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DIREITO CONSTITUCIONAL E
METODOLOGIA
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
SUMÁRIO
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Ponto 7.a. Processo legislativo. Emenda constitucional, lei complementar, lei ordinária, lei
delegada, medida provisória, decreto legislativo e resolução. O processo de incorporação
dos tratados internacionais. Devido processo legislativo. 158
Ponto 8.b. Política agrária na Constituição. Desapropriação para reforma agrária. 178
Ponto 8.c. Defesa do Estado e das instituições democráticas. Estado de defesa. Estado de
sítio. Papel Constitucional das Forças Armadas. 184
Ponto 9.b - Norma jurídica e enunciado normativo. Características da norma jurídica. 190
Ponto 9.c. Segurança Pública na Constituição. O papel das instituições policiais. 193
Ponto 10.c. Intervenção federal nos Estados e intervenção estadual nos Municípios. 211
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Ponto 15.a. Controle jurisdicional e social das políticas públicas. Serviços de relevância
pública. O papel do Ministério Público. 299
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Ponto 18.b: Direitos das pessoas portadoras de deficiência. A Convenção da ONU sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. 358
Ponto 19.c. Direito à saúde. Sistema Único de Saúde na Constituição. Controle social. O
direito de acesso às prestações sanitárias. 481
Ponto 20.c. Limites dos direitos fundamentais. Teorias interna e externa. Núcleo essencial e
proporcionalidade. Os "limites dos limites". 523
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Ponto 23.c. Direitos fundamentais processuais: acesso à justiça, devido processo legal,
contraditório, ampla defesa, vedação de uso de provas ilícitas, juiz natural e duração
razoável do processo. 589
Ponto 25.b. Inconstitucionalidade por omissão. Ação direta e Mandado de injunção. 630
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Histórico: Segundo Barroso, o termo constitucionalismo data de pouco mais de 200 anos,
sendo associado aos processos revolucionários norte-americano e Francês, em oposição ao
Absolutismo. Todavia, as ideias centrais do constitucionalismo remontam à antiguidade
clássica, no ambiente da polis grega, por volta do século V a.C.
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segundo o qual o Poder Legislativo pode editar norma com qualquer conteúdo. Não há a
possibilidade de invalidação das suas decisões por outro órgão. Contudo, há na Inglaterra
contemporânea uma tendência à alteração deste modelo de soberania irrestrita do
Parlamento, pelo menos em matéria de direitos fundamentais. A mais importante expressão
desta inflexão foi a aprovação, em 1998, do Humans Rights Act, que possibilitou ao
Judiciário britânico a declaração de incompatibilidade de leis editadas pelo Legislativo com
os direitos previstos naquele estatuto. Tal declaração não acarreta a invalidação da lei, mas
cria um relevante fato político, gerando forte pressão para a revogação da norma violadora
de direitos humanos.
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2.2) Constitucionalismo Social: No final do século XIX e início do século XX, a extrema
exploração da classe trabalhadora tornou-se insustentável. Na Europa Ocidental, a
industrialização acentuara dramaticamente o quadro de exploração humana, que o Estado
absenteísta não tinha como equacionar. A pressão social dos trabalhadores e de outros
grupos excluídos, aliada ao temor da burguesia diante dos riscos e ameaças de rupturas
revolucionárias inspiradas no ideário da esquerda, levaram a uma progressiva mudança nos
papéis do Estado, que ensejou a cristalização de um novo modelo de constitucionalismo.
Fica evidente que a suavização do capitalismo foi uma clara posição estratégica para evitar
uma revolução da classe operária. Sobre o contexto, Lênin afirmou que preferia o
capitalismo selvagem ao estado do bem estar social, pois este tirava a energia necessária
para a eclosão de uma revolução. No plano das ideias, despontavam o pensamento
marxismo, o socialismo utópico e a doutrina social da Igreja Católica. A progressiva
extensão do direito de voto a parcelas da população até então excluídas do sufrágio também
contribuiu para a mudança de cenário. A democratização política, ao romper a hegemonia
absoluta da burguesia no Parlamento, abrira espaço também para a democratização social.
De mero garantidor das regras que deveriam disciplinar as disputas travadas no mercado, o
Estado foi se convertendo num ator significativamente mais importante dentro da arena
econômica, exercendo diretamente muitas atividades de produção de bens e serviços, como
a realização de grandes obras públicas. No plano teórico, a sua atuação passa a ser
justificada também pela necessidade de promoção da igualdade material, por meio de
políticas públicas redistributivas e do fornecimento de prestações materiais para as camadas
mais pobres da sociedade, em áreas como saúde, educação e previdência social. A proteção
da propriedade privada é flexibilizada, passando a estar condicionada ao cumprimento da
sua função social. É relativizada a garantia da autonomia negocial, diante da necessidade de
intervenção estatal em favor das partes mais débeis das relações sociais. Há uma mudança,
ainda, na leitura dos direitos, sendo desenvolvida a teoria da eficácia horizontal dos
direitos fundamentais. Emergem os direitos de segunda geração, prestacionais, para
efetivação da igualdade material. Sobre o discurso da igualdade formal, Anatole Frances
escreve: “A majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de dormir
sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão.” A mudança no perfil do Estado
refletiu-se também na sua engenharia institucional: a separação de poderes foi flexibilizada.
A separação dos poderes estática, vigente no constitucionalismo liberal-burguês dá
espaço à separação de poderes dinâmica, que se atenta para além da liberdade, para a
efetividade, possibilitando uma atuação mais forte dos poderes públicos na seara social e
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É inegável que o constitucionalismo social enfrenta crise desde as décadas finais do século
passado, relacionada aos retrocessos que ocorreram no Welfare State. A globalização
econômica reduziu a capacidade dos Estados de formular e implementar políticas públicas
para atender aos seus problemas sociais e econômicos, sob a influência do pensamento
neoliberal, que preconiza a redução do tamanho do Estado, a desregulação econômica e a
restrição dos gastos sociais. A população envelheceu e cresceu, demandando maiores gastos
com previdência social, saúde e educação. A partir da década de 80, começam a se tornar
hegemônicas propostas de retorno ao modelo de Estado que praticamente não intervinha na
esfera econômica. Sob o estímulo da globalização da economia, se inicia um processo de
reforma do Estado que alcança escala mundial. Reduzem-se as barreiras alfandegárias e não
alfandegárias ao comércio internacional e ao fluxo de capitais. Os Estados diminuem ou
eliminam a proteção que reservavam à empresa nacional. Desterritorializa-se o processo
produtivo. A nova dinâmica da produção global estimula os Estados a flexibilizarem suas
relações de trabalho, com o intuito de atrair investimento produtivo e de alcançar maior
competitividade no mercado global. Ameaçados pela inflação, que leva à necessidade de
redução dos gastos públicos, os Estados privatizam suas empresas e extinguem monopólios
públicos. A atuação direta do Estado na economia é significativamente reduzida.
No que toca aos direitos sociais, o fim do constitucionalismo social seria moralmente
inaceitável em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, caracterizados por grande
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Sobre a transição do constitucionalismo liberal para o social, Carlos Ayres Britto sustenta,
na ADI 4246, que: “Naquela assentada, ainda deixei explícito ser a Defensoria Pública uma
instituição especificamente voltada para a implementação de políticas públicas de
assistência jurídica, assim no campo administrativo como no judicial. Pelo que, sob este
último prisma, se revela como instrumento de democratização do acesso às instâncias
judiciárias, de modo a efetivar o valor constitucional da universalização da justiça (inciso
XXXV do art. 5º da CF/88). Fazendo de tal acesso um direito que se desfruta às expensas
do estado, de sorte a se postarem (as defensorias) como um luminoso ponto de interseção
do constitucionalismo liberal com o social. Vale dizer, a Defensoria Pública faz com que
um clássico direito individual de acesso à Justiça se mescle com um moderno direito social;
isto é, os mais pobres a compensar a sua inferioridade econômica com a superioridade
jurídica de um gratuito bater às portas do Poder Judiciário ou da própria Administração
Pública. O que já se traduz na concreta possibilidade de gozo do fundamental direito de ser
parte processual, ora no âmbito dos processos administrativos, ora nos processos de
natureza judicial. [...] Numa frase, aparelhar as defensorias públicas é servir, sim, ao
desígnio constitucional de universalizar e aperfeiçoar a própria jurisdição como atividade
básica do Estado e função específica do Poder Judiciário.”
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Para finalizar, além da história do constitucionalismo, é preciso pontuar para onde ele
caminha. O constitucionalismo moderno foi erigido a partir de um pressuposto fático, que
hoje já não se verifica plenamente o Estado nacional soberano, detentor do monopólio da
produção de normas, da jurisdição e do uso legítimo da força no âmbito do seu território,
que não reconhece qualquer poder superior ao seu. O Estado continua sendo o principal
ator político no mundo contemporâneo. Porém, com a globalização, atualmente, o Estado
nacional perdeu em parte a capacidade que tinha para controlar os fatores econômicos,
políticos, sociais e culturais que atuam no interior das suas fronteiras, pois esses são cada
vez mais influenciados por elementos externos, sobre os quais os poderes públicos não
exercem quase nenhuma influência. No mundo contemporâneo, os Estados nacionais,
sozinhos, não conseguem enfrentar alguns dos principais problemas com que se deparam
em áreas como a economia, o meio ambiente e a criminalidade. Em paralelo, surgem novas
entidades internacionais ou supranacionais, no plano global ou regional, que exercem um
poder cada vez maior e tensionam a soberania estatal e a supremacia constitucional. Ao
lado disso, se desenvolve na sociedade global, desde o final da II Guerra Mundial, um
“cosmopolitismo ético”, que cobra dos Estados mais respeito aos direitos humanos, não
aceitando a invocação da soberania ou de particularismos culturais como escusa para as
mais graves violações à dignidade humana.
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Questões Objetivas
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A Câmara dos deputados representa o povo. Cada unidade federativa tem entre 8 e 70
Deputados, conforme a população (LC 78/93). Os territórios terão 4. A escolha é pelo
sistema proporcional. O mandato dos deputados é de 4 anos. Idade mínima de 21 anos.
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2) Comissão Representativa: Art. 58, § 4º. É mista, pois composta por deputados e
senadores.
3) Comissão Parlamentar de Inquérito: art. 58, § 3º; Lei 1579/52; Lei 10001/00,
Regimentos Internos. Aplica-se o princípio da representação proporcional partidária
(art. 58, § 1º).
II) CPI NÃO PODE (reserva de Jurisdição): b.1) afastar sigilo de comunicações
telefônicas. art. 5.º, XII. A CPI não pode decretar a interceptação, mas pode requisitar
quebra de dados telefônicos; b.2) expedir mandado de prisão; b.3) expedir mandado de
busca e apreensão. Não pode proibir que o cidadão deixe o território nacional; determinar
a apreensão de passaporte.
Requisitos para constituição da CPI: i) 1/3, no mínimo, de deputados e/ou senadores. ii)
Fato determinado (especificar e circunscrever o objeto da investigação, ter relevância
pública e estar dentre as atribuições da Casa). iii) Prazo certo. Não existe CPI permanente
(princípio da segurança jurídica). Preenchidos os requisitos, o parlamentar tem direito
líquido e certo à CPI . Término dos trabalhos: Elabora-se um relatório, que é votado pela
CPI. Pode ser remetido ao MP para que promova as ações cabíveis. Também pode
apresentar PL. Obs: Pode haver participação de membro do MP acompanhando os trabalhos
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c) Legislativo e soberania popular: Bodin, em 1576, teorizou Soberania (poder acima dos
demais, centralizado nas mãos do Rei). No século XVIII, o constitucionalismo conduziu à
separação entre Estado e Monarca, passando a soberania a ser só do Estado. Em 1762,
Rosseau adjetiva o conceito: Soberania Popular. Para Kelsen, “a soberania é qualidade do
poder do Estado, sendo absoluta, já que nenhuma outra manifestação pode se contrapor à
vontade estatal”. Suas características são: Una; indivisível; inalienável; imprescritível.
ativismo judicial se arrefece, sobretudo quando o Judiciário passa a agir em favor de causas
“simpáticas” aos anseios populares, como a proteção dos direitos sociais.” (A proteção
judicial dos direitos sociais. Salvo na Pasta 29 do Dropbox).
Se uma pessoa perde ou tem suspensos seus direitos políticos, a consequência disso é que
ela perderá o mandato eletivo que ocupa, já que o pleno exercício dos direitos políticos é
uma condição de elegibilidade (art. 14, § 3º, II, da CF/88).
A condenação criminal transitada em julgado NÃO é suficiente, por si só, para acarretar a
perda do mandato eletivo de Deputado Federal ou de Senador.
O Código Penal prevê que a pessoa condenada criminalmente perderá o cargo, função
pública ou mandato eletivo que ocupe nos seguintes casos:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.
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justificativa na CF/88. Isso porque, para a pessoa exercer um mandato eletivo, ela precisa
estar no pleno gozo de seus direitos políticos e o indivíduo condenado criminalmente fica
com seus direitos políticos suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação. Tal
conclusão está prevista expressamente no art. 15, III c/c art. 14, § 3º, II:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
Art. 14 (...)
Para a primeira corrente, a regra acima explicada não se aplica no caso de Deputados
Federais e Senadores. Isso porque, segundo defendem, no caso desses parlamentares há
uma norma específica que excepciona a regra geral.
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será DECIDIDA pela Câmara
dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante
provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
Logo, para esta primeira corrente, mesmo o Deputado Federal ou o Senador tendo sido
condenado criminalmente, com sentença judicial transitada em julgado, ele somente
perderá o mandato se assim DECIDIR a maioria absoluta da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal, por meio de votação secreta, assegurada ampla defesa.
Obs: Tese defendida por: Min. Ricardo Lewandowski, Min. Rosa Weber, Min. Dias Toffoli,
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O STF adotou esta corrente no julgamento do Senador Ivo Cassol (AP 565/RO,
rel.Min. Cármen Lúcia, 7 e 8.8.2013).
2ª corrente: SIM. A Câmara ou o Senado irá apenas formalizar a perda que já foi
decretada.
Para a segunda corrente, o § 2º do art. 55 da CF/88 não precisa ser aplicado em todos os
casos nos quais o Deputado ou Senador tenha sido condenado criminalmente, mas apenas
nas hipóteses em que a decisão condenatória não tenha decretado a perda do mandato
parlamentar por não estarem presentes os requisitos legais do art. 92, I, do CP ou se foi
proferida anteriormente à expedição do diploma, com o trânsito em julgado em momento
posterior.
Em outras palavras:
A deliberação da Casa Legislativa, prevista no art. 55, § 2º, da CF, possui efeito meramente
declaratório, sem que possa ser revista ou tornada sem efeito a decisão condenatória final
proferida pelo STF.
Logo, para esta segunda corrente, se o Deputado Federal ou o Senador foi condenado
criminalmente, com sentença judicial transitada em julgado, o STF poderá determinar a
perda do mandato eletivo, nos termos do art. 92, I, do CP.
Nessa hipótese, não será necessária votação pela respectiva Casa (não se aplica o art. 55, §
2º da CF/88).
Defendida por: Min. Joaquim Barbosa, Min. Luiz Fux, Min. Gilmar Mendes, Min. Marco
Aurélio, Min. Celso de Mello.
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O STF adotou esta corrente no julgamento do “Mensalão” (AP 470/MG, rel. Min.
Joaquim Barbosa, 10 e 13.12.2012).
Obs1: como se observa acima, houve uma mudança de entendimento do STF. Isso ocorreu
em virtude do ingresso de dois novos Ministros na Corte (Teori Zavaski e Luis Roberto
Barroso) que votaram no sentido de que não há perda automática, devendo haver
deliberação da Câmara ou do Senado.
Obs2: o tema ainda não está consolidado porque o próprio Min. Luis Roberto Barroso (que
havia adotado a primeira corrente acima) proferiu, em 02/09/2013, decisão monocrática
recente na qual acena com a possibilidade de ser construída uma terceira posição (MS
32.326/DF). Segundo essa decisão liminar, que ainda não foi submetida ao Plenário, em
caso de condenação de Deputado Federal ou Senador, a Casa Legislativa irá decidir sobre a
perda ou não do mandato, nos termos do § 2º do art. 55 da CRFB/88. No entanto, para o
Min. Barroso, se o regime de cumprimento da pena for o fechado e a quantidade da pena
superior ao mandato, a Casa Legislativa, obrigatoriamente, deverá determinar a perda desse
mandato, considerando que as condições do regime fechado são logicamente incompatíveis
com o exercício do mandato parlamentar. Veja a ementa da decisão do Min. Barroso: (...) 1.
A Constituição prevê, como regra geral, que cabe a cada uma das Casas do Congresso
Nacional, respectivamente, a decisão sobre a perda do mandato de Deputado ou Senador
que sofrer condenação criminal transitada em julgado.
Esta regra geral, no entanto, não se aplica em caso de condenação em regime inicial
fechado, que deva perdurar por tempo superior ao prazo remanescente do mandato
parlamentar. Em tal situação, a perda do mandato se dá automaticamente, por força da
impossibilidade jurídica e fática de seu exercício.
Como consequência, quando se tratar de Deputado cujo prazo de prisão em regime fechado
exceda o período que falta para a conclusão de seu mandato, a perda se dá como resultado
direto e inexorável da condenação, sendo a decisão da Câmara dos Deputados vinculada e
declaratória. (...)
Obs3: existe uma PEC tramitando para alterar o § 2º do art. 55 da CF/88 (determinando a
perda automática em caso de determinadas condenações criminais), tendo ela já sido
aprovada no Senado e encaminhada à apreciação da Câmara dos Deputados (PEC 18/2013).
Vejamos agora o caso concreto julgado pelo STF na AP 565/RO, noticiada neste
Informativo.
O STF condenou o Senador Ivo Cassol (RO) pela prática do crime descrito no art. 90 da Lei
8.666/93 à pena de 4 anos, 8 meses e 26 dias de detenção em regime inicial semiaberto.
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Decidiu-se que compete ao Senado Federal deliberar sobre a eventual perda do mandato
parlamentar do Senador, nos termos do art. 55, VI e §2º da CF/88.
INFORMATIVO
STF
Questões objetivas
MPF\27 - A soberania popular ser exercida, inclusive, nos termos da lei complementar,
mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular, sendo da competência exclusiva da
Câmara dos deputados, composta por representantes do povo, autorizar referendo,
plebiscito e a iniciativa popular - assertiva incorreta.
MPF\27 - A soberania popular ser exercida, inclusive, nos termos da lei complementar,
mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular, sendo esta admitida somente para
elaboração de leis federais – assertiva incorreta.
Súmulas STF
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Súmula 653 - no tribunal de contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro
devem ser escolhidos pela assembléia legislativa e três pelo chefe do poder executivo
estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do
ministério público, e um terceiro a sua livre escolha.
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Legislação básica: Art. 127 a 132 da CRFB/88; LC n.º: 75/93 e Lei n.º: 8.625/93.
a) História - A história do Ministério Público não é muito clara. Tem-se relatos do seu
surgimento no Egito há mais de 4000 anos a.C, na figura dos Magiais, funcionários do real
poder. Na Grécia antiga, aponta-se o Temósteta ou Tesmoteta, cuja missão era a de
denunciar os delitos à Assembléia do Povo ou Senado, para que este designasse um
acusador. Contudo, há quem acredite que a origem dessa instituição se acha no direito
francês, nas ordenanças de 25 de março de 1302, de Felipe IV, o Belo, que impôs aos seus
procuradores o mesmo juramento dos Juízes, proibindo-lhes o patrocínio de negócios que
não fosse o do rei. Na Idade Média, especificamente na França, os Procuradores, a
princípio, eram denominados Advogados do Rei, com atribuições em ações civis, na defesa
dos desprotegidos e hipossuficientes. No Brasil, no período colonial, o MP funcionava na
fazenda pública e na promoção de ação penal, época em que deixou de ser privada e passou
a ser pública. A institucionalização do MP em uma Constituição só ocorreu em 1934, que
detalhadamente previu a organização do MPU, no Distrito Federal e nos Territórios, através
de leis federais, bem como a instituição do Ministério Público nos Estados, mediante leis
locais. Com o CPP de 1941, o MP conquistou o poder de requisição de inquérito policial e
de diligências, recebeu como regra, a titularidade na promoção da APP, embora ainda se
permitisse o procedimento judicialiforme (art. 26 do CPP), abolido pela CR/88. O período
áureo do MP começou com a Lei 7347/85. Até então, o MP desempenhava basicamente
funções na seara criminal. Com a CR/88 foi-lhe atribuída a função de proteger o patrimônio
público e social, meio ambiente e outros interesses difusos e coletivos.
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Histórico nas Constituições: 1) 1891: citava tão somente que o PGR seria designado entre
os membros do Supremo Tribunal Federal. 2) 1934: dizia que o MP era um órgão de
cooperação nas atividades governamentais e a escolha do PGR exigia aprovação do
Senado; criou impedimentos ao exercício do cargo e garantias aos Procuradores. 3) 1937:
somente disse que o PGR seria chefe do MPF. 4) 1946 – o MP ganhou um título autônomo
na Constituição, e impôs investidura no cargo através de concurso público. 5) 1967 – foi
inserido no Capítulo do Judiciário e a EC 1/69 colocou-o entre os órgãos do Executivo. 6)
1988 – atribuiu ao MP funções essenciais, concedendo-lhe autonomia administrativa,
financeira e independência funcional.
STF: “o direito à opção pelo regime anterior à CF/88 foi assegurado ao membro do MP
admitido antes da promulgação da Constituição, apenas. A demora na aprovação e
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promulgação da lei complementar relativa ao MP não gerou direito de opção aos membros
do MP admitidos já no novo regime instituído pela CF/88, com garantias e vedações
próprias da magistratura”.
Tribunal de contas: Art. 130 da CF. A Lei 8443/92 cria MP especial para o TCU. O STF,
na ADI 789/DF, manifestou-se que esse MP é destituído de autonomia administrativa e
financeira. E mais: não dispõe de nenhuma autonomia institucional, já que se encontra na
intimidade da corte de contas. Os membros têm prerrogativas, mas os órgãos não têm uma
instituição própria. Deve existir um concurso específico para o cargo de MP do Tribunal de
Contas, mas quem organiza é o próprio TC. Esse MP ingressa na estrutura do próprio
tribunal.
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública
aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua
garantia; O MP é um ouvidor geral da coletividade, zelando pelos direitos constitucionais
do povo. Recebe dos cofres públicos para a proteção do interesse público até mesmo contra
o próprio Poder Público. Mais que um defensor do povo, o MP tem a função de “levar às
barras dos tribunais os responsáveis pela violação” (MAZZILLI, 140).
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; O STJ admite
que o MP interponha ACP para a defesa de direitos individuais homogêneos quando os
interesses defendidos tenham forte conotação social ou repercussão no interesse público.
Nesse sentido, o seguinte julgado da Corte Especial:
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A interpretação sistemática da Constituição torna claro que o MP poderá propor ACP não só
para a defesa de interesses transindividuais (difusos, coletivos, ou individuais
homogêneos), como também para defesa de interesses sociais e individuais indisponíveis
(MAZZILLI, 142).
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IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas. Trata-se de norma de encerramento, possibilitando o acréscimo de funções ao MP,
desde que compatíveis com suas finalidades institucionais, ao mesmo tempo em que veda-
lhe a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Com isso, é
vedado ao MP não só a defesa de interesses meramente fazendários, como também a de
interesses exclusivamente individuais disponíveis.
Investigação direta pelo MP atenta contra o sistema acusatório, pois cria um desequilíbrio
entre a acusação e a defesa (“paridade de armas”)
MP pode requisitar diligências e a instauração de IP, mas não pode presidi-lo. (Marco
Aurélio)
A atividade investigatória é exclusiva da polícia judiciária (art. 144, § 1º, IV, da CF).
Se a Constituição nada falou, há um silêncio eloquente: não quis atribuir tal atividade ao
MP.
Resolução n. 13 do CNMP
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Demais desses argumentos, rememorar que a investigação pelo Ministério Público, muito
mais que um dever, é consequência lógica do dever de proteção. No sistema Interamericano
de Direitos Humanos, há 2 tratados relevantes quanto ao dever de investigar: a Convenção
Americana de Direitos e Deveres do Homem e do Cidadão (Pacto de São José da Costa
Rica) e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher (Convenção de Belém do Pará).
No STF, há Ministros contrários: Marco Aurélio, Cesar Peluso, Ricardo Lewandovski, Dias
Toffoli. De outro lado, Gilmar Mendes, Ayres Brito e Celso Melo e Luiz Fux. Ver HC
89837e RE 593727 (com repercussão geral), com julgamento sobrestado após o pedido de
vista pelo Min. Ricardo Lewandovski (Informativo 693).
Bruno Calabrich cita as palavras de Ferrajoli, proferidas em palestra ministrada pelo mestre
italiano na cidade de Porto Alegre, em 01.05.2007: “Eu acredito que não existam
contradições entre o papel de investigação, de defesa da segurança, e o papel garantista em
relação aos direitos, no sentido em que somente a aplicação das garantias processuais,
somente os vínculos garantistas impostos também ao Ministério Público e à polícia – que a
meu ver deveria depender do Ministério Público, não somente no plano constitucional, mas
no plano da investigação -, somente o respeito às garantias da defesa, de garantias
processuais muito rígidas, as provas, as contraprovas, podem assegurar a verificação da
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Os PR oficiam junto aos Juízes Federais (primeira instância da JF) e aos Tribunais
Regionais Eleitorais onde não há sede de Procuradoria Regional da República (art. 70 da
LC 75). Os Procuradores Regionais da República oficiam junto aos TRF´s (art. 68) e os
Subprocuradores-Gerais junto ao TSE, STJ e STF, atuando junto ao STF e TSE por
delegação do PGR (art. 66). Os dispositivos legais acima mencionados atribuem ainda ao
CSMPF competência para autorizar os membros de todos os níveis a atuar em órgãos
jurisdicionais diversos dos previstos para a categoria.
Não há, no MPF, seguindo o modelo da JF, escalonamento da carreira em entrâncias, como
acontece no MP e magistratura estaduais. Assim, a lotação em capitais não depende de
promoção, mas tão somente de vaga e de antiguidade na carreira suficiente para obtê-la por
meio de concurso de remoção. Também não há, no MPF, o cargo de PR substituto, como
ocorre na magistratura federal por exemplo. O ingresso, desde o início, ocorre em
"titularidade".
O MPF é chefiado pelo PGR (art. 45, LC 75), cuja escolha cabe ao Presidente da
República, que o nomeia dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
mandato de 2 anos, permitida a recondução (art. 128, §1º, CF). Não há, pois, o limite de
uma recondução existente para os PGJ´s, chefes dos MP´s estaduais, embora ele venha
sendo observado desde 2003. Ao PGR, além da chefia do MPF e do MPU, incumbe exercer
as funções do MP junto ao STF e ao TSE, na qual exerce a função de Procurador-Geral
Eleitoral. Cabe-lhe, ainda, designar os Subprocuradores-Gerais que atuarão no STF e no
TSE, dentre estes o Subprocurador-Geral Eleitoral.
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Foi também o Decreto 848/1890 que criou o cargo de PR, estabelecendo a existência de um
para cada seção da JF, cada uma coincidente com o território de um Estado, de livre
nomeação pelo Presidente da República, por período de quatro anos durante os quais não
poderia ser removido, salvo se requeresse.
Evolução histórica:
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integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após aprovação de seu nome pela maioria
absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 anos, permitida a recondução.
Embora a CF ainda tenha mantido a nomeação pelo Presidente de República, avançou
bastante ao afastar a possibilidade de demissão ad nutum até então existente.
Uma vez escolhido o PGR, deve ele ser sabatinado pelo Senado Federal, em arguição
pública e voto secreto (art. 52, III, e, CF). A partir da sua aprovação, a destituição do PGR
antes do prazo final pode ocorrer por ato do Presidente da República, sendo, nesse caso,
autorizado previamente pela maioria absoluta do Senado Federal ou por iniciativa deste,
nos termos do art. 52, XI, CF. Também é possível a perda do cargo em razão da prática de
crime de responsabilidade (impeachment), sendo processado e julgado perante o Senado
Federal. Note-se que na destituição pelo Presidente da República, há um juízo político,
enquanto que na perda do cargo por crime de responsabilidade há uma condenação em um
julgamento perante o Senado.
A ação penal pública contra o PGR é proposta perante o STF pelo SubPGR que for
designado pelo CSMPF, nos termos do art. 51 da LC 75.
PGR PGJ
Lista tríplice Não há previsão Há previsão constitucional
constitucional de lista de lista tríplice.
tríplice, embora ocorra na
prática.
Recondução Não há limites. Apenas uma.
Aprovação pelo Legislativo É essencial a aprovação pelo Não é necessária e a
Senado Federal. Constituição do Estado não
pode prever, não existindo
simetria.
Outra garantia institucional está prevista no art. 129, § 2º, da CF, que vedou expressamente
o chamado Promotor ou Procurador ad hoc, afirmando que “as funções do MP só podem
ser exercidas por integrantes da carreira”. O Procurador ad hoc era figura existente antes da
CF/88, em que se designavam pessoas não integrantes da carreira para o exercício
temporário de atividades, conforme autorizavam, por exemplo, até recentemente, os arts.
419 e 448 do CPP. Com a CF/88, foram revogados todos os dispositivos que ainda
admitiam essa prática, de sorte que somente aqueles que ingressaram na carreira por meio
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Inamovibilidade: o PR não pode ser removido contra a sua vontade, salvo por motivo de
interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do MP, pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa. Por remoção entenda-se
“qualquer alteração de lotação” (art. 210, caput, LC 75). De acordo com o art. 211 da LC
75, a remoção de ofício, por iniciativa do PGR, depende de decisão do CSMPF, assegurada
ampla defesa.
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Destaque-se que a mera subscrição da denúncia por vários membros, dentre eles o
Procurador Natural, não macula o princípio em questão. Da mesma forma, o STF já
entendeu que a atuação de grupos ou equipes especializados não viola o princípio do
promotor natural. Assim, as designações só podem ocorrer nas hipóteses legais.
Por ter sua origem e finalidade intimamente ligadas à atuação criminal e à proteção do
cidadão contra os abusos do Estado, a incidência do postulado é menos rígida na atuação
cível, notadamente no que se refere à atuação do membro do MPF como agente. Daí que,
em matéria cível, a observância das regras de distribuição não se dá sob o enfoque da
garantia do futuro réu, mas da eficiência na promoção da efetividade dos direitos tutelados,
admitindo-se, por exemplo, maior flexibilidade para atuação de grupos de trabalho
vinculados às Câmaras de Coordenação e Revisão em questões para as quais não houve
prévia distribuição e identificação do “procurador natural”.
A CRFB assegura que o PR terá foro por prerrogativa de função perante o TRF do local
onde exerce suas atividades (e não do local do delito), com exceção da competência da
Justiça Eleitoral. Os PRR que atuam perante os Tribunais e os SubPGR serão julgados
perante o STJ. Por fim, o PGR será julgado no STF pelos crimes comuns e no Senado
Federal pelos crimes de responsabilidade.
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OBS: existe uma exceção a todas as vedações existentes, qual seja, os membros do MP que
ingressaram na carreira antes de 1988 podem optar por se submeter ao regime antigo, nos
termos do art. 29, § 3º, da ADCT. Assim, há ainda membros do MPF, em geral
Subprocuradores que ainda podem advogar e exercer cargos políticos.
Os PR, como membros do MPF, gozam das mesmas prerrogativas dos demais membros do
MPU, previstas nos arts. 18 a 20 da LC 75. O art. 18, em rol não exaustivo, classifica as
prerrogativas em institucionais e processuais.
- ter ingresso e trânsito livres, em razão do serviço, em qualquer recinto público ou privado,
respeitada a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio. Tal prerrogativa é
atribuída por lei aos membros, que não podem delegá-la ou estendê-la a seus auxiliares,
mesmo que servidores, exceto se o estiverem acompanhando para seu auxílio ou segurança;
- prioridade em qualquer serviço de transporte ou comunicação, público ou privado, no
território nacional, quando em serviço de caráter urgente;
- porte de arma independentemente de autorização (basta a carteira de identidade funcional,
embora seja necessário o registro da arma);
- usos de vestes talares (togas).
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As prerrogativas processuais:
Todas essas prerrogativas, tal como as garantias, são inerentes ao exercício das funções de
PR e, como tal, são irrenunciáveis, pois pertencem à própria Instituição e não ao indivíduo,
daí o dever do membro velar por elas. Quando negadas ou desrespeitadas por qualquer
autoridade, erigem-se em direito subjetivo do titular do cargo, passível de proteção por via
judicial.
Questões objetivas
MPF\27 - A vitaliciedade é atributo exclusivo dos cargos das carreiras do Ministério
Público e do Poder Judiciário, significando que a desinvestidura, após o transcurso do
estágio probatório, depende de decisão judicial transitada em julgado – assertiva
correta.
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MPF\27 - O Ministério Público não detém legitimidade ativa para a defesa, em juízo,
do direito de petição e do direito de obtenção de certidão em repartições públicas, por
se tratar de direitos individuais disponíveis - assertiva incorreta.
Sumulas STF
Súmula 643 - O ministério público tem legitimidade para promover ação civil pública
cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
Súmulas STJ
Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública
Em defesa do patrimônio público.
Súmula 470 - O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil
pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.
Jurisprudência
Segundo o STJ, essa prerrogativa não representa privilégio ou quebra da igualdade entre os
litigantes, sendo uma garantia proveniente de lei.
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Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua
função, além de outras previstas na Lei Orgânica:
XI - tomar assento à direita dos Juízes de primeira instância ou do Presidente do Tribunal,
Câmara ou Turma.
LC 75/1993
Art. 18. São prerrogativas dos membros do Ministério Público da União:
I - institucionais:
a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou presidentes
dos órgãos judiciários perante os quais oficiem;
Processo STJ. 2ª Turma. RMS 23.919-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 5/9/2013.
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1. A ideia do Cosmopolitismo:
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condução de sua vida. Os princípios de justificação que seguem assumem, assim, uma base
neutra, dita universal. Neutra, universal e, portanto, imparcial e objetiva, que garanta, a
partir da compreensão do homem como ser anterior à sociedade e universal, a elaboração e
a defesa de princípios universalmente válidos. Se somos todos iguais onde quer que
estejamos, é preciso garantir princípios e ordenamento social universais. Daí advêm direitos
universais como resposta mesmo à natureza humana. O jusnaturalismo dos pensadores
modernos está recuperado para fazer do indivíduo um Ser dotado de uma natureza
universal.
Eis o que requer a interpretação pluralista da Constituição, para moldar uma cidadania
que combina a igualdade de oportunidades com respeito à diferença, superando a
cidadania homogeneizante e negadora das diferenças: abertura para dentro, isto é, o
reconhecimento da sociedade aberta dos intérpretes da Constituição – todos os que
vivem a norma, e não só os juízes constitucionais, acabam por interpretá-la ou pelo
menos co-interpretá-la – abertura ao mundo (ou cooperação), isto é, a interpretação
do texto constitucional como aberto, cooperante e integrante de uma rede de outros
textos constitucionais e internacionais com o mesmo propósito (especialmente no
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5. Interconstitucionalismo:
Kildare Carvalho (13º Ed., p. 277) faz menção ao que se denomina PODER
CONSTITUINTE SUPRANACIONAL, aquele que busca a fonte de validade na
cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de
integração e em um conceito remodelado de soberania, buscando estabelecer uma
Constituição supranacional legítima, com capacidade, inclusive de submeter as
diversas constituições nacionais ao seu poder supremo. É supranacional, porque se
distingue dos ordenamentos internos e, também, do direito internacional. Reflexão: já
se pode falar em poder constituinte supranacional?
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Este é um fenômeno global e positivo por vários aspectos. Novos argumentos e pontos de
vista são incorporados ao debate constitucional, que se torna muito mais rico. Adquire-se
uma perspectiva mais ampla e menos provinciana das questões discutidas, o que permite o
diagnóstico de possíveis fragilidades e inconsistências dos pontos de vista tradicionalmente
adotados no plano nacional. Consensos globais que se consolidam em torno da democracia
e dos direitos humanos podem se irradiar ainda mais.
A Constituição de Portugal, por sua vez, estabelece, em seu art. 16.2, que “os preceitos
constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos do Homem”.
Na Europa, as cortes nacionais têm de levar em consideração nos seus julgamentos não só
as normas ditadas pela União Europeia e a jurisprudência do Tribunal de Justiça da União
Europeia, como também a Convenção Europeia de Direitos Humanos e a sua interpretação
realizada pela Corte Europeia de Direitos Humanos. Até mesmo nos Estados Unidos, onde
sempre houve uma provinciana resistência ao uso do Direito Internacional e Comparado em
matéria constitucional, a interpretação cosmopolita tem avançado: no caso Lawrence v.
Texas, a Suprema Corte invocou diversos precedentes de outros países e da Corte Europeia
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de Direitos Humanos para invalidar, por afronta aos direitos à igualdade e à privacidade,
uma lei que criminalizava práticas homossexuais, o que fez também no caso Roper vs.
Simmons, para declarar inconstitucional, por ofensa à proibição de punições “cruéis e não
usuais” (cruel and unusual punishments), a imposição de pena de morte por atos
praticados durante a adolescência.
No que tange a interpretação constitucional temos o Método Comparativo¸ do Peter
Häberle, que é a utilização do direito comparado na formulação de parâmetros
hermenêuticos (Standards), ou seja, a observação de como as cortes interpretam conceitos
jurídicos consagrados, visto, inclusive, a integração internacional (de problemas
constitucionais), seria a figura do Estado Constitucional cooperativo, em que há
repercussão entre os Estados pela influência hermenêutica. Foi um dos argumentos que o
Gilmar Mendes utilizou quando discutiu a prisão do depositário infiel. A decisão de um país
deve considerar, inclusive, a repercussão em outros países. Então, o Brasil ao afastar a
prisão do depositário infiel, passou a adotar uma decisão convergente com o plano
internacional, para Fux, seria um método de heteroconstituição, ou seja, com influências
externas se colmata as lacunas internas.
Questões Objetivas
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A expressão tem significado variado, ora como função ou Atribuição do Poder estatal (art. 2
CF), outra como o próprio órgão (art. 76 CF).
Função típica – chefia de Estado. Atípica – legislar por medida provisória (art. 62 CF) e
julgar (apenas o Pedro Lenza utiliza esse exemplo) no “contencioso administrativo” no caso
da defesa de multa de trânsito, do IPEM, da SEMAB, do CADE, TIT, etc. *Crítica: A
função jurisdicional é marcada pelo caráter definitivo da decisão, inexistente no
contencioso administrativo!
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Konrad Hesse – Executivo, aquilo que não está na atribuição do Judiciário e do Legislativo
(residual).
2. Presidencialismo e Parlamentarismo.
Presidencialismo x Parlamentarismo
Há uma não identidade entre chefia de estado e chefia de governo. O chefe de estado pode
ser um rei (um monarca) ou um presidente, ao passo que o chefe de governo é o 1º
ministro, que exerce o governo conjuntamente com o seu gabinete (conselho de Ministros).
Estabilidade democrática, construída pelo povo nos processos democráticos. Pode até
existir a figura do mandato mínimo e do mandato máximo, todavia ele não é fixo. Nesse
sentido, tem por fundamento a existência dos institutos: I) possibilidade de queda do
gabinete pelo parlamento (através da “moção de censura” ou “voto de desconfiança”) e II)
possibilidade cotidiana de dissolução do parlamento pelo gabinete.
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Em sistemas multipartidários, nos quais há mais do que dois partidos relevantes disputando
eleições e ocupando cadeiras no Congresso, dificilmente o partido do presidente possuirá
ampla maioria no Parlamento para aprovar seus projetos e implementar suas políticas. Na
maioria das vezes a coalizão é feita para sustentar um governo, dando-lhe suporte político
no Legislativo (em primeiro lugar) e influenciando na formulação das políticas
(secundariamente). Assim, alguns partidos, ou muitos, dependendo da conjuntura política,
se juntam para formar um consórcio de apoio ao chefe de governo. Essa prática é muito
comum no sistema parlamentarista, no qual uma coalizão interpartidária disputa as eleições
para o Legislativo visando obter a maioria das cadeiras e com isso indicar (“eleger”) o
primeiro-ministro.
A eleição é pelo critério majoritário absoluto, que, se não for alcançado no primeiro turno,
exige, só então, a realização de novo escrutínio.
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Substituição - Impedimento
Sucessão – Vaga
Mandato-Tampão
Regras do art. 81 § 2º CF
Vacância dos cargos de Presidente E Vice nos dois PRIMEIROS anos do mandato
Vacância dos cargos de Presidente E Vice nos dois ÚLTIMOS anos do mandato
Eleição
Prazo
Apesar de o Supremo Tribunal possuir posição firmada pela ausência de simetria a mais de
uma década, a evolução jurisprudencial do Tribunal Superior Eleitoral - TSE não
acompanhou o mesmo entendimento imediatamente.
O TSE entendia que a sucessão na dupla vacância seria matéria de direito eleitoral, tema de
competência privativa da União, nos termos do artigo 22, I, da Carta Magna.
Na solução da lacuna normativa, o TSE acertadamente concluiu que deve haver a busca
pela máxima efetividade à soberania popular, com a manifestação direta dos eleitores nas
urnas, ainda que as eleições suplementares municipais ocorram no terceiro ano de mandato.
A partir do julgamento desse caso, a Justiça Eleitoral começou a ser provocada para
analisar como ocorreria a sucessão dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito no segundo biênio
do mandato, sendo que vedou as alterações oportunistas das Leis Orgânicas assim como a
previsão de assunção do Presidente da Câmara de forma definitiva.
A doutrina (veja-se Celso Antônio Bandeira de Mello) criticou duramente essa inovação,
mas o STF a respaldou (obter dictum na ADI 3.254, relatora a Ministra Ellen Gracie).
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Natureza
Secundário
Primário
Inova no ordenamento
Não
Sim
Hierarquia
Infralegal
Legal
Matéria
Previsão
Art. 84, IV
Art. 84, VI
Criação
CF/1988
EC 32/2001
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Natureza
Infração Político-administrativa
Penas Possíveis
Provocação
Qualquer cidadão
Não há
Competência
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STF
Senado Federal
Após a EC 32/2001, o art. 88 da CF determina que lei disporá somente sobre a criação e
extinção de Ministério, não mais exigindo lei em sentido estrito para a determinação de
estruturação e atribuições.
Crimes de responsabilidade sem conexão com o Presidente e nos crimes comuns são
julgados pelo STF, nos crimes de responsabilidade com conexão com o Presidente a
competência é do Senado Federal.
Jurisprudência
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Questões Objetivas
MPF\27 - A soberania popular será exercida somente pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, inclusive na hipótese de ocorrer a
vacância para os cargos de Presidente e Vice-Presidente nos últimos dois anos do
período presidencial – assertiva incorreta.
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1. Argumentação Jurídica:
O que normalmente se entende hoje por teoria da argumentação jurídica tem sua origem
numa série de obras dos anos 50 (século XX), origem esta que estava conectada com o
problema das relações entre o direito e a sociedade. As três concepções mais relevantes
como precursoras das atuais teorias da argumentação jurídica são: a tópica de Viehweg; a
nova retórica de Perelman e a lógica informal de Toulmin. Estas, embora diferindo entre
si em diversos aspectos, têm em comum a rejeição do modelo da lógica dedutiva. No
entanto, as três concepções deixam a desejar quanto ao seu desenvolvimento. Mas, seu
papel fundamental consistiu em ter aberto um relativamente novo campo de investigação e,
ter servido como precursoras das atuais teorias da argumentação jurídica elaboradas por
Mac. Cormick e Robert Alexy, os quais representam o que se denomina de “teoria padrão
da argumentação jurídica”.
Na linha de Aristóteles e Cícero, Viehweg entende por tópica um processo especial por
tratamento de problemas, que se caracteriza pelo emprego de certos pontos de vista,
questões e argumentos gerais, considerados pertinentes, os tópicos. Os tópicos são pontos
de vista, com validade geral, que servem para ponderação dos prós e dos contras das
opiniões e podem conduzir-nos ao que é verdadeiro. Sua tese é a de que a forma de pensar
tópico-problemática da jurisprudência romana, que construía sua justiça a partir de decisões
concretas e daí extraía princípios que lhe servissem de fundamento de validade, não se
perdeu, apesar de toda ênfase dada à ideia de sistema pela dogmática jurídica dos
modernos.
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Para Perelman, raciocinar não é somente deduzir e calcular, mas é também deliberar
e argumentar. Essa argumentação será qualificada de racional quando se achar que
ela é válida para um auditório universal, constituído pelo conjunto das mentes
razoáveis.
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O modelo oferecido por Toulmin não pretende servir apenas para o campo do Direito, mas
também para a argumentação em geral.
A) MAC. CORMICK: Mac. Cormick trata de construir uma teoria que dê conta tanto dos
aspectos dedutivos da argumentação jurídica quanto dos não-dedutivos, dos aspectos
formais e dos materiais, que se situe a meio caminho entre uma teoria ultra-racionalista do
Direito (existência de uma única resposta correta para o caso) e uma irracionalista (decisões
jurídicas são produtos da vontade e não da razão). Para ele não se trata unicamente de
mostrar em que condições uma decisão jurídica pode ser considerada justa; ele
pretende, além disso, que as decisões jurídicas, de fato, se justifiquem precisamente de
acordo com esse modelo.
Mac. Cormick parte da consideração de que, pelo menos em alguns casos as justificações
que os juízes articulam são de caráter estritamente dedutivo (raciocínio lógico dedutivo).
Mas, a justificação dedutiva obedece a pressupostos e limites.
O primeiro pressuposto é que o juiz tem o dever de aplicar as regras do direito válido. O
segundo pressuposto é que o juiz pode identificar quais são as regras válidas.
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A teoria de Mac. Cormick foi objeto de algumas críticas, dentre outras podemos citar:
Alexy, pelo contrário, parte de uma teoria da argumentação prática geral que ele projeta,
depois para o campo do Direito. O resultado a que ele chega consiste em considerar o
discurso jurídico, a argumentação jurídica, como um caso especial do discurso prático
geral. Isto é, do discurso moral. Essa abordagem diferente faz com que a concepção de
Alexy esteja, de certo modo, mais distante da prática geral da argumentação jurídica que a
de Mac. Cormick. Mas, em troca, trata-se de uma teoria mais articulada e sistemática.
Alexy distingue dois aspectos na justificação das decisões jurídicas: a justificação interna e
a justificação externa. A justificação interna se refere à aplicação de normas ou
estabelecimento de passos de desenvolvimento, de maneira que a aplicação da norma ao
caso não seja discutível.
Alexy entende que uma teoria da argumentação jurídica teria de ser capaz de unir
dois modelos diferentes do sistema jurídico: o sistema jurídico como sistema de
procedimento e o jurídico como sistema de normas (regras e princípios).
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Alexy sob à égide da razão prática, procurou desenvolver uma análise mais apurada sobre a
incidência dos princípios na resolução dos conflitos.
Robert Alexy apresentou uma vasta teoria prescritiva da argumentação. Ele distingue entre
regras de justificação interna de uma sentença e regras de justificação externa. Na
justificação interna, trata-se de saber se a sentença é o resultado lógico das premissas
mencionadas na fundamentação da sentença. Na justificação externa, devem ser formuladas
as regras que devem garantir a correção das premissas (interpretação semântica, histórica e
teleológica ).
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1. Noções Gerais: O tema da divisão dos poderes está relacionado com a Teoria Geral do
Estado e com o Direito Constitucional, já que cabe à Constituição estabelecer as normas
estruturais de um Estado.
Nesse contexto, a Constituição detalha, com especial menção ao Título IV, a organização
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, sem prejuízo de outras regras
constitucionais que tratam do tema ao longo do corpo normativo constitucional.
É oportuno lembrar que a divisão dos poderes possui íntima relação com o
constitucionalismo moderno e com os direitos fundamentais, pois o artigo 16 da
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 já dizia que “A sociedade em
que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos
poderes não tem Constituição”.
2. Conceito: Para ser real o respeito da Constituição e dos direitos individuais por parte do
Estado, “(...) é necessário dividir o exercício do poder político entre órgãos distintos, que se
controlam mutuamente. A cada um desses órgãos damos o nome de Poder: Poder
Legislativo, Poder Executivo e o Poder Judiciário. A separação dos Poderes estatais é
elemento lógico essencial do Estado de Direito”. (SUNDFELD, p. 42, 2003).
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Como dito, ARISTÓTELES (Política) já apregoava a divisão dos poderes em três partes:
Corpo judiciário.
Benjamin Constant teorizou um quarto poder neutro, que faça com os demais o que o
poder judiciário faz com os indivíduos, que seria exercido pelo rei.
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“(...) constituição mista, para Aristóteles, será aquela em que os vários grupos ou classes
sociais participam do exercício do poder político, ou aquela em que o exercício da
soberania ou o governo, em vez de estar nas mãos de uma única parte constitutiva da
sociedade, é comum a todas. Contrapõem-se-lhe, portanto, as constituições puras em que
apenas um grupo ou classe social detém o poder político”.
Hoje, existe uma tendência de se considerar que a teoria da separação dos poderes construiu
um mito. Este mito consistiria em um modelo teórico redutível à teoria dos três poderes
rigorosamente separados: o executivo (o rei e os seus ministros), o legislativo (l.a câmara e
2.a câmara, câmara baixa e câmara alta) e o judicial (corpo de magistrados). Cada poder
recobriria uma função própria sem qualquer interferência dos outros. Foi demonstrado por
ElSENMANN que esta teoria nunca existiu em Montesquieu. Em princípio, reconhecia-se
ao executivo o direito de interferir no legislativo porque o rei gozava do direito de veto; em
segundo lugar, porque o legislativo exerce vigilância sobre o executivo na medida em que
controla as leis que votou, podendo exigir aos ministros conta da sua administração;
finalmente, o legislativo interfere sobre o judicial quando se trata de julgar os nobres pela
Câmara dos Pares, na concessão de anistias e nos processos políticos que deviam ser
apreciados pela Câmara Alta sob acusação da Câmara Baixa. Além disso, mais do que
separação, do que verdadeiramente se tratava era de combinação de poderes: os juízes eram
apenas «a boca que pronuncia as palavras da lei»; o poder executivo e legislativo
distribuíam-se por três potências: o rei, a câmara alta e a câmara baixa, ou seja, a realeza, a
nobreza e o povo (burguesia) (Conforme CANOTILHO, p. 260).
b) no exercício das atribuições que lhe sejam próprias, não precisam os titulares
consultar os outros nem necessitam de sua autorização;
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Por outro lado, a harmonia entre os poderes primeiramente se verifica pelas normas de
cortesia no trato recíproco e no respeito às prerrogativas e faculdades a que
mutuamente todos têm direito. Ainda, nem a divisão de funções entre os órgãos do
poder nem sua independência são absolutas. Há interferências, que visam ao
estabelecimento de um sistema de freios e contrapesos, à busca do equilíbrio necessário
à realização do bem da coletividade e indispensável para evitar o arbítrio e o
desmando de um em detrimento do outro e especialmente dos governados (SILVA, p. 110,
2005).
Cumpre em primeiro lugar, não confundir distinção de funções do poder com divisão ou
separação de poderes, embora entre ambas haja uma conexão necessária. A distinção de
funções constitui especialização de tarefas governamentais à vista de sua natureza, sem
considerar os órgãos que as exercem; quer dizer que existe sempre distinção de funções,
quer haja órgãos especializados para cumprir cada uma delas, quer estejam concentrada
num órgão apenas. A divisão de poderes consiste em confiar cada uma das funções
governamentais (legislativa, executiva e jurisdicional) a órgãos diferentes, que tomam os
nomes das respectivas funções, menos o judiciário (órgão ou poder legislativo, órgão ou
poder executivo e órgão ou poder judiciário). Se as funções forem exercidas por um órgão
apenas, tem-se concentração de poderes.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
1. Noções Gerais: O tema da divisão dos poderes está relacionado com a Teoria Geral do
Estado e com o Direito Constitucional, já que o Poder Judiciário está compreendido da
noção clássica da tripartição dos poderes do Estado.
O Poder Judiciário é o órgão do Estado que tem “(...) por função compor conflitos de
interesses em cada caso concreto” (SILVA, p. 553).
O Poder Judiciário tem por função típica o exercício da jurisdição, bem como funções
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
atípicas de natureza legislativa (art. 96, I, CF) e administrativa (art. 96, I, b, c e d, CF).
Seus órgãos estão elencados no artigo 92 da CF: STF, CNJ, STJ, Tribunais e Juízes
Federais, Tribunais e Juízes do Trabalho, Tribunais e Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes
Militares. São órgãos de superposição o STF, STJ e Tribunais Superiores da União.
Compete ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169, a alteração do
número de membros dos tribunais inferiores, a criação e a extinção de cargos e a
remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
onde houver, a criação ou extinção dos tribunais inferiores, bem como a alteração da
organização e da divisão judiciárias (art. 96, II).
Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício
das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
provendo-se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal
pleno.
Quinto constitucional: A CF reserva 1/5 dos lugares dos TRF's, TJ's, TST e TRT's aos
membros do MP com mais de 10 anos de carreira e aos advogados, indicados em lista
sêxtupla, com notório saber jurídico, reputação ilibada e mais de 10 anos de efetiva
atividade profissional. São requisitos exaustivos, vedada a estipulação de outros por
Constituições Estaduais (ver artigos 94, 111-A, I, e 115, I, todos da CF). Para o STF, se o
número total não for divisível por cinco, arredonda-se a fração restante para o número
inteiro seguinte. O STF também decidiu que o Tribunal pode recusar a indicação de um ou
mais dos componentes da lista sêxtupla, no caso de faltar requisito para a investidura, com
base em razões objetivas, declinadas na deliberação do Tribunal. O que não pode é o
Tribunal substituir a lista encaminhada pela respectiva entidade. A solução é a devolução
motivada da lista sêxtupla à corporação para que refaça total ou parcialmente.
No STJ, 1/3 da composição deve caber, em partes iguais, aos advogados e membros do MP
(art. 104, parágrafo único, CF).
Órgão especial: pode ser criado nos Tribunais com mais de 25 julgadores para exercer
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do pleno (art. 93, XI,
CF). Não podem ser delegadas atribuições políticas, com eleições de dirigente, e
legislativas, como elaboração de regimento interno (art. 96, I, “a”, CF). Essa composição
poderá variar entre 11 e 25 membros, sendo metade das vagas providas por antiguidade e a
outra por eleição do Tribunal pleno.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Ressalte-se que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, julgou
parcialmente procedentes as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 4357 e 4425
para declarar a inconstitucionalidade de parte da Emenda Constitucional 62/2009, que
instituiu o novo regime especial de pagamento de precatórios. Com a decisão, foram
declarados inconstitucionais dispositivos do artigo 100 da Constituição Federal, que institui
regras gerais para precatórios, e integralmente inconstitucional o artigo 97 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que cria o regime especial de
pagamento.
3. Competência:
STF: Órgão de cúpula do Poder Judiciário, cuja principal função é garantir a supremacia da
Constituição, com competência adstrita a matérias constitucionais. A CF/88 e a EC 45/04
operaram inovações na jurisdição constitucional. É o intérprete maior da Constituição, mas
“(...) não é um Tribunal Constitucional, seja porque a Constituição não lhe reservou essa
natureza, seja porque integra o Poder Judiciário, sendo em muitos casos órgão recursal”
(CUNHA JUNIOR/2011, p. 1092).
Possui competência originária (art. 102, I, CF), recursal ordinária (art. 102, II, CF) e
recursal extraordinária (art. 102, III, CF). Esse rol de competências é exaustivo, não
podendo ser ampliado por norma infraconstitucional. A EC 45/04 passou a exigir
demonstração de repercussão geral das questões constitucionais discutidas como requisito
intrínseco de admissibilidade recursal do RE, julgando apenas questões relevantes do ponto
de vista econômico, político, social ou jurídico, que transcendam os interesses subjetivos da
causa. A mesma EC introduziu a possibilidade de edição de enunciado de súmula com
efeito vinculante (art. 103-A, CF), regulamentado pela Lei n. 11.417/06). O STF tem
competência, ainda, para apreciar a Reclamação Constitucional, que teve origem na
jurisprudência a partir da teoria dos poderes implícitos (implied powers), tendo sido
incorporada ao Regimento Interno do tribunal em 1957 (ver art. 102, I, CF).
Possui competência originária (art. 105, I), recursal (105, II) e especial (105, III). Anote-se
a competência para julgar o incidente de deslocamento de competência para a Justiça
Federal, nos termos do artigo 109, §5º, CF.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Tribunais e Juízes Federais: artigos 108 e 109 da CF. Ver Súmula 428 do STJ: compete ao
tribunal regional federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e
juízo federal da mesma seção judiciária.
Obs. Justiça Comum Federal: organização e competência são tratados no ponto 7.c.
As Varas do Trabalho são criadas por lei, podendo ser atribuída jurisdição aos Juízes de
Direito nas comarcas não abrangidas por elas, mas o recurso será para o TRT respectivo.
Ressalte-se que tal dispositivo resta inócuo, pelo menos no que concerne à jurisdição do
TRT da 8ª região (PA/AP).
Os juízes dos TRT's não são mais indicados em lista tríplice, contentando-se o inciso II do
novo art. 111-A da CF que eles sejam indicados pelo próprio TST, sem exigir formação de
lista tríplice.;
Juízes do Trabalho
A lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas,
atribuir sua jurisdição aos juízes de direito. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
exercida por um juiz singular.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Importante observar o disposto no §3º do artigo 114, no sentido de que em caso de greve
em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério
Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
decidir o conflito.
A Justiça do Trabalho também passou a ser competente para julgar as ações relativas às
penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
relações de trabalho. Antes da EC 45 essa competência era atribuída aos Juízes Federais,
que julgavam as ações propostas em face de autuações lavradas pelos fiscais do trabalho,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de
direito e das juntas eleitorais.
* por nomeação do Presidente da Republica, dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal, sem
participação da OAB.
São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de habeas-corpus ou mandado de segurança, que se sujeitam
a recurso extraordinário e ordinário para o STF, respectivamente.
Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: a) forem
proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei; b) ocorrer divergência
na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; c) versarem sobre
inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; d) anularem
diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais ou e)
denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas-data ou mandado de injunção.
Justiça Estadual: Artigos 125 a 126 da CF. A competência da Justiça Estadual é residual,
compreendendo tudo o que não for de atribuição da Justiça Federal, do Trabalho ou
Eleitoral.
Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
Também criarão justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto,
universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei,
celebrar casamentos, verificar, de oficio ou em face de impugnação apresentada, o processo
de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, alem de outras
previstas na legislação. (art. 98)
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
CNJ: Apesar do CNJ integrar a estrutura do Poder Judiciário Nacional, não dispõe de
função jurisdicional. Foi criado pela EC n. 45/04 (Reforma do Judiciário), que o incluiu no
art. 92 e especificou competências no art. 103-B. Cuida-se de órgão administrativo de
controle da atuação administrativa, financeira e disciplinar do Poder Judiciário, exceto
STF, e de correição acerca do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Não pode
interferir na independência funcional dos membros e órgãos do Poder Judiciário, nem na
autonomia administrativa e financeira. Podem ser conferidas outras atribuições pelo
Estatuto da Magistratura (art. 103-B, §4º, CF). Não possui competência sobre o STF, que,
na condição de órgão máximo do Judiciário, tem preeminência sobre o CNJ, cujos atos e
decisões estão sujeitos a seu controle jurisdicional (art. 102, I, r, e art. 103-B, §4º, CF). É
composto por 15 membros, sendo 09 magistrados, 02 membros do MP, 02 advogados e 02
cidadãos (art. 103-B, CF). O STF decidiu que a instituição do CNJ é constitucional, não
ferindo o princípio da separação dos poderes (cláusula pétrea), pois se trata de órgão de
natureza exclusivamente administrativa. Na mesma oportunidade, decidiu que Estados-
membros não possuem competência constitucional para instituir, como órgão interno ou
externo, conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou
disciplinar da respectiva Justiça (ver ADI 3.367).
No primeiro grau a vitaliciedade só será adquirida após dois anos de exercício, somente
podendo o juiz perder o cargo, nesse período, mediante deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado.
A inamovibilidade garante que o juiz não seja removido do cargo ex officio. No entanto, a
Constituição permite ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria de magistrado, por
interesse público, fundada em decisão corroborada pelo voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
Aos juízes impõem-se algumas vedações específicas, tais como: a) exercer, ainda que em
disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (inclusive de natureza
privada, Resolução n. 10/2005, CNJ); b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
participação em processo; c) dedicar-se à atividade político-partidária; d) receber, a
qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; e) exercer a advocacia no juízo ou
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
aposentadoria ou exoneração.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Atualmente, ante um legislativo que cada vez menos consegue traduzir de maneira
satisfatória os anseios da sociedade, e a aparente necessidade de respostas imediatas aos
problemas existentes, passa-se a perceber um maior grau de importância assumido pela
função jurisdicional.
A teoria do Estado liberal do fim do século XVIII, que tem em Montesquieu um dos seus
mais importantes expoentes, se baseava na necessidade de que houvesse uma ruptura com o
antigo modelo absolutista de Estado – em que o soberano era o senhor de todo o povo.
Como opção àquele sistema, pois, o sistema liberal apresentava uma resposta que se
fundava em dois principais pilares, quais sejam: a limitação ao poder do Estado sobre o
indivíduo e a apresentação de instrumentos que traduzissem os anseios populares e, em
consequência, fizessem ser ouvidos pelo poder público, principalmente através de
parlamentares eleitos entre seus pares.
Ao lado do surgimento deste modelo de forma de Estado, passa-se a ter o direito como
justificável somente como garantidor da soberania popular – representada principalmente
pela existência de legisladores escolhidos livremente pelo povo. Este é o estado de direito,
em que governantes e governados se submetem à “lei”.
Quanto mais aquele sistema acima apresentado funcionasse de forma harmônica, mais o
direito se apresentaria como sinônimo de justiça.
“O direito moderno tira dos indivíduos o fardo das normas morais e as transfere para as leis
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
que garantem a compatibilidade das liberdades de ação. Estas obtêm sua legitimidade
através de um processo legislativo que, por sua vez, se apóia no princípio da soberania do
povo. Com o auxílio dos direitos que garantem aos cidadãos o exercício de sua autonomia
política, deve ser possível explicar o paradoxo do surgimento da legitimidade a partir da
legalidade”.
Este trecho do autor explica a relação cíclica de “causa – consequência” entre a delegação
de poderes deferida pela comunidade em favor de uma instituição estatal e o poder
vinculativo que as normas por esta proferidas geram para aqueles, respeitados os limites em
que se exerce aquele poder delegado. Ainda segundo Habermas, daí decorreria a
legitimidade do direito5.
Por outro lado, tendo em vista a mudança das relações dos indivíduos com o Estado e entre
si, e a necessidade de respostas mais céleres para os problemas que lhes atingem, uma
vertente da teoria do estado moderno vêm buscando novos fundamentos e uma nova
divisão das funções estatais.
Não é em outro sentido que Häberle justifica a necessidade de uma revisão dos
fundamentos daquele Estado como acima exposto:
“O tipo do Estado Constitucional ocidental livre e democrático não é, como tal, imutável.
Séculos foram necessários para se moldar o ‘conjunto’ dos elementos estatal e democrático,
de direitos fundamentais individuais e, por fim, sociais e culturais, e o futuro continuará a
desenvolvê-los.”
Segundo Ronald Dworkin, “(...) embora a questão de se os juizes seguem regras possa
parecer lingüística, na verdade ela revela preocupações que em última instância são
práticas”.
Sem adentrar no mérito daquelas tendências teóricas, não se pode deixar de apontar para os
riscos que trazem para a manutenção do Estado Democrático de Direito.
Nesse ponto, primeiramente se mostra necessário observar, assim como faz Jürgen
Habermas, que o aumento da importância dada atualmente ao judiciário como regulador de
matérias que requereriam um tratamento legislativo ocorre em razão da pura inoperância de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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um legislativo que não consegue agir a contento para aquelas atribuições a que é chamado.
Deve ser comedida a ação do juiz, de modo que não aja, ainda que a propósito de cumprir a
constituição, mas a despeito da legislação vigente (mesmo que não observada qualquer
inconstitucionalidade), em substituição ao legislador.
Segundo John Rawls, a constituição teria a função de eleger liberdades básicas, de modo
que quaisquer regramentos que não se enquadrassem naquele conceito deveriam ser
“definidos na etapa legislativa”13. Desse modo, se torna incorreto que o juiz aplicasse o
direito a despeito ou contrariamente à lei sob a alegação de que se baseou em fundamentos
constitucionais, se a Constituição não prevê aquela regra.
Ademais, tendo em vista que a sociedade é composta por diversos grupos e defende valores
distintos, presume-se que os parlamentares eleitos refletirão aquela diversidade, de modo
que as leis que vierem a aprovar traduzirão da forma mais perfeita, dentro dos regimes
existentes, a vontade do povo. Estes – a existência do controle popular e a
representatividade real da sociedade – são os principais aspectos que garantem ao
legislativo este papel de primazia.
Quando o juiz, seja o tribunal constitucional, seja um juízo ordinário, se apropria do poder
de estabelecer as regras vigentes – ainda que estas regras valham em cada situação
processual trazida em juízo – a despeito das normas em vigência, contribui-se para a
ruptura da harmonia entre as funções estatais (vide art. 2º da CF).
John Rawls entende que “o debate político procura concluir um acordo razoável”. Neste
aspecto se observa quão incoerente se mostra a ‘justiça’ eleger certos valores quando não
discutidos e acordados minimamente. Caso se caminhasse nesse sentido, teríamos, aí, uma
situação de total ausência de legitimidade – eis que não eleitos pelo povo – e de controle –
tendo em vista que não se submetem a aprovação popular.
Desse modo, seria demasiadamente perigoso confiar ao judiciário a eleição dos princípios
reitores do ordenamento jurídico. Robert Alexy apresenta a seguinte justificativa para o
impasse acima referido, no conflito entre democracia e jurisdição – especificamente a
constitucional: considera-la (a jurisdição constitucional) como “representação do povo”.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Entretanto, entende-se que não seja possível vencer aquele obstáculo referente à relação
“representatividade – eleição – controle popular”; pelo menos não de uma forma mais útil
do que acontece quando se dá primazia ao legislativo.
“Se a Supreme Court tem como encargo vigiar a manutenção da constituição, ela deve, em
primeira linha, prestar atenção aos procedimentos e normas organizacionais dos quais
depende a eficácia legitimativa do processo democrático. O tribunal tem que tomar
precauções para que permaneçam intactos os ‘canais’ para o processo inclusivo de
formação da opinião e da vontade, através do qual uma comunidade jurídica democrática se
auto-organiza.”
Carl Schmitt19 em vários momentos adota o positivismo jurídico, como quando condiciona
a justiça aplicada pelo judiciário à observância da lei.
Embora se reconheça que, como dito acima, o autor tenha como parâmetro o
constitucionalismo norte-americano, em que há maior limitação ao alcance do controle
exercido pela jurisdição constitucional, não deixa de ser útil à análise crítica do nosso
ordenamento jurídico pátrio – como, também, a grande maioria dos países da tradição
românica.
Em outro ponto o autor critica as, então, novas teorias que nas primeiras décadas do século
XX já idealizavam a possibilidade de, em suas palavras transferir a solução de todos os
problemas simplesmente para um processo judicial e desconsiderar por completo a
diferença fundamental entre uma decisão processual e a decisão de dúvidas e divergências
de opinião sobre o conteúdo de uma determinação constitucional.
Do mesmo modo, trata da judicialização das questões que deveriam estar afetas aos órgãos
políticos. Igualmente, seu argumento rebate em vários aspectos aquela necessidade,
enxergada por alguns, de que o tribunal constitucional (onde se admita sua função de
guardião da Constituição) possua legitimidade integrante, ou seja, que os seus membros
possam refletir a diversidade de regiões, culturas e posições sociais.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Nesse sentido, Carl Schmitt deixa claro o alerta lançado ao perigo que pode representar a
transferência de atribuições do legislativo ao judiciário. Na ciência política norte-
americana, Dworkin, dentre outros, aponta, também, quão vantajosa é a primazia garantida
ao legislativo, democraticamente eleito, como responsável pela elaboração dos nortes da
sociedade e quão prejudicial poderia ser deixar aquela atribuição nas mãos de um poder
judiciário.
Robert Alexy, da mesma forma, coloca como questão-chave, em sua teoria, as regras que
limitam o poder interpretativo da jurisdição (constitucional), de modo que não subverta o
sistema democrático.
Não se pode descurar do fato de que sociedade atual é fundada, sobremaneira, no fator
econômico e que a insegurança jurídica traz efeitos perniciosos à sua manutenção. Não se
pode chegar ao radicalismo, como faz Ronald Coase, de sobrepor o valor econômico aos
demais valores sociais, mas não se pode deixar de tecer tais preocupações para aquelas
consequências acima referidas29.
“Podemos argumentar (...) que a lei será economicamente mais eficiente se os juízes forem
autorizados a levar em conta o impacto econômico de suas decisões; isso, porém, não
responderá à questão de saber se é justo que eles procedam assim, ou se podemos
considerar critérios econômicos como parte do direito existente, ou se decisões com base no
impacto econômico têm, por essa razão, um maior ou menor peso moral.”
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Por outro lado, ganhou força nas últimas décadas as teorias que buscam imprimir uma
maior eficácia aos direitos fundamentais positivos, especialmente aqueles sociais. Nesse
sentido, são vários os argumentos que buscam justificar a imprescindibilidade de uma plena
aplicação dos direitos fundamentais previstos na constituição.
Extremamente relevante e positivo que o direito caminhe neste sentido, qual seja, o de,
cada vez mais, como instrumento para a realização de justiça que é, colocar as garantias
básicas de vida do homem no centro das discussões.
Tal fundamento justifica que, em determinadas situações o judiciário aja como garantidor
direto dos valores expressos na Constituição, ainda que conflitantes com a vontade dos
agentes políticos.
Poder-se-ia, neste ponto, nos apropriar da justificativa de Peter Häberle, segundo a qual o
tipo do Estado Constitucional ocidental livre e democrático não é, como tal, imutável.
Séculos foram necessários para se moldar o “conjunto” dos elementos estatal e
democrático, de direitos fundamentais individuais e, por fim, sociais e culturais, e o futuro
continuará a desenvolvê-los.
A se acatar este fundamento, seria mais facilmente aceitável uma mudança das regras entre
as funções estatais, para que fossem “liberadas” ao judiciário maiores liberdades na
aplicação do direito constitucional, ainda que houvesse conflito entre a vontade legislativa.
Fique claro que quando dizemos que há conflito entre a vontade explicitada pelo
parlamento e aquela exteriorizada pelo juiz não estamos nos atendo necessariamente à
situação de inconstitucionalidade, mas, também, da eleição de divergentes valores como
vetores no exercício de suas atribuições.
Jürgen Habermas apresenta interessante visão sobre o assunto, quando expõe que existe
uma mudança na conceitualização dos direitos fundamentais, que se reflete na
jurisprudência constitucional – uma mudança nos princípios de uma ordem jurídica que
garantem a liberdade e a legalidade da intervenção, que sustentam os direitos de defesa e
transportam inexplicavelmente o conteúdo de direitos subjetivos de liberdade para o
conteúdo jurídico objetivo de normas de princípio, enérgicas e formadoras de estruturas.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Segundo aquele autor, a preocupação cada vez maior pelos direitos fundamentais traz,
necessariamente, mudança de conceitos, aplicação e interpretação do direito. A fim de
possibilitar maior eficácia na aplicação dos direitos (especialmente os ditos fundamentais),
Dworkin apresenta interessante ponto de vista, no sentido de que seria preferível (situação
ideal) aos juízes aplicarem as regras disciplinadas pelo poder legiferante.
Por outro lado, segundo o autor, esta submissão não pode ser aplicada na prática quando os
juízes se veem diante de uma situação onde, claramente, o legislador não logrou tratar
determinada situação jurídica. Em tal hipótese Dworkin prevê, inclusive, uma criação do
direito pelo órgão judicante.
Segundo Konrad Hesse, não existiria autonomia da Constituição frente à realidade. Afere-
se deste entendimento do autor que os valores eleitos pela constituição se sobrepõem e
vinculam os demais valores do Estado Democrático de Direito, tais como a separação entre
as funções estatais. Desse modo, se o legislador falha em não lhes garantir, seria permitido
o ativismo judicial.
Estas são as principais bases que excepcionariam a limitação do judiciário ante o legislador.
A partir deste momento, passa-se a tecer algumas considerações críticas a seu respeito.
Em primeiro lugar, chama a atenção a teoria de Dworkin pelo fato de que, embora admita a
criação de regras jurídicas pelo juiz – situação em parte explicável pelo ordenamento
jurídico que toma por base, qual seja, o da common law –, exige, nas situações acima
referidas, que os juizes ajam “como se fossem delegados do poder legislativo, promulgando
as leis que, em sua opinião, os legisladores promulgariam caso se vissem diante do
problema.
Ainda sobre a questão referente à estabilidade jurídica, não se pode deixar de fazer
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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referência sobre o que diz Rawls sobre a matéria: Os fins da filosofia política dependem da
sociedade à qual ela se dirige. No caso de uma democracia constitucional, um dos seus fins
mais importantes consiste em oferecer uma concepção política da justiça que não se
contente com fornecer um fundamento à justaposição das instituições políticas e sociais
sobre o qual a opinião pública deva ficar de acordo, mas que contribua também para
garantir a sua estabilidade de uma geração à outra. Dessa forma, será possível um conceito
de justiça mais perfeito, quanto mais traduzir a vontade geral e trazer estabilidade temporal.
Não destoa deste fundamento Habermas, para quem o direito traz uma tensão natural entre
facticidade e validade, no sentido de que (de forma resumida) a norma jurídica somente
pode ser considerada valida socialmente se respondesse à vontade geral. Para este autor,
aquela tensão somente encontra o ponto ideal quando consegue equilibrar o “princípio da
segurança jurídica e a pretensão de tomar decisões corretas”.
Por fim, entende-se que não há garantias existentes no ordenamento estatal que garanta que
a correção das decisões judiciais sem que sejam baseadas nos valores traduzidos pelo
legislador. Haveria, em tal situação, um grande risco de se formar um desequilíbrio
incontornável dentro da estrutura estatal.
O presente capítulo, no mesmo sentido dos antecedentes, busca apresentar o tema referente
às implicações decorrentes da atuação do poder judiciário, no direito moderno, como
garantidor dos direitos fundamentais, frente ao princípio constitucional da separação de
poderes. Entretanto, pretende-se agora discutir as implicações quando tal ativismo se dá em
substituição aos programas de políticas públicas.
Assim, questão central diz respeito à possibilidade ou não da função jurisdicional – mais
que controlar a discricionariedade de escolha entre os valores políticos – eleger, de per se,
quais aquelas políticas devem prevalecer.
Exemplifica-se a questão central deste ponto com uma suposta situação em que o juiz se
utiliza das prerrogativas que o ordenamento lhe atribui e ordena a vinculação de receitas do
Estado para determinados fins. Suponha-se a situação em que, para garantir determinado
direito fundamental, o juiz extraia do orçamento global do governo uma “fatia”, a qual não
poderá ser utilizada por outro órgão.
Caso se utilize a situação existente no direito pátrio, constata-se que a Constituição Federal
determina, em seu art. 48, que compete ao Congresso Nacional, dispor sobre o orçamento
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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da União. Desse modo, surgiria, aí, um conflito de atribuições entre duas funções estatais.
Dois pontos que merecem uma observação crítica que entendemos preponderantes neste
ponto estão relacionados à harmonia entre as funções estatais e a necessidade de analise da
situação fática de cada nação e a eficácia da função legislativa.
Em relação ao primeiro ponto, sobre a matéria, um primeiro aspecto diz respeito à questão
no sentido de que o Estado Democrático de Direito necessita, para lograr sobrevivência,
que não haja, numa situação de normalidade, sobreposição de funções.
Não obstante a riqueza cultural que surge da soma dos fatores acima relatados, não se pode
deixar de observar alguns possíveis problemas, daí decorrentes, para a existência de um
Estado melhor organizado. De fato, aquela diversidade de origem e de cultura, somada à
imensa população dividida em uma grande extensão territorial podem ser interpretados
como fatores que, no mínimo, atrasariam a formação de um Estado mais coeso. Some-se a
isto a existência de um grande percentual de pessoas às margens de uma educação de
qualidade para poder melhor exercer sua cidadania.
Talvez esta linha de raciocínio seja, de forma consciente ou não, um dos principais
fundamentos para justificar, no nosso país, a existência de um ativismo judicial, eis que
aquela situação daria maior legitimidade à atividade jurisdicional.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Para responder esta questão é imprescindível se ater, sobretudo, à situação concreta, para,
daí, pensarmos em uma resposta mais geral. Como consequência, conclui-se, por exemplo,
que as teorias européias que tratam do ativismo judicial, exemplificada pelos autores acima
citados, devem ser, muitas vezes, recebidas com reservas antes de se aplicar à situação
brasileira.
Sob esse ponto de vista, as normas jurídicas têm que assumir a figura de determinações
compreensíveis, precisas e não-contraditórias, geralmente formuladas por escrito; elas têm
que ser públicas, conhecidas por todos os destinatários; elas não podem pretender validade
retroativa; e elas têm que ligar os respectivos fatos a consequências jurídicas e regula-los
em geral de tal modo que possam ser aplicados da mesma maneira a todas as pessoas e a
todos os casos semelhantes.
Ante esta compreensão do autor, a primeira questão que se impõe seria no sentido de se
descobrir se o judiciário alcançaria em algum momento a legitimidade de, não só dizer,
mas, também, criar o direito.
Interessante a divisão que faz Dworkin entre filosofias a serem defendidas para justificar a
atividade judicial (especialmente a constitucional) frente situações controversas ou difíceis.
Segundo o autor, aquelas filosofias se dividiriam em basicamente duas: a do “ativismo
judicial” e a da “moderação judicial”. O ativismo judicial sustentaria a necessidade do
judiciário se apegar aos princípios gerais estampados na constituição e, a partir daí,
direcionar a atividade judicante, ainda que a despeito de regras menos genéricas, previstas
pelo constituinte ou pelo legislador ordinário. Tal teoria daria ampla liberdade ao judiciário,
que teria como limite cláusulas vagas, de difícil conformação prática. Por outro lado, a
teoria da moderação judicial caminha mais no sentido da tradição positivista de maior
vinculação à vontade do legislador. A lei passa a ser não só o limite, mas também o
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Por outro lado, como fundamento de maior liberdade à atividade jurisdicional, o ativismo
poderia implicar em excessos de poder. Nas palavras de Dworkin, “o ativismo judicial
envolve riscos de tirania (...)”.
Sob tal aspecto, ganha força a teoria da deferência. Ante os argumentos do autor, ainda que
se pudesse defender os argumentos do ativismo judicial, os fundamentos que o rechaçam
parecem muito mais fortes, pois poderiam levar à insustentabilidade do Estado e,
consequentemente, do fundamento de existência do próprio judiciário.
Todavia, atualmente são defendidas teorias que não apontam para posições extremadas
como a de Dworkin – ativismo ou moderação judicial –, mas, pelo contrário, tentam
justificar uma maior liberdade judicial, sem que haja rompimento com a ordem estatal.
Dentre tais teorias, merece especial referência aquela defendida por Robert Alexy.
Habermas, por outro lado, apresenta importante crítica sobre os parâmetros trazidos pela
teoria de Alexy de interpretação e aplicação do direito. Segundo aquele, a proposta de
Alexy “consiste em interpretar os princípios transformados em valores como mandamentos
de otimização, de maior ou menor intensidade. Essa interpretação vem ao encontro do
discurso da ‘ponderação de valores’, corrente entre juristas, o qual, no entanto, é frouxo”.
