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Luiz Albuquerque 1
UNIDADE 2.
Fontes do Direito Internacional
Público
Capítulos:
1. Introdução ao Estudo das Fontes de Direito Internacional
2. Tratados Internacionais
------------------------------------------------------------------------
(Próxima apostila: 2.2 Fontes não convencionais)
3. Costumes
4. Princípios
5. Atos Unilaterais dos Estados
6. Normativas das Organizações Internacionais
Luiz Albuquerque 2
7. Decisões Jurisdicionais
BIBLIOGRAFIA INDICADA:
Todos os manuais de direito internacional
• Alberto Amaral júnior • Ian Sinclair
• Antônio Augusto • João Mota de Campos
Cançado Trindade • José Francisco Rezek
• Antônio Paulo Cachapuz • Malcom.Evans
de Medeiros • Malcom Shaw
• Alain Pellet • Marcelo Varella
• Antonio Remiro Brotons • Martti Koskenniemi
• Gerry Simpson • Ricardo Seitenfus
• Guido Soares • Roberto Luiz Silva
• Hans Kelsen • Sidney Guerra
• Hidelbrando Accioly • Valério Mazzuoli
• Ian Brownlie • Welber Barral
Luiz Albuquerque 4
1) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS FONTES
DE DIREITO INTERNACIONAL
Luiz Albuquerque 5
O conceito de “fonte” de Direito para Kelsen
“‘Fontes’ de Direito é expressão figurativa e
altamente ambígua. É usada não apenas para
designar os diferentes métodos de criar
Direito, mas também para caracterizar a
razão da validade do Direito e, especialmente,
sua razão última.[...]
Por ‘fonte’ de Direito podem ser entendidos
não apenas os métodos de criação, mas também
os métodos de aplicação do direito.”
(KELSEN: 2010, p. 376)
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Noção de Fontes de Direito Internacional
OPPENHEIM: “The sources of law . . . concern the
particular rules which constitute the system, and the
processes by which the rules become identifiable
as rules of law. The sources of the rules of law, while
therefore distinct from the basis of law, are nevertheless
necessarily related to the basis of the legal system as a
whole.”. “The sources set out in Article 38 are, in fact, such
as will ensure the conformity of the resulting rules as a
whole with that common consent of the international
community which is the basis of international law.”
(OPPEHNHEIM apud KRITSIOTIS: 2010, p. )
A Importância da Teoria Das Fontes
No Estudo Do Direto Internacional Face À
Inexistência de uma Identidade Semântica
Os tratados e outras fontes de direito internacional
versam sobre os mais variados aspectos do
relacionamento internacional.
Ao contrário do que acontece em outros ramos do
direito que são compostos por normas com forte
identificação temática, como o direito penal, tributário,
civil, previdenciário, etc., no direito internacional não
há uma identidade temática que nos permita
identificar se uma norma pertence ou não ao campo do
Direito Internacional pelo tipo de conteúdo que ela
regula. Luiz Albuquerque 8
Uma norma é entendida como de direito
internacional não pelo tipo de conteúdo que ela
regula e sim pelo tipo de fonte da qual se originou
Uma norma de direito internacional é
identificada como tal por ter sua validade derivada
de uma fonte de direito internacional.
Isso faz com que o estudo das fontes de direito
internacional seja absolutamente central para a
compreensão dos fundamentos da disciplina.
Então, pergunta-se, quais são as fontes do direito
internacional? De onde emana a autoridade
“jurídica” destas normas.
Luiz Albuquerque 9
“De onde vem o direito internacional”?
O direito internacional foi historicamente marcado
por uma relativa fragilidade institucional, e por
subjetivismos teóricos e por oportunismos políticos
que levaram a dúvidas sobre sua natureza e sobre as
suas fontes.
Neste contexto, desenvolveu-se uma tradição
influenciada pelos juristas do common law de se
entender que a resposta mais segura para saber “o
que é” e “de onde vem o direito internacional” seria
“perguntar ao juiz”.
Luiz Albuquerque 10
A Autoridade do Estatuto da Corte
Permanente de Justiça Internacional
Face a esta tradição de se questionar os
órgãos tidos como mais técnicos para obter
essa respostas, é compreensível que
houvesse tamanho peso ao Estatuto da
Corte Permanente de Justiça
Internacional de 1920 que foi a primeira
grande corte internacional de alcance global
(Corte Centro-Americana de Justiça, 1907-
1918 tinha apenas alcance regional).
Luiz Albuquerque 11
Estudo das fontes tradicionalmente recorre
ao Artigo 38 do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça*
No seu artigo 38, §1º, o Estatuto
determina que as decisões da
Corte serão baseadas no
direito e explica qual
“direito” seria este. Ou seja,
quais seriam as fontes de
direito legitimamente aceitas
como válidas para embasar
decisões condenatórias Hoje, o art. 38
juridicamente vinculantes e continua importante
passíveis de sanção no caso de mas já é insuficiente.
Luiz Albuquerque 12
descumprimento
Estatuto da CIJ: Artigo 38.
§1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:
a) as convenções [tratados, acordos] internacionais, quer gerais, quer
especiais. que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos
Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita
como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas
[WTF?];
d) sob ressalva da disposição do art. 59*, as decisões judiciárias [leia-
se: “jurisprudência”] e a doutrina dos publicistas mais qualificados
das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das
regras de direito.
§ 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte de
decidir uma questão ex aequo et bono [equidade] , se as partes com isto
Luiz Albuquerque 13
concordarem.
