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ISSN 1984-9354
Resumo
Este artigo trata da Gestão dos Resíduos da Indústria de
Beneficiamento de Rochas Ornamentais no Estado do Espírito Santo,
com enfoque principal na Lama Abrasiva gerada a partir do processo
de serragem dos blocos de rochas e polimento das cchapas, buscando
sua reintrodução como insumo em outra cadeia produtiva,
apresentando o caso da Associação Ambiental Monte Líbano -
AAMOL, a primeira central de tratamento de resíduos de rochas
ornamentais do estado do Espírito Santo.
1. Introdução
O Estado do Espírito tem como grande impulsionador de sua economia a Indústria de Rochas
Ornamentais, sendo considerado hoje o maior pólo de beneficiamento da América Latina.
Como rochas ornamentais, temos o mármore, o granito, ardósias, arenitos, basaltos, gnaisses e
quartzitos que são beneficiados em indústrias próprias instaladas em todo o estado do Espírito
Santo, principalmente em Cachoeiro de Itapemirim, maior pólo beneficiador do estado.
(PREZOTTI, et all, 2006)
O processo de polimento também é realizado sob via úmida, onde é inserido grandes volumes
de água sobre a área que está sendo polida com abrasivos das mais diversas granulometrias,
dependendo da fase do acabamento. O equipamento que realiza este trabalho é a politriz, que
pode ter inúmeras “cabeças” de polimento.
No processo final já nas marmorarias, também há emprego de água durante o corte da chapa
de rocha, com isso, também verificamos a geração da lama abrasiva, porém em menor
quantidade.
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Com o desenvolvimento do setor de rochas ornamentais, outros setores passam por uma fase
de grande crescimento também, principalmente os prestadores de serviços e fornecedores de
insumos, gerando assim, inúmeros empregos e renda.
Cada vez mais a questão ambiental vem sendo incorporada na vida de todas as pessoas. O ser
humano passou, em sua maioria, a perceber que a preservação do meio ambiente é preservar a
própria espécie humana, pois fazemos parte do meio em que vivemos.
No decorrer do tempo percebemos esta mudança de cultura. O desenvolvimento não pode vir
em detrimento do meio ambiente. Eles têm que se conjugados.
Durante e após a Revolução Industrial, a imagem que conferia status era a de grandes
chaminés gerando aquela gigantesca nuvem de fumaça preta. Quanto mais fumaça se produzia
significava aumento na produção e que o país estava próspero e gerando divisas. O meio
ambiente era um fator considerado secundário e os recursos naturais inesgotáveis.
Hoje todos estão pagando o elevado custo para o desenvolvimento dos países considerados de
“Primeiro Mundo”. Eles se desenvolveram, a custa de muita degradação ambiental, utilizando
boa parte dos recursos naturais até quase sua exaustão e todos pagam à conta, inclusive os
subdesenvolvidos.
Percebe-se então que a questão ambiental é muito mais ampla, por isso as nações se uniram
para fomentar atividades, pesquisas e estudos que pudessem neutralizar os efeitos que estamos
sendo submetidos, por conta da degradação ambiental praticada.
Como o estado do Espírito Santo responde por cerca de 75% da produção de rochas
ornamentais no Brasil, há que se ter uma grande preocupação com a lama abrasiva gerada,
pois a quantidade é extremamente significativa e na realidade ainda não se tem um estudo
detalhado de sua composição e de todos os impactos que a mesma pode causar quando
lançada diretamente no meio ambiente.
Outro ponto que merece destaque é que não adianta apenas fomentar a criação de aterros
adequados para serem lançados os resíduos de lama abrasiva, pois como a quantidade gerada
é expressiva, a proliferação de aterros pelo estado acabará por esgotar as áreas aptas para este
tipo de empreendimento, ou o estado se tornará um grande aterro de lama.
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Já existem algumas iniciativas para que este resíduo se torne insumo em outra cadeia
produtiva, mas ainda tem alguns entraves que acabam por demorar o desenvolvimento destas
iniciativas.
Nesta atividade extrativa a geração de resíduos é em grande escala proporcionada pelos restos
de rochas, que não tem periculosidade acentuada desde que dispostos de maneira adequada,
evitando desmoronamentos e assoreamento de rios e córregos, não trará maiores transtornos
além da alteração do apecto visual.
