Cumpre salientar para efeito do cálculo do resultado operacional que essa


empresa possui custos e despesas fixos que importam em R$50.000,00/mês.

Possibilidades de Matéria-prima Quantidade de


Produtos
vendas/mês necessária matéria-prima total
A 2 000 40kg/un 80 000kg

B 4 000 20kg/un 80 000kg

Total de matéria-prima 160 000kg

Como pode ser visto pela tabela, cada unidade do produto A conso-
me 40kg de matéria-prima, perfazendo uma necessidade de 80 000kg de
matéria-prima para a produção das 2 000 unidades que o mercado deseja
adquirir.

Já o produto B consome 20kg de matéria-prima por unidade, perfazendo


uma necessidade de 80 000kg de matéria-prima para a produção das 4 000
unidades que o mercado deseja adquirir. Portanto, são necessários, para
satisfazer as necessidades do mercado, 160 000kg de matéria-prima.

Ocorre que por imposição do fornecedor a empresa dispõe de apenas


100 000kg de matéria-prima.

Ao tomarmos a decisão baseados na margem de contribuição unitária


sacrificaríamos a produção/venda do produto B que comparativamente ao A
apresenta menor margem de contribuição unitária.

Utilizaríamos 80 000kg de matéria-prima para produzir as 2 000 unidades


do produto A (produto com a maior margem de contribuição unitária) e os res-
tantes 20 000kg de matéria-prima utilizaríamos para a produção do produto B
(produto com a menor margem de contribuição unitária). Assim teríamos:

Possibilidades de Matéria-prima Quantidade de


Produtos
vendas/mês necessária matéria-prima total
A 2 000 40kg/un 80 000kg

B 1 000 20kg/un 20 000kg

Total de matéria-prima 100 000kg

Pode ser visto que ao tomarmos essa decisão sacrificamos 3 000 unidades do
produto B, relativos às 4 000 unidades que o mercado estava disposto a adquirir
e as 1 000 unidades que o restante de matéria-prima nos permitiu produzir.

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O estudo da margem de contribuição

Essa tomada de decisão nos conduz ao seguinte resultado operacional:

MCA = 30,00 MC TOTAL/A = R$30,00 . 2 000 un = R$60.000,00

MCB = 20,00 MC TOTAL/B = R$20,00 . 1 000 un = R$20.000,00

MC TOTAL/EMPRESA = R$80.000,00

(–) custos e despesas fixas = R$50.000,00

Lucro operacional = R$30.000,00

Como observamos, tomando a decisão pelo incentivo do produto com a


maior margem de contribuição, a empresa obteve um lucro operacional de
R$30.000,00.

Esse resultado, como veremos a seguir, pode ser melhorado se levarmos


em consideração o fator limitante (no caso, a matéria-prima) e efetuarmos o
cálculo da margem de contribuição pelo fator limitante. Vamos a ele.

Produto A MCA = 30,00


Matéria-prima por unidade = 40kg
R$30,00
MC por kg de matéria-prima = = R$0,75
40kg
Produto B MCB = 20,00
Matéria-prima por unidade = 20kg
R$20,00
MC por kg de matéria-prima = = R$1,00
20kg

Note que houve uma mudança, ou seja, o produto com a maior margem
de contribuição unitária levando em consideração o fator limitante é o pro-
duto B, devendo, portanto, ser esse o produto a ser incentivado para a pro-
dução/venda, sacrificando-se, portanto, o produto A. Isso nos conduz a uma
nova formação de vendas para os produtos A e B, conforme abaixo.

Possibilidades de Matéria-prima Quantidade de


Produtos
vendas/mês necessária matéria-prima total
A 500 40kg/un 20 000kg

B 4 000 20kg/un 80 000kg

Total de matéria-prima 100 000kg

Pode ser visto, que ao tomarmos a decisão mediante a margem de con-


tribuição calculada pelo fator limitante (matéria-prima), sacrificamos 1 500
unidades do produto A, relativos às 2 000 unidades que o mercado estava

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O estudo da margem de contribuição

disposto a adquirir e às 500 unidades que o restante de matéria-prima nos


permitiu produzir.

Essa tomada de decisão nos conduz ao seguinte resultado operacional:

MCA = 30,00 MC TOTAL/A = R$30,00 . 500 un = R$15.000,00.

MCB = 20,00 MC TOTAL/B = R$20,00 . 4 000 un = R$80.000,00.

MC TOTAL/EMPRESA = R$95.000,00.

(–) custos e despesas fixas = R$50.000,00.

Lucro operacional = R$45.000,00.

Como observamos, ao tomar a decisão pela margem de contribuição,


levando-se em consideração o fator limitante, a empresa obtém um lucro
operacional de R$45.000,00.

Do exposto concluímos que levando-se em consideração que a empresa


(firma) é uma entidade que busca maximizar o lucro no curto prazo, quando
existirem fatores que limitem a produção, como espaço físico, matéria-prima,
número de horas a serem trabalhadas etc., a empresa deve tomar a decisão
de estimular/incentivar a produção e venda do produto ou produtos que
possuam as maiores margens de contribuição unitária calculadas em relação
ao fator limitante.

No exemplo discutido neste capítulo:

„„ Lucro operacional sem considerar o fator limitante – R$30.000,00

„„ Lucro operacional considerando o fator limitante – R$45.000,00

„„ Ganho de lucro operacional ao se considerar o fator limitante: –


R$15.000,00

Ampliando seus conhecimentos


O conceito de margem de contribuição
(LINS; SILVA, 2005)

Quando os Custos estiverem separados em componentes Fixos e Vari-


áveis, será útil comparar as Receitas com os Custos Variáveis. Se considerar-

146 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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O estudo da margem de contribuição

mos Preços Constantes, a Receita Total será proporcional ao volume. Como os


Custos Variáveis também são proporcionais ao volume, a diferença entre as
Receitas e o somatório dos Custos Variáveis e Despesas Variáveis é chamada
de Margem de Contribuição.

A Margem de Contribuição caracteriza-se como o valor que cada unidade


efetivamente traz à empresa de “sobras” entre a Receita e o Custo que de fato
gerou e lhe pode ser imputado, sem grandes possibilidades de erro. É o valor
que contribui “para a cobertura dos Custos Fixos e a formação do Lucro”.

A Margem de Contribuição tem um papel importante na análise da relação


Custo – Volume – Lucro. Quando a Margem de Contribuição total for igual aos
Custos Fixos, a empresa terá Lucro Zero e, do contrário, poderá ter Lucro ou
Prejuízo. Assim, na análise da empresa como um todo, se a Margem de Contri-
buição é menor do que os Custos Fixos, ela está incorrendo em Perdas.

Além disso, a Margem de Contribuição, por si só, é uma cifra útil para
tomada de decisões. Por exemplo, a empresa pode ter Prejuízo e, ainda assim,
continuar operando se a Margem de Contribuição for suficiente. Como alguns
Custos Fixos, como depreciação e aluguel, não podem ser evitados, mesmo
reduzindo a produção, a empresa pode achar melhor continuar operando.

A Margem de Contribuição nos fornece uma medida dos efeitos da continu-


ação das operações. Por outro lado, se a Margem de Contribuição for negativa
– e espera-se que continue assim –, isso indica que as Receitas são menores do
que os Custos Variáveis Totais, de modo que a empresa faria melhor se fechas-
se as portas, caso não conseguisse identificar a Margem de Contribuição por
produto, eliminando os produtos com margem negativa.

