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Glosas críticas marginais ao artigo 4- O dito prussiano nega o "susto" do rei, entre outras

coisas, porque bastaram poucos soldados para


“O rei da Prússia e a reforma liquidar os frágeis tecelões.
social. De um prussiano”
Karl Marx 1 5- Ora, em um país onde banquetes com brindes
liberais e espuma liberal de champanhe – lembre-se a
festa de Düsseldorf – provocam uma ordem do
1- O no 60 do Vorwärts! contém um artigo intitulado: gabinete real, pela qual não houve necessidade de um
“O rei da Prússia e a reforma social, assinado: Um só soldado para acabar com os anseios de toda a
prussiano”. burguesia liberal à liberdade de imprensa e de uma
constituição; em um país em que a obediência passiva
2- Em um primeiro momento, o dito Prussiano faz está à l’ordre du jour (na ordem do dia); em um tal
referência ao conteúdo das ordens do gabinete do rei país não seria um acontecimento aterrorizante ter que
da Prússia sobre a revolta dos trabalhadores da Silésia recorrer à força armada contra frágeis tecelões?
e à opinião do jornal francês La Réforme acerca Considere-se ainda o fato de que os frágeis tecelões
dessas ordens do gabinete prussiano. O La Réforme saíram vencedores no primeiro choque. Apenas
entende que a ordem do gabinete foi motivada pelo mediante consideráveis reforços de tropas é que
"susto (Schrecken) e pelo sentimento religioso" do foram massacrados. A revolta de uma massa de
rei. E até descobre nesse documento a previsão das trabalhadores é por acaso menos perigosa pelo fato de
grandes reformas que se apresentam à sociedade não ser necessário um exército para sufocá-la? Que o
civil. O "prussiano" ensina ao Réforme nestes termos: inteligente prussiano compare a revolta dos tecelões
silesianos com as revoltas dos operários ingleses e os
3- "O rei e a sociedade alemã não chegaram ainda a tecelões silesianos lhe parecerão tecelões fortes.
pressentir a sua reforma2 e menos ainda as
insurreições silesiana e boêmia deram origem a tal 6- A partir da relação geral da política com os males
sentimento. É impossível, para um país não-político sociais, poderemos esclarecer porque a revolta dos
como a Alemanha, compreender que a miséria parcial tecelões não provocou nenhum medo particular ao
dos distritos industriais é uma questão geral, e muito rei. No momento diremos apenas o seguinte: a revolta
menos que representa um problema para o conjunto não era dirigida diretamente contra o rei da Prússia,
da sociedade. Para os alemães, esse acontecimento mas contra a burguesia. Como aristocrata e monarca
tem o mesmo caráter de qualquer seca ou carestia absoluto, o rei da Prússia não pode amar a burguesia;
local. Por isso o rei o considera como um defeito de menos ainda pode se assustar se a submissão e a
administração ou de falta de caridade. Por esse impotência da burguesia forem acrescidas de relações
motivo e também porque bastaram poucos soldados tensas e difíceis com o proletariado. E ainda: o
para liquidar os frágeis tecelões, a demolição das católico ortodoxo é mais hostil ao protestante
fábricas e das máquinas não incute nenhum "susto", ortodoxo do que ao ateu, assim como o legitimista é
nem ao rei, nem às autoridades. Além do mais, a mais hostil ao liberal do que aos comunistas. Não
ordem do gabinete nem sequer foi ditada pelo porque o ateu e o comunista tenham mais afinidade
sentimento religioso: trata-se de uma sóbria com o católico e o legitimista, mas porque eles são
expressão da arte política (Staatskunst) cristã e de mais estranhos do que o protestante e o liberal, uma
uma doutrina que não deixa subsistir nenhuma vez que se situam do lado de fora do seu círculo.
dificuldade diante do seu único remédio, "os bons Enquanto homem político, o rei da Prússia tem, na
sentimentos dos corações cristãos". Miséria e crime política, o seu antagonista direto no liberalismo. Para
são duas grandes calamidades: quem poderá repará- o rei, o antagonismo com o proletariado existe tão
las? O Estado e as autoridades? Não, mas a união de pouco quão pouco o rei existe para o proletariado. O
todos os corações cristãos". proletariado já deveria ter alcançado uma força
decisiva para sufocar as antipatias, os antagonismos e
atrair sobre si a total hostilidade da política. Por
1
Razões especiais me levam a esclarecer que este artigo é o primeiro último: para o bem conhecido caráter do rei, desejoso
que autorizo publicar no Vorwärts! (N. do A.). Escrito por Marx em de coisas interessantes e significativas, devia
Paris, em 3l de julho de l844, e publicado no Vorwärts!, no 63, em 7 de constituir de fato uma surpresa agradavelmente
agosto de 1844. A segunda parte foi publicada em 10 de agosto de
1844, no 64. Ambos são uma réplica ao O Rei da Prússia e a Reforma excitante o fato de encontrar no seu território aquele
Social. De um Prussiano, que havia sido editado no mesmo jornal, no "interessante" e "tão falado" pauperismo, e com isso
60. uma ocasião para fazer com que falassem novamente
2
Verifica-se a falta de sentido gramatical e estilístico: "O rei da Prússia
e a sociedade alemã não chegaram ainda a pressentir a sua (a quem se de si. Como deve ter-lhe sido agradável a notícia de
refere este "sua"?) reforma" (N. do A.).
1
que ele já possuía o seu "próprio" pauperismo, um se trata aqui. O "prussiano" agrupa essas massas
pauperismo prussiano. todas e, do alto do seu elevado ponto de vista,
condena-as todas em massa. Para ele, a sociedade
7- O nosso "prussiano" é ainda mais infeliz quando alemã nem sequer “chegou ainda a pressentir a sua
nega que o "sentimento religioso" seja a fonte das reforma”.
ordens do gabinete real. Por que o sentimento
religioso não é a fonte das ordens? Porque estas são 11- Por que lhe3 falta esse instinto?
"uma muito sóbria expressão da arte política cristã",
uma "sóbria" expressão da doutrina que elimina 12- "Em um país não-político como a Alemanha",
qualquer dificuldade "mediante o seu único remédio, responde o prussiano, "é impossível compreender que
os bons sentimentos dos corações cristãos". a miséria parcial dos distritos industriais é uma
questão geral e menos ainda que é um dano para o
8- O sentimento religioso não é a fonte da arte conjunto da sociedade. Para os alemães, o
política cristã (christlicher Staatskunst)? Uma acontecimento tem o mesmo caráter de qualquer seca
doutrina que possui sua panacéia no bom sentimento ou carestia local. Por isso, o rei o considera como um
cristão não se baseia no sentimento religioso? Uma 'defeito de administração e de assistência'."
expressão mais sóbria do sentimento religioso deixa
de ser uma expressão do sentimento religioso? Mais 13- O "prussiano" explica então essa compreensão
ainda: eu afirmo que é um sentimento religioso muito errada (verkehrte: às avessas) da miséria dos
cheio de si, muito apaixonado, aquele que procura o trabalhadores como própria de um país não-político.
