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“Formação Econômica do Brasil” – Celso Furtado

Capítulo XX - Gestação da Economia Cafeeira

• Fim do Século XIX e início do XX


o Haviam decorrido três quartos de século em que a característica dominante fora a
estagnação ou a decadência
o Ao rápido crescimento demográfico de base migratória dos três primeiros quartéis do
século XVIII sucedera um crescimento vegetativo relativamente lento no período
subsequente
o As novas técnicas criadas pela Revolução Industrial escassamente haviam penetrado no
país
 Sob a forma de bens ou serviços de consumo sem afetar a estrutura do sistema
produtivo
o Quanto a força de trabalho: Estancara-se a tradicional fonte africana sem que se
vislumbrasse uma solução alternativa
o Estagnadas as exportações e impossibilitado o governo de aumentar o imposto das
importações, o serviço da dívida externa teria de criar sérias dificuldades fiscais, as quais,
por seu lado, contribuíram para reduzir o crédito público.
o O mercado do açúcar tornara-se cada vez menos promissor
 Concorrência com o açúcar europeu e cubano
 O mercado inglês continuava a ser abastecido pelas colônias antilhanas
o A situação do algodão, segundo produto das exportações brasileiras ainda era pior do que
a do açúcar.
 Produção norte-americana
• Integrada nos interesses do grande mercado importador inglês
• Rápido crescimento da procura interna
• Desfrutando de fretes relativamente baixos
• Organizada no regime escravista com mão-de-obra relativamente
abundante
• Grande oferta de terras de primeira qualidade
o O fumo, os couros, o arroz e o cacau eram produtos menores, cujos mercados não
admitiam grandes possibilidades de expansão.
o O Brasil precisava encontrar algum produto que fosse intensivo em terra
• O café
o Fora introduzido no Brasil desde começo do século XVIII para fins de consumo local
 Assume importância comercial no fim desse século, quando ocorre a alta de
preços causada pela desorganização do grande produtor que era a colônia
francesa do Haiti
o O desenvolvimento de sua produção se concentrou na região montanhosa próxima da
capital do país
 Abundância de mão-de-obra, em conseqüência da desagregação da economia
mineira
 A proximidade do porto permitia solucionar o problema do transporte; utilizar-
se-iam as mulas.
o A primeira fase da expansão cafeeira se realiza com base num aproveitamento de
recursos preexistentes e subutilizados.
o A elevação dos preços, a partir do último decênio do século XVIII, determina a expansão
da produção em várias partes da América e da Ásia
 Essa expansão foi sucedida por um período de preços declinantes que se estende
pelos anos trinta e quarenta
• Não desencorajou os produtores brasileiros, que encontravam no café
uma oportunidade para utilizar recursos produtivos semi-ociosos desde a
decadência da mineração
• A quantidade exportada aumenta consideravelmente
o O segundo e terceiro quartel do século passado é a fase de gestação da economia cafeeira.
o A empresa cafeeira permite a utilização intensiva da mão-de-obra escrava, e nisto e
assemelha à açucareira
 Apresenta um grau de capitalização muito mais baixo
 Baseia-se mais amplamente na utilização do fator terra
 Suas necessidades monetárias de reposição são muito menores, pois o
equipamento é mais simples e quase sempre de fabricação local.
o Como em sua primeira etapa a economia cafeeira dispôs do estoque de mão-de-obra
escrava subutilizada da região da antiga mineração, explica-se que seu desenvolvimento
haja sido tão intenso, não obstante a tendência pouco favorável dos preços.
o Há uma recuperação do preço do café no terceiro quartel do século XIX, enquanto o
preço do açúcar permanece deprimido, havendo transferências de recursos de um cultivo
a outro.
o A etapa de gestação da economia cafeeira é também a de formação de uma nova classe
empresária que desempenhará papel fundamental no desenvolvimento subseqüente do
país
o Desde o começo, sua vanguarda esteve formada por homens com experiência comercial.
o Os interesses da produção e do comércio estiveram entrelaçados

 A cidade do Rio representava o principal mercado de consumo do país


• O abastecimento desse mercado passou a constituir a principal atividade
econômica dos núcleos de população rural que se haviam localizado no
sul da província de Minas como reflexo da expansão da mineração.
• A proximidade da capital do país constituía, evidentemente, uma grande
vantagem para os dirigentes da economia cafeeira.
• Essa tendência à subordinação do instrumento político aos interesses de
um grupo econômico alcançará sua plenitude com a conquista da
autonomia estadual, ao proclamar-se a República.
o A descentralização do poder permitirá uma integração ainda
mais completa dos grupos que dirigiam a empresa cafeeira com a
maquinaria político-administrativa

Capítulo XXI- O Problema da Mão-de-obra

• Força de trabalho da economia brasileira: 2 milhões de escravos na metade do século XIX