Atividades de aplicação
1. Por margem de contribuição unitária, entendemos:

a) a contribuição que um determinado bem ou serviço fornece à firma


após termos retirado os custos e despesas fixos a ele associados.

b) a contribuição que cada trabalhador fornece mediante a aplicação


de sua força de trabalho.

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O estudo da margem de contribuição

c) o lucro operacional de uma empresa.

d) o resultado da subtração do preço de venda do produto ou serviço


e dos custos e despesas variáveis associados a ele.

2. Se uma empresa produz diversos produtos, e não enfrenta qualquer


gargalo ou fator limitante, deverá:

a) incentivar a produção e venda dos produtos que apresentem a


menor margem de contribuição unitária.

b) incentivar a produção de qualquer um dos produtos, já que inexis-


tem fatores limitantes.

c) incentivar a produção e venda dos produtos que apresentem a


maior margem de contribuição unitária.

d) igualar as margens de contribuição dos produtos a fim de eliminar


esse problema, já que inexistem fatores limitantes.

3. Margem de contribuição tem o mesmo significado de lucro. Essa


afirmação:

a) é falsa.

b) é verdadeira.

c) é verdadeira para empresas de grande porte, pois essas empresas


possuem custos fixos baixos.

d) é falsa apenas para empresas de grande porte, pois elas possuem


custos fixos baixos.

4. Ao tomarmos decisões pela margem de contribuição, quando a empresa


opera em pleno emprego, ou quando a mesma possui fatores limitantes,
devemos considerar:

a) a margem de contribuição unitária de cada produto, somente.

b) a margem de contribuição total, somente.

c) a margem de contribuição unitária em relação ao fator limitante, pois


assim procedendo estaremos melhorando o resultado operacional.

d) o preço de cada um dos produtos produzidos/vendidos pela


empresa.
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O estudo da margem de contribuição

Gabarito
1. D

2. C

3. A

4. C

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Análise do
ponto de equilíbrio

Após estudar este capítulo, você deverá estar apto(a) a:

„„ Entender o que é e como se calcula o ponto de equilíbrio de uma


empresa no curto prazo.

„„ Compreender a forma pela qual se processa o cálculo do ponto de


equilíbrio quando a empresa produz mais do que um produto.

„„ Desenvolver competências para analisar o significado e a importância


do ponto de equilíbrio para uma empresa em sua tomada de decisão.

„„ Entender o significado e a importância da margem de segurança


operacional como instrumento de avaliação de performance da empresa
no curto prazo.

Caracterização do ponto de equilíbrio


Passaremos a examinar e a analisar, no presente capítulo, o ponto de
equilíbrio de uma firma. Essa análise nos permitirá, entre outros, sabermos
qual o volume de produtos e/ou serviços precisaremos produzir/vender, bem
como permitirá que efetuemos simulações a respeito dos efeitos de decisões
a serem tomadas sobre aumento ou redução das operações, dos custos,
preços etc. Porém, uma pergunta faz-se necessária: o que vem a ser ponto
de equilíbrio?

Para Megliorini (2003, p. 151), o ponto de equilíbrio:


Nada mais é do que aquele momento em que a empresa não apresenta lucro nem
prejuízo. Esse momento é aquele em que foi atingido um nível de vendas no qual as
receitas geradas são suficientes apenas para cobrir os custos e as despesas.

Já Passos e Nogami (2003, p. 266) definem ponto de equilíbrio como:


O break-even point, ou ponto de equilíbrio de uma firma, é definido como sendo o nível de
produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita, isto
é, ponto em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras, é o nível mínimo de produção
e vendas em que uma firma pode funcionar sem que ocorram perdas.

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Análise do ponto de equilíbrio

Das definições descritas já nos é possível identificar a importância desse


ponto uma vez que estabelece condições para a tomada de decisão, princi-
palmente quando do lançamento ou não de um novo produto ou empreen-
dimento. Fornece-nos, entre outras, informações sobre as quantidades mínimas
que devemos produzir/vender para não incorrermos em prejuízo.

Caso analisaremos esse ponto sob a ótica da margem de contribuição,


entendendo-se margem de contribuição como a contribuição que um deter-
minado produto ou serviço fornece primeiramente para cobrir os custos e
despesas fixos e posteriormente para gerar lucro, verificaremos que o ponto
de equilíbrio ocorre quando o montante da margem de contribuição se iguala
ao montante dos custos e despesas fixos.

Isso posto, estamos em condições de estabelecermos o instrumental práti-


co (fórmula) para o cálculo do ponto de equilíbrio. É o que faremos a seguir.

Como calcular – fórmulas


Como vimos, o ponto de equilíbrio é uma situação em que o lucro é
igual a zero. Em outras palavras, é o ponto em que a receita total é igual ao
custo total.

Assim:

RT = CT

Onde:

RT = receita total

CT = custo total

O ponto de equilíbrio determina a quantidade mínima que a empresa


deve produzir/vender (receita total) para cobrir a totalidade de seus custos
(custo total).

Partindo-se da igualdade: RT = CT, podemos deduzir a fórmula para o cál-


culo do ponto de equilíbrio.

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

Receita total = preço unitário de venda multiplicado pela quantidade


vendida.

RT = PV . q

Onde:

RT = receita total

PV = preço unitário de venda

q = quantidade vendida

Já o custo total é resultante da soma do custo fixo e do custo variável.

„„ Custo fixo – parcela do custo total que não varia de acordo com a pro-
dução dentro de uma capacidade produtiva instalada.

„„ Custo variável – parcela do custo total que varia (no caso proposto)
direta e proporcionalmente ao nível de produção.

Assim:

CT = CF + CV

Onde:

CT = custo total

CF = custo fixo

CV = custo variável

Como temos:

RT = CT
e
RT = PV . q CT = CF + CV

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

PV . q = CF + CV

Isolando-se o termo PV, temos que:

CF CV
PV = +
q q

Por outro lado, sabemos que se dividirmos o custo variável pelo número de
unidades vendidas (q) chegaremos ao custo variável médio (ou unitário). Então:

CV
= CVUNITÁRIO CV = CVUNITÁRIO . q
q

Substituindo na igualdade, teremos:

CF
PV = + CVun
q

Isolando-se o termo q, temos:

CF
q=
(PV – CVun)

Todavia, sabemos que a subtração do preço de venda do custo variável


unitário nos fornece a margem de contribuição unitária do produto, ou seja,
o quanto esse produto ou serviço contribui primeiramente para cobrir os
custos fixos e posteriormente para gerar lucro. Trata-se, portanto, do concei-
to de margem de contribuição unitária.

Assim:

(PV – CVunitário) = MCU

Onde:

PV = preço unitário de venda

C Vunitário = custo variável por unidade produzida/vendida

MCU = margem de contribuição unitária

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Análise do ponto de equilíbrio

Substituindo na igualdade, teremos:

CF
q=
MCU

Onde:

q = quantidade produzida/vendida no ponto de equilíbrio

CF = custo fixo

MCU = margem de contribuição unitária

Em outras palavras, representa determinarem-se quantas margens de


contribuição unitárias serão necessárias para se cobrir a totalidade dos custos
e despesas fixos.

