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Cleiton de Moraes
Tamiris Nascimento
Thais Midori
Vanessa de Holanda
Yara Milan
SÃO PAULO
2014
Cleiton de Moraes
Tamiris Nascimento
Thais Midori
Vanessa de Holanda
Yara Milan
SÃO PAULO
1º SEMESTRE DE 2015
RESUMO
Palavras-chave: Vila Maria Zélia, Jorge Street, Vilas Operárias, habitação social, São
Paulo do início do século XX
SUMÁRIO
PÁG
1 – Introdução................................................................................................. 05
8 – Cartografia Histórica................................................................................. 19
10 – Conclusão............................................................................................... 22
11 – Referências Bibliográficas...................................................................... 23
12 – Anexos.................................................................................................... 25
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1 – INTRODUÇÃO
Até o ano de 1850 São Paulo foi uma cidade pouco expandida, concentrando
todas as atividades políticas, sociais, culturais e religiosas, no chamado "triângulo",
que era formado por três ruas: A Rua Direita de Sto. Antonio (hoje Rua Direita), a
Rua do Rosário (hoje XV de Novembro) e a Rua Direita de São Bento (hoje Rua São
Bento).
De acordo com CAMPOS; GAMA; SACCHETTA (2004), na década de 1880 a
cidade de São Paulo sofreu importantes transformações para atender a elite, tendo o
centro totalmente reformado e reorganizado, com inúmeras obras luxuosas,
transformando a paisagem urbana. Estas modificações, de inicio sob o comando do
primeiro prefeito Antonio Prado que exerceu quatro mandatos consecutivos e tinha
como objetivo a configuração de uma capital que centralizasse regionalmente um
sistema de trocas ancorado na dominação dos grandes centros do Hemisfério Norte,
foram seguidas pela criação do vale do Anhangabaú, reforma dos jardins da Praça
da Republica, alargamento de ruas, abertura de praças e a construção do caríssimo
edifício do Teatro Municipal, marco indispensável na afirmação da cultura européia.
Seus sucessores seguiram o mesmo ideal e fizeram toda a reforma e adequação
necessária para que a cidade adquirisse ares europeus.
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3(a) 3(b)
4(a) 4(b)
6(a) 6(b)
Figura 6(a) Cortiço no bairro do Bixiga. Fonte: Cortiços em S.P. 1919-1925. Acervo da Biblioteca
FAU, S.P
Figura 6(b) Cortiço do inicio do Séc. XX. Fonte: https://prefaciocultural.wordpress.com
7(a) 7(b)
Figura 7(a) - Industrial Jorge Street. Figura 7(b) – Maria Zélia Street
Fonte: [3] Referências Bibliográficas
Street era muito preocupado com a saúde de seus funcionários, o que o fez
buscar um arquiteto que trabalhasse a estrutura, tipologias e equipamentos sociais
da vila de forma a transformá-la em uma miniatura de cidade européia. Entretanto,
para erguer toda essa estrutura, os gastos eram exorbitantes; assim, por maior que
fosse o lucro com a produção industrial, não era suficiente para quitar as dívidas da
obra, e, em 1924, Street viu-se obrigado a vender a vila para a Família Scarpa que
alterou seu nome para Vila Scarpa. Cinco anos depois, em 1929, a crise que
assolou o mundo, os Scarpas não conseguem quitar suas hipotecas, vendendo
então a Vila para o grupo Guinle, que passa a denominá-la novamente de Maria
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Zélia. Na virada dos anos 30, o grupo Guinle começa a acumular dívidas e a vila
acaba sendo confiscada pelo IAPI, atual INSS.
Entre os anos de 1931 até 1939 a fábrica é desativada, chegando a funcionar,
segundo MORANGUEIRA (2006), como presídio político. Após esse período a
fábrica é reaberta como Goodyear, e os moradores da Vila tornam-se inquilinos. Mas
somente em 1968 são autorizados a comprar seus imóveis através do sistema BNH.
Ainda segundo MORANGUEIRA (2006), em entrevista com Dona Cintra, uma
das antigas moradoras, muitos operários viam a Vila como um paraíso, com o
conforto de terem tudo que precisavam sem terem que se deslocar para outros
locais.
Jorge Street, idealista, era visto com certa reserva pelos colegas industriais pelo
fato de não se preocupar apenas em seu próprio bem estar, mas considerar os
sonhos e anseios de seus operários em ter um teto para morar.
A vila Maria Zélia foi uma das primeiras vilas operarias com proporções de
cidade e qualidade de vida construída no Brasil. Até 1929, a casa operária era ainda
definida como uma edificação que devia contar no máximo com três ambientes,
tendo os moradores de adequar a eles aposentos, salas, cozinha e áreas privadas.
