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Despacho: Despacho:
Manuela Gomes
Directora do Departamento Municipal Jurídico e de
Contencioso
Despacho:
Concordo inteiramente com a presente Informação e proponho o seu envio ao Sr. Director do DMGUF,
Arq.º Aníbal Caldas.
À consideração da Sr.ª Directora do DMJC,
Cristina Guimarães
Chefe da Divisão de Estudos e Assessoria Jurídica
2009.01.09
N/Ref.ª: ...
S/Ref.ª:
Porto, 09/01/2009
Autor: Anabela Moutinho Monteiro/DMJC/DMU/CMP
Assunto: Âmbito de aplicação do D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto
Questão
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2. De acordo com o previsto no n.º 1 do art.º 3.º “As câmaras municipais indeferem o
pedido de licença ou autorização necessária ao loteamento ou a obras de
construção, alteração, reconstrução, ampliação ou de urbanização, de promoção
privada, referentes a edifícios, estabelecimentos ou equipamentos abrangidos pelos
n.ºs 2 e 3 do artigo 2.º, quando estes não cumprem os requisitos técnicos
estabelecidos neste decreto-lei.” (sublinhado nosso).
De acordo com o previsto no n.º 2 do art.º 3.º “A concessão de licença ou
autorização para a realização de obras de alteração ou reconstrução das
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Pelo exposto, julgo que as condições impostas no n.º 2 do art.º 3.º, não deverão ser
entendidas como cumulativas, no entanto, solicito parecer jurídico.
O RJUE estipula, em termos gerais, que as câmaras municipais não têm o dever de
verificar, em sede de apreciação, o cumprimento das disposições regulamentares
relativamente às partes interiores das edificações. Esta postura é sustentada pela obrigação
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Análise jurídica
No esclarecimento da questão que aqui, em primeiro lugar, se nos coloca haverá que distinguir
as situações que não integram o âmbito de aplicação do D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto, das
que, não obstante integrarem tal âmbito se encontram dispensadas do cumprimento das
normas técnicas de acessibilidades nos termos previstos no n.º 2 do artigo 3.º deste diploma.
Com efeito, o D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto tem por objecto, como é sabido, a definição
das condições de acessibilidade a satisfazer no projecto e na construção de espaços públicos,
equipamentos colectivos e edifícios públicos e habitacionais, aprovando para o efeito as
normas técnicas a que devem obedecer os edifícios, equipamentos e infra-estruturas por ele
abrangidos (cfr. nºs 1 e 2 do artigo 2.º).
Ora, os edifícios por ele abrangidos são os que se encontram elencados no artigo 2.º no D.L.
n.º 163/2006, de 8 de Agosto.
Assim, se estivermos perante “obras não abrangidas pelos n.ºs 2 e 3 do artigo 2.º ou referentes
a equipamentos comerciais cuja superfície de acesso ao público não ultrapasse 150 m2”,
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A letra da lei é, de resto, clara quanto a este entendimento. Na verdade, ao determinar, no n.º 5
do artigo 3.º, que os pedidos referentes aos loteamentos e obras abrangidas pelos n.ºs 1, 2 e 3
– incluindo, assim, as obras de alteração ou de reconstrução que não originem ou não agravem a
desconformidade com as normas técnicas de acessibilidades - devem ser instruídos com um plano
de acessibilidades, dúvidas não existirão quanto à exigibilidade em tais situações de um tal
plano.
Acresce que, a nosso ver, o enquadramento de uma determinada operação urbanística no n.º 2
do artigo 3.º não implicará por si só a dispensa do cumprimento integral das normas técnicas
de acessibilidades.
Queremos com isto dizer que o facto de aí se prever que, numa situação de obras de alteração
ou de reconstrução de edifícios existentes que não originem ou não agravem a
desconformidade com as normas técnicas de acessibilidades, a concessão de licença para a
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realização de obras de alteração ou reconstrução não poderá ser recusada com fundamento
numa tal desconformidade, não significa que não incumba ainda ao município assegurar o
cumprimento das normas técnicas que, na medida do possível, seja de exigir.