Embora Habermas trate a teoria da ponderação como uma defesa sem limites ao ativismo
judicial, não se pode deixar de fazer referência às palavras do próprio Alexy, em
interessante e rara análise do direito brasileiro, quando afirma que: Em uma constituição
como a brasileira, que conhece direitos fundamentais numerosos, sociais generosamente
formulados, nasce sobre esse fundamento uma forte pressão de declarar todas as normas
não plenamente cumpríveis, simplesmente como não-vinculativas, portanto, como meras
proposições programáticas. A teoria dos princípios pode, pelo contrário, levar a sério a
constituição sem exigir o impossível. Ela declara as normas não plenamente cumpríveis
como princípios que, contra outros princípios, devem ser ponderados e, assim, estão sob
uma ‘reserva do possível no sentido daquilo que o indivíduo pode requerer de modo
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razoável da sociedade.
No trecho acima referido, o autor prevê limites à atividade jurisdicional, embora o limite
apontado não diga respeito à ausência de poder de determinação das políticas públicas por
parte do judiciário – o autor faz referência apenas ao limite do possível.
Entretanto, não se pode presumir que a questão referente à limitação do ativismo judicial
passou desapercebida por Alexy. Pelo contrário, em outro momento, diz o autor que:
“Então, contudo, aparece um novo problema: a relação de tensão entre direitos
fundamentais e democracia”.
Extrai-se da passagem acima que o autor leva em conta a relação entre a necessidade de se
proteger os mais importantes direitos garantidos pelo sistema jurídico e a questão da
legitimidade na criação do direito.
Habermas aponta outros aspectos que lhe faz rechaçar o ativismo judicial
peremptoriamente, dentre os quais se destaca os seguintes: a) interesse público na coerência
interna do direito55; b) relativo distanciamento do direito em relação à política; e c)
direcionamento ao autoritarismo quando o judiciário é conduzido pela preliminarmente
pelos valores constitucionais.
Não se pode deixar de dar um especial enfoque à questão da segurança jurídica e sua íntima
relação com a manutenção da organização social dentro de um determinado Estado.
Mais uma vez somos levados a citar interessante trecho da obra de Habermas: Em geral, os
perigos da sociedade de riscos ultrapassam as capacidades analíticas e de prognose dos
especialistas e a capacidade de elaboração, vontade de ação e velocidade de reação da
administração encarregada de prevenir os riscos; por isso, os problemas da segurança
jurídica e da submissão à lei, existentes no Estado social, se agudizam dramaticamente.
O autor constata algo que parece ter recebido pouco valor dos contemporâneos estudiosos
do direito: o aumento da preocupação do ser humano com os riscos sociais e a relação que
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o direito pode ter para a redução dos riscos das relações sociais.
Assim, p. ex., de forma geral, aquelas sociedades em que a economia está bem estruturada
possui maiores condições de manter circulação de valores dentro de sua área de
abrangência; como conseqüência, aquela circulação de dinheiro pode “aquecer” sua
atividade econômica; aumenta-se a taxa de emprego e, por resultado, um maior acesso aos
bens de consumo. Cria-se uma situação de maior bem-estar social. Não é possível, assim,
que deixemos de analisar o impacto que o direito pode gerar a esta atividade econômica.
As relações econômicas que se dão entre pessoas, empresas e até mesmo entre diferentes
países necessitam de regulamentação que, via de regra, seja observada por todas as partes
envolvidas. Tome-se o exemplo de hipotética empresa estrangeira atuante na área de
construção civil de estradas. Suponhamos que referida empresa queira investir sua força
produtiva no Brasil, para a construção de uma malha rodoviária.
Imagine que tal empresa, após cumprir todos os requisitos que lhe haviam sido exigidos,
inicia a construção de uma das estradas e é surpreendida por diversos requerimentos de
embargos à obra acatados pelo judiciário. Como conseqüência, certamente haverá um custo
maior à empresa, não previstos e nem previsíveis inicialmente.
Aquela ausência de segurança jurídica enfrentada pela empresa acima referida no caso
hipotético poderia ter como conseqüência, p. ex., o desestímulo à atividade empresarial no
país ou o ingresso de empreendimentos externos. Este efeito é conhecido como custo
direito.
Deste entender não destoa Ronald Coase, segundo o qual “a delimitação inicial de direitos
legais realmente tem um efeito na eficiência com a qual o sistema econômico funciona. Um
acordo de direitos pode ocasionar um maior valor de produção do que algum outro”.
Ainda que não entendamos a tese defendida por Coase – de preponderância do econômico
sobre os demais valores sociais – a que mais se coaduna com o desejável, não se pode
deixar de levar em consideração a sua teoria especialmente como crítica ao sistema atual de
incerteza jurídica.
Ronald Dworkin, por outro lado, parece dar menor atenção à questão da segurança jurídica
e parece buscar justificar a aplicação do direito segundo valores utilitaristas de um maior
bem-estar médio.
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Assim, para Dworkin, em eventual conflito entre os valores da garantia dos direitos
fundamentais e da segurança jurídica aquele deve prevalecer, em regra. Contudo, do
exemplo citado pelo autor, poder-se-ia questionar se em eventual conflito entre qualquer
outro valor que não fundamental e a observância da segurança jurídica, este poderia ser
subjugado.
Entende-se que Dworkin, ainda que admita o ativismo judicial, limita-o a determinadas
situações extremas, como a defesa dos direitos fundamentais. Assim, mesmo para este
autor, o ativismo judicial não possui aplicação irrestrita. Pelo contrário, a regra deveria ser a
da observância das regras pré-estabelecidas.
Além do mais, não se pode crer que o judiciário consiga traduzir melhor as necessidades e
anseios da sociedade do que as funções essencialmente políticas. Neste ponto, John Rawls
faz incontornável observação retirada da análise histórica de que até hoje não foi possível a
qualquer sociedade política reunir de forma inconteste pelos cidadãos seus valores
direcionadores.
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Dessa forma, parece incabível a defesa do ativismo judicial como solução para os impasses
da sociedade contemporânea, eis que não há como se aferir se, de fato, a sua razão de
decidir, quando destoada da lei criada pelo parlamento, seja a mais correta.
Por outro lado, não se pode deixar de analisar a situação fática e traçar comparações entre a
efetividade do legislativo nacional e aquela apresentada por outros países, com condições
distintas das nossas, em que exista uma atuação a contento do parlamento, e não de forma
insuficiente.
Ainda assim, embora a função jurisdicional seja tentada a agir a despeito dos valores
democraticamente criados pelo parlamento e elegendo valores políticos a par dos
governantes, os malefícios para a manutenção da organização social como conhecida na
atualidade seriam incalculáveis.
No capítulo anterior tratamos de uma situação hipotética em que o juiz determinasse que
fosse resguardada determinada parte do orçamento para a garantia dos direitos dos
cidadãos, como, p.ex., à saúde.
Tratamos dos limites que devem balizar a atividade do juiz e os riscos de invasão daquela
função nas atividades eminentemente políticas, em especial a executiva. Agora passa-se a
analisar um específico aspecto referente à limitação de ordem prática às teorias que
apregoam um mais ilimitado ativismo judicial.
Naquele exemplo citado acima, um primeiro questionamento que se põe é de saber se para
o fim de garantir o direito à saúde de um grupo de indivíduos, o juiz pode comprometer o
orçamento de uma pessoa política.
Antes mesmo de responder a esta questão, necessário se faz proceder à divisão dos direitos
fundamentais propostos pela doutrina, qual seja, aquela que se dá entre direitos negativos e
os direitos prestacionais.
De forma sintética, de acordo com aquela teoria, os direitos fundamentais negativos são
aqueles que se satisfazem com a simples não-interferência de terceiros, inclusive o Estado.
Em regra, estão elencados no rol dos direitos individuais. Exemplo seria o direito à
liberdade de locomoção. A violação aos direitos negativos se dá com uma atitude positiva
de limitação. A atividade do Estado, nestes casos, deve se limitar a que ninguém tenha seu
direito violado por ninguém.
Já os direitos fundamentais prestacionais são os que exigem uma atitude positiva do Estado.
Em regra estão previstos no rol dos direitos sociais. Cite-se como exemplo o direito à
saúde.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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garantia efetiva desses direitos, eis que não exigem uma atitude positiva do Estado.
Segundo o autor: Os direitos também podem ser absolutos: uma teoria política que
considera absoluto o direito à liberdade de expressão não aceitará nenhuma razão para que
não se assegure a todos os indivíduos a liberdade por ela exigida; isto é, nenhuma razão a
não ser a impossibilidade.
De fato, ainda que possa parecer excesso de generalização afirmar que os direitos
fundamentais negativos são absolutos – não podemos afirmar que não existe gastos
públicos para sua manutenção, eis que as forças de segurança e as funções essenciais à
justiça tem seu fundamento na garantia da aplicação do direito, o que gera dispêndios aos
cofres públicos – estes direitos não apresentam grandes problemas referente aos limites
orçamentários.
Afirma Robert Alexy que “existe não só o perigo de um demasiado pouco em direitos
fundamentais, mas também o de um em demasia e, como institucionalização da razão, eles
estão, como a razão, bem genericamente, sempre ameaçados pelos demônios da
irracionalidade.”
Segundo o autor, o problema da “reserva do possível” é uma questão real que deve ser
encarada. Segundo explica, os direitos fundamentais devem ter aplicação numa graduação
tão alta quanto lhe permitir as possibilidades de fato do Estado.
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de Reforma do Judiciário, trouxe dois novos institutos com a intenção nítida de estabelecer
maior controle sobre as atividade jurisdicional. Trata-se da criação do Conselho Nacional
de Justiça – órgão externo à estrutura do judiciário, que passou a ter, dentre outras, a função
de fiscalização sobre possíveis extrapolação de atribuições – e da instituição da súmula
vinculante, que será objeto do presente capítulo.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante
decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
Pode ser considerada, igualmente, uma resposta ao ativismo judicial dos diversos juízos
espalhados pelo país, tendo em vista que passa a concentrar no Supremo Tribunal Federal o
poder de lhes vincular obrigatoriamente o entendimento da questão constitucional.
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assegurada a possibilidade de que ela possa vir a conquistar a maioria no futuro, na base de
melhores argumentos, podendo assim modificar a decisão ora tomada (...). Esta é, todavia,
uma condição necessária para que a regra da maioria não subtraia a força legitimadora de
um processo de argumentação que deve fundamentar a suposição de correção de decisões
falíveis.
Embora o autor trate daquela legitimação no âmbito do legislativo, podemos traçar algum
paralelo à situação do judiciário. Pode ocorrer que determinado entendimento
jurisprudencial, por mais arbitrário e incorreto que possa parecer, encontre acatamento
pelos cidadãos pelo fato de que aquela decisão sempre poderá ser alterada pelo tribunal
hierarquicamente superior que poderá se fundar em melhor interpretação (ou até mesmo
pelo juízo inferior, quando altera seu entendimento a favor daquele aparentemente mais
sensato). A súmula vinculante inviabiliza este amplo e irrestrito debate sobre qual o melhor
entendimento deva prevalecer.
Por outro lado, oportuno o entendimento de Radbruch, citado por Robert Alexy, de que no
atual contexto aquele instrumento surge como um “mal necessário” para garantir a
segurança jurídica e, consequentemente, a harmonia entre as funções estatais. De acordo
com aquele primeiro autor “o conflito entre justiça, portanto, a correção quanto ao
conteúdo, e a certeza jurídica, sem dúvida, fundamentalmente, deve ser solucionado a favor
da certeza jurídica, mas isso não vale ilimitadamente.”
Considerações finais
É evidente a necessidade cada vez mais sentida nos estados de se dar maior efetividade
possível aos valores mais caros estabelecidos nas suas constituições e muitas vezes o
choque entre os poderes constituídos pode ser inevitável.
Por fim, entende-se que uma sociedade formada por cidadãos realmente interessados nas
questões públicas tende a ter as funções políticas mais representativas, de modo que tais
funções consigam traduzir seus interesses individuais e coletivos. Caso contrário,
passaremos a confiar em um “poder judiciário” que não deveria ter esta atribuição.
Por conseqüência, não podemos partir do pressuposto utilizado por Lassale no sentido que a
ordem jurídica apenas reflete e protege o poder existente de fato numa sociedade.
Consequentemente, não podemos partir do pressuposto de que o legislativo atuará sempre
abaixo do mínimo exigido e que as deformidades jurídicas devem ser corrigidas pelo
judiciário, sob pena de perversão de todo o sistema democrático e, quiçá, do fundamento da
existência de um Estado.
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Súmulas do STF
INFORMATIVO
STF
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No mérito, a Corte esclareceu que duas questões teriam sido submetidas à apreciação
quando do julgamento do recurso ordinário. A primeira consistiria em saber se os
magistrados classistas que se aposentaram ou satisfizeram os requisitos para aposentação na
vigência da Lei 6.903/1981 teriam direito a perceber proventos em paridade com os
classistas da ativa. Na ocasião, o STF assentara que a legislação (Lei 9.603/1981, art. 7º)
estabeleceria a paridade entre ambos, até a entrada em vigor da Lei 9.528/1997 (art. 5º), que
submeteria a categoria ao regime geral de previdência social. A segunda temática dissera
respeito ao exame de eventual direito dos juízes classistas em atividade entre 1992 e 1998
ao recebimento proporcional da parcela de equivalência, tendo em conta o advento da Lei
9.655/1998, que desvincularia a remuneração dos juízes classistas de 1ª instância da justiça
do trabalho dos vencimentos dos juízes togados. O acórdão embargado consignara o direito
à percepção da parcela autônoma de equivalência surgida, para os juízes togados, com a
edição da Lei 8.448/1992. A previsão alcançaria também os classistas ativos, cuja
remuneração era fixada proporcionalmente aos vencimentos dos togados ativos (art. 1º), até
a referida desvinculação. Assim, os classistas que se aposentaram ou cumpriram as
condições para aposentadoria na vigência da Lei 6.903/1981, beneficiários do regime da
paridade, possuiriam direito aos reflexos da parcela autônoma de equivalência nos próprios
proventos, não em virtude da suposta equiparação com os togados da ativa, mas em
decorrência da simetria legal dos ganhos com os classistas em atividade. Na presente
assentada, o Pleno reputou não haver como firmar a efetiva extensão da paridade entre os
classistas inativos e ativos sem determinar-se a remuneração a que teriam direito os
classistas em atuação enquanto vigente o regime. Por conseguinte, considerou necessário
reflexão sobre a forma de cálculo dos vencimentos do cargo paradigma, de modo que, no
pedido relativo à incidência da Lei 6.903/1981 aos aposentados ou aos que atendessem aos
requisitos para a jubilação na respectiva vigência, estaria implícita a análise e a solução do
pleito de repercussão da parcela de equivalência salarial aos classistas da ativa e, por via de
consequência, aos classistas inativos. RMS 25841 ED/DF, rel. Min. Marco Aurélio,
19.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
Jurisprudência
ADI e CRITÉRIOS PARA DESEMPATE DA ANTIGUIDADE DOS MAGISTRADOS
Dentre os 5 criterios previstos no dispositivo questionado, apenas 2 não teriam previsão
legal na lomam: “tempo de serviço público no Estado e tempo de serviço público em
geral.” Frisou-se, por sua vez, que o STF tem permitido o criterio concernente a idade para
desempate por antiguidade, se inexistente outra alternativa, muito embora a LOMAM não
contenha, expressamente, regra nesse sentido. ADI4462. MC, Rel, Min. Cármem Lucia.
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Questões Objetivas
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Legislação básica: Capítulo III do Título III, art. 34, VII e Capítulo IV do Título IV, da
CRFB.
1. Noções Gerais.
O tema da divisão dos poderes está relacionado com a Teoria Geral do Estado e com o
Direito Constitucional, já que envolve a forma de Estado e a conformação dos órgãos
estatais.
2. Estado-membro.
Não há como formar novos Estados, senão por divisão de outro ou outros; a Constituição
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prevê a possibilidade de transformação deles por incorporação entre si, por subdivisão ou
desmembramento quer para se anexarem a outros, quer para formarem novos Estados, quer,
ainda, para formarem Territórios Federais mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar, ouvidas
as respectivas Assembleias Legislativas (art. 18, § 3º, combinado com o art. 48, VI).
Para a formação de Estados há requisitos no art. 18, § 3º, que devem ser conjugados com
outro requisito do art.48, VI: (i) realização de plebiscito (condição prévia, essencial e
prejudicial à 2ª fase); (ii) lei complementar; (iii) audiência das Assembléias Legislativas
(cujo parecer não é vinculativo, ao contrário da consulta plebiscitária); (iv) aprovação pelo
Congresso Nacional (quorum de maioria absoluta – lei complementar).
A concordância dos interessados permite que o projeto de lei complementar seja discutido
no Congresso Nacional, sem, contudo, vinculá-lo, pois esse deverá zelar pelo interesse
geral da República e não somente pelos interesses das populações diretamente interessadas.
3. Competência.
São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição (art. 25, § 1º); em verdade, não só competências que não lhes sejam vedadas,
que lhes cabem, pois também lhes competem competências enumeradas em comum com a
União e os Municípios (23), assim como a competência exclusiva referida no art. 25, §§ 2º
e 3º.
Comum, cumulativa ou paralela: trata-se de competência não legislativa comum aos quatro
entes federativos.
Residual, remanescente ou reservada: são as que não lhes sejam vedadas, que não sejam
próprias dos outros entes federativos.
Legislativa
Residual, remanescente ou reservada: são as que não lhes sejam vedadas, que não sejam
próprias dos outros entes federativos. Art.25 § 1°.
Delegada pela União: Tal autorização dar-se-á através de lei complementar. Art. 22, parág.
único.
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Concorrente: cabe à União legislar sobre normas gerais e aos Estados sobre normas
específicas. Art. 24.
Pedro Lenza afirma ainda que os serviços de gás canalizado serão explorados diretamente
pelos Estados, ou mediante concessão, na forma da lei, vedando-se a regulamentação da
referida matéria por MP, conforme expressamente previsto no art. 25 § 2° e em decorrência
do art. 246.
4. Autonomia.
Auto-organização
Princípios federais extensíveis – são normas centrais comuns à União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, portanto de observância obrigatória no poder de organização do
Estado. A Constituição vigente, em prestígio do federalismo, praticamente eliminou estes
princípios, restando apenas a regra segundo a qual os vencimentos dos magistrados não
podem exceder aos dos Ministros do STF.
Autogoverno:
Auto-administração e autolegislação.
Nos termos do artigo 26 da Constituição Federal, incluem-se entre os bens dos Estados: a)
as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; b) as áreas, nas ilhas oceânicas e
costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União,
Municípios ou terceiros; c) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; d) as
terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Jurisprudência
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INTERVENÇÃO FEDERAL
O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em juglado configura
pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. Para que seja
decretada a intervenção federal em um Estado-membro que tenha deixado de pagar
precatórios é necessário que fique comprovado que esse descumprimento é voluntário e
intencinoal. Se ficar demonstrado que o ente não pagou por dificuldades financeiras, não há
intervenção. STF. Plenário. IF5114, rel. Min.Cezar Peluso.
Questões objetivas
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Legislação básica: art. 6º, 7 (trabalho), 194 (seguridade social), 196 (saúde), 205
(educação), CRFB.
Direitos Sociais
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J.J. Gomes Canotilho defendeu (em texto anterior ao seu atual manual de “Direito
Constitucional e Teoria da Constituição”) que a realização dos direitos sociais
apresentariam as seguintes características: (1) gradatividade ou gradualidade na sua
realização; (2) dependência financeira do orçamento público (Estado); (3) tendencial
liberdade de conformação (definição) pelo legislador em relação às politicas públicas a
serem assumidas (as políticas de realização destes direitos); (4) insuscetibilidade de
controle jurisdicional dos programas político-legislativos, a não ser quando estes se
mostram em clara contradição com as normas constitucionais ou quando manifestamente
desarrazoados.
a) todos os direitos sociais são formal e materialmente fundamentais: por isso a sua mera
enunciação na CF seria suficiente para lhes atribuir um regime diferenciado de
aplicabilidade imediata (art. 5º, § 1º) e de limite material para a reforma da constituição
(art. 60, § 4º, IV);
b) todos os direitos sociais são apenas formalmente fundamentais, e, por isso, são normas
programáticas que não geram direitos subjetivos e não limitam o constituinte derivado;
Efetividade normativa: visão tradicional de separação estanque dos poderes implica numa
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Mínimo Existencial – para que se possa usufruir dos direitos de liberdade (direitos
individuais), antes se faz necessário a implementação e garantia de um piso mínimo de
direitos. SARMENTO: (a) dimensão negativa: opera num limite, impedindo a prática de
atos pelo estado ou por particulares que subtraiam do individuo as condições materiais
indispensáveis a uma vida digna; (b) dimensão positiva: conjunto essencial (mínimo) de
direito prestacionais a serem implementados e concretizados que possibilitam ao indivíduo
uma vida digna.
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juiz não invade a esfera orçamentária quando o próprio poder publico por meio de política
publica estabeleceu a prestação, como remédios distribuídos pelo PP, mas que está em falta
– a constituição estabelece por vezes obrigações genéricas indefinidas ou abstratas, contudo
existem casos em que define quem deve fazer, como fazer, o que faz e para quem faz,
temos então os elementos necessários de uma obrigação definida ou especifica ex:
obrigação de creches e educação básica, inclusive, com critério de idade – ler a STA 175) E
QUAL É A EXTENSÃO DA OBRIGAÇÃO.
Jurisprudência
ADPF 45 (controle judicial das politicas publicas) e RE 410.715/SP – Análise do STF sob o
mínimo existencial. Na decisão monocrática do Min. Celso de Mello, este entendeu
inicialmente pela possibilidade de controle judicial das políticas públicas, como medida
necessária para a garantia da efetividade dos direitos sociais, em razão da omissão dos
demais Poderes Constituídos.
Questões Objetivas
MPF\24 - O efeito cliquet está mais diretamente associados aos direitos sociais.
Assertiva correta.
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Prova oral: explicar o princípio do não retrocesso, surgimento, aplicabilidade nos direitos
sociais e nas liberdades públicas
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- Normas formalmente constitucionais: são aquelas que, sem regular os aspectos acima
mencionados, são consideradas constitucionais pelo simples fato de terem sido consignadas
no texto da Constituição pelo legislador, adquirindo assim status constitucional. Ex.: Art.
242, § 2º - “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na
órbita federal. Critica-se na doutrina esta classificação, Michel Temer afirma: “à luz da
Constituição atual, é irrelevante essa classificação, tendo em vista que, independente de
serem normas materiais ou formais, ambas têm igual hierarquia, produzem os mesmos
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efeitos jurídicos e só podem ser alteradas segundo o rígido e idêntico processo tracejado no
texto constitucional que coabitam.”
- Norma de eficácia contida (ou restringível, segundo Maria Helena Diniz e Michel
Temer): "normas de eficácia contida (...) são aquelas em que o legislador constituinte
regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem
à atuação restritiva da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei
estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciando" (SILVA, 1999).
Princípios e regras: O sistema constitucional brasileiro é formado tanto por regras quanto
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Ambos são normas, mas diferenciam-se pelo (a) grau de abstração e generalidade; (b) grau
de indeterminação; (c) caráter de fundamentalidade; (d) proximidade da ideia de Direito;
(e) função normogenética e sistêmica. Some-se a isto o fato de que os princípios são
aplicados segundo juízo de ponderação, ao passo que as regras segundo critério do “tudo ou
nada”.
O presente ponto não traz o debate sobre a eficácia e aplicabilidade das normas
constitucionais, mas sim as consequências (ou os efeitos) das normas da CF de 1988 no
ordenamento brasileiro, ou seja, o impacto de uma nova constituição em uma ordem
jurídica anterior.
O estudo da dinâmica constitucional diz respeito aos efeitos das normas constitucionais no
tempo (passado – presente - futuro). Certo é que o surgimento de uma nova Constituição
traz uma série de consequências para o ordenamento jurídico do Estado. Sem dúvida, a
teoria da Constituição desenvolveu uma gama de institutos para lidar com essas
consequências.
Assim, diante dessas premissas, são seus possíveis efeitos em relação a normas pré-
existentes:
(a) Recepção: as normas que forem incompatíveis com a nova Constituição serão
revogadas por ausência de recepção. A contrario sensu, a norma infraconstitucional que não
contrariar a nova ordem será recepcionada, podendo, inclusive, adquirir uma nova
“roupagem”. Pode ocorrer de forma expressa ou tácita
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determinado (prazo certo) de tal prática devido ao seu caráter precário, sobretudo em razão
de que as normas da constituição anterior vão permanecer no novo ordenamento
constitucional ainda como normas de cunho constitucional, o que, obviamente, só poderia
se dar de forma temporária e excepcional. Como exemplo desse fenômeno, temos o art. 34
do ADCT da CF/88.
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fins, mínimo existencial, direitos das personalidade) inspirada na razão prática kantiana
(fundamentação racional de princípios de moralidade e justiça) – nos imperativos
categóricos Kant fala que a moral está no interior do individuo – o segundo imperativo
categórico trata que o ser humano é o fim em si mesmo, assim, temos como desdobramento
da dignidade da pessoa humana em vida, integridade física – como condições de liberdades
públicas), na legitimação democrática nas teorias da justiça. A fonte de legitimidade ética
e democrática do poder dos juízes vem da escolha do poder soberano, o povo que
escolhe na CRFB que teríamos juízes para dirimir conflitos. Regras Jurídicas normas
vinculantes de conteúdo meramente funcional cujas valorações e ponderações feitas antes,
pelo legislador (como decisões políticas) Conteúdo comandos prescritivos da conduta
descrita, encerrando um preceito, uma proibição ou permissão e garantem um direito
definitivo (mandados definitivos – Alexy) Estrutura Normativa – descrevem
comportamentos (menor necessidade de interpretação criativa do interprete, salvo nas
clausulas gerais e nos conceitos jurídicos indeterminados) Modo de Aplicação aplicam-se
na modalidade disjuntiva (tudo ou nada) (só deixa de ser aplicada se outra regra a
excepcionar, ou por critérios hierárquico, temporal ou de especialização, ou se for inválida)
e mediante subsunção (segurança jurídica) Princípios dimensão ética positivada ou
incorporada pelo Direito. Ocupam hoje o centro do sistema jurídico, irradiando-se para todo
ordenamento – dão o norte para a interpretação criativa e dão identidade ideológica,
unidade ao ordenamento, vinculativo de uma exigência de justiça, conteúdo decisões
políticas fundamentais (República, federação, Estado Democrático de direito); valores
(dignidade humana, segurança jurídica); fins públicos (erradicação de pobreza, busca do
pleno emprego), garantem um direito prima facie (passiveis de otimização) Estrutura
Normativa aponta para Estados ideais sem descrever conduta a ser seguida (abertura para
aplicação numa infinidade de situações e para diferentes meios e realização a partir de um
núcleo básico se irradiam efeitos que se tornam indeterminados pois variam de acordo com
as concepções políticas, ideológicas, religiosas, filosóficas e de acordo com as múltiplas
situações em que irão incidir) Modo de Aplicação numa ordem plural os princípios
apontam para direções diversas, gerando eventuais colisões, dirimidas de acordo com a
dimensão de peso (Dworkin), devem ser realizados na maior intensidade possível, à vista
do demais elementos fáticos e jurídicos (mandados de otimização) Alexy, mediante a
ponderação. Judicialização questões que antes eram reservadas as instâncias políticas
tradicionais passam a ser decididas pelo judiciário. Causas redemocratização
(empoderamento político do judicário); Constitucionalização abrangente, controle de
constitucionalidade hibrido) . Ativismo para Lênio Streck seria um pan-pricipiologismo
interferência do judiciário nas ações dos outros poderes, em virtude da opção ideológica,
filosófica ou metodológica da corte; É uma atitude; em um odo proativo de interpretar a
Constituição diante da retração e da crise de legitimidade das classes políticas. Seu oposto é
a autocontenção. Riscos legitimidade democrática; politização da justiça; limitação da
capacidade institucional do judiciário para decidir sobre certas questões. Seu oposto é a
autocontenção Riscos legitimidade democrática; politização da justiça; limitação da
capacidade institucional do judiciário para decidir sobre certas questões. Norma jurídica e
enunciado normativo – características da norma jurídica - não pode ser dissociado o
texto com o contexto, na aplicação e interpretação, tudo se dá no mesmo âmbito, em que se
conhece e interpreta, conforme o neoconstitucionalismo – norma jurídica é enunciado
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interpretado, tendo em vista que todo processo de contextualização, já vai ter sido
interpretado. A teoria da norma para o positivismo jurídico se baseia na Teoria Coativa do
Direito, em que, o direito é um conjunto de normas coativas, na Teoria da Lei como Fonte
do Direito, que tem a lei como fonte hierarquicamente superior às demais, recebendo a
qualificação jurídica e por fim, a Teoria Imperativa da Norma Jurídica, a norma jurídica
tem a estrutura de um comando, proveniente de alguém investido de autoridade e destinado
a impor-se de modo subordinante, sob pena de sanção., e para Teoria do Ordenamento
Jurídico, defende-se a coerência e completude das normas jurídicas, visando conferir
unidade, com uma unidade formal, e em caso de conflitos deve uniformizar por meio dos
critérios de hierarquia, cronologia e especialidade (regras) Enunciado ou proposição
normativa é um enunciado descritivo que se refere a uma ou várias normas jurídicas.
Enquanto as normas são expressões de uma linguagem (prescritiva), qualificando-se de
justas ou de injustas, eficazes ou ineficazes, as proposições normativas são meras
descrições; uma metalinguagem, qualificando-se de verdadeiras ou falsas. Características
das Normas Herbert Hart considera que a visão de Kelsen como limitada aqueles
enunciados que prevêem sanção, contemplando o direito exclusivametne do ponto de vista
de descumprimento da lei, esquecendo que o normal é que estas sejam cumpridas
espontaneamente. Ademais, no ordenamento jurídico existe um importante numero de
normas que não prevêem sanção, nem todos os enunciados que compõem o direito tem esta
mesma estrutura, existindo outros que conferem autorizações ou ordens. Existem dois tipos
de regra: o tipo básico ou primário que prescreve que os seres humanos façam ou omitam
certas ações, impondo deveres. As regras de outro tipo são as secundárias que estabelecem
que os seres humanos podem extinguir ou modificar regras anteriores, ou determinar de
diversas maneiras o efeito delas, ou controlar sua atuação. Conferem faculdades, públicas
ou privadas. Normas e Organização estatal. Dentre as regras secundárias destacam-se:
Regras de Conhecimento, as quais destinam-se a identificar as regras primarias
estabelecendo critérios de validade a partir dos quais, se pode considerar a uma norma
como pertencente ao mundo jurídico. A regra de conhecimento é ditada pelo que os
tribunais dizem, pois em ultima instancia, uma norma só pode ser considerada direito e
compor o ordenamento jurídico, na medida em que ela for reconhecida como tal e aplicada
pelos juízes e pelos tribunais nos casos concretos. Para Ronald Dworkin considera que o
direito não está composto unicamente por normas, mas também e fundamentalmente, por
princípios. Os princípios estão acima e são superiores às normas e podem ser de dois tipos:
Diretrizes Políticas(polices) modelo que estabelecem objetivo que hão de ser alcançados,
metas ou propósitos sociais, econômicos e políticos e princípios em sentido estrito, ou seja,
modelos que estabelecem certa exigência da justiça, da equidade ou da moralidade objetiva
são próprios do PJ no sentido em que se configuram como princípios que jogam um papel
fundamental na tarefa de interpretação e de aplicação do direito.
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A Constituição é uma norma fragmentaria, que não trata de todos os temas, mas tão
somente daqueles escolhidos pelo poder constituinte, pela sua singular importância, ou por
outras razões atinentes à conveniência de seu entrincheiramento. Mesmo nestes temas, a
Constituição, no mais das vezes, não exaure a respectiva disciplina, mas apenas fixa as suas
principais coordenadas normativas, deixando a complementação para o legislador.
A analogia. A analogia consiste em técnica para colmatação de lacunas por meio da qual se
aplica à hipótese não regulada uma norma jurídica que trata de questão similar. A norma em
questão não seria inicialmente aplicável ao caso, que não está compreendido na sua
hipótese de incidência. Mas, diante da lacuna, ela incide, para resolvê-lo.
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Os Costumes. O costume também é uma fonte do Direito, que não se esgota nas normas
jurídicas produzidas pelo Estado. O costume contribui para a abertura do sistema jurídico,
intensificando a sua conexão com a realidade social subjacente. A doutrina, em geral,
caracteriza o costume jurídico pela confluência de dois elementos: o elemento objetivo, que
é a repetição habitual de um determinado comportamento; e o elemento subjetivo, que é a
consciência social da obrigatoriedade desse comportamento. A doutrina aponta como
exemplo de costume constitucional no Brasil a aprovação de algumas leis, de caráter mais
consensual, por meio do chamado “voto de liderança”.
A equidade pode ser empregada para auxiliar na interpretação das normas legais e para
corrigir a lei, quando a aplicação dessa se revelar profundamente injusta ou inadequada às
singularidades do caso concreto. Neste último sentido, ela é associada à suavização dos
comandos legais, de forma benéfica aos seus destinatários. Mas a equidade também pode
ser utilizada para preencher as lacunas da lei, integrando o ordenamento. Esta distinção
entre equidade secundum legem, contra legem e praeter legem, clara na teoria, não é tão
nítida na prática, pois as lacunas a que a equidade é convocada a colmatar são quase sempre
lacunas ocultas. Ou seja, são aquelas lacunas que não decorrem propriamente da ausência
da norma legal disciplinando a hipótese, mas da percepção pelo intérprete de que a norma
incidente deixou de contemplar um aspecto essencial do caso, cuja consideração pelo
legislador teria conduzido a tratamento jurídico distinto.
Diferentemente da analogia e dos costumes, a equidade não está prevista no art. 4o da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro como meio de integração de lacunas. No
ordenamento infraconstitucional brasileiro, a principal alusão à equidade se encontra no art.
127 do Código de Processo Civil, segundo o qual “o juiz só decidirá por equidade nos casos
previstos em lei”. Esta reticência do nosso legislador infraconstitucional em relação à
equidade se explica diante do predomínio, até não muito tempo atrás, de uma concepção
jurídica formalista, que enxergava com grande má-vontade qualquer possibilidade de
criação judicial do Direito, em razão de uma leitura ortodoxa do princípio da separação dos
poderes. No formalismo legalista, a equidade, que tivera o seu auge no Direito Romano, foi
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A teoria do poder constituinte concebida como tal é atribuída ao abade Sieyés, no bojo da
Revolução Francesa, ao divulgar o opúsculo O que é o Terceiro Estado? “Os autores
modernos salientam que, no fundo, a teoria do poder constituinte de Sieyés é,
simultaneamente, desconstituinte e reconstituinte. O poder constituinte antes de ser
constituinte é desconstituinte porque dirigido contra a ‘forma monárquica’ ou ‘poder
constituído pela monarquia’. Uma vez abolido o poder monárquico, impõe-se uma
‘reorganização’, um dar ‘forma’, uma reconstrução da ordem jurídico-política. O poder
constituinte da Nação entende-se agora como poder reconstituinte informado pela ideia
criadora e projetante da instauração de uma nova ordem política plasmada numa
constituição. Os poderes conformados e regulados por esta constituição criada pelo poder
constituinte (inclusive o poder de rever ou emendar a constituição – poder de revisão)
seriam poderes constituídos” (Canotilho).
Existe uma dicotomia entre o conceito de poder constituinte. Para uns, é um puro fato, fora
do direito (conceito político) e, para outros, encontra lugar dentro do direito ainda que não
seja regulado (conceito jurídico). Assim, enquanto para Canotilho o poder constituinte
originário tem um grande aspecto político, mas também jurídico, para Bonavides ele seria
puramente político, oriundo das Revoluções e Golpes de Estado, relegando a faceta jurídica
ao poder constituinte derivado.
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2. Titularidade. De acordo com a concepção de que o poder constituinte não foi uma
novidade do século XVIII, mas apenas a sua teorização, ao longo da história, muitos foram
os titulares desse poder. Na Idade Média, era Deus; no Absolutismo, o monarca; na
Revolução Francesa, a nação ou povo; na Restauração, o príncipe. Atualmente, não existe
controvérsia: o titular desse poder é o povo (art. 1° CF). O titular do Poder Constituinte é
sempre o povo, mas seu exercício se dá por meio de representantes.
B) ilimitado – porque é soberano e não sofre qualquer limitação pelo direito pré-existente
(para muitos se limita a Dignidade da pessoa humana e a vedação do retrocesso).
E) Permanente – porque não se exaure com o seu exercício ( questão controversa pois O
Poder Constituinte Originário não se esgota quando edita uma Constituição subsistindo fora
dela. Pode se expressar a qualquer momento, vindo a estabelecer uma nova Constituição
para a sociedade).
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do golpe que é ilegítimo – em 1964, tivemos uma revolução conforme o preambulo do ato
institucional AI-1, mas em 1968, com os militares radicais no poder temos então, um golpe
de 1969, com o AI-5, com o começo dos anos de chumbo – embora a maioria entenda que
em 1964, já foi um golpe, assim pensa o MPF, outra forma de manifestação do PCO é
ruptura jurídica, trata-se de movimento que há passagem de uma constituição para outra de
forma pacifica, é o exemplo de 1988, temos ainda a seguinte forma de manifestação do
PCO, que se dá por meio de um poder alienígena ou exógeno, que consiste em que, a
constituição é imposta por um poder externo, que reproduz heteroconstituições ou
constituições heterônomas, muito comum em descolonizações ou em situações de guerra
em que o Estado vencedor impõe aos Estados vencidos, temos heterconstituições em
sentido soft (o poder externo estabelece as diretrizes, parâmetro e princípios para o poder
interno elaborar a constituição) ou em sentido hard (o próprio texto constitucional é
elaborado e imposto pelo poder externo), temos ainda o Poder Supranacional, o poder para
constituir entidades supranacionais, como a U.E (com parlamento próprio e comissão
europeia) e mercosul (parlasul) que são Estados em processo de integração que começa
econômica e que tende a se tornar política. Características do PCO: Ilimitado (não sofre
limites jurídicos, não está subordinado a nenhuma manifestação jurídica pré-existente – há
teses contrarias), Inicial (inaugura uma nova ordem jurídica – direito intertemporal regula
as leis anteriores), Incondicionado (não subordinado a nenhuma forma anterior, ou
formalidades predefinidas – observa-se na pratica com o processo de criação da CRFB88, é
convocado o CNC por meio de uma PEC, ou seja, não obedecera qualquer ordem anterior,
por meio de uma comissão de notáveis Afonso Arinos, não concluiu em razão da morte de
TN, quem terminou foi o próprio CNC – pode então uma EC convocar um CNC ou AC –
pode então o poder reformador convocar o poder originário – foram formadas oito
comissões temáticas que trataram de oito temas, que são exatamente os oito títulos da
CRFB que advém de inúmeras constituições conforme história contada pelo Nelson Jobim,
cada comissão temática, era composta de 3 subcomissões, após elas iam para comissão de
redação final e sistematização, para o plenário aprovar – a medida provisória é uma
infuencia do parlamentarismo italiano, e se dera em razão da elaboração da constituição
para o parlamentarismo, por isso temos o plebiscito de 1993, ironicamente fala Afonso da
Silva Presidencialismo Parlamentarista – o dispositivo de separação de poderes foi inserido
às pressas porque ele não representa o parlamentarismo- a nossa constituição padece de
uma série de vícios desde a origem que foi a forma da convocação da constituição, sua
composição e inserção de dispositivos que fala do governo de território será escolhido na
forma da CRFB, mas a mesma não fala disso, outro erro com ausência de
representatividade foram os senadores biônicos – mas a sua adesão popular inclusive com
emendas superam os seus vícios), Latente (permanente apenas se encontrando em estado de
inatividade, podendo se manifestar), Instantâneo (inativo mas pode se manifestar em
qualquer momento), Inalienável (o poder é do povo e não pode ser transferido, ou seja,
modificada a titularidade) e Específico (sua única finalidade é elaborar a constituição)
Limites ao PCO: a tese de Otto Bachof de inconstitucionalidade das normas constitucionais
originárias, emana que para ele uma constituição tem valores suprapositivos (porque já
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Questões Objetivas
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Legislação básica. CRFB, artigos 101, 102, 103, 103-A e 103-B e RISTF.
O Presidente é eleito diretamente pelos seus pares para um mandato de dois anos, vedada a
reeleição. Tradicionalmente, são eleitos os Ministros mais antigos que ainda não tenham
exercido a Presidência.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Seus domínios típicos são: (i) litígios constitucionais – litígios entre órgãos supremos do
Estado e entes federados; (ii) controle de constitucionalidade de leis e outros atos
normativos; (iii) proteção aos direitos fundamentais; (iv) controle da formação dos órgãos
constitucionais – contencioso eleitoral, todas as demais formas de eleição e as demais
formas relevantes de expressão da vontade política (referendos, plebiscitos, formação de
partidos etc.); (v) responsabilidade constitucional – intervenção na apuração e penalização
dos responsáveis por crimes de responsabilidade (Canotilho.)
Ponto Extra: Interpretativismo tem como principal preocupação, ou seja, o ponto central a
democracia, ele verifica uma tensão entre a jurisdição constitucional (os membros da
jurisdição constitucional não são eleitos pelo povo o que caracteriza o déficit da
representatividade popular, embora sabatinados e escolhidos pelo presidente e senadores,
sua função principal é o controle de constitucionalidade que atinge a lei elaborada pelo
legislativo\representantes do povo, ou seja, fruto da vontade majoritária, assim, o STF atua
como uma força contramajoritária, então com que base o STF pode invalidar uma decisão
que é fruto de uma decisão majoritária, nascendo a problemática da legitimidade
democrática da jurisdição constitucional. Ocorre que a vontade da maioria não é absoluta,
ela tem limites, e a democracia constitucional é aquela produzida em respeito aos direitos
fundamentais, legitimamente mitigando a democracia pura – a jurisdição constitucional
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para não ser antidemocrática, ela deve buscar interpretar o texto constitucional, mais perto
do que o próprio texto diz, não podendo valorar o texto constitucional, sob pena de adentrar
nas escolhas substantivas\políticas\morais e éticas do povo por meio de seus representantes,
salvo se as escolhas violam a constituição, assim, ela seria contramajoritária mas
democrática, porque dentro de seus poderes legítimos) e o legislativo (composto por
representantes do povo e tem como principal função a elaboração de leis, então, ela seria
fruto da vontade majoritária) e Não Interpretativismo aqui a constituição apresenta
propositadamente expressões abertas, para permitir a atualização da constituição, porque a
constituição não é uma obra morta (Living Constitution), sendo uma obra da geração atual,
não é a imposição dos mortos sobre os vivos. Não é a geração passada que se impõe a
geração atual, por isso se vale de expressões abertas, para permitir a geração atual a
possibilidade de viver de acordo com a realidade, de acordo com os valores substantivos
(éticos, morais políticos) que a geração adota, sendo uma corrente mais progressista
diversamente do interpretativismo, aqui, temos que o não interpretativismo é o que baseia o
ativismo judicial. Nos EUA temos o originalismo, que defende que a Constituição deve ser
interpretada de acordo com a vontade original, ou seja, intenção original dos criadores da
constituição.
Questões Objetivas
MPF\27º - Compete ao STF processar e julgar originariamente o crime eleitoral
praticado por Deputado Federal; compete ao TRE processar e julgar originariamente
o crime eleitoral praticado por Procurador da República. Assertiva correta.
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Legislação básica: Art. 25, §3º CRFB/1988. LCF 14/1973 (Região Metropolitana).
A Lei Estadual que cria o Município pode ser objeto de ADI “Ainda que não seja em si
mesma uma norma jurídica, mas ato com forma de lei, que outorga status municipal a
uma comunidade territorial, a criação de Município, pela generalidade dos efeitos que
irradia, é um dado inovador, com força prospectiva, do complexo normativo em que se
insere a nova entidade política: por isso, a validade da lei criadora, em face da Lei
Fundamental, pode ser questionada por ação direta de inconstitucionalidade (MC na
ADI 2.381-RS, rel. Min. Sepulveda Pertence, j. 20/06/2001). EC 57/08 (art.96 dos ADCT)
convalidou os Municípios (criados até 31/12/06), embora inexistente a lei complementar
federal regulamentadora (ADI 2381 AgR/RS). Lei que altera limites geográficos do
município também tem que se submeter ao plebiscito (ADI 1262).
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3. Competência. A legislativa se divide em duas: interesse local (art.30, I, da CF, ex. tempo
máximo de fila em banco – RE 610221 RG/SC) e suplementar a legislação federal e
estadual. A material está prevista no art.23 (comum) e art.30, III a IX, CF/88 (privativa).
OBS.: As regiões metropolitanas, criadas por LCE, não se confundem com as regiões
administrativas previstas no art. 43 da CF/1988, criadas por LCF, a exemplo da SUDAM,
SUDENE, SUDECO e SUFRAMA, cujo escopo é o fomento ao desenvolvimento dessas
regiões e redução das desigualdades regionais, compreendendo, cada uma, um mesmo
complexo geográfico e social.
(1) STF, ADI 2809/RS. Objeto: LCE/RS n.º 11.539, de 01/11/2000, que incluiu o Município
de Arroio dos Ratos na Região Metropolitana de Porto Alegre. CONCLUSÃO DO STF: A
LCE não é de iniciativa exclusiva do Governador do Estado (art. 61, §1º, II “e” da
CF/1988), sendo constitucional a LCE cuja iniciativa foi deflagrada pela Assembleia
Legislativa15 .
(2) STF, ADI 1841/RJ. Objeto: Art. 357, parágrafo único da CE/RJ: “a participação de
qualquer município em uma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião
dependerá de prévia aprovação pela respectiva Câmara Municipal”. CONCLUSÃO DO
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(3) STF, ADI 796/ES. Objeto: Art. 216, §1º da CE/ES: “a criação de regiões
metropolitanas e aglomerações urbanas dependerá de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações interessadas”. CONCLUSÃO DO STF: É inconstitucional a
previsão em CE de requisito não previsto na CF/1988 (LCE e Municípios limítrofes) para
a instituição de região metropolitana, tal como a necessidade de prévia consulta
plebiscitária às populações interessadas17 .,
(4) STF, ADI4992, para criação de novos municípios, o art. 18, §4º, da CRFB, exige a
edição de uma lei complementar federal estabelecendo o procedimento e o período no qual
os municípios poderão ser criados, incorporados, fundidos ou desmembrados. Como
atualmente não existe essa LC, as leis estaduais que forem editadas criando novos
municípios são inconstitucionais por violarem as exigência do §4º, do art.18
Questões Objetivas
MPF\27 - Viola o princípio da livre concorrência a lei municipal que estabelece o
horário de funcionamento de farmácias. Assertiva incorreta.
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1. Poder constituinte originário. (Obs. decidi manter o tópico, nada obstante tê-lo sido
realocado para outro ponto do edital do 27⁰ CPR, diante da melhor fluência em explicar o
poder constituinte derivado).
A teoria do poder constituinte concebida como tal é atribuída ao abade Sieyés, no bojo da
Revolução Francesa, ao divulgar o opúsculo O que é o Terceiro Estado? “Os autores
modernos salientam que, no fundo, a teoria do poder constituinte de Sieyés é,
simultaneamente, desconstituinte e reconstituinte. O poder constituinte antes de ser
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Existe uma dicotomia entre o conceito de poder constituinte. Para uns, é um puro fato, fora
do direito (conceito político) e, para outros, encontra lugar dentro do direito ainda que não
seja regulado (conceito jurídico). Assim, enquanto para Canotilho o poder constituinte
originário tem um grande aspecto político, mas também jurídico, para Bonavides ele seria
puramente político, oriundo das Revoluções e Golpes de Estado, relegando a faceta jurídica
ao poder constituinte derivado.
De acordo com a concepção de que o poder constituinte não foi uma novidade do século
XVIII, mas apenas a sua teorização, ao longo da história, muitos foram os titulares desse
poder. Na Idade Média, era Deus; no Absolutismo, o monarca; na Revolução Francesa, a
nação ou povo; na Restauração, o príncipe. Atualmente, não existe controvérsia: o titular
desse poder é o povo.
O procedimento constituinte tem especial relevância porque é ele que inicia a cadeia de
legitimação democrática e dá fundamento a formas derivadas de legitimação. Canotilho
separa as decisões pré-constituintes das decisões constituintes. Nessa primeira etapa,
“depois de um primeiro momento desconstituinte traduzido, em geral, na revogação total ou
parcial da constituição anterior (...) as decisões pré-constituintes reconduzem-se a: (1)
decisões de iniciativa de elaboração e aprovação de uma nova constituição; (2) decisão
atributiva do poder constituinte (a uma Assembleia Constituinte, por exemplo) e definição
do procedimento jurídico de elaboração da nova constituição; (3) leis constitucionais
transitórias enquanto não for aprovada uma nova Constituição”. Na sequência, surgem as
decisões propriamente constituintes a serem tomadas em um procedimento constituinte
representativo, como numa assembleia com poder soberano para fazer e aprovar a
constituição sem a participação direta do povo (representação pura); ou numa assembleia
constituinte não soberana pela qual a elaboração do projeto de constituição é sancionada
diretamente pelo povo através de referendo.
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tal, limitado pela norma que o convocara. Contudo, este posicionamento, francamente
minoritário na doutrina, é absolutamente incorreto. A EC 26/85 foi apenas o veículo formal
empregado para a convocação da Assembleia Nacional Constituinte de 87/88, mas não o
seu fundamento de validade. Este repousava na vontade, presente na sociedade brasileira, e
evidenciava em movimentos como o das “Diretas Já”, de romper com o passado de
autoritarismo, e fundar o Estado e a ordem jurídica brasileira sobre novas bases mais
democráticas. Tratava-se de autêntica manifestação da soberania popular, e esta não
necessita, para exteriorizar-se, do recurso à revolução violenta, podendo também eclodir em
contextos de transição pacífica como ocorreu no Brasil” (Sarmento).
impostas ao poder constituinte derivado. Pois se todo o poder emana do povo, qual seria
então a razão de se restringir a possibilidade de emendas constitucionais? Em teoria
constitucional, justifica-se dizendo que o poder constituinte originário é expressão direta da
vontade do povo e as cláusulas pétreas são limites à vontade dos representantes do povo.
Além disso, tais limitações visam preservar o núcleo essencial do projeto constituinte que,
se alterado, descaracterizaria a própria CF/88. Afinal, querendo a nação alterar
substancialmente a Constituição, poderá fazê-la exercendo seu latente poder constituinte
originário.
De mais a mais, caso o poder reformador ultrapasse os limites materiais outrora impostos
pelo poder originário, deverá incidir o controle de constitucionalidade, seja ele preventivo
ou repressivo.
ii) Separação de poderes: funções estatais devem ser divididas e atribuídas a órgãos
diversos, devendo existir mecanismos de controle recíproco entre eles, de modo a proteger
os indivíduos contra o abuso potencial de um poder absoluto. A divisão tripartite de
poderes, na vigente Constituição, tende a ser inalterável, razão pela qual a alteração do
sistema de governo de presidencialista para parlamentarista seria inconstitucional, pela
extrema proximidade entre legislativo e executivo (parlamentarismo monista).
iii) Voto direto, secreto, universal e periódico: esta é a única limitação material expressa
que não é apresentada com o teor de uma cláusula geral principiológica, mas sim como uma
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regra, uma prescrição objetiva. É que, por circunstâncias históricas brasileiras, o voto direto
passou a ser símbolo essencial do regime democrático.
iv) Direitos e garantias individuais: além dos direitos previstos no art. 5º, outros espalhados
pelo texto constitucional também são imutáveis, como o princípio da anterioridade eleitoral
(art. 16); o princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, b); o direito social à educação
fundamental gratuita (art. 208, I); o direito difuso de acesso à água potável ou ao ar
respirável (art. 225). Assim, não apenas os direitos individuais, mas também os direitos
fundamentais materiais como um todo estão protegidos em face do constituinte reformador
ou de segundo grau. Tratando-se, por outro lado, dos novos direitos fundamentais
positivados pelo poder reformador por meio da aprovação de tratados internacionais, em
regra, serão mutáveis, na medida em que apenas o poder originário poderá criar cláusulas
pétreas. Todavia, serão imutáveis se explicitarem preceitos já existentes no texto
constitucional, v.g., célere prestação jurisdicional. Ademais, direitos fundamentais previstos
em tratados somente equivalerão às emendas constitucionais se aprovados na forma do art.
5º, § 3º, da CF. Caso contrário, terão status de norma supralegal (HC 88.240, HC 90.171,
HC 94.702).
4.1.2) Limitações materiais implícitas: não somente as matérias dispostas no art. 60, § 4º,
da CF são cláusulas pétreas, mas todas aquelas que dizem respeito à identidade básica da
Constituição, como as normas fundamentais do Estado (art. 1º), as que tratam do poder
constituinte reformador, etc.
Por fim, questão que tem levantado muita polêmica é se a garantia do direito adquirido se
sobrepõe à emenda constitucional. Segundo Barroso, a Constituição estabelece que a lei –
e, para esse fim, também a EC – não pode retroagir para prejudicar o direito adquirido.
Cabe, portanto, qualificar o que seja o efeito retroativo vedado.
O tema, como dito, é envolto em polêmica, mas há um ponto inicial de consenso: se a lei
pretender modificar eventos que já ocorreram e se consumaram ou desfazer os efeitos já
produzidos de atos praticados no passado, ela estará em confronto com a CF e será inválida
nesse particular.
Recentemente o STF, por apertada maioria (MS 24.875), adotou a tese de que a garantia diz
respeito a todas as espécies de lei, inclusive a emenda constitucional.
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modificação em seu texto. A mutação esta associada à plasticidade de que são dotadas
inúmeras normas constitucionais. Dessa forma, é o conteúdo da norma que sofre o efeito da
passagem do tempo e das alterações da realidade de fato”.
INFORMATIVO
STF
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Questões objetivas
MPF\25 – Para o STF, as emendas as constituições estaduais não podem criar novos
órgãos públicos no Estado-membro. Assertiva incorreta
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Legislação básica: CRFB, arts. 1º, 18, 21, 22, 23, 25, 30, 32 e 102, I, “f”; ADCT, arts. 14 e
15.
Segundo José Afonso da Silva, para que haja autonomia federativa, são necessários os
seguintes elementos: 1. órgãos próprios de cada entidade (união, estados e municípios); e 2.
posse de competências exclusivas de cada entidade.
a) Da União. A União, pessoa jurídica de direito público, possui uma visão interna, relativa
aos demais estados federados, e uma visão externa, em face dos demais Estados
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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b) Dos estados federados. São coletividades regionais autônomas, sem soberania, porém
com mera autonomia. Entre os Estados e a União não há hierarquia, convivendo todos num
mesmo nível jurídico. A autonomia define-se como condição “de gerir os negócios próprios
dentro dos limites fixados por poder superior”, caracterizando-se pela capacidade de
autogoverno, auto-organização, autolegislação, autoadministração e autonomias tributária,
financeira e orçamentária.
d) Do Distrito Federal. Antes considerado uma autarquia territorial, foi erigido pela CF/88
à condição de pessoa política, integrante da federação. Sua autonomia está consagrada no
art. 32 da CF, que lhe confere as capacidades de auto-organização, autogoverno,
autolegislação e autoadministração, embora sofram limitações em questões essenciais,
como as dos incisos XIII e XIV do art. 21 (ex. compete a União organizar e manter o
TJ/DFT, MP/DFT e DP/DFT). A competência legislativa do DF compreende as que são
atribuídas aos Estados e Municípios, o Poder Legislativo é exercido pela Câmara
Legislativa (no regime anterior o era pelo Senado Federal), o Poder Executivo pelo
Governador e o Poder Judiciário na verdade não é dele, mas da União.
e) Dos territórios. São pessoas jurídicas de direito público interno com capacidade
administrativa e de nível constitucional, ligadas à União e tendo nela a fonte de seu regime
jurídico infraconstitucional. Não são pessoas políticas (não legislam), possuindo mera
capacidade administrativa (natureza jurídica de meras autarquias ou descentralizações
administrativo-territoriais). Não integram a federação. Compete ao Congresso Nacional
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Quanto aos critérios de distribuição de competência, tem-se que o Brasil adota um sistema
complexo, que busca realizar o equilíbrio federativo por meio de uma distribuição que se
fundamenta na técnica de enumeração dos poderes da União (21 e 22), com poderes
remanescentes para os Estados (25, §1º) e poderes definidos indicativamente para os
Municípios (30), mas combina com essa reserva de campos específicos (nem sempre
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Questões objetivas
MPF\24 – É inconstitucional lei estadual que amplia definição estabelecida por texto
federal, em matéria de competência concorrente. Assertiva correta.
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Direitos fundamentais são direitos ou posições jurídicas que investem os seres humanos,
individual ou institucionalmente considerados, de um conjunto de prerrogativas, faculdades
e instituições imprescindíveis a assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna a
todas as pessoas.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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As concepções formais procuram definir a forma ou a estrutura lógica dos direitos, sem a
preocupação em identificar quais seriam os conteúdos desses direitos em um ordenamento
concreto, nas perspectivas teórica e dogmática. Na perspectiva teórica, os autores procuram
identificar nos direitos atributos que deem a ele a qualidade de direitos humanos ou
fundamentais. Referidos atributos podem ser: direitos universais, inatos, originários,
inalienáveis, pré-estatais. Por outro lado, na perspectiva dogmática, os aspectos definidores
dos direitos, tomam como referência um sistema de direito determinado, de âmbito interno
ou internacional. A dogmática do consenso é a concepção que vincula o sentido dos
direitos ao que for definido pelo consenso de uma sociedade concreta. A dogmática
metodológica ou analítica é a linha de estudo que se ocupa com o exame da estrutura da
norma de direito fundamental e da perspectiva desse direito como uma categoria jurídica
própria.
1ª Dimensão - direitos civis e políticos: são direitos voltados à tutela das liberdades
públicas, tais como: direito à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à igualdade.
Expressam poderes de agir, reconhecidos e protegidos pela ordem jurídica a todos os seres
humanos, independentemente da ingerência do estado, correspondendo ao status negativo
(negativus ou libertatis) da Teoria de Jellinek, em que ao indivíduo é reconhecida uma
esfera individual de liberdade imune à intervenção estatal;
2ª Dimensão - direitos sociais, econômicos e culturais: são direitos que exigem prestações
positivas do Estado para a realização da justiça social, do bem estar social e das liberdades
sociais, tais como: a liberdade de sindicalização, o direito de greve e os direitos
trabalhistas. São pretensões do indivíduo ou do grupo frente ao Estado, exigindo-se sua
intervenção para atendimento das necessidades do indivíduo, correspondendo ao status
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José Adércio Leite Sampaio, com reservas no sentido de que, em função do multiplicado
mundo das necessidades, encontramos as quatro gerações, de alguma forma, presentes, e
atentos a uma mescla de tempo de surgimento com a estrutura dos direitos, admite a
classificação dos direitos fundamentais em gerações: a dos direitos civis e políticos –
respondem a necessidades de liberdade e participação máximas com igualdade e
solidariedade mínimas, projetadas em direitos mais nacionais que internacionais; a dos
direitos sociais, econômicos e culturais, como projeções de igualdade máxima,
participação, liberdade e solidariedade mínimas, promovidos tanto no plano interno quanto
internacional; a dos direitos de fraternidade pressupõem máximas solidariedade, igualdade,
liberdade e participação. São os direitos de síntese: paz, desenvolvimento, meio ambiente
ecologicamente equilibrado, biodireitos, direitos virtuais e comunicacionais, as minorias, a
mulher, a criança, o idoso e os portadores de necessidades especiais.
Além da classificação histórica, outra pode ser estabelecida para os direitos fundamentais,
qual seja: o de sua atuação. Perfaz-se em: dimensão subjetiva e dimensão objetiva. Vejamo-
las:
3. Justificativas dos direitos fundamentais. A justificação dos direitos humanos passa por
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a.2) doutrina neoliberal: nega a existência de valores que transcendam ao indivíduo, mas
descreem da existência de valores eternos e absolutos, possuindo duas vertentes:
a.2.2) teoria moral dos direitos humanos: defende-se a ideia de direitos pré-estatais que
limitam a atuação do Estado sobre os indivíduos (Dworkin, Rawls e Cahn).
b.1) objetivismo axiológico: existência de regras ou valores que possuem validade objetiva
e universal;
b.3) positivismo: os direitos humanos, como todos os direitos, nascem com o Estado,
segundo coordenadas arbitrárias do legislador positivo;
b.4) historicismo: os direitos são frutos de processos históricos e da evolução das ideias que
acompanham tais processos;
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c.1) utilitarismo negativo: Kaufmann abjura ao que chama de utilitarismo positivo, isto é,
renuncia a ideia de pregar a felicidade ao maior número de pessoas possível, defendendo a
ideia do utilitarismo negativo de que a “desgraça de muitos” seria susceptível de
generalização, já que todos lutam contra o sofrimento ou a desgraça e, assim, valeria mais
protegê-la (desgraça) do que estimular a felicidade.
c) Imprescritibilidade: não se perdem com o tempo, não prescrevem porque são sempre
exigíveis;
d) Irrenunciabilidade: são irrenunciáveis, pois não são disponíveis, mas seus titulares
podem deixar de exercê-los;
e) Limitabilidade: não são absolutos, pois podem ser limitados pelas leis e por outros
direitos;
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1) status passivo (subjectionis): o indivíduo está subordinado aos poderes estatais – ordens
e proibições;
b) operam como elemento limitador da ação estatal ou como demandante da política estatal
de intervenção, importando em direção exegética tendente a ampliá-los, na hipótese de
entendimento duvidoso, segundo a máxima in dubio pro libertate;
c) devem ser tomados em sua base antropocêntrica, ainda que não necessariamente no
sentido de individualismo possessivo;
f) projetam-se nas relações entre os cidadãos e os poderes públicos (eficácia vertical), mas
também nas relações entre particulares (eficácia horizontal);
g) são titularizados não apenas por pessoas físicas, mas também por pessoas jurídicas e
entes despersonalizados, sempre e quando a sua natureza permita a aplicação dos direitos
fundamentais. Excluem-se as pessoas jurídicas de Direito Público, às quais se reservam
competências, interesses legítimos ou direitos constitucionais, que não podem ser
subsumidos sob o rótulo de direitos fundamentais;
h) são fatores decisivos de integração social ou pontos de partida para se tomar e ter parte
nos processos políticos, econômicos e culturais de uma comunidade.
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A “teoria da eficácia direta e imediata” dos direitos fundamentais na esfera privada foi
defendida, inicialmente, na Alemanha na década de 50. Poderiam, dessa forma, os direitos
fundamentais serem invocados diretamente nas relações privadas, independentemente de
qualquer mediação por parte do legislador, ressalvando-se, apenas, a necessidade de
ponderar o direito fundamental em jogo com a autonomia privada dos particulares
envolvidos no caso.
Espanha e Portugal adotam tal teoria, constando na Constituição Portuguesa que os direitos
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Sobre a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, existem ainda as seguintes teorias
alternativas:
a) Teoria dos deveres de proteção (Canaris e Isensee): consideram que o Estado tem a
obrigação não apenas de abster-se de violar os direitos fundamentais, mas também de
protegê-los diante de lesões e ameaças provenientes de terceiros, inclusive particulares;
c) Teoria mista (Robert Alexy): tenta-se conciliar as teorias, na medida em que todas
reconhecem que as gradações da eficácia dos direitos decorrem da ponderação de
interesses, propondo um modelo de três níveis de efeitos: 1) deveres do Estado; 2) direitos
frente ao Estado; 3) relação entre os particulares.
pluralista, não podem ser desconectados das outras partes da Constituição. Por isso, eles se
irradiam em direção a todas elas, exigindo uma interpretação conforme aos direitos
fundamentais. Não é raro que pretensões supostamente amparadas em direitos possam
entrar em choque. Há duas formas de superar estes conflitos: ou se extrai do enunciado da
norma exercícios atípicos, exorbitantes ou abusivos, por exemplo, com a introdução de uma
reserva de convivência social e das liberdades dos outros; ou bem consideramos, a priori,
todos os direitos absolutos, deixando para o caso concreto a solução de eventuais
contenções.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Por fim, Humberto Ávila leciona que “(...) num confronto horizontal entre regras e
princípios, as regras devem prevalecer. De fato, as regras têm uma eficácia que os
princípios não têm. Em primeiro lugar, a eficácia das regras é decisiva, ao passo que a dos
princípios é apenas contributiva, não cabendo ao intérprete, por consequência, afastar, sem
mais, a decisão tomada pela Constituição Federal pela sua própria decisão pessoal. Em
segundo lugar, as regras têm uma eficácia definitória dos próprios princípios com os quais
horizontalmente se relacionam, no sentido de que vários dos ideais, cuja realização é por
eles determinada, já têm seu modo de concretização prévia e abstratamente ‘delimitado’ no
plano constitucional, não cabendo ao intérprete concretizar o ideal constitucional de modo
diferente daquele já definido pela Constituição por meio de suas regras”. Pode ser, no
entanto, que a aplicação de uma regra gere, no caso concreto, resultados injustos – aí entra
o princípio, em caráter excepcional. Isso se chama, em doutrina, de “superabilidade ou
derrotabilidade das regras”.
Enunciados da CCR – 1
INFORMATIVOS
STF
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regulamentadora posteriormente editada, mas parâmetros idênticos aos da referida lei, a fim
de solucionar os casos em apreço. Nesse tocante, o Min. Marco Aurélio salientou a
impossibilidade de incidência retroativa dessa norma. O Tribunal autorizou, ainda, que os
Ministros decidissem monocraticamente situações idênticas. O Min. Marco Aurélio
consignou que não deveria ser apregoado processo que não estivesse previamente agendado
no sítio do STF na internet. MI 943/DF, 1010/DF, 1074/DF e 1090/DF, rel. Min. Gilmar
Mendes, 6.2.2013. Plenário. (Informativo 694).
Deferida a naturalização, seu desfazimento só pode ocorrer mediante processo judicial (CF:
“Art. 12. ... § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver
cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional”). Essa a orientação do Plenário que, ao concluir julgamento, por
maioria, proveu recurso ordinário em mandado de segurança no qual se discutia a
possibilidade de o Ministro de Estado da Justiça, por meio de ato administrativo, cancelar o
deferimento de naturalização quando embasada em premissa falsa (erro de fato)
consistente, na espécie, em omitir-se a existência de condenação em momento anterior a
sua naturalização — v. Informativo 604. Asseverou-se que a cláusula do inciso I do § 4º do
art. 12 da CF seria abrangente, a revelar que o cancelamento da naturalização deveria
ocorrer por sentença judicial. Ademais, ressaltou-se que a referência feita na parte final do
aludido preceito, ao apontar uma causa, seria simplesmente exemplificativa, haja vista a
infinidade de situações que poderiam surgir, a desaguarem no cancelamento da
naturalização. Por conseguinte, declarou-se a nulidade da Portaria 361/2008, do Ministro de
Estado da Justiça, de modo a restabelecer-se a situação do recorrente como brasileiro
naturalizado em todos os órgãos públicos, sem prejuízo de que a condição de naturalizado
fosse analisada judicialmente, nos termos do art. 12, § 4º, I, da CF. Assentou-se, ainda, a
não recepção do art. 112, §§ 2º e 3º, da Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) pela atual
Constituição. Nesse ponto, a Min. Cármen Lúcia declarava o não recebimento apenas do
mencionado § 3º. Salientava a adesão brasileira à Convenção sobre o Estatuto dos
Apátridas, que, em seu art. 8º, § 4º, preveria, na hipótese em comento, também a atuação de
órgão independente. Entretanto, consignava que o Ministro de Estado da Justiça, tendo em
conta vinculação hierárquica ao Chefe do Poder Executivo, não deteria essa competência.
Vencido o Min. Ricardo Lewandowski, relator, que denegava o recurso por reputar possível
esse cancelamento pela via administrativa, quando descobertos vícios no seu processo.
RMS 27840/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco
Aurélio, 7.2.2013. Plenário. (Informativo 694).
Não se extrai da norma contida no art. 40, § 4º, III, da CF (“Art. 40. ... § 4º É vedada a
adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis
complementares, os casos de servidores: ... III - cujas atividades sejam exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”) a existência de dever
constitucional de legislar acerca do reconhecimento à contagem diferenciada e da
averbação de tempo de serviço prestado por servidores públicos em condições prejudiciais
à saúde e à integridade física. Ao reafirmar essa orientação, o Plenário, por maioria, deu
provimento a agravo regimental interposto, pela União, de decisão do Min. Marco Aurélio,
em mandado de injunção do qual relator. Na ocasião, este assentara o direito do impetrante
à contagem diferenciada do tempo de serviço prestado em condições insalubres, com
observância do sistema do regime geral de previdência social (Lei 8.213/91, art. 57), para
fins da aposentadoria de que cogitaria o § 4º do art. 40 da CF, cabendo ao órgão a que
integrado o exame do atendimento ao requisito “tempo de serviço” — v. Informativo 633.
Destacou-se que a jurisprudência da Corte limitar-se-ia à pronúncia do direito à
aposentadoria especial dos servidores públicos. Vencido o Min. Marco Aurélio, que negava
provimento ao regimental. Asseverava que, enquanto não editada a lei reguladora do direito
assegurado constitucionalmente, o critério a ser levado em conta seria, na integralidade, o
da Lei 8.213/91. Assim, se os trabalhadores em geral poderiam ter considerado o tempo de
serviço em atividade nociva à saúde, mediante conversão (Lei 8.213/91, art. 57, § 5º), não
haveria justificativa para obstaculizar o tratamento igualitário aos servidores públicos até o
advento da legislação específica. Precedentes citados: MI 4295/DF (DJe de 6.11.2012); MI
2764/DF (DJe de 2.10.2012); MI 795/DF (DJe de 22.5.2009). MI 2140 AgR/DF, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 6.3.2013. Plenário. (Informativo
697).
Com base nas razões acima expendidas, o Plenário, por maioria, deu provimento a agravos
regimentais, julgados em conjunto, nos quais se discutia a possibilidade, ou não, de
contagem diferenciada de tempo de serviço prestado em decorrência de atividades
exercidas em trabalho especial — v. Informativo 640. O Min. Luiz Fux reajustou o voto.
MI 2123 AgR, 2370 AgR e 2508 AgR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Dias Toffoli, 6.3.2013. Plenário. (Informativo 697).
É dever do Estado-membro remover toda e qualquer barreira física, bem como proceder a
reformas e adaptações necessárias, de modo a permitir o acesso de pessoas com restrição
locomotora à escola pública. Com base nessa orientação, a 1ª Turma deu provimento a
recurso extraordinário em que discutido: a) se o ato de se determinar à Administração
Pública a realização de obras significaria olvidar o princípio da separação dos Poderes,
porquanto se trataria de ato discricionário; b) se necessário o exame de disponibilidade
orçamentária do ente estatal. Consignou-se que a Constituição (artigos 227, § 2º, e 244), a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, a Lei 7.853/1989; e
as Leis paulistas 5.500/1986 e 9.086/1995 asseguram o direito das pessoas com deficiência
ao acesso a prédios públicos. Frisou-se o dever de a Administração adotar providências que
viabilizassem essa acessibilidade. Pontuou-se presente o controle jurisdicional de políticas
públicas. Asseverou-se a existência de todos os requisitos a viabilizar a incursão judicial
nesse campo, a saber: a natureza constitucional da política pública reclamada; a existência
de correlação entre ela e os direitos fundamentais; a prova de que haveria omissão ou
prestação deficiente pela Administração Pública, inexistindo justificativa razoável para esse
comportamento. Destacou-se a promulgação, por meio do Decreto 6.949/2009, da
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, incorporado ao cenário normativo brasileiro segundo o procedimento previsto
no § 3º do art. 5º da Constituição. Ressalvou-se o disposto no artigo 9º do mencionado
decreto [“1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e
participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas
apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e
comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem
como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona
urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de
obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a: a) Edifícios,
rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas,
residências, instalações médicas e local de trabalho”]. RE 440028/SP, rel. Min. Marco
Aurélio, 29.10.2013, 1ª Turma. (Informativo 726).
Questões Subjetivas
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Questões Objetivas
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MPF\27 - o Supremo Tribunal Federal, superando posição sua já sumulada, teve por
constitucional o cômputo, para fins de aposentadoria especial de professores, do
tempo de serviço prestado fora de sala de aula. Assertiva correta
MPF\27 - a Doutrina da Proteção Integral deve ser entendida como proteção especial
aos direitos da pessoa em desenvolvimento, representando mudança em relação ao
paradigma anterior, que considerava crianças e adolescentes como se objeto fossem.
Assertiva correta
MPF\27 - STF, em tema de violência doméstica contra a mulher, entende que, para o
início da ação penal, outros valores constitucionais devem ser ponderados,
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Legislação básica: art. 59 a 69; art. 84, VIII; art. 85, II, todos da CRFB.
2. Objeto. Nos termos do art. 59 da CF/88, o processo legislativo terá por objeto as
seguintes espécies normativas primárias: i) emendas à constituição; ii) leis complementares;
iii) leis ordinárias; iv) leis delegadas; v) medidas provisórias; vi) decretos legislativos; e,
vii) resoluções.
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b) LC: dois aspectos distinguem-na da LO. Primeiro, o quorum mínimo para a aprovação
da LO é de maioria relativa, enquanto o da LC é de maioria absoluta (distinção formal).
Segundo, a LC deve regulamentar apenas matérias expressamente previstas na CF,
enquanto a LO deve regulamentar matérias que não sejam reservadas a outras espécies
normativas, denotando seu campo residual (distinção material). Portanto, é inócua a
discussão acerca de eventual hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária.
ao PR para que publique a lei de conversão. Sendo-a rejeitada, expressa ou tacitamente por
decurso do prazo, perderá sua eficácia desde a sua edição (ex tunc), momento em que o CN
deverá regular as relações dela decorrentes por meio de DL. Ausente à promulgação do DL
60 dias após a rejeição da MP, conservar-se-ão regidas por ela as relações ocorridas no
período de sua vigência. Uma MP não pode revogar lei. Caso tratem de matéria idêntica, a
lei anterior terá sua eficácia suspensa até que a MP seja rejeitada ou convertida em lei (STF
- ADI 712/DF, rel. Min. Celso de Mello). Citado ato normativo possui restrições (limites)
materiais, conforme art. 62, §1⁰, II e IV, da CF. Ademais, não se admite a regulamentação
por MP de artigo constitucional que tenha sido alterado por meio de EC promulgada entre
01.01.95 e 11.09.01. A CF admite a instituição ou majoração de impostos por MP, hipótese
em que, excetuados os impostos extrafiscais e os extraordinários, deverá ser observado o
princípio da anterioridade (CF, art. 150, III, b), tendo como prazo inicial a conversão da MP
em lei, e não a partir de sua edição. No âmbito municipal também deve ser admitida a
edição de MP pelo Prefeito, com fundamento no princípio da simetria, desde: a) seja
observada às normas básicas sobre processo legislativo previsto na CF; b) a consagração da
utilização deste instrumento (MP) pelo Governador inserto no texto constitucional estadual;
c) que haja expressa previsão da MP na Lei Orgânica Municipal. Por fim, a conversão da
MP em lei não lhe confere imunidade e nem convalida os seus vícios originários (STF –
ADI (MC) 3.090/DF e ADI (MC) 3.100/DF, rel. Min. Gilmar Mendes).
d) LD (lei delegada): ato normativo primário elaborado pelo PR, após delegação externa
corporis do CN por meio de resolução (exceção ao princípio da indelegabilidade de
atribuições). Sua elaboração tem início na iniciativa solicitadora, exclusiva e discricionária,
do Chefe do Poder Executivo federal, devendo este indicar o assunto a ser tratado. O prazo
máximo para a delegação é o de uma legislatura (04 anos). Ressalte-se que a LD não
poderá regular direitos individuais, vedação essa não imposta à MP (CF, art. 68, §1⁰, II).
LD deverá ser submetida à votação, em sessão bicameral, sendo o quorum mínimo para sua
aprovação, em cada Casa, de maioria relativa. Não podem ser objeto de delegação
(limitação material), dentre outros, os atos de competência exclusiva do CN (CF, art. 49),
da CD (CF, art. 51), do SF (CF, art. 52), de matérias reservadas à LC (CF, 68, §1⁰).
f) Resolução: ato normativo primário elaborado pela CD, pelo SF ou pelo CN, para
veicular determinadas matérias de sua competência definidas, em regra, pelos respectivos
regimentos internos. Sua iniciativa pertence a qualquer membro do CN, devendo sua
discussão e votação ocorrer na Casa que expedir. Aprovada por maioria relativa, sua
promulgação é realizada pela Mesa da Casa legislativa que a expediu ou, tratando-se de
resolução do CN, pela Mesa do SF (inexiste sanção presidencial). Por fim, é publicada pela
Casa legislativa que expediu a resolução.
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A primeira fase do processo legislativo tem início quando alguém ou algum ente toma a
iniciativa de apresentar uma proposta de criação de novo direito. O projeto de lei deve ter
início na CD, se não resulta de iniciativa de senador ou de comissão do Senado. A iniciativa
pode ser comum ou concorrente, se a proposição normativa puder ser apresentada por
qualquer membro do CN ou por comissão de qualquer de suas Casas, bem assim pelo
Presidente da República, e, ainda, pelos cidadãos, no caso de iniciativa popular; ou
reservada, que visa subordinar ao seu titular a conveniência e oportunidade da deflagração
do debate legislativo em torno do assunto, v.g., no art. 128, §5º, da CF faculta-se ao chefe
do MP a iniciativa (reservada) de LC que estabeleça sua organização – é notar que, pelo art.
61, §1º, II, d, o constituinte reserva também ao Presidente da Republica a iniciativa do
processo legislativo. O STF reconheceu a impropriedade terminológica, mas conciliou os
dispositivos, entendendo que, no caso “essa ‘privatividade’ (da iniciativa do PR) só pode ter
um sentido, que é o de eliminar a iniciativa parlamentar” (ADI 400/ES, RTJ, 139/453).
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6. Atos interna corporis. (Obs. Decidi manter o tópico, nada obstante tê-lo sido suprimido
no edital do 27⁰ CPR, diante da relevância deste tema na atualidade. Refiro-me aos
constantes impasses entre o STF e CD).
