Sunteți pe pagina 1din 10

Análise dos Acidentes da Família Super Puma

da Frota Offshore do Mar do Norte


João Otávio Falcão Arantes Filho – Engenheiro de Ensaio Experimental de Asas Rotativas
Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo

Palavras Chave: Acidente, Offshore, Segurança, Super Puma.

BIOGRAFIA INTRODUÇÃO
João Otávio Falcão Arantes Filho, graduado em Engenharia Em 10 de maio de 2012, a aeronave EC 225 LP Super Puma
Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (G-REDW), Fig. 1, pertencente a Bond Aviation Group,
(2009), é 1º Tenente do Quadro de Engenheiros da Força decolou com dois tripulantes e 12 passageiros do aeroporto
Aérea Brasileira. Atualmente é Chefe da Subdivisão de internacional de Aberdeen, Escócia, em direção à plataforma
Instrução Terrestre - Asas Rotativas, da Divisão de Maersk Resilient, no Mar do Norte, a 150 NM a leste do ponto
Formação em Ensaios em Voo, do Instituto de Pesquisas e de partida. Após 34 NM desde a decolagem, em voo de
Ensaios em Voo. Tem experiência na área Ensaios em Voo cruzeiro a 3.000 ft de altitude, a tripulação observou a
de Aeronaves de Asas Rotativas, sendo o engenheiro de indicação de baixa pressão de óleo no sistema de lubrificação,
ensaios responsável pelo Programa H-XBR. principal e sistema reserva (ou standby), da caixa de
transmissão principal (main gear box, MGB). O sistema de
RESUMO lubrificação de emergência, ao ser acionado, apresentou
indicação de falha, culminando na amerrisagem controlada da
O presente trabalho objetiva apresentar e discutir os aeronave, 20 NM a leste de Aberdeen. Tripulantes e
acidentes recentes, maio e outubro de 2012, de aeronaves passageiros foram posteriormente resgatados, dois destes
da família Super Puma, da empresa Eurocopter (grupo apenas com leves lesões.
European Aeronautic Defence and Space, EADS),
pertencentes à frota offshore, no Mar do norte.
O estudo de caso primeiramente descreve, por meio de
pesquisa documental dos manuais técnicos da aeronave e
relatos das tripulações envolvidas, as falhas e as indicações
apresentadas pelo EC 225, identificando os componentes e
sistemas na arquitetura da aeronave, e as subsequentes
ações de ambas as tripulações que culminaram na
amerrisagem das aeronaves. Em seguida, as causas do
funcionamento incorreto do sistema são discutidas,
utilizando-se os relatórios provenientes das autoridades
aeronáuticas envolvidas nas investigações, Air Accidents
Investigation Branch (AAIB), do Reino Unido, e European
Aviation Safety Agency (EASA), emitidos desde os
acidentes até maio de 2013. Utilizando-se a mesma Figura 1 - EC 225 LP Super Puma (G-REDW) antes do
documentação, são relatadas ainda as diretivas e resgate.
recomendações de segurança definidas pelas autoridades, De maneira semelhante, em 22 de outubro de 2012, outra
bem como as correções e medidas, em curto e longo prazo, aeronave EC 225 LP Super Puma (G-CHCN), Fig. 2,
adotadas pela detentora do projeto, por meio de seus pertencente à CHC Helicopter, partiu do aeroporto
boletins de serviço, para mitigar novos eventos e autorizar internacional de Aberdeen ao poço de perfuração da West
as aeronaves para operarem com segurança. Phoenix (226 NM ao norte do ponto de partida). À bordo, dois
Por fim, por meio de pesquisa bibliográfica e documental, tripulantes e 17 passageiros. Na fase de cruzeiro, a 3.000 ft de
são apresentadas as consequências do evento e das medidas altura, acenderam-se no painel de alarmes as luzes de indicação
corretivas, desde o acontecido à junho de 2013, na frota de perda total de pressão de óleo do sistema de lubrificação da
mundial da família Super Puma, incluindo as aeronaves que transmissão principal e, seguindo os procedimentos de
voam no espaço aéreo brasileiro, sejam as militares, emergência preconizados pelo fabricante da aeronave, foi
pertencentes à família (EC 725), sejam as civis, as quais acionado o sistema de lubrificação de emergência que,
operam prioritariamente no ramo de operação offshore. novamente, apresentou aviso de falha. Com sucesso, ocorreu a

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 877 de 1014 - - - - - - - - - -
amerissagem da aeronave, sem vítimas ou qualquer lesão, a configuração offshore, é capaz de transportar 19 passageiros,
32 NM ao sudoeste de Sumburgh, Escócia. além da tripulação.
Diversos pontos em comum são verificados entre ambos os
A caixa de transmissão principal da aeronave EC 225 LP Super
acidentes: modelo de aeronave (EC 225 LP Super Puma);
Puma e seus demais componentes são lubrificados e resfriados
emprego do meio aéreo (transporte offshore); região e
por meio de óleo pressurizado. Devido ao fato do sistema de
condições de operação (Mar do Norte, com baixas
resfriamento do óleo ser por meio de um trocador de calor
temperaturas e alta taxa de precipitação); indicações de
externo e apresentar inerentes vulnerabilidades a vazamento
falha (perda total de pressão de óleo da transmissão
(comprimento das linhas de transporte de óleo e número de
principal seguida de falha do sistema de lubrificação de
juntas), o sistema de lubrificação é redundante. Este é
emergência) e consequência final do acidente (amerrisagem
composto por: sistema principal, no qual o óleo passa pelo
com sucesso). Como no meio aeronáutico as coincidências
trocador de calor e é suprido por uma bomba principal
são motivos de alerta, as autoridades aeronáuticas Air
mecânica, ligada à transmissão, e sistema standby, não
Accidents Investigation Branch (AAIB), do Reino Unido, e
havendo o resfriamento do óleo e o qual é suprido por uma
European Aviation Safety Agency (EASA), além da
bomba auxiliar também mecânica. Este sistema reserva entra
detentora do projeto, Eurocopter (grupo European
em funcionamento automaticamente no caso de falha da bomba
Aeronautic Defence and Space, EADS) voltaram suas
hidráulica principal ou indicação de queda de pressão de óleo
atenções às investigações que se seguiram aos eventos. O
(pressão inferior a 3,7 bar).
apontamento de diferentes causas raiz e as diretivas e
recomendações de segurança emitidas foram amplamente O diagrama a seguir, presente no Manual de Voo da aeronave,
divulgados nos meses seguintes, nos meios de Brazilian Aircraft Flight Manual - EC 225 LP
comunicação. Já os diversos operadores da aeronave, (EUROCOPTER, 2009), permite compreender o sistema:
inclusive os brasileiros, tiveram suas operações impactadas,
e a cada nova divulgação, o anseio quanto à solução final
para utilização do modelo sem restrições e impacto à
segurança.

