Neurociencias. I Parte.2014

a)
Apresentar a história da evolução do estudo da relação

entre o cérebro e o comportamento humano.
b) Conceber o comportamento e cognição humana inseridos
numa rede de relações complexas entre os sistemas
biológicos e o ambiente físico e cultural.
c) Aprofundar as bases do conhecimento do sistema nervoso
humano e suas dinâmicas biopsicológicas
(desenvolvimento, plasticidade e redes neuronais).
d) Introduzir as principais questões da Neurocognição em
relação como os processos de aprendizagem, atenção e
memoria.
e) Apresentar os principais sistemas neuropsicológicos da
regulação afectiva.
f) Introduzir os conceitos de Neuropsicologia e Reabilitação
Neuropsicológica.
Neurociencias -‐ Profº Doutor Rui Ramos
1.Conceito, e disciplinas associadas das Neurociências.
1.1. Evolução histórica da relação entre cérebro-‐comportamento e
implicações para a noção de doença/saúde mental.
2. A organização do sistema nervoso e comportamento humano.
2.1. Sistema Nervoso Central.
2.2. Sistema Nervoso Periférico: Somático e Autónomo.
2.3. Sistema Límbico e a Regulação Emocional.
2.4. Estrutura do Tecido Nervoso: Célula e impulso nervoso.
2.5. Neurotransmissão Nervosa e Comportamento e Humano.
3. Princípios gerais do desenvolvimento do sistema nervoso humano: da
gestação ao envelhecimento. Plasticidade e Adaptação.
4. Modelos comtemporâneos da neurocognição da aprendizagem e memória
humana. Cognição Explicita e Implícita.
5. Patologias do Sistema Nervoso: Demências e as Lesões Cerebrais
Adquiridas. A neuropsicologia e reabilitação neuropsicológica.
CRONOGRAMA NCH
T1 24/09
T2 01/10
T3 08/10
T4 15/10
T5 22/10
T6 29/10
T7 05/11
T8 12/11 1º Teste
T9 19/11
T10 26/11
T11 03/12
T12 10/12
T13 17/12
T14 07/01
T 14/01 -‐ 2º Teste 4
Bears, M. F., Connors, B. W., & Paradiso, M. A. (2002). Neurociências: Desvendando o
sistema nervosa. São Paulo: Artmed Editora.
Caldas, A. C. (2000). Herança de Franz Joseph Gall – O cérebro ao serviço do
comportamento humano. Portugal: McGrawill,.
Gazzaniga, M. S., Ivry, R. B., & Mangun, G. R. (1998). Cognitive Neuroscience: The
biology of the mind (3nd ed.). New York: W. W. Norton & Company.
Kolb, B., & Whishaw, I. (2003). Fundamentals of human neuropsychology (5th ed.). New
York: Worth Publisher.
Gallagher, M.; Nelson, R. J. & Weiner, B. (2003). Handbook of psychology, Volume 3:
Bological psychology. Wiley and Sons. Canada.
Mackay, W. A. (1997). Neurofisiologia sem Lágrimas. Fundação Calouste
Gulbenkian. Lisboa.
Neurociência: A ciência do cérebro.British Neuroscience Association. Versão
Portuguesa por Malva, J.O. (2004). BNA. Liverpool.
Purves, D., Augustine, G. A., Fitzpatrick, D., Hall, W., LaMantia, A.-‐S., McNamara, J.
O., & Williams, S. M. (2008). Neuroscience (4th ed.). Sunderland, MA: Sinauer
Associates.
Mackay, W. A. (1997). Neurofisiologia sem Lágrimas. Fundação Calouste
Gulbenkian. Lisboa.
  Capitulo 2, 4, 5,6, 8, 9, 10, 11,12, 21, 30, 34, 35, 36.
Neurociência: A ciência do cérebro.British Neuroscience Association. Versão
Portuguesa por Malva, J.O. (2004). BNA. Liverpool.
  Capitulo 1,2,3,4,5,6,7,8,10,11.
Caldas, A. C. (2000). Herança de Franz Joseph Gall – O cérebro ao serviço do
comportamento humano. Portugal: McGrawill.
Capitulo 1, 2, 5, 6,7 e 14.

  Portuguese Society for Neuroscience (SPN)
  http://www.spn.org.pt/material/material01.asp
  Free download of “Neuroscience, Science of the
Brain”, published by IBRO
http://www.braincampaign.org and British
Neuroscience Association http://
www.bna.org.uk/
  Versão Portuguesa do Livro:
http://www.spn.org.pt/docs/portuguese.pdf :
Obra Obrigatória.

•  A Unidade Curricular terá dois blocos: teórico-‐prático e prático.
•  Nas aulas teórico-‐práticas apresentam-‐se os conteúdos programáticos,
através do método expositivo, pela análise e discussão de textos e
recorrendo ainda a vídeos.
•  Na vertente prática, os alunos devem, a nível individual, produzir uma
monografia acerca de uma temática sobre a biologia humana e
neurociências em interligação com a cognição, afectividade e
comportamento humano. Deverão ser capazes de adquirir competências
para pesquisar em revistas nacionais e internacionais sobre investigações
em neurociências, tomar conhecimento das metodologias de
investigação neste domínio e realizar sínteses.
•  Definição dos parâmetros da Avaliação:
  a) Aulas Teórico-‐Práticas: exame no final do semestre, sobre os
conteúdos das aulas teórico-‐práticas e das leituras recomendadas
obrigatórias.
  b) Aulas Práticas: a definir pelo docente responsável -‐ Doutor João Carlos
Major.

  http://www.youtube.com/watch?
v=uyOfmrDgi6Y

v=rDTiZpPyqRk&feature=related
v=PCXOrNc99yY&feature=related
v=6G3hFN4UEx8

cérebro
comportamento mente

  Neurociência
Estudo do sistema nervoso, das suas
composições moleculares e bioquímicas, e as
diferentes manifestações deste sistema e do
tecido nas actividades cognitivas, de
linguagem, de resolução de problemas, de
sentimentos e afectos e de planificação das
acções.

Do ponto de vista da psicologia, as neurociências
permitem ajudar a descrever, explicar e modelizar os
mecanismos neuronais elementares que sustentam os
actos mentais (COGNIÇÃO/EMOÇÃO) assumindo-‐se
que nem toda a cognição se traduz por mecanismos
neuronais nem estes produzem necessariamente
actos cognitivos.
Mas há, no entanto, uma distância necessária entre
modelizações cognitivas e modelizações
neurológicas: para compreender o cérebro, é tão
preciso conhecer o tipo de operações que ele realiza,
como os seus desempenhos.
  Psicologia fisiológica:
  Estuda os mecanismos neurológicos do comportamento
através da manipulação directa do cerebro em
experiências controladas.
  Psicofarmacologia:
  Estuda os mecanismos neurológicos do comportamento
através da manipulação da actividade nervosa e do
comportamento mediante fármacos.

  Neuropsicologia:
  Estuda os efeitos psicológicos das lesões cerebrais
em pacientes humanos.
  Psicofisiologia:
  Estuda a relação entre a actividade fisiológica e os
processos psicológicos em sujeitos humanos.

  Neurociencia Cognitiva:
  Estuda as bases neuronais da cognição (processos
intelectuais superiores: pensamento, memoria, atenção e
processos de percepção complexos, etc.)
  Psicologia comparada:
  Estuda os mecanismos nervosos do comportamento
através da comparação de distintas especies, centrando-‐
se na genética, a evolução e a adaptabilidade do
comportamento.

  Enfoque ecléctico:
  Comparativos entre especies

  Intervencionista – experimentação
  Estudos arqueológicos
  Estudos conductuais
  Registo in vivo da actividade (invasivo e não
invasivo)

  Neuroanatomia: estuda a estrutura do
sistema nervoso.
  Neuroquimica: estuda as bases quimicas de la
actividade neuronal.
  Neuroendocrinologia: estuda as interacções
entre o sistema nervoso e o sistema
endócrino.

  Neuropatologia: estuda os trastornos do
sistema nervoso.
  Neurofarmacologia: estuda os efeitos dos
fármacos sobre a actividade nervosa.
  Neurofisiología: estuda as funções e
actividades do sistema nervoso.

  Frenologia
  Conexionismo e Psicobiologia
  Biologia/Psicologia evolutiva

  Hipótese cerebral (vs coração
ou tripas)
  Trepanação tem sido
interpretada como uma
intenção da neurocirurgia
(implica a apreciação da
importância do cérebro.)
  Egipcios:
  Preservavam orgãos em
processo de mumificação, mas
eliminavam o cérebro.
  Papiro Cirúrgico Edwin Smith.

