1. Constituição Conceito: É um ramo do Direito Público apto a expor, interpretar e sistematizar os princípios e normas fundamentais do Estado. É a ciência positiva das constituições.
Constituição é a norma fundamental de
organização do Estado e de seu povo, que tem como objetivo primordial - estruturar e delimitar o poder político do Estado e garantir direitos fundamentais ao povo. O constitucionalismo originou-se da consolidação das Constituições Norte-Americana de 1787 e da Francesa de 1791. Objeto: É a CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO, cabendo a ele o estudo sistemático das normas que integram a constituição Corresponde à base, ao fundamento de todos os demais ramos do direito; deve haver, portanto, obediência ao texto constitucional, sob pena de declaração de inconstitucionalidade da espécie normativa, e conseqüente retirada do sistema jurídico A Constituição pode ser definida em sentido jurídico, político e sociológico.
Sentido jurídico – Percussor Hans Kelsen –
Nessa concepção, a Constituição pode ser entendida como o conjunto de normas fundamentais que exterioriza os elementos essenciais de um Estado. Para Kelsen, com base no sentido lógico-jurídico, a Constituição é norma hipotética fundamental. Sentido Político – percussor Carl Schimitt – para ele a Constituição é a decisão política fundamental, não se confunde com leis constitucionais. Complementa que, a Constituição deveria cuidar apenas da estrutura do Estado e direito fundamentais.
Sentido sociológico – percussor Ferdinand
Lassale – pra ele, a Constituição é uma soma dos fatores reais de poder presentes em um determinado Estado. CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Quanto ao conteúdo:
Formal: regras formalmente constitucionais, é o
texto votado pela Assembléia Constituinte, estão inseridas no texto constitucional.
Material: regras materialmente constitucionais,
é o conjunto de regras de matéria de natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele. Quanto à forma:
Escrita: pode ser: sintética (como a Constituição
dos Estados Unidos) e analítica (expansiva, como a Constituição do Brasil). A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira.
Não escrita: é a constituição cuja normas não
constam de um documento único e solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos. Quanto ao modo de elaboração: Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte; é escrita. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento. Histórica ou costumeira: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Como exemplo de Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte. (ex. Magna Carta - datada de 1215) A escrita é sempre dogmática; A não escrita é sempre histórica. Quanto a sua origem ou processo de positivação:
Promulgada: aquela em que o processo de
positivação decorre de convenção, são votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988.
Outorgada: aquela em que o processo de
positivação decorre de ato de força, são impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969. Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que aconteceu com a Magna Carta de 1215.
OBS: A expressão Carta Constitucional é
usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas. Portanto, não é mais sinônimo de constituição. Quanto à estabilidade ou mutabilidade: Imutável: constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas – imutabilidade absoluta. Rígida: permite que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento solene que é o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada. Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do procedimento comum de lei ordinária . Ex.: as constituições não escritas, na sua parte escrita elas são flexíveis Semi-rígida: aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional. Quando à extensão Sintéticas ou resumidas: dispõe somente sobre os aspectos essenciais para organização e formação do Estado, possui poucos artigos.
Analíticas ou prolixas: dispõe sobre as
mais diversas matérias no corpo da Constituição, abrange temas que poderiam ser objeto de leis infraconstitucionais. Quanto à dogmática Ortodoxas ou simples: baseada em um único ideal. Ecléticas ou complexas: baseia-se nos mais diversos ideais, o que resulta em um agrupamento de forças políticas existentes em um determinado momento histórico. Quanto ao modelo
Constituição-garantia: a Constituição estrutura e
delimita o poder do Estado, estabelece a divisão de poderes e respeito às garantias individuais de seu povo.
Constituição-balanço: a Constituição abarca a
situação política, econômica e social em determinado momento, com a alteração significativa de qualquer desses fatores nova Constituição seria promulgada. Busca contemplar a luta de classes e a evolução do Estado. Constituição-dirigente: A constituição não contempla somente a estrutura e delimitação do Estado, mas propõe diretrizes e programas a serem seguidos por ele Elementos da constituição Elementos orgânicos ou organizacionais: organizam o estado e os poderes constituídos.
Elementos limitativos: limitam o poder – direitos e
garantias fundamentais.
Elementos sócio-ideológicos: princípios da ordem
econômica e social
Elementos de estabilização constitucional:
supremacia da CF (controle de constitucionalidade) e solução de conflitos constitucionais Elementos formais de aplicabilidade: são regras que dizem respeito a aplicabilidade de outras regras (ex. preâmbulo, disposições Classificação da Constituição Brasileira de 1988.
