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OUVIDOS ENTUPIDOS

breves notas sobre 4 meses de um cotidiano


humanoide, normal e patético

HILLARY DA SILVA

Projeto “Diário de Autor” desenvolvido para a disciplina de Escrita Criativa


do curso Cinema (UFSC), ministrado por Márcio Markendorf.

Capa: “Sem título” por Hillary da Silva

Ilustrações: “Da série – linhas feias e cansadas”


por Hillary da Silva

Novembro de 2015
SUMÁRIO

Apresentação

Agosto 6

Setembro 14

Outubro 22

Novembro 27
APRESENTAÇÃO

Já vou avisando: não crie expectativas esperando um diário repleto de conteúdos


interessantíssimos. Muito pelo contrário, acho que tudo escrito aqui, é da mais profunda
realidade, ou seja, normal perante os olhos.

Fui obrigada a enlaçar essa oportunidade literária e aplica-la a uma prática diária.
Embora saiba que vivo uma vida muito sem graça, gosto de pensar na ideia de registrar os
momentos que se passam em meio ao meu dia a dia. Inclusive, gostei tanto dessa experiência que
irei prolongar esse diário daqui pra frente.

Muito do que escrevi aconteceu dentro do ônibus, curiosamente o local onde mais se veem
comportamentos humanos exacerbados. Também, pelo fato de passar praticamente 40% do meu tempo
sentada nos coletivos, rumo aos meus compromissos pela cidade.

Grande parte dos relatos são sobre conversas alheias, pessoas esquisitas que cruzaram
meu caminho, reflexões aleatórias pessoais e algumas frases que vejo por onde passo. Quando
comecei a escrever, procurava por toda a parte coisas interessantes pra registrar em meu bloco
de notas, mas acabei me conformando que é preciso deixar as coisas acontecerem em seu devido
momento – o grande lance da espontaneidade -. Confesso que gostaria muito de ter pelo menos,
vivenciado algo extremamente interessante, digno de ser transposto nesse projeto autoral, só
que não sou uma jovem aventureira, mas uma criatura de imaginação fértil.

Portanto, o que consta aqui é um pequeno traço de mim, cuja cor em tom amarelo ovo –
com uma pitada de pessimismo – seria apropriada pra colorir minhas histórias.
Para Márcio, o único leitor dessas pequenas notas.
“11:10pm (11/08): nunca pensei que veria isso, mas peguei meu ônibus pra voltar pra casa e uma
mulher sentada ao meu lado abriu suas pernas de tal modo que mal posso sentar-me direito.”

“11:15pm (11/08): curiosamente comecei a escrever o relato acima e um banco vazio ficou
disponível todinho pra mim. Coisas do universo”

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“11:25pm (11/08): chego em frente ao portão da minha casa, deparo-me com um buraco
relativamente grande do outro lado da rua, muito próximo a calçada. Dando uma olhada melhor,
visualizo algo dentro do tal buraco, parecendo então a cabeça de uma pessoa, aparentemente
dentro daquela abertura sombria. Por um leve momento levei um susto, mas lembrei-me que podia
estar sob efeito alcoólico, foi aí que finalmente vi o significado verdadeiro da aparição: era
a Mimi, cadela da vizinha, acho que estava a caça de ratos.

“12/08 (07:10am): pude jurar que o letreiro do ônibus, no qual olhava distraidamente, me deu
bom dia.”

“08h10 (12/08): Me pergunto porque pessoas velhas parecem tão bonitas caminhando à beira-mar.
Talvez pela combinação da serenidade do mar com o “passar da vida””

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“08h25 (12/08): Acabei de lembrar que enquanto passava no terminal pra pegar o ônibus avistei
três homens cegos conversando. Acho que o poder da fala é muito mais importante que a imagem
nesse caso.”

“15h45 (12/08): saí do meio da aula pra comprar um anel no qual tinha visto durante o horário
de almoço. OS: a aula está insuportável e olha que sou mega paciente.”