  A trepanação consiste na
abertura de um ou mais
buracos no crânio, através de
uma broca neurocirúrgica.
  Tal como as sangrias, a
trepanação era um
procedimento médico muito
realizado, desde o mesolítico,
com o objetivo de eliminar os
maus espíritos e demônios do
paciente, mas sem nenhum
significado terapêutico prático.

  Segundo Milenio A.C.
  Observación mais antiga de relação entre cérebro e
conduta.
  Descreve casos clínico
  O Papiro de Edwin Smith, datado em
aproximadamente 1700 a.C., é considerado como o
tratado mais antigo que se tem conhecimento0 a
fazer uma referência direta ao cérebro. É escrito em
um papiro com 4,5 metros de largura e 33
centímetros de altura por um autor egípcio
desconhecido, provavelmente um escrivão que
copiava outro manuscrito de um período mais antigo,
provavelmente entre 3000-‐2500 a.C. Com erros
freqüentes, o manuscrito apresenta correções feitas
pelo o autor nas margens do papiro, tarefa que nunca
completou, pois o papiro se encerra com sua última
sentença interrompida no meio. Aparentemente, a
interrupção foi inesperada e o trabalho de
transcrição, por razões desconhecidas, foi
abandonado antes de se completar.

  Alcmeon de Crotona v/s Empedocles: Cerebro v/s
Coração como “assento da alma”.
  Segundo escritos da época foi o primeiro a relacionar
o cérebro com as funções psiquicas, a psyqué, ao
descrobrir, por dissecação que certas vias sensoriais
terminavam no cérebro.

  Platão: cabeça era
mais próxima do céu
e provavelmente era
o receptáculo do
orgão divino.

  Aristóteles: Coração
era mais central e
protegido e o cérebro
devia servir resfriar o
sangue (rede vascular
e posição superficial).

“E os homens devem saber que nada mais
que, daí (cerebro), vêem alegrias, delicias,
risos e desportos, e tristezas, penas,
desalentos e lamentações … e pelo mesmo
orgão nos tornamos loucos e delirantes e os
medos e terrores nos assaltam, alguns pela
noite, e alguns durante o dia, e sonhos e
intermináveis andanças, e cuidados que não
são apropriados, e ignorância das
circunstâncias presentes, desuso e
impericia. Todas estas coisas perduram no
cerebro quando não está saudável, ou mais
quente, mais frio, mais húmido, ou mais
seco que o natural, ou quando sofre
qualquer outra afecção. E nos tornamos
loucos pela humidade (do cerebro).”

  Subescreveu a hipótese do
cerebro.
  Observações posteriores:
  Evidencia da relação contralateral
entre cérebro e corpo.
  Deterioro da fala em conjunto
com convulsões do lado direito do
corpo.
  Pode inferir especialização da
linguagem no hemisferio
esquerdo.

  Aceitação da hipótese cerebral
  Dedução de funções psicológicas
  Galeno disse que nos ventrículos cerebrais se
situavam o pensamento e outros processos
psicológicos

  (medicina) (Diacronismo:
obsoleto)
doutrina segundo a qual
cada faculdade mental
se localiza em uma parte
do córtex cerebral e o
tamanho de cada parte é
diretamente proporcional
ao desenvolvimento da
faculdade
correspondente, sendo
este tamanho indicado
pela configuração
externa do crânio;
frenologismo
Publicou "Antropologia Criminal” (1895) no
qual associa determinadas características
craniofaciais ao tipo de criminoso. Por
exemplo, os homicidas têm maxilas
proeminentes, os carteiristas tinham mãos
longilíneas e barbas ralas...
Foi uma personalidade altamente influente
nos sistemas judicial e policial da Itália e em
muitos outros países.
Na década dos 30, muitos juízes ordenavam a
realização de análises antropométricas
"lombrosianas" dos réus em processos
criminais, que posteriormente eram usados
pela acusação em julgamentos.

Na quarta edição do seu livro
L’Uomo Delinquente (1899) utilizou
várias fotografias na tentativa de
provar que o “criminoso inato”
poderia ser identificado por suas
características anatômicas.
Na imagem ao lado extraída do livro

questão, estão as fotos de “loucos
criminosos” (pazzi criminali). Preste
atenção nos números 29 e 50,
portadores da ‘pazzi circolare’,
equivalente ao que hoje designamos
de Perturbação Bipolar (DSM – IV)

omia
Dr. António Egas Moniz (1936)

Prémio Nobel da Medicina em 1949
Neuropsiquiatra, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa,
teve a ideia de realizar uma cirurgia de modo a aliviar os sintomas mentais severos em
pacientes com psicoses intratáveis. Egas Moniz sabia que certas psicoses, tais como a síndrome
paranóide e as desordens obssessivo-‐compulsivas, envolvem pensamentos repetitivos, que
dominam todos os processos psicológicos. Baseado nos resultados de Fulton,hipotetizou que
se cortasse as fibras nervosas que unem o córtex frontal e pré-‐frontal ao tálamo (uma estrutura
localizada no meio do cérebro, e responsável por transmitir as informações sensoriais para o
neocórtex), julgava poder uma interrupção nos pensamentos repetitivos, permitindo que o
paciente psicótico levasse uma vida mais normal.
A Morte da Lobotomia
  No começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes

discordantes contra a loucura lobotomizante. Não estavam apresentadas
evidências científicas sérias sobre a eficácia real da lobotomia. Até mesmo os
defensores da lobotomia admitiam que apenas um terço dos pacientes
melhoravam. Outro terço ficava na mesma, enquanto o terço final piorava
(considerando-‐se que de 25 a 30 % dos casos psiquiátricos melhoram
espontaneamente, uma grande proporção dos lobotomizados poderia ter se
recuperado sem ela).
  A única avaliação de larga escala foi feita nos EUA apenas em 1947 (o projeto
Columbia-‐Greystone) e não demonstrou efeitos positivos claros da lobotomia.
A maioria das vezes, os trabalhos publicados eram muito falhos, pois a
avaliação era feita pelos próprios cirurgiões que operavam, sem nenhum tipo
de controle científico.A
  As objeçcões éticas começaram a acumular-‐se, devido ao dano irreversível
causado ao cérebro, e também devido aos sérios efeitos colaterais sobre a
personalidade e a vida emocional dos pacientes, que começaram a ser
relatados. Além disso, o aparecimento de novas e eficazes drogas
antipsicóticas e antidepressivas, como a torazina, nos anos 50, estava
tornando possível o combate aos sintomas mais sérios das psicoses em
pacientes agitados e incontroláveis. Os neurocirurgiões abandonaram a
lobotomia a favor de métodos mais humanos de tratamento.
  As transformações na Neurociência marcam
também a forma como se observa e trata a
doença mental.
  Lombroso e Egas Moniz não são mais que
médicos que tratam as doenças mentais mas
com modelos teóricos subjacentes como a
Frenologia.

  1539 -‐ os insanos começam a ser internados no
Hospital de Todos-‐os Santos.
  1755 -‐ Terramoto → cavalariças dos Condes de

Castelo Melhor
  1848 -‐ É criado o manicómio de Rilhafoles no

Convento com o mesmo nome – mais tarde
H. Miguel Bombarda.
1892 1883
Criado o Hospital de Alienados Conde Ferreira
Miguel Bombarda é nomeado Director do asilo de (Porto). A SCMP comprou a Quinta da Cruz das
Rilhafoles (positivismo, reforma) Regateiras, uma extensa propriedade de
120.000m2.
1942 -‐ abre o Hospital Júlio de Matos
1953 -‐ abre o 1º serviço num hospital geral (HSM)
1963 – Lei 2118 ⇒ Centros Saúde Mental
1998 – Lei de Saúde Mental
2007 -‐ Primeiro Plano Nacional de Saúde Mental

  6% da população residente em
Portugal continental com 15 ou mais
anos de idade estava em provável
sofrimento psicológico, sendo o sexo
feminino o mais afectado (36,8%) em
comparação com o sexo masculino
(17,6%).
  A maioria das patologias incide
sobretudo nos indivíduos entre os 35
e os 64 anos. Dos indivíduos com
alterações associadas ao consumo de
drogas, a maioria tinha entre 15 e 34
anos. Os síndromes de demência são
mais prevalentes nos indivíduos mais
velhos (65 ou mais anos).
PSICOFISIOLOGIA CLÍNICA DOUTOR RUI RAMOS

  1820: Submete a experiências as ideias de
Gall
  Lesão experimental em animais
  “Não existe localização de função dentro do
cortex’: Holismo
  O deterioro está mais relacionado com a
extensão do dano.