"remédio para os grandes males" na "união dos
14- Admite-se que a Inglaterra é um país político.
corações cristãos", e não no "Estado e nas
Admitir-se-á, ainda: a Inglaterra é o país do
autoridades". É um sentimento religioso muito
pauperismo; a própria palavra é de origem inglesa.
apaixonado aquele que – segundo admite o
Portanto, o exame da Inglaterra é o experimento mais
"prussiano" – particulariza todos os males na falta do
seguro para conhecer-se a relação de um país político
sentimento cristão, remetendo as autoridades ao único
com o pauperismo. Na Inglaterra, a miséria dos
meio para reforçar este sentimento, à "exortação"
trabalhadores não é parcial, mas universal; não se
(Ermahnung: advertência, admoestação). A
limita aos distritos industriais, mas se estende aos
disposição cristã é, segundo o "prussiano", a razão
agrícolas. Os movimentos não estão numa fase
das ordens do gabinete. O sentimento religioso,
inicial, mas reaparecem periodicamente há quase um
quando está bêbado e não sóbrio, se considera o
século.
único bem. Lá onde descobre males, ele os atribui à
sua ausência, uma vez que, se é o único bem, também 15- Como entendem o pauperismo, então, a burguesia
é somente ele que pode produzir o bem. A ordem do inglesa e o governo e a imprensa àquela ligados?
gabinete, ditada pelo sentimento religioso, dita por
sua vez, como conseqüência, o sentimento religioso. 16- Na medida em que a burguesia inglesa acredita
Um político com sentimentos religiosos sóbrios, na que o pauperismo é uma responsabilidade da política,
sua “perplexidade”, não procurará sua “salvação” na os Whig consideram os Tory – e os Tory os Whig4 – a
“exortação (Ermahnung) do orador religioso às causa do pauperismo. Segundo os Whig, a causa
convicções cristãs”. principal do pauperismo está no monopólio das
grandes propriedades fundiárias e na legislação que
9- Como o dito prussiano demonstra, então, ao proíbe a importação de cereais. Segundo os Tory,
Réforme, que a ordem do gabinete não emana do todo o mal reside no liberalismo, na concorrência, no
sentimento religioso? Já que apresenta sempre a exagerado desenvolvimento industrial. Nenhum dos
ordem do gabinete como uma emanação do partidos encontra a origem na política em geral e sim
sentimento religioso. Pode-se esperar que uma mente na política do partido adversário; porém, ambos os
tão ilógica seja capaz compreender os acontecimentos partidos sequer sonham com uma reforma da
sociais? Ouçamos um pouco o que ele diz sobre a sociedade.
relação entre a sociedade alemã, o movimento dos
trabalhadores e a reforma social. 17- A expressão mais rigorosa da compreensão
inglesa acerca do pauperismo – referimo-nos sempre
10- Distingamos aquilo que o "prussiano" à compreensão da burguesia inglesa e do governo – é
negligencia, distingamos as diferentes categorias que
são compreendidas na expressão "sociedade alemã":
governo, burguesia, imprensa, e enfim os próprios
3
trabalhadores. Essas são as diferentes massas de que A sociedade alemã (N. do T.).
4
Partidos ingleses (N. do T.).
2
a Economia Política inglesa, isto é, o reflexo Alemanha é incapaz de perceber o significado geral
científico da situação econômica inglesa. de uma miséria parcial, a burguesia da política
Inglaterra tampouco reconhece o significado geral de
18- Um dos melhores e mais famosos economistas uma miséria universal, uma miséria que evidenciou o
ingleses, que reconhece a situação atual e a seu significado universal tanto através do seu retorno
necessidade de se ter uma visão de conjunto do periódico no tempo quanto através da sua extensa
movimento da sociedade burguesa, um discípulo do disseminação no espaço e também através do
cínico Ricardo, MacCulloch, ousa ainda aplicar à fracasso de todas as tentativas de remediá-la.
economia política, numa preleção pública, em meio a
manifestações de aplauso, aquilo que Bacon diz da 24- O "prussiano" atribui ainda à situação não-
filosofia: "O homem que, com verdadeira e política da Alemanha o fato de que o rei da Prússia
infatigável sabedoria, suspenda o seu julgamento, encontre a causa do pauperismo na falha de
progrida pouco a pouco e supere um a um os administração e de caridade e procure, desse modo,
obstáculos que se interpõem como montanhas ao em medidas de administração e de assistência, os
curso dos estudos, atingirá com o tempo o cume da meios contra o pauperismo.
ciência, onde se goza a paz e o ar puro, onde a 25- Por acaso, será exclusivo do rei da Prússia este
natureza se expõe ao olhar em toda a sua beleza e modo de ver? Dê-se uma rápida olhada à Inglaterra, o
onde, por meio de uma senda em cômodo declive, único país no qual se pode falar de uma grande ação
pode-se descer até os últimos detalhes da prática". política contra o pauperismo.
19- Bom ar puro a atmosfera pestilenta das 26- A atual legislação inglesa sobre a pobreza data da
habitações nos porões ingleses! Grande beleza natural lei contida no Ato 43 do reinado de Elisabeth5. Em
os fantásticos trapos com que se vestem os miseráveis que consistem os meios propostos nesta legislação?
ingleses e o corpo flácido e encarquilhado das Na obrigação imposta às paróquias de socorrer os
mulheres roídas pelo trabalho e pela miséria; as seus trabalhadores pobres, no imposto para os pobres,
crianças que dormem no esterco; os abortos na caridade legalizada. Essa legislação – a assistência
provocados pelo excesso de trabalho na monótona por via administrativa – durou dois (Zwei) séculos.
atividade mecânica das fábricas! E os graciosos Depois de longas e dolorosas experiências, quais são
últimos detalhes da prática: a prostituição, o crime e a as posições do parlamento no seu Amendment Bill de
fôrca! l834?
20- Até mesmo aquela parte da burguesia inglesa que 27- Antes de mais nada, atribui o assustador aumento
está consciente do perigo do pauperismo concebe este do pauperismo a uma "falha de administração".
perigo, como também os meios para repará-lo, não
apenas de forma particular, mas, para dizê-lo sem 28- Por isso, a administração do imposto para os
rodeios, de forma infantil e sem graça. pobres, gerenciada por empregados das respectivas
paróquias, é reformulada. São constituídas uniões de
21- Assim, por exemplo, o doutor Kay, no seu cerca de vinte paróquias, unidas em uma única
opúsculo “Recent meausures for the promotion of administração. Um comitê de funcionários – Board of
education in England”, reduz tudo a uma educação Guardians – eleitos pelos contribuintes, reúne-se em
descuidada. Adivinhe-se por que motivo! Por falta de um determinado dia na sede da União e avalia os
educação o operário não entende "as leis naturais do pedidos de subsídio. Esses comitês são dirigidos e
comércio", leis que o levam necessariamente ao supervisionados por delegados do governo, a
pauperismo. E daí ele se rebela. Isto pode "perturbar a Comissão Central da Somerset House, o ministério do
prosperidade das manufaturas inglesas e do comércio pauperismo, segundo a precisa definição de um
inglês, abalar a confiança recíproca dos homens de francês6. O capital de que essa administração cuida
negócios, diminuir a estabilidade política e social das quase equivale à soma que a administração militar
instituições". custa na França. O número de administrações locais
22- De tal monta é a falta de inteligência da burguesia que dependem dela chega a quinhentas e cada uma
inglesa e de sua imprensa sobre o pauperismo, esta dessas administrações locais, por sua vez, ocupa, pelo
epidemia nacional da Inglaterra. menos, doze funcionários.
