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PROFESSOR
HISTÓRIA
ensino médio
2 SÉRIE
a
volume 4 - 2009
Coordenação do Desenvolvimento dos Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conteúdos Programáticos e dos Cadernos dos Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins,
Professores Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino
Ghisleine Trigo Silveira e Sayonara Pereira
GESTÃO
Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas
Fundação Carlos Alberto Vanzolini
Bom trabalho!
Caros(as) professores(as),
Com esses documentos, a Secretaria espera apoiar seus professores para que a organi-
zação dos trabalhos em sala de aula seja mais eficiente. Mesmo reconhecendo a existência
de classes heterogêneas e numerosas, com alunos em diferentes estágios de aprendizagem,
confiamos na capacidade de nossos professores em lidar com as diferenças e a partir delas
estimular o crescimento coletivo e a cooperação entre eles.
A estruturação deste volume dos Cadernos procurou mais uma vez favorecer a har-
monia entre o que é necessário aprender e a maneira mais adequada, significativa e mo-
tivadora de ensinar aos alunos.
Reiteramos nossa confiança no trabalho dos professores e mais uma vez ressaltamos o
grande significado de sua participação na construção dos conhecimentos dos alunos.
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FiChA dO CAdERnO
nome da disciplina: História
Série: 2a
Volume: 4
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ORiEntAçãO SObRE OS COntEúdOS dO CAdERnO
Caro(a) professor(a), privilegiou-se o desenvolvimento das habili-
dades indicadas na matriz do Enem¹ e na do
Este Caderno tem por objetivo auxiliá-lo Saresp².
no desenvolvimento de três temas que, apesar
de ligados cronologicamente ao século XIX, metodologia e estratégias
tiveram grandes e importantes desdobramen-
tos ao longo do século XX: EUA no século As estratégias de ensino-aprendizagem aqui
XIX – Expansão para o Oeste, Guerra Civil e adotadas procuram contemplar o conheci-
o desenvolvimento capitalista dos EUA; Brasil mento prévio dos alunos em relação às temá-
Império – Primeiro Reinado, Regências e Se- ticas apresentadas. Parte-se do princípio de
gundo Reinado e a República no Brasil – as que, independentemente do saber que tenham,
contradições da modernização e o processo esse saber pode ser a premissa a partir da qual
de exclusão política, econômica e social até a o professor pode se aproximar dos alunos e
década de 1920. Em razão da amplitude dos despertar-lhes o interesse pelas questões trata-
temas, propomos o desenvolvimento de quatro das. O Caderno propõe um grande número de
Situações de Aprendizagem que contemplam atividades com pesquisas, produção e análise
aspectos referenciais relacionados a eles: a Ex- textual, mapas e atividades individuais e em
pansão para o Oeste e a Doutrina do Destino grupo, envolvendo uma variedade de estraté-
Manifesto e a Guerra Civil, nos Estados Uni- gias que visam a aproximar os alunos das pro-
dos; a abolição da escravatura, e imigração e blematizações historiográficas em torno dos
o imaginário republicano no Brasil. Buscamos temas estudados.
propor, em alguns casos, situações diferencia-
das para o estudo desses conteúdos. Avaliação
Competências e habilidades Para os temas tratados no Caderno, os pro-
cedimentos e estratégias de avaliação propostos
Com base nas orientações para a área de contemplam instâncias de pesquisa, participa-
História, estabelecidas pela Lei de Diretri- ção e produção textual, aqui entendidas como
zes e Bases da Educação (Lei no 9.394/96), importantes formas de desenvolvimento das
e nos Parâmetros Curriculares Nacionais –, competências e habilidades previstas. As ins-
aspectos como a heterogeneidade dos grupos tâncias de avaliação seguem as orientações an-
sociais e a pluralidade dos modos de vida, teriormente traçadas nos demais Cadernos. O
em seu contexto e ao longo do tempo, foram desenvolvimento das competências propostas,
considerados em relação aos temas aqui tra- a apreensão dos conceitos relacionados aos
tados, com a finalidade de propiciar uma com- temas tratados, a análise da produção textual
preensão mais ampla e menos generalizante e da participação ativa no processo de apren-
dos fenômenos históricos que a eles se refe- dizagem continuam sendo objetos primordiais
rem. Assim como nos Cadernos anteriores, da avaliação.
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História - 2a série - Volume 4
SitUAçÕES dE APREndizAGEm
SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 1
A EXPANSãO PARA O OESTE E A
DOUTRINA DO DESTINO MANIFESTO
Conteúdos e temas: formação das sociedades nacionais e organização política e social na América e nos
EUA no século XIX: Expansão para o oeste norte-americano.
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Que pistas estas palavras nos dão a respeito do f Note que essa incorporação esteve ligada à
tema? Fixe-se no sentido das palavras, deixan- crença de um Destino Manifesto. Não deixe
do para relacionar seu significado ao processo de perguntar que destino seria esse, dan-
histórico em estudo mais adiante. do um passo além em relação às hipóteses
apontadas no início da sensibilização. Nes-
A partir desse ponto, a sensibilização se momento, apresente brevemente seus as-
pode ser desenvolvida por duas estratégias: pectos básicos: a ideia de “povo escolhido”
por Deus para levar a civilização, a paz, a
f Peça que observem no Caderno do Aluno liberdade e a igualdade ao resto do mundo,
o mapa das treze colônias, quando da in- ao mesmo tempo que se expandia invadin-
dependência dos Estados Unidos (1776), e do os territórios indígenas. Paralelos com
outro da expansão territorial rumo ao Oes- a atualidade estão previstos ao longo do
te, até o final do século XIX; peça que ob- desenvolvimento da Situação de Aprendi-
servem o grande número de novos espaços zagem, mas outros poderão ser desenvolvi-
incorporados ao território norte-america- dos por você, em formato de tópicos.
no e informe que a análise desse processo
de incorporação será o tema das aulas se- A seguir, observe os mapas que estão tam-
guintes. bém reproduzidos no Caderno do Aluno:
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História - 2a série - Volume 4
ARRUDA, Jobson José de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2002. p. 23.