  Neurologista
  Questiona a teoria do campo agregado
(meados do sec. XIX).
  Estudos clínicos de epilepsia focal.
  Demonstra localização cortical de diferentes
processos sensoriais e motores.
  Bases para que Wernicke, Charles
Sherrington y Ramón y Cajal estabelecessem
a hipótese do conexionismo celular:
condutas mediadas por grupos celulares
localizados em diferentes regiões do
encéfalo, as que se interconectan mediante
vias neurais particulares.

Descreve em 1861 um paciente que
podía comprender linguagem, mas não
falar nem expressar-se por escrito.
Verifica depois que oito pacientes com
caracteristicas clinicas similares, e
todos com lesões na região posterior do
lóbulo frontal esquerdo.
1861: “nous parlons avec l’hemisphere
gauche”
Estimulou investigação que em 1870
(Fritsch y Hitzig) demonstrou o cortex
motor pela estimulação eléctrica
contralateral (Dominancia).
  1876: “O complexo de sintomas da Afasia: um
estudo psicológico sobre uma base anatómica”.
  Paciente podia falar mas não entender.
  Lesões na parte posterior do lóbulo temporal.
  Teoría da linguagem que tenta conciliar: funções
básicas em áreas específicas, funções complexas
são o resultado de interconexiones entre varias
zonas funcionais.
  Primeira prova do processamento distribuido, que
hoje é central no conhecimento da função cerebral.
  Linguagem implica programas sensoriais e
motores específicos, sob controlo de regiões
corticais específicas.
  Predisse a afasia de conexão (condução).

• Operário ferroviário Americano (1826-‐1860).
• Uma explosão acidental fez com que uma barra de ferro trespassasse sua cabeça,
caindo a trinta metros de distância, envolta em sangue e pedaços de carne. Para
espanto de todos, não morreu. Levantou-‐se atordoado e foi procurar um médico..
  Gage teve um abcesso no lobo frontal e reclamou de um certo
mal estar nas semanas seguintes. Mesmo assim, o processo de
recuperação pareceu milagroso. Em poucos meses, foi dado
como curado.
  A princípio, os resultados do tratamento reforçaram a crença de
que largas porções do cérebro não tinham função alguma.
  Entretanto, com o passar do tempo, os amigos passaram a notar
uma mudança radical no comportamento de Gage. Tornou-‐se
inquieto, irreverente, dado a brincadeiras grosseiras. Antes do
acidente, era tido como um trabalhador atento e diligente, um
homem de negócios sério e competente. Passou a se dedicar a
inúmeros projectos que eram logo abandonados em favor de
outros.
  A lesão do lobo frontal parecia ter criado um
outro homem, infantil, inconseqüente, escravo
de seus instintos animais. Mudara em Gage não
as habilidades, a destreza em lidar com as
ferramentas de trabalho, mas o espírito. Os
colegas logo perceberam a transfiguração e
admitiram estar diante de outra pessoa.
  Os estudos sobre Gage, que morreu 13 anos
depois do acidente, ajudaram a traçar um mapa
mais aprimorado das funções cerebrais.

  A lesão numa área cerebral terá impacto nas
restantes e nas funções mentais (conexionismo).
  A zona frontal (área lesada no caso P. Gage), no caso
dos humanos, adquire uma particular relevo porque
estão mais evoluídos. Trata-‐se da parte do cérebro
que mais se desenvolve depois do nascimento.
  As partes superiores do cérebro são hoje tidas como
centros reguladores das características mais
elevadas do comportamento, como o senso de ética,
a capacidade de antecipar o futuro e a
responsabilidade.

  1949: D.O. Hebb: “The
organization of Behavior”.
  Desenvolveu a 1ª Teoria
compreensível sore o modo em
que fenómenos psicológicos
complexos como as
percepções, emoções,
pensamentos e memória,
podem ser produzidos pela
actividade cerebral.

  Oposição ao Behaviorismo radical
  Formula Teoria neuropsicológica do
comportamento
  Comprender o comportamento =
compreender acção total do sistemas
nervosos e vice-‐versa.

3 postulados:
  Conexões entre neurónios aumentam em
eficácia, em proporção ao ponto de
correlação entre a actividade pre e pos-‐
sináptica.
  Actividade dos grupos de neuronios que
tendem a excitar de forma conjunta uma
assembeleia de células pode persistir
depois do acontecimiento que
desencadeia.
  O pensamento é a activação sequencial de
conjuntos de assembleias celulares.

  Com o termo “psicobiología”referimo-‐nos ao enfoque que
tenta explicar o mundo da mente e do comportamento a
partir de elementos, estruturas e processos biológicos. Esta
disciplina inclui o estudo da influencia das substâncias
quimicas , tanto exógenas como endógenas na psique/
mente. Mas também permite o estudo de como a
arquitectura e dos processos do sisema nervoso influenciam
na mente e no comportamento .
  No momento actual da ciências do cérebro e da mente não é
mais possível separar mente/corpo. A psicologia e os seus
objectos de estudo está definitavamente fundada no
conhecimento da sua biologia – a psicobiologia.

Marca o inicio de Biologia e Psicologia Moderna.
  Documentou a evolução de registos fósseis com

estratos geológicos cada vez mais recentes.
  Semelhanças estruturais entre espécies vivientes
que sugeriam evolução a partir de antepassados
comuns
  Assinalou mudanças mais importantes que se
produzem em plantas e animais domésticos através
de programas de reprodução selectiva.

A principal causa do desenvolvimento da espécie humana é a evolução do cérebro. Parece
existir uma simultaneidade entre o surgimento do bipedismo e o aumento de volume do
cérebro. Tendo em conta o peso médio do Homem, o cérebro humano é o maior e o mais
pesado entre todos os animais. A sua zona externa, o córtex, é muito desenvolvida e nela
residem as funções intelectuais. Para comparar o tamanho do cérebro em animais de peso
corporal diferente pode utilizar-‐se o quociente de encefalização (razão entre o peso do cérebro
e o do corpo): se for inferior a 1, a espécie tem um cérebro menor que a média das espécies com
o mesmo peso corporal; se for superior a 1, a espécie tem um cérebro maior que outras de peso
semelhante. No caso humano o quociente de encefalização tem valor 8, ou seja, o cérebro é
três vezes mais pesado que Neurociencias
o de um p-‐rimata de peso semelhante.
Profº Doutor Rui Ramos
Evolução Biológica Evolução Cultural
Postura Bípede Emissão de sons – vocalizações –

fonemas
Libertação dos membros superiores

Desenvolvimento da linguagem
Movimento de preensão

Fixação Geográfica
Precisão no fabrico e manuseamento

de instrumentos Organização Social
Caça e estratégia
Relevância do aspecto cultural
Grande revolução no

Fogo modo de vida da
sociedade primitiva
Cozedura de alimentos
Dietas mais abundantes

Nova
Facilidade na mastigação – forma do
e aligeiramento progressivo do crânio e
aparelho de mastigação
da face
Transformação craniana
Desenvolvimento Cerebral

  A partir da década de 1990, John Tooby e Leda
Cosmides criaram a psicologia evolutiva. O
zoólogo inglês Matt Ridley define esta corrente
psicológica da seguinte maneira: “Foi uma
tentativa de fundir o melhor do nativismo
(funcionalismo) de Chomsky – a idéia de que a
mente aprende a partir dos rudimentos de
conhecimento inato… a forma de
compreender uma parte da mente é entender
o que a seleção natural planeou que ela
fizesse.” (Ridley, 2003, pág. 308).

  Leda Cosmides e John Tooby no Evolutionary Psychology: A Primer (Psicologia
evolutiva: um guia) “o objetivo de estudo da psicologia evolutiva é descobrir e
entender o projeto da mente humana. A psicologia evolutiva é uma abordagem
da psicologia, na qual conhecimentos e princípios da biologia evolucionista são
colocados em uso na pesquisa da estrutura da mente humana.” (Cosmides,
Tooby, 2007, pág. 1 – tradução nossa).
  Baseada na teoria da evolução, a psicologia evolutiva encara a mente como um
conjunto de “máquinas de processamento de informações”, projectadas pela
selecção natural para resolver problemas de adaptação, enfrentados por nossos
ancestrais caçadores-‐coletores.
  Retomando a afirmação já feita por William James, no final do século XIX, os
autores dizem que tendemos a considerar o ser humano como uma espécie que
transcendeu ou sublimou seus instintos, substituindo-‐os em grande parte pela
racionalidade. Todavia, se observarmos todas as coisas que automaticamente
fazemos com nosso cérebro, como olhar, falar, gostar de alguém, devolver um
favor, ter medo de doenças, apaixonar-‐se, iniciar um ataque, deslocar-‐se na
paisagem, e uma gama de outras coisas, percebemos que estas ações só são
possíveis porque há um vasto e heterogêneo sistema neurocognitivo herdado ao
longo da nossa evolução.