23- Suponhamos, porém, que tenham fundamento as
críticas que o nosso "prussiano" faz à sociedade
alemã. Será que a raiz reside na situação não-política 5
Para o nosso objetivo, não é necessário remontar ao estatuto dos
da Alemanha? Mas, se a burguesia da não-política trabalhadores sob Eduardo III (N. do A.).
6
Eugène Buret (N. do T.).
3
29- O parlamento inglês não se limitou à reforma do país oficial. Bem longe de ultrapassar as medidas
formal da administração. de administração e de assistência, o Estado inglês
desceu muito abaixo delas. Ele já não administra mais
30- Segundo ele, a causa principal da grave situação do que aquele pauperismo que, em desespero, deixa
do pauperismo inglês está na própria lei relativa aos agarrar-se e prender-se.
pobres. A assistência, o meio legal contra o mal
social, acaba favorecendo-o. E quanto ao pauperismo 35- Até agora, portanto, o "prussiano" não mostrou
em geral, seria, de acordo com a lei de Malthus, uma nada de particular nos métodos do rei da Prússia.
eterna lei da natureza: "Uma vez que a população Mas, por que, exclama o grande homem com rara
tende a superar incessantemente os meios de ingenuidade: "Por que o rei da Prússia não determina
subsistência, a assistência é uma loucura, um imediatamente a educação de todas as crianças
estímulo público à miséria. Por isso, o Estado nada abandonadas? Por que se dirige antes às autoridades,
mais pode fazer do que abandonar a miséria ao seu esperando seus planos e projetos?”
destino e, no máximo, tornar mais fácil a morte dos
pobres". 36- O inteligentíssimo prussiano se tranqüilizará
quando souber que o rei da Prússia é, nisso, tão pouco
31- A essa teoria filantrópica, o parlamento inglês original quanto o é no resto das suas ações e que, pelo
agrega a idéia de que o pauperismo é a miséria da contrário, trilhou o único caminho que um chefe de
qual os próprios trabalhadores são culpados, e ao qual Estado pode trilhar.
portanto não se deve prevenir como uma desgraça,
mas antes reprimir e punir como um crime. 37- Napoleão queria acabar de um golpe com a
mendicância. Encarregou as suas autoridades de
32- Surgiu, assim, o regime das workhouses, isto é, preparar planos para a erradicação da mendicância
das casas dos pobres, cuja organização interna em toda a França. O projeto demorava: Napoleão
desencoraja os miseráveis de buscar nelas a fuga perdeu a paciência, escreveu ao seu ministro do
contra a morte pela fome. Nas workhouses, a interior, Crétet, e lhe ordenou que destruísse a
assistência é engenhosamente entrelaçada com a mendicância dentro de um mês, dizendo: "Não se
vingança da burguesia contra o pobre que apela à sua pode passar sobre essa terra sem deixar traços que
caridade. relembrem à posteridade a nossa memória. Não me
peçam mais três ou quatro meses para receber
33- Como se vê, a Inglaterra tentou acabar com o informações; vocês têm funcionários jovens, prefeitos
pauperismo primeiramente através da assistência e inteligentes, engenheiros civis bem preparados,
das medidas administrativas. Em seguida, ela ponham ao trabalho todos eles; não fiquem
descobriu, no progressivo aumento do pauperismo, modorrando no costumeiro trabalho de escritório".
não a necessária conseqüência da indústria moderna,
mas antes o resultado do imposto inglês para os 38- Em poucos meses tudo estava terminado. No dia
pobres. Ela entendeu a miséria universal unicamente cinco de julho de 1808 foi promulgada a lei de
como uma particularidade da legislação inglesa. supressão da mendicância. Como? Por meio dos
Aquilo que, no começo, fazia-se derivar de uma falta depósitos (Depôts: albergues), que se transformaram
de assistência, agora se faz derivar de um excesso de em penitenciárias com tanta rapidez que logo o pobre
assistência. Finalmente, a miséria é considerada como só chegava aí através do tribunal da polícia
culpa dos pobres e, deste modo, neles punida. correcional. E, no entanto, naquele tempo, o senhor
Noailles du Gard, membro do corpo legislativo,
34- A lição geral que a política Inglaterra tirou do exclamava: "Reconhecimento eterno ao herói que
pauperismo se limita ao fato de que, no curso do assegura à necessidade um lugar de refúgio e à
desenvolvimento, apesar das medidas miséria os meios de subsistência. A infância não será
administrativas, o pauperismo foi configurando-se mais abandonada, as famílias pobres não serão mais
como uma instituição nacional e chegou por isso, privadas de recursos, nem os operários de estímulo e
inevitavelmente, a ser objeto de uma administração ocupação. Não tropeçaremos mais no quadro
ramificada e bastante extensa, uma administração que repugnante das enfermidades e da vergonhosa
não tem mais a tarefa de eliminá-lo, mas, ao miséria”. O último período é a única verdade desse
contrário, de discipliná-lo, perpetuá-lo. Essa
panegírico.
administração renunciou a estancar a fonte do
pauperismo através de meios positivos; ela se 39- Se Napoleão apela ao discernimento dos seus
contenta em abrir-lhe, com ternura policial, um funcionários, prefeitos e engenheiros, por que não o
buraco toda vez que ele transborda para a superfície rei da Prússia às suas autoridades?
4
40- Por que Napoleão não ordenou a imediata 46- O Estado e a organização da sociedade não são,
supressão da mendicância? O mesmo valor tem a do ponto de vista político, duas coisas diferentes. O
pergunta do "prussiano": “Por que o rei da Prússia Estado é o ordenamento da sociedade. Quando o
não determina a imediata educação de todas as Estado admite a existência de problemas sociais,
crianças abandonadas?” Sabe o "prussiano" o que o procura-os ou em leis da natureza, que nenhuma força
rei da Prússia deveria determinar? Nada menos que a humana pode comandar, ou na vida privada, que é
extinção (Vernichtung) do proletariado. Para educar independente dele, ou na ineficiência da
as crianças, é preciso alimentá-las e liberá-las da administração, que depende dele. Assim, a Inglaterra
necessidade de trabalhar para viver. Alimentar e acha que a miséria tem o seu fundamento na lei da
educar as crianças abandonadas, isto é, alimentar e natureza, segundo a qual a população supera
educar todo o proletariado que está crescendo, necessariamente os meios de subsistência. Por outro
significaria eliminar o proletariado e o pauperismo. lado, o pauperismo é explicado como derivando da
má vontade dos pobres, ou, de acordo com o rei da
41- A Convenção teve, por um momento, a coragem Prússia, do sentimento não cristão dos ricos, e,
de ordenar a eliminação do pauperismo, não segundo a Convenção, das intenções suspeitas e
certamente "de modo imediato", como o "prussiano" contra-revolucionárias dos proprietários. Por isso, a
exigiria do seu rei, mas depois de haver encarregado Inglaterra pune os pobres, o rei da Prússia intima os
o seu Comitê de Saúde Pública de elaborar os planos ricos e a Convenção guilhotina os proprietários.
e as propostas necessários, e depois que este utilizou
os amplos levantamentos da Assembléia Constituinte 47- Finalmente, todos os Estados procuram a causa
sobre as condições da miséria na França e propôs, em deficiências acidentais ou intencionais da
através de Barrère, a criação do Livro de Caridade administração e, por isso, o remédio para os seus
Nacional, etc.. Qual foi a conseqüência das ordens da males em medidas administrativas. Por que?
