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26/12/2017 07h00
Folha de São Paulo
Mídias sociais são fontes incríveis de informação, mas muitas vezes é difícil
separar nelas o que é falso do que é verdadeiro. Frequentemente
informações pouco acuradas são compartilhadas até mesmo por
autoridades. É o caso do famoso gráfico que circula por aí e que sugere que
quase metade do orçamento brasileiro é gasto com juros e amortizações da
dívida. Reproduzimos ele logo abaixo:
Reprodução
Reprodução de gráfico viral que circula na internet sobre gastos do governo federal
Em geral, ele não usa recursos dos impostos para pagar integralmente os
R$ 110 milhões (não tira isso tudo da saúde, educação, Previdência etc.). Se
assim o fizesse, a dívida cairia rapidamente, porém implicaria um custo
muito concentrado no tempo em termos de redução de gastos e/ou
aumento de impostos.
Para isso ele precisa economizar recursos. É aqui que entra o tal do
superávit primário, ou seja, a diferença entre arrecadação e gastos do
governo, sem considerar a parte da dívida.
Isso foi verdade apenas até 2013, quando tivemos superávits primários.
Nos últimos anos registramos deficits primários, ou seja, o governo federal
gasta mais do que arrecada, mesmo sem contar os custos associados à
dívida pública. Para 2017 e 2018, a meta é de um deficit primário de R$ 159
milhões.
Não existe economia para pagar parte dos juros, de modo a manter a
endividamento estável. Muito pelo contrário: o governo está tomando
emprestado tanto para pagar os juros da própria dívida como para financiar
o deficit primário!
Isso porque uma dívida alta não apenas implica um grande volume de juros
para mantê-la. Ela também é vista como mais arriscada (ou seja, com
maiores chances de não ser saldada integralmente) por credores, que
passam a demandar taxas de juros mais altas de modo a compensar esse
risco e, assim, continuar financiando o governo.