Figura 3 – Diagrama do Sistema de Lubrificação da MGB.


Quando ambos os sistemas falham, caso em que ocorre perda
Figura 2 - EC 225 LP Super Puma (G-CHCN) durante total de pressão do sistema de lubrificação da caixa de
o resgate. transmissão principal, um sistema de emergência (EMLUB),
Nos tópicos seguintes será compreendido o funcionamento acionado eletricamente pela tripulação, assegura a lubrificação.
do sistema de lubrificação da transmissão principal do Ao acionar este sistema, ocorre a pressurização das vias de
modelo EC 225 LP, a falha, as indicações apresentadas e os ejeção por meio de ar sangrado do motor esquerdo. Desta
procedimentos realizados por ambas as tripulações. Neste forma, 11 litros de Hydrosafe 620, resistente a fogo e composto
trabalho, ainda, serão abordados os três principais atores por glicol e água, é aplicado nas zonas quentes da MGB. No
envolvidos no processo: as autoridades aeronáuticas, caso de falha no acionamento, a luz “MGB EMLUB” alerta a
descrevendo a evolução das investigações e recomendações tripulação da não efetividade do sistema.
de segurança imediatamente geradas; a empresa fabricante, Compreendendo o seu funcionamento, é possível entender a
soluções e medidas corretivas já apresentadas para sequência de eventos e luzes indicativas que alertaram a falha
minimização dos impactos, em confiança e operacionais, do sistema de lubrificação da MGB, em ambos os acidentes
bem como as soluções corretivas finais e os operadores, relatados. Este sequenciamento está de acordo com o Digital
com todas as diversas consequências e restrições na Voice and Data Recorder (DVDR), Gravador Digital de Voz e
operação do modelo. Dados, das aeronaves, inspecionado após o resgate das
aeronaves e os relatos descritos nos Boletins S5/2012 e
SISTEMA DE LUBRIFICAÇÂO E S6/2012 (AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH,
PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA 2012).
A primeira indicação e mais aparente à tripulação foi a luz
Em ambos os acidentes, as indicações de falha estiveram “CAUT” (Caution, Aviso), no painel de instrumentos em
correlacionadas ao sistema de lubrificação da caixa de frente aos pilotos e a luz “XMSN” (relativa à falha em um dos
transmissão principal. A aeronave EC 225 é uma aeronave componentes do sistema de transmissão), que se acendeu no
biturbina de configuração convencional (rotor principal e painel central de alarmes (Central Warning Panel, CWP). Uma
rotor de cauda) e trem de pouso triciclo retrátil. Possui observação deve ser feita acerca da hierarquia das indicações,
monorotor pentapá e rotor de cauda quadripá. Apresenta típica da família Super Puma (composta também pela AS 332,
peso máximo de decolagem de 11 toneladas e, na AS 532 e EC 725). No primeiro nível hierárquico, encontram-

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 878 de 1014 - - - - - - - - - -
se as luzes “WARN” (Warning, Alerta) e “CAUT”, de Todos os indicativos em ambos os eventos coincidem com os
rápida detecção devido ao seu posicionamento, as quais sintomas descritos no Manual de Voo da Aeronave EC 225 LP
estão associadas a qualquer luz de alerta que se acenda, (EUROCOPTER, 2009), Capítulo 3 “Procedimentos de
vermelha ou âmbar, respectivamente. O segundo nível Emergência”, para perda total de óleo da MGB ou falha de
refere-se às luzes presentes no CWP, as quais indicam o ambas as bombas mecânicas. Conforme procedimento descrito,
sistema em que ocorreu a falha (e.g. “FUEL”, combustível, o qual foi corretamente seguido por ambas as tripulações,
“HYD”, sistema hidráulico, “ENG”, motor). O último nível deve-se acionar o sistema de lubrificação de emergência (botão
é a luz indicativa no painel de controle do referido sistema “SHOT”, no painel superior da aeronave). Apenas como
em falha ou no Vehicle Management System (VMS, informação, estes foram o primeiro e o segundo eventos em
Sistema de Gerenciamento do Veículo), Fig. 4, que clarifica que o sistema foi acionado, durante a vida útil de operação da
exatamente o motivo do acendimento dos alertas. frota da família Super Puma. O fluido hidráulico asseguraria
voo num período máximo de 30 minutos, conforme preconiza a
norma JAR 29.927 Aditional Tests (Ensaios Adicionais):
“[…] (c) Lubrication system failure. For lubrication
systems required for proper operation of rotor drive
systems, the following apply:
(1) Category A. Unless such failures are extremely
remote, it must be shown by test that any failure which
results in loss of lubricant in any normal use
lubrication system will not prevent continued safe
operation, although not necessarily without damage,
at a torque and rotational speed prescribed by the
applicant for continued flight, for at least 30 minutes
after perception by the flight crew of the lubrication
system failure or loss of lubricant.” (JOINT
AVIATION AUTHORITIES, 1993, p. 109)
Neste período de tempo a tripulação, voando numa condição de
baixa potência, na velocidade recomendada de subida (Vy),
deveria buscar local que permitisse o pouso assim que possível.
Contudo, um novo indicativo de falha, cerca de 30 segundos
após o acionamento do sistema de emergência, a luz “MGB
EMLUB”, acendeu-se no painel superior, de forma que,
conforme novamente descrito no Manual de Voo da Aeronave
EC 225 (EUROCOPTER, 2009), dever-se-ia pousar
imediatamente.
Na sequência, ambas as tripulações seguiram os procedimentos
previstos para pouso sobre a água, estando as aeronaves com
os flutuadores de emergência instalados (conforme se pode
observar nas Fig. 1 e Fig. 2). Desde a primeira indicação,
relativa à pressão do óleo do sistema de lubrificação, ao
impacto na água, as tripulações tiveram, em média, 8 minutos.

