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Intoxicações em gatos
por acetaminofeno
2. Intoxicação………………………………………………………………………..2
2.1. Que é uma intoxicação?..............................................................................2
2.2. Vias de intoxicação……………………………………………………….4
2.3. Órgãos afetados por uma intoxicação…………………………………….5
3. Acetaminofeno……………………………………………………………………6
3.1. Definição………………………………………………………………….6
3.2. História……………………………………………………………………6
3.3. Características químicas…………………………………………………..7
3.4. Mecanismo de ação……………………………………………………….7
5. Conclusão……………………………………………………………………… .14
6. Bibliografia………………………………………………………………………15
1. Introdução
Este medicamento comercializado na década dos 50, não está sujeito a prescrição médica e é
por isso que em muitas ocasiões e mal utilizado, por exemplo em sobredosagem ou em
animais. No caso da utilização deste fármaco em gatos as consequências podem ser fatais
devido a sua hepatotoxicidade.
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2. Intoxicações
2.1 Que é uma intoxicação?
A toxina pode ser encontrada em três estados diferentes (gás, líquido e sólido) e qualquer um
destes estados consegue interagir com o ser vivo desde do nível molecular até ao nível do
organismo (Plumlee, 2004; Messonnier, 2001)
A toxicologia e a farmacologia podem ser interpretadas como estudos da mesma área, mas
que têm destinos finais opostos. A toxicologia é o estudo de químicos (toxinas) que
provocam detrimento de um organismo, enquanto a farmacologia é estudo de químicos
(drogas) que procura o benefícios terapêuticos para o animal (Plumlee, 2004).
É preciso uma atenção cuidada quando se administram drogas a um animal, pois a linha que
separa o benefício terapêutico de uma intoxicação (janela terapêutica) pode ser extremamente
pequena, sendo necessário uma atenção redobrada nas doses fornecidas.
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Animais de diferentes espécies, com diferentes idades e com diferentes características a nível
de absorção, distribuição, metabolismo, permeabilidade da membrana, funcionamento dos
órgãos, anatomia gastrointestinal e fisiologia, pH do tecido e excreção, vão contrair uma
reação diferente ao químico, contribuindo positivamente ou negativamente (Messonnier,
2001).
A resposta de uma dose pode ser diferente consoante a toxicidade seletiva, diferença entre
espécies e diferenças individuais (dentro da mesma espécie).
1- A toxicidade seletiva produz dano a um tipo de órgão ou parte deste. Estas reações
negativas ocorrem devido à presença de recetores alvo. Porém uma espécie que não
possua esses recetores não vai ter resposta.
3- Diferenças individuais (dentro da mesma espécie), consiste num indivíduo que possua
um gene diferente, que podem contribuir para que ocorra ou não, uma intoxicação.
Dependendo do tempo de exposição, deve-se proceder com diferentes ações (Plumlee, 2004).
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2.2. Vias de intoxicação
Maior parte das substâncias tóxicas são absorvidas oralmente ou de forma dérmica. A
velocidade de absorção depende da via. Sendo a mais rápida a intravenosa, seguida da
pulmonar, intraperitoneal, intramuscular, oral e por último a via cutânea (Messonnier, 2001).
● Pele: os efeitos podem variar de irritação por contacto com por exemplo, gasolina para
efeitos de corrosão graves, tais como contacto com a pele com hidróxido de sódio.
● Fígado, vias biliares ou vesícula biliar: com a produção de várias doenças, como a
hepatite química, cirrose e câncer de fígado.
● Rins: grandes volumes de sangue que passa através dos rins, onde os danos tóxicos podem
se acumular e filtrada.
● Sistema nervoso efeitos podem ocorrer em a nível do sistema nervoso central (por
exemplo, metais tóxicos tais como o chumbo e mercúrio.) ou dos nervos periféricos (por
exemplo, n-hexano.).
● Sistema respiratório: incluindo o nariz, laringe, faringe, traquéia e os pulmões, pode ser
afetado em todas estas estruturas. Os principais efeitos são irritação das vias respiratórias
superiores e dos brônquios, asma, enfisema, pneumoconiose, fibrose pulmonar, alveolite
alérgica e cancro.
● Sistema endócrino efeitos neste sistema podem ser muito variados e incluem cancros:
mama, ovário, próstata e testículos; endometriose; diminuição da qualidade do esperma e
dos níveis de alguns hormônios em homens e mulheres expostas. Além disso, problemas
de desenvolvimento, deficiência e redução do quociente de inteligência aprendizagem, etc.
nos filhos de mulheres expostas.