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levadas à força para o Oeste com aprovação
1. negociações com governos europeus do governo federal. Essa remoção abriu cerca
1803 compra da Louisiana (França) de cem milhões de acres de terras férteis para
1819 compra da Flórida (Espanha) a agricultura dos brancos. Ao mesmo tempo,
1867
compra do Alasca (Rússia) condenou milhares de nativos à morte, na via-
2. Guerra do méxico gem ou já nas reservas (onde não se adapta-
1846-1848 incorporação de regiões do vam bem e estavam sujeitos à desnutrição e
Texas, da Califórnia, do Novo México, de doenças), varrendo-os da história americana.
Utah, do Arizona, de Nevada e de parte As tribos resistentes foram combatidas e vá-
do Colorado. rias dizimadas.”
FERNANDES, Luiz Estevam; MORAES, Marcus Viní-
cius de. Os EUA no século XIX. In: KARNAL, L. et. al.
É importante ressaltar que a expansão foi História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI.
processual e assumiu diferentes característi- 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008.
cas, mas um aspecto foi comum a todo o pe- <http://www.editoracontexto.com.br>.
ríodo: a opressão sobre nativos indígenas e a
dizimação de populações inteiras. Observe,
por exemplo, que durante a Expansão para o Você pode pedir à classe que registre no Ca-
Oeste, as inúmeras tribos indígenas foram vis- derno do Aluno comentários acerca do pos-
tas como um empecilho para os colonizado- sível paralelo entre o tema desta Situação de
res e sua empresa de conquista de territórios. Aprendizagem e a realidade brasileira. Sugira
A resistência nativa foi vista pelos “brancos” perguntas: Como foi tratada a “questão indíge-
europeus e norte-americanos como selvageria, na” no Brasil na época da colonização? Como
o que muito contribuiu para a “construção essa questão é vista hoje no que se refere às re-
das imagens” dos índios selvagens e violentos servas indígenas? Esse pode ser um momento
e dos colonizadores civilizadores. Essas ima- de produção de inferências globais quando,
gens foram comumente transpostas para as a partir da temática principal, os alunos são
telas de cinema e TV, estigmatizando uma das estimulados a estabelecer relações com outros
partes envolvidas (os índios) e criando papéis contextos que a extrapolem, mas que ao mes-
de mocinhos e bandidos de forma maniqueís- mo tempo se relacionem, buscando pontos de
ta. Indague os alunos sobre produções televi- contato que convirjam para uma problemáti-
sivas e cinematográficas a esse respeito. ca única, como por exemplo a dizimação de
populações nativas por colonizadores.
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História - 2a série - Volume 4
Avaliação da Situação de
Aprendizagem tendo como viés analítico a problematização
da ideologia do progresso, consiste no foco
Espera-se que, com o tratamento dos temas central das atividades propostas.
“Expansão para o Oeste” e doutrina do “Des-
tino Manifesto”, os alunos possam apreender Proposta de questões para avaliação
aspectos referenciais da história dos Estados
Unidos da América no século XIX, estabe- 1. (Fuvest – 2008) Nos Estados Unidos, a Ex-
lecendo, sobretudo, paralelos com a história pansão para o Oeste se completou no final
contemporânea do país. A crítica à ideia ex- do século XIX. Discorra sobre esse fenô-
pansionista e missionária dos Estados Unidos, meno histórico no que se refere:
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a) à questão indígena e à incorporação de nômica, conhecido como “marcha para o
terras para a agricultura. Oeste” ou Expansão para o Oeste. Os ide-
ais que estiveram por trás desse expansio-
Durante o processo expansionista para o nismo ficaram conhecidos como a doutrina
Oeste, as populações indígenas ou foram do “Destino Manifesto”, ou seja, a crença
completamente dizimadas ou deslocadas de que os colonos pertenciam ao “povo es-
para outros territórios, visto serem consi- colhido” por Deus para levar o progresso, a
deradas empecilhos para o desenvolvimen- civilização, a liberdade para os povos e es-
to norte-americano. A resistência nativa foi paços ainda não conquistados.
percebida historicamente na construção da
imagem do índio como selvagem, um bár- 3. Qual dos itens a seguir apresenta fatores
baro a ser civilizado, colonizado. Ao se ex- que contribuíram para a expansão norte-
pandirem, além do aniquilamento dos povos americana para o Oeste?
indígenas, os colonos destruíram seus recur-
sos e fontes de sobrevivência, apossando-se a) Busca pelo ouro e integração pacífica e
de terras para agricultura, construção de total com os indígenas.
ferrovias e demais empreendimentos ligados
à expansão capitalista. b) Integração pacífica e total com os indí-
genas e desenvolvimento tecnológico.
b) ao Oeste, como temática da cultura nor-
te-americana, por exemplo, na literatura, c) Busca pelo ouro, incentivos governamen-
no cinema e nos meios de comunicação. tais (venda a preços módicos e concessão
de terras) e imigração dos europeus.