INVESTIGAÇÕES DAS AUTORIDADES


AERONÁUTICAS
Figura 4 - Vehicle Management System (VMS)
Desta forma, nos eventos foi possível constatar as seguintes Em 10 de maio de 2012, a AAIB, assistida pelo Bureau
indicações no VMS: “M.P” (main pressure, pressão d’Enquetes et d’Analyses pour la Securitie de l’Aviation Civile
principal), indicando que a pressão de óleo era inferior a (BEA), a qual também representava o fabricante, e pelo
3,7 bar; “MGB.T” (main gearbox oil temperature, representante da UK Civil Aviation Authority (CAA), emitiu
temperatura do óleo da caixa de transmissão principal), primeiro parecer sobre o acidente da aeronave EC 225 LP, no
indicando que a temperatura do óleo era superior a 128ºC, mês de maio.
devido ao fato de que o sistema reserva estava em O AAIB Special Bulletin S2/2012 (AAIB, 2012), na sequencia
operação, e nele não há resfriamento do óleo, e “S/B.P” complementado pelo AAIB Special Bulletin S3/2012 (AAIB,
(standby oil pump pressure, pressão de óleo do sistema 2012), de 13 de julho de 2012, apresentava, além da descrição
reserva), indicando baixa pressão do sistema reserva dos eventos e falhas, conforme mostrado no tópico anterior, os
(Pressão menor que 2,6 bar ou Pressão inferior a 1 bar). primeiros resultados da verificação da caixa de transmissão
Todos estes avisos eram consequências da verificação principal e da análise dos dados gravados pela aeronave
subsequente realizada pela tripulação, o indicador de acidentada.
pressão do óleo de lubrificação da MGB (“MGB OIL”, óleo
da MGB) indicava zero pressão, num curto período de A investigação encontrou trinca propagada 360º em torno do
tempo. Consequentemente, no CWP acendeu-se a luz pinhão cônico do eixo vertical da caixa de transmissão
“MGB.P” (main gear box oil pressure, pressão do óleo da principal (em verde, Fig. 4), nas vizinhanças da união de dois
caixa de transmissão principal). componentes da peça. Por meio do processo de soldagem do
tipo feixe de elétrons, ou EBW, a roda dentada e o pinhão

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 879 de 1014 - - - - - - - - - -
cônico são unidos, por restrições construtivas. Esta região acidente, especificamente dois últimos voos, um aumento do
pode ser observada na Fig. 5. Uma vez que o pinhão de nível vibratório. Gerou-se um alerta no sistema e, no dia
ambas as bombas mecânicas do sistema de lubrificação está anterior, o operador seguiu os procedimentos de manutenção
conectado à parte inferior da roda dentada do pinhão cônico prescritos pelo fabricante da aeronave (detecção de limalha na
do eixo vertical, esta falha causou o desengajamento das MGB), sem encontrar indícios para não permitir a operação
bombas de óleo da MGB. Por conseguinte, cessou-se a continuada.
lubrificação desta, contudo encontraram-se na transmissão
Como ação da EASA, em 18 de maio de 2012, foi publicado
falhada 14 litros de fluido, predominantemente óleo, com
parecer sobre as investigações preliminares e emitida a
vestígios de glicol.
primeira Diretriz de Aeronavegabilidade, Airworthiness
Directive, AD nº 2012-0087 (EUROPEAN AVIATION
SAFETY AGENCY, 2012). Os requisitos estabelecidos pela
Agência subdividiam a família Super Puma em dois grupos:
com e sem HUMS. Para o primeiro, ficou estabelecido
intervalo de, no máximo, 3 horas para realizar download de
dados e verificação das tendências dos indicadores MOD-45 e
MOD-70. O relatório emitido pelo sistema também deveria ser
enviado ao fabricante. Para o outro grupo, limitou-se o voo
sobre água apenas em condições VFR (visual flight rules,
regras de voo visual) diurnas, colocação de um placar desta
informação em posição visível à tripulação e uma cópia da
referida AD nos manuais de voo da aeronave.
Durante um curto intervalo de tempo, a EASA emitiu diretrizes
Figura 4 – Componentes da Transmissão Principal do intermediárias AD nº 2012-0107 (EASA, 2012) e AD nº 2012-
EC 225. 0104 (EASA, 2012), alterando os tempos de inspeção e
abrangendo a aplicabilidade dos requisitos a outros números de
série. Em 29 de junho de 2012, a agência européia emitiu nova
Diretriz de Aeronavegabilidade AD nº 2012-0115 (EASA,
2012), contendo requisitos aplicáveis para helicópteros com
pinhão cônico do eixo vertical de determinados números de
série e estabelecia os intervalos que os indicadores MOD-45 e
MOD-70 deveriam ser monitorados. Qualquer aumento da
tendência dos indicadores ou comportamento inesperado
deveria ser imediatamente reportado para Eurocopter.
Para helicópteros equipados com HUMS e operados sobre água
em condições instrumento, ou noturnas, mesmo que combinada
com outras condições de operação, os seguintes intervalos
deveriam ser respeitados, de acordo com o modelo:

Tabela 1 – Intervalos de Inspeção da AD nº 2012-0115E.

MODELO DA INTERVALO MÁXIMO DE


Figura 5 – Pinhão Cônico, em Detalhe.
AERONAVE DOWNLOAD
Ambas as aeronaves acidentadas estavam equipadas, para AS 332 C, AS 332 C1,
7 horas de voo
gravação das informações de voo, de DVDR e HUMS AS 332 L, AS 332 L1
(Health and Usage Monitoring System), comercialmente, AS 332 L2 5 horas de voo
para família Super Puma, conhecido por M’ARMS EC 225 LP 4 horas de voo
(Modular Airborne Recorder Monitoring System) ou
EuroArms. Os HUMS nasceram na atividade offshore, Para helicópteros não equipados com o sistema de
sendo um dos tipos de sistemas de monitoramento de monitoramento, mantiveram-se aplicáveis as determinações
condição - HMS que também consideram parâmetros de anteriormente estabelecidas pela AD nº 2012-0087 (EASA,
emprego dos helicópteros. Alinhados à filosofia da 2012).
manutenção preditiva, suas ações propõem garantir a
aeronavegabilidade continuada e reduzir custos Ainda, antes do segundo acidente, em 17 de 0utubro de 2012, a
operacionais pelo diagnóstico antecipado e prognóstico de autoridade britânica emitiu o AAIB Special Bulletin S5/2012
falhas, principalmente por meio de sensores de vibração, (AAIB, 2012), no qual apresentou novos resultados obtidos nas
cujos dados são tratados por algoritmos dedicados a investigações. Analisando detalhadamente o fluído encontrado
funções cada vez mais expandidas e integradas a outros na transmissão falhada, pôde-se constatar que desde o
subsistemas (DE ANDRADE; GONZALES, 2010). momento de acionamento do sistema de lubrificação de
Especificamente no EC 225 LP, existe um acelerômetro emergência até a amerrisagem o sistema funcionou
que monitora e grava a evolução temporal dos parâmetros apropriadamente no resfriamento da MBG, contudo, ocorrendo
de vibração do pinhão cônico do eixo vertical e do eixo das um falso alarme de falha. Analisando este falsa indicação,
bombas de óleo do sistema de lubrificação da caixa de constatou-se que as tolerâncias dos sensores de pressão do
transmissão principal, cujos indicadores são denominados sistema de sangria (componente do sistema de lubrificação de
MOD-45 e MOD-70, respectivamente. Estes sensores emergência) podem gerar o acendimento da luz “MGB
indicaram, nas seis últimas horas de voo anteriores ao EMLUB”, mesmo com todos os subsistemas funcionando

