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FACULDADE DE FARMÁCIA
GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
Goiânia,
2017
SABRYNE DE OLIVEIRA SOUZA
Goiânia,
2017
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Revisão bibliográfica
Descrita pela primeira vez em 1907, pelo psiquiatra e neuropatologista Alois
DE NEUROLOGIA et al., 2011; BRASIL, 2013; PEREIRA, 2013). Além destes, processos
(PEREIRA, 2013).
Os fatores de risco que contribuem para a DA incluem: alelo apoE4, género, histórico
70% dos casos são do tipo DA (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017). Todos os anos,
projetado para cerca de 75 milhões em 2030 e quase triplicou em 2050 para 132 milhões
BERTOLUCCI, 2000). Após sua formação, a ACh é liberada na fenda sináptica e degradada
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favorecer a formação de beta-amiloide e a hiperfosforilação da proteína Tau, processos
OLNEY (1981) definiu o termo excitotoxicidade como a morte neuronal causada pela
agonística nos receptores para glutamato. O excesso de glutamato causa toxicidade para
Como ainda não se descobriu uma cura para a DA, a farmacoterapia visa retardar o
memantina – (ENGELHARDT et al., 2005; SERENIKI & VITAL, 2008; VALE et al., 2011;
média, por isso apresenta particularidades que o fazem ser usado numa gama de
medicamento Axona®, que usa óleo de coco fracionado, como suplementação em casos
de DA leve a moderada (SWAMINATHAN & JICHA, 2014; LEI et al., 2016; ANAND, et al.,
2017).
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O uso de óleo de coco no tratamento da doença de Alzheimer:
Revisão
Souza, S. O.1
Avenida, s/n, Setor Leste Universitário, CEP: 74605-170, Goiânia/Goiás - Brasil. *Autor para
correspondência: sabrynesouza@gmail.com
Resumo
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estudos com maior espaço amostral e mais ensaios clínicos in vitro e in
vivo.
média, demência.
Abstract
decades there has been a need for the search for drugs that could treat the
objective of the present review was to analyze the benefits of using coconut
and articles with a publication date from 2005 to 2017 in portuguese, english
and spanish were selected, with free access and in full. Altogether, 751
papers were found. Of these, after reading and analysis 8 were selected to
be included in this review. Promising results have been found but further
studies with larger sample space and more clinical trials are needed in vitro
and in vivo.
Dementia.
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Introdução
palmeiras) e seu óleo é obtido a partir da prensagem a frio da polpa do coco fresco maduro.
graxos de cadeia média (AGCM), compostos por 6-12 carbonos que, por conterem menos
graxos saturados de cadeia longa (AGCL), como baixo ponto de fusão, rápida absorção
Fig. 1: Estrutura química dos ácidos graxos de cadeia média encontrados no óleo de coco.
e linoleico (Tabela 1). O ácido láurico possui maior concentração (acima de 40%) e, devido
sua resistência a oxidação não enzimática e de seu baixo ponto de fusão é amplamente
utilizado na indústria cosmética e alimentícia (MORETTO & FETT, 1986; LAWSON, 1999;
KUMAR, 2011).
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Composição de ácidos graxos em óleo de coco
% Total em óleo
Ácido Graxo Saturado/Insaturado AGCM/AGCL
de coco
Capróico (C6:0) Saturado AGCM 0,6
Caprílico (C8:0) Saturado AGCM 0,8
Cáprico (C10:0) Saturado AGCM 6,4
Láurico (C12:0) Saturado AGCM 48,5
Mirístico (C14:0) Saturado AGCM 17,6
Palmítico (C16:0) Saturado AGCM 8,4
Esteárico (C18:0) Saturado AGCL 2,5
Oléico (C18:1) Insaturado AGCL 6,5
Linoléico (C18:2) Insaturado AGCL 1,5
Tabela 1: Composição de ácidos graxos em óleo de coco. Fonte: FERNANDO et al., 2015.
não contém gorduras trans. Além disso, há relatos de ação termogênica, favorecendo a
RIBEIRO, 2017).
