Sunteți pe pagina 1din 66

ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

AULA 1

CRIMES PRATICADOS POR SERVIDORES PÚBLICOS CONTRA A


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A parte especial do Código Penal, que contém os crimes em espécie, dedica um


título inteiro aos crimes contra a Administração Pública (Título XI). O objeto do
nosso edital engloba os Capítulos I, II e II-A. Ressalte-se que, por questões
práticas, visando aumentar a eficiência do nosso estudo, veremos
detalhadamente aqueles que mais são cobrados em concursos, apenas
destacando os pontos principais no texto legal dos demais.
Aqui também percebemos que as questões de provas costumam focar sua
atenção no texto legal, sem muitas incursões por discussões doutrinárias, o
que, em certo aspecto, facilita nosso estudo. Mas isso é ruim pra aquele aluno
preparado, pois acaba nivelando por baixo. Assim, leia com bastante atenção
os artigos cobrados, pois são questões que não podem ser perdidas!
Antes, porém, alguns breves conceitos, importantes para se entender esta
parte da matéria.
Tipicidade é a perfeita correlação entre o fato concreto e a norma
penal abstrata. Há tipicidade quando o agente realiza todos os componentes
do tipo penal, descritos na norma. Compara-se o fato real (pessoa
assassinada) com a previsão legal (matar alguém).
A existência do tipo legal garante o indivíduo contra a arbitrariedade estatal,
que somente poderá punir de acordo com aquilo previamente inserto na norma
como crime, dentro de todas as características esmiuçadas pela lei.
Tipo é a descrição de condutas humanas, em abstrato, tidas por criminosas.
Nessa descrição, estarão os elementos para bem delinear tal conduta.
Se o fato observado na vida real se amoldar perfeitamente à roupagem dada
pelo tipo, há a tipicidade.
Os crimes previstos neste Título são chamados de crimes próprios, ou seja,
são os praticados só por certas pessoas, pois exigem uma qualificação ou
condição especial. Tal condição pode ser natural (homem, gestante), de
parentesco (pai, filho), jurídica (funcionário público, acionista), profissional
(médico, advogado).
Assim, o crime de peculato (art.312) só pode ser cometido por funcionário
público; o crime de patrocínio infiel (art. 355), só pelo advogado; o de
infanticídio (art. 123), só pela mãe gestante; o de estupro, na redação antiga,
só pelo homem (art. 2131).

1
Com a nova redação do art. 213, dada pela Lei n° 12.015, de 07/08/2009, o legislador passou
a incluir, no art. 213, tanto o estupro na forma antes conhecida, quanto o atentado violento ao
pudor, tendo sido revogado o art. 214. O texto atual é o seguinte: Estupro. Art.
213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a
10 (dez) anos. § 1 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze)
anos. § 2 o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

www.pontodosconcursos.com.br

1
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Especificamente os crimes praticados por funcionário público são chamados de
funcionais, subdividindo-se em próprios e impróprios.
São funcionais próprios aqueles que somente podem ser praticados por
servidores, como a prevaricação e a advocacia administrativa. A mesma
conduta praticada por um particular é atípica.
Por sua vez, são funcionais impróprios os que podem ser praticados por
qualquer pessoa, contudo, se o sujeito ativo é um funcionário público, haverá
uma especializante. Nesse sentido, por exemplo, apropriar-se de bem móvel
tanto pode configurar o delito de apropriação indébita (art. 168) quanto
peculato (art. 312). O que vai diferenciar um do outro é o sujeito ativo.
Em resumo, será funcional próprio quando apenas servidores puderem
praticar o tipo penal. Se o agente é um particular, a conduta será atípica. Será
funcional impróprio quando qualquer pessoa puder praticar a conduta
descrita no tipo, classificando-se como crime comum ou funcional, a depender
de quem agiu.
Sujeito ativo: é aquele que pratica a conduta prevista na lei como tal, ou
seja, o que age de acordo com o tipo penal ou que colabora para tal, chamado
partícipe.
No nosso caso específico, então, fica claro que só podem ser praticados por
funcionário público. Porém, em certas situações o particular também pode ser
condenado por algum desses crimes, quando, por exemplo, atua como co-
autor com um funcionário público, sabendo dessa condição de seu comparsa.
Diz-se, então, que ser "funcionário" é elementar do tipo, e que tal se
comunica ao particular, em caso de concurso, nos termos do art. 302 do
Código Penal - CP.
Elementar é a parcela essencial que caracteriza o tipo penal, sem a qual ele
não existe ou se transforma noutro tipo. As elementares do homicídio são
"matar" e "alguém". Por exemplo, se não tiver a elementar "alguém", ou seja,
atirar num animal, não se configura o homicídio. De furto, são elementares
"subtrair", "para si ou para outrem", "coisa alheia" e "móvel". Se faltar a
elementar "coisa alheia", ou qualquer outra, não existe furto.
PROCESSO PENAL. PENAL. PECULATO. ART. 312 CP C/C ART. 29 E 71
DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS.
JUSTIÇA FEDERAL. COMPETÊNCIA. CIRCUNSTÂNICAS ELEMENTARES
COMUNICAM. ART. 30 CÓDIGO PENAL. 1. O empregado da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos, carteiro, que, nessa qualidade,
pratica crime contra o patrimônio de usuários da empresa, causa
prejuízo não só à imagem da empresa prestadora de serviço público,
como ao seu patrimônio, em face de indenização a que está obrigado
a pagar. 2. A qualidade de funcionário público é elementar do tipo do
art. 312 do Código Penal e comunica-se ao particular, conhecedor

2
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

www.pontodosconcursos.com.br

2
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
dessa condição pessoal, partícipe, pois, do peculato, nos termos do
art. 30 do Código Penal.3
O fato de ser funcionário público, como se viu, é elementar dos tipos penais
aqui estudados. Nesse sentido, para que nasça o crime funcional, necessário
que haja a presença de um funcionário público, nessa condição. O fato de ser
agente público não pode, ao mesmo tempo, fixar o tipo penal e agravar a
pena, por implicar em dupla punição pelo menos fato ("ne bis in idem").
Noutras palavras, não poderia, por um só fato (ser funcionário público) tipificar
a conduta como crime funcional e, ao mesmo tempo, agravar a pena, se
houver tal previsão legal4.
Exemplifique-se com o aborto provocado por terceiro (CP, art. 126). Para
haver tal crime, necessária a existência de uma mulher grávida, elementar do
crime. Se a condição de grávida já foi necessária para a adequada tipificação,
não poderá incidir a agravante prevista no art. 61, II, h, do CP, que prevê
pena maior para aquele que pratica crime contra mulher grávida.
Por outro lado, se a condição de servidor não for elementar do crime, e houver
previsão legal, pode haver agravamento na pena, como no caso dos crimes do
Código de Defesa do Consumidor, cujo art. 76 assim dispõe:
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste
código:...
IV - quando cometidos:...
a) por servidor público...
Em resumo, ser funcionário público é essencial para a caracterização dos
crimes funcionais. No entanto, essa condição pessoal do agente pode gerar
outras conseqüências, a depender do caso concreto e de previsão legal, em
crimes que não sejam funcionais.
Circunstância é a parte acessória, que não tem presença obrigatória para
configurar o tipo, mas altera de alguma forma a sanção penal. Com a presença
de uma circunstância, a pena aumenta ou reduz; na sua falta, o crime continua
existindo, mas sem esse acessório. Podem ser objetivas (de caráter material)
como tempo, modo, lugar, meio de execução; são relativas ao fato. Como
exemplo pode-se citar a circunstância temporal do crime de furto praticado
durante o repouso noturno, o que faz com que a pena aumente de um terço
(art. 155, § 1°). Se praticado durante o dia, continua sendo furto. Também

3
TRF1, A C R 2002.34.00.011891-8/DF, relator Desembargador Federal Tourinho Neto,
publicação DJ 05/05/2006.
4
STF, HC 88.545/SP, relator Ministro Eros Grau, DJ 31/08/2007, Informativo 471: Os crimes
descritos nos artigos 312 e 316 do Código Penal são delitos de mão própria; só podem ser
praticados por funcionário público. O legislador foi mais severo, relativamente aos crimes
patrimoniais, ao cominar pena em abstrato de 2 (dois) a 12 (doze) anos para o crime de
peculato, considerada a pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos para o crime congênere de furto. Daí
que o acréscimo da pena-base, com fundamento no cargo exercido pelo paciente, configura bis
in idem.
STJ, HC 57.473/PI, j. em 13/2/2007, Informativo 310: Há bis in idem na consideração, no crime
de peculato, como circunstância agravante, do fato de o crime ter sido praticado com "violação
de dever inerente a cargo" (art. 61, inciso II, alínea g, segunda parte, do Código Penal), o que
configura elementar do tipo previsto no art. 312 do Código Penal.

www.pontodosconcursos.com.br

3
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
podem ser subjetivas (de caráter pessoal), como parentesco com a vítima,
reincidência, ação sob violenta emoção etc; são relativas ao autor.
Circunstância elementar: não são essenciais para a existência do crime,
mas alteram os limites da pena, cominando novos valores mínimos e máximos.
São ditas também qualificadoras. Exemplifica-se com o furto qualificado (art.
155, § 4°), com nova previsão de penas (reclusão, de dois a oito anos, e
multa). Assim, a circunstância elementar do art. 155, § 4°, I, é furto "com
destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa". Sem ela, é furto
simples, com outros limites de penas (reclusão, de um a quatro anos, e
multa).
Portanto, as circunstâncias pessoais se comunicam ao co-autor ou partícipe
somente quando elementares do crime.
Então, as elementares sempre se comunicam ao co-autor, é dizer, ambos
responderão por elas, desde que sejam conhecidas.
No caso do crime tipificado no art. 312, peculato, visto a seguir, estará
configurado quando praticado por funcionário público. Se dois agentes, em
concurso, apropriam-se de um bem público e um deles é funcionário público,
ambos responderão por peculato, ainda que o outro não seja, pois essa
elementar se comunica ao outro. Porém, se este não sabia da condição de
funcionário público do comparsa, responderá por furto ou apropriação indébita.
Complementando, sujeito passivo é o titular do bem jurídico que é protegido
pela norma penal, e aqui será sempre o Estado. Eventualmente poderá ser o
particular, quando este for o proprietário ou possuidor do bem lesado, ou
quando sofrer qualquer prejuízo indevido.
Veremos também que alguns dos tipos específicos deste Título se assemelham
muito com outros crimes comuns, mas aqui terão penas maiores. Isso se
justifica em face do fato de o criminoso ser um agente que conta com a
confiança da Administração Pública, e a viola.
Assim, para exemplificar, veremos que o peculato é muito semelhante com a
apropriação indébita. Então o primeiro é uma espécie de "apropriação
indébita", cometido pelo servidor. Como se aproveita de sua condição de
funcionário, tendo acesso à repartição, chaves da sala, conhecimento do local
etc, o legislador concluiu que sua conduta é mais reprovável que a subtração
do mesmo bem por um particular que nada tenha com a repartição.
Mais um dado genérico importante é a definição de funcionário público e a
possibilidade de uma forma típica qualificada.
Assim determina o art. 327:
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública.5
§ 1° - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa

5
STF, Inq 2.191/DF, relator Ministro Carlos Britto, julgado em 08/05/2008, Informativo 505: "O
art. 327, caput, do CP, ao conceituar funcionário público, abrange a todos os que exercessem
cargo, emprego ou função pública, no âmbito de qualquer dos poderes".

www.pontodosconcursos.com.br

4
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei n° 9.983,
de 2000)
§ 2° - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei n° 6.799,
de 1980)
Ressalte-se, então, que, sempre que o autor de qualquer dos crimes aqui
estudados for ocupante de cargo em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia
mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, terá sua
pena aumentada da terça parte. Mas só terá aumentada a pena o agente, que,
ao tempo do crime, ocupava alguma dessas posições, não se impondo tal
gravame aos eventuais coautores que não exerciam cargo em comissão ou de
função gratificada6. Assim, segundo o STJ, "a causa de aumento de pena
prevista no § 2° do art. 327 incide a todos aqueles que, à época do delito,
detinham cargos de confiança, tendo em vista que o aumento da pena decorre
da maior reprovabilidade do agente que, no exercício de função pública e nela
ocupando cargo que demanda com maior rigor a retidão da sua conduta
funcional, vale-se de sua posição para a prática de conduta ilícita"7.
Por sua vez, ainda que não seja servidor público propriamente dito, nos termos
do parágrafo 1° retro transcrito, será equiparado a ele nas hipóteses lá
mencionadas. Mas essa regra somente vale para os crimes praticados após a
entrada em vigor da Lei n° 9.983/2000, em homenagem ao princípio da
irretroatividade da lei penal (CF/88, art. 5°, XL). Segundo já decidiram tanto o
STF quanto o STJ:
O médico e o administrador de entidade hospitalar conveniada ao
SUS exercem função pública delegada e, por isso, são equiparados a
funcionários públicos para o fim de aplicação da legislação penal.
Entretanto, não é possível aplicar essa equiparação, estabelecida pela
Lei n. 9.983, de 2000, a crimes anteriores a essa data, sob a pena de
violar o princípio constitucional da irretroatividade da lei penal.8
Outra regra do Código Penal relativa aos crimes contra a administração pública
refere-se à progressão de regime.

6
STJ, HC 32.106/RO, relator Ministro Paulo Medina, publicação DJ 20/09/2004: Não há falar em
comunicabilidade da causa de aumento de pena do parágrafo 2° do artigo 327 do Código Penal,
eis que não se cuida de circunstância subjetiva elementar, alcançando na sua incidência apenas
os agentes autores, que, no t e m p o do crime, ocupavam cargos em comissão ou função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
7
STJ, REsp 819.168/PE, relator Ministro Gilson Dipp, publicação DJ 05/02/2007.
8
STJ, HC 115.033/SP, relator Ministro Og Fernandes, julgado em 19/03/2009. Nesse caso, o
médico era acusado de cobrar R$ 2.000,00 para que pessoas que precisassem de cirurgias não
aguardassem a fila de espera em atendimentos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
No mesmo sentido: STF, HC 97.710/SC, relator Ministro Eros Grau, DJ 30/04/2010, e STJ, A g R g
no Ag 664.461/SC, relator Ministro Nilson Naves, julgado em 19/06/2007.

www.pontodosconcursos.com.br

5
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Progressão de regime é a passagem de um regime para outro menos rigoroso,
progressivamente, ou seja, se inicia no fechado, deve passar para o semi-
aberto e, só após essa fase, passar para o aberto, segundo o mérito do
condenado, observados os critérios legais, e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso.
Se a condenação foi por crime contra a administração pública, terá a
progressão de regime condicionada à reparação do dano que causou ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (CP, art.
33, § 4°)9.
Importante tecer algumas considerações acerca da aplicação do princípio da
insignificância aos crimes em comento. Segundo tal princípio, o Direito Penal
deve buscar proteger a comunidade de crimes que tenham gravidade razoável,
evitando punir os chamados crimes de bagatela, como furtar um grampo ou
um prego. A conduta já nasce insignificante, não sendo o caso de se analisar a
vontade do agente, seus antecedentes etc. Assim, nos casos em que há
infração bagatelar, a conduta é atípica (por ficar excluída a tipicidade
material), não incidindo o Direito Penal.
A jurisprudência do STJ inclina-se pela não aplicação do princípio da
insignificância aos crimes contra a Administração Pública, vez que entendeu-se
que "a norma busca resguardar não somente o aspecto patrimonial, mas moral
da Administração":
HABEAS CORPUS. PECULATO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL:
ATIPICIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. BEM JURÍDICO
TUTELADO: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INAPLICABILIDADE.
1. A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens
jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal
deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos
mais importantes e em casos de lesões de maior gravidade.
2. O princípio da insignificância, como derivação necessária do
princípio da intervenção mínima do Direito Penal, busca afastar de
sua seara as condutas que, embora típicas, não produzam efetiva
lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal incriminadora.
3. Trata-se, na hipótese, de crime em que o bem jurídico tutelado é a
Administração Pública, tornando irrelevante considerar a apreensão
de 70 bilhetes de metrô, com vista a desqualificar a conduta, pois o
valor do resultado não se mostra desprezível, porquanto a norma
busca resguardar não somente o aspecto patrimonial, mas moral da
Administração. 10

9
Redação dada pela Lei n° 10.763/2003.
10
STJ, HC 50.863/PE, relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, publicação DJ 26/06/2006.
Precisamente esse julgado foi objeto de questão em concurso realizado em 2007 pelo CESPE,
para Auditor do TCU, a seguir reproduzida.
Julgue o item a seguir. Considere a seguinte situação hipotética. João, empregado público do
Metrô, apropriou-se indevidamente, em proveito próprio, de setenta bilhetes integração
ônibus/metrô no valor total de R$ 35,00, dos quais tinha a posse em razão do cargo (assistente
de estação) que ocupava nessa empresa pública. Nessa situação, de acordo com o entendimento
do STJ, em face do princípio da insignificância, não ficou configurado o crime de peculato.