Pois bem, determinamos a fórmula para o cálculo do ponto de equilíbrio


em quantidades a serem produzidas/vendidas. É possível calcular o ponto
de equilíbrio em valor, bastando para tanto que calculemos a margem de
contribuição unitária percentual, que é igual à divisão da margem de con-
tribuição unitária pelo preço unitário de venda; iremos usá-la para dividir os
custos fixos totais.

Assim:

margem de contribuição unitária


Margem de contribuição percentual =
preço de venda unitário

Logo:

custo fixo total


Ponto de equilíbrio em valor =
margem de contribuição percentual

Cremos que um exemplo numérico será de grande valia para o perfeito


entendimento do que até agora foi exposto.

Vamos supor que uma empresa produtora de sapatos produza e venda


mensalmente 200 unidades, apresentando os seguintes dados:

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Análise do ponto de equilíbrio

Preço unitário de venda = R$180,00

Custos e despesas fixos/mês = R$4.000,00

Custos e despesas variáveis unitários = R$80,00

O seu ponto de equilíbrio será:

Em quantidades:

CF
q=
MCU

O exercício nos fornece:


„„ Custos e despesas fixos/mês: CF = R$4.000,00.

Margem de Contribuição unitária = MCU.

MCU = PV – CVunitário

Logo:

MCU = R$100,00

MCU = R$180,00 – R$80,00

MCU = R$ 100,00

Substituindo os valores na fórmula:

CF
q=
MCU
Teremos:

R$4.000,00
q= = 40 unidades
R$100,00

Quantidade no ponto de equilíbrio = 40 unidades

Em valor:

CF
Ponto de equilíbrio/valor =
MCUPERCENTUAL

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

MCU
MCUPERCENTUAL =
PV

Assim:

R$100,00
MCUPERCENTUAL = = 55,56% ou 55,56%
R$180,00

Portanto:

R$4.000,00
PEVALOR = = R$7.199,42; por aproximação R$7.200,00
0,5556
Valor no ponto de equilíbrio = R$7.200,00

Uma outra forma de encontrarmos o valor no ponto de equilíbrio é: uma


vez tendo obtido a quantidade no ponto de equilíbrio calcular a receita total
para essa quantidade.

Assim:

RT = PV . q

Onde:

PV = R$180,00

q = 40 unidades

Logo:

RT = R$180,00 . 40
RT = R$7.200,00

Vamos agora testar se realmente o ponto de equilíbrio, no exemplo dado,


é formado pelo par 40 unidades e receita total ou valor de R$7.200,00.

Já discutimos que o ponto de equilíbrio é uma situação em que o lucro é


igual a zero, ou seja, em que a receita total é igual ao custo total.

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

LT = RT – CT

Onde:

LT = lucro total

RT = receita total

CT = custo total

RT = PV . q
RT = R$180,00 . 40
RT = R$7.200,00

Onde:

RT = receita total

PV = preço unitário de venda

q = quantidade vendida no ponto de equilíbrio

CT* = CF* + CV*

CT = custo total

CF = custo fixo total

CV = custo variável total

(*) incluem-se também as despesas

CF = R$4.000,00

CV = CVunitário . q

CV = R$80,00 . 40

CV = R$3.200,00

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

CT = CF + CV
CT = R$4.000,00 + R$3.200,00
CT = R$7.200,00

Portanto, no ponto de equilíbrio:

RT = R$7.200,00
RT = CT
CT = R$7.200,00

LT = Zero

Representação gráfica
Essa representação algébrica do ponto de equilíbrio também pode ser
descrita graficamente, bastando para tanto transpormos para um plano car-
tesiano os dados que algebricamente determinamos. No eixo horizontal,
destacaremos as quantidades, e no vertical, os valores da receita total e do
custo total.

Valendo-nos do exemplo descrito:

„„ Relativamente ao custo total.

Caso a empresa opte por não produzir qualquer unidade de sapato, o seu
custo total será de R$4.000,00 que, como o exemplo considerado retrata,
trata-se do custo fixo que existirá independentemente de ocorrer ou não a
produção. É a parte do custo total que é fixa, independente, que não varia de
acordo com a produção.

Formamos assim o primeiro par ordenado para o custo total:

Produção/venda = Zero unidade


Custo total = R$4.000,00

No ponto de equilíbrio, conforme calculado anteriormente, teremos pro-


dução/venda de 40 unidades para um custo total de R$7.200,00 (custo fixo de
R$4.000,00, mais custo variável de R$3.200,00)

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Análise do ponto de equilíbrio

Formamos assim o segundo par ordenado para o custo total:

Produção/venda = 40 unidades
Custo total = R$7.200,00

„„ Relativamente à receita total.

Caso a empresa não produza qualquer unidade de sapatos, a sua receita


total será igual a zero.

Formamos assim o primeiro par ordenado para a receita total:

Produção/venda = Zero unidade


Receita total = Zero

No ponto de equilíbrio, conforme calculado anteriormente, teremos


produção/venda de 40 unidades que a um preço unitário de venda igual a
R$180,00 proporciona uma receita total de R$7.200,00.

Formamos assim o segundo par ordenado para a receita total:

Produção/venda = 40 unidades
Receita total = R$7.200,00

Em resumo:

Tabela 1 – Custo total X receita total

Produção/venda Custo total (R$) Receita total (R$)


0 unidade 4.000,00 0,00
40 unidades 7.200,00 7.200,00

Vamos transportar os dados da tabela para um plano cartesiano (obede-


cendo ao que estabelecemos: quantidades no eixo horizontal e valores no
vertical) a fim de que nos seja possível a visualização gráfica do equilíbrio.

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Análise do ponto de equilíbrio

Gráfico 1 – Representação gráfica do ponto de equilíbrio

zona de
zona de lucro
lucro
Custo total receita total
receita total
Receita total
ponto de
ponto de equilíbrio
equilíbrio A
R$7.200,00
custo
custo total
total

R$4.000,00

zona
zona dede
prejuízo
prejuízo
0 40 quantidades

Analisando o gráfico acima, podemos verificar que o ponto de equilíbrio


ocorre no intercepto entre o custo total e a receita total (ponto A), eviden-
ciando uma situação em que são produzidas e vendidas 40 unidades com
uma receita total e um custo total iguais a R$7.200,00 e, portanto, um lucro
total igual a zero (lembre-se LT = RT – CT, com a RT = CT = R$7.200,00, o nosso
Lucro Total nesse ponto é igual a zero).

Em outras palavras, para cobrir a totalidade de seus custos e despesas


(fixos e variáveis), a empresa terá de produzir e vender minimamente 40
pares de sapatos.

Qualquer venda abaixo de 40 pares fará com que a empresa tenha pre-
juízo, pois, como podemos observar pelo gráfico, quantidades menores do
que 40 pares apresentam custo total superior à receita total (a curva de custo
total apresenta-se acima da curva de receita total). A empresa estará operan-
do, portanto, na zona de prejuízo.

De forma análoga, qualquer produção acima de 40 pares fará com que a


empresa comece a obter lucro, pois, como podemos observar pelo gráfico,
quantidades maiores do que 40 pares apresentam receita total superior ao
custo total (a curva de receita total apresenta-se acima da curva de custo
total). A empresa estará operando, portanto, na zona de lucro.

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Análise do ponto de equilíbrio

Vamos comprovar numericamente essa nossa afirmação.