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2.3. Órgãos afetados por uma intoxicação
Os órgãos afetados vão depender da espécie e das suas características individuais e a da sua
sensibilidade à substância tóxica. Há tóxicos que podem ser absorvidos rapidamente e
distribuídos por vários tecidos mas só ter efeito num ou em poucos tecidos, enquanto que
outros químicos com propriedades idênticas ou semelhantes podem afetar um número maior
de tecidos.
Outros químicos que podem ter uma absorção lenta podem ter um efeito grande mais tarde,
como provocar cancros (Plumlee, 2004).
Um dos principais órgãos excretores de toxinas são os rins, eliminando-os através da urina e
por isso são suscetíveis ao efeito das toxinas devido ao fluxo sanguíneo (20 a 25% do débito
cardíaco).
Os rins vão reabsorver 99% de água onde se encontra parte da concentração de toxinas.
quando os rins são intoxicados vão haver uma redução do fluxo sanguíneo devido ao estímulo
da renina-angiotensina vasoconstrição, por bloqueio da luz tubular (dano das células epiteliais
tubulares por parte da toxina), moldes e aumento da pressão no interior do lúmen que diminui
a rede de fluxo de filtração através do leito capilar glomerular.
Devido à intoxicação dos rins pode ocorrer sintomas como: náuseas, vômitos, desidratação,
azoemia, poliuria, sangramento do trato intestinal e insuficiência renal crónica (Plumlee,
2004).
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3. Acetaminofeno
3.1 Definição
O acetaminofeno é usado como um fármaco com propriedades analgesicas (aliviar dor) e
antipiréticas, eliminando ou prevenindo a febre em humanos (Espinosa Bosch et al., 2006).
É um dos fármacos mais vendidos, na forma de genérico e outros nomes comerciais (Ben-u-
ron, Panadol, Tylenol, Supofen, Pantadolor, Panasorbe e o Efferalgan (Infarmed, 2014).
Nos humanos as dosagens recomendadas são de 500mg a 1 grama, em cada quatro ou seis
horas,numa dose diária de 4gramas por dia e sem ultrapssar este valor. Uma grama
corresponde ao efeito máximo em adultos, a partir daí aumenta a toxicidade (Bertolini et al.
2006).
3.2 História
A acetanilida foi o primeiro derivado da anilina ao qual se associou
um efeito analgésico, bem como propriedades antipiréticas, tendo
sido rapidamente introduzido no mercado por Cahn e Hepp com o
nome de antifebrina em 1886. No entanto os seus efeitos tóxicos,
O paracetamol foi sintetizado em 1878 por Harmon Northrop Morse e utilizado clinicamente,
pela primeira vez, por von Mering em 1887 que logo descartou o paracetamol em favor da
fenacetina, porque assumiu que o último composto possuía propriedades menos tóxicas.
O acetaminofeno foi comercializado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1950 como
Triogesic, uma combinação que também continha aspirina (ácido acetilsalicílico) e cafeína.
(Infarmed. (2014) )
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3.3 Características químicas
O acetaminofeno é um pó cristalino é um pó branco inodoro ligeiramente solúvel em água e
com intervalo de fusão entre 169,0-170,5⁰C. A sua fórmula molecular é C8H9NO2,
correspondendo a uma massa molecular de 151,16 g/mol (Korolkovas e Burckhalter, 1988).
As palavras “paracetamol” ou ”acetaminofeno” estão relacionadas com a sua nomenclatura
química orgânica: para-acetilaminofenol e N-acetil-para-aminofenol (Panico et al., 1993).
O acetaminofeno é sintetizado a partir da reação do p-aminofenol com o anidrido acético,
resultando em acetaminofeno e ácido acético (Korolkovas e Burckhalter, 1988; Refat et al.,
2013).
quando um ser vivo possui febre, os leucócitos produzem pirogénios endógenos, que
provocam um aumento de prostaglandinas E no líquido cefalorraquidiano. O acetaminofeno
consegue reduzir a febre bloqueando a formação e libertação de prostaglandinas no sistema
nervoso central (SNC) e inibe a ação dos pirogénios endógenos dos recetores N-metil-d-
aspartato (NMDA) do hipotálamo, que dá origem a vasodilatação periférica, sudorese e
dissipação de calor (Anderson et al., 1998).
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O efeito analgésico do acetaminofeno decorre se for um potente inibidor da síntese de
prostaglandinas, pois diminui os níveis de PGE2 do sistema nervoso central a partir da
ciclooxigenase, bloqueando a geração de impulsos nos quimiorrecetores sensíveis à
bradicinina, que são responsáveis pelos impulsos nocicetivos.
O seu poder analgésico também ocorre por ser um antagonista do recetor N-metil-d-aspartato
e da substância P da medula (neurotransmissor responsável pela modulação da dor) e por ter
uma ação inibidora dos mecanismos do óxido nítrico espinal (Jacqz-Aigrain e Anderson,
2006).