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natureza dupla, todos seriam materialmente constitucionais se aprovados pelo rito simples
tanto os aprovados antes como depois da ec45, e materialmente e formalmente
constitucionais os aprovados pelo rito especial contudo não poderiam ser deunciados, ruim
pq todos os tratados aprovados não tem reservas ), 3º Ciclo 2008 até o presente momento
que é a posição do STF, que é a TEORIA DO DUPLO ESTATUTO DOS TRATADOS DE
DIREITOS HUMANOS no RE 466343\SP, relator Peluzo, mas o voto importante é o do
Gilmar Mendes, que defendeu supralegal para os aprovados antes ou depois da EC45, pelo
rito simples, e os aprovados pelo rito especial equivalentes a EC’s – se o STF entender que
tem natureza supraconstitucional os tratados de direitos humanos, nada muda para o ACR,
visto que não se pode interpretar à luz da Constituição, mas sim como se interpreta
nacionalmente os tratados internacionais. Daí, a importancia do Controle de
Convencionalidade. Controle de Convencionalidade consiste na aferição da
compatibilidade de uma norma ou decisão local diante de tratados ou normas
internacionais. Daí, surgem duas espécies: a) Controle de Convencionalidade de Matriz
Nacional\Provisório ou Preliminar é aquele realizado pelo juiz nacional; b) Controle de
Convencionalidade de Matriz Internacional é aquele realizado pelo juiz ou órgão
internacional – o resultado pode ser o mesmo das duas decisões – as diferenças são: origem,
hierarquia da norma paramétrica(para o juiz nacional a hierarquia paramétrica ou é
supralegal ou equivalente a EC, para um juiz internacional mesmo o PCO deve se curvar a
norma internacional, devendo o direito internacional dá a última palavra), pela amplitude
do objeto de controle(para o juiz nacional a clausula pétrea não pode ser objeto, não se
pode analisar o federalismo brasileiro perante qualquer Convenção, já o juiz internacional
pode utilizá-la´como objeto) pela interpretação( o caso Gomes Lund demonstra um choque
entre o controle de convencionalidade nacional e internacional, meses antes da sentença da
CIDH, o STF julgou a ADPF153, o voto do Celso de Melo fez o controle de
convencionalidade de matriz nacional para ele a convenção só proíbe a auto anistia,
diversamente da anistia brasileira que foi fruto de um acordo – o Controle de
Convencionalidade de Matriz Internacional disse que toda anistia, inclusive, a amnésica
não são compatíveis com a CADH – segundo ACR não se pode apenas se preocupar com a
incorporação dos tratados e interpretá-los localmente, criando tratados internacionais
nacionais, ou seja, a DUDH local – segundo a Suprema Corte da Argentina controlar um
tratado internacional localmente, é anedota, ele não pode ser interpretado nacionalmente, a
não ser q se considere que ele é provisório ou preliminar, q pode ser modificado quando a
corte decidir). Tratados Internacionais - para obterem eficácia interna, eles demandam um
processo de incorporação, com a celebração no plano externo, e posteriormente, é aprovado
no CN, e a partir do decreto promulgatório do presidente da República, é que, passará a ter
eficácia, executoriedade e publicidade ao decreto. No plano interncional, o Estado tem que
fazer a ratificação, ou seja, a prova que aprovou internamente - Tratados Internacionais
Antes da Ec45\04, havia uma controversia sobre os tratados de direitos humanos, para uma
corrente tinha natureza de norma constitucional(defendida pela Flávia Piovesan e Antonio
Cançado Trintade, que, é o pai, do §2º, do art.5º ou seja, do princípio do dualismo
jurídico\clausula de abertura), e para outra, tinha paridade normativa com a lei ordinária,
por não ter a forma constitucional, visto que não foi elaborada pelo PCO e PCDR,
inclusive, era a tese do STF, para qualquer tratado interncional, inclusive, de direitos
humanos. Pelo critério da especialidade, a legislaçao ordinária era mais especifica que
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CADH, daí, era possível a prisão do depositário infiel. Tratados Internacionais de direitos
humanos aprovados na forma do §3ª, do art.5º, da CRFB, ou seja, depois da EC 45\04,
tendo equivalencia(vale como) com emenda à constituição, o decreto legislativo do CN,
será aprovado, na forma do procedimento da EC's, podendo ser parametro de
constitucionalidade, o tratado, por integrar o bloco de constitucionalidade. Atualmente,
apenas existe um tratado aprovado neste rito, que é, o tratado de nova iorque, sobre pessoas
com deficiencia. Mas, podemos ter tratados de direitos humanos aprovados na forma que
não seja aquela do § 3º, do art. 5º, quem escolhe é presidente. Os tratados de direitos
humanos aprovados antes da EC 45\04, e os aprovados após a EC 45, em forma diversa do
§3º, do art.5º, não são equivalentes a EC's, sendo normas supralegais(tese da
supralegalidade defendida pelo STF capitaneada pelo Gilmar Mendes, se localizando
abaixo da constituição, mas acima da lei doméstica - para Gilmar Mendes, existe o Estado
Constitucional Cooperativo de Peter Häberle, que entende que os Estados dotados de uma
constituição se encontram com relações internacionais com outros Estados, não podendo
haver antagonismo, mas de cooperação entre os Estados. Assim, a constituição de cada
Estado, não deve ser interpretada apenas considerando a si mesmo, mas considerando os
demais Estados - é incoerencia sistemica o Brasil no plano internacional não admitir a
prisão do depositario infiel, por sersigniatários de tratados internacionais que não admite,
mas no plano interno admitir - prevalecendo para o STF a interpretação pro homine,
favorável aos direitos humanos, em razão) - se não for de direitos humanos, tem paridade
normativa com lei ordinária, como já o era antes da Ec45 - o direito fundamental, não é a
prisão do depositário infiel(que é a restrição ao direito fundamental), e, sim, a não prisão, é
que é, direito fundamental - a CADH suspende a eficácia da prisão do depositário infiel,
não tendo a lei local aplicabilidade pratica - o PIDCP(do sistema onusiano) também não
permite a prisão do depositário infiel. A Federalização das Graves Violações de Direitos
Humanos, também inserida pela EC45, §5º, do art.109, da CRFB, é quando há uma grave
violação de direitos humanos, e cuja competência para promover a responsabilização dos
violadores de direitos humanos, é da justiça socia, mas o instituto preve que a competência
seja deslocada da justiça estadual para federal, em razão de direitos humanos previstos em
tratados internacionais que o Estado brasileiro seja parte. Nesse caso, poderá ser proposto o
IDC, pelo PGR(legitmidade exclusiva) perante o STJ(órgão detentor da competencia para
julgar) - o deslocamento pode se dá em qualquer fase do inquerito ou do processo - se tiver
na fase do inquerito, a PF assume junto com o MPF - as criticas é a violação do princípio
do juiz natural e da separação de funções com a criação do IDC. Os argumentos favoráveis
decorrem da proteção dos direitos humanos, em razão de omissão, negligencia, demora
injustificada, falta de condições reais ou falta de vontade política, para investigar, processar
e punir os autores de violaçoes de direitos humanos, observando a proporcionalidade ( IDC
n:º Caso da Missionária Dorothy Stang, que foi indeferido - IDC n:º 2º, foi o primeiro IDC
concedido em território nacional se deu no conhecido “Caso Manuel Mattos”, ex-vereador
e advogado, morador de Itambé (PE), executado em 24 de janeiro de 2009, com dois tios de
espingarda calibre 12, no município de Pitimbú, praia de Acaú, litoral sul da Paraíba.A
motivação do homicídio foi sua forte atuação contra o crime organizado em sua região,
notadamente grupos de extermínio de adolescentes, homossexuais e supostos ladrões, nos
municípios de Pedras de Foto (PB), Itambé e Timbaúba (PE), na divisa dos dois estados.
Manuel estava sem proteção policial, apesar das medidas cautelares de proteção decretadas
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Jurisprudência
INFORMATIVOS
STF
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estivesse a apreciar o mérito, pronunciar-se-ia pelo não recebimento do §1º do art. 104 do
Regimento Comum do Congresso Nacional (“§1º O prazo de que trata o §4º do art. 66 será
contado a partir da sessão convocada para conhecimento da matéria”). De igual modo,
também não inferia da Constituição a necessidade de observância cronológica. MS 31816
AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013.
Plenário. (Informativo 696).
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Questões objetivas
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1. Introdução. Segundo Novelino, “fruto de uma aliança entre Estados, a União é uma
pessoa jurídica dotada de capacidade política existente apenas em Estados federais. Possui
competência para atuar em nome próprio e em nome da federação. A União, pessoa jurídica
de direito público interno, não se confunde com a República Federativa do Brasil, que é
uma pessoa jurídica de direito público internacional formada pela união dos Estados, DF e
Municípios. Por fim, a União, assim como os demais entes que compõem a federação
brasileira, possui apenas autonomia, apesar de exercer as atribuições decorrentes da
soberania do Estado brasileiro”.
173
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caso das competências do CN a serem regradas mediante Decreto Legislativo (CF, art. 49),
as matérias da União a serem regulamentadas por lei (CF, art. 48), e as competências da CD
(CF, art. 51) e do SF regulamentáveis por Resolução”.
3. Bens da União. Aduz Novelino que, “os bens públicos pertencentes à União podem ser
agrupados em três categorias: i) bens de uso comum – permitem o livre acesso e a
utilização de todos; ii) bens de uso especial – destinam-se à utilização da AP e ao
funcionamento do governo federal; iii) bens dominicais – são aqueles passíveis de
alienação, porquanto têm natureza jurídica semelhante à dos bens privados, já que não
afetos a nenhum interesse público. Tais bens estão relacionados no art. 20 da CF, tais como,
os recursos naturais da plataforma continental e da ZEE; o mar territorial; as cavidades
naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; as terras tradicionalmente
ocupadas pelos índios”.
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Introdução. Nas palavras de Chaves e Rosenvald, “toda vez que o intérprete não localizar
no sistema jurídico norma aplicável ao caso concreto, verifica-se uma lacuna que necessita
de preenchimento, colmatação. É que tem guarida entre nós a vedação ao non liquet. A
própria lei (LINDB, art.4⁰), partindo da real possibilidade de omissão normativa, indica os
meios pelos quais serão supridas as lacunas”.
Note-se que, “a integração das normas serve para colmatar as lacunas do sistema, mas não
tem caráter normativo (obrigatório), não vinculando outras decisões em casos análogos”.
Chaves e Rosenvald afirmam ainda que, “apesar de seu caráter abstrato, indeterminado, é
de se notar que os princípios realizam importante função positiva, influindo na formulação
de determinadas decisões, além da induvidosa função negativa, impedindo decisões
contrárias a seus postulados fundamentais”.
“Dos velhos princípios gerais do Direito Romano (suun cuique tribuere, honeste vivere e
neminem laedere, isto é, dar a cada um o que é seu, viver honestamente e não lesar
ninguém) extrai-se um substrato mínimo do que o ordenamento reputa fundamental em
termos axiológicos, independentemente de expressa previsão legal. São os chamados
princípios informativos que inspiram todo o sistema jurídico sem prender-se ao texto
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normativo”.
Finalmente, “a previsão para a aplicação dos princípios gerais de direito, na omissão da lei,
vem encartada em diversos ordenamentos jurídicos, como no Direito português (CC, art.
1⁰), no Direito espanhol (CC, art. 1⁰) e no Direito argentino (CC, art. 16)”.
Ponto extra: Miguel Reale: “os princípios são ‘verdades fundantes’ de um sistema de
conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas,
mas tb por motivos de ordem prática de caráter operacional, i.é, como pressupostos
exigidos pelas necessidades do pesquisa e da praxis”.
José de Oliveira Ascensão: “Os princípios são as grandes orientações formais da ordem
jurídica brasileira, q fundam e unificam normas e soluções singulares”.
Conceito da Enciclopédia Saraiva de Direito: “a palavra princípio vem de principium, q
significa início, começo, ponto de partida, origem. Em linguagem científica princípio quer
dizer fundamento, causa, estrutura.
Nelson Nery Jr. E Rosa Nery: “Princípios gerais de direito. São regras de conduta q
norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. Os princípios gerais
do direito não se encontram positivados. São regras estáticas q carecem de concreção. Têm
como função principal auxiliar o juiz no preenchimento das lacunas”.
Confrontados com as normas jurídicas, os princípios são mais amplos, abstratos, muitas
vezes com posição definida na CF. Já as normas são dotadas de concretismo, de posição de
firmeza, em oposição ao nexo deôntico relativo q acompanha os princípios.
As normas deverão ser sempre aplicadas, sob pena de suportar consequências jurídicas
determinadas previamente.
O próprio art. 5º da LINDB traz em seu bojo um princípio: o do fim social da norma.
Assim, o juiz, na aplicação da lei, deve ser guiado pela sua função social ou fim social e
pelo objetivo de alcançar o bem comum (a pacificação social).
Historicamente, não se pode esquecer que os princípios já estavam previstos como forma de
integração da norma no direito romano, sendo os seguintes mandadamentos do direito
romano: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere (viver honestamente,
não lesar a ninguém, dar a cada um o q é seu, rsepectivamente). Tais regramentos
continuam sendo invocados, tanto pela doutrina como pela jurisprudência.
Os princípios jurídicos não precisam estar expressos na norma.
Pode-se conceituar os princípios como fontes do direito, conforme previsão do art. 4º da
LINDB.
Analisando os seus fins, os princípios gerais são regramentos básicos aplicáveis a um
determinado instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca da
justiça e da pacificação social. sob o prisma de sua origem, os princípios são abstraídos das
normas jurídicas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos,
econômicos e sociais.
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Legislação básica: CRFB, art. 1º, caput; art. 18; arts. 25 a 28; art. 11 do ADCT.
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se pautar por uma justificação idônea, sob pena de descaracterizar a própria estrutura
federativa que lhe é inerente (ADI-MC 4.298).
3.1) limitações expressas – são consubstanciadas em dois tipos de regras: umas de natureza
vedatória e outras de natureza mandatória. As primeiras proíbem explicitamente os Estados
de adotar certos atos ou procedimentos (ex.: arts. 19, 150 e 152). As segundas consistem em
disposições que determinam aos Estados a observância de princípios que limitam sua
liberdade organizatória (p. ex.: arts. 29, 18, § 4º, 31, 37, 42, 98 e 125);
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Procurador-Geral de Justiça.
ADI 1.060: os Estados são obrigados a seguir as regras básicas do processo legislativo,
notadamente as regras referentes a iniciativa reservada previstas na Constituição Federal.
ADI 676: não se pode subordinar a eficácia dos convênios celebradas por secretários de
Estado ou de seus atos e contratos à aprovação da Assembleia Legislativa.
ADI 41: a Constituição do Estado não pode exigir autorização legislativa para que o Estado
contraia dívida.
ADI 687: Constituição estadual não pode impor ao prefeito dever de comparecimento
perante a Câmara de Vereadores.
ADI 978: Constituição estadual não pode prever imunidade a prisão cautelar a
governadores.
ADI-MC 4.298: A invocação da regra da simetria não pode, em sintese, ser produto de uma
decisão arbitrária ou imotivada do intérprete.
Jurisprudência
DESMEMBRAMENTO DE ESTADO E POPULAÇÃO DIRETAMENTE
INTERESSADA
A expressão “população diretamente interessada” constante do §3º, do art.18, da CRFB
deve ser entendida como a população tanto da área desmembrada do Estado-membro como
a da área remanescente. ADI 2650
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Legislação básica. CRFB a partir do artigo 184, lei 4.504/64 e Lei n° 8.629/93.
Nesse sentido, a Lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra) estabelece que “entende-se por política
agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a
orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de
garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de
industrialização do país” (art. 1º, §2º).
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A reforma agrária é o principal instrumento da política agrícola, pois atua sob um eixo
econômico, bem como sob um eixo social. A reforma agrária é “o conjunto de medidas que
visem a promover melhor distribuição de terra, mediante modificações no regime de sua
posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de
produtividade” (art. 1º, §1º, do Estatuto da Terra).
Cumpre salientar que os instrumentos constitucionais do art. 187 não são taxativos, mas
garantem a implementação mínima do projeto constitucional de política agrícola.
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Nos moldes do definido no art. 184 da Carta Fundamental, compete à União desapropriar
por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo
sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. As benfeitorias úteis e
necessárias serão indenizadas em dinheiro (O STF entende que devem ser pagos por
precatório. RE 247866).
O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação. Cabe à lei complementar estabelecer
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação. (O STF entende que prescinde da intimação feita pessoalmente a ambos os
cônjuges para validade da vistoria no imóvel). São isentas de impostos federais, estaduais e
municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma
agrária. A desapropriação, judicial ou extrajudicialmente, é executada pelo INCRA,
autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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Determina o art. 184, §5º, da CF que são isentas de impostos federais, estaduais e
municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma
agrária. Segundo o STF, a isenção deve ser entendida como imunidade e tem por fim não
onerar o procedimento expropriatório ou dificultar a realização da reforma agrária.
Ademais, os títulos da dívida agrária constituem moeda de pagamento da justa indenização
devida e, dado seu caráter indenizatório, não podem ser tributados. Todavia, terceiro
adquirente de títulos da dívida agrária não goza da referida imunidade, uma vez que o
benefício alcança tão-somente o expropriado (RE 168.110, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
19/05/2000).
Não se confunde latifúndio e minifúndio com pequena e média propriedade, pois estas são
fixadas em módulos fiscais e aquelas em módulos rurais. Para ser latifúndio, basta ter no
mínimo 1 MR e ser improdutiva. É preciso que o proprietário da pequena ou média
propriedade não possua outro imóvel RURAL. Se o sujeito tiver 40 imóveis urbanos e 1
média propriedade, ela não poderá ser desapropriada, pois a lei veda este benefício àquele
que possuir outro imóvel rural e não urbano. (Na usucapião especial rural, não pode o
indivíduo ter qualquer outro imóvel).
Vale destacar da LC que as ações concernentes à desapropriação de imóvel rural, para fins
de reforma agrária, têm caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações
referentes ao imóvel expropriando (art. 18, caput). Qualquer ação que tenha por objeto o
bem expropriado será distribuída, por dependência, à Vara Federal onde tiver curso a ação
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No STF:
Decisão anterior: STF – para fins da Lei 8.629/93, deve ser levada em conta a área global,
sem dedução das áreas aproveitáveis e da reserva legal, que somente são considerados no
cálculo da produtividade do imóvel – assim, pela área global se verifica se é grande
propriedade e, portanto, passível de desapropriação para fins de reforma agrária (MS 24924
– I 617).
No STJ:
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STJ Súmula nº 298: “O alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui
faculdade da instituição financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei”.
INFORMATIVOS
STF
Jurisprudência
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Segundo José Afonso da Silva, o sistema constitucional das crises fixa “normas que visam à
estabilização e à defesa da Constituição contra processos violentos de mudança ou
perturbação da ordem constitucional, mas também à defesa do Estado quando a situação
crítica derive de guerra externa. Então, a legalidade normal é substituída por uma
legalidade extraordinária, que define e rege o estado de exceção”. Os mecanismos de
restabelecimento da normalidade devem respeitar o princípio da necessidade, sob pena de
configurar arbítrio e verdadeiro golpe de estado, bem como o princípio da temporariedade,
para não se instalar uma ditadura.
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O estado de sítio é mais grave e pode ser decretado nos casos de (i) comoção grave de
repercussão nacional, (ii) ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida
tomada durante o estado de defesa e (iii) declaração de estado de guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira. A decretação do estado de sítio dependerá de autorização
prévia do Congresso. Após ouvir os Conselhos da República e de Defesa Nacional, que
emitirão posição não vinculante, o PR enviará solicitação fundamentada ao Congresso, para
manifestar-se pela maioria absoluta de seus membros. O decreto deverá trazer a duração do
estado de sítio (exceto em caso de guerra), as medidas necessárias à sua execução e as
garantias constitucionais que deverão estar suspensas. Após a publicação do decreto, o PR
designará o executor das medidas e as áreas abrangidas (é possível abrangência nacional).
O prazo do estado de sítio ante a ineficácia do estado de defesa será de, no máximo, 30
dias, prorrogáveis quantas vezes forem necessárias. Toda prorrogação dependerá de
autorização do Congresso. Medidas coercitivas: (a) obrigação de permanência em
localidade determinada; (b) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados
por crimes comuns; (c) restrições (não supressões) relativas à inviolabilidade de
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; (d) suspensão de liberdade de reunião;
(e) busca e apreensão em domicílio; (f) intervenção nas empresas de serviços públicos; (g)
requisição de bens. Apenas no estado de sítio as imunidades parlamentares podem ser
relativamente suspensas, observados os requisitos constitucionais. A difusão dos
pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que
liberada pela respectiva Mesa, não sofrerá restrições pelo Executivo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Comunicação social: Segundo Uadi Lammêgo Bulos (apud Leo Van Holthe),
comunicação, em sentido lato, é toda forma de exteriorização do pensamento escrito ou
oral. Em sentido estrito, porém, é o ato de emitir ideias, veiculadas em jornais, revistas,
rádios, televisões, dentre tantos instrumentos técnicos que propiciam a manifestação do
pensamento, quer através da criação e expressão, quer por intermédio da informação. O
qualificativo social designa o meio pelo qual a comunicação se veicula, isto é, através dos
meios de informação de massa, atingindo pessoas indeterminadas e em número ilimitado.
Há quem defina comunicação social como o ramo da comunicação que tem por objeto os
meios de comunicação de massa (também chamados de Mídia) principalmente o
Jornalismo e a Comunicação Organizacional (Publicidade, Propaganda, Relações Públicas,
Comunicação de Marketing) de empresas e de organizações governamentais ou não
governamentais.
A comunicação social também é orientada por uma série de princípios, dentre os quais se
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Se, por um lado, a Constituição proíbe a censura, por outro, admite a realização de certos
tipos de controle dos meios de comunicação e, especialmente, da televisão. Entre os
principais, podem ser citados: a) o controle administrativo (art. 21, inciso XVI); b) o
controle judicial (art. 5º, inciso XXXV, e art. 223, § 5º); c) o controle realizado pelas
próprias emissoras ou autorregulação; d) o controle social (art. 224).
Em consonância com o espírito democrático que reina no país desde a década de 1980, o
Supremo Tribunal Federal (STF) declarou não recepcionada pela Constituição de 1988 a
Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67), que regulava a liberdade de manifestação do pensamento
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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e de informação. Publicada em plena ditadura militar, esta lei, que sempre se constituiu em
ameaça à liberdade a que se propunha proteger, foi extirpada do ordenamento jurídico
brasileiro em 2009. Eis a decisão do STF: “Incompatibilidade material insuperável entre a
Lei n° 5.250/67 e a Constituição de 1988. Impossibilidade de conciliação que, sobre ser do
tipo material ou de substância (vertical), contamina toda a Lei de Imprensa: a) quanto ao
seu entrelace de comandos, a serviço da prestidigitadora lógica de que para cada regra
geral afirmativa da liberdade é aberto um leque de exceções que praticamente tudo desfaz;
b) quanto ao seu inescondível efeito prático de ir além de um simples projeto de governo
para alcançar a realização de um projeto de poder, este a se eternizar no tempo e a sufocar
todo pensamento crítico no País. São de todo imprestáveis as tentativas de conciliação
hermenêutica da Lei 5.250/67 com a Constituição, seja mediante expurgo puro e simples
de destacados dispositivos da lei, seja mediante o emprego dessa refinada técnica de
controle de constitucionalidade que atende pelo nome de ‘interpretação conforme a
Constituição’. Total procedência da ADPF, para o efeito de declarar como não
recepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei federal nº
5.250, de 9 de fevereiro de 1967” (ADPF 130/DF).
Em face da não recepção da Lei n. 5.250/67, inexiste, no Brasil, neste momento, uma lei
que trate especificamente da liberdade de imprensa. A falta da lei, contudo, não significa
que esta liberdade esteja comprometida, pois a imprensa tem podido se manifestar da forma
mais ampla possível. Esta liberdade está amplamente assegurada pela Constituição Federal.
190
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Desse modo, pode-se concluir que não há liberdade sem acesso à informação. Não há boa
informação sem liberdade. Um mundo de homens livres é um mundo de homens
informados que fazem as suas opções em consciência, não na ignorância. Um mundo de
livre acesso à informação é um mundo onde se considera que o pluralismo é a condição
natural do ser humano, e que é a sua riqueza, por derivar do seu caráter único.
Thomas Jefferson, um dos fundadores dos Estados Unidos e que era muito crítico da
qualidade dos jornais, disse certa vez que se tivesse de decidir entre ter um governo sem
jornais ou jornais sem governo, não vacilaria em preferir o último. E disse-o porque sabia
que o bom governo só existe quando está sob pressão da opinião pública bem informada.
Questões objetivas
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Qual a importância dessa distinção? Qual a sua razão? Ela vai realçar papéis da ciência
jurídica e dos órgãos jurídicos (ordem jurídica). A ciência jurídica tem por missão conhecer
de fora o direito e descrevê-lo com base no seu conhecimento. Os órgãos jurídicos têm
autoridade jurídica e, em razão desta, eles têm por missão produzir o direito. Ciência
jurídica visa conhecer o direito, ao passo que os órgãos jurídicos têm por missão produzir o
direito para que ele possa ser conhecido e discutido pela ciência jurídica. Então, Kelsen
identifica o dever-ser da norma jurídica como sentido prescritivo e o dever-ser das
proposições jurídicas como sentido descritivo. A normas jurídicas traduzem comando e as
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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proposições jurídicas têm a função de conhecer o direito de fora e, por isso, tem sentido
descritivo.
Realidade dúplice das normas: Hodiernamente, a norma é vista sob uma realidade dúplice:
“Alexy afirma que os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior
medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, ao passo que as
regras são normas que podem ser cumpridas ou não, uma vez que, se uma regra é valida, há
de ser feito exatamente o que ela exige [...] Os princípios apresentam razões que podem ser
superadas por razões opostas. A realização dos princípios depende das possibilidades
jurídicas e fáticas, que são condicionadas pelos princípios opostos, e assim exigem
consideração dos pesos dos princípios em colisão segundo as circunstâncias do caso
concreto” (Marinoni: 2010, p. 49-50); “em suma, os princípios são mandados de otimização
que se caracterizam pelo fato de poderem ser cumpridos proporcionalmente às condições
reais e jurídicas existentes” (Edilsom Farias:2004, p. 48).
• Bilateralidade: essa característica tem relação com a própria estrutura da norma, pois,
normalmente, a norma é dirigida a duas partes, sendo que uma parte tem o dever jurídico,
ou seja, deverá exercer determinada conduta em favor de outra, enquanto que, essa outra,
tem o direito subjetivo, ou seja, a norma concede a possibilidade de agir diante da outra
parte. Uma parte, então, teria um direito fixado pela norma e a outra uma obrigação,
decorrente do direito que foi concedido.
• Generalidade: é a característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um, sem
distinção de qualquer natureza. Ela obriga a todos que se achem em igual situação jurídica.
Essa característica consagra um dos princípios basilares do Direito: igualdade de todos
perante a lei.
• Abstratividade: a norma não foi criada para regular uma situação concreta, mas para
regular de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos semelhantes. A
norma vai tão somente formular os modelos de situação, com as características
fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada caso.
• Imperatividade: a norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa,
ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. É obrigatória. Não depende da
vontade dos indivíduos. Norma não é conselho, mas ordem a ser seguida.
jurídica - não pode ser dissociado o texto com o contexto, na aplicação e interpretação,
tudo se dá no mesmo âmbito, em que se conhece e interpreta, conforme o
neoconstitucionalismo – norma jurídica é enunciado interpretado, tendo em vista que todo
processo de contextualização, já vai ter sido interpretado. A teoria da norma para o
positivismo jurídico se baseia na Teoria Coativa do Direito, em que, o direito é um conjunto
de normas coativas, na Teoria da Lei como Fonte do Direito, que tem a lei como fonte
hierarquicamente superior às demais, recebendo a qualificação jurídica e por fim, a Teoria
Imperativa da Norma Jurídica, a norma jurídica tem a estrutura de um comando,
proveniente de alguém investido de autoridade e destinado a impor-se de modo
subordinante, sob pena de sanção., e para Teoria do Ordenamento Jurídico, defende-se a
coerência e completude das normas jurídicas, visando conferir unidade, com uma unidade
formal, e em caso de conflitos deve uniformizar por meio dos critérios de hierarquia,
cronologia e especialidade(regras) Enunciado ou proposição normativa é um enunciado
descritivo que se refere a uma ou várias normas jurídicas. Enquanto as normas são
expressões de uma linguagem(prescritiva), qualificando-se de justas ou de injustas, eficazes
ou ineficazes, as proposições normativas são meras descrições; uma meta linguagem,
qualificando-se de verdadeiras ou falsas. Características das Normas Herbert Hart
considera que a visão de Kelsen como limitada aqueles enunciados que prevêem sanção,
contemplando o direito exclusivametne do ponto de vista de descumprimento da lei,
esquecendo que o normal é que estas sejam cumpridas espontaneamente. Ademais, no
ordenamento jurídico existe um importante numero de normas eu não prevêem sanção, nem
todos os enunciados que compõem o direito tem esta mesma estrutura, existindo outros que
conferem autorizações ou ordens. Existem dois tipos de regra: o tipo básico ou primário
que prescreve que os seres humanos façam ou omitam certas ações, impondo deveres. As
regras de outro tipo são as secundárias que estabelecem que os seres humanos podem
extinguir ou modificar regras anteriores, ou determinar de diversas maneiras o efeito delas,
ou controlar sua atuação. Conferem faculdades, públicas ou privadas. Normas e
Organização estatal. Dentre as regras secundárias destacam-se: Regras de Conhecimento, as
quais destinam-se a identificar as regras primarias estabelecendo critérios de validade a
partir dos quais, se pode considerar a uma norma como pertencente ao mundo jurídico. A
regra de conhecimento é ditada pelo que os tribunais dizem, pois em ultima instancia, uma
norma só pode ser considerada direito e compor o ordenamento jurídico, na medida em que
ela for reconhecida como tal e aplicada pelos juízes e pelos tribunais nos casos concretos.
Para Ronald Dworkin considera que o direito não está composto unicamente por normas,
mas também e fundamentalmente, por princípios. Os princípios estão acima e são
superiores às normas e podem ser de dois tipos: Diretrizes Políticas(polices) modelo que
estabelecem objetivo que hão de ser alcançados, metas ou propósitos sociais, econômicos e
políticos e princípios em sentido estrito, ou seja, modelos que estabelecem certa exigência
da justiça, da equidade ou da moralidade objetiva são próprios do PJ no sentido em que se
configuram como princípios que jogam um papel fundamental na tarefa de interpretação e
de aplicação do direito.
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Legislação Básica: CRFB, Artigos 1º, 3º, 4º, 5º, 6º; 143; 144;
Guardas municipais: Não são órgãos policiais. Possuem a função de guarda patrimonial,
destinadas à proteção dos bens, serviços e instalações dos Municípios sem a possibilidade
de exercício das funções de polícia ostensiva ou judiciária. Além dessa prerrogativa, os
municípios podem atuar na segurança pública por meio de restrições administrativas:
horário de fechamento de bares e restaurantes ou espaços de venda de bebidas alcoólicas,
por exemplo.
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Limitação das Forças Armadas: Segundo Alexandre de Moraes, a multiplicidade dos órgãos
de defesa da segurança pública, pela nova Constituição, teve dupla finalidade: atendimento
aos reclamos sociais e a redução da possibilidade de intervenção das Forças Armadas na
segurança interna. Pela interpretação sistemática dos arts. 142 e 144 e outros dispositivos,
conclui-se que a atuação, pelas Forças Armadas, nas políticas segurança está destinada a
seguintes circunstancias excepcionais: a) estado de defesa (art. 136); b) estado de sítio (art.
137); c) intervenção federal(art. 34, III); d) a realização de investigações criminais no
âmbito de inquérito policial militar (artigos 7º e 8º, b, do Código de Processo Penal Militar
(CPPM); e) operações de policiamento ostensivo no interesse nacional, em casos de visitas
de chefes de estados estrangeiros(no art. 5º do Decreto nº 3.897/2001) e; f) ações de
policiamento ostensivo por solicitação do Governador de Estado, quando os meios no
Estado se mostrarem indisponíveis, inexistentes ou insuficientes.(LC nº 97/1999, art. 15,
§2).
Órgão da Câmara dos Deputados, que compete exercer as funções de polícia judiciária e
apuração de infrações penais, com exclusão das que mantiverem relação de
subsidiariedade, conexão ou continência com outra cometida fora das dependências da
Câmara dos Deputados, além das atividades de polícia ostensiva e preservação da ordem e
do patrimônio, nos edifícios da Câmara dos Deputados e em suas dependências externas;
efetuar a segurança do Presidente da Câmara dos Deputados em qualquer localidade do
território nacional e no exterior; efetuar a segurança dos Deputados Federais, servidores e
quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da Câmara dos Deputados, em
qualquer localidade do território nacional e no exterior, quando assim determinado pelo
Presidente da Câmara dos Deputados; atuar como órgão de apoio à Corregedoria da
Câmara dos Deputados, sempre que solicitado; planejar, coordenar e executar planos de
segurança física dos Deputados Federais e demais autoridades que estiverem nas
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normativos; (c) ponderar os pesos a serem atribuídos aos elementos normativos e fáticos
envolvidos para decidir qual grupo de normas deve prevalecer no caso e, se for possível,
graduar a intensidade da solução escolhida; a ponderação é vista como integrante da
proporcionalidade ou como princípio autônomo; 4) argumentação jurídica – quando é feita
ponderação, aumenta-se a exigência de rigor na argumentação (justificação), segundo uma
“razão prática”, devendo o intérprete (a) fundamentar-se em norma jurídica; (b) manter a
integridade do sistema (poder generalizar a norma criada para casos equiparáveis); (c)
considerar as consequências práticas no mundo fenomênico (Barroso, 2010 – trecho do
resumo feito pelo grupo do 25º CPR).
(e) método jurídico-estruturante: a norma não se confunde com o seu texto, mas tem a sua
estrutura composta também pelo trecho da realidade social em que incide, sendo esse
elemento indispensável para a extração do significado da norma. Não é o teor literal da
norma (seu texto) que efetivamente regulamenta um caso concreto, mas sim o órgão
legislativo, o órgão governamental, o funcionário da administração pública, os juízes e
todos aqueles que elaboram, decidem e fundamentam a decisão reguladora do caso
200
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concreto.
(a) princípio da unidade da Constituição: as normas constitucionais devem ser vistas não
como normas isoladas, mas como preceitos integrados num sistema unitário de regras e
princípios, que é instituído na e pela própria Constituição. Não se pode separar uma norma
constitucional do conjunto em que ela se integra. Eros Grau: “não se interpreta o direito em
tiras, aos pedaços”. O intérprete deve encontrar soluções que harmonizem as tensões
existentes entre as várias normas constitucionais;
(e) princípio da máxima efetividade: a uma norma constitucional deve ser atribuído o
sentido que lhe confira maior eficácia, maior aptidão para produzir os efeitos que lhe são
próprios. Embora se trate de um princípio aplicável a toda norma constitucional, tem
espaço de maior realce no campo das normas programáticas e dos direitos fundamentais
(art. 5º, §1º da CF);
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Questões objetivas
MPF\25 – São interpretes da constituição não apenas os órgãos do PJ, como também
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os demais poderes políticos m além dos múltiplos atores presentes na sociedade civil,
que, em seus debates travados na esfera pública, participam da tarefa de atribuição de
sentido as normas constitucionais. Assertiva correta
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Legislação básica: DUDH (art. 15); Convenção de São José da Costa Rica (art. 20) e
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 e seu Protocolo; art. 12 e ss. da
CF/88; art. 5º, LI, da CC/88; Lei 9.474/97; Lei 6.815/80.
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Natureza jurídica dos direitos de nacionalidade: têm natureza de direito público, sendo
considerados normas materialmente constitucionais, ainda que não estejam dentro da
constituição formal.
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INFORMATIVOS
STF
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para fins de extradição, cuja decisão transitara em julgado em 6.12.2012. Porém, até a
presente data, sua extradição não fora efetivada. Informações solicitadas noticiaram que a
manutenção da custódia decorrera de condenação, em 9.9.2013, pela prática, no território
brasileiro, do delito de falsidade ideológica. Apenado a um ano de reclusão e ao pagamento
de 10 dias-multa, em regime inicial aberto, a reprimenda fora posteriormente substituída
por restritiva de direito. A Turma apontou que, conquanto não houvesse transitado em
julgado a condenação pelo crime praticado no Brasil, não existiria outro motivo para a
segregação cautelar do extraditando. Ressaltou, ainda, o que disposto no art. 89 da Lei
6.815/80 (“Quando o extraditando estiver sendo processado, ou tiver sido condenado, no
Brasil, por crime punível com pena privativa de liberdade, a extradição será executada
somente depois da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalvado,
entretanto, o disposto no artigo 67”). Aduziu que, nos termos da Lei 6.815/80, caberia ao
Presidente da República avaliar a conveniência e a oportunidade da entrega do estrangeiro
antes da conclusão da ação ou do cumprimento da pena. Ressaltou, ademais, a
peculiaridade do caso e a iminência da extinção da pena do extraditando. Por fim, julgou
prejudicado pedido de transferência para outra superintendência da polícia federal. Ext
1232 QO/Governo da Espanha, rel. Min. Gilmar Mendes, 8.10.2013. 2ª Turma.
(Informativo 723).
O anterior deferimento de extradição a outro Estado não prejudica pedido de extradição por
fatos diversos, mas garante preferência ao primeiro Estado requerente na entrega do
extraditando. Com base nesse entendimento, a 2ª Turma deferiu, em parte, pedido de
extradição instrutória formulada pela República Italiana. No caso, a República Argentina
requerera a extradição do acusado, deferida pela Corte nos autos da Ext 1.250/República
Argentina (DJe de 24.9.2012), por suposto crime de tráfico e associação para o tráfico
internacional de entorpecentes, em decorrência de fato que teria ocorrido em abril de 2008.
Na presente extradição, a imputação referir-se-ia à hipotética prática de tráfico de
entorpecente ocorrida entre novembro e dezembro de 2007. A Turma concluiu que o
Estatuto do Estrangeiro permitiria a reextradição a outro país, desde que houvesse
consentimento do Estado brasileiro (“Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o
Estado requerente assuma o compromisso: ... IV - de não ser o extraditando entregue, sem
consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame”). Destacou que o Decreto
5.867/2006, que promulgou o Acordo de Extradição entre os Estados Partes do Mercosul e
a República da Bolívia e a República do Chile, também reafirma a possibilidade de
reextradição a terceiro Estado (“Artigo 15. Da Reextradição a um Terceiro Estado. A pessoa
entregue somente poderá ser reextraditada a um terceiro Estado com o consentimento do
Estado Parte que tenha concedido a extradição, salvo o caso previsto na alínea ‘a’ do artigo
14 deste Acordo. O consentimento deverá ser solicitado por meio dos procedimentos
estabelecidos na parte final do mencionado artigo”). Consignou a possibilidade de não
efetivação da extradição pelo primeiro Estado requerente quando a extradição fosse
instrutória e o estrangeiro viesse a ser absolvido, o que viabilizaria sua entrega ao segundo
Estado requerente. Ademais, destacou que, caso a República da Argentina viesse a desistir
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Durante a suspensão condicional da pena, não corre prazo prescricional (CP, art. 77 c/c o
art. 112). Com base nesse entendimento, a 2ª Turma afastou a alegada extinção de
punibilidade do extraditando pela prescrição da pretensão punitiva estatal e deferiu a
extradição. No caso, fora requerida a extradição executória de réu condenado, pela prática
de crime de “fraude” mediante emissão de cheques sem provisão de fundos, a pena de três
anos de prisão. A defesa sustentava a atipicidade da conduta imputada ao extraditando, a
necessidade de sobrestamento do pedido de extradição em face da repercussão geral
reconhecida nos autos do RE 608.898 RG/DF — em que se discute o tema da expulsão de
estrangeiro que possui filho brasileiro nascido após o fato motivador da expulsão —, além
da já mencionada extinção de punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva. A Turma
concluiu que o pedido de extradição atenderia aos requisitos formais exigidos na legislação
de regência. O Estado requerente teria demonstrado a competência jurisdicional para a
instrução e julgamento dos crimes impostos ao extraditando, além de ter instruído seu
pedido com cópia de sentença final de privação de liberdade e dos demais documentos
exigidos pelo art. 80 da Lei 6.815/1980. Esclareceu que, tendo em vista o sistema de
contenciosidade limitada adotado pelo Brasil, não seria possível analisar a aplicabilidade e
as implicações do novo Código Penal do país requerente, que teria entrado em vigor em
2014. Mencionou que essa matéria deveria ser debatida no juízo de origem. Registrou o
disposto no Verbete 421 da Súmula do STF (“Não impede a extradição a circunstância de
ser o extraditando casado com brasileiro ou ter filho brasileiro”). Explanou que a questão
debatida no RE 608.898 RG/DF trataria de expulsão e não de extradição, institutos que não
se confundiriam. Ext 1254/Romênia, rel. Min. Teori Zavascki, 29.4.2014. 2ª Turma.
(Informativo 744).
A Turma consignou que teria sido reconhecido o dolo específico de lesar vítimas ao se
perpetrar o crime de “fraude” mediante emissão de cheques sem provisão de fundos. Dessa
forma, teria sido atendido o requisito da dupla tipicidade, pois, no caso concreto, o aludido
crime de “fraude” corresponderia ao crime de estelionato previsto no art. 171, “caput”, do
CP. Observou que, em relação à legislação penal brasileira, o prazo prescricional seria
calculado nos termos do art. 109, IV, c/c o art. 112, I, ambos do CP, de modo que a
prescrição se aperfeiçoaria em oito anos a partir de setembro de 2005. No cômputo do
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Legislação básica. art. 25, §3º CRFB/1988. LCF 14/1973. arts. 34 a 36 da CF/1988. Lei
8.038/1990, arts. 19 a 22 (regulamenta o art. 36, II da CF/1988). Lei 12.562/2011
(regulamenta o art. 36, III da CF/1988, a ADI interventiva).
Princípios que regem a intervenção federal. São os princípios que regem o instituto da
intervenção federal: (i) Princípio da excepcionalidade: a intervenção sempre será medida
excepcional, porque a regra no federalismo é a autonomia do ente, ou seja, a capacidade
para o mesmo realizar atividades dentro de limites circunscritos pelo ente soberano; (ii)
Princípio da taxatividade: as hipóteses de intervenção são taxativamente previstas na
Constituição, ou seja, são numerus clausus; (iii) Princípio da temporalidade: a intervenção
terá sempre prazo determinado, justamente porque a regra é a autonomia.
Intervenção Federal nos Estados. A intervenção federal somente pode recair sobre
Estado-membro, Distrito Federal e Municípios integrantes de território federal. Não cabe
intervenção federal em Municípios integrantes de Estado-membro, mesmo que a medida
seja pedida por desrespeito, por parte do Município, de decisões de tribunais federais, já
que, “relativamente a esses entes municipais, a única pessoa política ativamente
legitimada a neles intervir é o Estado-membro” (STF, IF 590-QO/CE, Plenário, Rel. Min.
Celso de Mello, publicação DJ de 09/10/1998).
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Espécies:
1) Espontânea: o Presidente da República age de ofício (art. 34, I, II, III e V da CF/1988);
(B) o STF será competente para apreciar o pedido de intervenção e, caso procedente,
requisitá-la ao Presidente da República, se a causa em que a decisão ou ordem judicial
desrespeitada fundamentar-se em normas constitucionais; caso a decisão tenha se
fundado em normas infraconstitucionais, a competência será do STJ, tribunal para o
qual converge a Justiça Comum estadual e federal;
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formular pedido de intervenção federal diretamente ao STJ ou ao STF se, conforme o caso,
pretender prover a execução de decisão, respectivamente, do STJ ou do STF, ainda que
tenham sido proferidas em grau recursal; (ii) nos demais casos (descumprimento de decisão
ou ordem judicial oriunda de TJ, TRF, TRT, etc.), a parte interessada deve formular um
requerimento fundamentado ao Presidente do Tribunal de onde se originou a ordem ou
decisão, a quem incumbirá, se assim entender a corte especial ou o órgão especial, formular
o pedido de intervenção federal ao STJ ou STF. Se o Tribunal de origem se recursar a
encaminhar o pedido de intervenção ao STF ou ao STJ, não haverá ofensa à competência
dessas cortes, motivo pelo qual a parte interessada não poderá se insurgir através de
reclamação, por ser incabível. Ademais, a decisão de não encaminhar o pedido de
intervenção ao STF ou ao STJ possui natureza administrativa, motivo pelo qual contra ela
não cabe recurso extraordinário nem recurso especial.
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Intervenção Estadual nos Municípios: As hipóteses estão previstas nos incisos do art. 35
da CF/1988 e, em regra, o procedimento é o mesmo da intervenção federal, aplicando o
princípio da simetria, v.g., competência privativa do Governador; competência para julgar a
representação interventiva é do TJ local e, nesse caso, a legitimidade ativa é exclusiva do
Procurador-Geral de Justiça (Chefe do MP Estadual); controle político realizado pela
Assembleia Legislativa, sendo dispensado na hipótese de provimento à representação
interventiva. OBS.: Súmula 637 do STF: Como a decisão tomada pelo TJ local nos casos
de intervenção tem natureza político-administrativa, não pode ser objeto de recurso
extraordinário a decisão que defere ou indefere o pedido de intervenção estadual em
município.
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Introdução: A filosofia constitucional possui uma forte dimensão prescritiva, pois ela não
se volta precipuamente ao exame dos papéis e funções efetivamente desempenhados pelas
constituições, mas busca propor os modelos considerados mais adequados ou justos para a
organização do Estado e da sociedade. O estudo da filosofia constitucional é feito tanto por
juristas como por filósofos, sobretudo os dedicados à filosofia política. É, aliás, uma
característica da filosofia política contemporânea o interesse pelo Direito Constitucional,
que se revela claramente nas obras dos seus autores mais importantes, como John Rawls e
Jürgen Habermas. Atualmente, muitas das discussões mais relevantes e complexas no
campo constitucional são marcadas pela interdisciplinaridade e o aporte filosófico vem se
tornando cada vez mais importante para a sua compreensão e para qualquer tomada de
posição mais consequente.
Nesse contexto, o sempre acirrado debate filosófico acerca do sentido das instituições
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Estado, Justiça, Democracia e Direito, e de seus reflexos sobre os direitos fundamentais, fez
surgir diversas teorizações dentre as quais se destaca o liberalismo igualitário, o
comunitarismo, o procedimentalismo e o republicanismo, a seguir brevemente esboçadas.
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A obra canônica do liberalismo igualitário — tida por muitos como a obra mais importante
da Filosofia Política desde o final da II Guerra Mundial — é o livro Uma Teoria da
Justiça, de John Rawls, cuja primeira edição foi publicada em 1971. Nessa obra, a
dimensão igualitária do liberalismo pode ser observada claramente nos princípios propostos
para a organização de uma sociedade justa:
1. “Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema total de liberdades
básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de liberdade para todos”;
2. “As desigualdades econômicas e sociais devem ser ordenadas de tal modo que, ao
mesmo tempo: (a) tragam o maior benefício possível para os menos favorecidos,
obedecendo às restrições do princípio da poupança justa, e (b) sejam vinculadas a cargos e
posições abertos a todos em condições de igualdade equitativa de oportunidades”.23
Para Rawls, o primeiro princípio de justiça acima teria prioridade sobre o segundo. Mas, no
conceito de liberdades básicas, garantidas pelo primeiro princípio de justiça, não se
inserem as liberdades econômicas, como a propriedade dos meios de produção. Daí porque,
para Rawls é possível e até necessário que o Estado adote medidas redistributivas, que
atinjam a titularidade dos bens econômicos, no intuito de promover a igualdade social entre
os cidadãos.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Para os comunitaristas, a visão liberal não só estaria errada do ponto de vista descritivo,
mas também pecaria do ponto de vista normativo, pelo seu tom excessivamente
individualista, que fragilizaria os vínculos sociais e incentivaria o egocentrismo. A ênfase
no indivíduo, dada pelo liberalismo, é substituída no comunitarismo pela valorização da
comunidade; o foco nos direitos individuais é alterado para o destaque às tradições e
valores compartilhados.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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que vigoram. O Direito deve exprimir o ethos do grupo social ao qual se dirige; deve
refletir os seus valores sociais. Uma teoria constitucional comunitarista enfatiza a
singularidade de cada Constituição como expressão dos valores da comunidade concreta
em que vigora. A interpretação constitucional deixa de se inspirar, como no liberalismo, por
princípios de justiça de natureza tendencialmente universal, e passa a se nortear pelos
valores coletivos compartilhados pela sociedade.
Não existe, porém, um único republicanismo, mas vários. De acordo com classificação
elaborada por Antonio Maia e Tarcísio Menezes,36 há o republicanismo clássico, associado
a Maquiavel; o republicanismo moderno, sustentado por autores como Harrington,
Montesquieu, Rousseau, Adams e os Federalistas; o republicanismo contemporâneo,
proposto por Skinner, Pettit, Viroli, e Michelman.37 Há ainda o republicanismo humanista,
que congrega desde Aristóteles a Hannah Arendt.
No modelo republicano, o cidadão está enraizado em uma cultura pública que o estimula à
participação ativa na vida da comunidade. O cidadão, neste quadro, não tem apenas
direitos, mas também deveres em relação à sua comunidade política. Dá-se ênfase às
“virtudes republicanas”38 dos cidadãos. Deles se espera alguma orientação para o interesse
público; a atuação pautada não apenas nos interesses individuais de cada um ou das suas
facções, mas voltada também para o bem comum.39 Nas palavras de Bresser-Pereira, “o
Estado republicano é um sistema de governo que conta com cidadãos engajados que
participam do governo juntamente com políticos e servidores públicos”. 40 O republicanismo
enfatiza a importância da esfera pública como local de troca de razões, exercendo
importante papel de supervisão sobre o funcionamento concreto das instituições políticas
formais.41
O republicanismo formula uma concepção própria de liberdade, que não se identifica com
aquela do liberalismo clássico, que a via como ausência de constrangimento à ação do
agente. A liberdade, para o republicanismo, é vista como “não dominação”. Nessa
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abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”), e de defender em juízo o patrimônio público, a
moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural, por meio da
ação popular (art. 5º, LXXIII).
A nossa jurisprudência constitucional, por sua vez, tem invocado o princípio republicano
em diversos contextos, para afastar privilégios, promover a moralidade pública e viabilizar
o controle da cidadania sobre a ação dos governantes. O STF empregou o princípio
republicano, dentre outros casos, para afirmar a ilegitimidade do nepotismo no Poder
Judiciário;45 para declarar a inconstitucionalidade da concessão de “graça” vitalícia a ex-
governadores de Estado, no valor total dos seus subsídios;46 para afastar a possibilidade de
extensão do foro por prerrogativa de função a ex-ocupantes de funções públicas; 47 e para
afirmar a prevalência do princípio da publicidade sobre o direito à intimidade no que
concerne à divulgação dos vencimentos de servidores públicos.48
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O STF decidiu, recentemente, que as leis penais que punem a apologia ao crime não podem
ser interpretadas de forma a criminalizar passeatas realizadas em prol da legalização da
maconha, tendo em vista que a defesa desta bandeira está plenamente abrangida pela
liberdade de expressão.52 Uma decisão dessa natureza seria aplaudida por
procedimentalistas, pois não há como discutir democraticamente um tema controvertido,
como a legalização das drogas, quando o Estado tenta silenciar um dos lados do debate, que
deve ter o direito de tentar convencer a opinião pública em favor da sua causa. Proteger o
direito de todos de participarem, em igualdade, dos debates públicos, é assegurar o
funcionamento da democracia. Em outro caso, ainda pendente, a Corte discute a validade
da criminalização do próprio uso da maconha, impugnada sob alegação de violação ao
direito à intimidade.53 Aqui, o que está em jogo não são as condições para funcionamento
da democracia, mas o próprio conteúdo da decisão legislativa do Estado. A resolução desta
questão por um tribunal constitucional, em detrimento da decisão política do legislador,
pode ser aceita por substancialistas. Liberais, tanto igualitários como libertários, tenderiam,
por exemplo, a se insurgir contra o paternalismo estatal subjacente à proibição do uso de
drogas leves por adultos capazes. Porém, os procedimentalistas veriam essa intervenção da
jurisdição constitucional como excessiva e antidemocrática.
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Ely justifica uma atuação judicial mais enérgica em duas situações: para manter abertos os
“canais de participação política” e para proteger minorias estigmatizadas, que são as eternas
perdedoras no processo político majoritário. No primeiro caso, justifica-se o ativismo
judicial em favor de liberdades públicas relacionadas à participação política — como
liberdade de expressão e direito ao voto. No segundo, busca-se corrigir o processo político
quando esse não for suficientemente inclusivo em relação às minorias que são vítimas de
preconceito. Atuando dessa forma, a jurisdição constitucional fortaleceria a democracia,
assegurando o caráter efetivamente democrático do processo político. Ely chega a equiparar
a jurisdição constitucional à atuação dos órgãos antitrust, que não intervêm no mercado
para definir resultados, mas para assegurar o seu regular funcionamento. Para ele, a
jurisdição constitucional tampouco deveria intervir na política para definir o resultado dos
embates sociais, quanto ao seu conteúdo, mas teria o papel de velar pelas condições
democráticas desses embates.
Em segundo lugar, a tentativa de troca dos valores substantivos pela democracia, como
norte para a teoria constitucional, parece uma empreitada que jamais poderá ser realizada
em sua plenitude. Afinal, há inúmeras concepções diferentes de democracia, com diferentes
implicações para temas como o significado e extensão da igualdade, da liberdade etc. Nesse
quadro, a escolha de um determinado modelo de democracia, em detrimento de outros,
acaba também sendo uma escolha inexoravelmente substantiva.
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(MPF/24) O debate entre republicanistas e liberais pode ser, grosso modo, resumido à
prioridade que se estabelece ao "justo" e ao "bem", respectivamente (Gab.: Falsa).
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Para Celso Antônio Bandeira de Mello, são “Pedras de Toque do Direito Administrativo” os
seguintes princípios: o da Supremacia do Interesse Público – confere prerrogativas à
Administração, autoriza cláusulas exorbitantes nos contratos, etc.; e o da Indisponibilidade
do Interesse Público – é contrapeso à supremacia, limita atuação da Administração.
Interesse público primário = o que o povo quer; interesse público secundário = o que o
Estado (pessoa jurídica) quer. Deve prevalecer o primário.
A Constituição consagra, no art. 37, a ideia de que a Administração Pública está submetida,
entre outros, aos seguintes princípios (os do art. 37 são os chamados “Princípios Mínimos
do Direito Administrativo”):
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Celso Antônio Bandeira de Mello elenca três restrições excepcionais aos princípios da
legalidade: 1) Medida Provisória; 2) Estado de Defesa; 3) Estado de Sítio.
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Entretanto, a ideia de moralidade não se confunde com a de legalidade (porque a lei pode
ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei). A imoralidade administrativa produz
efeitos jurídicos, porque acarreta a invalidade do ato, o que pode ser decretado pela própria
Administração ou pelo Judiciário. Sempre que em matéria administrativa se verificar que o
comportamento da Administração ou dos administrados que com ela se relacionam
juridicamente, embora em consonância com a lei, ofendem a moral, os bons costumes, as
regras da boa administração, os princípios da justiça e da equidade, a ideia comum de
honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa.
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Cabe citar, antes mesmo da Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), o STF já
decidiu que “a divulgação dos vencimentos brutos de servidores, a ser realizada
oficialmente, constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à
segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes públicos em exercício
nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não seria permitida a divulgação do endereço
residencial, CPF e RG de cada um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional.
Destacou-se, por fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento
conceitual da República” - SS 3902 Segundo AgR/SP, rel. Min. Ayres Britto, 9.6.2011.
Possui dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente
público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os
melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a
Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados
na prestação do serviço público. Ideia presente entre os objetivos da Reforma do Estado.
Tem aplicação na aquisição da estabilidade do servidor: que se efetiva após o estágio
probatório de 3 anos + avaliação de desempenho (art. 41CF); além disso, o servidor estável
poderá perder o cargo por decisão judicial transitada em julgado, por decisão em processo
administrativo, ou por meio de procedimento de avaliação periódica de desempenho,
regulado em lei complementar (ainda não há). Também há critério de eficiência quanto aos
limites de gastos com pessoal pela Administração Pública (art. 169 CF).
Ao lado dos princípios mínimos citados, a doutrina, ainda, elenca outros princípios gerais
do Direito Administrativo:
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128, parágrafo 4º). A motivação, em regra, não exige formas específicas, podendo ou não
ser concomitante com o ato, além de ser feita, muitas vezes, por órgão diverso daquele que
proferiu a decisão. Frequentemente, a motivação consta de pareceres, informações, laudos,
relatórios, feitos por outros órgãos, sendo apenas indicados como fundamento da decisão.
Constituem motivação do ato, sendo deles parte integrante.
fato de a impetrante receber os proventos há mais de vinte anos, por força de liminar
anteriormente concedida neste writ. Frisou-se que o TCU estaria autorizado a proceder ao
registro da aposentadoria com base na validade da justificação referente ao período em que
ela trabalhara como professora. Consignou-se que, enquanto não desautorizada em sede
judiciária pelos meios processuais adequados, a justificação estaria apta a produzir os
efeitos a que se destinaria. (STF, MS 22315/MA, 17.4.2012)
“...Entendeu a Min. Relatora que a União não conseguiu comprovar, por meio de prova
manifesta, a efetiva ciência do ora impetrante, por meio de notificação pessoal, do
desarquivamento do processo administrativo disciplinar e do ato de anulação de sua
absolvição. Salientou-se, por conseguinte, que a entrega de telegrama a terceiro não
constitui prova suficiente de que seu destinatário o tenha recebido. Seguindo essa linha de
raciocínio, destacou-se julgado da Corte Especial no sentido de que, na hipótese de citação
pelo correio, seria necessária a entrega da correspondência pessoalmente ao destinatário,
sob pena de vício insanável. (STJ, MS 14016, 29/2/2012)
Jurisprudência
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Questões objetivas
Questão Subjetiva
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Por tal razão, é a Constituição, como fonte de validade de todas as normas, que confere a
necessária coesão ao ordenamento.
É também a Constituição que contém um sistema aberto de princípios e regras que vão
orientar todo um sistema.
Deste modo, no caso de duas regras em conflito, aplica-se um desses três critérios, na forma
do “tudo ou nada” como ensina Canotilho (1992, p. 642).
No caso de colisão de princípios constitucionais, porém, não se trata de antinomia, vez que
não se pode simplesmente e aleatoriamente afastar a aplicação de um deles.
Pois do ponto de vista jurídico, é forçoso admitir que não há hierarquia entre os princípios
constitucionais, isto é, todas as normas têm igual dignidade, de sorte que, não há que se
falar em aplicação destes critérios para solucionar possíveis colisões de princípios
constitucionais.
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Então, partindo-se dessa constatação de que não existe hierarquia entre os princípios
constitucionais, surge um problema a ser resolvido: o que fazer quando dois ou mais
princípios constitucionais ou direitos fundamentais entram em colisão? Como dizer qual
será o utilizado ou qual será o mais correto?
É certo que a colisão entre princípios não se desenrola no campo da validade, mas sim na
dimensão do peso.
Tal princípio é tido como “meta-princípio”, isto é, o “princípio dos princípios”, visando, da
melhor forma, preservar os princípios constitucionais em jogo.
A doutrina mais recente constatou e subdividiu este princípio em três outros princípios,
quais sejam: o princípio da adequação, o princípio da necessidade e o princípio da
proporcionalidade em sentido estrito.
Sendo assim, tem-se que é a partir desta tríplice dimensão que se utiliza o princípio da
proporcionalidade, isto é, através de um juízo de adequação da medida adotada, para que
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esta possa alcançar o fim proposto; através de uma reduzida interferência sobre direitos
fundamentais individuais, limitando-se ao estritamente necessário para atingir a finalidade
que a justifica; e, através de uma justa medida de ponderação de valores e interesses ao
caso concreto.
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Legislação básica: art. 103; art. 102, I, "a"; art. 103, § 2º; art. 102, § 1º, todos da CR/88. Lei
n.º 9.882/99.
A Constituição de 1824 não contemplava nenhum sistema assemelhado aos modelos atuais
de controle de constitucionalidade. A influência francesa ensejou que se outorgasse ao
Poder Legislativo a atribuição de “fazer leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las”, bem
como “velar na guarda da Constituição” (art. 15, n. 8° e 9°). Era a consagração de dogma
da soberania do Parlamento, à sombra da existência do Poder Moderador. Não havia lugar,
nesse sistema, para o mais incipiente modelo de controle judicial de constitucionalidade. De
outra banda, o regime republicano inaugura uma nova concepção sobre o tema. A influência
do direito norte-americano parece ter sido decisiva para a consolidação do modelo difuso,
consagrado já na chamada Constituição provisória de 1890 (Decreto n. 848, de 11-10-
1890), e incorporado na Constituição de 1891. Consolidou-se amplo sistema de controle
difuso no Direito brasileiro, sendo inequívoca, à época, a consciência de que esse exame
não se havia o controle in abstracto.
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A grande mudança vai se verificar no âmbito do controle abstrato de normas, com a criação
da ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou federal. O
constituinte ampliou o rol de legitimados ativos, de modo a contemplar o Presidente da
República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa de uma
Assembleia Legislativa, o Governador do Estado, o Procurador-Geral da República o
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação
no Congresso Nacional, as confederações sindicais e as entidades de classe de âmbito
nacional.59
Matriz americana: deflagrada no célere caso Marbury x Madison, julgado pela Suprema
Corte Americana em 1803. Nesse julgado, restou consignado a doutrina da supremacia da
Constituição, bem como a criação do controle de constitucionalidade das leis. As principais
características são: 1) esse controle de atos normativos em relação à Constituição seria feito
pelo Poder Judiciário e, no caso norte-americano, por todos os seus membros (todos os
juízes e Tribunais) de forma hodiernamente chamada de difusa; 2) seria afeto sempre a
casos concretos a serem solvidos pelo pode Judiciário no desempenho comum de sua
função jurisdicional, controlando-se a constitucionalidade de modo incidental e gerando
efeitos tradicionalmente intitulados de interpartes (pelo menos a priori); 3) a declaração de
inconstitucionalidade no que tange à perspectiva temporal geraria efeitos ex tunc
(retroativos). Nesse sentido a decisão é meramente declaratória de uma
inconstitucionalidade desde a origem da lei ou ato normativo impugnado. Obs: o efeito ex
tunc é a regra, mas há casos em que a Corte Americana admitiu o efeito ex nunc, em razão
da possibilidade de danos ainda maiores (Caso Mapp v. Ohio e Caso Likletter v. Walker)
Matriz austríaca: teve como marco a Constituição da Áustria de 1920. Esse sistema foi
delineado por Hans Kelsen. O controle também é realizado pelo Poder Judiciário, que
atuaria como uma espécie de “legislador negativo”, tendo como principais características:
1) criação de um órgão próprio e específico de controle de constitucionalidade, denominado
“Corte” ou “Tribunal Constitucional”, que seria o único dotado de legitimidade para
realizar o controle (controle concentrado); 2) controle realizado de modo direto pela
intitulada via principal, na qual a Corte analisa se um ato normativo em tese contraria ou
não a Constituição (processo objetivo e com efeitos erga omnes); 3) a declaração de
inconstitucionalidade geraria efeitos ex nunc. A declaração anularia o ato normativo,
produzindo uma sentença constitutiva. Obs: a regra que negava qualquer retroatividade às
decisões e pronunciamentos da Corte Constitucional foi atenuada, fixando-se a
possibilidade de atribuição de efeitos retroativos à decisão anulatória.
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podem ser invalidadas pro não representantes)o legislativo(não pode ser juiz de si mesmo)
e o executivo(seria outorgar a uma única pessoa um poder demasiado, seria um risco da
ditadura do presidente), mas acredita Hamilton que o judiciário era o mais técnico. Quando
chega a Suprema Corte Americana o caso Marbury x Madison, nasce o controle difuso( o
debate é que Marbury fundamentou seu pedido em uma lei que alterou a competência da
Suprema corte, mas esta lei seria constitucional? Daí, se reconheceu que o juiz ao verificar
a contradição entre a lei e a constituição, o juiz, deve aplicar a constituição e não a lei, a lei
então é nula – surge o controle judicial difuso ou judicial review); Modelo Austríaco ou
Europeu, Kelsen juiz austríaco que defende a função de natureza política de legislador
negativo, quando, uma lei viola a constituição, para ele não seria próprio do juiz comum
exercer esta função, deveria haver um órgão próprio, um tribunal constitucional, analisando
a nora em tese, ou seja, um controle concentrado e abstrato, assim, diversamente do modelo
americano a norma seria anulável e não nula( modelo americano seria o de suprema corte, o
qual, todo juiz pode fazer controle, há um ponto culminante, o modelo europeu é de
tribunal constitucional tem função jurisdicional com características próprias, visto que a
norma constitucional é uma norma jurídica diferenciadas de outras normas jurídicas, visto
seu conteúdo próprio e uma hierarquia superior, além de ter linguagem
plástica\ductibilidade\porosa\textura aberta da constituição, ou seja, apresenta normas
vagas\conceitos vagos, não há um cânone metódico ou um único método de resolução das
controvérsias, daí, não se para saber se a interpretação é correta ou não, porque sempre
haverá um método que sustente a decisão, as decisões constitucionais tem conteúdo
político, visto o legislador negativo. O STF entende que é jurisdicional com elemento
politico o controle), o Modelo Frances para o francês o parlamento é a sede da própria
democracia, visto que é a vontade da maioria, o parlamento seria a expressão orgânica da
maioria. Então a lei por natureza seria fruto da vontade majoritária, de maneira que, o juiz
não poderia controlar as leis, o controle deveria ser feito do projeto de lei, por meio de um
controle preventivo feito por um órgão próprio do poder político, ou seja, pelo Conselho
Constitucional( órgão de composição política), atualmente também há na franca a Questão
Prioritária - a justiça administrativa da França tem como órgão cúpula a Conselho de
Estado e justiça comum a Corte de Cassação, assim, em surgindo questão constitucional
perante estas cortes , a QPC é submetida ao Conselho Constitucional.Modelo Brasileiro, A
constituição de 1824, apenas falava que deveria ter um zelo da constituição, mas não havia
mecanismo próprio de controle de constitucionalidade . A constituição de 1891, o modelo
adotado é o Estadunidense(não americano erro de português) por influencia do Ruy
Barbosa. A constituição de 1934, inova com a hipótese de atuação do Senado(declarada a
inconstitucionalidade de uma lei esta decisão seria comunicada ao senado que poderia por
meio de resolução suspender a eficácia da lei), da reserva de plenário(um tribunal só
poderia declarar inconstitucionalidade por meio do ser órgão pleno), cria também a
representação interventiva, tipo de uma ação direta proposta no supremo cuja finalidade é a
intervenção federal, ainda também fora criada uma ação para proteger as liberdades e
direitos fundamentais, como forma de defesa da própria constituição, que foi o MS.
Constituição de 1937, constituição polaca, se houvesse uma decisão judicial que declarasse
a inconstitucionalidade da norma o presidente da República poderia levar a decisão ao
conhecimento do CN, podendo aquele pelo quórum de 2\3, poderia tornar sem efeito a
decisão, mas se o CN tivesse dissolvido, ou com atividades suspensas, o presidente poderia
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por meio de Decreto Lei. Constituição de 1946, representa a redemocratização, mas com a
EC16, de 1965, cria a representação de inconstitucionalidade, instituindo o controle
abstrato no Brasil . Constituição de 1967 e 1969(formalmente é uma emenda, mas
materialmente é um constituição)surge com a EC7, de 1977, a possibilidade de cautelar em
representação de inconstitucionalidade, a segunda novidade fora a criação de representação
para interpretação ou interpretativa (para que o supremo dissesse qual era a interpretação
correta daquela norma), hoje, na própria ADI é possível o pedido de interpretação conforme
a Constituição. Constituição de 1988, ampliação da legitimidade ativa para ADI, controle
incidental coexistindo com o abstrato, mas com primazia do controle abstrato – a
abstrativização do controle de constitucionalidade, ou objetivação do controle de
constitucionalidade, há uma primazia do controle abstrato sobre o concreto, como a
modulação de efeitos temporais no controle concreto, a figura do amicus curiae em controle
concreto, criação de súmulas vinculantes, criação para pressupostos do RE a repercussão
geral, que é uma espécie de transcendência da matéria, indo além dos interesses das partes–
todos os exemplos dão um caráter mais objetivos do que subjetivos – depois temos a
criação da ADPF, o controle das omissões por ADO e MI, bem como, a ampliação dos
remédios constitucionais, a EC3\93, cria a ADC, e a EC$5\2204, a Sumula vinculante e a
repercussão geral do RE, e a ADI estadual – a reclamação constitucional já existia antes de
1988, mas a CRFB de 1988, foi a primeira a inserir no texto constitucional.Fases do
Controle de Constitucionalidade no Brasil: 1ª fase, fase de ausência do controle no
Brasil, a 2ª fase é a do controle concreto exclusivo que vai da constituição de 1891 a 1946,
3ª fase é do controle concreto e abstrato, sobre primazia do controle concreto da Ec16\65
até a 4ª fase, mantem-se a coexistência do controle concreto com abstrato, mas com a
primazia do controle abstrato - as sumulas vinculantes, apenas são criadas decorrentes do
controle concreto, porque o abstrato já é dotado de efeito vinculante –Modalidades do
Controle de Constitucionalidade Quanto ao Momento pode sera)Repressivo\posterior
incide sobre a norma jurídica já existente ou Preventivo\A priori, o qual incide sobre o
projeto de norma; Quanto a natureza do órgão ele pode ser a) Judicial, em regra o controle
é repressivo, b) Politico, em regra, o controle é preventivo, no Poder Executivo se
manifesta pelo Veto(ato politico)por ser contrário ao interesse público, por meio da
motivação política do veto, ou por entender que o projeto de lei é inconstitucional com
motivação jurídica do veto, outra participação é a legitimidade para propor as ADIs, uma
terceira outra forma de participação do poder executivo é a determinação de inaplicação ou
descumprimento de lei inconstitucional(o uso abusivo pode configurar crimes de
responsabilidade ou intervenção federal nos Estados-membros – mas para doutrina se hj o
Presidente da República e o Governador pode propor ADI, então, ele não pode mais
determinar o descumprimento, mas sim propor ADI – o único chefe do executivo que pode
determinar inaplicação seria o prefeito, mas o supremo na ADI 221, reconhece a critica mas
mantem a possibilidade do chefe do executivo determinar inaplicação), o Poder Legislativo
se manifesta da seguinte forma, rejeição ao veto, atuação do CCJ, analise de MP(politico
repressivo, sempre será repressivo, não há análise preventiva, assim, como n decreto
regulamentar) e suspensão de lei delegada(politico repressivo), Legitimidade para ADI,
inaplicação de lei inconstitucional, revogação de lei anterior, resolução do senado que
suspende execução de lei, o tribunal de contas pode apreciar a inconstitucionalidade de uma
lei. No sentido amplo a expressão controle de constitucionalidade significa fiscalização ou
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pode declarar de oficio, seria uma mitigação do princípio da adstrição ao pedido, pode ser
reconhecida em processos distintos, é como no caso dos decretos que regulamentam
leis(aqui temos uma inconstitucionalidade por arrastamento vertical, assim, como lei que
regulamenta emenda constitucional inconstitucional, a horizontal, são normas do mesmo
status); k) inconstitucionalidade originária(congênita, genética e outros), é aquela em que a
norma já nasce contrária a constituição; l)Inconstitucionalidade superveniente, é aquela
norma que se torna inconstitucional pelo advento de uma nova norma
constitucional(constituição nova ou emenda a constituição) – o STF adota a tese da não
recepção- Debate novo: temos ainda a hipótese de inconstitucionalidade superveniente
por força da mutação constitucional, se admite nessa hipotese na doutrina, de
inconstitucionalidade superveniente.O Controle Difuso e Incidental a matéria
constitucional é mera causa de pedir(prejudicial do mérito), sendo uma arguição incidental
de inconstitucionalidade, nos aspecto subjetivo, a arguição pode ser feita por qualquer uma
das partes, pelo terceiro interveniente, pelo MP e pelo Juiz, quanto ao processo, a arguição
pode ser procedida em qualquer processo, quanto ao momento, pode ser feita em qualquer
fase processual, salvo, a exigência de prequestionamento – o STJ pode reconhecer
inconstitucionalidade, observada a reserva do plenário, inclusive, de ofício(então, o STJ,
faz controle de constitucionalidade, o que não pode acontecer é interposição de REsp com
fundamento em inconstitucionalidade), quanto ao objeto e parâmetro, como objeto lei
federal, lei estadual e lei municipal , como parâmetro Constituição da República e
Constituição Estadual, todos os objetos podem ser questionados em frente a CRFB(o que
não cabe é em ADI, que não cabe em lei municipal e em controle abstrato, porque no
concreto pode), em caso de conflito entre lei federal e constituição estadual, as duas serão o
objeto e o parâmetro será a CRFB, em uma única ação.Características do Controle
Concreto a) Anterioridade, a matéria constitucional é enfrentada antes da matéria principal;
b) Superodinação, a matéria constitucional se impõe a questão principal, a solução dada a
matéria constitucional condiciona a solução dada ao caso concreto; c) Autonomia, ou seja,
transcende o caso concreto.Procedimento 1ª Instancia não muda nada ahvendo uma
arguição incidental(turmas recursais, juizes monocraticos e Jecs, se trta de organização
judicária) 2ª Instancia aqui, o procedimento é alterado, visto que, aqui incide a reserva de
plenário, conforme o art.97, da CRFB, e arts 480 e 482 do CPC – a reserva de plenário, se
trata de órgão de tribunal, incidente de inconstitucionalidade, disciplinado no CPC, pode
ser pela via originária ou pela via recursal, daí, deslocando para o órgão especial do
tribunal(pleno), um terceiro interveniente, uma das partes, MP ou o Relator encaminha para
o órgão fracionário que, se entender que é constitucional a matéria ele encaminha para o
plenário, ocorrendo A CISSÃO FUNCIONAL HORIZONTAL, em que o plenário decide a
matéria constitucional, e após encaminha-se ao órgão fracionário que decide de acordo com
o que o plenário decidiu : dispensasse o encaminhamento para o plenário quando o
órgão fracionário entende que é constitucional a norma(declarar a constitucionalidade
o fracionário pode fazer, em detrimento da presunção de constitucionalidade da
norma, mas em caso de declaração de inconstitucionalidade, aí tem ir para o pleno;
ou quando já há decisão do plenário do tribunal ou do pleno do STF(doutrina diz que
violaria a ampla defesa e o contraditório, visto que, aquele que não foi parte no
processo terá contra ele o precedente em controle difuso ou concentrado(possíveis
participantes do debate no plenário do incidente de cinsontitucinoalidade, PJDP da
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qual emanou a norma, MP, os legitimados ativos da ADI e o amicus curiae) A súmula
vinculante n.:º 10, é vedado decisão de órgão fracionário que embora não declare
expressamente inconstitucionalidade de lei, nega sua aplicação no todo ou em parte, sob
pena de termos uma declaração implícita de inconstitucionalidade – turma recursal,
juizados especiais ou varas, não são órgãos do Pj, mas dizem respeito a organização
judicária.Princípio da Interpretação Conforme da Constituição, ou seja, a norma deve
ser interpretada de acordo com a constituição, mas , desde que, ele permita mais de uma
interpretação possível, visto que, é plurissignificativa ou polissêmica(multivoca\plurivoca),
pois bem, O ÓRGÃO FRACIONÁRIO SÓ PODE FAZER INTERPRETAÇÃO
CONFORME SE O OUTRO SENTIDO NÃO LEVAR O OUTRO SENTIDO A
INCONSTITUCIONALIDADE AINDA QUE IMPLICTA, ASSIM, ELE DEVE SE
LIMITAR A DIZER QUE : ESSA NORMA DENTRO DESSE CONTEXTO É
CONSTITUCIONAL. Conforme a sumula 513 do stf, da decisão do plenário que decide a
constitucionalidade da norma, não cabe RE, o Re apenas será possível da decisão completa
do fracionário.Consoante a súmula 293, do STF são inadmissíveis EI de decisão em
material constitucional submetida ao plenário do tribunal, apenas dos outros pontos, e não
da matéria constitucional. Há reserva de plenário no controle abstrato, tanto que a
distribuição é direito para o órgãos especial ou plenário , o que não há é o incidente de
inconstitucionalidade. Porém no âmbito do STF, o princípio da reserva do plenário não se
aplica aos julgamentos de Res.Efeitos da Decisão No Controle Difuso No que diz respeito
ao efeito subjetivo ela é inter partes( o ministro Gilmar mendes também admite o efeito
erga omnes), no diz respeito ao efeito ao afeito temporal ele é ex tunc, mas o supremo
admite a modulação de efeitos(abstrativização do controle de constitucionalidade), com
prospecção ou efeitos prospectivos em razão da segurança jurídica e excepcional interesse
social. Atuação do Senado Federal, inciso X, art.52, da CRFB, o STf declara a
inconstitucionalidade de uma norma, comunica(o presidente do STF, comunica ao Senado
ou por representação do PGR, ou ainda, nada impede que o próprio senado ao tomar
conhecimento da decisão pode atuar por meio de projeto de resolução da CCJ) a declaração
ao Senado que, determinará por meio de resolução a suspensão da norma declarada
inconstitucional, concedendo efeito erga omnes da decisão, sendo uma atividade
discricionária do senado no que se restringe a decidir se irá ou não suspender, com relação a
suspensão da execução da lei, A RESOLUÇÃO não pode SUSPENDER NEMA MAIS
NEM MENOS DO QUE O STF DECLAROU INCONSTITUCIONAL, deverá ser na exata
medida da decisão do stf. Se ultrapassar os limites da declaração de inconstitucionalidade a
resolução do senado, segundo o STF poderá ser objeto de ADI. O Senado federal não pode
se retratar da suspensão já realizada, princípio da irretratabilidade. Só cabe reclamação
contra decisão do STF em controle concreto se for relativo ao mesmo caso(processo) e não
de outro caso. O MINISTRO GILMAR MENDES ENTENDE QUE O PROPRIO STF
PODE ATRIBUIR EFEITOS ERGA OMNES EM DECISÃO EM CONTROLE
CONCRETO, E NESSE CASO A RESOLUÇÃO DO SENADO, SERIA APENAS UM
ATO DE PUBLICIDADE DA DECISÃO DO STF, NÃO TENDO O CONDÃO DE
SUSPENDER, JÁ QUE FORA CONEDIDO O EFEITO ERGA OMNES. O STARE
DECISIS(OU SEJA, ESTÁ DECIDIDO) É A IDEIA DE PRECEDENTE VINCULANTE.
