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Unidade 2

Direito Internacional Público. Prof. Luiz Albuquerque Capítulos 1-2.1

2) FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL 2016

Luiz Albuquerque 1
UNIDADE 2.
Fontes do Direito Internacional
Público
Capítulos:
1. Introdução ao Estudo das Fontes de Direito Internacional
2. Tratados Internacionais
------------------------------------------------------------------------
(Próxima apostila: 2.2 Fontes não convencionais)
3. Costumes
4. Princípios
5. Atos Unilaterais dos Estados
6. Normativas das Organizações Internacionais
Luiz Albuquerque 2
7. Decisões Jurisdicionais
BIBLIOGRAFIA INDICADA:
Todos os manuais de direito internacional
• Alberto Amaral júnior • Ian Sinclair
• Antônio Augusto • João Mota de Campos
Cançado Trindade • José Francisco Rezek
• Antônio Paulo Cachapuz • Malcom.Evans
de Medeiros • Malcom Shaw
• Alain Pellet • Marcelo Varella
• Antonio Remiro Brotons • Martti Koskenniemi
• Gerry Simpson • Ricardo Seitenfus
• Guido Soares • Roberto Luiz Silva
• Hans Kelsen • Sidney Guerra
• Hidelbrando Accioly • Valério Mazzuoli
• Ian Brownlie • Welber Barral

Veja a bibliografia indicada no Observatório de Relações Internacionais


http://neccint.wordpress.com/direito-internacional/doutrinalivros/
Luiz Albuquerque 3
http://neccint.wordpress.com/direito-internacional/artigos/
UNIDADE 2
Fontes do Direito Internacional Público
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS FONTES
DE DIREITO INTERNACIONAL

Luiz Albuquerque 4
1) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS FONTES
DE DIREITO INTERNACIONAL

Luiz Albuquerque 5
O conceito de “fonte” de Direito para Kelsen
“‘Fontes’ de Direito é expressão figurativa e
altamente ambígua. É usada não apenas para
designar os diferentes métodos de criar
Direito, mas também para caracterizar a
razão da validade do Direito e, especialmente,
sua razão última.[...]
Por ‘fonte’ de Direito podem ser entendidos
não apenas os métodos de criação, mas também
os métodos de aplicação do direito.”
(KELSEN: 2010, p. 376)
Luiz Albuquerque 6
Noção de Fontes de Direito Internacional
OPPENHEIM: “The sources of law . . . concern the
particular rules which constitute the system, and the
processes by which the rules become identifiable
as rules of law. The sources of the rules of law, while
therefore distinct from the basis of law, are nevertheless
necessarily related to the basis of the legal system as a
whole.”. “The sources set out in Article 38 are, in fact, such
as will ensure the conformity of the resulting rules as a
whole with that common consent of the international
community which is the basis of international law.”
(OPPEHNHEIM apud KRITSIOTIS: 2010, p. )
A Importância da Teoria Das Fontes
No Estudo Do Direto Internacional Face À
Inexistência de uma Identidade Semântica
Os tratados e outras fontes de direito internacional
versam sobre os mais variados aspectos do
relacionamento internacional.
Ao contrário do que acontece em outros ramos do
direito que são compostos por normas com forte
identificação temática, como o direito penal, tributário,
civil, previdenciário, etc., no direito internacional não
há uma identidade temática que nos permita
identificar se uma norma pertence ou não ao campo do
Direito Internacional pelo tipo de conteúdo que ela
regula. Luiz Albuquerque 8
Uma norma é entendida como de direito
internacional não pelo tipo de conteúdo que ela
regula e sim pelo tipo de fonte da qual se originou
Uma norma de direito internacional é
identificada como tal por ter sua validade derivada
de uma fonte de direito internacional.
Isso faz com que o estudo das fontes de direito
internacional seja absolutamente central para a
compreensão dos fundamentos da disciplina.
Então, pergunta-se, quais são as fontes do direito
internacional? De onde emana a autoridade
“jurídica” destas normas.
Luiz Albuquerque 9
“De onde vem o direito internacional”?
O direito internacional foi historicamente marcado
por uma relativa fragilidade institucional, e por
subjetivismos teóricos e por oportunismos políticos
que levaram a dúvidas sobre sua natureza e sobre as
suas fontes.
Neste contexto, desenvolveu-se uma tradição
influenciada pelos juristas do common law de se
entender que a resposta mais segura para saber “o
que é” e “de onde vem o direito internacional” seria
“perguntar ao juiz”.
Luiz Albuquerque 10
A Autoridade do Estatuto da Corte
Permanente de Justiça Internacional
Face a esta tradição de se questionar os
órgãos tidos como mais técnicos para obter
essa respostas, é compreensível que
houvesse tamanho peso ao Estatuto da
Corte Permanente de Justiça
Internacional de 1920 que foi a primeira
grande corte internacional de alcance global
(Corte Centro-Americana de Justiça, 1907-
1918 tinha apenas alcance regional).
Luiz Albuquerque 11
Estudo das fontes tradicionalmente recorre
ao Artigo 38 do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça*
No seu artigo 38, §1º, o Estatuto
determina que as decisões da
Corte serão baseadas no
direito e explica qual
“direito” seria este. Ou seja,
quais seriam as fontes de
direito legitimamente aceitas
como válidas para embasar
decisões condenatórias Hoje, o art. 38
juridicamente vinculantes e continua importante
passíveis de sanção no caso de mas já é insuficiente.
Luiz Albuquerque 12
descumprimento
Estatuto da CIJ: Artigo 38.
§1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções [tratados, acordos] internacionais, quer gerais, quer
especiais. que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos
Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita
como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas
[WTF?];
d) sob ressalva da disposição do art. 59*, as decisões judiciárias [leia-
se: “jurisprudência”] e a doutrina dos publicistas mais qualificados
das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das
regras de direito.
§ 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte de
decidir uma questão ex aequo et bono [equidade] , se as partes com isto
Luiz Albuquerque 13
concordarem.
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
A lista de fontes cravadas no Artigo 38 só é
exaustiva para os objetivos que lhe
foram traçados dentro do funcionamento
da Corte. Isto é, para embasar as decisões
dos juízes de modo atentar ser o máximo
“juridicamente” objetivo, e não
“politicamente” subjetivo.

Luiz Albuquerque 14
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
Os juristas e diplomatas que criaram o
artigo 38 estavam pensando em um aspecto
prático do funcionamento de um tribunal.
Eles não tinham diretamente o propósito
de subsidiar de tal maneira o estudo
acadêmico do direito internacional no que
se refere à “Teoria das Fontes”

Luiz Albuquerque 15
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
A busca pelas fontes feita através do Artigo
38 é apenas um caminho que se
popularizou entre os jus-internacionalistas.
Não há um embasamento teórico definido
para sustentar a primazia da abordagem do
estudo das fontes pelo Artigo 38 sobre as
demais abordagens teóricas possíveis.

Luiz Albuquerque 16
Manuais Atos Normativas Decisões Jus Soft Comentário
Unilaterais de Org. Int jurisdicionais Cogens Law
Acciolly * * *
Amaral Jr. * * *
Araújo * +- * Contradição qto às normativas; Noção
restritiva de Soft Law

Barral *
Del’Olmo *
Dreyffus * *
Finkelstein *
Gama * *
Guerra * *
Litrento Equidade (FF)

Malheiro
Mazzuoli * * *
Pellet * *
Pereira * Jurisprudência e doutrina são fontes.

Rezek * *
Silva * *
Luiz Albuquerque 17
Varella * *
Ausência de Hierarquia entre
diferentes tipos de fontes
Ao contrário do sistema jurídico nacional
estruturado em uma base hierárquica, as
fontes de direito internacional não têm
uma hierarquia pré-definida entre elas.
Por isso, se houver um caso de conflito
entre normas de direito internacional,
será necessário aplicar os métodos e
critérios de resolução de conflito de
normas (ponderação, critério
cronológico, critério da especialidade,
etc.) Luiz Albuquerque 18
UNIDADE 2
Fontes do Direito Internacional Público
CAPÍTULO 2
TRATADOS INTERNACIONAIS

Luiz Albuquerque 19
SEÇÕES
1 Conceitos De “Tratados”
2 Tópicos Da Teoria Geral Dos Tratados
3 Convenção De Viena Sobre O Direito Dos Tratados
4 Tramitação Dos Atos Internacionais E Incorporação Ao
Direito Interno
5 Relações Entre O Direito Interno E O Tratado
Internacional
6 Jurisprudência Brasileira Na Aplicação Dos Tratados
7 Questões Do Exame Da OAB Sobre Direito Dos Tratados

Luiz Albuquerque 20
O direito internacional surge, enquanto um sistema,
no momento (referencia de 1648) em que os
Estados-Nação modernos estão se consolidando e
precisam desenvolver um sistema de
relacionamento entre eles. A principal referência
sobre como estruturar este complexo tipo de
interação entre soberanias vinha do próprio direito
privado europeu. O direito privado tinha a base
estruturante que poderia servir de modelo ou
inspiração para o jovem sistema inter-estatal.
Luiz Albuquerque 21
Influência do direito privado
A influência do direito privado permitiu a
sistematização do direito internacional público
por analogia. E quem fez esta operação de maneira
mais consistente no seu tempo foi Grócio.
Mas ele pôde fazer isso graças, em parte, ao
brilhante trabalho dos franciscanos de Salamanca
que – antes dele – usaram o “mindset”, o
vocabulário e a “gramática” do direito privado
para se expressar em termos de direito internacional;
Luiz Albuquerque 22
À esquerda: Padre Francisco Vitória (1483-1546); e, à direita, Padre
Francisco Suarez (1548 – 1617) ambos da Universidade de Salamanca
Para Koskenniemi em “Empire and international law:
the real Spanish contribution”, esta foi a grande
contribuição intelectual dos espanhóis Francisco
Vitória (De indis) , e Francisco Suarez (Tractatus de
legibus ac deo legislatore) à Teoria do Direito
Internacional, que alimentou Grócio e seus
sucessores. Luiz Albuquerque 23
“This essay will, however, claim that the principal
legacy of the Salamanca scholars lay in their
development of a vocabulary of private rights
(of dominium) that enabled the universal ordering
of international relations by recourse to private
property, contract, and exchange. This
vocabulary provided an efficient articulation for
Europe’s ‘informal empire’ over the rest of the
world and is still operative as the legal foundation
of global relations of power.”(Grifos nossos)
(KOSKENNIEMI: 2011, p. 1)

Luiz Albuquerque 24
Friedrich Kratochwil, em seu artigo “The Limits of Contract”:
But even more importantly, the generative force of private
law institutions for the development of the international
legal order can be seen in their capacity to provide 'standard
solutions' to new problems by means of analogy. […]
However, no analogy has attained as pivotal an importance as
'contract'. It 'solved' the problem of how 'persons of
sovereign authority' were to relate to each other in
international politics, i.e. on the basis of consent and
treaties as analogues to contracts
exchange. Thus,
gave rise to voluntarily created rights and
obligations, while at the same time preserving
the sovereigns' independence and authority.
Luiz Albuquerque 25
(KRATOCHWIL: 1994, P. 465)
Grócio e a sistematização do Direito
Internacional do Tratados
Mas foi com “De Jure Belli Ac Pacis”, publicado em 1625,
que Grócio se tornou conhecido como o “pai” do direito
internacional. Esta obra é dividida em três livros. O Livro I
aborda seus conceitos básicos de guerra, justiça (natural)
poder soberano e sustenta que há circunstâncias em que o
recurso à guerra seria juridicamente defensável. Estes são seus
três capítulos:
• CHAPTER 1: On War and Right.
• CHAPTER 2: Inquiry Into the Lawfulness of War.
• CHAPTER 3: The Division of War Into Public and
Luiz Albuquerque Power.
Private and the Nature of Sovereign 26
Direito Natural ≠ Direito Internacional
No Capítulo 1, parágrafo XIII, Grócio reconhece a
herança de Salamanca – particularmente de Franciso
Suarez – e desenvolve a ideia de direito internacional
“voluntário” como algo diferente do direito natural
ou do direito divino: “It has been already remarked,
that there is another kind of right, which is the
voluntary right, deriving its origin from the will, and is
either human or divine.”. Enquanto o direito natural
seria imutável no tempo e no espaço, havia um direito
das (entre as) nações que era diferente nos diferente
lugares: Luiz Albuquerque 27
No Livro II Grócio explica quais
seriam as circunstâncias em que
haveria uma causa justa para a
guerra, ou seja, quando haveria um
“direito” à guerra (jus ad bellum).
São os seguintes 25 capítulos:

Luiz Albuquerque 28
• CHAPTER 1: Defense of Person and Property.
• CHAPTER 2: The General Rights of Things.
• CHAPTER 3: On Moveable Property.
• CHAPTER 4: Title to Desert Lands by Occupancy, Possession, and Prescription.
• CHAPTER 9: In What Cases Jurisdiction and Property Cease.
• CHAPTER 10: The Obligation Arising From Property.
• CHAPTER 11: On Promises
• CHAPTER 13: On Oaths
• CHAPTER 15: On Treaties and on Engagements Made by Delegates Exceeding
their Power.
• CHAPTER 16: The Interpretation of Treaties
• CHAPTER 17: On Damages Occasioned by Injury and the Obligation to Repair Them.
• CHAPTER 18: On the Right of Embassies.
• CHAPTER 19: On the Right of Burial
• CHAPTER 20: On Punishments.
• CHAPTER 21: On the Communication of Punishment.
• CHAPTER 22: On the Unjust Causes of War.
• CHAPTER 23: On Doubtful Causes
• CHAPTER 24: Precautions Against Rashly Engaging in War, Even Upon Just Grounds.
• CHAPTER 25: The Causes of Undertaking
LuizWar for Others.
Albuquerque 29
E mais do que isso, Grócio estabelece,
especialmente no Capítulo 15, uma base
sobre a qual estruturar o direito dos
tratados. O primeiro ponto importante é
que ele esclarece a relação entre tratado e
soberania: “The burdens attached to
unequal treaties, where no diminution of
sovereignty takes place, may be either
transitory or permanent.” (GRÓCIO: Livro
II, Capítulo 15, Parágrafo VII)
Luiz Albuquerque 30
No parágrafo VIII, não apenas ele trata do
caráter universal do relacionamento
internacional através dos tratados, como ,
acima de tudo, ele consagra o mecanismo
da articulação pelos tratados como um
meio legítimo para se criar normas (de
direito internacional) válidas e
vinculantes.

Luiz Albuquerque 31
Grócio comenta as consequências que a
violação de um tratado pode ter
desobrigando a parte prejudicada:
“If one of the parties violates a treaty,
such a violation releases the other from its
engagements. For every clause has the
binding force of a condition.” (GRÓCIO:
Livro II, Capítulo 15, Parágrafo XII)

Luiz Albuquerque 32
1) CONCEITOS DE “TRATADOS”
Antes de conhecer os conceitos clássicos, tentem formular
um conceito de “tratado” com base no conhecimentos de
Direito e de História que vocês já têm.

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Luiz Albuquerque 33
Conceito da Convenção de Viena sobre
Direito dos Tratados (CVDT)

Art. 2º. “Tratado” Significa um acordo


internacional celebrado por escrito entre
Estados e regido pelo direito
internacional, quer conste de um
instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja
sua denominação particular;
Luiz Albuquerque 34
Conceito tradicional da Doutrina

Tratado é todo acordo formal


concluído entre sujeitos de direito
internacional público, e destinado a
produzir efeitos jurídicos (estabelecer
direitos e obrigações entre as partes)

Luiz Albuquerque 35
Conceito Operacional de Tratado

O resultado jurídico de um acordo obtido


através de procedimento formal e específico de
negociação política, entre sujeitos de direito
internacional, no qual as partes estabelecem
voluntariamente determinados conceitos,
direitos, obrigações, responsabilidades e
competências para reger certos aspectos do
relacionamento entre eles, cuja observância é
legitimamente aceita como obrigatória e que é
regido pelo direito internacional.
Luiz Albuquerque 36
2 TÓPICOS DA TEORIA GERAL
DOS TRATADOS

Luiz Albuquerque 37
SEÇÕES
2.1 Nomenclatura
2.2 Efeitos Jurídicos
2.3 Classificação Dos Tratados
2.4 Estrutura Básica Do Tratado
2.5 Duração
2.6 A Questão Do Idioma

Luiz Albuquerque 38
2.1 Nomenclatura
• TRATADO. A expressão Tratado foi escolhida pela Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, como termo para designar,
genericamente, um acordo internacional. Denomina-se tratado o ato
bilateral ou multilateral ao qual se deseja atribuir especial relevância
política. Nessa categoria se destacam, por exemplo, os tratados de paz e
amizade, o Tratado da Bacia do Prata, o Tratado de Cooperação
Amazônica, o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, o Tratado de
Proibição Completa dos Testes Nucleares.
• CONVENÇÃO. Num nível similar de formalidade, costuma ser
empregado o termo Convenção para designar atos multilaterais,
oriundos de conferências internacionais e que versem assunto de
interesse geral, como por exemplo, as convenções de Viena sobre
relações diplomáticas, relações consulares e direito dos tratados; as
convenções sobre aviação civil, sobre segurança no mar, sobre questões
trabalhistas. É um tipo de instrumento internacional destinado em geral a
estabelecer normas para o comportamento dos Estados em uma gama
cada vez mais ampla de setores. No entanto, existem algumas, poucas é
verdade, Convenções bilaterais, como a Convenção destinada a evitar a
dupla tributação e prevenir a evasão fiscal celebrada com a Argentina
Luiz Albuquerque 39
(1980)
•CARTA. As organizações internacionais são fundadas mediante a celebração de um
tratado, que pode receber denominações diversas. Pode ser uma "Carta", como a Carta
das Nações Unidas ou a Carta dos Estados Americanos; pode ainda denominar-se
"Constição”. Carta também pode indicar a proclamação de princípios;
•ACORDO. O Brasil tem feito amplo uso desse termo em suas negociações bilaterais
de natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. Acordo é
expressão de uso livre e de alta incidência na prática internacional, embora alguns
juristas entendam por acordo os atos internacionais com reduzido número de
participantes e importância relativa. No entanto, um dos mais notórios e importantes
tratados multilaterais foi assim denominado: Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(GATT). O acordo toma o nome de Ajuste ou Acordo Complementar quando o ato dá
execução a outro, anterior, devidamente concluído. Em geral, são colocados ao abrigo
de um acordo-quadro ou acordo-básico, dedicados a grandes áreas de cooperação
(comércio e finanças, cooperação técnica, científica e tecnológica, cooperação cultural e
educacional). Esses acordos criam o arcabouço institucional que orientará a execução
da cooperação. Acordos podem ser firmados, ainda, entre um país e uma organização
internacional, a exemplo dos acordos operacionais para a execução de programas de
cooperação e os acordos de sede.
•PROTOCOLO. Protocolo é um termo que tem sido usado nas mais diversas acepções,
tanto para acordos bilaterais quanto para multilaterais. Aparece designando acordos
menos formais que os tratados, ou acordos complementares ou interpretativos de
tratados ou convenções anteriores. É utilizado ainda para designar a ata final de uma
conferência internacional. Tem sido usado, na prática diplomática brasileira, muitas
vezes sob a forma de "protocolo de intenções", para sinalizar um início de
compromisso.
Luiz Albuquerque 40
•CONVÊNIO. O termo convênio, embora de uso freqüente e tradicional, padece do
inconveniente do uso que dele faz o direito interno. Seu uso está relacionado a matérias
sobre cooperação multilateral de natureza econômica, comercial, cultural, jurídica,
científica e técnica, como o Convênio Internacional do Café; o Convênio de Integração
Cinematográfica Ibero-Americana; o Convênio Interamericano sobre Permissão
Internacional de Radioamador. Também se denominam "convênios" acertos bilaterais,
como o Convênio de Cooperação Educativa, celebrado com a Argentina (1997); o
Convênio para a Preservação, Conservação e Fiscalização de Recursos Naturais nas
Áreas de Fronteira, celebrado com a Bolívia (1980);

•AJUSTE OU ACORDO COMPLEMENTAR. É o ato que dá execução a outro,


anterior, devidamente concluído e em vigor, ou que detalha áreas de entendimento
específicas, abrangidas por aquele ato. Por este motivo, são usualmente colocados ao
abrigo de um acordo-quadro.

