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Observatório

Perdizes SP
Jornal produzido por alunos de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 2º semestre de 2017

Do solo à qualidade do
ar, bairro vive contrastes
Reflexo da urbanização, Perdizes lida com POLÍTICA

variação atmosférica e contaminação do solo Ruas sem


Págs. 30 e 31
moradores
Considerado o terceiro
bairro mais seguro de
Foto: Lucas Leite

Sâo Paulo, Perdizes


afasta população de rua
Pág. 24

LAZER

Roteiro inclui
gastronomia
e música
Da noite universitária até
restaurantes e espetáculos,
conheça as trilhas
culturais da região
Págs. 35 e 36

ESPORTE
COMBATE À DENGUE

Moradores barram agentes e


Foto: Débora Bárbara

dificultam ações de prevenção


Agentes de saúde são impedidos de entrar em condomínios
residenciais; Perdizes já foi recordista em casos em SP Pág. 13
PUC-SP

Vida noturna cria clima de guerra


entre universitários e moradores Samurai Kids:
Academia promove
Barulho, acúmulo de lixo e vias bloqueadas por festas no jiu-jitsu adaptado ao
público infantil
entorno da universidade geram acusações Págs. 23 e 35 Pág. 40
2 Observatório SP Perdizes O bairro 3

O caminho da reportagem
EDITORIAL

A rua: mais importante


do que nunca Confira no mapa alguns pontos de
interesse de Perdizes visitados pela equipe
Como o jornalismo local nos dá respostas aos durante a execução das pautas
desafios de informar na atualidade
Prof. Dr. Nivaldo Ferraz
Coordenador do curso ção tradicionais que, aos Universidade Anhembi vidas à história dos bair-
de Jornalismo da trancos e barrancos, têm Morumbi. Por meio da ros. E, acima de tudo,
1. Galeria Brasiliana - págs. 4 e 5
Universidade Anhembi aprendido a se reinven- prática da produção, da colocam-se efetivamente
2. Colégio Batista Brasileiro - págs. 4 e 5
Morumbi tar e dialogar com as mí- apuração, da reporta- como autores em textos
dias digitais. gem e da edição, propo- que refletem um proces- 3. Paróquia São Geraldo - pág. 7
Mas e o jornalismo mos às turmas explorar so de redescoberta da ci- 4. R. Apiacás - pág. 8
Não há dúvida: um das pequenas experi- o dia a dia dos bairros de dade. 5. 19º Cartório de Registro Civil - pág. 12
mundo que discute de ências, dos lugares de São Paulo e revelar seus Acreditamos que as- 6. CAPS Perdizes - págs. 14 e 15
maneira acalorada a vivência, do repórter problemas, progressos, sim se executa o bom 7. Escola José Candido de Souza - pág. 17
qualidade da informa- que exercita o “olhar dilemas e estórias. jornalismo: com os pés 8. Ciclovia da av. Sumaré - pág. 20
ção, a credibilidade dos insubordinado” (como Nesta edição, nossos na rua, buscando his- 9. R. Cayowaá - pág. 22
grandes veículos e as nos diz Eliane Brum) ao alunos e alunas reve- tórias que mobilizam, 10. Museu das Invenções - pág. 29
noções de pós-verdade reinterpretar a realidade lam, em suas reporta- tocam e fazem pensar.
11. Centro Cultural Eita! - pág. 33
e fake news precisa – e à sua volta? Como isso gens, leituras locais para Acima de tudo, essa é a
muito – do bom jornalis- contribui para nos guiar assuntos globais: as mu- prática capaz de, em um
12. PUC-SP - págs. 21, 23, 27, 28 e 35
mo. Isso diz respeito às em um mundo sobrecar- danças do clima, as cri- ambiente dominado por 13. Sede - Trovadores Urbanos - pág. 37
coberturas amplas, à in- regado de informação? ses política e econômica, contradições e manique- 14. Academia de Krav Magá - pág. 38
formação global, ao con- É isso que buscamos os desafios da educa- ísmos, valorizar o exer-
teúdo que caçamos para descobrir com a produ- ção e do planejamento cício crítico que nós, co-
dar conta de uma reali- ção do Observatório SP, urbano. Resgatam per- municadores, devemos
dade complexa; leva-nos jornal laboratório do sonagens anônimos ou oferecer a nossos leitores
aos meios de comunica- curso de Jornalismo da célebres, cruzando suas ao interpretar o real.
RELATOS DE EXPERIÊNCIA

“Fazer um jornal de “Com a produção de “Escrever um jornal de “A proatividade da fonte


EXPEDIENTE bairro me fez ver ainda jornal desenvolvemos o bairro é um desafio. deu material suficiente
mais como é importante olhar jornalístico, pois Você não espera para prosseguirmos”
Reitor Alunos do 4º semestre de Jornalismo pautar um jornal de fomos instigados a ir por acontecimentos Samuel Silva
Prof. Dr Paolo Tommassini (Campus Paulista/Manhã) fora para dentro. É às ruas buscar uma cotidianos: é preciso (Cultura)
Diretor da Escola de Ciências Humanas e Sociais Alexia Gabrielle de Mello Severo Munhoz, Amanda Sayuri lógico que a internet pauta.” usar da criatividade
Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias Gushiken, Brenda Marques, Caroline Aintablian Svitras, ajuda, mas o diferente Brenda Marques para conseguir escrever “A partir de pesquisas
Professores responsáveis Danielle Valeria Dos Santos Magalhaes, Dayane Stefany e visitas, notamos
dentro de um assunto (Esporte) uma boa matéria
Silva de Lima, Debora Silva Barbara da Conceição, Fabio
Prof. Dr. Fernando Carlos Moura que talvez já tenha sido quando não há pautas divergências
Martins Stella, Fernanda Yumi Chiappa, Gabriela Lemos
Prof. Dr. José Augusto Lobato Dos Santos, Gabriela Maas Naville, Gabriela Rodrigues explorado só surgirá “Fazer parte de um grandiosas.” socioeconômicas da
Projeto gráfico Alves, Gabriella Forabelli, Gabrielle Rodrigues Silva, com a vivência de rua jornal impresso me fez Maria Clara Cordeschi população de São
Prof. Ms. Ricardo Senise Giovana Petin Passarelli, Guilherme Mercadante Petry, do repórter.” entender melhor sua (Ciência) Paulo com relação aos
Isabela Mello Costa Carrassari, Jacqueline Alves Araujo, Laura Sabioni lógica de produção.” moradores do bairro.”
O jornal “Observatório SP” é um jornal laboratório sem fins Jaqueline da Silva Sousa, Julia Fernandes de Paiva, (Entretenimento) Giovana Passarelli “Tivemos algumas difi- Nadine Alves
lucrativos feito por estudantes da disciplina Produção de Jornal, Kammyla dos Santos D’ Assumpção, Laura Sabioni Teixeira (Saúde e Bem-Estar) culdades na construção (Economia)
4º semestre, do curso de Jornalismo da Universidade Anhembi De Lemos, Leonardo Cavalcante Garcia, Lucas Leite de “A experiência foi das matérias, apesar de
Morumbi. Todo o material jornalístico publicado é protegido pela Barros, Maria Clara Silva Cordeschi, Mayara Amelio Melo, “A apuração evidenciou
válida para adquirir “Houve diversos obstá- o bairro ser arborizado.
Lei Federal de Direitos Autorais e não pode ser reproduzido, no Mayara Cerqueira Cunha, Mirela Santos Alves, Nadine
conhecimento desde a culos e aprendizados, Porém, tivemos uma boa as contradições do
todo ou em partes, por qualquer meio gráfico, sem a autorização Alves Soares Ferreira, Natália Souza Santos, Nataly Ribeiro
de Brito, Nicolle Cabral, Paloma da Silva Venancio, Raphael formulação da pauta até desde encontrar fontes relação com as fontes, o bairro e deixou claro
por escrito da coordenação do curso de Jornalismo, sob pena de
infração da legislação que zela pela propriedade intelectual neste Preto Alves Pereira, Rayane Dias Goncalves de Lima, sua produção.” até escrever, diagramar que facilitou a realização que os moradores têm
país. Os textos assinados são de única e total responsabilidade dos Samuel Gonçalves da Silva, Stefanie Neuman, Thamires Gabriela Rodrigues e editar as matérias.” do trabalho.” noção de lugar de fala.”
seus autores e não expressam necessariamente a opinião do jornal. Zaniboni Maldonado, Victor Vinicius Goes Gonçalves (Segurança) Nataly Brito Gabrielle Rodrigues Raphael Preto
(Educação) (Meio Ambiente) (Cotidiano)
4 Observatório SP Perdizes História 5

Galeria com jabuticabeira


ral extensa. Nasceu em de uma obra de arte,
plena Segunda Guerra e, de repente agora é

une história e cultura


Mundial, presenciou o conceito. A arte con-
os tempos da ditadura temporânea é fashion
militar e hoje vê a atual e o construtivismo é
polêmica da exposição moda.”
“Queermuseum” pro- Mencionando Dos-

Especializada em arte popular brasileira, a Brasiliana foi fundada movida pelo Santan-
der Cultural em Porto
toiévski, Tolstói e Mario
Vargas Llosa, Roberto
por Roberto Rugiero e se tornou referência em seu segmento Alegre. Afirma, catego-
ricamente: “É censura
diz que “essa coisa do
best-seller é um des-
sim!”. serviço à cultura”. “As
Amanda Gushiken Roberto vê na arte pessoas veem a leitura
popular brasileira a como distração, mas a
A casa geminada de sua paixão e seu ofí- leitura é uma incorpo-
três andares, que abri- cio, ainda no labirinto ração de experiências,
ga a Galeria Brasiliana, do conflito ético que muda o mundo.”
foi escolhida a dedo por encontrou na publici- Não é de se espantar
Roberto Rugiero, o fun- dade. Toma um gole de que ele já tenha sido
dador e marchand (mer- café e repete: “A ética convidado por faculda-
cador). A recente pintu- precede a estética!”. des para palestrar. E
ra externa, com cor que Cita, ainda, um proces- também não é de se es-
varia entre rosa e um so de “globanalização”, pantar que os convites
tom alaranjado, cha- em que vê o mundo não tenham se repeti-
ma a atenção dos olhos afundar. “Eu defendo a do. O humor sarcásti-
curiosos. É comércio arte popular e o realis- co e as críticas ácidas,
ou residência? Os dois. mo, porque a beleza é que faz despercebida-
É lar de diversas obras um elemento inerente mente, assinalam o
de arte popular brasilei- à arte”, diz. “Ela é qua- intelectual autodidata
ra, da gata branca Dedé se o principal motivo, que espanta desinfor-
e da jabuticabeira no Jabuticabeira e Roberto Rugiero: ícones da galeria (Foto: Amanda Gushiken)

Educação sem medo e


principal ingrediente mados.
quintal do fundo.
Mesmo com localiza-
ção a poucos metros da

dor foi fundada no bairro


prometida estação PUC-
-Cardoso de Almeida,
da Linha 6 – Laranja do
metrô, cuja previsão de
inauguração está pre- Escultura exposta na Galeria Brasiliana aborda a temática indígena (Foto: Amanda Gushiken)
vista para 2021, Rugiero
deixa claro que o motivo ético”. A partir de um da não reconhecidos, e também teve seu reco- Colégio Batista inovou com método de aula sem punições
principal de ter escolhi- colega da adolescência, o resultado deste passo nhecimento após conta- Mirela Alves tigos nas escolas não foi A unidade brasilei- Conselho Municipal de
do a casa número 1297, iniciou a vida no mundo inicial foi a ascensão de to com Rugiero e seus apenas por razões cons- ra só foi construída em Preservação do Patrimô-
em 2012, foi a jabutica- da arte na extinta Petite artistas contemporâ- filhos, Fedra e Dmitri. Hoje é consenso: pal- titucionais. 1923. Logo no início do nio Histórico, Cultural e
beira. A árvore combina Galerie, no Rio de Janei- neos como Lygia Clark, matórias e punições apli- Anteriormente, os co- século XX, a escola ado- Ambiental (Conpresp). O
com as bananas, as ma- ro. Voltou para São Pau- Mira Schendel e Hélio A arte como ar cadas em crianças nas légios espalhados pelo tou um sistema de en- edifício não é lembrado
çãs e os mamões no ces- lo e foi indicado para a Oiticica. “Eu sou pessimista escolas não trazem efeito País já haviam adotado sino norte-americano, apenas por sua constru-
to que fica na mesa da Galeria Ralph Camargo. A Galeria Brasilia- quanto ao futuro do Bra- positivo na educação dos um sistema de ensino que eliminava agressões ção, com vigas inspira-
galeria. E também com Junto com Ralph, o na foi o mergulho neste sil, com seu império da alunos. As agressões se contrário às agressões físicas e verbais. A esco- das na arquitetura grega
os passarinhos visitan- jovem marchand iniciou ideal, com foco total no ignorância. Tenho pena tornaram contra a lei em físicas – e isso em mui- la também foi uma das da cidade de Atenas. É
tes que ele alimenta. um projeto de oposi- país verde e amarelo. desses jovens, a gran- 2014, após a ex-presi- to se deve a uma escola pioneiras em São Paulo também exemplo de edu-
Publicitário duran- ção à Galeria Collectio. Ela é responsável, por de massa entregue a si dente Dilma Rousseff (PT) pioneira na educação, a acabar com o sistema cação de qualidade. A di-
te a década de 1960, “A Collectio de repente exemplo, por emprestar mesma, o consumismo sancionar a lei 13.010 – que mostrou que é pos- silencioso, que se basea- retora da instituição, que
Roberto se tornou des- surgiu com muito di- obras ao Museu de Arte desenfreado, a sexuali- que determina multas e sível ensinar sem cas- va em não aceitar diálogo não quis ser identificada,
contente na profissão. nheiro, revolucionou o de São Paulo Assis Cha- dade irresponsável e as até ordem de prisão aos tigo: o colégio Batista dos alunos durante o pe- afirma ter “orgulho da
“Toda propaganda é en- mercado dos leilões e teaubriand (Masp), na drogas”, analisa Roberto. educadores que aplicam Brasileiro de Perdizes, ríodo de aula. história que carregamos
ganosa, na medida em se tornou um monopó- recente exposição “His- O marchand tem pen- punições físicas a crian- fundado em 1902 pelos Em 2013, o prédio, com muita glória”. “Desde
que ela oculta possíveis lio no Brasil”, lembra. tórias da Sexualidade”, samentos críticos, fruto ças e adolescentes na es- missionários da igreja localizado na rua Dr. Ho- o começo de nossa unida-
defeitos e exalta preten- O objetivo do projeto com obras de Moacir da de seu fascínio pela li- cola. evangélica batista Wil- mem de Melo, 537, foi de, ensinamos com maes-
sas qualidades, então de crítica era encontrar Chapada dos Veadei- teratura do século XIX e No Brasil, a decisão liam Buck Bagby e Anne definido como patrimônio tria pessoas a se torna-
eu tinha ali um conflito artistas brasileiros ain- ros. O pintor Ranchinho de uma bagagem cultu- de acabar com tais cas- Luther Bagby. histórico e tombado pelo rem cidadãos de caráter.”
6 Observatório SP Perdizes Economia 7