„„ Empresa produzindo 39 pares de sapatos, portanto, uma quantidade
inferior à quantidade do ponto de equilíbrio que são 40 pares de sapatos.
Teríamos:

CT = CF + CV

CF = R$4.000,00

CV = CVunitário . q = R$80,00 . 39

CV = R$3.120,00

Logo:

CT = R$4.000,00 + R$3.120,00
CT = R$7.120,00

RT = PV . q
RT = R$180,00 . 39
RT = R$7.020,00

Portanto:

CT (R$7.120,00) > RT (R$7.020,00)

Assim, teríamos um prejuízo de R$100,00, entrando a empresa na zona de


prejuízo.

„„ Empresa produzindo 41 pares de sapatos, portanto, uma quantidade


superior à quantidade do ponto de equilíbrio que são 40 pares de
sapatos. Teríamos:

CT = CF + CV

CF = R$4.000,00

CV = CVunitário . q = R$80,00 . 41

CV = R$3.280,00

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Logo:

CT = R$4.000,00 + R$3.280,00
CT = R$7.280,00

RT = PV . q
RT = R$180,00 . 41
RT = R$7.380,00

Portanto:

CT (R$7.280,00) < RT (R$7.380,00)

Assim teríamos um lucro de R$100,00 (zona de lucro).

O ponto de equilíbrio para vários produtos


Até o momento nos ocupamos em determinar o ponto de equilíbrio para
uma empresa que produza um único produto ou serviço.

Mas, e quando a empresa produz mais do que um produto ou serviço que


possuam diferentes margens de contribuição? Como procedemos para
determinar o ponto de equilíbrio?

Nesse caso, torna-se necessário que calculemos o ponto de equilíbrio


valendo-nos da participação percentual de cada produto/serviço no total
da produção/vendas da empresa e a partir de então calculamos a margem
de contribuição pela média ponderada para determinarmos o ponto de
equilíbrio.

Vamos a um exemplo para elucidarmos o que acima afirmamos.

Suponha que uma empresa qualquer produza e venda dois produtos, X e


Y, e que, devido à sua capacidade instalada, possua um custo fixo mensal de
R$9.600,00.

Adicionalmente, suponha que a empresa em referência produza 60 uni-


dades mensais do bem X que são vendidas a R$200,00 a unidade, e que os
custos e despesas variáveis unitários associados ao produto X importam em
R$40,00.

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Análise do ponto de equilíbrio

Ato contínuo, a empresa produz e vende mensalmente 40 unidades


do bem Y a R$300,00 a unidade, sendo que os custos e despesas variáveis
unitários associados a ele importam em R$60,00.

Vamos calcular o ponto de equilíbrio.

Primeiramente, vamos estabelecer a participação percentual de cada


produto no total de produção/vendas:

Produtos Quantidade vendida Participação %


X 60 unidades 60

Y 40 unidades 40

Totais 100 unidades 100

Vamos agora calcular a margem de contribuição unitária dos produtos X


e Y, e posteriormente aplicar o percentual de participação de cada um deles
no total de produção/vendas, para obtermos a margem de contribuição pela
média ponderada, e com ela o ponto de equilíbrio.

Logo, retirando os dados do exemplo considerado:

MCV X = PV X – CVUX
Onde:
MCV X = margem de contribuição unitária/produto X
PV X = preço unitário de venda/produto X
CVUX = custo variável unitário/produto X

MCV X = R$200,00 – R$40,00


MCV X = R$160,00

MCV Y = PV Y – CVUY
Onde:
MCV Y = margem de contribuição unitária/ produto Y
PV Y = preço unitário de venda/ produto Y
CVUY = custo variável unitário/ produto Y

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Análise do ponto de equilíbrio

MCV Y = R$300,00 – R$60,00


MCV Y = R$240,00

De posse das margens de contribuição unitária dos produtos X e Y, vamos


aplicar os percentuais de participação de cada um deles no total de produção
e vendas, e com isso obter a margem de contribuição pela média ponderada,
o que nos possibilitará o cálculo do ponto de equilíbrio.

Assim:

Produtos MCunitária (R$) Participação % MC Ponderada (R$)


X 160,00 60 96,00

Y 240,00 40 96,00

Totais 192,00

O valor de R$192,00 representa a margem de contribuição Média Pon-


derada e é resultante do somatório da participação do produto X (60% de
R$160,00) e da participação do produto Y (40% de R$240,00).

Estamos em condições de determinar o ponto de equilíbrio em


quantidades.

Custos fixos
q=
MC Média ponderada
Onde:
q = quantidade no ponto de equilíbrio
Custos fixos = R$9.600,00
MC Média Ponderada = R$192,00

Portanto:

R$9.600,00
q= = 50 unidades
R$192,00

Para a determinação do ponto de equilíbrio em valor, basta calcularmos a


participação percentual de cada um dos produtos, X e Y, no total de produção
e vendas.

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Análise do ponto de equilíbrio

Logo:

Produto X – Participação de 60% 60% de 50 un. = 30 unidades

Produto Y – Participação de 40% 40% de 50 un. = 20 unidades

Portanto:

Produto X – 30 unidades . R$200,00 = R$6.000,00

Produto Y – 20 unidades . R$300,00 = R$6.000,00

Receita total no ponto de equilíbrio = R$12.000,00

Finalizando: os R$12.000,00 de receita total encontrados representam


também o custo total da empresa para um mix da produção/vendas de 30
unidades do produto X e 20 unidades do produto Y, evidenciado o seu ponto
de equilíbrio, isto é, uma situação de lucro zero. Se não, vejamos a seguir.

Custo total para mix de produção

Custo total = custo fixo + custo variável


Custo fixo: R$9.600,00
Custo variável para 30 unidades de X = R$40,00 . 30 = R$1.200,00
Custo variável para 20 unidades de Y = R$60,00 . 20 = R$1.200,00

Logo:

Custo total/mix de produção=R$9.600,00 + R$1.200,00 + R$1.200,00 = R$12.000,00

Portanto:

RT = CT lucro total zero

R$12.000,00 R$12.000,00
ponto de equilíbrio

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Análise do ponto de equilíbrio

Deve ficar claro, por fim, que alterações nos custos e despesas fixos, custos
ou despesas variáveis e/ou no preço de venda dos produtos alterarão o ponto
de equilíbrio, haja vista que estaremos alterando/modificando suas principais
determinantes.

Exemplo:

„„ Uma elevação nos custos e depesas fixos elevará o ponto de equilíbrio.


Já uma redução nesses custos diminuirá o ponto de equilíbrio.

„„ Uma elevação no custo variável unitário acarretará na necessidade de


se aumentar a quantidade vendida para se atingir o ponto de equi-
líbrio. Já uma redução no custo variável unitário reduz o volume de
vendas necessário para se atingir o equilíbrio.

„„ Uma redução no preço unitário de venda do produto provocará a


necessidade de se vender uma quantidade maior para se alcançar o
ponto de equilíbrio. Já uma elevação no preço do produto ou serviço
fará com que seja necessário um volume de vendas menor para a em-
presa alcançar o ponto de equilíbrio.

A Margem de Segurança Operacional (MSO)


Trata-se de um conceito extremamente simples, todavia de grande
importância para a empresa, já que demonstra o quanto próximo ou longe
da zona de prejuízo estará operando a mesma.

Para a sua determinação, comparamos o volume de vendas em quanti-


dade ou valor que a empresa está obtendo com a quantidade ou valor no
ponto de equilíbrio. A diferença entre ambas determina a MSO.

