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Alexandre Peruzzo
ATLS
Se o paciente não respondeu à sua pergunta inicial, provavelmente está com as VsAs
obstruídas, inconsciente ou em parada cárdio respiratória(PCR). Em caso de obstrução
das V.As. além da DISPNÉIA e CIANOSE v. poderá observar: batimento de asa do nariz,
retração de intercosto e da fossa supraclavicular, tosse, ruídos gargarejantes,
estertorosos, sibilantes e roncos. Preste atenção! Valorize todos os sinais e sintomas.
CALMA !... Mas NÃO PERCA TEMPO com manobras inúteis. "Time is life!"... . Quando
viável e não contra-indicado(grave lesão bucomaxilo-facial) v. precisa ABRIR A BOCA do
paciente para tentar DESOBSTRUIR e ASPIRAR com cânula de aspiração RÍGIDA
metálica.
Certamente v. vai precisar introduzir uma cânula endotraqueal. Qual o nº? Use aquela
com o diâmetro semelhante ao da fossa nasal do paciente(macete). Em crianças o
diâmetro do dedo mínimo é um bom parâmetro para a escolha da cânula.
1º PUNÇÃO CRICOTIREOIDEA - para isto, use uma agulha calibrosa (14 ou de punção de
subclávia). Administre 12 a 15 l' de O2 por período não superior à 30 a 45'(oxigenação
a jato). Lembre-se que o paciente esta sendo oxigenado(aumenta a Fi 02 em 30%), mas
não ventilado. Isto acarreta acúmulo de CO2(hipercapnia) causando vasodilatação
cerebral, que é especialmente danoso para os pacientes com TCE e ou edema cerebral.
superior da traquéia, por lesão da cartilagem cricoidea. V. poderá manter seu paciente
em cricotireoidotomia por cerca de 72 hs, no máximo. Quanto mais precocemente v.
desativar a cricotireoidotomia ou substitui-la pela intubação endotraqueal ou mesmo
uma traqueostomia "eletiva", menores serão as possibilidades de complicações pós
cricotireoidectomia.
B - RESPIRAÇÃO (ventilação) -
Faça assepsia. Anestesie com a agulha apoiada na borda superior da costela inferior(
para evitar o feixe vasculo-nervoso subcostal). Incise por 2 a 2,5 cm paralelamente aos
arcos costais. Perfure a fascia endotorácica e a pleura. Introduza o dedo indicador e
inspecione a existência de estruturas nobres (pulmão, coração, diafragma) no futuro
caminho de seu dreno. Se houver aderências desfaça-as com o dedo. Insira um dreno
calibroso com 3 ou 4 fenestrações, dirigido para o ombro do paciente. Verifique se
nenhuma fenestração ficou para fora ou entre os planos da parede torácica. Fixe o
dreno com um ponto em "bolsa de tabaco" e amarração em "sapatilha de dançarina".
Finalmente, instale o aparato de drenagem subaquática (selo d'água). Não utilize
trocáter para drenagem torácica de urgência.
Prof. Alexandre Peruzzo
Lembre-se : os pacientes com traumatismo torácico que têm fratura de arcos costais e
sinais de contusão pulmonar, mesmo sem pneumotórax, devem ser previamente
drenados(drenagem torácica) se forem submetidos à próteses respiratórias ou
cirurgias com intubação traqueal (profilaxia do pneumotórax hipertensivo iatrogênico).
Jamais enfaixe o tórax de um paciente. V. não conseguirá estabilizar as fraturas e
provavelmente provocará insuficiência respiratória restritiva.
C - CIRCULAÇÃO -
Em caso positivo, após rápida assepsia e anestesia local, se possível com o paciente
monitorizado (ECG), introduza uma agulha longa (peridural) no espaço xifo-costal,
dirigida para o ombro esquerdo (via de Marfan). Se houver alteração no traçado do
complexo QRST, puxe a agulha para trás pois atingiu o músculo cardíaco. Aspire com a
seringa. A remoção de 30 ml de sangue do saco pericárdico produz significante
melhora hemodinâmica. Introduza um cateter através da agulha e mantenha-o
posicionado no interior do saco pericárdico até que o paciente possa ser melhor
avaliado ou operado. Lembre-se que pode necessitar aspirar mais sangue do saco
pericárdico, antes do tratamento definitivo. Conecte à agulha um dispositivo
intermediário de três vias.