Paróquia histórica destaca Edifícios valorizam


as origens do bairro conforto para idosos
Irradiando arte, cultura e fé, igreja guarda Sino da Independência Acessibilidade para pessoas com mais de 60 anos ganha
Alexia Munhoz estilo arquitetônico per-
espaço maior e chama atenção de empresas
mite que, hoje, os alu- Mayara Melo a passagem, barras
O bairro de Perdizes nos de arquitetura da de apoio nos banhei-
é recheado de histórias. Universidade Mackenzie Próximo ao Hospi- ros, pisos antiderra-
Seu nome veio por conta façam estágios no local. tal Albert Einstein, em pantes e sem peque-
da criação da ave perdiz, Um dos grandes mar- Perdizes, está sendo nos degraus, evitando
tanto para usufruto de cos do local sagrado, em construído um prédio possíveis quedas, al-
famílias locais quanto sua história, é a guarda adaptado para ido- tura diferente para
para venda na vizinhan- do Sino da Independên- sos. Localizado na rua as tomadas, botão de
ça. A simbologia univer- cia do Brasil, localiza- Apiacás, o empreen- alarme para contatar
sal da perdiz vislumbra do no campanário da dimento tem como a portaria em caso de
ora um antídoto contra igreja, apelidado como objetivo trazer maior emergência e uma pul-
venenos e seduções, ora “Bronze Velho”, desde Aury Maria Azéllo Brunetti: depois de 40 anos de casado, tornou-se padre conforto, comodidade seira responsável pelo
um símbolo de belos 1942. O pároco atual é na Paróquia São Geraldo (Foto: Alexia Munhoz)
e segurança para pes- monitoramento dos
olhos e graça feminina. o padre José Augusto soas com idade mais sinais vitais do idoso.
Entre essas histórias Schramm Brasil, no- Seminário Claret, de Rio sua vida religiosa, e ini- Local onde será construído o edifício VN Apiacás (Foto: Mayara Melo)
avançada, com previ- Outro serviço que será
do bairro, um dos des- meado em 1990, e tem Claro, iniciando sua forte ciou a carreira jornalís- são para ser finalizado oferecido são os pro- goria de pessoas com NRB ABNT 9050 tra-
taques é a Paróquia São como padre de apoio conexão com a religião. tica. Aury foi o primeiro até o ano de 2019. fissionais disponíveis mobilidade reduzida tam de critérios de
Geraldo das Perdizes. Aury Maria Azélio Bru- Ao longo de sua jorna- e único Diácono Perma- Esse projeto está 24 horas, como cuida- por conta de dificul- acessibilidade em
Com arquitetura no netti. Passaram pela pa- da, estudou Filosofia em nente na Arquidiocese sendo realizado pela dores e fisioterapeu- dades motoras e fun- construções, tanto
estilo puro neobasilical róquia oito párocos, que Guarulhos e foi laureado de São Paulo, durante empresa Vitacon, que tas. cionais, como uso de para idosos quanto
românico, a basílica foi permaneceram em mé- em Teologia pela Ponti- 32 anos. Ele e sua ama- está de olho em pro- muletas e baixa visão. para pessoas mo-
fundada pelo Arcebis- dia 12 anos cada, com fícia Universitas Grego- da esposa, da qual sem- jetos nesse segmento Adaptação No entanto, prédios bilidade reduzida,
po de São Paulo, Dom exceção do pároco atual, riana, em Roma, onde pre lembra com carinho, – denominado senior Segundo Ana Marta com essa acessibilida- crianças, gestantes
Duarte Leopoldo e Sil- que permanece até hoje. morou de 1954 a 1956. permaneceram juntos living pelo mercado Aragão Grimm, arqui- de têm uma relevância e necessidades espe-
va, e só foi oficialmente Nesse período, teve pas- na orquestra durante 40 imobiliário. teta e professora de por interferir no direi- ciais.
inaugurada em 1932, Vivência sagem pela renomada anos, e ao se tornar viú- Serviços diferen- arquitetura na Uni- to de ir e vir do ser hu-
por conta de reforma Aos 11 anos, Aury en- Faculdade Sant-Geor- vo, em 2010, Brunetti ciados são oferecidos, versidade Anhembi Envelhecimento
mano.
feita por Cláudio Pastro, trou para a carreira ecle- gen, na Alemanha. Ao iniciou suas atividades como portas com vãos Morumbi, os idosos se Ela também acredi- De acordo com da-
falecido em 2016. Esse siástica e religiosa no retornar para o Brasil, e seu ministério sacer- maiores para facilitar enquadram na cate- ta que projetos como dos atuais do Ins-
aos 25 anos, o filósofo dotal e hoje auxilia o pá-
esse se tornarão cada tituto Brasileiro de
e teólogo foi integrado à roco, Pe. José Augusto
vez mais frequentes Geografia e Estatís-
comunidade claretiana Schramm Brasil, na Pa-
na sociedade, em fun- tica (IBGE), entre
da Casa-Mãe dos Mis- róquia de São Geraldo
ção da necessidade de 2005 e 2015 a taxa
sionários Filhos do Ima- das Perdizes.
adaptação dos espa- de idosos maiores de
culado Coração de Ma- “Eu já publiquei 15
ços para todos os gru- 60 anos teve um au-
ria, em São Paulo, onde livros e ainda quero pu-
pos de pessoas com mento significativo,
iniciou suas atividades blicar mais 8, além de
mobilidade reduzida. de 9,8% para 14,3%,
como organista e conhe- fazer um curta-metra-
A arquiteta afirma que em comparação com o
ceu Maria Aparecida Dé- gem vocacional sobre
existem outros bair- percentual de adultos
court, cantora solista no minha vida. Acredito
ros antigos que foram entre 30 a 59 anos,
Coral da Igreja – que se que uma vida bem vi-
berços da imigração que cresceu no mes-
tornou sua esposa. vida seja isso. Até onde
de vários países no mo período 4,5 e 4,8
Em 1962, após um Deus me permitir, que-
começo do século XX, pontos percentuais. A
longo período de sofri- ro passar meu conheci-
com maior índice de proporção de jovens
mento, dúvida e solidão, mento. Minha principal
pessoas idosas, como e crianças também
Aury assinou o termo mensagem é: Ser sem-
Bela Vista, Mocca, diminuiu, indicando
canônico de desligamen- pre bom, para ser sem-
Cambuci e Higienópo- uma tendência ao en-
to da Congregação Cla- pre feliz!”, resume.
Sino da Independência do Brasil, localizado no campanário da Paróquia: um Unidade do Albert Einstein, localizada na Apiacás com a Sumaré: acesso a lis. velhecimento demo-
pedaço da história nacional em Perdizes (Foto: Alexia Munhoz) retiana, afastando-se de hospitais está entre as vantagens de Perdizes (Foto: Mayara Melo) Hoje, normas como gráfico.
8 Observatório SP Perdizes Economia 9

Bairro é o mais procurado


especializado. Em sua larias até bares, res- jas de roupas, lojas de da Indústria de Pro-
opinião, isso ocorre taurantes e vendedores utensílios residenciais dutos Para Animais de

por famílias, aponta pesquisa


em função da localiza- de comida de rua. Ao e comerciais. Estimação (Abinpet).
ção do bairro, que fica lado do campus está Além de oferecer
entre outros que pos- localizado o Teatro da Crescimento serviços como banho e
suem esses serviços. Universidade Católica Perdizes oferece, tosa e veterinários, al-
No bairro está loca- (Tuca), um dos patri- também, serviços vol- guns estabelecimentos
lizado um dos campi de mônios históricos de tados para os animais disponibilizam hospe-
Com perfil residencial e renda elevada, Perdizes se beneficia uma das universidades
mais reconhecidas do
São Paulo.
Perdizes oferece aos
de estimação, merca-
do que vem crescendo
dagem e creche para os
animais de estimação.
com o crescimento de setores específicos, como o de pets Brasil, a PUC-SP. Ao seus moradores e vi- cada vez mais. Somen- Também existe o servi-
redor da universidade sitantes diversos ser- te em 2016, o setor fa- ço de cuidador, que ao
estão localizados diver- viços, incluindo res- turou cerca de R$ 18,9 ser contratado vai até
sos serviços voltados taurantes de comidas bilhões, de acordo com a residência do contra-
para os estudantes, regionais ou estrangei- levantamento feito pela tante tomar conta dos
desde gráficas e pape- ras, escolas, bares, lo- Associação Brasileira animais.

Crise econômica afeta


comércio de ambulantes
Mudanças na gestão municipal dificultam trabalho da categoria

Nadine Alves Já a vendedora de


artesanato Angélica
A cidade de São Santana, de 50 anos,
Paulo é o maior polo trabalha na região há
comercial do Brasil. Ao 17 e não dispõe da
caminhar pelo bairro regularização impos-
de Perdizes, na zona ta pela prefeitura. Ela
oeste da cidade, não relatou dificuldades
é diferente: por meio que teve ao tentar ti-
dos vendedores ambu- rar o TPU e se manter
lantes, a economia das na região, que, atual-
ruas também salta aos mente, é bastante fis-
olhos. No entanto, a calizada. Apesar de ter
Vista do bairro de Perdizes, com o Pico do Jaragua e o Allianz Parque ao fundo: localização privilegiada é um dos destaques (foto: Mayara Cunha) categoria relata dimi- CNPJ e nota fiscal, An-
Veículo de venda de lanches em rua do bairro: recessão e mudança de
nuição da presença de prefeito são vistos como complicadores do comércio (Foto: Nadine Alves) gélica não conseguiu
Mayara Cunha pulação, o bairro tem regiões da capital, como Patrimônio do bairro comerciantes. o seu TPU e, por isso,
preço médio de imóveis Vila Madalena, Barra Perdizes é um bair- Ainda no começo gestão do prefeito João de três a quatro anos diz se sentir “ameaça-
O bairro de Perdizes, de R$ 12,5 mil por me- Funda e Jardim Paulis- ro essencialmente resi- de 2017, vendedores Dória (PSDB). para finalmente ter da e perseguida” todos
localizado na zona oeste tro quadrado, segundo o ta, além de estar próxi- dencial. No entanto, se- trabalhavam nas ruas Em visita ao bairro tudo regularizado e os dias pela presença
de São Paulo, é conside- Portal Viva Real. Segun- mo a shoppings e está- gundo o coordenador do do bairro e em aveni- de Perdizes, em frente praticar suas vendas dos fiscais, que podem
rado uma área nobre da do pesquisa feita pelo dios de futebol, o bairro curso de Economia da das como a Sumaré à Pontifícia Universi- livremente. “As vendas apreender sua merca-
capital. Distribuído em Conselho Regional de se torna atrativo para Pontifícia Universidade em segmentos como dade Católica de São caíram e o movimen- doria a qualquer mo-
uma área de 6,10 km², Corretores de Imóveis famílias. A imobiliária Católica de São Paulo comida, lanches e ar- Paulo (PUC-SP), a re- to também, às vezes mento.
possui 111.161 habi- São Paulo (Crecisp) em Lopes fez uma pesquisa, (PUC-SP), Marcel Lei- tesanato. portagem encontrou compensa mais você A reportagem tentou
tantes, segundo dados 2012, o valor aproxima- em 2014, com o perfil te, não há supermerca- Houve, porém, recuo Pedro Murilo, 19 anos, não ter a TPU e ficar entrar em contato com
disponibilizados pela do do aluguel de casas dos compradores de re- dos grandes na região, por conta do aumento que possui o TPU. O migrando, vendendo a Prefeitura de São
prefeitura de São Pau- usadas de três dormitó- sidências em Perdizes. somente mercadinhos do rigor na fiscaliza- jovem administra um em vários lugares com Paulo para compreen-
lo, com média de 18.223 rios fica entre R$ 2 e 3 Os compradores têm menores e versões “ex- ção de vendedores que carrinho de lanches todo o cuidado para der os modos de fisca-
habitantes por quilôme- mil. idade média de 44 anos, press”. A região tam- não possuem o Termo há dois anos nas re- não ter sua mercado- lização e análise dos
tro quadrado. Com fácil acesso a com 71% deles sendo bém carece de hospitais de Permissão de Uso dondezas da PUC. Ele ria levada pelos poli- pedidos de TPU, porém
Destinado às classes comércio, educação, e casados e 73% com fi- grandes; há apenas ver- (TPU), a partir da nova afirma que demorou ciais”, ressaltou. não teve retorno.
média-alta e alta da po- algumas das principais lhos. sões com atendimento
10 Observatório SP Perdizes Cotidiano 11

Moradores ainda sofrem Bairro vive encontro


com a falta do metrô entre o velho e o novo
Estação é antiga promessa; obras da linha 6 voltam em 2018 Novos moradores e formas de ocupação modificam a rotina do
bairro; estudante convive há 26 anos com as transformações

Início da obra no cruzamento da Rua Jão Ramalho com a Rua Cardoso de Almeida (foto: Rayane Lima)

Rayane Lima início em 2015, a obra acabam perdendo por ra da região, também
passa por diversos obs- estarem muito cheios. confirma a lotação dos Bairro convive com transformações que vão do mercado imobiliário ao perfil de moradores (foto: Raphael Preto)
Muitos bairros na ci- táculos que adiam cada Um percurso de 20-25 ônibus nos horários de
dade de São Paulo ainda vez mais o prazo de en- minutos acaba levando pico e diz que uma esta- Raphael Preto Pereira mil. Uma rápida pes- indicadores do Índice Claudia já conseguiu
sofrem com a ausência trega. 45”. Ana diz também ção mais próxima seria quisa a sites de imóveis de Referência do Bem identificar mudanças
de uma estação própria A maneira mais con- que a maioria dos pas- o ideal. “O único metrô A história da vida de mostra que um aparta- Estar do Munícipio, for- no comportamento e no
de metrô, resultando em vencional de chegar sageiros são alunos da que dá para acessar a Maria Claudia Paiva se mento na região pode necido pela Rede Nossa perfil dos moradores.
dificuldades de acesso e a Perdizes é por meio PUC ou pessoas que pé é a Barra Funda, o confunde com o bair- custar entre R$ 500 mil São Paulo. “Hoje o bairro está muito
locomoção para os mo- dos ônibus, porém, es- trabalham no bairro, e acesso à estação Suma- ro de Perdizes. Com 27 e R$ 6 milhões. A comodidade tem gourmet”, diverte-se.
radores e passageiros tes não são os veículos que se houvesse o me- ré é distante.” anos, ela mora no local O bairro conta com o seu preço. “Perdizes Isso acabou gerando
que vêm de fora. Um mais indicados e ade- trô, essa grande massa há 26. Durante esse pe- três casas de cultura. está perto de tudo”, afir- uma espécie de encareci-
desses bairros é o de quados para se atender ficaria mais dividida. “A A obra hoje ríodo, ela acompanhou O número, entretanto, ma Maria Claudia, que mento do bairro, nas pa-
Perdizes, localizado na a grandes demandas de maioria faz baldeação Em outubro deste várias mudanças no permanece congelado relaciona a história do lavras da própria mora-
zona oeste da cidade. pessoas. do metrô para o ônibus, ano, o governo liberou perfil do bairro e no tipo desde 2008, segundo bairro com a de sua fa- dora: “coisas mais da vida
Em 2008, um docu- Ana Lucia Barbosa, que não seria tão cheio a informação de que a de morador que o bairro mília. “Hoje, toda minha noturna, como barzinhos,
Distrito de
mento foi assinado con- de 23 anos, estudante se a estação fosse cons- obra deve ser retomada abriga. família mora por aqui, por exemplo, estão ok, no
cretizando a promessa de publicidade e propa- truída”. A estudante ain- no início de 2018, de Perdizes, um subdis- todos os primos, isso é mesmo nível de Pinheiros
de uma expansão na
linha 6-laranja do Me-
ganda na Pontifícia Uni-
versidade Católica de
da acrescenta que, mui-
tas vezes, as pessoas
acordo com a Secretaria
de Transporte Metropo-
trito da prefeitura regio- Perdizes bem positivo”, acredita e Vila Madalena. Ainda dá

conta com
nal da Lapa, é o local ela, que em outubro en- para sair”. Só que outros
trô de São Paulo. A ex- São Paulo (PUC), precisa deixam de frequentar o litano. com o terceiro maior ín- trega seu mestrado em serviços mais comuns,
tensão da linha ligaria a pegar o ônibus todos os distrito por ter limitado Isso se deve ao sur-
o terceiro
dice de desenvolvimento antropologia na Pontifí- como ir numa padaria,
Vila Brasilândia à esta- dias para chegar à aula acesso a transporte pú- gimento da proposta de humano da cidade de cia Universidade Cató- estão mais caros. “Um

maior IDH do
ção São Joaquim, com e afirma que o transpor- blico. “Não é afastado, um grupo chinês para a São Paulo, além de ter lica de São Paulo, que pãozinho, por exemplo,
várias estações, sendo te não é suficiente. mas dá preguiça de ir.” obtenção da operação. A uma renda média alta também fica no bairro. custa 1,50. Tem muitos
município
uma delas em Perdizes. “Demoram para che- Mariane Formollo, entrega pode ser previs- para os padrões da ca- Há tanto tempo mo- moradores que não são
No entanto, desde seu gar, alguns passageiros de 25 anos, morado- ta para 2022. pital, em torno de R$ 6 rando na região, Maria daqui.”
12 Observatório SP Perdizes Saúde e bem-estar 13