Este canabinóide endógeno é um agonista dos recetores TRPV1 (transient recetor potential
cation channel, subfamily V, member 1) e um inibidor da captação celular de anandamida.
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4. Intoxicação em gatos por acetaminofeno
4.2 Sintomatologia
O gato possui uma extrema sensibilidade a esta substância química devido à forma como este
é metabolizado. Nos cães é metabolizado via fase II pelo glucuronido hepática, sulfato, ou
por conjugação cisteína, sendo glucuronidação a primeira forma de conjugação. Este
conjugado é excretado e a intoxicação é evitada.
Com a entrada de acetaminofeno sendo absorvido e transportado até o fígado para ser
metabolizado, vai ocorrer necrose hepática, dando origem a metemoglobinemia, formação de
corpos Heinz, cianose, anorexia, hemólise e icterícia.
O risco de intoxicação nos gatos consiste numa dose superior de 50 a 100mg/kg (Plumlee,
2004; Messonnier, 2001).
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Depois da absorção, o metabolismo ocorre através do citocromo sistema P450 (é uma família
de enzimas, localizadas no reticulo endoplasmático).
de seguida vai ocorrer a toxicidade e morte celular e a partir daí aparecem os sinais clínicos
(Messonnier, 2001).
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4.3 Tratamento
Diagnóstico
O diagnóstico ocorre por história de exposição e caso apresentarem sinais clínicos necessitam
de tratamento imediato (Messonnier, 2001).
Para rápida atuação em casa, se o tempo em que o animal ingeriu a substância for pequena,
usar eméticos como xarope de ipeca e 3% peróxido de hidrogénio, que costumam estar em
disponíveis em casa (Plumlee, 2004).
A emese ocorre mais facilmente se o estômago estiver cheio, logo o dono deve dar uma
quantidade pequena de comida antes da indução.
Os donos deverão ter dificuldade em administrar o xarope de ipeca aos gatos, devido ao seu
sabor. A desvantagem do xarope é vômito prolongado e adsorção pelo carvão ativado e pode
levar ao atraso de administração do carvão, para o xarope fazer efeito (Plumlee, 2004).
Tabela 1 Administração rápida, para provocar vómito após a exposição a uma substância tóxica
(Plumlee, 2004)
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4 - terapia acetilcisteína para regenerar a glutationa (molécula de glutationa descrita em baixo)
-dose inicial: 280mg/kg por via oral ou IV (bolus lento)
-dose seguinte: 70mg/kg por via oral a cada 6 horas durante 3 dias
-antídoto: N-acetilcisteína (NAC)
(Heinemman, 2001)
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5 - reduzir metemoglobinemia
-ácido ascórbico para gatos: 20mg/kg por via oral
-azul de metileno -uma dose: 1,5mg/kg IV reduz a concentração de metahemoglobina
sem induzir a formação de corpos Heinz; segunda dose: induz a formação de corpos Heinz
(Messonnier, 2001)
7 - terapia suporte
-terapia de oxigénio se o paciente for cianótico
-descanso
-fluidoterapia
(Messonnier, 2001)
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5. Conclusão
Com a realização deste trabalho podemos concluir que o acetaminofeno é um fármaco
analgesico e antipiretico muito utilizado em humanos mas cujo uso em gatos tem
consequências muito graves para a sua saúde e que em muitas ocasiões pode levar a morte do
animal.
Ao não serem capazes de levar oxigênio para todo o corpo ocorre a falência orgânica sendo
os órgãos mais afetados o fígado e o rim.
O tratamento (se chegar a tempo) consiste em lavagem gástrica que diminui a absorção de
paracetamol e administração da N-acetilcisteína (NAC), por via intravenosa ou oralmente.
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6. Bibliografia
Plumlee, K. H., 2004, Priciples of toxicology, Manifestations of Toxicoses. Clinical
Veterinary Toxicology, Mosby An Affiliate of Elsevior, 2-20; 59-63
Bertolini, A., et al. (2006). Paracetamol: New Vistas of an Old Drug. Monografia para
obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da Saúde,
Universidade Fernando Pessoa, Porto.
Refat, M. S., et al. (2013). Spectroscopic and thermal degradation behavior of Mg(II), Ca(II),
Ba(II) and Sr(II) complexes with paracetamol drug. Monografia para obtenção do grau de
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando
Pessoa, Porto.
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Goldman, L. e Gilman, A. (2001). The pharmacological basis of therapeutics. Monografia
para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da
Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto.
Mallet, C., et al. (2008). Endocannabinoid and serotonergic systems are needed for
acetaminophen-induced analgesia. Monografia para obtenção do grau de Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto.
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