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Niterói
2008
ALEXANDRE DA SILVA FERREIRA
Niterói
2008
Ferreira, Alexandre S.
Uso de Técnicas de Geoprocessamento e do Modelo Matemático
USLE para Avaliação de Processos Erosivos na Bacia
Hidrográfica do Rio Caceribu - RJ. Niterói: s.n., 2008.
95 f.
Monografia (Especialista em Ciência Ambiental)
Universidade Federal Fluminense, 2008.
BANCA EXAMINADORA
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................2
2. OBJETIVOS............................................................................................................5
3. EMBASAMENTO TEÓRICO..................................................................................6
3.1. O ESTUDO DOS PROCESSOS EROSIVOS.........................................6
3.2. O PROCESSO DE EROSÃO E SEUS FATORES
CONDICIONANATES.............................................................................8
3.2.1. Erodibilidade dos solos...........................................................................9
3.2.2. Erosividade das chuvas........................................................................14
3.2.3. Características da encosta...................................................................18
3.2.4. Presença de cobertura vegetal.............................................................19
3.2.5. Uso e manejo dos solos.......................................................................20
3.3. A APLICAÇÃO DE GEOPROCESSAMENTO E
SENSORIAMENTO REMOTO NA ANÁLISE AMBIENTAL
EM BACIAS HIDROGRÁFICAS.........................................................22
3.4. USO DE MODELOS MATEMÁTICOS NA
MENSURAÇÃO DA EROSÃO DOS SOLOS.......................................23
3.5. A OPÇÃO PELAS BACIAS HIDROGRÁFICAS
ÁREAS PARA ANÁLISE AMBIENTAL................................................25
4. ÁREA DE ESTUDO..............................................................................................28
4.1. BREVE HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO REGIONAL.............................29
4.2. ASPECTOS FÍSICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO CACERIBU............................................................................31
4.2.1. Geologia................................................................................................31
4.2.1.1. Evolução Geológica Regional....................................................32
4.2.1.2. Gráben da Bacia da Baía de Guanabara...................................34
4.2.1.3. Bacia Calcária de ao José de Itaboraí.......................................34
4.2.1.4. Sedimentação Continental das Eras
Terciárias e Quaternárias..........................................................36
4.2.1.4.1. Formação Pré-macacu e Macacu.........................................37
4.2.1.4.2. Formação Caceribu..............................................................37
(continuação do sumário)
This study aimed to evaluate the rate of loss of land and carry out a mapping of water
erosion in the hydrographic basin of the river Caceribu, located in the State of Rio de
Janeiro, using modeling of environmental systems and techniques of GIS. We
prepared the maps of the factors erodibility (K), erosivity (R), slope and length of the
ramp (LS) and the use and management and conservation practices (CP) and
applied to the mathematical model USLE in order, get the map of loss of land. The
average annual loss of soil is approximately 57,9 t.ha.-1.ano-1 and the values per
hectare were low, ranging from 0 up to 600 t.ha 1.ano-1. The LS factor is considered
the most expressive for the reduction of losses of land in this basin, occupied by
large areas of plains.
A idéia geral o qual motivou a realização deste trabalho foi a ampliação das
pesquisas científicas voltadas para o estudo de processos erosivos, visando à
aplicação de geotecnologias pertinentes ao desenvolvimento da análise ambiental,
integrada numa visão multidisciplinar da realidade. Os estudos sobre o processo de
erosão e os fatores que o influenciam são tratados de forma teórica e prática,
permitindo, de tal maneira, a avaliação da ação antrópica sobre o meio ambiente e
suas conseqüências.
Nas últimas décadas vem ocorrendo um grande crescimento na ocupação da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Seja por moradias, atividades agrícolas ou
industriais, os impactos proporcionados pela ação do homem alteram
consideravelmente o meio ambiente em diversos aspectos naturais, como é o caso
do aumento da degradação dos solos.
O aumento da erosão dos solos tem ligação direta com a ação indiscriminada
do homem sobre o meio natural, ocorrida ao longo dos anos de colonização e
exploração, promovendo intensas mudanças no meio ambiente. Os problemas
naturais decorrentes deste são amplamente discutidos e investigados pelas ciências
naturais e tecnológicas a exemplo da Agronomia, Geografia, Geotecnia, Engenharia,
etc. buscando o entendimento das variáveis reguladoras, enquanto um evento
processual, numa visão muitas vezes, transdisciplinar.
O uso de geotecnologias aplicadas à análise ambiental vem sendo
amplamente utilizada na ciência moderna, por proporcionar análises rápidas,
concisas e integradas da realidade. A inserção de SIG (Sistemas de Informação
Geográficas), Sensoriamento Remoto e das técnicas voltadas para o
geoprocessamento de imagens digitais, trouxe ao âmbito da análise ambiental uma
nova perspectiva de apreensão de diversos fenômenos. No caso específico dos
estudos dos processos erosivos, encontramos vários centros de pesquisas nacionais
e internacionais como referências na aplicação do Geoprocessamento e do
Sensoriamento Remoto, a exemplo Soil Conservation ServiceI, grupo norte-
americano ligado ao United States Departament of Agriculture, Instituto Agronômico
2
de Campinas, Departamentos ligados à universidades nacionais, dentre outros,
como importantes difusores destas técnicas.
A aplicação da modelagem matemática em sistemas ambientais é um recurso
desenvolvido a muitas décadas, enquadra-se como procedimento teórico no uso da
abordagem holística, por meio de avaliações quantitativas e qualitativas
operacionalizando a base sistemática da análise ambiental. Trata da estrutura, do
funcionamento e da dinâmica da organização espacial dos sistemas ambientais dos
geossistemas. Estes sistemas apresentam configurações expressas por elementos
com diferenciação espacial e variabilidade temporal. A compreensão sobre a
interação entre modelagem e o uso de sistemas de informação geográfica, parte da
premissa de que os estudos das séries temporais e das análises espaciais devem
acontecer conjuntamente (CHRISTOFOLETTI, 1999).
A realização deste trabalho justifica-se pela necessidade de produção de
dados científicos relevantes para a análise, monitoramento e continuidade de
pesquisas voltadas aos impactos da ação antrópica na Bacia hidrográfica do rio
Caceribu, sendo uma das principais bacias hidrográficas contribuinte à bacia
hidrográfica da Baía de Guanabara.
É uma região onde está se instalando o Complexo Petroquímico do Estado do
Rio de Janeiro (COMPERJ), na área das bacias dos rios Macacu e Caceribu. O uso
de bacias hidrográficas como unidade de estudos ambientais está previsto em
diversos documentos emitidos pelos órgãos do Estado, determinado na Resolução
Nº 001/86 do CONAMA de 1981, bem como, nos tópicos das Instruções Técnicas
para Elaboração de EIA / RIMA do DECOM Nº 01/2007 para este empreendimento.
Esta área vem sendo ocupada pelo homem durante os últimos séculos e as
pesquisas voltadas para os impactos sobre o meio são condizentes com o seu
crescimento, porém, com a instalação do COMPERJ, as dimensões referentes à
degradação ambiental podem tomar proporções ainda não avaliadas. Dessa forma,
é fundamental uma pré-avaliação consistente no intuito de levantar dados para servir
como parâmetros para futuras abordagens deste assunto. A Importância dos
estudos de processos erosivos em bacias hidrográficas, como subsídio para a
análise ambiental causada pela ocupação, muitas vezes, desordenada do homem,
valida o constante monitoramento deste fenômeno. A degradação dos solos em
áreas tropicais e sua necessária conservação são fundamentais para a
determinação da manutenção do equilíbrio ambiental.
3
É crescente a implementação de novas metodologias voltadas para análises
ambientais com o uso de dados secundários a exemplos de imagens de plataformas
orbitais, aerofotogrametrias, aplicação de modelos matemáticos, uso de SIGs para
criação de bancos sob constante atualização, dentre outras técnicas, ditando a nova
tendência da produção científica na área ambiental. A opção por estes métodos está
centrada em suas respectivas relevâncias científicas, na redução dos custos e nas
dificuldades de análises em áreas de grande extensão através de métodos o qual
necessitem de coletas e mensurações de dados em campo.
Por último, vale ressaltar a contribuição deste estudo na produção científica
voltada para as pesquisas ambientais, como uma das premissas necessárias ao uso
racional dos recursos naturais, a exemplo dos solos, e sua necessária conservação
de renovação lenta e muitas das vezes irreversível.
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2. OBJETIVOS
5
3. EMBASAMENTO TEÓRICO
6
O estado da arte na pesquisa sobre erosão baseia-se na abordagem deste
fenômeno em sua própria natureza, levando-se em consideração seus fatores
condicionantes. Diversos métodos são apresentados em trabalhos científicos
relacionados a cada tipo de processo erosivo, o que determina uma grande
variedade de procedimentos. É possível realizar trabalhos sobre erosão em campo,
voltados para o levantando de suas características através de métodos que
consideram as condições naturais. No entanto, podem ser relacionadas algumas
metodologias que trabalhem com os fatores de forma pré-determinada, a exemplo
de suas características naturais, os tipos de solos e os usos aplicados sobre cada
tipo de solo específico. Análises laboratoriais também são pertinentes para
determinação de características físicas e químicas dos solos, a exemplo da
erodibilidade e fornecimento de nutrientes para plantas numa encosta. Outra
abordagem pertinente ao estudo da erosão é a sua distribuição espacial,
especialmente em grandes áreas como nas bacias hidrográficas, Neste caso, busca-
se relatar uma série de informações visando relacionar a erosão às condições
naturais e econômicas e, suas variações no tempo e no espaço (COOKE, 1990;
SILVA, 2004).
Características tais como a intensidade da erosão são importantes para
determinar o índice de solo removido, sendo também, um indicativo da destruição do
perfil de solo. Os efeitos qualitativos, da erosão, são referidos às propriedades do
solo erodido, podendo ser contatados no local (on site) e em áreas próximas ou
afastadas (off site). Os efeitos on site incluem a perda da fertilidade dos solos e a
diminuição da capacidade de retenção d água e dos sedimentos, propagando os
danos, como alagamentos, assoreamentos de rios e reservatórios contaminação
hídrica, etc, às áreas afastadas ou contínuas àquelas onde ocorre a erosão
denominadas off site.
