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Pedagoga
Luciane Selegar
INTRODUÇÃO
Para Durkheim, todo o modo de agir permanente ou não, que possa exercer
alguma forma de coerção externa ao indivíduo ou ainda, que por apresentar
existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter e,
por isso, com sentido geral na extensão de uma sociedade, são denominados de
fatos sociais.
Os fatos sociais são criados a partir da maneira como a sociedade percebe a si
mesma e ao mundo ao seu redor, só podendo eles ser explicados por intermédio
dos efeitos sociais que produzam. Para tanto, utiliza-se a sociedade, como formas
de linguagem, de suas lendas, de seus mitos, de suas concepções religiosas, de
suas crenças morais, etc.
Isso é bastante significativo, visto que coloca o resultado, por assim dizer,
aquilo que desemboca no que somos no momento presente como sociedade, ou
ainda, como nos vemos, e ultrapassa o limite temporal, em sua teoria, uma vez
que somos colocados como sendo o reflexo de uma série de idéias e de ações
advindas dos mais variados desdobramentos sociais, tidos inclusive por gerações
passadas, nos mais variados tempos históricos. A construção de nosso modelo
social ou de nosso modelo de atuação particular e também de regramento
coletivo, passam pela construção que socialmente se tenha feito nos mais
variados períodos históricos. A riqueza que possamos ter inserido em nosso
contexto social, intelectual ou de sabedoria, moral ou mesmo de desenvolvimento
econômico, é dependente, por um lado, da construção que tenha sido possível às
gerações anteriores a nossa, de terem levado a termo.
Têm, alguns dos fatos sociais, um formato já bem definido em seus contornos,
as chamadas maneiras de ser sociais, como as regras da esfera jurídica, por
exemplo, ou as regras morais, os dogmas religiosos e os sistemas financeiros, o
sentido seguido pelas vias de comunicação e, mesmo, o estilo das construções,
da moda e a própria linguagem escrita. As maneiras de ser e os modos de agir
exercem uma coação no sentido de que o indivíduo rume por determinadas
condutas e ou por determinadas maneiras de sentir. São uma realidade objetiva e
externa a eles e, como os fatos sociais que são, têm a capacidade de influenciar e
de arrastar, por assim dizer, a esse indivíduo.
A ação que vise transformar uma realidade, inovando, de encontro aos fatos
sociais, apresenta-se em seu resultado mais comum, como um sinal de que se
está tentando algo impossível, por não depender da força do indivíduo uma tal
ação, podendo inclusive, que esteja ele indo de encontro à sanção, na medida em
que se aproxime de alguma espécie de violação do padrão social. A maior
dificuldade que pode o indivíduo encontrar, uma vez esteja imbuído do desejo de ir
de encontro aos costumes, é a reação inversa exercida pelas forças morais, que
se fazem presentes por intermédio de sua esmagadora superioridade de forças,
em realidade uma proteção criada pela sociedade, a que os indivíduos não
possam, exclusivamente por si mesmos, modificá-la sem a existência de uma real
necessidade. Ainda assim devemos considerar que as modificações são
possíveis, uma vez que possa o indivíduo, unir-se a outros, se combinados no
rumo e no sentido de um mesmo objetivo e ainda, que possam eles vir a constituir
um fato ou um produto totalmente novos.
Segundo Durkheim,
O sociólogo deve considerar que se acha frente a coisas ignoradas porque, nas
palavras de Durkheim, (...) as representações que podem ser formuladas no decorrer da vida,
tendo sido efetuadas sem método nem crítica, estão destituídas de valor científico e devem ser
afastadas.
Ao cientista cabe examinar aos atos e aos fatos, bem como aos
desdobramentos deles oriundos, com os olhos inquiridores e isentos, libertando-se
de vez das falsas evidências, porque são elas criações de fora do campo
científico, mas que, diretamente influem na paixão do observador sobre os objetos
morais que se põe a examinar. Ao não atuar desse modo, não pode o cientista vir
a formar um juízo conceitual perfeito, uma vez que esteja ele se distanciando do
real conceito técnico, tão necessário que é à formulação pura dos mais variados
questionamentos, embotando o seu juízo pelo fato de então estar identificando-se
com a coisa analisada ou observada.
Tanto maior será a consciência coletiva, quanto maior for a coesão existente
entre os componentes de uma sociedade, embora de antemão se saiba da
impossibilidade da existência de uma uniformidade
absoluta ou total. Nas sociedades em que predomina uma acentuada divisão do
trabalho, o relacionamento social acaba por estabelecer uma dependência de uns
indivíduos para com os outros, basicamente fundada na especialização de tarefas.
Moralidade e Anomia
Só se detêm, ou se refream as paixões humanas, frente a um poder moral que
os indivíduos respeitem, diz, com propriedade, Durkheim. Para ele a busca da
reconstituição tanto da solidariedade como também da moralidade integradoras
são questões primordiais nas sociedades industriais. Uma parte ao menos, da
responsabilidade nas desigualdades surgidas, bem como nos níveis surgidos de
insatisfação dentro das sociedades modernas, é oriunda de uma divisão anômica
do trabalho e das várias anormalidades por ela provocadas.
CONCLUSÃO
A sociedade, na teoria sugerida por Durkheim, é formada não só pela simples
junção de indivíduos de toda espécie, mas por algo bastante mais profundo e
complexo, sugerido por uma atuação de interação entre esses indivíduos e pelo
inter-relacionamento que possam eles ser capazes de produzir, não só no que diz
respeito ao tempo presente, mas considerando-se também o relacionamento
estabelecido pelas gerações, umas com as outras.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1 QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um
Toque
de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte, editora UFMG, 1996.