forma em todo tipo de lugar, nosmeios de comunicação inclusive. E
a cultura desenvolvida pela mídia é uma importantemanifestação humana, que não pode ser desprezada, ou subestimada. O problema reside nos extremos. Assim como não se pode abolir os meios decomunicação de nossas vidas, também não podemos nos deixar dominar totalmente poreles, passivamente, sem qualquer questionamento. Devemos incorporá-los em nossas vidascom cuidado e consciência crítica, para extrairmos deles as coisas boas que eles podem oferecer. O QUE PODEMOS FAZER? Em seu livroKinder cult ur e, os autores Steinberg e Kincheloe recomendam o que eleschamam de “alfabetização para a mídia” para professores e pais. Essa alfabetização para amídia é uma postura investigativa e crítica diante de tudo o que os meios de comunicaçãotentam nos impor, uma atitude de não aceitação passiva, que deve levar à consciência doque realmente somos e buscamos (STEINBERG e KINCHELOE, 1997). Essa é a primeiramedida que devemos tomar para começar a reverter a situação de subjugação em queestamos totalmente mergulhados. Famílias e educadores devem deixar claro para os pequenos que postura passarama assumir diante da mídia, sem cinismo ou superioridade. Deve-se investir tempo assistindoTV e filmes, jogando e lendo com as crianças. Depois de cada experiência, deve-se passara um questionamento do que foi visto e ouvido, comparando esse conteúdo com os valoresque se quer que sejam construídos pelas crianças. É essencial que as crianças aprendamque é possível, sim, discordar do que é mostrado nos meios de comunicação. É possívelque tenhamos nossa própria opinião, postura e preferência, apesar do bombardeio deapelos para que sejamos assim, queiramos isso, gostemos daquilo. Em segundo lugar, é necessário e urgente que famílias e educadores se apressempara compreender o mundo em que as crianças vivem hoje, para que se possa identificarsuas necessidades e operar as mudanças necessárias na prática pedagógica, tanto familiarquanto escolar. Como já se afirmou anteriormente, as crianças de hoje conhecem o mundo tantoquanto os adultos, e esse conhecimento tornou nossas concepções sobre escola e sobreeducação incompatíveis com a realidade. As crianças sabem que os adultos não sabemtudo. E mais: sabem que, em muitas áreas, sabem menos do que elas próprias. Assim, aconcepção tradicional de escola, em que o professor é a fonte de todo o saber caiu por terrajá há um bom tempo. Os educadores devem eles mesmos se conscientizar dessa nova realidade, e seabrir para a perspectiva de aprender continuamente, em plena colaboração com seus jovensalunos, que têm, ao final das contas, muito a lhes ensinar. Fernando Savater, em seu inspirador O Valor de Educar, afirma que essa nova perspectiva da educação pode abrirpossibilidades antes inexistentes para a formação moral e social dos futuros cidadãos, quepoderão se tornar mais tolerantes e universalistas, uma vez que têm acesso quase irrestritoao que ocorre em todas as partes do mundo (SAVATER, 1998). Como não aproveitar aoportunidade de crescer junto com essa nova geração? Levando tudo isso em consideração, a concepção construtivista de educação é amelhor alternativa, por enfatizar a criação de uma atmosfera de aprendizado ativo,pensamento crítico e de descoberta colaborativa, em que professores e alunos trabalhamjuntos para extrair sentido do mundo (NATIONS, 2001). E a “alfabetização para a mídia”deve ter posição de destaque no currículo escolar, por ser a análise crítica da mídia umaferramenta essencial na re-construção de nossa identidade e de nossos valores. O que as crianças mais querem é descobrir o mundo e descobrir a si mesmas.Nessa perspectiva, o ensino construtivista vem atender os mais profundos anseios infantis:explorar, trabalhar junto com os colegas, examinar, questionar, interpretar, e utilizar o que sedescobriu. Enfim, ser sujeito e não mero coadjuvante em seu processo de descoberta. Nosso papel como pais e educadores é, segundo John Fiske em seu livroPower plays, power works, oferecer aos pequenos o que ele chama de “momentos afetivos de escape do poder” . Mostrando-lhes que o universo é muito mais do que Disney, Barbie eKen, devemos oferecer a eles um mundo a ser descoberto em que as melhores coisas estãolá de graça: terra, ar, árvores, animais, pedras e outras crianças (FISKE, 1993). As criançassó poderão ter de volta sua inocência e sua meninice em espaços onde a re-construçãoimaginativa da infância possa ocorrer: seus lares e sua escola. E é nosso papel acompanhá-las nesse resgate. CONCLUSÃO Na época em que vivemos, há muito tempo a educação não ocorre apenas na famíliae na escola. Os meios de comunicação têm ampla e fortíssima atuação na educação dascrianças, e já que não é possível isolar seus efeitos, é necessário fazer com que que essasinstâncias educativas – família, escola e mídia – passem a cooperar. Não adianta apenas criticar a influência da mídia na educação das crianças. Acultura popular é, acima de tudo, uma cultura do prazer, e não se pode simplesmenteignorá-la ou eliminá-la de nossas vidas. É necessário que se conheça suas potencialidadese a maneira como atua, de modo a minimizar seus efeitos negativos e otimizar os positivos. Para que isso seja possível, os pais devem procurar conhecer os programas que osfilhos assistem, para analisar os valores e as idéias que são veiculados, e tentar formar oespírito crítico e diminuir a passividade diante dos meios de comunicação. Em suma, afamília necessita assumir-se como principal responsável pela educação de seus filhos, edevem tomar para si a tarefa de orientá-los para a vida e transmitir-lhes os valores
fundamentais. Nenhuma família pode se entregar ao desânimo diante dessa
tarefa. A escola, por sua vez, deve abrir mão de sua auto-imagem de retentora única doconhecimento para se transformar em um espaço de interação e trocas, de ensino eaprendizagem em duas vias (professor-aluno e aluno- professor). A escola deve ser um localonde se discute, debate e critica, onde se constróem significados e posturas ativas diante dobombardeamento de informações e de ideologia a que todos estamos submetidos. Cooperativamente, família e escola devem se empenhar em promover valores,atitudes e comportamentos humanistas e espiritualistas, que sirvam como uma alternativaviável ao superficialismo que a cultura popular faz reinar entre nós, e que nós temoscomodamente aceito. Segundo Shirley R. Steinberg, co-autora deKinderculture, obra jácitada, “devemos utilizar nossa força pessoal e coletiva para transformar a variedade deformas pelas quais o poder das grandes corporações, obtido através de seu acesso à mídia,nos oprime e nos domina” (STEINBERG, 1997). REFERÊNCIAS ABURCIO Jr., Milton. Sem limites. Revista Educação, Editora Segmento. v. 25, n. 214, p 34- 42, fev. 1999. BATISTA, C. R. ,DEMARTINI, P., CARDOSO, J. de O. Criança: telespectadora ou consumidora?, [on line]. Disponível: http://www.ced.ufsc.br/~zeroseis/midiacri.html [2002. Setembro]
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A Matemática Na Formação Do Professor Da Educação Infantil e Anos Iniciais: Uma Análise A Partir de Trabalhos Publicados em Eventos Do Campo Da Educação Matemática