www.pontodosconcursos.com.br

6
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes contra a
Administração Pública, ainda que o valor da lesão possa ser
considerado ínfimo, porque a norma busca resguardar não somente o
aspecto patrimonial, mas a moral administrativa, o que torna inviável
a afirmação do desinteresse estatal à sua repressão.11
Contudo, já decidiu o STF no sentido de ser perfeitamente aplicável o princípio
em análise também aos crimes funcionais:
Descaminho considerado como "crime de bagatela": aplicação do
"princípio da insignificância". Para a incidência do princípio da
insignificância só se consideram aspectos objetivos, referentes à
infração praticada, assim a mínima ofensividade da conduta do agente;
a ausência de periculosidade social da ação; o reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento; a inexpressividade da lesão jurídica
causada (HC 84.412, 2a T., Celso de Mello, DJ 19.11.04). A
caracterização da infração penal como insignificante não abarca
considerações de ordem subjetiva: ou o ato apontado como delituoso é
insignificante, ou não é. E sendo, torna-se atípico, impondo-se o
trancamento da ação penal por falta de justa causa (HC 77.003, 2a T.,
Marco Aurélio, RTJ 178/310).12
Sobre a competência, caberá à Justiça Federal o processo e julgamento dos
crimes funcionais quando houver interesse da União, de entidade autárquica
ou de empresa pública federal. Além disso, também compete à Justiça Federal
processar e julgar os delitos praticados por funcionário público federal, no
exercício de suas funções e com estas relacionados (TFR, Súmula 254) e os
crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com
o exercício da função (STJ, Súmula 147). Nos demais casos, prevalece a
competência residual da Justiça Estadual.
Por fim, acrescento que a ESAF, especialmente em questões mais antigas, tem
cobrado com insistências questões envolvendo penas, tanto da Lei de
Improbidade, quanto do Código Penal e outras. Me parece extremamente
reprovável esse tipo de questão, que não mede conhecimento de ninguém.
Mas o fato é que em todas as últimas provas de Auditor da Receita Federal, na
parte de Ética, quando era cobrada, caíram questões cobrando penas.
Permitam-se uma dica pouco usual. A chance disso cair é grande, olhando-se o
passado. Há duas opções: (1) "decorar" todas as penas, torcer para que caia
alguma delas, e tentar acertar; (2) simplesmente ignorar essa informação,
torcer para não cair e, se cair, "chutar" com base nas respostas das outras
questões, ou seja, na letra menos marcada. Sinceramente, as chances de
acerto numa ou noutra opção são muito próximas, porém, na segunda opção,

Gabarito definitivo: errada. Hoje, com base na nova orientação jurisprudencial, certamente a
resposta seria dado como correta.
11
STJ, REsp 655.946/DF, relatora Ministra Laurita Vaz, publicação DJ 26/03/2007. No m e s m o
sentido: STJ, HC 132.021/PB, j. em 20/10/2009, Informativo 412.
12
STF, A I - Q O 559.904/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 26/08/2005. No
m e s m o sentido: STF, HC 92.634/PE, relatora Ministra Cármen Lúcia, DJ 15/02/2008, STF, HC
92.438/PR, relator Ministro Joaquim Barbosa, julgamento em 19/08/2008, Informativo 516, e
HC 99.594, relator Ministro Carlos Ayres Britto, julgamento em 18/08/2009.

www.pontodosconcursos.com.br

7
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
você economiza muito tempo e espaço na sua memória!!! É a minha opção.
Cada um eleja a sua. As penas serão informadas em cada tópico.
Vistas essas considerações iniciais, a seguir estudaremos cada um dos tipos
que nos interessam, ilustrando com recentes julgados dos tribunais pátrios.

1. PECULATO (art. 312)

Peculato
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1° - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não
tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2° - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 3° - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.

Como já dito antes, peculato é uma forma de apropriação indébita13, feita pelo
funcionário, em razão de seu ofício.
A coisa objeto da apropriação indevida, em proveito próprio ou alheio, tanto
pode ser pública, quanto particular, mas a posse sempre ocorre em razão do
cargo. Percebe-se, então, que o objeto material do peculato é o mesmo do
furto14, do roubo15 ou da apropriação indébita.
Ainda que o bem seja de particular, mas encontrando-se em poder da
Administração Pública, poderá haver peculato, como no caso de qualquer bem
particular apreendido e depositado numa repartição.
Ressalte-se que "o peculato não é crime patrimonial, mas crime contra a
Administração Pública, e 'o dano necessário e suficiente para a sua
consumação é o inerente à violação do dever de fidelidade para a mesma
administração, associado ou não ao patrimonial'"16.

13
CP, art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
14
CP, art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
15
CP, art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
16
TRF1, A C R 1999.01.00.070911-7/AM, relator Desembargador Federal Olindo Menezes,
publicação DJ 10/03/2006.

www.pontodosconcursos.com.br

8
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
A doutrina divide essa figura típica noutras, dando outros nomes, importantes
para o concurso.
Assim, o tipo fundamental, previsto no caput do art. 312, se subdivide em
dois, o peculato-apropriação (1 a parte) e o peculato-desvio (2 a parte). Em
seguida, temos o peculato-furto (§ 1°) e o peculato-culposo (§ 2°).
0 tipo previsto no art. 313 não consta do edital, mas vamos citar pra não
correr o risco de errar, pois é perfeitamente possível que possa ser citado em
uma das alternativas de alguma questão.
Trata-se do peculato mediante erro de outrem, cujo tipo é de apropriar-se de
dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem.
Em resumo, temos:
1 - peculato-apropriação (art. 312, caput, 1a parte): apropriar-se o
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou
alheio: neste caso, o funcionário fica com bem que está em seu poder, devido
ao seu cargo. É exemplo disso o servidor que leva computador que usa na
repartição para sua casa, com intenção de ficar com ele definitivamente.
II - peculato-desvio (art. 312, caput, 2a parte): desviar, o funcionário
público, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio.
No seguinte julgado, fica bem clara a diferença entre esses dois primeiros tipos
de peculato, com grifos nossos:
PENAL. PECULATO-APROPRIAÇÃO. PECULATO-DESVIO. ANIMUS REM
SIB HABENDI17. ELEMENTO SUBJETIVO. NÃO DEMONSTRAÇÃO.
OMISSÃO. SERVIÇO PÚBLICO. APOSSAMENTO DEFINITIVO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. APELO MINISTERIAL. IMPROVIDO. 1. No
peculato-apropriação o agente se dispõe a fazer sua a coisa
de que tem a posse e no peculato-desvio o agente dá à coisa
destinação diversa da exigida em proveito próprio ou de
outrem. 2. O simples envio de determinado motor a uma retífica não
tem o condão de provar que determinada pessoa é autor de
peculato-apropriação visto que o delito em questão exige a vontade
livre e consciente dirigida à apropriação de bem móvel, o animus rem
sib habendi, e a obtenção de proveito. 3. A omissão do serviço
público não pode, em tese, ser encaixada na figura do peculato. 4. O
elemento subjetivo do tipo previsto no art. 312 do CP é a intenção
definitiva de não restituir a res18. 5. Não há que se falar em peculato-
desvio se não restar demonstrado que os apelados tencionavam se
apossar de bem móvel.19

17
Animus rem sibi habendi é uma espécie de elemento subjetivo diverso do dolo, que relaciona-
se à intenção do agente fazer seu bem alheio.
18
Res = coisa.
19
TRF1, A C R 2001.01.00.013368-4/AM, relator Desembargador Federal Hilton Queiroz,
publicação DJ 12/12/2005.

www.pontodosconcursos.com.br

9
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
PENAL E PROCESSO PENAL. PECULATO-DESVIO. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO:
DOLO ESPECÍFICO. 1. Quando o agente público dá destinação
diversa da exigida, em proveito próprio ou de terceiros, ainda que
não obtenha vantagem econômica e venha a demonstrar,
posteriormente, o animus restituendi20, pratica a conduta do
peculato-desvio. Isso porque, o peculato não é crime patrimonial,
mas crime contra a Administração Pública, e "o dano necessário e
suficiente para a sua consumação é o inerente à violação do dever de
fidelidade para a mesma administração, associado ou não ao
patrimonial"21.
PENAL. PECULATO-DESVIO. AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: DOLO
ESPECÍFICO. 1. Comete peculato-desvio o patrulheiro rodoviário
federal que, em razão da função de agente público, deixa de recolher
a motocicleta (objeto de furto), apreendida nas proximidades do
posto policial, por falta de documentação, e passa a utilizá-la em
suas atividades pessoais como se sua fosse, vindo a devolvê-la ao
legítimo proprietário somente após descoberta a ilicitude, meses
depois. Provadas a autoria, a materialidade do crime e o dolo
específico, não socorre ao apelado a alegação de ter cometido mera
irregularidade administrativa, invocando a figura do peculato-uso,
não contemplada em nosso ordenamento. 22
Note outro exemplo noticiado no sítio do STF:
Peculato-Desvio: Secretária Parlamentar e Prestação de
Serviços Particulares
O Tribunal, por maioria, recebeu denúncia oferecida pelo Ministério
Público Federal contra Deputado Federal, em que se lhe imputa a
prática do crime previsto no art. 312 do CP, na modalidade de
peculato-desvio, em razão de ter supostamente desviado
valores do erário, ao indicar e admitir determinada pessoa
como secretária parlamentar, quando de fato essa pessoa
continuava a trabalhar para a sociedade empresária de
titularidade do denunciado. Inicialmente, rejeitou-se a argüição
de atipicidade da conduta, por se entender equivocado o raciocínio
segundo o qual seria a prestação de serviço o objeto material da
conduta do denunciado. Asseverou-se que o objeto material da
conduta narrada foram os valores pecuniários (dinheiro
referente à remuneração de pessoa como assessora
parlamentar). No mais, considerou-se que os requisitos do art. 41
do CPP teriam sido devidamente preenchidos, havendo justa causa
para a deflagração da ação penal, inexistindo qualquer uma das

20
Vontade, intenção de restituir.
21
TRF1, A C R 1999.01.00.070911-7/AM, relator Desembargador Federal Olindo Menezes,
publicação DJ 10/03/2006.
22
TRF1, A C R 93.01.01258-8/MG, Desembargador Federal Olindo Menezes, publicação DJ
24/02/2006.

www.pontodosconcursos.com.br

10
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
hipóteses que autorizariam a rejeição da denúncia (CPP, art. 43,
hoje art. 395, na redação da lei). Vencidos os Ministros Marco
Aurélio e Celso de Mello, que rejeitavam a denúncia por reputar
atípica a conduta imputada ao denunciado. 23
III - peculato-furto (art. 312, § 1°): não tendo a posse do dinheiro,
funcionário público subtrai valor ou bem, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário: neste tipo, o funcionário não tem a posse do bem,
mas se aproveita das facilidades que o cargo lhe proporciona para subtrair o
bem ou permitir que outrem o faça, como levar o computador da sala vizinha à
sua, que tem acesso em função de seu cargo. Por outro lado, se o funcionário
arromba sala de uma repartição qualquer, responderá por furto, pois não se
aproveitou da sua condição de funcionário. Nesse rumo, segundo o STF, "para
a configuração do peculato-furto o agente não detém a posse da coisa (valor,
dinheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, mas sua
qualidade de funcionário público propicia facilidade para a ocorrência da
subtração devido ao trânsito que mantém no órgão público em que atua ou
desempenha suas funções".24
PENAL. PROCESSO PENAL. PECULATO-FURTO. PROVA. CONJUNTO
HARMONIOSO. Servidor da Empresa de Correios e Telégrafos, que é
encontrado em casa comercial, fazendo compras com vales
alimentação, que tinham sido subtraídos da empresa. Testemunha
que, no inquérito, reconheceu o acusado e outras pessoas que com
ele se encontravam, fazendo compras e pagando com vales
alimentação, e, cinco anos depois, diz que o acusado fez o
pagamento em dinheiro e que as outras pessoas, que estavam com
ele, é que fizeram o pagamento com os tíquetes-alimentação
subtraídos da ECT. O primeiro depoimento da testemunha aliado ao
fato de que era o acusado o responsável pela triagem das
encomendas SEDEX, de onde foram furtados os vales-alimentação, e,
também, e somada a alegação do acusado que não foi trabalhar no
dia da chegada, na agência do ECT, dos vales-alimentação, e, no
entanto, demonstrado ficou, pela folha de freqüência, que
compareceu ao serviço nesse dia, levam à conclusão que foi ele o
autor do crime.25
PENAL. PROCESSO PENAL. PECULATO - ART. 312, § 1°, DO CP.
INSS. SAQUE DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE SEGURADO
FALECIDO. AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADAS.
SENTENÇA MANTIDA. (...) 4. Comete o crime do art. 312, § 1°, do
CP, na modalidade peculato-furto, o agente que, embora não tendo a
posse do dinheiro, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio, benefício previdenciário de segurado falecido,

23
STF, Inq 1.926/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, julgado em 09/10/2008, Informativo 523.
24
STF, HC 86.717/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, Informativo 516.
25
TRF1, A C R 1998.32.00.000854-3/AM, relator para o acórdão Desembargador Federal Tourinho
Neto, publicação DJ 10/06/2005.

www.pontodosconcursos.com.br

11
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
utilizando-se da facilidade que o cargo ocupado à época dos fatos lhe
oferecia.26
IV - peculato-culposo (art. 312, § 2°): o peculato é o único crime deste
Capítulo que admite a modalidade culposa. Nos termos do parágrafo único
do art. 18, CP27, todos os crimes são punidos na sua forma dolosa. Se houver
previsão expressa, podem ser também punidos se praticados de forma
culposa. O crime é dito culposo quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia. Neste caso, ele não quer o resultado,
tampouco assume o risco de produzi-lo, mas a ele dá causa. Não admite
tentativa, consumando-se no momento em que se consuma o crime do outro,
que se aproveita da falha do funcionário. Assim, pode-se exemplificar com a
falta de cuidado do responsável pelo depósito da repartição, que vai embora
deixando a porta destrancada. Se não houver nada, não praticou nenhum
crime. Porém, se alguém se aproveitou e subtraiu algo desse depósito, estará
consumado o peculato-culposo além, é claro, do outro crime, que pode ser
furto, roubo, ou mesmo peculato, se efetivado por outro funcionário público,
sem a participação do primeiro.
Neste caso, importante observação deve ser feita! Se reparado o dano antes
da sentença irrecorrível, é extinta a punibilidade28; se posterior, a pena
imposta fica reduzida à metade. Tal reparação pode ser efetivada pelo
próprio funcionário ou outra pessoa em seu nome, e não vale para o terceiro
que se aproveitou da falha dele, respondendo normalmente por seu crime
(furto, roubo, peculato). Esse benefício existe tão somente no caso de crime
culposo, não no doloso:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. PECULATO-DESVIO. APROPRIAÇÃO
INDEVIDA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ARREPENDIMENTO
EFICAZ. INOCORRÊNCIA. 1. Comprovado haver os réus cometido o
crime de peculato, com apropriação indevida de benefício
previdenciário titularizado por terceiro, deve ser confirmada a
sentença condenatória pela prática do delito. 2. O ressarcimento
antes do recebimento da denúncia, no peculato doloso caracterizado
como peculato-desvio, não extingue a punibilidade e nem caracteriza
o arrependimento eficaz.29
PENAL. PECULATO-APROPRIAÇÃO. PECULATO-DESVIO.
DESCLASSIFICAÇÃO. PECULATO-CULPOSO. DOLO. PROVA.
INEXISTÊNCIA. 1. Ocorre o peculato-culposo previsto no § 2°, do
artigo 312, do Código Penal, quando o funcionário, por negligência,
imprudência ou imperícia, permite que haja apropriação ou desvio,

26
TRF1, A C R 1997.01.00.020330-0/MG, relator Desembargador Federal Hilton Queiroz,
publicação DJ 26/10/2004.
27
Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo; II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
28
STF, HC 95.625/RJ, relator Ministro Ricardo Lewandowski, julgado em 10/02/2009,
Informativo 535.
29
TRF1, A C R 2000.31.00.000817-0/AP, relator Desembargador Federal Olindo Menezes,
publicação 31/03/2006.

www.pontodosconcursos.com.br

12
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
subtração ou concurso para esta. 2. Inexistindo prova suficiente que
permita concluir que o Réu, na modalidade de peculato-apropriação,
agiu com dolo, "consistente na vontade livre e consciente de
apropriar-se", ou, na modalidade de peculato-desvio, "vontade livre e
consciente de desviar", "em proveito próprio ou alheio", resulta
correta a sentença monocrática que o condenou pela prática do crime
de peculato-culposo. 30
V - peculato mediante erro de outrem ou peculato-estelionato (art.
313): apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem. Exemplifique-se com um fornecedor de
impressoras que entrega uma delas numa seção indevidamente. O recebedor
se aproveita do erro do entregador e apropria-se indevidamente da mesma.
PENAL. PROCESSUAL PENAL. PECULATO. ARTIGO 313 DO CP.
VENCIMENTOS PAGOS A MAIS A FUNCIONÁRIO PÚBLICO. O CRIME
CONSUMA-SE COM A MORA EM DEVOLVER OS VENCIMENTOS
INDEVIDOS, APÓS NOTIFICAÇÃO. ART. 47 DA LEI N° 9.527/97.
Apelação contra sentença condenatória do réu como incurso no artigo
313 c.c. o art. 71, ambos do CP. - No caso de vencimentos pagos a
mais ao funcionário, a jurisprudência entende que o crime só se
consuma quando este, chamado a dar conta, cai em mora e não os
devolve (RT 521/355). O entendimento está harmônico com a nova
redação do artigo 47 dado pela Lei n° 9527/97. Em 29.04.96 o
acusado foi notificado para devolver o débito no valor de 23.942,59
UFIR. Em 07.04.97 foi intimado a devolver 7.399,65 UFIR.31
PECULATO. ARTIGO 312 DO CÓDIGO PENAL. VERBA PÚBLICA. Longe
fica de configurar crime de peculato o emprego de verba pública em
obra diversa da programada, fazendo-se ausente quer a apropriação,
quer o desvio em proveito próprio ou alheio.32
Temos que o sujeito ativo é sempre funcionário público, qualidade que se
comunica, como já vimos, ao particular, que age em conjunto com o
funcionário, conhecendo-lhe essa característica. Sujeito passivo constante
será sempre o Estado. Eventualmente poderá ser o particular, quando este for
o proprietário ou possuidor do bem lesado.
Como já mencionado, perfeitamente cabível a aplicação do princípio da
insignificância ao peculato, conforme se denota da notícia abaixo, veiculada no
Infomativo 438 do STF:
Princípio da Insignificância e Crime contra a Administração
Pública
Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, deferiu habeas
corpus impetrado em favor de militar denunciado pela suposta
prática do crime de peculato (CPM, art. 303), consistente na
subtração de fogão da Fazenda Nacional, não obstante tivesse