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
A lista de fontes cravadas no Artigo 38 só é
exaustiva para os objetivos que lhe
foram traçados dentro do funcionamento
da Corte. Isto é, para embasar as decisões
dos juízes de modo atentar ser o máximo
“juridicamente” objetivo, e não
“politicamente” subjetivo.
Luiz Albuquerque 14
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
Os juristas e diplomatas que criaram o
artigo 38 estavam pensando em um aspecto
prático do funcionamento de um tribunal.
Eles não tinham diretamente o propósito
de subsidiar de tal maneira o estudo
acadêmico do direito internacional no que
se refere à “Teoria das Fontes”
Luiz Albuquerque 15
Limites do Art. 38:
Um ponto de partida e não de chegada
A busca pelas fontes feita através do Artigo
38 é apenas um caminho que se
popularizou entre os jus-internacionalistas.
Não há um embasamento teórico definido
para sustentar a primazia da abordagem do
estudo das fontes pelo Artigo 38 sobre as
demais abordagens teóricas possíveis.
Luiz Albuquerque 16
Manuais Atos Normativas Decisões Jus Soft Comentário
Unilaterais de Org. Int jurisdicionais Cogens Law
Acciolly * * *
Amaral Jr. * * *
Araújo * +- * Contradição qto às normativas; Noção
restritiva de Soft Law
Barral *
Del’Olmo *
Dreyffus * *
Finkelstein *
Gama * *
Guerra * *
Litrento Equidade (FF)
Malheiro
Mazzuoli * * *
Pellet * *
Pereira * Jurisprudência e doutrina são fontes.
Rezek * *
Silva * *
Luiz Albuquerque 17
Varella * *
Ausência de Hierarquia entre
diferentes tipos de fontes
Ao contrário do sistema jurídico nacional
estruturado em uma base hierárquica, as
fontes de direito internacional não têm
uma hierarquia pré-definida entre elas.
Por isso, se houver um caso de conflito
entre normas de direito internacional,
será necessário aplicar os métodos e
critérios de resolução de conflito de
normas (ponderação, critério
cronológico, critério da especialidade,
etc.) Luiz Albuquerque 18
UNIDADE 2
Fontes do Direito Internacional Público
CAPÍTULO 2
TRATADOS INTERNACIONAIS
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SEÇÕES
1 Conceitos De “Tratados”
2 Tópicos Da Teoria Geral Dos Tratados
3 Convenção De Viena Sobre O Direito Dos Tratados
4 Tramitação Dos Atos Internacionais E Incorporação Ao
Direito Interno
5 Relações Entre O Direito Interno E O Tratado
Internacional
6 Jurisprudência Brasileira Na Aplicação Dos Tratados
7 Questões Do Exame Da OAB Sobre Direito Dos Tratados
Luiz Albuquerque 20
O direito internacional surge, enquanto um sistema,
no momento (referencia de 1648) em que os
Estados-Nação modernos estão se consolidando e
precisam desenvolver um sistema de
relacionamento entre eles. A principal referência
sobre como estruturar este complexo tipo de
interação entre soberanias vinha do próprio direito
privado europeu. O direito privado tinha a base
estruturante que poderia servir de modelo ou
inspiração para o jovem sistema inter-estatal.
Luiz Albuquerque 21
Influência do direito privado
A influência do direito privado permitiu a
sistematização do direito internacional público
por analogia. E quem fez esta operação de maneira
mais consistente no seu tempo foi Grócio.
Mas ele pôde fazer isso graças, em parte, ao
brilhante trabalho dos franciscanos de Salamanca
que – antes dele – usaram o “mindset”, o
vocabulário e a “gramática” do direito privado
para se expressar em termos de direito internacional;
Luiz Albuquerque 22
À esquerda: Padre Francisco Vitória (1483-1546); e, à direita, Padre
Francisco Suarez (1548 – 1617) ambos da Universidade de Salamanca
Para Koskenniemi em “Empire and international law:
the real Spanish contribution”, esta foi a grande
contribuição intelectual dos espanhóis Francisco
Vitória (De indis) , e Francisco Suarez (Tractatus de
legibus ac deo legislatore) à Teoria do Direito
Internacional, que alimentou Grócio e seus
sucessores. Luiz Albuquerque 23
“This essay will, however, claim that the principal
legacy of the Salamanca scholars lay in their
development of a vocabulary of private rights
(of dominium) that enabled the universal ordering
of international relations by recourse to private
property, contract, and exchange. This
vocabulary provided an efficient articulation for
Europe’s ‘informal empire’ over the rest of the
world and is still operative as the legal foundation
of global relations of power.”(Grifos nossos)
(KOSKENNIEMI: 2011, p. 1)
Luiz Albuquerque 24
Friedrich Kratochwil, em seu artigo “The Limits of Contract”:
But even more importantly, the generative force of private
law institutions for the development of the international
legal order can be seen in their capacity to provide 'standard
solutions' to new problems by means of analogy. […]
However, no analogy has attained as pivotal an importance as
'contract'. It 'solved' the problem of how 'persons of
sovereign authority' were to relate to each other in
international politics, i.e. on the basis of consent and
treaties as analogues to contracts
exchange. Thus,
gave rise to voluntarily created rights and
obligations, while at the same time preserving
the sovereigns' independence and authority.