  Monge Agostinho
  Aficcionado pela agricultura
  Estudou reproducção em
plantas de ervilhas.
  Decidiu estudar linhas puras
em traços dicotómicos.
  Lança as pistas para as
questões da
hereditariedade das
carácterísitcas cerebrais/
comportamentos.

1.  Conceito de Neurociências, evolução histórica e disciplinas associadas.
2.  Origem do estudo da relação entre cérebro e mente: da Antiguidade à
emergência da primeira Teoria Moderna -‐ A FrenologiaA Frenologia de
Franz Joseph Gall.
3.  A herança de Gall para o estudo e tratamento da Doença Mental: a
Teoria do Homem Criminoso (Cesare Lombroso, 1899); a técnica da
Lobotomia (Egas Moniz, 1947); do Asilo aos primeiros hospitais
psiquiáticos.
4.  Emergencia do Conexionismo versus Localizacionismo: Contributos das
investigações de Marie Jean-‐Pierre Flourens, J. Jackson; Paul Broca; C.
Wernick e o caso Phineas Gage e as investigações de Harlow (1848).
5.  O contributo valioso de Charles Darwin, colocando a ideia que a
evolução humana foi influenciada pelo desenvolvimento e relação do
cérebro com o ambiente: a questão da relação cultura-‐cérebro-‐
evolução.
6.  D. Hebb e o conceito conexionista de 'Psicobiologia.

As suas unidades básicas
O sistema nervoso é
são as células nervosas, ou
constituído pelo cérebro,
neurónios, e células de
medula espinhal e nervos
suporte físico e metabólico
periféricos.
designadas células gliais.
b) SNP (Periférico):
a) SNC (Central)
somático e autónomo.

a)  Cérebro: Cortex e Sistema Limbico
b)  Tronco Cerebral
c)  Cerebelo
d)  Medula espinal.

•  Massa de forma oval -‐170mm
comprimento x 140mm largura e
pesa aproximadamente 1,250Kg
•  Eixo que vai do pólo frontal ao
pólo occipital.
•  O cérebro é constituído por dois hemisférios encostados na

face interna e separados pela fenda, inter -‐ hemisférica.
•  O corpo caloso (massa de fibras brancas), localizado no
fundo desta fenda, liga os dois hemisférios.

Os hemisférios cerebrais são constituídos por núcleos centrais,
os gânglios da base e uma camada fina e extensa de neurónios
que formam a matéria cinzenta do córtex cerebral.
Os gânglios da base desempenham um papel central na iniciação e
controlo dos movimentos.
Condensado no pequeno espaço ocupado pelo crânio, o córtex
cerebral é bastante irregular, com grande número de dobras e
sulcos, contribuindo assim para aumentar a superfície da
matéria cinzenta, e também o número de neurónios no córtex.
O tecido cortical constitui, assim, a área cerebral mais
desenvolvida nos humanos – cerca de quatro vezes mais do
que em gorilas. Divide-‐se num grande número de áreas
distintas, cada qual com camadas e ligações características.

As principais funções de muitas destas áreas são
bem conhecidas – incluindo a função visual,
auditiva e olfactiva, sensorial primária que
recebe informação vinda da pele
(somatossensorial), e também áreas motoras
primárias.
As vias provenientes de receptores sensoriais com
destino ao córtex e as vias do córtex para os
músculos cruzam, no seu trajecto, de um lado
para o outro do corpo.

O córtex (casca) cerebral é indispensável para
acções voluntárias, linguagem e funções
superiores como o pensamento e a memória.
Muitas destas funções são desempenhadas
pelos dois lados do cérebro, no entanto
outras são predominantemente lateralizadas
num hemisfério cerebral.

Por isso os movimentos do lado direito do corpo
são controlados pelo lado esquerdo do córtex (e
vice-‐versa). Do mesmo modo, o lado esquerdo
do corpo envia sinais sensoriais para o
hemisfério direito de modo que, por exemplo,
sons no ouvido esquerdo são enviados ao córtex
direito. Apesar disto, os dois lados do cérebro
não funcionam isoladamente – os lados
esquerdo e direito do cérebro estão ligados
entre si por um conjunto espesso de fibras
designado corpo caloso.

Áreas envolvidas no processamento de algumas
funções superiores, como os da fala (que se
encontra lateralizado no hemisfério esquerdo da
maioria das pessoas), têm sido identificadas. No
entanto, ainda há imenso para aprender, em
particular sobre aspectos fascinantes como os
que envolvem a consciência, e assim, o estudo
destas funções do córtex cerebral constitui uma
das áreas de investigação mais excitantes e
activas em neurociências

A especialização mais conhecida é a dos hemisférios cerebrais.
A.  Hemisfério cerebral esquerdo: parece estar especializado em
tarefas linguísticas, proposicionais, seriais e de apreensão analítica.
B.  Hemisfério cerebral direito: está implicado preferencialmente em
actividades de processo pre-‐lógico, simultâneo, associativo,
holístico, sintético, imaginativo, sensorial e visuoespacial.
No mais alto nível funcional os dois hemisférios operam de forma
complementar graças à sua interconexão através do corpo caloso.
Assim, por exemplo, o processo simultâneo do hemisfério direito é
especialmente importante no reconhecimento de letras e palavras
(tarefa visuoespacial), necessário para a aprendizagem da leitura, na
qual o hemisfério esquerdo é o especializado.

Génese da funcionalidade hemisferial
  Existe uma maturação evolutiva funcional dos

hemisférios, que é diferente para cada hemisfério nas
distintas etapas do desenvolvimento. Este processo
maturativo é mais homogéneo no hemisfério direito,
onde se observa uma dominância relativa na infância,
época pre-‐lógica de maior componente motor, intuição
e imaginação, para que posteriormente se passe a uma
dominância preferencialmente esquerda na maioria
dos sujeitos, devido ainda à genética como ainda da
educação que vai no sentido de nos tornarmos mais
racionais e linguísticos.
Psicofisiologia/Doutor Rui Ramos 87

Hemisférios – dividido em 4
lobos.
Rego/Fenda de Rolando –
divide o lobo frontal do
parietal
Rego/Fenda de Sylvius –
divide o lobo temporal do
frontal e parietal
Lobo temporal e parietal
reúnem-‐se atrás formando
o lobo occipital
Tradicionalmente também se definiu que os lobos cerebrais teriam
uma especialização funcional, que deve ser relativizada em
função dos aspectos citados anteriormente.
  Frontal: relacionado com a fala, a motricidade, a atenção e a
organização e planificação da conduta.
  Occipital: está relacionado com o processamento visual, pelo
que uma disfunção occipital conduzirá a uma pobre percepção e
compreensão visual.
  Parietal: relaciona-‐se com as estruturas sensoriais e
somatocinestésicas;
  Temporal: com o processamento auditivo, a fala e a memoria.
  Bulbo: Controlar as funções automáticas do organismo como manter os
batimentos cardíacos e a frequência respiratória constantes.
  Ponte: Participa de algumas actividades do bulbo, como no controle da
respiração, além de servir como ligação do cérebro à medula.
  Cerebelo: Função de manter o equilíbrio do corpo, sendo receptor de
estímulos do labirinto auditivo, percebendo mudanças de altitude e
direcção. Responsável também pela própriocepção, motivo pelo qual o
indivíduo pode perceber a localização dos seus membros. Responsável
por movimentos rotineiros como caminhar, movimentos sincronizados e
pelos movimentos que necessitam uma maior precisão.

-‐ Situa-‐se na base do crânio, região
posterior do cérebro
-‐  Divide-‐se em 3 partes:

-‐ Lobo Flóculo nodular (funções do
equilibrio);
-‐ Lobo Anterior (postura e manutenção da
posição Erecta;
-‐ Lobo Posterior (regula o movimento
voluntário).