•MEMORANDO DE ENTENDIMENTO. Designação comum para atos redigidos de


forma simplificada, destinados a registrar princípios gerais que orientarão as relações
entre as Partes, seja nos planos político, econômico, cultural ou em outros. O
memorando de entendimento é semelhante ao acordo, com exceção do articulado, que
deve ser substituído por parágrafos numerados com algarismos arábicos. Seu fecho é
simplificado. Na medida em que não crie compromissos gravosos para a União, pode
normalmente entrar em vigor na data da assinatura.
Luiz Albuquerque 41
2.2 Efeitos Jurídicos
■ Tratado consiste em um Acordo visando à produção
de efeitos jurídicos;
► O acordo formal entre Estados é um ato jurídico
que produz uma norma específica que gera
direitos e obrigações.
∟ não tem efeito retroativo
∟ só produz efeitos jurídicos entre as partes
contratantes (em princípio);
Artigo 34 da CVDT: “um tratado não cria nem
obrigações nem direitos para um terceiro Estado
sem seu consentimento.”
Luiz Albuquerque 42
Acordos em forma simplificada
De acordo com a prática diplomática brasileira,
poderão ser celebrados acordos em forma
simplificada, com fundamento no art. 84, inciso VII,
da Constituição Federal, desde que não impliquem
aumento de despesa, devendo os recursos para a sua
implementação ser previstos em orçamento
previamente aprovado por Lei, com os seguintes perfis
e objetivos, alguns dos quais já citados anteriormente:
Atos da diplomacia ordinária ou rotineira no âmbito
das relações com Estados e organismos internacionais,
assim considerados, entre outros:
Luiz Albuquerque 43
Acordos em forma simplificada
- Modus vivendi, destinado ao reconhecimento mútuo,
em caráter provisório, de uma situação existente;
- Pactum de contrahendo, pelo qual se fixam
diretrizes e bases para relacionamento futuro ou para a
negociação de um tratado;
- Acordos para isenção de vistos em passaportes
diplomáticos e de serviço;
- Protocolos, memorandos ou planos de ação em
matéria de cooperação cultural, educacional, esportiva
e turística.
Luiz Albuquerque 44
Acordos em forma simplificada
● Atos complementares a tratado, acordo básico ou
acordo quadro, previamente aprovados pelo
Congresso Nacional, destinados à implementação da
matéria pactuada, à interpretação de seus dispositivos
ou à prorrogação de sua vigência, como ajustes
complementares, programas executivos ou protocolos
adicionais;
● Acordos de sede destinados a regulamentar a
realização de eventos internacionais em território
brasileiro;
Luiz Albuquerque 45
Não são considerados acordos em forma
simplificada aqueles que:
● Contenham compromissos sobre matéria de grande relevância
política, econômica, ambiental, científica ou tecnológica para a
sociedade brasileira;
● Contenham disposição de natureza tributária direta ou indireta,
encargos financeiros ou compromissos gravosos ao Patrimônio Nacional
que não tenham sido previamente autorizados por Lei;
● Impliquem mudança de legislação brasileira;
● Acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
nacional ou gerem obrigações para o Estado no plano do direito
internacional;
● Modifiquem ou revisem compromissos, direitos, obrigações e
funções inscritos em atos internacionais aprovados pelo Congresso
Nacional.
Luiz Albuquerque 46
2.3 Classificação Dos Tratados
■ Principais formas de Classificação

▪ Pelo número de partes/pólos


(Bilaterais x Multilaterais)

▪ Pelo procedimento de incorporação do


tratado
(Breve ou Executivo x Longo ou Abonado
pelo Congresso)

▪ Tratados Abertos à adesão x Fechados


para adesão Luiz Albuquerque 47
Outras formas de classifição
■ NATUREZA DAS NORMAS
Tratados Contratuais x Trat. Normativos (lei)
∟Operação jurídica (direitos e obrigações diferentes) ∟regras uniformes de
conduta

■ Natureza:
- umbrella treaty amplo, grandes limites normativos, abriga outros tratados complementa e
especifica;
- tratado-quadro (moldura) direitos e deveres de maneira vaga que pedem regulamentação
pormenorizada, reuniões periódicas; tratado contato/ tratado lei

■ EXECUÇÃO NO TEMPO
Estática x Dinâmica
∟ situação jurídica Definitiva ∟ vincula as partes por prazo certo ou indefinido;

■ EXECUÇÃO NO ESPAÇO
Aplicação a todo território x Aplicação limitada
∟Padrão, usual ∟”Cláusula Colonial”

Luiz Albuquerque 48
2.4 Estrutura Básica Do Tratado
Tratado sobre Tal Coisa (Título)
Argentina, Brazil, China (Preâmbulo*)
Considerando as razões tais e tais (Consideranda):
Art. 1º As partes devem a fazer tal coisa
(Articulado/Parte dispositiva))
Feito em Belo Horizonte, em 11 de agosto de 2015 (Fecho)
Cristina Kirchner Dilma Roussef Hu Jintao (Assinatura)
(Selo)

Anexo A: Cronograma de Realização de tal Coisa


Luiz Albuquerque 49
Formato Dos Atos Internacionais
Títulos: indica o tema a ser acordado
Preâmbulo*: indica as Partes Contratantes, ou seja, os Governos ou as
Organizações Internacionais.
Consideranda: indica a motivação que leva à celebração do ato internacional.
Em se tratando de acordo complementar, o acordo básico deve ser aqui mencionado.
Articulado: indica a parte principal, na qual se acham registradas, sob forma de
artigos numerados as cláusulas operativas do instrumento firmado.
Fecho: especifica o local, a data da celebração do ato, o idioma em que se acha
redigido e o número de exemplares originais. Tratando-se de idiomas menos usuais, a
prática brasileira tem sido a de negociar um terceiro texto, em inglês, francês ou
espanhol, para dirimir futuras dúvidas de interpretação.
Assinatura: pelo Presidente da República, pelo Ministro de Estado das Relações
Exteriores ou por outra autoridade, desde que munida de plenos poderes específicos.
Para evitar questões de precedência na assinatura dos atos internacionais
bilaterais, adota-se o sistema de inversões ou alternâncias, que consiste em cada Parte
ocupar o primeiro lugar no exemplar que ficará em seu poder. Os atos multilaterais
seguem, habitualmente, a ordem alfabética dos nomes dos países, que se altera em
função do idioma em que está redigido.
Selo de lacre com as armas das Partes Contratantes.
Luiz Albuquerque 50
Cláusulas Finais Ou Processualísticas
Entende-se por cláusulas finais ou processualísticas as
que dizem respeito à:
• Forma de entrada em vigor;
• Duração;
• Emendas;
• Término dos atos internacionais;
• Referências ao depositário;
• Possibilidade de se efetuarem reservas.
Tais dispositivos devem ser precisos, claros e
completos, para não entravar a implementação do ato
internacional. Luiz Albuquerque 51
Reservas
• A admissão de reservas ao texto de um ato
internacional permite uma maior participação dos
Estados, posto que possibilita que um Estado Parte
deixe de consentir em relação a uma ou a
alguma(s) de suas disposições.
• Deve, entretanto, a reserva ser compatível com a
finalidade e o objeto do ato.
• Alguns atos internacionais têm regulamentado a
admissibilidade de reservas e o seu alcance.
• As reservas interpretativas têm por objetivo
estabelecer um entendimento preciso com respeito a
determinado dispositivo adotado.
Luiz Albuquerque 52
CVDT: Artigo 19 Formulação de Reservas:
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou
aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular
uma reserva, a menos que:
a) a reserva seja proibida pelo tratado;
b) o tratado apenas autorize determinadas
reservas, entre as quais não figure a reserva em
questão; ou
c) nos casos não previstos nas alíneas a) e b), a
reserva seja incompatível com o objeto e a
finalidade do tratado.
Luiz Albuquerque 53
Artigo 20 Aceitação de Reservas e Objeções às Reservas
1. Uma reserva expressamente autorizada por um tratado, não requer qualquer aceitação
posterior pelos outros Estados contratantes, a não ser que o tratado assim disponha.
2. Quando resulta do número limitado dos Estados negociadores, assim como do objeto e da finalidade do
tratado, que a aplicação do tratado na íntegra entre todas as partes é condição essencial para o consentimento
de cada uma delas em obrigar-se pelo tratado, uma reserva requer aceitação de todas as partes.
3. Quando o tratado é ato constitutivo de uma organização internacional, a reserva exige a aceitação do
órgão competente da organização, a não ser que o tratado disponha diversamente.
4. Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e salvo disposição em contrário:
a) a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado autor da reserva parte no tratado
em relação àquele Estado, se o tratado está em vigor ou quando entrar em vigor para esses Estados;
b) a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede que o tratado entre em vigor entre
o Estado que formulou a objeção e o Estado autor da reserva, a não ser que uma intenção contrária tenha sido
expressamente manifestada pelo Estado que formulou a objeção;
c) um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado e que contiver uma
reserva produz efeito logo que pelo menos outro Estado contratante aceitar a reserva.

5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4 e salvo disposição em contrário, uma


reserva é tida como
aceita por um Estado se este não formulou objeção à reserva, no decurso
do prazo de doze meses seguintes à data em que recebeu a notificação, ou na data em que manifestou seu
consentimento, em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior.

Luiz Albuquerque 54
Cláusulas Processualísticas sobre Reservas
Nos Atos multilaterais, um Estado pode divergir de
determinado artigo, formulando uma reserva desde que não
haja, nas cláusulas processuais:
a) proibição expressa à formulação de reservas em geral;
b) proibição de formular determinadas reservas;
c) indicação de que a reserva é incompatível com a finalidade
do Ato.
A reserva pode ser formulada no momento da assinatura,
ratificação ou adesão.
Um Estado pode, ainda, divergir da interpretação feita pela
maioria dos signatários para determinado artigo. Neste caso,
será formulada uma declaração interpretativa.
Luiz Albuquerque 55
Cláusulas Processualísticas sobre entrada em vigor
● Na data da assinatura: ocorre nos acordos em forma simplificada,
quando a substância do ato, por não exigir trâmites internos para sua
aprovação (referendo congressional, ratificação) permite a imediata
entrada em vigor.
“O presente (Ato) entrará em vigor na data de sua assinatura”
● Em data pré-fixada: quando um Ato, que independe de aprovação
congressional e ratificação, estipula a própria entrada em vigor em
determinada data prevista; também ocorre nos casos de Ajustes
Complementares assinados antes da entrada em vigor do Acordo-
Quadro ou Básico (nesses casos, o Ajuste entra em vigor na data em que
tiver início a vigência de tal Acordo).
● Por troca de notificações: cada parte notifica a outra do
cumprimento dos requisitos exigidos pelo seu ordenamento jurídico para
a aprovação do ato, o qual entra em vigor na data da segunda
notificação. “O presente (Ato) entrará em vigor na data do recebimento
Luiz Albuquerque
da segunda Nota atestando o cumprimento dos requisitos internos” 56
Cláusulas Processualísticas sobre entrada em vigor (II)
● Por troca de instrumentos de ratificação: quando se quer
conferir solenidade à entrada em vigor de um ato; é de praxe
que, tendo sido o ato assinado em uma das partes, a troca dos
instrumentos seja realizada na capital da outra parte.
“O presente (Ato) entrará em vigor no momento da troca de
instrumentos de ratificação”
● Por depósito de instrumentos de adesão ou aceitação de
tratado multilateral: estas têm a mesma natureza jurídica da
ratificação.
● Por cumprimento de condição preestabelecida: ocorre,
geralmente, em atos multilaterais, nos quais se estabelece a
entrada em vigor após a ratificação por um número
determinado de membros. Luiz Albuquerque 57
Cláusulas Processualísticas sobre Emendas
É recomendável que se estabeleça, entre as cláusulas do ato,
um dispositivo referente a modificações, por meio de
emendas.
À semelhança do que sucede com o ato original, devem as
emendas dispor de um mecanismo de entrada em vigor, que
deve obedecer aos mesmos requisitos legais do instrumento
original. A emenda pode entrar em vigor por meio de troca de
notificações, de sorte a afastar, com clareza, eventuais dúvidas
sobre a possibilidade de deverem ser submetidas ao
Congresso Nacional.
“As eventuais emendas a este (Ato) serão apresentadas e
negociadas por via diplomática, e sua entrada em vigor
obedecerá aos mesmos requisitos legais deste (Ato)”.
Luiz Albuquerque 58
Cláusulas Processualísticas sobre Solução de
controvérsias
É fundamental definir a forma de solução de
divergências e controvérsias relativas à interpretação
ou execução dos atos, pelos canais diplomáticos ou
outros mecanismos pacíficos.
“Qualquer controvérsia relativa à [
interpretação ] [ execução ] do presente
(Ato) será resolvida pelas Partes por via
diplomática.”

Luiz Albuquerque 59
Cláusulas Processualísticas sobre Lacunas

É importante, em alguns atos, definir que


questões não previstas sejam tratadas à luz
das disposições de outro instrumento mais
amplo.
“Nas questões não previstas no presente
(Ato), aplicar-se-ão as disposições do
(outro Ato).”

Luiz Albuquerque 60
2.5 Duração
A vigência pode ser:
Ilimitada: exige um ato de denúncia;
Por prazo fixo: extingue-se por decurso de prazo,
fixado entre as partes ou pelo cumprimento do
especificado no ato (exemplo, acordo para a
construção de uma ponte internacional o para uma
reunião internacional);
Por prazo determinado, com prorrogação automática
por iguais períodos. Nesse caso, possibilita-se a
denúncia às partes que não desejem a sua renovação.
Pode-se dizer, portanto, que os prazos de vigência dos
atos internacionais variam de caso a caso.
Luiz Albuquerque 61
Cláusulas Processualísticas sobre duração
● Ilimitado: não há previsão explícita de término; para ser
desconstituído, o ato exige uma ação de denúncia.
“O presente (Ato) entrará em vigor ... e terá vigência ilimitada”.
● Por prazo fixo: como não possui renovação automática, o ato exige
uma ação das Partes para manter-se vigente; a falta de iniciativa ou
manifestação encerra a vigência do ato.
“O presente (Ato) entrará em vigor ... e terá vigência de XX anos”.
● Por prazo determinado, com prorrogação automática, por iguais
períodos: fixa-se uma temporalidade inicial, que se renova
automaticamente; é a modalidade mais usada, pois a denúncia ou
desconstituição requer manifestação de uma das partes; os prazos
geralmente variam de três a cinco anos; em alguns casos, a renovação se
estende até o cumprimento do objeto. “O presente (Ato) terá vigência de
XX anos e [ será renovado automaticamente por igual período até que
uma das partes manifeste sua intenção de denunciá-lo ] [ poderá ser
renovado automaticamente, até Luiz
o Albuquerque
cumprimento de seu objeto ]. 62
Extinção De Tratados

- Execução integral;
- Consentimento mútuo;
- Termo/prazo
- Redução do número de partes;
- Ab-rogação por outro tratado. Esta última se dá
com a aprovação e entrada em vigor de outro ato
sobre o mesmo assunto que substitui o anterior.
Normalmente ela é expressa no texto do novo ato;
- Teoria da imprevisão (rebus sic standibus)
- Guerra entre as partes do tratado;
Luiz Albuquerque 63
Cláusulas Processualísticas sobre Término
Via de regra, o ato internacional termina por expiração do
prazo ou por denúncia. O mecanismo normalmente utilizado é
a Nota Diplomática, passada pela parte denunciante.
Na denúncia ou desconstituição, três aspectos devem ser
considerados: o mecanismo de denúncia, o prazo para sua
completa efetivação e a situação das ações em andamento.
É conveniente que, na própria cláusula de denúncia, seja
fixado prazo para sua efetivação, contado a partir do
recebimento da Nota diplomática. Este procedimento evita os
inconvenientes de uma denúncia abrupta. De modo geral, os
prazos de efetivação da denúncia são de três ou seis meses,
podendo chegar ao máximo de um ano.
Luiz Albuquerque 64
Denúncia
•Ato formal unilateral pelo qual o Estado parte em
um tratado comunica as demais partes do seu desejo
de não mais continuar a se manter juridicamente
vinculado a este tratado.
•Atributo da Soberania;
•A denúncia é efetuada, normalmente, por nota
diplomática passada pela Parte denunciante.
•Aviso Prévio. É conveniente a fixação de prazo para
a efetivação da mesma - em geral de 3 a 6 meses,
podendo chegar no máximo a 1 ano -, bem como de
previsão de que os projetos em curso não serão
afetados.
•Estado não pode descumprir tratado antes de expirado
o aviso prévio, senão configura-se-á violação do
tratado. Luiz Albuquerque 65
CVDT: Artigo 56 Denúncia ou Retirada de um Tratado Que
Não Contém Disposições Sobre Extinção, Denúncia ou
Retirada
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua
extinção, e não prevê denúncia ou retirada, é insuscetível de
denúncia ou retirada [???], a menos:
a) que se estabeleça terem as partes admitido a
possibilidade da denúncia ou retirada; ou
b) que o direito de denúncia ou retirada possa ser
deduzido da natureza do tratado.
2. Uma parte deve notificar, com pelo menos doze meses de
antecedência, sua intenção de denunciar ou de se retirar de um
tratado, de conformidade com o parágrafo 1.

Luiz Albuquerque 66
Cláusulas Processualísticas sobre Término: Denúncia

“Qualquer uma das partes poderá notificar, a


qualquer momento, por via diplomática, sua
decisão de desconstituir o presente (Ato). A
denúncia surtirá efeito [ três ] [ seis ] meses
após a data da notificação, [ cabendo às partes
decidir sobre ] [ e não afetará ] a continuidade
das atividades [ já acordadas] que estiverem [
em execução ] [ em curso ] no âmbito do
presente (Ato) [, a não ser que as partes
disponham de outra forma ].”
Luiz Albuquerque 67
2.6) A Questão Do Idioma

▪ Versão Autêntica: resultado da negociação. A que é


assinada ao final da negociação;
∟ Lavrado em único idioma,
∟ 2 idiomas de igual valor interpretativo (bilaterais);
∟ + de 2 idiomas de igual valor;
∟ 2 ou + idiomas, com indicação de um p/
interpretação;
▪ Versão Oficial: a que se produz no idioma de cada
parte;
Luiz Albuquerque 68
Exemplos:
- CVDT “Artigo 85.
Textos Autênticos: O
original da presente
Convenção, cujos textos
chinês, espanhol,
francês, inglês e russo
fazem igualmente fé,
será depositado junto ao
Secretário-Geral das
Nações Unidas” Luiz Albuquerque 69
Exemplo de Desencontros Linguísticos
Resolução do Conselho de Segurança nº 242 /1967
• Inglês: “Withdrawal of Israel armed forces from
territories occupied in the recent conflict”;

• Francês: “ Retrait des forces armées israéliennes


des territoires occupés lors du récent conflit”;
Prevaleceu a versão em inglês porque foi
neste idioma que a Resolução foi negociada

Luiz Albuquerque 70
3) CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE
O DIREITO DOS TRATADOS (1969)

Luiz Albuquerque 71
Os TRATADOS existem há milhares de anos e o Direito
(costumeiro) dos Tratados também existe há milhares de
anos, desde antes de se ter o Estado-Nação moderno e antes do
direito internacional enquanto um sistema jurídico.
• O tratado mais antigo documentado é o celebrado entre Lagash e
Umma, Cidades-Estados da Mesopotâmia, relativo à fronteira comum.
• Um dos tratado mais famosos da Antiguidade é o de Kadesh, entre
Ramsés II do Egito e Hatusil III dos hititas no séc. XIII a.C.
• Os tratados são usados há milhares de anos como fontes de obrigações
e direitos entre “Estados” (independente do tipo específico que seja).

