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Mediação no Direito Penal

RESUMO

A importância do presente estudo se faz pela necessidade da implantação de novos mecanismos alternativos para
solucionar litígios, a fim de complementar e dar maior eficiência ao sistema penal. A Mediação Penal é um desses
métodos alternativos, uma das modalidades da Mediação, na qual uma terceira pessoa, o mediador, imparcialmente
conduz o processo que tem como princípios, a participação da vítima e do ofensor para a resolução dos danos causados
pelo conflito, a restauração das relações desfeitas e o reconhecimento da culpa por parte do infrator. Obtendo-se assim,
uma melhor forma de resolução dos conflitos, em conformidade com os princípios constitucionais. Uma das principais
vantagens desse método é o espaço que a vítima ou seus familiares têm para dizer o que gostariam de ser feito para
amenizar o dano sofrido. Nos crimes mais graves esse instituto não se aplica no sentido de influenciar o direito de ação
pertencente ao Estado, mas apenas na possibilidade de permitir o diálogo entre as partes e preservar as suas relações. Os
acordos construídos durante o processo de Mediação darão fim ao processo judicial e serão homologados pelo juiz.
Assim, a Mediação é um instrumento de pacificação social, pois além de construir acordos, os mediadores trabalham na
restauração da relação social entre todos os envolvidos e na recuperação de uma comunicação positiva entre eles.

Palavras-chave: Conflito. Justiça Restaurativa. Mediação Penal.

INTRODUÇÃO

O tema destacado é discutido e analisado na doutrina penal brasileira, assim sendo, surgem inúmeros posicionamentos
relevantes acerca de sua aplicação. Relevante registrar que, não iremos buscar o esgotamento do conteúdo, mas sim,
demonstrar reflexões sobre tal método, dentre as suas vantagens, o conceito, os efeitos causados, quem pode participar e,
com destaque no que é mais usado no âmbito do Juizado Especial Criminal.

As vantagens são altamente perceptíveis com o uso desse procedimento, podem-se elencar algumas a priori, tais como: a
capacidade de negociar entre as partes, a restauração da comunicação, celeridade processual, sigilo, evita novos
desentendimentos ou lides futuras entre os envolvidos, análise cuidadosa dos custos e benefícios das soluções eleitas,
dentre outras que serão abordadas com maior descrição no decorrer do trabalho.

No entanto, só as práticas alternativas não conseguiriam se manter, uma vez que para a solução dos conflitos por meio
dos acordos em mediação é preciso que as partes estejam interessadas nisso. Nos crimes mais graves essa solução não se
aplica.

Contudo, mesmo não havendo uma legislação específica no nosso ordenamento jurídico, a utilização da Mediação Penal
é permitida em alguns institutos. Apesar disso, o uso desse método alternativo já pode ser visto no Brasil, como por
exemplo, no Juizado Especial Criminal, tema em destaque desse trabalho.

Antes de entrar em um estudo mais detalhado sobre a Mediação Penal, faz mister analisar brevemente o instituto da
mediação, uma vez que aquela é apenas uma das modalidades que abrange o gênero desta.

O INSTITUTO DA MEDIAÇÃO

Este instituto é um processo autocompositivo, não adversarial, confidencial e voluntário para a solução de controvérsias,
buscando preservar ou recompor os pontos de divergência que ocasionaram o conflito às partes.

É possível então identificar elementos básicos no processo de mediação, quais sejam: a contraposição de interesses, o
litígio entre as partes e um terceiro neutro capacitado a facilitar a busca pelo acordo, que se denomina mediador.

Podem ser partes: as pessoas físicas, jurídicas, entes despersonalizados ou menores – desde que assistidos por seus pais.
As partes envolvidas recebem o nome de mediandos.
Tem como característica a voluntariedade, pois é baseado na autonomia da vontade das partes. As partes envolvidas em
algum conflito que decidem se participam ou não. Não é imposto a elas, assim participam por livre e espontânea
convicção de que o método poderá ajudar na resolução da lide.

A participação dos mediandos é não adversarial, já que são co-responsáveis para a solução da disputa, diferente do que
ocorre nos processos adversariais, no qual um terceiro decidirá quem está certo, por exemplo, no caso do processos
judiciais.

As partes envolvidas possuem a responsabilidade pela elaboração das decisões com a ajuda de um terceiro imparcial, o
mediador, que tem como função ajudar na identificação dos interesses comuns para a obtenção de uma solução
consensual, por isso é vista como mecanismo autocompositivo.

