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A arte românica
No período iniciado no século V e conhecido como Idade Média, a vida social e
econômica deslocou-se da cidade para o campo. Sem condições propícias
para o desenvolvimento das artes, a evolução cultural no campo manteve-se
praticamente nula. Os mosteiros eram muito pobres e neles também foi difícil
estabelecer uma atividade artística.
No século VII, as únicas fontes de preservação da cultura greco-romana eram
as escolas voltadas para a formação do clero. Somente a Igreja continuava a
contratar construtores, carpinteiros, marceneiros, vitralistas, decoradores,
escultores e pintores, pois as eram os únicos edifícios públicos que ainda se
construíam.
Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, teve inicio
um intenso desenvolvimento cultural. O poder real uniu-se ao poder papal e
Carlos tornou-se protetor da cristandade.
A arte no Império Carolíngio.
O nome românico foi criado para designar as obras arquitetônicas dos séculos
XI e XII, na Europa, cuja estrutura se assemelhava à das construções dos
antigos romanos. Seus aspectos mais significativos são a utilização da
abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes espessas com
aberturas estreitas usadas como janelas (imagem 3).
O primeiro aspecto que chama a atenção nas igrejas românicas é o tamanho:
elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem chamadas “fortalezas de Deus”.
As igrejas românicas podiam ser construídas com abóbadas de dois tipos: a
abóbada de berço (imagem 4) e a abóbada de arestas (imagem 5).
A abóbada de berço era simples: consistia num semicírculo – o arco pleno –
4. Abóbada de berço ou de túnel.
10. Detalhe
do tremó.
A arquitetura românica na península Itálica.
Diferentemente do restante da Europa, a arte românica na península Itálica não
apresenta formas pesadas, duras e primitivas. Por estarem mais próximos dos
exemplos das arquiteturas grega e romana, os construtores da região deram a
suas igrejas um aspecto mais leve e delicado. Também sob a influência da arte
greco-romana, procuraram usar frontões e colunas. Um dos exemplos mais
conhecidos dessa expressão românica é o conjunto da catedral de Pisa
(imagem 11).
Na península Itálica, os construtores da Idade Média costumavam erguer a
igreja, o campanário1 e o batistério2 como edifícios separados. O prédio da
catedral de Pisa, cuja construção se iniciou em 1063, tem planta em forma de
cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços. A fachada da frente sugere
a forma de um frontão, característico dos templos gregos.
O edifício mais conhecido do conjunto da catedral de Pisa é o campanário, a
famosa Torre de Pisa (imagem 12), cuja construção se iniciou em 1174. Com o
passar do tempo, ela foi sofrendo inclinação porque o terreno cedeu. Seu
elemento arquitetônico mais interessante é a superposição de delgadas
colunas de mármore, que formam sucessivas arcadas ao redor de todos os
andares.
1
Campanário. Torre da igreja onde se encontram os sinos.
2
Batistério. Capela onde se encontra a pia batismal e onde se realizam as cerimônias de batismo.
naquela época era intensa, nos conventos, a produção de manuscritos
decorados à mão com cenas bíblicas.
Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. A pintura
românica praticamente não registrou assuntos profanos. Para as igrejas e os
mosteiros, geralmente eram escolhidos temas como a criação do mundo e do
ser humano, o pecado original, a arca de Noé, os símbolos dos evangelistas e
Cristo em majestade (imagem 13).
Córdoba é hoje uma cidade espanhola, mas em tempos remotos fez parte do
Império Romano. A partir de 711 passou para o domínio muçulmano e assim
permaneceu até 1235, quando foi conquistada pelo rei espanhol Fernando III
de Leão e Castela.
Durante o período muçulmano, desenvolveu-se na região uma arquitetura
religiosa de características muito especiais. Entre os anos 962 e 966 , sob o
reinado de al Hakkan II, foram realizadas ampliações na Gran Mesquita de
Córdoba que deram imponência a esse edifício dedicado à religião islâmica. Na
nave central, construíram-se colunas alternadas de mármore vermelho e preto,
com arcos duplos superpostos e arcos polilobulados3 (imagem 14).
Sobre a maqsura, área da mesquita reservada às orações do califa, ergueu-se
uma grande cúpula de complexa construção: vários arcos lobulados; arcos que
se cruzam formando uma estrela de oito pontas; mosaicos dourados,
decorados com motivos florais, criados por artistas conhecedores da tradição
bizantina (imagem 15). Essa cúpula central e as cúpulas das naves laterais, de
decoração mais sóbria, formam um conjunto de inegável beleza (imagem 16).
3
Arco lobulado e polilobulado. Tipos de arco, característicos da arquitetura islâmica, que apresentam
recortes em forma de segmentos de curva, dispostos em sequência e unidos por seus pontos extremos.