Guerra (2006) ainda afirma que a Geomorfologia tem sido fundamental para
os estudos da erosão dos solos, contribuindo com pesquisas que prezam por
realizar um diagnóstico ou prognóstico sobre erosão dos solos em certa área,
7
levando em consideração as relações entre as formas do relevo e os processos
associados. A Geomorfologia, desta forma, auxilia diretamente no uso racional dos
solos, evitando danos em áreas rurais e em locais mais afastados.
8
superficial, e da erodibilidade do material, ou seja, da sua resistência aos efeitos
erosivos foram determinadas às forças atuantes no processo da erosão (COOKE,
1990).
9
Para Mannigel et al. (2002), o termo fator erodibilidade (C) representa uma
das variáveis da Equação Universal de Perdas de Solo (USLE), sendo uma
representação da relação entre perdas de solos e a erosividade das chuvas, ou seja,
uma expressão da combinação entre as diversas propriedades do solo, os quais
possibilitam suas estimativas por meio de equações, como também afirmam Sá et al.
(2004).
As pesquisas voltadas para a mensuração da erodibilidade dos solos ocupam,
atualmente, uma vasta literatura as quais relatam a implementação de métodos
diretos e indiretos, bem como a de novas tecnologias. Como um dos fatores mais
importantes ligados à depauperação dos solos, Sparovck & Maria (2003) atentam
para a necessidade de habilitar cientistas, no intuito de realizar análises adequadas
sobre o fenômeno da erosão e tolerância de perdas de solo levando em
consideração a ótica de agricultores, ambientalistas, sociedade e forças políticas,
afirmando também, a necessidade de conduzir estas pesquisas numa perspectiva
que preze a multidisciplinalidade. Em suas palavras, a tolerância de perdas de terra
é o campo mais multidisciplinar das pequisas em erosão do solo .
Descrevendo o fenômeno da erosão, Wischmeier & Smith (1978); Morgan
(1986), Guerra (1994) e Silva (2002), afirmam que ele não se apresenta sob as
mesmas formas e intensidades para todos os tipos de solos. Cada solo desenvolve
uma resistência à erosão dependendo, indiretamente, da topografia, da presença de
rugosidade na encosta e dos distúrbios causados pelas atividades humanas e,
também, estão ligadas, diretamente, às suas propriedades físicas, químicas e
biológicas.
Seguindo este raciocínio, Venturim & Bahia (1998), também explicam que um
tipo de solo pode ser submetido a várias condições de chuvas com características
diferenciadas, segundo a forma, a quantidade e intensidade, e mesmo assim,
apresentar comportamentos bem distintos referentes ao fenômeno da erosão. Isto
ocorre devido à estruturação do perfil obtido através de composições
granulométricas variadas associadas à composição química e à quantidade de
matéria orgânica incorporada a matriz, que conferem maiores resistências à ação
erosivas das chuvas. Venturim & Bahia, em acordo com Wischmeier e Smith (1978),
afirmam que a intensidade de erosão para uma área é influenciada mais pelo
declive, características das chuvas, cobertura vegetal e manejo, do que pelas
propriedades do solo. Tal afirmativa pode ser avaliada experimentalmente pré-
10
estabelecendo as condições físicas de um tipo específico de solo, comprovando a
variação da erodibilidade em decorrência da influência dos demais fatores.
Relacionadas às propriedades físicas do solo são destacadas: a composição
granulométrica (textura), o arranjo das partículas no interior da matriz e a estrutura
de seus agregados. O tamanho e a organização dos grãos no interior da matriz
determinam as demais características físicas como, a taxa de infiltração, a
permeabilidade, a densidade e a porosidade.
A granulometria do solo serve como um importante aspecto para a
determinação dos índices de erodibilidade. De um modo geral, os solos que
apresentam texturas mais grossas, com elevados teores de areia e silte, mantém
uma maior susceptibilidade à ação erosiva das chuvas (VENTURIM & BAHIA, 1998),
sendo altamente permeáveis e sujeitos a circulação hídrica acelerada no interior do
perfil.
Segundo Guerra (1994), os solos com elevados teores de silte mantém alta
susceptibilidade à erosão. No entanto, deve ser ressaltado que esta fração
granulométrica está associada a solos jovens, como Cambissolos e Litossolos, e
também se encontra em maiores quantidade e distribuições nas camadas mais
profundas do perfil, próximo ao material parental. A erodibilidade de solos com altos
teores de silte está mais ligada, segundo Pereira (1994), à resistência dos minerais
primários mais jovens ou às deficiências no regime hídrico da região que não
proporciona seu intemperismo por completo. Mesmo assim, Morgan (1986) destaca
que a areia fina e o silte apresentam uma boa coesão, podendo em alguns casos
formarem agregados de boa resistência à erosão, uma vez que, a presença de
minerais básicos são geralmente estáveis, e estes contribuem para a colagem
química de seus agregados.
Nos estudos de Morais et al. (2004) as áreas com rochas do embasamento
cristalino são apontadas como fortemente condicionadas aos processos de erosão
hídrica subsuperficial, sendo freqüentes as voçorocas. A susceptibilidade à erosão
por piping apresentou boa correlação com a percentagem de silte obtida em ensaios
realizados com saprolitos de gnaisses. Num levantamento de informações para
estruturação de um banco de dados sobre erodibilidade de solos no Estado de São
Paulo, Silva & Álvares (2005) encontram fortes relações entre, o embasamento
geológico e a região geomorfológica, com a erodibilidade dos solos, denotando uma
estreita relação entre os solos mais jovens e a erosão.
11
O uso do conteúdo de argila como indicador de erodibilidade é teoricamente
mais satisfatório, uma vez que as partículas de argilas combinam com a matéria
orgânica, formando solos com maior grau de agregação e arrumação estrutural
estável, melhorando a circulação e retenção de umidade. Isto favorece uma maior
resistência à erosão hídrica, entretanto, deve ser lembrado que solos com teores de
argila muito elevados dificultam o processo de infiltração. As argilas são materiais de
fácil mobilidade intra-perfil, podendo também ser transportados rapidamente através
dos fluxos superficiais. Segundo Bertoni & Lombardi Neto (1999), o tipo de argila
contribui de forma elementar na estruturação dos agregados, isto devido à absorção
de água, podendo levar os agregados ao colapso de suas estruturas.
As argilas podem ser classificadas em montmoriloníticas, o qual apresentam
pouca estabilidade na presença de água, a ilita apresentando um grau intermediário
de estabilidade e a argila caulinitica, que é de maior estabilidade. No caso das ilitas
e esmerectitas, são argilas que formam agregados menos estáveis por incharem e
crescerem quando molhadas, ao contrário das argilas formadas por caulinita. A força
da argila esmerectita depende da absorção de sódio, que com o acréscimo de íons
de cálcio e magnésio, e por aumento de sódio, levam ao colapso do agregado
(MORGAN, 1986).
Com relação à matéria orgânica, em superfície ou quando incorporada à
matriz do solo, altera a estrutura deste modificando suas características físicas,
químicas e o seu comportamento hídrico. A combinação deste material com a argila
leva à formação de agregados mais estáveis, ao aumento do espaço aéreo do perfil
e conseqüente aumento da porosidade do solo, proporcionando uma melhora nas
taxas de infiltração e expansão das argilas. Na associação de areia e matéria
orgânica vemos claramente um aumento na retenção de água e o aumento da
formação de agregados. Isso em parte está ligado à capacidade da matéria orgânica
de reter de 2 a 3 vezes o valor de seu peso, em quantidade de água como afirmam
Bertoni & Lombardi Neto (1999).
As características químicas de um solo passam pela composição
mineralógica de seu material parental depois de transformados pelo intemperismo. A
presença de substâncias cimentantes como óxidos de Ferro (Hematita ou Goethita)
ou óxidos de Alumínio (Gibbsita), e matéria orgânica, favorecem a formação de
agregados no solo, determinando a arrumação dos grãos no perfil. Desta maneira,
afetam a capacidade de infiltração e permeabilidade, podendo aumentar sua
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resistência ao desprendimento e transporte das partículas pelas chuvas.
Dependendo desses teores no solo, são comuns as variações estruturais. Em solos
com baixos teores de óxidos de Ferro e Alumínio, por exemplo, ocorre à arrumação
do tipo em blocos, o que leva a uma diminuição da permeabilidade e ao
conseqüente aumento da erosão laminar. No caso de elevados índices dessas
substâncias, ocorre a estruturação do tipo granular e ao aumento da permeabilidade,
favorecendo a erosão por sulcos (LACERDA & BAHIA, 1998; SOUZA & BAHIA,
1998 apud RESENDE, 1985; FERREIRA, 1988; e GIAROLA, 1994).
Em proposições de modelos de estimativas de erodibilidade, Silva et al.
(1999) averiguaram as relações existentes entre algumas variáveis físicas, químicas
e mineralógicas de Latossolos brasileiros. Neste estudo foi observada uma
tendência de solos com matriz 10R e 2,5YR (mais avermelhados) apresentarem
elevados valores de erodibilidade que os com matiz 10YR (mais amarelados). Isto,
em parte, está relacionado às quantidades e interações entre os óxidos de silício
(SiO2), alumínio (Al2O3) e ferro (Fe2O3), que podem aumentar a coesão entre as
partículas do solo. Os elevados valores de pH afetaram significativamente os
atributos relacionados ao encrostamento, agregação, porosidade, infiltração e
arraste de partículas e agregados pela enxurrada. Pelo aspecto estrutural, os
maiores valores de erodibilidade estavam ligados a solos com estruturas forte a
moderada, muito pequena a pequena granular. Isto sugere que quanto maiores os
agregados, menores são os índices de erodibilidade, devido a melhoras nas
condições de infiltração. Foi confirmado que a presença de matéria orgânica reduziu
a velocidade do escoamento superficial.
Em seus estudos, Souza & Bahia (1998), apresentam as relações existentes
entre o comportamento de Latossolos Amarelos, o arranjo das partículas do solo e a
granulometria, associados aos demais fatores. De acordo com estes autores, os
Latossolos Amarelos estudados tenderam a apresentar uma massa compacta
resultante da agregação da argila, que submetida a ciclos alternados de
umedecimento e secagem formam agregados maiores, apresentando um
comportamento de solos de textura média ou arenosa. Já em outros casos, a
agregação dessas mesmas frações pode levar à formação de grãos que se
comportam como grãos de areia, aumentando a permeabilidade do solo, como é
comum nos Latossolos Roxos.