O mediador não vai decidir pelas partes, mas apenas demonstrar os obstáculos e removê-los, para que elas possam
chegar a um acordo, ou ao menos reduzir o conflito a um nível de melhor convívio entre eles. Vai gerar então confiança
no processo e nas pessoas, para que em conjunto reconstruam as relações.

Quanto à confidencialidade das informações, um termo será assinado pela equipe de mediação, com a finalidade de
manter o sigilo em relação aos temas que serão abordados durante o processo, o que irá garantir aos mediandos que o que
for discutido não poderá ser usado no processo penal. Maior confiança as partes terão com esse sigilo, na qual poderão
revelar com maior facilidade as informações importantes acerca do conflito.

É possível o acompanhamento do advogado de cada parte no processo de mediação, desde que todas estejam de comum
acordo. A presença do advogado é um forte acréscimo para o mediando, pois poderá sanar qualquer tipo de dúvida que
possa surgir garantindo que o acordo seja legalmente viável.

Esse processo apresenta inúmeros benefícios, dentre os quais podemos destacar: a celeridade e eficácia dos resultados,
garantia da privacidade, redução do desgaste emocional, facilitação da comunicação, redução da reincidência de litígios,
transformação das relações e a melhoria dos relacionamentos.

Em relação às fases do processo, não há como identificá-las, ao contrário do que ocorre no procedimento tradicional,
uma vez que se trata de um desenrolar altamente inconsistente, não só por conta do envolvimento pessoal das partes, mas
também pela forma que o mediador conduzirá o processo, não sendo possível prever um desenvolvimento de uma
determinada maneira (AZEVEDO, 2009, p.83).

No entanto, a mediação é um trabalho artesanal, cada caso é único, não tendo uma ordem específica a se seguir, mas
deve-se respeitar os princípios que a envolvem de maneira crítica e minuciosa para que se busque maior eficácia em seu
resultado.

Ao tratar dos dispositivos legais que abarcam a mediação no Brasil essa normatividade é branda. Temos a Lei 13.140 de
26 de junho de 2015 que em seu art. 1º demonstra o objetivo da lei e também traz no parágrafo único o conceito de
mediação.

Art. 1º: “Esta lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a
autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública”. Parágrafo único: “Considera-se mediação a atividade
técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. (BRASIL, 2015)

Assim, percebemos que a mediação busca soluções criativas, através da identificação das causas que resultaram ao
litígio, da responsabilidade de cada parte, dos aspectos positivos da relação dos mediandos no passado, objetivando
sempre o lado prospectivo e vantajoso. No mais, a recuperação dos laços entre as partes leva a um aumento do
cumprimento do acordo de uma forma espontânea e mantém as relações que haviam sido rompidas.

MEDIAÇÃO PENAL
A Mediação Penal, objeto de estudo do trabalho, possibilita à vítima e ao ofensor, em um ambiente seguro e estruturado,
participar de maneira ativa na resolução do conflito que fazem parte com a ajuda do mediador, restaurando as relações e
reconstruindo o que foi afetado pelo delito. A utilização desse método apresenta resultados bastante positivos aos
mediandos e a toda comunidade.

A mediação penal é um processo cujos princípios ressaltam a participação direta dos principais envolvidos no ato
ofensivo, a restauração da vítima e/ou comunidade vitimada, a responsabilização direta do ofensor pelo dano causado e o
envolvimento de toda a comunidade na restauração tanto da vítima quanto do ofensor, suprindo algumas falhas do
processo judicial hodierno e complementando o sistema de justiça criminal. (TIAGO, 2007, p.210).

Apesar de nem sempre resultar em um acordo, a Mediação Penal oportuniza ao ofensor que ele se responsabilize pelo
que gerou o conflito ao enfrentar o ofendido e, permite uma maior assistência e participação da vítima no processo.

Tendo em vista que o mediador é o condutor do processo, nessa modalidade da mediação o seu papel é de extrema
importância, sendo necessário que ele use diversas técnicas e recursos, tentando facilitar a difícil interação entre o
ofensor e a vítima, demonstrando sempre, os efeitos restaurativos do processo e garantindo a segurança física e
emocional das partes. Também deve demonstrar que não está ali para atuar como juiz, não sendo de sua competência
realizar qualquer tipo de julgamento.

