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Marimba Ani
Introdução
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2Para uma discussão muito rara e perceptiva desse conceito ver HENRYK SKOLIMOWSKI:
“The Scientific World-View an the Illusions of Progress” em Social Research, vol. 41, nº I,
Primavera 1974, pp. 52-82.
ter progredido através de estágios que se relacionam uns com os outros em
uma seqüência linear do menos para o mais progressivo. Sociedade pode ser
entendida como tendo progredido através de determinados estágios
evolutivos, representando as fases crescentes da iluminação, da
racionalidade, propriedade, mecanização e assim por diante. O ponto de
referência sempre foi a sociedade europeia que representa o estágio mais
avançado evolutivamente em qualquer ponto. A próxima adição previsível
para esta imagem é que mais uma vez — em qualquer dado ponto — as
outras culturas e sociedades do mundo estão assentadas dentro da escala
evolutiva para se relacionarem linearmente com a sociedade mais evoluída.
Desta forma, a evolução se torna universal e unilinear. Todo mundo está se
movendo pelos mesmos estágios na mesma sequência. Estamos todos,
portanto, julgados pela mesma ideologia desde que esta é, afinal, uma
construção ideológica e não meramente uma teórica. O resultado é uma
versão mais atualizada da “Grande Cadeia do Ser”.
Em conjunto, estas duas ideias apresentam uma visão do mundo em
que o homem ocidental-europeu torna-se o homem “mais progressivo” e,
portanto, o “superior”. Ele refere-se, em seguida, a outros que representam
diferentes graus de inferioridade. Muito apropriadamente, ele os “ensina”,
“controla”, “ordena” e “explora”. Uma vez que ele saiba melhor, ele confere
suas bênçãos através da escravidão, do colonialismo, do imperialismo
expansionista, do neo-colonialismo e assim por diante. E assim, a África se
tornar uma vítima, não só do comportamento explorador, mas nós como
Africanos somos levados a acreditar que isto é apenas desde que a nossa
herança é “atrasada”, “primitiva” e “subdesenvolvida”. Tornamo-nos,
também, vítimas de uma visão de mundo imposta.
Estes três temas que eu discuti não são realmente três modelos ou
conceitos totalmente distintos, mas pedaços de uma construção ideológica.
Eles têm em comum o fato de que todos eles ajudam a criar um espectro ou
escala que julga ou avalia raças e culturas: a ocidental-européia sempre
sendo aquela mais valorizada de acordo com a lógica dos esquemas de teses;
aquela que seja mais diferente do Ocidente-Europa branco sendo a mais
baixo em termos de valor (e essa é sempre a África e seu povo).
Nós, como Africanistas, somos obrigados a deixar claro aos jovens
teóricos sociais negros que todas as ideias mencionadas acima são apenas os
modelos teóricos, e não verdades “comprovadas”, apenas pressupostos
tacitamente aceitos que formam a moldura branca ocidental-européia de
referência. Estas são as suas inclinações, não defendidas, mas assumidas.
Não há nenhuma razão para nós assumirmos uma visão do mundo que nos
coloca irremediavelmente em uma posição de inferioridade e justifica nossa
impotência e seu comportamento exploratório. E ainda, conforme herdamos
essas formas de pensamento do Europeu, que tendem a aceitá-los também
como dadas, sem perceber suas implicações inerentes.
Os Usos da Antropologia
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4 Citado em GEORGE W. STOCKING: Race, Culture, and Evolution: Essays in the History
of Anthropology (Raça, Cultura, e Evolução: Ensaios sobre a História da Antropologia)
(New York, Free Press, 1968), p. 38.
5 HENRI de SAINT-SIMON: Social Organization, The Science of Man and Other Writings
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Conclusão
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10For good examples of this kind of thinking see the articles by Abn-1 Hakimu Ibn Alkalimat
and Ron W. Walters in (editor JOYCE A. LADNER! (New York, Vintage, 1973).
ciências sociais deve olhar mais criticamente sobre os pressupostos teóricos
e pressupostos em que essas disciplinas sejam fundadas. Pareceria ser a
missão de todos os cientistas sociais Africanos, na pátria e na diáspora,
devotar suas energias na reconstrução radical das disciplinas em que eles
foram treinados. Sem tal abordagem, corremos o risco de incorporar os
modelos teóricos, mitológicos e ideológicos das ciências sociais brancas em
nossas próprias metodologias, assim, sem saber, internalizando o valor da
sociedade da Europa Ocidental, incluindo a imagem negativa da África, que
o racialismo e o culturalismo branco criou.
Devemos apoiar os irmãos e irmãs que têm clamado por um
compromisso com a crítica dessas disciplinas em nível ideológico, filosófico;
então, para a sua reconstrução, utilizando critérios mais universalmente
válidos 11. Não alegando objetividade (um conceito dúbio), mas buscando
expressar uma ideologia Pan-Africanista e, assim, contribuir para uma
declaração que reflita com mais precisão a realidade de um universo
culturalmente pluralista. Desta forma, teremos algo valioso para passar para
esses jovens Africanistas quem ensinamos, em vez de, inconscientemente,
perpetuarmos uma debilitante dependência política e intelectual sobre os
modelos sociais teóricos daqueles que buscam destruir-nos.
11Para bons exemplos desse tipo de pensamento ver os artigos de Abn-1 Hakimu Ibn
Alkalimat e Ron W. Walters em The Death of White Sociology (A Morte da Sociologia
Branca) [editora JOYCE A. LADNER] (Nova York, Vintage, 1973).