Filas e demora geram Condomínios barram


reclamações em cartório visita de agentes de saúde
Desde a década de 1920, unidade é a única do tipo na região Bairro é alvo histórico do mosquito da dengue; ações de
prevenção da prefeitura enfrentam resistência de moradores
Guilherme Petry cabeça, dores muscu-
lares e nas articulações
Perdizes é um bairro e infecções na pele.
da capital com muitos Além da dengue, o
casos de dengue. Sem mosquito é transmissor
contar os hospitais par- das doenças conhecidas
ticulares, não há ne- como Zika e Chikun-
nhum posto de saúde gunya. De acordo com
e auxílio ao combate o Boletim Epidemiológi-
às epidemias causadas co da Secretaria de Vi-
pelo mosquito Aedes Ae- gilância em Saúde, fo-
gypti. O único espaço ram registrados em São
de prestação de serviço Paulo 33 mil casos de
aos infectados com o dengue no ano de 2016.
vírus é a Unidade Bási-
ca de Saúde (UBS) Vila Condomínios
Anglo, que fica no bair- A prefeitura de São Avenida Sumaré: local é rodeado de plantas, ambiente propício à
ro vizinho, Pompeia. Paulo atua no bairro de proliferação do mosquito (Foto: Guiherme Petry)

Muitos condomí- Perdizes somente com


nios da região não au- o monitoramento feito por agentes”, diz, sobre identificar larvas ou
Cartório em dia típico: filas se espalham fora da unidade, fruto da grande movimentação de pessoas (foto: Paloma Venancio)
torizam a entrada dos por agentes de saúde, a decisão de não acei- mosquitos transmis-
agentes de saúde da porém muitos condo- tar agentes de saúde. sores da doença, pon-
Paloma Venancio dentro do estabeleci- Para ela, foi uma ex- o cartório mais próximo Prefeitura Municipal, mínios proíbem a en- De acordo com a Se- tuando possíveis cria-
mento, ocupando, en- periência agradável, não fica no bairro da Lapa tornando o combate ao trada dos funcionários cretaria Municipal de douros dos mosquitos.
O 19° Cartório de Re- tão, a calçada -, a falta houve demora e nem na Praça Professor José vírus cada vez mais difícil. da prefeitura, alegando Saúde, os agentes são A prefeitura e o go-
gistro Civil de Perdizes de qualificação e a de- mau atendimento. Po- Azevedo Antunes, 45 e Segundo dados for- ser uma ameaça à se- necessários para o com- verno têm a obrigação
foi inaugurado em 1921 mora no atendimento. rém, citou o pequeno 49. A reportagem tentou necidos pela Secretaria gurança dos moradores. bate e controle da epi- de cuidar do tratamen-
e tem grande relevância Os usuários denunciam espaço como algo que contato com trabalha- Municipal de Saúde à Marcel Trevisan, li- demia, não apresentam to, prevenção e con-
por ser o único da re- a estrutura interior, com poderia melhorar. dores do 19º Cartório imprensa, no ano 2000 vreiro e morador do riscos à segurança pú- trole da doença, assim
gião. Mesmo garantindo poucas cadeiras para o Para encontrar os para saber a visão deles Perdizes já era um bair- bairro, tem 30 anos e blica e, para que sua en- como qualquer fator na
bom atendimento e boa número de pessoas que mesmos serviços em sobre os ocorridos, mas ro recordista em infesta- nunca pegou dengue, trada não seja confundi- saúde pública, porém a
estrutura em sua pá- precisam dos serviços. outros cartórios, é ne- não houve resposta. ção de mosquitos trans- mas seus pais pega- da com nenhum intruso, ação da população nes-
gina oficial, o local tem Mariana Formollo, cessário sair do bairro; missores da dengue. ram na mesma semana. é necessário exigir que sa luta é indispensá-
muitas reclamações de 25 anos, executiva de Em relatório publi- “Foi muito preocupan- apresentem o crachá. vel, principalmente nos
clientes. vendas, e Lucas, de 19 cado pela Coordena- te, achei que pegaria Cabe aos profissio- bairros muito arbori-
Localizado na Rua anos, estudante, pre- doria de Vigilância em também”, conta Marcel. nais encaminhar os ca- zados, como Perdizes.
Turiassú, zona oeste de cisaram do cartório. Saúde (Covisa), 2010 Morador de um con- sos de dengue para a De acordo com a pá-
São Paulo, o Cartório Mesmo tendo suas ne- foi o ano em que Per- domínio no bairro, ele UBS, informar os mo- gina da dengue no site
oferece sua estrutura cessidades atendidas, dizes teve o maior nú- relata que os agentes de radores sobre a doen- da Prefeitura de São
para efetuar registros de saíram com sugestões mero de casos de den- saúde não passam do ça, seus sintomas e Paulo, os moradores
nascimento, óbito e ca- de melhoria, como a ins- gue da capital paulista. portão. “Elas [morado- riscos e explicar como de bairros com aler-
samento, entre outros. talação de formas de au- A dengue é uma ras] fizeram uma reunião funcionam a transmis- ta de dengue devem
Em entrevista com toatendimento e melho- doença viral transmitida com o sindico, decidi- são do vírus e as me- evitar que água fique
pessoas que utilizaram ra no espaço. Já Marina pelo mosquito Aedes Ae- ram que não era seguro didas de prevenção. parada em pneus sem
o ambiente, as maiores Battistella, de 20 anos, gypti. Os infectados com andar pelos corredores O agente de saú- uso e vasos de flores,
reclamações foram de também estudante, não o vírus apresentam sin- e encontrar os agentes de atua também na virar as garrafas com
muita fila - algumas tão saiu com muitas ressal- tomas diversos, como da prefeitura por lá ou vistoria de casas e a boca para baixo e
grandes que não cabem vas. Contraste: unidade fechada (foto: Paloma Venancio) febre intensa, dores de bandidos que se passam condomínios para tampar caixas de água.
14 Observatório SP Perdizes Saúde e bem-estar 15

Yoga se espalha na região Ternos da


Como funciona do esse o serviço mais máximo, quatro horas.
Toda terça-feira, os pesado, e os que atuam Os fornecedores de

Madrugada
trabalhadores, como são em ambas posições. material para reciclagem
chamados os que parti- Eles conseguem ar- são prédios residenciais

Cerca de 20 estúdios estão espalhados pelas ruas do bairro


cipam da oficina, se reú- recadar cerca de R$400 e comerciais e restau-
nem com as coordenado- por mês; o valor é divi- rantes do bairro. No Giovana Petin
ras para discutir pautas dido proporcionalmente momento, eles contam
como segurança no tra- ao tempo trabalhado de com três compradores
Isabela Carrassari o estresse do trabalho, Ao conversar com História A banda Ternos da
balho e organização das cada um. Apesar de ser do material recolhido.
uma das opções é tro- adeptos, fica fácil perce- O yoga é uma téc- Madrugada também
atividades da semana. pouco, para o trabalha- Plástico, papelão, jor-
A cultura fitness é car as esteiras elétricas ber que o yoga vai mui- nica de meditação mi- foi uma iniciativa
dor Paulo de Sena é o su- nal, garrafa pet, vidro,
No geral, os
um sucesso no Brasil: por pequenos tapetes to além do movimento: lenar nascida na Índia criada com o obje-
ficiente para se alimen- isopor e papel estão entre
o País é um dos maio- de borracha. É o yoga, a prática milenar vem e, assim como diversas tivo de socialização
tar à noite e nos fins de os materiais recolhidos.
fornecedores
res mercados para essa o estilo de vida que alia acompanhada de uma filosofias ou religiões, e exercício da men-
semana, já que durante Segundo o zelador do
indústria que só cres- exercício e meditação. espécie de estilo de segue uma espécie te dos pacientes do
a semana o CAPS forne- Edifício Perdizes, Ale-
ce, e o fenômeno não
deixou de estar presen-
Só em Perdizes,
há cerca de 20 estú-
vida alternativo. Cile-
ne, também conhecida
de cartilha contendo
dez pontos conside- de material ce café-da-manhã, almo- xandre Ricardo, antes CAPS. Há 15 anos,
o grupo normalmen-
para reciclagem
ço e lanche da tarde. Ele da oficina o lixo reciclá-
te em Perdizes. Basta dios de yoga. Prova de como Shanti – paz em rados a filosofia bá- te se apresenta em
diz que a prática é boa vel não era reaprovei-
caminhar pelo bairro que, além da estética, hindu –, atribui diver- sica para o convívio
são prédios
para passar o tempo. tado. “Era colocado no eventos ligados ao
para perceber o núme- o bem-estar da mente sas mudanças em sua social harmonioso. assunto da saúde
“Quando não tem algu- lixo comum, aí a gen-
residenciais e
ro de academias, lojas é colocado como prio- vida pessoal ao yoga, Esses pontos são mental. A psicóloga
ma coisa pra eu reciclar, te passou a separar,
de produtos orgânicos ridade por pessoas que, de acordo com ela, os chamados Yamas e do CAPS, Célia Mas-
fica até chato”, comenta. identificar e mandar”.
comerciais e
e estabelecimentos vol- que procuram ativida- induz seus praticantes Nyamas, cada qual sub- sumi, afirma que a
O Recicla conta com Em todos os prédios
tados para a prática des físicas. De acordo mais assíduos a repen- dividido em outros cin- atividade tem fins
sete trabalhadores fixos que fornecem o mate-
de atividades físicas.
Tomar conta do cor-
com a professora yogi-
ni Cilene Freitas, hou-
sar alimentação, con-
sumo, relação com a
co ensinamentos, en-
tre eles concentração, restaurantes do e mais cinco itinerantes, rial, os moradores estão terapêuticos e os en-
contros acontecem
bairro
que nem sempre podem cientes do projeto e já
po, porém, vai além da ve um grande aumento natureza e até mesmo meditação, iluminação, dentro do centro,
estar presentes. O ho- deixam seus resíduos
musculação. Para ali- no número de alunos a forma de encarar os práticas respiratórias e “Em alguns momen-
rário de trabalho é bem corretamente separados.
viar o caos da cidade e nos últimos anos. desafios do dia a dia. conduta moral e ética. tos consegue-se es-

Oficina promove geração


As funções são dividi- flexível - e é isso que
das entre os que fazem permite a participação tar fora do CAPS, o
Centro de Atenção Psi- que é mais terapêu-
as buscas na rua e a co- das pessoas, aponta Cé-
cossocial de Perdizes tico ainda”, conta.
leta nos prédios e esta- lia. “Cada um trabalha o
(CAPS)

de renda e bem-estar
belecimentos da redon- que consegue“, afirma. Geraldo de Andra-
Rua Doutor Cândido de, percussionista
deza, os que realizam a O padrão é uma carga
Espinheira, 616 do Ternos desde o
separação e armazena- horária variável de no
Tel.: (11) 3672-2000 início e frequenta-
mento do material, sen- mínimo 30 minutos e no
dor do CAPS há 20
anos, elogia o proje-
Giovana Petin de, criando uma relação to. “Eu não fico pen-
de outra ordem. Não sando em besteira,
O Recicla Tudo é são os doentes da nossa pensando coisa cha-
uma das oficinas de rua, são pessoas que es- ta. Quando estou no
geração de renda do tão em tratamento“, diz. grupo, começo a ter
Centro de Atenção Psi- O CAPS é um equi- ideia sobre música,
cossocial (CAPS) de pamento de saúde para pensar em música.
Perdizes. A iniciativa tratamento de pessoas Isso me faz tirar as
existe há 16 anos e é com transtornos men- coisas da cabeça, as
coordenada pela psi- tais graves e tem como perseguições”, co-
cóloga Célia Massumi finalidade a reabilitação menta.
Tchicava e pela enfer- desses pacientes, sendo Hoje, o Ternos da
meira Neusa Duque. um método alternativo à Madrugada conta
Célia, que trabalha internação psiquiátrica. com sete integran-
no CAPS Perdizes há Atualmente, além do tes fixos e um CD
21 anos, conta que a Recicla Tudo, existem O único CAPS da região fornece outras quatro oficinas para pacientes lançado. O disco,
atividade permite a so- outros quatro projetos com transtornos mentais graves (Foto: Giovana Petin) composto de mú-
cialização dos pacientes de geração de renda no sicas autorais, é
com o bairro e também local: a oficina da pada- que o retorno financeiro co de fazer os pacientes vendido dentro do
estimula a humaniza- ria, do brechó, do sorve- da ação de reciclagem se sentirem ativos, aju- CAPS (R$ 10) e tem
ção.“Nas oficinas eles te (que só acontece no não é grande, mas o dando no tratamento seu lucro reverti-
acabam tendo uma re- verão) e da decupagem. que tem maior impor- de forma terapêutica. José Bezerra, de 52 anos, é um trabalhador itinerante da oficina e também participa esporadicamente da banda do para os próprios
lação com a comunida- A psicóloga relata tância é o valor simbóli- Ternos da Madrugada (Foto: Giovana Petin)
participantes.
16 Observatório SP Perdizes Educação 17