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 880 de 1014 - - - - - - - - - -
dentro das tolerâncias e especificações de projeto. Desta manutenção, de 4 mm de diâmetro, em uma região rebaixada
forma, a seguinte, e primeira, Recomendação de Segurança no interior da peça. Em seguida se propagou ao longo da
da AAIB (Safety Recommendation 2012-034) foi emitida: superfície previamente soldada. No segundo acidente, a trinca
se iniciou em uma área de corrosão na superfície interna do
“It is recommended that the European Aviation
eixo, a aproximadamente 47°, ao longo da circunferência, de
Safety Agency requires Eurocopter to review the
distância do furo de Ø 4 mm. A partir deste ponto, se propagou
design of the main gearbox emergency lubrication
em ambas as direções em torno da circunferência.
system on the EC225 LP Super Puma to ensure
that the system will provide the crew with an Além disso, não foram verificadas marcas de
accurate indication of its status when superaquecimento, podendo-se inferir novamente que o fluido
activated.”(AAIB, 2012) do sistema de emergência funcionou adequadamente. Apesar
de pontos de propagação distintos, as características, as
Após o segundo acidente, em 24 de outubro de 2012, e as
superfícies e as marcas de praia apresentaram semelhanças em
investigações preliminares que o sucederam, a AAIB,
ambas as ocasiões.
novamente assessorada pelo BEA (representando a EASA e
a detentora do projeto, Eurocopter), emitiu o AAIB Special O relatório confirma, mais uma vez, que as causas raiz de
Bulletin S6/2012 (AAIB, 2012). Juntamente com a ambos os acidentes ainda não foram encontradas e que há a
descrição do acidente, pontos semelhantes entre o primeiro possibilidade de serem distintas entre si. Estabelece os novos
e o segundo acidentes são relatados no documento. rumos da investigação: testes do material que compõe a
transmissão, verificações de fadiga e cargas submetidas à
Mais uma vez foi encontrada trinca de 360º em torno do
transmissão em voo, dentro do envelope aprovado do
pinhão cônico do eixo vertical da caixa de transmissão
helicóptero, e testes completos do sistema de lubrificação de
principal, nas proximidades de um ponto de soldagem.
emergência.
Desta forma, resultando novamente na desconexão do eixo
de ambas as bombas de óleo de lubrificação da transmissão Quase que simultaneamente, de posse da informação sobre a
principal. Além deste ponto comum, nas horas de voo diferença entre os pontos de início da trinca, a qual foi
anteriores ao evento, os indicadores MOD-45 e MOD-70 responsável por novas hipóteses de causa raiz, em 21 de
apresentaram avisos de extrapolação dos limiares mínimos novembro de 2012, a EASA emitiu uma nova diretriz, a AD nº
e máximos para os parâmetros de vibração. 2012-0250 (EASA, 2012). As evoluções das investigações
foram determinantes na emissão deste novo documento. Estas
O relatório também cita as investigações que prosseguem
novas recomendações afetaram os procedimentos de
do acidente anterior e as restrições de operação e requisitos
emergência do Manual de Voo da aeronave, melhorias e
estabelecidos pelas Diretrizes de Aeronavegabilidade
redefinições no intervalo de download dos dados do HUMS, ou
estabelecidos pela EASA e vigentes desde o último evento.
alternativamente, um procedimento de inspeção não destrutiva,
Contudo ressalta um dos pontos discordantes em relação ao
e redução da potência máxima contínua (Maximum Continuous
primeiro acidente: O part number (332A32-5101-00) e o
Power, MCP), em voo nivelado e em determinadas condições
número de série (M122) do eixo vertical presente no
de operação. Todas estas determinações serão melhores
helicóptero G-CHCN não se encontra no grupo de controle
descritas no tópico seguinte.
estabelecido na Tabela 1 (conforme definido pela AD).
Além disso, a autoridade aeronáutica européia reconsiderou a
Este ponto discordante também fez a EASA emitir a AD
limitação acerca do voo sobre água, estabelecendo novas
2012-0225 (EASA, 2012), em 24 de outubro de 2012. Nela,
recomendações, as quais serão tratadas na descrição das
houve a extensão da aplicabilidade da diretriz a todos os
medidas tomadas pela empresa.
eixos verticais, independentemente do número de série,
reduzindo o intervalo de download dos dados do HUMS Estas mesmas recomendações levaram a autoridade de Aviação
para qualquer tipo de operação sobre água. Ainda, para Civil do Reino Unido, em 22 de novembro, a publicar a
helicópteros não equipados com o sistema de Diretriz de Segurança 005 (Safety Directive, SD, 2012/005).
monitoramento, o documento proibiu o voo sobre água. Esta foi a última das três diretrizes emitidas pela autoridade
neste intervalo de tempo de investigação, que estiveram
O relatório AAIB Special Bulletin S7/2012 (AAIB, 2012),
sempre ligadas às diretrizes emitidas pela EASA. Neste
de 29 de novembro de 2012, além de rememorar os eventos
documento a autoridade proíbe os operadores de aeronaves
de ambos os acidentes, traz as informações sobre o material
registradas ou que operam no espaço aéreo regulamentado de
utilizado na fabricação da parte da transmissão na qual a
conduzirem operações de transporte em ambiente hostil,
falha ocorreu, bem como dados sobre o tratamento
utilizando aeronaves AS 332 ou EC 225, que forem afetadas
superficial das ligas que a compõe. Apresenta também mais
pela AD nº 2012-0250 (EASA, 2012). Conceitualmente,
um ponto não correlato entre ambos os acidentes. Enquanto
segundo a JAR-OPS Part 3 (JAA, 2007) e o Anexo I do
o pinhão cônico do eixo vertical da aeronave G-REDW
Commission Regulation (EU) nº 965/2012, ambiente hostil
(número de série M385), fabricado em março de 2011,
significa:
operou durante 167 horas de voo, equivalente a
aproximadamente 20 milhões de ciclos, o da aeronave G- “(a) um ambiente no qual:
CHCN (número de série M122), fabricado em março de
(i) um pouso forçado em segurança não pode ser
2008, operou, desde a fabricação, durante 3.845 horas de
realizado porque a superfície é insuficiente;
voo, ou, aproximadamente, 553 milhões de ciclos. As
diferenças quanto a propagação da trinca não se resumem à (ii) os ocupantes do helicóptero não podem ser
apenas a quantidade de ciclos. Os pontos onde a trinca se adequadamente protegidos contra os elementos;
iniciou e propagou-se foram diferentes.
(iii) resposta/capacidade de resgate não seja
No primeiro acidente, o primeiro ponto de propagação se fornecido de acordo com a antecipada necessária, ou
iniciou em uma fenda de corrosão de 0,06 mm de
profundidade, localizado em furo utilizado para inspeção e