EM 1891, QUANDO SE ADOTOU O PRECEDENTE AMERICANO ELE NÃO FORA O
VINCULANTE – Recl 4335, assim pensou Gilmar Mendes. Alguns defendem que a
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súmula vinculante seria um instrumento para superação da resolução do senado, visto que
ela é oriunda do controle concreto. A sumula 266, do STf, diz que não cabe Ms contra lei
em tese, mas cabe contra lei de efeito concreto(ou seja formalmente uma lei, mas não tem
generalidade e abstração própria da norma, como lei que cria autarquia). A ação
declaratória incidental pode pedir que forme coisa julgada a questão incidental, desde que
não seja matéria constitucional, para não se ter controle abstrato, já que ela virará questão
principal, o juiz não é competente em razão da matéria. A coisa julgada com base em
decisão do STF, CABE ação rescisória , DESDE QUE RESPEITADOS O PRAZO DE 2
ANOS DA DECISÃO ORIGNÁRIA RESCIDENDA. Porém conforme a sumula 343 do
stf, não cabe rescisória se for controvérsia entre tribunais. Assim, se havendo controvérsia e
depois o STF, julga inconstitucional a lei , caberá ação rescisória, mesmo que a decisão do
juiz tenha se baseado em controvérsia entre tribunais, mas pelo princípio da máxima
efetividade das normas constitucionais se deve mitigar a sumula 343, não se pode tolerar
coisa julgada inconstitucional. É possível o controle de constitucionalidade incidenter
tantum em sede de ACP.Controle Abstrato – ações diretas : ADI e ADC art.102, I, a, da
lei 9868\99; ADO art.103, §2°, ADPF ,§1°, lei 9882\99, ADI estadual §2°, do art.125, e a
Representação Interventiva art.36, inciso III, e lei 12562\11. A base estrutural das ações é
oriunda da ADI propriamente dita. A natureza do processo no controle abstrato é processo
objetivo, esta seria sua natureza, tendo como principal característica ausência de direito ou
interesse(posição favorável a determinado bem, podendo haver interesses opostos, surgindo
então o conflito, para que se forme a pretensão que é , lide, ou seja é o conflito de interesses
qualificado pela pretensão resistida) subjetivo em jogo, visto que não há lide, nem litigio
constitucional, porquanto não há conflito de interesses, não há parte que titulariza interesse,
em sentido material, teremos legitimados passivos e ativos, não temos réu e não autor,
porque réu é aquele em face de quem se deduz uma pretensão. O processo objetivo não há
interesse, diversamente do subjetivo, assim como, no objetivo não há pretensão ou lide,
diferente do subjetivo que há pretensão e pode haver a lide., bem como, no objetivo não há
partes no sentido material, já no subjetivo há partes, ainda o objetivo decisão com efeitos
erga omnes, no subjetivo a decisão é inter partes, o objetivos temos a defesa da rodem
jurídica constitucional, subjetivo tutela de direito subjetivo, no processos objetivo não há
em regra, impedimento ou suspeição de ministro, no processo subjetivo há hipóteses de
suspeição e impedimento. Obs: não há impedimento ou suspeição de ministro de Estado
que hoje é ministro do STf, Ministro do TSE pde participar de ADI contra resoluão do TSE,
caso o PGR já tenha emitido parecer em ADI, ele está impedido de participar do julgamento
se ele viar ministro do STF. No caso de PGR que nega propositura de ADI em que ele foi
provocado por direito de petição, assim, se caso seja proposta por outro legitimado ele
também não pode participar do julgamento. Se o AGU se manifestou em ADI, não pode
participar de julgamento de ADI, quando ministro.Competência. A competência na ADI é
do STF, para todas as ações exceto, quando se tratar de ADI estadual é que a competência
será do TJ.Parâmetro,é a ordem constitucional, se inclui, o texto constitucional(texto
principal, ADCT e emendas constitucionais), os princípios constitucionais implícitos e
tratados internacionas de direitos humanos na forma do §3°, do art.5° - as normas
constitucionais interpostas (normas formalmente infraconstitciuonais, mas materialmente
constitucionais, por expressa exigência da constituição ), segundo o STf não pode ser
parâmetro, entende diversamente o italiano Gustavo Zagrebelsk. Se uma EC revogar
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omissão parcial. O objeto da ADPF, ela pode ser direta ou autônoma TEMOS O ART.1º,
CAPUT DA LEI 9882\99 tendo como objeto o ato do poder público normativo ou em
concreto, da adm direta ou indireta, anteriores ou posteriores a constituição, inclusive, ato
infralegal por afrontar preceito constitucional, desde que, não advenha de regulamentação
de lei, porque aí, seria controle de legalidade, pode ser também objeto a interpretação
judicial oriunda de um conjunto de decisões ver ADPF101\caso da importação de pneus(lei
ou ato normativo, da União, DF, Estados e Municipios, inclusive, aqueles anteriores a
CRFB), ou indireta ou incidental é quando há um processo da competência de um juiz de 1º
grau, em que há uma questão incidental que envolve questão constitucional incidental,
poderá ocorrer a CISSÃO FUNCIONAL DA COMPETENCIA EM PLANO VERTICAL,
por lei ou ato normativo. Pelo Princípio da Subsidiariedade, o mecanismo
eficaz(primeiro)tem que ter a mesma imediaticidade, amplitude e efetividade que a ADPF
teria, então, o fato de caber RE, não tem o condão de obstar a propositura de ADPF. Assim,
conforme o §1º, art4º, da lei 9882\99, o mecanismo deve ser de natureza objetiva, ou seja,
ADI e ADC – o STF admite fungibilidade entre ADI e ADPF. O Objeto da ADI Estadual
são as leis ou ato normativo estadual ou municipal. Já no que tange ao objeto da
representação interventiva, será um ato normativo ou concreto, comissivo ou omissivo,
estadual com violação a princípio constitucional sensível ou recusa de execução de lei
federal. Participantes nas Ações: são aqueles que podem integrar o processo Legitimados
Ativos, previstos no art.103, da CRFB, rol taxativo, Presidente da Rep, Mesa da Câmara,
Mesa do Senado, Mesa de ALEPE dos Estados, Mesa da Câmara de ALEDF, Governador
do Estado(DF), PGR, CFOAB, Partido político com representação no CN, Confederações
Sindicais e Entidades de Classe de âmbito nacional. Legitimados Ativos Neutros ou
Universais: Presidente da República, Mesa da Câmara, Mesa do Senado PGR CFOAB,
Partido Político com representação no CN; Legitimados Especiais Governador do
Estado(DF), Mesa de ALEPE dos Estados, Confederações Sindicais e Entidades de Classe
de âmbito nacional precisam demonstrar pertinência temática relação entre a matéria e o
autor(mínimo interesse social). Capacidade postulatória tem legitimado ativo com
capacidade postulatória e outros não: como Partido político com representação no
CN(bastando um dep ou senador, a perda superveniente de representação congressual não
implica prejudicialdiade da ação, visto que, a legitimidade é verificada no momento da
propositura - só o diretório ou executiva nacional é que podem propor ação), Confederações
Sindicais(sindicatos nacionais ou federações nacionais não detém legitimidade, ainda que,
ausentes confederações sindicais da classe, tem que estar constituída formalmente
conforme a CLT, para ter legitimidade a confederação – as centrais sindicais não detém
legitimidade, visto que são formas paralelas de representação como CUT, apesar de terem
reconhecimento jurídico) e Entidades de Classe de âmbito nacional(tem que outorgar
procuração com poderes específicos – deve haver homogeneidade, ou seja, uma só classe,
pode ser AMB, pode ser categoria profissional ou econômica “ ABRASEL” – assim, a
AJUFE não pode propor ação de toda classe, mas apenas, se afetar os juízes federais, assim,
como as demais classes – o âmbito nacional é aquela prevista no mínimo em 9 Estados da
federação – o STF admite a Associação de associações, ou seja, associação nacional da
mesma classe, sendo uma associação de 2º grau) – os demais podem praticar todos os atos
processuais regularmente, sem a contratação de adv, a capacidade postulatória não é da
pessoa é do agente político,ou seja, renunciou o mandato, o que assume, passará a ter
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constitucional. Ela também tem o efeito repristinatorio da cautelar, art.11, §2§ da lei
9868\99, ou seja, sem a lei B revogou a lei A, com a suspensão dos seus efeitos, será
restaurada a lei A. Pode o STf, conceder uma cautelar sem determinar efeito repristinatório(
a regra é que na omissão terá o efeito, para que não se aplique tem que ser expresso). Com
relação ao efeito temporal é ex nunc, em caso de concessão de cautelar, pode o STF,
realizar uma modulação temporal, inclusive, com efeito ex tunc. Em regra a análise é feita
pelo plenário, salvo, hipótese de recesso ou grave lesão, o relator pode conceder ad
referendum do plenário – mas em caso de grave ameaça a ordem social, econômica ou
jurídica, o relator pode determinar o procedimento abreviado e submeterá imediatamente ao
plenário, para julgamento d mérito(faculdade do plenário), após ouvida do legitimado
passivo, AGU e PGR. A cautelar na ADc tem como finalidade suspender os processos que
tem a ver com a matéria, ate em razãodas controvérsias(relevante) travadas entre a adm
publica e o judiciário ou entre o judiciário., seus efeitos também são erga omnes e
vinculante, portanto, cabendo reclamação, ela tem um prazo de 180 dias, se não houver
julgamento os processos voltam a tramitar, na prática o STF já admitiu a prorrogação do
prazo, embora a lei seja omissa, quando a possibilidade. Cautelar na ADO, alguns julgados
mais antigos do STF falam que não cabe cautelar na ADO, a lei 9868\99, foi alterada pela
lei 12063\09, que acrescentou novos artigos a lei 9868, disciplinando nos artigos 12a ao
12h, sendo desde então, cabível cautelar para suspender a eficácia de ato normativo, no
caso de omissão parcial, pode ainda a cautelar suspender processos judiciais e
administrativos em que discute a matéria, na ADO objeto é a omissão que pode ser total ou
parcial. O STF pode ainda determinar outra medida pertinente que supra a omissão ou
atenue o dano ou gravidade, o efeito da cautelar é erga omnes e vinculante, sua violação
caberá reclamação. Na ADPF a cautelar poderá ter quatro finalidades: suspender a eficácia
do ato(normativo ou administrativo, visto que o objeto é ato do poder publico; suspender
processos em que se discuta a matéria, suspender decisões judiciais, desde que, não tenha
transitado em julgado e suspender medidas relativas a matéria, eficiacia é erga omnes e
vinculante, também cabível reclamação em caso de violação. Na ADI estadual, é da mesma
forma que a ADIn genérica. A cautelar na Representação Interventiva, é no sentido de
suspender o ato causador do processo interventivo. Decisão, deve ser dada pela maioria
absoluta 6 ministros, ela tem o caráter dúplice ou bivalente, visto que a ADC ou ADI, são
ações com sinais trocados, porquanto, a improcedência de uma é a procedência de outra e
vice e versa. AUSENTE NA SESSÃO NUMERO(S) DE MINISTRO(S) QUE POSSA
AINDA INFLUENCIAR NO RESULTADO A SESSÃO É SUPENSA COM OS VOTOS
PROFERIDOS, PARA ULTERIOR PRONUNCIAMENTO DOS DEMAIS, TIPO 5X5 OU
5X4. A presença mínima será de 8 ministros, para que haja a deliberação, ela é concluída
com 6 votos contra ou a favor. Efeitos da decisão Subjetivo ele é erga omnes e
vinculante(são afetados pelo efeito vinculante os demais órgãos do PJ e a administração
publica direta ou indireta, não são atingidos o PROPRIO STF E O LEGISLATIVO NA
FUNÇÃO LEGISLATIVA\TÍPICA, caberá reclamação em caso de descumprimento, que
não é recurso, é o exercício do direito de petição, em que o STF determina a cassação da
decisão judicial ou anulação do ato administrativo, para que a autoridade refaça) um juiz
pode violar a decisão vinculante da duas formas, quando deixa de aplicar o entendimento
do STF e a outra quando ele aplica o entendimento em situação ou contexto que não cabe –
não cabe reclamação contra os não atingidos, se houver reclamação será hipótese de
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conversão em ADI se os requisitos da ADI estiverem preenchidos(ou seja, a norma pode ser
objeto de ADI, o legitimado foi que peticionou), caso contrário será negado seguimento,
segundo o STF – Coisa julgada, o limite objetivo é a parte dispositiva da decisão, o limite
subjetivo as partes, de maneira que, o efeito vinculante é uma ampliação dos
limites(subjetivo) – Gilmar Mendes defende a tese da eficácia transcendente do efeito
vinculante no que tange aos limites objetivos da ação, para ele o não apenas o dispositivo
da decisão vincula, mas os fundamentos ou razões determinantes(motivação), também
vinculam, caso uma lei idêntica ou substancialmente semelhante, caso em que, será
possível uma reclamação, sem a necessidade de propositura de ADI, o STF, não admite,
para Gilmar Mendes quando o juiz decide contra a interpretação do STF(dada em Adi) que
abarca a ordem global constitucional(texto, princípios e TDH)caberá reclamação conforme
Reclamação 4335, seria uma espécie de abstrativização do controle concreto(o STF não
concorda nesse caso, mas o fenômeno é mais amplo que a tese do Gilmar com relação a
reclamação) a critica é que não teríamos mais RE. Com relação ao efeito temporal da
decisão, em regra, ele é ex tunc, ou seja, retroativo que decorre do princípio da nulidade das
normas constitucionais que se entrar em conflito com o princípio da segurança jurídica e do
excepcional interesse social, teremos então que, o STF realizará um juízo de ponderação e,
poderá atribuir efeito temporal diverso: Ex Nunc(da decisão em diante); Pro Futuro(em que
determinará um momento para que a decisão final produza efeitos); Retroativo em parte(na
qual a decisão retroage, mas não até a edição da norma, geralmente até a data da cautelar,
mas pode ser outro),a modulação temporal é uma ponderação entre o princípio das
nulidades x princípio da segurança jurídica e excepcional interesse social, depende de
quorum de 2\3 e deve ser expressa a modulação. Cabe Ed para fins de Modulação de Efeito
Temporal, segundo o STF. O Efeito repristinatórios é quando a lei revogada voltara a
vigorar em detrimento da declaração de inconstitucionalidade ou da suspensão da lei
revogadora. A lei pode ser restaurada de duas formas por declaração de
inconstitucionalidade da norma revogadora, ou em razão da norma revogadora ter sido
revogada, hipótese em que a norma revogada pela lei revogadora, voltará a viger. Segundo
João Mendes, conforme art.282, 2§°, da Constituição Portuguesa os termos são sinônimos
repristinação e repristinatório . O efeito repristinatorio indesejado é quando a lei anterior
também padece de inconstitucionalidade, também como a lei atual, de maneira que, a lei
pode ser proposta apenas contra lei atual, e o STF, de ofício reconhecerá incidentalmente
reconhecer a inconstitucionalidade da lei anterior, afastando o efeito repristinatório,visto
que a lei é inconstitucional, e se a lei for anterior a CRFB? Segundo o STF, pode sim, só
que irá reconhecer que ela é incompatível, visto que embora ela não seja o objeto da ação,
ela não sofrerá do efeito repristinatório, em nome da efetividade de suas decisões. O que
não pode é a lei antiga ser OBJETO de ADI. Técnicas decisórias: o estado perfeito da
norma é quando se verifica a sua constitucionalidade ou ela é absolutamente
inconstitucional, situações imperfeitas ou intermediárias, são aquelas em que ela é
constitucional por enquanto, ou é inconstitucional vista desta forma, um exemplo é a
modulação dos efeitos temporais, que é uma técnica decisória. A modulação pro futuro,
também é denominada de efeito ablativo(retirar ou excluir), diferido, datado ou postergado.
A declaração de inconstitucionalidade parcial com redução de texto é outra técnica
decisória em que, existe a supressão de palavra ou expressão do texto normativo, mas tem
um limite, visto que o STF não pode ser legislador positivo, não pode suprimir palavra ou
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expressão que alterará o sentido do texto, daí, ele se tornará legislador positivo, é como
suprimir um NÃO. Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto
cuida-se de técnica decisória que, o texto normativo mantém-se hígido, o que se atinge é
determinada hipótese de aplicação da norma e tem uma relação com a interpretação
conforme a constituição( a norma deve ser interpretada de acordo com a constituição, desde
que, ela tenha vários sentidos e varias interpretações possíveis, necessitando que se defina
quais são as interpretações compatíveis, assim, a norma deve ser plurissignificativa ou
polissêmica\plurivoca). Declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de nulidade, a
norma é contraria a constituição e deve ser declarada sua nulidade, mas tirar a norma da
ordem jurídica é pior que mantê-la, então, se declara a inconstitucionalidade mas não
pronuncia a nulidade. A ausência da norma é tão danosa que é melhor mantê-la. ADI2240,
temos um exemplo, em que temos caso de criação de municípios, assim, fez uma
declaração de nulidade com apelo ao legislador, visto que o caos poderia ser instalado na
ordem jurídica. Declaração de norma ainda constitucional (declaração de norma
constitucional em transito para a inconstitucionalidade, inconstitucionalidade progressiva,
processo de inconstitucionalização, declaração de constitucionalidade provisória) a norma
analisada em tese seria inconstitucional, mas determinada situação fática confere
legitimidade a norma, mas ela é declarada constitucional enquanto a situação perdurar, mas
se a situação fática não mais existir, ela será declarada inconstitucional a norma, é o caso de
prazo em dobro para defensoria pública (que não é advogado publico), mas em razão da
falta de estrutura da defensoria publica, fora legitimado o prazo em dobro, diante da
situação fática, tendo o STF declarado a norma ainda constitucional. Não se admite recurso
da decisão final no controle concentrado, a exceção dos ED, não se admite ação rescisória.
A Modulação de efeitos também é possível na ADC? quando o STF declara a norma
inconstitucional(se admite), o problema não é na ADC é na declaração de
constitucionalidade, visto que, ela pode ocorrer tanto na procedência da ADC como na
improcedência da ADI, para CESPE não cabe(art.27 da lei), para uma segunda corrente
cabe, em razão da segurança jurídica e excepcional interesse social. A decisão final na
ADO, condenação para o órgão competente, e adm prazo de 30 dias para atuação( ou outro
razoável segundo a norma 9868\99). A ADPF o que pese sua natureza diversa, a sua decisão
será idêntica a ADI, com relação as técnicas decisórias e modulações, salvo quando a
norma for anterior a constituição, que a declaração será de não recepção da norma por
incompatibilidade, mas em ambas(recepção ou não) é possível a modulação de efeitos. Na
ADI Estadual os efeitos da decisão final são os mesmos da ADI genérica. Na
Representação Interventiva, os efeitos da decisão em se julgando procedente a
representação, o presidente será instado para: suspender ato se for suficiente para resolver o
problema, aqui, não existirá analise do CN, mas se não for suficiente, ele poderá fazer o
decreto de intervenção (que depois será analisado pelo CN), pode ser diretamente
determinada à intervenção o presidente avaliará a melhor medida.
Questões objetivas
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As antinomias são classificadas pela doutrina clássica, quanto a sua solução, como
antinomias aparentes e antinomias reais, estas últimas também chamadas de lacunas de
conflito. Antinomias aparentes são os conflitos de normas ocorridos durante o processo de
interpretação que podem ser solucionados através da aplicação dos critérios clássicos de
solução de conflitos, quais sejam, os critérios hierárquico, cronológico e da especialidade.
O critério cronológico (lex posterior derrogat priori) é aquele que postula que entre duas
normas incompatíveis, deve permanecer a posterior. O critério hierárquico (lex superior
derrogat inferiori), por sua vez, determina que no confronto entre regras jurídicas
inconciliáveis, deve ser aplicada a de estatura superior. O critério da especialidade (lex
especialis derogat legi generali) impõe que na colisão entre duas regras prevaleça a mais
especial em detrimento da mais geral.
Já as antinomias reais são definidas por Tércio Ferraz como “a oposição que ocorre entre
duas normas contraditórias (total ou parcialmente), emanadas de autoridades competentes
num mesmo âmbito normativo, que colocam o sujeito numa posição insustentável pela
ausência ou inconsistência de critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos quadros de
ordenamento dado”. Assim, as antinomias reais são conflitos entre normas que não são
resolvidos com a utilização dos critérios mencionados.
Com relação ao critério cronológico, é óbvio não se prestar à solução das tensões
constitucionais, uma vez que as normas da CR são editadas em um único momento, com a
promulgação da Lei Maior. A única exceção possível é representada pelas emendas
constitucionais, que são editadas após o advento da Constituição. É possível que uma
emenda introduza um novo princípio constitucional, que se afigure total ou parcialmente
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incompatível com outro princípio albergado no texto originário da Lei Maior. Nesse caso, o
novo princípio poderá revogar, no todo ou em parte, o cânone anterior com ele
inconciliável, desde que este não consubstancie cláusula pétrea. Caso, porém, trate-se de
cláusula pétrea, prevalecerá, para a solução do caso, o critério hierárquico, o que
desencadeará a rejeição, por inconstitucionalidade, do princípio instituído pela emenda
constitucional.
O critério hierárquico tampouco pode ser utilizado, pois todas as normas constitucionais
desfrutam formalmente da mesma estatura, afigurando-se arbitrário atribuir a qualquer uma
delas primazia absoluta em relação às demais. Entretanto não há a pretensão de se negar
que algumas normas são mais importantes do que outra, destacando-se na sociedade.
Porém, daí não decorre que, sem autorização expressa da Constituição, possa-se escalonar,
em diferentes graus hierárquicos, as normas editadas pelo Poder Constituinte originário. A
inexistência de hierarquia absoluta entre as normas radicadas na CR configura corolário
inafastável do princípio da unidade da Constituição. Existem, basicamente, duas
concepções de hierarquização das normas constitucionais: estática e dinâmica. A hierarquia
estática prega que quando há o conflito entre duas normas constitucionais, a de estatura
inferior deve ser eliminada do sistema (ex: tese das nromas constitucionais
inconstitucionais, de Otto Bachof). A estatura da norma, no caso, seria definida com relação
à sua origem: “as que resultam de uma ordem de valores transcendental e preexistente
seriam superiores àquelas que têm a sua origem no ato volitivo do legislador constituinte”.
O STF não admite essa tese (Ver ADIn 815-DF). Já a hierarquia dinâmica não aceita a
possibilidade de haverem normas constitucionais inconstitucionais, preconizando a
subsistência, no ordenamento, de todas as regras e princípios que albergados na norma
fundamental, ainda que potencialmente conflituosos entre si.
Por fim, a solução de uma antinomia real é feita pelo intérprete autêntico, com a utilização
da analogia, dos costumes, dos princípios gerais de Direito e da doutrina, nos termos do art.
4 da Lei de Introdução ao Código Civil. Defende-se, ainda, no caso de princípios
constitucionais, a utilização da técnica de ponderação de interesses.
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Atualmente, não resta mais dúvida de que os direitos sociais previstos no Capítulo II, do
Título II, da Constituição compõem o denominado catálogo de direitos fundamentais
previstos na Carta Magna. O direito a um trabalho digno caracteriza-se como um direito
fundamental de segunda dimensão, exigindo, para a sua implementação, uma atuação
positiva por parte do Estado (caráter prestacional).
E foi justamente com essa finalidade, qual seja, a de assegurar o direito a um trabalho
digno, que a Constituição estabeleceu uma série de princípios aplicáveis à relação de
trabalho. De acordo o Ministro do TST Maurício Godinho Delgado, os princípios
constitucionais do trabalho podem ser classificados em três grandes grupos:
O segundo rol diz respeito a princípios constitucionais de amplo espectro, não exatamente
originados em função da ideia e realidade do trabalho, mas que hoje também atuam, de
modo importante, no plano justrabalhista. Não se construíram e se desenvolveram, é certo,
em função do temário juslaborativo, elaborando-se, originalmente, em torno de matérias
distintas daquelas específicas ao ramo especializado do Direito do Trabalho. Contudo, por
diferentes razões, passaram a ter influência no campo trabalhista contemporâneo, afetando,
muitas vezes com significativa força, sua realidade normativa. Trata-se, em especial, das
diretrizes da proporcionalidade, da não discriminação e da inviolabilidade do direito à vida.
Os direitos fundamentais do trabalhador podem ser diferenciados dos princípios. Estes são
ideias que definem padrões a serem adotados pelo Direito do Trabalho, tanto na legislação,
quanto na atividade interpretativa e integradora. Os direitos fundamentais, por sua vez,
dirigem-se ao trabalhador em sua relação de emprego. Os direitos fundamentais do
trabalho, na vertente história da democracia no Ocidente e na matriz constitucional mais
avançada, inclusive no plano da atual Constituição da República brasileira, confundem-se
com o Direito do Trabalho, principalmente em seu plano regulatório do contrato bilateral
entre empregador e empregado (a par de outros trabalhadores legalmente especificados –
como os portuários avulsos, por exemplo). É que esse plano normativo de regulação do
contrato de emprego assegura o mais elevado padrão de afirmação do valor-trabalho e da
dignidade do ser humano em contextos de contratação laborativa pela mais ampla maioria
dos trabalhadores na sociedade capitalista.
Também estão presentes, sem dúvida, na Constituição, por meio dos princípios, valores e
fundamentos das ordens econômica e social, que sejam afirmativos da dignidade da pessoa
humana e da valorização do trabalho. É o que se passa, por exemplo, com o art. 170
(“Princípios Gerais da Atividade Econômica”), com o art. 193 (“Disposição Geral” relativa
à “Ordem Social”), com os arts. 196 e 197, além do art. 200, II e VIII (todos tratando da
saúde), também com o art. 205 (tratando da educação), além dos arts. 225 e 227, que tratam
das garantias a crianças e adolescentes no País (em acréscimo à regra protetora já lançada
no art. 7º, XXXIII, da mesma Constituição).
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internacionais subscritos pelo Brasil, “[...] naquilo que não reduzam o patamar de garantias
asseguradas internamente no próprio pais” (art. 5º, § 2º, CF/88).
Há direitos fundamentais por meio dos quais se objetiva defender a dignidade moral do
empregado, como o dano moral, o assédio moral e o assédio sexual. Existe, ainda, o direito
de não ser discriminado, direito que resguarda a mulher trabalhadora, o trabalhador
estrangeiro, o trabalhador portador de necessidades especiais, o trabalhador portador do
vírus HIV, dentre outros.
Por fim, são também direitos fundamentais a proteção jurídica da vida, da saúde, da
integridade física do trabalhador e do meio ambiente do trabalho.
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Revogação: a revogação de uma Constituição pela outra pode ser expressa ou tácita. A
revogação tácita acontece por incompatibilidade entre as Constituições ou por normação,
quando a Carta nova regula inteiramente o assundo, como se deu com as Constituições de
1988 e 1697. Finalmente, pode a revogação ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).
Repristinação: repristinação é fenômeno que ocorre quando a lei revogada volta a ter
vigência pela revogação da lei que a revogou. São, portanto, três leis. De acordo com a
LINDB, a repristinação expressa é admitida, mas a tácita não. O efeito repristinatório tácito
ocorre, segundo a doutrina, em três hipóteses: medida cautelar em ADI; revogação da lei
federal que havia suspendido a eficácia da norma estadual editada em competência
concorrente e julgamento de mérito da ADI pela declaração de inconstitucionalidade da lei
269
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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ADCT. Conceito. Luís Roberto Barroso, ao falar das disposições transitórias, diz que as
mesmas significam: “a influência do passado com o presente, a positividade que se impõe
com aquela que se esvai” (BARROSO, 1993, p,310). Pelas palavras do referido autor, fica
claro que o mesmo entende que a função maior da ADCT é justamente fazer uma transição
entre o ordenamento jurídico que se vai com o ordenamento jurídico que chega, ou seja,
fazer um elo de ligação entre duas constituições, evitando, assim, um colapso decorrente da
referida transição. Natureza Jurídica. Os dispositivos do ADCT têm natureza jurídica de
normas constitucionais de transição, sejam temporárias ou não, fazendo parte do que Raul
Rocha Machado chama de Direito Transitório. Mas não há dúvida de que as mesmas são
normas constitucionais, não só porque foram elaboradas e promulgadas pelo poder
constituinte, como também em face do fato de só poderem ser alteradas por Emenda
Constitucional, e, ainda, em função do princípio da unidade da constituição. Revestem-se,
portanto, do mesmo valor jurídico da parte permanente da Constituição. Classificação.
Vale ressaltar, ademais, que as normas do ADCT, segundo José Afonso da Silva, integram
os elementos formais de aplicabilidade, que junto com o preâmbulo, são os que trazem
regras para aplicação da Constituição, ajudando a garantir-lhe eficácia.
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DIREITO DE PROPRIEDADE:
Pode ser extraído da CF e do Código Civil (art. 1228, § 1º). Propõe que o exercício da
propriedade não pode gerar prejuízos a terceiros e, muito menos, ao meio ambiente.
Permite-se a estipulação de limitações administrativas. Segundo o art. 186 da CR/88, por
exemplo, a função social da propriedade rural é cumprida quando ela atende à utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente. STF: A
própria Constituição da República, ao impor ao poder público o dever de fazer respeitar a
integridade do patrimônio ambiental, não o inibe, quando necessária a intervenção estatal
na esfera dominial privada, de promover a desapropriação de imóveis rurais para fins de
reforma agrária, especialmente porque um dos instrumentos de realização da função social
da propriedade consiste, precisamente, na submissão do domínio à necessidade de o seu
titular utilizar adequadamente os recursos naturais disponíveis e de fazer preservar o
equilíbrio do meio ambiente (CF, art. 186, II), sob pena de, em descumprindo esses
encargos, expor-se à desapropriação-sanção a que se refere o art. 184 da Lei Fundamental."
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DESAPROPRIAÇÃO.
Espécies: a) Comum (art. 5o, XXIV, CF): por necessidade ou utilidade pública ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Para a maioria da
doutrina, a necessidade relaciona-se com a urgência e a utilidade com o juízo de
conveniência. CABM não faz tal distinção. b) Urbanística ou por descumprimento da
função social urbana (art. 182, §4o, III, CF e lei 10.257/2001): adotada a titulo de
penalização ao proprietário do solo urbano que não atender à exigência de promover o
adequado aproveitamento de sua propriedade, nos termos do plano diretor (o expropriante é
exclusivamente o Município), e prévia legislação municipal regulando o assunto (a
desapropriação é a última das medidas possíveis a serem tomadas previamente pelo
município). Pode ser realizada a qualquer tempo desde que decorridos 5 anos de
infrutífera aplicação da tributação progressiva (art. 8o, Est. da Cidade). A indenização é
paga com títulos da dívida pública aprovados previamente pelo Senado Federal e com
prazo de resgate de até 10 anos. c) Rural (art. 184, CF): incide sobre imóveis rurais para
fins de reforma agrária. Trata-se de modalidade específica da desapropriação por interesse
social que objetiva a perda da propriedade quando esta não estiver cumprindo sua função
social (art. 186, CF). São desapropriáveis: os latifúndios improdutivos e as propriedades
improdutivas, mesmo que não configurem latifúndios, quando seu proprietário possuir mais
de uma. A expropriante é exclusivamente a União e a indenização é paga em títulos da
dívida agrária resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão.
As benfeitorias úteis e necessárias serão pagas em dinheiro. Efetuada a desapropriação, a
União terá três anos, a partir do registro do titulo translativo de domínio, para destinar a
área aos beneficiários da reforma agrária (art. 16, Lei 8629/93). Estado-membro e
Municípios podem promover desapropriação de imóvel rural desde que por interesse social
e não para reforma agrária, a qual é privativa da União (RDA 152/122 e RT 595/266). d)
Confiscatória ou expropriatória (art. 243, CF), (JSCF, p. 752 a 754): a perda da
propriedade tem como pressuposto o fato de que nela estão localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas. A área será destinada a assentamento de colonos para o cultivo de
produtos alimentícios e medicamentosos. CABM entende que a indenização é um dos
requisitos de qualquer expropriação, razão pela qual entende que o art. 243 trata de confisco
e não de desapropriação. STF (RE 543974/MG): toda a propriedade será suprimida, e
não apenas o local da plantação.
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REQUISIÇÃO:
Para José dos Santos Carvalho Filho, ocupação temporária é a forma de intervenção pela
qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à
execução de obras e serviços públicos (ex.: utilização de terrenos particulares contíguos a
estradas). Difere da requisição pelo fato de que nesta há uma situação emergencial de
perigo público. Na ocupação vinculada à desapropriação haverá indenização (art. 36,
Decreto-lei 3.365/41) e o ato não terá autoexecutoriedade; na desvinculada, somente
indeniza-se havendo comprovado prejuízo.
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PRINCÍPIO DA ISONOMIA
AÇÕES AFIRMATIVAS.
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Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 49)” (INFO 657. Voto Min. Luiz Fux. ADI 4424/DF e
ADC 19/DF). Lei Maria da Penha. STF. Constitucionalidade da discriminação
positiva. Conclui o Min. Luiz Fux no citado voto, ao reconhecer a constitucionalidade dos
dispositivos da Lei Maria da Penha, ser estreme de dúvidas a legitimidade constitucional
das políticas de ações afirmativas, também implementadas por medidas de caráter criminal,
já que a referida lei estabelece mecanismos de equiparação entre os sexos, em legítima
discriminação positiva que busca, em última análise, corrigir um grave problema social.
Limites. Discrímem positivo. Ressalta, porém, que, “por óbvio, todo discrímen positivo
deve se basear em parâmetros razoáveis, que evitem o desvio de propósitos legítimos para
opressões inconstitucionais, desbordando do estritamente necessário para a promoção da
igualdade de fato. Isso porque somente é possível tratar desigualmente os desiguais na
exata medida dessa desigualdade. Essa exigência de razoabilidade para a edição de ações
afirmativas foi muito bem analisada por Canotilho: ‘(...) o princípio da igualdade é
violado quando a desigualdade de tratamento surge como arbitrária. O arbítrio da
desigualdade seria condição necessária e suficiente da violação do princípio da igualdade.
Embora ainda hoje seja corrente a associação do princípio da igualdade com o princípio
da proibição do arbítrio, este princípio, como simples princípio de limite, será também
insuficiente se não transportar já, no seu enunciado normativo-material, critérios
possibilitadores da valoração das relações de igualdade ou desigualdade. Esta a
justificação de o princípio da proibição do arbítrio andar sempre ligado a um fundamento
material ou critério material objectivo. Ele costuma ser sintetizado da forma seguinte:
existe uma violação arbitrária da igualdade jurídica quando a disciplina jurídica não se
basear num: (i) fundamento sério; (ii) não tiver um sentido legítimo; (iii) estabelecer
diferenciação jurídica sem um fundamento razoável.’ (CANOTILHO, José Joaquim
Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Almedina, 7 ed., 2003. p. 428)”
(INFO 657. Voto Min. Luiz Fux. ADI 4424/DF e ADC 19/DF).
IGUALDADES E DIFERENÇAS:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Cotas nas universidades: O fato de haver uma única raça não significa que o racismo não
existe. Isso porque ele remanesce a partir de concepções sociais, culturais e políticas.
Promoção do pluralismo. Vivemos em um país que tem como uma das suas maiores
riquezas a diversidade étnica e cultural. Porém, para que todos se beneficiem dessa valiosa
riqueza, é preciso que haja um contato real e paritário entre pessoas de diferentes etnias. É
necessário romper com modelo informal de segregação, que exclui o negro da universidade,
confinando-o a posições subalternas na sociedade, especialmente no ensino. As políticas de
ação afirmativa baseadas em critérios raciais no ensino superior também são positivas na
medida em que quebram estereótipos negativos. Ativismo judicial: quando o Judiciário
se depara com normas e medidas que visam a favorecer grupos minoritários e
hipossuficientes, a sua postura deve ser diferente. Não deve o Poder Judiciário frear as
iniciativas inclusivas, convertendo-se no guardião de um status quo de assimetria e
opressão, a não ser quando haja patente afronta à Constituição. Portanto, as políticas de
cotas não ofendem a nenhum dos subprincípios em que se desdobra o princípio da
proporcionalidade. Quanto à adequação, é evidente que, se o objetivo é promover a
inclusão dos negros no ensino superior, a medida encetada é idônea, porque se propõe
exatamente a tal fim. No que tange à necessidade, não se vislumbra, a priori, qualquer
outra medida que promova, com a mesma intensidade, a finalidade perseguida.
Quanto à proporcionalidade em sentido estrito, cumpre atentar para o valor que tem o
acesso ao ensino superior na emancipação real dos afrodescendentes no Brasil. Em um
quadro social de brutal exclusão do negro, e no marco de uma Constituição que tem como
obsessão a conquista do pluralismo e da igualdade material e o combate ao preconceito e ao
racismo, deve-se reconhecer a extraordinária importância da promoção dos interesses
subjacentes à medida em discussão, na escala dos valores constitucionais.
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Letícia de Campos Velho Martel. Adaptação Razoável: O Novo Conceito sob as Lentes de
Uma Gramática Constitucional Inclusiva (a autora agradece expressamente ao Dr. Daniel
Sarmento pelo tema do trabalho). Disponível em
http://www.surjournal.org/conteudos/getArtigo14.php?artigo=14,artigo_05.htm
Questões objetivas
MPF\27 - o republicanismo contemporâneo assentase principalmente nas seguintes
ideias: liberdade como “não dominação”; direito à participação popular na vida
pública; e igualdade, inclusive em sua dimensão material. Assertiva correta
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Legislação básica: CRFB, Art. 1ª, “a” e parágrafo único; Art. 5º, XXXIII; XXXIV, “a”;
XXXVIII; LXXIII; Art. 14; Art. 60, § 1º; Art. 58, § 3º; Lei n. 9.709.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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democracia dos antigos para a democracia moderna. Os autores (John Jay; Alexander
Hamilton e James Madison) do livro “Federalista” e os constituintes franceses reconheciam
a democracia representativa como o único governo popular possível num grande Estado. O
abade Emmanuel Joseph Siéyes estabelece a ideia de representação nacional e sua
influência balizará as fases inicial e final da Revolução Francesa e seu livro “Qu’est-
cequele Tiers État?” (O que é o terceiro estado?), para ele o princípio de toda soberania
reside essencialmente na nação. A democracia é dividida em: a) direta: o povo exerce, por
si, os poderes de Governo, fazendo leis, administrando e julgado; b) indireta ou
representativa: o povo outorga a direção dos negócios governamentais a seus
representantes, eleitos periodicamente e com mandato temporário; c) semidireta: trata-se de
uma modalidade em que se alteram as formas clássicas da democracia representativa para
aproximá-la cada vez mais da democracia direta, no qual o povo exerce a soberania,
decidindo de maneira definitiva por meio do referendum, e do plebiscito e da iniciativa
popular (Lei n. 9.709, de 18 de novembro de 1998), em relação às matérias mais
importantes da vida pública.
Atributos.
Conforme lições de Marilena Chauí (in Lênio Luiz Streck) democracia é o único regime
político que considera o conflito legítimo porque trabalha politicamente os conflitos de
necessidades e interesses e procura instituí-los como direitos. Na democracia indivíduos e
grupos se organizam em associações, movimentos sociais e populares, classes se organizam
em sindicatos, criando um contrapoder social (limita o poder do Estado). Democracia é
uma sociedade verdadeiramente histórica, aberta ao tempo, às transformações e ao novo.
Fundamentos.
Democracia representativa.
Democracia participativa.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública (Art. 37, §3º,
III – CF). Além das ouvidorias, inspirou a criação das corregedorias no serviço público; 16)
instituição de conselhos de política de administração e remuneração de pessoal, em todas as
esferas da Federação, com a participação dos servidores (Art. 39 – CF); 17) realização de
audiências públicas das comissões do Legislativo com entidades da sociedade civil ( Art.
58, II – CF); 18) viabilização de corregedorias e ouvidorias, no âmbito do Legislativo, para
receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou
omissões das autoridades ou entidades públicas (Art. 58, IV – CF); s) legitimidade dos
cidadãos para iniciativa de leis (Art. 61 e § 2º – CF); 19) legitimidade ao cidadão, partido
político, associação ou sindicato, para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o
Tribunal de Contas da União (Art. 74, § 2º – CF); 20) participação de seis cidadãos
brasileiros natos, no Conselho da República (Art. 89, VII – CF); 21) participação de dois
cidadãos no Conselho Nacional de Justiça (art. 103-b, XIII -CF); 22) previsão de
corregedoria, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (Art. 103-B, § 5º, I -CF); 23)
previsão de ouvidorias de justiça, no âmbito da União, Distrito Federal e Territórios, para
receber reclamações e denúncias (Art. 103-B, § 7º -CF); y) participação de dois cidadãos no
Conselho Nacional do Ministério Público (Art. 130-A, VI – CF); 24) criação de ouvidorias
do Ministério Público, em âmbito federal e estadual, para receber reclamações e denúncias
de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público (Art. 130-A, § 5º-
CF); 25) fiscalização pela sociedade, quanto às atividades das empresas públicas,
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, que explorem atividade econômica de
produção (Art. 173, § 1º, I – CF); 26) participação do setor de produção, envolvendo
produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de
armazenamento e de transportes na política agrícola (Art. 187 – CF); 27) participação da
comunidade, na gestão administrativa das ações de seguridade social ( art. 194, parágrafo
único, inciso VII – CF). Deu origem aos Conselhos de Assistência Social; 28)
participação da comunidade nas ações e serviços públicos de saúde (Art. 198, III – CF).
Deu origem aos Conselhos de Saúde; 29) participação da população, por meio de
organização representativas, na formulação das políticas e no controle das ações da
Assistência Social (Art. 204, II – CF); 30) colaboração da sociedade na promoção e
incentivo da educação ( art. 205- CF) e gestão democrática da educação (Art. 206, VI –
CF); 31) colaboração da comunidade com o poder público, para a proteção do patrimônio
cultural brasileiro (Art. 216, § 1º- CF); 32) exercício, pela coletividade, do dever de
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações ( Art. 225 – CF); 33)
participação das entidades não governamentais nos programas de assistência integral à
saúde das crianças e adolescentes (Art. 227, §1º- CF); 34) participação da sociedade no
amparo às pessoas idosas (Art. 230 – CF); 35) participação de representantes da sociedade
civil, no Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo de Combate e Erradicação
da Pobreza (Art. 79 das Disposições Constitucionais Transitórias). É importante dizer que,
como visto, diversos instrumentos da democracia participativa não estão direta e
expressamente previstos na Constituição, mas na legislação infraconstitucional. Trata-se da
criação dos Conselhos de direito; Conselhos gestores políticas públicas; Orçamento
participativo; Ouvidorias; Comissões de legislação participativa. Tudo inspirado no
sistema democrático estabelecido pela Constituição de 1988. Isso significa que, não
somente os mecanismos e instrumentos atualmente conhecidos, mas diversos outros podem
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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vir integrar o elenco das formas que compõem a democracia participativa no Brasil, sob a
égide da Constituição Cidadã.
A teoria deliberativa afirma que o processo de decisão do governo em ter se sustentado por
meio de deliberação dos indivíduos racionais em fóruns amplos de debate e negociação. Há
discussão acerca de qual o melhor desenho institucional para operacionalizar a deliberação.
Habermas é preocupado como o modo que os cidadãos fundamentam as regras do jogo
democrático. Para a teoria democrática “convencional” a fundamentação do governo
democrático se dá por meio do voto, mas para Habermas este não é um instrumento
suficiente para legitimar a democracia. Ele define a política deliberativa por meio de duas
vias: a formação da vontade democraticamente constituída em espaços institucionais e a
construção da opinião informal em espaços extra-institucionais e a partir da interrelação
entre esses dois espaços que se encontra a possibilidade de governo legítimo. A teoria
agregativa (espécie de democracia liberal) pressupõe que a eleição coletiva vinculante
que outorguem igual consideração aos interesses de cada uma das pessoas que serão
vinculadas a decisão. As decisões na forma agregativa de democracia, apesar de serem
reconhecidas como legítimas sem dúvida, e poderem ser revogadas a qualquer tempo, são
baseadas, pois, nas decisões de maioria, que levam em conta os interesses de cada
participante em particular, o que torna difícil lidar com as questões de exclusão de que
sofrem as minorias. Para o modelo de democracia agregativa, a existência de um regime
democrático significava apenas a concessão de capacidade política ativa aos cidadãos – ou
seja, apenas direito ao voto – a fim de que estes pudessem selecionar e, desta forma,
legitimar seus governantes. Essa idéia baseia-se, além do fato de que os cidadãos devem ser
deixados livres para buscar sua felicidade em seus negócios particulares, na premissa de
que o povo não possui discernimento suficiente para lidar com a coisa pública.
ADI 4029:
Democracia substancial
consubstancia a proteção dos direitos das minorias (vg., reconhecimento da união civil
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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entre pessoas do mesmo sexo; demarcação de terras indígenas; a constituição das CPIs
através de 1/3 dos parlamentares – art. 58, § 3o, CF). Jürgen Habermas e Friedrich Muller
ensinam que a democracia exige mais do que eleições livres, com sufrágio universal e
possibilidade de alternância do poder, pressupondo, outrossim, a fruição de direitos básicos
por todos os cidadãos, de molde a garantir que cada um forme livremente sua convicção e
participe livremente dos diálogos políticos.
plebiscito (consulta prévia direta ao povo sobre uma questão), referendo (submissão de ato
do poder público a aprovação popular), iniciativa popular (apresentação de projeto de lei
pelo povo diretamente ao órgão legislativo). Sob uma certa ótica, também o tribunal do júri.
O plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um
terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional,
art. 3º da Lei 9709/1998. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à
Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos
eleitores de cada um deles. Este projeto só poderá tratar de único assunto; não poderá ser
rejeitado por vício de forma; a Câmara dos Deputados tem legitimidade para corrigir as
impropriedades de técnicas legislativas e por ela o projeto se inicia (Arts. 13 e 14 da Lei
9709/1998).
Questões objetivas
MPF\27 - a concepção deliberativa da democracia vê a política como um
empreendimento cooperativo, em que tão importante quanto a decisão é o debate que
a precede. Assertiva correta
286
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Legislação básica: CF, Art. 6º; Arts. 194 a 204; Lei n. 8.212/91; Lei 8.213/91; Decreto nº.
3.048/99; Lei 8.747/93; Decreto 6.214/07.
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O artigo 195, §5º da CF/88 estabelece que “nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio
total”. A Lei Complementar nº. 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) no seu art. 24
repete o artigo supracitado da Constituição e previu no seu art. 17 as medidas de
compensação, ou seja, as condições sobre as despesas obrigatórias de caráter continuado. O
§1º do art. 24 da LRF dispõe os casos em que não serão exigidas as medida de
compensação do art. 17: a) concessão de benefício para pessoas que satisfaçam as
condições previstas na legislação correspondente; b) expansão quantitativa do atendimento
dos serviços prestados; c) reajustamento do valor do benefício ou serviço, a fim de
preservar seu valor real.
APDF 45: o Min. Celso de Mello consignou que a cláusula da reserva do possível não pode
ser invocada pelo Estado com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas
obrigações constitucionais, notadamente quando desta omissão puder resultar nulificação
ou aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de fundamentalidade.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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SL 127 AgR (STF) (agravo regimental na suspensão de liminar): a União não pode arcar
com as despesas de complementações das aposentadorias e pensões devidas ao fundo
AERUS em razão do óbice do art. 202, §3º da CF/88, pois não é patrocinadora.
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Legislação básica: CRFB, arts. 1º; Art. 28; Art. 29, I; Art.11; Art. 34, VII, “a”; Art. 77;
Art. 2º do ADCT.
290
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99). Mantinha-se como religião oficial a católica, embora se permitisse o culto doméstico e
particular de outras crenças (art. 5º). A relação entre a Igreja Católica e o Estado era
regulada pelo regime do padroado, segundo o qual os clérigos eram pagos pelo próprio
governo, o que os equiparava a funcionários públicos. Ao invés dos tradicionais três
poderes, a Constituição de 1824 consagrava quatro: Legislativo, Judiciário, Executivo e
Moderador, sendo este último a principal inovação no desenho institucional da Carta,
decorrente, como ressaltado, de uma leitura enviesada da teoria de Benjamin Constant. As
eleições eram indiretas: os votantes escolhiam os eleitores (eleição de primeiro grau), que,
por sua vez, elegiam os titulares dos cargos disputados (eleição de segundo grau). Votavam
os homens com mais de 25 anos (21 anos, se casados ou oficiais militares, ou em qualquer
idade, se bacharéis ou clérigos). As mulheres e os escravos não tinham direito ao voto, mas
os libertos podiam participar das eleições de primeiro grau. Havia ainda restrições
censitárias para o exercício dos direitos políticos: 100 mil réis por ano para ser eleitor de
primeiro grau, e 200 mil para ser votante nas eleições de segundo grau. A forma de Estado
adotada foi a unitária. O território nacional foi dividido em províncias (art. 2º), cujos
Presidentes eram nomeados e destituídos livremente pelo Imperador (art. 165). O regime
era bastante centralizado política e administrativamente, o que veio a ser abrandado pelo
Ato Adicional de 1834, que atribuiu uma relativa autonomia às províncias, mas foi logo
neutralizado pela Lei de Interpretação do Ato Adicional, editada em 1840, como será
adiante analisado. Durante todo o Império, pouca penetração teve na vida do país o ideário
constitucionalista. É certo que, durante o 2º Reinado, não houve maiores arroubos
autoritários por parte do Imperador. Sem embargo, o liberalismo da Constituição mal
arranhava a epiderme das nossas relações políticas e sociais. O constitucionalismo liberal
era, como assinalou Roberto Schwartz, uma ideia fora de lugar, importada da Inglaterra e
da França, mas que não se aclimatara bem à atmosfera cultural brasileira, influenciada pela
herança antiliberal da colonização portuguesa. Sob o verniz da Constituição, mantinha-se e
se alimentava o patrimonialismo, o desprezo pelos direitos fundamentais e — maior das
chagas da história nacional — a escravidão. As paulatinas limitações à escravidão e a sua
posterior abolição foram as mais importantes mudanças do 2ª reinado.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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individual (art. 70). Manteve- se a abolição do voto censitário, que já fora determinada pelo
Decreto nº 200-A do Governo Provisório. Não houve qualquer referência restritiva
expressa às mulheres no texto constitucional, mas a discriminação de gênero era tão
enraizada que sequer se discutia se elas podiam ou não votar ou se candidatar: nem
precisava ser dito que as mulheres não tinham direitos políticos, pois isto seria “natural”.
Tratava-se de uma Constituição perfeitamente liberal, bastante com prometida, no seu
texto, com o Estado de Direito. Na prática, porém, a vida constitucional na República Velha
esteve muito distante do liberalismo, marcada pelo coronelismo, pela fraude eleitoral e pelo
arbítrio dos governos. Sob a perspectiva do constitucionalismo, a República começa muito
mal. A Assembleia Constituinte elegera para o primeiro mandato Deodoro da Fonseca e
Floriano Peixoto, respectivamente como Presidente e Vice-Presidente da República.
Deodoro imediatamente entra em choque com o Congresso e decreta o seu fechamento
ainda no ano de 1891, prometendo novas eleições e uma futura revisão da Constituição
recém-aprovada, visando a fortalecer a União e o Poder Executivo. Instala-se uma crise
política e militar, que leva Deodoro à renúncia, ainda antes da metade do seu período
presidencial. De acordo com a Constituição, quando isto ocorresse, novas eleições
deveriam ser convocada (art. 42). Contudo, valendo-se de uma interpretação capciosa da
Carta de 1891, Floriano mantém-se no poder até o final do mandato. Num balanço geral,
pode-se dizer que a Constituição de 1891 teve pouquíssima efetividade. Entre o país
constitucional — liberal e democrático — e o país real — autoritário e oligárquico —,
manteve-se sempre um abismo intransponível.
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(art. 80), sendo as eleições indiretas, realizadas por um colégio eleitoral composto por (a)
eleitores designados pelas Câmaras Municipais, em número proporcional à população dos
Estados, até o máximo de 25 por Estado; (b) cinquenta eleitores, designados pelo Conselho
da Economia Nacional, dentre empregadores e empregados em número igual; e (c) vinte e
cinco eleitores, designados pela Câmara dos Deputados e outros vinte e cinco designados
pelo Conselho Federal, dentre cidadãos de notória reputação (art. 82). Mas se o Presidente
indicasse candidato, haveria eleição direta entre este e aquele escolhido pelo colégio
eleitoral (art. 84, Parágrafo único). O Poder Legislativo seria exercido pelo Parlamento
Nacional com a colaboração do Conselho da Economia Nacional e do Presidente da
República (art. 38). O Parlamento compunha-se de duas Casas: a Câmara dos Deputados e
o Conselho Federal. O Poder Judiciário tinha sua estrutura extremamente simplificada, por
meio da mutilação de diversos dos seus órgãos. A Constituição não aludia à Justiça
Eleitoral e suprimia a Justiça Federal de 1º e 2º graus. Como o Parlamento não funcionou
durante o Estado Novo, o Presidente da República arvorou-se à condição de constituinte
derivado, modificando unilateralmente a Carta de 1937, por meio da edição de “leis
constitucionais”. Portanto, na prática, a Carta de 1937 funcionou como uma Constituição
flexível, pois não havia qualquer diferença entre o processo de edição de normas
infraconstitucionais e o de alteração da Constituição: em ambos os casos, bastava a
manifestação singular da vontade do Presidente, que governava com poderes ditatoriais.
Em 29 de outubro, os militares, sob a liderança do General Góes Monteiro, dão um golpe
de Estado, depondo o Presidente (Vargas), que não esboça reação e se retira para sua
fazenda em São Borja. Assume o governo o então Presidente do STF, José Linhares, que
edita leis constitucionais removendo algumas das disposições mais autoritárias da Carta de
37, e toma as medidas necessárias para a convocação da Constituinte. Em 31 de janeiro de
1946, ele transmite o poder ao novo Presidente eleito, Eurico Gaspar Dutra, escolhido em
um pleito regular, com o apoio de Vargas.
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como mandante do crime. Vargas sofre pressão para renunciar e acaba se suicidando em 24
de agosto de 1954. Assume o vice-presidente, Café Filho para completar mandato e em
3/10/1955 ocorrem eleições para presidente, com a vitória de Juscelino Kubitschek (PSD).
Há grandes forças oposicionista ao Juscelino por ser populista. Café Filho sofre ataque
cardíaco e é substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, o qual é
afastado por manobra sob suspeita de conspirações contra Juscelino. O Congresso Nacional
voto em Nereu Ramos para encerrar o mandato. Café Filho se restabelece e tenta voltar,
mas é impedido pelo Congresso que aprova o estado de sítio. Contra este ato impetra MS
no STF, cuja decisão por maioria suspende o MS até a cessação daquele estado de sítio.
Juscelino Kubitschek é empossado, e seu governo, marcado pelo desenvolvimentismo e
pela transferência da capital para Brasília, transcorre sem rompimento da legalidade
constitucional. Após sua morte, Jânio Quadros foi escolhido presidente e João Goulart (da
chapa contrária) foi eleito vice-presidente. Em 25 de agosto de 1961 Jânio renuncia. Às
pressas, foi aprovada a Emenda Constitucional nº. 4, promulgada em 2 de setembro de
1961, que instituiu o regime parlamentarista de governo no Brasil. Inicia-se uma segunda
fase de vigência da Constituição de 1964. Em 16 de setembro, é editada a Lei
Complementar nº 2, convocando o plebiscito para 6 de janeiro de 1963 — antecipando-se,
portanto, à data prevista na Emenda nº 4. Realizado o plebiscito, a vontade das urnas surgiu
inequívoca: 76,97% do eleitorado manifestou-se pelo retorno do presidencialismo.134 A
mudança é formalizada por meio da Emenda Constitucional nº 6, de 23 de janeiro de 1963.
Em 31 de março de 1964, ocorre o golpe militar, com a simples movimentação de tropas,
sem confrontos armados efetivos. Em 1º de abril, antes mesmo que João Goulart saísse do
país, o Presidente do Senado, Auro Moura Andrade, declara vaga a Presidência da
República, que é formalmente assumida pelo Presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli. Esse
a ocuparia por poucos dias, sendo logo substituído pelo General Humberto Castelo Branco.
Era o início da ditadura militar e da terceira fase de vigência da Constituição de 1946.
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Constituição de 1969: A Constituição de 1969 foi outorgada pela Junta Militar que
governava o Brasil, sob a forma de emenda constitucional: era a Emenda Constitucional
nº1. Invocou- se, como fundamento jurídico da outorga, o AI-5 e o AI-16. O primeiro
estabelecia, no seu art. 2º, §1º, que, enquanto o Congresso estivesse em recesso, o
Presidente poderia legislar sobre todas as matérias; e o segundo dispunha, no seu art. 3º,
que, até a posse do novo Presidente da República, a Chefia do Executivo seria exercida
pelos Ministros militares. Para justificar a medida, afirmou-se, nos consideranda da Carta
outorgada, que, tendo em vista os referidos atos institucionais, “a elaboração de emendas à
Constituição, compreendida no processo legislativo (art. 49, I), está na atribuição do Poder
Executivo Federal”. O sistema e as principais instituições da Carta de 1969, que coincidem,
no geral, com as da Constituição de 1967, porém, com algumas alterações: a) o mandato
presidencial foi ampliado de quatro para cinco anos (art. 75, §3º).; b) o Vice-Presidente
deixou de cumular sua função com a de Presidente do Congresso, como ocorria na
Constituição de 1967; c) o Congresso seria presidido pelo Presidente do Senado Federal; d)
sensível redução do número de deputados federais; e) restrição à imunidade parlamentar
material; f) introdução de hipótese de perda de mandato por infidelidade partidária; g)
retrocessos no campo dos direito fundamentais; h) retirada da iniciativa das Assembleias
Legislativas; i) aumento do quorum para iniciativa de projeto de lei de deputados e
senadores para 1/3 dos membros de cada casa; j) iniciativa para emenda à constituição foi
elevado para 2/3 em cada casa. Manteve-se expressamente o AI-5, bem como seus atos
complementares (art. 182). Discute-se se o texto em questão consubstanciou nova
Constituição, ou se, ao contrário, representou simples emenda constitucional, como
pareciam crer os seus autores. A segunda posição foi sustentada por alguns juristas mais
próximos ao regime militar, mas a primeira é amplamente majoritária em doutrina. Daniel
Sarmento entende que não se tratou de simples emenda, mas de Constituição — se é que
merece esse nome uma norma editada de forma tão ilegítima. Isto não apenas pela
extensão das mudanças promovidas, como também pelo seu fundamento de validade. É que
as emendas, como emanação de um poder constituinte derivado, têm o seu fundamento na
própria Constituição que modificam. Porém, a assim chamada Emenda nº 1 não foi
outorgada com fundamento na Constituição de 1967, mas sim com base no suposto poder
constituinte originário da “Revolução vitoriosa”, que se corporificava, mas não se exauria,
nos atos institucionais editados pelos militares.
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menos que isso. Já a Comissão de Sistematização deveria ser composta por 49 titulares,
mais os 8 presidentes das comissões e os 32 relatores das subcomissões e comissões, além
de 49 suplentes. Uma das consequências decorrentes da fórmula adotada foi o caráter
analítico da Constituição, já que, ao se criar uma subcomissão dedicada a tratar de
determinado assunto, esse, naturalmente, se tornava objeto de disciplina constitucional. As
Subcomissões começaram a trabalhar em 1º de abril de 1987 e os seus trabalhos se
estenderam até 25 de maio daquele ano. Elas eram regimentalmente obrigadas a realizar
entre 5 e 8 audiências públicas, tendo algumas organizado caravanas para outros Estados,
visando a facilitar o contato com as respectivas populações. Em seguida, iniciou-se o
processo nas comissões temáticas, que se estendeu até 15 de junho de 1987. Foi mais uma
fase de grandes disputas, com intensa participação social e atuação marcante na
Constituinte dos mais variados lobbies. Depois, passou-se à fase da Comissão de
Sistematização. Chegada a fase de deliberação, a Comissão de Sistematização passou a
votar em bloco cada título do 2º Substitutivo de Bernardo Cabral. Em 22 de março de 1988,
ainda durante o 1º turno, ocorreu uma das mais importantes reviravoltas da Constituinte,
com a aprovação, por 344 votos a 212, da emenda presidencialista. No início de julho de
1988, encerrou-se o 1º turno de votações da Constituinte. O segundo turno iniciou-se em 27
de julho de 1988, com a votação em bloco do texto que fora aprovado no primeiro turno —
o chamado “Projeto (B)”. Este foi aprovado por 406 votos contra 12, registrando-se 55
abstenções. m seguida, enviou-se o texto aprovado em 2º turno para uma Comissão de
Redação, que tinha o papel de resolver aspectos linguísticos e de técnica legislativa do
Projeto, mas que acabou indo além disso. inalmente, em 22 de setembro de 1988 ocorreu a
derradeira votação da Assembleia Nacional Constituinte, que apreciou o texto final da
Constituição de 1988, depois das mudanças ocorridas no âmbito da Comissão de Redação.
A nova Constituição foi aprovada por 474 votos contra 15, contando-se 6 abstenções. Em 5
de outubro de 1988, em clima de comoção, a Constituição de 1988 foi finalmente
promulgada. Do ponto de vista histórico, a Constituição de 1988 representa o coroamento
do processo de transição do regime autoritário em direção à democracia. Apesar da forte
presença de forças que deram sustentação ao regime militar na arena constituinte, foi
possível promulgar um texto que tem como marcas distintivas o profundo compromisso
com os direitos fundamentais e com a democracia, bem como a preocupação com a
mudança das relações políticas, sociais e econômicas, no sentido da construção de uma
sociedade mais inclusiva, fundada na dignidade da pessoa humana.As maiores influências
externas sobre a Carta de 88 foram as constituições de Portugal, de 1976, e da Espanha, de
1978. Tanto Portugal como a Espanha haviam atravessado, cerca de uma década antes,
processos de redemocratização, com a superação do autoritarismo — pela via
revolucionária, no caso de Portugal, ou por meio de um processo de transição pactuada, no
caso da Espanha. Ambos os países tinham optado pela reorganização estatal em bases
democráticas, com a manifestação do poder constituinte originário, da qual resultaram
constituições que priorizaram os direitos fundamentais, revestidas de forte teor social.
Ponto extra: Se sobram constituições, faltou-nos constitucionalismo. A maior parte das
constituições que tivemos não logrou limitar de forma eficaz a ação dos governantes em
favor dos direitos dos governados. Muitas delas foram pouco mais que fachadas, que
visavam a emprestar uma aparência de legitimidade ao regime, mas que não subordinaram
efetivamente o exercício do poder, que se desenvolvia quase sempre às suas margens. [...] A
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questão maior foi a falta de efetividade destas constituições, cujos comandos não
condicionavam, de fato, a ação dos detentores dos poderes político, econômico e social
[...].A desigualdade e o patrimonialismo antirrepublicano ainda contaminam profundamente
as nossas instituições e relações sociais, mas os avanços em relação ao passado já são
inquestionáveis
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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OBSERVAÇÃO: "De outra banda, a 'política ou polícia pública' ('policy') quer significar
um programa de ação governamental, ou seja, um conjunto ordenado de meios e
instrumentos (pessoais, institucionais e financeiros) destinado a, em prazo fixado, melhorar
alguma característica econômica, social ou política da comunidade (meta). O que organiza
e dá sentido para a complexa atividade da política pública (prestações de fato e normativas)
é sua finalidade, que pode ser eleita pela Administração Pública ou a ele imposta pela
Constituição Federal e pelas leis. As metas fixadas podem ser, inclusive, negativas,
implicando na proteção de determinado standard (padrão de conduta) contra uma mudança
hostil.
Nessa linha de raciocínio, o autor entende que as políticas pública devem buscar a justiça
distributiva.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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1.b. Controle social das políticas públicas: Tem bases na teoria de Rousseau que atribuiu
ao povo o poder de controlar as ações do executivo. Entende-se por controle social das
políticas públicas o compartilhamento do poder de decisão entre Estado e sociedade sobre
as políticas, um instrumento e uma expressão da democracia e da cidadania, ou seja, é a
possibilidade de a sociedade intervir nas políticas públicas. O direito à participação popular
na formulação de políticas públicas e no controle das ações do Estado está consagrado na
Carta Constitucional e em leis específicas. Exemplos de normas com previsão de instâncias
de consulta e deliberação cidadãs: (a) Artigos 29, XII, 194, VII, 198, III, 204, II, da CR; (b)
ECA; (c) Estatuto da Cidade; (d) LOAS; (e) Política da Saúde (Lei n. 8.080/90); (e) LRF –
art. 48 (Orçamento Participativo); (d) Conselhos gestores de políticas públicas (Leis n.
8.142/90, 9.424/96, etc.). Há, também, outras formas de participação não institucionalizada
na gestão, como os Fóruns e as Audiências Públicas. Junto ao controle social encontramos o
que a doutrina denomina de accountability, que é um atributo inerente ao Estado e
fundamental para qualquer sistema político democrático, onde a sociedade ou o indivíduo
possui o direito e o dever de conhecer os passos dados em seu nome pelo Poder Público,
devendo funcionar como um mecanismo hábil no combate ao desvio de conduta da gestão
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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pública. Será horizontal quando realizada por órgãos do próprio Estado; vertical, quando
realizada pela própria sociedade.
PONTO EXTRA: Gustavo Nogami entende que o controle social ainda não é efetivo no
Brasil porque a participação do povo na gestão da coisa pública não está plenamente
consolidada, por conta de déficits educacional, social e até mesmo econômico, fazendo com
que a atuação do Ministério Público no controle de políticas públicas seja mais relevante do
que em outros Estados.
3. O papel do Ministério Público: Cabendo ao Ministério Público, como uma das funções
essenciais à Justiça, a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis, assim como zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia (art. 127 e129, II, CR), afigura-se clara
sua importante missão na fiscalização, controle e promoção das políticas públicas, em
especial na intervenção em diversos segmentos, cobrando dos órgãos estatais a implantação
de direitos garantidos pela Carta Constitucional de 1988.
OBSERVAÇÃO: Não cabe ao Ministério Público formular políticas públicas, mas sim
fiscalizar e controlar sua execução, pautando-se na "reserva da consistência" (cuidadosa
fundamentação jurídica e fática) a fim de não violar o princípio democrático. Nessa esteira,
basta que a política pública desenvolvida ou omitida seja ilegítima, ilícita ou
inconstitucional para ser controlada.
Desta feita, a atuação do Ministério Público no controle de legalidade não possui maiores
novidades. O Ministério Público fiscaliza se a política pública cumpre o determinado
constitucionalmente/legalmente. Noutro passo, quando do controle de gestão, deve-se
305
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Ressalte-se que, neste ponto, não estamos tratando apenas da atuação judicial do Parquet,
haja vista que esse tipo de comportamento pode ser adequado às disposições legais através
de Recomendações e Termos de Ajuste de Conduta, ou seja, atuação extrajudicial.
QUESTÕES
ORAL
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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1.Direitos Políticos: os direitos políticos formam a base do regime democrático, sendo que
a expressão ampla se refere ao direito de participação no processo político como um todo,
ao direito ao sufrágio universal e ao voto periódico, livre, direto e igual, à autonomia de
organização do sistema partidário, à igualdade de oportunidade dos partidos. Nos termos da
Constituição, a soberania popular se exerce pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto e, nos termos da lei, mediante plebiscito, referendo e a iniciativa popular (art. 14,
CR). Podem ser positivos, aqueles que permitem a participação do indivíduo na vida
política do Estado: (a) sufrágio; (b) alistabilidade; (c) elegibilidade; ou negativos, que são
circunstâncias que restringem a elegibilidade: (a) inelegibilidade; (b) perda/suspensão dos
direitos políticos.
Sobre o tema, por ocasião do término dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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OBSERVAÇÃO: Em que pese o resumo afirmar que a cidadania estaria sendo elastecida,
insta rememorar que o cidadão é um dentre os legitimados a ajuizar ação popular.
Entretanto, conforme jurisprudência pacífica, a prova de cidadania (legitimidade ativa) se
dá com a simples juntada de cópia do Título Eleitoral.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Na descrição dos elementos que compõem esse Estatuto, as imunidades ocupam posição
relevante, uma vez que os membros do Legislativo devem atuar com ampla independência
no desempenho de suas atribuições constitucionais, bem como para preservar a
independência entre os Poderes.
2.a. Imunidade material: inviolabilidade civil e penal dos deputados e senadores por sua
opiniões, palavras e votos, desde que conexos com o desempenho da atividade parlamentar.
Ressalte-se que a imunidade civil tornou-se expressa com a EC n° 35/01, embora já
admitida pelo STF (RE 210.917). Por constituir-se em proteção do regular e relevante
exercício do mandato parlamentar, cuja liberdade de atuação poderia ser imensamente
restringida sob o receio de eventuais consequências jurídicas da livre manifestação de suas
opiniões, a tutela constitucional incide quando o voto, a palavra ou a opinião do
parlamentar, qualquer que seja o âmbito espacial (locus), tiver conexão com o exercício do
mandato (prática in officio) ou tenha sido proferido em razão dele (prática propter
officium). (Inq 2332 AgR/DF). Sua natureza jurídica é controvertida: causa excludente do
delito (Pontes de Miranda e Nelson Hungria); causa pessoa ou funcional de isenção de
penal(Aníbal Bruno); causa pessoal de exclusão de pena ( Heleno Cláudio Fragoso); causa
de irresponsabilidade penal por motivos políticos (José Frederico Marques) e causa de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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OBSERVAÇÃO: No Inq 2.282-9/DF, o STF entendeu que "Não é cabível indagar sobre
nenhuma qualificação penal do fato objetivo, se ele está compreendido na área da
inviolabilidade parlamentar".
2.b. Imunidade processual: garante ao parlamentar não ser preso ou permanecer preso,
bem como a possibilidade de sustar o processo penal em curso contra ele, ou seja, diz
respeito às condições de punibilidade. Aqui se protege o congressista tanto da prisão penal
como da civil. A prisão poderá ocorrer, como exceção, no caso de flagrante em crime
inafiançável, ocasião na qual os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva,
para resolvê-la pelo voto da maioria de seus membros. (art. 53, §2°, CR/88). Também
poderá haver prisão decorrente do trânsito em julgado, segundo STF (Inq 510/DF), já que
essa imunidade não protege o congressista por crimes praticados antes da diplomação. No
caso de recebimento da denúncia, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa do partido político nela representado e pelo
voto da maioria dos seus membros, decidirá sobre a possibilidade de sustação do processo.
(art. 53, §3°, CR/88). A suspensão do processo conduz à da prescrição penal, que volta a
correr no dia em que o mandato se encerra. A prerrogativa protege o congressista desde a
expedição do diploma – portanto antes da posse – até o primeiro dia da legislatura seguinte,
independentemente de qualquer manifestação da respectiva Casa, ou seja, é uma imunidade
limitada ao período do exercício do mandato. Uma observação a ser feita é que, desde a EC
n° 35/01, não mais se exige a licença da Casa legislativa para dar normal andamento ao
processo. Ao lado das imunidades, encontramos três prerrogativas conferidas aos
parlamentares: (a) Os Congressistas, desde a expedição do diploma, tem prerrogativa de
foro, nas infrações penais comuns, perante o STF. Cessado o mandato, termina também a
missão da Corte, salvo se já iniciado o julgamento, ocorrendo a prorrogação de
competência (AP 634 QO/DF - INF 734 STF). (b) As informações recebidas ou prestadas
pelos deputados e senadores em razão do exercício do mandato, bem como as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações, são protegidas pela CR/88, que desobriga
os congressistas do seu testemunho. (c) A incorporação às Forças Armadas, ainda que em
tempo de guerra, depende de prévia licença da Casa respectiva. Ressalte-se que a
prerrogativa processual de serem inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados não
se aplica aos parlamentares indiciados em inquérito policial ou que figurem como réus em
processo penal (STF INQ 2839).Um aspecto comum aos dois tipos de imunidade é a
irrenunciabilidade, que é uma garantia conferida ao exercício do mandato, que subsiste até
mesmo durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços
dos membros da Casa respectiva e, ainda, somente nos casos de atos praticados fora do
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Art.
53, §8°, CR/88)
que pese o art. 55, VI da CF afirmar que perderá o mandato o parlamentar que for
condenado criminalmente em sentença transitado em julgado, afirma que a decisão da
perda de mandato caberá à Casa, por maioria absoluta e referida votação será aberta.
Noutro passo, na AP 470 - Informativo 693 (Mensalão), o STF entendeu que a aplicação do
dispositivo acima só se daria quando a sentença condenatória não tivesse decretado a perda
de mandato, por não estarem previstos os requisitos legais (art. 92 CP), ou por ter sido
proferida anteriormente à expedição do diploma, com o trânsito em julgado ocorrente em
momento posterior. No caso em apreço, para o STF, a perda do mandato eletivo seria uma
consequência irrecorrível da sentença condenatória.
Vereadores somente possuem imunidade material (art. 29, VIII), que é limitada
territorialmente à circunscrição do município.
3.a. Classificação das incompatibilidades: I. Contratuais ou negociais (art. 54, I, a): não
poderão, desde a expedição do diploma, firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes.
A caracterização de “contrato de cláusulas uniformes” é controvertida em doutrina. II.
Funcionais (art. 54, I, b e II, b): não poderão, desde a expedição do diploma, aceitar ou
exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad
nutum, nas entidades constantes no item anterior. Também não poderão ocupar, desde a
posse, cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no item
“I”; III. Profissionais (art. 54, II, a e II c, ): não poderão, desde a posse, ser proprietários,
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controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa
jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada. Do igual modo, não poderão
patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades citadas no item “I”; IV.
Políticas (art.54, II, d); não poderão, desde a posse, ser titulares de mais de um cargo ou
mandato eletivo.
ENUNCIADOS E SÚMULAS
STF - 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa.
INFORMATIVO
STJ
515 do CPC. REsp 734.218, Rel. Min. Luis Salomão, j. 28.06.2011. 4ª T. (Informativo
479).
QUESTÕES
SUBJETIVAS
1) (MPF/22) Em que hipóteses podem ser os Deputados Federais e Senadores ter decretada
a perda de seus mandatos? O processo é suscetível de controle judicial pelo STF? Por quê?
OBJETIVAS
(a) são invioláveis penalmente, mas não no campo civil, por sua opiniões, palavras e votos.
(b) têm imunidade material e processual, não podendo ser processados sem autorização da
respectiva Casa do Congresso Nacional.
(c) têm imunidade material e processual para o pleno exercício do mandato eletivo, não
podendo ser processados nem presos sem autorização da respectiva Casa pelo voto da
maioria de seus membros;
(d) podem ser denunciados por crimes ocorridos após a diplomação, sem autorização da
respectiva Casa, devendo o Supremo Tribunal Federal tão logo recebida a denúncia a ela
dar ciência, podendo esta, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
(a) são materiais e processuais, incluindo a inviolabilidade por opiniões, palavras e votos,
não podendo os Deputados e Senadores ser processados senão mediante prévia licença da
respectiva Casa do Congresso Nacional.
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(c) asseguram aos Deputados e Senadores a inviolabilidade, civil e penal, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos, e a possibilidade de sustação de ação penal em andamento
no Supremo Tribunal Federal, após recebida a denúncia, por iniciativa de partido político
representado na Casa respectiva do Congresso Nacional e pelo voto da maioria de seus
membros.
(d) são suspensas durante a vigência do estado de defesa e do estado de sítio, período em
que também será decretado o recesso do Congresso Nacional.
(a) não poderão ser processados criminalmente sem prévia licença da respectiva Casa do
Congresso Nacional;
(c) têm imunidade material, sendo invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos, podendo, todavia, ser processados por crimes ocorridos após a
diplomação, cabendo ao Supremo Tribunal Federal, depois de recebida a denúncia, dar
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
voto da maioria de seus membros, poderá, até decisão final, sustar o andamento da ação.
(a) encaminhado o pedido de licença pelo Supremo Tribunal Federal, perante o qual são
submetidos a julgamento os membros do Congresso Nacional, nas hipóteses de:
indeferimento ou ausência de deliberação os prazos de prescrição não são suspensos
durante o mandato do parlamentar.
(b) não podem ser presos Deputados ou Senadores, salvo em flagrante de crime
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(c) nas hipóteses de prisão em flagrante de crime inafiançável, os autos deverão ser
remetidos no prazo de vinte e quatro horas à Casa respectiva, que, por votação nominal e
pública, deliberará pela maioria de seus membros, se relaxa a prisão e autoriza a formação
da culpa.
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A educação é direito fundamental social, básico e de caráter geral, expresso no artigo 6º,
com regulamentação mais detalhada no âmbito constitucional nos artigos 205 a 214 da
CRFB/88. Segundo a Constituição, a educação é direito de todos e dever do Estado e da
família e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho. Aqui, segundo Sarmento, há consagração da eficácia horizontal dos direitos
fundamentais (a educação não só dever do Estado, mas também da família). São
considerados fundamentais os dispositivos constitucionais referentes à educação, além do
artigo 6° que é inserido no capítulo próprio dos direitos fundamentais, os artigos 205 a 208
(complexo normativo constitucional essencial em educação). Já os artigos 209 a 211 da CR
estabelecem as condições, organização e estrutura das instituições públicas e privadas no
âmbito do sistema nacional de educação, ao passo que o art. 212 estabelece regras de
participação dos diversos entes federativos no financiamento do sistema de ensino, além de
conter normas voltadas a metas, prioridades e diretrizes para a aplicação dos recursos
públicos na esfera educacional, tal como o artigo 213. Por fim, o artigo 214 prevê a
instituição do plano nacional de educação e seus objetivos.
316
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
fim maior prestigiado pelo legislador constituinte: o direito subjetivo à educação; (c)
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino; (d) gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais. Os
estabelecimentos oficiais de ensino não podem cobrar nada do aluno, sendo que esta
gratuidade abrange o ensino em toda a sua extensão, desde a pré-escola até o doutorado. (e)
valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das
redes públicas; (f) gestão democrática do ensino público, na forma da lei; (g) garantia do
padrão de qualidade; (h) piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos da lei federal (valorização dos profissionais).
Deveres do Estado: (a) garantir a educação básica obrigatória e gratuita dos 04 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para quem não
teve acesso na idade própria. O acesso à educação básica é direito público subjetivo e o seu
não oferecimento, ou oferecimento irregular, importa responsabilidade da autoridade
responsável, devendo o Poder Público, inclusive, recensear os educandos no ensino
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
escola (art.208, §§ 1º, 2º e 3°). Importante: Até a EC 59/09 apenas era direito público
subjetivo o acesso ao ensino fundamental. Após a emenda ampliou-se a obrigatoriedade e a
gratuidade para toda educação básica, de modo que é possível afirmar que o mínimo
existencial em matéria de educação estendeu-se. De acordo com Ana Paula de Barcellos, a
educação básica obrigatória integra o mínimo existencial e constituiu pressuposto básico
para a participação no âmbito do Estado, para o exercício da cidadania e para o ingresso no
mercado produtivo; (b) garantir a progressiva universalização do ensino médio gratuito; (c)
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino. Aqui é ínsita a ideia de inclusão social; (d) educação infantil, em
creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade. Na jurisprudência do STF e STJ
predomina o entendimento no sentido da obrigatoriedade de os municípios oferecerem o
ensino infantil, configurando hipótese legítima de controle de políticas públicas a
ingerência do Judiciário nas demandas que pleiteiam a construção de creches. (RE 410.715-
5). Entretanto, atente-se para a situação de o Poder Público permanecer em carência
orçamentária para atender todas as demandas, mesmo alocando recursos para o atendimento
do mínimo existencial, porquanto nesta situação limítrofe não há como o Poder Judiciário
imiscuir-se nos planos governamentais. (REsp 1185474/SC); (e) garantir o acesso aos
níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um; (f) garantir a oferta de ensino noturno regular, adequado ás condições do
educando; (g) garantir atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde.
regionais. Deve também ser garantido (a) o ensino religioso, de matrícula facultativa; e (b)
a adoção da língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização
de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (art. 210 c/c 231). Atente-
se, ainda, para o disposto no artigo 242, §1º, CR, segundo o qual o ensino da História do
Brasil levará em conta as contribuições culturais e etnias par a formação do povo brasileiro.
Gratuidade: o ensino público será gratuito nos estabelecimentos oficiais (art. 206, IV).
Portanto, a cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art.
206, IV, da Constituição da República. (SV n° 12). OBS. Referida gratuidade não se aplica
às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes na
data da promulgação da Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas
com recursos públicos. Artigo 242, CRFB/88.
318
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Financiamento: Se faz de forma direta pelas receitas orçamentárias dos entes federados,
havendo sistemática de vinculação que excepciona o princípio da não afetação. O
descumprimento de aplicação mínima dos recursos pode ensejar intervenção federal, por
violação aos princípios constitucionais.
A educação básica tem como fonte adicional a contribuição social do salário educação, de
competência da União, cujas cotas são distribuídas proporcionalmente ao número de alunos
matriculados nas redes públicas de ensino. (art. 212, §§ 5º e 6º)
Aplicação dos recursos públicos: embora os recursos públicos sejam destinados às escolas
públicas, podem, também, ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou
filantrópicas, definidas em lei, que (a) comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus
excedentes financeiros em educação; (b) assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de
encerramento de suas atividades. Tais recursos poderão, ainda, ser destinados a bolsas de
estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública
319
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Casuística:
(a) cotas raciais: o STF julgou recentemente a ADIN que discutia a constitucionalidade
das cotas raciais, confirmando a constitucionalidade destas por estarem de acordo com a
Constituição Federal, uma vez que a igualdade material no caso é alcançada através de
técnica de “justiça distributiva”, onde há a intervenção do Estado para realocação de bens e
oportunidades em benefício de todos (INF 663/STF).
INFORMATIVO
STF
1. Não há direito líquido e certo à expedição de diploma com validade nacional se o curso
de mestrado não é reconhecido, como expressamente prevê a lei. 2. As universidades
gozam de autonomia administrativa, o que não as exime do dever de cumprir as normas
gerais da educação nacional. RE 566365, Rel. Min. Dias Toffoli, 22.2.2011, 1ª T.
