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manhã nada mais é do que amido, que será convertido em glicose. Se vocês conseguiram
comer alguma proteína, como o presunto, por exemplo, isso vai ser quebrado em
aminoácidos. E se vocês conseguiram passar manteiga no pão, isso vai ser degradado
em ácidos graxos. Todo esse processo de digestão é regulado pelo sistema nervoso, por
vários hormônios e fatores parácrinos e por partículas de alimento (não só na boca, mas
também visual) já começam a estimular o TGI.
Em relação ao volume de
quanto é secretado, cerca
de 10 litros de
fluido podem entrar e sair
do TGI em um (01)
dia. Nós secretamos mais
ou menos 1 litro de saliva,
mais 2 litros de água
(alguns
bebem mais, outros menos) e produzimos cerca de 7,5 litros de secreções intestinais. A
maior parte desses líquidos acaba sendo reabsorvida e pouco dele é excretado nas fezes.
Esses líquidos que são produzidos são importantes para manter equilíbrio
hidroeletrolítico. Vocês já viram quais são os problemas fisiológicos e bioquímicos do
vomito e diarréia? Quais são os eletrólitos que saem? Por que tem que repor eletrólitos
e não apenas beber água? Eu vou falar disso na ultima aula, antes dos casos clínicos, pra
vocês terem idéia da importância, o por que não adianta ficar só bebendo água na
diarréia. Então quando ocorre perda de fluidos, você tem distúrbio hidroeletrolítico e
obviamente desequilíbrio ácido-base.
No vômito e diarréia, por exemplo, é perdido além de água muito hidrogênio, cloreto e
potássio. Sendo que na diarréia, além disso, perde-se muito sódio. Obviamente causa
um distúrbio grande e veremos isso futuramente.
mastigação, porém não é foi o suficiente. Logo, precisamos de outros meios para que
essas moléculas sejam quebradas. São secretados diversos eletrólitos ao longo do
processo digestório e isso ajuda também na hidrolise enzimática, além de ajudar na
hidrólise da própria biomolécula que esta sendo digerida. Por exemplo, o pH acido
do estomago ajuda a quebrar algumas biomoléculas, mas ajuda também a ativar
algumas enzimas. As enzimas são secretadas e precisam ser ativadas de alguma
forma. Elas são secretadas na forma inativa e precisam ser ativadas. Uma das formas
para ativar essas enzimas é através do pH acido que existe.
Durante esse processo também são secretados sais ou ácidos biliares que tem a função
de emulsionar os lipídios e durante a passagem do alimento pelo TGI nos temos
hidrólise enzimática desses alimentos que de macromoléculas foram transformadas em
moléculas menores, chamadas oligômeros e dímeros e estes são hidrolisados no jejuno.
A partir dai eles são absorvidos pelo enterócitos e depois distribuídos pelo sangue ou
linfa.
Então aqui são algumas secreções formadas durante a digestão, quais são os órgãos
envolvidos e o que cada um faz. As glândulas salivares começam produzindo algumas
enzimas e fluidos que são utilizadas na homogeneização e lubrificação e já iniciam a
digestão de carboidratos e de lipídeos, temos a amilase e lipase. Então isso é só inicio na
verdade. O estômago secreta o acido clorídrico e algumas enzimas que são proteases e
aqui é onde basicamente a boa parte da digestão das proteínas acontece. O pâncreas vai
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ser responsável não só por secretar lipase e amilase (pois a gente tem amilase e lipase
secretadas na saliva e as secretadas no pâncreas), mas também vai secretar outras
proteases e bicarbonato que serve para neutralizar o pH ácido (o estomago é protegido,
mas o resto do TGI nem tanto). O fígado e a vesícula biliar também ajudam na secreção
e armazenamento de sais biliares que são liberados no intestino delgado e ajudam na
digestão dos lipídeos. E os dois intestinos (delgado e grosso) vão ajudar muito na parte
de absorção (principalmente o grosso) e também o delgado ajuda na digestão do que
ainda não foi digerido termina de ser digerido aqui.
PERGUNTA: A senhora falou que o jejuno vai terminar a quebra das proteínas. Mas a
parte que mais absorve não é o duodeno? Na verdade, a senhora referiu de modo geral
que os alimentos são transformados em oligômeros e dímeros no jejuno. Então como se
daria essa maior absorção do duodeno e não no jejuno?