Luiz Albuquerque 25
(KRATOCHWIL: 1994, P. 465)
Grócio e a sistematização do Direito
Internacional do Tratados
Mas foi com “De Jure Belli Ac Pacis”, publicado em 1625,
que Grócio se tornou conhecido como o “pai” do direito
internacional. Esta obra é dividida em três livros. O Livro I
aborda seus conceitos básicos de guerra, justiça (natural)
poder soberano e sustenta que há circunstâncias em que o
recurso à guerra seria juridicamente defensável. Estes são seus
três capítulos:
• CHAPTER 1: On War and Right.
• CHAPTER 2: Inquiry Into the Lawfulness of War.
• CHAPTER 3: The Division of War Into Public and
Luiz Albuquerque Power.
Private and the Nature of Sovereign 26
Direito Natural ≠ Direito Internacional
No Capítulo 1, parágrafo XIII, Grócio reconhece a
herança de Salamanca – particularmente de Franciso
Suarez – e desenvolve a ideia de direito internacional
“voluntário” como algo diferente do direito natural
ou do direito divino: “It has been already remarked,
that there is another kind of right, which is the
voluntary right, deriving its origin from the will, and is
either human or divine.”. Enquanto o direito natural
seria imutável no tempo e no espaço, havia um direito
das (entre as) nações que era diferente nos diferente
lugares: Luiz Albuquerque 27
No Livro II Grócio explica quais
seriam as circunstâncias em que
haveria uma causa justa para a
guerra, ou seja, quando haveria um
“direito” à guerra (jus ad bellum).
São os seguintes 25 capítulos:
Luiz Albuquerque 28
• CHAPTER 1: Defense of Person and Property.
• CHAPTER 2: The General Rights of Things.
• CHAPTER 3: On Moveable Property.
• CHAPTER 4: Title to Desert Lands by Occupancy, Possession, and Prescription.
• CHAPTER 9: In What Cases Jurisdiction and Property Cease.
• CHAPTER 10: The Obligation Arising From Property.
• CHAPTER 11: On Promises
• CHAPTER 13: On Oaths
• CHAPTER 15: On Treaties and on Engagements Made by Delegates Exceeding
their Power.
• CHAPTER 16: The Interpretation of Treaties
• CHAPTER 17: On Damages Occasioned by Injury and the Obligation to Repair Them.
• CHAPTER 18: On the Right of Embassies.
• CHAPTER 19: On the Right of Burial
• CHAPTER 20: On Punishments.
• CHAPTER 21: On the Communication of Punishment.
• CHAPTER 22: On the Unjust Causes of War.
• CHAPTER 23: On Doubtful Causes
• CHAPTER 24: Precautions Against Rashly Engaging in War, Even Upon Just Grounds.
• CHAPTER 25: The Causes of Undertaking
LuizWar for Others.
Albuquerque 29
E mais do que isso, Grócio estabelece,
especialmente no Capítulo 15, uma base
sobre a qual estruturar o direito dos
tratados. O primeiro ponto importante é
que ele esclarece a relação entre tratado e
soberania: “The burdens attached to
unequal treaties, where no diminution of
sovereignty takes place, may be either
transitory or permanent.” (GRÓCIO: Livro
II, Capítulo 15, Parágrafo VII)
Luiz Albuquerque 30
No parágrafo VIII, não apenas ele trata do
caráter universal do relacionamento
internacional através dos tratados, como ,
acima de tudo, ele consagra o mecanismo
da articulação pelos tratados como um
meio legítimo para se criar normas (de
direito internacional) válidas e
vinculantes.
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Grócio comenta as consequências que a
violação de um tratado pode ter
desobrigando a parte prejudicada:
“If one of the parties violates a treaty,
such a violation releases the other from its
engagements. For every clause has the
binding force of a condition.” (GRÓCIO:
Livro II, Capítulo 15, Parágrafo XII)
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1) CONCEITOS DE “TRATADOS”
Antes de conhecer os conceitos clássicos, tentem formular
um conceito de “tratado” com base no conhecimentos de
Direito e de História que vocês já têm.
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Conceito da Convenção de Viena sobre
Direito dos Tratados (CVDT)
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Conceito Operacional de Tratado
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SEÇÕES
2.1 Nomenclatura
2.2 Efeitos Jurídicos
2.3 Classificação Dos Tratados
2.4 Estrutura Básica Do Tratado
2.5 Duração
2.6 A Questão Do Idioma
Luiz Albuquerque 38
2.1 Nomenclatura
• TRATADO. A expressão Tratado foi escolhida pela Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, como termo para designar,
genericamente, um acordo internacional. Denomina-se tratado o ato
bilateral ou multilateral ao qual se deseja atribuir especial relevância
política. Nessa categoria se destacam, por exemplo, os tratados de paz e
amizade, o Tratado da Bacia do Prata, o Tratado de Cooperação
Amazônica, o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, o Tratado de
Proibição Completa dos Testes Nucleares.