O tema da Expansão para o Oeste foi e
ainda é, em alguma medida, de grande in- d) Imigração dos europeus e valorização
teresse para a indústria cinematográfica do dólar.
norte-americana, tendo contribuído sig-
nificativamente para uma construção es- 4. (Fuvest – 2001) A incorporação de novas
tereotipada da imagem dos índios que, ao áreas, entre 1820 e 1850, que deu aos Es-
resistirem aos invasores, eram entendidos tados Unidos sua atual conformação ter-
como “selvagens”, “bárbaros” e “bandidos” ritorial, estendendo-se do Atlântico ao
diante dos civilizadores, não sendo diferente Pacífico, deveu-se fundamentalmente:
também na literatura. A ideia de Destino
Manifesto esteve presente na elaboração de a) a um avanço natural para o Oeste, ten-
todo esse imaginário, estabelecendo opostos do em vista a chegada de um imenso
dicotômicos como bárbaros e civilizados, contingente de imigrantes europeus.
bandidos e mocinhos, bem e mal.
b) aos acordos com as lideranças indíge-
2. Escreva a respeito da história dos Estados nas, Sioux e Apache, tradicionalmente
Unidos da América no século XIX, a partir aliadas aos brancos.
da perspectiva da Expansão para o Oeste e a
doutrina do Destino Manifesto. c) à vitória na guerra contra o México que,
derrotado, foi obrigado a ceder quase
O final do século XVIII e o século XIX metade de seu território.
marcam para os Estados Unidos da Améri-
ca um período de grande prosperidade eco- d) à compra de territórios da Inglaterra e
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História - 2a série - Volume 4
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SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 2
A GUERRA CIVIL (GUERRA DE SECESSãO)
O objetivo desta Situação de Aprendiza- os do Sul como agrários; contudo, essa visão
gem é apresentar e problematizar para os alu- carece de maior aprofundamento. Ao longo
nos um tema de compreensão imprescindível desta Situação de Aprendizagem, além de uma
para o entendimento da história dos Estados caracterização dos dois blocos em questão,
Unidos da América na segunda metade do sé- pretende-se estabelecer uma contextualiza-
culo XIX: a Guerra Civil, também conhecida ção problematizada de alguns dos principais
como Guerra de Secessão (1861-1865). A tra- aspectos políticos e econômicos envolvidos
dição historiográfica consagrou dicotomica- no conflito, principalmente pelo viés da escra-
mente os interesses em questão, delimitando vidão, um dos principais motivos da Guerra
os Estados do Norte como industrializados e Civil.
Competências e habilidades: caracterização dos interesses das partes envolvidas na guerra, o Norte e o
Sul dos Estados Unidos da América.
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História - 2a série - Volume 4
turma tenha 40 alunos, você terá 5 grupos de social do proprietário. Além disso, a ideia
4 alunos para pesquisar sobre cada um dos de que brancos e negros jamais poderiam
lados da guerra). Peça que tragam no Cader- conviver em harmonia também reforçava a
no do Aluno, em forma de tópicos, os aspec- escravidão, na medida em que, segundo essa
tos definidores das colônias pesquisadas. Você premissa, nada se poderia fazer com os ne-
pode direcionar seus alunos para a biblioteca gros, caso ficassem livres. Outro importan-
da escola ou para uma biblioteca pública de te fator que pesava contra a possibilidade
seu município. Peça para procurarem livros de abolição da escravatura é que o escravo,
que tratem da história dos Estados Unidos da como mercadoria, já fazia parte do mer-
América no século XIX, particularmente sobre cado econômico do país. Ele estava inserido
a Guerra Civil, ou Guerra de Secessão. Na pes- numa complexa rede de compra e venda e
quisa, é importante que observem o roteiro a sua força de trabalho sustentava a produ-
seguir, que contém aspectos gerais a respeito ção nos campos, sendo o responsável pela
do conflito e outros que deverão ser abordados mobilização de milhões de dólares. Quanto
de acordo com o tema de cada grupo: mais se dependia do escravo, maior era o
esforço para mantê-lo nessa posição, mes-
f as origens da guerra; mo porque crescia cada vez mais o receio
f as partes envolvidas; de manifestações coletivas de escravos, que de
f os interesses em questão; fato resistiam, fugiam ou matavam senho-
f as características definidoras do grupo das res em nome da liberdade.” FERNANDES,
colônias pesquisadas. Luiz Estevam; MORAES, Marcus Vinícius de. Os
EUA no século XIX. In: KARNAL, L et. al. His-
Na data combinada, peça a um represen- tória dos Estados Unidos: das origens ao século
tante de cada grupo que exponha à classe as XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008. <http://
caracterizações dos Estados do Norte e do Sul. www.editoracontexto.com.br>.
