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"A história das políticas culturais do Estado nacional brasileiro pode ser condensada pelo
acionamento de expressões como: ausência, autoritarismo e instabilidade." Essa é a base de
pensamento que o autor utiliza para analisar panoramicamente as estruturas das políticas públicas,
pontuando seus reveses.
Começam a despontar traços de políticas culturais no Período do Segundo Império, com a figura de
Pedro II como mecenas, entretanto, para que dê fato isso ocorra é necessário um sistema de ações
conjuntas, agentes e metas estabelecidas. Para mais, esse período já revela uma postura opressiva
da monarquia portuguesa que nega a cultura indígena e africana e bloqueia a cultura ocidental, por
conta do rigoroso controle na proibição da imprensa, censura a jornais e livros e a interdição no
desenvolvimento da educação, principalmente das universidades.
Já nos anos 30 surgem movimentos que mexem com os novos atores e as velhas elites agrárias,
inseridos no processos de industrialização, urbanização, modernismo cultural, construindo um novo
país. Nesse momento inauguram-se as políticas públicas culturais sob a gestão de Mário de Andrade
no Departamento de Cultura da Prefeitura da cidade de São Paulo e Gustavo Capanema no
Ministério da Educação e Saúde.
Os experimentos de Mário de Andrade, ainda que com adversidades, inovam em estabelecer uma
sistematização estatal em diferentes áreas da cultura, pensar na arte como algo vital, estipular novos
padrões do que é considerado arte, muito além das belas artes e do que pode-se dizer tangível e
material e na oportunidade de explorar a região amazônica e nordestina, em seu acervo cultural.
Com Gustavo Capanema e Getúlio Vargas, pela primeira vez o Estado nacional estabelece um
conjunto de intervenções na área cultural, com as prerrogativas de uma ditadura, através do
Departamento de Informação e Propaganda (DIP).
A política cultural implantada visa o nacionalismo, a brasilidade, constatada pelo grande número de
instituições criadas ligadas a educação, cinema, rádio, teatro, livro e patrimônio cultural. Destaca-se
o Splan, que "opta pela preservação do patrimônio de pedra e cal, de cultura branca, de estética
barroca e teor monumental. Em geral: igrejas católicas, fortes e palácios do período colonial."
Entretanto a opção elitista perde ao longo dos anos a capacidade de acompanhar o dinamismo do
desenvolvimento contemporâneo.
Neste instante ordena-se uma nova tradição: a relação entre governos autoritários e políticas
culturais.
Após a ditadura o cenário político permanece instável e conturbado, com objeções à consolidação,
instalação institucional e reconhecimento da cultura e seu ministério. Collor, devasta a área de
cultura no plano federal. Acaba com o ministério, reduz a cultura a uma secretaria e extingue
inúmeros órgãos, a exemplo da Funarte, Embrafilme, Pró-Memória, Fundacem, Concine. Entrando
em vigência um programa neoliberal para a cultura no Brasil.
Em 1986, foi criada a primeira lei brasileira de incentivos fiscais para financiara cultura, a Lei Sarney,
antecessora da Lei Rouanet, que atualmente já passou por duas reformas nos governos Fernando
Henrique Cardoso e Lula.
A lógica das leis de incentivo, que privilegia o mercado, ainda que utilizando quase sempre dinheiro
público, torna-se componente vital do financiamento à cultura no Brasil.