• CONVENÇÃO. Num nível similar de formalidade, costuma ser
empregado o termo Convenção para designar atos multilaterais,
oriundos de conferências internacionais e que versem assunto de
interesse geral, como por exemplo, as convenções de Viena sobre
relações diplomáticas, relações consulares e direito dos tratados; as
convenções sobre aviação civil, sobre segurança no mar, sobre questões
trabalhistas. É um tipo de instrumento internacional destinado em geral a
estabelecer normas para o comportamento dos Estados em uma gama
cada vez mais ampla de setores. No entanto, existem algumas, poucas é
verdade, Convenções bilaterais, como a Convenção destinada a evitar a
dupla tributação e prevenir a evasão fiscal celebrada com a Argentina
Luiz Albuquerque 39
(1980)
•CARTA. As organizações internacionais são fundadas mediante a celebração de um
tratado, que pode receber denominações diversas. Pode ser uma "Carta", como a Carta
das Nações Unidas ou a Carta dos Estados Americanos; pode ainda denominar-se
"Constição”. Carta também pode indicar a proclamação de princípios;
•ACORDO. O Brasil tem feito amplo uso desse termo em suas negociações bilaterais
de natureza política, econômica, comercial, cultural, científica e técnica. Acordo é
expressão de uso livre e de alta incidência na prática internacional, embora alguns
juristas entendam por acordo os atos internacionais com reduzido número de
participantes e importância relativa. No entanto, um dos mais notórios e importantes
tratados multilaterais foi assim denominado: Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(GATT). O acordo toma o nome de Ajuste ou Acordo Complementar quando o ato dá
execução a outro, anterior, devidamente concluído. Em geral, são colocados ao abrigo
de um acordo-quadro ou acordo-básico, dedicados a grandes áreas de cooperação
(comércio e finanças, cooperação técnica, científica e tecnológica, cooperação cultural e
educacional). Esses acordos criam o arcabouço institucional que orientará a execução
da cooperação. Acordos podem ser firmados, ainda, entre um país e uma organização
internacional, a exemplo dos acordos operacionais para a execução de programas de
cooperação e os acordos de sede.
•PROTOCOLO. Protocolo é um termo que tem sido usado nas mais diversas acepções,
tanto para acordos bilaterais quanto para multilaterais. Aparece designando acordos
menos formais que os tratados, ou acordos complementares ou interpretativos de
tratados ou convenções anteriores. É utilizado ainda para designar a ata final de uma
conferência internacional. Tem sido usado, na prática diplomática brasileira, muitas
vezes sob a forma de "protocolo de intenções", para sinalizar um início de
compromisso.
Luiz Albuquerque 40
•CONVÊNIO. O termo convênio, embora de uso freqüente e tradicional, padece do
inconveniente do uso que dele faz o direito interno. Seu uso está relacionado a matérias
sobre cooperação multilateral de natureza econômica, comercial, cultural, jurídica,
científica e técnica, como o Convênio Internacional do Café; o Convênio de Integração
Cinematográfica Ibero-Americana; o Convênio Interamericano sobre Permissão
Internacional de Radioamador. Também se denominam "convênios" acertos bilaterais,
como o Convênio de Cooperação Educativa, celebrado com a Argentina (1997); o
Convênio para a Preservação, Conservação e Fiscalização de Recursos Naturais nas
Áreas de Fronteira, celebrado com a Bolívia (1980);
■ Natureza:
- umbrella treaty amplo, grandes limites normativos, abriga outros tratados complementa e
especifica;
- tratado-quadro (moldura) direitos e deveres de maneira vaga que pedem regulamentação
pormenorizada, reuniões periódicas; tratado contato/ tratado lei
■ EXECUÇÃO NO TEMPO
Estática x Dinâmica
∟ situação jurídica Definitiva ∟ vincula as partes por prazo certo ou indefinido;
■ EXECUÇÃO NO ESPAÇO
Aplicação a todo território x Aplicação limitada
∟Padrão, usual ∟”Cláusula Colonial”
Luiz Albuquerque 48
2.4 Estrutura Básica Do Tratado
Tratado sobre Tal Coisa (Título)
Argentina, Brazil, China (Preâmbulo*)
Considerando as razões tais e tais (Consideranda):
Art. 1º As partes devem a fazer tal coisa
(Articulado/Parte dispositiva))
Feito em Belo Horizonte, em 11 de agosto de 2015 (Fecho)
Cristina Kirchner Dilma Roussef Hu Jintao (Assinatura)
(Selo)
Luiz Albuquerque 54
Cláusulas Processualísticas sobre Reservas
Nos Atos multilaterais, um Estado pode divergir de
determinado artigo, formulando uma reserva desde que não
haja, nas cláusulas processuais:
a) proibição expressa à formulação de reservas em geral;
b) proibição de formular determinadas reservas;
c) indicação de que a reserva é incompatível com a finalidade
do Ato.
A reserva pode ser formulada no momento da assinatura,
ratificação ou adesão.
Um Estado pode, ainda, divergir da interpretação feita pela
maioria dos signatários para determinado artigo. Neste caso,
será formulada uma declaração interpretativa.
Luiz Albuquerque 55
Cláusulas Processualísticas sobre entrada em vigor
● Na data da assinatura: ocorre nos acordos em forma simplificada,
quando a substância do ato, por não exigir trâmites internos para sua
aprovação (referendo congressional, ratificação) permite a imediata
entrada em vigor.
“O presente (Ato) entrará em vigor na data de sua assinatura”
● Em data pré-fixada: quando um Ato, que independe de aprovação
congressional e ratificação, estipula a própria entrada em vigor em
determinada data prevista; também ocorre nos casos de Ajustes
Complementares assinados antes da entrada em vigor do Acordo-
Quadro ou Básico (nesses casos, o Ajuste entra em vigor na data em que
tiver início a vigência de tal Acordo).