Convenção? Que houvesse uma ordem a mais no Exatamente porque a administração é a atividade
mundo e que, um ano depois, mulheres esfomeadas organizadora do Estado.
invadissem a Convenção.
48- O Estado não pode eliminar a contradição entre a
42- E, no entanto, a Convenção era o máximo da disposição e a boa vontade da administração, de um
energia política, do poder político e da compreensão lado, e os seus meios e possibilidades, de outro, sem
política. eliminar a si mesmo, uma vez que repousa sobre essa
contradição. Ele repousa sobre a contradição entre a
43- De modo imediato, sem um acordo com as vida privada e a vida pública, sobre a contradição
autoridades, nenhum governo do mundo conseguiu entre os interesses gerais e os interesses particulares.
ditar medidas a respeito do pauperismo. O Por isso, a administração deve limitar-se a uma
parlamento inglês chegou até a mandar, a todos os atividade formal e negativa, uma vez que exatamente
países da Europa, comissários para conhecer os lá onde começa a vida civil e o seu trabalho, cessa o
diferentes remédios administrativos contra o seu poder. Mais ainda, frente às conseqüências que
pauperismo. Porém, por mais que os Estados brotam da natureza a-social desta vida civil, dessa
tivessem se ocupado do pauperismo, sempre se propriedade privada, desse comércio, dessa indústria,
ativeram a medidas de administração e de assistência, dessa rapina recíproca das diferentes esferas civis,
ou, ainda mais, desceram abaixo da administração e frente a estas conseqüências, a impotência é a lei
da assistência. natural da administração. Com efeito, esta
dilaceração, esta infâmia, esta escravidão da
44- Pode o Estado agir de outra forma?
sociedade civil, é o fundamento natural onde se apóia
45- O Estado jamais encontrará no "Estado e na o Estado moderno, assim como a sociedade civil da
organização da sociedade" o fundamento dos males escravidão era o fundamento no qual se apoiava o
sociais, como o "prussiano" exige do seu rei. Onde há Estado antigo. A existência do Estado e a existência
partidos políticos, cada um encontra o fundamento de da escravidão são inseparáveis. O Estado antigo e a
qualquer mal no fato de que não ele, mas o seu escravidão antiga – francos antagonismos clássicos –
partido adversário, acha-se ao leme do Estado. Até os não estavam fundidos entre si mais estreitamente do
políticos radicais e revolucionários já não procuram o que o Estado moderno e o moderno mundo das
fundamento do mal na essência do Estado, mas numa negociatas, hipócritas antagonistas cristãos. Se o
determinada forma de Estado, no lugar da qual eles Estado moderno quisesse acabar com a impotência da
querem colocar uma outra forma de Estado. sua administração, teria que acabar com a atual vida
privada. Se ele quisesse eliminar a vida privada,

5
deveria eliminar a si mesmo, uma vez que ele só tão longe quanto o seu rei. Toda essa declaração foi
existe como oposição a ela. Mas nenhum ser vivo ainda mais insensata na medida em que o "prussiano"
acredita que os defeitos de sua existência tenham a nos confessa: "As boas palavras e as boas intenções
sua raiz no princípio da sua vida, na essência da sua são baratas, o que é caro são a perspicácia e as ações
vida, mas, ao contrário, em circunstâncias externas à eficazes; neste caso, elas são mais do que caras, são
sua vida. O suicídio é contra a natureza. Por isso, o impossíveis de serem adquiridas".
Estado não pode acreditar na impotência interior da
sua administração, isto é, de si mesmo. Ele pode 51- Se não são adquiríveis, então é preciso
descobrir apenas defeitos formais, casuais, da mesma, reconhecer aquele que faz as coisas da melhor forma
e tentar remediá-los. Se tais modificações são possível na posição que ocupa. No mais, deixo a
infrutíferas, então o mal social é uma imperfeição critério do leitor julgar se, neste caso, a linguagem
natural, independente do homem, uma lei de Deus, ou mercantil, cigana, em termos de "barato", "caro",
então a vontade dos indivíduos particulares é por "mais do que caro", "impossível de adquirir", possa
demais corrupta para corresponder aos bons objetivos ser incluída na categoria das "boas palavras" e das
da administração. E quem são esses pervertidos "boas intenções".
indivíduos particulares? São os que resmungam
52- Suponhamos, porém, que as observações do
contra o governo sempre que ele lhes limita a
"prussiano" sobre o governo alemão e sobre a
liberdade e pretendem que o governo impeça as
burguesia alemã – esta última está, sem dúvida,
conseqüências necessárias dessa liberdade.
compreendida na “sociedade alemã” – tenham pleno
49- Quanto mais poderoso é o Estado e, portanto, fundamento. Será que essa parte da sociedade está
quanto mais político é um país, tanto menos está mais perplexa na Alemanha do que na Inglaterra ou
disposto a procurar no princípio do Estado, portanto na França? Pode-se estar mais perplexo do que na
no atual ordenamento da sociedade, do qual o Estado Inglaterra, onde a perplexidade foi erigida em
é a expressão ativa, pretensiosa e oficial, o sistema? Se, hoje, em toda a Inglaterra eclodem
fundamento dos males sociais e a compreender-lhes o revoltas de trabalhadores, isso não significa que a
princípio geral. O entendimento político é burguesia e o governo locais estejam mais lúcidos do
precisamente político na medida em que pensa dentro que no último trintênio do século dezoito. Seu único
dos limites da política. Quanto mais agudo ele é, expediente é o poder material e, uma vez que o poder
quanto mais vivo, tanto menos é capaz de material decresce na mesma medida em que cresce a
compreender os males sociais. O período clássico do extensão do pauperismo e o entendimento do
entendimento político é a Revolução Francesa. Bem proletariado, do mesmo modo aumenta, em
longe de descobrir no princípio do Estado a fonte dos proporção geométrica, a perplexidade inglesa.
males sociais, os heróis da Revolução Francesa
53- Enfim é falso, efetivamente falso, que a burguesia
descobriram antes nas misérias sociais a fonte dos
alemã desconheça inteiramente a importância geral
males políticos. Deste modo, Robespierre vê na
da revolta silesiana. Em várias cidades, os mestres
imensa pobreza e na imensa riqueza somente um
artesãos procuram associar-se aos aprendizes. Todos
obstáculo à democracia pura. Por isso, ele quer
os jornais liberais, os órgãos da burguesia liberal,
estabelecer uma frugalidade espartana geral. O
estão repletos de referências à organização do
princípio da política é a vontade. Quanto mais
trabalho, à reforma da sociedade, à crítica aos
unilateral, isto é, quanto mais perfeito é o
monopólios e à concorrência etc.. Tudo isso em
entendimento político, tanto mais ele crê na
conseqüência dos movimentos dos trabalhadores. Os
onipotência da vontade e tanto mais é cego frente aos
jornais de Tréveris, Aquisgrana, Colônia, Wesel,
limites naturais e espirituais da vontade e,
Mannheim, Breslau e até de Berlim trazem
conseqüentemente, incapaz de descobrir a raiz dos
freqüentemente artigos sociais facilmente
males sociais. Não é preciso argumentar mais contra
compreensíveis, dos quais o "prussiano" pode até
a insensata esperança do "prussiano", segundo a qual
aprender alguma coisa. Mais ainda, em cartas da
o "entendimento político" é chamado a descobrir as
Alemanha se exprime constantemente o espanto
raízes da miséria social na Alemanha.