“6h39 (12/08): Descobri que meu pé direito é meio torto.”

“11h45 (14/08): Acender um cigarro no vento é uma tarefa difícil.”

“11h50 (14/08): Não entendo essa gente que usa touca no verão. Não é bonito, só faz parecer
idiota.”

“8h30 (15/08): Hoje escrevi um conto sobre uma mulher grávida que perde o bebê;
Coincidentemente estou agora no ponto do ônibus e quem tem uma mulher GRÁVIDA do meu lado.”

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“08h00am (16/08): Acabo de voltar de uma das festas mais terríveis que já fui. A melhor parte
do evento foi no final: quando rolaram diversas brigas. A melhor decisão que tomei durante o
evento foi ter parado de tomar cerveja e começar a beber água até o final da noite. Afinal,
que sentido teria ficar bêbada num ambiente detestável com pessoas detestáveis?”

“07h55am (18/08): Tive um sonho com meu ex essa noite. Era uma festa onde acontecia uma orgia.
Vi ele com diversas mulheres, inclusive vi ele transando com uma delas. Parecia que ele não me
via. Enfim, foi um horror.”

“08h10am (18/08): uma menina ficou me olhando quase sem parar dentro do ônibus. Não consigo
entender essa coisa de mulher ficar se comparando com outra.”

“01h15pm (18/08): Resolvi procurar um psicólogo. Minhas crises de depressão estão a toda. Ato
falho. Não consegui gratuitamente. Não é fácil ser pobre e sofrer crises existenciais.”

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“10h37am (19/08): Decidi experimentar ficar sem ouvir música (ou melhor sem fones de ouvido)
durante o resto do dia. Só pra ver se ouço algo interessante.”

“12h00 (19/08): Minha ginecologista resolveu meu problema em relação ao psicólogo, consegui um
encaminhamento. Me mandou parar de fumar. Não prometo nada, mas vou tentar.”

“12h01 (19/08): Duas mulheres estão conversando, debatendo sobre o mal da margarina. O
problema é que pobre não tem o privilégio de comprar manteiga, nem um outro acompanhamento pro
pão.”

(12h02 (19/08): Decidi que não vou pra aula. Que se foda.”

“12h15am (19/08): Uma das coisas que mais gosto nos espaços urbanos são as plantinhas que
insistem em nascer em meio ao concreto.”

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“07h55 (21/08): Tem uma senhora em pé na minha frente dentro do ônibus. Extremamente
religiosa: está segurando um crucifixo em uma mão, usa um colar com mais de 4 pingentes de
divindades religiosas.”

“02h15 (21/08): Um ônibus sofreu problemas com o freio e ao fazer a curva para entrar na
plataforma do terminal, acabou atingindo a cerca e as árvores que dividiam a pista. Ninguém se
feriu. Mas foi o suficiente para atrair uma plateia.”

“08h25 (21/08): Acabei de lembrar que ontem eu e mãe ficamos procurando uma tampa de panela
que tinha sumido. Até agora nenhum sinal dela. Estranho.”

“06h50am (23/08): Voltei de um luau. Não existem palavras necessárias pra expressar o quão
odiosa foi minha noite. Frio. Fome. Sóbria.”

“06h46am (24/08): Acabei de ver um gato preto.”

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“12h09am (24/08): Uma menina acabou de me oferecer um avião de papel. Recusei.”

“12h14am (24/08): Achei uma moeda de 10 centavos europeu (como se fala o “câmbio” correto eu
não sei.”

“03h16pm (24/08): Crise de ansiedade nível 9. O remédio parece não estar fazendo efeito.”

“07h00pm (25/08): Uma coroa sentada do meu lado estava lendo um livro. Sempre fico curiosa pra
saber o que as pessoas costumam ler. Durante o trajeto do ônibus tentei várisa vezes me
esquivar de modo que conseguisse ler o título da obra, mas em vão. Quase perto do meu ponto
eis que finalmente me é revelado. Através da capa do livro descobria que a tal coroa estava
lendo um romance erótico.”