L. Albuquerque 72
DECRETO 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009
Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados,
concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto
Legislativo 496, de 17 de julho de 2009, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados,
concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66;
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da referida
Convenção junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 25 de setembro de 2009; decreta :
Art. 1º A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969,
com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e
cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar
em revisão da referida Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de dezembro de 2009; 188º da Independência e 121º da República.
Luiz Inácio Lula da Silva

Luiz Albuquerque 73
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados
Países Partes, Signatários (sem ratificação) e não signatários

Mesmo os países que não são formalmente partes da CVDT estão ligados às suas normas, pois a
CVDT basicamente positivou normas costumeiras do direito dos tratados que já existiam e que
já vinculavam os países como direito consuetudinário.
Luiz Albuquerque 74
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados
Preâmbulo
Os Estados partes na presente Convenção,
Considerando o papel fundamental dos tratados na
história das relações internacionais,
Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados
como fonte do direito internacional e como meio de
desenvolver a cooperação pacífica entre as nações,
quaisquer que sejam seus regimes constitucionais e
sociais,
Observando que os princípios do livre consentimento e
da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são
universalmente reconhecidos,
Afirmando que as regras do direito internacional
costumeiro continuarão a reger as questões que não forem
reguladas nas disposiçõesLuizda presente Convenção,
Albuquerque 75
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação

1. Um tratado deve ser interpretado de boa-fé,


segundo o sentido comum dos termos do
tratado em seu contexto e à luz de seu objeto e
finalidade.

Luiz Albuquerque 76
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação

2. Para os fins de interpretação de um tratado, o


contexto compreende, além do texto(*)[leia-se
“articulado”], seu preâmbulo e anexos:

a) qualquer acordo relativo ao tratado e feito


entre todas as partes por ocasião da conclusão
do tratado;

b) qualquer instrumento estabelecido por 1 ou


várias partes por ocasião da conclusão do
tratado e aceito pelas outras partes como
instrumento relativo ao tratado.
Luiz Albuquerque 77
Usando o contexto para interpretar o texto de
um tratado

Contexto, Conjuntura
Circunstâncias

Texto do
Tratado
-------------
---------
---------
----

Luiz Albuquerque 78
Usando o contexto para interpretar o texto de
um tratado
Ocasião da Conclusão do
Tratado
Vamos combinar
um negócio sobre
o tratado...
Documento
Texto do interpretando
Tratado um termo do
Bla, bla, tratado
Bla, bla
Acreditamos
Combinado sobre que bla, bla,
um aspecto do signifique
tratado tã-nã-nã

Luiz Albuquerque 79
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
3. Será levado em consideração, juntamente com o
contexto:
a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à
interpretação do tratado ou à aplicação de suas
disposições;

b) qualquer prática seguida posteriormente na


aplicação do tratado pela qual se estabeleça o acordo
das partes relativo à sua interpretação;

c) qualquer regra pertinente de direito internacional


aplicável às relações entre as partes.

4. Um termo será entendido em sentido especial se


estiver estabelecido que essa era a intenção das partes.
Luiz Albuquerque 80
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
3. Será levado em consideração, juntamente com o
contexto: b) qualquer prática seguida posteriormente
na aplicação do tratado pela qual se estabeleça o
acordo das partes relativo à sua interpretação;

A maneira pela qual


os países se
comportam
cumprindo o tratado é
um exemplo concreto
de uma interpretação
válida do tratado.
Luiz Albuquerque 81
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
3. Será levado em consideração, juntamente com o
contexto: c) qualquer regra pertinente de direito
internacional aplicável às relações entre as partes.

Maneira 1 Maneira 2

Texto do
Interpretação Interpretação
Tratado
conflitante, compatível com
incompatível Bla, bla, outras normas do
com outras bla, bla DI
normas do DI

Interpretação
compatível deve ser a
correta. O DIP ajuda a
interpretar os tratados
Luiz Albuquerque 82
Artigo 32. Meios Suplementares de Interpretação

Pode-se recorrer a meios suplementares de


interpretação, em particular aos trabalhos
preparatórios [“travaux préparatoires”]do
tratado e às circunstâncias de sua conclusão, a
fim de conformar o sentido resultante da
aplicação do artigo 31 ou de determinar o
sentido quando a interpretação, de
conformidade com artigo 31:

a) deixa o sentido ambíguo ou obscuro; ou


b) conduz a um resultado que é manifestamente
absurdo ou desarrazoado.
Luiz Albuquerque 83
Luiz Albuquerque 84
Pacta Sunt Servanda
Princípio da Força Obrigatória dos Acordos
Pacta sunt servanda é um brocardo latino que significa "os pactos
devem ser respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser
cumpridos“, “o acordo faz ‘lei’ entre as partes”.
Ele significa que as cláusulas que foram livremente estabelecidas pelas
partes compõem uma relação jurídica de direitos e deveres e o não-
cumprimento das respectivas obrigações implica em um ato ilícito
passível de sanções.
Este princípio é fundamental para a regulamentação das relações
internacionais.

Luiz Albuquerque 85
CVDT: Artigo 26.

Todo tratado em vigor obriga as


partes e deve ser cumprido por elas
de boa-fé.
Luiz Albuquerque 86
Como decorrência do Princípio da Boa Fé,
o pacta sunt servanda proíbe que um país
tente fugir de uma obrigação de direito
internacional usando o direito interno
como desculpa pra justificar o
descumprimento.

Luiz Albuquerque 87
Artigo 27. Direito Interno e
Observância de Tratados.
Uma parte não pode invocar as
disposições de seu direito interno para
justificar o descumprimento de um
tratado. Luiz Albuquerque 88
Artigo 60 Extinção ou Suspensão da
Execução de um Tratado em
Conseqüência de Sua Violação (§3º)

3. Uma violação substancial de um


tratado, para os fins deste artigo, consiste:
a) na rejeição do tratado, não autorizada
pela presente Convenção; ou
b) na violação de uma disposição essencial
para a consecução do objeto ou da
finalidade do tratado.
Luiz Albuquerque 89
Artigo 60 Extinção ou Suspensão da
Execução de um Tratado em
Conseqüência de Sua Violação

1. Uma violação substancial de um tratado


bilateral, por uma das partes, autoriza a
outra parte a invocar a violação como causa
de extinção ou suspensão de sua execução
no todo ou em parte.
Luiz Albuquerque 90
Artigo 60 Extinção ou Suspensão da Execução de um
Tratado em Conseqüência de Sua Violação (continuação)
2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma
das partes autoriza:
a) as outras partes, por consentimento unânime, a suspender sua
execução no todo ou em parte, ou a extingui-lo:
I) nas relações entre elas e o Estado autor da violação, ou;
II) entre todas as partes.

b) uma parte especialmente prejudicada pela violação, a invocá-la


como causa para suspender a execução do tratado, no todo ou em parte,
nas relações entre ela própria e o Estado autor da violação;
c) qualquer parte, salvo o autor da violação, a invocar a violação como causa para
suspender a execução do tratado, no todo ou em parte, no que lhe disser respeito, se o
tratado for de tal natureza que uma violação substancial de suas disposições por uma
parte modifique radicalmente a situação de cada uma das partes quanto à execução
Luiz Albuquerque 91
posterior de suas obrigações em virtude do tratado.
Artigo 60 Extinção ou Suspensão da Execução
de um Tratado em Conseqüência de Sua
Violação (4º e 5º)

4. Os parágrafos anteriores não prejudicam qualquer


disposição do tratado aplicável em caso de violação.

5. Os parágrafos 1 e 3 não se aplicam às disposições sobre


proteção da pessoa humana contidas em tratados de
caráter humanitário, especialmente às disposições que
proíbem qualquer forma de represálias contra pessoas
protegidas pelos referidos tratados
Luiz Albuquerque 92
Artigo 62. Mudança Fundamental de
Circunstâncias (Rebus Sic Standibus)

Tratado “T”
Considerando as circunstâncias
“X” e bla, bla, bla,
Art. 1 xxxxxxx
Art. 2 xxxxxxx
Art. 3 xxxxxxx
“Cláusula invisível”: Rebus Sic
Standibus (“Contanto que as
coisas [as circunstâncias X]
Luiz Albuquerque 93
continuem como estão.”)
Artigo 62. Mudança Fundamental de Circunstâncias
(Rebus Sic Standibus)
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias,
ocorrida em relação àquelas existentes no momento da
conclusão do tratado e não prevista pelas partes, não
pode ser invocada como causa para a extinção ou a
retirada do tratado, a menos que [i.e. só pode se]:
a) a existência dessas circunstâncias tenha constituído
uma condição essencial do consentimento das partes
em se obrigarem pelo tratado; e
b) essa mudança tenha por efeito a transformação
radical da natureza das obrigações ainda pendentes
de cumprimento em virtude do tratado.
Luiz Albuquerque 94
Ocorrência das
Mudança
circunstâncias “X” foram
fundamental
condição essencial para
imprevisível nas
que “A” e “B” quisessem
Circunstâncias “X”
fazer o Tratado T
Linha do tempo
País “B” alega a
País “A” País “B” País “A” País “B” Rebus sic standibus
para não cumprir
Tratado T
Tratado Tratado
T T

b) essa mudança tenha


por efeito a
País “A” País “B” País “A” País “B” transformação
radical da natureza
das obrigações ainda
pendentes de
Luiz Albuquerque
cumprimento 95 em
virtude do tratado.
Artigo 62. Mudança Fundamental de
Circunstâncias (Rebus Sic Standibus) (Continuação)
2. Uma mudança fundamental das
circunstâncias não pode ser invocada como
causa para a extinção ou retirada do tratado:
a) se o tratado for de limites [fronteiras];
ou
b) se a mudança fundamental resultar de
violação pela parte que a invoca, seja de
um tratado, seja de qualquer outra
obrigação internacional em relação às
outras partes no tratado.
Luiz Albuquerque 96
Mudança
fundamental nas
Se foi o próprio País
Circunstâncias “X”
“B” que causou a
mudança fundamental
País “A”
nas circunstâncias “X”
País “B”
por violar uma norma de
Tratado
Direito Internacional, ele
T não pode invocar a
Rebus Sic Standibus
País “A” País “B”

Luiz Albuquerque 97
Artigo 62. Mudança Fundamental de
Circunstâncias (Rebus Sic Standibus) (Continuação)

3. Se, nos termos dos parágrafos


anteriores, uma parte pode invocar
uma mudança fundamental de
circunstâncias como causa para a
extinção ou retirada do tratado,
pode também invocá-la para
suspender a execução do tratado
Luiz Albuquerque 98
Exemplo de casos de
alteração fundamental de circunstâncias
• Circular de Gortchakof de 1870, pela qual a Rússia denunciava as
disposições do tratado de Paris de 1856 sobre a desmilitarização do
Mar Negro;
• Contestação do ‘diktat’ de Versalhes pela Alemanha no entre-guerras;
• Reposição em causa dos acordos de independência e de cooperação
entre a França e as suas antigas colônias (Acordos de Evian de 1962
com a Argélia, postos em causa desde 1964 e outros acordos com os
países africanos a sul do Saara a partir de 1971) que constituíramum
‘cemitério de acordos prescritos’ [...];
• Justificação da França de sua retirada das forças integradas da OTAN
em 1966;
• Suspensão do ‘termo do Tratado de Budapeste de 1977 relativo à
construção de uma barragem sobre o Danúbio pela Hungria em 1992;
• EUA, Reino Unido e URSS com relação à Alemanha reunificada.99
Luiz Albuquerque
Artigo 30. Aplicação de Tratados Sucessivos
Sobre o Mesmo Assunto
•1. Sem prejuízo das disposições do artigo 103 *da Carta das Nações
Unidas, os direitos e obrigações dos Estados partes em tratados
sucessivos sobre o mesmo assunto serão determinados de conformidade
com os parágrafos seguintes.
[*CONU/Artigo 103 - No caso de conflito entre as obrigações dos Membros das
Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer
outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da
presente Carta.]
•2. Quando um tratado estipular que está subordinado a um tratado
anterior ou posterior ou que não deve ser considerado incompatível com
esse tratado, as disposições deste último prevalecerão.
•3. Quando todas as partes no tratado anterior são igualmente partes no
tratado posterior, sem que o tratado anterior tenha cessado de vigorar ou
sem que a sua aplicação tenha sido suspensa em virtude do artigo 59, o
tratado anterior só se aplica na medida em que suas disposições
sejam compatíveis com as do tratado posterior.
Luiz Albuquerque 100
Art. 30. Aplicação de Tratados Sucessivos Sobre o Mesmo Assunto (Continuação)
4. Quando as partes no tratado posterior não incluírem todas
as partes no tratado anterior:
a) nas relações entre os Estados partes nos dois tratados,
aplicam-se as regras do parágrafo 3;
[Se os países “A”, “B” e “C” são partes do Tratado “X”, e “A”, “B” e
“D” são partes do Tratado “Y” que foi celebrado depois e que versa
sobre o mesmo assunto que o tratado “X”, então a relação entre “A” e
“B” será regido pelo acordo posterior “Y” . Mas não se poderia exigir
que a relação destes com “C” também fosse regida pelo Tratado “Y”
pelo simples fato de “C” não ser parte do tratado “Y”.]
b) nas relações entre um Estado parte nos dois tratados e um
Estado parte apenas em um desses tratados, o tratado em que
os dois Estados são partes rege seus direitos e obrigações
recíprocos.
[As relações entre “A” e “C” e “B” e “C” serão regidas pelo Tratado
“X” ao qual, nos dois casos, ambos são partes.]
Luiz Albuquerque 101
Artigo 59. Extinção ou Suspensão da Execução de um Tratado em
Virtude da Conclusão de um Tratado Posterior
1. Considera-se extinto um tratado quando todas as suas
partes concluírem um tratado posterior sobre o mesmo
assunto, e:
a) resultar do tratado posterior ou ficar estabelecido por
outra forma que a intenção das partes é regular o assunto por
esse tratado; ou
b) as disposições do tratado posterior forem de tal
modo incompatíveis com as do tratado anterior que os dois
tratados não possam ser aplicados ao mesmo tempo.

2. A execução do tratado anterior é considerada apenas


suspensa quando se depreender do tratado posterior ou estiver
estabelecido de outra forma que essa era a intenção das partes.
Luiz Albuquerque 102
Artigo 63. Ruptura de Relações Diplomáticas
ou Consulares

A ruptura de relações diplomáticas ou


consulares entre as partes num tratado não
afeta as relações jurídicas estabelecidas
entre elas pelo tratado, salvo na medida
em que a existência de relações
diplomáticas ou consulares seja
indispensável à aplicação do tratado.

Luiz Albuquerque 103


Artigo 53. Tratado em Conflito Com uma Norma
Imperativa de Direito Internacional Geral
(Jus Cogens)

Luiz Albuquerque 104


Normas De Jus Cogens
• Tratados devem ter “objeto lícito”;
• Noção de Ordem Pública internacional ;
• Contrariando a escola positivista que não
aceitaria limitações à soberania (todo ato
ilícito poderia se ato jurídico se fosse objeto
de tratado);
• Quem viola uma norma de Jus Cogens é
considerado hostis humani generis (inimigo
de toda humanidade)
Luiz Albuquerque 105
Artigo 53. É nulo o tratado que, no momento
de sua conclusão, conflita com uma norma
imperativa de direito internacional geral. Para os
fins da presente Convenção, uma norma
imperativa de direito internacional geral é
uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados no seu
conjunto, como norma da qual nenhuma
derrogação é permitida e que só pode ser
modificada por nova norma de direito
internacional geral da mesma natureza
Luiz Albuquerque 106
Tratados devem ser compatíveis com
Jus Cogens

Jus
Cogens
Normas imperativas de
Direito Internacional Geral

Tratados e demais fontes


de Direito Internacional

Luiz Albuquerque 107


Exemplos De Normas De Jus Cogens
- Proibição do uso agressivo de força;
- Proibição de Crimes de guerra;
- Proibição de Genocídio,
- Crimes contra a humanidade
- Tráfico de escravo;
- Escravidão;
- Discriminação racial;
- Pirataria;
- Tortura;
- Anexação territorial
Luiz Albuquerque 108
Exemplo de nulidade de relacionada a violação de
normas de Jus Cogens
No Caso “Advisory Opinion Concerning
Reservations to the Genocide Convention”, a
CIJ concluiu que qualquer reserva àquela
Convenção feita por um Estado em virtude
da sua soberania era ilegal: “os princípios
subjacentes à Convenção são princípios
reconhecidos pelas nações civilizadas como
vinculantes, mesmo que não haja uma
obrigação convencional” (Oriunda em tratados)
Luiz Albuquerque 109
CVDT Artigo 25 Aplicação Provisória
(Reserva por parte do Brasil)
1. Um tratado ou uma parte do tratado aplica-se
provisoriamente, enquanto não entra em vigor, se:
a) o próprio tratado assim dispõe; ou
b) os Estados negociadores assim convieram por outra forma.

2. Salvo se o tratado dispõe em contrário, ou se os Estados


negociadores acordam diversamente, a aplicação provisória
de um tratado ou de parte de um tratado, em relação a um
Estado, termina se esse Estado notificar aos outros Estados,
entre os quais o tratado é aplicado provisoriamente, sua
intenção de não se tornar parte do tratado.
Luiz Albuquerque 110
CVDT Artigo 66 Procedimentos de Solução Judiciária de
Arbitragem e de Conciliação
(Reserva pelo Brasil)
Se, nos termos do parágrafo 3 do artigo 65, nenhuma solução for
alcançada nos doze meses seguintes à data na qual a objeção for
formulada, o seguinte procedimento será adotado:
a) qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação
dos artigos 53 ou 64 poderá, mediante pedido escrito, submetê-la à
decisão da Corte Internacional de Justiça, salvo se as partes decidirem de
comum acordo, submeter a controvérsia à arbitragem;
b) qualquer parte na controvérsia sobre a aplicação ou a interpretação de
qualquer dos outros artigos da Parte V da presente Convenção pode
iniciar o processo previsto no Anexo à Convenção, mediante pedido
neste sentido ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

Luiz Albuquerque 111


4) CRIAÇÃO DOS TRATADOS E SUA
INCORPORAÇÃO AO DIREITO
INTERNO
Atenção!! A
matéria do resumo
manuscrito se
inicia aqui.