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A permeabilidade dos solos determina a movimentação dos fluxos superficiais
e subsuperficiais. Existem relações entre a permeabilidade e a erodibilidade dos
solos, as quais tendem a ser mais elevadas para solos, que por algum motivo,
sofreram o selamento ou a compactação dos horizontes superficiais. Segundo as
alterações causadas pelo adensamento desses horizontes, as relações entre os
macroporos e os microporos1, são modificadas de maneira que causam a
modificação da estrutura natural do solo, levando assim a maior dificuldade da
ocorrência da infiltração da água. Portanto, a resistência e transportabilidade do
solo, frente à desagregação causada pela potência do escoamento superficial
seriam condições ligadas às características do solo relacionadas à sua
permeabilidade (MAFRA, 1985).
1
Esta relação também deve ser entendida com a densidade aparente do solo.
14
A fim de determinar o fator erosividade das chuvas numa região foram criados
índices que estabelecem as relações entre as características das chuvas, à
intensidade e a duração de cada evento, com o grau de desagregação e transporte
de partículas pelas enxurradas. O índice originalmente proposto por Wischmeier &
Smith (1978), denominado EI30, expressa a ação de cada evento chuvoso sobre um
determinado tipo de solo e corresponde ao valor do produto da energia cinética total
das chuvas (E) pela intensidade máxima num período de 30 minutos de duração
(I30).
Visando estabelecer os valores de erosividade das chuvas por meio da
energia cinética, para o Estado do Rio de Janeiro, Gonçalves et al. (2006) realizaram
comparações entre os índices EI30 e KE>25. Eles atentaram que o índice EI30 é
mais indicado para áreas localizadas em clima temperado, enquanto o índice KE>25
apresenta boas correlações com as perdas de solos nas áreas tropicais. No entanto,
afirmam que não foram encontradas variações significativas entre eles,
concernentes ao uso dos coeficientes de chuva e precipitação média anual e mensal
para estimativas de erosividade. Os autores indicam a utilização de ambos, EI30 e
KE>25, por apresentarem maior confiabilidade dos resultados, em outras localidades
com características climáticas semelhantes. Albuquerque et al. (2005) relatam que o
uso deste índice é indicado, devido às boas estimativas apontadas em diversos
trabalhos já realizados no território nacional. Marques et al. (1997) realizando
pesquisas com ambos os índices acima, também destacaram o uso do índice EI30
como um bom estimador da erosividade das chuvas para o Brasil, devido às poucas
diferenças estatísticas comprovadas em relação ao índice KE>25, e em parte ao seu
pouco uso em pesquisas de erosividade.
O índice baseado na energia cinética da chuva é uma forma adequada para a
determinação da erosividade, quando a intensidade e a duração das precipitações
são relacionadas à massa, à direção, a distribuição por área, à velocidade terminal e
ao diâmetro das gotas. Através destas variáveis podemos encontrar a energia
cinética de cada evento [0.5 massa (velocidade)²] e o momento (massa x
velocidade). Uma vez medida a velocidade final e a intensidade das gotas de chuva,
o momento e a energia cinética poderão ser calculados por somas dos valores
individuais das gotas. O registro da energia cinética, também pode ser realizado
através da medição automatizada de um evento por completo e a sua posterior
análise, dividindo o evento chuvoso em períodos uniformes, conforme as variações
15
de intensidades. Para cada período de tempo calcula-se a intensidade média da
chuva, somando seus valores, obtendo-se, desta maneira, o total da energia cinética
do evento de chuva. A energia da chuva varia de evento para evento, e muitas das
vezes, são freqüentes a ocorrência de eventos idênticos em intensidades num
intervalo de anos (MORGAN, 1986; COOKE, 1990).
A força de resistência do ar, a ação do vento e a distância percorrida pelas
gotas de chuvas, também podem exercer influências sobre a velocidade final com
que impactam sobre a superfície do solo. Em condições experimentais pré-definidas,
em laboratório, foi observado que quanto maior à distância percorrida pelas gotas de
chuvas, maior é a velocidade incidente sobre o solo e, em espaços sob a ausência
da turbulência do ar e da ação de ventos, a velocidade das gotas foram afetadas,
servindo como parâmetro de comparação com as condições naturais. Uma vez
estabelecidos os índices naturais dos impactos das gotas de chuvas, são
determinadas as relações existentes entre a desagregação e a contribuição para o
aumento do escoamento superficial da água, muitas vezes em fluxos concentrados,
retirando importantes considerações sobre as características das chuvas e os seus
efeitos erosivos (COOKE, 1990).
16
A desagregação de partículas e sua movimentação são resultados dos
impactos das gotas de chuvas sobre a superfície do solo, sendo esta uma etapa
fundamental no processo de erosão, sendo denominada efeito splash . Em certas
circunstâncias, este efeito chega a ser responsável por 90 por cento da erosão em
áreas agrícolas, desencadeando diversos tipos de processos erosivos. As gotas de
chuvas, além da desagregação e da movimentação, também podem ocasionar a
compactação da superfície do solo, criando uma espécie de selamento superficial,
promovendo, desta forma, o aumento do escoamento superficial (COOKE, 1990).
17
3.2.3. Características da encosta
18
declividade onde sua grande tendência é a perda de parte da umidade para o
escoamento superficial em detrimento à menor infiltração (WISCHMEIER e SMITH,
1978; BRADY, 1989; GUERRA, 1994 e 1999; LOMBARDI & NETO, 1999). No
município de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, Ribeiro & Alves
(2007) também encontraram correlações claras entre às variações no tamanho e
inclinação da encosta e os demais fatores determinantes do processo de erosão.
Quando analisados solos altamente erodíveis em relevo menos acentuado, foram
encontrados baixos índices de perdas anuais.
19
existente entre os solos e as condições bioclimáticas do meio ao qual se encontram
inserido (PRIMAVESI, 1990; COOKE, 1990).
20
período. A seqüência de plantios e seus resíduos podem trazer benefícios junto com
o tipo de manejo aplicado. Os resíduos deixados na superfície, incorporados ao solo
ou totalmente enterrado com o preparo deste, ajudam a reduzir o escoamento
superficial, favorecendo a infiltração. No entanto, a diminuição da erosão depende
mais da incidência de chuvas erosivas entre os períodos de intervalo entre os
plantios do que o tipo de cultivo realizado numa área (LOMBARDI & NETO, 1999).
Segundo este autor, para fins práticos, divide-se o ano agrícola em cinco
períodos ou estádios da cultura, definidos de tal modo que os efeitos de cobertura e
manejo podem ser considerados aproximadamente uniformes dentro de cada
período. Os cinco períodos ou estádios da cultura, usados para calcular os valores
de C para um local, são definidos a seguir:
21
3.3. A APLICAÇÃO DE GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO
REMOTO NA ANÁLISE AMBIENTAL EM BACIAS HIDROGRÁFICAS
22
num modelo preditivo, cabendo ao especialista a interpretação dos resultados
operacionados (CÂMARA, 1998).
23
O modelo desenvolvido por Wischmeier e Smith (1978) aparece representado
pela seguinte expressão,
A = (R x K x [L x S] x [C x P])
Onde,
24
Silva & Álvares (2005) destacam a necessidade de aplicar medidas de
controle e planejamento para o uso adequado das terras, assim como o uso de
modelos matemáticos que predizem as perdas de solos de uma determinada área
em função de seus fatores. Os autores citam diversos trabalhos realizados no
Estado de São Paulo em bacias hidrográficas de mesoescalas e microbacias, que
utilizam a USLE como um instrumento de trabalho voltado para a conservação dos
solos, subsidiando propostas de planejamento.
Vale ressaltar que, por muitos anos, a adoção de equações manteve-se
restritas às áreas onde foi criada, isto ocorreu devido à falta de informações básicas
e de métodos voltados para adaptação dos valores dos fatores determinados pela
distribuição e tipos de chuvas, práticas agrícolas locais e duração da cultura, etc. No
entanto, esta restrição trouxe limitações para o devido uso deste modelo em áreas
diferentes as do projeto inicial. Contudo, estas limitações vêm sendo superadas,
principalmente no Brasil, onde os trabalhos foram iniciados por Bertoni nos anos 70,
ganhando novas aplicações por outros pesquisadores, que avaliaram os fatores do
modelo USLE em diversas regiões do país, obtendo grandes êxitos científicos
(BERTONI & LOMBARDI NETO, 1999; SILVA, 2004).
25
Ainda neste contexto, Botelho & Silva (2004) afirmam que a bacia hidrográfica
toma grande valor como unidade de análise e planejamento ambientais, e das ações
humanas. A avaliação dos elementos naturais que compõem o ciclo hidrológico
(solo, água, ar, vegetação, etc.) e seus estados, junto aos processos a eles
relacionados (infiltração, escoamento, erosão, assoreamento, etc.) permite averiguar
o equilíbrio ambiental numa bacia hidrográfica.
De acordo com Silva (2004), as características naturais das bacias
hidrográficas têm tornado-as importantes unidades espaciais de gerenciamento das
atividades de uso e conservação dos recursos naturais. Nelas, podem ser traçadas
subunidades espaciais de planejamento mais objetivas para a integração de práticas
de uso e manejo do solo e da água, definidas como microbacias hidrográficas. O
uso da bacia hidrográfica facilita a geração de tecnologia regionalizada, a difusão de
práticas de manejo do solo e culturas, a conservação dos recursos naturais,
contribuindo, assim, para o desenvolvimento municipal e regional.
Segundo Coelho Netto (1999), as bacias recebem energia fornecida pelos
elementos do clima e da tectônica locais. No seu interior, são constantes os
ajustamentos entre os elementos, nas formas e nos processos associados, em
razão das modificações na entrada ou na saída do fluxo energético. Desta maneira,
sob o ponto de vista do auto-ajuste, a autora ainda destaca as bacias hidrográficas
como áreas que (...) integram uma visão conjunta do comportamento das condições
naturais e das atividades humanas nelas desenvolvidas (...) , ou seja, qualquer
mudança no comportamento dessas unidades causa alterações, efeitos e / ou
impactos a jusante e nos fluxos energéticos de saída. É de acordo com este aspecto
integrador dos fenômenos naturais, que as bacias hidrográficas servem como áreas
de estudos ambientais.