● Por troca de notificações: cada parte notifica a outra do
cumprimento dos requisitos exigidos pelo seu ordenamento jurídico para
a aprovação do ato, o qual entra em vigor na data da segunda
notificação. “O presente (Ato) entrará em vigor na data do recebimento
Luiz Albuquerque
da segunda Nota atestando o cumprimento dos requisitos internos” 56
Cláusulas Processualísticas sobre entrada em vigor (II)
● Por troca de instrumentos de ratificação: quando se quer
conferir solenidade à entrada em vigor de um ato; é de praxe
que, tendo sido o ato assinado em uma das partes, a troca dos
instrumentos seja realizada na capital da outra parte.
“O presente (Ato) entrará em vigor no momento da troca de
instrumentos de ratificação”
● Por depósito de instrumentos de adesão ou aceitação de
tratado multilateral: estas têm a mesma natureza jurídica da
ratificação.
● Por cumprimento de condição preestabelecida: ocorre,
geralmente, em atos multilaterais, nos quais se estabelece a
entrada em vigor após a ratificação por um número
determinado de membros. Luiz Albuquerque 57
Cláusulas Processualísticas sobre Emendas
É recomendável que se estabeleça, entre as cláusulas do ato,
um dispositivo referente a modificações, por meio de
emendas.
À semelhança do que sucede com o ato original, devem as
emendas dispor de um mecanismo de entrada em vigor, que
deve obedecer aos mesmos requisitos legais do instrumento
original. A emenda pode entrar em vigor por meio de troca de
notificações, de sorte a afastar, com clareza, eventuais dúvidas
sobre a possibilidade de deverem ser submetidas ao
Congresso Nacional.
“As eventuais emendas a este (Ato) serão apresentadas e
negociadas por via diplomática, e sua entrada em vigor
obedecerá aos mesmos requisitos legais deste (Ato)”.
Luiz Albuquerque 58
Cláusulas Processualísticas sobre Solução de
controvérsias
É fundamental definir a forma de solução de
divergências e controvérsias relativas à interpretação
ou execução dos atos, pelos canais diplomáticos ou
outros mecanismos pacíficos.
“Qualquer controvérsia relativa à [
interpretação ] [ execução ] do presente
(Ato) será resolvida pelas Partes por via
diplomática.”
Luiz Albuquerque 59
Cláusulas Processualísticas sobre Lacunas
Luiz Albuquerque 60
2.5 Duração
A vigência pode ser:
Ilimitada: exige um ato de denúncia;
Por prazo fixo: extingue-se por decurso de prazo,
fixado entre as partes ou pelo cumprimento do
especificado no ato (exemplo, acordo para a
construção de uma ponte internacional o para uma
reunião internacional);
Por prazo determinado, com prorrogação automática
por iguais períodos. Nesse caso, possibilita-se a
denúncia às partes que não desejem a sua renovação.
Pode-se dizer, portanto, que os prazos de vigência dos
atos internacionais variam de caso a caso.
Luiz Albuquerque 61
Cláusulas Processualísticas sobre duração
● Ilimitado: não há previsão explícita de término; para ser
desconstituído, o ato exige uma ação de denúncia.
“O presente (Ato) entrará em vigor ... e terá vigência ilimitada”.
● Por prazo fixo: como não possui renovação automática, o ato exige
uma ação das Partes para manter-se vigente; a falta de iniciativa ou
manifestação encerra a vigência do ato.
“O presente (Ato) entrará em vigor ... e terá vigência de XX anos”.
● Por prazo determinado, com prorrogação automática, por iguais
períodos: fixa-se uma temporalidade inicial, que se renova
automaticamente; é a modalidade mais usada, pois a denúncia ou
desconstituição requer manifestação de uma das partes; os prazos
geralmente variam de três a cinco anos; em alguns casos, a renovação se
estende até o cumprimento do objeto. “O presente (Ato) terá vigência de
XX anos e [ será renovado automaticamente por igual período até que
uma das partes manifeste sua intenção de denunciá-lo ] [ poderá ser
renovado automaticamente, até Luiz
o Albuquerque
cumprimento de seu objeto ]. 62
Extinção De Tratados
- Execução integral;
- Consentimento mútuo;
- Termo/prazo
- Redução do número de partes;
- Ab-rogação por outro tratado. Esta última se dá
com a aprovação e entrada em vigor de outro ato
sobre o mesmo assunto que substitui o anterior.
Normalmente ela é expressa no texto do novo ato;
- Teoria da imprevisão (rebus sic standibus)
- Guerra entre as partes do tratado;
Luiz Albuquerque 63
Cláusulas Processualísticas sobre Término
Via de regra, o ato internacional termina por expiração do
prazo ou por denúncia. O mecanismo normalmente utilizado é
a Nota Diplomática, passada pela parte denunciante.
Na denúncia ou desconstituição, três aspectos devem ser
considerados: o mecanismo de denúncia, o prazo para sua
completa efetivação e a situação das ações em andamento.
É conveniente que, na própria cláusula de denúncia, seja
fixado prazo para sua efetivação, contado a partir do
recebimento da Nota diplomática. Este procedimento evita os
inconvenientes de uma denúncia abrupta. De modo geral, os
prazos de efetivação da denúncia são de três ou seis meses,
podendo chegar ao máximo de um ano.
Luiz Albuquerque 64
Denúncia
•Ato formal unilateral pelo qual o Estado parte em
um tratado comunica as demais partes do seu desejo
de não mais continuar a se manter juridicamente
vinculado a este tratado.