Avalie-as e, se for o caso, complemente-as e
anote-as em duas colunas (Norte/Sul) na lou- f “Mesmo tendo interesses e estruturas bem
sa. Provavelmente, muitas características se re- diferentes, não se pode afirmar que as re-
petirão; busque enfatizar as orientações gerais giões fossem completamente antagônicas. O
sobre os Estados do Sul, onde predominava o Norte, mais avançado em termos industriais,
trabalho escravo, e do Norte, onde prevalecia o tinha uma classe média nascente e uma in-
trabalho livre. Reitere que esta questão era obje- dústria de importância crescente. O Sul,
to de grandes discussões políticas nos diferentes embora apresentando características funda-
Estados norte-americanos da época (trabalhe mentalmente agrícolas, baseava-se no siste-
as outras caracterizações arroladas pelos alunos ma de ‘plantation’ e escravidão, muito bem
ao longo da aula, estabelecendo conexões com inserido no sistema capitalista; o escravo era
o conteúdo estudado). Com base nessa con- visto como mercadoria. O Sul interagia eco-
traposição, desenvolva uma contextualização nomicamente com o Norte e participava do
do período que aborde os seguintes aspectos: comércio internacional, especialmente com
a Inglaterra. Mesmo se constituindo de dois
f O Sul era um grande produtor de tabaco ‘mundos’ bastante diferentes, um ao Norte –
e algodão, principalmente nos Estados da de trabalhadores livres, assalariados, peque-
Virgínia, da Geórgia e de Maryland. “Nes- nos proprietários e mais consistente classe
sas regiões, ter um escravo era o mesmo média urbana – e o outro, ao Sul, escravista
que ter um valioso bem e a quantidade de e senhorial –, a ideia de superioridade do ho-
escravos simbolizava posição de prestígio mem branco era comum e inquestionável em
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ambos. Nos dois mundos, os negros estavam f os Estados do Sul, com menos recursos
fora das decisões políticas e eram vítimas e menor contingente, não resistiram às
de preconceito, principalmente no Sul, onde pressões dos Estados do Norte, tendo sido
a escravidão era garantida por lei.” (FER- vencidos pelo esgotamento de seus recur-
NANDES; MORAES, 2008, p. 129). sos e por boicotes comerciais estrangei-
ros. O Norte conseguiu obstruir a venda
Tendo estabelecido essa contextualização, de algodão para o exterior mobilizando a
observe, ainda, que: Marinha.
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História - 2a série - Volume 4
1. Com base no conteúdo estudado, caracteri- e) evitar confrontos com os nortistas, que
ze os Estados do Norte e do Sul na Guerra protegiam os negros quando estes ata-
Civil. cavam propriedades rurais dos sulistas
brancos.
Os Estados do Norte caracterizavam-se
pelo protecionismo alfandegário, industria- 3. (Fuvest – 2000) Entre as mudanças ocor-
lização e por defenderem o fim da escravi- ridas nos Estados Unidos, após a Guerra
dão. Os Estados do Sul caracterizavam-se de Secessão (1861-1865), destacam-se:
pela defesa do câmbio livre, pela produção
agrícola no Oeste e pela manutenção da es- a) a garantia de direitos civis e políticos aos
cravidão. negros – incluindo o direito ao sufrágio
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universal – e o reconhecimento da cida- para os escravos capturados ou fugidos;
dania dos imigrantes recém-chegados. direito ao voto para homens negros.
4. Durante a Guerra de Secessão, Abraham Peça aos alunos que analisem a temática da
Lincoln propôs uma série de mudanças le- escravidão do ponto de vista dos Estados do
gislativas. Algumas delas foram: Norte e do Sul, desenvolvendo os principais
argumentos em defesa de seu fim ou de sua
a) Lei do Ventre Livre, direito ao voto para permanência.
os negros (homens e mulheres).
Recursos para ampliar a perspectiva
b) “Leis do Confisco” de propriedades usa- do professor e do aluno para a
das pelos confederados e de liberdade compreensão do tema
para os escravos capturados ou fugidos;
lei de terras (Homestead Act) – conces- livro
são de terras para famílias ou indivíduos
maiores de 21 anos dispostos a migrar. EISENBERG, Peter L. Guerra civil americana.
São Paulo: Brasiliense, 1999. Esse livro oferece
c) “Leis do Confisco” de propriedades usa- uma visão introdutória do quadro de conflitos
das pelos confederados e de liberdade e interesses envolvidos na Guerra Civil.
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História - 2a série - Volume 4
SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 3
ABOLIçãO E IMIGRAçãO
Competências e habilidades: elaborar e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a
compreensão dos processos histórico-geográficos; comparar processos de formação socioeconômica,
relacionando-os com seu contexto histórico e geográfico. A partir de textos, analisar os processos de
transformação histórica, identificando suas principais características ecônomicas, políticas e sociais.
Reconhecer que as transformações da história não decorrem, apenas, da ação das chamadas grandes
personagens.
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Explique aos alunos o contexto da situação: f Lei dos Sexagenários (1885) – Uma jogada
um escravo fugitivo pede auxílio para se escon- jurídica orquestrada por João Dantas e Rui
der a um membro da elite carioca que presidia Barbosa, entre outros. Esta lei corroborava
uma organização contrária à escravidão. Res- a tese do jovem jurista de que a escravidão
salte que se trata de um documento secreto, era ilegal, pois já havia sido abolida por
publicado na imprensa somente cinco anos uma lei de 1831, assinada no Período Re-
após sua escrita e, importante citar, revelado gencial, sob pressão da Inglaterra, mas que
somente após a Abolição, pois era ilegal pro- nunca fora respeitada e tampouco anulada.
teger e ajudar escravos fugitivos. Provavelmen- A Lei do Sexagenário, antes de conceder a
te, o escravo Francisco seria encaminhado ao liberdade aos escravos com mais de 60 anos,
Quilombo do Leblon, no Rio de Janeiro. Um pretendia mapear a idade dos demais escra-
local protegido pela elite carioca abolicionista, vos e defender que todos aqueles que tives-
que contava, com o apoio da princesa Isabel, sem chegado depois de 1831 deveriam ser
entre outras pessoas. Ou seja, trata-se de um alforriados sem indenização alguma, pois
forte indício da crise do sistema escravista. haviam sido ilegalmente contrabandeados.