Medula Espinal
Forma de cordão arredondado, ligeiramente achatado com 45cm de comprimento e 1cm de
diâmetro
Funciona como centro nervoso dos actos involuntários e como condutor de impulsos
Nervosos ( emissor e receptor).

Sistema Límbico
  O Sistema Límbico aparece na escala filogenética a partir
dos mamíferos inferiores (mais antigos).
  Trata-‐se da estrutura que comanda certos comportamentos
necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, cria e
modula funções mais específicas, as quais permitem ao
animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada.
  Neste âmbito as funções afectivas são consideradas
respostas primárias e essenciais à sobrevivência (como a
relação de cuidados entre a fêmea e a cria ou os
comportamentos sociais de ajuda entre animais).
PPB II -‐ Dr. Rui Ramos

  Emoções como a raiva, alegria, medo e tristeza são criações
mamíferas, originadas no Sistema Límbico.
  Este Sistema Límbico é também responsável por alguns aspectos
da identidade pessoal e por importantes funções ligadas à
memória.
  Com a chegada dos mamíferos superiores na escala evolutiva,
desenvolveu-‐se, finalmente, a terceira unidade cerebral: o neo-‐
cortex ou cérebro racional, uma rede complexa de células nervosas
altamente diferenciadas, capazes de produzirem uma linguagem
simbólica, assim permitindo ao homem desempenhar tarefas
intelectuais como leitura, escrita e cálculo matemático.
  O neo-‐cortex é o gerador de ideias ou, como diz Paul MacLean -‐

"ele é a mãe da invenção e o pai do pensamento abstracto".

  Pequena estrutura em forma de amêndoa, situada dentro da região antero-‐
inferior do lobo temporal, interconecta-‐se com o hipocampo, os núcleos septais,
a área pré-‐frontal e o núcleo dorso-‐medial do tálamo.
  Estas conexões garantem seu importante desempenho na mediação e controle
das actividades emocionais mais básicas.
  É o centro de ALERTA DO PERIGO (MEDO) E DA REGULAÇÃO DA CONDUTA
DEFENSIVA.
  A destruição experimental da amigdala faz com que o animal se torne dócil,
sexualmente indiscriminado, afectivamente descaracterizado e indiferente às
situações de risco.
  O estímulo eléctrico destas estruturas provoca crises de violenta agressividade.
  Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo
perca o sentido afectivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a
visão de uma pessoa conhecida.
  O sujeito tem consciência do estímulo mas não opta com preferências.

  Na linha do topo: RMf (ressonância
magnética funcional) : ajuda a precisar a
localização da área da AMÍGDALA.
  Na linha da base: PET (tomografia de
emissão de positrões) revela e verifica a
actividade da AMÍGDALA .

  Está particularmente envolvido com os fenómenos
de memória, em especial com a formação da
memória de longo prazo (MLP). Quando ambos os
hipocampos (direito e esquerdo) são destruídos,
nada mais é gravado na memória.
  Memória das experiências emocionais.
  O indivíduo esquece, rapidamente, a mensagem
recém recebida. Um hipocampo intacto possibilita
ao animal comparar as condições de uma ameaça
actual com experiências passadas similares,
permitindo-‐lhe, assim, escolher qual a melhor opção
a ser tomada para garantir sua preservação.

  Lesões ou estimulações do núcleo dorso-‐medial e dos
núcleos anteriores do tálamo estão correlacionadas com
alterações da reactividade emocional, no homem e nos
animais. No entanto, a importância destes núcleos na
regulação do comportamento emocional possivelmente
decorre, não de uma actividade própria, mas das conexões
com outras estruturas do sistema límbico.
  O núcleo dorso-‐medial conecta com as estruturas corticais
da área pré-‐frontal e com o hipotálamo. Os núcleos
anteriores ligam-‐se aos corpos mamilares no hipotálamo ( e,
através destes, via fornix, com o hipocampo) e ao giro
cingulado, fazendo, assim, parte do circuito de Papez.

  Esta estrutura tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o
mesencéfalo.
  Lesão dos núcleos hipotalámicos interferem com diversas funções vegetativas e com
alguns dos chamados comportamentos motivados, como regulação térmica,
sexualidade, combatividade, fome e sede.
  As partes laterais estão envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção
mediana está ligada à aversão, ao desprazer e á tendência ao riso (gargalhada)
incontrolável.
  A participação do hipotálamo é menor na gênese do que na expressão
(manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.
  Quando os sintomas físicos da emoção aparecem, retorna, via hipotálamo, aos
centros límbicos e, destes, aos núcleos pré-‐frontais, aumentando, por um
mecanismo de "feed-‐back" negativo, a ansiedade, podendo até chegar a gerar um
estado de pânico.
  Situado na face medial do cérebro, entre o sulco cingulado e o corpo
caloso (principal feixe nervoso ligando os dois hemisférios cerebrais). Há
ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-‐se que a sua
porção frontal coordena odores, e visões com memórias agradáveis de
emoções anteriores. Esta região participa ainda, da reacção emocional à
dor e da regulação do comportamento agressivo.
  A ablação do giro cingulado (cingulectomia) em animais selvagens,

domestica-‐os totalmente. A simples secção de um feixe desse giro
(cingulotomia), interrompendo a comunicação neural do circuito de
Papez, reduz o nível de depressão e de ansiedade preexistentes
  Anteriormente ao tálamo, situa-‐se o SEPTO, onde estão
localizados os centros do orgasmo e sensações sexuais.
  É a região responsável pelas "reacções emocionais“ como
respostas reflexas, de vertebrados inferiores, como os
répteis e os anfíbios.
  As estruturas são: formação reticular e o locus cérulus, uma
massa concentrada de neurônios secretores de
norepinefrina.
  Estas primitivas estruturas participam não só nos
mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência, mas
também da manutenção do ciclo vigília-‐sono.
  Outras estruturas do tronco cerebral, os núcleos dos pares
cranianos, estimuladas por impulsos provenientes do cortex
e do estriado (uma formação subcortical), respondem pelas
alterações fisionômicas dos estados afectivos : expressões de
raiva, alegria, tristeza, ternura, etc.

  Na parte mesencefálica (superior) do tronco
cerebral existe um grupo compacto de neurónios
secretores de doapmina -‐ área tegmental ventral -‐
cujos axónios vão terminar no núcleo accumbens,
(via dopaminérgica mesolímbica).
  A descarga espontânea ou a estimulação eléctrica
dos neurónios desta última região produzem
sensações de prazer, algumas delas similares ao
orgasmo.

  Compreende toda a região anterior não motora do lobo frontal. É
particularmente mais extensa na espécie humana. e em algumas
espécies de golfinhos.
  Não faz parte do circuito límbico tradicional, mas suas intensas conexões
bi-‐direcionais com o tálamo, amígdala e outras estruturas sub-‐corticais,
explicam o importante papel que desempenha na génese e,
especialmente, na expressão dos estados afectivos.
  Quando o cortex pré-‐frontal é lesado, o indivíduo perde o senso de suas
responsabilidades sociais e grande parte dos processsos do Executivo
Central (planeamento, atenção, abstracção e decisão). Quando se
praticava a lobotomia pré-‐frontal, para tratamento de certos distúrbios
psiquiátricos, os pacientes entravam em estado de "tamponamento
afetivo", não mais evidenciando quaisquer sinais de alegria, tristeza,
esperança ou desesperança.

1. Sistema Limbico (Old Brain)
Emoções: Raiva, ansiedade, tristeza, alegria, nojo.
Comportamentos: Luta, fuga, submissão, evitamento, sedução…
Relações: Estatuto, vinculação, sexual, agregação social.
2. Cortex (New Brain)

Imaginação, fantasia, perspectiva do passado e do futuro,
planeamento, integração e significação das capacidades mentais.
Auto-‐consciência, auto-‐identidade, auto-‐sentimento.
3. Intersecção cortex-‐limbico (Social Brain)

Necessidade de afecto e cuidados. Motivos sociais-‐pessoais,
responsividade social, Auto-‐experienciação.
Interacção entre Cortex-‐Limbico (duas psicologias)
  Nós somos uma espécie emergente na
‘primavera da vida’. O nosso cérebro, com os
seus motivos, emoções e capacidades de
pensamento são produto sobretudo da evolução
e estão desenhados no sentido de funcionarem
em diferentes contextos.
  A nossa vida é curta (25,000-‐30,000 dias),
destinada para a decadência e fim, sujeita a
várias disfunções e doenças – numa lotaria
genética.