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“01h54pm (01/09): Nada interessante tem acontecido ou sendo visto/ouvido. Acho que sou eu me
desligando do mundo cada vez mais.”

“06h56pm (08/09): Pedi um cigarro pra um estranho e acabamos batendo um papo bem interessante.
O nome dele é Pedro e ele cursa Física. A nitocina une as pessoas.”

“08h30pm (08/09): cheguei em casa e uma carte de remetente de um cartório de ofícios me


espera. Imaginei o pior. Quando acaba, era uma intimação para depor num processo onde serei
testemunha de um acidente ocorrido com minha amiga. Ufa!”

“02h50pm (09/09): Meu estômago fez barulho de pombo?! To com fome.”

“08h40pm (09/09): fiquei conversando sobre a vida e suas depressões desde as seis da tarde até
agora com um colega. É tão bom saber que não sou a únca que compartilha das impressões
existenciais do mundo.”

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“07h10pm (10/09): Decidi me dar ao luxo de tomar uma cerveja boa sozinha. Sinto-me uma pessoa
muito adulta. Bebendo sozinha em um bar lotado de pessoas conversando. Enquanto eu, sentada na
solitude, escrevro essa nota ouvindo samba, numa noite chuvosa.”

“08h20 (10/09): Era de se imaginar que algum homem viesse puxar assunto com uma mulher sentada
sozinha em uma mesa de bar. E se isso acontecesse (pensei comigo mesma) seria um cara mais
velho esbanjando PODER dizendo que ta no meio de trabalho na profissão de arquiteto ou
advogado... Como era de se esperar, o cara era um homem completamente despezível. Tomei o
restinho do meu chopp e fui embora. Mas valeu a pensa essa experiência.”

“08h15am (14/09): “quem nunca tomou LSD não teve vida plena”

“07h15am (15/09) Uma senhora ficou com sua mão apoiada sob a minha justo no mesmo lugar que
segurava do ônibus. Pq contato humano de qualquer pessoa é tão desprezível dentro do ônibus?!”

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“06/08pm (16/09) Notícias tristes. Dia mais triste ainda.”

“09h05pm (17/09) Não existe coisa mais insuportável que gente falando alto dentro do ônibus.”

“04h15pm (18/09) “Procuram-se Vanessas pra falar de AMOR”

“07h37pm (18/09) Em caso de bolo dos amigos, divirta-se sozinho. Estou no bar”

“07h45pm (18/09) O amor na era digital: um casal, sentados na mesa do bar. O homem com a
atenção voltada para o celular enquanto a mulher lê um papel aleatoriamente.”

“09h00pm (18/09): Um homem pediu para se sentar a minha mesa. Aceitei. Ele era da Jordânia.
Parecia interessado em mim. O sentimento era recíproco, até que descobri que o cara era
casado. Tive aí uma oportunidade de realizar uma fantasia muito íntima, mas recusei. Quem sabe
no futuro essa história tenha uma continuação. Estou bêbada. O cheiro dele tá exalando em
minha mão direita. Só a direita.”

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“07h28pm (22/09) Alguém escreveu com sangue a palavra “BIFE” atrás do bando do ônibus”

“08h5am (23/09) Postos de saúde sempre têm um cheiro muito específico. Indescritível e
desagradável.”

“09h16am (23/09) A música do caminha do gás sempre me deixa triste eu ouço passar na rua.
Engraçado, acho que é trauma de infância.”

“11h55am (23/09) Passei na frente da saída de um colégio. Vejo um grupinho de garotos e


garotas. Aparentemente os mesmos nichos sociais continuam. Me causam arrepios só de pensar em
minha época de escola. Graças a Deus essa fase já passou.”

“12h55am (23/09) Centro da cidade. Um homem toca saxofone do segundo andar. Hotel California.”

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“08h35pm (23/09) Acabei de ver a lua pelo telescópio de um cara na rua. É incrível ver os
detalhes. As crateras são a melhor parte.”