Roteiro para aplicação da Situação f Lei Áurea (1888) – A escravidão, que dava
de Aprendizagem sinais de desgaste desde 1850, finalmente
acabou abolida. Foi um processo lento,
Na aula seguinte, organize uma explana- cujo desfecho despertou a indignação da
ção sobre as principais leis abolicionistas da elite escravista, que aguardava uma indeni-
segunda metade do século XIX. O trabalho zação paga pelo governo.
escravo suportava uma carga enorme de críti-
cas e desafetos oriundos de diferentes setores É interessante notar as relações entre a
sociais e que desejavam a destruição daquele imigração europeia e a crise do escravismo
pilar que, até então, sustentava o trabalho no no Brasil. Para tanto, ao final da aula, peça
Brasil. Quilombos, casas para esconder escra- aos alunos que observem os seguintes núme-
vos, acaloradas discussões jurídicas, livros e ros que se encontram reproduzidos também
fugas em massa contribuíram para a crise do no Caderno do Aluno:
sistema escravista e para o constante cresci-
mento da migração europeia para o Brasil. Números aproximados de imigrantes
europeus que entraram no Brasil (1870-1889)
Organize uma explanação sobre:
Ano Total Ano Total
f Lei Eusébio de Queiróz (1850) – Relacio-
ne-a com a imigração europeia para o Brasil. 1870 5 000 1880 30 000
1871 12 500 1881 11 500
f Lei do Ventre Livre (1871) – Ressalte a 1872 19 000 1882 29 500
participação de escravos na Guerra do 1873 15 000 1883 34 000
Paraguai. Os abolicionistas conseguiram 1874 20 000 1884 25 000
apoio do exército e de intelectuais que, 1875 14 500 1885 35 500
inspirados pela terceira fase do Romantis- 1876 30 500 1886 33 500
mo literário, chamada condoreira, critica- 1877 29 500 1887 56 000
vam a exploração do trabalho africano no 1878 24 500 1888 133 000
Brasil. O poema Navio negreiro, de Castro 1879 22 500 1889 107 000
Alves, estudado nas aulas de literatura, foi Disponível em: <http://www.memorialdoimigrante.
publicado em 1869. org.br/historico/e1.htm>. Acesso em: 18 set. 2009.
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História - 2a série - Volume 4
Peça aos alunos, como tarefa de casa, que re- As políticas de incentivo do governo
lacionem os dados apresentados no quadro com brasileiro, bem como as atuações do Conde
a cronologia do período estudado e apontem as de Gobineau na política e nas justificativas
relações entre o abolicionismo e a imigração. ideológicas (veja o Caderno do Volume 1, que
trata de Neocolonialismo), devem ser traba-
Na aula prevista, verifique a tarefa dos alu- lhadas também. Lembre os alunos de que os
nos, evidenciando que nos anos em que foram imigrantes vinham substituir os escravos e as
aprovadas leis abolicionistas, ou nos seguintes, condições de vida nem sempre eram tão boas
ocorreram saltos no número de imigrantes eu- quanto a descrição anterior. Da mesma forma
ropeus que entraram no Brasil. Partindo dessa que o documento anterior, o próximo a ser
análise, inicie a aula sobre a imigração europeia. lido encontra-se reproduzido no Caderno do
Aluno. Trata-se do trecho da carta de um imi-
leitura e análise de texto
grante italiano que vivia em São José do Rio
Apresente, sucintamente, o contexto eu- Pardo:
ropeu do século XIX, destacando a segunda
metade, repleta de conflitos e guerras que ge-
ravam quadros de miséria, fome e desigualda- “[...] Muitos imigrantes se arrependeram
de social. É curioso notar como alguns alunos ao encontrarem-se tão longe da terra natal.
resistem a aceitar o fato de alguns imigrantes Muitos que tinham três filhos ficaram sem ne-
terem “trocado” a Europa pelo Brasil. Por nhum. As mães desesperadas amaldiçoaram a
isso, é importante que você ressalte que as ‘Mérica’ e procuraram retornar à Itália, por
imagens atuais de um continente em paz, que meio da emigração. Outros tantos não tive-
a maior parte do tempo desfruta de estabilida- ram sorte com as famílias, vendo-se no meio
de econômica e social, estão muito distantes do desolamento. Muitos morreram de paixão.
da realidade vivida pelos europeus há um sé- É preciso pensar seriamente antes de em-
culo e meio. Para ilustrar, peça aos alunos que preender a longa viagem, porque facilmente
acompanhem no Caderno do Aluno a leitura se arruína. Não aconselho ninguém a partir
do seguinte trecho de uma carta originária da quando não se é chamado por parentes. [...]”
colônia fluminense de Santa Justa, escrita por
um imigrante alemão em 1852: Trecho da carta de Giuseppe Manzoni, de 11 de março de
1889. Disponível em: <http://www.saojoseonline.com.br/
nuova/pag126.htm>. Acesso em: 22 jul. 2009.
