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Com fundamento no artigo 621, inciso I do Código de Processo Penal, não conformado
com o acórdão condenatório já transitado em julgado conforme certidão em anexo,
pelas razões de fatos e direito a seguir expostas.
I-DOS FATOS
José Clemente foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por supostamente ter
praticado o delito de estupro de vulnerável art. 217-A do CP, no entanto após instrução
criminal foi absolvido da imputação a este feita pelo Juiz Singular o qual fundamentou
sua decisão pelo fato de inexistir prova suficiente para condenação (artigo 386, inciso
VII do CPP).
Inconformado com a Decisão de primeiro grau o Ministério Público Estadual apelou da
mesma e conseguiu na segunda instância a condenação de José Clemente, o qual foi
condenado a 09 nove anos e 02 meses de reclusão.
O respeitável Acórdão merece ser rescindido pelos motivos de fato e direito a seguir
aduzidos
II-DO DIREITO
Em que pese a brilhante atuação deste respeitável tribunal há de se ater a questão de que
o juiz de primeiro grau havia absolvido José Clemente pelo contido no artigo 386 inciso
VII do Código de Processo Penal que trata da situação na qual não é possível condenar
o acusado pela insuficiência das provas contidas nos autos.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:
(...)
VII - não existir prova suficiente para a condenação.
Assim leciona Guilherme Nucci:
[...] princípio da presunção da inocência: também conhecido como princípio do estado
de inocência ou da não-culpabilidade, significa que todo acusado é presumido inocente,
até que seja declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado.
Encontra-se previsto no art.5º, LVII, da Constituição [...]
Integra-se a este princípio da prevalência do interesse do réu (in dúbio pro reo),
garantindo que, em caso de dúvida, deve sempre prevalecer o estado de inocência,
absolvendo-se o acusado.
Desta feita, "o processo pode ter muitas provas, mas desde que estas provas não sejam
suficientes para gerar certeza no espírito do julgador, o réu deverá ser absolvido. Não é
preciso que haja uma prova plena da inocência. É preciso. isto sim, que haja uma prova
plena total, cabal, da culpa". (Antônio José Miguel Feu Rosa. Processo Penal, p.529)
Na lição do professor Paulo Rangel, descobrir a verdade real (ou material) é colher
elementos probatórios necessários e lícitos para se comprovar, com certeza absoluta
(dentro dos autos), quem realmente enfrentou o comando normativo penal e a maneira
pela qual o fez.
Diante disso, corretamente o Magistrado a quo acolheu a versão que lhe pareceu a mais
consentânea com a realidade processual apresentada,cabendo a aplicação do princípio
do in dubio pro reo, diante da perspectiva de uma condenação que se julgaria injusta.
Para a legalidade da Ação Penal, torna-se necessário que venha ser caracterizada a Justa
Causa, a qual é evidenciada pela presença nos autos da prova da materialidade do delito
e dos indícios de autoria, sem as quais a ação penal torna-se fragilizada, sem elementos
para seu recebimento e/ou julgamento condenatório pelo Juiz Singular.
No caso em concreto, a falta de provas que evidencie o cometimento do crime é tão
escassa a ponto do magistrado ter convertido o processo em diligência a fim de ouvir
mais testemunhas e mesmo depois de feito isto o mesmo absolveu José Clemente como
já apresentado.
III-DA LIMINAR
Em razão da segurança jurídica tutela pelo instituto da coisa julgada, mister se faz
que a ponderação com os outros valores em jogo. No caso, se fazem presentes os
requisitos, sendo o caso de concessão de liminar para que seja expedido Alvará de
Soltura, a fim de que o revisionando permaneça em liberdade até o final
julgamento do presente pedido de revisão criminal.
“Cabe ressaltar, neste ponto, que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos
também não assegura, de modo irrestrito, ao condenado, o direito de (sempre)
recorrer em liberdade, pois o Pacto de São José da Costa Rica, em tema de proteção
ao "status libertatis" do réu, estabelece, em seu Artigo 7º, nº 2, que "Ninguém pode
ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente
fixadas pelas Constituições políticas dos Estados-Partes ou pelas leis de acordo
com elas promulgadas", admitindo, desse modo, a possibilidade de cada sistema
jurídico nacional instituir - como o faz o ordenamento estatal brasileiro - os casos
em que se legitimará, ou não, a privação cautelar da liberdade de locomoção física
do réu ou do condenado (RTJ 168/526- -527 - RTJ 171/857 - RTJ 186/576-577,
v.g.).”
É por tal razão que a jurisprudência desta Suprema Corte - embora admitindo a
convivência entre os diversos instrumentos de tutela cautelar penal postos à
disposição do Poder Público, de um lado, e a presunção constitucional de não-
culpabilidade (CF, art. 5º, LVII) e o Pacto de São José da Costa Rica (Artigo 7º, nº 2),
de outro - tem advertido sobre a necessidade de estrita observância, pelos órgãos
judiciários
IV-DOS PEDIDOS
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, Data
Advogado OAB