30
TRF1, A C R 2000.01.00.003914-4/RR, relator Desembargador Federal Mário César Ribeiro,
publicação DJ 05/02/2003.
31
TRF3, A C R 2000.03.99.011516-0/SP, relator Juiz André Nabarrete, publicação DJ 29/10/2002.
32
STF, AP 375/SE, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 17/12/2004.

www.pontodosconcursos.com.br

13
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
recolhido ao erário o valor correspondente ao bem. No caso, o
paciente, ao devolver o imóvel funcional que ocupava, retirara, com
autorização verbal de determinado oficial, o fogão como
ressarcimento de benfeitorias que fizera — v. Informativo 418.
Reconheceu-se a incidência, na espécie, do princípio da
insignificância e determinou-se o trancamento da ação penal. O
Min. Sepúlveda Pertence, embora admitindo a imbricação da
hipótese com o princípio da probidade na Administração, asseverou
que, sendo o Direito Penal a ultima ratio, a elisão da sanção penal
não prejudicaria eventuais ações administrativas mais adequadas à
questão. Vencido o Min. Carlos Britto, que indeferia o writ por
considerar incabível a aplicação do citado princípio, tendo em conta
não ser ínfimo o valor do bem e tratar-se de crime de peculato, o
qual não tem natureza meramente patrimonial, uma vez que
atinge, também, a administração militar. O Min. Eros Grau, relator,
reformulou seu voto.33

2. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES (art. 313-


A)

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de


dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos
sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Esse novo tipo penal foi incluído pela Lei n° 9.983/2000 34 , com vistas a
proteger os sistemas informatizados da Administração Pública contra
ingerências indevidas em seu conteúdo.
Neste tipo temos como núcleos os verbos: inserir, facilitar, alterar ou excluir. É
conhecido como tipo misto alternativo, de forma que, ainda que se aplique
mais de um verbo a um mesmo sujeito passivo, considerar-se-á um tipo único.
Só é admitido na forma dolosa, ou seja, fundamental a intenção do agente
dirigida à pratica de alguma dessas condutas. Além disso, exige um fim
específico, qual seja o de "obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano".
HABEAS CORPUS. LIBERDADE PROVISÓRIA. CRIMES DE FORMAÇÃO
DE QUADRILHA, ESTELINATO, CORRUPÇÃO E INSERÇÃO DE DADOS
FALSOS NO SISTEMA INFORMATIZADO DO INSS. (...) O término do
procedimento disciplinar não constitui condição de procedibilidade da
ação penal, assim como decisão administrativa alguma vincula o
Poder Judiciário, porquanto há independência das instâncias. O

33
STF, HC 87.478/PA, relator Ministro Eros Grau, julgamento em 29.8.2006, Informativos 418 e
438.
34
Publicada no DOU de 17/07/2000, entrou em vigor apenas 90 dias após, em 15/10/2000,
prevendo, nesse interregno, uma vacatio legis, criticada por muitos.

www.pontodosconcursos.com.br

14
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
paciente foi condenado não só pelos crimes de inserção de dados
falsos no sistema informatizado do INSS e estelionato, como também
por corrupção passiva e formação de quadrilha, da qual foi
considerado líder. O argumento de que não foram suspensos os
benefícios revistos pelo réu não leva à conclusão de que praticou
nenhuma conduta criminosa.35

3. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE


INFORMAÇÕES (art. 313-B)

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de


informações ou programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade
se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração
Pública ou para o administrado.
Também acrescentado pela Lei n° 9.983/2000, esse tipo penal visa proteger a
incolumidade dos sistemas de informações e programas de informática da
Administração Pública.
Neste tipo temos como núcleos os verbos: modificar e alterar. É também um
tipo misto alternativo, de forma que, ainda que se aplique mais de um verbo
a um mesmo sujeito passivo, considerar-se-á um tipo único.
Só é admitido na forma dolosa, ou seja, fundamental a intenção do agente
dirigida à pratica de alguma dessas condutas, e não exige um fim específico.
Seu parágrafo único prevê uma causa de aumento de pena, de um terço até
metade, se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração
Pública ou para o administrado.
Tal dano é mero exaurimento do crime, já que sua consumação se dá com a
modificação ou alteração do sistema de informações ou programa de
informática, quando não autorizado.

4. CONCUSSÃO (art. 316)

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Trata-se da conduta do agente público que exige vantagem indevida em
razão de sua função.
É uma forma de extorsão praticada por funcionário público contra o particular.

35
TRF3, HC 2004.03.00.010987-6/SP, relator Juiz André Nabarrete, publicação DJ 10/08/2004.

www.pontodosconcursos.com.br

15
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Se o crime é contra a ordem tributária, incide o tipo específico previsto na Lei
n° 8.137/90, art. 3°, II, com grifos nossos:
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos
previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal (Título XI, Capítulo I): (...)
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar
tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena
- reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Em sendo esse um crime próprio, só pode ser praticado por funcionário
público, ainda que antes de assumir sua função.
Para se configurar o crime, fundamental a relação entre a exigência e o cargo,
e que a vantagem seja indevida, atual ou futura, para si ou para outrem.
Além disso, é importante ressaltar a correlação entre a concussão e outros
tipos penais.
Assim, se o ato não tem nenhuma relação com a função, não há concussão,
podendo haver extorsão (art. 15836, CP). Se a vantagem beneficia a própria
Administração, pode haver excesso de exação (art. 316, § 1°, CP), visto no
próximo item.
Se não exige, mas apenas solicita, há corrupção passiva (art. 317, CP),
também visto adiante. Por outro lado, se é o particular que oferece, pode
configurar, para este, a corrupção ativa (art. 33337, CP).
Sendo crime formal, sua consumação independe do efetivo recebimento da
vantagem indevida, sendo este o exaurimento do crime.
Pode haver tentativa como, por exemplo, a realizada por escrito.
Como casos práticos, veja decisões exemplificativas:
RECURSO EM HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. PRISÃO PREVENTIVA.
REVOGAÇÃO. PEDIDO PREJUDICADO. FLAGRANTE PREPARADO.
INOCORRÊNCIA. (...) 2. A concussão é, di-lo Damásio E. de Jesus,
"delito formal ou de consumação antecipada. Integra os seus
elementos típicos com a realização da conduta de exigência,
independentemente da obtenção da indevida vantagem" (in Código
Penal Anotado, 17 a edição, Saraiva, 2005, p. 972). 3. Exigida a
vantagem indevida, antes de qualquer intervenção policial, não há
falar em ocorrência de flagrante preparado.38
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. NEGATIVA DE PARTICIPAÇÃO. MÉDICO

36
CP, art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de
obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
37
CP, art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-
lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa. (Redação dada pela Lei n° 10.763, de 12/11/2003)
38
STJ, RHC 15.933/RJ, relator Ministro Hamilton Carvalhido, publicação DJ 02/05/2006.

www.pontodosconcursos.com.br

16
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
CREDENCIADO PELO SUS. CONDUTA ANTERIOR À LEI N°
9.983/2000. ALTERAÇÃO DO § 1°, DO ARTIGO 327 DO CÓDIGO
PENAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO
APLICABILIDADE. (...) 3. Mesmo que a conduta praticada em janeiro
de 2000, antes da entrada em vigor da Lei 9.983/2000, que alterou o
§ 1°, do artigo 327 do Código Penal, considera-se funcionário público
para fins penais, o médico que realiza consulta pelo SUS. Incidência
no caput do artigo 327, não havendo que falar em atipicidade pela
modificação realizada pela Lei 9.983/2000. 4. O bem jurídico que se
visa resguardar no crime de concussão é a Administração Pública, a
confiabilidade de seus agentes. Inobstante a exigência de quantia
mínima da vítima (quarenta reais), não é hábil a desqualificar a
conduta a ponto de torná-la atípica por aplicação do princípio da
insignificância, pois houve lesão ao Estado, sujeito passivo do
crime.39
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE CONCUSSÃO. SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE - SUS. COBRANÇA INDEVIDA DE SEGURADO.
AGENTE PRIVADO. 1. A cobrança ou a complementação pelo
segurado do preço do serviço prestado por médico ou por dirigente
de hospital privado conveniado com o Sistema Único de Saúde - SUS,
configura crime (concussão) da competência da justiça estadual,
visto que o prejuízo recai diretamente sobre o patrimônio do
particular segurado, e não sobre o órgão previdenciário. Precedente
do Supremo Tribunal Federal (HC n° 77.717-7/RS, in DJ 12/03/99).40
PENAL. RECURSO ESPECIAL. CONCUSSÃO. ADMINISTRADORES DE
HOSPITAL CONVENIADO AO SUS. FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS.
EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA DELEGADA. 1. O médico e o
administrador de entidade hospitalar conveniada ao SUS exercem
função pública delegada e, por isso, equiparam-se a funcionários
públicos para fim de aplicação da legislação penal, entendimento que
se sustenta mesmo antes do advento da Lei n. 9.983/00, que deu
nova redação ao § 1° do art. 327 do Código Penal. 2. Por força do
caput do art. 327 do Código Penal, o conceito de funcionário público,
na seara penal, é amplo, incluindo todas as pessoas que exerçam
cargo, emprego ou função pública.41
Outro exemplo de concussão vê-se na conduta daquele que exige de um
estelionatário determinada quantia para que sua confissão, prestada em
depoimento lavrado em termo de declarações, não fosse enviada à Delegacia
de Policia onde o suposto crime estava sendo investigado42.

5. EXCESSO DE EXAÇÃO (art. 316, §§ 1° e 2°)

39
STJ, RHC 17974/SC, relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, publicação DJ 13/02/2006.
40
TRF1, RCCR 2002.38.03.005426-8/MG, relator Desembargador Federal Olindo Menezes,
publicação DJ 21/10/2005.
41
STJ, REsp 252.081/PR, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, publicação DJ 24/04/2006.
42
STJ, HC 43.416/RS, relator Ministro Og Fernandes, julgado em 24/03/2009.

www.pontodosconcursos.com.br

17
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Art. 316 (...)
§ 1° - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe
ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2° - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
O excesso de exação é um tipo de concussão, sendo diferenciado deste
especialmente pelo fim a que se destina, é dizer, o funcionário público não
busca proveito próprio ou alheio, mas sim atua com excesso.
0 tipo penal não exige que o funcionário tenha como atribuição a arrecadação
tributária, podendo caracterizar-se ainda quando o agente não tenha tal
competência.
Subdivide-se o tipo em duas figuras:
1 - exigência indevida de tributo ou contribuição social: neste caso, o sujeito
ativo cobra exação que sabe indevida. A elementar aqui é a expressão
"indevido"; se devido o tributo, a conduta é atípica, salvo configurar outro
delito ou a hipótese seguinte;
II - cobrança através de meio vexatório ou gravoso: embora devidos os
valores pelo contribuinte, o sujeito ativo cobra de forma não admitida na lei. É
vexatório o meio que humilha, envergonha o sujeito passivo. Gravoso é aquele
que exige maiores despesas. Se houver previsão legal, a conduta é atípica.
Em ambos os casos, exige-se o dolo, vontade livre e consciente de cobrar
tributo ou contribuição social que "sabe", ou "deveria saber", indevido.
Sendo crime formal, consuma-se no momento da exigência, independente do
pagamento, que, se ocorre, é exaurimento do crime.
Admite-se a tentativa.
É previsão do parágrafo 2° um tipo qualificado, com penas maiores no caso do
funcionário que desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos. Esse tipo com penas
agravadas aplica-se tão somente ao excesso de exação, e não à figura do
caput, concussão.
Assim, o sujeito ativo recebe imposto ou contribuição, indevidamente, para
recolher aos cofres públicos e, em seguida, desvia o valor recebido.
Se o desvio ocorre após o pagamento do imposto, há peculato.
Neste caso, a consumação dá-se com o efetivo desvio, sendo possível a
tentativa.
PENAL. PROCESSO PENAL. EXCESSO NA EXAÇÃO DESCLASSIFICADO
PARA CONCUSSÃO. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE REDUZIDA. 1. A
exigência de vantagem indevida, em razão da função, configura o
crime de concussão, previsto no artigo 316, 'caput', do CPB e não o
de excesso de exação, tipificado do parágrafo 2°, pois esta forma
pressupõe recebimento de tributo indevidamente com a finalidade de

www.pontodosconcursos.com.br

18
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
recolher aos cofres públicos. 2. A condição de funcionário público e a
obtenção de ganhos indevidos são elementos inerentes ao tipo
previsto no artigo 316, 'caput', do CPB. Por essa razão, não podem
ser considerados como causas de agravamento da pena privativa de
liberdade imposta ao réu.43
HABEAS CORPUS. COBRANÇA DE EMOLUMENTOS EM VALOR
EXCEDENTE AO FIXADO NO REGIMENTO DE CUSTAS.
CONSEQÜÊNCIA. 1. Tipifica-se o excesso de exação pela exigência de
tributo ou contribuição social que o funcionário sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
ou gravoso, que a lei não autoriza. 2. No conceito de tributo não se
inclui custas ou emolumentos. Aquelas são devidas aos escrivães e
oficiais de justiça pelos atos do processo e estes representam
contraprestação pela prática de atos extrajudiciais dos notários e
registradores. Tributos são as exações do art. 5° do Código Tributário
Nacional. 3. Em conseqüência, a exigibilidade pelo oficial registrador
de emolumento superior ao previsto no Regimento de Custas e
Emolumentos não tipifica o delito de excesso de exação, previsto no
§ 1°, do art. 316 do Código Penal, com a redação determinada pela
Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990.44
Destaque-se que o Código de Defesa do Consumidor contém crime parecido.
Contudo, pelo princípio da especialidade, será aplicado o tipo a seguir
reproduzido quando não se tratar de exigência tributária por funcionário
público:
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
trabalho, descanso ou lazer: Pena Detenção de três meses a um ano
e multa.

6. CORRUPÇÃO PASSIVA (art. 317)

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.45

43
TRF4, EINACR 95.04.16896-5/RS, relator Desembargador Federal Vladimir Passos de Freitas,
publicação DJ 04/09/2002.
44
STJ, RHC 8.842/SC, relator Ministro Fernando Gonçalves, publicação DJ 13/12/1999.
45
De acordo com a Lei 10.763/2003. A pena prevista anteriormente era de reclusão, de 1 (um)
a 8 (oito) anos, e multa.

www.pontodosconcursos.com.br

19
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
§ 1° - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2° - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
0 tipo relativo à corrupção envolve dois aspectos distintos, um quanto ao
sujeito que corrompe, e outro quanto ao corrompido. O Código Penal brasileiro
optou por separar ambas as condutas em dois tipos penais distintos. Um deles
é o aqui reproduzido, topologicamente localizado no Capítulo destinado aos
crimes praticados por servidores públicos contra a Administração Pública. O
outro, dito corrupção ativa, está posicionado no Capítulo II, dos crimes
praticados por particular contra a administração em geral, e assim foi redigido:
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei n° 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício,
ou o pratica infringindo dever funcional.
Em função da proximidade, é bastante comum questões de concursos
confundindo ambos os crimes, portanto ressaltemos cada um deles:
1 - corrupção ativa: particular que oferece ou promete vantagem indevida;
II - corrupção passiva: funcionário público que solicita, recebe ou aceita
promessa vantagem indevida.
Repetindo, o crime praticado por servidores públicos contra a Administração
Pública é o de corrupção passiva, e é neste que vamos fixar nossos
comentários.
Como visto, o sujeito ativo desse tipo é o funcionário público, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, ou seja, aproveita-se do
fato de ser funcionário, ou de vir a ser funcionário público, para obter ou tentar
obter vantagem indevida.
Quando solicita, é o funcionário que toma a iniciativa da conduta delituosa.
Por outro lado, quando recebe, quem toma a iniciativa é o particular, que, no
caso, também estará praticando crime, a corrupção ativa.
Relembre-se que o funcionário que "exige" pratica concussão 46 .
Se o ato a ser praticado pelo servidor for ilegal, diz-se que a corrupção é
própria, chamando-se imprópria quando o ato é lícito.