Dessa forma, podemos calculá-la da seguinte forma:

MSO = quantidade efetivamente vendida – quantidade no ponto de equilíbrio

Obviamente, quanto maior for a MSO, melhor posicionada estará a empresa,


pois maior estará sendo a sua capacidade de gerar lucro.

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Análise do ponto de equilíbrio

Um exemplo ilustrará a situação discutida acima. Vamos supor que uma


empresa tenha produzido e vendido em um determinado mês 30 unida-
des de um dado produto A. Seus custos e despesas fixos importaram em
R$8.000,00.
Cada unidade do produto foi vendida a R$1.500,00, tendo consumido
como custos e despesas variáveis R$500,00 por unidade.
Vamos determinar a MSO para essa empresa.

Primeiramente, vamos calcular a quantidade no ponto de equilíbrio.

CF
q=
MCU
CF = custos e despesas fixos = R$8.000,00

MCUA = PVA – CVUA

MCUA = R$1.500,00 – R$500,00

MCUA = R$1.000,00

Logo:

R$8.000,00
q= = 8 unidades
R$1.000,00

Agora temos condições de calcular a margem de segurança operacional


contrapondo quantidade vendida com quantidade no ponto de equilíbrio.

Assim:

MSO = quantidade efetivamente vendida – quantidade no ponto de equilíbrio


MSO = 30 unidades – 8 unidades
MSO = 22 unidades

Deduzimos tratar-se de uma excelente MSO, uma vez que as 22 unidades


encontradas superam 2,75 vezes o número mínimo de unidades que a em-
presa teria que produzir para cobrir a totalidade de seus custos e despesas
totais. Demonstra estar confortavelmente instalada na zona de lucro e por
consequência longe da zona de prejuízo.

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Análise do ponto de equilíbrio

Ampliando seus conhecimentos

Ponto de equilíbrio (break-even-point)


(PADOVEZE, 2005)

Denominamos Ponto de Equilíbrio o volume de atividade operacional


onde o Total da Margem de Contribuição da quantidade vendida/produzida
se iguala aos Custos e Despesas Fixos. Em outras palavras, o Ponto de Equi-
líbrio mostra o nível de atividade ou volume operacional quando a Receita
total das Vendas se iguala ao somatório dos Custos Variáveis Totais mais os
Custos e Despesas Fixos. Assim o Ponto de Equilíbrio evidencia os parâmetros
que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não
ter Prejuízo, mesmo que a custa de um Lucro Zero. O Ponto de Equilíbrio é
também denominado de Ponto de Ruptura (break-even-point).

Ponto de equilíbrio e gestão de curto prazo


O conceito de Ponto de Equilíbrio também é um conceito que tende a ser
utilizado para Gestão de Curto Prazo da empresa, é importante ressaltar esse
enfoque. Isso é claro porque o Ponto de Equilíbrio mostra o ponto mínimo
onde a empresa pode operar para que tenha Lucro Zero. Nesse ponto mínimo
de capacidade de operação, ela consegue cobrir os Custos Variáveis das uni-
dades vendidas ou produzidas e também todos os Custos de Capacidade, os
Custos Fixos.

Nessa linha de pensamento, fica evidente que é uma técnica para utilização
em Gestão de Curto Prazo, porque não se pode pensar em um planejamento
de longo prazo para uma empresa em que ela não dê resultado positivo e nem
remunere os detentores de suas fontes de recursos.

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Análise do ponto de equilíbrio

Atividades de aplicação
1. No ponto de equilíbrio:
a) o lucro da firma é igual a zero.
b) é uma situação em que a receita total é maior do que o custo total.
c) é uma situação em que a receita total é menor do que o custo total.
d) o lucro da firma é máximo.

2. Sob a ótica da margem de contribuição, o ponto de equilíbrio é enten-


dido como:
a) resultante da multiplicação do preço de venda unitário pela quan-
tidade vendida.
b) a quantidade de margens de contribuição unitárias necessárias
para cobrir a totalidade dos custos e despesas fixos.
c) resultante da soma dos custos variáveis unitários.
d) resultante da soma dos custos fixos unitários.

3. Caso uma empresa produza um determinado bem X e o venda ao preço


de R$6.000,00 a unidade, tendo incorrido em despesas e custos variáveis
de R$4.000,00 por unidade, a margem de contribuição unitária desse
produto é:
a) R$6.000,00.
b) R$4.000,00.
c) R$2.000,00.
d) R$10.000,00.

4. A margem de segurança operacional:

a) quanto menor for, mais longe de entrar na zona de prejuízo estará


a empresa.

b) é obtida por meio da subtração entre a quantidade efetivamente


vendida e a quantidade no ponto de equilíbrio.

c) representa a margem de contribuição unitária do produto.

d) quanto maior for, mais próxima da zona de prejuízo estará a empresa.

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Análise do ponto de equilíbrio

Gabarito
1. A

2. B

3. C

4. B

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As diferentes
estruturas de mercado

Após estudar este capítulo, você deverá estar apto(a) a:

„„ entender e caracterizar as diferentes estruturas de mercado;

„„ compreender a importância de um modelo teórico para o entendi-


mento do funcionamento dos modelos existentes na prática;

„„ desenvolver habilidades e competências para identificar o perfil de


cada uma das empresas, e do mercado em que as mesmas possam
estar inseridas.

Introdução
O objetivo do presente capítulo é o de caracterizar as diferentes estruturas
de mercado, pois, muito embora saibamos que mercado é o ponto de
encontro entre compradores e vendedores que ali comparecem para realizar
transações, nem todos os mercados comportam-se da mesma maneira.

Ou seja, temos desde estruturas em que existe um grande número de


compradores e de vendedores que se guiam pela obediência à Lei de Oferta
e Demanda, até estruturas em que a oferta de bens e/ou serviços concentra-
-se em mãos de um único produtor.

Selecionamos, para tanto, as quatro principais estruturas de mercado de


bens e serviços, quais sejam: mercado de concorrência perfeita, monopólio,
concorrência monopolista e oligopólio. Vamos a eles.

Mercado de concorrência perfeita – caracterização


Podemos defini-la como sendo uma estrutura de mercado na qual exis-
tem muitos compradores e vendedores oferecendo um bem homogêneo
(sem diferenciação), havendo a livre entrada e a saída de firmas do mercado.

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As diferentes estruturas de mercado

Para Mankiw (2005, p. 290):

Um mercado competitivo, por vezes chamado de mercado perfeitamente competitivo,


tem duas características.

– Há muitos compradores e vendedores no mercado.

– Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são em grande escala os mesmos.

Ainda segundo Mankiw (2005, p. 290): “Mercado competitivo: um merca-


do com muitos compradores e vendedores negociando produtos idênticos,
de modo que cada comprador e cada vendedor é tomador de preço”.

Complementando segundo Mankiw (2005, p. 290):

Além dessas duas condições para a competição, há uma terceira condição às vezes tida
como característica dos mercados perfeitamente competitivos.

– As empresas podem entrar e sair livremente do mercado.

Já Hall e Lieberman (2003, p. 254), argumentam que “Concorrência perfeita


é uma estrutura de mercado na qual existem muitos compradores e vende-
dores, o produto é padronizado e os vendedores podem entrar ou sair facil-
mente do mercado”.

Para Passos e Nogami (2003, p. 287): “Concorrência perfeita é uma situação


de mercado na qual o número de compradores e vendedores é tão grande
que nenhum deles, agindo individualmente, consegue afetar o preço”.