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 881 de 1014 - - - - - - - - - -
(iv) há um risco inaceitável de pôr em perigo
pessoas ou bens no solo; MEDIDAS TOMADAS PELA DETENTORA
(b) em qualquer caso, as seguintes áreas: DO PROJETO
(i) para as operações sobre a água, as áreas de
mar aberto ao norte de 45N e sul de 45S As evoluções das investigações foram frutos de um esforço
designados pela autoridade do Estado em causa; " conjunto, não só das diferentes autoridades aeronáuticas
(COMISSÃO EUROPÉIA, 2012, p. 9) envolvidas, mas também da atuação do fabricante, a
Eurocopter, empresa do grupo EADS, como já descrito.
No ultimo documento emitido pela agência do Reino
Unido, o AAIB Special Bulletin S2/2013 (AAIB, 2013), de Desta forma, cada Boletim ou Diretriz de Aeronavegabilidade
18 de março de 2013, dentre as evoluções das investigações emitido pelas agências estava associado às Safety Information
elucida-se a causa da indicação de falha do sistema de Notices (SIN) ou, efetivamente, às modificações dos
lubrificação de emergência. Uma vez que este é monitorado procedimentos manutenção, ou projeto, por meio dos EASB,
e comandado por um circuito impresso dedicado (Printed publicados pela empresa.
Circuit Board, PCB), pela lógica do circuito, a luz “MGB Diretamente associado a Diretriz de Aeronavegabilidade AD nº
EMLUB” acenderá se detectada baixa pressão nos 2012-0107E (EASA, 2012), em 26 de junho de 2012, e em
interruptores de pressão, um em cada linha de HydroSafe resposta às primeiras investigações relativas ao primeiro
620 e o outro na linha de sangria de ar. Também irá acidente, a empresa publicou o EASB TFS 712
iluminar-se se houver um sinal errôneo detectado pelo PCB (EUROCOPTER, 2012). Anteriormente a este, a SIN nº 2450-
(espúrio ou de alta pressão). Fisicamente esta lógica é S-00 (EUROCOPTER, 2012) reafirmou aos operadores que a
implementada por um comutador, ligado aos interruptores perda da lubrificação da caixa de transmissão principal,
de pressão. Um erro de especificação ao fabricante deste ocorrida na aeronave da Bond, não ocorreu simultaneamente
comutador, resultou que todos os EC 225 LPs, com a com perda de potência, assegurando que os procedimentos de
modificação MOD 0752520 implementada (conforme Fig. emergência definidos no Manual de Voo da Aeronave EC 225
6 e Fig. 7), teriam a luz “MGB EMLUB” ativa, sempre, 30 (EUROCOPTER, 2009) ainda possibilitavam o voo com
segundos após o acionamento do sistema. segurança.
Estabelecendo limitações da caixa de transmissão principal e o
monitoramento do pinhão cônico, o documento estabelecia as
novas condições permissíveis para o voo offshore. Neste ponto
das investigações, a suposição e aplicabilidade das restrições
focavam-se apenas em determinados números de série. Os
intervalos de inspeção e outras ações a serem tomadas pelo
operador e definidas neste documento já foram descritos na
Tabela 1 e nas informações relativas da AD nº 2012-0115E
(EASA, 2012).
Este mesmo Boletim recebeu sua primeira revisão em 24 de
outubro de 2012, logo após o segundo evento. Nesta mesma
data foi emitida a AD nº 2012-0225E (EASA, 2012). Assim
Figura 6 – Comutador Antes da MOD 0752520. como o documento da EASA, o fabricante da família Super
Puma não mais correlaciona os acidentes ao número de série
dos componentes. Além disso, nesta revisão, a empresa
diminui o intervalo de verificação dos dados do sistema de
monitoramento de vibração e proíbe os voos sobre água para
aeronaves com o sistema M’ARMS inoperante (ou
inexistente).
Por fim, e simultaneamente à AD nº 2012-0250E (EASA,
2012), a Eurocopter emitiu a última revisão do documento.
Nele reforça-se o esforço da empresa, “com todos os meios
disponíveis”, para identificar as causas raiz da falha da caixa de
transmissão principal. Ainda, conforme já comentado, ressalta-
se a descoberta de um ponto, diferente do primeiro acidente, de
início da trinca.
Figura 7 – Comutador Após a MOD 0752520. Esta revisão foi a responsável por numerosas ações
Esta informação sobre a falha de indicação apresentada em mandatórias e pelas maiores limitações na operação do vetor
ambos os acidentes levou a publicação, por parte da EASA, aéreo. Mesmo admitindo a confiabilidade dos 30 minutos de
da Diretriz de Aeronavegabilidades AD nº 2013-0037 voo após uma falha do sistema de lubrificação, conforme
(EASA, 2013), em 22 de fevereiro de 2013, estabelecendo a estabelecido no Manual de Voo da família, por inexistência dos
mandatoriedade da modificação proposta pela Eurocopter ensaios de validação, a primeira destas ações, e mais
no Emergency Alert Service Bulletin (EASB) 05A032 importante, foi a redefinição do procedimento de emergência
(EUROCOPTER, 2013), visando corrigir a comutação relativo a perda de pressão da MGB (MGB.P, adicionalmente a
errônea. SHOT, no botão EMLUB). Excluiu-se a informação quanto a
capacidade de manutenção do voo por até 30 minutos, desta
forma restando apenas o pouso imediato. Ainda, uma nova
emergência foi adicionada: falha do eixo vertical conectado às