Protagonismo feminino Escolas públicas locais


no parto é tema de projeto são referência de ensino
“Parto sem Medo” adota equipe multidisciplinar para preservar Unidades de ensino José Cândido de Souza e Miss Browne
a saúde da mãe e do bebê estão com matrículas abertas
Nataly Brito
Julia Paiva é possível encontrar di- Apesar de muitos acre- ma de saúde. Além disso,
versas metodologias ditarem no mito de que o a recuperação do parto
O bairro de Perdizes
Cada vez mais deba- que conferem à mulher parto humanizado é so- humanizado é melhor do
tem um número reduzi-
tido, o parto humaniza- autonomia sobre o pro- mente aquele feito à moda que o habitual. Em geral,
do de escolas públicas,
do qual é um processo cesso da gravidez e do antiga, Guimarães sinali- não é realizada a episio-
já que as unidades pú-
que volta toda a atenção parto. “A ideia é fazer za que a cesárea, desde tomia e, portanto, a par-
blicas e estaduais, em
à gestante e ao bebê, da mulher a protagonis- que seja necessária, tam-
Recuperação
sua maioria, são locali-
tornando o nascimento ta antes e no momento bém pode ser realizada de
zadas na Pompéia, bair-
da criança uma expe- do nascimento, ajudá-la forma humanizada. “Dei-
do parto
ro ao lado. Entretanto,
riência única, saudável a chegar nesta ocasião xar o marido acompanhar
as que estão em Per-
e instintiva. Embora não com total confiança no o procedimento e retirar
seja muito divulgado pe- seu poder de parir de aquele pano que separa humanizado dizes são classificadas
como referência no ensi-
é melhor
los hospitais, este pro- forma tranquila e sau- a paciente do bebê é um
no e estão com matrícu-
cedimento é um direito dável”, diz o obstetra. exemplo de medidas que
las abertas para 2018.
do que o
adquirido por lei e apre- “Além disso, o objetivo é podem ser tomadas em
A Escola Estadual
goado pela Organização que a atenção obstétrica uma cesárea para deixá-
habitual
José Cândido de Sou-
Mundial de Saúde. e o neonatal sejam rea- -la a mais humana possí-
za atende os alunos do
Com atuação no bair- lizados de forma huma- vel”, explicou.
Ensino Fundamental.
ro de Perdizes, o gineco- nizada. A maneira pela Este procedimento é
Atualmente, conta com
logista e obstetra Alber- qual a gestante será indicado a todas as fu- turiente consegue sentar
339 alunos matricula-
to Guimarães conduz o acolhida e assistida pela turas mães, desde que, de maneira mais fácil,
dos, sem fila de espera.
projeto Parto Sem Medo equipe é fundamental durante o pré-natal e o além de levantar, tomar
Os estudantes residem Escola Estadual Miss Browne é referência de ensino no bairro de Perdizes (Foto: Nataly Brito)
em sua clínica, voltada para diferenciar um pré- acompanhamento da banho e ainda conseguir
em sua maioria no pró-
exclusivamente para a -natal comum de um gestação, a mulher não amamentar mais rapida-
prio bairro, segundo o instituição atende os comenta que “não pode- nina é esforçada”. Ela
saúde da mulher. Nela, humanizado.” tenha nenhum proble- mente.
Ministério da Educação. alunos do ensino fun- mos só culpar o gover- acrescenta ainda que
A estudante Ana Ca-
Maria Izabel, mãe de damental e médio e no.” o ensino na escola tem
rolina de Souza (20), mãe
Cauã Ribeiro, 13 anos, também atua no ensi- “O aluno que de- melhorado.
de Daniel (04) e Enzo (01),
aluno da oitava série no para adultos no pe- termina se vai ou não Segundo o Ministério
optou pelo parto humani-
na escola José cândi- ríodo noturno. A Miss aprender. Depende do da Educação, o bairro
zado durante a gravidez
do, elogiou a qualidade Browne tem atualmente esforço, e minha me- tem pouca demanda de
do caçula e contou com
da formação oferecida. 520 alunos matricula- alunos nas es-
a ajuda de uma doula
“Escolhi a escola por dos, também sem fila colas públicas e
do próprio hospital para
ser referência de ensino de espera. O Ministério estaduais. As sa-
tranqüilizá-la. “Desde o
aqui do bairro, é uma da Educação informou las de aulas têm
momento em que minha
das melhores”, disse. que metade dos alu- um número de
bolsa estourou não senti
Quanto ao desempenho nos reside no bairro de alunos reduzido,
dores. Depois de aproxi-
do filho e à adaptação Perdizes; a outra vem quando compa-
madamente 8 horas, fui
ao chegar a uma escola de diferentes regiões rado às escolas
encaminhada para o cen-
nova, a técnica de en- da cidade. Maria Izabel públicas e esta-
tro cirúrgico e meus me-
fermagem relatou que também é mãe de uma duais de outras
dos e inseguranças desa-
“a transição de escola aluna do Miss Browne, regiões. Procura-
pareceram por conta da
foi tranquila, o ensino é Izabele da Silva, de 17 das pela reporta-
presença da enfermeira.
muito bom.” anos, que está cursan- gem, as direções
Ela conseguiu me tran-
A escola Miss Brow- do o terceiro ano do en- das duas escolas
qüilizar e minha recupe-
ne também é uma re- sino médio. Quanto à Escola Estadual José Cândido de Souza (Foto: não quiseram se
ração foi mais rápida do
Parto humanizado de Enzo de Souza Pereira, em março do ano passado (Foto: Julia Paiva) ferência no ensino. A qualidade, Maria Izabel Nataly Brito) pronunciar.
que eu imaginei”, lembra.
18 Observatório SP Perdizes Educação 19

Escolas locais praticam Educação psicomotora


educação inclusiva estimula expressão
Redes pública e privada integram estudantes ao ensino regular Escolas abordam artes, música e literatura em seus currículos

no que podemos desen- Nicolle Cabral pequenos, o lúdico seja


volver de potencial nesse presente, como rotina
estudante”, afirma Alves. A região de Perdizes, diária”, afirma Lucia-
Além dos professores dentro dos seus seis na Morelli, psicóloga da
regentes da disciplina, quilômetros quadrados, instituição.
os monitores também abriga instituições como Ao caminhar 900
são essenciais no méto- a Escola Catavento, lo- metros no bairro, en-
do: proporcionam aten- calizada na Rua Caetés, contra-se outra unidade
dimento ao aluno, en- nº 52, que há 20 anos com práticas inovado-
quanto o professor está desenvolve um trabalho ras de ensino. A Esco-
ministrando a aula para pedagógico direcionado la Bakhita, que nasceu
um determinado grupo. às reais necessidades em 1977, é atualmente
Há momentos em que de crianças entre dois a um Centro de Estudos
os estudantes vão para seis anos de idade. Com Alunos do ensino infantil participam de aula de capoeira (Foto: Nicolle Cabral) e conta com a presença
outras salas, para que pequenos grupos forma- de pesquisadores e edu-
dos, e com uma grade incentivo a atividades lú- de diferentes materiais, cadores especializados,
trabalhem com suas di-
curricular de período in- dicas que incluem jogos, com isso as crianças po- atendendo crianças de
ficuldades específicas.
tegral, os alunos matri- literatura, artes plásticas dem criar com muita li- um ano e dois meses a
culados na Instituição e musicalidade, entre ou- berdade e criatividade”, 14 anos. Com o ensino
Ensino público
participam de atividades tros. A ideia é que haja, diz a pedagoga e profes- voltado também às ati-
Outra escola da re-
como judô, teatro e artes desde a base, um desen- sora de artes, Ana Cris- vidades lúdicas, a ins-
gião aderiu a esse sis-
plásticas. “Acreditamos volvimento motor, afe- tina Simões. tituição possui projetos
tema de inclusão, a
Alunos durante atividade em sala do Colégio Graphein: inclusão busca valorizar diversidade (Foto: Natália Souza) ter o compromisso de tivo e psicológico para a A Escola também como uma horta em que
Escola Municipal de
garantir aos nossos alu- criança. promove atividades que as crianças cuidam das
Ensino Fundamental
Natália Souza nos o desenvolvimento proporcionam o contato plantas e acompanham
dizagem que busca que Com aproximadamente (EMEF) Tenente José
todos os alunos apren- 130 alunos, a unida- Maria Pinto Duarte. De intelectual e emocional
para a sua escolarização
“É importante da criança com a lin-
guagem musical. “Os
seu crescimento.
A unidade também
garantir que
A educação inclusiva dam e participem de ati- de elabora planos para acordo com a pedago-
é uma proposta especial e ajudá-los a construir alunos têm a oportuni- possui um cardápio nu-
vidades. cada um deles. ga Maria Angela, 51, a
valores baseados na so- dade de experimentar tricional, um meio de es-
o lúdico seja
dentro da escola regu- O Colégio Graphein, “Quando a criança unidade tem estrutura
lar. Sua principal carac- lidariedade humana”, os sons como um ato de timular uma alimenta-
localizado no bairro de entra aqui, nosso olhar para esse novo méto-
presente
terística é a diversidade, conta Myrian, diretora desprendimento praze- ção mais saudável para
Perdizes, é uma escola já é inclusivo. O Gra- do educacional, porém,
considerando que todos da escola. roso, sem que se busque as crianças. Os alunos,
privada regular que ado- não tanto quanto um
Modelo como rotina
os alunos possuem ne- O trabalho da edu- uma imposição pela do- por meio dessa ativida-
ta a inclusão e é cons- colégio particular.
cessidades especiais ou cação psicomotora é, minância de um instru- de, podem observar os
tantemente procurada “Temos a sala de
atributos distintos. por sua metodologia.
considera recursos multifuncio- sobretudo, um proces-
so de maturação entre
diária” mento”, aponta Ricardo
Pesce, professor de mu-
processos de transfor-
mação da hortinha e se
O sistema educacio- Segundo a psico- nais, que serve para
nal, que antes era divi- pedagoga Cátia Alves, atributos e dar um suporte para a o corpo do indivíduo em
movimento e sua relação Os projetos da Cata-
sicalidade. O estímulo à
movimentação do corpo
envolverem regando, re-
tirando “pragas”, e ao fi-
necessidades
dido por dois tipos de 58, a inclusão tem que parte de inclusão”, diz.
serviços, o regular e o com o mundo interno e vento têm a intenção de das crianças também é nal, realizarem prepara-
acontecer com todos, Segundo Maria An-
externo, sustentada por desenvolver as ativida- presente nas aulas de ções culinárias. “Essas
dos diferentes
especial, fazia com que o independentemente de gela, apesar de a inclu-
aluno pudesse frequen- três conhecimentos bá- des cognitivas. As aulas capoeira, com berim- atividades mobilizam o
existir ou não uma sín- são precisar de mais
perfis de
tar apenas uma das sicos: o afeto, o intelecto de capoeira, por exem- bau, atabaque e bastões interesse e a curiosida-
drome, uma dificuldade métodos, há casos de
duas. A novidade, sob e o movimento. plo, estimulam as crian- que marcam o ritmo na de dos aluno que podem
ou um quadro que peça alunos que vieram de
alunos
influência da Conven- Na educação infantil, ças a terem maior equi- dança do Maculelê. observar as diferentes
um atendimento espe- escolas particulares
ção da ONU sobre Di- o estímulo da psicomotri- líbrio entre seu corpo e “Jogos, brinquedos e misturas e transforma-
cializado. por conta do modelo
reitos das Pessoas com cidade permite o entendi- o mundo externo. “As brincadeira sempre fize- ções ocorridas nos ali-
No colégio, o método receptivo e, segundo
Deficiência, que ocorreu mento de como a criança aulas envolvem músi- ram parte do mundo da mentos, podem também
de planejamento educa- phein é uma escola re- eles, também porque
em 2008, é a tendência toma consciência do seu ca, história e expressão criança. É importante experimentar e degustar
cional é bem diferente gular que não foca ape- haveria mais recursos
a um processo de apren- corpo e desenvolve a ex- corporal. A aula de arte garantir que na escola, as preparações”.
daquele anual, linear. nas nas dificuldades e sim do que na rede privada.
pressão externa, com possibilita o manuseio especialmente nas dos
20 Observatório SP Perdizes Segurança 21

Ciclovia da Sumaré é alvo Falta de segurança


de assaltos constantes mobiliza estudantes
Ambiente com descidas suaves e repleto de árvores Alunas da PUC-SP se unem para combater assédio sexual
centenárias expõe moradores a perigo Gabriela Rodrigues

Kammyla D’Assumpção Com o 9º lugar na


classificação de bairros
A ciclovia e pista de com mais estupros vio-
corrida da avenida Su- lentos registrados em
maré, que conecta a Pra- pesquisa feita pelo Jor-
ça Marrey Jr. à avenida nal O Estado de S. Paulo,
Henrique Schaumann, Perdizes é um bairro no-
em Perdizes, reúne vá- bre perigoso para mulhe-
rios esportistas que ca- res. Estudantes da PUC-
minham ou pedalam. O -SP relataram uma série
problema é que a falta de assédios próximos ao
de segurança tem sido campus da faculdade,
uma reclamação cons- após uma jovem estu-
tante entre os ciclistas, dante ser abordada por
que temem assaltos por três homens em 2016.
Cartazes espalhados por alunas nos arredores da universidade; objetivo é coibir assediadores (Foto: Rogério Dias)
conta da má iluminação Um grupo de alunas
e da falta de policiamen- de Jornalismo fundou o xe resultados. Segundo a critérios, como ilumina- ou constrangimento. “É
to. Coletivo Feminista Voz, estudante de Psicologia ção, visibilidade e quan- preciso prestar queixa.
Só no primeiro se- Organização e Autono- Milena Soares, 19 anos, tidade de pessoas. Quem precisa ter vergo-
mestre de 2017, houve mia (VOA), com o objetivo a união entre as mulhe- “A iluminação de Per- nha é o assediador e não
um aumento de 37% de denunciar estes casos res fez com que ela se dizes melhorou nos úl- a vítima”, opina.
Apesar da paisagem convidativa para um passeio, o medo tem dominado os ciclistas (Foto: Kammyla D´Assumpção) e dar voz a todas as mu- sentisse mais segura. timos dois meses, mas A psicóloga em forma-
nos roubos de bicicleta,
segundo a Secretaria de lheres frequentadoras da “Não me sinto sozinha ainda acho escuro”, com- ção ressalta também que
Segurança Pública do xando seguir meu cami- que é ponto para a pes- muitas vezes, estão a universidade. nessa luta. Vou e volto plementa. O Safetipin o assédio pode ocorrer
Estado de São Paulo. Os nho”, conta. soa ficar escondida e te pé. Para conscientizar e da aula acompanhada de possui um botão de emer- de diferentes formas e
números não incluem Quem também pas- atacar.” O segredo é, se ne- alertar, o grupo espa- outras alunas”, afirmou. gência que alerta quando não só presencialmente,
furtos, o que significa sou por um momen- A ciclista quase foi cessário, mudar o ca- lhou pelo bairro cartazes A estudante ainda conta a usuária entra num lu- como também via telefo-
que as estatísticas po- to complicado e quase assaltada várias vezes. minho e sempre estar divulgando o número da que as alunas que estu- gar considerado perigoso ne, e-mail, em público ou
dem ser ainda maiores teve sua bicicleta rou- Em uma das ocasiões, atento e perceber to- Central de Atendimento dam no período noturno e se acionado, uma men- de forma privada.
– já que muitas vezes as bada foi a florista Poline dois garotos subindo a das as coisas que estão à Mulher, com os dizeres: possuem um ponto de sagem é enviada automa- Moradora do bairro
pessoas não registram Lys, 39. A florista disse rua começaram a cer- acontecendo ao seu re- “Atenção, fui assediada encontro dentro do cam- ticamente para um conta- de Perdizes há 28 anos,
boletim de ocorrência. que sempre vai e volta cá-la. A reação foi pe- dor, pois o alvo fácil são aqui. Em caso de agres- pus, para que possam a aposentada Elísia Jun-
O pintor, eletricista e
fotógrafo Anderson Su-
do trabalho de bicicleta,
passando pela avenida
gar o celular e “pedir
reforços”, fingindo que
as pessoas mais distraí-
das, afirma Poline.
são, assédio e abuso, li-
gue 180”.
ir embora juntas. “Evi-
tamos ao máximo ficar “Não me sinto queira, 49, já presenciou
uma tentativa de assédio.
therland, 45 anos, foi Sumaré duas vezes por era policial. Com isso, Quando questiona- Engana-se quem pen-
sa que o bairro é perigoso
sozinhas em pontos de
ônibus e ruas não movi-
sozinha nessa “Ele estava de moto e seu
capacete fosco deixava seu
luta. Vou e
uma das vítimas: teve dia. os meninos logo foram do sobre o aumento do
sua bicicleta roubada Poline afirmou que, embora. roubo de bicicletas, o somente durante a noite: mentadas.” rosto completamente es-