• Inelasticidade da oferta de trabalho – Taxa de mortalidade era superior a de natalidade
• É interessante observar a evolução diversa que teve o estoque de escravos nos dois principais
países escravistas do continente: os EUA e o Brasil
o Ambos os países começaram o século XIX com um estoque de aproximadamente 1
milhão de escravos.
o As importações brasileiras, no correr do século, foram cerca de três vezes maiores do que
as norte-americanas.
o Entretanto, ao iniciar-se a Guerra de Secessão, os EUA tinham uma forca de trabalho
escrava de cerca 4 milhões e o Brasil na mesma época algo como 1,5 milhão.
o A explicação desse fenômeno está na elevada taxa de crescimento vegetativo da
população escrava norte-americana
o O fato de que a população escrava brasileira haja tido uma taxa de mortalidade bem
superior à de natalidade indica que as condições de vida da mesma deveriam ser
extremamente precárias.
 Ao crescer a procura de escravo no sul para as plantações de café intensifica-se o
tráfico interno em prejuízo das regiões que já estavam operando com
rentabilidade reduzida.
• Havia impedimentos em continuar importando escravos pela Inglaterra
• O crescimento das economias européias, que se industrializaram no século XIX, consistiu
fundamentalmente numa revolução tecnológica
o Sendo essa desagregação muito rápida na primeira etapa, a oferta de mão-de-obra crescia
suficientemente para alimentar o setor mecanizado em expansão e ainda exercer forte
pressão sobre os salários.
o O processo de urbanização, o que por sua vez facilitava a assistência médica e social e,
destarte, acarretava uma intensificação no crescimento vegetativo da população
• Na plantação extensiva do café havia necessidade de se aumentar a mão de obra
• Mão de obra pela economia de subsistência:
o A economia de subsistência de maneira geral estava de tal forma dispersa que o
recrutamento de mão-de-obra dentro desta economia seria tarefa bastante difícil e exigiria
grande mobilização de recursos
 As dificuldades de adaptação dessa gente e, em grau menor, daqueles que vinham
da agricultura rudimentar do sistema de subsistência contribuíram para formar a
opinião de que a mão-de-obra livre do país não servia para a "grande lavoura".
 Muito problema em se encontrar mão de obra no Brasil em fins do século XIX.

Capítulo XXII - O Problema da Mão-De-Obra II. A imigração europeia

• Solução alternativa do problema da mão-de-obra: fomentar uma corrente de imigração européia


• A questão fundamental era aumentar a oferta de força de trabalho disponível para a grande
lavoura
• A emigração européia para os EUA nada tinha que ver com a oferta de mão-de-obra para as
grandes plantações.
o Abaixa dos preços das passagens para os EUA que permitiu se avolumasse de tal forma a
emigração espontânea da Europa para os EUA
o Os colonos contavam com um mercado em expansão para vender os seus produtos,
expansão que era em grande parte um reflexo do desenvolvimento das plantações do sul,
à base de trabalho escravo.
• As colônias criadas em distintas partes do Brasil pelo governo imperial careciam totalmente de
fundamento econômico
o A vida econômica das colônias era extremamente precária, pois, não havendo mercado
para os excedentes de produção, o setor monetário logo se atrofiava, o sistema de divisão
do trabalho involuía e a colônia regredia a um sistema econômico rudimentar de
subsistência.

• Como não se atraía imigrantes pelo dinamismo econômico brasileiro, era necessário atraí-los.
• A própria classe cafeeira começou a contratar diretamente na Europa:
o Conseguiu do Estado o financiamento de transporte
o O Estado financiava a operação, o colono hipotecava o seu futuro e o de sua família, e o
fazendeiro ficava com todas as vantagens.
o Abusos
o O fazendeiro: única fonte do poder político.
o Houve reação na Europa na década de 1960.
• Agrava-se o problema da mão de obra no Brasil
o Melhora o sistema de pagamento ao colono, que tinha um salário fixo e outro variável,
em função da colheita.
o Problema: O pagamento da viagem
 1870: o governo imperial passou a encarregar-se dos gastos do transporte dos
imigrantes
 Ao fazendeiro cabia cobrir os gastos do imigrante durante o seu primeiro ano de
atividade
• Essas medidas do fim do século XIX permitem o afluxo de mão de obra.

Capítulo XXIII - O Problema da Mão-De-Obra III. Transumância amazônica

• Brasil conheceu no último quartel do século XIX e primeiro decênio do XX um outro grande
movimento de população: da região nordestina para a amazônica.
• Região Amazônica, durante o século XVIII: estado de letargia econômica
• Obstáculo: a quase inexistência de população e a dificuldade de organizar a produção com base
no escasso elemento indígena local.
• Borracha
o A evolução da economia mundial da borracha desdobrou se assim em duas etapas:
durante a primeira encontrou-se uma solução de emergência para o problema da oferta do
produto extrativo; a segunda se caracteriza pela produção organizada em bases racionais,
permitindo que a oferta adquira a elasticidade requerida pela rápida expansão da procura
mundial
o ao introduzir-se a borracha oriental de modo regular no mercado, depois da Primeira
Guerra Mundial, os preços do produto se reduziram de forma permanente
• Durante o crescimento da exportação de borracha pelo Brasil, a população do Pará e Amazonas
mais do que dobra entre 1872 e 1900.
• Essa enorme transumância indica claramente que em fins do século XIX já existia no Brasil um
reservatório substancial de mão-de-obra
• Contrastes da imigração à Amazônia, população de origem nordestina, e para o complexo
cafeeiro:
o Imigrante Europeu: ajudado por seu governo, chegava à plantação de café com todos os
gastos pagos, residência garantida, gastos de manutenção assegurados até a colheita.
o Imigrante Nordestino para a Amazônia: começava sempre a trabalhar endividado, pois
via de regra obrigavam-no a reembolsar os gastos com a totalidade ou parte da viagem,
com os instrumentos de trabalho e outras despesas de instalação. Para alimentar-se
dependia do suprimento que, em regime de estrito monopólio, realizava o mesmo
empresário com o qual estava endividado e que lhe comprava o produto. As grandes
distâncias e a precariedade de sua situação financeira reduziam-no a um regime de
servidão. Entre as longas caminhadas na floresta e a solidão das cabanas rudimentares
onde habitava, esgotava-se sua vida,
o O grande movimento de população nordestina para a Amazônia consistiu basicamente em
um enorme desgaste humano em uma etapa em que o problema fundamental da economia
brasileira era aumentar a oferta de mão-de-obra.