Uma das grandes dificuldades inerentes a analise ambiental é a delimitação
de áreas para a realização de estudos. Os fenômenos naturais nem sempre
obedecem aos contornos da área delimitada, muitas das vezes, por que seus fatores
não são perfeitamente limitáveis traduzindo-se num problema para o analista
ambiental.
No caso específico de estudos voltados para os processos erosivos, o uso de
bacias hidrográficas, como áreas de estudos, apresenta vantagens por serem áreas
relativamente pequenas, homogêneas e bem delimitadas, ao contrário da erosão
que apresenta características espaciais muito dinâmicas, sendo, portanto, de difícil
26
delimitação. Relacionado às suas características naturais, podemos citar a
topografia, a geologia, os solos e o clima como elementos que contribuem para
erosão CUNHA (2004). Estas áreas trazem facilidades na determinação de locais de
amostragem, proporcionando uma melhor mensuração do fenômeno estudado,
reduzindo custos, tempo e logística. Sabendo que, os divisores de drenagem
restringem a ação da erosão hídrica à medida que aumenta a declividade da
encosta, temos maior facilidade de localizar espacialmente este fenômeno dentro
dos limites dos divisores da bacia. Diversos trabalhos sobre erosão de solos são
realizados no Brasil, em bacias hidrográficas: Domingues (1998); Albuquerque et al.
(2005); Cirilo & Feitosa (2005); Cabral (2005); Ribeiro & Alves (2007), dentre outros.
Estes são exemplos típicos de aplicação desta unidade para a avaliação dos
processos erosivos em diversas partes do território nacional.
27
4. ÁREA DE ESTUDO
Figura 18: Mapa de localização geográfica da área de estudo. Fonte: PDRH-BG (2005).
Adaptado pelo autor.
28
O presente estudo foi realizado na bacia hidrográfica do Rio Caceribu,
localizada em sua grande parte, no município de Itaboraí e numa pequena porção
dos municípios de Niterói, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá, situados no Estado do
Rio de Janeiro.
O Rio Caceribu é um dos mais importantes, entre os 55 canais, que drenam a
bacia da Baía de Guanabara, localizada entre os paralelos 22024`S e 22057`S e
entre os meridianos 42033`W e 43019`W, abrangendo uma área continental de
aproximadamente 4600 km2 e 400 km2 de espelho d água. Considerado um rio de 5ª
ordem, pela classificação de Straller, apresenta um segmento de canal torrencial
com perda gradativa de energia, passando a meandrar por uma extensa área de
planície costeira sob constantes influências de marés nas partes próximas ao mar.
Esta região fisiográfica é denominada Baixada Fluminense, um compartimento
tectônico rebaixado e coberto por sedimentos de idade cenozóica, limitado a leste
pelas elevações das Serras do Sambé, Botija e de Rio Bonito. É também ocupada
pela Mata Atlântica e por extensas áreas de manguezais nas desembocaduras dos
rios, em função de sua localização geográfica apresenta condições de clima quente
e chuvoso, tipicamente tropical (AMADOR, 1992 & 1997).
Como parte integrante da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, apresenta
uma concentração populacional que ultrapassa os 3000 hab./km², remanescente de
um histórico ocupacional de intensa exploração econômica, que vem degradando o
meio natural desde o século XVI (AMADOR, 1997).
29
os terrenos de vastas áreas de manguezais e pântanos. A exceção a estas
dificuldades foi a entrada e ocupação da área pelos rios Caceribu e Aldeia por
apresentarem algumas vantagens topográficas como os terrenos secos e mais
elevados (DIAS, 2003).
Ao longo do século XVI e parte do XVII, os europeus se espalharam sobre as
terras das antigas aldeias, pertencentes aos grupos de índios Tupis e não Tupis2,
com o objetivo de fundar engenhos de açúcar. Pequenas fazendas de gado e olarias
também cresceram na região, fornecendo produtos alimentícios e cerâmicas para os
engenhos da região (DIAS, 2003).
Com o tempo a região de Itaboraí passou a atrair a população de outras
localidades, originando comunidades de grande importância econômica, pela
agricultura de exportação do açúcar, do anil, das madeiras, do café e da laranja ou
pela agricultura de subsistência como a farinha de mandioca, o feijão, o arroz, etc.
Neste contexto agroexportador, os Rios Caceribu e Aldeia se destacaram pela
facilidade de navegação, inicialmente atendendo ao escoamento da produção
açucareira e de alimentos, através do Porto das Caixas. Com o declínio do ciclo do
açúcar, passaram a servir ao escoamento do café vindo da região de Cantagalo, no
Vale do Paraíba. A intensificação destas atividades e o crescimento dos portos
favoreceram o desmatamento, a erosão e o assoreamento dos rios e da Baía
(AMADOR, 1992; DIAS, 2003).
A criação de Vilas, a partir das Freguesias fundadas na região, dá a
importância econômica e social nos séculos XVI, XVII e XVIII, enquanto perdurou a
atividade agroexportadora da cana-de-açúcar e, no século XIX, do café. Ainda neste
último século ocorreu o esvaziamento das Freguesias locais devido à febres do
Macacu e ao assoreamento dos rios, o que dificultou a navegação e
desenvolvimento das atividades econômicas locais.
A atividade oleira vinha a se tornar uma das mais prósperas produções, junto
às plantações de laranja e frutas nas décadas de 1950 e 1960. A presença de argila
temperada de boa qualidade e a construção da Rodovia Norte Fluminense
favoreceram o rápido crescimento industrial neste período. A extração de calcário da
Bacia de São José de Itaboraí e de areia lavada dos rios em Itambi foi amplamente
2
Antes da chegada do homem europeu, toda a bacia da Guanabara era ocupada por grupos de
índios Tupis que se expandiram sobre o território de tribos precedentes. Algumas resistências
ocorreram na região gerando povos Tupis e não-Tupis formados pelos indígenas do grupo Gê, a
exemplo dos Goitazes, Maripaques, Guarulhos e, principalmente, Goitacazes.
30
utilizada pela expansão arquitetônica e populacional da capital, Rio de Janeiro
(DIAS, 2003).
Os impactos ambientais ao longo destes quatro séculos se fazem presentes
na paisagem. O intenso uso do solo pelas produções agrícolas e a retirada da
vegetação para o fornecimento de lenha para as olarias trouxeram danos
praticamente irreversíveis aos solos e mananciais hídricos da região. Como afirma
Amador (1992), em toda a região da Baixada Fluminense o desmatamento foi
acelerado ao longo do período enquanto perduraram os ciclos do açúcar e do café,
sendo os manguezais reduzidos em áreas, a erosão predominante nas encostas e o
assoreamento que limita o uso dos rios, a exemplo do Caceribu.
4.2.1. Geologia
31
Figura 19: Principais domínios tectono-magmáticos do embasamento geológico da bacia do
rio Caceribu. Fonte: CPRM (2001).
32
Guanabara, tendo seus eventos geológicos mais significativos ocorridos nas Eras
Pré-cambriana, Mesozóica e Cenozóica.
Ao longo da Era Pré-Cambriana foram formadas as litologias mais antigas
desta região, associadas ao Complexo Serra dos Órgãos e Complexo Juiz de
Fora. Relacionados ao Complexo Serra dos Órgãos existem corpos de elevações
assimétricas arredondadas e de relevo colinoso. Composições litológicas com o
predomínio de gnaisses graníticos e granitóides de grãos médios a finos também
são comuns. Sobre estas unidades aparece uma seqüência metassedimentar,
migmatizada e mais recentemente relacionada ao Complexo Paraíba do Sul.
Este, por sua vez, é composto por associações complexas de gnaisses e xistos.
Em diversas unidades do Pré-Cambriano também ocorrem injeções básicas,
graníticas e pegmatíticas (AMADOR, 1997; ALMEIDA, 1998).
Relativos à Era Mesozóica, surgiram diversos eventos formadores de
diques tabulares de fonolito e diabásios. Estes diques cortam as rochas do
complexo migmático e as intrusivas ácidas (Granitos) de idade Juro-Cretáceo
(AMADOR, 1997).
Na Era Cenozóica, ocorreram importantes fenômenos associados aos
eventos tectono-magmáticos estes, por sua vez, relacionados à evolução do
Oceano Atlântico Sul na separação do supercontinente Pangéia, iniciada no
período Cretáceo. As principais manifestações foram as intrusões e extrusões de
rochas alcalinas, resultantes do intenso magmatismo, a exemplo de Tanguá, Rio
Bonito e outras ocorrências menores com idades entre 72 e 50 M.a., e a
formação dos depósitos carbonáticos da Bacia calcária de São José de Itaboraí.
Ambos os eventos estão inseridos no processo de formação do Gráben da
Guanabara. Também, a esta Era, é atribuída a origem das camadas das
formações Pré-Macacu e Macacu, os depósitos continentais do Pleistoceno
superior da Formação Caceribu, os depósitos marinhos e flúvio-marinhos e os
depósitos aluviais e coluviais do Holoceno (AMADOR, 1997).
33
4.2.1.2. Gráben da bacia da Baía de Guanabara
34
Figura 20: Embasamento geológico da bacia do rio Caceribu; principais formações
geológicas. Fonte: PDRH-BG (2005). Adaptado pelo autor.
35
Esta bacia é considerada um semigráben preenchido por uma camada de
100m de sedimentos calcários das Formações Pré-Macacu e Macacu originados
da superfície de aplainamento Japi, de provável idade Neopaleocênica. Ao longo
do Quaternário, ela sofreu a invasão do mar sendo, também, um testemunho de
eventos tectônicos em superfície entre o final do Cretáceo e início do Terciário,
prosseguindo no Eoceno/Oligoceno, até o Eo a Mesoceno. Nela, foram
encontrados diversos restos de vegetais e de fauna vertebrada, a exemplo de
mamíferos (ALMEIDA, 1998).