Atente para o enchimento capilar subungueal (> 2"?) Verifique o enchimento venoso
de retorno nos antebraços ( lembre-se que 75% do volume circulante está no sistema
venoso - sistema de capacitância-). Os pulsos periféricos estão pérvios, cheios,
rítmicos, simétricos e sincrônicos? Freqüência cardíaca: bradicardia, taquicardia?
Caso não seja possível a punção venosa em tempo hábil, faça a flebotomia da safena
interna no maléolo. É a via mais rápida e segura para flebotomia de urgência.
D - DEFICIÊNCIAS NEUROLÓGICAS -
Nesta etapa da avaliação, v. vai constatar quatro possíveis situações. Isto possibilitará
a uma rápida avaliação do SNC.
A - acordado( este item v. já havia avaliado quando testou as condições das Vs. .As.)
V - responde a estímulos verbais
I - inconsciente
E - EXPOSIÇÃO -
O paciente deve ser despido cortando-se lateralmente as vestes, sem movimentar seus
membros e o pescoço. Examine a topografia da face e do crânio. Procure por fraturas
tipo Leforth I,II,III e IV. Observe a existência de afundamentos e bossas. Examine a
região cervical (vasos, tireóide e traquéia). Reavalie o tronco(tórax e abdome) virando
o paciente em monobloco com o pescoço imóvel.
Prof. Alexandre Peruzzo
Nos ferimentos causados por FAFs, além da distância do disparo( quanto mais próximo
maior o dano), procure evidenciar o orifício de entrada. Este geralmente apresenta
formato oval, redondo ou por vezes, em fenda. Os tiros à distância apresentam apenas
zona de contusão e enxugo. Nos disparos à queima roupa(curta distância) além das
características peculiares às todas as distâncias de tiro(contusão e enxugo), ainda
poderá existir uma orla de queimadura e a clássica área de tatuagem e
esfumaçamento.
Por sua vez, os tiros encostados, principalmente quando feitos sobre áreas teciduais de
grande densidade( osso), causam intensa destruição sob a superfície tegumentar,
devido à rápida e poderosa expansão dos gases(" buraco de mina").
Lembre-se ainda, que os projéteis de grande massa e baixa velocidade( cal: 38, 44, 45),
produzem grande área de destruição porem não muito profunda. Enquanto que os
PAFs de alta velocidade(cal 7.62), causam grande e profunda destruição tissular,
diretamente proporcional à densidade do tecido atingido.
Lembre-se que o FAF que não transfixou( entrada e saída), liberou toda sua energia ao
se alojar no corpo. Neste caso, provavelmente o dano será maior que um FAF similar,
porem transfixante.
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
Proceda o toque tocoginecológico e o toque retal. Neste último, verifique: a
competência do aparelho esfincteriano(lesão raquimedular), sangue na ampola,
lacerações e presença de fragmentos ou pontas ósseas, volume, forma e posição da
próstata(na seção uretral a glândula desloca-se para cima). Verifique se existe
equimose perineal ou locais de contusões (escoriações) e outras lesões( fraturas,
luxações, perfurações, cortes).
Com a mão enluvada, inspecione a cavidade bucal (dentes, língua, mucosa, gengiva,
pálato, úvula).
Verifique se existe hematoma de bolsa escrotal ou sangue no meato urinário. Caso não
haja alterações prostáticas , uretrais e perineais, já descritas acima, V. deverá sondar
(sonda vesical de Foley) o paciente.
Não preconizamos a "punção abdominal". Esta, há muito, foi relegada nos centros de
referência de trauma, em virtude do alto índice de falsos positívos e negativos. Quanto
aos ferimentos penetrantes na cavidade abdominal, a conduta é sempre a laparotomia
exploradora.
Prof. Alexandre Peruzzo
GCS
M - MEDICAMENTOS .
P - PASSADO DE DOENÇAS.
L - LIQUIDOS E ALIMENTOS INGERIDOS.