O objetivo é estabelecer o diálogo entre as partes, com ênfase na restauração da vítima e aceitação da culpa pelo ofensor,
possibilitando também que este relate as circunstâncias e consequências do crime no seu modo de ver, e na recuperação
das perdas morais, patrimoniais e afetivas. (AZEVEDO, 2007, p.135-151)

Quanto às características dessa modalidade, possui características próprias. De acordo com o professor argentino Ulf
Eiras Nordenstahl, o processo de mediação penal deve abarcar as seguintes características: voluntariedade,
confidencialidade, imparcialidade, informalidade e interdisciplinaridade. (NORDENSTAHL, 2005, p.59)

Destaca-se que sobre a voluntariedade, confidencialidade e imparcialidade, estas já foram tratadas anteriormente, quando
abordamos sobre as características do instituto da mediação. Explicaremos, assim, de maneira breve as duas últimas.

A informalidade é tida neste processo devido a sutileza das formas, a liberdade de ação das partes, se contrapondo ao
segmento do processo penal tradicional. Não se confunde com a ausência de procedimentos, visto que o procedimento da
Mediação Penal têm várias fases, o que ocorre é a criação de um ambiente confortável às partes.

A interdisciplinaridade é devido à complexidade dos casos passíveis de mediação, sendo necessária a aplicação de
métodos, técnicas e conhecimentos de cada ciência para a resolução do conflito, existe a necessidade de uma equipe de
mediação com capacidade de combinar e convergir diferentes pontos de vista. (NORDENSTAHL, 2005, p.67-71)

A Mediação Penal apresenta diferenças das demais, pois evidencia a reparação da vítima, responsabilização do ofensor e
recuperação das perdas morais, patrimoniais e afetivas, enquanto as outras formas destinam precipuamente ao acordo.

Nessa modalidade além dos debates acerca da reparação civil o foco é o de proporcionar uma comunicação direta ao
envolvidos no conflito, permitindo que as vítimas expressem acerca do real impacto do crime nas suas vidas. Este
direcionamento, por outro lado, busca estimular os ofensores a perceberem o impacto da sua ação delituosa, assumindo-
a, e a repararem os danos e terem a possibilidade de expor as circunstâncias e consequências do crime.

Outra importante diferença da Mediação Penal e as demais modalidades é a ausência da necessidade de uma relação
prévia entre as partes. O que ocorre em processos de mediação é a sua aplicação aos litígios que envolvam partes que
possuem algum tipo de relação permanente, pois permite o restabelecimento dos vínculos dos indivíduos. Por outro lado,
quando se trata de infração penal, as partes não necessariamente apresentavam algum vínculo.

Existem algumas etapas a serem seguidas na Mediação Penal, diferentemente do que ocorre com outras formas de
mediação, em que não é possível verificá-las.
A primeira etapa da Mediação Penal seria a indicação através de uma triagem para saber quais casos teriam a
possibilidade de sua aplicação e um potencial de resolutividade.

Após a seleção dos casos ocorre a pré-mediação, como segunda fase, onde a equipe mediadora terá conhecimento do
caso e das partes que poderão ou não participar do processo. Os envolvidos aceitando participar do processo participarão
de encontros conjuntos, na qual será esclarecido a eles as vantagens do processo, suas limitações, o seu procedimento e o
interesse de cada um. O mediador sentindo necessidade poderá indicar a realização de reuniões privadas com os
mediandos.

A terceira fase as partes terão participação ativa, visto que consiste na elaboração de propostas pelos mediandos a partir
do que considerem como possibilidades de solução do problema, aqui atuam como protagonistas no processo de
Mediação. O mediador também poderá elaborar propostas, mas sempre respeitando o princípio da imparcialidade.

A quarta etapa acontecerá somente quando as partes, após analisarem todas as propostas, perceberem a possibilidade de
autocompor o resultado para o conflito. São traçados os pontos do acordo que devem ser de total concordância dos
mediandos.

De acordo com Mark Umbreit, apesar da maioria dos casos de Mediação Penal resultar em acordo, este não é o seu
objetivo principal, mas sim os benefícios e oportunidades que este processo trará às partes em relação ao conflito que as
envolve. A restauração do diálogo é de grande valia, pois existe uma grande necessidade de obtenção de informações e
extravasamento das emoções da vítima, essencial para sua recuperação. Quanto ao ofensor, o desenvolvimento de uma
empatia pela vítima pode levar a uma diminuição da reincidência do crime no futuro. (UMBREIT, 2007, p.77)

Na quinta fase deve haver um monitoramento da manutenção de tudo que fora trabalhado e acordado durante o processo,
já que o processo de mediação não revoga o princípio da inafastabilidade da jurisdição, podendo as partes legitimadas
questionar o acordo restaurativo em juízo.

