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CURITIBA
Novembro 2013
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Procurador-Geral de Justiça
Gilberto Giacoia
Coordenador do CAOPMA
Procurador de Justiça Saint-Clair Honorato Santos
REALIZAÇÃO
Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio
Ambiente - CAOPMA
Equipe Técnica
Luciane Maranhão Schlichting de Almeida
Ellery Regina Garbelini
Paula Broering Gomes Pinheiro
Estagiário
João Pedro Bazzo Vieira
Apresentação
Por fim, não poderíamos deixar de citar Leticia Uba da Silveira, por sua
dedicação ao trabalho na área de resíduos sólidos durante anos junto a este
CAOPMA, e ainda a equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Coordenadoria de Resíduos Sólidos, pela parceria nesse e em outros materiais
produzidos na área de resíduos sólidos urbanos.
Glossário
Ciclo de Reviramento........................................................................................ 24
Aspectos Operacionais do Processo ................................................................. 24
5.4. Compostagem por Leiras Estáticas Aeradas ........................................................ 25
5.5. Usos e Aplicações do Composto Orgânico ........................................................... 26
Contatos................................................................................................................................. 61
1. Classificação de Resíduos Sólidos
Contudo, a forma mais utilizada para classificação dos RSU é quanto a sua
origem ou fonte de geração, como apresentado a seguir (adaptado de
IPT/CEMPRE, 2000):
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f) Industrial: aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria,
tais como metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, etc. O resíduo
industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos,
plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmicas,
etc. Nesta categoria inclui-se a grande maioria dos resíduos considerados
perigosos.
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2. Resíduos Sólidos Urbanos
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coletado nos municípios brasileiros (MMA, 2010). Sabe-se que a parcela orgânica
em sua decomposição gera líquidos contaminados, o chorume, e ainda gases
causadores do efeito estufa, os quais são os principais causadores de contaminação
ambiental em áreas de disposição final.
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Já a figura 03 apresenta a composição gravimétrica média dos Resíduos Sólidos
Urbanos com base no Diagnóstico da Versão Preliminar do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos, como meio de comparativo para os resultados encontrados pela
equipe do CAOPMA no Estado do Paraná.
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3. Coleta Seletiva
A coleta seletiva de resíduos sólidos pressupõe a separação dos materiais
recicláveis ainda na fonte produtora, ou seja, nos domicílios, nas fábricas, nos
estabelecimentos comerciais, nos escritórios, etc. Já a reciclagem consiste na
reinserção de um material já utilizado para seu fim inicial, exigindo, portanto, um
alto grau de mobilização e conscientização para a sua importância (PNSB, 2008).
A coleta seletiva pode ou não ser seguida pelo processamento (triagem final,
acondicionamento, estocagem e comercialização) dos resíduos recicláveis e
orgânicos.
3.1. Diretrizes
(...)
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(...)
II – implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda.
(...)
§2º O sistema de coleta seletiva será implantado pelo titular do serviço
público de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e deverá
estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos secos e úmidos e,
progressivamente, ser estendido à separação dos resíduos secos em suas
parcelas específicas, segundo metas estabelecidas nos respectivos planos.
§3º Para o atendimento ao disposto neste artigo, os geradores de resíduos
sólidos deverão segregá-los e disponibilizá-los adequadamente, na forma
estabelecida pelo titular dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo
de resíduos sólidos.
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TÍTULO V – DA PARTICIPAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS
RECICLÁVEIS E REUTILIZÁVEIS
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procedimentos, normas e critérios referentes a geração,
acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos resíduos sólidos no Estado do Paraná, visando controle
da poluição, da contaminação e a minimização de seus impactos
ambientais e adota outras providências.
Para redução significativa dos custos e otimização da frota, a coleta deve ser
realizada em dois turnos, obtendo-se, normalmente:
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que o mesmo veículo pode ser utilizado em dois períodos diários e intercalado
entre dois roteiros de coleta semanal, conforme explica a tabela acima. Destaca-se
também a importância de existir uma reserva de pelo menos 10% da frota, em caso
de dano ou manutenção de algum veículo, de forma que seja garantido 100% da
coleta de resíduos.