36
sedimentação de areia e lama e nos meandros ocorre a sedimentação arenosa
como topo de barra, através de tração e alguma suspensão (SILVA, 2001)
4.2.1.4.1. Formação Pré-macacu e Macacu
37
moderado grau de litificação. Depósitos com cascalheira são encontrados nos
baixos terraços dos canais anastomosados dos municípios de Itaboraí e São
Gonçalo. Estas fácies, relacionadas à Formação Caceribu, são testemunhos de
condições de climas semi-áridos e transporte torrencial de idade pleistocênica
superior (Wisconsin). Ocorrem sobre o embasamento Pré-Cambriano ou
sedimentos da Formação Macacu, capeados pelos depósitos fluviais, ou
marinhos do Holoceno (AMADOR, 1997).
Na Era Quaternária predominam os ambientes de sedimentação ao longo
de toda a costa do Estado do Rio de Janeiro, bem como na área da bacia do rio
Caceribu. Foram diversos os processos de sedimentação continental
intercalados com os eventos transacional-marinhos, originando rochas de tipos e
idades diferentes.
A estruturação do embasamento que orientou a formação da baía, os
remanescentes rochosos de baías anteriores e sedimentos oriundos das terras
altas, definiu a orientação da Planície Costeira. Estas planícies são marcadas por
vales de fundo plano, preenchidos com sedimentos fluviais grosseiros
intercalados com depósitos coluvionares de encostas, compondo leques aluviais
coalescentes juntos a sedimentos deltaicos, lagunares e marinhos. Eventos
ligados a glácio-eustasia foram responsáveis por uma evolução da Baía de
Guanabara mais acentuada para o Leste (SILVA, 2001).
38
Os sedimentos de origem flúvio-marinhos são interdigitações de depósitos
fluviais e marinhos regressivos holocênicos, litologicamente constituídos de
sedimentos finos, síltico-argilosos, ricos em matéria orgânica. Sua formação é
comum em planícies de marés e progradação de litoral, em regime estuarino
onde se desenvolvem os manguezais.
4.2.2. Geomorfologia
39
A bacia do Rio Caceribu apresenta unidades morfológicas com características
comuns a toda região da bacia da Baía de Guanabara, compreendidas na
compartimentação geomorfologia do Estado do Rio de Janeiro, a saber: O Cinturão
Orogênico do Atlântico e as Bacias Sedimentares Cenozóicas.
Como subdivisões do Cinturão Orogênico do Atlântico são encontradas as
unidades morfoesculturais dos Maciços Costeiros e Interiores, os Maciços Alcalinos
Intrusivos, ambos agrupados no grande domínio expresso pela Faixa de
dobramentos remobilizados, e as escarpas serranas. As áreas das Bacias
Sedimentares Cenozóicas envolvem as áreas deposicionais de tabuleiros costeiros
e planícies flúvio-marinha. Cada domínio morfológico mantém estreitas relações com
os arranjos morfoestruturais, estes combinados ao arcabouço geológico e aos
diferentes processos erosivos e deposicionais desenvolvidos ao longo dos anos
(AMADOR, 1997; DANTAS, 2001; PDRH-BG, 2005).
Relacionado às unidades morfoestruturais existe um conjunto diversificado de
rochas metamórficas e ígneas de idade pré-cambriana a eopaleozóica. Tais rochas
foram submetidas a diferentes ciclos orogênicos, culminando, no final do
Proterozóico, com o Evento Brasiliano. Após a estabilidade tectônica ocorrida no
Paleozóico, teve inicio no Mesozóico uma tectônica extensional associada à
reativação Wealdenia no período Jurássico, prolongando-se no Terciário. Como
conseqüências, desta reativação, surgiram os falhamentos normais, que produziram
os maciços costeiros e as escarpas serranas, tal como a Serras do Mar. Do
Cretáceo Superior até o Terciário Inferior, ocorreu um evento de magmatismo
alcalino, também associado à abertura do Atlântico, gerando maciços intrusivos com
estruturas dômicas por todo o Estado do Rio de Janeiro (DANTAS, 2001).
A Região das Escarpas é uma subdivisão da Serra dos Órgãos, apresentando
características morfológicas fortemente condicionadas pela base estrutural,
expressas por extensas linhas de falha, escarpas e relevos alinhados com
dobramentos e falhamentos facilmente observáveis. A escarpa é um tipo de relevo
acentuado com cotas altimétricas médias acima dos 700 m e picos bastante
elevados. Predominam escarpas abruptas, sinuosas com formas de caninos ou
pães de açúcar, orientadas em direção ao escarpamento. Tais escarpas formam
paredões íngremes com afloramento rochoso coberto por uma fina camada de
regolito. Em direção ao Oceano Atlântico tem a ocorrência de patamares, com
40
cumes arredondados e desnudos e vertentes em vales muito largos de fundo chato,
com altitudes decrescentes até os domínios das baixadas (AMADOR, 1997).
A Região das Colinas e Maciços Costeiros se posiciona mais ao litoral e na
base do relevo escarpado, apresentando uma paisagem marcada por modelados
diversificados. As características altimétricas são marcadas por elevações desde o
escarpado até as colinas aplainadas. Nestas regiões predominam uma sucessão de
colinas e de formas meias-laranja com morfologia convexa, isoladas ou agrupadas,
estando orientadas na maior parte para o centro da Baía de Guanabara. Também
podem ser observadas feições planas em formas de alvéolo ao longo dos vales
fluviais (AMADOR, 1997).
Os depósitos sedimentares são descontínuos nesta região, porém ocupam
grandes extensões de terras próximo ao fundo da Baía de Guanabara. É uma região
na qual predominam as planícies flúvio-marinhas, próximas ao espelho d água, e
associadas aos sedimentos holocênicos em terraços marinhos, o que favorece a
formação de um relevo aplainado com pouca ondulação. Estes terrenos são mal
drenados, com vastos canais meandrantes e planícies de colúvio e alúvio-marinhas
(terrenos predominantemente argilo-arenosos de baixadas). Em direção às
cabeceiras são encontradas as planícies aluviais, de topografia suave, identificadas
como planícies de inundação, terraços fluviais e leques de alúvio-colúvio (AMADOR,
1997; PDRH-BG, 2005).
4.2.2.1.1. Colinas
41
litológico de gnaisses e migmatitos, e em alguns casos de granito. Mantêm formas
de relevo convexas de topo arredondado com coberturas de colúvios.
Figura 21: Aspectos geomorfológicos da bacia do rio Caceribu. Fonte: PDRH-BG (2005).
Adaptado pelo autor.
42
4.2.2.1.2. Depressões flúvio-lacustres
43
4.2.2.1.5. Tabuleiros
44
4.2.2.1.8. Maciços intrusivos alcalinos
45
As cabeceiras dos afluentes da margem esquerda estão posicionadas no
reverso dos maciços costeiros de Niterói e Maricá, com padrão alto de densidade de
drenagem e características paralelas a dendríticas.
Os médios cursos dos canais da margem esquerda são marcados por colinas
ao longo do relevo, padrão de drenagem médio a baixo, de característica dendrítico
a treliça ou retangular.
Na área de baixo curso do rio, o padrão de drenagem é caracterizado pelo
meândrico, sob uma vasta área mal drenada em terrenos deprimidos fluvio-lacustres
e alúvios costeiros.
Na foz do rio Caceribu pode ser encontrado uma vasta área de manguezal
ainda preservada que constitui a APA de Guapimirim.
4.2.3. Pedologia
46
Figura 22: Principais classes de solos identificadas na bacia do rio Caceribu. Fonte: PDRH-
BG (2005). Adaptado pelo autor.
47
Alguns terrenos estão caracterizados como afloramentos rochosos e solos
indiscriminados de mangues.
As classes de solos aparecerem no Anexo 1 e na Figura 5, a descrição de
cada perfil de solo e suas características mais importantes são apresentadas a
seguir, de acordo com a nova classificação taxonômica de solos da EMBRAPA
(1999).
48
superfície) indicando o processo pedogenético de translocação de argila das
camadas superiores do solo (EMBRAPA, 1999).
Quando ocorre uma expressiva mudança textural entre os horizontes A e Bt,
estes passam a ser denominados abrúpticos, num quarto nível categórico. Esta
característica determina uma acentuada redução da condutividade hidráulica,
diminuindo as taxas de infiltração em subsuperfície, condicionando sob eventos
chuvosos de grande intensidade, um rápido aumento do fluxo superficial e aumento
da energia aplicada no arraste de materiais inconsolidados nos horizontes
superiores. Constitui, também, um fator de intensificação dos processos erosivos
quando associado ao predomínio da fração areia no horizonte A, sendo, desta
forma, considerados solos de alta susceptibilidade à erosão (PDRH-BG, 2005).
O Argissolo Vermelho Eutrófico apresenta cor vermelha de matiz 2,5YR ou
mais avermelhado e alta saturação por bases, tendo o valor V superior ou igual a
50%. São marcados por boas condições de drenabilidade e permeabilidade
(EMBRAPA, 1999).
Ocupam uma pequena porção da parte superior da Serra do Catimbau Grande,
em Rio Bonito.
49
4.2.3.4. Cambissolo Háplico Tb Distrófico (CXBd)
É uma classe de solo não hidromórfico que tem seqüência de horizontes A-Bi-
C, distinguido principalmente pela presença do horizonte diagnóstico câmbico ou
incipiente (Bi)3. Têm pouca diferenciação textural entre os horizontes A e Bi,
mantendo um reduzido grau de evolução devido ao seu baixo grau de
intemperização mineral. Sua composição mineralógica é marcada pela presença de
minerais primários como feldspato e mica, geralmente superior à taxa de 4% e
elevada quantidade de silte, o que os aproxima da composição do material parental.
Possuem textura média ou argilosa, com ocorrência de textura muito argilosa, bem
drenados, rasos e com saturação de alumínio superior a 50% (AMADOR, 1997).
Ocorrem em áreas de maior declive como áreas montanhosas e escarpadas,
atribuindo baixa estabilidade aos seus agregados e, por estas razões, são altamente
susceptíveis aos processos erosivos, especialmente aos deslizamentos e
movimentos coletivos de massa (PDRH-BG, 2005).
Comuns nas áreas limítrofes da Baía de Guanabara com a Região Serrana,
aparecem de forma limitada na bacia do rio Caceribu, estando geralmente,
associados à Latossolos Vermelho-Amarelos, Latossolos Amarelos, Neossolo
Litólicos e Afloramentos de Rocha.