“09h00 (23/09) Adoro gente desconhecida que cumprimenta outra pessoa desconhecida.”

“09h00 (23/09) O dia foi muito satisfarótio hoje! To contente depois de muito tempo.”

“09h26pm (23/09) Etiqueta no busão. É considerado por mim, complemente desnecessário usar
fragrâncias amadeiradas em excesso quando utiliza-se do transporte coletivo para locomoção.”

“05h05pm (25/09) Se tem uma coisa que eu adoro, é conversar com velhinhas no ponto do ônibus.
Hoje papeei com duas senhoras muito bem arrumadas; unhas pintadas, jóias e maquiagem. O batom
de uma dela estava borrado em meio aos dentes.”

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“05h15 (25/09) Vejo duas garotas (talvez entre 14-15 anos) sentadas numa praça fumando
cigarro. Lembrei de mim mesma com essa idade, época que comecei a fumar cigarros e vivenciar
as experiências clichês de adolescente bobona. Pareço uma velha escrevendo sobre isso.”

“05h45pm (25/09) Triste pensar (e saber) que as locadoras estão entrando em extinção.”

“06h01pm (25/09) Edifício Maristela, Edifício Katya Helena, Edifício Alice. Três prédios um do
lado do outro. Imagino que talvez houvesse 3 irmãs sem criatividade alguma pra por um nome
decente em suas propriedades. Ou talvez porque quiseram tornarem-se marcadas no território
imobiliário colocando seus próprios nomes.”

“10h31pm (28/09) Me arrependi agressivamente de ter escolhido o dia de hoje p/ estrear um


sapato novo. Calcanhar arrebentado, solas dos pés latejando, dedo mindinho dormente. Isso que
nem é salto.”

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“10h15pm (29/09) Nada de interessante tem acontecido. Ou eu que ando dormindo muito no
ônibus.”

“10h25pm (25/09) A lua tá linda hoje. Bem gorda, rechonchuda. Ah, se os olhos pudessem
armazenar imagens.”

“11h25pm (30/09) Muita coisa legal aconteceu hoje. Mas to cansada demais pra escrever tudo.
Breve resumo: um balanço mágico em meio a floresta do Moçambique. Comecei a colecionar folhas
e flores. Teve muito mais, etc. e tal.”

“07h50pm (31/09) Pra você ver como cães são os melhores seres vivos do universo: hoje apareceu
uma cadela com um pedaço de pedregulho na boca. E aquele era o brinquedinho dela. Em dado
momento, ela deixou a tal pedra repousando perto do meu pé, esperando que eu atirasse o objeto
pra ela correr atrás. Sensaconal.”

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“01h16am (01/10) “Meu nome é Bernardo e eu to bem” *sobre um garoto que apareceu na minha frente durante uma festa
e pronunciou isso sem motivo algum.*

“05h30am (02/10) 22ºC. Ônibus Pantanal Norte. Não durmo a exatamente 24 horas. Não to cansada,
inclusive acabei de sair do ônibus e escrevo enquanto caminho. Apenas meus pés doem. Trilha
sonora: Primavera nos dentes – Secos e Molhados.”

“08h45pm (0610) Primeira vez que tive a experiência de estar presente em um ato de racismo
acontecendo em minha frente”

“09h00pm (06/10) Comi um pedaço de cookie com maconha e to chapada há um hora.”

“08h45am (07/10) Ontem percebi que tinha ganhado um ticket a mais pra comprar um salgado numa
lanchonete. Aí hoje decidi devolver. E devolvi mesmo.”

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“07h25pm (07/10) Quase fui expulsa do meu lugar no ônibus. Uma moça se recusou a sentar do meu
lado. Só depois entendi que ela tinha distúrbios mentais.”

“08h20am (09/10) Vi u homem tendo uma ereção na minha frente dentro do ônibus.”

“02h30pm (13/10) Meu professor compartilhou com a turma que semana passada tinha sonhado que
eu tinha me suicidade e ele tinha sido o culpado.”