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É nesta fase de beneficiamento rochas, que observamos a inserção de novos produtos como
insumos na cadeia produtiva, sendo estes os principais contribuintes para tornar a lama
abrasiva objeto de maior preocupação.
Os principais insumos utilizados durante a etapa de beneficiamento que acaba por alterar as
características da lama abrasiva gerada, chegando a transformá-la em alguns casos em resíduo
classe I, é a cal e a granalha na fase de desdobramento e o pó do abrasivo na fase de
polimento.
Vale ressaltar que em alguns tipos de rocha utiliza-se resina e por vezes corante, para
melhorar o aspecto da chapa polida. Estes constituintes também acabam por alterar
significativamente as características da lama gerada.
Por este motivo, frisamos que a correta gestão da atividade operacional da empresa é de suma
importância para evitar custos desnecessários, principalmente no tratamento dos resíduos
gerados.
Importante salientar que a lama abrasiva por si só, mesmo que não tenha nenhum constituinte
perigoso em sua composição, não pode ser lançada em qualquer lugar, pois se despejada
diretamente em um córrego ou rio, poderá ocasionar seu assoreamento e turbidez tal que
afetaria diretamente a biota local.
Desta feita, o que observamos é que inúmeras empresas do setor não realizam o tratamento
dos resíduos gerados, e estes acabam sendo depositados em rios, córregos, esgotos, e mesmo
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quando são depositados em tanques na própria empresa, esses tanques são feitos de forma
inadequada provocando assoreamento dos rios ou até mesmo contaminando o lençol freático.
(FREIRE, 2009)
Esta necessidade de adequação fez com que muitos processos de renovação de Licença de
Operação ficassem prejudicados, pois os empresários não conseguiam se adequar, seja por
falta de aterros adequados, áreas aptas para implantá-los e principalmente pelos custos
envolvidos.
Na região da grande Vitória o principal destino dado para a lama abrasiva é o aterro industrial
de terceiros. (SEBRAE, 2007)
A utilização deste método para destinação dos resíduos de lama abrasiva deve ser
cuidadosamente avaliada pelas empresas e principalmente pelo estado, pois devido a enorme
quantidade gerada deste resíduo, o que podemos ver futuramente é a transformação do
Espírito Santo em um grande aterro de lama.
Com o aumento dos estudos para aproveitamento da lama abrasiva como insumo de outras
cadeias produtivas, acabamos por verificar que a tendência é que os atuais aterros industriais
passem a ser considerados como futuras jazidas.
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Para propiciar esta mudança de cultura, curial também analisar o Ciclo de Vida do produto no
Setor de Rochas Ornamentais, pois é uma ferramenta de extrema relevância para melhoria de
processos e produtos o que a torna intimamente ligada com a problemática levantada, pois
novos métodos podem significar redução da geração de resíduos, além da utilização dos
mesmos em outras cadeias produtivas.
Avaliação do ciclo de vida (ACV) em jargão técnico é uma forma que tende a examinar o
impacto total de um produto através de cada etapa de sua vida, desde a obtenção de matéria
prima, a forma de como é fabricado, a venda no mercado, o uso em casa, e seu descarte.
(BARBOZA, 2001)
As ferramentas de análise do ciclo de vida dos produtos são muito importantes para proceder
uma eficiente gestão de resíduos, pois a partir dos conhecimentos disponibilizados por ela
podemos implementar práticas e atitudes visando a reutilização e reciclagem e principalmente
a minimização da geração de resíduo, que é o principal objetivo dos profissionais que atuam
na área. Para tanto, de extrema importância é a normalização das práticas e métodos a serem
utilizados, principalmente para sua uniformização.
No setor de rochas ornamentais os problemas não são diferentes. O que falta no setor de
rochas é uma normalização técnica e a nomenclatura oficial dos materiais, contendo
informações básicas como o nome do produto a origem do minerador. Muitas vezes nem o
especificador tem conhecimento técnico sobre a rocha e sua aplicabilidade. (ROCHAS DE
QUALIDADE, 2001) Esta demanda está sendo atendida pelos catálogos de rochas
ornamentais em circulação no país, dentre estes, o mais completo e recente foi lançado pelo
Centro de Tecnologia Mineral - CETEM.