Pelo que podemos depreender das colocações efetuadas pelos diver-


sos autores, e em uma primeira aproximação, concorrência perfeita é uma
estrutura de mercado que comporta um grande número de vendedores
(ofertantes) e compradores (demandantes), oferecendo e demandando um
“produto homogêneo” (sem diferenciação), sendo que a participação in-
dividual, tanto de ofertantes quanto de demandantes, é tão pequena que
não consegue afetar as condições de mercado. São ambos, demandantes
e ofertantes, aceitadores das condições de mercado impostas pela oferta
e pela demanda (tecnicamente, são tomadores/aceitadores de preço). Ato
contínuo, pela pequena participação individual, não há como criar barrei-
ras ao ingresso de novos concorrentes no mercado (existe a livre entrada e
saída de firmas no mercado).

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As diferentes estruturas de mercado

Assim:
Grande número de vendedores e compradores,
aceitadores das condições do mercado.
Concorrência perfeita
Produto homogêneo.
Livre entrada/saída de firmas do mercado.

A fim de encerrarmos essa primeira aproximação a respeito do mercado


de concorrência perfeita, vamos colocar o que Hall e Lieberman (2003, p. 254),
argumentam sobre os três requisitos da concorrência perfeita:
Concorrência perfeita é uma estrutura de mercado com três características importantes:

1. Existe um grande número de compradores e um grande número de vendedores. Cada


um compra ou vende apenas uma pequena fração da quantidade total do mercado.

2. Os vendedores oferecem um produto padronizado.

3. Os vendedores podem entrar ou sair facilmente do mercado.

Fica claro que a estrutura de mercado identificada como concorrência


perfeita, até pelo próprio nome, mostra-se muito mais como uma estrutura
teórica do que efetivamente existente na prática. Porém, se pensarmos, por
exemplo, na oferta mundial de trigo, a participação individual de um fazen-
deiro produtor de trigo estará contida nessa estrutura de mercado. Um outro
exemplo: pense em um único feirante com sua barraca de feira, oferecendo
verduras em feiras livres. Qual a sua participação na oferta total de alface?
Qual a sua influência sobre o preço da alface? O que acontece se, por exem-
plo, ele não comparecer a um dia de feira livre? Essas situações, caso ocorram,
não terão influência no mercado total de verduras. São, portanto, situações
que ilustram a estrutura de concorrência perfeita.

As hipóteses do modelo
Após termos caracterizado a estrutura de mercado de concorrência
perfeita, vamos nos aprofundar, a partir de suas características, e examinarmos
as suas principais hipóteses a seguir.

Grande número de compradores e de vendedores


Essa hipótese diz respeito ao fato de que o grande número de compra-
dores e de produtores do mercado faz com que a participação individual dos
mesmos seja tão pequena em relação ao todo do mercado que os mesmos,

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As diferentes estruturas de mercado

individualmente, não possuam poder para influenciar o preço, que é estabe-


lecido pelas forças do mercado, ou seja, as forças de oferta e de demanda. As
empresas, nesse caso, e nessa estrutura de mercado, são tomadoras/aceita-
doras de preço.

Uma vez estabelecido o preço, pelas forças de oferta e de demanda,


somente permanecerão no mercado as empresas que conseguirem oferecer a
um preço igual ou inferior ao preço de mercado, assim como somente parti-
ciparão do mercado os compradores (consumidores) que tiverem condições
de pagar um preço igual ou superior ao preço de mercado.

Produtos padronizados (homogêneos)


Os produtos oferecidos em um mercado de concorrência perfeita são per-
feitos substitutos entre si. Tanto faz ao consumidor adquiri-lo da empresa A,
B ou C, sendo guiado, nesse caso, pelo comportamento racional, qual seja: o
de buscar pagar pela mercadoria o menor preço possível.

Surge daí uma outra característica do mercado de concorrência perfeita


que é a existência de uma concorrência via preço, ou seja, busca-se vencer o
concorrente reduzindo-se o preço.

Inexistência de barreiras ao ingresso


de novos concorrentes no mercado
Trata-se da hipótese da livre entrada e da livre saída de firmas do mer-
cado. Como o número de empresas operando no mercado é extremamente
grande, com pequena participação individual não há como as empresas já
operantes no mercado criarem barreiras ao ingresso de novos competidores
ao mercado (como acordos entre as empresas existentes, patentes etc.).

Da mesma forma, é uma estrutura de mercado que não exige grandes


investimentos por parte de novos ingressantes. Exemplo: um feirante, vende-
dor de verduras, não necessita de grandes investimentos para se estabelecer
no negócio.

Perfeito conhecimento do mercado


Pelo fato de o preço ser estabelecido pelo mercado, por meio das forças
de oferta e de demanda, tanto compradores quanto produtores conhecem
perfeitamente o mercado.

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As diferentes estruturas de mercado

Conhecem a qualidade do produto e seu preço de tal sorte que os con-


sumidores não estarão dispostos a pagar um preço superior ao vigente, bem
como os produtores, por sua vez, não estarão dispostos a vender por um
preço menor do que o preço de mercado.

Monopólio – caracterização
Trata-se de uma estrutura de mercado que se situa no outro extremo da
concorrência perfeita, ou seja, enquanto na concorrência perfeita temos
um grande número de empresas oferecendo um produto homogêneo, que
obedecem e praticam um preço estabelecido pelo mercados, no monopólio
existe um único produtor, produzindo e oferecendo um produto para o qual
não existem substitutos à altura no mercado, tendo, portanto, um importante
papel na determinação de preço, e tendo condições de estabelecer barreiras
ao ingresso de novos competidores no mercado.

Para Hall e Lieberman (2003, p. 291): “Uma firma monopolista é a única ven-
dedora de um bem ou serviço que não tem substitutos próximos. O mercado
no qual a firma do monopólio opera é chamado de mercado monopolista”.

Já Troster e Mochón (1999, p. 156) consideram: “No mercado monopolista


existe um só ofertante, que tem plena capacidade de determinar o preço”.

Sobre o assunto, Mankiw (2005, p. 314) enfatiza:


Uma empresa é um monopólio se é a única vendedora de seu produto e se seu produto
não tem substitutos próximos. A causa principal dos monopólios está nas barreiras à
entrada: um monopólio se mantém como o único vendedor de seu mercado porque as
outras empresas não podem entrar no mercado e competir com ela.

Assim sendo:

único produtor/vendedor de um bem ou serviço.


não existem substitutos à altura no mercado.
Monopólio capacidade para determinar preço.
existência de barreira ao ingresso de novas firmas
no mercado.

As hipóteses do modelo
Buscamos as hipóteses do monopólio em sua própria conceituação. Veja
a seguir.

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As diferentes estruturas de mercado

Existência de uma única firma ofertante


Essa hipótese diz respeito ao fato de que a oferta de uma indústria,
entendendo-se indústria como o conjunto de empresas (firmas) produtoras
de um mesmo bem ou de bens substitutos entre si, concentra-se em uma
única empresa.

Poder na determinação do preço


Essa hipótese diz respeito ao fato de que, diferentemente da estrutura
de concorrência perfeita onde temos um grande número de ofertantes que
aceitam as condições de mercado, o monopolista, por ser o único ofertante
de um bem para o qual não existem substitutos à altura no mercado, não
aceita, mas sim dita os preços ao mercado.