Capítulo XXIV - O Problema da Mão-De-Obra IV. Eliminação do trabalho escravo

• Problema central da economia brasileira na segunda metade do Século XIX


o Permanente expansão do setor de subsistência, a inadequada oferta de mão-de-obra
 Problema foi resolvido nas duas regiões em rápida expansão econômica: o
planalto paulista e a bacia amazônica.
• Prevalecia então a idéia de que um escravo era uma "riqueza" e que a abolição da escravatura
acarretaria o empobrecimento do setor da população que era responsável pela criação de riqueza
no país.
o Outros argumentavam que, pelo contrário, a abolição da escravatura traria a "liberação"
de vultosos capitais
• A abolição da escravatura, à semelhança do que ocorre numa “reforma agrária”, não constitui per
se nem destruição, nem formação de riqueza.
o Entretanto, tal fato constitui simplesmente uma redistribuição dá propriedade dentro de
uma coletividade
 A abolição da escravatura teria de acarretar modificações na forma de
organização da produção e no grau de utilização dos fatores.
 Havia duas possibilidades: transformação formal dos trabalhadores em
assalariados, recebendo aquilo que antes era o gasto em sua subsistência e não
promovendo reorganização da produção ou da renda; ou os escravos sairiam das
plantações para formar economia de subsistência e com a escassez de mão de
obra teria um grande aumento dos salários, provocando uma redistribuição da
renda.
• Na região nordestina as terras de utilização agrícola mais fácil já estavam ocupadas praticamente
em sua totalidade, à época da abolição. Os escravos liberados que abandonaram os engenhos
encontraram grandes dificuldades para sobreviver.
o Nas regiões urbanas pesava já um excedente de população que desde o começo do século
constituía um problema social.
o Não foi difícil atrair e fixar uma parte substancial da antiga força de trabalho
escravo, mediante um salário relativamente baixo.
• Na região cafeeira as conseqüências da abolição foram diversas
o A rápida destruição da fertilidade das terras ocupadas nessa primeira expansão cafeeira e
a possibilidade de utilização de terras a maior distância com a introdução da estrada de
ferro haviam colocado essa agricultura em situação desfavorável
o As vantagens que apresentava o trabalhador europeu com respeito ao ex-escravo são
demasiado óbvias
o A relativa abundância dê terras tornava possível ao antigo escravo refugiar-se na
economia de subsistência.
o Na região do café a abolição provocou efetivamente uma redistribuição da renda em
favor da mão-de-obra.
o Uma das conseqüências diretas da abolição, nas regiões em mais rápido desenvolviment
o, foi reduzir-se o grau de utilização da força de trabalho.
• A abolição constitui uma medida de caráter mais político que econômico.
o A escravidão tinha mais importância como base de um sistema regional de poder que
como forma de organização da produção.

Capítulo XXV - Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX

• A economia brasileira em seu conjunto parece haver alcançado uma taxa relativamente alta de
crescimento na segunda metade do século XIX
o O comércio exterior é o setor dinâmico do sistema
o Entre 1840 e 1890 as exportações cresceram 214% em volume físico que foi acompanhado de
uma elevação nos preços médios dos produtos exportados de aproximadamente;
o Observa-se uma redução no índice de preços dos produtos importados, de modo que houve
melhora de 58% na relação entre os preços de troca.
o Essas melhoras nos termos de troca significaram um incremento de 396% na renda real
gerada pelo setor exportador.
o O setor mais dinâmico da economia quintuplicou no período considerado.
• O desenvolvimento da segunda metade do século XIX não se estendeu a todo o território do país
o A exportação de açúcar e de algodão cresceu pouco durante o período considerado, a renda
gerada por esses produtos aumentaram apenas 54% no período considerado.
• Convém dividir a economia brasileira em três setores principais e estados importantes
o A economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de economia de subsistência a ela
ligada
 Faixa que se estende desde o Estado do Maranhão até Sergipe, exclui-se a Bahia por
conta do cacau.
 1/3 da população do país + Bahia => metade da população => crescimento
populacional (1,2% a.a.) maior do que a renda gerada (80%)
 Dividido em dois sistemas: o litorâneo principalmente exportador e o mediterrâneo
principalmente de subsistência
 A renda per capita do sistema de subsistência haja permanecido estável, já a queda
da renda per capita do sistema exportador teria sido substancial
 Transferência de população do sistema exportador para o de subsistência e que a
renda per capita no setor de subsistência tenha sido mantido => queda da
produtividade na região
o A economia principalmente de subsistência do sul do país.
 Beneficiou-se indiretamente com a expansão das exportações
 Conseguia vender parte do excedente para a o mercado interno, aumentando suas
transações monetárias.
 Produção de erva mate; charque; vinho e banha de porco
 População cresceu 3% a.a.
 O aumento da renda per capita haja sido de alguma magnitude
o A economia cafeeira
 Os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
 População cresceu 2,2% a.a.
 Grandes movimentos demográficos dentro da região. A taxa de crescimento
populacional no Espírito Santo e em São Paulo foi de 3,6% a.a.
 Transferência da população dos setores de baixa produtividade para o de alta
produtividade.
 Rápida expansão do mercado interno na região cafeeira teria de repercutir muito
favoravelmente na produtividade do setor de subsistência, o qual se concentrava
principalmente no Estado de Minas Gerais.
 A renda cresceu 4,5% a.a.. Dado o crescimento da população a taxa de aumento
anual per capita seria de 2,3%.
o Bahia
 13% da população do país
 Produção de cacau
 Uma alternativa para o uso dos recursos de terra e mão-de-obra de que não se
beneficiaram os demais estados nordestinos
 Fumo
• Antes para escambo, encontra mercado crescente na Europa
 Na Bahia o desenvolvimento foi entorpecido pela ação profunda de fatores similares
aos que atuaram no Nordeste.
 A população cresceu mais do que a do nordeste 1,5% a.a., demonstrando que a renda
real evoluiu menos desfavoravelmente.
o Região amazônica
 3% da população do país
 A participação da borracha no valor total das exportações elevou-se de 0,4% nos
anos 1940 para 15% nos anos 1990
 Grande parte dessa renda não revertesse à região e que parte substancial da que
revertia se liquidasse em importações
• A região nordestina parece ser a única cuja renda per capita diminuiu
• A renda real do Brasil teria sido multiplicada em 5,4, taxa de crescimento anual de 3,5% e taxa de
crescimento per capita de 1,5%.
• Brasil x EUA
o Renda nos EUA se multiplicou em 5,7, o cresc. da população foi maior, portanto a renda per
capita menor.
o Os EUA na segunda metade do século XIX mantiveram um ritmo de crescimento que vinha do
último quartel do século anterior, o Brasil iniciou uma etapa de crescimento após três quartos
de século de estagnação e provavelmente de retrocesso em sua renda per capita.
• Não conseguindo o Brasil integrar-se nas correntes em expansão do comércio mundial durante essa
etapa de rápida transformação das estruturas econômicas dos países mais avançados, criaram-se
profundas dessemelhanças entre seu sistema econômico e os daqueles países.