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 882 de 1014 - - - - - - - - - -
duas bombas de lubrificação da MGB. Os indicativos desta EMLUB não testava funcionalmente todas as áreas, de forma
nova falha são semelhantes à falha total do sistema de que as falhas poderiam passar despercebidas.
lubrificação, adicionalmente à luz “CHIP” (limalha), e com
Avanços nas pesquisas levaram a publicação da SIN nº 2581-
o mesmo procedimento de emergência. Ainda, por esta
S-00 (EUROCOPTER, 2013) e do EASB TFS 748
razão, dever-se-ia anexar novas páginas no Manual de Voo
(EUROCOPTER, 2013), em 27 de maio de 2013. O primeiro
da Aeronave EC 225 (EUROCOPTER, 2009),
documento informa sobre a descoberta de que, dentro do
Procedimentos de Emergência.
envelope de operação do sistema EMLUB, pode ocorrer o não
Outra ação: para os helicópteros EC225/EC725 operando funcionamento correto do mesmo, em determinadas condições
em regiões cujo pouso em emergência não possa ser de temperatura, devido a progressiva redução da vazão de
realizado em terra firme, em 10 minutos de voo e na glicol. O segundo estabelece, pela razão apresentada
velocidade recomendada de subida (Vy), mandatoriamente anteriormente, a alteração dos seguintes procedimentos de
se define uma redução em 15% de torque da MCP, em voo emergência: perda total de óleo ou falha de ambas as bombas
nivelado. Esta ação visava diminuir o tempo de propagação do sistema de lubrificação, falha da bomba principal e alarme
da trinca e levava a colocação de aviso quanto à limitação “XMSN”. Em todos os casos, após a ativação do sistema de
de potência, em local visível à tripulação. Ainda em relação lubrificação de emergência deve-se pousar imediatamente.
a esta modificação do limite de potência, deve-se ressaltar
Três dias antes da publicação do documento SIN nº 2581-S-00
que as aeronaves apresentam, no VMS, a indicação digital
(EUROCOPTER, 2013), a Eurocopter apresentou na SIN nº
das condições do motor (incluindo torque) e uma gradação,
2582-S-00 (EUROCOPTER, 2013) as causas raiz apontadas
de 0 a 10, do curso permissível de comando coletivo antes
pela investigação realizada, as medidas corretivas a serem
da extrapolação do primeiro limite normal (torque, N1,
implementadas e os prazos para adequação da frota. Neste
TOT), conhecida como FLI (first limit indicator, indicador
mesmo documento informa-se que a solução em longo prazo e
de primeira limitação), ambos mostrados na Fig. 8. As
definitiva será o reprojeto e substituição do eixo vertical do
indicações alertam por meio de alteração de cor ou aviso
pinhão cônico.
aural no caso de extrapolação de algum limite, todavia, com
esta redução, não mais poderiam ser utilizados como A combinação de três fatos foi apontada como causas raiz dos
referência pela tripulação. acidentes, são elas: pontos de corrosão em determinadas
regiões do eixo; redução da resistência em fadiga devido à
tensão residual inerente ao processo de solda, e redução da
resistência em fadiga devido a tensão de hot spot. A tensão de
hot spot refere-se à tensão estrutural no ponto crítico da
estrutura, onde se espera que a falha por fadiga ocorra devido à
descontinuidade gerada pelo próprio processo de soldagem
(GOES, 2010).
Novas medidas de segurança e correções temporárias,
designadas pelo fabricante da família Super Puma, foram
geradas. Dentre elas está um novo procedimento de limpeza da
transmissão principal, para remover a lama gerada pelo
desgaste das ranhuras quando operando em ambiente úmido.
Esta ação visa reduzir, significativamente, a corrosão na
Figura 8 – Indicações FLI e Torque, constantes no
superfície da peça e, consequentemente, minimizar os
VMS.
elementos iniciadores de trincas. Além deste, substituição de
Mais ações foram impostas: download dos dados de uma das tubulações de óleo da transmissão principal para
monitoramento a cada 3 horas de voo; redução para prover limpeza permanente do eixo e melhorar a capacidade de
0,20 g rms (root mean square) do limiar de alerta do lubrificação.
indicador MOD-45 e exclusão do limiar de atenção, e
Ainda, a outra medida corretiva é a introdução de um método
proibição da operação em condições que não permitam
de inspeção não destrutiva baseada em ultrassom, como
pouso em terra firme em caso de emergência, em 10
minutos de voo na Vy, para helicópteros AS 332 e AS 532 alternativa ao método Eddy Current, proposto no EASB TFS
equipados ou não com M’ARMS, e EC 225 e 725 não 712 (EUROCOPTER, 2012). Esta alteração no método de
equipados. Esta mesma informação deveria estar presente inspeção anteriormente proposto objetiva tornar o
em placar de aviso na aeronave. A exceção a esta regra procedimento mais ágil e rápido e com o mesmo fim, assegurar
a detecção de uma trinca, antes do voo. Tal ação de
seria a realização de ensaio não destrutivo (Eddy Current)
manutenção deverá ocorrer a cada 8 a 10 horas. O treinamento
no componente, antes de cada voo, na área da solda. O
tempo máximo entre cada uma destas inspeções é de 10 das equipes de manutenção é requerido e uma sonda específica
horas, e neste intervalo o aviso pode ser retirado. será fornecida pela empresa.

Em 22 de fevereiro de 2013, e depois revisada em 1º de Às medidas anteriormente descritas, adiciona-se a que visa à
março de 2013, a empresa emitiu o EASB 05A032 certificação da atualização do sistema de monitoramento
(HUMS). Duas principais alterações do sistema serão
(EUROCOPTER, 2013), relativa a AD nº 2013-0037E
propostas: a inserção de uma luz, visível à tripulação, e
(EASA, 2013), o qual descreve os procedimentos de teste
do circuito elétrico do sistema de lubrificação de adicional ao sistema de alerta visual da aeronave, para informar
emergência, para assegurar seu funcionamento correto, e as em tempo real que os níveis vibratórios das zonas monitoradas
possíveis modificações de cablagem, caso contrário. indicam a presença de uma trinca. Esta condição, antes não
Quanto aos testes, foi verificado que o cartão de detectada, passa a ser predita pela atualização do sistema. Com
a inserção deste novo alerta, novo procedimento de emergência
manutenção relativo ao circuito elétrico do sistema
será adicionado e permitirá à aeronave o retorno e pouso