Sintetizando tudo quanto vimos de dizer, somos de parecer que o plano de acessibilidades
apenas não é exigível nas operações urbanísticas submetidas a controlo prévio
municipal que não integram o âmbito de aplicação do D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto.
Determina o n.º 2 do artigo 3.º que “A concessão de licença ou autorização para a realização de
obras de alteração ou reconstrução das edificações referidas1, já existentes à data da entrada em vigor
do presente decreto-lei, não pode ser recusada com fundamento na desconformidade com as presentes
normas técnicas de acessibilidade, desde que tais obras não originem ou agravem a desconformidade
com estas normas e se encontrem abrangidas pelas disposições constantes dos artigos 9.º e 10.º”.
Corresponde este normativo, como é bom de ver, à consagração, ao nível do D.L. n.º
163/2006, de 8 de Agosto, do princípio da garantia do existente plasmado no artigo 60.º do
R.J.U.E. Assim, tal como aí, admite-se também em matéria de acessibilidades que possam ser
objecto de licenciamento ou comunicação prévia obras de alteração ou reconstrução de
edificações existentes à data de entrada em vigor do diploma em análise, que não cumpram as
normas técnicas de acessibilidade por ele aprovadas, desde que tais obras não originem ou
não agravem a desconformidade com as referidas normas e se encontrem abrangidas pelas
disposições constantes dos artigos 9.º e 10.º
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Por seu turno determina o artigo 10.º que: “Nos casos referidos nos n.ºs. 1 e 2 do artigo anterior, o
cumprimento das normas técnicas de acessibilidade constantes do anexo ao presente decreto-lei não é
exigível quando as obras necessárias à sua execução sejam desproporcionadamente difíceis, requeiram
a aplicação de meios económico-financeiros desproporcionados ou não disponíveis, ou ainda quando
afectem sensivelmente o património cultural ou histórico, cujas características morfológicas,
arquitectónicas e ambientais se pretende preservar”.
Ora, considerando que, nos termos expostos, os artigos 9 e 10.º se reportam apenas aos
edifícios existentes não habitacionais, é óbvio que a remissão efectuada no n.º 2 do artigo 3.º
para tais normativos apenas poderá entender-se por referência ao edifícios existentes não
habitacionais.
Dito de outra forma, para que as obras de alteração ou reconstrução a realizar num tal edifício
beneficiem da «protecção do existente» consagrada no n.º 2 do artigo 3.º é suficiente que
essas obras não originem nem agravem a desconformidade com as normas técnicas de
acessibilidades.
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Ou seja, tais obras apenas estarão dispensadas do cumprimento das normas técnicas de
acessibilidades na medida em que não originem ou não agravem a desconformidade de tais
normas e na medida em que tal cumprimento não lhes seja já exigível por não ter ainda
decorrido o prazo de adaptação previsto no artigo 9.º.
3.1. “Até que ponto é que a Câmara municipal tem de verificar tal cumprimento?”.
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Mais se afirma que “Assume igualmente grande importância a regra agora introduzida, segundo a qual
os pedidos de licenciamento ou autorização de loteamento, urbanização, construção, reconstrução ou
alteração de edificações devem ser indeferidos quando não respeitem as condições de acessibilidade
exigíveis, cabendo, no âmbito deste mecanismo, um importante papel às câmaras municipais, pois são
elas as entidades responsáveis pelos referidos licenciamentos e autorizações”.
Pelo exposto, compete, pois, ao Município, enquanto entidade licenciadora das operações
urbanísticas, verificar o integral cumprimento dos requisitos de acessibilidades estabelecidos
no D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto, indeferindo, nos termos previstos no artigo 3.º, os
pedidos de licença ou as comunicações prévias de operações de loteamento, obras de
construção, alteração, reconstrução, ampliação ou de urbanização, referentes a edifícios,
equipamentos ou estabelecimentos abrangidos quando estes não cumpram as normas
técnicas aprovadas por este diploma.