“O nosso contentamento ao chegarmos ao
Rio de Janeiro era indescritível. Quando che-
gamos à colônia, encontramos quase todas as
casas prontas e não precisamos nos preocupar Até a década de 1970, o Brasil recebeu
com gêneros alimentícios. 1 kg de café, a mes- mais imigrantes do que enviou brasileiros
ma quantidade de açúcar, 2 kg de toucinho, para o exterior. Atualmente, há grandes co-
2 kg de carne, arroz, feijão, farinha, o que na lônias de emigrantes brasileiros na Europa,
Alemanha mal podia ser consumido em um nos Estados Unidos e na Ásia, principalmen-
mês, eu consumo agora em uma semana.” te no Japão.
Carta de Joh. Christoph Gottfried Reinhardt e esposa.
09 de julho de 1852. Apud: ALVES, Débora Bendocchi. Assim, é interessante, após a discussão so-
Carta de imigrantes para o historiador: Rio de Janeiro- bre o fluxo de entrada de europeus no Brasil,
Turíngia (1852-1853). Revista Brasileira de História, v. 23. discutir o fluxo inverso, de saída de brasileiros,
n. 45, jul. 2003. verificado nos últimos 40 anos.
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Também é interessante registrar o mo- f As motivações para emigrar do Brasil estão
vimento, desde 2008, de retorno de muitos relacionadas, normalmente, às dificuldades
brasileiros que vivem no exterior, quando os de ascensão social e econômica, à miséria,
efeitos da crise econômica se fazem sentir, aos salários baixos e ao desemprego.
fundamentalmente pela diminuição da oferta f As exigências para ser aceito como imi-
de trabalho durante a recessão. grante podem ser encontradas nos sites
das embaixadas. Entre elas, destacam-se:
Peça aos alunos que pesquisem, em grupo, depósitos financeiros, emprego garantido e
as condições atuais de um brasileiro que vive ascendência familiar.
fora do Brasil e que produzam um texto com f Algumas regiões motivam a entrada de
a síntese dos dados coletados e, se houver dis- imigrantes para suprir carências de mão
ponibilidade de tempo, organize um debate de obra, de população ou de trabalhadores
sobre o assunto. Oriente a pesquisa para que com diferentes especializações.
contenha: f Há certa semelhança entre os dois proces-
sos, principalmente porque os imigrantes,
f relatos de emigrantes que contenham opi- nos dois períodos, buscam melhores con-
niões sobre melhora ou piora da qualidade dições de vida. Porém, no século XIX,
de vida. a maioria dos europeus vinha substituir
f as principais motivações apresentadas para a mão de obra escrava no Brasil e, atual-
justificar a saída do Brasil. mente, os brasileiros que emigram, vão
f principais exigências legais da União Eu- para a Europa, Estados Unidos e Japão
ropeia, Estados Unidos e Japão para imi- para ocupar postos de trabalho menos es-
grantes brasileiros. pecializados, de remuneração mais baixa.
f o interesse de algumas regiões em receber A crise da economia agrária escravista do
trabalhadores brasileiros. Brasil no século XIX deu início à imigra-
f diferenças e semelhanças entre os contex- ção europeia, mas é interessante notar que
tos das migrações dos séculos XIX-XX e no século XX os imigrantes também par-
XX-XXI. ticiparam do processo de industrialização
f motivações que estão levando parte dos do Brasil.
brasileiros a retornar em função dos efeitos f Na mídia, as notícias de brasileiros que fo-
da crise a partir de 2008. ram tentar a sorte em países estrangeiros,
têm cedido espaço para grupos que estão
Avaliação da Situação de fazendo o caminho inverso neste momen-
Aprendizagem to de crise, pela perda de seus empregos
e diminuição de oportunidades de traba-
A finalização, em forma de texto, tem por lho, formal ou não. Em janeiro de 2009,
objetivo problematizar a onda inversa de mi- as notícias de desemprego de dekasseguis
grações que marcam a história do Brasil e da (brasileiros descendentes de japoneses que
Europa, bem como as transformações nas imigraram para o Japão) têm sido alar-
relações de trabalho nos séculos XIX e XX. mantes, principalmente porque muitos não
Leve em conta os seguintes aspectos: têm recursos ou dependem de ajuda finan-
ceira para fazer o caminho de volta. Em-
f Os relatos de melhora ou piora podem va- bora a Situação de Aprendizagem aborde a
riar, assim como os relatos lidos durante a questão da imigração europeia especifica-
atividade. Os alunos devem perceber essa mente, este momento de crise globalizada
pluralidade em seus textos. pode ser um bom mote para potencializar
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História - 2a série - Volume 4
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c) a crise da produção de cana-de-açúcar A Lei do Ventre Livre (1871) libertava os
nordestina, o aumento do incentivo do filhos das escravas nascidos a partir daque-
governo para instalação de engenhos. la data e evidenciava o crescente abolicio-
nismo na sociedade brasileira pós-Guerra
d) o financiamento gerado pela extração da do Paraguai.
borracha amazônica, a principal fonte
de riquezas do Brasil naquele período. b) De que forma o autor desenvolve o pon-
to de vista de que a situação da escravi-
e) a crise da cafeicultura e a abolição da dão começou a mudar após 1871?
escravidão que gerou mão de obra bara-
ta e desempregada.