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 883 de 1014 - - - - - - - - - -
seguro, com tempo suficiente para tal. A Eurocopter Outros grandes operadores offshore também foram afetados
acredita que será possível permanecer em voo por cerca de pelos acidentes e tiveram suas operações com aeronaves
2 horas, após a indicação de falha. EC 225 suspensas. A CHC Helicopter, além de ter uma de suas
aeronaves acidentadas (segundo evento), encontra-se com
Todas as medidas acima apontadas estão disponíveis desde
30 EC 225 fora de serviço. Globalmente, computa-se cerca de
Junho de 2013, logo após a autorização da autoridade
80 helicópteros, em diversos países e diferentes operadores, em
certificadora européia.
situação semelhante. (AVIATION INTERNATIONAL NEWS,
A metodologia empregada pela Eurocopter na investigação 2013)
está sendo validada pelas Autoridades Aeronáuticas e
Adicionalmente, a perda de confiança favorece às demais
verificadas, independentemente, por especialistas da
empresas concorrentes, fabricantes de helicópteros de mesma
empresa de consultoria Shainin Engineering. Ao mesmo
classe (9 a 12 toneladas) e que já operam nas mesmas
tempo, os mecanismos de propagação da trinca estão sendo
condições e ramo de emprego. A Bristow, para continuar
covalidados pelo Georgia Technology Research Institute
cumprindo suas obrigações, anunciou em novembro de 2012, a
(GTRI). Desta forma, as medidas objetivam não só a
compra de 10 Sikorsky S-92, os quais têm previsão de entrega
amenização das consequências dos dois eventos citados,
entre Julho de 2013 e Dezembro de 2014, ainda com reserva
mas também o convencimento dos operadores, empresas
para outros 16, após 2015. A aeronave da empresa americana,
petrolíferas e de táxi aéreo que a aeronave é, enfim, segura.
maior competidora da família Super Puma nesta fatia do
mercado offshore e SAR (Search and Rescue), é uma aeronave
biturbina. Possui configuração convencional, monorotor
A RESPOSTA DOS OPERADORES E AS quadripá e também é capaz de transportar até 19 passageiros,
CONSEQUÊNCIAS DOS ACIDENTES além da tripulação.
Gastos adicionais a estas empresas ainda estão envolvidos. A
A primeira grande consequência dos acidentes acontecidos
diminuição de aeronaves disponíveis para realizar as operações
em 2012 foi perceptível à EADS por meio dos resultados
levou a empresas, como a Bristow, a trasladar aeronaves não
macroeconômicos do primeiro trimestre de 2013,
impactadas pelas restrições, de outras bases de operação para
divulgados na nota de imprensa da EADS acerca de seus
as áreas de maior demanda. A CHC também investiu no
resultados no primeiro trimestre de 2013 (EADS, 2013). A
reaparelhamento e revitalização das versões AS 332 L/L2/L1
receita da subsidiária Eurocopter recuou em 13%, para
Super Pumas.
€1,038 bilhões em relação aos €1,199 bilhões do ano
anterior. Não só isso, os EBIT (earnings before interest and Além de todos estes efeitos negativos, as empresas de
tax) tiveram desempenho ainda pior no mesmo período, transporte do ramo offshore ainda tiveram outras perdas em
encolhendo 69%, atingindo apenas €20 milhões quando faturamento. As operações conjuntas tornaram-se rotineiras,
comparados aos €64 milhões em 2012. sendo todos os assentos disponíveis das empresas concorrentes
disponibilizados para clientes. Atrasos e utilização alternativa
Os números e desempenho econômico apenas refletem a
de navios, quando as condições climáticas permitem, também
redução da carteira de pedidos, retenção no chão de grande
são soluções atualmente adotadas. (AVIATION
parte da frota, consequentemente diminuindo os ganhos
INTERNATIONAL NEWS, 2013)
com serviços, e atrasos nas entregas da linha
AS 332/EC 225. No Brasil, além da Aeróleo, já citada, mais duas empresas
operam a família Super Puma: a Brazilian Helicopters Services
Os investimentos da detentora do projeto também tiveram
(BHS), e a OMNI Taxi-Aéreo. A primeira, cujas operações são
que ser redirecionados para a solução do problema, além do
controladas pela CHC Helicopter, tem contrato de 10
emprego de uma “força tarefa”, desviando mão de obra
aeronaves EC 225, visando a operação no ramo de exploração
qualificada dos outros projetos de interesse.
petrolífera. A segunda, subsidiária brasileira da OMNI
Diversos exemplos mostram as dificuldades e Helicóptero Internacional (OHI), também possui contrato
consequências aos operadores gerados pelas restrições das vigente com a fabricante européia, totalizando a aquisição de
aeronaves da família Super Puma. outras 10 aeronaves, na configuração offshore, objetivando o
mercado de Oil & Gas. Estas duas empresas tiveram suas
Em seu relatório anual de 2012 (ESTADOS UNIDOS,
operações, com a família Super Puma, impactadas
2013), o Grupo ERA anunciou a intenção da Petrobras, a
permanecendo todas as suas aeronaves deste modelo com a
qual subcontrata a joint venture Aeróleo e ERA, de
operação suspensa. (G1 NORTE FLUMINENSE, 2012)
suspender o contrato dos três EC 225 que prestam serviço à
empresa de petróleo brasileira, a partir de 31 de março de Ainda, as Forças Armadas brasileiras, adquiriram em 2008,
2013, alegando não cumprimento dos termos estabelecidos. num acordo bilateral entre Brasil e França, 50 helicópteros
EC 725, versão militar da aeronave EC 225. Deste contrato, 7
As autoridades de aviação civil norueguesa e do Reino
aeronaves já foram entregues, duas para cada Força (Marinha,
Unido ainda mantêm a proibição da operação sobre água,
Exército e Força Aérea) e uma para o Grupo de Transporte
medida que impediu a operação de 22 EC 225 nestas
Especial (GTE), em configuração VIP, para transporte
regiões. Outras autoridades de aviação civil seguiram as
presidencial. Todas permanecem operando, contudo limitadas
mesmas recomendações. Por exemplo, todos os EC 225 que
pelas restrições apontadas no EASB TFS 712.
operam para a empresa Total, do ramo de petróleo e gás
natural nas plataformas da Angola, encontram-se em solo.
Ainda, a Bristow, empresa de transporte do ramo offshore,
suspendeu a operação de 16 EC 225, 12 no Reino CONCLUSÃO
Unido, três na Austrália e um na Noruega, segundo sua
revista quadrimestral Bristow World (BRISTOW, 2013). Os dois acidentes de aeronaves EC 225, em maio e outubro de
2012, operando offshore no Mar do Norte, apresentaram
diversos pontos em comum. Após árduo trabalho, as