volto da aula
enquanto pedalava na quando vê nas páginas Tanto para Ander- chefe de investigações depoimentos divulgados condido”, conta.
ciclovia da Avenida Su- que estão roubando son como para Poline, da 23ª DP de Perdizes, na página do VOA e aces- Soluções Mãe de uma menina

acompanhada”
maré. muito naquela região, o policiamento deveria Wagner Rosalin, afir- sados pela reportagem Além de unir-se a ou- de 15 anos, Elísia enfati-
“Uso ela todos os muda de caminho, fa- aumentar e ser mais mou não ser recorrente mostram assédios feitos tras mulheres, Milena se za que sua preocupação
dias, e em um deles vie- zendo um mais seguro. efetivo e a iluminação o registro de boletim de à luz do dia, horário em alia a aplicativos que fo- já a fez procurar por imó-
ram quatro adolescen- E, quando está mui- deveria ser melhor. O ocorrência de bicicletas que é comum possuir tes- ram criados para ajudar to de segurança escolhido veis em outros bairros e
tes em duas bicicletas to tarde, prefere andar pintor afirma, também, roubadas. Ele afirmou, temunhas na rua. O Co- na prevenção do assédio. previamente. quando questionada so-
e anunciaram o assalto. pela rua entre os carros que seria necessário a ainda, que os índices de letivo acredita que a im- Usando o sistema de ma- Outra preocupação bre quais seriam as pos-
Mas teve outra vez que do que na ciclovia, pois prefeitura fazer uma roubo que aumentaram punidade faz com que os pas, o aplicativo Safetipin pertinente da aluna é o síveis soluções, alegou:
iam me assaltar, viram se sente mais protegi- calçada para os pedes- foram apenas em rela- agressores não temam ser possibilita que pessoas receio que outras mulhe- “Nada mudará enquanto
minha bicicleta e pedi- da “A ciclovia é escura, tres e gradear a ciclo- ção a automóveis e ce- vistos. avaliem ruas, parques res possuem em denun- o policiamento do próprio
ram desculpa, me dei- tem vários lugares ali via, pois os assaltantes, lulares na região. A ação do grupo trou- e praças de acordo com ciar o assédio por medo estado não melhorar.”
22 Observatório SP Perdizes Política 23

Moradores apontam queda Moradores travam guerra


de violência na Cayowaá contra impactos da PUC
Roubos de carros são passado para a vizinhança; em 2016, rua Barulho, acúmulo de lixo e vias bloqueadas podem ser
estava entre as mais perigosas de toda a capital paulista enquadrados como crimes; entenda a polêmica legal
Gabriela Naville

Calçadas lotadas,
muito barulho e garrafas
espalhadas pelas ruas.
Esse cenário é real e se
repete a cada sexta-feira
quando os estudantes
da Pontifícia Universida-
de Católica (PUC-SP), se
reúnem para beber nas
vias em torno do cam-
pus. As festas, que têm
até bateria de samba,
não são estáticas e, ao
longo da noite, conforme
a animação dos estudan-
tes, vão percorrendo os A tranquilidade do bairro entra em conflito com o barulho causado pela movimentação dos estudantes em festas
(Foto: Gabriela Naville)
quarteirões de um bairro
residencial e de popu- sendo vendida e, conse- efetividade da fiscali- Fora da universidade,
lação majoritariamente quentemente, as aglo- zação, isto é, os apare- os estudantes são apenas
idosa: Perdizes. merações mudaram de lhos de som são desliga- cidadãos e a responsa-
Rua Cayowaá: região já foi foco de assaltos no passado (Foto: Victor Vinicius) Os estudantes se lugar. Mas os bares ra- dos com a chegada dos bilidade das festas não é
reúnem na rua Ministro pidamente foram aber- agentes e ligados nova- atribuída à PUC, pois os
Victor Vinicius rua mais perigosa da dos índices de violên- Godói e suas adjacentes tos, com alvará ou não, mente ao seu partir. jovens não estão dentro
cidade, o que deixou cia da região. “Graças a entre os períodos vesper- e para os moradores o A rua é pública e a do perímetro de seu ter-
A rua Cayowaá, que o bairro na posição 25 Deus, nunca teve nada tino e noturno de aula. problema voltou. Constituição assegura o reno. Assim, o campus
já foi palco de grandes entre os mais violentos aqui”, afirma. Quando o último sinal A reportagem tentou comporta os alunos ape-
Moradores
assaltos e até assas- de São Paulo. O roubo
“Faz 30 anos
soa, os bares se enchem insistentemente conta- nas no período de aulas e
sinatos entre 2015 e de carros foi o principal de mais jovens compran- to com a Associação de em seu espaço.
2016, agora se encon-
tra mais segura para
motivo dos altos índices
de violência na área. que estou
do bebidas. Moradores de Perdizes e reclamam da Em 8 de agosto, uma

efetividade da
Há anos, moradores com o Conselho Comu- festa organizada pela
aqui e nunca
os seus moradores e “Faz 30 anos que vêm reclamando com a nitário de Segurança de Torcida Uniformizada
comerciantes. Em uma eu estou aqui nessa
fiscalização
Subprefeitura da Lapa, Perdizes (Conseg). No Raça PUC resultou em
pesquisa da reporta-
gem com os residentes
rua e nunca vi nada”,
diz José Carlos, de 56 vi nada” a responsável pelo local,
em busca de soluções
entanto, ninguém res-
pondeu às solicitações
vias públicas fechadas,
discussões e um chama-
da rua, notou-se que a anos, dono de uma para o caso. Ao conversar de entrevista. direito de ir e vir. O art. do à polícia. Para evitar o
percepção da situação banca de jornal locali- Ainda segundo um com uma moradora que 5º, XVI, garante a liber- mesmo problema, o gru-
no local anda bastante zada na esquina da rua comerciante dono de não quis ser identificada, Legislação dade de reunião, isto é, po organizou uma festa
diferente do que havia Piracuama com a Cayo- lanchonete, Robson dos a reportagem descobriu A Lei do Psiu, que é qualquer pessoa pode na quadra da Mocidade
sido retratado pela im- waá. Seguindo pela via, Santos, o bairro e a rua que a associação de mo- fiscalizada pela prefei- espontaneamente ou de Unidos da Mooca, no dia
prensa anteriormente. a reportagem abordou o vivem tempos tranqui- radores do bairro conse- tura, tem a função de forma premeditada se 28 de novembro.
Moradores apontam queda
A via, situada no co- segurança de um esta- los. Por diversos quar- significativa no volume de guiu que alguns bares proibir qualquer tipo de reunir livremente sem
ração de Perdizes, cha- cionamento particular teirões foi possível notar ocorrências (Foto: Victor Vinicius) que funcionavam sem al- ruído com níveis supe- autorização do Estado. Leia mais
mou a atenção por ter, entre as ruas Caiubí e o clima pacífico, mas ao vará fossem fechados. riores aos estipulados Assim, os estudantes sobre este assunto e
segundo uma lista da Bartira. Sérgio Almeida mesmo tempo que aler- realizando atividades na Por um breve período pela lei em qualquer podem estar na rua em seu impacto na vida
Polícia Militar de 2016, também demonstrou ta para a falta de mo- rua – um potencial cha- do tempo, isso diminuiu hora do dia. Mas os mo- qualquer horário, sem noturna local na
sido considerada a 12ª não ter conhecimento radores caminhando ou mariz para ocorrências. a quantidade de bebida radores reclamam da restrição. editoria Entretenimento
24 Observatório SP Perdizes Política 25

Bairro afasta morador de rua Poda de árvore e faltas


Apesar da relativa segurança, Perdizes virou área de difícil
permanência para população em situação de vulnerabilidade
de energia afetam rotina
população de rua no fim Moradores reclamam de demora na solução de problemas
é ‘tolerada’ em algumas
áreas específicas e de-
ligados à manutenção de árvores e às quedas de luz
gradadas, as quais não
interessam ao capital,
Gabriela Lemos
como o Centro Velho,
Baixada do Glicério ou Manutenção
e poda de
Moradores de Perdi-
Aclimação”, diz.
zes já estão habituados
Isto explica por que o
árvores são
aos problemas de que-
centro de São Paulo tam-
da de energia e árvo-
atribuição das
bém faz parte de uma
res, principalmente em
das áreas aceitas. Embo-
épocas em que a chuva
prefeituras
ra seja um local com giro
afeta mais a região. Ao
econômico, não faz parte
se formar uma nuvem
deste nicho. Para Hugo,
a Polícia Militar e a Guar-
mais escura, já pensam regionais
nas consequências da
da Civil Metropolitana
chuva e em como solu-
são os braços utilizados
cioná-las o mais rápido da não obteve respos-
pelo Estado e pelo setor
possível. ta.
Gabriela Forabelli violência, conseguir fi- logos e até abrigos, locais imobiliário para a retira-
Perdizes é predomi- O processo formal
car é uma raridade. De onde estes possam pas- da da população de rua.
nantemente residencial, da prefeitura impede
De acordo com a acordo com um comer- sar a noite, são adotados O advogado aponta
mas caminhando pelo que o morador possa
moradora de rua Carol ciante local, que não pelo poder público. que o tratamento dado
bairro há uma grande fazer a solicitação a
Del Bianco Lamour, 30 quis se identificar, as Mestre em direi- pelo Estado à questão
variedade de serviços, uma empresa especia-
anos, o centro de São pessoas em situação de to constitucional pela amplifica os problemas.
como restaurantes, aca- lizada, o que diminui-
Paulo é a região mais rua não permanecem Pontifícia Universidade “O crescimento da popu-
demias e escolas, além ria o tempo de espera.
segura para habitação, por mais de 24h. “É di- Católica de São Paulo lação de rua está conec-
da Pontifícia Universi-
uma vez que a violência fícil ter um morador de (PUC-SP), Hugo Albu- tado ao caos não apenas
dade Católica de São Mutirão
é menor. “Aqui se acon- rua aqui, mas quando querque afirma que o econômico como, tam-
Paulo (PUC). O bairro é Recentemente, a Sub-
tecer alguma coisa sai tem, a polícia já vem e afastamento dos mora- bém, psicossocial: são
cercado por árvores em -prefeitura da Lapa,
na internet, sai na rede retira”, afirma. dores de rua do bairro milhares de pessoas que
suas calçadas estreitas; responsável pelo bair-
social, então eles não A reportagem ainda faz parte de uma es- vão para as ruas fugin-
muitas vezes elas são ro de Perdizes, junto
procuram bater muito verificou que, no site da peculação imobiliária, do, também, da invisi-
o motivo principal das com a AES Eletropau-
na gente durante o dia. Subprefeitura da Lapa, uma vez que o bairro bilidade ou da violência
quedas de energia, ao lo, realizou um mutirão
Quando chega na parte um dos serviços ofere- residencial deve manter em seus próprios lares e
tocarem na rede de fios de poda de árvore. En-
da noite vêm cinco seis cidos é a retirada das uma boa aparência. “A famílias”, diz.
elétricos por precisar de tre os locais por onde
viaturas e caem baten- pessoas de rua. A As-
manutenção. Surgem aí ocorreu a ação, esta-
do”, diz. Perdizes foge à sessoria de Imprensa da
as principais dúvidas Rua Doutor Homem de Melo, um dos locais por onde o muturão realizado
vam a rua Cardoso de
regra dos demais bairos subprefeitura, que coor-
dos moradores: quem é pela Subprefeitura com a AES Eletropaulo passou (Foto: Gabriela Lemos) Almeida e a rua Doutor
centrais: quase não tem dena Perdizes, não quis
responsável por fazer o Homem de Melo, locais
pessoas em situação de se pronunciar a respeito
pedido deste serviço? É das Prefeituras Regio- por meio do SP 156, que geram maior recla-
rua, o que se verifica em de quais medidas eram
função do morador soli- nais. via telefone ou site, e mação.
uma rápida caminhada. tomadas com os mora-
citar a poda ou trabalho O serviço é gratui- a espera fica em torno Em casos de falta de
O bairro, que possui dores de rua.
de manutenção à sub- to; porém, é necessá- de 120 dias – quase luz, a AES Eletropaulo
cerca de 100 mil habi-
prefeitura realizar? rio que a árvore em quatro meses. orienta que o morador
tantes, é um dos mais Afastamento
questão passe por uma À reportagem, a entre em contato com
seguros e nobres da ci- A conjuntura da po-
Quem cuida? avaliação e, então, seja dona de um estabele- a companhia, portando
dade. Embora seja, as- pulação de rua sempre
O Decreto Munici- definido se é necessá- cimento educacional, o número da instala-
sim, uma das regiões foi um desafio para a
pal nº 42.239/2002 ria ou não a manuten- que não quis ser iden- ção de luz, e siga com
onde os moradores de prefeitura de São Paulo.
garante que o serviço ção. tificada, solicitou o o atendimento de sua
rua sintam-se mais se- Equipes de assistentes
é de responsabilidade A solicitação é feita serviço de poda e ain- região.
guros por supressão da sociais, médicos e psicó-
26 Observatório SP Perdizes Meio ambiente 27

