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Aspectos Jurídicos
Art. 927 “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
Art. 186 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.”
Art. 187 “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.”
Art. 188 Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover
perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.
Art. 942 “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as
pessoas designadas no art. 932.”
Cabe reforçar que o causador de um prejuízo responderá com seus bens pelos
danos causados a terceiros, à exceção dos bens impenhoráveis previstos na legislação,
como, por exemplo: bem de família, salário etc. Caso o responsável não tenha bens que
possam ser penhorados, o terceiro prejudicado não terá seu prejuízo ressarcido.
Outro ponto importante do art. 942 refere-se à responsabilidade solidária.
Há solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre mais de um credor,
ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
Interessa-nos mais de perto a solidariedade passiva, que tem como uma das
consequências mais relevantes o fato de que, havendo mais de um causador
do dano, todos responderão solidariamente pela obrigação. A vítima, no caso
o credor, poderá cobrar de qualquer um dos devedores solidários até 100%
da obrigação.
Art. 932 “São também responsáveis pela reparação civil:
I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a oncorrente
quantia.”
Como se depreende dos artigos do Código Civil destacados, os elementos
necessários para caracterizar a responsabilidade civil são ação ou omissão, culpa, dano e
relação de causalidade.
Ação ou Omissão
Praticar um ato (ação) ou deixar de fazê-lo (omissão), ao lado de outros
elementos essenciais da responsabilidade civil, pode configurar a obrigação do agente
em responder por prejuízos causados a terceiros, resultantes dessa conduta.
A ação (ou omissão) tanto pode ser dolosa quanto culposa. O que distingue
uma da outra é a intenção, do agente que pratica a ação (ou omissão), de prejudicar ou
não a terceiros.
Uma ação (ou omissão) que tem intenção deliberada de causar danos a
outrem é dolosa.
O dolo, por ser um ato consciente, que alguém induz, mantém ou confirma
outrem em erro, é punido no campo do Direito Penal. Por isso, o Seguro de
Responsabilidade Civil Geral não cobre os danos resultantes de atos dolosos, praticados
pelo segurado.
Culpa
A ação (ou omissão) culposa caracteriza-se pela ausência do desejo de prejudicar,
embora provoque prejuízos. Ainda que o agente não tivesse a intenção deliberada de
causar prejuízo a outrem, ele deverá responder em razão da conduta culposa.
Assim sendo, a culpa, no campo do Direito Civil, obriga à reparação do dano, e
o prejuízo é coberto pelo Seguro de Responsabilidade Civil quando contratada a
cobertura através da apólice correspondente.
A culpa, no sentido restrito, decorre de conduta caracterizada pela negligência,
imprudência ou imperícia.
• a negligência evidencia-se, usualmente, pela omissão. Relaciona-se,
principalmente, com a desídia. É a ação necessária que se deixou de praticar como, por
exemplo, consertar uma marquise que está em mau estado de conservação; deixar de
efetuar manutenção obrigatória em equipamentos, conforme determinação do
fabricante; viajar sem fazer revisão no veículo e demais condutas assemelhadas;
• a imprudência é a ação que não deveria ser praticada. Na imprudência,
o sujeito procede precipitadamente ou sem prever integralmente as consequências da
ação, como, por exemplo, colocar objetos soltos no parapeito da janela de um
apartamento; e
• a imperícia é a ação praticada sem a habilidade ou competência necessária
para fazê-lo, ou seja, o sujeito age ou deixa de agir com ou sem a habilidade técnica que
deveria possuir como profissional habilitado (médico, motorista, engenheiro), como no
caso de instalação elétrica realizada por quem não tem conhecimento de eletricidade.
Dano
Genericamente, significa todo mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a
outrem, de que possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa dele ou um
prejuízo a seu patrimônio.
O dano é o elemento fundamental para a configuração da responsabilidade
civil. Não existe, no Direito Civil, repercussão do ato ilícito se não houver a produção de
um dano.
