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Notas
1
Este texto é parte de um estudo em andamento sobre conflito social e representação no ro-
mance brasileiro.
2
MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu, 1800-1900. Tradução Sandra Guardini Vas-
concelos. São Paulo: Boitempo, 2003. p. 113-20.
3
Moretti faz referência ao trecho sobre a metamorfose das mercadorias em Marx, O Capital,
v. 1.
4
Cf. CANDIDO, Antonio. Duas vezes “A passagem do dois ao três”. In: Textos de intervenção.
Organização Vinicius Dantas. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2002. p. 51-76.
5
Sem dúvida, a ideia já tinha frutificado nas mãos de Moretti, para quem o romance de for-
mação busca criar “compromissos” entre visões de mundo distintas (ver MORETTI, F. The
Way of the World: The Bildungsroman in European Culture. New edition. London: Verso, 2000).
Além disso, a capacidade de representar o “compromisso” pode ser vista como mais um fator
que ajuda a explicar a eficácia do romance enquanto forma simbólica do Estado-Nação, uma
forma que não oculta as divisões internas da nação e consegue transformá-las em uma história
(cf. MORETTI. Atlas do romance europeu, p. 30). Com efeito, o nacionalismo implica que
uma sociedade antagônica se pense como uma comunidade unida por laços de fraternidade
horizontal, pois a nação precisa ser não apenas politicamente viável, mas também emocional-
mente plausível. O estudo fundamental sobre o vínculo histórico entre romance e nacionalismo
é o de ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão
do nacionalismo. Tradução Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Ver
também ARANTES, Paulo. Nação e reflexão. In: Zero à Esquerda. São Paulo: Conrad, 2004.
p. 79-108.
6
O vínculo entre romance e tempo histórico moderno é um elemento central na concepção
lukacsiana do realismo. Não podendo estender aqui a discussão do problema, assinalo apenas
que, como lembra Jameson, a teoria do realismo de Lukács é melhor apreendida quando se
pensa na capacidade de o enredo representar tendências históricas, e não tanto quando se busca
alguma noção estática de indivíduos socialmente “típicos”, como por vezes se deslê a noção
lukacsiana. Cf. JAMESON, Fredric. The Experiments of Time. In: MORETTI, Franco (ed.).
The Novel. Vol. 2: Forms and Themes. Princeton: Princeton University Press, 2006. p. 114n.
7
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martins, 1973. Todas as citações feitas no texto
têm esta edição como referência.
8
PEREIRA, Lúcia Miguel. Prosa de ficção (de 1870 a 1920). 2. ed. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 1957. p. 157.
9
Nas palavras de Antonio Candido, Aluísio oscilava “entre certas exigências de concepção
e certos automatismos menos depurados, que por vezes se combinavam harmoniosamente”.
(CANDIDO, A. Introdução. In: AZEVEDO, Aluísio. Philomena Borges. 7. ed. São Paulo:
Martins, 1973. p. 1.).
10
CANDIDO, Antonio. De cortiço a cortiço. In: O Discurso e a Cidade. São Paulo: Duas
Cidades, 1993. p. 123-52. Como assinalou Schwarz, a consistência formal, que apreende o
dinamismo histórico no enredo e com isso ganha força de revelação, é alcançada não apesar
da ideologia, mas sim por causa dela. Trata-se, por assim dizer, de um realismo movido a falsa
consciência, em que o resultado formal ultrapassa as noções e coordenadas estético-ideológicas
que orientam a prosa narrativa. Ver SCHWARZ, Roberto. Adequação nacional e originalidade
crítica. In: Sequências Brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 24-45.
11
ŽIŽEK, Slavoj (Org.). Um mapa da ideologia. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Con-
traponto, 1996.
Resumo Abstract
Este texto focaliza duas cenas de O Cortiço, de This paper focuses on two scenes from Aluí-
Aluísio Azevedo, nas quais conflitos coletivos sio Azevedo’s O Cortiço (The Slum) in which
são diretamente representados. Busca-se, aqui, collective conflicts are directly presented.
investigar o significado do artifício narrativo Here I try to inquire into the meaning of the
empregado para suspender os conflitos. narrative artifice that is employed to suspend
those conflicts.