Alzheimer, é um distúrbio
neurodegenerativo progressivo,
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acúmulo de placas β-amiloides extracelulares, emaranhados neurofibrilares intracelulares
do córtex cerebral também são observadas, sendo mais severas que aquelas encontradas
65 a 69 anos está em torno de 1,2%, e, em idosos acima de 95 anos, esse número fica
Brasil, a taxa estimada de DA foi de 7,7 por 1000 pessoas-ano em indivíduos com mais de
65 anos. Não há relação com o gênero, mesmo assim as mulheres apresentam incidência
principalmente das vias colinérgicas, pela atrofia do nucleus basalis de Meynert, o que leva
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neuronal e de células gliais (MINETT & BERTOLUCCI, 2000; MATUTE, 2002; VALE et al.,
SERENIKI & VITAL, 2008; VALE et al., 2011; PEREIRA, 2013; BRASIL, 2013).
Considerando a polêmica atual do uso de óleo de coco como alimento funcional e/ou
nutracêutico, o presente trabalho teve por objetivo fazer uma revisão integrativa da literatura
disponível para compreender se o uso do óleo de coco é eficaz como tratamento adjuvante
Materiais e Métodos
Capes, com trabalhos publicados nos últimos 12 anos, de 2005 a 2017. A busca foi
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realizada durante os meses de maio a agosto do ano de 2017, com as combinações dos
descritores: (1) coconut oil AND Alzheimer (2) coconut oil AND B-amyloid (3) nutraceutics
análise dos resumos e, por fim, foi realizada a leitura integral dos estudos para verificar os
escritos em outras línguas que não o português, espanhol e inglês; 3) artigos sem
Resultados e Discussão
A busca nas bases de dados obteve como resultado um total de 751 artigos. Desses,
após leitura dos títulos e resumos foram selecionados 31 artigos. A partir da aplicação dos
por não apresentarem acesso na íntegra. Ao todo, 8 foram selecionados para serem
encontrados.
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Título Autor Ano Tipo de estudo Tipo de Intervenção Resultados
Fatty acids and their therapeutic LEI, E.; VACY, K.; BOON, Melhora cognitiva associada a MCT's e
2016 Artigo de Revisão -
potential in neurological disorders W. C. corpos cetônicos
Não foram encontrados artigos no idioma português. O ano de publicação variou de 2008
a 2017.
Quanto ao tipo de formulação do óleo de coco usada, dois estudos utilizaram uma
emulsão de óleo de coco e DMSO em cultura de células; um utilizou óleo de coco extra
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virgem na dieta; um relatou o uso de 10% de óleo de coco hidrogenado e 2% de colesterol
como dieta saturada experimental; um usou suco de coco verde em modelo animal e o
de cetona (KME). Os demais artigos, por serem revisão da bibliografia, não possuíam
ratos Fischer 344 machos, em uma dieta saturada experimental com 2% de colesterol e
10% de óleo de coco hidrogenado durante 8 semanas, relatou que não houve diferenças
nos níveis corticais de β-amiloide entre o grupo controle e o experimental. Os níveis de fator
de crescimento nervoso (NGF) também não revelaram diferenças entre os dois grupos. No
entanto, o grupo alimentado com dieta saturada produziu significativamente mais erros de
comparação com o grupo controle, indicando que a dieta rica em gorduras saturadas
associado a processos mais pesados, mais curtos e mais espessos em células microgliais.
et al. (2008) podem estar relacionadas com o uso de óleo de coco hidrogenado, que
caracteriza o como gordura trans (NAFAR & MEAROW, 2014; FERNANDO et al., 2015).