diante da fraca resistência da burguesia contra as
50- Foi insensato não somente exigir do rei da Prússia tendências e idéias sociais.
um poder que nem a Convenção e Napoleão juntos
54- O "prussiano – se tivesse maior familiaridade
tiveram; foi insensato exigir dele um modo de ver que
com a história dos movimentos sociais – teria
ultrapassa os limites de toda a política, um modo de
formulado a sua pergunta ao contrário. Por que
ver do qual o inteligente "prussiano" está pelo menos
também a burguesia alemã vê na miséria parcial uma
6
miséria relativamente tão universal? De onde provém revolta de trabalhadores ingleses foi conduzida com
a animosidade e o cinismo dos políticos, de onde tanta coragem, reflexão e duração.
provém a inércia e as simpatias da burguesia não-
política para com o proletariado? 60- No que concerne ao grau de instrução ou à
capacidade cultural dos trabalhadores alemães em
Vorwärts!, no 63, sete de Agosto de 1844. geral, remeto aos geniais escritos de Weitling, os
quais, sob o aspecto teórico, muitas vezes
**********
ultrapassam o próprio Proudhon, embora
55- Vamos agora aos oráculos do "prussiano" sobre permaneçam aquém dele no que se refere à exposição
os trabalhadores alemães. (Ausführung). Onde poderia a burguesia – incluídos
os seus filósofos e eruditos – exibir uma obra,
56- "Os alemães pobres", graceja, "não são mais relativa à emancipação da burguesia, à emancipação
inteligentes do que os pobres alemães, quer dizer, não política, igual à de Weitling: “Garantias da Harmonia
enxergam nada além do seu lar, da sua fábrica, do seu e da Liberdade”? Caso se compare a insossa e
distrito; até agora toda a questão está ainda pusilânime mediocridade da literatura política alemã
abandonada pela alma política que penetra em tudo". com essa enorme e brilhante estréia literária dos
operários alemães; caso se compare esse gigantesco
57- Para poder comparar a situação dos trabalhadores calçado de criança do proletariado com a disforme
alemães com a situação dos trabalhadores franceses e pequenez do gasto calçado político da burguesia
ingleses, o "prussiano" deveria comparar a primeira alemã, deve-se prognosticar para a Cinderela alemã
etapa, o início do movimento dos trabalhadores um estatuto de atleta. Deve-se admitir que o
franceses e ingleses com o movimento alemão que proletariado alemão é o teórico do proletariado
começou agora. Mas ele negligencia isto. Deste europeu, assim como o proletariado inglês é o seu
modo, o seu raciocínio cai em obviedades, como essa economista e o proletariado francês o seu político.
de que a indústria na Alemanha ainda não está tão Deve-se admitir que a Alemanha tem uma vocação
desenvolvida como na Inglaterra, ou então de que um tão clássica para a revolução social quanto é incapaz
movimento no seu início se apresenta diferente do de uma revolução política. Com efeito, assim como a
que numa etapa posterior. Ele gostaria de falar das impotência da burguesia alemã é a impotência
particularidades do movimento dos trabalhadores política da Alemanha, assim a aptidão do proletariado
alemães. No entanto, não diz uma palavra a respeito alemão – ainda que prescindindo da teoria alemã – é
desse assunto. a capacidade social da Alemanha. A desproporção
entre o desenvolvimento filosófico e o
58- Que o "prussiano" se situe, pois, do ponto de vista
desenvolvimento político na Alemanha não é
correto. Verá que nenhuma das revoltas dos operários
nenhuma anormalidade. É uma desproporção
franceses e ingleses teve um caráter tão teórico e
necessária. Somente no socialismo pode um povo
consciente como a revolta dos tecelões silesianos.
filosófico encontrar a prática correspondente, quer
59- Lembremo-nos, antes de mais nada, o canto dos dizer, somente no proletariado pode encontrar o
tecelões, aquela audaz palavra-de-ordem de luta na elemento ativo da sua libertação.
qual lar, fábrica e distrito não são mencionados uma
vez sequer e na qual, pelo contrário, o proletariado 61- Mas, nesse momento, não tenho nem tempo nem
proclama, de modo claro, cortante, implacável e disposição para explicar ao “prussiano” a relação da
poderoso, o seu antagonismo com a sociedade da "sociedade alemã" com a revolução social, e, a partir
propriedade privada. A revolta silesiana começa dela, de um lado a fraca reação da burguesia alemã
exatamente lá onde terminam as revoltas dos contra o socialismo e, de outro, as excelentes
trabalhadores franceses e ingleses, isto é, na disposições para o socialismo do proletariado alemão.
consciência daquilo que é a essência do proletariado. Na minha “Introdução à Crítica da Filosofia do
A própria ação traz este caráter superior. Não só são Direito de Hegel” (nos Deutsch-Französische
destruídas as máquinas, essas rivais do trabalhador, Jahrbücher), ele encontrará os primeiros elementos
mas também os registros da contabilidade, os títulos para compreender esse fenômeno.
de propriedade, e enquanto todos os outros 62- A inteligência dos alemães pobres está, portanto,
movimentos se voltavam primeiramente contra o em uma relação inversa com a inteligência dos pobres
senhor da indústria, o inimigo visível, este alemães. No entanto, pessoas para as quais qualquer
movimento volta-se também contra o banqueiro assunto deve servir para exercícios públicos de estilo,
(Bankier), o inimigo oculto. Enfim, nenhuma outra acabam caindo, através dessa atividade formal, em
um conteúdo falso, enquanto este conteúdo, por sua
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vez, imprime novamente à forma o selo da 66- Tão falso é que a miséria social gere o
vulgaridade. Deste modo, a tentativa do "prussiano", entendimento político, como mais verdadeiro é antes
em uma ocasião como essa das revoltas dos operários o contrário, isto é, que o bem-estar social gera o
silesianos, de expressar-se na forma de antíteses, entendimento político. O entendimento político é um
leva-o à maior antítese contra a verdade. A única espírito concedido a quem já possui e desfruta das
tarefa de uma mente pensante e amiga da verdade comodidades. Que o nosso "prussiano" ouça, a esse
frente à primeira explosão da revolta dos propósito, um economista francês, o senhor Michel
trabalhadores silesianos, não consistia em Chevalier: "No ano de l789, quando a burguesia se
desempenhar o papel de pedagogo desse sublevou, para ser livre faltava-lhe apenas a
acontecimento, mas, pelo contrário, em estudar o seu participação no governo do país. Para ela, a libertação
caráter peculiar. Mas para isto requer-se, antes de consistiu em arrebatar das mãos dos privilegiados que
mais nada, uma certa perspicácia científica e um certo tinham o monopólio dessas funções, a direção dos
amor pelos homens, ao passo que, para a outra negócios públicos, as mais altas funções civis,
operação, é suficiente uma fraseologia ligeira, já militares e religiosas. Sendo rica e ilustrada, podendo
pronta, embebida em um amor-próprio vazio. bastar-se e dirigir-se a si mesma, ela queria para ela o
régime du bon plaisir (regime do arbítrio)".