(Informativo 617)
STJ
320
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
imposição, mas benefício. O referido dispositivo deve ser interpretado de acordo com as
peculiaridades de cada caso, ponderando-se qual a solução mais favorável ao aluno: a
proximidade da instituição ou a continuidade em escola mais distante, onde o menor,
porém, já esteja ambientado. Ressalvou-se que tal concepção não tem o intuito de fazer que
o estudante escolha livremente o local em que queira estudar, o que poderia inviabilizar a
prestação do serviço. Pretende-se, de acordo com as circunstâncias da demanda ora em
exame, buscar o entendimento que melhor se ajuste à real finalidade da lei, qual seja,
facilitar o acesso à educação e, com isso, garantir o pleno desenvolvimento da criança.
REsp 1.194.905, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 17.8.10, 2ª T. (Informativo 443).
QUESTÕES:
OBJETIVAS
(a) são direitos de todos e deveres do Estado, cabendo ao Ministério Público zelar pelo
efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública a tais direitos
constitucionais, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
(b) são livres à iniciativa privada, independentemente de quaisquer condições impostas pelo
Poder Público, sendo permitida a participação direta ou indireta de empresas ou capitais
estrangeiros no ensino ou na assistência à saúde em qualquer hipótese.
321
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(c) são de responsabilidade da União Federal e dos Estados, mas não dos Municípios,
devendo aqueles aplicar, anualmente, percentuais mínimos da receita da resultante de
impostos, compreendida a proveniente de transferências, em ações e serviços públicos de
saúde e na manutenção e desenvolvimento do ensino.
(d) são assegurados pelo Estados apenas aos necessitados, vedadas a gratuidade do ensino
público em estabelecimentos oficiais e a assistência médica gratuita nos hospitais públicos
do sistema único aos detentores de planos de saúde privados.
(a) sendo o acesso ao ensino privado e gratuito, mediante bolsas de estudo, direito público
subjetivo.
(b) assegurado o ensino religioso, de matrícula obrigatória, nas escolas públicas e privadas
de ensino fundamental.
(c) devendo a União Federal aplicar, anualmente, nunca menos de dezoito por cento, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino.
(d) não podendo ser destinados recursos públicos a escolas comunitárias, confessionais e
filantrópicas.
PROVA ORAL
1 - Fora dos arts. 231 e 232 da CF há algum dispositivo constitucional dos índios? Qual
dispositivo de políticas públicas fora desses artigos?
2 - Como a Constituição estabelece que deve ser a educação indígena? "A educação
indígena a ser patrocinada pelo Estado deve ser na cultura própria ou necessariamente na
perspectiva intercultural?"
322
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Alguns documentos internacionais que fazem referência ao princípio: (a) Carta das
Nações Unidas de 1945. (b) Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948; (c)
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966. (d) Estatuto da Unesco, de
1945.
323
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Considerações: a dignidade da pessoa humana constitui um valor que atrai a realização dos
direitos fundamentais do homem, em todas as suas dimensões. É um valor fundamental que
se viu convertido em princípio jurídico de estatura constitucional, seja por sua positivação
em norma expressa seja por sua aceitação como mandamento jurídico extraído do sistema.
Serve, assim, tanto como justificação moral quanto como fundamento normativo para os
direitos fundamentais. O princípio da dignidade da pessoa humana pode ser classificado, de
acordo com a modalidade de eficácia, em três categorias: direta (incide à semelhança de
uma regra), interpretativa (os valores e fins nele abrigados condicionam o sentido e o
alcance das normas jurídicas em geral) e negativa (implica na paralisação de qualquer
norma ou ato jurídico que com ele seja incompatível).
dimensão protetiva, aquela em que, não havendo a primeira, deveria o Estado e os outros
indivíduos lhe assegurar o reconhecimento dessa dignidade.
E, através destas dimensões que é possível afirmar que: "É justamente neste sentido que
assume particular relevância a constatação de que a dignidade da pessoa humana é
simultaneamente limite e tarefa dos poderes estatais e, no nosso sentir, da comunidade em
geral, de todos e de cada um, condição dúplice esta que também aponta para uma paralela e
conexa dimensão defensiva e prestacional da dignidade. Como limite, a dignidade implica
não apenas que a pessoa não pode ser reduzida à condição de mero objeto da ação própria e
de terceiros, mas também o fato de a dignidade gerar direitos fundamentais (negativos)
contra atos que a violem ou a exponham a graves ameaças. Como tarefa, da previsão
constitucional (explícita ou implícita) da dignidade da pessoa humana, dela decorrem
deveres concretos de tutela por parte dos órgãos estatais, no sentido de proteger a dignidade
de todos, assegurando-lhe também por meio de medidas positivas (prestações) o devido
respeito e promoção" (SARLET, 2009, p. 32)
Aplicação na jurisprudência: como regra, tem sido utilizado no Brasil como mero reforço
argumentativo de algum outro fundamento ou como ornamento retórico. HC 79.812-
SP/STF; HC 98.067-RS/STF; STA 316-SC/STF.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Origem: o controle concreto, difuso ou incidental, data de 1803, nos Estados Unidos, no
famoso precedente “Marbury vs. Madison”, julgado pelo magistrado Marshall (judicial
review). No Brasil foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto n°
848/1890, que criou a Justiça Federal, sendo, em seguida, consagrado na Constituição da
República de 1891 e mantido em todas as constituições seguintes. Era, até a Constituição da
República de 1988, o controle predominante no sistema brasileiro.
A inconstitucionalidade pode ser questionada em qualquer ação (ACP, MS), desde que seja
a causa de pedir e não o pedido da demanda.
Pode ser suscitada pelas partes ou pelo Ministério Público, podendo, inclusive, ser
reconhecida ex officio pelo juiz ou tribunal.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Recurso Extraordinário: delineado pelo artigo 102, III, da CR, o recurso extraordinário,
cujo julgamento compete exclusivamente ao STF, é cabível nas causas decididas em única
ou última instância, quando a decisão recorrida (a) contrariar dispositivo da Constituição;
(b) declarar a constitucionalidade de tratado ou lei federal; (c) julgar válida lei ou ato de
governo local contestado em face da Constituição; (d) julgar válida lei local contestada em
face de lei federal.
INFORMATIVO
STF
A atuação do STF, para fazer aplicar diretamente a cada caso concreto seu entendimento,
deve ser subsidiária, só se manifestando quando o tribunal "a quo" negar observância ao
331
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Ao apreciar reclamação ajuizada pelo INSS para garantir a autoridade de decisão da Corte
proferida na ADI 1232/DF (DJU de 9.9.98), que declarara a constitucionalidade do § 3º do
art. 20 da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social - Loas), o Plenário, por maioria,
julgou improcedente o pedido por considerar possível revisão do que decidido naquela ação
direta, em razão da defasagem do critério caracterizador da miserabilidade contido na
mencionada norma. Assim, ao exercer novo juízo sobre a matéria e, em face do que
decidido no julgamento do RE 567985/MT e do RE 580963/PR, confirmou a
inconstitucionalidade do: a) § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93, que estabelece a renda familiar
mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo para a concessão de benefício a idosos
ou deficientes e; b) parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) [“Art.
34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover
sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1
(um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social - Loas. Parágrafo
único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não
será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas”].
Na espécie, o INSS questionava julgado de turma recursal dos juizados especiais federais
que mantivera sentença concessiva de benefício a trabalhador rural idoso, o que estaria em
descompasso com o § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Alegava, ainda, que a Loas traria
previsão de requisito objetivo a ser observado para a prestação assistencial do Estado.
Asseverou-se que o critério legal de “renda familiar per capita inferior a um quarto do
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Aduziu-se ser possível que o STF, via julgamento da presente reclamação, pudesse revisar o
que decidido na ADI 1232/DF e exercer nova compreensão sobre a constitucionalidade do
§ 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Obtemperou-se que, hodiernamente, o STF disporia de
técnicas diversificadas de decisão para enfrentar problemas de omissão inconstitucional. Se
fosse julgada hoje, a norma questionada na ADI 1232/DF poderia ter interpretação diversa,
sem necessidade de se adotar posturas de autocontenção por parte da Corte, como ocorrera
naquele caso. Frisou-se que, no atual contexto de significativas mudanças econômico-
sociais, as legislações em matéria de benefícios previdenciários e assistenciais teriam
trazido critérios econômicos mais generosos, com consequente aumento do valor padrão da
renda familiar per capita. Consignou-se a inconstitucionalidade superveniente do próprio
critério definido pelo § 3º do art. 20 da Loas. Tratar-se-ia de inconstitucionalidade
resultante de processo de inconstitucionalização em face de notórias mudanças fáticas
(políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos
patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios
assistenciais por parte do Estado). Pontuou-se a necessidade de se legislar a matéria de
forma a compor um sistema consistente e coerente, a fim de se evitar incongruências na
concessão de benefícios, cuja consequência mais óbvia seria o tratamento anti-isonômico
entre os diversos beneficiários das políticas governamentais de assistência social. Vencido o
Min. Teori Zavascki, que julgava o pleito procedente. Sublinhava que a decisão proferida
na ADI teria eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. Considerava que, ao se mudar o
quanto decidido, estar-se-ia a operar sua rescisão. Ponderava não caber, em reclamação,
fazer juízo sobre o acerto ou desacerto das decisões tomadas como parâmetro. Arrematava
que, ao se concluir sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade em âmbito de
reclamação, atuar-se-ia em controle abstrato de constitucionalidade. Vencidos, ainda, os
Ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa, Presidente, que não
conheciam da reclamação. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.4.2013. Plenário.
(Informativo 702).
STJ
333
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
QUESTÕES
OBJETIVAS:
II. por qualquer juiz ou tribunal, por via de exceção, sendo que, somente pelo voto da
maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial, poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público.
334
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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II. produzem eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e ao Poder Executivo, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal.
(a) somente é exercido pelo Supremo Tribunal Federal, a que incumbe decidir sobre todas
as questões constitucionais, devendo os demais órgãos do Poder judiciário remeter os feitos
àquela Corte para esse fim, prosseguindo no exame do mérito da causa após a solução da
controvérsia constitucional.
(b) pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal, e, em última instância, pelo Supremo
Tribunal Federal, no chamado controle difuso, e, no denominado controle concentrado,
relativamente a leis e atos normativos federais e estaduais, apenas por aquela Corte
Suprema, a que incumbe, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(c) somente é exercido pelos Tribunais, e não por juízes singulares, mediante acórdão
proferido pelo maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial.
(d) pode ser exercido por juízes singulares, por via de exceção, mas apenas nas hipóteses de
mandado de segurança ou mandado de injunção.
I. Pode ser exercido por via de exceção, nos casos concretos julgados por qualquer juiz ou
Tribunal do País, ou por via de ação direta de inconstitucionalidade julgada pelo Supremo
Tribunal Federal, nas hipóteses de leis ou atos normativos federais e estaduais.
II. De leis municipais pode ser exercido por via de ação direta de inconstitucionalidade, nos
termos da Constituição Estadual, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado.
III. Pode ser difuso ou concentrado, sendo que, nesta última hipótese há, além das ações
diretas, a representação interventiva formulada pelo Procurador-Geral da República perante
o Supremo Tribunal Federal.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(a) Pelo Supremo Tribunal Federal, que tem a função de Corte Constitucional, e ainda pelos
Tribunais Superiores da União e Tribunais de Justiça dos Estados, excluídos os Juízes
Singulares.
(b) Por qualquer Juiz ou Tribunal do país nos casos concretos e, em tese, em se tratando de
lei ou ato normativo federal ou estadual, apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
(d) Pelo Supremo Tribunal Federal, com exclusão de qualquer outro Tribunal ou Juízo.
SUBJETIVAS
337
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Legislação básica: Art. 226 ao art. 230 da CF. Arts. 1514, 1521, 1523, 1535, 1565 e 1723
do Código Civil. Lei 10.741/03. Dec. 3.413/2000 – Promulga a Convenção sobre os
Aspectos Civil do Sequestro Internacional de Crianças, concluída na cidade de Haia, em 25
de outubro de 1980.
1. Noções Gerais:
A família foi reconhecida como base da sociedade e recebe proteção do Estado, nos termos
do art. 226 e ss. Gustavo Tepedino destaca que na CR/88, "a milenar proteção da família
como instituição, unidade de produção e reprodução dos valores culturais, éticos,
religiosos e econômicos, dá lugar à tutela essencialmente funcionalizada à dignidade de
seus membros, em particular no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos
filhos". Em suma, é a base da sociedade e possui especial proteção do Estado. A
Constituição estabelece deveres entre seus membros, tais quais o dos pais de criar, educar e
assistir os filhos menores, e o dos filhos de ajudá-los e ampará-los na velhice, carência ou
enfermidade (art. 229 CF). Trata-se da expressão eloquente da adoção de características
comunitaristas em nosso ordenamento.
"O fato de o expulsando ter sido visitado pela amásia na prisão, durante certo período,
enquanto esteve cumprindo pena, não configura a hipótese prevista no art. 75, II, a, da Lei
6.815/1980, alterada pela Lei 6.964/1981, nem a união estável de que trata o § 3º do art.
226 da CF, de modo a obstar, no caso, a expulsão." (HC 80.322, Rel. Min.Sydney
Sanches, 18-10-2000, Plenário)
UNIÃO HOMOAFETIVA: ADI 4277 e ADPF 132. A despeito de a redação do art. 226, §
6º falar de união estável entre homem e mulher, e de uma interpretação histórica
demonstrar que o constituinte não pretendeu estender aos pares homossexuais a proteção
conferida à união estável, o STF reconheceu que os pares formados de pessoas do mesmo
sexo podem constituir união estável e, por conseguinte, fazerem jus aos mesmos direitos
conferidos às famílias heterossexuais. Os principais argumentos foram: a) a igualdade
entre homo e heterossexuais e a liberdade de manifestar a respectiva sexualidade (art. 5º da
CF); b) a família é núcleo de afetividade, que não se diferencia entre pessoas de diferentes
sexualidades; c) o art. 226, § 3º traz norma de inclusão, que não visa restringir a proteção
das famílias homoafetivas. Com base nessa decisão o STJ, ao decidir o REsp 1183378/RS
avançou no tema e entendeu possível o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo,
entendendo inexistente no ordenamento pátrio qualquer vedação à habilitação para o
casamento de pessoas do mesmo sexo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais
que a própria Constituição designa por ‘intimidade e vida privada’ (inciso X do art. 5º).
Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de
sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família.
Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade
da interpretação não reducionista do conceito de família como instituição que também se
forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da CF de 1988 no plano dos costumes.
Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência
do STF para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental
atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação
sexual das pessoas.” (ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, 5-5-2011,
Plenário) No mesmo sentido: RE 687.432-AgR, rel. min. Luiz Fux, 18-9-2012, 1ª
Turma; RE 477.554-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, 16-8-2011, 2ª Turma.
Sobressai da ordem social preconizada na CR/88, Capítulo VII, Título VIII, a explícita
priorização na proteção da criança e do adolescente, com a previsão de uma ordem de
proteção máxima e especial que lhes fora atribuída, conforme se constata do caput do art.
226, “A Família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” combinado com o
art. 227, e § 3º: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao laser, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” e “o direito à
proteção especial abrangerá os seguintes aspectos. Tal função garantista da CF deve ser
compreendida com a convocação do metaprincípio da dignidade da pessoa humana, em
face da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento em que se encontram as crianças
e adolescentes. Criança é aquela com idade de 0 a 12 anos incompleta; adolescentes são
aqueles com idade de 12 anos completos aos 18 incompletos. Excepcionalmente, o ECA
aplica-se àqueles que já completaram 18 anos, como na aplicação de medidas sócio-
educativas e de proteção, antes do advento dos 21 anos (art. 122, § 5º e STJ HC 27.363).
Dentre os princípios, destacam-se:
340
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Princípio do melhor interesse da criança: Impõe, que no caso concreto, o dever de busca
da solução que proporcione maiores benefícios para a criança, adolescente ou jovem. Este
princípio foi argumento decisivo na decisão do STJ sobre a possibilidade de casal
homossexual adotar menor (REsp 889.852), porquanto atenderia ao melhor interesse da
criança. Na ADI 2404 está em discussão o art. 254 do ECA, que dispõe sobre a infração
administrativa de transmitir espetáculos fora do horário indicado pelo Ministério da Justiça
e a liberdade de expressão (Informativo 650).
ADOÇÃO INTERNACIONAL: regulada pelo ECA (e não pelo CC, nos termos dos arts.
51 e 52 do ECA) e, também, pela Convenção Relativa à Proteção e Cooperação
Internacional em Matéria de Adoção Internacional (Dec. n. 3.087/99). Caracteriza-se como
o único modo de colocação em família substituta estrangeira. De acordo com o art. 31
do ECA, trata-se de medida excepcional, sendo preferível a adoção por brasileiro ou
estrangeiro residente no País àquela para fora do Brasil (internacional). No âmbito da
cooperação jurídica internacional, destaca-se a convenção de Haia de 1980, sobre o aspecto
civil do sequestro internacional de crianças, que toma como objetivo concretizador do
melhor interesse da criança, o retorno imediato da criança ilicitamente transferida
para qualquer estado contratante. (art. 1º). A autoridade central brasileira para o tema é a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Ao idoso, considerado para fins legais o maior de 60 anos, foi conferida especial proteção
pela Constituição, tema regulamentado pela Lei 10.741/03. Dentre os direitos garantidos,
vários deles para os maiores de 65 anos, destaca-se: a) o recebimento de benefício de
prestação continuada (LOAS), quando não possuir meios para prover, por si ou por sua
família, sua manutenção (art. 34); b) o direito de gratuidade nos transportes coletivos
urbanos (art. 39 c/c 230, § 2º CF), dispositivo cuja constitucionalidade já foi afirmada pelo
STF (ADI 3.768); c) direito, nos termos do regulamento, a certas vantagens nos
transportes coletivos interestaduais (art. 40).
Com vistas assegurar a afirmação dos direitos fundamentais da pessoa idosa e tutelar em
diplomas legislativos próprios, foram publicadas as Política Nacional do Idoso (Lei
8.842/94) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), atribuindo a guarda da integridade dos
idosos à família, à sociedade e ao Estado. Tais diplomas trouxeram uma série de princípios
e garantias assecuratórios da dignidade humana na terceira idade (ex.: a família, a
sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania,
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o
direito à vida.).
342
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Cunha Morais Camelo
redução de texto, ao art. 94 da Lei 10741/03” (ADI 3096, R. Min. Cármen Lúcia,
16.06.10, Plenário).
INFORMATIVO
STF
a) HC e transferência de presídio.
Ressalvadas as hipóteses arroladas nos arts. 121, §3º e 122, §1º, o ECA não estipula limite
máximo de duração da medida socioeducativa de semiliberdade. Resulta daí que, por
remissão à aplicação do dispositivo concernente à internação, o limite temporal da
semiliberdade coincide com a data em que o menor infrator completar vinte e um anos [art.
343
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A norma constante do art. 1.723 do CC/02, não obsta que a união de pessoas do mesmo
sexo possa ser reconhecida como entidade familiar apta a merecer proteção estatal. Deve-se
conferir interpretação conforme a Constituição ao art. 1.723 do CC, assegurando que o
reconhecimento seja feito segundo as mesmas regras e com idênticas consequências da
união estável heteroafetiva. ADI 4277, ADPF 132, Rel. Min. Ayres Britto, 4 e 5.5.2011.
Pleno. (Informativo 625).
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: Falso.
ORAL
344
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A REAÇÃO ANTIFORMALISTA foi capitaneada por Rudolph von Ihering, para quem a
verdade subjacente aos conceitos jurídicos era relativa. Dentre os movimentos
desenvolvidos sob esse estandarte podem ser citados: o Movimento para o Direito Livre, na
Alemanha, e o REALISMO JURÍDICO, nos EUA e na Escandinávia. Essas Escolas de
pensamento tinham como características comuns: a) reação à crença de que o Direito
poderia ser encontrado integralmente no texto legal e nos precedentes judiciais; b) rejeição
da tese de que a função jurisdicional seria meramente declaratória, reconhecendo que em
diversas situações o juiz desempenha um papel criativo; c) reconhecimento da importância
dos fatos sociais, das ciências sociais e da necessidade de interpretar o Direito de acordo
com a evolução da sociedade e visando à realização de suas finalidades.
345
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formalistas: a) sob o prisma descritivo, acabam negando qualquer diferença entre as esferas
política e jurídica; b) do ponto de vista prescritivo, o anti-formalismo peca por não dar o
devido peso à segurança jurídica e à necessidade de legitimação democrática da atividade
jurisdicional. Por outro lado, a reação anti-formalista serviu como contraponto importante
ao formalismo, atuando como antítese, em um processo dialético que gerou o avanço em
direção a teorias hermenêuticas mais equilibradas.
Por fim, a VOLTA AOS VALORES é a marca do pensamento jurídico que se desenvolve a
partir da segunda metade do século XX. No pós-guerra, em âmbito internacional, foi
aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). No âmbito interno,
diferentes países reconheceram a centralidade da dignidade da pessoa humana e dos direitos
fundamentais. Marcam a nova época a normatividade dos princípios, a argumentação
jurídica e a racionalidade prática. Trata-se do debate contemporâneo sobre a interpretação
jurídica, denominada “virada kantiana”
Nas palavras de Daniel Sarmento, “Segundo essa Escola, todo o Direito estaria
compreendido no sistema composto pelas normas ditadas pelo legislador, e o papel do
intérprete se resumiria a fazer com que a vontade legislativa, gravada nos textos legais,
incidisse nos casos concretos. Não se concebia, portanto, que a interpretação operasse
construtivamente”.
346
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não há padrões racionais para isso, esse sopesamento acontece arbitrariamente ou sem
maior reflexão, de acordo com os padrões e hierarquias costumeiras. A partir do momento
em que uma corte constitucional adota a doutrina de uma ordem objetiva de valores e
fundamenta seu processo de decisão em uma forma de realismo ou convencionalismo
moral, o perigo de decisões irracionais cresce, porque os argumentos funcionais ganham
precedência sobre os normativos. Certamente, há vários princípios ou bens coletivos que
representam perspectivas cujos argumentos podem ser introduzidos em um discurso
jurídico em casos de colisão de normas [...]. Mas argumentos baseados em tais bens e
valores coletivos apenas contam na mesma medida que as normas e princípios pelas quais
esses objetivos podem, a seu turno, ser justificados. Em última instância, apenas direitos
podem ser invocados em um jogo argumentativo. [...] Um julgamento orientado por
princípios precisa decidir qual pretensão e qual ação em um dado conflito é correta - e não
como ponderar interesses ou relacionar valores. [...] A validade jurídica do julgamento tem
o caráter deontológico de um comando, e não o caráter teleológico de um bem desejável
que nós podemos alcançar até um certo nível."
348
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Cunha Morais Camelo
349
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QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Verdadeiro".
350
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(a) A ponderação de interesses é técnica que busca equacionar as colisões entre princípios
constitucionais através da demarcação dos respectivos âmbitos de proteção, de modo a
evitar que normas divergentes incidam concomitantemente sobre a mesma hipótese fática.
(b) O Poder Judiciário deve interpretar os tratados internacionais de direitos humanos à luz
da Constituição Federal, mas não o contrário, pois se assim não fosse, subverter-se-ia a
hierarquia das fontes normativas e o princípio da supremacia da Constituição.
(d) São intérpretes da Constituição não apenas os órgãos do Poder Judiciário, como também
os demais poderes políticos, além dos múltiplos atores presentes na sociedade civil, que, em
seus debates travados na esfera pública, participam da tarefa de atribuição de sentido às
normas constitucionais.
351
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JURISPRUDÊNCIA: “O inc. I do art. 100 do CPC, com redação dada pela Lei
6.515/1977, foi recepcionado pela CF/88. O foro especial para a mulher nas ações de
separação judicial e de conversão da separação judicial em divórcio não ofende o princípio
da isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. (RE 227114,
Joaquim Barbosa, 14.12.11, 2ª Turma)
352
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Quatro princípios, segundo Piovesan, devem orientar os direitos sexuais e reprodutivos, são
eles: a universalidade, a indivisibilidade, a diversidade e o democrático.
tal vínculo. Não devem ser impostos óbices de natureza processual ao exercício do direito
fundamental à busca da identidade genética, como natural emanação do direito de
personalidade de um ser, de forma a tornar-se igualmente efetivo o direito à igualdade entre
os filhos, inclusive de qualificações, bem assim o princípio da paternidade responsável.
Hipótese em que não há disputa de paternidade de cunho biológico, em confronto com
outra, de cunho afetivo. Busca-se o reconhecimento de paternidade com relação a pessoa
identificada. (RE 363889, Dias Toffoli, 2.6.11, Plenário)
ADPF 54: Consta no informativo STF 661: “Na espécie, aduziu inescapável o confronto
entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver respeitada a sua dignidade e.
de outro, os de parte da sociedade que desejasse proteger todos os que a integrariam,
independente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. Sublinhou que o tema
envolveria a dignidade humana, o usufruto da vida, a liberdade, a autodeterminação, a
saúde e o reconhecimento pleno de direitos individuais, especificamente os direitos sexuais
e reprodutivos das mulheres”. Ao final, como sabido, o STF julgou procedente a ADPF
para dar aos dispositivos do CP que proíbem o aborto, interpretação conforme, impendido
qualquer leitura dos aludidos dispositivos da lei penal, que pudessem entender como
criminosa a conduta da mulher que promove a interrupção terapêutica do parto em face da
anencefalia do feto devidamente diagnosticada. É importante frisar ainda que, como é de
conhecimento de todos, a questão conta com parecer da Dra. Deborah Duprat, que foi pela
procedência da demanda. Em um dos trechos do parecer, que aborda a questão da
autonomia reprodutiva da mulher, consignou a examinadora que “a questão em debate
nestes autos envolve a autonomia reprodutiva da mulher, que tem como fundamento
constitucional nos direitos à dignidade, à liberdade e à privacidade. É evidente que essa
autonomia não é de natureza absoluta. Entendo que a ordem constitucional também
proporciona proteção à vida potencial do feto – embora não tão intensa quanto à tutela da
vida após o nascimento -, que deve ser ponderada com os direitos humanos das gestantes
para o correto equacionamento das questões complexas que envolvem o aborto”.
QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
354
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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políticas de ação afirmativa em seu favor, mas não aquelas que se baseiem na cristalização
jurídica de estereótipos culturalmente enraizados.
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Falso".
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Legislação básica: CF: Art. 5º, 7º, 165/167, 203, 227 Lei n. 8.142/90; LRF; Lei 7.853/89;
Decreto 3.298/99; Lei 8.112/90; Lei 8.213/91; Loas; Lei 10.098/00; Lei 10.216/01; Lei
8.899/94; Lei 9.868/99.
1. Noções Gerais. Em uma democracia, a ideia essencial é que as decisões políticas mais
importantes sejam tomadas pelo próprio povo ou seus representantes. Tais decisões
envolvem o dilema entre necessidades infinitas e recursos escassos. Em especial, a
implementação de políticas sociais demandam custos, razão pela qual é preciso
contextualizar o tema da efetividade destes direitos à luz dos problemas orçamentários. A
escassez moderada de recursos é um fato da vida que não pode ser ignorado, motivo pelo
qual é possível o argumento da reserva do possível, conquanto seja patente a possibilidade
do judiciário controlar excessos (ex: invertendo o ônus da prova - REsp 764.085). Temos
aqui uma questão de dosagem, uma vez que ao princípio majoritário se impõem limites (ex:
proteção às minorias, garantia de direitos básicos), mas o exagero na intervenção externa ao
Legislativo pode revelar-se antidemocrático, por cercear além da razoabilidade o poder do
povo de se autogovernar.
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LRF: Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante (Redação dada pela
Lei Complementar nº 131, de 2009):
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da
Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações
referentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Nesse aspecto, o controle político tem sua origem no sistema orçamentário da Grã-
Bretanha, instituído, inicialmente, com a preocupação de controlar o poder de arrecadação
do rei. Nesse sentido, o art. 12 da Magna Carta: “Nenhum tributo ou auxílio será instituído
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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no Reino, senão pelo seu conselho comum, exceto com o fim de resgatar a pessoa do Rei,
fazer seu primogênito cavaleiro e casar sua filha mais velha uma vez, e os auxílios para
esse fim serão razoáveis em seu montante”.
Por muitos anos, o Orçamento foi visto como lei de meios, ou como ato administrativo
ligado à atividade discricionária do poder público, sem qualquer força vinculativa quanto à
fixação de despesas e a efetivação dos interesses sociais.
Quer se dizer com isso que, em caso de inobservância dos preceitos da Constituição, bem
como de omissão total ou parcial do legislador, o Poder Judiciário estará legitimado a
intervir para preservar a supremacia constitucional.
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A história da construção dos direitos humanos das pessoas com deficiência compreende
quatro fases: a fase da intolerância; a fase da invisibilidade; a fase assistencialista, marcada
pela perspectiva médica e biológica de que a deficiência era uma “doença a ser curada”; e
uma quarta fase, orientada pelo paradigma dos direitos humanos, em que emerge o direito à
inclusão social e a necessidade de eliminar obstáculos e barreiras culturais, físicas e sociais
que embaraçam a dignidade dos portadores de deficiência.
Sob essa inspiração, foi adotada pela ONU a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (2006), reconhecendo que todas as pessoas devem ter a oportunidade de
alcançar de forma plena o seu potencial.
A Convenção elenca oito princípios gerais. São eles: 1º) O respeito pela dignidade inerente,
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A Convenção traz uma série de “direitos básicos”, tais como: reconhecimento igual perante
a lei; acesso à justiça; liberdade e segurança da pessoa; prevenção contra tortura ou
tratamentos ou penas cruéis; prevenção contra a exploração, a violência e o abuso; proteção
da integridade da pessoa; liberdade de movimentação e nacionalidade; vida independente e
inclusão na comunidade; mobilidade pessoal; liberdade de expressão e de opinião e acesso
à informação; respeito à privacidade; respeito pelo lar e pela família; direito à educação;
direito à saúde; direito à habilitação e reabilitação; direito ao trabalho e emprego; direito a
um padrão de vida e proteção social adequados; direito à participação na vida política e
pública e o direito à participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte.
O Protocolo Facultativo à Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência tem por
escopo principal a disciplina das questões referentes ao Comitê. Há a menção à
competência para receber e considerar comunicações submetidas por pessoas ou grupos de
pessoas, ou em nome deles, sujeitos à sua jurisdição, alegando serem vítimas de violação
das disposições da Convenção pelo referido Estado Parte, lembrando que o Comitê não
receberá comunicação referente a qualquer Estado Parte que não seja signatário do
Protocolo.
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INFORMATIVOS:
STJ
Discute-se o momento em que o candidato portador de deficiência física deve ser avaliado a
respeito de sua capacidade em desenvolver as tarefas inerentes ao cargo público para o qual
foi aprovado. O recorrente inscreveu-se em certame público nas vagas asseguradas aos
deficientes físicos, para concorrer ao cargo de médico do trabalho. Aprovado na proca
escrita, foi submetido a exame médico admissional que concluiu pela incompatibilidade
entre as funções a serem desenvolvidas e a deficiência apresentada (mudez), sendo excluído
do concurso. A Lei 7.853/89 estabelece as regras gerais sobre o apoio às pessoas portadoras
de deficiência e sua integração social. Assim, conforme a lei, o poder público assume a
responsabilidade de fazer valer a determinação constitucional de desenvolvimento de
políticas públicas voltadas ao portador de deficiência física, bem como é vedado qualquer
tipo de discriminação ou preconceito. O Dec. 3.298/99, que regulamentou a lei, determinou
que o exame da compatibilidade no desempenho das atribuições do cargo seja realizado por
equipe multiprofissional durante o estágio probatório. Isso porque o poder público deve
assegurar aos deficientes condições necessárias previstas em lei e na CF, para que possam
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exercer suas atividades conforme as limitações que apresentam. REsp 1.179.987, Rel. Min.
Jorge Mussi, j. 13.9.2011. 5ª T. (Informativo 483).
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1. HISTÓRICO:
CF 1967: O controle concentrado em âmbito estadual não mais foi previsto nesta
Constituição, contudo, a EC nº1/69 previu o controle de constitucionalidade de lei
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A EC 45/04, por sua vez, (a) igualou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC à da
ADI, bem como (b) estendeu o efeito vinculante, previsto expressamente para a ADC, para
a ADI. Aliás, segundo Lenza, caminha-se para a consagração da ideia de efeito dúplice ou
ambivalente entre essas duas ações, faltando somente a igualação de seus objetos, já que a
ADI cabe para lei ou ato normativo federal ou estadual, enquanto a ADC somente para
federal.
Sendo assim, observa-se que, hoje, há no Brasil um sistema misto, que combina o critério
difuso, por via de defesa, com o critério concentrado, por via de ação direta de
inconstitucionalidade. Segundo Gilmar Mendes, a CR/88 reduziu o significado do controle
de constitucionalidade incidental ou difuso ao ampliar, de forma marcante, a legitimação
para a propositura da ADI, permitindo que, praticamente, todas as controvérsias
constitucionais relevantes sejam submetidas ao STF mediante processo de controle abstrato
de normas.
PONTO EXTRA:
Sistemas:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Tipos de Inconstitucionalidades:
d) por falta de decoro - a vontade na votação de determinada lei foi viciada - votos
corrompidos que influenciaram na votação. Ex: mensalão petista - falta
manifestação do STF.
Quanto ao modo:
Controle Concentrado:
processo objetivo:
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b1) não se pode falar em suspeição, impedimento exógeno (fora do processo) - ADI
2321;
ação dúplice:
b1) o STF deve ficar restrito ao pedido que foi feito, mas o fundamento adotado
pelo STF não precisa ser o mesmo adotado na petição inicial;
Legitimados: os mesmos para a ADI, ADC e ADPF, exceto para a ADI Interventiva, cujo
único legitimado é o PGR.
370
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Nacional (referida
representação só é
Mesa do Senado Federal
necessária no momento da
propositura da ação)
2.1. Conceito: Tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo em tese.
2.2. Objeto
c) Tratados internacionais:
371
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3º, da CF) equivalem a emendas constitucionais e, portanto, podem ser objeto de controle
de constitucionalidade.
c.2) Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à EC
45/2004 têm natureza supralegal (abaixo da Constituição, porém acima da legislação
ordinária) e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
c.3) Tratados internacionais de natureza diversa equivalem a meras leis ordinárias e podem,
portanto, ser objeto de controle de constitucionalidade.
PONTO EXTRA:
Objeto
b) EC - desde que: a) viole uma das limitações; b) apenas as que versem sobre
cláusulas pétreas; c) poderes implícitos;
c) não cabe contra ato do poder constituinte originário - ADI 815 - princípio da
unidade da Constituição;
d1) ADI 1716 - não cabe ADI em face de lei meramente formal;
d2) ADI 2925 - LOA/2013 - CIDE - o dispositivo tinha caráter material não
podendo o fato de estar inserta em lei meramente formal ser óbice para ADI
d4) se a lei de efeitos concretos já exauriu seus efeitos, não cabe ADI;
e) decreto presidencial:
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e2) regulamentar:
e2.3) de acordo com a lei e esta contra a CF/88 - a propositura de ADI deve ser
contra a lei e não o decreto, apenar de a este ser reconhecida sua
inconstitucionalidade por arrastamento.
f) leis anteriores à CF/88 - não cabe ADI, mas cabe ADPF - 130;
f2) pois se ela for incompatível com a CF/88, será caso de não recepção - revoção e
não inconstitucionalidade superveniente.
d) Resolução do TSE;
e1) Súmulas vinculantes - não cabe - questão de legitimidade - 2/3 para aprovar
súmula vinculante, enquanto para a ADI necessita apenas da maioria absoluta;
g) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem
endereçadas: por se tratar de ato de caráter meramente administrativo, não possuindo
eficácia vinculativa aos demais órgãos do Poder Judiciário.
h) Leis orçamentárias: por se tratar de lei com objeto determinado e destinatário certo,
sendo, praticamente, um ato administrativo, em sentido material. Excepcionalmente, se
demonstrar que referida lei tem certo grau de abstração e generalidade, o STF tem admitido
seja ela objeto de controle abstrato de constitucionalidade.
374
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Nesse sentido, duas posições podem ser encontradas. A ampliativa engloba não somente as
normas formalmente constitucionais, expressamente positivadas em documento formal,
mas também os princípios não escritos, bem como os valores suprapositivos,
principalmente aqueles que norteiam e fundamentam a própria Constituição. Por sua vez, a
restritiva considera apenas as normas e os princípios formalmente expressos na
Constituição escrita e positivada.
A jurisprudência brasileira, incluindo o STF, tem adotado, por ora, apenas uma tímida
tendência ampliativa, utilizando, nesse sentido, como paradigma de confronto normas e
princípios, que, ainda que não expressamente contidos no texto constitucional, sejam dele
diretamente decorrentes.
Por fim, com o advento da EC 45/2004, houve uma ampliação, no direito brasileiro, do
bloco de constitucionalidade, na medida em que se passa a ter um novo parâmetro de
controle (norma formal e materialmente constitucional), qual seja, os tratados
internacionais de direitos humanos (art. 5º, § 3º, da CF), aprovados com quórum de
emendas constitucionais.
2.4. Teoria da transcendência dos motivos determinantes: O STF vem atribuindo efeito
vinculante, produzido para fora do processo em que se foi decidido, não só ao dispositivo
da sentença, mas também aos fundamentos determinantes que deram suporte à decisão.
375
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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GM explica, na RCL 4987 MC/PE, que tal controvérsia reside não na concessão de efeito
vinculante aos motivos determinantes das decisões em controle abstrato de
constitucionalidade, mas na possibilidade de se analisar, em sede de reclamação, a
constitucionalidade de lei de teor idêntico ou semelhante à lei que já foi objeto da
fiscalização abstrata de constitucionalidade perante o STF.
Ainda que não se empreste eficácia transcendente (efeito vinculante dos fundamentos
determinantes) à decisão, o Tribunal, em sede de reclamação contra aplicação de lei
idêntica àquela declarada inconstitucional, poderá declarar, incidentalmente, a
inconstitucionalidade da lei ainda não atingida pelo juízo de inconstitucionalidade.
Ressalte-se, mais uma vez, que não se está a falar, nesta hipótese, de aplicação da teoria da
“transcendência dos motivos determinantes” da decisão tomada no controle abstrato. Trata-
se, isso sim, de um poder ínsito à própria competência do Tribunal de fiscalizar
incidentalmente a constitucionalidade das leis e dos atos normativos. E esse poder é
realçado quando a Corte se depara com leis de teor idêntico àquelas já submetidas ao seu
crivo no âmbito do controle abstrato de constitucionalidade.
Assim, a partir de um ato concreto que aplica uma Lei Y, cujo teor é idêntico ao de uma lei
X, já declarada inconstitucional, pode ser analisado, em sede de reclamação, pelo STF, em
controle incidental.
E essa técnica de arrastamento poderá ser aplicada tanto em processos distintos (pela teoria
dos motivos determinantes impede-se que sejam julgadas posteriores pretensões relativas a
essas normas consequentes) quanto em um mesmo processo (no próprio dispositivo da
decisão já se definem quais normas são atingidas e, portanto, são declaradas também
inconstitucionais).
376
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Lembre-se ainda que essa contaminação pode se dar também em relação a decreto o qual se
fundava em lei declarada inconstitucional. Trata-se, sem dúvida, de verdadeira exceção à
regra de que o juiz deve se ater aos limites da lide fixados pelas partes.
2.6. Competência
- Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado, só difuso.
Há, porém, a possibilidade do ajuizamento de ADPF.
Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar de
incabível o controle de constitucionalidade perante o STF, será perfeitamente possível
perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal em face da CE que repetiu norma da CF.
- Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual em face da CF: Competência do STF
- Lei ou ato normativo distrital de natureza municipal em face da CF: Não há controle
concentrado, só difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento da ADPF.
- Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica Distrital: Competência do TJ local
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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- Lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica do Município: Não há controle
de constitucionalidade, tratando-se, pois, de simples caso de legalidade.
2.7. Legitimidade: Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a
propositura de ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual em face da própria CF, os
seguintes:
Observe-se que a Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para a propositura de
ADI.
Por fim, lembre-se ainda de que o STF tem entendido ser imprescindível a presença de
378
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advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o STF.
Saliente-se que as entidades de classe devem ser compreendidas apenas como categoria
profissional, organizadas em, pelo menos, 9 Estados da Federação. Exceção: se a atividade
econômica se restringir a menos de nove Estados – exemplo relacionado ao sal.
Por sua vez, as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo, 03
Federações Sindicais.
Por fim, lembre-se ainda de que aqui também o STF tem entendido ser imprescindível a
presença de advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle
concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o
STF.
2.8. Procedimento: Encontra-se previsão nos §§ 1° e 3° do artigo 103 da CF, nos artigos
169 a 178 do RISTF, bem como na Lei n° 9.868/99.
Se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo
impugnado, ou não for fundamentada ou for manifestamente improcedente, poderá o relator
indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão recurso de agravo.
Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos
órgãos ou às entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo impugnado, as quais
deverão prestá-las no prazo de 30 dias, a contar do recebimento do pedido.
379
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
OBS.: Papel do AGU – a CF diz que será citado para defender o ato impugnado.
Descobriu-se, posteriormente, que muitas vezes há conflito (Presidente ajuíza a ADI e o
AGU vai defender?). Para GM, o AGU não deve ser entendido como parte, e sim como
uma instituição que é chamada para se manifestar, podendo dizer o que entende. Hoje isso
se consolidou – há direito de manifestação, sem obrigatoriedade de defesa do ato
impugnado, notadamente quando há um interesse da União na inconstitucionalidade da lei.
É basicamente um parecer concorrente ao do PGR. O leading case: exigir da AGU defesa
em favor do ato impugnado em casos como o presente, em que o interesse da União
coincide com o interesse do autor, implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a
defender os interesses da União (CF, art. 131). Além disso, a despeito de reconhecer que
nos outros casos a AGU devesse exercer esse papel de contraditora no processo objetivo,
constatou-se um problema de ordem prática, qual seja, a falta de competência da Corte para
impor-lhe qualquer sanção quando assim não procedesse, em razão da inexistência de
previsão constitucional para tanto. (ADI 3916/DF, noticiado no Info 562).
O AGU não necessitará defender o ato impugnado quando: a) já houver caso análogo em
que o STF tenha entendido que a norma era inconstitucional - ADI 1616; b) quando o AGU
subscrever a ADI; c) quando a norma impugnada fere os interesses da União; ADI 3916 e
4309
E pode ainda o relator solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais
Federais e aos Tribunais Estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de
sua jurisdição.
380
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Ressalte-se ainda que sobre o controle de constitucionalidade não recai qualquer prazo
prescricional ou decadencial, uma vez que atos inconstitucionais jamais se convalidam pelo
mero decurso do tempo. (princípio da nulidade das leis inconstitucionais – is not law at all)
Outrossim, não se admite assistência jurídica a qualquer das partes, nem intervenção de
terceiros, ressalvados nos caso já citados em que o relator, considerando a relevância da
matéria e a representatividade dos postulantes, admite a manifestação de outros órgãos ou
entidades.
Por fim, é vedada a desistência da ação já proposta (Artigo 5° caput da Lei n° 9.868/99),
bem como é irrecorrível (salvo a interposição de embargos declaratórios) e irrescindível a
decisão proferida (Artigo 26 da Lei n° 9.868/99).
Medida cautelar na ADI: será concedida, salvo no período de recesso, por decisão da
maioria absoluta dos membros do STF, observado o quorum mínimo para a sua instalação,
após a audiência, exceto nos casos de excepcional urgência, dos órgãos ou autoridades dos
quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que se pronunciarão no prazo de 5 dias.
Se o relator ainda julgar indispensável, serão ouvidos o AGU e o PGR, no prazo de 3 dias
cada. Artigo 10, caput e §§, da Lei nº 9.868/99. E ainda é facultada a sustentação oral aos
representantes judiciais da parte requerente e dos órgãos ou autoridades responsáveis pela
expedição do ato, na forma estabelecida pelo Regimento Interno do STF.
Efeitos da Medida cautelar: dotada de eficácia contra todos (erga omnes), será concedida
com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa
(ex tunc). Ademais, a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior
acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário (Artigo 11, §§ 1º e 2º, da
Lei nº 9.868/99).
Regra geral, é vedada a intervenção ordinária de terceiros nos processos de ação direta de
inconstitucionalidade. Contudo, excepcionalmente, poderá o relator, considerando a
relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, admitir, por despacho
381
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
- A decisão que admite ou não a presença do amicus curiae é irrecorrível, a fim de se evitar
tumulto processual.
- Prazo para ingresso do amicus curiae: somente até o momento em que o processo é
encaminhado para o relator para inclusão na pauta de julgamentos é que será admitida a
intervenção do amicus curiae nos processos de controle concentrado de constitucionalidade.
(2009 - STF) “(...) Preliminarmente, o Tribunal, também por maioria, rejeitou o pedido de
intervenção dos amici curiae, porque apresentado após a liberação do processo para a pauta
de julgamento. Considerou-se que o relator, ao encaminhar o processo para a pauta, já teria
firmado sua convicção, razão pela qual os fundamentos trazidos pelos amici curiae pouco
seriam aproveitados, e dificilmente mudariam sua conclusão. Além disso, entendeu-se que
permitir a intervenção de terceiros, que já é excepcional, às vésperas do julgamento poderia
causar problemas relativamente à quantidade de intervenções, bem como à capacidade de
absorver argumentos apresentados e desconhecidos pelo relator. Por fim, ressaltou-se que a
regra processual teria de ter uma limitação, sob pena de se transformar o amicus curiae em
regente do processo. Vencidos, na preliminar, os Ministros Cármen Lúcia, Carlos Britto,
Celso de Mello e Gilmar Mendes, Presidente, que admitiam a intervenção, no estado em
que se encontra o processo, inclusive para o efeito de sustentação oral. Ao registrar que, a
partir do julgamento da ADI 2777 QO/SP (j. em 27.11.2003), o Tribunal passou a admitir a
sustentação oral do amicus curiae — editando norma regimental para regulamentar a
matéria —, salientavam que essa intervenção, sob uma perspectiva pluralística, conferiria
legitimidade às decisões do STF no exercício da jurisdição constitucional. Observavam,
entretanto, que seria necessário racionalizar o procedimento, haja vista que o concurso de
muitos amici curiae implicaria a fragmentação do tempo disponível, com a brevidade das
sustentações orais. Ressaltavam, ainda, que, tendo em vista o caráter aberto da causa
382
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
petendi, a intervenção do amicus curiae, muitas vezes, mesmo já incluído o feito em pauta,
poderia invocar novos fundamentos, mas isso não impediria que o relator, julgando
necessário, retirasse o feito da pauta para apreciá-los (...)” ADI 4071 AgR/DF, rel. Min.
Menezes Direito, 22.4.20099 (info543).
STF: Não são cabíveis os recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual
nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, nesses incluídos os que
ingressam no feito na qualidade de amicus curiae. Ressalte-se que a interposição por
estranho não é cabível ainda que este seja um dos legitimados para a ação.
- Tem o amicus curiae, inclusive, o direito de apresentar sustentação oral, segundo vem
estabelecendo a jurisprudência do STF, consagrada no Regimento Interno.
Observações:
* Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda a
figura do amicus curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com as
ressalvas já apresentadas, em aplicação analógica do artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99,
considerando se tratar a ADI e ADC ações dúplices ou ambivalentes.
* Pedro Lenza ainda entende ser possível a admissão de parlamentar na condição de amicus
curiae, desde que, presente a situação de relevância da matéria, demonstre ele, designado
por via eleitoral para desempenhar função política na democracia representativa sobre o
qual se funda o regime democrático instituído no país, atuar como verdadeiro representante
ideológico de uma coletividade. Lembre-se, porém, de que inexiste, por ora, um
posicionamento do STF a esse respeito.
PONTO EXTRA:
PROCEDIMENTOS
9868/99 (SUMÁRIO)
Perícias, Audiências
Públicas,
- -
Informações
adicionais - ADI 855
Julgamento:
A ação em comento possui caráter dúplice ou ambivalente, nos termos do artigo 24 da Lei
nº 9.868/99, segundo o qual, in verbis: “Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á
improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a
inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação
declaratória.”
Por sua vez, regra geral, a decisão proferida na ADI possui os seguintes efeitos:
384
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
erga omnes
ex tunc
Ademais, ressalte-se que, nesse último caso, os referidos efeitos só se iniciarão a partir do
trânsito em julgado da decisão (e não a partir da publicação da ata de julgamento no DJU).
Com o tempo, passou-se a adotar a interpretação conforme, com o intuito de proteger a lei
– a lei é constitucional desde que feita certa interpretação (julgamento de improcedência).
Isso era, de certa forma, contraditório, pois havia um julgamento de inconstitucionalidade
das outras interpretações. Assim, na declaração de inconstitucionalidade, acabou-se por
inevitavelmente caminhar a interpretação conforme em conjunto com a declaração parcial
de nulidade sem redução de texto. Há a declaração da inconstitucionalidade das demais
interpretações. Ambas devem caminhar juntas. Por isso, o STF fala em julgamento de
parcial procedência.
385
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
A declaração parcial de nulidade sem redução de texto é uma técnica de decisão que
exclui determinada interpretação (norma) que se extrai do texto normativo
plurissignificativo.
Situação 1: a norma diz que a Administração pode revogar os seus atos. A interpretação
conforme pode aditar um sentido, desde que observado o contraditório e a ampla defesa.
Nos casos em que o próprio legislador permite que haja diversas interpretações possíveis
para uma única e determinada norma, residindo a mácula da inconstitucionalidade somente
na sua aplicação em um dado sentido interpretativo, será possível ao STF, julgando
parcialmente procedente a ação direta de inconstitucionalidade, indicar qual dentre aquelas
variadas interpretações se encontra conforme a Constituição, evitando, dessa forma, que o
referido dispositivo seja retirado do ordenamento jurídico.
2.11. Reclamação:
Tem por finalidade garantir a autoridade da decisão proferida, em sede de ação direta de
inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal. (serve também para reafirmar a
competência da Corte)
Quando o ato que se alega ter desrespeitado a decisão do Supremo Tribunal Federal for
judicial, não poderá ele já ter transitado em julgado.
386
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Há controvérsia na doutrina:
- Para Ada Pelegrini, trata-se de simples direito de petição (5º, XXXIV). O Supremo adotou
esse entendimento ao permitir a reclamação no âmbito estadual (TJ)
Reclamação no âmbito estadual: é possível, desde que haja previsão da CE, pois se trata
de direito de petição.
387
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
3.1. Conceito:
A ADI por omissão tem por finalidade tornar efetiva norma constitucional de eficácia
limitada, não regulamentada por omissão do Poder Público ou órgão administrativo.
Essa omissão pode ser total, quando não houver o cumprimento constitucional do dever de
legislar (Ex.: Art. 37, inciso VII, da CF); ou parcial, quando houver lei infraconstitucional
integrativa, porém, regulamentando de forma insuficiente.
Omissão parcial propriamente dita: quando a lei existe, mas regula de forma deficiente o
texto (Ex.: Art. 7º, inciso IV, da CF);
Omissão parcial relativa: quando a lei existe, outorgando determinado benefício a uma
certa categoria, porém deixando de conceder a outra que deveria também ter sido
contemplada (Ex.: Súmula nº 339 do STF). (chamada exclusão de benefício incompatível
com o princípio da igualdade)
3.2. Objeto:
O objeto aqui é amplo, pois são impugnáveis, na ADI por omissão, não apenas a inércia do
Legislativo em editar atos normativos primários, mas também a inércia do Executivo em
editar atos normativos secundários, como regulamentos e instruções, e até mesmo eventual
inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos.
O STF entende que, pendente de julgamento a ADI por omissão, se a norma que não tinha
sido regulamentada é revogada, ou se é encaminhado projeto de lei ao Congresso Nacional
sobre a referida matéria, haverá perda do objeto. A regra é que, desencadeado o processo
legislativo, não há que se cogitar de omissão inconstitucional do legislador. Contudo, essa
orientação deve ser adotada com temperamentos. A inercia deliberandi das Casas
Legislativas pode ser objeto da ADI por omissão, sendo que o STF reconhece a mora do
legislador em deliberar sobre a questão, declarando, assim, a inconstitucionalidade por
omissão. Em 2007, o STF, por unanimidade, julgou procedente a ADI 3682, ajuizada pela
Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso contra o Congresso em razão da mora na
elaboração da LC federal a que se refere o § 4º do art. 18 da CR, na redação da EC n. 15/96
Asseverou-se, entretanto, que não se poderia afirmar uma total inércia legislativa, haja vista
os vários projetos de lei complementar apresentados e discutidos no âmbito das Casas
Legislativas. Não obstante, entendeu-se que a inertia deliberandi (discussão e votação)
também poderia configurar omissão passível de vir a ser reputada morosa, no caso de os
órgãos legislativos não deliberarem dentro de um prazo razoável sobre o projeto de lei em
388
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
tramitação. Aduziu-se que, na espécie, apesar dos diversos projetos de lei apresentados
restaria configurada a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação da lei
complementar em questão, sobretudo, tendo em conta a pletora de Municípios criados
mesmo depois do advento da EC 15/96, com base em requisitos definidos em antigas
legislações estaduais, alguns declarados inconstitucionais pelo Supremo, ou seja, uma
realidade quase que imposta por um modelo que, adotado pela aludida emenda
constitucional, ainda não teria sido implementado em toda sua plenitude em razão da falta
da lei complementar a que alude o mencionado dispositivo constitucional (info 466).
3.3. Competência:
A apreciação da ADI por omissão é de competência originária do STF. Art. 103, § 2º, da
CF, c.c., analogicamente, o art. 102, inciso I, alínea a, da CF. Quanto à eventual
inconstitucionalidade por omissão de órgãos legislativos estaduais em face da CF/88, GM
afirma que a competência é do STF.
3.4. Legitimidade:
3.5. Procedimento:
389
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
A jurisprudência no STF sempre foi no sentido de que a ADI por omissão servia para
comunicar ao Congresso acerca do dever de legislar. Mas isso vem mudando um pouco,
como no caso da criação dos Municípios, em que se fixou um prazo.
Caso da criação dos Municípios (art. 18, § 4º): o Congresso não editou a LC necessária
para a criação dos Municípios. Muitos municípios foram criados de forma inconstitucional.
Houve várias ADIs contra as leis que criaram Municípios, e ADI por omissão em relação ao
art. 18, §4º da CF. O STF declarou a omissão inconstitucional e inconstitucionalidade,
sem pronúncia de nulidade, das leis municipais (com modulação de efeitos). Fixou-se um
prazo de 18 meses para a LC, e 24 meses para a subsistência das leis municipais.
Raciocínio: criada a LC, as leis municipais poderiam ser criadas no prazo. O Congresso não
criou a LC, mas fez EC para ratificar a criação dos Municípios.
Fungibilidade: Para GM, há uma certa fungibilidade entre ADI por omissão parcial e ADI.
O que vai diferenciar as duas são as técnicas de decisão: num caso, será determinada a
complementação; no outro, será declarada a nulidade da lei.
PONTO EXTRA:
Omissão Inconstitucional:
390
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Atos do Poder Executivo - 30 dias para suprir a omissão sob pena de crime de
responsabilidade;
a) Teoria não concretista - o Poder Judiciário não pode regular a matéria pois, se o
fizesse, estaria invadindo a competência do Poder Legislativo - MI 712;
b) Teorias Concretistas:
MI x ADI por omissão: a) o mandado de injunção é restrito, pois trata apenas de direitos
que envolvam cidadania, direitos fundamentais, etc.; b) qualquer pessoa pode propor MI; e
c) os efeito do MI são inter partes.
PROCEDIMENTO
MÉRITO CAUTELAR
391
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
4.1. Conceito:
A ADC foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 03/93, a qual alterou a
redação dos arts. 102 e 103 da CF, sendo regulamentada pela Lei nº 9.868/99.
4.2. Objeto:
4.3. Competência:
4.4. Legitimidade:
4.5. Procedimento:
- A petição inicial será liminarmente indeferida pelo relator, se for inepta, se não for
fundamentada, ou ainda se for manifestamente improcedente, cabendo contra essa decisão
agravo.
392
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
- O AGU não será citado, uma vez que não há ato ou texto impugnado a ser defendido.
- Por sua vez, será dada vista dos autos ao PGR, que deverá se pronunciar no prazo de 15
dias (art. 19 da Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá haver decisão
sobre a liminar antes da manifestação do PGR.
- A decisão, em sede de ADC, será dada pela votação da maioria absoluta dos membros do
STF (6), desde que presente o número mínimo de 2/3 dos ministros (8).
- Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias, contados da publicação da parte dispositiva
de decisão no DOU, sendo esse prazo definido pela lei para que o Tribunal julgue a ação
declaratória. Para GM e Ives Gandra, a despeito da lei não prever a prorrogação do prazo da
cautelar, se a questão não tiver sido decidida no prazo prefixado, poderá o STF autorizar a
prorrogação do prazo.
- A decisão de deferimento da medida cautelar (liminar) será dada pela votação da maioria
absoluta dos membros do STF (6) e terá efeito, segundo entendimento majoritário da
jurisprudência, vinculante e erga omnes, em vista do poder geral de cautela, inerente ao
poder jurisdicional, podendo, ademais, as referidas decisões serem preservadas pelo
instrumento da reclamação.
ex tunc
A lei pode ser ABSTRATAMENTE CONSTITUCIONAL, mas pode ser, no caso concreto,
tida como INCONSTITUCIONAL, assim o julgamento abstrato de constitucionalidade não
impede que em determinado caso concreto o reconhecimento da inconstitucionalidade (para
o caso específico) (ADI 223) (do plano Collor).
O Min. Gilmar Mendes leciona que na Alemanha se firma, atualmente, a tese da dupla
revisão judicial ou duplo controle de constitucionalidade. Segundo esta tese, é possível,
mesmo após o Tribunal Constitucional pronunciar-se acerca da inconstitucionalidade de
determinada norma, as instâncias inferiores poderem dela igualmente conhecer, tendo em
vista o caso concreto e calcadas no princípio da proporcionalidade. Quer dizer, em outras
palavras: mesmo após o controle concentrado de constitucionalidade, ainda persiste espaço
para controle difuso de constitucionalidade pelas instâncias judiciárias inferiores.
PONTO EXTRA:
QO ADC - 1:
PROCEDIMENTO
394
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
MÉRITO CAUTELAR
5.1. Localização:
Encontra previsão no §1º do art. 102 da CF, com redação dada pela EC 03/93,
regulamentado pela Lei nº 9.882/99.
Saliente-se que, antes do advento da aludida lei, entendia o STF que o art. 102, §1º, da CF
encerrava norma constitucional de eficácia limitada. Sendo assim, enquanto inexistente lei
regulamentando o referido dispositivo constitucional, não podia o STF sequer apreciar as
ações de arguição de descumprimento de preceito fundamental.
Na hipótese de arguição autônoma, prevista no art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/99, tem-se
por objeto evitar (preventivo) ou reparar (repressivo) lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público, qualquer que seja esse ato administrativo.
Convém advertir ainda que, por ora, não cabe ADPF incidental (cisão funcional vertical),
395
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Hoje, porém, se admite a impugnação de decisões judiciais por meio da ADPF, antes
mesmo de estarem maduras para um RE. Leva-se uma questão constitucional presente no
debate de 1ª instância para abreviá-lo. Nesse ponto, há uma certa semelhança com o
incidente de inconstitucionalidade do controle concreto europeu. Ex: importação de pneus
usados. Admite-se também o controle de leis revogadas.
Nesse sentido, entende a doutrina que preceito fundamental seriam aqueles preceitos que
informam todo o sistema constitucional, estabelecendo os comandos basilares e
imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária e, por
conseguinte, veiculando princípios e servindo de vetores de interpretação das demais
normas constitucionais. Como exemplo, são citados os princípios fundamentais dos artigos
1º a 4º, as cláusulas pétreas do artigo 60, §4º, os princípios constitucionais sensíveis do
artigo 34, inciso VII, os direitos e garantias individuais dos artigos 5º a 17, os princípios
gerais da ordem econômica e financeira do artigo 170 etc.
Por sua vez, o STF apenas tem resolvido, em cada caso concreto, se se trata ou não de
preceito fundamental, não definindo de forma ampla o que se entende por preceito
fundamental. O veto não pode ser contestado por meio de ADPF, já que se tratada de
manifestação de ato político.
5.4. Competência:
5.5. Legitimidade:
E ainda qualquer interessado, entendido esse como sendo qualquer pessoa lesada ou
ameaçada por ato do poder público (inciso II vetado do art. 2º da Lei nº 9.882/99), mediante
representação, solicitando a propositura da ação ao Procurador-Geral da República, que,
396
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
5.6. Procedimento:
- A petição inicial, além dos requisitos do art. 282 do CPC, deve conter: a) a indicação do
preceito fundamental que se considera violado; b) a indicação do ato questionado; c) a
prova da violação do preceito fundamental; d) o pedido, com suas especificações; e e) se
for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação
do preceito fundamental que se considera violado. Art. 3º da Lei nº 9.882/99
- Nos casos em que a presença de advogado for necessária (Partido Político com
representação no Congresso Nacional, Confederação Sindical ou Entidade de Classe de
âmbito nacional), deve o instrumento de mandato acompanhar a petição inicial.
- A petição inicial será indeferida liminarmente pelo relator, quando não for o caso de
arguição de descumprimento de preceito fundamental, quando faltar algum de seus
requisitos, ou quando ela for inepta, sendo cabível contra essa decisão a interposição de
agravo, no prazo de 5 dias. Art. 4º, caput e §2º, da Lei nº 9.882/99.
Subsidiariedade: não pode haver outro meio de controle em processo objetivo. Se couber
MS, RE, pode caber a ADPF mesmo assim, pois ela gera eficácia geral, ao passo que os
outros têm, em princípio, eficácia inter partes. Ex: ADPF 33 – piso salarial de servidores –
lei pré-constitucional revogada – decidiu-se que o princípio da subsidiariedade legitimava a
apreciação da ADPF, pois a existência de pendências judiciais não é bastante para resolver
o caso na amplitude da ADPF.
- Sendo assim, poderá a ADPF ser conhecida como ADI, se se tratar o objeto do pedido
principal da referida ação de declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
por ofensa a dispositivos constitucionais.
- O Ministério Público, na condição de custos legis, tem vista do processo, por 5 dias, após
o decurso do prazo para as informações (Art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.882/99).
397
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
- A decisão, na ADPF, deve ser tomada pelo voto da maioria absoluta dos membros do
STF (no mínimo 6), desde que presentes, pelo menos, 2/3 dos ministros (no mínimo 8).
Trata-se, respectivamente, do quorum de julgamento (art. 97 da CF), bem como de
instalação da referida sessão (art. 8º da Lei nº 9.882/99).
- O pedido de medida liminar, em sede de ADPF, será deferido por decisão da maioria
absoluta de seus membros (6 ministros). Ademais, em caso de extrema urgência ou perigo
de lesão grave ou, ainda, em período de recesso (que é distinto de férias), poderá a referida
medida liminar ser deferida apenas pelo relator, ad referendum do pleno (Art. 5º, caput e
§1º, da Lei nº 9.882/99).
Possui eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais
órgãos do Poder Público (§3º do art. 10 da Lei nº 9.882/99).
Ademais, em regra, tem ainda efeitos retroativos (ex tunc), exceto nos casos em que, por
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF decida, por maioria
qualificada de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos da declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado (ex nunc) ou de outro momento que venha
a ser fixado (Art. 11 da Lei nº 9.882/99).
PONTO EXTRA:
Pet 1365
Casos que não chegariam ao STF, apesar de violar preceitos fundamentais ou por ADI. Ex:
leis revogadas, leis anteriores à CF/88, leis municipais.
398
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
ADPF 54
ADPF 1 - não é toda e qualquer norma que é um preceito fundamental, mas apenas
as normas mais importantes.
a) 1º - princípios fundamentais;
b) 2º - direitos fundamentais;
d) 4º - princípios sensíveis (art. 34, CF/88) - aqueles que, uma vez desrespeitados,
acarreta intervenção federal
PROCEDIMENTO
MÉRITO CAUTELAR
Informações (10d)
Julgamento Julgamento
ADPF 72 - fungibilidade.
399
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
INFORMATIVO
STF
O art. 16 da Lei 7.394/85 deve ser declarado ilegítimo, por não recepção, mas os critérios
estabelecidos pela referida lei devem continuar sendo aplicados, até que sobrevenha norma
que fixe nova base de cálculo, seja lei federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam
convenções ou acordos coletivos de trabalho, ou, ainda, lei estadual, editada conforme
delegação prevista na LC 103/00. 3. Congelamento da base de cálculo em questão, para que
seja calculada de acordo com o valor de dois salários mínimos vigentes na data do trânsito
em julgado desta decisão, de modo a desindexar o salário mínimo. Solução que, a um só
tempo, repele do ordenamento jurídico lei incompatível com a Constituição atual, não deixe
um vácuo legislativo que acabaria por eliminar direitos dos trabalhadores, mas também não
esvazia o conteúdo da decisão proferida por este STF. ADPF 151 MC, red. p/ac. Min.
Gilmar Mendes, 2.2.2011. Pleno. (Informativo 614).
400
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
O Plenário julgou procedente ação declaratória, ajuizada pelo Presidente da República, para
assentar a constitucionalidade dos artigos 1º, 33 e 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da
Penha). Inicialmente, demonstrou-se a existência de controvérsia judicial relevante acerca
do tema, nos termos do art. 14, III, da Lei 9.868/99, tendo em conta o intenso debate
instaurado sobre a constitucionalidade dos preceitos mencionados, mormente no que se
refere aos princípios da igualdade e da proporcionalidade, bem como à aplicação dos
institutos contidos na Lei 9.099/95. No mérito, rememorou-se posicionamento da Corte
que, ao julgar o HC 106212/MS (DJe de 13.6.2011), declarara a constitucionalidade do art.
41 da Lei Maria da Penha (“Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995”). Reiterou-se a ideia de que a aludida lei viera à balha para conferir
efetividade ao art. 226, § 8º, da CF. Consignou-se que o dispositivo legal em comento
coadunar-se-ia com o princípio da igualdade e atenderia à ordem jurídico-constitucional, no
que concerne ao necessário combate ao desprezo às famílias, considerada a mulher como
sua célula básica. ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012. (Informativo 654).
Reputou-se, por sua vez, que o art. 33 da lei em exame (“Enquanto não estruturados os
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão
as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de
violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta
Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente”) não ofenderia os artigos 96, I, a, e
125, § 1º, ambos da CF, porquanto a Lei Maria da Penha não implicara obrigação, mas
faculdade de criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,
conforme disposto nos artigos 14, caput, e 29, do mesmo diploma. Lembrou-se não ser
inédita no ordenamento jurídico pátrio a elaboração de sugestão, mediante lei federal, para
criação de órgãos jurisdicionais especializados em âmbito estadual. Citou-se, como
exemplo, o art. 145 do ECA e o art. 70 do Estatuto do Idoso. Ressurtiu-se incumbir
privativamente à União a disciplina do direito processual, nos termos do art. 22, I, da CF, de
modo que ela poderia editar normas que influenciassem a atuação dos órgãos jurisdicionais
locais. Concluiu-se que, por meio do referido art. 33, a Lei Maria da Penha não criaria varas
judiciais, não definiria limites de comarcas e não estabeleceria o número de magistrados a
serem alocados nos Juizados de Violência Doméstica e Familiar. Apenas facultaria a criação
desses juizados e atribuiria ao juízo da vara criminal a competência cumulativa de ações
cíveis e criminais envolvendo violência doméstica contra a mulher, haja vista a necessidade
de conferir tratamento uniforme, especializado e célere, em todo território nacional, às
causas sobre a matéria.
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que se estaria diante de confronto entre a parte final do art. 109 da Constituição estadual,
datada de 1989, e o disposto no art. 134, § 2º, da CF, erigido a princípio constitucional com
a EC 45/2004. Consignou-se que, para situações como esta, a via adequada seria a ADPF.
Assim, em nome da instrumentalidade, da economia e da celeridade processuais, além da
certeza jurídica, conheceu-se da presente demanda como ADPF. Salientou-se não haver
óbice para a admissão da fungibilidade entre ambas as ações e destacou-se que a ação direta
atenderia aos requisitos exigidos para a propositura daquela. Vencido, na conversão, o Min.
Marco Aurélio ao fundamento de sua desnecessidade, uma vez que a solução diria respeito
ao condomínio que o aludido art. 109 instituiria na prestação de serviços aos necessitados,
tendo em conta o que previsto inicialmente na Constituição, em sua redação primitiva. ADI
4163, Rel. Min. Cezar Peluso, 29.2.2012. (Informativo 656).
Na sequência, aduziu-se que, embora se cuidasse de medida cautelar (Lei 9.868/99, art. 10),
o STF poderia julgar a causa, desde logo, em termos definitivos, porquanto o feito estaria
devidamente aparelhado, haja vista que todos os intervenientes ter-se-iam manifestado
exaustivamente, a exemplo da AGU e do Ministério Público. No mérito, registrou-se que a
previsão constante do art. 234 da lei complementar adversada imporia, de maneira
inequívoca, a obrigatoriedade de a defensoria pública firmar convênio, em termos de
exclusividade, com a OAB-SP, a descaracterizar tanto o conceito dogmático de convênio,
quanto a noção de autonomia funcional e administrativa. Observou-se que o art. 14, § 2º, da
LC 98/99 autorizaria esse acordo com entidade que desempenhasse as funções de
defensoria, quando esta ainda não existisse na unidade da federação. Ademais, enfatizou-se
que o Estado de São Paulo não poderia, sob o pálio de convênios firmados para responder a
situações temporárias, furtar-se ao dever jurídico-constitucional de institucionalização plena
e de respeito absoluto à autonomia da defensoria pública. Relativamente ao art. 109 da
Constituição paulista, atribuiu-se-lhe interpretação conforme para afirmar que seu texto
enunciaria apenas mera autorização ou possibilidade de celebração de convênios com a
OAB-SP, sem cunho de necessidade, nem exclusividade, de modo a ficar garantida à
defensoria pública, em consonância com sua autonomia administrativa e funcional, a livre
definição dos seus eventuais critérios administrativos-funcionais de atuação. Frisou-se, por
fim, que a regra primordial para a prestação de serviços jurídicos pela Administração
Pública, enquanto atividade estatal permanente, seria o concurso público, a constituir
situação excepcional e temporária a prestação de assistência jurídica à população carente
por não defensores públicos. ADI 4163, Rel. Min. Cezar Peluso, 29.2.2012. (Informativo
656).
A Min. Rosa Weber ressaltou que os motivos para a existência da autonomia das
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em duas ações diretas,
ajuizadas pela Associação Nacional dos Defensores Públicos da União - ANDPU e pela
Associação Nacional dos Defensores Públicos - Anadep, para declarar, com eficácia
diferida a partir de doze meses, a contar desta data, a inconstitucionalidade do art. 104 da
Constituição do Estado de Santa Catarina e da Lei Complementar 155/97 dessa mesma
unidade federada. Os dispositivos questionados autorizam e regulam a prestação de
serviços de assistência judiciária pela seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil -
OAB, em substituição à defensoria pública. De início, em votação majoritária, rejeitou-se a
preliminar de ilegitimidade ativa da primeira requerente. Aduziu-se que a propositura
ulterior de ação direta pela Anadep supriria a alegada deficiência. Destacou-se que a Corte
possuiria jurisprudência no sentido de que a ANDPU atenderia ao requisito da pertinência
temática na defesa da instituição defensoria pública. Ademais, realçou-se que a Defensoria
Pública da União preencheria a ausência de defensoria pública estadual nas localidades em
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
que ainda não implementada. Vencido o Min. Marco Aurélio, que assentava a extinção do
processo alusivo à ANDPU, porquanto se discutiria a criação desse órgão em âmbito
estadual. ADI 3892, ADI 4270, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 14.3.2012. (Informativo 658).
O Min. Celso de Mello registrou que o Estado de Santa Catarina incorreria em dupla
inconstitucionalidade: por ação — ao estabelecer essa regra na sua Constituição e ao editar
legislação destinada a complementá-la —; e, por inércia — uma vez que decorridos mais de
22 anos sem que criada a defensoria pública naquela localidade. Por outro lado, no que
concerne ao art. 27 da Lei 9.868/99, o Min. Ricardo Lewandowski explicitou que o STF
não obrigaria que a entidade federativa legislasse, e sim modularia temporalmente, pro
futuro, a presente decisão. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que pronunciava a
inconstitucionalidade com eficácia ex tunc. ADI 3892, ADI 4270, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, 14.3.2012. (Informativo 658).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Por reputar caracterizada afronta ao disposto no § 2º do art. 134 da CF, incluído pela EC
45/2004, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, ajuizada pelo
Procurador-Geral da República, para declarar a inconstitucionalidade da alínea h do inciso I
do art. 26 da Lei Delegada 112/2007 e da expressão “e a Defensoria Pública” constante do
art. 10 da Lei Delegada 117/2007, ambas do Estado de Minas Gerais [LD 112/2007: “Art.
26. Integram a Administração Direta do Poder Executivo do Estado, os seguintes órgãos
autônomos: I - subordinados diretamente ao Governador do Estado: ... h) Defensoria
Pública do Estado de Minas Gerais”; LD 117/2007: “Art. 10. A Polícia Militar, a Polícia
Civil, o Corpo de Bombeiros Militar e a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais
subordinam-se ao Governador do Estado, integrando, para fins operacionais, a Secretaria de
Estado de Defesa Social”]. Observou-se que, conquanto a Constituição garantisse a
autonomia, os preceitos questionados estabeleceriam subordinação da defensoria pública
estadual ao Governador daquele ente federado, sendo, portanto, inconstitucionais. ADI
3965/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, 7.3.2012. (Informativo 657).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Inconstitucionalidade. Ação direta. Arts. 8º, I, 9º, §5º, incs. I e II, e §4º, 11, caput e §§ 1º,
2º, 3º, 4º, 5º e 6º, 12, 19, 30, § único, 32, caput e §§1º e 2º, 33, § único, incs. II e III, e 37,
caput, incs. I e II, §1º e inc. II, e §3º, da Lei Federal nº 10.671/2003. Estatuto de Defesa do
Torcedor. Esporte. Alegação de incompetência legislativa da União, ofensa à autonomia das
entidades desportivas, e de lesão a direitos e garantias individuais. Vulneração dos arts. 5º,
incs. X, XVII, XVIII, LIV, LV e LVII, e §2º, 18, caput, 24, inc. IX e §1º, e 217, inc. I, da
CF. Não ocorrência. Normas de caráter geral, que impõem limitações válidas à autonomia
relativa das entidades de desporto, sem lesionar direitos e garantias individuais. Ação
julgada improcedente. São constitucionais as normas constantes dos arts. 8º, I, 9º, §5º, incs.
I e II, e §4º, 11, caput e §§ 1º, 2º, 3º, 4º, 5º e 6º, 12, 19, 30, § único, 32, caput e §§1º e 2º,
33, § único, incs. II e III, e 37, caput, incs. I e II, §1º e inc. II, e §3º, da Lei Federal nº
10.671/2003, denominada Estatuto de Defesa do Torcedor. ADI 2937, Rel. Min. Cezar
Peluso, 23.2.2012. (Informativo 655).
1. A Constituição define que o estado de origem será o sujeito ativo do ICMS nas operações
interestaduais aos consumidores finais que não forem contribuintes desse imposto, mas a
legislação atacada subverte essa ordem (art. 155, §2º, II, b da Constituição). 2. Os entes
federados não podem utilizar sua competência legislativa privativa ou concorrente para
retaliar outros entes federados, sob o pretexto de corrigir desequilíbrio econômico, pois tais
tensões devem ser resolvidas no foro legítimo, que é o Congresso Nacional (arts. 150, V e
152 da Constituição). 3. Compete ao Senado definir as alíquotas do tributo incidente sobre
as operações interestaduais. 4. A tolerância à guerra fiscal tende a consolidar quadros de
difícil reversão. ADI 4705 Referendo - MC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.2.2012.
(Informativo 655).
Em seguida, o Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, proposta pelo
Procurador Geral da República, para atribuir interpretação conforme a Constituição aos
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de romper com o estado de submissão. ADI 4424, Rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012.
(Informativo 654).
Entendeu-se não ser aplicável aos crimes glosados pela lei discutida o que disposto na Lei
9.099/95, de maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve
ou culposa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria
pública incondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer a necessidade de
representação para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça e os
cometidos contra a dignidade sexual. Consignou-se que o Tribunal, ao julgar o HC
106212/MS (DJe de 13.6.2011), declarara, em processo subjetivo, a constitucionalidade do
art. 41 da Lei 11.340/2006, no que afastaria a aplicação da Lei dos Juizados Especiais
relativamente aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista. ADI 4424, Rel. Min. Marco Aurélio, 9.2.2012.
(Informativo 654).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Ausência de omissão por parte do Chefe do Poder Executivo federal em razão do elevado
número de programas governamentais para a área da educação. 3. A edição da Lei n.
9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e da Lei n. 10.172/2001
(Aprova o Plano Nacional de Educação) demonstra atuação do Poder Público dando
cumprimento à Constituição. ADI 1698, Rel. Min. Cármen Lúcia, 25.2.10. Pleno.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(Informativo 576).
Por vislumbrar aparente usurpação da competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações (CF: “Art. 21: Compete à União: ... XI – explorar, diretamente ou
mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos
termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais”), o Plenário deferiu pedido de medida cautelar
em ação direta de inconstitucionalidade, proposta pela Associação das Operadoras de
Celulares - Acel, a fim de suspender a eficácia da Lei 4.084/2011, do Estado de Mato
Grosso do Sul. A norma impugnada versa sobre a validade de créditos alusivos à telefonia
móvel. O Min. Gilmar Mendes aventou a possibilidade de converter-se a liminar em exame
de mérito, principalmente, nas hipóteses a envolver competência legislativa e matérias já
pacificadas na Corte. Destacou-se que, na espécie, isso não seria possível, porquanto
ausentes, nos autos, as manifestações do Procurador-Geral da República e do Advogado-
Geral da União. ADI 4715 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 7.2.2013. Plenário
(Informativo 694).
Com base no fundamento acima expendido, o Plenário deferiu medida cautelar em ação
direta de inconstitucionalidade, ajuizada pela Associação Brasileira de Concessionárias de
Serviço Telefônico Fixo Comutado - Abrafix, para suspender a eficácia da Lei 14.150/2012,
do Estado do Rio Grande do Sul. A norma questionada veda a cobrança de assinatura básica
pelas concessionárias de telefonias fixa e móvel naquela unidade federativa. O Min.
Ricardo Lewandowski, relator, salientou que o processo não estaria aparelhado para que
houvesse pronunciamento sobre o mérito da ação. ADI 4907 MC/DF, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 7.2.2013. Plenário (Informativo 694).