É porque depende do
que ta
acontecendo aqui.
Tem uns alimentos
que são mais fácies de
serem quebrados, logo
serão absorvidos no
duodeno. Outros que
são mais difíceis (como
proteínas) já é mais no jejuno e íleo. Você tem mais carboidratos aqui e boa parte dos
aminoácidos são absorvidos aqui. O duodeno tem algumas enzimas que vão ser
utilizadas para quebrar principalmente proteínas então algumas coisa de proteínas já
começa a ser absorvido. O que for não for absorvido no duodeno, ocorre as quebras e
começa a ser absorvido mais para baixo.
Na boca está a macromolécula, mas já ocorre o inicio da quebra. No estômago você tem
um outro tipo de quebra, porque já tem secreção enzimática e pH ácido, ou seja, você já
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tem a formação de monômeros ou dímeros que conseguem ser absorvidos mas isso não
é o suficiente, e boa parte ainda precisa ser quebrada. Posteriormente você tem secreção
aqui (vesícula biliar, fígado e pâncreas) e secreção pelo duodeno de várias endo e
exopeptidades para poder ficar o menor possível para a parte do íleo. No íleo é onde
mais vai ocorrer o processo de absorção. Aqui você tem secreção, além de algum tipo
de absorção, mas não acontece de uma maneira tão marcante como aqui em baixo. Aqui
em baixo é onde irá ocorrer a maior parte da absorção. Em alguns livros eles dizem que
é no cólon que tem mais o maior processo de absorção. Isso vai depender da
biomolécula. Proteína, principalmente, é mais intestinal (duodeno) porque ela precisa
de vários tipos de enzimas para que consiga ser quebrada. Porque isso acontece? Pois
apesar das proteínas serem ligadas pelo mesmo tipo de ligação, chamada ligação
peptídica, existem enzimas que só quebram ligações peptídicas em determinados
aminoácidos. Você tem uma coisa grande, ficam pedaços menores, porém ainda são
muitos grandes. Logo, precisam passar por outro tratamento enzimático que vai
quebrar a ligação em outros tipos de aminoácidos. O problema maior não é o
reconhecimento da ligação peptídica. Vocês podem pensar “é tudo ligação peptídica, é
tudo igual. Uma única enzima poderia fazer isso”. Vamos entender: vocês lembram
como acontece a especificidade enzima-substrato? É porque assim a gente tem que
lembrar que a enzima é uma proteína e a conformação da enzima é extremamente
importante. E o que determina essa conformação? Lembram que o aminoácido possui
cadeia lateral? A cadeia lateral pode ser desde o hidrogênio ate os anéis aromáticos.
Dependendo da cadeia lateral da formação da estrutura bidimensional da enzima, o
sítio ativo dessas enzimas é formado por essas cadeias laterais. Então essas cadeias só
irão conseguir reagir com outras cadeias laterais que formem ligação com elas. Apesar
de todas serem quebradas em ligação peptídica, nem todas conseguem se ligar em todos
os aminoácidos. Só liga naqueles que reagem. Como a gente tem uma diversidade muito
grande de aminoácidos (20 tipos que a gente codifica, que depois de codificados eles
formam mais 300 tipos) então precisamos ter vários tipos de enzimas para poder
reconhecer aqueles aminoácidos que estão formando as ligações peptídicas. Por isso que
não adianta só um tratamento com um pH baixo, ou a mastigação, ou uma ou duas
enzimas. Precisa-se de uma toda uma cadeia de enzimas, diferente dos carboidratos,
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que é bem mais simples de quebrar, pois a alfa amilase faz a maioria do trabalho, logo
a gente basicamente não tem problema durante a digestão. Da mesma forma o lipídio
também, pois tendo como emulsificar, é só “juntar todo mundo”. Quem já fez maionese
em casa sabe como ocorre emulsificação de lipídio, e sabe que é bem mais fácil o
processo quando comparado a tudo o que envolve proteínas. As proteínas possuem
grupos mais diversos, logo é mais complicado, por isso precisa passar por esse
tratamento e
durante a passagem pelo duodeno são secretadas varias outras enzimas para poder
quebrar e chegar aqui no final o menor possível. Agora obviamente se temos algum
problema durante essa passagem toda, conseqüentemente ocorrerão problemas de
digestão e absorção, pois não secreta direito enzima no lúmen. Uma das coisa que é
complicada no TGI é que quando ele apresenta algum problema é porque você já tem
muita coisa que não ta funcionando direito. Por exemplo, para detectar algum problema
no pâncreas é porque ele provavelmente já deve ter perdido toda a função. Então é uma
coisa que vai passando e você não percebe, passa despercebida pela maioria das pessoas
e quando os sintomas acontecem é porque já está bastante acentuado.