Capítulo XXVI - O Fluxo de Renda na Economia de Trabalho Assalariado


 Último quartel do século XIX: aumento da importância relativa do setor assalariado. => Portanto ela
apresenta uma dinâmica distinta em relação a economia escravista.
 Similaridades da economia cafeeira com a escravista:
o Constituída por uma multiplicidade de unidades produtoras que se ligam intimamente às
correntes do comércio exterior.
 No entanto há diferenças profundas.
 Dividindo-se a renda gerada entre os assalariados e o proprietários, nota-se que o comportamento de
ambos no que concerne à utilização são distintos:
o Os assalariados transformam a totalidade ou quase totalidade de sua renda em gastos de
consumo.
o A classe proprietária, cujo nível de consumo é muito superior, retém parte de sua renda para
aumentar seu capital, fonte dessa mesma renda.
o Portanto, a renda monetária criada dentro da economia é muito maior do que a renda gerada
pelo setor exportador.
o Efeitos do aumento do impulso externo:
 Empresários: reinvestir os lucros expandindo as plantações
 Por haver mão de obra internamente, além dos imigrantes, isso pressiona o salário
médio.
 Havia estabilidade do salário real médio no setor cafeeiro, mas não no conjunto da
economia.
 A massa de salários pagos no setor exportador vem a ser, por conseguinte, o núcleo
de uma economia de mercado interno.
 Havia um crescimento ainda maior do salário monetário

Capítulo XXVII - A Tendência ao Desequilíbrio Externo

• Novo sistema econômico, baseado no trabalho assalariado:


o série de problemas
 impossibilidade de adaptar-se às regras do padrão-ouro
• Fundamentos: cada país deveria dispor de uma reserva metálica grande para
cobrir os déficits de sua balança de pagamentos.
• reserva metálica
o Investimento improdutivo
o contribuição de cada país para o financiamento a curto prazo das
trocas internacionais em função de sua participação no comércio
internacional e da amplitude das flutuações de sua balança de
pagamentos
o Uma economia colonial, como a brasileira, dependia muito mais do
comércio externo do que outra que não dependesse tão fortemente
do setor exportador.
• O problema que se apresentava a economia brasileira era o seguinte: a que preço as regras do padrão
ouro poderiam aplicar-se a um sistema especializado na exportação de produtos primário e com
elevado coeficiente de importação?
• A teoria monetária do século XIX
o Tinha o princípio de que se todos os países seguissem as regras do padrão-ouro
 O ouro disponível tenderia a distribuir-se em função das necessidades do comércio
interno de cada país e das do comércio internacional.
 Se um país importava mais do que exportava - criando-se um desequilíbrio em sua
balança de pagamentos -, esse país se veria obrigado a exportar ouro, reduzindo-se
consequentemente o seu meio circulante.
• acarretar uma baixa de preços  estímulo às exportações  desestímulo às
importações correção do desequilíbrio
o Em uma economia com um baixo coeficiente de importações um desequilíbrio externo pode
ser financiado com emissão de numerário sem provocar grande redução no grau de liquidez
do sistema.
o economia de elevado coeficiente de importações
 um brusco desequilíbrio na balança de pagamentos exigiria uma redução de grandes
proporções no meio circulante, provocando verdadeira traumatização do sistema.
• Brasil: país exportador de produtos primários
o elevada participação relativa no comércio internacional
o Sua economia estava sujeita a oscilações muito mais agudas
o o coeficiente de importações era particularmente elevado
o os desequilíbrios na balança de pagamentos eram relativamente muito mais amplos, pois
refletiam as bruscas quedas de preços das matérias-primas no mercado mundial
o o imposto das importações era a principal fonte de renda do governo central
o Quando a demanda monetária tende a crescer mais do que as exportações que começa a surgir
a possibilidade de desequilíbrios: esse desajustamento esta intimamente ligado a uma
economia de trabalho assalariado.
o Ao crescer a renda criada pelas exportações, cresce a massa total de pagamentos a fatores,
realizados dentro da economia:
 tende a multiplicar-se, primeiramente em termos monetários e finalmente em termos
reais
 O aumento da renda se realiza em duas etapas:
• Pelo crescimento das exportações
• Pelo efeito multiplicador interno.
 Parte desse aumento da renda terá de ser satisfeito com importações
o No momento em que deflagrava uma crise nos centros industriais, os preços dos produtos
primários caíram bruscamente, reduzindo-se de imediato a entrada de divisas no país de
economia dependente.
o Durante um período de tempo a demanda por produtos importados continuava crescendo
enquanto a oferta de divisas já tivera caído drasticamente.
o Crise no país industrializado:
 a crise vem acompanhada, para o país industrializado, de contração das importações,
baixa de preços dos artigos importados e entrada de capitais.
 como grande parte dos capitais exportados do século XIX eram empréstimos
públicos, ou inversões no setor privado com garantia de juros, o serviço dos capitais
constituía uma partida relativamente rígida na conta corrente da balança de
pagamentos e contribuía para reforçar a posição internacional dos países
exportadores de capital nas etapas de depressão.
o Crise nas economias dependentes:
o As economias dependentes estiveram sempre condenadas a desequilíbrios de balança de
pagamentos e à inflação monetária.
 Nas economias dependentes a crise se apresenta de forma totalmente distinta
• queda no valor/quantidade das exportações
• leva um tempo para que a queda nas exportações leve a uma queda nas
importações o que agrava a Balança Comercial.
• a queda dos preços das mercadorias importadas (produtos manufaturados) se
faz mais lentamente e com menor intensidade que a dos produtos primários
exportados, isto é, tem início uma piora na relação de preços de intercâmbio
• Há uma rigidez dos serviços de capitais
 é fácil prever as imensas reservas metálicas que exigiria o pleno funcionamento do
padrão-ouro numa economia como a do apogeu do café no Brasil
o A medida que a economia escravista-exportadora era substituída por um novo sistema, com
base no trabalho assalariado, tornava-se mais difícil o funcionamento do padrão-ouro.
o As doutrinas monetárias europeias aplicadas no Brasil não tinham fundamento na observação
da realidade brasileira.

Capítulo XXVIII - A Defesa do Nível de Emprego e a Concentração da Renda

• reserva de mão-de-obra dentro do país (reforçada pelo forte fluxo imigratório)


o permitiu que a economia cafeeira se expandisse durante um longo período sem que os salários
reais apresentassem tendência para a alta.
o Elevava o salário médio por causa do aumento de produtividade: Deslocamento do setor de
subsistência para o centro dinâmico.
o Não havia pressão interna para o aumento de salários
o Ao empresário não interessava substituir essa mão-de-obra por capital (aumentar a quantidade
de capital por unidade de mão-de-obra)
 quanto maior fosse a quantidade produzida por unidade de capital imobilizado
(produção extensiva), mais vantajosa seria a situação do empresário
• o empresário estava sempre interessado em aplicar seu capital novo na
expansão das plantações, não se formando nenhum incentivo à melhora dos
métodos dê cultivo.
• Isso era possível graças a grande oferta de terras
• Sempre que essa terra dava sinais de esgotamento, se justificava, do ponto
de vista do empresário abandoná-la, transferindo-se o capital para solos
novos de mais elevado rendimento.
• As condições econômicas em que se desenvolvia a cultura do café não
criavam, portanto, nenhum estímulo ao empresário para aumentar a
produtividade física, seja da terra, seja da mão-de-obra por ele utilizadas.
• As melhoras de produtividade obtidas na própria economia exportadora o empresário podia retê-las
o Puramente econômica e refletiam modificações nos preços do café
 se manifestavam por meio do ciclo econômico
 As flutuações dos preços de exportação se traduziriam em contrações e expansões da
margem de lucro do empresário
• Contração cíclica  desequilíbrio na balança de pagamentos (desequilíbrio externo)  correção:
reajustamentos na taxa cambial
• Crise: ocorria de fora para dentro
o Mecanismo de ajuste do padrão-ouro: excesso de demanda por ouro => Déficit no BP =>
perda de ouro pelo país, redução da oferta de moeda internamente => queda dos preços
internos => aumento das exportações e redução nas importações, o que eliminava o excesso
de demanda por divisas.
o Ocorreria uma brusca contração nos lucros do setor exportador tenderia a reduzir a procura de
bens importados (encareciam)
o O desequilíbrio externo era corrigido pela desvalorização cambial que tinha natureza
totalmente distinta:
o Ocorria uma brusca desvalorização da moeda => encareciam os produtos importados =>
quedada demanda interna => correção do desequilíbrio
o No entanto, a redução do valor externo da moeda significava um prêmio aos exportadores.
o O processo de correção do desequilíbrio externo significava, em última instância, uma
transferência de renda daqueles que pagavam as importações para aqueles que vendiam as
exportações
o Como as importações eram pagas pela coletividade, os exportadores estavam socializando as
perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros.
o Parte dessa perda se fazia dentro da classe dos exportadores, por também serem
consumidores, mas a coletividade exerceria um peso maior.
o Produtos de importação: alta elasticidade-renda dado não ser essenciais (tecidos/alimentos)
• Em suma: os aumentos de produtividade econômica eram retidos pelos empresários
• Tendência a concentração de renda na época de prosperidade.
• Os lucros cresciam mais do que os salários
• Na depressão, os exportadores socializavam seus prejuízos com a população
• O comportamento da economia e da economia industrializado em período de crises são
completamente distintos. Naquela, os menos produtivos são inviabilizados de operar. Na economia
dependente, a crise vem como um cataclismo de fora para dentro. Na economia dependente, os
empresários e a coletividade defendia de qualquer maneira a exportação para manter o nível de
emprego durante a depressão.