Quando o êxito não é obtido na Mediação Penal, não há possibilidades deste procedimento influenciar de algum modo a
pena a ser aplicada pelo juiz, com a volta do caso para o sistema penal tradicional. Como mencionado, todas as
informações são mantidas em sigilo e, assim, não é sabido ao juiz, por exemplo, quem recusou a continuar. No Juizado
Especial Criminal, destaque da pesquisa, quando o processo de mediação não teve sucesso, apenas é informado que o
processo não pode avançar e, nos mesmos termos que foi encaminhado para a mediação deverá retornar ao sistema
tradicional.

No mais, dentre os efeitos apresentados pela Mediação Penal, importante mencionarmos: a satisfação dos envolvidos no
processo, a menor utilização do sistema de justiça convencional, impacto psicológico na vítima, restituição do prejuízo
causado pelo ofensor à vítima, a diminuição da reincidência criminal e a economia de gastos nos casos de ofensas penais.

Assim, importante deixar claro, que o processo de mediação não objetiva substituir o sistema criminal. Por outro lado, o
seu propósito é de complementar o aparato tradicional de modo a obter melhores resultados em respostas às infrações
penais.

INCIDÊNCIA NA ESFERA PROCESSUAL

No Brasil não há legislação específica que regulamenta a aplicação da Mediação Penal. Existem dispositivos que
garantem o seu uso, de forma a complementar o sistema judicial.

A Lei dos Juizados Especiais Civeis e Criminais (Lei nº 9.099/95) admite o acordo civil, a transação penal e a suspensão
condicional do processo nos crimes de menor potencial ofensivo.

O emprego da Mediação Penal através desses institutos dá-se pelo entendimento strito sensu e lato sensu da conciliação.
Sendo assim, a Mediação Penal é abrangida pela forma latu sensu da conciliação, havendo, portanto, caminhos quanto à
sua aplicação dentro do ordenamento jurídico pátrio. Cabe ressaltar que embora tenham natureza jurídica semelhante,
tanto a conciliação quanto a transação penal não se incluem no conceito da mediação, são institutos plenamente
diferentes.
Existem alguns projetos de Mediação no ordenamento jurídico brasileiro, dentre os quais destacamos o presente no IX
Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro – RJ, correspondente ao Juizado Barra da Tijuca.

No referido JECRIM são realizados dois tipos de mediação: uma realmente penal, que influencia questões de pena, e
outra de natureza civil dentro de um Juizado Criminal. A Lei nº 9.099/95 autoriza a formação de um acordo civil com
efeitos penais, afastando totalmente a jurisdição penal. Percebe-se o que é feito na verdade é uma mediação civil que
implica na eliminação também o processo penal e não diretamente a Mediação Penal clássica.

A mediação realizada é de natureza civil, mas seus efeitos são penais, extinguindo a punibilidade, terminando o
processo.

A Lei nº 9.099/95, ao tratar dos crimes de menor potencial ofensivo abriu um caminho para a implementação da
mediação. Nas ações penais privadas e públicas condicionadas à representação previstas nesta lei, a mediação se torna
uma das opções a serem oferecidas às partes, com o intuito de dar oportunidade na autocomposição do dano, o que pode
resultar na renúncia à queixa ou representação antes de formalizadas. (SICA, 2007, p.226).

A reparação do dano neste contexto quando materializada por um acordo entre as partes, possibilita a implementação da
mediação.

No artigo 89 da Lei nº 9.099/95 está previsto a suspensão condicional do processo, a qual abre mais um caminho para se
implementar a mediação nos casos de ação penal pública condicionada e incondicionada.

“Ao receber a denúncia, o juiz, ao invés de designar o interrogatório, delegaria para ofício de mediação, que se
incumbiria de estabelecer o contato com as partes, informá-las da possibilidade de negociar uma solução, realizar as
sessões de mediação e conduzir o diálogo que pode ou não resultar na reparação do dano, suficiente para a justiça penal
homologar o acordo e decretar a extinção da punibilidade” (SICA, 2007, p.229).

Destaca-se que a implementação da mediação dentro da suspensão condicional do processo tem, na reparação do dano, a
condição para o acordo entre as partes, o qual cumprindo este a extinção da punibilidade será decretada.