63- Por que o "prussiano" julga com tanto desprezo
os trabalhadores alemães? Porque ele acha que “toda 67- Já demonstramos ao "prussiano" quanto o
a questão” – isto é, a questão da miséria dos operários entendimento político é incapaz de descobrir a fonte
– está abandonada "ainda até hoje" pela "alma da miséria social. Apenas mais uma palavra sobre
política que penetra tudo". Eis como ele vai essa sua concepção. Quanto mais evoluído e geral é o
derramando o seu amor platônico pela alma política: entendimento político de um povo, tanto mais o
proletariado – pelo menos no início do movimento –
64- "No sangue e na incompreensão serão sufocadas gasta suas forças em insensatas e inúteis revoltas
todas as revoltas que explodem nesse desesperado sufocadas em sangue. Uma vez que ele pensa de
isolamento dos homens da comunidade e de suas forma política, vê o fundamento de todos os males na
idéias dos princípios sociais; mas logo que a miséria vontade e todos os meios para remediá-los na
tiver gerado a compreensão, e o entendimento violência e na derrubada de uma determinada forma
político dos alemães tiver descoberto as raízes da de Estado. Demonstração: as primeiras revoltas do
miséria social, então também na Alemanha esses proletariado francês. Os operários de Lyon julgavam
acontecimentos serão percebidos como sintomas de perseguir apenas fins políticos, ser apenas soldados
uma grande mudança". da república, enquanto de fato eram soldados do
socialismo. Deste modo, o seu entendimento político
65- Permita-nos o "prussiano", primeiramente, uma
lhes tornou obscuras as raízes da miséria social,
observação estilística. Sua antítese está incompleta.
falseou a compreensão dos seus objetivos reais e,
Na primeira metade, diz-se: a miséria gera a
deste modo, o seu entendimento político enganou o
compreensão e na segunda metade: o entendimento
seu instinto social.
político descobre as raízes da miséria social. A
simples compreensão, na primeira metade da antítese, 68- Mas se o "prussiano" acha que a miséria gera o
torna-se, na segunda metade, o entendimento político, entendimento, por que então coloca junto os
como a miséria simples da primeira metade da "sufocamentos no sangue" e os "sufocamentos na
antítese torna-se, na segunda, uma miséria social. Por incompreensão"? Se a miséria é, em geral, um
que motivo o nosso estilista tratou de maneira tão remédio, a miséria sangrenta será então um meio
desigual as duas metades da antítese? Não creio que muito mais agudo para gerar o entendimento.
tenha notado isso. Vou mostrar-lhe como foi Portanto, o "prussiano" deveria ter dito: o
verdadeiro seu instinto. Se o "prussiano" tivesse sufocamento em sangue sufocará a incompreensão e
escrito: "A miséria social gera o entendimento trará ao entendimento uma oportuna lufada de ar.
político e o entendimento político descobre as raízes
da miséria social", nenhum leitor atento teria deixado 69- O "prussiano" prognostica o fim das revoltas que
de perceber a falta de sentido dessa antítese. Todo irrompem no "desesperado isolamento dos homens da
mundo se teria perguntado, depois, por que o comunidade e na separação de suas idéias dos
anônimo não opõe o entendimento social à miséria princípios sociais".
social e o entendimento político à miséria política,
como manda a lógica mais elementar. Mas vamos ao 70- Já demonstramos que a revolta silesiana de modo
que interessa! nenhum se realizou num estado de separação entre as
idéias e os princípios sociais. Temos agora que nos
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haver com o "desesperado isolamento dos homens da revolução com alma política organiza também, de
comunidade". A comunidade é entendida aqui como acordo com a natureza limitada e discorde dessa
comunidade política, o Estado. É sempre a velha alma, um círculo dirigente na sociedade às custas da
cantilena da não-politicidade da Alemanha. sociedade.
71- Por acaso não rebentam todas as revoltas, sem 76- Gostaríamos de confidenciar ao "prussiano" o que
exceção, no desesperado isolamento do homem da é "uma revolução social com uma alma política"; com
comunidade? Será que toda revolta não supõe isso também lhe revelamos o segredo de porque ele
necessariamente esse isolamento? Teria havido a não consegue, mesmo nos seus torneios estilísticos,
revolução de l789 sem o desesperado isolamento dos elevar-se para além do limitado ponto de vista
burgueses franceses da comunidade? Ela estava político.
destinada exatamente a suprimir esse isolamento.
77- Uma revolução "social" com uma alma política
72- Mas a comunidade da qual o trabalhador está ou é um completo absurdo, se o "prussiano" entende
isolado é uma comunidade inteiramente diferente e de por revolução "social" uma revolução "social"
uma outra extensão que a comunidade política. Essa contraposta a uma revolução política, e confere à
comunidade, da qual é separado pelo seu próprio revolução social uma alma política no lugar da alma
trabalho, é a própria vida, a vida física e espiritual, a social, ou, então, uma "revolução social com uma
moralidade humana, a atividade humana, o prazer alma política" não é mais do que uma paráfrase do
humano, a essência humana. A essência humana é a que já se chamou uma "revolução política" ou
verdadeira comunidade dos homens. E assim como o simplesmente uma “revolução”. Toda revolução
desesperado isolamento dela é incomparavelmente dissolve a velha sociedade; nesse sentido é social.
mais universal, insuportável, pavoroso e Toda revolução derruba o velho poder; neste sentido
contraditório, do que o isolamento da comunidade é política.
política, assim também a supressão desse isolamento
e até uma reação parcial, uma revolta contra ele, é 78- Que o "prussiano" escolha entre a paráfrase e o
tanto mais infinita quanto infinito é o homem em absurdo! Contudo, se é parafrásico ou absurdo uma
relação ao cidadão e a vida humana infinita em revolução social com uma alma política, ao contrário
relação à vida política. Deste modo, por mais parcial é racional uma revolução política com uma alma
que seja uma revolta industrial, ela encerra em si uma social. A revolução enquanto tal – a derrubada do
alma universal; e por mais universal que seja a poder existente e a dissolução das velhas relações – é
revolta política, ela esconde, sob as formas mais um ato político. Por isso, o socialismo não pode
colossais, um espírito estreito. efetivar-se sem revolução. Ele tem necessidade dessa
derrubada e dessa dissolução. No entanto, logo que
73- O "prussiano" fecha dignamente o seu artigo com tenha início a sua atividade organizativa, logo que
esta frase: apareça o seu próprio objetivo, a sua alma, então o
socialismo se desembaraça do seu revestimento
74- "Uma revolução social sem alma política (isto é, político.
