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COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, caro leitor, convido-te a descansar. Mais qual descanso,
talvez, estejas já pensando!Pois bem, te convido a repousar no descanso da fé, isto
quer dizer o descansar não apenas da culpa e do poder do pecado, mas também da
presença do próprio pecado. Deste modo convém observar: o que é fé na carta aos
Hebreus? Eis a resposta: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Logo, percebe-se que
não abordaremos o aspecto físico deste descanso como aspecto primordial, mas o
espiritual; para tanto, ser-nos-á proveitoso, a título de comparação, abordarmos o
aspecto inicial do descanso terreno, o qual envolve a figura de Josué – o sucessor
natural de Moisés – e a caminhada rumo a Canaã terrena, para depois,
paulatinamente, tópico a tópico, apresentar a pessoa bendita de Jesus que nos
convida a adentrar na Canaã celestial e a deleitarmos nEle. Boa leitura, distinto
leitor!!!
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I – JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ
O texto de Hebreus 4.7 nos leva ao texto de Salmos 95.8, e faz-me lembrar
das palavras do famoso pregador – príncipes dos pregadores – Charles Hadan
Spurgeon:
1. Um descanso total.
De acordo com William Barclay, em sua obra: The Letter to The Hebrews, p.
38, o autor aos Hebreus usa aqui a palavra repouso (katapausis) em três diferentes
sentidos. (1) Usa-a como usaria a frase a paz de Deus. O maior e mais apreciado
deste mundo é entrar nessa paz divina. (2) Como já vimos em 3.12, usa-a com o
significado da terra prometida. Para os filhos de Israel que tinham vagado tanto
tempo pelo deserto a terra prometida era de fato o descanso de Deus. (3) Usa-a
com referência ao descanso de Deus depois do sexto dia da criação, quando
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Tradução nossa, retirada do II volume – El Tesoro de David, p. 77, de C. H. Spurgeon. Ed. CLIE,
Barcelona, España, 2003.
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terminou toda sua obra. Esta forma de utilizar uma palavra em um, dois ou três
sentidos, de insistir na mesma até extrair sua última gota de significado,
caracterizava os ambientes de pensamento culto e acadêmico da época em que foi
escrita a carta.
2. Um descanso real.
De fato, o sétimo dia para o descanso foi definido e fixado para a geração do
êxodo quando esta recebeu o maná (Ex 16.22-30). Portanto, esse Outro dia
apontado em Hebreus 4.8 não se pode referir ao descanso após o estabelecimento
em Canaã da nova geração de Israel liderada por Josué, pois esta ainda vivia sob a
dispensação do sétimo dia (o Sábado). Logo, o autor da Epístola se referia ao novo
e espiritual descanso – que ainda pode ser aceito ou rejeitado –, explicado no
versículo 10, daí a exortação: “Não endureçais o vosso coração”. (Hb 4.7c).
3. Um descanso eterno.
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Seguindo a linha de pensamento de um grande erudito em língua grega – o
professor Orton H. Wiley, A palavra grega zôoun, viva, está colocada em primeiro
lugar na sentença por uma questão de ênfase. As Escrituras recebem esta
qualificação porque são a Palavra do Deus vivo, a efusão da vida divina. Jesus
salientou esta grande verdade quando disse: “As palavras que eu vos tenho dito são
espírito e são vida” (Jo 6.63b ARA). Em segundo lugar, No original grego, o particípio
vivo descreve a característica da palavra falada e escrita de Deus: A Palavra é viva!
Por exemplo: Estevão, relatando a história de Israel no deserto, diz que Moisés no
Monte Sinai “recebeu palavras vivas” (At 7.38), e Pedro diz aos destinatários de sua
primeira epístola que eles foram “regenerados... mediante a palavra de Deus” (IPe
1.23).
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Aqui, A palavra grega distomon significa literalmente de duas bocas, e é uma
alusão à espada curta, machaira3, muito letal, usada pelos legionários romanos (Ef
6.17). É interessante dizer que no mundo antigo, a espada de dois gumes era a
arma mais afiada disponível em qualquer arsenal, e no versículo 12b, o autor de
Hebreus compara a Palavra de Deus a essa arma.
A palavra grega pasan pode ser traduzida como toda, em vez de qualquer, e é
mais enfática. Logo, essa espada é usada como ilustração do poder penetrante da
Palavra de Deus. Assim como a espada atravessa a carne e corta os ossos,
expondo a medula, a Palavra de Deus pode atravessar a alma e o espírito até os
pensamentos e desígnios mais íntimos do coração. Em uma passagem similar em
Ap 1.16 nós lemos sobre a “afiada espada de dois gumes” que saía da boca de
Jesus como João o viu na ilha de Patmos. Glória a Deus por esta palavra poderosa!
CONCLUSÃO