(modelo de mulheres na menopausa com DA) alimentadas (gavagem) com 100 mL/kg de
peso corporal/dia de suco de coco verde por 4 semanas, obteve resultados positivos, com
ácida fibrilar glial (GFAP) (um neurofilamento intermediário de astrócitos) e também da Tau-
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1, ambos biomarcadores da DA. Segundo este estudo, o cérebro das ratas que receberam
controles) idosos de 65 – 85 anos com grau variado da DA, diabéticos ou não, administrou
estudo, a avaliação cognitiva (MEC-LOBO) foi realizada antes e após a intervenção com
óleo de coco e registrou melhora cognitiva dos pacientes de 39% após a intervenção, sendo
aumento gradual na dose, atingindo 165 mL por dia dividido em 3 a 4 porções, no período
de maio de 2008 a março de 2010. O paciente relata uma rápida melhora na personalidade,
com óleo de coco. O óleo de coco foi posteriormente substituído por KME (objeto da
NAFAR & MEAROW (2014) em estudo piloto com neurônios de ratos Sprague
sobrevivência dos neurônios co-tratados com óleo de coco e β-amiloide foi maior que a de
neurônios tratados somente com β-amiloide, além de observarem que o óleo de coco
(2017) realizaram um ensaio in vitro com neurônios de ratos, tratando as culturas com β-
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óleo de coco; e também pré-tratamento com óleo de coco e após β-amiloide. Foram
espécies reativas do oxigênio (ROS). Os resultados indicaram que o óleo de coco aumentou
tratamento de óleo de coco foi feito antes do tratamento com β-amiloide (NAFAR, CLARKE
& MEAROW, 2017). Quanto a mistura de ácidos graxos de cadeia média, proporcionou
proteção contra β-amiloide, mas não tão efetivo quanto ao óleo de coco completo. O
tratamento com óleo de coco também reduziu o número de células com marcação de
caspase e ROS, além de resgatar a perda de sinaptofisina (NAFAR, CLARKE & MEAROW,
2017).
elementos em maior quantidade presentes no óleo de coco (FERNANDO et al., 2015; LEI
et al., 2016). Além dos MCTs, o óleo de coco também oferece tocotrienois e tocoferóis
(vitamina E), que lhe conferem função antioxidante contra o estresse oxidativo, muito
mecanismos que envolvem a doença ainda são desconhecidos. Com isso, cada vez mais
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Uma característica inicial da DA é a diminuição do metabolismo da glicose no
resistência à insulina e levando à morte neuronal (HENDERSON, 2008; CRAFT et al., 2013;
de la MONTE & TONG, 2014; YANG et al., 2015). Esse processo é questionado como
sendo uma possível diabetes tipo III, e tem sido alvo de intervenção no processo da doença,
já que a inibição do metabolismo da glicose pode ter efeitos profundos na função cerebral
concentrações de glicose são limitadas, ou adquiridas por meio de uma dieta cetogênica,
cetônicos para o cérebro teve efeito positivo, tanto na melhora da memória e cognição,
HENDERSON et al., 2009; KRIKORIAN et al., 2012; REBELLO et al., 2015; YIN et al., 2016;
Contudo, a efetividade terapêutica dos corpos cetônicos parece estar ligada ao fator
al., 2009).
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manejo dietético clínico dos processos hipometabólicos associados à DA de grau leve a
moderado (SWAMINATHAN & JICHA, 2014; LEI et al., 2016; ANAND, et al., 2017).
Atualmente, os MCTs são propostos como boas fontes de corpos cetônicos, sendo
uma alternativa a dieta cetogênica, que pode aumentar o risco cardíaco (fator de risco para
o desenvolvimento de DA), e também pode, em casos como os de indivíduos com DA, ser
trabalhosa e de difícil adesão (KLAG et al., 1993; LIU et al. 2003; LIU et al., 2008). Além
disso, os MCTs são mais vantajosos em relação à sua absorção, pois não necessitam de
(RUPPIN & MIDDLETON, 1980; TRAUL et al., 2000; THOLSTRUP et al., 2004).
compostos, o óleo de coco se torna um alimento mais completo, além de se mostrar como
uma alternativa mais barata e mais acessível ao público, em comparação ao Axona® (LEI
et al., 2016) e parece ser uma alternativa na prevenção e no tratamento adjuvante da DA,
Considerações Finais
sobre os mecanismos de ação do óleo de coco ainda são escassos. Mais estudos com
Referências
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