Capítulo XXIX - A Descentralização Republicana e a Formação de Novos Grupos de Pressão

• As transferências de renda assumiam várias formas, com a depreciação cambial:


o havia transferências entre o setor de subsistência e o exportador, em benefício deste último,
pois os preços dos produtos importados pelo setor de subsistência cresciam mais rapidamente
do que o preço de venda dos artigos de subsistência aos exportadores.
o havia importantes transferências dentro do próprio setor exportador
 O consumo dos assalariados rurais também era de artigos importados / mas
ganhavam parte do ordenado na forma de alimento.
o Os mais prejudicados eram os assalariados urbanos
• O efeito regressivo na distribuição da renda provocado pela depreciação cambial
o O imposto às importações, base da receita do governo central, era cobrado a uma taxa fixa de
câmbio
 Ao depreciar-se a moeda, reduzia-se a importância do imposto ad valorem
 A redução real do gravame era maior para os produtos que pagavam maior imposto
(artigos para a classe de alta renda)
 A redução relativa das receitas públicas obrigava o governo a emitir papel-moeda
para financiar o déficit
• criava uma pressão inflacionária
 A redução do valor em outro da receita governamental era tanto mais grave quanto o
governo tinha importantes compromissos a saldar em outro. Ao depreciar-se o
câmbio o governo era obrigado a dedicar uma parte muito maior de sua receita em
moeda nacional ao serviço da dívida externa => emitia moeda
o Para "defender o câmbio" o governo contraía sucessivos e onerosos empréstimos externos
o Havia intima conexão entre empréstimos externos => déficits orçamentários => emissões de
papel moeda => desequilíbrios da conta corrente do BP, através de flutuações no câmbio.
• A queda da carga fiscal era maior proporcionalmente ao setor exportador e as zonas urbanas sofriam
mais, relativamente, com a inflação.
• Na busca de conversibilidade, para se adequar ao padrão ouro, mantinha-se a economia com escassez
de meios de pagamento.
• O sistema monetário de que dispunha o país demonstrava ser totalmente inadequado para uma
economia baseada no trabalho assalariado
• Apenas em 1888, aprova-se no parlamento mecanismos de automatismos monetários, o qual o
governo imperial seria relutante em aprovar.
• No fim do século XIX, as divergências entre as regiões do país começam a se aprofundar por cauda do
trabalho assalariado.
• Apenas com a proclamação da república em 1889, o governo passa a dar atenção a essas divergências.
• No início da nova república, passa-se de uma situação de forte escassez de moeda para uma facilidade
de créditos.
• Isso leva a uma forte desvalorização cambial.
• O setor industrial passa a se sentir prejudicado pela depreciação cambial.
• Se, por um lado, a descentralização republicana deu maior flexibilidade político-administrativa ao
governo no campo econômico, em benefício dos grandes interesses agrícola-exportadores, por outro
lado a ascensão política de novos grupos sociais facilitada pelo regime republicano, cujas rendas não
derivavam da propriedade, veio reduzir substancialmente o controle que antes exerciam aqueles
grupos agrícolas – exportadores sobre o governo central.

Capítulo XXX – A crise da economia cafeeira

• Década de 1890: situação à expansão da cultura do café no Brasil


o Oferta não-brasileira em uma etapa de dificuldades
 a produção asiática grandemente prejudicada por enfermidades
• destruíram os cafezais da ilha de Ceilão
o Com a descentralização republicana o problema da imigração passou às mãos dos estados
o O efeito estimulante da grande inflação de crédito desse período beneficiou duplamente a
classe de cafeicultores
 proporcionou o crédito necessário para financiar a abertura de novas terras
 elevou os preços do produto em moeda nacional com a depreciação cambial
• A elasticidade da oferta de mão-de-obra e a abundância de terras, nessa época já havia 16 milhões
de brasilieros.
o constituíam clara indicação de que os preços desse artigo tenderiam a baixar a longo
prazo
• condições excepcionais que oferecia o Brasil para a cultura do café
 era inevitável que a oferta de café tendesse a crescer, não em função do
crescimento da procura, mas sim da disponibilidade de mão-de-obra e terras sub-
ocupadas, e da vantagem relativa que apresentasse esse artigo de exportação.
o oportunidade de controlar três quartas partes da oferta mundial desse produto
• A partir da crise de 1893, que foi particularmente prolongada nos EUA, começaram a declinar os
preços no mercado mundial.
• A qual foi controlada pela desvalorização cambial;
o Em 1897, ocorreram novas depressões
o a situação de extrema pressão sobre a massa de consumidores urbanos tornou
impraticável insistir em novas depreciações.
 essa excessiva pressão levou a uma crescente intranqüilidade social e finalmente
à adoção de uma política tendente à recuperação da taxa de câmbio
 É nessa etapa em que se fazia impraticável apelar para o mecanismo cambial, a
fim de defender a rentabilidade do setor cafeeiro, configura-se o problema da
superprodução
• Os estoques de café pesam sobre os preços
• perda permanente de renda para os produtores e para o país
• Ideia de retirar do mercado parte desses estoques
o convênio de Taubaté: política de "valorização" do produto.
a) com o fim de restabelecer o equilíbrio entre oferta e procura de café, o governo
interviria no mercado para comprar os excedentes;
b) o financiamento dessas compras se faria com empréstimos estrangeiros;
c) o serviço desses empréstimos seria coberto com um novo imposto cobrado em ouro
sobre cada saca de café exportada;
d) a fim de solucionar o problema a mais longo prazo, os governos dos estados
produtores deveriam desencorajar a expansão das plantações.
o O primeiro esquema de valorização foi liderado por São Paulo e não teve participação do
governo federal – tomando empréstimos diretamente no mercado internacional.
o Mais tarde o governo federal apoiou a política
o Como foi bem sucedido, os cafeicultores consolidaram o se poder por mais um quarto de
século, até 1930.
 Os lucros forçavam o empresário a continuar investindo na própria cultura,
pressionando cada vez mais sobre a oferta. => circulo vicioso, uma vez que a
oferta era retida de forma artificial.
o a defesa dos preços proporcionava à cultura do café uma situação privilegiada entre os
produtos primários que entravam no comércio internacional a qual não permitia uma
diversificação da oferta.