Todas essas enzimas digestivas, com exceção da amilase, são secretadas na forma de
zimogênios. O que é um zimogênio? É a enzima que é secretada na forma inativa, como
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se ela fosse secretada em um tamanho maior do que realmente deveria ser, e quando
ocorre necessidade de ativação, então é clivada, ou seja, quebrada, na qual uma parte
dela se solta e o que fica é a porção ativa. Principalmente as enzimas que degradam
proteínas são secretadas como zimogênios, para exemplos temos: o tripsinogênio
(forma inativa/zimogênio da tripsina); a pró-elastase (zimogênio da elastase). Todos
esses são secretados como zimogênios, ou seja, inativos para depois serem
transformados na forma ativa.
Porque eles são secretados de forma inativa? Por que eles já não são secretados já
funcionando? Primeiro por uma questão até de economia, podemos dizer assim. Se ele
já está secretado, quando há necessidade precisa-se apenas clivar para poder usar. É
mais rápido que mandar um sinal que ele precisa ser secretado para depois estimular
gene, formar RNA, formar proteína, dobrar e modificar proteína e secretar no lugar de
necessidade. Pelo contrário, já está secretado na forma inativa, é torna-se mais rápido,
semelhante aos fatores de coagulação. Segundo motivo, talvez o mais importante, é que
essas enzimas quebram proteínas, de modo que se elas ficassem ativas o tempo inteiro
iria quebrar as próprias proteínas do órgão que as secretam. E mais fácil ficarem inativas
sem causar danos ao organismo e quando há necessidade é clivada e age em cima do
substrato apenas.
Esses zimogênios, como eu falei, são proteolíticos, ou seja, quebram proteínas e podem
ser ativados por mudanças de pH, como por exemplo, a enteropeptidase é sintetizada
como pró-enteropeptidase e se torna ativa por mudança de pH ou então o zimogênio é
ativado por ação dessas enteropeptidases, ou seja, algumas são ativadas por mudança
de pH e outras a enteropeptidase acaba ativando, por exemplo, a enteropeptidase ativa
o tripsinogênio em tripsina e a partir dai a tripsina vai desempenhar uma cascata de
ativação. Falaremos mais sobre isso quando entrar no assunto de proteínas.
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cristalinos, solúveis em água e solventes apolares, a maioria com sabor doce, por esse
motivo é comum associar os carboidratos aos doces, o que não necessariamente é
verdade.
Esses monossacarídeos
possuem a
cadeia carbônica não
ramificada, por esse
motivo quando
eles aparecem dessa
forma aqui a gente
consegue visualizar
melhor. Podemos
classificar os
monossacarídeos em dois tipos diferentes. Vocês recordam que os monossacarídeos são
formados por vários carbonos ligados a hidrogênios (H) e hidroxilas (OH), sendo que
um desses carbonos possui uma dupla ligação ao oxigênio (grupo carbonila).
Dependendo de onde está essa dupla ligação a molécula receberá diferentes
denominações. Se o grupo carbonila estiver na extremidade da cadeia, a molécula é
chamada de Aldose, pois lembrará um aldeído. Se a dupla ligação estiver em qualquer
outro ponto da molécula, esta então é chamada de Cetose, pois é semelhante a uma
cetona.
E eles possuem carbonos assimétricos. Como a gente tem um carbono com quatro
ligantes diferentes, temos isômeros ópticos, que podem ser isômeros D (mais freqüentes
na natureza) e o isômero L (quase inexistentes para carboidratos).
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O grande problema para carboidratos é que eles não permanecem na posição linear.