Desde o início dos anos 90, verificou-se um salto qualitativo no setor de rochas representado
pela absorção de novas tecnologias, o que levou o setor colocar seus produtos na pauta de
exportações de minerais brasileiros. Contudo essa evolução ainda tem um longo caminho a
trilhar no sentido da diversificação e da agregação de valor à produção. Estamos há muitos
anos com o mesmo sistema e a mesma espessura de pedra. No exterior isso já existe, pedras
de grandes dimensões que são estruturadas com telas metálicas por trás, painéis de pedra
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composta com uma espessura muito fina. Esse é um avanço tecnológico muito grande e que
precisa fazer chegar ao Brasil. (ROCHAS DE QUALIDADE, 2001)
Durante toda a fase de produção de rochas ornamentais, diversos tipos de resíduos são
gerados. Na extração é gerado muito resíduo de rocha, são fragmentos que não são
aproveitados para o beneficiamento. Estes restos, normalmente são dispostos em área definida
próxima às jazidas, conhecidos como “bota fora”. Na fase de desdobramento e
beneficiamento, são gerados fragmentos de rocha, lâminas de aço utilizadas nos teares para o
corte da rocha, restos de abrasivos, utilizados para o desbaste e polimento das chapas, além da
lama abrasiva, que é uma mistura de água, utilizada durante toda a fase de beneficiamento, pó
de rocha, pó do abrasivo, cal e granalha. (FREIRE, 2009)
Já demonstramos que esta lama gerada é considerada um dos principais problemas ambientais
do estado do Espírito Santo, pois em muitos casos é lançada diretamente sobre o solo, ou até
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mesmo diretamente em córregos e rios, gerando enormes prejuízos ambientais com grandes
impactos.
Os estudos que estão sendo realizados para o reaproveitamento da lama gerada, na fabricação
de lajotas, tijolos, artefatos cerâmicos, indústria asfáltica e cosmética, dentre outros, é de
suma importância para a avaliação do ciclo de vida e para a melhoria na gestão eficiente da
cadeia produtiva mineral.
Para melhorar a imagem do setor de rochas ornamentais, a Análise do Ciclo de Vida da cadeia
de rochas tem se tornado a cada dia mais fundamental, onde papel importante tem os Arranjos
Produtivos Locais – APL que procuram conjuntamente buscar soluções para o setor.
Depois de forte baque em 2009, o setor entrou em processo de recuperação no ano passado.
As exportações cresceram 32,5%, após dois anos consecutivos de queda, passando de US$
724,1 milhões para US$ 959,2 milhões - próximo do recorde de US$ 1,093 bilhão registrado
em 2007 -, apesar do câmbio desfavorável. (VALOR ECONÔMICO, 2011)
Este assunto já foi tratado por alguns estudiosos do tema, enfocando que a rede de empresas
que forma a cadeia produtiva de rochas ornamentais é suis generis na medida em que do lado
da produção predominam as PMEs locais, diferentemente da maior parte da extração mineral
do país, e, do lado do mercado, não sofre pressões à montante que caracterizam a construção
civil, importante setor consumidor, e nem à jusante como indústrias de montagem. O mercado
é pulverizado sendo mais de 80% das vendas destinadas ao mercado interno, com utilização
quase que exclusiva na construção civil também faz com que essa cadeia tome emprestado do
setor de construção algumas características de produção e mercado. Nesse contexto a
tendência mundial é no sentido da simplificação da construção civil em geral e de edificações
em especial, com ênfase dominante na qualidade, durabilidade, facilidade de manutenção,
integração de fases desde o projeto da edificação, irradiando-se por todo o sistema dos
construtores aos fornecedores de materiais. Iniciou-se assim, nos anos 90, uma estratégia de
gestão integrada do projeto e da organização do processo construtivo, voltada para o controle
de materiais e processos em todas as fases para garantir a qualidade do produto final: a
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É fundamental a eficiente gestão do resíduo de lama abrasiva desde a sua geração até sua
disposição final, ou seja, do “berço ao túmulo”. Mais importante ainda é a redução de sua
geração.
