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As imagens em relação
As imagens não falam de forma isolada, precisamos colocá-las em
relação. Essa é uma das grandes questões repetidamente formuladas
pelo filósofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman.
Sua vasta produção – construída durante uma trajetória de mais de
40 anos de pesquisa perpassou diferentes temporalidades e
espacialidades num mundo-imagem. Suas pesquisas abordaram
díspares épocas, locais e formas imagéticas; as escolhas narrativas-
literárias que deram forma a estas investigações também se apresen-
tam bastantes variáveis nesse percurso intelectual. Contudo, algumas
questões são centrais para a compreensão da obra didi-
hubermaniana; grosso modo, o filósofo manteve-se a pensar,
escrever e questionar as imagens sobre sólidas bases teóricas.
De Invention de l’hystérie: Charcot et l’iconographie
photographique de la Salpêtrière – tese doutoral orientada por
Humbert Damish e defendida na École des Hautes Études en
Sciences Sociales (EHESS) de Paris no ano de 1981, com atual
publicação em língua portuguesa pela editora Contraponto (Didi-
Huberman 2015a) – a Peuples en Larmes, peuples en armes. L’œil de
l’histoire, 6 (Didi-Huberman 2016) – seu mais recente livro editado
–, somam-se mais de 50 obras. Para além de livros e artigos, desta-
cam-se seus seminários – que ocorrem, via de regra, nas primeiras e
terceiras segundas-feiras do mês no Auditório de Institut National de
Histoire de l’Art (INHA) – e suas exposições. O mais recente,
Soulèvement, deverá percorrer cinco países, e sua primeira versão foi
realizada na afamada Galeria de Arte parisiense Jeu de Paume entre
18 de outubro de 2016 e 15 de janeiro de 2017.
O directeur de recherche da École des Hautes Études en Scien-
ces Sociales (EHESS) de Paris ressalta como um dos grandes nomes
da atualidade que perpassam pelas questões da imagem. Em sua
consolidada obra destacam-se, de maneira geral, três importantes
questões da imagem. A primeira: saber ver mais, olhar e olhar mais,
ver e ver de novo; atravessar o esgotamento do olho cansado da
mesma imagem. A segunda: compreender a imagem não como uma
solução ou uma reposta, mas com uma verdadeira problemática, um
1
O presente artigo apresenta-se como fruto de pesquisa de pós-doutoramento
2
École des Hautes Études en Sciences Sociales, 75006 Paris, França.
3
O Colóquio Quand les images viennent au monde? foi organizado por Emmanuel
Alloa e Chiara Cappelletto e realizou-se em Paris, no auditório do Jeu de Paume
entre 4 e 5 de junho de 2015.
3 | DANIELA QUEIROZ CAMPOS
6
Tradução livre da autora com base no texto original em francês.
15 | DANIELA QUEIROZ CAMPOS
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