• A crise mundial em 1929 o encontrou, entretanto, em situação extremamente vulnerável.
o A produção de café cresceu fortemente na segunda metade desse decênio
o mantêm-se praticamente estabilizadas as exportações
 Entre 1925 e 1929, a produção cresceu quase 100%
 Em 1927-29 as exportações apenas conseguiam absorver as duas terças partes da
quantidade produzida
 A retenção da oferta mantinha os preços elevados
 A demanda por café é estável, não cresce com o aumento da renda mundial,
sendo portanto preço-inelástica.
 A queda do preço não era transformada em aumento na demanda.
 desequilíbrio estrutural entre oferta e procura
 os estoques que se estavam acumulando não tinham nenhuma possibilidade de
ser utilizados economicamente num futuro previsível.
o O erro da política de valorização do café estava em não se terem levado em conta as
características próprias de uma atividade econômica de natureza tipicamente colonial,
como era a produção de café no Brasil.
o Equilíbrio da procura: saturação da demanda
o Equilíbrio da oferta: quando se ocupavam todos os fatores de produção
o Havia uma tendência a baixa dos preços dos produtos coloniais.
o Manter elevado o preço do café era criar condições para que o desequilíbrio entre oferta e
procura se aprofundasse cada vez mais.
o Apenas se fosse estimulado de forma artificial investimentos em outros setores, os
desequilíbrios poderiam ser compensados.
o A manutenção dos preços altos e dos lucros altos logo faria crescer a oferta em outros
lugares destruindo a situação de semimonopólio do Brasil.
o Da forma como a política de valorização do café foi seguida, ela precipitou e aprofundou
a crise da economia cafeeira no Brasil.
• O financiamento desses estoques havia sido obtido em grande parte de bancos estrangeiros
o Pretendia-se evitar o desequilíbrio externo.
o Mas na realidade o que ocorria era o seguinte:
o Os empréstimos externos serviam de base para a expansão de meios de pagamento
destinados à compra de café que era retirado do mercado.
o aumento brusco e amplo da renda monetária dos grupos produtores
 provocava pressão inflacionária
o o aumento dos investimentos entre 1927/1929 ocorre com o aumento da entrada de
capitais privados
o Isso valoriza o câmbio => busca da conversibilidade
o Com a crise em 1929: as reservas metálicas, acumuladas por empréstimos externos, são
perdidas rapidamente
Capítulo XXXI – Os mecanismos de defesa e a crise de 1929

• A produção, que se encontrava em altos níveis, teria de seguir crescendo, pois os produtores
haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento.
o a produção máxima seria alcançada em 1933, no ponto mais baixo da depressão, como
reflexo das grandes plantações de 1927-28
• era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques
• Problemas que se impunham:
o Colher o café ou deixá-lo apodrecer?
o Qual destino se daria ao café se ele fosse colhido?
o Como financiar a colheita/estocagem do produto?
• Colhendo ou não café, haveria perdas. No entanto, as perdas nunca recaíam totalmente sobre os
produtores. Deixar café apodrecer no pé, significava perda para os produtores.
• A grande acumulação de estoques de 1929, a rápida liquidação das reservas metálicas brasileiras
e as precárias perspectivas de financiamento das grandes safras previstas para o futuro aceleraram
a queda do preço internacional do café iniciada conjuntamente com a de todos os produtos
primários em fins de 1929.
• Só aconteceu essa queda principalmente devido a problemas do lado da oferta, uma vez que a
demanda por café é inelástica a renda
• A baixa brusca do preço internacional do café e as falências do sistema de conversibilidade
acarretaram depreciação do valor externo da moeda.
o A depreciação da moeda trouxe um grande alívio ao setor cafeeiro da economia.
o A desvalorização da moeda foi de 40% e a queda do café foi de 60%,
o O grosso das perdas poderia, portanto, ser transferido para o conjunto da coletividade
através da alta dos preços das importações.
o Outro problema: excesso de oferta => conseguiu-se entre 1929 – 1937 aumentar em 25%
o volume físico exportado (isso, no entanto, não era suficiente).
o A depreciação da moeda, ao atenuar o impacto da baixa do preço internacional sobre o
empresário brasileiro, induzia este a continuar colhendo o café e a manter a pressão sobre
o mercado
o o mecanismo do câmbio não podia constituir um instrumento de defesa efetivo da
economia cafeeira nas condições excepcionalmente graves criadas pela crise que estamos
considerando.
o Era necessário financiar os estoques, a expansão do crédito interno que forçava a
depreciação do câmbio, era um novo mecanismo de socialização das perdas.
o Mas a estocagem não era uma medida suficiente, pois era óbvio que esse excesso de café
não poderia ser vendido.
o A destruição do café se tornava uma consequência lógica do processo de defesa do café.
o Após ter atingido o piso de preço em 1933, o preço da café entre 1934 e 1937 passa ao
largo da recuperação dos países industrializados a partir de 1934. De modo que o preço
do café é totalmente determinado pela oferta.
• Funcionamento da política de retenção e destruição do café:
• Ao garantir preços mínimos de compra, estava-se mantendo o nível de emprego na economia
exportadora e, indiretamente, nos setores produtores ligados ao mercado interno.
• Ao evitar-se uma contração de grandes proporções na renda monetária do setor exportador,
reduziam-se proporcionalmente os efeitos do multiplicador de desemprego sobre os demais
setores da economia.
• Ao se permitir que se colhessem o café, estava inconscientemente evitando que a renda monetária
se contraísse.