3
Horizonte B incipiente: horizonte mineral subsuperficial que sofreu alteração física e química em grau não muito
avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou de estrutura, e no qual mais da metade do volume
de todos os suborizontes não devem consistir em estrutura da rocha original (PDRH-BG, 2005).
50
Sua composição textural apresenta grande variedade em razão da natureza dos
sedimentos holocênicos, com granulometria argilosa e muito argilosa. Os valores de
alumínio são elevados, de tal forma, que atingem os requisitos suficientes para
serem classificados como alumínico (EMBRAPA, 1999).
Aparecem em áreas de várzeas sob constantes inundações fluviais e brejos de
água doce em grandes baixadas, onde o relevo encontra-se mal drenado com
afloramento do lençol freático. São comuns às áreas limítrofes dos municípios de
Itaboraí, Guapimirim e Cachoeiras de Macacu, abrangendo a bacia do rio Caceribu,
entre os rios Porto das Caixas, Iguá e ao norte da vila de Visconde de Itaboraí
(PDRH-BG, 2005).
51
As áreas comuns à ocorrência deste tipo de solo são as planícies de
inundações dos cursos d água, marcadas pelo nível do lençol freático sempre
elevado por longos períodos. Por estarem em áreas baixas com predominância de
processos deposicionais efetivos, e sempre sujeitas as constantes inundações,
foram classificadas como de baixa susceptibilidade à erosão (PDRH-BG, 2005).
É uma classe de solo que apresenta uma representatividade reduzida na área
da bacia de drenagem do rio Caceribu, aparecendo numa planície aluvio-coluvial
que se estende de Piabetá, no município de Magé, até o povoado de Esmeralda, no
vale do rio Roncador.
4
Horizonte B latossólico: horizonte mineral subsuperficial, com espessura mínima de 50cm, cujos constituintes
evidenciam avançado estágio de intemperização, caracterizado pela presença de quantidades variáveis de
óxidos de ferro e alumínio, argilominerais do tipo 1:1 e minerais primários resistentes ao intemperismo e pela
ausência quase absoluta de argilominerais do tipo 2:1 (PDRH-BG, 2005).
52
aumentar os teores texturais gradativamente em profundidade ao longo do perfil. A
espessura do solum sempre é superior a um metro de profundidade com pouco
incremento de argila de A para B, com a relação textural B/A não satisfazendo os
requisitos para B textural. Sua boa característica física confere-lhes maior resistência
à erosão
Estão comumente associados aos Latossolos Amarelos, Argissolos,
Cambissolos, Neossolos Litólicos e Afloramentos de Rochas. O relevo forte e
ondulado é praticamente uma característica marcante das unidades onde ocorrem
esta classe de solo, podendo, também, ter presenças em áreas menos declivosas.
Os Latossolos representam uma das classes de maior expressão geográfica,
ocupando grandes extensões ao longo de toda a área da bacia do rio Caceribu,
principalmente nas colinas meia-laranja, em Venda das Pedras no município de
Itaboraí.
53
4.2.3.11. Planossolo Háplico e Planossolo Hidromórfico Distrófico
(extintos)
5
O caráter plânico é utilizado na determinação de solos intermediários com Planossolos, que apresentem
horizonte adensado e permeabilidade lenta ou muito lenta, com cores acinzentadas ou escurecidas, neutras ou
similares, ou com mosqueados de redução que não satisfaçam os requisitos de um horizonte plânico, exclusive
horizonte com caráter plíntico (JACOMINE, 2005).
54
4.2.3.12. Solos Indiscriminados de Mangue (SM)
55
se sob domínio da massa Tropical Atlântica, sendo comuns as elevadas
temperaturas, devido a intensa irradiação solar das latitudes tropicais e a forte
umidade específica fornecida pela elevada evaporação marítima (DAVIS, 2001).
Figura 23: Distribuição das isoietas de chuvas anuais para a área da bacia do Rio Caceribu.
Fonte: PDRH-BR (2005). Adaptado pelo autor.
56
O clima é quente e úmido com temperaturas médias anuais de 24°C e
precipitação total anual média oscilando entre 1.000 e 1.500 mm.
No período de inverno ocorre uma estação seca e no verão são comuns as
chuvas torrenciais. Os ventos alísios predominantes sopram constantemente de E e
NE (AMADOR, 1997).
O efeito topográfico no interior da porção leste da Bacia da Guanabara, onde
se encontra o Rio Caceribu, apresenta peculiaridades devido à origem estrutural e
escultural realizada pelos eventos erosivos sobre o relevo. A proximidade das Serras
dos Órgãos e dos Maciços Litorâneos e a ocorrência de algumas serras isoladas
como as do Sambé e Tanguá, favorecem a variações espaciais na distribuição das
chuvas e temperaturas.
57
5. MATERIAIS E MÉTODOS
58
consistiu na primeira etapa de desenvolvimento deste trabalho, onde foram
selecionados e copilados os dados mais importantes para serem utilizados de forma
direta no modelo USLE. Entretanto, outras informações precisaram ser criadas como
os mapas de índices de erodibilidade dos solos (fator K), índices de erosividade das
chuvas (fator R), o mapa de comprimento de rampas e grau de inclinação das
encostas (fator LS) e o mapa dos índices referentes ao uso, manejo e das práticas
conservacionistas do solo (fator CP).
6
Alqueive, neste caso, significa um terreno preparado e deixado livre de vegetação por um período
de dois anos, ou até que os resíduos da cultura anterior tenham sido decompostos (LOMBARDI &
NETO, 1999).
59
terceiro método (indireto) estima a erodibilidade utilizando equações matemáticas
elaboradas para contemplar os parâmetros relativos às características físicas e
químicas de cada solo, relacionando valores de textura e teor de matéria orgânica,
facilitando o trabalho e reduzindo, assim, as suas principais dificuldades com os
custos e a demanda de tempo (MANNIGEL et al., 2002; SILVA, 2005). Contudo, vale
ressaltar que estes métodos não excluem as necessidades de continuidade das
pesquisas para determinação mais acurada sobre a erodibilidade do solo, através da
utilização dos métodos tradicionais (SILVA, 2004, SILVA, 2005).
Os procedimentos metodológicos
adotados, para determinar os valores do
fator K utilizado neste trabalho, são
apresentados no esquema da Figura 7.
Inicialmente foi realizado um
levantamento das classes de solos
encontrados na bacia do rio Caceribu
nos relatórios do Plano Diretor de
Recursos Hídricos da Região
Hidrográfica da Baía de Guanabara
(PDRH-BG), concluídos em 2005, sendo
identificadas 15 classes de solos
distintas cada qual apresentando
descrições segundo as propriedades
físicas, químicas, etc. (ver Anexo 1).
Figura 24: Seqüência dos procedimentos
Estas informações são resultantes do para construção dos dados de
cruzamento dos mapas pedológico e de erodibilidade dos solos.
aptidão agrícola das terras, gerados a partir do mapeamento existente para o Estado
do Rio de Janeiro, disponível na escala 1:250.000 pelo IBGE e Fundação CIDE.
Também foram relacionados às suscetibilidades de cada classe de solo os índices
de desgaste erosivo, sendo o mapa construído utilizado para uma comparação com
os resultados obtidos pelo modelo de perdas de solo e a obtenção de uma avaliação
mais acurada sobre este fenômeno.
Em seguida realizou-se um levantamento bibliográfico com a finalidade de
adquirir os valores já calculados referentes às classes de solos encontradas na
bacia do rio Caceribu, visando assim, facilitar a aplicação desses índices no modelo
60
de perdas de solo, como apresentado na Tabela 1. Estes valores foram adquiridos
do banco de dados de valores médios de erodibilidade para as classes de solos do
Estado de São Paulo, construídos por Silva & Álvares (2005).
Erodibilidade
Classes de solos
(t.h.MJ-1. mm-1)
Argissolo Amarelo distrófico 0,0425
Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico 0,0425
Gleissolo Melânico 0,0361
Gleissolo Tiomófico 0,0361
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico 0,0162
Planossolo Hidromórfico 0,0097
Solos Indiscriminados de Mangue 0,0001
Área urbana 0,0001
Corpos hídricos 0,0000
2 0,85 (1)
R= EI = {67,355 * (p /P) }
Onde,
Desta maneira, podemos observar que o índice de erosão médio anual, isto é,
o fator R para um local é a soma dos valores mensais dos índices de erosão. Para
um longo período de tempo, vinte anos ou mais, essa equação estima com relativa
precisão os valores médios de EI de um local, usando somente totais de chuva, que
62
são disponíveis para muitos locais, dispensando, desta forma, os cálculos com os
dados pluviográficos.
Figura 25: Estações pluviométricas onde foram coletados os dados de chuvas. Fonte:
Agencia Nacional de Águas (ANA).
63
Itaboraí, Niterói, Maricá, Rio de Janeiro, Rio Bonito, Saquarema e Tanguá, como
pode ser observado através da Figura 8.
Somente as estações de Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Japuíba (P-37R)
estão localizadas dentro da área concernente à bacia do rio Caceribu, enquanto as
demais sete estações localizam-se nos municípios vizinhos de Cachoeiras de
Macacu, Marica, Niterói, Rio de Janeiro e Saquarema, englobando toda a área da
bacia deste rio. Estes dados estão disponíveis ao público em planilhas em formato
Access contendo as séries históricas diárias, mensais e anuais de chuva coletado ao
longo de vários anos. Algumas destas estações encontram-se desativadas outras
em funcionamento, mesmo assim foram obtidas séries históricas de chuva na faixa
de 10 a 20 anos, ou mais, para os cálculos de erosividade das chuvas, proposto
Wischmeier & Smith (1978).
A partir das planilhas Access, das estações pluviométricas, foi montada uma
planilha no software Excel, de valores pluviométricos médios mensais e anuais para
cada série histórica e seus respectivos valores médios mensais, anuais e totais do
índice de erosividade (IE) para cada estação utilizada. O Fator R para cada mês foi
determinado aplicando-se a fórmula (1).