Conforme mencionado anteriormente, para projetar a vila com a qualidade
ansiada por Jorge Street, foi contratado o arquiteto francês Paul Pedaurrieux, que
optou por não pensar apenas no projeto de ruas, lotes e quadras, mas também nas
edificações de usos coletivos, idealizando o funcionamento da vila como o de uma
cidade, trazendo maior conforto aos moradores que não teriam que se deslocar para
longe, já que a vila iria ser construída em um local afastado e escondido em meio às
fabricas e as linhas férreas.
De acordo com MORANGUEIRA (2006), foram erguidas 198 casas com dois,
três e até quatro dormitórios, de tamanhos que variavam entre 75 e 110 metros
quadrados. Havia água encanada, energia elétrica e calçamento.
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A Vila Maria Zélia pode ser considerada uma cidade dentro da cidade de São
Paulo, pois sua dinâmica sempre foi independente do bairro do Belém, considerando
elementos que variam desde sua concepção, passando por suas relações sociais
como o "duplo mecanismo de extração da mais valia” e sua auto - suficiência até seu
traçado urbano de malha ortogonal, isolado do resto da cidade. (vide mapa anexo 8)
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A vila Maria Zélia foi construída em grande parte por alvenaria em tijolo,
revestida de cimento e pó de pedra. Nos edifícios maiores a estrutura é de ferro
fundido. Todas as edificações, incluindo as casas, possuíam assoalhos em pinho-
de-riga, forro e esquadrias em madeira e portas em madeira maciça.
Conforme cita MORANGUEIRA (2006) e descreve Teixeira (1990), as casas da
vila Maria Zélia possuíam as tipologias conforme apresentado no trecho extraído de
citação e apresentado como figura 9 neste trabalho.
Figura 10 – Entrada da antiga moradia dos solteiros – Vila Maria Zélia 2006
Fonte: [3] Referências Bibliográficas
Figura 11 – Planta dos pavimentos do prédio onde foi o restaurante da vila Maria Zélia em 1919
Fonte: https://museudeteatro.wordpress.com/a-vila-maria-zelia/
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Na figura 11 (acima) pode ser observada a planta dos pavimentos do Prédio que
foi o restaurante São Lourenço em 1919. Além disso, o mesmo prédio possuía
outros tipos de uso comercial: fábrica de sapatos, salão de baile e padaria.
Na figura 14 (abaixo) temos um croqui dos detalhes das Fachadas das casas da
Vila Maria Zélia, desenhadas por Eduardo Bajzek. A vila, com grande concentração
de imigrantes de origens européias foi dotada de extremo ecletismo no conjunto das
fachadas, frisos e formas geométricas, produzindo formas simultaneamente simples
e ricas; onde cada fachada possuía detalhes trabalhados segundo a origem dos
seus moradores; entre eles italianos, portugueses, espanhóis e poloneses.
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8 – CARTOGRAFIA HISTÓRICA
Ainda segundo BONDUKI (1981), a vila operária mais famosa edificada em São
Paulo é a Vila Maria Zélia, construída como “cinderela” e oferecendo vários
equipamentos sociais a seus moradores (Vide figura 16 abaixo); embora similar a
várias outras vilas do tipo construídas no interior do estado, é uma exceção na
cidade de São Paulo, correspondendo mais a uma postura pessoal do seu
idealizador do que a uma racionalidade econômica das suas indústrias.
Figura 16 – Recorte do mapa Sara de 1930 para destaque da área da vila Maria Zélia
Fonte: Material fornecido pelos professores Eliana Rosa e Braz Casagrande da disciplina Lab. de Urbanismo
OBS: Esses mapas pode ser melhor visualizado no anexo 7 desse trabalho.
antes um orgulho para quem lá residia, são hoje ruínas do que foram e as maiores
preocupações de quem lá reside na atualidade (vide antes e depois figuras 18 e 19.
17(a) 17(b)
Figura 17(a) – Vila Maria Zélia em 1917. Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/vilamariazelia/
Figura 17(b) – Vila Maria Zélia em 2012. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1526820
19(a) 19(b)
Figura 19(a) – Prédio do salão de festas em 1917. Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/vilamariazelia/
Figura 19(b) – Prédio do Salão de festas em 2012. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1526820
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10 – CONCLUSÃO
11 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de
são Paulo. São Paulo: Nobel, 1985;
[2] BONDUKI, N.G. Origens da habitação social no Brasil: Análise Social. vol.
XXIX (127), 1994. p. 711-732.
[3] MORANGUEIRA, Vanderlice de Souza. Vila Maria Zélia: Visões de uma vila
operária em São Paulo (1917 – 1940). Dissertação (Mestrado em História) -
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2006;
[8] PEREIRA, Luiz Carlos Soares; PIRES, Luana de Paiva. Revista Historiador
número 1: história do Brasil contemporâneo. 2008.7fls.
[9] NASCIMENTO, Douglas. São Paulo Antiga: Vila Maria Zélia. 11/10/2012
<http://www.saopauloantiga.com.br/vilamariazelia/> acesso em 20/03/2015 às 10:00