Existência de barreiras ao ingresso


de novos concorrentes no mercado
Essa hipótese diz respeito ao fato de que o monopolista cria, impõe bar-
reiras ao ingresso de novas firmas no mercado.

As possíveis barreiras à entrada de novos concorrentes no mercado podem


advir de ganhos de escala, controle sobre a fonte de matéria-prima, patentes,
licença e concessões governamentais. Tais barreiras acabam por se transformar
nas principais causas dos monopólios que exploraremos a seguir.

Causas do monopólio
As principais causas do monopólio encontram-se consubstanciadas nas
próprias barreiras impostas ao ingresso de novos concorrentes no mercado.
Vamos comentar sobre as mesmas.

Ganhos de escala: economias de escala


Provenientes dos pesados investimentos iniciais, acabam por impedir a
entrada de novos concorrentes no mercado, uma vez que, já estabelecido no
mercado, o monopolista já diluiu ao longo do tempo o custo desse investi-
mento, podendo operar com custos mais baixos do que os novos possíveis

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As diferentes estruturas de mercado

ingressantes. Esse é o caso típico de monopólio natural em que novos ingres-


santes não veem a possibilidade de competir em custos com o monopolista
já instalado no mercado. Exemplos: serviços de utilidade pública tais como
energia elétrica, terminais ferroviários, portuários etc.

Controle sobre a fonte de matéria-prima


A posse ou propriedade de matérias-primas essenciais à produção de um
determinado bem pode vir a bloquear o ingresso de novos concorrentes no
mercado. Exemplo: A Alcoa, durante muitos anos, deteve o monopólio de
alumínio nos EUA em razão de controlar as minas de bauxita, matéria-prima
essencial para a produção de alumínio.

Patentes, licenças e concessões governamentais


A existência de patentes, licenças ou concessões governamentais criam
barreiras ao ingresso de novos competidores no mercado.

Patentes fornecem ao seu possuidor o direito exclusivo de produzir um


determinado bem ou serviço por um dado período de tempo. Trata-se, por
exemplo, de invenções, de produto patenteado.

Da mesma forma, quando o governo fornece licenças ou concessões


a uma dada empresa para que ela produza algo com exclusividade, está
excluindo a possibilidade de outras produzi-lo. Exemplo: concessões de
rádio, televisão etc.

Concorrência monopolista – caracterização


Verificamos, até então, as duas estruturas de mercado que representam
as situações extremas, de um lado a concorrência perfeita representada por
uma estrutura onde existe um grande número de empresas, tomadoras de
preço, oferecendo um produto homogêneo, com perfeito conhecimento de
mercado e com livre entrada e saída de firmas desse mercado.

De outro, o monopólio, uma estrutura caracterizada pela existência de um


único produtor oferecendo um produto para o qual não existem substitutos
à altura no mercado, e com grandes barreiras que muitas vezes impedem o
estabelecimento de novos concorrentes no mercado.

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As diferentes estruturas de mercado

Pois bem, a concorrência monopolista é um misto de concorrência perfeita


e de monopólio, ou seja, possui elementos da concorrência perfeita e do
monopólio.

Podemos considerá-la como sendo uma estrutura de mercado onde existe


um grande número de vendedores e compradores, oferecendo um produto
diferenciado, sendo que não existem barreiras ao ingresso de novos compe-
tidores no mercado. Exemplo: restaurantes, supermercados, papelarias, lojas
varejistas.

São exemplos de concorrência monopolista, pois existem muitos no mer-


cado, é fácil entrar ou sair do mesmo, sendo que diferentemente da concor-
rência perfeita cada um deles produz algo, de certa forma, diferente do que
é produzido pelos seus concorrentes (por exemplo, o restaurante, no tipo de
comida e a sua qualidade).

Para reforçar nossa posição, convém mencionar o que Hall e Lieberman


(2003, p. 327) consideram sobre o assunto:
Um mercado em que haja concorrência monopolista tem três características fundamentais:

1. Muitos compradores e vendedores.

2. Nenhuma barreira significativa à entrada ou saída.

3. Produtos diferenciados.

Dando sequência ao assunto, os mesmos autores ponderam: “Concorrên-


cia monopolista: uma estrutura de mercado na qual existem muitas firmas
que vendem produtos diferenciados, embora ainda sejam substitutos próxi-
mos e na qual existe livre entrada e saída”.

As hipóteses do modelo
São hipóteses do modelo de concorrência monopolista:

Existência de muitas firmas produzindo


um determinado bem ou serviço
Uma estrutura de mercado em que o número de vendedores e de com-
pradores é grande.

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Existência de um produto diferenciado


O produto de uma determinada empresa é de certa forma diferente do
produto de seus concorrentes.

Essa diferenciação ocorre em razão, por exemplo, de embalagem, aten-


dimento de pós-venda, propaganda, características físicas do produto etc.,
o que acaba conferindo às empresas que operam nessa estrutura de merca-
do certo poder sobre os preços (diferentemente da concorrência perfeita, as
empresas que operam nessa estrutura de mercado não são tomadoras/acei-
tadoras de preço). Exemplo: mercado de cosméticos. A empresa produtora
pode ter um grande aliado: a preferência do consumidor, e com isso ter certa
liberdade na fixação de preços.

Existência de barreiras ao ingresso


de novas concorrentes no mercado
Existe, como no modelo de concorrência perfeita, a livre entrada e saída
das firmas no mercado.

Oligopólio – caracterização
Assim como a estrutura de concorrência monopolista, o oligopólio é uma
estrutura de mercado normalmente encontrada em nosso cotidiano. Trata-se
de uma estrutura de mercado situada entre a concorrência monopolista e o
monopólio.

É uma situação em que existe um pequeno número de empresas que


dominam um determinado mercado, ou, em outras palavras, a oferta de uma
determinada indústria encontra-se concentrada nas mãos de um número
reduzido de empresas de grande porte, entendendo-se indústria como o
conjunto de empresas produtoras de bens semelhantes, ou substitutos entre
si. Exemplos: indústria automobilística, indústria de pneumáticos etc.

Além disso, podemos considerá-la como uma estrutura de mercado em


que existe um pequeno número de grandes empresas capazes de influen-
ciar o mercado, ou seja, as decisões tomadas por uma delas acabam por
influenciar decisivamente no comportamento das demais empresas inte-
grantes do mercado gerando uma resposta das demais. Exemplo: no caso da
indústria automobilística, suponha o que aconteceria se a General Motors do

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As diferentes estruturas de mercado

Brasil parasse de produzir veículos automotores. Provocaria ou não mudan-


ças no mercado de veículos automotores? Haveria ou não reações por parte
das demais montadoras? Claro que sim. Tal fato demonstra a existência de
interdependência entre os oligopolistas, bem como a capacidade que cada
um tem de influenciar o funcionamento do mercado.

Todavia, muito embora tenhamos identificado o oligopólio como uma


estrutura em que existe um pequeno número de grandes empresas capazes
de influenciar o mercado, podemos também encontrá-lo em estruturas onde
existam muitas empresas, porém com poucas dominando o mercado. Exem-
plo: indústria de alimentos, indústria de bebidas etc.

É o que nos conduz a dois importantes conceitos, quais sejam:

„„ Oligopólio concentrado – pequeno número de empresas de grande


porte dominando o mercado. Exemplo: indústria de pneumáticos, in-
dústria automobilística etc.