“03h07pm (14/10) Depus em minha primeira audiência. Foi sobre um acidente no qual fui
testemunha há 5 anos atrás. Não sabia que deveria permanecer em silêncio após sair da sala.
Detalhe: a dona da empresa processada tava do lado. E eu contei pro colega (que também é
testemunha) o que havia dio lá dentro. Espero que eu não tenha fodido tudo.”

“08h00pm (15/10) “Eu perdoo o futuro por ele não ter acontecido”.”

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“22h55pm (22/10) Uma mulher acabou de espirrar atrás da minha cabeça, enquanto tava na fila do
ônibus.”

“07h15pm (22/10) Achei que tinha virado senso-comum (não) ouvir música no auto falante do
celular. Pelo visto não.”

“23h50 (22/10) Da série: duas mulheres medrosas; dez minutos de pura tensão. Mãe me chama pra
ver o que era o negócio grudado na parede. Era um sapo. Liguei pro meu pai sair da casa dele
vir catar. Mãe tá dizendo que não vai mais conseguir dormir direito. E bem dito.”

“05h05 (29/10) Uma senhora surgiu no ponto de ônibus procurando um salão de beleza sem ter o
endereço, alegando que tinha perdido seu recém comprado guarda-chuva no sábado no tal salão.
Acontece que ela descobriu que o local tinha sido passada pra ela por ponto de referência. No
fim, recomendaram a direção pra tal senhora e no meio do caminho ela deixou o guarda chuva que
estava provavelmente guardado na bolsa dela, cair no chão. Imagina só; perder mais outro.”

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“12h00pm (30/10) Acho que travei um questionamento de muito tempo, só pra tentar saber se a
mulher sentada na minha frente tá ou não usando uma peruca. Cachos de cabelo liso é uma coisa
mais comum em novelas.”

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“09h45pm (04/11) Segundos depois de passar por uma calçada na qual percebi que a lixeira móvel
estava para o lado de fora (e desviei) escuto um estrondo. Viro e vejo uma garota caída no
chão. Deu com a cabeça na tal lixeira. Aposto que tava caminhando enquanto mexia no celular.”

“11h50am (05/11) Acabo de ver um cachorro morto, jogado no meio da rua. Ninguém teve a
solidariedade de pelo menos o por num cantinho. As vezes me pergunto se a vida de um ser
humano vale mesmo mais que a de um animal. Grande forma de começar o dia.”

“12h00am (05/11) Então, um cara de bicicleta passa por mim e fala “gostosa”. Bem nesse momento
eu tava coçando o nariz. Homens, quais são os seus problemas?”

“08h15pm (09/11) Homem. Meia idade. De óculos escuros. Dentro do ônibus em plena noite. Julgo
mesmo.”

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“10h37am (10/11) “A Sheila é uma ridícula e a Luiza gorda também”. Quanto ódio nas portas de
banheiro.”

“09h45pm (10/11) “Fale ao motorista somente o indispensável”. “Passageiros sentados 41,


passageiros em pé 31”.”

“08h20am (13/11) Vi eu 2005 na lanchonete tomando café. Explicando melhor: uma garota
parecidíssima comigo quando eu tinha 13 anos.”

“03h15pm (13/11) Não tem coisa mais desconfortável do que ter de cagar em banheiro público.”

“08h15pm (13/11) Sempre entra um desgraçado dentro do ônibus, comendo aquela maldita pipoca
doce fedida.”

“08h09 (14/11) Não tem coisa pior que ônibus hiper lotado e criança sentada no banco atrás do
seu.”

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“09h01 (16/11) Regras pra ter um dia “maravilhoso”: ver seu ex justo quando você tá jantando e
chegar em casa e pegar sua mãe chorando no banheiro.”