•Atributo da Soberania;
•A denúncia é efetuada, normalmente, por nota
diplomática passada pela Parte denunciante.
•Aviso Prévio. É conveniente a fixação de prazo para
a efetivação da mesma - em geral de 3 a 6 meses,
podendo chegar no máximo a 1 ano -, bem como de
previsão de que os projetos em curso não serão
afetados.
•Estado não pode descumprir tratado antes de expirado
o aviso prévio, senão configura-se-á violação do
tratado. Luiz Albuquerque 65
CVDT: Artigo 56 Denúncia ou Retirada de um Tratado Que
Não Contém Disposições Sobre Extinção, Denúncia ou
Retirada
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua
extinção, e não prevê denúncia ou retirada, é insuscetível de
denúncia ou retirada [???], a menos:
a) que se estabeleça terem as partes admitido a
possibilidade da denúncia ou retirada; ou
b) que o direito de denúncia ou retirada possa ser
deduzido da natureza do tratado.
2. Uma parte deve notificar, com pelo menos doze meses de
antecedência, sua intenção de denunciar ou de se retirar de um
tratado, de conformidade com o parágrafo 1.
Luiz Albuquerque 66
Cláusulas Processualísticas sobre Término: Denúncia
Luiz Albuquerque 70
3) CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE
O DIREITO DOS TRATADOS (1969)
Luiz Albuquerque 71
Os TRATADOS existem há milhares de anos e o Direito
(costumeiro) dos Tratados também existe há milhares de
anos, desde antes de se ter o Estado-Nação moderno e antes do
direito internacional enquanto um sistema jurídico.
• O tratado mais antigo documentado é o celebrado entre Lagash e
Umma, Cidades-Estados da Mesopotâmia, relativo à fronteira comum.
• Um dos tratado mais famosos da Antiguidade é o de Kadesh, entre
Ramsés II do Egito e Hatusil III dos hititas no séc. XIII a.C.
• Os tratados são usados há milhares de anos como fontes de obrigações
e direitos entre “Estados” (independente do tipo específico que seja).
L. Albuquerque 72
DECRETO 7.030, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009
Promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados,
concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66.
O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto
Legislativo 496, de 17 de julho de 2009, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados,
concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66;
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da referida
Convenção junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas em 25 de setembro de 2009; decreta :
Art. 1º A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969,
com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por cópia ao presente Decreto, será executada e
cumprida tão inteiramente como nela se contém.
Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar
em revisão da referida Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição.
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de dezembro de 2009; 188º da Independência e 121º da República.
Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Albuquerque 73
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados
Países Partes, Signatários (sem ratificação) e não signatários
Mesmo os países que não são formalmente partes da CVDT estão ligados às suas normas, pois a
CVDT basicamente positivou normas costumeiras do direito dos tratados que já existiam e que
já vinculavam os países como direito consuetudinário.
Luiz Albuquerque 74
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados
Preâmbulo
Os Estados partes na presente Convenção,
Considerando o papel fundamental dos tratados na
história das relações internacionais,
Reconhecendo a importância cada vez maior dos tratados
como fonte do direito internacional e como meio de
desenvolver a cooperação pacífica entre as nações,
quaisquer que sejam seus regimes constitucionais e
sociais,
Observando que os princípios do livre consentimento e
da boa-fé e a regra pacta sunt servanda são
universalmente reconhecidos,
Afirmando que as regras do direito internacional
costumeiro continuarão a reger as questões que não forem
reguladas nas disposiçõesLuizda presente Convenção,
Albuquerque 75
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
Luiz Albuquerque 76
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
Contexto, Conjuntura
Circunstâncias
Texto do
Tratado
-------------
---------
---------
----
Luiz Albuquerque 78
Usando o contexto para interpretar o texto de
um tratado
Ocasião da Conclusão do
Tratado
Vamos combinar
um negócio sobre
o tratado...
Documento
Texto do interpretando
Tratado um termo do
Bla, bla, tratado
Bla, bla
Acreditamos
Combinado sobre que bla, bla,
um aspecto do signifique
tratado tã-nã-nã
Luiz Albuquerque 79
Artigo 31 Regra Geral de Interpretação
3. Será levado em consideração, juntamente com o
contexto:
a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à
interpretação do tratado ou à aplicação de suas
disposições;
Maneira 1 Maneira 2
Texto do
Interpretação Interpretação
Tratado
conflitante, compatível com
incompatível Bla, bla, outras normas do
com outras bla, bla DI
normas do DI
Interpretação
compatível deve ser a
correta. O DIP ajuda a
interpretar os tratados
Luiz Albuquerque 82
Artigo 32. Meios Suplementares de Interpretação
Luiz Albuquerque 85
CVDT: Artigo 26.
Luiz Albuquerque 87
Artigo 27. Direito Interno e
Observância de Tratados.
Uma parte não pode invocar as
disposições de seu direito interno para
justificar o descumprimento de um
tratado. Luiz Albuquerque 88
Artigo 60 Extinção ou Suspensão da
Execução de um Tratado em
Conseqüência de Sua Violação (§3º)
Tratado “T”
Considerando as circunstâncias
“X” e bla, bla, bla,
Art. 1 xxxxxxx
Art. 2 xxxxxxx
Art. 3 xxxxxxx
“Cláusula invisível”: Rebus Sic
Standibus (“Contanto que as
coisas [as circunstâncias X]
Luiz Albuquerque 93
continuem como estão.”)