  As circunstâncias sociais da nossa vida, sobre a qual temos muito pouco controlo,
tem sérias implicações na forma e tipo da nossa mente, no tipo de pessoas que nos
tornamos, os valores que assumimos, em suma na vida que temos.
Genotipo + Ambiente = Fenótipo

  A Saúde Mental está relacionada com a variação fenotípica
  Encontramo-‐nos com a nossa tragédia: um cérebro, emoções e a sensatez
(construída socialmente) do self que não escolhemos mas que temos que assumir.
  A vida envolve o lidar com as tragédias: abusos, ameaças, perdas, decadência e a
morte).
 
  Muito do que passa na nossa mente nenm é da nossa responsabilidade nem das
nossas culpa: -‐ all in the same boat
 

Excitação
Ansiedade Conexão

1. Somático-‐Sensorial
2. Sistema Nervoso Autónomo

  O SN Periférico actua de forma integrada, existindo
numerosas vias e centros de conexão entre os
subsistemas periféricos e o SNC.
  A interacção depende, em ultima instancia, do SNC,
cuja principal função é a de receber e processar a
informação procedente do SN Periférico, assim
como controlar toda a actividade motora e visceral
do organismo através dos sistemas somático e
vegetativo.

a) Somático-‐Sensorial
Está formado por nervos aferentes -‐ que se

dirigem para SNC -‐ e eferentes que
derivam do SNC – correspondentes aos
órgãos sensoriais e motores.

  A função do SN Somático é de controlar a
actividade dos músculos estriados ou voluntários,
responsáveis directos da actividade esquelético-‐
motora.
  Constitui o campo da conduta externa, principal
variável dependente, na tradição comportamental.
  A conduta externa depende de séries complexas de
movimentos musculares activados por esta parte do
SN.

MOTRICIDADE
É considerada a função mais importante do sistema nervoso por ser a maneira
mais evidente da vida – mover o corpo e o membros em relação a tudo o que nos
rodeia .
•  O Sistema Nervoso é
constituído por várias estruturas
entre as quais o sistema motor
que transforma a informação
nervosa em energia mecânica.
•  Músculos – orgãos capazes de
gerarem uma força contráctil e
que permitem essa
transformação de informação.
•  Finalidade – gerar e transportar
a ordem motora ao efector
periférico.
•  Feedback – fluxo continuo da
informação – periferia centro e
centro periferia.
  ‘Neurocienciada do apanhar uma bola’
  A bola é leve ou pesada? De que direcção vem a bola e
qual a sua velocidade? Acção de coordenação
  Como é que coordenamos automaticamente os
membros para apanhar a bola e qual a posição mais
vantajosa? Execução
  O braço movimenta-‐se para o local exacto e os dedos
da mão apertam no tempo certo? A actividade
neuronal nestas áreas é combinada de modo a
formar uma cadeia de comando bastante ampla – uma
hierarquia motora – envolvendo o córtex cerebral e
gânglios da base, até ao cerebelo e medula espinhal.
  Junção Neuromuscular
  Cortex Motor
  Ganglios da Base
  Cerebelo

  Para contrair os músculos, os nervos formam
contactos especializados com fibras musculares
únicas, ao nível das junções neuromusculares. À
medida que se desenvolvem, múltiplas fibras
nervosas dirigem-‐se até uma fibra muscular
mas, devido à competição entre neurónios,
exceptuando uma que fica viável todas as outras
são eliminadas. A fibra nervosa “vitoriosa” pode
então libertar o seu neurotransmissor,
acetilcolina, sobre os seus detectores
moleculares (receptores) localizados nas “placas
motoras”
  No lado oposto da hierarquia motora, no córtex
cerebral motor, um número de cálculos
complexos tem que ser realizado por milhares de
células para controlar cada elemento do
movimento. Estes cálculos permitem o
desempenho de movimentos precisos e suaves.
Entre o córtex cerebral e os neurónios motores
da medula espinhal, áreas críticas do tronco
cerebral combinam informação ascendente,
proveniente dos membros e dos músculos, com
informação descendente proveniente do córtex
cerebral.
  Os gânglios da base são um aglomerado de áreas
interligadas, que se localizam profundamente nos
hemisférios cerebrais, por baixo do córtex. Desempenham
um papel crucial na iniciação dos movimentos. No
entanto, os mecanismos envolvidos neste
  processo ainda não estão esclarecidos. Os gânglios da
base parecem funcionar como um filtro complexo,
seleccionando informação, entre a grande diversidade de
sinais que lhes chegam, proveniente da metade anterior
do córtex (as regiões sensoriais, motoras, pré-‐frontais e
límbicas). As respostas provenientes dos gânglios da base
são enviadas de volta a áreas do córtex motor.

  O cerebelo é fundamental para o desempenho de
movimentos complexos e bem precisos. É uma
maquinaria neuronal, muito bela, em que a
arquitectura celular intrincada foi mapeada com
grande detalhe. Tal como os gânglios da base, é uma
estrutura altamente interligada com áreas corticais
dedicadas ao controlo motor, e também com
estruturas do tronco cerebral. Lesões no cerebelo
provocam deficiências graves na coordenação dos
movimentos, perda de equilíbrio, discurso arrastado,
e também um conjunto de dificuldades cognitivas.
Isto parece familiar? Sim, o álcool produz um efeito
marcado sobre o cerebelo!
  Também denominado de visceral ou
vegetativo, está também formado por
nervos eferentes e aferentes dos órgãos
internos – VISCERAS, MUSCULOS LISOS E
GLÂNDULAS – dividindo-‐se por sua vez em
dois sistemas:

Sistema Sensorial
* Meio de que o sistema nervoso dispõe

para nos informar, e informar-‐se sobre o
mundo que nos rodeia.
* Três tipos de sensibilidade:

1) Exteroceptiva – Sensíveis a mudanças do
meio exterior (pele)
2) Proprioceptiva: Fornece informações

sobre os segmentos do corpo.
3) Interoceptiva: Relacionada com as

regulações internas, é sensível aos estímulos
(ex. Pressão arterial, concentração de glicose
no sangue).

Som – leitura de pressão
da variação atmosférica.
Ondas de mudança de
pressão nas moléculas de
ar provocam o som –
frequência (tom),
amplitude (altura),
complexidade (timbre).
Anatomia do Ouvido:
Ouvido Externo – captar e
filtrar sons
Ouvido Médio -‐ vibração
Ouvido Interno –
Transformação das ondas
de compressão em
impulsos nervosas.
O centro do olfacto e do paladar no
cérebro, combina a informação
sensorial da língua e do nariz.
Língua – papilas gustativas que
enviam impulsos nervosos para o
cérebro que os interpreta como sabor.
Nariz – Epitélio olfactivo que contém
as terminações nervosas que
detectam o odor (nervos olfactivos).
Moléculas – fossa nasal – estimulação
dos cílios nas células nervosas através
dos bulbos olfactivos (terminações
dos nervos), ao longo do nervo em
direcção ao centro do olfacto e do
gosto do cérebro.

-‐ A retina é o primeiro intermediário
entre o mundo visual e o cérebro, é uma
expansão do sistema nervoso e não
uma estrutura periférica. É uma das
partes constitutivas do cérebro.
-‐  As células receptoras da retina são:
-‐  os cones: detectam as formas e as
cores (responsáveis pela visão
diurna)
-‐  os bastonetes: só entram em
actividade à noite ou na penumbra
(grosseiros na detecção de formas,
mais sensíveis às variações
luminosas).

Sensações tácteis e receptores cutâneos
1) Corpúsculos de 2) Corpúsculos de 3) Receptor de Dor e sensação

Meissner: Paccini : situam-‐se no MerKel e térmica:
situados nas tecido subcutâneo, Corpúsculos de
papilas da derme, sensíveis à pressão Ruffini: menos -‐ Nociceptores:
são mais profunda sobre a numerosos e receptores da dor
numerosos nas pele, e vibrações do estão activos -‐ Termo receptores:
ponta dos dedos corpo. enquanto dura o receptores do frio e do
contacto com o calor.
estímulo.
Vias da Sensibilidade

a)  Simpático: constituído por nervos
procedentes das porções torácica e lombar
da medula.
b)  Parassimpático: constituído pelos nervos
procedentes da zona craneal, sendo o mais
importante o NERVO VAGO, e o da zona
sacra da medula.

