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Escolhi esta forma ligeira de introdução para abordar uma questão que
preocupa toda a humanidade pensante: o terrorismo. Evidentemente que, na
nossa memória, permanecem dois actos que abalaram o mundo ocidental: a
destruição das torres gémeas em Nova Iorque e o mais recente atentado à
população madrilena na estação de Atocha. Sem falar em Bali e Casablanca.
Desde que alguém descobriu que os actos terroristas eram a única forma de,
facilmente, serem notícia, o terror vulgarizou-se.
A Fátima Assunção explicou que não se pode mentir ao povo tendo como única
finalidade a manutenção e conservação do poder; não se pode subestimar a
relação entre os meios de comunicação e a opinião pública, como refere a
socióloga alemã Elisabeth Noelle-Neumann que, na Teoria da Espiral do
Silêncio, parte do pressuposto de que as pessoas têm de permanecer atentas
às opiniões e aos comportamentos maioritários e procuram expressar-se
dentro dos parâmetros da maioria. Esta socióloga defendeu ainda que a
formação das opiniões maioritárias é o resultado das relações entre os meios
de comunicação de massas, a comunicação interpessoal e a percepção que
cada indivíduo tem da sua própria opinião quando confrontada com os outros.
Noelle Neumann perspectiva a opinião pública como uma espécie de clima de
opinião, onde o contexto influencia o indivíduo independentemente da sua
vontade.
Foi isto mesmo que se verificou quando toda a população espanhola ficou a
saber dos atentados ocorridos na manhã de 11 de Março na capital espanhola
pelos meios de comunicação. As características psicológicas e a personalidade
das pessoas predispõem-nas, ou não, para reagir de uma determinada
maneira. Assim, e como era de prever, as pessoas reagiram distintamente à
notícia dos ataques. Houve quem ficasse impávido e sereno, houve quem
corresse logo aos hospitais, houve quem desmaiasse, chorasse… Muitas
foram decerto as reacções, o que vem reforçar ainda a ideia de que esta teoria
já está ultrapassada e tida como errada também.
E vamos ficar por aqui porque o essencial da panorâmica está traçado faltando
a reflexão conclusiva perante esta situação de violência que o desespero utiliza
para comunicar. Reconhecidamente mal, mas sarcasticamente eficaz.
Rui de Melo
Julho de 2004