46
STF, HC 89.686/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 17/08/2008:
Concussão e corrupção passiva. Caracteriza-se a concussão - e não a corrupção passiva - se a
oferta da vantagem indevida corresponde a uma exigência implícita na conduta do funcionário
público, que, nas circunstâncias do fato, se concretizou na ameaça.

www.pontodosconcursos.com.br

20
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Assim, deve haver correlação entre a ação do agente público e a realização ou
não do ato administrativo. Se cobra vantagem desvinculada de qualquer ação
ou omissão relativa a suas atribuições, não se configura este tipo, podendo, no
entanto, enquadrar-se noutro previsto na lei penal.
Aliás, esse art. 317 prevê a hipótese genérica da corrupção passiva. A
depender da situação, a conduta poderá ter enquadramento diferente, em
outras regras específicas, como no caso de crime contra a ordem tributária ou
aquele praticado por testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial.
Vigora, aqui, o princípio da especialidade. Vejamos esses dois casos, com
grifos nossos:
Lei n° 8.137/90, art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem
tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): (...)
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar
tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena
- reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
CP, art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
arbitral: (Redação dada pela Lei n° 10.268, de 28.8.2001) Pena -
reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é
praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo
civil em que for parte entidade da administração pública direta ou
indireta. (Redação dada pela Lei n° 10.268, de 28.8.2001)
A corrupção é ainda dividida quanto ao momento da entrega da vantagem
indevida: se feita antes de realizado o ato, diz-se antecedente; se
posterior, chama-se subseqüente.
A vantagem a ser recebida deve ser indevida, tratando-se de elemento
normativo do tipo, cuja ausência torna a ação atípica nesse sentido, podendo
enquadrar-se noutro crime, a depender do caso.
Mas não é o recebimento de qualquer vantagem que será considerado crime.
Presentes dados em reconhecimento pela atuação do servidor, dentro de
certos limites, são admitidos, desde que não configurem uma contraprestação
específica pela realização de algum ato de ofício. Assim, presentes dados
genericamente aos funcionários, como no Natal, podem ser tidos como
regulares, a depender da análise concreta do caso.
Nesse sentido, o Presidente da República baixou o Decreto de 26/05/1999, que
criou a Comissão de Ética Pública. Em seu art. 9° previu que, como regra, a
autoridade pública não pode aceitar presentes, salvo de autoridades
estrangeiras nos casos protocolares em que houver reciprocidade. Porém,
não se consideram presentes os brindes que (art. 9°, parágrafo único):

www.pontodosconcursos.com.br

21
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
I - não tenham valor comercial; ou
II - distribuídos por entidades de qualquer natureza a título de
cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos especiais
ou datas comemorativas, não ultrapassem o valor de R$ 100,00 (cem
reais).
Entre todas essas figuras (solicitar, receber ou aceitar), só cabe a tentativa no
caso da primeira (solicitar), se feita por escrito, por exemplo, tendo sido
interceptada a missiva antes de chegar ao seu destino.
Sendo um crime formal, a consumação independe do efetivo recebimento de
qualquer valor ou de prática de qualquer ato administrativo pelo servidor.
Se, além de prometer fazer ou deixar de fazer algo em troca da vantagem
indevida, com infração de dever funcional, o agente cumpre a promessa,
aumenta-se a pena em um terço (causa de aumento de pena, art. 317, §
1°). Trata-se de caso no qual o exaurimento do crime gera uma penalidade
maior. Como o ato praticado é ilícito, diz-se que se trata de corrupção passiva
própria. Se pratica ato lícito, não incide essa causa de aumento de pena, e
chama-se de corrupção passiva imprópria.
Tem-se um tipo privilegiado se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional (corrupção passiva
própria privilegiada), cedendo a pedido ou influência de outrem (art.
317, § 2°). Como há uma espécie de "justificativa" para seu crime, previu-se
uma pena, em abstrato47, menor. Neste caso, o agente age "a pedido" de
alguém, pouco importando se é influente ou não.
CORRUPÇÃO PASSIVA. ART. 317, 71 E 29 DO CP.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DO ART. 321 DO CP
(ADVOCACIA ADMINISTRATIVA). INVIABILIDADE. LEI 9.268/96.
PERDA DO CARGO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Pratica o crime
de corrupção passiva a agente do INSS que, com o auxílio de
comparsas, mediante contrato de prestação de serviços,
compromete-se a agilizar a concessão da revisão do benefício
previdenciário a pensionistas da autarquia, mediante o pagamento de
um percentual sobre o valor conseguido a maior. 2. Não é viável a
desclassificação para o crime do art. 321 do CP, visto que a tarefa a
que a agente propôs-se a executar, fazia parte de suas funções
rotineiras. Ademais, a vantagem indevida, não consistia em mera
retribuição por serviços prestados, mas sim em verdadeira solicitação
por parte da fiscala do instituto.48

7. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (art. 318)

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de


contrabando ou descaminho (art. 334):

47
Pena em abstrato é a pena prevista na lei penal, variando entre um mínimo e um máximo.
Pena em concreto é aquela fixada pelo juiz, analisando o caso concreto.
48
TRF4, A C R 1999.04.01.134886-7/PR, relator Desembargador federal Vladimir Passos de
Freitas, publicação DJ 28/08/2002.

www.pontodosconcursos.com.br

22
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei n° 8.137, de 27.12.1990)
Para bem entender esse tipo penal, importante saber o que vem a ser o
contrabando e o descaminho, crimes praticados por particular contra a
administração em geral:
Art. 334 - Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no
todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela
entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1° - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n°
4.729, de 14/07/1965)
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em
lei; (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14/07/1965)
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou
descaminho; (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14/07/1965)
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente
ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território
nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído
pela Lei n° 4.729, de 14/07/1965)
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal,
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído
pela Lei n° 4.729, de 14/07/1965)
§ 2° - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
(Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14/07/1965)
§ 3° - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou
descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei n°
4.729, de 14/07/1965)
Nesses termos, contrabando é importar ou exportar mercadoria
proibida; descaminho é iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria, é dizer, importar/exportar/consumir produto lícito sem pagar os
valores devidos.
Importante guardar bem essa diferença: o crime do particular é o de praticar o
contrabando ou descaminho; o crime do funcionário público é o de facilitar,
com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho.
Tecnicamente falando, o agente que ajuda o contrabandista é partícipe do
crime de contrabando. Porém, preferiu o legislador criar um tipo específico

www.pontodosconcursos.com.br

23
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
para essa conduta, respondendo, então, o funcionário pelo art. 318, enquanto
que o contrabandista responde pelo crime previsto no art. 334.
Como sujeito ativo temos o funcionário público que tem como competência o
dever de evitar ou fiscalizar o contrabando, ou cobrar os impostos devidos.
Segundo a CF/88:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1° A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-
se a: ...
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
competência; ...
Então, não é apenas a Polícia Federal que tem competência constitucional para
prevenir e reprimir o contrabando e o descaminho, incluindo-se as demais
polícias e os agentes da Receita Federal. Desta forma, tais são os agentes que
podem praticar o crime de facilitação do contrabando e do descaminho.
Fundamental a existência da "infração ao dever funcional" (elemento
normativo do tipo), sem qual torna-se o fato atípico quanto a esse crime.
Se um servidor auxilia no contrabando, sem infringir seu dever funcional,
responderá como partícipe do crime de contrabando (art. 334).
O crime pode ser praticado tanto na modalidade comissiva quanto omissiva,
sendo passível de tentativa apenas na primeira hipótese, segundo parte da
doutrina, desde que se possa, no caso concreto, fracionar o iter criminis49.
Sendo crime formal, independe, para sua consumação, da efetividade do
contrabando ou descaminho. A mera facilitação basta para sua consumação.
Não se confunde este com o crime de prevaricação, visto a seguir, pois, na
facilitação, há participação tanto de quem corrompe quanto do corrompido.
Como veremos, na prevaricação, só há atuação do funcionário público.
PENAL. FACILITAÇÃO AO CONTRABANDO OU DESCAMINHO.
CORRUPÇÃO PASSIVA. 1. A prova, suficiente à comprovação da
prática do tipo do art. 318 do CP, pode ser insuficiente para tipificar a
conduta do art. 317, cuja figura exige solicitação, recebimento ou
promessa de vantagem indevida.50

49
GRECO, Rogério. Código Penal comentado. Niterói, RJ: Impetus, 2008, p. 1264.
50
TRF1, A C R 1999.01.00.010509-1/MG, relator Juiz Cândido Moraes, publicação DJ 20/02/2003.

www.pontodosconcursos.com.br

24
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO E DESCAMINHO. ART. 318 DO
CÓDIGO PENAL. ESCUTA TELEFÔNICA AUTORIZADA
JUDICIALMENTE. NULIDADE E CERCEAMENTO DE DEFESA
INEXISTENTES. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
SUJEITO ATIVO. DEVER FUNCIONAL. (...) 4. A materialidade do
delito previsto no art. 318 do CP mostra-se indiscutível, restando a
autoria evidenciada pela prisão em flagrante, transcrição de
conversas telefônicas e demais elementos probatórios coligidos aos
autos. 5. O Patrulheiro Rodoviário Federal, cujo cargo foi
transformado para o de Policial Rodoviário Federal com a Lei
9.654/98, tinha o dever funcional de combater e reprimir o
contrabando e descaminho, razão pela qual pode ser ele sujeito ativo
do delito tipificado no art. 318 do CP.51
FACILITAÇÃO AO CONTRABANDO OU DESCAMINHO. ART. 318 DO
CP. PROVA TESTEMUNHAL. VALOR PROBANTE. PRINCÍPIO DO LIVRE
CONVENCIMENTO MOTIVADO. AUTORIA E MATERIALIDADE.
COMPROVADAS. SUJEITO ATIVO. PATRULHEIRO RODOVIÁRIO
FEDERAL. CONSUMAÇÃO. (...) 2. O policial rodoviário federal que
facilita a prática de contrabando ou descaminho, consciente de estar
infringindo dever funcional, sujeita-se às penas estabelecidas no art.
318 do Código Penal. 3. Se a prova testemunhal encontra arrimo nos
demais elementos de convicção coligidos aos autos deve ser admitida
como suporte da acusação, podendo o juiz atribuir-lhe o valor que
entender apropriado, forte no princípio do livre convencimento
motivado. 4. O cargo de patrulheiro rodoviário federal, com o
advento da Lei n° 9.654/98 (art. 1°, par. único), foi transformado em
cargo de policial rodoviário federal. Logo, o patrulheiro rodoviário
federal não só pode ser sujeito ativo do crime capitulado no art. 318
do CP, como tem o dever funcional de reprimir e combater a prática
do contrabando e do descaminho. 5. O tipo penal descrito no art. 318
do CP é formal e se consuma com a simples ação de facilitar, com
infringência de dever funcional, independentemente da solicitação de
qualquer vantagem em favor do agente ou de terceiro ou de se
efetivar o contrabando ou o descaminho. 52
PENAL. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO. ART.
318. POLICIAL CIVIL. COMPETÊNCIA. FLAGRANTE DELITO. 1. As
autoridades policiais civis têm o dever funcional de reprimir o ilícito
penal previsto no art. 334 do CP, ainda que não seja de sua
competência, quando se deparam com agentes em flagrante delito,
situação em que os infratores deverão ser conduzidos a quem de
direito.53

51
TRF4, A C R 2004.04.01.012540-6/RS, relator Desembargador Federal Tadaaqui Hirose,
publicação DJ 15/03/2006.
52
TRF4, A C R 2004.04.01.039550-1/RS, relator Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz,
publicação DJ 18/05/2005.
53
TRF4, AC 2002.71.05.008927-5/RS, relator Desembargador Federal Edgard Antônio Lippmann
Júnior, publicação DJ 15/10/2003.

www.pontodosconcursos.com.br

25
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
ART. 318 DO CP. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU
DESCAMINHO. TIPO OBJETIVO. TIPO SUBJETIVO. NÃO
COMPROVAÇÃO. ART. 319 DO CP. PREVARICAÇÃO. OCORRÊNCIA.
SENTIMENTO PESSOAL. DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL. (...) 2. O
tipo objetivo da infração do art. 318 do CP é tornar fácil, auxiliar,
afastar as dificuldades para a prática do contrabando ou
descaminho. Mas não só isso. Há que restar comprovado também o
tipo subjetivo, ou seja, a vontade do agente em facilitar, com a
consciência de estar infringindo dever funcional, ponto este que não
restou provado nos autos, uma vez que a prova testemunhal deixou
claro que o agente deixou de vistoriar o ônibus em razão de uma
disputa interna, de uma disputa de poder, de autoridade, entre
membros da mesma Polícia. 3. A prova aponta porém, para a prática
do outro delito, que fora objeto da denúncia, previsto no art. 319 do
CP, prevaricação, uma vez que, embora não movido por interesses
econômicos ou materiais, o agente, delegado da Polícia Federal, por
sentimento pessoal, deixou de praticar ato de ofício,
indevidamente.54
HABEAS CORPUS. INOCORRÊNCIA DO CRIME DE FACILITAÇÃO DE
CONTRABANDO. AUSÊNCIA DE VÍNCULO SUBJETIVO A DEMONSTRAR
O CONCURSO DE PESSOAS. 1. O crime do art. 318 do Código Penal
tem como pressuposto a infração a dever funcional, somente
podendo ser praticado pelo funcionário que tem, como atribuição
legal, prevenir e reprimir o contrabando ou descaminho. 2. Assim,
não pratica o delito em questão o funcionário estadual, em cujas
atribuições não se incluir a repressão ao crime do art. 334 do Código
Penal.55
Especificamente quanto ao descaminho e à possibilidade ou não de aplicação
do princípio da insignificância e o valor limite para tal, houve muita discussão
jurisprudencial, divergindo o STF do STJ. Contudo, recentemente isso foi
pacificado, como já citado alhures.
A jurisprudência do STF se firmou no sentido de ser possível sua aplicação,
desde que o valor do tributo sonegado não ultrapasse R$ 10.000,00. O STJ
tinha posição no sentido de que tal limite seria R$ 100,00.
Veja alguns julgados:
CRIME DE DESCAMINHO. O arquivamento das execuções fiscais cujo
valor seja igual ou inferior ao previsto no artigo 20 da Lei n.
10.522/02 é dever-poder do Procurador da Fazenda Nacional,
independentemente de qualquer juízo de conveniência e
oportunidade. Inadmissibilidade de que a conduta seja irrelevante
para a Administração Fazendária e relevante no plano do direito
penal. O Estado somente deve ocupar-se das condutas que
impliquem grave violação ao bem juridicamente tutelado [princípio
da intervenção mínima em direito penal]. Aplicação do princípio da

54
TRF4, A C R 1999.70.02.003776-2/PR, relator Desembargador Federal José Luiz B. Germano da
Silva, publicação DJ 25/09/2002.
55
TRF1, HC 1999.01.00.017549-9/RO, relator Juiz Osmar Tognolo, publicação DJ 10/09/1999.

www.pontodosconcursos.com.br

26
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
insignificância (HC 95.089/PR e HC 92.438/PR, DJ 19/12/2008,
Informativo 516).
A relevância penal da conduta imputada é de ser investigada a partir
das diretrizes do artigo 20 da Lei n° 10.522/2002. Dispositivo que
determina, na sua redação atual, o arquivamento das execuções
fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior a R$ 10.000,00
(dez mil reais). Autos que serão reativados somente quando os
valores dos débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ultrapassarem esse limite (§
1°). Não há sentido lógico permitir que alguém seja processado,
criminalmente, pela falta de recolhimento de um tributo que nem
sequer se tem a certeza de que será cobrado no âmbito
administrativo-tributário do Estado. Estado julgador que só é de
lançar mão do direito penal para a tutela de bens jurídicos de cuja
relevância não se tenha dúvida (HC 93.072/SP, DJ 12/06/2009,
Informativo 550, HC 99.739/RS, DJ 04/08/2009, decisão liminar).
A jurisprudência do STF é firme no sentido da incidência do princípio
da insignificância quando a quantia sonegada não ultrapassar o valor
estabelecido no mencionado dispositivo, o que implicaria falta de
justa causa para ação penal pelo crime de descaminho. Ademais, a
existência de procedimento criminal — arquivado — por fatos
similares não se mostraria suficiente para afastar o aludido princípio,
tendo em vista o caráter objetivo da regra estabelecida por esta
Corte para o efeito de se reconhecer o delito de bagatela (RHC
96.545/SC, DJ 26/06/2009, Informativo 551).
Descaminho e Princípio da Insignificância. Dois aspectos objetivos
deveriam ser considerados: 1) a inexpressividade do montante do
débito tributário apurado, se comparado com a pena cominada ao
delito (de 1 a 4 anos de reclusão) e com o valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais), previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002, para o
arquivamento, sem baixa na distribuição, dos autos das infrações
fiscais de débitos inscritos como dívida ativa da União; 2) o fato de
ter havido a apreensão de todos os produtos objeto do crime de
descaminho. Registrou-se, todavia, a necessidade de uma maior
reflexão sobre a matéria, de modo a não se afirmar, sempre, de
forma objetiva, a caracterização do princípio da insignificância
quando o valor não seja exigível para o Fisco, devendo cada caso ser
analisado conforme suas peculiaridades. Vencido o Min. Marco
Aurélio, que indeferia o writ ao fundamento de que, no que tange ao
patrimônio privado, não se chegaria a assentar o crime de bagatela
quando a res alcançasse o valor de R$ 10.000,00, não sendo
coerente, destarte, decidir-se em sentido contrário quando se
visasse proteger a coisa pública. Asseverou, ademais, ser relutante
em admitir essa fixação jurídica criada pela jurisprudência, na
medida em que tal preceito não se encontraria em dispositivo
normativo algum. (HC 96.661/PR, DJ 03/08/2009, Informativo 552).