O caminho da enchente Projeto leva flores ao bairro


Alteração de córregos e urbanização intensificam riscos de
Orquídeas variadas preenchem árvores da rua Monte Alegre
enchentes; cursos d´água canalizados atravessam o bairro
Danielle Magalhães (Inpa), o Brasil tem mais deas. “Algumas espécies
Gabrielle Rodrigues de 3 mil espécies. de orquídeas são epifítas,
Ao andar pela aveni- A PUC desenvol- essas utilizam as árvores
“Quando eu era pe- da Monte Alegre, onde se veu o projeto em 2016. como um auxílio para se
quena ia lá, meu pai localiza a Pontifícia Uni- Quem tiver orquídeas fixarem e receberem luz
me levava para brincar. versidade Católica (PU- e não possuir interesse para realizar fotossínte-
Descendo tinha o córre- C-SP), é possível perce- na planta pode leva-lá se, assim também obtêm
go e, pra lá do córrego, ber que as árvores agora para a faculdade, para os nutrientes por meio
era tudo chácaras, en- possuem orquídeas. Elas a implantação nos tron- da decomposição de ma-
tão eu gostava muito de foram implantadas pela cos das árvores. Airton teriais orgânicos retidos
ver os boizinhos [...] A equipe de jardinagem da Manoel do Santos, 43 nas copas”, diz.
gente atravessava o cór- faculdade, por meio de anos, é reponsavél pela A assistente social
rego e ia pra lá.” um projeto de doação. equipe de jardinagem e Rosa Zulli de Araújo, 60
Este é o relato de A planta, típica de afirmou que a fundação anos, ressalta a impor-
Anna Maria Penna so- países tropicais, possui São Paulo, que mantém tância da conservação e
bre um dos córregos cerca de 50 mil espé- a Universidade, adquiriu acredita que as pessoas
que passava a céu aber- cies, com pelo menos 30 42 mudas inicialmente. são capazes de preser-
to por Perdizes, o Suma- mil dessas criadas em A bióloga Ana Pau- var e incentivar o proje-
ré. A aposentada mora Avenida Sumaré, no centro do mapa: importante via de escoamento de Perdizes foi construída seguindo traçado de laboratórios. Segundo la Martins de 23 anos, to. “Acho que as pessoas
Orquídeas alegram e enfeitam as
no bairro há 70 anos e um córrego, que hoje está canalizado (Fonte: Google Maps) o Instituto Nacional de árvores no entorno da PUC (Foto: explicou o processo de vão aderir”, afirmou.
conta que acompanhou Pesquisas da Amazônia Danielle Magalhães) adaptação das orquí-
toda essa mudança das de automóveis e para a Além do dano am- contrapartida, existe a

Horta orgânica ganha


ruas, inclusive com os construção de prédios. biental, os moradores impermeabilização do
córregos que antes eram A urbanização trouxe enfrentam prejuízos fi- solo pelas grandes cida-
lugar de diversão e hoje vantagens aos morado- nanceiros com carros, des” diz. “Então, quando

destaque em restaurante
não são vistos por nin- res, como as ruas asfal- casas e comércio inun- se tem uma chuva signi-
guém. tadas e maiores, os ter- dados. Correm risco, ficativa, vai aumentar
Anna, comenta que, renos para construção também, com contami- o volume de água dos
todo ano, principalmen- de prédios e comércios nações das águas sujas. rios, e este rio irá esca-
te em época de chuvas, e as ligações com vias A enchente também par para algum lugar.”
o final da rua Cardoso que levam para todas as pode resultar em mor- Pedro também ex-
de Almeida, onde mora, partes da cidade. Porém, te – é o caso de um mo- plicou que a alteração Caroline Svitras reira na gastronomia.
enche muito. Situação
que se tornou comum
uma das consequências
do crescimento da cida-
rador antigo do bairro,
que foi arrastado para
do percurso do córrego
prejudica a fauna e a
Deixando o antigo car- “Essa horta
é uma
Há seis meses, o res- go para trás, assumiu
em comércios que estão de é o aumento na fre- baixo de um carro na flora aquática, que de- taurante do número 400 o risco de reerguer o já

tremenda
em partes baixas da re- quência de enchentes. rua Cardoso de Almeida pendem dele para so- atrai os olhares de quem existente Brazuca. As-
gião. e não resistiu. O caso breviver. Escondido, o passa pela rua Homem sim, ao optar pela hor-
ação de
A cidade de São Pau- Riscos aconteceu em janeiro córrego Sumaré pas- de Melo. A razão está na ta, César contou que a
lo se desenvolveu às As enchentes são deste ano. sa despercebido pelos pequena horta de tem- intenção era mostrar ao
margens do rio Taman-
duateí e, hoje, tem mais
consideradas fenôme-
nos naturais, porém, Causas
moradores de Perdizes.
Munhoz afirma que a
peros exposta logo na
entrada do estabeleci-
freguês a forma natu-
ral dos temperos usa-
marketing”
de 300 rios e córregos acontecem a partir de O professor Pedro perda de contato entre mento Brazuca, dirigido dos na comida, além de
canalizados, entre eles intervenções humanas. Marcio Munhoz, da Fa- morador e natureza re- por César Augusto de agregar qualidade aos os iniciantes na práti-
os córregos de Perdizes A principal delas é o so- culdade Senai de tecno- duz a atenção para os Lima Cabral. O proprie- pratos. ca, César dá a dica de
e seus arredores. terramento ou canaliza- logia ambiental, explica problemas ambientais tário diz que “essa horta A ideia logo conquis- sempre manter as plan-
Moradores mais an- ção de rios e córregos. a relação entre enchen- do bairro. é uma tremenda ação tou o público, que não tas fora do sol, para
tigos relatam que, con- Quando a chuva chega tes e os rios e córregos “A natureza se recu- de marketing”, porque pode deixar de passar não queimar as folhas
forme o bairro foi cres- às ruas, corre em dire- canalizados ou soterra- pera, uma vez que você desperta o interesse dos no Brazuca sem levar e danificar as raízes.
cendo e acompanhando ção a estes. Mas, quan- dos. começa a respeitar seu pedestres e os convida a um dos vasinhos para Aqueles que se inte-
o desenvolvimento da ci- do a água não encontra “Quando você não dá lugar e tratar o esgoto. visitar o restaurante. casa. Entre os tempe- ressam por tendências
dade, os córregos come- espaço, os alagamentos uma vazão para o rio, Porém, teria que ter o Cabral trabalhava no Entre os temperos cultivados, ros cultivados, estão culinárias podem visitar
çaram se tornar obstá- afetam a rotina de mo- ele vai ter que escapar compromisso do poder Banco Itaú quando de- estão manjericão, pimenta, curry e manjericão, pimenta, o restaurante e conferir
culos para a circulação radores. para algum lugar. Em público”, conclui. orégano (Foto: Caroline Svitras)
cidiu começar uma car- curry e orégano. Para de perto as mudas.
28 Observatório SP Perdizes Ciência 29

Jardim frontal da universidade chama a atenção de moradores e visitantes; na parte interna, mais áreas com diversidade de plantas (Foto: Dayane Stefany)

PUC estuda projeto de


reúso da água em jardins No Museu das Invenções, participação do público é um requisito para explorar novidades úteis no dia a dia (Foto: Maria Clara Cordeschi)

Museu explora inovação


Implantação do sistema resultaria em economia e respeito ao
meio ambiente; investimento alcança R$ 1,5 mil por metro
Dayane Stefany

Quem passa em
frente ao ao campus da
tagem, a instalação de
pontos de captação de
água fluvial. Isso ge-
raria economia para a
Porém, a economia
não é algo que depen-
de do homem; o se-
gredo do uso, segundo
desse sistema na PUC,
seria necessário um in-
vestimento de R$ 1.500
por metro quadrado.
e criatividade do público
Pontifícia Universidade instituição e reduziria o especialista, seria a O retorno do dinheiro Maria Clara Cordeschi da invenção é feita e é podemos destacar um utilidade para o dia a
Católica de São Paulo o impacto sobre o meio capacidade de reserva. investido apareceria concluído que o produ- sistema para derreter dia de futuros compra-
(PUC-SP) não deixa de ambiente. A razão de o Quanto maior o volu- entre 10 e 24 meses, O primeiro museu to tem potencial para se sacolas plásticas, criado dores. Ao contar a histó-
reparar em seu majes- projeto não estar sendo me que se retém, mais dependendo das tem- com a temática de in- tornar comercial, a as- pelo inventor José Apa- ria de cada invenção, o
toso jardim. Com cerca executado é explicada água haverá para uti- poradas de chuvas da venções da América La- sociação se encarrega de recido Santos. Trata-se museu espera cativar o
de 30 espécies de plan- pelo oficial de manuten- lizar. Para a aplicação cidade. tina, Associação Nacio- entrar em contato com de um aquecimento elé- público a pensar e quem
tas e inúmeras árvores, ção dos jardins Roberto nal dos Inventores (ANI) investidores, divulgando trico ou a gás que pode sabe, inspirar um futu-
entre elas um histórico de Freitas. ‘’Esse proje- - Museu das Invenções, as ideias para que a pa- ser implantado em esta- ro inventor.
pau-brasil, o jardim se to está no papel, ainda, localizado em Perdizes, tente seja vendida. belecimentos varejistas, O museu está aberto
estende pelas quatro falta a instituição libe- apresenta atrações para As melhores inven- com o intuito de que para visitas escolares,
ruas que a universida- rar verba para começar todas as idades. O dife- ções são levadas para os clientes levem suas que podem ser agenda-
de ocupa. o serviço’’. rencial da ANI é a pos- o acervo de mais de sacolas antigas para das pelo telefone e pela
Para reduzir o con- Para o biólogo e es- sibilidade de acesso que 700 criações presentes derreterem. A invenção internet, e se destina a
sumo de água na ir- pecialista em tecnolo- o público tem de levar e no museu. Entre elas, tem importância pois, todo público que tenha
rigação dos jardins, a gia ambiental Rena- apresentar suas ideias e no Brasil, cerca de 1,5 curiosidade. Os ingres-
PUC estudaria, segun- to Marne, a vantagem propostas, a fim de que milhão de sacolas são sos custam R$ 15, e
do apurado pela repor- desse sistema está jus- essas sejam futuramen- distribuídas por hora, crianças com menos de
tamente na “economia te patenteadas e lança- e levam de 100 a 400 cinco anos não pagam.
Uma das financeira, em não usar das para o mercado. anos para se decompor,

vantagens
a água da concessioná- Muitos já chegam com prejudicando, assim, o
ria”. Há, ainda, a ques- o protótipo pronto, mas meio ambiente. Serviço
Museu das Invenções
do sistema é
tão do selo verde, que existe a possibilidade de O museu contém
segundo Marne “inti- que Carlos Mazzei, funda- guias preparados para R. Doutor Homem de
Melo, 1.109
a economia tula entidade que se
utiliza desses recursos
dor do museu, colabore ao
analisar a ideia, elaboran-
fazer um tour descreven-
do o processo de criação Segunda a sexta, das

financeira como ecologicamente do-a junto com o inventor.


Sistema para derreter sacolas
e o funcionamento de 10h às 17h
Os Jardins da PUC-SP são cuidados por uma equipe de funcionários, que plásticas (Foto: Maria Clara
correta.” atua na manutenção diária do espaço (Foto: Dayane Stefany) Depois que a análise Cordeschi) cada item, além de sua Tel.: (11) 3670-3411
30 Observatório SP Perdizes Ciência 31

Localização de bairro
propiciam um ambiente terial particulado, pois
com temperaturas mais funcionam como barrei-

afeta a qualidade do ar
amenas e contribuem ras”, argumenta.
de forma benéfica para A grande quantida-
a qualidade do ar”, diz de de prédios colabora
Tayla Dias. “Contudo, para a situação do ar
em uma cidade altamen- em uma metrópole. Os
te urbanizada como São prédios criam bloqueios
Perdizes é exemplo vivo dos contrastes geográficos de São Paulo, esta contribuição
pode ser suprimida”,
e dificultam a circula-
ção do ar e a dispersão
Paulo, com variações atmosféricas de acordo com a região lembrou.
Outra característi-
de poluentes em alguns
pontos. “A canalização
ca marcante no bairro do vento na cidade e
é a existência de uma outros efeitos de verti-
Avenida Sumaré, sentido Barra Funda: qualidade do ar respirado varia
conforme fatores como a presença de veículos (foto: Lucas Leite) grande quantidade de calização, a combinação
árvores. Para a professo- das circulações locais e
faz com que a atmosfe- Dispersão ra doutora em Ciências o contraste entre áreas
ra permaneça estável, A dispersão de po- Atmosféricas Adalgiza urbanas, suburbanas e
porém, segundo a Ce- luentes em cidades como Fornaro, da Universida- rurais podem interferir
tesb, não houve ultra- São Paulo, onde há pou- de de São Paulo (USP), na qualidade”, observou
passagem do padrão de cas áreas verdes, acon- apesar de Perdizes ter Tayla Dias. “Os bairros
qualidade do ar para o tece de forma gradati- um relevo acidentado, a de São Paulo com mais
material particulado na va. A presença de áreas presença de áreas ver- avenidas e prédios e com
estação de monitora- verdes ajuda a melhorar des ameniza a poluição. menos áreas verdes e
mento Cerqueira César a qualidade do ar. “As “As árvores ajudam a di- arborização acabam so-
(próxima ao bairro de árvores umedecem o ar minuir a concentração, frendo mais.”
Perdizes) em 2016”, diz. pela evapotranspiração, principalmente de ma-

Urbanização prejudica o solo


Região da Subprefeitura da Lapa concentra quase 280 áreas contaminadas
Vista de Perdizes, a partir do cruzamento das ruas Caiubi e Caetés: bairro se destaca pela arborização e valorização imobiliária (Foto: Lucas Leite)
Leonardo Cavalcante com mais de 1.539 terri- contém muitas ladeiras, xando acumular cada
Lucas Leite planejamento para futu- de partículas por metro do, respectivamente, de tórios nessas condições. dificultando a passagem vez mais a contamina-
ras áreas verdes que po- cúbico de ar (ug/m3), quem vai no sentido da Perdizes tem uma Dados da Prefeitura de do esgoto para os gran- ção química do solo des-
Localizada 760 me- deriam ter sido preser- mas, para a Companhia Zona Norte, estão nas grande quantidade de São Paulo, baseados em des rios poluídos da ci- sa localidade.
tros acima do nível do vadas. Isso acabou por Ambiental do Estado de partes mais altas do prédios. A urbanização informações da Cetesb dade de São Paulo e dei- .
mar, São Paulo, a ci- gerar problemas relacio- São Paulo (Cebesp), o bairro. que dominou a cidade e interpretados pelo
dade mais populosa do nados à qualidade do ar. aceitável é de 19 ug/m3. A qualidade do ar nos últimos tempos foi Núcleo Técnico de In-
País, tem desafios em A poluição emitida Com o relevo tipi- nestas regiões é extre- prejudicial ao solo da formação em Vigilância
diversas áreas, mas um por veículos é uma das camente paulistano, o mamente complexa, região. Desde a con- em Saúde e pela equipe
ponto importante que principais causas de bairro de Perdizes tem pois o revelo da região taminação de rede de do Programa Vigisolo,
afeta diretamente a vida mortes no mundo, em características que sim- produz impactos dife- esgoto até a estrutura apontam 279 áreas con-
de todos é a questão da função de substâncias bolizam grande parte da rentes. Segundo a me- dos prédios, vários fa- taminadas somente na
qualidade do ar. Com como o monóxido de cidade, que é o revelo teorologista Tayla Dias, tores foram fundamen- Subprefeitura da Lapa,
uma frota de cerca de 6 carbono (CO) e o dióxido em formato de um vale. os altos e baixos in- tais para comprometer que cobre Perdizes.
milhões de carros, a ca- de carbono (CO2), lança- A avenida Sumaré, que fluenciam o aumento da a qualidade e fertilidade Com a abrangência
pital paulista ao longo das por automóveis na corta o bairro, é o lugar poluição, porque essas do solo. comercial que o bairro
dos anos também vem atmosfera. Segundo a onde há maior concen- características são des- Segundo levanta- tomou anos atrás, mui-
sofrendo com este mal Organização Mundial da tração de veículos e, por favoráveis à dispersão mento da Companhia de tas pessoas migraram e
que atinge as principais Saúde (OMS), a poluição consequência, centrali- de poluentes. “Durante Tecnologia e Saneamen- passaram a ser morado-
cidades do mundo. mata cerca de 7 milhões za boa parte da emissão a noite, ocorre um fenô- to Básico do Estado de res da região, tornando
Com mais de 11 mi- de pessoas por ano em de poluentes. A via está meno conhecido como a São Paulo (Cetesb), o es- alta a necessidade da
lhões de moradores, todo o mundo. A qua- na parte de baixo do inversão de vale. A pisci- tado tem mais de 4,5 mil criação de redes de es-
São Paulo cresceu de lidade do ar aceitável vale. As ruas Cardoso de na fria que se forma no áreas contaminadas. goto. O solo, por sua
forma desordenada ao pela OMS é de no máxi- Almeida e Aimberê, dos vale associado à camada A capital paulista con- vez, passou a se tornar Prédios do bairro vistos do entorno da avenida Sumaré: urbanização trouxe
longo dos anos, sem mo de 10 microgramas lados direito e esquer- residual do dia anterior centra 34% desse total, mais poluído. Perdizes impactos ao solo (Foto: Lucas Leite)
32 Observatório SP Perdizes Cultura 33