Nos centros comerciais, a coleta deve ser noturna, quando as ruas estão com
pouco movimento. Já em cidades turísticas deve-se estar atento para o período de
uso mais intensivo das áreas por turistas, período no qual a coleta deverá ser
evitada (IBAM, 2001).
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Baú
O Baú é um veículo coletor de lixo, sem compactação. É utilizado em
comunidades pequenas, com baixa densidade demográfica e também é empregado
em locais íngremes. A carga é vazada por meio do basculamento hidráulico da
caçamba. Trata-se de um equipamento de baixo custo de aquisição e manutenção,
mas sua produtividade é reduzida e exige muito esforço dos trabalhadores da
coleta, que devem erguer o lixo até a borda da caçamba, com mais de dois metros
de altura, relativamente alta se comparada com a altura da borda da boca de um
coletor compactador, que é de cerca de um metro (IBAM, 2001).
Coletores Compactadores
Coletor compactador de lixo, de carregamento traseiro, fabricado em aço, com
capacidade volumétrica útil de 6, 10, 12, 15 e 19 m³, montado em chassi com peso
bruto total compatível (9, 12, 14, 16 e 23 t), pode possuir dispositivo hidráulico
para basculamento automático e independente de contêineres plásticos
padronizados.
Carroceria Adaptada
É importante ressaltar que um único veículo coletor pode ser utilizado para
coleta seletiva de duas frações separadamente, utilizando-se uma carroceria
adaptada de forma a transportar os resíduos recicláveis, de acordo com o exemplo
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a seguir (figura 06). Este modelo já foi testado e é utilizado em diversos municípios
do Estado do Paraná.
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3.6. Pontos de Entrega Voluntária – PEV
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coletados, transportados e dispostos em aterro pelo sistema de limpeza
urbana da cidade.
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4. Tratamento da Fração Orgânica
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5. Compostagem
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necessidades dos microrganismos. Preparar o composto de forma correta,
portanto, significa proporcionar aos organismos responsáveis pela degradação
condições favoráveis de desenvolvimento e reprodução.
Umidade
A presença de água é condição essencial para qualquer forma de vida, e os
microrganismos que atuam no processo de compostagem não fogem a essa regra.
Na ausência de água, entram em estado de dormência e o processo de
compostagem é paralisado, o que pode ser observado pela redução da temperatura
da leira quando esta se resseca, indicando que o processo foi interrompido sem
que o material estivesse completamente degradado. Isto pode causar a
interpretação errônea de que o composto está pronto, levando à utilização de um
material fisicamente estável, mas biologicamente ativo (bastando para isso
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aumentar a umidade), o que poderá acarretar prejuízos ao solo e às plantas
quando de sua utilização.
Uma forma prática de avaliar o teor de umidade é apertar uma pequena porção
de composto na mão (não se esquecendo de usar luvas de proteção). Quando o
material está excessivamente úmido, a água escorre entre os dedos, mas, quando
está seco, a palma da mão permanece seca. O ideal é que apenas pequenas gotas de
água surjam entre os dedos, o que pode corresponder a um teor de umidade em
torno de 50%, considerado ótimo.
Aeração
A aeração tem por finalidade suprir a demanda de oxigênio requerida pela
atividade microbiológica e atuar como agente de controle da temperatura. Pode
ser obtida através dos seguintes processos:
o Naturais (reviramento/revolvimento)
o Artificiais (aeração mecânica)
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Para os processos simplificados de compostagem, a aeração é efetuada em
função das características da matéria-prima, por meio de ciclos de reviramento
pré-determinados, como será visto adiante.
Temperatura
A temperatura é considerada o principal parâmetro indicativo do processo de
compostagem.
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O bom “desenvolvimento” da temperatura durante a compostagem é
influenciado pelos principais fatores listados a seguir:
o Características da matéria-prima;
o Tipo de sistema utilizado (dimensionamento das leiras, do pátio de
compostagem, etc.);
o Controle operacional do processo (umidade, ciclo de reviramento,
temperatura).