Como maior parte do nosso corpo é composto por água, em solução aquosa eles
assumem uma estrutura cíclica, principalmente os carboidratos com 5 ou mais carbonos.
Se essa estrutura cíclica é formada por uma aldose, é chamada de estrutura hemiacetal
e se formada por uma Cetose, é chamada de hemicetal.
Outra coisa importante de entender é que quando eles assumem essa estrutura cíclica,
possuem duas formas isoméricas:
1- Forma Alfa: quando a OH do carbono 1 está para baixo do anel. Então essa
glicose aqui é uma alfa-b-glicopiranose. Piranose porque ela tem 6 carbonos; b
porque é um isômero comum na natureza; e alfa porque o carbono 1 possui a
OH para baixo do plano do anel;
Isso pode parecer besteira, mas não é. É importante não só para a formação das
estruturas, mas como a gente consegue digerir aquela estrutura.
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As formas alfa e beta ficam mudando, são intercambiadas. Foi feito um experimento em
que se colocam só isômeros betas, em solução aquosa, e depois de um tempo você
observa que a maioria continua como beta, mas a forma alfa também estará presente,
esse fenômeno que muda a posição da hidroxila é chamado de Mutarrotação e isso é
frequente em soluções aquosas.
Além dos
monossacarídeos nós
temos os oligossacarídeos,
geralmente é a união de 2
-10 monossacarídeos,
sendo que os mais
comuns são dissacarídeos
ligados por
ligação oglicosídica.
Como
acontece essa ligação glicosídica? Você tem dois carboidratos, dois monossacarídeos
que vão interagir entre si, hidroxila com hidroxila. Durante esse processo de
condensação (junção de duas moléculas) é liberada uma molécula de água, logo é uma
desidratação. Por que O-glicosídica? Porque quem vai fazer a ponte entre os dois
monossacarídeos é o oxigênio, você tem hidroxila com hidroxila, então você perde uma
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molécula de água, perde o hidrogênio e a hidroxila, o oxigênio que resta é que liga os
dois monossacarídeos. Eu reforço o que é ligação O-glicosídica porque existem outros
tipos: ligações N-glicosídicas (nitrogênio que uni as moléculas). Cabe ressaltar que é
importante saber a forma da molécula, quem são os carbonos que estão envolvidos
nas ligações. Nesse exemplo do slide temos a formação da maltose: alfa-
Dglicopyranosil-(1- 4)-D-glucopyranose, devemos saber nesse exemplo que: 1-4
carbonos refere-se aos carbonos que estão participando da ligação glicosídica, a
maltose é a junção de duas moléculas de glicose, é alfa porque a molécula tá com a
hidroxila pra baixo, e o D significa que é isômero. Essa ligação é facilmente hidrolisada
por vários tipos de enzimas, inclusive dissacaridases que são secretadas na mucosa
intestinal.
Quem é o amido? É formado por dois tipos diferentes de polímeros de glicose. Então
temos a amilose que é não ramificada, tem cerca de 700 moléculas de amido, e a gente
tem a amilopectina que possuem ramificações, e nessas ramificações tem até 25
moléculas de glicose. A menor parte do amido é a amilose, cerca de 20%do amido (não
ramificada), já a maior parte de amido é a amilopectina que é cheia de ramificações. O
amido varia muito entre as suas diferentes fontes, o amido do arroz é um, do milho é
outro, a composição é toda de glicose, mas o tamanho muda, em média podemos dizer
que o amido tem mais ou menos um 1.000.000 de moléculas de glicose. Como é formado
esse amido? É a união de várias moléculas de glicose, sendo que na porção linear, aonde
não tem essa ramificações as ligações entre as moléculas de glicose são alfa-1-4, alfa
porque a hidroxila está voltada pra baixo e 1-4 porque ligações são feitas entre o
carbono 1 de uma molécula e o carbono 4 de outra molécula. Obrigatoriamente a
glicose precisa está na sua conformação alfa para formar o amido, ou seja, ter suas
hidroxilas voltadas para baixo. Quando vão ser formadas as ramificações a coisa muda
um pouco, a glicose continua na sua forma alfa, mas a ligação é feita entre o carbono 1
de uma molécula e o carbono 6 de outra molécula, assim os pontos e ramificação são
alfa (1-6). Resumindo: a porção linear é alfa (1-4) e as ramificações são alfa (1-6). Essas
ramificações ocorrem a cada 24-30 monômeros de glicose. Esse amido depois é
encapsulado, dobrado, empacotado e serve como reserva vegetal.