Este é um ponto crucial na gestão de resíduos, pois quando tratamos deste tema, a primeira
coisa que ouvimos é a reciclagem, porém, temos que ter em mente que este é o terceiro elo da
cadeia. Primeiro temos que reduzir a geração do resíduo, depois pensamos em reusar e
somente se não for viável nenhuma das opções anteriores, partimos para a reciclagem.
Os mais comuns utilizam lamas abrasivas, que tem como principais objetivos: lubrificar e
resfriar as lâminas, evitar a oxidação das chapas, servir de veículo ao abrasivo (granalha) e
limpar os canais entre as chapas. Composta por água, granalha, cal e rocha moída a lama
abrasiva é distribuída por chuveiros sobre o bloco através de bombeamento (SILVA, 1998).
O PGR deve ser detalhado e formatado de forma a ter uma abrangência total dos processos
produtivos da empresa, mapeando todas as fontes geradoras de resíduos, os tipos gerados, sua
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No tocante a disposição final adequada do resíduo, não podemos tratar o lançamento dos
mesmos em aterros como uma forma ideal, pois mesmo que sejam aterros controlados e
devidamente construídos conforme as normas técnicas, o resíduo lá permanecerá para sempre,
ou seja, na verdade estamos apenas mudando seu local de armazenamento. Retiramos de
dentro da empresa e colocamos em outro local.
Muitas iniciativas surgem para reaproveitamento da lama abrasiva, pois na verdade trata-se de
um material fino, quando seco, quase um pó, que pode ser facilmente introduzido em outras
cadeias produtivas.
Como exemplo, observamos estudos para utilização deste resíduo na fabricação de artefatos
cerâmicos como tijolos, artefatos de cimento como bloquetes de pavimentação, produção de
argamassa, como material de enchimento em concreto asfáltico usinado a quente e até mesmo
na indústria de cosméticos. Neste último caso, os resíduos oriundos do corte de mármores
podem ser adicionados à massa de produção de sabonetes esfoliantes, pois os resultados
indicaram baixa perda de massa e alta estabilidade do produto final. No entanto, a utilização
do resíduo fica limitada a 40%,em massa, com tamanho de partícula de até 0,053 mm para
que não haja irritabilidade dérmica. (OLIVEIRA, 2009)
Outro fator muito importante a ser considerado para uma correta e eficiente gestão de resíduo
é a segregação da geração direto na fonte. Por isso, durante a elaboração do PGR o
profissional responsável por sua elaboração, deverá ser bastante criterioso para
detalhadamente identificar todas as fontes geradoras de resíduos, os tipos gerados e a partir
deste diagnóstico propor a redução e melhoria na gestão dos mesmos.
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Por conta desta variabilidade de materiais constituíntes das rochas serradas é que deve haver
uma quebra de paradigma na atual gestão do resíduo de lama gerado no processo de
beneficiamento, separando os expurgos por tipos de rochas serradas no momento.
O que observamos hoje é que ainda não há qualquer preocupação por parte das empresas em
segregar a lama de acordo com o material serrado. Na realidade tudo o que é gerado é
direcionado para o mesmo local de armazenamento temporário.
Visando modificar este paradígma, propiciando estudos dos diversos tipos de lama gerados e
em busca da solução mais adequada para isso, surge como iniciativa dos empresários do setor
e apoio do governo estadual a Associação Ambiental Monte Líbano – AAMOL, com a
perspectiva buscar a solução mais adequada ao resíduo gerado pela indústria de
beneficiamento de rochas ornamentais, propiciando seu aproveitamento em outras cadeias
produtivas.
Como um bom exemplo de uma eficiente gestão dos resíduos do beneficiamento de rochas
ornamentais, com a reintrodução do mesmo em novas cadeias produtivas, tem a Associação
Ambiental Monte Líbano – AAMOL, criada no município de Cachoeiro de Itapemirim, que
tive a oportunidade de assessorar em seu surgimento, participando de todo o processo desde a
sua fundação.
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Após alguns debates entre os empresários, governo e entidades do setor, foi definido que não
bastava a criação de mais um aterro industrial para receber a lama abrasiva gerada pelo
beneficiamento de rochas ornamentais, era necessário e urgente medidas que proporcionassem
o reaproveitamento deste rejeito, devido a grande quantidade gerada no estado, caso contrário,
em futuro não muito distante, o Espírito Santo poderia se transformar em um grande aterro de
lama.