Adelina Galeria destaca Centro cultural estimula


artistas latino-americanos socialização na cidade
Inaugurado em abril, espaço busca relação de proximidade Espaço voltado a práticas artísticas permite contato entre
com os artistas e formação de novos públicos música, dança, artes plásticas e frequentadores
Thamires Zaniboni ela tem a agregar na sua
vida de um jeito absur-
Adelina Galeria, uma do.”
galeria de artes con- A proposta apresen-
temporâneas que se as- ta desafios. Além de tó-
semelha ao conceito de picos apontados, como
centro cultural, abriu dificuldades com docu-
suas portas no mês de mentações, a prefeitura,
abril na Cardoso de Al- a antiguidade do bairro
meida, uma das princi- e um ou outro morador
pais ruas de Perdizes. que acaba implicando,
O ambiente idea- a ideia de movimenta-
lizado pelo empresá- ção dos residentes não
rio Fabio Luchettie e é eficiente, como aponta
dirigido por ele e sua Giulia: “o pessoal gosta
equipe destaca artis- de ficar em casa, mas
tas latino-americanos entre uma aula de mú-
e traz uma forma aces- sica e uma prática de
sível de espaço e arte banda, um acaba co-
Centro cultural Eita! promove intercâmbio de conhecimento cultural por meio de diversidade e contato de
para diversos públicos, frequentadores (Foto: Samuel Silva)
nhecendo o outro. Mas,
desde colecionadores, com o tempo tenho cer-
curadores e críticos até teza que vai acontecer
Samuel Silva
curiosos que queiram de as pessoas ficarem
entender mais sobre o Desde março, o cen- idade pela mãe, Janete profissionais que for- mais abertas.”
mundo da arte contem- Espaço recém-inaugurado no bairro desmistifica o universo das galerias (Foto: Thamires Zaniboni) tro cultural Espaço In- D’Alonso, que é formada mam a equipe se jun-
porânea. terativo e Artes (EITA!) em pedagogia e direcio- taram por meio desse
Entre suas propos- horário de funciona- primeiro andar fica a As mais recentes foram se dedica a usar a arte nou a filha para a práti- ciclo, que segundo Giu-
tas estão a relação de mento da galeria. Como parte administrativa, do dia 27 de setembro como meio de integra- ca de lecionar. lia é natural do meio.
proximidade e a for- é um local recente, o onde também se encon- até 4 de novembro: “Al- ção social em Perdizes. Apesar de ter cursa- Assim como na música,
mação educacional de número de visitantes é tra o acervo de obras gorab”, de Rodrigo Li- Tarefa difícil que, segun- do Oceanografia, longe a construção do centro
seu público e de novos bem variável, a maior da galeria, responsável nhares, com curadoria do a proprietária, Giulia da área cultural, Giulia cultural foi feita à base
artistas, feita por meio visitação é de grupos pela equipe de vendas. de Nathalia Lavigne, e D’Alonso, 24 anos, “é sempre teve o foco nos de networking: ex-par-
de diálogos, mediações, agendados, mas o nú- O segundo andar é um “Partituras”, uma ex- um processo”: “não é negócios. Enquanto fa- cerias, colegas e “um
atividades, cursos, ofi- mero de público espon- espaço flexível, que se posição de Marcelo Ar- de uma hora pra outra zia graduação, já estava indicando o outro”. As
cinas e bate-papos com tâneo tem surpreendi- adapta de acordo com mani com curadoria de que você consegue con- trabalhando com aulas atividades enfatizam a
os artistas. A galeria do de forma positiva, os cursos e eventos dis- Lucas Bambozzi. vencer o pessoal a sair de música e dança no formação de rede en-
procura, ainda, uma de acordo com a equipe poníveis no momento. A de casa e que conhecer bairro e viu em sua in- tre alunos, assim como
relação de parceria e gestora. galeria conta, também, pessoas desconhecidas clinação para a esfera entre frequentadores.
Serviço Giulia idealizou inicialmente o
contribuição com a co- Com uma estrutura com um ateliê próximo pode ser interessante.” cultural a oportunida- Mais do que aprender a projeto como uma aula de dança
Adelina Galeria (Foto: Samuel Silva)
munidade, indo atrás de três andares, a gale- a sua localidade. Moradora da região de do empreendimento. técnica, o EITA! sugere
R. Cardoso de Almeida,
de fornecedores de pro- ria tem o térreo aberto Pela galeria já pas- e guitarrista na banda Daí surgiu o centro cul- que as diferentes moda-
1285 Serviço
dutos no próprio bairro. ao público com as obras saram as exposições Hey Ladies, Giulia tem tural EITA!: “tranquei a lidades conversem para
Terça-Sexta 10h-19h Eita!
Além de mediações dos artistas em exposi- “Para que eu possa ou- experiência na área e faculdade até as coisas formar algo maior, como
Sábado 10h-17h Rua Caiubí, 83
ao público espontâneo, ção. Nos fundos, uma vir”, “Falso histórico”, conhece bem a região, darem certo, e as coisas Giulia indica: “A ideia
Tel.; (11) 3868-0050 Tel.: (11)3456-3341
são oferecidas visitas área com uma árvore ao “Luz inscrita, imagem apesar da pouca ida- começaram a dar certo”, do espaço é ter esse tipo
Na web: Na web:w
guiadas para grupos, centro funciona como incerta”, “Empty Pro- de . Ela foi incentivada diz. de convivência, para
http://www.adelinagale- http://www.eitacultural.
mediante agendamento jardim de convivência ject” e “Fig. 1 e Fig. 1 pelo estudo da música O local ainda está as pessoas aplicarem a
ria.com.br com.br
de forma gratuita e no para os visitantes. No Espelhada Alternadas”. desde os cinco anos de em desenvolvimento. Os arte na vida e ver o que
34 Observatório SP Perdizes Entretenimento 35

Livraria Zaccara: um tesouro Vida noturna para quem?


escondido em Perdizes Pancadões organizados por estudantes universitários incomodam
moradores da rua Ministro Godói; conflito ainda não tem solução
Programação cultural diversificada é um dos destaques
Jacqueline Araujo
minha mulher 22. Nós ronte também?”, per-
namorávamos. Nunca guntei. Os bares e lanchone-
havia sido comerciante “Também”, ele res- tes da rua Ministro Go-
ou empresário, mas ti- pondeu, sorridente. dói, em Perdizes, sobre-
nha paixão pelo que ia “Veja, aquele em cima vivem exclusivamente
fazer”, conta.. “Nós ca- da estante, por Hélio de do movimento em dias
samos depois e nosso Almeida.” de semana. Aos fins
sonho era ter um espa- “Esse também é dele, de semana eles sequer
ço desses. Nosso espaço não é?”, apontei para abrem. Isso porque es-
era menor, tinha 20m².” outra escultura de ara- tão localizados em fren-
Inicialmente o co- me disposta na parede. te a uma das entradas
mércio era uma loja de “É sim”, respondeu. da PUC - e seus clientes
discos de vinil, foi cres- “Sabe que pouquíssi- são predominantemente
cendo e se transforman- mas pessoas olham es- os estudantes.
Acervo: livros são escolhidos de forma cuidadosa por Lucio e Cris Zaccara do. Hoje, conta com sas coisas? As crianças
(Foto: Stéfanie Neuman)
De um lado da cal-
um acervo de sonhos e que vêm aqui percebem çada ficam os bares; do
ideias de artistas de di- muito mais que os adul- outro, vendedores am-
Stéfanie Neuman desenho à esquerda fora ferentes áreas. tos.” bulantes e food trucks. Consumo dos estudantes é a principal fonte de renda dos bares e restaurantes da rua Ministro Godói; associação de
de fato feito à mão. “Não sou um livreiro, A livraria oferece di- Dentro e fora dos esta- moradores é contra perturbação do silêncio causada nos arredores da universidade (Foto: Jacqueline Araújo)
Eram cerca de 13h. Adentramos a livraria mas um guardião de li- ferentes atividades cul- belecimentos, os univer-
Caminhava pela rua Zaccara como explora- vros”, brinca. turais em seu espaço, sitários se amontoam de PUC” - uma associação calçada, os vizinhos ten- calçada, até porque to-
Cardoso de Almeida, em dores adentram a desco- Andava pela livraria, como o clube de leitu- segunda a sexta-feira de moradores da região tam acertar joelhadas dos fumam cigarro ou
Perdizes, acompanha- nhecida porém encanta- admirada. Cada deta- ra, no qual se discute para o happy hour. Al- - já estão contatando o na cabeça dos jovens maconha”, conta Tiago
da de mais três colegas. dora mata. Logo à minha lhe encantava. Havia de um livro por mês; as guns trazem até mesmo PSIU para acabar com a sentados na sarjeta. dos Santos, proprietário
Havíamos decidido que direita, já era possível fato um tesouro escon- exposições de artes e o próprio equipamento festa. do Boteco da PUC.
aquele era o dia de co- perceber a particulari- dido em Perdizes. Onde desenhos, que geral- de som. “Eles descem aqui, De quem é a rua? Ele insiste que nun-
nhecer o bairro. dade do local, acolhedor os artistas vão pessoal- mente acompanham Até meados de 2016, vêm fazer barraco aqui Atualmente os ba- ca teve problema com
Descíamos a rua como nenhum outro. O mente e cada pessoa lançamentos de livros; a rua era conhecida por no bar”, conta Rodrigo res fecham mais cedo, aluno nenhum, apenas
quando avistei, um pou- cheiro aconchegante de constrói um pedacinho workshops; e aulas de suas frequentes festas Riveiras, proprietário do com risco de multa, e os com os vizinhos. De fato,
co mais à frente, uma café recém-feito domina- da livraria com o cora- assuntos variados. a céu aberto, toda sex- bar Terceira Aula. pancadões minguaram durante a entrevista,
faixada que me chamou va o ambiente. ção. Cada adorno, cada Há, também, shows ta-feira. Os “Pancadões Além de acionar a – o último aconteceu em um rapaz entra no bar e
a atenção. Uma escada Observava as vastas enfeite, cada desenho, de apresentações mu- da PUC” iam até a ma- polícia nas noites de tu- agosto deste semestre, pede pra carregar o ce-
clara, entre um cartaz prateleiras, repletas de minuciosamente feito à sicais no segundo an- drugada, tocando mú- multo e contatar a im- na festa de calouros. lular nos fundos. Tiago
com um grande desenho livros, esculturas e de- mão, com todo o capri- dar da livraria, que são sica alta, bloqueando a prensa, a associação de Porém, uma publica- dá permissão e parece
que parecia ter sido feito senhos. Dentro de mim, cho. anunciados com antece- passagem de carros e moradores denuncia as ção na página dos Vizi- cultivar essa familiari-
à mão e uma vitrine re- a certeza de que havia dência no site e no Fa- deixando um rastro de atividades dos estudan- nhos da PUC - que se dade com a maioria dos
pleta de livros coloridos.
Instantaneamente
chegado ao lugar certo.
- Precisamos ir. 
“Não sou um cebook, e um teatro que
acomoda 26 pessoas
sujeira na manhã se- tes em uma página do
Facebook.
recusaram a dar entre-
vista para esta reporta-
clientes.
A “disputa territo-
livreiro, mas
guinte.
veio o desejo de entrar e —  um deles soltou. —  também no segundo No entanto, os mo- gem - indica que, mes- rial” parece inconci-

um guardião
conhecer. Fiz sinal para Meu coração aper- andar. Mobilização radores nem sempre mo depois de fechados liável. Os moradores
meus colegas, que bus- tou. Mas sabia que não A crescente agitação esperam pela ação da os bares, os estudantes só querem a calma e

de livros”
cavam no horizonte nos- tardaria para voltar. passou a interferir na polícia. Estudantes rela- continuam ocupando o tranquilidade que a
sa próxima parada. Duas semanas de- Serviço
qualidade de vida dos tam que não é incomum espaço das varandas e mudança para o bairro
- Aqui?   — um deles pois, lá estava eu de Livraria Zaccara
moradores que, impe- avistar um ou outro ob- calçadas até a madru- nobre inicialmente lhes
perguntou cobrindo par- novo. Fui recebida por “Você percebe?”, dis- Rua Cardoso de Almei-
didos de dormir e de jeto sendo atirado pela gada. prometia. Os alunos,
te do rosto, intensamen- Lúcio Zaccara, um dos se Lúcio, apontando da, 1355
transitar pela rua, co- janela dos prédios, sem “Eles acham que a por sua vez, acreditam
te iluminado pelo sol. fundadores da livraria. para o quadro de pássa- Tel: (11) 3384-0908 | (11)
meçaram a cobrar me- dúvida tendo como alvo gente tem que segurar que possuem o direito
- É…  —  sorri. —  Aqui “Quando nós abrimos ros em cima do balcão. 3872-3849
didas da prefeitura. É algum universitário lá trinta alunos dentro do de ocupar o espaço -
mesmo. nossa loja, em 1982, tí- “Este foi feito por Laura Aberto de segunda a
só o barulho passar do embaixo. Ao ter dificul- estabelecimento, sendo afinal, eles também pa-
Ao colocar meus pés nhamos vinte e poucos Beatriz.” sexta das 10h-20h, e de
limite e os “Vizinhos da dade para transitar pela que o aluno gosta da gam para estar ali.
na escada constatei: o anos. Eu tinha 24 e “A girafa e o rinoce- sábado das 10h-18hs
36 Observatório SP Perdizes Entretenimento 37

Gastronomia local Seresteiros levam a MPB


oferece opções variadas para rua do bairro
Restaurantes de Perdizes apostam em diversidade de culturas; Trovadores Urbanos atraem pessoas de outros cantos da cidade
alimentação vegetariana e culinária árabe se destacam Laura Sabioni