“10h19 (17/11) Acabei de lembrar meu sonho da noite passada: sonheir que eu tava embaixo de
muitas árvores, era noite e o tempo tava fechando. Eu sabia que tinha que sair dali. De
repente eu vi um raio surgindo, bem na minha direção. Eu não corri, simplesmente deitei no
chão e deixei que ele me atingisse. Bem na direção do peito. Lembro que me senti aliviada, que
finalmente eu não precisaria me preocupar com mais nada, que eu seria livre. Só que depois que
o raio me atingiu eu ainda sentia minha matéria no espaço. Como se eu ainda tivesse viva, mas
dentro de um quarto escuro e silencioso.”

“07h31pm (18/11) Uma menina de cabelo cor de rosa, segurava um buquê de rosas vermelhas
enquanto caminhava.”

“07h32pm (18/11) Acabei de lembrar que hoje meu falecido avô fazia aniversário.”

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“07h33pm (18/11) “Porque é proibido pisar na grama?”.”

“07h37pm (18/11) Um homem anda em seu skate elétrico com seu cachorro sentado na prancha.”

“08h39pm (18/11) Adoro observar as pessoas pelo reflexo do vidro do ônibus.”

“08h45pm (18/11) Acabo de dar de cara com um sapo enorme na frente da minha casa.”

“5h55pm (19/11) Sempre achei muito amoroso ver um casal de moto e o namorado segunrando no
joelho da parceira.”

“08h56pm (19/11) Mãe acabou de contar que uma das minhas tias tá com câncer no seio.”

“10h55am (22/11) Não tem nada mais triste do que ver uma atriz chorando de verdade.”

“4h44pm (22/11) “Poesias são apostas”.”

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“5h50pm (22/11) Pra quê pior do que estar num elevador junto com a equipe de manutenção e
ouvir que ele já caiu 5 vezes.”

“6h15pm (22/11) O semáfoto da Av. Paulo Fontes só é simbólico. Mesmo com o sinal de pare pros
pedestres, o fluxo continua.”

“6h53pm (22/11) Coisa que eu sinceramente não entendo, é porque por mil Diabos inventaram
calças jeans com 3 botões.”

“6h55pm (22/11) Um homem jovem carrega uma margarida solitária na mão (dentro do ônibus)”

“10h35pm (22/11) Penso que ser pobre nos dias de hoje tem suas variações de acordo com o nicho
no qual você tá inserido. No meu caso, ser pobre é racionar o nescau pra ele durar mais.”

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“10h36pm (22/11) Minha mãe soube pela minha tia que tá rolando uma promoção de margarina. Ou
melhor, se você comprar um pote de margarina Qualy e achar uma “colherzinha” dentro, você
ganha um prêmio. Chego em casa, preparo algo pra comer e quando abro o pote de margarina, um
buraco bem no meio.”

“23h37pm (22/11) Sempre que eu to começando a me sentir bem (não pensar no meu ex com
frequência) ele vem e puxa assunto comigo.”

“23h30pm (23/11) O-D-E-I-O fazer trabalho em grupo. Seu eu foder tudo vai cair pra todos.”

“07h01am (24/11) Mãe passou mal. Tive que faltar a aula pra levar ela no médico. As me dá uma
certa raiva dessas situações, ao mesmo tepo quee u me sinto na obrigação de fazer essas
funções de filha, eu me sinto no papel de mãe. Eu cuido mais dela do que ela de mim.”

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“16h15pm (24/11) Odeio os banheiros do CCE, tão sempre uma nojeira. Acabei de deixar cair o
rolo do papel na porta do lado. Detalhe: ela tá trancada. Tentei puxar pelo lado de fora,
quando olhei por baixo da porta, vi vários rolos de papel. Não fui a primeira a acontecer
isso.”

“8h45pm (24/11) Se eu tivessa uma câmera agora, faria uma captura que mulheres se
identificariam. Estou sentada nos últimos bancos do ônibus no meio de dois homens gigantes.
Ambos de pernas arregaçadas, e eu aqui no aperto tentando escrever.”

“12h30am (25/11) “Pagando o pato pois tudo anda tão complicado”.”

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