Na mesma linha acima referida, o Plenário deferiu pedido de medida cautelar em ação
direta de inconstitucionalidade, ajuizada pela Associação Brasileira das Prestadoras de
Serviços de Telecomunicações Competitivas - Telecomp, para suspender a eficácia da
vigência dos artigos 1º a 4º da Lei 2.659/2011, do Estado de Rondônia. O ato normativo
obriga empresa concessionária de serviços de telefonia celular a fornecer, mediante
solicitação, informações sobre a localização de aparelhos de clientes à polícia judiciária
estadual, ressalvado o sigilo do conteúdo das ligações telefônicas. O Min. Teori Zavascki
acompanhou a conclusão, porém, por fundamento diverso. Entreviu não se tratar de lei a
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Ante a ilegitimidade de amicus curiae para interpor recursos, o Plenário não conheceu de
embargos de declaração do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza -
Sindifort opostos contra acórdão de improcedência do pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade contra dispositivos da Lei 11.738/2008, a tratar do piso salarial
nacional para os profissionais do magistério público da educação básica — v. Informativos
622 e 624. Ademais, por maioria, recebeu embargos declaratórios, apresentados pelos
Governadores dos Estados de Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, de Santa
Catarina e do Ceará, para definir a eficácia da norma a partir de 27.4.2011, data em que
resolvida a matéria de fundo. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio que os acolhia em
maior extensão. O Colegiado, ainda, julgou prejudicado agravo regimental interposto pelo
Governador do Estado do Rio Grande do Sul contra a parte final de despacho em que
determinada a observância, entrementes, do que decidido na Rcl 2576/SC (DJe de
20.8.2004). Naquele despacho, fora concedida vista dos autos à União, ao Congresso
Nacional e ao Procurador-Geral da República para se manifestarem. Ao aceitar proposta do
Ministério Público Federal, ordenou-se a correção de erro material constante na ementa do
acórdão impugnado, a fim de que a expressão "ensino médio" fosse substituída por
"educação básica". Além disso, determinou-se a retificação da ata do julgamento para
registrar que o pleito não fora conhecido quanto aos artigos 3º e 8º da mencionada lei, por
perda superveniente de objeto. ADI 4167 AgR/DF e Primeiros a Quintos ED/DF, rel. Min.
Joaquim Barbosa, 27.2.2013. Plenário (Informativo 696).
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O Min. Teori Zavascki rememorou ter havido medida liminar em que o STF dera
interpretação conforme no sentido de considerar como piso o total da remuneração, e não o
vencimento básico. Complementou que, durante a vigência da liminar, até por força de
normas constitucionais, as administrações públicas envolvidas, dos estados-membros e da
União, tiveram que pautar a programação fiscal e, portanto, a aprovação de suas leis
orçamentárias de acordo com a medida concedida pelo STF. Pontuou que a decisão desta
Corte, em caráter definitivo, aplicar-se-ia a partir da data correspondente à revogação da
liminar. O Min. Ricardo Lewandowski sublinhou que a solução dada seria compatível com
a segurança jurídica. O Min. Marco Aurélio, ao prover os embargos em maior extensão,
concluía que, presente o ADCT, a lei encerraria piso nacional para os professores
consubstanciado na totalidade do que percebido. ADI 4167 AgR/DF e Primeiros a Quintos
ED/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 27.2.2013. Plenário (Informativo 696).
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de adequação ao que decidido por esta Corte, poderia inviabilizar a continuidade dos
serviços públicos prestados, bem como ocasionar incerteza jurídica e problemas
substanciais aos usuários. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que não implementava
a modulação. ADI 1842/RJ, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, 6.3.2013. Plenário. (Informativo 697).
Em conclusão, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta,
ajuizada pelo Governador do Estado de Santa Catarina, para declarar a
inconstitucionalidade da Lei estadual 11.560/2000, que torna obrigatório o fornecimento de
água potável pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – Casan, com caminhão-
pipa, sempre que houver interrupção no fornecimento normal. A norma adversada prevê,
também, o cancelamento automático da cobrança da conta referente ao mês em que
ocorrido o não fornecimento, ainda que eventual — v. Informativos 489 e 588. Na espécie,
salientou-se que haveria duas questões essenciais a serem enfrentadas: a) se a distribuição
de água constituiria ou não serviço de natureza local, de competência dos municípios; e b)
se no regime de concessão, o estabelecimento de normas quanto ao serviço concedido
constituiria atribuição privativa do poder concedente ou se a matéria poderia ser
disciplinada por lei estadual, uma vez que o Estado de Santa Catarina deteria o controle do
capital social da prestadora do serviço. Asseverou-se que a competência para legislar sobre
assuntos locais que a Constituição atribuiria aos municípios (art. 30, I) incluiria a
distribuição de água potável. Destacou-se que, em face da ideia da preponderância do
interesse, a realização de determinada tarefa haveria de ser atribuída ao ente federativo
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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capaz de atender, de modo mais efetivo, ao interesse comum, consentâneo com o princípio
da subsidiariedade, a reger as relações entre os entes da Federação. Aduziu-se que o Estado
de Santa Catarina não poderia substituir-se aos municípios que contrataram com a Casan.
Sequer poderia determinar àquela companhia, ainda que mediante lei estadual, o
fornecimento de água em caminhões-pipa. Afirmou-se que o ente federativo tampouco
poderia instituir isenção tarifária a favor dos usuários. O modo e a forma de prestação dos
serviços configurariam normas de caráter regulamentar, cuja elaboração seria de
competência exclusiva do poder concedente, ao passo que a remuneração destes estaria
condicionada ao equilíbrio econômico-financeiro das concessões. ADI 2340/SC, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 6.3.2013. Plenário. (Informativo 697).
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Preliminarmente, acolheu-se questão de ordem suscitada pelo Min. Marco Aurélio, para se
apreciar primeiro o art. 100 da CF e, em seguida, o art. 97 do ADCT. Vencidos os Min.
Gilmar Mendes, Celso de Mello e Joaquim Barbosa, Presidente, que propugnavam pela
continuidade de julgamento sem a separação das matérias disciplinadas nos referidos
dispositivos. No tocante ao art. 100, § 2º, da CF [“Os débitos de natureza alimentícia cujos
titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou
sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência
sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para fins
do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o
restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório”], assinalou-se que
a emenda, em primeira análise, criara benefício anteriormente inexistente para os idosos e
para os portadores de deficiência, em reverência aos princípios da dignidade da pessoa
humana, da razoabilidade e da proporcionalidade. Entretanto, relativamente à expressão “na
data da expedição do precatório”, entendeu-se haver transgressão ao princípio da igualdade,
porquanto a preferência deveria ser estendida a todos credores que completassem 60 anos
de idade na pendência de pagamento de precatório de natureza alimentícia. No ponto, o
Min. Luiz Fux reajustou o seu voto para acompanhar o Relator. ADI 4357/DF e 4425/DF,
rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14.3.2013. Plenário.
(Informativo 698).
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nos editais publicados para cada leilão; IX - a quitação parcial dos precatórios será
homologada pelo respectivo Tribunal que o expediu”). ADI 4357/DF e 4425/DF, rel. orig.
Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 13 e 14.3.2013. Plenário. (Informativo
698).
Vencidos os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que julgavam o
pedido improcedente. O Min. Teori Zavascki apontava que o parâmetro para aferição de
inconstitucionalidade de emenda constitucional estaria restrito às cláusulas pétreas (CF, art.
60, § 4º), respeitado o processo legislativo próprio. Observados esses limites, o poder
constituinte reformador seria soberano. Considerava que a EC 62/2009 não teria aptidão
para abolir, ainda que parcialmente, qualquer dos princípios protegidos no dispositivo
constitucional citado. Frisava que eventual declaração de inconstitucionalidade do novo
regime de pagamento de precatórios significaria retorno ao sistema antigo, perverso para os
credores, na medida em que vincularia a satisfação dos débitos à conveniência da Fazenda e
tornaria as obrigações contraídas sem prazo e sem sanção. Assim, a EC 62/2009 não
significaria retrocesso institucional, mesmo porque ela deveria ser avaliada à luz do regime
anterior, não de um regime ideal. Salientava que os avanços obtidos no art. 100 da CF
seriam escassos em relação ao texto pretérito. O Min. Dias Toffoli sublinhava que a EC
62/2009 não atingiria a coisa julgada, pois não haveria mudança no quantum debeatur.
Ademais, lembrava que a Corte decidira que todo processo a envolver precatórios seria
administrativo, sem interferência no âmbito jurisdicional (ADI 1098/SP, DJU de 25.10.96).
O Min. Gilmar Mendes, ao reiterar posicionamento externado em assentada anterior,
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Arrematou-se que os lucros auferidos no exterior seriam tributados nos termos da Medida
Provisória 2.158-35/2001 a partir de 1º.1.2002, quanto ao IRPJ, e após 24.11.2001, no que
concerne à CSLL. De outro lado, os fatos havidos antes desses períodos submeter-se-iam à
legislação anterior. Observou-se empate no tocante à situação de empresas coligadas em
“paraísos fiscais” e controladas fora de “paraísos fiscais”. Os Ministros Marco Aurélio,
Sepúlveda Pertence, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello emprestavam ao art. 43, § 2º,
do CTN, interpretação conforme a Constituição, para excluir alcance que resultasse no
desprezo da disponibilidade econômica e jurídica da renda. Além disso, declaravam a
inconstitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória 2.158-35/2001. ADI 2588/DF, rel.
orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, 10.4.2013. Plenário.
(Informativo 701).
Por não vislumbrar ofensa ao art. 37, II, da CF, o Plenário, por maioria, indeferiu pedido
formulado em medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pelo
Governador do Estado de Santa Catarina, contra o inciso II do art. 14 da Constituição
estadual. O preceito questionado estabelece, como instrumento de gestão democrática, a
participação no conselho de administração e na diretoria de empresas públicas, sociedades
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da federação, a fim de facilitar o acesso desses dados pelo público. Observou-se que os
documentos declinados no art. 1º da norma adversada já seriam de publicação obrigatória
nos veículos oficiais de imprensa das diversas entidades federativas. Ademais, apontou-se
que a lei não criaria qualquer ônus novo na seara das finanças públicas, bem como não
haveria qualquer penalidade pelo eventual descumprimento — como aquelas relativas às
hipóteses de intervenção federal previstas na Constituição — ou, ainda, sanções
estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal. ADI 2198/PB, rel. Min. Dias Toffoli,
11.4.2013. Plenário. (Informativo 701).
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O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada, pelo
Procurador-Geral da República, contra a Lei 8.027/2003, que autorizou o parcelamento de
multa vencida, resultante de infração de trânsito, e sua norma regulamentadora, Decreto
3.404/2004, ambos do Estado de Mato Grosso. Neste, autorizou-se que a penalidade de
multa vencida, resultante de infração, pudesse ser dividida. Rejeitou-se preliminar de não
conhecimento do Decreto 3.404/2004, porquanto se trataria de norma regulamentadora da
lei questionada. No mérito, ante a usurpação de competência legislativa privativa da União,
declarou-se a inconstitucionalidade da Lei 8.027/2003 e, por arrastamento, do referido
decreto. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, Presidente, que
julgavam improcedente o pleito ao fundamento de que as normas seriam um esforço do
Poder Público em arrecadar o valor das multas. Observavam que os diplomas não tratariam
de trânsito, mas de receita. ADI 3708/MT, rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. Plenário.
(Informativo 701).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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O Plenário, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ação direta proposta, pelo
Procurador-Geral da República, contra a Lei fluminense 3.279/99, que dispõe sobre o
cancelamento de multas de trânsito. Concluiu-se pela afronta à regra de competência
privativa da União para legislar sobre a matéria (CF, art. 22, XI). Vencidos os Ministros
Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, Presidente, que julgavam o pedido improcedente.
Aquele destacava não se tratar de parcelamento, mas, cancelamento direcionado a certos
veículos. ADI 2134/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. Plenário. (Informativo 701).
O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada contra a Lei
3.874/2002, do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre a comercialização de produtos
por meio de vasilhames, recipientes ou embalagens reutilizáveis. Afastou-se alegação de
inconstitucionalidade formal da norma, por suposto vício de competência legislativa, pois
esta seria concorrente dos estados-membros, do Distrito Federal e da União, no tocante à
defesa do consumidor. Frisou-se que o diploma não disciplinaria matéria de direito de
marcas e patentes ou relacionada à propriedade intelectual. Lembrou-se que a Corte
apreciara lei de redação idêntica em outra oportunidade (ADI 2359/ES, DJe de 7.12.2006) e
também julgara improcedente aquele pleito, haja vista o disposto no art. 24, V e VIII, da
CF. ADI 2818/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 9.5.2013. Plenário. (Informativo 705).
O estado-membro não tem competência para legislar sobre uso de armas de fogo
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apreendidas. Com base nessa orientação, o Plenário julgou procedente pedido formulado
em ação direta, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 11.060/2002, do Estado de São
Paulo. A norma impugnada dispõe sobre o uso, pelas polícias civil e militar da referida
entidade federativa, das armas de fogo apreendidas. De início, ressaltou-se que a existência
de regulamentação federal sobre a matéria (Estatuto do Desarmamento) não impediria a
análise em abstrato do diploma atacado com base exclusivamente no texto constitucional.
Aduziu-se, na sequência, que a lei paulista possuiria peculiaridade, porquanto teria previsto
que a transferência das armas de fogo ocorreria nos termos da legislação federal em vigor.
Destacou-se que, ao assim proceder, a norma em tela incorporaria ao ordenamento jurídico
estadual regras de competência privativa da União, a quem caberia legislar sobre comércio
de material bélico e direito processual penal. Asseverou-se que o estado-membro não
possuiria qualquer relação com o tema, de maneira que não lhe seria permitido utilizar-se
da técnica de remissão à lei federal, distinto do que aconteceria se envolvida matéria de
competência comum. O Min. Marco Aurélio consignou a impropriedade da manifestação
do Advogado-Geral da União na defesa do ato questionado. Precedentes citados: AI 189433
AgR/RJ (DJU de 21.11.97); ADI 2035 MC/RJ (DJU de 4.8.2000); ADI 3258/RO (DJe de
9.9.2005); RE 372462 AgR/DF (DJe de 15.10.2010). ADI 3193/SP, rel. Min. Marco
Aurélio, 9.5.2013. Plenário. (Informativo 705).
Por ofensa ao art. 37, II, da CF, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação
direta ajuizada contra a EC 38/2005, do Estado do Acre, que efetivara todos os servidores
públicos admitidos, naquele ente federado, sem concurso público até 31.12.94. Asseverou-
se que a investidura em cargo ou emprego público dependeria da prévia aprovação em
concurso público desde a promulgação da CF/88, e não a partir de qualquer outro marco
fundado em lei estadual. Salientou-se que a situação daqueles que tivessem ingressado no
serviço público antes da CF/88 deveria observar o disposto no art. 19 do ADCT, se cabível.
O Min. Marco Aurélio registrou competir à Advocacia-Geral da União, exclusivamente,
defender o ato adversado em sede de controle concentrado de constitucionalidade. Em
seguida, o Min. Dias Toffoli, relator, acompanhado pelos Ministros Teori Zavascki, Rosa
Weber, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello, votou no
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sentido de dar efeitos prospectivos à decisão, de modo que somente produzisse seus efeitos
a partir de doze meses contados da data da publicação da ata de julgamento. Ponderou que
se trataria de mais de onze mil servidores, que atuariam em diversas áreas essenciais, como
saúde, educação e segurança. Assim, impenderia fornecer tempo hábil à realização de
concurso público, nomeação e posse de novos profissionais, para que a população não fosse
prejudicada. Anotou, ainda, que o lapso de doze meses proposto teria fundamento em dois
precedentes do STF a versar matéria semelhante, num deles fixado período idêntico (ADI
4125/TO, DJe de 15.2.2011); no outro, de apenas seis meses (ADI 3819/MG, DJe de
28.3.2008). Por sua vez, o Min. Joaquim Barbosa, Presidente, não modulou os efeitos da
decisão. Asseverou que entendimento contrário incentivaria o descumprimento da
Constituição. Após, deliberou-se suspender o julgamento para que fossem colhidos os votos
dos demais Ministros. ADI 3609/AC, rel. Min. Dias Toffoli, 15 e 16.5.2013. Plenário.
(Informativo 706).
O Plenário, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ação direta contra o art. 29
da Lei 6.555/2004, do Estado de Alagoas, na parte em que autoriza o parcelamento de
débitos oriundos de multas de trânsito, inclusive os inscritos em dívidas ativas. Reputou-se
que, na esteira da jurisprudência da Corte, a norma questionada estaria em conflito com o
art. 22, XI, da CF, segundo o qual competiria privativamente à União legislar sobre trânsito
e transporte. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que julgava procedente o pedido em
menor extensão. Admitia o parcelamento por entender tratar-se de receita do estado-
membro. Sublinhava, no entanto, que o legislador alagoano teria adentrado no campo do
direito processual, ao prever, no § 4º do art. 29 da norma impugnada, que “o pleito de
parcelamento do débito implica, em si, a desistência, a renúncia a processo, a pretensão já
submetida ao Judiciário”. Assentava, assim, a inconstitucionalidade do aludido preceito.
ADI 4734/AL, rel. Min. Rosa Weber, 16.5.2013. Plenário. (Informativo 706).
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Ressaltou-se que o art. 45, § 1º, da Lei Orgânica dos Partidos Políticos vedaria, na
propaganda partidária, a participação de pessoa filiada a partido que não o responsável pelo
programa e a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos. Além disso,
impediria a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos, e a utilização de imagens ou
cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que pudessem
distorcer ou falsear os fatos ou a sua comunicação. Apontou-se que essas proibições
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O Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para declarar a
Quanto ao art. 4º, asseverou-se que a extinção de cargos públicos, efetivos ou em comissão
não poderia ser tratada por norma genérica inserida na Constituição estadual. Esse tema
pressuporia lei específica nesse sentido, a dispor quantos e quais cargos seriam extintos.
Destacou-se que o dispositivo apresentaria inconstitucionalidade formal, ou seja, vício de
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No que concerne ao art. 6º, registrou-se que, em virtude do art. 4º, a inconstitucionalidade
dos termos expungidos seria mera consequência daquele primeiro vício, pois a extinção do
cargo não poderia ocorrer por ato administrativo. Relativamente ao parágrafo único do art.
6º (“Governador do Estado poderá delegar atribuições para a prática dos atos previstos
neste artigo”), explicitou-se que a delegação só poderia ocorrer no âmbito do Poder
Executivo, porque essa transferência de atribuições, pelo Governador, de atos de
competência exclusiva do Judiciário ou do Legislativo configuraria ingerência indevida nos
demais Poderes. Ato contínuo, ao cuidar do art. 7º, consignou-se que, embora a alínea a
tivesse sofrido alteração pela EC 14/97 do ente federativo, a revogação do texto impugnado
não prejudicaria a ação direta. No entanto, somente teria motivo para ser mantida íntegra se
subsistisse o art. 4º, pois guardaria inteira dependência normativa com ele. A respeito da
alínea b, registrou-se inexistir razão para declará-la inconstitucional, uma vez que disporia
sobre a vigência de dispositivo considerado constitucional. ADI 1521/RS, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 19.6.2013. Plenário. (Informativo 711).
Em conclusão, o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar
a inconstitucionalidade da expressão "com porte de arma, independente de qualquer ato
formal de licença ou autorização", contida no art. 88 da Lei Complementar 240/2002, do
Estado do Rio Grande do Norte. A norma impugnada dispõe sobre garantias e prerrogativas
dos Procuradores do Estado. Na sessão de 16.11.2005, o Plenário assentou a
inconstitucionalidade do inciso I e §§1º e 2º do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art.
87 da aludida lei - v. Informativo 409. Na presente assentada, conclui-se o exame do pleito
remanescente relativo ao art. 88, que autoriza o porte de arma aos integrantes daquela
carreira. Asseverou-se que, se apenas à União fora atribuída competência privativa para
legislar sobre matéria penal, somente ela poderia dispor sobre regra de isenção de porte de
arma. Em acréscimo, o Min. Gilmar Mendes ressaltou que o registro, a posse e a
comercialização de armas de fogo e munição estariam disciplinados no Estatuto do
Desarmamento (Lei 10.826/2003). Esse diploma criara o Sistema Nacional de Armas -
Sinarm e transferira à Polícia Federal diversas atribuições até então executadas pelos
estados-membros, com o objetivo de centralizar a matéria em âmbito federal. Mencionou
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Por ofensa ao princípio da ampla acessibilidade aos cargos públicos (CF, art. 37, II), o
Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, julgou procedente pedido formulado
em ação direta para declarar a inconstitucionalidade do §§ 1º ao 5º do artigo 27 da Lei
10.961/1992, do Estado de Minas Gerais, que dispõem sobre o acesso como forma de
provimento dos cargos públicos naquela unidade federativa — v. Informativo 726.
Apontou-se que a norma impugnada permitiria que o procedimento de acesso viabilizasse a
investidura em cargo de carreira diversa por meio de provimento derivado. Asseverou-se
não haver base constitucional para manter na norma estadual o instituto do acesso a novas
carreiras por seleções internas. Ponderou-se que essa forma de provimento privilegiaria
indevidamente uma categoria de pretendentes que já possuia vínculo com a Administração
estadual, em detrimento do público externo. Destacou-se que a norma estaria em
antagonismo com o postulado da universalidade que, por imposição constitucional, deveria
reger os procedimentos seletivos destinados à investidura em cargos, funções ou empregos
públicos. Vencido, em parte, o Ministro Marco Aurélio, que dava parcial provimento ao
pedido. Aduzia que o concurso público para ingresso na carreira significaria tratamento
igualitário àqueles que se apresentassem para o certame. Frisava que a ordem jurídica
constitucional não protegeria a movimentação vertical do servidor, apenas a horizontal, ou
seja, dentro da mesma carreira. Afastava a interpretação da norma que contemplasse a
denominada movimentação vertical. ADI 917/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
acórdão Min. Teori Zavascki, 6.11.2013. Plenário. (Informativo 727).
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confirmação final do voto pelo eleitor, a urna eletrônica imprimirá um número único de
identificação do voto associado à sua própria assinatura digital. § 3º O voto deverá ser
depositado de forma automática, sem contato manual do eleitor, em local previamente
lacrado. § 4º Após o fim da votação, a Justiça Eleitoral realizará, em audiência pública,
auditoria independente do software mediante o sorteio de 2% (dois por cento) das urnas
eletrônicas de cada Zona Eleitoral, respeitado o limite mínimo de 3 (três) máquinas por
município, que deverão ter seus votos em papel contados e comparados com os resultados
apresentados pelo respectivo boletim de urna. § 5º É permitido o uso de identificação do
eleitor por sua biometria ou pela digitação do seu nome ou número de eleitor, desde que a
máquina de identificar não tenha nenhuma conexão com a urna eletrônica”]. ADI 4543/DF,
rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. Plenário. (Informativo 727).
Asseverou-se que, nos termos do caput da norma questionada, seria permitido ao eleitor
conferir seu voto, pois associado o conteúdo desse ato de cidadania com a assinatura digital
da urna. Entretanto, anotou-se que a inviolabilidade e o segredo do voto suporiam a
impossibilidade de se ter, no exercício do voto ou no próprio voto, qualquer forma de
identificação pessoal. Registrou-se, ademais, que o sigilo da votação também estaria
comprometido caso ocorresse falha na impressão ou travamento de papel na urna
eletrônica, visto que necessária intervenção humana para resolver o problema, o que
exporia os votos registrados até então. Além disso, em eventual pedido de recontagem, seria
novamente possível a identificação dos eleitores. Salientou-se que a introdução de
impressoras potencializaria falhas e impediria o transcurso regular dos trabalhos nas
diversas seções eleitorais. O módulo impressor, além de apresentar problemas de conexão,
seria vulnerável a fraudes. Ademais, haveria a possibilidade de cópia, adulteração e troca de
votos decorrente da votação impressa. Seria também maior a vulnerabilidade do sistema,
porque o voto impresso não atingiria o objetivo de possibilitar a recontagem e a auditoria.
ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. Plenário. (Informativo 727).
Lembrou-se que o voto impresso teria sido anteriormente previsto, por força da Lei
10.408/2002, mas não teria sido levado a efeito em razão das dificuldades jurídicas e
materiais constatadas. Por esse motivo, promulgara-se a Lei 10.740/2003, que abandonara
aquele modelo, segundo o qual o voto digital era impresso e depositado em urna lacrada.
Rememorou-se, ademais, que a partir da implementação paulatina do voto eletrônico, desde
1996, abandonara-se a impressão de votos, para incrementar o segredo desse ato, conforme
assegurado na Constituição. A respeito, discorreu-se que o segredo do voto seria conquista
destinada a garantir a inviolabilidade do querer democrático do eleitor e a intangibilidade
do seu direito por qualquer forma de pressão. Registrou-se que a história do País conteria
diversos vícios nos processos eleitorais, que teriam sido consideravelmente atenuados com
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Frisou-se que, se o ato de votar seria próprio, não haveria necessidade de prová-lo ou de
prestar contas. Corroborou-se que o sistema seria dotado de segurança incontestável, como
reiteradamente demonstrado. Acentuou-se que eventual vulneração do segredo do voto
comprometeria não apenas o art. 14 da CF (“A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da
lei, mediante: ...”), mas também o art. 60, § 4º, II (“§ 4º - Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: ... II - o voto direto, secreto, universal e periódico”),
que é núcleo imodificável do sistema. Acresceu-se que o § 2º do dispositivo questionado
retiraria o segredo do voto, pois o número de identificação associado à assinatura digital
poderia favorecer a coação de eleitores pela possibilidade de vincular o voto a
compromissos espúrios. O eleitor seria identificado e poderia ser compelido a comprovar
sua ação na cabine de votação. Explicou-se que o sistema atual permitiria que o resultado
fosse transmitido às centrais sem a identificação do eleitor e com alteração sequencial dos
eleitores a cada sessão, a reforçar o segredo. Sublinhou-se, ademais, que a impressão do
voto criaria discrímen em relação às pessoas com deficiência visual e aos analfabetos, que
não teriam como identificar seus votos, razão pela qual pediriam ajuda de terceiros, em
violação ao direito de sigilo constitucionalmente assegurado. Destacou-se o princípio “um
eleitor, um voto”, conquista recente que seria reforçada no sistema eletrônico, pois somente
seria aberta a urna após a identificação do eleitor, que não seria substituído e não votaria
mais de uma vez. Entretanto, vedada a conexão entre o instrumento de identificação e a
respectiva urna, nos termos da lei questionada, possibilitar-se-ia a permanência da abertura
da urna, e o eleitor poderia votar mais de uma vez, a contrariar a garantia da unidade eleitor
e voto. Esse princípio sustentaria a democracia representativa, haja vista que asseguraria a
correlação entre o conteúdo das urnas e a vontade do eleitorado. ADI 4543/DF, rel. Min.
Cármen Lúcia, 6.11.2013. Plenário. (Informativo 727).
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O Plenário referendou medida acauteladora concedida pelo Ministro Dias Toffoli, relator,
em arguição de descumprimento de preceito fundamental, com o fim de determinar a
suspensão do trâmite legislativo do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de estado-
membro, alusivo a 2014. No caso, o PLOA fora encaminhado à Assembleia Legislativa sem
a consolidação de proposta orçamentária da Defensoria Pública estadual, cuja despesa
prevista fora reduzida unilateralmente pela chefia do Executivo local. Além disso, a
Defensoria Pública fora incluída, no mesmo ato, dentre as secretarias do Executivo. O
Tribunal afirmou que a Defensoria Pública possuiria autonomia orçamentária, nos termos
do art. 134, § 2º, da CF (§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia
funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º).
Asseverou, ainda, que a inclusão do órgão dentre as secretarias do Executivo estadual
afrontaria essa autonomia. Destacou que a proposta inicialmente encaminhada pela
Defensoria Pública estaria de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias estadual.
Acresceu que a medida adequada a ser tomada pelo Executivo, na hipótese, seria pleitear
reduções orçamentárias perante o Legislativo, para que a matéria fosse lá debatida. Assim,
o PLOA deveria ser encaminhado à Assembleia Legislativa com a proposta orçamentária da
Defensoria Pública, como órgão autônomo e nos valores por ela aprovados. O Ministro
Teori Zavascki, ao acompanhar o Colegiado, ressalvou seu entendimento pessoal quanto à
legitimação ativa da Associação Nacional dos Defensores Públicos - Anadep, bem assim
quanto à eventual inexistência de preceito fundamental violado. ADPF 307 Referendo-
MC/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 19.12.2013. Plenário. (Informativo 733).
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Constituição atual. Analisou que a inovação da matéria ocorrera a partir dos convênios
impugnados nesta ação direta. ADI 310/AM, rel. Min. Cármen Lúcia, 19.2.2014. Plenário.
(Informativo 736).
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as operações de saída de mercadorias para aquela área de livre comércio, sob pena de se
proceder a uma redução do quadro fiscal expressamente mantido por dispositivo
constitucional específico. Realçou, ainda, o advento da EC 42/2003, que tornara explícito o
reconhecimento da não incidência sobre serviços prestados a destinatários no exterior, e
abandonara a subdivisão dos produtos industrializados presente na Constituição (art. 155, §
2º, X, a). Além disso, a aludida emenda assentara a não incidência do ICMS sobre
mercadorias destinadas ao exterior, nos termos do art. 4º do Decreto-Lei 288/1967. Por fim,
concluiu que a incidência do ICMS determinada nas situações previstas nos convênios
questionados gerara redução da eficácia real do art. 40 do ADCT. ADI 310/AM, rel. Min.
Cármen Lúcia, 19.2.2014. Plenário. (Informativo 736).
O Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para declarar a
inconstitucionalidade do art. 272 da Constituição do Estado de Rondônia (Os Ex-Deputados
da Assembleia Legislativa que forem servidores públicos, vencida a legislatura, optarão
pelo seu retorno ao órgão de origem ou ficarão em disponibilidade). O Colegiado
consignou, ainda, o prejuízo do pleito quanto aos artigos 101, que estipula as funções
institucionais do Ministério Público; e 102, IV, que dispõe sobre aposentadoria voluntária
de membros do Ministério Público da referida Constituição estadual. Ademais, também
julgou prejudicado o pedido em relação ao art. 37 do ADCT estadual, que concede anistia
de dívida entre a Assembleia Legislativa e o Instituto de Previdência do Estado de
Rondônia - IPERO, até o mês de março de 1989. ADI 119/RO, rel. Min. Dias Toffoli,
19.2.2014. Plenário. (Informativo736).
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O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para confirmar medida
cautelar e declarar a inconstitucionalidade do art. 40 do ADCT da Constituição do Estado
de Minas Gerais (Fica assegurada isonomia de remuneração entre os servidores das
entidades Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais e Banco de Desenvolvimento de
Minas Gerais para os cargos, empregos e funções de atribuições iguais ou assemelhadas). O
Tribunal consignou que as empresas em questão estariam sujeitas a regime trabalhista,
razão pela qual o constituinte estadual não poderia tratar de temática relativa a direito do
trabalho no âmbito de empresas públicas e de sociedades de economia mista. ADI 144/RN,
rel. Min. Gilmar Mendes, 19.2.2014. Plenário. (Informativo 736).
O Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta para declarar a
inconstitucionalidade da expressão pelo prazo máximo de um ano, contida no art. 90, § 3º,
da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, e reconhecer a não recepção, pela
Constituição de 1988, da expressão com vencimentos e vantagens integrais, disposta no
mesmo preceito, tendo em vista a redação dada pela EC 19/1998 ao dispositivo
constitucional paradigma. A norma impugnada versa sobre o instituto da disponibilidade
remunerada de servidores públicos (Art. 90 - São estáveis, após dois anos de efetivo
exercício, os servidores nomeados em virtude de concurso público. ... § 3º - Ocorrendo
extinção do cargo, o funcionário estável ficará em disponibilidade remunerada, com
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vencimentos e vantagens integrais, pelo prazo máximo de um ano, até seu aproveitamento
obrigatório em função equivalente no serviço público). O Tribunal aduziu que a EC
19/1998 teria alterado substancialmente parte do art. 41, § 3º, da CF, o qual configuraria
paradigma de controle na presente ação. Destacou jurisprudência no sentido da necessidade
da adoção de dois juízos subsequentes pela Corte. O primeiro entre o preceito impugnado e
o texto constitucional vigente na propositura da ação, com o fim de se verificar a existência
de compatibilidade entre ambos, ou seja, juízo de constitucionalidade. O segundo entre o
artigo questionado e o parâmetro alterado, atualmente em vigor, com o objetivo de se
averiguar sua eventual recepção pelo texto constitucional superveniente. ADI 239/RJ, rel.
Min. Dias Toffoli, 19.2.2014. Plenário. (Informativo 736).
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O relator considerou que, em razão disso, bem como da multiplicação de decisões dotadas
de eficácia geral e do advento da Lei 9.882/1999, alterara-se de forma radical a concepção
que dominava sobre a divisão de Poderes, e seria comum no sistema a decisão com eficácia
geral, excepcional sob a EC 16/1965 e a CF/1967. Salientou serem inevitáveis, portanto, as
reinterpretações dos institutos vinculados ao controle incidental de inconstitucionalidade,
notadamente o da exigência da maioria absoluta para declaração de inconstitucionalidade e
o da suspensão de execução da lei pelo Senado Federal. Reputou ser legítimo entender que,
atualmente, a fórmula relativa à suspensão de execução da lei pelo Senado haveria de ter
simples efeito de publicidade, ou seja, se o STF, em sede de controle incidental, declarasse,
definitivamente, que a lei é inconstitucional, essa decisão teria efeitos gerais, fazendo-se a
comunicação àquela Casa legislativa para que publicasse a decisão no Diário do Congresso.
Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
O Ministro Teori Zavascki registrou que a discussão estaria polarizada em torno do sentido
e do alcance do art. 52, X, da CF. Observou que também deveria ser apreciada a temática
relativa à possibilidade, ou não, de concessão de eficácia “erga omnes” às decisões do STF,
de modo a reconhecer a inconstitucionalidade, mesmo quando proferidas no âmbito do
controle incidental. Entendeu que esse debate não seria, por si só, fator determinante do não
conhecimento ou da improcedência da reclamação. Asseverou que, ainda que se
reconhecesse que a resolução do Senado permaneceria com aptidão para conferir eficácia
“erga omnes” às decisões do STF que, em controle difuso, declarassem a
inconstitucionalidade de preceitos normativos, isso não significaria que essa aptidão
expansiva das decisões só ocorreria quando e se houvesse intervenção do Senado. Por outro
lado, ponderou que, ainda que as decisões da Corte, além das indicadas no art. 52, X, da
CF, tivessem força expansiva, isso não significaria que seu cumprimento pudesse ser
exigido por via de reclamação. Explicou que o direito pátrio estaria em evolução, voltada a
um sistema de valorização dos precedentes emanados dos tribunais superiores, aos quais se
atribuiria, com crescente intensidade, força persuasiva e expansiva. Demonstrou que o
Brasil acompanharia movimento semelhante ao de outros países nos quais adotado o
sistema da “civil law”, que se aproximariam, paulatinamente, de uma cultura do “stare
decisis”, própria do sistema da “common law”. Sublinhou a existência de diversas
453
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
previsões normativas que, ao longo do tempo, confeririam eficácia ampliada para além das
fronteiras da causa em julgamento. Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014.
Plenário. (Informativo 739).
O Ministro Teori Zavascki considerou, ainda, que certas decisões seriam naturalmente
dotadas de eficácia “ultra partes”, como aquelas produzidas no âmbito do processo coletivo.
Destacou, nesse sentido, o mandado de injunção, especialmente se levado em conta seu
perfil normativo-concretizador atribuído pela jurisprudência do Supremo. Sublinhou que as
sentenças decorrentes do mandado de injunção teriam o escopo de preencher, ainda que
provisoriamente, a omissão do legislador, razão pela qual seriam revestidas de
características reguladoras e prospectivas semelhantes às dos preceitos normativos. Frisou
que seria inimaginável admitir que, no âmbito da jurisdição injuntiva, fossem produzidas
soluções casuísticas e anti-isonômicas para situações semelhantes. Asseverou que o sistema
normativo pátrio atualmente atribuiria força “ultra partes” aos precedentes das Cortes
superiores, especialmente o STF. Reputou que esse entendimento seria fiel ao perfil
institucional atribuído ao STF, na seara constitucional, e ao STJ, no campo do direito
federal, que teriam, dentre suas principais finalidades, a de uniformização da jurisprudência
e a de integração do sistema normativo. Anotou que a força vinculativa dos precedentes do
STF fora induzida por via legislativa, cujo passo inicial fora a competência, atribuída ao
Senado, para suspender a execução das normas declaradas inconstitucionais, nos termos do
art. 52, X, da CF. Entretanto, assinalou que a resolução do Senado não seria a única forma
de ampliação da eficácia subjetiva das decisões do STF, porque diria respeito a área
limitada da jurisdição constitucional (apenas decisões declaratórias de
inconstitucionalidade). Haveria outras sentenças emanadas desta Corte, não
necessariamente relacionadas com o controle de constitucionalidade, com eficácia subjetiva
expandida para além das partes vinculadas ao processo. Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar
Mendes, 20.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
O Ministro Teori Zavascki registrou que a primeira dessas formas ocorrera com o sistema
de controle de constitucionalidade por ação, cujas sentenças seriam dotadas naturalmente
de eficácia “erga omnes” e vinculante, independentemente da intervenção do Senado.
Ademais, citou a criação das súmulas vinculantes e da repercussão geral das questões
constitucionais discutidas em sede de recurso extraordinário. Destacou, ainda, a modulação
de efeitos nos julgamentos do STF, o que significaria dispor sobre a repercussão de acórdão
específico a outros casos análogos. Lembrou que houvera modulação no “habeas corpus”
de que cuida a presente reclamação, para que não gerasse consequências jurídicas em
relação a penas já extintas. Sopesou, por outro lado, que nem todas essas decisões com
eficácia expansiva, além das englobadas pelo art. 52, X, da CF, ensejariam ajuizamento de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
reclamação, sob pena de a Corte se transformar em órgão de controle dos atos executivos
decorrentes de seus próprios acórdãos. Assinalou que o descumprimento de quaisquer deles
implicaria ofensa à autoridade das decisões do STF. Todavia, seria recomendável conferir
interpretação estrita a essa competência. Sob esse aspecto, a reclamação não poderia ser
utilizada como inadmissível atalho processual destinado a permitir, por motivos
pragmáticos, a submissão imediata do litígio ao exame direto desta Corte. Rcl 4335/AC,
rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
O Ministro Teori Zavascki concluiu que, sem negar a força expansiva de uma significativa
gama de decisões do STF, deveria ser mantida a jurisprudência segundo a qual, em
princípio, a reclamação somente seria admitida quando proposta por quem fosse parte na
relação processual em que proferida a decisão cuja eficácia se buscaria preservar. A
legitimação ativa mais ampla apenas seria cabível em hipóteses expressamente previstas,
notadamente a súmula vinculante e contra atos ofensivos a decisões tomadas em ações de
controle concentrado. Haveria de se admitir também a reclamação ajuizada por quem fosse
legitimado para propositura de ação de controle concentrado, nos termos do art. 103 da CF.
Entendeu que, no caso concreto, à luz da situação jurídica existente quando da propositura
da reclamação, ela não seria cabível. Porém, anotou que, no curso do julgamento, fora
editado o Enunciado 26 da Súmula Vinculante do STF (“Para efeito de progressão de
regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo de execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico”). Ponderou que, considerado esse fato superveniente, que deveria ser levado
em consideração à luz do art. 462 do CPC, impor-se-ia conhecer e deferir o pedido. Rcl
4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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sentido, a suposta mutação do art. 52, X, da CF não poderia prescindir da mudança de texto
da norma. Vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence, Joaquim Barbosa (Presidente),
Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio, que não conheciam da reclamação, mas concediam
“habeas corpus” de ofício para que o juízo de 1º grau examinasse os requisitos para
progressão de regime dos condenados. O Ministro Marco Aurélio registrava que as
reclamações exigiriam que o ato supostamente inobservado deveria ser anterior ao ato
atacado. Na situação dos autos, somente após a prática do ato reclamado surgira o verbete
vinculante. Ademais, reputava que não se poderia emprestar ao controle difuso eficácia
“erga omnes”, pois seria implementado por qualquer órgão jurisdicional. Rcl 4335/AC, rel.
Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. Plenário. (Informativo 739).
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta,
para declarar a inconstitucionalidade dos incisos I, II, IV e V do art. 7º da LC 100/2007, do
Estado de Minas Gerais (“Art. 7º Em razão da natureza permanente da função para a qual
foram admitidos, são titulares de cargo efetivo, nos termos do inciso I do art. 3º da Lei
Complementar nº 64, de 2002, os servidores em exercício na data da publicação desta lei,
nas seguintes situações: I - a que se refere o art. 4º da Lei nº 10.254, de 1990, e não
alcançados pelos arts. 105 e 106 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição do Estado; II - estabilizados nos termos do art. 19 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição da República; ... IV - de que trata a alínea ‘a’
do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.254, de 1990, admitidos até 16 de dezembro de 1998, desde a
data do ingresso; V - de que trata a alínea ‘a’ do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.254, de 1990,
admitidos após 16 de dezembro de 1998 e até 31 de dezembro de 2006, desde a data do
ingresso.”). O dispositivo impugnado dispõe sobre a transformação de servidores atuantes
na área de educação, mantenedores de vínculo precário com a Administração, em titulares
de cargos efetivos, sem necessidade de concurso público. ADI 4876/DF, rel. Min. Dias
Toffoli, 26.3.2014. Plenário. (Informativo 740).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta,
proposta contra o art. 2º, VII, da Lei 6.915/1997, do Estado do Maranhão. Conferiu
interpretação conforme a Constituição, de modo a permitir contratações temporárias pelo
prazo máximo de 12 meses, contados do último concurso realizado para a investidura de
professores. A norma impugnada disciplina a contração temporária de professores [“Art. 1º
Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, os órgãos da
administração direta, as autarquias e as fundações públicas poderão efetuar contratação de
pessoal por tempo determinado, nas condições e prazos previstos nesta Lei. Art. 2º
Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público: (...) VII – admissão
de professores para o ensino fundamental, ensino especial, ensino médio e instrutores para
oficinas pedagógicas e profissionalizantes, desde que não existam candidatos aprovados em
concurso público e devidamente habilitados”]. A Corte concluiu que a natureza da atividade
pública a ser exercida, se eventual ou permanente, não seria o elemento preponderante para
legitimar a forma excepcional de contratação de servidor. Afirmou que seria determinante
para a aferição da constitucionalidade de lei, a transitoriedade da necessidade de
contratação e a excepcionalidade do interesse público a justificá-la. Aludiu que seria
possível haver situações em que o interesse fosse excepcional no sentido de fugir ao
ordinário, hipóteses nas quais se teria condição social a demandar uma prestação
excepcional, inédita, normalmente imprevista. Citou o exemplo de uma contingência
epidêmica, na qual a necessidade de médicos em determinada região, especialistas em uma
moléstia específica, permitiria a contratação de tantos médicos quantos fossem necessários
para solucionar aquela demanda. Sublinhou que a natureza permanente de certas atividades
públicas — como as desenvolvidas nas áreas de saúde, educação e segurança pública —
não afastaria, de plano, a autorização constitucional para contratar servidores destinados a
suprir uma demanda eventual ou passageira. Mencionou que seria essa necessidade
circunstancial, agregada ao excepcional interesse público na prestação do serviço, o que
autorizaria a contratação nos moldes do art. 37, IX, da CF. ADI 3247/MA, rel. Min. Cármen
Lúcia, 26.3.2014. Plenário. (Informativo 740).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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procedimento, não pareceria satisfatória a ponto de fundamentar essa medida. Pontuou que
a alegada carência de recursos humanos no Poder Executivo e a indefinição jurídica
resultante da inviabilidade atual de contratações por tempo determinado resultante da
decisão desta Corte no julgamento da ADI 2.135 MC/DF (DJe de 7.3.2008), ADI 2.315/DF
(DJU de 15.12.2004) e da ADI 2.310/DF (DJU de 15.12.2004) não seriam argumentos
suficientes a embasar a excessiva abrangência da norma atacada. Enfatizou não
desconhecer a perturbação, ainda que parcial, que eventual anulação dos contratos
temporários provocaria nos serviços do HFA. Registrou que o art. 4º, II, da Lei 8.745/1993
estipularia o prazo máximo de contratação temporária fixado em um ano para as situações
descritas na alínea d do inciso VI do art. 2º dessa norma. Assim, a Corte determinou que a
declaração de inconstitucionalidade quanto às contratações pelo HFA passaria a ter efeito a
partir de um ano após a publicação, no Diário Oficial da União, de sua decisão final.
Esclareceu, ainda, que seriam permitidas as prorrogações a que se refere o parágrafo único
do art. 4º da referida lei, nos casos de vencimento do contrato em período posterior ao
término do julgamento, para a continuação dos contratos até o início dos efeitos dessa
decisão. ADI 3237/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 26.3.2014. Plenário. (Informativo 740).
460
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461
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462
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orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, 3.4.2014. Plenário.
(Informativo 741).
QUESTÕES
OBJETIVAS
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Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Falso".
(a) pode ser proposta por todos os que têm legitimidade ativa ad causam para propor ação
direta de inconstitucionalidade.
(b) de lei ou ato normativo federal, somente pode ser proposta perante o Supremo Tribunal
Federal, produzindo as decisões definitivas de mérito eficácia contra todos e efeito
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo.
(c) de lei ou ato normativo federal ou estadual, pode ser proposta apenas pelo Presidente da
República, pela Mesa do Senado Federal, pela mesa da Câmara dos Deputados ou pelo
Procurador-Geral da República.
Gabarito: "Falso".
República ser previamente ouvido em todas as ações, independentemente de ter sido o seu
autor.
(a) somente produz efeito erga omnes após a suspensão, pelo Senado Federal, da execução
da lei ou ato normativo.
(b) pode ser antecipada, havendo pedido de medida cautelar, se o Relator, em face da
relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança
jurídica, após a prestação de informações, no prazo de dez dias, e as manifestações do
Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo
de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar
definitivamente a ação.
(c) tem efeitos ex tunc e vinculante, relativamente aos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário.
(d) somente pode ser feita pelo voto de dois terços dos presentes, exigido o quórum da
maioria absoluta dos membros da Corte.
(a) por qualquer cidadão visando a anular ato lesivo ao patrimônio público e à moralidade
administrativa.
(c) pelo Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos
Deputados, a Mesa da Assembleia Legislativa, o Governador de Estado, o Conselho federal
da Ordem dos Advogados do Brasil, Partido Político com representação no Congresso
Nacional, Confederação Sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, além do
Procurador-Geral da República, que deverá ainda emitir parecer em todas as ações.
465
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Gabarito: "Falso"
ORAL
2) Diferença entre ADPF e ADI/ADC. Espécies de ADPF. Legitimados para a ADPF. Cabe
ADPF em caso de ofensa reflexa à CF?
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Legislação básica: Art. 5º, IV, VII, VIII, IX, XVII a XXI, 220, 222, § 1º, da CF.
Liberdade de expressão.
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ADI 869/99: é inconstitucional a expressão do art. 247, §2º, do ECA, que autorizava a
suspensão da programação da emissora por até 02 dias, ou da publicação de periódico por
até 02 números, caso divulgassem nome, ato ou documento de procedimento instaurado
contra criança ou adolescente, a que se atribua ato infracional (violação ao art. 5º, XLV, da
CF);
ADI 2.815/03: os Estados da federação não possuem competência para proibir a publicação
de fotos eróticas ou pornográficas em anúncios e comerciais, porque cabe à União legislar
sobre propaganda comercial;
ADPF 130/2009: a Lei de Imprensa, como um todo, foi considerada incompatível com a
CF/88, por ser considerada um instrumento legal que limitava de maneira irrazoada a
liberdade de imprensa; consignada a plenitude do exercício da liberdade de expressão como
decorrência da dignidade da pessoa humana e como meio de reafirmação de outras
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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liberdades constitucionais.
ADPF 183/2009: Deborah Duprat ajuizou esta ADPF, pleiteando que seja declarada
incompatível com a CF/88 a Lei 3.857/60, que criou a Ordem dos Músicos do Brasil, por
restringir o exercício da profissão de músico e a liberdade de expressão, em violação ao art.
5º, IV, IX e XIII, da CF/88 (pendente de julgamento, mas no RE 414426, o STF declarou
que a atividade de músico prescinde de controle, já que não há potencial lesivo, para que se
exija inscrição em conselho profissional, sendo manifestação artística protegida pela
garantia da liberdade de expressão);
ADPF 187 e ADI 4274-2: conferiu-se interpretação conforme ao art. 287, do CP, e ao art.
33, §3º, da Lei 11.343/06, respectivamente, de forma a excluir qualquer exegese que
permita a criminalização da defesa da legalização das drogas ou de qualquer substância
entorpecente, inclusive através de manifestações e eventos públicos;
ADI 1969: é inconstitucional decreto autônomo editado pelo Governador do DF, que, a
pretexto de assegurar o direito ao trabalho em ambiente de tranquilidade, impunha
restrições à liberdade de reunião e de expressão, proibindo a utilização de carros, aparelhos
e objetos sonoros nas manifestações públicas realizadas na Praça dos Três Poderes, na
Esplanada dos Ministérios e na Praça do Buriti;
HC 83.996/2004 (Caso Gerald Thomas): a ordem foi concedida em favor de diretor teatral
que, diante de vaias e xingamentos do público, simulou ato de masturbação e abaixou as
calças, mostrando as nádegas para a plateia; o STF consignou que o art. 233, do CP, deve
ser interpretado de forma a excluir qualquer exegese que viole a liberdade de expressão
artística e cultural;
470
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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OBSERVAÇÃO:
"A multiplicidade de pontos de vista sobre os mais diversos temas será necessariamente
benéfica à humanidade, inclusive porque temas que hoje não mais despertam maiores
controvérsias eram pelas gerações anteriores vistos como autênticos tabus". p. 158.
O autor, citando André Ramos Tavares, afirma que "(...) o certo é que o termo liberdade de
expressão não se reduz ao externar sensações e sentimentos. Ela abarca tanto a liberdade de
pensamento, que se restringe aos juízos intelectivos, como também o externar sensações".
p. 158-159.
Acerca da polêmica sobre a classificação indicativa como meio de censura, o autor afirma
que: "Diz-se por indicativa a classificação já que se dirige especialmente aos pais, os quais,
cientes da faixa etária indicada, poderão melhor decidir acerca do cabimento da exposição
de seus filhos aos conteúdos veiculados". p. 164.
Sendo ato discricionário, o processo de classificação indicativa não é meio idôneo para
impedir a exibição da informação - sob pena de configurar censura, caracterizada como
ação governamental, de ordem prévia, centrada sobre o conteúdo de uma mensagem -, mas
sim através de procedimento judicial.
"É no exercício de sua liberdade que o homem pode alcançar todas as suas imensas
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Tais restrições não poderão, por sua vez, olvidar da necessidade de se preservar a própria
liberdade de manifestação de pensamento e de imprensa como resultante do princípio da
dignidade da pessoa humana, devendo o intérprete, no caso de conflitos, se utilizando da
técnica da ponderação de interesses, de forma a minimizar postura decisionista, recorrer ao
princípio em tela, o qual confere unidade axiológica ao texto constitucional, bem como a
outros bens e valores constitucionais, fundamentando adequadamente, com base nos
mesmos, sua decisão". p. 201.
Liberdade religiosa: “compreende três formas de expressão [...]: (a) liberdade de crença
[...] mas também compreende a liberdade de não aderir a religião alguma [...]. (b) liberdade
de culto [...] na prática dos ritos, no culto, com suas cerimônias, manifestações [...] na
forma indicada pela religião escolhida [...]. (c) Liberdade de organização religiosa [...] diz
respeito à possibilidade de estabelecimento e organização das igrejas e suas relações com o
Estado” (SILVA: 2001, p. 251-254). Neste último aspecto, impende destacar a característica
laica do Estado e a imunidade tributária como garantia da liberdade religiosa. A proteção
constitucional à liberdade religiosa, portanto, não se refere à tutela a uma corrente de ideias
ou pensamentos, mas à compreensão de um direito mais amplo de liberdade de consciência,
que assegura a autodeterminação existencial e ética dos indivíduos, que se desdobra em
diversos campos, como o filosófico, o ideológico e o religioso (LEITE: 2011, p. 456).
472
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Constituição Federal;
STA 389 AgRg: considerou-se razoável medida adotada pelo MEC, no sentido de admitir
que certos grupos religiosos realizem as provas do ENEM durante o sábado, após o pôr-do-
sol, por representar providência mais condizente com o dever de neutralidade religiosa do
Estado, diante dos problemas decorrentes da designação de dia alternativo.
Liberdade de associação: objeto do art. 5º, XVII até XXI, da CF. Conceito: “no dizer de
Pontes de Miranda – ‘toda coligação voluntária de algumas ou de muitas pessoas físicas,
por tempo longo, com o intuito de alcançar algum fim (lícito), sob direção unificante’ [...]
Seus elementos são: base contratual, permanência (ao contrário da reunião), fim lícito, [...]
inclui tanto as associações em sentido estrito ([...] de fim não lucrativo) e as sociedades [...],
contém quatro direitos: o de criar associação (e cooperativas), que não depende de
autorização; o de aderir a qualquer associação [...]; o de desligar-se [...]; o de dissolver
espontaneamente a associação [...] Duas garantias coletivas [...]: (a) veda-se a interferência
estatal no funcionamento [...] (b) as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro
caso, trânsito em julgado [...] Há duas restrições expressas: [...] não seja para fins ilícitos ou
de caráter paramilitar. E é aí que [...] autoriza a dissolução por via judicial” (SILVA: 2001,
p. 269-271). A Constituição Federal assegura a plena liberdade de associação para fins
lícitos, sendo vedada, contudo, a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregado interessados, não podendo ser inferior à
área de um Município – Art. 5º, XVII e Art. 8º, II da CF/88.
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inconstitucionais;
AgRg na Rcl 5.215: associação para atuar em juízo na defesa de direito de seus filiados
necessita de autorização no estatuto e de autorização específica da Assembleia Geral.
REsp 1.189.273: centro acadêmico de direito tem legitimidade para propor ACP caso tenha
autorização em assembleia convocada especificamente para isso.
RMS 34.270: entidades associativas em geral não têm legitimidade para a tutela em juízo
dos direitos e interesses das pessoas jurídicas de direito público que tem regime próprio,
revestido de garantias e privilégios de direito material e processual em virtude de se tratar
de tutela de patrimônio público.
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Os direitos civis na Constituição de 1988: por direitos civis podem-se entender, segundo o
art. 5º da CF/88, todos os direitos concernentes ao homem no tocante à vida, à liberdade, à
segurança, à igualdade e à propriedade nos termos estabelecidos pela lei. São direitos
essenciais aos planos individual e coletivo, assumindo, dessa forma, a dimensão de
necessidade social pela satisfação dos interesses dos indivíduos, implicados no equilíbrio da
sociedade que é pensada como um corpo representado pelas perspectivas-expectativas dos
seus associados. Necessariamente os direitos civis se confundem com os direitos humanos,
ou melhor, a terminologia que se adota para expressar o conjunto de direitos que
compreende a dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III da CF/88) não vai longe do sentido
de direitos civis. Resta assinalar que são direitos civis os existentes na vida da cidade; o que
são os direitos políticos senão aqueles na vida da polis.
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INFORMATIVOS
STF
O Tribunal, por maioria, referendou liminar em ADI, para suspender as normas do inc. II e
da 2ª parte do inc. III, ambos do art. 45, bem como, por arrastamento, dos §§4º e 5º do
mesmo artigo, todos da Lei nº 9.504/97. No caso, a Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão alegava que os dispositivos questionados não estariam em harmonia com
o sistema constitucional das liberdades de expressão e de imprensa e do direito à
informação, em ofensa aos arts. 5º, IV, IX e XVI, e 220, todos da CF. Embora os inciso
questionados estivessem em vigor há alguns anos, a dinâmica da vida não imporia aí a
existência de um tipo de "usucapião da legalidade", no sentido de que, se a lei ficasse em
vigor por muito tempo, tornar-se-ia constitucional. Destacou-se, no ponto, posicionamento
sumulado do STF segundo o qual é insuscetível de prescrição a pretensão de
inconstitucionalidade. Consignou-se que o humor poderia ser considerado imprensa, sendo
aplicáveis, à espécie, as diretrizes firmadas no julgamento da ADPF 130, relativamente à
liberdade de imprensa. Aduziu-se que tal liberdade, também denominada liberdade de
informação jornalística, não seria uma bolha normativa, uma fórmula prescrita oca,
porquanto possuiria conteúdo, sendo este formado pelo rol de liberdades contidas no art. 5º
da CF: livre manifestação do pensamento, livre expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação e livre acesso à informação. Mencionou-se que o disposto no
art. 220 da CF, o qual seria uma extensão dos direitos fundamentais do seu referido art. 5º,
de modo a reforçar esses sobredireitos. Assim, a comunicação social - que era livre no país
- teria se tornado plena ( CF, art. 220, §1º). Salientou-se que, além de se ter em conta as
coordenadas da aludida ADPF, dever-se-ia, ainda, atentar-se para a superveniência da Lei nº
12.034/09 que - ao introduzir os §§4º e 5º ao art. 45 da Lei nº 9.504/97, para conceituar
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STJ
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
2) (MPF/24) Ainda está aberta no Supremo Tribunal Federal a polêmica sobre a viabilidade
da tutela jurisdicional preventiva de publicação de matéria jornalística ofensiva a direitos de
personalidade.
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Gabarito: "Verdadeiro"
(Pet 2702 MC, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em
18/09/2002, DJ 19-09-2003 PP-00016 EMENT VOL-02124-04 PP-00804)
Gabarito: "Verdadeiro".
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Gabarito: "Verdadeira"
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Falso".
SUBJETIVAS
1) (MPF/25) A liberdade de expressão tem um valor significativo relevante prima facie para
o STF?
479
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Legislação básica: Art. 22, XIV, Art. 49, XVI, Art. 210, §2º, Arts. 231 a 232, da CF, 68, da
ADCT; Decreto 4.887/03; Convenção 169 da OIT; Art. 7º, II, da MP 2.186-16/2011; Lei
9.985/2000.
terras quilombolas e, se for o caso, sua desapropriação, (a) não é autônomo, pois baseado
na Convenção 169 da OIT e na Lei nº 9.784/99 e, ademais, ainda que fosse, é válido
decreto que regulamenta diretamente norma constitucional consagradora de direito
fundamental suficientemente densa e de aplicabilidade imediata (superação do modelo
legicêntrico) (parecer na ADIn 3239, Sarmento). 1740, Conselho Ultramarino: quilombo é
“toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que
não tenham ranchos levantados e não se achem pilões nele”. Almeida: no Império, basta
que passem de dois, mas mantém-se a mesma definição. Com a proclamação da República,
o quilombo desaparece do Direito por quase 100 anos até a CF/88. Para esta, o quilombo é
uma autonomia construída no tempo; não é o local onde se encontra vestígios, mas onde os
agentes sociais estão (critério da autoatribuição – o grupo se autodefine). Duprat:
remanescentes de quilombos, índios e diversos outros grupos étnicos, uma vez que
sabidamente não foram tratados na CF por falta de conhecimento do constituinte, mas estão
também amparados, e, no momento em que se revelarem, terão o mesmo tratamento
jurídico que os grupos étnicos expressamente referidos estão a ter. Quando a CF prestigia
os modos de viver, fazer e sentir desses grupos e as sua formas de expressão, está dando a
esses grupos a capacidade de autodefinição. Cabe ao Judiciário verificar se há, a partir
dessa auto-identificação, pertinência ou não com o direito que é referido, mas jamais cabe
ao Judiciário, ao administrador ou a qualquer outro grupo étnico diverso dizer o que aquele
grupo é. A autodefinição também é o critério da Convenção 169 da OIT. Norma
emancipatória não pode ser interpretada à luz de concepções da época escravocrata. A
questão dos remanescentes dos quilombos não difere em nada da questão indígena, a
propriedade de suas terras é como “território cultural” (Almeida e Duprat, 2003).
Diferença entre o regime de terras indígenas da Constituição Federal de 1988, em relação
às Constituições de 1934, 1946 e 1967 (PROVA ORAL DO 25º CONCURSO): A
Constituição Federal de 1891 (art. 64) transferiu aos Estados-membros todos os imóveis
públicos que não fossem necessários aos serviços da União ou indispensáveis à defesa das
fronteiras, fortificações, construções militares e ferrovias federais. Na CF/34, transferiu-se
para os indígenas, então chamados de silvícolas, a posse das terras por eles ocupadas
permanentemente, vedando sua alienação; tais terras estavam situadas em Estados-
membros e estavam ou sob domínio público ou sob domínio particular. Assim, restou
constitucionalizado o conflito pela posse da terra, tendo de um lado os indígenas e suas
comunidades, e do outro os Estados-membros e particulares (frequentemente aliados). Na
CF/46, reconheceu-se aos silvícolas a posse das terras onde se achavam permanentemente
localizados, com a condição de não a transferirem. Essa situação manteve-se inalterada até
o advento da CF/67 (art. 186), que estendeu (ou explicitou) à posse indígena o “usufruto
exclusivo” dos recursos naturais e de todas as utilidades nela existentes. A EC 69,
inovando, declarou nulos e extintos os efeitos de quaisquer naturezas sobre o domínio, a
posse e a ocupação das terras ocupadas por indígenas. Se os Estados-membros, até então,
podiam invocar em seu favor a aplicação do art. 64 da CF/1891, a partir da CF/69 já não
poderiam fazê-lo com tanta convicção. Aqui, agregou-se mais um elemento de conflito à já
tão instável relação entre índios e não índios. Na CF/88, declarou-se como pertencentes ao
domínio da União as terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas (art. 20, XI); tal
disposição é explicitada pelo art. 231 da mesma Carta, em que se destaca o dever de
demarcá-las (BARRETO: 2004, p. 105-106). Conceito de conhecimento tradicional
481
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
OBSERVAÇÃO: De acordo com o Parecer de Daniel Sarmento, referida ADI tem como
fundamentos: a) a impossibilidade de edição de regulamento autônomo para tratar a
questão, haja vista o princípio constitucional da legalidade; b) a inconstitucionalidade do
482
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Refutando as alegações expostas, Daniel Sarmento afirma que referida ADI é inadmissível,
haja vista o fato de que a) a norma que vigia anteriormente àquela impugnada supostamente
apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade e b) não foi requerido pelo autor sua
invalidação, conforme entendimento do STF nas ADI's 2.215 e 2.574.
Nesse sentido, Sarmento afirma que referido decreto não é autônomo, mas regulado pela
Lei 9.784/99 e a Convenção 169 da OIT.
Subsidiariamente, caso não fosse esse o entendimento, afirma que o suposto fato de ser a
legislação adversada regulamento autônomo não caracterizaria, prima facie, sua
inconstitucionalidade, pois "(...) se a Constituição pode ser aplicada diretamente pela
Administração Pública, independentemente de qualquer mediação concretizadora da lei,
parece evidente a possibilidade de edição de atos normativos pela administração que
pautem esta aplicação, seja para explicitar o sentido de norma constitucional, seja para
definir os procedimentos tendentes à viabilização de sua incidência". "Isto porque, é
perfeitamente admissível a edição de normas infralegais cujo objetivo seja viabilizar
procedimentalmente a aplicação de normas constitucionais revestidas de aplicabildiade
imediata".
483
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
utilizados com vistas a garantir aos antigos proprietários privados o direito à indenização.
Acerca do critério de auto-identificação, aduz que se trata de critério muito importante, mas
não o único, o que afastaria a alegação de que tal critério seria utilizado para o
aproveitamento por pessoas de má-fé. Afirma, também, que referido critério estaria em
consonância com a Convenção 169 da OIT e que, ao afastá-lo, estaria descumprindo
legislação hierarquicamente superior.
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
ORAL
2) (MPF/25) Fale sobre o art. 68 do ADCT e sua natureza jurídica, no que tange às terras de
quilombos e sobre o procedimento para sua destinação, quando ocupada por particular que
detém um título de aquisição originário.
484
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Legislação básica: CF, Art. 6º; Arts. 194 a 204; Lei n. 8.212/91; Lei 8.213/91; Decreto nº.
3.048/99; Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c),
Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolução n.º 196/96 (BRASIL, 1996).
Sistema Único de Saúde. A saúde é direito fundamental previsto no art. 6º e 196 CF, de cuja
feição institucional se preocupou o constituinte nos artigos 197 a 200 da CF. Pode se
manifestar em uma dimensão positiva/prestacional (fornecimento estatal de insumos
terapêuticos) ou negativa (deveres de abstenção). 67 O principal mecanismo de efetivação do
direito à saúde é o sistema brasileiro de saúde, conceito amplo que abrange o sistema único
(público) e o sistema privado (suplementar, art. 199 CF) e se encontra inserido em um
sistema maior, a seguridade social, motivo pelo qual a ele se aplicam todos os objetivo
previstos no art. 194 CF. SUS (Lei 8.080/90): É a principal política pública em matéria de
saúde, visando, na forma do art. 196 CF, à redução do risco de doença e de outros agravos e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. A fonte constitucional do SUS é o art. 198, que o conceitua como uma rede
regionalizada e hierarquizada de ações e serviços públicos, de acordo com as diretrizes da
descentralização (com direção única em cada esfera de governo); do atendimento integral
(com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais) e
da participação da comunidade.
(PROVA ORAL DO 25º CONCURSO), segundo Antônio Maués e Sandro Simões (2002, p.
427-429), diretrizes estas que também informam o Sistema Único de Saúde, os que
seguem: PRINCÍPIO DA UNIDADE: determina que os serviços e ações de saúde devem
pautar-se nas mesmas políticas, diretrizes e comandos. Enfatiza que o SUS deve articular
todos os serviços existentes no país, coordenando-os para que haja otimização dos escassos
recursos e ganho de escala, evitando-se a sobreposição de estruturas. Da unidade decorre:
a) inevitabilidade de integração dos entes subnacionais ao SUS, dentro da lógica de um
federalismo cooperativo; b) total legitimidade de que um cidadão, na falta de recursos
adequados em sua cidade, recorra aos serviços da municipalidade vizinha, cabendo ao
gestor estadual adotar as medidas necessárias para que o município faltoso passe a cumprir
as obrigações que lhe cabem. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: A
regionalização indica a necessidade de que haja organização por circunscrições territoriais,
que devem levar em conta o dinamismo e a complexidade do sistema, adaptando as ações e
serviços ao perfil epidemiológico local. A hierarquização se relaciona com a necessidade de
organização do atendimento em distintos níveis de complexidade, assinalando que o acesso
aos serviços de saúde deve ocorrer a partir dos mais simples em direção aos níveis mais
altos de complexidade. (primário, secundário e terciário). DESCENTRALIZAÇÃO: Os
serviços devem ser primordialmente executados pelos municípios, em atenção ao princípio
da subsidiariedade, de modo que somente devem ser atribuídas ao Estado e à União as
tarefas que os Municípios e Estados não puderem executar satisfatoriamente, ou que
requeiram dimensão regional ou nacional. Aqueles que se opõem à tese da responsabilidade
solidária em demandas de fornecimento de medicamentos, prevalecente no STF, apontam
que a desconsideração das competências e responsabilidades estatuídas pelos entes
federados, com a consequente condenação da União, prejudica a diretriz da
descentralização. UNIVERSALIDADE: A universalidade horizontal (aspecto subjetivo)
impõe a necessidade de que o acesso ao SUS esteja aberto a todos, independentemente de
prévia vinculação a qualquer sistema contributivo, como ocorria antes da Constituição de
1988. Difere-se da universalidade vertical (aspecto objetivo), que se relaciona com as
prestações oferecidas. Universalidade não implica desnecessidade de fontes de
financiamento, aplicando-se as regras gerais do art. 195 CF. Nesse campo foi adotada a
estratégia de vinculação constitucional de receitas pela EC 29/2000, que alterou a redação
do art. 198 CF, constituindo exceção ao princípio da não-afetação orçamentária. 68 Há
discussão se a universalidade implica gratuidade. 69 Entretanto, referida discussão perdeu
sentido, pelo menos relacionado ao SUS, quando a Lei n 8.080 afirma que são gratuitos.
INTEGRALIDADE / IGUALDADE / SELETIVIDADE / DISTRIBUTIVIDADE: A
integralidade impõe a assistência em quaisquer dos níveis de complexidade, incluindo
atividades de prevenção epidemiológica (vacinação), o mais amplo espectro de
atendimentos (consultas, cirurgias, internações), de assistência farmacêutica e de prestação
de serviços e de fornecimento de insumos necessários à integração ou reintegração do
indivíduo à vida social (próteses). Embora alguns pretendam ignorar, como fez o STF
enquanto influenciada pelo voto do Min. Celso de Melo na ADPF 54, a integralidade
esbarra na escassez de recursos. Por isso deve ser compatibilizada com os princípios da
igualdade/seletividade/distributividade (art. 194, III e 196 CF), cuja principal função é
bitolar a integralidade e compatibilizá-la com a reserva do possível. Sobre o controle
judicial, o STF vem entendendo: a) pela necessidade de atentar para as políticas públicas já
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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RMS 24.197 (STJ): o Estado deverá propiciar aos necessitados não qualquer tratamento,
mas o tratamento mais adequado e eficaz de ofertar ao enfermo maior dignidade e menor
sofrimento.
Neste diapasão, os direitos sociais, em especial o direito à saúde, sempre foram vistos como
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Há certo tempo alguns autores, como Ingo Wolfgang Sarlet e Ana Carolina Lopes Olsen
buscam demonstrar que o direito à saúde, assim como os demais direito sociais, são dotados
de fundamentalidade e, portanto, de aplicabilidade e eficácia imediatas assim como
plenamente exigíveis judicialmente.
Noutro passo, em que pese o direito à saúde possuir uma dupla dimensão (individual e
coletiva), para tornar-se eficaz, deve ser pautado em aspectos de justiça distributiva que,
conforme salientado, é o principal meio de garantir a igualdade de consideração entre
aqueles que necessitam de prestação sanitária.
Entretanto, tal fenômeno ainda tem sido combatido sobremaneira, sob diversos argumentos,
que passam desde a violação do Princípio da Separação dos Poderes, da falta de
legitimidade do Poder Judiciário para interferir em questões de políticas públicas, na
violação de princípios orçamentários, cláusula de reserva do possível, na falta de trato do
Poder Judiciário que, não sabendo lidar com questões distributivas, estaria decidindo
referidos casos sem qualquer critério ou mínimo de consenso, ensejando decisões por mais
das vezes contraditórias até mesmo com as políticas públicas do Executivo, dentre outras.
Noutro passo, a negação do direito pleiteado - e por mais das vezes, necessitado - em
questões que versem sobre o direito à saúde pode acarretar na morte ou dano irreparável à
saúde de quem pleiteia, ensejando o denominado dano inverso, caracterizado como o dano
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Para tanto, analisou-se a evolução jurisprudencial do STF com relação ao direito à saúde.
Neste aspecto, ressalte-se que a nova ordem constitucional conferiu ao Juiz o papel criativo
implementado por intermédio da ponderação, técnica por meio da qual se elege o princípio
que a Constituição confere maior importância naquele caso concreto, dentre aqueles
colidentes.
Constata-se dos julgados analisados que, na visão do STF, o direito à saúde era visto de
forma absoluta, sendo indissociável do direito à vida, bastando, para o julgador, analisar se
a falta do medicamento ou tratamento pleiteado gera risco de morte ou dano irreversível à
saúde para que seja concedida a ordem, sem a análise da existência de política pública e de
macrojustiça, considerando os interesses financeiros como secundários.
Denota-se a atividade criativa dos juízes quando estes, em seus julgados, procuram criar
critérios para o julgamento das lides envolvendo o direito à saúde que, dentre eles, podemos
destacar: 1) essencialidade do bem pleiteado; 2) existência de política pública relacionada
ao bem pleiteado; 3) repartição de competências administrativas; 4) solidariedade dos entes
federativos, dentre outros. Ressaltando que referida análise, do ponto de vista dos
julgadores, deve ser pontual, tópica, ou seja, deve ser realizada caso a caso, não havendo
que se falar em vinculação de uma decisão a outra.
Noutro passo, a cláusula de reserva do possível, argumento sempre utilizado para negar o
bem pleiteado, deve ser aferida objetivamente, ou seja, deve o ente Estatal desincumbir-se
da tarefa de comprovar a impossibilidade fática do cumprimento das políticas públicas e
das decisões judiciais.
Logo, da análise dos julgados podemos afirmar que o direito à vida ainda é fator
preponderante para que o direito à saúde seja implementado em face dos Tribunais. E,
conforme salientou o Ministro Gilmar Mendes, a maior parte das demandas na verdade visa
concretizar política pública já existente, denotando a incapacidade dos administradores em
gerir a coisa pública.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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política pública já existente, demonstra que o é feita apenas para aqueles que podem
demandar judicialmente, ficando expressiva parcela da população desprotegida do manto
da eficácia dos direitos fundamentais sociais.
Mas, tendo em vista que o acima exposto ainda não é uma realidade, necessitando de um
pacto entre os Poderes Legislativo, Executivo e até mesmo o Judiciário, para a consecução
do direito fundamental social à saúde, o fenômeno da Judicialização da Saúde, longe de ser
a resposta absoluta para o problema, tem grande parcela de contribuição para a eficácia do
direito fundamental social à saúde.
INFORMATIVOS
STF
O prequestionamento não resulta da circunstância de a matéria haver sido arguida pela parte
recorrente. A configuração do instituto pressupõe debate e decisão prévios pelo Colegiado,
ou seja, emissão de juízo sobre o tema. O procedimento tem como escopo o cotejo
indispensável a que se diga do enquadramento do recurso extraordinário no permissivo
constitucional. Se o Tribunal de origem não adotou entendimento explícito a respeito do
fato jurígeno veiculado nas razões recursais, inviabilizada fica a conclusão sobre a
violência ao preceito evocado pelo recorrente. Consoante disposto no art. 196 da CF, "a
saúde é direito de todos e dever do Estado", incumbindo a este viabilizar os tratamentos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
cabíveis. RE 368564, red. p/ac. Min. Marco Aurélio, 13.4.2011. 1ª T. (Informativo 623).
STJ
Na aplicação das normas constitucionais, a exegese deve partir dos princípios fundamentais
para os setoriais, merecendo destaque a proteção à dignidade humana, valor influente sobre
todas as demais questões. Assim, o Estado deverá propiciar aos necessitados não qualquer
tratamento, mas o tratamento mais adequado e eficaz, capaz de ofertar ao enfermo maior
dignidade e menor sofrimento. RMS 24.197, Rel. Min. Luiz Fux, j. 4.5.10. 1ª T.
(Informativo 433).
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
ORAL
492
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
493
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
O processo legislativo das leis orçamentárias é tratado no art. 166 da CRFB/88. A iniciativa
das leis é do chefe do executivo. Os projetos serão examinados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, sendo cada projeto examinado por Comissão mista permanente de
Deputados e Senadores (art. 166, § 1º). As emendas aos projetos serão apresentadas na
Comissão Mista (art. 166, § 2º), que emitirá parecer, cabendo sua apreciação ao plenário
das duas Casas do Congresso Nacional. As emendas à LOA devem ser compatíveis com o
projeto do PPA e LDO. Devem também indicar os recursos necessários a sua
implementação. Esses recursos não podem ser provenientes da anulação de dotações com
pessoal, serviços da dívida e transferências tributárias constitucionais para os demais entes
da Federação. O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso propondo
modificações nos projetos enquanto não iniciada a votação na Comissão mista, da parte que
se pretende alterar.
A LDO terá dois anexos, chamados de anexo de metas fiscais, onde irá estabelecer metas
relativas à receitas, despesas e resultado, relativas ao endividamento (como está a situação
da dívida pública) e anexo de riscos fiscais, uma reserva de contingência, uma reserva que
seja apta a suportar gastos oriundos de imprevisibilidades (esse anexo pode ser considerado
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
uma exceção ao princípio da especificação, pois o orçamento, aqui reservado, não terá
finalidade específica, até ser necessário).
A LOA, por sua vez é divida em: a) orçamento fiscal: gasto governamental; b) orçamento
de investimento das empresas estatais: aporte de capitais (aumento de participação
acionária); e c) orçamento da seguridade social: RPPS (Regime Próprio de Previdência
Social) e INSS, neste caso, apenas relacionado ao déficit.
a) exclusividade em matéria orçamentária (art. 165, §8°, CRFB/88): orçamento não pode
conter dispositivo estranho à fixação de despesa e previsão de receita e não pode comportar
caudas orçamentárias (dispositivo de lei material) - "orçamento rabilongo" -, exceções ao
principio da exclusividade: autorização dirigida ao chefe do executivo para que ele possa
abrir por decreto, crédito suplementar, e autorização para contratação de operações de
crédito.
OBS: veda crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. Exceção:
Anexo de Riscos Fiscais da LDO
d) Não vinculação de imposto a fundo, órgão ou despesa (art. 167, IV, CR/88): em regra, a
receita dos impostos é destinada a custear os serviços uti universi. Exceções: vinculação de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
OBS: Lembrar da DRU - Desvinculação de Recursos da União - art. 76, ADCT. Para
melhor entender:
Temos o orçamento total: 100%. Destes 100%, 18% (art. 212 da CF) relativos à educação
não podem ser desvinculados (§3º do art. 76 do ADCT) = 82%, logo, desses 82%, 20% fica
desvinculado (art. 76 do ADCT), fica para a DRU.
e) Universalidade (art. 165, §5°, CR/88): todas as receitas e todas as despesas devem estar
previstas na lei orçamentária. Exceção: os tributos que podem ser cobrados de um ano para
outro, sem que estejam previstos na lei orçamentária, pois para eles vigoram a anterioridade
(vide súmula 66, STF).
g) Unidade (art. 165, §5°, CR/88): a peça orçamentária deve ser única e uma só, contendo
todos os gastos e receitas, cuida-se de princípio formal, isto é, o documento é único.
Obs:o parágrafo 5º, do art. 165 enuncia universalidade e unidade. E, eu posso dizer que, o
parágrafo 5º, do art. 165 induz ao equilíbrio (medidas de compensação para renúncia de
receita ou criação de despesa) e a transparência. Também necessária a observância do
princípio do planejamento.
7.Limites com despesa de pessoal (art. 169, CR/88 com alteração pela EC/19 – reforma
administrativa- e art. 19, LC 101/00): a soma dos gastos de pessoal de cada ente federativo
deve ser ater aos limites estabelecidos em LC (LC101/00), art. 19 e 20.
art. 20 LRF = estabelece a repartição dos limites globais, através de percentuais que
deverão ser repartidos entre os Poderes Públicos e seus órgãos. Desta forma:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
- União (50% da receita corrente líquida) distribuída da seguinte maneira: a) 2,5% para o
Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União; b) 6% para o Judiciário; c) 40,9% para
o Executivo, destacando-se 3% para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem
os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional nº 19
e d) 0,6% para o Ministério Público da União.
- Estados (60% da receita corrente líquida) = a) 3% (três por cento) para o Legislativo,
incluído o Tribunal de Contas do Estado; b) 6% (seis por cento) para o Judiciário; c) 49%
(quarenta e nove por cento) para o Executivo; d) 2% (dois por cento) para o Ministério
Público dos Estados.
- Municípios (60% da receita corrente líquida) = a) 6% (seis por cento) para o Legislativo,
incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; b) 54% (cinqüenta e quatro
por cento) para o Executivo.
SÚMULA
STJ 23 - O Banco Central do Brasil é parte legítima nas ações fundadas na Resolução
1154, de 1986.
INFORMATIVOS
STF
A lei que fixa, para determinado ano, limites de despesa com a folha de pagamento de
pessoal e de encargos sociais no âmbito dos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário e do Ministério Público estadual viola a autonomia financeira do Poder Judiciário
e do Ministério Público. Desde que devidamente fixadas as diretrizes gerais para a
elaboração e a execução dos orçamentos do Estado - por meio da LDO (Lei 14.416/09, art.
