Carl Schmitt sobre o Romantismo Político: uma crítica ao ocasionalismo esteticista
Autor: Arthur Bartholo Gomes, Mestre em Filosofia pela UnB – Universidade de Brasília Contato: arthurbartholo@yahoo.com.br
Resumo: A apresentação tem o objetivo de apresentar as críticas de Carl Schmitt à concepção
romântica do político, tarefa levada a cabo por ele no livro Politische Romantik. Aqui, ele aborda os aspectos políticos decorrentes das articulações de pensamento que poderiam ser classificadas como românticas, no sentido de procurar estabelecer um vínculo com alguns aspectos da metafísica do séc. XVIII que redundaram, segundo a sua concepção, num ocasionalismo político que em última instância é carente de uma positividade num sentido de um agir político efetivo. Isso implica em que o objeto principal da crítica, ou seja, o caráter romântico, para ele exemplificado ao longo do livro nas figuras de Adam Müller e Friedrich Schlegel, é metafisicamente limitado por uma concepção de subjetividade cujo caráter imanente e autorreferente impedem que seja concedido um sentido objetivo à realidade política, cuja ausência de concretude se manifesta na ideia romântica do político como uma totalidade orgânica. A crítica que Schmitt dirige ao romantismo se dá num sentido de visar uma atitude romantizante que se manifesta em elementos comum a estes autores, e não propriamente aos elementos filosóficos ou artísticos correntemente tidos como românticos (tais como a idealização poética ou a nostalgia por um passado distante); tal atitude tem um fundamento metafísico que se articula esteticamente com a realidade, e se caracteriza na posição do ego genial como agente produtivo do real. Tal articulação redunda, portanto, no que ele chama de atitude esteticista frente à realidade, cujo fundamento passa a ser determinado através de uma operação autocrática da subjetividade romântica que tem em seu âmago um caráter meramente poético; o ocasionalismo poético que daí se segue não faz sentido em qualquer esfera da vida a não ser a estética, o que a torna incompatível com a ideia do político. Ao longo do desenvolvimento da sua crítica, Schmitt se vale de filósofos da tradição francesa do séc. XVIII como Joseph de Maistre e Malebranche, que fundamentaram um ponto de vista metafísico ocasionalista, não obstante, resguardando a objetividade como fundamento ontológico legítimo; tal elemento foi tomado pelos românticos numa apropriação subjetivista, que resultou numa articulação de pensamento que Schmitt qualifica como ocasionalismo subjetificado, cujos resultados não se encontram à altura da compreensão da tarefa da modernidade política. Palavras-chave: Romantismo, Esteticismo, Ocasionalismo