Luiz Albuquerque 113


SUBSEÇÕES
4.1 Negociação e o procedimento político de criação do direito
4.2 Assinatura
4.3 Aprovação Pelo Congresso
4.3.1 Competências do Congresso
4.3.2 Panorama Geral do Procedimento para Aprovação pelo Congresso
4.4 Ratificação E Entrada Em Vigor Na Ordem Jurídica Internacional
4.4.1 Conceito de Ratificação
4.4.2 Ratificação em Atos Bilaterais
4.4.3 Ratificação em Atos Multilaterais
4.5 Promulgação, Publicação e a vigência na ordem jurídica interna
4.6 Registro na ONU
4.6.1 Fundamentos jurídicos
4.6.2 Requisitos para o Registro
4.7 Resumo Esquemático: O Tratado Desde A Negociação À Entrada
Em Vigor
Luiz Albuquerque 114
Direito internacional é também
direito interno
Para a aplicação da Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro
Internacional de Crianças, Lígia recorre à autoridade central brasileira,
quando Arnaldo, seu marido, que tem dupla-nacionalidade, viaja para os
Estados Unidos com a filha de 17 anos do casal e não retorna na data
prometida. Arnaldo alega que entrará com pedido de divórcio e passará a
viver com a filha menor no exterior. Com base no caso apresentado, a
autoridade central brasileira:
( ) deverá acionar diretamente a autoridade central estadunidense para
que tome as medidas necessárias para o retorno da filha ao Brasil.
( ) não deverá apreciar o pleito de Lígia, eis que a filha é maior de 16
anos.
( ) não deverá apreciar o pleito de Lígia, eis que o pai também possui
direito de guarda sobre a filha, jáLuizque o divórcio ainda não foi realizado
Albuquerque 115
4.1 Negociação e o procedimento
político de criação do direito

Luiz Albuquerque 116


Tratado como resultado jurídico de um
processo de negociação política Objeto
para
nosso
curso

Contexto, Conjuntura
Circunstâncias
Regras do jogo Tratado
-------------
Dinâmicas de interação Negociação ---------
---------
Poder de ----
barganha
das partes
Objeto do DIP
para o Positivista

Luiz Albuquerque 117


CR/88 Art. 84. Compete privativamente ao
Presidente da República:
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos [Unidade 4];
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional;[nem todos os
tratados precisam ser submetidos ao Congresso]
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização
nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso
Nacional
Luiz Albuquerque 118
•Como regra geral, pode-se afirmar que o órgão
competente do Poder Executivo para entabular
negociações diplomáticas que tenham em vista a
celebração de atos internacionais é o Ministério das
Relações Exteriores (Decreto nº2.246, de
06/06/1997, Anexo I, artigo 1º, III)
•O incremento de acordos, de natureza
eminentemente técnica, tem proporcionado a
participação de outros órgãos governamentais no
processo negociador internacional.
Luiz Albuquerque 119
Principios y directrices para las
negociaciones internacionales
RESOLUCIÓN APROBADA POR LA ASAMBLEA
GENERAL A/RES/53/101 de 20 de enero de 1999
a) La igualdad soberana de todos los Estados, pese a sus diferencias de
orden económico, social, político o de otra índole;
b) Los Estados tienen la obligación de no intervenir en los asuntos que
son de la jurisdicción interna de los Estados, de conformidad con la
Carta de las Naciones Unidas;
c) Los Estados tienen la obligación de cumplir de buena fe las
obligaciones que han contraído en virtud del derecho internacional;
d) Los Estados tienen la obligación de abstenerse en sus relaciones de
recurrir a la amenaza o al uso de la fuerza contra la integridad
territorial o la independencia política de cualquier Estado, o en cualquier
otra forma incompatible con los propósitos de las Naciones Unidas;
Luiz Albuquerque 120
Princípios para as negociacões internacionais (Continuação)
e) Será nulo todo acuerdo cuya celebración se haya obtenido mediante
la amenaza o el uso de la fuerza en contravención de los principios de
derecho internacional incorporados en la Carta;
f) Los Estados tienen el deber de cooperar entre sí,
independientemente de las diferencias de sus sistemas políticos,
económicos y sociales, en las diversas esferas de las relaciones
internacionales, a fin de mantener la paz y la seguridad internacionales y
de promover la estabilidad y el progreso de la economía mundial, el
bienestar general de las naciones y la cooperación internacional libre de
toda discriminación basada en esas diferencias;
g) Los Estados arreglarán sus controversias internacionales por
medios pacíficos de tal manera que no se pongan en peligro ni la paz y
la seguridad internacionales ni la justicia;
Luiz Albuquerque 121
Diretrizes para as negociacões internacionais
a) Las negociaciones se habrán de realizar de buena fe;
b) Los Estados deberían tener debidamente en cuenta la
importancia de lograr la participación en las negociaciones
internacionales, en una forma apropiada, de los Estados cuyos
intereses vitales resulten afectados directamente por los
asuntos en cuestión;
c) El propósito y el objeto de todas las negociaciones deberán
ser plenamente compatibles con los principios y las normas
de derecho internacional, incluidas las disposiciones de la
Carta;
d) Los Estados deberían atenerse al marco mutuamente
convenido para la realización de las negociaciones;
Luiz Albuquerque 122
Diretrizes para as negociacões internacionais (Continuação)
e) Los Estados deberían procurar mantener un ambiente
constructivo durante las negociaciones y abstenerse de
cualquier comportamiento que pudiera dificultar las
negociaciones y sus avances;
f) Los Estados deberían facilitar la realización o la
conclusión de las negociaciones manteniendo en todo
momento centrada la atención en los objetivos principales de
las negociaciones;
g) Los Estados deberían hacer todo lo posible por seguir
avanzando hacia una solución justa y mutuamente
aceptable en caso de que se llegue a un punto muerto en las
negociaciones
Luiz Albuquerque 123
4.2 Assinatura

Luiz Albuquerque 124


Significado da assinatura de um tratado no DIP
não é igual ao de um contrato no direito privado
A assinatura no direito privado tem um
significado de formalizar um vínculo
jurídico. No DIP, a assinatura de um tratado
pode significar a formalização de um
vínculo jurídico, mas apenas nos casos em
que não seja necessário a aprovação do
Congresso ao texto do tratado. Ou seja,
apenas nos Acordos Executivos ou na
“diplomacia ordinária”. Nos tratados mais
importantes, a assinatura (por si) NÃO
vinculará o país ao tratado.
Luiz Albuquerque 125
Significado da assinatura

A assinatura é uma fase necessária da


processualística dos atos internacionais,
pois é com ela que se encerram as
negociações e se expressa o
consentimento de cada parte contratante.
O ato de assinar um projeto de tratado
significa que os negociadores concordam
com aquela proposta que está ali escrita.
Portanto, não havendo mais o que negociar,
encerra-se a fase de negociação.
Luiz Albuquerque 126
EUA assinaram o Protocolo de Quioto,
mas não são juridicamente vinculados a
ele, pois não basta a assinatura para que
um país se vincule a este é um tratado.

Luiz Albuquerque 127


Quem tem a competência para expressar
o “consentimento” do Estado em se
vincular a um tratado?

Luiz Albuquerque 128


Representação Internacional dos Estados
CVDT: Artigo 7 Plenos Poderes
7.1) Uma pessoa é considerada representante de
um Estado para a adoção ou autenticação do texto
de um tratado ou para expressar o consentimento
do Estado em obrigar-se por um tratado:
a) se apresentar plenos poderes apropriados; ou
b) se a prática dos Estados interessados ou outras
circunstâncias indicarem que a intenção do Estado
era considerar essa pessoa como seu representante
para esses fins, e dispensar os plenos poderes.”
Luiz Albuquerque 129
Plenos Poderes
CVDT “Art.1º) ‘plenos poderes’ significa um
documento expedido pela autoridade competente de
um Estado, designando uma ou várias pessoas para
representar o Estado na negociação, adoção ou
autenticação do texto de um tratado, para manifestar o
consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado
ou para praticar qualquer outro ato relativo a um
tratado
Qualquer autoridade pode assinar um ato
internacional, desde que possua Carta de Plenos
Poderes, firmada pelo Presidente da República e
Luiz Albuquerque 130
referendada pelo Ministro das Relações Exteriores.
Luiz Albuquerque 131
Representação Internacional dos Estados: Agentes
Habilitados (Plenipotenciários)
CVDT Artigo 7.2. Em virtude de suas funções e independentemente
da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do
seu Estado:
a.1) os Chefes de Estado, chefes de governo [Plenitude da
representatividade exterior; Representatividade Originária]; e
a.2) Ministros das Relações Exteriores,[Representatividade derivada;
Presunção de representatividade independente de prova documental
avulsa;] para todos os atos relativos à conclusão de um tratado;
b) os chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um
tratado entre o Estado acreditante e o Estado acreditado; [ex offcio]
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma
conferência ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a
adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou
órgão. Luiz Albuquerque 132
Competência Originária para expressar o
Consentimento do Estado

A Constituição Federal estipula que é


competente para celebrar atos
internacionais em nome do Governo
brasileiro o Presidente da República
(Art. 84, VIII) (competência originária/
Constitucional).

Luiz Albuquerque 133


Competência Derivada para expressar o
Consentimento do Estado

Ao Ministro de Estado das Relações


Exteriores cabe "auxiliar o Presidente da
República na formulação da política
exterior do Brasil, assegurar sua execução
e manter relações com Estados
estrangeiros, organismos e organizações
internacionais" (conforme estabelece o
Decreto nº 2.246, de 6 de junho de 1997,
que aprova a estrutura regimental do MRE)
(competência derivada/ legal).
Luiz Albuquerque 134
Chefes de Missão Diplomática não precisam
de Carta de Plenos Poderes

A única exceção à regra geral da obrigatória


apresentação dos plenos poderes é a que se
refere aos atos bilaterais ou multilaterais
firmados pelos Embaixadores
acreditados, por o serem como
"extraordinário e plenipotenciário".
(Estudaremos esta matéria na Unidade 4)
Luiz Albuquerque 135
Qualquer outra pessoa precisará de
Carta Plenos Poderes para representar
um Estado na assinatura de um tratado
Portanto, a capacidade de outros Ministros
ou qualquer outra autoridade assinarem atos
internacionais deriva de plenos poderes
específicos para cada caso dada pelo
Presidente da República.

Luiz Albuquerque 136


Carta de credenciamento
Carta de credenciamento é o documento
que designa delegação para participar em
encontros e conferências internacionais,
geralmente autorizando o chefe da
delegação a assinar a ata final. O
documento em questão, é assinado pelo
Ministro das Relações Exteriores. Exige-se
a Carta de Plenos Poderes para a
assinatura de Convenções durante
conferência internacional.
Fonte: http://dai-mre.serpro.gov.br/apresentacao/tramitacao-
Luiz Albuquerque 137
4.3 Aprovação Pelo Congresso

Luiz Albuquerque 138


TEMAS & PROBLEMAS DO DIREITO INTERNACIONAL:
Erosão do protagonismo do Chefe de Estado

Luiz Albuquerque 139


4.3.1 Competências do Congresso
•CR/88: Art. 49. É da competência exclusiva do
Congresso Nacional:
•I - resolver definitivamente (?) sobre
tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargo$ ou compromisso$
gravoso$ ao patrimônio nacional; [[... ou
mudança no direito interno]]
• II - autorizar o Presidente da República a declarar
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
Luiz Albuquerque 140
complementar;
Nem todo ato internacional precisa
de ser aprovado pelo Congresso
É importante lembrar que dispensam aprovação do
Congresso Nacional os Atos do Executivo em
forma simplificada (por troca de Notas ou outro
formato) que tenham sido autorizados por ou
constituam execução de outro anterior,
devidamente aprovado e que não o modifique. É o
caso, por exemplo, dos Ajustes Complementares aos
Acordos Básicos de cooperação técnica ou científica e
tecnológica. De forma geral, são Atos considerados
pela doutrina como derivados da “diplomacia
ordinária” ou rotineira.
Luiz Albuquerque 141
CR/88: Art. 52 - Compete privativamente
ao Senado Federal
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira,
de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as
operações de crédito externo e interno da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e
demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de
garantia da União em operações de crédito externo e interno;
Luiz Albuquerque 142
“IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente;”

Luiz Albuquerque 143


V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

Luiz Albuquerque 144


4.3.2 Panorama Geral do Procedimento para
Aprovação pelo Congresso
Executivo Legislativo
Presidente Presidente
da Câmara
Mensagem
ao Congresso
CCJC , CREDN, Presidente
Comissões do Senado
Ministério
Outro
das Relações Plenário
País
Exteriores CIJ , CRE,
Câmara
Comissões
Procedimento
Ordinário
Plenário
Senado

Decreto
Legislativo
Luiz Albuquerque 145
Estudo de caso: United Nations Convention on
Contracts for the International Sale of Goods (CISG)
Convenção da
ONU realizada
em Viena em
1980. Brasil não
foi signatário.

Principais países que ainda


não eram partes : Brasil,
Hong Kong, Índia, África do
Sul, Taiwan e o Reino Unido
Luiz Albuquerque 146
4.3.3 Submissão Ao Congresso Nacional

• O envio ao Congresso Nacional faz-se


mediante Exposição de Motivos ao Presidente
da República. Prepara-se uma, na qual o
Ministro das Relações Exteriores explica as
razões que levaram à assinatura daquele
instrumento e solicita que o Presidente da
República, por uma Mensagem, o submeta ao
Congresso Nacional. Caso não haja texto
original em português, no caso de atos
multilaterais, a tradução do texto é obrigatória.

Luiz Albuquerque 147


Luiz Albuquerque 148
Luiz Albuquerque 149
• Aprovada a exposição de motivos e
assinada a mensagem ao Congresso pelo
Presidente da República, o ato
internacional é encaminhado para exame
e aprovação, sucessivamente, pela
Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal.

Luiz Albuquerque 150


Encaminhamento ao Congresso
• Antes de ser levado aos respectivos plenários,
o instrumento é avaliado, em ambas as Casas,
pelas Comissões de Relações Exteriores,
bem como por outras comissões interessadas
pela matéria.
• A aprovação pelo Congresso Nacional é
editada mediante Decreto Legislativo
promulgado pelo Presidente do Senado e
publicado no Diário Oficial.
Luiz Albuquerque 151
Luiz Albuquerque 152
Luiz Albuquerque 153
Nos termos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, compete
à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional apreciar
matérias referentes aos seguintes campos temáticos:
a) relações diplomáticas e consulares, econômicas e
comerciais, culturais e científicas com outros
países; relações com entidades internacionais
multilaterais e regionais;
b) política externa brasileira; serviço exterior
brasileiro;
c) tratados, atos, acordos e convênios
internacionais e demais instrumentos de política
externa;
d) direito internacional público; ordem jurídica
internacional; nacionalidade; cidadania e naturalização; regime
Luiz Albuquerque 154
jurídico dos estrangeiros; emigração e imigração;
e) autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da
República ausentar-se do território nacional;
f) política de defesa nacional; estudos estratégicos e
atividades de informação e contra-informação;
g) Forças Armadas e Auxiliares; administração pública militar;
serviço militar e prestação civil alternativa; passagem de
forças estrangeiras e sua permanência no território nacional;
envio de tropas para o exterior;
h) assuntos atinentes à faixa de fronteira e áreas consideradas
indispensáveis à defesa nacional;
i) direito militar e legislação de defesa nacional; direito
marítimo, aeronáutico e espacial;
j) litígios internacionais; declaração de guerra; condições
de armistício ou de paz; requisições civis e militares em caso
de iminente perigo e em tempo de guerra;
Luiz Albuquerque 155
m) outros assuntos pertinentes ao seu campo temático;
Luiz Albuquerque 156
Luiz Albuquerque 157
Luiz Albuquerque 158
Luiz Albuquerque 159
Luiz Albuquerque 160
Luiz Albuquerque 161
Luiz Albuquerque 162
Natureza do Decreto Legislativo
• Atendendo ao disposto no artigo 49, I o projeto de tratado
negociado e assinado deve ser submetido à apreciação do
Poder Legislativo, a menos que não envolva ônus ao
patrimônio nacional nem mudanças no Direito Interno.
Nestes casos basta o assentimento do Poder Executivo, razão
pela qual estes tratados são chamados de “Acordos
executivos” ou “Acordos de procedimento curto”. A
aprovação é feita por Decreto Legislativo que segue uma
tramitação bem semelhante à das leis e que é publicado no
Diário Oficial da União.
Luiz Albuquerque 163
Natureza do Decreto Legislativo

•Em geral(*), este Decreto apenas autoriza o


Presidente da República a ratificar, mas ele
não o obriga, nem tampouco determina a
execução do tratado no Território Nacional.
Ele não é suscetível à sanção nem a veto. Nesta
função, apesar do disposto no impreciso artigo
49 da Constituição, o Congresso Nacional atua
mais na função fiscalizadora que normativa.
Após a aprovação ele deve ser ratificado.
• (*) CISG foi um caso raro em que o Executivo entendeu que o Decreto
Legislativo bastava para a incorporação
Luiz Albuquerquedo tratado ao direito interno.
164
4.4 RATIFICAÇÃO
E ENTRADA EM VIGOR NA ORDEM JURÍDICA
INTERNACIONAL
Uma vez publicado o Decreto Legislativo que
aprova o Ato, encerra-se a etapa de
apreciação e aprovação do ato e se iniciam os
procedimentos para sua confirmação
(ratificação) e entrada em vigor, na forma
indicada pela cláusula processual
correspondente. A ratificação do desejo
brasileiro de obrigar-se pelo Ato constitui o
processo pelo qual o instrumento adquire
vigência no plano do direito internacional.
Luiz Albuquerque 165
4.4.1 Conceito de RATIFICAÇÃO

Ratificação é o ato internacional,


formal, unilateral pelo qual um Estado
manifesta aos demais signatários de um
tratado sua decisão de se vincular j-u-
r-i-d-i-c-a-m-e-n-t-e de maneira
definitiva ao conteúdo obrigacional
previsto pelo tratado.
Luiz Albuquerque 166
Ratificação

• Nas palavras de Sette Câmara:


“(...) a autoridade nacional competente
informa as autoridades correspondentes dos
Estados cujos plenipotenciários concluíram,
com os seus, um projeto de tratado, a
aprovação que dá a este projeto e que o faz
doravante um tratado obrigatório para o
Estado que esta autoridade encarna nas
relações internacionais. (SETTE CÂMARA
apud RIBEIRO: 2001, p. 113)
Luiz Albuquerque 167
4.4.2 Ratificação em Atos Bilaterais
Nos atos bilaterais, a ratificação pode ser feita por troca de
notificações. Se a entrada em vigor se dá por troca de Notas,
pode-se passar, de imediato, Nota à Embaixada da outra
parte acreditada junto ao Governo brasileiro. O ato pode
entrar em vigor, conforme determine seu texto, na data de
recebimento da segunda nota ou num prazo estipulado após
essa data.
Caso a entrada em vigor se dê por troca de Instrumentos
de Ratificação, deve-se aguardar que ambas as partes hajam
concluído seus trâmites internos de aprovação para realizar
a cerimônia de troca. Nesse caso, a cerimônia é feita com
certa solenidade, mediante a lavratura de uma Ata.
Luiz Albuquerque 168
4.4.3 Ratificação em Atos Multilaterais
A entrada em vigor internacional do ato multilateral
dependerá do cumprimento de certos requisitos que se
estipulam em seu próprio texto, em geral a soma de um certo
número de ratificações:
- da assinatura ao Ato;
- da vigência internacional do Ato;
- do depósito do instrumento de ratificação por parte do
Brasil junto ao organismo ou governo que tenha a função
de depositário;
- do decurso de prazo após o depósito, caso estipulado nas
cláusulas processuais do ato.
Caso o Brasil não seja signatário do Ato multilateral, o
procedimento consiste noLuiz Albuquerque
depósito de instrumento 169de
adesão.
“Depósito” de carta de Ratificação
• O atos multilaterais são ratificados por meio do
depósito da Carta de Ratificação junto ao país ou
órgão multilateral depositário. Este se incumbe de
notificar o fato aos demais signatários.

• Assim como as cartas de plenos poderes, as cartas


(ou instrumentos) de ratificação são firmadas pelo
Presidente da República e referendadas pelo
Ministro das Relações Exteriores.