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Qual a importância
de saber as ligações alfa (1-
6) e alfa (1-4)?
Primeiro, a amilase só
quebra ligações alfa1-4,
ela não quebra
ligações alfa1-6. Durante a
digestão do amido nós
temos a ajuda da
mastigação, a amilase salivar, alguma coisa é hidrolisada devido ao baixo PH do
estômago, e no duodeno nós temos a amilase pancreática que acaba clivando o restante
do amido. Então a amilase, principalmente a alfa-amilase salivar vai dar origens a
substâncias diferentes, pois quebra ligações alfa (1-4), e não quebra ligações alfa(1-6). Se
ela quebra ligações alfa (1-4) e deixa três monômeros de glicose, ocorre a formação de
maltotriose, se quebra alfa (1-4) e deixa 2 monômero de glicose forma maltose e em
alguns casos ela já consegue liberar o monômero na forma de glicose (monossacarídeo).
Essa porção do glicogênio que tem a ligação alfa (1-6) é chamada dextrina alfa-limite
que é quebrada por outros tipos de enzimas. O grande diferencial da amilase é que ela
possui várias isomorfas, por exemplo: gama-amilase, consegue quebrar alfa (1-6), mas a
principal é a alfa-amilase. Na forma de dissacarídeos a amilase vai quebrando e a função
dela é chegar ao menor tamanho possível desses carboidratos. Na forma de
dissacarídeos a gente vai entrar com outros tipos de enzimas, ex: invertase e a lactase.
Essas enzimas ficam presas nos enterócitos com sítio ativo voltado para o lúmen do
intestino que é onde vão passar esses carboidratos e ela vai conseguir pegar eles pra
reagir. Boa parte dessas enzimas, por exemplo, a invertase (enzima que quebra sacarose)
varia sua quantidade de acordo com a quantidade de sacarose que está passando no
TGI. Assim, quanto maior a quantidade de sacarose maior a quantidade de invertase.
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Os monossacarídeos podem ser absorvidos por absorção simples, ex: glicose, galactose.
Muitas vezes eles são absorvidos junto com sódio. Temos uma gama de transportadores,
pois se ele não consegue ser absorvido de uma forma ele será absorvido de outra, o
importante é que a gente consiga aproveitar esses monossacarídeos. Então temos alguns
transportadores, na frutose ele é sódioindependente.
Quais são os carboidratos que não são digeridos? A celulose, lignina, hemicelulose são
carboidratos que não conseguimos aproveitar porque não conseguimos digerir. Por que
não conseguimos digerir esses carboidratos? A celulose, por exemplo, é fibrosa,
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resistente, insolúvel em água, faz parte da parede celular dos vegetais e os ruminantes
se alimentam de celulose maravilhosamente bem. A celulose é um polímero de glicose,
assim como o glicogênio e o amido, então seria mais fácil pra nós nos alimentarmos de
celulose, porque em um momento de fome e falta de dinheiro poderíamos comer papel
que tem celulose. Porém não conseguimos digerir.
Então qual a diferença entre celulose, amido e glicogênio, uma vez que todos são
constituídos de glicose? O comprimento da cadeia, porque o glicogênio e o amido são
bem maiores e são ramificados e a celulose não é ramificada. Além disso, a glicose, que
faz parte da celulose, está na conformação beta, ou seja, os carbonos que participam da
ligação glicosídica são os mesmos (1-4), mas na celulose a hidroxila está para cima, isso
faz uma diferença estúpida. Como está na conformação beta ela se dobra de forma
diferente, dobra sobre si mesma formando fibras, as quais não conseguimos digerir, pois
não temos nenhuma enzima que quebra ligação beta, nossas enzimas só quebram
ligação alfa. A mesma coisa acontece para quitina, exoesqueleto de invertebrados, a
quitina também é um polímero na configuração beta, então assume estrutura mais
rígida, ruminantes conseguem digerir, pois tem uma microflora (protozoários, fungos e
bactérias) que quebram ligações beta.