Jaqueline Sousa Uma casa amarela de


arquitetura romântica e
com uma pequena saca-
da no alto se destaca em
meio a tantos prédios. O
local é a sede do grupo
de cantores Trovadores
Urbanos, que, usando
a Música Popular Brasi-
leira (MPB), faz serestas,
cantorias e homenagens
por toda a cidade. Desde
2010, começou a reali-
zar em seu bairro, Per-
dizes, o projeto Seresta
Arabesco, Raízes Zen e Krystal Chopps: três restaurantes que mostram a diversidade gastronômica da região de Perdizes (Fotos: Jaqueline Sousa)
de Sexta, que é uma das
ações do instituto que
leva o nome do grupo.
Com figurinos dos
Arabesco taurante, o Arabesco é dos clientes não são ve- a tradição familiar. A anos 1920, um casal
Após trabalhar em uma boa opção para se getarianos, mas conso- especialidade do bar e de trovadores surge na Seresta de Sexta é um dos principais eventos do calendário local, atraindo público diversificado (Foto: Laura Sabioni)
um banco por alguns conhecer as comidas mem fielmente a comida restaurante é o chopp, sacada do instituto can-
anos e sempre estar ro- básicas desse tipo de do restaurante – que é apresentando também tando músicas român- cidade natal. Mesmo se cachorro. Frequenta- correria da cidade e se
deado de comida árabe, alimentação. fornecida exclusiva- um cardápio variado de ticas, principal caracte- mudando para a capi- dor da seresta há pou- transporta para épocas
Carlos Alberto Isaac re- mente por produtores lanches, pizzas, petiscos rística de uma seresta. tal paulista e estudan- co mais de um mês, ele diferentes. Acho que é
solveu entrar na área Raízes Zen orgânicos. A psicóloga e drinks. Mesmo com Enquanto um canta, do jornalismo, nunca se ressalta alguns pontos uma experiência que
do comércio e montar Criado por meio de Mirela Giglio conheceu um espaço limitado, o o outro toca violão se- afastou da música. positivos: “é muito agra- todo mundo deveria ter
seu próprio restauran- uma parceria entre ir- o restaurante na épo- ambiente é bem decora- guindo a canção. Já o A iniciativa da Se- dável o clima, as músi- pelo menos uma vez”,
te com a ajuda do pai, mãos, o Raízes Zen não ca em que estudava na do e conta com música público acompanha a resta de Sexta foi uma cas são muito boas, me afirma.
em 1987. Com origem é só mais um restau- Pontifícia Universidade ao vivo nos sábados. apresentação, que é gra- forma que a cantora en- sinto até uma criança Por ser um evento
sírio-libanesa e utilizan- rante exclusivo para Católica (PUC) e, mesmo Para Inês, o bairro tuita, sentado em ban- controu de comemorar quando eles começam a ao ar livre, imprevistos
do as receitas herdadas vegetarianos. Com uma não sendo vegetariana, de Perdizes é bom em quinhos no espaço da seus 20 anos de carrei- cantar.” podem acontecer, mas
da avó, Carlos diz que proposta de divulgar sempre que está na re- vários aspectos e pos- frente da casa. ra, agradecer à cidade Mas o público não Maida salienta que “por
a escolha por Perdizes esse tipo de alimentação gião de Perdizes, apro- sui todo tipo de pessoa. A ideia de criar o pelo carinho e celebrar se resume apenas aos vir gente de todo canto,
foi fácil, já que morava de um jeito diferente, o veita para almoçar por “Não tem cliente especí- evento foi de Maida No- um pouco da sua vida vizinhos, como é o caso mesmo que chova a gen-
na região há 36 anos. O cardápio do restaurante lá. “As pessoas têm pre- fico, por isso o cardápio vaes, uma das funda- como cidadã. Para ela, da funcionária públi- te tá com a janela aberta
cardápio é recheado de foi feito também para os conceito porque acham é variado”, afirma. doras dos Trovadores e a seresta “é uma manei- ca Sandra Rufino, que, ou a casa aberta, por-
comidas árabes de di- não habituados. O Raí- que vão sentir fome por que canta às sextas-fei- ra de fazer essa cidade mesmo não morando que é uma evento que
versos tipos, desde as zes Zen traz versões de não ter carne, mas eu Serviço
ras. Filha de uma canto- mais possível, de você no bairro, faz questão pegou.”
mais típicas, como kibes pratos que substituem a sempre fiquei bastante Arabesco
ra de rádio e neta de um falar um pouco de afeto, de frequentar a seresta
e beirutes, até saladas. falta da carne, com op- satisfeita’, afirma. R. Doutor Homem de
tropeiro, que são consi- de fazer o paulistano se sempre que consegue. Serviço
Segundo Carlos, os ção, por exemplo, para Melo, 494
derados os primeiros se- apropriar do espaço pú- Ela vê no evento uma Seresta de Sexta
clientes sabem mais so- pessoas que não são Krystal Chopps Tel.: (11) 3872-8164 Todas as sextas-
resteiros, Maida sempre blico, saí mais pra rua.” oportunidade de viven-
bre a cultura árabe do vegetarianas, mas que Inaugurado em 1971 Raízes Zen feiras na sede dos
viveu em uma casa mu- O animador 2D Luiz ciar instantes de tran-
que ele mesmo, já que é buscam uma alimenta- por um italiano, o Krys- R. Monte Alegre, 1144 - Trovadores Urbanos
sical. Passou a infância Fernando da Silva, de quilidade no meio da
um tipo de comida bas- ção mais saudável. tal Chopps atualmente Tel.: (11) 3868-1925 Rua Aimberê,
e a adolescência fazendo 26 anos, é morador do correria do dia a dia:
tante aceito e difundido De acordo com o é administrado por sua Krystal Chopps 651 – Perdizes
serestas no interior de bairro e descobriu os “é muito gostoso, é um
pelas pessoas. Para os dono, Luiz Fernando filha Inês Rivera Ser- R. Cardoso de Almeida, Das 20h00 às 21h30
São Paulo, mais especi- trovadores quando saiu momento que de repen-
frequentadores do res- Zen Nora, quase 90% naglia, que seguiu com 754 - (11) 3862-9599 Tel.: (11) 2595-0100
ficamente em Avaré, sua para passear com o seu te a gente esquece da
38 Observatório SP Perdizes Esporte 39

Academia é pioneira em Escola mantém tradição


Krav Magá na cidade do ballet clássico
Centro tradicional apresenta arte israelita para o bairro Fernanda Chiappa O foco desta acade-
mia é a dança clássica,
Um aluno em formação
Dante Feliciano, 20 anos, bailarino e estudante
Conhecido por suas com plano de curso ba- de psicologia
peculiares ladeiras, o seado na metodologia
“Fiquei bairro de Perdizes abri-
ga uma quantidade ex-
russa. Dança contem-
porânea, jazz, hip-hop,
Como descobriu sua paixão pelo ballet?

atraído por pressiva de clubes es-


portivos, academias e
pas-de-deux,
mento e ritmo tam-
alonga- Desde pequeno sempre tive um encanto gigan-
tesco por danças, mas foi aos nove anos de idade
ser uma luta escolas de arte. Entre bém são modalidades que pedi para minha mãe me colocar na aula de
ballet. Com o tempo, minha paixão só aumentou
diferente das
as escolas de arte, um presentes na escola. A
dos destaques é a Gise- dança proporciona be- e recebi um reconhecimento da minha professo-

habituais”
le Bellot, uma escola de nefícios psíquicos e de ra, foi aí que ela me indicou a Gisele Bellot.
dança que está na re- saúde física para quem Como você avalia o preconceito em relação
mais, a arte israelense gião há mais de 26 anos tem vontade de entrar aos homens bailarinos?
não conta com competi- e vem formando baila- neste curso. Acredita- A concorrência entre homens é menor, mas o tra-
ções, mas sim com mui- rinos de expressão na- -se que os ensinamen- balho e dedicação são iguais para todos! Nunca
tos desafios e testes. cional e internacional. tos vão além da sala de sofri nenhum tipo de preconceito, meus amigos e
O Krav Magá move aula. A disciplina, o cui- família sempre me apoiaram.
Ensinamentos
seus praticantes por dado, a atenção, a pon-
O que a dança representa para você?
ser uma arte que exige tualidade, o convívio e
vão além da até mesmo a confiança É uma forma de me expressar. Cada movimento,
concentração e condi- cada passo é como um poema para mim. Quando
são diariamente aprimo-
sala de aula
cionamento físico. Se- estou dançando nos ensaios ou em apresenta-
jam crianças, sejam rados, tanto por alunos
como por professores. ções é quando sinto que estou vivo.
homens ou mulheres,

Escalada atrai aventureiros


Krav Magá de Perdizes é unidade pioneira em São Paulo (Foto: Fábio Martins) todos enfrentam os
mesmos desafios, o que
Fábio Martins tros bairros e até mes- fesa pessoal e ter um acaba unindo todos
mo cidades por conta estilo próprio, outra eles em prol do cres-
Vindo de Israel para da tradição da acade- filosofia das demais cimento. Mário expli-
o Brasil nos anos 90, o mia, mas o principal foi lutas aqui da região.” cou essa relação: “Krav
Krav Magá é um com- ter apresentado a arte Aluno de Krav Magá Magá não é só uma distrair. No local, é possí- Segundo o professor
bate corpo a corpo para pessoas do bairro. há sete anos, Mário res- luta, é bem mais que vel encontrar paredes com Felipe Cavalcante, de
que se utiliza técnicas É o caso do morador saltou a importância de isso, você só entende até 14 metros de altura. 32 anos, além de tra-
de lutas como o boxe de Perdizes Mário Ro- a sede do Krav Magá Krav Magá quando co- Luiz Felipe Yota, 18 balhar a musculatura,
e judô. Apesar de ser cha, 23 anos. O aluno ficar próxima da sua meça a praticar, e leva anos, estudante de geo- a escalada estimula o
uma atividade física e conheceu o Krav Magá residência. “Morar per- um tempo para você grafia, escala há quatro adepto a pensar, ter for-
ter na sua base alguns por meio da divulgação to da academia foi um entender o que é isso”, anos e encontrou o espor- ça, técnica, foco e muito
esportes, o Krav Magá de um jornal do bairro diferencial, pois como diz. “Durante esse tem- te pesquisando práticas equilíbrio, beneficiando
não é considerado um e explicou como surgiu sou do bairro acaba po a gente faz muitas ligadas a natureza e aven- ainda os que têm pro-
esporte para os seus seu interesse pela arte sendo muito mais fácil, amizades, pois exige tura. Apesar de trabalhar blemas de respiração.
participantes, mas sim que, até então, era des- e isso acaba dando um um certo condiciona- o corpo e a musculatura, De acordo com Feli-
uma arte de defesa pes- conhecida: “Conheci o estímulo a mais do que mento físico para pas- o jovem também estimu- pe, apesar de usar mui-
soal que surgiu do trei- Centro Paulista de Krav treinar em uma acade- sar de uma faixa para Luiz Felipe Yota, 18, em treino de escalada (Foto: Brenda Marques) la a mente – tanto que ta força, as mulheres se
namento militar israe- Magá a partir da revista mia mais distante”, diz. outra, e a gente acaba considera este o esporte dão melhor do que os
lita para sobrevivência. do bairro que contava construindo laços, en- Brenda Marques em 1996 e brasileiro, na mais completo. Yota diz homens na prática. Não
Com o lema “Mente sobre a luta, a história De branco a vermelho tão acaba sendo mais modalidade velocidade, que, para escalar, é ne- existe restrição de ida-
Sã em Corpo São”, o e o endereço, fui até lá Assim como em ou- que uma simples luta.” Situada no bairro de em 1997. Já escalou em cessário pensar muito de. E, para quem tem
Centro Paulista de Krav e assisti a uma aula”, tras lutas, o Krav Magá Perdizes há 19 anos, a diversos países. A casa é e ter bastante concen- medo de altura, a esca-
Magá foi a primeira es- diz. “Fiquei atraído contém a tradicional Serviço Casa de Pedra surgiu de sinônimo do esporte na tração; destaca, ainda, lada não é um proble-
cola de São Paulo e por ser uma luta dife- troca de faixas de acor- Centro Paulista de um sonho de um escala- região e prepara alunos, os benefícios à saúde no ma: a partir do momen-
está localizada em Per- rente das habituais, do com a evolução do Krav Magá dor. Alê Silva é o proprie- desde os que têm o intui- geral, instigando o for- to que o aluno se sente
dizes, fator que acabou como Jiu Jitsu, Muay praticante, porém, di- Rua Apiacás, 893 tário do espaço, foi cam- to de ser profissionais até talecimento dos ossos e seguro com os apare-
trazendo alunos de ou- Thai, por ser uma de- ferentemente das de- Tel.: (11) 3672-8080 peão paulista de escalada aqueles que almejam se melhorando a respiração. lhos, fica mais tranquilo.
40 Observatório SP Perdizes

Samurai Kids é testado


em academia do bairro
Conceito de jiu-jitsu infantil explora autoconfiança e disciplina

Crianças se aquecem antes do treino: atividades destinadas a crianças buscam evitar agressividade na prática do esporte (Foto: Débora Barbara)

Débora Bárbara purrões e qualquer ou- no qual imitam os movi- interesse da criança para
tra situação de bullying, mentos de animais, como se tornar mais ativa”,
Se você mora em Per- físico ou psicológico. uma forma de ginástica afirmou a pediatra Fabri-
dizes e ainda não ouviu “É como se fosse um natural, e brincam de cia Shimura. “Também
falar no termo “Samu- jogo, é uma luta mais pega-pega ou queima- podem ajudar a criança a
rai Kids”, saiba que ele voltada para o jogo. Não da. Depois de aquecidos, lidar com seus sentimen-
é um nome fantasioso, tem nada de agressivo e treinam alguns movi- tos, como a raiva, a inte-
que foi criado pelo pro- que envolva nervosismo, mentos técnicos da luta. ragir com outras crian-
fessor de jiu-jitsu Edson muito pelo contrário, “As técnicas esporti- ças e até a disciplina.”
Costa, há cerca de qua- vas da própria luta, do Shimura aconse-
tro anos, em sua acade-
mia Alliance Perdizes. É
“Não tem jiu-jitsu, são passadas
de uma forma bem lú-
lha que, além de ter
um acompanhamento
um método que aplica nada de dica. A gente não fala médico, a criança deve

agressivo e
os conceitos básicos do diretamente como acon- manter uma alimenta-
jiu-jitsu para crianças tece, a gente cria um ção saudável, rica em
de cinco a doze anos, de
forma lúdica e divertida. que envolva cenário, uma fantasia,
às vezes até uma situa-
legumes, frutas e fi-
bras, e sempre tomar
O Samurai Kids con-
siste em desenvolver nas
nervosismo” ção de colégio mesmo”,
acrescentou o professor.
bastante água duran-
te as atividades físicas.
crianças o companhei- As atividades de cará- “Outro fator impor-
rismo, a autoconfiança lida com a questão de ter lúdico auxiliam prin- tante é que seja uma
e a disciplina, além de concentração, atenção cipalmente na coorde- atividade que agrade a
ensinar técnicas de de- e ilusão”, conta Edson. nação motora e no lado criança e que não seja im-
fesa pessoal. Por meio Durante as aulas, emocional. “Estimulam o posta pelos pais, para que
delas, aprende-se a se as crianças passam por desenvolvimento neurop- ela tenha prazer no que
proteger de tapas, em- um breve aquecimento, sicomotor, despertam o faz”, conclui a pediatra.

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