Artigo 62. Mudança Fundamental de Circunstâncias
(Rebus Sic Standibus)
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias,
ocorrida em relação àquelas existentes no momento da
conclusão do tratado e não prevista pelas partes, não
pode ser invocada como causa para a extinção ou a
retirada do tratado, a menos que [i.e. só pode se]:
a) a existência dessas circunstâncias tenha constituído
uma condição essencial do consentimento das partes
em se obrigarem pelo tratado; e
b) essa mudança tenha por efeito a transformação
radical da natureza das obrigações ainda pendentes
de cumprimento em virtude do tratado.
Luiz Albuquerque 94
Ocorrência das
Mudança
circunstâncias “X” foram
fundamental
condição essencial para
imprevisível nas
que “A” e “B” quisessem
Circunstâncias “X”
fazer o Tratado T
Linha do tempo
País “B” alega a
País “A” País “B” País “A” País “B” Rebus sic standibus
para não cumprir
Tratado T
Tratado Tratado
T T
Luiz Albuquerque 97
Artigo 62. Mudança Fundamental de
Circunstâncias (Rebus Sic Standibus) (Continuação)
Jus
Cogens
Normas imperativas de
Direito Internacional Geral
Contexto, Conjuntura
Circunstâncias
Regras do jogo Tratado
-------------
Dinâmicas de interação Negociação ---------
---------
Poder de ----
barganha
das partes
Objeto do DIP
para o Positivista
Decreto
Legislativo
Luiz Albuquerque 145
Estudo de caso: United Nations Convention on
Contracts for the International Sale of Goods (CISG)
Convenção da
ONU realizada
em Viena em
1980. Brasil não
foi signatário.
Linha = Tratado
Feito Por Mediação De Sua Majestade Britânica, Assinado No Rio De Janeiro A 29 De Agosto De 1825, E
Ratificado Por Parte De Portugal Em 15 De Novembro E Pela Do Brasil Em 30 De Agosto Do Dito Ano.
Em nome da Santíssima e Indivisível Trindade.
Sua Majestade Fidelíssima, tendo constantemente no seu real ânimo os mais vivos desejos de restabelecer a
paz, amizade e boa harmonia entre povos irmãos, que os vínculos mais sagrados devem conciliar e unir em
perpétua aliança; para conseguir tão importantes fins, promover a prosperidade geral e segurar a existência
política e os destinos futuros de Portugal, assim como os do Brasil, e querendo de uma vez remover todos
os obstáculos que possam impedir a dita aliança, concórdia e felicidade de um e outro Estado, por seu
diploma de l3 de Maio do corrente ano reconheceu o Brasil na categoria de Império independente e
separado dos Reinos de Portugal e Algarves, e a seu sobre todos muito amado e prezado filho D. Pedro por
Imperador, cedendo e transferindo de sua livre vontade a soberania do dito Império ao mesmo seu filho,
e seus legítimos sucessores, e tomando somente e reservando para a sua pessoa o mesmo título.
Luiz Albuquerque 180
ART. I – Sua Majestade Fidelíssima reconhece
o Brasil na categoria de Império independente e separado dos Reinos de
Portugal e Algarves; e a seu sobre todos muito amado e prezado filho D. Pedro por Imperador, cedendo e transferindo de
sua livre vontade a soberania do dito Império ao mesmo seu filho e a seus legítimos sucessores . Sua Majestade Fidelíssima
toma sòmente e reserva para a sua pessoa o mesmo título.
ART. II – Sua Majestade Imperial, em reconhecimento de respeito e amor a seu augusto pai o Senhor D. João VI, anuiu a que sua Majestade Fidelíssima tome
para a sua pessoa o título de Imperador.
ART. III – Sua Majestade Imperial promete não aceitar proposição de quaisquer Colónias Portuguesas para se
reunirem ao Império do Brasil.
ART. IV – Haverá de agora em diante paz e aliança e a mais perfeita amizade entre os Reinos de Portugal e Algarves e
o Império do Brasil com total esquecimento das desavenças passadas entre os povos respectivos.
ART. V – Os súbditos de ambas as Nações Portuguesa e Brasileira serão considerados e tratados nos respectivos
Estados como os da nação mais favorecida e amiga, e seus direitos e propriedades religiosamente guardados e
protegidos; ficando entendido que os actuais possuidores de bens de raiz serão mantidos na posse pacífica dos mesmos
bens.
ART. VI – Toda a propriedade de bens de raiz ou móveis e acções, sequestradas ou confiscadas, pertencentes aos súbditos de ambos os Soberanos de Portugal e
do Brasil, serão logo restituídas, assim como os seus rendimentos passados, deduzidas as despesas da administração, os seus proprietários indemnizados
recìprocamente pela maneira declarada no Artigo VIII.
ART. VII – Todas as embarcações e cargas apresadas, pertencentes aos súbditos de ambos os Soberanos, serão semelhantemente restituídas ou seus
proprietários indemnizados.
ART. VIII – Uma comissão nomeada por ambos os Governos, composta de portugueses e brasileiros em número igual, e estabelecida onde os respectivos
Governos julgarem por mais conveniente, será encarregada de examinar a matéria dos Artigos VI e VII; entendendo-se que as reclamações deverão ser feitas
dentro do prazo de um ano, depois de formada a Comissão, e que, no caso de empate nos votos, será decidida a questão pelo Representante do Soberano
Mediador. Ambos os Governos indicarão os fundos por onde se hão-de pagar as primeiras reclamações liquidadas.
