Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
º ANO
A Grécia, situada na Península Balcânica e banhada por três mares (Mediterrâneo, Jónico e
Egeu), é constituída por mais de quatro centenas de ilhas, possuindo também diversas baías e
golfos ao longo de uma costa muito recortada.
Mais de 80% do território da Hélade é formado por montanhas e as planícies são praticamente
inexistentes, relevo que dificulta a prática da agricultura e acentua o isolamento das populações.
Uma vez que todos os lugares se encontravam próximos da costa e o solo era muito pobre
devido à escassez de água, o mar tornou-se, assim, a principal via de comunicação,
posteriormente de sustento (através do comércio) dos Gregos.
As deslocações por terra eram dificultadas pelo relevo, o que provocou o isolamento de algumas
populações. Foi neste contexto que surgiram, no séc. VIII a. C., as cidades-estado ou pólis. Destas
faziam parte a acrópole (parte alta da cidade, fortificada e centro da vida religiosa), a ágora
(praça pública) e a zona rural (campos e zonas de pasto).
Na Grécia existiam várias centenas de pólis, todas possuindo governo e administração próprios
e ocupando territórios muito reduzidos, à excepção de Atenas e Esparta.
Assim, durante o séc. V a. C., os Gregos fundaram diversas colónias nas regiões do Mediterrâneo
e do Mar Negro. Embora independentes, as cidades-estado possuíam valores comuns, tais como
a língua, os costumes, os ritos religiosos e o comércio.
No séc. V a. C., Atenas era uma das cidades mais prósperas da Grécia e os seus habitantes
dedicavam-se sobretudo à agricultura, cultivando cereais, vinho, oliveiras, figueiras e
amendoeiras. As montanhas, cobertas de vegetação, eram utilizadas para a criação de gado
(ovelhas, cabras e carneiros), produção de mel e extração de madeira. Do subsolo retiravam a
prata e o mármore.
Paralelamente, para fazer face às exigências do dia-a-dia (por exemplo, guardar alimentos ou
transportá-los), terão surgido as atividades artesanais, como a cerâmica, a construção naval, a
metalurgia (armas e objectos de ferro e bronze) e a joalharia.
Porém, apesar de todos os esforços empreendidos pelos atenienses, aqueles produtos,
sobretudo os agrícolas, eram insuficientes para fazer face às necessidades permanentes da
população e as matérias-primas para as actividades artesanais eram escassas. Atenas não era,
pois, uma cidade auto-suficiente.
A abertura marítima
O mar foi, então, a solução encontrada pelos gregos para os seus problemas de subsistência,
através da pesca mas principalmente do comércio.
Com efeito, Atenas passou a exportar excedentes agrícolas (vinho e azeite) e produtos
artesanais (objectos de cerâmica e bronze, armas e navios), importando em troca produtos de
que mais carecia: cereais, madeira, metais. A maior parte destas trocas desenrolava-se no porto
de Pireu, o principal centro de comércio da Grécia.
À medida que aumentava o volume de negócios, ia-se tornando mais difícil fazer o pagamento
dos produtos através do sistema de troca directa (dar um produto por outro recebido). Em
alternativa, os gregos começaram a cunhar moeda em prata – dracma – e utilizaram-na para
facilitar as transacções comerciais. No séc. V a. C., Atenas era já o centro de um verdadeiro
império marítimo, por isso, dado que as cidades-estado vizinhas não possuíam forças militares
comparáveis às de Atenas e a ameaça de povos invasores ser constante, aquelas passaram a
pagar um tributo a Atenas em troca de protecção. Assim se fundou a chamada Liga de
Delos (aliança de várias cidades, sob a chefia de Atenas, contra inimigos comuns), no seio da
qual vigorava o princípio da igualdade entre todas as cidades.
Na prática, porém, Atenas serviu-se da Liga de Delos para impor a sua hegemonia às outras
cidades-estado. Graças ao prestígio e poder que detinha, Atenas acabou por dominar as cidades
que, como ela, pertenciam à Liga, estabelecendo feitorias e forças militares nesses territórios e
estendendo a sua influência a todo o Mediterrâneo oriental.
A população de Atenas, no séc. V a. C., dividia-se em três grupos sociais: cidadãos, metecos e
escravos.
Assim só uma pequena parte da população de Atenas – os cidadãos – podia participar na vida
pública da cidade. A maioria dos atenienses, constituída pelas mulheres, os metecos e os
escravos, não possuía qualquer direito político. Por outro lado, a produção e prosperidade
económicas de Atenas eram asseguradas exclusivamente por metecos e escravos, graças ao seu
trabalho no comércio, artesanato e agricultura.
O gineceu era o espaço da habitação reservado às mulheres onde as crianças eram educadas
até aos 7 anos. A partir dessa idade, a educação masculina diferenciava-se da feminina. As
raparigas permaneciam em casa, sendo orientadas para a vida doméstica e para a música. Por
sua vez, os rapazes passavam a frequentar a escola. Aos 12 anos, iniciavam actividades como a
ginástica e a luta. Aos 15 anos frequentavam a academia e o Liceu, com o objectivo de se
preparem física e intelectualmente. Com 18 anos, cumpriam o serviço militar, com uma duração
de dois anos. Completavam, assim, a sua formação para se tornarem cidadãos, com o
objectivo de governarem a cidade-estado.
A religião grega
Os gregos prestavam culto a uma grande variedade de deuses, concebidos com aspecto físico,
qualidades e defeitos semelhantes aos seres humanos. Por isso, dizemos que a religião grega
era politeísta e antropomórfica. Os deuses, possuíam, contudo, características que os
diferenciavam dos seres humano: eram invisíveis, imortais e podiam adquirir várias formas
(metamorfose).
A mitologia grega definiu lendas e mitos que relatavam relações amorosas entre deuses e seres
humanos, das quais resultavam seres considerados semi-deuses, os heróis.
A vida quotidiana dos gregos era muito preenchida com diversas formas de culto aos deuses:
O teatro
O teatro teve a sua origem no culto a Dionísio (deus do vinho), durante a realização de festas
em sua honra, na Primavera. Tornou-se numa das mais importantes manifestações cívicas,
culturais e religiosas da Grécia Antiga.
A arte grega foi marcada pela religião e mitologia gregas. Caracterizada pela sua perfeição e
beleza, os gregos consideravam que até as coisas úteis deviam ser belas. Uma arte feita à
medida do homem, uma vez que este é o centro das preocupações e a arte estava ao seu serviço.
Esta arte, conhecida por arte clássica, exerceu até ao nosso tempo uma grande influência, pela
sua expressão de harmonia, beleza e naturalismo.