A partir desta idéia, foi elaborado um Termo de Referência pelo Governo do Estado onde a
AAMOL deveria seguir para a sua constituição e operação, primando por projetos e pesquisas
que tenham por objetivo o reaproveitamento do resíduo em outras cadeias produtivas.
Feito isso, foi também assinado pelo Governo do Estado um Protocolo de Intenções onde o
mesmo se compromete a ceder uma área para que a AAMOL se instalasse, desde que
cumprido o Termo de Referência firmado. Assim, surgiu a AAMOL.
Hoje a CTR AAMOL está localizada na Fazenda Monte Líbano em um espaço total de 26
hectares, sendo a área de armazenamento da célula equivalente a 5,3 hectares
aproximadamente.
O projeto da CTR AAMOL contempla não só a célula para disposição adequada da lama do
beneficiamento de rochas ornamentais, mas a reutilização da mesma em outras cadeias
produtivas. Isso significa que a AAMOL foi projetada para receber, tratar e dispor os resíduos
do setor de rochas nas melhores condições ambientais.
Hoje a CTR AAMOL está apta a receber resíduos com até 30% de umidade conforme
estabelecido pela legislação estadual, que são dispostos diretamente na célula temporária,
além de receber o resíduo também na sua forma liquida, pois conta com um sistema de
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Em cumprimento ao seu objetivo final, quer seja o reaproveitamento deste resíduo em outras
cadeias produtivas, a AAMOL em parceria com uma empresa de engenharia e a Universidade
Federal do Estado do Espírito Santo, instalaram uma fábrica de artefatos de cimento que
utiliza o resíduo como insumo na confecção de bloquetes de pavimentação, meio fio, e tijolos.
Vale destacar que os produtos produzidos pela fábrica instalada ainda estão em fase
experimental de traços e testes de certificação, principalmente da questão ambiental. O
objetivo é que antes de sua comercialização seja garantida a segurança ambiental e suas
características estejam de acordo com os padrões de mercado.
Mas a atuação da AAMOL não para por ai. Estão em andamento estudos e formatação de
parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes – DNIT, para
utilização deste resíduo como sub base asfáltica e até mesmo incorporá-lo na massa do
asfalto.
Além destes projetos outros estão sendo desenvolvidos, e com toda certeza o estado do
Espírito Santo está caminhando para dar a solução ambiental e econômica mais adequada para
esta grande quantidade de lama abrasiva gerada. Como já tratado em outros tópicos do
presente artigo, futuramente veremos os aterros existentes no estado serem transformados em
novas jasidas.
Mas a proposta da CTR AAMOL, além de viabilizar a reutilização da lama abrasiva, prevê
que os demais resíduos da cadeia de beneficiamento de rochas ornamentais tenham sua
destinação ambientalmente correta, tais como resíduos ferrosos e oleosos, plásticos, papelões,
dentre outros, proporcionando o adequado gerenciamento dos mesmos, proporcionando a
criação de um sistema que propicie que os atuais executores desta atividade possam sair da
informalidade, gerando com isso mais emprego e renda.
Porém, o maior objetivo da AAMOL é conscientizar o empresário sobre a importância da
realização de ações de responsabilidade social e ambiental, gerando condições de
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6. Conclusão
Pelo estudo apresentado podemos perceber que cada vez mais se faz necessário, para a
sobrevivência da empresa e da própria humanidade, a preservação ambiental. Atrelado a isto,
observamos a real necessidade de ser avaliada a utilização dos produtos consumidos pelo ser
humano, proporcionando maneiras de serem reduzidos os seus impactos durante a fase de
produção, utilização e descarte dos mesmos.
Desta forma, percebemos a importância de uma eficiente gestão de todos os resíduos gerados
nas etapas produtivas, onde necessariamente devemos passar também pelo estudo da
Avaliação do Ciclo de Vida do produto, pois a partir destas pesquisas é que se permite um
conhecimento de todas as fases do produto proporcionando a possibilidade de agir em uma de
suas etapas de produção, tomando as medidas e iniciativas necessárias para reduzir os
impactos provocados desde o “berço ao túmulo”.