Os dados de erosividade foram convertidos para uma tabela no formato dbf e
adcionada no software Argis 9.2 gerando uma distribuição de pontos referentes às
estações pluviométricas, com sistema de projeção de coordenadas UTM. Os índices
de erosividade foram interpolados pelo método Spline, na extensão Spatial Analyst,
a partir dos índices de erosividade das 11 estações, priorizando os valores das três
estações mais próximas, como produto foi gerado um Modelo Numérico de Terreno
(MNT) de pixels com 90m X 90m de resolução com os valores de erosividade de
toda a área da bacia do rio Caceribu. A partir deste arquivo matricial foram extraídos
os valores de erosividade para a bacia do rio Caceribu, utilizando o arquivo
vetorialda bacia hidrográfica como máscara através da opção Extraction, ferramenta
Extraction by Mask, gerando assim, o mapa do Fator R (erosividade) para ser
aplicado no modelo USLE, como apresentado no esquema da Figura 9. Este mapa
apresenta faixas com valores médios de erosividade constituindo isoerodentes7 .
7
Faixas que sobre áreas com valores médios anuais de erosividade da chuva e também o fator
chuva na equação de perdas de solo (BERTONI & LOMBARDI NETO, 1999).
64
5.1.1.3. Determinação do
fator LS (topografia)
65
complexidade. Os trabalhos para obtenção dos dados de caracterização topográfica
dependem de atividade onerosa e demorada, a partir de métodos tradicionais de
levantamento de campo ou aerofotogrametria, nem sempre existentes para algumas
regiões.
Em ambiente SIG, podem ser construídos Modelos Numéricos de Terrenos
(MNT) a partir da digitalização das curvas de nível de cartas topográficas, a fim de
gerar o Modelo Digital de Elevação (MDE), onde são retiradas as informações de
amplitude altimétrica, declividade e orientação de vertentes para posterior
determinação de perdas de solos em modelos predictivos. De acordo com
Felgueiras (1999), um Modelo Digital de Terreno representa o comportamento de
um fenômeno que ocorre em uma região da superficie terrestre . Tais modelos são
recursos fundamentais para aplicação de geoprocessamento em ambientes SIGs,
representando a variabilidade de um fenômeno natural, sem a necessidade de se
trabalhar diretamente na região geográfica escolhida. A geração de mapas de
declividades é definida pelo plano tangente àquela posição na superfície . A
declividade é composta pelo: gradiente expresso em graus (0° a 90°), que é a
máxima razão de variação de cota z e; a exposição, também expressa em graus (0°
a 360°) que é a direção dessa máxima razão de variação de cota.
Neste trabalho, foi utilizada uma imagem do radar interferométrico SRTM
(Shuttle Radar Topography Misson)8 como alternativa aos métodos tradicionais
obtidos pelas curvas de nível, sendo manipuladas por técnicas de
geoprocessamento no software Arcgis 9.2. Para fins de pesquisas a respeito da
modelagem da superfície terrestre, os dados SRTM apresentam uma aplicabilidade
satisfatória. No caso do Brasil, país continental, este tipo de representação é muito
valiosa e pode auxiliar em diversos projetos com escalas menores que 1:100000,
mantendo uma resolução de 90m para cada pixel da imagem, podem ser gerados,
modelos que atendem as necessidades no ramo de pesquisa na modelagem de
erosão de solos (MIRANDA, 2005).
8
O SRTM consiste num projeto conjunto entre a National Imagery Mapping Agency (NIMA) e a
National Aeronuticas and Space Administration (NASA), como objetivo de produzir dados digitais da
topografia de 80% da superfície terrestre, entre as latitudes 60ºN e 56ºS. Foi realizado pelo sobrevôo
do ônibus espacial Endeavour entre o período de 11 a 22 de fevereiro de 2000, durante o qual foram
percorridas 16 órbitas por dia, num total de 176 órbitas. Este material encontra-se disponível do site:
http://.srtm.usgs.gov/data/obtainingdata.html.
66
Os dados topográficos utilizados neste trabalho, para o cálculo do fator LS,
foram extraídos do MDE criado a partir da imagem SRTM editada pela EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), referente à cobertura da Folha SF-
23-Z-B, disponível gratuitamente: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/index.htm.
Na Figura 10 está representado um esquema metodológico da rotina de
elaboração do fator topográfico, para aplicação no modelo de perdas de solos.
Todos os procedimentos adotados foram realizados em ambiente SIG através do
Software Arcgis 9.2, na extensão Spatial Analyst, consistindo numa metodologia
prática e rápida que fornece dados referentes a comprimentos de rampas, inclinação
das encostas e o fator LS para cada pixel do arquivo matricial gerado.
Inicialmente foi realizado um recorte da imagem SRTM, Folha SF-23-Z-B, de
maneira que enquadrasse toda a área ocupada pela bacia do rio Caceribu,
facilitando e agilizando o processamento dos dados. A partir deste foram criados o
mapa clinográfico (declividade), por meio da opção Raster Surface, ferramenta
Slope, e o mapa de orientação de vertentes, por meio da ferramenta Aspect. Em
seguida, ambos os mapas foram reclassificados através da função Raster Reclass,
ferramenta Reclassify. Um novo mapa de declividade foi criado com os intervalos de
relevo de 0 a 3% (plano), 3 a 6% (plano a suave-ondulado), 6 a 12% (suave-
ondulado a ondulado), 12 a 20% (ondulado a forte ondulado), 20 a 40% (forte
ondulado a montanhoso) e maior que 40% (montanhoso).
O mesmo procedimento foi adotado para a criação do mapa de orientação de
vertentes com oito intervalos de 45º, a partir do azimute (norte, nordeste, leste,
sudeste, sul, sudoeste, oeste e noroeste), onde o valor zero (0) foi atribuído às áreas
planas.
Estes dois mapas foram combinados através da ferramenta Combine
originando o mapa de rampas.
Por meio da ferramenta Zonal, na função Zonal Statistic, foram obtidas as
declividades médias e a amplitude de altura de cada vertente. Os valores de
declividade média foram extraídos do mapa de declividade reclassificado, utilizando
o mapa de rampas como máscara, já os de altitude máxima e mínima foram
extraídos do raster SRTM, também por meio do mapa de rampas funcionando como
máscara.
67
Folha SRTM
(SF-23-Z-B)
Slope Aspect
Declividade Orientação
(%) de Rampas
Combine
Mapa de
Rampas
Altitude Altitude
Declividade Máxima Mínima
Média
Map Algebra
Amplitude
de rampas
Map Algebra
Fator C
C = h / sen (°)
Map Algebra
LS = 0,00984 * C * D1,18
Fator LS
Figura 27: Procedimentos de rotina para elaboração do fator LS por meio dos
dados SRTM. Adaptado de FORNELOS & NEVES (2006).
C = h / sen
Onde,
68
C é o comprimento de rampa em metros (m)
h é a diferença de altura da rampa em metros (m)
é a declividade média do polígono em graus (°)
Onde,
69
O fator P da equação universal de perdas de solo é a intensidade esperada
de perdas de solo com determinada prática conservacionista, e as perdas de solo
quando a cultura está plantada no sentido do declive (morro abaixo). As práticas
conservacionistas mais comuns para as culturas anuais são: plantio em contorno,
plantio em faixas de contorno, terraceamento e alternância de capinas (BERTONI &
LOMBARDI NETO, 1999).
Para determinação do fator
(C) uso e manejo dos solos e fator
(P) práticas conservacionistas,
também foi utilizado o levantamento
e classificação realizada pelo
Programa de Despoluição da Baía
de Guanabara (PDBG), em escala
1:250000, onde procurou-se
identificar os tipos de usos do solo
para a área da bacia hidrográfica do
rio Caceribu.
Para cada tipo de uso do solo
foram atribuídos valores que variam
de 0 a 1 obtidos em trabalhos
realizados na linha de pesquisa, Figura 28: Procedimentos de elaboração do
fator CP.
voltados para o estudo de suas
influências sobre a erosão hídrica dos solos, determinados em condições
geográficas pré-escolhidas ou experimentos em condições pré-estabelecidas em
laboratório. Os procedimentos para construção do arquivo matricial contendo estes
valores são apresentados na Figura 11.
É recomendado que se avaliem os fatores C e P de forma conjunta, pois suas
influências nas perdas de solos mantêm relações diretas entre si. Desta maneira, foi
criada uma única camada para aplicação no modelo USLE, contendo os valores que
representassem cada tipo de uso e manejo do solo e sua respectiva prática
conservacionista, calculado por meio do produto de ambos os fatores C e P, através
da equação:
70
CP = C * P
71
5.1.2. Obtenção dos Valores Médios Anual de Perdas de Solo
72
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
73
Figura 30: Distribuição perdas de solos na área da bacia do rio Caceribu.
74
A avaliação quantitativa das perdas de solos da bacia do rio Caceribu
apresentou valores médios anuais em torno de 57,9 mil Toneladas para uma área
total correspondente de 81,4 mil hectare. Segundo os valores de perdas mínimas de
solos calculadas, temos uma média de 0,228 Toneladas para cada área de 1
hectare desta bacia, enquanto podem ser perdidas no máximo, 1,19 Toneladas de
solos por hectare ao longo de um ano (Tabela 4).
Tabela 3: Taxas médias e totais anual de perdas de solos da bacia do rio Caceribu.
Classes de
Área Perdas Perdas Perdas
perdas de Área (ha)
Relativa (%) mínimas máximas médias
solos
0 1260 1,5 0 0 0
0,1 - 0,5 63623 78,2 0 31811 15905
0,5 - 1,0 11011 13,5 5505 11011 8258
1 - 3,0 5130 6,3 5130 15391 10261
3 - 5,0 144 0,18 434 724 579
5 - 10,0 40 0,05 202 405 303
10 - 50,0 29 0,04 291 1458 874
50 - 100,0 28 0,03 1417 2835 2126
100 - 600,0 55 0,07 5589 33534 19561
75
sedimentar gerado na bacia do Caceribu é levado para as extensas áreas de
planícies fluviais e marinhas, ou mesmo, para a Baía de Guanabara, aumentando o
processo de assoreamento e constituindo em sérios problemas à navegação nos
rios da região, como bem é relatado ao longo dos anos pela literatura.