Luiz Albuquerque 170


Luiz Albuquerque 171
Depositário
A generalização dos tratados multilaterais
propiciou o advento da figura do depositário:
um dos Estados contratantes (geralmente
o Estado sede da conferência diplomática)
ou um organismo internacional.
Cabe ao depositário a manutenção, em
seus arquivos, do instrumento original, bem
como a distribuição de cópias autênticas
do texto do ato e o registro de seus aspectos
processualísticos. Luiz Albuquerque 172
CVDT Artigo 77 Funções do Depositário
1. Salvo disposição do tratado ou acordo das partes em contrário, as funções do
depositário são principalmente as seguintes:
a) guardar o texto original do tratado e os plenos poderes que lhe tenham sido
entregues;
b) preparar cópias autenticadas do texto original ou textos em outros idiomas
exigidos pelo tratado e remete-los às partes e aos Estados para neles se tornarem partes;
c) receber todas as assinaturas do tratado, receber e guardar todos os
instrumentos e notificações pertinentes;
d) examinar se uma assinatura, um instrumento, uma notificação ou uma
comunicação relativa ao tratado está em boa e devida forma e, se necessário, chamar a
atenção da parte em causa sobre a questão;
e) informar as partes no tratado e os Estados com direito de nele serem partes
dos atos, comunicações ou notificações relativas ao tratado;
f) informar os Estados com direito de serem partes no tratado da data na qual
foi recebido ou depositado o número de assinaturas ou de instrumentos de ratificação,
de aceitação, de aprovação ou de adesão necessários para a entrada em vigor do
tratado;
g) registrar o tratado junto à Secretaria das Nações Unidas;
h) exercer as funções previstas em outras disposições da presente Convenção.
Luiz Albuquerque 173
Cláusulas Processualísticas sobre Depositário
Nos Atos multilaterais, o depositário poderá ser
o Secretariado da ONU ou de outro organismo
internacional, ou ainda um dos Estados
Signatários. Cabe ao depositário a manutenção,
em seus arquivos, do instrumento original, bem
como a distribuição de cópias autênticas do
texto do Ato e o registro de seus aspectos
processuais.

Luiz Albuquerque 174


O Brasil como Depositário
Brasil exerce a função de depositário, dentre outros:

• Convenção sobre Codificação do Direito


Internacional de 1906,
• Tratado Interamericano de Assistência Recíproca,
de 1947,
• Convênio Interamericano de Sanidade Vegetal, de
1965,
• Tratado da Bacia ao Prata, de 1969,
• Tratado de Cooperação Amazônica, de 1978,
Luiz Albuquerque 175
4.5 Promulgação, Publicação e a
vigência na ordem jurídica interna
• Uma vez que o ato haja entrado em vigor internacional,
cumpre incorporá-lo ao ordenamento jurídico interno,
mediante promulgação por meio de decreto assinado pelo
Presidente da República e referendado pelo Ministro das
Relações Exteriores.
• Depois da ratificação ainda se faz necessária a Promulgação
pelo Executivo de um Decreto Presidencial, a ser publicado
no Diário Oficial da União, que dará ao tratado força
executória no plano do direito interno, tornando-o
obrigatório para todos e devendo ser observado pelo
Congresso e aplicado pelos Luiz Albuquerque
tribunais. 176
O Decreto Executivo insere o tratado
dentro do ordenamento jurídico interno

Tecido = Direito interno

Agulha = Decreto Executivo

Linha = Tratado

Luiz Albuquerque 177


Publicação do Ato Internacional
• Todo o ato internacional deve ser publicado,
visto que tem valor de lei: aplica-se ao ato
internacional o princípio da publicidade das leis.
Trata-se, ademais, do respeito ao princípio do fim
da diplomacia secreta.
• O ato internacional que prescindiu da
aprovação legislativa dispensa a promulgação.
Exige-se, neste caso, apenas a publicação no
Diário Oficial, medida que o incorpora ao direito
interno e lhe dá a publicidade exigida pela norma
jurídica. Luiz Albuquerque 178
Origem histórica deste costume
• Apesar de não haver nenhum dispositivo
constitucional dispondo expressamente sobre a
necessidade de promulgação de Decreto Presidencial,
este procedimento vem sendo adotado desde 1826
quando Brasil e Portugal assinaram um Tratado de Paz
e Amizade, reconhecendo nossa independência. O
Imperador promulgou o tratado via decreto, cujo texto
com ele se publicou, com expressa ordem de ser
observado e executado (FRAGA, Mirtô apud
RIBEIRO: 2001, p. 113) Luiz Albuquerque 179
TRATADO DE AMIZADE E ALIANÇA ENTRE
EL-REI O SENHOR D. JOÃO VI E D. PEDRO I, IMPERADOR DO BRASIL

Feito Por Mediação De Sua Majestade Britânica, Assinado No Rio De Janeiro A 29 De Agosto De 1825, E
Ratificado Por Parte De Portugal Em 15 De Novembro E Pela Do Brasil Em 30 De Agosto Do Dito Ano.
Em nome da Santíssima e Indivisível Trindade.
Sua Majestade Fidelíssima, tendo constantemente no seu real ânimo os mais vivos desejos de restabelecer a
paz, amizade e boa harmonia entre povos irmãos, que os vínculos mais sagrados devem conciliar e unir em
perpétua aliança; para conseguir tão importantes fins, promover a prosperidade geral e segurar a existência
política e os destinos futuros de Portugal, assim como os do Brasil, e querendo de uma vez remover todos
os obstáculos que possam impedir a dita aliança, concórdia e felicidade de um e outro Estado, por seu
diploma de l3 de Maio do corrente ano reconheceu o Brasil na categoria de Império independente e
separado dos Reinos de Portugal e Algarves, e a seu sobre todos muito amado e prezado filho D. Pedro por
Imperador, cedendo e transferindo de sua livre vontade a soberania do dito Império ao mesmo seu filho,
e seus legítimos sucessores, e tomando somente e reservando para a sua pessoa o mesmo título.
Luiz Albuquerque 180
ART. I – Sua Majestade Fidelíssima reconhece
o Brasil na categoria de Império independente e separado dos Reinos de
Portugal e Algarves; e a seu sobre todos muito amado e prezado filho D. Pedro por Imperador, cedendo e transferindo de
sua livre vontade a soberania do dito Império ao mesmo seu filho e a seus legítimos sucessores . Sua Majestade Fidelíssima
toma sòmente e reserva para a sua pessoa o mesmo título.
ART. II – Sua Majestade Imperial, em reconhecimento de respeito e amor a seu augusto pai o Senhor D. João VI, anuiu a que sua Majestade Fidelíssima tome
para a sua pessoa o título de Imperador.
ART. III – Sua Majestade Imperial promete não aceitar proposição de quaisquer Colónias Portuguesas para se
reunirem ao Império do Brasil.
ART. IV – Haverá de agora em diante paz e aliança e a mais perfeita amizade entre os Reinos de Portugal e Algarves e
o Império do Brasil com total esquecimento das desavenças passadas entre os povos respectivos.
ART. V – Os súbditos de ambas as Nações Portuguesa e Brasileira serão considerados e tratados nos respectivos
Estados como os da nação mais favorecida e amiga, e seus direitos e propriedades religiosamente guardados e
protegidos; ficando entendido que os actuais possuidores de bens de raiz serão mantidos na posse pacífica dos mesmos
bens.
ART. VI – Toda a propriedade de bens de raiz ou móveis e acções, sequestradas ou confiscadas, pertencentes aos súbditos de ambos os Soberanos de Portugal e
do Brasil, serão logo restituídas, assim como os seus rendimentos passados, deduzidas as despesas da administração, os seus proprietários indemnizados
recìprocamente pela maneira declarada no Artigo VIII.
ART. VII – Todas as embarcações e cargas apresadas, pertencentes aos súbditos de ambos os Soberanos, serão semelhantemente restituídas ou seus
proprietários indemnizados.
ART. VIII – Uma comissão nomeada por ambos os Governos, composta de portugueses e brasileiros em número igual, e estabelecida onde os respectivos
Governos julgarem por mais conveniente, será encarregada de examinar a matéria dos Artigos VI e VII; entendendo-se que as reclamações deverão ser feitas
dentro do prazo de um ano, depois de formada a Comissão, e que, no caso de empate nos votos, será decidida a questão pelo Representante do Soberano
Mediador. Ambos os Governos indicarão os fundos por onde se hão-de pagar as primeiras reclamações liquidadas.
ART. IX – Todas as reclamações públicas de Governo a Governo serão recìprocamente recebidas e decididas, ou com a restituição dos objectos reclamados, ou
com uma indemnização do seu justo valor. Para o ajuste destas reclamações ambas as Altas Partes Contratantes convieram em fazer uma Convenção directa e
especial.
ART. X – Serão restabelecidas desde logo as relações de comércio entre ambas as Nações Portuguesa e Brasileira, pagando reciprocamente todas as
mercadorias 15 por cento de direitos de consumo provisòriamente; ficando os direitos de baldeação e reexporttação da mesma forma que se praticava antes
da separação.
ART. XI – A recíproca troca das ratificações do presente Tratado se fará na cidade de Lisboa dentro do espaço de cinco meses ou mais breve se for possível,
contados do dia da assinatura do presente Tratado. Em testemunho do que, nós, abaixo assinados, Plenipotenciários de Sua Majestade Fidelíssima e de Sua
Majestade Imperial, em virtude dos nossos respectivos plenos poderes, assinámos o presente Tratado com os nossos punhos, e lhe fizemos pôr o selo das nossas
armas. Feito na cidade do Rio de Janeiro, aos 29 dias do mês de Agosto de 1825.
Luiz Albuquerque 181
DECRETO

Achando-se mutuamente ratificado o Tratado assinado nesta Corte aos vinte e


nove de agosto do ano próximo passado pelos meus plenipotenciários e o
senhor dom João Sexto, rei de Portugal e Algarves[1], meu augusto pai,
mediante o qual pondo-se o desejado termo a guerra que infelizmente se fizera
necessária entre os dois Estados, foi justamente reconhecida a plena
Independência da nação brasileira[2], e a suprema dignidade, a que fui
elevado pela unânime aclamação dos povos, com a categoria de Imperador
Constitucional, e seu Defensor Perpétuo[3]; hei por bem ordenar que se dê ao
dito Tratado a mais exata observância e execução, como convém à santidade
dos Tratados celebrados entre as nações independentes e a inviolável boa fé,
com que são firmados, o visconde de Inhambupe de Cima[4], do meu Conselho
de Estado[5], ministro e secretário dos Negócios Estrangeiros, o tenha assim
entendido, e faça executar, expedindo as devidas participações e exemplares
impressos para as estações competentes desta Corte e províncias do Império,
com as ordens mais positivas para que se cumpram e guardem como neles se
contem.
Palácio do Rio de Janeiro em dez de abril de mil oitocentos e vinte e seis.

Luiz Albuquerque 182


EXEMPLO: Decreto que insere o tratado no direito interno
DECRETO N.º 1.355, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1994 (*)
Promulga a Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de
Negociações Comerciais Multilaterais do GATT.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso de suas atribuições, e
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo Decreto Legislativo nº
30, de 15 de dezembro de 1994, a Ata Final que Incorpora aos Resultados da Rodada
Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do GATT, assinada em Maraqueche,
em 12 de abril de 1994;
Considerando que o Instrumento de Ratificação da referida Ata Final pela
República Federativa do Brasil foi depositado em Genebra, junto ao Diretor do GATT,
em 21 de dezembro de 1994;
Considerando que a referida Ata Final entra em vigor para a República Federativa
do Brasil em 1º de janeiro de 1995,
DECRETA:
Art. 1º A Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de
Negociações Comerciais Multilaterais do GATT, apensa por cópia ao presente Decreto,
será executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Brasília, 30 de dezembro de 1994; 173º da Independência e 106º da República.
ITAMAR FRANCO Celso Luiz Nunes Amorim
Luiz Albuquerque 183
Efeito Jurídico da Promulgação
A validade e executoriedade do ato internacional
no ordenamento interno brasileiro dá-se através de
sua promulgação. Publicado o Decreto Legislativo
que aprovou o ato internacional, cabe ao
Executivo promulgá-lo, por decreto assinado pelo
Presidente da República e referendado pelo
Ministro das Relações Exteriores. Esse decreto é
acompanhado de cópia do texto e publicado no
Diário Oficial da União. O ato internacional que
dispensou a aprovação congressual, é objeto apenas
de publicação.
Luiz Albuquerque 184
Efeito Jurídico de Direito Interno
Sendo a promulgação um ato de
direito interno, sua ocorrência não se
confunde com a entrada em vigor
do acordo, que se dá no plano do
Direito Internacional Público.

Luiz Albuquerque 185


Nº do Decreto Ementa
7.783, de 7.8.2012
Regulamenta a Lei nº 12.663, de 5 de junho de 2012, que dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA
Publicado no DOU de
8.8.2012
2013, à Copa do Mundo FIFA 2014 e à Jornada Mundial da Juventude - 2013.

7.773, de 4.7.2012 Dispõe sobre a execução no território nacional da Resolução 2040 (2012), de 12 de março de 2012, do Conselho de
Publicado no DOU de Segurança das Nações Unidas que, entre outras disposições, altera o regime de sanções aplicadas à República Árabe da
5.7.2012 Líbia.
7.763, de 19.6.2012
Promulga o Acordo, por troca de Notas, para o Estabelecimento de uma Faixa Non Aedificandi em Zonas Urbanas entre o
Publicado no DOU de
20.6.2012
Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Paraguai, firmado em Assunção, em abril de 2008.

7.761, de 19.6.2012 Promulga o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Bolívia para a
Publicado no DOU de Construção de uma Ponte Internacional sobre o Igarapé Rapirrã entre as Cidades de Plácido de Castro e Montevidéu, firmado
20.6.2012 em La Paz, em 17 de dezembro de 2007.

7.754, de 14.6.2012 Dispõe sobre a execução, no território nacional da Resolução 2036 (2012), de 22 de fevereiro de 2012, adotada pelo Conselho
Publicado no DOU de de Segurança das Nações Unidas que, entre outras disposições, requer que os Estados adotem as medidas necessárias a
15.6.2012 impedir a importação de carvão vegetal da Somália.

7.739, de 28.5.2012 Promulga o Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Organização das Nações Unidas para a Realização da
Publicado no DOU de Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, Brasil, de 13 a 22 de junho de
29.5.2012 2012.

7.734, de 25.5.2012 Dispõe sobre a execução do Nonagésimo Segundo Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica no 18
Publicado no DOU de (92PA-ACE18), assinado entre os Governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do
28.5.2012 Paraguai e da República Oriental do Uruguai, de 24 de fevereiro de 2012.

7.722, de 20.4.2012 Dispõe sobre a execução no Território Nacional das Resoluções no 1540 (2004), e no1977 (2011), adotadas pelo Conselho de
Publicado no DOU de Segurança das Nações Unidas em 28 de abril de 2004 e em 20 de abril de 2011, as quais dispõem sobre o combate à
23.4.2012 proliferação de armas de destruição em massa e sobre a vigência do Comitê 1540.
7.684, de 1º.3.2012
Promulga o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Federal da Alemanha sobre
Publicado no DOU de
2.3.2012
o Estatuto de Instituições Culturais e seus Técnicos Enviados, firmado em Berlim, em 1o de junho de 2005.

7.667, de 11.1.2012
Publicado no DOU de Promulga o Tratado Constitutivo da UniãoLuiz Albuquerque
de Nações 186
Sul-Americanas, firmado em Brasília, em 23 de maio de 2008.
12.1.2012
4.6 Registro

Luiz Albuquerque 187


A importância da publicidade
• Os Acordos secretos e Nos termos do artigo 102 da
Carta das Nações Unidas, os atos internacionais
bilaterais celebrados pelo Brasil, após entrarem em
vigor, são encaminhados pela Divisão de Atos
Internacionais à Missão do Brasil junto às Nações
Unidas em Nova York para serem registrados junto
ao Secretariado das Nações Unidas.
• Quanto aos atos multilaterais, conforme já indicado,
cabe ao depositário a responsabilidade do registro
junto à ONU.
Luiz Albuquerque 188
4.6.1 Fundamentos jurídicos
CVDT Artigo 80 Registro e Publicação
de Tratados
1. Depois de sua entrada em vigor, os
tratados serão remetidos à Secretaria das
Nações Unidas para registro ou classificação
e inscrição no repertório, conforme o caso, bem
como de publicação.
2. A designação de um depositário constitui
autorização para este praticar os atos previstos
no parágrafo anterior.
Luiz Albuquerque 189
C.O.N.U /Artigo 102 - §1. Todo tratado e
todo acordo internacional, concluídos por
qualquer Membro das Nações Unidas depois da
entrada em vigor da presente Carta, deverão,
dentro do mais breve prazo possível, ser
registrados e publicados pelo Secretariado.
§2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou
acordo internacional que não tenha sido
registrado de conformidade com as disposições
do parágrafo 1 deste Artigo poderá invocar tal
tratado ou acordo perante qualquer órgão
das Nações Unidas. Luiz Albuquerque 190
4.6.2 Requisitos para o Registro
1. Tratado o acuerdo internacional en el sentido del Artículo 102
2. Certificación
La copia certificada debe incluir:
a) El título del acuerdo;
b) El lugar y la fecha de celebración;
c) La fecha y el método de entrada en vigor para cada parte; y
d) Los idiomas auténticos en los que se redactó el acuerdo.
3. Copia del tratado o acuerdo internacional
4. Fecha de entrada en vigor (Un tratado o acuerdo internacional sólo
será registrado después de que haya entrado en vigor.)
5. Método de entrada en vigor
6. Lugar y fecha de celebración
Fonte: Luiz Albuquerque 191
http://treaties.un.org/doc/source/publications/treatyhandbook/TreatyHandbookSpan.pdf
4.7 Resumo Esquemático: O Tratado Desde A Negociação
À Entrada Em Vigor

Negociação Assinatura Aprovação pelo


Congresso
Projeto Tratado
Decreto
Legislativo

Promulgação
Registro e Publicação Ratificação

Submissão à Decreto Carta de


ONU Executivo Ratificação

Para mais informações sobre estas questões, ver:


Manual De Procedimentos Da Prática Diplomática Brasileira Em Atos
Internacionais Elaborado Pela Divisão De Atos Internacionais Do Ministério Das
Luiz Albuquerque 192
Relações Exteriores
• “O exame da vigente Constituição Federal permite constatar
que a execução dos tratados internacionais e sua
incorporação à ordem jurídica interna decorrem, no sistema
adotado pelo Brasil, de um ato subjetivamente complexo,
resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a
do Congresso Nacional, que resolve, “definitivamente” (?),
mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos ou atos
internacionais (CF, art. 49, I), e a do Presidente da
República, que, além de poder celebrar esses atos de direito
internacional (CF, art. 84, VIII), também dispõe - enquanto
Chefe de Estado que é - da competência para promulgá-los
mediante decreto.” (Supremo Tribunal Federal. HC 78.375-
2. Informativo do STF, Brasília, n. 135, 7 nov. 1998)
Luiz Albuquerque 193
4.8 Comparação entre as datas de assinatura
e promulgação de tratados no Brasil

Luiz Albuquerque 194


A ambígua relação entre o Tratado e o Decreto (lei
ordinária) que o incorpora ao direito interno
Alberto Xavier e Luiz C. R. Pereira chamam atenção
para uma questão pouco percebida. A Constituição se
refere diretamente a “Tratado”, sem mencionar sua
incorporação ao Direito Interno. Ou seja, a norma
internacional é, por si, fonte normativa própria.
• Então tais atos não são equiparados a leis internas ,
ou nas palavras de Alberto Xavier, são “ direitos
subjetivos emergentes diretamente dos tratados
internacionais. Ora, se os direitos decorrem
diretamente dos tratados, isto significa que eles têm a
sua origem em normas internacionais não
previamente convertidas em leis internas” (XAVIER,
Alberto apud PEREIRA: 2002, p. 162)
Luiz Albuquerque 195
A ambígua relação entre o Tratado e o Decreto (lei
ordinária) que o incorpora ao direito interno
• Isso é bem verdade tendo em vista que a Constituição
Federal não fala em atos internacionais firmados pelo
Estado brasileiro e trazidos para seu Direito, através
do Congresso Nacional.
• Pode ocorrer, que o Estado brasileiro tenha firmado
tal ato internacional, mas tal ato ainda não tenha o seu
decreto promulgativo. Pelo atual texto constitucional
bastaria apenas que haja o compromisso expresso
entre Estados, para prevalecer em território brasileiro
(PEREIRA:2002 p. 162)
•Mas atenção: esta posição NÃO É
DOMINANTE, é minoritária na
doutrina e na jurisprudência. Mas não
deixa de ser interessante
Luiz Albuquerque 196
Luiz Albuquerque 197
Recurso Extraordinário 71.154/1971
Relator Ministro Oswald Trigueiro:
“ aprovada a Convenção pelo Congresso e regularmente
promulgada, suas normas têm aplicação imediata , inclusive
naquilo em que modificarem a legislação interna (...) a
Constituição inclui, na competência do Supremo Tribunal, a
atribuição de julgar, mediante recurso extraordinário, causa
oriunda de decisão da instância inferior quando for contrária à
letra do Tratado ou lei federal. A meu ver, essa norma consagra a
vigência dos Tratados independentemente de lei especial.
Porque, se essa vigência dependesse de lei, a preferência a
Tratado, no dispositivo constitucional, seria de todo ociosa. Por
outras palavras, a Constituição prevê a negativa de vigência da
lei e a negativa da vigência do Tratado exigindo, para a validade
deste, a aprovação do Congresso Nacional, porém não sua
reprodução formal em texto de legislação interna (apud
PEREIRA: 2002, p. 167
Luiz Albuquerque 198
Atenção!! A
matéria do resumo
manuscrito se
encerra aqui.