Concentração de Nutrientes
Quanto mais diversificados forem os resíduos orgânicos que compõem a massa
de compostagem, mais diversificados serão os nutrientes e, consequentemente, a
população microbiológica, propiciando assim uma maior eficiência do processo e
uma melhor qualidade do composto produzido.
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Uma mistura com relação C/N muito superior a 40/1 levará mais tempo para
se decompor. Por outro lado, se a relação C/N é muito baixa a leira provavelmente
irá liberar o excesso de nitrogênio na forma de gás amônia, provocando mau
cheiro. Nestes casos, há necessidade de adicionar material carbonáceo (resíduos
palhosos), a fim de elevar esta relação para níveis satisfatórios.
A relação C/N não precisa ser exata, mesmo porque é difícil avaliá-la de forma
precisa. Mais relevante do que isto é o manejo adequado da leira, pois o
conhecimento sobre a mistura mais adequada para os resíduos disponíveis é
adquirido com a prática na condução do processo.
pH
O processo de compostagem pode ser desenvolvido sob uma ampla faixa de pH,
entre 4,5 e 9,5, sendo que a ocorrência de valores extremos são ajustadas pelos
próprios microrganismos ativos no processo (fenômeno da auto-regulação). O
composto apresenta um pH final ligeiramente alcalino (situado entre 7,5 e 9,0),
apresentando excelente aplicação para a correção de solos ácidos.
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o Aeróbios (necessitam de oxigênio para suas atividades vitais);
o Anaeróbios (ativos em ambientes em que não há presença de oxigênio);
o Facultativos (vivem na presença ou ausência de oxigênio).
b) Quanto à temperatura:
o Psicrófilos;
o Mesófilos;
o Termófilos.
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de ampliação da quantidade processada. A configuração geométrica a ser adotada
no processo vai depender da quantidade de material a ser utilizada, podendo-se
adotar:
A altura das leiras não deverá exceder a 1,6 m, caso contrário o material tende
a se compactar, criando uma camada mais densa na base, impedindo assim a livre
circulação do ar. Por outro lado, uma leira muito larga não permite o acesso de ar
para o interior do material em decomposição. O comprimento da leira, além de
depender da quantidade de material a ser compostado, está condicionado à
disponibilidade de espaço.
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Se o material colocado para compostar estiver dentro das proporções corretas
e todas as demais condições forem atendidas, pode-se dizer que o composto estará
pronto para uso em um prazo de 90 a 120 dias.
Ciclo de Reviramento
Sugere-se que uma (ou mais pessoas, conforme necessidade) sejam treinadas
para o monitoramento diário da compostagem, os quais de preferência devem
fixar-se nesta atividade, pois a troca constante de operador dificulta a
aprendizagem prática sobre o processo.
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5.4. Compostagem por Leiras Estáticas Aeradas
Necessita de bom
dimensionamento do sistema
Baixo investimento inicial de aeração e controle dos
aeradores durante a
compostagem
Requer que o material de
Leiras estáticas
Melhor controle de odores entrada seja o mais homogêneo
aeradas
possível
Etapa de estabilização mais
rápida que o método de leiras
revolvidas Operação também influenciada
pelo clima
Melhor aproveitamento da área
disponível
Fontes: Reis (2005), adaptado por Massukado (2008).
Figura 11: Leira Estática em fase de bioestabilização. Figura 12:Túnel de Ventilação (vista frontal).
Fonte: TEIXEIRA et al, 2004. Fonte: TEIXEIRA et al, 2004.
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a) A matéria-prima deverá apresentar partículas com dimensões de 30 a 50
mm. O teor de umidade deverá situar-se na faixa de 55% a 60% e a relação
carbono/nitrogênio poderá variar de 30:1 a 40:1.
c) As leiras são cobertas com uma camada de composto maturado que funciona
como filtro biológico, evitando a emissão de odores e permitindo o
desenvolvimento de temperaturas termófilas nas camadas superficiais.
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A matéria orgânica neutraliza ainda várias toxinas e imobiliza metais pesados,
tais como cádmio e chumbo, diminuindo a absorção destes metais prejudiciais às
plantas. Seu composto age também como uma solução tampão, ou seja, impede que
o solo sofra mudanças bruscas de acidez ou alcalinidade.