Com pleno conhecimento do ciclo de vida, podemos proporcionar que alguns produtos que
agora se tornaram resíduos, passem a ser utilizados como insumos em outras cadeias
produtivas, minimizando assim não só impactos ambientais, mas reduzindo significativamente
a utilização de recursos naturais, o que em muitos casos não são renováveis ou de difícil
recuperação.
No setor de rochas ornamentais observamos que não pode ser diferente, face aos resíduos
gerados. Dentre eles a lama abrasiva, que merece destaque especial em virtude da grande
quantidade gerada, Já que a cada dia a demanda por rochas no mercado nacional e
internacional vem crescendo.
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O conhecimento profundo deste tipo de resíduo é fundamental para ele possa ser
adequadamente introduzido em outras cadeias produtivas. Importante frisar, que como já
observado anteriormente, devido a grande quantidade gerada, os processos que receberão
estes resíduos como insumos tem que ser em quantidade suficiente para absorver toda a
demanda de geração. Por conta disso é que observamos a possibilidade de utilização dos
mesmos em inúmeras cadeias, que vão desde a indústria da construção civil até mesmo a da
beleza. Uns demandam maiores quantidade e outros menos, mas o importante é fazer que na
totalidade, os resíduos sejam absorvidos.
Para que esta mudança de cultura ocorra é necessário que a gestão dos resíduos gerados seja
realizada da forma mais eficiente possível, possuindo o gestor o conhecimento pleno de todas
as fases e características deste sub produto e da gama de possibilidades que se formarão para
sua destinação final.
Com a Avaliação do Ciclo de Vida e, por conseguinte a melhoria dos processos produtivos
deverá ocorrer também a redução de geração na lama abrasiva a partir da introdução de novos
métodos e processos produtivos. Esta sim é a maneira mais eficiente para tratar o problema,
pois o ganho ambiental com a minimização ou até mesmo não geração do resíduo é a melhor
solução.
Observamos também que estas iniciativas vão de encontro com a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, que prima pela redução da geração, reuso e em não sendo possível a
reciclagem, além da responsabilidade compartilhada entre todos os atores que participam do
processo produtivo até o consumo.
Porém, apesar de algumas iniciativas por parte dos governantes, ainda carecemos de Políticas
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Públicas mais eficientes que propiciem os avanços dos estudos na busca de soluções mais
adequadas para destinação da lama abrasiva.
Na realidade, o que o setor empresarial necessita é que a legislação pátria seja devidamente
cumprida com toda sua efetividade, pois a Lei 6938/1981, intitulada como Política Nacional
de Meio Ambiente, em seu artigo 2º, inciso VI, já prevê o incentivo ao estudo e a pesquisa de
tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais.
Em relação a atividade mineraria, percebemos que é premente uma ação mais incisiva do
poder público através de políticas e incentivos para o setor, pois nos dias de hoje percebemos
a presença de minério em boa parte dos materiais e produtos que a sociedade, altamente
consumista hoje, utiliza em seu dia a dia e que apesar de ser um bem não renovável, em
grande parte ocasiona um impacto ambiental menor em seu ciclo de vida do que outras
cadeias produtivas.
Com o avanço dos estudos, propiciaremos a solução adequada para o destino final da enorme
quantidade de lama abrasiva gerada, além de transformar os atuais aterros existentes em novas
jazidas, invertendo o problema levantado no início de nosso artigo.
O estado do Espírito Santo não mais será transformado em um grande aterro de lama, irá
definitivamente acabar com os existentes, aumentando a vida útil de um de seus principais
impulsionadores da economia, quer seja, o setor de rochas ornamentais.
Referências
Espírito Santo. Instituto Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Instrução
Normativa 19 de 17 de agosto de 2005. Dispõe sobre a definição dos procedimentos de
licenciamento das atividades de beneficiamento de rochas ornamentais. Disponível em
<http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp>.
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LIMA FILHO, V.X., et al. Estudo da viabilidade técnica da substituição dos pós cerâmicos
convencionais por pó de granito na injeção de peças cerâmicas á baixa pressão. In:
Congresso Nacional de Engenharia Mecânica. Anais. Nov/200, Natal/RN, (b).
NEVES, G., et al. Utilização de resíduos da serragem de granitos para confecção de tijolos
cerâmicos. In: 43º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Anais. Florianópolis/SC. Jun/1999.
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