Luiz Albuquerque 199


5) RELAÇÕES ENTRE O DIREITO
INTERNO E O
TRATADO INTERNACIONAL

Luiz Albuquerque 200


5.1 Direito Brasileiro: Conflito Entre
Norma Internacional X Constituição
No que se refere ao conflito entre norma
internacional e a Constituição Federal de
1988, o artigo 102, III, b) indica
claramente que os tratados estão sujeitos
ao controle de constitucionalidade,
encontrando-se, portanto, submetidos a um
nível abaixo da Constituição.
CR/88

Tratados
Luiz Albuquerque 201
CR, Art. 102. Compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão
recorrida:
b) declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal;

Luiz Albuquerque 202


•“No sistema jurídico brasileiro, os tratados ou
convenções internacionais estão
hierarquicamente subordinados à
autoridade normativa da Constituição da
República. Em conseqüência, nenhum valor
jurídico terão os atos internacionais, que,
incorporados ao sistema de direito positivo
interno, transgredirem, formal ou
materialmente, o texto da Carta Política. (...)
(Supremo Tribunal Federal. HC 78.375-2.
Informativo do STF, Brasília, n. 135, 7 nov.
1998) Luiz Albuquerque 203
“O Poder Judiciário - fundado na
supremacia da Constituição da República -
dispõe de competência, para, quer em sede
de fiscalização abstrata, quer no âmbito do
controle difuso, efetuar o exame da
constitucionalidade dos tratados ou
convenções internacionais já incorporados
ao sistema de direito positivo interno” (...)
(Supremo Tribunal Federal. HC 78.375-2.
Informativo do STF, Brasília, n. 135, 7
nov. 1998) Luiz Albuquerque 204
Constituição prevalece sobre os tratados
Ou seja, no Brasil (mas não em todos os
países) prevalece o sistema da supremacia
constitucional.
Norma internacional não pode conflitar com
a Constituição Federal.
Se uma questão de inconstitucionalidade
passar pelos filtros do Executivo e do
Legislativo, ainda estará sujeitos ao controle
pelo Judiciário.
Luiz Albuquerque 205
5.2 Regra Geral Para O Conflito Entre Os
Tratados E O Direito Infra-constitucional:
Análise da (R)Evolução Jurisprudencial
A Noção De Conflito De Normas
• “Conflito” aqui significa uma antinomia jurídica,
ou seja, uma situação em que alguma disposição
prevista em uma norma jurídica é incompatível
com uma outra disposição prevista em outra norma
jurídica, de forma que seja impossível para um
sujeito cumprir ambas ao mesmo tempo.
• Em caso de conflito entre normas, só uma norma
será aplicável.
• A questão é saber qual norma será aplicável e por
quê.
Luiz Albuquerque 207
Critérios para solução de antinomias
Linha do Tempo

Norma A1 ≠ Norma B2
 Critério Cronológico:
Norma posterior prevalece sobre anterior

Norma S1 ≠  Critério
Norma I2 Hierárquico:
Norma superior prevalece sobre inferior

Norma G1 ≠  Critério da
Norma E2 Especialidade:
Norma específica prevalece sobre genérica

Luiz Albuquerque 208


Primazia dos tratados sobre direito
interno infra-constitucional
 Critério Hierárquico:
Norma superior prevalece sobre inferior

Revoga Não Revoga

≠ Tratado X2

Lei Ordinária Federal X1 Lei Ordinária Federal X1

Luiz Albuquerque 209


Luiz Albuquerque 210
Luiz Albuquerque 211
Luiz Albuquerque 212
Luiz Albuquerque 213
Luiz Albuquerque 214
Luiz Albuquerque 215
Antes de 1977, o STF posicionava-se no
sentido da primazia do tratado internacional
quando em conflito com norma
infraconstitucional. Com efeito, Philadelpho
Azevedo, então Ministro da Excelsa Corte,
publicou, em 1945, comentário em que
demonstrava a convicção unânime da
Suprema Corte, àquela época, quanto à
prevalência dos tratados internacionais
sobre o direito interno
infraconstitucional
Luiz Albuquerque 216
Inversão Jurisprudencial
• Recurso Extraordinário 80.004-SE de 1978 (RTJ 83/809-848)
decidiu pela validade de uma lei interna (Decreto-lei n. 427/69, uma lei
ordinária federal de 3 anos depois), contrária a um tratado firmado pelo
Brasil (Lei Uniforme de Genebra sobre letras de câmbio e notas
promissórias – L.U.G.)
• O Decreto determinava que a falta de registro de nota promissória,
causa nulidade do título e isso não era admitido pelo tratado;
• RE 80.004-SE (Rel. Min. Cunha Peixoto, julgado em 1º/06/1977), foi o
leading case que veio modificar o ponto de vista anterior do STF. A
partir de então, o Excelso Pretório tem adotado o sistema paritário ou
monismo nacionalista moderado, segundo o qual tratados e
convenções internacionais possuem status de lei ordinária, devendo os
conflitos entre ambos serem resolvidos através do critério cronológico
combinado com o da especialidade, ou seja, a norma de caráter especial,
mesmo que mais antiga, prevalece sobre a norma de caráter geral (lex
posterior generalis non derogat Luiz
legi priori speciali);
Albuquerque 217
STF - Recurso Extraordinário: Re 80004 SE
• Relator(a): XAVIER DE ALBUQUERQUE
Julgamento: 31/05/1977
Órgão Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicação: DJ 29-12-1977 PP-09433 DJ 19-05-1978 PP-03468 EMENT VOL-01083-02 PP-00915 RTJ VOL-00083-03
PP-00809

• CONVENÇÃO DE GENÉBRA, LEI UNIFORME SOBRE


LETRAS DE CAMBIO E NOTAS PROMISSORIAS, AVAL
APOSTO A NOTA PROMISSORIA NÃO REGISTRADA NO
PRAZO LEGAL, IMPOSSIBILIDADE DE SER O AVALISTA
ACIONADO, MESMO PELAS VIAS ORDINARIAS. VALIDADE
DO DECRETO-LEI N. 427, DE 22.01.1969. EMBORA A
CONVENÇÃO DE GENÉBRA QUE PREVIU UMA
LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CAMBIO E
NOTAS PROMISSORIAS TENHA APLICABILIDADE
NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO, NÃO SE
SOBREPOE ELA AS LEIS DO PAIS, DISSO
DECORRENDO A CONSTITUCIONALIDADE E CONSEQUENTE
VALIDADE DO DEC. Luiz Albuquerque 218
Luiz Albuquerque 219
Paridade (?) dos tratados com direito
interno infra-constitucional
Critério Cronológico:
Norma posterior prevalece sobre inferior

Revoga Não Revoga, mas suspende eficácia do tratado

Lei Ordinária Federal X1 ≠ Tratado X2 ≠ Lei Ordinária Federal X3

Continua válido e vigente. Mas,


sua eficácia foi suspensa

Lei Ordinária Federal X1


“subiu de nível”, equiparando-se aos tratados
Luiz Albuquerque 220
Grande Debate Acadêmico
“ (...) afastando-se da orientação anterior, não
atentaram aqueles Ministros para a
problemática da responsabilidade
internacional do Estado na ordem
internacional (...) as decisões judiciais são
também atos do Estado que se refletem na
ordem internacional e podem acarretar a
responsabilidade de quem as proferiu, perante a
comunidade internacional” (MAGALHÃES,
José Carlos in “O Supremo Tribunal Federal e
as Relações entre Direito Interno e Direito
Internacional apud PEREIRA: 2002, p. 160)
Luiz Albuquerque 221
Grande Debate Acadêmico

Julgar como julgou a Corte Suprema


brasileira, ditando que está ferindo uma
norma, ficando passível o Estado de uma
punição e aguardá-la, além de demonstrar
um desrespeito e uma afronta à
Comunidade Internacional e a outros
Estados-parte; demonstra que tal
julgamento não soluciona nada, pelo
contrário, serve de base a um ferimento de
uma obrigação nacional.
(PEREIRA:2002,p. 163)
Luiz Albuquerque 222
“é um contra-senso afirmar-se que o Tribunal
deve aplicar a lei posterior contrária ao Tratado
e admitir-se, ao mesmo tempo, a
responsabilidade do Estado (...) e por ser um
Tratado um ato internacional que obriga o
Estado perante os co-contratantes, por
significar, também uma auto-limitação ao seu
poder soberano de dispor sobre normas internas,
não se pode, evidentemente, após o
compromisso assumido e na sua vigência,
editar lei que lhe seja contrária (FRAGA,
Mirtô apud PEREIRA: 2002, p. 166)
Luiz Albuquerque 223
Dolinger: “...não concordamos
com estas críticas pois não nos parece
que o julgamento de uma cambial de
circulação interna no País, em
discordância com os ditames da Lei
Uniforme, possa acarretar qualquer
responsabilidade perante a
comunidade internacional”
(DOLIGER, Jacob in Direito
Internacional apud. PEREIRA: 2002,
p.160)
Luiz Albuquerque 224
O problema da solução dada pelo STF é a
possibilidade de responsabilização do Estado
A crítica principal à paridade normativa
instaurada após o julgamento do RE 80.004-SE
funda-se nas consequências danosas que o
descumprimento do tratado, com a chancela
do STF, traz para o Estado no plano
internacional, revelando um desrespeito e
desconsideração em relação aos acordos feitos
voluntariamente com os demais Estados-
contraentes. Nesse diapasão, transcrevo a lição
de Flávia Piovesan: Luiz Albuquerque 225
"Acredita-se que o entendimento firmado a partir do julgamento do Recurso
Extraordinário 80.004 enseja, de fato, um aspecto crítico, que é a sua indiferença às
conseqüências do descumprimento do tratado no plano internacional, na
medida em que autoriza o Estado-parte a violar dispositivos da ordem internacional –
os quais se comprometeu a cumprir de boa-fé. Esta posição afronta, ademais, o
disposto pelo art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados, que determina não poder o Estado-parte invocar
posteriormente disposições de direito interno como justificativa
para o não-cumprimento de tratado. Tal dispositivo reitera a importância, na
esfera internacional, do princípio da boa-fé, pelo qual cabe ao Estado conferir
cumprimento às disposições de tratado, com o qual livremente consentiu. Ora, se o
Estado no livre e pleno exercício de sua soberania ratifica um
tratado, não pode posteriormente obstar seu cumprimento. Além
disso, o término de um tratado está submetido à disciplina da denúncia, ato
unilateral do Estado pelo qual manifesta seu desejo de deixar de fazer parte de um
tratado. Vale dizer, em face do regime de Direito Internacional, apenas o ato da
denúncia implica a retirada do Estado de determinado tratado internacional. Assim, na
hipótese de inexistência do ato da denúncia, persiste a
Albuquerque internacional.“
responsabilidade do Estado naLuizordem 226
Ademais, se o Congresso Nacional
confere sua aquiescência ao conteúdo do
compromisso firmado, é porque
implicitamente reconhece que, se
ratificado o acordo, está impedido de
editar normas posteriores que o
contradigam. É a teoria do venire contra
factum proprium non valet, plenamente
aplicável nessa seara, segundo a qual não
se pode ir contra um fato praticado por si
próprio, sob pena de prática de má-fé
internacional. Luiz Albuquerque 227
Violação De Tratado É Crime

Quanto à questão dos conflitos entre


disposições internas e internacionais,
vale lembrar que a Lei 1.079 de 1950,
ainda vigente, no seu artigo 5º, 11,
estabelece como crime de
responsabilidade do Presidente da
República contra a existência da União
a violação de tratados legitimamente
feitos com nações estrangeiras.
Luiz Albuquerque 228
Apesar Das Fortes Críticas Doutrinárias, A
Jurisprudência Manteve Este Posicionamento

Rezek: “O Supremo Tribunal Federal deve


garantir prevalência à última palavra do
Congresso Nacional, expressa no texto doméstico,
não obstante isso importasse o reconhecimento de
afronta pelo País de um compromisso
internacional. Tal seria um fato resultante da
culpa dos poderes políticos, a que o Judiciário não
teria como dar remédio (RTJ 115/969-973 e
119/22-30 apud PEREIRA:2002, p. 163)
Luiz Albuquerque 229
A Constituição Federal não foi direta
ao se referir ao nível hierárquico em que se
situam os tratados internacionais. Contudo,
há nela algumas referências que sugerem
o status equivalente ao de lei federal:
Luiz Albuquerque 230
•Artigo 102, III, b) sobre a competência
do STF para julgar Recurso Extraordinário
sobre inconstitucionalidade de tratado ou
lei federal;
•Artigo 105, III, a) sobre a competência
do STJ para julgar Recurso Especial de
decisão que contrariar tratado ou lei
federal; e
•Artigo 109, III sobre a competência dos
juízes federais para julgar causas
fundadas em tratados.
Luiz Albuquerque 231
Apesar das críticas, STJ respaldou STF

“O tratado internacional situa-se


formalmente no mesmo nível hierárquico
da lei, a ela se equiparando.
A prevalência de um ou outro regula-se
pela sucessão no tempo” (Superior
Tribunal de Justiça. 3ª Turma Resp.
0074376. DJ 27 nov. 1995)
Luiz Albuquerque 232
“Os tratados ou convenções internacionais,
uma vez regularmente incorporados ao direito
interno, situam-se, no sistema jurídico
brasileiro, nos mesmos planos de validade,
de eficácia e de autoridade em que se
posicionam as leis ordinárias, havendo, em
conseqüência, entre estas e os atos de direito
internacional público, mera relação de
paridade normativa. (...)
(Supremo Tribunal Federal. HC 78.375-2.
Informativo do STF, Brasília, n. 135, 7 nov. 1998)
Luiz Albuquerque 233
CONCLUSÕES QUANTO
À REGRA GERAL
• O primado da Constituição, no sistema
jurídico brasileiro, é oponível ao princípio
pacta sunt servanda, inexistindo, por isso
mesmo, no direito positivo nacional, o
problema da concorrência entre tratados
internacionais e a Constituição, cuja
suprema autoridade normativa deverá
sempre prevalecer sobre os atos de
direito internacional público.
Luiz Albuquerque 234
CONCLUSÕES QUANTO À REGRA GERAL
•A regra geral é que tratados são incorporados ao
Direito interno em nível de igualdade com a
legislação ordinária federal. Portanto, no sistema
jurídico brasileiro, os atos internacionais (a partir de
1978) não dispõem de primazia hierárquica sobre
as normas de direito interno.
•Inexistindo entre tratado e lei relação de hierarquia,
sujeitam-se eles às regras gerais de solução de
conflitos . Havendo uma situação de antinomia com
o ordenamento doméstico impuser, para a solução do
conflito, a aplicação alternativa do critério
cronológico ("lex posterior derrogat priori") ou,
Luiz Albuquerque 235
quando cabível, do critério da especialidade.
•Devido ao atual entendimento jurisprudencial,
havendo conflito entre um tratado e uma lei ordinária
posterior, a lei posterior prevalecerá sobre o tratado
anterior suspendendo a eficácia do tratado.
•Mas um tratado não pode ser revogado por uma
lei, pois isso acarretaria um ato inconstitucional de
ordem legislativa, já que compete ao Poder Executivo
as atribuições de gerir as relações exteriores do Brasil.
O Estado possui um meio específico para isso que é a
denúncia.
• A prevalência de uma lei posterior sobre um tratado
anterior não exclui eventual responsabilidade
internacional do Estado Luiz Albuquerque 236
5.3 Casos Especiais Para Solução De Conflitos
Entre O Direito Interno E Certos Tipos De
Tratado:
Direito Tributário E Direitos Humanos

Luiz Albuquerque 237


Tratados fazem parte da “Legislação
Tributária
Código Tributário Nacional (CTN), Lei nº 5.172, de
25 de outubro de 1966:
Art. 96. A expressão "legislação
tributária" compreende as leis, os
tratados e as convenções internacionais,
os decretos e as normas complementares
que versem, no todo ou em parte, sobre
tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes Luiz Albuquerque 238
Primazia dos Tratados sobre Direito
Tributário nacional

CTN, Art. 98. Os tratados e as


convenções internacionais r-e-v-o-
g-a-m ou modificam a legislação
tributária interna, e serão
observados pela [legislação] que
lhes sobrevenha.
Luiz Albuquerque 239
DECRETO Nº 6.759, DE 5 DE FEVEREIRO DE 2009
Regulamenta a administração das atividades
aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação
das operações de comércio exterior
Art. 95. Quando se tratar de mercadoria importada ao
amparo de acordo internacional firmado pelo
Brasil, prevalecerá o tratamento nele previsto, salvo
se da aplicação das normas gerais resultar tributação mais
favorável.
Art. 116. Os bens objeto de isenção ou de redução do
imposto, em decorrência de acordos internacionais
firmados pelo Brasil, terão o tratamento tributário
neles previsto (Lei n 8.032, de 1990, art. 6o).
Tratados sobre Direitos Humanos
Constituição Federal, Art. 5°
CR/88, Art. 5º (78 incisos)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
[EC45/2004] § 3º [Apenas] Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais Luiz Albuquerque 241
Ec 45 Criou Um Problema:
• Qual seria o nível hierárquicos dos
tratados de direitos humanos – como a
Convenção Americana sobre Direitos
Humanos – que foram aprovados
conforme o sistema de procedimento
ordinário vigente antes da EC45?
• Como resolver um conflito entre um
tratado sobre direitos humanos e a
Constituição Federal?
Luiz Albuquerque 242
CONSTITUIÇÃO DA CONVENÇÃO
REPÚBLICA AMERICANA DE
FEDERATIVA DO BRASIL DIREITOS HUMANOS
Permite prisão de Proíbe prisão de
depositário infiel depositário infiel
Art. 5º, LXVII - não Art. 7º, §7. Ninguém deve
haverá prisão civil por ser detido por dívida. Este
dívida, salvo a do princípio não limita os
responsável pelo mandados de autoridade
inadimplemento judiciária competente
voluntário e inescusável expedidos em virtude de
de obrigação alimentícia e inadimplemento de
a do depositário infiel obrigação alimentar.
Luiz Albuquerque 243
Gilmar Mendes & a “Supralegalidade”:
RE 466.343-SP (2008)

Luiz Albuquerque 244


Luiz Albuquerque 245
Luiz Albuquerque 246
Ementa RE 466.343/SP, Rel. Min.
Cezar Peluso, Pleno, DJ 5.6.2009,
“PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel.
Alienação fiduciária. Decretação da medida coercitiva.
Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da
previsão constitucional e das normas subalternas.
Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da
CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana
de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa
Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do RE
nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. É ilícita
a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”.
Luiz Albuquerque 247
RE 349.703/RS
“PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL EM
FACE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE
DIREITOS HUMANOS. INTERPRETAÇÃO DA
PARTE FINAL DO INCISO LXVII DO ART. 5O
DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988.
POSIÇÃO HIERÁRQUICO-NORMATIVA DOS
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS
HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO.
Luiz Albuquerque 248
RE 349.703/RS
Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à
Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San
José da Costa Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há
mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois
o caráter especial desses diplomas internacionais sobre direitos
humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento
jurídico, estando abaixo da Constituição, porém acima da
legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados
internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna
inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante,
seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim ocorreu
com o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e com o Decreto-Lei
n° 911/69, assim como em relação ao art. 652 do Novo Código
Luiz Albuquerque 249
Civil (Lei n° 10.406/2002)
(Nova) Pirâmide Normativa

Constitucional
(Inclusive Tratados sobre
Dir. Hum. aprovados com
quorum qualificado)

Supralegal
[Somente] Tratados sobre Direitos Humanos
Aprovados por procedimento ordinário
Ex.: Convenção Americana de Direito Humanos

Legal
Leis Ordinárias Federais e outras leis e outros tratados
Ex.: Todos os outros tratados, Código Civil, demais leis
Luiz Albuquerque 250
Constitucional
CR/88, Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel.