1º, III), e estimadas a receita e a despesa do Estado para o exercício financeiro de 2010, por
meio da LOA (Lei 14.608/10) -, não poderia lei ordinária, de iniciativa exclusiva do Poder
Executivo, fixar limites de execução orçamentária sem nenhuma participação do Poder
Judiciário e do Ministério Público, por implicar indevida interferência sobre a gestão
orçamentária desses órgãos autônomos (CF, arts. 2º, 99, §1º e 127, §§2º e 3º). ADI 4426,
ADI 4356, Rel. Min. Dias Toffoli, 9.2.2011. Pleno. (Informativo 615).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
1989, a pessoa jurídica deverá efetuar a correção monetária das demonstrações financeiras
de modo a refletir os efeitos da desvalorização da moeda observada anteriormente à
vigência desta Lei. § 1º Na correção monetária de que trata este artigo a pessoa jurídica
deverá utilizar a OTN de NCz$ 6,92 (seis cruzados novos e noventa e dois centavos)”] e o
art. 30 da Lei 7.799/1989 (“Para efeito de conversão em número de BTN, os saldos das
contas sujeitas à correção monetária, existente em 31 de janeiro de 1989, serão atualizados
monetariamente, tomando-se por base o valor da OTN de NCz$ 6,62. § 1° Os saldos das
contas sujeitas à correção monetária, atualizados na forma deste artigo, serão convertidos
em número de BTN mediante a sua divisão pelo valor do BTN de NCz$ 1,00. § 2° Os
valores acrescidos às contas sujeitas à correção monetária, a partir de 1° de fevereiro até 30
de junho de 1989, serão convertidos em número de BTN mediante a sua divisão pelo valor
do BTN vigente no mês do acréscimo”). Essa a decisão do Plenário que, em conclusão de
julgamento e por votação majoritária, proveu recursos extraordinários em que se discutia a
constitucionalidade dos citados preceitos. As recorrentes, sociedades empresárias,
pleiteavam o direito à correção monetária considerada a inflação do período, nos termos da
legislação revogada pelo chamado Plano Verão — v. Informativos 426, 427 e 671. RE
208526/RS e 256304/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 20.11.2013. Plenário. (Informativo 729).
também, que a alteração do critério legal para a indexação das demonstrações financeiras
das pessoas jurídicas, nos moldes em que realizada pela legislação questionada, não seria
equiparável a majoração de tributo. Registravam, também, não haver direito constitucional
à observância de determinado índice de correção monetária. RE 208526/RS e 256304/RS,
rel. Min. Marco Aurélio, 20.11.2013. Plenário. (Informativo 729).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
de incidência dos efeitos do art. 543-B do CPC. Vencido, no ponto, o Ministro Marco
Aurélio, relator, que entendia necessário aguardar-se o julgamento do extraordinário no
qual reconhecida a repercussão geral, tendo em vista que os recursos ora julgados teriam
sido interpostos em data consideravelmente anterior ao surgimento do instituto. RE
215811/SC e 221142/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 20.11.2013. Plenário. Repercussão
Geral. (Informativo 729).
f) Execução de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual e agente político municipal
e legitimidade.
O estado-membro não tem legitimidade para promover execução judicial para cobrança de
multa imposta por Tribunal de Contas estadual à autoridade municipal, uma vez que a
titularidade do crédito é do próprio ente público prejudicado, a quem compete a cobrança,
por meio de seus representantes judiciais. Com base nessa orientação, a 1ª Turma negou
provimento a agravo regimental em recurso extraordinário, no qual se discutia a
legitimidade ad causam de município para execução de multa que lhe fora aplicada. O Min.
Dias Toffoli destacou que, na omissão da municipalidade nessa execução, o Ministério
Público poderia atuar. RE 580943 AgR/AC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.6.2013. 1ª
Turma. (Informativo 711).
QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
(a) é exercida pelo Tribunal de Contas da União a quem incumbe o controle externo;
(b) é exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
(c) incumbe ao Tribunal de Contas da União, auxiliado pelo Ministério Público, mediante
controle interno e externo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
(d) compete à comissão da Câmara dos Deputados criada para tal fim, com o auxílio do
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União.
(a) é exercida, com exclusividade, mediante controle, pelo Tribunal de Contas da União;
(b) cabe ao Ministério Público Federal, mediante controle externo, com o auxílio do
Tribunal de Contas de União segundo parecer prévio, e ainda à Comissão de Tomadas de
Contas da Câmara dos Deputados;
(c) incumbe ao Congresso Nacional, mediante controle externo, com o auxílio do Tribunal
de Contas da União, e pelo sistema de controle interno de cada Poder;
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Legislação básica: arts. 231 e 232 da CRFB/88. Também: arts. 22, XIV, 49, XVI, 129, V e
210, §2º, também da CRFB/88 e art. 67 do ADCT.
Índios na Constituição:
Remoção de grupos indígenas: O art. 231, §5º veda a possibilidade de remoção dos grupos
indígenas, salvo ad referendum do CN, nos casos de catástrofe, epidemia que ponha em
risco a população indígena e interesse da soberania do País. STF: No HC 80.240, julgado
em 20.06.2001, com base no art. 231, §5º, decidiu que, se uma CPI tenciona ouvir um
índio, deve fazê-lo na própria área indígena, em hora e dia combinados previamente, na
presença de representantes da FUNAI e de antropólogo especializado. (Gilmar Mendes, fl.
924).
Defesa judicial dos direitos dos índios: Art. 232 define que são legitimados ativamente os
índios, suas comunidades e organizações. Em relação especificamente ao MP, a
Constituição determina ser uma de suas funções institucionais “defender judicialmente os
direitos e interesses das populações indígenas”(CRFB/88, art. 129, V). Além disso, o MP
deve intervir nas ações ajuizadas pelos índios, suas comunidades e organizações em defesa
de seus direitos e interesses (art. 232). Destaca-se que o MP poderá ser Estadual ou Federal,
a depender da matéria tratada e da respectiva competência da Justiça Estadual ou Federal.
Educação: art. 210, §2º, estipula que o ensino fundamental regular será ministrado em
língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Para Pedro Lenza (obra citada,
item 19.10.9), ambas as línguas (portuguesa e materna) devem ser ensinadas. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação fala em educação bilíngue para índios (art. 78 da Lei
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
PONTO EXTRA: A Constituição de 1988 foi marco dos direitos indígenas, pois tratam-se
de direitos marcados pelo menos por três inovações conceituais importantes em relação às
Constituições anteriores e ao Estatuto do Índio:
3 - A terceira é de que os direitos dos índios sobre suas terras são definidos enquanto
direitos originários, isto é, anterior à criação do próprio Estado; isto decorre do
reconhecimento do fato histórico de que os índios foram os primeiros ocupantes do Brasil.
Competência:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Ocupação Tradicional: 1) “os territórios indígenas, no tratamento que lhes foi dado pelo
novo texto constitucional, são concebidos como espaços indispensáveis ao exercício de
direitos identitários desses grupos étnicos. As noções de etnia/cultura/território são, em
larga medida, indissociáveis”. 2) Constituições dos países capitalistas inscreveram como
direito fundamental o direito de todos serem proprietários (caráter universal e indisponível),
o que diverge do direito de propriedade em si (direito patrimonial). A inversão desses
valores tem sido comum atualmente sendo que, aos índios, “se recusa a ocupação de seus
espaços definitórios, subtraindo-lhes a possibilidade de exercício amplo de seus direitos
identitários, em nome do suposto direito de propriedade”. 3) “Não bastasse a disputa que se
estabelece entre direitos indígenas e direitos de propriedade, há forte incompreensão no que
diz respeito ao que sejam terras tradicionalmente ocupadas”. Vez por outra o conceito
resvala para a imemoriabilidade, e o juiz exige a produção de um laudo arqueológico que
evidencie que a presença indígena no local remonta a tempos pré-colombianos”. “o
requisito da imemorabilidade, no entanto, de há muito foi abandonado. A uma, por sua
impossibilidade lógica. O processo dito colonizador avançou sobre esses territórios,
descaracterizando-os. A duas, porque esse mesmo processo promoveu deslocamentos
constantes, e a territorialização desses povos teve que ser constantemente redefinida. E, a
três, porque estamos a tratar de populações que existem no presente, com perspectivas de
vida atuais e futuras, e que não podem ser condenadas a um imobilismo do passado”
Em resumo: A ocupação tradicional não é caracterizada (a) pela imemorialidade; (b) nem
pela ocupação pré-colombiana; não há laudo arqueológico porque a territorialidade dos
povos indígenas é constantemente redefinida por múltiplos aspectos; desde (a) a ação
(expropriatória) do colonizador (“não há como recuperar Copacabana para os índios”); até
(b) a própria ação dos povos indígenas, com perspectivas de vida atuais e futuras.
O conceito de terras tradicionalmente ocupadas exige uma compreensão narrativa das vidas
dos povos indígenas, que não é mera repetição do passado que as originou, mas
participação num sentido presente da experiência história de sua reafirmação e
transformação. Exige-se laudo antropológico, que permite a compreensão e a tradução
linguístico-cultural das maneiras como o grupo se vê ao longo de sua trajetória existencial,
como vê o mundo e nele se organiza. Esse laudo não é “neutro” ou “objetivo” e deve
conferir “força normativa” ao grupo (Duprat, 2011) Não descaracteriza o animus
possidendi dos índios terem sido forçados a se retirar de suas terras (STF, ACO 323/93).
O indigenato é um instituto que, desde 1680, com o Alvará de 01.04, “reservado o direito
dos índios, primários e naturais senhores dela [terra]”; na Lei de Terras – Lei 601/1850,
"Quer da letra, quer do espírito da Lei de 1850, se verifica que essa Lei nem mesmo
considera devolutas as terras possuídas por hordas selvagens estáveis: essas terras são tão
particulares como as possuídas por ocupação legitimável, isto é, originariamente reservadas
de devolução, nos termos do Alvará de 1º de abril de 1680, que as reserva até na concessão
das sesmarias; não há (neste caso) posse a legitimar, há domínio a reconhecer [...]",
constitucionalizado em 1934, na CF/67, bens da União, em 88, direitos “originários”. Os
territórios indígenas são propriedade da União e de posse (permanente) privada, mas
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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coletiva, cabendo exclusivamente aos índios o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos.
Usufruto:
Usufruto exclusivo quer dizer que não é transferível para qualquer apropriação individual e
que os resultados de qualquer uso ou trabalho será sempre coletivo. Logo, é possível o uso
indireto, como o trabalho alheio ou o contrato que explore riqueza do território. É vedado o
exercício do direito de propriedade (brasileiro) nas terras indígenas, onde é cogente o
direito consuetudinário indígena, que pode permitir apropriação individual segundo seus
costumes (Marés, 1998). “Salvaguardas institucionais” – STF no Caso Raposa Serra do Sol:
o usufruto exclusivo: (a) pode ser relativizado por relevante interesse público da União em
LC; (b) não abrange (b.1) o aproveitamento dos recursos hídricos e potenciais energéticos
(autorização do CN); (b.2) pesquisa e lavra de riquezas minerais (índios têm participação
nos resultados, e idem); (b.3) garimpagem nem faiscação (exige permissão); (c) Política de
Defesa Nacional, cujas ações são implementadas independentemente de consulta às
comunidades e à Funai; idem para as ações das Forças Armadas e a Polícia Federal; (d) não
impede a instalação pela União de equipamentos públicos; (e) em unidade de conservação
fica sob responsabilidade do ICMBio, que administra a UC e deve ouvir as comunidades;
nas UC admite-se visitantes e pesquisadores não-índios; no restante da área, idem mas
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
administrado pela Funai; sempre sem cobrança; (f) terras indígenas não podem ser objeto
de arrendamento ou qualquer ato ou negócio que restrinja o pleno exercício do usufruto e
da posse direta pela comunidade; (g) são vedadas aos não-índios a caça, pesca, coleta ou
agropecuária extrativa. Terra, usufruto e rendas gozam de imunidade tributária plena. É
vedada a ampliação de terra já demarcada (certamente contra posição do MPF). Direitos às
terras são imprescritíveis, inalienáveis e indisponíveis. É assegurada a participação das UF
em todas as etapas do processo de demarcação.
INFORMATIVO
STF
No mérito, ressurtiu-se que a demarcação prévia da área abrangida pelos títulos não seria,
em si, indispensável ao ajuizamento da própria ação e que o STF poderia examinar se a
área seria ou não indígena para decidir pela procedência ou não do pedido. Comentou-se
que a presente ação fora proposta sob a égide da CF/67, com as alterações da EC 1/69, e
que esta seria o parâmetro usado para o julgamento do pedido. Aduziu-se que aquele texto
constitucional, em seu art. 198, referir-se-ia à posse permanente do silvícola ("As terras
habitadas pelos silvícolas são inalienáveis nos têrmos que a lei federal determinar, a êles
cabendo a sua posse permanente e ficando reconhecido o seu direito ao usufruto exclusivo
das riquezas naturais e de tôdas as utilidades nelas existentes. §1º Ficam declaradas a
nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos de qualquer natureza que tenham por objeto o
domínio, a posse ou a ocupação de terras habitadas pelos silvícolas. §2º A nulidade e
extinção de que trata o parágrafo anterior não dão aos ocupantes direito a qualquer ação ou
indenização contra a União e a Fundação Nacional do Índio."). Assim, realçou-se que a
posse indígena sobre a terra, fundada no indigenato, teria relação com o ius possessionis e
com o ius possidendi, a abranger a relação material do sujeito com a coisa e o direito de
seus titulares a possuírem-na como seu habitat. Deduziu-se que a região em conflito
consubstanciaria morada do povo Pataxó, que ocuparia a área em litígio desde 1651, apesar
de confirmada a ocorrência de algumas diásporas de índios, bem como o arrendamento de
certas frações da reserva pelo Serviço de Proteção aos Índios - SPI. Entretanto, isso não
desconfiguraria a posse permanente e a habitação exigidas pela CF/67, porquanto em
nenhum momento teria sido demonstrada a ausência de silvícolas na área em questão, os
quais, obrigados a deixar a terra natal em decorrência das acirradas disputas pela região,
teriam mantido laços com os familiares que lá permaneceram. ACO 312, rel. orig. Min.
Eros Grau, red. p/ac. Min. Luiz Fux, 2.5.2012. (Informativo 664).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
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Vencido o Min. Marco Aurélio, que julgava o pedido improcedente, bem como
prejudicadas as reconvenções. Frisava que o Brasil todo consubstanciaria, quando dos
descobrimentos, terra indígena, porém não se poderia cogitar de desocupação para entregar
o território nacional aos índios. Afirmava que, no conflito entre os silvícolas e aqueles que
ocupariam as terras desde 1967 — quando da outorga da Constituição brasileira que regia a
matéria na época da propositura da ação — estes últimos teriam confiado no Estado, que
lhes outorgara os respectivos títulos de propriedade. Lembrava que, sob a vigência daquele
texto constitucional, não haveria o que requerido pela CF/88 para reconhecer-se a posse
indígena: a existência de índios na área ocupada. Assim, não colocava em segundo plano os
inúmeros títulos formalizados, tendo como partes da relação jurídica o Estado da Bahia e os
particulares, que teriam adentrado a área — que não seria, na época, ocupada por indígenas
— e passado a explorá-la.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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demandante para com o demandado. No caso, apontou-se que o STF teria declarado a
validade da Portaria 534, de 13.4.2005, do Ministro de Estado da Justiça, que estabelecera a
demarcação, bem como as condições em que seria implementada. Assim, o objeto
executado na decisão da Corte seria o decreto presidencial que homologara essa portaria.
Ademais, destacou-se que simples declaração judicial não teria o condão de fazer cessar, de
forma imediata, toda e qualquer oposição indevida aos direitos reconhecidos no processo.
Concluiu-se que o STF optara por dar execução própria a essa decisão, de modo a
concretizar a portaria do Poder Executivo. Pet 3388 ED - Terceiros/RR, rel. Min. Roberto
Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
No que se refere às demais questões formuladas nos embargos, assinalou-se que pessoas
miscigenadas, ou que vivessem maritalmente com índios, poderiam permanecer na área.
Explicou-se que a CF/88 teria caráter pluralista e inclusivo, de maneira que o critério
adotado pelo acórdão do STF não seria genético, mas sociocultural. Desse modo, poderiam
permanecer na área demarcada e valer-se de seu usufruto todos que integrassem as
comunidades indígenas locais. Importaria, para esse fim, a comunhão com o modo de vida
tradicional dos índios da região. Reputou-se que a indagação acerca da presença de
autoridades religiosas ou de templos de denominações não indígenas não teria sido debatida
no acórdão de forma específica, mas reforçou-se que o objetivo da Constituição seria
resguardar, para os índios, um espaço exclusivo onde pudessem viver a própria cultura e
religiosidade. Esse direito, entretanto, não exigiria a ausência de contato com pessoas de
fora desse espaço, como os não indígenas. Ressalvou-se, por outro lado, que não seria
legítima a presença de indivíduos que tivessem como propósito interferir sobre a religião
dos índios. . Sublinhou-se, ainda, que a Constituição não teria por objetivo impedir os
índios de fazer suas próprias escolhas, como se devessem permanecer em isolamento
incondicional. Concluiu-se que, nos termos do acórdão, seria aplicável à questão religiosa a
mesma lógica aplicada quanto ao usufruto das riquezas do solo, que seria conciliável com a
eventual presença de não índios, desde que tudo ocorresse sob a liderança institucional da
União. Asseverou-se caber às comunidades indígenas o direito de decidir se, como, e em
quais circunstâncias seria admissível a presença dos missionários e seus templos. Não se
trataria de ouvir a opinião dos índios, mas de dar a ela o caráter definitivo que qualquer
escolha existencial mereceria. No tocante às escolas públicas, explicitou-se que o acórdão
teria sido expresso ao dizer que as entidades federadas deveriam continuar a prestar
serviços públicos nas terras indígenas, desde que sob a liderança da União (CF, art. 22,
XIV). Assim, seria necessária a presença de escolas públicas na área, desde que respeitadas
as normas federais sobre a educação dos índios, inclusive quanto ao currículo escolar e o
conteúdo programático. No que se refere à passagem de não índios pelas rodovias citadas,
lembrou-se que o acórdão estabelecera esse direito de passagem, visto que os índios não
exerceriam poder de polícia, sequer poderiam obstar a passagem de outros pelas vias
públicas que cruzassem a área demarcada. Quanto às ações individuais que questionam a
boa-fé dos portadores de títulos de propriedade, proveu-se o recurso para explicitar que ao
STF não teriam sido submetidos outros processos a respeito de questões individuais
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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relacionadas à área. Assentou-se que, uma vez transitada em julgado a sentença de mérito
proferida em ação popular, nos termos do art. 18 da Lei 4.717/65 ("Art. 18. A sentença terá
eficácia de coisa julgada oponível 'erga omnes', exceto no caso de haver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova"), todos os processos
relacionados a essa terra indígena deveriam adotar as seguintes premissas: a) a validade da
portaria do Ministério da Justiça e do decreto presidencial, observadas as condições
estabelecidas no acórdão; e b) a caracterização da área como terra indígena, para os fins dos
artigos 20, XI, e 231 da CF. Disso resultaria a inviabilidade de pretensões possessórias ou
dominiais de particulares, salvo no tocante a benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
Por fim, quanto à posse das fazendas desocupadas, desproveu-se o recurso. Frisou-se que o
tema não teria sido objeto de decisão no acórdão, mas eventuais disputas do tipo deveriam
ser resolvidas pelas comunidades interessadas, com a participação da Funai e da União,
sem prejuízo da intervenção do Ministério Público e do Judiciário. Vencido, em parte, o
Ministro Marco Aurélio, que, considerados os esclarecimentos prestados pelo Plenário
quanto a essas questões, provia os embargos em maior extensão. Pet 3388 ED -
Terceiros/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
Em seguida, o Plenário, por maioria, proveu parcialmente embargos declaratórios nos quais
impugnadas as condições incorporadas ao dispositivo do acórdão recorrido. Alegava-se que
não caberia ao STF traçar parâmetros abstratos de conduta, que sequer teriam sido objeto
de discussão na lide. Sustentava-se que condições definidas em caráter geral e abstrato só
poderiam ser impostas, a partir de casos concretos, por meio de súmula vinculante, inviável
na hipótese porque inexistiriam reiteradas decisões da Corte sobre o tema. A Corte afirmou
que as citadas condições seriam pressupostos para o reconhecimento da demarcação válida.
Dessa forma, se o fundamento para se reconhecer a validade da demarcação é o sistema
constitucional, seria o caso de não apenas explicitar o resultado, mas também as diretrizes
que confeririam substância ao usufruto indígena e o compatibilizariam com outros
elementos protegidos pela Constituição. Ponderou-se que seria impossível resolver o
conflito fundiário apresentado sem enunciar os aspectos básicos do regime jurídico
aplicável à área demarcada. Nesse sentido, as condições integrariam o objeto da decisão e
fariam coisa julgada material. Portanto, a incidência das referidas diretrizes na reserva em
comento não poderia ser objeto de questionamento em outros processos. Ressalvou-se,
porém, que isso não significaria transformação da coisa julgada em ato normativo geral e
abstrato, vinculante para outros processos que discutissem matéria similar. Assim, a decisão
proferida na ação popular não vincularia juízes e tribunais quanto ao exame de outros
processos relativos a terras indígenas diversas. Entretanto, uma vez pronunciado o
entendimento da Corte sobre o tema, a partir da interpretação do sistema constitucional,
seria natural que esse pronunciamento servisse de diretriz relevante para as autoridades
estatais que viessem a enfrentar novamente as mesmas questões. Em suma, ainda que o
acórdão embargado não tivesse efeitos vinculantes em sentido formal, ostentaria a força de
decisão da mais alta Corte do País, do que decorreria elevado ônus argumentativo nos casos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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em que se cogitasse de superação das suas razões. Pet 3388 ED - Sextos/RR, rel. Min.
Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
A parte recorrente sustentava, ainda, que o STF teria dado primazia incondicionada a
interesses da União, bem como à tutela do meio ambiente, em detrimento dos direitos
indígenas. No ponto, o Tribunal observou que o acórdão teria sido expresso a respeito da
orientação adotada, sem que se pudesse vislumbrar primazia incondicionada em favor de
alguém. Explicou-se que se aplicariam aos índios, como a quaisquer outros brasileiros nas
suas terras, os regimes de proteção ambiental e de segurança nacional. O acórdão
embargado teria definido como seriam conciliadas, em princípio, as pretensões antagônicas
existentes. Sublinhou-se que essa seria tarefa ordinária do legislador, mas, na ausência de
disposições claras sobre essas questões, coubera à Corte discorrer sobre o sentido das
exigências constitucionais na matéria, à luz do caso concreto. Destacou-se que essa
ponderação em abstrato, feita pelo STF, não impediria que outros julgadores chegassem a
conclusões específicas diversas, que poderiam ser questionadas pelas vias próprias. Pet
3388 ED - Sextos/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
Alegava-se, também, que a utilização das terras indígenas pela União dependeria da prévia
edição de lei complementar (CF, art. 231, § 6º). A respeito, o Tribunal asseverou que, de
acordo com a interpretação conferida pelo acórdão, a reserva de lei complementar prevista
nesse dispositivo não alcançaria toda e qualquer atuação da União nas terras indígenas. Em
particular, o patrulhamento de fronteiras, a defesa nacional e a conservação ambiental nas
áreas demarcadas não dependeriam da prévia promulgação da referida lei. Pet 3388 ED -
Sextos/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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consulta, mas, em relação a outros temas, ainda que estrategicamente relevantes, caberia às
autoridades, e eventualmente ao Judiciário, utilizar-se da referida Convenção para ponderar
os interesses em jogo. Salientou-se que a relevância da consulta às comunidades indígenas
não significaria que as decisões dependessem formalmente da aceitação dessas
comunidades como requisito de validade. A mesma lógica se aplicaria em matéria
ambiental, de modo que não haveria problema no fato de que as tradições e costumes
indígenas fossem considerados como apenas mais um fator, a ser sopesado pela autoridade
ambiental. Assim, a autoridade responsável pela administração das áreas de preservação
não poderia decidir apenas com base nos interesses dos indígenas, e deveria levar em conta
as exigências relacionadas à tutela do meio ambiente. Assinalou-se que, em qualquer caso,
estaria garantido o acesso ao Judiciário para impugnar qualquer decisão da autoridade
competente. Pet 3388 ED - Sextos/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário.
(Informativo 725).
Questionava-se, ainda, a vedação à ampliação das áreas demarcadas, nos termos do que
decidido pelo Plenário. Primeiramente, o Tribunal esclareceu que o instrumento da
demarcação, previsto no art. 231 da CF, não poderia ser empregado, em sede de revisão
administrativa, para ampliar a terra indígena já reconhecida, sob pena de insegurança
jurídica quanto ao espaço adjacente. Isso não impediria, entretanto, que a área sujeita a uso
pelos índios fosse aumentada por outras vias previstas no direito. Nesse sentido, os índios e
suas comunidades poderiam adquirir imóveis na forma da lei. Além disso, a União poderia
obter o domínio de outras áreas, por meio de compra e venda, doação ou desapropriação.
Em segundo lugar, a Corte explicitou que o acórdão não proibiria toda e qualquer revisão
do ato de demarcação. Permitir-se-ia o controle judicial, e a limitação prevista no ato
decisório alcançaria apenas o exercício da autotutela administrativa. Portanto, não haveria
espaço para nenhum tipo de revisão fundada na conveniência e oportunidade do
administrador. Isso não ocorreria, porém, nos casos de vícios no processo de demarcação.
Impor-se-ia o dever à Administração de anular suas decisões quando ilícitas, observado o
prazo decadencial de 5 anos. Nesses casos, a anulação deveria ser precedida de
procedimento administrativo idôneo. Ademais, como a nulidade configuraria vício de
origem, fatos ou interesses supervenientes à demarcação não poderiam ensejar a cassação
administrativa do ato. Em terceiro lugar, o Tribunal explicitou que seria vedado à União
rever os atos de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ainda que no exercício
de autotutela administrativa, considerado o fato de que sua correção formal e material teria
sido atestada pela Corte. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa,
Presidente, que proviam os embargos quanto às condicionantes expostas na parte
dispositiva do acórdão, visto que encerrariam normas abstratas autônomas. Aduziam não
caber ao STF atuar de forma tão alargada, como legislador positivo, para introduzir regras
que somente poderiam existir mediante atuação do Poder Legislativo. Pet 3388 ED -
Sextos/RR, rel. Min. Roberto Barroso, 23.10.2013. Plenário. (Informativo 725).
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Por identificar a existência de litígio federativo grave, o Supremo Tribunal Federal atraiu
pra si a competência para julgar a Ação Popular – que, buscando proteger o patrimônio
roraimense, atacou a validade da Portaria de identificação da Terra Indígena Raposa Serra
do Sol expedida pelo Ministério da Justiça – e, consequentemente, as ações possessórias,
agravos de instrumento, agravos regimentais e liminares conexas:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Há jurisprudência do STF que entende que tal deslocamento ao grau de jurisdição superior
só pode ser acolhido quando indispensável ao exercício do direito de evicção ou da ação
regressiva; caso contrário, quando não há prejuízo ao exercício de tais direitos, podem ser
eles exercidos após a decisão da lide e em ação própria, pois da denunciação da lide
decorreria supressão de instâncias julgadoras, com prejuízo ao princípio do juiz natural, dos
direitos do réu e do denunciado.
Cabe ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar ação popular em que os respectivos
autores, com pretensão de resguardar o patrimônio público roraimense, postulam a
declaração da invalidade da Portaria n. 820/98, do Ministro da Justiça. Também incumbe a
esta Casa de Justiça apreciar todos os feitos processuais intimamente relacionados com a
demarcação da referida reserva indígena. Reclamação procedente. (STF – Reclamação n.
2.833-0/RR, Rel Min. Carlos Britto, DJ 05.08.05)
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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No caso do julgamento da Pet 3388/RR, Caso Raposa Serra do Sol, verifica-se que o STF,
ao condicionar a sua decisão a uma série de cláusulas denominadas pelo acórdão de
“salvaguardas institucionais” do processo de demarcação de terras indígenas em geral,
buscou dar efeitos erga omnes, fazendo com que uma decisão em ação popular pudesse ter
sua eficácia estendida a todos os casos futuros. Essa postura, além de destoar da tradição da
corte em matéria indígena, chama a atenção por ter ocorrido em uma ação popular. Não
cabe nesta breve análise nos estendermos acerca do acerto ou desacerto dessa construção do
STF, contudo, destaco que a decisão, na prática, aproximou a ação popular de mais uma
forma de controle em abstrato de constitucionalidade.
No meu ponto de vista, o ponto mais emblemático que merece referência é a proposta do
Ministro Menezes Direito de adotar “como critério constitucional não a teoria do
indigenato, mas, sim, a do fato indígena”. Para o Ministro, a aferição do fato indígena em 5
de outubro de 1988 envolve uma escolha que prestigia a segurança jurídica e se esquiva das
dificuldades práticas de uma investigação imemorial da ocupação indígena. Entendeu
Menezes Direito que a ocupação indígena é um fato a ser verificado, e que fatores
ecológico e cultural/demográfico são também fatos a serem averiguados em estudos
apropriados.
Para Menezes Direito, a identificação do fato indígena, que por um lado dispensa
considerações sobre a ocupação imemorial, por outro exige comprovação e demonstração,
ou seja, presença na data da promulgação da Constituição de 1988 dos índios nas terras em
questão, uma presença constante e persistente. Trocando em miúdos, fato indígena, na visão
do Ministro, é a observância da posse de índios em determinada terra, de forma constante e
persistente, na data específica de 05 de outubro de 1988.
Alguns atribuem a Menezes Direito a construção de uma nova teoria ao criar o “fato
indígena”. Na verdade, Sua Excelência apenas deu nova formação, via decisão judicial, aos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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elementos nucleares do suporte fático do fato indígena. Ora, a todo fato ocorrente no
mundo fenomênico, juridicamente relevante, o direito o qualifica como fato jurídico. Os
adjetivos que se agregam a este fato variam conforme a área do direito sob análise. Daí
termos fato tributário, fato administrativo, fato econômico, e assim, sucessivamente,
inclusive fato indígena. Esses ensinamentos são tomados em Pontes de Miranda com
precisão.
“ 11. O conteúdo positivo do ato de demarcação das terras indígenas. 11.1. O marco
temporal de ocupação. A Constituição Federal trabalhou com data certa – a data da
promulgação dela própria (5 de outubro de 1988) – como insubstituível referencial para o
dado de ocupação de um determinado espaço geográfico por essa ou aquela etnia
aborígene; ou seja, para o reconhecimento aos índios, dos direitos originários das terras que
tradicionalmente ocupam. 11.2. O marco da tradicionalidade da ocupação. É preciso que
esse estar coletivamente situado em certo espaço fundiário também ostente o caráter de
perdurabilidade, no sentido anímico e psíquico de continuidade etnográfica. A
tradicionalidade da posse nativa, no entanto, não se perde onde, ao tempo da
promulgação da Lei Maior de 1988, a reocupação apenas não ocorreu por efeito de
renitente esbulho por parte de não-índios. Caso das “fazendas” situadas na Terra
Indígena Raposa Serra do Sol, cuja ocupação não arrefeceu nos índios sua capacidade
de resistência e de afirmação da sua peculiar presença em todo o complexo geográfico
da “Raposa Serra do Sol”.
Assim, observamos que o Ministro Ayres Britto, não deixando de homenagear a tese de
Menezes Direito acerca do fato indígena (ocupação efetiva precisamente em 05 de outubro
de 1988), não deixou de lado, mesmo sem dar destaque, o conteúdo da teoria do indigenato,
ao estabelecer que a posse não constatada e efetivamente exercida naquela data, por motivo
alheio à vontade dos índios, também não faz retirar daqueles espaços geográficos o
qualificativo de terra indígena com todas as consequências constitucionais que o termo
encerra.
Destaco, ainda, que a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, só se
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
deu pelo empenho efetivo e pela sensibilização do Ministro Ayres Britto, após se inteirar do
histórico de lutas daqueles povos para afirmação de sua cultura e tradições.
Voltemos ao julgamento.
Cláusulas Condicionantes
Cláusula 1: o usufruto das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes nas terras
indígenas (art. 231, § 2º, da Constituição Federal) pode ser relativizado sempre que houver,
como dispõe o art. 231, § 6º, da Constituição, relevante interesse público da União, na
forma de lei complementar;
Cláusula 3: o usufruto dos índios não abrange a pesquisa e lavra das riquezas minerais, que
dependerá sempre de autorização do Congresso Nacional, assegurando-se-lhes a
participação nos resultados da lavra, na forma da lei;
Cláusula 4: o usufruto dos índios não abrange a garimpagem nem a faiscação, devendo, se
for o caso, ser obtida a permissão de lavra garimpeira;
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Cláusula 6: a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal na área indígena, no âmbito
de suas atribuições, fica assegurada e se dará independentemente de consulta às
comunidades indígenas envolvidas ou à FUNAI;
Cláusula 7: o usufruto dos índios não impede a instalação, pela União Federal, de
equipamentos públicos, redes de comunicação, estradas e vias de transporte, além das
construções necessárias à prestação de serviços públicos pela União, especialmente os de
saúde e educação;
Cláusula 8: o usufruto dos índios na área afetada por unidades de conservação fica sob
a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Cláusula 10: o trânsito de visitantes e pesquisadores não-índios deve ser admitido na área
afetada à unidade de conservação nos horários e condições estipulados pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade;
Cláusula 12: o ingresso, o trânsito e a permanência de não-índios não pode ser objeto de
cobrança de quaisquer tarifas ou quantias de qualquer natureza por parte das comunidades
indígenas;
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Cláusula 13: a cobrança de tarifas ou quantias de qualquer natureza também não poderá
incidir ou ser exigida em troca da utilização das estradas, equipamentos públicos, linhas de
transmissão de energia ou de quaisquer outros equipamentos e instalações colocadas a
serviço do público, tenham sido excluídos expressamente da homologação, ou não;
Cláusula 14: as terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer
ato ou negócio jurídico que restrinja o pleno exercício do usufruto e da posse direta pela
comunidade indígena ou pelos índios (art. 231, § 2º, Constituição Federal, c/c art. 18, caput,
Lei nº 6.001/1973);
Cláusula 15: é vedada, nas terras indígenas, a qualquer pessoa estranha aos grupos tribais
ou comunidades indígenas, a prática de caça, pesca ou coleta de frutos, assim como de
atividade agropecuária ou extrativa (art.231, § 2º, Constituição Federal, c/c art. 18, § 1º, Lei
nº 6.001/1973);
Cláusula 16: as terras sob ocupação e posse dos grupos e das comunidades indígenas, o
usufruto exclusivo das riquezas naturais e das utilidades existentes nas terras ocupadas,
observado o disposto nos arts. 49, XVI, e 231, § 3º, da CR/88, bem como a renda indígena
(art. 43 da Lei nº 6.001/1973), gozam de plena imunidade tributária, não cabendo a
cobrança de quaisquer impostos, taxas ou contribuições sobre uns ou outros;
Cláusula 18: os direitos dos índios relacionados às suas terras são imprescritíveis e estas
são inalienáveis e indisponíveis (art. 231, § 4º, CR/88);
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Não precisa muito esforço para vislumbrar que não queria o Ministro Menezes Direito
estipular todas essas condicionantes, em verdade, no meu sentir, as cláusulas de número 1,
2, 3, 4, 14, 15, 16, 18 foram postas apenas para aliviar o amargor das demais. Sei a lei não
diz o óbvio, muito menos uma decisão de uma Corte Suprema. Não precisaria o ministro
condicionar sua decisão a enunciados que já estavam postos em normas vigentes. Queria,
em verdade, estabelecer as cláusulas restritivas acima sublinhadas, num pacote mais amplo.
E o que dizer de se impedir a ampliação de terra indígena, apenas por já ter sido demarcada.
Ora, como já estudamos, é terra indígena aquela porção de terra ocupada pelos índios,
submetida a um processo de identificação e demarcação promovido sob os auspícios do
contraditório e da ampla defesa, após a constatação por laudo antropológico que ateste que
ali há ocupação tradicional indígena. Não vejo impedimento em se ampliar eventual porção
de terra indígena se restar comprovado, por novos estudos antropológicos, que a
demarcação anterior não abrangeu a totalidade da ocupação tradicional indígena.
Entendimento contrário a isso é entendimento contrário à Constituição Federal.
A propósito, vale transcrever precedente do Superior Tribunal de Justiça, no qual foi fixado
entendimento no sentido da possibilidade de revisão de limites de terras indígenas
demarcadas antes da Constituição Federal de 1988:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
3. Segundo o art. 231, §§ 1° e 6°, da CF/88 pertencem aos índios as terras por estes
tradicionalmente ocupadas, sendo nulos os atos translativos de propriedade.
4. A ocupação da terra pelos índios transcende ao que se entende pela mera posse da terra,
no conceito do direito civil. Deve-se apurar se a área a ser demarcada guarda ligação
anímica com a comunidade indígena. Precedente do STF.
5. Pretensão deduzida pelo impetrante que não encontra respaldo na documentação carreada
aos autos, sendo necessária a produção de prova para ilidir as constatações levadas a termo
em laudo elaborado pela FUNAI, fato que demonstra a inadequação do writ.
Entendo que a revisão pode se dar independentemente do tempo da demarcação, desde que
haja estudo antropológico idôneo a indicar que a terra indígena merece ser ampliada.
Cumpre asseverar, ademais, que o acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal na
ação que trata da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (Pet 3388/RR) não
possui efeitos vinculantes.
O Ministro Carlos Brito já salientou que o caso Raposa Serra do Sol não tem efeito
vinculante e, ainda que assim não fosse, como defende alguns juristas, sua decisão
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
A propósito, confira-se a decisão proferida nos autos da Reclamação 8.070, cuja liminar foi
denegada pelo Ministro:
2. Argui a autora desrespeito à decisão deste Supremo Tribunal Federal na Pet 3.388. Isto
porque a ampliação da área indígena demarcada estaria expressamente proibida. Daí
requerer a concessão de liminar para “suspender, imediatamente, os trabalhos de campo que
estão sendo iniciados nesta data”.
3. Feito esse aligeirado relato da causa, passo à decisão. Fazendo-o, pontuo, de saída, não
estarem presentes os requisitos para a concessão da liminar. É que há dúvida quanto ao
próprio cabimento desta reclamação, uma vez que ação popular não é meio processual de
controle abstrato de normas, nem se iguala a uma súmula vinculante. Ainda que assim
fosse, a decisão deste Supremo Tribunal Federal na Pet 3.388 apenas vincularia os demais
órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública a partir de 31 de março de 2009, data
de publicação da ata da sessão de julgamento (Rcl 3.473-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso;
Rcl 2.576, Rel. Min. Ellen Gracie; ADI 711-QO, Rel. Min. Néri da Silveira). E o ato
reclamado é de 25 de março de 2009. Ademais, não enxergo nenhum perigo na demora da
prestação jurisdicional (periculum in mora), dado que apenas se constituiu grupo técnico
para realização de estudos.
4. Ante o exposto, indefiro a liminar, sem prejuízo de uma mais detida análise da Ministra
Relatora.” (grifamos).
Por fim, entendo que o resultado do julgamento da Pet 3388/RR, teve a valia de, por um
lado, simbolizar a conquista dos povos que habitam a Raposa Serra do Sol em ter suas
terras demarcadas de forma contínua. Entretanto, por outro lado, as condicionantes que se
agregaram ao voto do relator traz um gosto amargo a essa conquista, por lançar sombras ao
futuro da causa indígena que aparentava brilhar com o voto inicial do Ministro Ayres Britto.
Esperemos os próximos capítulos, sempre lembrando que o Poder Econômico nunca irá se
render na luta para desqualificar a causa indígena. Fiquemos alerta!
STJ
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Trata-se de recurso contra acórdão que condenou o Estado a pagar indenização a título de
danos morais, por desocupação de imóvel situado em terra indígena após a CF/1988, o qual
foi adquirido mediante colonização na década de 60 realizada pelo Estado do Rio Grande
do Sul. Com a promulgação da CF/1988, surgiu o conceito de terras tradicionalmente
ocupadas por índios a serem demarcadas pela União e de imprescritibilidade dos direitos
sobre elas (art. 231,caput e § 4º, da CF/1988). Assim, a Turma entendeu que não se pode
condenar o Estado por realizar colonização nos anos 50 e 60, período anterior à CF/1988,
antes de a União ter demarcado as terras indígenas. Na espécie, o acórdão a quo, lastreado
no art. 32 do ADCT da Constituição do Rio Grande do Sul, que impunha o ressarcimento
dos colonos pelo Estado, no prazo de quatro anos, ao verificar a omissão dessa obrigação,
condenou-o em danos morais, e não em danos materiais pela perda de terra. Isso não pode
ser examinado em REsp, pois demandaria análise de Direito local, o que é inviável
conforme a Súm. n. 280-STF. Assim, a Turma conheceu em parte do recurso e, nessa parte,
negou-lhe provimento. Precedentes citados:REsp 839.185-PR, DJe 18/11/2008; AgRg no
REsp 982.869-ES, DJe 30/4/2008, e AgRg no Ag 985.776-RS, DJe 23/6/2009. REsp
1.133.648, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 5.10.10. 2ª T. (Informativo 450).
QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
525
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Gabarito: "Falso".
ORAL
1) Pode um índio ser professor em escola pública? Precisaria ele de concurso público para
isso?
4) Fale sobre as formas de tutela jurídica das terras indígenas previstas no direito brasileiro.
8) Fora dos arts. 231 e 232 da CF há algum dispositivo constitucional dos índios? Qual
dispositivo de políticas públicas fora desses artigos?
526
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
A teoria interna prega que um direito fundamental existe, desde sempre, com seu conteúdo
determinado e, por isso, o direito fundamental já nasce com seus limites. Assim, “eventual
dúvida sobre o limite do direito não se confunde com a dúvida sobre a amplitude das
restrições que lhe devem ser impostas, mas diz respeito ao próprio conteúdo do direito”.
(Gilmar Mendes, fl. 226). Do ponto de vista lógico, a restrição seria desnecessária e até
impossível, já que o alcance do direito fundamental, pela teoria interna, já seria
determinado de antemão. Não há, dessa forma, separação entre o âmbito de proteção do
527
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
direito e seus limites, o que permite a inclusão de considerações sobre outros bens dignos
de proteção, aumentando o risco de restrições arbitrárias de liberdade.
Já pela teoria externa, o direito fundamental e a restrição são duas categorias que se
deixam existir lógica e juridicamente, existindo, a princípio, um direito não limitado que,
com a imposição de restrições, converte-se num direito limitado (distinção entre posição
prima facie e posição definitiva). Não existe, dessa forma, relação necessária entre a ideia
de direito e restrição, podendo haver, inclusive, direito sem restrições. Essa ideia (de
restrição) seria estabelecida pela necessidade de compatibilização entre os diversos bens
jurídicos. A teoria externa, por distinguir entre posição prima facie e posição definitiva, se
adéqua melhor ao sistema de direitos fundamentais, com a ideia de convivência harmônica
dos respectivos titulares dos diversos direitos fundamentais. Gilmar Mendes defende a
aplicação da teoria externa aos direitos fundamentais por não enxergá-los como posições
definitivas, mas sim como princípios.
Núcleo essencial seria a parcela do conteúdo do direito sem a qual ele perde sua mínima
eficácia. Forma de evitar ou contornar o esvaziamento do conteúdo dos direitos
fundamentais pelo legislador. Apesar de vedar expressamente qualquer proposta de emenda
tendente a abolir direitos fundamentais (art. 60, §4º), CRFB/88 não traz de forma expressa a
garantia do núcleo essencial, ao contrário da Lei Fundamental alemã e das Constituições
portuguesa e espanhola. Ainda assim, o princípio de um núcleo essencial decorre do
modelo garantístico da CRFB/88. STF tem usado o princípio em vários julgados (HC
82.959, Rel Min. Marco Aurélio, DJ 1º.09.2006, Voto Ministro Peluso no caso de vedação à
progressão de regime em cumprimento de pena de crime hediondo: atinge o núcleo do
princípio da individualização da pena).
528
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
desproporcional por não se revelar suficiente para uma proteção adequada e eficaz). O STF
utiliza princípio da proporcionalidade como instrumento para solução de colisão entre
direitos fundamentais (HC 76.060, Rel. Min Sepúlveda Pertence). Duplo controle de
proporcionalidade e controle de proporcionalidade in concreto: qualquer medida
administrativa ou judicial com base na lei aprovada pelo parlamento que afete direitos
fundamentais também submete-se ao controle de proporcionalidade.
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
Gabarito: "Verdadeiro".
529
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Verdadeiro".
530
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
1. Noções Gerais:
3. História:
4. Composição:
Art. 130-A, incisos e §1º, CF. Composto por 14 membros. Note-se que a maioria (8) é
advinda do próprio MP. A existência de membros vindos de outras carreiras, pode ser vista
como a conjugação da “legitimidade burocrático-corporativa” (SAMPAIO, p. 252) de duas
categorias de imediata interação com o MP, com a legitimidade democrática, de dois
cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. De acordo com o art. 17 do
531
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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5. Competência:
Art. 130-A, §2º, CF. A propósito, merece destaque a classificação adotada por José Adércio
(SAMPAIO, p. 274 e ss) ao tratar das atribuições do CNJ, a qual pode ser aplicada ao
CNMP. a) atribuições políticas: zelar pela autonomia do Ministério Público e pelo
cumprimento da lei orgânica, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
competência, ou recomendar providências; a.1) atribuição de planejamento: zela pela
autonomia de adotar o papel de gestor estratégico dos recursos administrativos, humanos,
logísticos e financeiros do Ministério Público; a.2) atribuição de defesa da soberania (no
original fala-se de soberania judiciária): deve adotar todas as medidas necessárias contra as
ameaças e as violações advindas dos outros Poderes e, com certas cautelas, de setores da
sociedade, em defesa da “soberania” do MP. “Não se trata de atitude corporativa, mas
institucional, pois o Conselho não é sindicato de classe e sim órgão de poder” (p. 276).
a.3) atribuição de poder regulamentar: todavia, sem poder inovar na ordem jurídica. “Não
pode, por conseguinte, permitir o que a lei proíbe ou ordenar o que a lei não obriga; nem
alterar, restringir ou ampliar direitos, deveres, ações ou exceções; tampouco é dado
exemplificar o que o legislador definiu por taxativo, ou suspender ou adiar a execução da
lei, instituir tribunais ou criar autoridades públicas, nem tampouco estabelecer formar de
exteriorização de um ato, diferentes daquelas determinadas por lei”. a.4) atribuições
mandamentais: recomendar providências, no sentido de ordem para integrantes e servidores
do MP, acompanhada das sanções cabíveis a todo descumprimento de mandado de
autoridade competente. Para autoridades públicas externas, tem a natureza de
representação, que, se não vincula aos resultados, obriga, ao menos, a diligências e
respostas; sanção, todavia, política e difusa (“pressão por persuasão”). a.5) atribuições de
economia interna: elaborar seu regimento, prover os cargos necessários à sua
administração; fixar critérios para promoção de seus servidores, conceder licenças etc. b)
atribuições de controle administrativo: zelar pela observância do art. 37 da Constituição
Federal e apreciar a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos
do Ministério Público da União e dos Estados; c) atribuições de ouvidoria: receber
reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados,
inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional da instituição. d) atribuições correicionais e disciplinares: a atribuição
disciplinar pode ser originária ou derivada. A originária ocorre quando se instaura a
sindicância, a reclamação ou o processo disciplinar em decorrência de representação feita
ao Conselho. Já a derivada pode ser a avocatória, quando já existe um processo em trâmite
e o CNMP avoca; ou revisional, feita de ofício ou mediante provocação, em relação aos
processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
julgados há menos de um ano. e) atribuição sancionatória: consequência da atribuição
disciplinar. Pode determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa. f) atribuição informativa e propositiva: elaborar relatório anual,
532
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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PONTO EXTRA: STF aprova emenda regimental que acrescenta competências às Turmas
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=267821
6. Funcionamento:
A CF restringiu-se a definir que o CNMP será presidido pelo PGR, bem como que o
Presidente do Conselho Federal da OAB oficiará junto àquele. De acordo com José Afonso,
faz-se necessária regulamentação legal (SILVA, p. 604).
Casuística: compete ao STF processar e julgar as ações contra o CNMP (Pet QO 3674);
suspensão da eficácia da Resolução 15/2006 do CNMP, que dispunha sobre o valor do teto
remuneratório dos membros e servidores do MPU e MP do Estados (ADI 3831); suspensão
do art. 5º, § 1º, da EC 45/2004 (ADI 3472 MC, transcrição no Informativo 392): “Por
considerar densa a plausibilidade da alegação de desrespeito ao § 2º do art. 60 da CF, que
dispõe sobre o processo legislativo referente à proposta de emenda constitucional, o
Tribunal concedeu liminar requerida em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada
pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP para suspender
a eficácia das expressões "e do Ministério Público", "respectivamente" e "e ao Ministério
Público da União", contidas no § 1º do art. 5º da Emenda Constitucional 45/2004 ("Art. 5º
O Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público serão
instalados no prazo de cento e oitenta dias a contar da promulgação desta Emenda,
devendo a indicação ou escolha de seus membros ser efetuada até trinta dias antes do
termo final. § 1º Não efetuadas as indicações e escolha dos nomes para os Conselhos
Nacional de Justiça e do Ministério Público dentro do prazo fixado no caput deste artigo,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
INFORMATIVOS
STJ
QUESTÕES
OBJETIVAS
III. Pode ter ações contra ele propostas perante o Supremo Tribunal Federal, a que compete
processá-las e julgá-las originariamente.
IV. Pode rever, a qualquer tempo, de ofício ou por provocação, os processos disciplinares
de membros do Ministério Público da União e dos Estados.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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II. incumbe receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério
Público da União e dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da
competência disciplinar e correcional da instituição, podendo avocar processos
disciplinares em curso, rever de ofício ou mediante provocação aqueles relativos aos
membros julgados há menos de um ano, e ainda determinar a remoção, a disponibilidade ou
a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa.
IV. compete julgar, mediante recurso interposto pelas partes interessadas, com efeito
suspensivo, as decisões proferidas nos processos de competência originária dos Conselhos
Superiores do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério
Militar, do Ministério Público do Distrito Federal e do Ministério Público dos Estados.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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cumpre ao intérprete revelar os novos fins que a lei tem por missão garantir.” (NADER, fl.
280). De acordo com Müller, “a interpretação histórica e a interpretação genética são
subcasos da interpretação sistemática.” Ademais, “tanto a interpretação sistemática
quanto a interpretação teleológica têm por escopo a combinação de vários, quando não
todos os elementos de concretização sob a designação 'sistemáticos' ou 'teleológicos'.”
(MÜLLER, p. 78) Por fim, não há hierarquia predeterminada entre os diferentes critérios.
Interpretação conforme a Constituição: 71 no caso de normas polissêmicas, deve-se dar
preferência à interpretação que lhes confira um sentido que seja mais consentâneo com a
constituição. Além de “princípio de controlo” 72 (CANOTILHO, p. 1226), a interpretação
conforme é também “modalidade de decisão do controle de normas” (MENDES, p. 1427),
pela qual se declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal – desde que haja um
“espaço de interpretação”. Decorre da supremacia da Constituição e da presunção de
constitucionalidade das leis. Essa forma de interpretação tem dois limites: não pode
contrariar a literalidade da lei, nem o fim contemplado pelo legislador. “Assim, segundo a
corrente majoritária, o STF não poderia atuar como legislador positivo, mas sim como
legislador negativo.” (FERNANDES, p. 169) No entanto, Gilmar Mendes reconhece que,
nas ADIs 1105 e 1227, o STF “acabou adicionando-lhes novo conteúdo normativo,
convolando a decisão em verdadeira interpretação corretiva da lei.” (MENDES, p. 1431)
Por outro lado, ao discorrer sobre a evolução da jurisprudência do STF acerca da possível
equiparação dessa técnica de decisão com a declaração de nulidade sem redução de texto,
acentua o referido autor: “Ainda que se não possa negar a semelhança dessas categoria e
a proximidade do resultado prático de sua utilização, é certo que, enquanto na
interpretação conforme à Constituição se tem, dogmaticamente, a declaração de que uma
lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial, constata-
se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por
inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do programa normativo
sem que se produza alteração expressa do texto legal.” (MENDES, p. 1428)
enquanto sentido literal possível – quer seja segundo o uso linguístico de outrora, quer
seja segundo o actual –, o limite da interpretação propriamente dita. Delimita, de certo
modo, o campo em que se leva a cabo a ulterior actividade do intérprete.” (LARENZ, p.
457) Na mesma linha, leciona Müller: “Por razões ligadas ao Estado de Direito, o possível
sentido literal circunscreve, não em último lugar no Direito Constitucional, o espaço de
ação de uma concretização normativamente orientada que respeita a correlação
jusconstitucional das funções. O teor literal demarca as fronteiras extremas das possíveis
variantes de sentido, i.e, funcionalmente defensáveis e constitucionalmente admissíveis.
Outro somente vale onde o teor literal for comprovadamente viciado.” (MÜLLER, p. 74)
INFORMATIVOS
STF
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
540
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Gabarito: "Verdadeiro".
(b) em face da supremacia da Constituição, deve ser adotada mesmo quando de sua
aplicação resultar sentido normativo contrário ao pretendido pelo legislador.
Gabarito: "Falso".
Gabarito: "Falso".
(a) A tópica desenvolvida por Theodor Vieweg, adota o chamado "topoi" (lugares ou
premissas comuns) como norte da atividade interpretativa. Os tópicos, por sua vez, cobram
o seu sentido sempre a partir do problema a cuja elucidação se destinam.
541
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(c) Para a metodologia concretista, desenvolvida, entre outros, por Friedrich Muller, a
interpretação não significa apenas densificar a norma, mas produzir a norma de acordo com
a qual o caso é então decidido.
Gabarito: "Falso".
(a) De todo enunciado normativo é possível extrair-se pelo menos uma norma jurídica, pois
deve-se presumir que o legislador jamais emprega palavras em vão.
(b) No sistema jurídico brasileiro, a ordem decrescente de prioridade no que se refere aos
critérios para resolução de antinomias é: hierarquia, cronologia e especialidade.
ORAL
542
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CRFB?
543
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Noções Gerais: conforme José Afonso, o Título VII da CF (Da Ordem Econômica e
Financeira) é exemplo de elemento sócio-ideológico, revelando “o caráter de compromisso
das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social,
intervencionista”. (SILVA, p. 44) “O surgimento de normas constitucionais sobre o
conteúdo e os limites dos direitos econômicos (a chamada 'Constituição Econômica')
resultou da necessidade de se compatibilizar os ideais do liberalismo econômico com a
justiça social exigida pelo Estado Social de Direito, a fim de assegurar condições de vida
digna aos trabalhadores, reprimir o abuso do poder econômico tendente à dominação dos
mercados e ao aumento arbitrário dos lucros, fazendo da livre iniciativa um postulado
altamente condicionado e subordinado à realização da justiça social.” (HOLTHE, p. 875)
Vale destacar que, no conceito de constituição econômica, além da liberdade econômica e
da intervenção do Estado nesse domínio, podem ser incluídos também o regime de minas,
jazidas e demais riquezas naturais, normas relativas ao trabalho, nacionalização,
planejamento e empresa (PETTER, p. 38)
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Incisos do art 170, CF. Soberania nacional (evitar influência descontrolada de outros países
na economia nacional; ideia de autonomia decisória) propriedade privada; função social
da propriedade (relativização do caráter absoluto da propriedade no que tange ao direito de
usar, gozar e dispor de um bem sem qualquer preocupação social; arts 5º, XXIII, 182, § 2º,
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Inicialmente de se notar que o item não segue a linha de pensamento adotada pela doutrina,
sobretudo a de Eros Grau, de que a exploração da atividade econômica por parte do ente
público ocorre quando este atua paralelamente aos agentes privados com intuito de lucro na
esfera de titularidade da iniciativa privada. O referido autor denomina essa atividade de
exploração de exercício de atividade econômica em sentido estrito. A atividade exercida
por meio de atuação estatal como agente normativo e regulador, com consequente
fiscalização, não é área de titularidade da iniciativa privada. Trata-se de atuação estatal
sobre a atividade econômica em sentido amplo. Em verdade, Eros Grau chama de
intervenção sobre o domínio econômico a atividade estatal que regula, normatiza a
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ADI 3.512, Relator(a): Min. EROS GRAU “(...)1. É certo que a ordem econômica na
Constituição de 1.988 define opção por um sistema no qual joga um papel primordial a
livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado só
intervirá na economia em situações excepcionais. Muito ao contrário. 2. Mais do que
simples instrumento de governo, a nossa Constituição enuncia diretrizes, programas e fins
a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula um plano de ação global
normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos veiculados pelos
seus artigos 1º, 3º e 170. (...)”
dispositivo não faz referência à autorização de serviço público. No seu entender, os serviços
chamados autorizados não têm a natureza de serviços públicos, são apenas atividades que,
pela sua importância para o interesse público, ficam sujeitas a maior controle por parte do
estado (ela lamenta, entretanto, que o art. 21, XII, da CF ainda faça referência à autorização
como forma de delegação do serviço público). Aplicam-se, para a escolha do
concessionário ou permissionário, as regras gerais previstas na Lei nº 8.666/93, com as
modificações decorrentes da Lei nº 8.987/95 e da Lei nº 9.074/95.
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INFORMATIVOS
STF
É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre atividades relacionadas ao setor nuclear
no âmbito regional, por violação da competência da União para legislar sobre atividades
nucleares, na qual se inclui a competência para fiscalizar a execução dessas atividades e
legislar sobre a referida fiscalização. ADI 1575, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 7.4.10. Pleno.
(Informativo 581).
STJ
O Poder Judiciário é competente para examinar Ação Civil Pública visando à proteção da
ordem econômica, independentemente de prévia manifestação do Cade ou de qualquer
outro órgão da Administração Pública. 2. A tarifa de armazenagem, "in casu", caracteriza
cobrança por serviço não prestado, com consequências nefastas na ordem concorrencial e
no plano do princípio da boa-fé objetiva. No essencial, desestimula o desembaraço rápido
de mercadorias, no prazo de até 48 horas, e a sua transferência para armazenamento em
Eadis ou portos secos, já que mantidas no próprio terminal portuário pelo período total
abrangido pela "tarifa de armazenagem de 15 (quinze) dias". 3. É abusiva a cobrança,
contratual ou não, por produtos ou serviços total ou parcialmente não prestados, exceto
quando houver inequívoca razão de ordem social. 4. A distinção entre carga pátio e carga
armazenada ostenta ratio concorrencial. O regime de trânsito aduaneiro e a limitação da
tarifação de permanência devem viabilizar a competição no setor de armazenamento (e
ulterior desembaraço) entre zonas primárias e secundárias dos portos. 5. O art. 12 da Lei
8.630/93 não oferece justificativa a autorizar tarifas que possam desvirtuar a concorrência
no setor. O dispositivo determina a cobrança por armazenagem de mercadorias como
contraprestação por serviço efetivamente prestado "no período em que essas lhe estejam
confiadas ou quando tenha controle ou uso exclusivo de área do porto onde se acham
depositadas ou devam transitar". REsp 1.181.643, Rel. Min. Herman Benjamin, j.
1º.3.2011. 2ª T. (Informativo 465).
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Falso".
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Verdadeiro".
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Gabarito: "Verdadeiro".
I. dispõe que ela deve observar, dentre outros princípios, a propriedade privada e sua função
social, a livre concorrência, a defesa do consumidor e do meio ambiente e a redução das
desigualdades regionais e sociais.
II. estabelece que, ressalvados os casos nela previstos, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
III. dispõe que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
IV. estabelece que o Estado exercerá, na forma da lei, como agente normativo e regulador
da atividade econômica, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
6) (MPF/20) Ao Estado:
(a) incumbe a exploração direta da atividade econômica visando o bem estar social e a
valorização do trabalho humano.
(c) como agente normativo e regulador da atividade econômica, cabe exercer, na forma da
lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o
poder público e indicativo para o setor privado.
Gabarito: "Verdadeiro".
8) (MPF/18) A Constituição Brasileira dispõe que a ordem social tem como base o primado
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais, sendo que a exploração direta
da atividade econômica pelo Estado é considerada sempre imperativo do desenvolvimento
nacional.
Gabarito: "Falso".
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10) (MPF/14) São princípios da ordem econômica, de acordo com a Constituição Federal:
(a) O monopólio estatal dos meios de produção para assegurar o pleno emprego e a redução
das desigualdades regionais e sociais, salvo quando necessária a iniciativa privada e a livre
concorrência como imperativos da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo.
(c) A defesa do consumidor e do meio ambiente desde que não interfira nas atividades
econômicas e mediante prévia autorização dos órgãos públicos.
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Diz o mesmo autor: “Neste cenário, há espaço tanto para visões comunitaristas, que buscam
na moralidade positiva e nas pré-compreensões socialmente vigentes o norte para a
hermenêutica constitucional, endossando na seara interpretativa os valores e cosmovisões
hegemônicos na sociedade, como para teorias mais próximas ao construtivismo ético, que
se orientam para uma moralidade crítica, cujo conteúdo seja definido através de um debate
racional de idéias, fundado em certos pressupostos normativos, como os de igualdade e
liberdade de todos os seus participantes.”
Pré-compreensões.
A aplicação do direito está envolvida por pré-compreensões que são inerentes ao juízo
humano. Dessa forma, a questão filosófica que envolve a análise das pré-compreensões
permeia o estudo do direito, possibilitando a permanente busca por novos sentidos e novos
conceitos que permitam a superação de velhos paradigmas.
Hans-Georg Gadamer, importante filósofo alemão (em sua obra Verdade e Método,
publicada pela primeira vez em 1960, na qual o autor desenvolve uma hermenêutica
filosófica – em contraposição à Shleiermacher), apresentou uma nova visão da
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Em sua obra, Gadamer afirma que: “E mesmo aquele que ‘compreende’ um texto (ou
mesmo uma lei) não somente projetou-se a si mesmo a um sentido, compreendendo – no
esforço do compreender – mas que a compreensão alcançada representa o estado de uma
nova liberdade espiritual”. Para o autor, ao interpretar um texto, o intérprete investiga a sua
pré-compreensão tanto quanto o texto em si, ou seja, insere-se pré-conceitos erigidos da
atual sociedade, afastando-se apenas duma interpretação textual.
Em consonância com uma nomenclatura sugeria por John Austin em 1832, "moralidade
positiva" é o conjunto de ideias, valores, e práticas morais de uma determinada sociedade,
em uma época determinada.
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A moralidade positiva se distingue da lei positiva, na medida em que ela não é estabelecida
por uma autoridade política. Ela diz respeito, antes, ao sentimento de aprovação ou
desaprovação de uma determinada comunidade com relação a certos tipos de
comportamento. Por outro lado, a moralidade positiva se distingue também da lei divina
(ou lei natural), na medida em que ela diz respeito a um conjunto de regras efetivamente
adotadas por uma comunidade, independentemente do fato de essas regras estarem ou não
de acordo com a lei divina. Segundo Austin as leis da moralidade positiva são denominadas
de “leis” no sentido “impróprio” deste termo. Trata-se de um sentido impróprio pois falta às
leis da moralidade positiva uma instância superior com o poder de impor algum tipo de
penalidade no caso da violação deste tipo de lei.
A moralidade positiva, evidentemente, pode estar ela própria subordinada à crítica moral,
pois frequentemente endossamos, reconsideramos, ou mesmo abandonamos inteiramente as
ideias, valores, e práticas morais de épocas passadas.
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Segundo o art. 52, X, CR/88, cabe ao Senado suspender a lei declarada inconstitucional
pelo STF em controle difuso, no todo ou em parte, conferindo eficácia erga omnes à
decisão. Pela doutrina majoritária, o Senado não está vinculado à decisão do STF, existindo
um campo de discricionariedade para decidir pela suspensão ou não da norma e sua
extensão. O Senado tem competência para suspender norma federal, estadual e municipal.
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Constituição: (a) artigo 52, X, CRFB/88: depois de reiteradas decisões do STF em controle
difuso o Senado pode, após ser comunicado, suspender no todo ou em parte a eficácia da lei
através de uma Resolução (passa a valer para todos). Tem prevalecido o entendimento no
sentido de que a Resolução tem eficácia ex nunc, embora Barroso sustente que deveria ser
ex tunc, porque a norma é inconstitucional desde o início. (b) EC n° 45/04 – art. 103-A,
CRFB/88: após reiteradas decisões acerca da validade, interpretação ou eficácia de uma
norma sobre a qual paire controvérsia atual, judicial ou administrativa, o STF pode editar
súmula vinculante pelo voto de 2/3 dos seus membros, que vinculará os demais órgãos do
Poder Judiciário e a Administração Pública. OBS: o STF não fica vinculado à súmula,
podendo, inclusive de ofício, revisá-la ou cancelá-la (hipótese de overruling– superação da
jurisprudência). (c) o STF importou princípio de controle conhecido como transcendência
dos motivos determinantes (os motivos que fundamentam a declaração de
inconstitucionalidade extrapolam os limites da demanda para alcançar situações idênticas
ou semelhantes). OBS. O STF não adota essa Teoria, apesar de o Ministro Gilmar Mendes
ser um de seus expoentes. HC 82.959 e Rcl 4335 (progressão de regime) e RE 197.917
(Caso Mira Estrela). (d) repercussão geral (art. 102, §3°, CR): com a EC 45/04 (Reforma
do Judiciário) mudou radicalmente o modelo de controle incidental, uma vez que os
recursos extraordinários terão de passar pelo crivo da admissibilidade referente à
repercussão geral. Assim, com a adoção desse novo instituto haverá uma maximização da
feição objetiva do recurso extraordinário, que passou a ser um instrumento de
molecularização de julgamento em massa.
No campo dos efeitos, pode ocorrer a chamada modulação dos efeitos da decisão (art. 27
da Lei nº 9.868/99). Os Ministros podem, diante de um caso concreto em que haja razões
de segurança jurídica ou que acarrete excepcional interesse social, modular os efeitos
da decisão do Supremo, de forma a que ela tenha efeitos ex nunc. Esta técnica flexibiliza o
princípio da nulidade, aproximando-o da teoria da anulabilidade. O quorum para decidir
pelo efeito ex nunc é 2/3 ou 8 dos Ministros.
Exemplos: atos praticados por servidor que não era oficial de justiça. A lei que previa isso
foi considerada inconstitucional. Como ficam os atos já praticados? O STF achou melhor
não anulá-los, dando efeitos ex nunc à sua decisão. 2 – Aumento do subsídio de
magistrados que o receberam de boa-fé. Lei declarada inconstitucional ex nunc.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Medida cautelar: Suspende o ato impugnado, com efeito vinculante, podendo até
restabelecer o direito anterior. Tem eficácia ex nunc, salvo disposição em sentido contrário.
Em caso de rejeição de liminar, não há efeito vinculante, em regra.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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decisórias. Especial relevo deve ser conferido particularmente a ADI, na qual a decisão
pode adquirir maior complexidade. Uma primeira dicotomia que pode ser estabelecida
embasa-se na presença, ou não, de declaração de nulidade.
Embora pareçam a rigor a mesma coisa, há diferenças entre as soluções, o que é realçado
por Gilmar Ferreira Mendes, verbis: "Ainda que não se possa negar a semelhança dessas
categorias e a proximidade do resultado prático de sua utilização, é certo que, enquanto
na interpretação conforme à Constituição, se tem, dogmaticamente, a declaração de que
uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial,
constata-se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por
inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação (Anwendungsfälle) do
programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal. Assim, se se
pretende realçar que determinada aplicação do texto normativo é inconstitucional, dispõe
o Tribunal da declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, que, além de
mostrar-se tecnicamente adequada para estas situações, tem a virtude de ser dotada de
maior clareza e segurança jurídica expressa na parte dispositiva da decisão (a lei x é
inconstitucional se aplicável a tal hipótese; a lei y é inconstitucional se autorizativa da
cobrança do tributo em determinado exercício financeiro.)
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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anencefalia.
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Legislação básica: Art. 5º, X, XI, XXII e XXIII, , art. 6º, art. 7º, IV, Art. 23, IX, Art. 182 a
191, Art. 208, VII, Art. 212, §4º, Art. 227 da CF.
O direito à moradia foi previsto de modo expresso como direito social, no caput do art. 6º
da CR/88, pela EC n. 26/2000. Apesar dessa incorporação tardia ao texto, desde a
promulgação da Constituição o direito de moradia já estava amparado, pois, nos termos do
art. 23, IX, todos os entes federativos têm competência administrativa para promover
programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico. Também, partindo da ideia de dignidade da pessoa humana (art. 1.º,
III), direito à intimidade e à privacidade (art. 5.º, X) e de ser a casa asilo inviolável (art. 5.º,
XI), não há dúvida de que o direito à moradia busca consagrar o direito à habitação digna e
adequada, tanto é assim que o art. 23, X, estabelece ser atribuição de todos os entes
federativos combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a
integração social dos setores desfavorecidos.
Diferente do que ocorre com educação e saúde, a moradia não tem um tratamento
específico, não tem um preceito na Constituição que discipline, um título, mas pode ser
encontrada de forma dispersa no texto constitucional: arts. 7º, IV; 183 e 191, além daqueles
já citados.
Daniel Sarmento ensina que o direito à moradia tem uma dimensão negativa e outra
positiva. Dimensão negativa da moradia talvez seja a que provocou mais debates até hoje,
porque tende a entrar em colisão com a proteção da propriedade privada. O cenário comum
desta colisão é: pessoas sem moradia que ocupam uma propriedade privada abandonada de
terceiros. Aí, busca-se uma reintegração de posse. Há aqui todo tipo de posição, desde
posições que negam qualquer força à propriedade nesse cenário, por exemplo, o professor
Fachin, que diz que há propriedades que só são protegidas se cumprirem sua função social.
Imóvel abandonado que não cumpre sua função social não é tutelada pelo direito de
propriedade. De outro lado, há pensamento segundo o qual deve-se proteger a propriedade
privada, com um discurso de criminalização da conduta dos movimentos sociais que
promovem essa agenda.
Outro caso também que envolve a dimensão negativa da moradia existe quando o poder
público faz determinadas intervenções, que implicam na retirada das pessoas de suas
moradias, como nas ocupações de imóvel abandonado, sem título de propriedade. Diante do
argumento da supremacia do interesse público, o Estado retira moradores para realização de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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obras.
O direito à moradia, na sua dimensão negativa, vem, ainda, à baila no contexto mais
delicado de colisão com direito ao meio ambiente.
Na dimensão negativa da moradia, o STF discutiu o art. 3, VII da Lei 8.009/90: não há
proteção ao bem da família, mesmo em se tratando do único bem imóvel, para ocaso de
fiador em contrato de aluguel. Levada a questão ao STF, por 7 X 3, em 08.02.2006,
entenderam os Ministros que “o único imóvel (bem de família) de uma pessoa que assume
a condição de fiador em contrato de aluguel pode ser penhorado, em caso de
inadimplência do locatário”, e, assim, não violando o direito de moradia enquanto direito
fundamental (RE 407.688; AI 576.544 -AgR -AgR). Isso porque, fortalecendo o
entendimento, nos termos do direito de liberdade, ninguém é obrigado a ser fiador; contudo,
assumindo esse encargo, terá de arcar com responsabilidades.
Ainda, a ressalva prevista no art. 3.º, IV, da Lei n. 8.009/90 (não aplicação da regra da
impenhorabilidade para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar) também é constitucional, segundo a interpretação
do STF, não violando o direito à moradia, nem mesmo o direito de propriedade. No caso,
entendeu-se que “... não haveria que se falar em impenhorabilidade do imóvel, uma vez que
o pagamento de contribuição condominial (obrigação propter rem) é essencial à
conservação da propriedade, isto é, à garantia da subsistência individual e familiar —
dignidade da pessoa humana. Asseverou-se que a relação condominial tem natureza
tipicamente de uma relação de comunhão de escopo, na qual os interesses dos
contratantes são paralelos e existe identidade de objetivos, em contraposição à de
intercâmbio, em que cada parte tem por fim seus próprios interesses, caracterizando-se pelo
vínculo sinalagmático” (Inf. 455/STF — RE 439.003, Rel. Min. Eros Grau, j. 06.02.2007,
DJ de 02.03.2007).
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Em sede constitucional, a alimentação é tratada nos arts. 7º, IV; 208, VII; 212, § 4º e 227.
Ainda, a previsão constante do art. 203, V, da CR/88, como medida de assistência social
(LOAS), instrumentaliza o direito à alimentação, compondo a lista do mínimo existencial.
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Legislação Básica: CF, Artigos 1º, 3º, 4º, 5º (entre outros, o inciso LXXIII), 6º, 15, 23 (III,
IV e V) 24 (VII e IX), 30 (IX), 37, 210, 215, 216, 219, 221, 231, 232 242 e 68 do ADCT;
Convenção Americana de Direitos Humanos; Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948), Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948), Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); Convenção sobre
Diversidade Cultural Jurisprudência Nacional e Internacional.
Os direitos culturais, incluídos na segunda geração dos direitos fundamentais, surgiram nos
inícios do século XX, com o intuito de defender e promover basicamente o direito à
educação, visto que, à época, a expressão direito cultural estava associada à ideia de
instrução. Com o passar dos anos, e graças ao processo mundial de globalização e aos
aportes teóricos do Multiculturalismo, ampliou-se o conteúdo do termo cultura, sendo hoje
entendido como toda manifestação criativa e própria do sentir e pensar de um grupo social.
“A cultura é um conjunto de traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos
que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. A cultura engloba, além das artes e
das letras, o modo de viver junto, o sistema de valores, as tradições e crenças.” (UNESCO,
2002). Ana Maria D’Avila Lopres.
Segundo Inês Virgínia Prado Soares, a construção do direito ao patrimônio cultural foi
marcada por três grandes frentes: a) Movimento internacional de valorização do patrimônio
cultural, especialmente após as duas grandes guerras mundiais; b) Concepção de
referencialidade - além da história oficial e dos grandes monumentos, percebeu-se a
necessidade de valorizar os bens culturais de referência para a comunidade, em práticas
cotidianas; c) Direito à diversidade cultural, não somente nas manifestações, mas também
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Além disso, a UNESCO tem relevante importância na delimitação dos direitos culturais.
Em 1989, na Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular,
reconheceu-se que os bens intangíveis integram o patrimônio da humanidade e tem
importância e impacto não somente nas relações culturais entre os povos, mas também nas
relações sociais, econômicas e políticas.
Hoje, não mais deve entender-se que existem hierarquias de culturas nem imposições de
modelos comportamentais. Assim, com base nesse entendimento é que foram aprovadas,
nas 31ª e 33ª sessões gerais da UNESCO em 2002 e 2005, respectivamente, a “Declaração
Universal sobre Diversidade Cultural” e a “Convenção sobre a proteção e promoção da
diversidade das expressões culturais” estabelecendo, esta última, entre seus princípios:
“Art. 2o Princípios orientadores (...) 3. Princípio da igual dignidade e do respeito de todas
as culturas A proteção e a promoção da diversidade das expressões culturais implicam o
reconhecimento da igual dignidade e do respeito de todas as culturas, incluindo as das
pessoas pertencentes a minorias e as dos povos autóctones.” (UNESCO, 2006)
Toda cultura, enquanto não afronte a dignidade humana, é válida e valiosa e, como tal, deve
ser respeitada e protegida. Desse modo, os direitos fundamentais culturais que, na sua
origem, referiam-se apenas ao direito à educação, mudaram hoje de conteúdo. Assim,
enquanto o direito à educação passou hoje a ser identificado como instrução e
compreendido como um direito social, conforme o previsto no art. 6º da Constituição
Federal de 1988, os direitos fundamentais culturais passaram a se referir a todas as
manifestações materiais e imateriais dos diversos grupos humanos. Foi dessa forma como o
constituinte brasileiro concebeu esses direitos, prevendo-os nos artigos 215 e 216.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Portanto, os direitos fundamentais culturais não podem mais ser entendidos como
sinônimos de instrução ou educação, sem que isso implique qualquer intenção de diminuir-
lhes sua importância ou transcendência para o desenvolvimento da personalidade humana.
A presente proposta, diferentemente, dirige-se a contribuir para a valorização da
diversidade cultural de todos os povos, por meio do cumprimento e aperfeiçoamento das
normas nacionais e internacionais vigentes.
Não existe nada mais rico do que a diversidade humana. Impor padronizações ou modelos
culturais é ir de encontro à própria natureza do ser humano e, consequentemente, ir contra
sua dignidade, princípio fundamental do Estado brasileiro (art. 1º, III). A norma prevista no
caput do art. 5º, “todos são iguais”, deve ser interpretada no âmbito jurídico da sua
aplicação. Todos, perante o Direito, são iguais, e assim devem ser tratados pelo Direito.
Não obstante, inexistem dois seres humanos biologicamente iguais e, muito menos,
culturalmente iguais. O Direito deve tratar as pessoas como iguais, mas não visar igualá-las.
Deve-se promover o reconhecimento e a valorização de todos os grupos culturais.
Valorização esta que deve ser inculcada desde os primeiros anos de formação da pessoa,
fixando-se, nos programas de ensino fundamental, o respeito aos valores culturais e
artísticos, nacionais e regionais, conforme dispõe a Constituição (art. 210).
O ensino da história brasileira, por sua vez, deve levar em conta as contribuições das
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro (art. 242, § 1º). O resgate ao
respeito da diversidade é um imperativo do Estado Democrático de Direito, no qual todas
as culturas devem ter o direito de manifestar-se livremente, conforme o estabelecido no
inciso IX, do art. 5º: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença”. Portanto, é tarefa do Estado
reconhecer, em primeiro lugar, essas diferenças para assim protegê-las, proibindo qualquer
tipo de discriminação e promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação (inc. IV do art. 3º).
Com efeito, a sociedade não pode ficar à margem da efetivização dos direitos fundamentais.
A Constituição Federal prevê diversos mecanismos de participação popular na defesa de
seus direitos. Participação esta que pode ser de forma individual como, por exemplo, por
meio do exercício do direito de petição para denunciar ou reclamar a violação de algum
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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direito (conforme a alínea “a” do inciso XXXIV do art. 5º) ou da ação popular para
defender o patrimônio histórico e cultural (inciso LXXIII do 5º), ou de forma coletiva, por
meio da ação civil pública. A responsabilidade da sociedade está também evidenciada na
atividade econômica que, mesmo de natureza privada, deve viabilizar o desenvolvimento
cultural e o bem-estar da população (art. 219).
Com relação à extensão da imunidade tributária aos álbuns de figurinhas, o STF destacou a
importância do direito cultural ao exercício da democracia e que tal direito não deveria se
fragilizar por um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou valor pedagógico de uma
publicação destinada ao público infanto-juvenil. Para a Suprema Corte, o constituinte
originário não teria feito ressalvas quanto ao valor artístico ou didático de uma publicação,
não cabendo tal juízo de valor para o aplicador da norma constitucional (RE 221.239).
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Nessa questão, imperioso destacar a recente criação da Comissão Nacional da Verdade, pela
Lei 12528/2011, instituída em 16 de maio de 2012. A CNV tem por finalidade apurar
graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de
outubro de 1988. Comissão Nacional da Verdade é o nome de uma comissão brasileira que
visa investigar violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 no Brasil por
agentes do estado. Essa comissão será formada por sete membros nomeados pela presidente
do Brasil Dilma Rousseff e catorze auxiliares, que atuarão durante dois anos, sendo que no
final desse período, publicarão um relatório dos principais achados, que poderá ser público
ou poderá ser enviado apenas para o presidente da república ou o ministro da defesa. A lei
que a institui foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 18 de novembro de 2011 e
foi instalada oficialmente em 16 de maio de 2012.
A comissão terá o direito de convocar vítimas ou acusados das violações para depoimentos,
ainda que a convocação não tenha caráter obrigatório e também a ver todos os arquivos do
poder público sobre o período, mas não terá o poder de punir ou recomendar que acusados
de violar direitos humanos sejam punidos. A comissão deverá colaborar com as instâncias
do poder público para a apuração de violação de direitos humanos, além de enviar aos
órgãos públicos competentes dados que possam auxiliar na identificação de restos mortais
de desaparecidos. Também identificará os locais, estruturas, instituições e circunstâncias
relacionadas à prática de violações de direitos humanos e também eventuais ramificações
na sociedade e nos aparelhos estatais.