sem uma visão organizativa do ponto de vista da
totalidade) é impossível". 79- Toda essa digressão foi necessária para rasgar o
tecido de erros que se esconde em apenas uma coluna
75- É óbvio. Uma revolução social se situa do ponto de jornal. Nem todos os leitores podem ter a cultura e
de vista da totalidade porque – mesmo que aconteça o tempo necessários para perceber uma tal
apenas em um distrito industrial – ela é um protesto charlatanice literária. Não tem, portanto, o
do homem contra a vida desumana, porque brota do "prussiano", diante do público leitor, o dever de
ponto de vista do indivíduo singular real, porque a renunciar momentaneamente a qualquer atividade de
comunidade, contra cuja separação o indivíduo reage, escritor com objetivo político e social, bem como às
é a verdadeira comunidade do homem, é a essência declarações sobre a situação da Alemanha, e de
humana. Ao contrário, a alma política de uma começar um consciencioso exame da sua própria
revolução consiste na tendência da classe privada de situação?
influência política a superar o seu isolamento do
Estado e do poder. A sua perspectiva é o Estado, uma
totalidade abstrata, que subsiste apenas a partir da
separação da vida real, que é impensável sem o Vorwärts!, no 64, 10 de Agosto de 1844.
antagonismo organizado entre a idéia geral e a
existência individual dos homens. Por isso, uma

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próprio de uma sociedade política. Alemanha e Inglaterra
partilham, assim, a despeito da diferente magnitude que o
Comentário Crítico pauperismo apresenta em cada um destes países, da mesma
(Extrato de “A Crítica da Política”, capítulo III da dissertação mentalidade política que os impede de visualizar a dimensão
ONTOLOGIA E POLÍTICA: A FORMAÇÃO DO universal dos problemas sociais. Como afirma Marx:
PENSAMENTO MARXIANO DE 1842 A 1846) “Se a burguesia da apolítica Alemanha não se apercebe da
importância geral que possui uma penúria parcial, a burguesia
Rubens M. Enderle da política Inglaterra desconhece também, por sua vez, a
(...) importância geral que reveste uma penúria universal, penúria
Além dos textos publicados nos Anais Franco-Alemães, Marx que manifesta sua importância geral tanto por sua reiteração
ainda colabora, no ano de 1844, com três artigos para o periódica no tempo quanto por sua extensão no espaço e pelo
periódico Avante! (Vorwärts!). Dentre estas colaborações, duas fracasso de todas as tentativas de remediá-la”.
são de notável importância na consolidação da determinação À estreiteza da mentalidade política sobre a importância dos
ontonegativa da politicidade. Referimo-nos, aqui, às duas partes males sociais corresponde a ineficácia das ações políticas contra
que compõem as Glosas Críticas ao Artigo “O Rei da Prússia e estes mesmos males. Assim, Marx, detendo-se sobre três
a Reforma Social. Por um Prussiano”, redigidas em franca expoentes da inteligência e da energia políticas – o parlamento
contraposição às teses de Ruge sobre a revolta dos tecelões da inglês, Napoleão Bonaparte e a Convenção francesa –, procura
Silésia. demonstrar que “todos os Estados que se ocuparam do
Em um artigo publicado no mesmo periódico, Ruge pauperismo limitaram-se a aplicar medidas administrativas e de
argumentara contra a afirmação, feita pelo jornal francês La beneficência, ou permaneceram abaixo desta classe de
Reforme, de que a ordem de gabinete do rei Frederico medidas”. O Estado dá provas, com isso, de sua limitação
Guilherme IV diante da greve dos trabalhadores silesianos seria intrínseca, sua natureza formal, abstrata. Ele é a organização da
o prenúncio de profundas reformas sociais. A idéia central de sociedade sob o ponto de vista político, isto é, sob o ponto de
Ruge era a de que a Alemanha, por ser um país apolítico, não vista de sua separação em relação à sociedade civil. Fundado
estava à altura de tais reformas, pois não compreendia a sobre o “caráter antisocial” da propriedade privada, o Estado
“penúria parcial dos distritos fabris” como um “assunto geral”, não pode buscar a origem dos problemas sociais na “essência do
mas sim como um evento localizado. Como ele mesmo afirma Estado”, uma vez que, ao eliminar a contradição entre os
nesta passagem, citada por Marx na abertura de seu artigo: interesses gerais e os interesses particulares, ou entre a
“O rei e a sociedade alemã não chegaram ainda ao administração da sociedade civil e a própria sociedade civil, ele
„pressentimento de sua reforma‟, e nem tampouco as estaria promovendo sua autodestruição. De acordo com Marx:
insurreições da Silésia e Boêmia provocaram este sentimento. É “O Estado não pode superar a contradição entre a
impossível fazer compreender a um país apolítico como a disposição e boa vontade da administração, por um lado, e seus
Alemanha que a penúria parcial dos distritos fabris constitui um meios e sua capacidade, por outro, sem destruir a si mesmo, já
assunto geral e, menos ainda, que representa um dano para todo que está assentado nesta mesma contradição. Assenta-se na
o mundo civilizado. Estes acontecimentos têm para a Alemanha contradição entre a vida pública e a vida privada, na
o mesmo caráter que pode ter qualquer penúria local contradição entre os interesses gerais e os interesses
relacionada com a água ou com a fome. Daí que o rei os particulares. Daí que a administração deva limitar-se a uma
considere como uma falha administrativa ou uma falta de atividade formal e negativa, pois sua ação termina lá onde
caridade”. começa a vida civil e seu trabalho. Mais ainda, frente às
Para refutar esta tese, Marx toma como exemplo a Inglaterra, conseqüências que derivam do caráter antisocial desta vida civil,
país político e, ao mesmo tempo, país do pauperismo. Diz ele: desta propriedade privada, deste comércio e desta indústria,
“Não resta dúvida de que a situação da Inglaterra constitui o deste saqueio mútuo dos diversos círculos civis, a impotência é
experimento mais seguro para conhecer a atitude de um país a lei natural da administração. Com efeito, este desvio, esta
político frente ao pauperismo. Na Inglaterra, a penúria dos vileza, esta escravidão da sociedade civil, constitui o
operários não é parcial, mas universal /.../. E estes movimentos fundamento natural em que se baseia o Estado moderno /.../. Se
não se encontram, ali, em sua fase inicial, mas se repetem o Estado moderno quisesse acabar com a impotência de sua
periodicamente há quase um século”. A realidade mostra, no administração, teria que acabar com a atual vida privada. E se
entanto, que, nem a burguesia da política Inglaterra, nem quisesse acabar com a vida privada, teria que destruir a si
tampouco o governo e a imprensa associados a esta classe, mesmo, pois o Estado existe somente em oposição a ela. Porém,
tratam o pauperismo de modo diferente do modo alemão. Ou nenhum ser vivo crê que os defeitos de sua existência radiquem
seja, para os ingleses a penúria é, assim como para Frederico no princípio de sua vida, na essência de sua vida, mas sim em
Guilherme IV e a burguesia prussiana, uma falha circunstâncias exteriores a ela. O suicídio é contrário à natureza.
administrativa, um defeito político a ser resolvido Decorre daí que o Estado não pode crer na impotência
politicamente. Cada partido inglês vê a causa do pauperismo na intrínseca de sua administração, isto é, de si mesmo. Ele pode
política do partido contrário, que deve ceder lugar a sua própria somente reconhecer e procurar corrigir seus defeitos puramente
política, supostamente resolutiva: “Enquanto a burguesia inglesa formais e fortuitos. E se estas modificações mostram-se estéreis,
põe a culpa do pauperismo na política, os whigs acusam os ele concluirá que os males sociais são uma imperfeição natural,
tories e os tories acusam os whigs de serem a causa deste mal. independente do homem, uma lei de Deus, ou que a vontade dos
/.../ Nenhum dos dois partidos encontra a razão na situação particulares acha-se demasiadamente corrompida para
política em geral, mas somente na política do partido contrário. acomodar-se aos excelentes fins da administração”.