Estrutura e localização das três classes de
neurónios
  A função do SN Autónomo é a regulação da
actividade da musculatura lisa e as glândulas.
  A rama simpática cumpre geralmente uma
mobilização e gasto de energia – função
catabolizante.
  A rama parassimpática tem como principal função
a conservação ou armazenamento de energia
cumprindo – função anabolizante.
  Ambas tendem a complementar-‐se mutuamente –
balanço homeostásico do organismo.

  A maioria dos órgãos estão enervados por
ambas as ramas.
  O aumento da actividade fisiológica do órgão
deve-‐se ou ao aumento da actividade
simpática como à diminuição da actividade
parassimpática. O contrário ocorre quando se
produz uma diminuição na actividade
fisiológica dos órgãos.

  Há órgãos e glândulas que estão enervados
somente pela rama simpática:
  Nestes casos um aumento ou diminuição da
actividade fisiológica reflecte sempre um
aumento ou diminuição paralelo na
actividade simpática.

  Há órgãos e glândulas que estão enervados
somente pela rama simpática:
a) Glândulas Sudoríparas-‐ produzem o suor, e têm a
função de regular a temperatura corporal e eliminar
toxinas – são responsáveis pela actividade
electrodérmica.
b) Vasos Sanguíneos periféricos – responsáveis pela
temperatura e vasodilatação periférica.
c) Glândulas Adrenais – responsáveis pela actividade
neuroendócrina.

TECIDO
NERVO
SO
  Sistema Nervoso Central
  -‐ Cérebro
  -‐ Cerebelo
  -‐ Tronco Encefálico
  -‐ Medula
  **Histológica
  -‐ Neurónios
  -‐ Células gliais
  Sistema Nervoso Periférico
  -‐ Nervos
  -‐ Gânglios
  **Histológica
  -‐ Fibras nervosas
  -‐ Nervos

O córtex é composto por aproximadamente 100 biliões de
neurónios, com seus corpos celulares fixos no córtex
cerebral ou substância cinzenta, medindo cerca de 2-‐5mm
de espessura.
-‐ Os tipos celulares presentes no córtex cerebral são:
1. Células Granulares ou Estreladas – compõe os interneurónios.
2. Células Fusiformes (originam fibras eferentes do córtex
cerebral).
3. Células Piramidais (originam fibras aferentes do córtex
cerebral).

O córtex convencional possui 6 camadas de células enumeradas de I a VI
compostas da seguinte forma:
IV: fibras de aferências (penetram o córtex trazendo informações).
I e II: fibras de associação com o sistema reticular activados ascendente.
II e III: são fibras que projectam-‐se para o córtex contralateral (fibras de
associação).
V: dão origem às fibras eferentes, isto é, que deixam o córtex cerebral indo
para o tronco encefálico, medula espinhal e núcleos da base.
VI: são fibras que partem desta zona em direcção ao tálamo.

Pericárion - Centro Trófico
Psicofisiologia/Doutor Rui Ramos 161

  Elementos de suporte, produzir mielina, recolhem restos
celulares, promovem a homeostase do Liquido encefalo-‐
raquidiano, guia de migração neuronal e crescimento axonal,
função nutricional.
Pericárion
Dendritos
Axónio

  Número de prolongamentos
  Forma do pericárion
  Esférico, piriforme, angular
  Classificação funcional
  Motores
  Sensoriais
  Sensitivos
  Associativos ou Cognitivo-‐Operativos
  Interneurónios

TECIDO
NERVO
SO
  A velocidade de propagação do impulso nervoso na
membrana de um neurônio varia entre 10cm/s e 1m/
s. A propagação rápida dos impulsos nervosos é
garantida pela presença da bainha de mielina que
recobre as fibras nervosas. A bainha de mielina é
constituída por camadas concêntricas de
membranas plasmáticas de células da glia,
principalmente células de Schwann. Entre as células
gliais que envolvem o axônio existem pequenos
espaços, os nódulos de Ranvier, onde a membrana
do neurônio fica exposta.

  Nas fibras nervosas mielinizadas, o impulso
nervoso, em vez de se propagar
continuamente pela membrana do neurônio,
pula diretamente de um nódulo de Ranvier
para o outro. Nesses neurônios mielinizados,
a velocidade de propagação do impulso pode
atingir velocidades da ordem de 200m/s (ou
720km/h ).

  O neurónio recebe informação de outros
neurónios através das dendrites e do corpo
celular e envia a informação por meio do
axónio e dos terminais nervosos (conexão
axo-‐dendrítica).
  Existem também conexões dendro-‐
dendríticas e axo-‐axónicas.

  Devido a uma enorme ramificação dendrítica, cada
neurónio pode receber a informação de milhares de
células nervosas ou receptores sensoriais.
  Ao receber a informação o Neurónio gera um
processamento em moldes de sinal = Impulso
Eléctrico.
  Trata-‐se de uma oscilação monofásica (um único
pico) de 110 mV de amplitude e 2 Ms de duração:
Potencial de Acção.

  A informação que gere um neurónio é do tipo
binária, i.e, só tem duas possibilidades de
resposta: produzir ou não um potencial de
acção (SIM/NÃO).
  Mas a informação pode ser ainda mais
complexa: o neurónio transmitir feixes de sins
ou de nãos com uma variabilidade e
frequência diferentes o que significará
mensagens diferentes.

  Quando um neurónio está em repouso, o seu
interior contém uma certa concentração de
iões de potássio (K+) muito superior ao
exterior, enquanto que a concentração de
iões de sódio (Na+) é inferior ao exterior. Este
desequilíbrio mantém-‐se pela acção das
bombas iónicas, que continuamente trocam
iões de K+ do exterior por iões de Na+ do
interior.

  O interior do neurónio em repouso apresenta uma
diferença de potencial face ao exterior, i.é., está
polarizada (sendo o interior mais negativo – 70 mV).
  O Potencial de acção gera-‐se ao produzir-‐se uma
rápida entrada de iões Na+ no interior.
  Depois de este rápido fluxo de cargas positivs a
diferença de potencial desaparece – o neurónio
despolariza-‐se face ao exterior – e inclusivamente
produz-‐se uma leve polarização no sentido positivo
(pode alcançar +40).

  Depois de 2/3 ms, produz-‐se um fluxo face ao
exterior de iões K+, com que o interior volta a
tornar-‐se negativo (repolarização).
  O intercambio iónico realiza-‐se por meio dos canais
de sódio e de potássio, autênticas portas de
natureza proteica que se encontram na membrana
neuronal e que permitem a transferência de iões de
um lado ao outro da membrana celular.

  O potencial propaga-‐se desde o cone axónio e
depois ao longo deste de acordo com a o
revestimento de mielinização que está sujeita. A
mielina como tem uma alta resistência eléctrica
permite que o impulso eléctrico alcance grande
distância. Por isso é nos axónios revestidos com
mielina, a transmissão electrotónica é muito mais
rápida que a produção repetida de potenciais de
acção, típica dos axónios sem mielina.

Quando o sinal eléctrico alcança os
terminais nervosos, a informação deve
transferir-‐se ao seguinte neurónio, a uma
célula muscular ou a uma glandular. Esta
transferência de informação entre células
denomina-‐se SINAPSE:
a)  Eléctricas.
b)  Químicas

 Sinapse Eléctrica
São produzidas no caso dos neurónios pré e pós
sinápticos tenham estabelecido um contacto
físico quase total, i.e, no caso de que não haja
separação ou abertura sináptica entre as
membranas.
Estas sinapses eléctricas ou ‘uniões estreitas’, sem
abertura, permitem que o potencial de acção
passe de um neurónio a outro sem interrupção.

  Sinapses Químicas
  Mais comuns nos mamíferos.
  Existe uma separação entre os terminais
nervosos da célula pré-‐sináptica e as
dendrites das células pós-‐sinápticas.

  As sinapses ocorrem no contacto das
terminações nervosas (axônios) com os
dendritos. O contato físico não existe
realmente, pois as estruturas estão
próximas, mas há um espaço entre elas
(fenda sináptica). Dos axônios são
liberadas substâncias
(neurotransmissores), que atravessam
a fenda e estimulam receptores nos
dendritos e assim transmitem o
A-‐ neurónio
impulso nervoso de um neurónio para transmissor B-‐
o outro. neurônio receptor 1.
Mitocôndria 2.
Péptido 3. Junção
comunicante 4.
Sinal eléctrico 5.
Canal de Cálcio 6.
Conexinas

  Quando o potencial de acção chega ao
terminal presináptico, a despolarização
associada faz com que abram os canais de
Ca2 mais abundantes no exterior, penetram
assim no terminal presináptico e promovem a
fusão das vesículas sinápticas com a
membrana.