„„ Oligopólio competitivo – pequeno número de empresas de grande


porte dominando um mercado com muitas empresas. Exemplo: indús-
tria de bebidas, indústria de alimentos etc.

As hipóteses do modelo
São as seguintes as hipóteses do modelo de oligopólio:

Existência de um número reduzido de empresas de grande


porte, interdependentes, e que influenciam o mercado
Como vimos, uma das características do oligopólio é ser uma estrutura de
mercado onde existe um número reduzido de empresas de grande porte, ou
mesmo a existência de um mercado em que existam muitas empresas, mas
que poucas dominem.

São interdependentes, ou seja, as decisões tomadas por uma delas indivi-


dualmente afetam e provocam reações nas demais, e individualmente pos-
suem condições de influenciar o mercado.

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Quanto ao produto
Diferentemente da concorrência perfeita em que o produto é homogê-
neo, e da concorrência monopolista em que o produto é diferenciado, o oli-
gopólio pode apresentar um produto homogêneo ou diferenciado.

É o que nos fornece a caracterização do oligopólio puro, com produtos


homogêneos, como o alumínio e o cimento, e do oligopólio diferenciado,
quando tratarmos de produtos que de certa forma são diferentes, como os
automóveis.

Existência de barreiras ao ingresso


de novos concorrentes no mercado
Assim como no monopólio, existem barreiras ao ingresso de novos con-
correntes no mercado consubstanciados em patentes, ganhos de escala, bar-
reiras legais, posse ou propriedade de fontes de matérias-primas essenciais.

Existe também a possibilidade de acordo entre as empresas já existentes


no mercado com a finalidade de dificultar a entrada de novos competidores.

A concorrência extra-preço e os preços administrados


Uma outra característica importante do oligopólio é o tipo predominante
de concorrência praticada pelos seus participantes, qual seja, a concorrência
extra-preço.

Nesse tipo de concorrência, faz-se de tudo para vencer o oponente, menos


baixar preço. Esse tipo de concorrência baseia-se:

„„ na diferenciação – tornar o seu produto de forma que o mesmo seja


diferente dos produtos dos concorrentes. Exemplo: através da cor, sa-
bor, embalagem etc.

„„ por meio da propaganda/publicidade – exaltar características que


o seu produto tem e que os produtos dos seus concorrentes não têm.
Exemplo: Só Omo® dá o branco total radiante.

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As diferentes estruturas de mercado

Relativamente aos preços, pelo fato de se tratar de uma estrutura de mer-


cado em que existe um pequeno número de grandes empresas, capazes de
influenciá-lo, o oligopolista não aceita o preço estabelecido pelo mesmo, ou
seja, diferentemente da empresa que opera no mercado de concorrência per-
feita que é tomadora de preços, a empresa oligopolista é ditadora de preços,
ou seja, tem condições de estabelecer preços dentro de certos limites, prati-
cando o que tecnicamente identificamos como preços administrados: preços
sobre os quais o oligopolista já calcula os retornos que deseja obter.

Para finalizar, como mencionamos anteriormente, o oligopólio propicia a


possibilidade da realização de acordos entre as empresas, dos quais o mais
incisivo é o cartel, que é um acordo formal entre empresas cujo objetivo é
limitar e, por vezes, até eliminar a competitividade de um dado mercado.

Esse acordo diz respeito à prática de preços e à divisão do mercado.

Ampliando seus conhecimentos

O monopólio da DeBeers sobre os diamantes


(MANKIW, 2005)

Um exemplo clássico de monopólio que resultou da propriedade de um


recurso-chave é o da DeBeers, a empresa de diamantes da África do Sul. A
DeBeers controla cerca de 80% da produção mundial de diamantes. Embora a
participação da empresa no mercado não seja de 100%, é grande o bastante
para exercer influência considerável sobre o preço mundial dos diamantes.

Quanto poder de mercado a DeBeers tem? A resposta depende, em parte,


da existência de substitutos próximos para seu produto. Se as pessoas enxer-
garem esmeraldas, rubis e safiras como bons substitutos para os diamantes,
então a DeBeers terá poder de mercado relativamente pequeno. Nesse caso,
qualquer tentativa por parte da empresa de aumentar o preço dos diamantes
faria com que as pessoas trocassem os diamantes por outras pedras preciosas.
Mas se as pessoas considerarem que essas outras pedras são muito diferentes
dos diamantes, então a DeBeers poderá exercer uma influência considerável
sobre o preço de seu produto.

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As diferentes estruturas de mercado

A DeBeers paga por um grande volume de publicidade. À primeira vista,


essa decisão pode parecer surpreendente. Se um monopolista é o único ven-
dedor de seu produto, então por que precisa anunciar? Um objetivo dos anún-
cios da DeBeers é diferenciar os diamantes das demais pedras na mente dos
consumidores. Quando o slogan da empresa afirma que “diamantes são para
sempre”, quer que pensemos que o mesmo não se aplica às esmeraldas, rubis
e safiras (e observe que o slogan se aplica a todos os diamantes, não só os da
DeBeers – um sinal da posição monopolista da empresa). Se os anúncios forem
bem-sucedidos, os consumidores vão enxergar os diamantes como únicos, e
não apenas como uma entre diversas pedras preciosas, e essa percepção dará
à DeBeers maior poder de mercado.

Atividades de aplicação
1. São características do mercado de concorrência perfeita:

a) poucos compradores e poucos vendedores.

b) existência de um grande número de empresas e de consumidores,


sendo que as empresas oferecem um produto homogêneo.

c) existência de um único produtor oferecendo um produto para o


qual não existem substitutos à altura no mercado.

d) são as empresas que ditam os preços ao mercado.

2. Relativamente ao monopólio, é verdadeiro afirmar que

a) não existem barreiras ao ingresso de novos concorrentes no


mercado.

b) as principais causas do monopólio são: economia de escala, patentes,


licenças e concessões governamentais e controle sobre as fontes
de matéria-prima.

c) o produto oferecido pelas empresas participantes do monopólio é


homogêneo.

d) o monopolista aceita o preço que é estabelecido pelo mercado,


por meio das forças de oferta e de demanda.

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As diferentes estruturas de mercado

3. Uma estrutura de mercado na qual existem muitas firmas oferecendo


produtos diferenciados, sem barreiras significativas à entrada ou saída,
caracteriza:

a) a concorrência monopolista.

b) o oligopólio.

c) a concorrência perfeita.

d) o monopólio.

4. Uma estrutura de mercado na qual a oferta de uma determinada


indústria encontra-se concentrada nas “mãos” de um reduzido número
de empresas de grande porte, que oferecem um produto que pode ser
homogêneo ou diferenciado, retrata uma situação de:

a) concorrência perfeita.

b) monopólio.

c) oligopólio.

d) concorrência monopolista.

5. Relacionar as colunas.

a) concorrência perfeita. ( ) um único produtor.

b) monopólio. ( ) muitos ofertantes e produto


homogêneo.
c) concorrência monopolista.
( ) preços administrados.
d) oligopólio.
( ) produtos diferenciados, sem
barreiras significativas ao in-
gresso de novos concorrentes.

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Gabarito
1. B

2. B

3. A

4. C

5. B – A – D – C

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estrutura – aplicação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

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VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: micro e macro. São


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Economia
e Negócios

Economia e Negócios
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e Negócios
Wanderley Gonçalves
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2972-3

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