São as seguintes classificações da CF/88: (formal,
escrita, dogmática, promulgada, rígida, dirigente, analítica e ecléticatransitórias) 2. PODER CONSTITUINTE O poder constituinte pode ser conceituado como o poder de criar um texto constitucional (poder originário) ou de atualizar seu conteúdo (poder derivado). Independentemente de quem crie uma nova constituição, tem-se naquele momento a manifestação do poder constituinte. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO - original, incondicionado, ilimitado; não se submete a nenhuma limitação. É o poder que cria e põe em vigor as normas constitucionais, sendo também chamado de inicial ou inaugural. Esse poder instaura uma nova ordem jurídica, ou seja, é a partir de sua obra - A Nova Constituição - que todo o ordenamento jurídico passa a ter validade. A doutrina estabelece ser ele inicial (Inaugura uma nova ordem jurídica. Dessa forma ele rompe com a Constituição anterior, revogando-a. As normas infraconstitucionais existentes estarão também revogadas pelo fenômeno da não-recepção), ilimitado (esse poder não encontra qualquer limite para estabelecer as regras que deseja), autônomo (Apenas ao seu titular é dado o poder de determinar as regras da nova constituição) e incondicionado (não precisa obedecer a qualquer regra pra a produção de suas normas. Ele mesmo cria o processo legislativo que entende correto para a sua formação). PODER CONSTITUINTE DERIVADO - Não é originário, é condicionado, limitado. Também conhecido como Poder Instituído, Constituído, Secundário ou de Segundo Grau, esse poder busca estabelecer as formas de atualização da obra oriunda do poder constituinte originário. Como poder constituído não possui as características do poder originário, tendo em vista a existência de limites, condições e regras para que possa ser exercido. PODER CONSTITUINTE DERIVADO - Não é originário, é condicionado, limitado. Também conhecido como Poder Instituído, Constituído, Secundário ou de Segundo Grau, esse poder busca estabelecer as formas de atualização da obra oriunda do poder constituinte originário. Como poder constituído não possui as características do poder originário, tendo em vista a existência de limites, condições e regras para que possa ser exercido. Poder Constituinte Derivado Reformador É o poder delegado pelo Poder Constituinte Originário a alguns órgãos para poder reformar a Constituição. Consiste em poder alterar o texto constitucional original, criando-lhe emendas de reforma, ou, simplesmente, emendas. É um poder cujos limites encontram-se previamente estabelecidos na Constituição Federal e que não pode fugir da obediência de tais regras. Poder Constituinte Derivado Revisional Esse poder de revisar o texto constitucional foi criado com a intenção de, cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988, permitir alterações sobre temas que, durante esse prazo, se mostrassem conflitantes ou impraticáveis. Poder Constituinte Derivado Decorrente Consiste tal poder na possibilidade de os Estados-membros elaborarem suas Constituições Estaduais e dos Municípios e Distrito Federal elaborarem suas leis orgânicas. Tal poder é uma decorrência da capacidade de auto-organização, autogoverno e auto- administração de que são investidos, pela Constituição Federal, os Estados-membros.
Autonomia - poder de auto-governo e auto-organização.
Poder de eleger seus próprios governantes.
Poder Constituinte Derivado Decorrente: Poder
concedido pelo Constituinte Originário para que os Estados Federados promulguem sua constituição de acordo com a Constituição Nacional. LIMITES Poder Constituinte Derivado REFORMADOR a) limites processuais - Estabelecem um processo legislativo mais rigoroso para a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC); b) limites circunstanciais - Sendo a emenda à constituição uma regra que altera o texto maior de um Estado, sua promulgação tem de ocorrer em períodos de tranquilidade política e institucional. Assim, a Constituição Federal proibiu que seu texto fosse emendado na vigência de intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; c)limitações materiais - Consistem nos temas que não podem ser abolidos por meio de Emenda à Constituição.
§ 1º. A Constituição não poderá ser emendada na
vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: – I - a forma federativa de Estado; – II - o voto direto, secreto, universal e periódico; – III - a separação dos Poderes; – IV - os direitos e garantias individuais.
- Processuais - tem que seguir as normas
- Materiais expressos - Parágrafo 4º do Art. 60 da Constituição, consideradas cláusulas pétreas; - Materiais implícitos - Decorrem da razão.