A CRFB/88 trata os documentos como bens culturais que podem integrar o patrimônio
cultural brasileiro. Ademais, cabe à administração pública a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quem dela necessitar, como
forma de tutelar e consolidar a cidadania cultural (art. 216, CRFB/88).
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No plano infraconstitucional, a lei 8.159/91 trata da política nacional dos arquivos públicos
e privados. Ocorre que o Decreto 4.553/2002, que regulamenta a referida lei, estabeleceu
prazos extremamente longos para acesso a documentos públicos que contenham
informações cujo sigilo seja considerado imprescindível. Outrossim, foi editada a lei
11.111/05, que repete a concepção de segredo, tão prejudicial e absolutamente contrária aos
valores e fundamentos de um Estado Democrático de direito. Nas referidas ADIs, o
Procurador Geral da República argumenta que “a integridade e a revelação dos conteúdos
dos registros históricos, especialmente nos países que, como o Brasil, passaram por um
processo de transição política, desempenham papel importante para a consolidação do
regime democrático e para a proteção dos direitos individuais e coletivos. (...) Não se trata
de uma questão de interesse privado, mas de expressão pública”.
Diante do exposto, percebe-se que a concepção do STF é de que os direitos culturais devem
ser garantidos e que o setor econômico tem enorme relevância para que estes direitos sejam
fruídos efetiva e amplamente. Ademais, observa-se que o STF não se vale de outras áreas
de conhecimento para julgamento dessa matéria, no sentido de estabelecer conceituações
dos direitos culturais em geral. Da mesma maneira, embora sempre os reconheça como
direito fundamental, não se preocupa em estabelecer o teor dos dispositivos constitucionais
que versam sobre a matéria cultural.
Multiculturalismo:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Afirma que todo o direito em sua elaboração e aplicação, tem esse marco como referência
inafastável. Prossegue Duprat enaltecendo que no seio da comunidade nacional há grupos
portadores de identidades específicas e que cabe ao direito assegurar-lhes o controle de suas
próprias instituições e formas de vida e seu desenvolvimento econômico, e manter e
fortalecer suas entidades, línguas e religiões dentro do âmbito do Estado onde moram.
Assim, a defesa da diversidade cultural passa a ser, para os Estados Nacionais, um
imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade da pessoa humana. O quadro atual é
de um direito que abandona a visão atomista do indivíduo e o reconhece como portador de
identidades complexas e multifacetadas.
Inspirado nessa compreensão vem o Decreto 6040/2007, do Poder Executivo Federal, que
institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais. Duprat salienta que é emblemática a composição da Comissão Nacional de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Além das controvérsias na doutrina a respeito da própria definição de minorias, pouco tem
sido feito para estabelecer um elenco especial de direitos visando garantir o pleno exercício
da cidadania e a inclusão na sociedade dos grupos minoritários. Nesse sentido, a
contribuição de Kymlicka (1996) tem sido notável. O autor canadense distingue,
inicialmente, dois modelos de Estados multiculturais (KYMLICKA, 1996, p. 14): a) o
Estado multiétnico: correspondente ao Estado onde convivem várias nações devido a um
processo de imigração como, por exemplo, os Estados Unidos, Canadá e Austrália. Não
obstante os imigrantes não ocuparem terras natais, podem ser considerados grupos
minoritários, com a condição de que se estabeleçam conjuntamente e obtenham
competências de autogoverno. O grande desafio dos estados chamados multiétnicos é
garantir que os imigrantes possam ter acesso aos direitos de participação política, visto que
o maior problema existente em muitos estados é que o exercício da cidadania depende da
nacionalidade. b) o Estado multinacional: no qual coexistem mais de uma nação devido a
um processo de convivência involuntária (invasão, conquista ou cessão) ou voluntária
(formação de uma federação) de diferentes povos. As minorias desse tipo de estado são
basicamente nações que existiam originariamente no território do estado, passando a
conviver com outras nações que chegaram posteriormente, como é o caso dos aborígines
canadenses, dos índios americanos ou dos indígenas brasileiros.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Em geral, temos uma visão muito formal da democracia, onde a cidadania quase se
manifesta exclusivamente através do exercício dos direitos políticos, da cidadania formal.
Evidentemente estes são elementos fundamentais mas, hoje em dia, temos que ampliar o
sentido da cidadania e incorporar a reflexão sobre a cidadania cultural, uma cidadania que
desnaturalize o “mito da democracia racial”, ainda tão presente no nosso imaginário
coletivo, reconhece as diferentes tradições culturais presentes numa determinada sociedade,
é capaz de valorizá-las e fazer com que estas diferentes tradições tenham espaços de
manifestação e representação na sociedade como um todo. Nesse sentido, é fundamental
para uma democracia plena o reconhecimento da cidadania cultural. Chauí (1999:14-15)
afirma que cidadania cultural significa, “antes de tudo, que a cultura deve ser pensada como
um direito do cidadão – isto é, algo de que as classes populares não podem ser nem se
sentir excluídas (como acontece na identificação popular entre cultura e instrução) e que a
cultura não se reduz às belas-artes - como julga a classe dominante. (....) A Cidadania
Cultural define o direito à cultura como: - direito de produzir ações culturais, isto é, de
criar, ampliar, transformar símbolos, sem reduzir-se à criação nas belas artes; - direito de
fruir os bens culturais, isto é, recusa da exclusão social e política; - direito à informação e à
comunicação, pois a marca de uma sociedade democrática é que os cidadãos não só tenham
o direito de receber todas as informações e de comunicar-se, mas têm principalmente o
direito de produzir informações e comunicá-las. Portanto, a cidadania cultural põe em
questão o monopólio da informação e da comunicação pelos mass media e o monopólio da
produção e fruição das artes pela classe dominante; - direito à diferença, isto é, a exprimir a
cultura de formas diferenciadas e sem uma hierarquia entre essas formas”.
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A perspectiva intercultural não é ingênua. É consciente de que nessas relações existem não
só diferenças, como também desigualdades, conflitos, assimetrias de poder. No entanto,
parte do pressuposto de que, para se construir uma sociedade pluralista e democrática, o
diálogo com o outro, os confrontos entre os diferentes grupos sociais e culturais são
fundamentais e nos enriquecem a todos, pessoal e coletivamente, na nossa humanidade, nas
nossas identidades, nas nossas maneiras de ver o mundo, a nossa sociedade e a vida em sua
totalidade.
A interculturalidade aposta na relação entre grupos sociais e étnicos. Não elide os conflitos.
Enfrenta a conflitividade inerente a essas relações. Favorece os processos de negociação
cultural, a construção de identidades de “fronteira”, “híbridas”, plurais e dinâmicas, nas
diferentes dimensões da dinâmica social. A perspectiva intercultural quer promover uma
educação para o reconhecimento do “outro”, para o diálogo entre os diferentes grupos
sociais e culturais. Uma educação para a negociação cultural. Uma educação capaz de
favorecer a construção de um projeto comum, onde as diferenças sejam dialeticamente
integradas e sejam parte desse patrimônio comum. A perspectiva intercultural está orientada
à construção de uma sociedade democrática, plural, humana, que articule políticas de
igualdade com políticas de identidade. Direitos Humanos e multiculturalismo nos colocam
no horizonte da afirmação da dignidade humana num mundo que parece não ter mais esta
convicção como referência radical. Neste sentido, trata-se de afirmar uma perspectiva
alternativa e contra-hegemônica de construção social e política.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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para aniquilação de direitos (nazismo), mas, ao revés, para promoção de direitos. Como
preceitua Boa Ventura dos Santos, apenas a exigência do reconhecimento e redistribuição
permite a realização da igualdade.
Nessa perspectiva, aduz Duprat que a CF/88 impôs ao Estado o dever de garantir “a todos o
pleno exercício dos direitos culturais”, apoiando e incentivando “a valorização e a difusão
das manifestações culturais [...] populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional” (art. 215, caput e §1º), que se
traduzem em suas “formas de expressão e em seus modos de criar, fazer e viver” (art. 216, I
e II). Tratou exaustivamente e em caráter pragmático do território cultural necessário ao
exercício desses direitos pelas populações indígenas, por exemplo, emprestando-lhe
significado especial, divorciado da pauta patrimonial, porquanto espaço essencial à
existência de uma coletividade singular (art. 231, caput e §1º).
É importante assinalar que, ao assumir o caráter pluriétnico da nação brasileira, que não se
esgota nas diferentes etnias indígenas, como evidencia o §1º do art. 215, a Constituição de
1988 tornou impositiva a aplicação analógica do tratamento dado à questão indígena e aos
demais grupos étnicos. Assim, diante desse novo padrão de respeito à heterogeneidade da
regulamentação ritual da vida, impõe-se a exata compreensão das pautas de conduta que
agora orientam os diversos atores sociais, em particular os agentes públicos e políticos.
Assim, a atuação do Estado em relação a esses grupos, de modo a garantir seu direito à
identidade, pressupõe a compreensão de suas formas de ver e conhecer o mundo. Sendo
uma compreensão de sentido, todavia, a compreensão de outra cultura não se dá mediante a
atitude objetivamente adotada pelo observador diante de estados e sucessos fisicamente
mensuráveis, requerendo-se, ao contrário, a participação em um processo de entendimento.
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Assim, segundo Piovesan, são fases do princípio da igualdade: 1ª fase: igualdade formal; 2ª
fase: igualdade material; 3ª fase: igualdade como reconhecimento (fala do reconhecimento
de identidades – igualdade orientada por critérios como gênero, orientação sexual, idade,
raça e etnia).
O direito à diferença pressupõe o direito a ser igual quando a desigualdade nos inferioriza e
o direito a ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza. O princípio da igualdade
impõe que todas as pessoas devem ser tratadas pelo Estado com o mesmo respeito e
consideração (Dworkin). E tratar a todos com o mesmo respeito e consideração significa
reconhecer que todas as pessoas possuem o mesmo direito de formular e de perseguir
autonomamente os seus planos de vida, e de buscar a própria realização existencial, desde
que isso não implique a violação de direitos de terceiros.
Hoje em dia não se pode falar em igualdade sem incluir a questão da diversidade, nem se
pode abordar a questão da diferença dissociada da afirmação da igualdade. Uma frase do
sociólogo português Boaventura Souza Santos, sintetiza de maneira especialmente oportuna
esta tensão: "temos direito a reivindicar a igualdade sempre que a diferença nos inferioriza
e temos direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza." Neste
sentido, não se deve opor igualdade à diferença. De fato, a igualdade não está oposta à
diferença e sim à desigualdade. Diferença não se opõe à igualdade e sim à padronização, à
produção em série, a tudo o “ mesmo”, à “mesmice”. Daí a necessidade de uma igualdade
que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as
desigualdades. A diferença sem intelegibilidade conduz à indiferença (Santos 2000: 30-1).
O direito fundamental à diferença encontra base constitucional notadamente nos
fundamentos da república – dignidade da pessoa humana e no pluralismo político – José
Afonso da Silva – p. 37-40.
Pode-se exemplificar com: casamento e união estável de pessoas do mesmo sexo. Direito
ao reconhecimento. Dignidade da pessoa humana: quando se quer proteger e emancipar os
grupos que são vítimas de preconceito, torna-se necessário travar o combate em dois fronts:
no campo da distribuição e no campo do reconhecimento. No campo da distribuição, trata-
se de corrigir as desigualdades decorrentes de uma partilha não equitativa dos recursos
existentes na sociedade. E no campo do reconhecimento, cuida-se de lutar contra injustiças
culturais, que rebaixam e estigmatizam os integrantes de determinados grupos. Direitos a
felicidade, a afetividade, paradigmas de observância obrigatória, segundo STF e STJ, em
diversos julgados recentes. Como a homossexualidade está distribuída homogeneamente
por todas as classes sociais, a injustiça contra os homossexuais deriva muito mais da falta
de reconhecimento do que de problemas de distribuição. A distribuição até pode ser afetada,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
II. Possuem lastro na chamada luta pelo reconhecimento e viabilizam políticas públicas de
promoção do direito à diferença dentro de um mesmo Estado.
III. Pressupõem, no interior do Estado Nacional, grupos que possuem modos próprios de
criar, fazer e viver, bem como formas próprias de expressão.
IV. O homem, para além de sua dimensão individual, é um ser social, fraternal e
comunicativamente vinculado.
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(a) I e II.
(b) I, II e III.
(c) II e III.
Gabarito: "Verdadeiro".
Gabarito: "Falso"
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Legislação Básica: CF, Artigos 1º, 3º, 4º, 5º; 103-A; Lei 11.417/2006; Jurisprudência
Nacional e Internacional;
Introdução:
Observe-se que a referida espécie de súmula não vincula o Poder Legislativo, sob pena de
criar uma indesejável petrificação legislativa, nem o próprio STF (plenário), que pode
alterar o seu entendimento esposado em súmula vinculante, através de votação que obedeça
ao mesmo quórum necessário à sua aprovação inicial (2/3 dos seus membros).
"No âmbito jurídico, as súmulas são definidas como enunciados jurisprudenciais que
refletem entendimentos já sedimentados em determinados tribunais, editados por meio de
enumeração seqüencial, e servem de instrumento de contribuição para o convencimento do
magistrado nas soluções processuais futuras". p. 71.
Common law:
Tradição da vinculação dos precedentes. No direito brasileiro, isso não era uma tradição.
Importou-se aqui o modelo norte-americano de controle de constitucionalidade (difuso e
incidental), mas não houve incorporação do stare decisis, pois a decisão do STF no controle
difuso não vinculava as demais instâncias. Isso gerou uma disfunção séria.
A CR/34 tentou resolver isso ao introduzir o dispositivo que hoje está no art. 52, X, da
CF/88: possibilidade de o Senado Federal suspender o dispositivo declarado
inconstitucional pelo STF. A ideia era dar efeito erga omnes às decisões do STF em
controle difuso. Mas essa solução não vingou, porque o Senado nunca exerceu de forma
efetiva essa competência. Com a previsão do controle abstrato, criou-se a possibilidade de o
próprio STF conferir efeitos erga omnes à sua decisão (representação de
inconstitucionalidade, na EC 16/65). A EC 3/93, que criou a ADC, trouxe o efeito
vinculante para esta ação (só com a Lei nº 9.968 houve extensão para a ADI e para a
ADPF). Mas o controle difuso continuava do mesmo jeito. Por isso surge a Súmula
Vinculante.
Súmulas não vinculantes: Gilmar Mendes observa que a súmula não vinculante já possui
um perfil indiretamente obrigatório, uma vez que, por conta dos recursos, constitui
instrumento de autodisciplina do STF, que somente deverá afastar-se da orientação nela
preconizada de forma expressa e fundamentada.
Requisitos:
Quórum de 2/3 dos membros do STF; Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; A
súmula vinculante só deve ser editada quando o debate estiver maduro. A não pacificação
da controvérsia deve gerar prejuízo à segurança jurídica.
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Processo administrativo:
Críticas:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Noutro passo, também traz argumentos em sentido contrário: a) atribui função Legislativa
ao Judiciário contrariando o princípio da separação dos poderes; b) instituto autoritário; c)
violenta o princípio da independência jurídica do julgador; d) restringe a criação do direito
pela jurisprudência; e) concentra poder nos Tribunais Superiores; e f) restringe o direito
constitucional do direito de ação.
1- derivado do stare decisis - “mantenha-se a decisão e não se perturbe o que foi decidido -
stare decisis et quieta non movere”;
4 - o efeito vinculante não atinge obviamente o poder legislativo nem o próprio STF – sob
pena de fossilização da constituição. (STF – Rcl 2617 – informativo 377).
OBS. BULOS - mas a EC nº 45/2004, no seu art. 8º, possibilitou as súmulas tradicionais
produzirem efeitos vinculantes - súmulas anteriores precisam da aprovação de 2/3 dos
ministros do STF; - STF - "Súmulas vinculantes. Natureza constitucional específica (art.
103-A, § 3º, da CF) que as distingue das demais súmulas da Corte (art. 8º da EC 45/04).
Súmulas 634 e 635 do STF. Natureza simplesmente processual, não constitucional.
Ausência de vinculação ou subordinação por parte do Superior Tribunal de Justiça." (Rcl
3.979-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 02/06/06)
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8 – Lei nº 9.784/99 - atenção - lei do processo administrativo - que também foi alterada
pela regulamentação da súmula: Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº
11.417, de 2006). Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada
em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e
ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas
cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). - diferentemente a lei
não fixou responsabilidade dos magistrados.
15 - Deve ser seguido o princípio da adequabilidade das súmulas ao fato - como condição
indispensável à incidência do efeito vinculante - Bulos - p. 1097.
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Já a súmula impeditiva de recursos pode eventualmente (já que o seu uso não é
obrigatório), ser empregada pelo magistrado para fundamentar a negativa de seguimento de
qualquer recurso já interposto que a contrarie, sem gerar qualquer restrição ao direito de
recorrer. Não se trata, com toda evidência, de instituto tendente a limitar o direito de
recorrer, mas sim de uma técnica de sumarização do processamento do recurso, quando este
tiver fundamento contrário ao de um verbete sumular. Além disso, deve ser destacado que
esta súmula, que dispensa qualquer procedimento especial para a sua criação, ficou em
evidência após a alteração promovida pela Lei nº 11.276/06 ao art. 518 do CPC, que
possibilitou a sua aplicação diretamente pelo próprio juiz monocrático, muito embora
limitada apenas às súmulas do STF e do STJ.
OBSERVAÇÃO: Para diferenciar efeito vinculante de força de lei e coisa julgada, vide
Rcl. 1987/DF, voto do Ministro Gilmar Mendes.
SÚMULAS VINCULANTES
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QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
II. Contrariadas por ato administrativo ou decisão judicial, ou que tenham sido
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IV. Poderão ser aprovadas, de ofício ou por provocação dos legitimados para propor ação
direta de inconstitucionalidade, mediante decisão de dois terço dos ministros do Supremo
Tribunal Federal.
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Legislação Básica: CF, Artigos 1º, 3º, 4º, 5º, 6º; Código de Processo Civil;
Sob tal aspecto, valorizam-se mais os princípios, com uma inevitável expansão e
consagração dos direitos fundamentais que impõem ao Direito positivo um conteúdo ético
mínimo que respeite a dignidade da pessoa humana e cuja teoria jurídica se vem
desenvolvendo a passos largos. Com efeito, o processo tem que ser construído para bem
tutelar os direitos fundamentais (relação entre processo e a acepção subjetiva dos direitos
fundamentais) e tem de ser estruturado de acordo com as normas de direitos fundamentais
(relação entre processo e a acepção objetiva dos direitos fundamentais). É nesse cenário,
que se apresentam os Direitos fundamentais processuais.
Acesso à justiça:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Para Mauro Cappelletti, o conceito de acesso à justiça tem sofrido uma transformação
importante, correspondente a uma mudança equivalente no estudo e ensino do processo
civil. Destaca que, nos estados liberais burgueses dos séculos XVIII e XIX, os
procedimentos adotados para solução dos litígios civis refletiam a concepção individualista
dos direitos então vigentes. Direito ao acesso à proteção judicial significava essencialmente
o direito formal do indivíduo agravado de propor ou contestar uma ação. (CAPPELLETTI,
1988, 09).
Portanto, o direito ao acesso efetivo à justiça ganhou particular atenção na medida em que
as reformas do welfare state procuraram armar os indivíduos de novos direitos substantivos
em sua qualidade de consumidores, locatários, empregados e, mesmo, cidadãos. De fato, o
direito ao acesso efetivo tem sido progressivamente reconhecido como sendo de
importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a titularidade
de direitos é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para sua efetiva
reivindicação. (CAPPELLETTI, 1988, 11)
As chamadas “100 Regras de Brasília“, fruto do trabalho das Cortes Superiores de Justiça
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dos países Iberoamericanos, aprovadas por ocasião da XIV Cúpula Judicial Iberoamericana
realizada em 2008, foram elaboradas à luz dessas perspectivas das ondas de acesso à
Justiça. A elaboração das citadas regras contou com a participação da Associação Ibero-
americana de Ministérios Públicos. Em suma, os princípios de Brasília exprimem a
intenção de se promover uma política judicial que atenda às especificidades de grupos
vulneráveis à luz das regras internacionais de direitos humanos. Entende-se por vulneráveis
aquelas pessoas que, por razão da sua idade (v.g., crianças, adolescentes e idosos), gênero,
estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais (ex: vítimas de delito), econômicas,
étnicas e/ou culturais (ex: comunidades indígenas), encontram especiais dificuldades em
exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os direitos reconhecidos pelo
ordenamento jurídico.
Foi efetivamente com a Constituição Federal de 1988 que o acesso à justiça, tomou
contornos transformadores e conferiu aos jurisdicionados as garantias do pleno acesso,
como também outras garantias, tais como: devido processo legal, juiz natural, contraditório
e ampla defesa, dentre outros.
Possui origem na previsão contida na Magna Carta de João Sem Terra, de 1215, que
utilizava a expressão “law of the land”, tendo surgida a expressão “due process of law” para
designar o devido processo legal somente em lei inglesa do ano de 1354. Acrescente-se, no
ponto, que o termo “devido processo legal” foi cunhado, constitucionalmente, com a Carta
de Outubro, já que todas as outras Constituições Brasileiras a ele não fizeram menção,
limitando-se a enunciar princípios, garantias e direitos correlatos.
Law significa direito e não lei. Lei em inglês é statute Law. O devido processo legal é um
processo em conformidade com o direito como um todo, com a lei em sentido amplo,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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abrangendo a CF. Alguns autores não falam mais em devido processo legal e sim em devido
processo constitucional. Esta expressão due process of law existe no direito inglês há 800
anos. Esta expressão é genérica.
É uma cláusula geral, estando previsto no artigo 5º, LIV, da CF. Trata-se de
supraprincípio/princípiobase/protoprincípio, norteador de todos os demais que devem ser
observados no processo, além se aplicar atualmente como fator limitador do poder de
legislar da Administração Pública, bem como para garantir o respeito aos direitos
fundamentais nas relações jurídicas privadas.
É percebido sob duas óticas: devido processo substancial (“substantive due process”) e
devido processo legal formal (“procedural due process”). No sentido substancial, diz
respeito ao campo de elaboração e interpretação das normas jurídicas, evitando-se a
atividade legislativa abusiva e irrazoável e ditando uma interpretação razoável quando da
aplicação concreta das normas jurídicas. É campo para a aplicação dos princípios – ou
como prefere parcela da doutrina, das regras – da razoabilidade e da proporcionalidade,
funcionando sempre como controle das arbitrariedades do Poder Público. No sentido
formal, encontra-se a tradicional definição constitucional do princípio, dirigido ao processo
em si, obrigando-se o juiz no caso concreto a observar os princípios processuais na
condução do instrumento estatal oferecido aos jurisdicionados para a tutela de seus direitos
materiais. Contemporaneamente, o devido processo legal vem associado à ideia de um
processo justo, que permite a ampla participação das partes e a efetiva proteção de seus
direitos.
Demais princípios são dele extraídos. Tanto princípios expressos como implícitos existem
em consequência do devido processo legal. “Processo” é entendido como meio de formação
de normas jurídicas (p. legislativo, p. administrativo, p. jurisdicional). Aplica-se também às
relações privadas (ef. horizontal). Processo para ser devido deve ser: adequado, leal,
efetivo, público, paritário, tempestivo (correspondem a princípios).
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entre as partes para que seja efetivamente respeitado o princípio (Ex: assistência judiciária
gratuita para os legalmente pobres).
Por fim, imperioso destacar que o contraditório em relação ao Processo Penal, tem um
sentido real, efetivo e substancial, na medida em que o interesse público, ai presente, de ver
garantida a “verdade real”, é bem mais explícito e veemente do que no processo civil.
Defesa técnica: todo ato processual deve ser obrigatoriamente realizado na presença de um
defensor, devidamente habilitado nos quadros da OAB, seja ele constituído, nomeado (por
procuração ou indicado por ocasião do interrogatório) exclusivamente para o ato (ad hoc)
ou dativo (art. 261, CPP). Nos Estados em que a Defensoria Pública já tiver sido
constituída, a defesa dativa será exercida normalmente por um membro da instituição, que
tem, como prerrogativa funcional, a contagem em dobro de seus prazos procedimentais (LC
80).
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em audiência, caso seja provado o impedimento antes do início, enseja seu adiamento, caso
injustificada, será nomeado defensor ad hoc para a realização do ato (art. 265, §1° e §2°,
CPP), no caso de falta injustificada do advogado em sessão do júri, haverá adiamento da
mesma uma só vez (art. 456, CPP).
Sobre outro aspecto a relevância da ampla defesa é sentida desde a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, que fez sobre ele expressa menção no art. XI, 1. A ampla defesa
assegura, ainda, a possibilidade de serem interpostos recursos contra as decisões que
deixaram de acolher as argumentações e/ou provas deduzidas em Juízo ou nas querelas
particulares. Integra, portanto, a ampla defesa: - o direito de conhecer a argumentação da
parte contrária; o direito de contra-argumentar; - o direito de provar a contra-argumentação;
- o direito de recorrer, no caso de não acolhimento da contra- argumentação.
Vedação de uso de provas ilícitas: A ação persecutória do Estado, qualquer que seja a
instância de poder perante a qual se instaure, para revestir-se de legitimidade, não pode
apoiar-se em elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena de ofensa à garantia
constitucional do due process of law, que tem, no dogma da inadmissibilidade das provas
ilícitas, uma de suas mais expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema
de direito positivo.
No direito brasileiro o uso de prova ilícita é vedado por força do Art. 5° Inc. LVI da CF/88,
e pelo art. 157 do CPP, que foi inserido pela Lei n° 11.690/08, que reforça a
inadmissibilidade da utilização da prova ilícita e da prova ilícita por derivação. A principal
preocupação do Constituinte de 1988 ao elencar o Inciso LVI no Art. 5º, foi trazer
segurança jurídica ao processo além de proteger as garantias fundamentais do indivíduo
previstas no referido artigo, tendo ele a cautela de delimitar quais tipos de provas poderiam
ser aceitas no processo.
A palavra prova vem do latim “probare” que significa convencer, demonstrar, reconhecer
sendo que no processo penal a prova é o meio do qual se forma a convicção do juiz a
respeito da ocorrência ou inocorrência dos fatos controvertidos no processo.
Provas ilícitas são aquelas que violam disposições de direito material ou princípios
constitucionais. Ex: confissão obtida mediante tortura, interceptação telefônica realizada
sem autorização judicial. Por outro lado, provas ilegítimas são as que violam normas
processuais e princípios constitucionais da mesma espécie. Ex: laudo pericial subscrito por
apenas um perito não oficial.
No entanto, a Constituição e a Lei n. 11.690/08 não fizeram essa distinção promovida pela
doutrina, reputando o art. 157 do CPP, caput, como ilícitas aquelas provas obtidas em
violação a normas de caráter constitucional ou infraconstitucional267, as quais, por
consequência, devem ser desentranhadas do processo.
598
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Contudo, não se pode sustentar que o direito constitucional à prova ilícita seja ilimitado e
absoluto, uma vez que nem mesmo o direito à vida o é, na medida em que existem
hipóteses extremas onde serão suprimidas, quais sejam, as hipóteses de Legítima Defesa e
Estado de Necessidade.
Para reforçar a ideia da admissibilidade excepcional da prova ilícita, o Estado deve exaltar
o princípio de valor máximo da ordem jurídica brasileira, que é o da dignidade da pessoa
humana, bem como dos direitos fundamentais, que podem variar diante do caso concreto.
Destarte, ao se referir à admissibilidade da prova ilícita no âmbito processual, Aury Lopes
Junior (2010), destaca as teorias da admissibilidade, da inadmissibilidade absoluta e da
admissibilidade em nome do princípio da proporcionalidade. A primeira não merece ser
acolhida, uma vez que permite o uso indiscriminado da prova ilícita, violando os direitos
fundamentais; a segunda representa o outro extremo, na medida em que defende a absoluta
inadmissibilidade das provas ilícitas em nome da letra da Lei, hipótese que poderia levar a
certas situações de injustiça, a exemplo da condenação de um inocente por crime não
cometido. Relativizando a garantia da proibição da utilização de provas ilícitas na seara
processual, a teoria da admissibilidade em nome do princípio da proporcionalidade merece
ser considerada. Também o princípio da ponderação de interesses, sempre que detectada a
incidência de alienação parental, uma vez que esta pode dificultar ou mesmo impossibilitar
a produção de provas, sendo razoável fazer uso de prova que demonstre essas situações de
alienações parentais, ainda que não produzidas de forma lícita. Dito de outra forma é
necessário que o Estado se utilize da relativização da prova ilícita para fazer proteger a
integridade física e psíquica do menor, ponderando os interesses em questão, fazendo apelo
ao princípio da proporcionalidade. Os princípios devem ter seus conteúdos preenchidos em
cada circunstância da vida com as concepções próprias de cada caso concreto, visto que os
princípios, assim como as regras, são espécies do gênero norma jurídica.
meios ilícitos. A prova é taxada como proibida ou vedada toda vez que sua produção
implique violação da lei ou de princípios de direito material ou processual. Por afrontar a
disciplina normativa, não seria admitida ao processo (TÁVORA; ALENCAR, 2010, p.350).
Teorias sobre o tema “provas ilícitas”: 1. Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of
the poisonous tree): O meio probatório que, não obstante produzido validamente em
momento posterior, encontra-se afetado pelo vício da ilicitude originária, que a ele se
transmite contaminando-o por efeito de repercussão causal. Essa teoria surge no direito
norte-americano (precedentete: Silverthorne Lumber Co X U.S (1920); caso Nardone v.
U.S. (1939) e foi adotada pelo artigo 157, § 1º, CPP. 2. Teorias decorrentes: 2.1. Teoria da
fonte independente (independent source doctrine): se o órgão da persecução penal
demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a partir de uma fonte
autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de dependência, nem decorra da prova
originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são
admissíveis, pois não contaminados pelo vício da ilicitude originária. Essa teoria é aplicada
pelo STF (HC 83.921) e pelo STJ (RHC 90.376). 2.1 Teoria da descoberta inevitável:
aplicável caso se demonstre que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer
maneira, independentemente da prova ilícita originária. Para a aplicação dessa teoria não é
possível se valer de dados meramente especulativos, sendo indispensável a existência de
dados concretos confirmando que a descoberta seria inevitável. Sustenta-se que sua
previsão legal está no art. 157, § 2º, CPP. Pois, embora ele mencione a Teoria da Fonte
Independente, o conceito é da Teoria da Exceção da Descoberta Inevitável. 2.3. Teoria do
nexo causal atenuado: opera-se quando um ato posterior, totalmente independente, retira a
ilicitude originária. O nexo causal entre a prova primária e a prova secundária é atenuado
não em razão de circunstância da prova secundária possuir existência independente
daquela, mas sim em virtude do espaço temporal decorrido entre uma e outra, bem com as
circunstâncias intervenientes no conjunto probatório. 2.4. Teoria do encontro fortuito de
provas: aplica-se quando a autoridade policial, cumprindo uma diligência, casualmente
encontra provas que não estão na linha de desdobramento normal da investigação. Se esse
encontro for casual, a prova será lícita; se houver desvio de finalidade, a prova será ilícita
(veja-se, no STF, o HC 83.515).
Segundo o STF são consideradas ilícitas as provas produzidas a partir da quebra dos sigilos
fiscal, bancário e telefônico, sem a devida fundamentação.
Juiz natural:
É extraído do devido processo legal e dos incisos XXXVII e LIII, do art. 5º, da CF. Possui
Origem: direito anglo-saxão, ligado à proibição de criação de tribunal de exceção, já o
direito norte-americano acrescentou a exigência de regra de competência previamente
estabelecida ao fato. O Direito Brasileiro adota o princípio em suas duas vertentes
fundamentais: a) vedação ao tribunal de exceção (criado para fins específicos, ex. tribunal
penal para Ex-Iugoslávia) e b) competência constitucional em razão da matéria (em razão
da matéria e em razão da prerrogativa de função). Juiz legal: conforme definido em lei. STF
600
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
(HC 91253): a criação de varas especializadas não fere o principio do juiz natural. STJ
(HC; 109459) /STF (RE 597133/RS): O julgamento por Colegiado integrado, em sua
maioria, por magistrados de primeiro grau convocados não viola o princípio do juiz natural
nem o duplo grau de jurisdição.. Também pode contemplar a obrigatoriedade do Juiz
Imparcial. Identidade física do juiz no processo penal (além dos jurados) – uma terceira
vertente em formação? Art. 399, §2°, CPP c/c art. 132, CPC.
Reclamação 417 do STF: O Estado de Roraima foi criado pela CF de 1988. As ações
judiciais, antes da promulgação da CF, eram remetidas ao tribunal dos territórios. Após a
formação do Estado de Roraima, foi criado o Tribunal de Justiça, sendo este composto por
poucos juízes. Após a transferência dos processos do Tribunal dos Territórios para o TJ de
Roraima, houve a interposição de uma ação civil pública, contra o ato do Judiciário deste
novo ente da Federação, em que todos os juízes deste tribunal figuraram como réus. O STF
disse que não havia juiz natural naquele Estado, por falta de independência, a qual é
necessária para a imparcialidade.
601
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Manuela Santos de Oliveira. Artigo - Prova ilícita: uma possibilidade de sua relativização
nos casos de alienação parental
INFORMATIVOS
STF
Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, relator, Dias Toffoli e Celso de Mello, que
concediam parcialmente a segurança, para declarar a inconstitucionalidade da deliberação
legislativa sobre o PLC 14/2013, se aprovado para reger as eleições que ocorrerão em 2014.
O relator assentava a possibilidade de mandado de segurança ser impetrado para suspender
a tramitação de projeto de lei alegadamente violador de cláusula pétrea. Registrava que o
projeto de lei em comento seria ofensivo à isonomia, à igualdade de chances, à
proporcionalidade, à segurança jurídica e à liberdade de criação de partidos. Rememorava
que pretender-se-ia impor interpretação constitucional diametralmente oposta à exarada no
julgamento da ADI 4430/DF. O Min. Dias Toffoli sublinhava o caráter casuístico do
projeto, porquanto grupos majoritários no Parlamento pretenderiam atingir a essência da
disputa democrática por meio de importantes instrumentos do debate político e eleitoral,
que seriam acesso a rádio e televisão gratuitamente, seja pelo programa partidário ou fundo
602
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
partidário, disciplinados pela Lei 9.096/95, seja pelas normas para eleição contidas na Lei
9.504/97. O Min. Celso de Mello consignava a possibilidade jurídico-constitucional de
fiscalização de determinados atos emanados do Executivo ou do Legislativo, quando
alegadamente eivados de vício de inconstitucionalidade formal ou material, sem vulnerar a
separação de Poderes. Afirmava que, mesmo que em seu próprio domínio institucional,
nenhum órgão estatal poderia pretender-se superior ou supor-se fora do alcance da
autoridade da Constituição. Nesse sentido, a separação de Poderes jamais poderia ser
invocada como princípio destinado a frustrar a resistência jurídica a qualquer ato de
repressão estatal ou a qualquer ensaio de abuso de poder e desrespeito a cláusula pétrea.
Frisava jurisprudência da Corte no sentido da possibilidade de controle jurisdicional de atos
políticos. Por fim, o Tribunal cassou a decisão liminar anteriormente deferida. MS
32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
20.6.2013. Plenário. (Informativo 711).
QUESTÕES
SUBJETIVAS
OBJETIVAS
(a) é inaproveitável prova obtida por meio de quebra de sigilo fiscal decretada por juiz que,
supervenientemente, revela-se incompetente em vista de envolvimento de pessoa detentora
de prerrogativa de foro.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
II. em processo administrativo ou judicial, aos litigantes e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
III. ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
I. assegura que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.
II. garante aos litigantes, em processo judicial, e aos acusados em geral, o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, não porém em processo
administrativo pois o acesso ao Judiciário é assegurado aos interessados.
III. assegura que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.
IV. garante que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos,
ressalvada, para permitir maior eficiência no combate à corrupção e à criminalidade, sua
utilização no processo criminal, nas hipóteses de crime de colarinho branco, contra o
sistema financeiro ou a ordem tributária e o narcotráfico.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
II. ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
III. devem ser observados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes, relativamente aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral.
IV. ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
(a) o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita desde que aleguem insuficiência
de recursos, mesmo se não forem reconhecidamente pobres, na forma da lei.
(d) é garantido o devido processo legal, não podendo em nenhuma hipótese ser privados
temporariamente de sua liberdade ou de seus bens antes do trânsito em julgado de sentença
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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penal ou civil condenatória, salvo se admitidos, no processo, provas obtidas por meios
ilícitos.
II. garante que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal, assegurando ainda aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.
III. estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória e ainda que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos.
II. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
III. nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto
no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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(a) assegura, para maior eficiência no combate à criminalidade, especialmente nos casos de
crimes de colarinho branco, a utilização, no processo, de provas obtidas por meios ilícitos.
(b) estabelece a inviolabilidade das comunicações telefônicas, salvo, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.
I. que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal e aos
litigantes, em processo judicial, civil ou criminal, o contraditório e a ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes, mas não em processo administrativo, porque ao
interessado é assegurado o acesso ao Judiciário.
II. que a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito,
nem prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
III. a todos a gratuidade das ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
(c) a validade jurídica da utilização, no processo de provas obtidas por meios ilícitos, para
fins de persecução criminal, desde que se trate de tráfico de drogas, crimes do colarinho
branco ou crimes definidos em lei como hediondos.
(d) a extradição de brasileiro naturalizado nas hipóteses de prática de crime comum após a
naturalização ou de suspeita de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins.
(a) são invioláveis a intimidade, a vida pública e privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação.
(b) aos litigantes, apenas em processo judicial, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
(c) é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística, não
podendo a lei conter dispositivo que constitua embaraço à plena liberdade de informação
jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º,
incisos IV, V, X, XIII e XIV.
(d) são inadmissíveis, no processo criminal, provas obtidas por meios ilícitos, salvo nas
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
II. que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
IV. aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a igualdade perante a lei, o devido
processo legal e a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à
propriedade.
I. aos litigantes, apenas em processo judicial, de natureza penal ou civil, são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
II. sem o devido processo legal, ninguém será privado de sua liberdade ou propriedade.
III. a lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito,
salvo nas hipóteses de tributos e contribuições previdenciárias enquanto objeto de
contencioso administrativo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º CPR. Ministério Público Federal: Edital
Sistematizado. Organizadores: Leonardo de Medeiros Garcia e Roberval Rocha. 2012.
BARROSO, Luis Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o
triunfo tardio do direito constitucional no Brasil), RF 384/71-104. CASTRO, Marcos Faro
de. O Supremo Tribunal Federal e a judicialização da política, disponível em
http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_34/rbcs34_09, acesso em 28.02.2013.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, 2012. MENDES,
Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 2012.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2012.
NEOCONSTITUCIONALISMO:
A doutrina passa a desenvolver, a partir do início do século XXI, uma nova perspectiva em
relação ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns,
constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova
realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder
político, mas, acima de tudo, buscar a eficácia da Constituição, deixando o texto de ter um
caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo, especialmente diante da
expectativa de concretização dos direitos fundamentais.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
a afirmar a ideia de que o poder deriva do povo, que se manifesta ordinariamente por seus
representantes. A esse conjunto de fatores vários autores, sobretudo na Espanha e na
América Latina, dão o nome de neoconstitucionalismo” (Gilmar Mendes)
OBSERVAÇÃO:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Em que pese estar em processo de construção, vem concretizando suas bases e destacando-
se neste Século XXI como nova Teoria do Direito com a pretensão de ser novo, mas não se
sabendo o que é, segundo Barroso.
Tal fenômeno tem como premissa a revisão de toda a teoria do Direito reaproximando-a
com a racionalidade prática, cumprindo os mandados de otimização que Alexy já batizara e
“[...] se enquadra em um Estado em busca de efetividade e transformação, por meios
racionais de correção, e em torno de uma identidade própria da Constituição”.
Neste diapasão, para compreender tal fenômeno, deve-se apresentar, em apertada síntese, a
evolução do Estado, dos modelos Pré-moderno até o Constitucional de Direito.
Já o Estado Legislativo de Direito, de cunho positivista, legalista, coloca a lei como base e
fundamento do Estado, organizando-o e estabilizando-o sobre o primado da legalidade.
Neste modelo, a Doutrina desempenha apenas um papel descritivo da norma vigente e a
Jurisprudência apenas dissemina o conhecimento do Direito posto, sem função criativa.
JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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de tribunais judiciais no sentido de expandir o escopo das questões sobre as quais eles
devem formar juízos jurisprudenciais (muitas dessas questões até recentemente ficavam
reservadas ao tratamento dado pelo Legislativo ou pelo Executivo); e (2) o interesse de
políticos e autoridades administrativas em adotar (a) procedimentos semelhantes ao
processo judicial e (b) parâmetros jurisprudenciais em suas deliberações (muitas vezes, o
judiciário é politicamente provocado a fornecer esses parâmetros).
Tal "expansão" do poder das cortes judiciais seria o resultado de diversas características do
desenvolvimento histórico de instituições nacionais e internacionais e de renovação
conceitual em disciplinas acadêmicas. Assim, a reação democrática em favor da proteção de
direitos e contra as práticas populistas e totalitárias da II Guerra Mundial na Europa, que
deu origem, por exemplo, à adoção de uma ampla carta de direitos na Grundgesetz alemã;
a preocupação das esquerdas com a defesa de "direitos" contra "oligopolistas e oligarcas",
como no caso do trabalhismo inglês (anos 50) ou sueco (anos 70); o resgate intelectual e
acadêmico de teorias de "direitos liberais", presente em autores como Kant, Locke, Rawls e
Dworkin e o concomitante desprestígio de autores como Hume e Bentham; à influência da
atuação da Suprema Corte americana (especialmente a chamada Warren Court, nos anos
50-60); a tradição europeia (kelseniana) de controle da constitucionalidade das leis; os
esforços de organizações internacionais de proteção de direitos humanos, sobretudo a partir
da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de 1948 - todos esses fatores,
segundo Vallinder (1995), contribuíram para o desenvolvimento da judicialização da
política. Acrescente-se, ainda, como outro fator determinante da judicialização da política,
o declínio da eficácia da política macroeconômica a partir do final dos anos 60.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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judicialização da política.
Na França, por exemplo, o fato de que os nove membros da Corte Constitucional sejam
nomeados, em partes iguais, pelo Presidente da República (três), pelo Presidente da
Assembleia Nacional (três) e pelo Presidente do Senado (três), auxiliou na politização da
justiça.
OBSERVAÇÃO
Milton Nobre, citando Luís Roberto Barroso, aduz que: "Judicialização significa que
questões relevantes do ponto de vista político, social ou moral estão sendo decididas, em
caráter final, pelo Poder Judiciário. Trata-se, como intuitivo, de uma transferência de poder
para as instituições judiciais, em detrimento das instâncias políticas tradicionais, que são o
Legislativo e o Executivo. Essa expansão da jurisdição e do discurso jurídico constitui uma
mudança drástica no modo de se pensar e de se praticar o direito no mundo romano-
germânico. Fruto da conjugação de circunstâncias diversas, o fenômeno é mundial,
alcançando até mesmo os países que tradicionalmente seguiram o modelo inglês - a
chamada democracia ao estilo de Westminster -, com soberania parlamentar e ausência de
controle de constitucionalidade. Exemplos numerosos e inequívocos de judicialização
ilustram a fluidez da fronteira entre política e justiça no mundo contemporâneo,
documentando que nem sempre é nítida a linha que divide a criação e a interpretação do
direito".
Noutro passo, elenca quatro maneiras em que tal termo é utilizado, atendo-se ao conceito de
Judicialização da Política, termo utilizado para: "[...] designar a notória prevalência que,
nas últimas décadas do século passado e nesta primeira, em vias de encerramento, do atual,
o Judiciário vem ganhando na solução dos mais diversos problemas que, direta ou
indiretamente, dizem respeito aos direitos fundamentais, inclusive àquelas decorrentes do
desenvolvimento e da concretização de políticas públicas que objetivam assegurar a
amplitude desses direitos". (NOBRE, 2011, p. 357)
Na mesma esteira, BELLO (2008, p. 179) entende que: "[...] a judicialização da política e
das relações sociais [...] consiste num fenômeno social e representa uma aposta na
autonomia do direito, vislumbrando-se os tribunais como alternativa à crise da
representação política e à inércia do Estado na formulação de políticas públicas".
Referido autor assevera que tal entendimento levou à consequência de que quando o
Executivo e Legislativo se omitem, cabe ao Judiciário concretizar direitos.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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aqui desenvolvido, a judicialização não deve ser entendida como ativismo judicial, mas do
ponto de vista conceitual como sendo a atuação do Judiciário em questões relevantes nas
searas política e social, decididas finalisticamente pelo controle centralizado do Poder
Judiciário".
NOBRE (2011), coadunando seu pensamento com o de SILVA (2010), também entende que
a judicialização não deve ser vista como ativismo judicial, sendo conceitos e fenômenos
muito diferentes, utilizando-se dos seguintes ensinamentos de Luís Roberto Barroso para
demonstrar que: "Há causas diversas para o fenômeno [Judicialização]. A primeira delas é o
reconhecimento da importância de um judiciário forte e independente, como elemento
essencial para as democracias modernas. Como conseqüência operou-se uma vertiginosa
ascensão institucional de juízes e tribunais, tanto na Europa como em países da América
Latina, particularmente no Brasil. A segunda causa envolve certa desilusão com a política
majoritária, em razão da crise de representatividade e de funcionalidade dos parlamentos
em geral. Há uma terceira: atores políticos, muitas vezes, preferem que o judiciário seja a
instância decisória de certas questões polêmicas, em relação às quais exista desacordo
moral razoável da sociedade. Com isso, evitam o próprio desgaste na deliberação de temas
divisivos, como uniões homoafetivas, interrupção de gestação ou demarcação de terras
indígenas. No Brasil, o fenômeno assumiu proporção ainda maior, em razão da
constitucionalização abrangente e analítica - constitucionalizar é, em última análise, retirar
o tema do debate político e trazê-lo para o universo das pretensões judicializáveis - e do
sistema de controle de constitucionalidade vigente entre nós, em que é amplo o acesso ao
Supremo Tribunal Federal por via de ações diretas". (BARROSO, 2011, p. 361-362 apud
NOBRE, 2011, p. 359)
QUESTÕES
OBJETIVAS
Gabarito: "Verdadeiro".
ORAL
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Agentes políticos são os titulares dos cargos estruturais à organização política do País, ou
seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado, o esquema
fundamental do Poder. Daí que se constituem nos formadores da vontade superior do
Estado.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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comissões por vezes provocam com o princípio da separação de Poderes e com os direitos
individuais de investigados (Gilmar Mendes).
Alguns atos a CPI pode determinar diretamente, sem integração do Judiciário, em razão de
seus poderes instrutórios (“poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”,
art. 58, § 3º, CF). Por autoridade própria, a CPI pode determinar os seguintes atos, sem
necessidade de participação do Poder Judiciário (art. 2°, Lei 1.579/52): (1) notificação de
testemunhas, investigados e convidados: o cidadão comparece perante a CPI ostentando
uma destas qualidades. O investigado também é tratado como indiciado. Incide o princípio
da não-autoincriminação (TAVARES, 2008, p. 1.103; BULOS, p. 804) (STF, HC 73.035);
(2) condução coercitiva de testemunha: a testemunha virá depor debaixo de vara; (3)
realização de exames, vistorias e perícias; (4) afastar o sigilo bancário, fiscal e de registros
telefônicos do cidadão: a CRFB permite a quebra do sigilo sem a necessidade de
autorização judicial. Este ato só pode ser determinado pelas CPIs do Congresso, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal e da Assembleia Legislativa (STF, ACO 730). As CPIs
de Câmaras Municipais não têm autoridade para afastar sigilo bancário e fiscal diretamente.
Entendendo pela necessidade da quebra de sigilo, a CPI municipal deverá se socorrer do
Poder Judiciário. A decisão da CPI em quebrar os sigilos deve sempre ser fundamentada
(art. 93, IX, CF: se o juiz deve fundamentar sua decisão, a CPI também deve, pois está de
posse de poderes de autoridade judicial - STF, Inq. 2314). A CPI pode afastar o sigilo mas
deve obediência ao princípio da colegialidade: quem determina a quebra é toda a CPI, e não
o seu presidente (STF, MS 23.669). A quebra do sigilo telefônico refere-se somente aos
dados de chamadas telefônicas, e não ao teor das conversas.
A CPI não pode, por não deter autoridade para tanto (é necessária autorização judicial): (1)
expedir mandado de prisão; (2) expedir mandado de busca e apreensão (inviolabilidade de
domicílio exige ordem judicial, art. 5º, XI, CF); (3) expedir mandado de interceptação
telefônica: de acordo com o art. 5º, XII, CRFB, somente o juiz pode determinar a
interceptação telefônica. A CPI pode, no entanto, oficiar diretamente à companhia
telefônica solicitando dados telefônicos.
Segundo BULOS (2008), são limites constitucionais formais das CPI: (1) impossibilidade
de investigar fato indeterminado: deve focar-se em fato concreto, mas admite-se que
investigue outros fatos conexos (STF, HC 100.341); (2) impossibilidade de renegar o
quórum constitucional: 1/3 dos membros da Casa83 ; (3) impossibilidade de exceder prazo
certo, que pode ser prorrogado: o STF já entendeu, em votação não unânime, que podem
existir prorrogações sucessivas dentro da mesma legislatura, conforme prevê a Lei nº
1.579/52, sendo tal limite intransponível (STF, HC 71.261); (4) impossibilidade de
desvirtuamento do âmbito funcional: os poderes são apenas investigatórios. Não pode
acusar, nem julgar; devendo enviar suas conclusões ao MP, se for o caso, para que promova
a responsabilização civil ou penal dos infratores84 .
619
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
São limites constitucionais materiais: (1) separação de poderes: ver STF, HC 79.411
(convocação de Des. para depor; art. 146, RI/SF) e STF, MS 27.483 (impossibilidade de
quebra de sigilo judicial por CPI); (2) Estado democrático de direito; (3) reserva
constitucional de jurisdição, inclusive busca e apreensão pessoal e domiciliar; (4) direitos e
garantias fundamentais (STF, MS 23.576 e MS 30.906); (5) princípio republicano; (6) não
poderá também invadir área de competência de Estados e Municípios (MENDES et alli, p.
903).
Segundo o STF, cabe à CPI apurar apenas fatos relacionados à Administração (BULOS, p.
801).
CRIMES DE RESPONSABILIDADE:
A representação por crime de responsabilidade pode ser formulada por qualquer cidadão.
Para apuração dos crimes de responsabilidade do Presidente da República, o processo
divide-se em duas partes: a) juízo de admissibilidade, na Câmara dos Deputados (em
votação nominal, ostensiva) e; b) processo e julgamento, no Senado Federal (a comissão
processante será constituída de 1/4 da composição do Senado). Arts. 13 a 38, Lei n°
1.079/50. Art. 51, I; art. 52, I e II; e art. 86, todos da CF (comissão processante →
procedência da imputação → libelo acusatório → contestação → julgamento, presidido
pelo Presidente do STF). A condenação exige quórum de 2/3 (votação nominal).
O Poder Judiciário não pode alterar a decisão política do Congresso Nacional. O mérito da
decisão é inatacável. O Judiciário pode anular o julgamento por ofensa a princípios
constitucionais, mas não pode modificar o mérito da decisão.
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julgamento, que deve ser analisado à luz da CF/88 (ver STF, MS 20.941 e BULOS, p. 921).
O controle político em sentido amplo (lato sensu) pode ser interpretado como o controle
exercido pelas instituições políticas sobre os atos dos administradores das coisas públicas,
em uma análise mais restritiva (stricto sensu) pode ser classificado como o controle
exercido pelos representantes eleitos do povo sobre os atos dos administradores públicos,
eleitos ou não.85
O controle exercido pelo Poder Judiciário sobre os atos da Administração tem suas origens
na tripartição dos Poderes, prevista por Montesquieu no século XVIII e adotada por todas
as constituições liberais, a partir do século XIX. A ideia de pesos e contrapesos na
regulação e limitação dos Poderes coloca o Poder Judiciário como peça central neste
sistema.
621
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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cercada de todas as garantias; d) o Estado a ela se submeta como qualquer pars, chamada
a juízo em igualdade de condições com a outra pars” E, ainda: “...Tal concepção
corresponde ao princípio ‘rule of law’- governo da lei, e não dos homens- que inspirou o
direito constitucional anglo-saxão na longa e árdua luta pela supremacia do Direito e
superação do arbítrio”.
O PRINCÍPIO REPUBLICANO:
Tal forma de governo tem por base a defesa da igualdade formal entre as pessoas, de modo
que o poder político será exercido efetivamente, por mandato representativo, temporário.
Destaca-se, ainda, uma característica importante na forma republicana, que é a
responsabilidade: os governantes são responsabilizáveis por seus atos, seja com sanções
políticas (impeachment), seja com sanções penais e civis.
Por fim, Canotilho destaca que o princípio republicano traz internamente mecanismos de
criação e manutenção de instituições políticas vinculadas à decisão e à participação da
sociedade (cidadãos) – o que os norte-americanos chamam de self-government. Isso
implica a afirmação de autodeterminação e autogoverno, impondo a observância das
seguintes normas: (1) representação territorial; (2) procedimento justo de seleção de
representantes; e (3) deliberação majoritária.
INFORMATIVOS
622
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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STF
A LC 135/2010 - que altera a LC 64/90, que estabelece, de acordo com o §9º do art. 14 da
CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para
incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a
moralidade no exercício do mandato - não se aplica às eleições gerais de 2010. O princípio
da anterioridade eleitoral, de acordo com a jurisprudência do STF, constituiria uma garantia
fundamental do cidadão-eleitor, do cidadão-candidato e dos partidos políticos e, qualificada
como cláusula pétrea, e seria oponível, inclusive, em relação ao exercício do poder
constituinte derivado. RE 633703, Rel. Min. Gilmar Mendes, 23.3.2011. Pleno.
(Informativo 620).
STJ
Concedida a ordem de "habeas corpus" para trancar a ação penal instaurada em desfavor de
prefeito denunciado pela suposta prática do crime de responsabilidade tipificado no art. 1º,
XV, do DL 201/67 (deixar de fornecer certidões de atos ou contratos municipais, dentro do
prazo estabelecido em lei). Consignou-se a ausência de dolo do paciente no indeferimento
do pedido de expedição de certidão formulado por vereador (elemento subjetivo exigido
para a caracterização do delito), porquanto devidamente fundamentado. HC 107.036, Rel.
Min. Jorge Mussi, j. 28.9.10. 5ª T. (Informativo 449).
QUESTÕES
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OBJETIVAS
(a) pode haver ampliação das investigações em razão do surgimento de fatos novos, desde
que tenham relação com os que constituíam o seu inicial da comissão.
(b) as investigações podem incidir sobre fatos objeto de inquéritos policiais ou de processos
judiciais em curso, se houver entre eles conexão.
I. podem ser criadas pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros.
II. somente podem ser criadas para apuração de fato determinado e por prazo certo.
III. tem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, devendo suas
conclusões, quanto à responsabilidade civil ou criminal dos infratores, ser rigorosamente
cumpridas pelo Ministério Público.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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I. os atos que atentem contra o livre exercício do Poder Judiciário e do Ministério Público,
competindo privativamente à Câmara dos Deputados, autorizar, por dois terços de seus
membros, a instauração de processo contra o seu Presidente.
II. os atos que atentem contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais, sendo de
competência privativa do Senado Federal processar e julgar o Presidente pela prática de tais
crimes.
III. aqueles previstos na Constituição Federal e definidos em lei especial, que estabelecerá
as normas de processo e julgamento.
IV. os atos que atentem contra a Constituição Federal, e, especialmente, dentre outros,
contra a probidade administrativa e o livre exercício do Poder Legislativo.
I. os atos que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, dentre outros, contra
a probidade na administração e o livre exercício do Legislativo, do Judiciário e do
Ministério Público.
III. os atos estranhos ao exercício de suas funções, ficando o Presidente delas suspenso após
admitida a acusação pelo voto de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados.
IV. crimes comuns praticados na vigência de seu mandato e em razão de suas funções,
devendo ser processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
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(a) podem ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para apuração de
fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
(b) que têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros
previstos nos regimentos das respectivas Casas, podem decretar a quebra de sigilo bancário,
fiscal e de comunicações telefônicas dos investigados, dispensada a fundamentação em
cada caso e vedado o controle judicial face à independência e harmonia dos Poderes.
(c) são comissões permanentes que visam fiscalizar a execução financeira e orçamentária,
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, e investigar os crimes contra o patrimônio
público no âmbito do Executivo.
626
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Legislação básica: CF, arts. 37, § 12; e 131 a 135; Lei 8.906/94; LC 73/93; LC 80/94 (com
a redação dada pela LC 132/2009).
627
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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expressamente assinala. O advogado pode ser punido pelos abusos que cometer, na forma
da legislação civil e mesmo penal. A caracterização do advogado como indispensável à
administração da Justiça, ademais, não revogou as hipóteses legais – restritas – em que se
admite que a parte se dirija diretamente ao Judiciário, sem o intermédio do advogado, como
no caso de habeas corpus, ações revisionais, Justiça do Trabalho e juizados especiais (STF:
ADI's 1.105, 1.127, 1.194, 2.522, 2.652, 3.026 e 3.168).
A Advocacia Pública exerce a defesa em juízo das pessoas políticas e é desempenhada por
detentores de cargos, organizados em carreira, de Procurador do Estado, do Município, do
Distrito Federal, bem como de Advogado da União, de Procurador da Fazenda, de
Procurador Federal ou Procurador do Banco Central. No tocante à carreira, deve-se
observar o disposto no art. 37, §12, CF (STF, RE 558.258 e ADI 484). A Advocacia Pública
integra o Poder Executivo, a quem deve prestar consultoria e assessoramento jurídico; logo,
esses órgãos não desfrutam de independência funcional (STF, ADI 217).
A DEFENSORIA PÚBLICA.
INFORMATIVOS
STF
628
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629
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
e na proteção dos direitos do cidadão. Considerou que o advogado atuaria como guardião
da liberdade, considerada a atividade desempenhada e os bens jurídicos tutelados. Tendo
isso em conta, afastou a assertiva de violação ao princípio da igualdade. Ponderou que essa
prerrogativa não configuraria privilégio injustificado, mas demonstraria a relevância
constitucional da advocacia na atuação de defesa do cidadão em instituição administrativa.
Além disso, a Turma sublinhou que a alínea c do inciso VI do art. 7º da Lei 8.906/1994
(Estatuto da OAB) seria categórica ao revelar como direito dos citados profissionais
ingressar livremente “em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial
ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação
útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido
desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado”. Salientou que essa norma
daria concreção ao preceito constitucional a versar a indispensabilidade do profissional da
advocacia. Reputou, ademais, incumbir ao INSS aparelhar-se para atender, a tempo e a
modo, não só os profissionais da advocacia que se dirigissem aos postos de atendimento
para cuidar de interesses de constituintes, mas também todos os segurados, pois se esperaria
que o tratamento célere fosse proporcionado tanto aos advogados quanto ao público em
geral. Vencido o Ministro Dias Toffoli, que dava provimento ao recurso extraordinário.
Pontuava que as pessoas que não pudessem pagar advogado ficariam atrás, na fila, porque
teriam de esperar o advogado constituído ser atendido primeiro, o que prejudicaria o
hipossuficiente. RE 277065/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 8.4.2014. 1ª Turma. (Informativo
742).
STJ
QUESTÕES
630
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OBJETIVAS
III. Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
e social e do meio ambiente.
IV. Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos aos direitos assegurados pela
Constituição, através de assessoria jurídica à Administração para esse fim.
631
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Pluralismo jurídico:
Surge como antagonismo ao monismo jurídico, no qual, só o sistema legal pelos órgãos
estatais deve ser considerado Direito Positivo, não existindo positivamente fora do Estado e
sem o Estado. Origina-se também pela falta de efetividade oferecida pela prestação
jurisdicional do Estado a todos aqueles que necessitam de sua tutela – para alguns, crise do
positivismo jurídico.
É uma criação para corrigir algumas falhas não cobertas pelas normas jurídicas do Estado,
sendo o Direito Alternativo um dos mecanismos usados para sanar essa deficiência social.
O Direito Alternativo é o resultado das práticas jurídicas desenvolvidas e vistas por muitos
estudiosos como uma proposta de nova interpretação do Direito por seus aplicadores, tendo
como objetivo o favorecimento da justiça ao caso concreto. O pluralismo jurídico, apesar
de ser uma alternativa e uma nova esperança de paz social para os homens, nem sempre
alcança o seu objetivo, sendo às vezes, um problema social que o próprio Estado necessita
intervir.
632
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
Há casos, como os das comunidades tradicionais, dos indígenas, dos ribeirinhos, dos
quilombolas, dentre outros, em que o ordenamento jurídico estatal não tem representação
jurídica qualquer para estes grupos, não representa qualquer ordem para os mesmos, até
porque não tem qualquer significado para os mesmos.
633
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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O art. 103, §2º da CF/88 estabelece que, declarada a inconstitucionalidade por omissão de
medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao poder competente
para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para
fazê-lo em 30 dias. A ADI por omissão busca tornar efetiva a norma constitucional
destituída de efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de eficácia
limitada.
1. parcial propriamente dita: a lei existe mas regula de forma deficiente o texto.
2. parcial relativa: surge quando a lei existe e outorga determinado benefício a certa
categoria mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria ter sido contemplada. Nesse
caso, tem prevalecido o conteúdo da súmula 339/STF: “não cabe ao Poder Judiciário,
634
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob
fundamento de isonomia”.
- objeto: omissão é de cunho normativo (mais ampla que legislativo), englobando, além do
Poder Legislativo, atos do Executivo e o Judiciário. ADI 1836: ação é extinta por perda do
objeto se revogada a norma que necessite de regulamentação. STF entende que não há
omissão se o processo legislativo já se iniciou (ADI 2495). No entanto, caso haja mora
excessiva neste processo, pode haver inconstitucionalidade (ADI 3682).
Não cabe fungibilidade entre ação direta de inconstitucionalidade por omissão e mandado
de injunção, tendo em vista a diversidade de pedidos (STF, MI 395-QO)
- Cautelar (art.12-F): pode ser suspensão da aplicação da lei ou ato normativo questionado
(omissão parcial), bem como suspensão de processos judiciais/procedimentos
administrativos, ou ainda outra providência a ser fixada pelo Tribunal.
a) Poder competente: é dada ciência, sem prazo. STF tem acenado com a possibilidade de
fixação de prazo: ADI 3682: fixou prazo de 18 meses para elaboração da lei, foi chamado
de “parâmetro temporal razoável”, com expressa ressalva de que não se tratava de
imposição de prazo para atuação legislativa do CN.
635
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Não basta para a descaracterização da inércia a mera apresentação do projeto de lei, sendo
necessária a sua devida deliberação. Assim, a inertia deliberandi (demora na deliberação
sobre projeto de lei que visa regulamentar norma constitucional de eficácia limitada) -
numa mudança de entendimento do STF (MI 361)- passou a ser considerada para efeitos de
cabimento de MI.
a) para buscar uma “melhor interpretação” (ou uma “interpretação mais justa”) da norma
regulamentadora já existente. Com efeito, se existente norma regulamentadora não cabe
MI, pouco importando se insatisfatória ou inconstitucional, pois tal situação não seria
comparável à ausência de norma regulamentadora (STF, MI 60-3, 254);
c) também não cabe MI para disciplinar relações jurídicas decorrentes de medida provisória
não convertida em lei, em virtude de recusa ou omissão do Congresso Nacional (STF, MI
415);
636
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Legitimidade ativa: qualquer pessoa. STF admite ajuizamento de MI coletivo (MI 361-
RJ). O MP também possui legitimidade ativa para impetração de MI: art. 129, II da CF e
art.6º da LC 75/93, nos casos que envolvem direitos difusos e coletivos previstos na
Constituição e inviabilizados pela falta de norma regulamentadora. Pessoa de direito
público: o STF parece ter superado o entendimento anterior pela ilegitimidade ativa da PJ
de direito público para impetração de MI (STF, MI 725).
Competência: depende de quem é competente para editar a norma. STF - Arts.102, I, “q”,
e 102, II, “a”, da CF; STJ; art.105, I, “h”; TSE 121, §4º, V.
Havendo admissibilidade, o legitimado passivo terá dez dias para prestar informações.
Após, o MP terá dez dias para opinar (atuando como custus legis). Com ou sem o parecer
do MP, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente
proferida em trinta dias (art. 12, Lei nº 12.016/09).
Efeitos da decisão:
→ Não concretista
→ intermediária
→ concretista
→ geral
637
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
Cunha Morais Camelo
d) concretista geral: decisão com efeitos erga omnes até que sobrevenha a norma. O STF
adotou nos primeiros julgamentos a posição não concretista, atualmente tem adotado a
posição concretista geral (MI 670, 708 e 712). A colmatação será limitada temporalmente
até a atuação do legislador.
A omissão pode ser suprida mediante a adoção do próprio texto da norma constitucional,
como se fosse auto aplicável, em caso de não observância do prazo judicial determinado
para legislar; por meio de outra lei que regule situação similar e, até mesmo, por soluções
normativo-judiciais criadas no caso concreto (STF, MI232; 284; 543; 679; 562).
Ação de Inconstitucionalidade
Mandado de Injunção
por Omissão
Quanto à
Controle concentrado Controle difuso
competência
Efeitos da decisão Erga Omnes. Dá-se ciência ao Inter partes. Porém, à luz dos
de mérito poder competente e, tratando-se MI's 670, 708 e 712, conferiu-se
de órgão administrativo, impõe- efeitos erga omnes, adotando-se
se prazo de 30 dias para editar a a corrente concretista geral.
638
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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norma.
QUESTÕES
OBJETIVAS
(a) Diz respeito à inconstitucionalidade por omissão mas, diferentemente da ação direta,
pode ser impetrado por quem não possa exercer direitos e liberdades constitucionais
por falta de norma regulamentadora.
(b) Como o mandado de segurança coletivo, visa obter a proteção de direitos através de
normas gerais, mas refere-se apenas aos casos de omissão da autoridade pública.
(c) Tem natureza jurídica semelhante à do mandado de segurança, mas refere-se à proteção
de direitos em casos de omissão da autoridade pública.
(d) Visa a garantir o exercício de direitos fundamentais através de ordem judicial proibindo
a autoridade pública de violar a constituição.
639
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Principais obras consultadas: Santo Graal 27º CPR. Ministério Público Federal: Edital
Sistematizado. Organizadores: Leonardo de Medeiros Garcia e Roberval Rocha. 2012.
Resumo do Grupo do 26º CPR; Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado, 15ª
Edição. Ed. Saraiva.
Após seu desarquivamento no mesmo ano, o projeto foi entregue à relatoria do Deputado
Aloysio Ferreira Nunes, sendo que 14 emendas foram apresentadas tratando do controle
externo do Poder Judiciário. Aprovado pela Câmara, o texto seguiu para o Senado Federal,
onde recebeu diversas emendas e modificações na estrutura do Conselho. Em 2004 foi
aprovada a Emenda Constitucional nº 45, a denominada Reforma do Judiciário,
disciplinando, em seu artigo 103-B, o Conselho Nacional de Justiça.
640
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A EC nº 61/2009 esclareceu que o CNJ é composto, dentre os seus quinze membros, não
por um Ministro do STF (como dizia a redação original da EC 45/2004), mas pelo Ministro
Presidente do STF. Transformou, assim, o Presidente do STF em membro nato do CNJ,
não tendo que ser sabatinado pelo Senado Federal (o art. 103-B, §2º disciplina que apenas
os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal).
Outra alteração advinda com a EC 61/2009 foi a retirada da restrição de idade para a
composição do STF que, na redação original, trazida pela EC 45/2004, estabelecia idade
mínima de 35 anos e máxima de 66 anos. Dessa forma, atualmente não há limite de idade
para os membros do CNJ. Tal alteração teve o nítido objetivo de adequar a composição da
Presidência do CNJ sempre ao Ministro Presidente do STF, pois é possível que esse ocupe a
presidência com mais de 66 anos.
Ademais, a EC 61/2009 ainda estabeleceu que presidente do CNJ (que será o Presidente do
STF) será substituído, nas suas ausências, impedimento e afastamentos pelo vice-
presidente do STF e não por outro membro do CNJ, preservando o caráter institucional
da direção do CNJ (Lenza, pág. 634).
OBSERVAÇÃO: Existem autores que afirmam que o CNJ é órgão de controle externo da
atividade do Poder Judiciário. Primeiramente, insta salientar que o CNJ está
constitucionalmente inserido no Poder Judiciário. Noutro passo, alguns autores afirmam
que tratar-se-ia de órgão corporativo, haja vista a maioria dos membros ser proveniente da
magistratura.
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O CNJ não pode adentrar na análise dos atos jurisdicionais, nem rever decisão de
conteúdo judicial, restringindo-se sua competência apenas ao âmbito administrativo (STF,
MS 25879).
642
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Cada conselheiro pode falar duas vezes sobre o assunto em discussão e por mais uma vez,
em caso de modificação do voto. Se pedir vista dos autos, deve apresentá-los para
prosseguimento da votação na primeira sessão ordinária subsequente. O conselheiro
ausente da leitura do relatório ou dos debates não proferirá voto, salvo quando se der por
esclarecido ou em caso de desempate na votação, nesta hipótese deverão ser renovados o
relatório e a sustentação oral.
PONTO EXTRA: STF aprova emenda regimental que acrescenta competências às Turmas
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=267821
INFORMATIVOS
STF
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644
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A União pode intervir em mandado de segurança no qual o ato apontado como coator for do
Conselho Nacional de Justiça - CNJ. Essa a conclusão do Plenário em dar provimento, por
maioria, a agravo regimental interposto de decisão do Min. Marco Aurélio, em que
indeferido pleito formulado pela União, agravante, em mandado de segurança do qual
relator. A agravante postulava a intimação pessoal do Advogado-Geral da União do acórdão
concessivo da ordem e a abertura de prazo para eventual interposição de recurso. Cuida-se
de writ impetrado contra ato do CNJ que anulara concurso público realizado por Tribunal
de Justiça estadual para preenchimento de cargos em serventias extrajudiciais de notas e de
registros. Assinalou-se que o aludido Conselho seria órgão de extração constitucional,
destituído de personalidade jurídica e que integraria a estrutura institucional da União.
Sublinhou-se que o pedido encontraria suporte, inclusive, no diploma que regularia o
mandado de segurança. Por fim, considerou-se necessário intimar a União (Lei
12.016/2009: “Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: ... II - que se dê ciência do
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STJ
QUESTÕES
OBJETIVAS
III. Pode ter ações contra ele propostas perante o Supremo Tribunal Federal, a que compete
processá-las e julgá-las.
IV. É presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, oficiando perante ele o
Procurador-Geral da República e o presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Gabarito: Letra "b". Observação - hoje não haveria resposta para a questão, haja
vista que o CNJ é presidido pelo Presidente do STF. No item IV, apenas se afirma
que o CNJ é presidido por Ministro do STF, o que era verdade à época, mas não
mais hoje.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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Apesar de retórica ser coincidente, vale mencionar que todo o problema, para esta correte,
gira em torno de definir o que é o mínimo existencial, sendo alguns mais pródigos
(SARLET) e outros mais restritivos (RICARDO LOBO TORRES).
No âmbito do MPF o argumento foi explicitamente utilizado na ADI promovida pelo PGR
contra a lei estadual de Santa Catarina que previa áreas de reserva legal inferiores àquelas
do Código Florestal.
CF/1967. Art. 157. §10. A União, mediante lei complementar, poderá estabelecer regiões
metropolitanas, constituídas por Municípios que, independentemente de sua vinculação
administrativa, integrem a mesma comunidade sócio-econômica, visando à realização de
serviços de interesse comum.
CF/1967 - EC 01/1969: Art. 164. A União, mediante lei complementar, poderá para a
realização de serviços comuns, estabelecer regiões metropolitanas, constituídas por
municípios que, independentemente de sua vinculação administrativa, façam parte da
mesma comunidade sócio-econômica.
CF/1988. Art. 25. §3º. Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de
funções públicas de interesse comum.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2009,
pág.84.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Felipe Motta e Ceé sar Augusto da
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STF, ADI 1841/RJ, Plenário, Relator Min. Carlos Velloso, julgamento em 01/08/2002,
publicação DJ de 20/09/2002.
“Se cabe ter como saudável sempre a participação do povo no processo político, qual
garantia de se vitalizarem as instituições democráticas, não menos certo é que, não se
tratando, na espécie, de criar entes políticos federados novos, mas tão-só de dispor sobre
providências de interesse administrativo regional, o instrumento de representação
popular, assim como consignado na Constituição, por via do processo da lei
complementar aprovada pela maioria absoluta da Assembleia Legislativas, é bastante,
qual quis o constituinte originário, não sendo, assim, de dar guarida a regras locais criados,
no ponto, de procedimento complexo não desejado pela Constituição Federal” (STF, ADI
796/ES, Plenário, Relator Min. Néri da Silveira, julgamento em 02/02/1998, publicação DJ
de 17/12/1999).
DWORKIN, Ronald. Sovereign Virtue: the Theory and Practice of Equality, p. 182.
Cf. SANTIAGO NINO, Carlos. Fundamentos del liberalismo igualitário. In: SANTIAGO
NINO, Carlos. Derecho moral y politica II, p. 21.
RAWLS, John. A Theory of Justice, p. 266. Outras formulações mais sintéticas podem ser
encontradas às páginas 53, 72 e 220.
Cf. DWORKIN, Ronald. The Moral Reading and the Majoritarian Premise. In:
DWORKIN, Ronald. Freedom’s Law: The Moral Reading of the American Constitution.
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Cf., entre outros textos, SKINNER, Quentin. The Republican Ideal of Political Liberty. In:
BOCK, G.; SKINNER, Q.; VIROLI, M. (Ed.), Machiavelli and Republicanism; PETTIT,
Philip. Republicanism: a Theory of Freedom and Government; VIROLI, Maurizio.
Republicanism; MICHELMAN, Frank Isaac. Law’s Republic. Yale Law Journal, v. 97, n.
8, p. 1493-1537; SUNSTEIN, Cass R. Beyond the Republican Revival. Yale Law Jounal,
v. 97, n. 8.
FORST, Rainer. The Rule of Reasons: Three Models of Deliberative Democracy. Ratio
Juris, v. 14, n. 4, p. 349, 356 e 366.
Cf. BENHABIB, Seyla. Models of Public Space: Hannah Arendt, the Liberal Tradition, and
Jürgen Habermas. In: CALHOUN, Graig (Org.). Habermas and the Public Sphere;
FORST, Rainer. The Rule of Reasons: Three Models of Deliberative Democracy. Ratio
Juris, v. 14, n. 4, p. 350, 358-359 e 370.
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ADC nº 12, Rel. Min. Celso Mello. Julg. 15.2.2007. DJe, 17 dez. 2009.
ADI nº 3.853, Rel. Min. Cármen Lúcia. Julg. 12.9.2007. DJe, 26 out. 2007.
Inq. nº 1.376-Agr, Rel. Min. Celso Mello. Julg. 15.12.2007. DJ, 16 mar. 2007
Veja-se, por exemplo, como obras representativas de cada uma das posições nesta questão,
CRUZ, Álvaro Ricardo de Souza. Jurisdição constitucional democrática
(procedimentalismo); e STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e hermenêutica
(substancialismo).
Neste sentido, veja-se o texto crítico do procedimentalista John Hart Ely à decisão da
Suprema Corte norte-americana no caso Roe v. Wade (1973), que reconheceu o direito das
mulheres à realização do aborto (The Wages of the Crying Wolf: a Comment on Roe v.
Wade. Yale Law Journal, v. 82, n. 5, p. 920-949)
ADPF nº 187, Rel. Min. Celso Mello. Julg. 15.6.2011; ADI nº 4.274, Rel. Min. Carlos
Britto. Julg. 23.11.2011.
RE nº 635.659/SP, Rel. Min. Luiz Fux. Repercussão geral reconhecida pelo STF.
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Idem, p. 912.
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários
segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação
da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou,
extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
Vide “”, p. 27, painel com o Procurador da República Humberto Jacques de Medeiros.
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Na ADI 3816, que impugna norma estadual do ES sobre isenção de pedágio em rodovia
estadual para deficientes, o PGR manifestou-se pela procedência parcial (interferência do
Poder Legislativo na organização do Poder Executivo, ao atribuir competência deste para
expedir o documento comprobatório da isenção), mas reconheceu o caráter social da norma,
especialmente em vista da correlação entre a previsão e o exercício do direito de ir e vir dos
portadores de necessidades especiais, voltado a compensar as dificuldades vividas. ADI
ainda pendente de julgamento.
Acredito que o exemplo da Revolta da Vacina ocorrida no Rio no início do século passada
reflete bem um dever de abstenção estatal no campo sanitário. Outros exemplos da
jurisprudência são a vedação à utilização de produtos que contenham amianto ou absesto
(STF, ADI MC 3.937) ou a proibição de importação de pneus usados (STF, ADPF 101).
Estados devem destinar 12% e os municípios 15% de suas receitas próprias para o
financiamento de ações e serviços públicos de saúde, ao passo que a União deve despender
o valor apurado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do PIB. Em 7/12/11 foi
aprovada a lei que regula a EC 29, destacando-se a definição do que pode ser considerado
gastos com saúde e a vedação da criação de uma contribuição substitutiva da CPMF.
[1] http://www.conamp.org.br/Acesso%20Pblico/mat%C3%A9ria%20Os%20limites
%20constitucionais%20das%20Resolu%C3%A7%C3%B5es%20do%20CNJ%20e
%20CNMP.pdf
Canotilho (p. 1226) aponta três dimensões para o princípio: 1) princípio da prevalência da
constituição (eleger a interpretação não contrária à constituição); 2) princípio da
conservação de normas (não se deve declarar a norma inconstitucional se há um sentido em
conformidade com a constituição); 3) princípio da exclusão da interpretação conforme a
constituição mas “contra legem” (não se pode contrariar a letra e o sentido da norma
através de uma interpretação conforme).
Ela é parcela da ordem jurídica, mundo do dever ser, sendo um conjunto de normas que
institucionaliza uma determinada ordem econômica (mundo do ser).
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Mantive aqui o seguinte trecho do resumo do 25º, que se atém mais a aspectos de
direito administrativo: O poder público pode outorgar gratuitamente a permissão ou
conferi-la a título oneroso, hipótese em que o permissionário deverá pagar-lhe uma
retribuição pelo desfrute daquela situação jurídica. O Estado vale-se da permissão
justamente quando não deseja constituir o particular em direitos contra ele, mas apenas
em face de terceiros. Pelo seu caráter precário é utilizada, normalmente, quando o
permissionário não necessita alocar grandes capitais para o desempenho do serviço ou
quando pode mobilizar, para diversa destinação e sem maiores transtornos, o equipamento
utilizado ou, ainda, quando o serviço não envolve implantação física de aparelhamento
que adere ao solo, ou, finalmente, quando os riscos da precariedade a serem assumidos
pelo permissionários são compensáveis seja pela rentabilidade do serviço, seja pelo curto
prazo em que se realizará a satisfação econômica almejada.
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O STF entende ser possível a prisão decorrente de sentença judicial transitada em julgado
(INQ. 510).
STF, ADI 4270: O STF declarou, “com eficácia diferida a partir de doze meses, a contar
desta data, a inconstitucionalidade do art. 104 da Constituição do Estado de Santa
Catarina e da Lei Complementar 155/97 dessa mesma unidade federada. Os dispositivos
questionados autorizam e regulam a prestação de serviços de assistência judiciária pela
seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em substituição à defensoria
pública”.
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