Supralegal
CADH, Art. 7º, §7. Ninguém deve ser
detido por dívida. Este princípio não limita
os mandados de autoridade judiciária
competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar.
[Não excepciona depositário infiel]

Legal
CC/02, Art. 652
Seja o depósito
voluntário ou
necessário, o
depositário que não o
restituir quando
exigido será
compelido a fazê-lo
mediante prisão não
excedente a um ano e
ressarcir os prejuízos.

Luiz Albuquerque 251


O tratado (CADH) NÃO revogou ou emendou
o dispositivo da Constituição.
Porém, o tratado (supralegal) está
hierarquicamente acima da legislação ordinária
necessária para implementar, na prática, o
dispositivo constitucional. A CADH paralisou a
eficácia do Art. 652 do Código Civil.
Assim, a norma contida no tratado prevaleceu
materialmente, ainda que, formalmente, o
dispositivo constitucional não tenha sido
afetado, mas, tão somente a legislação ordinária
que o implementa Luiz Albuquerque 252
Constituição,
Art. 5º, Inc. LXVII

Luiz Albuquerque 253


6 Jurisprudência Brasileira Na
Aplicação Dos Tratados
6.1: Hierarquia Dos Tratados
Internacionais Em Face Do
Ordenamento Jurídico Interno

Luiz Albuquerque 255


STF. Recurso Extraordinário nº
80.004/SE, de 1/6/1977
Ementa: Convenção de Genebra, lei uniforme sobre letras de cambio e
notas promissorias, aval aposto a nota promissoria não registrada no
prazo legal, impossibilidade de ser o avalista acionado, mesmo pelas
vias ordinarias. Validade do decreto-lei n. 427, de 22.01.1969. Embora
a convenção de genebra que previu uma lei uniforme sobre letras
de cambio e notas promissorias tenha aplicabilidade no direito
interno brasileiro, não se sobrepoe ela as leis do pais, disso
decorrendo a constitucionalidade e consequente validade do dec. Lei nº
427/69, Que institui o registro obrigatorio da nota promissoria em
repartição fazendaria, sob pena de nulidade do título. Sendo o aval um
instituto do direito cambiario, inexistente será ele se reconhecida a
nulidade do título cambial a que foi aposto. Recurso extraordinário
conhecido e provido.
Luiz Albuquerque 256
STF. AGRCR-7613 / AT, de 03/04/1997
Ementa: Sentença estrangeira: Protocolo de Las Leñas: homologação
mediante carta rogatória. O Protocolo de Las Lenas ("Protocolo de
Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil,
Comercial, Trabalhista, Administrativa" entre os países do
Mercosul) não afetou a exigência de que qualquer sentença
estrangeira - à qual é de equiparar-se a decisão interlocutória
concessiva de medida cautelar - para tornar-se exeqüível no Brasil,
há de ser previamente submetida à homologação do Supremo
Tribunal Federal, o que obsta à admissão de seu reconhecimento
incidente, no foro brasileiro, pelo juízo a que se requeira a execução;
inovou, entretanto, a convenção internacional referida, ao prescrever,
no art. 19, que a homologação (dito reconhecimento) de sentença
provinda dos Estados partes se faça mediante rogatória, o que
importa admitir a iniciativa da autoridade judiciária competente
do foro de origem e que o exequatur se defira independentemente da
citação do requerido, sem prejuízo da posterior manifestação do
requerido, por meio de agravo à decisão concessiva ou de embargos ao
seu cumprimento Luiz Albuquerque 257
STF. AC 2436 MC/PR - Paraná, incidental ao RE nº 460.320,
julgada em 03/09/2009, publicada em 15/09/2009 (Decisão
Monocrática do Min. Gilmar Mendes)
“(...) No julgamento dos Recursos Extraordinários n.º 349.703, Rel. Carlos Brito, Rel. p/Acórdão Min.
Gilmar Mendes, DJ 5.6.2009, e n.° 466.343, Rel. Cezar Peluso, DJ 5.6.2009, o Plenário deste Supremo
Tribunal Federal decidiu pela supralegalidade dos tratados e convenções internacionais de direitos
humanos.
Naquela oportunidade, conquanto a matéria debatida dissesse respeito apenas ao status dos mencionados
tratados e convenções de direitos humanos, deixei assentado, em obiter dictum, o meu entendimento acerca
da posição ostentada, em nosso ordenamento jurídico, pelos tratados e convenções internacionais que
versam sobre tributação. Ao confirmar o voto que proferira na ocasião, manifestei-me nos seguintes termos:
Não se pode ignorar que os acordos internacionais demandam um extenso e cuidadoso processo de
negociação, de modo a conciliar interesses e concluir instrumento que atinja os objetivos de cada Estado,
com o menor custo possível.
Essa complexa cooperação internacional é garantida essencialmente pelo pacta sunt servanda. No atual
contexto da globalização, o professor Mosche Hirsch, empregando a célebre Teoria dos Jogos (Game
Theory) e o modelo da Decisão Racional (Rational Choice), destaca que a crescente intensificação (i) das
relações internacionais; (ii) da interdependência entre as nações, (iii) das alternativas de retaliação; (iv) da
celeridade e acesso a informações confiáveis, inclusive sobre o cumprimento por cada Estado dos termos
dos tratados; e (v) do retorno dos efeitos negativos (rebounded externalities) aumentam o impacto do
desrespeito aos tratados e privilegiam o devido cumprimento de suas disposições (HIRSCH, Moshe.
“Compliance with International Norms” in The Impact of International Law on International Cooperation.
Cambridge: Cambridge University Press, 2004. p. 184-188).
Luiz Albuquerque 258
Tanto quanto possível, o Estado Constitucional Cooperativo demanda a
manutenção da boa-fé e da segurança dos compromissos internacionais,
ainda que em face da legislação infraconstitucional, pois seu
descumprimento coloca em risco os benefícios de cooperação
cuidadosamente articulada no cenário internacional.
Importante deixar claro, também, que a tese da legalidade ordinária, na
medida em que permite às entidades federativas internas do Estado
brasileiro o descumprimento unilateral de acordo internacional, vai de
encontro aos princípios internacionais fixados pela Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados, de 1969, a qual, em seu art. 27, determina que
nenhum Estado pactuante “pode invocar as disposições de seu direito
interno para justificar o inadimplemento de um tratado”.
Ainda que a mencionada convenção ainda não tenha sido ratificada
pelo Brasil, é inegável que ela codificou princípios exigidos como
costume internacional, como decidiu a Corte Internacional de Justiça
no caso Namíbia [Legal Consequences for States of the Continued
Presence os South África in Namíbia (South West África) notwithstanding
Security Council Resolution 276 (1970), First Advisory Opinion, ICJ
Reports 1971, p. 16, §§ 94-95]. Luiz Albuquerque 259
A propósito, defendendo a interpretação da constituição alemã pela prevalência do
direito internacional sobre as normas infraconstitucionais, acentua o professor Klaus
Vogel que “de forma crescente, prevalece internacionalmente a noção de que as
leis que contrariam tratados internacionais devem ser inconstitucionais e,
consequentemente, nulas (VOGEL, Klaus. “Einleitung” Rz. 204-205 in VOGEL,
Klaus & LEHNER, Moris. Doppelbesteuerungsabkommen. 4ª ed. München: Beck,
2003. p. 137-138)
Portanto, parece evidente que a possibilidade de afastar a aplicação
de normas internacionais por meio de legislação ordinária (treaty
override), inclusive no âmbito estadual e municipal, está defasada
com relação às exigências de cooperação, boa-fé e estabilidade do
atual cenário internacional e, sem sombra de dúvidas, precisa ser
revista por essa Corte. Como enfatizei no voto do RE
466.343/SP, o texto constitucional admite a
preponderância das normas internacionais sobre normas
infraconstitucionais e claramente remete o intérprete
para realidades normativas diferenciadas em face da
concepção tradicional do Luiz
direito
Albuquerque internacional público.
260
Refiro-me aos arts. 4o, parágrafo único, e 5o, parágrafos 2o, 3o e 4o, da Constituição
Federal, que sinalizam para uma maior abertura constitucional ao direito internacional
e, na visão de alguns, ao direito supranacional. Referi-me, naquela oportunidade, aos
arts. 4º, parágrafo único, e 5º,
parágrafos 2º, 3º e 4º, da Constituição Federal, que sinalizam para uma maior abertura
constitucional ao direito internacional e, na visão de alguns, ao direito supranacional.
Além desses dispositivos, o entendimento de predomínio dos tratados internacionais
em nenhum aspecto conflita com os arts. 2º, 5º, II, e § 2º, 49, I, 84, VIII, da
Constituição Federal.
os arts. 49, I, e 84, VIII, da Constituição
Especificamente,
Federal, repetidos com redação similar desde a
Constituição de 1891 (respectivamente arts. 34, 12º; e 48,
16º da CF/1891), não demandam a paridade entre leis
ordinárias e convenções internacionais. Ao contrário,
indicam a existência de normas infraconstitucionais
autônomas que não precisam ser perfiladas a outras
espécies de atos normativos internos, ao dispor: [...]
Luiz Albuquerque 261
STJ. RESP 209526 / RS, de 18/04/2000
Ementa: Tributário. Importação. Trigo em grão. Fixação
da alíquota. Portaria ministerial nº 939/91.
Impossibilidade. CTN, art. 98. Precedentes.
1. O art. 98/CTN não admite a revogação de tratado
pela legislação tributária antecedente ou
superveniente.
2. Não é lícito ao poder executivo, mediante simples
portaria, fixar alíquota superior à estabelecida em
acordo internacional.
3. Recurso especial conhecido e provido.

Luiz Albuquerque 262


6.2 Dualismo Moderado - Necessidade
De Incorporação De Tratados À Ordem
Jurídica Interna, Mesmo Aqueles
Concluídos No Âmbito Do Mercosul

Luiz Albuquerque 263


STF. CR-AgR 8279 / AT – Argentina, de 17/6/1998
Ementa: Mercosul - Carta Rogatória Passiva - Denegação De Exequatur - Protocolo
De Medidas Cautelares (Ouro Pret0/Mg) - Inaplicabilidade, Por Razões De Ordem
Circunstancial - Ato Internacional cujo ciclo de incorporação, ao direito interno do
Brasil, ainda não se achava concluído à data da decisão denegatória do
exequatur, proferida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal - Relações Entre O
Direito Internacional, o Direito Comunitário e o Direito Nacional Do Brasil -
Princípios Do Efeito Direto E Da Aplicabilidade Imediata - Ausência De Sua Previsão
No Sistema Constitucional Brasileiro - Inexistência De Cláusula Geral De Recepção
Plena E Automática De Atos Internacionais, Mesmo Daqueles Fundados Em Tratados
De Integração - Recurso De Agravo Improvido. A Recepção Dos Tratados Ou
Convenções Internacionais Em Geral E Dos Acordos Celebrados No Âmbito Do
Mercosul está sujeita à disciplina fixada na constituição da república. - A recepção de
acordos celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL está sujeita à mesma disciplina
constitucional que rege o processo de incorporação, à ordem positiva interna brasileira, dos
tratados ou convenções internacionais em geral. É, pois, na Constituição da República, e não em
instrumentos normativos de caráter internacional, que reside a definição do iter procedimental
pertinente à transposição, para o plano do direito positivo interno do Brasil, dos tratados, convenções
ou acordos - inclusive daqueles celebrados no contexto regional do MERCOSUL - concluídos pelo
Estado brasileiro. Precedente: ADI 1.480-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO. - Embora desejável a
adoção de mecanismos constitucionais diferenciados, cuja instituição privilegie o processo de
recepção dos atos, acordos, protocolos ou tratados celebrados pelo Brasil no âmbito do MERCOSUL,
esse é um tema que depende, essencialmente, quanto à sua solução, de reforma do texto da
Constituição brasileira, reclamando, em conseqüência, modificações de jure constituendo. Enquanto
não sobrevier essa necessária reforma constitucional, a questão da vigência doméstica dos
acordos celebrados sob a égide do MERCOSUL continuará sujeita ao mesmo tratamento
normativo que a Constituição brasileira dispensa aos tratados internacionais em geral. 264
Luiz Albuquerque
PROCEDIMENTO CONSTITUCIONAL DE INCORPORAÇÃO DE
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS EM GERAL E DE TRATADOS
DE INTEGRAÇÃO (MERCOSUL). - A recepção dos tratados
internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no âmbito
do MERCOSUL depende, para efeito de sua ulterior execução no plano
interno, de uma sucessão causal e ordenada de atos revestidos de caráter
político-jurídico, assim definidos: (a) aprovação, pelo Congresso
Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções; (b)
ratificação desses atos internacionais, pelo Chefe de Estado,
mediante depósito do respectivo instrumento; (c) promulgação de
tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante decreto,
em ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos,
essenciais à sua vigência doméstica: (1) publicação oficial do texto do
tratado e (2) executoriedade do ato de direito internacional público,
que passa, então - e somente então - a vincular e a obrigar no plano
do direito positivo interno. Precedentes.

Luiz Albuquerque 265


O SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO NÃO CONSAGRA O PRINCÍPIO
DO EFEITO DIRETO E NEM O POSTULADO DA APLICABILIDADE IMEDIATA
DOS TRATADOS OU CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. - A Constituição brasileira
não consagrou, em tema de convenções internacionais ou de tratados de integração, nem o
princípio do efeito direto, nem o postulado da aplicabilidade imediata. Isso significa, de jure
constituto, que, enquanto não se concluir o ciclo de sua transposição, para o direito
interno, os tratados internacionais e os acordos de integração, além de não poderem
ser invocados, desde logo, pelos particulares, no que se refere aos direitos e obrigações
neles fundados (princípio do efeito direto), também não poderão ser aplicados,
imediatamente, no âmbito doméstico do Estado brasileiro (postulado da aplicabilidade
imediata). - O princípio do efeito direto (aptidão de a norma internacional repercutir, desde
logo, em matéria de direitos e obrigações, na esfera jurídica dos particulares) e o postulado
da aplicabilidade imediata (que diz respeito à vigência automática da norma internacional na
ordem jurídica interna) traduzem diretrizes que não se acham consagradas e nem positivadas
no texto da Constituição da República, motivo pelo qual tais princípios não podem ser
invocados para legitimar a incidência, no plano do ordenamento doméstico brasileiro, de
qualquer convenção internacional, ainda que se cuide de tratado de integração, enquanto não
se concluírem os diversos ciclos que compõem o seu processo de incorporação ao sistema de
direito interno do Brasil. Magistério da doutrina. - Sob a égide do modelo constitucional
brasileiro, mesmo cuidando-se de tratados de integração, ainda subsistem os clássicos
mecanismos institucionais de recepção das convenções internacionais em geral, não
bastando, para afastá-los, a existência da norma inscrita no art. 4º, parágrafo único, da
Constituição da República, que possui conteúdo meramente programático e cujo
sentido não torna dispensável a atuação dos instrumentos constitucionais de transposição,
para a ordem jurídica doméstica, dos acordos, protocolos e convenções celebrados pelo
Brasil no âmbito do MERCOSUL.

Luiz Albuquerque 266


6.3 Hierarquia Dos Tratados
Internacionais Em Face Do
Ordenamento Jurídico Interno

Luiz Albuquerque 267


STF. Habeas Corpus nº 72.131/RJ, de 23/11/1995
Ementa: "Habeas corpus". Alienação fiduciária em
garantia. Prisão civil do devedor como depositário
infiel. - Sendo o devedor, na alienação fiduciária em
garantia, depositário necessário por força de
disposição legal que não desfigura essa caracterização,
sua prisão civil, em caso de infidelidade, se enquadra
na ressalva contida na parte final do artigo 5º, LXVII,
da Constituição de 1988. - Nada interfere na questão
do depositário infiel em matéria de alienação
fiduciária o disposto no § 7º do artigo 7º da
Convenção de San José da Costa Rica. "Habeas
corpus" indeferido, cassada a liminar concedida
Luiz Albuquerque 268
STF. HC 73044 / SP – São Paulo, de 19/3/1996
Ementa: "HABEAS-CORPUS" PREVENTIVO. PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO
INFIEL DECRETADA EM AÇÃO DE DEPÓSITO DE BEM ALIENADO
FIDUCIARIAMENTE (ART. 66 DA LEI Nº 4.728/65 E DECRETO-LEI Nº 911/69): ART.
5º, LXVII, DA CONSTITUIÇÃO E CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS
HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA), DECR. Nº 678/92. ALEGAÇÃO
DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. I - Preliminar. Questão nova: prescrição.
O Tribunal "a quo" não pode ser considerado coator quanto às questões que não lhe foram
submetidas e, neste caso, a autoridade coatora continua sendo o Juiz de primeiro grau:
incompetência do Supremo Tribunal Federal. "Habeas-corpus" não conhecido nesta parte.
Precedentes. II - Mérito. 1- A Constituição proibe a prisão civil por dívida, mas não a do
depositário que se furta à entrega de bem sobre o qual tem a posse imediata, seja o depósito
voluntário ou legal (art. 5º, LXVII). 2- Os arts. 1º (art. 66 da Lei nº 4.728/65) e 4º do
Decreto-lei nº 911/69, definem o devedor alienante fiduciário como depositário, porque o
domínio e a posse direta do bem continuam em poder do proprietário fiduciário ou credor,
em face da natureza do contrato. 3- A prisão de quem foi declarado, por decisão judicial,
como depositário infiel é constitucional, seja quanto ao depósito regulamentado no
Código Civil como no caso de alienação protegida pela cláusula fiduciária. 4- Os
compromissos assumidos pelo Brasil em tratado internacional de que seja parte (§ 2º
do art. 5º da Constituição) não minimizam o conceito de soberania do Estado-povo na
elaboração da sua Constituição; por esta razão, o art. 7º, nº 7, do Pacto de São José da
Costa Rica, ("ninguém deve ser detido por dívida": "este princípio não limita os
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar") deve ser interpretado com as limitações
impostas pelo art. 5º, LXVII, da Constituição. 5- "Habeas-corpus" conhecido em parte
e, nesta parte, indeferido
Luiz Albuquerque 269
STF. RE 253.071 / GO - Goiás, de 29/5/2001
Ementa: - Recurso extraordinário. Alienação fiduciária em garantia. Prisão civil. - Esta
Corte, por seu Plenário (HC 72131), firmou o entendimento de que, em face da Carta
Magna de 1988, persiste a constitucionalidade da prisão civil do depositário infiel
em se tratando de alienação fiduciária, bem como de que o Pacto de São José da
Costa Rica, além de não poder contrapor-se à permissão do artigo 5º , LXVII, da
mesma Constituição, não derrogou, por ser norma infraconstitucional geral, as
normas infraconstitucionais especiais sobre prisão civil do depositário infiel. -
Esse entendimento voltou a ser reafirmado recentemente, em 27.05.98, também por
decisão do Plenário, quando do julgamento do RE 206.482. Dessa orientação divergiu
o acórdão recorrido. - Inconstitucionalidade da interpretação dada ao artigo 7º, item 7,
do Pacto de São José da Costa Rica no sentido de derrogar o Decreto-Lei 911/69 no
tocante à admissibilidade da prisão civil por infidelidade do depositário em alienação
fiduciária em garantia. - É de observar-se, por fim, que o § 2º do artigo 5º da
Constituição não se aplica aos tratados internacionais sobre direitos e garantias
fundamentais que ingressaram em nosso ordenamento jurídico após a promulgação da
Constituição de 1988, e isso porque ainda não se admite tratado internacional com
força de emenda constitucional. Recurso extraordinário conhecido e provido.