Veja o que diz a Lei n° 10.522/2002, art. 20:

www.pontodosconcursos.com.br

27
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento
do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais
de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado
igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Alguns julgados do STJ, como já referido, vinham entendendo de forma
diversa:
INSIGNIFICÂNCIA. DESCAMINHO. Os pacotes de cigarro e litros de
uísque apreendidos por entrada ilegal no País totalizavam quase sete
mil reais. Assim, não é possível incidir, nesse crime de descaminho,
o princípio da insignificância, pois o parâmetro contido no art. 20 da
Lei n. 10.522/2002 (dez mil reais) diz respeito ao arquivamento,
sem baixa na distribuição, da ação de execução fiscal (suspensão da
execução), o que denota sua inaptidão para caracterizar o que deve
ser penalmente irrelevante. Melhor padrão para esse fim é o
contido no art. 18, § 1°, daquela mesma lei, que cuida da
extinção do débito fiscal igual ou inferior a cem reais. Anote-se
que não se desconhecem recentes julgados do STF no sentido de
acolher aquele primeiro parâmetro (tal qual faz a Sexta Turma do
STJ), porém se mostra ainda preferível manter o patamar de cem
reais, entendimento prevalecente no âmbito da Quinta Turma do
STJ, quanto mais na hipótese, em que há dúvidas sobre o exato
valor do tributo devido, além do fato de que a denunciada ostenta
outras condenações por crimes de mesma espécie. Com esse
entendimento, a Seção conheceu dos embargos e, por maioria,
acolheu-os para negar provimento ao especial (EREsp 966.077/GO,
27/5/2009, Informativo 396). No mesmo sentido: STJ, AgRg no Ag
873.362/RS, DJ 29/06/2009, 5a Turma, e STJ, HC 108.966/PR,
julgado em 02/06/2009, Informativo 397.
Contudo, alterando sua posição, recentemente o STJ passou a seguir o
entendimento do STF:
REPETITIVO. DESCAMINHO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. A Seção,
ao julgar o recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-
STJ), entendeu que, em atenção à jurisprudência predominante no
STF, deve-se aplicar o princípio da insignificância ao crime de
descaminho quando os delitos tributários não ultrapassem o limite
de R$ 10 mil, adotando-se o disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002. O Min. Relator entendeu ser aplicável o valor de até
R$ 100,00 para a invocação da insignificância, como excludente de
tipicidade penal, pois somente nesta hipótese haveria extinção do
crédito e, consequentemente, desinteresse definitivo na cobrança da
dívida pela Administração Fazendária (art. 18, § 1°, da referida lei),
mas ressaltou seu posicionamento e curvou-se a orientação do
Pretório Excelso no intuito de conferir efetividade aos fins propostos
pela Lei n. 11.672/2008 (REsp 1.112.748/TO, julgado em 9/9/2009,
Informativo 406).
Essa é, então, a posição a ser adotada no concurso.

www.pontodosconcursos.com.br

28
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Mas não posso deixar de mencionar a posição do Ministro Marco Aurélio, do
STF. No julgamento dos HHCC 99.594 e 94.058 (realizado em 18/08/2009),
ele votou em sentido contrário. Para ele, principalmente com relação ao país
vizinho (Paraguai), a prática é constante, e precisa ser inibida, havendo
interesse da sociedade na persecução, na correção de rumos.
Tendo em conta essa realidade, é possível que a jurisprudência do STF e do
STJ venha a se consolidar com algumas variações, em especial considerando-
se a prática reiterada do descaminho, fazendo deste seu meio de vida, o que
não pode ficar à margem da atuação estatal56. Acompanhe a evolução da
matéria nos julgados dos tribunais pátrios.

8. PREVARICAÇÃO (art. 319)

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de


ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Na prevaricação o agente público deixa de praticar ato de ofício, ou o pratica
contra a lei, buscando atingir interesse pessoal. Diferentemente da corrupção
ativa, onde há "venda" de sua conduta ou omissão, aqui o funcionário busca
apenas satisfazer interesse próprio.
Assim, são três as formas de se praticar a prevaricação, a saber:
I - retardando, indevidamente, ato de ofício;
II - deixando de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - praticando ato de ofício contra disposição expressa de lei.
Ato de ofício é aquele incluído dentre suas atribuições legais, que deve ser
realizado independente de pedido de terceiros, por seu ofício (em latim, ex
officio).
Como elementos normativos do tipo temos que as duas primeiras hipóteses
retro devem ser indevidas (retardar ou deixar de fazer), e, no terceiro caso, o
ato praticado deve ir contra disposição expressa de lei.
Como elemento subjetivo do tipo diverso do dolo tem-se que a conduta deve
ser realizada "para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". Inexistindo
essa intenção, a conduta é atípica.
Assim sendo, segundo o STJ, na tipificação desse crime, não basta afirmar ter
havido transgressão do princípio da moralidade, exigindo-se seja apontado o

56
Essa, aliás, já foi a linha adotada em alguns julgados do STJ. A título de exemplo, note
trechos da seguinte ementa: STJ, HC 44.986/RS, relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa,
publicação DJ 07/11/2005. DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
INAPLICABILIDADE. HABITUALIDADE CRIMINOSA. 3. Não obstante o baixo valor dos impostos
devidos constituir condição necessária à aplicação do princípio, não se mostra, todavia,
suficiente para tanto; não se deve olvidar que as condutas praticadas, na medida em que a ação
ora em exame não se mostra isolada, mas constitui meio habitual para recomposição de
estoques comerciais, mostram-se bastante reprováveis sob o ponto de vista de sua repercussão
social, tornando inaceitável a complacência do Estado para com tal comportamento.

www.pontodosconcursos.com.br

29
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
dispositivo de lei infringido pela ação ou inação do servidor público. Necessário,
para a configuração do delito, além do elemento subjetivo específico, a
motivação do autor do ato de ofício, já que o tipo assim o exige.57
Consuma-se o crime no momento da ação, omissão ou retardamento. Nestes
dois últimos, o crime é dito omissivo próprio, não se admitindo a forma
tentada. No primeiro, crime comissivo, é possível a tentativa.
Segundo o STF, o crime de prevaricação pode ser praticado nas modalidades
comissiva e omissiva. Na forma comissiva, o delito seria instantâneo. Por sua
vez, na forma omissiva, o crime seria permanente, ou seja, a consumação se
alonga no tempo por vontade do sujeito.58
Reitere-se que não se confunde a corrupção passiva com o crime de
prevaricação, tendo em vista que, neste, há participação tanto de quem
corrompe quanto do corrompido. Na prevaricação, só há atuação do
funcionário público.
Da mesma forma, este não se compara com a desobediência (art. 33059),
embora apresentem pontos em comum. Nesta, só pode ser sujeito ativo o
particular, ou o funcionário, fora de suas funções.
Note alguns julgados:
PREVARICAÇÃO. AUSÊNCIA DE LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM
FLAGRANTE. O simples fato de não se haver lavrado auto de prisão
em flagrante, formalizando-se tão-somente o boletim de ocorrência,
longe fica de configurar o crime de prevaricação que, à luz do
disposto no artigo 319 do Código Penal, pressupõe ato omissivo ou
comissivo voltado a satisfazer interesse ou sentimento próprio.
Inexistente o dolo específico, cumpre o arquivamento de processo
instaurado. 60
É inepta a denúncia por prevaricação que não indica concretamente o
interesse ou sentimento pessoal que moveu o agente público.61
PREVARICAÇÃO, QUADRILHA, ESTUPRO E COMUNICAÇÃO FALSA DE
CRIME. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. (...) 2. Crime de
prevaricação. Na omissão ou no retardamento, sendo omissivo
próprio o crime de prevaricação, não é admissível a tentativa. Pela
narrativa da denúncia a conduta do paciente foi de comprometer-se a
deixar de praticar o ato de fiscalizar. Logo, não demonstrou a
acusação a prática do crime de prevaricação.62

57
STJ, A P n 505/CE, relatora Ministra Eliana Calmon, julgada em 18/06/2008, Informativo 360.
No m e s m o sentido: STF, AP 447/RS, relator Ministro Carlos Britto, DJ 29/05/2009 - A
configuração do crime de prevaricação requer a demonstração não só da vontade livre e
consciente de deixar de praticar ato de ofício, como t a m b é m do elemento subjetivo específico do
tipo, qual seja, a vontade de satisfazer "interesse" ou "sentimento pessoal".
58
STF, Inq 2.191/DF, relator Ministro Carlos Britto, julgado em 08/05/2008, Informativo 505.
59
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
60
STF, HC 84.948/SP, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 18/03/2005.
61
STF, HC 85.180/RJ, publicação DJ 03/02/2006.
62
TRF1, HC 2005.01.00.054558-7/AM, relator Desembargador Federal Tourinho Neto,
publicação DJ 12/08/2005.

www.pontodosconcursos.com.br

30
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
CONCUSSÃO E PREVARICAÇÃO. ARTIGOS 316 E 319 DO CÓDIGO
PENAL. PAGAMENTO INDEVIDO. POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL.
APREENSÃO DE CARRETAS. PROVA INCONSISTENTE. IN DUBIO PRO
REO. 1. Para a configuração do crime de concussão (art. 316 do
CPB), exige-se o dolo, ou seja, o funcionário público, em razão de
sua função, exige, livre e conscientemente, do sujeito passivo, uma
vantagem indevida. Há, dessa forma, que constar dos autos a prova
da exigência dessa vantagem indevida no momento em que ela foi
realizada. 2. Para se configurar o delito de prevaricação (art. 319
do CPB), o agente deve ter a vontade livre e consciente de retardar,
omitir ou realizar ato de forma indevida, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal. 3. Nos dois casos (concussão e prevaricação), no
entanto, cabe ao Órgão de acusação carrear para os autos, prova
robusta, convincente, exteriorizada no dolo, além do nexo etiológico
entre a conduta dos réus na prática delituosa. 4. Não estando
presentes provas suficientes acerca da autoria e culpabilidade dos
crimes, mas apenas indícios, colhidos em prova indiciária, e capazes
de provocar dúvidas acerca dos fatos descritos na denúncia,
impossível é a condenação dos acusados, impondo-se em favor deles
o in dúbio pro reo.63 (grifou-se)
Acrescente-se que a Lei n° 11.466/200764 incluiu um novo tipo de
prevaricação, a saber:
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público,
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

9. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA (art. 321)

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado


perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
Como sabemos, as condutas dos servidores públicos deve ser pautada no
princípio da impessoalidade, entre outros, visando atingir sempre o interesse
público.

63
TRF1, A C R 1997.41.00.004021-8/RO, relator Desembargador Federal Tourinho Neto,
publicação DJ 24/06/2005.
64
Essa mesma Lei, ao alterar o art. 50 da Lei n 2 7.210/1984 - Lei de Execução Penal, passou a
prever que comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que tiver em sua
posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
com outros presos ou com o ambiente externo.

www.pontodosconcursos.com.br

31
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Quando esse agente atua buscando interesse privado, seja ele legítimo ou não,
age com irregularidade perante a Administração.
Assim, foi tipificada a conduta de patrocinar interesse privado perante o Poder
Público, valendo-se da qualidade de funcionário público.
Patrocinar é advogar, facilitar, pedir. É a conduta do servidor que promove a
defesa de particular perante a Administração, acompanha um processo
administrativo, conversa com outro servidor que decidirá processo de seu
interesse etc, tudo com a intenção de defender causa privada.
É dito direto quando pessoalmente age em favor de interesse particular, e
indireto quando lança mão de terceira pessoa, escondendo o verdadeiro
agente.
A legislação esparsa também trata do tema em situações peculiares, como nos
casos de crime contra a ordem tributária, licitações ou servidores públicos.
Veja a seguir algumas dessas diversas leis:
Lei n° 8.137/90, art. 3°, III: Art. 3° Constitui crime funcional contra
a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): (...) III -
patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário
público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Lei n° 8.666/93, art. 91: Patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a Administração, dando causa à
instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação
vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: Pena - detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Lei n° 8.112/90, art. 117, XI: Ao servidor é proibido: (...) XI - atuar,
como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo
quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de
parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: (...) XIII -
transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
Note que, no caso dos servidores federais, há uma exceção. Diz o estatuto
que, como regra, ao servidor é proibido atuar, como procurador ou
intermediário, junto a repartições públicas. Faz uma ressalva quando se tratar
de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau,
e de cônjuge ou companheiro. A penalidade administrativa prevista para o
caso é de demissão.
O interesse defendido tanto pode ser, como já dito, lícito ou não. No entanto,
se o interesse é ilegítimo, tem-se a forma qualificada, agravando-se a pena
abstrata para detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa (art.
321, parágrafo único, CP).
Para que se consuma o crime basta o primeiro ato de patrocínio, ainda que não
alcance o resultado esperado, cuja realização configura exaurimento do crime.
Admite-se a tentativa.
CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, PRATICADO POR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO. ARTIGO 321 DO CÓDIGO PENAL.

www.pontodosconcursos.com.br

32
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA. ELEMENTO MATERIAL DO TIPO.
PATROCÍNIO DE INTERESSE PRIVADO PERANTE A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA.
INDAGAÇÃO. CONFIGURAÇÃO DO TIPO PENAL. HIERARQUIA.
AUSÊNCIA. PERCEPÇÃO DE VANTAGEM. (...) Incorre no crime de
advocacia administrativa o funcionário público que age perante a
repartição pública, mediante comportamento impróprio, não
condizente com o dever de imparcialidade e moralidade imposto ao
servidor. O elemento material do tipo consiste em patrocinar, que
significa advogar, facilitar, proteger, favorecer interesses de
terceiros, e no qual enquadra-se também o verbo indagar.
Transgredida a administração pública em seus aspectos material e
moral, o réu pratica o crime de advocacia administrativa, consistindo
a indagação, verdadeiramente, em advogar, pedir, em favor de
interesse privado alheio. Inteligência do artigo 321 do Código Penal.
Ausência de conduta delitiva que somente se reconhece quando o réu
é detentor de poder hierárquico sobre o outro funcionário.
Inexigência para o cometimento do crime da prática do ato dentro da
esfera de competência do funcionário público. Desnecessidade de
percepção de vantagem por parte de terceiros, uma vez que a lei não
reclama esse intuito.65
CRIME PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO. CRIME DE
CORRUPÇÃO PASSIVA. AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS
COMPROVADAS. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA: ATO DE
OFÍCIO NÃO COMPREENDIDO ENTRE AS ATRIBUIÇÕES DO
FUNCIONÁRIO: IRRELEVÂNCIA NA CARACTERIZAÇÃO DA
CORRUPÇÃO IMPRÓPRIA: DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME PARA O DE
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: IMPOSSIBILIDADE. OBTENÇÃO DE
VANTAGEM INDEVIDA EM RAZÃO DA FUNÇÃO. CONDENAÇÃO
MANTIDA. APELO IMPROVIDO. (...) V - Comprovadas nos autos a
materialidade e autoria do crime de corrupção passiva, pelo qual o
apelante foi condenado. Negativa de autoria isolada, em confronto
com prova testemunhal da acusação. VI - O crime de corrupção
passiva caracteriza-se como a utilização de cargo público a fim de
obter vantagem indevida, bastando que esta obtenção seja possível
ao funcionário em troca de uma conduta que esteja incluída nos
poderes que seu cargo lhe confere. VII - Inviável a desclassificação
do crime de corrupção passiva para o de advocacia administrativa. A
distinção entre ambos está na utilização do cargo para obtenção da
vantagem, e não na prática ou não de atos de ofício.66
ART. 321, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP. ADVOCACIA
ADMINISTRATIVA. CRIME FORMAL. DOLO GENÉRICO. O delito
capitulado no art. 321 do CP é formal e consuma-se com o simples
ato de interferir em favor de particular, não se exige que o agente

65
TRF3, A C R 2000.71.03.000567-3/SP, relatora Juíza Therezinha Cazerta, publicação DJ
02/07/2003.
66
TRF3, A C R 1999.03.99.015539-5/SP, relator Juiz Souza Ribeiro, publicação DJ 22/07/2002.

www.pontodosconcursos.com.br

33
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
obtenha qualquer tipo de vantagem, porquanto o que a norma visa
resguardar é o bom funcionamento, a transparência, a
moralidade da administração pública. - O dolo, no delito em questão,
é genérico, bastando a vontade de praticar a conduta descrita no
caput.67

10. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (art. 325)

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o
fato não constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Parágrafo
acrescentado pela Lei n° 9.983, de 14/07/2000)
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública; (Alínea acrescentada pela Lei n° 9.983, de
14/07/2000)
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Alínea
acrescentada pela Lei n° 9.983, de 14/07/2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou
a outrem: (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 9.983, de
14/07/2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Um dos mais importantes princípios que norteia a atividade estatal é o da
publicidade. Contudo, certas informações, em face de suas peculiaridades,
devem manter-se sigilosas, sendo, desta forma, atendido o interesse público.
Se houver norma expressa no sentido de se guardar sigilo sobre certo fato, sua
revelação (ou facilitação da revelação) constitui-se no tipo do art. 325, CP.
Como se denota da redação desse artigo retro transcrito, trata-se de crime
subsidiário, é dizer, será punido por ele se não se enquadrar noutro mais
grave, como, por exemplo, o previsto na Lei de Segurança Nacional (Lei n°
7.170/83, arts. 13, 14, 25) ou violação de sigilo militar (CPM68, art 326).
Somente pode ser cometido por funcionário público, ainda que inativo69.

67
TRF4, A C R 1999.61.02.015038-3/SP, relator Desembargador Federal Otávio Roberto
Pamplona, publicação DJ 18/02/2004.
68
Código Penal Militar, Decreto-Lei n° 1.001/1969, art. 326: Revelar fato de que tem ciência em
razão do cargo ou função e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em
prejuízo da administração militar: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
69
Ainda que aposentado, segue sendo servidor, porém, agora, inativo. Se divulgou algum fato
de que teve ciência em razão do cargo, quando na ativa, e que devia permanecer em segredo,
ou facilitou a revelação, haverá praticado esse tipo penal.

www.pontodosconcursos.com.br

34
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Dois são os núcleos desse tipo, representados pelas condutas dolosas de
"revelar" ou "facilitar a revelação". Na primeira, verifica-se apenas na forma
comissiva 70 ; na segunda, poderá ser comissiva ou omissiva, como deixar a
informação sigilosa ao alcance de outrem, sobre o balcão da repartição ou
exposta na tela do computador.
Repita-se que deve haver necessidade do segredo, ainda que temporário. Se
revelado durante o período de vedação, há crime, bastando que seja para uma
única pessoa. Se revelado após findo o prazo para segredo, ou à quem já o
conhecia, é atípica a conduta.
Ademais, se o funcionário teve acesso ao segredo de forma independente do
seu cargo, não há esse crime, pois exige-se que o conheça em razão de seu
cargo.
Assim sendo, são dois os elementos subjetivos do tipo: vontade de revelar
indevidamente segredo (ou facilitar a revelação), e que tenha ciência dele em
razão do cargo. Faltando um deles, é atípica a conduta.
Para sua consumação, basta a divulgação ou facilitação, unida com um dano
potencial à Administração, mas independente da efetiva ocorrência desse
dano. Consuma-se, então, no momento em que o terceiro toma conhecimento
do fato. Admite-se a tentativa quando, por exemplo, é feita por escrito e não
chega ao destinatário.
Em 2000, através da Lei n° 9.983, tipificou-se também a violação do sigilo
através de sistemas de informações, nos termos do § 1°, do art. 325, já retro
transcrito.
Se há dano para a Administração Pública ou para a outrem, previu-se uma
causa de aumento de pena, que qualifica o crime, prevendo nova pena em
abstrato, a saber, reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL, QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA,
CP. ART.325 CPP. ART.29 CF. ART.5, LIX. (...) 2 - o crime de
violação de sigilo funcional, previsto no art.325 do Código Penal,
pressupõe a existência de fato protegido por reserva ou segredo
legais, evidenciado que o fato indicado na queixa não esta sob
reserva ou segredo, não merece prosperar a pretensão.71

11. CÓDIGO PENAL - arts. 312 a 337-D.

Conforme já comentado, os delitos vistos até aqui são os mais cobrados em


concursos públicos. A seguir, a lista completa dos crimes previstos nos
Capítulos I, II e II-A, do Título XI do Código Penal Brasileiro. Os destaques não
fazem parte do original, aqui postos com vistas a ressaltar o que de mais
importante tem para concurso.

TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

70
Praticado por ação.
71
TRF3, Q C R 94.03.030670-0/SP, relator Juiz Fleury Pires, publicação DJ 12/09/1995.

www.pontodosconcursos.com.br

35
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse
em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1° - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2° - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3° - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela
Lei n° 9.983, de 2000)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos
nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou
para causar dano: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000))
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído
pela Lei n° 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
(Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização ou
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei n° 9.983, de
2000)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
(Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a

www.pontodosconcursos.com.br

36
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei n° 9.983,
de 2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem
a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
parcialmente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime
mais grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa
da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1° - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
(Redação dada pela Lei n° 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei n° 8.137, de 27.12.1990)
§ 2° - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei n° 10.763, de 12.11.2003)
§ 1° - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2° - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho

www.pontodosconcursos.com.br

37
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei n° 8.137, de 27.12.1990)
Prevaricação
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei n° 11.466, de
2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Violência arbitrária
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
correspondente à violência.
Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos
em lei:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1° - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2° - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
fronteira:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

www.pontodosconcursos.com.br

38
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não
constitui crime mais grave.
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela
Lei n° 9.983, de 2000)
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública; (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela Lei
n° 9.983, de 2000)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública
ou a outrem: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela
Lei n° 9.983, de 2000)
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1° - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
(Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
§ 2° - A pena será aumentada da terça parte quando os
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de
cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento
de órgão da administração direta, sociedade de economia mista,
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
(Incluído pela Lei n° 6.799, de 1980)
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

www.pontodosconcursos.com.br

39
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Usurpação de função pública
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe
esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1° - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2° - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
Desobediência72
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Desacato73
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei n° 9.127, de 1995)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
(Redação dada pela Lei n° 9.127, de 1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei n° 9.127, de 1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao
funcionário. (Redação dada pela Lei n° 9.127, de 1995)
Corrupção ativa

72
STF, HC 88.452/RS, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 19/05/2006: C R I M E DE
DESOBEDIÊNCIA. ATIPICIDADE. M O T O R I S T A Q U E SE RECUSA A E N T R E G A R D O C U M E N T O S À
A U T O R I D A D E DE TRÂNSITO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. A jurisprudência desta Corte firmou-
se no sentido de que não há crime de desobediência quando a inexecução da ordem emanada de
servidor público estiver sujeita à punição administrativa, sem ressalva de sanção penal. Hipótese
em que o paciente, abordado por agente de trânsito, se recusou a exibir documentos pessoais e
do veículo, conduta prevista no Código de Trânsito Brasileiro como infração gravíssima, punível
com multa e apreensão do veículo (CTB, artigo 238).
73
STF, HC 83.233/RJ, DJ 19/03/2004: No crime de desacato, o elemento subjetivo do tipo é a
vontade livre e consciente de agir com a finalidade de desprestigiar a função pública do
ofendido.

www.pontodosconcursos.com.br

40
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei n° 10.763, de 12.11.2003)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Contrabando ou descaminho
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir,
no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 1° - Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n°
4.729, de 14.7.1965)
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
em lei; (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou
descaminho; (Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou
que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou
de importação fraudulenta por parte de outrem; (Incluído pela Lei n°
4.729, de 14.7.1965)
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Incluído pela Lei n°
4.729, de 14.7.1965)
§ 2° - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
(Redação dada pela Lei n° 4.729, de 14.7.1965)
§ 3° - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou
descaminho é praticado em transporte aéreo. (Incluído pela Lei n°
4.729, de 14.7.1965)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
fraude ou oferecimento de vantagem:

www.pontodosconcursos.com.br

41
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar
ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário,
em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime
mais grave.
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Lei n°
9.983, de 2000)
Art. 337-A74. Suprimir ou reduzir contribuição social
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
(Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)

74
Não confunda o tipo do art. 337-A, chamado de "sonegação de contribuição
previdenciária", com o do art. 168-A, dito "apropriação indébita previdenciária
previdenciária".
No art. 337-A o crime é "suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e
qualquer acessório...", ou seja, em resumo, o agente não declara tudo.
Já no art. 168-A, a conduta é a de "Deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes...", ou seja, o agente declara, recolhe do contribuinte, mas não
repassa.
Veja:
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes,
no prazo e forma legal ou convencional:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que
tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social.
§ 2 o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3 o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento
da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.

www.pontodosconcursos.com.br

42
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de
documento de informações previsto pela legislação previdenciária
segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou
trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
(Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos
geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela
Lei n° 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela
Lei n° 9.983, de 2000)
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara
e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei n°
9.983, de 2000)
Obs.: Veja novo regramento acerca da extinção da punibilidade
(pagamento a qualquer tempo), mais benéfico para o réu e, por
isso, aplicável em prejuízo do parágrafo 1° retro.
Lei n° 10.684/2003:
Art. 9°. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos
crimes previstos nos arts. 1o e 20. da Lei no 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, durante o
período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos
aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.
§ 1° A prescrição criminal não corre durante o período de
suspensão da pretensão punitiva.
§ 2° Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo
quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o
pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e
contribuições sociais, inclusive acessórios.
Lei n° 11.941/2009:
Art 67: Na hipótese de parcelamento do crédito tributário antes
do oferecimento da denúncia, essa somente poderá ser aceita na
superveniência de inadimplemento da obrigação objeto da
denúncia.
Art. 68. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos
crimes previstos nos arts. 1o e 2° da Lei n° 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei n°
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, limitada a

www.pontodosconcursos.com.br

43
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
suspensão aos débitos que tiverem sido objeto de concessão de
parcelamento, enquanto não forem rescindidos os parcelamentos
de que tratam os arts. 1o a 3o desta Lei, observado o disposto no
art. 69 desta Lei.
Parágrafo único. A prescrição criminal não corre durante o
período de suspensão da pretensão punitiva.
Art 69. Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art
68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o
pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e
contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto
de concessão de parcelamento.
Parágrafo único. Na hipótese de pagamento efetuado pela pessoa
física prevista no § 15 do art. 1o desta Lei, a extinção da
punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores
correspondentes à ação penal.

§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar


somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez
reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas
mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da
previdência social. (Incluído pela Lei n° 9.983, de 2000)
CAPÍTULO II-A
(Incluído pela Lei n° 10.467, de 11.6.2002)
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício
relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Lei n°
10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela
Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro

www.pontodosconcursos.com.br

44
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
funcional. (Incluído pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Tráfico de influência em transação comercial internacional (Incluído
pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
comercial internacional: (Incluído pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela
Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a
funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei n° 10467, de
11.6.2002)
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para
os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
estrangeiro. (Incluído pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro
quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas,
diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído
pela Lei n° 10467, de 11.6.2002)

PARA GUARDAR

• Tipicidade é a perfeita correlação entre o fato concreto e a norma penal


abstrata.
• Tipo é a descrição de condutas humanas, em abstrato, tidas por
criminosas. Nessa descrição, estarão os elementos para bem delinear tal
conduta.
• Se o fato observado na vida real se amoldar perfeitamente à roupagem
dada pelo tipo, há a tipicidade.
• Crimes próprios são os praticados só por certas pessoas, pois exigem
uma qualificação ou condição especial.
• Crimes praticados por funcionário público são chamados de funcionais,
subdividindo-se em próprios e impróprios.
• Será funcional próprio quando apenas servidores puderem praticar o
tipo penal. Se o agente é um particular, a conduta será atípica. Será funcional
impróprio quando qualquer pessoa puder praticar a conduta descrita no tipo,
classificando-se como crime comum ou funcional, a depender de quem agiu.

www.pontodosconcursos.com.br

45
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• Sujeito ativo: é aquele que pratica a conduta prevista na lei como tal,
ou seja, o que age de acordo com o tipo penal ou que colabora para tal,
chamado partícipe.
• No nosso caso específico, só podem ser praticados por funcionário
público. Em certas situações o particular também pode ser condenado por
algum desses crimes, quando, por exemplo, atua como co-autor com um
funcionário público, sabendo dessa condição de seu comparsa.
• Elementar é a parcela essencial que caracteriza o tipo penal, sem a
qual ele não existe ou se transforma noutro tipo.
• Circunstância é a parte acessória, que não tem presença obrigatória
para configurar o tipo, mas altera de alguma forma a sanção penal. Podem ser
objetivas (de caráter material) como tempo, modo, lugar, meio de execução;
são relativas ao fato. Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), como
parentesco com a vítima, reincidência, ação sob violenta emoção etc; são
relativas ao autor.
• Circunstância elementar: não são essenciais para a existência do
crime, mas alteram os limites da pena, cominando novos valores mínimos e
máximos. São ditas também qualificadoras.
• Sujeito passivo é o titular do bem jurídico que é protegido pela norma
penal, e aqui será sempre o Estado. Eventualmente poderá ser o particular,
quando este for o proprietário ou possuidor do bem lesado, ou quando sofrer
qualquer prejuízo indevido.
• Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
• Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de
serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
• A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função
de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
• Se a condenação foi por crime contra a administração pública, terá a
progressão de regime condicionada à reparação do dano que causou ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (CP, art.
33, § 4°).
• Presentes seus aspectos objetivos, aplica-se o princípio da insignificância
aos crimes contra a Administração Pública.
• Crimes praticados por servidores públicos contra a Administração
Pública:
• PECULATO
• Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

www.pontodosconcursos.com.br

46
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
• Peculato é uma forma de apropriação indébita, feita pelo funcionário, em
razão de seu ofício.
• A coisa objeto da apropriação indevida, em proveito próprio ou alheio,
tanto pode ser pública, quanto particular, mas a posse sempre ocorre em
razão do cargo.
• Espécies:
• I - peculato-apropriação (art. 312, caput, 1a parte).
• II - peculato-desvio (art. 312, caput, 2a parte).
• III - peculato-furto (art. 312, § 1°).
• IV - peculato-culposo (art. 312, § 2°): o peculato é o único crime
deste Capítulo que admite a modalidade culposa. Não admite tentativa,
consumando-se no momento em que se consuma o crime do outro, que se
aproveita da falha do funcionário. Se reparado o dano antes da sentença
irrecorrível, é extinta a punibilidade; se posterior, a pena imposta fica
reduzida à metade.
• V - peculato mediante erro de outrem ou peculato-estelionato
(art. 313).
• Cabível a aplicação do princípio da insignificância ao peculato (STF, HC
87.478/PA, 29.8.2006, Informativos 418 e 438).
• INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
• Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de
obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano.
• Verbos núcleos: inserir, facilitar, alterar ou excluir. É tipo misto
alternativo.
• Só é admitido na forma dolosa, e exige um fim específico, qual seja o de
"obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano".
• MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE
INFORMAÇÕES
• Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente.
• As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação
ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
• Verbos núcleos: modificar e alterar. É também um tipo misto
alternativo.
• Só é admitido na forma dolosa, ou seja, fundamental a intenção do
agente dirigida à pratica de alguma dessas condutas, e não exige um fim
específico.

www.pontodosconcursos.com.br

47
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• CONCUSSÃO
• Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
• Requisitos: relação entre a exigência e o cargo, e que a vantagem seja
indevida, atual ou futura, para si ou para outrem.
• Sendo crime formal, sua consumação independe do efetivo recebimento
da vantagem indevida, sendo este o exaurimento do crime. Pode haver
tentativa.
• EXCESSO DE EXAÇÃO
• Exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
que a lei não autoriza.
• Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
• O excesso de exação é um tipo de concussão, sendo diferenciado deste
especialmente pelo fim a que se destina, é dizer, o funcionário público não
busca proveito próprio ou alheio, mas sim atua com excesso.
• Tipos:
• I - exigência indevida de tributo ou contribuição social.
• II - cobrança através de meio vexatório ou gravoso.
• Em ambos os casos, exige-se o dolo, vontade livre e consciente de
cobrar tributo ou contribuição social que "sabe", ou "deveria saber", indevido.
• Crime formal, independente do pagamento. Admite-se a tentativa.
• CORRUPÇÃO PASSIVA
• Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.
• A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
o pratica infringindo dever funcional.
• Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, a pena
é menor.
• Distinção:
• I - corrupção ativa: particular que oferece ou promete vantagem
indevida;
• II - corrupção passiva: funcionário público que solicita, recebe ou
aceita promessa vantagem indevida.
• O crime praticado por servidores públicos contra a Administração Pública
é o de corrupção passiva.
• Se o ato a ser praticado pelo servidor for ilegal, diz-se que a
corrupção é própria, chamando-se imprópria quando o ato é lícito.

www.pontodosconcursos.com.br

48
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• Deve haver correlação entre a ação do agente público e a realização ou
não do ato administrativo.
• A vantagem a ser recebida deve ser indevida.
• Entre todas essas figuras (solicitar, receber ou aceitar), só cabe a
tentativa no caso da primeira (solicitar).
• Crime formal, independe do efetivo recebimento de qualquer valor ou de
prática de qualquer ato administrativo pelo servidor.
• Se, além de prometer fazer ou deixar de fazer algo em troca da
vantagem indevida, com infração de dever funcional, o agente cumpre a
promessa, aumenta-se a pena em um terço.
• Ato praticado ilícito = corrupção passiva própria. Ato praticado lícito =
corrupção passiva imprópria.
• Tipo privilegiado: se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional (corrupção passiva própria
privilegiada), cedendo a pedido ou influência de outrem.
• FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
• Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho.
• Contrabando é importar ou exportar mercadoria proibida;
descaminho é iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria, é
dizer, importar/exportar/consumir produto lícito sem pagar os valores
devidos.
• Crime do particular: contrabando ou descaminho; crime do funcionário
público: facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho.
• Sujeito ativo: funcionário público que tem como competência o dever de
evitar ou fiscalizar o contrabando, ou cobrar os impostos devidos.
• O crime pode ser praticado tanto na modalidade comissiva quanto
omissiva, sendo passível de tentativa apenas na primeira hipótese.
• Crime formal, independe da efetividade do contrabando ou descaminho.
• Não se confunde este com o crime de prevaricação, tendo em vista que,
na facilitação, há participação tanto de quem corrompe quanto do corrompido.
Na prevaricação, só há atuação do funcionário público.
• Cabível a aplicação do princípio da insignificância ao descaminho, desde
que o valor do tributo sonegado não ultrapasse R$ 10.000,00 (STF, RHC
96.545/SC, e HC 96.661/PR, DJ 03/08/2009).
• PREVARICAÇÃO
• Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal.
• Formas de se praticar a prevaricação:
• I - retardando, indevidamente, ato de ofício;
• II - deixando de praticar, indevidamente, ato de ofício;

www.pontodosconcursos.com.br

49
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• III - praticando ato de ofício contra disposição expressa de lei.
• As duas primeiras hipóteses retro devem ser indevidas (retardar ou
deixar de fazer), e, no terceiro caso, o ato praticado deve ir contra
disposição expressa de lei.
• Elemento subjetivo do tipo diverso do dolo: conduta deve ser realizada
"para satisfazer interesse ou sentimento pessoal".
• Consuma-se o crime no momento da ação, omissão ou retardamento.
Nestes dois últimos, o crime é dito omissivo próprio, não se admitindo a forma
tentada. No primeiro, crime comissivo, é possível a tentativa.
• Pode ser praticado nas modalidades comissiva e omissiva. Na forma
comissiva, o delito é instantâneo; na forma omissiva, é permanente (STF, Inq
2.191/DF).
• Não se confunde este com o crime de prevaricação, tendo em vista que,
na facilitação, há participação tanto de quem corrompe quanto do corrompido.
Na prevaricação, só há atuação do funcionário público.
• Não se compara com a desobediência (art. 330), embora apresentem
pontos em comum. Nesta, só pode ser sujeito ativo o particular, ou o
funcionário, fora de suas funções.
• Novo tipo de prevaricação (incluído pela Lei n° 11.466/2007): Art. 319-
A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena:
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
• ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
• Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.
• Se o interesse é ilegítimo, a pena em abstrato é maior.
• Patrocinar é advogar, facilitar, pedir.
• O interesse defendido tanto pode ser lícito ou não. No entanto, se o
interesse é ilegítimo, tem-se a forma qualificada, agravando-se a pena
abstrata.
• Para que se consuma o crime basta o primeiro ato de patrocínio, ainda
que não alcance o resultado esperado. Admite-se a tentativa.
• VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL
• Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
• Permitir ou facilitar, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo
de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública.
• Utilizar, indevidamente, do acesso restrito.
• Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a
outrem há previsão de pena abstrata maior.
• É crime subsidiário, e somente pode ser cometido por funcionário
público, ainda que inativo.

www.pontodosconcursos.com.br

50
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
• Núcleos do tipo: condutas dolosas de "revelar" ou "facilitar a revelação".
Na primeira, verifica-se apenas na forma comissiva; na segunda, poderá ser
comissiva ou omissiva.
• Deve haver necessidade do segredo, ainda que temporário e que o
funcionário tenha acesso ao mesmo em razão de seu cargo.
• Elementos subjetivos do tipo: vontade de revelar indevidamente segredo
(ou facilitar a revelação), e que tenha ciência dele em razão do cargo.
• Para sua consumação, basta a divulgação ou facilitação, unida com um
dano potencial à Administração, mas independente da efetiva ocorrência desse
dano.
• Se há dano para a Administração Pública ou para a outrem, previu-se
uma causa de aumento de pena, que qualifica o crime, prevendo nova pena
em abstrato, maior.

12. QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS

A seguir, questões para que você treine um pouco. Saliento que são poucas as
questões da ESAF cobrando estes itens finais do edital. Assim, optamos por
acrescentar exercícios de outras bancas, de forma a aumentar suas
possibilidades de treino. Se você não tiver interesse, basta pular os exercícios
que não sejam da ESAF.

1 - (ESAF/AFRF/2002) Em relação ao crime de concussão, pode-se afirmar


que:
a) o crime consuma-se com a simples exigência da vantagem.
b) a ameaça para a prática do crime não é absorvida pela concussão.
c) o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
d) o crime consuma-se com a efetiva percepção da vantagem exigida.
e) o crime é apenado com detenção.

2 - (ESAF/AFRF/2002) Assinale entre as seguintes condutas ilícitas de


servidores públicos aquela que não é tipo penal, previsto no Título "Dos Crimes
contra a Administração Pública".
a) Aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro.
b) Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei.
c) Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública ou proporcionar a
terceiro o ensejo de devassá-lo.
d) Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer
em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
e) Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências
legais.

3 - (ESAF/AFRF/2000) O crime tipificado como "exigir, para si ou para outrem,


direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida" denomina-se:
a) Prevaricação
b) Corrupção passiva

www.pontodosconcursos.com.br

51
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
c) Peculato
d) Excesso de exação
e) Concussão

4 - (ESAF/AFPS/2002) No tocante ao crime de facilitação de contrabando e


descaminho, pode-se afirmar que:
a) quanto ao contrabando, deve-se remeter ao conceito previsto no art. 334 do
Código Penal, qual seja, o ato fraudulento que se destina a evitar, total ou
parcialmente, o pagamento de direitos e impostos previstos pela entrada,
saída ou consumo (pagável na alfândega) de mercadorias.
b) para a configuração do crime, o sujeito ativo não precisa estar no exercício
de sua função.
c) o funcionário público que participar do fato sem que esteja no exercício de
sua função responderá pelo crime de contrabando, previsto no art. 334 do
Código Penal, como qualquer particular, diante da regra geral do art. 29 do
mesmo diploma legal.
d) para a configuração do crime, a lei exige finalidade especial, consistente na
vantagem recebida, ou promessa de vantagem.

5 - (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) A, beneficiada pelo


transporte que a Prefeitura lhe proporcionou, levando-a a tratamento médico
na capital do Estado, supondo ser de sua obrigação, entregou a B, motorista
da viatura oficial, o valor gasto com o combustível, que ele recebeu e
embolsou em proveito próprio. A conduta de B configura:
A) peculato mediante erro de outrem
B) peculato culposo
C) peculato-furto
D) peculato

6 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Hefaistos, agente fiscal de rendas, compareceu


à empresa "A" e constatou fraude no recolhimento de tributos no montante de
R$ 25.000,00. O responsável pela empresa lhe ofereceu a quantia de R$
5.000,00 para relevar a fraude constatada. Hefaistos recebeu a quantia
oferecida, mas, mesmo assim, autuou a empresa pela mencionada infração.
Nesse caso, Hefaistos
(A) Não cometeu nenhum delito, pois autuou a empresa.
(B) Cometeu crime de corrupção passiva.
(C) Cometeu crime de concussão.
(D) Cometeu crime de excesso de exação.
(E) Cometeu crime de prevaricação.

7 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Ares, funcionário do Serviço de Águas e


Esgotos do Município, entidade paraestatal, desviou em proveito próprio a
quantia de R$ 5.200,00 referente ao pagamento de contas em atraso
efetuadas por um usuário. Nessa hipótese, Ares
(A) Cometeu crime de emprego irregular de rendas públicas.
(B) Não cometeu crime contra a Administração Pública.
(C) Cometeu crime de prevaricação.

www.pontodosconcursos.com.br

52
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
(D) Cometeu crime de corrupção passiva.
(E) Cometeu crime de peculato.

8 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Perseu, advogado militante na cidade, não é


funcionário público, mas é amigo do Delegado de Polícia do Município. Valendo-
se dessa amizade, pediu ao Policial que não prendesse em flagrante um cliente
seu que havia sido surpreendido furtando roupas de uma loja. Nessa situação,
Perseu
(A) Cometeu crime de condescendência criminosa.
(B) Cometeu crime de advocacia administrativa.
(C) Cometeu crime de corrupção passiva.
(D) Não cometeu crime contra a Administração Pública.
(E) Cometeu crime de concussão.

9 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Cadmo foi surpreendido por policiais quando


arrombava o cofre de uma loja para subtrair dinheiro. Na Delegacia, o
Delegado de Polícia, por ser amigo de seu pai e penalizado com a situação de
pobreza de Cadmo, deixou de determinar a lavratura de auto de prisão em
flagrante e colocou-o em liberdade. Nesse caso, o Delegado de Polícia
(a) Cometeu crime de prevaricação.
(b) Não cometeu crime contra a Administração Pública.
(c) Cometeu crime de condescendência criminosa.
(d) Cometeu crime de corrupção passiva.
(e) Cometeu crime de abandono de função.

10 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Caio é analista Judiciário, Área Judiciária,


Especialidade Execução de Mandados. No exercício de suas funções, de posse
de mandado judicial, exigiu do executado Cadmo a quantia de R$ 1.000,00
para retardar a penhora de seu veículo. Nesse caso, Caio cometeu crime de
(A) Excesso de exação.
(B) Corrupção passiva.
(C) Peculato.
(D) Concussão.
(E) Prevaricação.

11 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Cronos é Analista Judiciário, Área Judiciária,


Especialidade Execução de Mandados. No exercício de suas funções, no
cumprimento de mandado judicial, atendendo a pedido de influente político da
região, retardou a prática de ato de ofício, deixando de remover bens
penhorados de Zeus, cabo eleitoral deste. Nessa hipótese, Cronos
(A) Cometeu crime de prevaricação.
(B) Não cometeu crime contra a Administração Pública.
(C) Cometeu crime de corrupção passiva.
(D) Cometeu crime de advocacia administrativa.
(E) Concussão.

12 - (FCC/Analista/TRT24/2006) Tício é Analista Judiciário, Especialidade


Execução de Mandados. No exercício de suas funções, no cumprimento de

www.pontodosconcursos.com.br

53
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
mandado judicial, efetuou a remoção de dois televisores penhorados em uma
execução. No caminho para o local onde os aparelhos ficaram depositados,
trocou um dos televisores por outro de menor valor e se apropriou daquele que
havia sido penhorado. Nesse caso, Tício cometeu crime de
(A) Corrupção passiva.
(B) Prevaricação.
(C) Excesso de exação.
(D) Concussão.
(E) Peculato.

13 - (FCC/Técnico/TRF4/2007) Sobre o crime de PECULATO, considere:


I. é crime que exige a qualidade de funcionário público do autor,
ressalvada a hipótese de co-autoria.
II. a apropriação ou o desvio pode ter como objeto bem imóvel.
III. caracteriza-se pela apropriação ou desvio de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel.
IV. configura-se somente se a apropriação for de bem público.
V. não se caracteriza se a apropriação ou o desvio for de bem particular.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) III e IV.
(D) III, IV e V.
(E) IV e V.

14 - (FCC/Técnico/TRF4/2007) Exigir, para si ou para outrem, direta ou


indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, configura
(A) condescendência criminosa.
(B) crime de corrupção passiva.
(C) crime de corrupção ativa.
(D) crime de concussão.
(E) infração administrativa, apenas.

15 - (FCC/Técnico/TRF4/2007) Se o funcionário exige tributo ou contribuição


social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza, ele comete crime
de
(A) excesso de exação.
(B) corrupção passiva.
(C) corrupção ativa.
(D) peculato.
(E) prevaricação.

16 - (FCC/Técnico/TRF4/2007) "A" entrou no exercício de função pública antes


de satisfeitas as exigências legais. Sua conduta
(A) configura crime de concussão.
(B) configura crime de peculato.

www.pontodosconcursos.com.br

54
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
(C) configura o crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou
prolongado.
(D) não caracteriza infração penal.
(E) não caracteriza infração penal, mas ele não receberá o salário até que
satisfaça as exigências legais.

17 - (FCC/Técnico/TRF4/2007) Na hipótese de peculato culposo, a reparação


do dano depois da sentença irrecorrível implica na
(A) suspensão da pena.
(B) redução de três quintos da pena imposta.
(C) exclusão da antijuricidade.
(D) extinção da punibilidade.
(E) redução de metade da pena imposta.

18 - (FCC/Analista/TRF4/2007) João, tesoureiro de órgão público, agindo em


concurso com José e em proveito deste, que não é funcionário público mas que
sabe que João o é, desvia certa quantia em dinheiro, de que tem a posse em
razão do cargo. Por essa conduta
(A) João e José respondem pelo crime de peculato, mas este tem a pena
reduzida pela metade, porque foi João quem desviou o dinheiro.
(B) José não responde por crime nenhum, já que foi João quem desviou o
dinheiro.
(C) João responde por peculato e José por apropriação indébita.
(D) João e José respondem pelo crime de peculato.
(E) João não responde por crime porque o dinheiro foi todo entregue para
José, que é quem deve ser processado.

19 - (PFN/ESAF/2006) Delúbio, funcionário público, motorista do veículo oficial


- Placa OF2/DF, indevidamente, num final de semana, utiliza-se do carro a fim
de viajar com a família. No domingo, à noite, burlando a vigilância, recolhe o
carro na garagem da Repartição. Delúbio cometeu crime de
a) peculato.
b) apropriação indébita.
c) peculato de uso.
d) peculato-desvio.
e) furto.

20 - (CESPE/TCU/AUDITOR/2007.1) Julgue os itens a seguir.


I - A inserção de dados falsos em sistema de informação é crime próprio no
tocante ao sujeito ativo, sendo indispensável a qualificação de funcionário
público autorizado e possível o concurso de agentes.
II - Considere a seguinte situação hipotética.
Um analista de finanças e controle exigiu de um gestor público a importância
de R$ 20.000,00 como condição para não inserir, em um relatório de auditoria,
irregularidades constatadas no repasse de recursos de um convênio do qual
era responsável. No momento da entrega da quantia em dinheiro exigida, o
analista de finanças foi preso por agentes de polícia. Nessa situação, pelo fato

www.pontodosconcursos.com.br

55
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
de o servidor público não ter chegado a receber o dinheiro indevidamente
exigido, restou configurada a mera tentativa do crime de concussão.

21 - (AFT/ESAF/2006) O funcionário que, sabendo devida a contribuição social,


emprega na cobrança meio gravoso que a lei não autoriza, pratica crime de:
a) corrupção passiva.
b) prevaricação.
c) advocacia administrativa.
d) excesso de exação.
e) corrupção ativa.

22 - (AFT/ESAF/2006) O funcionário público que, valendo-se dessa qualidade,


patrocina interesse privado perante a administração fazendária, comete:
a) crime funcional contra a ordem tributária.
b) crime de advocacia administrativa.
c) crime de prevaricação.
d) crime de peculato.
e) crime de inserção de dados falsos em sistema de informações.

23 - (CESPE/TJDFT/ANALISTA JUD/2008) A respeito dos crimes contra a


administração pública, julgue os itens seguintes.
I - Pratica crime de advocacia administrativa quem patrocina, direta ou
indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se
da qualidade de funcionário, sendo que, se o interesse for ilegítimo, a pena
será mais grave. Trata-se de crime de mão própria, isto é, que somente pode
ser praticado por advogado ou bacharel em direito.
II - Pratica crime de excesso de exação o funcionário público que pratica
violência no exercício de função ou a pretexto de exercê-la.

24 - (ESAF/AFTM-Natal/2008) À luz da doutrina e jurisprudência dos crimes


praticados por servidores públicos contra a Administração Pública, julgue as
afirmações abaixo relativas a prevaricação, peculato e advocacia
administrativa, no que se refere à classificação dos crimes funcionais em
próprios e impróprios:
I. A prevaricação é crime funcional próprio.
II. O peculato é crime funcional impróprio.
III. A advocacia administrativa é crime funcional próprio.
IV. No crime funcional próprio, o delito só pode ser praticado por funcionário
público, sob pena de atipicidade absoluta (o fato torna-se atípico).
a) Todos estão corretos.
b) Somente I está incorreto.
c) I e IV estão incorretos.
d) I e III estão incorretos.
e) II e IV estão incorretos.

25 - (JUIZ/TJPA/2008) Assinale a alternativa que reúne exclusivamente os


crimes próprios de funcionário público.
(A) prevaricação, concussão, corrupção passiva e usurpação de função pública

www.pontodosconcursos.com.br

56
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
(B) peculato, excesso de exação, falsificação de documento público e
corrupção ativa
(C) desacato, peculato culposo, corrupção ativa e prevaricação
(D) facilitação de contrabando ou descaminho, advocacia administrativa,
peculato e tráfico de influência
(E) prevaricação, abandono de função, concussão e modificação não autorizada
de sistema de informações

26 - (ESAF/ANA/2009) Um servidor público foi procurado por um cidadão que


pretendia viabilizar um direito legítimo perante a repartição pública na qual ele
(servidor) trabalhava. O assunto não se inseria na sua esfera de atribuições
mas, mesmo assim, ele se prontificou a ajudar o cidadão, mediante uma
remuneração pelo trabalho extra que faria. Feito o acordo entre os dois, o
servidor redigiu um requerimento, nos devidos termos, o qual foi assinado e
protocolizado pelo interessado. Valendo-se do conhecimento que tinha entre
seus colegas de trabalho, o servidor cuidou para que o direito postulado fosse
reconhecido e deferido o mais breve possível. Neste caso, esse servidor:
a) cometeu o crime de corrupção passiva.
b) cometeu o crime de prevaricação.
c) cometeu o crime de advocacia administrativa.
d) cometeu o crime de concussão.
e) não cometeu crime algum.

27 - (CESPE/ABIN/2008) Sobre a inserção de dados falsos em sistema de


informação, julgue:
I - Considere a seguinte situação hipotética. Roberto, funcionário autorizado
para tanto, facilitou a inserção de dados falsos nos sistemas informatizados da
administração pública. Nessa situação, se Roberto não tinha a finalidade de
obter vantagem indevida para si ou para outrem nem de causar dano, sua
conduta não se enquadrará no delito de inserção de dados falsos em sistema
de informações, segundo o Código Penal.

28 - (CESPE/ABIN/2008) Com relação a crimes praticados por funcionário


público contra a administração em geral, julgue os próximos itens.
I - No caso de peculato, doloso ou culposo, a reparação do dano, se anterior à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.
II - Se o crime de inserção de dados falsos em sistema de informações for
praticado pelo funcionário público em virtude de negligência, a pena será
reduzida de um a dois terços.
III - Haverá crime de concussão caso o agente, ainda que antes de assumir a
função pública, tenha exigido, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
em razão da função pública, vantagem indevida.
IV - Pratica prevaricação o agente que deixa, indevidamente, de realizar ato de
ofício, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
V - O crime de abandono de função é mais severamente punido se do fato
resultar prejuízo público.
VI - Para fins penais, considera-se funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função pública, desde que seja remunerado.

www.pontodosconcursos.com.br

57
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

29 - (CESPE/STF/ANALISTA/2008) Julgue:
I - É cabível a aplicação do princípio da insignificância para fins de trancamento
de ação penal em que se imputa ao acusado a prática de crime de descaminho.

30 - (CESPE/PCRN/Delegado/2009) Levando em conta as disposições do CP e a


interpretação do STF, julgue:
I - Nos crimes contra a administração pública, o CP não prevê nenhum
requisito para a progressão de regime vinculado à reparação do dano ou à
devolução do produto do ilícito praticado.
II - Apenas bens públicos são objeto material do crime de peculato, não sendo
possível, jamais, que esse crime atinja bens particulares.

31 - (CESPE/PF/ESCRIVÃO/2009) Julgue:
I - Considere a seguinte situação hipotética. Tancredo recebeu, para si, R$
2.000,00 entregues por Fernando, em razão da sua função pública de agente
da Polícia Federal, para praticar ato legal, que lhe competia, como forma de
agrado. Nessa situação, Tancredo não responderá pelo crime de corrupção
passiva, o qual, para se consumar, tem como elementar do tipo a ilegalidade
do ato praticado pelo funcionário público.
II - Caso um policial federal preste ajuda a um contrabandista para que este
ingresse no país e concretize um contrabando, consumar-se-á o crime de
facilitação de contrabando, ainda que o contrabandista não consiga ingressar
no país com a mercadoria.
III - A Polícia Federal tem competência constitucional para prevenir e reprimir,
com exclusividade, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho.