Ressalta-se que somente por meio dos processos aeróbios e controlados é que
se pode ter a produção satisfatória do húmus, o produto mais estável das
transformações da matéria orgânica.
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Conceitos de Qualidade do Composto
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Tabela 06: Especificações para granulometria segundo a legislação brasileira.
Granulometria Exigência Tolerância
95% em peneira 2 mm
Pó Até 90% em peneira 2 mm
50% em peneira 0,3 mm
100% em peneira 4,8 mm
Farelado Até 85% em peneira 4,8 mm
90% em peneira 2,8 mm
100% em peneira 38 mm
Farelado grosso Não há tolerância
90% em peneira 25 mm
100% em peneira 4,0 mm
Granulado Até 10% para menos
5% em peneira 0,5 mm
Fonte: KIEHL , 1985; D’ALMEIDA e VILHENA, 2000, apud SCHLICHTING e TISSOT, 2008.
As 20
Cd 5
Cr 200
Cu 200
Pb 150
Hg 1
Ni 70
Zn 500
Fonte: BRASIL, 2004, apud SCHLICHTING e TISSOT, 2008.
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essências florestais, de plantas ornamentais a serem comercializadas ou na
instalação de projetos paisagísticos (LELIS, 2007, apud SCHLICHTING e TISSOT,
2008), tendo como exemplo o projeto Recicla Tibagi que será relatado adiante.
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Destaca-se que o desconhecimento do processo de compostagem é, em alguns
casos, motivo pelo qual não se obtêm compostos de qualidade, estabilizados e
descontaminados. Desta maneira, ressalta-se ainda a importância dada aos
seguintes itens:
a) Verificar a eficiência do processo de pré-tratamento (triagem e trituração)
da matéria orgânica, de modo que não gere contaminação da massa de
compostagem;
b) Avaliar o dimensionamento do pátio de compostagem para comportar a
produção do composto, de modo que sejam vendidos compostos estabilizados;
c) Gerenciar o composto no sentido de processá-lo aerobiamente;
d) Desenvolver processo com controle de temperatura, oxigenação e umidade,
fatores que governam a eficiência do sistema;
e) Desenvolver processo com definição técnica do ciclo de reviramento,
responsável pela oxigenação e controle da temperatura da massa de compostagem;
f) Definir configuração geométrica adequada da leira, fator de grande
importância na compostagem;
g) Avaliar e incluir no processo a fase de maturação do composto;
h) Controlar possíveis impactos ambientais associados aos processos: emissão
de odores, chorume e atração de vetores (os quais são perfeitamente controláveis).
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Figura 13: Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi.
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A Prefeitura Municipal ainda disponibiliza motoristas para a coleta de resíduos
no município, um servidor responsável pelo controle da CTCT, sua estrutura física
e logística, bem como servidores específicos para o fechamento da folha de
pagamento e capacitação para a autogestão.
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Referências
ALBUQUERQUE, L. R., SILVA S.F.. Programa Recicla Tibagi. Prefeitura
Municipal de Tibagi, outubro de 2011.
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Pública e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 1993.
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LELIS, M.P.N. Estudo e Avaliação do Balanço de Umidade na Compostagem:
Determinação dos limites toleráveis em função da velocidade de degradação
e controle de impactos ambientais (produção de odor e chorume). Belo
Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1998. 180p. Dissertação (Mestrado em
Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos) – Universidade Federal de Minas
Gerais.
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RINK, R.; van de KAMP, M.; WILLSON, G.B. et al. On-farm composting
handbook. Northeast Regional Agricultural Engineering Service (NRAES), Ithaca,
NY, 1992. 186p.
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Anexos
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ANEXO 1 - Ficha de controle de leira
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ANEXO 2 - Controle de revolvimento
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ANEXO 3 - Medidas de controle da compostagem
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ANEXO 4 - Termo de Convênio e Concessão
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ANEXO 5 - Modelo de Estatuto de Associação de Catadores
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ANEXO 6 - Modelo de Lei Municipal de Separação de Resíduos
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