O dano pode ser classificado como:
• pessoal – quando se refere à lesão corpórea ou à doença sofrida por pessoa
física (inclusive morte ou invalidez) em decorrência de ação ou omissão de outra
pessoa.
Hoje, através de jurisprudência, já se determina que o dano moral também
pertença à classe de dano pessoal. O mercado de seguros adota a terminologia “dano
corporal”, em vez de dano pessoal;
• material – quando se refere a dano físico a propriedade, animais,
deterioração de objetos tangíveis, destruição de substâncias etc; e
• imaterial – quando se refere a dano resultante da privação de um direito, da
interrupção de uma atividade ou da perda de um benefício.
Nos casos de interrupção de uma atividade, existem os danos de natureza
pecuniária, como os lucros cessantes e/ou esperados.
Exemplo: se o telhado de uma empresa cai sobre o carro de um taxista, impedindo-o de
exercer sua profissão por algum tempo, ele poderá buscar, judicialmente, uma
indenização por lucros cessantes, ou seja, por aquilo que deixou de ganhar. Terá que
provar ao juiz a média dos seus rendimentos diários para que seja calculada, com
justiça, a indenização devida.
Nas apólices de RCG, só há cobertura para danos imateriais quando estes são
consequência direta de danos corporais e/ou materiais cobertos pela mesma apólice.
TERCEIROS
Para o Seguro de Responsabilidade Civil, o terceiro é um elemento de aparição
incidental e que sofre o dano. Pode ser qualquer pessoa, desde que não seja o próprio
segurado, seus ascendentes, seus descendentes, seu cônjuge, pessoas que dependam
economicamente ou que residam ou que tenham sociedade econômica ou emprego
com o segurado.
Com a exclusão dessas pessoas das coberturas das apólices de RCG, por não se
enquadrarem na definição de terceiro, evita-se que o segurado seja tentado a agravar o
risco, prejudicando o segurador. Evita-se, também, que o causador do dano se beneficie
do ato ilícito que cometeu.
PRESCRIÇÃO
A prescrição é a perda de um direito ou obrigação não exigida dentro de
determinado prazo, ou seja, é a perda do direito à ação judicial, e acontece quando
alguém que detém esse direito deixa de exercê-lo durante um determinado tempo
previsto na lei.
O prazo prescricional tem início quando, pela primeira vez, o terceiro tem ciência
do dano. A prescrição é interrompida quando é feita a citação da ação movida por quem
sofreu o dano, em face de quem o causou ou por qualquer ato que não deixe dúvidas no
reconhecimento, por parte do devedor, do direito reclamado.
A prescrição pode ser interrompida, começando a correr um novo prazo a partir
da data da interrupção. No que diz respeito ao seguro, a interrupção se dá através de
protesto judicial.
Organizando as Ideias
O princípio geral da Teoria da Responsabilidade Civil é aquele que impõe, a quem
causa dano a outrem, a obrigação de repará-lo.
Por isso, o elemento fundamental para a configuração da responsabilidade civil é
o dano. Existem outros elementos, também importantes, que configuram a
responsabilidade civil, que são ação ou omissão, culpa e nexo causal.
Outro aspecto a destacar diz respeito às teorias da Responsabilidade Civil, que
podem ser de natureza subjetiva e objetiva.
A subjetiva necessita da comprovação do elemento culpa.
A objetiva prescinde desse elemento, devendo aquele que prejudicar alguém
reparar o dano independentemente da comprovação de culpa.
O terceiro e os prazos de prescrição das ações são elementos importantes do
Seguro de Responsabilidade Civil.
REEMBOLSO
N o Brasil, a maioria das apólices de outros ramos são à base de indenização.
Porém, no caso da Responsabilidade Civil, elas são à base de reembolso.
O princípio do reembolso determina que o segurado primeiro pague ao terceiro
reclamante para depois, então, ter direito ao reembolso junto ao segurador.