E sequer sonham com uma reforma da sociedade”. De modo Esfera abstrata dos interesses gerais a flutuar sobre a
que, aquilo que Ruge imagina ser a conseqüência do caráter escravidão da vida privada que a engendra, o Estado esbarra na
apolítico de um país, a saber, a compreensão dos problemas lei natural de sua impotência sempre que procura atacar
sociais como acontecimentos parciais, desprovidos de problemas que radicam na essência de sua vida. O caráter
importância geral e decorrentes de falhas administrativas, formal e negativo da administração não diz respeito, portanto, a
mostra-se, segundo Marx, ao contrário, como o procedimento uma falha acidental, mas sim a uma determinação ontológica
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essencial: para tornar-se uma ação concreta e positiva, ela teria circunstancial; numa expressão mais enfática, enquanto
que atentar contra sua própria existência. A perfeição do ser do predicado típico do ser social, apenas e justamente, na
Estado é a perfeição de sua incapacidade para compreender e particularidade do longo curso de sua pré-história. É no interior
solucionar os males sociais. Seus limites são os limites próprios da intrincada trajetória dessa pré-história que a politicidade
da política e do entendimento político, cujo princípio é a adquire sua fisionomia plena e perfeita, sob a forma de poder
vontade: político centralizado, ou seja, do estado moderno /.../. Esse
“Quanto mais poderoso seja o Estado e mais político seja, traçado marxiano é o oposto, sem dúvida, de qualquer expressão
portanto, o país, menos ele se inclinará a buscar no princípio do própria ao âmbito secularmente predominante da determinação
Estado, e, por conseguinte, na atual organização da sociedade, onto-positiva da política, para a qual o atributo da politicidade
cuja expressão ativa, consciente de si mesma e oficial é o não só integra o que há de mais fundamental do ser humano-
Estado, o fundamento dos males sociais e a compreender seu societário – é intrínseco a ele – mas tende a ser considerado
princípio geral. O entendimento político o é, precisamente, como sua propriedade por excelência, a mais elevada,
porque pensa dentro dos limites da política. E quanto mais vivo espiritualmente, ou a mais indispensável, pragmaticamente;
e sagaz seja, mais incapacitado estará para compreender os tanto que conduz à indissolubilidade entre política e sociedade,
males sociais. /.../ O princípio da política é a vontade. Quanto a ponto de tornar quase impossível, até mesmo para a simples
mais unilateral e, portanto, mais perfeito seja o entendimento imaginação, um formato social que independa de qualquer
político, tanto mais acreditará na omnipotência da vontade, tanto forma de poder político”i.
mais resistirá a ver as barreiras naturais e espirituais que se A crítica ontológica distingue o que é essencial do que é
levantam frente a ela, mais incapaz será, por conseguinte, de acidental, o que é determinante do que é determinado. Ela
descobrir a fonte dos males sociais”. desvenda o modo como as categorias do ser social se engendram
Para Marx, o “período clássico” do entendimento político foi e se determinam umas às outras, bem como a necessidade de sua
a Revolução francesa. Neste evento, os “defeitos sociais” eram existência. Sua tarefa principal consiste, desse modo, em
vistos, não como problemas originários, localizados no localizar o pólo determinante do ser do homem; e todo o
“princípio do Estado”, mas sim como um entrave para se atingir itinerário marxiano desde a Crítica de Kreuznach resulta na
a perfeição da política. “Assim, diz Marx, Robespierre entende constatação de que tal pólo não pode ser encontrado na esfera
que a grande pobreza e a grande riqueza representam política, mas sim na sociabilidade. A esfera política é, pelo
simplesmente um obstáculo para a democracia pura”. O contrário, a expressão da perda, pelo homem, de seu próprio ser,
entendimento político não reconhece que o Estado brota da de sua vida genérica, que precisa então ser figurada de modo
“fonte dos males sociais”. Invertendo a ordem determinativa abstrato, como vida política, separada da vida privada. A
entre sociedade civil e Estado, ele entende estes males como sociabilidade é o locus ontológico do humano, não sua essência
meros acidentes que impedem a realização do princípio político. antropológica. Ela representa a esfera da existência do homem,
O que é essencial – a sociedade civil e seus males – aparece a base a partir de onde se formam as diversas categorias que
como acidental, e o que é acidental – a política – aparece como constituem seu ser. Entre tais categorias, figura a política, que
a esfera originária, essencial. Desse modo, pode-se conferir à corresponde a um dado modo de efetivação do ser social,
idéia de democracia pura uma preponderância ontológica sobre justamente aquele modo no qual o homem aliena sua capacidade
a pobreza e a riqueza reais, bem como atribuir à vontade um de autodeterminação. Razões pelas quais pode-se afirmar que a
caráter omnipotente, acima das barreiras naturais e espirituais politicidade constitui, para Marx, um atributo negativo do ser
que, na realidade, determinam seus limites. social, a separação, do homem e pelo homem, de suas forças
As Glosas Críticas sobressaem como o momento em que próprias, suas forças humanas, enfim, suas forças sociais.
Marx, retomando o percurso iniciado a partir da Crítica da Em Marx, portanto, a política é ontologicamente determinada
Filosofia do Direito de Hegel e desenvolvido nos Anais Franco- – o que vale para todas as categorias do ser social – pelo modo
Alemães, deixa evidente o caráter ontológico de sua crítica à através do qual o homem produz sua existência. O entendimento
política. Concebido em termos incisivos e inequívocos, este da política remete à análise da “anatomia da sociedade civil”,
artigo representa uma síntese das linhas fundamentais da análise que eleva as “categorias econômicas” ao patamar de
determinação ontonegativa da politicidade, teoria que Chasin categorias ontológicas, que dizem respeito à autoprodução do
explicita da seguinte forma: ser social. Como afirma Lukács, destacando a importância dos
“Tratando-se de uma configuração de natureza ontológica, o Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 no conjunto da
propósito essencial dessa teoria é identificar o caráter da obra marxiana: “/.../ pela primeira vez na história da filosofia, as
política, esclarecer sua origem e configurar sua peculiaridade na categorias econômicas aparecem como as categorias da
constelação dos predicados do ser social. Donde, é onto- produção e reprodução da vida humana, tornando assim possível
negativa, precisamente, porque exclui o atributo da política da uma descrição ontológica do ser social sobre bases
essência do ser social, só o admitindo como extrínseco e materialistas”ii.
contingente ao mesmo, isto é, na condição de historicamente (...)

i
CHASIN, J. Marx: Estatuto Ontológico... Op. cit., pp. 367-368.
ii
LUKÁCS, G. Os Princípios Ontológicos Fundamentais de Marx. São Paulo: Ciências Humanas, 1979, p. 15.

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