6.2. INFLUÊNCIAS DOS FATORES DA USLE NAS PERDAS DE SOLOS
O arquivo matricial obtido pelo produto dos fatores erodibilidade dos solos (K),
erosividade das chuvas (R), topografia (LS), Uso e Manejo dos Solos (C) e Práticas
Conservacionistas (P), fatores do modelo USLE, permitiu verificar as correlações
existentes entre as influências de cada fator e suas determinações efetivas no
processo erosivo.
76
Figura 31: Mapa de declividade da bacia do rio Caceribu.
77
Figura 32: mapa de distribuição dos valores do fator LS da bacia do rio Caceribu.
78
bacia. A área de planície, em sua grande extensão, contribuiu com mínimos valores
de perdas de solos por hectare, enquanto a área de relevo escarpado apresentou
valores de erosão, por hectare, mais elevados que os encontrados nas áreas de
planícies. Estes reduzidos valores de declividade refletiram na diminuição do Fator
LS, alcançando o valor de até 3,4, concentrando-se na faixa até 0,5 (Figura 15).
Tabela 4: Dados das estações pluviométricas e dos dados de chuvas coletados para
confecção do fator R.
Índice
Altitud Indice_IE3
Estação Latitude Longitude Período pluviométrico -1 -1
e (Mj.mm/ha .h .ano)
médio (mm)
Estação
-22,68 -42,95 10 1968-2006
Imunana 1418 6422
Itaboraí -22,73 -42,85 49 1967-1977 1195 5452
Japuíba -22,56 -42,7 50 1968-2005 1791 7944
Japuíba (P-37R) -22,66 -42,69 20 1977-1994 1696 7475
Manual Ribeiro -22,91 -42,73 0 1968-2005 1321 5478
Niterói -22,93 -43,10 4 1955-1970 1209 5622
Paquetá -22,76 -43,11 10 1966-1980 1199 5642
Rio Bonito -22,72 -42,63 45 1942-1953 1103 5202
Sambaetiba -22,64 -42,80 10 1978-1994 1474 6592
Saquarema -22,93 -42,50 8 1980-1994 1006 4379
Tanguá -22,71 -42,70 40 1977-1994 1383 6175
79
(2007) e em seus mapas de erosividades para o Estado Rio de Janeiro, com valores
variando, no geral, de 4000 a 16.000 MJ mm ha-1 h-1ano-1, estes pesquisadores
também fizeram uso do índice de erosividade EI30 proposto por Wischmeier & Smith
(1958).
80
Analisando o modelo gerado pela interpolação dos valores médios anuais de
chuvas de cada estação, representados no mapa da Figura 16, foi possível
identificar cinco faixas isoerodentes, variando de 3.770 até 7.777 MJ.mm.ha-1 h-1ano-1,
sobre a área da bacia do rio Caceribu. Estes índices médios de erosividade das
chuvas estiveram em torno dos 6035 MJ mm ha-1 h-1ano-1. A partir dessas faixas
isoerodentes identificadas é possível constatar que grande parte da área de estudo
encontra-se na faixa de erosividade compreendido na classe entre 5.231 e 5.766 MJ
mm ha-1 h-1ano-1, o que significa um índice erosivo médio sobre a área de relevo
plano, contribuindo diretamente para redução dos valores de erosão anual.
GLEISSOLO MELÂNICO
GLEISSOLO TIOMÓRFICO
CORPOS HÍDRICOS
81
Figura 35: Distribuição do fator erodibilidade dos solos na bacia do rio Caceribu.
82
No mapa da Figura 18 podemos visualizar a distribuição dos solos e seus
respectivos valores de erodibilidade, de acordo com o banco de dados de
erodibilidade para as classes de solos do Estado de São Paulo, construído por Silva
(2005).
Os Argissolos foram classificados como uma classe de alto valor de
erodibilidade (0,0425 t.h.MJ-1. mm-1); os Latossolos de média erodibilidade (0,0162
t.h.MJ-1. mm-1); e os Planossolos foram classificados como de baixa erodibilidade
(0,0097 t.h.MJ-1.mm-1). Os Argissolos e os Latossolos, quando combinados ao relevo
plano ou suave ondulado, apresentam baixos índices de erosão por manterem boas
taxas de drenabilidade, enquanto os Planossolos sempre são comuns às planícies
de inundações dos rios, caracterizando um ambiente de deposição sedimentar.
Nas áreas de manguezais da APA de Guapimirim ou em áreas onde ocorrem
constantes alagamentos marinho ou fluvial, foram encontradas as classes dos
Gleissolos e dos solos indiscriminados de mangue, correspondendo,
respectivamente, a 5% e 3% da área da bacia do rio Caceribu. Os Gleissolos
apresentam baixos valores de erodibilidade (0,0361 t.h.MJ-1. mm-1), enquanto nos
solos indiscriminados de mangues são incomuns as perdas de materiais
particulados por erosão.
9
Segundo Bertoni & Lombardi Neto (1999), a tolerância de perdas e solos é a quantidade de terra
perdida por erosão, em toneladas por superfície ao ano, mantendo o solo com condições de
produtividade por longo período de tempo, sob um grau de conservação que mantenha uma
produção econômica sustentada pelos meios técnicos atuais.
83
Através da Tabela 5 e da Figura 19, podemos observar que a bacia do rio
Caceribu, mantém 70 % da sua área utilizadas para pastagem ou algum tipo de
agricultura. Esta última atividade é pouco praticada no momento, tendo sido, no
entanto, a principal atividade desenvolvida nos últimos quatro séculos.
84
Tabela 5: Usos dos solos da bacia do rio Caceribu.
85
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
86
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BERTOL, I.; COGO, N. P.; LEVIEN, R.; Cobertura Morta e Métodos de Preparo do
Solo na Erosão Hídrica em Solo com Crosta Superficial. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, Campinas, v.13, p. 373 379, 1989;
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Ícone, 1999, 335 p.;
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Instituto de Arqueologia Brasileira Séries Monografias. Nº 3. Rio de Janeiro, p.48
82. 2003;
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Cachoeira, em Paraguaçu Paulista, SP. Revista Brasileira de Ciência do Solo.
Campinas, n. 22, p. 141 - 143, 1998.
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Distrófico (São Jerônimo). I. Resultados do primeiro ano. Revista Brasileira de
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Município de Campos dos Goytacazes / RJ Através de Técnica de
Geoprocessamento. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto,
Florianópolis, Brasil, 21 26 de abril de 2007, INPE, p. 3039 3046. Disponível em:
<http://www.marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/> Acesso em: 02 de
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por erosão hídrica na bacia do rio Ivaí. XIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos.
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Acesso em: 02 de agosto de 2008;
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e Hidrossedimentologia em Bacias Hidrográficas. São Carlos: RiMa, 140p. 2004;
SILVA, L. C. & CUNHA, H.C.S. (org.) Geologia do Estado do Rio de Janeiro: texto
explicativo do mapa geológico do Estado do Rio de Janeiro. CD-ROM. Brasília:
CPRM. 2ª edição revista, 2001. 88p.;
91
VENTURIM, R. P.; BAHIA, V. G.; Considerações Sobre os Principais Solos de Minas
Gerais e Sua Susceptibilidade à Erosão. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.19,
n.191, pp. 7 9, 1998;
92
ANEXO 1
SUSCETIBILIDADE À
SÍMBOLO UNIDADE DE MAPEAMENTO
EROSÃO
93
A moderado, fase floresta tropical
subcaducifólia, relevo ondulado e forte
ondulado
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico + ARGISSOLO AMARELO
Distrófico típico, ambos textura média/muito
argilosa ou argilosa/muito argilosa +
PVAd7 Média
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico, textura argilosa ou muito
argilosa, todos A moderado, fase floresta
tropical subperenifólia, relevo ondulado
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico ou abrúptico + ARGISSOLO
AMARELO Distrófico câmbico ou típico, ambos
PVAd2 Alta/Muito Alta
textura média/argilosa, A moderado, fase
floresta tropical subcaducifólia, relevo forte
ondulado
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico ou abrúptico + ARGISSOLO
AMARELO Distrófico típico ou abrúptico, ambos
PVAd4 textura média/argilosa ou média/muito argilosa, Média/Alta
A moderado, fase floresta tropical
subcaducifólia, relevo suave ondulado e
ondulado
ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico típico +
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico
típico, ambos textura média/argilosa ou
PVe1 Muito Alta/Alta
média/muito argilosa, A moderado, fase floresta
tropical subcaducifólia, relevo montanhoso e
forte ondulado
GLEISSOLO MELÂNICO Alumínico típico ou
incéptico, A húmico ou A proeminente +
GLEISSOLO TIOMÓRFICO Húmico típico,
ambos textura argilosa ou muito argilosa +
GMa Baixa
GLEISSOLO HÁPLICO Ta Alumínico típico +
GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico,
ambos textura argilosa, A moderado, todos fase
campo tropical higrófilo de várzea, relevo plano
GLEISSOLO TIOMÓRFICO Hístico salino
solódico* + GLEISSOLO TIOMÓRFICO Húmico
salino* ou típico + GLEISSOLO TIOMÓRFICO
GJi Baixa
Órtico típico ou solódico, A moderado, todos
textura argilosa ou muito argilosa, fase campo
halófilo de várzea, relevo plano
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico + LATOSSOLO AMARELO
Distrófico típico, ambos textura argilosa +
LVAd6 Alta/ Muito Alta
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico latossólico ou típico, textura
média/argilosa ou argilosa/muito argilosa, todos
94
A moderado, fase floresta tropical
subperenifólia, relevo forte ondulado e
montanhoso
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO
Distrófico típico ou argissólico + LATOSSOLO
AMARELO Distrófico típico ou argissólico,
ambos textura argilosa ou muito argilosa +
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO
LVAd5 Alta/Média
Distrófico típico ou latossólico, textura
argilosa/muito argilosa ou média/argilosa, todos
A moderado, fase floresta tropical
subperenifólia, relevo forte ondulado e
ondulado
PLANOSSOLO HIDROMÓRFICO Distrófico
típico ou arênico + PLANOSSOLO
HIDROMÓRFICO Alumínico* típico, ambos
SGd2 Média
textura arenosa/argilosa ou arenosa/média, A
moderado, fase floresta tropical subcaducifólia,
relevo plano
SM SOLOS INDISCRIMINADOS DE MANGUE Baixa
Fonte: Relatório do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG, 2005).
95