Luiz Albuquerque 270


STF. Habeas Corpus nº 87.585, de
19/12/2005
Ementa: DEPOSITÁRIO INFIEL -
PRISÃO. A subscrição pelo Brasil do
Pacto de São José da Costa Rica,
limitando a prisão civil por dívida ao
descumprimento inescusável de prestação
alimentícia, implicou a derrogação das
normas estritamente legais referentes à
prisão do depositário infiel
Luiz Albuquerque 271
6.4: Organização Mundial Do Comércio

Luiz Albuquerque 272


STF. STA 118 AgR / RJ – Rio de Janeiro, de 12/12/2007
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA.
IMPORTAÇÃO DE PNEUMÁTICOS USADOS. MANIFESTO INTERESSE
PÚBLICO. GRAVE LESÃO À ORDEM E À SAÚDE PÚBLICAS. 1. Esgotamento da
instância recursal como pressuposto para formulação de pedido de suspensão de tutela
antecipada. Desnecessidade. Preliminar rejeitada. Precedentes. 2. Lei 8.437/92, art. 4.°.
Suspensão de liminar que deferiu a antecipação dos efeitos da tutela recursal. Critérios
legais. 3. Importação de pneumáticos usados. Manifesto interesse público. Dano
Ambiental. Demonstração de grave lesão à ordem pública, considerada em termos de
ordem administrativa, tendo em conta a proibição geral de não importação de bens de
consumo ou matéria-prima usada. Precedentes. 4. Ponderação entre as exigências para
preservação da saúde e do meio ambiente e o livre exercício da atividade econômica
(art. 170 da Constituição Federal). 5. Grave lesão à ordem pública, diante do manifesto
e inafastável interesse público à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
(art. 225 da Constituição Federal). Precedentes. 6. Questão de mérito.
Constitucionalidade formal e material do conjunto de normas (ambientais e de
comércio exterior) que proíbem a importação de pneumáticos usados. Pedido
suspensivo de antecipação de tutela recursal. Limites impostos no art. 4.° da Lei n.°
8.437/92. Impossibilidade de discussão na presente medida de contracautela. 7. Agravo
Luiz Albuquerque 273
regimental improvido.
6.5 Imunidade de jurisdição

Luiz Albuquerque 274


STF. ACO 633 AgR / SP – São Paulo, de 11/4/2007
Ementa: CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE DE
JURISDIÇÃO. EXECUÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELA
UNIÃO CONTRA ESTADO ESTRANGEIRO.
CONVENÇÕES DE VIENA DE 1961 E 1963. 1. Litígio
entre o Estado brasileiro e Estado estrangeiro: observância
da imunidade de jurisdição, tendo em consideração as
Convenções de Viena de 1961 e 1963. 2. Precedentes do
Supremo Tribunal Federal: ACO 522-AgR/SP e ACO 634-
AgR/SP, rel. Min. Ilmar Galvão, Plenário, 16.9.98 e
25.9.2002, DJ de 23.10.98 e 31.10.2002; ACO 527-AgR/SP,
rel. Min. Nelson Jobim, Plenário, 30.9.98, DJ de 10.12.99;
ACO 524 AgR/SP, rel. Min. Carlos Velloso, Plenário, DJ de
09.05.2003. 3. Agravo não provido
Luiz Albuquerque 275
6.6 Responsabilidade Internacional do
Estado

Luiz Albuquerque 276


STF. Aci 9690 / SP – São Paulo, de 31/8/1988
Ementa: Apelação Cível. Inquerito trabalhista. Despedida de empregado de Consulado-Geral de Estado
estrangeiro. Renuncia a imunidade de jurisdição, pelo Estado estrangeiro, que requereu, perante a
Justiça brasileira, a instauração do inquerito trabalhista. Falta grave. Agressão física a um subordinado.
Incontinencia de conduta. Aspectos anteriores negativos do procedimento funcional do empregado que ja
haviam ensejado sanção disciplinar. Não ocorrencia de "bis in idem" na aplicação da penalidade. Justa causa.
Rescisão do contrato de trabalho, pelo empregador, com base no art. 482, letra "b", da CLT. Afastamento do
serviço, com os salarios, enquanto a Administração do Consulado realizava sindicancia para apuração previa
dos fatos. Não aceitação da "probation", por um ano, pelo empregado. Tentativa anterior de recuperação do
empregado, quando principiou seu declinio funcional. A circunstancia da aplicação do direito trabalhista
brasileiro, para dirimir a controversia ("lex loci executionis"), não implica, por si só, a inviabilidade de
poderem os órgãos do Estado estrangeiro empregador ser considerados, segundo as peculiaridades do
funcionamento de seus serviços e de acordo com disciplina interna a todos os empregados aplicavel,
desde que, a evidencia, não ofenda a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, a teor do
art. 17, da Lei de Introdução ao Código Civil. Os atos de disciplina, ditados pela organização
administrativa da Embaixada ou do Consulado, do Estado estrangeiro, no território nacional,
respeitado o disposto no art. 17, da Lei de Introdução ao Código Civil, hao de ser considerados no
exame de eventual litigio trabalhista posto a apreciação do Poder Judiciario brasileiro. Se um certo
comportamento pode ser tido como toleravel no âmbito de uma empresa pr ivada, não configurando
falta grave, nada obsta te-lo como de maior gravidade, se ocorrer, em relação de emprego, no âmbito de
Repartição estrangeira, no território nacional, que assim lhe empreste, com mais rigor, determinada
disciplina, sempre tendo em conta o parametro do art. 17 da L.I.C.C.. Não se caracterizou, na espécie, dupla
punição, pelo mesmo fato. O afastamento do empregado, sem prejuizo dos salarios, em virtude de fato grave
sucedido no recinto de trabalho do Consulado-Geral em São Paulo, fez-se com o objetivo de tornar viavel a
apuração completa do incidente, segundo diretrizes de serviço do Estado estrangeiro, não atentatorias, na
espécie, ao art. 17, da L.I.C.C.. A atualidade da punição verificou-se. Sentido da não-aceitação, pelo
empregado, da "probation". Nos autos, não só se afirmam as ofensas fisicas contra outro colega, no recinto do
Consulado, mas, também, comportamento do empregado que, progressivamente, o comprometia por desidia,
desinteresse pelo serviço, com o frequente não-cumprimento dos expedientes normais de trabalho e, ainda,
por apresentação, com sinais de ter ingerido alcool, manifestações verificadas em serviço. Procedencia do
inquerito judicial. Falta grave enquadravel nas letras "b" e "h", do art. 482, da CLT, aos fins dos arts.
Luiz Albuquerque 277492 e
493, do mesmo diploma legal. Apelação a que se nega provimento.
STF. Aci 9705 / SP – São Paulo, de 31/8/1988
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL CONTRA DECISÃO
PROLATADA EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.
Imunidade de jurisdição do estado estrangeiro. Esta corte
tem entendido que o próprio estado estrangeiro goza de
imunidade de jurisdição, não só em decorrência dos costumes
internacionais, mas também pela aplicação a ele da
Convenção De Viena Sobre Relações Diplomaticas, de
1961, nos termos que dizem respeito a imunidade de jurisdição
atribuida a seus agentes diplomaticos. Para afastar-se a
imunidade de jurisdição relativa a ação ou a execução
(entendida esta em sentido amplo), e necessario renuncia
expressa por parte do estado estrangeiro. Não ocorrencia,
no caso, dessa renuncia. Apelação cível que não se conhece
em virtude da imunidade deLuizjurisdição
Albuquerque 278
7 QUESTÕES DO EXAME DA
OAB SOBRE DIREITO DOS
TRATADOS

Luiz Albuquerque 279


O direito dos tratados, até meados do século XX, sempre foi regulado, via de regra, pelo
costume internacional. Porém, o trabalho desenvolvido pela Comissão de Direito
Internacional das Nações Unidas, resultou na elaboração e conclusão da Convenção de
Viena sobre Direito dos Tratados, celebrada em 22 de maio de 1969, tendo entrado em vigor
em 27 de janeiro de 1980. Tal instrumento internacional se justificava pelo fundamental
papel que os tratados significaram e significam na história das relações internacionais, bem
como pela importância, cada vez maior, dos tratados como fonte do Direito Internacional e
como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as Nações. Sob o prisma da
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, é correto afirmar, quanto a elaboração,
conclusão e entrada em vigor dos tratados internacionais, EXCETO:
a) Nem todos os Estados têm capacidade para concluir tratados.
b) Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do
texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se
apresentar plenos poderes apropriados ou a prática dos Estados interessados ou outras
circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante
para esses fins e dispensar os plenos poderes.
c) Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são,
dentre outros, considerados representantes do seu Estado: os Chefes de Estado, os Chefes de
Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à
conclusão de um tratado.
d) Um ato relativo à conclusão de um tratado praticado por uma pessoa que, nas formas
ordinárias e expressas de representação estatal previstas pela da Convenção de Viena sobre
Direito dos Tratados, não pode ser considerada representante de um Estado para esse fim,
Luiz Albuquerque 280 não
produz efeitos jurídicos, a não ser que seja confirmado, posteriormente, por esse Estado.
Para fins da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, celebrada em 22 de
maio de 1969, quanto às seguintes expressões empregadas é correto afirmar,
EXCETO:
a) "ratificação" significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação
ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado,
ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas
disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado.
b) "tratado" significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e
regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou
mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.
c) "plenos poderes" significa um documento expedido pela autoridade competente de
um Estado e pelo qual são designadas uma ou várias pessoas para representar o Estado
na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o
consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro
ato relativo a um tratado.
d) "Estado contratante" significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado,
tenha ou não o tratado entrado em vigor.

Luiz Albuquerque 281


Sobre tratados, considerando o disposto na Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados, assinale a alternativa CORRETA:
a) o instituto da reserva, por ser um instituto geral de direito
internacional, é aplicável, sem impedimentos, a todos os tratados;
b) a adoção do texto de um tratado em uma conferência internacional
efetua-se por maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes
[adoção por sucumbência], a menos que estes Estados decidam, por
igual maioria, aplicar uma regra diferente;
c) um ato relativo à conclusão de um tratado praticado por uma pessoa
que não possui, juridicamente, condições de ser considerada
representante de um Estado para a adoção ou a autenticação do texto de
um tratado ou para exprimir o consentimento do Estado em ficar
vinculado por um tratado, é absolutamente nulo, não sendo passível de
convalidação posterior;
d) o preâmbulo de um tratado não se inclui no contexto a ser
considerado para efeitos de interpretação desse tratado.
Luiz Albuquerque 282
Com relação aos tratados internacionais, assinale a
opção correta à luz da Convenção de Viena sobre Direito
dos Tratados, de 1969.
a) Ainda que a existência de relações diplomáticas ou
consulares seja indispensável à aplicação de um tratado, o
rompimento dessas relações, em um mesmo tratado, não
afetará as relações jurídicas estabelecidas entre as partes.
b) Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito
interno para justificar o inadimplemento de um tratado.
c) Reserva constitui uma declaração bilateral feita pelos
Estados ao assinarem um tratado.
d) Apenas o chefe de Estado pode celebrar tratado
internacional.
Luiz Albuquerque 283
A competência para resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional é do:
a) Congresso Nacional;
b) Ministro das Relações Exteriores;
c) Presidente da República;
d) Supremo Tribunal Federal.

Nos termos do art. 84 da Constituição Federal, a competência


privativa para celebrar tratados, atos e convenções internacionais
é do
a) Ministro das Relações Exteriores.
b) Congresso Nacional.
c) Ministério das Relações Exteriores.
d) Presidente da República.
Luiz Albuquerque 284
Plenos poderes significam um documento expedido pela
autoridade competente de um Estado e pelo qual são designadas
uma ou várias pessoas para representar o Estado na negociação,
adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o
consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para
praticar qualquer outro ato relativo a um tratado”. Convenção de
Viena sobre direito dos tratados, de 1969, art. 2.º, § 1º, alínea C.
Algumas pessoas, em virtude de suas funções, estão dispensadas
do documento acima referido para a realização de todos os atos
relativos à conclusão de um tratado. São elas:
a) os presidentes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
b) os chefes de missão diplomática e os cônsules.
c) os representantes dos Estados perante uma organização
internacional.
d) os chefes de Estado, de governo e os ministros das Relações
Exteriores.
Luiz Albuquerque 285
De acordo com a Constituição Federal, os tratados internacionais
devem ser referendados pelo (a)
a) Presidente do Senado Federal.
b) Ministro das Relações Exteriores.
c) Câmara dos Deputados.
d) Congresso Nacional.
Acerca da temática dos tratados internacionais, assinale a opção
correta.
a) O único ato que pode consistir na vinculação do Estado ao tratado, no
plano internacional, é a ratificação.
b) A adesão é o processo de apreciação do texto do tratado pelos Poderes
Legislativos dos Estados.
c) A assinatura tem o efeito de autenticar o texto do tratado, após a sua
aprovação ainda no plano internacional.
d) A ratificação é o ato interno do Poder Executivo na troca ou no
depósito dos instrumentos respectivos.
Luiz Albuquerque 286
Tratados são, por excelência, normas de direito internacional
público. No modelo jurídico brasileiro, como nas demais
democracias modernas, tratados passam a integrar o direito
interno estatal, após a verificação de seu iter de incorporação. A
respeito dessa temática, assinale a opção correta, de acordo
com o ordenamento jurídico brasileiro.
a) Uma vez ratificados pelo Congresso Nacional, os tratados
passam, de imediato, a compor o direito brasileiro.
b) Aprovados por decreto legislativo no Congresso Nacional, os
tratados podem ser promulgados pelo presidente da República.
c) Uma vez firmados, os tratados relativos ao MERCOSUL, ainda
que criem compromissos gravosos à União, são automaticamente
incorporados visto que são aprovados por parlamento
comunitário.
d) Após firmados, os tratados passam a gerar obrigações imediatas,
não podendo os Estados se eximir de suas responsabilidades por
razões de direito interno.
Luiz Albuquerque 287
Um tratado internacional passa a ser vigente no Brasil e pode ser
aplicado pelo juiz, SOMENTE após sua:
a) ratificação pelo Congresso Nacional.
b) ratificação internacional pelo Presidente da República.
c) aprovação pelo Congresso Nacional, por um Decreto Legislativo.
d) promulgação pelo Presidente da República.

De acordo com jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal


Federal, o tratado adquire executoriedade interna no Brasil após:
a) sua ratificação pelo Presidente da República;
b) publicação no Diário Oficial da União do decreto presidencial de sua
promulgação
c) publicação no Diário Oficial da União do decreto legislativo de sua
aprovação;
d) sua assinatura pelo Presidente da República.
Luiz Albuquerque 288
Indique a assertiva verdadeira:
a) a expedição, pelo Presidente da República, de decreto, superadas as
fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprovação
congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado, produz o efeito
básico de conferir a executoriedade do tratado internacional, que passa,
então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo
interno;
b) o Poder Judiciário não dispõe de competência, para, quer em sede de
fiscalização abstrata, quer no âmbito do controle difuso, efetuar o exame
de constitucionalidade dos tratados ou convenções internacionais já
incorporados ao sistema de direito positivo interno;
c) os tratados ou convenções internacionais jamais poderão prevalecer
sobre as regras infraconstitucionais de direito interno pela
impossibilidade de utilização, em eventuais antinomias, dos critérios
cronológico e da especialidade;
d) os tratados internacionais celebrados pelo Brasil podem versar
matéria posta sob reserva constitucional de lei complementar.
Luiz Albuquerque 289
A violação substancial de um tratado multilateral por um dos contratantes
autoriza as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução
do tratado, no todo ou em parte, ou a extinguirem o tratado. Entretanto, tais
regras não se aplicam às disposições sobre
a) a proteção contra a poluição do meio ambiente.
b) a proteção da pessoa humana, contidas em tratados de caráter humanitário.
c) a solidariedade internacional com a prática de atos de terrorismo.
d) privilégios e imunidades dos Estados soberanos.

Com relação à chamada “norma imperativa de Direito Internacional geral”, ou


jus cogens, é correto afirmar que é a norma
(A) prevista no corpo de um tratado que tenha sido ratificado por todos os signatários,
segundo o direito interno de cada um.
(B) reconhecida pela comunidade internacional como aplicável a todos os Estados, da
qual nenhuma derrogação é permitida.
(C) aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e aplicável a todos os Estados
membros, salvo os que apresentarem reserva expressa.
(D) de direito humanitário, expressamente reconhecida pela Corte Internacional de
Justiça, aplicável a todo e qualquer Estado em situação de conflito.
Luiz Albuquerque 290
Um Estado pretende ratificar um tratado, mas, para fazê-lo, almeja
adaptar alguns de seus dispositivos à interpretação que seus
tribunais internos dão a determinado direito contido no tratado.
Nessa situação, o instrumento mais adequado a ser utilizado por esse
Estado é
A) a denúncia
B) a cláusula rebus sic stantibus
C) a suspensão
D) o jus cogens
E) a reserva
Considera-se o tratado incorporado ao direito brasileiro:
A) com o decreto legislativo que aprova a sua ratificação
B) com a remessa ao país contratante ou à organização do texto
ratificado
C) com o decreto do Presidente da República que promulga o tratado
D) com a assinatura do tratado Luiz Albuquerque 291
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes:
A) às normas coletivas
B) às leis complementares
C) às emendas constitucionais
D) às leis ordinárias
E) nenhuma das alternativas acima
Considera-se aperfeiçoado e obrigatório o tratado internacional
multilateral:
A) com ratificação
B) com sua assinatura
C) com o deposito da ratificação no organismo previsto no tratado
D) quando se atinge o quorum de ratificações previsto no tratado em
caso de tratados. Luiz Albuquerque 292

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