O aumento do preço dos escravos e a limi-
tação da prática escravista por parte da
A industrialização do século XIX foi incen-
tivada pelos altos lucros do café e pela dis- Coroa funcionaram, segundo o autor, como
ponibilidade de capitais nacionais. alertas para a mudança de consciência.
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História - 2a série - Volume 4
Avanço liberal
Regresso
Portugueses Restauradores
Regressistas Conservadores
Liberais Moderados
Liberais Exaltados
Abdicação Golpe da
de D. Pedro I Maioridade
(7/4/1831) 24/7/1840
Proposta 2
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republicano e ao fim da Monarquia no Brasil. <http://www.monarquia.org.br>. Acesso em: 30
Desvendando a História, São Paulo, v. 5, p. 26- jun. 2009. Site que pode originar um inte-
31, 19 jul. 2005. ressante debate sobre a monarquia no Bra-
sil, contém perfis do herdeiro da coroa no
Filme Brasil atual, documentos e informações so-
bre o plebiscito de 1993.
Mauá – O Imperador e o Rei. Dir.: Sérgio
Resende. Brasil, 1999, 134 min. Retrato da
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
vida de Barão de Mauá e do “surto” de indus-
trialização que o Brasil vivenciou na metade (IBGE). Disponível em: <http://www.ibge.gov.
do século XIX. br/ibgeteen/povoamento/index.html>. Acesso
em: 22 jul. 2009. Site com diversos dados da
Sites formação histórica da sociedade brasileira,
com linguagem atual e tabelas comentadas
Casa Imperial do Brasil. Disponível em: que orientam suas análises.
SITUAçãO DE APRENDIzAGEM 4
IMAGINÁRIO REPUBLICANO
A República no Brasil apropriou-se de portuguesas que por muito tempo simboliza-
um vasto imaginário político, colhendo in- ram nosso país. A Situação de Aprendizagem
fluências do republicanismo americano e fran- proposta discute as origens e significados de
cês, para destruir as imagens monárquicas e símbolos do imaginário republicano.
Competências e habilidades: elaborar e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a
compreensão dos processos histórico-geográficos e comparar processos de formação socioeconômica,
relacionando-os com seu contexto histórico e geográfico.
Pré-requisitos curriculares
Situação de Aprendizagem pode ser desen- tação da República no Brasil, como atividade
volvida no início dos estudos sobre a implemen- disparadora de estudos sobre o tema.
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História - 2a série - Volume 4
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Angelo Agostini, Apud: CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas – O
imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Recupere com os alunos os principais valo- f Evidencie que a liberdade defendida pelos
res defendidos pelos republicanos franceses: a franceses era, na verdade, a libertação polí-
liberdade, a igualdade, a fraternidade, o aboli- tica diante dos poderes da monarquia e da
cionismo e o sufrágio universal. São ideais que Igreja; não se tratava somente de liberdade
a atual Constituição defende. A Efígie da Repú- de expressão.
f A igualdade restringia-se à igualdade de
blica, impressa em diversos documentos oficiais
direitos e não econômica, principalmente,
do Brasil e na nossa moeda atual, o Real, foi contra os privilégios da nobreza e das elites.
inspirada na imagem de Marianne pintada por f A fraternidade entre os pares, necessária
Èugene Delacroix. Talhada em pedra, a imagem para a construção da cidadania.
da Efígie busca retratar a solidez do Regime Re- f O abolicionismo obtido às vésperas da pro-
publicano, personificando a nação brasileira. clamação da República no Brasil também
era defendido pelos republicanos franceses
um século antes.
Em seguida, peça aos alunos que se prepa-
rem para, na aula seguinte, discutir os cinco
pilares que embasaram as repúblicas francesa
e brasileira. Os grupos devem buscar notícias
de jornais e revistas ao longo da semana, que
evidenciem o respeito ou o desrespeito a esses
ideais no Brasil atual. Durante o debate, você
pode atuar como mediador, apresentando os
Inicialmente, peça aos alunos que registrem recortes de jornais e revistas e pedindo que co-
no Caderno do Aluno o que eles pensam sobre mentem a escolha daquele recorte.
cada um desses valores, escrevendo sobre os
ideais defendidos pelos republicanos franceses Avaliação da Situação de
e, em seguida, realize uma pequena explana-
Aprendizagem
ção sobre os significados que tinham na época Durante o debate, podem surgir alguns re-
da Proclamação da República Brasileira. cortes de jornal que não estejam corretamente
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História - 2a série - Volume 4
relacionados aos temas discutidos em sala. derrubada da monarquia podem ser expli-
Mesmo assim, convém utilizá-los, para desfa- cadas, levando-se em conta diversos fato-
zer confusões e equívocos. Os demais recor- res. Entre eles, explique:
tes podem trazer notícias que demonstram o
a) a importância do Partido Republicano.
desrespeito a determinado ideal; por exemplo,
notícias de trabalho escravo (em referência ao O Partido Republicano brasileiro aproveitou
abolicionismo) ou impunidade jurídica (igual- a liberdade partidária ampla do II Reinado
dade); e também notícias que demonstram o para atrair adeptos e propagar os ideais re-
respeito a tais ideais, como festas populares e publicanos e abolicionistas no período.