Por conseguinte, na hipótese de estamos perante um projecto de arquitectura que não tem,
como se afirma, o grau de detalhe das normas do D.L. n.º 163/2006, de 8 de Agosto, impor-se-
á, numa tal situação, que os competentes serviços municipais, ao abrigo da faculdade que lhes
é conferida pelo n.º 2 do artigo 11.º do R.J.U.E. notifiquem o Requerente para corrigir o pedido
de modo a permitir a verificação do cumprimento dos requisitos técnicos de acessibilidades,
apresentando, em conformidade com o previsto no n.º 5 do artigo 3.º, “um plano de
acessibilidades que apresente a rede de espaços e equipamentos acessíveis bem como soluções de
detalhe métrico, técnico e construtivo, esclarecendo as soluções adoptadas em matéria de acessibilidade
a pessoas com deficiência e mobilidade condicionada”.
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Pelo que ficou dito no ponto anterior e respeitando as normas técnicas quer ao interior quer ao
exterior das edificações, é obvio que a resposta a tal questão é a de que a verificação do
cumprimento dos requisitos técnicos estabelecidos no D.L. n.º 163/2008, de 8 de Agosto incide
sobre os espaços exteriores e interiores.
Ora, determina o n.º 2 do artigo 10.º que excepções previstas no n.º 1 serão devidamente
fundamentadas, cabendo às entidades competentes para a aprovação dos projectos autorizar
a realização de soluções que não satisfaçam o disposto nas normas técnicas, bem como
expressar e justificar os motivos que legitimam este incumprimento.
Em face do citado normativo, afigura-se-nos pacífico que recaí sobre o Requerente o ónus
invocar e fundamentar devidamente a solução de excepção, competindo ao município, por seu
turno, autorizar, pelos motivos alegados, a realização de operações urbanísticas que não
cumpram as normas técnicas de acessibilidades, justificando a razão de ser de tal
incumprimento.
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Admitimos, porém, que nas situações em que é notório que as obras necessárias ao
cumprimento das normas técnicas de acessibilidades afectarão sensivelmente o património
cultural ou histórico, cujas características morfológicas, arquitectónicas e ambientais se
pretende preservar, nos termos previstos no n.º 1 do artigo 10.º, seja adoptado outro
procedimento.
Com efeito, numa tal hipótese, o interesse público que preside à consagração da solução de
excepção justifica, a nosso ver, que, possam ser os serviços municipais, por sua iniciativa, a
suprir as lacunas do plano de acessibilidades, fundamentado e autorizando, simultaneamente a
situação de excepção.
3.4. Por último, quanto à questão de saber se as excepções previstas no artigo 10.º se aplicam
às habitações e às novas construções, a nossa resposta é, nos termos que passaremos a
elucidar, afirmativa.
Considerando que o n.º 1 do artigo 10.º remete para os casos referidos no artigo 9.º, dúvidas
não existirão que as excepções aí consagradas respeitam às edificações não habitacionais já
existentes.
Todavia, defender-se que tal normativo se aplica apenas aos edifícios não habitacionais
existentes carece de sentido em face do face do disposto no n.º 5, nos termos do qual: “Se a
satisfação de alguma ou algumas das especificações contidas nas normas técnicas for impraticável
devem ser satisfeitas todas as outras especificações.”
Isto é, definindo-se no n.º 1 do artigo 10.º os termos em que não será de exigir a adaptação
dos edifícios existentes às normas técnicas de acessibilidades seria irrazoável que para esses
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mesmos edifícios se determinasse que se algumas das suas especificações for impraticável,
deverá ser dado cumprimento a todas as outras.
O que nos leva a concluir que se consagra no n.º 5 do artigo 10.º uma excepção para os novos
edifícios, independentemente da utilização que neles venha a ser promovida.
Conclusões:
Pelo exposto e, em síntese, as respostas às questões que aqui se colocam são as seguintes:
2. As condições previstas no n.º 2 do artigo 3.º são cumulativas no que respeita aos
edifícios existentes não habitacionais nos termos melhor explicitados no ponto 2 da
presente análise jurídica.
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À consideração superior.
A consultora jurídica
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