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 884 de 1014 - - - - - - - - - -
autoridades aeronáuticas AAIB, do Reino Unido, e EASA, Mesmo com a descoberta das causas e definição das medidas
além da detentora do projeto, Eurocopter (grupo EADS), corretivas, apenas a volta da operação continuada, sem
provaram que não havia coincidências, e que os indicativos restrições operacionais, poderá diminuir os impactos deste
e falhas apresentadas estavam diretamente relacionadas ao longo período de suspensão das operações e retomar a
projeto da aeronave e causariam um impacto direto na sua confiança da família Super Puma, frente aos concorrentes.
aeronavegabilidade.
No foco das investigações esteve o sistema de lubrificação
da transmissão principal. Mesmo a redundância e a REFERÊNCIAS
existência de uma alternativa de lubrificação, em caso de
emergência (sistema EMLUB), em ambos os acidentes AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
houve indicativos à tripulação de perda total da lubrificação Special Bulletin S2/2012. Aldershot: Crown, 2012.
seguida de falha do sistema de emergência, o qual foi
utilizado pela primeira vez ao longo da vida útil do modelo, AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
culminando na amerrisagem controlada das aeronaves. Special Bulletin S3/2012. Aldershot: Crown, 2012.
Com base nos sistemas de monitoramento das aeronaves e
nas verificações dos sistemas em falha, após os acidentes, AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
pode-se constatar: indicação errônea de falha do sistema de Special Bulletin S5/2012. Aldershot: Crown, 2012.
lubrificação de emergência, uma vez que o fluido
hidráulico havia sido efetivamente injetado nos pontos AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
quentes da transmissão; aumento do nível vibratório de Special Bulletin S6/2012. Aldershot: Crown, 2012.
determinados componentes, nas horas de voo anteriores aos
acidentes, e propagação de trinca, mesmo em pontos AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
iniciais diferentes, 360º em torno do pinhão cônico do eixo Special Bulletin S7/2012. Aldershot: Crown, 2012.
vertical da caixa de transmissão principal, nas vizinhanças
da união por soldagem de dois componentes da peça, AIR ACCIDENTS INVESTIGATION BRANCH, AAIB
causando desconexão das bombas mecânicas de óleo do Special Bulletin S2/2013. Aldershot: Crown, 2013.
eixo de transmissão.
Estas descobertas geraram efeitos diretos na operação e nos Operators feel impact of EC225 grounding. Aviation
procedimentos de manutenção da família Super Puma. International News: online. Março, 2013. Disponível em: <
A falha de indicação do sistema de lubrificação de http://www.ainonline.com/aviation-news/aviation-
emergência foi causada por um incoerência na international-news/2013-03-02/operators-feel-impact-ec225-
especificação do circuito elétrico ligado aos interruptores grounding>. Acesso em: 15 de agosto de 2013.
de pressão e à lógica de indicação de erro. Além do
reprojeto, houve alteração do cartão de manutenção. Os BRISTOW, Bristow responds to challenge of EC225 fleet
estudos realizados também levaram à reavaliação da suspension. Bristow World 2013, Issue 1, abr. 2013.
efetividade, em todas as condições de voo, do glicol. Sua
capacidade de permitir até 30 minutos de voo, após o COMISSÃO EUROPÉIA, Commission Regulation (EU) nº
acionamento, foi excluído dos procedimentos de 965/2012. Official Journal of the European Union, Anexo I,
emergência da aeronave. p. 9, 25 out. 2012.
Quanto ao aumento dos níveis vibratórios, a empresa busca
a certificação de uma modificação do sistema de EADS, EADS Reports Improved First Quarter (Q1)
monitoramento, capaz de detectar a propagação de uma Results 2013 – Press Release. Disponível em:
trinca, por meio das indicações dos sensores na região <www.eads.com/eads/int/en/news/press.20130514_eads_q1.ht
afetada, e indicar, com tempo hábil, à tripulação. ml>. Acessado em: 5 de agosto de 2013.
Já à formação e propagação da trinca pinhão cônico do eixo
vertical da caixa de transmissão principal foram dados dois ESTADOS UNIDOS. Securities and Exchange Commission.
enfoques. Ambos tentam solucionar em curto e longo prazo Form 10-K/A – Annual Report – Era Group Inc..
as causas raiz apontadas: pontos de corrosão em Washington, DC: 2013.
determinadas regiões do eixo; redução da resistência em
fadiga devido à tensão residual inerente ao processo de EUROCOPTER, Limitations - Main Gearbox - Monitoring of
solda e à tensão de hot spot. Em curto prazo foram the Bevel Gear - Emergency Alert Service Bulletin TFS 712.
definidos procedimentos de limpeza da região, ensaios não Marignane, 2012.
destrutivos de verificação do estado da peça antes do voo e
restrição das condições de operação da aeronave. Em longo EUROCOPTER, Time Limits - Maintenance Checks -
prazo, apenas uma solução, reprojeto e substituição do eixo Electrical Check of The MGB Emergency Spraying System -
vertical. Emergency Alert Service Bulletin 05A032. Marignane, 2013.
Durante o longo período de tempo desde os acidentes até as
medidas corretivas estarem disponíveis aos operadores, EUROCOPTER, Limitations - Main Gearbox - MGB
estes tiveram suas atividades e a confiança no projeto Emergency lubrication system - Flight Manual Emergency
afetadas. Principalmente as empresas offshore, incapazes de Procedures - Emergency Alert Service Bulletin TFS 748.
operarem dentro das condições restritas impostas pela Marignane, 2013.
detentora do projeto, tiveram suspensas suas atividades com
aeronaves EC 225, custos adicionais em treinamento, EUROCOPTER, General MGB Emergency Lubrication
realocação dos meios aéreos e aquisição de modelos das System - Update – Service Information Notice nº 2582-S-00.
concorrentes da Eurocopter. Marignane, 2013.

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 885 de 1014 - - - - - - - - - -
EUROCOPTER, General MGB Emergency Lubrication
System - Update – Service Information Notice nº 2581-S- EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Rotor Drive –
00. Marignane, 2013. Main Gearbox Emergency Lubrication System/Rotorcraft
Flight Manual Emergency Procedures – Amendment.
EUROCOPTER, Brazilian Aircraft Flight Manual – Airworthiness Directive – AD nº 2013-0113. Koeln, 2013.
EC 225 LP. Marignane, 2009.

Aeronaves utilizadas por funcionários da Petrobrás estão


paradas em Macaé. G1 Norte Fluminense: online.
Disponível em: <www.g1.com.br/rj/serra-lagos-
norte/noticia/2011/11/aeronaves-utilizadas-por-
funcionarios-da-petrobras-estao-paradas-em-macae.html>.
Acesso em: 5 de agosto de 2013.

JOINT AVIATION AUTHORITIES, Joint Aviation


Requirements – JAR OPS 3 - Commercial Air
Transportation (Helicopters). Hoofddorp, 2007.

JOINT AVIATION AUTHORITIES, Joint Aviation


Requirements – JAR 29. Hoofddorp, 2007.

DE ANDRADE, D.; GONZALES, R. A., Uma Análise


Qualitativa da Filosofia HUMS na Manutenção Preditiva
Focada no Nível Vibratório Devido a Condições
Operacionais de Helicópteros. Revista Conexão SIPAER,
v. 2, n. 1, nov. 2010.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0104. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0087. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0104. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0107. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0115. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Limitation. Airworthiness Directive – AD nº
2012-0225. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main


Rotor Drive – Main Gear Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Replacement/Limitation/Amendment.
Airworthiness Directive – AD nº 2012-0250. Koeln, 2012.

EUROPEAN AVIATION SAFETY AGENCY, Main Gear


Box Bevel Gear Vertical Shaft –
Inspection/Replacement/Limitation/Amendment.
Airworthiness Directive – AD nº 2013-0037. Koeln, 2013.

- - - - - - - - - - Anais do 6º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2013) – Direitos Reservados - Página 886 de 1014 - - - - - - - - - -

S-ar putea să vă placă și