ART. IX – Todas as reclamações públicas de Governo a Governo serão recìprocamente recebidas e decididas, ou com a restituição dos objectos reclamados, ou
com uma indemnização do seu justo valor. Para o ajuste destas reclamações ambas as Altas Partes Contratantes convieram em fazer uma Convenção directa e
especial.
ART. X – Serão restabelecidas desde logo as relações de comércio entre ambas as Nações Portuguesa e Brasileira, pagando reciprocamente todas as
mercadorias 15 por cento de direitos de consumo provisòriamente; ficando os direitos de baldeação e reexporttação da mesma forma que se praticava antes
da separação.
ART. XI – A recíproca troca das ratificações do presente Tratado se fará na cidade de Lisboa dentro do espaço de cinco meses ou mais breve se for possível,
contados do dia da assinatura do presente Tratado. Em testemunho do que, nós, abaixo assinados, Plenipotenciários de Sua Majestade Fidelíssima e de Sua
Majestade Imperial, em virtude dos nossos respectivos plenos poderes, assinámos o presente Tratado com os nossos punhos, e lhe fizemos pôr o selo das nossas
armas. Feito na cidade do Rio de Janeiro, aos 29 dias do mês de Agosto de 1825.
Luiz Albuquerque 181
DECRETO
7.773, de 4.7.2012 Dispõe sobre a execução no território nacional da Resolução 2040 (2012), de 12 de março de 2012, do Conselho de
Publicado no DOU de Segurança das Nações Unidas que, entre outras disposições, altera o regime de sanções aplicadas à República Árabe da
5.7.2012 Líbia.
7.763, de 19.6.2012
Promulga o Acordo, por troca de Notas, para o Estabelecimento de uma Faixa Non Aedificandi em Zonas Urbanas entre o
Publicado no DOU de
20.6.2012
Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Paraguai, firmado em Assunção, em abril de 2008.
7.761, de 19.6.2012 Promulga o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Bolívia para a
Publicado no DOU de Construção de uma Ponte Internacional sobre o Igarapé Rapirrã entre as Cidades de Plácido de Castro e Montevidéu, firmado
20.6.2012 em La Paz, em 17 de dezembro de 2007.
7.754, de 14.6.2012 Dispõe sobre a execução, no território nacional da Resolução 2036 (2012), de 22 de fevereiro de 2012, adotada pelo Conselho
Publicado no DOU de de Segurança das Nações Unidas que, entre outras disposições, requer que os Estados adotem as medidas necessárias a
15.6.2012 impedir a importação de carvão vegetal da Somália.
7.739, de 28.5.2012 Promulga o Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Organização das Nações Unidas para a Realização da
Publicado no DOU de Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro, Brasil, de 13 a 22 de junho de
29.5.2012 2012.
7.734, de 25.5.2012 Dispõe sobre a execução do Nonagésimo Segundo Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica no 18
Publicado no DOU de (92PA-ACE18), assinado entre os Governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do
28.5.2012 Paraguai e da República Oriental do Uruguai, de 24 de fevereiro de 2012.
7.722, de 20.4.2012 Dispõe sobre a execução no Território Nacional das Resoluções no 1540 (2004), e no1977 (2011), adotadas pelo Conselho de
Publicado no DOU de Segurança das Nações Unidas em 28 de abril de 2004 e em 20 de abril de 2011, as quais dispõem sobre o combate à
23.4.2012 proliferação de armas de destruição em massa e sobre a vigência do Comitê 1540.
7.684, de 1º.3.2012
Promulga o Acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Federal da Alemanha sobre
Publicado no DOU de
2.3.2012
o Estatuto de Instituições Culturais e seus Técnicos Enviados, firmado em Berlim, em 1o de junho de 2005.
7.667, de 11.1.2012
Publicado no DOU de Promulga o Tratado Constitutivo da UniãoLuiz Albuquerque
de Nações 186
Sul-Americanas, firmado em Brasília, em 23 de maio de 2008.
12.1.2012
4.6 Registro
Promulgação
Registro e Publicação Ratificação
Tratados
Luiz Albuquerque 201
CR, Art. 102. Compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão
recorrida:
b) declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal;
Norma A1 ≠ Norma B2
Critério Cronológico:
Norma posterior prevalece sobre anterior
Norma S1 ≠ Critério
Norma I2 Hierárquico:
Norma superior prevalece sobre inferior
Norma G1 ≠ Critério da
Norma E2 Especialidade:
Norma específica prevalece sobre genérica
≠ Tratado X2
Constitucional
(Inclusive Tratados sobre
Dir. Hum. aprovados com
quorum qualificado)
Supralegal
[Somente] Tratados sobre Direitos Humanos
Aprovados por procedimento ordinário
Ex.: Convenção Americana de Direito Humanos
Legal
Leis Ordinárias Federais e outras leis e outros tratados
Ex.: Todos os outros tratados, Código Civil, demais leis
Luiz Albuquerque 250
Constitucional
CR/88, Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel.
Supralegal
CADH, Art. 7º, §7. Ninguém deve ser
detido por dívida. Este princípio não limita
os mandados de autoridade judiciária
competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar.
[Não excepciona depositário infiel]
Legal
CC/02, Art. 652
Seja o depósito
voluntário ou
necessário, o
depositário que não o
restituir quando
exigido será
compelido a fazê-lo
mediante prisão não
excedente a um ano e
ressarcir os prejuízos.