  Esta fusão permite a libertação do conteúdo
das vesículas, consistente em moléculas
mais ou menos complexas, denominadas de
Neurotransmissores (Colinérgicos,
Aminoácidos, Pépticos, etc.).

  Potencial Pos-‐sináptico (PPS), inicia-‐se
quando o neurotransmissor é captado pelo
neurónio pós-‐sináptico. Assemelha-‐se ao
potencial de acção.
  Quando o PPS faz com que penetrem no dendrito
iões de Na+, o citoplasma da zona torna-‐se negativo
(despolariza-‐se). Esta despolarização propaga-‐se
até ao corpo celular por electrotono.

  Se a redução da negatividade do citoplasma leva-‐o
a alcançar os -‐ 60mV aproximadamente (em
repouso o citoplamasma possui cerca de – 70mV),
gera-‐se um potencial de acção no cone axónico,
produzindo-‐se o PPSE (potenciais pos-‐sinápticos
excitatórios).
  Os PPSI (potenciais pos-‐sinápticos inibitórios), serão
um resultado da hiperpolarização do citoplasma
neuronal provocada pelo PPS, o que dificulta a
produção de uma resposta neuronal.
  Medeiam a grande parte dos fenómenos
psicológicos, como a sensação de gratificação
ou recompensa, prazer e dor, excitação e
inibição.

  Função excitatória. Glutamato
  Função inibitória: GABA e Glicina
  Neuromoduladores: Têm a função de ajustar
o funcionamento de conjuntos neuronais
optimizando a sua função e actividade.
1.  Acetilcolina – circuitos colinérgicos.
2.  Serotonina – circuitos serotinérgicos.
3.  Dopamina -‐ circuitos dopaminérgicos
4.  Noradrenalina – cicuitos adrenégicos.
Noradrenalina -‐ é liberada em situações de stress
e ajuda o indivíduo a organizar respostas
complexas a estes desafios. O conceito de rede
neuronal torna-‐se fundamental neste caso das
respostas ao stress.
Dopamina: está associada a diversas condições
interpretadas de modo gratificante para o
organismo -‐ Circuitos da Recompensa.
Acetilcolina: facilita as tarefas de concentração,
afinando a actividade de neurónios no cérebro
de modo a concentrar toda a energia na
informação relevante.
  Os NTRS peptídeos constituem-‐se de grandes
moléculas armazenadas e liberadas em grânulos
secretores. A síntese dos NTRS peptídicos ocorre no
retículo endoplasmático rugoso do soma. Após
serem sintetizados, são clivados no complexo de
golgi, transformando-‐se em NTRS activos, que são
secretados em grânulos secretores e transportados
ao terminal axonal (transporte anterógrado) para
serem liberados na fenda sináptica.

  Diferentes neurónios no SNC liberam também
diferentes NTRS. A transmissão sináptica rápida na
maioria das sinapses do SNC é mediada pelos NTRS
aminoácidos glutamato (GLU), gama-‐aminobutírico
(GABA) e glicina (GLI). A amina acetilcolina medeia
a transmissão sináptica rápida em todas as junções
neuromusculares. As formas mais lentas de
transmissão sináptica no SNC e na periferia são
mediadas por NTRS das três categorias.

  Glutamato e a glicina estão entre os 20
aminoácidos que constituem os blocos construtores
das proteínas. Consequentemente, são abundantes
em todas as células do corpo. Em contraste, o GABA
e as aminas são produzidos apenas pelos neurónios
que os liberam, como o mediador químico
adrenalina, além de servir como NTR no encéfalo,
também é liberado pela glândula adrenal para a
circulação sanguínea.

  bloqueiam a dor, agindo naturalmente no
corpo como analgésicos.

  NTR inibitório derivado da tirosina. Produz sensações de satisfação e
prazer. Os neurónios dopaminérgicos podem ser divididos em três
subgrupos com diferentes funções. O primeiro grupo regula os
movimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a
doença de Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e
outras desordens motoras, e em fases avançadas pode verificar-‐se
demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona na regulação do
comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projecta-‐
se apenas para o córtex pré-‐frontal. Esta área do córtex está envolvida
em várias funções cognitivas, memória, planeamento de
comportamento e pensamento abstracto, assim como em aspectos
emocionais, especialmente relacionados com o stress. Distúrbios nos
dois últimos sistemas estão associados com a esquizofrenia


  NRT derivado do triptofano, regula o humor, o sono, a
actividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções
neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor,
actividade motora e funções cognitivas.
  Associado ao tratamento das Perturbações Afectivas
(Depressão) -‐ os chamados antidepressivos (SSRI’s –
inibidores selectivos da recaptação da serotonina) agem
produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância
no espaço entre um neurónio e outro. T
  Tem efeito inibidor da conduta e modulador geral da
actividade psíquica.
  Influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-‐a de
forma directa ou estimulando o sistema GABA.

  principal NTR inibitório do SNC. Está presente em
quase todas as regiões do cérebro, embora sua
concentração varie conforme a região.
  Está envolvido com os processos de ansiedade. Seu
efeito ansiolítico seria fruto de alterações
provocadas em diversas estruturas do sistema
límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo.
  A inibição da síntese do GABA ou o bloqueio de seus
neurotransmissores no SNC, resultam em
estimulação intensa, manifestada através de
convulsões generalizadas.

  Principal NTR estimulador do SNC. A sua
ativação aumenta a sensibilidade aos
estímulos dos outros neurotransmissores.

No processo de desenvolvimento de dependência
das drogas, o corpo e o cérebro adaptam-‐se
lentamente à presença de drogas.
Fundamental: a maioria das “drogas de recreio”
partilham em comum a capacidade de
promoverem a libertação do mensageiro
(neuromodulador) – DOPAMINA -‐ inicialmente
associada à satisfação (recompensa) mas com o
tempo mais não passa de um sinal que leva o
sujeito a procurar novamente a toma de droga.
As drogas variam pelo seu grau de dependência:
conceito de tolerância.
  Álcool: função inibitória no SNC.
  Nicotina: actua em receptores que reconhecem a
acetilcolina que se associa aos mecanismos da atenção
e vigília.
  Canabis: actua em sistemas neuronais associados ao
controlo muscular e controlo da dor.
  Anfetaminas: actuam na libertação dopamina e
serotonina. Speed= dopamina; ecstasy = serotonina.
  Heroína/alucinogénios: apropria-‐se do sistema neuronal
das endorfinas, associadas ao controlo da dor e prazer.
  Cocaína: promovem a acção da produção da serotonina
e dopamina.

Neurociencias. I Parte.2014

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Apresentar a história da evolução do estudo da relação

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 Comparativos entre especies

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Na imagem ao lado extraída do livro

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Dr. António Egas Moniz (1936)

 No começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes

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 1755 -­‐ Terramoto → cavalariças dos Condes de

 1848 -­‐ É criado o manicómio de Rilhafoles no

1953 -­‐ abre o 1º serviço num hospital geral (HSM)

1963 – Lei 2118 ⇒ Centros Saúde Mental

1998 – Lei de Saúde Mental

2007 -­‐ Primeiro Plano Nacional de Saúde Mental

PSICOFISIOLOGIA CLÍNICA DOUTOR RUI RAMOS

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 Documentou a evolução de registos fósseis com

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Postura Bípede Emissão de sons – vocalizações –

Libertação dos membros superiores

Movimento de preensão

Precisão no fabrico e manuseamento

Grande revolução no

Cozedura de alimentos

Dietas mais abundantes

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  Comparativos entre especies

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  No começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes

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  1755 -‐ Terramoto → cavalariças dos Condes de

  1848 -‐ É criado o manicómio de Rilhafoles no

1953 -‐ abre o 1º serviço num hospital geral (HSM)

2007 -‐ Primeiro Plano Nacional de Saúde Mental

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  Documentou a evolução de registos fósseis com

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•  O cérebro é constituído por dois hemisférios encostados na

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  Existe uma maturação evolutiva funcional dos

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-‐  Divide-‐se em 3 partes:

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PPB II -‐ Dr. Rui Ramos

  O neo-‐cortex é o gerador de ideias ou, como diz Paul MacLean -‐

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PPB II -‐ Dr. Rui Ramos

  A ablação do giro cingulado (cingulectomia) em animais selvagens,

PPB II -‐ Dr. Rui Ramos

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3. Intersecção cortex-‐limbico (Social Brain)

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