• Ao se evitar a quebra do setor exportador, fomentou-se a renda nacional. Praticou-se no Brasil,
inconscientemente, uma política anticíclica de maior magnitude que a que se tenha sequer
preconizado em qualquer dos países industrializados.
• a recuperação da economia brasileira, que se manifesta a partir de 1933, não se deve a nenhum
fator externo, e sim à política de fomento seguida inconscientemente no país e que era um
subproduto da defesa dos interesses cafeeiros, uma vez que os EUA só se recuperam a partir de
1934.

Capítulo XXXII - Deslocamento do Centro Dinâmico

• política de defesa do setor cafeeiro


o manter a procura efetiva e o nível de emprego nos outros setores da economia
o significou uma pressão sobre a estrutura do sistema econômico
o O financiamento dos estoques de café com recursos externos evitava o desequilíbrio na
balança de pagamentos => evitava uma escassez de dólares para as importações.
o As divisas proporcionadas pelas exportações eram insuficientes, durante os anos da
depressão, para cobrir sequer as importações induzidas pela renda criada direta e
indiretamente por aquelas mesmas exportações
• a política de fomento da renda era responsável por um desequilíbrio externo que tendia a
aprofundar-se. Pois os dólares obtidos com as exportações eram insuficientes para cobrir a
demanda por produtos importados.
o A correção desse desequilíbrio se fazia à custa de forte baixa no poder aquisitivo externo
da moeda => desvalorização cambial
 traduzia numa elevação dos preços dos artigos importados
 Grande parte da procura de mercadorias importadas se contraía com à alta
relativa de preços
• Como consequência houve uma dinamização do mercado interno
• O setor que produzia para o mercado interno passa a oferecer melhores oportunidades
investimento do que o setor exportador.
o Situação inédita na economia brasileira: a preponderância do setor ligado ao mercado
interno no processo de formação de capital
o A queima de café afugentava os investimentos neste setor => parte do recurso foram
desviadas para a produção de algodão que teve seu preço mantido durante a depressão.
• o fator dinâmico principal, nos anos que se seguem à crise, passa a ser, o mercado interno =>
produção industrial, se recupera em 1933.
o aumento da taxa de rentabilidade do setor interno se fazia concomitantemente com a
queda dos lucros no setor ligado ao mercado externo.
o As atividades ligadas ao mercado interno não somente cresciam impulsionadas por seus
maiores lucros, mas ainda recebiam novo impulso ao atrair capitais que se formavam ou
desinvertiam no setor de exportação.
o Inicialmente aproveitou-se a capacidade instalada no país, já que dificilmente esta
poderia se expandir sem importar.
o Obtinha-se no mercado externo produtos de segunda mão a preços muito baixos.
• O crescimento da procura de bens de capital, reflexo da expansão da produção para o mercado
interno, e a forte elevação dos preços de importação desses bens, acarretada pela depreciação
cambial, criaram condições propícias a instalação no país de uma indústria de bens de capital.
• Nos anos 1930 quebra-se no Brasil o círculo de incapacidade de implementação da indústria de
bens de capital em uma economia dependente.
• A produção de BK pouco sofre com a crise e começa a crescer a partir de 1931
Conclusão do Capítulo:
Ao se defender o café, defendeu-se a demanda interna => isso fomentou o mercado interno e a
indústria.
A desvalorização cambial alterou os preços relativos da economia brasileira, encarecendo os produtos
importados e dinamizando o mercado interno.
Com base nesse novo nível de preços relativos, desenvolveram-se as indústrias destinadas a substituir
importações.

A taxa de câmbio nesta economia passa a ter um papel desestabilizador. Pois ao recuperar as
exportações há pressão para valorizar o câmbio, o que aumenta a demanda por importados.
Esse aumento de demanda comprime o mercado interno e pressiona novamente para uma
desvalorização da moeda. => Perdia-se um dos mecanismos de ajustes mais amplos de que dispunha a
economia e ao mesmo tempo um dos instrumentos mais efetivos de defesa da velha estrutura
econômica com raízes na era colonial

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