32 - (CESPE/BACEN/PROCURADOR/2009) Quanto aos crimes contra a


administração pública, julgue:
I - No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento pessoal é
mero exaurimento do crime, não sendo obrigatória a sua presença para a
configuração do delito.
II - Não haverá o crime de condescendência criminosa quando faltar ao
funcionário público competência para responsabilizar o subordinado que
cometeu a infração no exercício do cargo.
III - A ocorrência de prejuízo público como resultado do fato não influencia a
pena do crime de abandono de função.

33 - (CESPE/BACEN/PROCURADOR/2009) Acerca dos crimes contra a


administração pública, julgue:
I - O funcionário público que patrocine diretamente interesse privado perante a
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público,
pratica o crime de advocacia administrativa, previsto no CP.

34 - (MP-PR/Promotor/2009) Sobre o tema autoria e participação, julgue:

www.pontodosconcursos.com.br

58
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
I - no crime de peculato (Código Penal, art. 312), a qualidade de funcionário
público do autor não se comunica ao partícipe que não é funcionário público,
ainda que aquela qualidade seja de pleno conhecimento deste último.
35 - (FCC/TCE-MG/Procurador/2007) Para efeitos penais, considera-se
funcionário público quem exerce:
(A) cargo ou emprego público, mas não função pública transitória.
(B) emprego ou função pública, mas não cargo público remunerado.
(C) cargo, emprego ou função pública, ainda que sem remuneração.
(D) cargo ou função pública, mas não emprego público transitório.
(E) emprego ou função pública, mas não cargo público transitório.

36 - (CESPE/SEJUS-ES/AGENTE/2009) Julgue:
I - Suponha que um servidor público tenha solicitado de um particular
vantagem indevida, com a finalidade de deixar de praticar ato de ofício a que
estava obrigado, e que o particular não se tenha rendido à solicitação,
denunciando o fato à autoridade policial competente. Nessa situação,
independentemente das sanções administrativas cabíveis, o servidor não deve
responder pelo crime de corrupção passiva, pois este somente se configura
quando a solicitação do agente é atendida.
II - Tendo em vista que o peculato constitui crime em que a lei penal exige
sujeito ativo qualificado, ou seja, qualidade de funcionário público, não se
admite em tal delito o concurso de pessoas que não detenham a mesma
posição jurídica do agente.

37 - (ESAF/AFRFB/2009) Os "Crimes contra a Administração Pública" são


tratados no Título XI do Código Penal Brasileiro. Em seu Capítulo I, foram
tipificados os "Crimes praticados por Funcionários Púbicos contra a
Administração em geral". Não se inclui entre as condutas previstas neste
Capítulo:
a) apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio.
b) extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em
razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.
c) dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei.
d) acumular, mediante remuneração, cargos, empregos ou funções públicas,
excetuadas as hipóteses permitidas constitucionalmente.
e) exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

38 - (ESAF/ATRFB/2009) Marque a opção correta.


a) Comete concussão o funcionário que exige tributo que deveria saber
indevido.
b) É facultado ao juiz deixar de aplicar pena se o agente que cometer o crime
de sonegação de contribuição previdenciária for primário e de bons
antecedentes, nos termos do Código Penal Brasileiro.
c) Comete excesso de exação o servidor que praticar violência, no exercício de
função ou a pretexto de exercê-la.

www.pontodosconcursos.com.br

59
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
d) Comete irregularidade administrativa sujeito às penalidades dispostas na Lei
n. 8.112/90 aquele que entrar no exercício de função pública antes de
satisfeitas as exigências legais.
e) Comete condescendência criminosa o Diretor de Penitenciária e/ou agente
público que deixa de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo.

39 - (ESAF/AFRFB/2009) Fátima retém a contribuição social dos seus


empregados Celso e Gabriel a título de envio posterior dos referidos valores ao
INSS. Entretanto, deixa de repassar à Previdência Social as contribuições
recolhidas dos contribuintes no prazo legal. Sobre a conduta de Fátima, é
possível afirmar que:
a) a conduta é crime previsto no Código Penal Brasileiro.
b) há crime contra a Previdência Social sem que haja apenamento previsto em
lei.
c) não é possível a extinção da punibilidade, se ela confessar e efetuar o
pagamento antes do início da ação fiscal.
d) a sua conduta só está sujeita ao pagamento de multa administrativa.
e) a conduta é crime previsto na legislação extravagante.

40 - (ESAF/AFRFB/2009) À luz da aplicação da lei penal, julgue as afirmações


abaixo relativas ao fato de Marcos, funcionário público concursado, ao chegar
na sua nova repartição, pegar computador da sua sala de trabalho e levar para
casa junto com a impressora e resmas de papel em uma sacola grande com o
fim de usá-los em casa para fins recreativos:
I. Na hipótese, Marcos comete crime contra a Administração Pública.
II. Marcos comete crime contra a Administração da Justiça.
III. Marcos comete o crime de peculato-furto, previsto no § 1° do art. 312 do
Código Penal Brasileiro, pois se valeu da facilidade que proporciona a qualidade
de funcionário.
IV. Marcos não cometeria o crime de peculato, descrito no enunciado do
problema, se o entregasse para pessoa da sua família utilizar, pois o peculato
caracteriza-se pelo proveito próprio dado ao bem.
a) Todas estão incorretas.
b) I e III estão corretas.
c) I e IV estão corretas.
d) Somente I está correta.
e) II e IV estão corretas.

41 - (CESPE/DPE-AL/Defensor/2009) Julgue.
Na hipótese de peculato culposo, a reparação do dano, se precedente à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.

42 - (CESPE/AGU/Advogado/2009) Segundo entendimento do STJ em relação


ao crime de peculato, configura bis in idem a aplicação da circunstância
agravante de ter o crime sido praticado com violação de dever inerente a
cargo.

www.pontodosconcursos.com.br

60
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

43 - (CESPE/OAB/2010.1) Considere que Charles, funcionário público no


exercício de suas funções, tenha desviado dolosamente valores particulares de
que tinha a posse em razão do cargo. Nessa situação hipotética,
A) Charles praticou crime de furto, e não de peculato, haja vista que os valores
de que tinha a posse em razão do cargo eram particulares, e não, públicos.
B) se Charles reparar o dano antes do recebimento da denúncia, sua
punibilidade será extinta; se o fizer posteriormente, sua pena será diminuída.
C) a pena de Charles não seria alterada na eventualidade de ser ele ocupante
de cargo em comissão de órgão da administração direta, visto que a tipificação
do crime já considera o fato de ser o agente funcionário público como
elementar do tipo.
D) Charles praticou peculato-desvio, podendo eventual reparação do dano ser
considerada arrependimento posterior ou circunstância atenuante genérica, a
depender do momento em que for efetivada.

44 - (ESAF/PMRJ/Agente/2010) Um servidor tinha a atribuição de atestar a


execução de asfaltamento de ruas. O asfaltamento de uma delas foi executado
com 4 cm de espessura, embora o contrato previsse 6 cm de espessura. Como
a empresa executora pertencia ao seu cunhado, que o tinha ajudado muito,
tempos atrás, ele atestou o serviço como tendo sido executado de acordo com
o contrato. Nesse caso ele cometeu, em tese, o crime de
a) corrupção passiva.
b) prevaricação.
c) condescendência criminosa.
d) improbidade administrativa.
e) peculato.

45 - (ESAF/PMRJ/Fiscal/2010) O servidor que exige de um cidadão certa


quantia em dinheiro para praticar ato regular e lícito, relativo às suas funções,
comete, em tese, o crime de:
a) prevaricação.
b) corrupção passiva.
c) concussão.
d) corrupção ativa.
e) excesso de exação.

46 - (ESAF/PMRJ/Fiscal/2010) Um cidadão solicitou a um servidor público que


redigisse um requerimento em seu nome (nome do cidadão) postulando certo
benefício que ele (cidadão) entendia ter direito. Prometeu-lhe pagar certa
quantia em dinheiro caso a postulação fosse atendida. O assunto não se inseria
na esfera de atribuições do servidor, mas, mesmo assim, ele se
prontificou a atender à solicitação. Feito o acordo entre os dois, o servidor
redigiu um requerimento, nos devidos termos, o qual foi assinado e
protocolizado pelo interessado. Valendo-se do conhecimento que tinha com o
responsável por decidir o requerimento, o servidor cuidou para que o direito
postulado fosse reconhecido e deferido o mais breve possível. Neste caso, esse
servidor:

www.pontodosconcursos.com.br

61
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
a) cometeu o crime de corrupção passiva.
b) cometeu o crime de advocacia administrativa.
c) cometeu o crime de prevaricação.
d) cometeu o crime de corrupção ativa.
e) não cometeu crime algum.

GABARITO

1. A - Por ser crime formal, não se exige resultado, consumando-se com a


simples exigência da vantagem. O recebimento desta é mero exaurimento do
crime.
2. A - Aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro não é
tipo penal, previsto no Título "Dos Crimes contra a Administração Pública". É
infração administrativa punível com demissão (Lei 8112/90, art. 117. Ao
servidor é proibido: ... XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro. Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: ... XIII -
transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
3. E - Concussão. CP, art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida...
4. C - Descaminho = ato fraudulento que se destina a evitar, total ou
parcialmente, o pagamento de direitos e impostos previstos pela entrada,
saída ou consumo (pagável na alfândega) de mercadorias. Para a configuração
do crime, o sujeito ativo precisa estar no exercício de sua função. A lei não
exige finalidade especial, mas exige que o funcionário público que participe do
fato esteja no exercício de sua função para responder pelo crime do art. 318
do CP.
5. A - Peculato mediante erro de outrem. CP, Art. 313 - Apropriar-se de
dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem...
6. B - Corrupção passiva. CP, art. 317 - Solicitar ou receber, ... vantagem
indevida. Por sua vez, o responsável pela empresa que ofereceu responde por
corrupção ativa, CP, art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
funcionário público...
7. E - Peculato. CP, art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio...
8. D - O fato de Perseu ter pedido algo ao policial é atípico. Se este tivesse
cedido ao pedido daquele, teria praticado corrupção passiva privilegiada. CP,
art. 317, § 2° - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de
outrem...
9. A - Prevaricação. CP, art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal... (por ser amigo de seu
pai e penalizado com a situação de pobreza de Cadmo).
10. D - Concussão. CP, art. 316 - Exigir ... vantagem indevida...

www.pontodosconcursos.com.br

62
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
11. C - Corrupção passiva privilegiada. CP, art. 317, § 2° - Se o funcionário
pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem... (atendendo a pedido de
influente político da região).
12. E - Peculato. CP, art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de ... bem
móvel ... particular, de que tem a posse em razão do cargo...
13. B - A apropriação ou o desvio pode ter como objeto bem móvel.
Configura-se tanto se a apropriação for de bem público quanto privado.
14. D - Concussão. CP, art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida...
15. A - Excesso de exação. CP, art. 316, § 1° - Se o funcionário exige
tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza...
16. C - Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado. CP, art.
324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências
legais...
17. E - Peculato culposo. CP, art. 312, § 2° - Se o funcionário concorre
culposamente para o crime de outrem ... § 3° - No caso do parágrafo anterior,
a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
18. D - José não é funcionário público mas agiu em conjunto com João,
funcionário público, sabendo desse fato. CP, art. 29 - Quem, de qualquer
modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade. Peculato. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem
a posse em razão do cargo...
19. D - Peculato. CP, art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de bem
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio...
20. CE - Inserção de dados falsos em sistema de informações. CP, art. 313-
A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos
... Por ser a concussão crime formal, não se exige resultado, consumando-se
com a simples exigência da vantagem. O recebimento desta é mero
exaurimento do crime.
21. D - Excesso de exação. CP, art. 316, § 1° - Se o funcionário exige
tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza...
22. A - Pratica o crime descrito na Lei n. 8137/90, art. 3°, III - Constitui
crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n°
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): III -
patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pelo princípio da
especialidade, não se aplica o CP, art. 321 - Advocacia administrativa.
Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração
pública, valendo-se da qualidade de funcionário...

www.pontodosconcursos.com.br

63
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
23. EE - O crime do CP, art. 321 - Advocacia administrativa, não exige
qualidade especial do agente, podendo ser praticado por qualquer funcionário
público. Pratica crime de violência arbitrária o funcionário público que pratica
violência no exercício de função ou a pretexto de exercê-la (CP, art. 322).
24. A - Será funcional próprio quando apenas servidores puderem praticar
o tipo penal. Se o agente é um particular, a conduta será atípica. Será
funcional impróprio quando qualquer pessoa puder praticar a conduta
descrita no tipo, classificando-se como crime comum ou funcional, a depender
de quem agiu.
25. E - Será funcional próprio quando apenas servidores puderem praticar
o tipo penal. Se o agente é um particular, a conduta será atípica.
26. C - CP, art. 321 - Advocacia administrativa. Patrocinar, direta ou
indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se
da qualidade de funcionário... (Valendo-se do conhecimento que tinha entre
seus colegas de trabalho, o servidor cuidou para que o direito postulado fosse
reconhecido e deferido o mais breve possível).
27. C - Inserção de dados falsos em sistema de informações. CP, art. 313-A.
Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar
ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem
indevida para si ou para outrem ou para causar dano... (Roberto não
tinha a finalidade de obter vantagem indevida para si ou para outrem nem de
causar dano).
28. EECCCE - Apenas no caso de peculato culposo a reparação do dano, se
anterior à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. No caso de inserção
de dados falsos em sistema de informações praticado pelo funcionário público
em virtude de negligência há atipicidade da conduta. Para fins penais,
considera-se funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
pública, remunerado ou não.
29. C - STF, HC 99.594, 18/08/2009.
30. EE - Se a condenação foi por crime contra a administração pública, terá
a progressão de regime condicionada à reparação do dano que causou ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (CP, art.
33, § 4°). Peculato. CP, art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, ...
31. ECE - Na corrupção passiva, a vantagem deve ser indevida, pouco
importando, para sua configuração, a legalidade do ato a ser praticado. CP,
art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem... O crime de
facilitação de contrabando ou descaminho consuma-se com a mera facilitação,
pouco importando se o contrabandista consegue ou não ingressar no país com
a mercadoria. CP, art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho (art. 334)... CF/88, art. 144, § 1° A
polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido
pela União e estruturado em carreira, destina-se a: ... II - prevenir e reprimir o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho,

www.pontodosconcursos.com.br

64
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência; ...
32. EEE - No crime de prevaricação, a satisfação de interesse ou sentimento
pessoal é elementar do crime, sendo obrigatória a sua presença para a
configuração do delito (CP, art. 319). Haverá o crime de condescendência
criminosa mesmo quando faltar ao funcionário público competência para
responsabilizar o subordinado que cometeu a infração no exercício do cargo,
hipótese na qual deverá ele levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente (CP, art. 320). A ocorrência de prejuízo público como resultado do
fato influencia a pena do crime de abandono de função, que será maior, nos
termos do CP, art. 323, § 1°).
33. E - Lei n. 8137/90, art. 3°, III - Constitui crime funcional contra a
ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): III - patrocinar, direta
ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária,
valendo-se da qualidade de funcionário público. Pelo princípio da especialidade,
não se aplica o CP, art. 321 - Advocacia administrativa. Patrocinar, direta ou
indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se
da qualidade de funcionário...
34. E - Se dois agentes, em concurso, apropriam-se de um bem público e
um deles é funcionário público, ambos responderão por peculato, ainda que o
outro não seja, pois essa elementar se comunica ao outro. Porém, se este não
sabia da condição de funcionário público do comparsa, responderá por furto ou
apropriação indébita.
35. C - CP, art. 327.
36. EE - A corrupção passiva, por ser crime formal, consuma-se com a mera
solicitação, independentemente de recebimento ou não da vantagem indevida.
É possível o concurso de não servidor com servidor nos crimes funcionais, e, se
aquele sabe dessa condição do servidor, ambos respondem pelo crime
funcional.
37. D - Trata-se de infração administrativa, e não crime, com previsão no
art. 118 da Lei 8.112/90.
38. B - CP, art. 337-A, § 2°.
39. A - CP, art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
convencional...
40. D - Comete peculato-apropriação, pois levou computador de que tinha
posse em razão do cargo. Se levasse computador de outra sala na repartição,
aí sim poder-se-ia dizer que teria se valido da facilidade que proporciona a
qualidade de funcionário. Por fim, é peculato quando a apropriação dá-se em
proveito próprio ou alheio.
41. C - CP, art. 312, § 3° - No caso do peculato culposo, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta.
42. C - Segundo o STJ (HC 57473-PI), "há bis in idem na consideração, no
crime de peculato, como circunstância agravante, do fato de o crime ter sido
praticado com "violação de dever inerente a cargo" (art. 61, inciso II, alínea g,

www.pontodosconcursos.com.br

65
ÉTICA P/ AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
segunda parte, do Código Penal), o que configura elementar do tipo previsto
no art. 312 do Código Penal.
43. D - A alternativa D corretamente classifica a conduta como sendo
peculato-desvio (art. 312). Além disso, quanto ao arrependimento posterior,
assim prevê o CP, no art.16: "Nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
um a dois terços." Se for posterior ao recebimento da denúncia, somente
haverá a incidência de circunstância atenuante genérica (art. 66).
44. B - Nos termos do art. 319 do CP, constitui o crime de prevaricação a
conduta daquele que retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de
ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal, que fica configura, nesse caso, no sentimento de
retribuição do servidor em relação ao cunhado.
45. C - A concussão é justamente a conduta descrita na questão, nos termos
do art. 316 do CP: "Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida".
46. B - Na situação posta, o servidor cometeu o crime de advocacia
administrativa, pois patrocinou interesse privado perante a administração
pública (cuidou para que o direito postulado fosse reconhecido e deferido o
mais breve possível), valendo-se da qualidade de funcionário, já que se
aproveitou do conhecimento que tinha com o responsável por decidir o
requerimento (CP, art. 321).

www.pontodosconcursos.com.br

66

S-ar putea să vă placă și