cívicas (fraternidade) e liberdade de culto religio-
b) o papel dos militares apoiados nos ideais
so ou posicionamento do Estado brasileiro com positivistas.
base doutrinária em um assunto como aborto
ou pesquisas com células-tronco (liberdade). Os militares, após a Guerra do Paraguai,
adquiriram certo prestígio no Brasil e
Caso você considere mais proveitoso para passaram a almejar uma posição políti-
o desenvolvimento da proposta, disponibili- ca mais favorável, defendendo o republi-
ze o tempo de duas aulas, aproximadamente, canismo. Os militares partilhavam dos
para a realização da pesquisa, monitorada por ideais positivistas, defendidos por mem-
você, considerando que alguns alunos possam bros da comunidade civil como Quintino
Bocaiúva.
encontrar dificuldade em estabelecer as rela-
ções propostas. Assim, eles poderão apresentar 2. (Comvest/Vestibular Unicamp – 1997) Após
suas dúvidas e você pode orientá-los, já dis- a Proclamação da República, uma nova
cutindo as relações possíveis entre o material bandeira nacional foi criada para substi-
localizado e os conceitos propostos. tuir a antiga bandeira do Império. O lema
da nova bandeira era Ordem e Progresso.
Avalie tanto a pesquisa do aluno, a quanti-
dade de material pesquisado e sua correlação a) Por que o governo republicano determinou
com o tema, quanto a explanação feita por que se substituísse a antiga bandeira?
ele. Procure avaliar a assimilação do significa- A antiga bandeira exibia símbolos monár-
do dos ideais republicanos adotados na pro- quicos, substituídos pelo escudo azul estre-
clamação e a percepção da continuidade ou lado. Trata-se de uma batalha simbólica;
descontinuidade de tais ideais. porém, o verde (da família de Bragança) e
o amarelo (dos Habsburgos) permanece-
A Situação de Aprendizagem sugerida é ram.
uma excelente oportunidade para abrir as
b) Explique por que, naquele momento, era
discussões sobre os primeiros anos da Re- importante para o governo republicano de-
pública no Brasil, principalmente no que se monstrar sua preocupação com a ordem pú-
refere aos conflitos sociais e às manifestações blica e seu compromisso com o progresso.
populares de grupos excluídos e de forte re-
ligiosidade, como a Guerra de Canudos e do Os ideais positivistas de ordem e progresso
Contestado. refletem o contexto da proclamação. Ha-
via necessidade de manutenção da ordem
Propostas de questões para avaliação social para justificar o poder de um regime
que ascendeu pela força e o progresso seria
1. (Fuvest–2008) A vitória do regime repu- atingido pela industrialização e pela “mo-
blicano no Brasil (1889) e a consequente dernização” do país.
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Proposta de Situação de a participação política do povo brasileiro na
Recuperação constituição da República recém-instaurada.
Elabore um quadro comparativo dos ideais CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da
republicanos brasileiros e dos ideais republi- folia: uma história social do carnaval carioca
canos franceses. Peça aos alunos que realizem entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das
uma pequena pesquisa sobre os principais Letras. 2001. A obra ilustra as transformações
temas (liberdade, igualdade, fraternidade, abo- musicais e sociais do final do Império e dos
licionismo e sufrágio universal) e, em seguida, primeiros anos da República brasileira.
relacione-os às resoluções da Constituição de
1891. Solicite, ainda, que pesquisem o que a Filme
Constituição de 1988, a atual, estabelece sobre
esses temas. Canudos. Dir.: Sérgio Resende. Brasil, 1997, 120
min. O filme retrata a Guerra de Canudos, ocor-
Recursos para ampliar a perspectiva rida nos primeiros anos de instalação na Repú-
do professor e do aluno para a blica do Brasil.
compreensão do tema
Sites
livros
Casa Imperial do Brasil. Disponível em:
CARVALHO, José Murilo de. A formação das <http://www.monarquia.org.br>. Acesso em:
almas, o imaginário da República no Brasil. 22 jul. 2009. Site que pode originar um in-
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. A teressante debate sobre a monarquia no
Situação de Aprendizagem foi inspirada nes- Brasil, contém perfis do herdeiro da coroa
ta obra, que traz boas análises do imaginário no Brasil atual, documentos e informações
político republicano para abordagem em sala sobre o plebiscito de 1993.
de aula.
Portfolium. Disponível em: <http://www.portfo
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializa- lium.com.br/sites/canudos/lista.asp?ID
dos. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Secao=63>. Acesso em: 24 jul. 2009. Grande
O livro retrata a Revolta da Vacina do Rio de acervo de fotos sobre os confrontos na Bahia
Janeiro e tece uma interessante teoria sobre durante a Guerra de Canudos.
COnSidERAçÕES FinAiS
Caro(a) Professor(a), discussões historiográficas recentes e forne-
cer a você propostas detalhadas de desenvol-
Ao desenvolvermos os temas tratados vimento –, algo que facilitasse e subsidiasse a
neste Caderno, algumas orientações prin- elaboração de suas aulas. Enfim, assim como
cipais guiaram nossas preocupações: es- nos volumes anteriores, esperamos que este
colher, entre os temas previstos, temáticas Caderno tenha contribuído como um instru-
representativas do conteúdo a ser estudado, mental útil para o exercício de suas ativida-
fazer com que esse material apresentasse des docentes.
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