Leonardo Sica ressalta, ainda, que o uso da Mediação Penal dentro da suspensão condicional do processo, impossibilita
ao juiz a aplicação das demais condições previstas no art. 89, § 1º da Lei nº 9.099/95: II – proibição de frequentar
determinados lugares; III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz e, IV – o
comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Salvo se as partes
acordarem livremente alguma destas, como forma de reparação simbólica e de recomposição da paz jurídica. (SICA,
2007, p.229)

Importante mencionar que nos crimes mais graves, a mediação seria possível no sentido de permitir o diálogo entre as
partes para preservar as suas relações, ou restaurar o que foi descontruído pelo crime, tanto para vítima quanto para
ofensor e, não no sentido de influenciar o direito de ação pertencente ao Estado.

Desta maneira, nos delitos mais graves, o processo de mediação terá que vir depois de uma sentença condenatória, com o
intuito de tratar da questão pontual de satisfação da vítima, de cunho moral e até mesmo do contato e conversar entre as
partes envolvidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou demonstrar um dos métodos alternativos nas soluções de conflitos, a Mediação Penal,
elencando suas vantagens, seu processo e seus efeitos. Enfatizamos as possibilidades na qual pode ser usada no âmbito
do Juizado Especial Criminal.

Com o exercício do atual sistema penal, deve-se levar em consideração os regimes carcerários desumanos, o sistema
penal ultrapassado e as condições irrazoáveis de aplicação da pena, o que levam a uma ressocialização secundária, um
isolamento, desamparo e desintegração tanto do ofensor quanto da vítima.
Assim, percebe-se a necessidade de mecanismos alternativos na esfera penal, de forma a complementar esse sistema e
buscar novas soluções em conformidade com as normas jurídicas e os princípios constitucionais.

A Mediação Penal vem para reconstruir as relações e diálogos entre vítimas e ofensores, para que, com a ajuda do
mediador, possam realizar a autocomposição do conflito que os envolvem. A sua eficácia gera um elevado índice de
resultados positivos tanto para os envolvidos, como para a sociedade em si.

Os envolvidos no conflito estarão voluntariamente dentro de um ambiente seguro e na presença de um terceiro para que
possam construir um acordo e resolverem o conflito, obtendo respostas que na maioria das vezes as vítimas necessitam,
bem como tem o direito de fala para expressarem seus sentimentos.

Quanto à aplicação da Mediação Penal, demonstramos que não há legislação específica que a regule no ordenamento
jurídico brasileiro, contudo, alguns dispositivos permitem o seu uso de maneira a complementá-lo.

É o que objetivamos com o trabalho e mencionamos as hipóteses no âmbito do Juizado Especial Criminal, alguns dos
principais exemplos já existentes no sistema jurídico que possibilitam a aplicação desse instituto, pois se tem um
entendimento lato sensu do instituto da conciliação previsto pela Lei nº 9.099/95.

Fizemos rápida menção se seria possível a sua aplicação nos crimes mais graves, na qual concluímos que somente
poderia ocorrer no sentido de oportunizar um diálogo entre as partes, preservando ou restaurando o que foi desconstruído
pelo conflito, mas não, influenciando de alguma maneira a pena ou o direito de ação do Estado.

No entanto, após todo estudo feito sobre o tema, é de suma importância a aplicação da Mediação Penal dentro do sistema
criminal brasileiro, o que busca o valor jurídico e também social. Contudo seu objetivo é o de complementar o sistema
tradicional da melhor forma possível, de forma alternativa.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988.


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituição/Constituição.htm

BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Lei dos Juizados Especiais Civeis e Criminais.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm

BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Lei de Mediação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2015/Lei/L13140.htm.

AZEVEDO, André Gomma de. O componente de Mediação Vítima-Ofensor na Justiça Restaurativa: Uma Breve
Apresentação de uma Inovação Epistemológica na Autocomposição. Coletânea de Artigos. Slakmon, C., R. De Vitto, e
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EIRAS NORDENSTAHL, Ulf Christian. Médiacion Penal: de La Práctica a La Teoria. Buenos Aires: Libreria Histórica,
2005. 232 p.

SICA, Leonardo. O Novo Modelo de Justiça Criminal e de Gestão do Crime. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007. 263 p.

TIAGO, Tatiana Sandy. Implementação da Justiça Restaurativa por meio da mediação penal. Estudos em Arbitragem,
Mediação e Negociação VOl 4 / André Gomma de Azevedo, Ivan Machado Barbosa (orgs.) – Brasília: Grupos de
Pesquisa, 2007.

UMBREIT, Mark S. The Handbook of Victim Offender Mediation: An Essential Guide to Practice and Research. São
Francisco, CA: Jossey Bass, 2001.

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